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Informatino Nacional do Movimento Negro Unificado - MNU - Nov/Dez/Jan/Fev -2014/2015 CHACINA DA CABULA - SALVADOR/BA. Pág.03 Manifesto Marcha das Mulheres Negras Ministra da Seppir/PR Nilma Lino Go- mes recebe coordenação nacional do Movimento Negro Unificado RONDESP - Grupo de Elite da Policia Baiana “ É como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir ” Fala do Governador Rui Costa. “ Execução sumária” Anistia Internacional “ O nome desta ação do governo do estado da Bahia é: Extermínio da Juventude Negra. O nome desta ação é: Limpeza Étnica “ Comissão da Verdade da Escravidão Negra toma posse na OAB Nacional Axé, Nkenda! NKENDA que em Kimbundu, significa amor, foi o grande Axé na avenida com a participação das mulheres do Rio de Janeiro, na Ala da Marcha das Mulheres Negras 2015! QUILOMBOLAS NO 2º FORUM MUNDIAL DE DIREITOS HUMANOS Constelação negra ilumi- na a noite de Cerimônia do III Prêmio de Expressões Culturais Afro -brasileiras, no Teatro Rival. Cultura O livro Mulheres Incríveis, escrito por Elaine Marcelina, está em sua segunda edição ampliada e revisada e traz de- poimentos de doze mulheres e suas atuações sociais e po- líticas na cidade do Rio de Ja- neiro, além de crônicas e poe- sias que apresentam a autora. Lideranças de movimentos sociais e representantes de vários governos se reuniram em Marrakech no Marrocos com intuito de traçar um perfil sobre a temática dos direitos humanos no mundo, suas perspectivas e os desafios a serem enfrentados. Pág.12 Pág.08 Pág.09 Pág.10 Pág.04

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Informativo Nacional do MNU Nov/Dez/Jan/Fev 2014-2015

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Page 1: Movimento Negro Unificado - M.N.U

Informatino Nacional do Movimento Negro Unificado - MNU - Nov/Dez/Jan/Fev -2014/2015

CHACINA DA CABULA - SALVADOR/BA.

Pág.03

Manifesto Marcha das Mulheres Negras

Ministra da Seppir/PR Nilma Lino Go-mes recebe coordenação nacional do

Movimento Negro Unificado

RONDESP - Grupo de Elite da Policia Baiana

“ É como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir ”Fala do Governador Rui Costa.

“ Execução sumária”Anistia Internacional

“ O nome desta ação do governo do estado da

Bahia é: Extermínio da Juventude Negra.

O nome desta ação é: Limpeza Étnica “

Comissão da Verdade da Escravidão Negra toma posse na OAB Nacional

Axé, Nkenda! NKENDA que em Kimbundu, significa amor, foi o grande Axé na avenida com a participação das mulheres do Rio de Janeiro, na Ala da Marcha das Mulheres Negras 2015!

QUILOMBOL AS NO 2º FORUM MUNDIAL DE DIREITOS HUMANOS

Conste lação negra ilumi-na a noite de Cerimônia do III Prêmio de E x p r e s s õ e s Culturais Afro-brasileiras, no Teatro Rival.

Cultura

O livro Mulheres Incríveis, escrito por Elaine Marcelina, está em sua segunda edição ampliada e revisada e traz de-poimentos de doze mulheres e suas atuações sociais e po-líticas na cidade do Rio de Ja-neiro, além de crônicas e poe-sias que apresentam a autora.

Lideranças de movimentos sociais e representantes de vários governos se reuniram em Marrakech no Marrocos com intuito de traçar um perfil sobre a temática dos direitos humanos no mundo, suas perspectivas e os desafios a serem enfrentados.

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EDITORIAL

Coordenações : Geral – Ivonei Pires ( BA )Organização – Herlon Miguel ( BA )Finanças – Carlos Augusto ( SE )Relações Internacionais – Ângela Maria da Silva Gomes ( MG )Comunicação – Marcelo Dias ( RJ ) Formação Política – Emir Silva ( RS )Articulação dos Estados – Adeíldo Araújo ( PE )Articulação Rural – Marta Almeida ( PE )Articulação Urbana – Jacira da Silva ( DF )

Comissão de Ética - Raimundo Bujão ( BA ) , Sonia Santos ( SP ) e Adomair Ogunbiyi (MA)

Gts criados e rearticuladosGT Juventude Tamara Terso (BA ) e Camilo Nogueira ( MG )GT Mulher Jacira Silva (DF ) e Lia Maria ( MG )GT Quilombola Milena Schuck ( BA ) e Jose Ventura ( MG )GT Política Urbana Almir Miranda ( PE ) e Kim Lopes ( CE )GT LGBT Edson Axé ( PE ) e Viktória Loraynne ( MS )GT Territorialidade e Matriz Africana Marta Almeida ( PE ) e Paulo Azarias ( MG )GT Formação Política Emir Silva ( RS ) e Haroldo Antônio ( RJ )GT Comunicação Marcelo Dias ( RJ ) Délio Martins ( RJ ) e Edson Axé ( PE )Designer Gráfico – Fabio Costa ( RJ )

EXPEDIENTE

JUVENTUDE NEGRA.Chacina do Cabula em Salvador , aplaudida pelo governador do estado. Assassinato de jovem na Palmeirinha no Rio de janeiro por policiais milita-res , desmascarados pelo vídeo da própria vítima.Chacinas cotidianas em São Paulo , Alagoas e Espírito Santo.Chacinas cotidianas em todo país.O estado brasileiro através do seu braço armado está em guerra contra a juventude negra.Dados oficiais apontam que mais de 70% dos jovens assassinados no país são negros. Em agosto de 2014 a juventude negra se levantou em marcha contra o seu extermínio , contra esta guerra suja contra seu presente que ameaça a sobrevivência do seu futuro.Se levantou em marcha neste país continental para dizer NÃO AO RACIS-MO.Para dizer NÃO À VIOLÊNCIA RACIAL E POLICIAL.Militantes individuais , ONGs , entidades e organizações do movimento social negro e entidades internacionais se mobilizam gritando , protes-tando e marchando contra o projeto de extermínio , contra o projeto de limpeza étnica em marcha batida neste país chamado Brasil.Contra o genocídio do povo negro , precisamos construir mecanismos de resistência , de mobilização , de protesto e de enfrentamento a esta guerra suja.Precisamos construir uma grande manifestação da juventude negra em Brasília.Precisamos ocupar o Planalto Central e fazer os governantes deste país , os dirigentes dos três poderes ouvirem o grito de dor , de revolta , de luta e de resistência ao extermínio da juventude negra.A juventude do MNU reunida no nosso último congresso aprovou a luta

pela desmilitarização das policiais e a construção de uma política pública de segurança que não criminalize a nossa juventude , se colocou radical-mente contra a redução da maioridade penal.Denunciou que o extermínio da juventude vem sendo legitimado pela política de guerra as drogas do estado brasileiro.Uma política fracassada que não impede que a juventude seja cooptada pelo tráfico de drogas e termine eliminada pela política exterminadora do maldito autos de resistência.

