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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ALYCE M. HEIDERSCHEIDT A CONTRIBUIÇĂO DO USO DA BICICLETA NO GERENCIAMENTO DA MOBILIDADE URBANA: Um estudo de caso no campus da Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis 2010

Monografia Mobilidade Urbana

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Qual a contribuição do Uso da Bicicleta no Gerenciamento da Mobilidade Urbana.

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Page 1: Monografia Mobilidade Urbana

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

ALYCE M. HEIDERSCHEIDT

A CONTRIBUIÇĂO DO USO DA BICICLETA NO

GERENCIAMENTO DA MOBILIDADE URBANA:

Um estudo de caso no campus da Trindade da Universidade Federal

de Santa Catarina

Florianópolis

2010

Page 2: Monografia Mobilidade Urbana

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

ALYCE M. HEIDERSCHEIDT

A CONTRIBUIÇĂO DO USO DA BICICLETA NO

GERENCIAMENTO DA MOBILIDADE URBANA:

Um estudo de caso no campus da Trindade da Universidade Federal

de Santa Catarina

Trabalho apresentado à disciplina de Estágio Supervisionado - CAD5236 do

curso de Administração da Universidade Federal de Santa Catarina, para

aprovação de disciplina.

Orientadora: Alessandra de Linhares Jacobsen

Florianópolis

2010

Page 3: Monografia Mobilidade Urbana

Alyce M. Heiderscheidt

A CONTRIBUIÇĂO DO USO DA BICICLETA NO

GERENCIAMENTO DA MOBILIDADE URBANA: Um estudo de

caso no campus da Trindade da Universidade Federal de Santa

Catarina

Este (a) Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado(a)

adequado(a) para aprovação da disciplina.

Florianópolis, 13 de julho de 2010.

Prof. Dr. Marcos Baptista Lopez Dalmau

Coordenador do Curso

Universidade Federal de Santa Catarina

Banca Examinadora:

Profa. Dra.Alessandra de Linhares Jacobsen, Dra.

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Dr. Claudelino Martins Dias Junior

Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Dr. Vinícius Andrade Brei

Universidade Federal de Santa Catarina

Page 4: Monografia Mobilidade Urbana

RESUMO

HEIDERSCHEITDT, Alyce M. A contribuiçăo do uso da bicicleta no

gerenciamento da mobilidade urbana: Um estudo de caso no

campus da Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. 2010. 106f. Trabalho de Conclusão de Estágio

(Graduação em Administração). Curso de Administração. Universidade

Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.

A fim de verificar o papel da bicicleta no Gerenciamento da Mobilidade

Urbana do Campus Universitário da UFSC no Bairro Trindade, o

trabalho aborda problemas e questões de mobilidade urbana na cidade

em estudo, com ênfase na prioridade dada ao transporte motorizado

individual, que causa problema de exclusão social através da

privatização do espaço coletivo. Nesse contexto de vulnerabilidade de

ciclistas, buscam-se identificar os fatores que influenciam o uso da

bicicleta por parte de alunos de graduação da referida Universidade. Os

fatores que influenciam o uso da bicicleta como meio de transporte para

ciclistas e não-ciclistas, são analisados por meio de pesquisa

bibliográfica e documental. Projetos relevantes de uso da bicicleta são

tratados como referência para o desenvolvimento de planejamento ciclo

viário, cujos conceitos e diretrizes norteiam o estudo. O diagnóstico de

uso da bicicleta é obtido por meio de análise de dados secundários e

aplicação de questionário estruturado, que aponta o fator tempo de

deslocamento como estimulante para o uso da bicicleta. A amostra de

467 estudantes universitários influenciou tal resultado, e permite

identificar potenciais usuários. Estudo das viagens realizadas por

ciclistas e o estímulo ao uso de bicicleta com base no gerenciamento da

mobilidade urbana destinado a priorizar o deslocamento de pessoas

guiam as conclusões do estudo. Possibilidades de futuras pesquisas

constituem a base para implantação de um sistema que invista e priorize

a intermodalidade dos meios de transporte, levando em consideração o

uso da bicicleta através de organização, controle e planejamento dos

espaços, no sentido de gerar oportunidades de maneira igualitária aos

seus usuários. Com isso, sugere-se que sejam desenvolvidas pesquisas

em que se possa estruturar e aplicar medidas de gerenciamento da

mobilidade voltadas aos Pólos Geradores de Viagens, especificamente

aos estabelecimentos de Ensino Superior.

Palavras-chave: Gerenciamento. Mobilidade. Bicicleta.

Page 5: Monografia Mobilidade Urbana

LISTA DE FIGURAS

Figura 29: Interface da Página de Aluguel de Bicicletas

de Blumenau..........................................................................................81

Page 6: Monografia Mobilidade Urbana

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1: Bicicleta dobrável da Dahon...........................................42 Fotografia 2: Bicicleta da Pegeout........................................................43 Fotografia 4: Centro Tecnológico - Campus Trindade.........................52 Fotografia 5: Projeto Ciclovia Ecoeficiente..........................................53 Fotografia 28: Bicicletário da Ascobike em Mauá, o maior das

Américas.................................................................................................80 Fotografia 30: Integração de Aluguel de Bicicletas em Blumenau no

Cartão Siga.............................................................................................82

Page 7: Monografia Mobilidade Urbana

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 6: Distribuição do sexo.............................................................55 Gráfico 7: Distribuição da escolaridade com relação ao uso

da bicicleta.............................................................................................56 Gráfico 8: Distribuição dos atributos relacionados ao uso

da bicicleta.............................................................................................58 Gráfico 9: Distribuição de freqüência do uso da bicicleta

por semana.............................................................................................59 Gráfico 10: Distribuição da distância percorrida..................................60 Gráfico 11: Distribuição do local de percurso de ciclistas....................61 Gráfico 12: Atributos da não utilização da bicicleta como meio de

transporte................................................................................................62 Gráfico 13: Distribuição do modal de não-ciclistas..............................63 Gráfico 14: Distribuição do atributo segurança na decisão de não-

ciclistas...................................................................................................64 Gráfico 15: Distribuição do atributo Infra-estrutura na decisão de não-

ciclistas...................................................................................................64 Gráfico 16: Distribuição do atributo Ciclovias e Ciclofaixas na decisão

de não-ciclistas.......................................................................................65 Gráfico 17: Distribuição do uso da bicicleta em relação ao tempo.......66 Gráfico 18: Distribuição da satisfação com políticas de transporte......68 Gráfico 19: Distribuição do uso do Transporte Público ou alternativo

em horário de pico..................................................................................70 Gráfico 20: Distribuição da opinião de ciclistas quanto ao

Gerenciamento da Mobilidade Urbana da UFSC...................................71 Gráfico 21: Distribuição da opinião de não-ciclistas quanto ao

Gerenciamento da Mobilidade Urbana da UFSC...................................72 Gráfico 22: Distribuição do atributo Distância do Deslocamento em

ordem de importância.............................................................................75 Gráfico 23: Distribuição do atributo Oferta de Ciclofaixas e Ciclovias

em ordem de importância.......................................................................76 Gráfico 24: Distribuição do atributo Segurança em ordem de

importância.............................................................................................76 Gráfico 25: Distribuição do atributo Campanhas Educativas e de

Marketing em ordem de importância.....................................................77 Gráfico 26: Distribuição do atributo Tecnologias para Bicicletas em

ordem de preferência..............................................................................78

Page 8: Monografia Mobilidade Urbana

Gráfico 27: Distribuição do atributo Serviço de Locação de Bicicletas

em ordem de preferência........................................................................78

Page 9: Monografia Mobilidade Urbana

LISTA DE QUADROS

Quadro 3: Cálculo do tamanho da amostra...........................................48

Page 10: Monografia Mobilidade Urbana

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição da importância de fatores que influenciam o uso

da bicicleta em escala ordinal de preferência.........................................74

Page 11: Monografia Mobilidade Urbana

LISTA DE ABREVIATURAS

ABRAMCET – Associação Brasileira de Monitoramento e Controle

Eletrônico de Trânsito

ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos

BPP – Bicycle Partnership Program

CCA – Centro de Ciências Agrárias

CCB – Centro de Ciências Biológicas

CCE – Centro de Comunicação e Expressão

CCJ – Centro de Ciências Jurídicas

CCS – Centro de Ciências da Saúde

CDS – Centro de Desportos

CED – Centro de Ciências da Educação

CEFID – Centro de Ciências da Saúde e do Esporte

CETRAN – Conselho Estadual de Trânsito

CFH – Centro de Filosofia e Ciências Humanas

CFM – Centro de Ciências Físicas e Matemáticas

CONFRADIFE – Conselho de Trânsito do Distrito Federal

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CSE – Centro Sócio-Econômico

CTC – Centro Tecnológico

CTM – Campus Transport Management

DER – Departamento de Estradas e Rodagens

GM – Gerenciamento da Mobilidade

IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPUF – Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis

ITS – Intelligent Transportation Systems

JARI – Junta Administrativa de Recursos de Infrações

MOST – Management of Social Transformations Programme

NUPAF – Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde

ONG – Organização não Governamental

PDDSF – Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de

Florianópolis

PGVs – Pólo Geradores de Viagens

SAMBA – Solução Alternativa para Mobilidade por Bicicletas de

Aluguel

SC – Santa Catarina

SEDUMA – Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Page 12: Monografia Mobilidade Urbana

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UnB – Universidade de Brasília

Page 13: Monografia Mobilidade Urbana

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................14 1.1 Objetivos.........................................................................................17 1.2 Justificativa.....................................................................................17 1.3 Estrutura do trabalho....................................................................18 2.1 Mobilidade urbana.........................................................................20 2.1.1 Mobilidade urbana sustentável.....................................................22 2.2 Gerenciamento da mobilidade.......................................................25 2.2.1 Pólo gerador de viagem................................................................28 2.3 Fatores que influenciam o uso da bicicleta...................................29 2.3.1 Cultura...........................................................................................30 2.3.2 Educação no Trânsito....................................................................35 2.3.3 Segurança......................................................................................37 2.3.4 Marketing......................................................................................39 2.3.5 Tecnologia.....................................................................................40 3.1 Etapa descritiva..............................................................................46 3.2 Limitações.......................................................................................49 4.1 A UFSC e a bicicleta......................................................................51 4.2 Análise dos dados...........................................................................54 4.2.1 Perfil dos entrevistados................................................................54 4.2.2 Identificação dos fatores que influenciam o uso da bicicleta como meio de transporte.................................................................................57 4.2.3 Mobilidade urbana........................................................................67 4.2.4 Verificação da importância de tais fatores para ciclistas e não-ciclistas em escala ordinal de preferência.............................................73 4.2.5 Apresentação de recomendações para o gerenciamento do sistema

ciclo viário..............................................................................................79 5 CONCLUSÃO....................................................................................83 5.1 Recomendações...............................................................................85 REFERÊNCIAS...................................................................................87 APÊNDICES.........................................................................................98 APÊNDICE A – Questionário aplicado..............................................99 APÊNDICE B – Plano Diretor Participativo de Florianópolis

(adaptado)...........................................................................................106 ANEXOS.............................................................................................112 ANEXO A – Lei nº 15.168, de 11 de maio de 2010..........................113 ANEXO B – Lei Complementar nº 078/2001...................................118 ANEXO C – Lei Complementar nº 155, de 17 de janeiro

de 2005................................................................................................125

Page 14: Monografia Mobilidade Urbana

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1 INTRODUÇÃO

Ainda que disponha de um grande potencial para o uso da

bicicleta como transporte alternativo, o Brasil investe pouco em infra-

estrutura para este tipo de veículo. São apenas 600 quilômetros de vias

para uso exclusivo de bicicletas, as chamadas ciclovias. Este número é

acanhado se comparado à frota nacional que é hoje de 50 milhões de

bicicletas. O Ministério das Cidades reconhece a existência de uma crise

de mobilidade que engloba as questões de transporte público e trânsito,

exigindo resoluções que superem sua análise fracionada.

Neste sentido, a Secretaria de Transporte e da Mobilidade

Urbana (Ministério das Cidades), foi instituída no Ministério das

Cidades com a finalidade de formular e programar a política de

mobilidade urbana sustentável, entendida como:

a reunião das políticas de transporte e de

circulação, e integrada com a política de desenvolvimento urbano, com a finalidade de

proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os modos de

transporte coletivo e os não-motorizados, de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável.

(BRASIL, 2010).

A busca do efeito de um conjunto de políticas de transporte e

circulação que visam oferecer o acesso amplo e democrático ao espaço

urbano, através da priorização dos modos de transporte coletivo e não

motorizados de maneira real e positiva, socialmente inclusiva e

ecologicamente sustentável, prioriza uma abordagem que apresenta

como centro das atenções, o deslocamento das pessoas e não dos

veículos.

De acordo com Brasil (2009), em Santa Catarina, na cidade de

Joinville, conhecida como cidade das bicicletas, a mobilidade está

avaliada em aproximadamente 1,34 milhões de deslocamentos por dia

útil, e ocorre através do uso de muitos modos de transporte motorizados

e não motorizados, tais como a pé, bicicleta, motos e autos e por ônibus.

Dentre os modais, 10% dos deslocamentos são realizados pelo modo

bicicleta na cidade.

Já, Florianópolis, tem o segundo pior índice de mobilidade do

mundo e o deslocamento mais complicado entre 21 das principais

Page 15: Monografia Mobilidade Urbana

15

capitais brasileiras (FLORIANÓPOLIS, 2009). A conclusão é de um

pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Valério Medeiros. A

cidade possui somente 18,5km de ciclovias em sua maioria, localizadas

na região central. Para Medeiros, ao longo do tempo, causou-se uma

segregação espacial e perda de área nos deslocamentos em função da

falta de investimentos na década de 60 e 70. O pesquisador sugere duas

estratégias para amenizar o problema. A primeira seria criar novas

ligações entre o Continente e a Ilha. A segunda é promover a integração

entre vários meios de transportes.

No tocante ao assunto, o vice-prefeito e o secretário de Obras

de Florianópolis tratou de reunir-se com representantes da comunidade

da Lagoa da Conceição para discutir a obra de revitalização da Avenida

Osni Ortiga, que vai ganhar uma ciclovia e passeios para pedestres

(AVENIDA, 2009). A ciclovia Rota 9, na Avenida Osni Ortiga/Porto da

Lagoa, terá uma extensão total de 3,2 quilômetros, sendo dois de vias

exclusivas para bicicletas e 1,2 quilômetro de compartilhada de baixa

velocidade. A faixa vai ligar a Avenida das Rendeiras ao Rio Tavares

fazendo conexão com outras duas rotas de ciclovias que servirão a

região (AVENIDA, 2009).

Não resta dúvida de que há sérios problemas de mobilidade

urbana, e mesmo com a geografia como um dos fundamentais motivos

de obstáculos em se deslocar de carro em Florianópolis, causando a não-

continuidade da malha viária, a falta de conexões entre os bairros gerou

um mapa fragmentado, sem ciclovias para pequenas viagens.

Florianópolis tem características geográficas singulares, por

ser uma ilha com montanhas, dunas, restingas, que coexistem lado a

lado com a vida urbana. Diante disto, uma cidade com essas diferenças

tem como missão planejar-se em termos de mobilidade. Caso contrário,

terá um índice de qualidade de vida bem inferior ao que se tem hoje,

ocasionando em futuras perdas de investimentos privados.

Dados de 2009 revelam que mais de 38 vias na capital

trabalham com pontos de fluxo de veículos próximos ou acima da

capacidade nas horas de pico. Muitas são essenciais como a avenida

Professor Pedro Henrique de Silva Fontes, que recebe o fluxo dos campi

da Universidade Federal e Estadual, a rodovia Ademar Gonzaga, que

liga o centro à Lagoa da Conceição e o trevo da Seta, que dá acesso ao

aeroporto e região do Campeche (AVENIDA, 2009).

Caso nenhuma alteração seja feita, mais 12 vias alcançarão o

limite de sua capacidade em diversos pontos nos próximos dois anos. O

estudo foi realizado a partir de um convênio firmado entre a

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Laboratório de

Page 16: Monografia Mobilidade Urbana

16

Sistemas de Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS) e o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis

(IPUF).

Uma das alternativas para que o transporte urbano em

Florianópolis opere de forma eficiente é a substituição deste modelo. "O

transporte deve ser pensado priorizando o trinômio pedestre, ciclista e,

por fim, transporte público", afirma Francisco Ferreira, professor do

Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC e coordenador do

Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Ecologia e Desenho Urbano. Esta

mudança deve se refletir no espaço cedido a cada uma destas formas de

transporte. "Reduzindo a largura da faixa destinada aos automóveis,

pode-se criar espaço suficiente para a construção de uma ciclovia",

indica Ferreira. Para o professor, estas alterações não trazem prejuízo

para o trânsito já que a maioria das ruas da capital pode ter suas pistas

reduzidas (AVENIDA, 2009).

A necessidade de inventar ambientes destinados para os

deslocamentos a pé e por bicicleta torna-se relevante em um âmbito

nacional, quando os efeitos de uma política de transportes não atendem

mais às necessidades indispensáveis de todos os usuários e acaba, por

fim, fomentando o benefício superficial de algumas classes sócio-

econômicas, como é o caso de Florianópolis. Por isso, o planejamento

urbano deve discutir políticas que encoraje o pedalar e o caminhar. As

redes entre as atividades urbanas dão flexibilidade ao estilo de vida das

pessoas, uma vez que permitem a combinação de diferentes tipos de

transporte para que estas possam chegar ao seu destino. Essas redes de

serviços de transporte localizadas em zonas de transição são o local

principal para implantação da gestão da mobilidade.

A Universidade Federal de Santa Catarina coopera no sentido

de fomentar discussões em seu espaço e apoiar ações que promovam o

uso de transportes alternativos. Como exemplos, citam-se a existência

de programas de extensão envolvidos com projetos, como a Plataforma

Catarinense de Mobilidade Sustentável (GRUPO CICLO BRASIL,

2009), discussões sobre o Plano Diretor Participativo (2006) (Apêndice

B), e debates com a comunidade sobre propostas de um sistema ciclo

viário em Florianópolis, interligando o campus da Trindade da UFSC

aos principais pontos da cidade. Além disso, estudos intermodais, além

da localização, fazem da UFSC a opção com maior potencial de permitir

e incentivar a combinação de diferentes tipos de transporte na região de

Florianópolis.

Se a demanda por deslocamento de trajetos curtos puder ser

respondida com atividades que promovam a qualidade de vida e

Page 17: Monografia Mobilidade Urbana

17

apresentem baixos investimentos frente aos benefícios da implantação

da gestão da mobilidade, fica então a pergunta: Qual a contribuição da

bicicleta no gerenciamento da mobilidade urbana na região do

campus da Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina?

1.1 Objetivos

Devido ao contexto situado para o problema de pesquisa, o

objetivo geral do trabalho é analisar a contribuição do uso da bicicleta

no gerenciamento da mobilidade urbana na região do campus da

Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina. Para atingi-lo, faz-

se necessário trabalhar os seguintes objetivos específicos:

a) Identificar o perfil dos entrevistados;

b) Identificar os fatores que influenciam o uso da bicicleta

como meio de transporte;

c) Apontar a percepção dos entrevistados quanto aos aspectos

relacionados à mobilidade urbana;

d) Verificar a importância de fatores que influenciam o uso da

bicicleta como meio de transporte para ciclistas e não

ciclistas;

e) Apresentar recomendações para o gerenciamento do

sistema ciclo viário;

1.2 Justificativa

O trabalho é viável devido à disponibilidade de tempo,

recursos físicos e materiais, acesso às informações, e haja vista à

aplicabilidade, a ser realizada em local acessível e com amostra

representativa para o estudo.

Para a acadêmica, a relevância apresenta-se através da

contribuição de expor à população sob a ótica da sustentabilidade e

urbanidade, apresentar as potencialidades identificadas do uso da

bicicleta no planejamento do espaço urbano da Universidade, e as

conseqüências das escolhas de locomoção dos indivíduos.

A oportunidade encontra-se em contribuir com a melhoria das

condições de Mobilidade da UFSC, ao identificar um conjunto de

recomendações que podem ser implantadas no campus da universidade,

Page 18: Monografia Mobilidade Urbana

18

para estimular o uso de um meio de transporte alternativo ao carro.

Nestes termos, apresenta-se um conjunto de recomendações para o

gerenciamento da mobilidade urbana no campus da Trindade da

Universidade Federal de Santa Catarina, com base no uso da bicicleta

como alternativa de transporte urbano.

1.3 Estrutura do trabalho

O trabalho inicia com a contextualização a respeito das

experiências do uso da bicicleta no Brasil e em Santa Catarina, que são

referências para o desenvolvimento do planejamento ciclo viário,

colocando o problema e as questões que pretende abordar, seguindo-se

da apresentação dos objetivos, e justificativa da pesquisa.

No capítulo 2, a revisão de literatura aborda aspectos relativos

ao gerenciamento da mobilidade urbana, tecnologias existentes, e os

atributos considerados influenciadores no uso da bicicleta

Em seguida, no capítulo 3, apresenta-se a metodologia

empregada e a técnica de pesquisa adotada para o levantamento dos

dados.

O capítulo 4 é apresentado o estudo de caso da UFSC, bem

como os resultados da pesquisa de campo.

Finalmente, no capítulo 5, o último, são delineadas as

conclusões obtidas com o desenvolvimento da pesquisa e são trazidas

recomendações para a realização de futuros trabalhos.

Page 19: Monografia Mobilidade Urbana

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

As grandes mudanças na sociedade envolvem o processo de

urbanização que o mundo vive. A política de mobilidade pautada no uso

ilimitado do automóvel, a falta de ações no sentido de construir a cidade

para todos, levou a um crescimento desordenado, característico dos

principais centros urbanos.

