Monografia Sobre Trabalho Pericial

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade Federal de Minas GeraisEscola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construo

Curso de Especializao em Construo Civil

Monografia

Engenharia Legal: Interface Direito - Engenharia

Conceitos, procedimentos, atribuies e competncias do profissional de Engenharia Legal"

Autor: Rogrio Freitas de Oliveira Orientador: Prof. Adriano de Paula Silva

DEZEMBRO 20091

Rogrio Freitas de Oliveira

Engenharia Legal: Interface Direito - Engenharia

Conceitos, procedimentos, atribuies e competncias do profissional de Engenharia Legal"

Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Construo Civil da Escola de Engenharia da UFMG

Gesto e Avaliaes nas Construes Orientador: Prof. Adriano de Paula Silva

Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG Departamento de Engenharia de Materiais e Construo Dezembro / 2009

2

Aos mestres e a todas as famlias de acadmicos do Brasil que ainda entendem o valor do conhecimento proporcionando suporte suficiente e necessrio aos estudantes.3

AGRADECIMENTOS

A minha me, minha esposa, meus dois filhos e a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para minha especializao do conhecimento e da vida; Aos meus colegas e professores, parceiros caminhantes na construo de um pas sustentvel, mais justo e melhor.

4

SUMRIO

RESUMO.......................................................................................................... 09 1. INTRODUO ............................................................................................. 10 2. REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................... 11 2.1 Conceito Geral ....................................................................................... 11 2.2 Terminologias bsicas relacionadas Engenharia Legal.......................11 3. HISTRICO ................................................................................................. 23 3.1 Cincia da Observao .......................................................................... 25 3.2 Engenharia Diagnstica ......................................................................... 26 3.3 Fases da Edificao............................................................................... 28 3.4 Classificao e Conceitos das ferramentas Diagnsticas.......................30 3.5 Atribuio e Responsabilidade Profissional ........................................... 33 4. ENGENHARIA DE AVALIAES ................................................................ 38 4.1 Natureza e objetivo das avaliaes........................................................ 38 4.2 Situaes em que h necessidade de uma avaliao.............................. 39 4.2.1 Transferncia de propriedade....................................................... 40 4.2.2 Financiamento e crdito................................................................. 40 4.2.3 Justa indenizao nos casos de desapropriao ......................... 40 4.2.4 Tomadas de decises sobre bens imveis..................................... 40 4.2.5 Base para taxaes (impostos) .................................................... 41 4.2.6 Aplicaes securitrias .................................................................. 41 4.2.7 Justo valor locacional.................................................................... 41 4.3 Valor de mercado.................................................................................... 41 5. A PERCIA JUDICIAL................................................................................... 45 5.1 Histrico, importncia e tipos de percias no processo cvel; O papel do Perito e dos Assistentes Tcnicos.................................................................45 5.2 Critrios para a escolha do Perito .......................................................... 48 5.3 Atuao do Perito................................................................................... 48 5.3.1 Aes ordinrias.............................................................................48 5.3.2 O Assistente Tcnico.....................................................................53 5.3.3 A Remunerao do Perito e do Assistente Tcnico...........................535

5.3.4 Apresentao dos Quesitos.................................................................54 5.3.5 O Trabalho Pericial..........................................................................54 6. PROCEDIMENTOS JUDICIAIS ................................................................... 55 6.1 Processo versus autos............................................................................55 6.2 Cdigo civil versus cdigo de processo civil .......................................... 55 6.3 Do cdigo de processo civil.................................................................... 56 6.4.Do procedimento comum.........................................................................57 6.4.1 Procedimento ordinrio..................................................................57 6.4.2 Procedimento sumrio........................................................................59 6.4.3 Sentena..............................................................................................59 6.5 Da prova pericial.......................................................................................60 6.5.1 Teoria geral da prova ....................................................................60 6.5.2 Perito....................................................................................................61 6.5.3 Dos deveres e obrigaes do perito....................................................62 6.5.4 Dos prazos...........................................................................................63 6.5.5 Das penalidades a que os peritos esto sujeitos................................64 6.5.6 Direitos do perito..................................................................................65 6.5.7 O comparecimento do perito s audincias........................................66 6.5.8 Do assistente tcnico...........................................................................66 6.5.9 Das decises soberanas do juiz..........................................................67 6.6 Dos recursos............................................................................................69 6.7 Jargo Jurdico........................................................................................70 6.8 Principais tipos de aes que envolvem percias....................................70 7. ATUAES DO ENGENHEIRO LEGAL...................................................... 70 8. CONCLUSO............................................................................................... 71 9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................. 72

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Composio desatualizada da Engenharia Legal......................25 Figura 2 Componentes atualizados da Engenharia Legal........................27

7

LISTA DE NOTAES E ABREVIATURAS

CONFEA = Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CREA = Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia ABNT= Associao Brasileira de Normas Tcnicas. IBAPE = Instituto Brasileiro de Avaliaes e Percias. PBQP-H = Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat. PMOC = Plano de Manuteno Operao e Controle. SiAC = Sistema de Avaliao da Conformidade de Empresas de Servios e Obras da Construo Civil.

8

RESUMO

Trata-se de reunio bibliogrfica sobre o tema Engenharia Legal, seus conceitos, suas consideraes, novas denominaes, atribuies profissionais do especialista e novas alternativas de atuao do engenheiro buscando a interface Direito-Engenharia. Inicia-se com a terminologia bsica e conceitos diversos e semelhantes de vrios autores que militam pela engenharia legal. Continua com um breve histrico e com a proposta e conceituao de Engenharia Diagnstica mostrando ser, junto com a Engenharia de Avaliaes, os pilares da moderna Engenharia Legal. Posteriormente desenvolve-se a reviso bibliogrfica pela Engenharia de Avaliaes, atribuio profissional, percia, procedimentos judiciais e finalmente com diversas opes de atuao do Engenheiro Legal e legislao especfica.

9

1. Introduo

A expresso j consta, desde 1937, no decreto nmero 23.569, que regulamentou o exerccio da profisso do engenheiro. A Engenharia Legal compreende todas as atividades do engenheiro que tendem a solucionar problemas jurdicos que dependem de conhecimentos tcnicos, os quais normalmente no so inerentes aos advogados e magistrados, traduzindo especialmente a funo do perito judicial em matria de engenharia. A Engenharia de Avaliaes j de uma expresso mais moderna e essa atividade pode estar englobada na engenharia legal ou no. A tcnica da avaliao dos imveis desenvolveu-se a tal ponto nos ltimos decnios que hoje ela exige conhecimentos tcnicos e especializados que envolvem vrios ramos da engenharia, especialmente de engenharia econmica.

Os juzes e advogados constantemente necessitam do apoio dos engenheiros para o conhecimento de valores, mas no s eles como tambm, fora dos tribunais, pessoas fsicas e jurdicas necessitam de avaliaes em nmeros e valor , o que faz com que os tcnicos estejam sempre procurando melhorar seus conhecimentos e, consequentemente a melhoria contnua da justia, dos empresrios e da sociedade. Assim aparecem vrias oportunidades de trabalho em reas nunca antes aventadas por profissionais muito tcnicos por se tratarem de reas bem prximas do direito de bens e pessoas. Neste trabalho, conceituaremos a Engenharia Legal e identificaremos algumas novas oportunidades de atuao profissional do engenheiro.

10

2 Reviso Bibliogrfica 2.1 Conceito geral:

Engenharia Legal: Parte da Engenharia que atua na interface tcnico-legal envolvendo avaliaes e toda espcie de percias relativas a procedimentos judiciais. (NBR 14653 -1) 2. 2 - Terminologias bsicas relacionadas Engenharia Legal: Ao em juzo / judicial: (1) Faculdade de invocar o poder jurisdicional do Estado para fazer valer um direito que se julga ter; meio processual pelo qual se pode reclamar justia o reconhecimento, a declarao, a atribuio ou a efetivao de um direito, ou ainda, a punio ao infrator das leis penais [AURLIO, 1986]. (2) Um instrumento que o Estado pe disposio dos litigantes, a fim de administrar justia [MAIA NETO, 1999]. Aluguel / Valor Iocativo: Alm de satisfazer o proprietrio, o mximo que pretensos inquilinos se dispem a pagar para ocupar o imvel atravs de locao [CANDELORO, 1991]. Anomalia: (1) Irregularidade, anormalidade, exceo regra. (2) Idem. Pode ser endgena, originria da prpria edificao; exgena, de fatores externos; natural, de fenmenos da natureza; ou funcional, do uso [Glossrio IBAPE/SP]. Arbitramento: (1) Atividade que envolve a tomada de deciso ou posio entre as alternativas tecnicamente controversas ou que decorrem de aspectos subjetivos [RES. CONFEA N0. 345]. (2) Avaliao ou estimao de bens, feitos por rbitro ou perito nomeado11

pelo Juiz [FIKER, 1989]. Assistente tcnico: (1) Profissional legalmente habilitado pelos CREA's, indicado e contratado pela parte para orient-la, assistir aos trabalhos periciais em todas as suas fases da percia e, quando necessrio, emitir seu parecer tcnico. (2) Trata-se do profissional contratado pela parte para assessorar, acompanhar e fiscalizar o perito do juzo... a principal funo do assistente tcnico analisar e esclarecer as questes tcnicas para os advogados das partes [MENDONA, 1999]. (3) o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigao concordar, criticar ou complementar o laudo do perito, atravs de seu parecer ... [MAIA NETO, 1999]. Autos: So as folhas que contm tudo quanto acontece no processo, lavrado a termo, isto , por escrito [FIKER, 2001]. Avaliao: (1) Atividade que envolve a determinao tcnica do valor qualitativo ou monetrio de um bem, de um direito ou de um empreendimento [RES. CONFEA N. 345]. Determinao tcnica: (2) de valor de um imvel ou de um direito sobre o imvel; (3) de um valor pecunirio de um bem, de um fruto ou de um direito, num dado momento; (4) do valor de um imvel ou de seus frutos, direitos e seguros; e (5) do valor de um bem, ou de seus rendimentos, gravames, frutos e direitos. (6) (Ou arbitramento): a apurao de valor, em espcie, de coisas, direitos e obrigaes em litgios [ABUNAHMAN, 2000]. (7) Atividade que envolve a determinao tcnica do valor quantitativo, qualitativo,ou monetrio de um bem, ou de seus rendimentos, gravames, frutos direitos, seguros,ou de um empreendimento, para uma data e um lugar determinado [FIKER, 1989].12