MULHERES NEGRAS.O MNU através de suas militantes e dirigentes participa ativamente da organização da histórica marcha das mulheres negras em novembro.O machismo e o racismo não dão trégua e nós não recuaremos de nossa luta , não daremos nenhum passo atrás.Nossa luta e história vem de longe , uma sobe e puxa a outra.

FILIAÇÃO E RECADASTRAMENTO.

A direção nacional do MNU seguindo a orientação do nosso congresso nacional realizado em agosto de 2014 , conclama a nossa miltancia e nossos simpatizantes à participarem de nossa campanha de Filiação e re-cadastramento que irá retratar até o mês de agosto de 2015 o verdadeiro tamanho de nossa entidade.No Rio de Janeiro iremos refiliar e recadastrar duas personalidades emble-máticas de nossa história.Nossa querida Mãe Beata de Yemonja e nosso irmão Wilson Prudente.Participe deste momento histórico do Movimento Negro Unificado.

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Participaram da reunião o secretário executivo da Seppir Giovanni Harvey ; Jacira da Silva , Angela Gomes e Mar-celo Dias - dirigentes do MNU e Ronaldo Barros - pró reitor de políticas afirmativas da Universidade Federal do Re-côncavo Bahiano.

Apresentamos a ministra os principais pontos do Plano de Luta e Ação aprovados no último congresso do MNU.

1- Falamos sobre nossa in-satisfação com a ausência de negr@s no ministério da pre-sidenta Dilma Rousseff.

2 - Enfatizamos a questão do extermínio da juventude negra em nosso país.

3 - A nossa campanha para que o governo federal decrete o dia 20 de novembro Feriado Nacional em homenagem à Zumbi e Dandara.

4 - A efetiva titulação das terras e apoio as comunidades quilombolas.

5 - A necessidade de Repa-ração Histórica e Humanitária ao povo negro.

Informamos sobre a pos-se dos membros da Comissão Nacional da Verdade da Escra-vidão Negra e o ofício do pre-sidente do Conselho Federal da OAB à presidenta Dilma Rou-sseff solicitando a criação da CNVEN no âmbito do poder executivo federal.

Também conversamos so-bre a reivindicação de orga-nizações e entidades da luta contra o racismo do ERJ para que o prédio de Docas Dom Pedro II na região da Pequena África faça parte do Circuito da Herança Africana.

Nos despedimos agrade-cendo a postura cordial e so-licita da ministra Nilma Lina Gomes que atendeu pronta-mente nossa solicitação de audiência.

Parabenizamos a postu-ra da nova equipe da Seppir em manter um diálogo per-manente com as entidades de luta contra o racismo em nosso país.

Ministra da Seppir/PR Nilma Lino Gomes recebe coordenação nacional do Movimento Negro Unificado.

Nesta gestão que se inicia, a Secretaria de Po-líticas de Promoção da Igualdade Racial da Presi-dência da República (SEPPIR/PR), para atingir seu objetivo de combater as iniquidades do racismo, deverá fortalecer a articulação de políticas trans-versais, dialogando com os movimentos sociais e com os outros ministérios para a implementação de políticas transformadoras dessa realidade. Diante do desafio, vamos atuar em quatro eixos principais: Ações Afirmativas: A SEPPIR tem dialoga-do com os ministérios na perspectiva de tratar o tema e destacar os pontos convergentes da po-lítica racial, reforçando a importância da imple-mentação do Estatuto da Igualdade Racial e da

incorporação das ações afirmativas em todas as instâncias da máquina pública. A aplicação da lei de cotas na educação superior e técnica, e da lei de cotas no serviço público, são pontos funda-mentais para a consolidação dessas conquistas históricas do movimento negro. No âmbito da iniciativa privada, a SEPPIR irá continuar sua atu-ação por meio de cooperações e parcerias que promovem a adoção de ações afirmativas nas organizações. Atuação Internacional: Esse eixo terá grande importância a partir de 2015, ano que marca o início da Década Internacional dos Afrodescen-dentes, proclamada pela Organização das Na-ções Unidas – ONU. O Brasil historicamente tem

atuado para manter o combate à discriminação racial na agenda das or-ganizações multilaterais, e irá fortalecer esse pa-pel com a Proclamação da Década. Outro ponto importante é a coopera-ção com países africanos, pois a luta contra o racis-mo tem uma dimensão globalizada, e o adensa-mento das relações do Brasil com o continente

africano pode beneficiar tanto as ações do go-verno quanto da sociedade civil. Povos e Comunidades Tradicionais: A SEPPIR deve fortalecer os três instrumentos de políticas que norteiam esse eixo. O Programa Brasil Qui-lombola, que desde 2003 tem trazido resultados importantes para a melhoria da qualidade de vida e reconhecimento de direitos; o Plano Na-cional de Desenvolvimento Sustentável dos Po-vos e Comunidades Tradicionais de Matriz Afri-cana, fruto de esforços para integrar e ampliar as ações voltadas para esse público; e o Guia de Políticas Públicas para Povos Ciganos, que traz o repertório de ações do governo federal para esse grupo. Juventude: A juventude é uma das grandes beneficiárias das políticas afirmativas, frutos de séculos de luta e resistência da população ne-gra. Para que possa desfrutar dessas conquis-tas, precisamos da nossa juventude viva. Com isso em vista, o governo federal criou o Plano Juventude Viva, ação interministerial voltada para o combate à violência contra a juventude negra. Nesse âmbito, a SEPPIR deve fortalecer as ações de garantias de direitos, com promo-ção da educação, cultura e trabalho; além de articular, em parceria com a sociedade, políticas que incidam no debate sobre segurança pública e de controle da letalidade policial.

