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Pedagogia 2010
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
SENHOR DO BONFIM – BAHIA
JAINE MOURA DA SILVA
LUDICIDADE NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS DO LÚDICO COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO E
APRENDIZAGEM
SENHOR DO BONFIM – BA
2010
1
JAINE MOURA DA SILVA
LUDICIDADE NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS DO LÚDICO COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO E
APRENDIZAGEM
Trabalho monográfico apresentado como pré-requisito para conclusão do curso de Licenciatura em Pedagogia, Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos,
pelo Departamento de Educação- Campus VII, do Estado da Bahia. Orientador: Profº.: Pascoal Eron dos Santos Souza.
SENHOR DO BONFIM 2010
2
JAINE MOURA DA SILVA
LUDICIDADE NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS DO LÚDICO COMO INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO E
APRENDIZAGEM
Aprovada em_____/_____/_____
___________________________________ Pascoal Eron dos Santos Souza
Orientador
__________________________________ Profª avaliadora
Conceição Curaça
___________________________________ Profª avaliadora
Norma Leite
3
Dedico este trabalho a DEUS, meu fiel amigo e companheiro de todas as horas, minutos e segundos da minha existência. Á Irmã Raimunda Maria de Andrade (Sacramentinas).
A toda minha família.
4
AGRADECIMENTOS
A minha família que sempre acreditou na minha capacidade. A meu esposo pela eterna cumplicidade e meu maior incentivador, acreditando muitas vezes mais do que eu na minha capacidade e inteligência.
Aos meus filhos que tenho certeza sempre estiveram ao meu lado me ajudando a construir essa parte da minha história. Aos meus colegas da turma 2006.1, que amo muito e que foram muito especiais para mim. A Neide que foi meu braço direito em momentos marcantes como este que estou vivendo agora. Ao professor Pascoal Eron meu orientador, que compartilhou comigo de sua sabedoria, para que esse trabalho fosse realizado.
A todos os meus professores da UNEB, cada um com seu valor especial.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção desse trabalho.
5
“O Professor... deve possibilitar um
espaço transicional... espaço de confiança, de criatividade, um espaço lúdico, no qual algumas coisas podem, ao mesmo tempo, ser ou não ser. Não um espaço onde estejamos “jogando por jogar”, mas onde possamos dar sentido criativo e lúdico ao nosso trabalho”.
FERNÁNDEZ
6
RESUMO
Este estudo traz reflexões que buscam identificar e analisar a importância das atividades lúdicas nos processos de aprendizagem das crianças, na perspectiva do professor. Ao longo desse trabalho destacamos o papel fundamental do lúdico como importante aliado do educador no processo ensino aprendizagem, desde que seja explorado de maneira significativa através de metodologias que provoquem o encantamento tanto do professor quanto do aluno. A escolha desse tema é importante devido à inquietação causada pelo modelo de aprendizagem tradicional embutida nas escolas, sendo necessário assumir uma nova postura que envolve mudanças pautadas nas atividades lúdicas. Utilizamos a pesquisa qualitativa, o questionário fechado e a entrevista semi estruturada, que foram instrumentos importantes para descobrir dados e informações, com o objetivo de acrescentar algo novo à realidade investigada. Concluímos que há entre os professores consultados o conhecimento sobre a importância das atividades lúdicas, contudo, o professor encontra obstáculos e muitas vezes desiste por não usar a sua criatividade e elaborar um planejamento de fácil execução. Palavras- chave: Ludicidade. Professor. Processos de Aprendizagem.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8
CAPÍTULO I ..................................................................................................... 10
1. A CRIANÇA E O BRINCAR ...................................................................... 10
CAPÍTULO II .................................................................................................... 16
2. COMPREENDENDO AS PALAVRAS-CHAVE ......................................... 16
2. 1 Ludicidade: uma porta aberta para a aprendizagem .......................... 16
2.2 Professor: o mediador das aprendizagens .......................................... 21
2.3 Processos de aprendizagens e atividades lúdicas: algumas
considerações. .......................................................................................... 27
CAPÍTULO III ................................................................................................... 32
3. NA TRILHA METODOLÓGICA ................................................................. 32
3.1. Tipo de pesquisa ................................................................................ 32
3.1.2 Instrumentos de coleta de dados ..................................................... 33
3.1.3 Questionário fechado ....................................................................... 33
3.1.4 Entrevista semi estruturada .............................................................. 33
3.1.5 Sujeitos da pesquisa ........................................................................ 34
3.1.6 Lócus da pesquisa ........................................................................... 35
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................. 36
4.1 Perfil dos sujeitos ................................................................................ 37
4. 2 Análise da entrevista semi estruturada .............................................. 37
4.3 O brincar na escola ............................................................................. 37
4.4 Brincadeiras e jogos em sala de aula. Devem ser livres e planejados?
.................................................................................................................. 38
4.5 A contribuição dos jogos e brincadeiras no processo de ensino
aprendizagem ........................................................................................... 40
4.6 Problemas mais evidenciados na efetivação de um planejamento
voltado para as atividades lúdicas. ........................................................... 41
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 45
APÊNDICES
8
INTRODUÇÃO
A evolução semântica da palavra “lúdico”, vem do latim (ludus) e quer
dizer jogo; passou a ser reconhecida como um traço essencial do
comportamento humano. Não deve ser confundida com um simples brincar,
mas com atividades que propiciam uma experiência de plenitude, que nos
envolve completamente e faz parte da essência humana. O tema vem sendo
discutido desde a antiguidade por filósofos e estudiosos da era cristâ, pois
acreditavam que todo ser humano sempre teve inclinação para os jogos, para a
diversão, a exemplo da dança, da pesca, das lutas, como sendo aspectos de
diversão e prazer natural. Sendo assim o jogo e as brincadeiras estão
presentes em todas as fases da vida dos seres humanos.
Atualmente, a ludicidade é vista como um agente facilitador da
aprendizagem, e é bastante discutida por teóricos e pedagogos pela
preocupação cada vez maior em estar aliando ao ensino, metodologias que
garantam eficazes resultados na educação, e por se tratar de algo dinâmico,
exigindo um certo cuidado ao planejar e executar as ações pedagógicas em
sala de aula.
A prática lúdica no contexto escolar, como alternativa de resgatar a
alegria e o prazer de aprender, poderá contribuir para ampliar os
conhecimentos e possibilitar caminhos para um profissional mais dinâmico e
reflexivo, capaz de atender as necessidades dos educandos, pois diariamente
o tempo e a história nos impôem buscas por novas práticas pedagógicas que
auxiliem e facilitem o processo dinâmico que é a aprendizagem significativa.
O tema proposto pode tomar várias formas, contudo, propõe desde já
um pensar lúdico, um agir lúdico, um provocar lúdico, um conhecer lúdico com
o objetivo de transitar por diferentes perspectivas teóricas e concepções
pedagógicas na reflexão sobre o jogo por professores, produtores de “fazeres”
pedagógicos.
9
Esta pesquisa foi estruturada em quatro capítulos que seguem:
No primeiro capítulo, traçamos a problemática o objetivo e a relevância
que pretendemos com a pesquisa , incluíndo aspectos da história da criança,
da família e da relação da criança com o brincar.
No segundo capítulo, abordamos o referencial teórico. As falas estão
fundamentadas nos estudiosos que tratam o tema, e também em reflexões
pautadas nas potencialidades do sujeito, do professor e da escola, lançando
um convite especial para novas percepções e descobertas do fazer
pedagógico.
No terceiro capítulo, propomos um exercício de reflexão sobre os
aspectos metodológicos que direcionaram esta pesquisa.
No quarto capítulo, apresentamos o resultado da análise e interpretação
de dados, com intuito de ampliar a compreensão do lúdico como prática
pedagógica nas séries iniciais e assim compreender o ser humano como um
ser sensível, criativo e potente, reconhecendo a criatividade como expressão
de inteligência.
Enfim, as considerações teóricas e os resultados da pesquisa de
campo permitiram a este trabalho reflexões prioritariamente nas perspectivas
que os professores tem a partir de um novo olhar sobre a educação.
Concluímos que há entre os professores consultados o conhecimento sobre a
importância das atividades lúdicas, contudo, o professor encontra obstáculos e
muitas vezes desiste de ousar e não usar a sua criatividade ao elaborar um
planejamento de fácil execussão, utilizando propostas lúdicas.
10
CAPÍTULO I
1. A CRIANÇA E O BRINCAR
Infância e brincadeira são termos muito próximos nos seus sentidos
mais amplos. Falar de desenvolvimento infantil nos dias atuais requer de nós
muito estudo e análise sobre a significação da infância ao longo da história. A
infância é a fase fundamental do ser humano por isso deve ser vista com
prioridade pelo adulto e deve ser vivida com intensidade pela criança.
