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8/10/2019 Monografia Srgio Alves (2007) - Rotatividade.pdf
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Porto, 2007
Srgio Manuel de Jesus Domingos Alves
ROTATIVIDADE DE JOGADORES no Futebol.
Uma relao umbilical do comotreinarcom o
como jogar.
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Provas de Licenciatura
Alves, S. (2007). ROTATIVIDADE DE JOGADORES no Futebol. Uma
relao umbilical do como treinar com o como jogar. Porto: S. Alves.
Dissertao de Licenciatura apresentada Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: ROTATIVIDADE DE JOGADORES RENDIMENTO
SUPERIOR / TOP DENSIDADE COMPETITIVA PRINCPIOS
METODOLGICOS CULTURA COMPORTAMENTAL DO JOGAR.
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Penso naqui lo que quero, naquilo que eu desejo para a minha vida acima
de tudo. Acho que qualquer ser humano deve ir fazendo escolhas
sucessivas ao longo da vida e essas escolhas tm de ser suas, no
podem ser determinadas por outremO meu destino sou eu que o
construo.
Maria Filomena Mnica (2005)
Tive um chefe que sempre me disse: Treinadores que foram grandes
jogadores no tm de trabalhar, no tm de ganhar, basta-lhes usufru ir do
poder que lhes conferido por aquilo que foram; t reinadores que no
foram grandes jogadores tm de trabalhar, tm de ganhar e, ainda por
cima, tm de ouvir os donos da verdade .Foi um bom ensinamento, mas
no vejo as coisas de forma to linear e absoluta pois, felizmente, existemmuitos que respeitam quem trabalha, quem subiu, quem venceu .
Jos Mour inho (2005b)
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Agradecimentos
III
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Vtor Frade, pela disponibilidade, ajuda, orientao que sempre
demonstrou na realizao deste trabalho, no me dando solues mas sim
mostrando o caminho para que eu fosse em busca das mesmas. Pelos
conhecimentos transmitidos, pela qualidade das aulas, pela paixo que tem
pelo conhecimento e pela forma como desde o meu 2 ano da Faculdade me
conduziu a descobrir um pensamento sobre o Futebol.
Ao Prof. Jos Guilherme, pela forma, inteligncia e sabedoria com que
consegue demonstrar e exemplificar os seus conhecimentos.
Aos entrevistados, Domingos Pacincia, Lus Freitas Lobo, Paulo Sousa, Jos
Peseiro, Mariano Barreto, professor Carlos Carvalhal, professor Jos
Guilherme, Rui Barros, Jorge Costa, professor Jesualdo Ferreira e Paulo
Duarte pela disponibilidade evidenciada e contributo fundamental para a
realizao do trabalho.
Ao Fred, pelo interesse, pela vontade e pela disponibilidade demonstrada em
ser o mais til possvel.
Ao Nuno Amieiro e Bruno Oliveira, pela constante disponibilidade em ajudar.
Ao Antnio Dias, pelo contributo, pela compreenso, pelo interesse e ajuda
demonstrada desde o primeiro momento.
Aos meus colegas de curso, em especial ao Pedro Chaves e Joo Brito pelo
contributo para a realizao do presente trabalho.
Ao Pedro Cunha pela amizade e ajuda em todos os momentos.
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Agradecimentos
IV
Ao Ricardo Costa e Pedro Gomes pela partilha de conhecimentos, ajuda
durante o curso e em especial pela amizade.
Aos meus restantes amigos que viveram comigo momentos memorveis.
Angela Azevedo, pela prontido e disponibilidade na correco e traduo do
resumo.
Aos meus jogadores, que tive e que tenho. A eles devo o privilgio de poder
ensinar, ensinando-me.
Aos meus pais, pela sua presena e apoio constantes em todos os momentos
da minha vida.
Aos meus avs, em especial ti Maria pela alegria prpria que demonstra
pelo Futebol.
Aos meus irmos pela amizade, pela compreenso, pela unio e carinho. Ldia pela simplicidade e humildade com que encara a vida. Snia pelo
exemplo de persistncia e luta pelos seus objectivos. Ao Henrique pela entrega
e gosto pelo trabalho, e tambm pelo gosto que partilha pelo Futebol.
Sofia, pelos momentos de alegria, pela pacincia e pelo saber ouvir e
compreender a paixo que tenho pelo Futebol. A tua presena constante e
apoio incondicional fazem com que juntos sejamos um s. Sers sempre aminha peqenina linda.
A todos, muito obrigado.
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ndice
V
NDICE
AGRADECIMENTOS........................................................................................ III
NDICE............................................................................................................... V
RESUMO........................................................................................................... IX
ABSTRACT....................................................................................................... XI
RSUM......................................................................................................... XIII
1. INTRODUO............................................................................................... 1
2. REVISO DA LITERATURA ......................................................................... 5
2.1. A complexidade que o jogar manifesta................................................ 5
2.1.1. A quem entende o jogar como uma complexidade irredutvel soma das partes...................................................................................... 9
2.1.1.1. O todo tem de ser maior que a soma das partes...................... 12
2.1.2. A equipa enquanto sistema... o jogar enquanto sistema de
sistemas................................................................................................... 14
2.1.3. A extrema sensibilidade s condies iniciais que nasce na
imprevisibilidade / aleatoriedade que o jogar manifesta........................ 17
2.1.3.1. O jogo enquanto fenmeno catico com organizao fractal ... 192.1.3.1.1. O caos no jogo que origina um paradigma ordem versus
desordem que permite alcanar uma organizao do jogar....... 25
2.1.4. Adaptabilidade versus adaptao. A aprendizagem enquanto
modificao adaptativa.......................................................................... 32
2.1.4.1. O padro de exerccios regularidade como forma de prever
o futuro .................................................................................................. 38
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VI
2.1.4.2. Regulao o futuro como elemento causal do comportamento
.............................................................................................................. 42
2.1.4.3. O verdadeiro significado do hbito que se adquire na aco ... 44
2.1.4.3.1. Velocidade mental uma antecipao da(s) aco(s) um
reflexo da inteligncia de jogo............................................................ 46
2.2. O emergir concepto-metodlogico de uma nova(s) problemtica(s)
face inteireza inquebrantvel do jogar ................................................... 51
2.2.1. Rotatividade Uma necessidade nas equipas de Rendimento
Superior..................................................................................................... 53
2.2.1.1. Equipas de top pensar a mesma coisa e ao mesmo tempo
uma identidade prpria.......................................................................... 562.2.2. O princpio da rotatividade de jogadores consideraes para um
melhor entendimento ................................................................................ 59
2.2.2.1. A importncia da crena dos jogadores no princpio da
rotatividade........................................................................................... 65
2.2.2.2. A necessidade da existncia de um modelo de jogo, onde o
princpio da rotatividade se possa manifestar ..................................... 67
2.2.2.3. Da concepo de jogo Operacionalizao do processo detreino o caminho para a construo do jogar................................. 69
2.2.2.4. Individualizao do treino versus treino Individualizado ........... 72
2.2.2.4.1. Os jogos das seleces que preocupaes durante o
processo? .......................................................................................... 76
2.2.3. Do princpio da rotatividade ao princpio metodolgico do treino da
recuperao.............................................................................................. 79
2.2.3.1. que recuperao?!... que problemas envolvem estaproblemtica?!... como recuperar?!... .................................................... 80
3. MATERIAL E MTODOS ............................................................................ 87
3.1. Caracterizao da amostra.................................................................... 87
3.2. Metodologia de Investigao ................................................................. 88
3.3. Recolha de dados.................................................................................. 89
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VII
4. APRESENTAO E DISCUSSO DOS DADOS....................................... 91
4.1. Equipas de Rendimento Superior / TOP acima de tudo uma identidade
potencializada pela qualidade do treino........................................................ 91
4.1.1. Do nmero de jogadores qualidade. Uma questo de gesto. .... 95
4.1.2. Da imprescindibilidade do jogador presena imprescindvel...... 101
4.2. Treinar fabricar o jogar que se pretende................................... 107
4.2.1. O jogar de uma equipa e de cada um dos jogadores na equipa,
construdo ............................................................................................... 107
4.2.1.1. Pensar nas mesmas coisas e ao mesmo tempo. O reflexo de um
entendimento comum uma cultura do jogar................................. 110
4.2.1.2. Cada jogador mesmo no colectivo apresenta uma singularidadeprpria ................................................................................................. 116
4.2.2. A importncia do treino na organizao e gesto do jogar ....... 120
4.2.3. Estabelecimento de hbitos e rotinas de jogo? Uma necessidade na
Operacionalizao do treino.................................................................... 125
4.2.4. Interveno do treinador nos exerccios como regulador do processo
de treino. Do(s) feedback(s) ao(s) feedforward(s)................................... 131
4.3. Rotatividade de jogadores? Sim! mas sem nunca colocar em risco arentabilidade da equipa. ............................................................................. 141
4.3.1. Um momento ideal de evoluo, adaptao e aprendizagem... 141
4.3.2. Ao realizar rotao de jogadores existe um nmero de alteraes
aconselhvel a efectuar de jogo para jogo?............................................ 149
4.3.3. A rotatividade de jogadores s pode ser rotatividade se for
pensada semelhana de uma estratgia!............................................. 153
4.3.3.1. Modelo de jogo... o referencial para a utilizao da rotatividadede jogadores........................................................................................ 156
4.3.3.2. Transmisso de um sentir colectivo, uma cultura
comportamental................................................................................... 159
4.3.3.3. A projeco da rotatividade nos exerccios. Rotatividade no
processo de treino. .............................................................................. 162
4.4. Vantagens e desvantagens da rotatividade de jogadores. .............. 167
4.4.1. Vantagens ................................................................................. 167
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VIII
4.4.2. Desvantagens............................................................................ 169
4.5. Recuperao contextualizada uma gesto dos jogadores com elevado
nmero de jogos......................................................................................... 171
4.5.1. A exigncia sistemtica da imprescindibilidade da concentrao
o reflexo da necessidade de recuperar a fadiga do sistema nervoso central
................................................................................................................ 179
4.5.2. Uma reflexo sobre as competies internacionais de seleco
................................................................................................................ 190
4.6. No so as questes de pormenor mas questes de PORMAIOR, que
podem fazer a diferena, principalmente, a TOP........................................ 195
4.6.1. Equipas de topo tem que ter jogadores de topo, jogando sempre osque estiverem em melhores condies e nunca os melhores ............. 195
4.6.2. Antecipao dos acontecimentos no jogo o Sentido da Divina
Interveno. ........................................................................................... 197
4.7. Uma circunstncia que de facto uma negatividade da Especificidade
polivalncia de jogadores ........................................................................... 203
5. CONCLUSES.......................................................................................... 209
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................... 217
7. ANEXOS ......................................................................................................... I
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Resumo
IX
RESUMO
O aumento da densidade competitiva e consequente nmero de jogos nas
equipas de Rendimento Superior / TOP levou, nos ltimos anos, ao emergir
concepto-metodolgico do princpio da rotatividade de jogadores.No sentido de
compreender esta concepo metodolgica para o presente estudo, foi
seleccionada, sistematizada e discutida informao relativa complexidade que o
jogar manifesta, e de que forma os treinadores aplicam este princpio
metodolgico do treino. Os objectivos que o guiaram so os seguintes:
desenvolver uma concepo de complexidade das noes, e dos princpios de
organizao do jogar; balizar concepto-metodologicamente o princpio da
rotatividade de jogadores; sistematizar procedimentos que tornam o princpio darotatividade de jogadores uma necessidade nas equipas de Rendimento Superior.
