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Montez Magno

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Caderno de Anotações

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as décadas da sua produção artística, nos seus instantes mais significativos.

Por se tratar de um artista camaleônico, portanto resistente a rotulações, a mostra foi dividida em sete eixos temáticos distribuídos pelos três pavimentos do Museu. Para isso, contamos com a valiosa contribuição do crítico e curador Paulo Herkenhoff que, em recente pronunciamento, declarou publicamente ser Montez Magno um dos mais importantes artistas brasileiros da segunda metade do Século XX.

No piso térreo, o visitante teve acesso ao eixo das Arquiteturas, obras que refletem o viés predominantemente construtivo do artista, representado por diversas séries, entre as quais se destacam as Barracas do Nordeste, em que Montez foi beber na fonte da arquitetura típica do comércio popular do interior do Estado de Pernambuco, para compor obras solares, de cunho geométrico, com forte apelo cromático.

O Aquário Oiticica abrigou a instalação Olhe!, do início da década de 70, revelando o lado conceitual do artista, consolidado no decorrer das décadas seguintes.

Ainda no pavimento térreo e estendendo-se pelos dois outros pisos próximos ao vão da escadaria, estiveram dispostas as obras do eixo das Cartografias, que aludem à

O conjunto dos 150 trabalhos reunidos nesta exposição representa apenas um fragmento da vasta obra do artista pernambucano Montez Magno.

Sua trajetória artística, iniciada no Recife em 1954, desdobra-se por períodos no Rio de Janeiro, São Paulo, Madrid e Milão, e é repleta de importantes ações no campo da experimentação e de realizações artísticas.

Suas obras foram exibidas nos mais importantes espaços expositivos nacionais (como a Bienal de São Paulo) e do exterior, e mantêm-se atualizadas, apesar das grandes mudanças ocorridas ao longo desse período no cenário mundial, em seus aspectos artístico, político e cultural.

Seu vasto acervo pessoal é composto de aproximadamente 1500 obras, entre desenhos, pinturas, gravuras, xeroarte, esculturas, objetos, livros de artista, partituras de música aleatória, fotomontagens, maquetes, projetos de arte ambiental e instalações, registros de performances, sem citar sua produção poética, que conta com 10 livros editados.

Diante da impossibilidade de expor todos os seus trabalhos, e sem perder de vista a proposta de realizar uma exposição retrospectiva, selecionamos obras que registram momentos pontuais no seu longo percurso, procurando contemplar todas

Omontez magno BA- 55 anos de arte P

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permanente preocupação do artista em localizar(se) frente à dicotomia tempo/espaço, ao fazer a ligação do regional ao universal, valendo-se da estética das cartas geográficas, ou simplesmente referindo-se ao período das Grandes Navegações, como em Ovo de Colombo.

Distribuídas nas salas principais do segundo, e parte do terceiro piso, estiveram as obras componentes do eixo das Escrituras, em que vem à tona seu lado caligráfico, gestual, como os desenhos em papel da série Fragmentações, distanciados do rigor geométrico de séries anteriores, ao lado de três séries das suas partituras de música aleatória: Cromossons, Notassons e Madrigais Recifenses, em que a Música (outra das paixões da vida de Montez) inspira composições de signos gráficos de notável efeito plástico.

O eixo da Metafísica (a nosso ver, principal ponto de tangência entre o pintor e o poeta) pode ser apreciado no segundo piso, na sala contígua à das Escrituras. Nela se encontram obras das séries Portas de Contemplação, Sólidos Platônicos, Cartas Celestes e Morandi, contrapondo-se à solaridade das obras da Série Barracas do Nordeste, expostas no pavimento térreo.

Essa sala pediu luz baixa e silêncio, induzindo à contemplação e à reflexão, assim como as obras do eixo Oriente, onde o artista reconceitua em telas e objetos a cultura milenar do Oriente, com seus mistérios e transcendências.