O processo de expansão da produção do automóvel

inviabilizou outros meios de transporte e ocupou espaços públicos e

privados para construção de novos acessos. Desde então o automóvel

ficou interligado à liberdade e velocidade, e restituiu-se como símbolo

de maturidade, status e poder.

“Nas grandes cidades, o automóvel exige que o sistema viário

seja de grande porte, com grandes avenidas e até vias expressas”

(CAMPOS FILHO, 1999, p. 88).

Illich (1975) classifica o impacto dos deslocamentos

motorizados em destruição do ambiente físico, disfunções econômicas e

sociais, energéticas, falta de tempo, espaço e sedentarismo. O autor

elabora o seguinte raciocínio: O americano típico dedica mais de 1.500

horas do ano (que são 30 horas por semana, ou 4 horas por dia incluindo

domingos) a seu carro. E conclui que, as promessas publicitárias de

liberdade são justamente o lugar da escravidão contemporânea.

Convergindo com Illich (1975), Peter Hall (1988) pressupõe

que todas as urbanizações construídas em função do automóvel foram

realizadas pela iniciativa privada objetivando o lucro. Projetadas para

dar dinheiro, dinheiro deram. O êxito deveu-se à qualidade do projeto e

ao recurso a convênios privados que garantiram a manutenção dessa

qualidade. Para o autor, houve também uma versão altamente idealizada

da cidade do automóvel, que transferiu o direito à cidade somente

àqueles com condição econômica para tal. Com isso, cada vez mais

pessoas são levadas a fazer uso do transporte individual em detrimento

do coletivo.

De acordo, Campos Filho (1999) coloca que com relação aos

problemas urbanos, estes existem apenas por uma falta de racionalidade

e honestidade do governo ou dos cidadãos. A racionalidade para o autor

seria obtida por meio de estudos sistemáticos sérios que dissecariam os

problemas, indicando-lhes a melhor solução. Desse modo, o autor

acredita que a ignorância da realidade dos fatos a ser superada através de

análise sistemática, seria a causa básica do estado caótico das cidades.

Page 20: Monografia Mobilidade Urbana

20

Assim, em 1960, 44,7% da população brasileira habitavam as

cidades e não circulavam mais que 1,2 milhões de veículos. Em 2000 a

frota registrada brasileira atingia a cifra de 30 milhões de veículos,

sendo que 81,2% dos brasileiros já viviam nos centros urbanos

(RUAVIVA, 2002).

Estudos com base nos resultados do Censo 2000 oferecem

números relevantes: no Brasil, 7,4 milhões de pessoas trabalham ou

estudam fora do município de residência, o que representa 6,66% das

pessoas que trabalham ou estudam.

Em comum, o secretário nacional de Transporte e da

Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, José Carlos Xavier

(2009), coloca: “No Brasil, mais de 80% da população vive nas cidades

(...). Pesquisas realizadas pelo IPEA indicam que em apenas dez capitais

brasileiras se perdem cerca de 240 milhões de horas anualmente em

congestionamentos” (XAVIER, 2009). Com a perda de tanto tempo, a

economia perde e as pessoas também, pois se vêem imobilizadas nos

congestionamentos

2.1 Mobilidade urbana

As necessidades de mobilidade alteraram as últimas décadas,

especialmente na área urbana, em conseqüência do desenvolvimento

econômico e social. Agora a realidade é muito difícil, por isso, é

imperioso abarcar o significado de mobilidade. Nestes termos, Illich

(1975) considera que “A mobilidade humana é o único padrão válido

para se poder medir a contribuição que qualquer sistema de transporte se

vê restringido”. Observa-se que a

Mobilidade Urbana é o resultado da interação dos

deslocamentos de pessoas e bens entre si e com a

própria cidade. Isso significa que o conceito de mobilidade urbana vai além do deslocamento de

veículos ou do conjunto de serviços implantados para estes deslocamentos. Pensar a mobilidade

urbana é mais que tratar apenas transporte e trânsito. (BRASIL, 2006).

Ressalta-se, ainda, que

Page 21: Monografia Mobilidade Urbana

21

O conceito de mobilidade que vem sendo

construído nas últimas décadas encontra base na articulação e união de políticas de transporte,

circulação, acessibilidade e trânsito, com a política de desenvolvimento urbano, considerando

a configuração da cidade, equipamentos urbanos e infra-estrutura. (PIRES, 2008, p. 16)

Mobilidade trata do convívio em sociedade, das relações entre

pessoas, espaço e meio ambiente. Nesse sentido, para Andan, D‟Arcier

e Raux (1994, p. 247 apud MOURA; CASTELLO BRANCO;

FIRKOWSKI, 2005) o conceito de mobilidade refere-se à vida

cotidiana do indivíduo. Para os autores, “a mobilidade corresponde ao

conjunto de deslocamentos que o indivíduo efetua para executar os atos

de sua vida cotidiana (trabalho, compras, lazer...)”.

Desse modo, a mobilidade tem relação direta com os

transportes e estes com a dimensão da cidade, de tal sorte que parece

cabível acrescentar na agenda de pesquisa sobre as cidades, a questão

dos deslocamentos diários.

A esse respeito, Pires (2008) elucida o transporte público

como fundamental para garantir a mobilidade das pessoas,

principalmente as que se deslocam em centros urbanos, pois este é a

garantia para trabalhadores e cidadãos ao direito de ir e vir, frente às

grandes distâncias que separam os domicílios dos locais de trabalho,

estudo e lazer.

Na tentativa de solucionar as questões da crescente demanda

por transportes e oferecer melhoria na qualidade de vida urbana, nos

anos 70, os Estados Unidos iniciaram um programa denominado

Gerenciamento da Mobilidade (GM), acompanhado pela Comunidade

Européia, esta com uma abordagem mais inclusiva. Esse conceito busca

alternativas de transporte que diminuam os efeitos negativos que o

crescimento urbano traz à população, estimulando a utilização de

formas mais sustentáveis de locomoção como o transporte público, o

uso de bicicletas, viagens a pé e a integração entre os diferentes

sistemas, utilizando-se menores volumes de recursos financeiros

(PEREIRA; ARAÚJO; BALASSIANO, 2002).

Para viagens de percursos mais longos, admite-se a limitação

no uso da bicicleta como meio de transporte, dada a exaustão física que

é pedalar por vários quilômetros; contudo, se os terminais de ônibus

possuíssem infra-estrutura para transportar e integrar as bicicletas e

houvesse conforto e pontualidade na prestação do serviço público de

Page 22: Monografia Mobilidade Urbana

22

transporte de passageiros, seria possível reverter a ausência de

mobilidade urbana em cidades que apresentam este problema, como

Florianópolis. Por isso, devem-se estabelecer abordagens inovadoras e

continuadas dentro do conceito de Mobilidade numa nova perspectiva

que admita o deslocamento de pessoas, bens e serviços com menor

impacto ambiental, econômico e social, ou seja, de modo sustentável.

2.1.1 Mobilidade urbana sustentável

A mobilidade urbana sustentável pode ser compreendida como

o resultado de um conjunto de políticas que abarcam a priorização dos

modos não motorizados e coletivos de transporte, que coloque como

prioridade o deslocamento das pessoas, e não dos veículos. Portanto, a

Mobilidade Urbana Sustentável é:

[…] entendida como um conjunto de políticas de

transporte e de circulação que visam proporcionar

o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, por meio da priorização dos modos de transporte

coletivo e os não-motorizados, de forma efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente

sustentável; apoiar o desenvolvimento institucional, regulatório e de gestão do setor;

coordenar ações para a integração das políticas de mobilidade urbana e destas com as demais

políticas de desenvolvimento urbano. (BRASIL, 2006, p. 18).

Em resumo, a Mobilidade Urbana Sustentável envolve um

crescimento urbano compatível com um meio ambiente equilibrado,

com algo entendido como um verdadeiro bem público, produzido com a

participação popular, por meio de uma visão de governabilidade dos

órgãos públicos responsáveis pelo ordenamento do espaço urbano.

Atualmente, o PlanMob – Plano de Mobilidade Urbana do

Ministério das Cidades (BRASIL, 2009), surge com uma proposta que é

a de Mobilidade Urbana Sustentável. Dentro desta, em relação à

mobilidade, as cidades que possuírem mais de 500 mil habitantes

deverão fazer um Plano de Transporte Urbano Integrado. Além disso,

cidades com mais de 20 mil moradores devem apresentar um Plano

Diretor.

Page 23: Monografia Mobilidade Urbana

23

No Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de

Florianópolis – PDDSF, o capítulo 1 trata dos princípios, objetivos,

diretrizes, estratégias, políticas, programas e modelo de

desenvolvimento sustentável da cidade. O Art. 4º, parágrafo XV,

especifica que é objetivo do Plano Diretor planejar os sistemas de

transportes, o mobiliário urbano e os equipamentos públicos em geral,

de modo a assegurar a acessibilidade aos portadores de necessidades

especiais, pedestres e ciclistas.

Dentre as 33 macro-diretrizes que orientam o modelo urbano-

ambiental que fundamenta o Plano Diretor Participativo de

Florianópolis (2006), quatro são direcionadas para a mobilidade. São

elas: Desestimular o uso do transporte individual

motorizado, priorizando o sistema de transporte

coletivo público como principal solução para os problemas de mobilidade urbana, otimizando a

relação entre quantidade, qualidade e custo do sistema, visando sempre o interesse dos pedestres

e dos veículos não motorizados, especialmente dos portadores de necessidades especiais.

Criar, ampliar, diversificar e integrar o transporte coletivo público terrestre (metrô de

superfície, ônibus e micro-ônibus) e marítimo (de pessoas, veículos e carga) e integrá-los aos modais

alternativos, priorizando as áreas mais populosas do município.

Planejar, revisar e implantar um sistema viário hierarquizado e dimensionado para atender as

demandas de desenvolvimento do município, sendo compatível com a

capacidade de suporte, o uso do solo e as peculiaridades físicas, sociais,

ambientais, históricas e paisagísticas de cada local, priorizando o traçado por áreas não

ocupadas.

Planejar e implantar um sistema ciclo viário

para atender, como modal de transporte alternativo, algumas demandas de deslocamento

no município, cujo traçado das vias seja compatibilizado com as peculiaridades físicas,

ambientais e paisagísticas de cada local e que possa também, em situações específicas, servir de

elemento físico de proteção e fiscalização das

Page 24: Monografia Mobilidade Urbana

24

áreas de preservação, como rotas alternativas de

lazer.

Fortalecer o controle social sobre o Sistema de

Transporte Público, garantindo aos seus usuários uma maior participação nas esferas de decisão e

no acesso às informações gerenciais;

De acordo com Cristina Piazza, diretora de planejamento do

Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), o objetivo do

Plano Diretor (2006) é priorizar o transporte coletivo. Para isso,

propõem-se túneis, transporte marítimo e metrô de superfície

(ENGARRAFAMENTOS, 2010). O professor de arquitetura e

urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lino

Peres, é um dos críticos do sistema. O maior problema, segundo ele, é

que a mobilidade está concentrada na Ilha e não há estudos pensando na

região metropolitana. De acordo com o professor, o plano não estuda o

tráfego de maneira sistêmica, de modo a acomodar o tráfego e distribuí-

lo.

No sentido de atender às demandas de deslocamento e lazer

da população, ressalta-se a Lei Complementar nº 078/2001 (Anexo B)

que dispõe sobre o uso da bicicleta e o sistema ciclo viário, regula o uso

da bicicleta e o sistema ciclo viário, integrando-os ao sistema municipal

viário e de transportes, de modo a alcançar a utilização segura da

bicicleta como veículo de transporte alternativo. Esta Lei Complementar

entrou em vigor em 2001, ficando o Chefe do Poder Executivo obrigado

a regulamentá-la no prazo máximo de 120 (cento e vinte dias) após a

sua publicação.

Percebe-se que não faltam leis para regulamentar o uso da

bicicleta e promover a integração dos modais, contudo; há uma

deficiência de estudos do sistema viário e ciclo viário no Município de

Florianópolis de modo a compreendê-lo como um sistema.

De acordo com (IPUF), desde os anos 80 do Século XX não é

realizada pesquisa de Origem/Destino Geral para conhecer a

distribuição das viagens da população em todo o território urbano do

Município de Florianópolis. Assim, pela primeira vez em cerca de 20

anos, através do Projeto Ciclovias – Rotas Inteligentes, foram

observados 9 pontos do sistema viário, abrangendo os mais

significativos nas partes insular e continental do município. Com a

obtenção desses dados foi possível fazer inferências sobre a distribuição

modal das viagens (TRANSPORTE ATIVO, 2010).

Page 25: Monografia Mobilidade Urbana

25

2.2 Gerenciamento da mobilidade

O modelo tradicional de planejamento de transportes encara

obstáculos bloqueia a circulação tanto de pessoas quanto de

mercadorias. A redução desses impactos determina uma abordagem

diferente, que pode ser desenvolvida através do gerenciamento.

Considera-se a cidade um ambiente de diferenças e dificuldades, onde o

gerenciamento da mobilidade urbana deve exercer um papel relevante

para formar soluções através de uma visão sistêmica do tráfego.

Segundo Pereira, Araújo e Balassiano (2002), a abordagem

sistêmica tem por objetivo melhor compreender e descrever a

complexidade organizada.

Para diagnosticar o tráfego, a abordagem sistêmica analisa o

sistema em sua complexidade, totalidade e dinâmica própria com vistas

à efetividade do gerenciamento da mobilidade.

Nesse sentido, o Programa Ciclo viário do Distrito Federal,

apresentou o PEDALA-DF, um projeto estruturante do Governo do

Distrito Federal, instituído com base no Modelo de Gestão para

Resultados, por meio do Decreto nº 27.691, de 06/02/2007, publicado no

Diário Oficial do Distrito Federal em 07/02/2007. Com base nas

pesquisas de campo realizadas, a Gerência do Projeto PEDALA-DF,

juntamente com técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e

Meio Ambiente (SEDUMA), do Departamento de Estradas de Rodagem

(DER/DF), das Regiões Administrativas, com professores da

Universidade de Brasília (UnB) e membros da sociedade civil,

principalmente de cicloativistas, como membros da ONG Rodas da Paz,

definiu as rotas cicloviárias que constituem os 600 km do projeto.

O trabalho alcançou um grau de excelência tão elevado que

está em vias de obter a certificação internacional de qualidade do

Bicycle Partnership Program (BPP), Organização Não Governamental

da Holanda. As metas do projeto envolvem:

Oferecer à população do Distrito Federal uma

opção segura e confortável de transporte por bicicleta;

Melhorar a segurança geral no trânsito, por meio da redução do número de acidentes envolvendo

ciclistas;

Construir 600 km de infra-estrutura ciclo viária

em todo Distrito Federal;

Page 26: Monografia Mobilidade Urbana

26

Promover a integração da bicicleta com os

demais modais do transporte público;

Reduzir a poluição atmosférica e a poluição sonora;

Criar áreas de esporte e lazer.

Fernández-Ríoz e Sánchez (1997) sustentam que atingir as

metas a que as organizações se propõem tem sido uma apreensão

constante de quem gera e organiza, e que o alcance de tais metas

(eficácia), tem sido uma aspiração ou ambição que, desde a antiguidade,

tem mantido desperto o “intelecto” do homem e o tem acompanhado nos

seus empreendimentos. Para estes autores, a busca da eficácia, como fim

último das organizações, é algo que, desde as civilizações antigas,

mantêm-se como apreensão central para todos os que se ocupam da

administração ou gestão.

Por isso, a eficácia está relacionada aos objetivos

organizacionais e sua ausência, implica no rompimento de expectativas

quanto ao desejado, tratando-se do nível de satisfação esperado na

conformidade e metas do processo.

Desde Barnard (1938), passando por McGregor (1960),

Etzioni (1961), Argyris (1964); Katz e Kahn (1966), a eficácia é medida

pelo alcance dos objetivos organizacionais, a otimização dos recursos e

a abertura da organização ao seu meio.

Já dentro da função administrativa, Fayol (1977) desenvolveu

um conjugado de atividades inerentes a qualquer organização, que

compreende a capacidade de planejar, organizar, comandar, coordenar e

controlar. Por isso, o conceito de eficácia, parte dos princípios básicos

do conceito de Administração concebidos por Fayol (1977): Conjunto

de ações e esforços que dirigem à consecução de determinada meta ou

objetivo, órgãos ou sistemas.

De outro modo, para Chiavenato (2000), Mintzberg e Quinn

(2001), o conceito de gestão sob a ótica da administração está

relacionado com o conjunto de recursos e a aplicação de atividades

destinadas ao ato de gerir. O processo de gestão é uma função orgânica

básica da administração. São processos mentais e físicos de estabelecer

o que é desejável e como serão elaborados.

Diante do exposto, verifica que, na visão de Balassiano e

Valle Real (2006), o termo Gerenciamento da Mobilidade caracteriza

soluções democráticas, flexíveis, econômicas e ambientalmente corretas.

O Gerenciamento da Mobilidade também pode ser entendido como a

busca de um equilíbrio mais estável entre a oferta de infra-estrutura de

Page 27: Monografia Mobilidade Urbana

27

transportes e o atendimento adequado da demanda por viagens

(deslocamentos). O conceito de Gerenciamento da Mobilidade admite a

possibilidade de diferentes soluções na busca desse equilíbrio,

considerando ainda a racionalização na utilização de recursos

financeiros e a garantia de redução dos impactos ao meio ambiente

gerados pelos sistemas de transportes.

Especificamente, o Gerenciamento da Mobilidade abrange o

planejamento de transportes com tecnologia para dar escoamento à

demanda a fim de encurtar a quantidade e a extensão das viagens

motorizadas, fomentando a qualidade de vida das pessoas. Qualidade

que a cidade do Rio de Janeiro busca através da iniciativa da Prefeitura

do Rio de Janeiro para gerir melhor a mobilidade urbana. A criação do

Projeto SAMBA – Solução Alternativa para Mobilidade por Bicicletas

de Aluguel visa conscientizar a população sobre o uso da bicicleta no

dia-a-dia, onde através do acesso ao site, é possível adquirir passes para

uso do serviço de locação das bicicletas públicas nas estações

automáticas da cidade. Além disso, o site também permite a consulta do

seu extrato de movimentação, informações sobre o serviço, notícias e

condições do clima.

O sistema Samba‚ é baseado no aluguel de bicicletas

disponíveis em estações, repartidas em vários pontos da cidade do Rio

de Janeiro, dotadas de mecanismo de auto-atendimento e com grande

veiculação publicitária. A estação de aluguel é gerenciada por

computador alimentado por baterias, e possui as respectivas

características:

Painel para exibição de informações (mapa de localização

das estações, instruções de uso, publicidade, etc.);

Diversos modelos de estações para diferentes locais;

Sistema de acoplamento das bicicletas contendo:

- Dispositivos eletromecânicos de travamento e

liberação das bicicletas

- Lâmpadas de sinalização

- Dispositivos eletrônicos de identificação das

bicicletas (chip RF-ID)

Sistema de alimentação por energia solar e de

Monitoramento por câmera (opcionais);

Conexão com a central de controle através de link de

dados.

Assim, o referido gerenciamento tem por finalidade a

organização do transporte, dos seus usuários e da maneira que o

Page 28: Monografia Mobilidade Urbana

28

transporte é utilizado, contudo, o modo como o problema é avaliado

diferencia-se conforme o ambiente e a cultura de uma determinada

região. A esse respeito, o conceito de Gerenciamento da Mobilidade é

perfeitamente aplicável aos Pólos Geradores de Viagens (PGVs), um

dos quais é o Campus Universitário. Este, ao ser observado como um

PGV exige estudos na área de influência, os tipos de usuários e a

caracterização do padrão de suas viagens, para se definir as estratégias

mais adequadas. Em função da escala de pessoas envolvidas nas

atividades de ensino, pesquisa e derivadas, os problemas de mobilidade

dessas pessoas são significativos.

2.2.1 Pólo gerador de viagem

Segundo Silveira (1991), o pólo gerador de tráfego traduz a

conexão de três elementos: desenvolvimento de atividades, geração de

viagens e geração de tráfego, ao concentrar em grande escala e num

único local atividades específicas que geram grande quantidade de

viagens e como conseqüência, de tráfego.

Do mesmo modo, Grando (apud PORTUGAL; GOLDNER,

2003, p. 14) considera:

(...) os PGT´s são aqueles empreendimentos que,

mediante a oferta de bens e/ou serviços, geram ou atraem um grande número de viagens e,

conseqüentemente, causam reflexos na circulação de tráfego no entorno, tanto em termos de

acessibilidade e fluidez do tráfego, muitas vezes com repercussões em toda uma região, quanto em

termos de veículos e pedestres (...).

O incremento de tráfego gerado pela implantação de um

empreendimento de grande porte é denominado Pólo Gerador de

Viagem (PGV) pela Rede Ibero Americana de Estudos de Pólos

Geradores de Viagens (2005).

O PGV pode influenciar o desempenho do tráfego veicular e

de pessoas, causando efeitos potenciais na sua mobilidade e

acessibilidade. Em face disto, as Instituições de Ensino são catalogadas

como Pólos Geradores de Viagens. Nessas Instituições, colocaram-se

Page 29: Monografia Mobilidade Urbana

29

em prática algumas medidas do projeto MOST com um princípio em

comum, independentemente das suas características, quais sejam:

a) incentivar viagens de caráter mais sustentável para estas

instituições; e assim

b) aperfeiçoar as atividades e a segurança de tráfego nelas.

