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1 MÉTODOS DE VALORAÇÃO APLICADOS AO PAGAMENTO DE SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA) INTRODUÇÃO A preocupação crescente e impreterível com a escassez dos recursos naturais consubstanciada com a incerteza dos rumos do futuro das próximas gerações fez surgir no conceito de desenvolvimento sustentável a visão de uma solução conciliadora entre crescimento econômico e o uso sustentável dos recursos naturais. Alvarenga (1992) relata que no ano de 1988, o Conselho da FAO apresentou a seguinte definição para Desenvolvimento Sustentável: É o manejo e conservação da base dos recursos naturais e a orientação da alteração tecnológica e institucional, de tal maneira que se assegure a contínua satisfação das necessidades humanas para as gerações presentes e futuras. Este desenvolvimento viável (nos setores agrícola, florestal e pesqueiro) conserva a terra, a água e os recursos genéticos vegetais e animais, não degrada o meio ambiente e é tecnicamente apropriado, economicamente viável e socialmente aceitável. (ALVARENGA, 1992) O Desenvolvimento Sustentável (DS) refere-se a mudança, implicando em melhorias, conforme Goodland e Ledec (1987) ao acentuarem que “existem limites e faz-se necessário reconhecê-los e o desenvolvimento sustentável é visto como um meio para não admiti- los.”(GOODLAND & LEDEC, 1987). No pensar de Fearnside (1977) o desenvolvimento é a “criação de uma base econômica de suporte de uma população, onde o objetivo final é o bem estar e os benefícios gerados para a população” (FEARNSIDE, 1977). Exsurge a necessidade das discussões sobre as mudanças dos paradigmas evidenciados com o trabalho de conscientização emanado pela Educação Ambiental (EA), e assim, Zaneti (2003) leciona que: Os valores que dizem respeito ao TER cristalizam ações no sentido de possuir, guardar, segurar e reter, ao passo que valores que dizem respeito ao SER permitem compartilhar, doar, cooperar e respeitar a integridade do outro e da natureza com inteireza, solidariedade e justiça. (ZANETI, 2003) (grifo do autor) As políticas públicas ambientais e a base econômica solidificam a ideia de Silva (2003) que progresso tem-se constituído com o desenvolvimento de metodologias para valoração econômica dos custos e benefícios ambientais. O presente trabalho tem por objetivo apresentar como os métodos de valoração de bens ambientais auxiliam na atribuição do valor econômico aos recursos naturais. Independentemente de existirem ou não preços de mercado relacionados a eles, tendo, desde já o cuidado em não apresentar a ideia de uma transformação do bem ambiental em um produto de mercado, mas sim mensurar as preferências dos indivíduos sobre a alteração no meio ambiente.

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MÉTODOS DE VALORAÇÃO APLICADOS AOPAGAMENTO DE SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA)Autor: NAJH AHMAD

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MÉTODOS DE VALORAÇÃO APLICADOS AO PAGAMENTO DE SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA)

INTRODUÇÃO

A preocupação crescente e impreterível com a escassez dos recursos naturais

consubstanciada com a incerteza dos rumos do futuro das próximas gerações fez surgir no

conceito de desenvolvimento sustentável a visão de uma solução conciliadora entre crescimento

econômico e o uso sustentável dos recursos naturais. Alvarenga (1992) relata que no ano de

1988, o Conselho da FAO apresentou a seguinte definição para Desenvolvimento Sustentável: É o manejo e conservação da base dos recursos naturais e a orientação da alteração tecnológica e institucional, de tal maneira que se assegure a contínua satisfação das necessidades humanas para as gerações presentes e futuras. Este desenvolvimento viável (nos setores agrícola, florestal e pesqueiro) conserva a terra, a água e os recursos genéticos vegetais e animais, não degrada o meio ambiente e é tecnicamente apropriado, economicamente viável e socialmente aceitável. (ALVARENGA, 1992)

O Desenvolvimento Sustentável (DS) refere-se a mudança, implicando em melhorias,

conforme Goodland e Ledec (1987) ao acentuarem que “existem limites e faz-se necessário

reconhecê-los e o desenvolvimento sustentável é visto como um meio para não admiti-

los.”(GOODLAND & LEDEC, 1987). No pensar de Fearnside (1977) o desenvolvimento é a

“criação de uma base econômica de suporte de uma população, onde o objetivo final é o bem

estar e os benefícios gerados para a população” (FEARNSIDE, 1977).

Exsurge a necessidade das discussões sobre as mudanças dos paradigmas evidenciados

com o trabalho de conscientização emanado pela Educação Ambiental (EA), e assim, Zaneti

(2003) leciona que:Os valores que dizem respeito ao TER cristalizam ações no sentido de possuir, guardar, segurar e reter, ao passo que valores que dizem respeito ao SER permitem compartilhar, doar, cooperar e respeitar a integridade do outro e da natureza com inteireza, solidariedade e justiça. (ZANETI, 2003) (grifo do autor)

As políticas públicas ambientais e a base econômica solidificam a ideia de Silva (2003) que

progresso tem-se constituído com o desenvolvimento de metodologias para valoração econômica

dos custos e benefícios ambientais. O presente trabalho tem por objetivo apresentar como os

métodos de valoração de bens ambientais auxiliam na atribuição do valor econômico aos recursos

naturais. Independentemente de existirem ou não preços de mercado relacionados a eles, tendo,

desde já o cuidado em não apresentar a ideia de uma transformação do bem ambiental em um

produto de mercado, mas sim mensurar as preferências dos indivíduos sobre a alteração no meio

ambiente.

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REVISÃO DE LITERATURA

Até 19921 as estatísticas sobre o meio ambiente eram totalmente dissociadas da

economia, mesmo se produzissem índices considerados úteis para organizar e apresentar dados

ambientais em quantidades físicas, “eram incapazes de incorporar dados monetários para permitir

a conexão com variáveis econômicas “(DE CARLO, 2000).

A preocupação com ativos e passivos ambientais se tornaram importantes para as

empresas, pois, ''a disponibilidade e/ou escassez de recursos naturais e a poluição tornaram-se

objeto de debate econômico, político e social em todo o mudo''(TEIXEIRA, 2000).

Para Pinheiro (2004) o desenvolvimento sustentável é um juízo em construção, com muitos

problemas epistemológicos, materiais, teóricos, práticos. No Relatório Brundtland (1988) temos

que:O desenvolvimento sustentável atende às necessidades da geração presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de atender às suas necessidades. ( RELATÓRIO BRUNDTLAND,1988)

O desenvolvimento sustentado, no Relatório Brundtland, visa promover a harmonia entre a

humanidade e a natureza. A epistemologia conduz a crer que o desenvolvimento sustentável só

existe em meio a um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica

e o desenvolvimento e, assim, assegurar o meio tecnológico e a gestão das novas soluções.

Ao longo das discussões entre Estocolmo e Rio 92, o tema - desenvolvimento sustentável -

foi delineado pelas vertentes estadistas e comunitárias e meio as abordagens do mercado que

denotaram a ação conjunta de todos em prol da sustentabilidade equilibrada propriamente dita.

Na relação estadista o agente principal da promoção do desenvolvimento sustentável é a

qualidade ambiental sustentada por um bem público. Esta vertente detém a questão ambiental

como uma ação normativa, devidamente regulada e promovida pelo Estado como todos

mecanismos de comando e controle necessários.

Na vertente comunitária as organizações de base da sociedade são os principais agentes

na promoção do desenvolvimento sustentável. Por fim, na abordagem de mercado visualiza-se

que a lógica do mecanismo de mercado é suficientemente eficiente para se alcançar a alocação

ótima de recursos.

A Comissão Mundial sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento publicou em 1987 o

relatório “Nosso Futuro Comum”, onde foi registrado os sucessos e as falhas do desenvolvimento

sustentável e sobre o assunto Barbieri (1997) expôs que o processo de transformação, nos

vetores da exploração dos recursos, direção dos investimentos, orientação do desenvolvimento

1 Na Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas – UNCED –, realizada no Rio de Janeiro.

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tecnológico e por fim, a mudança institucional harmonizam e reforçam o potencial presente e

futuro, com objetivo de atender às necessidades e aspirações humanas, ressaltando que “ o

desenvolvimento sustentável é a nova forma de visualizar soluções para os problemas globais.”

(BARBIERI, 1997).

Com o transcorrer das mudanças epistemológicas e ações sociais a Agenda 21 Global

surgiu devido as recomendações do relatório “Nosso Futuro Comum”, em 1992 no Rio de Janeiro,

tendo como epígrafe o programa de ação para a implantação do desenvolvimento sustentável.

Com o complexo e dinâmico envolvimento das áreas da ciência, surgiram novos ramos

como por exemplo a Contabilidade Ambiental, que segundo Bergamini Junior (2000) apresenta

inovações que estão associadas à pelo menos três temas:

a) a definição do custo ambiental;

b) a forma de mensuração do passivo ambiental, com destaque para o

decorrente de ativos de vida longa; e

c) a utilização intensiva de notas explicativas abrangentes e o uso de

indicadores de desempenho ambiental, padronizados no processo de

fornecimento de informações ao público.

As atividades, produtos e processos que a natureza nos fornece e que possibilitam que a

vida como conhecemos possa ocorrer sem maiores custos para a humanidade são denominados

de serviços ambientais. Os Pagamentos por Serviços Ambientais se dividem em dois tipos, ou

seja, os chamados pagamentos diretos, onde o governo ou outros beneficiários pagam

diretamente o provedor pelos serviços ambientais gerados em termos de preservação ou

conservação de ecossistemas, e os indiretos, onde os consumidores pagam um prêmio verde por

produto ou serviço adquirido, de forma a garantir um processo de produção ambientalmente

amigável.

Embora não tenham um preço estabelecido, os serviços ambientais são muito valiosos

para o bem-estar e a própria sobrevivência da humanidade, além de proporcionar a conservação

dos recursos naturais.

A continuidade ou manutenção dos serviços, essenciais à sobrevivência de todas as

espécies, depende, diretamente, de conservação e preservação ambiental, bem como de práticas

que minimizem os impactos das ações humanas sobre o ambiente.

A valoração monetária de bens e serviços ambientais torna-se importante para induzir os

agentes causadores de impactos ambientais a cumprir a legislação vigente, visto que não adianta

falar somente em ética e moral, há necessidade de se cobrar desses agentes valores monetários

pelos danos causados; daí a necessidade de quantificá-los. E, com uma visão na minimização dos

impactos ambientais se faz necessário que os custos incorridos sejam muito superiores aos

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benefícios obtidos pelos agentes causadores, caso contrário, esses agentes não terão nenhum

motivo para minimizá-los.

Os serviços ambientais têm uma posição destacada na contribuição para o bem-estar

humano e, por isso, a economia não pode continuar a ser vista como um sistema fechado e

isolado, no qual existem fontes inesgotáveis de matéria-prima e energia para alimentar o sistema.

Dentro da esfera da Contabilidade Ambiental não se confunde com a valoração de bens e

serviços ambientais, embora esta valoração seja um de seus componentes necessários,

salientando que o Manual das Nações Unidas critica o uso da expressão “bens e serviços

ambientais”, considerando que a natureza não funciona segundo objetivos e lógicas econômicas,

propondo a utilização do conceito de “funções econômicas do meio ambiente” (United Nations,

1993).

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1. DIREITO E NORMAS AMBIENTAIS BRASILEIROS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS

Não há como olvidar que o Direito Ambiental resguarda princípios relevantes para a

essência da sobrevivência de todo ser vivo em sua visão “lato” como no prestigiar, guardar e

preservar o meio ambiente. O homem está diretamente preservando a sua própria existência que

é visualizada na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938 de 1981, que é o marco na

legislação brasileira, onde, inclusive, os princípios reinantes são devidamente mantidos na

Constituição Federal de 1988.

Existe uma interrelação entre os princípios da prevenção, da responsabilidade objetiva, e o

princípio do poluidor pagador que visam proporcionar para as presentes e futuras gerações, as

garantias de preservação da qualidade de vida, em qualquer forma que se apresente, conciliando

elementos econômicos, culturais e sociais.

No caput do art. 225 da Constituição Federal de 1988 encontramos menção que o meio

ambiente saudável é “essencial à sadia qualidade de vida” e, assim, que “todos têm direito ao

meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo”.

Sendo suficiente para qualificar o direito ambiental como direito fundamental e tendo como

princípios claros do Direito Ambiental:

a) Princípio do Direito Humano Fundamental, que revela ter amplitude do direito

difuso a esfera ambiental;

b) Princípio Democrático assegura ao cidadão o direito à informação e a

participação na elaboração das políticas públicas ambientais, não sendo

cerceado em nenhuma esfera, quer, na área judicial, legislativa e administrativa;

c) Princípio da Precaução: Estabelece a vedação de intervenções no meio

ambiente, salvo se houver a certeza que as alterações não causaram reações

adversas;

d) Princípio da Prevenção tem a sua aplicação nos casos em que os impactos

ambientais já são conhecidos, existindo a obrigatoriedade do licenciamento

ambiental e do estudo de impacto ambiental (EIA);

e) Princípio da Responsabilidade reforça que o poluidor, pessoa física ou

jurídica, responde por suas ações ou omissões em prejuízo do meio ambiente,

ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas conforme o § 3º do

Art. 225 CF/88;

f) Princípios do Usuário Pagador e do Poluidor Pagador consubstanciados no

Art. 4º, VIII da Lei nº 6.938/81, levam em conta que os recursos ambientais são

escassos, portanto, sua produção e consumo geram reflexos ora resultando sua

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degradação, ora resultando sua escassez;

g) Princípio do Equilíbrio embasa na necessidade de se pensar em todas as

implicações que podem ser desencadeadas por determinada intervenção no

meio ambiente tendo como meta final alcançar o desenvolvimento sustentável;

h) Princípio do Limite expõe a necessidade de fixar parâmetros mínimos a serem

observados que visem sempre promover o desenvolvimento sustentável;

i) Princípio da Informação tem respaldo no art. 5º, XXXIII, CF, diz que "todos têm

o direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,

ou de interesse coletivo ou geral...". E como bem observado por Graf (1998) "o

direito de acesso às informações públicas é decorrente do princípio da

publicidade ou da transparência, previsto no art. 37 da Constituição Federal" e

na Lei nº 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,

prevê a divulgação de dados e informações ambientais para a formação de

consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental

e do equilíbrio ecológico (art. 4º, V);

j) Princípio da Participação assegura ao cidadão o direito constitucional pleno de

participar na elaboração e na execução das políticas públicas ambientais;

O Princípio do Usuário Pagador apresenta que quem utiliza o recurso ambiental deve

suportar seus custos, sem que essa cobrança resulte na imposição taxas abusivas, ou seja, o

princípio do poluidor pagador não se enquadra em uma “equação de quem polui paga”, (MOTA,

GÓES, GAZONI, REGANHAN, SILVEIRA, 2009), no que pese todos os custos da proteção

ambiental, antes e depois da instalação de qualquer tipo de projeto.

Figueiredo (2006) lembra que o meio ambiente depende de normas de direito material de

proteção, dividindo em normas que impõem condutas negativas (proibição de construção em certo

local) ou positivas (obrigação da adoção de determinada medida de prevenção).

A Constituição de 1988, de forma hodierna e avançada, apresenta uma série de preceitos

quanto à tutela ambiental e, sobre o assunto Varella (1998) apresenta que:

Importa notar que a legislação brasileira reconhece também o direito ao meio ambiente das futuras gerações, de pessoas que ainda não nasceram. Trata-se de direito tans-individual, mas com caráter novo, o de pessoas futuras. Destruir o meio ambiente não é ato de violação de direito não só de pessoas presentes, mas também das futuras, das próximas gerações (VARELLA, 1998, p.101).

No Artigo 225 da Constituição Federal de 1988 encontra-se a certeza e o envolvimento da

Nação na proteção ao meio ambiente, pois, "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado [...]".

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De sorte que se prevê a competência material comum da União, Estados, Distrito Federal

e Municípios no que se refere à proteção do meio ambiente, o combate à poluição em qualquer de

suas formas e a preservação das florestas, fauna, flora, enfim, do próprio bioma, assim podemos

declara efetivamente que a Constituição Federal de 1988 ocupa o papel de principal norteador do

meio ambiente, não excluindo a obrigação do Estado e da Sociedade na garantia de um meio

ambiente ecologicamente equilibrado.

Varella (1988) expõe que:

[…] A preservação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado é reconhecido como direito de todos, um bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida. Deste modo, cabe ao poder público e a toda a coletividade defender e preservar o meio ambiente (VARELLA, 1998, p.101).

Leuzinger (2002) se pronuncia da seguinte forma:

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, caput, prevê ser o meio ambiente ecologicamente equilibrado direito de todos, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de preservá-lo para as presentes e gerações futuras. Estabeleceu a Carta Federal, portanto, uma função, a função ambiental, cuja titularidade foi outorgada ao Estado e à sociedade de um modo geral (LEUZINGER, 2002, p 51).

Nos olhares atentos de Mota, Góes, Gazoni, Reganhan, Silveira (2009), tem-se que a

Constituição de 1988 além de definir competências para todos os entes federados, apresenta

regras gerais assim norteadas:

1) À função social da empresa rural, Artigo 186, inciso II ( a função social é cumprida quando a empresa rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigências estabelecida em lei, aos seguintes requisitos: utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente).

2) Ao meio ambiente de trabalho, Artigo 200, inciso VII ( ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho).

3) Ao meio ambiente cultural, Artigo 216, inciso V (constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico).

4) Ao meio ambiente natural, Artigo 225, caput (todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações). (MOTA, GÓES, GAZONI, REGANHAN, SILVEIRA , 2009).

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A proteção ao meio ambiente, elencado pelo artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição

Federal de 1988, mostra que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo e essencial à

sadia qualidade de vida (art. 225) cabendo ao Poder Público preservar a diversidade, a

integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e

manipulação de material genético (art. 225, II, CF).

Uma das ferramentas necessárias utilizadas para a preservação do meio ambiente é o

estudo prévio de Impacto Ambiental - EIA que é imposto para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente (art. 225, IV, CF), assim,

anotamos que o estudo em tela é uma exigência constitucional para a instalação de qualquer obra

ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, como

determina a Lei nº 6.938/81 e as Resoluções nº 21/86, 237/97 do Conselho nacional do Meio

Ambiente (CONAMA).

Para os direitos fundamentais as regras e princípios devem ser concretizados, ou seja, os

princípios constituem os fundamentos das regras, expressando os valores que devem servir como

elos de ligação e bases para sua compreensão e interpretação e, a a função preventiva do estudo

de impacto ambiental é evidente, destinando-se a permitir a aferição, por parte do poder público,

do impacto ambiental de determinadas obras ou atividades. Isso para que se verifique se

determinada obra ou atividade pode ser licenciada, ou mesmo se são necessárias determinadas

medidas de prevenção ou de precaução para o licenciamento.

O meio ambiente é essencial à vida e se constitui uma preocupação de todos, ou seja, tem

característica jurídica de erga omnes2, sendo patente os movimentos da humanidade para a

conscientização e a proteção da natureza e a preservação do equilíbrio ecológico.

A vida é um bem tutelado pelo Direito e estando a mesma ligada diretamente ao meio

ambiente não há como negar o direito a evolução epistemológica e teleológica da sociedade ao

resguardar o direito do meio ambiente. Por ser essencial à vida, o meio ambiente tem um princípio

que o defende, mas lembra Leopoldino da Fonseca (2003) que esse princípio constitui-se numa

limitação do uso da propriedade, pois, o “Constituinte, ao inserir o texto constitucional o princípio

garantidor da defesa do meio ambiente, está tornando-se um eco das preocupações

internacionais a respeito do assunto.” (LEOPOLDINO DA FONSECA, 2003).

E, Priuer (1991) declara:

O direito do meio ambiente não é senão a expressão formalizada de uma política nova concretizada a partir dos anos 1960. Trata-se, no seio dos Estados

2 A expressão "erga omnes", no sentido jurídico, significa que se impõe a todos, de forma geral. A sua tradução literal é "contra todos".

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industrializados, de uma tomada de consciência do caráter limitado dos recursos naturais tanto quanto dos efeitos nefastos das poluições de toda natureza resultante da produção dos bens e de seu consumo. A necessidade de salvaguardar o meio ambiente pode ser tao somente (sic) um reflexo da sobrevida de um mundo desamparado. É interessante que este movimento se tenha desenvolvido simultaneamente a nível nacional, a nível europeu e a nível internacional. ( PRIEUR, 1991, p. 25)

Há o interesse social sobre o meio ambiente que deve ser protegido pelo Estado, e com

isso “ ...não basta que as leis tenham vivência, é preciso que tenham eficácia” (PASSOS, 2000),

fazendo necessário e visível que o progresso material, econômico, científico e os valores do bem

da vida sejam protegidos, não esquecendo que devem ser equilibrados, conforme o Artigo nº 225

da Constituição Federal de 1988, onde as normas infraconstitucionais devem ser interligadas com

os objetivos fundamentais contidos no Artigo 3º da CF/88.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) dirimiu as dúvidas reinantes sobre o assunto da

competência concorrente para legislar na esfera da proteção ao meio ambiente in verbis:.. compete, não somente ao município, mas concomitantemente, ao estado e à União, aos quais se impõe legislar concorrentemente. (ROMS – 9629/PR – DJ de 01.01.99)

No que diz respeito a construção em área de preservação, por força de existência de

paisagens naturais, é simultânea da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, em

conformidade com os arts. 23, inciso III, e 24, incisos VI e VII, da Constituição Federal ( ROMS –

9279/PR – DJ de 28. 02. 00)

O preâmbulo da Constituição Federal de 1988 instituiu o Estado Democrático de Direito,

assegurando à sociedade o direito ao bem-estar, tendo o Ministério Público como órgão

constitucionalmente constituído para defesa dos direitos difusos, com diversas incumbências entre

elas a de defender os interesses de toda a sociedade de atos lesivos que por particulares como

pelo Estado, estando a defesa do meio ambiente saudável e equilibrado, conforme o art. 225 da

CF/88, onde o princípio da precaução deva estar alicerçado (MUKAI, 2002).Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preceitos, fundada na harmonia social e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, 1998)

Delgado (2000) afirma que o Estado deve assegurar à sociedade o bem-estar, isto que

dizer que existe uma deliberação para implantar um Estado que desenvolva atividades no sentido

do homem sentir-se em perfeita condição física e moral, caso ocorra um deslize e venha ocorrer o

dano ambiental, surge a necessidade de sua reparação que conforme Antunes (2002), a

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reparação em pecúnia deve ser feita tão-somente quando a reparação específica (retorno ao

status quo ante) for impossível, já que deve prevalecer o restabelecimento da qualidade

ambiental.

