57
CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA FACULDADE DE DIREITO DE CURITIBA MATHEUS GUILHERME KINACH CARIA ASPECTOS JURÍDICOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL ANTES E APÓS A REFORMA DA PREVIDÊNCIA - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 CURITIBA 2021

Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA FACULDADE DE DIREITO DE CURITIBA

MATHEUS GUILHERME KINACH CARIA

ASPECTOS JURÍDICOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL ANTES E APÓS A

REFORMA DA PREVIDÊNCIA - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103, DE 12 DE

NOVEMBRO DE 2019

CURITIBA

2021

Page 2: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

2

MATHEUS GUILHERME KINACH CARIA

ASPECTOS JURÍDICOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL ANTES E APÓS A

REFORMA DA PREVIDÊNCIA - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103, DE 12 DE

NOVEMBRO DE 2019

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito do Centro Universitário Curitiba. Orientador: Prof. Me. Henry Levi Kaminski

CURITIBA

2021

Page 3: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

3

MATHEUS GUILHERME KINACH CARIA

ASPECTOS JURÍDICOS DA APOSENTADORIA ESPECIAL ANTES E APÓS A

REFORMA DA PREVIDÊNCIA - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103, DE 12 DE

NOVEMBRO DE 2019

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do

grau em Direito do Centro Universitário Curitiba,

Pela Banca Examinadora formas pelos professores:

Orientador:_____________________________

____________________________

Prof. Membro da Banca

Curitiba, de 2021.

Page 4: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

4

Aos meus pais,

Alcides Caria Junior e

Shirlei Elenita Kinach Caria,

meus exemplos de vida.

Page 5: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me possibilitar e capacitar em todas as situações adversas.

Aos meus familiares e amigos, que estiveram ao meu lado dando todo apoio

necessário no decorrer desta caminhada.

Page 6: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

6

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo demonstrar os aspectos mais importantes sobre a reforma da previdência dada pela Emenda Constitucional 103 de 2019, visando evidenciar os pontos que foram alterados com o advento da nova lei e, explicar de que maneira afetou o regime previdenciário em geral e os benefícios previdenciários, abordando principalmente quais foram as alterações do benefício da aposentadoria especial, relacionando os aspectos jurídicos antes e após a reforma da previdência. Utilizou-se no presente trabalho, pesquisar bibliográficas, dispositivos legais, como a Constituição Federal, Leis de Regimes Previdenciários e Emendas Constitucionais. Assim, a presente monografia, constitui, um estudo aprofundando no que concerne as mudanças trazidas pela Emenda Constitucional nº 103 de 2019 no tocante aos benefícios previdenciários, com principal enfoque no benefício da Aposentadoria Especial. Palavras-chave: Aposentadoria Especial. Emenda Constitucional n° 103 de 2019. Reforma da Previdência.

Page 7: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9

2 A HISTÓRIA E OS PRINCÍPIOS DA APOSENTADORIA .........................................10

2.1 Surgimento da Aposentadoria no mundo .....................................................................10

2.2 Surgimento da Aposentadoria no Brasil ........................................................................12

2.3 Seguridade Social no Brasil ..............................................................................................15

2.3.1 Saúde ...................................................................................................................................16

2.3.2 Previdência Social ............................................................................................................17

2.3.3 Assistência Social .............................................................................................................18

2.4 Princípios Norteadores da Seguridade Social ......................................................19

2.4.1 Princípio da Solidariedade .............................................................................................19

2.4.2 Princípios da Constituição Federal de 1988 .............................................................19

2.4.2.1 Princípio da Universalidade .......................................................................................20

2.4.2.2 Princípio da Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais ....................................................................................................21

2.4.2.3 Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços ..........................................................................................................................................21

2.4.2.4 Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios ........................................22

2.4.2.5 Princípio da Equidade na Forma de Participação no Custeio .........................23

2.4.2.6 Princípio da Diversidade da Base de Financiamento ........................................23

2.4.2.7 Princípio do Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa ...........................................................................................................................................................24

3 ESPÉCIES DE APOSENTADORIA ...................................................................................25

3.1 Aposentadoria por Incapacidade Permanente ............................................................25

3.2 Aposentadoria por tempo de contribuição ....................................................................26

3.3 Aposentadoria por idade ....................................................................................................27

3.4 Aposentadoria Especial ......................................................................................................28

4 REFORMA DA PREVIDÊNCIA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103/2019 ...........................................................................................................................................................30

4.1 PEC 6/2019 ............................................................................................................................30

4.2 Alterações Constitucionais da Emenda n.º 103/2019 ...............................................35

4.3 Novas Regras de Contribuição ........................................................................................36

4.4 Direito Adquirido ...................................................................................................................37

4.5 Regras de transição.............................................................................................................38

4.5.1 Sistema de pontos ............................................................................................................39

Page 8: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

8

4.5.2 Tempo de contribuição + idade mínima.....................................................................40

4.5.3 Pedágio de 50% ................................................................................................................40

4.5.4 Pedágio 100% para INSS e Servidores. ...................................................................41

4.5.5 Exclusiva para Servidores ..............................................................................................42

5 APOSENTADORIA ESPECIAL ..........................................................................................42

5.1 Aposentadoria Especial Antes da EC 103/2019 .........................................................44

5.2 Aposentadoria Especial após a EC 103/2019 .............................................................45

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................53

7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................56

Page 9: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

9

1 INTRODUÇÃO

A Seguridade Social surgiu no mundo a fim de prover a todos condições

mínimas de subsistência, utilizando-se para isso leis próprias no decorrer do tempo.

A presente monografia, em um primeiro momento, visa demonstrar de que

maneira a Seguridade Social surgiu e foi apresentada para o mundo, mostrando de

que forma essa Seguridade Social se deu início no Brasil. Em um segundo momento,

será apresentado de que maneira funciona a proteção dos indivíduos através de uma

assistência social, que visa garantir as necessidades básicas e dignas para a pessoa

viver, como a saúde por exemplo e, ainda o caráter assistencial na forma de

previdência nas relações de trabalho.

Por seguinte, serão apresentados princípios norteadores da Seguridade Social

no Brasil e, de que forma esses são utilizados para promover a assistência para

aqueles que necessitam de maneira equitativa, respeitando aqueles que mais

necessitam de assistência.

Em seguida, serão apresentadas modalidades de benefícios que podem ser

obtidos através da Previdência Social mediante a realização do labor, desde que

sejam preenchidos requisitos específicos para tais. No que concerne aos benefícios,

haverá enfoque ao Benefício da Aposentadoria Especial, explicitando quais foram as

mudanças advindas da nova Emenda Constitucional nº 103/2019 no que concerne a

suas características gerais e seus meios de obtenção.

Diante disso, o trabalho será divido em quatro partes, a primeira demonstrando

de que maneira se deu a seguridade social no mundo e no Brasil, evidenciando os

pilares que são seguidos para a Seguridade Social.

As espécies de aposentadoria serão a segunda parte, onde serão explicados

quais os meios de obtenção e os requisitos para poder gozar dos benefícios.

A terceira parte explicará de que maneira se deu a reforma da previdência com

o advento da Emenda Constitucional nº 103 de 2019 e quais foram os dispositivos

legais alterados.

Na última parte, o enfoque se dará especialmente na aposentadoria especial,

demonstrando quais foram as mudanças que ocorreram no benefício, fazendo uma

comparação com esse de antes e após a reforma.

Page 10: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

10

2 A HISTÓRIA E OS PRINCÍPIOS DA APOSENTADORIA

2.1 Surgimento da Aposentadoria no mundo

Na Alemanha no século XIX, o governador e chanceler Otto Von Bismarck

visando conter o crescimento das ideias socialistas e diminuir a irritação social que se

espalhava pelo continente deu início ao primeiro sistema que pode ser chamado de

Aposentadoria, onde o trabalhador que tivesse mais de 70 anos, sendo ele do

comércio, agricultura ou indústria tinha direto a receber uma pensão, pois até o

momento da criação de tal medida, as pessoas trabalhavam até morrer ou eram

sustentadas por seus filhos ou parentes.

Após isso, a ideia de uma assistência social que amparasse os trabalhadores

que chegassem em uma idade avançada ou se tornassem inválidos foi se espalhando

por toda Europa, na Inglaterra em 1911 foi criada uma lei tratando da cobertura da

invalidez, à doença, à aposentadoria voluntária e a previsão do desemprego, sendo

até aquele momento o país mais desenvolvido e avançado quanto a legislação

previdenciária.

Por sua vez, o sistema denominado Beveridgiano, que teve como criador

William Beveridge, apresentava críticas ao modelo Bismarckiano, tendo os direitos um

caráter universal, sendo destinado a todos cidadãos garantindo mínimos sociais a

quem tinha necessidade, independente de uma contraprestação, pelo fato de seu

financiamento ser caracterizado mediante a tributos gerais, ou seja, pelo fato de a

pessoa existir ela já tem direito a proteção social.

Beveridge afirmava que o seguro social não abrangia as responsabilidades com

as famílias dos trabalhadores e, ainda, os benefícios eram concedidos de maneiras

desiguais em casos iguais, sendo necessária a redistribuição de rendas conforme as

necessidades de cada família através do seguro social.1

Portanto, nesse plano, a seguridade social era um dos pilares mais importantes

da proteção social.

1 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 19

Page 11: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

11

Neste plano utilizado, o seguro social era um dos principais meios da proteção

social, sendo complementado pela assistência nacional e pelo seguro voluntário.

Na unificação um só fundo, a Caixa de Seguro Social, para uma maior

economia eficiente atendendo todas as formas de seguros, adequando com outro

princípio os valores para que fosse disponibilizado apenas o necessário para o

custeamento da subsistência e que fosse dividido de maneira correta, classificando

os diferentes modos de vida das várias camadas da população, assim, definindo a

classe dos segurados.

Esse conceito tido como seguridade social foi apresentado ao mundo na

convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) em 1944, diante disso,

em 1948 a proteção social se torna um pilar base dos direitos humanos através da

Declaração Universal de Direito Humanos de 10 de dezembro de 1948.2

Dessa maneira, temos que a dignidade da pessoa humana deveria ser um

direito fundamental e, essa dignidade figurou pela primeira vez em um ordenamento

jurídico na Constituição Alemã de Weimar, em seu art. 1º, n. 1.3

A respeito do tema, Stuchi explica assim:

“A Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada e proclamada na

Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948

estabelece, de forma geral, que a dignidade é fundamento da liberdade, da

justiça e da paz no mundo e que todas as pessoas nascem livres e iguais em

dignidade e direitos, sendo dotadas de razão e consciência, devendo agir em

relação umas às outras com espírito de fraternidade. Essa mesma

Declaração estabeleceu uma estreita relação entre a dignidade e o trabalho

humano ao declarar, em seu art. XXIII, que toda pessoa tem direito ao

trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de

trabalho e à uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim

como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana.”4

Portanto, para que seja garantida a dignidade do trabalhador, é necessário ter

normas que irão garantir o mínimo existencial de alguma maneira.

2 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 2. 3 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 6 4 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 6

Page 12: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

12

Na sequência, no ano de 1952 a OIT em sua 35ª conferência internacional

aprovou a convenção n.º 102, denominada de Norma Mínima em Matéria de

Seguridade Social, essa convenção tinha por objetivo garantir o mínimo de seguridade

social para todos e, ainda, sem deixar de acompanhar os implementos de novas

técnicas para proteção social. 5

Entretanto, nem todos os Estados tinham condições econômicas de respeitar tal

convenção, ficando apenas uma parte da população de alguns países com sua

seguridade mínima garantida.

