Moraes (2010) Caracterização Estimativas e Bifurcações Da Região de Estabilidade de Sistemas Dinâmicos Não Lineares

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENGENHARIA DE SO CARLOS

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    FABOLO MORAES AMARAL

    Caracterizao, Estimativas e

    Bifurcaes da Regio de

    Estabilidade de Sistemas Dinmicos

    No Lineares

    So Carlos

    2010

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    FABOLO MORAES AMARAL

    Caracterizao, Estimativas e

    Bifurcaes da Regio de

    Estabilidade de Sistemas Dinmicos

    No Lineares

    Tese de Doutorado apresentada Escola de En-

    genharia de So Carlos da Universidade de So

    Paulo, como parte dos requisitos para obteno

    do ttulo de Doutor em Cincias, Programa Enge-nharia Eltrica.

    rea de concentrao: Sistemas Eltricos de

    Potncia.

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Lus F. C. Alberto

    So Carlos

    2010

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    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTETRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO,PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Ficha catalogrfica preparada pela Seo deTratamento

    da Informao do Servio de Biblioteca EESC/USP

    Amaral, Fabolo MoraesA485c Caracterizao, estimativas e bifurcaes da regio de

    estabilidade de sistemas dinmicos no lineares/ FaboloMoraes Amaral ; orientador Lus Fernando Costa Alberto. - So Carlos, 2010.

    Tese (Doutorado-Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Eltrica e rea de Concentrao em SistemasEltricos Potncia) - Escola de Engenharia de So Carlosda Universidade de So Paulo, 2010.

    1. Sistemas no lineares. 2. Regio de estabilidade.3. Bacia de atrao. 4. Fronteira da regio deestabilidade. 5. Estimativas da regio de estabilidade.6. Bifurcao sela-n. I. Ttulo.

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    Porque o Senhor ama o seu povo, e d aos humildes a honra da

    vitria.

    Salmo 149, versculo 4.

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    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho s minhas avs, aos meus avs, a minha me, ao meu pai e a

    minha esposa.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus.

    A minha filha Vitria Teixeira Moraes Amaral pela sua existncia.

    Aos meus pais Relma Moraes Firmo Amaral e Orlando Jos Amaral Melo pelos ensi-namentos e apoio incondicional ao longo da minha vida.

    A minha esposa Renata Teixeira Moraes Amaral pelo seu amor e dedicao.

    Aos meu irmos Fabola Moraes Amaral e Thiago Moraes Amaral pela amizade.

    Ao orientador Lus Fernando Costa Alberto pela oportunidade de crescimento profis-

    sional e pela confiana a mim depositada.

    Aos meus tios e primos pelo carinho.

    Aos colegas de laboratrio pelas oportunidades de trabalho em conjunto e descon-

    trao.Aos professores do programa de ps-graduao em engenharia eltrica da Escola de

    Engenharia de So Carlos.

    Ao Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia da Bahia, pelo apoio finan-

    ceiro para a realizao desta pesquisa.

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    RESUMO

    Estimar a regio de estabilidade de um ponto de equilbrio assintoticamente estvel

    importante em aplicaes tais como sistemas de potncia, economia e ecologia. A com-

    preenso da estrutura qualitativa da fronteira da regio de estabilidade fundamental paraestimar com eficincia a regio de estabilidade. Caracterizaes topolgicas e dinmicas

    da fronteira da regio de estabilidade foram desenvolvidas ao longo das ltimas dcadas.

    Estas caracterizaes foram desenvolvidas sob hipteses de hiperbolicidade dos pontos

    de equilbrio na fronteira e transversalidade. Para sistemas que dependem de parmet-

    ros, a condio de hiperbolicidade pode ser violada em pontos de bifurcaes. Estaremos

    interessados em estimar a regio de estabilidade, para sistemas sujeitos a variaes de

    parmetros, onde ocorre a violao da condio de hiperbolicidade dos pontos de equi-

    lbrio na fronteira da regio de estabilidade devido ao aparecimento de uma bifurcaosela-n do tipo zero nesta fronteira. Apresentaremos neste trabalho uma caracterizao

    completa da fronteira da regio de estabilidade na presena de um ponto de equilbrio no

    hiperblico sela-n do tipo zero. Motivados tambm em oferecer um algoritmo conceitual

    para obter estimativas da regio de estabilidade perturbada via conjunto de nvel de uma

    dada funo energia na vizinhana de um parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero,

    buscaremos exibir resultados que permitam compreender o comportamento da regio de

    estabilidade e de sua fronteira sob a influncia das variaes do parmetro, incluindo

    variaes do parmetro prximo a um parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero.

    Palavras-chave: Sistemas no lineares, regio de estabilidade, bacia de atrao, fron-

    teira da regio de estabilidade, estimativas da regio de estabilidade, bifurcao sela-

    n.

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    ABSTRACT

    Estimating the stability region of an asymptotically stable equilibrium point is funda-

    mental in applications such as power systems, economy and ecology. The knowledge of

    the qualitative structure of the stability boundary is essential to estimate with efficiencythe stability region. Topological and dynamical characterizations of the stability bound-

    ary have been developed over the past decades. These characterizations were developed

    under assumptions of hyperbolicity of equilibrium points on the stability boundary and

    transversality. For systems that depend on parameters, the condition of hyperbolicity

    can be violated at points of bifurcations. We will be primarily interested in estimating

    the stability region, for systems subjected to parameter variations, when the condition

    of hyperboli-city of equilibrium points on the stability boundary is violated due to the

    appearance of a type-zero saddle-node bifurcation on the stability boundary. We will de-velop in this work, a complete characterization of the stability boundary in the presence of

    a type-zero saddle-node non-hyperbolic equilibrium point. Also, motivated to providing

    a conceptual algorithm to obtain estimates of the perturbed stability region via level sets

    of a given energy function in the neighborhood of a type-zero saddle-node bifurcation pa-

    rameter, we offer results that explain the behavior of the stability region and its boundary

    under the influence of parameter variations, including variations of the parameter close to

    a type-zero saddle-node bifurcation parameter.

    Keywords: Nonlinear systems, Stability region, Basin of attraction, Stability bounda-ry, Estimates of the stability region, Saddle-node bifurcation.

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    SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . III

    LISTA DE SMBOLOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XI

    1 INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

    1.1 Estimativas da regio de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

    1.2 Caracterizao da fronteira da regio de estabilidade. . . . . . . . . . . 2

    1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

    1.4 Contribuies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    1.5 Organizao do texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    2 PRELIMINARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    2.1 Espao Euclidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    2.1.1 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    2.1.2 Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

    2.1.3 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    2.1.4 Conjuntos Conexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    2.1.5 Conjuntos Contrteis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.1.6 Espaos Normais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    2.1.7 Distncia entre dois conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    2.2.1 Teoria Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    2.2.2 Conjuntos Invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    2.2.3 Comportamento Assinttico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    2.2.4 Equilbrios e Estabilidade Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    2.2.5 Variedades Invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242.3 Transversalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    2.4 Propriedade genrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

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    3 REGIO DE ESTABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    3.1 Conjuntos Atrativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    3.2 Caracterizao topolgica da regio de estabilidade . . . . . . . . . . . 35

    4 CARACTERIZAO DA FRONTEIRA DA REGIO DE ESTABILIDADE 45

    4.1 Pontos de equilbrio na fronteira da regio de estabilidade . . . . . . . . 45

    4.2 Estrutura dos pontos de equilbrio na fronteira da regio de estabilidade 49

    5 CARACTERIZAO DA FRONTEIRA DA REGIO DE ESTABILIDADE

    NA PRESENA DE UM PONTO DE EQUILBRIO SELA-N DO TIPO

    ZERO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    5.1 Ponto de equilbrio sela-n. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    5.2 -Lema e equilbrio sela-n do tipo zero . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    5.3 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

    5.4 Lemas auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    5.5 Ponto de equilbrio sela-n do tipo zero na fronteira da regio de esta-

    bilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

    5.6 Regio de estabilidade fraca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    6 PERSISTNCIA DA REGIO DE ESTABILIDADE . . . . . . . . . . . 736.1 Persistncia dos pontos de equilbrio hiperblicos na fronteira da regio

    de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    6.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

    7 BIFURCAO A UM PARMETRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    7.1 Estabilidade Estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    7.2 Bifurcao sela-n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

    7.2.1 Bifurcao sela-n do tipo zero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

    8 BIFURCAO SELA-N DO TIPO ZERO NA FRONTEIRA DA REGIO

    DE ESTABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    8.1 Comportamento da fronteira da regio de estabilidade na presena de

    um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    8.2 Exemplos e Aplicaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    9 ESTIMATIVAS DA REGIO DE ESTABILIDADE COM BIFURCAES

    SELA-N DO TIPO ZERO NA FRONTEIRA . . . . . . . . . . . . . . . 1039.1 Funo energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

    9.2 Estimativas da regio de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

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    9.3 Funo energia e a caracterizao da fronteira da regio de estabilidade

    na presena de um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero . . . . . . . . 106

    9.4 Estimativas da regio de estabilidade na presena de um ponto de equi-

    lbrio sela-n do tipo zero na fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1099.5 Comportamento das estimativas da regio de estabilidade prximo a

    um parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero . . . . . . . . . . . . . 113

    10 CONCLUSES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

    10.1 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

    REFERNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

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    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1.1: Classificao dos mtodos para estimar a regio de estabilidade. . . . 2

    Figura 2.1: p um ponto -limite e o conjunto -limite da soluo (t,x). 18Figura 2.2: Conjunto-limite desconexo e ilimitado. . . . . . . . . . . . . . . . 20

    Figura 2.3: Soluo estvel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    Figura 2.4: Soluo assintoticamente estvel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    Figura 2.5: Ponto de equilbrio estvel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    Figura 2.6: Ponto de equilbrio atrativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    Figura 2.7: Ponto de equilbrio assintoticamente estvel. . . . . . . . . . . . . . 23

    Figura 2.8: Variedade estvel Ws

    e variedade instvelWu

    . . . . . . . . . . . . . . 25Figura 2.9: Retrato de fase do sistema (2.5). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    Figura 2.10: CurvasMe Nem R2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    Figura 2.11: Ilustrao do Exemplo 2.3.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    Figura 2.12: Variedades no transversais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    Figura 3.1: Vizinhana atrativa U= U1 U2do conjunto atrativoH=H1 H2dosistema (3.1) onde H1 um ciclo limite estvel e H2= {(0;0)}um

    ponto de equilbrio instvel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Figura 3.2: Vizinhana atrativaUdo conjunto atrativoH= [1,1] {0} do sis-

    tema (3.2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    Figura 3.3: Ponto de equilbrio atrativo do sistema (3.3). . . . . . . . . . . . . . 35