Para o efeito, alm de uma exaustiva pesquisa bibliogrfica e documental,
recorreu-se realizao de vrias entrevistas a ex-jogadores, treinadores,
acadmicos, e a um analista de futebol internacional e comentador, que partilham
preocupaes relacionadas com o tema em apreo.
Atravs do cruzamento da informao entre a reviso bibliogrfica e as
entrevistas foi possvel retirar as seguintes concluses: pensa-se no jogar como
interaco sistmica entre vrias variveis / dimenses mesmo quando apenas auma se esteja a dar especial ateno; a rotatividade deve ser pensada e,
projectada no incio de um perodo competitivo, tornando-se desta forma um
momento ideal de aprendizagem, pois s jogando que os jogadores conseguem
evoluir. Torna-se assim essencial treinar a organizao do jogar que se
pretende desde o primeiro dia, visando a organizao das ideias de jogo e a
respectiva adaptao; a rotatividade uma aco que os treinadores utilizam para
potencializar todos os jogadores do plantel; a rotatividade acontece durante a
semana no processo de treino, estando presente nos exerccios especficos paraquando o jogador entrar em campo estar identificado com os princpios de jogo da
equipa; a rotatividade s o se for preparada, um dos aspectos que dever fazer
parte do modelo de jogo do treinador;os processos de recuperao e rotatividade
so decisivos, sendo fundamental reconhecer que to importante treinar como
recuperar.PALAVRAS-CHAVE: ROTATIVIDADE DE JOGADORES RENDIMENTO
SUPERIOR/TOP DENSIDADE COMPETITIVA PRINCPIOS METODOLGICOS
CULTURA COMPORTAMENTAL DO JOGAR.
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Abstract
XI
ABSTRACT
The increase of competitiveness density and the consequent number of matches
in High Performance / TOP teams has led, in recent years, to the method-
conceptual introduction of the player rotation principle. In order to understand this
methodological concept for this particular study, information relating to the
complexity that playing represents was selected, systematized and discussed, as
well as in which way coachers apply this methodological principle of training.
The leading objectives were, therefore: to develop a complexity conception of
notions of the playing organizational principles; to mark out method-conceptually
the players rotation principle; to systematize procedures that render the players
rotation principle a necessary requirement in teams of High Performance.For the pursue of this objectives, apart from an exhaustive bibliographical and
documental research, several interviews were conducted, with ex-players,
coachers, professors, an international football analyst and commentator who
shared similar concerns on the subject under study.
Crossing information gathered in the bibliographical examination and the taken
interviews, the following conclusions were drawn: playing is thought of as a
systemic interaction between numerous variables / dimensions, even when only
one of these is being particularly considered; rotation must be must be thought ofand outlined at the beginning of a competitive period, thus becoming an ideal
moment for learning, as it is playing that players are able to evolve.
It is then rendered essential to practise the devised organization of playing
from day one, aiming at the organization of the ideas for the match and the its
subsequent adaptation; rotation is an action that coachers use to raise and make
the most of all team players potentials; rotation happens during the week, in the
training process, being present in all specific exercises, so that when the player
enters the match, he feels identified with the game principles of the team; rotationonly fully happens if it has been prepared, and it is one of the features that should
be a part of the coachs model game; the processes of recuperation and rotation
are decisive, being fundamental to acknowledge that it is as important to practise
as well as to recuperation.
KEY WORDS: PLAYERS ROTATION HIGH PERFORMANCE / TOP
COMPETITIVE DENSITY METHODOLOGICAL PRINCIPLES BEHAVIOURAL
CULTURE OF PLAYING.
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Rsum
XIII
RSUMLaugmentation de la densit comptitif et par la suite, du nombre de jeux dans les
quipes de Performance Suprieur / TOP a men, dans les dernires annes,
l'apparition du concept-mthodologique du prncipe de la rotation des joueurs. Pourmeilleur comprendre cette conception mthodologique, a fin de servir la presente
tude, on a slectionn, systmatis et discut des informations concernant la
complexit qui le joueur met jour et la faon dont les entraneurs applique ce
prncipe mthodologique de lentranement.
Les objectifs que nous avons poursuivi sont attachs aux sujets suivantes:
dvelopper une conception de complexit des notions de principes d'organisation du
"jouer"; baliser "concepto-mthodologiquement" le principe de la rotation de joueurs;
systmatiser des procdures qui rendent le principe de la rotation de joueurs unencessit dans les quipes de Performance Suprieur. Pour tel, outre une exhaustive
recherche bibliographique et documentaire, nous avons procd la ralisation de
plusieurs entretiens avec les ex-joueurs, entraneurs, enseignants d'universit, un
analyste de football international et un commentateur, qui partagent des
proccupations rapportes avec le sujet dans estime.
travers le croisement des donns de la rvision bibliographique avec les donns
des entretiens il a t possible d'enlever les suivantes conclusions: "le jouer" se pense
comme interaction systmique entre plusieurs variables / dimensions mme quand
seulement un se soit en train de donner spciale attention; la rotation on doit la
penser et la projete au dbut d'une priode concurrentielle, se rendre de cette forme
un moment idal d'apprentissage, donc seulement en jouant c'est que les joueurs
russissent voluer. Se rend ainsi essentiel s'entraner l'organisation du "jouer" que
se prtend depuis le premier jour, visant l'organisation des ides de jeu et la respective
adaptation; la rotation est une action que les entraneurs utilisent pour exploiter tous
les joueurs de l'quipe; la rotation arrive pendant la semaine dans le processus
d'entranement, tant prsent dans les exercices spcifiques pour que quand le joueur
entre dans le champ il se sent identifi avec les principes de jeu de l'quipe; la rotation
seulement l'est se soit prpare, ceci est un des aspects qui devront faire partie du
modle de jeu de l'entraneur; les processus de rcupration et de la rotation sont
dcisifs, tant fondamentaux de reconnatre que est aussi important de s'entraner
comme de rcuprer.
MOTS-CLS: ROTATION DE JOUEURS - PERFORMANCE SUPRIEUR / TOP -
DENSIT CONCURRENTIELLE - PRINCIPES MTHODOLOGIQUES - CULTURE
COMPORTAMENTAL DU "JOUER".
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Introduo
1
1. INTRODUO
Pensamos situar-nos hoje num ponto crucial desta aventura, no ponto de partida de uma novaracionalidade, que deixou de identificar cincia e certeza, probabilidade e ignorncia.
(Ilya Prigogine)
Nos ltimos anos, como podemos constatar, as equipas de Rendimento
Superior / TOP comearam a ser sujeitas a uma maior densidade competitiva
originada pelo aparecimento de novas competies, mas tambm pelo grau de
exigncia que cada vez mais comportam.
Consequentemente, o aumento da densidade competitiva e consequente
nmero de jogos, leva os jogadores a um incremento superior da concentrao
e da emoo devido ao facto de existir uma especificidade levada a cabo pela
lgica / contextos dos jogos. Existe assim impossibilidade do treinador repartir
o esforo em partes, sendo necessrio encontrar solues que lhes
permitam continuar a competir em todas as frentes e ao mais alto nvel.
Paralelamente, atravs da leitura de textos publicados em jornais
desportivos, comentrios de jornalistas, opinies de treinadores de Futebol
verifiquei que existia uma necessidade de gesto dos planteis, de modo a que
os jogadores conseguissem manter um rendimento elevado.
Contudo, as ideias expostas quase sempre eram dissemelhantes,
conseguindo, no entanto, encontrar um denominador comum, ou seja, o
aparecimento da rotatividade de jogadores. Muitos foram os treinadores que
defendiam este pensamento, desde Marcello Lippi, Fabio Capello, AlexFerguson, Louis van Gaal, Alberto Zaccheroni, Sven-Goran Eriksson, Frank
Rijkaard, Hector Cper, Rafael Bentez, Arsne Wenger, Carlo Ancelotti e at
Jos Mourinho, com resultados que no deixam quaisquer dvidas desta
necessidade.