A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente em seu artigo 3º, I, conceitua o meio

ambiente, como “o conjunto de condições, leis, influências e alterações de ordem física, química e

biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. (BRASIL, 1981).

A reparação ao dano ambiental deve ser total, e que a legislação ambiental não impede

que seja cumulada a exigência da recuperação com a indenização dos danos causados, conforme

determina o art. 4º VII, da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente): Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente visar·: (...) VII. à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

A indenização ambiental não se confunde com a recuperação do meio ambiente, pois a

primeira diz respeito aos danos já ocorridos e que irão ocorrer até o retorno ao estado anterior, e a

segunda (recuperação) é o retorno da qualidade ambiental degradada em razão da atividade,

sendo identicamente impossível confundir a indenização dos danos ambientais com a

compensação ambiental, pois esta última somente pode ser cogitada em casos que a reparação

específica do meio ambiente seja inviável.

O Artigo 225 da Magna Carta instituiu mais um direito fundamental da pessoa humana,

qual seja, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, qualificando o meio ambiente

como um bem jurídico.

O Quadro 1 apresenta de forma resumida dentro do princípio de hierarquia das normas de

relacionamento a interface das normas legais regulamentadoras dos dispositivos contidos no

artigo 225, CF/88.Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;III – definir, em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus com ponentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

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substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Quadro 1 Normas regulamentadoras do artigo 225, CF.

Artigo 225 CF Legislação Regulamentadora

§ 1º

Inciso I Lei nº 9.985/2000; Decreto nº 4.340/02

inciso II Lei nº 8.974/95; MP nº 2.186-16/01; Lei nº 11.105/05; Lei nº 9.985/2000; Decreto Nº 4.340/02

inciso III Lei nº 6.902/81; Lei nº 6.938/81 – art. 9º; Lei nº 9.985/2000; Decreto Nº 4.340/02

inciso IV Lei nº 6.938/81 – art. 10; Resolução Conama nº 1/86; Lei nº 11.105/05

inciso V Lei nº 8.974/95; Lei nº 11.105/05; Lei nº 9.985/2000,; Decreto nº 4.340/02

inciso VI Lei nº 4.771/65; Lei nº 6.766/79; Lei nº 5.197/67; Lei nº 9.605/98Lei nº 9.795/99

§ 2º Lei nº 6.567/78; Lei nº 7.805/89; Lei nº 8.723/93 (ar); Lei nº 9.4333/96 (água)

§ 3º Lei nº 9.605/98

§ 4º Lei nº 4.771/65; Decreto nº 1.282/94; Lei nº 6.938/81; Decreto nº 750/93Lei nº 7.661/88; Lei nº 9.636/98; MP nº 2.186-16/01

§ 5º Decreto- Lei nº 9.760/46; Decreto nº 966/93

§ 6º Lei nº 4.11/62; Lei nº 6.189/74; Lei nº 6.453/77; Decreto-Lei nº 1.982/82Decreto-Lei nº 2.464/88; Lei nº 7.862/89; Lei nº 7.915/89

Fonte: Elaborado pelo Autor

Ao analisar a Constituição Federal de 1988, podemos separar como menção ao meio

ambiente de forma direta o Artigo 5º, LXXIII, 20, II, III, IV,V, VI, IX, X, 23, III, VI,VII,XI, 24, I, VI, VII,

VIII, 26, I, III, 91, § 1º, III, 129,III, 170, VI, 173, § 5º, 174, § 3º, 186, II, 200, VIII,216, V,220, § 3º,

225, 231, § 1º e, como menção indireta ao meio ambiente temos o artigo

21,XIX,XX,XXIII,XXIV,XXV, 22,IV, XII,XXVI, 23,III,IV, 24,II,VII,30,IX,182,196.

No que ensina Passos (2000) sobre o artigo 170 da CF/88 temos:...o equilíbrio ambiental não se restringe aos aspectos da natureza física e não se

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resolve exclusivamente por soluções tecnológicas. (…) O equilíbrio ambiental tem a ver com a própria concepção constitucional de Estado de Direito. Tem a ver com representatividade e participação democrática; tem a verdadeira com redução das desigualdades regionais e sociais; com a soberania; com a função social da propriedade(PASSOS, 2000)

Antunes (2005) afirma que o conceito jurídico de dano é o pressuposto indispensável para a construção de uma teoria jurídica da responsabilidade ambiental” e, ainda, o “dano ambiental é dano ao meio ambiente. (ANTUNES, 2005, p. 203)

A Lei nº 6.938/81 foi omissa no que tange a conceituação de dano ambiental, entretanto,

no seu artigo 3º, inciso II, conceitua degradação da qualidade ambiental como “a alteração

adversa das características do meio ambiente” e no inciso III define poluição como: A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. (BRASIL, 1981).

De acordo Milaré ( 2005) o dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com consequente degradação-alteração adversa ou in pejus - do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida. (MILARÉ, 2005, p. 735).

Passos (2000) aponta que o dano moral ambiental é de caráter subjetivo e, nessa vertente

o dano ambiental possui características com a ampla dispersão de vítimas, difícil reparação e

difícil valoração do dano ambiental. Passos (2000) redige que:A exploração dos recursos naturais não se realiza sob uma perspectiva linear e ideal, as atividades econômicas produzem impactos diferenciados no meio ambiente da mesma sorte que os ecossistemas protegidos não são uniformes e com isso, as normas só podem ser eficazes se reconhecerem concretamente as diferenças. (PASSOS, 2000)

O dano ambiental para Milaré (2005) apresenta características diferentes do dano

tradicional ou comum porque o bem jurídico protegido, qual seja, o meio ambiente é considerado

um bem de uso comum do povo, incorpóreo, autônomo, um direito difuso em que a pessoa tem o

direito de usufruir o bem ambiental com a consciência e o dever de preservá-lo para as presentes

e futuras gerações.

O dano comum ou tradicional conforme Milaré (2005), se distingue do dano ambiental na

medida em que o primeiro atinge uma determinada pessoa ou a um conjunto individualizado de

vítimas, enquanto, o segundo atinge uma coletividade de vítimas ainda que:sua danosidade atingem individualmente certos sujeitos, a lesão ambiental afeta, sempre e necessariamente, uma pluralidade difusa de vítimas. (MILARÉ, 2005,

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p.738).

Eustáquio (2008) afirma queo dano ambiental, como lesão a um bem difuso, naturalmente vai atingir número enorme de lesionados. (EUSTÁQUIO, 2008, p.85).

A característica do dano ambiental para Milaré (2005) é a difícil reparação porque a

reparação ao status quo é muito difícil ou quase impossível.por mais custosa que seja a reparação, jamais se reconstituirá a integridade ambiental ou a qualidade do meio que for afetado.(MILARÉ, 2005, p. 739).

Os danos ambientais são de difícil reparação e muitas vezes de impossível reparação a

proteção do meio ambiente deve ser antes preventiva do que reparatória, pois essa cuida do dano

já consumado, enquanto aquela da possibilidade de se evitar o dano.

Sendo assim, a prevenção dos danos ao meio ambiente é a opção mais plausível e

eficiente visto que o meio ambiente é um bem essencial à vida e a saúde de todos.

Nas palavras de Machado (2006) é um novo tipo de comportamento:o Direito Ambiental apresenta um novo tipo de comportamento ao efetivar-se a responsabilização jurídica do poluidor ou do agressor dos recursos naturais. (MACHADO, 2006, p. 349).

Como mostra Milaré (2005) “há duas formas principais de reparação do dano ambiental: (i) a recuperação natural ou retorno ao status quo ante; e (ii) a indenização em dinheiro.(MILARÉ, 2005, p.741).

O autor ainda ressalta que recuperação natural ou retorno ao status quo ante é a principal

forma de reparar o dano porque objetiva restaurar o meio ambiente, a biodiversidade, bem como,

o ecossistema ao estado anterior à degradação.

A recuperação natural é a principal forma de reparação porque em se tratando de dano

ambiental o mais importante é tentar restabelecer o bem jurídico protegido, ou seja, o meio

ambiente assim como existia antes do dano.

Entretanto, cumpre ressaltar que um meio ambiente que foi degradado e posteriormente

restaurado dificilmente retornará a sua condição original.

Por sua vez, a indenização em dinheiro também denominada de compensação ecológica

só é devida como aponta Milaré (2005), in verbis;quando a reconstituição não seja viável-fática ou tecnicamente-é que se admite a indenização em dinheiro. Essa - reparação econômica – é, portanto, forma indireta de sanar a lesão. (MILARÉ, 2005, p.742).

Percebe-se então que a indenização em dinheiro deve ser utilizada como medida

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excepcional e o valor arrecadado com a indenização será revertido ao Fundo de Defesa dos

Direitos Difusos conforme previsto no artigo 131 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.

Diante do exposto, observa-se que existindo um dano ambiental consequentemente há o

dever de repará-lo e indenizá-lo.

Machado (2002) lembra que a Constituição Federal de 1988 que existe uma ética solidária

entre as gerações e Silva (2005) consagra três tipos de responsabilidade para o dano ecológico,

que são independentes entre si, ou seja, a administrativa, a criminal e a civil que, “não é

peculiaridade do dano ecológico, pois qualquer dano a bem de interesse público pode gerar os

três tipos de responsabilidade.”(SILVA, 2005), salientamos que a proteção ao meio ambiente deve

existir não apenas para a efetiva punição daqueles que causaram o dano, mas também para na

prevenção de lesões.

Nesse diapasão, a tutela ao meio ambiente equilibrado ecologicamente é preocupação

reinante em todas camadas sociais, onde Bobbio (1992) apresenta o Direito ao Meio Ambiente

como parte do direitos de terceira geração:Ao lado dos direitos sociais, que foram chamados de direitos de segunda geração, emergiram hoje os chamados direitos de terceira geração, que constituem uma categoria, para dizer a verdade, ainda excessivamente heterogênea e vaga, o que nos impede de compreender do que efetivamente se trata. O mais importante deles é o reivindicado pelos movimentos ecológicos: o direito de viver hum ambiente não poluído. (BOBBIO, 1992)

Os princípios do Direito Ambiental para Lecey (1998) destacam-se para a prevenção geral,

tendo ou seu tripé no caráter educativo, na prevenção especial e na reparação do dano, onde o

caráter preventivo para o autor é explicitado na legislação ambiental-penal pela tipificação dos

delitos não somente de dano, mas também de perigo, tendo conotação pedagógica “ Direito

Ambiental Penal deve ser educativo, impondo-se maior conotação pedagógica do que no Direito

Penal tradicional.” (LECEY, 1998)

Assim, podemos anotar o vetor sócio-educativo-ambiental nesse princípio do Direito

Ambiental, e aqui fazemos uso das palavras da professora Zaneti (2003) sobre o modo de vida e

a ecologia:Precisamos mudar nossa percepção de um mundo que é visto como uma máquina para um mundo que deve ser visto como um organismo vivo. A esse pensamento podemos chamar de sistêmico ou ecológico. Ecologia precisa tornar-se um modo de vida, assentado sobre novos valores, como a cooperação, a ética, a conservação, a qualidade de vida e a associação. (ZANETI, 2003)

Analisando o termo de proteção ao meio ambiente visualizamos que o mesmo aparece

frequentemente associada ao termo desenvolvimento sustentável. Como Machado (2002) chama

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a atenção para o art. 2º, V da Lei nº 9.082/95, in verbis:a promoção do desenvolvimento, buscando conciliar as necessidades do crescimento econômico e da modernização tecnológica do setor produtivo com a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida nas cidades e no campo, garantindo o atendimento dos compromissos firmados na Agenda 21.(art. 2º, V – grifos nossos). (MACHADO , 2002)

Em meio aos princípios, leis e normas relativas ao meio ambiente, a sociedade dever estar

atenta para que as atividades econômicas não se paralisem devido ao sentimento excessivo e

protetor ao meio ambiente, pois, a proteção só será eficiente quando praticada sem ferir o meio

ambiente e as atividades econômicas, ou seja, efetivando realmente o desenvolvimento

sustentável.

A Constituição Federal de 1988 contempla sincronicamente e no mesmo plano os

princípios da livre concorrência e da defesa do meio ambiente, destarte, paralelos e com direitos

equiparados, notavelmente há que se compatibilizar, sempre e a todo custo, os dois princípios, e,

” em caso de conflito real, há que se efetuar uma ponderação de interesses, para que não haja o

sacrifício total de um ou do outro.”(MUKAI, 2007)

O princípio da precaução é regra fundamental de proteção ambiental no direito

internacional, Mukai (2007) não nega esse caráter, onde apresenta que:

seguindo de perto a doutrina alemã, poderemos dizer que o direito do ambiente é caracterizado por três princípios fundamentais: o princípio da prevenção (vorsorgeprinzip), o princípio do poluidor pagador ou da responsabilização (verursacherprinzip) e o princípio da cooperação ou da participação.

(...)

(Sobre o princípio da precaução) é o autor português quem nos oferece o seguinte significado deste princípio, com base em Schimisdt: pode ser visto como um quadro orientador de qualquer política moderna do meio ambiente. Significa que deve ser dada prioridade às medidas que evitem o nascimento de atentados ao meio ambiente. Utilizando os termos da alínea a do artigo 3º da Lei (portuguesa) de Bases do Ambiente, as atuações com efeitos imediatos ou a prazo no meio ambiente devem ser consideradas de forma antecipada, reduzindo ou eliminando as causas, prioritariamente à correção dos efeitos dessas ações ou atividades susceptíveis de alterarem a qualidade do ambiente.(MUKAI, 2007)

E sobre principio da precaução Machado (2002) apresenta que:

O posicionamento preventivo tem por fundamento a responsabilidade no causar perigo ao meio ambiente. E um aspecto da responsabilidade negligenciado por aqueles que se acostumaram a somente visualizar responsabilidade pelos danos causados da responsabilidade de prevenir decorrem obrigações de fazer e não fazer.

(...)

Não é preciso que se tenha prova científica absoluta de que ocorrerá dano ambiental, bastando o risco de que o dano seja irreversível ou grave para que não se deixe para depois as medidas efetivas de proteção ao ambiente. Existindo dúvida sobre a possibilidade futura de dano ao homem e ao ambiente a solução deve ser favorável ao ambiente e não a favor do lucro imediato - por mais atraente

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que seja para as gerações presentes. (MACHADO, 2002)

A evolução social e a quebra dos paradigmas são evidentes, pois, nas três últimas

décadas prevenir a degradação do meio ambiente no plano nacional e internacional tornou-se

uma concepção que passou a ser aceita no mundo jurídico, e nesse sentido Prieur (1991) afirma

que a visualização do princípio da precaução deve relacionar-se ao direito do meio ambiente das

gerações futuras.

O princípio da precaução, para ser aplicado tem que suplantar a pressa, a precipitação, a

rapidez insensata e a vontade de resultado imediato, assim, a necessidade de adiamento de

medidas de precaução em acordos administrativos ou em acordos efetuados pelo Ministério

Público deve ser exaustivamente provada pelo órgão público ambiental ou pelo próprio Ministério

Público, enfim, na dúvida, deve-se optar pela solução que proteja imediatamente o ser humano e

conserve o meio ambiente.

Postergar é adiar, é deixar para depois, é não fazer agora, é esperar acontecer. A

precaução age no presente para não se ter que chorar e lastimar no futuro. A precaução não só

deve estar presente para impedir o prejuízo ambiental, mesmo incerto, que possa resultar das

ações ou omissões humanas, como deve atuar para a prevenção oportuna desse prejuízo.

A implementação da prevenção e da precaução para a defesa do ser humano e do meio

ambiente em conjunto com os princípios constitucionais já apontados são de grande valia para o

funcionamento da Administração Pública Ambiental.

Em busca da equidade e para evitar que o excesso do sentimento de proteção ambiental

reine em nossa sociedade o legislador apresentou o remédio do licenciamento ambiental que é

instrumento fundamental na busca do desenvolvimento sustentável. Sua contribuição é direta e

visa a encontrar o convívio equilibrado entre a ação econômica do homem e o meio ambiente

onde se insere. Busca-se a compatibilidade do desenvolvimento econômico e da livre iniciativa

com o meio ambiente, dentro de sua capacidade de regeneração e permanência. (BRASIL, 2007)

O licenciamento, em Brasil (2007) é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio

Ambiente (PNMA),Lei nº 6.938/81, art. 9º, IV, cujo objetivo é agir preventivamente sobre a

proteção do bem comum do povo - o meio ambiente – e compatibilizar sua preservação com o

desenvolvimento econômico-social.

A previsão do licenciamento na legislação ordinária surgiu com a edição da Lei nº

6.938/81, que em seu art. 10 estabelece:A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual

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competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - Ibama, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

A licença ambiental é definida pela Resolução CONAMA 237/97 como:Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

A autorização emitida pelo órgão público competente (licença ambiental) é concedida ao

empreendedor para que exerça seu direito à livre iniciativa, desde que atendidas as precauções

requeridas, a fim de resguardar o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Importante notar que, devido à natureza autorizativa da licença ambiental, essa possui caráter

precário. Exemplo disso é a possibilidade legal de a licença ser cassada caso as condições

estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas, conforme a Resolução CONAMA

237/97, art. 19.

O licenciamento é composto por três tipos de licenças, ou seja a prévia, de instalação e de

operação e cada uma tem uma fase distinta do empreendimento e segue uma sequência lógica

de encadeamento.

Frise-se que as licenças não são exigidas para todo e qualquer empreendimento, a Lei nº

6.938/81 determina a necessidade de licenciamento para as atividades utilizadoras de recursos

ambientais.

Os conceitos de poluição e degradação trazem termos abstratos que deixam abertura para

a determinação da necessidade, ou não, de licenciamento. A definição legal contida na Lei nº

6.938/81, art. 3º, II e III, do termo poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de

atividades humanas.

O termo degradação é traduzido pela legislação como a alteração adversa das

características do meio ambiente. Considerando que não há como fixar, de forma definitiva, as

atividades que causam degradação ou mesmo o grau de alteração adversa ocasionado, caberá

consulta ao órgão ambiental para determinar se o empreendimento necessita de licenciamento.

Para cada etapa do processo de licenciamento ambiental, é necessária a licença

adequada, ou seja, no planejamento de um empreendimento ou de uma atividade necessita-se da

licença prévia (LP); na construção da obra deve existir a licença de instalação (LI) e por fim, na

operação ou funcionamento, a licença de operação (LO).

A Licença Prévia (LP) deve ser solicitada na fase preliminar do planejamento da atividade.

É ela que atestará a viabilidade ambiental do empreendimento, aprovará sua localização e

concepção e definirá as medidas mitigadoras e compensatórias dos impactos negativos do

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projeto. Sua finalidade é definir as condições com as quais o projeto torna-se compatível com a

preservação do meio ambiente que afetará. É também um compromisso assumido pelo

empreendedor de que seguirá o projeto de acordo com os requisitos determinados pelo órgão

ambiental.

Durante o processo de obtenção da Licença Prévia (LP), são analisados diversos fatores

que definirão a viabilidade ou não do empreendimento que se pleiteia. É nessa fase que:

a) são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do empreendimento;

b) são avaliadas a magnitude e a abrangência de tais impactos;

c) são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de

eliminar ou atenuar os impactos;

d) são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes.

e) são ouvidos órgãos e entidades setoriais, em cuja área de atuação se situa o

empreendimento;

f) são discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os impactos

ambientais e respectivas medidas mitigadoras e compensatórias; e

g) é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreendimento,

levando-se em conta sua localização e seus prováveis impactos, em confronto com

as medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais

Após a obtenção da Licença Prévia( LP) se inicia o detalhamento do projeto de construção

do empreendimento, incluindo nesse espaço as Medidas de Controle Ambiental ou Programa de

Controle Ambiental, e com isso, antes do início das obras, deverá ser solicitada a Licença de

Instalação (LI), junto ao órgão ambiental, que verificará se o projeto é compatível com o meio

ambiente afetado. Essa licença dá validade à estratégia proposta para o trato das questões

ambientais durante a fase de construção. Ao conceder a Licença de Instalação, o órgão gestor de

meio ambiente terá:

a) autorizado o empreendedor a iniciar as obras;

b) concordado com as especificações constantes dos planos, programas e c)

projetos ambientais, seus detalhamentos e respectivos cronogramas de

implementação;

d) verificado o atendimento das condicionantes determinadas na licença prévia;

e) estabelecido medidas de controle ambiental, com vistas a garantir que a fase de

implantação do empreendimento obedecerá aos padrões de qualidade ambiental

estabelecidos em lei ou regulamentos;

f) fixado as condicionantes da licença de instalação (medidas mitigadoras e/ou

compensatórias).

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Por fim tem-se a Licença de Operação (LO) que autoriza o interessado a iniciar suas

atividades que tem por finalidade aprovar a forma proposta de convívio do empreendimento com o

meio ambiente e estabelecer condicionantes para a continuidade da operação, ressaltando que a

concessão é por tempo finito. A licença não tem caráter definitivo e, portanto, sujeita o

empreendedor à renovação, com condicionantes supervenientes.

A Licença de Operação (LO) possui três características básicas:

1. é concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo cumprimento

das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia e de instalação);

2. contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servirão de

limite para o funcionamento do empreendimento ou atividade; e

3. especifica as condicionantes determinadas para a operação do

empreendimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou

cancelamento da operação.

