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INTRODUÇÃO
Este estudo objetivou-se em fazer uma análise a cerca do tema: O português
da internet na visão dos adolescentes. Um dos maiores desafios da sociedade moderna
é assistir ao jovem, ao adolescente e até as crianças no uso da linguagem da Internet e
o seu reflexo no estudo da Língua Portuguesa.
As ameaças que o uso da Internet por crianças e jovens apresenta
preocupam pais, professores e educadores em geral. Não é a primeira vez que o
mundo passa por transformações radicais que questionam, abalam e modificam as
estruturas sociais tradicionais.
No que toca às crianças e jovens, a revolução tecnológica trouxe, no entanto
um desvio de papéis nunca antes verificado, que lhes atribuiu mais poder e
individualidade, conferindo-lhes uma independência comparável à autonomia dos
adultos (POSTMAN, 1994).
É assim que a Internet se apresenta aos jovens: um mundo “sem segredos”
(BARRA, 2004) ou barreiras, no qual praticamente nasceram e onde aprenderam a
mover-se sozinhos, sem o auxílio ou a imposição de caminhos determinados pelos
pais.
A língua é um instrumento vivo e em constante mutação, mas também é um
bem valioso e a simplificação pode empobrecê-la, na medida em que afeta a sua
diversidade. Falar da linguagem da Internet do ponto de vista dos especialistas,
educadores e pais é sinônimo de polêmica.
Este tema aborda a preocupação de familiares e educadores daqueles
adolescentes que costumam utilizar a Internet, como meio de comunicação entre si,
focalizando especificamente o chamado "bate-papo" no MSN Messenger ou "Chat".
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Nesse tipo de interação, adolescentes estão em contato por um canal eletrônico, o
computador, cuja ferramenta utilizada está disponível na web.
Eles sentem-se falando, mas, pelas especificidades do meio que os põe em
contato, são obrigados a escrever suas mensagens, ou seja, interagem, construindo um
texto "falado" por escrito.
Por ser esta a natureza do tipo de texto objeto de nossa observação, explica-
se a inclusão deste trabalho num livro cujos artigos todos analisam, sob algum prisma,
a relação entre a língua falada e a língua escrita, ou seja, compreender as
transformações da linguagem, contribuindo para a construção de novas formas de
pensar as ações pedagógicas na relação intrínseca com a leitura-escrita enquanto
processos diferenciados pelo uso das novas tecnologias de informações.
Exige, antes de tudo, que entendamos o que são: linguagem, língua e suas
variações, conceitos à luz de doutrinadores, e também compreendermos a capacidade
e necessidade de adaptação do homem a elas.
Para Infante (2001p. 22), “Língua é um conjunto de sons e ruídos,
combinados, com os quais um ser humano, o falante, transmite a outros seres
humanos, o ouvinte ou os ouvintes, o que está na sua mente-emoções, sentimentos,
vontades, ordens, apelos, idéias, raciocínios, argumentos e combinações de tudo isso.”
A língua é o principal código desenvolvido e utilizado pelos homens para as
necessidades comunicativas de sua vida social. Para Cereja (1998, p. 4), “a Linguagem
é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a
interação entre as pessoas”.
O ser humano utiliza diferentes tipos de linguagem, que podem ser
organizadas em dois grupos: a verbal e a não verbal. A verbal é a mais eficaz, porque
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transmite a informação de forma mais objetiva e completa. A visual, entretanto, é mais
rápida.
No conceito de Castilho (2000 p.42), “língua é um sistema de representação
constituído por palavras e por regras que as combinam, permitindo que expressemos
uma idéia, uma emoção, uma ordem, um apelo, enfim, um enunciado de sentido
completo que estabelece comunicação.”
É importante salientar que essas palavras e essas regras são comuns a
todos os membros de uma comunidade, onde há fatores que acarretam o surgimento
de variantes da mesma língua, sua expressão oral e escrita, de acordo com fatores
geográficos, sociais, profissionais ou técnicas e situacionais, mas todos devem estar
contidos no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa.
Portanto, é um processo contínuo, aprimorar essa capacidade é uma forma
de ampliar o relacionamento com o mundo, e a língua portuguesa, falada ou escrita, é
sempre um elemento fundamental deste intercâmbio de experiências.
Assim, a escrita era tida como estável, sem variação, "estruturalmente
elaborada, complexa, formal e abstrata", e a fala, ao contrário, "como concreta,
contextual e estruturalmente simples", marcada pela variação (Cf. Marcuschi, 1997).
Essa caracterização é evidentemente idealizada, pois, além de não
contemplar a correlação das duas modalidades entre si, considera cada uma um
fenômeno monobloco, estático e homogêneo.
Finalmente, voltando-nos ao propósito central deste trabalho, que é discutir
as estratégias de construção do texto da conversação na Internet, com a colaboração
de cinco adolescentes que forneceram algumas transcrições de palavras usadas no
“diálogo escrito”, e a discussão da aprendizagem escolar e a língua cifrada, a
comunicação na internet e o prazer/sentimentos envolvidos, implicações da utilização
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dessa linguagem no dia-a-dia (sala de aula, trabalho escolares) e atitudes de pais e
professores quanta à linguagem cifrada.
Inicialmente conceituamos língua, linguagem e variações lingüísticas à luz de
doutrinadores. Analisamos também uma amostra da linguagem adolescente,
observando possíveis implicações das diferentes produções.
Nossas observações dão conta de que desde a superfície desta comunicação
em tempo real, se evidenciam diversos envolvimentos típicos do comportamento
humano em comunidade. Essa linguagem adolescente é mais do que uma forma
alternativa de escrita em processo de amadurecimento, tornando-se um espaço de
troca escolhido pelos pares.
Escolha que a constitui como espaço-tempo de pertencimento cultural, da
sociedade e dos afetos necessários aos processos de subjetivação.
A análise mostra ainda diferentes ligações de pais e educadores com a
linguagem adolescente e as novas tecnologias de informação, onde a escrita atípica
assume o status de ação rebelde atraindo a sua atenção.
Um Acordo Ortográfico, por mais imaginativo que fosse dificilmente
conseguiria acompanhar o uso que os adolescentes fazem do Português, pois
transformam-no até ficar irreconhecível, podendo, na opinião de alguns docentes,
comprometer o futuro da Língua.
"Esta nova linguagem não tem regras, pois os adolescentes tanto usam o 'x'
para substituir 'ss', 'ch' e 'os' como no lugar do 'ç', havendo palavras que ficam bastante
diferentes das originais, como 'tamx' (estamos) ou 'kuraxao' (coração).”
É preciso compreender que a sucessão da oralidade, da escrita e da
informática, como modos fundamentais de gestão social do conhecimento, não se dá
por simples substituição, mas, antes, por complexificação e deslocamentos de centros
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de gravidade. O saber oral e os gêneros de conhecimento fundados sobre a escrita
ainda existem e irão continuar existindo sempre
JUSTIFICATIVA
Um dos maiores desafios da sociedade moderna é assistir ao jovem, ao
adolescente e até as crianças no uso da linguagem da Internet e o seu reflexo no
estudo da Língua Portuguesa. Este estudo justifica-se, pois trataremos de algumas
questões que revelam preocupações de pais e educadores em relação à linguagem dos
adolescentes que utilizam a internet com meio de comunicação. Inicialmente
conceituamos língua, linguagem e variações lingüísticas à luz de doutrinadores.
Analisaremos também uma amostra da linguagem adolescente, observando
possíveis implicações das diferentes produções. Nossas observações dão conta de que
desde a superfície desta comunicação em tempo real, se evidenciam diversos
envolvimentos típicos do comportamento humano em comunidade. Essa linguagem
adolescente é mais do que uma forma alternativa de escrita em processo de
amadurecimento, tornando-se um espaço de troca escolhido pelos pares. Escolha que
a constitui como espaço-tempo de pertencimento cultural, da sociedade e dos afetos
necessários aos processos de subjetivação. A análise mostra ainda diferentes legações
de pais e educadores com a linguagem adolescente a as novas tecnologias de
informação, onde a escrita atípica assume o status de ação rebelde atraindo a sua
atenção.
A escrita impulsionou mudanças na época da sua criação que permanecem
até os dias atuais. Hoje, grandes avanços em várias esferas da sociedade se dão
principalmente devido às tecnologias de informação e comunicação. A internet é visa
como incentivadora de alterações na forma de escrita, tendo inclusive uma abordagem
própria: a linguagem virtual, utilizada principalmente pelos adolescentes.
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Nesse contexto, encontram-se os adolescentes que são uma parte da
sociedade que está mais familiarizada com essa realidade, já que nascem inseridos
nessa conjuntura, diferentes de seus pais e professores que sentem certo receio, e
muitas vezes, dificuldades em adaptar-se ao novo. A dúvida é como os adolescentes
comportam-se diante dessa realidade, pois estão em fase de amadurecimento,
conflitos, decisões, e não estão maduros o suficiente para ter um olhar crítico diante de
determinadas situações e percebemos que eles pertencem a uma espécie de “tribo”, ao
ponto de terem sua linguagem própria, pois “a linguagem adotada no mundo virtual
requer habilidades de escrita rápida para esta geração net, o que cria uma solução
intermediária de comunicação, provocando muita preocupação aos
estudiosos”(AMARAL, 2003, p. 31).