Deste modo, e atravs dos conhecimentos que ia adquirindo nas aulas
de Metodologia - Opo de Futebol, percebi que este entendimento merecia
especial ateno. De facto, a operacionalizao de uma ideia de jogo a sua
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Introduo
3
Objectivos Gerais:
- Desenvolver uma concepo de complexidade das noes, e dos
princpios de organizao do jogar;
- Balizar concepto-metodologicamente o princpio da rotatividade de
jogadores;
- Sistematizar procedimentos que tornam o princpio da rotatividade de
jogadores uma necessidade nas equipas de Rendimento Superior / TOP.
Objectivos Especficos:
- Indagar as consequncias e motivos subjacentes utilizao da
rotatividade de jogadores;
- Salientar e perspectivar a organizao dos conhecimentos especficos
dos jogadores para efectuar rotaes mantendo a qualidade das prestaes;
- Identificar e verificar as particularidades do princpio da rotatividade de
jogadores na concepo e operacionalizao do processo treino;- Aferir a relao do princpio da rotatividade de jogadores com o
princpio metodolgico do treino da Recuperao.
No sentido de cumprir os nossos objectivos, recorreu-se a uma
metodologia que consistiu numa reviso bibliogrfica e documental atravs da
qual se procurou enquadrar o tema e evidenciar o estado actual doconhecimento que o sustenta.
Posteriormente, realizmos uma entrevista aberta a ex-jogadores
treinadores, professores universitrios e comentador desportivo, com o intuito
de conhecer as suas ideias, cujos campos de interesse se ligam com a
problemtica em questo.
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Introduo
4
Assim, o presente estudo ser estruturado pelos seguintes pontos:
Num primeiro ponto, Introduo, apresentada a justificao e
pertinncia do tema. Definimos ainda os objectivos e apresentamos a estrutura
do trabalho.
O segundo ponto consiste numa reviso da literatura relacionada com o
tema em anlise.
No terceiro ponto, relativo ao material e mtodos, caracterizmos a
amostra e os procedimentos efectuados na recolha da informao.
No quarto ponto, fazemos a apresentao e discusso dos dados
sustentando e confrontando os conceitos desenvolvidos na reviso da literatura
com as respostas pronunciadas pelos entrevistados.No quinto ponto, sero apresentadas as concluses do estudo.
No sexto ponto, apresentar-se-o as referncias bibliogrficas que nos
apoiaram na realizao deste estudo.
E por ltimo, no stimo ponto sero anexadas todas as entrevistas
efectuadas.
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Reviso da Literatura
5
2. REVISO DA LITERATURA
2.1. A complexidade que o jogar manifesta
primeira vista, a complexidade um tecido (complexus: o que tecido em conjunto) de
constituintes heterogneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do
mltiplo. Na segunda abordagem, a complexidade efectivamente o tecido de acontecimentos,
aces, interaces, retroaces, determinaes, acasos, que constituem o nosso mundo
fenomenal. Mas ento a complexidade apresenta-se com os traos inquietantes da confuso,
do inextricvel, da desordem, da ambiguidade, da incerteza...
(Morin, 1990:20)
O Futebol sofreu, ao longo dos tempos, algumas evolues e alteraes
que foram determinantes na forma de encarar o jogo, nos conhecimentos
especficos que o suportam e, consequentemente, nos processos de ensino e
treino que o fomentam (Guilherme Oliveira, 2004).
Neste sentido, Frade (2003a) refere ao contrrio das cincias do
individual que procuram a individualizao dos processos, uma abordagem
molecular, at mesmo atomizada da realidade em estudo, h uma outra
cincia. Para o mesmo autor, esta procura a contemplao da complexidade e
a teia de relaes entre os sistemas existentes na sociedade e mais
concretamente no Futebol, na senda da identificao e construo
organizacional, onde a concentrao sobre o grupo/conjunto (equipa), no
descurando as particularidades de cada um (jogador).
Deste modo, constatamos que na evoluo da cincia, diversas
perspectivas foram surgindo. O racionalismo clssico, herdado de Aristteles e
desenvolvido por Descartes (Durand, 1979, cit. Gomes, 2006), originando, a
partir dos seus princpios fundamentais2, o pensamento analtico, levou
2Princpios fundamentais (Descartes, 1937 in Durand, 1979:13):- dividir no maior nmero possvel de parcelas cada uma das dificuldades a examinar, tantoquanto for necessrio para melhor as resolver;- orientar ordenadamente os pensamentos, comeando pelos objectos mais simples e maisfceis de compreender para mostrar como pouco a pouco, por graus sucessivos, se chega aoconhecimento dos mais complexos;
- fazer sempre levantamentos to completos e apreciaes to gerais quanto possvel, deforma a assegurar que nada omito.
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Reviso da Literatura
6
institucionalizao do positivismo segundo o qual os objectos so reduzidos e
isolados para tentar conhecer a sua complexidade (Gomes, 2006).
Sobral (1995) acrescenta que o cientismo e o positivismo parte de um
pressuposto de que a realidade (Futebol) simples, ou, pelo menos,
simplificvel. Isto deve-se ao facto desta forma de ver os fenmenos
complexos reduzir as aces que operam na realidade de forma causa-efeito,
por conseguinte a noo de uma ordem e de estabilidade no mundo.
Esta perspectiva de investigao e conhecimento foi contestada por
diversos autores como Capra, Varela, Prigogine, Maturana, entre outros, que
defendiam o pensamento sistmico em detrimento do analtico (Carrilho, 1991,
cit. Gomes 2006). No entanto, a cincia guiou-se, ao que parece por umaperspectiva cartesiana, com tendncia de fragmentar o todo em partes,
procurando desta forma um conhecimento mais especializado (Carvalhal,
2002), na forma de equacionar os problemas e portanto, de interagir sobre eles
(Gomes, 2006).
Daqui, um novo conceito a patologia do saber apontado por Sobral
(1995:14), como o resultado do imprio dos princpios da disjuno, da
reduo e da abstraco cujo conjunto constitui o paradigma dasimplificao3. Tudo isto arrasta um obscurantismo cientfico que produz
especialistas ignaros, e s pode ser superado pelo pensamento complexo.
Sendo assim, surgiram autores como Morin (1990), Damsio (1994),
Moigne (1994), Weiner, Rosnay, Von Bertalanffy (cit. Gomes, 2006) onde esta
perspectiva analtica e parcelar redutora na forma de estudar os fenmenos.
Face a isto, perante o aparecimento e desenvolvimento de conceitos
como pensamento complexo (Morin, 1990), modelizao sistmica (Moigne,1994) e a aceitao crescente da Teoria dos Sistemas e do Pensamento
Ecolgico, faz cada vez mais sentido equacionar que no Futebol o pensamento
a seguir dever ter como base uma linha de raciocnio sistmico para que a
partir daqui, como refere Gomes (2006), se desenvolva uma metodologia
congruente com a sua complexidade.
3Conceito apresentado por Edgar Morin (1990).
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Reviso da Literatura
7
Como tal, para Sobral (1995:16)o pensamento complexo que convm
natureza do nosso campo fenomenal (o jogo) implica, a esforada peregrinao
entre aces, interaces, retroaces, determinaes, acasos, os factos4
apresentar-se-o sempre como os referenciais discretos deste continuum
assim definido no espao e no tempo.
Pelo exposto, concordamos com Garganta (2004) quando salienta que
temos ainda que caminhar bastante no entendimento, na sistematizao destas
coisas, no sentido de perceber as suas conexes e de entender o Jogo como
um fluxo contnuo.
Com efeito, tambm defendemos que se deve entender o Jogo (e o
jogar) como um fluxo contnuo, um continuum, e no como algo faseadoe, nessa medida, compartimentado (Amieiro, 2004). Porm, temos de salientar
que, tal como refere Frade (2003a), no h nada mais construdo que o jogar.
O jogar no um fenmeno natural, mas construdo.
Se assim for, demasiado Jogo para ser cincia, mas excessivamente
cientfico (organizado) para ser s jogo. preciso ter em conta o clculo, ou
seja, o lado de cientificidade, da construo dos princpios, de modo a tomar
melhor conta do incalculvel (do que aleatrio, a criatividade, aquilo queacontece e no podemos controlar, mas que fundamental no jogo) (Frade,
2004a).
A realidade do Jogo complexa e so muitas as variveis que esto
implcitas ao mesmo, porque no s colocar onze jogadores em campo,
como permite as leis do jogo, envolve muito mais que isso. Seguindo a linha de
pensamento mencionada, existe um lado construdo (dos princpios) e o lado
natural (da imprevisibilidade, do detalhe), sendo que devero manifestar-seentrelaados entre si.
Porm, os princpios quando articulados transmitem uma certa forma de
jogar que ser, digamos, o bilhete de identidade do jogo do treinador, ou seja,
4Para Francisco Sobral (1995:16) s a reflexo local, praticada pelos prprios cientistas dodesporto, susceptvel de produzir teoria, apesar de todas as vicissitudes e de todas asdependncias. Proclama-a em nome do princpio da autonomia dos factos, um conceitofeyerabendiano usado para a confirmao e verificao das teorias mas que tem igualmente
implcita a noo de que os factos precedem as teorias e esto portanto disponveis ao nossoexame.
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representar a concepo de jogo do treinador. Como tal, o primado do jogo
o propsito do jogar, e este, contm mltiplos subpropsitos (princpios, sub-
princpios, sub sub-princpios).
Por outro lado, todos os treinadores pretendem prever com uma certeza
infinitesimal o decorrer do jogo, evidenciando o controlo de um sistema
multivarivel (jogo de Futebol) (Cunha e Silva, 1999).