SEPPIR reafirma compromissos e prioriza quatro eixos de ação

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Pág 04 Informativo MNU -NOV/DEZ/JAN/FEV -2014/2015

CARTA ABERTA AO GOVERNADOR RUI COSTA

A ação policial realizada por equipe da RON-DESP na Estrada das Barreiras, em 06.02.2015, no bairro do Cabula, com o resultado de 12 mortos, deve ser objeto de rigorosa investigação indepen-dente, pois se constitui num episódio grave e que não pode ser tratado como uma ocorrência poli-cial rotineira.

Desde o primeiro momento, a imprensa regis-

tra manifestações de testemunhas que relataram versões diferentes da apresentada pela PM e de-mais autoridades da Segurança Pública, denun-ciando a prática de execuções sumárias.

O Estado não pode ignorar tais manifestações,

acobertando ilegalidades sob o cúmplice recurso dos famigerados “autos de resistência”. As prá-ticas de abusos e ilegalidades em ações policiais são uma trágica característica da política de se-gurança pública em vigor na Bahia, atravessan-do diferentes governos e colorações ideológicas e partidárias, refletindo uma das mais perversas faces do Racismo Institucional, legitimando a de-sumanização e o assassinato de jovens e adoles-centes negros, sob a retórica cínica e diversionista da guerra às drogas.

A precipitada declaração governamental de

apoio à ação policial, antes mesmo de qualquer apuração do ocorrido, contribui para a legitima-ção de uma espécie de licença para matar, agra-vando a vulnerabilidade dos segmentos da comu-nidade negra alvejados cotidianamente pela ação repressora do aparelho estatal orientado pelo preconceito racial e pelo legado Lombrosiano de

supostos criminosos natos. Inúmeros casos confirmam esta terrível realida-

de. Afinal, onde está Davi Fiúza? O caso Giovane seria uma exceção ou a regra nas rotinas da PM? Os exemplos poderiam multiplicar-se, longamen-te.

Confirma, também, a nossa preocupação e

oposição à proposta apresentada na campanha eleitoral de criação do BOPE, que fortalece o ima-ginário institucional e societal de reduzir as políti-cas de segurança pública à policização e aumento da violência policial, como já vem ocorrendo com as violentas Bases Comunitárias, réplicas das UPPs cariocas, que impõem às comunidades negras a ocupação militar de seus territórios e a tutela vio-lenta de suas vidas, em frontal violação dos direi-tos constitucionais, mediante a imposição de uma espécie de sub cidadania.

Dois exemplos em torno da atitude governa-

mental em face da trágica ação policial indicam esse indesejável caminho: as repercussões junto à tropa, que sintetizam-se na ideia de que o novo governador dará apoio incondicional às ações po-liciais violentas, e as manifestações de setores da opinião pública buscando legitimar execuções de criminosos sob operigoso mantra ilegal do “ban-dido bom é bandido morto.”

Dessa forma, será de total responsabilidade do

governo baiano o eventual aumento da violência policial contra as comunidades negras discrimina-das e a manutenção ou acréscimo das mortes de-correntes de ações policiais ilegais.

Manteremos a vigilância necessária e denun-

ciaremos, inclusive junto às organizações interna-cionais, tais escolhas políticas. Exigimos a adequa-

da apuração independente desta ocorrência, bem como das demais não esclarecidas, e a ampla di-vulgação dos resultados. Não silenciaremos! Assinam este documento as seguintes instituições:

Afoxé Bamboxé

Aganjú –Afrogabinete de Articulação Afro Institucio-

nal;

Aves - Arte Vida Esporte e Saúde

Blacktitude: Vozes Negras;

CONEN –Coordenação Nacional de Entidades Negras;

Faça a Coisa Certa

Fórum de entidades Negras da Bahia;

Instituto Búzios;

Instituto Steve Biko;

Núcleo Cultural Níger Okàn

MNU – Movimento Negro Unificado;

PDRR – Programa de Direito e Relações Racias / UFBA;

Quilombo do Orobu ;

Unegro – União de Negros Pela Igualdade;

Será realizado dentre os dias 3 a 5 de abril em Salvador o 4º ENUNE (Encontro de Negros, Ne-gras e Cotistas da UNE) em Salvador - BA. O en-contro que tem como tema ‘O Brasil que que-remos para a população Negra’ acontecerá no Campus 1 da UNEB (Universidade do Estado da Bahia). O Evento será organizado pele União Nacional dos Estudantes (UNE) com apoio da UNEB.O MNU é um parceiro deste Evento.

!! Segura e Lança Juventude!!

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Pág 05Informativo MNU -NOV/DEZ/JAN/FEV -2014/2015

Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira e em memória de Cláudia Cacau

A liberdade é das coisas mais preciosas que

temos. É a liberdade que permite que vivamos de acordo com o que acreditamos, que nos sig-nifiquemos como indivíduos, que construamos nossas utopias, que nossos sonhos e ideais se reflitam no mundo.

Rafael foi preso em 20 de junho de 2013 na Av. Presidente Vargas. No dia, acontecia a maior mobilização popular que o país já tinha visto e 1 milhão de pessoas protestando no centro do Rio de Janeiro. A repressão da polícia foi impiedosa e inconsequente, como centenas de milhares de pessoas puderam presenciar. E a repressão não haveria de ser mais amena com um catador de lixo, negro e praticamente analfabeto.

Detido portando uma garrafa de água sanitária e outra de pinho sol, que usava para higienizar o local onde dormia na rua, Rafael está preso há mais de 20 meses. A alegação: os produtos de limpeza

poderiam ser usados como um coquetel molotov. Laudos técnicos do esquadrão anti-bombas

da polícia certificam: as garrafas teriam “ínfima possibilidade de funcionar como ‘coquetel mo-lotov’”.

A despeito disso, em julgamentos políticos, Rafael foi condenado em duas instâncias em de-zembro de 2013 e conseguiu o recurso de dor-mir sob custódia no presídio e trabalhar durante o dia ano passado, restam agora os recursos no STJ e STF. Sob a repressão dos governos estadu-ais de Cabral/Pezão e do federal de Dilma, Rafael é um bode expiatório de todo esse conluio co-varde que não é de hoje que vem de uma forma ou de outra tentando abafar as expressões de repúdio as más administrações corruptas que a cada dia cai por terra abaixo.

A prisão de Rafael não pode ser entendida como um acidente. Tem marco político por ter acontecido numa grande manifestação política da população. Carrega estigma racial, se fundan-do em e fortalecendo a preconceitos. Aprofunda o desprezo aos economicamente desprovidos.