O licenciamento é um compromisso, assumido pelo empreendedor junto ao órgão

ambiental, de atuar conforme o projeto aprovado, portanto, modificações posteriores, como, por

exemplo, redesenho de seu processo produtivo ou ampliação da área de influência, deverão ser

levadas novamente ao crivo do órgão ambiental. Além disso, o órgão ambiental monitorará, ao

longo do tempo, o trato das questões ambientais e das condicionantes determinadas ao

empreendimento.

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A Figura 1 apresenta a Resolução nº 237/97, do CONAMA, que indica as etapas básicas a

serem obedecidas para o processo de licenciamento ambiental.

FIGURA 1 Etapas básicas do licenciamento ambiental no Brasil

Definição pelo órgão ambiental competente, junto ao empreendedor, dos documentos, projetos e estudos

ambientais necessários de acordo com o tipo de licença requerida.

Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes exigidos, dando-se a devida

publicidade.

Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais

apresentados e realização de vistorias técnicas quando necessárias.

Solicitação de esclarecimentos e complementação pelo órgão ambiental competente, uma única vez, podendo haver a

reiteração da mesma solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios.

Audiência Pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente.

Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes das audiências

públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e solicitações não

tenham sido satisfatórios.

Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico.

Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

Fonte: Fogliatti, Filippo, Goudard ( 2004)

Page 21: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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Fogliatti, Filippo, Goudard ( 2004), demonstram a estruturação sistematizada do processo

de licenciamento ambiental relacionando com os atores/agentes envolvidos (Quadro 2).

Quadro 2 Processo de Licenciamento Ambiental

Atividades a serem desenvolvidas

Atores/Agentes Responsáveis

Empreendedor Órgão Ambiental Consultora Comunidade

Solicitação de Licença Ambiental

Emissão de Termo de Referência

Contratação de EIA/RIMA

Elaboração de EIA/RIMA

Entrega de EIA/RIMA

Análise de EIA/RIMA

Manifestação da Comunidade

Convocação de Audiência Pública

Participação na Audiência Pública

Elaboração de Parecer Técnico

Reunião de Conselho Estadual

Emissão da Licença Ambiental Fonte: Fogliatti, Filippo, Goudard ( 2004).

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2. FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento sustentável é a forma de compatibilização da vida natural,

ecologicamente equilibrada com os diversos processos produtivos. Com este sentido a Comissão

Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) adotou em 1987 a seguinte

definição para o termo Desenvolvimento Sustentável “(...) aquele que atende às necessidades do

presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias

necessidades” (CMMAD, 1987).

Para Maya (2002) uma das condições necessárias para a sustentabilidade é a elaboração

de estatísticas capazes de fornecer informações mais evidentes sobre a relação entre o

desenvolvimento econômico e o uso ou estágio de degradação do meio ambiente.

O Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (International Institute for

Sustainable Development – IISD), em 1996, reuniu especialistas no Centro de Conferências da

Fundação Rockfeller, em Bellagio (Itália), com o objetivo de estabelecer princípios destinados a

orientar a avaliação do progresso rumo ao desenvolvimento sustentável. Os princípios de Bellagio

declaram que tais avaliações devem satisfazer os seguintes critérios: 1) orientar visão e metas – as avaliações devem ser orientadas por uma visão clara do desenvolvimento sustentável e por metas que definam essa visão; 2) perspectiva holística – devem incluir uma revisão de todo o sistema bem como de suas partes, e devem considerar o bem-estar de subsistemas e as consequências positivas da atividade humana em termos monetários e não-monetários; 3) elementos essenciais – devem considerar igualdade e desigualdade na população atual e entre gerações presente e futura; 4) amplitude adequada – devem adotar um horizonte cronológico suficientemente amplo, a fim de abranger escalas de tempo humana e ambiental; 5) foco prático – devem se basear num conjunto explícito de categorias que liguem perspectivas e metas a indicadores; 6) transparência – devem ter métodos transparentes e dados acessíveis; devem tornar explícitos todos os julgamentos, hipóteses e incertezas nos dados e na interpretação; 7) comunicação eficiente – devem ser concebidas para satisfazer as necessidades dos usuários e buscar a simplicidade na estrutura e na língua; 8) participação ampla – devem obter ampla representação de importantes grupos profissionais, técnicos e sociais, assegurando ao mesmo tempo a participação dos responsáveis pelo processo decisório; 9) avaliação permanente – devem desenvolver a capacidade de repetir a mensuração, para determinar tendências, ficar atento a mudanças e incertezas e ajustar metas e estruturas, à medida que se ganham novos insights; 10) capacidade institucional – a continuidade da avaliação do progresso deve ser assegurada, designando-se claramente responsabilidade e apoio no processo decisório, fornecendo capacidade institucional para a coleta de dados e incentivando o desenvolvimento da capacidade local de avaliação. (IISD, 2000, grifo do autor) .

O desenvolvimento sustentável é o resultado de uma mudança no modo da espécie

humana se relacionar com o ambiente e assim defende Ribeiro et al. (1996), in verbis:(...) o conceito de Desenvolvimento Sustentável de sua função alienante e justificadora de desigualdades de outra que se ampara em premissas para a reprodução da vida bastante distintas. Desenvolvimento Sustentável poderia ser,

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23

então, o resultado de uma mudança no modo da espécie humana se relacionar com o ambiente, no qual a ética não seria apenas entendida numa lógica instrumental, como desponta no pensamento eco-capitalista, mas sim, embasada em preceitos que ponderassem as temporalidades externas à própria espécie humana, e, porque não, também as internas à nossa própria espécie (RIBEIRO et al, 1996)

Nos universos dos processos decisórios ligados à gestão ambiental leciona Costa (2003)

que podem ser identificados, de uma forma esquemática, um núcleo central de problemas a

resolver e um conjunto de três vertentes fundamentais que é preciso ter um conta na resolução

desses problemas, conforme a Figura 2.

Na Figura 2 é vítrea a existência que o núcleo central é ponto de partida dos problemas

que tem a ver coma a compatibilização entre necessidades e disponibilidades, no espaço e no

Figura 2 Elementos contextuais que condicionam a formulação de políticas Ambientais

Formulação de Política Desenvolvimento

Sustentável

Fonte: Adaptado a partir de Costa (2003)

Atores: Agentes dos Segmentos Público, Profissional e Econômico

* Opinião do Público e dos Líderes; * Imprensa e Mídia; * Profissionais e Associação de

Profissionais; * Associações Ambientais; * Indústria Relacionada ao Meio Ambiente; * Associações

Econômicas; * Usuários dos Recursos Naturais; * Políticos

Ações:* Econômicas

* De Parcelamento*Acordos Voluntários

…_________________

Instrumentos e Base deConhecimento

Critério de Avaliação do

Desenvolvimento SustentávelArenas:

* Poderes Legislativos* Administração Pública

* Municípios* Interfaces Formais

…_________________

Estrutura de Processos Formais e Informais

De Tomada de Decisão

Objetivos:EXIGÊNCIAS AMBIENTAIS

Objetivos:EXIGÊNCIAS SOCIAIS E

ECONÔMICAS

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tempo, em quantidade e qualidade, em suma, objetivo essencial da gestão do desenvolvimento

sustentável. Para compreender e resolver o núcleo de problemas se faz necessário ter uma visão

ampla e irrestrita, capaz de visualizar sensivelmente além do domínio restrito.

A forma de compatibilização, a maneira e a tomada decisórios são influenciadas por três

fatores de naturezas distintas, onde em primeiro lugar se apresenta os instrumentos tecnológicos

e de gestão disponíveis, profundamente interligados com a problemática que se propõem a

resolver. Em segundo aspecto, temos as inúmeras finalidades sociais, que é determinante para a

maneira, como são formulados e resolvidos os problemas de desenvolvimento sustentável e

ambiental, e em terceiro, temos os agentes de decisão e as estruturas administrativas e jurídicas,

que enquadram e apóiam os processos decisórios. Os mecanismos de execução determinam a

forma pela qual são formulados e resolvidos a problemática ambiental.

O desenvolvimento sustentável, deve ser considerado como o grande objetivo das políticas

de gestão ambiental, para não dizer políticas de gestão da vida, e na formulação de Correia et al

(1997), existem três eixos ou vetores que conformam a sustentabilidade, a saber: o ecológico, o

ético e o econômico. Conforme a Figura 3.

Na eventual hipertrofia de qualquer dos vetores resulta em desequilíbrio da figura da

sustentabilidade, destarte, as mútuas articulações e dependências entre os vetores são

igualmente relevantes.

O Desenvolvimento Sustentável pode ser resumido com a indicação da frase produzir sem

destruir, onde o crescimento ordenado das cidades deve ocorrer de forma sistêmica, abrangendo

todos pontos da sociedade, levando em consideração o aperfeiçoamento da legislação e das

normas, inclusive, das instruções normativas, como é o caso da Instrução Normativa nº 1, de 19

de janeiro de 2010, que Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de

bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e

Econômico

Ecológico

Ético

D = E3

Figura 3 Eixos de Sustentabilidade

Fonte: Correia, F. N. et al (1997), Documentos de Trabalho. In: Water 21 Project.

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fundacional e dá outras providências, do Ministério do Planejamento que força os gestor público a

dar uma maior atenção para as condições operativas das políticas públicas urbanas e realçando a

aplicabilidade das cidades sustentáveis.

No que pese o vetor ecológico, Costa (2003) leciona que para a existência da

sustentabilidade é imperativo a visão compreensiva dos problemas. No geral as abordagens

pertinentes para vetor é a de que a problemática ambiental existe quando se pena nas relações

entre sociedade e seus espaços geográficos.

O vetor econômico da sustentabilidade implica, segundo Costa (2003) na identificação e na

avaliação dos custos e benefícios, econômicos e sociais amplamente envolvidos nos processos

de apropriação dos recursos naturais disponíveis nas unidades territoriais de análise, ressalta-se a

existência da equidade na distribuição dos benefícios e custos entre os diferentes atores sociais

afetados direta ou indiretamente, pelos referidos processos.

Costa (2003) afirma que:No Brasil, existe um vasto campo onde a cooperação do Banco Mundial pode ser substancial, envolvendo estudos de economia ambiental, segundo metodologias de avaliações contingentes, preços hedônicos e equivalentes, na direção de maior rigor metodológico e consistência de resultados. ( COSTA, 2003)

No Brasil as dificuldades do setor de saneamento, exempli gratia, em arcar com seus

próprios encargos (adução de água a distâncias crescentes, tratamento e distribuição; coleta,

transporte e, tratamento de efluentes, submetidos a padrões mais restritivos de emissão), como se

verifica no Quadro 3, que indica ser pouco provável acreditar que medidas mais enérgicas na

melhoria ambiental tenha os custos subsidiados pelas tarifas setoriais., uma vez que a magnitude

dos investimentos são de alta proporção.

Quadro 3- Matriz de Investimentos e Benefícios em Recuperação Ambiental

Natureza dos Investimentos em Recuperação Ambiental

Magnitude das

Inversões

Externalidade (Benefícios) e Vias de Recuperação de

Custo

Natureza dos Agentes

Envolvidos

Aporte Inicial de Capital

Sistemas de Saneamento ALTA

Tarifas de Serviços, Desenvolvimento Sócio-

Econômico, Menores Custos de Produção e Mercado imobiliário

Operadores de Sistemas e/ou

Outros Empreendedores

Demais Ações ALTADesenvolvimento Sócio-

Econômico, Menores Custos de Produção e Mercado imobiliário

Outros Empreendedores

Operação e Manutenção BAIXA Tarifas e Taxas de Serviço Outros Sistemas

Fonte: Pereira (1996)

O Quadro 3 expõe de forma simples a magnitude das inversões, como sendo alta para o

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investimento no sistema de saneamento e baixo nas operação e manutenção.

E por fim o vetor ético da sustentabilidade diz respeito aos acordos sociais e à

representatividade dos múltiplos interesses e perspectivas relacionadas à gestão do meio

ambiente em geral, e dos recursos naturais, assim, temos que:o conjunto dos interesses econômicos relacionados, direta ou indiretamente, aos processos sociais de apropriação de recursos ambientais, deve ser valorado e distribuído de modo equânime, no contexto de um arranjo institucional que compartilhe responsabilidades e possibilite a ancoragem da gestão sobre tal conjunto de interesses socialmente identificados. (COSTA, 2003)

Nessa equação aumenta-se o campo de atuação da gestão ambiental, tendo um vasto

número de atores, públicos e privados e nessa ótica temos 2(dois) princípios adicionais para a

edificação estratégica, em primeiro temos os conceitos de administração estratégica e

planejamento estratégico e em segundo temos as reflexões aplicadas aos conceitos de

subsidiariedade, desconcentração ou descentralização de processos decisórios, como demonstra

a Figura 4.

Figura 4 Processo Planejamento Estratégico

A postura estratégica ambiental “ é estabelecida por uma escolha consciente de uma das

alternativas de caminho e ação para cumprir a sua missão” (MACHADO, 2002), onde missão pode

ser entendida como a razão de ser da sociedade e é um dos fatores que delimita a postura

estratégica.

De acordo com o International Council for Local Environmental Initiatives (ICLEI, 1996):desenvolvimento sustentável é um programa de ação para reformar a economia global e regional, cujo desafio é desenvolver, testar e disseminar meios para mudar o processo de desenvolvimento econômico de modo que ele não destrua os ecossistemas e os sistemas comunitários, tais como, cidades, vilas, bairros e famílias. No nível local, o desenvolvimento sustentável requer que o desenvolvimento econômico local apoie a vida e o poder da comunidade, usando os talentos e os recursos locais. Isso vai de encontro ao desafio de distribuir os benefícios equitativamente e mantê-los no longo prazo para todos os grupos sociais. E isso só pode ser alcançado prevenindo os desperdícios ecológicos e a degradação dos ecossistemas pelas atividades produtivas. ( ICLEI, 1996)

Análise Ambiental

Alternativas de Caminho e Ação para Cumprir a Missão Estratégica

Escolha Consciente

Postura Estratégica MISSÃO

Fonte: Machado (2002)

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Para o ICLEI (1996), em nível local existem sempre três diferentes processos de

desenvolvimento, a saber, desenvolvimento econômico, comunitário e ecológico, como

demonstrado na Figura 5 onde cada um apresenta os seus diferentes aspectos e intersecção

representando a frequência imperativas e contradições entre si e o desenvolvimento sustentável é

um processo para conduzir estes três tipos de desenvolvimento com equilíbrio, que é

representado pela interseção dos círculos e não se confunde com o conservacionismo, com o

desenvolvimento econômico comunitário e com a “deep ecology” ou o utopismo.

O desenvolvimento sustentável na Figura 5 é representado pela interseção desses três

processos de desenvolvimento e não se confunde com o conservacionismo, com o

desenvolvimento econômico comunitário e com a “deep ecology” ou o utopismo.

Figura 5 Desenvolvimento Sustentável no Nível Local

Fonte: adaptado ICLEI (1996)

Desenvolvimento Econômico

Desenvolvimento Ecológico

Desenvolvimento Comunitário

DEEP ECOLOGY ou UTOPISMO

CONSERVACIONISMODesenvolvimento

EconômicoComunitário

Desenvolvimento SUSTENTÁVEL

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Em uma análise direta podemos inferir que as expressões “desenvolvimento nacional”, e, “

desenvolvimento econômico” estão ligadas ao termo “ desenvolvimento humano”, in verbis:O desenvolvimento econômico deve ser justo para que se torne legítimo. Não é ele que cria uma ordem econômica justa, senão que o ordenamento justo é que propicia as condições para o desenvolvimento. Em nome do crescimento econômico, não se pode postergar a redistribuição de rendas, nem ofender aos direitos humanos, nem atentar contra o meio ambiente, nem justificar a corrupção dos políticos. Sendo questão de justiça, a problemática do desenvolvimento econômico não se deixa aprisionar pelo cálculo utilitarista, embora não lhe seja estranha a consideração do útil, que integra a ideia de justiça. O princípio do desenvolvimento econômico não é um fim em si mesmo, mas deve se afinar com o desenvolvimento humano . (TORRES, 2005)

Ocorre que é impraticável no Brasil falar em desenvolvimento econômico, devido ao meio

de produção, sem mensurar a área da tributação. E ao restringir o termo chegamos a tributação

ambiental onde Oliveira (1999), relata, in verbis: Parece que o desafio posto à doutrina nessa matéria é a conciliação dos princípios, fundados que são ambos na solidariedade social, em face da constatação de que a apropriação por uns (seja a indústria, seja o consumidor) do Meio Ambiente (meio de uso comum de todos) configuraria enriquecimento particular, indicador de capacidade contributiva especial e diferenciada, legitimadora quer de (novos) tributos ambientais (em sentido estrito), quer de gradações seletivas de tributos clássicos (tributos ambientais em sentido lato).(OLIVEIRA, 1999)

E acentuando a preocupação do Brasil para com o tema ambiental, e o Desenvolvimento

Sustentável, o Governo Federal por intermédio do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão editou a Instrução Normativa nº 1, de 19 de janeiro de 2010 que dispõe sobre os critérios

de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela

Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências.

A Instrução Normativa nº1 de 19 de janeiro de 2010 solidifica o tema de Desenvolvimento

Sustentável na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, no art. 2º, incisos I e V, da Lei nº 6.938, de

31 de agosto de 1981, e nos arts. 170, inciso VI, e 225 da Constituição. E, apresenta no seu Art.

1º, 2 e 3 que:Art 1º Nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, as especificações para a aquisição de bens, contratação de serviços e obras por parte dos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverão conter critérios de sustentabilidade ambiental, considerando os processos de extração ou fabricação, utilização e descarte dos produtos e matérias-primas. Art. 2º Para o cumprimento do disposto nesta Instrução Normativa, o instrumento convocatório deverá formular as exigências de natureza ambiental de forma a não frustrar a competitividade. Art. 3º Nas licitações que utilizem como critério de julgamento o tipo melhor técnica ou técnica e preço, deverão ser estabelecidos no edital critérios objetivos de sustentabilidade ambiental para a avaliação e classificação das propostas.

No Capítulo II da mesma Instrução Normativa, temos o título DAS OBRAS PÚBLICAS

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SUSTENTÁVEIS, e o que chama a atenção foi a preocupação entabulada na a redução do

consumo de energia e água, bem como a utilização de tecnologias e materiais que reduzam o

impacto ambiental, in verbis:Art. 4º Nos termos do art. 12 da Lei nº 8.666, de 1993, as especificações e demais exigências do projeto básico ou executivo, para contratação de obras e serviços de engenharia, devem ser elaborados visando à economia da manutenção e operacionalização da edificação, a redução do consumo de energia e água, bem como a utilização de tecnologias e materiais que reduzam o impacto ambiental, tais como:

I – uso de equipamentos de climatização mecânica, ou de novas tecnologias de resfriamento do ar, que utilizem energia elétrica, apenas nos ambientes aonde for indispensável; II – automação da iluminação do prédio, projeto de iluminação, interruptores, iluminação ambiental, iluminação tarefa, uso de sensores de presença; III – uso exclusivo de lâmpadas fluorescentes compactas ou tubulares de alto rendimento e de luminárias eficientes; IV – energia solar, ou outra energia limpa para aquecimento de água; energia; VI – sistema de reuso de água e de tratamento de efluentes gerados; VII – aproveitamento da água da chuva, agregando ao sistema hidráulico elementos que possibilitem a captação, transporte, armazenamento e seu aproveitamento; VIII – utilização de materiais que sejam reciclados, reutilizados e biodegradáveis, e que reduzam a necessidade de manutenção; e IX – comprovação da origem da madeira a ser utilizada na execução da obra ou serviço.

§ 1º Deve ser priorizado o emprego de mão-de-obra, materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local para execução, conservação e operação das obras públicas. § 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduo de Construção Civil - PGRCC, nas condições determinadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, através da Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, deverá ser estruturado em conformidade com o modelo especificado pelos órgãos competentes. § 3º Os instrumentos convocatórios e contratos de obras e serviços de engenharia deverão exigir o uso obrigatório de agregados reciclados nas obras contratadas, sempre que existir a oferta de agregados reciclados, capacidade de suprimento e custo inferior em relação aos agregados naturais, bem como o fiel cumprimento do PGRCC, sob pena de multa, estabelecendo, para efeitos de fiscalização, que todos os resíduos removidos deverão estar acompanhados de Controle de Transporte de Resíduos, em conformidade com as normas da Agência Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, ABNT NBR nºs 15.112, 15.113, 15.114, 15.115 e 15.116, de 2004, disponibilizando campo específico na planilha de composição dos custos. § 4º No projeto básico ou executivo para contratação de obras e serviços de engenharia, devem ser observadas as normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO e as normas ISO nº 14.000 da Organização Internacional para a Padronização (International Organization for Standardization). § 5º Quando a contratação envolver a utilização de bens e a empresa for detentora da norma ISO 14000, o instrumento convocatório, além de estabelecer diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas de bens, deverá exigir a comprovação de que o licitante adota práticas de desfazimento sustentável ou reciclagem dos bens que forem inservíveis para o processo de reutilização.

No tocante aos princípios da ordem econômica a Emenda Constitucional nº 42, de 19 de

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Dezembro de 2003, referente ao artigo 170 da Constituição Federal de 1988 apresentou a

seguinte redação: Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. (o grifo é nosso)

O ‘tratamento diferenciado’ será efetivado mediante uma carga tributária distinta, mas o

simples fato de o dispositivo ter sido modificado no bojo da Reforma Tributária serve como mais

um indício de que instrumentos tributários destinados à defesa do meio ambiente serão criados

em um futuro muito próximo.

O principal objetivo do tributo não é aumentar a arrecadação, mas evitar ou minimizar os

danos causados ao meio ambiente sem, no entanto, impedir o desenvolvimento econômico do

país. Ressalta-se que o tributo ambiental deve ser apenas uma das armas utilizadas para a

preservação do meio ambiente, implementando, em especial uma política de educação ambiental

para as empresas e para a população, destarte, a ser desenvolvida pelos governos federal,

estadual e municipal, de forma intensa e ininterrupta.