Uma das preocupações que surge é quando todas essas tecnologias
passam a influenciar algumas das atitudes desses adolescentes, já que, segundo
Fasciani (1998, p.119), “nenhum instrumento ou tecnologia inventada pelo homem pode
ser intrinsecamente positivo ou negativo, certo ou errado, útil ou perigoso. É só a
utilização que disso se faz que pode ser julgada com regras éticas.”
Acreditamos que esse público, ao utilizar cada vez mais a internet para se
comunicar, principalmente os chats, aos poucos vai ficando com seu raciocínio limitado,
já que o discurso utilizado nas salas de bate-papo caracteriza-se por frases curtas e
abreviações, sendo que a utilização freqüente dessa linguagem pode interferir nas
produções realizadas pelos adolescentes na sala de aula. Nesse momento nos
deparamos com questionamentos que nos fazem pensar sobre até que ponto a
influência é saudável e não surge como um empecilho no processo de alfabetização.
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OBJETIVOS
Objetivo Geral
Analisar o português da internet na visão dos adolescentes
Objetivos Específicos
Conceituar: linguagem, língua e suas variações.
Compreender o que está escrito naquelas frases iniciais trocadas entre dois
adolescentes em uma sala de bate-papo da internet.
Analisar origem e evolução da escrita virtual.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências
teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou
científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.
O presente estudo será dividido em cinco etapas, a saber: (a) levantamento
do referencial teórico; (b) seleção do referencial teórico apropriado a presente
investigação; (c) leitura crítico-analítica do referencial selecionado; (d) organização dos
dados levantados e (e) elaboração do relatório final.
CAPÍTULO 1: HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
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A Língua Portuguesa tem sua origem ligada ao Latim, língua inicialmente
falada na região do Lácio, parte da Itália, onde vivia um povo chamado latino, fundador
da cidade de Roma. A miscigenação com povos vizinhos e, por volta do século VII a.c,
a anexação da região ao Império Etrusco, tornaram Roma a cidade mais importante do
Lácio. A cidade expandiu seus domínios, levando sua cultura às regiões dominadas
militarmente. Na Grécia, no entanto, os romanos encontraram uma cultura de bases
sólidas, que exerceu forte influência sobre a cultura latina. Os romanos assimilaram
esta cultura, formando nossa herança intelectual greco-latina. No fim do século III a.C,
os exércitos de Roma chegaram à Península Ibérica e iniciaram o processo de
Romanização, isto é, de imposição de sua cultura aos diversos povos (principalmente
celtas e iberos) que nela habitavam: sua organização política, sua organização jurídica,
sua religião, sua língua. As chamadas culturas autóctones influenciaram de alguma
forma as poderosas culturas greco-romanas, deixando resquícios concretos de sua
existência em algum topônimo da Língua portuguesa, pois, o latim era a língua oficial
das regiões conquistadas, mas este Latim não é mais o mesmo do início de Roma,
primeiro, porque a modalidade do Latim que se expandiu junto com o Império era
notadamente falada, mais simples e popular (LATIM VULGAR), em oposição à
modalidade escrita, complexa e elitizada (LATIM CLÁSSICO). Segundo, porque o
aprendizado de uma segunda língua deixa nela, em qualquer situação, o acento da
língua materna. Terceiro, porque a expansão da língua ocorreu de modo imposto, pela
força militar, o que gera nos povos dominados certa "má vontade" para aprender.
(PRETI, 2000.)
A partir do século V d.C., os povos de origem germânica, vindos da Europa
setentrional, invadiram as terras européias do Império. Eram só bárbaros, forma como
só romanos nomeavam todos aqueles que, vivendo fora dos limites de seu império, não
participavam da cultura latina. Estes povos tinham o acervo cultural muito simples se
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comparados à complexidade da cultura grego-latina. Assim, vencidos pela força,
acabaram subjugados pelo poder cultural dos povos românicos e optaram por preservar
as instituições romanas para que pudessem se manter no poder. Aprenderam sua
língua, adotaram sua religião, assimilaram seus costumes, mas deixaram sua marca no
Latim, que nesta época já se encontrava bastante fragmentado. No português
contemporâneo encontramos palavras de origem germânica, geralmente ligada à
guerra ou agricultura. Em toda a Europa falava-se neste momento o Romano, nome
dado a um conjunto de dialetos que formaram a fase transitória entre o Latim e suas
línguas neolatinas. O galego-português era um dialeto falado na região do condado,
mas à medida que suas fronteiras avançaram para o Sul, este dialeto modificou-se em
contato com os falares do Sul, que acabaram por prevalecer. Desta forma, o Galego se
constituiu como variante de Espanhol e o Português se desenvolveu como língua da
nova nação. O latim vulgar começou, então, a se misturar com a primitiva língua dos
celtiberos, que se tornou um substrato em relação ao idioma dos romanos.
(BAGNO,1999.)
A partir do século V d.c, novos elementos, representados pela língua de
vários povos bárbaros que invadiram a Península – vândalos, suecos e visigodos- vêm
juntar-se àquele latim já dialetado. Os vândalos acabaram por se estabelecer na África,
e os suecos foram absolvidos pelos visigodos no século VI. Esses povos, culturalmente
inferiores, adotaram a língua da Península, isto é, o latim dialetado. Entretanto, a
exemplo do que havia acontecido antes, novas alterações, novos "sotaques" foram
introduzidos na língua. Com as grandes navegações, a partir do século XV d.c, os
domínios de Portugal foram expandidos e levaram a Língua Portuguesa às novas terras
da América (Brasil), África (Guiné-Bissau, Cabo verde, Angola, Moçambique, São Tomé
e Príncipe), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor) e Ilhas do Atlântico
(Açores e Madeiras). Em contato com outra língua, o Português também se modificou,
mantendo sua unidade com a língua falada em Portugal e em muitas das regiões acima
citadas. (BECHARA, 2000.)
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Com a chegada dos portugueses ao Brasil, o Tupi foi usado como língua
geral na colônia, junto com o português, devido aos padres jesuítas, que estudaram e
difundiram a língua. Na segunda metade do século XVIII, uma provisão real impediu o
uso da língua Tupi no Brasil, pois o Português herdou muitas palavras do Tupi, como
por exemplo: mandioca, caju e tatu. Também houve influência africana, herdando
palavras tais como: caçula, moleque, samba e palavras da cozinha afro-brasileira
(BAGNO, 1999.)
1.1 A língua falada no Brasil não evoluiu com o português falado em Portugal
Após a independência, em 1822, os imigrantes europeus que se instalaram
no centro-sul do País influenciaram no Português aqui falado. No século XX, as
diferenças entre o Português aqui falado e o de Portugal, eram muitas, devido à
distância entre os dois países. A literatura brasileira defendia a necessidade de romper
com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as características do falar
brasileiro. .(BECHARA, 2000.)
1.2 A Formação da Língua Portuguesa
A língua é um organismo vivo que se modifica ao longo do tempo. Palavras
novas surgem para expressar conceitos igualmente novos; outras deixam de ser
utilizadas, sendo substituídas. Há, por exemplo, muitas diferenças entre o português
que falamos hoje no Brasil e o que se fala em Portugal. Tais diferenças não se limitam
apenas à pronúncia das palavras, facilmente percebida na linguagem oral. Existem,
também, diferenças de vocabulário (só para citar um exemplo, no Brasil dizemos “trem”,
em Portugal se diz “comboio”) e de construção gramatical (enquanto no Brasil se utiliza
uma construção como “estou estudando” em Portugal prefere-se a forma “estou a
estudar”). Desde o século XVI, época da formação do português moderno, o português
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falado em Portugal manteve-se mais impermeável às contribuições lingüísticas
externas. Já o Brasil, em decorrência do processo de formação de sua nacionalidade,
esteve mais aberto ás contribuições lingüísticas de outros povos. (BAGNO, 1999.)
1.3 Do português arcaico ao contemporâneo
O idioma que hoje falamos é o resultado de transformações e acréscimo
desde o galego-portuguesa (do século VIII até o século XIII), separando-se
posteriormente do galego e dando início ao português arcaico (século XIV ao século
XVI), passando pelo português clássico (a língua de Camões), pelo moderno (com
nossos autores românticos que procuram retratar uma língua mais próxima da realidade
brasileira) e ao português contemporâneo, com o movimento de renovação da língua
dos modernista de 1922 e os militares de acréscimo de neologismo e estrangeirismo de
origem francesa, inglesa e americana. (BECHARA, 2000.
1.4 A contribuição grega
Desde o início de sua expansão, a partir do século IX a.C, os gregos
exerceram grande influência na formação literária de Roma. Ocuparam uma vasta
extensão da Europa ocidental, deixando como legado milhares de vocábulos, além do
modelo da gramática que serviu de base aos latinos. (BAGNO, 1999.)
1.5 Contribuições de outras línguas
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A língua portuguesa recebeu inúmeras contribuições de outros povos.