Os Estados Unidos, por exemplo, contam com o chamado

Campus Transport Management – CTM. Os CTM (em que participam

72 Instituições de Ensino) são programas de redução de viagens para

colégios e campus universitários. A bicicleta é capaz de dissolver muitos

problemas de mobilidade, principalmente dos Pólos Geradores de

Viagens (PGV´s). Neste sentido, a bicicleta ganha toda a eficácia em

integração com o transporte coletivo, leia-se ônibus, trem ou metrô.

A possibilidade de andar e pedalar aumenta o

espaço social e vivido da cidade, de forma que a ênfase nas conexões que funcionam como locais

de passagem para os automóveis sejam enfraquecidas e providas de diversidade e

imprevisibilidade, ou seja, de urbanidade (PIRES, 2008, p. 14).

Determina-se o transporte ciclo viário como importante para a

urbanidade e para a melhoria da qualidade de vida da população. O

incentivo é fundamental à adesão dos usuários de forma que se possa

acarretar numa melhor utilização das vias terrestres, bem como facilitem

o trânsito de pessoas, além de contribuir para a dinâmica do comércio e

dos investimentos no conjunto da região.

2.3 Fatores que influenciam o uso da bicicleta

Com base no levantamento bibliográfico das práticas

disponíveis de Gerenciamento da Mobilidade de Campi Universitários e

a partir dos problemas de mobilidade encontrados no Campus

Universitário da Trindade, em Florianópolis; a seguir, apresentam-se os

fatores que influenciam o uso da bicicleta.

Page 30: Monografia Mobilidade Urbana

30

2.3.1 Cultura

Clifford Geertz (1978) compreende o conceito de cultura

como uma rede de significados que o animal homem teceu e na qual está

amarrado, é um código que permite comunicar experiências

simbolicamente. Assim, a cultura é um advento público dentro do qual o

comportamento humano é visto como ação simbólica, e no qual o

homem lê e explica o mundo que o cerca.

O conceito abrange conhecimento, crença, moral, direito,

costumes e outros hábitos adquiridos pelo homem como membro da

sociedade.

Trabalhando com informação na perspectiva da cultura,

Marteleto (1995, p. 90) entende que cultura e informação “são conceitos

fenômenos interligados pela sua própria natureza”.

Neste sentido, é cada vez mais difícil a qualquer país

sobreviver modernamente, sem atender às novas necessidades de

educação, de produção e de organização social que o habilitem a

participar das comunidades internacionais em desenvolvimento. Por

isso, é um desafio assimilar e desenvolver padrões culturais modernos

que permitam acompanhar conquistas dos países desenvolvidos.

Contudo, na sociedade do conhecimento, tudo pode ser

estudado e dividido mundialmente através da internet. Pires (2008)

coloca que estaria em desenvolvimento um processo de integração

progressiva de aspectos de diferentes culturas regionais à uma cultura

comum, reconhecida entre si, porém sem a negação dos seus traços

distintivos próprios.

O autor afirma que se revelou necessária a produção de uma

cultura de consumo homogênea em âmbito mundial, que reduzisse

substancialmente as diferenças subjetivas de comportamento dos

consumidores e que, anteriormente, eram mais influenciados pelas

características das culturas locais/regionais. Nesse sentido, o autor trata

da mundialização da cultura, onde ocorre a transformação dos bens

culturais em mercadorias ou bens simbólicos, e a sua disponibilização

aos mercados consumidores mundiais através das novas tecnologias a

serviço dos aparatos da mídia (PIRES, 2008).

Diante deste cenário, explora-se, na seqüência, a relação entre

aspectos culturais e uso do automóvel, e a exclusão social que este

impõe sobre a bicicleta e as pessoas.

Page 31: Monografia Mobilidade Urbana

31

2.3.1.1 Cultura do automóvel

A cultura do consumo de massa permite que as mercadorias

fiquem livres para apanhar uma variedade de associações, e a

publicidade seja capaz de explorar essas possibilidades, fixando imagens

de poder, realização e progresso nos bens de consumo tais como

automóveis e bebidas alcoólicas, por exemplo. Enfim, vive-se em uma

sociedade na qual as pessoas se reconhecem como iguais (ou diferentes)

pelas coisas que têm.

De acordo com Schor (1999), o uso do automóvel como

consumo individual de um objeto técnico, como meio de transporte, é

"positivo", mas como meio social de transporte passa a portar elementos

de "negatividade", como a exclusão da possibilidade de uso (a

generalização universal do uso do automóvel é a negação interna a esta

mercadoria, pois se todos tivessem um carro e resolvessem consumi-lo

ao mesmo tempo, este consumo não se realizaria para ninguém).

Um dos aspectos mais importantes do automóvel, que o

distingue em relação a todas as outras mercadorias, é o tipo de

propriedade que ele representa e a maneira de usá-lo, ou seja, a

propriedade privada, individual e móvel. Neste sentido, pode ser

analisado como símbolo da modernização. É com este intuito que o uso

do automóvel é empregado, para uma socialização individualizada, pois

liberta o indivíduo dos problemas sociais do transporte coletivo, tais

como acatar os horários e acostumar-se com outros indivíduos.

A socialização individualizada acontece em função da cultura

do automóvel pelo fato das relações derivadas do uso deste absorverem

o jeito de ser do homem modernizado que se distingue pelo carro que

tem e não imagina como seria sua vida sem ele. Assim, o

condicionamento das pessoas, em relação ao uso do automóvel para

pequenas distâncias faz com que estas, não percebam quanto tempo e

qualidade de vida perdem, do mesmo modo que as impossibilita de

deslocar-se a pé ou de bicicleta de modo mais rápido, econômico e

eficaz. Nesta conjuntura, a quebra de paradigma comportamental é

relevante a fim de reduzir a necessidade de viagens de curta distância

com veículos motorizados individuais e coletivos.

Quando se pensa, portanto, em modelos orientadores da estrutura urbana, o grande desafio

é conciliar a idéia de ordem, consubstanciada em qualidade de vida e eficiência produtiva, com o

Page 32: Monografia Mobilidade Urbana

32

crescimento dinâmico devido ao processo de

urbanização e industrialização. Isso só seria possível se os modelos de estrutura urbana

apresentassem flexibilidade para absorver a dinâmica do crescimento urbano. (CAMPOS

FILHO, 1999, p. 92)

Com uma visão diferente, Gist e Halbert (1961) lembram que

para atender às necessidades da população, o sistema circulatório de

uma cidade deve ser integrado, expandido e conservado, o que exige um

planejamento de iniciativa pública ou privada, ou uma combinação de

ambas. Por outro lado, destaca-se que os desafios são grandes, haja vista

as condições oferecidas para aquisição de veículos privados, em especial

motocicletas, que são muitas, e acabam por diminuir a eficiência e

competitividade do transporte público e sustentável.

Vasconcellos (1995) identifica como reflexo da desenconomia

urbana a redução da mobilidade nas cidades, o aumento dos

congestionamentos, a violação de espaços públicos para construção de

novas vias, a intensidade da apropriação de recursos energéticos, a

utilização inadequada das vias pela predominância do carro particular, o

aumento da poluição ambiental e do estresse da população.

Ainda, para Gist e Halbert (1961), o esgotamento nervoso é

uma característica da vida urbana. São Paulo, (MALTA, 2006) a maior

metrópole brasileira, arrisca-se a não ter mais como oferecer espaços de

qualidade para os empreendimentos imobiliários, caso o atual modelo de

ocupação urbana não seja radicalmente

Para eliminar desenconomias de aglomeração e externalidades negativas acumuladas no processo

de crescimento da aglomeração metropolitana, é necessário que se façam investimentos na infra-

estrutura urbana como, por exemplo, na recuperação e estruturas degradadas, na liberação

do trânsito congestionado [...]. (ALVA, 1997, p. 3)

De acordo, Campos Filho (1999) acredita que no Brasil,

poucas cidades possuem legislação municipal própria reguladora do uso

do solo. Para o autor, o poder das pressões políticas das forças contrárias

à imposição legal impera, na maioria das cidades brasileiras. O autor

defende a idéia de que para implantar um controle, é preciso lutar

especialmente no que se refere ao máximo a ser construído, de modo a

Page 33: Monografia Mobilidade Urbana

33

evitar o congestionamento da infra-estrutura urbana, exigindo a

substituição de novas vias a custos altíssimos.

A ocupação do espaço urbano deve almejar a facilidade social

e espacial para transpor as distâncias do dia-a-dia das pessoas, pois hoje

a realidade é que o ciclista precisa lutar pelo espaço viário, na mais

absoluta desigualdade de condições.

Os homens nasceram dotados de mobilidade mais

ou menos igual. Esta capacidade inata de movimento advoga em favor de uma liberdade

igual na eleição do seu destino. A noção de equidade pode servir de base para defender este

direito fundamental contra toda e qualquer

limitação. (ILLICH, 1975, p. 73)

Face a isto, a bicicleta pode ser compreendida como um dos

instrumentos para a busca da liberdade através da mobilidade

sustentável, na medida em que promove a inclusão social, é

economicamente viável, flexível, ambientalmente correta e mais rápida

para percorrer pequenas distâncias em grandes cidades do que outros

modais. É o que ocorreu em São Paulo nos dois últimos anos, onde um

ciclista fez o melhor tempo no Desafio Intermodal em São Paulo (IG),

evento que avalia a praticidade e velocidade dos diferentes meios de

transporte, levando em conta o tempo de deslocamento completo da

pessoal e não do modal.

Distante desta realidade, Hoffman; Cruz e Alchieri (2003)

colocam que “segundo a Associação Brasileira do Departamento de

Trânsito (ABETRANS, 2001), o país encontra dificuldade para reduzir

os acidentes de trânsito a níveis aceitáveis”.

Qualquer tentativa de modificação da realidade atual, irá passar obrigatoriamente por uma

mudança de visão a respeito do transporte,

retomando-se o papel utilitário dos veículos e buscando-se encerrar ou minimizar o “culto ao

automóvel”, tão em voga em nossa sociedade. Assim, o espaço público é organizado para o

automóvel e não para os pedestres, ciclistas e outros não-motorizados. (HOFFMAN; CRUZ;

ALCHIERI, 2003, p. 125)

Page 34: Monografia Mobilidade Urbana

34

Fiadeiro (2008 apud SILVA; FERREIRA 2008) coloca que

uma Instituição de Ensino Superior, normalmente, reúne grupos de

diferentes áreas de formação com hábitos e atitudes diferentes perante a

necessidade de partilha de um espaço que lhes é comum. As viagens

diárias para o Campus universitário são muito marcadas pela forte

dependência do transporte individual, freqüentemente justificadas pela

ineficiência do sistema de transportes públicos e pela falta de modos

alternativos. O autor acrescenta que uma barreira a superar é a

mentalidade da sociedade atual que tende a considerar o elemento

“automóvel” como algo que lhe garante status social. Tal fato funciona

como uma resistência à mudança face aos comportamentos instalados.

De outro modo, a Política Nacional de Trânsito (POLÍTICA

NACIONAL DE TRÂNSITO, 2004) defende a priorização e o incentivo

à participação da sociedade, além da promoção e veiculação de

informações claras, coerentes e objetivas para construir um ambiente

favorável à implantação de uma nova cultura, orientada ao exercício do

trânsito cidadão e da qualidade de vida.

Rocha et al (2006) corroboram com esta idéia, destacando a

necessidade de se considerar as estratégias de Gerenciamento da

Mobilidade de forma aderente ao modelo cultural, social e econômico

de cada comunidade, garantindo ainda uma participação explícita da

mesma, no processo de tomada de decisão. O Gerenciamento da

Mobilidade poderá, dessa forma, além de contribuir para a mitigação

dos impactos gerados na operação de sistemas de transportes, promover

uma maior democratização na implementação de ações que objetivam

garantir um maior equilíbrio na ocupação do espaço urbano. Afinal,

No Brasil, ainda não temos desenvolvida a cultura da cidadania: as pessoas tendem a perceber o

poder público muito distanciado sem qualquer oportunidade de participação efetiva nos rumos

das suas gestões. Ainda as relações com o mundo público são marcadas pelo clientelismo, pelos

favores, pelos compadres e amigos. [...]

A fraqueza da lei social traz como reflexo imediato a cultura do individualismo de „levar

vantagem em tudo‟, do „você sabe com quem está falando?‟, do „jeitinho brasileiro‟, do „agrado‟, da

cultura da „malandragem‟. (HOFFMAN; CRUZ; ALCHIERI, 2003, p. 127-128).

Page 35: Monografia Mobilidade Urbana

35

Em convergência, Cordeiro e Ferreira (2003) sugerem que um

dos caminhos para a solução desses problemas, é a interação entre a

população e o poder público, para o desenvolvimento da educação e

preservação do meio ambiente

2.3.2 Educação no Trânsito

“A educação para o trânsito compreende a aquisição de

conhecimentos e técnicas para dirigir sem provocar riscos e respeitando

os outros usuários das vias públicas” (QUEIROZ; OLIVEIRA, 2003, p.

92). Por isso, os ciclistas, os motoqueiros, os moto-

boys e outros veículos de duas rodas, que desrespeitam os direitos dos demais condutores de

veículos, ultrapassam sem cuidados, cortam a frente, impedem a passagem, enfiam-se entre

veículos, trancam a saída e praticam outros descuidos, nada podem reclamar dos condutores

de automóveis, de caminhões, de ônibus e outros, que não conseguem evitar os acidentes, embora

com as devidas cautelas e dentro das normas de trânsito, sendo surpreendidos pelos tais

imprudentes. (SANDI, 2005, p. 105).

Pinheiro, Pinho e Rocha (2003, p. 106) acrescentam que há

uma tendência pedagógica de natureza culturalista, em que se visa

exclusivamente à adaptação do indivíduo às normas, às legislações e aos

trâmites sociais, sem sobre eles, provocar qualquer reflexão.

Não basta apenas a colocação do semáforo ou da

faixa de segurança para o pedestre. Faz-se necessário o desencadeamento de um processo de

educação, de conscientização e fiscalização para que a comunidade possa assimilar tais mudanças.

Nesta perspectiva pressupõe-se a consideração de uma interface entre os gestores de transito e a

comunidade em geral por via da educação. (PINHEIRO; PINHO; ROCHA, 2003, p. 110).

Alcançar tal objetivo acarreta em uma educação que faça parte

da vida do indivíduo, de modo que possa transformar-se em mudança de

Page 36: Monografia Mobilidade Urbana

36

atitude. Para Sandi (2005), uma educação que envolva tanto o condutor

como o pedestre, ensinando as boas maneiras e atitudes corretas no

trânsito, deve começar nas primeiras séries do ensino fundamental,

continuar no ensino médio e chegar aos cursos superiores, chegando-se

a uma educação completa e adequada aos usuários das vias públicas.

Por isso, para administrar o trânsito, o Estado, responsável

pela administração pública, criou o Sistema Nacional de Trânsito,

através da Lei 9.503/97 – Lei de Trânsito. O legislador relatou, no artigo

5º, que esse sistema compreende um conjunto de órgãos e entidades da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, que tem por

finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração,

normalização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação,

educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento,

fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de

penalidades.

Mais adiante, no artigo 7º do mesmo diploma legal o

legislador especificou quais são esses conjuntos de órgãos e entidades

relacionando o CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito; os

CETRAN‟s – Conselhos Estaduais de Trânsito; o CONFRANDIFE –

Conselho de Trânsito do Distrito Federal; os órgãos e entidades

executivos rodoviários da União, dos estados, do Distrito Federal e dos

municípios; a Polícia Rodoviária Federal; as polícias dos estados e do

Distrito Federal, e ainda, as JARIs – Juntas Administrativas de Recursos

de Infrações. Estes são os responsáveis em estabelecer diretrizes da

política nacional de trânsito, objetivando a segurança, a fluidez, o

conforto, a defesa ambiental e a educação para o trânsito, além de

fiscalizar seu cumprimento.

Na legislação de trânsito, o tema educação é percebido como

essencial para mudar as condições do trânsito brasileiro, e é abordado

sob vários ângulos. Inicialmente, é definida como um direito das

pessoas e um dever do Estado (Artigo 74) e é tornada obrigatória para os

níveis de ensino de 1o, 2o e 3o graus (Artigo 76), com prazo

determinado para que o currículo mínimo seja sugerido no início da

vigência do Código (Artigo 315).

Sandi (2005, p. 59) alerta, “todos devem participar das

escolas, das campanhas e dos eventos de educação para o trânsito, com

o máximo de aproveitamento, a fim de praticar isso na circulação de

veículos e pedestres”. Na continuidade, o autor destaca que “condutores

e pedestres em total harmonia contribuem para as melhorias no trânsito

em geral. São responsáveis pela segurança de todos, sem acidentes nem

transtornos, circulando pelas vias terrestres” (SANDI, 2005, p. 60).

Page 37: Monografia Mobilidade Urbana

37

2.3.3 Segurança

Compreende-se que, para as pessoas optarem por ir a pé ou de

bicicleta até seu destino, é imprescindível que se sintam seguras e

amparadas, de modo a ocupar um espaço destinado tão somente para

estas, e assim, evitar acidentes com outros modais. Afinal,

levantamentos realizados pela ANTP (2009) indicam que a bicicleta é

subutilizada, sendo responsável por somente 7,5% dos deslocamentos

pendulares nas áreas urbanas. Este percentual abaixo do desejado, deve-

se à insegurança envolvendo atropelamentos, assaltos, e falta de

condições de trafegar.

Através da cultura do automóvel é possível compreender que

a circulação livre só existe para setores da população que podem

comprar e manter um carro. Os próprios motoqueiros e ciclistas – outros

usuários de transporte individual – vivem situações de extremo perigo

de fato, o que resulta em acidentes diários e recorrentes.

Segundo Tolley (1995 apud GONDIM; AZEVEDO; PORTO

JÚNIOR, 2000) a implementação de ciclovias garante mais segurança e

conforto aos antigos ciclistas do percurso, e atrai não só novos usuários,

como também, afeta o desvio de rota daqueles ciclistas que, se viam

obrigados a circular em vias sobrecarregadas e perigosas.

Corroborando, McClintock (1995 apud GONDIM,

AZEVEDO; PORTO JÚNIOR, 2000), acrescenta que a ciclofaixa, ou

apenas a distinção de piso sem nenhuma forma de segregação, tem

também ótimos resultados em vias de menor fluxo de tráfego e baixas

velocidades.

Ademais, Gladwell (apud HOFFMAN; CRUZ; ALCHIERI,

2003) observa que a cada três quilômetros o motorista realiza 400

observações, toma 40 decisões e comete um erro. Neste sentido,

identificam-se modos de entender, prever e fiscalizar o comportamento

do participante do trânsito quando este toma conhecimento sobre as

regras, adquire prática através da permissão para dirigir, e toma atitudes

no trânsito de tal maneira que não venha a colocar em perigo nenhuma

outra pessoa.

A palavra trânsito originou-se do latim transitu, que significa

passagem. Por trânsito entende-se a passagem de veículos, pessoas ou

cargas por uma via (FERRARI, 1979). Já, Rozestraten (1988, p. 4)

compreende o trânsito como “o conjunto de deslocamentos de pessoas e

Page 38: Monografia Mobilidade Urbana

38

veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de

normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus participantes”.

No entanto, o conceito deste autor não considera a perspectiva dos

acontecimentos desagradáveis que permeiam a malha viária, por onde se

movimentam motoristas, ciclistas, catadores de papel e pedestres,

regulados por legislação própria para garantir o direito e a segurança de

cada um no coletivo. Com isso, de acordo com Hoffman, Cruz e

Alchieri (2003, p. 63), “chegou-se a uma possível constatação, de que há

associação do uso do carro como a extensão da casa do motorista e que

esta gera conseqüências significativas na configuração desses

acontecimentos.”

Para Skinner (apud HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2003,

p. 67), a casa é o espaço onde os indivíduos exercem controle sobre si

mesmo. Dessa forma, se o carro for dirigido como se fosse a casa do

motorista, ele tenderá a agir como se estivesse em seu ambiente restrito

e considerará suas próprias regras.

Em convergência, Sandi (2005, p. 116) acrescenta que a

camaradagem deve começar em casa, com os familiares, onde todos

amam, respeitam, dialogam e têm paciência uns com os outros. Cada um

cede um pouco para reinar uma boa convivência, harmonia e felicidade.

Contudo, o comportamento dos que transitam difere muitas vezes da

camaradagem em família e assume o papel individualista.

Vasconcelos (1998) afirma que no Brasil “o motorista julga-se

com mais direito à circulação do que os outros participantes do mundo

no trânsito [...] em que o pedestre se submete a essa situação e assume o

papel de “cidadão de segunda classe”. Nesse sentido, o automóvel

simbólica e culturalmente como visto representa status com significado

social muito forte e definidor de comportamentos.

Hoffman, Cruz e Alchieri (2003) resumem os três tipos

básicos de comportamento dos motoristas no trânsito:

1. Os cautelosos: aqueles motoristas que na vida respeitam normas, regras, o espaço dos outros, e

também respeitam o trânsito; 2. Os donos do mundo: briguentos, agitados,

insuportáveis, como se os outros motoristas não soubessem nada, e tudo devesse girar em torno

deles; 3. Comportamentos mascarados: pessoas que

parecem adequadas no trabalho ou em família, mas no trânsito, diante de um instrumento sob seu

controle direto tendem a revelar comportamentos

Page 39: Monografia Mobilidade Urbana

39

agressivos, como se nessa situação conseguissem

se posicionar individualmente.

Diante de comportamentos tão distintos, não se pode contar

exclusivamente com investimentos em infra-estrutura para garantir a

segurança de motoristas, ciclistas e pedestres. Já que, “excelentes vias e

carros tecnicamente perfeitos não vão fazer decrescer o lamentável

número de (...) acidentes fatais, se não se investir pesadamente na

educação do homem para o trânsito”. (ROZESTRATEN, 1988, p. 36).