2.2 Surgimento da Aposentadoria no Brasil

No Brasil, a constatação e a formação de que um sistema de proteção social

era necessário se deu de forma lenta, sendo a primeira lei a respeito criada em 1923,

com o decreto legislativo nº. 4.682/93, conhecido como a Lei Eloy Chaves6, sendo a

Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados das Empresas Ferroviárias,

extensivo aos familiares, sendo assegurados, portanto, a aposentadoria aos

trabalhadores e eventuais pensões aos dependentes dele, contando ainda, com

assistência médica e barateamento de medicamentos.

Portanto, pode se ver que a Lei Eloy Chaves criou para os trabalhadores

vinculados as empresas privadas o que se pode ser comparado com o fundo de

pensão de hoje em dia, pois estabeleceu já naquela época o caráter contributivo e o

limite de idade, vinculados ao tempo de serviço.

Desse modo, o modelo de aposentadoria de Eloy Chaves teve três

semelhanças ao do modelo alemão de Otto Von Bismarck, a primeira sendo a

obrigatoriedade da participação dos trabalhadores para o funcionamento do sistema,

a segunda de modo que haja contribuição sendo regulada pelo Estado e a terceira

sendo as prestações definidas em lei, protegendo o trabalhador em casos extremos

assegurando sua subsistência.

5 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 19 6 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 3.

Page 13: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

13

A primeira lei em âmbito constitucional a respeito da aposentadoria foi descrita

na constituição de 1934, onde regulou a respeito da contribuição dos trabalhadores,

do Poder Público e dos empregados em seu art. 121, §1, h.7

A partir disso vários projetos de leis para diversos setores dos trabalhos eram

criados versando a respeito dos direitos a uma seguridade social, em 1960 foi

promulgada a Lei nº 3.807, a Lei Orgânica da Previdência Social, mesmo que essa

não tenha unificado todos os organismos existentes, criou-se uma uniformidade para

o suporte dos segurados, entretanto, essa lei continuava com uma lacuna a respeito

dos trabalhadores rurais e domésticos8, que se encontravam a margem desse

sistema, e foi só em 1971, com a criação da Funrural, com a edição da Lei

Complementar nº 11/1971 que os trabalhadores rurais começaram a ser assegurados

da Previdência Social e no ano seguinte sendo a vez dos trabalhadores domésticos,

amparados pela Lei nº 5.859/1972, art. 4º.

O Estado brasileiro via que era necessário unificar todos os sistemas de

seguridade social para que houvesse um maior controle sobre estes, e foi na

Constituição de 1988 que isso começou a acontecer, onde o Estado, de forma

simultânea, começou a regular ao mesmo tempo na área da saúde, previdência social

e assistência social, de tal maneira que todas as contribuições sociais custeavam

essas três áreas para o Estado e não somente na área da previdência social.

Mesmo com a unificação para atuação de maneira conjunta nas três áreas

citadas, a previdência social continuou em seu caráter contributivo, ou seja, não

abrigando toda a população economicamente ativa, abrigando aqueles que, mediante

contribuição e nos termos da lei, fazem jus ao benefício, como está descrito no art.

201 da Constituição Federal de 1988.

“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: [...]”9

7 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 31. 8 Ibid., p. 32. 9 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Page 14: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

14

No ano de 1990 os sistemas implantados que regulavam as contribuições e a

previdência foram substituídos com a criação do INSS, o Instituto Nacional de Seguro

Social, uma autarquia que começou a cuidar dos segurados quanto as suas

contribuições e o pagamento dos benefícios. Consoante isso, no ano seguinte, duas

leis foram publicadas, a 8.212 e 8.21310, que respectivamente, tratavam do custeio da

Seguridade Social e dos Benefícios da Previdência.

A primeira reforma constitucional no que concerne ao sistema previdenciário

brasileiro foi realizada em 1998, com a Emenda Constitucional n. 20 de 1988, tal

emenda reformou o então regime de previdência social e estabeleceu novas diretrizes

para os outros regimes que abrangiam a proteção previdenciária11. Para os

contribuintes que já reuniam os requisitos exigidos pela legislação anterior seus

direitos ficaram resguardados pelo fato do direito adquirido, portanto, regras

diferenciadas para os que já contribuíam antes da emenda e para os que começaram

após a emenda12.

Houve ainda outras duas reformas, a Emenda Constitucional n.º 41 de 2003

que tratou a respeito dos regimes próprios da previdência social e a Emenda

Constitucional n.º 47 de 2005, que regulamentou o que estava pendente da Emenda

de 2003, ficando conhecida como “Projeto de emenda constitucional paralela”13. João

Batista Lazzari descreve assim:

“As Emendas Constitucionais 41 e 47, por seu turno, em linhas gerais, tornaram a previdência dos agentes públicos não igual, mas pior que a dos demais trabalhadores brasileiros, em muitos pontos. E, com a Emenda ora aprovada, ter-se-á uma situação inusitada: mesmo que diversas regras do texto da Constituição de 1988 tenham sido revogadas e, em seu lugar, incluídas novas, valerão as regras “antigas” para servidores dos demais Entes da Federação, até que lei do Estado, Município ou do Distrito Federal altere o regramento dos seus servidores vinculados aos regimes próprios, como será visto no conteúdo deste livro.”14

10 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 36 11 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 4. 12 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 38 13 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 4. 14 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 8.

Page 15: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

15

Ou seja, os servidores públicos que contribuíam antes das reformas de 2003 e

2005 ainda terão direito as regras antigas até que uma lei modifique esse regramento.

Por fim, a última reforma veio com a Emenda Constitucional n.º 103 de 2019,

que alterou de maneira significativa o RGPS e o RPPS da União e, instituindo novas

regras a respeito de idade mínima para as aposentadorias e alterando os benefícios

previdenciários15.

2.3 Seguridade Social no Brasil

O termo “seguridade social” pode ser conceituado como a proteção que a

sociedade deve proporcionar aos seus membros, sendo norteada por diversas

medidas públicas16.

Essas medidas, tinham por objetivo evitar privações econômicas e sociais em

consequência de uma redução dos recursos econômicos, sendo por maternidade,

doença, acidentes de trabalho, idade avançada, morte, doenças que tornavam

inválidos, essa atuando como uma forma de proteção em caráter assistencial.

Esse sistema de seguridade social foi introduzido no ordenamento jurídico

brasileiro pela Constituição Federal de 1988, onde até então era chamado de seguro

social. Esse novo conceito trouxe diversas mudanças, abordando principalmente a

respeito de quem eram os destinatários deste meio de política social.

Anteriormente a implantação desse novo conceito, apenas os trabalhadores

eram contemplados pelo então “seguro social”, com a nova mudança todos os

integrantes da sociedade passaram a ter direito a proteção social, mediante requisitos

constitucionais que são exigidos para tal.

No Brasil, a seguridade social quanto a gestão do RGPS é regulada pelo

Ministério da Previdência Social, executando as ações por meio do Instituto Nacional

do Seguro Social. Esse instituto tem auxílio na fiscalização e para exercer as funções

das secretarias estaduais, o Ministério da Saúde e ainda os Ministérios do Trabalho e

do emprego.

15 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 40 16 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 16.

Page 16: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

16

A estruturação completa da seguridade social veio pela já citada Constituição

Federal de 1988, onde essa é regulada pelos arts. 194 a 204, abordando aos direitos

relativos à saúde, previdência social e assistência social17, visando a democratização

desses institutos citados para um maior acesso da população.

Tal seguridade é um direito social garantido pelo art. 6º da Constituição Federal

de 1988, sendo competência exclusiva da união para legislar a respeito desta.

Dessa forma, a Constituição Federal tem por objetivo nesses dispostos em

assegurar que todos estejam protegidos pela seguridade social, viabilizando uma

proteção adequada através do custeio e necessidade. Assim, quando necessário, e

se encaixando nos devidos requisitos legais para aqueles não segurados a nenhum

regime previdenciário terão direito a usufruir da assistência social e, para os

segurados, serão concedidos os benefícios previdenciários.18

2.3.1 Saúde

No que concerne à saúde, ponto que é abordado pela seguridade social, foi

dado ao Estado o dever de promover a saúde, visto que é um direito de todos, mesmo

que contribua ou não. Esse direito deve ser regulado por todos os entes da federação,

por meio de políticas sociais e econômicas, buscando com essa a redução de

doenças, disponibilizando o acesso a todos de maneira igualitária a todo cidadão,

conforme é citado no art. 196 da CF.

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”19

O meio utilizado para a disponibilização dessa saúde igualitária e

democratizada para todos foi o SUS – Sistema Único de Saúde, onde esse deve

17 AGOSTINHO, Theodoro. Manual de direito previdenciário. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 26 18 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 20 19 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Page 17: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

17

descentralizar, promover um atendimento integral e ter a participação da comunidade,

como descreve o art. 198 da Constituição. Assim, as prestações de serviços

realizadas pelo sistema do SUS são financiadas pela seguridade social e os entes que

dela participam, podendo participar também as entidades privadas a fim de

complementar por contratos de direito público ou por convênios.20

2.3.2 Previdência Social

Por sua vez, a Previdência Social é vista como um seguro coletivo para aqueles

que não possam mais exercer uma atividade remunerada21, que está disciplinada nos

arts. 201 e 202 da Carta Magna22, sendo este um meio de proteção social que requer

a contribuição dos segurados a fim de ampará-los.

Pelo fato do caráter contributivo, apenas aqueles que contribuírem para o

sistema terão a possibilidade de usufruir das prestações.

A organização da Previdência Social em seu regime geral está descrita nos

moldes das Leis 8.212/1991 e 8.213/1991, sendo vedada a adoção de critérios

diferentes para que o benefício seja concedido aos que tem direito pelo Regime Geral,

salvo casos definidos em lei complementar23, que irão disciplinar, ainda, a respeito da

relação entre a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios, no tocante a

serem patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada, regulando os

requisitos para que irá gerenciar as previdências privadas.24

20 AGOSTINHO, Theodoro. Manual de direito previdenciário. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 27 21 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 22 22 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 19 23 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 23 24 Ibid., p. 25.

Page 18: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

18

2.3.3 Assistência Social

A Assistência Social tem por objetivo garantir a existência digna a todos os

indivíduos, de maneira que aquelas que necessitem sejam amparados pelo Estado25,

ou seja, aqueles que não tiverem condições de prover seu próprio sustento seja de

maneira permanente ou provisória, a Assistência Social irá agir a fim de promover o

mínimo existencial para o indivíduo.

O conceito de Assistência Social está descrito no art. 203 da Constituição

Federal e essa assistência não tem caráter contributivo, ou seja, diferentemente da

previdência social onde só tem abrangência para aqueles que contribuem para o

sistema, a assistência social é prestada de maneira gratuita aos que dela necessitam.

Tal assistência visa dar atenção especial aos idosos, deficientes e crianças, pelo fato

desses serem mais vulneráveis.

Para a Constituição Federal, Marisa Ferreira dos Santos explica que:

“Para a CF a Assistência Social é instrumento de transformação social, e não meramente assistencialista. As prestações de assistência social devem promover a integração e a inclusão do assistido na vida comunitária, fazer com que, a partir do recebimento das prestações assistenciais, seja “menos desigual” e possa exercer atividades que lhe garantam a subsistência. O art. 203 da CF foi regulamentado pela Lei n. 8.742, de 07.12.1993, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), alterada pela Lei n. 12.435, de 06.07.2011, que definiu a assistência social como Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada por meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. Isso significa que deve garantir ao assistido o necessário para a sua existência com dignidade. A Lei n. 12.435/2011 alterou substancialmente diversas disposições da LOAS e, inclusive, adequou a terminologia original — pessoas portadoras de deficiência — para referir-se, agora, a pessoas com deficiência.”26

Ou seja, essa assistência tem por objetivo maior garantir a vida daqueles que

necessitam, promovendo de certa maneira a prevenção dos riscos que possam vir a

correr.