(8) o trabalho tcnico que compreende um conjunto de raciocnios, inspees e clculos tendentes a determinar o valor de um bem [AGUIAR, 1998]. Avaria: Dano causado a qualquer bem, ocasionado por defeito ou outra causa a ele externo. Bem: Tudo aquilo que tem valor, suscetvel de utilizao ou que pode ser objeto de direito, que constitui patrimnio ou riqueza de uma pessoa fsica ou jurdica. So tangveis os que podem ser tocados e intangveis aqueles imateriais. Benfeitoria: (1) Obras ou servios que se realizem em um mvel ou imvel com o intuito de conserv-lo, melhor-lo ou embelez-lo, incorporados permanentemente ao bem ou ao solo pelo homem, que no podem ser retirados, sem destruio, fratura ou dano. Pode ser necessria, til e volupturia. (2) Qualquer melhoramento, incorporado permanentemente ao solo pelo homem, que no pode ser retirado, sem destruio, fratura ou dano [NBR 5676 e NBR 8976]. Cdigo civil / Cdigo de processo civil - CPC Cdigo civil a lei do direito material, que a parte do direito que regula os prprios bens da vida. Cdigo de processo civil estabelece as regras dos procedimentos para o desenvolvimento do processo [FIKER, 2001]. Cominao: Exigncia de pena ou castigo por falta de cumprimento de contrato, preceito, ordem ou mandato judicial. Concesso: Direito concedido, geralmente do poder pblico, para a explorao de bens e servios. Condomnio:13

Domnio em comum exercido por duas ou mais pessoas simultaneamente, regido por legislao prpria, sendo dividido em dois grupos: tradicional ou do cdigo civil e de propriedades (em planos) horizontais regidos pela Lei n. 4591/64. Conservao: Ato de manter o bem em estado de uso adequado sua finalidade, que implica maiores despesas que as de uma simples manuteno. Construo, construir: Ato, efeito, modo ou arte de construir. Edificar, levantar prdios. Conjunto de materiais e servios sendo ordenado conforme projeto, visando sua transformao em um bem. Custo: (1) Quantia em dinheiro que representa a reposio do bem no estado atual, sem incluir lucro, mas incluindo a remunerao do capital no tempo incorrido. Custo histrico: sem a remunerao do capital e sem a inflao do perodo. Custo de reproduo: o seria necessrio para reproduzir um bem instantaneamente,numa certa data [Glossrio IBAPE]. (2) o preo pago mais todas as outras despesas em que incorre o comprador na aquisio da propriedade [MOREIRA, 2001]. Dano: (1) Ofensa ou diminuio do patrimnio moral ou material de algum, resultante de delito extracontratual ou decorrente da instituio de servido. (2) So as conseqncias dos vcios e defeitos do produto ou servio [CDC]. Decadncia: Perda, perecimento ou extino de direito em si, por conseqncia da inrcia ou negligncia no uso de prazo legal ou direito a que estava subordinado. Defeitos: Anomalias que podem causar danos efetivos ou representar ameaa potencial de afetar a sade ou segurana do dono ou consumidor, decorrentes de falhas do14

projeto ou execuo de um produto ou servio, ou ainda de informao incorreta ou inadequada de sua utilizao ou manuteno. Degradao: Desgaste dos componentes e sistemas das edificaes em decorrncia do efeito do transcurso do tempo, uso e interferncias do meio [Glossrio IBAPE/SP], Depreciao: (1) Decrepitude, pela idade e vida til; deteriorao, pelo desgaste ou falha de componentes; mutilao, pela retirada de componentes; obsolescncia, pela superao da tecnologia ou desmontagem, pelos efeitos deletrios da prpria remoo. (2) Diminuio do valor econmico ou do preo de um bem, porque lhe modificou o estado ou qualidade [Glossrio IBAPE/SP]. (3) a perda de valor sofrida por um bem. Pode ser de ordem fsica,... decorrente do desgaste ou funcional nas partes desse bem ..., ou funcional, por uma inadequao, superao ou anulao [FIKER, 2001]. Desabamento / desmoronamento: Queda parcial ou total de uma construo ou de outro volume considervel de coisa material / Runa de macios terrosos, taludes, ou outros materiais friveis ou estocados [Glossrio IBAPE/SP]. Desapropriao: (1) Transferncia feita por iniciativa do poder pblico, unilateral e compulsria, mediante indenizao prvia e justa, por utilidade pblica ou interesse social, da propriedade de um bem ou direito do proprietrio ao domnio pblico. (2) a transferncia compulsria da propriedade particular para o poder pblico ou seus delegados, ou ainda, por interesse social, mediante prvia e justa indenizao em dinheiro [MEIRELLES, E. L. apud MEDEIROS JR, FIKER, 1996].

15

Desempenho: Capacidade de atendimento das necessidades dos usurios da edificao. Dolo: Vontade deliberada e consciente, ou livre determinao do agente, na prtica de um delito. Domnio: Direito real que submete a propriedade, de maneira legal, absoluta e exclusiva, ao poder e vontade de algum; a propriedade plena. Empreitada: Contrato bilateral, oneroso, em que o empreiteiro se obriga, dentro de prazo estabelecido, a executar para outrem determinada obra, contribuindo ou no com os materiais necessrios, mediante o pagamento de preo fixo pr-ajustados ou reajustvel por ndices pr-estabelecidos. Edificao: Toda e qualquer construo reconhecida pelos poderes pblicos e utilizada por um ou mais consumidores [Glossrio IBAPE/SP]. Engenharia de avaliaes: uma especialidade da engenharia que rene um conjunto amplo de conhecimentos na rea de engenharia e arquitetura, bem como em outras reas das cincias sociais, exatas e da natureza, com objetivo de determinar tecnicamente o valor de um bem, de seus direitos, frutos e custos de reproduo. ... muito mais que uma disciplina, uma multidisciplina dentro da engenharia. Esta multidisciplinidade confere flexibilidade e mobilidade ao profissional, permitindo-lhe atuar simultnea ou alternadamente nos nichos de mercado mais promissores ou interessantes em cada momento [DANTAS,1998]. Esbulho: Privao total ou parcial da posse de quaisquer bens alheios, com ou sem violncia ou fraude de terceiros. Exame:16

(1) Inspeo, por meio de perito, sobre pessoas, coisas, mveis e semoventes, para verificao de fatos ou circunstncias que interessam causa. (2) Idem. Quando o exame feito em imvel, denomina-se vistoria [FIKER, 1989]. (3) a inspeo sobre coisas, pessoas ou documentos, para verificao de qualquer fato ou circunstncia que tenha interesse para a soluo do litgio [ABUNAHMAN,2000]. Expert / expertos ou louvados: Sinnimos de perito, freqentemente utilizados por profissionais da rea judicial. Habilitao: Faculdade de atuao adquirida por formao acadmica (habilitao escolar, ex.: engenharia); registrado em conselho profissional oficial (habilitao legal, ex.: CREA) e com experincia e capacitao (habilitao profissional, ex. perito avaliador) [MAIANETO, 1999]. Indenizao por perdas e danos: Compensao financeira por prejuzos causados a bens e direitos. Instalao: Conjunto de equipamentos e componentes destinados a desempenhar uma utilidade ou um servio auxiliar. Inspeo: Avaliao do estado da edificao e de suas partes constituintes, realizada para orientar as atividades de manuteno. Laudo: (1) Pea na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e d as suas concluses ou avalia, fundamentadamente, o valor de coisas ou direitos [RES. CONFEAN0. 345]. (2) a etapa final de uma pesquisa, devendo conter todos os elementos relevantes considerados no seu desenvolvimento, desde a caracterizao do objeto da17

avaliao, a metodologia de coletas de dados, a modelagem dos dados e as devidas interpretaes e concluses fundamentadas [DANTAS, 1998].(3)

o resultado de uma vistoria ou de uma pesquisa: um parecer emitido por

um perito ou tcnico na matria que for chamado a opinar sobre uma questo controversa ou que necessita ser conhecida em maior profundidade [MOREIRA, 2001]. (4) Do ponto de vista prtico, o laudo o resultado da percia expresso em concluses escritas e fundamentadas, devendo conter fiel exposio das operaes e ocorrncias das diligncias, concluindo comparecer justificado sobre a matria submetida a exame do especialista e respostas objetivas aos quesitos formulados pelas partes e no impugnados pelo juzo [MEDEIROS JR. e FIKER, 1996]. Lide / Litgio: (1) Conflito de interesses suscitado em juzo ou fora dele. (2) Conflito de interesses qualificados por uma pretenso resistida

[MEDEIROS JR,FIKER, 1996]. Manuteno: (1) Ato de manter um bem no estado em que foi recebido, com reformas preventivas ou corretivas de sua deteriorao natural. (2) Conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou

recuperar a capacidade funcional da edificao e de suas partes constituintes e de atender s necessidades e segurana dos seus usurios. Medida cautelar: (1) Medida pela qual a pessoa protegida contra violncias que lhe perturbam a posse de coisa corprea. (2) Designada pelo antigo CPC como vistoria "adperpetuam rei memoriam" e pelo atual como exame pericial - no constritiva do direito de terceiros, a vistoria mera providncia preparatria de uma eventual ao principal... [MEDEIROS IR,FIKER,1996].

18

Nunciao de obra nova: Denncia de que a obra nova prejudica os direitos de seus vizinhos. Parecer tcnico: (1) Opinio, conselho ou esclarecimento tcnico emitido por um

profissional legalmente habilitado sobre assunto de sua especialidade. (2) Os pareceres tcnicos dos assistentes podero ser concordantes ou discordantes do laudo do perito judicial. Em qualquer um dos casos, seu objetivo ser sempre o de verificar os pontos do laudo oficial, de maneira clara e objetiva, tendo em vista sempre o esclarecimento da verdade, acima dos interesses das partes [FIKER, 1989]. Patologia (construtiva): o estudo que se ocupa da natureza das modificaes estruturais e ou funcional, produzindo anomalias construtivas [Glossrio IBAPE/SP]. Percia: Atividade que envolve apurao das causas que motivaram determinado evento ou da assero de direitos. Perito: Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, com atribuies para proceder percia. Petio: o mesmo que requerimento. Todo o relacionamento formal do perito com o processo realizado atravs de peties. As peties so necessrias para: realizar proposta de honorrios, pedir para fixar honorrios no valor que o perito entende ser correto, prorrogar prazo de entrega do laudo, etc. Preo: (1) Quantidade de dinheiro pelo qual se efetua uma operao imobiliria. (2) Idem, que est sujeita maior ou menor habilidade de negociao de uma parte sobre a outra, assim como os fatores de carter conjuntural ou subjetivo, a saber: desejo, necessidade, capricho.19

(3)

a

quantia

paga

pelo

comprador

ao

vendedor

[MOREIRA,2001]. Prescrio: Perda do direito a uma ao judicial, ou liberao de uma obrigao, por decurso de tempo, sem que seja exercido por inrcia dos interessados. Processo / Procedimento: O meio pelo qual se faz atuar a lei espcie; que se conceitua como complexo de atos coordenados, tendentes ao exerccio da funo jurisdicional. No CPC classificam-se em de Conhecimento, de Execuo e Cautelar [MEDEIROS JR, FIKER, 1996]. Projeto: Descrio grfica e escrita das caractersticas de um servio ou obra de engenharia ou de arquitetura, definindo seus atributos tcnicos, econmicos, financeiros e legais. Propriedade: Relao de direito entre a pessoa e a coisa certa e determinada, podendo dela usar, gozar ou dispor, submetendo-a de maneira absoluta, exclusiva e direta sua vontade e poder. Prova: (1) um conjunto de fatos que, objetivamente, deve convencer o juiz [MENDONA, 1999]. (2) Demonstrao que se faz, pelos meios legais, da existncia ou veracidade de um fato material ou de um ato jurdico, em virtude da qual se conclui por sua existncia ou se firma a certeza a respeito da existncia do fato ou do ato demonstrado. A prova, por isso, constitui, em matria processual, a prpria alma do processo ou a luz que vem esclarecer a dvida a respeito dos direitos disputados.

