Moran - Ensino e Aprendizagem Inovadores Com Tecnologia

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  • Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologia

    Jos Manuel MoranDoutor em Comunicao pela USP

    Professor de Novas Tecnologias no Curso de Televiso da USP(Publicado em Educacional)

    Resumo:

    Este artigo uma sntese do captulo que escrevi no livro Novas Tecnologias e Mediao Pedaggica publicado pela Editora Papirus, em junho de 2000. Analisa como utilizar as Novas Tecnologias, principalmente a Internet na educao presencial e virtual de uma forma inovadora. Focaliza o papel do professor como mediador, utilizando as novas tecnologias de forma mais participativa, trabalhando com projetos colaborativos e equilibrando o presencial e o virtual e suas possibilidades.

    A referncia do livro : MORAN, Jos Manuel, MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediao Pedaggica. So Paulo, Papirus Editora, 2000.

    Introduo

    Educar colaborar para que professores e alunos - nas escolas e organizaes - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. ajudar os alunos na construo da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreenso, emoo e comunicao que lhes permitam encontrar seus espaos pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidados realizados e produtivos.

    Na sociedade da informao todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnolgico; a integrar o individual, o grupal e o social.

    Uma mudana qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando conseguimos integrar dentro de uma viso inovadora todas as tecnologias: as telemticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, ldicas e corporais.

    Passamos muito rapidamente do livro para a televiso e vdeo e destes para o computador e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio.

  • O educador e as novas mdias

    O professor tem um grande leque de opes metodolgicas, de possibilidades de organizar sua comunicao com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos presencial e virtualmente, de avali-los.

    Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as vrias tecnologias e procedimentos metodolgicos. Mas tambm importante que amplie, que aprenda a dominar as formas de comunicao interpessoal/grupal e as de comunicao audiovisual/telemtica.

    No se trata de dar receitas, porque as situaes so muito diversificadas. importante que cada docente encontre o que lhe ajuda mais a sentir-se bem, a comunicar-se bem, ensinar bem , ajudar os alunos a que aprendam melhor. importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar.

    Com a Internet podemos modificar mais facilmente a forma de ensinar e aprender tanto nos cursos presenciais como nos a distncia. So muitos os caminhos, que dependero da situao concreta em que o professor se encontrar: nmero de alunos, tecnologias disponveis, durao das aulas, quantidade total de aulas que o professor d por semana, apoio institucional. Alguns parecem ser, atualmente, mais viveis e produtivos.

    No comeo procurar estabelecer uma relao emptica com os alunos, procurando conhec-los, fazendo um mapeamento dos seus interesses, formao e perspectivas futuras. A preocupao com os alunos, a forma de relacionar-nos com eles fundamental para o sucesso pedaggico. Os alunos captam se o professor gosta de ensinar e principalmente se gosta deles e isso facilita a sua prontido para aprender.

    Vale a pena descobrir as competncias dos alunos que temos em cada classe, que contribuies podem dar ao nosso curso. No vamos impor um projeto fechado de curso, mas um programa com as grandes diretrizes delineadas e onde vamos construindo caminhos de aprendizagem em cada etapa, estando atentos - professor e alunos - para avanar da forma mais rica possvel em cada momento

    importante mostrar aos alunos o que vamos ganhar ao longo do semestre, por que vale a pena estarmos juntos. Procurar motiv-los para aprender, para avanar, para a importncia da sua participao, para o processo de aula-pesquisa e para as tecnologias que iremos utilizar, entre elas a Internet.

    O professor pode criar uma pgina pessoal na Internet, como espao virtual de encontro e divulgao, um lugar de referncia para cada matria e para cada aluno. Essa pgina pode ampliar o alcance do trabalho do professor, de divulgao de suas idias e propostas, de contato com pessoas fora da universidade ou escola. Num primeiro momento a pgina pessoal importante como referncia virtual, como ponto de encontro permanente entre ele e os alunos. A pgina pode ser aberta a qualquer pessoa ou s para os alunos, depender de cada situao. O importante que professor e alunos tenham um espao, alm do presencial, de encontro e visibilizao virtual.