Além da educação, é possível fazer uso do marketing como

ferramenta para o desenvolvimento do nível geral de conscientização de

uma sociedade, através de ações bem planejadas que influenciem

comportamentos adequados no trânsito, e proporcionem mais segurança

aos usuários de vias públicas.

2.3.4 Marketing

Segundo Kotler (1998, p. 69), marketing é “a obtenção

daquilo que os clientes desejam ou necessitam e isso se dá em um

processo social de livre negociação de produtos e serviços de valor”.

Esse mecanismo tem o objetivo de conhecer melhor seus clientes atuais

e pote. Para Las Casas (2006), um dos principais elementos do

marketing é sua orientação para os consumidores. Do mesmo modo,

McKenna (1993) acredita que o marketing passou a ser qualitativo em

vez de quantitativo, para melhor estabelecer um diálogo interativo com

o cliente.

Através da aplicação do conceito de marketing, as

organizações relacionadas ao deslocamento das pessoas, devem contar

com lucros em longo prazo pela formação de clientes plenamente

satisfeitos e fiéis à sua marca e modal. Las Casas (1999) aponta que a

comercialização moderna é caracterizada pela aplicação do conceito de

marketing, que estabelece a satisfação dos desejos, das necessidades e

das expectativas dos consumidores.

Nestes termos, os esforços realizados pela maioria das atuais

políticas urbanas de transporte para obter uma transferência modal do

automóvel para meios de transporte menos poluentes e menos

consumidores de energia, ocorrem sobre ações de gerenciamento da

mobilidade, através do desenvolvimento de estratégias de comunicação

Page 40: Monografia Mobilidade Urbana

40

que diminuam o tráfego e estimulem as mudanças no hábito do

deslocamento.

Por isso, o uso de campanhas de marketing é benéfico para

comunicar novas informações e modificar as atitudes e comportamentos

relacionados aos riscos do trânsito, em uma sociedade que ainda está

desatenta a esta problemática. “Neste contexto se situam as campanhas

do Ministério dos Transportes e da Justiça e as desenvolvidas em

diversos estados e municípios brasileiros: Use a cabeça Dirija pela vida,

da RBS TV – Rede Globo” (HOFFMAN; CRUZ; ALCHIERI, 2003, p.

80) A transmissão de novas informações, a

modificação de atitudes e dos comportamentos, a melhora do nível médio de conscientização sobre

as dificuldades e riscos do trânsito e a urgência de estatísticas aparecem como argumentos mais que

suficientes para justificar a necessidade de uma intervenção social. (ELLIOT apud HOFFMAN;

CRUZ; ALCHIERI, 1995, p.87,)

Além disso, O marketing social não é usado freqüentemente

no campo da circulação humana por ignorância parcial, preconceito e temores, isto é, se deixam

de aplicá-lo à segurança viária não porque não confiam nos seus benefícios mas, sim, pela

resistência à mudança em utilizar uma disciplina pouco conhecida neste âmbito (HOFFMAN;

CRUZ; ALCHIERI, 2003, p. 98).

De fato, deve-se agir sobre o nível de informação e de

percepção junto à população em relação a outros meios de deslocamento

além do carro individual: transportes coletivos, bicicletas e caminhada

de modo que estes deixem de ter uma conotação de desvalorização

social pelos não-praticantes.

2.3.5 Tecnologia

A implantação de tecnologias de informação transforma o

modo de operação dos sistemas de transporte coletivo e altera a natureza

dos serviços de transporte que podem ser ofertados.

Page 41: Monografia Mobilidade Urbana

41

De acordo com a ABRAMCET (2009), os dispositivos de

controle de trânsito, individualmente ou integrando sistemas, ajudam os

condutores a tomar decisões seguras, eficientes e tecnicamente

consistentes.

O projeto e o uso dos controles de tráfego devem considerar a

utilidade a pedestres e ciclistas. Segundo Cutolo (2003), pesquisas

demonstram que uma das principais barreiras que levam o indivíduo à

não optar pela utilização do transporte coletivo é a ausência de

informação relativa ao serviço ou sua baixa qualidade, fazendo com que

cerca de 21% do total de viagens deixem de ser realizadas via transporte

coletivo devido a essa condição.

O sistema de informação ao público é o de comunicação com

a comunidade e com os clientes. No caso dos sistemas de informação

aos usuários de transporte coletivo urbano, o objetivo é atingir a opinião

pública corrente, de modo a melhorar a imagem dos serviços e fomentar

a sua utilização (CUTOLO; MARTINO, 1999).

Atualmente, os conceitos e dispositivos de controle vêm

sofrendo uma revolução, fruto da extensão dos recursos promovida pela

eletrônica aplicada. Sistemas de transmissão de dados, computadores,

sistemas de monitoramento e controle vem integrando o acervo de

recursos para garantir segurança e eficiência.

A aplicação destas tecnologias em transportes vem sendo

conduzida por programas conhecidos por ITS – Intelligent

Transportation Systems. Os sistemas inteligentes utilizam tecnologias de

processamento de informação e comunicação, sensoriamento,

navegação e tecnologia de controle, aplicados à melhoria do

gerenciamento e operação dos sistemas de transportes, à melhoria da

eficiência no uso das vias, à melhoria da segurança viária, ao aumento

da mobilidade e à redução dos custos sociais e dos impactos ambientais

(KANNINEN, 1996 apud SILVA, 2000; RIBEIRO, 1996 apud SILVA,

2000).

2.3.5.1 Tecnologias para a bicicleta

Além de tecnologias em transportes que visam o aumento de

mobilidade urbana, há que se considerar dentro do contexto novas

tecnologias aplicadas na bicicleta, uma vez que inúmeras novidades

apresentam-se na última década.

Page 42: Monografia Mobilidade Urbana

42

A Dahon em 1982 apresentou a primeira bicicleta dobrável

para o mundo e hoje é uma empresa com sede em Los Angeles na

Califórnia, e fábricas de montagem em Taiwan, Macau, República

Tcheca e China. Desde 1983 a Dahon produziu mais de 3 milhões de

bicicletas dobráveis, que atualmente é uma das categorias que mais

crescem no mercado de bicicletas. (DAHON, 2010).

Fotografia 1: Bicicleta dobrável da Dahon

Fonte: Shopbrand (2010)1

Um modelo de bicicleta mais recente a ser lançado, é a

bicicleta da Peugeot que tem autonomia de até 70 quilômetros, e já está

disponível na rede de concessionárias espalhadas por toda Europa,

1 Disponível em: <http://www.shopbrand.com.br/images/arquivo/dahon.jpg>. Acesso em: 26

maio 2010.

Page 43: Monografia Mobilidade Urbana

43

sendo a primeira bicicleta elétrica da empresa que combina design e

robustez, aliados a um alto nível de tecnologia e qualidade. Possui

bateria removível, motor elétrico de 250 watts, três níveis de assistência

para inclinações mais extremas, disco dianteiros e traseiros, luzes

automáticas, e suspensão, que confere maior segurança e comodidade ao

usuário em qualquer circunstância de rodagem.

Fotografia 2: Bicicleta da Pegeout Fonte: Blog Lima Souza (2010)

2

2 Disponível em: <http://blog.limasouza.com/page/2/>. Acesso em: 26 maio 2010.

Page 44: Monografia Mobilidade Urbana

44

3 METODOLOGIA

A metodologia permite a sustentação teórica ao tema do

trabalho, de modo a alcançar as metas pré-determinadas para o estudo. É

uma explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação

desenvolvida no método do trabalho de pesquisa. É a explicação, por

exemplo, do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado, do tempo

previsto e do tratamento dos dados. Assim sendo, os aspectos

metodológicos escolhidos para uma pesquisa precisam esclarecer as

etapas e os meios que nortearam para alcançar os resultados do estudo.

Para Neves (2006), a pesquisa social tem sido marcada

intensamente por estudos estimando o emprego de métodos

quantitativos para descrever e explicar fenômenos organizacionais.

Existe ainda a possibilidade de especificar fenômenos organizacionais

através de abordagens predominantemente qualitativas. O autor

complementa que os estudos qualitativos obtêm dados descritivos

mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação

objeto de estudo. Assim, é comum o pesquisador procurar analisar os

fenômenos, dentro da perspectiva dos participantes da situação

estudada.

A abordagem do problema de pesquisa deste estudo leva a

análise classificada como quali-quantitativa. A pesquisa é qualitativa

pelo fato de considerar a relação dinâmica entre o mundo real e sujeito,

isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade que não pode ser traduzido em números; e é também

quantitativa, pois há emprego de métodos estatísticos de média para

análise dos resultados.

Lakatos e Marconi (1997) explicam que na pesquisa

qualitativa há um mínimo de estruturação prévia. Na presente pesquisa,

a estruturação é fundamentada na percepção e comportamento dos

indivíduos e procura contemplar fatores como: cultura, comunicação,

tecnologia, infra-estrutura e segurança. No questionário (Apêndice A),

identifica-se o perfil dos respondentes, posteriormente avalia-se o perfil

de alunos ciclistas e quais atributos estes consideram importantes. Após,

avalia-se o perfil de alunos não-ciclistas e quais atributos estes

consideram importantes e, por último, avalia-se a opinião de ciclistas e

não-ciclistas em relação à mobilidade urbana e o gerenciamento desta.

Por meio do método qualitativo, o investigador entra em

contato direto e prolongado com o indivíduo ou grupos humanos, com o

ambiente e com a situação que está sendo investigada, permitindo um

Page 45: Monografia Mobilidade Urbana

45

contado de perto com os informantes. A esse respeito, Menga (1986

apud LAKATOS; MARCONI, 2004, p. 271), também, afirma que “o

estudo qualitativo é aquele que se desenvolve numa situação natura; é

rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a

realidade de forma complexa e contextualizada”.

Vergara (1997) propõe a categorização da pesquisa quanto aos

fins e quanto aos meios. Quanto aos meios, a pesquisa é classificada

como: estudo de caso, pesquisa de campo, pesquisa documental, e

bibliográfica. Quanto aos fins, a pesquisa é classificada como descritiva.

No presente trabalho, utilizou-se a Universidade Federal de

Santa Catarina como Estudo de Caso, a fim de estudar em profundidade

a contribuição do uso da bicicleta no campus universitário da Trindade,

para obter uma compreensão ampliada do assunto.

Bruyne, Herman e Schoutheete (1977) reconhecem que o

estudo de caso justifica sua importância por reunir informações

numerosas e detalhadas com vista em apreender a totalidade de uma

situação. A riqueza das informações detalhadas coopera no sentido de

um maior conhecimento e de uma possível resolução de problemas

relacionados ao assunto estudado.

A opção pelo estudo de caso se justifica já que, segundo

Lazzarini (1995), os estudos de caso são úteis nas pesquisas que têm

como objetivo contextualizar e aprofundar o estudo de um tema. Neste

trabalho almeja-se compreender por que certos fenômenos acontecem

como, por exemplo, por que os indivíduos deslocam-se até a

Universidade de bicicleta ou assim, o deixam de fazer, a fim de

compreender melhor o papel da bicicleta dentro do contexto analisado.

A verificação de métodos e atributos abordados ocorreu por

meio pesquisa bibliográfica, com destaque para “Potencialidades

Cicloviárias no Plano Piloto” de Camila Pires (2008).

Utilizou-se, ainda, de pesquisa documental, com destaque

para o Caderno de Referência para elaboração do Plano de Mobilidade

por Bicicleta nas Cidades do Ministério das Cidades e Secretaria

Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (BRASIL, 2009), e

Plano Diretor Participativo de Florianópolis (2006).

Neste âmbito, a pesquisa bibliográfica foi realizada entre

agosto de 2009 e maio de 2010, com intuito de resgatar o conhecimento

científico acumulado sobre o problema de pesquisa; Esta ocorreu através

de canais formais, sendo estes: livros, artigos científicos, revistas,

jornais, internet. E, também, por meio de canais informais, tais como:

participações em projetos sobre mobilidade ciclística e fóruns on-line de

discussão sobre a bicicleta. Afinal,

Page 46: Monografia Mobilidade Urbana

46

Tanto os canais formais quanto os informais são

importantes no processo de construção do conhecimento científico e tecnológico. Os canais

informais cumprem suas funções como meio de disseminação de informação entre você e seus

pares, e os canais formais são responsáveis pela comunicação oficial dos resultados de uma

pesquisa A internet amplia as possibilidades de troca de informação na medida em que permite ao

pesquisador compartilhar e interagir com a inteligência coletiva (LEVY, 1998).

Já, a pesquisa de campo refere-se ao momento em que os

dados foram coletados no campus da Trindade da UFSC. Pois, como

assinalam Souza, Fialho e Otani (2007, p.40), esta consiste na coleta de

informações no local natural onde os fatos e fenômenos acontecem. A

este propósito, a pesquisa poderá contribuir com o processo de mudança

na UFSC ao apresentar as potencialidades identificadas do uso da

bicicleta no planejamento do espaço urbano, e as conseqüências das

escolhas de locomoção dos indivíduos.

3.1 Etapa descritiva

Nesta etapa, os fatos são observados, registrados, analisados,

classificados e interpretados, sem interferência do pesquisador, fazendo

uso de técnicas padronizadas de coleta de dados.

A pesquisa descritiva expõe características de determinado

fenômeno e pode, também, estabelecer correlações entre variáveis e

definir sua natureza. Porém, não tem o compromisso de explicar os

fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação

(VERGARA, 1997). Assim, dentre as finalidades apresentadas por

Malhotra (2001) sobre a realização de uma pesquisa descritiva, duas

representam a razão de escolha deste método para a realização da

pesquisa, a saber: descrever características de grupos relevantes, como

consumidores e estimar a porcentagem de unidades de uma população

específica que exibe um determinado comportamento.

Afinal, a pesquisa descritiva observa, registra, correlaciona e

descreve fatos ou fenômenos de uma determinada realidade sem

manipulá-los. Procura conhecer e entender as diversas situações e

Page 47: Monografia Mobilidade Urbana

47

relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais

aspectos que ocorrem na sociedade.

Diante do exposto, no presente estudo, o universo do estudo

compreende a população de alunos de graduação da Universidade

Federal de Santa Catarina (20.467 alunos). Vale ressaltar que, devido ao

efeito da idade cronológica no nível de atividade física do ser humano,

os alunos dos cursos de extensão e de pós-graduação foram excluídos do

estudo. Ainda, foi considerada a relação entre idade e sedentarismo, de

modo a analisar a população estudada de ciclistas e não-ciclistas. Pois,

de acordo com estudo feito por Quadros et al (2009), a prevalência de

sedentarismo dos universitários recém ingressos na UFSC é de apenas

13,8 %. Adicionalmente, os estudos de Matsudo et al (2002) corroboram

com Quadros et al (2009), ao afirmar que há uma tendência de aumento

do nível de sedentarismo do sexo masculino com o aumento da idade

cronológica e concomitantemente, uma diminuição na porcentagem de

indivíduos muito ativos.

Tem-se, assim, uma amostra de 467 alunos que se caracteriza

como não-probabilística por critérios de conveniência, uma vez que os

indivíduos foram selecionados em decorrência dos locais que a

pesquisadora freqüentou, tais como: biblioteca universitária, salas de

aula dos cursos de Administração, Arquitetura e Engenharia, bares e

lanchonetes, além dos Centros: CFH, CTC, CSE, CCS, CDS, CCJ e

CCE. Quanto ao assunto, é pertinente ressaltar que “amostra por

conveniência envolve a seleção de elementos de amostra que estejam

mais disponíveis para tomar parte no estudo e que podem oferecer as

informações necessárias” (HAIR et al, 2005, p. 247).

Portanto, a condição para selecionar a amostra envolveu a

percepção da aplicadora para abordar indivíduos dispersos ou

descontraídos, contribuindo para a receptividade em responder ao

questionário. Não houve dificuldades em aplicar o questionário entre o

período de 15 de março a 23 de abril de 2010. Assim, com base no

universo de 20.467 alunos do ensino superior de graduação

regularmente matriculados no ano de 2008, 467 pessoas participaram da

pesquisa, com um erro amostral de 4,5%. A taxa de retorno foi de 100%,

conformam mostram os cálculos no quadro 3, a seguir.

Page 48: Monografia Mobilidade Urbana

48

Quadro 3: Cálculo do tamanho da amostra. Fonte: Elaborado pela autora (2010).

Na fase descritiva destinada a determinar o grau de influência

de fatores que contribuem para o uso ou não de bicicletas,

desenvolveram-se as seguintes atividades:

a) avaliação da população de alunos de graduação que

estudam na UFSC;

b) pré-testes com 10 alunos do curso de graduação de

administração da UFSC, a fim de verificar a compreensão

dos respondentes, identificar eventuais vieses, e estimar o

tempo de preenchimento do questionário de 5 minutos.

Através do teste, observou-se que a linguagem empregada

no questionário era clara, bem como sua forma de

preenchimento.

c) aplicação de questionários;

d) escala de mensuração do tipo média aritmética, escala

nominal onde as questões 5 e 11, utilizam de objetos que

correspondem a um ou mais objetos com a mesma

modalidade, tidos como equivalentes ou pertencentes ao

mesmo atributo, e nas questões 10 e 17 escala ordinal de

preferência e;

e) tratamento dos dados através de Tabela Dinâmica.

Para isso, um questionário quali-quantitativo (Apêndice A) foi

formulado como técnica padronizada de coleta de dados, em que,

através de contato direto, este foi aplicado a cada participante sendo

utilizadas questões abertas (1 e 8), questões fechadas com alternativas

hierarquizadas de freqüência, distância e tempo, e questões dicotômicas.

Na questão dicotômica, a pessoa escolhe a reposta num conjunto de

duas opções, por exemplo, sim ou não. Além disso, utilizou-se, nas

N = 20.467 alunos do ensino superior de graduação

Erro amostral tolerável = 4,57%

n= N x n◦

n◦ = 1/ E² N + n◦

n◦ = 1/(0,457)²

n◦ = 1/0,208849 n= 20.467 x 478 = 9.783.226 = 467

n◦= 478 20.467 + 478 20.945

Primeira aproximação da amostra n◦ = 478 Tamanho da amostra n= 467 alunos

Page 49: Monografia Mobilidade Urbana

49

questões 10 e 17, Escala Ordinal de preferência em relação aos

atributos: segurança pública, oferta e qualidade de ciclofaixas e

ciclovias, integração de transporte, locação de bicicletas, tecnologia para

bicicletas, estacionamento, comportamento de pedestres e motoristas,

rapidez no deslocamento, distância do deslocamento, e campanhas

educativas e de marketing.

Quanto ao instrumento de coleta de dados escolhido, cabe

assinalar que questionário é um método bastante utilizado em pesquisas,

pois possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja. É definido

como “um meio de se obter as respostas às questões por uma fórmula

que o próprio informante preenche” (CERVO; SILVA; BERVIAN,

2006). O prazo de preenchimento dos questionários era, em média, de 7

minutos após a entrega.

O presente estudo também é considerado como quantitativo,

uma vez que a pesquisa quantitativa traduz em números as opiniões e

informações para serem classificadas e analisadas através de técnicas

estatísticas de média, o que foi buscado no presente estudo. Com isso,

para o tratamento estatístico dos dados, e sob a luz dos objetivos

propostos, foi utilizada a técnica de Tabela Dinâmica do aplicativo

Microsoft Office Excel, associado ao método de análise de componentes

principais. Disso, resultou-se em um cruzamento de dados das questões

4 e 20; e 4 e 16, o que possibilitou uma análise aprofundada do

problema de pesquisa.

3.2 Limitações

Primeiramente, a limitação da pesquisa reside na medição da

importância, por esta ser relativa ao se apresentar como uma

característica psicológica do indivíduo, tal como medir o grau de

felicidade. Não obstante, o conceito de satisfação abordado na questão

18 do questionário possui diferentes significados para diferentes

pesquisadores, o que inibe comparações. Quanto à dimensão tempo, o

grau de satisfação também varia, através da obtenção de novas

informações, por isso o período de aplicação dos questionários é

considerado uma limitação do estudo.

A aplicação da metodologia escolhida também determina

algumas restrições neste estudo. Esta está relacionada com a amostra,

por ter sido aplicada em apenas uma universidade, em uma capital de

um estado brasileiro, impossibilitando a generalização dos resultados a

Page 50: Monografia Mobilidade Urbana

50

outras universidades. Somente a adoção da metodologia aplicada

continuamente é que tornará sólida a estrutura e procedimentos.

Por último, existe a restrição que reside na análise de

desempenho não explicar o porquê de determinado atributo ser um

problema ou um benefício para a população.

Page 51: Monografia Mobilidade Urbana

51

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Após a realização do estudo conceitual e da apresentação da

metodologia que serviu de base para o conhecimento deste assunto, os

próximos itens serão a apresentação e análise de todas as informações

sobre o estudo.

4.1 A UFSC e a bicicleta

Fundada em 1960, A Universidade Federal de Santa Catarina

está compromissada com uma educação pública de qualidade. Dispõe de

20.467 alunos de graduação matriculados e conta com um corpo docente

de 1.610. Oferece também 84 cursos e habilitações presenciais e a

distância no ensino de graduação em todas as áreas do conhecimento

afirmando-se como uma instituição plural e diversificada. São 6.6691

vagas, destas 1.393 vagas para os cursos a distância e 655 vagas para

atender aos novos cursos criados nos campi de Florianópolis, Joinville,

Araranguá e Curitibanos. Além disso, novas propostas pedagógicas

estão em andamento, exemplos destas novas iniciativas incluem a

criação do bacharelado em Ciências Rurais e o bacharelado em

Engenharia da Mobilidade.