    Figura 3.4: Vizinhana atrativaU= U1U2do conjunto atrativoH= {(1;0), (1;0)}do sistema (3.2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    Figura 3.5: Conexidade por caminho da regio de estabilidade. . . . . . . . . . . 38

    Figura 4.1: Retrato de fase do sistema (4.1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Figura 4.2: Retrato de fase do sistema (4.2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    Figura 4.3: Retrato de fase do sistema (4.3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

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    Figura 5.1: As variedades locaisWc+

    loc (p)e Ws

    loc(p)so nicas, ao passo que ex-

    istem infinitas escolhas para Wc

    loc (p). Trs possveis escolhas para

    Wc

    loc (p)so indicadas nesta figura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    Figura 5.2: VizinhanaUde um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero pdo

    sistema (2.1). A parte cinza da figura corresponde ao conjuntoU. . 54

    Figura 5.3: Ilustrao do Lema 5.2.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Figura 5.4: Ilustrao do Lema 5.2.2 e Corolrio 5.2.2. A parte cinza da figura

    corres-ponde ao conjunto t0(t,Ds). . . . . . . . . . . . . . . . . 56Figura 5.5: Ilustrao do Lema 5.2.3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    Figura 5.6: O retrato de fase do sistema (5.1). A fronteira da regio de estabili-

    dade constituda pela unio da variedade estvel do ponto de equi-

    lbrio hiperblico do tipo um(1;0), a curva em azul, com a variedade

    estvel do ponto de equilbrio sela-n do tipo zero (0;1), a curvaem vermelho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    Figura 5.7: Um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero pna fronteira da regio

    de estabilidade de um ponto de equilbrio assintoticamente estvelxs.

    A componente instvel Wc+

    (p) da variedade central Wc(p) intercepta

    a regio de estabilidade A(xs

    ), ao passo que Ws

    (p)est contida nafronteira da regio de estabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    Figura 5.8: Exemplo de um sistema dinmico onde a variedadeWc+

    (p)e a var-

    iedade estvel Ws(p)de um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero p

    no satisfazem a condio de transversalidade na fronteira da regio

    de estabilidade de um ponto de equilbrio as-sintoticamente estvel xs. 66

    Figura 5.9: O retrato de fase do sistema (5.2). A fronteira da regio de estabil-

    idade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel (1,1547;0)

    formada pela variedade estvel do ponto de equilbrio sela-n do tipozero(0,5774;0), a curva em azul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

    Figura 5.10: O retrato de fase do sistema (5.3). A fronteira da regio de estabil-

    idade fraca S(0;0,25) forma pela unio da variedade estvel do

    ponto de equilbrio sela-n do tipo zero (0;0,25), a curva em ver-

    melho, com a variedade estvel do ponto de equilbrio (1,11;0,25),

    a curva em azul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

    Figura 6.1: Retrato de fase do sistema (6.2) para=0. O ponto de equilbrioinstvelx1 =1 pertence fronteira da regio de estabilidade doponto de equilbrio assintoticamente estvelxs =0. . . . . . . . . . 76

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    Figura 6.2: Retrato de fase do sistema (6.2) para= 0,01. O ponto de equilbrio

    instvel perturbado x1 =0,980 pertence fronteira da regio deestabilidade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel xs=0.

    E o novo ponto de equilbrio instvelx2=6,044 tambm pertence fronteira da regio de estabilidade A(0). . . . . . . . . . . . . . . 76

    Figura 6.3: Retrato de fase do sistema (6.3) para=0,9. A fronteira da regio

    de estabilidade perturbada A(0,9487)do ponto de equilbrio ass-intoticamente estvelxs= 0,9487 constituda pelo ponto de equi-lbrio hiperblico perturbadox1=0,9487. . . . . . . . . . . . . . . 78

    Figura 6.4: Retrato de fase do sistema (6.3) para= 1. A fronteira da regiode estabi-lidade A(1) do ponto de equilbrio assintoticamente

    estvelxs = 1 constituda pelo ponto de equilbrio hiperblico

    x1 =1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

    Figura 6.5: Retrato de fase do sistema (6.3) para=1,1. A fronteira da regio

    de estabilidade perturbada A(1,0488)do ponto de equilbrio ass-intoticamente estvelxs= 1,0488 constituda pelo ponto de equi-lbrio hiperblico perturbadox1=1,0488. . . . . . . . . . . . . . . 78

    Figura 6.6: Retrato de fase do sistema (6.4) para =0,1. A fronteira daregio de estabilidade perturbadaA(2,0488;1,0162) a unio

    das variedades estveis dos pontos de equilbrio (2,0488;2,0162),(0,0488;0,0514)e(0,0488;0,9485), as curvas em azul. . . . . . . . 79

    Figura 6.7: Retrato de fase do sistema (6.4) para= 0. A fronteira da regiode estabi-lidadeA(2;1) a unio das variedades estveis dospontos de equilbrio(2;2),(0;1)e(0;0), as curvas em azul. . . . . 79

    Figura 6.8: Retrato de fase do sistema (6.4) para= 0,1. A fronteira da regio de

    estabilidade perturbadaA(1,9487;0,9828) a unio das var-iedades estveis dos pontos de equilbrio (1,9487;1,98282),(0,0513;0,0489)

    e(0,0513;1,0489), as curvas em azul. . . . . . . . . . . . . . . . . 80Figura 7.1: Retrato de fase dos campos vetoriais feg. . . . . . . . . . . . . . . 82

    Figura 7.2: Retratos de fase do sistema (7.2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

    Figura 7.3: Retrato de fase do sistema (7.1) na vizinhanaNdo Teorema 7.2.2

    para (0 ,0+ ). Para 0, o sistema (7.1) no tem ponto de equilbrio em N. . . . . . . 85Figura 7.4: Vizinhana Ude um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero x0para

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    Figura 8.1: Comportamento da vizinhanaUde um ponto de equilbrio sela-n

    do tipo zerox0que est na fronteira da regio de estabilidade de um

    ponto de equilbrio assintoticamente estvelxs0 . . . . . . . . . . . . 88

    Figura 8.2: Regio de estabilidade do sistema (7.1) para 0. O ponto de equi-

    lbrio hiperblico do tipo um xque pertencia a fronteira da regiode estabilidade deyspara< 0agora pertence a fronteira da regio

    de estabilidade dexs. O ponto de equilbrioxs

    "herda" toda a regio

    de estabilidade do ponto de equilbrioys, que desapareceu. . . . . . . 94

    Figura 8.5: O retrato de fase do sistema (8.1) para= 1,02. A regio de esta-bilidade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel (0,99;0,02) representada pela rea em cinza. A fronteira da regio de estabili-

    dade constituda pela unio da variedade estvel do ponto de equi-

    lbrio hiperblico instvel (0,2;0,97), originado da bifurcaosela-n do tipo zero, a curva em vermelho, com a variedade estvel

    do ponto de equilbrio hiperblico(0,99;0,02), a curva em azul. . . 98

    Figura 8.6: O retrato de fase do sistema (8.1) para0= 1. A regio de estabil-idade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel(1;0) rep-resentada pela rea em cinza. A fronteira da regio de estabilidade

    constituda pela unio da variedade estvel do ponto de equilbrio

    sela-n do tipo zero (0;1), a curva em vermelho, com a variedadeestvel do ponto de equilbrio hiperblico (1;0), a curva em azul. . . 98

    Figura 8.7: O retrato de fase do sistema (8.1) para= 0,98. A regio de esta-bilidade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel (

    0,99;0,01)

    representada pela rea em cinza. A fronteira da regio de esta-bilidade constituda pela variedade estvel do ponto de equilbrio

    hiperblico(0,99;0,01), a curva em azul. . . . . . . . . . . . . . . . 99

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    Figura 8.8: O retrato de fase do sistema (8.2) para=0,2. A regio de estabil-

    idade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel(1,09;0,2)representada pela rea em cinza escuro. A regio de estabilidade do

    ponto de equilbrio hiperblico assintoticamente estvel (0,2;0,2),originado da bifurcao sela-n do tipo zero, representada pela rea

    em cinza claro. A fronteira da regio de estabilidade A(1,09;0,2) constituda pela variedade estvel do ponto de equilbrio hiper-

    blico instvel(0,2;0,2), originado da bifurcao sela-n do tipozero, a curva em vermelho. A fronteira da regio de estabilidade

    A(0,2;0,2) constituda pela unio da variedade estvel do ponto

    de equilbrio(0,2;0,2), com a variedade estvel do ponto de equi-

    lbrio hiperblico(1,09;0,2), a curva em azul. . . . . . . . . . . . . 99

    Figura 8.9: O retrato de fase do sistema (8.2) para 0= 0,25. A regio de estabil-

    idade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel (1,11;0,25) representada pela rea em cinza escuro. A regio de estabilidade

    fraca de(0;0,25) representada pela rea em cinza claro. A fronteira

    da regio de estabilidadeA0(1,11;0,25) constituda pela var-iedade estvel do ponto de equilbrio sela-n do tipo zero(0; ,0,25),

    a curva em vermelho. A fronteira da regio de estabilidade fraca

    S0(0;0,25) constituda pela unio da variedade estvel do pontode equilbrio sela-n do tipo zero, com a variedade estvel do ponto

    de equilbrio hiperblico(1,11;0,25), a curva em azul. . . . . . . . . 100

    Figura 8.10: O retrato de fase do sistema (8.2) para =0,3. A regio de esta-

    bilidade do ponto de equilbrio hiperblico assintoticamente estvel

    (1,13;0,3) representada pela rea em cinza escuro. A fronteirada regio de estabilidade A(1,13;0,2) constituda pela var-

    iedade estvel do ponto de equilbrio hiperblico instvel(1,13;0,3),a curva em azul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