O Direito Ambiental apresenta os seguintes instrumentos preventivos de tutela:

(i) Poder de Polícia;

(ii) Zoneamento;

(iii) Licenciamento;

(iv) Estudo de Impacto Ambiental; (EIA/RIMA)

(v) Educação Ambiental.

Os instrumentos tributários quando observados de forma micro remonta ao já mencionado

junto a Figura 5 que trata do desenvolvimento sustentável no nível local, e temos que, data venia,

a aplicação do princípio da precaução relacionando-se intensamente com a avaliação prévia das

atividades humanas, bem como o estudo de impacto ambiental inserido na metodologia, a

prevenção e a precaução da degradação ambiental. Diagnosticado o risco do prejuízo, pondera-

se sobre os meios de evitar o prejuízo. Aí entra o exame da oportunidade do emprego dos meios

de prevenção.

No afã de solver as dúvidas ante Tributação Ambiental e Impacto Ambiental o CONAMA

por meio da RES. 001 define impacto ambiental como sendo qualquer alteração das propriedades

físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou

energia resultante da atividade humana,portanto, os impactos ambientais devem considerar as

necessidades e dificuldades de manutenção da diversidade biológica, pois os componentes do

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ecossistema estão integrados, e considerando os efeitos sobre a natureza, com implicações

sociais, afetando a economia, o estilo de vida e a estrutura social.

E, ao tentar minimizar os efeitos colaterais sobre a natureza temos o nascimento da

Tributação Ambientais. Salientamos que temos a tarifação sobre bens intangíveis que são

sentidos e afetam a economia, o estilo de vida e a estrutura social.

Assim, o Estudo de Impacto ambiental (EIA) tem como definição como sendo um processo

de estudos interdisciplinares que visa identificar e reduzir impactos no ambiente e na saúde

pública gerados por propostas legislativas, programas de desenvolvimento e projetos,

comunicando as sociedades sobre os resultados desses empreendimento.

São Preocupações EIA:

a) Procura investigar em que grau um projeto encoraja o crescimento urbano,

industrial, tecnológico e quais os resultados desse crescimento sobre o ambiente

e a sociedade;

b) Procura saber se os projetos são compatíveis com outros usos potenciais dos

recursos da área.

E os Objetivos são:

a) Proteger o ambiente para futuras gerações;

b) Garantir segurança, saúde e produtividade do meio ambiente, assim como

seus aspectos estéticos e culturais Garantir maior amplitude possível de usos,

benefícios de ambientes não degradados, sem riscos de outras consequências

indesejáveis;

c) Preservar importantes aspectos históricos, culturais e naturais de nossa

herança nacional;

d) Garantir a qualidade dos recursos renováveis, e induzir a reciclagem dos

recursos não renováveis;

e) Permitir ponderação entre benefícios de um projeto e os custos ambientais do

mesmo, não computados nos custos econômicos;

O estudo de impacto ambiental é um instrumento da política de defesa da qualidade

ambiental com pressupostos constitucionais, conforme o art. 225, 1º, IV da CF/88 e se realiza

mediante um procedimento de direito público, cuja elaboração há que atender a diretrizes

estabelecidas na legislação e nas que, em cada caso, forem fixadas pela autoridade competente.

Ressalta-se que o estudo de impacto ambiental deve ser realizado por equipe

multidisciplinar habilitada, e é a constituída de técnicos de variada formação acadêmica. A equipe

multidisciplinar responde tecnicamente pelo conteúdo do RIMA, como Machado (2002):

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A equipe multidisciplinar deverá apontar os equipamentos de controle que existam no mercado nacional como em outros países. Muitas vezes, membros da equipe multidisciplinar terão que se deslocar para outros países para verificarem a eficiência desses equipamentos. Avaliar a eficiência não é só reproduzir o que consta na bibliografia. Além disso, essa avaliação de eficiência deverá levar em conta a área do projeto, pois um mesmo equipamento poderá não ser adequado para localidade diversa de onde foi testado. (MACHADO, 2002)

A equipe multidisciplinar tem como objetivo avaliar o grau do risco ambiental que é algo

ineliminável na sociedade contemporânea e, por consequência, assim deve ser compreendido

especialmente diante do direito ambiental.

Deve-se partir da ideia de que o desenvolvimento traz, a um só tempo, benefícios e riscos

à coletividade e, diante da periculosidade ou nocividade de uma atividade, a norma deve proibi-la,

ou admiti-la. Mas, nos casos em que o risco pode ser reduzido a uma situação de suportabilidade,

a norma deve estabelecer as medidas preventivas que devem ser adotadas.

A Lei nº 6.938/81 (art. 9 º , III) qualifica o estudo de impacto ambiental como instrumento

da Política Nacional do Meio Ambiente, ou seja, diz que uma função primordial consiste em

aplicar, nos projetos de obra e atividades potencialmente causadores de degradação ambiental,

os princípios e objetivos definidos naquela lei como necessários à preservação da qualidade

ambiental e à manutenção do equilíbrio ecológico.

O art. 5 º da Resolução nº 001/86-CONAMA dispõe que, além de atender à legislação, em

especial aos princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, o

estudo de impacto ambiental terá que conter ainda o seguinte:

I - contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto,

confrontando-as com a hipótese de não execução;

II - identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases

de implantação e operação da atividade;

III - definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos

impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os

casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

IV - considerar os planos e programas governamentais e em implantação na área

de influência do projeto, e sua compatibilidade.

Em continuidade com a determinação da execução do estudo de impacto ambiental, o

órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município fixará as diretrizes

adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem

julgadas necessárias, inclusive os prazos para a conclusão e análise dos estudos.

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E esta fase se desdobra em vários passos, e no mínimo, importará nas seguintes

atividades técnicas:

a) Diagnóstico ambiental da área;

b) Análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas;

c) Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos;

d) Programa de acompanhamento

Elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e

negativos. Onde podemos mensurar o seguinte para cada passo:

a) Diagnóstico Ambiental da Área - Trata-se de estudar e definir a área de

influência do projeto, os limites geográficos da área a ser direta ou indiretamente

atingida pelo projeto, com descrição e análise completa dos recursos ambientais e

suas interações, considerando:

a1) Meio Físico;

a2) Meio Biológico e os Ecossistemas Naturais;

a3) Meio Sócioeconômico;

b) Análise dos Impactos Ambientais do Projeto e de Suas Alternativas -

Uma das diretrizes gerais impostergáveis do estudo de impacto ambiental consiste em

identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de

implantação e operação da atividade. Por isso, a equipe multidisciplinar terá que

analisar os impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através da

identificação, da previsão da magnitude e da interpretação da importância dos

prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos (benéficos) e

negativos (adversos) diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo,

temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades

cumulativas e sinérgicas (associação de fatores que se coordenam para o resultado);

a distribuição dos ônus e benefícios sociais;

c) Definição de Medidas Mitigadoras - Cumpre à equipe multidisciplinar

proceder à identificação das medidas mitigadoras desses impactos negativos, entre as

quais se incluem a análise dos equipamentos de controle e os sistemas de tratamento

de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. Confiabilidade da solução é

mais que mitigar o impacto, é tentar evitar o impacto negativo, ou sendo impossível

evitá-lo, é procurar corrigi-lo, recuperando o ambiente;

Page 34: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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d) programa de acompanhamento - A elaboração de programa de

acompanhamento e de monitoramento dos impactos positivos e negativos é parte

integrante do estudo de impacto ambiental, indicando os fatores e parâmetros a serem

considerados, entre os quais se encontram os planos e programas governamentais e

em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

As ações e passos mencionados tem o poder de levantar o passivo ambiental representa

os danos causados ao meio ambiente, representando, assim, a obrigação, a responsabilidade

social da empresa com aspectos ambientais, assim, um empreendimento tem Passivo Ambiental

quando ele agride, de algum modo e/ou ação, o meio ambiente e não dispõe de nenhum projeto

ou plano para sua recuperação, aprovado oficialmente ou de sua própria decisão.

O termo passivo ambiental pode ser definido como uma obrigação adquirida em

decorrência de transações anteriores ou presentes, que provocaram ou provocam danos ao meio

ambiente ou a terceiros, de forma voluntária ou involuntária, os quais deverão ser indenizados

através da entrega de benefícios econômicos ou prestação de serviços em um momento futuro

(GALDINO et al., 2004).

Lembrando que o passivo ambiental não precisa estar diretamente vinculado aos balanços

patrimoniais, podendo fazer parte de um relatório específico, discriminando-se as ações e

esforços desenvolvidos para a eliminação ou redução de danos ambientais.

Em termos genéricos, podemos definir passivos como reservas ou restrições de ativos

provenientes de obrigações legais ou espontâneas adquiridas quando da execução da atividade

produtiva e administrativa pela organização, através da aquisição de ativos ou do processo de

obtenção de receita, obrigações estas, expressas em moeda corrente na data de publicação dos

demonstrativos contábeis.

De acordo o Instituto de Auditores Independentes do Brasil – IBRACON o passivo ambiental

pode ser conceituado como: “'toda agressão que se praticou/pratica contra o meio ambiente e

consiste no valor de investimentos necessários para reabilitá-lo, bem como multas e indenizações

em potencial.” (IBRACON, 1996).

Para SINGER e SEKIGUCHI (1999) passivos ambientais podem ser entendidos como

obrigações decorrentes da contaminação ou degradação ambiental provocada por determinada

atividade sobre o meio ambiente (nem sempre mensurados e provisionados pelas empresas), ou

podem também se referir a obrigações sujeitas a cobrança e, neste caso, se inserem na

contabilidade ambiental em oposição aos ativos ambientais.

Todos os gastos referentes à manutenção e à recuperação do meio ambiente devem ser

registrados no momento de ocorrência do fato gerador, ou no momento em que ocorrer a

constatação da responsabilidade pelo fato gerador. (JABOR, 2004). Em que pese sobre o

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levantamento do passivo ambiental é uma tarefa complexa, in verbis:que significa identificar e caracterizar os efeitos ambientais adversos, sendo que quanto maior forem esses efeitos, maior será o montante do passivo ambiental. A estimativa do valor a ser despendido com a recuperação do meio ambiente afetado, de acordo com o princípio contábil do conservadorismo, deverá abranger todos os possíveis gastos que serão necessários para tal. (JABOR, 2004).

Na atualidade a avaliação de passivos é exigida para liberação de linhas de crédito, sendo

utilizada como ferramenta de apoio ao processo gerencial, muitas vezes são adotados os

instrumentos de contabilidade ambiental, que mensuram as receitas e custos da degradação e

das medidas adotadas para evitá-los, possibilitando adequar os preços de transferência interna

para os produtos e serviços prestados.

De um modo geral o processo para levantamento de passivos deve ser realizado em

etapas, onde a primeira deve ser realizada com uma avaliação qualitativa dos impactos, e um

segundo momento, que resulta na sua quantificação.

Ressalta-se que na primeira fase, são levantadas todas as práticas e procedimentos

referentes aos aspectos ambientais relevantes tais como: licenças ambientais existentes, resíduos

gerados pela empresa e a sua disposição final, taxas de emissões atmosféricas e de geração de

efluentes líquidos e os respectivos sistemas de minimização e tratamento de poluição adotados.

Com base nos resultados da primeira fase é realizado um planejamento cujo objetivo é

mensurar os impactos ambientais de forma a permitir uma avaliação do custo para o seu

adequado gerenciamento. Esse procedimento deve ser no mínimo capaz de atender às

exigências legais e administrativas dos órgãos ambientais e à política interna da empresa.

Utiliza-se de coletas, medições e análise, são avaliados de forma quantitativa e qualitativa

as emissões atmosféricas, os efluentes e os resíduos gerados e, suas respectivas influências

ambientais, como alterações na qualidade de água do corpo receptor e do lençol freático, da

atmosfera, do solo, dentre outras.

No que se refere à mensuração de passivos ambientais a Organização das Nações Unidas

(ONU) determina que:'quando existir dificuldades para estimar o valor de um passivo ambiental, deve-se indicar a melhor estimativa possível. Nas notas explicativas do balanço devem ser divulgadas as informações sobre o método utilizado para elaborar essa estimativa' (MACHADO, 2004).

A ONU indica alguns métodos, classificados como ''preferido'' e ''aceitáveis'', o método

classificado como preferido é o do valor atual, que leva em conta o volume atual de gastos futuros

estimados, baseando-se no valor da realização das ações necessárias para preservação ou

recuperação do meio ambiente, trazido a valor presente com o uso da mesma, pela taxa de

desconto, normalmente utilizadas no país onde a empresa opera.

Page 36: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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Como métodos ''aceitáveis'' há o do custo atual denominado pela ONU de '' previsão de

gastos antecipados durante o curso das operações relacionadas'' que significa determinar no

exercício em curso o custo estimado para realizar as atividades de restauração da natureza,

considerando-se as condições atuais e vigentes para efetivá-las. (MACHADO, 2004).

O valor do passivo ambiental estimado por qualquer um desses métodos deve ser revisado

de forma periódica com o intuito de ajustá-lo caso alguma das premissas utilizadas no cálculo

tenha apresentado variação de um exercício para outro. Como salientam os passivos ambientais

podem ter uma conotação extremamente negativa, pois significa que as empresas que os detém

agrediram o meio ambiente e podem ter que pagar vultosas quantias a título de indenização

(RIBEIRO e GRATÃO, 2000)

Os passivos ambientais podem, inclusive, ser originários de atitudes ambientalmente

responsáveis, como as decorrentes da manutenção de um sistema de gerenciamento ambiental

que requer pessoas, máquinas, equipamentos e instalações para funcionamento. O Passivo

Ambiental insere-se no âmbito social por se tratar de uma exigência legal que responsabiliza o

autor do dano a reparar ou mitigar prejuízos de cunho social ou privado, provocados direta ou

indiretamente por meio das externalidades provadas ao meio ambiente.

Hollins e Percy (1998) afirmam que:uma organização internacional ou nacional que pretende adquirir uma propriedade deverá levar em conta a existência de passivos, pois esses podem ser herdados após a compra de um bem. Da mesma forma, empresas que desenvolvem projetos ou aplicam dinheiro em um negócio também precisam estar cientes, pois podem sofrer prejuízos no futuro. Nos Estados Unidos, desde 1980, a pessoa ou instituição que empresta dinheiro deve assegurar a dívida por custos de limpeza ambiental por esta de acordo com o avaliado (proprietários ou responsável pela execução do negócio financeiro), ou talvez mais significativamente por ter o poder de evitar os danos que o mutuário venha a executar. (HOLLINS e PERCY, 1998)

No Brasil, as leis ambientais estão cada vez mais conhecidas e aplicadas para os danos

causados ao meio ambiente. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política

Nacional do Meio Ambiente, dá uma ampla definição no artigo 3º sobre poluição:A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em descordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Há várias técnicas, segundo a E.P.A. (Environmental Protection Agency), para se

estimar um passivo ambiental, as quais têm sido desenvolvidas e aplicadas em combinação para

Page 37: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

37

cada tipo de passivo ambiental destacando-se:

a)Técnicas atuariais - envolvem uma análise estatística de dados históricos ou

eventos (como acidentes) ou consequências (adversas à saúde), os quais

podem conduzir a um passivo ambiental;

b) Julgamento profissional - inclui uma análise baseada na experiência de

profissionais ligados a área de meio ambiente ou correlata; b1) Identificação de

conformidades e remediação de atividades, bem como estimar a probabilidade

de acontecerem acidentes; b2) Análises científicas;

c) Técnicas de análises para a decisão - são usadas na construção de

análises baseadas na experiência, as quais refletem incerteza na avaliação,

caracterização e apresentação dos resultados na avaliação do passivo

ambiental. Incertezas essas relativas à magnitude, à probabilidade e à

determinação do potencial do passivo ambiental, produzindo um conjunto de

passivos baseado nas suas respectivas probabilidades.;

d) Modelagem - é usada como uma alternativa ou suplemento para análises

profissionais quando os dados históricos são limitados ou não-avaliáveis e o

custo ou ocorrência de valores pode ser simulado devido a muitas variáveis

prováveis ou interações complexas;

e) Técnicas de Cenário - são usadas para descrever e direcionar futuras

situações que podem gerar passivos ambientais, assim como mudanças de

requerimentos regulatórios, políticas de remediação, padrões legais para

compensar danos em recursos naturais e políticas de aplicação;

f) Métodos de valoração - incluem uma variedade de papéis legais e técnicas

econômicas que colocam valores legais sobre as consequências ambientais

para compensação de passivos por danos em recursos naturais;

f.1) Métodos legais para avaliar danos para pessoas, suas propriedades e

seus negócios, englobam práticas aceitáveis que podem ser desenvolvidas

e usadas para dar valor monetário nas compensações exigidas em

processos.

Sempre que ocorrer uma agressão ao meio ambiente deverá ser feita a diferenciação entre

a indenização do dano ambiental pretérito, que dever· ser cumulativa com a recuperação do meio

ambiente ou, na impossibilidade desta, com a compensação ambiental, conforme a Lei n°

9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - S.N.U.C.) dispõe que:

Recuperação é a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma

condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original.

Page 38: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

38

E reparar danos ambientais abrange restaurar o equilíbrio anteriormente existente, significa

recriar as condições do solo, do clima e da biota, permitindo à natureza restabelecer o

ecossistema em toda a sua riqueza, diversidade e complexidade, in verbis:Á reconstituição da floresta destruída, não basta porém o simples replantio das árvores abatidas. Sabemos hoje que a desflorestação tem consequências drásticas em todo o ecossistema dependente da floresta e nos ecossistemas envolventes, afetando não só a biota, mas provocando igualmente alterações climáticas e o subsequente empobrecimento do solo. Reparar todos estes danos restaurando o equilíbrio anteriormente existente, significa recriar as condições do solo, do clima e da biota, permitindo à natureza restabelecer o ecossistema em toda a sua riqueza, diversidade e complexidade. Ora, para o conseguir, é necessário ter em conta que o tempo da natureza é mais lento e longo que o dos homens e que no cálculo deste dano poderão também ter de entrar verbas destinadas ao financiamento de estudos de investigação e pesquisa científicas de acompanhamento das ações de restauração dos ecossistemas destruídos, avaliando em cada momento as reações do meio, com vista a facilitar a auto regeneração. (CRUZ, 1999) (grifo nosso)

A Carta Constitucional de 1988 consagrou o direito a um meio-ambiente sadio, que no seu

artigo 225 garante a responsabilização dos infratores em reparar os danos causados (§3º, art.

225, CF/88). A Lei dos Crimes Ambientais, n.º 9.605/98, além da visão sistêmica de meio

ambiente natural, alarga o conceito e protege expressamente o meio ambiente artificial e cultural,

ao arrolar os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.

A palavra responsabilidade tem sua origem etimológica no verbo latino respondere, de

spondeo, primitiva obrigação de natureza contratual do Direito Romano, pela qual o devedor se

vinculava ao credor nos contratos verbais, tendo, portanto, a ideia e concepção de responder por

algo.

A responsabilidade pode adquirir um significado sociológico, no qual ganha aspecto de

realidade social, pois decorre de fatos sociais, é fato social.

Na concepção de Dias (1997, p. 7-10) os julgamentos de responsabilidade são reflexos individuais, psicológicos, do fato exterior social, objetivo, que é a relação de responsabilidade. Já sob o ponto de vista jurídico, a ideia de responsabilidade adota um sentido obrigacional: é a obrigação que tem o autor de um ato ilícito de indenizar a vítima pelos prejuízos a ela causados. (DIAS, 1997)

Segundo Azevedo (2000) a responsabilidade civil:é a situação de indenizar o dano moral ou patrimonial, decorrente de inadimplemento culposo, de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei.

A noção de responsabilidade, no campo jurídico, amolda-se ao conceito genérico de

obrigação, o direito de que é titular o credor em face do dever, tendo por objeto determinada

prestação. No caso assume a vítima de um ato ilícito a posição de credora, podendo, então, exigir

do autor determinada prestação, cujo conteúdo consiste na reparação dos danos causados.

Quando se aplica essa ideia à responsabilização civil, quem deve é o devedor e quem

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responde pelo débito, ou pela reparação do dano é o seu patrimônio. Quanto à classificação da

responsabilidade civil, há duas teorias: a subjetiva e a objetiva. Na teoria subjetiva tem na culpa

seu fundamento basilar, só existindo a culpa se dela resulta um prejuízo e na teoria objetiva não

exige a comprovação da culpa, e hodiernamente tem sido subdividida em pura e impura.

A responsabilidade civil é objetiva pura, quando resultante de ato lícito ou de fato jurídico,

como alguém que age licitamente e, mesmo assim, deve indenizar o prejuízo decorrente de sua

ação. Neste caso, a lei deve dizer, expressamente, que o indenizador deve indenizar

independentemente de culpa, como nos danos ambientais (art. 14, º 1º, da Lei nº 6938/81), nos

danos nucleares (art. 40, da Lei nº 6453/77) e em algumas hipóteses do Código do Consumidor.

Por outro lado, a responsabilidade civil objetiva impura existe quando alguém indeniza, por

culpa de outrem, como no caso do empregador que, mesmo não tendo culpa, responde pelo ato

ilícito de seu empregado (art. 1521, III, do Código Civil, e Súmula 341 do Supremo Tribunal

Federal).

O legislador pátrio, com a edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei nº

6.938/81 – , em seu artigo 14, § 1o, o regime da responsabilidade civil objetiva pelos danos

causados ao meio ambiente. Dessa forma, é suficiente a existência da ação lesiva, do dano e do

nexo com a fonte poluidora ou degradadora para atribuição do dever de reparação.

Comprovada a lesão ambiental, torna-se indispensável que se estabeleça uma relação de

causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano dele advindo. Para tanto, não é

imprescindível que seja evidenciada a prática de um ato ilícito, basta que se demonstre a

existência do dano para o qual exercício de uma atividade perigosa exerceu uma influência causal

decisiva.

Vale ressaltar que, mesmo sendo lícita a conduta do agente, tal fator torna-se irrelevante

se dessa atividade resultar algum dano ao meio ambiente. Essa nada mais é do que uma

consequência advinda da teoria do risco da atividade ou da empresa, segundo a qual cabe o

dever de indenizar àquele que exerce atividade perigosa, consubstanciando ônus de sua atividade

o dever de reparar os danos por ela causados.