Nestes cursos, serão titulados alunos com uma formação mais

ampliada após três anos de estudo, e têm-se com objetivo criar

condições para que os mesmos possam avançar em áreas mais

específicas obtendo um segundo diploma após dois anos.

Presentemente, o Campus da Trindade a UFSC tem um total de onze

Centros de ensino, quais sejam:

a) Centro de Ciências Agrárias (CCA);

b) Centro de Ciências Biológicas (CCB);

c) Centro de Ciências da Educação (CED);

d) Centro de Ciências da Saúde (CCS);

e) Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM);

f) Centro de Ciências Jurídicas (CCJ);

g) Centro de Comunicação e Expressão (CCE);

h) Centro de Desportos (CDS);

i) Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH);

j) Centro Sócio-Econômico (CSE);

k) Centro Tecnológico (CTC).

Page 52: Monografia Mobilidade Urbana

52

Em 2009, houve crescimento significativo na graduação, pós-

graduação, pesquisa e extensão (RELATÓRIO DE GESTÃO DA

UFSC, 2009). Ainda, ocorreu um aumento significativo na captação de

recursos financeiros junto às agências de fomento, e intensificaram-se as

parcerias com empresas públicas e privadas

A Universidade Federal de Santa Catarina tem por finalidade

produzir, sistematizar e socializar o saber filosófico, científico, artístico

e tecnológico, ampliando e aprofundando a formação do ser humano

para o exercício profissional, a reflexão crítica, solidariedade nacional e

internacional, na perspectiva da construção de uma sociedade justa e

democrática e na defesa da qualidade de vida.

Dentro da perspectiva do uso da Bicicleta, a iniciativa de

criação e a responsabilidade de coordenação do programa Cidades

Amigas da Bicicleta lançado em agosto de 2001, pelo grupo GRUPO

CICLO BRASIL (2009), grupo de capacitação, pesquisa e extensão, do

Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos – CEFID, da

Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC em parceria com o

Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde – NUPAF, da

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, desenvolve ações para

uma mobilidade mais ativa, visando à melhoria da qualidade do ar das

cidades e da qualidade de vida dos cidadãos.

Fotografia 4: Centro Tecnológico - Campus Trindade

Fonte: Dados Primários (2010)

Page 53: Monografia Mobilidade Urbana

53

O programa abrange a cooperação técnica entre o estado e

prefeituras catarinenses, para criar intercâmbio entre seus técnicos dos

setores de planejamento e gerenciamento do sistema viário e do

transporte público, contando com a assessoria especializada para a

promoção de ações e projetos em favor de ciclistas e pedestres.

Além disso, o Ciclovia Ecoeficiente (2009) - um grupo

interdisciplinar da UFSC -estuda a viabilidade de um sistema ciclo

viário no Campus Central em ambiente apropriado, adequado e

ecologicamente correto que estimule novas alternativas de transporte e

deslocamento interligando a universidade aos principais pontos de

Florianópolis.

Fotografia 5: Projeto Ciclovia Ecoeficiente

Fonte: Ciclovia Ecoeficiente (2010)3

A UFSC também apóia eventos relativos à mobilidade

promovendo debates e palestras no campus de Florianópolis; e reproduz

fatos inerentes à mobilidade urbana da Cidade em fontes acadêmicas

3 Disponível em: <http://www.cicloviaecoeficiente.blogspot.com/>. Acesso

em: 26 maio 2010.

Page 54: Monografia Mobilidade Urbana

54

tais como o Jornal Laboratório Zero do Curso de Jornalismo da

Universidade.

O anteprojeto de lei do Plano Diretor de Desenvolvimento

Sustentável de Florianópolis teve a sua apresentação em audiência

pública suspensa por manifestações de diversos setores da sociedade,

como entidades comunitárias, ambientalistas e acadêmicas. O objetivo

foi reincluir a participação do Núcleo gestor formado por representantes

dos distritos, sociedades e poder público, que teve as atividades

suspensas pela prefeitura no final de 2008.

O professor de Arquitetura, Lino Peres, representante da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) coloca “se o Núcleo

gestor fosse retomado e fosse dada a devida divulgação, com apoio

logístico, espaço físico, ajudar as comunidades com mapas – o Plano

Diretor Participativo poderia ser definido em até seis meses ou menos,

mas arrastando-se o embate político, pode levar muito mais tempo.”

De acordo, o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil

(IAB) de SC, Edson Cattoni, o processo não foi transparente, “é com a

participação de toda a população que o debate deve ser feito”.

4.2 Análise dos dados

A próxima seção categoriza e apresenta os dados coletados

sobre o perfil da amostra. Em seguida, são colocados os parâmetros que

influenciam o uso da bicicleta como meio de transporte.

4.2.1 Perfil dos entrevistados

O presente estudo revelou que a idade média dos ciclistas é de

21 anos, e esta se justifica pela relação entre idade e sedentarismo de

Matsudo et al (2002), em que este afirma que há uma tendência de

aumento do nível de sedentarismo com o aumento da idade cronológica

e concomitantemente, uma diminuição na porcentagem de indivíduos

muito ativos.

Com relação à predominância do gênero, 278 são do sexo

masculino representando 59,53%, enquanto que 187 são do sexo

feminino e representam 40,04% dos 467 alunos, conforme o Gráfico 6, a

seguir.

Page 55: Monografia Mobilidade Urbana

55

Sexo

59,53%

40,04%

0,43%

Geral Masc.

Geral Fem.

Não Respondeu

Gráfico 6: Distribuição do sexo

Fonte: Dados primários (2010)

Os dados são similares à pesquisa realizada pelo Programa

Ciclo viário do Governo do Distrito Federal, intitulado Pedala (2010).

Este trabalho alcançou um grau de excelência elevado, e está em vias de

obter a certificação internacional de qualidade do Bicycle Partnership Program (BPP), Organização Não Governamental da Holanda. Os

usuários de bicicletas do Distrito Federal, em maior parte, são também

do gênero masculino. Na média geral, 86,35% são homens, enquanto

apenas 13,65% são mulheres.

Na questão que examina o grau de escolaridade com relação

ao uso da bicicleta, 466 ou 90,15% dos entrevistados cursam graduação

e não são ciclistas, e apenas 46 alunos ou 9,64% cursam graduação e se

deslocam até a UFSC de bicicleta. A seguir, o Gráfico 7 ilustra os

resultados.

Page 56: Monografia Mobilidade Urbana

56

Escolaridade

9,64%

90,15%

0,21%

Ciclista Grad.

Não Ciclista Grad.

Não respondeu

Gráfico 7: Distribuição da escolaridade com relação ao uso da bicicleta Fonte: Dados primários (2010)

Observou-se baixa representatividade de alunos ciclistas

(9,64%). Em verdade, a atual sociedade está à mercê da promoção da

cultura do automóvel e à falta de incentivos à bicicleta. Quanto ao

assunto, Peter Hall (1988) pressupõe que todas as urbanizações

construídas em função do automóvel foram realizadas pela iniciativa

privada objetivando o lucro. Projetadas para dar dinheiro, dinheiro

deram. O êxito marcante deveu-se à qualidade do projeto e ao recurso a

convênios privados que garantiram a manutenção dessa qualidade. Não

há duvida de que houve também uma versão altamente idealizada da

cidade do automóvel, que transferiu o direito à cidade somente àqueles

que tenham condição econômica para tal. Com isso, cada vez mais

pessoas são levadas a fazer uso do transporte individual em detrimento

do coletivo.

Vasconcellos (1998) acrescenta que no Brasil, o motorista

julga-se com mais direito à circulação do que os outros participantes do

mundo no trânsito (...) onde o pedestre se submete a essa situação e

assume o papel de “cidadão de segunda classe”. Nesse sentido, o

automóvel simbólica e culturalmente como visto, representa status com

significado social muito forte e definidor de comportamentos.

Os investimentos em sistema viário, na maioria das vezes,

priorizaram a infra-estrutura para o automóvel. No Brasil, de maneira

geral, a cultura do planejador urbano ainda procura garantir a prioridade

para o automóvel e assim a idéia do direito de ir e vir, muitas vezes, é

utilizada para justificar o direito dos automobilistas, esquecendo-se de

Page 57: Monografia Mobilidade Urbana

57

que o direito de ir e vir é da pessoa e não do veículo (TRANSPORTE

ATIVO, 2010).

De acordo com Hoffman, Cruz e Alchieri (2003), qualquer

tentativa de modificação da realidade atual, irá passar obrigatoriamente

por uma mudança de visão a respeito do transporte, retomando-se o

papel utilitário dos veículos e buscando-se encerrar ou minimizar o

“culto ao automóvel”, tão em voga em nossa sociedade. Assim, o espaço

público é organizado para o automóvel e não para os pedestres, ciclistas

e outros não-motorizados.

Com isso, para mudar a realidade atual, é preciso pensar na

mobilidade como um reflexo de características culturais de uma

sociedade, e concebê-la por meio de uma abordagem sistêmica com foco

nas pessoas, conforme a publicação do Ministério das Cidades (2006, p.

19)

Nesse sentido, identificam-se os fatores que influenciam o uso

da bicicleta como meio de transporte, na percepção dos entrevistados.

4.2.2 Identificação dos fatores que influenciam o uso da bicicleta como meio de transporte

Buscou-se identificar os fatores que influenciam o uso da

bicicleta por ciclistas e não ciclistas separadamente. O principal atributo

elencado pelos ciclistas que fazem uso da bicicleta ocorre devido à

rapidez do meio de transporte, com 56,52% (gráfico 8).

Outro atributo também considerado relevante foi o hábito

saudável de pedalar, com 30,43%. E, por ser um meio de transporte

econômico e que realiza pequenas distâncias das residências dos

ciclistas, ambas assertivas com 6,52% das respostas, conforme o Gráfico

8.

Page 58: Monografia Mobilidade Urbana

58

Por que utiliza a bicicleta?

56,52%30,43%

6,52%6,52%

RAPIDEZ

HÁBITO SAUDÁVEL

PROXIMIDADE

ECONOMIA

Gráfico 8: Distribuição dos atributos relacionados ao uso da bicicleta

Fonte: Dados Primários (2010)

A rapidez do deslocamento, a economia que a bicicleta

promove e os hábitos saudáveis respectivos à prática do exercício, foram

elencados como os mais importantes para ciclistas (gráfico 8). Do

mesmo modo, a pesquisa do Pedala (2010) apontou que o motivo de uso

da bicicleta é a economia, com 47,27% da proporção do universo

pesquisado. O segundo motivo, como revela o gráfico 8, com uma

participação de 16,70%, é a saúde, envolvendo a motivação do uso da

bicicleta voltado para o bem estar e a qualidade de vida.

Com relação à freqüência para realizar o deslocamento de

bicicleta por semana, esta é de mais de duas vezes para 39,13% da

amostra (gráfico 9). Com uma porcentagem próxima, 32,61%,

responderam que utilizam a bicicleta todos os dias, e 21,74%, fazem uso

da bicicleta entre uma a duas vezes por semana. O Gráfico 9 a seguir,

apresenta os dados.

Page 59: Monografia Mobilidade Urbana

59

Frequência por Semana

21,74%

39,13%

32,61%

6,52%

1 A 2X

MAIS DE 2X

TODOS OS DIAS

MENOS DE 2X

Gráfico 9: Distribuição de freqüência do uso da bicicleta por semana Fonte: Dados Primários (2010)

Os dados mostrados no gráfico 9 corroboram com a pesquisa

apresentada no Caderno de Cidades, em que, a Tabela 5 – Intensidade

do uso da Bicicleta (TRANSPORTE ATIVO, 2010), ilustra a freqüência

do deslocamento por semana em Florianópolis, SC. Os resultados dessa

pesquisa, afirmam que 35% utilizam a bicicleta mais de duas vezes por

semana, número próximo ao presente estudo (39,13%).

Somados os atributos de maior freqüência, mais de 70% dos

ciclistas realizam o deslocamento de bicicleta todos os dias ou mais de

duas vezes por semana, conforme deixa claro o gráfico 9.

Já, sob o ponto de vista da distância percorrida, 50% pedalam

entre dois a cinco quilômetros, e 30,43%, percorrem até dois

quilômetros, como evidencia o Gráfico 10 a seguir:

Page 60: Monografia Mobilidade Urbana

60

Distância Percorrida

30,43%

50,00%

8,70%

10,87%

ATÉ 2KM

2 - 5KM

5 -10KM

MAIS DE 10KM

Gráfico 10: Distribuição da distância percorrida

Fonte: Dados Primários (2010)

Para distâncias de até cinco quilômetros (TRANSPORTE

ATIVO, 2010), nas áreas urbanas mais densas das cidades, há estudos

que constatam ser a bicicleta o meio de transporte mais rápido em

deslocamentos “porta-a-porta”. Para iniciar uma viagem, o ciclista

necessita de pouco tempo no acesso a seu veículo e é menos afetado

pelos congestionamentos, do que os usuários de outras modalidades de

transportes.

Com isso, verificou-se, no Gráfico 8, que os dois atributos que

influenciam o uso da bicicleta são a rapidez e a proximidade do

deslocamento, informação que é corroborada pelo gráfico 7, uma vez

que mais de 80% da amostra percorrem entre dois e cinco quilômetros

de bicicleta e o tempo médio de deslocamento é de 11 minutos.

Ainda, de acordo com o gráfico 11, a maior parte do percurso

para 71,74%, ou 33 ciclistas, é realizado na pista destinada a veículos

motorizados. Outro fator relevante é que 15,22%, ou sete ciclistas,

andam pela calçada destinada a pedestres. Apenas cinco alunos

representam 10,87% do total, e andam de bicicleta em ciclovias ou

ciclofaixas, conforme o Gráfico 11 apresenta os resultados em seguida.

Page 61: Monografia Mobilidade Urbana

61

Por onde você trafega na maior parte do

percurso?

2,17%15,22%

10,87%

71,74%

PISTA

CICLOVIA OU CICLOFAIXA

CALÇADA

GRAMA

Gráfico 11: Distribuição do local de percurso de ciclistas Fonte: Dados Primários (2010)

Diante disso, constata-se que, apesar da freqüência do uso da

bicicleta, a maior parte do percurso para 71,74%, ocorre na pista

destinada a veículos motorizados. Outro fator de suma importância é

que apenas 10,87% da amostra de ciclistas andam de bicicleta em

ciclovias ou ciclofaixas. Dificuldades similares foram alegadas pelos

ciclistas entrevistados pelo Pedala (2010), tais como: falta de espaço

para circulação e divisão de calçadas com pedestres, em função da falta

de oferta de ciclovias.

A ausência de ciclovia foi um item apontado, destacadamente,

pelos ciclistas de Florianópolis no estudo do Transporte Ativo (2010) na

Tabela 7 – Problemas de Trajeto. Tal fato talvez esteja atrelado à

imagem que os habitantes têm da segurança proporcionada pela Beira-

Mar Norte e Beira-Mar Sul, totalmente segregadas do tráfego

motorizado.

Identificou-se que, dentre os alunos não-ciclistas da amostra,

para 25,83% (ou 103) dos entrevistados, o principal motivo para não

fazer uso da bicicleta como meio de transporte até a UFSC, é o tempo,

podendo este atributo ser analisado dentro de dois aspectos. Na

percepção dos entrevistados, ocorre faltar tempo para andar de bicicleta,

ou o percurso a ser realizado implica em longas distâncias que

necessitam de muito tempo para realizar todo o trajeto somente de

bicicleta.

Page 62: Monografia Mobilidade Urbana

62

Outro aspecto apontado foi a falta de infra-estrutura,

envolvendo chuveiros, ciclovias, estacionamento e terminais de

integração, com 15,40% ou 65 respondentes; e a falta de segurança com

13,98% ou 59 respondentes abarcando principalmente atropelamentos,

assaltos e condições de tráfego. O gráfico 12, a seguir, apresenta os

dados citados:

Por que você não faz uso da bicicleta como meio de transporte

até a UFSC?4,98%

15,40%

13,51%

3,55%

6,87%25,83%

3,79%

13,98%

9,00%3,08%

CANSA

FALTA DE INFRAESTRUTURA

CONFORTO

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

FICA SUADO

TEMPO

STATUS

FALTA DE SEGURANÇA

NÃO GOSTO

Não respondeu

Gráfico 12: Atributos da não utilização da bicicleta como meio de transporte

Fonte: Dados Primários (2010)

Ao analisar os dados sob o aspecto da falta de tempo para

realizar longas distâncias somente de bicicleta, evidencia-se o problema

da falta de integração entre os modais. Neste sentido, Souza, Lima Neto

e Brasileiro (2009) entendem que, para viagens de percursos mais

longos, há uma limitação no uso da bicicleta como meio de transporte,

dada a incapacidade física que é pedalar por vários quilômetros;

contudo, se os terminais de ônibus e estações de trens e metrôs fossem

dotados de equipamentos urbanos como bicicletários e paraciclos, além

de um mínimo de investimento em conforto e pontualidade na prestação

do serviço público de transporte de passageiros, poder-se-ia contribuir

para reverter o quadro caótico do trânsito e da mobilidade urbana

brasileira.

Em comum, uma das soluções propostas pela ANTP (2009),

no Projeto Transporte Humano, também considera a complementaridade

dos modais, afirmando que o tratamento das necessidades de

deslocamento por bicicleta deve ser feito dentro de uma visão geral do

sistema de transporte de acordo com os modos concorrentes e

Page 63: Monografia Mobilidade Urbana

63

complementares e suas possíveis relações. Isso requer que sejam

definidas características específicas de circulação, estacionamento,

sinalização e comunicação com o usuário, mas de forma integrada em

relação aos demais meios de transporte.

Quanto ao modal de transporte utilizado, o gráfico 13 revela

que 39,43% dos entrevistados não-ciclistas responderam que o

deslocamento Casa-UFSC-Casa é realizado de ônibus. Com valor

similar, 30,64%, ou 129 alunos, deslocam-se a pé; e o automóvel é

utilizado por 21,38% do total da amostra. O Gráfico 13 apresenta os

resultados a seguir:

Como você realiza o deslocamento Casa-UFSC-

Casa?

30,64%

1,43%

39,43%

21,38%

1,19%

4,28%

0,71%0,24%

0,71%

A PÉ

MOTO

ÔNIBUS

AUTOMÓVEL

AUTOMÓVEL/ A PÉ

MOTO/ A PÉ

ÔNIBUS/ A PÉ

ÔNIBUS/AUTOMÓVEL

Não respondeu

Gráfico 13: Distribuição do modal de não-ciclistas Fonte: Dados Primários (2010)

Sob a influência do atributo segurança no uso da bicicleta,

relatou-se que 58,43%, ou 246 dos respondentes, não viriam para a

UFSC de bicicleta mesmo se houvesse mais segurança (gráfico 14).

Atributo este de importância para desfavorecer o uso da bicicleta, como

já analisado no Gráfico 12. O Gráfico 14 apresenta os referidos

resultados:

Page 64: Monografia Mobilidade Urbana

64

Você viria para a UFSC de bicicleta se houvesse

mais segurança?

40,14%

58,43%

1,43%

SIM

NÃO

Não respondeu

Gráfico 14: Distribuição do atributo segurança na decisão de não-ciclistas Fonte: Dados Primários (2010)

Na avaliação da influência do atributo infra-estrutura no uso

da bicicleta, foi identificado que 51,31%, ou 216 alunos, não iriam para

UFSC mesmo se houvesse mais infra-estrutura. E, 47,51%, ou 200

alunos, iriam. A seguir, o Gráfico 15 ilustra tais dados:

Você viria para a UFSC de bicicleta se

houvesse mais infra-estrutura?

47,51%

51,31%

1,19%

SIM

NÃO

Não respondeu

Gráfico 15: Distribuição do atributo Infra-estrutura na decisão de não-

ciclistas

Fonte: Dados Primários (2010)

Page 65: Monografia Mobilidade Urbana

65

Assim como o Gráfico 15, o Gráfico 16 a seguir revela

opiniões divididas em relação ao atributo ciclovias e ciclofaixas. Com

50,47% das respostas, 213 alunos responderam que não iriam para a

UFSC de bicicleta mesmo se houvesse mais ciclovias e ciclofaixas, e

47,63% ou 201 alunos iriam de bicicleta.

Você viria para a UFSC de bicicleta se

houvesse mais ciclovias e ciclofaixas?

47,63%

50,47%

1,90%

SIM

NÃO

Não respondeu

Gráfico 16: Distribuição do atributo Ciclovias e Ciclofaixas na decisão de não-

ciclistas

Fonte: Dados Primários (2010)

Podem-se analisar os gráficos 14, 15 e 16 sob o mesmo

aspecto. Os atributos segurança, infra-estrutura e ampliação de ciclovias

e ciclofaixas, apesar de reconhecidos como importantes, não são fatores

decisivos na escolha pelo uso da bicicleta para não usuários, quando

analisados isoladamente.

Segundo Tolley (1995 apud GONDIM; AZEVEDO; PORTO

JÚNIOR, 2000, p. 50) “a implantação de ciclovias proporciona maior

segurança e conforto aos antigos ciclistas do percurso, e ajuda a atrair

não só novos usuários, como também, induzir o desvio de rota daqueles

ciclistas que, por falta de opção, se viam obrigados a circular em vias

sobrecarregadas e perigosas.

Corroborando, McClintock (1995 apud GONDIM,

AZEVEDO; PORTO JÚNIOR, 2000) acrescenta ainda que a ciclofaixa,

ou apenas a distinção de piso sem nenhuma forma de segregação, tem

também ótimos resultados em vias de menor fluxo de tráfego e baixas

velocidades.