    Figura 8.11: Diagrama de bifurcao do sistema (8.3). Este grfico descreve a

    componentex1dos pontos de equilbrio de (8.3) como uma funo da

    entrada I1. A linha tracejada corresponde a coordenada dos pontos

    de equilbrio do tipo um enquanto a linha contnua indica os pontos

    de equilbrio assintoticamente estveis. Uma bifurcao sela-n do

    tipo zero ocorre emI1=0,418. Se o parmetroI1cresce lentamente,

    ento, para o valor de entrada 0,418, a sada da rede salta rapidamentedo ponto de equilbrio sela-n do tipo zero (1,44;0,51)para oponto de equilbrio assintoticamente estvel(3,69;0,95). . . . . . . . 101

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    Figura 8.12: O retrato de fase do sistema (8.3) para I1 = 0,4. A regio de esta-

    bilidade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel(3,66;0,95)

    representada pela rea em cinza. A fronteira da regio de estabili-

    dade constituda pela variedade estvel do ponto de equilbrio hiper-blico instvel (1,17;0,42), originado da bifurcao sela-n dotipo zero, a curva em azul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

    Figura 8.13: O retrato de fase do sistema (8.3) paraI1= 0,418. A regio de estabil-

    idade do ponto de equilbrio assintoticamente estvel (3,69;0,95)

    representada pela rea em cinza. A fronteira da regio de estabilidade

    constituda pela variedade estvel do ponto de equilbrio sela-n do

    tipo zero(1,44;0,51), a curva em azul. . . . . . . . . . . . . . . 102Figura 8.14: O retrato de fase do sistema (8.3) paraI1=0,43. O ponto de equi-

    lbrio(3,71;0,95) globalmente assintoticamente estvel. . . . . . . 102

    Figura 9.1: O retrato de fase do sistema (9.1). A regio de estabilidade do ponto

    de equilbrio assintoticamente estvel (0,2;0) representada pelarea em cinza claro. A componente conexaD(0,39)do conjunto de

    nvel {(x,y) R2 : V(x;y)

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    Figura 9.5: O retrato de fase do sistema (9.3). A regio de estabilidade do ponto

    de equilbrio assintoticamente estvel (0,31;0) representada pela

    rea em cinza claro. A componente conexa D(0) do conjunto de

    nvel {(x,y) R2 : V(x;y)

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    Figura 9.11: O retrato de fase do (9.5) para0= 0,49. A regio de estabilidade

    do ponto de equilbrio assintoticamente estvel (3,43;0,49) rep-resentada pela rea em cinza claro. A componente conexa D(1,55)

    do conjunto de nvel{(x,y)R2 : V0(x;y)

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    LISTA DE SMBOLOS

    0 Parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero

    xs Ponto de equilbrio assintoticamente estvel

    A(xs) Regio de estabilidade dexs

    A(xs) Fecho da regio de estabilidade dexs

    A(xs) Fronteira da Regio de estabilidade

    S(p) Regio de estabilidade fraca de um ponto de equilbrio sela-n do tipo zerop

    S(p) Fronteira da regio de estabilidade fraca de um ponto de equilbrio sela-n do

    tipo zero p

    E Conjunto dos pontos de equilbrio

    (L) Conjunto de nvelL

    Bu Domnio fundamental da variedade instvel

    Nu Vizinhana fundamental da variedade instvel

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    1

    1 INTRODUO

    1.1 Estimativas da regio de estabilidade

    Pontos de equilbrio assintoticamente estveis de sistemas dinmicos autnomos no

    lineares no so, em geral, globalmente estveis. Na maioria dos casos, existe um subcon-

    junto de condies iniciais, chamado de regio de estabilidade, cujas trajetrias, iniciando

    dentro deste conjunto, tendem para o ponto de equilbrio assintoticamente estvel quando

    o tempo tende ao infinito. O problema de determinar a regio de estabilidade de um

    ponto de equilbrio assintoticamente estvel para um sistema dinmico autnomo no li-

    near relevante em diversas aplicaes no campo da engenharia, incluindo problemas de

    estabilidade em sistemas eltricos de potncia, (EL-ABIAD; NAGAPPAN, 1966), (YU;VONGSURIYA, 1967), (SARKAR; RAO, 1971), (N. KAKIMOTO; HAYASHI, 1978),

    (VARAIYA; WU; CHEN, 1985), (CHIANG; WU; VARAIYA, 1987), (PAI, 1981), (CHI-

    ANG; WU; VARAIYA, 1992), (COUTINHO; PAGANO; TROFINO, 2004), (COUTINHO

    et al., 2004), (COUTINHO; SOUZA; TROFINO, 2009), (DEMARCO; CANIZARES,

    1992), (SILVA et al., 2009), (SILVA et al., 2005), (GUEDES; ALBERTO; BRETAS,

    2005), anlise dinmica em reatores qumicos (E. NOLDUS J. SPRIET; CAUWEN-

    BERGHE, 1974), tcnicas de otimizao global via sistemas dinmicos (LEE; CHIANG,

    2000) e em outras reas tais como ecologia (MAY, 1973; GATTO; RINALDI, 1975) eeconomia (ARROW; HAHN, 1971). Os inmeros mtodos, propostos na literatura, para

    estimar a regio de estabilidade de um ponto de equilbrio assintoticamente estvel po-

    dem ser grosseiramente divididos em duas classes (GENESIO; TARTAGLIA; VICINO,

    1985): aqueles que usam funo escalares tais como funes de Lyapunov ou funes en-

    ergia, e aqueles que no usam funes escalares, ver Figura 1.1. A maioria dos mtodos

    que utilizam funes escalares baseada nos resultados de LaSalle que estendem a teoria

    de Lyapunov (LASALLE, 1960a,b; LASALLE; LEFSCHETZ, 1961). Funes escalares

    podem fornecer estimativas da regio de estabilidade por meio de conjuntos de nvel,

    onde estes so determinados por um nmero escalar. Sua utilizao como estimativa tem

    a vantagem de ser simples, permitindo verificar se um ponto est dentro da regio de esta-

    bilidade apenas verificando uma desigualdade entre nmeros reais. Porm, os conjuntos

  • 5/21/2018 Moraes (2010) Caracterizao Estimativas e Bifurcaes Da Regio de Estabilidade de Sistemas Dinmicos No Lineares

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    1. Introduo 2

    de nvel podem ser uma estimativa bastante conservadora da regio de estabilidade, isto

    , na maioria dos casos somente um subconjunto da verdadeira regio de estabilidade.

    Outro mtodo que utiliza funes do tipo Lyapunov o mtodo de Zubov (ZUBOV, 1962,

    1964, 1967). Teoricamente, este mtodo fornece a verdadeira regio de estabilidade viaa soluo de uma equao diferencial parcial. Na prtica, este mtodo pode ser invivel

    devido a convergncia no uniforme do algoritmo, alm disso ele requer um grande es-

    foro computacional, como descrito no trabalho de Genesio, Tartaglia e Vicino (1985).

    Para sistemas planares, mtodos que no se baseiam em funes escalares foram desen-

    volvidos, ver por exemplo (JOCIC, 1982) e (INFANTE; CLARK, 1964). Os mtodos

    que no se baseiam em funes escalares, usualmente empregam o mtodo da trajetria

    reversa. Neste mtodo, a estimativa da regio de estabilidade sintetizada a partir de

    um certo nmero de trajetrias do sistema obtido pela integrao numrica das equaesdo sistema para tempos negativos (GENESIO; TARTAGLIA; VICINO, 1985; GENESIO;

    VICINO, 1984). A desvantagem deste mtodo que para sistemas de ordem elevada

    exige-se um grande esforo computacional associado s rotinas de integrao numrica

    do algoritmo, porm para sistemas de ordem reduzida, o mtodo vivel oferecendo um

    estimativa quase exata da regio de estabilidade como descrito no trabalho de Genesio,

    Tartaglia e Vicino (1985). No trabalho de M. Loccufier e E. Noldus (2000), um novo

    mtodo de trajetria reversa foi proposto.

    Neste trabalho, os mtodos que sero utilizados para estimar a regio usam funes

    escalares.

    Figura 1.1: Classificao dos mtodos para estimar a regio de estabilidade.

    1.2 Caracterizao da fronteira da regio de estabilidade

    Muitos mtodos foram propostos na literatura com o objetivo de estimar a regio de

    estabilidade. Esses mtodos comearam a ser largamente estudados na dcada de 60,

    motivados pelos estudos de estabilidade transitria em sistemas eltricos de potncia,

    ver por exemplo (GLESS, 1966; EL-ABIAD; NAGAPPAN, 1966; WILLEMS, 1968). A

    maioria dos mtodos usados na anlise de estabilidade transitria em sistemas eltricos de

    potncia, baseavam-se no Princpio de Invarincia de LaSalle (LASALLE, 1960b) e no

    exploravam a estrutura qualitativa da fronteira da regio de estabilidade. Alm de serem

    bastantes conservadores, estes mtodos eram heursticos, e consequentemente sujeitos a

  • 5/21/2018 Moraes (2010) Caracterizao Estimativas e Bifurcaes Da Regio de Estabilidade de Sistemas Dinmicos No Lineares

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    1. Introduo 3

    erros.

    Motivados em compreender a fronteira da regio de estabilidade para obter estima-

    tivas timas da regio de estabilidade na anlise de estabilidade transitria em sistemas

    eltricos de potncia, Tsolas, Arapostathis e Varaiya (1985) propem na literatura umaprimeira caracterizao dinmica da fronteira da regio de estabilidade de um ponto de

    equilbrio assintoticamente estvelxs, para um sistema dinmico autnomo no linear

    x=f(x) (1.1)

    onde f : Rn Rn um campo vetorial de classe C1.No trabalho de Tsolas, Arapostathis e Varaiya (1985), foi mostrado, sob algumas

    condies, que a fronteira da regio de estabilidade a unio do fecho das variedades

    estveis de todos os pontos de equilbrio do tipo 1 que pertencem fronteira da regio de

    estabilidade.

    Chiang, Wu e Varaiya (1987) apresentaram uma fundamentao terica de mtodos

    diretos para efetuar a estimativa da regio de estabilidade. Esta fundamentao tem por

    base uma nova caracterizao dinmica da fronteira da regio de estabilidade de um ponto

    de equilbrio assintoticamente estvel que generaliza a caracterizao proposta por Tsolas,

    Arapostathis e Varaiya (1985). No trabalho de Chiang, Wu e Varaiya (1987), mostrou-se

    sob as condies

    (A1) Todos pontos de equilbrio na fronteira da regio de estabilidade so hiperblicos.

    (A2) As variedades estveis e instveis dos pontos de equilbrio na fronteira da regio de

    estabilidade satisfazem a condio de transversalidade.