20

Quesitos: (1) So perguntas escritas e articuladas que os advogados das partes, e algumas vezes juzes e promotores de justia, formulam relativamente aos fatos objeto da percia, no sentido de melhor elucid-los ou encaminhar os fatos levantados no curso do processo [CURI, 1998]. (2) Idem, e visando os pontos a serem esclarecidos nos laudos [MAIANETO, 1999]. (3) So os quesitos que determinam as diretrizes para a feitura do laudo, servindo suas respostas para a demonstrao da tese que cada uma das partes quer provar e para a orientao do juiz na prolao da sentena [MEDEIROS JR. e FIKER, 1996]. (4) Os quesitos so indagaes ao perito sobre a questo envolvida na prova pericial, que podem ser formulados pelas partes, pelo ministrio pblico e pelo juiz. So classificados em principais, suplementares ou de esclarecimento. Os quesitos devem ser objetivos e tcnicos, pois ao perito somente compete emitir juzos tcnicos sobre a questo em pauta MENDONA [1999] Renovao de aluguel: Atualizao do valor de um aluguel por mais um perodo, alm do contratual. Requerente: O mesmo que autor, peticionrio, postulante, suplicante. Requerido: O mesmo que ru; ou aquele a quem se requereu ou o que objeto ou contedo de um requerimento. Ru: o convocado para demandar, ou a parte contra quem se demanda ou contra quem intentada a ao judicial. Reviso de aluguel: Determinao de novo valor locativo durante a vigncia do contrato de locao. Normalmente o juiz homologa o laudo de avaliao que determina o novo valor do aluguel.

21

Suspeio: Embora firmada em presuno, ou em fato positivamente no provado, vem atribuir ao suspeito a autoria de fatos que praticou, ou vem revelar o temor, ou o receio de que, nas circunstncias apontadas, os pode praticar. Geram desconfianas ou suposies capazes de autorizarem justas prevenes contra o suspeito. O perito passvel de suspeio, nos mesmos casos prescritos para o juiz. Reivindicao: Procedimento para obter o reconhecimento de um direito de propriedade. Segurana: Condio daquele ou daquilo que seguro, ou firme, ou est livre de perigo, ou apresenta coeficiente de segurana adequado [Glossrio IBAPE/SP]. Valor: (1) Expresso monetria do bem, data de referncia da avaliao, numa situao em que as partes, conhecedoras das possibilidades de seu uso e envolvidas na transao, no estejam compelidas negociao,... (2) Qualidade inerente a um bem, que representa a importncia para sua aquisio ou posse [Glossrio IBAPE]. (3) a medida de uma necessidade, de um capricho ou de um desejo de possuir um bem [MOREIRA, 2001].

Valor da causa: Normalmente colocado pelo autor no final do requerimento que prope a ao. Esse valor deve ser observado, tratando-se da formulao de pedido de honorrios. Vcios: Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou servios, ou os tornam inadequados aos fins a que se destinam, causando transtornos ou prejuzos materiais ao consumidor. Podem decorrer de falha de projeto ou de execuo, ou ainda da informao defeituosa sobre sua utilizao ou manuteno. Os redibitrios so os ocultos.

22

Vistoria: (1) Constatao de um fato, mediante exame circunstanciado e descrio minuciosa dos elementos que o constituem. (2) sem a indagao das causas que o motivaram [RS. CONFEA N. 345]. (3) Exame circunstanciado de um imvel; (4) Idem, objetivando a sua descrio minuciosa e a respectiva avaliao; (5) Idem, com substituio de "imvel" para "bem"; (6) Exame circunstanciado e a conseqente descrio minuciosa de um imvel, objetivando a elaborao de Avaliao. (7) o mesmo que exame, quando realizada sobre bens imveis [ABUNAHMAN,2000]. (8) A vistoria uma importante fase do processo de avaliao que visa permitir ao engenheiro de avaliaes conhecer da melhor maneira possvel o imvel avaliando e o contexto imobilirio a que pertence,... [DANTAS, 1998]. (9) O que caracteriza a vistoria, na verdade, a inspeo do bem para fixar sua localizao, averiguar suas condies estruturais e atributos, defeitos ou danos em prdios ou em suas servides [MEDEIROS JR, FIKER, 1996]. (10) uma observao, uma inspeo tcnica, levada a efeito por um perito, tanto mais minuciosa e completa quanto possvel. Sua exposio, entretanto, que feita para leigos, deve ser simples e objetiva [QUEIROGA, 1998]. 3 - Histrico: Conforme Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009), a atividade pericial, tradicionalmente, tem sua origem no mundo jurdico e, consoante De Plcido e Silva, em edio do VOCABULRIO JURDICO da Editora Forense de 1978, tem-se :PERCIA. Do latim peritia (habilidade, saber), na linguagem jurdica designa, especialmente, em sentido lato, a diligncia realizada ou 23

executada por peritos, a fim de que se esclaream ou se evidenciem certos fatos. Significa, portanto, a pesquisa, o exame e a verificao, acerca da verdade ou da realidade de certos fatos, por pessoas que tenham reconhecida habilidade ou experincia na matria de que se trata. Assim, a denominao dada a esta habilidade ou saber passou a distinguir a prpria ao ou investigao levada a efeito para o esclarecimento pretendido. A percia tem como espcies: os exames, as vistorias, os arbitramentos, as avaliaes. Todas elas,

genericamente, tambm se dizem exames periciais. A percia, segundo princpio da lei processual, , portanto, a medida que vem mostrar o fato, quando no haja meio de prova documental para mostr-lo, ou quando se quer esclarecer circunstncias, a respeito do mesmo, que no se acham perfeitamente definidas. A percia, por via de regra, importa sempre em exame que necessite ser feito por tcnicos, isto , por peritos ou pessoas hbeis e conhecedoras da matria a que se refere. O exame, a diligncia ou qualquer medida que no tenha por escopo a descoberta de um fato, que dependa de habilidade tcnica ou de conhecimentos tcnicos no constitui, propriamente, uma percia, no rigor do sentido do vocbulo.

O destaque do conceito de percia do Prof. De Plcido e Silva a especialidade na investigao do fato, e sabendo-se que a Administrao da Justia visa a aplicar a lei verdade do fato, fcil se depreender que a percia fundamental nessa finalidade, pois se trata do melhor recurso dentre os meios de prova, para bem esclarecer ou descobrir o fato. Como bem expe De Plcido e Silva, a percia, no mundo jurdico, tem suas espcies, caracterizadas como os exames, as vistorias, os arbitramentos e as avaliaes. Tal classificao tambm est consignada no Cdigo de Processo Civil Brasileiro que, em seu art. 420, dispe: A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliao. Porm, entende-se desatualizada essa classificao, cujo quadro esquemtico o seguinte:

24

ENGENHARIA LEGALVISTORIA EXAMEAVALIAO

Fig 1 Composio desatualizada da Eng. Legal Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009)

Continuam os autores que na prtica, a atividade pericial no se limita ao mundo jurdico, e, portanto, no possui to somente as trs espcies de percias sugeridas pelo legislador. Na realidade, tal qual a atividade mdica, a rotina do perito tambm inclui diversas outras etapas, sendo importante sua classificao para pleno entendimento e correta delimitao tcnica do seu campo de ao profissional. Nesse sentido, a tradicional "Percia de Engenharia" do mundo prtico se identifica com a Medicina em muitos aspectos, pois os esclarecimentos e descobertas de fatos envolvendo o "corpo edilcio" e seus diversos sistemas, tambm envolvem patologias, porm, construtivas. Tal qual a atividade mdica, o mercado de trabalho extrajudicial tambm mais amplo do que aquele judicial, pois a maioria das anomalias construtivas de nossas edificaes no so discutidas e solucionadas em Juzo, mas exigem as "prescries" tcnicas dessa especialidade da Engenharia Evidentemente, muitas so as diferenas entre as percias Mdica e de Engenharia, pois os objetos divergem, mas h semelhanas nas etapas investigativas dessas percias, cabendo uma anlise comparativa. A circunstncia de imobilidade do objeto de estudo do perito em edificaes exige que o mesmo desenvolva grande parte de seu trabalho no local do imvel. Tal particularidade, evidentemente, se constitui de complicador profissional, pois inverte as tradicionais relaes existentes entre os profissionais liberais que, ordinariamente, recebem seus clientes em seus escritrios. Esse detalhe relevante no contexto profissional, pois essa inverso de relacionamento onerosa ao perito e quase sempre gratuita ao cliente,

25

alm de favorecer os costumeiros abusos de oportunistas, que buscam os diagnsticos e prognsticos gratuitos, ainda no decorrer da consulta inicial, na solicitao do oramento. Desta forma, considerando-se que o diagnstico das anomalias construtivas e das falhas de manuteno constituem a principal atividade do perito em edificaes, bem como sendo essa atividade predominante no mundo extrajudicial, nada mais adequado do que se ampliar os horizontes e o enfoque da percia de engenharia em edificaes, por meio da Engenharia Legal. Assim sendo, analisando a disciplina "percia em edificaes" e sua finalidade de qualidade, com olhos exclusivamente cientficos nas ferramentas diagnsticas utilizadas, entende-se recomendvel a alterao da designao da mesma para Engenharia Diagnostica em Edificaes, pois a terminologia mais adequada ao mister.