    Hoje comeamos a ter acesso a programas que facilitam a criao de ambientes virtuais, que colocam alunos e professores juntos na Internet. Programas como o Eureka da PUC de Curitiba, o LearningSpace da Lotus-IBM, o WEBCT, o Aulanet da PUC do Rio de Janeiro, o FirstClass, o Blackboard e outros semelhantes permitem que o Professor

  • disponibilize o seu curso, oriente as atividades dos alunos, e que estes criem suas pginas, participem de pesquisa em grupos, discutam assuntos em fruns ou chats. O curso pode ser construdo aos poucos, as interaes ficam registradas, as entradas e sadas dos alunos monitoradas. O papel do professor se amplia significativamente. Do informador, que dita contedo, se transforma em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicao, dentro e fora da sala de aula, de um processo que caminha para ser semi-presencial, aproveitando o melhor do que podemos fazer na sala de aula e no ambiente virtual.

    O professor, tendo uma viso pedaggica inovadora, aberta, que pressupe a participao dos alunos, pode utilizar algumas ferramentas simples da Internet para melhorar a interao presencial-virtual entre todos.

    Lista eletrnica/Frum

    Em relao Internet, procurar que os alunos dominem as ferramentas da WEB, que aprendam a navegar e que todos tenham seu endereo eletrnico (e-mail). Com os e-mails de todos criar uma lista interna de cada turma ou um frum.

    A lista eletrnica interna ajuda a criar uma conexo virtual permanente entre o professor e os alunos, a levar informaes importantes para o grupo, orientao bibliogrfica, de pesquisa, a dirimir dvidas, a trocarmos sugestes, envio de textos, de trabalhos.

    A lista eletrnica um novo campo de interao que se acrescenta ao que comea na sala de aula, no contato fsico e que depende dele. Se houver interao real na sala, a lista acrescenta uma nova dimenso, mais rica. Se no presencial houver pouca interao, provavelmente tambm no a haver no virtual.

    Aulas-pesquisa

    Podemos transformar uma parte das aulas em processos contnuos de informao, comunicao e de pesquisa, onde vamos construindo o conhecimento equilibrando o individual e o grupal, entre o professor-coordenador-facilitador e os alunos-participantes ativos. Aulas-informao, onde o professor mostra alguns cenrios, algumas snteses, o estado da arte, as coordenadas de uma questo ou tema. Aulas-pesquisa, onde professores e alunos procuram novas informaes, cercar um problema, desenvolver uma experincia, avanar em um campo que no conhecemos. O professor motiva, incentiva, d os primeiros passos para sensibilizar o aluno para o valor do que vamos fazer, para a importncia da participao do aluno neste processo. Aluno motivado e com participao ativa avana mais, facilita todo o nosso trabalho. O papel do professor agora o de gerenciador do processo de aprendizagem, o coordenador de todo o andamento, do ritmo adequado, o gestor das diferenas e das convergncias.

    Uma proposta vivel escolher os temas fundamentais do curso e trabalh-los mais coletivamente e os secundrios ou pontuais pesquis-los mais individualmente ou em pequenos grupos.

    Os grandes temas da matria so coordenados pelo professor, iniciados pelo professor, motivados pelo professor, mas pesquisados pelos alunos, s vezes todos simultaneamente; s vezes, em grupos; s vezes, individualmente. A pesquisa grupal na Internet pode comear de forma aberta, dando somente o tema sem referncias a sites especficos, para que os alunos procurem de acordo com a sua experincia e

  • conhecimento prvio. Isso permite ampliar o leque de opes de busca, a variedade de resultados, a descoberta de lugares desconhecidos pelo professor. Eles vo gravando os endereos, artigos e imagens mais interessantes em disquete e tambm fazem anotaes escritas, com rpidos comentrios sobre o que esto salvando O professor incentiva a troca constante de informaes, a comunicao, mesmo parcial, dos resultados que vo sendo obtidos, para que todos possam se beneficiar dos achados dos colegas. mais importante aprender atravs da colaborao, da cooperao do que da competio. O professor estar atento aos vrios ritmos, s descobertas, servir de elo entre todos, ser o divulgador de achados, o problematizador e principalmente o incentivador. Depois de um tempo, ele coordena a sntese das buscas feitas, organiza os resultados, os caminhos que parecem mais promissores.