Vejamos alguns;
dos germânicos (elmo, norte, sul, esgrimir, marchar)
dos árabes (álgebra, alecrim. Algarismo, arroz, califa)
dos indígenas (Iracema, carioca, jibóia, pajé, cuia)
dos africanos (maxixe, zabumba, acarajé, carimbo, canjica)
do francês (intendência, bale, abajur, toalete, corveta)
do espanhol (pepita, caudilho, cavalheiro, castanholas)
do japonês (jiu-jitsu, quinomo, gueixa, saturai, haraquiri)
do italiano (lasanha, soneta, piano, macarrão, maestro)
do russo (czar, mujique, soviete, vodca, rublo)
Atualmente os estrangeirismos mais usados entre nós são os de origem
inglesa (lanche, bar, recorde, futebol, voleibol, uísque, hambúrguer, etc). E a todo
momento surgem neologismos (palavras novas), originados de raízes greco-latinas, ora
do anglicismo, ora do galicismo.
1.6 Expansão da língua portuguesa
O período compreendido entre os séculos XII e XVI corresponde à frase
arcaica do português histórico. Nesse período encontra-se numerosa produção em
língua portuguesa representada pelos primeiros documentos, pela prosa das novelas
de cavalarias, das crônicas de Fernão Lopes e pôr toda a poesia trovadoresca.
(ROCHA, 2001.)
A partir do século XV, Portugal apresenta uma total unidade lingüística e o
português se sobrepõe como representante de uma nação e de um povo,
completamente livre de quaisquer resquícios galegos. Essa época corresponde também
à notável expansão da língua portuguesa, graças à intrepidez dos grandes
navegadores lusos (Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Pedro Álvares
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Cabral), que junto às conquistas portuguesas, levaram suas línguas às mais longínquas
partes do mundo. (BAGNO, 1999.)
Espalhada por vários lugares, a língua portuguesa se impôs completamente
em alguns, como no Brasil, e em outros, concorre com dialetos originados nos locais,
por isso linguagem como os do tipo crioulo, que nada mais são que um tipo de
linguagem criado para a mútua compreensão no estabelecimento de relações
comerciais. (ROCHA, 2001.)
1.7 A História da Gíria na Língua Portuguesa
A língua portuguesa, no Brasil, é provida de alguns tipos de linguagem
praticados pelas diversas classes sociais que compõem a sociedade brasileira. Entre
estes tipos, para a composição deste estudo, tomamos como destaque as gírias, que
se traduzem como linguagem usual participante do cotidiano das pessoas, e também
como modismos lingüísticos e linguagem das ruas. Esta forma de comunicação abriga
termos que nascem de solecismos, vícios de linguagem, neologismos, bordões,
palavrões e calões. (BAGNO, 1999.)
Por apresentar uma grande praticidade na comunicação informal, a gíria tem
crescido no “falar brasileiro”, chegando ao ponto, segundo pesquisas, de ser a segunda
língua do país. Esta grande propagação se deve, principalmente, à prática constante
desta linguagem por diversas “tribos urbanas”, que a utilizam como sendo uma das
armas da comunidade a que pertencem.
Muitas gírias são comuns a todas as sociedades, outras, porém são mais
específicas de cada grupo. Procuraremos, ao longo deste trabalho, estabelecer uma
separação entre estas e aquelas para que se torne mais compreensível qual a
importância de cada uma para o “falar brasileiro”. (BAGNO, 1999.)
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A gíria, no Brasil, tem um acervo de mais de 50 mil palavras, e a cada dia
este acervo aumenta, devido às diversas criações feitas pelas “tribos” que a difundem.
Vários escritores se preocuparam em criar dicionários específicos deste tipo de
linguagem. Entre eles, destacam-se Manuel Viotti (1957), Amadeu Amaral (1922) e
Elysio de Carvalho (1912). As referências sobre gírias percorrem os anos. Em Portugal,
temos, no século XVI, Gil Vicente e Jorge Ferreira de Vasconcelos que se preocuparam
com elas. Depois, no século XVII, Dom Francisco Manuel de Melo; no século XVIII Pe.
Rafael Bluteau e Manoel Joseph Paiva. (ROCHA, 2001.)
O primeiro Dicionário de Gíria publicado no Brasil foi o Dicionário Moderno,
em 1903, com 1.700 verbetes, de José Ângelo Vieira de Brito, o Bock, que entre tantas
atividades exercidas foi Senador da República. Permaneceu desconhecido do grande
público e dos estudiosos até 1984, quando foi resgatado pelo prof. Dino Pretti, da USP,
que o incluiu no seu livro. Não tem o nome de Dicionário de Gíria, mas serve de
referência por conter a gíria falada no Rio de Janeiro, então Capital da República. Há
quem, afirme, entretanto, que o primeiro Dicionário de Gíria publicado no Brasil foi o de
Romanguera, sob o título Vocabulário Sul Riograndense, de 1898, que tende mais a ser
um Dicionário de Regionalismos. (ROCHA, 2001)
1.7.1 A gíria e seus estudos
A gíria, considerada como um conjunto de unidades lingüísticas (itens lexicais
simples ou complexos, frases, interjeições...) que caracterizam um determinado grupo
social, nem sempre mereceu um estudo específico, visto que faz parte,
predominantemente, da modalidade oral da língua e num registro informal. Como, por
tradição, valorizou-se sempre o estudo da língua escrita padrão, não havia lugar para
esse tipo de vocabulário. Isso é o que se pode ver, consultando gramáticas da língua
portuguesa de épocas diversas. (BAGNO, 1999.)
16
1.7.2. A gíria na perspectiva gramatical
De forma breve, faz-se uma consulta a algumas gramáticas tradicionais de
português, para observar-se o tratamento que é dado à gíria, vocábulo com empregos e
valores afetivos diversos, que contribui para o enriquecimento da língua portuguesa.
(BAGNO, 1999.)
Foram consultadas oito gramáticas, das décadas de 70, 80 e 90, das quais
apenas três mencionam a gíria, dois com um caráter prescritivo e um, descritivo: 1)
Cegalla, em sua Novíssima Gramática da Língua Portuguesa (1985:535), se refere a
sete modalidades da língua portuguesa, dentre elas, a popular, em que a gíria está
incluída. Na definição de língua popular, esse autor afirma: “é a fala espontânea e
fluente do povo”.
Mostra-se quase sempre rebelde à disciplina gramatical e está eivada de
“plebeísmos”, isto é, de palavras vulgares e expressões da gíria. É tanto mais incorreta
quanto mais incultas as camadas sociais que a falam.
Rocha Lima, em sua Gramática Normativa da Língua Portuguesa (1972:05),
ao falar da língua-comum (“instrumento de comunicação geral, aceita por todos os
componentes de uma coletividade para assegurar a compreensão da fala)”. (p, 04) e
suas diferenciações, se referem a aspectos que influenciam a língua – o regional e o
grupal – este, subdividido em três modalidades – o calão, a gíria e a língua profissional.
Ao definir gíria, este gramático, preconceituosamente, fala em” língua especial (...) de
um grupo socialmente organizado” com uma “educação idiomática deficiente”;
Bechara, na edição revista e ampliada da sua Moderna Gramática
Portuguesa, (1999, p. 351), cita a gíria apenas como mais uma forma de renovação
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lexical, através de um empréstimo feito por uma comunidade lingüística à outra
comunidade lingüística dentro da mesma língua histórica.
Do ponto de vista dos dicionários de língua, não é outra a postura dos
especialistas. O Dicionário de Filologia e Gramática de Mattoso Câmara Jr. (s/d:197)
conceitua gíria como sendo um vocábulo parasita de um grupo com preocupação de
distinguir-se da grande comunidade falante. Este estudioso inclui a linguagem
profissional dentro da gíria, mas, como aquela é usada por uma classe “culta”, ela não
tem “qualquer intenção de chiste ou petulância”, que caracteriza a gíria de classes
populares. (BAGNO, 1999.)
O dicionário Michaellis (1998) trata a gíria como uma linguagem especial de
um grupo pertencente a uma classe ou a uma profissão, ou como uma linguagem de
grupos marginalizados. O dicionário Aurélio (1999:989) complementa a definição acima
com a expressão “linguagem de malfeitores, malandros etc”, usada para não ser
entendido pelas outras pessoas e fala ainda em “calão” e “geringonça”, que segundo o
próprio Aurélio é “coisa malfeita e de duração ou estrutura precária (op. cit.: 984)”.
Os gramáticos não chegam sequer a mencionar o que seja gíria, onde
encontrá-la ou usá-la e aqueles que a mencionam, tratam-na de forma preconceituosa,
devendo ser eliminada. (BAGNO, 1999.)
1.7.3 A gíria na perspectiva lingüística
O papel da língua é fundamental nas relações humanas. Essa importância é
acentuada, se considerar que qualquer sociedade depende da língua para divulgar
suas informações – através dos meios de comunicação de massa – para construir um
sistema literário e cultural, para desenvolver tecnologias, enfim, para perpetuar-se.
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Ao associar-se língua e sociedade, pode-se recorrer à área de estudos
denominada Sociolingüística, que trata da relação entre as variações da estrutura social
e as variações da estrutura lingüística, para observar-se como a gíria é abordada: é o
termo genérico usado para designar o fenômeno sociolingüístico no qual grupos sociais
formam um vocábulo próprio que posteriormente pode sair dos limites desse
conglomerado de pessoas. Muito comumente ela é confundida com o jargão, porém
aquela abrange este, que é o vocabulário técnico de uma profissão, da mesma forma a
gíria abrange o calão, que é a expressão lingüística grosseira ou obscena.