Com efeito, de salientar que na aparncia simples de um jogo de
Futebol, est presente um fenmeno muito complexo, devido elevada
aleatoriedade e imprevisibilidade dos factos do jogo, o que leva a que o
treinador tenha uma grande dificuldade na previso e controlo do resultado do
jogo (Garganta, 1997).Contudo, na opinio de Mourinho (in Oliveira et al. 2006) ainda que
exista um plano onde isso se verifica - o plano do detalhe, isto , do
circunstancial, do contingencial, do individual -, no isso que o caracteriza.
Ora, como j referido, e como indicam Oliveira et al. (2006) deve-se diferenciar
dois planos: o plano do detalhe e o plano dos princpios.
O plano do detalhe ser tanto mais qualitativo, tanto mais complexo,
tanto mais relevante, quanto mais qualitativo for o plano dos princpios, isto, do colectivo. E ao nvel deste plano dos princpios, da identificao com
uma matriz de jogo, que o jogo cientificvel - o jogo , neste plano, muito
previsvel(Oliveira et al. 2006:187). por esta razo, que Frade (2004a) refere
que o futebol no um fenmeno natural, mas sim um fenmeno construdo.
Pelo exposto, para ns, o desenvolvimento do jogar visto como um
todo, ou seja, rotinar a equipa sob o ponto de vista da sua organizao de
jogo, dado que no s o jogar exige qualidade defensiva, ofensiva e ao nveldas transies, como essa qualidade de cada uma das partes est, at certo
ponto, dependente da qualidade das restantes.
por esta razo que Mourinho (2004a e Oliveira et al., 2006) no
consegue dissociar os momentos atacar e defender, pois a equipa um
todo e o seu funcionamento feito num todo tambm.
Em suma, se o jogo (e o jogar) complexo, o treino dever tambm
s-lo como defende Faria (1999) ao referir que a Periodizao Tctica /
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Modelizao Sistmica obriga a uma decomposio do fenmeno
jogo/complexidade, articulando-o em aces tambm elas complexas, aces
comportamentais de uma determinada forma de jogar.
2.1.1. A quem entende o jogar como uma complexidade irredutvel
soma das partes
O jogo preparado de uma forma equilibrada e o treino tambm feito nesse sentido a
equipa um todo e o seu funcionamento feito num todo tambm.
(Mourinho, 2004a)
A natureza e diversidade das dimenses que concorrem para o
rendimento superior, faz do jogar uma estrutura de grande complexidade,
obrigando a um enquadramento das diversas dimenses de acordo com a sua
especificidade (Freitas, 2004). Sendo assim, esta concepo de treino
(Periodizao Tctica) surge como uma forma de entender, perceber e tratar
um fenmeno complexo - o jogar - sem existir a necessidade de isolar asdiferentes dimenses que nela interagem (tctica, tcnica, fsica,
psicolgica).
O processo centra-se na aquisio de determinadas regularidades no
jogar da equipa atravs da operacionalizao dos princpios do Modelo de
Jogo assumindo-se por isso, num Treino Especfico (Gomes, 2006).
Para que tal acontea, devemos seguir o pensamento de Amieiro (2004)
que se refere ao Jogo como um continuum, fluido na passagem de unsmomentos5 para os outros, mas tanto mais ser quanto mais se tomar
conscincia disso mesmo e da necessidade da construo (conceber e
operacionalizar) das partes no nosso jogar (os princpios de jogo relativos
a cada um dos quatro momentos do jogar) acontecer, ou ser articulada, em
5 Segundo Guilherme Oliveira (2004: 147), existncia de quatro momentos de jogo(organizao ofensiva; transio ataque/defesa; organizao defensiva; transio
defesa/ataque), evidenciando que a ordem de apresentao arbitrria, deixam de aparecersequencialmente.
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funo do todo que se deseja. O mesmo autor acrescenta que, s deste
modo poderemos realmente assegurar a identidade e a integridade do
projecto de jogo da equipa. preciso, primeiro, perceber o jogo e na sua
complexidade!
Pelo exposto, de salientar a opinio de Carvalhal (2006a) o jogo tem
um fluxo contnuo, poder-se- abordar os diversos momentos e particularizar
alguma situao.
Com o intuito de evidenciar esta preocupao encontramos Guilherme
Oliveira (2006a), pois muitas vezes, a equipa no conseguiu realizar
determinados comportamentos e dizemos: eu quero que a equipa circule muito
bem a bola e nos treinos quando fao circulao, eles circulam mas depois nojogo. E porque que isto acontece? Para o mesmo autor as razes devem-
se ao facto de no treino fazer s circulao e privilegiar muitas vezes
momentos de organizao ofensiva porque s fazem e s pensam em
organizao ofensiva. Mas depois no jogo, eles passam por momentos de
organizao ofensiva mas tambm passam por momentos de transio e de
organizao defensiva e como fazem marcaes individuais, aquilo que vai
acontecer que quando ganham a posse de bola, no esto nas posies quenormalmente deveriam estar em posse de bola. Por isso, no conseguem ter a
posse de bola, perdem de imediato a bola e por isso um problema muito mais
de interaco de princpios do que propriamente de outra coisa. E ns temos
de perceber que o problema no est na posse de bola mas est nos princpios
que esto subjacentes, que neste caso esto relacionados com a organizao
defensiva e no tem haver com a organizao ofensiva. Isto muito importante
que as pessoas entendam porque neste exemplo evidente mas h muitassituaes em que essa evidncia mais difcil de detectar. No jogo h muitas
situaes em que existe este mesmo problema (Guilherme Oliveira, 2006a).
Desta forma, Garganta (2004) explica que, se falarmos com alguns
treinadores de top e assistirmos a alguns dos seus treinos, constataremos que
esto preocupados com o entendimento da organizao global do jogo, sem
que com isso percam de vista as partes. Sendo assim, consideramos que a
grande vantagem dos melhores treinadores e das melhores equipas est na
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capacidade que tm de gerir (e, antes disso, de conceber) as partes sem
perder de vista o jogo (todo).
Para Cunha e Silva (1999:160), uma equipa um corpo complexo em
qualquer dos nveis de organizao abordados: do subcelular, passando pela
actividade motora, at intersubjectividade em campo. vantajoso que os
processos de treino se habituem a conviver com a variabilidade que resulta
desta circunstncia, e a fazer dela uma forma suplementar, em vez de a tentar
esconjurar.
Como tal, quando nos encontramos a gerir as partes, nunca podemos
perder de vista o jogo (o jogar), sendo inconcebvel treinar defesa, ataque,
transies, sem que exista uma ligao, um nexo entre tudo isso. S assimconseguimos que o treinar tenha transfere para os comportamentos na
competio.
Na nossa opinio, e como refere Amieiro (2004), esse nexo (essa
articulao de sentido, perceba-se) deve ser levado em considerao para
conceber o Jogo como um fluxo continuo no faseado, o qual requisita uma
organizao de jogo/unitria, contempladora da maximizao da articulao
de sentido que deve orientar a qualidade de manifestao regular dos quatromomentos do jogar. O mesmo dizer, uma organizao de jogo que consiga
reflectir e responder eficazmente quilo a que Frade (2003a) chama de
inteireza inquebrantvel do jogo. Isto , a organizao de jogo da equipa
deve tambm ela ser uma inteireza inquebrantvel, onde o todo ser
superior soma das partes quando estas so consideradas isoladas umas das
outras.
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Sendo assim, concordamos com Mourinho (2004, in Oliveira et al.,
2006), quando se refere ao trabalho realizado nas seleces participantes da
fase final do Euro 2004, ou seja, discorda da preparao onde o treino analtico
apresenta papel preponderante, defendendo uma perspectiva totalmente
antagnica do treino, com a integrao (entenda-se interaco) de todos os
factores (entenda-se dimenses), alicerados na organizao e preparao
tctica. O mesmo autor acrescenta que seria lgico que estas semanas
preparatrias incidissem na organizao tctica, pensando colectivamente,
estruturando, automatizando, elevando a performance colectiva. Resumindo,
fazendo com que o todo passasse a ser superior soma das partes. Ou, de
uma forma mais explcita, fazendo com que grupos de grande jogadorespensassem e reagissem em simultneo a cada variante de jogo, como uma
equipa.
Com efeito, para conhecer a equipa como totalidade devemos
compreender as relaes dos seus jogadores do mesmo modo que para
conhecer estas relaes (como partes do jogo) temos de compreender a
equipa (Gomes, 2006).
Para tal, necessrio manter uma relao permanente entre todo-parte(s) e parte(s)-parte(s), reduzindo sem empobrecer, sustentando essa
reduo na articulao com o todo. de salientar que o que se reduz so os
princpios e no o jogo, mas desta forma est sempre presente o mesmo,
tendo a ateno voltada para determinados aspectos que o caracterizam.
Do exposto, como refere Frade (2004a) o treinar implica a
(des)integrao dos princpios de jogo. Como tal, ao nvel do treino,
necessrio (des)integrar os princpios (e no as dimenses) para, dessa forma,os integrar (Amieiro, 2004). Ou seja, no treino, a dominncia das preocupaes
deve incidir nas suas diferentes partes (princpios, sub-princpios, sub-
princpios dos sub-princpios dos quatro momentos do jogar) com a
certeza de que cada princpio a contemplar encerra em si todas as dimenses
(a tctica, a tcnica, a psicolgica e a fsica).
Por tudo o que j foi referido, para alcanar o jogar que pretendemos
para a equipa, no treinar pensa-se e contempla-se o todo mesmo estando a
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pelas caractersticas dos seus constituintes, diverso e heterogneo (Garganta
& Grhaigne, 1999).
