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MOVIMENTO PARA A DEMOCRACIA

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

PROGRAMA DE GOVERNAÇÃO

COMPROMISSO COM AS ILHASSOLUÇÕES PARA CABO VERDE

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ÍNDICE

MENSAGEM DO PRESIDENTE ................................................... 7

O ESTADO DA GOVERNAÇÃO .................................................... 11O balanço necessário ....................................................... 12As causas do falhanço ..................................................... 16

UM NOVO CICLO ......................................................................... 15Um novo modelo de sociedade ......................................... 19Um compromisso para a década ...................................... 27

UM COMPROMISSO PARA A LEGISLATURA

PLANO DE EMERGÊNCIA ..................................................... 31Novo Modelo de Governação do País .............................. 31 Aumentar o Rendimento disponível das Famílias e Combate à Pobreza ............................................................... 39Redução da Precariedade através de Políticas Ativas de Emprego ............................................................................. 43Resolução do Problema de Financiamento das Empresas ................................................................................. 37 Medidas de Emergência na Segurança Interna ........... 39

PROGRAMA PARA A LEGISLATURA

SOBERANIA ........................................................................... 53

A Democracia Cabo-verdiana ............................................ 54Um novo Modelo de Estado ............................................... 63Segurança ................................................................................ 82Justiça ....................................................................................... 96Defesa ..................................................................................... 107Política Externa .................................................................... 110Diáspora ................................................................................. 121

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ECONOMIA

NOVO MODELO DE CRESCIMENTO ECONÓMICO ......... 127APOSTA NA INOVAÇÃO E NO CONHECIMENTO .............. 130

Tecnologias de Informação e Comunicação ............... 133Cultura de Inovação ............................................................ 137

RECENTRAGEM DA ECONOMIA ............................................... 142

Turismo ................................................................................... 143A Economia do Oceano ....................................................... 151Um Centro de Operações em África ............................... 154Agricultura ............................................................................. 158Pescas ..................................................................................... 165Indústria Ligeira ................................................................... 167

REFORMAS ECONÓMICAS E ESTRUTURAIS ............................... 171Um Estado amigo da Economia ....................................... 173Equilíbrio das Contas Públicas ........................................ 177Convergência com a União Europeia ............................. 179Financiamento da Economia ............................................ 181Uma Fiscalidade amiga do Investimento e das Famílias ....................................................................... 188Uma Nação de Empresas e de Empresários ............... 193Transportes e infraestruturas ......................................... 196Custos de Contexto, a Energia ........................................ 208Mercado de Trabalho .......................................................... 217

VALORIZAÇÃO DAS ILHAS E DOS RECURSOS ENDÓGENOS .......... 219 Ordenamento do Território .............................................. 220Ambiente ................................................................................ 225Biodiversidade ...................................................................... 227Água e Saneamento ........................................................... 228

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SOCIAL

CAPITAL HUMANO E QUALIDADE DE VIDA ...................... 235Educação e Ensino Superior ............................................ 236Ciência, Tecnologia e Inovação ....................................... 248 Formação Profissional ...................................................... 251Saúde ...................................................................................... 254Habitação .............................................................................. 263Desporto ................................................................................ 266Cultura ................................................................................... 273Juventude .............................................................................. 284

ESTADO SOCIAL E COMBATE ÀS DESIGUALDADES ....... 290Inclusão Social ...................................................................... 291Famílias .................................................................................. 299Equidade de Género ............................................................ 301Segurança Social ................................................................ 305

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MENSAGEM DO PRESIDENTE

Caros concidadãos,

Sinto que tu e muitos outros estão dececionados com o que viram nos últimos 15 anos. Dececionados com a estagnação económica, a diminuição de rendimentos, com as longas listas de espera nos hospitais, com o abandono escolar e com o aumento do desemprego, da pobreza e da insegurança.

Os cabo-verdianos mereciam melhor. Particularmente os jovens e as mulheres. Mereciam mais trabalho, mais segurança, melhor educação e mais saúde.

Sei que a vida de cada um de vós não tem sido fácil. Estou seguro que é possível mudar Cabo Verde. Sei que Cabo Verde, as nossas ilhas, tem solução.

Queremos construir, conjuntamente, um Cabo Verde seguro, com pleno emprego digno e com liberdade plena. Está ao nosso alcance.

Este programa foi, por isso, concebido para servir-te. Para mudar, efetivamente, a tua vida para melhor.

Cabo Verde tem os recursos endógenos suficientes para garantir o teu futuro em bases sólidas. Nós somos bons. Basta explorarmos convenientemente a nossa centralidade atlântica.

Cabo Verde tem uma importante diáspora nas Américas, na Europa e em África. A diáspora é um grande ativo para o país no contexto de um mundo cada vez mais globalizado. A nossa diáspora faz parte do nosso percurso histórico e social, apresentando um elevado potencial humano e contribuindo, ativamente, para a afirmação da nação cabo-verdiana do ponto de vista político, cultural, económico e de notoriedade internacional.

Para vencer os desafios precisamos acreditar na nossa capacidade e criar condições políticas, institucionais, sociais e económicas para promover o desenvolvimento.

Precisamos de um bom ambiente político com uma democracia consolidada, um Estado de Direito credível e um Governo política e tecnicamente bem preparado, com capacidade de liderança e de adaptação, ágil nas decisões e com uma atitude desenvolvimentista e reformista.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Um bom ambiente institucional com instituições fortes, credíveis e perenes, com um Estado moderno e uma administração pública com dirigentes altamente qualificados, íntegros e comprometidos com o serviço público.

Um bom ambiente social com menos pobreza e mais inclusão e coesão social.

Um bom ambiente económico suportado pela estabilidade, previsibilidade e confiança; por impostos moderados; por uma dívida pública controlada; por um crescimento económico inclusivo e por uma atitude de concertação social e de parceria por parte do Estado face às entidades patronais, aos sindicatos, aos empresários e aos investidores.

Um bom sistema educativo que forma os jovens pelo conhecimento e por valores; que cria oportunidades para todos terem acesso ao ensino; que forma quadros com capacidade para desenvolverem a sua atividade profissional num mundo global e competitivo através de inovação, aquisição de competências, internacionalização e empregabilidade.

Mobilizámos as competências de toda a nação e construímos, com base nos valores programáticos fundadores do nosso partido, uma visão clara do futuro que queremos para a nação e para ti.

Temos uma visão clara para construir um Cabo Verde desenvolvido, inclusivo, democrático, aberto ao mundo, moderno, seguro, onde impera o pleno emprego e a liberdade plena.

Temos uma visão e um plano de ação para construir um país melhor, conectado consigo próprio e com o mundo. Para garantir uma sociedade mais inclusiva e uma nação cada vez mais forte, mais global e mais sustentável.

Garantimos a todos o direito à liberdade, à democracia e à cidadania.

Queremos fazer de Cabo Verde um país próspero e de progresso.

Queremos fazer dos cabo-verdianos um cidadão do mundo e no mundo.

Investindo na qualidade de saúde e no acesso universal à saúde materno infantil.

Promovendo a universalização do pré-escolar a partir dos quatro anos, o alargamento do ensino obrigatório até ao 12º ano e reforçando o ensino das ciências, das tecnologias e das línguas estrangeiras, desde muito cedo e a massificação da formação de qualidade.

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Garantindo o acesso ao emprego e ao pleno emprego, promovendo uma economia eficiente e ciente da sua centralidade atlântica, competitiva e exportadora.

Investindo na reabilitação urbana e numa adequada política de habitação para que as famílias possam ter acesso a uma habitação condigna e a preços justos.

Promovendo um Estado verdadeiramente social e uma economia social de mercado, garantindo para cada família um rendimento através do trabalho e, nas situaçõeslimite, um rendimento de inclusão para que todos os cabo-verdianos possam viver do seu próprio esforço e tenham uma vida digna.

O que te apresentamos é um novo projeto de sociedade.

Uma nova forma de exercício de poder político e de governar o país. Cabo Verde precisa mudar. Não tenhamos medo.

Nós governaremos para ti. Com sentido de justiça e de igualdade de oportunidades. Connosco, todos serão iguais perante a lei e perante o Estado, como manda a Constituição. Cabo Verde merece pois um Governo melhor. É preciso mudar de Governo.

Cabo Verde merece um novo governo e uma nova maioria parlamentar liderados pelo MpD. Um governo transparente, aberto, responsável e focado nos resultados.

Um governo próximo dos cidadãos e um Estado facilitador e indutor do desenvolvimento.

Um Estado transparente, parceiro, dialogante, promotor da concertação social, justo, moderno, descentralizado e regionalizado.

Criaremos o ambiente necessário para que cada um de vós seja senhor do seu próprio destino.

Nós confiamos que cada cabo-verdiano é capaz de progredir na nossa sociedade, com base na sua capacidade, no seu mérito, no seu talento e no seu esforço. Nós confiamos no futuro de Cabo Verde.

Sei que cada um de vós pode ser o construtor do seu próprio futuro.

Esta é verdadeira e a derradeira oportunidade para mudar. Estou confiante.

Sinto que existe, também, em ti uma enorme confiança no futuro de Cabo Verde.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Peço-te que mantenhas esta crença em Cabo Verde.

Sei dos nossos desafios e das nossas potencialidades.

Conheço bem o meu país e tenho a noção exata do mundo que nos rodeia.

Este programa de governação é um contrato que quero estabelecer contigo, com cada cabo-verdiano na sua ilha e na diáspora e com a nação.

É um compromisso político que assumo perante os meus concidadãos, ancorado no rigor e na seriedade.

Assumo, pessoalmente, toda a responsabilidade pela sua concretização.

Uma responsabilidade intransmissível.

Tenho confiança em ti, na minha equipa e em Cabo Verde.

Podemos juntos construir o Cabo Verde que queremos.

Com o teu voto construiremos o Cabo Verde que mereces.

Estou motivado para continuar a servir-vos e a servir Cabo Verde.

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O ESTADO DA GOVERNAÇÃO

Uma Agenda de Transformação falhada, quinze anos de muitas oportunidades perdidas.QUEM NÃO CUMPRIU O ESSENCIAL NÃO PODE VOLTAR A PROMETER.“I Know What You Did Last Summer”

Depois de 15 anos de governação do PAICV, de mais de 600 milhões de contos gastos e de uma dívida pública total bruta excessiva a ultrapassar a dimensão da nossa economia e a atingir os 130% do PIB, a hora é de balanço. A hora é de responsabilização perante todos os cabo-verdianos. Pois quem governa tem de prestar contas. É uma exigência do sistema democrático instaurado em Cabo Verde, desde 1991!

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

O BALANÇO NECESSÁRIO

O atual Governo faltou, no essencial, ao seu compromisso eleitoral com os cabo-verdianos. Colocou o nosso país perante enormes desafios, abarcando tanto os níveis institucionais como económicos e sociais. Muitos deles, como o desemprego e particularmente o desemprego jovem, a estagnação económica, a diminuição de rendimentos, as assimetrias regionais, sociais e de género, a criminalidade, a morosidade da justiça, a falta de confiança no sistema político, no sistema económico e no sistema social, a pobreza e a pobreza extrema, o endividamento da economia e a deterioração do risco soberano, tomam a forma de emergências nacionais. Cabo Verde está hoje numa trajetória de empobrecimento, do enfraquecimento da sua economia e do seu tecido social.

O Governo ainda em funções não cumpriu nomeadamente a promessa substantiva que fez de fazer crescer a economia a dois dígitos; de reduzir o subemprego e o desemprego a um dígito; de eliminar a pobreza que afeta ainda mais de 130.000 concidadãos, de garantir o ensino obrigatório de 8 anos, de eliminar a lista de espera na saúde, que atinge hoje cerca de seis meses, em áreas críticas como a ginecologia, a oftalmologia e a ortopedia e nem conseguiu reduzir a mortalidade infantil para 14 por mil (ainda é de 20,3 por mil).

Para além de ser incumpridor, apresenta maus resultados, traduzindo-se, nos últimos tempos, numa degradação geral e acelerada da situação económica, social e política.

Uma degradação social com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Cabo Verde colocado na posição 122 entre 187 países, ocupando o país o último terço mundial nesse importante indicador que agrega o estado da Nação em termos de educação, rendimento individual e saúde; com o alargamento da pobreza, que abrangemais de 130.000 concidadãos pobres a viverem com menos de 137$50 por dia e um aprofundamento das assimetrias regionais, sociais e de género; com o aumento do abandono escolar, estando mais de 30% dos jovens de 17 anos de idade fora do sistema escolar, nomeadamente por falta de emprego e de rendimento dos pais e mais de 20.000 alunos por ano na situação de repetência e abandono escolar.

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Uma degradação do sistema político, com dois em cada três cabo-verdianos a considerar que não há igualdade perante a lei e um em cada dois a considerar que as eleições não são transparentes e livres e um enfraquecimento visível do Poder Local Democrático e de instituições do Estado como as polícias, o sistema prisional, a justiça e as autoridades de regulação, para além de uma excessiva partidarização das instituições públicas.

Uma degradação do sistema económico marcado pela estagnação económica e pela menor taxa de crescimento e de crescimento per capita dos últimos 25 anos, permitindo que a África subsaariana, a CEDEAO e os pequenos países insulares cresçam 6,5 e 3 vezes mais do que Cabo Verde, respetivamente. Uma degradação económica confirmada pela redução substancial do potencial de crescimento da economia de 7% para menos de 3%, atualmente, mesmo perante um endividamento excessivo do país e pela realidadede um Estado caloteiro que deve e não paga, seja em sede de reembolso do IUR e do IVA, seja em sede de bonificação de juros, seja em sede de empreitadas, seja na sua relação com os municípios.

O atual Governo ficará na história como perdulário, por ter desperdiçado os ventos bons que vinham do exterior e todas as oportunidades que se ofereceram quanto à valorização da posição geoestratégica de Cabo Verde, seja na construção de um centro especializado de prestação de serviços, seja no domínio dos transportes aéreos e marítimos, seja no domínio do turismo, do mar, dos serviços financeiros, seja no domínio da integração regional na CEDEAO, sendo que a relação comercial com este espaço mantém-se depois de 15 anos praticamente nula.

Este quadro é o resultado esperado das opções de política económica e social do Governo do PAICV, que conduziram, nomeadamente, à perda de muitas oportunidades, por desconfiança em relação à iniciativa privada, nacional e externa, pelo condicionamento dos cidadãos, por obrigar o Estado a servir o partido e por relegar para o segundo plano o espírito de iniciativa dos cabo-verdianos, reduzindo os impulsos positivos vindos do exterior quase que exclusivamente às transferências unilaterais na forma de Ajuda Pública ao Desenvolvimento.

Cabo Verde não é pobre. Cabo Verde está pobre por culpa do Governo do PAICV e da sua liderança. E se a pobreza sempre dói, a pobreza infantil corrói a alma. Ela atinge hoje cerca de 20% das famílias cabo-verdianas.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Cabo Verde tem de fazer diferente. Para fazer diferente, Cabo Verde precisa de um novo Governo. Porque o atual Governo faltou ao seu compromisso eleitoral com os Cabo-verdianos. Não cumpriu o essencial do que prometeu. Não está, por isso, em condições de voltar a prometer. E o que tem a propor é a continuação de mais do mesmo e, portanto, a continuação do empobrecimento do país e do enfraquecimento da sua economia e do seu tecido social.

Chegou agora o momento da lucidez do povo cabo-verdiano falar! Cabo Verde e os cabo-verdianos mereciam mais e melhor.

Quem não cumpriu o essencial não pode voltar a prometer. Perdeu esse direito. Sobretudo quando o que tem a propor é o mais do mesmo.

É caso para se dizer: “I Know What You Did Last Summer”.

Cabo Verde precisa de um novo Governo! De um novo projeto de sociedade e não de promessas avulsas.De um Governo responsável e de uma nova liderança que seja madura e portadora de nova esperança para o País.

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Este é pois o principal desafio do país!

Este desafio é ao mesmo tempo uma oportunidade. Estamos hoje, de facto, perante uma enorme oportunidade. A de desenvolver Cabo Verde e de construirmos um país, onde as nossas crianças, os nossos jovens, as nossas mulheres e os nossos pais sejam felizes.Cabo Verde tem os recursos necessários para eliminar a pobreza. Precisa de um Governo capaz e de uma liderança lúcida.

Cabo Verde não é pobre. Cabo Verde é um país historicamente aberto e marcado por uma relação umbilical com o Mundo, prestígio do conhecimento, pela interiorização, aclimatação e assunção dos valores ocidentais, pela ambivalência no posicionamento quanto à relação dialética entre a ousadia e a prudência conservadora, pela singularidade, autenticidade e coragem.

Estes requisitos estão presentes nos mais diferentes domínios da vida desta pequena, mas global e singular Nação, cuja referência cultural aglutinadora, se exprime na sua criolidade. É esta a marca que permite interpretar o percurso da Nação, melhor compreender, nos dias de hoje, o país e identificar e projetar os vetores dinâmicos da sua história, num contexto universal caracterizado pela mundialização e globalização crescentes da economia, dominado pela mudança acelerada, pela inovação e pelo desafio da construção de economias do conhecimento, onde a capacidade adaptativa e a confiançasão condições sine qua non de sucesso.

Cabo Verde possui uma extensa zona marítima, numa zona de intensa confluência marítima e aérea – o terço médio do atlântico – com elevado peso estratégico devido à circulação de navios e aeronaves e a sua privilegiada relação com a costa africana. Cabo Verde tem, por isso, a especificidade, valorizável no contexto regional africano e do mundo, de ser um país democrático, com estabilidade política e social, homogeneidade social e forte identidade nacional e cultural, valores de matriz ocidental e uma importante diáspora em todos os continentes.

Cabo Verde não poderia estar pobre.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

AS CAUSAS DO FALHANÇO

A causa principal e mais próxima do falhanço do PAICV é de natureza política e ideológica. O Estado está em tudo. Controlando tudo, condicionando todos!O Governo em funções esteve aquém das expectativas porque amarrado aos ideários da década de oitenta, nomeadamente ao excesso de Estado na economia e na sociedade, à partidarização das instituições e à subordinação do Estado, dos indivíduos e das instituições aos interesses do partido.

O Estado é detentor e gestor de um conjunto de empresas públicas estratégicas para o futuro do país como os TACV, a Electra, a Enapor, a ASA, a Cabo Verde Telecom e a Caixa Económica de Cabo Verde.Controla a comunicação social pública e todas as agências de promoção empresarial do País e de regulação.

O Estado é, sobretudo, o principal agente económico, injetando, diretamente, na economia, todos os anos, mais de 50 milhões de contos, cerca de 40% do PIB e vai buscar às famílias e empresas, através de impostos e taxas, mais de 34% do PIB.

Em suma, o Estado, através do Governo, seu braço executivo, controla a máquina pública, regula os mercados, é dona das principais empresas estratégicas do país e é ainda o principal agente económico e o principal gestor da economia. O Estado está cada vez mais presente na economia, na sociedade e na vida das pessoas.

Quando o Estado falha porque as suas instituições são partidarizadas, quando o partido está acima do Estado, tornando este último ineficiente e perdulário, colocando-o ao seu próprio serviço, a economia e a sociedade têm de regredir! A corrupção alastra-se e a impunidade agiganta-se.

O custo desta regressão económica é uma fratura social. Prejudicando não apenas a qualidade de vida das gerações atuais, mas também o futuro das novas gerações.

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Aqui está a razão principal e mais próxima do falhanço global deste Governo. É de natureza política. Reside num modelo de Estado e de sociedade falhado. A apologia do Estado em detrimento das pessoas e das empresas, a limitação da liberdade das pessoas, a insistência em colocar o partido acima do Estado, bem como, um Estado a servir um partido à procura do voto sem olhar a meios, apostando na dependência e no condicionamento das instituições, das pessoas e das ilhas, bloqueiam qualquer processo de desenvolvimento.

A concentração do poder tempo demais nas mãos de quem o usa para condicionar em vez de libertar, para bloquear em vez de incentivar, para centralizar em vez de descentralizar, para criar uma relação de dependência em vez de promover a autonomia das pessoas, das instituições e das ilhas, tende a corromper homens, a paralisar instituições e a romper a confiança entre governados e governantes.

Este falhanço é inerente e intrínseco ao projeto de sociedade protagonizado pelo PAICV. Não se trata de um défice cultural, mas sim de uma opção política e de um projeto de sociedade que não serve ao país; que só prejudica as pessoas e penaliza os jovens e as mulheres, hipotecando o seu futuro.Quanto maior a acumulação do poder e quanto menor a cultura democrática, maior a cultura centralizadora e manipuladora de quem o exerce, mais se generaliza o seu abuso, o nepotismo e o autismo.

Esta realidade está retratada nas relações do Governo e da sua administração com os cidadãos, com as empresas, com as organizações da sociedade civil, com os municípios e as ilhas.

Nenhuma medida concreta, mesmo sendo boa no plano das intenções, pode produzir efeito neste ambiente político, económico, institucional e social.Assim, a mudança primeira que se impõe é de natureza eminentemente política. Estamos numa encruzilhada e, por isso, perante uma escolha óbvia: ou mantemos este projeto de sociedade que tanto mal nos vai causando, ou mudamos de vida, para melhor.

Temos de mudar de vida, abraçando uma nova visão de desenvolvimento e um novo projeto de sociedade. Temos de mudar de Governo e de políticas. Precisamos de uma nova liderança política no país. Uma liderança política capaz de trazer confiança, alternativa, inovação, dignidade e rigor.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

UM NOVO CICLOO MpD acredita na sua história e valores, no seu grau de amadurecimento e preparação, bem como na lucidez do povo cabo-verdiano para que, juntos, se inicie, a partir de 2016, um novociclo para Cabo Verde, na base de um Novo Modelo de Sociedade e de um Compromisso para a Legislatura guiado por um Compromisso para a Década.

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UM NOVO MODELO DE SOCIEDADE

MpD, um partido com história e confiável

O MpD é um partido com história. Com uma história de sucesso.

Somos o partido que garantiu a transição do regime ditatorial de partido único para um Estado de Direito e Democrático, colocando Cabo Verde no grupo dos países democráticos do mundo.

Somos o partido da liberdade, da liberdade de imprensa, da democracia, do Estado de direito, do poder local democrático, do aprofundamento da descentralização e promotor de igualdades de oportunidades para todos.

Um partido humanista, da democracia, da luta contra a pobreza e contra as desigualdades sociais e as assimetrias regionais e de género. Um partido que valoriza o homem e as suas capacidades enquanto ator chave e destinatário do processo de desenvolvimento, da economia social de mercado e do crescimento inclusivo, da livre iniciativa de nacionais e de estrangeiros e da promoção de valores morais da cabo-verdianidade como a honra, a dignidade, o trabalho, a honestidade, esforço e a iniciativa individuais, a solidariedade, o espírito de luta e de sacrifício e o orgulho de ser Cabo-verdiano e por Cabo Verde, rejeitando qualquer mentalidade assistencialista, seja ativa ou passiva.

Somos o partido que garantiu a transição de uma economia estatizada para uma economia de mercado e o acesso das pessoas ao telefone em todo o País, com realce para as zonas rurais, adotando os melhores sistemas de ligação interna de Cabo Verde e com o Mundo através da fibra ótica e da rede móvel; que reformou o ensino introduzindo o ensino obrigatório e gratuito de seis anos generalizado a todas as crianças em idade escolar e levou o ensino secundário a todo o País;e quedeu asas ao desporto, construindo, pela primeira vez, campos relvados no País.

O MpD foi o partido que garantiu um crescimento médio de 30% do rendimento médio real dos cabo-verdianos, conseguindo colocar o país a produzir e a exportar bens e serviços e acabando, definitivamente, com as longas filas para se ter o acesso a bens essenciais ao eliminar a contingentação das importações e moderar os preços.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Somos o partido que conseguiu fazer Cabo Verde pertencer ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e que estabeleceu a convertibilidade do escudo cabo-verdiano e a sua paridade face ao euro e concebeu e montou o trust fund, um fundo soberano, dotado de mais de 100 milhões de euros. Garantimos o direito de voto aos emigrantes, passando a cidadãos de pleno direito e eliminamos todo e qualquer tipo de autorização para se ausentar do país.

Liberalizamos o acesso às moedas estrangeiras em caso de viagens e reduzimos consideravelmente o risco cambial através da introdução do regime cambial de peg fixo face ao Euro. Somos o partido que adotou políticas que fizeram baixar o desemprego, de forma sustentada, em mais de 30%.

Somos o partido que valorizou as mulheres contribuindo para o seu acesso aos mais altos cargos políticos do País (pela primeira vez teve mulheres no Governo) e para o seu desenvolvimento social. Somos o partido que dotou o país do hino e bandeira lindos e adaptados à nossa realidade e alma, que hoje nos orgulham.

O MpD garantiu a mudança de regime na década de noventa. Está hoje mais maduro, mais experimentado e com mais competências.O MpD está, por isso, em condições e tem legitimidade para pedir aos cabo-verdianos uma oportunidade para dar ao povo uma nova esperança. A esperança num Cabo Verde seguro e a trabalhar.

O MpD apresenta ao país uma nova visão de desenvolvimento, um novo projeto de sociedade e um programa de governação para os próximos cinco anos, coerente com um compromisso para a década, focado nos resultados e virado para as pessoas, atendendo as suas necessidades concretas e as suas legítimas ambições.

O pensamento do MpD nestas áreas é tributário de um vasto e profícuo trabalho sustentado numa ideologia e num sistema de valores que nos diferencia de todas as outras forças políticas.

Quer ao nível do respeito do papel da lei e da democracia, da liberdade, do reforço da descentralização e da regionalização, da modernização da justiça, do combate efetivo à corrupção e à informalidade, da importância da regulação e da segurança nacional, a convicção e engajamento do MpD é total e, por isso, apresentaum programa que o vincula aos que acreditam nos valores da democracia, da liberdade e do desenvolvimento e querem lutar por um Cabo Verde muito melhor.É um compromisso de honra para com Cabo Verde e os cabo-verdianos.

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A lucidez do Povo Cabo-verdiano

2016 será um momento de prova da lucidez do Povo Cabo-verdiano, prova que passará com distinção. O MpD está ao serviço de Cabo Verde e da liderança deste processo de mudança, colocando, em coerência, as escolhas para o futuro do país, em primeira mão, na sociedade civil cabo-verdiana.Este deverá ser um processo coletivo, significando uma verdadeira ação de participação patriótica dos vários atores nacionais na identificação e escolha das melhores soluções para o momento crítico vivido pelo país.

Depois da Liberdade da Pátria em 1975 e da Democracia e Estado de Direito em 1991, 2016 será o momento de escolha pela autonomia, igualdade de oportunidades para todos e pela liberdade da pessoa humana através do trabalho, da produção e do acesso a rendimentos.

Será a opção pela negação do condicionamento, do assistencialismo, das limitações às liberdades e à autonomia das pessoas e das instituições, assim como do Estado ao serviço do partido e das clientelas partidárias.

Quem for pela liberdade das pessoas e da sua autonomia, quem for pela inclusão através do trabalho, quem for pela separação clara entre o Partido e o Estado, quem for pelo partido ao serviço do país, quem for pela livre iniciativa devidamente regulada, quem for pela promoção das instituições, desde logo das empresas como núcleo fundamental de afirmação da liberdade através da criação, da produção, da inovação e da exportação, tem uma única opção, votar MpD!

Não são as listagens de medidas sectoriais e avulsas que fazem a verdadeira diferença entre uns e outros. A diferença primeira é de ordem política e ideológica,traduzida no projeto de sociedade.As próximas eleições têm de marcar uma fronteira entre dois ciclos. Entre um ciclo de empobrecimento, do aumento do desemprego e das desigualdades sociais, regionais e de género e um outro ciclo de liberdade, de democracia, de crescimento económico inclusivo, de emprego e de desenvolvimento.Entre um Cabo Verde inseguro e estagnado e um Cabo Verde seguro e a trabalhar. Entre um Cabo Verde condicionado e um Cabo Verde de liberdade e de democracia.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

O Povo é soberano nas suas escolhas políticas e deve recusar a repetição de modelos económicos e sociais esgotados e falidos.Cabo Verde precisa mudar devida e conhecer um novo ciclo, um novo desígnio partilhado por todos, com uma nova liderança e novos protagonistas. Chegou o momento dos compromissos. O MpD é a alternativa e encarna uma atitude de serviço ao País, às ilhas e às pessoas.

Um novo Modelo de Estado O Estado não pode continuar a ser um instrumento de dominação dos cidadãos. Para isso o Estado tem que ser “descapturado” e os cidadãos libertados das amarras do Estado.

A primeira prioridade do MpD é colocar Cabo Verde a crescer de forma continuada e inclusiva e gerar empregos de qualidade, num ambiente de segurança e de estabilidade social, em que os cidadãos voltem a ter emprego e melhores rendimentos.Não é possível imaginar a democracia, a eficiência, a eficácia, a durabilidade das políticas, a igualdade de oportunidades, a prosperidade e a coesão social sem um Estado que estimule a liberdade, a participação, a autonomia, a criatividade, as iniciativas e os empreendimentos dos cidadãos e ofereça ainda um enquadramento bem definido, transparente e seguro para as relações interpessoais e empresariais e para a separação clara entre os interesses dos partidos políticos e os do Estado, das empresas e dos indivíduos.Sem a confiança num Estado parceiro e respeitador dos contratos através de uma atitude ética e de um sistema judicial independente, eficiente e célere e sem a redução da conflitualidade social não será possível gerar crescimento económico continuado. Queremos uma sociedade de confiança, de cumprimento de contratos e que dê valor ao tempo.A confiança passou a ser um elemento determinante do sucesso dos países e das empresas. Confiança gerada através da estabilidade e previsibilidadee de instituições fortes a nível político, económico e social.

Assim, a mudança começa pela edificação de um Estado neutro nas suas relações com as empresas e as instituições e que não prejudique nem beneficie os cidadãos em função da sua decisão política ou convicção filosófica, tratando a todos os cabo-verdianos como sendo iguais perante a lei.

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Um Estado moderno, ágil, flexível, próximo das pessoas, eficiente, facilitador do desenvolvimento e focado em servir as pessoas, as empresas e as instituições. Um Estado garante da segurança a todos os cidadãos.Um Estado moderno, ágil, flexível, próximo das pessoas, eficiente, facilitador do desenvolvimento e focado em servir as pessoas, as empresas e as instituições.Um Estado garante da segurança interna a todos os cidadãos.Um Estado capaz de criar um ambiente político, económico, social e institucional promotor do desenvolvimento económico inclusivo, promotor de um novo Cabo Verde:Com um poder assente num grande compromisso com a liberdade, na neutralidade do Estado e da sua Administração relativamente às preferências, simpatias e militâncias partidárias dos cidadãos, na promoção ativa do pluralismo e exercido em obediência ao primado da lei e da ética, com transparência e responsabilidade. Construído através de um modelo pró-ativo na promoção da cidadania e na afirmação da autonomia e da responsabilidade do indivíduo, da família, das ilhas e das organizações da sociedade civil.

Com um Estado descentralizado e regionalizado que liberte energias, capacidades e potencialidades de cada ilha para as tornar em economias geradoras de riqueza, de emprego e de qualidade de vida. Cada ilha tem de representar, ela mesma, uma solução e não um problema! Por isso, haverá uma relação diferente entre o Governo e os Municípios e Regiões, assente na descentralização, na cooperação e na parceria estratégica para o desenvolvimento das ilhas e não no conflito e na concorrência por territórios eleitorais. Por isso o projeto de Regionalização é uma prioridade para o MpD.

No domínio económico, o prevalecente modelo de investimento estatal com base no endividamento externo vai ser recentrado no modelo de economia de base privada ancorado no fomento empresarial e suportado por uma administração inovadora, eficiente, competente, profissional, que gaste menos e que provoque menos carga fiscal sobre as empresas e as famílias e por recursos humanos altamente capacitados, custo de fatores indutores de competitividade e infraestruturas económicas geradoras de serviços de qualidade. Este modelo deve garantir a transformação de Cabo Verde num centro de operações em África. Cabo Verde deve querer “Win in Africa with Africa”. No domínio turístico, logístico, de transportes, financeiro, das tecnologias e inovação, de domiciliação de empresas e de prestação de serviços no domínio da saúde e da formação (executivos, marítimos, desenvolvimento rural/agricultura, mar, energias renováveis, entre outros), devendo as universidades desempenhar um papel de destaque.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

É urgente a ultrapassagem da economia de renda, através das oportunidades que a economia das Ilhas está em condições de proporcionar no domínio do investimento privado nacional e externo e, assim, contribuírem para a construção das condições de reforço da resiliência do país aos choques externos através da diversificação económica.

No plano social, torna-se urgente a mudança substancial do atual paradigma estatizante e de condicionamento dos cidadãos para uma aposta na promoção da independência social e económica das famílias através de políticas que criem oportunidades de emprego e de rendimento e para a intervenção do Estado na área social através das ONG ´S, das igrejas e do poder local.

Para tal, a educação será a principal aposta, não só como base da economia do conhecimento, mas também, pelo reconhecimento de que será a via mais segura para a ampliação das condições de autonomia pessoal e da autossustentação das pessoas.

Desenvolveremos políticas responsabilizadoras dos cidadãos e ancoradas nas famílias e nas comunidades locais.Tudo acompanhado de programas, especialmente para as crianças,os jovens, população idosa,as mulheres e a população com deficiências, de forma a favorecer o rompimento com os círculos de dependência e de pobreza, através da ampliação da responsabilização pública pelo bem-estar das pessoas e do acesso ao trabalho e aos serviços.

Para o MpD, nenhum modelo de desenvolvimento terá êxito se não for capaz de combater as desigualdades de oportunidades e as desigualdades sociais, regionais e de género, se não tiver como objetivo a erradicação da pobreza e da exclusão social. A componente social, coerente com o pressuposto dessa consciência social, énorteadora de todas as nossas ações. No País que idealizamos, ninguém pode ficar para trás. Estão todos convocados para esse desígnio nacional prioritário, sendo nosso compromisso desenvolver uma nova geração de políticas públicas, mais focadas na capacitação e autonomia das pessoas e famílias, com maior envolvimento da comunidade, sustentáveis e com maior equidade, promovendo uma maior coesão social. Ambicionamos, assim, uma verdadeira mudança de paradigma, garantindo a proteção de quem mais precisa, potenciando a mobilidade social e promovendo a inclusão social.

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A nossa política social será baseada na contratualização com as OSC e sustentada por alguns valores que nós defendemos: aqueles que trabalham duro e fazem as coisas certas devem ser, pelo mérito, recompensados, dando a todos a oportunidade de subir tão alto quanto seus talentos e esforço vai levá-los. Mas o sucesso não se mede apenas pela capacidademostrada no exterior, mas também na forma como se cuida dos mais fracos e dos mais vulneráveis em casa.

Um novo ciclo vai começar

O emprego e a segurança serão as nossas primeiras prioridades, as prioridades das prioridades. O nosso compromisso é com o emprego dignopara todose a tolerância zero em relação à insegurança. E com a afirmação do indivíduo, do sector privado e das instituições.

A questão do emprego, do emprego gerado pela economia de base privada, é mais do que uma questão social e económica. É um imperativo da dignidade do cabo-verdiano, da liberdade e da consolidação da democracia. É o caminho certo para se garantir rendimento às famílias de forma sustentada, a felicidade para todos. É o caminho certo para se garantir nomeadamente a educação, a saúde, a habitação e a qualidade de vida.A dignidade só se realiza e se concretiza num quadro de emprego, paz, estabilidade e de segurança interna garantidos pelo Estado.Fazemos parte de um mundo cada vez mais complexo, mais exigente, mais aberto e mais global.É nossa obrigação levar os cabo-verdianos a compreenderem o mundo em que vivemos, terem motivação e preparação para vencer os desafios do emprego nesse mundo de mudanças rápidas.Investiremos num cidadão cabo-verdiano do mundo e no mundo, letrado digitalmente, com capacidade de comunicação com o mundo, que domine as línguas, as ciências, as tecnologias e seja portador de valores profundamente cabo-verdianos como o mérito, o trabalho, o esforço, a dedicação, a superação permanente e um profundo amor ao país.Criaremos um ambiente económico, político, social e institucional capaz de atrair os investimentos, internos, externos e da nossa diáspora, permitindo a criação e a expansão da atividade económica, a geração de empregos e a condução do país ao pleno emprego (colocando a taxa de desemprego à volta dos 5%).O Estado não tem muitos empregos para dar. Mas tem a obrigação de criar as condições para que o país atinja o pleno emprego. Cabo Verde tem todas as condições para lá chegar. Ao nível do turismo, das pescas, da indústria, da economia oceânica, da cultura, da agropecuária e da prestação de serviços internacionais. Valorizando os seus recursos humanos e a sua posição geoeconómica e geoestratégica.

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O mundo mudou muito nos últimos anos. Acabou o crédito fácil e barato, ilimitado e torrencial. Estamos num mundo instável e de forte concorrência para o investimento! Acabou o tempo da insustentabilidade das instituições públicas e privadas, de realização de infraestruturas incapazes de gerar efeitos multiplicadores para o conjunto da economia, com enfoque para o crescimento e o emprego.É preciso uma nova visão estratégica. Um novo compromisso. Um compromisso para a valorização dos recursos internos, apostando na produção, exportação e internacionalização, na valorização da posição geo política de Cabo Verde na bacia do Atlântico, na qualidade das instituições, na coesão social, na captação do IDE e na promoção permanente da imagem externa de Cabo Verde.

Novas políticas exigem uma nova maioria parlamentar, novos atores e uma nova liderança, madura e portadora de um novo futuro.

Neste novo ciclo, para cada pergunta-chave, apresentaremos uma solução e as medidas que a concretizam. Como tornar Cabo Verde mais útil ao mundo? Como reformar o Estado? Como acabar com o condicionamento dos cidadãos? Como combater o insucesso e o abandono escolar? Como promover e reforçar a cidadania? Como criar um sistema de ensino de excelência? Como modernizar a administração pública? Como atingir o pleno emprego? Como garantir a segurança? Como atrair mais investimento direto estrangeiro? Como descentralizar o Estado e regionalizar o País? Como criar uma economia competitiva e exportadora? Como promover a cultura e o desporto? Como transformar Cabo Verde num verdadeiro centro internacional de prestação de serviços e de domiciliação de grandes empresas internacionais num processo de intermediação da nossa economia com outros continentes?São estes, verdadeiramente, os nossos problemas, aquilo que é necessário afrontar e resolver. É neles que temos de concentrar a energia e é sobre eles que temos de firmar compromissospois, para os abordar com sucesso, é essencial uma nova atitude e a identificação e aplicação de políticas públicas eficazes.Para enfrentarmos esses desafios, vamos combinar três perspetivas:• Uma visão de médio/longo prazo, consubstanciada num compromisso

para os próximos dez anos, garantindoa coerência no desenvolvimento de Cabo Verde.

• Um programa de curto prazo, de urgência, para ser implementado imediatamente, visando o aumento do rendimento disponível através da promoção do emprego, a descentralização e a despartidarização da Administração Pública e a tolerância zero para com a insegurança.

• Um compromisso para o ciclo de governação dos próximos cinco anos.

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COMPROMISSOS PARA A DÉCADA

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O objetivo do MpD é garantir, através de metas devidamente estruturadas e avaliadas em termos de impacto, o desenvolvimento sustentado de Cabo Verde, orientado para trazer felicidade aos cabo-verdianos com base em mais liberdade e mais democracia, pleno emprego,duplicação de rendimentos médio do país, melhor segurança e mais qualidade de vida para todos.

É nosso compromisso garantir, dentro de dez anos:� Redução da pobreza relativa para um dígito e erradicar do país a

pobreza extrema e a fome e garantir a segurança alimentar, no quadro da promoção do crescimento económico, da manutenção da paz social, do combate às desigualdades sociais e de género e às assimetrias regionais e da garantia de um rendimento mínimo de inclusão, quantificado em 50% do salário mínimo, para cada família carenciada e altamente vulnerável particularmente onde existem menores.

� Pleno emprego e trabalho decente para todos, através do crescimento médio real mínimo de 7% ao ano, sustentado, inclusivo e sustentável e a duplicação do rendimento médio per capita gerado pelo emprego (o Gross National Income per capita actual, a preços correntes, é de 3.450 USD), chegando, no Turismo, no top 30 dos países mais competitivos do mundo, saindo da atual 86ª posição.

� A colocação de Cabo Verde na lista dos dez pequenos países insulares melhor classificados, quando avaliados pelo Índice de Desenvolvimento Humano, desenvolvendo o agregado educação, saúde e rendimento individual, garantindo nomeadamente uma gestão racional e eficiente da água e da energia, assim como o seu acesso.

� No ambiente de negócios, a colocação de Cabo Verde no top 50 do Doing Business do Banco Mundial e do Global Competitiveness Report do World Economic Forum, saindo do último terço das classificações, atuando sobre a fiscalidade, o financiamento, o funcionamento da máquina pública, a justiça, a capacitação dos recursos humanos e a unificação do mercado interno e sua ligação ao mundo.

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� Uma educação de excelência a nível mundial, equitativa e inclusiva atingindo o top 50 em termos de Higher Education and Training Index, do World Economic Forum e um sistema educativo integrado no conceito de economia do conhecimento e num ambiente escolar e universitário com cultura de investigação, experimentação e inovação, gerador para os jovens cabo-verdianos de um profundo domínio das línguas, ciências e tecnologias, de um perfil cosmopolita na sua relação com o mundo, portador de valores e motivador para a aprendizagem ao longo da vida.

� Uma democracia melhorada e consolidada, moderna, profundamente respeitadora do pluralismo, da cidadania e promotora dos Direitos Humanos, geradora de espaços de participação, seja individual ou através de instituições, organizações e associações ou simples grupos e um Estado descentralizado e regionalizado, visando, não só a excelência da governação económica, a proximidade e a eficiência administrativa, mas também, levando a responsabilização às ilhas.

� A melhoria radical do risco soberano e do risco país para a nota entre BBB e A, através de um quadro orçamental e fiscal que garanta a previsibilidade e a sustentabilidade das finanças públicas e a integração de Cabo Verde no TOP 15 em matéria de competitividade fiscal no mundo, tendo como alvo principal a atração do Investimento, do investimento direto estrangeiro e a criação de empregos qualificados e bem remunerados.

� Um país seguro, previsível, confiável e útil ao mundo, reforçando a nossa integração no continente africano e na CEDEAO tendente a fazer de Cabo Verde uma plataforma de exportação de bens e serviços e um centro tecnológico regional de alto valor acrescentado, criando buffers para a gestão dos riscos e das vulnerabilidades e erguendo-se como um país destacado na promoção da paz e segurança mundiais.

� Uma nação exemplo no mundo em matéria de equidade de género e de inclusão social, num juntar de esforços, nomeadamente, com as ONG `s, as igrejas, a comunicação social e a comunidade internacional, com destaque para o Sistema das Nações Unidas.

� Um país semlistas de espera na saúde e agarantir uma taxa de mortalidade infantil inferior a 13 por mil, através da melhoria do acesso à saúde e à saúde materno-infantil.

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UM COMPROMISSO PARA A LEGISLATURA

O MpD apresenta um plano de ação para começar a concretizar o compromisso para a década nos primeiros cinco anos de governação:

Um plano de emergência nacional a curto prazo para atacar os problemas mais prementes do País e um Programa para a Legislatura nas áreas da Soberania, da Economia e do Social.

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PLANO DE EMERGÊNCIA NACIONALUM PROGRAMA DE CURTO PRAZO

Cabo Verde precisa de um plano de ação de curto prazo assente em cinco pilares essenciais para, de imediato, gerar confiança e relançar a economia, promover a segurança, combater o desemprego e a pobreza e melhorar a qualidade da governação, a saber:� Mudança da forma de exercício de poder político e um novo modelo

de governação para o País.� Aumento do rendimento disponível das famílias e combate à

pobreza extrema.� Promoção de políticas ativas de emprego.� Promoção do emprego, através da resolução do problema do

financiamento das empresas � Promoção da segurança no País.