O Dicionário de Lingüística de Dubois et alii (1999, p. 308) a define como um
“dialeto social reduzido ao léxico, de caráter parasita”. É vista como um vocabulário
marginal, mas também de grupos sociais aceitos ou até mesmo da sociedade em geral.
Com a introdução dos estudos lingüísticos no Brasil, a gíria passou a ser
analisada, aqui, a partir da década de 70, em uma perspectiva descritiva e não
normativamente como faziam os poucos gramáticos que se dispunham a tratá-la. Quem
mais se destaca, nesse estudo, é o professor Dino Preti, que, com sua equipe de
estudo, contribuiu sobremaneira para quebrar a aura pejorativa que cercava o
vocabulário gíria, até a poucos anos.
Os estudos sociolingüísticos detectam que a maior aceitação da gíria e a
“permissão” concedida a todos os falantes a fazerem uso dela, provêm do dinamismo
por que passa a sociedade moderna, da velocidade das mudanças e do abandono das
tradições. Esses três conceitos são definidores das características da gíria: dinamismo,
mudança, renovação (PRETI, 1999.)
A gíria, como era relacionada a classes pouco cultas e a grupos
marginalizados, sempre foi cercado por preconceitos lingüísticos, decorrentes de um
problema mais amplo, o preconceito social (BAGNO, 1999), advindo do pouco prestígio
social que gozam os supostos falantes de gíria (marginais, travestis, toxicômanos,
19
pessoas iletradas, entre outros). É verdade que o vocábulo gírio surge dentro de um
grupo social restrito antes de vulgarizar-se na linguagem falada por toda a comunidade,
mas esta comunidade cada vez mais fala gíria, em todos os seus níveis sociais, etários,
econômicos e culturais.
Para Preti (1984), o vocabulário gírio está dividido em duas grandes
categorias: a gíria de grupo e a comum. A primeira categoria é específica de grupos
determinados e na maioria dos casos só é acessível aos iniciados naquele grupo. Já a
gíria comum faz parte da linguagem usada por todas as comunidades lingüísticas. Ela
surge como um signo de grupo (Preti, 1984), mas ao incorporar-se à linguagem
corrente perde seu caráter restrito e torna-se uma gíria comum, utilizada por todos os
falantes da língua popular social. O próximo passo neste processo é a migração do
registro informal para o formal, como o usado pelos meios de comunicação.
Como a língua reflete as transformações sociais de uma comunidade e a
parte da língua mais sensível a esse dinamismo é o léxico, o fato de uma grande
quantidade de gírias de grupo migrar para a linguagem comum reflete certa
flexibilização dos costumes sociais, e uma maior integração entre os interlocutores é
cada vez mais usada na comunicação, principalmente se o caráter da interlocução é
descontraído.
1.7.4 A gíria na perspectiva didática
A gíria está presente no cotidiano da vida dos membros de uma sociedade,
em seus diversos setores (escola, família, trabalho, lazer, igreja, dentre outros), embora
usá-la adequadamente implique o domínio das diversas variedades lingüísticas, de
modo que para cada situação use-se um registro pertinente (BAGNO, 2000.)
20
Devido à presença da linguagem gíria no dia-a-dia e a uma nova concepção
de língua que envolve variações, os livros didáticos de língua portuguesa começam a
tratar a gíria, não mais como algo errado, de forma preconceituosa, mas como uma
outra maneira de se expressar, adequada a situações especiais.
O gramático Roberto Melo Mesquita (1997. p. 28) divide a linguagem em
níveis e inclui a gíria no que ele chama nível relaxado da linguagem, no qual há desvios
da linguagem-padrão. Sua abordagem é de cunho prescritivo. Já Isabel Cabral (1995),
no seu livro didático Palavra Aberta, trata a gíria de uma perspectiva descritiva.
(BAGNO, 2000.)
1.7.5 Gíria um veículo fantástico para a manifestação cultural de um povo
A linguagem é o veículo mais fantástico para expressão, comunicação e
manifestação cultural de um povo. Por isso, diz-se ser a linguagem o espelho mais fiel
da realidade social. E tanto isso é verdade que se deseja estudar uma sociedade, uma
cultura, grupo social, estude-se a sua linguagem, pois esta apontará todos os matizes
da vida.
Curioso a observar, no campo da linguagem atual, é o uso de gírias e
expressões populares, nascidas em meio aos jovens, que estão sempre a imprimir
dinamicidade, velocidade, criatividade e animação à língua. A essas palavras, dá-se o
nome de gírias. Elas exercem fascínio sobre muitas pessoas e a repulsa a tantas
outras. Mas qualquer que seja o sentimento, elas continuam a surgir no dia a dia, numa
demonstração da dinamicidade cultural da língua portuguesa.
Indaga-se, então, o que vem ser a gíria? Evanildo Bechara, na edição revista
e ampliada da sua Moderna Gramática Portuguesa, (1999:351), cita a gíria como 'uma
forma de renovação lexical, através de um empréstimo feito por uma comunidade
21
lingüística a outra comunidade, dentro da mesma língua histórica'. Dino Preti (1999) diz
que 'a gíria provêm do dinamismo por que passa a sociedade moderna, da velocidade
das mudanças e do abandono das tradições'. Para ele há três fatores definidores das
características da gíria: dinamismo, mudança, renovação.
Para Bechara (1999), entende-se a gíria como uma palavra que surge no uso
diário, na escola, família, trabalho, lazer, igreja. Ela poderá ou não vir a se incorporar ao
léxico da língua. Pois esse léxico ou vocabulário é o componente que mais facilmente
retrata as mudanças e variações lingüísticas, visto possuir como função nomear e
designar fatos, processos, objetos, pessoas etc, reflete necessariamente as
transformações sociais.
Há, em relação às gírias, pessoas que se sentem incomodadas com o uso
delas. Por isso muita gente indaga, nos encontros, seminários, palestras, como nascem
as gírias e se elas são manifestações aceitáveis na língua.
As formas são muitas, aqui se descrevem umas poucas:
PORRADÃO, PORRADA, BALA – Gírias correspondentes, segundo a juventude
noventista, à idéia de "certeiro", de algo que dá certo. As gírias tiveram origem no
imaginário heavy metal brasileiro dos anos setenta, mas hoje foram assimiladas pelo
circuito dance music farofa e até mesmo pela axé-music do carnaval baiano.
GALERA – Expressão sem qualquer vínculo original com o segmento rock. A
expressão "galera" tem como sentido original a idéia de tripulação de navio.
Provavelmente, sua origem no Brasil remete aos anos cinqüenta, através dos bares
localizados em cais e portos, onde o grupo de amigos ou talvez até gangues rivais era
considerado "galeras". Depois, a expressão, já no final dos anos 60, passou a ser
falada pelos hippies, mas, nos anos 80, se tornou uma gíria popularesca.
RAPAZ E VÉIO COMO VOCATIVOS PARA MULHERES – Nos últimos
tempos, rapazes e até moças falam com as amigas usando o vocativo "rapaz"
22
(incluindo as corruptelas "rapá" ou "rapais"). Tal hábito vem dos EUA, onde as pessoas
conversam com as moças usando o vocativo "man" ("homem", em inglês). Se aqui se vê
o uso "mas rapaz" e "é véio", lá se tem "hey man". O grande equívoco dessa gíria é o
fato de ela expressar a tendência do machismo numa juventude que se diz arrojada e
moderna, mas é ainda muito conservadora e antiquada.
FUNK – No Brasil tornou-se hábito classificar de funk aquele som tosco, com
letras quase faladas ou gritadas, por pessoas sem talento vocal, e um teclado que
programa um som marcado praticamente por batidas eletrônicas e alguns acordes
melódicos. A rotulação é antiga, década de 80, e veio das equipes de som cariocas que
estavam lançando arremedos que imitam o som eletrônico de Afrika Bambataa, que
fundiu as influências do fundador do funk, James Brown, com a eletrônica do Kraftwerk.
Esse gênero bastardo ganhou o nome de miami bass, pouco difundido. Seria melhor
denominá-lo "batidão".
Diz-se, finalmente, que a língua é rica por apresentar variedades lingüísticas,
por dar aos falantes o poder de criação, liberdade. Essa é a beleza de uma língua que
não precisa ficar estanque, presa às regras, pois o seu papel é vital às relações
humanas. Toda sociedade depende da língua para divulgar suas informações, para
construir um sistema literário e cultural, para desenvolver tecnologias, enfim, para
perpetuar-se. A gíria é um recurso a apontar as variações da estrutura social e as
variações da estrutura lingüística, tão necessária ao processo comunicativo e, portanto,
aceitáveis desde que empregada adequadamente. (BECHARA, 1999.)
23
CAPÍTULO II: ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ESCRITA VIRTUAL
Saindo do início da era da escrita e nos transportando até o século XXI,
deparamo-nos com uma realidade aparentemente diferente da encontrada na época
dos sumérios, mas como naquele tempo, atualmente nossa sociedade está vivendo
uma grande revolução, a revolução tecnológica, que acaba exercendo grande influência
em nosso comportamento.
A proliferação da Internet no mundo tem mudado - e muito - os costumes da
população, inclusive as formas e recursos utilizados para nos comunicarmos.