Tal teoria decorre da responsabilidade objetiva, adotada pela Lei de Política Nacional do

Meio Ambiente, onde a responsabilidade civil objetiva aos danos ambientais pode assumir duas

acepções diferentes. Por um lado, a responsabilidade objetiva tenta adequar certos danos ligados

aos interesses coletivos ou difusos ao anseio da sociedade, tendo em vista que o modelo clássico

de responsabilidade não conseguia a proteção ambiental efetiva, pois não inibia o degradador

ambiental com a ameaça da ação ressarcitória.

No entanto a responsabilidade objetiva visa a socialização do lucro e do dano,

considerando que aquele que, mesmo desenvolvendo uma atividade lícita, pode gerar perigo,

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40

deve responder pelo risco, sem a necessidade da vítima provar a culpa do agente.

Desse modo, a responsabilidade estimula a proteção a meio-ambiente, já que faz o

possível poluidor investir na prevenção do risco ambiental de sua atividade.

Quando se fala sobre a responsabilidade civil ambiental, que se sabe é objetiva, faz-se

imperioso refletir a respeito do princípio de Direito Ambiental do Poluidor-Pagador.

Segundo este princípio, quem polui deve arcar com as despesas que seu ato produzir, e

não, como querem alguns, que quem paga pode poluir. Tal princípio pretende internalizar no preço

as externalidades produzidas, o que se denomina custo ambiental.

Tal expressão se traduz na imposição do sujeito causador do problema ambiental em

sustentar financeiramente a diminuição ou afastamento do dano. Visa, ainda, impedir a

socialização dos prejuízos decorrentes dos produtos inimigos ao meio ambiente. Ensina Benjamin

(1998) que:Ao obrigar o poluidor a incorporar nos seus custos o preço da degradação que causa – operação que decorre da incorporação das externalidades ambientais e da aplicação do princípio poluidor-pagador – a responsabilidade civil proporciona o clima político-jurídico necessário à operacionalização do princípio da precaução, pois prevenir passa a ser menos custoso que reparar. (BENJAMIN, 1998)

Dessa forma, distingue-se no princípio duas esferas básicas: busca evitar a ocorrência de

dano ambiental – caráter preventivo; e ocorrido o dano, visa a sua reparação – caráter repressivo.

Dentro desse princípio, mais precisamente em seu caráter repressivo é que se insere a

ideia de responsabilidade civil pelo dano causado ao meio-ambiente.

Sendo o dano, pressuposto indispensável para a formulação de uma teoria jurídica

adequada de responsabilidade ambiental, faz-se necessária uma breve incursão no seu conceito

jurídico, o que lembra a palavras de Leite (2000) onde ensina que dano é toda a ofensa a bens ou

interesses alheios protegidos pela ordem jurídica.

Dano é o prejuízo causado a terceiros, ao se lesar bens juridicamente protegidos, que

pode ser visto sob dois aspectos: patrimonial, no qual se atinge o patrimônio econômico do

lesado; e extra patrimonial ou moral, quando o prejuízo é causado no psicológico da vítima, ou

seja, os direitos da personalidade que são afetados.

No que concerne ao dano ambiental, sua caracterização dependerá da valoração dada ao

bem jurídico lesado pelo dano e protegido pela ordem jurídica. Destarte, para a definição do dano

ambiental, torna-se essencial, preliminarmente, que se caracterize o conceito jurídico de meio

ambiente.

Meio ambiente é um bem jurídico, que pertence a todos os cidadãos indistintamente,

podendo, desse modo, ser usufruído pela sociedade em geral. Contudo, toda a coletividade tem o

dever jurídico de protegê-lo, o qual pode ser exercido pelo Ministério publico, pelas associações,

pelo próprio Estado e até mesmo por um cidadão.

Page 41: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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O conceito de meio ambiente foi, primeiramente trazido pela Lei nº 6.938/81, no seu artigo

3º, I, conhecida como Lei de Política Nacional do Meio-Ambiente. Tal definição posteriormente foi

recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que, de acordo com o seu artigo 225, tutelou

tanto o meio ambiente natural, como o artificial, o cultural e o do trabalho, como pode ser

constatado:Art. 225 - Todos tem direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (CONSTITUTIÇÃO FEDERAL 1988, ARTIGO 225)

Diante do que foi exposto, o dano ambiental, pode ser compreendido como sendo o

prejuízo causado a todos os recursos ambientais indispensáveis para a garantia de um meio

ecologicamente equilibrado, provocando a degradação, e consequentemente o desequilíbrio

ecológico.

O dano ambiental, assim como o dano, tanto pode ser tanto patrimonial como moral. É

considerado dano ambiental patrimonial, quando há a obrigação de uma reparação a um bem

ambiental lesado, que pertence a toda a sociedade. O dano moral ambiental, por sua vez, tem

ligação com todo prejuízo que não seja econômico, causado à coletividade, em razão da lesão ao

meio-ambiente.

Não se pode olvidar da questão social desencadeada pelo dano ambiental. O dano ao

meio-ambiente representa lesão a um direito difuso, um bem imaterial, incorpóreo, autônomo, de

interesse da coletividade, garantido constitucionalmente para o uso comum do povo e para

contribuir com a qualidade de vida das pessoas.

Assim, não apenas a agressão à natureza que deve ser objeto de reparação, mas também

a privação do equilíbrio ecológico, do bem estar e da qualidade de vida imposta à coletividade, e a

reparação podemos dar o nome de compensação.

O cálculo da compensação do valor dos bens ambientais deve estar incorporado ao valor

que integra a própria noção de imóvel, o que é diferente dos serviços que esses bens podem

desempenhar. Mesmo que o valor do bem seja definido em função de sua destinação, esse valor

já deve estar embutido no valor do imóvel, da mesma forma que a sua degradação (do bem) deve

ser descontada do valor do bem no processo de negociação (compra/venda), calculado com base

no custo de recuperação (que já definimos como passivo ambiental). Neste sentido, merece

destaque julgado do STJ (2005)

Ementa ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.RESERVA FLORESTAL. NOVO PROPRIETÁRIO.RESPONSABILIDADE OBJETIVA. 1. A responsabilidade por eventual dano ambiental ocorrido em reserva florestal legal é objetiva, devendo o proprietário das terras onde se situa tal faixa territorial,

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ao tempo em que conclamado para cumprir obrigação de reparação ambiental e restauração da cobertura vegetal, responder por ela. 2. A reserva legal que compõe parte de terras de domínio privado constitui verdadeira restrição do direito de propriedade.Assim, a aquisição da propriedade rural sem a delimitação da reserva legal não exime o novo adquirente da obrigação de recompor tal reserva. 3. Recurso especial conhecido e improvido

Essa decisão integra os precedentes do STJ (2005) que geraram entendimento correlato

da 1ª e 2ª Turmas, no sentido de que: O novo adquirente de imóvel rural já desmatado tem legitimidade para figurar no pólo passivo de ação civil pública por esse dano ambiental, visto que a obrigação de repará-lo é transmitida quando da aquisição do bem, independente da existência ou não de culpa (responsabilidade objetiva).

São elementos essenciais para a Compensação em sentido lato :

a) existência de um débito e de um crédito;

b) o desconto de uma dívida em função da outra

c) a possibilidade de em havendo valores de débito e crédito iguais as

obrigações se compensarem integralmente;

d) a possibilidade de intervenção de espécies não monetárias.

Para Compensação Ambiental aprecia-se a seguinte sugestão de Barth (2009) em ser oencontro entre os débitos ambientais decorrentes de uma atividade ou empreendimento público ou privado e os créditos que ditos que o realizador ou empreendedor assegurem a partir do mesmo, e, que a sociedade local e regional fazem jus no que respeita aos significativos impactos positivos e negativos que o ambiente globalmente considerado tenha, incluindo-se os benefícios ao homem como seu integrante, na área de influência mediata e imediata da referida atividade ou empreendimento. (BART, 2009)

Assim, denotamos que é um método pelo qual se assegurem direitos e se extinguem

obrigações ambientais decorrentes da lei, de acordo com suas normas e critérios, inclusive sem

intervenções diretas de espécies monetárias, objetivando a conservação e a recuperação

ambientais.

Ao falar em compensação ambiental não podemos considerar tão somente os impactos

negativos, mas também devemos considerar os impactos positivos. Uma forma simples é verificar

as atividades decorrentes dos empreendedores aplicando-se normas e critérios de compensação

existentes ou a serem criados na lei sobre o eventual saldo da conta.

Nesse diapasão, a conservação e a recuperação do ambiente devem ser considerados

como um todo, lembrando da inclusão do homem e da determinação constitucional.

Observa-se na Legislação Pátria trata do assunto na Constituição Federal, na Política

Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81); no Sistema Nacional de Unidades de Conservação,

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especificamente no artigo 36 da Lei nº 9.985/00 no Regulamentado pelo Decreto nº 4340/02;

pelas Resoluções do CONAMA nº 001/86, 010/87, 02/96, 237/97; pela Portarias do IBAMA nº

9/04,44/04; IN nº 47/04 do IBAMA.

Compensação Ambiental deve ter um amplo conceito para abrigar uma análise de todo

ativo e de todo o passivo ambiental da atividade ou empreendimento. A partir daí, então negociar

com os organismos públicos e a sociedade uma compensação que represente verdadeiramente o

que o ambiente (no conceito de ambiente incluímos necessariamente a sociedade) pede para

compensar.

Os atos que circundam a Compensação Ambiental dizem respeito a contabilizar um

número de variáveis apropriadas aos conceitos de impacto ambiental positivo e negativo, e para

tal, deve-se considerar com adequação as mitigações que a técnica moderna e viável permita,

tendo o cuidado de somar e diminuir os ativos dos passivos ambientais, os aspectos positivos e

negativos, bem como desenvolver atividades que tenham conteúdo sócio- ambiental no entorno,

na zona de influência da atividade ou do empreendimento.

Page 44: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

44

3 O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS: VALORANDO E VALORIZANDO A NATUREZA

É notório que a economia ambiental em conformidade com o ponto de vista neoclássico

herdou o individualismo linearmente metodológico para conceber o pensamento de valor para o

meio ambiente. A economia ambiental está intimamente ligada aos avanços tecnológicos capazes

de garantir a oferta, tendo a base do argumento na racionalidade que, antes de tudo, garante

ações em direção ao equilíbrio sustentável.

Na abordagem ecológica, o valor é derivado de relações sociais, prioridades definidas pelo

sistema social e condicionadas por parâmetros e critérios físicos e biológicos, com destaque para

a energia.

Os estudos de valoração econômica dos recursos naturais têm recebido crescente atenção

na literatura sobre economia ambiental. Entre outros motivos, temos que a valoração permite

identificar e ponderar os diferentes incentivos econômicos que interferem na decisão dos agentes

em relação ao uso dos recursos naturais.

Para Ortiz (2003) o desafio da valoração econômica de recursos ambientais ou também

denominada de valoração ambiental é determinar quanto melhor ou pior estará o bem-estar das

pessoas devido a mudanças na quantidade de recursos ambientais. Neste sentido, a função da

valoração ambiental é captar estas distintas parcelas de valor econômico do recurso ambiental.

Os autores Carramaschi, Cordeiro Neto, Nogueira (2000) lembram que determinar o valor

econômico de um recurso ambiental é estimar o valor monetário desse recurso em relação a

outros bens e serviços disponíveis na economia.

A sociedade não pode se esquivar da responsabilidade ante aos problemas causados ao

meio ambiente e por não haverem até o presente momento encontrado um ponto de equiparação

e referencial quantitativo no que pese sobre o valor dos serviços ambientais, ou seja, efetivar uma

forma de valorar economicamente natureza e os seus serviços e, assim efetivar em definitivo uma

forma racional que expresse a grande importância da biodiversidade.

Pela magnitude da Natureza e do Meio Ambiente, não é possível encontrar um método que

satisfaça e exprima em definitivo a terminologia de valor ambiental, pois, são diversos os

benefícios que a biodiversidade traz para o homem e, em meio ao quantitativo aqui levantado

temos o qualitativo envolvido com as decisões do meio político.

Ao mensurar a ideia econômica ante a natureza, deve-se lembrar que enquanto os

economistas estão habituados a raciocinar em termos de anos, no máximo em décadas, a escala

de tempo da ecologia se amplia para séculos e milênios (SACHS, 2000. p 49), ou seja, a natureza

trabalha em tempo próprio sem ganância e desejo desenfreado do lucro.

Page 45: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

45

A Economia do Meio Ambiente apresenta uma grande diversidade de métodos capazes de

valorar os recursos ambientais existentes, que se diferenciam em diversos aspectos e

classificações, e dessas classificações, não existe uma universalmente aceita.

No gênesis da Economia Ambiental encontramos algumas subdivisões que foram se

modificando até chegar ao que podemos – hoje - inferir como métodos aplicativos para aferir a

valoração da biodiversidade, apontados no Quadro 4.

Quadro 4 - Decomposição do Valor Econômico de um Recurso Ambiental

VALOR ECONÔMICO DO RECURSO AMBIENTAL

VALOR DE USO

VALOR DE USO DIRETO: Apropriação direta de recursos ambientais, via extração, visitação ou outra atividade de produção ou consumo direto.

VALOR DE USO INDIRETO: Benefícios indiretos gerados pelas funções ecossistêmicas

VALOR DE OPÇÃO: Intenção de consumo direto ou indireto do bem ambiental no futuro

VALOR DE NÃO USO

VALOR DE EXISTENCIA: Valores não associados ao consumo, e que referem-se a questões morais, culturais e éticas ou altruístas em relação a existência dos bens ambientais

Fonte: Maia, Romeiro, Reydon (2004)

No tocante ao Quadro 4 pode-se verificar a forma mais simples da apresentação para o

valor econômico do recurso ambiental, como valor de do uso e de não uso.

Nogueira et al. (2000) apresenta a classificação segundo os autores Bateman & Turner

(1992), Hufschmidt et al. (1983) e Pearce(1993), onde expõem que Bateman & Turner (1992)

apresenta uma classificação dos métodos distinguindo-os pela utilização ou não das curvas de

demanda marshalliana ou hicksiana na determinação do valor do ativo, ao passo que Hufschmidt

et al (1983) alimenta a ideia de divisões conformo o acordo com o fato de a técnica utilizar preços

provenientes de diversos mercados e, por fim apresenta Pearce (1993) que defende a existência

de quatro grandes grupos de técnicas de valoração econômica desenvolvidos a um nível

sofisticado. O Quadro 5 aborda de forma resumida os métodos utilizados pelo autores Baterman e

Turner, Hufschmidt et al e Pearce.

Page 46: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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O Quadro 5 Classificação dos métodos de acordo com várias visões

Baterman e Turner (1992) Hufschmidt et al. (1983) Pearce (1993)Abordagens com curva de demanda

1) Método Valoração Contingente 2) Método do Custo de Viagem 3) Métodos dos Preços Hedônicos Abordagens sem curva de demanda 4) Método Dose Resposta 5) Método de Custos de Reposição 6) Método de Custos Evitados

Preços obtidos através de Mercados Reais 1) Valoração dos Benefícios . Ex.: Perda de Salários/ Lucros 2) Valoração de Custos Ex.: Gastos de Reposição Custos de Reposição

Preços obtidos através de Mercados Substitutos 3) Valoração dos Benefícios Ex.: Custos de Viagem Abordagem do Diferencial de Salário Aceitação de Compensação Preços obtidos através de Mercados Hipotéticos 4) Questionamento Direto de DAP Ex.: Jogos de Leilão 5) Questionamento Direto de Escolha de Quantidade (estimar indiretamente a DAP) Ex.: Método de Escolha Sem Custo

Abordagens de Mercado Convencional 1) Abordagem Dose-Resposta 2) Técnicas de Custos de Reposição Funções de Produção Doméstica 3) Gastos Evitados 4) Método dos Custos de Viagem

Métodos de Preços Hedônicos

5) Preços de Casas (ou Terras) 6) Salários pelo Risco

Métodos Experimentais

7) Método de Valoração Contingente 8) Método de Ordenação Contingente (ou de Preferência Estabelecida/fixa)

Fonte: Adaptado de Nogueira et al., 2000.

Conforme o Quadro 5, os autores divergem quanto a forma de uso dos métodos de

valoração, que demonstra a existência de diversas formas de aplicabilidade dos métodos.

No Quadro 6 observa-se os principais métodos de valoração econômica dos ativos e

serviços ambientais e algumas aplicações recentes.

Page 47: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

47

Quadro 6 Os Principais Métodos de Valoração Econômica dos Ativos e Serviços Ambientais

Método Característica Aplicações Recentes Referências

Valoração Contingente

A disposição a Pagar por um

benefício é função de fatores

socioeconômicos

Disposição a pagar pelo uso de hidrogênio como combustível de ônibus coletivo

O’Garra et al. (2007)

Disposição a pagar por energia renovável; Wiser (2007)

Disposição a pagar pela vida selvagem; Ojea e Loureiro (2007)

Valoração dos Recursos do Ecoturismo Lee e Mjelde (2007)

Valor Recreacional de Recife Coral Brander; Beukering e César (2007)

Preço Hedônico

Estima um preço para bens

comercializados no mercado por

atributo ambientais

Efeito de atributos naturais e restrições sobre o valor da conservação

Mashour et al. (2006)

Valoração da qualidade da água Poor. Pessagno e Paul (2007)

Efeito do ruído do tráfego de auto-estrada sobre o preço da terra em área urbana

Kim;Park e Kweon (2007)

Efeito das áreas urbanas sobre o preço da terra; Gao e Asami (2007)

Custo Viagem

Estima valores para serviços

ambientais. A demanda é função

dos gastos de viagem e de

variáreis socioeconômicas

Estimular a perda dos benefícios recreativos por congestão

Timmins e Murdock (2007)

Estimular benefícios recreacionais de recifes de coral

Ahmed et al. (2007)

O impacto econômico do aumento do nível do mar sobre áreas públicas

Wei-Shiuen e Mendelsohn (2006)

Valoração econômica da utilidade turística de recursos naturais

Shrestha; Stein e Clark (2007)

Custo de Viagem

Hedônico

O custo da viagem é função tanto das

características socioeconômicas

como das características do

local

Valoração das Características de um rio Johnstone e Markandya (2006)

Custo da poluição costeira para a renda da comunidade

Hajkowiez (2006)

Estimar ganho econômico com melhoria da qualidade da água

Karousakis; Koudouri e Birol (2006)

Estimar demanda por visitação frente à implantação de facilidades

Hill e Courtney (2006)

Fonte: Gazoni (2007)

Seguindo o poder de observação científica diversos autores buscam na variedade de

métodos de valoração, como demonstra o Quadro 6, a sua aplicabilidade junto a biodiversidade, e

com o aprimoramento do conceito de Desenvolvimento Sustentável, observa-se a dinâmica nos

enunciados, como temos no Quadro 7.

Page 48: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

48

Quadro 7 Métodos de Valoração da Biodiversidade

1) Métodos baseados no Mercado de Bens Substitutos

Método de Custo de Recuperação e/ou Custo

de Reposição

Método de Custo de Controle

Método do Custo de Oportunidade

Método do Custo Irreversível

Método do Custo Evitado

Método de Produtividade Marginal

Método da Produção Sacrificada

2) Métodos de Preferência ReveladaO Método Custo Viagem

O Método de Preço Hedônico

3) Métodos de Preferência DeclaradaO Método de Valoração Contingente

O Método de Conjoint Analysis

4) O Método de Função Efeito

5) Métodos Multicritérios

6) Método de Valoração do Balanço dos Fluxos de Matéria e Energia

Fonte: Adaptado pelo autor de Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010)

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) inserem no meio científico uma nova leitura

concernente aos Métodos de Valoração da Biodiversidade em seis eixos e subdivididos conforme

o Serviço Ambiental a ser estudada pelo mercado, conforme o Quadro 7.

3.1 MÉTODOS BASEADOS NO MERCADO DE BENS SUBSTITUTOS

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) no mercado encontra-se uma interação

de desejos constantes, conjugadas com as necessidades dos produtores e dos consumidores e,

no que pese na a tomada de decisão no mercado, continua o autor a revelar que tanto o Estado e

as organizações do terceiro setor, têm desempenhado um papel importante em defesa das

diversas formas de vida na Terra.

As informações, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), são repassadas

aos agentes de mercado são de grande valia para as tomadas de decisões exauridas pelas as

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organizações, contudo, os ativos da natureza não tem cotação em mercados tradicionais, sendo

comum estimar-se os preços dos recursos por meio de técnicas de mercado de bens substitutos.

Os autores em tela apresentam que os bens substitutos são representados por aqueles

que, havendo um aumento no preço de um bem, acarretam um aumento na demanda de um outro

bem, ou seja, substituto, o consumidor não perde bem-estar em relação ao bem consumido

anteriormente.

3.1.1 Método de Custo de Recuperação e/ou Custo de Reposição

O método de custo de reposição integrante dos métodos de bens substitutos, que consiste,

segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), em se

estimar o custo de repor ou restaurar o recurso ambiental danificado de maneira a restabelecer a qualidade ambiental inicial. Esse método usa o custo de reposição ou restauração como uma aproximação da variação da medida de bem-estar relacionada ao recurso ambiental. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Como exemplo, os autores apresentam que o dispêndio na recuperação da qualidade

ambiental da baía de Guanabara, que foi alterada a partir do derrame de óleo da Petrobrás

ocorrido em janeiro de 2000, que infelizmente deverá ser ultrapassado pelo desastre ecológico

que ocorreu no Golfo do México em 20 de abril de 2010, que perdurará e afetará por muitas

gerações toda humanidade, como se verificará no Anexo I do presente trabalho.