Novo Modelo de Governação para o País

Somos pela despartidarização daschefias da administração pública, pela separação entre o partido e o Estado, pelo reforço da transparência e combate à corrupção, através da promoção e da regulação de uma administração e governação abertas previstasna Constituição e na Lei do Procedimento Administrativo, garantindo a todos o acesso aos arquivos correntes da Administração Pública, assim como uma resposta atempada da justiça administrativa.

Promoveremos um Cabo Verde com estabilidade macroeconómica e financeira, com estabilidade fiscal e com reduzidos custos de contexto.

Queremos um Estado mais fiscalizado e perto das pessoas através da descentralização e regionalização. Um Estado que garanta a prestação de um serviço de qualidade e de proximidade a todos os cidadãos através de serviços on-line generalizados, nomeadamente, aos nossos emigrantes em todos os cantos do mundo, mediante a criação, por exemplo, de serviços consulares on-line.

Criaremos um sistema de avaliação anual do programa de Governo com a participação de um grupo de cidadãos, dando nota pública dos resultados a toda a sociedade.

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O nosso compromisso

� Um governo focado no serviço público e pequeno, sem paralelo na história de Cabo Verde por 100.000 habitantes, eficiente e bem coordenado, com um máximo entre dez e doze ministros, descentralizador e defensor do Estado unitário na prestação de serviços aos cidadãos. Aprovaremos uma nova lei de organização e funcionamento do Governo, onde definiremos o número máximo de Ministros, os Ministérios obrigatórios e garantiremos um compromisso com a estabilidade;

� Uma efetiva e imediata separação entre o Partido e o Estado e transparência nas relações do Governo com as Organizações da Sociedade Civil através da autolimitação e da autocontenção ao nível do Partido e de uma lei específica sobre o assunto;

� Um reforço dos poderes das Autoridades Administrativas independentes, designadamentedo Banco Central e do Sistema Nacional de Estatística, consolidando as suas autonomias;

� O aprimoramento do sistema de peso e contrapeso de poderes – o poder não pode estar à solta - com o reforço do Tribunal de Contas, da Procuradoria-Geral da Republica, das entidades reguladoras independentes, de uma comunicação social plural e livre e a promoção de uma elite livre e ativa;

� Uma política social pública promotora da autonomia e da dignidade da pessoa humana e fora dos holofotes da comunicação social, conduzida na base da contratualização com as ONG `s e as igrejas;

� Um Estado perto das pessoas, internamente, através, nomeadamente da descentralização e regionalização e, junto da sua diáspora, revalorizando-a e transformando-a numa alavanca internacional para a economia cabo-verdiana e sua internacionalização, através da criação de serviços consulares on-line, do balcão único, do estatuto do investidor emigrante e da diplomacia comunitária;

� Um Estado respeitador dos contratos e dos compromissos enquanto exemplo para toda a Nação;

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� O incremento da eficiência e da transparência do Estado através nomeadamente da melhoria da legislação e combate à corrupção;

� A promoção da justiça, da segurança e do combate à criminalidade.

A nossa ação

Mudança da forma de exercício do poder político

Formar um Governo historicamente pequeno, eficiente e bem coordenado, focado nas missões programáticas, na otimização de recursos e nos resultados, com um máximo entre 10 a 12 Ministros, incluindo o Chefe de Governo, traduzido numa redução de cerca de 50% em relação à estrutura atual e uma poupança de mais de 200.000 contos por ano, a serem aplicados também no financiamento do rendimento de inclusão que, no primeiro ano, deve abranger 4.000 famílias necessitadas e até o final da legislatura, cerca de 25.000 famílias.

Um Governo que aproveitará todas as virtualidades das Tecnologias de Informação e de Comunicaçãoe que procurará atingir o Mobile-Government e focará sobre 6 eixos essenciais (1) Estado; (2) Nação; (3) Desenvolvimento de Recursos Humanos; (4) Valorização do território e sua conectividade; (5) Prosperidade para todos (6); Inclusão social e igualdade de oportunidades. Manter estável a estrutura governativa e estabilizar o núcleo central da estrutura orgânica dos ministérios, evitandas as alterações introduzidas sucessivamente no passado. As unidades de gestão serão as direções-gerais e será reavaliada a necessidade de existência de cada instituto público, através de um orçamento de base zero.

Promover um Governo descentralizador e parceiro dos municípios, sendo descentralizados, imediatamente, um conjunto de responsabilidades para os municípios/regiões nos domínios da atividade governativa, acompanhadas de uma nova estratégia de distribuição de recursos entre o poder central e o poder local e regional e será apresentado, de imediato, uma lei sobre a regionalização do País.

O Estado será uma pessoa de bem e cumprirá todas as suas obrigações e os direitos adquiridos pelos seus colaboradores serão escrupulosamente respeitados, nomeadamente os pendentes relativos a progressões, promoções e reclassificações dos diversos quadros da AP e salvaguardaremos o salário real dos funcionários públicos.

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Colocar imediatamente em funcionamento pleno o Conselho Económico, Social e Ambiental, o Conselho para o Desenvolvimento Regional Ambiental e o Conselho das Comunidades, assim como melhorar e aprofundar o funcionamento do Conselho de Concertação Social, na base de um acordo de médio prazo.

Garantir uma efetiva separação entre o Partido e o Estado e transparência nas relações entre o Governo e as Organizações da Sociedade Civil, através de um quadro apertado de incompatibilidades e da promoção da meritocracia, da transparência e de um código de ética e de conduta:

• Proibição imediata da acumulação de altos cargos na Administração pública com o exercício de altos cargos executivos nos partidos políticos ou de titulares de cargos políticos, assim como a acumulação de estatuto de titular de cargo político com a liderança das organizações da sociedade civil, financiadas pelo Estado e garantirá a avaliação da administração pelos utentes/cidadãos.

• Proibição dos titulares de cargos políticos com funções executivas de exerceram, pelo período mínimo de um ano posterior à cessação das suasrespetivas funções, altos cargos de nomeação nas Autoridades Administrativas Independentes ou nas empresas públicas por si tuteladas durante o mandato.

• Proibiçãodos titulares de cargos políticos com funções executivas de exercerem, pelo período de um ano contado da data da cessação das respetivas funções, altos cargos em empresas privadas que prossigam atividades no setor por eles diretamente tutelado, desde que, no período do respetivo mandato, tenham sido objeto de operações de privatização ou tenham beneficiado de incentivos financeiros ou de sistemas de incentivos e benefícios fiscais de natureza contratual.

• Promoção da autonomia das Organizações da Sociedade Civil através do seu reforço, consolidação e genuinidade de funcionamento transparente e nos termos da lei.

• Separação entre ONG ´s de nível local e de âmbito nacional, sendo o interlocutor das ONG ´s de âmbito local o poder local.

• Aprovação de um regime de incompatibilidades, interditando que titulares de cargos políticos ou executivos partidários sejam líderes de movimentos associativos de modo a evitar que as ONG ´s sejam uma extensão de partidos políticos.

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• Combate ao nepotismo na Administração Pública através da publicação de uma Lei a proibir a nomeação direta de parentes para ocupar cargos na Administração Pública, evitando que o funcionalismo público seja tomado por aqueles que possuem parentesco (em linha reta, colateral ou por afinidade) com o governante, em detrimento de pessoas com melhor capacidade técnica para o desempenho das atividades.

• Clarificação e tipificação dos cargos de confiança política, limitando-os ao staff pessoal e de apoio direto dos membros do Governo. Como complemento:

• Acesso aos cargos no Estado, em regra através de concurso/carreira, conduzido por uma agência de recrutamento independente, garantindo a igualdade de oportunidades no acesso para todos.

• Audição parlamentar para todos os altos cargos públicos.

• Reforçodas incompatibilidades para os titulares de cargos políticos e, mediante negociação com os demais partidos políticos, uma ampla auscultação pública e estudos externos e idóneos, serão criadas as condições para a valorização da classe política, garantindo uma coerência em toda a máquina pública.

Reforço dos poderes das Autoridades Administrativas Independentes

Alterar a lei orgânica do Banco Central de Cabo Verde (BCV), para reforçar a sua autonomia, estabelecendo um outro figurino para o mesmo, a começar pela eliminação completa da possibilidade de recurso por parte do Tesouro ao financiamento monetário. Estabelecer que o Conselho Fiscal do BCV deverá ser o parlamentarnador, s Adminstradores e o Presidente da Repas ONgeguro, previsnomeado pelo Governo após audição parlamentar.Estabelecer que caberá ao Governo nomear os Administradores do BCV e,sob proposta do Governo,o Presidente da República o Governador, todos após audição parlamentar.Conceder ao BCV as Funções de Conselho de Finanças Públicas.

Reforçar o Sistema Nacional de Estatística, o que passa pela alteração dos Estatutos do Instituto Nacional de Estatística (INE), consolidando a sua autonomia, através da nomeação do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e funcionamento efetivo do Conselho Nacional de Estatística.

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Os membros do Conselho de Administração do INE passarão a ser nomeados, mediante audição parlamentar e não poderão exercer as funções em regime de acumulação com outros cargos dentro ou fora da instituição.O Conselho Fiscal passará a ser nomeado pelo Governo após audição parlamentar.

Aprovar uma nova Lei do Tribunal de Contas, aumentando o seu perímetro e âmbito de intervenção direta e indireta para todas as entidades que recebem ou gerem recursos públicos com base na decisão de que lá onde houver recursos públicos, o Tribunal de Contas deve poder intervir diretamente e indiretamente.A aprovação da Lei deve ser antecedida de um acordo parlamentar alargado e de discussões na sociedade civil.

Confiança macroeconómica e financeira

A confiança macroeconómica é um ativo de suma importância para Cabo Verde, precisando o País de conter a sua propensão para o grande endividamento público. Nestes termos, haverá a abertura de um processo de negociação com os partidos políticos, objetivando o reforço legal da confiança macroeconómica, abrangendo, no limite, uma revisão da Constituição da República e serão tomadas as seguintes medidas:

� O reforço dos limites à governação económica, através da alteração da lei do Enquadramento do Orçamento (78/V/98) e aprovação de uma nova lei de bases do orçamento, impedindo que a dívida pública cresça mais do que o PIB nominal e estabelecendo o respeito pela regra de ouro do orçamento, significando que as operações de crédito não podem ser superiores às operações de capital.

� Promoção da qualidade e cultura de resultados na realização das despesas públicas, através da consolidação das finanças públicas, exigindo melhorias significativas na eficiência do Estado ao nível da utilização dos recursos por parte da Administração Pública.

A não adoção de procedimentos de análise custo/benefício das medidas que implicam despesa pública, nomeadamente a nível do investimento, é altamente prejudicial para o Estado e os contribuintes. Assim, as decisões vão passar a ser tomadas com base em critérios de custo-beneficio-eficácia, sendo que os fatores de produção de despesa excessiva e ineficaz devem ser identificados nas suas raízes estruturais e eliminados.

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Vai-se proceder ao levantamento exaustivo, em todos os ministérios, de fontes de geração injustificada de encargos, assim como de medidas de racionalização e de quantificação da despesa, numa cultura de trabalho e de poupança para o futuro. Todos os fundos vão ser centralizados, ou a nível do Ministério das Finanças ou a nível das instituições financeiras que neles intervêm por conta do Estado e os departamentos especializados deixarão de fazer a gestão dos recursos financeiros do Estado.

Um outro campo de desperdício de recursos é o Setor Empresarial do Estado,totalizando mais de um milhão e meio de contos ano, pelo que vai ser adotado um ambicioso programa para o setor.

Tudo acompanhado pela promoção da efetiva concorrência em setores decisivos para o crescimento económico, como são a eletricidade, a água, os transportes e as comunicações, acabando com o privilégio das empresas instaladas e o abuso de posições dominantes, totalmente contrárias ao interesse da economia e à defesa do consumidor. Incentivaremos, e promoveremos, neste quadro, a associação de defesa dos consumidores enquanto parceiro decisivo do Estado.

O objetivo é evitar a multiplicação desnecessária da rede empresarial e programar a redução progressiva de empresas públicas, através da privatização ou concessão de serviços públicos seja da ASA, da ENAPOR, da ELECTRA e da TACV.Avançaremos imediatamente para a reestruturação e privatização dos TACV, um exemplo da negligência máxima do Governo em funções durante quinze anos, mantendo-a como companhia de bandeira, maioritariamente pública e com gestão privada, garantindo a ligação entre as Ilhas, de Cabo Verde com o mundo e com os seus principais mercados emissores para além de explorar o vasto mercado da aviação comercial, nomeadamente ligando a África aos demais continentes.

Será fixado ao BCV um timing para a criação imediata do Fundo de Garantia de Depósito e o Estado criará igualmente um Fundo de Garantia e Avales.Garantiremos um Estado pagador a tempo e horas.

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Estabilidade normativa e segurança jurídica

Melhorar a qualidade da legislação, garantindo a estabilidade normativa e a segurança jurídica:

- Instalação de uma cultura de estabilidade fiscal, com a possibilidade de alteração dos regimes fiscais apenas uma vez em cada legislatura.- Promoção da codificação legislativa, evitando alterações pontuais, garantindo que a aprovação da legislação seja acompanhada pela aprovação de todos os regulamentos de suporte de modo a evitar a existência de leis não regulamentadas e pela elaboração de guias de orientação e instruções técnicas para os serviços responsáveis pela aplicação da lei.– Divulgação de toda a legislação com interesse externo em versão portuguesa e inglesa.– Disponibilização de todo o acervo legislativo do boletim oficial na internet e de forma gratuita, com o acesso a ferramentas de pesquisa, como a legislação consolidada, a um tradutor jurídico, a um dicionário jurídico e a legislação e regulamentação conexa com o ato legislativo em causa.– Obrigatoriedade de avaliação prévia do impacto orçamental e financeiro, em particular, de toda a legislação estruturante. – Análise de todas as leis relevantes já aprovadas quanto às omissões regulamentares, violações constitucionais – Implementação de um sistema eficaz e eficiente de informação jurídica, designadamente através da escola, da comunicação social e das redes sociais, que permita a divulgação efetiva e eficiente legislação estruturante da ordem jurídica, com especial relevo para a que se refere aos direitos e deveres fundamentais dos cidadãos.

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Aumentar o Rendimento Disponível das Famílias e combater a Pobreza

A economia cabo-verdiana encontra-se estagnada. Ela precisa de ser reanimada, com um forte conteúdo de emprego e de estímulos para a recuperação de rendimentos, representando uma alavanca de curto prazo para melhorar os índices de atividade económica e as condições do mercado de trabalho.A política social deve ser promotora da dignidade da pessoa humana e da sua autonomia e conduzida fora dos holofotes da comunicação social, por respeito a quem precisa de uma mão amiga do Estado e por respeito à dignidade da pessoa humana. E todas as transferências financeiras do Estado para os mais desfavorecidos, no país e na diáspora, serão feitos via sistema bancário ou através dos correios.Não haverá, assim, na comunicação social, lançamentos de primeiras pedras, nem publicitação das intervenções do Estado a favor de particulares, nomeadamente, a distribuição de cartões de pensionistas, entrega de bolsas de estudo, reabilitação ou construção de casas individuais, e outras ações do mesmo tipo. O Governo deverá estar focado nos resultados concretos para a comunidade e não na propaganda de obras avulsas.

O nosso compromisso

A nova abordagem integra um conjunto de compromissos claros e coerentes:

� Atualização anual dos salários e pensões, incluindo o salário mínimo.

� Criação de um Rendimento de Inclusão (RI) para os mais vulneráveis, garantindo, sobretudo, a proteção das crianças, mediante regras transparentes e contratualização dagestão com as igrejas e as organizações da sociedade civil pela via da criação de mecanismos para que cada um ganhe a sua própria subsistência com o trabalho honesto, garantindo a dignidade da pessoa humana em situações em casos de manifesta incapacidade de trabalhar. Deve abranger, até ao final da legislatura, cerca de 25.000 famílias com crianças com dificuldades de alimentação (são mais de 68.000 crianças pobres). Para o efeito, combateremos todos os desperdícios, as ineficiências e a má utilização dos recursos do Estado.

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� Implementação de uma tarifa social na água e na energia para todos aqueles que se encontram na situação de pobreza extrema.

� Combate ao abandono escolar, adotando novas políticas sociais e pedagógicas, bem como, uma cláusula de salvaguarda a garantir que todas as crianças em idade escolar estejam efetivamente no sistema de ensino. O Ministério Público deve promover uma vigilância apertada, garantindo o cumprimento escrupuloso da lei.

� Redução da lista de espera na saúde.

� A redução da precariedade através de políticas ativas de emprego e reforço da concertação social.

� Garantia de um Estado pagador a tempo e horas e responsabilização dos incumpridores e criação de uma conta corrente entre o Estado e os contribuintes.

� Reativar a bonificação de até 50% de juros à habitação para os jovens casais, liquidando a dívida no montante de 1.500.000 contos que o Governo atual acumulou junto do sistema bancário.

A nossa ação

Atualização anual dossalários e pensões, incluindo o salário mínimo

Será feita em função da inflação verificada, para evitar a erosão do poder de compra das famílias, seja trabalhador ou pensionista, num quadro de reforço da concertação social numa perspetiva de trabalho digno e de valorização do salário mínimo nacional.Terá como contrapartida, aconciliação da coesão social com a competitividade da economia cabo-verdiana, podendo a atualização ser conseguida, igualmente, via redução da carga fiscal sobre os rendimentos. Em coerência, fixa-se ao BCV a responsabilidade de garantir a estabilidade de preços em entre 0 e 2%.

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Um Estado pagador a tempo e horas

Todas as dívidas do Estado, direta e indireta, às empresas e particulares serão regularizadas e pagas imediatamente. Presume-se que a dívida atualem sede de IUR, IVA, Casa para Todos, Municípios e Sistema Bancário totalize mais de 9 milhões de contos, cerca de 6% do PIB. Para além da dívida junto do INPS que representa cerca de 47% do total da dívida de contribuintes junto desta instituição, totalizando mais de 2 milhões de contos.A nosso ver, o Estado não pode esquecer que as dívidas das entidades públicas representam créditos dos fornecedores e empresas que arriscam tudo, levando a situações de incumprimento em cascata e que as empresas, por sua vez, representam postos de trabalho e rendimentos. Por isso, o Estado tem de dar o exemplo, enquanto pagador em tempo certo e na hora certa, estimulando a economia, sobretudo nesta fase de estagnação económica.Adotaremos uma lei relativa aos compromissos financeiros do Estado e aos pagamentos em atraso.Estabeleceremos um prazo de 60 dias para os pagamentos do Estado e, findo 90 dias sem que os pagamentos sejam feitos, os responsáveis pela contratação e assunção do compromisso serão, individualmente, responsabilizados e as sanções ficarão claramente tipificadas na lei sobre a responsabilidade civil e financeira do Estado, bem como as responsabilidades dos seus agentes, acabando com a impunidade.Criaremos uma conta corrente entre o Estado e as pessoas singulares e coletivas, permitindo que, para determinados níveis de rendimentos, haja compensações de créditos sobre o Estado com dívidas que tenham ao fisco e à segurança social.

Eliminação da pobreza extrema, criação de um Rendimento de Inclusão

Criaremos, tendo em vista a eliminação da pobreza extrema, um Rendimento de Inclusão, no montante de cerca de 50% do valor do salário mínimo, para todas as famílias necessitadas e em situações de vulnerabilidade extrema, particularmente às famílias onde existem menores, garantindo a sua atualização anual, permitindo a todos uma vida digna. Para tal, será previsto 1.000.000 de contos acumulados, adicionalmente, até ao final da legislatura para acudir cerca de 25.000 famílias com crianças em situações de risco, tendo como contrapartida o trabalho comunitário ou público.

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Para os que estão na idade ativa, em idade escolar e na posse de todas as suas faculdades, a inclusão far-se-á pela via da educação, do trabalho e dos rendimentos. Seremos criteriosos na identificação dos necessitados e estabeleceremos mecanismos de identificação, de avaliação e de acompanhamento dos mais pobres, através de um sistema integrado e centralizado de gestão da precariedade social a ser gerido num quadro de contratualização com os municípios, as igrejas e as organizações da sociedade civil, nomeadamente a Cruz Vermelha de Cabo Verde, a Associação de defesa dos consumidores, entre outras.Atuaremos de forma privilegiada através do programa POSER - Programa de Promoção de Oportunidades Socioeconómicas Rurais - e alargaremos, ao mesmo tempo, a cobertura das pensões do regime não contributivo a todas as famílias que efetivamente têm esse direito e dela precisar. Utilizaremos ainda a margem fiscal criada pelo crescimento do PIB e as poupanças ao nível do orçamento de investimento e de funcionamento para garantirmos a cobertura total em termos de pensão de sobrevivência no quadro do regime não contributivo. Mais cerca de 25.000 pensionistas no total e 6.250 por ano, a partir de 2017.

Mais medidas sociais de emergência

Desenvolveremos, em parceria com os municípios, um plano de ação imediato, tendente a resolver os problemas mais urgentes nos destinos turísticos do Sal e da Boavista, nomeadamente ao nível da habitação, do saneamento, da segurança, da eliminação das construções clandestinas e dos bairros degradados, da requalificação urbana, nomeadamente na chamada Zona das barracas na Boavista, da regulação do comércio informal e da construção (Boavista e Sal) e recuperação (Sal) de estradas de acesso aos hotéis, afetando, para o efeito, a taxa do turismo e a taxa ecológica.

Apostaremos num mega programa de reabilitação habitacional e regeneração urbana, com incentivo a financiamento em regime de micro crédito, incluindo saneamento, espaços de lazer e de manutenção física, arruamentos, espaços verdes e iluminação pública no quadro do programa nacional do desenvolvimento urbano e capacitação das cidades orçado em cerca de 250 milhões de euros.

Compensaremos o IVA na água e energia com uma nova tarifa social para todos aqueles que vivem na pobreza extrema, a ser regulamentado pela Agência de Regulação Económica.

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Combateremos o abandono escolar, garantindo que todos em idade escolar obrigatória estejam no sistema de ensino e sobretudo que nenhum aluno abandone o sistema de ensino por falta de rendimento dos pais, criando uma cláusula de salvaguarda que garante que nenhum aluno fique fora do sistema de ensino por falta de rendimento dos pais.

Reduziremos a lista de espera na saúde para prazos admissíveis do ponto de vista médico em estreita parceria com o sector privado e reas da genecologia, oftal+sector privado e odos os melhores çados e autonomia do Banco Central consolidado.ememcom a comunidadeinternacional, nomeadamente nas áreas hoje mais críticas da ginecologia, oftalmologia e ortopedia, assumindo os encargos financeiros daí resultantes para a população mais pobre.Reforçaremos a concertação social, permitindo a definição de uma política de rendimentos numa perspetiva de trabalho digno e de vida digna, conciliando o objetivo da coesão social com o da sustentabilidade da política salarial e a competitividade do país.

Redução da Precariedade através de Políticas Ativas de Emprego

O MpD combaterá a utilização abusiva e desvirtuada das políticas ativas de emprego que, contrariando a sua ideia original de aproximação ao mercado de trabalho pela via da inserção laboral, promovam a precariedade e o condicionamento, diminuam a dignidade do trabalho e o seu valor. As políticas ativas de emprego devem ajudar a responder ao verdadeiro bloqueio que os jovens enfrentam hoje à entrada no mercado de trabalho, desenvolvendo programas de emprego jovem que favoreçam a inserção sustentável dos mesmos no mercado de trabalho, não se limitando a promover a precariedade como tem sido apanágio do atual Governo.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

O nosso compromisso

É nosso compromisso estimular o emprego através dos seguintes instrumentos:

� Eliminação imediata da contribuição para a segurança social que recai sobre as empresas com contrapartida no emprego jovem por um período experimental de cinco anos no quadro do programa de criação de pelo menos 45.000 novos empregos estáveis numa legislatura e visando o pleno emprego numa década. A nossa prioridade é o emprego para os jovens e empregos bem remunerados.

� Lançamento e financiamento de estágios profissionais geradores e facilitadores de empregos.

� Promoção efetiva do empreendedorismo - Work For Yourself numa perspetiva de estabelecimento de redes internacionais com os melhores empreendedores do mundo e do continente africano.

� Reforço das competências dos jovens licenciados, nomeadamente, através de programas de reconversão de perfil.

� Lançamento de um vasto programa de apoio à economia social e solidária e de promoção da inovação social.

� Promoção do financiamento para as empresas.

A nossa ação

Isenção da contribuição para a segurança social

Apoio ao emprego jovem via redução da carga fiscal sobre o trabalho por um tempo determinado. Avançaremos com a eliminação imediata da contribuição para a segurança social que recai sobre as empresas para incentivar o emprego jovem por um período experimental de 5 anos, período em que se fará a avaliação do impacto da medida. A segurança social será compensada através do imposto sobre os rendimentos pagos pela massa empregada nesse quadro e o Estado ganhará em termos fiscais através da tributação sobre a despesa.

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Financiamento de estágios profissionais

Lançaremos um programa de estágios profissionais, geradores e facilitadores de empregos no sector público e no sector privado, podendo atingir 20.000 Cabo-Verdianos anos, dos quais 10.000 jovens ano e 2.000 licenciados, tendentes a promover a empregabilidade. Criaremos mecanismos de incentivo, nomeadamente fiscais às empresas e instituições e estabeleceremos um compromisso com as agremiações neste sentido.

Real promoção do empreendedorismo através de novas políticas. Abrindo novos horizontes

Temos de desenvolver junto dos jovens a grande vontade de empreender, porque o empreendedorismo, bem utilizado, é um instrumentos potentepara responder ao drama do desemprego que hoje vivemos em Cabo Verde. É importante que os jovens tenham cada vez mais a ambição de criar o seu negócio, a sua empresa, ou a sua área de atividade. Temos a obrigações de criar as condições para acarinhar e promover o empreendedorismo jovem.

Temos de criar um “ecossistema” onde a ambição sem limites se pode tornar realidade.É nesse quadro que lançaremos o programa CVXL.O CVXL será um programa de “mentoring” e aceleração de startups assente nos princípios da inovação aplicada às áreas estratégicas para Cabo Verde, como as marítimo-portuárias, aeroportuárias, mar, Tecnologias de informação e comunicação, energias renováveis e financeiro. Selecionaremos dez novas empresas criteriosamente para cada um desses sectores que irão beneficiar de um programa de aceleramento, onde irão ser treinadas intensivamente por 150 mentores de referência mundiais, garantindo o acesso a investidores de renome internacional, cuja missão será apoiar estas startups a evoluírem das ideias para modelos de negócio sustentáveis focados na inovação e na criação de empregos. Promoveremos o empreendedorismo, através da criação de uma aceleradora de empresas, da rede nacional de incubadoras e da promoção da cultura de empreendedorismo nos jovens, estimulando a criação de emprego através de uma maior valorização e capacitação do empreendedorismo.

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Para potenciar a dinâmica de criação de novas empresas em sectores emergentes e inovadores e, consequentemente, estimular a criação de mais e melhores empregos, as políticas de promoção do empreendedorismo revelam-se essenciais. O MpD promoverá o desenvolvimento empresarial adotando medidas que contribuam para eliminar barreiras ao empreendedorismo e potenciem a criatividade e capacidade de iniciativa dos cabo-verdianos e de investidores estrangeiros que escolhem Cabo Verde para criar emprego e gerar riqueza.

Neste âmbito, o MpD assume como medidas fundamentais:

Criar uma grande medida aceleradora de empresas, de âmbito nacional mas com relevância africana e regional, que apoie a internacionalização de startups, através de uma rede de assessoria especializada e de apoios à internacionalização, promovendo ainda intercâmbios para startups e expansões.

Criar a Rede Nacional de Incubadoras, promovendo a cooperação, partilha de recursos e alavancando mutuamente as iniciativas dos seus membros. Esta rede terá igualmente como objetivo promover e apoiar o desenvolvimento de novas incubadoras de qualidade em áreas complementares à rede existente.

Promover a cultura empreendedora nos jovens por meio da introdução de módulos ou cursos de empreendedorismo nas escolas públicas e do desenvolvimento de programas de estágios de estudantes em startups, incubadoras ou aceleradoras.

Reforço das competências dos jovens licenciados

Apoio no reforço das competências dos jovens licenciados, aumentado a empregabilidade dos desempregados licenciados. Torna-se se necessário desenvolver programas de formação avançada, especificamente direcionados para pessoas com este perfil. Esses programas devem apostar no reforço dos saberes já adquiridos com competências transversais ou específicas, que valorizem os jovens no mercado de trabalho.

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Propõe-se, nomeadamente, o lançamento de um programa de reconversão de competências orientado para o setor das tecnologias de informação e comunicação, do turismo, da agricultura e das pescas. Este programa deverá permitir dar resposta a falta de recursos humanos com formação nestas áreas contribuindo para superar as dificuldades de contratação das empresas instaladas em Cabo Verde e para a captação de mais investimento estrangeiro em sectores emergentes. A implementação deverá ser feita em parceria com as universidades e empresas, abrangendo todas as ilhas.

Lançamento de um vasto programa de apoio à economia social e solidária

O programa será executado através de uma parceria efetiva, envolvendo as câmaras municipais, as organizações da sociedade civil e as igrejas. O MpD encara a economia social, enquanto forma de organização económica e de produção de serviços, como tendo um papel determinante na expansão do emprego, da igualdade de oportunidades e na promoção de bens sociais, ambientais e históricos que suportam o desenvolvimento local e regional. Neste sentido, Modernizaremos e consolidaremos o sector por meio de mecanismos de simplificação administrativa e de promoção de redes municipais de economia social,Fomentaremos a criação de parcerias entre entidades dos sectores público e da economia social,Apoiaremos a valorização e capacitação de empreendedores sociais e promotores de projetos que visem criar novas soluções para os problemas sociais identificados na sociedade, com o objetivo de potenciar o surgimento de novas organizações ou iniciativas sociais.

Resolução do problema do Financiamento das Empresas

O investimento é a chave para a recuperação empresarial e para garantir um novo ciclo de crescimento e de emprego.Num quadro de escassez de financiamento, torna-se necessário procurar e identificar formas eficazes de financiar as empresas e de dinamizar a atividade económica.

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É preciso atuar também noutros domínios como as reformas económicas e fiscais, nos custos de fatores com a água e energia, a qualificação da mão-de-obra, a segurança, a paz e a estabilidade social, a ciência e a tecnologia, a justiça, a saúde, o ambiente e a promoção da marca Cabo Verde.Estes são os elementos-chave para a competitividade de Cabo Verde, importantes para, através da confiança e menores custos de contexto, promover o fomento empresarial e o emprego.

A nossa ação

O MpD agirá, de imediato, a seis níveis:

� Liquidação de todas as dívidas do Estado junto das famílias e das empresas, criação de uma conta corrente entre o fisco e os contribuintes e estruturação de um Estado pagador a tempo e horas.

� Alteração imediata da convenção de estabelecimento reduzindo o limite mínimo para se poder aceder aos incentivos para meio milhão de contos e desde que tenham impactos relevantes na criação de empregos diretos e indiretos com majoração sectorial, regional e em função do emprego gerado.

� Instalação uma máquina pública pró-business, removendo os obstáculos e reduzindo o tempo e custo do investimento através do principio “Burocracia Zero” para os investimentos.

� Aprovação de iguais condições para o Estado e as empresas em sede de fiscalidade no mercado de capitais, adotando uma tributação tendencialmente nula.

� Criação de um Estatuto para o Investidor Emigrante.

� Mobilização do private equity, nomeadamente os africanos, para a tomada de participação nas empresas cabo-verdianas.

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Medidas de Emergência na Segurança Interna

O nosso compromisso

� Tolerância zero em relação à criminalidade, com maior destaque para os centros urbanos.

� Motivação dos profissionais da Polícia e da Justiça.

� Reorganização das forças policiais numa perspetiva de polícia de proximidade.

� Alocação de meios em função de objetivos pré-fixados.

� Reforma do Sistema Prisional e de Justiça.

� Criação imediata da Polícia Municipal.

� Reforço da polícia judiciária em termos de meios financeiros e logísticos.

� Adoção de um Programa para a Cidadania e de mecanismos de Proteção das Vítimas.

A nossa ação

Motivar os profissionais da Polícia e da Justiça

O MpD sempre considerou que o maior sucesso para as medidas de política está nas pessoas, nos seus executantes! O sucesso das organizações está, primeiro, nas pessoas, na sua motivação, na sua atitude.Qualquer estratégia de segurança que esqueça o engajamento pró-ativo dos profissionais da Polícia e da Justiça está condenada ao fracasso!O MpD procurará resolver, de imediato, os problemas enfrentados por esses profissionais, nomeadamente, o seu estatuto, promoções, as suas condições de trabalho, formação e outros meios de dignificação e motivação profissional.

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Aprofundar e reforçar o modelo da Polícia de Proximidade

Neste modelo, o sucesso depende da capacidade do agente criar relações positivas com a comunidade, eliminando as naturais barreiras de apatia e de desconfiança, procurando desenvolver parcerias estáveis na contenção de fenómenos delativos junto da comunidade. Nessa base, vai-se promover o envolvimento das entidades públicas locais, os serviços sociais, escolas, entidades religiosas, agentes económicos, associações e outros, unindo esforços e recursos e partilhando responsabilidades na busca de soluções viáveis em matéria de segurança e bem-estar da comunidade.O planeamento das ações e a alocação dos meios estarão de acordo com os objetivos fixados e com a vulnerabilidade em termos de segurança do local em causa.

Instalar os Tribunais de Polícia

Instalação de tribunais criminais para a pequena criminalidade nos principais centros urbanos do país onde se regista uma maior pendência de processos de pequena e média criminalidade, tais como Praia, Mindelo e Assomada.Estes tribunais terão juízes em regime de turno que garantam o funcionamento para além das horas normais de expediente, partindo-se de uma base 8H-24H, até se chegar a um funcionamento de 24 horas. Serão Tribunais de procedimentos simplificados, mas sempre com garantias de um processo justo e equitativo.

Aumentar consideravelmente o tempo de reação criminal

Aumento do nível de eficácia da reação policial e jurisdicional, particularmente com recurso à requalificação dos meios de investigação. Essa requalificação visa um outro nível de qualidade na investigação do crime, suportado no rigoroso conceito de polícia científica em que as técnicas de investigação, os especialistas forenses e o laboratório de polícia científica serão instrumentos indispensáveis.

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Reforçar a Procuradoria-Geral da República

Dotação daProcuradoria-Geral da República de meios materiais, humanos e tecnológicos necessários para cumprir a missão que lhe foi conferida por lei no combate ao crime, particularmente a criminalidade organizada, a criminalidade financeira e os crimes de corrupção. Reforçar as medidas legislativas

Revisão do modelo de acusação penal, permitindo a delegação de competências nos Oficiais Superiores da Polícia para acusação em processos crimes de pequena e média criminalidade. Instalar Redes de Videovigilância

Criação das condições para a rápida instalação de redes de videovigilância nos pontos mais críticos das cidades, em estreita observância dos procedimentos impostos por lei na matéria. Revisão do sistema de iluminação pública, evitando que centos urbanos às escuras sejam um convite à delinquência urbana. Reforçar a reinserção social dos ex-presos

Instituição de sistemas de acompanhamento pós-prisional, com agentes especializados e encarregados da vigilância e apoio aos ex-reclusos, na formação, procura de emprego e prevenção contra os fatores de risco.

Melhorar o exercício da cidadania e a proteção às vítimas

Socialização da necessidade do combate ao crime, da necessidade da segurança e da observância das regas de conduta na sociedade. Promoção da intolerância social, entre outros, para com a violação das regras de trânsito, do saneamento, da edificação urbana e da paz pública.Promoção da intolerância para com a ofensa, a injúria e desconsideração dos vizinhos e das autoridades, como valores comunitários que devem ser fomentados e preservados.

Adoção de mecanismos de proteção das vítimas.

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UM PROGRAMA PARA A LEGISLATURA

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SOBERANIA

Os nossos compromissos na área da Soberania são: � Qualificar e consolidar a democracia.� Estado inteligente, parceiro e federador.� Qualificar o sistema político, assegurando a sua eficiência,

a transparência, a confiança e a credibilidade.� Aprofundar a descentralização e regionalizar.� Promover a autonomia e o reforço da sociedade civil e das suas

instituições e blindá-las das interferências partidárias.� Melhorar a Governação, adotando uma nova forma de exercício de

poder e garantindo uma efetiva separação entre Partido e Estado e a igualdade de tratamento e de oportunidades para todos.

� Instaurar a tolerância zero para a criminalidade, seja ela pequena ou organizada.

� Garantir uma Justiça célere.� Garantir a defesa nacional num conceito de território mais

abrangente.� Assegurar a regulação eficaz dos mercados.� Continuar Cabo Verde na diáspora.� Ampliar a utilidade de Cabo Verde no mundo, em especial na África,

no Atlântico e no Mundo Lusófono.

A democracia cabo-verdiana tem fundamentos sólidos, nomeadamente uma Constituição moderna, um quadro legal abrangente e, de um modo geral, em convergência normativa com a União Europeia e a prática de um quarto de século de um sistema de governo ao qual podem ser creditadas a estabilidade política e social e a alternância democrática.Mas é também evidente que se trata de uma democracia imperfeita e, nalguns aspetos, em retrocesso, em virtude dos graves desvios e atropelos ao Estado de Direito Democrático levados a cabo pela maioria atual, pela via da manipulação, esvaziamento e mesmo subversão de alguns dos seus instrumentos fundamentais, pelo insuficiente desempenho de algumas das suas instituições centrais, pela descredibilização intencional dessas instituições perante os cidadãos, pelos efeitos negativos na confiança dos cidadãos em virtude de promessas demagógicas sistematicamente não cumpridas e renegadas depois das eleições e pelo fraco desenvolvimento da cultura democrática e da cidadania.

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A DEMOCRACIA CABO-VERDIANA

REPOR A CONFIANÇA ENTRE OS CIDADÃOS E AS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS

O MpD, que desempenhou o papel principal na sua instauração em Cabo Verde, acredita que a democracia é essencial ao desenvolvimento e ao progresso e bem-estar dos cabo-verdianos.O MpD, como partido que sempre disse a verdade aos cabo-verdianos e que tem o Homem como o princípio e fim da sua atuação política, como partido que defende os valores da democracia, os direitos, liberdades e garantias das pessoas, o mérito e a competência, a igualdade dos cidadãos perante a lei, a transparência na gestão da coisa pública e um Estado de Direito Democrático – tem o dever histórico de, pelo seu desempenho, repor a confiança, agora minada, entre os cidadãos e as suas instituições políticas

O nosso compromisso

� Consolidar a democracia através de uma revisão pontual da Constituição.

� Promover uma sociedade civil autónoma, participativa e forte, revalorizando o papel das Igrejas.

� Aprofundar o debate sobre o sistema eleitoral.

� Garantir a liberdade e o pluralismo da comunicação social

� Despartidarizar a Administração Pública.

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A nossa ação

O MpD assume o compromisso indeclinável de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para promover, em debate alargado com a sociedade civil e os demais atores políticos, um balanço aprofundado do nosso percurso democrático e da «realização» concreta da nossa Constituição, tendo em vista a qualificação crescente do sistema e da vivência democráticos no nosso país, de modo a que a democracia cabo-verdiana seja mais participativa, satisfaça, cada vez mais, as legitimas aspirações dos cabo-verdianos e se aproxime naturalmente do nível das democracias mais avançadas.

Promover uma Revisão Constitucional pontual

Tais objetivos estarão presentes na revisão constitucional pontual que o partido incitará os seus deputados a, no período de revisão ordinária em curso, debater e consensualizar com a sociedade, propor e fazer aprovar, visando, designadamente:

� Evitar bloqueios institucionais.

� Reforçar o fator ilha na administração territorial do país.

� Reforçar a autonomia do poder local e incitar à regionalização.

� Aperfeiçoar o sistema de governo no quadro do parlamentarismo mitigado instituído.

� Aperfeiçoar o sistema eleitoral, avaliando as mais diversas soluções, incluindo o sistema misto, garantindo em especial e ao mesmo tempo a aproximação entre eleitos e eleitores, a participação da sociedade civil organizada, a governabilidade e a representatividade das ilhas.

� Reforçar a independência, isenção e imparcialidade da administração eleitoral, informatizando o processo, melhorando os mecanismos tendentes a assegurar a confiança nele, blindando-o contra tentativas de fraude e corrupção e assegurando a excelência e efetividade da justiça eleitoral e a punição exemplar dos crimes e contraordenações eleitorais.

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� Prever a fixação de limites ao défice e ao endividamento público na Constituição ou na lei de bases do Orçamento e qualificar a violação reiterada de tais limites como crise institucional grave que compromete o regular funcionamento das instituições democráticas.

� Rever o modo de composição e a competência do Tribunal de Contas em ordem a reforçar a sua independência e efetividade na fiscalização na utilização dos recursos públicos.

� Flexibilizar a organização e inserção dos tribunais fiscais e administrativos em ordem a permitir a adoção de soluções mais eficientes que as atuais.

� Reavaliar a pertinência da existência e composição do Tribunal Militar de Instância.

� Rever o modo de designação do Procurador-Geral da República, assegurando a intervenção do parlamento no procedimento.

� Alargar o acesso ao STJ de magistrados do Ministério Público e advogados, que preencham determinados requisitos e em número inferior aos magistrados judiciais.

� Consignar na Constituição as linhas mestras de um estatuto da oposição democrática entendida como elemento fundamental da Democracia.

� Alargar e reforçar a fiscalização da constitucionalidade das leis

� Atribuir eficácia vinculativa a uma recomendação negativa da audição parlamentar prévia dos candidatos a titulares de altos cargos públicos sujeitos a tal audição.

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Uma sociedade civil autónoma, participativa e forte

Enquanto partido democrático e defensor de uma Sociedade Civil autónoma, participativa e forte, o MpD incitará a sociedade civil a autonomizar-se e ser proactiva, e influenciará para que:� A sociedade adquira uma cultura de Constituição assente no

cumprimento dos deveres fundamentais e na exigência do respeito pelos direitos fundamentais que ela estabelece.

� Os poderes públicos promovam a remoção de todos os obstáculos que impeçam o uso dos mecanismos institucionais e das possibilidades que a ordem jurídica cabo-verdiana já abre à necessária intervenção dos cidadãos organizados na vida administrativa e política do país, como o referendo, a iniciativa legislativa e regulamentar ou a ação popular.

� Os instrumentos de participação na Administração Pública já institucionalizados sejam efetivados.

� Novos canais e espaços de participação e de diálogo entre o Estado e a sociedade civil sejam abertos, organizados e implementados.

Em relação às Organizações da Sociedade Civil (OSC),

� O MpD combaterá, por todos os meios legítimos, a partidarização das OSC, a manipulação do associativismo, do cooperativismo e do empreendedorismo para fins partidários e, pelas vias legais próprias, promoverá o combate a associações ou organizações de fachada que não cumpram as regras e princípios associativos, servindo essencialmente para receber fundos do Estado, para fomentar a compra de votos e consciências e a corrupção em benefício de alguns e para esconder projetos e fins eleitoralistas e partidários de controlo social e pessoal.

� Promoverá, designadamente, o fim da prática inconstitucional de a Administração Central financiar OSC’s de âmbito local ou na realização de projetos e obras do mesmo âmbito à revelia dos órgãos legítimos do Poder Local. Promoverá, em contrapartida, que estes últimos sejam obrigados a realizar uma percentagem significativa dos seus projetos de investimentos locais através de OSC’s locais, quando existam e preencham os requisitos legais exigidos.

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� Promoverá, igualmente, a sujeição das OSC que recebam fundos públicos à fiscalização do destino dado aos mesmos pelas instituições competentes do Estado, em especial ao Tribunal de Contas.

� O MpD combaterá, por todos os meios legítimos, a cultura assistencialista e de discriminação por motivos políticos ou outros irrelevantes, criada pelo PAICV na relação entre o Estado e as OSC, que as descredibiliza e mina, enfraquecendo a sociedade civil e assim privando o país de um ativo fundamental.

O MpD desenvolverá um conjunto de ações para valorizar e ampliar o papel das Igrejas:

Queremos promover um Estado que vê nas Igrejas um parceiro indispensável na promoção do desenvolvimento equilibrado do País.