Atualmente, as formas de ler e escrever já não são mais as mesmas. Costa
(2005) destaca que:
Quanto ao processo interativo de produção discursiva na conversação face a face e nas salas de bate-papo (chats) na Internet, com implicações no uso do código escrito e nas escolhas lingüísticas mais próprias da linguagem espontânea e informal oral cotidiana, há algumas semelhanças entre ambas as conversações: tempo real, correção on-line, comunicação síncrona, linguagem truncada e reduzida, etc. Mas há também algumas diferenças que, contudo, confirmam o processo simultâneo de construção da linguagem e do discurso. Podemos resumi-las na realidade “real” da conversação cotidiana e na realidade “virtual” da conversação internáutica: interação face a face X interação virtual; espaço real X espaço virtual; comunicação real X comunicação virtual e língua falada X língua falada-escrita. (COSTA, 2005, p. 25)
Diante dessa realidade, é necessário atentarmos não só para as ferramentas
tecnológicas que surgem a cada instante, mas também para as influências que as
mesmas têm apresentado com seu surgimento, especialmente em um país como o
nosso, já que 75% da população brasileira na faixa etária dos 15 aos 64 anos não sabe
ler e escrever plenamente, ou seja, identifica letras e palavras, mas não consegue usar
a leitura no seu cotidiano. São os chamados analfabetos funcionais, a maioria da
população do país. Na outra ponta, apenas 25% da população nessa mesma faixa
etária é alfabetizada, tem domínio pleno da leitura. (CORREIO DO POVO, Set 2005).
24
A questão relacionada ao analfabetismo, principalmente em um país como o
Brasil, deve ser considerada quando falamos no uso de tecnologias, Ferreiro (2002, p.
63) fala que,
“O verdadeiro desafio é o da crescente desigualdade: o abismo que já separava os não-alfabetizados vem se alargando cada vez mais. Alguns não chegaram nem sequer aos jornais, os livros e as bibliotecas, enquanto há quem corra atrás de hipertextos, correio eletrônico e páginas virtuais de livros inexistentes”.
Com isso, pensamos que, a comunicação através dos ambientes virtuais
pode ser uma vilã para um aumento do analfabetismo, já que nos diálogos utilizados
nos ambientes virtuais, deparamo-nos com uma realidade até pouco tempo
desconhecida.
Othero (2004) enfatiza que:
Uma nova forma de escrita característica dos tempos digitais foi criada. Frases curtas e expressivas, palavras abreviadas ou modificadas para que sejam escritas no menor tempo possível – afinal, é preciso ser rápido na Internet. Como a conversa é em tempo real e pode se dar com mais de um usuário ao mesmo tempo, é preciso escrever rapidamente. (OTHERO, 2004, p. 23)
A revolução na escrita veio para ficar, pois é ágil, acontece de forma
instantânea e surpreende tanto os que a idolatram, quanto aqueles que a vêem como
um perigo, pois para esses, esta escrita pode ser prejudicial aos alunos em fase de
alfabetização.Conforme comentado anteriormente, a internet está transformando os
hábitos da população mundial. Assim ocorre igualmente com nossas formas de
comunicação, que agora passa a ser também virtual. Lévy (1996, p.15) destaca que:
A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. (LÉVY, 1996, p.15).
Essa potência existente na virtualidade está presente no nosso dia-a-dia,
pois nos comunicamos com caixas eletrônicos de bancos, trocamos correspondências
através do correio eletrônico, lemos textos na tela do computador e, com isso, a escrita
25
também está se transformando, pois agora utilizamos um novo suporte, que é o
computador.
Assim como seria estranho imaginar escritas cursivas em peças de barro, os
que utilizam a comunicação virtual consideram estranho que as frases sejam escritas
como em um texto de um livro, pois além da ferramenta necessitar da agilidade de
quem escreve, a comunicação precisa agregar símbolos para que o receptor
compreenda o emissor, pois na maioria das salas de bate-papo não existem outros
recursos como som e imagem.
2.1 O Chat e Sua Linguagem Virtual
O significado da palavra chat vem do inglês e quer dizer “conversa”. Essa
conversa acontece em tempo real, e, para isso, é necessário que duas ou mais
pessoas estejam conectadas ao mesmo tempo, o que chamamos de comunicação
síncrona. São muitos os sites que oferecem a opção de bate-papo na internet, basta
escolher a sala que deseja “entrar”, se identificar e iniciar a conversa. Geralmente, as
salas são dividas por assuntos, como educação, cinema, esporte, música, sexo, entre
outros. Para entrar, é necessário escolher um nick, uma espécie de apelido que
identificará o participante durante a conversa. Algumas salas restringem a idade, mas
não existe nenhum controle para verificar se a idade informada é realmente a idade de
quem está acessando, facilitando que crianças e adolescentes acessem salas com
conteúdos inadequados para sua faixa-etária.
No virtual encontramos comumente os emoticons, que, segundo Freire
(2003, p. 27) “surgiram por volta de 1980 para expressar os sentimentos daquele que
escreve: alegria, raiva, dúvida, etc. Há páginas na internet com verdadeiros glossários
desses símbolos, indicando que essa terminologia está em franca evolução”. Os
emotiocons são figuras coloridas e comuns nas conversas em salas de bate-papo,
26
assim como em mensagens enviadas por correio eletrônico. Porém, alguns sites não
disponibilizam esses símbolos em forma de figura, mas para quem participa dessa
“conversa” virtual, isso não é empecilho, já que contam também com as “caracteretas”,
que são símbolos criados pelos emissores para formar expressões que representam
sentimentos, como destacam Pereira e Moura (2005, p. 76), os internautas utilizam
também as teclas, como: os parênteses, os dois pontos, o ponto e vírgula, os colchetes,
o zero, os sinais de ‘maior’ e ‘menor’ etc, que, conjugados (formam expressões de
alegria, tristeza, abraços, beijos, sono, entre outras) são utilizados, pelos interlocutores,
com o objetivo de representar, durante a dinâmica do diálogo que se trava, as
manifestações discursivas que ocorrem normalmente numa situação de conversa oral
face-aface.
É importante admitir que a escrita virtual, ou o “internetês” como também é
conhecida, conta com uma criatividade extraordinária de seus usuários, prova disso são
as inúmeras “caracteretas” que, podem expressar os mais variados sentimentos. Na
conversa virtual, o uso da linguagem abreviada, dos “emoticons”, das “caracteretas” é
freqüente, já que não existe a expressão facial, e, diferente da conversa telefônica, que
também é à distância, não é possível sentir a entonação da voz que quem fala, nesse
caso de quem escreve. Então, para evitar os mal-entendidos, os internautas utilizam os
mais diversos recursos para fazer da língua falada-escrita, uma conversa informal e
irreverente.
2.2 Ser Adolescente No Século Xxi
As famílias do século XXI se diferem das famílias de outras eras, pois
conforme
Tiba (2005, p. 36) “as famílias, além de ficarem menores, se isolaram.
Convivem mais com amigos que com os familiares”. Isso se deve ao fato dos pais
27
estarem cada vez mais ocupados, trabalharem (e muito), e nos momentos de folga,
querem se isolar. Outra diferença nas famílias da sociedade atual, é a contribuição da
mulher no mercado de trabalho, com isso, passa a exercer uma contribuição ativa na
renda familiar.
As famílias de hoje, realmente estão a cada dia, diferentes das famílias dos
nossos pais e avós, a estrutura familiar também já não é mais a mesma, pois não
segue mais aquele padrão que tinha a figura do pai, da mãe e dos filhos. Atualmente,
são muitos os casos em que uma família constituída conta com a mãe, os avós, o novo
marido (ou a nova esposa), os filhos do novo casamento, mais os filhos do antigo
casamento, e assim por diante.
Dentro da realidade apresentada, como ficam os filhos, principalmente os
adolescentes? Como acrescenta Tiba (2005);
Os adolescentes de hoje começaram a ir para a escola praticamente com 2 anos de idade. Com suas mães trabalhando fora de casa, e os pais trabalhando mais ainda, eles passaram sua infância na escola, com pessoas cuidando deles, num mundo informatizado. As ruas foram trocadas pelos shoppings, a vida passou a ser condominial, e as esquinas das padarias transformaram-se em esquinas virtuais e lojas de conveniência. (TIBIA, 2005, p. 36)
Sendo assim, os adolescentes passam a maior parte do tempo livres, sem a
presença da família, podendo tomar suas decisões sozinhos, fazer suas escolhas, já
que seus pais ou responsáveis se sentem na obrigação de dar a eles o conforto que
não tiveram, esquecendo, as vezes, de que o que os filhos precisam de carinho,
atenção, momentos livres para que seus pais ouçam seus anseios e aflições, assim
como, precisam de limites, regras, disciplina, entre outras necessidades.
Os adolescentes não têm idade suficiente para tomarem grandes decisões e,
também são considerados grandes demais para decidir as pequenas coisas. O fato é
que a adolescência, apesar de ter uma idade pré-estabelecida para o seu surgimento,
muitas vezes tem se manifestado antes do tempo, e em alguns casos pode prolongar-
se por mais tempo.
28
Segundo Outeiral (2003):
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a adolescência como constituída em duas fases: a primeira dos 10 aos 16 anos, e, a segunda, dos 16 aos 20 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente situa essa etapa entre 12 e 18 anos. (OUTEIRAL, 2003, p. 5).