3.1 - Cincia da Observao A Engenharia Diagnostica em Edificaes pode ser considerada como verdadeiro instrumento da Cincia da Observao, muito til na busca da verdade, e, por conseqncia, para a Engenharia Legal, pois a Justia sempre se mira na verdade, seja ela tcnica ou de comportamento humano. Dessa forma, preliminarmente, importante o conhecimento dos conceitos e diferenas entre essas engenharias, bem como as funes das diversas ferramentas. Sabendo-se que Engenharia a arte de aplicar conhecimentos cientficos inveno, aperfeioamento ou utilizao de tcnica industrial, em todas as suas determinaes, consoante o dicionrio Michaelis, pode-se conceituar a Engenharia Legal como a arte de aplicar conhecimentos cientficos, tcnicos, legais e empricos nas percias e avaliaes dos diversos ramos da Engenharia, para criar provas jurdicas. Nesse contexto, a Engenharia Diagnostica se inclui como conhecimento cientfico que, juntamente com a Engenharia de Avaliaes compe os dois braos de sustentao da moderna Engenharia Legal, de acordo com o seguinte:26

ENGENHARIA LEGALENGENHARIA DIAGNSTICA A U D I T O R I AC O N S U L T O R I A EN GEN H AR IA D E AVALIA ES M E T O D O L O G I A

V I S T O R I A

I N S P E O

P E R C I A

O B J E T I V O

I N S P E O

P E S Q U I S A

Fig 2: Componentes atualizados da Eng. Legal conf. Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009)

3.2 - Engenharia Diagnstica Conforme Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009), as primeiras apresentaes do tema ocorreram no I Seminrio de Inspeo e Manuteno Predial do IBAPE/SP, em 2005, quando se vislumbrou a Engenharia Diagnostica como uma evoluo da Inspeo Predial, exclusivamente com carter cientfico e extrajudicial, com vistas a controles para a obteno de qualidade predial total. Essa viso baseava-se na ao proativa da Engenharia Diagnostica Predial, visando, principalmente, a apurao das causas efetivas ou potenciais dos problemas edilcios, tendo o foco mais voltado na manuteno, com os procedimentos corretivos, preventivos e at mesmo preditivos. A abrangncia dos problemas prediais, consoante viso sistmica tridimensional apresentada na poca, tinha foco na vertente tcnica (anomalias construtivas), na de uso (anomalias funcionais) e na de manuteno (falhas). A Engenharia Diagnstica, naquela oportunidade, apresentava seu principal foco na anlise das diversas fases da indstria construtiva e uso predial, contendo etapas de estudos de documentos, questionamentos, vistorias, anlises de criticidade e recomendaes tcnicas. Visava-se o controle e integrao para que no houvesse grandes desvios na idealizao do edifcio concebida no planejamento promocional, bem como se pretendia reduzir as inevitveis anomalias do processo construtivo, destacando-se que o controle de qualidade do tipo aceitao/rejeio no vivel na construo civil e que somente os controles dos tipos adiante e recontrole so possveis na busca da qualidade predial total. Sem embargo da correo de tais enfoques, houve aprimoramentos na viso geral da disciplina de l para c, devido evoluo proporcionada pela27

aplicao prtica da Engenharia Diagnostica nesse perodo. Dessa forma, ficou destacado o requisito da "arte" requerida pela Engenharia, desta feita, voltado na especialidade tcnica de se distinguir anomalias, predizer com base em sintomas e estabelecer tratamentos tcnicos em prol da qualidade predial total. Como exposto anteriormente, pode-se fazer um paralelo Medicina, pois, tal qual ocorre com os seres humanos, as edificaes precisam de cuidados para ter qualidade. Desde a gestao at a velhice, servem-se as pessoas da Medicina para seu bem-estar, o mesmo ocorrendo com as edificaes em relao Engenharia. A preveno a regra nmero um na Medicina moderna, o mesmo ocorrendo com a Engenharia, com base nos imprescindveis diagnsticos, prognsticos e prescries oferecidas por suas ferramentas. Assim sendo, preliminarmente, importante o entendimento dessa moderna disciplina da Engenharia, sob esse enfoque artstico, cientfico, preventivo e de qualidade, podendo-se, portanto, emitir o seguinte conceito segundo Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009):Engenharia Diagnostica em Edificaes a arte de criar aes proativas, por meio dos diagnsticos, prognsticos e prescries tcnicas, visando a qualidade total.

Tal conceito est baseado nas seguintes premissas segundo os autores:Engenharia a arte de aplicar conhecimentos cientficos e empricos e certas habilidades especficas criao de estruturas, dispositivos e processos que se utilizam para converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das necessidades humanas.

Diagnstico a arte de distinguir anomalias. Prognstico a arte de predizer com base em sintomas. Prescrio a arte de recomendar o tratamento. Qualidade Total a ao proativa do conhecimento da verdade do fato para eliminao de anomalias, melhoria da produtividade e implantao de novidades nos produto.

O destaque desse conceito de Engenharia Diagnstica consiste na determinao dessas aes proativas que possibilitam os diagnsticos, prognsticos e prescries que favorecem a qualidade total. Essa proatividade do conhecimento da verdade do fato decorre da utilizao28

das ferramentas consubstanciadas pelas vistorias, inspees, auditorias, percias e consultorias, reforadas por pesquisas, ensaios e prottipos, nas diversas fases de produo da edificao.

3.3 Fases da Edificao Nesse sentido, confirmam Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009) cabe reforar as principais fases do processo construtivo do produto imobilirio, que esto representadas pelo tradicional PPEU, de planejamento, projeto, execuo e uso. O planejamento preliminar (P) com a promoo imobiliria, atravs de folder ilustrativo, estande de vendas e minuta de contrato com memorial bsico, costuma apresentar falhas, imperfeies e contradies nesse conjunto de informaes, recomendando, portanto, aes proativas, nessa fase. Outras finalidades referem-se ao terreno, com vistas s condies ambientais, de vizinhana etc. A produo da edificao, propriamente dita, envolve mais trs etapas bsicas, representadas pelo projeto, execuo e uso (PEU). A fase do Projeto, em geral, exige auditorias para o atendimento das conformidades quanto observncia das normas, legislao municipal, estadual e federal e desempenho dos componentes e sistemas construtivos, sem embargo da sua compatibilidade com as necessidades dos usurios e atualizao tecnolgica. A complexidade de projetar um imvel, decorrente da multidisciplinaridade, requer aes especficas para a arquitetura, fundaes, estrutura, instalaes, e demais especialidades envolvidas em cada

empreendimento em particular, requerendo profissional experiente ou equipe multidisciplinar para bem realizar controles, orientaes de plena

compatibilizao das interfaces, revises e aprimoramentos recomendados pela Engenharia Diagnostica. Caso exemplar ocorre na Alemanha, onde existe a figura do engenheiro verificador, que se dedica exclusivamente ao controle de projetos, sendo esse requisito legal necessrio para a aprovao da construo. No Brasil, embora inexistam exigncias legais, costume existir a figura do coordenador de projetos, idealizado para compatibilizar os projetos de29

arquitetura com os demais. Contudo, na maioria dos casos, h certo improviso, pois o coordenador de projetos raramente informado sobre eventuais falhas geradas pelos demais projetos, ou pelos processos construtivos adotados e pelos materiais escolhidos, informaes quase que exclusivas dos peritos de engenharia. Tal situao enseja a necessidade fundamental da retroalimentao dessa fase do processo construtivo, cuja implementao prtica preconizada pela Engenharia Diagnstica A Engenharia Diagnstica, na fase da Execuo, tambm requer aes esmeradas, sendo trs os grupos submetidos a aes proativas, ou seja, a mo-de-obra, as matrias-primas ou, ainda, a fase de fabricao dos componentes, alm dos prprios mtodos construtivos. A mo-de-obra especializada e treinada deve estar motivada e bem-informada sobre os procedimentos de aplicao. Os materiais, sempre que possvel, devem ser certificados e atender s especificaes de projeto e das normas, e as metodologias precisam ser estabelecidas em procedimentos apropriados, desenvolvidos nos projetos executivos, devidamente planejados, a fim de se obter a qualidade nessa fase do processo construtivo, cujo resultado final ser analisado na concluso, com a Vistoria das especificaes, ou Inspeo das condies tcnicas, ou ainda com a Auditoria dos sistemas construtivos. A fase do uso da edificao requer ateno com a manuteno e respectiva viso sistmica tridimensional, incluindo aspectos tcnicos, de uso e da prpria manuteno, consoante preconiza a tradicional teoria da Inspeo Predial. Importante consignar que, dentro da nova perspectiva introduzida pela norma de desempenho da ABNT, os procedimentos e a periodicidade de manuteno j tero de ser especificados pelos projetistas. Os trabalhos de Engenharia Diagnstica em Edificaes, em todas as fases do processo construtivo devem se desenvolver com a boa aplicao do ferramental necessrio, o que exige, evidentemente, profundos conhecimentos tcnicos, adstritos s normas vigentes e legislaes, comprovada experincia do "expert", alm do desejvel conhecimento genrico no campo jurdico.

30

A aplicao da Engenharia Diagnstica em Edificaes pelas construtoras e incorporadoras j uma realidade e tem servido, inclusive, para outras finalidades, alm dos tradicionais usos jurdicos e de qualidade, pois muitas informaes podem ser teis para o marketing do empreendimento, como os informes da vizinhana, por exemplo. Outro exemplo de aplicao diferenciada da Engenharia Diagnstica em Edificaes so as auditorias de compatibilidade arquitetnica e de

especificaes dos estandes de vendas, material promocional e memorial descrito do empreendimento, visando integral uniformidade, indispensvel para plena credibilidade dos interessados no produto imobilirio e preparao das equipes de vendas para a correta explanao aos potenciais clientes, futuros usurios, sobre as caractersticas inerentes a cada empreendimento. Na ltima etapa do processo construtivo, caber ao usurio, agora durante a fase ps-ocupao da edificao, desenvolver o plano de manuteno e promover a sua implementao, sob pena de prejudicar o desempenho da edificao, reduzindo a vida til, depreciando o valor do imvel, incorrendo inclusive na perda da garantia pela negligncia nas aes de manuteno. A Inspeo Predial se mostra como importante ferramenta da Engenharia Diagnostica em Edificaes, para detectar falhas e corrigir procedimentos, alm de difundir e disseminar a cultura da manuteno predial, que ainda incipiente entre os usurios nacionais. Enfim, a boa aplicao do ferramental diagnstico, em todas as fases do produto imobilirio, favorece a proatividade na apurao da verdade do fato tcnico e, consequentemente, a qualidade predial. 3.4 Classificao e Conceitos das Ferramentas Diagnsticas As principais ferramentas Diagnsticas so os procedimentos tcnicos investigativos, que podem ser classificados pela sua progressividade e esto representados pelas vistorias, inspees, auditorias, percias e consultorias. As sutis diferenas entre essas ferramentas confundem at mesmo os prprios peritos, pois nunca houve a elaborao de uma conceituao geral, que atendesse, exclusivamente, aos objetivos tcnicos. Sempre prevaleceu a31

tradicional conceituao de base jurdica da Engenharia Legal, consoante apregoam at hoje algumas normas antigas da ABNT e tambm do IBAPE, todas embasadas na resoluo do CONFEA n 345, de 27 de julho de 1990, que se basearam na tradicional viso jurdica, apontando o seguinte:

Art. l - Para efeito desta Resoluo define-se: a) VISTORIA a constatao de um fato, mediante exame

circunstanciado e descrio minuciosa dos elementos que o constituem, sem a indagao das causas que o motivaram. b) ARBITRAMENTO a atividade que envolve tomada de deciso ou posio entre alternativas, tecnicamente, controversas ou que decorrem de aspectos subjetivos. c) AVALIAO a atividade que envolve a determinao tcnica do valor qualitativo ou monetrio de um bem, de um direito ou de um empreendimento. d) PERCIA a atividade que envolve a apurao das causas que motivaram determinado evento ou da assero de direitos. e) LAUDO a pea na qual o perito, profissional habilitado, relata o que observou e d suas concluses ou avalia o valor de coisas ou direitos, fundamentadamente.