O Estado e as Igrejas podem e devem, no respeito total pela laicidade do Estado e pela autonomia absoluta das Igrejas, partilhar capacidades, competências, recursos e vontades para melhor servir os cabo-verdianos e, sobretudo, os mais desfavorecidos da nossa sociedade nas seguintes áreas-força:

� Promoção de um ensino de qualidade

A primeira é a colaboração junto do sistema de ensino público, seja pré-escolar, básico, secundário ou de formação profissional, quer pela via da criação de entidades autónomas ou pela via da parceria com as instituições públicas e privadas.

� Realização de uma Juventude preparada para estar no mundo como cidadão autêntico e de pleno direito e portador de valores.

Numa perspetiva de complementaridade, identificam-se duas linhas de intervenção, a preventiva, ajudando a orientar a juventude nos primeiros anos para que, chegando à adolescência, tenha uma sólida orientação para os valores da vida. Outra,a ação de resgate das áreas críticas como a toxicodependência e a criminalidade juvenil.

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� Proteção do Património Histórico.

A promoção do Património Histórico cabo-verdiano que está nas mãos das Igrejas e do Estado, definindo critérios de cooperação e projetos concretos de cooperação para a conservação, proteção e acesso ao uso dos bens de património cultural cabo-verdiano.

� Combate à pobreza.

A intervenção junto dos mais pobres e dos mais carenciados, sobretudo empoderando as pessoas através da formação e do trabalho para que possam passar a viver em dignidade.

� Promoção de uma família saudável.

O empoderamento, a proteção e a orientação da família enquanto célula base da sociedade cabo-verdiana permitindo a criação das condições para o cumprimento da sua função social e para a realização social dos seus membros.

Na educação para a cidadania,

A essencialidade, para a Democracia e o Desenvolvimento, de uma sociedade civil organizada, autónoma, crítica e participativa, justifica o compromisso de que o MpD promoverá intensamente a educação para a cidadania, em especial através do sistema educativo e do serviço público de comunicação social, bem como de instituições públicas ou privadas vocacionadas. Nesse quadro uma atenção especial será conferida:

� Ao efetivo funcionamento de um sistema de informação jurídica aos cidadãos, com enfoque na Constituição e nas leis estruturantes que a concretizam e na divulgação dos direitos e deveres fundamentais dos cidadãos.

� À despartidarização das organizações da sociedade civil, para que estejam sempre colocadas ao serviço da comunidade e dos cidadãos, sem discriminação partidária ou política.

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Modernizar e credibilizar o Sistema Eleitoral

Relativamente ao Sistema Eleitoral, o MpD lançará, no início da próxima legislatura, um amplo e profundo debate com especialistas, atores políticos e a sociedade civil, designadamente no que diz respeito: � Ao sistema de círculos eleitorais e ao número de deputados e

eleitos locais mais adequado à realidade nacional e ao objetivo de aproximar os eleitos dos eleitores.

� Ao sistema de incompatibilidades mais adaptado ao objetivo de assegurar a separação de poderes e prevenir a corrupção eleitoral.

� À informatização do processo eleitoral, do recenseamento à votação, e fiscalização prévia, concomitante e permanente, competente e plural, do sistema informático, em ordem a garantir a sua segurança máxima contra fraudes e invasões indevidas e a confiança da sociedade.

� Ao sistema de justiça eleitoral com vista a assegurar a verdade material dos resultados eleitorais, uma intervenção efetiva nos casos de infração grave às regras eleitoras e a punição adequada dos crimes e contraordenações eleitorais, em especial em casos compra de votos e outras práticas de corrupção ou de fraude eleitoral.

� À organização e independência da administração eleitoral. Na sequência desse debate e tomando em conta os contributos que dele resultarem, o MpD proporá uma revisão do Código Eleitoral em consonância.

O MpD e um seu Governo manterão distância da Administração Eleitoral, respeitando, promovendo e assegurando a sua independência e não interferindo, nem permitindo que seus órgãos ou as instituições e autoridades dependentes ou sob supervisão ou tutela do Governo interfiram nos assuntos da competência dessa Administração, fora da sua participação institucional estabelecida por lei.

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Garantir a independência, a objetividade e o pluralismo da Comunicação Social

O MpD promoverá e assegurará a liberdade, a independência, a objetividade e o pluralismo social e político dos conteúdos e a independência dos jornalistas na Comunicação Social pública, que deverá funcionar como referencial das boas práticas na liberdade de imprensa, de informação e de expressão e garante de um serviço público de informação à sociedade, de qualidade excelente. Ao mesmo tempo, incentivará e apoiará o surgimento e desenvolvimento de uma comunicação social privada plural em benefício da sociedade cabo-verdiana, designadamente na sua modernização tecnológica, na formação dos recursos humanos e na distribuição de jornais e revistas.O MpD entende que os órgãos privados de comunicação social podem prestar também serviço público.Um Governo do MpD celebrará com os órgãos que realizam o serviço público um contrato de concessão justo, que, no quadro dos valores e princípios constitucionais sobre o papel do Estado e a liberdade de imprensa, assegure a desgovernamentalização do serviço público, a sua independência, isenção e pluralismo e a sua dotação de condições técnicas, tecnológicas, organizacionais e financeiras necessárias ao cumprimento eficiente do serviço que lhes incumbe prestar, bem como os direitos dos jornalistas e o cumprimento das respetivas regras, em conformidade com as melhores praticas democráticas internacionais. Designadamente, o MpD promoverá o estabelecimento de um sistema de financiamento da comunicação social, nos termos do qual os Órgãos de Comunicação Social Públicos serão financiados por transferências orçamentais e taxas específicas do Estado mas tendencialmente sem poder recorrer à publicidade comercial; a comunicação social privada e comunitária será financiada pelos promotores e por receitas de publicidade comercial ou institucional, podendo receber incentivos e apoios temporários do Estado.O MpD e um seu Governo manterão distância da comunicação social pública, não interferindo, nem permitindo que seus órgãos ou as instituições e autoridades dependentes ou sob supervisão ou tutela do Governo interfiram na informação que produzem e divulgam; em especial e em diálogo com a sociedade e com as organizações representativas dos profissionais da comunicação social, estudarão e farão instituir por via parlamentar um mecanismo de nomeação independente das chefias dos órgãos e das respetivasredações que assegure a sua independência editorial em relação ao poder político e económico, no quadro do serviço público que lhes compete realizar.

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Promoverão, também, a institucionalização e a efetivação do controle pela sociedade civil, do funcionamento da comunicação social pública e do cumprimento das exigências a que está sujeita, pela Constituição. O MpD e o seu Governo manterão igualmente distância do regulador da Comunicação Social e dos assuntos da competência deste, respeitando, promovendo e assegurando a independência do mesmo e não interferindo, nem permitindo que seus órgãos ou as instituições e autoridades dependentes ou sob supervisão ou tutela do Governo interfiram em tais assuntos, fora da sua participação institucional estabelecida por lei.

Funcionamento regular e eficiente de órgãos de participação da sociedade civil

Por os considerar essenciais ao controlo social do serviço público de informação a que o Estado está constitucionalmente vinculado, o MpD promoverá a institucionalização e o funcionamento regular, efetivo e eficiente de órgãos de participação da sociedade civil (tipo conselhos ou provedores de consumidores de informação) encarregados de:

� Velar pelo cumprimento adequado do serviço público de rádio e televisão e, em geral, pela objetividade, isenção e qualidade da comunicação social.

� Pronunciar-se, a título consultivo, por iniciativa própria ou a pedido de entidade competente sobre planos, programas, políticas e medidas estruturantes a adotar em relação a esse serviço público e sobre situações de concentração e de conflito de interesses na área da comunicação social.

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UM NOVO MODELO DE ESTADOUM ESTADO INTELIGENTE, PARCEIRO E FEDERADOR

O atual Governo e a maioria que o suporta defendem, por convicção e conveniência, não um Estado que promova e defenda os direitos fundamentos universais, mas sim um Estado contra os direitos dos cidadãos; um Estado centralizador, presente em todo o lado e em todos os momentos da vida social, a quem tudo é permitido, que domina a sociedade e a todos quer colocar na sua dependência; um Estado que não valoriza e desrespeita sistematicamente as instituições democráticas, cuja natureza e razão de ser não compreende ou distorce e cuja autonomia invade, esvazia, desrespeita e, se necessário, combate; um Estado que, por isso, tem de se concentrar e de concentrar recursos numa Administração centralizada, gorda, ineficiente e parasita, que, qual sanguessuga, consome para seu proveito próprio o grosso dos recursos dos impostos, cada vez mais pesados, que as pessoas e a empresas são obrigadas a pagar; um Estado que vê as instituições, normas, procedimentos e independência da Justiça como um mal tolerado, uma questão menor, um desperdício de recursos e uma mania de juristas em “país pobre”; um Estado que é mau pagador mas impede que os seus credores o executem na Justiça; um Estado que permite que a Administração não cumpra as decisões da Justiça e que permite o confisco, por via administrativa e de registo, da propriedade privada.O MpD tem uma visão completamente diferente, aliás plasmada na Constituição que se orgulha de ter proposto e feito aprovar pelos representantes legítimos da Nação cabo-verdiana e que hoje é o fundamento do nosso Estado de direito e base consensual dos anseios de liberdade e desenvolvimento do povo cabo-verdiano.

O nosso compromisso

� Debater com a sociedade civil e em sede do Conselho Económico,Sociale Ambiental as reformas a introduzir no sistema político.

� Garantir um programa de aprofundamento da descentralização territorial.

� Avançar, decididamente, para a regionalização.

� Assegurar a estabilidade da legislação estruturante, nomeadamente em matéria fiscal, económica e de investimento.

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� Promover um Estado ao serviço das pessoas e transparente.

� Promover a excelência e a despartidarização na direção administrativa do aparelho do Estado.

� Assegurar o pagamento a tempo e horas das dívidas da Administração Pública aos particulares.

� Alargar e aprofundar a utilização da era digital – integrated Government e mobile Government.

� Reduzir a dimensão do Governo e da correspondente Administração aderente.

� Reavaliar o sistema de regulação e estatístico.

Um dos desafios cruciais da boa governação é a criação de condições institucionais, humanas, tecnológicas, materiais e procedimentais para que o aparelho do Estado seja capaz de fazer bem o seu insubstituível e estratégico papel de regulador, de parceiro eficiente e descentralizado da dinâmica da sociedade e do setor privado na busca da democracia plena, (política, económica, social e cultural) e do desenvolvimento sustentado, bem como de garante da segurança global dos cabo-verdianos.Queremos uma Justiça que proteja os direitos das pessoas e resolva os inevitáveis conflitos na vida em comunidade de forma substancial, célere, eficiente e equitativa, feita por operadores judiciários independentes e competentes, num ambiente de segurança propiciador de investimento e desenvolvimento humano, com tolerância zero para as incivilidades e criminalidade.Nascemos para promoção e defesa da dignidade humana e dos direitos fundamentais de um Homem que desejamos livre e autónomo, política, social e economicamente, com emprego condigno e iguais oportunidades de desenvolvimento para todos. Governámos com essa mesma visão, tendo assim conseguido, quase a partir do zero, níveis elevados e ainda únicos na história do Cabo Verde independente, de crescimento económico, de criação de emprego e de redução do desemprego, com redução da pobreza e desenvolvimento social notórios: colocando sempre a Justiça independente e eficiente, ao serviço das pessoas, da sociedade e da economia, no centro das nossas preocupações e da nossa ação.

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A nossa visão é de um Estado parceiro, regulador, visionário, supletivo e com capacidade de autoridade e promotor da iniciativa privada e das organizações da sociedade civil, nomeadamente das igrejas nas áreas da educação e da formação, da saúde e das políticas de inclusão e de inserção social.

A nossa ação

Introduzir reformas no sistemapolítico através do diálogo e concertação

Promover e organizar, ao nível do Parlamento, com a parceria do Governo e com a participação, desejada, da Presidência da República, do Poder Judicial, das organizações políticas e da sociedade civil bem como da comunicação social e das redes sociais, o debate sobre as reformas a introduzir no sistema político em ordem a:� Torná-lo cada vez mais próximo e acessível aos cidadãos e mais

eficaz e eficientemente representativo da Nação cabo-verdiana na busca de respostas aos seus anseios de liberdade, democracia, desenvolvimento sustentado, felicidade e bem-estar.

� Redefinir os papéis relativos do Estado, da sociedade civil e do setor privado na prestação de serviços sociais e económicos aos cidadãos e às empresas com vista a racionalizar e reduzir custos no aparelho de Estado, assegurando simultaneamente a maior qualidade e eficiência dos referidos serviços.

O debate deverá abranger designadamente temas como os do sistema eleitoral, do sistema de governo e da racionalização da superstrutura política do Estado e deverá conduzir, até ao meio da legislatura, a propostas as mais consensuais possíveis, politica e socialmente, a incluir de revisão constitucional. Vamos fazer do Conselho Económico Social e Ambiental um espaço de concertação de todas as forças da Nação. Para o efeito o MpD obriga-se: � A criar as condições que se mostrarem necessárias para a sua efetiva

composição e pleno funcionamento.

� Fazer atribuir, por lei, aos partidos políticos representados no parlamento o estatuto de observadores nesse Conselho, com direito a participar nos trabalhos do mesmo.

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Garantir um programa de aprofundamento da descentralização territorial

Liderar, promovendo, planeando, implementando e avaliando regularmente, um programa de aprofundamento da descentralização territorial, suportado num largo consenso político e social, que abranja:

� A regionalização através da criação de autarquias supra municipais e, onde se justificar, criação de autarquias inframunicipais.

� A consolidação e o reforço da organização e da capacidade de gestão dos municípios e demais autarquias locais, enquadrado no programa mais amplo que se propõe para a Administração Pública, no geral.

� O desenvolvimento da participação cidadã na gestão local.

� A clara definição de atribuições locais e repartição de competências, bem como o desenvolvimento de uma filosofia e mecanismos de articulação, troca, colaboração e parceria entre a Administração Central e o Poder Local, sem prejuízo da autonomia local.

� O reforço da autonomia financeira do Poder Local, na sua globalidade, descentralizando parte dos recursos hoje alocados à Administração Central e criando novas fontes de receitas locais tendencialmente sem sobrecarga fiscal dos contribuintes, num quadro de justa repartição de recursos públicos entre o Estado e as autarquias locais, como impõe a Constituição.

� O aprimoramento, a eficácia e a eficiência dos exercício poderes de tutela de legalidade do Governo sobre as autarquias locais.

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Avançar com a Regionalização

Avançar, decididamente, para a regionalização, como elemento estruturante e essencial da reforma do Estado e de acordo como o modelo que a seguir se clarifica.O MpD tem defendido a regionalização do país, desde a sua fundação, no quadro de uma descentralização que confira às ilhas o poder efetivo de tomarem decisões relevantes e fundamentais para o seu desenvolvimento humano equilibrado, no contexto de um Estado unitário sem assimetrias significativas entre as suas parcelas naturais. Em todos os documentos fundantes do partido, desde o seu Programa Político às moções de estratégia, passando pelos programas eleitorais e de governo, está expressa uma posição favorável à regionalização do país, pela criação de um nível de decisão autónoma entre o município e o Poder central.Procuraremos um consenso com as demais forças políticas, com as instituições da sociedade civil e as associações defensores da regionalização. Caso não houver acordo alargado entre os partidos políticos e a sociedade, proporemos um referendo.O MpD considera que a Natureza nos dividiu em ilhas que não são meros espaços territoriais com condições geográficas e orográficas, produtivas e económicas diferenciadas, mas que, principalmente, albergam populações que, num substrato comum homogéneo de cultura que fez e faz a nação cabo-verdiana, têm especificidades que, em conjunto com as referidas condições objetivas, podem constituir vantagens competitivas e comparativas para elas próprias, ilhas, e para o conjunto do país.Considera também que tais especificidades geram também necessidades, anseios e problemas que urge satisfazer e resolver da forma mais eficiente, ou seja com soluções específicas que só podem ser encontradas quando pensadas, vividas e executadas pelos próprios interessados ou por quem eles tenham escolhido para os representar.Em suma, pode dizer-se que a Natureza, naturalmente, nos regionalizou numa base insular. A regionalização deverá ser uma via de alargamento e desenvolvimento natural da descentralização, entendida como criação de autarquias locais dotadas de relevante e larga autonomia (administrativa, financeira, patrimonial, organizativa e regulamentar), de órgãos próprios representativos eleitos, de recursos adequados às responsabilidades atribuídas e sujeitas a uma tutela que não interfira com a liberdade de opções e de ação administrativa, de modo a que cada região, especialmente cada ilha, possa ocupar-se autonomamente dos seus interesses e assuntos próprios específicos ou seja autoadministrar-se, no contexto de um Estado politicamente unitário.

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Não se trata apenas de desconcentrar serviços e tarefas do Estado, mas sim de repartir uma parte do poder, o poder administrativo – entendido como poder de opção e ação na afetação de recursos para a promoção do desenvolvimento humano do país – entre o Estado, as regiões e os municípios, no quadro das leis, dos regulamentos e das orientações fundamentais estabelecidos pelo poder político (e judicial) nacional unitário. A regionalização é mais do que a mera desconcentração de serviços: exige representatividade daqueles a quem é entregue o ónus de administrar os interesses regionais e responsabilidade dos mesmos perante a população das respetivas regiões. A regionalização deve implicar, por definição, um aprofundamento da democracia e a ampliação e o desenvolvimento do Poder Local. As regiões deverão poder, designadamente, definir autonomamente uma estratégia de desenvolvimento regional no quadro da estratégia de desenvolvimento nacional estabelecida pelos órgãos competentes da República, definir autonomamente prioridades de investimento público na região ou definir um sistema de incentivos ao investimento privado na região.

A regionalização não é uma mera moda ou um mero capricho. Ela é uma exigência, um imperativo para assegurar as melhores condições para o desenvolvimento mais rápido e forte do país, dotando-o de uma Administração mais eficaz e eficiente. Por isso, a regionalização insere-se na Reforma do Estado como um dos seus elementos estruturais, devendo implicar mudanças profundas no desenho institucional da Administração do Estado (número e função dos ministérios e das estruturas administrativas centrais, quadros de pessoal e gestão de recursos humanos, materiais e financeiros, entre outros), na cultura administrativa e no procedimento de elaboração, aprovação e execução do Orçamento de Estado, que terá de ser “regionalizado”.A regionalização não implicará um agravamento significativo de despesas públicas e em termos de custo/benefício será favorável ao desenvolvimento do país;

A regionalização não afetará a autonomia e as atribuições, competências e recursos municipais. As atribuições, competências e recursos da região serão descentralizadas da Administração do Estado, central e periférica, ou seja pelo alargamento da esfera de atribuições do Poder Local em detrimento da sua centralização na Administração Central.No modelo que o MpD propugna cada ilha habitada será uma região administrativa.

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Exceto Santiago, essencialmente por duas razões que, aliás, se articulam: primeiro, é indispensável “puxar” pela zona norte da ilha que detém alguns dos piores indicadores sociais e económicos do país; e, em segundo lugar, é indispensável reverter a polarização na capital, que traz inconvenientes graves quer para ela própria, quer para o equilíbrio regional global do país. Assim, na ilha de Santiago, o já círculo eleitoral de Santiago Norte será uma região, com sede em Assomada; e o círculo eleitoral de Santiago Sul, será uma área metropolitana, abrangendo os municípios da Praia, da Ribeira Grande de Santiago e de São Domingos, com sede na Praia. A área metropolitana terá o mesmo estatuto que a região, com as adaptações exigidas pelo Estatuto Especial da Cidade da Praia.

A região será autarquia local supra municipal, com capacidade para autoadministrar-se, porque será dotadade: � Órgãos próprios representativos eleitos, designadamente uma

assembleia eleita diretamente pelo povo, segundo o sistema de representação proporcional, com amplos poderes deliberativos, um executivo colegial perante ela responsável e também um órgão consultivo onde estarão representadas as forças vivas, politicas, económicas, sociais e culturais da região.

� Amplas atribuições (os assuntos regionais, ou seja específicos da região);

� Larga competência para as prosseguir com grande autonomia (administrativa, financeira, patrimonial, organizativa e regulamentar);

� Recursos adequados às responsabilidades atribuídas (com receitas próprias regionais, transferidas do Estado, e receitas de um Orçamento do Estado regionalizado). A região estará sujeita a uma tutela de mera legalidade que não interfira com a liberdade de opções de política e de ação administrativas.

As regiões que englobem vários municípios não os substituirão, nem absorverão as respetivas competências. Diversamente, articularão, coordenarão e apoiarão a ação dos municípios nelas integrados, nas matérias de interesse comum dos mesmos ou nas matérias de interesse próprio específico da região, no respeito pela autonomia municipal e sem limitação dos poderes municipais.

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Caberá ainda à região, pela via do apoio à ação dos municípios nela integrados, assegurar em todo o território regional um nível adequado uniforme de prestação de serviços locais fundamentais, que não consigam ser satisfeitos pelos órgãos municipais nos respetivos territórios, designadamente por falta de recursos.A região assumirá, no seu território, a generalidade das funções operacionais exercidas por delegações de âmbito regional dos serviços públicos da Administração Central direta e indireta, que passarão a ser serviços regionais, sujeitos à direção ou superintendência dos órgãos regionais, perante quem responderão. A regra será, portanto, a de que administração periférica do Estado passará a ser, tendencialmente, administração regional. Por fim, a região cooperará estreitamente com o Estado no exercício das atribuições estatais, na região, podendo os seus órgãos receber delegações de competência da Administração Central; e coordenará as suas intervenções com as do Estado no exercício de atribuições partilhadas, designadamente tendo em vista evitar sobreposição de atuações ou no quadro de parcerias acordadas. O financiamento das regiões será assegurado: antes de mais pela transferência de todos os recursos alocados aos serviços regionais da Administração Central; mas também por outras transferências do OE na base da justa repartição de recursos públicos exigida pela Constituição e sem prejuízo da fatia que deve ser destinada aos municípios.A região não terá poderes de tutela sobre os municípios, a qual continuará a pertencer ao Governo.A regionalização deve ser programada, estendida no tempo e orçamentada em base plurianual. Poderá ser levada a cabo a várias “velocidades”, devendo ser feitas experiências-piloto, a começar pelas Ilhas Município, nomeadamente pela Ilha de São Vicente.

Protocolos de regionalização deverão ser aprovados pelo Governo e acordados com os municípios. Um observatório de monitorização deve ser criado, integrando também personalidades de reconhecida competência, credibilidade e independência de espírito e representantes da sociedade civil.O Governo assumirá a liderança política da implementação da regionalização, uma vez definidas pelo parlamento as suas bases e desenho institucional. Uma convicção política inabalável nas virtudes dessa reforma do Estado é imprescindível. Cooperação política séria e autêntica dos principais atores do sistema será fundamental, pelo que o Governo tem a obrigação de a promover e o direito de esperar que, dado o primeiro passo que lhe cabe, com seriedade e autenticidade, a disponibilidade para cooperar se concretize também de forma séria e autêntica.

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Assegurar a estabilidade da legislação estruturante

Assegurar a estabilidade da legislação estruturante, nomeadamente em matéria fiscal, económica e de investimento, garantindo aos investidores a previsibilidade e confiança absolutamente indispensáveis ao investimento. Nesse quadro o MpD obriga-se a: � Fazer preceder as leis com incidência económica de um amplo

processo de diálogo e concertação com os operadores económicos.

� Fazer aprovar tais leis numa perspetiva plurianual e tendencialmente de legislatura.

� Por termo à prática de alteração da legislação fiscal em sede da lei anual do Orçamento de Estado, salvo quando pretenda a sua vigência temporária por razões excecionais fundamentadas.

� Estabelecer na Lei de Enquadramento do Orçamento limites ao défice e ao endividamento que deverão ser obrigatoriamente respeitados pelas leis anuais de meios.

� Tornar o sistema de registos públicos, independente, desgovernamentalizado, integrado, fiável, seguro e acessível, facilitando o tráfego jurídico e reforçando a segurança jurídica, nomeadamente:

• Consolidar, desenvolver e securizar a informatização do sistema de registos, notariado e identificação, bem como interligá-lo com o sistema judiciário a facilitar o acesso do público a ele em on-line self service;

• Promover estudos com vista à mudança de paradigma dos registos predial e comercial no sentido da sua maior vinculatividade e do reforço do seu valor probatório e, após socializá-los e consensualizá-los, implementar e avaliar regularmente as soluções alcançadas;

• Promover estudos com vista à instituição de uma autoridade administrativa independente reguladora dos serviços de registos, notariado e identificação e, após socializá-los e consensualizá-los, implementar e avaliar regularmente a solução alcançada;

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• Promover estudos com vista à liberalização do notariado e, após socializá-los e consensualizá-los, implementar e avaliar regularmente a solução alcançada, com vista a assegurar a existência de notários privados e possibilitar ao advogados e outros profissionais do foro a prática de atos notariais em determinadas condições

Uma nova ética e atitude administrativas, prestar um serviço de qualidade

Inverter a lógica de Desenvolvimento do Estado-Administração, considerando que este tem a responsabilidade de servir bem as pessoas antes do dever de as governar. E por isso tem a responsabilidade de criar um ambiente de negócios que facilite o desenvolvimento da economia privada, fator endógeno de desenvolvimento. De facto, para justificar a sua razão de ser como facilitador e prestador de serviços, a Administração Pública deve ser capaz de fornecer um serviço de qualidade que responda às expectativas dos cidadãos e das empresas, a preços acessíveis. O MpD propõe-se, por isso, inverter o ciclo vicioso atual de um Estado-Administração, empregador de último recurso, incapaz de ser um fornecedor de serviços de qualidade e de baixo custo e, pelo contrário edificar, de forma ponderada e sustentada, uma Administração capaz de criar um ambiente de negócios que propicie o desenvolvimento empresarial e o investimento privado enquanto fatores de criação de emprego e de desenvolvimento. A criação de emprego é, desde logo, o fundamento base do programa do MpD. Trata-se, em grande medida, de induzir uma reforma da mentalidade, da cultura e da ética administrativas. Com esse objetivo, o MpD compromete-se a, nomeadamente:� Desenvolver o Estado-Administração como suporte institucional

para desobstrução dos constrangimentos ao crescimento económico, que deve assentar no setor privado nacional e estrangeiro, razão porque, nesta matéria, o MpD se compromete a:

• Introduzir uma política administrativa indutora de promoção de investimento privado, através da melhoria da performance do Estado-Administração nos domínios dos indicadores chaves do ambiente de negócios, com vista a que o sector privado nacional se transforme num parceiro endógeno do desenvolvimento nacional e o investimento estrangeiro seja atraído pelas vantagens comparativas que o país oferece.

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• Promover o diálogo pró-ativo do Estado-Administração com o setor privado, como ingrediente importante do crescimento económico, através da promoção de mecanismos informais e formais de interação entre o sector público e privado, em que este desempenhará um papel crucial no processo de formulação de políticas públicas.

� Adotar uma nova metodologia para a preparação, contratação e execução de obras públicas, em ordem a assegurar a transparência que tem faltado em muitos casos e evitar o desperdício que, em regra, se vem verificando. Para tal, o MpD obriga-se a:

• Fazer instituir um centro de competências especializadas na preparação, contratação, gestão e fiscalização de obras públicas com intervenção obrigatória e decisiva em todas as referidas fases dos projetos de obras públicas.

• Reforçar a regulação dos mercados de obras públicas, em especial limitando ao mínimo os casos de contratação direta.

• Instituir um regime especial exigente de grandes obras públicas que, designadamente, as sujeite a audição e discussão pública e parlamentar.

� Utilizar a Integridade, Transparência e Responsabilização como critérios de credibilização do Estado. O risco de corrupção está sempre presente e pode ocorrer, pois “o poder corrompe”. A relação entre a Administração Pública cabo-verdiana e os cidadãos padece de falta de confiança e transparência. A Administração Pública é vista, de forma crescente, como fonte de retribuição de favores políticos e um sério impedimento ao crescimento económico. Cresce a perceção da sociedade de um ambiente administrativo infiltrado de modo relevante pela corrupção. Por isso, o MpD propõe-se, restaurar os valores de integridade, transparência, isenção e imparcialidade do Estado. Para o efeito, o MpD compromete-se a:

• Desenvolver o quadro legal da administração aberta, afirmado pela Constituição e pela lei ordinária, especialmente quanto ao acesso aos arquivos administrativos e à informação das entidades públicas.

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• Desenvolver um quadro legal, político e institucional que expurgue a falta de integridade e incentive a probidade, transparência e responsabilidade na gestão da coisa pública e, particularmente, na realização dos contratos públicos, adjudicação de obras públicas, gestão de conflitos de interesses, acesso a informação e no combate a corrupção.

• Promover a avaliação anual independente da qualidade dos serviços, entre outros através de inquéritos de perceção dos cidadãos e das empresas sobre a qualidade dos serviços públicos, incluindo riscos de corrupção, inquéritos cujos resultados servirão de “base de referência” para avaliações subsequentes da “performance” da Administração.

• Desenvolver um sistema de gestão de riscos de corrupção.

• Promover um sistema on-line de declaração anual obrigatória de rendimentos de profissionais com funções de direção, tributação, gestão financeira, compras e contratos.

• Impor, por lei, que todos os relatórios de auditoria aos serviços públicos, uma vez aprovados, serão tornados públicos no site do Governo.

• Promover e incentivar a competição entre os serviços públicos, baseada em sistemas de avaliação do desempenho organizacional.

• Avaliar anualmente a inovação e transformações organizacionais

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Despolitizar o Estado-Administração

É crescente o apelo da sociedade cabo-verdiana à construção de um Estado-Administração com base no conceito universalista do mérito, realização profissional e imunidade a influências políticas. A Administração Pública tem-se afastado desses padrões universalistas de transparência e competição. Para inverter este ciclo crónico, o MpD compromete-se a:

� Desenvolver um sistema de recrutamento baseado em competição aberta e transparente, administrado por comissões de serviço público politicamente independentes.

� Estabelecer limites claros e transparentes para os cargos públicos de carreira ou concurso público e de confiança política.

� Sujeitar a nomeação para cargos de designação política a um apertado escrutínio público por parte da sociedade civil e da Assembleia Nacional, criando, para efeito um sistema de “pool” de candidatos políticos, fundado em critérios mínimos de mérito, avaliados por uma instituição independente.

� Em homenagem à transparência, discutir com a sociedade civil e os partidos políticos os parâmetros das nomeações políticas, estabelecer claramente o número de cargos de designação política, a reduzir gradualmente, e elaborar a lista de cargos de designação política e torná-la disponível ao público.

� Estabelecer por lei que, enquanto durar a comissão de serviço, os titulares de cargos de designação política na Administração Pública devem renunciar às suas funções de membros de órgãos partidários.

� A fim de garantir a sua necessária neutralidade política e salvaguardar o interesse público, impor por lei que os dirigentes administrativos e os titulares de cargos de nomeação política que não sejam membros do Governo devem suspender as suas funções três meses antes da data das eleições nacionais ou locais a que pretendam concorrer.

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Mais especificamente,

Promover a excelência e a despartidarização na direção administrativa do aparelho do Estado, através de uma Administração altamente competente, imparcial, transparente e eficiente, ao serviço das pessoas e do interesse comum é um ativo para o desenvolvimento. O exemplo de países como Singapura, só com dez anos mais de independência que nós, ou da Suécia, é elucidativo. Por isso, o MpD compromete-se a:

� Separar claramente a função de direção administrativa, da função política, atribuindo a esta o desenho do sistema, a fiscalização e a avaliação da sua implementação e àquela a ultima palavra na tomada e execução das decisões meramente administrativas, das quais caberá apenas recurso judicial de legalidade.

� Impor a todos os candidatos a cargos de direção administrativa a prévia aprovação em exigente curso de liderança específico no âmbito de um Colégio da República que aproveite instituições públicas e privadas existentes.

� Sujeitar a nomeação para cargos dirigentes – para além da aprovação no curso de liderança – a exigente concurso público e transparente de seleção sob a égide de entidade independente;

� Estabelecer um exigente regime de incompatibilidades eleitorais com o desempenho de cargos dirigentes na Administração Pública, como medida necessária para a desejada despartidarização da Administração Pública.

� Promover a excelência e a despartidarização no exercício de funções de regulação, fiscalização, inspeção, auditoria e contratação internacional, entre outras, aplicando-lhes, com as necessárias adaptações, as exigências e medidas já propostas para os dirigentes administrativos.

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Elevar o compromisso na Gestão de Recursos Humanos: a gestão de recursos humanos deve ter como propósito o controlo do compromisso organizacional dos funcionários em vez do controlo dos funcionários. A ideia é, pois, conseguir-se um elevado “compromisso” dos agentes públicos com a sua Administração, como forma de desenvolver a produtividade e eficiência profissional. Atinge-se tal desiderato através de implementação de condições de trabalho que fortaleçam a habilidade do funcionário de se identificar com os objetivos e valores dos serviços públicos. Para o efeito, o Governo do MpD compromete-se a:

� Promover sistemas de gestão de desempenho, baseados em resultados individuais e organizacionais estabelecidos anualmente;

� Introduzir ou reforçar boas práticas de gestão de recursos humanos nos serviços públicos, designadamente o desenvolvimento de carreiras, sistemas formais de formação, participação no processo de decisão interna e compensação baseada no desempenho;

� Qualificar e valorizar as chefias intermédias, agentes fundamentais nos processos de reforma, pela interface que fazem entre os decisores políticos e os agentes operacionais da Administração;

� Facilitar o desenvolvimento profissional contínuo dos recursos humanos em geral e das chefias intermédias em especial, apoiando a criação das condições necessárias e o ambiente de trabalho que inspirem a moral dos agentes públicos, e promovendo uma cultura de responsabilidade nos serviços públicos;

� Conceber, implementar, monitorar e avaliar um programa global de formação dos recursos humanos da Administração Pública (central e autárquica), tendo em vista melhorar substancialmente a sua capacidade técnica específica para a adequada gestão das questões do âmbito da Administração Pública e alcançar um relacionamento justo, eficaz e eficiente com as pessoas, a sociedade e a economia.

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Aplicar um amplo programa de reforço, capacitação e modernização da gestão administrativa, generalizado a toda a Administração Pública através da aprovação, implementação e avaliação regular de um plano de ação que concretize, para além de medidas de organização e reestruturação da Administração direta do Estado, visando a sua racionalização, especialmente uma opção clara pela:

� Adoção de um modelo de orçamento-programa.

� Generalização de serviços partilhados.

� Aplicação de mecanismos de participação social na definição de prioridades, na avaliação de resultados, no controlo da execução e do uso de recursos públicos e na prestação de contas.

� Uso generalizado de indicadores de desempenho.

� Generalização progressiva do princípio de deferimento tácito em caso de silêncio da Administração.

� Expressa supressão do instituto do recurso hierárquico obrigatório.

� Obrigatoriedade e valorização das funções de fiscalização e auditoria internas.

� Relacionamento mais aberto e de confiança entre a Administração, os cidadãos e as empresas.

� Implementação de mecanismos que assegurem, com eficácia, a isenção e imparcialidade, a transparência e o interesse público nas aquisições públicas, nas prestações sociais e na distribuição de recursos públicos.

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Assegurar o pagamento a tempo e horas das dívidas da Administração Pública

Todas as despesas da Administração Pública devem ser previamente orçamentadas e cabimentadas, pelo que se não justificam atrasos relevantes como os que se verificam atualmente, privando a economia privada de recursos que poderiam contribuir para gerar empregos e desenvolver o país. Um Governo do MpD obriga-se, por isso, a estabelecer e aplicar efetivamente a norma legal de que todos os pagamentos devidos pela Administração Pública não poderão demorar mais de 90 dias a contar do seu vencimento, sob pena de efetiva responsabilização dos agentes políticos ou administrativos responsáveis, nos planos civil, financeiro e disciplinar.

Alargar e aprofundar a utilização da era digital – i- Government!

As mudanças são, hoje, profundamente baseadas na tecnologia. A conectividade digital introduz ganhos de produtividade e de qualidade de vida. A inovação com base na tecnologia deve ser elemento base de desenvolvimento do Estado-Administração. Os sucessivos governos de Cabo Verde fizeram progressos notáveis no aproveitamento da era digital, mas é possível fazer mais, nomeadamente, massificar a inovação e o acesso on-line aos serviços, aproximando-os dos cidadãos e das empresas e assegurando-lhes o acesso por todos à Administração a qualquer hora e de qualquer lado, através de um balcão único, aumentar a produtividade dos serviços, aumentar a rapidez e reduzir custos de processamento e perdas derivadas de fraudes e erros e responsabilizar os agentes de tais fraudes e erros e proteger melhor os dados pessoais. Neste domínio, o MpD compromete-se a:

� Promover programas de digitalização com enfoque na melhoria da qualidade de serviços públicos e do tempo das prestações públicas, na melhoria substancial da interação Estado-cidadãos-empresas e na redução de custos de produtividade. O Estado tem de prestar aos cidadãos um serviço de qualidade e a baixo custo.

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� Investir fortemente na expansão da rede eletrónica dos serviços públicos, na informatização dos serviços essenciais do Governo, sobretudo dos serviços finais, e no desenvolvimento da prestação “on-line self-service’ através de one stop shops virtuais, e em especial explorar todo o potencial do self-service, com vista melhorar tanto nos custos de eficiência e de qualidade dos serviços.

� Conceber ou aperfeiçoar, implementar, fiscalizar e avaliar regularmente um programa de racionalização de procedimentos administrativos, tendente a aligeirá-los, desmaterializá-los, informatizá-los e tornar as respetivas decisões mais expeditas, informadas, fundamentadas e eficientes, em especial no que se refere às relações dos cidadãos e das empresas com serviços municipais, fiscais, aduaneiros, de registos e de notariado.

� Reforçar os mecanismos de proteção de dados pessoais.

� Estabelecer e implementar efetivamente um exigente regime de responsabilização pela violação dos dados pessoais e pelos erros e fraudes cometidos no âmbito das redes eletrónicas públicas.

Reduzir a dimensão do Governo e da correspondente Administração

Neste domínio, o MpD compromete-se a: � Promover, planear e executar um programa de desconcentração

do aparelho do Estado, complementarmente ao programa de regionalização, tendo em vista a sua racionalização e equilíbrio territorial e uma maior eficácia e eficiência na perspetiva do fornecimento de prestações públicas mais eficiente em todas as ilhas e regiões do país e do apoio ao Poder Local (regional e municipal).

� Reduzir a dimensão do Governo e da correspondente Administração aderente, em ordem a adaptá-lo à realidade de um pequeno país de poucos recursos e cujas funções administrativas devem ser objeto de maior descentralização e desconcentração.

� Para o efeito, o MpD obriga-se a formar um Governo entre dez a doze membros.

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� Convencionar e terciarizar serviços públicos que possam ser eficientemente prestados por entidades privadas, sob regulação e fiscalização da Administração Pública, com menores custos para o erário público.

� Racionalizar o sistema de administração indireta do Estado, reduzindo e integrando institutos públicos, serviços autónomos e similares e tendo em conta o desenho e o programa da regionalização.

Consolidar a Regulação e as Estatísticas

O MpD compromete-se a reavaliar o sistema de regulação e estatístico, tendo em vista: � Racionalizá-lo em função da dimensão do país.

� Melhorar e atualizar a legislação pertinente e a prática dos reguladores aproximando-a das melhores práticas internacionais.

� Em especial, a reforçar a independência e melhorar a qualidade e eficiência dos reguladores (designadamente em matéria de critérios de recrutamento, de estatuto, de atividade e de prestação de relatório quantitativo, qualitativo e de conclusões e recomendações, sobre a atividade desenvolvida).

Importância particular deve ser dada ao reforço da independência do Banco de Cabo Verde e do Instituto Nacional de Estatística, pelo seu papel crucial na arquitetura da Administração Pública. Nesse quadro, o MpD obriga-se a promover a consagração por lei de que: � O Governador do Banco de Cabo Verde é nomeado pelo Presidente

da República, sob proposta do Governo e após audição parlamentar; o Conselho de Administração do Banco de Cabo Verde será nomeado pelo Governo, sob proposta do Governador; e o Conselho Fiscal do Banco de Cabo Verde será nomeado pelo Governo após audição parlamentar.

� O Presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Estatísticas e os demais membros do referido Conselho e do Conselho Fiscal serão nomeados pelo Governo, após audição parlamentar.

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Preparar-se melhor para situações de desastres naturais e calamidades públicas

Reativar a capitalização do Fundo de Estabilização e Desenvolvimento (FEED) e o Macro EconomicStability Trust Fund (MSF), enquanto fundos soberanos, criados para fazer face a choques externos e situações de desastres naturais e calamidades públicas (erupções vulcânicas, temporais, secas extremas, etc.) e servir às novas gerações.

SEGURANÇA

UM ESTADO SEGURO E UMA JUSTIÇA EFICIENTE

A segurança entendida como ordem pública e esforço comum na proteção física e da liberdade e propriedade da comunidade e de cada um dos seus membros foi, historicamente, a razão determinante da organização dos agregados humanos em Estado.

O Estado não pode, pois, demitir-se dessa sua obrigação essencial de garantir segurança física e liberdade aos cidadãos residentes e às demais entidades instaladas no seu território.

Mas, limitar a segurança à proteção física e da propriedade das pessoas e entidades de um Estado é adotar uma visão limitada e estreita da segurança que, na realidade catual do mundo (em que, como nação pequena, nos temos de inserir de forma dinâmica e efetiva) e na nossa própria realidade insular, não pode servir os interesses do nosso País e da nossa Nação.

O nosso compromisso

� Segurança focada no Homem.

� Fiscalização e controlo do nosso espaço marítimo.

� Participação em sistemas internacionais de combate aos tráficos internacionais de droga, de armas e seres humanos.

� Novo paradigma e nova governança do combate ao crime e da segurança:

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� Tolerância zero para com a criminalidade.

� Intervenção de proximidade, preventiva.

� Redefinição do papel do Estado em matéria de segurança.

� Intervenção supranacional e cooperação crescente no plano internacional.

� Reação policial e penal mais eficaz e mais célere.

� Motivação dos agentes de segurança, gestão por objetivos e reforço imediato de meios.

� Combate à morosidade judicial.

� Combate ao alcoolismo e ao consumo de drogas.

� Proteção civil eficaz e eficiente.

A realidade é que Cabo Verde não tem feito o seu trabalho de casa em matéria de segurança.A política de segurança não é integrada nem pensada e executada no quadro da globalidade e do carater estratégico que lhe é inerente. Os setores que podem influenciar ou afetar o estado da segurança desenham e executam as suas políticas de costas voltadas uns para os outros, sem coordenação e planificação e sem se sentirem integradas numa visão comum holística.Na próxima legislatura, o MpD fará diferente, desenhando e implementando uma politica de segurança focada no Homem, que a aborde de uma perspetiva global e integrada, abrangendo em termos conceituais, além da segurança pública e do combate à criminalidade, a segurança jurídica, a segurança social, a saúde pública, a segurança alimentar, a preservação do ambiente, a segurança nos transportes, a proteção vegetal e florestal, a proteção civil, as questões macroeconómicas com reflexos na vida e no conforto do povo das ilhas e a cooperação internacional para a segurança.

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A nossa ação

Agir sobre as incivilidades

A degradação da segurança é hoje uma realidade mundial, apontando-se como suas causas:

� A globalização potenciada pelas NTIC que, paralelamente com os benefícios trazidos, permitiu a emergência ou o agravamento dos parâmetros de risco, facilitando e potenciando novos radicalismos, terrorismo, redes de tráficos de droga, de armas e de seres humanos ou outras formas de criminalidade organizada a nível planetário.

� Os efeitos indiretos da crise económica, e consequente pobreza e exclusão social, pela erosão e dissolução dos mecanismos de solidariedade, confiança e regulação sociais que provocam.

� Acrescente urbanização e a despacialização do modo de vida nas cidades, nos nossos dias, pela “descontextualização dos sistemas sociais” (Giddens) que provocam, abrindo espaço a apelos primários de natureza religiosa ou étnica que estão na base da pequena e média criminalidade e da violência urbanas, em grande parte por jovens.

� O papel negativo do Estado-providência, pela completa dependência, passividade e apatia que induz nas pessoas - as quais são ensinadas a passarem a esperar desse Estado a satisfação de todas as suas necessidades coletivas - e pela destruição que assim provoca dos mecanismos de controlo informal ou comunitário.