Com a indisciplina típica dessa fase surgem os conflitos no lar, pois os pais
não compreendem algumas atitudes agressivas de seus filhos, já que, embora façam
um grande esforço para lhes dar o que necessitam, sentem-nos cada vez mais
distantes, enquanto que os filhos sentem-se incompreendidos e sós. Esta é uma fase
temida pelos pais, pois desejam defender seus filhos, mas não sabem como agir.
Apesar da geração ser de pais mais liberais, os mesmos não se sentem à vontade para
conversar e dialogar com seus filhos, muitas vezes preferindo fechar os olhos para
muitas de suas atitudes.
Fernandes (1999) comentam que:
(...) nessa fase de desenvolvimento psicossexual do indivíduo, ele atravessa um momento de grande confusão, de crise religiosa e dos valores, de crise de identidade. A palavra crise se adapta bem ao período da adolescência já que significa mutação e é índice de crescimento. (Fernandes, 1999, p. 137).
Com isso, o adolescente sente uma necessidade de enfrentamento, sem
saber exatamente o que está enfrentando, sai em busca de identificação com grupos ou
atividades, e conforme os autores,
Tudo isso impele o adolescente a se refugiar em uma determinada realidade,
a realidade dos alucinógenos, da fantasia e da virtualidade, aparentemente menos
perigosa, esta, do que a tóxico-dependência, se ela mesma não se transforma em fuga
fácil das frustrações da realidade social. (Fernandes, 1999, p. 138).
Diferente dos adolescentes de gerações passadas, os de hoje contam com
mais um “aliado” para suas fugas, que é o computador, surgindo como uma fuga
aparentemente menos perigosa. Os pais acreditam que seus filhos estão seguros, por
passarem várias horas em frente à máquina, desfrutando de jogos ou navegando na
29
internet, porém os adultos desconhecem, muitas vezes, os perigos que a virtualidade
pode proporcionar no desenvolvimento do indivíduo, ainda que este não seja o foco
principal deste trabalho, podemos afirmar que, na geração passada, fechar-se no
quarto era um castigo dos mais comuns que os pais aplicavam quando seus filhos
faziam o qu não deviam, mas Tiba (2005, p. 84) coloca que, fechar-se no quarto hoje é
estar longe da família, mas conectado ao mundo via Internet, telefone, televisão...
assim, há muitos jovens que não precisam sair de casa para ir para as esquinas e
padarias, pois do quarto entram nas esquinas e padarias virtuais. Nestas, assim como
nas presenciais, existem boas e más companhias e bons e maus artigos a serem
comprados. Existe a segurança física de estar dentro do quarto em casa, mas a
insegurança virtual ronda a sua vida.
Sendo assim, é necessário que a família participe dessa “realidade virtual”,
procurando saber quais os sites preferidos pelos filhos e, caso os assuntos não sejam
saudáveis, é importante o diálogo entre os pais e os filhos, para que eles compreendam
que assim como nas ruas, a internet oferece inúmeros perigos aparentemente
inofensivos.
30
CAPÍTULO III: CONCEITOS À LUZ DE DOUTRINADORES
Exige, antes de tudo, que entendamos o que são: linguagem, língua e suas
variações, conceitos à luz de doutrinadores, e também compreendermos a capacidade
e necessidade de adaptação do homem a elas.
Para Infante (2001,22), “Língua é um conjunto de sons e ruídos, combinados,
com os quais um ser humano, o falante, transmite a outros seres humanos, o ouvinte
ou os ouvintes, o que está na sua mente-emoções, sentimentos, vontades, ordens,
apelos, idéias, raciocínios, argumentos e combinações de tudo isso.”
A língua é o principal código desenvolvido e utilizado pelos homens para as
necessidades comunicativas de sua vida social. Para Cereja (1998, p. 4), “a Linguagem
é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a
interação entre as pessoas”.
O ser humano utiliza diferentes tipos de linguagem, que podem ser
organizadas em dois grupos: a verbal e a não verbal. A verbal é a mais eficaz, porque
transmite a informação de forma mais objetiva e completa. A visual entretanto, é mais
rápida.
No conceito de Castilho (2000)
“língua é um sistema de representação constituído por palavras e por regras que as combinam, permitindo que expressemos uma idéia, uma emoção, uma ordem, um apelo, enfim, um enunciado de sentido completo que estabelece comunicação.” (CASTILHO, 2000, p. 120)
É importante salientar que essas palavras e essas regras são comuns a
todos os membros de uma comunidade, onde há fatores que acarretam o surgimento
de variantes da mesma língua, sua expressão oral e escrita, de acordo com fatores
geográficos, sociais, profissionais ou técnicas e situacionais, mas todos devem estar
contidos no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa.
31
Portanto, é um processo contínuo, aprimorar essa capacidade é uma forma
de ampliar o relacionamento com o mundo, e a língua portuguesa, falada ou escrita, é
sempre um elemento fundamental deste intercâmbio de experiências.
Assim, a escrita era tida como estável, sem variação, "estruturalmente
elaborada, complexa, formal e abstrata", e a fala, ao contrário, "como concreta,
contextual e estruturalmente simples", marcada pela variação (Cf. Marcuschi, 1997).
Essa caracterização é evidentemente idealizada, pois, além de não contemplar a
correlação das duas modalidades entre si, considera cada uma um fenômeno
monobloco, estático e homogêneo. Finalmente, voltando-nos ao propósito central deste
trabalho, que é discutir as estratégias de construção do texto da conversação na
Internet, com a colaboração de cinco adolescentes que forneceram algumas
transcrições de palavras usadas no “diálogo escrito”, e a discussão da aprendizagem
escolar e a língua cifrada, a comunicação na internet e o prazer/sentimentos
envolvidos, implicações da utilização dessa linguagem no dia-a-dia (sala de aula,
trabalho escolares) e atitudes de pais e professores quanta à linguagem cifrada.
3.1 Polêmica ou Importância da Linguagem
3.1.2 Compreensões da linguagem adolescente
A expressão “linguagem adolescente” procura traduzir, de uma maneira
poética, a criatividade e a rebeldia das escritas produzidas, sobretudo, por pessoas
desta faixa etária quando se comunicam entre si através do uso das novas tecnologias.
Para se ter uma idéia mais aproximada destas transformações que operam na
linguagem escrita, vale observar o seguinte glossário:
32
“dps: depois; cv: conversa; vc: você; cntg: contigo; cmg: comigo; naum: não; fmz: firmeza; blz: beleza; eh: é; nunk: nunca; loka: louca; flo: falou; flw: falou (despedida); fla: fala; akilo: aquilo; pq: porque; pls ou plx: please (por favor, em inglês); pd: pode; td: tudo; baum: bom; tbm: também; qndo: quando; qnto: quanto; ql: qual; msm: mesmo; axo: acho; tm: tem; algm: alguém; qlqr:qualquer; msg: mensagem; intaum: então; vlw: valeu; fds: fim de semana; bjo: beijo; xau: tchau; ngm: ninguém; pikena: pequena; kd: cadê; hj: hoje; tmpo: tempo; kbça: cabeça; bok: boca; ksa: casa; q: que; fikr: ficar; poko: pouco; kda: cada; aki: aqui...”
A primeira questão que se coloca vem do âmbito da leitura: compreender o
que está escrito naquelas frases iniciais trocadas entre dois adolescentes em uma sala
de bate-papo da internet. A ação de leitura aqui possui características semelhantes
àquela da leitura de um texto em língua estrangeira.
Produz-se uma espécie de tradução dessa escrita para a forma gramatical
padrão, e daí seguimos à decodificação e à produção de sentidos. Ainda que estas
ações possam acontecer todas ao mesmo tempo, elas implicam uma nova forma de
leitura da língua materna que vai sendo desenvolvida pelos diferentes sujeitos que a
transformam.
Este fato pode parecer banal a princípio, mas guarda, na verdade, uma
relação direta com a concepção que as pessoas tendem a desenvolver a respeito
daquela forma específica de escrita: potencializa sentimentos de aceitação-rejeição
com relação a ela. Percebemos a emergência dessas reações em dois momentos que
se sucedem. Entrar em contato com esse tipo de texto nos leva, inicialmente, a um
sentimento de estranheza, como sentimos quando nos deparamos com uma
mensagem escrita em um código estrangeiro. Mas, quando, num segundo momento,
nos damos conta de que se trata de uma escrita que toma a língua materna como base,
nossa tendência é desenvolver uma reação de rejeição, um julgamento, em virtude de
percebermos as transformações do código ali operadas como uma agressão àquele
que é nosso patrimônio cultural: a Língua Portuguesa.1
1Segundo dados de pesquisa realizada pela Microsoft, parcialmente publicados pela revista Isto É (n.1877 de 05 de outubro de 2005), os brasileiros somam um total de 13 milhões de usuários do msn. Destes, 21% são pré-adolescentes e adolescentes com idades entre 12 e 17 anos, e 22% são jovens com idades entre 18 e 21 anos.FERNANDEZ, Alícia. Pichações: escritos adolescentes fora da escola.
33
3.2 Estratégias de Construção do Texto
3.2.1 Contexto, Identidade e Subjetividade.
Pressupondo que qualquer texto resulta da relação entre interlocutores, um
texto conceitualmente falado prototípico, ao contrário do conceitualmente escrito, se
caracterizaria do ponto de vista das condições de comunicação, por um alto grau de
privacidade, de intimidade, de envolvimento emocional, de mútua referencialidade, de
cooperação, de dialogicidade, de espontaneidade entre os interlocutores e, também,
por um destacado grau de dependência situacional e interacional das atividades de
comunicação.