O valor do dispêndio com o tratamento da água e o monitoramento das características

ecológicas da baía, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) pode ser encarado

como uma aproximação, em termos monetários, de uma parcela do custo social imposto pelo

acidente, e, por custo social pode-se inferir a produção pesqueira perdida, a limitação das

atividades recreativas nas praias da região, o mal-estar provocado pelas imagens e notícias do

acidente envolvendo a morte de animais e peixes.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) salientam que o método de custos de

reposição é de fácil aplicação, pois necessita de poucos dados e recursos financeiros, por não

envolver pesquisa de campo, ao passo que Pearce (1993) revela que no custo de reposição ou

restauração de um bem danificado e entende esse custo como uma medida de seu benefício, a

sua estimação utiliza preços de mercado (ou preço-sombra) e, não considera a estimativa da

curva de demanda.

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Além do exemplo ora apresentado, Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) citam os

custos de reflorestamento em áreas desmatadas como outro exemplo para garantir o nível de

produção madeireira, custos de reposição de fertilizantes em solos degradados para garantir o

nível de produtividade agrícola.

E destaca-se que nos Custos de Reposição de Fertilizantes, conforme Marques e

Pazzianotto (2004) associa diretamente alterações na qualidade do ambiente com aquelas

ocorridas na produtividade dos fatores, no produto físico final da atividade econômica, resultando

em modificações nos custos de produção e nas receitas obtidas pelas unidades econômicas que

recebem os impactos ambientais. Portanto, o custo de reposição dos nutrientes perdidos foi

tomado como medida do valor econômico da erosão do solo agrícola.

Marques e Pazzianotto (2004) lembram que diversos autores têm lançado mão do método

do custo de reposição de nutrientes para dar valor à erosão do solo agrícola seja em âmbito

estadual. (Bastos Filho, 1995; Sorrenson & Montoya, 1989), de bacias hidrográficas

(Marques,1998; Michellon, 2002; Ortiz López,1997; Cavalcanti, 1995); ou, simultaneamente, de

propriedades rurais e bacias hidrográficas (Kim & Dixon,1990; Menck, 1993; Toledo, 1997).

Este método considera que as perdas de nutrientes levam à reduções na produtividade,

que podem ser evitadas pela reposição do teor de nutrientes perdidos. Contudo, a reposição, por

meio de fertilizantes industrializados - sulfato de amônio, superfosfato, cloreto de potássio, dentre

outros - resulta em custos adicionais incorridos pelos produtores.

É oportuno observar que não obstante o amplo uso deste método os seus valores refletem

apenas pequena parcela dos danos ambientais causados pela erosão do solo agrícola.

Os nutrientes carreados pela erosão do solo agrícola são repostos pela adição do

correspondente em fertilizantes disponíveis no mercado. A quantidade de cada fertilizante e seu

preço de mercado vão refletir os valores dispendidos, cuja soma representa o valor econômico ou

o custo econômico das perdas de solo.

3.1.2 Método de Custo de Controle

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), apresenta sobre método de custo e controle

está intimamente ligado ao custo de investimento, cuja finalidade é melhorar a capacidade de

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resposta dos ativos naturais em decorrência dos efeitos da degradação, refletindo o investimento

que deve ser feito no presente de modo a garantir o bem-estar das próximas gerações.(MOTA,

BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Para os autores o método vem é aplicado nas análises de tomada de decisão sobre

problemas globais associados com a mudança climática.. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO

JUNIOR, ORTIZ, 2010).

3.1.3 Método do Custo de Oportunidade

O método apresenta, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), o custo do uso

alternativo do ativo natural, ou seja, o preço do recursos natural pode ser estimado a partir do uso

da área não degradada para um outro fim, econômico, social ou ambiental. (MOTA, BURSZTYN,

CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Os autores informam que a

A base de cálculo para o preço do dano é usada como a melhor alternativa para o uso do recurso natural, pois além da perda de renda econômica, há também a restrição ao consumo e à privação de que outras espécies possam usufruir o recurso natural. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), esclarecem que o método é amplamente

aplicado na floresta amazônica, onde o custo de oportunidade é utilizado para estimar a captura

de carbono e conservação da biodiversidade em sistemas de produção da agricultura familiar no

nordeste do estado do Pará. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O método do custo de oportunidade representa o custo associado de uma determinada

escolha medido em termos da melhor oportunidade perdida e o valor que atribuído para uma

alternativa prescindida pela escolha.

O custo de oportunidade está diretamente relacionado com o estudo da escassez.

Ressalta-se que a escassez obriga a sociedade a efetuar decisões singulares sobre

determinados bens da vida e, portanto, implica a existência de um custo de oportunidade.

O custo de oportunidade é visível em situações de escolha entre consumo presente e

consumo futuro.

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3.1.4 Método do Custo Irreversível

Os autores Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que o método do custo

irreversível é utilizado para estimar o custo do recurso natural quando acordado o entendimento

sobre a despesa realizada no meio ambiente é irrecuperável.

E ambiente irrecuperável temos que:

um custo irreversível não pode ser considerado no processo de decisão empresarial, pois a atividade empresarial tem como pressuposto a geração de lucro e a cobertura tempestiva de custos, mas com o advento da causa ambiental esses custos tem sido considerados no processo de gestão, já que em muitos casos o mais importante é investir o ambiente degradado, independentemente se o ativo natural irá proporcionar retorno econômico. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O método, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) segue utilização nas

mãos dos agentes públicos quando o interesse de governo é o de recompor o ambiente

degradado ou no caso de iniciativas proporcionadas por agentes privados em sinal de

benevolência ou compromisso com a causa ambiental.(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR,

ORTIZ, 2010)

3.1.5 Método do Custo Evitado

Segundo Pearce (1993) a ideia subjacente ao MCE é de que gastos em produtos

substitutos ou complementares para alguma característica ambiental podem ser utilizados como

aproximações para mensurar monetariamente a percepção dos indivíduos das mudanças nessa

característica ambiental.

O método do custo evitado segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) segue

para para se estimar os gastos que seriam incorridos em bens substitutos para não alterar a

quantidade consumida ou a qualidade do recurso ambiental analisado.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) refinam a ideia de que:

o bem de mercado, substituto do recurso ambiental, não deve gerar outros benefícios ao indivíduos além de substituir o recurso ambiental analisado e deve ser um substituto perfeito do recurso ambiental, por exemplo, o custo com a

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compra de água potável quando o consumo da água de estuário é prejudicado por poluição. No caso da biodiversidade, poderia valorar o uso de uma erva medicinal para curar uma dor de cabeça, baseado no preço de um medicamento alopático (tylenol, aspirina), que não seria necessário comprar se tivesse acesso a um recurso da biodiversidade local. Este método não estabelece uma preferência, mas uma simples metáfora que pode suprir a necessidade de caracterizar o valor de bens ambientais que pode ser utilizada para auxiliar a tomada de decisões. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O Método dos Custos Evitados ou Induzidos (MCEI), para Mota, Bursztyn, Cândido Junior,

Ortiz (2010) é utilizado sempre que não for possível obter-se base monetária e, por consequência,

tem-se que se basear em padrões aceitáveis de medidas físicas, em informações científicas e

técnicas sobre os efeitos ambientais.

Por meio dos procedimentos e informações empíricas é possível identificar a disposição a

pagar e, assim, incorrer em custos para erradicar ou reduzir os feitos ao meio ambiente. As

atividades antrópicas apresentam ampla variedade de impactos sobre a Natureza, e as

modificações ambientais decorrentes implicam em custos.

E segundo SANTOS (2000) pode ser calculado pela expressão:

V(MCEI) = Σni=j (Ci) K

Onde, V (MCEI) é o valor econômico do método dos custos evitados ou induzidos, C

representa os custos incorridos para repor o dano das queimadas, i representa o tipo de custo e K

representa o meio natural afetado.

3.1.6 Método de Produtividade Marginal

Os autores Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que o método em tela é

aplicado quando o

recurso natural analisado é fator de produção ou insumo na produção de algum de bem ou serviço comercializado no mercado, ou seja, este método visa achar uma ligação entre uma mudança no provimento de um recurso natural e a variação na produção de um bem ou serviço de mercado.(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Os autores exemplificam da seguinte forma:

os custos e os níveis de produção de alguns produtos agrícolas poder ser afetados pela redução da qualidade do solo – propriedades físicas e químicas – afetado pelo aumento da poluição atmosférica. Os efeitos dessa mudança nos custos e na quantidade da produção agrícola serão observados pelo mercado. Uma vez identificada variação na produção provocada pela variação na qualidade ambiental do solo – que por sua vez foi afetada pelo recurso ambiental poluição atmosférica

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-, pode-se utilizar o preço de mercado do produto agrícola em análise e a quantidade que deixou de ser produzida para obter uma parcela do dano ambiental causado pala poluição atmosférica. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

3.1.7 Método da Produção Sacrificada

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) a Teoria do Capital Humano supõe que

uma vida perdida representa um custo de oportunidade para a sociedade equivalente ao valor

presente da capacidade de gerar renda deste indivíduo. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR,

ORTIZ, 2010).Os autores, lembram que no

caso de morte prematura, este valor presente representaria a renda ou a produção perdida. Esta abordagem também pode ser utilizada em casos onde há riscos ambientais associados à saúde humana que não necessariamente levem à morte de indivíduos da população afetada. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

E, exemplificam Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) da seguinte forma:

quando indivíduos afetados pela poluição do ar ou da água ficam doentes estima-se uma aproximação de preços desses danos à saúde (morbidade) por meio da produção sacrificada desses indivíduos no mercado de trabalho. Este método é criticado, pois além da elevada sensibilidade a taxas de desconto, em geral é aplicado com dados demográficos, consequentemente usa valores médios e não considera as preferências das pessoas e suas percepções de risco ambiental. Um outro exemplo é o caso da produção sacrificada dos motoristas que trafegam nas rodovias federais brasileiras conduzindo cargas com produtos químicos. Os acidentes de trânsito envolvendo cargas químicas perigosas têm sido mais frequentes e conduzido a óbito muitos motoristas, os quais deixam de contribuir em termos econômicos pra a formação do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB). (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Assim, denota-se que o método de produção sacrificada é utilizado quando os efeitos

ambientais são localizados ou individualizáveis, podendo-se medir diretamente o valor de seus

impactos negativos em termos de produção sacrificada ou perdida, e, Vale ressaltar que este

método não incorpora os custos associados a questões intertemporais, que se refiram, por

exemplo, à disponibilidade de recursos naturais para as gerações futuras.

Para Motta (2002) a quantificação monetária dos impactos ambientais é complexa e

depende da aplicação adequada dos métodos da função de produção (produção sacrificada ou

custos evitados), onde o recurso ambiental é um insumo de um bem ou serviço privado.

Sobre a disponibilidade do recurso ambiental, Motta (2002) afirma que é afetada (para

melhor ou pior, tanto em termos quantitativos como em qualidade) e isso ocorre com um impacto

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na produção do bem ou serviço privado, ou seja, se o impacto altera a quantidade produzida do

bem privado, o valor econômico desse impacto pode ser mensurado pela variação de receita

líquida (receita bruta menos custos de produção ou excedente do produtor) desta alteração de

produção.

3.2. MÉTODOS DE PREFERÊNCIA REVELADA

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que a Teoria do Comportamento do

Consumidor, se fundamenta nas escolhas dos consumidores nos mercados econômicos.

O núcleo conceitual da Teoria do Consumidor é o princípio de que a decisão dos agentes

econômicos resulta de uma comparação entre o benefício da sua ação (i.e., o ganho de bem-estar

que origina) com o custo de a implementar (i.e., o dispêndio de recursos escassos disponíveis):

La Nature a placé l’Humanité sous le gouvernement de deux souverains maîtres, la douleur e le plaisir [...]. Par principe d’utilité, on entend ce principe qui approuve ou désapprouve chaque action, quelle qu’elle soit, en fonction de la tendance qu’elle paraît avoir à augmenter ou diminuer le bonheur de la partie dont l’intérêt est en cause. (COSTA VIEIRA, 1997 apud JEREMY BENTHAM, 1789)

O filósofo Bentham (1748-1832), seguido por John Stuart Mill (1806-73) e James Mill

(1773-1836), teorizou e difundiu o utilitarismo como o fundo ético do Homem que responde a

todas as questões acerca do que fazer, do que admirar e de como viver, em termos da

maximização da felicidade individual sob restrição do permitido pela sociedade. Assim, insere-se

num movimento filosófico de libertação do Homem da esfera do sagrado (i.e., da moral cristã).

O princípio da otimização resulta diretamente da teoria da Seleção Natural de Charles

Darwin (1859): os indivíduos mais optimizadores têm maior probabilidade de sobreviver, de ter

filhos e de transmitir essa ética aos seus filhos (e concidadãos).

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) assinalam que

podem ser classificados em dois métodos distintos: o método do custo viagem ( o qual avalia o comportamento do consumidor por recreação em ativos naturais) e o método de preço hedônico ( que se refere a uma curva de demanda por residências ou salários em decorrência de atributos ambientais e/ou socioeconômicos) (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

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56

3.2.1 Método Custo Viagem - MCV

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que em 1949, o economista

americano Harold Hotelling por meio intermédio de uma carta ao diretor do Serviço Nacional de

Parques dos Estados Unidos, sugeriu que:

os custos incorridos pelos visitantes dos parques poderiam ser usados como uma medida de valor de uso recreativo dos parques poderiam ser usados como uma medida de valor de uso recreativo dos parques visitados. Esta foi a ideia original do método de custo viagem.(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Os autores afirmam que o método de custo viagem estima o preço de uso de um ativo

ambiental por meio da análise dos gastos incorridos pelos visitantes ao local de visita.

O método utiliza questionários que segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010)

são aplicados a uma amostra de visitantes do lugar para coletar dados sobre a origem do

visitante, seus hábitos e gastos associados à viagem.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que o método de custo viagem é

utilizado na abordagem por zona ou na abordagem individual.

A abordagem por zona do método de custo viagem, para Mota, Bursztyn, Cândido Junior,

Ortiz (2010) se caracterizam pela hipótese de homogeneidade entre os indivíduos moradores de

uma mesma região ou zona, ou seja, os visitantes de um lugar de recreação tem as mesmas

características socioeconômicas que um visitante padrão ou médio oriundo da mesma zona. Com

os dados disponíveis, estima-se uma curva de demanda por visitas recreativas relacionando-se os

custos médios de viagem por zona e as variáveis socioeconômicas com as taxas de visitas por

zona.

Com a caracterização da curva de demanda por visitas recreativas, Mota, Bursztyn,

Cândido Junior, Ortiz (2010) ensinam que é necessário calcular o excedente do consumidor obtido

no período estudado.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que

Algumas hipóteses implícitas ao modelo de custo de viagem por zona devem ser discutidas. Admite-se que os indivíduos residentes em zonas mais distantes do sítio recreativo visitam menos este local, não havendo a possibilidade de troca entre número de visitas e estadias mais prolongadas no local de recreação. Na abordagem individual do método de custo de viagem estima-se uma curva de demanda por visitas ao recurso analisado a partir do custo de viagem de cada indivíduo – variável preço – e do número de visitas que cada indivíduo realizou no período analisado - variável quantidade. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR,

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ORTIZ, 2010).

Existem vários problemas associados com a aplicação do método de custo viagem, por

exemplo, merecem atenção a questão do destino múltiplo na mesma viagem; o tratamento do

custo de oportunidade de tempo gasto para uma visita recreativa; a escolha de sítios substitutos

ao local analisado; o tratamento do congestionamento como atributo de qualidade do sítio

estudado e a forma funcional da curva de demanda por visita recreativa.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que a partir da demanda, é possível

estimar a elasticidade-preço da demanda por visitas recreativas.

Os autores lembram que com aplicação em recreação, Strong (1983) usou este método

para estimar os benefícios proporcionados por locais de pesca desportiva no estado americano do

Oregon. No Brasil, Grasso et al. (1995) utilizaram o custo viagem para avaliar os benefícios de

visitantes aos manguezais das cidades paulistas de Cananéia e Bertioga.

Segundo Pearce (1993), a ideia do MCV é que os gastos efetuados pelas famílias para se

deslocarem a um lugar, geralmente para a recreação, podem ser utilizados como uma

aproximação dos benefícios proporcionados por essa recreação.

O método estimaria a demanda por um ativo ambiental, podendo a curva de demanda ser

construída com base nos custos de viagem ao ativo ambiental (incluindo-se gastos no preparativo

e durante a estada no local).

Através de entrevistas realizadas no próprio local, com a amostra selecionada, é possível

levantar informações sobre os custos da viagem e outras variáveis socioeconômicas que possam

ser úteis para a determinação da demanda do indivíduo pelo ativo ambiental.

Dessa forma, tem-se que:

Qi = f (CV, X1, …, Xn), onde:

Qi é a quantidade de visitas mensais ao bem ambiental; CV é o custo médio de viagem

(deslocamento, entrada, etc); os Xs serão utilizados para representar as variáveis

socioeconômicas como a renda mensal do indivíduo e seu nível de escolaridade; outros fatores

como a distância da residência do indivíduo até o ativo ambiental e o tempo médio gasto no

percurso também devem ser considerados.

A parte operacional se faz através de regressão múltipla para estimar a curva de demanda

por visitas a partir de uma função de geração de viagens.

A partir da curva de demanda estimada, pode-se estimar os benefícios gerados pelo ativo

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ambiental aos seus visitantes, através da variação do excedente do consumidor marshalliano,

dado por:

EC = P∫CV f' ά CV

Onde p é o valor da taxa de admissão de entrada no parque (p=0 caso a entrada seja

gratuita).

Segundo Nogueira et al. (1997), os problemas básicos do MCV vão desde a escolha da

variável dependente para estimar a regressão até o cálculo dos custos de distância e valoração

do tempo. Além disso, o método não contempla custos de opção e existência, adaptando apenas

os valores de uso direto e indireto associados à visita ao ativo ambiental.

3.2.2 Método de Preço Hedônico

O hedonismo é uma corrente filosófica ou doutrina que considera que o prazer individual e

imediato é o único bem possível e princípio e fim da vida moral.

Conforme os ensinamentos de Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) o

método de preço hedônico estima um preço implícito com base em atributos ambientais característicos de bens comercializados em mercado, por meio da observação desses mercados reais nos quais os bens são efetivamente comercializados. Os dois principais mercados hedônicos são o mercado imobiliário (métodos de valor de propriedade) e o mercado de trabalho (método de salário de compensação).(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ , 2010)

Primeiramente, estima-se uma função de preço hedônico, onde o valor do bem de

mercado é a variável dependente e as variáveis explicativas são as características que

determinam este preço, incluindo-se a característica ambiental a ser analisada.

Em seguida calculam-se preços implícitos para a variável ambiental de interesse,

finalmente estimados a curva de demanda pelo recurso ambiental empregando-se os preços

marginais calculados a partir da função hedônica, em uma estimativa da função de disposição

marginal a pagar.

Algumas hipóteses são implícitas ao método de preço hedônico, destacando-se que os

indivíduos podem perceber mudanças na qualidade ou quantidade ofertada do atributo ambiental

e que o mercado analisado é competitivo, esta em equilíbrio e existe informação perfeita. A fim de

avaliar o efeito da poluição do ar em cidades selecionadas nos EUA, Pearce e Makandya usaram

este método para estimar os preços de residências em função do aumento dos níveis de enxofre.

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59

A base desse método é a identificação de atributos ou características de um bem

composto privado cujos atributos sejam complementares a bens ou serviços ambientais. O preço

de propriedades é o exemplo mais associado à valoração ambiental.

Este método permite avaliar o preço implícito de um atributo ambiental na formação de um

preço observável de um bem composto.

Seja P o preço de uma propriedade, expresso da seguinte forma: i = f (aij, aij,..., Ei)

Onde aj representa os vários atributos da propriedade i e Ei representa o nível do bem ou

serviço ambiental E associado a esta propriedade i.

De acordo com a função, o preço implícito de E, pe, será dado por α Pi

αQi

Assim, Pe será uma medida de disposição a pagar por uma variação de E.

Este método capta apenas os valores de uso direto, indireto e de opção, não considerando

os valores de não uso.

Em visão direta o Método dos Preços Hedônicos (MPH) Tem como base a identificação de

atributos ou características de um bem composto privado, cujos atributos sejam complementares

a bens ou serviços ambientais. Identificando esta complementaridade, é possível mensurar o

preço implícito do atributo ambiental no preço de mercado quando outros atributos são isolados

(MOTTA, 1998). Este método permite avaliar o preço implícito de um atributo ambiental na

formação de um preço observável de um bem composto.

Como este método não capta os valores de existência, mas sim os de valor de uso direto e

indireto e o de opção, necessário se faz aplicar o método de valoração contingente.

3.3. MÉTODOS DE PREFERÊNCIA DECLARADA

Os métodos de preferência declarada baseiam-se nas preferências dos consumidores ou

usuários de recursos naturais, e utilizam mecanismos de eliciar escolhas por meio de técnicas de

questionários.

E compõem a sistemática dos métodos de preferência declarada os métodos: valoração

contingente é usado para eliciar escolhas a partir do desenho de um mercado hipotético; Conjoint

Analisys é útil para avaliar escolhas relativas do consumidor a partir de uma função utilidade

ponderada; analise de correspondência descreve relações entre duas variáveis nominais em uma

tabela de correspondência e, o método de Regressão de Poisson, que é usado para se estimar o

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valor esperado de uma função quando a variável dependente assume uma pequena quantidade

de valores, é não negativo e se refere a uma contagem.

3.3.1 Método de Valoração Contingente

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) o Método de Valoração Contingente

(MCV),

consiste na utilização de pesquisas amostrais para identificar, em termos monetários, as preferências individuais em relação a bens que não são comercializados em mercados. São criados mercados hipotéticos do recurso ambiental – ou cenários envolvendo mudanças no recurso – e as pessoas expressam suas preferências de disposição a pagar para evitar a alteração na qualidade ou quantidade do recurso ambiental. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ,2010)

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) ensinam que pode-se perguntar ao indivíduo

sobre a sua Disposição a Aceitar (DAC) alterações no recurso ambiental.

Segundo os autores não existem diferenças (em teoria) ao eliciar a DAC ou a DAP, mas,

na prática, quem tem a opção de receber sempre a valoriza mais do que quem teria de pagar.