Sendo assim, concordamos com Guilherme Oliveira (2004:124), ao
referir que atendendo s caractersticas e s similitudes que se podem fazer,
possvel considerar um sistema o ser humano, uma organizao, uma
sociedade, mas tambm um jogador, uma equipa ou um jogo de Futebol.
A relao entre as equipas configura os contornos do jogo que pode ser
considerado um sistema de sistemas (Garganta, 1997; Gomes, 2006) que
procuram alcanar determinados objectivos e finalidades. Como tal, o jogo de
futebol pelas suas caractersticas estruturais e funcionais, pode ser entendido
como um sistema dinmico complexo de causalidade no linear (Frade, 1989cit. Guilherme Oliveira, 2004; Garganta, 1997; Oliveira et al. 2006).
Segundo Castelo (1994), trata-se de um sistema aberto, dinmico
complexo e no linear, no qual coexistem subsistemas hierarquizados que
interagem atravs de conexes mltiplas. Neste contexto, a organizao das
aces dos jogadores decorre de sistemas que no se restringem a uma
estrutura base, a uma repartio fixa das foras no terreno de jogo, mas pelo
contrrio so configuradas a partir da evoluo das funes. Daqui inferimos,que existe uma sinergia8 entre os diferentes jogadores da equipa para se
atingirem os objectivos pretendidos, onde as caractersticas colectivas que a
equipa evidencia diferente do somatrio das caractersticas e capacidades
dos diferentes jogadores (Guilherme Oliveira, 2004).
Desta forma, a funo que os jogadores desempenham no seio da
equipa resulta das referncias colectivas. Sendo assim, podemos dizer que a
presso no um acto individual, mas sim colectivo, no se trata de umaaco-reaco, ou seja, a presso a identificao dos momentos fulcrais da
recuperao da bola no momento em que o colectivo (como um todo) j
condicionou a equipa adversria, pois estava organizada.
Imaginemos isto: numa situao de cobertura defensiva ou em contra-
ataque, ou quando a bola entra num extremo, no devem existir jogadores fixos
8Para Bertrand e Guillemet (1988) a sinergia descreve o seguinte fenmeno: a interaco ou a
organizao entre os elementos de um sistema engendra um efeito maior que a soma dosefeitos obtidos dos elementos tomados individualmente.
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responsveis pela realizao da dobra ao jogador que sai presso. Isto
porque a situao deve ditar a soluo (Frade, 2004a), sendo os jogadores a
identificar quem deve assumir a responsabilidade. H sim, alguns
comportamentos obrigatrios, como a necessidade de cobertura defensiva e
presena de dois jogadores na zona central da rea de baliza (habitualmente
costuma ser o central a fazer a dobra ficando o outro central e o lateral
contrrio a fechar a zona central, mas pode no ser assim), tendo os jogadores
que assumir a dianteira se esto em melhor posio e os seus companheiros
reajustam o posicionamento.
Para que tal acontea, importa, sobretudo valorizar o carcter
organizacional que produz a unidade global do sistema; ela que transforma,produz, relaciona e mantm o sistema, concedendo caractersticas distintas e
prprias totalidade sistmica (Morin, 1982).
Concordamos, portanto, que a abordagem sistmica tem como objectivo
analisar um fenmeno na sua globalidade. Ou seja, como refere Gomes (2006)
podemos ver a equipa como um sistema que vale pelo seu todo, em virtude
das interaces dos seus jogadores, que fazem com que a dinmica do jogo
apresente determinadas caractersticas.Procurando esclarecer melhor esta ideia, Guilherme Oliveira (2006a)
apresenta-nos um exemplo: em termos defensivos quero que a equipa
defenda zona. Ento, a primeira ideia que lhes transmito como a equipa na
globalidade vai defender zona. Vai defender com linhas prximas, tanto em
profundidade como em largura, como se articulam essas linhas entre si ().
Depois deles perceberem tudo isso, eu vou dizer como quero que o sector
defensivo defenda, o espao entre jogadores, no caso dos jogadores dasequipas adversrias se posicionarem de determinada forma como que o
sector defensivo joga em funo disso, se a bola estiver em determinada zona,
onde os jogadores se devem colocar, se estiver noutra, como que se
posicionam. E isto, tanto para o sector defensivo, como para o sector
intermdio e para o sector atacante. Eles s compreendem isso quando j
entenderam o geral.
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Tal como refere Guilherme Oliveira (2004) a aleatoriedade evidencia-se
porque a ocorrncia das situaes no apresenta uma lgica sequencial,
manifesta-se de forma arbitrria. Por outro lado, a imprevisibilidade acontece
porque os problemas que o jogo coloca so resolvidos atravs de diferentes
solues, estando dependentes dos conhecimentos especficos que se tem, da
interpretao que o jogador faz da situao, da sua auto-conscincia relativa s
capacidades para a resoluo dos problemas, ou seja, dos modelos de
referncia colectivo e individual que construiu.
Do exposto, concordamos com Figo (1999:43) ao referir que o treinar
to importante como saber o que tenho para fazer. Mas no campo as situaes
de jogo so distintas das que so ensinadas. Guio-me pelo que tenho de fazer[entenda-se execuo dos princpios de jogo] e a qualidade pessoal faz o
resto. Assim, como referem Lopes (2005) e Fonseca (2006) a
imprevisibilidade/detalhe tem de apoiar-se numa intencionalidade que tem a
ver com a forma de jogar da equipa, pelo que no se aliena dos princpios,
apenas lhes confere uma diversidade de expresso diferente.
Neste sentido, os princpios de jogo permitem ao treinador desenvolver
determinadas regularidades comportamentais dos jogadores, organizando assuas relaes e interaces. Desta forma, privilegia uma ordem no
desenvolvimento do jogo tornando-o determinstico, ou seja, torna a
previsibilidade incalculvel dos acontecimentos numa imprevisibilidade
potencial (Frade, 1998, cit. Gomes 2006).
Ora, para que tal acontea, devemos seguir o pensamento de Faria
(2006a) ao proferir que definir objectivos a atingir e trabalhar em funo dos
mesmos tendo a capacidade e a perspiccia para reestruturar este processo medida que nele se evolui fundamental. Julgo que, para alm de outras
razes, a qualidade com que se trabalha os detalhes faz a diferena na
diminuio da imprevisibilidade do processo.
Tambm sabemos que, quando nos confrontamos com situaes
totalmente novas, reconhecemos padres qualitativamente semelhantes, que
usamos para desenvolver novos modelos mentais, no sentido de lidarmos com
as novas situaes (Stacey, 1995). Ou seja, o jogo apesar de ser sempre
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diferente e apesar de determinadas variaes momentneas serem
imprevisveis, decorre dentro de um padro de funcionamento, apresentando
uma auto-semelhana9com o todo.
No entanto, como refere Ruelle (1994) se modificarmos um pouco o
estado inicial de um sistema, a nova evoluo temporal pode divergir
rapidamente da evoluo original at que as duas j no tenham nada a ver um
com o outro, isto , o fenmeno da dependncia sensvel das condies
iniciais. Este fenmeno no requer um estado inicial particular, podendo
ocorrer para uma extensa classe de estados iniciais, e nesse caso falamos de
caos. Sendo assim, como refere Cunha e Silva (2003) o jogo de Futebol pelas
caractersticas que apresenta um sistema catico numa moldura fractal.
2.1.3.1. O jogo enquanto fenmeno catico com organizao fractal
uma borboleta que agite o ar em Pequim pode influenciar tempestades no prximo
ms em Nova Iorque.
(James Gleick, 1994)
Como refere Dunning (1994, cit. Garganta & Cunha e Silva 2000) o jogo
(entenda-se jogar) um acontecimento catico com organizao fractal. Ou
seja, um dos exemplos mais eloquentes do caos determinista, na medida
em que se joga na fronteira entre o caos e a ordem (Cunha e Silva, 1999).
Deste modo, perante a dimenso de imprevisibilidade que existe durante
o jogar, o treinador e a equipa, atravs de processos de treino, desejamconceber previsibilidades que sejam reconhecidas, que consigam interagir com
as imprevisibilidades e que tenham a capacidade de se relacionarem com
9 De acordo com Stacey (1995) auto-semelhana refere-se propriedade de um modelocatico de comportamento, de modo que as sequencias ao acaso so sempre semelhantes,
mas nunca exactamente iguais, irregularidade regular. Isso medido com um grau constantede variao, ou numa dimenso fractal constante.
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estados de equilbrio e de desequilbrio ou longe-do-equilbrio10 destes
sistemas (Guilherme Oliveira, 2004).
Como tal, o treinador ao construir o seu jogar pretende que no mesmo
o caos esteja presente, isto , um caos determinista. Desta forma, este
interpretado em dois planos distintos. Por um lado a existncia de uma
aparente desordem no seu jogar, permite criar confuso no adversrio,
desorganizar o adversrio, conseguindo desta forma ser superior e comandar o
jogo. No segundo plano, podemos constatar que no seio da desordem
encontra-se uma ordem, que o reflexo da sujeio dos jogadores aos
princpios construdos e trabalhos, ou seja, os princpios de desordem
assentam na identidade de jogo, na ideia de jogo preconizada para a equipapelo treinador.
Como forma de constatar esta situao observemos o seguinte exemplo,
que se refere ao momento de organizao ofensiva tendo como grande
princpio posse e circulao da bola com o objectivo de desorganizar a equipa
adversria e marcar golo. Ora, numa equipa que tenha como aspecto
fundamental a grande mobilidade entre os jogadores atacantes, surge a
particularidade de os homens das faixas terem liberdade para flectir no terreno,variar de flanco, procurar zonas interiores, mudar de posio com os colegas.