Para Piaget (1998), os jogos tornam-se mais significativos à medida que
a criança se desenvolve, pois, a partiir da leve manipulação de materiais
variados, ela passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas, o que já existe
é uma “adaptação” mais completa ou seja, as crianças sempre brincaram. A
brincadeira é para elas um espaço de investigação e construção de
conhecimentos sobre si e sobre o mundo, uma forma que permite seus
interesses e sua necessidades com a realidade de um mundo que pouco
conhecem. Simbolicamente uma forma de exercitar sua imaginação ou seja,ela
realiza simbolicamente aquilo que ainda não tem capacidade de fazer.
As atividades lúdicas fazem parte da vida do ser humano e, em especial
da vida da criança desde o início da humanidade. Podemos observar nas artes
em geral que várias gerações deixaram registradas diferentes aspectos da vida
cotidiana, nas quais se vê a presença dos jogos, das brincadeiras e dos
brinquedos. Entretanto, essa atividades por muito séculos, foram vistas como
sem importância. Kishimoto (2003, p.17) menciona essa dimensão afirmando:
[...] enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas. Se o arco e a flecha hoje aparecem como brinquedos, em certas culturas indígenas representavam instrumentos para a arte da caça e da pesca. Em tempos passados, o jogo era visto como inútil, como coisa não-séria.
11
É evidente que os jogos foram utilizados pelas gerações mais antigas,
mas seu prestígio sofreu modificações ao longo do tempo. Almeida (2003,p.20)
afirma que: ”Na Idade Média com a ascensão do cristianismo, os jogos foram
predendo seu valor, pois eram considerados profanos e imorais, sem nenhuma
significação”, contudo, no século XVI , é com os Humanistas que voltam a
ganhar força e os colégios jesuitas foram os primeiros a colocá-los em prática.
Como completa Santos (2000, p.16): ”No século XVI e XVII se adotou uma
atitude moderada em relação aos jogos”. A partir daquele momento histórico
passa a existir um sentimento de infância e esse sentimento fora batizado por
Ariés (1986) de Infância Institucionalizada que traz com isso a adoção de
práticas educativas , onde as crianças passam a ser vistas de acordo com a sua
idade.
Com a Revolução Industrial, surge a família moderna e a infância torna-
se o centro do interesse educativo dos adultos. Com essa maneira de ver a
criança, abre-se um espaço propício ao nascimento da Psicologia Infantil que,
segundo Kishimoto (1999) desabrocha no século XX, com a produção de
pesquisas e teorias que discutem a importância do ato de brincar. Ao longo do
tempo as brincadeiras vão se modificando no mundo infantil. Em um primeiro
momento observamos que brinca com o seu próprio corpo, em seguida
descobre objetos e suas potencialidades para produzir lazer e bem-estar ao
manuseá-los.
Brougére (1998) analisando a relação do lúdico com a aprendizagem
postulou que a primeira relação com a aprendizagem acontece quando a
criança começa a brincar. Neste processo a criança desenvolve certo tipo de
comunicação peculiar, diferentes das normas da vida comum. É nessa fase
que ocorre o desenvolvimento das representações simbólicas, na qual o
imaginário e a fantasia adentram sua vida e tudo pode ter um outro sentido.
Este momento, conforme Brougére, é crucial na vida da criança, pois os
brinquedos e objetos deixam de ser utilizados e passam a ser tudo aquilo que
querem, desejam e necessitam a cada momento de sua vida.
12
Assim vão se associando os brinquedos à idade e ao grau de importância
inerentes ao lúdico em suas várias formas e facetas. Conhece-se com
determinada facilidade a diferença entre crianças que brincam, experimentam,
manuseiam, sujam, apalpam, porquanto o que ocorre entre a criança e o
brinquedo é uma relação proveitosa pedagogicamente. O brinquedo propõe um
mundo imaginário à criança e as concepções de brinquedo subjetivamente
esbanjam o potencial imaginário bastante presente na infância.
Brincar também desenvolve os músculos, a mente e deixa qualquer
criança feliz, além de sentr-se livre para se expressar e viver no seu mundo de
fantasia, isso porque o ato de brincar é mágico e prazeroso. Toda criança
brinca por isso que não haveria como entender sua vida sem brincadeira e
brinquedos. Maluf (2003, p.31) afirma:
A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o mundo e precisa explorar todas as possibilidades. Participar de brincadeiras é uma excelente oportunidade para que a criança viva experiências que irão ajudá-la a amadurecer emocionalmente e aprender uma forma de conviver mais rica.
A educação deve fornecer a contínua reconstrução das experiências
inteligentes, mediante a aquisição de conhecimentos, a formação de atividades
e o desenvolvimento de habilidades que contribuam para a formação integral
da personalidade da criança. Educar é um ato que visa à convivência social, a
cidadania e a tomada de consciência política. A educação escolar, em sua
prática educativa, além de ensinar o conhecimento cientifico, deve assumir a
incubência de preparar as pessoas para o exercício da cidadania. A cidadania
é entendida como acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela
sociedade, ainda a educação para cidadania pretende fazer de cada pessoa
um agente de transformação. Nesse sentido, Libâneo (1990, p.47) salienta:
A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade.
13
Promover uma proposta de educação que venha atender as
necessidades das crianças que não podem estar dissociados do seu universo
infantil, pois assim, essa proposta não teria êxito, pois quando falamos em
universo queremos falar sobre aquilo que faz parte do cotidiano dessa fase, ou
seja aquilo que lhe motiva, que lhe traz prazer, que nada mais é que o lúdico.
Portanto, o professor torna-se responsável em transmitir e modificar o
conhecimento e este por sua vez, gera sempre novas práticas, o que exigiria
inovações no agir, demonstrando cada vez mais a sua capacidade de mudar
suas práticas quantas vezes for necessário, o que não pode acontecer é parar
de refletir, questionar e melhorar.
Diante disso, vale ressaltar que a prática docente tem como finalidade
estabelecer objetivos, conteúdos e métodos. E o primeiro passo para o
professor é a construção de uma prática docente fortalecida de uma teoria que
lhe dê sustentabilidade, ou seja, embasamento teórico. Segundo Maluf (2003,
p.31):
As atividades lúdicas precisam ocupar um lugar especial na educação. Entendendo que o professor é figura essencial para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo materiais adequados e participando de momentos lúdicos. Agindo dessa maneira, o professor estará possibilitando às crianças uma forma de assimilar a cultura e modos de vida dos adultos , de forma criativa, prazerosa e sempre particiativa.
Portanto a atuação docente necessita estar atrelada a teoria e prática
simultaneamente. Por isso os processos de aprendizagem devem estar de
acordo com a metodologia visando o objetivo a ser alcançado e que promova
uma educação que atenda as pecularidades físicas, psicológicas e sociais da
criança, respeitando-as e favorecendo a sua livre expressão. É extremamente
necessário que o professor acredite que brincar é essencial na aquisição de
conhecimento, no desenvolvimento da sociabilidade e na construção da
identidade
Para Piaget (1998) existe o brincar quando há o predomínio da
assimilação sobre o esforço e atenção da acomodação.Uma excelente fonte de
14
conhecimento sobre o brincar é quando se observa a criança brincando, ao
penetrarmos nos seus jogos e brincadeiras contribui para colhermos
informações importantes para a organização das práticas pedagógicas que
incentivaram a brincadeira. É através da brincadeira que a criança interage
com os outros e adquire conhecimentos de si e do mundo que a cerca.
Segundo Vygotsky (1993, p.10):
Na brincadeira a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real. Além disso, a brincadeira fornece ampla estrutura para mudanças das necessidades e da consciência,
pois nela as crianças ressignificam o que vivem e sentem.
É necessário promover uma educação que atenda as peculiaridades
físicas, psicológicas e sociais das crianças, respeitando-as e favorecendo a sua
livre expressão, para que elas participem e busquem novas maneiras de
interagir com a realidade, até para poder modificá-la. Nessa fase da vida o
estudante das séries iniciais registra momentos de aprendizagem que levará
como bagagem para toda a sua fase estudantil, o que vai lhe proporcionar uma
formação crítica e desenvolver sua subjetividade diante de fatos sociais.
Por sua vez os educadores precisam de novas técnicas, novos métodos
de ensino aprendizagem e outros aparatos pedagógicos na busca incessante
de tornar o ensino atraente e prazeroso como ressalta Maluf (2003, p.29)
“devemos procurar inovar para não deixar nossas aulas enfadonhas e que
caiam na mesmice”. Por vários motivos é que passamos a acreditar na
diversidade de métodos e técnicas inseridas no contexto da formação dos
profissionais das séries iniciais. As atividades lúdicas os jogos e brinquedos
devem constar nos currículos escolares, como sugerem Santos (1997, p. 21):
“Por isso quanto mais vivências lúdicas forem proporcionadas nos currículos
acadêmicos, mas preparados os educadores estarão para trabalharem com a
criança”.