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) na

estimação da DAP e da DAC um dos métodos utilizados e o de Valoração Contingente, o qual desempenha um mercado hipotético para a provisão de um recurso natural a partir do esboço de cenário ambiental, no qual estão citadas as condições de preservação desse recurso e as consequências da degradação ambiental. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Este é o único método capaz de captar os valores existenciais dos recursos naturais,

portanto é o mais adequado para avaliar monetariamente os valores dos ecossistemas conforme

as preferências dos indivíduos. No entanto, par que a avaliação contingente produza resultados

confiáveis é necessária a formulação criteriosa da metodologia da pesquisa e dos questionários a

serem aplicados.

A aplicação da técnica da valoração econômica na busca de estimar qual o valor

econômico do bem a ser recuperado, os entrevistados terão acesso a uma ferramenta de

pesquisa inovadora e que procura atribuir um valor financeiro a algo subjetivo.

E, assim junto com o tema a ser abordado por meio do questionamento da disponibilidade

a pagar pela recuperação de um bem ambiental, surgirá imprescindivelmente dúvidas relativas ao

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61

valor do ar que se respira, da vegetação próxima à residência de cada entrevistado e, ainda, da

preservação ou recuperação de determinado rio ou córrego da cidade.

A metodologia utilizada para a análise dos problemas existentes em determinado objeto de

estudo permite a identificação das preferências e expectativas da população. Esse procedimento

proporciona, assim, um maior envolvimento da população ao longo do processo de elaboração da

proposta definitiva de recuperação do local, importante fator quando se trata de empreendimentos

relacionados à ocupação do solo urbano.

Com isso, reforça-se a fundamentação teórica que aponta a valoração econômica como

um importante instrumento de auxílio ao processo de tomada de decisões no momento da

definição de políticas públicas ambientais e de desenvolvimento sustentável.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) esclarecem que há vários problemas

metodológicos relacionados ao método de valoração contingente onde, o viés estratégico esta

relacionado fundamentalmente à percepção dos entrevistados acerca da obrigação de pagamento

e às perspectivas quanto à provisão do recurso em questão. O viés hipotético esta relacionado

com o comportamento dos indivíduos, que podem entender que não pagarão, visto que se trata

apenas de simulações. O viés da informação refere-se à interferência da informação fornecida no

cenário hipotético na resposta recebida e o viés do entrevistador está relacionado à forma como

ele se comporta. O viés do instrumento de pagamento existe quando os indivíduos não são

totalmente indiferentes em relação ao veículo de pagamento associado à disposição a pagar. Com

o intuito de propor procedimentos e técnicas econométricas que tratem o máximo de vieses e,

assim, dar maior credibilidade ao método de valoração contingente, o governo dos EUA organizou

o Painel NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) em resposta ao derramamento

de óleo do pretroleiro Exxon Valdez, no Alasca, o governo norte-americano aplicou o método de

valoração contingente com o objetivo de avaliar os danos e obrigar a Exxon Corporation a

indenizar suas vitimas.

Esse método é o mais usado de todas as metodologias referenciadas pela literatura de

valoração, pois já somam mais de 2.000 pesquisas publicadas. O instituto de Pesquisa Florestal

da Dinamarca patrocinou um estudo, o qual foi conduzido por Dubgaard, 1998, cujo objetivo era

avaliar a disposição dos residentes naquele país em pagar para terem acesso às florestas da

Dinamarca. Hinman realizou um estudo para analisar o quanto às família de Washington, Oregon,

Idaho e parte de Montana estavam dispostas a pagar para evitar a produção de energia específica

(construção de hidroelétrica, exploração de combustíveis fósseis e usinas nucleares).

Foi originalmente proposto por Davis em 1963 num estudo relacionando economia e

recreação. Esse método consiste na ideia básica de que as pessoas têm diferentes graus de

Page 62: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

62

preferência ou gostos por diversos bens ou serviços e isso se manifesta quando elas vão ao

mercado e pagam quantias específicas por eles (Nogueira et al. , 1998).

O MVC (Método de Valoração Contingente) se baseia na construção de um mercado

hipotético, buscando através de entrevistas (surveys) pessoais, captar a disposição a pagar –

DAP (ou a disposição a aceitar - DAC) face a alterações na disponibilidade de recursos

ambientais, e dessa forma é o único método capaz de estimar o VET, ou seja, além de calcular os

valores de uso e opção, o faz também com o valor de existência.

O Manual para Valoração Econômica de Recursos Ambientais elaborado pelo Ministério do

Meio Ambiente (MMA, 2002) descreve os estágios para a aplicação do MVC da forma como se

segue:

No 1º estágio define-se a pesquisa e o questionário, determinado-se: a) o objeto de

valoração; b) a medida de valoração; c) a forma de eliciação; d) O instrumento de pagamento; e) a

forma da entrevista; f) O nível de informação; g) os lances iniciais; h) pesquisas focais e i) o

desenho da amostra. O 2º estágio consiste na realização da pesquisa piloto e pesquisa final, no

cálculo da medida monetária e na agregação de resultados.

Trabalhos que utilizam o MVC têm sido feitos há mais de 35 anos, havendo mais de dois

mil artigos e estudos relacionados com o assunto (Santana e Mota, 2004). Também teve sua

capacidade de ser o único método capaz de captar o valor de existência reconhecida pelo Painel

do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).

Segundo Ribeiro (1998), apesar de sua importância como linha de pesquisa e sua

utilização cada vez mais difundida constitui-se num objeto de várias críticas e objeções no que se

refere ao contexto de mercado hipotético em que se dá sua aplicação, podendo, dessa forma,

originar dados que não reflitam a verdadeira ordenação de preferências e disposição a pagar do

indivíduo.

As principais razões de erro do método são denominadas vieses. Segundo Drumond e

Fonseca (2003), os principais vieses seriam o viés hipotético, o viés do subdesenvolvimento, o

viés estratégico, o viés da influência da informação, o viés do ponto de partida, o viés da parte-

todo e o viés do entrevistado-entrevistador.

Michell e Carson (1989) apontaram doze vieses que podem ocorrer em estudos de

valoração contingente, que podem ser originados: a) incentivo indevido para desvirtuar a DAP, b)

incentivo indevido para responder ao questionário, c) má especificação do cenário, d) amostra

inadequada e agregação incorreta dos benefícios.

Pearce e Turner (1990) citam como os principais vieses o viés estratégico, o viés do

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desenho do questionário (que origina três tipos de vieses: do ponto de partida, do veículo e

informativo), o viés hipotético e o viés operacional.

Os vieses podem interferir no processo de valoração, bem como podem ser minimizados

com o desenho do questionário e da amostra. No estudo dos métodos de valoração encontramos

usualmente os viés apresentados no Quadro 8.

QUADRO 8 Viés usualmente encontrados nos Métodos de Valoração

VIÉS DESCRIÇÃO

Viés de informaçãoresponsável pela filtragem e qualificação da informações que podem

oferecer uma tendência a DAP para algum lado

Viés da obediência ou caridade (warm-glow)

reportam aos valores quer altos ou baixos que manifestam a aprovação

ou rejeição da DAP

Viés da aceitabilidade o entrevistado responde positivamente mesmo que não deseja ou esteja

disposta a pagar o valor pré-estabelecido;

Viés de encrustamento são contribuições maiores que deveriam ser separadas para programas

mais amplos de preservação, porém nesses casos a DAP não é sensível

à escala utilizada;

Viés estratégico está ligado a percepção do entrevistado acerca da obrigação de

pagamento e com os desejos e perspectivas quanto à provisão do bem;

Viés do ponto inicial (ou encoramento)

abordam os valores iniciais de um formato que podem influenciar a

valoração final;

Viés da rejeição dizem respeito as respostas negativas quando na verdade aceitariam a

DAP

Viés hipotéticoo MAC esta baseado em mercados hipotéticos que pode levar a valores

que não refletem a real preferência

Viés parte-todo (embedding / mental account)

diz respeito a soma das valorizações parciais que geram um domínio

sobre o todo;

Viés de localização reporta a distância do recurso ambiental que afeta a DAP da pessoa;Fonte: Adaptado de Silva(2003)

Para que a aplicação do método minimize seus vieses, alguns cuidados devem ser

tomados quando da preparação, aplicação e tabulação de dados obtidos através dos

questionários.

Além dos métodos citados, outro método vem sendo utilizado para valorar perdas

referentes à degradação ambiental: o da Produção Sacrificada.

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Mac-Knight e Young (2006) estimaram monetariamente as perdas geradas pelos danos na

saúde humana causados pela poluição atmosférica no estado de São Paulo. Para tanto, utilizaram

os dias de trabalho perdido pela morbidade e o gasto hospitalar.

Com o exposto temos que Método da Valoração Contingente (MVC) fundamenta-se em

valores com base unicamente na satisfação de garantir a existência do recurso, não associado ao

seu uso. Os indivíduos revelam valores de bens sem preços, em um mercado hipotético.

As medidas de disposição a pagar (DAP) e aceitar (DAA), relativas a alterações da

disponibilidade de um recurso ambiental (Q), mantêm o nível de utilidade inicial do consumidor. O

método de valoração contingente estima os valores de DAA e DAP, através de pesquisa de

campo, simulando mercados, uma vez que o nível de utilidade ou de bem-estar do consumidor

não é observável diretamente.

SANTOS (2000), em seu projeto de mestrado, apresentou a seguinte expressão para

calcular a valoração de queimadas em Mato Grosso:

VC = [ ni=jΣ Vi P ]

n

Onde (VC) representa o valor contingente atribuído ao bem ambiental; (V) representa o

valor atribuído por cada indivíduo questionado; (n) representa a quantidade de indivíduos

questionados; (P) representa a quantidade de indivíduos potenciais a usufruírem o bem ambiental

e, (i) representa os indivíduos questionados.

3.3.2 Método de Conjoint Analysis

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) alertam que no método de conjoint analysis,

ou de análise conjunta, os indivíduos recebem um conjunto de carões, cada qual descrevendo

uma situação diferente ou de alternativas hipotéticas com respeito ao recurso ambiental, e outras

características que seriam argumentos na função utilidade do entrevistado. Como, por exemplo, o

nível de congestionamento e a taxa de admissão de um parque..

As pessoas são chamadas a organizar seus cartões em ordem de preferência e os valores

relativos aos recursos podem ser inferidos a partir de um ranqueamento, utilizando-se as taxas

marginais de substituição entre qualquer das características e o recurso ambiental. Se algum dos

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outros bens ou características tiver preço de mercado, então é possível calcular a disposição a

pagar do entrevistado pelo recurso ambiental. Esse método é aplicável em situações onde o

cenário hipotético poderia ser pouco compreendido pelos entrevistados – comunidades com

pouca ou nenhuma inserção na economia de mercado, como indígenas, por exemplo. A lógica

para sua utilização é que as pessoas teriam mais facilidade em expressar suas preferências por

meio da ordenação de bens e serviços usuais nos seus cotidianos do que em termos monetários.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que no estudo de Baarsma (2003)

descreve a aplicação de conjoint analysis nos Países Baixos, cuja área é uma reserva natural que

foi degradada logo após a construção de um novo conjunto residencial. O objetivo é avaliar os

valores da área verde e de recreação a partir das preferências, de respondentes, os quais fizeram

as suas opções com base em cartões de escolha.

Temos assim que as técnicas de Conjoint Analysis ou de avaliação conjunta são

usualmente elaboradas sobre alternativas multi-atributos e aplicadas nas pesquisas das diversas

áreas (KURYAMA, TAKEUCHI e WASHIDA, 1999) lembrando que esse método é oriundo do

marketing e em estudos de transporte, que complementam o tradicional e conhecido método de

valoração contingente.

3.3.3 Método de Análise de Correspondência

Análise de Correspondência é um método de análise fatorial para variáveis categóricas.

Foi primeiramente utilizada, por Fisher (1940) para a análise de tabelas de contingência e a seguir

foi difundida na França por Benzecri (1969). Nessa análise, uma decomposição dos dados é

obtida para se estudar a estrutura dos dados sem que um modelo seja hipotetizado ou que uma

distribuição de probabilidade tenha sido assumida.

O objetivo principal é a representação ótima da estrutura dos dados observados. Assim

sendo, as conclusões obtidas não podem ser generalizados para a população, embora vem sendo

feito na prática. Outro aspecto, discutido por Von Der Heizden et all (1989), é que a análise de

correspondência, geralmente, é introduzida sem qualquer tratamento estatístico prévio, para

dados categóricos, o que prova sua utilidade e flexibilidade. É também, um meio de criar

configurações representando as linhas da tabela por pontos no espaço, tal que a distância

Euclidiana entre os pontos na configuração seja igual a distância qui-quadrado calculadas entre

as linhas da tabela.

Para enfatizar as diferenças numa tabela de contingência, Krzanowski (1993) sugeriu a

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utilização da análise procrustes na identificação de quais colunas ou variáveis do conjunto mais

contribuem. Nessa análise, procura-se o subconjunto de variáveis que melhor represente a

estrutura das variáveis originais medindo a importância de cada variável. Para proceder a análise

procrustes, cada coluna da matriz de dados é omitida, uma de cada vez, e uma nova configuração

de linhas é obtida para o novo conjunto de dados. Cada uma das novas configurações linhas é

comparada com a configuração de referência por translação, rotação e reflexão e a soma de

quadrado residual, procrustes, M2 é calculada.

O conjunto resultante de valores M2, apresenta um ranking da importância de cada coluna.

Nesse trabalho, será dado ênfase ao aspecto computacional da aplicação da analise procrustes

para a criação do ranking de importância para as colunas (variáveis) de uma tabela de

contingência. Serão utilizados dois exemplos, retirados de Krzanowski (1993) e será apresentado

o algoritmo utilizado para a solução. Essas análises, acima propostas, envolvem a utilização de

complicados algoritmos computacionais, requerendo o conhecimento de uma linguagem

computacional para a elaboração de uma rotina que solucione o problema. Para a análise dos

dados, foi construído um algoritmo utilizando os procedimentos do programa estatístico SAS.

3.3.4 Método de Regressão de Poisson

Em estudos epidemiológicos, os modelos frequentemente utilizados são os modelos

estatísticos e analíticos que, segundo Conceição et al. (2001, p. 207), constituem ferramentas

extremamente úteis para resumir e interpretar dados. Em particular, estes modelos podem facilitar

a avaliação da forma e da intensidade de associações de interesse em estudos epidemiológicos.

O modelo estatístico utilizado na análise da relação entre a poluição atmosférica e o

impacto na saúde é a análise de regressão, pois é uma ferramenta útil para avaliar a relação entre

uma ou mais variáveis explicativas (variáveis independentes, preditoras ou covariáveis) (x1, x2, ...,

xn) e uma única variável resposta (variável dependente, prevista) (y) (MARTINS, 2000).

A análise de regressão que envolve apenas uma variável explicativa é chamada de

regressão simples, enquanto a análise envolvendo duas ou mais variáveis explicativas é

denominada regressão múltipla (HAIR jr. et al., 2005).

A regressão linear múltipla é dada por (Equação 1): y = β0 +β1x1+ β2x2 +...+ βnxn + ε

onde y é a variável resposta e xi (i = 1, 2, ..., n) são as variáveis explicativas. β0 representa o valor

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de y quando as variáveis explicativas são nulas, os termos βi são chamados de coeficientes de

regressão e o resíduo (ε) é o erro de previsão, ou seja, a diferença entre os valores reais e os

previstos da variável resposta, que é assumido normalmente distribuído com média zero e

variância σ2 (HAIR Jr. et al., 2005).

O objetivo da análise de regressão linear múltipla, assim como de todos os tipos de

regressão, é encontrar uma equação (chamada de equação de regressão, variável estatística de

regressão ou modelo de regressão) que prevê de maneira melhor a variável resposta a partir de

uma combinação das variáveis explicativas, ou seja, deseja-se encontrar os valores dos β's que

melhor se ajustem aos dados do problema (HAIR Jr. et al., 2005).

Encontrados os β's, é necessário validar o modelo de regressão, que consiste em verificar

se sinais e magnitude dos coeficientes fazem sentido no contexto do fenômeno estudado, que

pode ser feito através do teste t de Student como será apresentado na análise dos resultados

(WERKEMA; AGUIAR, 1996).

Nem sempre é possível aplicar um modelo de regressão linear em estudos

epidemiológicos, como por exemplo, estudos sobre o impacto da poluição atmosférica na saúde

populacional, devido ao caráter não linear da variável resposta. Nestes casos, geralmente

utilizam-se as classes de modelos que oferecem uma poderosa alternativa para a transformação

de dados, chamadas de modelos lineares generalizados (MLG) e modelos aditivos generalizados

(MAG) (SCHMIDT, 2003).

Os modelos lineares generalizados (MLG) representam a união de modelos lineares e não-

lineares com uma distribuição da família exponencial, que é formada pela distribuição normal,

Poisson, binomial, gama, normal inversa e incluem modelos lineares tradicionais (erros com

distribuição normal), bem como modelos logísticos (SCHMIDT, 2003).

Desde 1972, inúmeros trabalhos relacionados com modelos lineares generalizados foram

publicados, resultando em diversas ferramentas computacionais, como por exemplo, GLIM

(Generalized Linear Interactive Models), S-Plus, R, SAS, STATA e SUDAAN, bem como extensões

desses modelos (PAULA, 2004).

Os MLG são definidos por uma distribuição de probabilidade, membro da família

exponencial de distribuições, e são formados pelas seguintes componentes (McCULLAGH;

NELDER, 1989; TADANO et al., 2006a):

• Componente aleatória: n variáveis explicativas y1, ..., yn , de uma variável

resposta que segue uma distribuição da família exponencial com valor esperado E

(yi) = µ;

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η = β0 +β1x1+ β2x2 +...+ βnxn

• Componente sistemática: compõe uma estrutura linear para o modelo de

regressão η = βxT , chamado de preditor linear, onde xT = (xi1, x12, ..., xip)T , i =

1, ..., n são as chamadas variáveis explicativas; e Função de ligação: Uma função

monótona e diferenciável g, chamada de função de ligação, capaz de conectar as

componentes aleatória e sistemática, ou seja, relaciona a média da variável

resposta (µ) à estrutura linear, definida nos MLG por g(µ) = η, onde (TADANO,

2007) (Equação 2).

Dentre as famílias dos MLG, a mais utilizada em estudos sobre o impacto da poluição

atmosférica na saúde é a de Poisson (CONCEIÇÃO et al., 2001; MARTINS, 2000; TADANO,

2007; TADANO et al., 2006b).

O modelo de regressão de Poisson tem por característica a análise de dados contados na

forma de proporções ou razões de contagem, ou seja, leva em consideração o total de pessoas

com uma determinada doença (McCULLAGH; NELDER, 1989).

O modelo de regressão de Poisson é um tipo específico dos MLG e MAG que teve origem

por volta de 1970, quando Wedderburn (1974) desenvolveu a teoria da quasi-verossimilhança,

analisada com mais detalhes por McCullagh (1983).

A variável resposta de uma regressão de Poisson deve seguir uma distribuição de Poisson

e os dados devem possuir igual dispersão, ou seja, a média da variável resposta deve ser igual à

variância. Entretanto, conforme Ribeiro (2006), quando se trabalha com dados experimentais, esta

propriedade é frequentemente violada. Assim, pode-se ter uma superdispersão quando a

variância é maior que a média; ou uma subdispersão quando a variância é menor que a média

(SCHMIDT, 2003). Nestes casos, ainda é possível aplicar o modelo de regressão de Poisson

realizando-se alguns ajustes.

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69

3.4 O MÉTODO DE FUNÇÃO EFEITO

Refere-se à estimação de uma função dose resposta, a qual fornece uma relação de causa

e efeito de fenômenos, especialmente os relacionados ao meio ambiente. O método estabelece

uma relação entre o impacto ambiental ( como resposta) e alguma causa desse impacto, por

exemplo, a poluição ( como dose).

A técnica é usada onde a relação dose-resposta entre alguma causa de danos e efeitos

ambientais são conhecidos. Por exemplo, efeitos da poluição do ar nos gastos com saúde, na

taxa de mortalidade de uma cidade no patrimônio histórico, nos ecossistemas aquáticos etc. Este

método foi usado por Lave e Seskin para estudar os efeitos da poluição do ar nas taxas de

mortalidade.

3.5 MÉTODOS MULTICRITÉRIOS

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirma que a análise multicritério serve como

ponte entre a abordagem neoclássica e a ecológica, no tocante à mensuração de valores para a

biodiversidade e assim avançar no objetivo de conseguir unidades comuns de avaliação. Este

método busca incorporar as múltiplas visões e dimensões de valores atribuídos à biodiversidade.

Com isso objetiva-se reunir um grande numero de dados, relações, fatos e julgamentos das

diversas correntes científicas envolvidas nesse complexo processo de valoração da

biodiversidade.

Este método lembram os autores reconhece os problemas de incertezas, ausências de

informações e incomensurabilidade que são levantados por estudiosos.

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) a teoria de utilidade multiatributo

baseia-se em uma função de valor composta por um conjunto de alternativas que o tomador de decisão deseja avaliar, as quais podem ser agregadas por critério ou atributos. Assim, o tomador de decisão é capaz de identificar as alternativas discretas para serem avaliadas juntamente com um critério hierárquico de escolha. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O método consiste em escolher uma alternativa de um leque de proposições variáveis, que

melhor satisfaça o resultado dentro de uma escala de valoração.

No que pese os métodos multicritérios de apoio à decisão têm ajudado os agentes de

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decisão em todos os níveis a melhorar a qualidade de vida no planeta. Problemas com decisões

complexas normalmente são associados a uma análise multicritério.

Os elementos fundamentais que estão presentes nos processos de decisão são os

seguintes: 1) Obter respostas às perguntas enfrentadas por um decisor em um processo de

decisão; 2)Tornar transparente toda potencial decisão; 3) Aumentar a coerência entre a evolução

de um processo de decisão, os objetivos, e o sistema de valor do processo.