Conforme Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009) a assero de direitos, o exame circunstanciado, os fatos que interessam causa e demais enfoques jurdicos dessas conceituaes do IBAPE, ABNT e CONFEA, so apenas algumas das utilidades dessas ferramentas diagnosticas, mas no abrangem inmeras outras finalidades tcnicas de investigao da cincia da observao. Assim sendo, preliminarmente, deve-se compreender que o rol completo das ferramentas tcnicas deve ser o mesmo, quer para a Engenharia Diagnostica, quer para a percia judicial, bem como esses instrumentos esto conectados, so seqenciais, cumulativos e progressivos. De forma simplista, pode-se bem diferenciar as ferramentas diagnsticas pela progressividade, ou seja: as vistorias constatam; as inspees analisam; as auditorias atestam; as percias apuram causas; e as consultorias se servem de32

todos os conhecimentos anteriores para fazer as prescries tcnicas. Isto posto, considerando a finalidade tcnica investigativa, bem como a progressividade e cumulatividade das ferramentas da Engenharia Diagnstica, pode-se enunciar os seguinte conceitos conforme os autores:Vistoria a constatao tcnica de determinado fato, condio ou direito relativo a um objeto. Inspeo a anlise tcnica de fato, condio ou direito relativo a um objeto, Auditoria o atestamento tcnico de conformidade de um fato, condio ou direito relativo a um objeto.

Percia a apurao tcnica das origens, causas e mecanismos de ao de um fato, condio ou direito relativo a um objeto.

Consultoria a prescrio tcnica a respeito de um fato, condio ou direito relativo a um objeto.

Importantssimo se entender que a vistoria ferramenta que visa, exclusivamente, o registro, sem adentrar por qualquer anlise, atestamento, apurao ou recomendao, pois tais atividades so das competncias das demais ferramentas, representadas pela inspeo, auditoria, percia e consultoria. A eventual circunstncia de se constatar algo importante, imprevisto ou extraordinria durante a vistoria, pode ser consignado no relatrio, e, se necessrio, conter recomendaes de que tais circunstncias devam ser investigadas em outros laudos de inspeo, auditoria ou percia. A se acrescentar que tais ferramentas podem ser aprimoradas atravs de pesquisas, ensaios e prottipos, alm das imprescindveis ilustraes fotogrficas, plantas e medies. Os aprofundamentos dos conceitos genricos, desta feita, com foco exclusivo para a Engenharia Diagnstica em Edificaes, possibilitam enunciar os seguintes conceitos especficos:Vistoria em Edificao a constatao tcnica de determinado fato, condio

33

ou direito relativo a uma edificao, mediante verificao "in loco". Inspeo em Edificao a anlise tcnica de fato, condio ou direito relativo a uma edificao. Auditoria em Edificao o atestamento tcnico de conformidade de um fato, condio ou direito relativo a uma edificao. Percia em Edificao a determinao da origem, causa e mecanismo de ao de um fato, condio ou direito relativo a uma edificao. Consultoria em Edificao a prescrio tcnica a respeito de um fato, condio ou direito relativo a uma edificao.

Tais conceituaes, continuam os autores, tambm se estendem s partes do todo relativo s edificaes, como os projetos, os servios, os materiais e as obras, as manutenes do ps-obra, alm dos direitos ou outros fatos que requeiram apuraes e que envolvam esse objeto. Os resultados dessas ferramentas diagnsticas costumam ser apresentados por meio de peas escritas, que, tambm devem ter significados especficos, sugerindo-se as denominaes de RELATRIO exclusivamente para as vistorias, pois as mesmas contm apenas relatos descritivos (linguagem e imagem); de LAUDO para as auditorias, inspees e percias e de PARECER para as consultorias. Atualmente, h diversidade de denominaes no meio profissional, devido s confusas denominaes legais e das normas tcnicas do IBAPE e ABNT. Porm, s.m.j., a terminologia de um mesmo trabalho tcnico escrito, realizado por profissionais com as mesmas qualificaes tcnicas, deve ser nica, no sendo justificvel se atribuir denominaes diferenciadas em funo do encargo judicial de cada um, como ocorre com as denominaes de "Laudos" aos trabalhos dos Peritos Judiciais e "Pareceres" queles dos Assistentes Tcnicos, estabelecidas no CPC brasileiro, pois ambos so Engenheiros e fazem o mesmo trabalho.3.5 - Atribuio e Responsabilidade Profissional

A atribuio profissional da Engenharia Diagnostica em Edificaes est determinada pela lei federal 5194/66, que consigna o seguinte:Art. 7a- As atividades e atribuies profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro agrnomo consistem em:

34

a) estudos, projetos, anlises, avaliaes, vistorias percias, pareceres e divulgao tcnica; b) ensino, pesquisa experimentao e ensaios; c) fiscalizao de obras e servios tcnicos.

Alm do artigo legal ainda est indicada a competncia para as vistorias, na resoluo n 345 do Confea, consoante o seguinte:Art. 2a - Compreende-se como a atribuio privativa dos Engenheiros em suas diversas especialidades, dos Arquitetos, dos Engenheiros

Agrnomos, dos Gelogos, dos Gegrafos e dos Meteorologistas, as vistorias, percias, avaliaes e arbitramentos relativos a bens mveis e imveis, suas partes integrantes e pertences, mquinas e instalaes industriais, obras e servios de utilidade pblica, recursos naturais e bens e direitos que, de qualquer forma, para a sua existncia ou utilizao sejam atribuies destas profisses. Art. 3- - Sero nulas de pleno direito as percias e avaliaes e demais procedimentos indicados no art. 2* quando efetivadas por pessoas fsicas ou jurdicas no registradas nos CREAS.

Importante destacar, conforme Tito Lvio, Jernimo Cabral e Marco Gullo (2009) que a atividades das percias e avaliaes tcnicas funo dos diplomados em engenharia, arquitetura, agronomia, geologia, geografia e meteorologia, dentro das atribuies fixadas na Lei n5.194 de 24/12/66 e discriminadas pela Resoluo n 218 de 29/06/73. Outro aspecto importante fixado na Resoluo n 345, no Art. 3. refere-se nulidade de trabalhos elaborados por profissionais no registrados nos CREAs. A responsabilidade profissional das atividades de Engenharia Diagnstica e respectivos laudos e pareceres est consubstanciada nos regramentos da tica, Direito Civil, Direito Criminal e Direito Trabalhista. Assim sendo, as aes dos profissionais devem respeitar o Cdigo de tica Profissional da Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Confea, institudo pela resoluo n 1002/2002, que regula os preceitos prprios de conduta atinentes s suas peculiaridades e especificidades. Referido diploma estabelece os princpios ticos que devem pautar a conduta profissional, destacando-se os35

seguintes objetivos estabelecidos no art. 8:(I) ter como objetivo maior a preservao e o desenvolvimento harmnico do ser

humano; (II) colocar-se a servio da melhoria da qualidade de vida do homem;

(III) praticar conduta cidad, honesta e digna; (IV) cumprimento responsvel e competente dos compromissos profissionais, com tcnica adequada, qualidade satisfatria e segurana de procedimentos; (V) igualdade de tratamento entre os profissionais e com lealdade na competio;

(VI) exercer a profisso com base nos preceitos do desenvolvimento sustentvel; (VII) livre exerccio, mas com segurana.

Deve o profissional, tambm, evitar qualquer ato que constitua infrao que atente contra os princpios ticos, descumpra os deveres do ofcio, pratique condutas expressamente vetadas ou lese direitos reconhecidos de outrem, consoante consignado no art. 13. Nessa tica, a remunerao pelo trabalho profissional exercido pelo Engenheiro Diagnstico deve ser digna, tanto no campo judicial como extrajudicial, sem favorecer o aviltamento, para poder proporcionar condies de contnuo aprimoramento tcnico, material, financeiro e inclusive tico. No tocante responsabilidade civil, reporta-se ao que estabelece o Cdigo Civil Brasileiro, no Ttulo III - Dos Atos Ilcitos, consoante o seguinte:Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

Assim sendo, danos patrimoniais, pessoais e morais causados pelo profissional de Engenharia Diagnostica, devero ser reparados em atendimento ao regramento legal. O Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n 8078, de 11 de setembro de 1990), por seu lado, estabelece que os servios devam possuir qualidade e atendimento s normas tcnicas, consoante preconizados pelos seguintes artigos:36

Art. 20 - O fornecedor de servios responde pelos vcios de qualidade que os tornem imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicaes constantes da oferta ou mensagem publicitria, podendo o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha: I - a re-execuo dos servios, sem custo adicional, e quando cabvel; II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento do preo l - A re-execuo dos servios poder ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. $ 22 - So imprprios os servios que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que no atendam as normas regulamentares de prestabilidade. Art. 39 - vedado ao fornecedor de produtos ou servios: VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou servio em desacordo com as normas expedidas pelos rgos oficiais competentes ou, se normas especficas no existirem, pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade industrial CONMETRO; IX - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigao ou deixar de fixar prazo de seu termo inicial a seu exclusivo critrio.

Importante destacar que o senso investigativo, aliado experincia, deve ser exercido pelo Engenheiro Diagnstico, com ateno ao advento de novos produtos e inovaes tecnolgicas, devendo-se manter atualizado com as novidades tcnicas do mercado, com as inovadoras tcnicas e necessariamente praticar a saudvel anlise critica das normas vigentes, buscando o seu aprimoramento em prol do engrandecimento da engenharia brasileira que, digase de passagem, tem destaque, repercusso e reconhecimento internacional. Outras particulares tambm podem ser includas na questo da

responsabilidade civil ao Engenheiro Diagnstico, porm, no tem o presente trabalho o objetivo de esgotar esse assunto jurdico, limitando-se, to somente,

37

aos principais temas. Quanto responsabilidade criminal, cabe destaque aos seguintes artigos do Cdigo Penal Brasileiro:Ttulo I - DOS CRIMES CONTRA A PESSOA Captulo II - LESES CORPORAIS Ari. 129 - ofender a integridade corporal ou a sade de outrem: Pena - deteno de 3 (trs) meses a l (um) ano. Ttulo VIII - DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PBLICA Captulo I - DOS CRIMES DE PERIGO COMUM Art. 250 - Causar incndio, Art., 251 - Expor a perigo mediante exploso, Art. 252 Expor a perigo usando gs txico, Art.254 - Causar inundao. Art. 255 - Demolio perigosa, Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento.