Mais do que mudar a prática pedagógica, os professores necessitam
conhecer e ampliar discussões sobre a ludicidade. É comum no trabalho de
estudiosos, pesquisas sobre os jogos e brincadeiras, no entanto, na sala de
15
aula é o professor quem observa, catalisa e participa ativamente desse
momento, atuando como mediador. Diante desse contexto esta investigação
buscou responder o seguinte questionamento: Qual o papel das atividades
lúdicas nos processos de aprendizagem das crianças na perspectiva do
professor?
Objetivou-se com a realização deste trabalho identificar e analisar a
importância das atividades lúdicas nos processos de aprendizagem das
crianças, na perspectiva do professor.
16
CAPÍTULO II
2. COMPREENDENDO AS PALAVRAS-CHAVE
Compreendo que a ludicidade vem contribuir para o desenvolvimento
das estruturas psicológicas e cognitivas do ser humano, principalmente na
infância. O professor é o mediador do desenvolvimento das potencialidades da
criança e que mediante suas práticas pedagógicas, proporcionará aulas mais
prazerosas, facilitando assim, os Processos de aprendizagem na construção do
conhecimento. Enfim o indivíduo num todo, tornando-o crítico de suas próprias
ações e do meio que vive, desenvolvendo habilidades e competências próprias
da infância.
2. 1 Ludicidade: uma porta aberta para a aprendizagem
A brincadeira é para a criança um espaço de investigação e construção
sobre si mesma e sobre o mundo, onde ela exercita o corpo e a imaginação.
Age como se fosse maior do que é na realidade e simbolicamente realiza
aquilo que ainda não é capaz de fazer. O brincar é a essência do pensamento
lúdico e caracteriza as atividades executadas pelo homem em qualquer idade
e não pode ser vista apenas como diversão, pois proporciona encantamento e
sabemos que faz parte da natureza humana.
As brincadeiras são uma forma de expressão e um modo de interagir
com diferentes objetos de conhecimento, implicando o processo de
aprendizagem. As experiências adquiridas na infância nos deixam lembranças
que ficam guardadas no subconsciente e acabam fazendo parte da nossa
história pessoal e social. Nessa abordagem faz-se necessário refletir sobre sua
conceituação, de um modo especial ao que sejam jogos, brinquedos e
brincadeiras.
17
Mas o que é lúdico? Segundo Santos (2003, p. 57) a palavra vem do
latim (ludus) que significa brincar. O brinquedo sempre foi o objeto criado pelo
adulto para a criança fazer brincadeiras, explorando a sua criatividade. A
existência dos brinquedos remota a épocas pré-históricas e provém de diversas
culturas, demonstrando assim, que é natural o homem divertir-se,
independente de sua origem e de seu tempo. Piaget (1996, p. 173) afirma que:
“o lúdico é uma característica fundamental do ser humano”. Não é um
comportamento herdado, ele é adquirido pelas influências que recebemos no
decorrer da nossa vida, pois desde que nascemos, somos mergulhados num
contexto social. Wallon ( apud KISHIMOTO, 2003, p.41) ao analisar a origem
desse comportamento “pressupõe que ele provém da imitação que representa
uma acomodação ao objeto”. Santos (1997, p. 20) afirma:
Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento.
É necessário compreender que o conteúdo do brinquedo não determina
a brincadeira da criança e sim o ato de brincar. Acredita-se que o primeiro
brinquedo da criança é seu próprio corpo, que começa a ser explorado aos
primeiros meses de vida, depois ela passa a explorar os objetos do meio que
produzem estimulações visuais e auditivas. A forma de introduzir o brinquedo
no mundo da criança é muito importante, pois desempenha funções variadas.
Segundo Maluf (2003), o brinquedo: “Aumenta a integração com outras
crianças, exercita a criatividade, a imaginação e a sensibilidade visual e
auditiva. Desenvolve a coordenação motora e diminui a agressividade”.
A relação imprescindível entre o criar e o brincar proporciona prazer ao
participante. Vygotsky (1988) nos afirma que “o brinquedo pode criar uma zona
de desenvolvimento proximal, pois na brincadeira pode comportar-se num nível
que ultrapassa o que está habituada a fazer”. Winicott (1975) considera a
brincadeira universal e conduz a relacionamentos grupais, trazendo
oportunidade para o exercício da socialização. No brincar, a criança troca,
18
partilha, confronta e negocia, gerando equilíbrio, e proporcionando novas
conquistas individuais e coletivas a partir de seus conhecimentos prévios.
É fundamental compreendermos que é o brincar é de grande importância
na socialização do ser humano, pois a criança consegue, sem muito esforço,
encontrar respostas a várias indagações, bem como interagir com o grupo.
Objetos, sons, movimentos, cores, figuras, tudo pode virar brinquedo através
de um processo de interação, pois funcionam como alimento que nutrem a
atividade lúdica, enriquecendo-a.
Quanto maior a variedade de materiais para auxiliar a criatividade e a
vontade de inventar, mas a criança será estimulada. Sendo assim, o professor
necessita resgatar os jogos e brincadeiras, explorar os objetos que o cercam,
aprendendo a conhecer seu próprio equilíbrio e assegurando a base de um
trabalho na escola que transforme esse ambiente em um lugar de trocas de
aprendizagens.
Os autores acima citados nos afirmam que a ação do brincar é fonte de
prazer e ao mesmo tempo de conhecimento, o que nos faz perceber que a
criança quando brinca ela aprende. Maluf (2003), afirma que:
Brincar é, para a criança, um momento mágico. Brincando ela alimenta sua vida interior, liberando assim sua capacidade de criar e reinventar o mundo. O brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidades de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social emocional e cognitivo. (p.09).
A produção de saberes sobre a infância (desenvolvimento psicológico,
cognitivo, entre outros, que descreve como deve ser a criança), permitiu
escolarizá-la. A escola tem papel fundamental no olhar pedagógico para a
criança. Ao estudar a criança atribui significados e características às tarefas
escolares. Santos (1997, p. 12) sobre a relevância do brincar afirma que:
O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa
19
saúde mental e facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção dos conhecimentos.
A ludicidade e o brincar são certamente considerados vitais no
planejamento de atividades das séries iniciais. Segundo Bujes (2004): “o que
torna o brinquedo parte de nossa cultura são as práticas sociais às quais ele
vai ser associado”. Assim podemos relacionar o lúdico a diversas expressões:
oralidade, raciocínio lógico-matemático, nas ciências, no corpo, na arte e toda
expressão de cultura. Portanto, a construção do conhecimento pode ocorrer a
partir da realização de atividades lúdicas, principalmente nas séries iniciais
sendo que nessa fase os alunos gostam muito de brincar.
Os jogos constituem uma estratégia de ensino interessante, pois
pretende auxiliar o aluno a pensar com clareza, desenvolvendo sua criatividade
e raciocínio lógico. A função da escola ao incorporar a ludicidade é a de
reconhecer que quanto mais as crianças brincam novas buscas de
conhecimentos se manifestam, seu aprender será mais prazeroso.
As práticas lúdicas no contexto escolar como alternativa de resgatar a
alegria e o prazer poderão contribuir para ampliar os conhecimentos e
possibilitar caminhos para um profissional mais dinâmico e reflexivo, capaz de
atender às necessidades dos educandos, pois, diariamente o tempo e a história
nos impõem a busca de novas práticas pedagógicas que auxiliem e facilitem o
processo dinâmico que é a aprendizagem.
Cabem as escolas, verdadeiramente inseridas no contexto da realidade
de seus alunos construírem um núcleo de ensino pleno, com projetos lúdicos
que contemple cada um respeitando as suas particularidades e os educadores
necessitam criar oportunidades para que o brincar aconteça de maneira
sempre educativa, sendo figura essencial para que isso ocorra, criando
espaços, oferecendo materiais adequados e participando ativamente, pois
materiais e jogos não são auto-suficientes para gerarem aprendizagens. Como
afirma Luckesi (2001, p.120):
20
(...) prática docente que seja crítica e construtiva: crítica na medida em que compreenda, proponha e desenvolva a prática docente no contexto de suas determinações sociais; construtivista na medida em que trabalhe com princípios científicos e metodológicos que dêem conta da construção de ensino e da aprendizagem para o desenvolvimento do educador.
É no uso que fazem, orientadas e estimuladas pelos professores, que os
próprios alunos, vivenciando atividades significativas e contextualizadas,
realizam a aprendizagem. Lorenzato (2006, p.29) relata que “o jogo solicita a
imaginação da criança que atribui aos objetos do cotidiano, significados novos
conforme seus objetivos”. Complementando o pensamento de Lorenzato,
Kishimoto (2003, p.37-38) afirma:
a utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna , típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em situações que não jogos.