    (A3) Toda trajetria na fronteira da regio de estabilidade se aproxima de um ponto de

    equilbrio quandot +,

    que a fronteira da regio de estabilidade a unio das variedades estveis de todos os pon-tos de equilbrio na fronteira. Alm disso, foram dadas condies necessrias e suficientes

    para um ponto de equilbrio hiperblico pertencer fronteira da regio de estabilidade.

    Um pouco mais tarde, no trabalho de Chiang, Hirsch e Wu (1988) foi apresentada

    uma caracterizao mais completa da fronteira da regio de estabilidade de um ponto de

    equilbrio assintoticamente estvel que generaliza a caracterizao proposta por Chiang,

    Wu e Varaiya (1987). Naquele trabalho, sob as condies

    (B1) Todos pontos de equilbrio(e/ou rbitas fechada) na fronteira da regio de estabili-

    dade so hiperblicos.

    (B2) As variedades estveis e instveis dos pontos de equilbrio(e/ou rbitas fechada) na

    fronteira da regio de estabilidade satisfazem a condio de transversalidade.

  • 5/21/2018 Moraes (2010) Caracterizao Estimativas e Bifurcaes Da Regio de Estabilidade de Sistemas Dinmicos No Lineares

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    1.3 Objetivos 4

    (B3) Toda trajetria na fronteira da regio de estabilidade se aproxima de um ponto de

    equilbrio (e/ou rbitas fechada) quandot +,

    mostrou-se que a fronteira da regio de estabilidade a unio das variedades estveis detodos os pontos de equilbrio (e/ou rbitas fechadas) na fronteira da regio de estabilidade.

    Alm disso, foram dadas condies necessrias e suficientes para um ponto de equilbrio

    (e/ou rbitas fechadas) pertencer fronteira da regio de estabilidade.

    Chiang, Wu e Varaiya (1988) apresentaram uma caracterizao da fronteira da regio

    de estabilidade para duas classes de sistemas dinmicos: sistemas gradientes genera-

    lizados e sistemas descritos por uma equao diferencial vetorial de segunda ordem. A

    caracterizao para estas duas classes especficas de sistemas foi a mesma dada por Chi-

    ang, Wu e Varaiya (1987), porm, para estes sistemas, apenas a hiptese(A2)foi utilizadapara a caracterizao da fronteira. Alm disso, para estes sistemas particulares, mostrou-

    se que os pontos de equilbrio hiperblicos na fronteira da regio de estabilidade persistem

    na fronteira sob pequenas pertubaes do campo vetorial.

    Mais tarde, no trabalho de Chiang e Chia-Chu (1995), foram mostrados, sob as su-

    posies (A1) (A3), para sistemas dinmicos autnomos mais gerais, que os pontosde equilbrio hiperblicos na fronteira da regio de estabilidade de um ponto de equi-

    lbrio assintoticamente estvel tambm persistem na fronteira sob pequenas pertubaes

    do campo vetorial.

    1.3 Objetivos

    As suposies(A1) (A3)so fundamentais na caracterizao da fronteira da regiode estabilidade de um ponto de equilbrio assintoticamente estvel proposta por Chiang,

    Wu e Varaiya (1987). Mas, para sistemas que dependem de parmetros, muito comum a

    violao da suposio(A1)devido ao aparecimento de bifurcaes na fronteira da regio

    de estabilidade. Na anlise de estabilidade de tenso em sistemas eltricos de potncia,

    por exemplo, verificou-se a existncia de bifurcaes sela-n na fronteira da regio deestabilidade, violando assim a suposio (A1)(GUEDES; ALBERTO; BRETAS, 2005).

    Em vista disto, com o intuito de entender o comportamento da regio de estabilidade de

    um ponto de equilbrio assintoticamente estvel e sua fronteira quando a suposio(A1)

    violada pela ocorrncia de bifurcaes na fronteira da regio de estabilidade, estuda-se

    neste trabalho o sistema de equaes diferencias dependente de um parmetro escalar

    x=f(x,) (1.2)

    comx Rn, R e f : Rn R Rn sendo um campo vetorial de classeC1.Como o sistema (1.2) est sujeito a variao do parmetro , bifurcaes locais podem

    ocorrer na fronteira da regio de estabilidade e consequentemente pontos de equilbrio

  • 5/21/2018 Moraes (2010) Caracterizao Estimativas e Bifurcaes Da Regio de Estabilidade de Sistemas Dinmicos No Lineares

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    1.4 Contribuies 5

    no hiperblicos podem aparecer na fronteira da regio de estabilidade violando assim a

    hiptese(A1). Como queremos entender o comportamento da regio de estabilidade e

    de sua fronteira para propor estimativas da regio de estabilidade quando ocorrem estas

    bifurcaes, buscaremos responder duas perguntas importantes: (i)pode-se ainda obteruma caracterizao da fronteira da regio de estabilidade em termos das variedades es-

    tveis dos pontos de equilbrio que esto na sua fronteira, incluindo o ponto de equilbrio

    no hiperblico? (ii) como a regio de estabilidade e sua fronteira se comportam sob

    pequenas variaes do parmetrona ocorrncia de uma bifurcao local na fronteira?

    Neste trabalho, o objetivo responder a estas perguntas para um caso especfico de bi-

    furcao local, que a bifurcao sela-n do tipo zero, e propor um algoritmo conceitual

    para obter estimativas da regio de estabilidade perturbada, via conjunto de nvel de uma

    dada funo energia, na vizinhana de um parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero.

    1.4 Contribuies

    Neste trabalho, supondo a existncia de um ponto de equilbrio no hiperblico sela-

    n do tipo zero na fronteira da regio de estabilidade, apresentaremos uma caracterizao

    completa da fronteira em termos das variedades estveis dos pontos de equilbrio que

    esto na fronteira, incluindo o ponto de equilbrio no hiperblico sela-n do tipo zero.

    Mostraremos tambm que, mesmo com a presena de um ponto de equilbrio sela-n do

    tipo zero na fronteira da regio de estabilidade, os pontos de equilbrio hiperblicos nafronteira da regio de estabilidade persistem sob a influncia de pequenas variaes dos

    parmetros. Resultados que descrevem o comportamento da fronteira da regio de esta-

    bilidade na vizinhanas de um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero sero apresentados.

    Alm disso, obteremos uma caracterizao global da fronteira da regio de estabilidade

    nas vizinhanas de um parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero. E por fim, oferece-

    remos uma estimativa da regio de estabilidade, via conjunto de nvel de uma dada funo

    energia, na presena de um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero na fronteira da regio

    de estabilidade e exibiremos resultados que permitem entender o comportamento destaestimativa na vizinhana de um parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero.

    1.5 Organizao do texto

    Os prximos captulos deste texto esto organizados da seguinte forma:

    No Captulo 2, uma reviso de alguns conceitos e resultados na rea de topologia e

    equaes diferencias ordinrias apresentada.

    No Captulo 3, o conceito de conjunto atrativo e atrator introduzido e algumas

    discusses desses conceitos so apresentadas. Alm disso, exibimos uma caracte-

    rizao topolgica da regio de estabilidade e de sua fonteira.

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    1.5 Organizao do texto 6

    No Captulo 4, uma breve reviso sobre a teoria existente da caracterizao dinmica

    da fronteira da regio de estabilidade apresentada.

    No Captulo 5, o conceito de ponto de equilbrio sela-n do tipo zero apresentado,exibiremos uma verso do -Lema para ponto de equilbrio sela-n do tipo zero,

    forneceremos condies necessrias e suficientes para que um ponto de equilbrio

    sela-n do tipo zero pertena fronteira da regio de estabilidade de um ponto

    de equilbrio assintoticamente estvel e desenvolvemos resultados que permitem

    caracterizar a fronteira da regio de estabilidade em termos das variedades estveis

    dos pontos de equilbrio que pertencem a fronteira, incluindo o ponto de equilbrio

    sela-n do tipo zero. Alm disso, definiremos o conceito de regio de estabilidade

    fraca e exploraremos algumas de suas propriedades.

    No Captulo 6, discute-se a persistncia da regio de estabilidade e da caracteriza-

    o de sua fronteira sob a infuncia de pequenas variaes do parmetro.

    No Captulo 7, uma breve reviso sobre a teoria de bifurcao para uma famlia de

    equaes diferenciais dependendo de um parmetro escalar apresentada.

    No Captulo 8, mostraremos o comportamento da fronteira da regio de estabilidade

    na vizinhana de um ponto de equilbrio sela-n do tipo zero. Com a informao

    deste comportamento local, verificaremos que mudanas drsticas podem ocorrerna regio de estabilidade e na fronteira da regio de estabilidade sob a infuncia de

    pequenas variaes do parmetro. Exibiremos tambm uma caracterizao global

    da fronteira da regio de estabilidade para valores de parmetros prximos a um

    parmetro de bifurcao sela-n do tipo zero.

    No Captulo 9, a definio de funo energia e uma reviso dos resultados rela-

    cionados a estimativas da regio de estabilidade via conjunto de nvel de uma dada

    funo energia so apresentadas. Apresentaremos tambm estimativas da regio de

    estabilidade via conjunto de nvel de uma dada funo energia na presena de umponto de equilbrio sela-n do tipo zero na fronteira. Exibiremos tambm resul-

    tados que permitem entender o comportamento destas estimativas sob a influncia

    das variaes do parmetro, incluindo variaes prximas a um parmetro de bifur-

    cao sela-n do tipo zero.

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    7

    2 PRELIMINARES

    Este captulo tem como finalidade rever alguns conceitos e resultados na rea de

    topologia e equaes diferencias ordinrias que sero usados ao longo do texto. Ini-ciaremos com uma discusso sobre a topologia do espao euclidiano. Posteriormente,

    discutiremos alguns tpicos da teoria de equaes diferencias ordinrias.

    Ao leitor familiarizado com os conceitos de topologia e equaes diferencias or-

    dinrias a leitura deste captulo pode ser dispensada, retornando ao mesmo conforme a

    necessidade.

    2.1 Espao Euclidiano

    Nesta seo, exibiremos alguns resultados sobre a topologia do espao euclidianoque sero explorados ao decorrer do trabalho. Para maiores esclarecimentos/detalhes dos

    assuntos aqui tratados ver (LIMA, 2006) e (MUNKRES, 2000).

    2.1.1 Norma

    Seja n um nmero natural. O espao euclidiano ndimensional o produto de nfatores iguais a R:

    Rn = RR ...R.