Se, do ponto de vista formal, Arquiteturas representa com maior propriedade o fazer artístico predominante na obra de Montez, Metafísica é o eixo que mais se aproxima das suas características psicológicas, dramaticamente expressas em seus poemas, que podem ser apreciados nos livros colocados à disposição do público para leitura, na Sala Linha do Tempo, no segundo pavimento.

No sexto eixo, Ludos, também apresentado no segundo andar, o artista revela uma de suas faces mais instigantes, a do exercício diário de criatividade, resignificando objetos do cotidiano e transformando-os em obras de arte, como na poética Nuvem, elaborada com pedra abrasiva e flocos de algodão.

Critica Institucional, o sétimo e último eixo, representa os questionamentos do artista frente ao circuito institucional das artes plásticas.

Assim é o universo de Montez Magno, um artista plural em sua singularidade.

BETE GOUVEIA E ITAMAR MORGADOCURADORES DA EXPOSIÇÃO MONTEZ MAGNO: 55 ANOS DE ARTE

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Torres, 2000. Parafuso sobre

madeira. 9,5 x 7,5 x 8cm.

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Abstração Geométrica, 1957. Óleo, pó

de serra e areia sobre tela. 40 x 48,5 cm.

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as colagens4 e o ready-made5, exemplo máximo da iconoclastia duchampiana. E foi a partir deste momento que a criação artística tornou-se um local de exploração pelos artistas, a fim de deslocar limites e fazer conexões com diferentes campos de conhecimento.

Debruçando-se acerca dessas novas possibilidades artísticas, o crítico de arte brasileiro Mário Pedrosa vai definir a arte a partir desse momento como um “exercício experimental da

liberdade6”. E é sobre esse viés que devemos perceber a obra de Montez Magno. Montez é antes de tudo um experimentador, que se aprofunda cada vez mais em estudos sobre arte e faz deles sua matéria-prima, ao mesmo tempo em que se liberta das possíveis imposições ligadas a um estilo específico ou a uma poética7. Nesta exposição retrospectiva do artista, temos a oportunidade de repassar por muitas das possibilidades que a própria história da arte dispõe e entendê-las na medida em que Montez Magno as desenvolve e se apropria.

A Arte, desde suas expressões primárias, passou por diversas transformações, mas esteve quase sempre ligada a algum padrão estético que ditava o que era a "verdade" em termos de beleza. Seja na arte rupestre, onde as representações faziam parte de rituais religiosos; a arte clássica grega, regida pelos cânones do belo; ou na arte acadêmica, onde as artes visuais limitavam-se à pintura, escultura ou àquelas representações já estabelecidas há muito.

Porém, mesmo seguindo certas regras, a arte sempre se modificou, sendo esta beleza medida e contemplada de várias formas com o passar dos séculos. Mas foi a partir do início século XX, com as vanguardas artísticas, que as artes plásticas passaram por profundas modificações que chegam a questionar até mesmo a função da arte na sociedade. Neste século surgiram as performances1, instalações2, a arte abstrata3,

Cdo exercício de desvendarBAmontez magnoD

4. As colagens quebraram padrões,

no início do século XX, ao trazer para

o mundo das artes plásticas imagens

criadas pela cultura de massa, como

jornais, revistas e propagandas.

5. Conceito criado pelo artista plástico

Marcel Duchamp, o ready-made, em

inglês, significa já pronto. São obras

criadas a partir de objetos oriundos

de fábricas.

6. Mário Pedrosa em conversa com

Antonio Manuel. Antonio Manuel. Rio

de Janeiro, FUNARTE, 1984, p.16.

7. A Poética Aristotélica é o primeiro

escrito conhecido que procura

especificamente analisar as formas

da arte e da literatura.

1. A performance insere nas artes

visuais elementos do teatro. O corpo

torna-se importante instrumento da

ação, que se torna o objeto artístico.

2. Instalações são construções

artísticas que utilizam o espaço

como lugar da obra.