Desta forma, imprime novas dinmicas na organizao ofensiva. Ou seja, esta
caracterstica assume-se como sub-princpio e revela-se extremamente
produtiva porque na verdade, confundem as marcaes adversrias. Para isso
necessrio ter, naturalmente, jogadores com capacidade tctico-tcnica
capaz de promover essa dinmica que, no final, acaba por ser a ordem na
desordem. Isto , a equipa habituou-se a essa mobilidade e criou sub-princpios que caracterizam a organizao ofensiva. Assim, e apesar de
desorganizar as referncias posicionais iniciais, a equipa nunca perde a
organizao. Perante estas movimentaes tacticamente subversivas, torna-se
10De acordo com Stacey (1995) representa um estado de no-equilibrio do sistema, ou seja,um estado em que o comportamento facilmente alterado para uma forma qualitativamente
diferente por pequenas perturbaes ao acaso. Implica instabilidade, caos, comportamentofractal.
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muito difcil para a equipa adversria ler e entender o jogar do sector
ofensivo contrrio.
Neste sentido, o ideal ser o treinador fabricar o sistema catico que de
certa forma preside ao jogar num sistema fractal, ou seja, num sistema de
invariantes (Cunha e Silva, 2003) Especificas11 / padres fractais que cada
equipa constri. Portanto, a preparao das equipas, a construo do jogar
de cada um deve-se apoiar, como nos indica Faria (2006a) na concepo e na
filosofia de trabalho. Esta obriga a que se pense o fenmeno em termos de
organizao de jogo da equipa e na introduo de princpios e de sub-
princpios de jogo, que no so mais que referncias (intencionais) do
treinador para resolver os problemas do jogo e por isso, expressam-se nocomportamento dos jogadores (Gomes, 2006).S desta forma, conseguiremos
que os padres de aco se repitam no tempo, fazendo com que no meio do
caos aparente seja possvel sustentar regularidades organizacionais, ou seja,
padronizar uma determinada forma de jogar.
Contudo, ao mexer nos princpios de jogo que asseguram a ordem do
sistema podemos criar atractores estranhos que ponham em risco a fluidez
funcional da equipa (Oliveira et al. 2006). Segundo Prigogine e Stengers,(1990) a menor diferena, a menor perturbao, em vez de se tornar
insignificante para a existncia do atractor, tem consequncias considerveis.
Desta forma, concordamos com Faria (2006a) ao referir que desde o
primeiro dia que o trabalho visa a organizao das ideias de jogo e a respectiva
adaptao fisiolgica a essa organizao que se pretende. por esta razo,
que ao se procurar uma certa regularidade na irregularidade, os fractais so
estruturas que falam de si como se falassem do todo porque tm umaconstituio, tm uma gentica (entenda-se aqui gentica no sentido amplo
do termo, no no sentido da sua gnese) muito semelhante ao todo onde foram
observados (Mandelbrot, 1991; Stacey, 1995; Cunha e Silva, 1999; Cunha e
Silva, 2003).
Esta regularidade estrutural e funcional ao longo das escalas,
independentemente da variabilidade e aleatoriedade que possa conter,
11
Entenda-se por invariantes Especificas os padres de comportamento colectivo e individualde cada equipa.
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obedece ao princpio da invarincia de escala (Mandelbrot, 1991; Stacey,
1995) e acontece porque nos sistemas caticos com organizao fractal existe
uma homotetia interna (Mandelbrot, 1991; Stacey, 1995; Cunha e Silva,
1999). Neste contexto, para os mesmos autores, a homotetia interna faz com
que as formas desse sistema, nas diferentes escalas de manifestao, tenham
morfologias iguais. Ou seja, apresentam uma invarincia, uma auto-
semelhana que nos permite conhecer a estrutura do todo (o jogo) pela
ampliao de uma parte (Oliveira, 2003).
Portanto, o todo (o jogo) coloca-nos o problema, dado que a inteireza
inquebrantvel do jogo assim em funo de partes, da necessidade de
fraccionar (sem partir/quebrar), isto , a ligao entre a parte(s)-todo e parte(s)-parte(s) tem de ter uma articulao de sentido, e este o problema da
operacionalizao. Efectivamente, como refere Frade, (2003a) a articulao de
sentido subjacente ao processo a sustentao da fractalidade, porque tudo o
que temos de escolher, de imaginar, de inventar, tem de ser especfico, tem de
ser condizente com a nossa posio inicial e com aquilo que o processo nos
vai dizendo que mais aconselhado.
Assim, os processos de treino devem obedecer a um princpio fractal deforma a conseguirem junto dos jogadores invarincias / padres (Cunha e
Silva, 2003) fractais nas diferentes escalas de manifestao, tanto a nvel dos
padres de comportamento, como ao nvel da produo do processo
(Guilherme Oliveira, 2004).
Seguindo o mesmo raciocnio, Norton de Matos (2006b) acredita que o
treino (e consequente crescimento de uma equipa) um padro evolutivo,
onde o mais importante o planeamento semanal (microciclo) e dirio.Acrescenta ainda, que o mais importante o prximo jogo, devendo em funo
dos objectivos do nosso jogar ter um microciclo padro, pois enquadra num
perodo que medeia dois jogos (domingo a domingo) todos os contedos
tcticos que o jogo requisita. No entanto, tambm refere que, por vezes, o
microciclo tem de ser alterado quando existem dois jogos por semana, sendo
necessrio rever as nossas prioridades, pois no existe tempo.
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Nesta linha, estamos de acordo com Frade (1989, cit. Guilherme
Oliveira, 2004) ao reconhecer que o Futebol uma criao e construo.
Sendo assim, tem de ser um processo permanentemente recriado, gerado,
reconstrudo atravs da auto-organizao e interaco existente entre os
diferentes agentes, ou seja, um projecto que est permanentemente
dependente do aqui e agora. O aqui e agora semanal, o aqui e agora
dirio, o aqui e agora momentneo.
De modo a alcanar este propsito, surge a necessidade de hierarquizar
princpios - hierarquizao das invarincias de escala - de forma a ter uma
melhor correspondncia com o que se deseja, em cada momento do processo
que se tem disposio. Para esclarecer esta ideia vejamos um exemploapresentado por Guilherme Oliveira (2006a) referente ao momento de transio
defesa-ataque do seu jogar. Neste momento, mal conquistamos a posse da
bola pretendemos tir-la imediatamente da zona de presso para uma zona de
segurana para no a voltarmos a perder. A partir deste grande princpio
assumimos dois sub-princpios: o tirar a bola da zona de presso com um
passe para uma zona de segurana e o outro, com passe em profundidade.
Com estes sub-princpios faremos uma hierarquia onde podemos exacerbar atransio em segurana ou a transio em profundidade. No meu caso, quero
jogar fundamentalmente em segurana e no quero um jogo de transies
constantes. Ento, aquilo que digo aos meus jogadores que quero que
joguem em segurana e a primeira prioridade jogar com segurana. E por
isso, s damos profundidade quando o passe em profundidade de segurana
ou quando existe a possibilidade de conseguir o golo e ento, assumimos o
risco para tentar marcar. Caso contrrio, jogamos em segurana e por isso, seno d para ir para a frente e dar profundidade porque h uma grande
probabilidade de perder a posse da bola ento jogamos em segurana e
entramos em organizao ofensiva. Assim, ao privilegiarmos a segurana
fazemos com que a partir da transio defesa-ataque iniciemos o processo de
organizao ofensiva. Com esta hierarquia, em momento de transio defesa-
ataque vamos perder poucas vezes a posse da bola e vamos privilegiar um
jogo no de transies mas de posse de bola. No entanto, se valorizasse mais
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o sub-princpio da transio em profundidade e a primeira prioridade fosse o
passe em profundidade j tnhamos um jogo diferente. Resultava um jogo
essencialmente de transies e que no quero que acontea na minha equipa.
Para que tal acontea realiza a hierarquizao dos comportamentos que
quer que os jogadores assumam para que o jogo tenha determinadas
caractersticas. Assim, ao treinar esses sub-princpios hierarquizados faz com
que o jogo saia como pretende.
Como tal, o todo (organizao da equipa), as relaes a privilegiar
entre as partes que o constituem (os jogadores) e as tarefas a realizar por cada
uma delas isoladamente, sero manifestamente diversos, consoante a(s)
referncia(s) que se considera(m) e respectiva hierarquizao (estabelecimentode prioridades) (Amieiro, 2004).
Sabemos, pelas caractersticas apresentadas, que as equipas funcionam
num registo de uma termodinmica do no-equilbrio, pois s assim possvel
desenvolver mecanismos de auto-organizao que criem estrutura e sentido a
partir da aleatoriedade. O jogo desenvolve, ento, uma ordem pelo rudo12
(Garganta & Cunha e Silva, 2000).
Desta forma, aquilo que nos interessa uma organizao, umadinmica, que torne possvel identificar um mecanismo, mas assente numa
estrutura e funcionalidade que o faa no mecnico, para estar aberto a uma
relao com o envolvimento que lhe permita reajustes e, portanto
adaptabilidade e capacidade de auto-organizao.
Neste contexto, concordamos com a ideia que o Futebol opera como
sistemas cujos constituintes se organizam de acordo com uma lgica particular,
assumindo com regularidade determinados padres de comportamento. Paraque tal acontea, o jogo carece de organizao (Amieiro, 2005a) que provm
da interaco espontnea dos diferentes agentes entre si e da cooperao com
objectivos e comportamentos comuns, coordenados e concertados, criando
uma ordem a partir da aparente desordem (Stacey, 1995).
12
O termo rudo apresenta o sentido de perturbaes aleatrias de um sistema devidas aocontacto com o exterior, e no no sentido comum de som (Gleick, 1994).