Mas a emergência das “incivilidades” é apontada como fator essencial de degradação da segurança: pela perda do domínio social que provocam, são o elo central da cadeia que une os fatores socioeconómicos ao cometimento de crimes.

A assunção generalizada de tal evidência levou à teoria “vidros partidos”: o crime não se explica diretamente por fatores sociais ou económicos mas sim pelas incivilidades. São elas, as incivilidades que acabam por estar na origem de crimes mais graves, porque, se não controladas ou reprimidas em tempo útil, conduzem a uma espiral de declínio de valores, com enfraquecimento do controlo social informal e surgimento do sentimento de insegurança, e podem constituir estímulo para a prática da atividade criminal mais grave.

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A desordem e o caos auto alimentam-se e multiplicam-se conduzindo à escalada dos problemas locais. Rudolph Giuliani, presidente da câmara de New York, inspirou-se na teoria dos vidros partidos para o seu programa de policiamento comunitário, com o sucesso que se conhece em termos de resultados concretos na redução do crime nessa grande metrópole.

Quase todas as causas de degradação da situação de segurança no mundo atrás referidas – globalização, desemprego, pobreza e exclusão, alguma despacialização e, sobretudo, as incivilidades – ocorrem também no nosso país.

E, assim, é hoje consensual que em matéria de segurança, impõe-se agir sobre as incivilidades.

Uma política desegurança global focada no Homem

Acontecimentos recentes confirmam que o país não se encontra sequer bem apetrechado para garantir a tranquilidade pública e a segurança das pessoas e bem; que não está apetrechado e para, em tempo oportuno, investigar crimes, descobrir os criminosos, obter a sua condenação penal em juízo, colocá-lo em reclusão ou impor-lhe com efetividade outras penas e monitorar o cumprimento de pena, em ordem a sua ressocialização.Assaltos a pessoas na via pública, furtos em habitações e homicídios com armas de fogo fazem parte já do quotidiano de algumas das ilhas e cidades do país:

� A Policia Nacional – em qualquer das suas vertentes – não tem recursos (humanos e materiais) adequados, em quantidade e sobretudo em qualidade e qualificação para a dimensão que a segurança a seu cargo exigiria.

� À Policia Judiciária faltam claramente recursos de polícia científica para investigar crimes, descobrir os seus autores e provar para além de dúvida razoável, em juízo, essa autoria.

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� O sistema penitenciário não possui infraestruturas suficientes (há mesmo ilhas sem estabelecimentos penitenciários), as que existem são ocupadas praticamente no mesmo espaço por detidos de toda a espécie e por crimes de todos os tipos e gravidade, sujeitos a um mesmo e muito fraco regime de segurança; o serviço de reinserção social dos reclusos só existe no papel; o sistema de liberdade condicional é marcado pelo facilitismo e pela omissão praticamente completa de monitorização dos libertados condicionalmente.

Acontecimentos recentes também voltaram a mostrar que a nossa própria realidade física comporta riscos enormes que, se não forem prevenidos podem desembocar em catástrofes ou emergências humanas, naturais, ambientais, de saúde pública, entre outros.

Assim, para o MpD, se é importante e imprescindível um ambiente de tranquilidade pública e de segurança física da pessoa e da propriedade dos indivíduos isoladamente e nas comunidades e organizações em que se inserem, ele é manifestamente insuficiente para os desígnios nacionais.

Promoveremos a segurança jurídica nas relações sociais e económicas, dada por leis adequadas, registos públicos universais, transparentes e credíveis, uma cultura de cumprimento de contratos e justiça efetiva na resolução eficaz e eficiente dos litígios e conflitos de interesses.

Apostaremos na segurança nos transportes aéreo, marítimo e rodoviário e responderemos à demanda de mobilidade inter-ilhas e para o mundo, que a nossa realidade insular e a nossa busca incessante de melhores condições de vida injetaram na idiossincrasia do ser cabo-verdiano.

Investiremos num nível adequado de saneamento do meio e de controlo sanitário, pois somos um país de fronteiras naturais internas e externas tão porosas por definição e de relacionamento fácil, intenso e necessário entre as diversas parcelas do nosso território e com o mundo.

Garantiremos um sistema abrangente e sustentável de segurança social a milhares de pessoas vulneráveis, garantindo a todos uma vida digna.

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Asseguraremos um sistema de proteção vegetal eficiente, evitando a entrada de pragas suscetíveis de dizimar culturas inteiras, afetando sobremaneira a vida dos nossos camponeses e o mercado agrícola e obrigando à importação de alimentos com dispêndio das escassas divisas de que dispomos e pondo em risco a segurança alimentar de toda a nação.

Somos por uma gestão financeira responsável quanto ao endividamento e ao uso das reservas cambiais.

Garantiremos um bom sistema de guarda e tratamento dos tufos florestais existentes em algumas ilhas, evitando incêndios de origem natural ou humana potencialmente destruidores de tais ecossistemas fundamentais.

Investiremos num sistema de proteção civil eficaz e eficiente, alargado a todas as ilhas, de multifacetadas valências, suficientemente equipado e servido por agentes devidamente preparados, evitando que o país fique exposto a eventuais perdas de vidas e a graves destruições e danos decorrentes de erupções vulcânicas, de temporais, de incêndios de grandes dimensões em tufos florestais, instalações industriais ou de armazenagem, infraestruturas, e similares.

Promoveremos um sistema de segurança ambiental assente num sistema de ordenamento do território e de planeamento urbanístico que previna a ocupação de zonas de escorrimento superficial de águas das chuvas, de aluimento de terras e outras áreas sujeitas a grande erosão; que regule, controle e combata a extração desregrada de inertes e de areias e a exploração excessiva de águas subterrâneas; que regule, controle e combata a poluição; que promova a utilização adequada das melhores técnicas de tratamento e reciclagem dos diversos tipos de lixo em territórios de pequena dimensão; ou que assegure o tratamento das bacias hidrográficas.

Criaremos um sistema de fiscalização e controle do nosso espaço marítimo, com recursos próprios e a participação em sistemas regionais e internacionais.

Temos de nos inserir, ativamente, em sistemas internacionais de combate aos tráficos internacionais de droga, de armas e seres humanos, à pirataria marítima e outras formas de criminalidade organizada transnacional que assolam a nossa zona económica exclusiva e as vizinhas.

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Para a implementação de uma política de segurança focada no Homem, que a aborde de uma perspetiva global e integrada, o MpD obriga-se a levar a cabo uma profunda reforma do setor:

No plano institucional, será criada uma estrutura colegial qualificada, na dependência direta do Primeiro-Ministro, com a finalidade específica de propor aos órgãos de soberania competentes a política integrada de segurança do país e de coordenar e monitorizar a sua implementação por cada um dos sectores abrangidos no conceito, preparando anualmente um relatório sobre o estado da Segurança que deverá ser debatido e submetido a votação no parlamento. A implementação da política desenhada pela referida estrutura estará a cargo dos diversos ministérios e serviços sectorialmente interessados.A avaliação regular da política integrada de segurança e da sua implementação será atribuída a uma entidade qualificada independente.

Novo paradigma e nova governança da segurança e do combate ao crime

Será adotado e crescentemente assumido um novo paradigma ou uma nova governança do combate ao crime e da segurança:

� Por um lado, relevando também e cada vez mais, ao lado de um intervenção normativa repressiva e, em regra tão ou mais importante que ela, uma intervenção de proximidade, preventiva, de aproximação e comunicação com o cidadãos e as suas estruturas associativas.

� Por outro lado, redefinindo o papel do Estado em matéria de segurança, ressaltando a importância também do poder local e do setor privado e procurando um novo equilíbrio entre o plano local e o nacional.

� Em terceiro lugar, abrindo espaço à intervenção supranacional e à cooperação crescente no plano internacional, sobretudo no que respeita à criminalidade organizada e transfronteiriça, aos sistemas de informação, à formação e ao financiamento; e

� Por último mas não menos importante, solicitando a intervenção da sociedade civil com vista ao reforço dos mecanismos informais de controlo social.

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Mas, mais importante ainda, será o investimento (imaterial) e a adoção de eixos de intervenção a montante e a jusante. O MpD adotará os seguintes eixos de atuação:

Mudança radical na conduta do próprio Estado

O Estado deve fazer leis que seja capaz de cumprir à risca e fazer cumprir com rigor. Não deve fazer muitas leis, mas apenas aquelas que se mostram necessárias. É muito mau para uma cultura de legalidade fazer leis que praticamente ninguém cumpre, nem o Estado, nem as empresas nem os cidadãos.O Estado não pode transformar-se numa fonte de litigiosidade, porque não cumpre as leis e porque desconsidera os cidadãos e as empresas, não investe na procura de soluções, mas inventa constrangimentos e cria problemas. Pelo contrário, o Estado deve fomentar uma cultura de legalidade na sociedade, começando por ser exigente para consigo mesmo no cumprimento da lei. O Estado que cumpre as leis e respeita os direitos incentiva os outros a fazer o mesmo. O Estado que se desinteressa pelo cumprimento da lei e pratica o laxismo incentiva a ilegalidade. A autoridade do Estado deve funcionar como um sistema de partilha de responsabilidades e não como uma força do Governo. A Administração Central, especialmente através da Polícia Nacional e da Polícia Judiciária, ocupa uma posição cimeira e incontornável, obviamente, mas sem descurar outros agentes do sistema, principalmente os Municípios. O governo não deve excluir autoridades públicas que ele não controla, pois que a autoridade do Estado é unitária, concebida e exercida como sistema. O fenómeno de autoridades desautorizando autoridades tem efeitos perversos, pois que envia sinais perigosos para a comunidade, cimentando o desregramento. A lei da Polícia Municipal e a sua articulação com a Polícia Nacional, num modelo que implica o dever de prestar apoio às autoridades municipais no exercício das competências próprias, mostram-se essenciais.O Estado (no seu sentido mais lato) deve atuar com vigor no combate às incivilidades (ilícitos administrativos), pois elas fomentam a cultura de laxismo, de desregramento e de impunidade, amigas da criminalidade. Quem respeita os regulamentos administrativos tem uma maior propensão para o cumprimento das leis gerais da república que tutelam bens jurídicos mais relevantes. E deve o Estado ainda criar sistemas normativos e estruturas com capacidade de tornar efetivas as sanções administrativas, veiculando uma imagem de intolerância para com a violação dos ilícitos administrativos (de mera ordenação social, e por isso chamados de contraordenação).

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Socialização da necessidade do combate ao crime, da necessidade da segurança e da observância das regras de conduta na sociedade.

O governo e demais poderes públicos têm nessa matéria uma grande responsabilidade. Mas é igualmente convicção do MpD de que se trata de uma batalha que só poderá ser ganha quando na sociedade, na família, na escola, no trabalho e na comunidade, começar a ser desenvolvida uma cultura de legalidade, de respeito pelas regras de convivência comunitária: a intolerância social para com a violação de regras de trânsito, do saneamento, da edificação urbana, da paz pública, a intolerância para com a ofensa, a injúria e desconsideração dos vizinhos e das autoridades, são valores comunitários que devem ser fomentados e preservados; a promoção de valores da honestidade, do trabalho sério e da responsabilidade deve ser uma constante, na família, na escola e na comunidade; uma educação voltada para o cumprimento das leis, dos regulamentos e das instruções legítimas das autoridades, dos direitos e interesses legítimos de terceiros, uma educação para a cidadania, para o respeito e tolerância, são valores com importância decisiva no nível geral de segurança no país. A intensa reprovação social de uma conduta ilícita é um fator que influencia decisivamente comportamentos futuros.

Uma política de apoio e de responsabilização das famílias pela educação dos filhos

São ações indispensáveis: Procurar garantir aos pais tempo de qualidade para se ocuparem dos filhos, infraestruturas de utilidade social, apoio especializado, acompanhamento nas situações de risco e intervenção pública com medidas tutelares sempre que necessárias.

Responsabilizar as famílias, obrigar ao cumprimento dos deveres impostos por lei e pelos regulamentos para salvaguardar os direitos das crianças e adolescentes.

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Uma política, em estreita articulação com os Municípios, para a criação de espaços urbanos que garantam qualidade aos cidadãos na sua comunidade, particularmente aos jovens.

Centros urbanos erigidos em autênticos dormitórios, sem espaços apropriados de interação social, de cultura e de lazer, são fatores que potenciam o desregramento social e os comportamentos desviantes. O caos urbano, a ausência de condições que possam fazer funcionar um bairro como uma comunidade de homens livres e dignos, sem espaços e infraestruturas de utilidade pública, não só induz comportamentos desviantes, por falta de integração e coesão social (e até de revolta), como também dificulta a própria atuação policial e a colaboração da comunidade. O mesmo acontece com a iluminação pública. Um mundo às escuras convida e incentiva comportamentos delativos e dificulta a atuação policial e a cooperação comunitária. A urbanização e a iluminação pública não são, assim, meros fatores de ordem estética, mas varáveis que interagem de forma significativa com os níveis de segurança na comunidade. Espaços abertos, espaços verdes, ruas bem iluminadas, infraestruturas desportivas, de lazer e de recreação, são fatores que ajudam na realização pessoal e no ordenamento da comunidade. O MpD compromete-se, no quadro de um plano de curto e médio prazo, elaborado, implementado e avaliado com a participação ativa dos Municípios, alocar recursos, internos e obtidos no exterior, para investimento na reabilitação, restauração e humanização dos espaços urbanos e periféricos mais degradados do país, sobretudo naqueles centros com maior incidência de questões graves de segurança.

Aprofundar e reforçar o modelo da polícia de proximidade.

Neste modelo, o agente, com o apoio da sua estrutura policial, tem uma função essencial, que é a de ajudar os cidadãos e mobilizar apoios e recursos necessários para resolver os principais problemas da comunidade em matéria segurança de pessoas e bens. O sucesso depende da capacidade de o agente criar relações positivas com a comunidade, eliminando as naturais barreiras de apatia e de desconfiança, procurando desenvolver parcerias estáveis na contenção de fenómenos delativos junto da comunidade.

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Neste modelo é crucial o envolvimento das polícias municipais e de outras entidades públicas locais, dos serviços sociais, das escolas, das entidades religiosas, dos agentes económicos, das associações, etc., unindo esforços e recursos e partilhando responsabilidades na busca de soluções viáveis em matéria de segurança e bem-estar da comunidade.

Uma reação policial e penal mais eficaz e mais célere

As técnicas de investigação e os equipamentos de suporte pertencem a um passado remoto. É necessário um nível de qualidade de investigação do crime, suportado no rigoroso conceito de polícia científica. Centenas de processos esperam pelos resultados de exames no estrangeiro ou em outras instituições nacionais, por falta de recursos próprios. O funcionamento do laboratório de polícia científica da Policia Judiciária tem sido sempre promessa adiada. Ainda hoje é recorrente o uso de laboratórios estrangeiros para exames quase de rotina, com atrasos consideráveis no procedimento criminal. As principais estruturas de combate ao crime, previstas na orgânica do Ministério Público não passaram ainda do papel, quase cinco anos depois da sua aprovação pela Lei nº 89/VII/2010, de 14 de Fevereiro. Neste sentido importará também:� Aumentar a eficácia da atuação da polícia nacional com a presença

em todos os bairros, presença reforçada nos bairros mais problemáticos, presença de patrulhas móveis em movimento constante, viaturas em número suficiente para ocorrer a chamadas dos cidadãos, com um melhor policiamento do trânsito e com uma polícia com perfil adequado e elevado nível de formação e preparação.

� Reforçar a operacionalidade da Polícia Judiciária, em linha com os desafios que ela enfrenta, principalmente no combate à criminalidade organizada (tráfico de droga, de armas e de pessoas, branqueamento de capitais, mas também à corrupção, à fraude e à evasão fiscal.

� Dotar ou reforçar efetivamente a investigação criminal de recursos tecnológicos, de polícia científica e de medicina legal, bem como de outros recursos, adequados ao perfil e incidência da criminalidade prevalecente em Cabo Verde.

� Assegurar a formação especializada de agentes de investigação criminal por especialistas altamente qualificados, para garantir elevados padrões de treino e capacidade operacional.

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� Conceder à Polícia Judiciária total autonomia operacional, proibindo de forma rigorosa qualquer espécie de intervenção do Governo, direta ou indireta, clara ou difusa, em matéria de investigação criminal ou de instrução de processos, promovendo um ambiente de confiança e segurança nos agentes para a livre investigação dos factos, não se admitindo nenhuma sorte de condicionamento às suas atividades investigatórias - princípio que deve ser observado com rigor, particularmente quando tais atividades dizem respeito ao apuramento de crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, de crimes relativos ao exercício de funções públicas e de crimes contra a administração e a realização da justiça.

� Instituir uma força paramilitar, de âmbito nacional, com a missão de garantir a vigilância e a segurança do espaço aéreo e marítimo, o controlo das fronteiras aérea e marítima, a fiscalização e a garantia do cumprimento das leis e regulamentos na área de jurisdição marítima nacional, (em espaços integrantes do domínio público marítimo, em águas interiores e em águas sob soberania e jurisdição nacional), a fiscalização aduaneira, a proteção civil e o combate à criminalidade transnacional nas águas nacionais.

� Reavaliar e desenvolver em bases modernas e de acordo com as melhores práticas dos estados democráticos o serviço de informações da República.

Uma política, uma estrutura e um modo de atuação especificamente voltados para o combate à criminalidade organizada.

Particularmente o tráfico de drogas, de seres humanos, o terrorismo, o branqueamento de capital, a corrupção, etc. Na verdade este domínio requer uma especialização no combate, com estruturas, meios e equipamentos compatíveis, mas também com agentes treinados e altamente qualificados e um sistema de cooperação internacional com um elevado grau de operacionalidade e eficiência.

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Uma política de combate a certos tipos de fenómenos que desempenham papel catalisador do crime, tais como o alcoolismo e o consumo de drogas.

Procurando fundamentalmente respostas terapêuticas, educativas e comunitárias, sem deixar de se procurar um quadro normativo que seja menos permissivo à comercialização de substâncias que representam um perigo para a saúde pública e para a própria sociedade. Instalar uma Polícia municipal bem organizada, apetrechada e formada!

Criação de uma Polícia Municipal bem organizada, apetrechada e formada.

O PAICV e o Governo atual não entenderam a importância, efetividade e resultados positivos da abordagem de proximidade e do paradigma da governança da segurança que coloca no centro o combate às incivilidades: resistem, por motivos ideológicos e político-partidários, à descentralização da autoridade e por isso, passaram o tempo todo da presente legislatura a obstar à institucionalização da polícia municipal e a fazer oposição ao exercício pelas autarquias locais das suas atribuições de polícia administrativa e a desautorizar decisões tomadas pelos órgãos municipais nessa matéria.

Contudo, em Cabo Verde, o quadro constitucional e legal reconhece a importância dos entes locais, permite e impõe o seu papel relevante na nova governança da segurança.

Constituição, Lei-Quadro da Descentralização, Estatuto dos Municípios e Lei das Finanças Locais (e muita legislação avulsa, do Código de Estrada, às leis em matéria de urbanismo, edificação, etc.), conferem aos municípios atribuições de polícia, poderes regulamentares autónomos reservados (não como mero prolongamento das leis ou do governo, mas como expressão de um poder normativo autónomo), e poderes de autoridade, em matéria de polícia.

Os códigos de Posturas Municipais são essencialmente um repositório de normas relativas a incivilidades e de sanções não penais para a sua violação.

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A Constituição prevê a possibilidade de existência de corpos policiais municipais próprios, mas, independentemente disso, o ordenamento jurídico cabo-verdiano confere ao Poder Local a autonomia organizativa necessária e suficiente para organizar os seus serviços e ter os agentes de autoridade de que careça para o exercício da sua autoridade policial em matérias das suas atribuições, ou seja dos “assuntos locais”.

Ante a morosidade da justiça penal, o processo contraordenacional por incivilidades é muito mais rápido, oportuno e eficaz, isto é, muito mais eficiente.Pode, pois, dizer-se que o ordenamento cabo-verdiano concretiza uma governança descentralizada de segurança precisamente no que respeita às incivilidades.

Por isso, para o MpD, as posturas municipais, o exercício efetivo da autoridade municipal e polícia municipal bem organizada, apetrechada e formada para as fazer cumprir são de importância crucial para a melhoria e consolidação da imprescindível segurança a que os cabo-verdianos têm direito.

Proteção Civil eficaz e eficiente

Para um ambiente de segurança releva e muito a proteção civil. Não é difícil de concluir, à luz de acontecimentos recentes, que o sistema de proteção civil cabo-verdiano é ainda incipiente, na sua organização e nos meios e recursos humanos, materiais e financeiros de que dispõe.Num país arquipelágico, cujas águas interiores são, em alguns casos, corredores de tráfego marítimo internacional em mar alto, com um vulcão ativo e uma história de erupções, na linha da trajetória de furacões e tempestades é crucial dispor de um sistema de proteção civil adequado, articulado, integrado, eficiente e eficaz.Para o efeito o MpD obriga-se a: � Reavaliar global e rigorosamente o sistema instituído em função

dos riscos existentes e já rastreados e conhecidos e dos resultados alcançados na prática e atualizá-lo, reforçá-lo ou reorganizá-lo, como se justificar, com o apoio de especialistas reconhecidos e de países e territórios similares a Cabo Verde.

� Investir, com a devida prioridade, na dotação do sistema com os meios e recursos humanos, materiais, tecnológicos e outros necessários para o cabal cumprimento da sua missão essencial, mobilizando recursos internos relevantes e, intensamente, a cooperação internacional.

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JUSTIÇAUMA JUSTIÇA EFICIENTE E CÉLERE

A justiça hoje é encarada sob uma grande variedade de aspetos, pelos seus múltiplos efeitos na sociedade. Efetivamente, para além de ser elemento nuclear do Estado de Direito Democrático, o mundo de hoje, da economia global, deu-se conta de que não há desenvolvimento económico sem um sistema de justiça razoavelmente eficaz e eficiente. Os investidores querem saber se as leis são adequadas à proteção dos seus investimentos e se elas serão aplicadas por órgãos que transmitem confiança; querem saber se no país dos seus investimentos existem instrumentos que garantem a tutela efetiva dos seus direitos e interesses legítimos; e se os tribunais funcionam e se podem sair vencedores numa causa contra as autoridades públicas se os seus direitos forem violados.

Os trabalhadores querem saber se existem entidades que podem aplicar as leis sem se vergarem perante o poder económico e financeiro. Os pobres querem garantias que podem pleitear contra os mais poderosos, sem risco de discriminação.A Justiça é, assim, a trave mestra do regime. É a garantia da paz social. E, também deste modo, é um bom investimento económico, pois só a paz social e a tutela efetiva dos direitos podem garantir um ambiente de crescimento da economia e do desenvolvimento sustentado, assente na previsibilidade e na existência e cumprimento de regras claras e objetivas de relacionamento social.

O nosso compromisso

� Trazer a Justiça para o centro da política.

� Garantir aos cidadãos os direitos constitucionais à informação jurídica e ao acesso à justiça, independentemente da sua condição financeira.

� Adequar a orgânica judiciária às necessidades já sentidas e perspetivadas a médio prazo

� Dotar efetivamente o sistema judiciário de recursos em novas TIC.

� Capacitar os Tribunais e o Ministério Público.

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� Acelerar a tramitação processual.

� Verificar o desempenho dos magistrados e oficiais de justiça e incitar à sua produtividade.

� Reformar o sistema de execução de penas.

� Promover a mediação e a arbitragem voluntárias como mecanismos alternativos de resolução de litígios.

Quando a justiça não funciona, em extremo, recorre-se à violência como forma de autotutela dos direitos negados pelo sistema jurisdicional! O que é mau porque desestrutura o nosso modo de vida e o nosso sistema de valores.Hoje o mundo reclama uma tutela judicial efetiva, de acesso fácil, em tempo razoável, através de procedimentos que garantam decisões justas, independentemente da condição económica, estatuto social, credo político, filosófico ou religioso. Tem pouco valor a afirmação do primado do direito se ela não for acompanhada por instrumentos de reintegração efetiva dos direitos violados.É o que também a nossa Constituição e as nossas leis consignam. Mas um sistema de administração de justiça compatível com a nossa era não pode esquecer os problemas a montante e nem a jusante, com influência decisiva no seu desempenho, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo.

O diagnóstico da Justiça cabo-verdiana é consensual e mostra que estamos longe da Justiça desejada: a nossa Justiça, em regra independente, não funciona bem em termos de efetividade, eficácia, oportunidade e utilidade prática e, frequentemente, não é percebida como justa e eficiente. Por isso, a Justiça suscita na sociedade insatisfação, deceção e descrença. Muitas das soluções para alterar ou minorar esse estado de coisas são compartilhadas por grande parte dos observadores da Justiça e já constam da Constituição e das leis aprovadas consensualmente. Tem faltado, ao longo dos últimos quinze anos, a visão e ambição de dar à Justiça a centralidade política que a Constituição lhe confere e que o desenvolvimento do país exige, bem como vontade política para implementar as soluções, adotando as medidas adequadas e alocando os recursos necessários (institucionais, humanos, procedimentais e materiais).

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E tem faltado, porque a ideologia dos atuais detentores do poder não entende uma Justiça independente que controle a legalidade da atividade do Estado e defenda os direitos e interesses das pessoas estabelecidos pela Constituição e pelas leis, mesmo contra o Estado. Uma Justiça eficiente é um dos pilares fundamentais e incontornáveis do Estado de direito democrático; ela é essencial para a defesa dos direitos e liberdades fundamentais inalienáveis e invioláveis dos cabo-verdianos; mas é também um elemento indispensável, de que Cabo Verde necessita, objetiva e urgentemente, para garantir a todos a segurança jurídica e o sucesso do combate à ilegalidade e criminalidade, essenciais para construir um ambiente de segurança também favorável para atrair, permitir e facilitar o investimento produtivo, gerador de crescimento, com emprego condigno e desenvolvimento humano.

Consideramos que descrença no sistema de Justiça e a desesperança em relação a ele enfraquecem o Estado de direito e a Democracia e contribuem para aprofundar o ambiente de crispação e conflitualidade social, agravando o sentimento reinante de insegurança; e que a vida e a competitividade das empresas, fator essencial de crescimento da economia e de redução do desemprego, é altamente afetada pela ineficiência da Justiça, sobretudo nos domínios do cumprimento pontual dos contratos, da resolução de conflitos de comércio, da execução efetiva e cobrança de créditos reconhecidos, dos processos relativos a relações e governança societárias, dos conflitos laborais e do contencioso administrativo e fiscal.

Por isso, afirmamos o nosso firme e inviolável compromisso de dar à Justiça a centralidade política devida e colocar uma Justiça eficiente e efetiva no centro das preocupações e resultados da governança do país, através de uma nova política que lhe dê a importância, os recursos e a prioridade que um Estado de direito democrático lhe deve conferir e que permita garantir à sociedade, às pessoas, famílias, empresas e organizações a segurança jurídica, parte integrante e indispensável da segurança global, sem a qual não há investimento humano, social e económico e portanto não há crescimento, nem emprego; e sem a qual não há estabilidade, confiança e credibilidade do Estado, das instituições, da sociedade e do país, conditio sine qua non para o investimento privado, nacional e externo, sem o qual não haverá nem desenvolvimento, nem redução da pobreza.

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A nossa ação

Combate à morosidade nas decisões judiciais

A mais grave das insuficiências da nossa Justiça é a morosidade que continua a marcar profundamente a realidade judiciária, com os processos e dramas humanos subjacentes a acumularem-se e a fazerem desesperar as pessoas e as empresas. Por isso, a aposta primeira do MpD quanto à Justiça é o combate à morosidade nas decisões judiciais, na convicção de que só uma justiça que responda às nossas preocupações em tempo oportuno pode ser justa. Uma resposta a destempo é uma solução injusta, porque sem ou com pouca serventia. Uma decisão deve ser tomada em tempo de resolver a situação para a qual ela foi convocada a regular. A morosidade regista-se tantos nos processos cíveis, como nos processos administrativos e criminais. Mas nos processos criminais, quer nos tribunais, quer – em dimensão ainda mais extensa e profunda – no Ministério Público, a morosidade tem ultrapassado todas expectativas mais pessimistas.Hoje em dia em Cabo Verde os processos relativos aos crimes cujos arguidos encontram-se em liberdade não têm praticamente nenhum seguimento, morrendo nas secretarias ou nos gabinetes dos procuradores pela prescrição do procedimento criminal. Ou seja, os cidadãos são punidos duas vezes: os serviços do Estado encarregados da instrução não funcionam e a justiça não é feita e veem os processos extintos precisamente porque o Estado não cumpriu a sua missão. Os cidadãos desesperam pela justiça criminal porque o MP se mostra incapaz de dar vazão aos pedidos de procedimento criminal. E isso é muito mau porque aumenta exponencialmente o sentimento de injustiça e até de insegurança. A chamada pequena criminalidade é aquela que mais contribui para o sentimento de insegurança: os pequenos furtos, os roubos de pequenos valores, os assaltos às residências, às viaturas, os crimes de injúria, as ofensas corporais simples, etc. O sistema não pode negligenciar este tipo de criminalidade, a par do esforço no combate à criminalidade violenta e organizada.Esta ineficácia do sistema conduz a um outro problema: as pessoas deixam de recorrer à justiça, contribuindo para estatísticas desfasadas da realidade sociológica. Como não são atendidas em tempo oportuno, deixam de confiar no sistema e por isso abstêm-se de apresentar queixa por violação dos seus direitos ou interesses legítimos porque simplesmente não vale a pena!

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Dotar a justiça de meios, estruturas, leis e atitudes

A ineficiência da Justiça está ligada a um outro problema fundamental: fazer justiça exige meios, estruturas, leis e atitudes. O MpD pretende uma Justiça cada vez mais independente, mais forte, mais rápida e mais justa; uma Justiça em que todos os operadores judiciários, o Governo e o Parlamento conjuguem esforços para que as decisões judiciais sejam justas e adotadas em tempo útil; uma Justiça administrada por Tribunais independentes, imunes a qualquer espécie de pressão, clara ou encoberta, de grupos políticos, económicos, sociais ou culturais; uma justiça administrada numa sociedade crítica, exigente e ciosa dos seus direitos e deveres; e uma Justiça que contribua para a paz social e para o fortalecimento da segurança jurídica no seio da comunidade.

Para atingir esses objetivos, o MpD elege as seguintes políticas:

Trazer a Justiça para o centro do debate político. Para o efeito o MpD compromete-se a promover a alteração do regime e procedimento do Debate sobre a Situação da Justiça, designadamente:

� A criação, no âmbito da Assembleia Nacional, de uma Comissão Parlamentar de Seguimento da Justiça, que, sem prejuízo das competências e responsabilidades legais de cada um dos poderes, trabalhará com os Conselhos Superiores das Magistraturas, com a Ordem de Advogados e com o Governo no seguimento do desenho e da implementação de medidas legislativas e administrativas necessárias a uma administração da Justiça eficiente e efetiva, com vista à elaboração de um relatório de suporte ao debate sobre a situação da Justiça e sobre o orçamento da Justiça.

� A divulgação de estudos sobre a situação e os problemas da Justiça e sobre as soluções para os superar.

� Audições públicas regulares no parlamento e em espaços da sociedade civil sobre os problemas da Justiça e as soluções para os debelar.

� O incentivo de debates sobre a Justiça patrocinados pelos órgãos de governo da magistratura, pela Ordem de Advogados ou por organizações da sociedade civil.

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� O estabelecimento por lei da obrigatoriedade de aprovação de uma Resolução contendo as conclusões e recomendações do parlamento em matéria de política de Justiça, na sequência do debate parlamentar sobre a situação da Justiça.

Garantir aos cidadãos os direitos constitucionais à informação jurídica e ao acesso à justiça, independentemente da sua condição financeira. Para o efeito o MpD compromete-se a:

� Organizar a mais ampla e efetiva informação jurídica relevante aos cidadãos, através do sistema escolar, da comunicação social, em especial do serviço público, das redes sociais, das universidades e de outras instituições vocacionadas, como a Ordem dos Advogados, a Associação de Defesa do Consumidor e outras associações de promoção ou defesa de interesses difusos setoriais.

� Reformar o sistema de assistência judiciária, de modo a assegurar, com oportunidade, efetividade e qualidade, patrocínio judiciário gratuito e isenção ou redução de preparos e custas, aos que não tem recursos para arcar com os custos correspondentes.

Adequar a orgânica judiciária às necessidades já sentidas e perspetivadas a médio prazo. Para o efeito, o MpD compromete-se a:

� Levar os tribunais a um nível inframunicipal, facilitando uma justiça efetiva, mais rápida e mais próxima das pessoas, mais justa e equitativa e com envolvimento da própria comunidade, através da instituição e da gradual mas efetiva implantação de organismos de rápida resolução de pequenos conflitos e de sanção de incivilidades e contraordenações.

� Especializar a Justiça comercial e económica em ordem a uma maior celeridade e oportunidade na resolução efetiva dos litígios entre ou com empresas, nas comarcas de maior movimento processual.

� Especializar a justiça administrativa/fiscal em ordem a uma maior celeridade e oportunidade na resolução efetiva dos litígios no âmbito das relações dos cidadãos e empresas com a Administração, nas comarcas de maior movimento.

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� Aproximar a justiça tributária dos contribuintes e facilitar o acesso à mesma dos contribuintes individuais.

� Especializar a justiça executiva nas comarcas de maior movimento, em ordem a agilizar o processo executivo, ciente do seu impacto na economia e na sociedade. Na verdade, hoje em dia se reconhece que nos custos do crédito estão ponderados vários fatores e de entre eles a demora na cobrança efetiva. De nada vale um título executivo num processo de execução com 5 ou 6 anos de pendência.

� Instalar, rápida e efetivamente os Tribunais da Relação.

Dotar efetivamente o sistema judiciário de recursos em novas TIC, permitindo, por exemplo, a generalizada gravação de audiências, a videoconferência, o acesso aos processos e a sua gestão, informatizados, contribuindo para a maior celeridade na tramitação processual – para o efeito o MpD compromete-se a:

� Remover todos os obstáculos ao início imediato da entrada em funcionamento do sistema informatizado de processo penal (SIPP) e à conclusão e entrada em funcionamento do sistema informatizado do processo civil (SIPC).

� Interligar na mesma plataforma informática, Tribunais, Ministério Público, advogados e Registos, Notariado e Identificação Civil em todos os pontos do país.

Capacitar os Tribunais e o Ministério Público, colmatando insuficiências reais que vêm afetando o seu desempenho. Para o efeito, o MpD compromete-se a:

� Concretizar e fazer respeitar a regra do mérito efetivo e comprovado em concurso público para ingresso e acesso em todas as carreiras das magistraturas.

� Aumentar o número de juízes e de procuradores de sorte a aproximar-se cada vez mais de uma ratio média de 1 magistrado por cada 7000 habitantes.

� Aumentar, correspondentemente, o corpo de oficiais de justiça de suporte da atividade dos magistrados.

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� Estabelecer modelos de recrutamento que permitam escrutinar, para além da formação académica, fatores psicológicos e de personalidade suscetíveis de influenciar, afetar ou condicionar o exercício exigente, socialmente pedagógico e realmente independente da sua função essencial.

� Assegurar a formação, qualificação e especialização dos magistrados e oficiais de justiça, no âmbito de um programa nacional de formação regular e permanente de magistrados e de oficiais de justiça.

� Promover e incentivar iniciativas de formação especializada dos magistrados em áreas que satisfaçam necessidades do sistema judiciário.

� Garantir amplamente aos magistrados, acesso fácil a fontes legislativas e informação especializada; conferir aos magistrados, num quadro de razoabilidade e equilíbrio, condições materiais de uma efetiva independência.

� Instalar rápida e efetivamente e dotar os departamentos da Procuradoria Geral da República previstos na sua Lei orgânica.

� Constituir efetivamente a bolsa de juízes para responder à acumulação de processos.

� Dotar efetivamente de administradores, os Tribunais de maior movimento, libertando os magistrados para a função jurisdicional que lhes cabe em exclusivo.

� Assegurar a autonomia financeira do Poder Judicial, reformando o sistema do Cofre Geral de Justiça, designadamente colocando-o sob a jurisdição e administração conjunta dos Conselhos Superiores das Magistraturas e da Autoridade administrativa independente dos Registos, Notariado e Identificação, a instituir e aos serviços dos sistemas judiciário e de registos, notariado e identificação.

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Acelerar a tramitação processual. Para o efeito, o MpD compromete-se a: � Instituir, promover e fazer funcionar efetivamente procedimentos

judiciais céleres e prioritários para defesa rápida e oportuna de direitos, liberdades e garantias fundamentais dos particulares, especialmente face ao Estado e à Administração Pública.

� Instituir, promover e fazer funcionar efetivamente procedimentos e soluções mais flexíveis de resolução de processos criminais, já testados noutras latitudes, como por exemplo, a possibilidade de acusação por oficiais superiores de policia criminal com formação jurídica, sujeitas a reclamação para o Ministério Público, ou a transação sobre a pena, mesmo em caso de crimes mais graves e ainda que no início da instrução, sujeita a homologação judicial, restringindo o segredo de justiça para o arguido em ordem a reforçar o seu direito de defesa e a permitir-lhe uma decisão informada no âmbito da transação.

� Reformar o processo civil comum, impondo a obrigatoriedade de uma diligência judicial inicial de conciliação, incitando a esta e, quando não seja possível, abreviando e facilitando a chegada do procedimento à fase de julgamento, designadamente simplificando procedimentos, suprimindo grande parte da atual fase de audiência preparatória e todos os atos sem especial relevância na justa composição dos litígios, e, por outro lado, favorecendo decisões de mérito que deem solução material aos litígios em detrimento de decisões meramente formais, quando não estejam em causa princípios formais de garantia de processo justo e equitativo, como o contraditório e audiência pública, ou outros direitos fundamentais.

� Reformar os processos especiais relativos ao arrendamento, ao inventário e às falências em ordem a sua simplificação e aceleração.

� Instituir um processo comercial especial marcado pela urgência, celeridade e simplicidade;

� Reformar o processo civil executivo em ordem a garantir uma tramitação célere voltada para o pagamento efetivo a curto prazo, especialmente quando não haja oposição ao crédito dado em execução, bem como a retirar privilégios concedidos ao Estado, penalizadores do exequente e contrários aos princípios do processo justo e equitativo, assim como a permitir a extinção da execução a pedido do exequente, por impossibilidade superveniente da lide, quando não sejam encontrados bens penhoráveis.

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� Reformar a Justiça administrativa, designadamente em sede de processos que assegurem a tutela jurisdicional efetiva dos direitos e interesses protegidos dos particulares face à Administração e da legalidade da ação desta, em conformidade com o art.º 245 e) e f) da Constituição.

� Reformar a Justiça laboral, no sentido de uma maior equidade e efetividade.

� Estabelecer por lei e fazer aplicar critérios de produtividade dos magistrados e oficiais de justiça com metas quantitativas.

� Estabelecer por lei e fazer aplicar critérios de oportunidade na tramitação e decisão de processos judiciais e no Ministério Público, assentes, até onde seja possível, no princípio first in, first out.

Verificar o desempenho dos magistrados e oficiais de justiça e incitar à sua produtividade. Para o efeito, o MpD compromete-se a:

� Fazer instalar e funcionar rápida e efetivamente, como serviços independentes, as Inspeções Judicial e do Ministério Público, nos moldes em que se encontram instituídos.

� Responsabilizar disciplinarmente os magistrados e oficiais de justiça por inatividade processual injustificada.

� Incentivar em termos de carreira e formação, os magistrados e oficiais de justiça que se revelem mais produtivos, de acordo com parâmetros estabelecidos por lei, sob proposta do governo das magistraturas; em contrapartida, penalizar também em termos de carreira, os que revelem menor produtividade.

Reformar o sistema de execução de penas. Para o efeito, o MpD compromete-se a:

� Criar um tribunal de execução de penas de âmbito nacional e dotá-lo de mecanismos e recursos que permitam o acompanhamento da execução em todas as fases (com relevo para as situações de liberdade condicional e ressocialização dos delinquentes, sobretudo os jovens).

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� Criar condições para a instituição e aplicação mais ampla de penas alternativas à de prisão em estabelecimento prisional, como a prisão domiciliária, com ou sem pulseira eletrónica, a prisão de fim-de-semana e o trabalho a favor da comunidade.

� Colocar a ressocialização e reinserção dos reclusos no cento do sistema de execução de penas. Pois, o MpD entende ser ela uma componente essencial da política humanista do Estado e do próprio combate à criminalidade. Na verdade, para além do imperativo de prossecução de valores de justiça, hoje torna-se cada vez mais evidente que a necessária ação repressiva do Estado não é suficiente para a integral defesa da sociedade.

O Estado não pode transformar as prisões em meros «espaços punitivos» e de expiação da culpa, procurando, antes, assegurar aos reclusos meios alternativos aos caminhos do crime. Deve, pois, a administração prisional, em estreita articulação com instituições especializadas, qualificar o recluso para a sua vida fora do espaço prisional, diminuindo a taxa de retorno às prisões. A formação profissional nas prisões deve desempenhar um papel decisivo. O trabalho remunerado, em condições especiais é certo, deve existir e ser fomentado nos estabelecimentos prisionais ou fora deles, tanto quanto possível. O serviço religioso deve ser garantido a todos, em conformidade com as convicções. O acompanhamento individualizado dos reclusos, enquanto presos ou em liberdade condicional, deve ser organizado e de modo eficiente.

No fundo, trata-se de um esforço do Estado e da sociedade para mitigar as graves consequências do sistema oficial de valores do mundo prisional, abrindo caminho para uma mais rápida reinserção do recluso na sociedade. Mas é evidente que as condições de ressocialização não podem por em causa, de forma alguma, a segurança e os termos do cumprimento da pena. Mas o cumprimento da pena não se mostra incompatível com uma política de ressocialização, antas pressupondo-a.

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Promover a mediação e a arbitragem voluntáriascomo mecanismos alternativos de resolução de litígios no âmbito das relações administrativas e da defesa de interesses difusos. Para o efeito, o MpD compromete-se a:

� Institucionalizar tais mecanismos.

� Impor que o Estado tome a iniciativa de propor à contraparte o recurso a tais mecanismos como primeira opção na resolução dos litígios e, quando a iniciativa tenha partido da contraparte, participe interessadamente no procedimento arbitral.

� Incentivar a institucionalização de tais mecanismos por parte de outras entidades públicas.

DEFESAGARANTIR A DEFESA NACIONAL

NUM CONCEITO DE TERRITÓRIO MAIS ALARGADO

Em matéria de defesa nacional o MpD pressupõe os princípios fundamentais da Constituição e tem sobretudo em conta que o espaço territorial cuja soberania, unidade e integridade devem ser asseguradas pelas energias e forças morais e materiais da Nação, e por cada um dos cidadãos nacionais é, na sua parte maior, constituído pela nossa ZEE e pelo espaço aéreo a ela sobrejacente.

O nosso compromisso

� Promoção de uma cultura de defesa nacional na sociedade cabo-verdiana.

� Posicionamento das Forças Armadas como instituição republicana essencial do Estado de direito democrático e como organização de referência, pela sua eficácia e eficiência, capaz de com pouco fazer muito.

� Despartidarização completa das Forças Armadas.

� Reavaliação do papel e das tarefas das Forças Armadas em função das ameaças e riscos identificados.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

� Promoção da inserção de Cabo Verde em sistemas coletivos de defesa de âmbito sub-regional, regional ou internacional.

� Aprimoramento do sistema de informações da República.

A nossa ação

Cabo Verde é um país de paz, que mantém excelentes relações de vizinhança e nada faz prever que possa ser objeto direto de alguma agressão externa.Mas não está, como nenhum Estado pode hoje estar, imune a ameaças do terrorismo internacional, particularmente em zonas de concentração de turistas estrangeiros.

Cabo Verde é um país politicamente estável e de democracia constitucional em consolidação, sem que se vislumbrem ameaças relevantes às instituições democráticas e ao ordenamento constitucional.