A prisão atende perfeitamente aos interesses de criminalizar, ameaçar e calar: pessoas cons-cientes e engajadas politicamente, uma raça fortemente discriminada há mais de 500 anos, e que luta por direitos em uma classe social ex-plorada. Em um jogo político, se busca privar de liberdades todos que lutam pelas liberdades.

Rafael Braga Vieira não é black block nem ati-vista de esquerda, mas está servindo de exemplo para demais incontáveis ativistas, negros, índios, pobres e miseráveis que são presos, humilhados e/ou mortos para sustentar uma repugnante es-trutura de poder simbólico. O combate por sua causa diz respeito a todas as causas. A perda de

sua liberdade diz respeito a todos os direitos. Os sonhos que ele perde são todos os sonhos.

Atualmente Rafael cumpre a pena em regime fechado, ele representa um emblema que for-talece a luta no campo institucional e político também de pessoas do Movimento Negro assim como no Forum de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro, a luta pela liberdade do único preso pelo governo federal das manifestações de rua que abalaram o país há dois anos atrás mostra que a violência contra a população ne-gra e especificamente o genocídio sistemático a juventude negra, principalmente pelas armas da polícia militar do rio de janeiro é um problema que deveria ser abraçado por todos e todas que de uma forma ou de outra se sentem indignados contra essa barbárie que passa as vezes desaper-cebidamente até mesmo pelos mais combativos e combativas negros e negras organizados, as-sim como aconteceu na favela da Palmeirinha.

Em fevereiro deste ano de 2015, o assassinato pela PM de jovens negros na favela da Palmeiri-nha, Honório Gurgel, precisa de uma resposta organizada sob um Projeto Político que deve ser construído o mais rápido possível, ações conse-quentes e construtivas tem que dar foco a esta urgente necessidade. Agora em 16 de março fará um ano da morte de Claudia Silva Ferreira, da mesma forma que aconteceu em Honório, e pouca coisa foi feita na construção de uma orga-nização importante que aponte para uma unida-de das nossas lutas de dar um freio nesta política de genocídio, a impunidade segue banalizando o extermínio e a prisão injusta do povo negro.

Abaixo o racismo, abaixo as injustiças ao povo negro e pobre

Marcelo Anastácia - Militante do MNU RJ

O Senado Federal criou uma Comissão Par-lamentar de Inquérito (CPI) para investigar mortes violentas de jovens no Brasil, especial-mente de negros. Sugerido pela senadora Lí-dice da Mata (PSB), a CPI será composta por 11 titulares e sete suplentes. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) de-monstrou, houve um crescimento de mais de 30% no número de homicídios de negros do Brasil entre 2001 e 2011. Segundo a mesma pesquisa, a cada três assassinatos praticados

no país, duas das vítimas são negras. “Essa é uma das facetas mais terríveis da violência em nosso país, o de que a nossa sociedade aceita conviver com todo esse horror. As pes-soas perderam a capacidade de indignar-se e o Senado tem que contribuir para romper com essa passividade”, observou Lídice. Os líderes partidários devem indicar os titulares e suplentes da Comissão, que terá 180 dias para apresentar o relatório. A data para o iní-cio dos trabalhos ainda não foi definida.

Senado cria CPI para investigar mortes de jovens no Brasil.

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O Movimento Negro Unificado, organização política de vanguarda, fundada em 1978, durante a ditadura militar, mantém em seus 36 anos de resistência negra a sua autonomia e independência no campo democrático e popular.

Neste período é notório a nossa contribuição em apresentar ao Estado Brasileiro um ponto de vista a partir do povo negro, postulando medidas urgentes para combater o racismo institucionalizado como um dos mais perversos do mundo.

Nosso propósito é conquistar a verdadeira democracia, e construir uma Nação Brasileira sem atrelamentos às relações políticas pragmáticas de integração ao poder oligárquico das elites brasileiras.

A crise ética, moral e política que estamos convivendo no Brasil vêm demonstrando uma grande vulnerabilidade e irresponsabilidade pública com o povo brasileiro.

O ano de 2015 é um parâmetro necessário para fortalecermos a nossa luta e mensurarmos o saldo de nossas reivindicações e conquistas, além, de identificarmos o que foi tripudiado à retórica.

Em 1995, em Brasília, a “Marcha Zumbi dos Palmares Contra o Racismo Pela Cidadania

e a Vida” elencou uma série de medidas fundamentais para combater o genocídio e a exclusão racial em nosso país.

Em 2005, também em Brasília, a Marcha Zumbi + 10, organizada pelas organizações políticas do movimento social negro veio a público denunciar a situação de como estava sendo tratado o povo negro pelo Estado Brasileiro onde o MNU participou na mobilização de milhares de pessoas no planalto central.

Neste ano, marco de Zumbi + 20, é fundamental a reintegração das organizações políticas do movimento negro e a construção de uma agenda política nacional que avalie nossas conquistas, estagnações e retrocessos.

É necessário que apontemos uma ação conjunta que acione a efetivação de políticas públicas para titular as terras remanescentes de quilombos e combater o extermínio da juventude negra, por exemplo.

Bem como, avaliemos os resultados concretos das três Conferências Nacionais de Promoção da Igualdade Racial e rearticulemos o CONNEB, Congresso de Negras e Negros do Brasil.

Em novembro de 2015, em Brasília, acontecerá a I Marcha das Mulheres Negras a qual devemos fortalecer a sua realização e propósito.

Sem dúvida, estamos sob grande desafio

histórico; protagonizar a construção do campo democrático e popular a partir das bases de matriz africana, culturas populares e da diversidade.

Nisto, é fundamental a articulação permanente com os movimentos sociais organizados e suas organizações populares.

Isto determinará a retomada das mobilizações sociais populares e a conquista de representações nos poderes executivos, legislativos e judiciários ainda dominados por uma maioria branca da elite econômica.

Enquanto isto, mais de 100 milhões de afrodescendentes, por mais que existam medidas compensatórias, cotas e ações afirmativas, estão completamente fora do processo de participação ao desenvolvimento sócio, cultural, político e econômico do Brasil.

Entre a juventude, 70% dos jovens assassinados no país, são negros.

Em 06 de fevereiro, em Salvador, no bairro do Cabula, 12 jovens negros foram executados pelas costas e de joelhos por policiais da Rondesp, Rondas Especiais, o Bope baiano.