    Os pontos de Rn so todas as nlistas x= (x1,...,xn) cujas coordenadas x1,...,xn sonmeros reais.

    conhecido da lgebra linear que Rn com as operaes usuais de soma e multipli-

    cao tem estrutura de espao vetorial de dimensonsobre o corpo dos reais.

    Um produto internonum espao vetorial real E uma aplicao, :EE Rque faz corresponder a cada par de vetores x,y Eum nmero real, indicado porx,y,de tal modo que, para quaisquer x,z,y Ee R, valham as seguintes propriedades:(P1.)

    x,y

    =

    y,x

    ; (Comutatividade)

    (P2.)x +z,y = x,y+ z,y ; (Superposio)(P3.)x,y =.x,y = x,y ; (Homogeneidade)(P4.)x =0= x,x >0.(Positividade)

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    2.1 Espao Euclidiano 8

    Um exemplo de produto interno em Rn, e o mais importante, o produto interno

    cannico, o qual dado por

    x,y =x1.y1+ ...+xn.yn,

    ondex= (x1,...,xn)ey= (y1,...,yn).

    Dado xRn, escreveremosx=x,x, onde, o produto interno cannico.

    Assim,

    x =

    x21+ ...+x2n.

    O nmeroxchama-senorma euclidiana. A norma euclidiana goza das seguintespropriedades, ondex,y

    Rn,

    R e

    |

    |indica o valor absoluto do nmero real:

    (N1.) x +y x +y; (Desigualdade triangular)(N2.) .x = ||.x; (Homogeneidade)(N3.)x =0= x >0.(Positividade)

    De um modo geral, uma normanum espao vetorial E qualquer funo real:E Rque cumpra as condies (N1), (N2) e (N3) acima. H uma infinidade de nor-mas que se podem considerar no espao euclidiano . Quando no dissermos explicita-

    mente qual a norma que estamos considerando em Rn, fica subentendido que se trata da

    euclidiana.

    Uma norma num espao vetorialEd origem a uma noo de distncia em E. Dados

    x,y E, adistnciadexay definida por

    d(x,y) = x y.

    Verifica-se facilmente que a distncia goza das seguintes propriedades, parax,y,z Equaisquer:

    (D1.)d(x,y) d(x,y) + d(y,z); (Desigualdade triangular)

    (D2.)d(x,y) =d(y,x); (Comutatividade)(D3.)x =y= d(x,y)>0.(Positividade)

    A primeira dessas propriedades chamada desigualdade triangular. Neste texto, estare-

    mos considerando no espao euclidiano Rn a distncia proveniente da norma euclidiana,

    salvo meno contrria.

    2.1.2 Conjuntos Abertos

    Antes de definirmos o que um conjunto aberto em Rn, introduziremos o conceito de

    bolas.

    Abola abertade centro num ponto a Rn e raior> 0 o conjunto dos pontosx Rncuja distncia ao ponto a menor que r. Usaremos a notaoB(a; r)para indicar esse

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    2.1 Espao Euclidiano 9

    conjunto. Assim,:

    B(a; r) = {x Rn ;x a 0 tal quex a 0 tal queB(x; r) X. Assim, X abertoint X= X.

    Uma bola abertaB(a; r) Rn um exemplo de conjunto aberto em Rn, assim como oconjuntoX=Rn B[a; r] tambm aberto emRn. Uma outra informao sobre conjuntosabertos que para todo conjunto XRn,int X um conjunto aberto.

    Teorema 2.1.1. (LIMA, 2006) Os conjuntos abertos do espao euclidiano Rn

    gozam dasseguintes propriedades:

    1) O conjunto vazio /0e o espao Rn so abertos;

    2) A interseo A=A1 ...Akde um nmero finito de conjuntos abertos A1,...,Ak umconjunto aberto;

    3) A reunio A= LA de uma famlia qualquer(A)L de conjuntos abertos A um conjunto aberto.

    Fixemos um conjunto X Rn. Um subconjunto A Xdiz-se aberto em X quando,

    para cadaa Aexister>0 tal queB(a; r) XA. Em outras palavras, para cada a Aexister>0 tal que os pontos x, pertencentes aX, que cumprem a condiox a 0, a

    bola abertaB(a; r)contm algum ponto de X.

    A fim de que o ponto a seja aderente ao conjunto X, necessrio e suficiente que o

    pontoaseja limite de uma sequncia de pontos desse conjunto.

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    2.1 Espao Euclidiano 10

    O conjunto dos pontos aderentes a Xchama-sefechodeXe indicado com a notao

    X.

    Pelo que vimos acima, a fim de que um ponto b Rn no pertena ao fecho de X, necessrio e suficiente que exista uma bola aberta de centrobque no contenha pontos de

    X. Em outros termos: b Rn X r>0; B(b; r) X=/0.Como toda bola aberta um conjunto aberto e todo aberto que contm um ponto

    contm tambm uma bola aberta com centro nesse ponto, as condies acima podem ser

    reformuladas com abertos, em vez de bolas:

    1) Tem-sea Xse, e somente se, todo aberto que contmaintersecta o conjuntoX. (Isto, seA aberto ea A= entoA X=/0.)2) Tem-se b / Xse, e somente se, existe um aberto contendo bdisjunto de X. (Isto ,

    existeAaberto comb AeA X= /0.)Como exemplo, o fecho de uma bola aberta B(a; r) a bola fechadaB[a; r]. SeX= Qn

    o conjunto dos pontos de Rn cujas coordenadas so nmeros racionais, ento X= Rn.

    Um conjuntoXRn chama-sefechadoquando contm todos seus pontos aderentes,isto , quandoX=X.

    Por exemplo, uma bola fechada B[a; r] um subconjunto fechado de Rn, assim como

    tambm fechado a esferaS[a; r].

    Sexk aquandok +,xkXpara todokN eA um conjunto fechado, entoa

    X.

    Dados um conjuntoXe um ponto a Rn, h trs possibilidades que se excluem mu-tuamente: oua int X, oua int(Rn X)ou ento toda bola aberta de centroacontmpontos de Xe pontos do complementar de X. Os pontos com esta ltima propriedade

    constituemX, que chamaremos afronteiradeX. Em outras palavras,X= XRn X.Os prximos dois teoremas, cujas demonstraes foram tiradas de (LIMA, 2006),

    permitem concluir que a fronteira de um conjunto XRn um conjunto fechado.

    Teorema 2.1.2. (LIMA, 2006) Para todo X Rn, o complementar do fecho de X umconjunto aberto.

    Demonstrao. ConsidereA =Rn X. Para todoa A, exister> 0 tal queB(a; r)X=/0. Afirmamos queB(a; r) A. De fato, sez B(a; r), entoB(a; r) um aberto contendoze disjunto deX, logoz Rn X= A.

    Teorema 2.1.3. (LIMA, 2006) Um conjunto fechado no Rn se, e somente se, seu com-

    plementar aberto no Rn.

    Demonstrao. (=

    )SeX

    Rn fechado, temos queX=X, em particular, Rn

    X=

    Rn Xe pelo teorema anterior podemos afirmar que o complementar deX aberto.(=)SeXRn tal queA =Rn X um conjunto aberto entoz/Ximplica emz A.Como A aberto por hiptese existe r>0 tal que B(z; r) A, ou seja, B(z; r) X= /0,

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    2.1 Espao Euclidiano 11

    consequentementezno aderente aX. Assim, todo ponto aderente aXdeve pertencer a

    Xe portantoX fechado.

    Os dois teoremas anteriores garantem que o fecho de qualquer conjunto um conjunto

    fechado. Como a fronteira a interseo de dois conjuntos fechados, por consequncia,

    a fronteira de todo conjunto XRn um conjunto fechado. O seguinte resultado umaconsequncia imediata do Teorema 2.1.1 e do Teorema 2.1.3.

    Teorema 2.1.4. (LIMA, 2006) Os conjuntos fechados do espao euclidianoRn gozam das

    seguintes propriedades:

    1) O conjunto vazio /0e o espao Rn so fechados;

    2) A unio F=F1 ... Fkde um nmero finito de conjuntos fechados F1,...,Fk um

    conjunto fechado;3) A interseo F= LFde uma famlia qualquer(F)L de conjuntos fechados F um conjunto fechado.

    O conjunto formado pela unio infinita de conjuntos fechados pode no ser fechado.

    De fato, para cada ponto x Q R, o conjunto{x} fechado em R. O conjunto Qunio dos seus pontos, isto , Q = xQ{x}e o mesmo no fechado em Rvisto queQ = R.

    Fixemos um conjuntoX Rn. Um subconjuntoFXdiz-se fechado emXquandose temF= X GondeG um conjunto fechado em Rn.

    SeXRn fechado, ento um subconjuntoFX fechado emXse, e somente se, fechado em Rn.

    DadosY X Rn, podemos tambm definir o fechode Y relativamentea Xcomosendo o conjuntoYX, dos pontos aderentes aYque pertencem ao conjunto X.

    Sejam YXRn. Dizemos que YdensoemXquando YX= X, ou seja,XY.

    2.1.4 Conjuntos Conexos

    Umacisode um conjuntoXRn

    uma decomposioX= AB, ondeA B=/0 eos conjuntosA,Bso ambos abertos emX. As condiesX=ABeAB =/0 equivalema dizer queA=XBeB=XA. Por conseguinte, numa ciso X= A B, os conjuntos

    A,Bso abertos e fechados emX.

    Todo conjuntoXRn admite pelo menos a ciso trivial X=X/0. Um exemplo deciso no trivial R{0} = (,0) (0,+).

    Um conjuntoXRn chama-seconexoquando no admite outra ciso alm da trivial.Assim, quandoX conexo,X= A B, comA,Bdisjuntos e abertos em X, implicaA=/0ouB=/0.

    Quando existir uma ciso no-trivial X= A B, diremos queXdesconexo.A imagem de um conjunto conexo por uma aplicao contnua um conjunto conexo.

    Um subconjuntoXR conexo se, e somente se, um intervalo. Uma outra propriedade

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    2.1 Espao Euclidiano 12

    importante que a unio de uma famlia de conjuntos conexos com um ponto em comum

    um conjunto conexo.

    A definio de conjunto conexo proposta acima a expresso matemtica da ideia de

    conjunto formado por um s pedao. Outra maneira de exprimir a conexidade dizer quese pode passar de qualquer um dos seus pontos para outro por um movimento contnuo,

    sem sair do conjunto. Isto nos leva noo de espao conexo por caminhos.