3. A arte abstrata não se propõe

a representar fidedignamente a

realidade. São pinturas que podem

partir de um assunto real ou não, mas

sua solução plástica acontece a partir

de composições não reconhecíveis

no mundo concreto.

Os artistas são as antenas da raça EZRA POUND

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Como o título de uma de suas séries nos indica, Montez Magno não se priva da liberdade do fazer (DINIZ, 2010:84) em momento algum da sua rica trajetória. Ao longo da sua carreira produziu, e produz ainda, um corpo de obras que com o tempo só nos confirma acerca das suas inúmeras qualidades enquanto artista exímio tanto em prática quanto em conceito. Montez Magno não se encaixa como artista moderno, só por ter realizado inúmeras obras em suportes tradicionais como pintura e escultura. Por sua vez, Montez também não se permite enquadrar em divagações conceituais pós-modernas, voltadas à legitimação da ideia quase sempre pura e simples. Montez é outra coisa. Montez são outros.

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A exposição Montez Magno: 55 anos de arte contou com sete eixos temáticos que ora discutem a obra do artista por um viés ligado aos recursos materiais de suas obras, ora propõe relações entre os conceitos por ele explorados em seus trabalhos.

EIXO ESCRITURAS Do início do século XX pra cá, convencionou-se conceituar a linguagem como a junção da fala com a língua. A língua se caracteriza como um sistema homogêneo de signos. E signo ou símbolo, na linguística (ciência que estuda a língua) é o elemento unitário de uma linguagem, resultado da soma de significante e significado, ou seja, a soma de forma e conteúdo, material e mental.

“$” = (a escrita “cifrão” + o som da palavra “cifrão”) + “sinal que indica várias unidades monetárias”.

Existem vários modos de se expressar uma linguagem e a estes modos damos o nome de Códigos ou Escrituras. As escrituras não são necessariamente literárias, podendo

‘montez em eixos’

Labirintos, 1992. Fita colorida

xerocada 30 x 42 cm.

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ser musicais, gráficas, gestuais, entre outras. No eixo da exposição intitulado Escrituras, encontramos obras em que Montez Magno inventa novas escrituras a partir da desconstrução dos signos, como por exemplo, na série Caatinga (1963), onde os frutos e a paisagem nordestina são fragmentados e reorganizados estabelecendo novos sentidos e formas abstratizantes a partir desses primeiros elementos. Ou seja, o artista fragmenta a forma, separando o significante do significado e os recoloca em outros contextos, a fim de criar novas ordens, linguagens e possibilidades para a comunicação.

EIXO LUDOS O lúdico é qualquer manifestação que tenha como fim produzir o prazer quando executada e/ou contemplada.

Ludo, do latim eu jogo, pode nos permitir apreender os trabalhos deste eixo como um jogo de significados: em Um lance de dados não abolirá jamais o acaso (1973) - obra fotográfica em que retrata uma mão lançando dados que

evidencia o acaso de um jogo e a possibilidade do azar - ele lida com a ideia de discutir essas possibilidades de maneira lúdica e não-linear. Nas fotografias, o registro da ação de

jogar os dados é ao mesmo tempo uma forma de brincar com o sentido do eu jogo associada à ideia de colocar em jogo uma possível reflexão sobre essas categorias pré-estabelecidas.

Ainda presente nesse eixo da exposição, há uma série intitulada Caixas (1967) onde o autor busca ampliar a percepção dos seus trabalhos, preocupando-se, sobretudo, com o olhar do espectador.

O ponto de partida para a produção dessa série, onde ele usa muita cor e estojos escolares, teve a ver com sua volta ao Brasil após uma temporada de estudos na Europa, e nesse momento Montez se depara com o contexto da ditadura militar. Essa série representa então uma tomada de postura e posicionamento político-ideológico do artista. O artista se mostra sensível ao seu entorno e não tarda a produzir obras que refletem e problematizam a realidade de seu (novo) cotidiano: seus trabalhos se apresentam como metáforas visuais de aprisionamento, limites e retenção.