25 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 17 26 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 69

Page 19: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

19

2.4 Princípios Norteadores da Seguridade Social

2.4.1 Princípio da Solidariedade

No que tange ao princípios reguladores da aposentadoria no Brasil há um que

é tido como o princípio norteador, sendo esse o princípio da solidariedade e, mesmo

que esse não esteja arrolado no art. 194 da Constituição Federal, onde estão contidos

todos os outros princípios, é considerado o mais importante, pois a seguridade social

é baseada, em praticamente seu todo, na solidariedade entre os membros da

sociedade, sendo esse o que mais traduz o direito previdenciário, orientando todas as

medidas que o Estado deve tomar para proteção juntamente com o dever da

sociedade de financiar, de maneira direta ou indireta, a seguridade social. Daniel

Machado da Rocha destaca que:

“A solidariedade previdenciária legitima-se na ideia de que, além de direitos e liberdades, os indivíduos também têm deveres para com a comunidade na qual estão inseridos.”27

Assim, a solidariedade estará presente em toda seguridade social, sendo no

seu amparo, na sua instituição, na distribuição de seu ônus contributivo ou atuando

em prol de uma minoria necessitada, portanto, sendo visto como a bússola norteadora

de todo sistema da seguridade social.

2.4.2 Princípios da Constituição Federal de 1988

Na Constituição Federal de 1988 estão os princípios que norteiam a seguridade

social, tendo o sistema constitucional o dever de assegurar os direitos relativos à

saúde, a assistência social e a previdência e, no caso da última citada, visando a

proteção do trabalhador no caso da perda de sua capacidade de trabalho, sendo essa

temporária ou permanente. O rol taxativo dos princípios explícitos na constituição de

1988 estão mencionados no art. 194.

27 ROCHA, Daniel Machado da. O Direito Fundamental à previdência social na perspectiva dos princípios constitucionais diretivos do sistema previdenciário brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.

Page 20: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

20

Esses princípios são caracterizados pela generalização de proteção a certos

valores, tidos como essenciais para a norma jurídica de modo que são utilizados como

fontes do direito.28

2.4.2.1 Princípio da Universalidade

O Primeiro sendo a universalidade da cobertura e do atendimento é entendido

de maneira que a proteção social deverá alcançar a todos que necessitem para

subsistir, sendo tanto em termos da previdência social, observado seu caráter

contributivo, quanto na saúde e nos casos de assistência social. Esse princípio

compreende dois aspectos, a universalidade objetiva e subjetiva, descrita por Eduardo

Rocha Dias de tal maneira:

“O primeiro aspecto diz respeito às contingências sociais cobertas pela seguridade social. É missão da seguridade social cobrir todas as contingências sociais que possam ocorrer na vida as pessoas. A universalidade subjetiva, por sua vez, impõe que todos os habitantes da comunidade sejam protegidos pela seguridade social, sem qualquer discriminação.” 29

Entretanto, mesmo com o dever de atender todas as situações de

necessidades sociais, como o próprio nome do princípio já diz, é importante ressaltar

que, esse sistema não conseguirá dar cobertura a todas as necessidades sociais pois

irá encontrar limitações econômicas. Sendo assim, a capacidade para a cobertura

será determinada pela disponibilidade dos recursos do país e, pelo fato do

estreitamento das possibilidades da chamada cobertura universal, serão supridas as

contingências sociais eleitas como mais importantes pela coletividade.

28 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 21 29 DIAS, Eduardo Rocha; MONTEIRO DE MACÊDO, José Leandro. Curso de Direito Previdenciário. 3ª Edição. Editora METODO, 2021.

Page 21: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

21

2.4.2.2 Princípio da Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às

populações urbanas e rurais

O princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às

populações urbanas e rurais, por sua vez, é um espelho do art. 7º da CF/88, ou seja,

as prestações da seguridade social devem ser idênticas para todos, independendo se

realizam atividades rurais ou urbanas, mas claro levando em consideração o tempo

de contribuição e afins. Tal princípio visa, portanto, a maior justiça no sistema, pois

impede o tratamento desigual, sendo assim de suma importância. Marisa Ferreira dos

santos explica assim:

“A uniformidade significa que o plano de proteção social será o mesmo para trabalhadores urbanos e rurais. Pela equivalência, o valor das prestações pagas a urbanos e rurais dever ser proporcionalmente igual. Os benefícios devem ser os mesmos (uniformidade), mas o valor da renda mensal é equivalente, não igual.” 30

Ou seja, serão equivalentes as prestações pagas a urbanos e rurais de maneira

proporcionalmente igual conforme suas contribuições, usando uma mesma

uniformidade para tal.

2.4.2.3 Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e

Serviços

O próximo princípio é o da seletividade e distributividade na prestação dos

benefícios e serviços, com esse podemos entender como funciona a distribuição

benefícios, vendo quem tem direito e a qual tem direito.

Como a própria palavra “seletividade” já diz, os benefícios devem ser

destinados a quem realmente necessita deles31, cumprindo todos os requisitos

necessários para a obtenção, portanto, alguém que necessite de um suporte pelo fato

de estar temporariamente incapaz de realizar as atividades para sua subsistência irá

receber o auxílio-doença e não será aposentado por incapacidade permanente, isso

30 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 6ª Edição. Saraiva, 2016. 31 SANTOS, Marisa Ferreira dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 22

Page 22: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

22

irá ocorrer apenas no caso da pessoa se tornar incapaz de realizar suas atividades

permanentemente.

Então, entendemos que cada benefício se encaixa em uma certa situação,

sendo aplicados corretamente conforme cada necessidade dos trabalhadores,

cabendo a distributividade do legislador contemplar o maior número de indivíduos,

elegendo critérios de acesso que favoreçam quem mais necessite da proteção

social32, levando em conta que nem todos possuem as mesmas necessidades, uns

necessitam mais e outros menos e, a seguridade por sua vez proporcionando

condições dignas se existência para aqueles que dela necessitem.

2.4.2.4 Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios

O quarto princípio veda a redução do valor nominal dos benefícios, por isso é

chamado de Princípio da Irredutibilidade do valor dos benefícios, esse sendo uma

aplicação do princípio da suficiência, pois descreve que os valores dos benefícios não

devem ser reduzidos, tendo o seu reajuste periódico, para que haja a preservação do

seu valor real, conforme o art. 201, § 4º da Constituição Federal. Cláudio Rodrigues

Morales entende que dessa maneira e dispõe:

“As prestações de benefício de natureza previdenciária que constituem dívidas de valor não podem sofrer desvalorização; precisam manter seu valor de compra, trata-se de norma de eficácia limitada” 33

Assim, ao longo de sua existência o benefício deve se manter com o intuito de

suprir o mínimo necessário para a sobrevivência do indivíduo com dignidade, não

podendo sofrer redução no seu valor.34

32 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 22 33 MORALES, Cláudio Rodrigues. O Direito Previdenciário Moderno e sua Aplicabilidade ante o princípio da segurança Jurídica. São Paulo: LTR, 2009. 34 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 22

Page 23: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

23

2.4.2.5 Princípio da Equidade na Forma de Participação no Custeio

A equidade na forma de participação no custeio é o quinto princípio do rol do

art. 194, esse é visto como um desdobramento do princípio da igualdade, pois trata

de uma forma que cada um deverá contribuir conforme suas possibilidades, portanto,

quem tem mais capacidade econômica contribuirá mais, para Claudio Rodrigues

Moraes é entendido da maneira que:

“Quem ganha mais deve pagar mais para que ocorra a justa participação no custeio; a contribuição do empregado recai sobre o lucro e o faturamento, além da folha de pagamento; deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais” 35

Esse conceito de equidade está conectado ao ideal de justiça, essa justiça na

forma de gerar contingências abrangidas pela cobertura da seguridade social.36

2.4.2.6 Princípio da Diversidade da Base de Financiamento

O penúltimo princípio da seguridade social descrito na Constituição é o da

Diversidade da base de financiamento, ou seja, a seguridade social deve ter seu

financiamento da forma mais diversificada possível, como está no art. 195, § 4º da

CF/88.

Portanto, não deve ter uma única fonte para seu custeio, gerando assim uma

maior estabilidade econômica da seguridade social, como descreve Fabio Camacho

Dell`Amore Torres:

“Visa a garantir maior estabilidade da Seguridade Social, na medida em que se impede que se atribua o ônus do custeio a segmentos específicos da sociedade.”37

35 MORALES, Cláudio Rodrigues. O Direito Previdenciário Moderno e sua Aplicabilidade ante o princípio da segurança Jurídica. São Paulo: LTR, 2009. 36 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 22 37 TORRES, Fabio Camacho Dell`Amore. Princípios da Seguridade Social. in Revista Âmbito Jurídico.com.br. Disponível em HTTP://www.ambito-jurídico.com.br/site/?n_link=revista_artigos-leitura. Acesso em: 10 de jan. 2021.

Page 24: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

24

Dessa maneira, podem ser instituídas outras formas de custeio que garantam

a expansão da seguridade social e, essas novas fontes só podem ser criadas por meio

de leis complementares, não podendo ser cumulativas e que não estejam descritos

na Constituição Federal.38

2.4.2.7 Princípio do Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa

O Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a

participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e

aposentados é o último princípio citado na constituição, esse vem para definir que a

seguridade social deve ter a participação de empregadores, aposentados,

trabalhadores e o Governo, levando assim à uma aproximação entre estes, Fabio

Camacho Dell`Amore Torres explica assim:

“Caráter democrático da gestão administrativa, visa a aproximação dos cidadãos (aqui representados pelos trabalhadores, aposentados e empregadores) às organizações e processos de decisão dos quais dependem seus direitos. Ex. Conselho Nacional da Previdência Social (garante-se a participação dos trabalhadores, aposentados e empregadores, a fim de que estes possam apresentar sugestões acerca da Previdência Social); "caráter descentralizado da gestão administrativa, trata-se de conceito de direito administrativo. O serviço público descentralizado é aquele em que o poder público (União, Estados e Municípios cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público" Ex. (Instituto Nacional do Seguro Social) é uma pessoa jurídica de direito público, criada por lei para gerir a concessão e manutenção dos benefícios previdenciários.”39

Portanto, pode se entender que esse princípio visa a participação de toda a

sociedade, visando atingir a justiça para um fim social.

38 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 23 39 TORRES, Fabio Camacho Dell`Amore. Princípios da Seguridade Social. in Revista Âmbito Jurídico.com.br. Disponível em HTTP://www.ambito-jurídico.com.br/site/?n_link=revista_artigos-leitura. Acesso em 02 de janeiro de 2021.