Na infância tudo é possível para a criança, até mesmo acreditar na
mudança para transformar seu contexto social. Por isso é necessário que os
professores estejam cientes da importância dos jogos e das brincadeiras na
sala de aula e elabore propostas de trabalho que incorporem as atividades
lúdicas em suas práticas pedagógicas, valorizando os conhecimentos que as
crianças já trazem, assumindo assim características que vão além da função
de escola por criar condições para o desenvolvimento integral de todas as
crianças. É necessário respeitar a diversidade presente neste ambiente e
considerar também as possibilidades de aprendizagem, proporcionando
desenvolvimento de capacidades de ordem física, afetiva, cognitiva, ética,
estética de relação interpessoal e inserção social
Nesse aspecto é necessário que esses profissionais da educação criem
e ofereçam um ambiente que propicie a integração e o desenvolvimento da
ludicidade, considerando também as possibilidades de aprendizagem,
proporcionando desenvolvimento das habilidades necessárias nas séries
iniciais. Portanto, uma atuação comprometida na organização de atividades
lúdicas que ajude e estimule a criança, irá dinamizar as aulas provocando a
21
aprendizagem, evitando atitudes negligenciadas e percebendo o real sentido
do brincar.
Ao brincar a criança é absorvida por essa atividade e expressa a forma
como reflete, organiza, desorganiza, constrói, destrói e reconstrói o seu mundo,
expressando, de modo simbólico, suas fantasias, seus desejos, medos,
sentimentos agressivos e os conhecimentos que vai construindo a partir das
experiências que vive. Ou seja, ela cria uma ponte para a realidade. Seus
movimentos e expressões simbolizam o que têm dificuldade de falar. Então a
brincadeira é a sua linguagem secreta e que deve ser respeitada pelos adultos,
pois um dos objetivos do brinquedo é dar a criança um substituto dos objetos
reais para que possa manipulá-los.
2.2 Professor: o mediador das aprendizagens
O professor é o que direciona o conhecimento, aquele que além de
ensinar, aprende. Seu ato abrange não só a profissionalização, mas a
humanização, pois no atual mundo capitalista que vivemos, o professor tem
que atuar com a responsabilidade e compromisso de tornar a sociedade mais
justa e o aluno atuante de forma mais crítica e com criatividade.
É o mediador de conhecimentos e que executa as atividades de
ministrar aulas, elaborar e corrigir trabalhos, discutir e desenvolver pesquisas,
além de construir a relação do homem com a sociedade. É uma tarefa
multidimensional. Nesse sentido, afirma Tardif (2005, p.234):
Noutras palavras, o trabalho dos professores de profissão devem ser considerados como um espaço prático especifico de produção, de transformação e de mobilização de saberes, portanto, de teorias, de conhecimentos e de saber fazer ao ofício de professor. Essa perspectiva equivale fazer do professor tal como professor universitário ou pesquisador da educação, um sujeito do conhecimento, um ator que desenvolve e possui teorias, conhecimentos e saberes de sua própria ação.
22
O professor é aquele que favorece a discussão sobre os problemas
formulados, oferece oportunidade de coordenar diferentes pontos de vista e
principalmente um orientador que ensina e aprende sempre. Levando em
consideração as vivências que seus alunos trazem é preciso sensibilidade por
parte deste profissional para que haja interação entre o pré-estabelecido e a
possibilidade de construção de um novo conhecimento, fazendo-se necessário
refletir enquanto formadores e facilitadores desse processo.
Portanto tem o papel de apropriar-se de saberes e de um preparo
pedagógico que consiga interagir e contextualizar com a realidade do seu aluno
no contexto que ele está inserido utilizando a ludicidade como estímulo e que
saibam brincar para mediar à importância dessa atividade que é rica de
descobertas e aprendizagens. O professor valoriza os saberes que a criança
possui em sua bagagem fora da escola e utiliza esses saberes para fortalecer e
dar condições do aluno reinventar seus conhecimentos prévios, estimulando
sua criatividade e criticidade, através de recursos atraentes e prazerosos,
fazendo com que a criança possa desenvolver-se. Deve organizar, valorizar
essas vivências lúdicas e partir para inserir o brincar em um projeto educativo,
com objetivos e consciência da importância de sua relação do desenvolvimento
e a aprendizagem infantil.
No atual cenário que vivemos, onde todos precisam e esperam muito da
educação, é necessário criar possibilidades reais nas experiências e desejos
dos educandos, conduzindo de forma segura uma prática pedagógica
impulsionadora para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor. Frente às
intensas mudanças que enfrenta nossa sociedade, num cenário de
contradições políticas, econômicas e sociais, assim como a emergente
reestruturação do capitalismo, a crescente urbanização e reprodução da força
do trabalho, temos a educação como o bem de transformação social.
Todos precisam e esperam muito da educação, e sabemos que não é
mais permitido trabalhar com os alunos de qualquer maneira, seguindo apenas
as orientações postuladas pelos livros didáticos, muitas vezes
23
descontextualizados ou por profissionais desconhecedores dos processos
educativos, com visão simplista e sem um delineamento para os novos rumos
da educação, conceituado apenas por “professor experiência”.
Só a experiência não garante ao professor uma prática condizente com
os novos modelos de educação. É preciso constituir espaços de formação e
reflexão, a fim de que crianças e adultos não se sujeitem ao novo, mas às
possibilidades deste, tornando-se autores no seu trabalho. Freire (1987, p. 58)
afirma que:
O educador, que aliena a ignorância se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educadores serão os que não sabem. A rigidez dessas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca.
O professor deve ser o principal autor na elaboração de um
planejamento que beneficie as condições facilitadoras de aprendizagem,
explicitando uma meta e não apenas cumprir um estudo elaborado e muitas
vezes oculto. Consideramos tanto a formação inicial quanto a em serviço, pois
ele é o principal foco para uma boa atuação, desde que esteja pautada de
atualização e aperfeiçoamento. A perspectiva é a de que nenhuma formação
tem um fim e sim durante toda a vida. Segundo Libâneo (2001), ”a memória e a
inteligência navegam com a velocidade parecida com a da luz, de modo que
nada se lhe adere. É pura sensação. Adrenalina em vez de pensamento”.
Portanto, cada conhecimento pertence a um conjunto e se situa em
determinado contexto, ou seja, um saber mais especializado, mais
compartimentizado. O saber educativo é uma troca. Antunes (2004, p.60)
afirma que para ser um bom professor é preciso:
Que sejam desafiadores, inquietos, responsáveis e sobretudo estudiosos, para que se mantenham sempre ao lado dos avanços científicos da neurologia, pedagogia, psicologia e psicopedagogia e que saibam transpor essas conquistas para sua ação junto às crianças.
24
Portanto, o professor precisa traçar o compromisso de uma constante
busca de conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e
profissional. Todas as descobertas e estudos levam a ludicidade como uma
porta aberta para a aprendizagem, sendo o professor a ponte para a realização
desse processo pois o brincar só tem vitalidade a partir da conscientização dos
educadores em parceria com a família e a escola. Segundo Negrine (1994,):
“quando a criança chega a escola, traz consigo toda uma pré-história,
construída a partir de suas vivências, grande parte delas através das atividades
lúdicas”.
O Mundo atual tem produzido de forma acelerado sempre novos
saberes. Aprender a conhecer e a pensar nesse mundo, exige abandonar todo
dogmatismo. Por isso, precisamos, mais do que nunca, reforçar e repassar o
que é importante para o desenvolvimento pleno do aluno e também do
professor. Para o professor atuar bem ele deve planejar organizar os
conteúdos de acordo com a realidade de suas crianças respeitando a
diversidade presente em sala de aula, sabendo da importância do
planejamento da prática educativa que segundo Padilha (2001, p.30):
Planejar, em sentindo amplo é um processo que “visa dar respostas a um problema estabelecendo fins e meios que apontam para sua superação de modo a atingir objetivos antes previstos e prevendo necessariamente o futuro”, mas considerando as condições presentes, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosóficos, cultural, econômico de quem planeja e com quem se planeja .
Observamos ainda que o processo educativo tenha percorrido um longo
caminho do ponto de vista da teorização à ação. A educação como um
processo formal tem tentado caminhos de aproximação entre teoria e a pratica
e esta ligação esta associada à práxis social, pois se busca uma metodologia
capaz de orientar-lhe a prática pedagógica.
Diante disso se faz necessário que o professor seja capacitado para
atuar nas séries iniciais, pois estando pautado sobre as novas demandas da
educação e conhecendo a ludicidade passam a refletir sobre a prática, criar
25
estratégias e modificar a descontextualização existente em muitas escolas.
Reforçando essa práxis ressalta Angotti (1992, p.67):
O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estarão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira, é fundamental buscar a coerência entre o ideal de formação que ser quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus ideais para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando, enriquecendo, valorizando e realçando o que esta sociedade tem de melhor, seu potencial humano.