Por isso, em matéria de Defesa Nacional, o MpD obriga-se a:

� Incluir no âmbito dos programas de educação para a cidadania a promoção da cultura de defesa nacional e a promoção das Forças Armadas como instituição republicana, despartidarizada e subordinada aos órgãos de soberania legitimados.

� Promover, junto da sociedade cabo-verdiana como instituição fundamental do Estado de direito democrático e organização de referência, disciplinada, eficaz e eficiente.

� Eliminar os resquícios de partidarização das Forças Armadas, designadamente promovendo para que atos simbólicos que lhe digam respeito, que organize ou em que participe tais resquícios desapareçam (por exemplo, não é aceitável um desfile militar em que figurem duas bandeiras nacionais; tal como não é aceitável que o Dia das Forças Armadas se reporte a uma data anterior à Independência).

� Reavaliar e, se necessário, rever o serviço militar obrigatório, no seu conteúdo, extensão e abrangência.

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� Reavaliar e, se necessário, rever o conceito estratégico de defesa nacional focalizando a missão das Forças Armadas na:

• Preparação para prevenção e reação militar contra eventuais ameaças ou agressões externas de grupos terroristas.

• Vigilância, fiscalização e defesa do espaço marítimo nacional, designadamente no que se refere à utilização das águas arquipelágicas, do mar territorial e da zona económica exclusiva.

• Operações de busca e salvamento.

• Colaboração com as autoridades policiais e outras componentes na proteção do meio ambiente e do património arqueológico marinho, na prevenção e repressão da poluição marítima, dos tráficos e de outras formas de criminalidade organizada e, bem assim, nas situações de reposição da ordem pública que exijam meios excecionais e excedam a capacidade intervenção das autoridades policiais.

• Participação no sistema de proteção civil.

• Colaboração em tarefas relacionadas com a satisfação de necessidades e melhoria das condições de vida das populações.

• Defesa da ordem constitucional e das instituições democráticas.

� Adaptar os dispositivos de forças de defesa, organizando-as à volta de uma unidade de fuzileiros navais, uma unidade de engenharia militar e uma guarda nacional, paramilitar e dotada de acesso a meios marítimos e aéreos.

� Promover a inserção de Cabo Verde em sistemas sub-regionais, regionais e internacionais de defesa e segurança, garantindo um consenso político e social alargado, admitindo em casos específicos o referendo.

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A POLÍTICA EXTERNAUMA NOVA DIPLOMACIA

O MpD assume que a política externa adotada por Cabo Verde desde a Independência foi adequada às condições nacionais e internacionais que vigoravam e teve resultados positivos para os objetivos e necessidades do País.

Porém, o País mudou muito e o mundo ainda mais. Impõe-se, por isso, uma política externa diferente que se adapte e se adeque aos novos contextos nacional e internacional mais exigente, mais competitivo, mais seletivo e mais complexo e mais mutável do ponto de vista político.

Não se trata de por em causa as relações de parceria, cooperação, diálogo e amizade estabelecidas ao longo destes quarenta anos de Independência, às quais Cabo Verde muito deve o que tem de bom, mas sim de ter uma abordagem diferente, a um tempo mais ampla, mais profunda e mais rica e valiosa, numa palavra, mais estratégica e benéfica para os interesses nacionais e mais consensual, no contexto nacional e internacional atual.

Com efeito, até ao presente, prevaleceu – talvez por demasiado tempo – a política externa assente no paradigma da ajuda ao desenvolvimento: através da sua diplomacia, o país especializou-se e tornou-se perante a comunidade internacional um expert na captação e gestão da ajuda pública, a fundo perdido ou sob a forma de empréstimos concessionais, alegadamente destinada a financiar o desenvolvimento do país.

Mas, por ter bem usado, no geral, a ajuda recebida para melhorar as condições de vida do seu povo, Cabo Verde graduou-se e entrou no grupo dos países de rendimento médio das Nações Unidas, tendo deixado, por isso, de poder receber APD; no período transitório subsequente a tal graduação Cabo Verde não fez o seu trabalho de casa, não se adaptou às novas condições internacionais a que o financiamento do desenvolvimento passava a estar sujeito, entrou em défice excessivo prolongado e endividou-se crescente e excessivamente, assim reduzindo ou eliminando o acesso a fundos externos concessionais e, ao mesmo tendo fazendo aumentar o risco país e, por isso, degradar substancialmente o seu rating, ou seja a confiança dos mercados na nossa solvabilidade externa.

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Por outro lado, tornou-se claro e é hoje consensual, em Cabo Verde como na comunidade internacional, que a APD não conduz ao desenvolvimento sustentado, antes agrava a dependência dos Estados ajudados.

Acresce a crise financeira e económica estrutural que afetou, afeta e continuará a afetar, não se sabe até quando, a economia mundial, com impacto negativo devastador nos programas de cooperação de alguns dos principais e tradicionais “doadores”.

Assim, é um dado que, salvo para situações limite, de catástrofe ou emergência – em que, felizmente, Cabo Verde não está – o pipeline das ajudas a fundo perdido e através de empréstimos concessionais está praticamente fechada para o nosso país.

No entanto, os cabo-verdianos, com toda a legitimidade, almejam uma vida melhor assente nos rendimentos da sua atividade honesta, num quadro de desenvolvimento sustentado e sustentável das nossas ilhas inseridas num mundo cada vez mais globalizado.

Por falta estrutural de recursos endógenos, o financiamento da nossa economia terá de vir, em medida decisiva, do exterior: já não de ajudas públicas, mas sim de investimento direto estrangeiro ou de empréstimos comerciais a preços de mercado.

De pouco valerá, pois, uma política externa formatada para captar a ajuda pública, bilateral ou multilateral, porque o que releva, já hoje ou mesmo desde ontem, são: a articulação fluida entre a política externa e a política económica; a atração de investimento externo; a promoção das exportações e da internacionalização de empresas cabo-verdianas; os acordos de proteção de investimentos ou para evitar a dupla tributação; a projeção da imagem positiva do país no mundo pela via da afirmação da sua individualidade e da divulgação da sua cultura, valores e estabilidade como fatores de atração turística e de captação de investimento; a projeção da Diáspora cabo-verdiana como ativo estratégico num mundo globalizado.

Ao país já não chega ter uma boa administração de recursos públicos, sendo da maior relevância a criação, pela via de políticas públicas, de um ambiente e contexto favorável ao investimento privado, a identificação dos principais mercados alvo, a busca das modalidades e mecanismos mais eficazes para o sucesso da inserção dinâmica do país na economia global e a projeção do país no Mundo.

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Em última análise, à clássica diplomacia da ajuda tem de suceder a diplomacia económica, a diplomacia cultural e a diplomacia comunitária, transformando Cabo Verde num centro de operações em África. É a economia do país com a imperiosa necessidade de desenvolvimento num Mundo globalizado que impõem, de forma premente e urgente, estas novas perspetivas e ângulos de abordagem, aos quais a política externa, como outras políticas públicas, tem de se adaptar.

Por outro lado, surgiram novas dinâmicas transnacionais, novas ameaças, novos riscos globais, que, conferindo uma forte centralidade a determinados problemas, num planeta cada vez mais imprevisível e instável, têm transformado o panorama internacional e determinam uma nova visão do mundo e das relações entre países e regiões, onde passaram a constituir âncoras valiosas e seguras a comunhão de valores civilizacionais, a integração económica e política ou a inserção numa mesma rede global de defesa e segurança; e onde a estabilidade e a segurança emergem como centro nevrálgico do desenvolvimento e das preocupações a nível mundial.

Oque, aparentemente de um modo paradoxal, representa uma grande oportunidade para os pequenos estados explorarem a possibilidade de alargamento do seu campo de ação, mormente no que concerne ao seu contributo para a paz e ao esforço diplomático para a reformulação das prioridades da comunidade internacional relacionadas com os desafios mais prementes.

Mas a nova ordem emergente é, igualmente, portadora de benefícios e de imensas oportunidades que decorrem da existência de redes globais, particularmente em domínios cruciais como o turismo, o conhecimento, as tecnologias, o comércio internacional, as telecomunicações, os serviços financeiros, a energia e os transportes, setores nos quais Cabo Verde tem e pode potenciar vantagens competitivas e comparativas.

Neste contexto, Cabo Verde tem o desafio crucial de reequacionar os elementos que configuram a sua política externa, perspetivando-a num novo paradigma, levando-a por novos caminhos, alternativas e espaços de cooperação e cumplicidade estratégica que permitam a inserção segura e vantajosa do país no Mundo.

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Cabo Verde deve, pois, de forma efetiva e sustentada numa narrativa adequada, buscar a sua valorização estratégica como pequeno país africano, insular e atlântico, mestiço, politica e socialmente estável, mestiço, culturalmente homogéneo na base de valores da civilização ocidental judaico-cristã, com uma diáspora relativamente importante em diversos continentes, inserido estrategicamente no cruzamento das rotas do Atlântico médio entre a Europa, a Africa e as Américas e com confiança e credibilidade internacionais.A política externa cabo-verdiana deve, em sintonia com as aspirações nacionais, visar a preservação da soberania nacional, a promoção e defesa dos interesses do país e da nação cabo-verdiana nas ilhas e na diáspora, o estabelecimento e o reforço de parcerias estratégicas para o desenvolvimento das nossas ilhas, a promoção da notoriedade e imagem externa positivas do país, valorizando o seu referido capital de prestígio internacional; e traduzir-se numa participação ativa no concerto internacional para a promoção do bem-estar, da dignidade humana, da paz, da nova ética, da justiça social, da segurança e da estabilidade à escala mundial.

O nosso compromisso� Conceber uma estratégia articulada e coerente de política externa,

na perspetiva de transformar Cabo Verde num Centro Internacional de Prestação de Serviços em África, de posicionar o País comoplayer fundamental no quadro da construção da segurança e defesa internacional e de continuar Cabo Verde através da sua diáspora, enriquecendo e diversificando as parcerias.

� Nessa coerência, rejeitar arranjos pontuais e oportunistas que firam os pressupostos do seu engajamento na construção de um mundo mais democrático e mais seguro ou possam por em perigo a sua credibilidade internacional.

� Ser mais proactiva, designadamente através (i) de um acompanhamento maior das conjunturas e das linhas de força da política internacional, seguindo de perto as tendências e dinâmicas, (ii) de um maior engajamento nas organizações internacionais, de modo a reforçar o poder negocial do país, através de profissionais especializados, (iii) da tomada de posição clara em relação a importantes assuntos globais e (iv) de uma reação rápida aos acontecimentos e dinâmicas inesperados de forma a salvaguardar objetivos e prioridades;

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� Incluir a formulação de políticas setoriais (ambiente, segurança, cultura, economia) de modo a reforçar o seu posicionamento junto das instâncias regionais e internacionais.

� Cultivar uma política de boa vizinhança, valorizando a nossa dimensão africana, assente no respeito e interesse mútuos, no diálogo, na concertação e na busca de plataformas de entendimento mutuamente vantajosas com os Estados da África, nomeadamente do norte e do oeste e os Estados ou regiões insulares do Atlântico médio, salvaguardando as especificidades de Cabo Verde.

� Encarar com determinação, criatividade e empenhamento os desafios e oportunidades decorrentes do estatuto de país de rendimento médio, da integração sub-regional, da parceria especial com a União Europeia e da inserção dinâmica e criativa na economia global.

� Promover a inserção positiva de Cabo Verde em sistemas de segurança coletiva e cooperativa, como sujeito útil, confiável e participativo na configuração de um clima de estabilidade e segurança internacional;

� Participar ativamente nas instâncias multilaterais de defesa e promoção da paz, da ética, dos Direitos do Homem, da Democracia, da justiça social, da igualdade de género e de outros valores civilizacionais;

� Promover a institucionalização de um debate parlamentar anual sobre a Politica Externa.

� Desenvolver capacidades institucionais e humanas de excelência e criar um Instituto Diplomático, enquanto think-thank aberto.

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A nossa ação

Maior atenção à problemática de pequeno País Insular

Como pequeno Estado insular, Cabo Verde vai reservar uma atenção especial ao grupo dos pequenos países insulares, entre os quais deve ambicionar colocar-se nos lugares cimeiros e participar ativa e efetivamente e com espírito de influenciação positiva, no desenho e concretização de estratégias e ações comuns tendentes ao aproveitamento das potencialidades dos arquipélagos e ilhas, à ultrapassagem dos constrangimentos e problemas estruturais gerados pela insularidade e à sua inserção eficiente na economia mundial.

Proporemos a criação de um Fórum Económico e Social, anual, em parceria com os sistemas das Nações Unidas para abordar as várias dimensões dos pequenos Estados Insulares.

Criação de um Ministério para as Relações Externas e Assuntos Africanos

Cabo Verde deve repensar completamente a sua política para África, a ela dedicando uma atenção particular, em ordem a:

� Melhor conhecer a realidade política, económica, social e cultural do continente; reforçar substancialmente o diálogo político e estreitar as relações políticas com as nações africanas; promover o intercâmbio cultural com África;

� Aprofundar as relações económicas com o continente;

� Participar efetiva e ativamente, sem ambiguidades, e com capacidade de influenciação positiva nas instâncias de construção de soluções sub-regionais e regionais, que propiciem mais liberdade e democracia e uma maior integração económica e segurança regionais.

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Por outro lado, a inserção na CEDEAO e as relações com países locomotivas do continente, como Angola, a Nigéria e a Africa do Sul, devem ser transformados por Cabo Verde em oportunidades para a atração de investimentos e recursos financeiros, de que tanto carece, para a criação de mercados para uma produção nacional de bens transacionáveis e para o País desempenhar a função de plataforma de intermediação do Mundo com a África. As empresas são o elemento-chave dessa inserção.

A nossa ambição é transformar Cabo Verde num Centro de Operações Económicas em África.

Para o efeito, deve ser adotada uma diplomacia de proximidade ativa, na região, com tradução institucional nas relações exteriores através da criação de um Ministério dos Assuntos Africanos, de modo a conferir aos assuntos africanos a visibilidade e um peso político de grande relevância.

Dinamizar melhor a Parceria Especial com a União Europeia

Cabo Verde deve pôr mais afinco político e objetividade estratégica, na implementação da parceria especial com a União Europeia, explorando atentamente nichos de oportunidades que já existem ou se podem perspetivar e com a ambição de concluir com ela um instrumento de alcance estratégico e estruturante para o desenvolvimento do país, à semelhança do que ocorreu em 1998 com o acordo de cooperação cambial que permitiu o peg fixo com o Euro.

Reforçar as pontes com os PALOP

Cabo Verde deve, de modo proactivo, reforçar pontes, designadamente nos planos políticos, económico e cultural, com os PALOP, na base dos laços históricos e culturais existentes, dos interesses das comunidades da Diáspora neles integradas, da amizade entre os respetivos povos e das possibilidades de cooperação estratégica, política, económica e cultural, que neles se podem alicerçar ou que resultem da inserção de cada um em espaços de integração regional comuns ou diversos.

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Cabo Verde deve promover um salto qualitativo nas relações estratégicas com Angola, aprofundando o diálogo político e as possibilidades de cooperação económica, comércio internacional e investimentos entre os dois países; uma cooperação mais estreita com São Tomé e Príncipe com vista a melhorar substancialmente as condições de vida de uma significativa parte da comunidade cabo-verdiana radicada nesse país; um diálogo político intenso com a Guiné-Bissau tendo em vista apoiar a busca das melhores saídas para o momento delicado que esse país irmão atravessa.

Ser proactivo na CPLP

Cabo Verde deve reforçar e ser mais proactivo na sua participação na CPLP e na sua influenciação para que se torne, cada vez mais, numa comunidade de povos e de cidadãos dotados de um estatuto comum, o Estatuto do Cidadão Lusófono, na linha do que vigora no arquipélago desde os anos 90. Somos defensores da livre circulação de bens, capitais e de pessoas na CPLP. Quanto à circulação de pessoas, devemos adoptar uma abordagem faseada e progressiva.

Cabo Verde deve, a nível bilateral, aprofundar e desenvolver o seu diálogo político e a sua cooperação nos mais variados domínios com Portugal, nosso parceiro seguro desde sempre e onde reside uma significativa comunidade cabo-verdiana, com a ambição do estabelecimento de uma parceria estratégica e de captar e diversificar investimento produtivo português no arquipélago.

Cabo Verde deve potenciar as suas relações de amizade e cooperação com o Brasil em áreas de interesse para o desenvolvimento nacional, reforçar o diálogo político com essa potência emergente em matérias de interesse estratégico mútuo e visar o desenvolvimento do comércio internacional com o mercado brasileiro e a captação de investimento produtivo brasileiro no arquipélago.

Cabo Verde deve aprofundar a sua cooperação com Timor Leste, País ainda carente de recursos humanos qualificados e de experiências de desenvolvimento que lhe permitam concretizar todo o potencial de que dispõe e que poderá ter no arquipélago a alavanca para tal, numa parceria mutuamente vantajosa para ambos os países.

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Reforçar o diálogo político e a cooperação com os nossos parceiros de vanguarda

Igualmente Cabo Verde deve, a nível bilateral, aprofundar e desenvolver o seu diálogo político e a sua cooperação nos mais variados domínios com o Luxemburgo, pequeno país desenvolvido, nosso parceiro seguro e eficiente desde há muito e onde reside uma significativa comunidade cabo-verdiana, com a ambição do estabelecimento de uma parceria estratégica em áreas relevantes para o desenvolvimento nacional;

Cabo Verde deve promover o reforço e desenvolvimento de mecanismos eficazes de cooperação com os Estados Unidos de América, ao nível da consolidação da democracia, da melhoria do ambiente de negócios, da paz e da segurança no Mundo, da promoção do investimento produtivo americano no arquipélago e da melhor integração da maior comunidade cabo-verdiana da Diáspora, residente nesse grande país de liberdade e oportunidades.

Cabo Verde deve tudo fazer para aprofundar e alargar a sua cooperação política e económica e a sua parceria com a Republica Popular da China, tendo como objetivo contribuir para a paz e a segurança mundiais, fazer do nosso país um dos parceiros privilegiados dessa potência global, na sua relação com a África, e captar e diversificar investimento direto chinês no arquipélago. Cabo

Alargar horizontes na Ásia

Cabo Verde deve diversificar a sua política externa e as suas relações de cooperação direcionando-as para países da Ásia, em ordem a atrair investimento produtivo asiático no arquipélago.

Em particular Cabo Verde deve estreitar relações com Singapura, com quem pode aprender muito sobre como transformar uma pequena economia do terceiro mundo numa das mais florescentes do primeiro mundo em apenas 50 anos de Independência (só mais dez do que Cabo Verde) e com o Japão e Coreia do Sul, importantes parceiros de cooperação.

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Promover a colocação de quadros nas Organizações Internacionais

Cabo Verde deve participar de forma proactiva nas principais organizações sub-regionais, regionais e internacionais.

Nessa linha, o Governo deve desenhar, promover e implementar, por um lado, uma política de formação e especialização de diplomatas e quadros dos ministérios setoriais nas matérias que constituem o objeto de tais organizações, mas também uma política de colocação e enquadramento de quadros cabo-verdianos, incluindo os da Diáspora, nos órgãos e estruturas das mesmas.

Incentivar consensos e promover a excelência da diplomacia nacional

O MpD considera que a política externa, lidando em muitos casos com questões decisivas para o futuro do país e da Nação, que interferem com a soberania nacional, com a defesa e segurança e com a inserção do país em espaços estratégicos e com as relações internações, constitui uma área de governação na qual o Governo, tendo constitucionalmente a direção, deve respaldar a fixação dos parâmetros estruturantes do seu plano de ação e as suas decisões fundamentais numa postura de concertação, de cooperação e de amplo e substancial consenso político construído através de profundo, consistente e permanente diálogo com o Presidente da República, o Parlamento e a oposição, que reforce a credibilidade e perenidade do papel e das posições de Cabo Verde no concerto das nações.

O MpD entende, igualmente, que o Estado não deve ser o único ator da politica externa, sendo igualmente importante a ação conjugada e harmonizada de outros sujeitos – como o Poder Local, as Cidades, as Universidades, as ONG’s, as empresas, os grandes artistas ou desportistas - na conformação da credibilidade externa do país enquanto ativo estratégico e gerador de capital tangível e intangível, através da afirmação de valores estruturantes, que devem ser preservados e defendidos independentemente das conjunturas e os mandatos limitados dos Governos.

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Reconfiguração, redimensionamento e modernização dos serviços diplomáticos e consulares

O MpD considera que o novo paradigma da política externa exige reconfiguração, redimensionamento e modernização de serviços diplomáticos e consulares, adaptando-os aos novos objetivos específicos. Exige também a reformatação do perfil dos diplomatas cabo-verdianos e dos recursos humanos afetos à diplomacia investindo na sua capacitação técnica e gerando especialistas designadamente quanto à capacidade de análise da conjuntura e de prospeção estratégica, à negociação internacional e ao comércio externo em função dos novos objetivos, abordagens e interesses da politica externa cabo-verdiana. Exige ainda o investimento na colocação de adidos económicos e culturais nas representações externas do país.

Debate anual sobre Politica Externa

O MpD defende que, dada a importância das questões da política externa para o presente e futuro da Nação cabo-verdiana, justifica-se que seja institucionalizado um debate parlamentar anual sobre a Politica Externa, que terminará com uma Resolução contendo as recomendações do Parlamento ao Governo sobre a matéria. Compromete-se a promover tal institucionalização no local próprio.

Instituto Diplomático como think-thank aberto

Em ordem a assegurar aos órgãos da Republica e à sociedade inputs independentes sobre a orientação estratégica da política externa, o desempenho do sistema nacional de política externa, as conjunturas e linhas de força da política internacional, as perspetivas sobre assuntos globais importantes e em geral sobre tudo o que interesse à política externa, o MpD compromete-se a promover e apoiar, em articulação com as universidades e outras instituições e personalidades interessadas e competentes a criação e instalação de um Instituto Diplomático, como think-thankaberto em matéria de política externa.

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DIÁSPORANOVOS COMPROMISSOS

O MpD sempre considerou que a Nação cabo-verdiana ultrapassa em muito as fronteiras físicas e a população residente no País, para se projetar através da nossa diáspora na Europa, nas Américas, na África, em todo o Mundo.

E agiu em consequência, por exemplo, quando lutou por e conseguiu fazer inscrever na lei e na prática a capacidade dos cabo-verdianos não residentes para eleger e ser eleitos que lhe tinha sido recusada pelo regime de partido único; quando aumentou para seis os representantes da Diáspora no Parlamento Nacional; quando alterou a Lei da Nacionalidade para permitir a múltipla nacionalidade sem perda da cabo-verdiana e que filhos e netos de cabo-verdianos de origem, nascidos na Diáspora, possam ter a nacionalidade cabo-verdiana de origem por mera declaração unilateral dos mesmos nesse sentido, perante autoridade cabo-verdiana; quando, para atrair investimento da Diáspora, concedeu aos investimentos dos cabo-verdianos não residentes os mesmos incentivos e vantagens que os do investimento direto estrangeiro, mais do que os atribuídos ao investidor nacional residente; quando, por solidariedade, com os nossos patrícios instalados em São Tomé e Príncipe e Moçambique, em condições degradantes ou muito difíceis, lhes concedeu um subsídio que os ajudasse a subir a um patamar mínimo de dignidade humana. Quando, também fez inscrever na Constituição a obrigação de o Estado apoiar a comunidade cabo-verdiana espalhada pelo mundo e promover no seu seio a preservação e o desenvolvimento da cultura cabo-verdiana; que os cidadãos cabo-verdianos residentes no estrangeiro gozam dos direitos, liberdades e garantias e estão sujeitos aos deveres constitucionalmente consagrados que não dependam da presença no território nacional; que os cidadãos cabo-verdianos residentes no estrangeiro sejam eleitores do Presidente da República; a integração do Conselho das Comunidades no Conselho Económico, Social e Ambiental, espaço integrador da participação e concertação das forças vivas da Nação.

É tempo de novos compromissos!

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

O nosso compromisso� Despartidarizar as questões relativas às comunidades emigradas.

� Assumir as comunidades cabo-verdianas emigradas como uma das tarefas prioritárias do Estado no desenvolvimento das relações externas.

� Aprovar um estatuto específico de investidor emigrante.

� Desgovernamentalização do Conselho das Comunidades Cabo-verdianas.

� Criar um Consulado On-line e fixação de prazos para a emissão de documentos e desembaraço aduaneiro, incluindo uma inspeção anual ao desempenho dos mesmos, nomeadamente, através de inquéritos junto das comunidades emigradas.

� Desenvolver uma nova diplomacia dirigida às comunidades cabo-verdianas emigradas nos planos sociais, de integração e de desenvolvimento.

� Colocar a Diáspora como um elemento-chave da economia do conhecimento.

� Integrar no perímetro das políticas sociais a Diáspora Cabo-verdiana.

� Abordar a problemática dos deportados na perspetiva da prevenção e da integração.

� Duplicar a cobertura com o complemento de pensão aos idosos que vivem na pobreza extrema, nomeadamente em São Tomé.

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A nossa ação

Afastar as Embaixadas e os Consulados da política partidária

O MpD que as questões relativas às comunidades emigradas devem ser completamente e objeto de um mais amplo consenso político, parlamentar, inter e intrapartidário.

Em especial, o MpD não tolerará que qualquer instituto, embaixada ou consulado, de forma expressa ou velada, faça política partidária junto das comunidades da Diáspora.

Pois, as representações externas representam o Estado de Cabo Verde e devem ser, estar, atuar e parecer como tal e os serviços consulares deverão estar ao serviço dos cidadãos e ser guiados pela missão de serviço e a atitude de servir sem qualquer tipo de discriminação!

No mesmo passo, o Conselho das Comunidades Cabo-verdianas, órgão constitucional e consultivo da República para os assuntos relativos às comunidades cabo-verdianas no exterior deve ser desgovernamentalizado. Há, claramente, representação em excesso do Governo nesse Conselho.

As comunidades cabo-verdianas emigradas como prioridade das relações externas

A Nação cabo-verdiana é global. E esta dimensão é um grande ativo para o País no contexto de um mundo cada vez mais globalizado.

Vivemos hoje num mundo onde as fronteiras nacionais deixaram de constituir entraves ao conhecimento, à tecnologia, à informação e aos fluxos comerciais e financeiros.

Vivemos num mundo em que a competição global vem aumentando e com ela a mobilidade da produção e dos postos de trabalho.

E num tal mundo, que é o hoje e cada vez mais o de amanhã, a nossa diáspora transforma-se num ativo cada vez mais relevante e mais decisivo no processo de desenvolvimento e na afirmação de Cabo Verde no mundo.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Os nossos conterrâneos e os seus descendentes no estrangeiro fazem parte do nosso percurso histórico e social, apresentando um elevado potencial humano e contribuindo, ativamente, para a afirmação da nação cabo-verdiana do ponto de vista político, cultural, económico e de notoriedade internacional.

A diáspora cabo-verdiana é, assim, um dos nossos maiores ativos. Representa conhecimento, mercado, capital e rede. Representa perseverança, capacidade adaptativa, espírito empreendedor e competitivo. Estes são ingredientes imprescindíveis ao desenvolvimento. Temo-los na nossa diáspora!

A diáspora representa ao mesmo tempo desafios. Desafios de integração e de inclusão social nos países de acolhimento e desafios de participação no processo de desenvolvimento de Cabo Verde.

Nesse sentido, o Estado deve assumir as comunidades cabo-verdianas emigradas como uma das suas tarefas prioritárias no desenvolvimento das relações externas e um pilar na promoção económica do país e na atração de capacidades e investimentos.

Será instituída uma nova diplomacia dirigida às comunidades cabo-verdianas emigradas. Uma diplomacia que tenha em conta que a Diáspora pode contribuir para que Cabo Verde assegure o seu lugar no mundo, vencendo os desafios do estatuto de País de Desenvolvimento Médio, da integração sub-regional, da parceria especial com a União Europeia e da inserção de Cabo Verde na economia global. E uma diplomacia que dê corpo a políticas e ações mais proactivas relativamente aos interesses e problemas dos cidadãos cabo-verdianos residentes no estrangeiro e à sua integração nos países de acolhimento.

O MpD considera que se trata de assuntos de Estado que devem estar na dependência do Primeiro-Ministro e fazer parte do plano de cooperação com todos os países que acolhem a Diáspora cabo-verdiana, junto dos quais o Governo defenderá ativamente tais interesses e soluções com vista a promover e facilitar a sua inserção social, económica e política.

Não numa relação rentista, como tem sido tradicional, mas na criação de oportunidades e instrumentos para o investimento, para a atração do conhecimento, para a prestação de serviços especializados e para a exportação das nossas empresas.

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Aprovar o Estatuto do Investidor Emigrante Valorizar firmemente as comunidades cabo-verdianas residentes no estrangeiro em toda a sua extensão, representa um valor estratégico da maior importância para Cabo Verde.

Essa valorização deve ir para além das remessas dos emigrantes, que se vem reduzindo nos últimos anos em percentagem do PIB, mas que ainda assim representam cerca de 9% da riqueza nacional, 14 mil milhões de ECV, mais de 50% das importações com dispêndio cambial.

Reconhecer a importância da diáspora deve ter expressão concreta nas opções da governação. Em coerência e em diálogo com as diversas representações da Diáspora, o MpD assume o compromisso de, no primeiro ano da governação, aprovar um Estatuto de Investidor Emigrante.

Um estatuto com incentivos, com procedimentos e gerido por uma administração com atitude empreendedora e eficaz e de um balcão único de atendimento. Será mais incentivador fazer transferências das poupanças dos cabo-verdianos não residentes para Cabo Verde; haverá menos impostos sobre elas; haverá mais interesse na atração dos seus investimentos e menos impostos sobre os mesmos.

Haverá também melhores condições fiscais e burocráticas para o retorno daqueles que pretendem regressar à terra.

Melhorar o atendimento nas Embaixadas, nos Consulados e nos Serviços em Cabo Verde

Permanecem várias deficiências na prestação de serviços públicos, nomeadamente demoras excessivas dos serviços consulares na emissão de documentação, na emissão e renovação de passaportes e na obtenção da nacionalidade cabo-verdiana.

Este é um assunto que merecerá a maior atenção. O tempo é um bem precioso para todos e em especial para os emigrados que muitas vezes perdem dias de trabalho para contactar os serviços consulares, frequentemente em vão.

Não pode ser comandado de forma autoritária por pessoas insensíveis ao tempo dos outros. Sem perda de rigor e de segurança jurídica, é possível e necessário mudar o estado de coisas prevalecentes atualmente na nossa administração pública em geral e, também, nos nossos serviços consulares.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Em especial,

� Serão fixados prazos taxativos para que os cidadãos possam ser servidos, sob pena de deferimento tácito e responsabilidade disciplinar.

� A emissão de documentos, incluindo passaportes, será informatizada e descentralizada para o mais próximo possível dos interessados.

� Oon-line self-service será alargado ao máximo.

Aproveitar melhor as elites cabo-verdianas da Diáspora

O MpD entende que Cabo Verde tem de aproveitar melhor as elites cabo-verdianas da Diáspora pela sua alta qualificação profissional nas diversas áreas. Nenhum país se desenvolve sem uma elite qualificada, patriótica, livre, exigente e empreendedora. A Diáspora pode dar um grande contributo na afirmação dessa elite necessária. Para tal, será definido um quadro institucional incentivador da sua participação em prol do País e na edificação de uma verdadeira economia do conhecimento; e criará todas as condições para que os quadros cabo-verdianos de elite na diáspora façam parte dos quadros de elite do País e sejam institucionalizados mecanismos pelos quais sejam prestados por eles serviços técnicos especializados em áreas onde o País se debate com défices de recursos humanos altamente qualificados, sem necessidade do recurso a técnicos estrangeiros do mesmo nível.

A Diáspora, um elemento de preservação e valorização cultural

A dimensão cultural da Diáspora é uma vertente de particular prioridade. Da música à literatura, da pintura à dança, da gastronomia aos trajes tradicionais envoltos pela língua e pela identidade cabo-verdiana e moldados pela história, existe um ativo que se expressa através de primeiras, segundas e terceiras gerações de emigrados. A política de preservação e valorização cultural tem de passar necessariamente pela Diáspora através de conteúdos da comunicação social, do ensino, das tecnologias de informação e de telecomunicação, do apoio ao associativismo e de parcerias para a realização de eventos culturais nos países de acolhimento e em Cabo Verde. A problemática da deportação merecerá a nossa melhor atenção, quer no quadro de um programa de reintegração educacional, cultural, social e económica dos deportados.

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ECONOMIA

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NOVO MODELO DE CRESCIMENTO ECONÓMICOPROSPERIDADE PARA TODOS

O nosso Modelo Económico encerra uma economia geradora de empregos de qualidade, exportadora, diversificada, competitiva, valorizadora dos recursos endógenos e da posição geopolítica e geoestratégica de Cabo Verde. Uma economia centrada no conhecimento, na inovação, na exportação e internacionalização.

O programa económico do MpD perspetiva um Cabo Verde útil ao mundo, atento à sua condição de pequeno país insular, marcado por uma diáspora diversificada e presente em todos os continentes e uma localização no Atlântico geograficamente privilegiada entre a Europa, a África, América do Norte, a América Central e a América do Sul.

O resultado é uma especialização económica centrada na seguinte estratégia:� Promoção do conhecimento e da inovação, nomeadamente através

de contratos para a inovação empresarial.� Requalificação do Turismo como pilar central da economia cabo-

verdiana.� Responder aos desafios e às oportunidades da economia azul e da

economia verde, reafirmando a nossa soberania e valorizando a posição de Cabo Verde no Mundo, procurando tirar partido da sua centralidade no Atlântico.

� Transformação de Cabo Verde num centro de operações de logística comercial, de transformação de matérias-primas e de prestação de serviços no Atlântico, servindo de intermediação entre as economias emergentes e regionais e mercados, entre outros, a África Ocidental.

� Promoção de uma Produção Interna com base nas matrizes da nossa cultura, a Agricultura e Pescas e na Indústria Ligeira de Exportação.

� Desenvolvimento de uma estratégia deliberada do alargamento e consolidação da classe média.

� Combate efectivo à informalidade através de um plano de ação especifico para o comércio, serviços e restauração em parceria efectiva com os poderes local e regional.

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Toda esta estratégia será suportada numa economia do conhecimento, com competitividade fiscal, previsível, de baixo risco e geradora de rendimentos e de empregos de qualidade, de prosperidade para todos.Vamos entrar numa nova etapa onde os diferentes atores económicos devem convergir em objetivos concretos e na abertura das portas a novos perfis de empreendedores. Não será possível a criação de uma “nova economia” com as formas antigas de estar e de pensar.

Esta estratégia vai resultar numa duplicação de rendimentos e ao pleno emprego numa década.

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APOSTA NA INOVAÇÃO E NO CONHECIMENTO

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TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOCABO VERDE, CENTRO TECNOLÓGICO

REGIONAL DE REFERÊNCIA EM ÁFRICA

O nosso compromissoDesenvolver competências humanas de excelência e aproveitar o posicionamento geoestratégico de Cabo Verde, para promover um ambiente de negócios à volta das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) e Investigação & Desenvolvimento (I&D), de modo a transformar Cabo Verde num centro tecnológico regional de referência em África, atraindo e criando oportunidades de trabalho e centros de competências, através do seguinte:� Criação de parques científicos e tecnológicos.� Reforço dos direitos de propriedade intelectual, incentivando a

produção e o registo de patentes.� Promoção da parceria entre instituições do ensino superior,

empresas e Estado.� Aumento da participação do Sistema de I&D nas redes internacionais

de I&D, apoiando as empresas cabo-verdianas na apresentação de propostas competitivas de tecnologia avançada e tirando partido da sua elegibilidade a concursos dos grandes projetos e organizações científicas internacionais a que cabo Verde pertence.

� Estímulo à visibilidade internacional da cooperação das empresas com o sistema de I&D, através de iniciativas conjuntas de diplomacia económica e científica.

� Incentivo ao reforço do investimento empresarial em I&D, com aplicabilidade comercial, bem como, estímulo ao emprego de investigadores no tecido empresarial.

� Apoio às empresas na procura de soluções tecnológicas avançadas, por consulta às instituições de ensino superior e às unidades de investigação nacionais.

� Aposta na I&D para o desenvolvimento de uma Economia Verde e uma Economia Azul, estimulando abordagens pluridisciplinares de I&D&I e projetos inovadores de consórcios entre empresas e instituições de I&D.

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O Parque Científico e Tecnológico será o lugar por excelência de concentração de know-how e de outros recursos nacionais, num sector específico de atividade económica. Será criado um conjunto abrangente de parques científicos e tecnológicos em diversos pontos do território nacional que irão funcionar como os nós de uma rede de modernidade, de inovação, de fomento empresarial nacional, de atração do Investimento Direto Estrangeiro, de integração do mercado nacional e de globalização do mercado interno. Integrarão diversas instituições, tais como o Estado, o poder local e regional, as instituições do ensino superior, as associações empresariais e empresas nacionais e estrangeiras.

A nossa açãoNo caso, serão desenvolvidos dois Parques Científico e Tecnológico das TIC, abrangendo as TIC’s e as economias criativas com o estreito envolvimento das instituições do ensino superior, nacionais e internacionais, do Poder Local e Regional, das associações empresariais e das empresas, sendo um na e outro no Mindelo.Estes dois parques terão o seguinte perfil:� Missão principal criar um mercado das TIC’s em Cabo Verde, dinâmico

e com empresas detentoras de soluções e serviços capazes de competir à escala Internacional.

� Perspetiva regional para servir particularmente a CEDEAO e outras regiões do Continente Africano, através da exportação de serviços de alto valor acrescentado. O envolvimento das instituições do ensino superior, nacionais e internacionais visa a criação, no futuro de uma e-University on Higher Education de Cabo Verde.

� Afirmação como um dos principais pilares da economia do futuro e uma das âncoras do desenvolvimento sustentável do país através da capacidade de atrair empresas multinacionais e regionais com políticas cativas de incentivos, devendo a Data Center do NOSI integrar esta abordagem.

� Natureza de Zona Franca, fornecendo vantagens adicionais e condições vantajosas e tecnologicamente avançadas de utilização da rede de banda larga permitindo assegurar contrapartidas a nível de absorção de técnicos nacionais e parcerias com a academia.

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� Estímulo de Joint Ventures através de incentivos especiais ao IDE para o estabelecimento de parcerias com empresas privadas nacionais do sector.

� Componente formação de excelência, principalmente, para os jovens, o e-learning e o on the job training.

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOBANDA LARGA COMO BEM ESSENCIAL

Em Cabo Verde, cerca de 60% da população não tem acesso à Internet e 80% das famílias não possui um computador em casa. O País está na 93ª posição no Índice da Sociedade de Informação e gasta apenas 0.07% do PIB em inovação e regista apenas 51 investigadores por cada 1 milhão de habitantes.Continua ainda na posição 127ª no Índice de Governação Eletrónica de entre 193 países analisados.Este quadro tem de ser mudado com sentido de urgência.

O nosso compromisso� Transformar Cabo Verde em cyber islands. Ao fazer com que a

maior parte dos cidadãos tenham acessibilidade à Internet com qualidade, está-se a criar a sustentação para uma infinidade de potencialidades, contribuindo, significativamente, para o desenvolvimento económico e social do País.

� A banda larga será tratada como um bem essencial em tudo. Na governação, na comunicação, no comércio, no ensino e na inclusão. As taxas cobradas pela ANAC serão utilizadas para promover a inclusão digital e o desenvolvimento de ideias criativas de jovens no sector das TIC s.

� Promover as TIC s como capacidade para unir o território nacional e ligá-lo ao mundo e garantir um serviço público e privado de proximidade.

� Mudar o contexto nacional em termos de Tecnologias de Informação e Comunicação, caracterizada por uma baixa taxa de penetração de Internet, custos elevados de largura de banda, pouca qualidade e diversidade nos serviços de acesso à Internet, expressiva taxa de analfabetismo digital e deficit legislativo, sobretudo no que diz respeito à segurança e criminalidade informática.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

� Regime especial de tarifas aduaneiras para determinados tipos de terminais de acesso, nomeadamente, à rede móvel, de modo a estimular o acesso à internet do mass market.

� Renegociar o contrato de concessão com a Cabo-Verde Telecom (que termina em 2020) e redefinir o modelo de gestão das infra-estruturas de telecomunicações do Estado tem em conta os objectivos acima listados.

� Capacitar a regulação nas TIC ´s e no sector das telecomunicações.

Definir a Banda Larga como um bem essencial para Cabo Verde significa abrir portas para a massificação sem precedentes das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).O princípio “Serviço Público a qualquer hora, de qualquer lado e para todos” exige uma Administração Pública tecnologicamente avançada (intregrated Government e mobile Government) com serviços inovadores e de excelência para todos os cabo-verdianos no País e na Diáspora e para todos aqueles que necessitam da Marca Cabo Verde. Vamos, assim, posicionar a Administração Pública como elemento âncora para dinamizar a procura de banda larga e a produção de conteúdos nacionais, nomeadamente, promovendo a sofisticação da Governação Eletrónica e a e-Cidadania, garantindo o acesso, a fiabilidade e a segurança do fornecimento de serviços públicos digitais.As TIC’s assumindo papel transversal no desenvolvimento de qualquer Nação vão ser, para Cabo Verde, o suporte de transição para uma economia verde, entre outros, através de ferramentas como, software para análise, modelagem e simulação de impacto ambiental e gestão de riscos ambientais, plataformas para a gestão ambiental de comércio de emissões ou investimento ético, monitorização das emissões de gases de efeito estufa, de auditoria e relatórios de consumo e poupança de energia e sistemas de gestão ambiental, incluindo sistemas de informação geográfica e dados ambientais e ferramentas e de planeamento urbano.

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A nossa açãoSerá elaborada uma nova estratégia para o desenvolvimento das TIC’s com base numa nova visão nacional para a Banda Larga. Vamos adotar um Plano Nacional de Cybersegurança e será aprovada a Lei de Segurança Informática, tendo em conta a Convenção Africana sobre Cybersegurança, a Diretiva da CEDEAO sobre Cybersegurança e as melhores praticas internacionais.O acesso à Internet será massificado através de políticas como, a criação de Fundo de Acesso Universal à Internet, de uma IXP (Internet Exchange Point) e de um Observatório Nacional para a Sociedade da Informação, bem como, apoio ao desenvolvimento de empresas de base tecnológica e incentivos fiscais para o setor das TIC.Mais especificamente:� Melhoria da política de acesso à Internet com pacotes de serviços

mais diversificados e preços mais próximos do poder de compra das populações, como imperativo para a promoção de uma sociedade que se quer da informação e do conhecimento para todos.

� Facilitação do acesso à internet pela dinamização de redes de acesso público em parceria com os municípios e outras instituições públicas e privadas, nomeadamente, de Internet sem fios em espaços municipais como jardins, bibliotecas, centros de dia, espaços juvenis, entre outros.

� Adoção de políticas direcionadas para setores da população tipicamente vitimas de infoexclusão, nomeadamente, idosos, imigrantes, agregados em geral com baixos rendimentos: • Ações de formação em TIC.

• Braille PC para todas as instituições que cuidam da aprendizagem dos alunos com deficiência.

• Soluções para o acesso à internet de todos os alunos necessitados ou residentes em zonas de elevada pobreza.

� Criação de uma Fundação Científica Nacional para garantir uma maior aproximação dos serviços de governação Eletrónica aos Cidadãos e a promoção de Literacia Digital e de atividades de Teletrabalho.

� Alocação dos impostos cobrados sobre os dispositivos para financiar um Programa Nacional de Inovação para promover uma nova cultura de investigação e desenvolvimento e dar um impulso à criação de produtos e serviços novos e inovadores.

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� Promoção de um programa nacional de recolha, reciclagem e redistribuição de material informático, desenvolvendo uma rede de recolha e tratamento de material considerado obsoleto pela Administração Pública e empresas, mas que ainda poderá ser utilizado por agregados familiares, organizações não-governamentais para efeitos de acesso à internet ou postos de acesso público à internet.

� Criação de portal de software livre e Campus Virtuais, uma rede dedicada em todas as instituições de ensino superior e escolas públicas do país (Education Roaming), disponibilizando à comunidade académica um serviço de mobilidade e ferramentas que sirvam de apoio a aprendizagem, ao ensino, a investigação e a gestão das comunidades participantes.