    Sejamx,y Rn. Osegmento de retade extremosx,y o conjunto

    [x,y] = {(1 t)x + ty; 0 t 1}.

    Um subconjunto X Rn diz-se convexoquando contm qualquer segmento de retacujos extremos pertenam aX, ou seja: x,y

    X=

    [x,y]

    X.

    Todo espao vetorialERn convexo, assim como toda bolaB Rn convexa.Um caminhonum conjunto X Rn uma aplicao contnua f :I X, definida

    num intervaloI.

    Diremos que os pontos a,bX podem ser ligados por um caminho em Xquandoexiste uma caminho f:IXtal quea,b f(I).

    Um conjuntoXRn diz-seconexo por caminhosquando dois pontos quaisquera,b Xpodem ser ligados por um caminho emX.

    Por exemplo, seX

    Rn convexo, dois pontos quaisquer a,b

    Xpodem ser ligados

    por um caminho emX, a saber o caminho retilneo f(t) = (1t)a +tbpara todo t [0,1].Portanto, conjuntos convexos so casos particulares de conjuntos conexos por caminhos,

    entretanto, existem conjuntos conexos por caminhos que no so convexos. O conjunto

    Rn {0}, comn>1, por exemplo, conexo por caminho mas no convexo.Se f,g : [0,1] Xso caminhos emX, com f(1) = g(0), ento definimos ocaminho

    justaposto h= fg:[0,1] Xfazendoh(t) = f(2t)se 0 t 12e h(t) =g(2t1)se12 t 1. Estas duas expresses definem o mesmo valor de h(

    12 ). Como f|[0, 12 ]e g|[ 12 ,1]

    so contnuas, segue-se queh contnua.

    Sejama,b,cpontos do conjuntoX Rn. Sea,bpodem ser ligados por um caminhoemXeb,ctambm podem ser ligados por um caminho em X, ento existe um caminho

    em X ligando aa c. Basta tomar caminhos f,g:[0,1] Xcom f(0) =a, f(1) =b,g(0) =b, g(1) =c e por h= f g. Ento h(0) =a e h(1) =c. Essa propriedade de

    caminho descrita acima costumeiramente chamada de transitiva.

    Teorema 2.1.5. (LIMA, 2006) Se um conjunto XRn conexo por caminho, ento X conexo.

    Demonstrao. Suponhamos por contrapositiva queX=A

    B fosse uma ciso no-trivial

    de X. Tomemos a Ae b B. Por hiptese, existiria um caminho f :[0,1] X talque f(0) = a, f(1) =b. Ento[0,1] = f1(A) f1(B)seria uma ciso de [0,1], com0 f1(A)e 1 f1(B), o que um absurdo, pois o intervalo[0,1] conexo.

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    2.1 Espao Euclidiano 13

    A recproca do Teorema 2.1.5 no verdadeira. Como exemplo considere X R2o grfico da funo f :[0,+) R, dada por f(x) =cos( 1x )se x>0 e f(0) =0. OconjuntoX conexo mas no conexo por caminho, para maiores detalhes ver (LIMA,

    2006). Esse exemplo junto com o Teorema 2.1.5 nos permite afirmar que o conceito deconexidade por caminho mais forte do que o conceito de conexidade definida por meio

    de ciso.

    2.1.5 Conjuntos Contrteis

    Sejam os conjuntos X,Y Rn e f,g: X Yaplicaes contnuas, dizemos quef homotpica gquando existe uma aplicao contnua H: X [0,1] Y tal queH(x,0) = f(x)eH(x,1) =g(x)para todox X.

    A aplicaoH umahomotopiaentre fege, denotada por f g.Como exemplo, seX,Y R2 eY convexo, ento todas as aplicaes contnuas de

    XemYso homotpicas, pois dados f,g:X Ybasta definirmosH: X [0,1] YporH(x, t) = t f(x) + (1 t)g(x).

    A relao de homotopia compatvel com composio de funes, ou seja, dadas

    as aplicaes contnuas f,f

    :X Y e g,g :YZtais que f f e gg entog f g f .

    Um conjuntoXRn contrtilse a aplicao identidadeidX:XX homotpicaa uma aplicao constante.

    Todo subconjunto convexo de Rn contrtil. Alm disso, todo conjunto contrtil X

    conexo por caminho, mas a recproca no verdadeira j que R2 {0} conexo porcaminho e no contrtil.

    2.1.6 Espaos Normais

    SejaXum espao topolgico. Dizemos que X um espao normal se para cada par

    A, Bde conjuntos fechados disjuntos de X, existem abertos disjuntos contendo Ae B,

    respectivamente.O resultado a seguir nos garante que o Rn um espao normal.

    Teorema 2.1.6. (MUNKRES, 2000) Rn um espao normal.

    Demonstrao. Sejamx0 Rn,r> 0 nmero real positivo eB(x0,r) ={x Rn : d(x,x0)0 tal que B(a,a)

    Rn

    B, isto , B(a,a)no intercepta

    B. Similarmente, para cadab Bexisteb>0 tal queB(b,b)no interceptaA. Defina

    U= aAB(a, a2) e V= bBB(b,b2

    )

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    2.1 Espao Euclidiano 14

    EntoUeVso subconjuntos abertos contendo Ae B, respectivamente. Afirmamos que

    UeVso disjuntos. De fato; sez UVento

    z B(a,a2) B(b,

    b2)

    para alguma Ae para algumb B. Usando a desigualdade triangular podemos afirmarqued(a,b) d(a,z)+ d(z,b) < a2 +

    b2. Se a bentod(a,b) 0, existemx Sey Ttais que x y 0, existe yT tal qued(x,y)

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 15

    Um outro resultado importante que envolve distncia que a funo f : Rn R,definida por f(x) =d(x,T), uniformemente contnua.

    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias

    Neste trabalho, estamos interessados em estudar sistemas dinmicos no lineares mo-

    delados por equaes diferenciais ordinrias (EDO) autnomas no lineares do tipo:

    x=f(x) (2.1)

    onde f : Rn Rn um campo vetorial de classe C1. Comearemos a seo apresen-tando um resultado de existncia e unicidade de equaes diferenciais ordinrias autno-

    mas. Na Seo 2.2.2, introduziremos o conceito de conjunto invariante. Nas Sees 2.2.3,

    2.2.4 e 2.2.5 exploraremos estabilidade local e comportamento assinttico de solues de

    equaes diferenciais ordinrias autnomas. Para complemento ou maiores detalhes das

    definies e resultados expostos nesta seo ver (SOTOMAYOR, 1979), (HALE, 1969),

    (SMALE; HIRSCH, 1974), (WIGGINS, 2003), (PERKO, 1991), (ALBERTO, 2006),

    (SMALE, 1967), (HIRSCH; PUGH; SHUB, 1970), (GUCKENHEIMER; HOLMES, 1983)

    e (SHUB, 1987).

    2.2.1 Teoria GeralSejam f:Rn Rn um campo vetorial de classe C1 eIum intervalo no degenerado

    da reta, isto , um subconjunto conexo de R no reduzido a um ponto.

    Definio 2.2.1. Uma funo diferencivel: I Rn uma soluo da equao dife-rencial ordinria

    x= f(x)

    no intervalo I se

    ddt

    (t) = f((t)) para todo tI.

    Se uma condio inicial conhecida, o problema de encontrar a soluo (t), satis-

    fazendo essa condio inicial conhecido como problema de valor inicial (PVI):

    x= f(x); x(0) =x0

    O teorema de existncia e unicidade, demonstrado em (SOTOMAYOR, 1979) e apresen-

    tado a seguir, estabelece condies suficientes sobre o campo vetorial fpara garantir a

    existncia e a unicidade das solues.

    Teorema 2.2.1. (SOTOMAYOR, 1979) Sejam f: Rn Rn um campo vetorial de classe

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 16

    C1 e x0 Rn. Ento existe um>0tal que o problema de valor inicial

    x= f(x); x(0) =x0

    tem uma nica soluo(t)no intervalo[,].

    Supondo ainda que as hipteses do teorema anterior estejam satisfeitas, ento, para

    cadax0 Rn, existe uma nica soluo maximal(.,x0)de

    x= f(x); x(0) =x0

    definida num intervalo maximal de existncia ((x0),+(x0)).Um outro aspecto importante da teoria de equaes diferenciais ordinrias a con-

    tinuidade das solues com relao s condies inicias apresentada no seguinte teorema:

    Teorema 2.2.2. (SOTOMAYOR, 1979) Seja f : Rn Rn um campo vetorial de classeC1 . Considere(t,x0)a soluo do PVI

    x= f(x); x(0) =x0

    definida no seu intervalo maximal de existncia. Ento

    D= {(t,x0) : x0 Rn, t ((x0),+(x0))}

    aberto em RRn e contnua em D.

    Alm da continuidade com relao s condies inicias, a soluo de uma EDO

    autnoma satisfaz as seguintes propriedades:

    (1)(0,x) =xpara todox Rn.(2) (t+s,x) =(t,(s,x)) para todox Rn e todos t,s R tais que t+s (w(x),w+(x))et

    (w

    ((s,x)),w+((s,x))).

    Observao 2.2.1. A aplicao t(t,x0) de (w(x0),w+(x0)) em Rn define umacurva em Rn, passando por x0 a qual denomina-se trajetria ou rbita passando por

    x0 e que denotaremos pelo conjunto{(t,x0); t (w(x0),w+(x0))}. A unicidade dassolues garante que as trajetrias no se interceptam. Dado A um subconjunto de Rn e

    tR, defini-se o conjunto(t,A) = {(t,x) : x A}.

    2.2.2 Conjuntos Invariantes

    O conceito de invarincia que ser proposto nesta seo de fundamental importncia

    para anlise de sistemas dinmicos, isto porque, dado um conjunto S Rn, em certasocasies, importante saber quando dada uma condio inicial nesse conjunto a soluo

    que passa por essa condio inicial permanece no respectivo conjunto para todo o tempo,

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 17

    para tempos positivos ou negativos, respectivamente. Esses conjuntos com tais pro-

    priedades so chamados na literatura de conjuntos invariantes, positivamente invariantes e

    negativamente invariantes, respectivamente. A fim de formalizar matematicamente esses

    conceitos, apresentamos as seguintes definies:

    Definio 2.2.2. Um conjunto S Rn invariante com relao ao sistema (2.1) se, paraqualquer x0 S temos(t,x0) S para todo tR.Definio 2.2.3. Um conjunto SRn positivamente (negativamente) invariante comrelao ao sistema (2.1) se, para qualquer x0S temos (t,x0)S para todo t 0(t 0).