Page 25: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

25

3 ESPÉCIES DE APOSENTADORIA

3.1 Aposentadoria por Incapacidade Permanente

O artigo 42 da Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 dispõe a respeito da

aposentadoria por incapacidade permanente, o novo nome para antiga aposentadoria

por invalidez, como é visto nas palavras de Lazzari:

“A primeira espécie de aposentadoria de que trata a reforma é aquela não voluntária, cuja causa é a “incapacidade permanente para o trabalho”, antes chamada “aposentadoria por invalidez”.”40

Deste modo, a aposentadoria por incapacidade permanente pode ser deferida

em casos de agravo físico ou psíquico que por seus motivos acarretem a incapacidade

permanente do trabalhador de realizar seu labor. A concessão desse benefício irá

depender da verificação da incapacidade por um médico, por meio de um exame

pericial em favor da seguridade social e, tal incapacidade tem uma definição legal,

sendo de maneira total e que não há formas de reabilitação para o exercício das

atividades que garantem a subsistência do assegurado41, e independendo se essa já

preexistia antes de sua filiação, da maneira que vemos a seguir:

“A jurisprudência do STJ tem sido no mesmo sentido: “(...) 1. Os benefícios por incapacidade foram idealizados com o intuito de amparar o Trabalhador em situações excepcionais, quando, por eventos cujas ocorrências não podem ser controladas, o Segurado tem reduzida sua capacidade para exercer sua atividade de trabalho. Concretizam, assim, a proteção garantida ao Trabalhador no contrato de seguro firmado com a Previdência Social. 2. Importante a compreensão de que o requisito legal para a concessão do benefício é a existência de incapacidade para exercício da atividade laboral e que tal incapacidade não seja preexistente à filiação do Segurado ao Regime Geral de Previdência. 3. Assim, não há óbice que a doença que atinge o Segurado seja preexistente à sua filiação, desde que tal enfermidade não interfira em sua capacidade para o trabalho e fique comprovado que a incapacidade se deu em razão do agravamento ou da progressão da doença ou lesão que já acometia o segurado. 4. Na hipótese dos autos, a Corte de origem, com base no acervo probatório dos autos, concluiu que a incapacidade da Segurada é decorrente do agravamento progressivo da patologia que apresenta, não merecendo, assim, qualquer reparo o acórdão neste ponto. 5. O laudo pericial ou o laudo da junta médica

40 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 157 41 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 132.

Page 26: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

26

administrativa norteiam somente o livre convencimento do Juiz quanto aos fatos alegados pelas partes, portanto, não servem como parâmetro para fixar termo inicial de aquisição de direitos. 6. O termo inicial da aposentadoria por invalidez corresponde ao dia seguinte à cessação do benefício anteriormente concedido ou do prévio requerimento administrativo; subsidiariamente, quando ausentes as condições anteriores, o marco inicial para pagamento será a data da citação. Precedentes (...)” (REsp 1471461, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 16.04.2018).”42

Ainda, o período de carência para a concessão do benefício vem descrito no

art. 25, I, da Lei 8.231/91, essa menciona que serão necessárias pelo menos 12

contribuições mensais para ter direito e, no caso de a incapacidade permanente ser

decorrente de acidente de trabalho ou doença relacionada a atividade laboral

praticada, esse período de carência é dispensado.

3.2 Aposentadoria por tempo de contribuição

A aposentadoria por tempo de contribuição era regulada nos arts. 52 a 56 da

Lei nº 8.213/91 e no Decreto 3.048/1999, entre os arts. 56 a 6343, sendo concedida

quando o assegurado completa todos os requisitos necessários quanto ao tempo de

sua contribuição perante a Previdência Social.

Com a vigência da nova Emenda Constitucional n. 103/2019, essa modalidade

de aposentadoria passou a ser necessária uma idade mínima do contribuinte para que

pudesse gozar dos benefícios, conforme o art. 201, §7º, inciso I da referida emenda,

ficando estipulado o mínimo de 65 anos para os homens e de 62 para as mulheres.44

Tal medida foi tomada em razão do déficit do sistema, visto que a média de

idade das pessoas que estavam se aposentando por tempo de contribuição estava

em 54,22 anos45, sendo essa decisão vista como uma das soluções para diminuir o

déficit.

Aqueles indivíduos que contribuíram antes da nova emenda e já haviam

cumpridos todos os requisitos teriam direito ao antigo benefício de aposentadoria por

42 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 132 43 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 100 44 Id., 2020, p. 100. 45CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 84

Page 27: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

27

tempo de contribuição, entretanto, aqueles que mesmo filiados ao regime antigo, mas

não tinham cumpridos todos os requisitos, iriam ser aplicada regras de transição,

como temos no quadro a seguir:

46

Assim, fica evidenciado que no tocante a mudança da aposentadoria por tempo

de contribuição para atual onde é necessário atingir uma idade mínima, foi feita a fim

de reduzir a quantidade de assegurados pelos benefícios com uma idade considerada

baixa.

3.3 Aposentadoria por idade

Com o advento da nova Emenda Constitucional n. 103/2019, a aposentadoria

por idade restou garantida apenas para os trabalhadores rurais e para aqueles que

exercem suas atividades em regime de encomia familiar47, portanto, esses

trabalhadores não se encaixam nas regras de transições da nova emenda.

No que concerne aqueles trabalhadores filiados ao regime antigos, terão direito

à aposentadoria por idade apenas aqueles que cumpriram os requisitos até

13/11/2019, tendo direito adquirido e, aqueles que não cumpriram os requisitos até a

referida data, irão ser aplicadas as regras de transição de tal maneira:

46 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 240 47 Id., 2021, p. 240.

Page 28: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

28

48

Ou seja, da mesma forma que a aposentadoria por tempo de contribuição, a

aposentadoria por idade foi extinta e unificada a citada anteriormente visando reduzis

custos frente ao déficit do sistema previdenciário.

3.4 Aposentadoria Especial

A aposentadoria especial, por sua vez, é o benefício que será concedido para

aquele trabalhador que exercer atividades laborais exposto a agentes nocivos, que

com o passar do tempo podem vir a causar algum prejuízo a sua saúde ou integridade

física49, ou seja, tem por objetivo a reparação financeira ao trabalhador que exerceu

suas atividades sobre condições inadequadas.

Há nesse modelo uma diferenciação das atividades laborais de acordo com o

Decreto nº 3.048/99, pois poderá haver a concessão desse benefício com 15, 20 ou

25 anos de trabalho, isso levando em consideração as condições em que o labor era

exercido, como explica Victor Hugo Nazário Stuchi:

“A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

A concessão da aposentadoria especial dependerá da comprovação, durante o período mínimo acima mencionado do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente e da exposição do segurado aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física.”50

48 SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 151 49 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 59 50 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 108.

Page 29: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

29

A Lei nº 9.032/95 implementou que é necessária a comprovação, pelo

trabalhador, da efetiva exposição aos agentes nocivos, que essa exposição seja de

maneira habitual e permanente, não apenas casual, cabendo a perícia do INSS

analisar cada caso, inspecionando o local de trabalho e as condições para dar

veracidade as informações levadas a eles.

Podem ser vistos como agentes nocivos:

1. Químicos: neblinas, gases, vapores de substâncias nocivas

presentes no ambiente de trabalho, etc...

2. Biológicos: Bactérias, parasitas, vírus, fungos, etc.

3. Físicos: Ruídos, vibrações, calor, pressão anormal, radiação, etc.

Esses agentes devem ser comprovados pelo INSS, isso sendo feito por PPP,

ou seja, Perfil Profissiográfico Previdenciário, emitidos pela empresa analisando em

um laudo técnico as condições de trabalho.51

O PPP é um documento que irá ser elaborado pela empresa, expondo as

condições em que as atividades laborais são realizadas, mostrando os agentes

nocivos químicos, físicos e biológicos e as associações prejudiciais a integridade física

ou a saúde.

Tendo o trabalhador direito a receber uma cópia autenticada desse PPP no

caso da ruptura do contrato de trabalho, que deverá ser fornecido pela empresa até

30 dias após sua rescisão, assim, tendo o trabalhador uma segurança para

demonstrar seu período de labor realizando atividades que se encaixam na

aposentadoria especial.

Por sua vez, o laudo técnico de contribuições ambientais do trabalho (LTCAT),

é um laudo com caráter pericial52, onde a empresa a fim de demonstrar ao INSS se

as atividades iram se caracterizar ou não na presença de agentes nocivos. Esse

documento não deve ser necessariamente apresentado ao INSS, mas deve estar na

empresa a disposição da Previdência Social.

Como já citado, a aposentadoria será concedida para o trabalhador que

comprovar que é exposto aos agentes nocivos de maneira permanente em sua

atividade, entretanto, tal norma pode ser questionada, visto que a Lei de Benefícios

51 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele, 2011. p. 61 52 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 639

Page 30: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

30

não estabelece nenhuma restrição e de acordo com a Sumula nº 62 TNU irá obter o

reconhecimento desde que comprove que era exposto a agentes nocivos.

“O segurado contribuinte individual pode obter reconhecimento de atividade especial para fins previdenciários, desde que consiga comprovar exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física.”53

Para todo assegurado com o benefício da aposentadoria especial, há a

possibilidade da conversão do tempo especial para tempo comum, desde que seja

cumprido o tempo necessário para que haja direito à aposentadoria especial,

conforme as leis que regulam tal dispositivo. Existem dois dispositivos legais que

amparam tal instituto, o primeiro sendo o art. 57, § 5º da Lei 8.213/91 e o segundo o

art. 28 da Lei nº 9.711/98 que autorizam essa conversão.

Portanto, conforme a legislação vigente, podemos ver que o tempo de trabalho

que for exercido sob condições especiais que sejam prejudiciais à saúde ou a

integridade física do trabalhador, irão ser somados, após sua respectiva conversão,

ao tempo de trabalho comum, não importando qual seja o período de trabalho.

Para o segurado que exerça duas ou mais atividades que possam vir a

prejudicar sua saúde ou integridade física, mesmo que essas não cheguem ao prazo

mínimo necessário para aposentadoria especial, serão somadas após sua conversão,

considerando a atividade dominante, tendo a concessão da aposentadoria especial

com o tempo exigido para a atividade não convertida.

4 REFORMA DA PREVIDÊNCIA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103/2019

4.1 PEC 6/2019

A reforma da previdência mais recente teve seu início com a PEC 6/2019, onde

essa visava a modificação do sistema de previdência social e o estabelecimento a

respeito das regras de transições e suas disposições transitórias, como pode ser visto

na ementa da proposta.

53 Súmula 62 - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS - DOU 03/07/2012. Disponível em: https://www.cjf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=62&PHPSESSID=70r5tqsduath3h3f57r37p61r1

Page 31: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

31

“Altera as regras de aposentadoria e pensão aplicáveis aos trabalhadores segurados do Regime Geral de Previdência Social, aos servidores públicos civis e aos detentores de mandato eletivo. Dispõe sobre a contribuição previdenciária extraordinária e a fixação de alíquotas progressivas para a contribuição previdenciária ordinária dos servidores públicos. Dispõe sobre a contribuição previdenciária devida pelo segurado empregado e pelo trabalhador avulso. Dispõe sobre o salário-família e o auxílio-reclusão. Retira da Constituição a possibilidade de ser aplicada a sanção de aposentadoria a membros do Poder Judiciário e do Ministério Público.”54

Essa proposta era estruturada em cinco pilares, sendo quatro deles explícitos

e um deles implícito.

O primeiro dos pilares explícitos é o de combate às fraudes e redução da

judicialização, esse está claramente descrito desde a publicação da MP n.º 871/2019

que em seguida foi convertida na Lei n.º 13.846/2019, criando meios para a eliminar

a possibilidade do recebimento indevido dos benefícios previdenciários, fazendo isso

por meio da criação de programas de combate as irregularidades, por dispositivos

legais, juntamente com a celeridade do processo de análise da revisão dos

benefícios55.

Com isso, consequentemente, reduzindo os litígios judiciais, por meio de

entendimentos jurisprudenciais, pacificando e deixando mais claros os pontos que

geram de forma reiterada ações judiciais.