� Construção de uma Plataforma Nacional de e-Learning e de disponibilização de serviços de e-Learning perpassando todo o sistema de ensino, com base nas melhores práticas internacionais.

� Promoção do e-Saúde para garantir a saúde em todos os pontos do País e partilhar a capacidade de prestação de serviços com o mundo, abrangendo desde redes de informação sobre saúde, registos digitais de saúde, serviços de telemedicina, portais de saúde, bem como, os dispositivos pessoais que monitorizam os doentes e todos aqueles dispositivos que se enquadram no apoio à prevenção, ao processo de diagnóstico, tratamentos e monitorizações.

� Aprovação de legislação sobre criminalidade informática e criação de condições para a investigação da criminalidade informática no seio da Polícia Judiciária.

� Adequada cobertura territorial de postos e estações de correio, no âmbito do serviço universal de comunicações postais e de espaços de comercialização eletrónica no âmbito da inclusão digital.

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CULTURA DA INOVAÇÂOSOCIEDADE EM REDE, ECONOMIA DO CONHECIMENTO

Cabo Verde deve acompanhar e colocar ao serviço da sua economia a dinâmica do desenvolvimento científico e tecnológico do Mundo. Acompanhar significa participar, estar informado, absorver e saber fazer uso, designadamente, pela via da inovação, sendo fundamental que o país se organize para o efeito, através da promoção de centros e redes de referência da produção, do desenvolvimento e da difusão do saber, que incluam, designadamente, as instituições do ensino superior, os institutos de investigação científica e os departamentos de R&D das empresas.

O nosso compromisso� Promover a Transição Energética.� Introduzir a cultura de democratização do acesso ao conhecimento.� Reforçar o investimento na inovação e na ciência de modo sistémico

– IDI(Investimento, Desenvolvimento e Inovação).� Promover a internacionalização.

A regeneração da economia nacional e a retoma de uma trajetória de crescimento duradouro depende fortemente da capacidade do País explorar o seu potencial de inovação, mobilizando não apenas os agentes económicos, mas também os centros de produção do conhecimento e todos os setores que possam contribuir para potenciar sinergias. Esta estratégia revela-se decisiva para aumentar a produtividade global da economia, incrementar o peso dos setores emergentes e fomentar a criação de empresas com capacidade de internacionalização, com impacto positivo no emprego e na balança comercial. Só assim, através de um modelo de desenvolvimento económico voltado para o exterior e assente na qualidade e diferenciação da oferta e não em baixos salários, será possível melhorar as condições de vida dos cabo-verdianos.

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A nossa açãoA nossa ação será desenvolvida com suporte nos seguintes eixos estratégicos:� Desenvolvimento tecnológico e dinâmica de inovação assentes

numa relação sistémica, equilibrada e umbilical entre as empresas, o Estado e os centros e redes de investigação e difusão do saber.

� Estímulo a uma elevada cultura de inovação como modo de ser.� Transversalidade da inovação, incluindo os mais diferentes

domínios da vida e da economia, da administração pública à saúde, da educação à comunicação, do comércio à agricultura, da indústria aos serviços, do turismo às indústrias criativas.

Transformar Cabo Verde numa economia do conhecimento é um objetivo decisivo para o futuro do país, a médio e a longo prazo. Nesse sentido, serão desenvolvidos:� A massificação do ensino técnico, médio e superior, de qualidade, ao

lado de uma educação flexível que facilmente permita aos formados ajustar-se às qualificações exigidas pelo mercado laboral e às empresas terem a possibilidade de recrutamento de profissionais de adaptação fácil aos diferentes contextos laborais.

� A promoção de elites cabo-verdianas do saber, sendo um dos veículos para tal, a criação de uma entidade autónoma, os parques tecnológicos, orientada para a formação de quadros de elite, no país e no estrangeiro e obedecendo a critérios essencialmente de cariz científica e aos propósitos de afirmação de Cabo Verde como economia do conhecimento no mundo. Estas instituições serão integradas pelas instituições do ensino superior, centros de investigação científica, nacionais e internacionais e o setor privado e serão dotadas dos meios necessários, designadamente financeiros, para a sua participação em redes globais do conhecimento e acesso dos investigadores cabo-verdianos às redes internacionais de excelência.

� A clarificação do estatuto do investigador, visando desenvolver forte motivação e atrair elevado interesse das competências cabo-verdianas e estrangeiras, residentes ou não.

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� A criação de condições para que os quadros cabo-verdianos de elite na diáspora façam parte dos quadros de elite do País, diretamente ou através das instituições do ensino superior, centros de pesquisa e empresas em que encontrem integrados.

� Estímulos às unidades empresariais para o desenvolvimento de uma forte cultura de inovação e sentido de missão relativamente aos desígnios e futuro do país, na base da integração das opções estratégicas do país com os centros de desenvolvimento do conhecimento e da inovação e os objetivos das empresas.

Promover a Transição EnergéticaNo que diz respeito à energia, devemos ambicionar estar no pelotão da frente, liderando o processo de transição em curso, nomeadamente na África Ocidental.Uma transição dos combustíveis fósseis para novas formas de produção e de consumo de energia na preparação de um futuro sem emissões de carbono. Vamos aproveitar o potencial endógeno das fontes renováveis de energia, adotar exigentes padrões de eficiência energética, promover uma mobilidade sustentável e apostar, desde já, nas tecnologias limpas para estarmos em melhores condições de competição no mercado global do futuro.

Introduzir a cultura de democratização do acesso ao conhecimento

O Estado deve propiciar e garantir as condições para que a criatividade possa acontecer, investindo numa sociedade com qualificações elevadas onde fermenta a criatividade e atividades inovadoras com padrões exigentes de qualidade. O futuro de Cabo Verde constrói-se com mais conhecimento e mais cultura científica. Uma maior democratização no acesso ao conhecimento significa mais igualdade de oportunidades, mais mobilidade social e um novo estímulo para inovar e empreender em Cabo Verde.É, por isso, fundamental aproveitar o capital humano em que o Pais já investiu e o património de conhecimento científico construído ao longo das últimas décadas.

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Neste sentido, o MpD retomara a valorização do conhecimento científico e tecnológico, investindo nas instituições científicas e do ensino superior, recuperando os cientistas e investigadores no País e na Diáspora para a produção de conhecimento.

Promover start-ups baseadas em conhecimento intensivo e elevada intensidade tecnológica

Em Cabo Verde, considerando a situação do parque empresarial, a reanimação das empresas, bem como a criação de novas empresas é um imperativo nacional para o crescimento e emprego. O foco nas empresas start-up baseadas em conhecimento intensivo e elevada intensidade tecnológica é uma das prioridades nacionais.O problema chave, o seu financiamento, já foi considerado no quadro do Bando PME. Será promovida uma mobilização de agentes de promoção internacional visando:� O aumento da notoriedade e exposição internacional das start-ups

com potencial demonstrado de rápido crescimento internacional.� O acesso a recursos/talentos/ decisores críticos ao crescimento

das start-up.� A criação de redes de influência que permitam a concretização das

oportunidades. � O acesso a capital internacional e o incentivo ao investimento em

novas empresas por investidores/Business Angels.Outras ações complementares serão essenciais, como:� Facilitar o desenvolvimento de uma base de incentivos para uma

maior interação entre o meio universitário e empresarial.� Adotar um regime Fast Track para empresas de elevado crescimento,

em que qualquer empresa com elevado crescimento (mais de 20% ao ano durante 3 anos seguidos) tem acesso a um regime de avaliação especial “fast track” em todos os programas e iniciativas de apoio empresarial, com tempos de resposta acelerados e critérios de majoração nos regimes de apoio.

� Aprovar um regime especial de vistos, residência e de incentivos fiscais para start-ups internacionais, intensivas em conhecimento avançado, que se instalem em CV.

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Promover a inovação no AmbienteApostaremos na eco-inovação, estabelecendo um programa específico de dinamização da investigação, desenvolvimento e inovação em tecnologias limpas e de baixo carbono, com forte impacto na sustentabilidade, na eficiência no uso dos recursos, no desenvolvimento de novos produtos e de novos processos e na criação de emprego. Nas compras públicas será adotado um Programa de Compras ecológicas e serão assegurados critérios de sustentabilidade nos contratos públicos de aquisição de bens e serviços.Na sequência da importância tida para a participação do País nas redes mundiais e regionais de investigação no domínio do ambiente, particularmente das que se ocupam do fenómeno das mudanças climáticas e estudam os seus efeitos, Cabo Verde vai candidatar-se a albergar um laboratório mundial de investigação na área das energias renováveis e limpas, em particular das energias eólica, solar, geotérmica e da OTEC.

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RECENTRAGEM DA ECONOMIA

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TURISMOO PILAR CENTRAL DA ECONOMIA CABO-VERDIANA

O Turismo é eleito como um dos pilares centrais da economia cabo-verdiana, uma peça chave para o relançamento do investimento privado, do emprego e do crescimento económico. A política para o Turismo será recentrada numa nova dimensão e qualidade que ultrapasse o conceito setorial e atinja a multe especialização da economia cabo-verdiana.

O nosso compromisso

� Atingir 1 milhão de turistas estrangeiros por ano até 2021.� Crescer em receitas por turista acima da média dos nossos

principais concorrentes.� Chegar a 2021 no top 30 dos países mais competitivos do mundo

em matéria de turismo (somos hoje o 86º) e top 5 em África. � Alinhar a fiscalidade no turismo com os nossos principais correntes

e criar um ambiente de negócios de excelência.� Promover as externalidades positivas do turismo através da

constelação turismo, agricultura, pescas, cultura e desporto.� Adotar uma estratégia de extensão turística, agregando valor

ao Sol e Praia através de novos segmentos como Turismo de Montanha/Ecológico, Cruzeiro e de Eventos/Negócios.

� Eliminar as principais fraquezas do turismo cabo-verdiano em sede de segurança, requalificação urbana, saneamento, promoção internacional do destino, capacitação dos recursos humanos e unificação do mercado interno.

� Atingir novos mercados, nomeadamente o mercado russo.A nossa visão de modelo de economia está centrada no Turismo, mas numa constelação multe-especializada, erigindo o turismo como sector chave para o desenvolvimento de muitos outros sectores onde o empreendedorismo nacional muito pode crescer. Associar ao crescimento do turismo o crescimento do setor agrícola e das pescas para fazer face ao aumento da procura interna e promover o consumo da cultura nacional associado ao crescimento do turismo induz à criação de milhares de novos postos de trabalho.

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O novo modelo de turismo vai ampliar e muito as exportações de bens e serviços, o que significa potenciar os setores transacionáveis ao mesmo tempo que, pelas externalidades positivas, vai criar escala, dois dos grandes objetivos da sustentabilidade da economia cabo-verdiana.Para sustentar o modelo, outras medidas estratégicas serão igualmente importantes como a liberalização dos céus de Cabo Verde, baixando os custos de transporte aéreo ou a criação de incentivos fiscais para os investidores e operadores que promovam o emprego dos cabo-verdianos e o consumo de produtos locais. Nestes termos, tudo será feito para a transformação do setor do turismo no motor da economia nacional, criando as condições para o seu desenvolvimento harmonioso e sustentado e garantindo que todas as ilhas tirarão partido do seu desenvolvimento e que os outros setores da atividade económica utilizarão, de forma plena, o turismo como um segmento dinâmico da procura dos seus bens e serviços. Serão medidas estruturantes:� O reforço da capacidade competitiva do sector, entre outros, com

uma reforma fiscal para o setor e o estabelecimento de zonas de comércio franco nos empreendimentos ou áreas de concentração da atividade turística.

� A formulação de um novo sistema de classificação oficial para hotéis, adotando uma norma de rotulagem ecológica para o turismo, promovendo o high end eco turismo.

� A diversificação da oferta, adicionando ao Sol e Praia, Imobiliária Turística e de Lazer, outros como Produtos Turísticos de Charme, Ecoturismo, Património Histórico, Turismo de Negócio, Eventos, Congressos e Cruzeiro.

� A Certificação da Qualidade dos serviços e produtos.� A abordagem do sector do turismo como uma constelação que

abrange a agricultura, a cultura, a saúde, os transportes, os serviços financeiros, o entretenimento, as pescas, o desporto, entre outros.

� A colocação do turismo como principal fator da sustentabilidade económica das infraestruturas (estradas, energia, transporte, telecomunicações, água e saneamento, urbanismo).

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A nossa açãoA nossa ação terá como lema os compromissos assumidos e, em termos micro, dará atenção à especificidade, diferenciação e importância de cada produto turístico, tendo como critério fundamental a sua capacidade de atração do investimento, a resposta aos mercados emissores, contribuição em termos de valor acrescentado e qualificação do destino Cabo Verde no quadro da centralidade de Cabo Verde no Atlântico.

Atingir os objetivos estratégicosPara fazer da centralidade de Cabo Verde uma vantagem competitiva nos mercados globais, propomos atingir os seguintes objetivos:� Valorizar a vocação e o potencial turístico cabo-verdiano, através da

melhoria qualitativa e diversificação da oferta turística.� Transformar o turismo na alavanca do crescimento económico de Cabo

Verde e num dos principais suportes da sustentabilidade económica dos programas de infraestruturação, urbanização, saneamento e saúde pública, formação técnica e profissional e de inclusão social.

� Alterar o modelo institucional de promoção de Cabo Verde nos mercados internacionais, de modo a reforçar, em articulação com as empresas e associações empresariais do setor, a promoção do destino e marca Cabo Verde junto dos principais mercados emissores (incluindo o mercado interno), visando incrementar, de uma forma sistemática, o crescimento do fluxo de turistas a nível internacional e doméstico. A promoção de Cabo Verde nos mercados internacionais e para a captação do Investimentos será erigida como prioridade máxima. Avaliaremos a contratação de um Adviser Partner. O modelo de governo da entidade encarregue da promoção de Cabo Verde nos mercados internacionais e da promoção dos investimentos será aberto aos privados num quadro de contratualização e de parceria público privado.

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� Reforçar a regulação do setor, tendo como base: • A relação de integração vertical, horizontal, intersectorial e

interdisciplinar do turismo impõem a definição de políticas públicas de incentivo e regulação da atividade turística no seu todo.

• A dispersão territorial de Cabo Verde, com ilhas de vocação turística diferenciada e níveis de desenvolvimento discrepantes, sugerem uma estrutura capaz de gerir o setor do turismo de uma forma abrangente e integrada, articulada com o Poder Local e Regional e os agentes económicos e que promova a descentralização integrada a nível das ilhas e dos municípios.

� Qualificar as políticas e o planeamento estratégico, nomeadamente: • A aliança do Estado com a iniciativa empresarial.

• O estímulo das parcerias público-privadas.

• A regulamentação (segurança turística, política de solos para desenvolvimento do turismo, classificação de instâncias turísticas, impacto ambiental no turismo), da proposição, execução e avaliação de planos, programas e projetos e da articulação do Governo com o Poder Local e Regional.

Aumentar o peso do turismo na criação da riqueza nacional

Temos todas as condições para duplicar o peso do turismo no PIB, criando uma economia baseada no turismo. O turismo é um fator gerador de escala e de oportunidades. As políticas públicas visarão o cabal aproveitamento das oportunidades que o turismo encerra, nomeadamente para os transportes, a economia marítima, a agricultura, pescas, a cultura, a exportação dos serviços de saúde, as tecnologias, entre outras.Garantir mais visitantes de mais países, mais gastos por turista e mais destinos e produtos de turismo será concretizadoatuandona atratividade e a acessibilidade e promover a visibilidade de Cabo Verde, minimizando a distância entre si e o resto do mundo e maximizando a facilidade de trânsito em todas as ilhas.

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Vão ser adotadas medidas no sentido do desenvolvimento das pescas, do artesanato, do entretenimento, dos transportes, da agricultura, da restauração e dos serviços financeiros, enquanto fornecedores qualificados e densificadores do sector do turismo, seja no que diz respeito à desburocratização e à redução de custos de contexto, seja no que toca às orientações de promoção do destino Cabo Verde.

Unir esforços com o setor privado na valorização e promoção do Turismo

Cabo Verde vai ter um novo Plano Estratégico Nacional para o Turismo que garanta a concretização dos objetivos propostos. Será um documento enquadrador das políticas públicas para o sector organizado em torno do foco no turista individual, na liberdade de atuação do sector privado, na abertura do sector aos desafios do futuro e no conhecimento sobre a atividade.A legislação relevante será flexibilizada de forma a permitir o desenvolvimento, pelos agentes privados, de produtos turísticos diversificados e que respondam eficazmente à procura turística.O sector privado e a associação representativa da classe serão os parceiros por excelência, sendo com eles analisada toda a cadeia de valor do turismo, para identificar custos de contexto, a montante e a jusante, da atividade turística, que estejam a limitar a competitividade do sector. Na negociação das convenções de estabelecimento com os promotores turísticos, estará presente a sensibilização para a aquisição de bens e serviços locais, mediante garantias do Estado na criação de condições para o efeito.Uma atenção especial será dedicada aos fatores que influenciam os rankings sectoriais de competitividade internacional, para reforçar a atratividade de Cabo Verde como destino de investimento turístico e será adotado o melhor perfil institucional para facilitar o diálogo entre o sector privado e a administração central, possibilitando uma articulação eficaz entre os diferentes organismos com influência na atividade turística.

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Um elemento fundamental das medidas de política está na promoção do Destino e da marca Cabo Verde, propondo-se:� Associar estreitamente o sector privado à definição, execução e

avaliação da componente política de promoção do Destino e Marca Cabo Verde.

� Adotar um Plano de Promoção do Destino e Marca Cabo Verde, onde o financiamento e o marketing serão elementos de destaque.

� Aprofundar a vertente de apoio à comercialização à política de promoção, de modo a que a promoção do destino possa servir também para apoiar e complementar o esforço comercial do sector privado, através da atuação junto de operadores turísticos, de canais de distribuição dos mercados externos, de workshops, fam trips, etc.

� Aprofundar a articulação da promoção de produtos turísticos com a de outros produtos Cabo-verdianos distintivos, autênticos e com relevância e prestígio internacional como sejam o vinho, o grogue, as manifestações culturais, a música, o vulcão, a cidade velha património da humanidade, etc.

� Tudo conjugado com a política de reforço da acessibilidade aérea, não só para angariar novas rotas e operações, mas também para reter e maximizar ocupações das ligações atuais e/ ou reforçar frequências em rotas atuais.

Qualificar os recursos humanos, melhorar a empregabilidade

A qualidade dos recursos humanos é um elemento essencial no comércio dos serviços turísticos. Propomos nesta área: � Criar uma rede de Escolas de Hotelaria e Turismo (EHT), centrando

a sua ação numa capacitação e inserção profissional de qualidade, preparando os profissionais do turismo para atrair, receber e fidelizar turistas.

� Ligar o financiamento público das EHT à publicitação de indicadores, quantitativos e qualitativos, sobre a oferta formativa de cada uma das escolas e sobre os resultados dessa formação, sobretudo no que à inserção profissional diz respeito, para que os alunos possam escolher de forma informada a escola que frequentam.

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� Descentralizar a gestão da EHT utilizando o e-learning e o b-learning adaptados à relevância para os destinos regionais e locais em causa, conjugando a oferta formativa com as suas necessidades desses destinos, tudo em sintonia com Entidades Regionais de Turismo, Câmaras Municipais ou outros agentes regionais e locais.

� Promover a internacionalização das EHT não apenas em direção aos PALOP mas também em relação à CEDEAO, com base em protocolos de cooperação com países terceiros interessados em desenvolver e qualificar o seu sector do turismo, exigindo novos requisitos de planos de estudo, de instalações e de corpo docente.

� Articular a rede de EHT com as de outras entidades públicas que oferecem formação profissional ou avançada (ex. IEFP, Universidades), para evitar a duplicação de funções e da oferta formativa pública na área do Turismo.

� Envolver o sector privado na definição e preparação da oferta formativa das escolas, de modo a adequá-la às reais necessidades do sector.

Promover um turismo da era digital e da inovaçãoSerá implementado um Sistema de Business Intelligenceno Turismo liderado pelo centro de competências do Estado em matéria de sistemas de informação (NOSI).O objetivo é permitir, entre outros, ao sector aceder à informação completa e relevante, não só sobre a atividade turística em termos genéricos, mas também sobre métricas que ajudem à seleção de investimentos, à avaliação da eficácia da promoção turística, ao empreendedorismo e benchmark internacionais. O sistema será desenvolvido em parceria com o ensino superior e as empresas para fomentar a investigação e a inovação aplicadas ao sector.

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Colocar os serviços de transportes ao serviço do Turismo

No domínio dos serviços de transportes a nossa ação irá no sentido de:� Compatibilizar o sistema tarifário das viagens aéreas entre o país e

os centros emissores na Europa e outros no exterior com o que se pratica internacionalmente.

� Aproveitar a centralidade do país e fazer dessa vantagem comparativa uma vantagem competitiva, incentivando viagens aéreas «Low-Cost».

� Promover a continuidade do espaço físico nacional com medidas tendentes a melhorar e a desonerar a circulação pelo território e a tornar mais atrativo o turismo interno.

� Organizar a prestação de serviço para que o transporte marítimo doméstico ofereça um serviço consentâneo com ganhos de competitividade.

� Organizar as interfaces em aeroportos, portos, estradas e de uma maneira geral em todos os roteiros turísticos, facilidades devidamente apetrechadas em pontos estratégicos para estimular o consumo do turista e reverter para as economias locais e nacional e para o cidadão as vantagens do turismo.

� Em articulação com o setor privado,adotar uma política que vise a mitigação da sazonalidade do fluxo turístico, adaptando as infraestruturas a outros segmentos de turismo.

� Assinar acordos bilaterais com os principais mercados emissores para a liberalização dos vistos.

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A ECONOMIA DO OCEANOTIRAR PARTIDO DA

NOSSA CENTRALIDADE NO ATLÂNTICO

Os espaços marítimos sob soberania ou jurisdição nacional – o Mar Territorial, a Zona Económica Exclusiva (ZEE) de 200 milhas e a plataforma continental, constituem, ao lado do Turismo, um dos principais ativos para o futuro desenvolvimento do País. A extensão da plataforma continental converterá o território cabo-verdiano em cerca de 1.200.000 km2. Os recursos que estes espaços encerram biológicos, genéticos, minerais, energéticos, entre outros, abrem perspetivas de exploração que podem transformar o futuro de Cabo Verde.

O nosso compromisso� Fazer de Cabo Verde, nos próximos dez anos, uma nação que valoriza

o oceano. � Tornar o oceano num dos mais importantes contribuintes para a

criação de riqueza do País.

A nossa plataforma continental estende-se a mais de um milhão de quilómetros quadrados. Uma área enorme sobre a qual se pode exercer vários direitos económicos. O oceano muda completamente o nosso conceito de território. Temos de encarar de frente este enquadramento, pois o oceano transforma o sentido da nossa própria geografia e restrições.Temos de edificar uma economia do oceano, buscando sempre ultrapassar os limites das nossas fronteiras espaciais, desenvolvendo o conhecimento científico e as oportunidades de negócio. O exercício dos nossos direitos sobre as águas e subsolo da ZEE Continental significa que iremos, como uma nação, ter acesso a potencial vasto de recursos naturais e minerais em anos vindouros.O potencial da economia do mar é enorme para o crescimento de nosso PIB, criando empregos de alta produtividade e melhorando a vida das nossas populações. O potencial económico dos Oceanos abrange a exploração dos vivos e não vivos e de recursos em nossas águas, no fundo do mar e no subsolo.

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Tornar o oceano num dos mais importantes contribuintes para a riqueza do País é um caminho incontornável para uma maior prosperidade para todos. A aposta no mar e no oceano será uma aposta no futuro de Cabo Verde.Olhando para as implicações das alterações climáticas que se manifestam em particular na elevação do nível médio das águas do mar e no aumento do número e intensidade das tempestades e de outros riscos climáticos, há que tomar medidas que atenuem os impactos negativos sobre as nossas zonas costeiras.O MpD quer responder aos desafios e às oportunidades da economia azul e da economia verde, reafirmando a nossa soberania e valorizando a posição de Cabo Verde no Mundo, procurando tirar partido da sua centralidade no Atlântico.

A nossa açãoA concretização deste desígnio deve assentar numa estratégia de médio e longo prazos, dirigida à prospeção e exploração dos novos espaços e recursos, sustentada no conhecimento científico e no desenvolvimento tecnológico e visando dar corpo a um tecido empresarial privado de base tecnológica que tenha como centro da sua atividade o mar.A nossa ação será dirigida para o seguinte: � Consolidação das atividades marítimas tradicionais (pesca,

transformação do pescado, aquicultura, indústria naval, turismo, náutica de recreio) e valorização da posição estratégica de Cabo Verde no Atlântico Médio, reforçando e modernizando os portos nacionais e ligando-os à rede transeuropeia e africana de transportes num quadro de intensificação dos transportes marítimos.

� Qualificação dos recursos humanos.� Procura de novas áreas de excelência e de criação de oportunidades

de negócio que levem a geração de emprego de qualidade, ao aumento das exportações e a reconversão de Ilhas em declínio como São Vicente em indústrias marítimas emergentes.

� Aposta, de forma decidida, na conservação e proteção do meio marinho como motores do desenvolvimento económico.

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� Uso sustentável dos recursos do mar com o reforço da posição geoestratégica nacional, captando mais riqueza neste processo de valorização, nomeadamente: • Estabelecendo uma presença ativa no nosso mar ao nível das

atividades económicas, fiscalização e segurança.

• Promovendo um melhor ordenamento do mar.

• Criando uma linha de financiamento para as atividades ligadas ao mar através da SNCI e promovendo a competitividade do sector através de politicas de taxas moderadas.

• Promovendo a investigação cientifica, dando total autonomia à escola do mar dentro do sistema da Universidade de Cabo Verde e a criação de um parque tecnológico, apostando no desenvolvimento tecnológico e na investigação aplicada e na criação de um conjunto de empresas prestadoras de serviço.

• Aproveitando os recursos genéticos marinhos para as indústrias farmacêuticas, agroalimentar e cosmética.

• Protegendo o capital natural e valorizando os serviços dos ecossistemas marinhos.

• Garantindo a burocracia zero, facilitando o exercício das atividades económicas, criando janelas únicas, fatura única e guichet único para licenciamentos.

• Modernizando as infraestruturas portuárias e as ligações aos hinterlandas, promovendo o transporte marítimo, valorizando a pesca e as atividades ligadas á pesca.

• Apostando na aquacultura (On e offshore), tanto para o consumo interno como para a exportação.

• Valorizando, defendendo e potenciando o litoral.

• Explorando a articulação mar / ar, garantindo uma adequada articulação mar/ar, afirmando a centralidade de Cabo Verde no atlântico e garantindo a competitividade dos sistemas de transportes aéreos e marítimos.

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CABO VERDE, UM CENTRO DE OPERAÇÕES EM ÁFRICAA VALORIZAÇÂO DA POSIÇÂO

GEOESTRATEGICA E GEOPOLITICA

A economia do oceano vai estender-se a outras áreas estratégicas, através de valências geográficas e políticas.

O nosso compromisso� Cabo Verde útil no Atlântico Médio, um centro de operações em

África.� Concertação estratégica com um conjunto de parceiros africanos

e de outros continentes, nos domínios político, de negócios e da segurança.

� A promoção de Cabo Verde nos mercados internacionais e para a captação do Investimentos será erigida como prioridade máxima.

Cabo Verde está inserido, geograficamente, numa zona de intensa confluência marítima e aérea, o terço médio do atlântico, com elevado peso estratégico devido à circulação de navios, aeronaves, pessoas e a sua privilegiada relação com a costa africana, distante cerca de quinhentos quilómetros e com os continentes europeu, asiático e americano. Cabo Verde é um (aero) porto e um porto é uma porta aberta ao mundo! Saibamos abrir as portas.Cabo Verde tem a especificidade, valorizável no contexto regional africano e do mundo, de ser africano e gozar do estatuto de parceiro especial da União Europeia, ser um país democrático, com estabilidade política e social, homogeneidade e forte identidade nacional e cultural, professando valores de matriz marcadamente ocidentais.Estas características conferem um conjunto de vantagens que podem transformar o País num parceiro incontornável para a diplomacia, segurança e negócios, num contexto regional específico, o da costa ocidental africana.Estas vantagens representam um dos maiores e mais importantesativos de Cabo Verde nunca valorizados!

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O País tem que aproveitar essas potencialidades para elaborar uma estratégia de utilidade funcional, partilhada com um conjunto de parceiros internacionais e regionais, nos domínios diplomático, de segurança e de negócios que, a prazo previsível, o transforme num excelente centro de operações em África. Centro de transbordo marítimo, centro logístico, centro de tecnologia e de telecomunicações, plataformas de distribuição de tráfico aéreo e marítimo, centro de domiciliação de empresas nos domínios da indústria ligeira, da indústria química e da refinação de petróleo, centro de domiciliação de quadros altamente qualificados, centro de serviços financeiros, centro turístico, centro de serviço de saúde, centro de atividades económicas ligadas ao mar e ao oceano e centro de serviços, nomeadamente do turismo e do comércio.Este é o caminho para uma futura diversificação da economia, tornando-a mais sustentável através da dimensão africana de Cabo Verde.Este caminho tem de ancorar-se, também, na História do País, recuperando os valores mais genuínos da cabo-verdianidade que é o seu engenho, a sua capacidade e a sua determinação para tirar partido das oportunidades que vão surgindo, criando unidades empresariais criadoras de riqueza, de emprego e de bem-estar para os cidadãos.A (não) alternativa é continuar com a reciclagem, sem sucesso, da ajuda pública ao desenvolvimento, num contexto de menor generosidade da comunidade internacional e de maior exigência a nível dos mercados.Os resultados dessa visãominimalista, defensiva e de profunda desconfiança em relação à iniciativa privada e à autonomia dos cidadãos, são sentidos na pele pelos cabo-verdianos, via estagnação económica, desemprego, pobreza e perda de oportunidades e de importância de Cabo Verde no plano internacional.

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A nossa ação

Nesta perspetiva, a pertença de Cabo Verde à CEDEAO e o alargamento das suas relações com o continente africano assumem importância decisiva e estratégica, devendo ser salvaguardados, a todo o momento, a sua especificidade enquanto pequeno país insular, a sua descontinuidade geográfica face ao continente e o seu papel na promoção da segurança em todo o Atlântico Médio, tendo em atenção o contexto económico mundial hoje mais complexo e as ameaças do terrorismo, do crime organizado e a existência dos chamados Estados falhados.Esse alargamento tem de ser ainda balizado, tendo em atenção a nossa parceria com a União Europeia e os acordos assumidos a nível da Organização Mundial de Comércio.

Do mesmo modo que a relação privilegiada com a União Europeia, os Estados Unidos da América, a China e com os países de língua oficial portuguesa ganham uma nova dimensão com o aprofundamento da integração de Cabo Verde em África.Uma excelente política africana é, pois, um pilar determinante da valorização do papel de Cabo Verde no mundo. As relações externas de Cabo Verde têm de incorporar, de forma inequívoca, a valência africana pois, os países valem no mundo global, também por aquilo que valerem nas suas respetivas regiões, especialmente os pequenos como Cabo Verde.A afirmação do território cabo-verdiano como um excelente centro de operações regional, nomeadamente nos domínios financeiros, das tecnologias, da energia, da logística, dos transportes e dos serviços, obriga Cabo Verde a sair do isolamento regional e virar-se para o continente africano, abrindo-se aos fluxos económicos internacionais e criando as condições de atratividade para o estabelecimento de atividades económicas portadoras, necessariamente, de uma dimensão global e regional para serem viáveis e perenes. Nesta empreitada, Cabo Verde tem de competir e cooperar particularmente e ao mesmo tempo com países europeus e africanos, sendo visíveis os planos estratégicos das Ilhas Canárias e do Senegal para ocupar esse espaço económico.

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Neste importante quesito para o futuro da nação, o Governo do PAICV deixa para a nova geração de Cabo-verdianos, à guisa de balanço, uma fatura global de oportunidades perdidas, destacando-se a não preparação do País para fazer face às novas ameaças de redução de crescimento mundial e ao aproveitamento de novas oportunidades que resultam da relação de Cabo Verde com o mundo e com o seu espaço regional africano. Basta nos atermos aos resultados obtidos na candidatura de Cabo Verde à presidência do BAD ao peso zero das trocas comerciais entre Cabo Verde e o Continente africano.A história e a geografia prepararam Cabo Verde para ser diferente do que é hoje. A liderança política e governativa em funções é que falhou.O continente africano representa uma enorme oportunidade para Cabo Verde, a nível da poupança e do financiamento, mercado e negócios e Cabo Verde tem de se preparar para os aproveitar através de um ambiente de negócios de excelência, de mão-de-obra altamente qualificada e de uma diplomacia altamente competente.Cabo Verde tem de mudar de rumo e apoiar-se numa nova diplomacia - de utilidade e ativa - para fazer do país uma região de excelência na África Ocidental, amplificando a sua utilidade no e para o mundo, transformando-se num centro de investimentos e de operações em África.Cabo Verde deve, por isso, procurar reforçar a cooperação no domínio económico e político com todas as regiões do mundo com potencial de valorização da sua geoestratégica, com realce para a CEDEAO, os países emergentes e os com vocação de potências regionais em África. Cabo Verde tem de estruturar e construir um centro de competências e preparar os recursos humanos e institucionais para o pleno aproveitamento das oportunidades em África, atuais e emergentes. Criando uma plataforma de distribuição de tráfego aéreo e marítimo no Atlântico Médio e transformando-se numa zona franca e de prestação de serviços internacionais, que rivalize com outras plataformas e zonas francas no Mundo, conferindo a Cabo Verde uma centralidade plena no atlântico e no mundo, com vantagens económicas e sociais evidentes a nível de empregos qualificados e bem renumerados.Viabilizando um conjunto de indústrias ligeiras, a distribuição de combustíveis via Bunkering seguida de Refinação de Petróleo e prestação de serviços de manutenção de aeronaves e de reparação naval.Esta valorização passa, ainda, pela transformação de Cabo Verde numa base para a realização de eventos internacionais e de prestação de serviços securitários. O Instituto Diplomático enquanto Instituto de Pesquisa priorizará, entre outras, as Questões Africanas.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

AGRICULTURADA SUBSISTÊNCIA PARA A EMPRESARIALIZAÇÃO

A agricultura tem hoje potencialidades que lhe são fornecidas pelo sector do turismo em expansão e conta com um mercado que pode chegar rapidamente a 1,5 milhões de consumidores, dos quais cerca de 1 milhão com elevado poder de compra. Cabo Verde tem disponibilidade de água para irrigar entre 10.000 e 12.000 hectares de terras de forma permanente e potencialidades de 170 milhões a 180 milhões de m3 de águas de superfície por mobilizar. O país pode ser autossuficiente em legumes, tubérculos, frutas tropicais e produtos de pecuária industrial como carnes e ovos. Pode exportar aguardente, frutos, doces, água engarrafada, plantas ornamentais, flores e animais de raça.Tem condições para produzir e exportar sementes de alta qualidade e constituir bancos de germoplasma para algumas variedades de produtos agrícolas comercializados em larga escala no mundo, como são os casos do café e da banana.A Agricultura cabo-verdiana vai mudar de vocação, vai evoluir de uma agricultura familiar para uma agricultura competitiva, através da resolução dos problemas ligados ao acesso aos mercados e ao crédito, aos fatores de produção, à qualidade da extensão rural e à organização da cadeia de valor interna.O sector primário e toda a fileira de cadeia de valor e a indústria transformadora têm um enorme potencial de desenvolvimento no perspetivo de mercado interno, étnico e turístico.Promoveremos o desenvolvimento rural numa perspetiva não tradicionalista mas sim de transformação e modernização do Campo como destino de investimentos. Pelos investimentos já feitos e que teremos de continuar, o mundo rural apresenta-se como um dado incontornável na definição de políticas de futuro. Precisamos de uma nova abordagem para a problemática de reestruturação de sistemas de explorações, investigação, do acesso à terra, da promoção do empresariado agropecuário e da modernização da agricultura familiar.O setor agropecuário tem potencial para ser um sector estratégico para o futuro do País.

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O nosso compromisso � Levar a qualidade e o bem-estar aos cidadãos e às famílias que

vivem no campo.� Modernizar a Agricultura, transformando a agricultura num sector

de exportação, gerador de rendimentos e de reconhecimento social.� Diminuir a dependência alimentar.� Organizar, unificar e qualificar o mercado agrícola nacional

para o abastecimento dos centros urbanos nacionais e dos empreendimentos turísticos e para a exportação. Só o turismo representa hoje um mercado potencial de mais de 60 milhões de euros ano para o sector agrícola, das pescas e da indústria alimentar. Este valor pode duplicar nos próximos 5 anos. A nossa ambição é adoptar medidas de políticas para atingirmos 30% desse mercado.

� Integrar a política agrícola com a proteção do meio ambiente, nomeadamente, no combate à extração da areia do mar e na proteção das ribeiras, na plantação de árvores e na conservação do solo e da água.

� Investir na hidroponia e na agricultura de estufa.� Investir no ensino, tecnologias, investigação e desenvolvimento

agrícola.� Promoção de planos eficazes de ordenamento agrícola de acordo

com a estratificação agroecológica das ilhas e com as condições edafoclimáticas, observando sempre as potencialidades das parcelas e a necessidade de adopção de tecnologias amigas do ambiente;

� Desenvolvimento de programas de promoção de explorações agrícolas e pecuárias voltadas para a rentabilidade, proporcionando a adopção de práticas amigas do ambiente e a redução efectiva da pobreza

Será uma Agricultura ancorada na eficiência das explorações familiares, na promoção de empresas agrícolas e no engajamento do sector privado e de jovens empreendedores na atividade. Queremos fazer da Agricultura um sector gerador de rendimentos, que traga prosperidade e reconhecimento social. Uma Agricultura que respeita e protege o ambiente, que gera rendimentos justos aos agricultores e que gera excedentes e rentabilidade.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Uma agricultura e uma agroindústria competitiva no mercado local e em nichos de mercados internacionais que garantam, ao mesmo tempo, a segurança alimentar e nutricional da população e uma capacidade exportadora do País.Tendo em conta a diminuição dos recursos naturais, o crescimento populacional, a rápida urbanização e a mudança de hábitos alimentares, a melhoria da eficiência no uso dos recursos naturais, como a água e o solo, é um imperativo, o que significa, aprender a produzir mais com menos.A agricultura cabo-verdiana tem um potencial de diversificação e de aumento de produtos de valor acrescentado, não só para o mercado interno, mas também para o vasto mercado turístico que já atinge mais de 60 milhões de euros/ano em alimentação e bebidas.O MpD irá criar o ambiente necessário para a promoção das cadeias de valor nos domínios da agricultura e do agroindústria tendo como objetivo melhorar a competitividade e reduzir a dependência dos alimentos importados.

A nossa ação

Apostaremos na segurança alimentar como um desafio fundamental. Por um lado, para garantir a acessibilidade aos bens, a estabilidade dos preços, os stocks de segurança e a qualidade. Por outro, para permitir ao país tirar a máxima vantagem da ciência e da tecnologia, em particular nos domínios da produção da água, das biotecnologias e da genética aplicadas à agricultura.Será necessário reinventar o sistema de prestação de serviços públicos assegurando um financiamento adequado e durável à investigação. Isto implicará diversificar as fontes de financiamento para a pesquisa através de contratos e o desenvolvimento de parcerias estratégicas com as universidades e o setor privado no País e no mundo.Os serviços de extensão rural serão reforçados, permitindo a melhoria do acesso dos agricultores a esses serviços através da utilização de novos equipamentos de comunicação e tecnologias de informação. A extensão rural será feita numa ótica de serviços de apoio à decisão do agricultor seja em termos de melhores técnicas, inputs, produção vegetal ou animal, progredindo para um serviço integrado e unificado, capaz de responder a todas as áreas técnicas e temáticas necessárias à uma agricultura em moldes empresariais.

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Será desenvolvido, um amplo e articulado conjunto de políticas agrícolas, verticais e horizontais, consensualizadas com os agricultores, nomeadamente:� Atualização da legislação vigente, dando mais segurança

jurídica aos agentes de produção. Captação e gestão dos recursos hídricos no quadro do ordenamento das bacias, da formação contínua nos métodos de rega localizada e da promoção da investigação aplicada, recorrendo à cooperação com países e instituições especializados no domínio.

� Melhoria da gestão dos recursos fundiários e o uso diversificado dos solos agrícolas e silvícolas.

� Dinamização da assistência técnica e animação rural visando a obtenção de ganhos de eficiência refletidos pelos agentes de produção no controlo de custos e na rentabilidade e competitividade das suas explorações agrícolas e silvícolas.

� Adoção de políticas do produto agropecuário, entreoutras,daAguardente, do Queijo, da Doçaria, das Plantas Ornamentaisede Novos Produtos com elevado valor acrescentado, através, nomeadamente, da agricultura hidropónica e emestufas.

� Organização de um sistema eficaz e descentralizado de crédito agro pecuário de forma a facilitar os investimentos rentáveis, acompanhado de um sistema de seguros agrícolas.

� Promoção do turismo rural, tendo como ponto de partida as reservas e zonas florestais já declaradas como tais, numa parceria público-privada.

� Promoção de infraestruturas de apoio à produção, nomeadamente, matadouros frigoríficos, pontos de venda grossista, pontos de inspeção e de fiscalização.

Mais especificamente,

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Adoção de um conjunto de iniciativas institucionais

� Facilitar o acesso às tecnologias de transformação de baixo custo, reduzindo os impostos sobre equipamentos de produção, transformação e embalagem.

� Criar zonas agroindustriais destinadas à transformação que beneficiarão de um pacote de incentivos ao investimento e de um conjunto de infraestruturas.

� Garantir o apoio institucional, pesquisa e transferência de conhecimentos visando acelerar o processo de transição de uma agricultura de subsistência com fraca produtividade a uma agricultura empresarial e com alta produtividade.

� Promover a criação de um portal enquanto balcão de apoio à transação agrícola, facilitando informações aos produtores e empresários que visam exportar a sua produção.

� Dinamizar a formação agrícola, integrando a agricultura nos planos de estudo do sistema educativo das regiões com vocação para tal.

� Estimular a existência de um sistema de produção de sementes adequadas e adaptadas ao nosso clima e suas mudanças, assim como novas variedades de alto valor comercial.

� Promover um sistema de financiamento agrícola a nível do crédito e seguro.

Melhoria das infraestruturas rurais e da gestão dos recursos naturais

A médio e longo prazos, as intervenções visarão a profissionalização da gestão da água, da proteção dos pontos de água e do armazenamento da água a nível individual ou comunitário.Qualquer intervenção ligada aos solos, às encostas e aos habitats será precedida de um estudo técnico e de viabilidade económica e financeira, afim de melhor orientar qualquer decisão política no setor.As duas ações acima referidas permitirão a gestão de novas bacias hidrográficas ou a reabilitação de outras existentes através de intervenções apropriadas, eficazes e duráveis, visando a melhoria das condições socioeconómicas das comunidades rurais.

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Quanto às barragens, torna-se imperativo melhorar os mecanismos de gestão e manutenção e realizar novas obras hidráulicas de retenção de água, mas com técnicas apropriadas, custos racionais e eficiência económica, permitindo assim reforçar a nossa capacidade agrícola e de adaptação às mudanças climáticas.A nossa história é marcada por diversas catástrofes tais como as secas, erupções vulcânicas e inundações, com impactos sobre a agricultura e segurança alimentar das populações, com os cabo-verdianos a desenvolver a sua capacidade de resiliência face às mudanças ambientais.Contudo, a rapidez e a intensidade das mudanças climáticas ultrapassam hoje o ritmo da nossa capacidade de adaptação endógena e põe em risco a capacidade de reação das populações rurais.Importa pois incitar a participação de todos os atores, agricultores, políticos, ONG s, sociedade civil, nos processos de planificação e execução das diferentes intervenções, visando a preservação dos nossos recursos naturais.