Page 66: Monografia Mobilidade Urbana

66

De outro modo, o uso da bicicleta, analisado em função do

fator tempo (gráfico 16), revelou que 27,79%, ou 117 alunos, iriam de

bicicleta se levassem 10 minutos para realizar o trajeto. E, 26,13%, ou

110 alunos, iriam, se levassem até 20 minutos. Entretanto, 22,57%, ou

95 alunos, não iriam de bicicleta para a UFSC modo algum. O Gráfico

17 mostra os aludidos resultados:

Você viria de bicicleta?0,71%7,13%

15,68%

26,13% 27,79%

22,57%

NÃO VIRIA

ATÉ 10MIN

ATÉ 20MIN

ATÉ 30MIN

MAIS DE 30MIN

Não respondeu

Gráfico 17: Distribuição do uso da bicicleta em relação ao tempo

Fonte: Dados Primários (2010)

Uma vez que os ciclistas levam um tempo médio de 11

minutos para realizar o deslocamento, permite-se avaliar que é possível

mais de 75% de alunos não-ciclistas adotarem a bicicleta para pequenas

distâncias, caso haja condições favoráveis de infra-estrutura e segurança

para o deslocamento, conforme identificado no Gráfico 12. Deste modo,

a bicicleta pode ser utilizada em integração com outros modais.

Dentre as diretrizes do Plano Diretor Participativo de

Florianópolis (2006), está a criação, ampliação, diversificação e

integração do transporte coletivo público terrestre (metrô de superfície,

ônibus e micro-ônibus) e marítimo (de pessoas, veículos e carga) e

integração destes, aos modais alternativos, priorizando as áreas mais

populosas do município. Do mesmo modo, a integração da bicicleta com

os demais modais do transporte público é colocada como meta do

Projeto Pedala (2010) que pretende construir em Brasília a maior malha

ciclo viária do país, com 200 quilômetros de extensão, em 2010.

Page 67: Monografia Mobilidade Urbana

67

Em comum, uma das soluções propostas pela ANTP (2009)

no Projeto Transporte Humano também considera a complementaridade

dos modais, ao afirmar que o tratamento das necessidades de

deslocamento por bicicleta deve ser feito dentro de uma visão geral do

sistema de transporte, considerando os modos concorrentes e

complementares e suas possíveis relações. Isso requer que sejam

definidas características específicas de circulação, estacionamento,

sinalização e comunicação com o usuário, mas de forma integrada em

relação aos demais meios de transporte.

Nesse sentido, a tecnologia empregada em bicicletas

dobráveis tende a contribuir consideravelmente para a integração de

modais, favorecendo o transporte da bicicleta dentro dos demais. Com

isso, a empresa Dahon contribui ao apresentar a primeira bicicleta

dobrável para o mundo (fotografia 1) sendo, atualmente, uma das

categorias que mais cresce no mercado de bicicletas.

4.2.3 Mobilidade urbana

No tocante à satisfação com Políticas de transporte,

circulação, acessibilidade e trânsito, e políticas de desenvolvimento

urbano, equipamentos urbanos e infra-estrutura, 92,37%, ou 434 alunos,

apresentaram-se insatisfeitos e 5,32%, ou 25 alunos (todos não-

ciclistas), apresentaram-se satisfeitos. O Gráfico 18, a seguir, sintetiza

tais resultados:

Page 68: Monografia Mobilidade Urbana

68

Satisfação com Políticas de

Transporte5,32% 2,31%

92,37%

NÃO

SIM

Não Respondeu

Gráfico 18: Distribuição da satisfação com políticas de transporte

Fonte: Dados Primários (2010)

A insatisfação pode ser atribuída à falta de estudos de

planejamento de transportes, em conjunto com a falta da participação da

sociedade civil de modo a auxiliar na implantação de políticas de

transporte mais integradas. Pois, de acordo com (IPUF), desde os anos

80 do Século XX não é realizada pesquisa de Origem/Destino Geral

para conhecer a distribuição das viagens da população em todo o

território urbano do Município de Florianópolis.

A Contrans, uma comissão com o objetivo de dar consultoria

ao planejamento urbano composta por representantes do Sindicato dos

Trabalhadores no Transporte Urbano, Secretaria de Transportes

Urbanos, UFSC, associações empresariais e entidades comunitárias,

apresentou sugestões para solucionar problemas do trânsito. Contudo,

"as medidas apresentadas são pequenas comparadas ao tamanho do

problema, falta instrumentos técnicos e verbas para fazer um estudo

mais aprofundado", ressalta Werner Kraus Junior, membro da comissão

e especialista em controle de transporte urbano (TRÁFEGO, 2009).

Com isso, foi criada uma Lei Complementar nº 078/2001

(Anexo B), que dispõe sobre o uso da bicicleta e o sistema ciclo viário,

regula o uso da bicicleta e o sistema ciclo viário, integrando-os aos

sistemas municipal viário e de transportes, de modo a alcançar a

utilização segura da bicicleta como veículo de transporte alternativo no

atendimento às demandas de deslocamento e lazer da população. Esta

Page 69: Monografia Mobilidade Urbana

69

Lei Complementar entrou em vigor em 2001, ficando o Chefe do Poder

Executivo obrigado a regulamentá-la no prazo máximo de 120 (cento e

vinte dias), após a sua publicação, o que não impactou em grandes

mudanças.

Recentemente, a sociedade civil pressionou a Assembléia

Legislativa do Estado de Santa Catarina, que promulgou a Lei nº 15.168,

no dia 11 de maio de 2010 (Anexo A). Esta Lei dispõe sobre a infra-

estrutura e equipamentos de segurança e acessibilidade para as formas

de mobilidade não motorizadas (leia-se pedestres, ciclistas e cadeira de

rodas) e adota outras providências.

Ainda, o Art. 4º do Plano Diretor de Desenvolvimento

Sustentável de Florianópolis, parágrafo XV, especifica que é objetivo do

Plano Diretor planejar os sistemas de transportes, o mobiliário urbano e

os equipamentos públicos em geral, de modo a assegurar a

acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, pedestres e

ciclistas (PLANO, 2006). Entretanto, o maior problema, de acordo com

o professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Santa

Catarina (UFSC) Lino Peres, é que a mobilidade está concentrada na

Ilha e não há estudos pensando na região metropolitana. De acordo com

o professor, o plano também prevê obras isoladas, ou seja, não estuda o

tráfego de maneira sistêmica, de modo a acomodar o tráfego e distribuí-

lo (PLANO, 2006).

Quando questionados sobre o uso de transporte público ou

alternativo (van, carona, caminhadas), 31,91%, ou 150 respondentes,

afirmaram que não fazem uso, e 65,74%, ou 309 respondentes, disseram

que utilizam destes modais para realizar deslocamentos até a UFSC em

horários de pico. O gráfico 19 contrasta os resultados a seguir:

Page 70: Monografia Mobilidade Urbana

70

Uso de Transporte Alternativo

31,91%

65,74%

2,34%

NÃO

SIM

Não Respondeu

Gráfico 19: Distribuição do uso do Transporte Público ou alternativo em horário de pico

Fonte: Dados Primários (2010)

O resultado permite identificar que tanto ciclistas como não-

ciclistas fazem uso de transporte coletivo ou alternativo em horários de

pico. A preocupação com os problemas de mobilidade urbana do Pólo

Gerador de Viagens demonstra uma mudança nos hábitos das pessoas e

na cultura.

No tocante, a preocupação eminente de diferentes culturas

com o meio ambiente e sustentabilidade influencia os hábitos da

sociedade civil de Florianópolis, no sentido de perceber a priorização do

transporte coletivo, e estes pressionarem por políticas de transportes

sustentáveis, como ocorreu com o Plano Diretor em Florianópolis

(2006).

Uma das diretrizes do Plano Diretor Participativo (2006) é

desestimular o uso do transporte individual motorizado, priorizar o

sistema de transporte coletivo público como principal solução para os

problemas de mobilidade urbana, otimizar a relação entre quantidade,

qualidade e custo do sistema, e visar sempre aos interesses dos pedestres

e dos veículos não motorizados, especialmente dos portadores de

necessidades especiais.

A questão sobre o gerenciamento da mobilidade urbana da

UFSC ilustrou o gráfico 19 de ciclistas e o gráfico 20 de não-ciclistas,

em separado, a fim de apresentar o viés da afirmação que ocorreu nesta

questão, através da busca da satisfação e valorização das preferências

Page 71: Monografia Mobilidade Urbana

71

individuais dos respondentes, através dos Gráficos 20 e 21

respectivamente:

Gerenciamento da Mobilidade

Urbana - Ciclistas

30,43%

10,87%2,17%

23,91%

32,61%

NENHUM

VEÍCULO

AMBOS

PESSOAS

Não Respondeu

Gráfico 20: Distribuição da opinião de ciclistas quanto ao Gerenciamento da

Mobilidade Urbana da UFSC

Fonte: Dados Primários (2010)

Diante dos resultados enviesados, a análise da questão ficou

prejudicada. Observa-se anteriormente que 23,91% dos alunos ciclistas

acreditam que aos veículos é dada maior prioridade no Gerenciamento

da Mobilidade Urbana da UFSC. Do mesmo modo, 24% dos alunos

não-ciclistas acreditam que às pessoas é dada maior importância,

conforme o gráfico 21 elucida:

Page 72: Monografia Mobilidade Urbana

72

Gerenciamento da Mobilide Urbana -

Não Ciclistas

31,76%

9,65%

30,12%

24,00%

4,47%

NENHUM

VEÍCULO

AMBOS

PESSOAS

Não Respondeu

Gráfico 21: Distribuição da opinião de não-ciclistas quanto ao Gerenciamento da Mobilidade Urbana da UFSC

Fonte: Dados Primários (2010)

Brockner e Rubin (1985 apud BAZERMAN, 2004, p. 100)

têm demonstrado que tomadores de decisões que se comprometem com

um curso de ação particular apresentam uma tendência a tomar decisões

subseqüentes que dão continuidade àquele comprometimento que vai

além do nível sugerido pela racionalidade. Além disso, Ross (1980 apud

BAZERMAN, 2004, p. 109) acredita que aumentar o comprometimento

com ações anteriores é um sinal de consistência.

Quanto ao conceito de mobilidade urbana sustentável, sabe-se

que a mesma pode ser compreendida como o resultado de um conjunto

de políticas que estabelecem como prioridade os modos não-

motorizados e coletivos de transporte, dirigidas para o deslocamento das

pessoas, e não dos veículos.

De acordo com Andan, D‟Arcier e Raux (1994 apud

MOURA, CASTELLO BRANCO; FIRKOWSKI, 2005, p. 247), o

conceito de mobilidade refere-se à vida cotidiana do indivíduo. Para os

autores, “a mobilidade corresponde ao conjunto de deslocamentos que o

indivíduo efetua para executar os atos de sua vida cotidiana (trabalho,

compras, lazer...)”.

Diante deste cenário, o Ministério das Cidades reconhece a

existência de uma crise de mobilidade que engloba as questões de

transporte público e trânsito, exigindo resoluções que superem sua

análise fracionada.

Page 73: Monografia Mobilidade Urbana

73

4.2.4 Verificação da importância de tais fatores para ciclistas e não-

ciclistas em escala ordinal de preferência

Quando se trata de identificar os atributos mais e menos

importantes em relação ao uso da bicicleta para ciclistas e não-ciclistas,

verificou-se a necessidade de expor primeiramente, os resultados de

modo genérico, como a Tabela 1 a seguir os apresenta. Para facilitar a

compreensão dos dados, tal Tabela 1 elucida os valores em

porcentagens, referente a todos os atributos listados nas questões 14 e 21

do Questionário.

Page 74: Monografia Mobilidade Urbana

74

Tabela 1: Distribuição da importância de fatores que influenciam o uso da bicicleta em escala ordinal de preferência

Fonte: Dados Primários (2010)

ORDEM DE

IMPORTÂNCIA SEGURANÇA

OFERTA DE

CICLOFAIXA E

CICLOVIA

QUALIDADE DE

CICLOFAIXA E

CICLOVIA

SERVIÇO DE

INTEGRAÇÃO

DE

TRANSPORTE

SERVIÇO DE

LOCAÇÃO

DE

BICICLETA

TECNOLOGIA

PARA

BICICLETAS

ESTACIONAMENT

O

COMPORTAMENTO

DE PEDESTRE E

MOTORISTA

RAPIDEZ DISTÂNCIA

CAMPANHA

EDUCATIVA E

DE MKT

1 15,42% 19,27% 8,99% 1,93% 1,51% 1,93% 3,64% 7,94% 13,52% 21,89% 1,29%

2 10,92% 16,92% 18,63% 3,00% 2,58% 1,28% 4,93% 6,87% 15,45% 15,02% 0,64%

3 13,92% 17,56% 11,78% 6,21% 2,80% 2,57% 11,35% 11,59% 9,87% 7,73% 1,29%

4 13,92% 10,06% 17,13% 9,42% 4,09% 3,21% 9,85% 11,59% 6,65% 7,30% 2,79%

5 8,99% 9,21% 12,21% 9,85% 6,88% 3,00% 13,49% 12,45% 9,23% 7,73% 2,58%

6 10,49% 9,85% 9,64% 8,14% 4,09% 4,93% 9,85% 15,67% 11,16% 8,58% 3,43%

7 9,21% 5,35% 8,57% 13,49% 4,52% 7,28% 13,92% 10,30% 9,01% 6,44% 7,94%

8 4,50% 2,14% 3,43% 22,06% 10,54% 8,57% 11,13% 7,94% 6,22% 7,51% 11,80%

9 2,14% 2,57% 3,85% 10,49% 17,85% 17,34% 9,64% 6,44% 5,15% 5,15% 15,02%

10 1,93% 2,14% 1,28% 7,92% 21,51% 23,34% 6,00% 3,22% 5,36% 5,58% 17,60%

11 4,93% 1,07% 0,64% 3,64% 19,57% 22,48% 2,36% 2,15% 4,29% 3,43% 31,33%

SEM

RESPOSTA 3,64% 3,85% 3,85% 3,85% 4,09% 4,07% 3,85% 3,86% 4,08% 3,65% 4,29%

Total: 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Page 75: Monografia Mobilidade Urbana

75

Como atributo de maior relevância, identificou-se que

21,89%, ou 102 respondentes, acreditam que o atributo mais importante

é a distância do deslocamento de bicicleta, conforme o gráfico 22 ilustra

a seguir.

DISTÂNCIA DO DESLOCAMENTO

0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%20,00%22,00%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

ORDEM DE IMPORTÂNCIA

PO

RC

ENTA

GEM

Gráfico 22: Distribuição do atributo Distância do Deslocamento em ordem de

importância

Fonte: Dados Primários (2010)

O segundo atributo mais importante, com 19,27% ou 90

respostas, é a oferta de ciclofaixas e ciclovias, tanto para ciclistas como

não ciclistas. O gráfico 23 sintetiza tais resultados.

Page 76: Monografia Mobilidade Urbana

76

OFERTA DE CICLOFAIXAS E

CICLOVIAS

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

20,00%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Gráfico 23: Distribuição do atributo Oferta de Ciclofaixas e Ciclovias em ordem de importância

Fonte: Dados Primário (2010)

Apresenta-se como terceiro atributo mais importante no uso

da bicicleta o fator segurança, com 15,42%, ou 72 respondentes,

conforme demonstra o gráfico 24, a seguir.

SEGURANÇA

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

20,00%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Gráfico 24: Distribuição do atributo Segurança em ordem de

importância

Fonte: Dados Primários (2010)

Page 77: Monografia Mobilidade Urbana

77

O número 12 na ordem de importância representa as repostas

em branco. Por isso, em contrapartida, 31,33%, ou 146 alunos,

acreditam que o atributo menos importante para o uso da bicicleta

envolve campanhas educativas e de marketing, em décimo primeiro

lugar. O que o gráfico 25 apresenta os referidos resultados:

CAMPANHAS EDUCATIVAS E DE MKT

0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%20,00%22,00%24,00%26,00%28,00%30,00%32,00%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Gráfico 25: Distribuição do atributo Campanhas Educativas e de Marketing em ordem de importância

Fonte: Dados Primários (2010)

O segundo atributo menos importante, em décimo lugar, com

22,48%, ou 102 respostas, envolve tecnologias para a bicicleta, em

seguida apresentadas no Gráfico 26:

Page 78: Monografia Mobilidade Urbana

78

TECNOLOGIAS PARA BICICLETAS

0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%20,00%22,00%24,00%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Gráfico 26: Distribuição do atributo Tecnologias para Bicicletas em ordem de

preferência Fonte: Dados Primários (2010)

O terceiro fator menos importante, em nono lugar, atribui-se a

serviços para locação de bicicletas, com 19,57%, ou 91 respostas, de

acordo com o Gráfico 27 a seguir:

SERVIÇO DE LOCAÇÃO DE BICICLETAS

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

20,00%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Gráfico 27: Distribuição do atributo Serviço de Locação de Bicicletas em

ordem de preferência

Fonte: Dados Primários (2010)

Page 79: Monografia Mobilidade Urbana

79

A seguir, apresentam-se as recomendações para o

Gerenciamento da Mobilidade Urbana no que compete ao Sistema Ciclo

Viário.

4.2.5 Apresentação de recomendações para o gerenciamento do sistema ciclo viário

Os campi universitários são grandes Pólos Geradores de

Viagens. Todos os dias há uma enorme diversidade de pessoas

freqüentando estes espaços, em diferentes horários e formas de

mobilidade. Diante desta realidade, têm-se a necessidade de gerenciar,

através da organização, direção, controle e planejamento, os espaços

para que tenham condições de proporcionar oportunidades de maneira

igualitária aos seus usuários.

Nesse sentido, o responsável por esta gestão deve considerar

as variáveis que influenciam o uso da Bicicleta no Campus Universitário

Trindade da UFSC, além de identificar, analisar e utilizar as melhores

ferramentas para gerenciar a mobilidade do Campus, com intuito de dar

fluidez ao trânsito das pessoas, e não dos veículos. No que se refere ao

fator infra-estrutura, por exemplo, diversas áreas para ciclovias podem

ser construídas para incentivo à mudança de comportamentos, assim

como a construção de um bicicletário em local próximo à Universidade,

com acesso controlado, como o mostrado na figura 28, que ofereça

maior segurança e conforto aos antigos e futuros usuários.

Page 80: Monografia Mobilidade Urbana

80

Fotografia 28: Bicicletário da Ascobike em Mauá, o maior das Américas

Fonte: Manual para implantação de bicicletários (2009).

A informática, a engenharia de tráfego, a eletrônica, a

tecnologia comportamental e a democratização da informação são

ferramentas essenciais e que modernamente compõem o que se chama

de trânsito inteligente. Afinal, a informática está cada vez mais potente,

barata e amigável ao usuário (SCARINGELLA, 2001).Dentro desse

contexto, é possível conscientizar a população sobre o uso da bicicleta

no dia-a-dia através da internet, com ferramentas que vão desde facilitar

a aquisição de passes para uso do serviço de locação das bicicletas

públicas em terminais de integração, permitir a consulta de extratos de

movimentação, informações sobre o serviço, notícias e condições do

clima. A aplicação do referido recurso com este fim pode ser observado

na figura 29, elaborado pelo projeto SAMBA (MOBILIDADE, 2010).

Page 81: Monografia Mobilidade Urbana

81

]

Figura 29: Interface da Página de Aluguel de Bicicletas de Blumenau

Fonte: Mobilicidade (2009)4

Algumas considerações são feitas com o objetivo de dar

suporte a um projeto dessa ordem, a exemplo do SAMBA, disponível

em Mobilidade (2009):

a) Anteriores à questão da informação ao usuário são as

questões ligadas à infra-estrutura para o transporte ciclo viário com

terminais em condições de conforto e segurança, tal como exibido na

fotografia 30;

b) Há que se ter medidas como o Sistema de Informação ao

Usuário, em que se obtém informação sobre condições climáticas,

acessibilidade de ciclovias, e segurança, via celular antes da viagem.

Isto gera uma mobilização do usuário para o meio de transporte a que a

4 Disponível em: < http://www.mobilicidade.com.br/>. Acesso em: 29 maio 2010.18 ago. 2009.

Page 82: Monografia Mobilidade Urbana

82

informação se destina. Isso significa que uma informação que se destina

ao transporte ciclo viário, atrairá pessoas para o mesmo;

c) É preciso elaborar medidas que restringem o uso do

automóvel (como dificuldade para estacionar e existência de cobrança

de pedágios) no Campus Universitário, as quais podem pode servir de

catalisador do processo.

Fotografia 30: Integração de Aluguel de Bicicletas em Blumenau no Cartão

Siga

Fonte: SILVA (2010)5

Diante do exposto, verifica-se ser fundamental considerarem-

se as diretrizes de Gerenciamento da Mobilidade do Sistema Ciclo

Viário, de forma aderente ao modelo cultural, social e econômico do

Campus Universitário em estudo, garantindo a participação explícita da

comunidade acadêmica, no processo de diagnóstico, avaliação e tomada

de decisão.

5 Disponível em: <http://jaimebatistadasilva.blogspot.com/2010/02/bicicleta-de-aluguel-pode-

ser-integrado.html>. Acesso em: 24 maio 2010.

Page 83: Monografia Mobilidade Urbana

83

5 CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi analisar o papel da bicicleta no

gerenciamento da mobilidade urbana, tendo como estudo de caso o pólo

gerador de viagens, a UFSC, e isto foi possível a partir da estruturação

do problema de pesquisa.

As informações resultantes desta pesquisa são importantes

para distinguir o perfil da população em estudo quanto à mobilidade, o

que é de fundamental importância para que se aplique medidas de

gerenciamento a favor da realidade dos usuários reais e potenciais. De

tal modo, o referencial teórico permitiu a compreensão de políticas

relacionadas ao uso da bicicleta dentro de um contexto específico e

procurou contemplar fatores como: gerenciamento da mobilidade,

mobilidade urbana sustentável, cultura, educação, segurança, marketing

e tecnologia.