A cobrança das dívidas tributárias previdenciárias é o segundo pilar, esse com

o intuito de aperfeiçoar o processo de cobrança, garantindo maior agilidade e

eficiência e sua arrecadação, entretanto, apenas esse aperfeiçoamento não seria

suficiente para quitar o déficit do Regime Geral de Previdência Social que no ano

anterior a proposta alcançou o valor de R$ 195,2 bilhões.56

Como terceiro pilar temos a equidade, esse, por sua vez, é a forma de tratar

desigualmente os desiguais, de acordo com a realidade de cada um, portanto, de

forma muito clara aqueles que recebem menos contribuem menos e os que recebem

mais contribuem mais.57

54 PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 6 DE 2019. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/137999. Acesso em: 10 janeiro 2021. 55 MARTINEZ, Luciano. Reforma da previdência: Emenda Constitucional n. 103, de 12 de novembro de 2019: entenda o que mudou. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 14 56 Id., 2020, p. 14. 57 Id., 2020, p. 14.

Page 32: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

32

O último pilar explicito é a criação de um novo regime previdenciário

capitalizado e equilibrado, destinado as próximas gerações, visando um novo sistema

previdenciário, de maneira que haja a capitalização, por meio de uma contribuição

definida e de forma obrigatória para quem aderir em uma conta individual e vinculada

para cada trabalhador, tendo assim, a noção do quanto contribuiu para cálculo de um

benefício no futuro. 58

O último pilar, sendo o implícito, é denominado como a tentativa de diminuição

das desigualdades no sistema previdenciário atual, onde buscava-se uma progressiva

melhoria na distribuição da renda previdenciária, uma das estratégias para isso foi a

definição de uma idade mínima para poder se aposentar, fazendo com que assim

todos se aposentassem pelo menos no mesmo limite de idade e que contribuíssem

até essa data.

Outro ponto importante que a PEC 06/2019 abordou foi a respeito da transição

demográfica de envelhecimento populacional, pelo fato da esperança de vida mais

longa que vem aumentando com o passar dos anos chegou-se à conclusão que cada

vez mais o número de idosos irão crescer e esses atingindo idades mais avançadas

vão necessitar mais de cuidados da saúde e benefícios previdenciários que lhes

permitam tal assistência pela perda da capacidade laborativa, sendo assim um

sistema que não conseguiria ser sustentando, como descreve Luciano Martinez:

“Dentro do discurso de envelhecimento populacional e de aumento da

expectativa de sobrevida surgiu, no texto da PEC n. 6/2019, a importante

problemática da deterioração da relação entre contribuintes e beneficiários,

destacando-se que, na atualidade, a relação estimada é de dois contribuintes

para cada beneficiário de aposentadoria e pensão por morte, considerando

alarmantes as projeções de uma futura relação de uma para um por volta da

década de 2040, ainda que se consiga reduzir muito a informalidade e a fuga

da contributividade.”59

Dessa maneira, o projeto teve que dispor a respeito das regras de transição

para os já filiados ao Regime Geral da Previdência Social, ficando assegurado de uma

forma diferenciada, o seu direito à aposentadoria por idade, especial e de contribuição

58 MARTINEZ, Luciano. Reforma da previdência: Emenda Constitucional n. 103, de 12 de novembro de 2019: entenda o que mudou. São Paulo-SP: Saraiva, 2020. p. 14 59 Ibid., p.,16.

Page 33: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

33

e, ainda, estabelecendo regras de transição intermediárias entre as vigentes e as

futuras, pelo fato do direito adquirido e a expectativa do direito dos servidores que no

momento eram amparados pelos seus regimes próprios, observando as

particularidades de cada regime.

Dado o contexto, pode ver que outro objetivo da PEC 6/2019 é a economia e

corte de gastos, pois há um grande déficit financeiro no país, sendo a seguridade

social, com a previdência e a assistência social responsável por uma parte de tal

déficit, consumindo mais de 50% das despesas obrigatórias, como pode ser visto no

gráfico apresentado na página 10 da proposta.

“[...] as contas públicas revelavam-se como o maior desafio da atualidade,

uma vez que (i) a dívida bruta subiu de 51,5% do PIB para 77,2% do PIB entre

dezembro de 2013 e junho de 2018; (ii) desde 2014, há déficit primário nas

contas públicas e as projeções apontam para volta do superávit primário

apenas no início da próxima década; (iii) o grau de rigidez do orçamento vem

se elevando, comprometendo a execução de políticas públicas

discricionárias, especialmente de investimentos e gastos sociais. Dados

oficiais davam conta de que as principais despesas obrigatórias

acarretadoras da rigidez do orçamento da União estavam relacionadas a

gastos com pessoal, previdência, saúde, educação, subsídios, subvenções,

abono, seguro-desemprego e benefícios sociais previstos na legislação,

como aqueles relacionados ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e

benefícios de natureza especial.”60

60MARTINEZ, Luciano. Reforma da previdência: Emenda Constitucional n. 103, de 12 de novembro de 2019: entenda o que mudou. São Paulo-SP: Saraiva, 2020. p. 18.

Page 34: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

34

Fonte: Resultado do Tesouro Nacional/STN/MF. (2018)61

Após demonstrada toda importância da PEC 6/2019 para o atual cenário da

previdência no Brasil, foi dado início a tramitação dessa na Câmara dos Deputados,

onde no dia 20/02/2019 foi apresentada passando pelas diversas fases para que no

dia 08/08/2019 a proposta fosse lida no Plenário, onde manteve-se até o dia

04/09/2019, dia em que o Relatório do Senador Tasso Jereissati foi aprovado pela

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, tendo um parecer favorável à

proposta.

No primeiro dia do mês de outubro houve então, a aprovação da PEC no

primeiro turno, sendo encaminhada para o segundo turno onde foi aprovada por

unanimidade.

Ao final, ocorreu uma emenda a redação da PEC, essa iria retirar a vedação da

aposentadoria pelo labor realizado em condições de perigo no trabalho, isso mediante

um acordo entre líderes partidários e o governo, ficando acordado que tal proposta só

seria promulgada após aprovação do projeto de lei que abordasse os casos de

trabalho prestados em condições de risco.

Dessa maneira, o texto final teve sua promulgação em 12 de novembro de

2019, dada pela Emenda Constitucional n.º 103, de 2019.

61 https://transicao.planejamento.gov.br/wp-content/uploads/2018/11/Informa%C3%A7%C3%B5es-Estrat%C3%A9gicas-Minist%C3%A9rio-do-Planejamento_vers%C3%A3o-publica%C3%A7%C3%A3o_completa.pdf. Acesso em: 26 abril 2021.

Page 35: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

35

4.2 Alterações Constitucionais da Emenda n.º 103/2019

Com a promulgação da reforma da previdência dada pela Emenda

Constitucional n.º 103/19, houve várias alterações nos artigos da Constituição Federal

que regulavam sobre o assunto, o acréscimo de parágrafos nos artigos e, em

contrapartida, alguns dispositivos revogados. Essas alterações e a criação de novas

regulamentações aconteceram visando uma das propostas da PEC 6/2019, sendo a

diminuição de regimes próprios de previdência, concentrando apenas em uma lei para

que haja uma maior economia e eficácia.

Assim, é notável a que a proposta visa intensificar o processo de redução da

amplitude do sistema público no tocante a proteção previdenciária com essa nova

organização e funcionamento para os regimes próprios. O já citado § 22 do art. 40,

que foi introduzido pela EC 103/2019, não irá se limitar ao impedimento da criação de

novos regimes próprios, muito além disso, tem o objetivo de fortalecimento sob os

controles já existentes, prevendo a edição de lei complementar para que possam ser

estabelecidos novos regimes.62

Outro ponto abordado e que foi modificado, foi a vedação da acumulação de

aposentadorias, que ficou redigida pelo Art. 40, §6.º, já citado acima. Essa pode

ocorrer apenas nos casos estabelecidos.

“Excepcionalmente, a percepção de remunerações simultâneas dos cofres

públicos será possível nas hipóteses expressamente referidas, desde que os

horários sejam compatíveis e o teto remuneratório previsto no inciso XI do

mesmo artigo seja respeitado. Por isso, nas hipóteses de cargos que são

acumuláveis, é assegurado o direito à percepção de mais de um benefício de

aposentadoria para os agentes públicos, ainda que no mesmo regime

previdenciário.”63

Portanto, é assegurado, no mesmo regime previdenciário, o direito a percepção

de mais de um benefício para os agentes públicos. A redação desse novo dispositivo

visa esclarecer que essa nova regra não é taxativa, pois podem ocorrer vedações no

acúmulo de prestações, sendo essas limitadas pela legislação para o RGPS, como

62 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 272 63 Ibid., p. 84

Page 36: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

36

pode ser visto no parágrafo 14 que foi acrescido ao art. 37 pela nova proposta, onde

foi cortado o acúmulo pelo tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou

função pública, não retroagindo para aqueles que já obtiveram.

“Agora, o novo § 14 do art. 37 passou a prever que a aposentadoria concedida

com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou

função pública, inclusive do RGPS, acarretará o rompimento do vínculo que

gerou o referido tempo de contribuição. O dispositivo não tem vigência

retroativa. Para as aposentadorias concedidas até a data de entrada em vigor

dessa emenda constitucional não há rompimento do vínculo (art. 6.º da EC

103/2019).”64

Dessa maneira, com o intuito de regular as vedações, antes reguladas pelo art.

124 da Lei de Benefícios da Previdência Social, a EC 103/2019 criou um dispositivo

específico, onde o enunciado dispõe que as vedações, regras e condições para o

acúmulo de benefícios previdenciários será dado pelo art. 201, §15.

Caberá a essa Lei complementar definir e separar todas a vedações, podendo

essas serem alteradas por ela. Por sua vez, no caso dessa acumulação de benefícios

ocorrer decorrente de óbito, sendo do pai ou da mãe da mesma criança, não irá incidir

tal proibição, tal dispositivo irá alterar apenas nos casos em que houver pensão ou

aposentadoria deixada por um companheiro ou cônjuge, ficando assegurado o valor

integral do benefício mais vantajoso e um percentual dos benefícios acumulados.

4.3 Novas Regras de Contribuição

Seguindo do ponto que a EC 103/2019 buscava um equilíbrio financeiro para

suprir o déficit dos últimos anos do sistema de Seguridade Social, o salário de

contribuição começou a ser definido de maneira diferente, ficando estipulado

conforme a classe que pertencer o segurado.

A discussão a respeito de alíquotas não deveria ser material de discussão

constitucional, porém, no art. 28 da referida Emenda, fica regulado as contribuições

que os trabalhadores avulsos e domésticos terão de contribuir, podendo essas

64 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 35.

Page 37: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

37

sofrerem ajustes65. Apenas não houve mudança nos casos do contribuinte individual

e do segurado especial, entretanto, é possível que haja mudanças no caso de edição

da lei.

Nos casos em que o valor da contribuição seja inferior ao mínimo, o

assegurado, de acordo com o art. 29, poderá complementar sua contribuição para

alcançar o mínimo exigido, poderá utilizar o valor excedente do mínimo para outra e

ainda, juntar contribuições inferiores ao mínimo, sendo de diferentes competências,

para aproveitar delas.66

Para os servidores também houve alterações, entrando em vigor

imediatamente após a aprovada pela Emenda.