A importância de tratar desse assunto é que se percebe hoje a distância
entre o que se aprende e o que se pratica, apesar dos educadores terem esse
conhecimento e discursos embasados teoricamente. Assim a atuação docente
é um ato transformador, na qual sua ação forma e constrói informações. A
prática modifica o conhecimento, e este por sua vez, gera sempre novas
práticas, o que exigiria inovações no agir demonstrando cada vez mais a
capacidade dos professores que ao mesmo tempo são capazes de mudar suas
práticas quantas vezes for necessário, o que não pode acontecer é parar de
refletir, questionar e melhorar.
Educar é uma tarefa complexa por ser um exercício contínuo e coletivo,
fazendo-se necessário refletir enquanto formadores e facilitadores desse
processo, pois é ideal ao professor ter iniciativa individual diante da realidade
histórica, social e política em que o mesmo está inserido. É importante que ele
reconheça que a docência se trata de um processo complexo e dinâmico por
envolver idéias e concepções diversas. O que vai exigir do docente uma boa
formação, compromisso e responsabilidade para agir de forma atuante. Sobre
isso Candau (1996, p.74) afirma:
Por compromisso, entendo o envolvimento, o profundo engajamento com o aluno no plano intelectual e afetivo, o qual deve ser perpassado por uma postura de “paixão” pelo trabalho. Esse compromisso, que é profissional e político, dão o real sentido a nossas ações, ao nosso ofício sendo profissionais do ensino.
26
Dentro dessa perspectiva, o docente precisa saber preparar um
planejamento para que seus alunos desenvolvam habilidades promovendo a
formação do cidadão dentro do seu contexto social. O professor não só
transmite saberes, mas também aprende nesse processo de ensino-
aprendizagem. É preciso que encare a ludicidade como agente transformador e
visualize necessidades existentes para essa transformação cotidiana. Por isso
existe a necessidade do planejamento que possibilita selecionar o conteúdo, a
metodologia e objetivo, de acordo com a realidade de seus alunos. Como
Martins (1991, p.67) afirma:
O planejamento não é um fim em si mesmo, mas um meio de se preparar e organizar a ação tendo em vista um objetivo. Daí a importância de se acompanhar essa ação, a fim de alterá-la sempre que se constatar inadequação nas decisões previamente tomadas.
Levando em consideração as vivências que seus alunos trazem é
preciso sensibilidade por parte deste profissional para que haja interação entre
o pré-estabelecido e a possibilidade de construção de um novo conhecimento,
através de atividades lúdicas, fazendo-se necessário refletir enquanto
formadores e facilitadores desse processo.
É necessária uma formação condizente, ou seja, embasamentos
teóricos para que possam reforçar sua prática. Sendo assim a formação do
professor tem grande influência na sua prática em sala de aula nas séries
iniciais. Para o professor é relevante que tenha convicção da importância do
seu papel dentro desse contexto social, podendo reconhecer os principais
princípios que contribuem para uma prática transformadora como:
comprometimento, competência, iniciativa, criatividade, liderança e a inclusão
da ludicidade nos cursos de formação de professores das séries iniciais pra
respaldá-los teoricamente sobre a importância dos jogos e brincadeiras, não
perdendo o foco principal do seu objetivo que é o aprendizado do aluno.
27
2.3 Processos de aprendizagens e atividades lúdicas: algumas considerações.
Os novos rumos da educação indicam com clareza uma mudança de foco,
mudança de postura e de concepções. Diante dos novos paradigmas de
aprendizagens as compreensões que os professores têm do ensino possibilitam
entender, produzir, ou seja, assimilar teorias para que possam atuar em um
mundo cheio de mútuas complexidades, necessitando compreendê-lo melhor para
que possa transformá-lo. Compreender nada mais é que um processo educativo
que busca entender as relações existentes em uma sociedade, na qual cada
indivíduo compreenda a necessidade da educação para atuar como ser social,
moral e cultural.
Sendo assim, o que se tem observado é que o trabalho com a
educação nas séries iniciais tem sido praticamente algo mecânico por parte de
alguns profissionais que mesmo tendo embasamento teórico preferem manter
o distanciamento entre a teoria e a prática. Ao questionar sobre a prática com
os professores Becker (1998, p.332) afirma que:
Muito raramente um docente responde segundo o modelo interacionista-construtivista, isto acontece quase com exclusividade, ao se defrontar com sua prática escolar. Em outras palavras, o docente responde segundo o modelo empirista ao perguntar-se sobre seu conceito de conhecimento, ao de fundamentações prévias, apela para um modelo apriorista, às vezes até inatista; ao ser questionado sobre sua prática, porém responde com ensaios construtivistas.
.
Nesta perspectiva percebe-se que o professor ao seguir uma
determinada teoria não deve abandonar suas práticas motivadas apenas por
um modismo. O professor deve, sim, embasar cada vez mais a teoria escolhida
para estar seguro e não achar que vai alcançar objetivos sem pensar nas
construções e desconstruções que o aluno faz no processo ensino-
aprendizagem. Isso nos faz perceber que ao embasar-se em uma teoria, a
prática docente se torna mais produtora de saberes e formadora de
educadores capazes de solucionar problemas com respostas criativas e
eficientes. Segundo Fazenda (1991, p.16):
28
Educar e participar do processo educacional de crianças na pré-escola requer além do conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem), uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz.
É relevante, pois que o educador conscientize-se que o conhecimento
adquire-se pela prática e pela teoria. Segundo Becker (1998, p. 36), “A prática
não passa de uma estratégia que torna possível a apreensão da teoria [...]
Teoria e prática são complementares entre si. Uma depende da outra apenas
parcialmente”.
Sendo assim, podemos afirmar que nenhuma prática é neutra. Pelo
contrário, ela está sempre referenciada em algum princípio. Muitas e
complexas são as teorias que tratam sobre o conhecimento; sobre este
assunto a escola tem compromisso e o docente é o mediador dessa
construção. Existem três grandes concepções pedagógicas, cada uma delas
sustentada por uma determinada epistemologia:
Na concepção Empirista (Método conservador tradicional) O
processo é a transmissão de conhecimento. O professor sabe tudo e o aluno
não sabe nada. O conteúdo é passado da mesma forma para todos, mas
alguns aprendem e outros não conseguem absorver. O professor é o que sabe,
é o dono do conhecimento. Rotulados os alunos não têm capacidade criativa.
O aluno é considerado tábula rasa, sujeito passivo.
A aprendizagem é estruturada de modo a dirigir o aluno pelos
caminhos adequados para atingir o comportamento final desejado e é nesta
questão que se afirma a concepção diretiva do empirismo, no qual a escola
induz o comportamento do aluno segundo sua proposta pedagógica e no
qual o ensino é estabelecido por conteúdos programáticos e ordenados em
uma seqüência lógica. (BECKER, 1998).
29
Na concepção pedagógica Apriorista ou inatista: O processo o
conhecimento se dá a partir da hereditariedade, ou seja, é questão genética
responsável pela aprendizagem. O conhecimento já vem programado na
bagagem hereditária, basta o processo de maturação para que essas
estruturas percorram os vários estágios e o meio não participa dela. Concluiu-
se que esta prática escolar não amplia, não desafia nem instrumentaliza o
desenvolvimento dos indivíduos, pois se restringem àquilo que já conquistou.
Portanto, o processo pedagógico depende apenas de traços comportamentais
ou cognitivos inerentes ao aluno, excluindo ou secundarizando as interações
socioculturais na formação das estruturas cognitivas da criança. (idem)
De acordo com a concepção pedagógica Construtivista, Interacionista, o
processo de ensino aprendizagem acontece através da interação entre o ser
humano e o meio. O conhecimento passa por um processo de construção
contínua e recíproca do ser humano em relação ao seu meio. Dentre as teorias
destacam-se: a teoria Interacionista Piagetiana e a Teoria Sócio-interacionista
de Vygotsky (1993).
Segundo Piaget (1996), as crianças constroem suas noções
fundamentais de conhecimento lógico, tais como tempo, espaço, objeto e
causalidade, poderia facilitar o entendimento da gênese do conhecimento
humano. Entendemos que sem aprendizagem o desenvolvimento é bloqueado,
mas só a aprendizagem não faz o desenvolvimento. A assimilação é o
processo pelo qual o natural adquirido pela bagagem que o indivíduo já traz,
sem alterar estruturas e assim desenvolvem ações destinadas a atribuir
significados pelo que já lhe pertence hereditariamente.
Paralelo a tudo isso, o construtivismo propõe uma concepção
epistemológica oposta ao empirismo e ao apriorismo, pois considera o sujeito
ativo em processo de construção, que segundo Vygotsky (1989) a estrutura
fisiológica humana, aquilo que é inato, não é suficiente para produzir o sujeito.