As obras evidenciam uma percepção sensorial do mundo, perceber e pensar sobre si mesmo, sobre as formas que nos circundam e penetram em nosso cotidiano, incitando nossa sensibilidade estética.

Nuvem, 1977. Algodão,

arame sobre pedra abrasiva

13,5 x 5,5 x 15 cm.

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EIXO CRÍTICA INSTITUCIONAL Crítica, s.f., 1. Conjunto de julgamentos públicos sobre uma obra, um concerto, um espetáculo etc.; 2. Espaço onde se atualizam virtualmente as contradições potenciais inerentes a todo sistema complexo8.

O segundo é um museu instalado na superfície ligado por meio de um tubo condutor a uma câmara mortuária. “Museu e mausoléu não estão unidos apenas por uma associação fonética. Museus são como sepulturas tradicionais de obras de arte (...)”11

Nestes trabalhos, permeados por uma crítica ao poder político de instituições como o Estado e o Museu, o artista estabelece com o real e o imaginário de sua geração uma relação sensível e de resistência a tais vetores de poder. Posiciona-se criticamente a estas instâncias governamentais, ironizando seus limites e contradições. Ao mesmo tempo, Montez se mostra solidário à fragilidade do sujeito e propõe uma crítica de ação.

11. HERKENHOFF, Paulo. Op. Cit.,

p. 115-116.

8. REVISTA TATUÍ. Crítica. Situação:

Glossário. Disponível em: http://

revistatatui.com/revista/tatui-8/

situacao-_-glossario/. Acesso em:

29 de abr. de 2011.

9. Idem.

10. HERKENHOFF, Paulo. Dois projetos

arquitetônicos de Montez Magno:

O Ovo e MMMausoléu. In: DINIZ,

Clarissa (Org.). Montez Magno. Recife:

PAÉS, 2010, p. 106.

MMMausoléu, 1969. Grafite

sobre papel. 21,5 x 30 cm.

Instituição, s.f., 1. Organismo que desempenha uma função de interesse público; 2. Complexo relativo ao poder governamental9.

Na diversidade criadora de Montez Magno, o viés político está presente em trabalhos como os projetos de arquitetura O Ovo e MMMausoléu, ambos de 1969.

O primeiro é uma forma ovóide que “exercerá uma função de abrigo imbricada ao seu valor simbólico”10 na qual em sua parte superior está situado um aparelho bélico que possibilita a observação de elementos exteriores ao núcleo, o periscópio, simbolizando o impulso de liberdade e resistência.

EIXO ORIENTE A ideia de Oriente é um conceito e construção discursiva criado na Europa Medieval e que foi extensamente desenvolvido a partir da marcha do imperialismo francês e inglês no século XIX. Lado a lado à elaboração deste conceito surge o orientalismo – estudo

Lingam, 2006. Acrílica sobre

cartão betumado. 170 x 159 cm.

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especializado sobre o Oriente12. Diz-se que atualmente ao falarmos de Oriente “estamos falando muitas vezes do Japão e da China (...)”13, mas o que dizer do Oriente Médio e do Extremo Oriente?

Uma questão que pode ser levantada em relação a este eixo da exposição é: estamos diante de que Oriente? A leitura de algumas das obras que fazem parte deste eixo nos possibilita encontrar pistas para um primeiro diálogo que parte desta para outras questões.

As séries Monocromática (1975) e Tantra (1963-2006) apresentam uma lógica mais próxima dos mantras – sílabas ou poemas entoados em língua sagrada – do que de uma linguagem discursiva. Estes trabalhos possuem “estreito vínculo com os princípios Zen – geralmente traduzido como ‘meditação’, ‘contemplação’ ou ‘concentração’ (...)” (DINIZ, 2010:79). Nesse sentido, a perspectiva que interessa a Montez está ligada à junção desses princípios: “(...) a contemplação, outrora tida como unicamente especular, redefine-se como forma de atuação ‘intelectual e espiritual’.” (DINIZ, 2010:79-81)

Na Mesa Tantra (1977), da série de mesmo nome, está presente vis-à-vis a filosofia tântrica – com seu sentido

colaborar no processo de sensibilização do indivíduo, no movimento de libertação que, por meio de práticas corporais e mentais, teria, dentre seus objetivos, o descondicionamento psíquico e social do sujeito (DINIZ, 2010: 84).

12. SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA,

Maciel Henrique. Orientalismo. In:

Dicionário de Conceitos Históricos.

São Paulo: Contexto, 2006, p. 319-323.

13. Idem.

de libertação no qual busca integrar o físico, o mental e o espiritual. Nela estão dispostos objetos e elementos como pedras, madeiras e metais que teriam a capacidade de

EIXO CARTOGRAFIAS Quando o primeiro mapa foi inventado, a escrita sequer existia. Fazê-los foi a maneira que o homem encontrou para reescrever, documentar e visualizar a forma espacial do mundo. A ciência que os concebe e estuda é a Cartografia. Este nome também denomina o eixo que reúne os trabalhos

Paranambuco, 1972. Colagem

sobre duratex. 50 x 45 cm.

de Montez Magno relacionados à exploração e reinvenção da geografia por meio da manipulação e intervenção em mapas.

Paranambuco (1972) é um trabalho composto da junção de vários mapas-mundi antigos. Nele, uma imagem é recortada de um mapa de Pernambuco do período colonial e o artista intervém destacando esta cena mais detalhadamente como se a ampliasse dando a região lugar de destaque.

A prosopopeia, Descrição do Recife de Paranambuco – narração sobre Recife colonial – do poeta luso-brasileiro Bento Teixeira, também traz a palavra paranambuco e nos conta seu significado de origem indígena: cova do mar.

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Montez, assim como o poeta, escreve uma geografia de Pernambuco. Simbolicamente, o artista em seu mapa estabelece uma relação entre global e regional quando insere Pernambuco na cartografia de mundial, fazendo referência aos tempos das grandes navegações. Contudo, esta contaminação entre universal e local pode ser expandida para o contexto no qual o próprio Montez se insere e cujo encontro ainda hoje é travado a partir do que se convencionou chamar desde o início do século XX de globalização.

No eixo Arquiteturas cabe, também, o resultado das pesquisas do artista sobre a arte popular brasileira, suas descobertas a respeito da capacidade do povo de, mesmo sem saber, fazer abstracionismo geométrico em carroças de sorvete e de pipoca. Com isso trabalha a optical art e o concretismo em barracas de feiras, além de criar harmonia entre cores e construções da maneira mais intuitiva e espontânea possível. Montez apresenta outro nordeste espacialmente destituído de elementos figurativos e simbólicos tão caros a esta cultura. O que se sobressai é a sua identificação com uma organização de bases geométricas, como na série Barracas do Nordeste (1973), onde em uma das obras o artista se inspira nas tradicionais bandeirinhas de São João para pintar um quadro que se compõe a partir de triângulos e quadrados formando motivos abstratizantes.

EIXO ARQUITETURAS Fazer arquitetura é imaginar espaços, compor vazios, organizar lugares, planejar ambientes.

Este labor surge da necessidade do ser humano de se proteger das intempéries, de adaptar a natureza à suas precisões, de se aconchegar na beleza.

Montez Magno projeta arquiteturas ao utilizar para

Catedral, 2001. Lixas.

47 x 31 x 31 cm.

EIXO METAFÍSICAA metafísica está ligada ao que é experiência sensível no mundo e àquilo que não ocupa tempo, nem espaço.

Montez Magno na série Cartas Celestes apresenta um recorte do céu. Na imagem, linhas verticais e horizontais se entrecruzam formando

Série Cartas Celestes, 2009.