    Passa-se, num segundo momento, pesquisa mais focada, mais especfica, a partir dos resultados anteriores. O mesmo tema vai ser pesquisado no mesmo endereo, de forma semelhante por todos. uma forma de aprofundar os dados conseguidos anteriormente e evitar o alto grau de entropia e disperso que pode acontecer na etapa anterior da pesquisa aberta. Como na etapa anterior importante a troca de informaes, a divulgao dos principais achados. H vrios caminhos para aprofundar as pesquisas: Do simples ao complexo, do geral ao especfico, do aberto ao dirigido, focado. Os temas podem ser aprofundados como em ondas, cada vez mais ricas, abertas, aprofundadas. Os alunos comunicam os resultados da pesquisa. O professor os ajuda a fazer a sntese do que encontraram.

    O professor atua como coordenador, motivador, elo de unio do grupo. Os textos e materiais que parecem mais promissores so salvos, impressos ou enviados por e mail para cada aluno. Faz-se uma sntese dos materiais coletados, das idias percebidas, das questes levantadas e se pede que todos leiam esses materiais que parecem mais importantes para a prxima aula, numa leitura mais aprofundada e que sirva como elo com a prxima etapa de uma discusso mais rica, com conhecimento de causa. Os melhores textos e materiais podem ser incorporados bibliografia do curso. O professor utilizou uma parte do material preparado de antemo (planejamento) e o enriqueceu com as novas contribuies da pesquisa grupal (construo cooperativa). Assim o papel do aluno no o de "tarefeiro", o de executar atividades, mas o de co-pesquisador, responsvel pela riqueza, qualidade e tratamento das informaes coletadas. O professor est atento s descobertas, s dvidas, ao intercmbio das informaes (os alunos pesquisam, escolhem, imprimem), ao tratamento das informaes. O professor ajuda, problematiza, incentiva, relaciona.

    Ao mesmo tempo, o professor coordena a escolha de temas ou questes mais especficos, que so selecionados ou propostos pelos alunos, dentro dos parmetros propostos pelo professor e que sero desenvolvidos individualmente ou em pequenos grupos. interessante que os alunos escolham algum assunto dentro do programa que esteja mais prximo do que eles valorizam mais. Quanto mais jovens so os alunos, mais curto deve ser o tempo entre o planejamento e a execuo das pesquisas. Nas datas combinadas, as pesquisas so apresentadas verbalmente para a classe, trazem um resumo escrito para a aula ou o enviam pela lista interna para todos os participantes. Alunos e professor perguntam, complementam, participam.

    O professor procura ajudar a contextualizar, a ampliar o universo alcanado pelos alunos, a problematizar, a descobrir novos significados no conjunto das informaes trazidas. Esse caminho de ida e volta, onde todos se envolvem, participam - na sala de aula, na lista eletrnica e na home page - fascinante, criativo, cheio de novidades e de

  • avanos. O conhecimento que elaborado a partir da prpria experincia se torna muito mais forte e definitivo em ns.

    Construo cooperativa

    A Internet favorece a construo cooperativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, prximos fsica ou virtualmente. Podemos participar de uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vrios grupos, de uma investigao sobre um problema de atualidade.

    Uma das formas mais interessantes de trabalhar hoje colaborativamente criar uma pgina dos alunos, como um espao virtual de referncia, onde vamos construindo e colocando o que acontece de mais importante no curso, os textos, os endereos, as anlises, as pesquisas. Pode ser um site provisrio, interno, sem divulgao, que eventualmente poder ser colocado a disposio do pblico externo. Pode ser tambm um conjunto de sites individuais ou de pequenos grupos que se visibilizam quando os alunos acharem conveniente. No deve ser obrigatria a criao da pgina, mas incentivar a que todos participem e a construam. O formato, colocao e atualizao pode ficar a cargo de um pequeno grupo de alunos.