Em tributo à Zumbi e contra as atrocidades cometidas ao povo negro, a nossa luta vai continuar!

MNU – PERNAMBUCO.

VÍDEO DE JOVEM MORTO POR POLICIAL MILI-TAR NA COMUNIDADE DA PALMEIRINHA NO RIO

DE JANEIRO DESMONTA FARSA POLICIAL.

Apesar de Alan de Souza e seus dois amigos estarem desarmados , como provou o vídeo do próprio Alan que filmava seus amigos e continuou a filmagem após ter sido baleado mortalmente , os policiais registraram o caso na 29 DP como o maldito e famoso Auto de Resis-tência.

O jovem Chauan Jambre foi ba-leado e preso e se encontra com uma bala alojada no peito.

O comandante do batalhão res-ponsável pelo policiamento na re-gião foi exonerado e nove policiais foram afastados do patrulhamento de ruas.

A delegada do caso , disse que o vídeo feito por Alan é conclusivo e prova que os jovens estavam de-sarmados.

Dois policiais que registraram o caso como auto de resistência , res-ponderão por fraude processual , por terem apresentado na delega-cia armas que não estavam com os adolescentes.

2015 – Zumbi + 20

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20 de Novembro: Feriado Nacional da Conciência Negra em Homenagem a Zumbi e Dandara

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Graça Santos/DF

Ministra Ideli Salvatti

Yedo Ferreira

Ministra Nilma Gomes

Wilson Prudente/RJ Nilson Bruno /RJ

Marcus Vinicius OAB/Federal

Mãe Beata de Iemonjá

Mirian França

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Comissão da Verdade da Escra-vidão Negra toma posse na OAB Nacional.

O presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, definiu como histórica a posse, da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil. “Como sempre fizemos em nossa história, a Ordem dos Advogados do Brasil busca promover o Estado Democrá-tico de Direito e a justiça social. E foi atenta a essa realidade de desigual-dade e discriminação que, provoca-dos pela sociedade civil organiza-da, decidimos instituir a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil”.

Marcus Vinicius lembrou que a OAB foi ao Supremo Tribunal Fede-ral defender a constitucionalidade das cotas raciais nas universidades e, agora, dá mais um passo no sentido de resgatar a história do país. “Essa comissão que hoje é empossada tem a nobre função de promover o resgate histórico desse período, buscando a aferição de responsabi-lidades e a demonstração da impor-tância das ações de afirmação como meio de reparação à população ne-gra”, declarou. “Reafirmamos, as-sim, nosso compromisso com a pro-moção da igualdade, da justiça e da inclusão social de todos os cidadãos brasileiros, independentemente da

cor de sua pele.”O presidente da OAB Nacional

reconheceu que essa será uma tare-fa difícil e cheia de obstáculo, pois a população negra no Brasil, ainda é a que mais sofre com a violência, com as mortes violentas e prematuras, com o alto encarceramento, e com menos acesso aos serviços de saú-de e de educação. “Hoje, passado 127 anos da abolição da escravatu-ra no Brasil, essa história ainda não foi contada sob o viés daqueles que

foram explorados, desumanizados e violentados pelo colonialismo euro-peu. Não conhecemos os detalhes dos tempos da escravidão em nosso país. Não sabemos quantos negros

vieram traficados da África para o Brasil e transformados em coisa, ‘propriedade’ dos senhores de terra. Ainda desconhecemos os detalhes dos crimes praticados contra os di-reitos dessa população, bem como quem foram os responsáveis por eles e o que de fato ocorreu nesse período da nossa história”, afirmou.

O presidente da Comissão em-possada hoje, Humberto Adami, afirmou que a data é de comemo-ração, “pois é o evento mais im-

portante para o assunto desde a abolição da escravidão”. “As cotas são um instrumento importantíssi-mo, mas são pequenas na repara-ção da dívida histórica em relação

à escravidão. O número de mortes da juventude negra está descontro-lado, um genocídio. Tudo isso tem origem na escravidão, são posturas que não foram corrigidas. Temos que expor as entranhas da socieda-de para mostrar que o racismo exis-te. Essa iniciativa da OAB é digna de todos os aplausos. Esperamos que o governo federal faça uma Comissão também, na esteira da Comissão da Verdade que apurou as atrocidades da ditadura”, afirmou.

COMPROMISSOIdeli Salvatti, ministra da Secre-

taria de Direitos Humanos da Presi-dência da República, compareceu à posse e elogiou a iniciativa da OAB. “Nem o holocausto se compara aos mais de três séculos de escravidão negra no Brasil, pois as senzalas se igualam às trincheiras do nazismo. É de suma importância resgatar a memória desse período e restabe-lecer a verdade. Desejo sucesso e todo o resultado que o país merece e precisa”, afirmou.

A Comissão Nacional da Verda-de da Escravidão Negra no Brasil é composta por membros fixos e consultores. Em dezembro, o grupo apresentará um relatório parcial de suas atividades, enquanto o relató-rio final ficará para dezembro de 2016.

Comissão da Verdade da Escravidão Negra toma posse na OAB Nacional

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Pág 09Informativo MNU -NOV/DEZ/JAN/FEV -2014/2015

Lideranças de movimentos so-ciais e representantes de vários go-vernos se reuniram em Marrakech no Marrocos com intuito de traçar um perfil sobre a temática dos di-reitos humanos no mundo, suas perspectivas e os desafios a serem enfrentados.

Foi a primeira vez que a causa quilombola foi discutida no âmbito internacional e eu tive a incumbên-cia de representar nosso povo como coordenador nacional da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas a convite da Via Cam-pesina Francesa e do Partido Verde Francês.

Em minha fala oficial tracei as dificuldades que os quilombolas enfrentam em nosso país mesmo diante de um governo que se diz de esquerda mas que dá apoio aos grupos de latifundiários que por traz da bandeira do agronegócio pra-ticam a violência no campo, onde lideranças quilombolas, indígenas e de agricultores são assassinados as centenas e o estado brasileiro com sua inércia peculiar não toma ne-nhuma iniciativa muito pelo contrá-rio convoca a rainha da motosserra senadora Katia Abreu para ser Mi-nistra da Agricultura.