Diante da abordagem de tais fatores, a opinião de ciclistas no

Campus Universitário da Trindade da UFSC revelou que os fatores

influenciadores do uso da bicicleta são: rapidez no deslocamento,

economia do modal e o hábito saudável em pedalar. Ainda, os ciclistas

do estudo revelaram que levam em média, 11 minutos para realizar o

deslocamento.

Para não ciclistas, os fatores inibidores do uso da bicicleta são

considerados longas distâncias que demandam muito tempo, falta de

infra-estrutura envolvendo entre outros aspectos: ausência de chuveiros,

terminais de integração e qualidade de ciclovias; e falta de segurança,

abrangendo principalmente condições de tráfego e assaltos.

Ainda para os alunos não ciclistas, o fator mais importante

envolve tempo, onde mais de 70% dos alunos afirmam que optariam

pela bicicleta se levassem até 20 minutos para realizar o percurso. Este

último dado revela uma demanda potencial para o uso da bicicleta em

pequenas distâncias, caso haja condições regulares de infra-estrutura e

segurança para o deslocamento. Somados os usuários existentes com a

demanda potencial, permite-se concluir que a bicicleta pode ser utilizada

em integração com outros modais, favorecendo a mobilidade urbana do

Campus Universitário Trindade da UFSC.

De modo geral, as questões de ordem preferencial de

importância objetivaram apontar os 3 atributos mais importantes da

amostra, revelados como: Tempo do deslocamento, Oferta de Ciclofaixa

e Ciclovias, e Segurança. Por isso, considera-se a implantação de

Page 84: Monografia Mobilidade Urbana

84

ciclovias e ciclofaixas, voltado primeiramente para viagens de curta

distância.

Com isso, o estudo conclui que o papel da bicicleta no

gerenciamento da mobilidade urbana é de integrador social, com foco na

relação entre indivíduo e o espaço urbano. Ainda, a bicicleta é um meio

de transporte alternativo, não poluente e ambientalmente sustentável por

ser ecologicamente limpa, econômica, e consumir pouco espaço público.

Apesar de indicada para pequenas distâncias, ela possibilita a integração

com outros modais devido às tecnologias adotadas tais como: bicicletas

elétricas, recarregáveis e dobráveis.

Através do levantamento bibliográfico, foi possível conhecer

os principais estudos utilizados para a análise, constatando-se que

existem diretrizes, leis e projetos que são capazes de promover uma

mudança modal. Dentre as diretrizes, o Plano Diretor Participativo de

Florianópolis (2006) aborda a criação, ampliação, diversificação e

integração do transporte coletivo público terrestre (metrô de superfície,

ônibus e micro-ônibus) e marítimo (de pessoas, veículos e carga) e

integração destes, aos modais alternativos, priorizando as áreas mais

populosas do município. De modo similar, a integração da bicicleta com

os demais modais do transporte público é colocada como meta do

Projeto Pedala (2010) que pretende construir em Brasília a maior malha

ciclo viária do país, com 200km de extensão, em 2010.

Por fim, a pesquisa revela o fator tempo como relevante tanto

para o estímulo como restrição do uso da bicicleta. Deste modo, ao

planejar e projetar o sistema ciclo viário, deve-se perceber a bicicleta

como veículo e meio de transporte, além de estudar as viagens deste

modal. Só assim, é plausível um diagnóstico sobre a demanda, o raio de

influência e sobre grupos de usuários reais e potenciais da bicicleta.

A análise também expôs a insatisfação com políticas de

transporte e o gerenciamento da mobilidade urbana, uma das

conseqüências falta de gestão do sistema de transporte urbano, nos pólos

geradores de viagens. Por isso, o planejamento dos sistemas viário, de

circulação e de transporte de passageiros deve-se fazer valer por meio de

diretrizes e leis urbanísticas que, primeiramente, sejam elaboradas em

conjunto com a sociedade civil, buscando a compreensão dos

deslocamentos necessários e exigidos por pessoas e bens que trafegam

por determinado local.

Para o atual estágio da pesquisa, o Campus da Trindade na

UFSC agregou mais valor ao entendimento da mobilidade urbana em

Pólos Geradores de Viagens, leia-se Campus Universitário, através dos

hábitos de alunos de graduação quanto aos principais modais utilizados

Page 85: Monografia Mobilidade Urbana

85

e os motivos que influenciam o uso da bicicleta, para produção de

conhecimento a fim de subsidiar futuras pesquisas e políticas públicas

de modo coerente e eficaz.

Vale ressaltar que os resultados obtidos são recomendações

que podem ou não ser seguidas, e podem ser alcançados resultados

diferentes caso a pesquisa seja conduzida de outra maneira, com outros

atores.

A metodologia utilizada foi eficaz, no sentido de auxiliar no

alcance dos objetivos da pesquisa. Neste caso, o trabalho serviu para

auxiliar na compreensão do papel da bicicleta dentro do gerenciamento

da mobilidade urbana de uma instituição de ensino superior.

5.1 Recomendações

Os campi universitários são grandes Pólos Geradores de

Viagens. Todos os dias há uma enorme heterogeneidade freqüentando

estes espaços, em relação aos seus horários e formas de mobilidade.

Diante desta realidade, tem-se a necessidade de gerenciar, através da

organização, controle e planejamento, os espaços no sentido que

proporcionem oportunidades de maneira igualitária aos seus usuários.

Para reverter às dificuldades que a utilização de veículos

privados gera no Campus, é primordial a elaboração e implantação de

estratégias baseadas num sistema de gestão de mobilidade, que incentive

o uso de outros modos de transporte, reduza o fluxo de veículos e

pressione empreendedores e o Poder Público a investir e priorizar a

intermodalidade, levando em consideração o uso da bicicleta. Com isso,

propõe-se estudar projetos já realizados no Brasil, em Campi

Universitários.

Recomenda-se também, atuar na esfera cultural através da

quebra de paradigma comportamental, ou seja, a mudança de hábito para

modos de transporte ambientalmente sustentáveis como bicicleta ou

andar a pé, transportes públicos, e para uma melhor racionalização do

espaço público. Existem ferramentas que visam este objetivo e a

utilização destas deverá englobar também os fatores que influenciam o

uso da bicicleta no deslocamento dos indivíduos do Campus

Universitário. Campanhas de conscientização, apesar de consideradas

irrelevantes nos resultados do estudo, são elementos chaves do processo,

pois podem servir como catalisador na quebra do paradigma

comportamental, ao sensibilizar sobre a necessidade de mudanças nas

Page 86: Monografia Mobilidade Urbana

86

políticas de transporte, informar sobre o que está a mudar e quais são as

alternativas disponíveis.

Diante dos desafios colocados, há necessidade de se

considerar as estratégias de forma aderente ao modelo cultural, social e

econômico de cada comunidade, garantindo a participação explícita da

mesma, no processo de tomada de decisão, além de considerar em

futuras pesquisas do Campus Universitário da UFSC de Florianópolis

condições mínimas para os deslocamentos de bicicleta em termos de

infra-estrutura e segurança. Promover mudanças geralmente implica na

intervenção de autoridades locais; sendo assim, é tocante a coordenação

e o compromisso de todos os envolvidos no plano de elaboração e

implantação de estratégias baseadas num sistema de gestão de

mobilidade.

Como recomendação final para trabalhos futuros, sugere-se

que sejam desenvolvidas pesquisas onde se possa estruturar e aplicar

medidas de gerenciamento da mobilidade voltadas aos Pólos Geradores

de Viagens, especificamente aos estabelecimentos de Ensino Superior.

Page 87: Monografia Mobilidade Urbana

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dá outras providências, Florianópolis.

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2010. Dispõe sobre a infra-estrutura e equipamentos de segurança e

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Page 98: Monografia Mobilidade Urbana

98

APÊNDICES

Page 99: Monografia Mobilidade Urbana

99

APÊNDICE A – Questionário aplicado

Page 100: Monografia Mobilidade Urbana

100

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Sócio-Econômico – Ciências da Administração

Aluna: Alyce Maçaneiro Heiderscheidt

Orientadora: Prof.ª Alessandra de Linhares Jacobsen

QUESTIONÁRIO

Este trabalho é realizado pela acadêmica do curso de

Administração, Alyce M. Heiderscheidt, orientada pela Prof.ª

Alessandra L. Jacobsen, e têm como objetivo analisar a contribuição do

uso da bicicleta no gerenciamento da mobilidade urbana no perímetro da

Universidade Federal de Santa Catarina. De modo específico, objetiva-

se identificar os fatores que influenciam o uso da bicicleta como meio

de transporte ao verificar a importância de tais atributos para ciclistas e

não ciclistas, dos cursos de graduação e pós-graduação. Esta coleta é

baseada na percepção e comportamento dos indivíduos e procura

contemplar fatores como: cultura, comunicação, tecnologia, infra-

estrutura e segurança.

Nas perguntas a seguir, assinale a alternativa que melhor

representa sua opinião. Não é necessário identificar-se. Muito obrigado

pela sua colaboração!

1. Idade:

2. Sexo: ( )Masculino ( )Feminino

3. Escolaridade ( )Graduação ( ) Pós-Graduação

4. Você utiliza a bicicleta para se deslocar à UFSC?

( )Sim

( )Não (Vá para a questão 11)

Page 101: Monografia Mobilidade Urbana

101

5. Por quê? Marque apenas uma opção.

( )Proximidade

( )Rapidez

( )Hábito saudável

( )Economia

( )Segurança

( )Infra-estrutura

6. Com que freqüência?

( )Menos de duas vezes por semana

( )Uma a duas vezes por semana

( )Mais de duas vezes por semana

( )Todos os dias

7. Em média, qual a distância percorrida?

( ) Até 2 km

( ) 2 – 5 km

( ) 5 – 10 km

( ) Mais de 10 km

8. Quanto tempo leva para chegar à UFSC de bicicleta?______ minutos

9. Na maior parte do percurso, por onde

você trafega?

( ) Pista

( ) Calçada

( ) Ciclovia ou ciclo faixa

( ) Grama

10. Em ordem de importância, em relação ao uso de bicicletas, enumere

os atributos abaixo:

Ordem Atributo

Segurança Pública

Oferta de ciclo faixas e ciclovias

Qualidade de ciclo faixas e

ciclovias

Serviço de Integração de transporte

Page 102: Monografia Mobilidade Urbana

102

Serviço de locação de bicicletas

Tecnologias para bicicletas

Estacionamento

Comportamento de pedestres e

motoristas

Rapidez no deslocamento

Distância do deslocamento

Campanhas educativas e de

marketing

11. Por que você não faz uso da bicicleta como meio de transporte até a

UFSC?

( )Condições climáticas

( )Tempo

( )Conforto

( )Status

( )Falta de segurança (atropelamentos, assaltos, condições de tráfego)

( )Falta de infra-estrutura (chuveiros, ciclovias, estacionamento,

terminais de integração)

( )Não gosto de andar de bicicleta

( )Cansa

( )Fica suado

12. Como você realiza o deslocamento Casa-UFSC-Casa?

( ) Ônibus

( ) Automóvel

( ) Moto

( ) A pé

13. Você viria para a UFSC de bicicleta se houvesse mais segurança?

( ) Sim ( ) Não

14. Você viria para a UFSC de bicicleta se houvesse mais infra-

estrutura?

( ) Sim ( ) Não

Page 103: Monografia Mobilidade Urbana

103

15. Você viria para a UFSC de bicicleta se houvesse ciclo faixas e

ciclovias?

( ) Sim ( ) Não

16. Você viria se levasse:

( ) Até 10 minutos no trajeto

( ) Até 20 minutos no trajeto

( ) Até 30 minutos no trajeto

( ) Mais de 30 minutos no trajeto

( ) Não viria em nenhuma opção

17. Em ordem de importância, em relação ao uso de bicicletas, enumere

os atributos abaixo:

Ordem Atributo

Segurança Pública

Oferta de ciclo faixas e ciclovias

Qualidade de ciclo faixas e

ciclovias

Serviço de Integração de

transporte

Serviço de locação de bicicletas

Tecnologias para bicicletas

Estacionamento

Comportamento de pedestres e

motoristas

Rapidez no deslocamento

Distância do deslocamento

Campanhas educativas e de

marketing

18. Considerando a configuração da cidade de Florianópolis, você está

satisfeito com as políticas de transporte, circulação, acessibilidade e

trânsito, e políticas de desenvolvimento urbano, equipamentos urbanos e

infra-estrutura?

( ) Sim

Page 104: Monografia Mobilidade Urbana

104

( ) Não

19. Você utiliza transporte público ou alternativo (van, carona,

caminhadas) para realizar deslocamentos até a UFSC em horários de

pico?

( ) Sim

( ) Não

20. Para você, o gerenciamento da mobilidade urbana da UFSC

contempla:

( )Deslocamento dos veículos

( )Deslocamento das pessoas

( )Ambos

( )Nenhum dos dois

CONCEITOS

TRÂNSITO - “É o conjunto de deslocamentos de pessoas e veículos

nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que

tem por fim assegurar a integridade de seus participantes.” Rozestraten

(1988, p.4)

CULTURA - "É um código através do qual as pessoas de um dado

grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si

mesmas. É justamente porque compartilham de parcelas importantes

deste código (a cultura) que um conjunto de indivíduos com interesses e

capacidades distintas e até mesmo opostas transformam-se num grupo e

podem viver juntos, sentindo-se parte de uma totalidade". Da Matta

(1986,p.123)

COMUNICAÇÃO – BERLO (1979), entende que a comunicação é a

base da ação recíproca entre o homem e o homem, cujo objetivo básico

é alterar as relações originais entre o seu próprio organismo e o

ambiente em que se encontra, e reduzir a probabilidade de que ele seja

simplesmente um alvo de forças externas e aumentar a probabilidade de

que ele mesmo exerça força.

SEGURANÇA -Condição relativa de proteção de perigo ou perda.

Page 105: Monografia Mobilidade Urbana

105

SEGURANÇA DO TRÂNSITO– Contempla todos os fatores

geradores de um modo ou de outro de insegurança ao cidadão na via

pública, seja esta produzida pelo trânsito circundante ou por facilidade

em instalar a delinqüência.

SEGURANÇA PÚBLICA - Enquanto atividade desenvolvida pelo

Estado, é responsável por empreender ações de repressão e oferecer

estímulos para que os cidadãos possam conviver, trabalhar, produzir e se

divertir, protegendo-os dos riscos a que estão expostos.

TECNOLOGIA - São técnicas, conhecimentos, métodos, materiais,

ferramentas, e processos usados para resolver problemas ou ao menos

facilitar a solução dos mesmos.

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – É o conjunto de recursos

tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação.

INFRA-ESTRUTURA - O termo na sua acepção mais lata, pode ser

definido como um conjunto de elementos estruturais que enquadram e

suportam toda um estrutura.

Page 106: Monografia Mobilidade Urbana

106

APÊNDICE B – Plano Diretor Participativo de Florianópolis

(adaptado)

PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE

FLORIANÓPOLIS

RELAÇÃO DAS DIRETRIZES

ELEABORADAS PELA POPULAÇÃO NAS

REUNIÕES DISTRITAIS

DIRETRIZES DO TEMA "MOBILIDADE"

DO SISTEMA CICLOVIÁRIO

Esclarecimento: o primeiro número do

Código indica o Distrito onde a proposta foi

formulada.

Código Diretrizes

Diretrizes

Sínteses

6.30.1.1.

3.1

Criar, integrar o transporte coletivo

público a modais alternativos – cicloviários, peatonais, lacustres,

marítimos, teleféricos entre outros;

27.60.1.1

.3.1

Transportes, privilegiadamente o

público, considerando um sistema efetivamente integrador com outras

modalidades como ciclovias,

passeios, marítimo, etc.;

14.20.1.1

.3.1

Integração modal do transporte marítimo com o transporte de ônibus,

bem como com outros modais como

ciclovias e pedestres.

Estudar a viabilidade de

regularizar o

sistema viário existente,

compatibilizan

do-o às condições

adequadas de

mobilidade,

15.40.1.1

.3.1

Integração modal do transporte

marítimo com o transporte de ônibus,

bem como com outros modais como

ciclovias e pedestres.

16.61.2.1

.3.1

Substituir o terminal de ônibus por

um sistema de integração entre

Page 107: Monografia Mobilidade Urbana

107

ônibus e pequenas vans, para trazer

os passageiros desde os morros e as

ruas laterais até as ruas principais; desativar o terminal e usá-lo para

estacionamento de carros e bicicletas.

garantindo

assim o acesso

de serviços públicos,

pedestres,

ciclistas e veículos,

considerando

os aspectos

físicos, ambientais e

paisagísticos de

cada local.

Implantar

pavimentação

adequada para cada tipo de

via, dando

preferência aos pavimentos que

permitam a

permeabilidade do solo.

Municipalizar

as rodovias estaduais do

município.

Resgatar e

manter os

caminhos e trilhas

históricas do

município.

Criar vagas

19.22.1.1

.3.1

Implantar um sistema de mobilidade

saudável e ambientalmente correta no distrito baseado em ciclovias,

interligando as localidades e destas

com os demais distritos e a própria cidade.

20.14.2.1

.3.1

Planejar e gerir a mobilidade de

forma intermodal (transporte

coletivo, individual motorizado, ciclístico, de pedestres e de

portadores de necessidades

especiais);

11.30.1.1

.3.1

Qualificar o sistema de transporte

coletivo e individual (automotores e

bicicletas) no Distrito buscando

formas alternativas de deslocamento, melhoria dos serviços e das

condições de circulação, baseados na

implantação de infra-estrutura adequada e de medidas de segurança

aos pedestres e ciclistas.

13.40.1.1

.3.1

Estudar técnica e ambientalmente a

viabilidade de formas de intermodais de transporte, incluindo o meio

marítimo, VLT ou similar, uso de

bicicletas e outros, em consonância com o módulo 3 (Orla).

18.12.1.1

.3.1

Infra-estrutura adequada para a

integração ônibus-bicicleta;

6.30.2.1.

3.1

Criar mecanismos de controle e limitação do acesso de veículos

particulares em áreas de grande

afluxo como Joaquina e Praia Mole,

Page 108: Monografia Mobilidade Urbana

108

oferecendo alternativas de transporte

coletivo confortável e eficiente e/ou

modais alternativos;

para

estacionamento

público de veículos e rever

as concessões

deste serviço em áreas

públicas, além

de estimular a

criação de vagas privadas

– inclusive

edifícios garagem,

principalmente

próximas aos

terminais de transporte

coletivo e/ou

modais alternativos.

Reavaliar e implantar

estacionamento

s e paradas de

ônibus de turismo, micro

ônibus

executivos e escolares, carga

e descarga,

pontos de táxi, motocicletas e

bicicletas.

Planejar e implantar uma

20.12.2.1

.3.1

Incentivar o uso de combustíveis não

poluentes para as frotas privadas e

públicas, implantar uma rede de

ciclovias e restringir o uso do carro particular;

20.14.2.1

.3.1

Viabilizar um Fundo Municipal de

Mobilidade Urbana para investimento em transporte coletivo e

em mobilidade não-motorizada

utilizando recursos de multas,

estacionamentos, etc;

10.70.2.1

.3.2

Abertura de acessos transversais nas

servidões para trânsito de veículos

motorizados, ciclovias e caminhos para ciclistas e pedestres.

16.72.2.1

.3.2

Instituir mão única na rua Lauro

Linhares no sentido Bairro-Centro,

com ciclovia e passagem de veículos de pequeno porte; converter a região

sul da Lauro Linhares em calçadão.

16.74.2.1

.3.2

Para a via Dep. A Vieira, viabilizar a

proposta da implantação de três pistas ou faixas de rolagem para

veículos, e uma pista ou faixa

exclusiva para o transporte coletivo (ônibus hoje e metrô de superfície

amanhã), com a implantação de

ciclovias e amplas calçadas.

16.74.2.1

.3.2

No segmento situado entre a rótula/trevo da Eletrosul e a Av.

Beira Mar Norte, manter a rua Dep.

A Vieira como se encontra hoje, sem duplicá-la, apenas seriam construídas

uma pista exclusiva para o transporte

público e a ciclovia já prevista pela

Page 109: Monografia Mobilidade Urbana

109

Lei Complementar 088/2001. padronização

de calçadas,

quanto a um dimensionamen

to

hierarquizado e ao

revestimento,

proporcionando

conforto aos usuários e

acessibilidade

aos portadores de necessidades

especiais.

Planejar e implantar

passarelas com

acessibilidade por rampas,

para

transposição de obstáculos

(sistema viário,

áreas de

preservação, outros),

favorecendo os

pedestres, deficientes de

necessidades

especiais e ciclistas.

Planejar e

implantar áreas prioritárias

2.62.2.1.

3.2

Ampliar e adequar o sistema viário

(vias, calçadas, ciclovias) de acordo com as demandas sociais e

econômicas

19.22.2.1

.3.2

Dimensionamento do sistema viário

com pavimentação adequada da estrada principal para pedestres e

ciclistas. na(s) localidade(s): Costa

de Dentro

8.40.1.1.

3.2

Avaliar os aspectos de mobilidade de todas as ruas e servidões oficiais

existentes e propor um processo de

regularização para garantir acesso dos serviços públicos, dos pedestres,

ciclistas e veículos;

8.40.1.1.

3.2

Priorizar a acessibilidade dos

pedestres e ciclistas e o respeito ao meio ambiente nos projetos e na

implantação de melhorias no sistema

viário;

9.30.1.1.

3.2

As futuras alterações viárias devem

prever a integração entre os diversos

meios de transporte, de maneira a

priorizar aqueles de caráter coletivo e garantir a proteção de pedestres e

ciclistas.