A responsabilidade criminal somente cabvel ao Engenheiro Diagnstico, nesses casos, somente quando houver negligncia, imprudncia e impercia de sua atuao profissional que favorea tais ocorrncias. Evidentemente, a eventual ocorrncia das aes criminosas acima descritas, devido existncia de anomalias e falhas construtivas na edificao, no podem ser imputadas ao Engenheiro Diagnstico, desde que o mesmo no tenha tido qualquer participao no projeto, execuo e manuteno da mesma. Porm, caso o laudo tenha omitido bvia constatao de situao perigosa, pode o Engenheiro Diagnstico ser responsabilizado por ter exposto a perigo a edificao, consequentemente colocando terceiros a riscos. Desde o incio da construo, cabe destaque funo do Engenheiro Diagnstico, na elaborao de Relatrios de Auditoria, na fase construtiva da edificao, que poder apontar no conformidades de prticas e prescries das Normas Federais de segurana NRs (normas reguladoras) e outras, evitando acidentes e desvios de qualidade. Ainda na fase construtiva, a auditoria serve para registrar eventuais incompatibilidades do projeto ao que se executa, passando tambm pelos materiais aplicados.38

A ateno com o meio ambiente tambm exige cuidados ao Engenheiro Diagnstico, reportando-se ao que preconiza a lei n 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, cujo destaque cabe aos seguintes artigos:Art. 2. Quem, de qualquer forma, concorre para a prtica dos crimes previstos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro do conselho e de rgo tcnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatrio de pessoa jurdica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prtica, quando possa agir para evit-la. Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concesso florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatrio ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omisso: Pena - recluso de 3 (trs) a 6 (seis) anos, e multa.

No tocante responsabilidade trabalhista e profissional, deve o Engenheiro Diagnstico se ater ao que determina a Consolidao das Leis do Trabalho (Decreto-lei n2 5.452 de 1 de maio de 1943), quando houver outros profissionais envolvidos no seu labor, e atender referida lei n 5.194/66, bem como recolher a Anotao de Responsabilidade Profissional determinada no art. 4e da resoluo 345 de 27 de julho de 1990, que determina que os trabalhos tcnicos indicados no artigo anterior (vistoria, arbitramento, avaliao, percia e laudo), para sua plena validade, devem ser objeto de Anotao de Responsabilidade Tcnica (ART), preconizada pela Lei n2 6.496, de 07 de dezembro de 1977 4 ENGENHARIA DE AVALIAES: 4.1 Natureza e Objetivo das Avaliaes Segundo ABUNAHMAN (2008) uma considervel parcela de bens pblicos, particulares e empresariais do mundo consiste em bens imveis. A prpria amplitude deste recurso primordial em nossa sociedade cria uma necessidade de informes avaliatrios como suporte e consistncia para decises relativas ao uso e disposio desses bens.39

na avaliao desses direitos que reside a arte de resolver um problema caracterstico, encontrando e reunindo fatos, analisando-os de modo a formar concluses aplicveis a cada caso. Uma avaliao o processo e resultado de uma tentativa de responder a uma ou mais perguntas especficas sobre os valores definidos das partes de um imvel, sua utilidade ou conformao e possibilidades de venda. Esse conceito permite a aplicao do termo a qualquer estimativa, seja ela uma concluso fundamentada com bases na evidncia, ou simplesmente uma opinio pessoal. A confiabilidade de uma avaliao depende da competncia e da integridade bsicas do avaliador, da disponibilidade de dados pertinentes mesma e da habilidade com que esses dados forem computados e analisados. Avaliao , pois, uma aferio de um ou mais fatores econmicos especificamente definidos em relao a propriedades descritas com data determinada, tendo como suporte a anlise de dados relevantes. Uma avaliao profissional uma opinio sustentvel. Ela ultrapassa qualquer sentimento pessoal do avaliador. Em alguns casos reflete a tendncia do mercado e a concluso do valor de mercado, derivada da anlise apropriada de dados em conformidade com as normas da prtica profissional. Estimativas do valor de mercado tem sido o tipo mais freqente de avaliao e o conhecimento pblico da atividade avaliatria est, provavelmente, limitada a tais casos. Entretanto, a figura do engenheiro perito-avaliador, devido a um treinamento e experincia que o impuseram como um profissional habilitado a procedimentos especializados, tem sido chamada a atuar em larga escala de servios avaliatrios adicionais, que vo desde simples consultas a papischaves na tomada de decises em situaes relativas a imveis. Ainda segundo ABUNAHMAN (2008) temos: AVALIAR ESTIMAR O VALOR DE MERCADO DE UM OU MAIS INTERESSES IDENTIFICADOS EM UMA PARCELA ESPECFICA DE UM40

IMVEL, EM UM DETERMINADO MOMENTO. Sua principal finalidade , pois, providenciar uma estimativa de valor a ser usado em decises sobre esse imvel. 4.2 Situaes em que h necessidade de uma avaliao: Segundo ABUNAHMAN (2008) existem diversas situaes em que uma avaliao criteriosa se torna indispensvel para a soluo de um questionamento, como as listadas a seguir. 4.2.1 Transferncia de Propriedade: Ajudar compradores em perspectiva a decidir um preo de oferta; a) Ajudar vendedores em perspectiva, analogamente, a determinar preos de venda aceitveis; b) Estabelecer bases de permuta de propriedades; c) Nas tomadas de decises nos casos de fuses e incorporaes de Em presas (Joint-Venture). 4.2.2 Financiamento e Crdito a) Garantia de emprstimos sob forma de hipoteca; b) Fornecer bases slidas ao investidor para decidir quanto compra de bens imveis hipotecados, aes ou outro tipo de aplice; c) Estabelecer parmetros para decises relativas emisso ou endosso de em prstimos com base nas propriedades possudas, sem contudo hipotec-las. 4.2.3 Justa Indenizao nos casos de desapropriao: a) Estimar o valor de mercado da propriedade, como um todo, isto , antes da desapropriao; b) Estimar o valor aps a desapropriao.

41

4.2.4 Tomada de Decises Sobre Bens Imveis: a) Identificar e quantificar os mercados mais provveis, bem como os prazos que lhes so pertinentes; b) Determinar a oscilao de mercado em relao ao uso proposto de uma rea (terreno); c) Analisar ou comparar alternativas de investimento em bens imveis; d) Decidir a viabilidade de cumprir metas propostas para investimentos.

4.2.5 Base Para Taxaes (Impostos): a) Distinguir valores em bens depreciveis, tais como edifcios, e no-depreciveis, como terras, e calcular os ndices de desvalorizao aplicveis; b) Determinar impostos sobre heranas ou doaes. 4.2.6 Aplicaes Securitrias: Estabelecer, no mtuo interesse da seguradora e do cliente, a definio real do prmio correspondente. 4.2.7 Justo Valor Locacional: a) Possibilitar ao proprietrio-locador e ao locatrio, o justo valor locacional do imvel; b) Fornecer subsdios ao Juzo para aplicao de sentena nas Aes Renovatrias e Revisionais. Conforme ABUNAHMAN (2008) a confiabilidade dos informes de que dispe o avaliador, depende a preciso do trabalho a ser realizado. 4.3 Valor de Mercado: Nem sempre o logradouro ou rea so ricos em matria de dados que possibilitem uma comparao imediata e direta sem que o rol de elementos pesquisados42

sofra um saneamento para, da, concluir-se pelo justo valor, quer seja de venda ou aluguel.Procura-se chegar o mais prximo do que se convencionou chamar de VALOR DE MERCADO. Este, segundo os conceitos mais usuais, entendido como: "VALOR DE MERCADO o maior preo em termos de dinheiro que o imvel pode ter uma vez posto venda, abertamente, por um tempo razovel para encontrar comprador, o qual dever ter conhecimento de todos os usos, propsitos e utilidades, para que ele, comprador, tenha capacidade de utilizar o imvel". (conceito da Suprema Corte do Estado da Califrnia, EUA) ou, ainda,"VALOR DE MERCADO o preo pago por um comprador desejoso de comprar, mas no forado, a um vendedor desejoso de vender, mas tambm no compelido, tendo ambos pleno conhecimento da utilidade da propriedade transacionada".

Esse conceito aproxima-se do emitido pelo Engenheiro mexicano ENRIQUE LIRA MONTES DE OCA: "VALOR DE MERCADO o preo que um vendedor est disposto a aceitar, e um comprador a pagar, ambos perfeitamente bem informados e dentro de circunstncias normais, objetivas e subjetivas, para um determinado bem". Para se chegar ao VALOR, h que se proceder a determinada metodologia, qual seja: 1) Procurar referncias de vendas ou aluguis de propriedades comparveis. 2) Atualizar os preos dos valores das propriedades tomadas como referncia, considerando as diferentes pocas de transaes. Neste caso, ainda conforme ABUNAHMAN(2008) h que se observar que o perodo compreendido entre a transao efetivamente realizada e a avaliao no deva ser muito longo, sob pena de, a atualizao por simples ndices corretivos (as antigas ORTNs, OTNs, BTNs, UFIRs, Custo de Vida, Custo de Construo etc.), vir a falsear resultados num estado de economia instvel e em

43

perodos de recesso, euforia, ou, retrao do mercado imobilirio, quando um ou dois anos aps, adquire-se o mesmo imvel por menor nmero de UFIRs (ou outro indexador existente) consideravelmente, ou, inversamente, maior nmero. 3) Comparar as propriedades tomadas como referncia com a propriedade que est sendo avaliada por: a) Comparao direta - reduzir ao mesmo denominador, ajustando as diferenas de tamanho, qualidade, localizao, estado de conservao etc. conforme ser mostrado na planilha adequada; b) Comparao indireta - comparar as rendas e aplicar a taxa de capitalizao conveniente renda da propriedade sob avaliao. Observemos que as taxas de retorno variam de acordo com a natureza do imvel. Assim que para terrenos em reas rurais concluiu-se como razovel a taxa de 4% a.a. e em reas urbanas, 8% a.a. Imveis residenciais tm taxa varivel de 5% a 12% a.a. (quanto maior e mais luxuoso, verifica-se menor ser a taxa), lojas comerciais (8% a.a. a 12% a.a.), salas comerciais (6% a.a. a 10% a.a.). A Jurisprudncia macia do antigo Tribunal de Alada Cvel do Rio de Janeiro (que antes de ser extinto, em 1998, era a Instncia Superior encarregada de julgar em segundo grau as aes de locao) consagrou a taxa de 8% a.a. para imveis residenciais em geral e 10% a 12% a.a. para os comerciais. Aps a promulgao do Plano Real em julho de 1994, essas taxas esto sendo revistas. 4) Pesquisar a tendncia central ou a mdia ponderada dos resultados obtidos para chegar, finalmente, ao VALOR. Dessa forma, dever o avaliador estar munido de elementos dos quais tenha tantos conhecimentos quanto o do imvel avaliando.