Relançamento do programa de proteção vegetalRelativamente à proteção fitossanitária e ao combate às pragas será relançado o programa de proteção vegetal, promovendo, entre outros, a recuperação da inspeção fitossanitária nos seus elementos, corpo sanitário, corpo de inspetores, prevenção nos portos e aeroportos. Será controlada a circulação vegetal e definido um programa de quarentena e de cooperação e investigação no domínio da proteçãovegetal.

Promoção de mercados grossistas, da logística e da distribuição

Promoveremos o desenvolvimento de mercados grossistas de produtos agropecuários, em articulação com os agricultores, o Poder Local e Regional e será dada a máxima prioridade à criação de uma empresa privada de logística e distribuição que inscreva no seu objeto também os produtos e serviços do mundo rural.Os agricultores têm de desenvolver produtos tradicionais de qualidade e certificados na origem para os nichos de mercado, assim como, precisamos, para o efeito, de um excelente sistema de logística e de distribuição.

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Desenvolvimento da Agricultura BiológicaO Estado será um promotor e facilitador dessa nova agricultura, facilitando trocas de experiências e boas práticas com países insulares como Cabo Verde e com países com as mesmas condições afro-climáticas.A produção de alimentos bio, podendo chegar a 50% da produção total de alimentos, será estimulada através de um pacote de incentivos entre os quais, a isenção de impostos durante 5 anos e isenção de vários impostos e direitos sobre a importação de insumos alimentares biológicos.Será introduzido um certificado para o desenvolvimento da Agricultura Biológica e a Bio agricultura será um dos sectores prioritários no âmbito do regime do Banco PME.

Relançamento da Investigação e da Formação Profissional

Redinamização do sistema de investigação aplicada para a agricultura, silvicultura e pecuária, com o objetivo de normalizar e controlar a qualidade dos fatores de produção colocados ao serviço dos agricultores, investigar as técnicas avançadas e métodos de produção existentes, promovendo a sua devida adaptação a Cabo Verde.O Governo do MpD promoverá a investigação em estreita articulação com as instituições internacionais, Governo, o Poder Local e Regional, as empresas, as Universidades, instituições afins e os agricultores, criando um parque Parques Científico e Tecnológico de Agropecuária.Promoção da formação profissional nas áreas da agricultura, silvicultura e pecuária, estimulando o empreendedorismo jovem com a criação de incentivos e de financiamentos para a iniciação nas atividades agro pecuárias.

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AS PESCASUM DOS MAIORES

RECURSOS NATURAIS DE CABOVERDE

O potencial haliêutico, segundo as estimativas reconhecidas pelo INDP como sustentáveis, situa se entre 36 000 e 44 000toneladas. Apesar destas potencialidades, as pescas, particularmente a semi-industrial, precisam de uma nova estratégia que valorize e dinamize o setor e a atividade privada, no quadro do desenvolvimento nacional.

O nosso compromisso� Assegurar o conhecimento e a exploração sustentável dos recursos

vivos do mar.� Promover o investimento no sector das pescas e aquicultura como

importante elemento do aparelho produtivo e de exportação no quadro da promoção geral das exportações, visando a melhoria do equilíbrio da nossa balança comercial.

� Modernizar e valorizar os processos e circuitos de comercialização dos produtos da pesca e aquicultura, integrando na economia do mar e do turismo.

� Definir a plataforma continental para além das 200 milhas e consolidar a fiscalização e vigilância da Zona Económica Exclusiva.

� Identificar e avaliar os níveis de colaboração, coordenação e integração com outros sectores, nomeadamente o turismo, o ordenamento do território e o mar, objetivando o enquadramento das decisões de investimento.

� Promoção do sector da pesca bem alinhado com a política de preservação de ecossistemas marinhos, proporcionando a sustentabilidade/durabilidade dos recursos haliêuticos e favorecendo o ambiente e a economia.

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A nossa ação

� Criação de um Parque Científico e Tecnológico do Mar e das Pescas, como centro de desenvolvimento do sector e em sintonia com as Instituições do Ensino Superior, o Poder Local e Regional e os empresários do sector.

� Criação dos mecanismos de articulação efetiva entre a administração das pescas e os demais intervenientes (Fundo do Desenvolvimento das Pescas, Empresas e empreendedores, Instituto Nacional do Desenvolvimento das Pescas, Guarda Costeira, IPIMAR e Agência Marítima e Portuária) no âmbito do estudo, planeamento e implementação de decisões sobre a gestão integrada das pescas e aquicultura.

� Implantação de um sistema de formação de investigadores, operadores, pescadores e peixeiras e demais intervenientes no sector, que reproduza as necessidades decorrentes da sua gestão integrada.

� Instalação de um sistema nacional de informações de pesca e aquicultura que propicie o acesso a uma base de dados do sector ligada em rede.

� Reorganização do Fundo do Desenvolvimento das Pescas, colocando-o ao serviço dos empreendedores do sector.

� Dinamização da iniciativa privada, numa ação coordenada incitadora de investimentos produtivos com o apoio do Banco PME, do Fundo de Capitalização das empresas e do Fundo do Desenvolvimento das Pescas.

� Promoção de joint-ventures entre os empresários nacionais e empreendedores estrangeiros,redinamização da indústria de reparação naval e da construção de navios de pesca artesanal e semi-industrial.

� Rápida operacionalização e instalação de uma eficiente gestão das infraestruturas de congelação, conservação e processamento do pescado em São Vicente, de modo a transformar a ilha num centro internacional do comércio do pescado.

� Estabelecimento de um programa de apoio às comunidades piscatórias.

� Modernização e adequação da frota nacional industrial, semi-industrial e artesanal.

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� Promoção da aquicultura, através do ordenamento do litoral que reserve áreas para esta atividade, da desburocratização e da simplificação dos licenciamentos a empresas nacionais, da atração de novos investimentos e da incorporação da inovação científica e tecnológica nos sistemas de produção.

� Identificação, clarificação e fomento da ligação entre a indústria do turismo e as pescas.

� Identificação, clarificação e fomento da integração de toda a cadeia das pescas na economia do mar.

� Eliminação da burocracia desnecessária e promoção da descentralização e da regionalização, garantindo uma gestão pública de proximidade do sector e respostas em tempo certo.

INDÚSTRIA LIGEIRARETOMAR A APOSTA

A retoma da aposta na industrialização de Cabo Verde deverá ser mantida como dimensão essencial do nosso modelo de crescimento económico, por força do contributo que poderá trazer em termos de aumento da capacidade exportadora, da diminuição das importações e da geração de riqueza.O atual Governo não aproveitou a dinâmica de investimento nas indústrias ligeiras em Cabo Verde e não foi capaz de tomar as medidas pertinentes para ajudar as empresas a ultrapassar as dificuldades, como sejam os deficientes transportes marítimos e aéreos, a baixa formação profissional, o deficiente fornecimento de energia elétrica às empresas, bem como as contingências da conjuntura internacional.Em vez disso, promoveu o difícil relacionamento da Administração Pública com a iniciativa privada e abandonou os investidores à sua sorte, deixando-as fechar as portas e mandar centenas de pessoas, jovens e chefes de famílias, para casa. São Vicente é disso um exemplo. Em virtude da tradição industrial do Mindelo e das condições criadas com o Parque Industrial do Lazareto, uma boa parte das novas empresas industriais, nomeadamente decorrentes do investimento direto estrangeiro, localizou-se em São Vicente. Contudo, nestes quinze anos do atual governo, mais de 50 empresas industriais encerraram em São Vicente.

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Outro exemplo de descaso prende-se com o aproveitamento da AGOA, um programa promovido pelos Estados Unidos da América que dá facilidade de acesso ao mercado norte-americano aos produtos de empresas de certos países africanos. Nestes últimos dez anos, diversos países africanos criaram milhares de postos de trabalho, aproveitando essas facilidades, mas Cabo Verde, entretanto, nada fez para tal!

O nosso compromisso

� Aprovação de uma nova estratégia de Fomento Industrial para o Crescimento e Emprego.

� Dinamização da indústria nacional, reforçando a sua competitividade e elevando o peso da indústria transformadora na economia nacional.

A nossa ação

A indústria ligeira é um dos setores de atividade económica que irá reativado de em Cabo Verde. Para isso, será lançado um vasto programa de atração de indústrias ligeiras, tudo acompanhado pela criação, em estreita articulação com as associações empresariais, as universidades e o Poder Local/Regional, de Parques Científicos e Tecnológicos de suporte, um na cidade da Praia e outro em São Vicente. A primeira ação do plano de industrialização será contactar as empresas do sector que ainda laboram e com elas definir um plano de emergência e de desenvolvimento do negócio. Ademais, serão executadas as seguintes medidas de política:� No quadro do programa burocracia zero, implementar integralmente

o Sistema de Industria Responsável, que permite o licenciamento integral de qualquer estabelecimento industrial on-line e de forma muito simplificada.

� Adotar o princípio da taxa única para o licenciamento e operação industrial, impedindo assim a criação de taxas adicionais com baixo escrutínio e que limitam a competitividade industrial.

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� Reforçar a competitividade de Cabo Verde na atração de investimento, nomeadamente através da alteração do código de benefícios fiscais, instalação de um sistema judicial série e credível e da criação de um mecanismo de opções acionistas que estimule a entrada de Venture Capital internacional.

� Dinamizar a constituição de cadeia de valor industrial com efetiva representatividade e capacidade produtiva, como forma de apoiar a internacionalização e exportação, mas também como forma de desenvolver cadeias de valor.

� Aumentar e qualificar a rede de fornecedores.� Apostar na criação de produtos com capacidade competitiva

internacional, produtos diferenciados, com incorporação de marca, designe perceção de valor, que permita aumentar o preço internacional de venda.

� Aproveitar os programas AGOA e as facilidades de exportação para o Canadá.

� Promover Cabo Verde como plataforma para a exportação para a CEDEAO e outros destinos em África.

Mais especificamente,� Dadas as alterações substanciais que ocorreram nos últimos

anos no mercado mundial, procederemos à análise do mercado internacional e definir com precisão o lugar que Cabo Verde poderá vir a ocupar no sector das indústrias ligeiras exportadoras.

� Negociaremos, em articulação com sistema financeiro, a Cabo Verde Investimentos e o Poder Local e Regional, a instalação de um conjunto de facilidades de ordem tecnológica que promovam a atração e instalação de empresas do sector que possam qualificar, pela excelência, o sector da indústria ligeira no conjunto do território nacional.

� Promoveremos a realização das infraestruturas necessárias à instalação das empresas interessadas.

� Garantiremos o abastecimento em inputs fundamentais, tais como água, energia e telecomunicações.

� Promoveremos a criação de ligações marítimas e aéreas fundamentais para o bom funcionamento das empresas.

� Promoveremos, com as mais distintas instituições, a adequada formação e qualificação profissionais, de forma que, crescentemente, o conhecimento seja fator de melhoria da competitividade do sector.

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� Promoveremos o bom relacionamento das empresas sediadas nos Parques com a Administração Pública.

� Promoveremos o máximo aproveitamento de programas internacionais existentes em intenção de países como Cabo Verde, tais como a norte-americana AGOA ou as facilidades de exportação para o Canadá.

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REFORMAS ECONÓMICAS E ESTRUTURAISUM NOVO CICLO ECONÓMICO

GERADOR DE EMPREGO E RENDIMENTOS

Definido o modelo económico e os setores de especialização estratégica da economia, o MpD compromete-se com as reformas estruturais impulsionadoras do modelo, desencadeando um novo ciclo económico gerador de emprego e rendimentos.A economia tem de estar ao serviço da prosperidade, da criação de empregos e de oportunidades para todos.

O nosso compromisso� Criar condições para um crescimento económico médio mínimo de

7% nos próximos 5 anos, formatando uma economia produtiva, competitiva, que cria valor acrescentado, eficiente, mais global, mais internacionalizada e mais dinâmica.

� Dar à economia o melhor ambiente fiscal da sua história, colocando Cabo Verde, em 10 anos, no TOP 15 do mundo em matéria de competitividade fiscal.

� Eliminar, para as pequenas e médias empresas, assim como para as microempresas, todas as burocracias e impedimentos fiscais.

� Incentivar, ao mesmo tempo, a economia social e solidária.� Garantir o pleno emprego numa década, colocando o desemprego

num dígito, focado na juventude, através da criação de um ambiente de negócios de excelência capaz de gerar mais de 90.000 novos empregos até 2026.

� Reduzir, para tal, o desemprego jovem em Cabo Verde na ordem dos 50% durante a próxima legislatura, através de um programa para a criação de um mínimo de 45.000 novos empregos, complementados com um programa de estágios que deverá abranger cerca 20.000 pessoas, priorizando os jovens. Apoiar milhares de jovens com bolsas para a qualificação e estágios que lhes aumentem consideravelmente a probabilidade de emprego.

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Para atingir esses compromissos, traçamos as seguintes linhas de ação:� Reorientar a economia, através da melhoria radical do ambiente de

negócios de modo a integrar o top 50 no ranking mundial do Doing Business e o top 5 em África, para a atração de um elevado nível de investimentos (endógeno, externo e da diáspora) e geração de um nível de crescimento médio anual acima dos 7%, requalificando o turismo enquanto fator gerador de escala e núcleo central do processo de desenvolvimento de Cabo Verde.

� Promover a excelência da governação e da gestão dos assuntos públicos com base nos critérios da lei e da eficiência, garantindo a previsibilidade e a segurança na gestão económica e macroeconómica, a desburocratização e o escrutínio dos gastos de cada escudo.

� Garantir um excelente sistema de transportes e de logística e distribuição, regular, previsível, eficiente e a preços justos.

� Estabelecer um acordo estratégico de médio prazo com os parceiros sociais, fixando metas precisas, nomeadamente a nível da fiscalidade, da política de rendimentos e preços e do emprego.

� Adotar, para dar respostas concretas aos estrangulamentos da economia cabo-verdiana e criar um ambiente de negócios verdadeiramente de excelência, umprogramade ReformasEconómicas assente nos seguintes pilares: • Um Estado amigo da economia e um Serviço Público a qualquer

hora, de qualquer lado e para todos ao mesmo tempo.

• Uma Nação de empresas e de empresários e amiga da economia.

• Política de transportes einfraestruturas ao serviço dodesenvolvimento.

• Financiamento à economia e promoção ativa do Investimento Direto Estrangeiro (IDE).

• Fiscalidade amiga do investimento e das famílias.

• Um mercado de trabalho qualificado e flexível apoiado numa política salarial adequada e num acordo em sede de concertação social de médio prazo.

• Redução dos custos de contexto ao nível da energia, água, transportes e burocracia pública central e local e promoção da eficiência económica.

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• Convergência com a União Europeia e aprofundamento da nossa pertença africana e insular.

• Equilíbrio das Contas Públicas.

• Ordenamento do Território e Saneamento como elementos da estratégia económica.

UM ESTADO AMIGO DA ECONOMIAUM SERVIÇO PÚBLICO A QUALQUER HORA,

DE QUALQUER LADO E PARA TODOS

Para Cabo Verde sair da posição 126ª a nível mundial e 15ª a nível africano do rankingDoing Business e colocar-se no top 50 e top 5, respetivamente, o MpD vai aplicar uma política indutora da promoção do ambiente de negócios e do investimento privado, através da melhoria da performance do Estado nos indicadores chave do ambiente de negócios.

O nosso compromisso

� Burocracia Zero para reduzir o tempo e os custos do investimento.� Licenciamento Zero, fiscalização reforçada.� Declaração Única, instituindo um ponto único para o envio da

informação, quando imprescindível� Taxa Zero para a Inovação� Serviços públicoson-line dentro do princípio, acesso a qualquer

hora, de qualquer lado e para todos.� Um Estado que paga a tempo e horas, melhorando as transações na

economia.� Fixação de um nível de serviço para todas as instituições e empresas

públicas e fiscalização do seu cumprimento.� Especializar a Justiça comercial e económica em ordem a uma maior

celeridade e oportunidade na resolução efetiva dos litígios entre ou com empresas, nas comarcas de maior movimento processual.

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� Garantir um serviço de património do Estado que defende o interesse público e que ao mesmo tempo facilite e promove o ambiente de negócios, através da definição de um nível de serviço. Sempre que se verificar e de comprovar a existência de atitudes abusivas ou delatórias os agentes serão pessoalmente responsabilizados.

� Garantir a segurança jurídica ao nível do registo de propriedade.

A nossa ação

Burocracia ZeroA burocracia é geradora de consumo de tempo e de dinheiro, condiciona negativamente o investimento, cria custos de contexto excessivos e prejudica a dedicação das empresas e dos empresários na criação de negócios, de riqueza e de emprego. Lançaremos o programa “Burocracia Zero” para as empresas para reduzir o tempo e o custo do investimento. Vamos instituir uma governação para todos, a qualquer hora e de qualquer lado, responsabilizando o Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI) pelo cumprimento deste objetivo, através da digitalização e uma governação eletrónica integrada (integrated Government e mobile Government), a automatização, o controlo e a transparência de todos os procedimentos, permitindo responsabilizar justamente os incumpridores.As competências do NOSI serão reforçadas, alargadas e redefinidas devendo garantir a nível do Estado os serviços críticos e que tem a ver com a segurança de todo o sistema de informação do Estado, a sua integração, continuidade e acesso universal, tendo como foco principal a governação pública. O NOSI deve funcionar também como incubadora de empresas privadas nas áreas das TIC para abordar os negócios domésticos e internacionais e atuar como um agente normalizar de preços no mercado.Analisaremos, em detalhe, os entraves burocráticos em todas as áreas, através de planos anuais de simplificação, contando com a participação dos agentes económicos, cidadãos e agentes e sociedade civil em geral, na simplificação e desburocratização do Estado;

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Promoveremos o «princípio da confiança», alargando a regra da fiscalização a posterioride atividades económicas, com concomitante responsabilização dos empresáriosIremos promover as avaliações de impacto das leis e regulamentos para redução dos encargos burocráticos, estabelecendo a regra de não se imporem condições mais onerosas do que as vigentes nos principais competidores de Cabo Verde. Iremos prosseguir o esforço de aumentar a celeridade judicial, em especial nos tribunais com maior impacto na atividade económica.Iremos simplificar todo o processo de recolha de informação de natureza periódica sobre atividade empresarial – para efeitos estatísticos (INE e BCV, tributários ou contributivos –, procurando assegurar meios automatizados de cumprimento dessas obrigações, quer através de portais únicos, quer através da possibilidade de cumprimento das obrigações por recurso a soluções de software devidamente credenciadas ou desenvolvidas pelo Estado, quer através do pré-preenchimento das declarações, reaproveitando a informação anteriormente apresentada;Disponibilizaremos meios de pagamento automatizado (por exemplo, de débito direto em conta bancária) das obrigações contributivas periódicas e repetidas dos cidadãos e agentes económicos junto da Administração Pública.

Deferimento TácitoTorna-se decisivo identificar e continuar a remover as barreiras ao investimento, pois só ele pode gerar empregos de qualidade, tornando mais ágil e transparente todo o processo de investimento, nomeadamente através da implementação de um interface único de licenciamento dos projetos de investimento, garantindo procedimentos claros de licenciamento e com calendarização definida e da promoção do alargamento da regra do “Deferimento Tácito”. Queremos estabelecer como regra a renovação automática de autorizações e documentos, ou, não sendo possível, criar avisos para a empresa tomar conhecimento da futura caducidade, com pré-agendamento da renovação presencial, se necessária.Criaremos simuladores de procedimentos administrativos, que permitam às empresas conhecer o procedimento e a sua tramitação (em particular os tempos de decisão) assim como os valores das taxas devidas;

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Aumentaremos as valências da certidão permanente do registo comercial, incluindo nesta informação sobre o licenciamento económico (comercial/industrial) de que a empresa seja titular, disponibilizando-a sempre de forma bilingue (português/inglês) e estendendo-a a associações e outras pessoas coletivas não comerciais; Aumentar a transparência da vida empresarial, através da publicação gratuita da informação sobre as contas anuais das empresas;

Simplificação de ProcedimentosO MpD assume, como decisivo, lançar um vasto programa de simplificação de procedimentos para as empresas e a atividade económica, designadamente através das seguintes iniciativas: � Aprovação, com carácter de urgência, de um conjunto de medidas

de simplificação administrativa para reduzir custos de contexto na vida empresarial, focando-as nos aspetos mais críticos da atividade das empresas e na eliminação de exigências excessivas ou desproporcionadas. Aboliremos todas as autorizações e licenças que se mostrarem obsoletas e irrelevantes.

� Adoção do programa “Licenciamento Zero” para o investimento e para atividades empresariais, eliminando licenças e atos de controlo prévios e substituindo-os por uma fiscalização reforçada.

� Lançamento do programa “Declaração Única”, suprimindo obrigações declarativas e comunicações obrigatórias para o Estado e outras entidades públicas que não sejam necessárias (designadamente nos domínios dos impostos, Segurança Social, informação ambiental e estatística), instituindo um ponto único para o envio da informação, quando a mesma seja imprescindível.

� Aprovação de um regime de “Taxa Zero para a Inovação”, dispensando do pagamento de taxas administrativas e emolumentos associados a várias áreas da vida das empresas certos tipos de empresas criadas por jovens investidores e startups inovadoras.

� Disponibilização do essencial dos serviços públicos on-line, garantindo a conveniência e a segurança aos utentes. Um serviço a qualquer hora, de qualquer lado e para todos ao mesmo tempo.

� Obrigação do Estado a pagar a tempo e horas, num prazo máximo de 90 dias pois, melhorar os pagamentos do Estado é, também, melhorar a economia e ajudá-la a crescer.

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� Criação junto do INE de um observatório de competitividade que permita avaliar publicamente o desempenho de todas as instituições.

� Promoção da criação de um Fórum Nacional para a Competitividade e Exportações liderado pelo sector privado;

� Criação de um programa nacional de certificação de qualidade.� Promoção da marca Made in Cabo Verde.� Promoção da criação de um Instituto Cabo-verdiano de Corporate

Governance em parceria com as universidades e organizações representativas do sector privado.

� Criação de um grupo de trabalho de combate à corrupção, GTCC, com integrantes do Ministério Público.

� Promoção e desenvolvimento de um centro de competências no Estado (NOSI) para liderar o plano de digitalização do Estado e garantir uma governação a qualquer e de qualquer lado, para além de um Estado unitário em matéria de prestação de serviços às empresas.

GARANTIR O EQUILÍBRIO DAS CONTAS PÚBLICASCENÁRIO MACROECONOMICO REALISTA

Num contexto de redução do potencial de crescimento mundial, com previsões de crescimento mundial no próximo quinquénio entre 3 e 4%, a Europacom um crescimento inferior a 2%, os EUA entre 2 a 3% e a África subsaariana entre 3 e 5%, a confiança macroeconómica e a aposta na eficiência económica ganham importância acrescida, pois o Estado desempenha o papel de pagador de último recurso.A credibilidade e a confiança são ativos indispensáveis para qualquer País e Cabo Verde não pode fugir a essas regras. O sentido de responsabilidade com que as políticas públicas e, desde logo, a política orçamental, são conduzidas é crucial e determinante para tal.

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A preservação da disciplina orçamental é, não só um compromisso de Cabo Verde para com as instituições internacionais, mas também, uma garantia de sustentabilidade das finanças públicas.Perante um nível de dívida pública cabo-verdiana excessiva e o elevado peso do Estado na economia, a prudência na definição das políticas para o futuro é uma exigência maior. A divida pública e hoje superior à dimensão da economia cabo-verdiana. Ela não contribuiu para o alargamento do potencial de crescimento da economia cabo-verdiana, aumento radicalmente a perceção do risco país e o Estado tem de assumir-se sempre como segurador de última instância. E preciso pois reforçar a qualidade da gestão orçamental, gerar excedentes primários, ter presente a totalidade das responsabilidades do Estado e uma avaliação independente dos riscos e das projeções orçamentais.

O nosso compromissoAssumimos, assim, um compromisso de estratégia orçamental e de cenário macroeconómico assente nos seguintes eixos:� Um crescimento económico mínimo de 7% a partir de 2017.� Um aumento das receitas fiscais na ordem dos 15% ao ano,

traduzidos num aumento adicional de cerca de 2 milhões de contos ano face às previsões iniciais.

� Eliminação de todas as gorduras e desperdícios do Estado estimados em mais de 2.000.000 de contos anos na administração direta e indireta.

� Redução da componente pública no programa de investimentos e aceleração das parcerias público-privadas, com a previsão de que 20 a 25% do programa de investimento público seja financiando via investimento privado / IDE.

Esse cenário permite financiar o programa do MpD e garantir, em percentagem do PIB, até ao final da legislatura:

� Um défice orçamental na ordem dos 3%, no final da legislatura.� Um saldo corrente acima dos 2% positivos, podendo atingir os 3%.� Um saldo global primário na ordem do 1% negativo.

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Este cenário permite ainda um crescimento da despesa em linha com a inflação e uma redução sustentada do rácio da dívida pública de 130% do PIB para valores inferiores a 80% do PIB numa década.Em matéria de sustentabilidade das finanças públicas, reafirmamos ainda a nossa disponibilidade para que a Constituição ou a Lei de Enquadramento Orçamental consagre um limite à expansão da Dívida Pública. A postamos na independência total do BCV na condução da política monetária e cambial. Garantiremos a coordenação com o Ministério das Finanças e com a política orçamental para promover a consistência na gestão da política macroeconómica.

CONVERGÊNCIA COM A UNIÃO EUROPEIAAPROFUNDAMENTO DA

NOSSA PERTENÇA AFRICANA E INSULAR

Cabo Verde tem de servir de plataforma de investimentos europeus, americanos e asiáticos em África. Para tal, vamos produzir um quadro normativo adequado à alavancagem da competitividade através de um País previsível e confiável e aproveitar, em particular, a parceria especial com a União Europeia (UE).Neste sentido, � Adoptaremos a dupla circulação monetária (Euro e ECV) em Cabo

Verde.� Reativaremos o travão legal para os limites ao défice e ao

endividamento público, reforçando os mecanismos de transparência na Gestão das Contas Públicas.

� Absorveremos os normativos legais e institucionais da EU no direito cabo-verdiano, nomeadamente, no que respeita ao papel do Estado regulador e das entidades reguladores independentes e a diversas áreas de atividade como ambiente, indústria, agricultura, turismo, pescas, energias, tecnologias e transportes.

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Ainda no âmbito da convergência, será proposto o reforço e o aprofundamento da cooperação monetária e cambial, tendentes a serem estabelecidos: � Um Programa de Promoção do Crescimento Económico e de Criação

de emprego para Cabo Verde.� A criação de buffers para a economia cabo-verdiana.� Um acordo de livre circulação de bens, capitais, tecnologia e

conhecimento.� Um acordo de livre circulação progressiva de pessoas.� A negociação de um Programa de Apoio Estrutural focado no sector

privado e nas exportações.� A modernização e adaptação ao normativo da União Europeia da

Justiça, Administração Pública e Segurança.Do mesmo modo, será promovido o papel relevante e dinâmico dos arquipélagos atlânticos, os Açores, Cabo Verde, Canárias, Madeira e São Tomé e estabelecida uma estratégia para a CEDEAO que amplifique a importância de Cabo Verde na CEDEAO, na UE e no mundo focada no comércio, na paz e segurança, regulação das migrações, defesa e promoção dos direitos humanos e cidadania, promoção da saúde, desenvolvimento da educação, livre circulação e diplomacia regional e africana.Nesse quadro, o ministério das relações exteriores passará a integrar na sua designação os Assuntos Africanos e serão aproveitados todo o potencial do Instituto da África Ocidentaldo Instituto Diplomático.

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GARANTIR O FINANCIAMENTO À ECONOMIAPROMOVER O INVESTIMENTO

DIRECTO ESTRANGEIRO

O contexto catual interpela Cabo Verde quanto à necessidade de uma solução urgente para o desafio do financiamento da economia cabo-verdiana. Não se trata apenas do acesso ao crédito. Pois o rácio do crédito em percentagem do PIB já atinge hoje os 60% e vem crescendo a ritmos muito superiores à taxa de crescimento do PIB nominal. Mais de dois vezes mais.Importa desenvolver outros instrumentos de financiamento como o privateequity, as acções e obrigações, o leasing, o factoring e os fundos de investimentos, mobiliários e imobiliários, de nível nacional e regional, entre outros. O contexto catual interpela Cabo Verde quanto à necessidade de uma solução urgente para o desafio do financiamento da economia cabo-verdiana. Sobretudo no contexto de graduação de Cabo Verde a País de Desenvolvimento Médio e face à persistência de défices no que respeita ao acesso ao financiamento por parte das micro, pequenas e médias empresas e aos instrumentos de apoio à internacionalização de empresas cabo-verdianas.Sem investimento produtivo não há crescimento económico sustentável e sem financiamento às empresas não há condições para que estas prosperem. E sem empresas prósperas e em expansão não haverá criação de empregos. Assumimos a missão primeira de promover a melhoria das condições de financiamento à atividade produtiva e um forte programa de captação do Investimento Direto Estrangeiro.Temos de eliminar os custos de transação que decorrem da estandardização de processos e da deficiente gestão de riscos bem como da melhoria dos planos de negócios e da capacidade de gestão por parte das empresas.Contudo, o Estado tem de intervir. Os bancos são instituições monetárias e têm limites na transformação dos riscos, dado o seu papel no sistema de pagamentos. O Estado tem de intervir quer ao nível da redução do risco, reduzindo o seu endividamento e gerando mais confiança na economia como ao nível do próprio desenvolvimento do sistema financeiro.

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O nosso compromisso� Melhorar radicalmente o risco soberano e o risco país para a nota

entre BBB e A na próxima legislatura.� Adotar medidas para o reforço progressivo dos fundos próprios

dos Bancos. � Reforçar o papel dos instrumentos e incentivos financeiros que

permitam melhorar os capitais próprios das empresas, promovendo nomeadamente um mercado de capitais mais integrado.

� Diversificar as fontes de financiamento das empresas, visando um custo do financiamento mais competitivo e uma melhoria do seu risco fundamental de crédito.

� Promover um Banco PME de primeira linha.� Estimular a reorganização das empresas e a adequação do

modelo de governação tendentes a, juntamente com a melhoria do ambiente de negócios, impactar positivamente sobre a procura, considerando que ainda existem mais de 65% das empresas sem contabilidade organizada e geram apenas 4% do volume de negócios a nível nacional.

� Facilitar o acesso aos mercados de capitais internacionais, preferencialmente através de venture capital, nomeadamente africano, assim como a promoção da livre circulação de capitais, quando se tratar de investimentos produtivos.

� Promover, em articulação com o sector privado, a criação de uma plataforma nacional de aconselhamento especializado ao Investimento, com o apoio das competências da diáspora, para potenciar o investimento através das Instituições Financeiras Internacionais públicas e privadas e junto do mercado financeiro internacional, apostando no financiamento privado externo, multilateral e bilateral para o sector privado.

� Reduzir de forma gradual a tributação sobre a poupança em linha com a redução da tributação sobre os rendimentos até atingir os 15%.

� Liberalizar a movimentação de capitais em tudo o que respeitar às operações de financiamento.

� Adotar uma profunda Reforma Fiscal detalhada em capítulo.� Harmonizar as normas e a legislação, sobretudo no quadro da

parceria com a União Europeia e da nossa integração económica na CEDEAO

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A nossa ação� Fixação do patamar de referência para todos os bancos com o nível

dos fundos próprios do maior banco do sistema, da ordem dos 40 milhões de euros. Serão dinamizados os mecanismos de troca de dívida por capitais próprios ou quase capital e será reforçada a majoração da dedução à coleta dos lucros retidos que sejam reinvestidos em capital.

� Adoção de um perfil para a Sociedade de Crédito e Investimento como fornecedor de crédito, privateequity,leasing e de venture capital às PME s.Esta sociedade deverá, em linha com a sua carta de missão, maximizar o apoio ao tecido empresarial, com particular destaque para as empresas exportadoras e produtoras de bens e serviços transacionáveis, bem como o empreendedorismo e a inovação. Um dos grandes objetivos é garantir e reforçar as PME com linhas de crédito e seguros à exportação, de forma a acelerar o crescimento das exportações nacionais. Será uma instituição de natureza complementar e favorece, preferencialmente, o acesso ao financiamento no mercado e trabalhará em estreita articulação e parceria com os bancos. Analisaremos, em primeiro lugar, a possibilidade de, através dos bancos existentes e de um concurso público, desenharmos um programa que possa atingir os mesmos objetivos. Não sendo possível, avançaremos com uma iniciativa pública privada.

� Mobilização de todas as parcerias públicas e privadas para o efeito e reorganizaremos toda a intervenção do Estado no sistema financeiro em função deste objetivo. Promoverá o investimento, a inovação, a exportação e o emprego. Poderá ter um capital de 4.000.000 de Euros e obrigações de 50.000.000 de euros (com a autorização e a Garantia do Estado). Não deve receber depósitos, capta fundos no mercado de capitais através de obrigações colocadas no país e no exterior. A fiscalidade e a parafiscalidade aplicável serão nulas. Disponibiliza garantia, garantia mútua, capital de risco, fundo de internacionalização, crédito e outras formas de financiamento. Integrará a rede internacional de bancos e sociedades de investimento. Intervirá supletivamente e em parceria com o sistema bancário local.

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� Promoção do Fundo de Capitalização das Empresas como fonte de financiamento de capital de risco e/ou como prestador de contra garantia, securitização e titularização de créditos que permitam um reforço dos capitais próprios e melhor acesso a financiamento. Um fundo de Capitalização e de Internacionalização das Empresas até ao montante de 30% do PIB, a ser constituído progressivamente. Será utilizado a recompra do TRUST FUND pelo Estado para o efeito, os fundos públicos internacionais, as receitas extraordinárias do Estado e os fundos privados e de instituições internacionais numa clara estratégia em como o incentivo tem de ser canalizado para o sector privado. Este fundo deverá buscar financiamentos junto do Banco Mundial, Sociedade Financeira Internacional, Banco Europeu de Investimentos, Banco Europeu de reconstrução e desenvolvimento, Banco árabe de desenvolvimento, Banco africano de desenvolvimento, Afreximbank e de parceiros bilaterais como a China, EUA, Luxemburgo, Portugal, de fundos de capitais de risco e soberanos

� Aposta na capacitação empresarial em parceria com as agremiações empresariais e com o sistema financeiro;

� Desenvolvimento de mecanismos para garantir a certeza contratual através qualificação do sistema judicial, da melhoria da regulação e da informação contabilística e financeira produzida pelas empresas, assim como da informação sobre o risco de crédito.

� Dinamização do mercado de capitais e da Bolsa de Valores de Cabo Verde, de modo a garantir liquidez ao mercado secundário. Para a dinamização do mercado de capitais e para a revitalização do mercado secundário de títulos de dívida pública, o Banco de Cabo Verde deverá estudar a forma de fornecer aos participantes deste mercado um mecanismo de saída.

� Desenvolvimento do mercado segurador e do micro seguro, permitindo uma gestão profissional dos riscos intrínsecos à atividade económica, nomeadamente ao nível do crédito à habitação própria, evitando que ninguém seja obrigado a vender ou a entregar a sua própria casa para pagar a divida contraída para a sua construção, em caso de dificuldades financeiras.

� Introdução de um regime especial de incentivos ao sector financeiro para atrair ativos internacionais e gestores de fundos para mudar suas operações de front office para Cabo Verde.

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� Promoção dos Serviços Financeiros com campanhas de promoção mais eficazes, especialmente para diversificaras atividades, nomeadamente em direção ao continente africano no sentido de domiciliar empresas financeiras.

� Incentivo às instituições do ensino superior no sentido da criação de um Instituto de Serviços Financeiros para fornecer cursos de formação especializada focados nas necessidades reais e específica da indústria, tendo em conta os standards internacionais.

� Incentivo ao Banco de Cabo Verde para a publicação de um relatório anual, bem como a colocação no seu site oficial de informações sobre abusos e más práticas de bancos comerciais, uma vez que muitos consumidores se queixam sobre taxas excessivas cobradas pelos bancos, inclusive em transações com cartões de crédito.

� Revisão imediata do Código de Benefícios Fiscais, reduzindo como o limite para se ter acesso à convenção de estabelecimentos para meio milhão de contos, enquanto valor referencial, no sentido de facilitar e estimular o investimento estrangeiro em Cabo Verde como forma também de coinvestimento, alavancagem do financiamento nacional e reforço dos capitais próprios. O investimento tem de estar centrado e focado na criação de empregos. Introduziremos três majorações. A primeira, em função das ilhas, num quadro de contratualização e de parceria público privado, reduzindo em 50% o valor limite para a Ilha de São Vicente e 75% para as Ilhas do Maio, Fogo, Santo Antão, São Nicolau, Brava, Interior de Santiago, São Domingos e Ribeira Grande de Santiago. A segunda, em função dos sectores de actividades. E a terceira, em função do número de empregos directos e indirectos a serem criados durante a construção e exploração.

� Acompanhamento da redução gradual da tributação sobre a poupança pela redução dos impostos sobre os demais rendimentos e do reforço dos mecanismos de convergência no sentido de um tratamento fiscal mais equilibrado da dívida e dos capitais próprios.

� Definição de objetivos claros e quantificados para a Agência Promotora do Investimentos Direto Estrangeiro, por áreas chave de interesse, selecionados de acordo com os domínios de maior potencial do País.

� Incremento do envolvimento da rede diplomática na captação de investimento direto estrangeiro e de novos negócios, através da disseminação da imagem e informação sobre a caracterização, vantagens competitivas, potencial de investimento e sectores de elevado potencial do País.

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� Diversificação das fontes de financiamento das empresas através: � Criação de incentivos à utilização do mercado de capitais e

obrigacionista pelas PME, proporcionando o aumento do nível de capitais permanentes.

� Lançamento de um plano específico de atração do investimento Direto Estrangeiro estruturante que potencie recursos humanos qualificados, valorize os projetos de I&D e a nossa posição geoeconómica e geoestratégica, tire partido das vantagens competitivas existentes no tecido económico, colabore na valorização sustentada de recursos naturais e que, alem disso, possa funcionar como fator de dinamização de sectores promissores para a economia cabo-verdiana;

� Aposta na valorização do território como forma de atrair investimento estrangeiro, desenvolvendo uma oferta integrada, para um horizonte temporal alargado, que integre benefícios fiscais, compromissos de cofinanciamento, facilidades na política de vistos e apoios de natureza logística, entre outros benefícios;

� Lançamento de campanhas específicas de divulgação das potencialidades de acolhimento de investimento estrangeiro dirigidas a bancos internacionais e de desenvolvimento, ecossistemas de capital de risco, empresas de consultoria e escritórios de advogados internacionais, organizações que difundem rankings de competitividade internacional, etc.

� Dinamização dos conhecimentos e a influência da rede da diáspora nos seus países de acolhimento para promover a captação de investimento estrangeiro e fazer aprovar o Estatuto do Investidor Emigrante.

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� Promoção da constituição e desenvolvimento do Centro Internacional de Negócios de Cabo Verde (CINCV) numa clara estratégia de incentivo às exportações, nomeadamente para a CEDEAO e no quadro do programa AGOA e do CANADÁ, mas integrado num quadro coerente instrumentos fiscais alinhavados com os benchmark internacionais, regulatórios e de desenvolvimento de infraestruturas de suporte, que cobrem os sectores, de comércio e serviços internacionais diversos incluindo financeiros bancários e não bancários, de shipping, industrial e o sector os serviços das tecnologias de informação e comunicação. O CIN como um centro de serviço internacional global, e como uma plataforma de logística e de serviços incluindo os financeiros particularmente entre a Europa, a Asia, os EUA e os mercados da CEDEAO.

� Revisão imediata da lei que cria o CIN e do Código de Benefícios fiscais, redefinição do modelo de negócios e criação de um quadro legal claro, compreensível com um modelo de negócio bem definido para fazer de Cabo Verde uma centro de operações em África.

� Promoção de acordos para evitar a dupla tributação sobre os rendimentos e eliminação imediata da taxa liberatória de 20% sobre e pagamentos de serviços prestados por não residentes para as empresas, bem como aplicação de isenção total e inequívoca do imposto do IUP e do imposto de selo no quadro do CIN.

� Adoção da livre movimentação de capitais para as empresas enquadradas no regime do CIN.

� Colocação a debate a criação de um Banco de Desenvolvimento a nível da CPLP para grandes projetos, visando sobretudo a penetração conjunta no mercado da CEDEAO.

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UMA FISCALIDADE AMIGA DO INVESTIMENTO E DAS FAMÍLIAS

Uma boa política fiscal deve basear-se no princípio de que uma parte essencial do financiamento futuro do país tem de vir do IDE e do investimento da Diáspora.Assim, o projeto de Reforma Fiscal para uma década tem uma ancoragem nos seguintes pilares: � Baixa fiscalidade, elevada confiança fiscal e estabilidade fiscal

durante uma legislatura.� Simplicidade fiscal com taxas “flat” e taxas máximas de 15% a atingir

numa década.� Papel residual dos impostos sobre os rendimentos, respeitando a

progressividade e natureza pessoal dos impostos através da dedução à coleta.

� Rede de acordos para evitar a dupla tributação.� Foco na tributação sobre a despesa IVA e alargamento da base

tributária através do combate determinado à informalidade.� Desagravamento da tributação sobre a poupança e o investimento.� Ajustamento da tributação sobre o trabalho, tornando mais

competitiva.� Administração fiscal altamente competente, eficiente, motivada e

dotada de forte capacidade inspetiva e tecnológica.� Combate à litigância fiscal de má-fé, à fuga e evasão fiscais, sendo

que os dados apontam para dívidas anuais ao fisco no valor de 30% das receitas correntes.

� Promoção da cidadania fiscal através da transparência fiscal, obrigando que na compra de cada bem e serviço os consumidores tenham a informação exata do valor total de todos os impostos e taxas incluídos nos preços dos produtos e a uma maior transparência na governação, justificando cada escudo gasto.

� Fiscalidade verde, respeitando o princípio poluidor/pagador, procurando obter um triplo dividendo (ambiente, economia e emprego) e um rebalanceamento quanto à distribuição das receitas públicas entre o poder central e autárquico.

� Tolerância zero quanto aos incumprimentos fiscais abusivos.

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O nosso compromisso

� Compromisso com um quadro fiscal para a legislatura. � Taxa Zero em sede de IUR para as micro, pequenas e médias

empresas no quadro do programa “pleno emprego”;� Eliminação da para fiscalidade sobre o fator trabalha que recai

sobre as empresas para estimular o emprego jovem;� Redução para meio milhão de contos o limite mínimo de

investimentos para se ter acesso à Convenção de Estabelecimentos, desde que tenha impactos relevantes na criação de empregos jovem e emprego de qualidade. Abranger os produtos produzidos localmente neste regime.

� Reavaliação dos códigos de IUR PS e PC, da tributação autónoma e pagamento por conta.

� Revisitaremos o código do imposto aduaneiro no quadro de uma maior integração de Cabo Verde no continente africano e da defesa das especificidades do país.

� Redução do IRS e do IRC em 5pp até ao final da legislatura.� Redução da tributação sobre a poupança em linha com a redução da

tributação sobre os rendimentos na ordem dos 5 pp até ao final da legislatura.

� Eliminação da dupla tributação em sede de dividendos.� Criação de uma conta corrente entre o Estado e o contribuinte.� Reforço da transparência fiscal, obrigando a que os preços incluem

explicitamente o valor de todos os impostos pagos com a aquisição de um bem ou serviço.

� Afetação da taxa do turismo, a taxa de manutenção rodoviária e da taxa ecológica aos municípios/regiões e isenção dos municípios do pagamento do IVA, priorizando o investimento.

� Assinar com todos os países principais emissores de investimentos para Cabo Verde um acordo para evitar a dupla tributação em sede de rendimentos.

� Eliminação definitiva de todas as taxas “ad valorem”, de acordo com a lei 21/VII/2008 de 14 de Janeiro.

� Eliminação do imposto de selo até ao final da legislatura, desde que não coloque em causa o excedente orçamental previsto para final da legislatura.

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� Alinhamento do IVA no sentido da baixa sobre as operações hoteleiras e todo o sistema fiscal com as práticas dos países nossos principais concorrentes na Micronésia e na Bacia do Mediterrâneo.