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2.1.3.1.1. O caos no jogo que origina um paradigma ordem versus
desordem que permite alcanar uma organizao do jogar
O determinismo deveria dar lugar problemtica de uma ordem que se tomou inevitavelmente
complexa, quer dizer, ligada de modo no apenas antagonista, mas complementar
desordem, a qual lana um desafio - fecundo e moral como todo o desafio - ao conhecimento
cientfico.
(Pessis-Pasternak, 1993:16)
No jogo de Futebol, em muitos casos, a ordem13parece nascer do caos.
Consoante o tipo de perturbao aleatria que o sistema sofre, no momentoem que se torna instvel, surge um outro tipo de organizao, como resultado
das reaces que se processam em condies de no equilbrio e que
provocam o aparecimento espontneo de estruturas que apresentam uma certa
ordem (Garganta & Cunha e Silva, 2000). Ou dito de outro modo, o caos d
origem ordem (Von Foerster, 1984).
Nesta perspectiva, no jogo de Futebol notria a existncia de perodos
em que a mudana da situao de posse de bola entre as equipas originadesorganizao, nos quais se realizam esforos individuais e colectivos para
ultrapassar o caos e se criar uma nova organizao14(Barreira, 2006).
Assim, a dinmica relacional colectiva do jogo assenta na existncia
simultnea de cooperao e de oposio (Jlio & Arajo, 2005) o que origina
ordem e desordem15 que emergem do jogo a cada momento, e onde as
escolhas dos jogadores servem para criar condies para a transio entre
configuraes de jogo, que assim transformam o prprio jogo (Grhaigne et al.,
1997).
13De acordo com Morin (1990) ordem tudo o que repetio, constncia, invarincia, tudo oque pode ser colocado sob a gide de uma relao altamente provvel, enquadrado sob adependncia de uma lei.14De acordo com Morin (1990) desordem tudo o que irregularidade, desvio em relao auma estrutura dada, aleatrio, imprevisibilidade.15 De acordo com Morin (1977:101) a organizao a disposio de relaes entrecomponentes ou indivduos, que produz uma unidade complexa ou sistema, dotada de
qualidades desconhecidas ao nvel dos componentes ou indivduos. Transforma, produz, liga,mantm.
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Do exposto, face desordem que a prpria equipa pode criar,
desordem que est criada resultado da instabilidade e aleatoriedade do jogo, a
equipa cria uma ordem (apoiada na identidade de jogo; pela vivenciao de
determinados padres de comportamento durante o treino), e da tambm ser
entendida como um sistema auto-organizador. No porque o jogo uma
desordem total, mas sim porque a organizao funcional (dinmica) da equipa
capaz de nesses momentos de maior desordem criar novamente uma ordem,
que poder at ser mais complexa que a anterior (Fonseca, 2006).
Como salienta Frade (2006) preciso que se entenda o Futebol ou o
comportamento de uma equipa como um jogo de dinmicas, porque a prpria
organizao defensiva tem uma dinmica prpria, mas essa dinmica autnoma relativamente, porque ela existe num nexo de relao com a
dinmica tambm mais especfica que o meio campo tem de ter, mas
interferem umas nas outras. Quando determinados limites se passam
desagregam-se. Agora, nesta fronteira muitos futuros possveis se do, e se as
estruturas tiverem efectiva organizao ou qualidade de organizao,
incorporam para ser melhores, mas sem perda de identidade do registo
comum, dessa dinmica.Sendo assim, nossa firme convico, que a organizao precisa de
princpios de ordem (entenda-se os princpios de jogo e os sub-princpios ou os
sub-princpios dos sub-princpios devero sempre representar o todo) que
intervenham atravs das interaces que a constituem(Morin, 1977:58). Isto ,
caractersticas que uma equipa evidencia nos diferentes momentos de jogo que
so os padres de comportamento tctico-tcnico que podem assumir vrias
escalas mas so sempre representativos do Modelo de Jogo,independentemente da escala de manifestao.
Ideia facilmente constatvel nas palavras de Lobo, Amieiro e Oliveira et
al.:
Como o prprio nome indica, princpios de jogo so, na essncia, um
ponto de partida para modelar o jogo da equipa, isto , definir um conjunto de
movimentos que orientam os jogadores em campo, para interpretarem o
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modelo de jogo de cada treinador em campo. So referncias colectivas e
individuais(Lobo, 2006a).
O jogar de um jogador deve ser construdo em funo da
organizao colectiva. As caractersticas individuais devem ser tidas em conta,
mas num segundo nvel da concepo de uma ideia de jogo. Os grandes
princpios de jogo de uma equipa emanam da concepo de jogo do treinador
(que nica e pessoal) e deles derivam as principais tarefas subjacentes a
cada jogador (Amieiro, 2005b:24).
Repare-se a este propsito em Oliveira et al. (2004) ao referirem as
preocupaes que Jos Mourinho evidencia no seu trabalho assenta em vrios
princpios e na organizao do jogo que pretende implementar na equipa, queconsegue exacerbar em exerccios, para, no fundo obter o todo que deseja -
Mourinho trabalha princpios, com a certeza de que est a trabalhar as quatro
dimenses do jogo o tctico, o tcnico, o fsico e o psicolgico nas
propores que o modelo dele especificamente requisita. Os mesmos
acrescentam pensa a organizao de jogo como um todo. () Tal como
entende o treino como um todo, englobando as quatro dimenses, o mesmo
sucede com a organizao de jogo.Esta necessidade de reproduzir no jogo uma dada organizao no
significa porm que as aspiraes dos treinadores devem residir na persecuo
infindvel da ordem, na mecanizao do jogo e dos jogadores (Lopes, 2005),
deve pelo contrrio conseguir manter um equilbrio entre a criatividade /
imprevisibilidade (detalhe) e os jogadores que a possuem, apoiada na forma de
jogar da equipa. Isto , o jogo tanto mais rico quanto a individualidade, a
contingncia e o detalhe do craque aparecerem, ainda que subjugados eassentes num plano de jogo (Frade, in Fonseca, 2006).
Neste sentido, embora para Valdano (1997) a existncia da ordem seja
necessria, esta deve ser apenas o ponto de partida, pois so muitos os
treinadores que se excedem e tomam-na como ponto de partida e de chegada,
ou seja, tudo ordem, asfixiando qualquer possibilidade de criao / inovao.
Ou seja, a organizao e a ordem excessiva pode considerar-se
castradora para a criao / construo de futebois de qualidade. E, de facto,
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este excesso de ordem, que serve de sustentao para muitos (grande
maioria) dos treinadores levar a efeito a construo da sua forma de jogar,
parece cada vez mais ter repercusses negativas (Fonseca, 2006). Pois, como
nos apresenta Garganta (2006a), cada vez so mais raras as equipas que
jogam um Futebol atractivo, um jogo de iniciativa e de ataque, no qual se
procura atingir, com criatividade a baliza do adversrio.
Com o intuito de evidenciar esta preocupante tendncia encontra-se
Jorge Valdano:
Muita gente e pouco espao; muita velocidade e pouca preciso; muitas
obrigaes e pouca liberdade; muito fsico e pouca cabea; muita equipa e
pouca individualidade a norma foi a de jogos travados, muito interrompidos,com poucas ocasies de golos. Espervamos que algum talento rompesse com
a rotina, provocando estragos atravs da inteligncia, mas os pouco jogadores
inteligentes que restam no se atreveram a seguir o guio(Reflexo sobre o
Mundial 2006, Valdano, 2006a).
Os futebolistas actuais, em geral, seriam bons candidatos a genros:
disciplinados, obedientes, sinceros mas esquecem que a arte do futebol,
como da guerra, o engano(Valdano, 2007a).Com o af de neutralizar o adversrio os treinadores copiam-se e as
equipas acabam a olhar para o espelho do adversrio para se anularem
colectivamente. Uma dana sem gosto e na qual os impulsos individuais ficam
submetidos aos movimentos sistematizados(Valdano, 2007b).
Assim, e como forma de combater este excesso de ordem, surge a
necessidade de durante o desenvolvimento de determinada forma de jogar
deixar espao para o aparecimento da organizao, conduzida, construda,pela capacidade de gerir o detalhe sem perder de vista o jogo como sistema
dinmico. Desta forma, a verdadeira criatividade de um treinador passa por
conseguir harmonizar adequadamente a criatividade de cada um dos
jogadores, interiorizando todas as criatividades individuais dentro do jogo
colectivo (Camino, 2002).
A mesma constatao apoiada por Sanz, (2002) ao referir que acima
do talento individual est o talento colectivo. O talento colectivo a soma dos
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fiquem muito mais apetrechados para resolver os problemas que o jogo
levanta, dado que j passaram por esses problemas ou por problemas
idnticos, tendo j imagens mentais17sobre aquilo que est a acontecer, o que
permite resolver esses problemas com muito mais facilidade (Guilherme
Oliveira, 2006b).
Neste sentido, Guilherme Oliveira (2006b) acrescenta, que devido s
imagens mentais terem sido criadas atravs do processo de treino, um
processo direccionado para aquilo que ns pretendemos, a resoluo dos
problemas vai ser muito mais rpida, porque os jogadores j passaram por
esses problemas e consequentemente o crebro consegue mais rapidamente
direccionar para as respostas que pretende. Assim, para o mesmo autortreinando dessa forma torna-se muito mais fcil a resoluo dos problemas,
porque muitos dos problemas que acontecem no jogo j foram resolvidos em
treino, o que possibilita que os jogadores criem imagens mentais que vo ser
despoletadas em jogo, permitindo uma maior velocidade na resoluo dos
problemas que o jogo levanta.
Conclumos assim, que a especificidade que proporciona uma maior
velocidade na seleco das imagens mentais mais adequadas resposta adeterminada situao de jogo.