Fui fundador da CONAQ Coor-denação Nacional Quilombola mas essa entidade ultimamente foi apa-relhada pela máquina estatal onde suas principais lideranças foram co-optadas por cargos de confiança nos governos federais, estaduais e municipais do Brasil, e no 4º encon-tro das comunidades quilombolas eu e outras lideranças como José Antônio Ventura, Damião Braga, Manoel Ailton entre outros cria-mos a Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas e essa a entidade é que está fazendo a van-guarda quilombola cobrando do es-tado brasileiro avanços sociais, se-gurança institucional as lideranças ameaçadas e principalmente as titu-lações dos territórios quilombolas.

Na mesa de debates da pauta quilombola o representante da Se-cretaria Nacional de Direitos Huma-nos do governo brasileiro rebateu as minhas críticas, argumentou que o governo brasileiro protege as lide-ranças ameaçadas com políticas pú-blicas de segurança como programa de proteção entre outros, mas não apresentou dados oficiais que con-testassem as minhas afirmações.

Então solicitei que o estado bra-sileiro no texto final do Fórum fosse formalmente responsabilizado pelo

genocídio da juventude negra no Brasil, pois essa é uma bandeira não só do movimento negro brasilei-ro como também dos ativistas dos direitos humanos mundiais o que causou irritação do representan-te do governo brasileiro que com a aprovação se retirou do evento abandonando a mesa de debate.

Aprovamos também uma carta de apoio a jovem negra Mirian Fran-ça que foi presa em Fortaleza Ceará acusada sem provas pelo assassina-to de uma Italiana e ao que tudo indica trata-se de mais um caso de racismo no Brasil onde a pele negra é fator criminalizador.

Também foi enviado um ofício ao Ministério da Justiça do Brasil

exigindo explicações mais plausí-veis do que uma prisão baseada em contradições apenas.

A mesa foi encerrada com a in-dignação dos presentes diante dos desmandos do estado brasileiro com relação aos quilombolas, aos negros e todos que lutam por uma sociedade mais justa e que os de-safios serão imensos mas que vão ser a pauta constante da militância internacional dos direitos humanos

Nelson Morale Junior, coordenador nacional da Frente Nacional em De-fesa dos Territórios Quilombolas,

QUILOMBOLAS NO 2º FORUM MUNDIAL DE DIREITOS HUMANOS

CONFAQ.CONFEDERAÇÃO NACIONAL QUILOMBOLA UMA CONQUISTA SEM PRECEDENTES

No próximo dia 21 de Março em Brasília uma das maiores conquis-tas do povo Quilombola se tornará realidade.

Não mais suportando a inércia do estado que não tem um plano de políticas públicas definida que atenda as demandas de demarca-ções dos Quilombos do Brasil, A Frente Nacional em Defesa dos Ter-ritórios Quilombolas na vanguarda das lutas dos Quilombos, propõe a fundação da Confederação Nacio-nal Quilombola.

Diante de muita crítica de ONGs e ativistas que sempre tentaram protagonizar as demandas dos

Quilombolas a CONFAQ será um instrumento de real valor para pro-por ações no judiciário, elaborar convênios para dar suporte econô-mico para as comunidades além de acionar o estado nas demarcações e titulações de suas terras.

O MNU parabeniza e apoia essa iniciativa e se coloca à disposição dos Quilombolas.

Vida longa à CONFAQ e Axé para José Antônio Ventura, Damião Braga, Nelsinho Moralle, Manoel Ailton, Ortiz e todos que contribu-íram para a construção dessa enti-dade que já nasce forte.

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Axé, Nkenda!

NKENDA que em Kimbundu, significa amor, foi o grande Axé na avenida com a participação das mu-lheres do Rio de Janeiro, na Ala da Marcha das Mulheres Negras 2015!

A Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, através do seu en-redo “Axé NKenda”, de Cahê Ro-drigues, trouxe para a Avenida Marquês de Sapucaí, diversas lutas contra o racismo e pela igualdade , homenageando o grande líder

Nelson Mandela e outras lideran-ças do Movimento Negro Brasilei-ro, representando a continuidade do legado de Mandela. Jurema Werneck e Lucia Xavier, militan-tes históricas e dirigentes da ONG CRIOLA, também foram convida-das a nos representar e, a princí-pio, seriam destaques de um carro alegórico com toda pompa e cir-cunstância que elas merecem. No entanto, sem declinar do honroso convite, sensibilizaram o Diretor de Carnaval da Escola, Wagner Tava-

res; o Presidente Luizinho Drumond e o Carnavalesco Cahê Rodrigues a criar uma ala com Mulheres Negras, representando um movimento na-cional contra o racismo, a violência e pelo bem viver: A MARCHA DAS MULHERES NEGRAS 2015!

A participação da Ala da MARCHA DAS MULHERES NEGRAS 2015 ganhou visibilidade internacional, sendo destaque em noticiários da grande imprensa, que não puderam esconder os sorrisos, a força, a energia ancestral presentes naqueles corpos femininos e negros que arrancaram aplausos na avenida, empunhando a faixa que revela o nosso compromisso marcado para o dia 18 de novembro de 2015, em Brasília. “Sim, marcharemos para exigir o fim do racismo institucional, estrutural e patriarcal deste país, pela equidade de gênero e de raça, para alardear a dor da perda de nossos filhos assassinados por balas certeiras da polícia e narcotráfico... sim, marcharemos pelo direito à moradia digna, pelo direito à preservação de nossa memória, para reivindicarmos o livre culto das religiões de matriz africana, pelo fim do sexismo e racismo contidos nas programações dos veículos de comunicação ... sim, marcharemos! Todas nós, Mulheres Negras do Brasil, da América latina, Caribe,

Estados Unidos, de diferentes países da diáspora Africana, todas CONTRA O RACISMO, A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER!

E na folia, sem perder o foco, não faltou brilho e beleza: desde os lindos turbantes confeccionados pela Arte Griôt, passando pela camisa com identidade visual nacional da Marcha. Éramos todas iguais e diferentes em seus detalhes! E teve muito “Axé NKenda” nos dois dias de desfile. Vale ressaltar o entusiasmo revelado nos aplausos que recebemos da Passarela do Samba, quer seja da arquibancada ou das frisas e camarotes repletos de turistas de pele muito alva ou de olhinhos puxados!