Assim, suprindo o julgado ADIn 2010-MC pelo STF, que foi contrário ao

estabelecimento das alíquotas progressivas dos servidores públicos sem que

houvesse autorização constitucional expressa. Os valores referentes as contribuições

serão ajustados pelo art. 11 da EC 103/2019.67

4.4 Direito Adquirido

O direito adquirido é compreendido onde o titular em face da implementação

de uma nova regra tem garantido os direitos que a lei velha estipulava68, podendo ser

visto em matéria previdenciária na Sumula 359 do STF.

“Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-

se pela lei vigente ao tempo em que o militar, ou servidor civil, reuniu os

requisitos necessários, inclusive a apresentação do requerimento, quando a

inatividade for voluntária.”69

Com isso, na EC 103/2019 foram resguardados alguns direitos adquiridos pela

antiga lei, objetivando haver uma maior segurança jurídica.

65 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 39 66 Id., 2020, p. 39 67 Ibid., p. 41. 68 Ibid., p. 60. 69 Súmula 359 STF. http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1580 Acesso em 07 de janeiro de 2021.

Page 38: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

38

Dessa maneira, todos aqueles que contribuíam para o sistema antes da

reforma de 2019, tinham direito adquirido no tocante aos benefícios pela antiga lei,

não sendo afetados pela nova lei e, ainda, aqueles que iriam se utilizar da antiga e da

nova lei para sua aposentadoria, iriam existir regras de transição específicas para

regular esses casos.

Assim, a nova lei que crie restrições a contagem do tempo de serviço não pode

ser aplicada de forma retroativa, pelo fato da instituo do direito adquirido, ou seja, o

tempo de serviço sempre será regido pela lei na época em que o mesmo foi

prestado.70

4.5 Regras de transição

No nosso atual ordenamento jurídico a proteção das expectativas do direito é

ínfima, ou seja, é quase que natural considerar que os indivíduos não têm direito

adquirido em nosso regime jurídico.

Entretanto, a segurança jurídica serve para ir de afronte com isso, uma vez que

essa deve contemplar a estabilidade mínima entre as relações jurídicas dentro do

ordenamento, existindo até um princípio pra isso, o princípio da segurança jurídica,

portanto, esse serve para dar legitimidade constitucional para leis e atos de maneira

retroativa também devendo proteger os mesmos para dar expectativa ao direito para

os indivíduos.

Assim, esse princípio exerce uma função de demonstrar confiança aos

cidadãos garantindo que possam usufruir dos direitos a eles devidos, dando

continuidade ao direito, para isso podemos ver a explicação:

“Nas situações em que o legislador venha a suprimir posições jurídicas

relevantes – seja por lei, seja pela via de emenda constitucional –, em matéria

de direitos fundamentais sociais sempre haverá significativa controvérsia

sobre a ocorrência de violação ao princípio da proibição do retrocesso.

Na lição de Canotilho, uma vez que o legislador infraconstitucional tenha

realizado sua tarefa de conformar determinado direito fundamental social, a

70 AGOSTINHO, Theodoro. Manual de direito previdenciário. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 286

Page 39: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

39

referida lei não apenas geraria um direito subjetivo, mas também seu

conteúdo estaria protegido contra a atuação do legislador que aspirasse

revogar o núcleo essencial de tais direitos.” 71

Portanto, as regras de transição foram criadas a fim de garantir um direito

adquirido pelo cidadão, de maneira que esse possa utilizar quando cumprir com os

requisitos não tendo prejuízo com a nova regra.

Nos novos moldes da previdência, a reforma prevê cinco novas regras de

transição para as aposentadorias voluntárias do Regime Geral de Previdência Social

e, uma específica para os servidores, ainda, com uma regra geral para todos.

4.5.1 Sistema de pontos

A primeira regra é semelhante a antiga fórmula utilizada para pedir a

aposentadoria integral, a fórmula 86/96, com a tendência de beneficiar quem começou

a trabalhar mais cedo. Funciona como um “score previdenciário”, onde o contribuinte

deve atingir, com a soma do tempo de contribuição e de idade, atingindo 86 para as

mulheres e 96 para os homens, respeitando o tempo mínimo de contribuição de 35

anos para os homens e 30 para as mulheres.

Essa transição prevê o aumento progressivo de 1 ponto por ano, até atingir o

máximo de 100 anos para as mulheres e 105 para os homens72, como está disposto

no art. 15 da EC.

O valor dessa aposentadoria seguirá a regra de 60% do valor do benefício

integral por 15/20 anos de contribuição, aumentando em 2% a cada ano até fechar os

100%.

Já para os professores, a transição começará com 81 e 91 anos

respectivamente para mulheres e homens, com o tempo de contribuição de 25 anos

para as mulheres e 30 para os homens, tendo esses que comprovar a efetiva função

no magistério sendo infantil, fundamental ou médio, como está no § 3º do art. 15.

71 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. 72 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 616

Page 40: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

40

4.5.2 Tempo de contribuição + idade mínima

Essa modalidade demonstra grande semelhança com a primeira e deriva da

antiga aposentadoria por tempo de contribuição, que após a reforma passou a

estabelecer uma idade mínima para ter direito a mesma. Ou seja, somente haveria a

possibilidade da concessão de aposentadoria voluntária cumprindo o tempo de

contribuição e da idade mínima73.

Nesse sistema o beneficiário deverá cumprir requisitos de idade, começando

com a idade mínima de 56 anos para as mulheres e 61 para os homens, tendo um

aumento de meio ano a cada ano até que a idade chegue aos 65 para homens e 62

para as mulheres, sendo exigido o tempo mínimo de contribuição de 30 anos para

mulheres e 35 para os homens, como está no art. 16 da EC 109/2019.

Ainda no referido artigo, está contida a regra para os professores, esses terão

o tempo de contribuições e idade reduzidos em cinco anos, ficando estipulado até os

60 para homens e 57 para mulheres, sendo a remuneração calculada da mesma

maneira da regra anterior.

4.5.3 Pedágio de 50%

Por sua vez, essa regra apresenta três particularidades: não é acessível a todos

os segurados antigos, não exige idade mínima e será calculado conforme a Lei

8.213/91. Essa, de acordo com o art. 17 da Emenda, vale apenas para os contribuintes

que estão a 2 anos de cumprir seu tempo mínimo de contribuição, ou seja, mulheres

que já tem 28 anos de contribuição e 33 para os homens, assim, poderão aposentar

sem idade mínima desde que paguem um “pedágio” de 50% do tempo faltante. Para

ficar claro, no caso de o contribuinte precisar de mais dois anos para se aposentar,

esse trabalhará os dois anos e mais um, totalizando assim três anos.

73 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 84

Page 41: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

41

O valor pago para esse benefício será calculado a partir da média das 80%

maiores contribuições, sendo reduzido pelo fator previdenciário, cálculo esse que leva

em conta a expectativa de vida do segurado conforme o IBGE.74

4.5.4 Pedágio 100% para INSS e Servidores.

Temos ainda, uma regra geral, essa que vai abranger tanto os trabalhadores

do setor público quanto os do privado, estando descrita no art. 20 da EC. Essa será

disposta da seguinte maneira, como explica Agostinho:

“Nessa regra, trabalhadores do setor privado e do setor público terão que

cumprir os seguintes requisitos: idade mínima de 57 anos para mulheres e de

60 anos para homens, além um “pedágio” equivalente ao mesmo número de

anos que faltar para cumprir o tempo mínimo de contribuição (30 anos, se

mulher, e 35 anos, se homem) na data de vigência da EC n. 103/2019.”75

Os servidores ainda dentro dessa regra têm uma disposição específica, onde

deverão ter 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo onde irá

se aposentar, vide inciso III do art. 20.

Não diferente dos outros institutos, nesse os professores também terão a

redução de 5 anos para homens e mulheres, tendo direito quando atingirem as idades

definidas e com o mesmo requisito dos servidores públicos de 20 anos de serviço e

de 5 anos no cargo efetivo em que irá se aposentar.

A remuneração para tal regra será de 100% da média de todos os salários

somados, sendo que para os servidores é igual a 100% da média ou integral para

quem teve seu ingresso no cargo até 31/12/2003.

74 AGOSTINHO, Theodoro. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 393 75 Id., 2020, p. 393.

Page 42: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

42

4.5.5 Exclusiva para Servidores

A Transição prevista apenas para os servidores públicos é de tal maneira que

contempla uma pontuação que soma o tempo de contribuição mais uma idade mínima,

com 86 anos para mulheres e 96 para homens e os demais requisitos a seguir.

“Não é requerido o tempo de carreira, o qual passa a ser totalmente

irrelevante do ponto de vista previdenciário, e não é autorizada a antecipação

em face de um maior tempo de contribuição. Os requisitos são os seguintes:

I – 56 anos de idade, se mulher, e 61 anos de idade, se homem;

II – 30 anos de contribuição, se mulher, e 35 anos de contribuição, se homem;

III – 20 anos de efetivo exercício no serviço público;

IV – 5 anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria; e

V – 86 pontos se mulher e 96 pontos se homem”76

Tal regra ainda prevê o aumento de 1 ponto a cada ano, tendo duração de 9

anos para os homens e 14 para as mulheres, esse período de transição se encerrara

quando alcançar a pontuação de 100 e 105 para mulheres e homens respectivamente.

5 APOSENTADORIA ESPECIAL

A aposentadoria especial é um benefício oferecido aos segurados que atuam

em áreas insalubres, pode ser vista como um instrumento protetivo ao trabalhador

com intuito de compensar o mesmo pela exposição a riscos dos agentes nocivos como

agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses

agentes.77

Nesse modelo, o nível de exposição/vulnerabilidade aos agentes nocivos é o

principal critério utilizado, ou seja, o benefício será dado levando em conta quais os

riscos a que ele está exposto e quais as consequências que esses podem levar a ter,

seja prejuízo a sua saúde física ou mental.

76 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 78. 77 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 629

Page 43: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

43

O instituto da aposentadoria especial tem por objetivo a prevenção a um

possível risco a saúde e integridade física do trabalhador, de tal maneira que o

incapacite de realizar suas atividades laborativas, Maria Lucia Luiz Leira explica o

modelo assim:

“A finalidade do benefício de aposentadoria especial é de amparar o

trabalhador que laborou em condições nocivas e perigosas à sua saúde,

reduzindo o tempo de serviço/contribuição para fins de aposentadoria. Tem,

pois, como fundamento o trabalho desenvolvido em atividades ditas

insalubres. Pela legislação de regência, a condição, o pressuposto

determinante do benefício está ligado à presença de agentes perigosos ou

nocivos (químicos, físicos ou biológicos) à saúde ou à integridade física do

trabalhador, e não apenas àquelas atividades ou funções catalogadas em

regulamento”78

Para a concessão de tal benefício, há alguns critérios que devem ser seguidos

por todo segurado, sendo eles:

Período de carência de 180 contribuições

A comprovação do tempo de trabalho em condições insalubres,

durante o período fixado por lei.

Comprovação da exposição a agentes nocivos prejudiciais à

saúde e/ou integridade da pessoa.

Para validação de tais malefícios a saúde e integridade, a empresa fica

responsável pela confecção de um documento chamado Perfil Profissional

Previdenciário (PPP), onde deve conter as informações e o histórico do trabalhador e

testes realizados no ambiente de trabalho. Assim, tal documento tem por objetivo

confirmar as condições de trabalho em que o empregado exerce sua atividade afim

de produzir provas para que venha poder a usufruir do benefício previdenciário.

O segurado tem grande dificuldade para ter acesso a esse direito, com os

requisitos já citados juntamente com uma análise rigorosa que é feita pelo INSS,

diante disso, mais da metade dos pedidos desse modelo de aposentadoria são

apenas obtidos por vias judiciais devido as restrições que são aplicadas para

78 LEIRIA, Maria Lucia Luz. Direito previdenciário e estado democrático de direito: uma (re)discussão à luz da hermenêutica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 164.