Acrílica e lápis de cor sobre

cartão. 80 x 100 cm. a construção da obra Torre, parafusos; para Catedral, lixas; e para Cidades Imaginárias, pequenos blocos de madeira. Constrói com materiais ordinários edificações de formas e cores inusitadas.

uma espécie de mapa. Pontos espalhados pelo espaço são ligados por meio de retas como se o artista criasse uma cartografia celeste.

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Na série Morandi – uma homenagem ao artista italiano Giorgio Morandi – o espaço da tela é preenchido por tons pastéis suaves e sóbrios em motivos geometrizantes que pela suavidade, quase não estabelecem limites entre o início e fim de uma cor a outra.

Em Sólidos Platônicos formas geométricas são organizadas de modo concentrado no eixo central da tela. A cor branca que envolve o espaço circundante e a maneira como essas figuras estão presentes na tela imprime uma perspectiva de espaço e profundidade.

Já Portas de Contemplação é um convite à imaginação. Uma linha branca divide a composição em preto por dois planos na tela. Como em uma porta entreaberta na escuridão, um feixe de luz se apresenta convidativamente a uma experiência sensível.

Estas obras têm em comum a exploração de referenciais para além do físico, ligados à questão da imaterialidade e da constituição do universo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DINIZ, Clarissa. Crachá: aspectos da legitimação artística (Recife-Olinda, 1970

a 2000). Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2008.

––– (Org.). Montez Magno. Recife: Editora Paés, 2010.

LIMA, Guilherme Cunha. O Gráfico Amador, os anos de formação no Recife. In:

LEITE, João de Souza (Org.). A Herança do olhar: o design de Aloisio Magalhães.

Rio de Janeiro: ARTVIVA, 2003.Fragmentação, 1694. Óleo seco

sobre papel. 100 x 71 cm.

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PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE

PREFEITO João da Costa

VICE-PREFEITO Milton Coelho

SECRETÁRIO DE CULTURA Renato Lins

MUSEU DE ARTE MODERNA ALOISIO MAGALHÃES – MAMAM

DIRETORA Beth da Matta

GERENTE DE CONSERVAÇÃO E ACERVO Renata Lourenço

GERENTE DE INFRAESTRUTURA Silvia Melo

GERENTE DE SERVIÇOS DE MONTAGEM Gustavo Albuquerque

GERENTE DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO Wilton de Souza

GERENTE DE SERVIÇOS DE ARTE/EDUCAÇÃO Gabriela da Paz

GERENTE DE SERVIÇOS DO MAMAM

NO PÁTIO Cristiane Mabel Medeiros

GERENTE DE SERVIÇOS DE CONTRATOS Carlson André Landim

GERENTE DE SERVIÇOS DE FINANÇAS Elisângela Nascimento

ASSISTENTE DE SERVIÇOS Rosângela do Nascimento

BIBLIOTECA Maria Eugênia Simões

ARTE/EDUCADORA Juliana Lins

LOJA MAMAM Maria José Oliveira

MEDIADORES Catharine Veras / Isolda Nascimento / Ivan Rodrigo / Joana Coelho / Karla Aparecida / Lorena Taulla / Marília Pinheiro / Pollyanna Queiroz / Raissa Fonseca / Roberto Eiras / Thayse Limeira

SOCIEDADE DE AMIGOS DO MAMAM

DIRETOR PRESIDENTE Gilberto Freyre Neto

DIRETORA VICE-PRESIDENTE Simone Gueiros

DIRETOR DE SECRETARIA Renato Valle

DIRETORA TESOUREIRA Joana D'Arc de Souza

DIRETORA DE PATRIMÔNIO Valéria Dumaresq

PROJETO GRÁFICO Zoludesign

EXPOSIÇÃO MONTEZ MAGNO: 55 ANOS DE ARTE

CURADORIA Bete Gouveia

CURADORIA ADJUNTA Itamar Morgado

FOTOGRAFIAS Fred Jordão

APOIO CULTURAL

Sherwin Williams

COLABORAÇÃO

CADERNO DE ANOTAÇÕES Keyse Bezerra [Museu Murillo La Greca]