Foi durante a década de 60 que os métodos de análise multicritério tiveram um

desenvolvimento significativo, surgindo várias escolas de pesquisadores, com várias técnicas

novas e diferentes atitudes de apoio aos novos modos de tomar decisões. Uma destas escolas é

a Escola Européia intitulada Multicriteria Aid for Decisions (Roy & Vanderpooten, 1997). De uma

maneira geral, na década de 60, apesar do desenvolvimento de novas técnicas, a realidade

econômica ditada por mercados estáveis e economia de escala, as transformações sociais que

começavam a ocorrer na época não pareciam exigir um maior grau de flexibilidade das

organizações. Por este motivo, os processos de tomada de decisão não necessitavam de outra

preocupação dos gerentes, que não a busca pela eficiência produtiva das empresas.

Ao recomendar as atitudes de um decisor face a uma situação de decisão Keeney

(Keeney, 1988) aconselha o decisor a pensar primeiramente sobre os seus valores, para em

seguida listar os seus desejos em relação ao contexto da decisão (Guitouni & Martel, 1998).

Identificados os objetivos, cabe agora examinar o seu conteúdo. Com isso, os valores do decisor

seriam identificados pelo questionamento do significado e da razão de cada objetivo. Se os

objetivos estão incompletos, ou não definidos claramente, a avaliação das alternativas

provavelmente não será tão útil.

Já o método de análise hierárquica divide o problema em níveis crescentes de

posicionamento, determinando de forma objetiva cada uma das alternativas propostas, as quais

são classificadas em ordem de prioridade. De posse da classificação hierárquica o pesquisador

faz uma comparação, em partes, de cada elemento de um mesmo nível hierárquico, e assume as

suas preferências entre os itens comparados.

Por fim, os métodos multicreitérios tem obtido aceitação em trabalhos de valoração, em

que a complexidade do ativo que esta sendo avaliado é revertida em valores diversos, tais como

visões ecológicas distintas, usos múltiplos do ativo a ser avaliado, entendimento político sobre o

assunto, compromisso e julgamentos de valor quanto ao aspecto ambiental e modos de enxergar

o problemática ambiental diante dos desafios da preservação/conservação ambiental.

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71

3.6 O MÉTODO ELECTRE

O método ELECTRE foi concebido para uma abordagem multiobjetivo, podendo ser

aplicado na solução de problemas de gestão de recursos hídricos, caracterizados por alternativas

avaliadas por critérios preferencialmente qualitativos, com fixação prévia das preferências, por

parte dos decisores.

A metodologia desenvolvida por Benayoun & Tergny (1969) e Roy (1971), sustenta-se em

três conceitos fundamentais: concordância, discordância e valores-limite (outranking), utilizando

um intervalo de escala no estabelecimento das relações-de-troca na comparação aos pares das

alternativas.

O método baseia-se na separação do conjunto das alternativas da solução, daquelas que

são as preferidas na maioria dos critérios de avaliação, sem causar um nível de

descontentamento inaceitável para qualquer um dos critérios fixados. A partir da matriz de

avaliação, as alternativas são comparadas, aos pares, com base em relações de preferência.

a > b significa que a alternativa a é preferida à alternativa b

a = b significa que a é equivalente à b

É importante ressaltar que o processo admite a intransitividade nas relações de

preferência, com base no fato de que os critérios de estabelecimento das preferências podem ser

diferentes.

Almeida e Costa (2003) colocam que o apoio multicritério tem como princípio, no processo

de decisão, buscar o estabelecimento de uma relação de preferências entre as alternativas que

estão sendo avaliadas sob a influência de vários critérios.

3.7 MÉTODO DA PROGRAMAÇÃO DE COMPROMISSO

O Método da Programação de Compromisso (Zeleny, 1973) caracteriza-se por ser um

processo iterativo, geralmente com o estabelecimento progressivo das preferências por parte do

decisor, até que seja atingida uma solução satisfatória. Há situações em que os pesos dos

critérios de avaliação decorrem da estrutura do problema.

O método classifica as alternativas não dominadas por meio de um conceito geométrico do

melhor, por meio de uma medida de distância até a solução ideal. Dada a matriz de avaliação das

alternativas de solução do problema, segundo os critérios estabelecidos, a solução ideal pode ser

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definida como o vetor

Zi* = (Z1*, Z2*, ....,Z3*), no qual as funções Zi*

são as soluções do problema: máx Zi(x) , sujeito a: x є X e i = 1, 2, ..., p, onde :

x é o vetor de decisões; p o número de critérios; X o conjunto das soluções viáveis e Zi(x) a

função-objetivo para o critério i.

A solução ideal é, geralmente, inatingível (por pressupor a solução ótima para todos os

objetivos através de uma alternativa) e serve como padrão de referência no processo de

classificação das soluções não-dominadas. Essa classificação é obtida pela determinação da

proximidade de cada alternativa não-dominada com relação à solução ideal.

3.8 MÉTODO DE VALORAÇÃO DO BALANÇO DOS FLUXOS DE MATÉRIA E ENERGIA

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) este método integra a valoração

ambiental e os princípios de economia ecológica.

Os autores chamam a atenção para a valoração de insumo-produto que se baseia na

construção de uma matriz de balanço de materiais, a qual retrate o intercambio constante entre os

diversos setores que consomem e produzem ativos e serviços ambientais. Neste contexto,

Jeppesen, Folmer e Komen (1998) e Hufschmidt et al. (1983) descrevem os fluxos micro e

macroeconômicos que podem ser usados para avaliar o estresse ambiental.

Os autores exemplificam por meio do setor agrícola que fornece matéria-prima para a

indústria extrativa, e esta fornece materiais para outros setores de atividade.

A indústria de manufatura recebe produtos do setor agrícola e abastece outros setores de

atividades econômica. Assim, há uma troca permanente de materiais , serviços e energia entre os

setores, a qual é caracterizada por um sistema de input (insumo que um setor fornece para um

outro setor) e output (saída de produto/serviço de um setor para outro setor). Na análise de

insumo-produto, os insumos são as entradas do sistema, os quais são trabalhados e saem na

forma de produtos/serviços. Isso permite avaliar a produção, o consumo, as externalidades e as

pressões de exploração sobre os recursos naturais. Essas relações são mais bem avaliadas por

meio de um balanço de matéria, em que o fluxo de insumo, processamento, demanda e produção

são analisados.

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73

3.9 MODELO METRIC

O modelo Mapping Evapotranspiration at High Resolution and with Internalized Calibration

(METRIC), uma variação do modelo Surface Energy Balance Algorithm for Land (SEBAL), assim

apresenta Folhes et al (2007), e que vem sendo aplicado com sucesso na tentativa de descrever a

variação espacial dos componentes do balanço de energia à superfície.

Folhes et al. (2007) apresenta o modelo METRIC que foi desenvolvido por Allen et al.

(2005) e Tasumi et al. (2005), e que utiliza o método residual da equação do balanço de energia

para estimar a evapotranspiração com auxílio de dados espectrais de imagens de satélite e de

poucos elementos meteorológicos disponíveis em estações meteorológicas. Pode ser empregado

em sistemas naturais ou agrícolas e não requer dados complementares sobre uso da terra.

Ressalta Folhes et al. (2007) que o modelo é aplicado pixel a pixel, a resolução espacial

dos mapas de fluxo é determinada pelas resoluções espaciais das imagens de entrada do

modelo.

O METRIC utiliza o método residual da equação do balanço de energia para estimar o

fluxo de calor latente instantâneo (λET), com auxílio das medidas espectrais dos canais do visível,

infravermelho próximo, médio e termal, contidos nas imagens do sensor TM/Landsat, e do

parâmetro de velocidade do vento, proveniente da torre micrometeorológica: λET = Rn – H – G, em

que, λET é a densidade de fluxo de calor latente (W.m-2); Rn é o saldo de radiação na superfície

(W.m-2); H é a densidade de fluxo de calor sensível (W.m-2); e G é a densidade de fluxo de calor no

solo (W.m-2).

A fim de comparar os fluxos modelados com os medidos é necessário conhecer a

dimensão espacial da distribuição do fluxo medido (footprint ou pegada do fluxo). De acordo com

a metodologia indicada por Schuepp et al (1990), a análise de pegada permite identificar a região,

na direção a montante do vento, que afeta com maior probabilidade a medição dos fluxos λET e H

para a altura considerada. A contribuição relativa de cada ponto tido como ‘fonte’ varia com a com

a altura de medição (z), com a distância em relação ao ponto de medição (x), com as

características de rugosidade da superfície e com a estabilidade atmosférica.

As principais vantagens do modelo METRIC são a necessidade de um número mínimo de

dados de campo usados na sua inicialização e seu mecanismo de calibração interna, que elimina

a propagação de erros e a necessidade de correção do efeito atmosférico sobre os valores de

temperatura da superfície.

Page 74: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

74

4 EXEMPLOS DA UTILIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE VALORAÇÃO

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) esclarecem que o conceito de Valor

Econômico Total - VET, foi desenvolvido pela Economia Ambiental e é útil para identificar, em

qualquer escala, os diversos valores associados aos recursos ambientais. De acordo com esse

conceito, o valor econômico da biodiversidade consiste nos seus valores de uso.

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), os primeiros são compostos pelos

valores de uso direto (VUD), de uso indireto (VUI) e de opção de uso futuro (VUO); e os últimos,

de não-uso (VNU), incluem os valores de herança e de existência. Desta forma, o conceito de

VET mostra que a preservação, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade abrangem

uma ampla variedade de bens e serviços, começando pela proteção de bens tangíveis básicos

para a subsistência do homem, como alimentos e plantas medicinais, passando pelos serviços

ecossistêmicos que apóiam todas as atividades humanas e terminando com valores de utilidade

simbólica.

Assim, temos que o VET é igual à soma de todos estes distintos valores (PEIXOTO et al.,

2002). Na literatura científica são encontrados vários métodos de valoração econômica dos

recursos naturais, e relacionadas vantagens e desvantagens de cada um deles (MOTTA, 1998;

MAY, 2000).

Observas-se que se tratando da valoração econômica dos serviços de radiodifusão,

telefonia, telecomunicações, passagem da rede elétrica, estradas e de dutos (gasodutos e

oleodutos), em Unidades de Conservação, reconhece-se a existência de todo um conjunto de

valores ambientais que sofrem danos permanentes e que devem ser sanados ou minimizados

mediante a compensação ambiental.

O procedimento geral para a escolha dos fatores de valoração econômica a ser adotado

neste projeto baseia-se em um valor total composto pela soma de cinco parcelas de valoração

econômica multiplicadas por um fator de redução social, conforme experiências aplicadas em

outras UCs da Região Sudeste do Brasil (PEIXOTO et al., 2002): VALOR =[ P1 + P2 + P3 + P4 +

P5 ] x FS, onde: P1: perda de oportunidade de uso; P2: impacto cênico; P3: impacto

ecossistêmico; P4: perda de visitação; P5: risco ambiental; FS: fator social.

E para exemplificar temos que o Conselho Consultivo do PARNA Jurubatiba (CONPARNA

Jurubatiba), instituído conforme Portaria Nº 97 de 06 de agosto de 2002, deliberou pela criação de

uma Câmara Técnica para avaliar a situação do duto de uma estação de tratamento de efluentes

que conduz a água de produção das atividades de produção e exploração de petróleo da Bacia de

Campos (ETE de Cabiúnas), situado no interior do PARNA Jurubatiba.

Page 75: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

75

Em função da inexistência de dados de literatura para valoração de restinga, e do

desconhecimento da composição média do efluente que é conduzido pelo duto, diversos métodos

de valoração foram propostos com vistas à adaptação do modelo existente para este estudo de

caso (FERREIRA et al., 2005), no Quadro 9 tem-se o resumo dos Métodos utilizados.

QUADRO 9 Impactos Ambientais dos Dutos Relacionados à Indústria do Petróleo e Propostas de

Métodos para Valoração.

Impacto Recurso Ambiental Método de Valoração Proposta Metodológica

Impactos Cênicos

Lazer da população local/ turismo MCV/MVC Estimativa do número atual de visitantes

(pesquisadores, estudantes e comunidade do entorno) e aplicação de questionários para levantamento das DAP e dos custos de viagem dos diversos grupos, levando em conta os impactos reais e/ou potenciais dos dutos no interior e/ou no entorno do PARNA

Beleza cênica MCV/MVC

Valor intrínseco (reserva da biosfera) MCV/MVC

Impactos à Visitação

Lazer da população local/ turismo MCV/MVC Levantamento de recursos destinados a projetos

específicos realizados no PARNA, destacando-se os projetos relacionados ao PELD, e os programas de Educação ambiental para professores e alunos das escolas da região que envolvem visitação constante ao PARNA.

Educação ambiental MCR

Pesquisa científica MCR

Impactos Ecossistêmicos

Produtos madeireiros sustentáveis MPM/MPH Estimativa do valor de mercado de produtos da

restinga com potencial de uso futuro (valores de opção) / Estimativa do valor médio das propriedades do entorno do PARNA e da área de influência dos dutos com potencial impactante `a UC.

Produtos não-madeireiros MPM/MPH

Plantas medicinais MPM/MPH

Material genético MCR Levantamento de recursos destinados a projetos específicos realizados no PARNA, destacando-se os projetos relacionados ao PELD/ Levantamento de recursos destinados a projetos de monitoramento dos impactos dos dutos na região do PARNA/ Levantamento de recursos necessários para recuperação de áreas degradadas devido ao impacto dos dutos na região do PARNA.

Proteção de bacias hidrográficas/regulação e suprimento das águas

MCR

Formação do solo e controle de erosão MCR

Biodiversidade MVC

Notas – MPM: método da produtividade marginal; MPH: método dos preços hedônicos; MCV: método dos custos de viagem; MVC: método da valoração contingente; MCR; método dos custos de reposição; DAP: disposição a pagar.

Fonte: FERREIRA et al., 2005

Page 76: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

76

5 CRÍTICAS

Souza e Mota (2006) revelam que o conceito mais usado na valoração de ativos naturais é

o de disposição a pagar que esta ligado à máxima propensão a pagar que uma pessoa revela ao

usar um recurso ambiental. Assim, a valoração ambiental não se manifesta unicamente na

determinação de um preço que expresse o valor econômico do meio ambiente e, nesse ínterim

Mota (2001: 37) revela que a valoração ambiental engloba as questões relativas a

sustentabilidade biológica e ecológica dos recursos naturais, estratégia de defesa do capital

natural, subsídio à gestão ambiental e aspectos econômicos.

E, na melhor forma podemos analisar as justificativas de valoração aos recursos naturais

nas óticas da sustentabilidade biológica, do enfoque ecológico, na estratégia, na gestão e nos

aspectos econômicos propriamente dito, conforme demonstrado no Quadro 10.

QUADRO 10 JUSTIFICATIVAS PARA A VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS RECURSOS NATURAIS

ASPECTOS CARACTERÍSTICAS

Na ótica da sustentabilidade biológicaAtuando como função do meio ambiente na cadeia alimentar e na matriz de suprimentos;Como ação de proteção sustentável dos recursos naturais

Na ótica do enfoque ecológico

Como elemento de análise da capacidade de suporte e resiliência dos recursos naturais em uso;Como subsídio às ações mitigadoras de degradação dos recursos naturais

Na estratégia de defesa do capital naturalComo forma de manter o capital natural;Como função estratégica dos recursos naturais para o desenvolvimento dos países

Como subsídio à gestão ambiental Como forma de defesa ética do meio ambiente;Como suporte à formulação de políticas públicas ambientais

Como enfoque nos aspectos econômicos

Como forma de estimação dos preços dos ativos naturais que não são cotados no mercado convencional;Como mecanismo de mensuração monetária das externalidades oriundas de projetos de investimentos;Como mecanismo de internalização de custos ambientais;Como método de estimação de indenizações judiciais

Fonte: Souza e Mota (2006)

O valor econômico da biodiversidade não pode ser mensurado nos mercados formais,

alguns métodos e técnicas foram desenvolvidas objetivando a revelação dos valores apropriados

aos bens e serviços ambientais, e, nesse, vertente Motta(1997) aponta a interpretação

monetarista da biodiversidade e das externalidades positivas ou negativas, descrevendo como

instrumental existente para a apropriação do valor nas suas diversas expressões, internalizando

benefícios ou custos ambientais, e chamando a atenção para os instrumentos econômicos –

ecológicos (FONSECA, 2001; MOTTA & YOUNG, 1997).

Page 77: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preocupação mundial em torno do meio ambiente caminha para um consenso em torno

da adesão a um novo estilo de desenvolvimento que deve combinar eficiência econômica com

justiça social e prudência ecológica. A combinação desses elementos somente será possível se

houver um esforço conjunto de todos com objetivo de atingir o bem-estar geral no futuro

(KRAEMER, 2006).

O desenvolvimento sustentável para Mathis (2001) se distingue do desenvolvimento

tradicional pela inclusão da observação da relação sociedade-natureza e leciona que a sociedade

precisa organizar a sua inserção na natureza de tal maneira que ela seja a mais duradoura

possível. Para poder enfrentar esse desafio é necessário que a sociedade tenha conhecimento

como se dá a sua relação com a natureza.

A natureza segundo Mathis (2001) exerce três funções básicas para a sociedade, pois, em

primeiro ela fornece recursos naturais renováveis e não-renováveis, bem como absorve os

resíduos e emissões que resultam do uso desses recursos e ainda presta funções vitais para os

seres vivos.

O presente trabalho serve para mostrar a importância de alguns métodos de valoração de

bens ambientais, que auxiliam na estimativa ou atribuição de valor econômico aos recursos

ambientais, por meios diversos, independentemente de existirem ou não preços de mercado

relacionados a eles. Não se sugere propor a transformação de um bem ambiental num produto de

mercado, mas sim na mensuração das preferências dos indivíduos sobre a alteração no meio

ambiente.

No transcorrer do texto e na apresentação dos diversos métodos de valoração aplicados

ao pagamento por serviços ambientais foi observado o cuidado na avaliação da aplicabilidade dos

métodos de valoração para determinar o valor econômico dos bens ou recursos ambientais.

A valoração do meio ambiente é um dos aspectos mais críticos de todo o processo de

contabilização, e isso devido à dificuldade de quantificação dos benefícios gerados, e temos

consciência de que é importante considerar o fato de que os estudos sobre os bens ambientais

induzem à consideração ao longo prazo, pois dificilmente obtêm-se resultados a curto prazo. É

vítrea a existência dos vários métodos que podem ser utilizados no processo de valoração

econômica dos bens ambientais, e a escolha depende especificamente de cada caso.

A valoração econômica é um fator importante no processo de tomada de decisões das

políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável e a atribuição de valor aos bens ambientais

Page 78: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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é um importante fator de conscientização da população, pois, permite que a contabilidade

ambiental, proporcione uma visão mais completa e concreta dos bens ambientais.

É prudente ressaltar Pfitscher (2004) que afirma: À medida que há uma melhor

conscientização da valorização do meio ambiente, surge uma necessidade de se conciliar o

desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. (PFITSCHER, 2004)

Não podemos olvidar que o desafio está presente para todas as correntes de pensamento

em compreender suas limitações e buscar e propor em buscar os avanços na percepção dos

fenômenos naturais e econômicos orientados pelo objetivo maior, que é o desenvolvimento

sustentável.

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ANEXO I

O DESASTRE ECOLÓGICO NO GOLFO DO MÉXICO

A humanidade assistiu no dia 20 de abril o início de uma catástrofe sem precedentes no

Golfo do México: uma plataforma de petróleo em águas profundas Horizon propriedade da British

Petroleum - BP, pegou fogo e depois afundou a aproximadamente 1525 metros de profundidade,

resultando em um enorme rombo que, desde então todos dias não pararam de ser lançados e

escoadas enormes quantidades de petróleo.

Surge a grande dúvida, como realmente, mensurar qual é a magnitude do desastre? E

uma das melhores maneiras de perceber a verdadeira dimensão, assim, temos que, conforme a

imprensa internacional:

Conforme o The Guardian, a BBC News e a University of Delaware Sea Grant Program, a

quantidade de óleo que está sendo derramado no oceano é equivalente a 3,5 barris de petróleo

por minuto, e isso, Isso excede as estimativas iniciais para 5.

Segundo estimativas da própria British Petroleum - BP, tem sido objeto de dumping entre 8

e 9 milhões de litros de petróleo em águas profundas do Golfo do México desde a última vez 20

dias, onde há 69 embarcações estão atualmente envolvidos em operações de limpeza

Foram implantados quase 50 quilômetros de barreiras flutuantes para conter o

derramamento, com estoque de 140 km dessas barreiras.

Ressalta-se que o derrame é sobre o tamanho da ilha da Jamaica, e assim, estima-se que

a BP está a gastar cerca de US $ 6 milhões por dia na limpeza, de forma geral os custos totais da

limpeza equivaleria a cerca de US $ 200 milhões.

Figura 6 Desaste Ecológico – Novo México

Fonte:http://pt.wikinoticia.com/Tecnologia/geral%20tecnologia/43487-a-radiografia-do-desastre-ecologico-

no-golfo-do-mexico

Page 80: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

80

Figura 7 Desaste Ecológico – Novo México Visão Satélite1

Fonte: http://alt1040.com/2010/04/imagenes-satelitales-de-la-mancha-de-petroleo-del-golfo-de-

mexico, acesso em 24 de julho de 2010

Figura 8 Desaste Ecológico – Novo México Visão Satélite 2

Fonte: http://alt1040.com/2010/04/imagenes-satelitales-de-la-mancha-de-petroleo-del-

golfo-de-mexico, acesso em 24 de julho de 2010

Page 81: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

81

Figura 9 – The gulf of Mexico oil spill

Fonte: http://alt1040.com/2010/04/imagenes-satelitales-de-la-mancha-de-petroleo-del-

golfo-de-mexico, acesso em 24 de julho de 2010

Fonte: http://www.flickr.com/photos/gdsdigital/4562831333/sizes/o/, Acesso em 24 de julho de

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Page 82: Monogrofia Najh Yusuf Saleh Ahmad Métodos de Valoração Aplicados ao Pagamento de Serviços Ambientais (PSA) Desenvolvimento e Conclusão

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