44

Por exemplo, segundo ABUNAHMAN (2008), para o imvel sob avaliao, dever constar na planilha do avaliador a sua localizao (rua, bairro, distrito, municpio, estado), o proprietrio, servios pblicos existentes junto do imvel, tais como rede de gua potvel, esgotos sanitrios, guas pluviais, energia eltrica, iluminao pblica, telefone, gs canalizado (se for o caso), outros servios. Os servios at 1,00 km do imvel tambm devero constar da planilha, tais como: a) servios comunitrios (escolas primria e secundria), posto de sade, delegacia policial, templos religiosos, recreao e lazer, outros servios; b) servios gerais (comrcio, supermercados, bares e restaurantes, farmcias, outros). A atuao dos transportes coletivos tambm deve ser abrangida, bem como o posicionamento do ponto mais prximo ao imvel avaliando. A regio onde se localiza o imvel deve ser classificada (urbana, suburbana, rural, praia, montanha, outras), bem como a caracterizao do logradouro quanto largura, pavimentao, iluminao, passeios, arborizao, topografia etc. A Norma Brasileira que regia a matria at 30 de junho de 2004, "Avaliao de Imveis Urbanos" (NB-502/89) previa trs nveis de rigor que eram: o expedito, o de preciso e o de preciso rigorosa. O primeiro era uma simples opinio de valor, sem precisar comprovao do resultado, e os dois ltimos exigem o mnimo de cinco elementos amostrais quer em oferta, quer j terem sido negociados, os quais, aps homogeneizao e tratamento estatstico, oferecem ao avaliador o campo para a tomada da deciso de valor.A atual norma que substitui aquela, 14.653-2, a partir de 30 de junho de 2004, bastante polmica e tem causado muitas discusses, tanto fato que muitos institutos de percias, entre

45

eles o IEL - Instituto de Engenharia Legal do Rio de Janeiro, no a adotaram, preferindo elaborar a sua prpria norma que teve como redator o eng. Milton Jacob Mandelblatt. A norma brasileira atual, segundo ABUNAHMAN (2008), prev trs tipos de relatrio (parecer tcnico, laudo de avaliao e laudo de uso restrito), quatro mtodos para identificao de valor, dois tipos de tratamento para o mtodo comparativo de dados de mercado, trs graus de fundamentao e trs graus de preciso para o comparativo. Os graus de fundamentao no caso de utilizao de modelos de regresso linear so: graus I, II e III, sendo este ltimo o mais sofisticado. Para o tratamento por fatores temos a mesma composio onde no mais sofisticado grau nem sempre possvel de ser obtido, o que tambm ocorria no nvel de preciso rigorosa na antiga norma. H relativamente pouco tempo, alguns pesquisadores dedicaram-se ao estudo das redes neurais artificiais e sua aplicao Engenharia de Avaliaes. O que importa dizer que o partido de clculo deve ser uma prerrogativa do avaliador, desde que por ele se obtenha o justo valor de mercado. 5 - A Percia Judicial: 5.1 Histrico, importncia e tipos de percias no processo cvel; O papel do Perito e dos Assistentes Tcnicos. Conforme ABUNAHMAN (2008), a percia, tal como a conhecemos, vem a ser o meio pelo qual, no bojo do processo, pessoas qualificadas verificam fatos que interessam deciso da causa, levando ao juiz o seu respectivo parecer. , no Cdigo de Processo Civil, uma das "provas especficas" e podem ser de trs espcies: Exame: a inspeo sobre coisas, pessoas ou documentos, para verificao de qualquer fato ou circunstncia que tenha interesse para a soluo do litgio; Vistoria: a mesma inspeo quando realizada sobre bens imveis; Avaliao (ou arbitramento): a apurao de valor, em espcie, de coisas,46

direitos e obrigaes em litgio. As percias podem ser judiciais (quando realizadas dentro do processo por determinao do juiz) ou extrajudiciais (quando realizadas fora do processo por iniciativa dos interessados). Este procedimento surgiu na antigidade. Os antigos povos orientais j apresentavam vestgios deste tipo de prova, ainda que muito vago, pois que depois da autocomposio e da tutela, no direito dos povos mais atrasados houve um sistema de patriarcado, com cls, e depois reinados onde o rei era absoluto e exercia o papel de magistrado, no recorrendo a ningum, decidindo de modo soberano e nem sempre sobre questes das quais tinha pleno conhecimento, advindo da injustias. Assim, com o passar dos anos e a complexidade das questes, os reis sentiram necessidade de colaborao de pessoas habilitadas e com pleno conhecimento em assuntos especficos para auxili-los na soluo dos litgios. Era a percia conhecida entre os egpcios, hebreus, judeus e, posteriormente, entre os romanos. Na repblica romana, com dupla jurisdio, o magistrado in jure indicaria a causa e na outra fase, injudicium, poderia ele recorrer a tcnicos. Na Idade Mdia houve um retrocesso em todo o campo do Direito e da Cincia, ocorrendo os julgamentos de Deus e os duelos. No havia a prova tcnica. A partir do sculo IX a prpria Igreja Catlica comeou a incentivar o trabalho de tcnicos nos processos, havendo referncias especficas aos "rbitros" nas Ordenaes Afonsinas (sc. XV) e nas Manoelinas (sc. XVI). No Brasil colnia, nas Ordenaes Filipinas, h referncia clara aos peritos, inclusive com regulamentao sobre as percias. Posteriormente, no sculo XIX, com o Cdigo Comercial, tivemos mais ampla referncia s percias. Em 1939, com o surgimento do Cdigo de Processo Civil, as percias receberam tratamento mais detalhado. Mas o que vem a ser a percia? No que consiste esta prova? Ao que corresponde? H uma linguagem prpria para cada cincia, com necessidade de nomenclatura47

tcnica em qualquer especialidade. H a absoluta necessidade de entrosamento entre o Perito e o Juiz, devendo este traduzir para o vernculo popular as expresses latinas e aquele adequar suas expresses tcnicas de engenharia. A prova pericial em si pode ser meio para a obteno da verdade, ou s vezes a prpria verdade. No primeiro caso, a pesquisa da verdade, no segundo, a verdade o resultado desta pesquisa. Conclui-se, pois, que a percia, por si, no gera resultado absoluto, mas sim relativo, contribuindo para o conjunto probatrio dos autos. Quando ela se impuser no corpo processual, assumir um papel de destaque, predominante. Conquanto o Juiz a ela no esteja adstrito, quase sempre ir se ater ao seu resultado. O Juiz o peritas peritorum. Se, numa trivial questo de locao, o perito e os dois assistentes tcnicos encontrarem trs valores distintos, o Juiz, ao seu arbtrio, poder sentenciar sobre um quarto valor. A ele concedida esta prerrogativa. A percia no a nica prova do processo, j que se conjuga a outros meios utilizados nos autos. A prova a alma do processo, de consciencia geral. E a prova que define os fatos. No pode haver processo sem provas, porque ele no teria razo de existir. a prova que define os fatos. No h processo baseado somente no Direito. Do fato nasce o Direito. A necessidade da percia nasce da apurao de um sistema de proposio pelas partes, das provas. Estas so requeridas pelas partes da forma que achem necessrio para garantir os seus direitos. Qual a diferena entre a prova pericial e os demais meios de prova? Os meios de prova so: depoimento de pessoas, confisso, exibio de documentos ou coisa, prova documental, prova testemunhai, prova percia! e inspeo judicial. Hoje, com o avano da tecnologia, os meios informticos so relevantes para a obteno da verdade. Da mesma forma que a tecnologia realizou progressos na obteno das provas, ela criou outros delitos nesta rea: os crimes virtuais. s diversas modalidades de percia, tais como a grafolgica, a mdica, a contbil, a econmica, a veterinria e a de engenharia, agrega-se agora a percia de informtica. Tornou-se comum a propositura de aes de pessoas que48

tm sua conta bancria invadida por hackers e vem seu dinheiro "desaparecer" eletronicamente. Para notarmos a diferena entre as provas citamos, por exemplo, a documental. Os documentos correspondem prova pr-constituda, que antecede ao litgio, j a percia prova constituda no bojo do processo. Como se processa a escolha do perito? O que o difere do assistente tcnico? Consoante Moacyr Amaral Santos, a percia consiste no meio pelo qual, no processo pessoas entendidas e sob compromisso, verificam fatos interessantes causa, transmitindo ao Juiz o seu respectivo parecer. Pensamos que podemos modificar o conceito de "entendido" para pessoas com "pleno conhecimento de causa", pois na era atual em que aquele vocbulo no recomenda muito quem o detm, melhor seria qualificar os experts de outra forma... O perito escolhido pelo Juiz e os assistentes tcnicos pelas partes. Estes tm o dever de defend-las sob a tica tcnica, procurando destacar os pontos relevantes a seu favor colhidos do laudo do perito e criticando aqueles que no lhe paream corretos, ou mesmo apontando os equvocos em que tenha incorrido o trabalho pericial.

5.2 Critrios para a escolha do Perito Segundo ABUNAHMAN (2008) as legislaes do mundo inteiro obedecem a trs sistemas principais no que diz respeito escolha do Perito, quais sejam: um primeiro, naquele em que podem servir como peritos somente as pessoas inscritas com registro prprio e que preencham determinadas condies. Isso ocorria no direito francs e no italiano. Seria o ideal. O segundo, aquele em que o escolhido possusse um ttulo oficial na arte ou cincia a que se relacionasse a matria versada na percia. Como exemplo deste teramos o direito argentino e o espanhol. Finalmente, o terceiro, o da livre escolha pelo juiz, o princpio da liberdade, que infelizmente, o que reina no direito

49

brasileiro. E por que "infelizmente"? Corre-se o risco de pessoas sem a menor qualificao serem indicadas para a funo de perito, de vital importncia na obteno da prova. Costuma-se dizer que Engenharia a Fsica aliada ao bom senso. H uma profunda analogia entre o Direito e a Fsica, por conseguinte, entre o Direito e a Engenharia. Pontes de Miranda j de h muito isso revelou, ao dizer: "Tudo nos leva, por conseguinte, a trator os problemas do Direito como os fsicos: vendo-os no mundo dos fatos, mundo seguido do mundo jurdico, que parte dele O Direito deve ser tratado como cincia positiva. De modo admirvel o ministro do STJ HUMBERTO GOMES DE BARROS diz que "o jurista o fsico da sociedade e o fsico o jurista do universo". A est a intrnseca correlao entre a Engenharia e o Direito. 5.3 Atuao do Perito Na rea especfica da engenharia o campo de atuao do Perito vastssimo e se efetua nos seguintes tipos de aes: 5.3.1 Aes ordinrias: So as mais abrangentes e, por vezes, as de maior complexidade. So aquelas de indenizao por vcios de construo ou danos causados a terceiros e todas as demais que envolvam a participao pecuniria por ocorrncia que implique uma verificao e parecer tcnico de Engenharia. Tambm a se enquadram as aes de Quanti Minoris, aquelas onde o autor postula a diferena de metragem entre a rea adquirida efetivamente existente e aquela constante do ttulo equivocado ou planta quando da aquisio. Muito comuns, as antigas "vistoria ad perpetuam rei-memoriam" ocorrem em inmeras situaes, como o prvio exame de imveis lindeiros s vsperas da instalao de um canteiro de obras, ou diante de um risco iminente, ou mesmo a simples aferio de um fenmeno que traduza negligncia, vcio ou mau uso da coisa.