O modo de agir, de pensar, de sentir, valores, conhecimentos e visão de
mundo dependem da interação do ser humano com o meio físico e social e,
especialmente, das trocas estabelecidas com os seus semelhantes. Ou seja, o
30
homem nasce equipado com certas características próprias da espécie
humana, mas as chamadas funções psicológicas superiores aquelas que
envolvem consciência, intenção planejamento, ações voluntárias e deliberadas,
na sua concepção de aprendizagem inclui relações interpessoais, como
também a interação com o meio. (BECKER, 1998)
Portanto podemos afirmar que a escola é a instituição criada para
trabalhar, determinados conhecimentos e formas de ação no mundo. E assim
os professores devem perceber que embora processos de aprendizagem
ocorram constantemente na relação do individuo com o meio, quando existe a
intervenção de outro envolve assim quem ensina e aprende. Há troca no
ensino-aprendizagem, ou seja, o desenvolvimento das competências, que
envolvem intenção e planejamento, depende de processos sistematizados de
aprendizagens que envolvem relações interpessoais densas, mediadas
simbolicamente e não trocas mecânicas.
Com isso podemos constatar que as ações pedagógicas precisam de
uma reconstrução. A ação desenvolvida pelo professor e o que pretende
ensinar não podem estar isoladas ou descontextualizadas, pois sua eficácia
será demonstrada em situações em que se articulam o contexto social, o
aprendiz e o professor.
Reelaborar conhecimentos e experiências anteriores levará a promover
o nascimento do desejo para a contínua busca por situações em que o
aprendiz faça seu percurso, formulando hipóteses, constituindo o ponto de
partida para avançar na construção da aprendizagem significativa é a primeira
condição para que o professor possa ser capaz de compreender os processos
de aprendizagens nas séries iniciais, sendo capaz de agir e refletir sobre sua
própria aprendizagem, formação e prática pedagógica.
A ação e reflexão sobre a realidade na qual estão inseridas fazem do
professor um agente em busca do conhecimento, um permanente estudante.
Um profissional de educação não pode ser alienado e sim capaz de
transformar a realidade para ser objeto dos seus conhecimentos, torna-se
31
relevante a análise das tendências que incluem a ludicidade considerando os
múltipos e variados elementos presentes na ação pedagógica do professor,
não assumindo modismos, mas considerando os conhecimentos prévios dos
sujeitos.
Assim mediante a realidade presente nas escolas, concordamos que
certos métodos essencialmente expositivos simplificam os papéis dos
professores e dos alunos transformando-os em uma troca que coloca o
professor como aquele que sabe tudo e o aluno não sabe nada.
Revitalizar as propostas, contribui para a realização de qualidade na
busca da formação dos alunos. Não podemos reduzir o papel formativo do
professor a uma transmissão atrelada ao limite dos conteúdos dos livros
didáticos e a experiência respaldada no tempo de atuação no magistério, pois é
imprescindível entendermos que a criatividade está relacionada às atividades
lúdicas e as brincadeiras e não as tarefas formais e racionais. A brincadeira
possibilita a livre expressão de ideias , pensamentos, impulsos e sensações.
Tanto “o mundo do faz de conta” das crianças quanto o poder imaginativo dos
jovens e adultos vêm a tona com os jogos criativos. Portanto, essas práticas
incentivam o interesse pelo conhecimento de toda e qualquer natureza,
favorecendo o aprimoramento da coordenação motora e da expressão verbal.
Dentro do universo escolar a prática de jogos criativos leva professores
e alunos a compreenderem e aceitarem as formas e os padrões de
comportamento pessoal e social; a terem autoconfiança; a resolverem
situações aplicando conhecimentos e habilidades adquiridas anteriormente. Ao
provocar inquietações no grupo e aceitar as próprias inquietações frente ao
conhecimento aponta para relações de ensinar e aprender como movimentos
importantes no processo. As inquietações nos dias atuais frente às práticas
pedagógicas geram questionamentos importantes e assim, determinam o foco
para uma educação que valoriza o sujeito aprendiz, que leva a escola a
resgatar sua função social, revitalizando as relações no espaço escolar e
acelerando os processos de aprendizagens onde a ludicidade torna-se
instrumento mediador na construção do conhecimento.
32
CAPÍTULO III
3. NA TRILHA METODOLÓGICA
3.1. Tipo de pesquisa
A pesquisa tem importância fundamental no campo das ciências sociais,
principalmente na obtenção de soluções para os problemas coletivos de uma
sociedade e mais ainda nos que envolvem a educação. Alves (2003, p.41)
afirma que: ”a pesquisa é um exame cuidadoso, metódico, sistemático e em
profundidade, visando descobrir dados ou ampliar e verificar informações
existentes com o objetivo de acrescentar algo novo à realidade investigada”. O
trabalho cientifico é essencial para perpetuar o conhecimento e
consequentemente contribuir para o desenvolvimento humano.
Nossa investigação foi realizada numa perspectiva qualitativa, pois
envolveu um conjunto de procedimentos para a coleta de dados, tendo como
ponto de partida vivências, idéias e práticas pedagógicas, que segundo Bogdan
e Beklin (1994):
A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com situações estudadas, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes (Apud LUDKE e ANDRÉ, 1986 p.
13).
Pesquisas qualitativas permitem a análise dos resultados numa visão
diferenciada, e consideram a situação contextual do sujeito pesquisado, pois
este tipo de abordagem qualitativa baseia-se em analisar os dados, interpretá-
los a partir das respostas aos questionamentos, permitindo ao pesquisador
descobrir os fenômenos e consequentemente saber suas causas e efeitos do
estudo em questão. Minayo (1994) diz: ”A pesquisa qualitativa responde a
questões muito particulares. Ela se preocupa com o nível de realidade que não
pode ser quantificado”.
33
Identificar nas práticas dos sujeitos as concepções sobre a ludicidade foi
um dos motivos que nos levou a optar por estas metodologias, sabendo que a
pesquisa qualitativa permite ao pesquisador adentrar no universo do objeto
pesquisado
3.1.2 Instrumentos de coleta de dados
Procurando conhecer e interpretar a realidade na qual os sujeitos estão
inseridos e suas percepções foram utilizados como instrumentos de coleta de
dados um questionário fechado onde traçamos o perfil sócio-econômico e
cultural do sujeito e a entrevista semi estruturada que permite a captação
imediata dos resultados.
3.1.3 Questionário fechado
A elaboração do questionário exige muito cuidado ao selecionar as
questões, pois devemos levar em consideração a sua importância, ou melhor,
se oferece condições para a obtenção das informações com liberdade e
segurança nas respostas por causa do anonimato. Segundo Marconi e Lakatos
(1996, p. 91): “o questionário é um instrumento de dados constituído de uma
série de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença
do entrevistador”.
Portanto este instrumento foi relevante para traçar o perfil dos sujeitos
pela sua objetividade nas respostas e de fácil aplicação.
3.1.4 Entrevista semi estruturada
Diante das respostas dadas ao questionário sentimos a necessidade de
utilizar mais um procedimento metodológico, a entrevista semi- estruturada,
pois sabemos que visa obter informações a cerca do tema abordado, mediante
uma conversação de natureza profissional para a coleta de dados visando
34
ajudar no diagnóstico ou tratamento para o tema proposto. Segundo Ludke e
André (1986, p.34) a entrevista:
Tem uma grande vantagem sobre as outras técnicas, pois permite a captação imediata e coerente da informação desejada praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. (p. 34).
A entrevista semi estruturada proporciona ao pesquisador focalizar seu
objeto com bastante precisão, pois o mesmo poderá analisar nas falas dos
entrevistados as reações no tom de voz, gestos, expressões e estará olhando
as reações e domínio que o mesmo tem do assunto pesquisado. Triviños
(1987, p.146) enfoca que:
“Entrevista semi estruturada, em geral, é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teoria e hipóteses, que interessam a pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo á medida que se recebem as resposta do informante”.
A conversação entre o pesquisador e o pesquisado que se relacionam possui
natureza profissional para que possamos obter informações sobre o assunto
estudado.
3.1.5 Sujeitos da pesquisa
Escolhemos como sujeitos doze professores que atuam na rede
municipal de ensino da cidade de Ponto Novo. São professores concursados e
trabalham 20h semanais. Essa escolha se deu pelo fato desses professores
estarem diretamente ligados ao nosso foco de pesquisa.
Os professores entrevistados responderam a entrevista semi
estruturada com questões previamente elaboradas. As conversas foram
registradas através de um gravador portátil para que não perdêssemos nenhum
dado e depois foram transcritos para as reflexões acerca do objeto de estudo.
35
A entrevista foi realizada na sala dos professores sempre aproveitando os
horários de coordenação. Para a análise de dados foi feito o estudo de caso
onde conhecemos melhor a realidade dos sujeitos da referida escola.
3.1.6 Lócus da pesquisa
Escolhemos como campo para nossa pesquisa a Escola Municipal de
Ponto Novo, por se tratar de uma escola de grande porte e por trabalhar com
crianças das séries iniciais. Possui salas grandes, distribuídas por série. Cabe
ressaltar que possui um ótimo espaço físico, com sala de direção, sala da
coordenação, sala dos professores e um a área para o recreio (sendo uma
área aberta, sem parque infantil). Possui banheiros e recursos tecnológicos.