Page 44: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

44

reconhecer os meios de provas de exposição a agentes danosos a saúde e

integridade.

5.1 Aposentadoria Especial Antes da EC 103/2019

Começando a ser regulada em 1960 pelo art. 31 da Lei n.º 3.807 do referido

ano, tendo sequência pelas leis subsequentes do dispositivo, onde essa era favorável

ao trabalhador, com direito de se aposentar precocemente a fim de proteger o

segurado e antes do desenvolvimento de qualquer doença.

Portanto, com a referida lei ficou estipulado que o tempo mínimo de

contribuição para aposentadoria seria de 15 anos para o risco baixo, 20 para o risco

médio como no caso de trabalho com amianto ou atividade em minas que fossem

exercidas acima da terra e de 25 anos de risco alto, como trabalhar em minas

subterrâneas.

Tal aposentadoria poderia ser usada ainda juntamente com a aposentadoria

por tempo de contribuição, pois não atingindo todos os anos necessários de atividade

especial, poderá reverter de especial para tempo de contribuição tendo a possibilidade

de se aposentar antes. Essa conversão era feita calculando 1,4 para homens e 1,2

para mulheres, exemplificando:

Henrique tem 10 anos (antes da vigência da Reforma) como serralheiro exposto

a ruídos acima da média. Em 2002 ele sentiu que sua audição estava sendo muito

prejudicada e pediu para ser transferido para a área administrativa da empresa.

Como ele tem 10 anos de atividade especial, ele pode usar este período para

adiantar a aposentadoria por tempo de contribuição.

Pela redação da Lei 8.213/1991, em seu artigo 57, havia um enquadramento

para a caracterização da atividade especial, essa por sua vez considerava duas

formas para tal.

“A redação original do art. 57 da Lei n. 8.213/1991 admitia duas formas de se

considerar o tempo de serviço como especial:

a) enquadramento por categoria profissional: conforme a atividade

desempenhada pelo segurado, presumia a lei a sujeição a condições

insalubres, penosas ou perigosas;

Page 45: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

45

b) enquadramento por agente nocivo: independentemente da atividade ou

profissão exercida, o caráter especial do trabalho decorria da exposição a

agentes insalubres arrolados na legislação de regência.”79

Entretanto tal dispositivo foi substituído pela Lei n.º 9.032/95, que acabou com

tal enquadramento por categorias, impondo a necessidade de comprovação da efetiva

exposição, de forma permanente e habitual. Com efeitos de direito adquirido, a TNU

sumulou alegando que o INSS não poderia exigir tal comprovação de permanência

para os períodos antecedentes a referida lei.

“49: “Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de

29.4.1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não

precisa ocorrer de forma permanente.”80

A partir disso então cabendo então ao INSS, por meio de sua perícia médica

analisar os formulários do PPP e o local de trabalho do segurado.

Abordando a respeito dos equipamentos de proteção individual, questão que

era bastante alegada para afastar a atividade como perigosa, o STF tomou a frente

alegando que o mero fornecimento dos equipamentos não serve para exclusão do

risco.

5.2 Aposentadoria Especial após a EC 103/2019

Com a EC 103/2019 a aposentadoria especial ficou regulada em seu art. 201

de tal maneira:

“"Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral

de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,

observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e

atenderá, na forma da lei, a:

79 CASTRO, Carlos Alberto Parreira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 22ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 84 80 Súmula nº 49 TNU https://www.cjf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=49&PHPSESSID=kjt0t9h9qcbrhatkapve9mbm83 Acesso em: 05 de maio de 2021.

Page 46: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

46

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para

concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a

possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da regra

geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos

segurados:

.....................................................................................................................

II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes

químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses

agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.”81

Ou seja, a aposentadoria especial nesse sentido tem um caráter preventivo,

como demonstra o STF:

“A aposentadoria especial possui nítido caráter preventivo e impõe-se para

aqueles trabalhadores que laboram expostos a agentes prejudiciais à saúde

e a fortiori possuem um desgaste naturalmente maior, por que não se lhes

pode exigir o cumprimento do mesmo tempo de contribuição que aqueles

empregados que não se encontram expostos a nenhum agente nocivo

(Repercussão Geral Tema 555, ARE 664.335/SC, Rel. Min. Luiz

Fux, DJe 12.02.2015).

Também definiu nessa Repercussão Geral que:

I – O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do

trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for

realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo

constitucional à aposentadoria especial;

II – Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais

de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil

Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento

de Proteção Individual – EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial

para aposentadoria.”82

Nesse sentido, Carlos Alberto Pereira dos Santos explica que:

81 Brasil. Constituição (1988). Emenda constitucional nº103/2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm 82 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 84

Page 47: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

47

“A EC n. 103/2019 alterou substancialmente a redação do § 1º do art. 201 da

Constituição, estabelecendo a possibilidade de previsão, em lei

complementar, de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para

concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados cujas

atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos

e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedados a

caracterização por categoria profissional ou ocupação.”83

Portanto, estabelecimento dessas novas regras levaram a alteração de várias

regras dentro da aposentadoria especial, agora além do tempo de atividade insalubre,

deverão também cumprir uma idade mínima para terem direito ao benefício.

No tocante ao risco baixo a saúde, o segurado deverá cumprir 25 anos e ter

idade mínima de 60 anos, já no risco médico contribuirá por 20 anos devendo atingir

a idade mínima de 58 anos e, na última, sendo a de alto risco, esse deverá ter 15 anos

de contribuições e 55 anos de idade.

O valor do benefício também sofreu alterações, tendo os beneficiários por

atividade insalubres ganhos menores do que os outros beneficiários, pois antigamente

onde por um determinado tempo era recebido 100% do valor contribuído, com a nova

alteração esse valor caiu para 60%, sendo acrescido dois pontos percentuais por ano

de contribuição que exceder os 20 anos de contribuição e 15 anos nos casos das

mulheres, tendo direito a esses 2% a mais por ano também aqueles que exerce suas

atividades em minas subterrâneas.84

No que concerne aos agentes nocivos, esses ainda são estipulados pela Lei n.

9.528, de 10.12.1997, de maneira que esses são aqueles que afetam de maneira

física, biológica os segurados, levando então ao direito de pleitear a aposentadoria

especial.

Ademais, há ainda, uma interpretação de maneira literal no que concerne as

condições especiais que prejudiquem a saúde, os agentes nocivos, por sua vez,

deverão ser controlados pelo INSS, estabelecendo procedimentos para averiguar se

há ou não a possibilidade da concessão da aposentadoria especial.85

83 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 629 84 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 84 85 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 110

Page 48: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

48

Ainda, tal benefício com as devidas alterações se tornou quase inacessível, ou

seja, os valores serão calculados de forma diferente, sendo acrescidos por pontos

durante cada ano que exceda o tempo de 20 anos de contribuição.

Antes da reforma havia um dispositivo que regulava a transformação de

atividade especial em comum, sendo transformada de maneira mais benéfica,

entretanto, com a nova lei, a reforma extinguiu tal dispositivo, ficando igualadas as

atividades especiais a qualquer outra que se encaixe no tempo de contribuição, tendo

direito apenas a conversão de maneira mais benéfica aqueles períodos realizados

antes da promulgação da referida emenda, pelo fato do direito adquirido.

Quanto ao direitos adquirido, no caso de o trabalhador ter realizado o tempo

necessário para se aposentar por 15, 20 ou 25 anos antes da reforma, esse irá receber

a aplicação da regra anterior, sem necessidade de regra de transição, mesmo que as

atividades ainda não tenham sido comprovadas ou o INSS não as tenha reconhecido

como especial e, no caso de ter exercido atividade especial antes da reforma mas não

ter atingido o tempo mínimo de contribuição, poderá converter o tempo especial em

comum utilizando o antigo fatos, tendo assim um tempo maior de contribuição.86

Essa regra de transição ainda pode variar de 10% a 30% se o benefício é

concedido pelas regras de transição ou regas permanentes.87

Para os segurados que não conseguiram cumprir com o tempo de contribuição

antes da Emenda, foram criadas regras de transição que estão dispostas no art. 21

da Emenda Constitucional 103/2019.

“Art. 21. O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado ao

Regime Geral de Previdência Social ou ingressado no serviço público em

cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional

cujas atividades tenham sido exercidas com efetiva exposição a agentes

químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses

agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação,

desde que cumpridos, no caso do servidor, o tempo mínimo de 20 (vinte) anos

de efetivo exercício no serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo

em que for concedida a aposentadoria, na forma dos arts. 57 e 58 da Lei nº

8.213, de 24 de julho de 1991, poderão aposentar-se quando o total da soma

86 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 653 87 https://ianvarella.jusbrasil.com.br/artigos/862891268/como-ficou-a-aposentadoria-especial-apos-a-reforma Acesso em 05 de maio de 2021.

Page 49: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

49

resultante da sua idade e do tempo de contribuição e o tempo de efetiva

exposição forem, respectivamente, de:

I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva exposição;

II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e

III - 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição.

§ 1º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o cálculo

do somatório de pontos a que se refere o caput. § 2º O valor da aposentadoria

de que trata este artigo será apurado na forma da lei.

§ 3º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios cujas atividades sejam exercidas com efetiva

exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou

associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria

profissional ou ocupação, na forma do § 4º-C do art. 40 da Constituição

Federal, as normas constitucionais e infraconstitucionais anteriores à data de

entrada em vigor desta Emenda Constitucional, enquanto não promovidas

alterações na legislação interna relacionada ao respectivo regime próprio de

previdência social.”88

Stuchi aborda o tema nesse mesmo sentido:

“A Emenda Constitucional 103, de 2019, também estabeleceu, em seu art. 21, outra regra de transição. O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado ao Regime Geral de Previdência Social ou ingressado no serviço público em cargo efetivo até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103, cujas atividades tenham sido exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação, desde que cumpridos, no caso do servidor, o tempo mínimo de 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria, na forma dos arts. 57 e 58 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, poderão aposentar-se quando o total da soma resultante da sua idade e do tempo de contribuição e o tempo de efetiva exposição forem, respectivamente, de:

I – 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva exposição;

II – 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e

III – 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição.”89

88 Brasil. Constituição (1988). Emenda constitucional nº103/2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm

89 STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020. p. 113.

Page 50: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

50

Portanto, o segurado que tenha se filiado ao Regime Geral da Previdência

Social até a promulgação da reforma, onde esse tenha exercido as atividades sob

exposição de agentes químicos, biológicos prejudiciais à saúde ou fisiológicos, não

entrando os por categoria profissional ou ocupação.

Não havendo nenhuma diferenciação para homens ou mulheres, ambos

deveram alcançar a mesma pontuação e o mesmo tempo de atividade especial.

Mesmo nas regras de transição o valor será calculado em 60% do benefício,

levando em conta a média salarial de todas as contribuições a partir de julho de 1994,

corrigidos conforme o tempo.90

Com a nova regra ainda pode haver mais demandas judiciais, como explica

Lazzari:

“Outro aspecto da regra de transição que poderá gerar demandas judiciais é

a previsão de aplicação apenas para os segurados “cujas atividades tenham

sido exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos

prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização

por categoria profissional ou ocupação”.