50

Conforme ABUNAHMAN (2008), nas suas expresses mais simples, podem se manifestar atravs de aes para caracterizar responsabilidade por infiltraes em apartamentos, danos causados a um imvel pelo inquilino, coliso de veculos, etc. Objetivando obter a justa indenizao peta expropriao de um bem feita pelo Poder Pblico, seu agente ou concessionrio de servio pblico. Do advento da "Lei de luvas", que era assim impropriamente chamado o Decreto Lei n 24.150/34, originou-se a ao Renovatria, na qual no perodo compreendido entre um ano e seis meses antes do trmino do contrato de, no mnimo 5 anos, o inquilino requer em Juzo que este decrete a renovao do Contrato por igual perodo. Na grande maioria dos casos, o locatrio oferece um valor baixo e, reciprocamente, o proprietrio pede um valor alto, restando ao Juiz o arbtrio de decidir, calcado em laudo fundamentado de Perito da sua confiana ou dos assistentes tcnicos que tenham sido indicados pelas partes litigantes. oportuno, conforme ABUNAHMAN (2008), frisar a importncia que deve ter o assistente tcnico na conduo de problema. ele um profissional que no deve e nem pode converter-se em "advogado tcnico". Deve, isto sim, procurar dentro dos limites da tcnica e do bom senso conduzir seu trabalho para que o Juzo veja o problema sob a tica da parte que o contratou, sem contudo, desviar-se dos parmetros tico-profissionais que norteiam o comportamento do engenheiro. Os casos de locao so geralmente polmicos e envolvem, quase sempre, um grau de subjetividade no existente, por exemplo nos problemas de vcios de construo ou sinistros em prdios. O "feeling" do Perito muito contribui para a definio das suas concluses. No que tange s aes revisionais, sejam incidentes sobre imveis comerciais ou residenciais (permitidas aps cada 3 anos do incio do contrato), a polmica se mantm, pois nestas o que se busca e se discute, unicamente, o justo valor de mercado do imvel, sem outras preocupaes que podem constar da

51

renovatria, como, por exemplo, a retomada. A jurisprudncia consagrou como justa a taxa de rentabilidade de 12% ao ano para os imveis comerciais, no tendo se fixado em relao aos residenciais, sabidamente mais elsticas que aquelas, comprovando-se que, quanto maior e mais luxuoso for o imvel residencial, menor ser a taxa de rentabilidade variando pois de 5% ao ano a 12% ao ano para os mais modestos, tipo sala/quarto. Sendo um leigo em assuntos de avaliao, vale-se o Magistrado dos olhos e capacitao do Perito para bem decidir uma pendenga. So aes de cunho administrativo, no litigiosas em princpio e que tm lugar nas varas especficas de registro pblico. As retificaes de registro ou de metragem ocorrem nos casos de omisso de medidas ou impropriedade das mesmas nos ttulos dominiais e, obrigatoriamente, tm de ser efetuadas por Perito devidamente habilitado, ou seja, Perito engenheiro. So aes que envolvem questes de terras, mais comuns nas reas rurais, embora existentes nas zonas urbanas. Seu tipo e tipologia traduzem ser uma ao longa. Nela exigido o concurso de um perito agrimensor e de dois peritos arbitradores que funcionam como verdadeiros fiscais do agrimensor, confirmando ou no as medidas por ele encontradas. As demarcatrias surgem quando h divergncia entre os limites/divisores fsicos constantes dos ttulos e a real situao do imvel. No raro, encontramos casos de superposio de imveis no decorrer de um levantamento dessa natureza, que procura seguir o roteiro descrito do ttulo apresentado. Segundo ABUNAHMAN (2008) as famosas "questes de terra", verdadeiras dores de cabea para qualquer Perito, processam-se nos casos de invases e esbulhos. Nos casos em que a posse do imvel caracterizada por um longo perodo, cabendo ao Perito a definio da delimitao do que , realmente, usufrudo pelo requerente. Aquelas em que h o risco iminente a terceiros (ou danos j verificados), exigindo do Perito uma acuidade para que no produza laudos probabilsticos

52

com frases como "tudo levar a crer..." ou " provvel que ...". Tambm expresses do tipo "no h risco, desde que..." so muito usadas por alguns Peritos, mantendo-os em posio de falsa neutralidade, pois este pode ser responsabilizado por prejuzos decorrentes de lucros cessantes causados parte por um embargo ou nunciao da sua obra, devido a um parecer no fundamentado do Perito. Na atual crise por que passa a Economia do Pas, o nvel de inadimplncia que assola a indstria e o comrcio alcana ndices inditos em nossa histria. Veculos e mquinas financiados so apreendidos pelo rgo financiador e, obrigatoriamente, passam por uma avaliao judicial, que pode ser feita por oficial de Justia, mas, nos casos de equipamentos mais sofisticados o Juzo vale-se do concurso de engenheiros especialistas para melhor inform-lo do valor do bem. Ao ser honrado com a nomeao pelo Juiz, o Perito passa a desempenhar um "munus" pblico, nivelando-o em autoridade, na fase pericial, ao prprio magistrado que o indicou. Ao firmar o compromisso de "bem cumprir sem dolo ou malcia" a funo para a qual foi designado, o engenheiro converte-se num auxiliar da Justia, e avulta a sua responsabilidade perante toda a Sociedade, no podendo aderir ao corporativismo to em voga em outras profisses. H percias em que existe a superposio de qualificao para ser perito. E o caso das aes renovatrias onde o economista pode atuar e o de fundo de comrcio onde se superpem as atribuies do contabilista e do engenheiro. A prova pericial , normalmente, requerida pelas partes na fase postulatria do processo (petio inicial - contestao - reconveno - impugnao), e ser realizada sempre antes do julgamento, devendo o respectivo laudo ser depositado em cartrio com, pelo menos, 20 dias de antecedncia da audincia de instruo (art. 433 do CPC). O Perito, prossegue ABUNAHMAN (2008), (tambm chamado de louvado em alguns dispositivos de lei) nomeado pelo critrio de livre escolha do Juiz, conforme, j dito, devendo a nomeao recair na pessoa de profissional com formao universitria, devidamente inscrito no respectivo rgo da categoria. Ao53

ser nomeado, deve o Perito comprovar sua qualificao tcnica atravs de certido do rgo profissional a que pertence (art. 145 do CPC). Uma vez nomeado, o Perito passa a exercer a funo pblica de Auxiliar da Justia com o encargo de assistir o Juiz na prova do fato que depender do seu conhecimento tcnico ou cientfico. Pode a escolha recair sobre pessoa leiga, mas com experincia tcnica no assunto para o qual chamado a opinar, nas localidades onde no houver profissionais de nvel superior, o que, convenhamos, muito difcil nos dias atuais. Ao tomar conhecimento da nomeao deve o Perito: A) Aceitar a nomeao, quando ento assume o dever de cumprir o ofcio, atentando sempre para os prazos legais e quele que for fixado pelo Juiz. B) Escusar-se do encargo, apresentando motivo legtimo para a recusa. Obs.: Ningum pode se eximir, sem justo motivo, do dever de colaborar com a Justia para o descobrimento da verdade (Art. 339 do CPC). Aplicam-se aos Peritos os mesmos motivos de impedimento e suspeio aplicveis aos juzes (artigos 134 e 138 do CPC). Destarte, no pode o Perito atuar no processo: a) em que for parte; b) quando for parte o cnjuge ou parente, consangneo ou afim, at o terceiro grau; c) no processo em que funcionou como testemunha da parte; d) quando o rgo de direo ou de administrao a que pertena for parte na causa; e) quando for amigo ntimo ou inimigo de uma das partes; f) quando for devedor de uma das partes; g) quando tiver interesse direto no julgamento da causa em favor de uma das partes, etc.

54

O Perito pode ser substitudo: a) quando demonstrar falta de conhecimento tcnico ou cientfico para o assunto sobre o qual foi chamado a opinar; b) sem motivo legtimo deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi

assinado (art.424 do CPC). 5.3.2 O Assistente Tcnico: escolhido livremente pela parte, pelo critrio da confiana, e tem como funo acompanhar o trabalho pericial, fiscalizando-o em nome da parte que o constituiu. Sua indicao deve ser feita ao Juiz da causa no prazo de 05 (cinco) dias aps a nomeao do Perito e, havendo litisconsortes, cada qual poder indicar o seu. 5.3.3 A Remunerao do Perito e do Assistente Tcnico: Segundo ABUNAHMAN (2008), quando a prova pericial for requerida pelo Autor, por ambas as partes, pelo Ministrio Pblico ou for ordenada de ofcio pelo Juiz, da responsabilidade do autor o adiantamento dos honorrios do Perito. Quando requerida pelo ru, ser deste a responsabilidade pelo adiantamento dos honorrios (art.33 do CPC). Os honorrios do assistente tcnico so da responsabilidade da parte que o indicou. A proposta de honorrios do Perito deve ser formulada aps tomar o mesmo conhecimento do trabalho a ser desenvolvido, o que ocorre via de regra, aps a apresentao dos quesitos pelas partes. Necessitando o Perito de recursos financeiros para fazer face s despesas do trabalho a ser desenvolvido, poder pleitear ao Juiz que seja a parte intimada para fazer o adiantamento parcial dos honorrios. Tem sido praxe o depsito inicial de 50%, ficando os restantes 50% para pagamento aps a entrega do laudo. Havendo impugnao proposta de honorrios, deve o Perito aguardar a deciso do Juiz, antes de qualquer iniciativa no tocante realizao da percia.

55

5.3.4 Apresentao dos Quesitos: As partes devero apresentar os quesitos no prazo de 05 (cinco) dias aps a nomeao do Perito, indicando, na mesma oportunidade o seu assistente tcnico. Se novas dvidas surgirem no decorrer dos trabalhos periciais, podero as partes apresentar quesitos suplementares durante a diligncia, dando-se conhecimento parte contrria. A condio que no forcem o ampliamento do objeto da investigao (art. 425 do CPC). Pode o Juiz indeferir quesitos impertinentes e formular outros que entender necessrios ao esclarecimento da verdade. 5.3.5 O Trabalho Pericial: Diz o art. 429 do CPC: Para o desempenho de sua funo, podem o Perito e os assistentes tcnicos utilizar-se de todos os meios necessrios, ouvindo testemunhas, obtendo informaes, solicitando documentos que estejam em poder das partes ou em reparties pblicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras peas. Concludos os trabalhos, deve o perito apresentar o laudo, em Cartrio, no prazo assinado pelo Juiz, respeitado sempre o prazo mnimo de 20 (vinte) dias antes da audincia de instruo e julgamento. Se por motivo justificado no puder o laudo ser apresentado no prazo assinado, deve o