    Um exemplo trivial de conjunto invariante a rbita de uma dada condio inicial x0

    do sistema (2.1). Alm disso, sem maiores dificuldades, pode-se verificar que a unio deconjuntos invariantes tambm um conjunto invariante.

    2.2.3 Comportamento Assinttico

    Dado uma condio inicial do sitema (2.1) podemos nos perguntar o que acontece

    com a trajetria que passa por x0 quando o tempo tende para +ou. Usualmenteessas trajetrias se aproximam de equilbrios, ciclos limites, rbitas quasi-peridicas, r-

    bitas caticas ou at mesmo unio de um certo conjunto de rbitas. Todos esses conjuntos

    mencionados acima, para onde a trajetria pode se aproximar, so chamados de conjun-

    tos limites cuja definio matemtica e algumas de suas propriedades sero exploradas a

    seguir.

    Definio 2.2.4. Um ponto p Rn um ponto limite da soluo (t,x0) de (2.1)se existir uma sequncia{tj}, com tj+ quando j+ tal que (tj,x0)p quando j+. O conjunto de todos os pontoslimite de (t,x0) chamadoconjuntolimite da soluo(t,x0), ou simplesmente,limite de x0, e denotado

    por(x0).

    Exemplo 2.2.1. Considere um campo vetorial no plano com uma rbita fechada global-mente atrativa , como mostrado na Figura 2.1. Para cada ponto p , podemos en-contrar uma subsequncia {tj} tal que (tj,x), x R2 se aproxima de p quando j +.Portanto, p um ponto-limite e o conjunto-limite da soluo(t,x).

    O comportamento assinttico das solues quando t , os chamados conjuntoslimite dado a seguir.Definio 2.2.5. Um ponto p Rn um ponto limite da soluo (t,x0) de (2.1)se existir uma sequncia

    {tj}, com tj

    quando j

    + tal que (tj,x0)

    p quando j+. O conjunto de todos os pontoslimite de (t,x0) chamadoconjuntolimite da soluo(t,x0), ou simplesmente,limite de x0, e denotado

    por(x0).

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 18

    Figura 2.1: p um ponto-limite e o conjunto-limite da soluo(t,x).

    No decorrer da seo, exploraremos alguns teoremas1 sobre o conjuntolimite. Oprimeiro teorema nos d uma maneira alternativa para definir o conjunto limite.

    Teorema 2.2.3. (LASALLE, 1976)(x0) = 0

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 19

    ondem = 1,2,..., ento para cada inteirom, existe nmero real m> 0 e um inteiroM> 0

    (dependendo dem) tal que (tM,x0)p< me portanto (,(tM,x0))(,p) 0 e

    tn> Tntal qued((tn,x0),(x0))>para todon=1,2,3,.... Como(tn,x0) uma se-

    quncia limitada em Rn, ento possui subsequncia convergente, ou seja, existe p Rn esubsequncia {tnj} de {tn} tal que (tnj ,x0) pquandonj +. Mas por definio,p (x0), portanto chegamos a uma contradio provando o que se queria. Resta-nosprovar que o conjunto (x0) conexo. Suponha que (x0) desconexo, ou seja,(x0)

    pode ser escrito como sendo a unio de dois conjuntos, fechados e no vazios. Sejam,A1e A2estes conjuntos. Como eles so disjuntos e Rn um espao normal, existem aber-

    tos disjuntosU1e U2tal queA1

    U1e A2

    U2. Comod((t,x0),(x0))

    0 quando

    t +, ento existeT> 0 tal que (t,x0) U1 U2para todo t> T. Como a aplicaot (t,x0) contnua eU1eU2so disjuntos, conclui-se que(t,x0)pertence apenasa um dos abertos para todot> T. Suponha sem perda de generalidade que(t,x0) U1para todo t>T. Ento, necessariamente A2 um conjunto vazio. Isto nos leva a uma

    contradio e portanto o conjuntolimite conexo.A limitao da soluo um pr-requisito fundamental para demonstrar o resultado

    anterior. A Figura 2.2 mostra um exemplo de uma soluo ilimitada que possui um con-

    junto

    limite desconexo. Mas precisamente, o conjunto

    limite constitudo pela

    unio de duas retas disjuntas. O conjuntolimite ilimitado e ainda, dado T>0 arbi-trariamente grande e>0, existet> Ttal qued((t,x0),(x0))> , ou seja, a soluo

    no se aproxima do conjuntolimite quando o tempo tende ao infinito.

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 20

    Figura 2.2: Conjunto-limite desconexo e ilimitado.

    2.2.4 Equilbrios e Estabilidade Local

    Na literatura existem diversas definies de estabilidade, nesse texto utilizaremos a

    definio de estabilidade no sentido de Lyapunov.

    A grosso modo, uma soluo(t)do sistema (2.1) estvel quando toda soluo com

    valores iniciais prximos aos de(t)est definida para todot 0 e permanece prxima

    de(t)para todot 0. Formalmente temos a seguinte definio:

    Definio 2.2.6. (Estabilidade) Seja(t)um soluo de (2.1) definida para t 0. Diz-se

    que(t) estvel se para todo >0 existir>0 tal que se(t) soluo de (2.1) e

    (0) (0)

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 21

    Figura 2.4: Soluo assintoticamente estvel.

    Se xRn um ponto de equilbrio do sistema (2.1), ento a soluo de (2.1)iniciando emxno tempot=0 a funo constante, ou seja, (t) =xpara todotR.Sem maiores dificuldades, pode-se verificar que o ponto de equilbrio um conjunto

    invariante de (2.1).

    Os conceitos propostos abaixo caracterizam a estabilidade de pontos de equilbrio.

    Definio 2.2.8. Um ponto de equilbrio x de (2.1) estvel se, para cada >0, exis-

    tir um >0 tal que, para toda condio inicial x0 satisfazendox0 x< tem-se(t,x0) x

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 22

    Definio 2.2.10. Um ponto de equilbrio x do sistema (2.1) atrativo se existir>0tal que

    x0 B(x;) = (t,x0) x quando t +.A Figura 2.6 ilustra a Definio 2.2.10. Solues iniciando dentro da bola de raio

    tendem para o ponto de equilbrioxquando o tempot +. Observe que as soluesiniciando dentro da bola de raio podem se afastar do ponto de equilbrio x quando otempo cresce, inclusive as solues podem sair de dentro da bola de raio , mas retornam

    e se aproximam do ponto de equilbrio quando o tempot +.

    Figura 2.6: Ponto de equilbrio atrativo.

    Estabilidade no implica em atratividade e atratividade tambm no implica em esta-

    bilidade.

    Combinando as Definies 2.2.8 e 2.2.10 temos o conceito de estabilidade assinttica.

    Definio 2.2.11.Um ponto de equilbrio de (2.1) assintoticamente estvel se for estvel

    e atrativo.

    A Figura 2.7 ilustra a Definio 2.2.11. Solues iniciando dentro da bola de raio

    no saem de dentro da bola de raio e tendem para o ponto de equilbrio x

    quando o

    tempot +. Em outras palavras, as solues iniciando prximo a x, no podem seafastar do ponto de equilbrio xe obrigatoriamente se aproximam dexquando o tempot +.

    Em algumas situaes, deseja-se que no apenas o ponto de equilbrio seja assintoti-

    camente estvel mas que todas as solues tendam para este equilbrio quando o tempo

    tende ao infinito. Para isto, define-se o conceito de estabilidade global assinttica.

    Definio 2.2.12. Um ponto de equilbrio de (2.1) globalmente assintoticamente estvel

    se ele estvel e para todo x0 Rn

    ,(t,x0) x quando t +.Da definio anterior, pode-se concluir que sex um ponto de equilbrio globalmente

    assintoticamente estvel de (2.1) ento ele nico.

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 23

    Figura 2.7: Ponto de equilbrio assintoticamente estvel.

    Uma classe importante de pontos de equilbrio so os pontos de equilbrio hiperbli-

    cos. Sejaxum ponto de equilbrio do sistema (2.1) e considere o sistema linearizado emtorno dex:

    z=J(x)z (2.2)

    ondez:=x xe J(x) a matriz Jacobiana de f(x)calculada no ponto de equilbrio x.

    Definio 2.2.13. Um ponto de equilbrio xde (2.1) hiperblico se todos os autovaloresda matriz Jacobiana do sistema linearizado associado(2.2)possuem parte real no nula.

    Os pontos de equilbrio hiperblicos tem uma propriedade importante que decorre do

    teorema de Hartman & Grobman (PERKO, 1991), isto , o comportamento do sistema

    (2.1), prximo a um ponto de equilbrio hiperblico x qualitativamente equivalente aodo sistema linearizado associado. Portanto, do ponto de vista local, a anlise do com-

    portamento dinmico do sistema (2.1) resume-se, sob certas condies, autoanlise do

    sistema linearizado associado.

    Como consequncia direta do Teorema da Funo Inversa (LIMA, 2006), tem-se que

    pontos de equilbrio hiperblicos so necessariamente pontos de equilbrio isolados, isto

    , existe uma vizinhana do equilbrio hiperblico que no contm outro ponto de equi-

    lbrio.

    Definio 2.2.14. Um ponto de equilbrio x do sistema (2.1) do tipo k se a matrizJacobiana J(x) do sistema linearizado associado possui k autovalores com parte realpositiva e n k autovalores com parte real negativa.

    Um resultado que pode ser encontrado em (PERKO, 1991) que, se x um pontode equilbrio estvel de (2.1), ento nenhum autovalor da matiz JacobianaJ(x)tem partereal positiva. Equivalentemente, se a Jacobiana de um ponto de equilbrioxde (2.1) tempelo menos um autovalor com parte real positiva entox instvel. Para o caso particular

    de pontos de equilbrio hiperblicos tem-se o seguinte resultado.

    Teorema 2.2.6. (PERKO, 1991) Um ponto de equilbrio hiperblico x de (2.1) assin-toticamente estvel se, e somente se, do tipo0.

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 24

    Pelo Teorema 2.2.6 e observao anterior, podemos concluir que um ponto de equi-

    lbrio hiperblicoxde (2.1) ou assintoticamente estvel ou instvel.