A Escola de samba Imperatriz Leopoldinense, a quem agradecemos a acolhida , o carinho e a oportunidade, também trouxe para avenida o nosso Caó - Carlos Alberto de Oliveira, Sandra Almada, Elisa Larkin Nascimento/IPEAFRO; Ivanir dos Santos e Jorge Damião, do CEAP; Elisa Lucinda , Lílian Valeska, uma homenagem a Ruth de Souza e Haroldo Costa e a estonteante Rainha de Bateria, Cris Vianna, Adriana Lessa, Glória Maria, Antônio Pitanga, Isabel Filardis, Vinicius Romão... Todos descendentes de Zumbi e Dandara, de Mandela e de Lélia Gonzalez!

Marcha das Mulheres Negras

Informativo MNU -NOV/DEZ/JAN/FEV -2014/2015

Adriana Batista

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Passados mais de 500 anos o go-verno brasileiro reconhece ser este um país de maioria negra- africana e o “Dia Nacional da Consciência Negra”, como um dia de importân-cia cívica nacional. Poderíamos dizer que por fim, vamos nos tornando negros e negras no esforço de ser-mos brasileiras de direitos.

Lembremos que o dia 20 de no-vembro foi transformado em “Dia Nacional da Consciência Negra, pelo Movimento negro Unificado, MNU, há 37 anos“. Entendemos que O MNU deve “agarrar a lança da matriz africana e lançá-la con-tra o racismo e o sexismo”. Bradar que esta É A NOSSA DATA DE LUTA e CONQUISTA! Primeiro porque compreendemos que é o momen-to de mostrarmos que a memória do sonho de liberdade unificada de Zumbi e Dandara está vivo entre nós negr@s. Enquanto negras e ne-gros militantes carregamos o legado africano que construiu este país, e nesta data rememoramos a neces-sidade e responsabilidade de seguir-mos enfrentando a Guerra Racial e Patriarcal na diáspora.

A verdade mais cruel é que coti-dianamente o racismo continua vio-lando os direitos civis dos homens e mulheres negras na diáspora e isto vem sendo banalizado e naturali-zado. O racismo e machismo não escolhe tempo ou lugar e muito menos dá tréguas. A discriminação racial e de gênero não para durante eleições, eventos cívicos, comemo-rações, nas ruas, em casa... Consiste em um projeto neoliberal que tece estratégias de extermínio do micro ao macro espaço capitalista, eu-rocêntrico e patriarcal. Basta ver o cenário de injustiça étnico racial em que as comunidades negras estão submetidas, em diferentes territó-rios do mundo.

Os últimos incidentes nos Esta-dos Unidos da América exempli-ficam essa violência racial. O caso de Michel Brown, um jovem negro de 18 anos assassinado, em agosto pela polícia na cidade de Ferguson, nos Estados Unidos. Michael Brown tinha recém se formado no Ensino Médio e iria iniciar as aulas na uni-versidade. Ele estava indo visitar sua avó quando foi abordado por um

policial por estar caminhando so-bre o asfalto. Michael Brown estava desarmado e foi assassinado e seus assassinos estão libertos, protegidos pelos “privilégios do racismo”.

O assassinato deste jovem negro pela polícia ocorreu nos Estados Uni-dos, mas poderia ter sido no Brasil. A vítima se chamava Michael Brown, mas poderia se chamar Cláudia Silva Ferreira ou DG. O extermínio da ju-ventude pobre e negra não escolhe nacionalidade, fazem parte dos es-tarrecedores dados da guerra racial e sexista internacional, as quais não podemos e não vamos nos calar.

Os dados atualizados revelam que das pessoas que morrem de forma violenta no Brasil, 68% são negros. Dentre os presos, 61% têm a pele de cor preta ou parda. A maioria está encarcerada por pequenos crimes, em sua maioria sem julgamento O feminicídio negro não escolhe tem-po ou lugar

As mortes de mulheres decorren-tes de conflitos de gênero, ou seja, pelo fato de serem mulheres, são denominados feminicídios ou femi-cídios. Há um avanço do feminicídio

internacional, enquanto uma politica de extermínio, que tem ga-rantido a hegemonia e avanço do capital internacional sem barreiras culturais, e vão das casas as ruas.

1. Estes crimes são geralmente perpetrados por homens, principal-mente parceiros ou ex-parceiros, e decorrem de situações de abusos no domicílio, ameaças ou intimidação, violência sexual, ou situações nas quais a mulher tem menos poder ou menos recursos do que o homem.

2. Os parceiros íntimos são os principais assassinos de mulheres. Aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro ín-timo.

3. No Brasil, 61% dos óbitos fo-ram de mulheres negras (61%), que foram as principais vítimas. A taxa corrigida de feminicídios foi 5,82 óbitos por 100.000 mulheres, no período 2009-2011, no Brasil.(IPEA, 2013).

4. Estima-se que ocorreram, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia,

ou uma a cada hora e meia. Essa violência sexista e racista se

estende aos diferentes territórios ne-gros do mundo:

o Mais de 200 meninas negras foram sequestradas na escola de Chibok, no nordeste da Nigéria, as crianças (dezenas das quais seguem em cativeiro) foram levadas a um campo da milícia fundamentalista na floresta de Sambisa, no estado de Borno, no norte do país e base espiritual e de operações do grupo. Até o momento essas meninas se-guem em cativeiro e violentadas por milícias;

o Africanos que tentam emigrar para trabalhar na Europa são assas-sinados atirados ao mar, enquanto os governos europeus saqueiam os países africanos de recursos natu-rais;

o Ebola, uma doença facilmente controlável pela medicina preventiva moderna é tratada através de iso-lamento e abandono internacional das vitimas no continente africano;

o Os projetos de modernização da agricultura com produção de ali-mentos envenenados por agrotóxi-cos que são condenados no mundo são despejados no continente afri-cano, como politica de desenvolvi-mento e ajuda internacional, inclusi-ve pelo governo brasileiro.

o O tratamento da segurança publica e a politica de estabilidade econômica dada pelos governos dos países ricos, neoliberais racistas, na diáspora são sempre de apoio à in-dústria bélica, que exterminam ne-gros e negras no mundo. O West (ocidente) e Rest (o resto), como di-zia Stuart Hall.

Assim nossa luta é contra o pro-jeto neoliberal de justiça, branca, masculina e eurocêntrica, onde african@s e seus descendentes no mundo estão cotidianamente ex-postos a morte, como moeda de desenvolvimento capitalista e de pseudoestabilidade econômica e ecológica.

. As afirmações do Geledes ga-

nham sentido, é preciso dizer NÃO. A exemplo da comunidade de Fer-guson, que não aceitou calada mais este assassinato a sangue frio, sem

a condenação dos culpados, saiu às ruas, contagiando o país.