Do ponto de vista das estratégias de formulação, esse mesmo texto falado
seria fortemente marcado por fatores não lingüísticos; teria pouco ou nenhum
planejamento prévio, fato que lhe daria um caráter de essencialmente "processual e
provisório"; apresentaria uma estruturação sintática "extensiva, linear e agregativa" e
uma densidade informacional diluída.
Segundo essas considerações, o conjunto de frases e as questões
colocadas, mostram diferentes envolvimentos de pais e educadores com os jovens e
também um vínculo afetivo entre a/o adolescente e o/a parceiro/a para quem foi
enviada a respectiva mensagem inicial do texto. Como dispomos de apenas uma das
mensagens trocadas entre os adolescentes, verificamos na superfície do texto um
sentido de vínculo afetivo evidente, especialmente da parte daquele ou daquela
adolescente que enviou a mensagem. Mas, podemos deduzir uma reciprocidade neste
vínculo a partir das marcas que caracteriza a sua linguagem e seu enunciado.
Para Dubois (1988, p. 387), “linguagem é a capacidade específica à espécie
humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais, que coloca em jogo
uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função simbólica”.
34
Os adolescentes apresentam esta capacidade muito aguçada,
acrescentando-a sentimentos. Bakhtin, (2003, p.297) preocupado em nos alertar acerca
das reciprocidades e implicações internas ao campo lingüístico e do discurso, afirma
que: “os enunciados não são indiferentes entre si nem se bastam cada um a si
mesmos; uns conhecem os outros e se refletem mutuamente uns aos outros.”
Ou seja, o fato de a mensagem estar escrita com este tipo de formatação
lingüística e ortográfica revela reciprocidade e cumplicidade entre os pares,
especialmente no campo dos valores culturais em permuta. Desde a superfície da
escrita on-line, da escrita de comunicação em tempo real, esses envolvimentos se
evidenciam e apontam dimensões de uma intersubjetividade. A linguagem escrita,
neste caso, é o espaço de pertencimento cultural que se tornou afetivo, o espaço da
sociabilidade e do afeto possíveis para adolescentes que já não dependem da
proximidade residencial ou comunitária no sentido “tradicional” para a construção de
vínculos. A comunidade, hoje, é planetária.
Quanto aos questionamentos apresentados por pais e educadores,
constatamos a evidência de sua preocupação em relação à linguagem praticada por
estes jovens nas suas interações. No entanto, é importante observar que uma mesma
preocupação revela atitudes diferentes. A novidade, portanto, não está na existência
desta preocupação, mas na sua razão de ser e no conteúdo que se apresenta a essas
pessoas como tema a ser compreendido para que se resolvam as suas angústias.
Ao tomarmos contato com essa modalidade de escrita sincopada e estilizada
dos adolescentes nos chats, e-mails, torpedos e outros operadores conversacionais da
web, entendemos que alguns pais e educadores, tende a revelar-se preocupado em
evitar que estas práticas prejudiquem a “boa educação” de seus filhos e educandos.
Podemos dizer que estas pessoas se preocupam em fazer o melhor para eles,
sobretudo em compreendê-los, entendendo e aceitando suas práticas.
35
Outros pais e educadores, por sua vez, tendem a formular críticas diretas e a
impor limites para estas ações de comunicação de escrita entre os jovens, uma vez que
antevêem “prejuízos” na aprendizagem “correta” da Língua Portuguesa. Revelam uma
preocupação com a qualidade da aprendizagem dos jovens e “admitem” serem eles
que devem decidir o que é bom e o que é ruim para seus filhos e educandos no que se
refere aos usos da língua materna.
Pensamos que seja importante nos questionarmos a respeito do caráter
destas preocupações, que parecem justas e importantes para o processo de formação
dos jovens, e, sobretudo, das atitudes reveladas por eles.
Revelam atitudes de envolvimento, participação, acompanhamento, vínculo,
etc. Já algumas das atitudes pautadas pela curiosidade interventiva ultrapassam, o
caráter da participação e do vínculo. Oscilam de um terreno que é próprio das práticas
pedagógicas construtivas para o campo da dominação cultural.
No contexto pedagógico esta prática de ensino tende a invisibilizar os
sujeitos e anular sua participação. Sua ação fica mais limitada aos valores
predominantes e, portanto, mais distante das possibilidades de questiona-los/
transformá-los.
Nesse sentido, nos perguntamos em que medida as atitudes de imposição
da visão adulta de mundo sobre os mais jovens ajudam ou atrapalham a sua educação,
e se potencializam a construção de relações familiares e escolares pedagógicas
significativas, e a criação da autonomia ou mesmo de projetos de vida transformadores
desses processos de imposição/submissão.
Este questionamento que levantamos não está desvinculado das abordagens
teóricas que apresentam e defendem o tema da “inclusão dos jovens” associado ao uso
das novas tecnologias de informação e comunicação que eles tão bem dominam.
36
E aos pais e educadores que vivenciam as dúvidas reveladas, nos parece
importante recomendar bom-humor, um pouco de paciência e muito diálogo com os
adolescentes. Gostemos, ou não, estes jovens se enquadram como produtores de
textos, ainda que sejam atípicos, mas são produções deles, sendo assim, podemos
afirmar que é um dos elementos que tem contribuído para levar as pessoas a se
interessarem mais pelas diferentes formas de comunicação, apreendendo-as em seus
diversos aspectos.
Quanto à escola, não se trata de “ensinar a fala”, mas de mostrar aos alunos
a grande variedade de usos da fala, dando-lhes a consciência de que a língua não é
homogênea, monolítica, trabalhando com eles os diferentes níveis (do mais coloquial ao
mais formal) das duas modalidades – escrita e falada –, isto é, procurando torná-los
“poliglotas dentro de sua própria língua” (Bechara, 1985).
Segundo Castilho (2000),
“[...] não se acredita mais que a função da escola deve concentrar-se apenas no ensino da língua escrita, a pretexto de que o aluno já aprendeu a língua falada em casa. Ora, se essa disciplina se concentrasse mais na reflexão sobre a língua que falamos, deixando de lado a reprodução de esquemas classificatórios, logo se descobriria a importância da língua falada, mesmo para a aquisição da língua escrita”.(CASTILHO, 2000, p.30)
Na internet, embora seja um texto escrito, traduz uma linguagem da
oralidade, que na atualidade, tem um papel no ensino de língua, e nesse sentido, os
Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que:
“a questão não é falar certo ou errado e sim saber que forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e por que se diz determinada coisa”
Estamos diante de um dos mais fabulosos fenômenos da tecnologia humana
de informação e de comunicação, que se chama internet, e isto por si só requer uma
reformulação de nossas posturas em relação à linguagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O jovem renunciou a seu potencial expressivo para adotar a linguagem
estereotipada da internet, e com a necessidade de compreender o que se passa na
vida deles, pais e educadores se aproximam cada vez mais rápido das telas de
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computador. Mesmo sem acessar a internet e sem participar de um Chat, os pais
“logam” por estes fios de interesse que nascem de suas preocupações com a
“linguagem adolescente”. Daí o que chamamos de “logação”, isto é, o despertar de um
interesse de não usuários de computadores pelas configurações e pelos sentidos
típicos do texto da tela de computador. Logar-se vem de login, uma derivação do verbo
to log, da língua inglesa, que significa acender, ligar-se.
Essas “logações” que são perigosas no sentido poético do encantamento
que o computador e o mundo virtual exercem sobre as pessoas, fazem com que o tema
da aprendizagem da língua materna se imponha na pauta das conversas familiares e
educacionais. Neste contexto, sem dúvida, se fazem presentes os sentimentos de afeto
– afetar-se com e pelo outro – dos adultos em relação àqueles adolescentes que julgam
ter de cuidar, no melhor sentido, significa “educar”.
Um outro aspecto desta sedução é a contradição em que se vêem as
pessoas que tentam desqualificar a linguagem escrita na internet e acabam se
descobrindo cativas do computador e do mundo informatizado. Para Rocha (2000), por
exemplo,
“O poder absorvente do computador é um fenômeno freqüentemente descrito com recurso a termos associados à tóxicodependência. Não deixa de ser notável que a palavra “utilizador” esteja associada principalmente aos computadores e às drogas. O problema desta analogia, porém é que coloca a tônica no que é externo. Eu prefiro a metáfora da sedução, uma vez que realça a relação que se estabelece entre a pessoa e a máquina. Amor, paixão, paixoneta, o que sentimos por outra pessoa instrui-nos acerca de nós próprios. Se explorarmos esses sentimentos, descobriremos aquilo que nos atrai, aquilo de que sentimos a falta, e aquilo de que precisamos.” (ROCHA, 2000, p. 42)
Os tipos de linguagem, e a produção discursiva, em rede com o mundo todo,
em tempo real nos levaram, a criar, só poderiam ser avreviados, sincopados, fluidos,
etc. em função exatamente de sua imediata multiplicidade. Tudo o que quer ser múltiplo
não pode ser demorado, extenso ou rígido. Em se tratando de linguagem, não podemos
esquecer o fato de que é através dela que se torna possível para o homem estruturar o
mundo em que vive e representa-lo como espaço-tempo da existência.