    2.2.5 Variedades InvariantesNesta seo, daremos continuidade a seo anterior no que diz respeito ao estudo do

    comportamento dinmico nas vizinhanas de pontos de equilbrio. O resultado principal

    que exploraremos a existncia de variedades invariantes nas vizinhanas de um ponto

    de equilbrio que so fundamentais para o estudo da estabilidade e tambm para a carac-

    terizao da fronteira da regio de estabilidade.

    Dado x um ponto de equilbrio de (2.1) e J(x)a Jacobiana do sistema linearizadoassociado (2.2), o espao Rn pode ser decomposto como soma direta de trs subespaos

    denotados porEs

    (x),Eu

    (x)eEc

    (x)que so invariantes com relao a (2.2):

    Es(x) = [e1,...,es],

    Eu(x) = [es+1,...,es+u], s + u + c=n

    Ec(x) = [es+u+1,...,es+u+c],

    onde{e1,...,es}so os autovetores generalizados de J(x)correspondentes aos autova-lores de J(x)com parte real negativa,

    {es+1,...,es+u

    }so os autovetores generalizados

    de J(x)correspondentes aos autovalores de J(x)com parte real positiva e o conjunto{es+u+1,...,es+u+c} so os autovetores generalizados deJ(x)correspondentes aos auto-valores deJ(x)com parte real nula. Es(x), Eu(x)eEc(x)so chamados de subespaoestvel, instvel e central, respectivamente.

    Observao 2.2.2. O subespao vetorial gerado pelo autovetores {e1,...,es} denotadopor[e1,...,es].

    Todas as solues de (2.2) que comeam no subespao estvel Es(x)de (2.2) per-

    manecem em Es(x)para todote se aproximam da origem quando t +, e todas assolues de (2.2) que comeam no subespao instvelEu(x)de (2.2) permanecem em

    Eu(x)para todote se aproximam da origem quando t . Para o sistema no linear(2.1), continuam existindo, nas vizinhanas do ponto de equilbrio, conjuntos invariantes

    com relao a (2.1). Estes conjuntos invariantes no tem estrutura de espaos vetoriais,

    mas estrutura de variedades, como veremos nos prximos teoremas.

    O teorema a seguir, conhecido por Teorema da Variedade Estvel, um resultado

    clssico na teoria de equaes diferenciais ordinrias, que demonstra a existncia de va-

    riedades invariantes nas vizinhanas de um ponto de equilbrio hiperblico.

    Teorema 2.2.7. (PERKO, 1991) Seja x um ponto de equilbrio hiperblico de (2.1) dotipo k. Ento existe uma variedade local Wuloc(x

    ), kdimensional de classe C1, tangente

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 25

    ao subespao instvel Eu(x) em x, tal quet(Wuloc(x)) Wuloc(x) para todo t 0 e

    para todo x0 Wuloc (x),lim

    t

    t(x0) =x

    ;

    e existe uma variedade local Wsloc (x), (n k)dimensional de classe C1, tangente ao

    subespao estvel Es(x)em x, tal quet(Wsloc(x)) Wsloc(x)para todo t 0 e para

    todo x0 Wsloc(x),lim

    t+t(x0) =x.

    O Teorema 2.2.7 demonstra a existncia das variedades Wsloc(x)e Wuloc(x

    )apenasem uma vizinhana do equilbrio x, por isso so chamadas variedades locais estvel einstvel, respectivamente. Definimos a seguir variedade global estvel e instvel dex, ou

    simplesmente, a variedade estvel e instvel de x.Definio 2.2.15. As variedades estvel e instvel de um ponto de equilbrio hiperblico

    x do sistema (2.1) so definidas por:

    Ws(x) =t0

    t(Ws

    loc(x)) e Wu(x) =

    t0

    t(Wu

    loc (x)),

    respectivamente.

    Figura 2.8: Variedade estvelWs e variedade instvelWu.

    A variedade estvel Ws(x) e a variedade instvel Wu(x) do ponto de equilbrio hiper-blico x so nicas e invariantes com relao a (2.1). Alm disso, tambm podem serescritas como

    Ws(x) = {x0 Rn : (t,x0) xquandot +} (2.3)

    e

    Wu(x) = {x0 Rn : (t,x0) xquandot }, (2.4)

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    2.2 Equaes Diferenciais Ordinrias 26

    respectivamente, ver Figura 2.8.

    No Teorema 2.2.7, o ponto de equilbrioxfoi considerado hiperblico. Para o caso dexno hiperblico, exibiremos a seguir um teorema que tambm garante a existncia de

    variedades locais invariantes. Para detalhes e demonstrao deste teorema ver (HIRSCH;PUGH; SHUB, 1970).

    Teorema 2.2.8. (HIRSCH; PUGH; SHUB, 1970) Seja x um ponto de equilbrio nohiperblico de (2.1). Ento existem variedades locais invariantes Wsloc(x

    ), Wcsloc(x),

    Wcloc(x), Wuloc (x

    )e Wculoc(x)de classe C1, tangentes a Es(x), Ec(x) Es(x), Ec(x),

    Eu(x)e Ec(x) Eu(x)em x, respectivamente.

    As variedades Wsloc(x), Wcsloc(x), Wcloc (x), Wuloc(x) e Wculoc(x) so chamadas va-riedades locais estvel, centro estvel, central, instvel e centro instvel, respectivamente.

    Solues iniciando emWsloc(x)tendem paraxquandot + e solues iniciando em

    emWuloc(x)tendem para xquandot . As variedades local estvel e instvel so

    nicas, mas a variedade local centro estvel, central e centro instvel no precisam ser.

    Um exemplo que mostra a no unicidade da variedade local central, o seguinte sis-

    tema

    x=x2y=y (2.5)

    ondexeyso nmeros reais.

    Parax0,

    a nica trajetria que se aproxima da origem o eixo-x, ver Figura 2.9. Podemos obter

    a variedade central juntando qualquer trajetria no lado esquerdo do plano com a metade

    positiva do eixo-x, portanto, a variedade central no nica.

    Figura 2.9: Retrato de fase do sistema (2.5).

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    2.3 Transversalidade 27

    2.3 Transversalidade

    Nesta seo, apresentaremos o conceito de transversalidade, que ser usado com fre-

    quncia ao longo do texto para a caracterizao da fronteira da regio de estabilidade.

    Para complemento ou maiores detalhes das definies e resultados expostos nesta seo

    ver (WIGGINS, 2003) e (GUILLEMIN; POLLACK, 1974).

    Definio 2.3.1. Seja p Rn. Duas variedades M e N emRn de classe Cr (r 1) sotransversais em p se p /MN; ou se p MN, ento Tp(M) + Tp(N) = Rn, ondeTp(M) e Tp(N) denotam o espao tangente de M e N, respectivamente, no ponto p. M

    e N satisfazem a condio de transversalidade se elas so transversais em cada ponto

    p Rn.

    A Figura 2.10 mostra duas curvasMeNem R2. A figura esquerda mostra as curvas

    Me Ntendo interseo transversal em um ponto p MN, e a figura direita mostra ascurvasMe Ntendo interseo no transversal em um ponto p MN.

    Figura 2.10: CurvasMe Nem R2.

    Um resultado que envolve dimenso e interseo transversal de variedades ser exi-

    bido no prximo lema.

    Lema 2.3.1. (WIGGINS, 2003) Se duas variedades M e N em Rn

    de classe C

    r

    (r

    1) teminterseo no vazia, ou seja, MN= /0, e satisfazem a condio de transversalidadeento

    dim(MN) =dimM+ dimN n.

    A mais importante caracterstica da transversalidade que esta persiste sob peque-

    nas pertubaes (WIGGINS, 2003). Esta propriedade de persitncia da transversalidade

    sob pequenas pertubaes ser bastante explorada ao longo deste trabalho. Exibiremos a

    seguir um exemplo para ilustrar esta caracterstica da condio de transversalidade.

    Exemplo 2.3.1. Sejam M a reta de equao y=1em R2 e N o grfico da funo f(x) =

    x2, ver Figura 2.11. Ento M e N se interceptam transversalmente nos pontos q = (1,1)e p= (1,1). Perturbando a reta M e a funo f com relao a um parmetro escalar

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    2.4 Propriedade genrica 28

    , ou seja, M reta perturbada de equao y = 1 + e N o grfico da funo

    perturbada f(x) =x2 +, temos ainda que Me Nse interceptam transversalmente nos

    pontos q= (1,1 +)e p= (1,1 +).

    Figura 2.11: Ilustrao do Exemplo 2.3.1.

    A seguir um exemplo onde a condio de transversalidade violada apresentada.

    Exemplo 2.3.2. Sejam M o eixo-x em R2 e N o grfico da funo f(x) = x3, ver Figura

    2.12. Ento M e N se interceptam na origem emR2, mas elas no se interceptam transver-

    salmente na origem, pois o espao tangente de M apenas o eixo-x e o espao tangente

    de N gerado pelo vetor(1,0), logo T(0,0)N= T(0,0)M e, portanto, T(0,0)N+T(0,0)M=R2.

    Figura 2.12: Variedades no transversais.

    2.4 Propriedade genrica

    Nesta seo discutiremos o conceito de propriedade genrica que aparecer ao longo

    do trabalho. Maiores detalhes a respeito dos tpicos aqui desenvolvidos so encontrados

    em (WIGGINS, 2003; PALIS; MELO, 1977; PEIXOTO, 1967). Comearemos a seo

    com a definio de conjunto residual.

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    2.4 Propriedade genrica 29

    Definio 2.4.1. Sejam X um espao topolgico e U um subconjunto de X. U chamado

    um conjunto residual se este contm uma interseo enumervel de conjuntos abertos e

    densos em X.

    A seguir, apresenta-se a definio de propriedade genrica.

    Definio 2.4.2. Seja X um espao topolgico. Dizemos que uma propriedade genrica

    em X se o conjunto dos pontos de X que satisfazem esta propriedade contm um subcon-

    junto residual.

    Grosseiramente falando, uma propriedade genrica em um espao se esta propriedade

    satisfeita para quase todos os pontos do espao.

    Exemplos interessantes de propriedade genrica podem ser encontrados com detalhes

    em (PEIXOTO, 1967). Dentre os campos vetoriais de classeCr (r 1), as seguintes

    propriedades so genricas:

    (1) Todos pontos de equilbrio so hiperblicos.

    (2) A interseo das variedades estveis e ins