Um grupo de mães, das meni-nas negras sequestradas da Nigéria, protestou recentemente em frente à Assembleia Nacional da Nigéria para denunciar a falta de informação por parte do governo sobre o caso e exi-gir mais esforços para o resgate.

Marchar é preciso - contra o ra-cismo, feminicídio e pelo bem viver

Mulheres negras do Brasil mar-charão em 2015 contra a violência, o racismo e pelo bem viver. Uma marcha para além dos limites da na-ção, pois reconhece que em pautas desiguais a pseudogarantia neoli-beral de direitos universais, não se sustenta e se torna uma ameaça si-lenciada.

Enquanto militantes de movimen-tos sociais e cidadãs devemos exigir o fim da guerra racial, a apuração transparente dos crimes de racismo, com a condenação dos culpados.

Se o racismo e o sexismo não es-colhem tempo ou lugar, o seu com-bate também não, pois são crimes que lesam a humanidade.

As lágrimas da mãe de Michael, das mães das meninas nigerianas se-questradas valem muito! Mulheres negras que choram por suas filhas e filhos, maridos, e por elas mes-mas, abrem a vala da indignação e da justiça, rompem rochas, que nem a geologia dura capitalista poderá estabiliza-las novamente. E revelam que a justiça germinará e brotara de onde menos se espera, e crescerá!

Essas mulheres valem quanto África: VIVAS, LIVRES e SOBERA-NAS!

Contagem 01/12/2014

QUANTO VALE AFRICA e VALE A MÃE DE MICHAEL?

Dra. Ângela Maria Da Silva Gomes Doutorado em Etnobotânica negro africana/UFMG Coordenação Nacional do Movimento Negro Unificado/ Relações Internacio-nais

Informativo MNU -NOV/DEZ/JAN/FEV -2014/2015

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Espaço Cultural MNU

Prêmio Afro Mulheres IncrÍveisRelease:O livro Mu-lheres Incrí-veis, escrito por Elaine M a r c e l i n a , está em sua segunda edi-ção ampliada e revisada e traz depoi-mentos de doze mulheres e suas atuações so-ciais e políticas na cidade do Rio de Janeiro, além de crônicas e poesias que apresentam a autora. Entre as mulheres presentes no livro estão grandes ativistas do movi-mento negro e personalidades im-portantes na construção da socie-dade desconhecidas pela maioria da população. Nesta edição o livro resgata um período importante do Rio de Janeiro em sua construção e as transformações que passou até se transformar na grande metrópo-le. Este livro é uma viagem emocio-nante no tempo cronológico da his-tória do país e na vida de Mulheres Incríveis que doaram suas memó-rias para esta obra cuidadosamente registrada por Elaine Marcelina.A autora:Elaine Cristina Marcelina Gomes, nascida no Rio de Janeiro, lançou seu primeiro livro no ano de 2008, “Mulheres Incríveis”, baseado nas atuações sociais e políticas das mu-lheres e a partir daí descobriu o gosto pela escrita. No ano de 2011 lança o seu segundo livro “Emoções Reveladas”, este agora traduzindo a vida em prosa e verso. É historiadora e escritora. Profes-sora da Pós Graduação da FEUC – Fundação Educacional Campo-grandense, integrante do MNU – Movimento Negro Unificado e pesquisadora do LAPSIAFRO/UFRJ e do IPN - Instituto de Pesquisa e Memória dos Pretos Novos.

Constelação negra ilumina a noi-te de Cerimônia do III Prêmio de Ex-pressões Culturais Afro-brasileiras, no Teatro Rival.

A festa aconteceu na noite de segunda-feira, 26 de janeiro, no Te-atro Rival e refletiu a cara da cultura brasileira! No ir e vir entre a platéia e o palco, artistas consagrados do ce-nário carioca dividiam o teatro com outros tantos artistas e produtores das cinco regiões do Brasil, forman-do uma babilônia de sotaques!

Celebrando a terceira edição do Prêmio Afro, Ruth Pinheiro, Presi-denta do Cadon, instituição reali-

zadora do Prêmio Afro com patro-cínio da Petrobras e em parceria com a Fundação Cultural Palmares, ressalta a importância do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, iniciativa que vem projetando artistas brasileiros, re-

velando talentos e fortalecendo a diversidade cultural. “O Prêmio Afro surgiu para atender os anseios de artistas e produtores negros e ne-gras, liderados pelo Fórum Nacio-nal de Performances Negras desde 2005!. A primeira edição aconteceu em 2010 e a segunda em 2012 e agora, incluímos a categoria músi-ca, destinando R$1.400,000,00(Um milhão e quatrocentos mil reais) em prêmios, distribuídos para projetos das cinco regiões, para as catego-rias de ARTES VISUAIS, DANÇA, MÚSICA e TEATRO. Ficamos muito felizes com os resultados que reve-lam o nosso esforço para por em prática as peculiaridades deste Prê-mio. Além da cuidados divulgação que fosse capaz de atingir artistas para transpor os limites dos centro urbanos, montamos um corpo de jurados que além das especialidades técnicas no âmbito da cultura afro-brasileira, também representam as respectivas regiões de modo que te-mos a apresentar um saldo positivo e inspirador!”

A cerimônia que foi conduzi-da pela Jornalista Flávia Oliveira e pelo ator Cridemar Aquino, home-nageou Mercedes Batista, primeira bailarina negra do Teatro Municipal que em sua trajetória internacional uniu técnicas e conhecimentos eru-ditos, mesclando com elementos afro-brasileiros.

Ainda sob o efeito de muita emo-ção com a trajetória de Mercedes Batista no palco, entre uma entrega e outra dos troféus aos premiados, ninguém ficou parado com a apre-sentação do Dream Team do Passi-nho, grupo de dança do “Passinho”, composto por jovens oriundos de comunidades do Rio de Janeiro e que ganharam o Troféu Revelação Nacional do Prêmio Afro.

Bom mesmo é saber que a vitória é certa quando trabalhamos coleti-vamente em prol de um só objetivo: a valorização e visibilidade do pro-tagonismo de artistas e produtores negros e negras deste país. Ubuntu!

(Por Adriana Baptista – Jornalista, produtora Cultural e Coordenadora de Movimento&Mídia)

Fotógrafo ARMANDO PAIVA

Família MNU recebe Vovô do Ylê Ayê na Terça Negra.