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O Internetês como um Enriquecimento para adolescentes
Logações: a comunicação em evolução
A linguagem é, em outras palavras, o modus operandi do conhecimento e do
reconhecimento da sociedade pelas pessoas. Se a sociedade aparece com espaço
cibernético, como virtualidade para os adolescentes contemporâneos, é natural que
esperemos deles a criação de uma linguagem espacial, virtual, fluida, em que a noção
de tempo real se reconfigura em espaço virtual e vice-versa; assim como o sentido do
ser real se virtualiza. Tendemos a compreender que estamos sob o domínio da
comunicação em função da evolução tecnológica, como já preconizava Deleuze (1996,
p.92-93). Mesmo diante dos computadores operados pelos adolescentes, pais e
educadores são capturados pelos processos de virtualização presentes na sua
linguagem e entranhados nos seus corpos como marcas textuais constituidoras das
posições de sujeitos sociais que têm como matriz o discurso e seus sentidos.
Associada às novas tecnologias a língua adquire características outras de
poder que não se faziam ver com tanta nitidez na história. Para buscar uma outra
compreensão desse fenômeno vale lembrar que, conforme uma abordagem
bakhtiniana da enunciação, a língua precisa ser vista como processo em constante
evolução, através da qual o ser humano além de ser conhecido, também se constrói
como objeto de estudos.
[...] a criatividade da língua não pode ser compreendida independentemente conteúdos e valores ideológicos que a ela se ligam. A evolução da língua, como toda evolução histórica, pode ser percebida como uma necessidade cega de tipo mecanicista, mas também pode tornar-se “uma necessidade de funcionamento livre, uma vez que alcançou a posição de uma necessidade consciente e desejada”. (BAKHTIN, 1997, p.127).
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Por falar em valores e culturas, quando tentamos analisar produções
discursivas, damos conta de que entre adolescentes é comum, desde tempos mais
antigos, a criação de formas alternativas de linguagem.
Hoje, sendo uma forma de linguagem vinculada ao computador e à Internet
como veículos modernos de comunicação acelerada e em tempo real, suas condições
de produção têm as características da pressa de “logar-se” de maneira econômica,
tanto no sentido de tempo quanto no financeiro. O econômico aqui carrega a idéia de
brevidade, afinal, paga-se para se estar “logado” e normalmente nunca estamos, nos
chats, conversando com apenas uma pessoa o que amplia a nossa pressa, ainda que
alguns exemplos mostrem outras direções.
Outras Considerações e análises possíveis
Em relação à questão dos possíveis prejuízos que esta prática de escrita
adolescente pode(ria) trazer à aprendizagem da Língua Portuguesa preferimos inseri-la
numa análise mais complexa. Acreditamos que o prejuízo na aprendizagem vai
depender da posição de quem olha para este fenômeno. Podemos pensar, por
exemplo, que esta é uma forma de linguagem que vai desafiar as pessoas a ampliarem
a sua produção discursiva, seja nos debates orais, na escrita ou na leitura, e, a partir
deste olhar, não há prejuízo e sim benefício à aprendizagem da língua.
Outra análise em que estamos trabalhando parte da comparação entre essas
atuais produções escritas com algumas produções localizadas na amplitude do campo
da comunicação humana ao longo da história. Fartos são os exemplos de que algo que
parecia ser um grande problema e que traria prejuízo aos seres humanos veio a se
tornar uma boa nova:
“Polêmicas assim ocorreram em outros momentos da história. A mais marcante foi com a impressão da primeira Bíblia, em 1450. Ouve quem dissesse que os
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milhares de exemplares do livro evitariam que muita gente fosse à igreja para ouvir a pregação religiosa.” (ISTO É, 2005, p.57).
De modo geral, podemos dizer que não há somente prejuízo de
aprendizagem nas formas de comunicação, isto é, se há prejuízo certamente haverá
benefício, uma vez que as transformações sociais e os processos comunicativos
sempre estiveram e estarão profundamente imbricados. Eles decorrem de prática
subjetiva e por isso mesmo carregam uma certa capacidade intrínseca de nos
surpreender, nos perturbar, na medida em que construímos um posicionamento crítico
acerca desse fenômeno.
É inegável que cabe aos professores e à escola, bem como aos pais como
educadores, a função de construir com seus alunos um conhecimento (alfabetização) e
um domínio (letramento) da língua mãe que sejam, senão idênticos, ao menos o mais
próximo possível do padrão socialmente aceito pela maioria dos sujeitos. Fazer isso,
entretanto, não implica negar as outras práticas de comunicação existentes nas
comunidades em que esta mesma escola está inserida. A educação, todos sabemos,
tem como base o diálogo e os acordos. Se concordamos em compreender a linguagem
dos adolescentes, seus modos de expressão, é natural que eles concordem em discutir,
aprender a linguagem e os modos de expressão da escola e da família. Trata-se, de
compreender as novas formas de escrita da língua como uma amostra do
“enriquecimento” havido, ao longo da história, no conjunto das expressividades
humanas.
Enfrentamos com dificuldade o fato de que os alunos e filhos estão
escrevendo de uma maneira diferente daquela a que estávamos acostumados.
Tendemos a ver nesse fato uma atitude agressiva, quando se trata simplesmente de
uma adequação do código às características dos suportes lingüísticos: as novas
tecnologias de informação e comunicação. É certo que há exageros por parte de muitos
sujeitos que partilham dessa “linguagem adolescente”. Mas, na maioria dos casos, as
transformações que operam na estrutura ortográfica da língua são justificadas em
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função da economia, da adequação às ferramentas e aos suportes. Exemplos desse
“acoplamento sujeito-máquina”, conforme Maturana (1997), bem como de outras
adequações do homem ao meio em função das suas práticas, podem ser vistos desde
as “ranhuras” iniciais nas paredes das cavernas até a escrita atual em questão.
A aprendizagem da língua materna, assim como de outras línguas e formas
de linguagem alternativas, pressupõe o exercício, a prática da mesma. Isto é assim
como a língua é um fato social, mutante, vivo e carregado de surpresas e novidades. O
gosto de se aprender a ler e a escrever qualquer língua está exatamente na
possibilidade de criação que é inerente a esse processo.
Quanto às implicações da utilização desta forma de linguagem no dia-a-dia e
na sala de aula devemos educadores e educadoras, alunos e alunas, pais e mães, nos
preocupar em exercitar o uso da linguagem padrão. É para isso que existem as
escolas e as salas de aula e as famílias: para produzir e reproduzir práticas de
comunicação que estejam próximas dos padrões dominantes em uma dada sociedade.
Mas, precisamos valorizar todas as formas de comunicação e linguagem que
aparecerem. Depois disso se torna mais fácil perceber também a importância daquela
que a escola e a comunidade desejam como padrão.
É preciso aplaudir a criação do novo para poder valorizar, ainda mais, o que
é antigo. Na escola, por exemplo, podemos usar esta forma de linguagem para sugerir
a criação de outras, valorizando e reforçando a compreensão das línguas já existentes
como modelos de organização e representação simbólica dos conhecimentos
construídos pela humanidade.
Saber se este tipo de linguagem veio para ficar ou se é apenas um modismo
pressupõe uma espécie de adivinhação. Acreditamos que na verdade não existem
modismos: todas as criações humanas permanecem de certa forma vivas, devido a sua
funcionalidade e importância em cada época, uma vez que sempre nos utilizamos de
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informações antigas na produção de novos inventos. No campo da Análise do Discurso
trabalhamos com o conceito de pré-construídos: são os saberes e sentidos pré-
existentes a uma enunciação e que se inscrevem como perturbadores iniciais do
silêncio e do sentido a ele inerente (ORLANDI, 1992).
Assim como a música se faz de silêncios e sons, a linguagem carece de
“perturbações” para se constituir e poder significar cada vez melhor os sentidos que
desejamos. Com uns e com outros todos nós certamente, nos “logaremos” muitas
vezes. Para reforçar este pensamento, lembramos mais uma vez Bakhtin (2003):
[...] todo falante é por sim mesmo um respondente em maior ou menor grau: porque ele não é o primeiro falante, o primeiro a ter violado o eterno silêncio do universo, e pressupõe não só a existência do sistema da língua que usa mas também de alguns enunciados antecedentes – dos seus e alheios – com os quais o seu enunciado entra nessas ou naquelas relações (baseia-se neles, polemiza com eles, simplesmente os pressupõe já conhecidos do ouvinte). Cada enunciado é um elo na corrente complexamente organizada de outros enunciados (BAKHTIN, 2003, p. 272).
Nossos estudos sobre o tema aqui abordado estão, como se pode ver pelas
idéias apresentadas, ainda em fase inicial, é necessário estimular atividades
diversificadas, ajudar aos alunos/filhos a diferenciar o mundo real do virtual e ainda
mostrar o lado bom da INTERNET: que pensamos ser um estímulo à escrita e leitura;
uma crescente valoração na elaboração do texto; um favorecimento da interação social
e um grande estímulo à agilidade mental.
Mas, julgamos importante também contribuir, juntamente com pais e
educadores, para o debate e a necessária tomada de consciência da sociedade como
um todo acerca dos atuais estágios de evolução das novas tecnologias de informação e
comunicação e das respectivas implicações no mundo das linguagens e dos sentidos.
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