10.70.2.1

.3.2 Acostamentos, ciclovias e calçadas nos principais trajetos do Distrito

14.20.1.1

.3.2

Priorizar a fluidez do tráfego local de

baixa e media velocidades

compatíveis com as áreas residenciais e de lazer existentes, disciplinando o

trânsito, qualificando as áreas de

pedestres e assegurando rotas seguras para bicicletas.

18.12.1.1

.3.2

Novas edificações devem prever

espaços para implantação de

Page 110: Monografia Mobilidade Urbana

110

ciclovias, calçadas com passeio,

arborizadas e com serviços públicos;

peatonais, onde

há uma grande

demanda de fluxo e

atratividade aos

pedestres, além de promover a

desobstrução e

alargamento

dos passeios existentes.

3.31.1.1.

3.2

As futuras alterações viárias devem prever a integração entre os diversos

meios de transporte, de maneira a

priorizar aqueles de caráter coletivo e

garantir a proteção de pedestres e ciclistas.

3.31.1.1.

3.2

O projeto das vias deve admitir o uso

compartilhado entre pedestres, bicicletas, veículos leves e pesados,

através do estudo de reservas

especiais e sinalizações adequadas.

3.31.1.1.

3.2

Criar ruas de mão única que compartilhem o uso com calçadas e

ciclovias, sempre respeitando a

diretriz que trata da mobilidade e acessibilidade para todos.

8.40.2.1.

3.2

Implantar projetos e incorporar

conteúdos transversais no ensino

infantil e fundamental que trate dos aspectos relacionados a segurança do

sistema de mobilidade. (vias,

ciclovias, passeios, sinalização, ...);

8.40.2.1.

3.2

Construção de passeios (calçadas) e ciclovia na Estrada Geral de Ratones

(Intendente Antônio Damasco).

16.64.2.1

.3.2

Duplicar e alargar ruas, abrir túneis e construir elevados somente em

benefício da bicicleta e do transporte

coletivo e não mais para apenas

facilitar a circulação dos carros.

18.12.1.1

.3.2

Humanização da Rodovia Virgílio

Várzea, com ciclovia, praça, faixa de

pedestre, áreas de convivência e pavimentação asfáltica em toda a sua

extensão;

18.12.1.1 Humanização da Rodovia Haroldo

Page 111: Monografia Mobilidade Urbana

111

.3.2 Soares Glavan, com melhorias na

pavimentação, construção de

calçadas e ciclovia e manutenção desta como acesso ao bairro Cacupé;

3.31.1.1.

3.2

O planejamento do sistema viário

deve ter como diretriz a legislação

ambiental, contemplar as pessoas e não priorizar os veículos.

Page 112: Monografia Mobilidade Urbana

112

ANEXOS

Page 113: Monografia Mobilidade Urbana

113

ANEXO A – Lei nº 15.168, de 11 de maio de 2010.

LEI PROMULGADA Nº 15.168, de 11 de maio de 2010

Procedência: Dep. Pedro Uczai

Natureza: PL./0534.4/2007

*Veto total através da MSV/01510/2010

DA. 6.168, de 11/05/10

DO: 18.845, 12/05/10

Fonte - ALESC/Coord. Documentação

Dispõe sobre a infra-estrutura e equipamentos de segurança e

acessibilidade para as formas de mobilidade não motorizadas e adota

outras providências.

Eu, Deputado Gelson Merisio, Presidente da

Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, nos termos do

art. 54, § 7º da Constituição do Estado e do art. 308, § 1º do

Regimento Interno, promulgo a presente Lei:

Art. 1º A infra-estrutura viária e seus

equipamentos, o planejamento e a gestão das formas de mobilidade

não motorizadas no Estado de Santa Catarina reger-se-ão pela

presente Lei.

Art. 2º As formas de mobilidade de que trata esta

Lei são:

I - de pedestres;

II - bicicletas; e

III - cadeiras de rodas.

Art. 3º Constituem objetivos desta Lei:

I - regulamentar direitos de deslocamento de

pedestres e usuários das formas de mobilidade não motorizada;

II - garantir a segurança das formas de

mobilidade não motorizada nos trechos onde compartilham o mesmo

espaço com veículos motorizados, conforme determina o Código de

Trânsito Brasileiro;

Page 114: Monografia Mobilidade Urbana

114

III - introduzir critérios de planejamento para

implantação de vias e estruturas associadas destinadas a pedestres,

ciclistas, usuários de cadeiras de rodas e demais veículos não

motorizados em rodovias estaduais;

IV - compatibilizar a mobilidade municipal com

a estadual;

V - contribuir para a redução do custo de

transporte;

VI - promover a integração das formas de

transporte coletivo com as formas de mobilidade não motorizada; e

VII - reduzir a poluição ambiental e minimizar

os seus efeitos negativos.

Art. 4º Para os efeitos desta Lei consideram-se:

I - ciclovia: espaço viário regulamentado por

sinalização destinado à circulação de bicicletas, salvo exceções

previstas nesta Lei, separado da pista de rolamento de veículos

automotores por terrapleno ou mureta de altura de meio fio;

II - ciclo faixa: espaço viário regulamentado por

sinalização destinado à circulação de bicicletas, salvo exceções

previstas nesta Lei, contíguo à pista de rolamento de veículos

automotores, sendo dela separada por pintura ou dispositivos

delimitadores, ou por ambos;

III - passeio: calçada ou parte da pista de

rolamento separada por elemento físico, destinada à circulação de

pedestres e usuários de cadeiras de rodas, salvo exceções previstas na

Lei;

IV - via de tráfego não motorizado

compartilhado: espaço viário regulamentado por sinalização

destinado ao uso comum de duas ou mais formas de mobilidades

previstas nesta Lei, podendo ser contíguo à rodovia, desde que dela

separada por pintura e/ou dispositivos delimitadores, ou em calçada

elevada;

V - passarela: edificação destinada às formas de

mobilidade previstas na Lei que permite a transposição aérea ou

subterrânea sobre ou sob obstáculos naturais ou artificiais;

VI - bicicletário: espaço destinado ao

estacionamento de bicicletas, podendo ser coberto com estrutura

Page 115: Monografia Mobilidade Urbana

115

própria ou sob marquise, dotado de equipamento para fixação das

mesmas; e

VII - sinalização: conjunto de sinais de trânsito e

dispositivos de segurança colocados na via pública com o objetivo de

garantir melhor fluidez no trânsito e maior segurança das formas de

mobilidade previstas na Lei.

Art. 5º Toda obra rodoviária estadual, seja de

construção, pavimentação ou recapeamento, a partir da publicação

desta Lei, deverá, obrigatoriamente, incluir a criação de vias para o

deslocamento das formas de mobilidade não motorizada em:

I - trechos urbanos ou conturbados de

municípios e distritos, em toda a sua extensão; e

II - trechos de interesse turístico.

Art. 6º Os trechos de rodovias que não atendam

aos incisos do artigo anterior deverão:

I - ser dotados de acostamentos em material

asfáltico; e

II - dispor de sinalização indicando o tráfego de

pedestres e usuários de veículos não motorizados.

Art. 7º Para determinar o tipo de vias destinadas

aos usuários das formas de mobilidade não motorizadas, sempre

primando pela segurança deste, os órgãos competentes levarão em

consideração:

I - a periculosidade da rodovia;

II - a velocidade permitida na rodovia; e

III - a viabilidade ecológica e geológica, bem

como o patrimônio histórico.

Art. 8º A ciclovia poderá assumir traçado

totalmente independente da malha viária urbana ou rodoviária,

devendo, nesses casos, haver controle de acesso em todos os

cruzamentos.

Art. 9º Na confecção de projetos de novas

rodovias estaduais será conferido às vias destinadas às formas de

mobilidade não motorizada o mesmo tratamento de importância

conferido às vias para veículos motorizados, buscando a integração

de todo o sistema de mobilidade.

Page 116: Monografia Mobilidade Urbana

116

Art. 10. Todos os novos projetos de obras

públicas de transposição de obstáculos naturais ou artificiais deverão

incluir vias destinadas a pedestres e veículos não motorizados.

Parágrafo único. Constituem obstáculos, dentre

outros: rios, lagos, ferrovias e acessos às estradas secundárias ou

vicinais.

Art. 11. As ciclovias, ciclo faixas, passeios, vias

de tráfego não motorizado compartilhado e passarelas deverão ser

dotadas, no mínimo, das seguintes formas de sinalização específica e

de integração com as outras formas do sistema de mobilidade:

I - sinalização vertical;

II - sinalização horizontal; e

III - semáforos.

Art. 12. As passarelas, transposições de nível e

passeios serão dotadas de rampas para o uso de cadeiras de rodas.

Art. 13. Deverão ser instaladas rampas de acesso

em quantidade, largura e declividade adequadas em:

I - prédios públicos estaduais; e

II - terminais de transporte de passageiros sob a

jurisdição estadual ou que operam sob sua concessão.

Art. 14. Os prédios públicos estaduais com mais

de um pavimento em fase de projeto deverão ser dotados de

elevadores para acesso de portadores de deficiência.

Parágrafo único. Nos prédios já construídos, os

seus funcionários deverão prestar atendimento especial aos

portadores de deficiência.

Art. 15. Deverão ser instalados bicicletários,

tanto para funcionários quanto para usuários, em:

I - prédios públicos estaduais; e

II - terminais de transporte de passageiros sob a

jurisdição estadual ou que operam sob sua concessão.

Art. 16. Os programas de educação para o

trânsito, capacitação de docentes e de habilitação de condutores de

veículos incorporarão conteúdos pedagógicos visando à

Page 117: Monografia Mobilidade Urbana

117

conscientização sobre a igualdade de direitos de todas as formas de

mobilidade e o conhecimento da legislação sobre o tema.

Art. 17. O Poder Executivo poderá criar, dentro

do órgão estadual competente, unidade administrativa e técnica

específica para o planejamento e implantação das estruturas previstas

nesta Lei.

§ 1º O órgão a que se refere este artigo deverá

ser dotado de pessoal suficiente e competente e de orçamento

necessário para o atendimento de seus objetivos.

§ 2º Os técnicos do órgão a que se refere este

artigo deverão receber treinamento específico para a adequação aos

termos desta Lei.

Art. 18. Caberá ao Poder Executivo a elaboração

de um plano estadual que verse sobre o sistema de mobilidade não

motorizada, documento técnico com metas e diretrizes para órgãos

governamentais atingidos pela presente Lei, além de recomendações

para as prefeituras.

Art. 19. O Poder Executivo estadual está

autorizado, mediante seus órgãos competentes, a criar linhas de

financiamento e incentivo fiscal para empresas privadas e prefeituras

que instalarem estruturas previstas nesta Lei.

Art. 20. O Poder Executivo estadual está

autorizado, mediante seus órgãos competentes, a conceder um

prêmio às prefeituras e empresas privadas que se destacarem na

instalação de medidas que promovam a segurança da mobilidade não

motorizada no trânsito urbano.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua

publicação.

PALÁCIO BARRIGA-VERDE, em

Florianópolis 11 de maio de 2010

Deputado Gelson Merisio

Presidente

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118

ANEXO B – Lei Complementar nº 078/2001

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LEI COMPLEMENTAR Nº 078/2001

Dispõe sobre o uso da bicicleta E o sistema cicloviário E dá outras

providências.

Faço saber a todos os habitantes do município de Florianópolis, que a

Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono a seguinte Lei

Complementar:

Art. 1º Esta lei regula o uso da bicicleta e o sistema cicloviário,

integrando-os aos sistemas municipal viário e de transportes,

de modo a alcançar a utilização segura da bicicleta como

veículo de transporte alternativo no atendimento às demandas

de deslocamento e lazer da população.

Art. 2° São Objetivos do sistema cicloviário:

I - Oferecer à população, a opção de transporte de bicicleta em

condições de segurança e o atendimento da demanda de

deslocamento no espaço urbano, mediante planejamento e

gestão integrada ao sistema municipal de transportes,

atendendo a hierarquia onde o pedestre tem a preferência,

seguido da bicicleta, do transporte coletivo e por último o

veículo particular;

Page 120: Monografia Mobilidade Urbana

II - Integrar a modalidade de transporte individual não

motorizado às modalidades de transporte público;

III - Reduzir a poluição atmosférica e sonora, o

congestionamento das vias públicas por veículos

automotores e promover a melhoria da qualidade de vida;

IV - Promover o lazer ciclístico e a conscientização ecológica.

Art. 3° Constituem o sistema cicloviário:

I - A malha básica de ciclovias, ciclofaixas e faixas

compartilhadas com traçados e dimensões de segurança

adequados, bem como sua sinalização;

II - Estacionamentos de curta duração;

III - Bicicletários junto aos terminais, prédios públicos e

demais pontos de afluxo da população, servidos pela

malha viária do sistema.

Art. 4° Para os efeitos desta Lei, consideram-se:

I - Ciclovia: via aberta ao uso público caracterizada como

pista destinada ao trânsito exclusivo de bicicletas, separada

da via pública de tráfego motorizado por meio fio ou

obstáculo similar, e de área destinada aos pedestres, por

dispositivo semelhante ou em desnível, que a distingua das

áreas citadas;

II - Ciclofaixa: via aberta ao uso público caracterizada como

faixa destinada ao trânsito exclusivo de bicicletas,

demarcada na pista de rolamento ou calçadas por

sinalização específica;

III - Faixa-compartilhada ou via de tráfego compartilhado: via

aberta ao uso público caracterizada como pista

compartilhada com o trânsito de veículos motorizados,

bicicletas e pedestres, sendo via preferencial ao

Page 121: Monografia Mobilidade Urbana

pedestre quando demarcada na calçada e preferencial a

bicicleta quando demarcada na pista de rolamento;

IV - Estacionamento de bicicletas: local público equipado

com equipamento ou dispositivo à guarda de bicicletas

a que sirva como ponto de apoio ao ciclista;

V - Bicicletário: Espaço com controle de acesso destinado ao

estacionamento de bicicletas, podendo ser coberto ou

ao ar livre, e podendo contar com banheiros e

vestiários, além de ponto de vendas de bebidas não

alcóolicas, lanches prontos e produtos destinados à

manutenção de bicicletas.

§ 1º - As faixas-compartilhadas poderão ser demarcadas sobre

os passeios, desde que tecnicamente demonstrada a

viabilidade para o uso compartilhado do mesmo

espaço por pedestres e ciclistas, conforme art. 59 do

Código de Trânsito Brasileiro;

§ 2º - Os bicicletários deverão ser edificados com utilização

de técnicas e materiais que promovam o

desenvolvimento ambiental, o aproveitamento da

energia solar para aquecimento da água dos

chuveiros , promoção do conforto ambiental

(ventilação e insolação adequados) e locais para

depósitos de lixo reciclável.

Art. 5° A proposta, elaboração do projeto, implantação e operação dos

bicicletários com controle de acesso, poderão ser realizadas

pela iniciativa privada, sem qualquer ônus financeiro para a

municipalidade, mediante o respectivo procedimento

licitatório em troca de exploração de publicidade em espaço a

ser definido pelo Órgão Municipal de Planejamento nos

próprios equipamentos, levando-se em conta o tipo, tamanho e

localização da mesma, e pela cobrança dos serviços prestados

aos usuários.

I - A tarifa diária de estacionamento particular de bicicletas

em bicicletários com controle de acesso não poderá

Page 122: Monografia Mobilidade Urbana

exceder a metade da tarifa mínima do transporte coletivo

municipal;

II – A tarifa poderá possuir valor diferenciado caso possua

seguro contra roubos.

Art. 6° É obrigatória a destinação de local reservado para o

estacionamento de bicicletas em toda e qualquer área pública

que gere tráfego de pessoas e veículos, a ser determinado pelo

Órgão Municipal de Planejamento.

Art. 7º Nas novas vias públicas deverá ser implantado sistema

cicloviário, conforme estudo prévio de viabilidade física e

sócio-econômica, sendo considerado no mínimo a

implantação de faixa compartilhada devidamente sinalizada.

§ 1°- Na elaboração de projetos e construção de praças a

parques com área superior a 4.000,00m2 (quatro mil

metros quadrados), é obrigatória a inserção de sistema

cicloviário e seus equipamentos complementares;

§ 2°- Nos casos em que a implantação da via implicar na

construção de pontes, viadutos e abertura de túneis, tais

obras também serão dotadas de sistemas cicloviários

integrados ao projeto;

§ 3°- A implantação de ciclovias deverá ocorrer nos principais

eixos de deslocamento da cidade, inserindo este sistema

nas principais áreas geradoras de tráfego que sejam

pontos potenciais de origem e destino dos ciclistas.

Art. 8° Os projetos e os serviços de reforma para alargamento,

estreitamento e retificação do sistema viário existente a data

desta Lei, contemplarão a implantação de sistema cicloviário

conforme estudo prévio de viabilidade física e sócio-

econômica, sendo considerado no mínimo a implantação de

faixa-compartilhada devidamente sinalizada.

Art. 9º Os terminais integrados de transporte coletivo municipal terão

espaços reservados para bicicletas na forma de

estacionamentos e/ou bicicletários.

Page 123: Monografia Mobilidade Urbana

Art. 10 É permitido nas ciclovias, ciclofaixas a faixas-compartilhadas,

além da bicicleta:

I - Circular de cadeira de rodas;

II - Circular com ambulâncias, viaturas do Corpo de

Bombeiros, da Polícia e da Defesa Civil, apenas em

caráter de emergência, respeitando-se, acima de tudo, a

segurança dos usuários do sistema cicloviário;

III - Patinar nas pistas onde sua presença não seja

expressamente proibida, desde que se mantenha ao passo,

na mão, alinhado à direita, e sem obstruir a

ultrapassagem.

Art. 11 São vedados nas ciclovias e ciclofaixas:

I - O estacionamento e o tráfego de veículos motorizados, bem

como qualquer obstrução ao trânsito;

II - A utilização da pista, por veículos tracionados por

animais;

III - A utilização da pista por pedestres;

VI - Conduta de ciclistas que coloquem em risco a segurança

de outros cidadãos.

Art. 12 A inobservância das vedações estabelecidas nesta Lei, sujeita o

infrator, ciclista ou não, às seguintes penalidades:

I - Advertência oral ou escrita;

II - Multa em valor não inferior a 20 UFIRs (vinte Unidades

Fiscais de Referência);

III - Remoção e apreensão da bicicleta;

§ 1º - A aplicação de penalidades será graduada segundo a

natureza e a gravidade da infração e de suas

conseqüências, nos termos do regulamento a ser

instituído pelo Poder Executivo;

§ 2º - Os recursos oriundos das multas deverão ser destinados

a programas de educação no trânsito para o respeito aos

ciclistas e na sinalização, manutenção e implantação de

Page 124: Monografia Mobilidade Urbana

ciclovias.

Art. 13 Fica instituída na 2ª quinzena de Setembro a Semana da

Bicicleta, e no dia 8 de Dezembro o Dia do Ciclista.

Art. 14 O Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis – IPUF

desenvolverá programas educativos, dirigidos a orientar e

conscientizar motoristas, pedestres e ciclistas quanto ao uso da

bicicleta, do sistema cicloviário a das regras de segurança a

serem compartilhadas entre eles.

Art. 15 Fica o Chefe do Poder Executivo Municipal obrigado, no prazo

máximo de 180 (cento e oitenta dias) a contar da data da

publicação desta Lei, a submeter à apreciação do Poder

Legislativo projeto de lei disciplinando a conduta do ciclista

no sistema cicloviário da cidade.

Art. 16 Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua

publicação, ficando o Chefe do Poder Executivo obrigado a

regulamentá-la no prazo máximo de 120 (cento e vinte dias)

após a sua publicação.

DOE – 19.03.2001

Florianópolis, aos 12 de março de 2001.

ANGELA REGINA HEINZEN AMIN HELOU

PREFEITA MUNICIPAL

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125

ANEXO C – Lei Complementar nº 155, de 17 de janeiro de 2005

LEI COMPLEMENTAR Nº 155, de 17 de janeiro de 2005.

INCLUI INCISO I NO ART. 5º E ALTERA ART. 9º DA LEI

COMPLEMENTAR Nº 078/2001.

Faço saber a todos os habitantes do Município de Florianópolis, que a

Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono a seguinte Lei

Complementar:

Art. 1º - Fica incluído no art. 5º da Lei Complementar nº 078, de

12/03/2001, o seguinte inciso I:

" I - No valor da tarifa de estacionamento das bicicletas estará incluso a

apólice de seguro contra roubo. (NR)"

Art. 2º - O art. 9º da lei Complementar nº 078, de 12/03/2001, passa a

vigorar da seguinte forma:

"Art. 9º - Terão espaços reservados para bicicletas, na forma de

estacionamentos e/ou bicicletários:

I - Os terminais integrados de transporte coletivo;

II - Os prédios públicos municipal, estadual e federal;

III - Todos os estabelecimentos comerciais terão uma vaga de

estacionamento para cada 100,00m² de área construída;

IV - Os complexos comerciais tipo shopping centers e supermercados,

terão uma vaga de estacionamento para cada 250,00m² de área

construída. (NR)"

Art. 3º - Os projetos licenciados e em tramitação sob o regime da

legislação anterior perderão a sua validade se não forem iniciadas as

obras até 180 (cento e oitenta) dias após a entrada em vigor desta Lei.

Page 126: Monografia Mobilidade Urbana

§ 1º - Considera-se obra iniciada aquela cuja fundação esteja concluída

até o nível da viga de baldrame.

§ 2º - O início da construção para o efeito da validade dos projetos de

conjunto de edificações num mesmo terreno será considerado

separadamente para cada edificação.

Art. 4º - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua

publicação.

Florianópolis, aos 17 de janeiro de 2005.

DÁRIO ELIAS BERGER

PREFEITO MUNICIPAL