    O importante combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula: conhecer-nos, motivar-nos, reencontrar-nos, com o que podemos fazer a distncia pela lista - comunicar-nos quando for necessrio e tambm acessar aos materiais construdos em conjunto na home page, na hora em que cada um achar conveniente.

    importante neste processo dinmico de aprender pesquisando, utilizar todos os recursos, todas as tcnicas possveis por cada professor, por cada instituio, por cada classe: integrar as dinmicas tradicionais com as inovadoras, a escrita com o audiovisual, o texto seqencial com o hipertexto, o encontro presencial com o virtual.

    O que muda no papel do professor? Muda a relao de espao, tempo e comunicao com os alunos. O espao de trocas aumenta da sala de aula para o virtual. O tempo de enviar ou receber informaes se amplia para qualquer dia da semana. O processo de comunicao se d na sala de aula, na internet, no e-mail, no chat. um papel que combina alguns momentos do professor convencional - s vezes importante dar uma bela aula expositiva - com mais momentos de gerente de pesquisa, de estimulador de busca, de coordenador dos resultados. um papel de animao e coordenao muito mais flexvel e constante, que exige muita ateno, sensibilidade, intuio (radar ligado) e domnio tecnolgico.

    Mudanas na educao presencial com tecnologias

    Caminhamos para formas de gesto menos centralizadas, mais flexveis, integradas. Para estruturas mais enxutas. Menos pessoas, trabalhando mais sinergicamente. Haver maior participao dos professores, alunos, pais, da comunidade na organizao, gerenciamento, atividades, rumos de cada instituio escolar.

    Est em curso uma reorganizao fsica dos prdios. Menos quantidade de salas de aula e mais funcionais. Todas elas com acesso Internet. Os alunos comeam a utilizar o notebook para pesquisa, busca de novos materiais, para soluo de problemas. O professor tambm est mais conectado em casa e na sala de aula e com recursos tecnolgicos para exibio de materiais de apoio para motivar os alunos e ilustrar as suas

  • idias. Teremos mais ambientes de pesquisa grupal e individual em cada escola; as bibliotecas se convertem em espaos de integrao de mdias, software e bancos de dados.

    Os processos de comunicao tendem a ser mais participativos. A relao professor-aluno mais aberta, interativa. Haver uma integrao profunda entre a sociedade e a escola, entre a aprendizagem e a vida. A aula no um espao de inado; mas tempo e espao contnuos de aprendizagem. Os cursos sero hbridos no estilo, presena, tecnologias, requisitos. Haver muito mais flexibilidade em todos os sentidos. Uma parte das matrias ser predominantemente presencial e outra predominantemente virtual. O importante aprender e no impor um padro nico de ensinar.

    Com o aumento da velocidade e de largura de banda, ver-se e ouvir-se a distncia ser corriqueiro. O professor poder dar uma parte das aulas da sua sala e ser visto pelos alunos onde eles estiverem. Em uma parte da tela do aluno aparecer a imagem do professor, ao lado um resumo do que est falando. O aluno poder fazer perguntas no modo chat ou sendo visto, com autorizao do professor, por este e pelos colegas. Essas aulas ficaro gravadas e os alunos podero acess-las off line, quando acharem conveniente.

    Haver uma integrao maior das tecnologias e das metodologias de trabalhar com o oral, a escrita e o audiovisual. No precisaremos abandonar as formas j conhecidas pelas tecnologias telemticas, s porque esto na moda. Integraremos as tecnologias novas e as j conhecidas. As utilizaremos como mediao facilitadora do processo de ensinar e aprender participativamente.

    .Haver uma mobilidade constante de grupos de pesquisa, de professores participantes em determinados momentos, professores da mesma instituio e de outras.

    Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula?

    Podemos ensinar e aprender com programas que incluam o melhor da educao presencial com as novas formas de comunicao virtual. H momentos em que vale a pena encontrar-nos fisicamente,- no comeo e no final de um assunto ou de um curso. H outros em que aprendemos mais estando cada um no seu espao habitual, mas conectados com os demais colegas e professores, para intercmbio constante, tornando real o conceito de educao permanente.

    Como regra geral, podemos encontrar-nos fisicamente no comeo e no final de um novo tema, de um assunto importante. No incio, para colocar esse tema dentro de um contexto maior, para motivar os alunos, para que percebam o que vamos pesquisar e para organizar como vamos pesquis-lo. Os alunos, iniciados ao novo tema e motivados, o pesquisam, sob a superviso do professor e voltam a aula depois de um tempo para trazer os resultados da pesquisa, para coloc-los em comum.

    o momento final do processo, de trabalhar em cima do que os alunos apresentaram, de complementar, questionar, relacionar o tema com os demais.

    Vale a pena encontrar-nos no incio de um processo especfico de aprendizagem e no final, na hora da troca, da contextualizao. Iniciar o processo presencialmente. O professor estimula, motiva. Coloca uma questo, um problema, uma situao real. Os alunos pesquisam com a superviso dele. Uma parte das aulas pode ser substituda por

  • acompanhamento, monitoramento de pesquisa, onde o professor d subsdios para os alunos irem alm das primeiras descobertas, para ajuda-los nas suas dvidas. Isso pode ser feito pela Internet, por telefone ou pelo contato pessoal com o professor.

    Equilibrar o presencial e o virtual

    Se temos dificuldades no ensino presencial, no as resolveremos com o virtual. Se olhando-nos, estando juntos temos problemas srios no resolvidos no processo de ensino-aprendizagem, no ser "espalhando-nos" e "conectando-nos" que vamos solucion-los automaticamente.

    Podemos tentar a sntese dos dois modos de comunicao: o presencial e o virtual, valorizando o melhor de cada um deles. Aproveitar o melhor dos dois modos de estar.

    Estar juntos fisicamente importante em de inados momentos fortes: conhecer-nos, criar elos, confiana, afeto. Conectados, para realizar trocas mais rpidas, cmodas e prticas.

    Realizar atividades que fazemos melhor no presencial: comunidades, criar grupos afins (por algum critrio especfico)

    Definir objetivos, contedos, formas de pesquisa de temas novos, de cursos novos. Traar cenrios, passar as informaes iniciais necessrias para situar-nos diante de um novo assunto ou questo a ser pesquisada.

    A comunicao virtual permite interaes espao-temporais mais livres;

    a adaptao a ritmos diferentes dos alunos;

    novos contatos com pessoas semelhantes, fisicamente distantes;

    maior liberdade de expresso a distancia.

    Certas formas de comunicao as conseguirmos fazer melhor a distancia, por dificuldades culturais e educacionais de abrir-nos no presencial.

    Na medida em que avanam as tecnologias de comunicao virtual, o conceito de presencialidade tambm se altera. Podemos ter professores externos compartilhando de inadas aulas, um professor de fora "entrando" por videoconferncia na minha aula. Haver um intercmbio muito maior de professores, onde cada um colabora em algum ponto especfico, muitas vezes a distncia.

    O conceito de curso, de aula tambm muda. Hoje entendemos por aula um espao e tempo de inados. Esse tempo e espao cada vez sero mais flexveis. O professor continua "dando aula" quando est disponvel para receber e responder mensagens dos alunos, quando cria uma lista de discusso e alimenta continuamente os alunos com textos, pginas da Internet, fora do horrio especfico da sua aula. H uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaos diferentes, quando tanto professores quanto os alunos esto motivados e entendem a aula como pesquisa e intercmbio, supervisionados, animados, incentivados pelo professor.