Não há razão para essa restrição, pois antes da EC 103/2019 não havia

impedimento legal para o reconhecimento de tempo especial em face da

periculosidade, e a vedação por categoria profissional surgiu apenas com a

Lei 9.032/1995.

APOSENTADORIA ESPECIAL: REGRA DE TRANSIÇÃO

Tempo Mínimo de Atividade

Especial

Pontos (soma da idade + tempo de contribuição)

15 anos 66 anos

20 anos 76 anos

25 anos 86 anos

RMI: 60% do valor do salário de benefício (média integral de todos os salários de

contribuição desde julho de 1994, corrigidos monetariamente), com acréscimo de dois

pontos percentuais para cada ano que exceder o tempo de 20 anos de contribuição para os

90 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. p. 84

Page 51: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

51

homens e de 15 anos para as mulheres. O acrescimento de dois pontos percentuais será

aplicado a partir dos 15 anos, inclusive para homens, em caso de atividades que geram

aposentadoria com esse tempo.”91

Assim, respeitando todas as regras e requisitos apresentados, o segurado terá

direito ao início do benefício quando foi desligado da empresa, ou quando der entrada

ao requerimento.

O beneficiário que continuar ou retornar a praticar atividades que sejam

comprovadamente insalubres, irão deixar de receber seu benefício, tendo sua

aposentadoria cancelada, como determinado pela Lei n.º 9.732/1998.

Essa norma veda a continuidade do trabalhador de exercer atividade especial,

mas não veda que exerça atividade comum, portanto, esse deverá se realocar para

trabalhar em funções que não se enquadrem como atividade insalubres. Não

respeitando tais normas, esse empregado terá sua aposentadoria cassada, como

explica Castro:

“Na regulamentação do art. 57, § 8º da LBPS, o Decreto n. 3.048/1999 (art.

69, parágrafo único) estabelece que o segurado que retornar ao exercício de

atividade ou operação que o sujeite aos riscos e agentes nocivos constantes

do Anexo IV do Decreto n. 3.048/1999, ou nele permanecer, na mesma ou

em outra empresa, qualquer que seja a forma de prestação do serviço ou

categoria de segurado, será imediatamente notificado da cessação do

pagamento de sua aposentadoria especial, no prazo de 60 dias contados da

data de emissão da notificação, salvo comprovação, nesse prazo, de que o

exercício dessa atividade ou operação foi encerrado. Curiosamente, não há

penalização prevista para o empregador que exija do segurado já aposentado

que trabalhe em condições nocivas à saúde.” 92

Consoante a isso o STF adotou duas teses a respeito do tema:

91 CASTRO, Carlos Alberto pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020. 92 CASTRO, Carlos Alberto Parreira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 648

Page 52: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

52

“o STF, ao julgar o Recurso Extraordinário com Repercussão Geral – Tema

709, validou o referido dispositivo, fixando as seguintes teses:

I) É constitucional a vedação de continuidade da percepção de aposentadoria

especial se o beneficiário permanece laborando em atividade especial ou a

ela retorna, seja essa atividade especial aquela que ensejou a aposentação

precoce ou não.

II) Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a

exercer o labor especial, a data de início do benefício será a data de entrada

do requerimento, remontando a esse marco, inclusive, os efeitos financeiros.

Efetivada, contudo, seja na via administrativa, seja na judicial a implantação

do benefício, uma vez verificado o retorno ao labor nocivo ou sua

continuidade, cessará o benefício previdenciário em questão (RE 788.092,

Tribunal Pleno, Sessão Virtual, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe 16.6.2020).”93

Assim, temos que a partir do momento em que o indivíduo passa a receber o

benefício de aposentadoria especial, esse fica impossibilitado pela Lei de laborar

novamente na função pelo qual foi utilizado para o requerimento do benefício, ficando

sujeito a retirada do mesmo em descumprimento a essa lei. Entretanto, o beneficiário

não fica proibido de laborar outras atividades, desde que não seja relacionada com a

do requerimento, como citado.

Assim, devido a essas novas mudanças a aposentadoria especial encontrou

novos obstáculos para sua concessão, em decorrência da grande dificuldade do

cumprimento de todos os requisitos necessários, ou seja, os assegurados, por

consequência, deixarão de exercer atividades especiais pelo fato de que esse será

difícil de ser requerido e não será computado de maneira diferente no caso da

transformação em tempo comum.

93 CASTRO, Carlos Alberto Parreira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 541

Page 53: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

53

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todo tema apresentado, podemos ver que a previdência foi

implantada no mundo todo de maneira lenta, começando por Von Bismarck apenas

no 19 na Alemanha.

Por sua vez William Beveridge vem e apresenta críticas ao sistema

bismarckiano, pois alegava que esse não era divido de maneira justa entre todos

aqueles que necessitavam.

Diante disso, o conceito de proteção social só veio a ser pautado mundialmente

a partir de 1948 na Declaração Universal de Direito Humanos.

No Brasil a aposentadoria demorou para ser regulada de maneira bem

estruturada e com seus moldes estipulados na lei. O país, para dar início ao sistema

que hoje apresenta utilizou de vários modelos já existentes em outros países.

Tivemos no decorrer das nossas constituições artigos e leis que regulavam

algumas espécies se assistência social e modelos nesse sentindo, entretanto, até a

constituição de 1988 não havia ainda a regulação por completa de todos os institutos

que cuidavam do assunto.

A criação da seguridade social pode ser vista como um grande marco, onde

antes desta existia apenas um “seguro social” onde apenas os trabalhadores eram

aparados por tal dispositivo.

Após dado início a seguridade social em si, essa passou a regular não apenas

a respeito dos trabalhadores que contribuíam, mas sim, com todos os indivíduos da

sociedade, visando prover a saúde a todos de maneira democratizada e igualitária e

o mínimo para sobreviver para quem não tinha condições de exercer atividades que

lhe rendessem a possibilidade de se manter. Sendo assim, portanto, esse um direito

a todos que está na Constituição Federal.

Ainda, no tocante a seguridade social, foram criados princípios para nortear

como essa deveria ser usada, esses estando arrolados no art. 194 da constituição e

mais um que não está no texto da carta magna, a fim de que todos esses usados de

maneira conjunta promovessem o acesso a todos, de maneira que cobriria desde os

que contribuem para o sistema até os que não contribuem e necessitam, promovendo

assim uma solidariedade entre todos.

Page 54: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

54

Levando em conta tudo que foi exposto, podemos ver que a Emenda

Constitucional n.º 103 de 2019 foi promulgada com intuito de reduzir custos e suprir

os déficits deixados pelos anos que se passaram, contrariando os princípios que

tinham por motivo ajudar os indivíduos.

A proposta de eliminar regimes próprios é um bom exemplo disso, já que com

o Regime Geral da Previdência Social sendo regulado por apenas uma lei e apenas

um órgão daria mais eficiência, tanto no que tange aos benefícios quanto aos valores

econômicos disponibilizados para isso.

Os novos benefícios da aposentadoria foram drasticamente reduzidos, alguns

sendo até excluídos, ficando mais difícil de serem obtidos em algumas ocasiões.

Mesmo com a criação de regras de transição, o segurado que tinha uma boa

perspectiva acabou sendo “premiado” com a reforma da previdência, devendo se

adequar as novas leis.

No caso da aposentadoria especial, antes da reforma os meios para obtenção

do benefício já eram difíceis pelo fato da quantidade de anos a serem cumpridos em

uma atividade que podia lhe causar danos à saúde e integridade física e pelo fato da

dificuldade da obtenção do benefício não sendo pelas vias judiciais, pois era difícil

comprovar as atividades insalubres e o INSS reconhece-las, agora, com a instituição

desse novo regime que regulamenta a aposentadoria ficou ainda pior, visto que agora

além do segurado ter que cumprir o tempo de contribuição para suas atividades, tem

que atingir uma idade mínima como requisito para que consiga ter direito ao benefício.

Não obstante, um dispositivo que deveria ser preventivo para o segurado,

passou a ser algo totalmente longe disso, onde em diversas vezes o trabalhador teve

que apresentar em quais pontos a função lhe foi prejudicial, sendo que o benefício

deveria evitar tal situação.

Outro ponto bastante criticado que piorou, versa a respeito da conversão do

tempo especial em comum, onde agora esse não será mais convertido de uma forma

mais benéfica, ficando igualado com o tempo de contribuição normal, ou seja, o

trabalhador que exerce atividade insalubre será contabilizado como trabalhador que

exerce funções normais no caso de uma conversão ao não atingir o mínimo para o

benefício especial.

Dessa maneira podemos ver que a Emenda Constitucional focou apenas nas

melhorias financeiras e visou reduzir custos com a concessão das novas modalidades

Page 55: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

55

de benefícios, deixando, portanto, o segurado a deriva de leis que vão em

desencontros com os princípios que norteiam a seguridade social, principalmente no

que tange ao segurado por atividade especial.

Page 56: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

56

REFERÊNCIAS

AGOSTINHO, Theodoro. Manual de direito previdenciário. São Paulo: Saraiva

Educação, 2020

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Brasil. Constituição (1988). Emenda constitucional nº103/2019. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista Direito. Comentários a

Reforma da Previdência. Rio de Janeiro-RJ. Editora Forense, 2020

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 24ª ed. Rio

de Janeiro: Forense, 2021

DIAS, Eduardo Rocha; MONTEIRO DE MACÊDO, José Leandro. Curso de Direito

Previdenciário. 3ª Edição. Editora METODO, 2021.

HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. Barueri-SP: Editora Manoele,

2011.

https://ianvarella.jusbrasil.com.br/artigos/862891268/como-ficou-a-aposentadoria-

especial-apos-a-reforma

https://transicao.planejamento.gov.br/wp-

content/uploads/2018/11/Informa%C3%A7%C3%B5es-Estrat%C3%A9gicas-

Minist%C3%A9rio-do-Planejamento_vers%C3%A3o-

publica%C3%A7%C3%A3o_completa.pdf.

LEIRIA, Maria Lucia Luz. Direito previdenciário e estado democrático de direito:

uma (re)discussão à luz da hermenêutica. Porto Alegre: Livraria do Advogado,

2001.

MARTINEZ, Luciano. Reforma da previdência: Emenda Constitucional n. 103, de

12 de novembro de 2019: entenda o que mudou. São Paulo-SP: Saraiva, 2020

Page 57: Monografia Matheus Guilherme Kinach Caria (1)

57

MORALES, Cláudio Rodrigues. O Direito Previdenciário Moderno e sua

Aplicabilidade ante o princípio da segurança Jurídica. São Paulo: LTR, 2009.

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 6 DE 2019. Disponível em:

https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/137999

ROCHA, Daniel Machado da. O Direito Fundamental à previdência social na

perspectiva dos princípios constitucionais diretivos do sistema previdenciário

brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.

SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 6ª Edição.

Saraiva, 2016.

SANTOS, Marisa Ferreira Dos. ESQUEMATIZADO – DIREITO PREVIDENCIÁRIO.

11 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.

STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1. ed. – Rio

de Janeiro: Método, 2020

Súmula nº 49 TNU

https://www.cjf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=49&PHPSESSID=kjt0t9h9qcbr

hatkapve9mbm83

Súmula 62 - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS

FEDERAIS - DOU 03/07/2012. Disponível em:

https://www.cjf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=62&PHPSESSID=70r5tqsduath

3h3f57r37p61r1

Súmula 359 STF.

http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1580

TORRES, Fabio Camacho Dell`Amore. Princípios da Seguridade Social. in Revista

Âmbito Jurídico.com.br. Disponível em HTTP://www.ambito-

jurídico.com.br/site/?n_link=revista_artigos-leitura.