36
CAPÍTULO IV
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
A análise e interpretação dos dados possuem significativa relevância
para a compreensão dos sujeitos da pesquisa por acreditar que através do
questionário fechado e da entrevista semi estruturada estabelecemos uma
relação entre nossas inquietações e os dados obtidos através da interpretação
destes, sem a necessidade de se envolver diretamente com a situação.
Diante da compreensão sobre o tema pesquisado percebemos que a
ludicidade já não é tão desconhecida dos professores entrevistados, porém
algumas crenças e desconhecimento do real sentido do brincar, nos levaram a
perceber que se usa a ludicidade como referência apenas em festas e
brincadeiras, achando que basta ter flexibilidade e alegria.
Sabemos que é importante oportunizar a criança no contato com a
cultura, com possibilidades de acesso aos conhecimentos, mas o que vemos
nestes festejos, são atividades prontas sem a oportunidade de
questionamentos para compreendermos as formas culturais nas quais as
crianças vivem, construindo as realidades que a circundam, ou seja, são datas
comemorativas muitas vezes imposta pelo calendário comercial ou por livros
didáticos e que não despertam para a formação de novas habilidades e
competências nas quais a ludicidade possa ser sentida como uma ação livre,
fora das obrigações habituais. Segundo Almeida (2000, p.32):
A educação lúdica integra uma teoria profunda e uma prática atuante. Seus objetivos, além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais passivas, técnicas para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes, socializadoras, fazendo o ato de educar um compromisso consciente intencional, de esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade.
37
As reflexões feitas neste estudo não têm a pretensão de se constituírem
em verdades absolutas, mas estão relacionadas às compreensões dos sujeitos
pesquisados, sobre a importância da ludicidade nos processos de
aprendizagem das crianças.
4.1 Perfil dos sujeitos
Sabemos que é de grande importância a participação e colaboração dos
sujeitos da pesquisa. Aqui os sujeitos retratados são os professores da Escola
Municipal de Ponto Novo. Para tecer as compreensões, identificamos que na
prática, alguns professores, na ansiedade de ensinar os conteúdos
programados, ou por outro motivo, pensam que não há como inserir a
ludicidade. Pudemos constatar que 90% já cursaram o ensino superior, ou seja,
têm buscado sua formação, atendendo assim as suas necessidades e as
exigências do mercado atual, entendendo que para exercer sua prática a
formação deve ser um processo contínuo.
4. 2 Análise da entrevista semi estruturada
Analisando os dados coletados na entrevista semi estruturada através
das falas dos professores, procuramos interpretar e colocar como forma de
respostas para as nossas indagações. Para a realização da pesquisa, os
sujeitos entrevistados tiveram suas identidades preservadas. Dessa maneira
utilizamos a letra P, seguida de números arábicos para a identificação dos
pesquisados.
4.3 O brincar na escola
Ao perguntar sobre o que é brincar aos professores, as respostas foram
bastante interessantes:
É diversão. (P. 1)
38
É liberdade para o aluno aprender. (P.2) É movimento, é ação. (P.3) É saber ganhar e perder, é brincar livremente. (P.4) É transformar o jogo no momento mais gostoso da atividade. (P.5) Diversão e relaxamento é higiene mental. (P.6)
Percebemos mediante as respostas que os entrevistados reconhecem a
importância do brincar. Atualmente para compreendermos a criança em seu
contexto social e escolar é necessário falar da importância dos jogos e
brincadeiras para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Sabe-se que a
criança precisa brincar e jogar de maneira sadia e equilibrada. Santos (1997,
p.56) nos adverte que:
As brincadeiras enriquecem o currículo, podendo ser propostas na própria disciplina trabalhando assim o conteúdo de forma prática e concreta. Através das atividades lúdicas a criança assimila valores, adquire comportamentos, desenvolve diversas áreas de conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras.
Nesse sentido, a educação precisa instrumentalizar as crianças de
forma a tornar possível a construção de sua autonomia, criticidade, criatividade,
responsabilidade e cooperação. No ato de brincar, a interação entre as
crianças é um momento muito importante, pois gera cooperação,
desenvolvendo assim a capacidade de ouvir o outro, refletir, questionar e
argumentar. Acreditamos, pois que a ludicidade na escola está evidenciada e
tenta ganhar espaço nas atividades diárias.
4.4 Brincadeiras e jogos em sala de aula. Devem ser livres e planejados?
A proposta do questionamento acima é compreender como os docentes
entendem o verdadeiro e real sentido da ludicidade. Sabendo que a educação
vem passando por um processo de expansão nas últimas décadas,
percebemos um significativo avanço no entendimento para um novo olhar
direcionado às diversas possibilidades de se aprender através dos jogos e
39
brincadeiras. Vejamos o posicionamento dos professores em relação à
inserção de atividades lúdicas em suas aulas:
Para a aula dar certo a metodologia deve ser elaborada com tempo para modificações. (P.7) Mas não impede de dar certo, caso venha a surgir livremente. (P.8) As atividades livres deixam o professor mais a vontade para criar e muitas vezes improvisar. (P.4) As atividades têm que ser elaboradas para dar certo. Tudo que vamos fazer tem que ser planejada antes, se não podemos perder o real sentido do que foi proposto. (P.5) Já tentei criar um final diferente em uma atividade, mas me perdi no desenvolvimento, pois não conhecia muito bem as regras e saí insatisfeita e foi uma confusão (P.6). Já passei por essa situação e nem quis saber acabei o jogo e voltei logo para a “aula normal. (P.9)
É necessário que o professor construa metas ao planejar, porém não
significa que seu planejamento não possa passar por alterações, contanto que
essas mudanças sejam feitas com segurança para que não se tornem uma
armadilha a partir do momento que não se conhece os procedimentos das
atividades que não foram previamente elaboradas. Libâneo (1990, p.222), diz
que:
A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulário para controle administrativo; E, antes a atividade consciente de previsão dos docentes, fundamentadas em opções política – pedagógica, e ter como referências permanentes as situações didáticas concretas (isto é a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de ensino.
Ainda tecendo breve comentário sobre as falas dos entrevistados
podemos lembrar que as brincadeiras são instrumentos de criação da
identidade, pois a criança aproxima-se da realidade. Enquanto brinca expressa
e libera os conteúdos do inconsciente demonstrando o seu estágio cognitivo,
estabelece decisões, vence desafios, descobre novas alternativas e constrói
conhecimento. Para Maluf (2003, p. 44): “Brincar sempre foi e sempre será uma
atividade prazerosa, acessível a todo ser humano, de qualquer faixa etária,
40
classe social ou a condição econômica, está presente em todo
desenvolvimento da criança”.
Cabe lembrar aos professores que os jogos educativos também
contribuem para aprendizagem, pois permitem à formação da personalidade e
os conceitos sobre o mundo que a rodeia. O educador, observando e
acompanhando o jogo das crianças, através das reações demonstradas
aprenderá a compreendê-las, pois o jogo oferece a oportunidade de vivenciar
descobertas, satisfação criação e socialização.
4.5 A contribuição dos jogos e brincadeiras no processo de ensino aprendizagem
Os professores entrevistados demonstram conhecimento teórico sobre
a ludicidade. Suas falas revelam as contribuições das atividades lúdicas no
desenvolvimento da criança:
Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, intelectual e social, além de formar conceitos, desenvolve a expressão oral e corporal. Mas nossa escola não tem material para organizar um planejamento eficiente. (P.5). Contribui para o desenvolvimento, mas nem sempre é possível levar adiante um plano voltado para a ludicidade, pois é muito trabalhoso e não temos espaço. (P.2)
Percebemos que os educadores reconhecem o valor e a importância do
brincar, dos jogos e brincadeiras para as crianças e como estas estão
organizadas tendo em mente os objetivos a serem alcançados, contudo
identificamos na fala dos professores que para a realização desse trabalho
surgem sempre muitos obstáculos e que os mesmos imaginam não ter solução
e na maioria das vezes não buscam ferramentas para a efetivação de uma aula
diferenciada.
Cabe ao educador não só promover as atividades que estão nos livros
didáticos ou selecionados pelo currículo organizado pela instituição, como
41
também promover oportunidades para a criança desenvolver-se, organizando
objetos e materiais que possam enriquecer o jogo e a brincadeira,
possibilitando o aprendizado e o desenvolvimento. Brincar de diferentes formas
é uma ferramenta essencial para que o professor reconheça e compreenda
como a criança pensa, se comunica, interpreta e age sobre o mundo. Segundo
Kishimoto (1999, p.36):
O jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para as expressões do jogo, ou seja, a ação intencional para a criança brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. (p. 36)
Percebemos que quando há intenção, as brincadeiras e jogos vêm
contribuir para o desenvolvimento das competências e habilidades, pois
sabemos que o conhecimento é constituído pelas relações inter pessoais e
trocas recíprocas que se estabelecem durante os processos de aprendizagem.