  • As crianas tero muito mais contato fsico, pela necessidade de socializao, de interao. Mas nos cursos mdios e superiores, o virtual superar o presencial. Haver uma grande reorganizao das escolas. Edifcios menores. Menos salas de aula e mais salas ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. A casa, o escritrio ser o lugar de aprendizagem.

    Poderemos tambm oferecer cursos predominantemente presenciais e outros predominantemente virtuais. Isso depender do tipo de matria, das necessidades concretas de cobrir falta de profissionais em reas especficas ou de aproveitar melhor especialistas de outras instituies que seria difcil contratar.

    Caminhamos rapidamente para processos de ensino-aprendizagem totalmente audiovisuais e interativos. Nos veremos, ouviremos, escreveremos simultaneamente, com facilidade, a um custo baixo, s vezes em grupos grandes, em outros em grupos pequenos ou de dois em dois.

    Tecnologias na educao a distncia

    Estamos numa fase de transio na educao a distncia. Muitas organizaes esto limitando-se a transpor para o virtual adaptaes do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). H um predomnio de interao virtual fria (formulrios, rotinas, provas, e-mail) e alguma interao on line. Comeamos a passar dos modelos predominantemente individuais para os grupais. O educao a distncia mudar radicalmente de concepo, de individualista para mais grupal, de utilizao predominantemente isolada para utilizao participativa, em grupos. Das mdias unidirecionais, como o jornal, a televiso e o rdio, caminhamos para mdias mais interativas. Da comunicao off line evolumos para um mix de comunicao off e on line (em tempo real).

    Educao a distncia no s um "fast-food" onde o aluno vai l e se serve de algo pronto. Educao a distncia ajudar os participantes a que equilibrem as necessidades e habilidades pessoais com a participao em grupos -presenciais e virtuais - onde avanamos rapidamente, trocamos experincias, dvidas e resultados. Iremos combinando daqui em diante cursos presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais ser feita virtualmente. Uma parte dos cursos a distncia ser feita de forma presencial ou virtual-presencial, vendo-nos e ouvindo-nos. perodos de pesquisa mais individual com outros de pesquisa e comunicao conjunta. Alguns cursos poderemos faz-los sozinhos com a orientao virtual de um tutor e em outros ser importante compartilhar vivncias, experincias, idias.

    A internet est caminhando para ser audiovisual, para transmisso em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming). Cada vez ser mais fcil fazer integraes mais profundas entre TV e WEB. Enquanto assiste a de inado programa, o telespectador comea a poder acessar simultaneamente as informaes que achar interessantes sobre o programa, acessando o site da programadora na Internet ou outros bancos de dados.

    As possibilidades educacionais que se abrem so fantsticas. Com o alargamento da banca de transmisso como acontece na TV a cabo torna-se mais fcil poder ver-nos e ouvir-nos a distncia. Muitos cursos podero ser realizados a distncia com som e imagem, principalmente cursos de atualizao, extenso. As possibilidades de interao sero diretamente proporcionais ao nmero de pessoas envolvidas.

  • Teremos aulas a distncia com possibilidade de interao on line e aulas presenciais com interao a distncia.

    Algumas organizaes e cursos oferecero tecnologias avanadas dentro de uma viso conservadora (lucro, multiplicao)

    O ensino ser um mix de tecnologias com momentos presenciais, outros de ensino on line, adaptao ao ritmo pessoal, mais interao grupal, avaliao mais personalizada (com nveis diferenciados de viso pedaggica)

    Outras organizaes oferecero tecnologias de ponta com viso pedaggica avanada (cursos de elite, subsidiados).

    O processo mais lento do que se espera. Iremos mudando aos poucos, tanto no presencial como no educao a distncia. H uma grande desigualdade econmica, de acesso, de maturidade, de motivao das pessoas. Alguns esto prontos para a mudana, outros muitos no. difcil mudar padres adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizaes, governos, dos profissionais e da sociedade.

    Ensinar com as novas mdias ser uma revoluo, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantm distantes professores e alunos. Caso contrrio conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet um novo meio de comunicao, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender.

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