17De acordo com Damsio (1994; 2000) as imagens mentais so criadas atravs do sentir detodas as modalidades sensoriais - visual, auditiva, olfactiva, gustativa e somatossensorial -
levadas a cabo pelas experincias vivenciadas. Desta forma, as imagens mentais evidenciamde forma criativa propriedades, processos, relaes, e aces do organismo com o mundo.
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melhoramento da prestao (entenda-se desempenho, o jogar) (Tschiene,
2001) durante as competies.
A ser assim, quando observamos uma equipa de Rendimento Superior,
identificadas pela elevada organizao e pelo ganhar com regularidade nas
provas em que esto envolvidas, detectamos como tendncia evolutiva
indicadora de qualidade, o jogar a elevadssima intensidade 20concentrada de
percepo, antecipao e execuo de aces, imbudas do mesmo
denominador comum - o modelo de jogo adoptado e os seus princpios
(Oliveira, 2002).
S que esta intensidade no uma intensidade abstracta, universal.
Segundo Guilherme Oliveira (2006a) devemos falar em intensidade mximarelativa em detrimento de intensidade. A intensidade mxima relativa a
intensidade necessria para se fazer determinado exerccio com xito ou seja,
a intensidade relativa aos objectivos que traamos para o exerccio. Desta
forma contextualizamos a intensidade porque em determinadas situaes o
jogador para ter xito deve estar parado, outras vezes a correr muito, outras
vezes a correr pouco ou a fazer uma cocha a outro. O importante reside na
parte qualitativa do jogo e tem a ver com a execuo que permite ao jogadorter xito na situao em que se encontra, sendo lento ou rpido. Deste modo
relativa ao contexto da situao e por isso, falo em mxima relativa. Ou seja,
uma intensidade que tem a ver com um perfil, com aquilo que o modelo de jogo
vai privilegiar no ataque, defesa e transies (Frade, 1993), que emerge da
necessidade de criar dinmicas no nosso jogar. Se assim , o treino deve
desenvolver a estrutura do desempenho e, na base deste encontramos a
coordenao dos processos adaptativos.Neste sentido, Guilherme Oliveira (2006a) refere que quando falo em
momento de treino falo em momento de aprendizagem. Entenda-se que este
conceito de aprendizagem se refere a determinados comportamentos que
pretende para a equipa, ou seja, os princpios de aco dos jogadores na
concretizao de um jogo. Para tal, como refere Frade (2004b) a grande
exigncia e a grande dificuldade no controlo do processo de treino a seleco
20
De acordo com Frade (1998) e Mourinho (in Oliveira et al., 2006) a intensidade s caracterizada se associada concentrao.
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dos princpios e dos meios a levar a efeito e da dinmica que se cria com esses
meios para que esses princpios se atinjam, ou seja, os exerccios que se
escolhem. Portanto essa quantificao, subjugada Repetio Sistemtica,
como suporte da viabilidade da Aquisio dos princpios de jogo, que
direcciona o processo de adaptabilidade da equipa, isto , baliza a dinmica
evolutiva, auto-hetero dos jogadores. Esta abordagem sistmica auto-
hetero porque os comportamentos / adaptaes individuais (auto) no se
descontextualizam do colectivo (hetero), atravs dos princpios de aco da
equipa (Oliveira, 2002; Frade, 2004a).
Neste contexto, existe um conjunto de fundamentos comportamentais
que se verificam invariantes, seja escala colectiva, sectorial, inter-sectorial oumesmo individual (Tavares 2003; Guilherme Oliveira, 2004). Torna-se ento um
sistema adaptativo complexo21 (Garganta, 1997) composto por vrios
elementos em interaco, numa relao hierrquica de subsistemas que,
quando no limite critico, auto-organizam-se e adaptam-se a perturbaes
apropriadas em nveis superiores de complexidade (Tani et al., 2005).
Conforme Morin (1990) defende, quanto mais complexo o
comportamento dos sistemas, maior a sua flexibilidade adaptativa em relaoao ambiente. Ideia defendida por Choshi, (2000) para quem o controlo auto-
organizacional apesar de complicado, devido h mudana ocorrer no nos
parmetros, mas na prpria estrutura, importante no processo adaptativo do
atleta (entenda-se jogador), pois quando ocorre uma mudana estrutural e se
consegue executar os movimentos com habilidade superior, estamos a falar de
um elevado grau de adaptao. Ou seja, quando se auto-organiza tem como
coordenadas orientadoras os princpios de jogo da equipa (Lopes, 2005).Admitindo este pensamento, Tani (2002) entende que as habilidades
abertas, como no futebol, requerem a identificao e interpretao das
situaes e dos dados sensoriais para desenvolver a capacidade de
antecipao e predio das aces. Deste modo trata-se de melhorar o timing
antecipatrio atravs de uma prtica com nfase no aspecto visual-perceptivo
21De acordo, com Stacey (1995), os sistemas adaptativos e complexos consistem num elevado
nmero de agentes interrelacionados de modo no-linear, em que a aco de um agente podeprovocar mais que uma resposta por parte dos outros agentes.
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da habilidade mais do que na resposta motora em si (Tani, 2002: 148).
Acrescenta ainda que assim, desenvolve a relao energia, informao e
controle atravs da aquisio de padres flexveis de movimento. Assim, para
Tschiene (2001) a adaptao vista como antecipao de futuros requisitos
que sero colocados ao atleta (entenda-se jogador), ou seja, refere-se
importncia dos princpios de aco.
De acordo com esta lgica, Guilherme Oliveira (2006a) refere que de
uma forma simples pode-se dizer que treinar criar uma forma de jogar. Esta
abordagem preocupa-se com o desenvolvimento de determinados
automatismos comportamentais dos jogadores, ou seja, que estes sejam
capazes de agir espontaneamente na concretizao dos princpios de jogo. neste sentido que nos referimos cultura comportamental. Reforando a lgica
deste pressuposto, McCrone (2002) explica que toda a hierarquia de
processamento cerebral para elaborar uma resposta em plena conscincia
demora cerca de meio segundo, o que muito tempo para decidir no calor do
jogo e por isso, esclarece que as aces que decorrem num espao de tempo
mais curto resulta da antecipao. Atravs dela possvel reduzir o meio
segundo da resposta consciente para um quinto de segundo.Para este autor, trata-se de um atalho do crebro para se antecipar s
situaes. Contudo, refere que isso s acontece quando j se experimentou a
mesma situao e a gravou como um hbito - como um automatismo
(McCrone, 2002). Desta forma, a adaptao um processo que visa a
economia. Isto significa que com ela, so reduzidos os dispndios de tempo e
de energia durante o treino, superando-se assim o esteretipo do treino
quantitativo (Tschiene, 2001).Assim, para que os comportamentos dos jogadores e equipa se
inscrevam automaticamente no desenvolvimento do projecto de jogo da equipa
preciso criar hbitos. Atravs deles, os comportamentos surgem ao nvel do
inconsciente, ou seja, resultam da capacidade de antecipao da resposta
(Gomes, 2006).
Concordamos, portanto, com Queiroz, (2003a) ao nos indicar que o
jogador que elege a soluo mais adequada em funo da sua interpretao do
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jogo. Deste modo, podemos dizer que numa equipa existem mltiplas
inteligncias. Perante uma dada situao de jogo identificam a informao e
devero agir em funo da compreenso (que dever ser idntica entre os
diversos elementos de uma equipa) de uma determinada forma de jogar, que
ser melhor potencializada quanto mais rico for o treino, consistindo este na
antecipao de jogo (Carvalhal, 2002).
medida que os indivduos trabalham e aprendem em conjunto,
circulando ao longo dos circuitos retroactivos de aprendizagem, eles acabam
por partilhar um modelo mental comum (Stacey, 1998). Stacey (1998:86)
defende que este modelo mental partilhado situa-se em grande parte abaixo
do limiar da conscincia, constituindo a cultura de um grupo de trabalho.O mesmo autor apresenta-nos uma aprendizagem complexa que
transformacional, envolvendo uma faceta consciente quando a informao
recolhida e analisada, mas igualmente uma faceta inconsciente atravs da qual
esse material de alguma forma integrado. Este tipo de aprendizagem baseia-
se parcialmente na emoo: a razo para aprender fornecida por emoes e
o resultado uma forma de aprendizagem mais complexa e menos mecnica,
permitindo mudanas adaptativas rpidas na compreenso.Daqui podemos depreender que a aprendizagem e exercitao de um
comportamento faz com que a sua realizao solicite cada vez menos recursos
ao crebro atravs da adaptao. E esse o objectivo do treino ou seja, criar e
desenvolver a adaptao dos jogadores no desenvolvimento de um jogar e
portanto, de uma Organizao Colectiva (Gomes, 2006).
Sendo assim, o treino faz com que se alterem os padres neurais, por
adaptao e optimizao do comportamento. Reconhecendo esta lgica, Tani(2002) refere que nas actividades onde os ambientes se alteram
constantemente, a qualidade do desempenho depende sobretudo da
adaptabilidade do movimento, ou seja, da eficcia do comportamento. Como
tal, o jogo (competio) tem de ser considerado o ponto de partida, e sobretudo
pela ampla exposio da preparao enquanto processo adaptativo (Oliveira,
2002).
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estmulos que as provocam (especificidade das adaptaes), isto , os
fenmenos de adaptao que esto na base da evoluo do rendimento esto
ligados especificidade do estimulo, que no treino constitudo principalmente
pelos exerccios (Manno et al., 1982, cit. Carvalhal, 2002).
2.1.4.1. O padro de exerccios regularidade como forma de prever o
futuro
A melhor forma de a potenciar nos treinos, a melhor forma a construo de exerccios que
exijam essa mesma concentrao exerccios onde os jogadores tm que pensar muito,comunicar muito e exerccios de complexidade crescente que os