4.6 Problemas mais evidenciados na efetivação de um planejamento voltado para as atividades lúdicas.
Brincar é um direito, brincando se aprende. Quem brinca age, coloca-se,
vivencia situações. Educadores devem tomar cuidado em deixar que o brincar
se faça, na sua “inutilidade” que o brincar não se faça um “dever” ou uma série
de “ordenações automáticas” que devem obedecer a determinado objetivo,
mas que se crie na inventividade da criança, e com a intervenção, quando
necessário, do professor que também “deve” saber brincar.
Para planejar bem, é preciso que o professor observe. Esta observação
deve perpassar a sua própria prática, a relação dos alunos com o
conhecimento, os saberes produzidos em aula e os movimentos necessários
para isso. Portanto uma observação atenta, enxergando seus erros e acertos,
para ser utilizada como instrumento metodológico. Ao perguntar pelos
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principais problemas na efetivação de um planejamento voltado para as
atividades lúdicas os entrevistados deixaram claro que:
O que dificulta é o espaço e o material didático. (P.9). O espaço, a desordem e eles só querem correr. (P.10). Eles não têm limites e faltam mais cursos para nossa atualização. (P.7).
Mesmo sabendo da importância das atividades lúdicas não se dá a devida importância. Até os pais quando chegam e encontram as crianças brincando, ironizam “esses meninos de hoje só fazem brincar. (P.8).
A falta de material e o despreparo de alguns professores. Falta curso de especialização. (P.2).
Os professores deixam bastante claro que para entender melhor sua
prática, é necessário reformular a concepção do “brincar” pedagogicamente, e
focar em uma avaliação comprometida, pautada em uma prática reflexiva. É
necessário evidenciar dificuldades com o conteúdo e buscar superações
precisas. Pensar no processo, ao invés de ter o processo como algo pré-
concebido, o qual já sabe como será. Ser um professor que vive o grupo como
parte de seu aprendizado diário, como aprendiz que desvela e amplia a cada
movimento. Brincar junto, serem integrantes, possibilidades de fazer
anotações, listar as possibilidades e gerar material didático até mesmo
reciclável para superar dificuldades.
A escolha do professor em estar na sala de aula torna possível trilhar
outros caminhos a partir de outras escolhas. Para mudar é preciso muita
coragem. No entanto para o educador que não se identificar com o ensinar
brincando, será difícil fazer progredir as potencialidades de seus alunos, pois
para ele, brincar é desperdício de tempo. Desse modo, é preciso primeiro que o
professor desenvolva a sua própria ludicidade, para depois trabalhar com o
aluno. Pois se na sala de aula o professor não se mostra envolvido com as
atividades propostas, se tornará artificial e consequentemente não haverá
interação desejada. Freire (1987, p.58) salienta que:
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O educador, que aliena a ignorância se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educadores serão sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca.
O professor deve ser o principal autor na elaboração de um
planejamento que beneficie as condições facilitadoras de aprendizagem que o
jogo proporciona em diversos aspectos. Nesta perspectiva, a aceitação de uma
prática com brincadeiras por parte dos professores não garante uma postura
lúdica na sua atuação, pois as atividades lúdicas devem ser efetivadas e
vivenciadas com compromisso.
Alguns professores acham que é fácil usar as atividades lúdicas como
ferramenta pedagógica, não sabendo o real sentido da ludicidade na
aprendizagem através das atividades lúdicas. É necessário gerenciar tempo,
espaços físicos, conhecimento teórico e fazer intervenções. Não pode haver
desencontro entre aquilo que o professor propõe e o que as crianças realizam.
Esta postura exige profundas mudanças pedagógicas. Suas reflexões devem
estar voltadas para a reestruturação do que é real na escola e lançar um novo
olhar: O que tenho de material? O que posso adequar ao espaço oferecido?
Nesse sentido, Libâneo (1994, p.63) afirma que:
A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade.
Tentando responder as questões que os próprios professores levantaram
mediante o assunto formação do professor obtivemos as seguintes respostas:
O salário não dá, nossa formação hoje tem melhorado devido aos cursos oferecidos nas jornadas pedagógicas e ao ensino superior em nossa cidade. (Ione)
Mesmo assim ainda preciso investir mais em minha formação, mas eu nem tenho tempo de ler. (Fábio)
Eu procuro sempre me atualizar, fico atenta para os cursos e leio até mesmo na internet artigos que me interessam. (Suzana)
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Pensar em formação do professor é ter a certeza que estamos em
formação durante toda a vida. É necessário, pois, que o educador construa um
espaço em sua vida para definir suas buscas. Aprender hoje implica em ter
uma postura formativa e o professor também é responsável por gerenciar sua
forma de aprender.
Sendo assim, o educador deve estar atento para as técnicas e métodos
inovadores, como também a outros aparatos pedagógicos em uma incessante
busca na qual a importância da ludicidade, do jogo e do brincar se tornem
instrumentos do dia-a-dia em sua prática educativa, enfocando momentos
ricos, cheios de novas experiências, leituras e buscas. A partir dessas
considerações, Santos (1997, p.20) destaca:
Ao entender a educação como um processo historicamente produzido e o papel do educador como agente desse processo, que não se limita a informar, mas ajudar as pessoas a encontrarem sua própria identidade de formar a contribuir positivamente na sociedade é que a ludicidade tem sido enfocada como uma alternativa para a formação do ser humano pensamos que os cursos de formação deverão se adaptar a esta nova realidade.(p.20)
Conscientizar-se sobre a importância da ludicidade para a formação da
criança, implica ainda em considerá-la em todos os aspectos, possibilitando o
desenvolvimento pleno, propiciando situações para que a criança aja e interaja
no meio em que vive e que é explorado por ela, sendo assim não só estará
explorando como também criando, inventando e se comunicando.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para os sujeitos envolvidos em processos educativos esse trabalho de
pesquisa tem uma importância significativa, sendo uma experiência relevante
em nosso processo formativo. A pesquisa vivenciada nos permitiu reconhecer a
ludicidade como uma ferramenta pedagógica que considera a criança como um
sujeito de direitos, favorecendo uma prática educativa que objetiva o
desenvolvimento social, cultural, físico e cognitivo dos educandos. Neste
processo também constatamos que os professores devem estar preparados,
terem conhecimento científico para trabalharem de forma segura e
diferenciada, procurando aproveitar o máximo as contribuições que a proposta
tem a oferecer.
Sabemos que a ludicidade apresenta-se como um desafio contínuo que
busca novas formas de ensinar e aprender, por isso o professor necessita
elaborar um planejamento com propostas diversificadas e envolventes, pois
acreditamos que por meio das brincadeiras o educando e o educador
satisfazem em grande parte, seus interesses, necessidades, e desejos,
levando-os a refletirem e descobrirem novas formas, criando e recriando
estratégias para melhorar o processo de ensino aprendizagem.
Portanto, as linguagens que a criança apresenta durante as brincadeiras
são geradoras de um planejamento voltado aos assuntos que mobilizam seus
interesses e que devem servir para as intervenções do professor com mais
chances de acertos e adequações. A brincadeira é uma representação da
realidade. Cabe ao professor refletir e discutir de que a mudança passou a ser
entendida como um novo olhar, atento, sensível e criterioso, a partir das
linguagens da criança durante as brincadeiras e tê-las como pistas para o
trabalho pedagógico.
Para mudar é preciso muita coragem. A mudança refere-se aos
pressupostos e às concepções filosóficas que embasam a ação do professor.
As inquietações impulsionam e geram novas práticas a partir das observações
que devem perpassar a sua própria prática, portanto uma observação atenta
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que leve a refletir, identificar e analisar a importância das atividades lúdicas nos
processos de aprendizagem das crianças, na perspectiva do professor.
Ser um professor de ação – reflexão – ação. Um professor reflexivo
que pensa no processo, ao invés de ter o processo como algo concebido. Seu
olhar deve ser direcionado ao jogo, ao jogar junto. E por fim, pensar em
alternativas do jogo como possibilidade lúdica e redirecionar seu planejamento,
pensando em ambientes possíveis com diferentes estímulos e usando como
ferramenta o corpo, as sucatas e todo material possível.
Concluímos que falta ao professor esse novo olhar cheio de
possibilidades e inovações nas atividades propostas, pois, só assim
mudaremos essa realidade presente em nossas escolas e promoveremos o
encantamento por aprender. Portanto, de acordo com as análises e
interpretações que obtivemos por meio dos discursos dos sujeitos
entrevistados nesta pesquisa, percebemos que os professores não possibilitam
a construção de novas práticas pedagógicas, achando a ludicidade trabalhosa
e não buscam alternativas com os jogos, brincadeiras e as sucatas, que são
recursos pedagógicos de grande riqueza para o desenvolvimento da
criatividade, tanto do professor quanto do aluno.
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