� Garantir que, sempre que os dados fiscais de qualquer contribuinte sejam acessado fora dos prazos normais previstos, os visados sejam informados automaticamente, utilizando as TIC s.

� Reforçar a capacidade financeira dos municípios, nomeadamente ao nível da fiscalidade

� Aprovação de um novo código de imposto sobre o património e avaliação da possibilidade de introdução do IUP progressivo, fixando uma taxa máxima e mínima, dando maior flexibilidade aos municípios na gestão do IUP enquanto instrumento de política económica. Para evitar subidas bruscas, prevê-se a criação de uma cláusula de salvaguarda que impeça aumentos superiores a um determinado valor a fixar, sendo este travão aplicado nos casos de reavaliação de casas que sirvam de habitação permanente e de baixo valor.

� Condicionar as penhoras, suspendendo a execução fiscal de casas que sirvam de morada das famílias com menores rendimentos e com menores, por um determinado período de tempo, devendo as entidades públicas intervir, nestes casos, dentro de um prazo de tempo fixado, para ajudar a solucionar o problema.

� Aposta no reforço e na excelência da AdministraçãoFiscal (Central e Municipal)

� Reforço dos Tribunais Fiscais e Aduaneiros, disponibilizando meios e aprovando uma nova lei sobre a sua organização e seu funcionamento;

� Responsabilização pessoal dos agentes da Administração fiscal quando for comprovado a prática de actos abusivos e de manobras delatórias.

� Fixar um limite abaixo do qual o Estado fica impedido de recorrer aos tribunais superiores.

� Apostaefetiva na arbitragem Tributária como alternativa para uma rápida e competente resolução de litígios em matéria tributária, com vantagens para o Estado, os particulares (empresas e pessoas físicas) e a economia.

� Aprovação de uma lei sobre as Holdings viabilizando a domiciliação de grandes empresas internacionais e de empresas inovadoras.

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� Reforço da competitividade de Cabo Verde na atração de investimento, nomeadamente através da alteração do código de benefícios fiscais, instalação de um sistema judicial célere e credível e da criação de um mecanismo de opções acionistas que estimule a entrada do Venture Capital internacional.

O modelo de relacionamento entre a Administração Tributária (Central e Municipal) e os particulares (Empresas e Pessoas Singulares) na base da boa-fé, confiança mútua, cooperação e com direitos e deveres recíprocos que devem ser respeitados por ambas as partes.

Cabo Verde tem de estar nos top 15 em matéria de competitividade fiscal. E tão necessário para um crescimento acima dos 7% como para atingirmos o pleno emprego. A competitividade fiscal tem de ser visto como um ativo, como um investimento, tal como o realizamos nas infraestruturas ou na educação. Esta reforma fiscal será financiada através do crescimento económico previsto, permitindo que taxas de impostos mais baixos gerem maior receita fiscal, através da reforma do estado e da melhoria da qualidade da despesa púbica e do combate aos desperdícios, assim como de um novo paradigma para a política de investimentos públicos.

A baixa fiscalidade exige uma enorme contenção e racionalização das despesas públicas pelo que uma reforma do Estado e a racionalização das despesas pública são passos imprescindíveis. O nosso compromisso é com um saldo corrente primário positivo, a partir de 2017, acima de 1% do PIB e crescente até 2021, devendo atingir, nessa altura, valores da ordem dos 3% do PIB. Sem qualquer aumento da taxa de incidência fiscal.

A nossa açãoCriaremos uma tributação especial para as pequenas e médias empresas – isenção de taxas sob determinadas condições, eliminaremos a para fiscalidade sobre o trabalho para estimular a empregabilidade dos jovens, reduziremos consideravelmente o valor previsto como limite mínimo para se aceder à convenção de estabelecimento para cerca de meio milhão de contos, tudo com um objetivo, aumentar o emprego. Iniciaremos uma trajetória de eliminação progressiva da dupla tributação em sede de rendimentos. Os demais ajustamentos fiscais serão efetuados, a partir de 2017, em função das poupanças que iremos conseguir ao nível do funcionamento da máquina pública e dos ganhos que iremos conseguir com o nível do crescimento do PIB e o alargamento da base tributária sobretudo em sede do IVA.

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Até ao final desta legislatura, o IRC baixará para 20%, o IRS baixará também em pelo menos 5.pp.O acesso à água é um direito humano básico. Alguns países, como a África do Sul, tem isso consagrado na sua constituição e oferecem um certo nível de consumo de água de forma gratuita. Subscrevemos inteiramente esta filosofia. Por isso, para as famílias menos possidentes criaremos uma tarifa social que compensará todos os impostos que recaem sobre a factoração e todos os lares no nosso país terá direito ao metro cúbico de água que considerarmos essencial a um preço social Faremos o mesmo para a energia. Para um determinado volume considerado como consumo mínimo e a partir de um determinado nível de rendimento, que será fixado pela entidade reguladora, estabeleceremos também um preço social. Criaremos condições de igualdade de tratamento fiscal para as obrigações do Estado e de particulares, sendo que o critério diferenciador deverá ser o rating de cada um dos tomadores.Alinharemos o IVA sobre as operações hoteleiras e todo o sistema fiscal com as práticas dos países nossos principais concorrentes na Macaronésia e na Bacia do Mediterrâneo.Estenderemos a isenção do IVA e dos direitos aduaneiros aos produtos adquiridos no mercado interno, quer sejam importados ou produzidos localmente quando são incorporados nos projetos que gozam de isenção (Estatuto de Utilidade Turística e Instalação). Reavaliaremos o sistema de Crédito Fiscal e o sistema de Pagamento por conta, pois penaliza a tesouraria das empresas.Iremos permitir, sem restrições desnecessárias, que quem tenha um crédito perante o Estado ou outras entidades públicas possa compensá-los com créditos que os impostos e a segurança social tenham para com essa empresa/entidade. Para contribuintes com determinados níveis de rendimentos e para pequenas e medias empresas com determinado nível de faturação, a ser determinado por lei. Os montantes de imposto/segurança social dispensados do pagamento serão abatidos às transferências que venham a ser efetuadas para as entidades públicas que tinham os valores em dívida, no quadro do seu financiamento através do orçamento de Estado.Fixaremos um tempo máximo para o desembaraço alfandegário para os residentes, investidores e emigrantes e os agentes públicos serão responsabilizados quando o atraso for da sua responsabilidade e os utentes terão canais de reclamação simplificados. Privilegiaremos a arbitragem e outros meios alternativos e expeditos de resolução de conflitos e o Governo emanará normas interpretativas para a Administração fiscal, reduzindo o potencial de conflitualidade com os contribuintes e garantiremos uma autoridades fiscal de excelência.

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UMA NAÇÃO DE EMPRESAS E DE EMPRESÁRIOS

O nosso compromisso� One stop shop� Um plano de açãopara o Comércio, Serviços e Restauração

São as empresas que criam empregos e geram rendimentos. São elas que inovam, produzem e exportam. Sem as empresas não há economia, nem empregos de qualidade e nem rendimentos.Cabo Verde tem de ser uma nação de empresários e o sector das PME, em perfeita articulação com as grandes empresas, serão a espinha dorsal da nossa economia.Vamos capacitar mais os nossos cidadãos e sobretudo aqueles que tenham vocação para se tornarem empresários, para terem uma participação mais ampla no mundo económico, garantindo uma melhor partilha da riqueza que criamos como Nação.Não podemos continuar com a abordagem fragmentada quanto ao estímulo ao sector das PME e ao sector empresarial no seu conjunto, pois os resultados têm sido muito dececionantes.Precisamos de uma estratégia coerente, acompanhada de processos e procedimentos que forneçam apoio significativo e coerente em todos os níveis, sobretudo para os jovens empresários, em perfeita parceria e sintonia com as Câmaras de Comércio e as Associações Empresariais.Desde a conceptualização de um projeto até à sua realização, cobrindo o apoio ao financiamento, a escolha dos métodos de produção, a tecnologia, o marketing e a exportação.As empresas merecem todo o tipo de incentivos da parte do Estado e criaremos as melhoras condições para que elas possamexpandir, produzir e exportar.Para conseguir isso, adotamos uma abordagem abrangente e inovadora tendo como objetivo principal a criação de empresas.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

A nossa ação

“ONE STOP SHOP” para as PME e uma atenção privilegiada às grandes empresas� Uma One Stop Shop que irá fornecer sob o mesmo teto, todo o apoio

ao nível do financiamento e da informação, bem como a entrega de todas as autorizações e licenças que as PME necessitam para iniciar e fazer crescer seus negócios. Garantiremos as mesmas condições de acesso para todos em todas as ilhas.

� Uma Sociedade de Crédito e de Investimento (SNCI), enquanto veículo de direito público para apoiar as pequenas e medias empresas para fornecer capital semente para as empresas sem qualquer necessidade de garantia pessoal.

� Disponibilização de capital de giro pela (SNCI), integrando a abordagem One Stop Shop, para facilitar os jovens empresários nos em seus empreendimentos empresariais.

� Promoção de incentivos para o desenvolvimento de operações em sindicato bancário (nacional e internacional), uma vez que os maiores bancos do sistema apenas podem alavancar, por si só, operações apenas até ao montante de 24 mio euros, quando temos de chegar aos 60 milhões de euros.

� Criação de um mecanismo de via rápida para garantir que todas as licenças e aprovações necessárias para realizar negócios sejam entregues dentro do tempo mínimo. Neste contexto, o número de autorizações e licenças serão simplificados e reduzidos ao mínimo estritamente necessário. Qualquer agente que fizer os empresários incorrer em custos desnecessários por ação ou omissão será responsabilizado.

� Desenvolvimento do conceito de Estado unitário na sua relação com os agentes económicos. Em linha com o espírito de One Stop Shop, todas as taxas de comércio em nome das autoridades locais serão igualmente cobradas no mesmo espaço e pela entidade gestora do serviço One Stop Shop.

� Operacionalização do “uma só vez”, simplificando o mecanismo de prestação de informação entre empresas/empresários e entidades reguladoras ou Estado.

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� Isenção de impostos sobre os rendimentos. As PME s registadas no âmbito do programa de criação de 45.000 novos empregos, durante a próxima legislatura, serão isentas do pagamento de imposto sobre as sociedades por um período de 5 anos e de todas as taxas para efeito de licenciamento.

� Disponibilização de parques industria. O Governo, em parceria com o poder local, aumentará significativamente o espaço industrial para as PME, através da criação de parques industriais em todas as ilhas.

� Criação de uma One Stop Shoppara as micro empresas e a economia social e solidária: Criaremos, em parceria com a plataforma das ONG s, uma One Stop Shoppara as microempresas e a economia solidária, garantindo financiamento através da micro finanças, abrangendo o micro crédito, o micro seguro, o leasing e as garantias, formação e coaching em todas as ilhas e na proximidade. Criaremos um canal de informação e comunicação na proximidade aos agentes económicos incluindo: mecanismo de alerta para as empresas e associações, relativamente às alterações legislativas e regulamentares, de forma clara e com a necessária antecedência

Um plano de ação para o comércio, os serviços e a restauração

Os sectores do comércio, serviços e restauração lideram a criação de emprego, ajudam a estabilizar a procura interna e contribuem para aumentar as exportações, pelo que a sua competitividade é crucial para o conjunto da economia e para o seu futuro crescimento. Na próxima legislatura, a linha de atuação essencial passará pela implementação de uma Agenda para o Comércio, Serviços e Restauração, 2016-2021, cujo objetivo é estabelecer um enquadramento favorável ao permanente conhecimento da realidade concreta dos sectores, à redução dos custos de contexto, ao aumento da competitividade, ao acesso ao financiamento e à diversificação de mercados para as empresas, em particular aproveitando as oportunidades geradas pela economia digital.

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O MpD propõe neste quadro:� Criar um enquadramento legal de financiamento colaborativo;

� Estudar, no âmbito da SNCI, a criação de uma linha de financiamento para capitalizar a restauração e similares;

� Implementar uma Estratégia Territorial para o Comércio, Serviços e Restauração, onde se avalia uma política de ordenamento do território em articulação com uma política sectorial para o comércio, serviços e restauração, desenvolvendo um visão para requalificar e modernizar os centros urbanos e o meio rural;

� Prosseguir as políticas visando a promoção da equidade e do equilíbrio na cadeia de valoro aumento da transparência do mercado, a adequada repartição de valor entre os sectores da produção, da transformação e da distribuição de produtos agrícolas e agroalimentares o estabelecimento de uma concorrência saudável, âmbito em que é decisivo promover o reforço do papel institucional.

� Combater a informalidade na economia e promover a qualidade e a excelência na prestação de serviços.

� Alinharemos o IVA com os nossos principais competidores. Utilizaremos o benchmark.

TRANSPORTES E INFRAESTRUTURAS

AO SERVIÇO DODESENVOLVIMENTO

Vamos construir um Sistema de Transportes integrado, competitivo e seguro, com relevante contribuição para a riqueza nacional, a balança de pagamentos, emprego e mobilidade nacional e internacional.

O nosso compromisso� Ligar de forma eficiente e regular as ilhas entre si e ao mundo.

� A promoção e a construção dum sistema aeroportuário moderno.� Um hub logístico do atlântico e um terminal de transshipment de

contentores.

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� Edificação de portos adequados às necessidades das Ilhas, do Pais e do Mundo.

� Um parque rodoviário funcional.� Um sistema de energia, agua e saneamento, sustentável e moderno.� Tecnologias de informação e comunicação modernos e competitivos

ao serviço do desenvolvimento.

Cabo Verde tem de ser um país aberto ao mundo. Precisamos de infraestruturas de qualidade. As infraestruturas, os transportes e as comunicações são ferramentas coletivas ao serviço das pessoas e da economia. São um meio, não são um fim. Os investimentos nessa área visam melhorar a vida das pessoas, dinamizar as atividades económicas, alavancar a geração de emprego e a criação de riqueza. Devem, também por isso, ter sustentabilidade económico-financeira, garantir a centralidade de Cabo Verde no atlântico e ser estruturadas visando aprofundar a coesão social e territorial e esbater as disparidades que ainda subsistem entre as ilhas.Se muito do desenvolvimento da economia passa pelas infraestruturas, seja de comunicações, seja de transportes ou logísticas, apenas a boa planificação do investimento promove o desenvolvimento.Os últimos anos demonstraram como é custoso para os contribuintes manter uma rede de transportes ineficiente e fazer investimentos sem planeamento, sem estudos e com uma gestão ineficientePara viabilizar qualquer estratégica eficaz de desenvolvimento, Cabo-verde tem de garantir a unificação do mercado nacional, nomeadamente no que respeita aos sistemas de transportes marítimos e aéreos de carga e de passageiros, ao acesso às novas tecnologias de baixo custo e ao fomento de mercados regionais de produtos agrícolas e de outros produtos estratégicos nos pontos-chave do território nacional.O MpD assume o desafio da unificação do espaço nacional como uma aposta essencial à sustentabilidade do desenvolvimento socioeconómico. As infraestruturas e os meios de transporte merecerão assim, uma atenção especial de modo a garantir segurança, eficiência e qualidade na circulação de pessoas e dos bens. Tudoisto passa por uma reestruturação profunda do setor. Esta reestruturação será feita através de políticas que promovam o regime de concessão para o serviço público de transporte de pessoas com dedicação a linhas, com ou sem exclusivo.

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No segmento de cargas, serão também adotadas políticas que favoreçam a instituição de linhas regulares entre as ilhas, a modernização da frota e a criação de condições operacionais e de preços que viabilizem a rentabilidade do transporte de cargas inter-ilhas. Priorizaremos a articulação sectorial, a regulação, a qualidade e a segurança e a promoção do Project Finance.Os transportes aéreos e as suas infraestruturas serão desenvolvidos de modo a responder de forma eficiente, a custo aceitável, a necessidades de urgência/emergência no contexto económico onde o fator tempo é decisivo. O desafio da unificação será posto especialmente no sector marítimo onde a qualidade e capacidade de resposta das infraestruturas exercem um papel primordial na modernização e no acréscimo de produtividade.Será dada especial atenção às infraestruturas de apoio ao desenvolvimento do turismo, considerado como sector - chave para o desenvolvimento económico do país.Será desenvolvido um esforço continuado de desencravamento das localidades.

Mais especificamente:

No setor Marítimo-PortuárioCabo verde tem condições e deve afirmar-se com o hub logístico do atlântico – um terminal de transshipment de contentores, nomeadamente a partir do porto grande do Mindelo. Para o efeito, a integração económica de Cabo Verde em África é imprescindível.Cabo Verde precisa por isso de uma verdadeira política africana voltada para o desenvolvimento e sensível e todos os elementos de risco que esta empreitada comporta.

Precisamos reformar os sistemas logísticos e portuários, privatizar a gestão dos portos e reduzir as taxas para os exportadores, da reforma da lei que regula o trabalho portuário e do aumento de capacidade do nosso sistema portuário.A competitividade dos portos e a capacidade logística nacional deve ser aprofundada através de um conjunto de medidas destinadas à sua promoção internacional.

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Temos de proceder imediatamente ao benchmarking público dos custos portuários por concessão (nomeadamente das taxas cobradas aos utilizadores) de forma a aferir, em cada momento, da competitividade e atratividade dos portos a nível nacional e, sobretudo, internacional, criando as condições para reduzir custos e tempo da operação, revendo imediatamente o enquadramento jurídico da operação portuária, especialmente a estrutura tarifária e a que se refere ao tempo de permanência das mercadorias armazenadas no porto.

Temos de simplificar o tarifário cobrado aos utilizadores dos portos, procedendo à consolidação das diversas taxas num único valor, a ser objeto de distribuição em BackOffice pelos diversos beneficiários, à semelhança da taxa de segurança nos aeroportos;

A nossa ação � Promover e desenvolver um centro logístico e de transbordo

internacional competitivo em São Vicente para a Região Africana e do Atlântico Médio.

� Retomar o processo de Registo Internacional de Navios.� Promover a criação de Agências Especializadas em Gestão de

Pessoal Marítimo afeto às Companhias Internacionais.� Promover Cabo Verde como um centro de excelência na formação

marítima, transformando o ex-ISECMAR (atualdepartamento da Uni-CV) efetivamente numa Escola do Mar e num centro de referência e de prestação de serviços para todas as valências da economia marítima, devendo o Estado afectar as instalações da ONAVE a esta escola.

� Dotar o País de uma frota moderna e segura.� Garantir linhas regulares inter-ilhas através da concessão de rotas

e subsidiação por um tempo determinado de rotas não rentáveis, analisando o conjunto de rotas. Caso necessário, o Estado intervirá diretamente para garantir o objetivo linhas regulares inter-ilhas de cargas e passageiros, enquanto último recurso. Destacando-se as linhas: São Vicente e Santo Antão; São Vicente – São Nicolau – Sal - Boavista; São Vicente - Santiago; Santiago – Fogo - Brava; Santiago - Maio; Santiago – Boavista - Sal; Santiago -São Nicolau.

� Promover a modernização das infraestruturas portuárias, incluindo rampas Ro-Ro e equipamentos portuários em todas as ilhas de Cabo Verde;

� Relançar a atividade de manutenção naval e promover a atividade de construção naval;

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� Privatizar a operação portuária, através de soluções porto a porto ou da concessão em contrato único da totalidade dos Portos de Cabo Verde, envolvendo os armadores nacionais.

� Criar uma entidade nacional com funções de autoridade portuária, com a responsabilidade de execução da política nacional referente aos portos e pela coordenação das atividades nas áreas portuárias, o que inclui a coleta de taxas, a preparação da organização global do espaço (Plano Diretor), promoção da intermodalidade e o licenciamento e supervisão das atividades dos operadores.

� Promoção de um Estado parceiro que garante o envolvimento de todos os operadores na politica para o sector.

� Promoção de um Estado parceiro no sector e garantia de boas relações entre os armadores e a Agência Marítima Portuária.

� Criar um programa de estímulo e apoio diversificado aos empresários nacionais e externos e empresas dos desses ramos de atividade, direta e indiretamente interessados na criação de uma empresa, de âmbito nacional e regional, de transporte, logística e distribuição, garantindo a resolução de entraves à produção artesanal, semi-industrial e industrial nos mais diferentes sectores de atividades, tendo em vista o mercado nacional, regional e a exportação no sentido mais lato.

� Garantia do financiamento para o sector através da SNCI.� Promover, na nossa sub-região, em especial com o Senegal, a

complementaridade entre os portos, favorecendo o transbordo, bem como, promover, a nível interno, políticas de complementaridade dos portos, sem descurar a competitividade que deve existir entre eles.

� Adotar um Plano Estratégico para o subsector portuário, visando minimizar os custos da descontinuidade territorial, evitar os custos da multiplicação de estruturas e promover as sinergias regionais.

� Estimular uma salutar competitividade entre os dois principais portos do País através do novo modelo de gestão que resultará da autonomização dos portos, diluindo a catual centralização nos elementos da gestão estratégica, indispensáveis para a salvaguarda do interesse geral do país.

� Introduzir outros elementos de competitividade através da promoção de operadores portuários dentro de cada porto, de modo a evitar o monopólio neste domínio de atividade.

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� Dar uma grande atenção à capacitação contínua dos marítimos, cuidando da sua formação contínua e a sua atualização de modo a se erigirem no elemento principal do sucesso da estratégia para o setor.

� Promoção da competitividade no sector através de uma política de preço e de tarifação transparente e de um serviço de qualidade da parte da ENAPOR.

Nos Aeroportos e Transporte AéreoCabo Verde, aproveitando a sua localização geoestratégica e a sua importância geopolítica, tem condições para assumir a sua centralidade como plataforma de distribuição de tráfico aéreo, complementado com uma zona franca comercial e com um turismo de negócios que pode ser desenvolvido a partir da ilha do sal.Definiremos claramente uma política de prestação de serviço público de transportes aéreos, priorizando a ligação entre todas as ilhas e do país com a diáspora e definindo claramente as rotas que são objeto de serviço público.Propomos assinar um Plano Estratégico com a ASA no sentido de garantir a execução de um plano de Investimentos nos diversos aeroportos, de forma a viabilizar o seu impacto positivo nas economias década região de abrangência e de viabilizar a construção dos aeroportos do Maio, Santo Antão e da Brava, após estudos de viabilidade económica e social e mediante a mobilização de parcerias privadas. No caso da Brava, deve ser estudado também a alternativa da construção de um heliporto. O nosso objetivo é o de garantir ligações aéreas para todas as ilhas.Cada aeroporto tem de ser estabelecido como um centro de negócio, com gestão privada, mediante contrato de concessão. Transformaremos a ilha do Sal numa zona franca comercial.Temos de concretizar as políticas de mobilidade aérea que assegurem continuidade territorial e coesão social, em colaboração com as regiões e autarquias servidas por aeródromos, garantindo a ligação de Cabo Verde com o mundo e ligando as várias ilhas entre si, com destaque para a Brava, Maio e São Nicolau.Cabe ao Estado a missão de criar as condições para a materialização efetiva do princípio da continuidade territorial e do princípio da solidariedade, através do suporte dos custos das desigualdades derivadas da insularidade no respeitante aos transportes.

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A nossa ação� Dar continuidade ao processo de abertura do transporte aéreo low

cost, como parte do plano de alternativas e oportunidades económicas para a ilha.

� Fomentar o transporte de carga aérea aeroportuária, através da criação de condições para a instalação de terminais de carga nos principais aeroportos ainda não servidos.

� Avançar com o processo de abertura do capital e privatização da TACV depois da sua reestruturação, mantendo a empresa como companhia de bandeira, participando na viabilização de Cabo Verde como plataforma de distribuição de tráfico aéreo de carga e de passageiros, devendo o Estado garantir a ligação entre as ilhas e a ligação do país com a sua diáspora.

� Privatizar e gestão dos aeroportos com o objetivo de alcançar os investimentos e de fazer de Cabo Verde um Zona Franca Comercial e uma plataforma de distribuição de tráfico aéreo em pleno atlântico médio.

� Investir na excelência da regulação no sector.� Instalar um Centro de Manutenção Aeronáutica (Centro MRO)

vocacionado para servir, numa primeira fase, os operadores nacionais e, posteriormente, mediante certificação internacional (EASA, FAA), servir operadores de outras partes do globo, designadamente da África Ocidental;

� Criar um Parque Tecnológico para o Transporte Aéreo, visando o desenvolvimento do transporte aéreo e da manutenção aeronáutica como geradores de novas oportunidades de emprego qualificado para responder à procura de profissionais especializados.

� Aproveitar o grande potencial de mercado para a formação profissional e académica, voltada para satisfazer necessidades internas, mas também externas. A implementação do Instituto Tecnológico para o Transporte Aéreo será uma oportunidade para, aproveitando a experiência já existente no sector marítimo, especializar a Ilha do Sal neste domínio importante para o futuro de Cabo Verde e da humanidade.

� Promover o investimento na indústria ligeira ligada ao transporte aéreo.

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Nos Transportes RodoviáriosA abordagem regional, ao nível de cada ilha, do sistema de transportes e infraestruturas rodoviários é fundamental e determinante para diminuir a distância económica entre os concelhos, reduzir a pressão para a concentração urbana nas cidades e distribuir melhor a atividade produtiva, os serviços públicos e os rendimentos pelas diversas localidades.

A nossa ação� Promover e assegurar a conservação, exploração e o planeamento

do desenvolvimento da rede de estradas nacionais. � Apoiar os municípios na conservação, no planeamento do

desenvolvimento da rede de estradas municipais.� Oferecer aos cidadãos uma rede de infraestruturas de transporte

rodoviário satisfazendo condições técnicas de comodidade e segurança.

� Continuar o processo de desencravamento de localidades.� Melhorar para garantir a excelência do serviço de automóveis de

praça, os táxis, pelo reconhecimento da importância desse serviço enquanto serviço público em áreas como o turismo, a mobilidade dos cidadãos e o rendimento das famílias, atuando na:

� Regulação e regulamentação por forma a garantir um serviço público de qualidade, regular, transparente na relação com os clientes e seguro para o utente, taxista todo o sistema de trânsito.

� Criação de incentivos nomeadamente fiscais com vista à melhoria do parque de táxis e discussão com os profissionais da classe a organização do acesso através da constituição de empresas, abrangendo um conjunto de incentivos fiscais para a reposição de frotas, rádio táxis, taxímetros e materiais para formação.

� Implementaçãoefetiva da carteira profissional como uma condição de acesso ao exercício de condutor profissional nesse ramo de atividade, precedida de um programa de formação profissional com requisitos de conhecimento geral nas áreas culturais, linguísticas, entre outras.

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� Melhorar os dispositivos que regulam a concessão de licenças, aos novos operadores visando a manutenção de um parque automóvel de qualidade, através do licenciamento mediante concurso publico fundamentado.

� Implementar um sistema de fiscalização que evite a concorrência ilegal, elimine a prática de táxis clandestinas e defenda o utilizador, através de um regime rigoroso de registo e identificação de táxis, exigência de praça de táxis, taxímetros e rádio táxis.

� Promover os sistemas de Radiotáxis dependentes de uma ou mais centrais telefónicas de modo a reforçar a segurança deste tipo de transporte e a melhorar a oferta, principalmente à noite.

� Melhorar o serviço de transporte coletivo de passageiros interurbanos através da: • Criação de um programa de formação dos condutores e a

consequente introdução da exigência de carteira profissional para o exercício dessa atividade.

• Criação de incentivos com vista à melhoria do parque de automóveis utilizados no transporte coletivo de passageiros interurbanos, com novas opções em termos de capacidade e conforto de passageiros.

• Incentivos aos atuais operadores a se organizarem em empresas de transportes interurbanos de modo a melhorar a sua rentabilidade e a capacidade de prestação de serviço.

• Tomada de medidas necessárias visando a regulamentação e fiscalização desse tipo de transporte, em nome da prevenção e da segurança rodoviária.

• Discussão da introdução do sistema de pontos de penalização para reforçar a segurança nas estradas. Discutiremos com todos os interessados, mas a segurança rodoviária é para nós um bem essencial.

• Compensação aos operadores pelo passe social via tarifa ou intervenção direta do Estado.

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Nas Infraestruturas

Os últimos anos têm sido desastrosos em matéria de política de investimentos públicos nas infraestruturas. É neste sector onde os dinheiros dos contribuintes têm sido mais delapidados.É preciso pois restabelecer a confiança entre as pessoas e as políticas públicas de desenvolvimento das infraestruturas, através de um Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas para uma década no valor de 1.5 mil milhões de Euros a serem executadas, prioritariamente, no quadro da parceria público privado.

Uma nova metodologia de programar e de executar as Grandes Obras Públicas

As ineficiências na gestão das obras públicas, os trabalhos a mais, a deficiência fiscalização, a inexistência de um quadro claro para a definição das prioridades obrigam-nos a criar um Centro de Competência e serviços partilhados do Estado.Neste quadro, promoveremos:� A aprovação de um plano estratégico de transportes e

infraestruturas;� A unificação e o reforço do centro de competências nas áreas como o

planeamento, a apreciação de projetos, a fiscalização da execução, a análise de custo benefícios, os modelos de financiamento e de contratação jurídica comum a todo o Estado, sejam a Administração direta como indireta. Ficará na dependência de uma única estrutura governamental.

� A audição e discussão pública de todas as grandes obras.� A sujeição, apreciação e aprovação parlamentar do Plano Estratégico

das Infraestruturas.� O parecer obrigatório do Conselho Económico e Social e da

Associação Nacional de Municípios em relação ao Plano Estratégico das Infraestruturas.

� Acompanhamento pelo Ministério Público de todo o processo de negociação dos processos mais relevantes de contratação pública.

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� Adoção, prioritariamente, da modalidade de parceria público-privada para o financiamento das grandes obras. O ambicioso plano de investimentos que se prevê para as infraestruturas, tendo em conta a necessidade de controlar a dívida pública, obriga a um certo nível de fluxo de IDE para financiar os projetos, ficando, desde já, quantificado em 20 a 25% o financiamento das grandes infraestruturas públicas através desse fluxo.

� Participação activa na busca de financiamento concessional disponível para os pequenos países insulares.

� Garantia de uma boa política de manutenção das grandes obras públicas.

� O sector nacional da construção civil pelo impacto que tem no emprego, assim como a competitividade e internacionalização das empresas de construção civil nacionais.

As grandes obras

Temos um “pipeline” que irá ser criteriosamente estudado e devidamente hierarquizado para uma decisão final até Dezembro de 2016 em que aprovaremos o referido plano. Abrange todas as ilhas e visa construir um país de conhecimento, conectado consigo próprio e com o mundo e aproveitar todas as potencialidades de cada Ilha e afirmar a centralidade do país no atlântico. Constarão desse processo de análise, entre outras: � A construção do Aeroporto Internacional de Porte Médio de Santo

Antão;� Ampliação/modernização do aeroporto da Praia; � A requalificação do Aeroporto Internacional Cesária Évora; � A ampliação do aeroporto de São Nicolau; � Investimentos no aeroporto do Sal e da Boavista; � Ampliação do Aeroporto do Maio em Aeroporto Internacional de

Porte Médio; � Construção de um aeródromo de proteção civil na Ilha De Santiago; � Ampliação do Aeroporto do Fogo em Aeroporto Internacional de

Porte Médio; � Construção do Aeródromo da Brava; � Construção da segunda fase do Porto Novo; � Construção do Terminal de Transbordo no Atlântico Médio, no

Lazareto; � Construção do terminal de cruzeiros do Porto Grande;

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� Reabilitação e Ampliação do Porto do Tarrafal de São Nicolau; � Construção da 2ª fase do Porto de Palmeiras;

� Reabilitação do Porto Inglês com a construção de rampa Rol On Rol OF;

� Ampliação do Porto de Furnas; � Construção de Portos Integrados (Rampa RollonRollOf, Porto de

Recreio, Marina, Pesca) de Recreio/Marina em Tarrafal, Ribeira Barca, Hospital Regional na Praia, Estradas;

� Saneamento, Obras hidráulicas em todo Cabo Verde, Parques tecnológicos e infraestruturas culturais, desportivos e de saúde.

A aposta hoje tem de ser na qualidade dos investimentos. No seu impacto sobre o crescimento e o emprego.Quem pretende investir em Cabo Verde, nos nossos portos, nas ligações viárias, na cadeia logística, tem de ter um quadro estável no desenvolvimento da sua atividade para os próximos anos. O MpD pretende trazer mais capital para o país através das infraestruturas, pelo que propomos: concretizar os projetos rodoviários, portuários, aeroportuários com prioridade às conexões a zonas de forte desenvolvimento turístico. Ao nível das infraestruturas rodoviárias em perfil de autoestrada com portagem, concretizar a construção da ligação via rápida Praia Tarrafal.Avaliaremos a possibilidade de transformarmos o Instituto de Estradas numa empresa pública – “Infraestruturas de Cabo Verde”, tendo por objecto a conceção, o projeto, a construção, o financiamento, a conservação, a exploração, a requalificação, o alargamento e a modernização das redes rodoviárias. A Gestão do Fundo de Manutenção Rodoviária (FMR), apesar da taxa de 7$00 por litro de combustível é altamente deficiente, com 60% das estradas nacionais em mau estado de conservação. Ao nível do investimento público, estudaremos e identificaremos investimentos seletivos, novos, complementares e pontuais, que permitam nomeadamente valorizar e rentabilizar o investimento público em infraestruturas já realizado.Agora é tempo de utilizar e tirar partido também das infraestruturas já construídas, que constituem um ativo de base, para dinamizar a competitividade do Pais, as nossas empresas e a criação de emprego. Daremos prioridade a investimentos seletivos e complementares que permitam valorizar o investimento de base já realizado e concretizado e que criem sinergias e potenciem os recursos existentes como a capacidade de ciência e tecnologia, os recursos naturais ou a posição geoeconómica de Cabo Verde no mundo.

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Torna-se necessário estudar e identificar com rigor e de forma certeira quais são esses investimentos seletivos, aptos a permitir um aproveitamento máximo das condições de que já dispomos e que possam ainda ser rentabilizadas. Esta opção deve, pois, proporcionar uma maior rentabilização de investimentos já realizados e contribuir para viabilização de investimento privado.Destacamos o investimento num sistema eficiente de transportes marítimos e de logística e distribuição, na certificação das empresas, na reorganização empresarial e no financiamento ao sector privado.

REDUZIR OS CUSTOS DE CONTEXTO EPROMOVER A EFICIÊNCIA ECONÓMICA

ENERGIA

Existem situações que afetam o normal desenvolvimento da atividade das empresas, prejudicando as suas condições de competitividade face aos seus concorrentes estrangeiros. Importa, por isso, iniciar o trabalho de redução dos custos de contexto e de operacionalização do investimento.Neste quadro, o país enfrenta grandes desafios na provisão sustentável de energia. O peso significativo da importação dos combustíveis coloca em evidência esta fragilidade. Situação que nem a introdução de energias renováveis no plano elétrico conseguiu colorir. Aliás, o País paga pela eletricidade um preço muito elevado. Um dos mais elevados do mundo.Esta fotografia é antes de mais, consequência de escolhas de medidas de política sectorial adotada nas últimas décadas, que além de procurarem apenas responder aos desafios de gestão corrente, apresentam, no geral, um grande deficit estrutural.

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Um programa energético consistente, para Cabo Verde, obriga à consideração do curto, do médio e do longo prazo, com base nos seguintes princípios fundamentais:� A segurança energética, que inclui o acesso, a disponibilidade, a

conservação, a estabilidade dos preços, a independência relativa e a competitividade.

� O uso, até onde for técnica e economicamente possível, das energias alternativas, particularmente das energias renováveis e limpas.

� O despiste do potencial geotérmico do país e a definição do espaço do mesmo no âmbito do perfil energético das Ilhas.

� A aposta inequívoca na investigação científica e tecnológica no domínio das energias eólica, solar, OTEC e geotérmica.

� A criação de uma solução institucional para sediar os esforços de investigação no domínio da energia, capaz de integrar importantes centros e redes mundiais do conhecimento e de R&D no domínio da energia.

� A eliminação das barreiras de todo o tipo que têm impedido à iniciativa privada desempenhar a função de principal responsável pela segurança energética do país, incluindo a produção, transporte e a distribuição.

� O desenvolvimento de um programa informação e de formação, transversal a toda a sociedade, incluindo as empresas, as famílias e as escolas, cujo objetivo seja a criação de uma forte cultura de conservação e economia de energia.

O nosso compromisso� Reduzir a fatura energética na ordem dos 25% ao longo da

legislatura.� Garantir a cobertura de 100% em termos de fornecimento de energia

e água em todo o País.� Transformar o setor dos serviços ligados às energias renováveis

num setor gerador de empregos e exportador, nomeadamente para a CEDEAO.

� Adotar um escalão de tarifa social no fornecimento de eletricidade e água.

� Promover uma cultura de otimização da procura energética.� Reduzir radicalmente as ineficiências na oferta de energia.

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� Qualificar a regulação.� Implementar a “burocracia zero” no setor energético.

A prossecução de qualquer opção de política energética sustentável para o país, tem obrigatoriamente de se alicerçar em dois pilares estratégicos complementares –gestão da oferta e gestão da procura de eletricidade – que deverão ser abordados de modo integrado. Para o MpD é mais importante centrar o debate na estratégia a seguir para que o país venha a ter uma política energética estruturada, na qual se incluem, numa perspetiva de interdependência e complementaridade, o sistema electroprodutor, o sistema dos produtos petrolíferos e o dos biocombustíveis, do que na simples discussão da oportunidade de edificação, no curto prazo, de um sistema elétrico 100%renovável.Outro elemento da visão de política energética a adotar para a próxima década, é o foco na correlação modelo de crescimento económico/adequada perspetiva de política energética.A estrutura catual do SEN deve evoluir no sentido de se aproximar das arquiteturas mais contemporâneas, onde as funções de produção e comercialização são liberalizadas e as funções de transporte e distribuição assumidas como monopólios naturais.

A nossa açãoO sector elétrico cabo-verdiano apresenta um problema estrutural de baixo desempenho ao longo da cadeia de produção até ao consumo, com impactos negativos claros no preço da energia ao consumidor.Consideramos, assim, que a reestruturação orgânica do sector elétrico (SEN) é essencial para garantir eficiência na provisão de eletricidade aos setores finais de consumo. No curto prazo, torna-se essencial garantir:� A segurança energética e a estabilidade relativa dos preços.� A solução dos deficits de produção, das limitações das redes de

transporte e de distribuição.� Uma ação decidida para limitar as perdas de produção, transporte

e distribuição de energia elétrica às tecnicamente aceitáveis, bem como, limitar as perdas comerciais.

� A eficiência dos sistemas de produção de eletricidade.

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No médio prazo,

Para além da consolidação dos ganhos obtidos já referidos no horizonte de curto prazo, importa conseguir estudos conclusivos quanto ao potencial da energia geotérmica economicamente explorável sob a forma de produção de eletricidade e melhor conhecer o potencial e as perspetivas reais da energia produzida com recurso à OTEC (Ocean Thermal Energy Conversion). Ainda neste período, uma vez definido o perfil energético do país como consequência dos resultados dos estudos acima referidos, vai-se elaborar o plano energético nacional, para vigorar a longo prazo, plano esse que vai incidir, nomeadamente, na segurança e na eficiência energética, competitividade externa, autossuficiência relativa e a eventual interligação a redes regionais ou internacionais de transporte de eletricidade.O plano energético vai dar especial atenção às energias renováveis e limpas assim como à forma de Cabo Verde poder beneficiar dos grandes investimentos em curso nos principais centros mundiais de investigação na área da energia, nomeadamente a integração dos centros nacionais de competência em matéria energética, a serem criados e dotados dos recursos necessários ao seu bom desempenho, nas redes mundiais de R&D. Propomos a criação de uma instância operacional para a implementação da política da procura que ficará responsável pela realização de atividades de certificação dos sistemas, fiscalização, monitorização e prestações de outros serviços.

Uma nova abordagem sobre o sector petrolífero e dos combustíveis

O quadro regulador do setor petrolífero cabo-verdiano é marcadamente fragmentado, em alguns casos, desatualizado, carecendo de um tratamento normativo de conjunto que cubra, no quadro de um regime geral, de forma estruturada, sistematizada e coordenada, o conjunto de princípios, organizações, agentes e instalações integrantes do setor petrolífero. A adoção de um Sistema Petrolífero Nacional (SPN) e consequente definição da sua organização e seu funcionamento, bem como as disposições gerais aplicáveis ao exercício das atividades de armazenamento, transporte, distribuição, refinação e comercialização e à organização dos mercados de petróleo bruto e de produtos de petróleo, devem constituir as linhas mestras das intervenções no plano energéticos nacional para a próxima década.

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Os instrumentos de políticas sectoriais como as reservas estratégicas e de segurança de produtos petrolíferos devem ser objetos de tratamento especiais tendo em conta a nossa forte dependência externa de energia. O Estado deve garantir a segurança do abastecimento de combustíveis, através da monitorização do mercado definição da obrigação de constituição de reservas pelos intervenientes. Por outro lado, para reduzir a dependência do exterior dos produtos petrolíferos, vai-se melhorar a integração da política do setor petrolífero na política energética nacional, promovendo-se a diversificação do aprovisionamento, a utilização de fontes de energia renováveis e a eficiência energética, tudo no quadro da referida complementaridade, sector petrolífero, dimensão elétrica e biocombustíveis. As vantagens resultantes da edificação de um mercado de biocombustíveis são muito diversificadas. Será certamente uma das medidas de política que dignificará o meio rural cabo-verdiano. Pelo impacto que terá diversificação da nossa fonte primária da energia, na nossa soberania energética, na valorização do território rural, na apropriação e avanço tecnológico, mas sobre tudo pelo impacto que terá na geração de postos de trabalho e geração de rendimento no quotidiano rural cabo-verdiano. Assumimos o compromisso de realizar um estudo com vista a examinar a viabilidade da criação de um mercado nacional de biocombustível, que incide sobre toda a cadeia, a considerar, desde a produção da matéria-prima, como etapa determinante, passando para o processamento, introdução no mercado e comercialização.

Na reestruturação da logística de armazenagem dos combustíveis, será dada prioridade ao reordenamento das estruturas de armazenagem, atuando na� Localização mais eficiente de infraestruturas de armazenagem.� Criação de condições logísticas facilitadoras da reforma tecnológica

da produção de eletricidade� Criação da empresa logística comum de combustíveis e na criação

da logística para abastecimento e utilização fuel pesado 380 na produção térmica de eletricidade (nos grandes centros/ilhas).

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Uma estratégia para as Energias RenováveisNas energias renováveis, a atuação será de modo a que o país beneficie das excelentes potencialidades que possui nos domínios da eólica e solar, com investimentos atempados em projetos de produção financeiramente sustentáveis.� Apostando na eólica em larga escala até o limite máximo da taxa de

penetração.� Investindo, no curto prazo, na solar foto voltaica a nível de projetos

de pequena e média escala, próximas da procura, nomeadamente, em zonas remotas, explorações agrícolas ou iluminação pública.

� Incentivando o uso da solar térmica, entre outros, para utilização em hotéis, edifícios públicos e escolas.

� Utilizando sistemas híbridos Diesel/Eólica/Solar na produção de água dessalinizada.

Reestruturação da ELECTRAA reestruturação da ELECTRA vai ser tratada no quadro da adoção de um novo modelo para a gestão do sector de energia, abandonando a catual opção pela fragmentação geográfica da ELECTRA que será, além de tudo, a multiplicação de um problema e adotando uma lógica de estruturação com base na sua cadeia de valor, isto é, produção, transporte, distribuição e comercialização. Será criado um grande grupo energético – a Electra Produção e Electra Distribuição, com clara separação dos dois objetos de negócio. A ELECTRA será capitalizada e a sua gestão profissionalizada, em parceria com o setor privado, com a seleção de parceiros de médio porte.

Qualificar a regulaçãoTendo em atenção o papel da regulação no setor, serão adotadas as seguintes medidas de dinamização:� Revisão do contrato de compra e venda de eletricidade entre

ELECTRA e Cabeólica.� Adoção de regras de transparência e fiscalização nas estimativas e

periodicidade do consumo. � Regulamentação das Relações Comerciais no tocante a

aspetostarifários, e de relações com os clientes finais.

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� Regulamentação da Rede de Distribuição (constituição da rede, limites de propriedade da rede, responsabilidades e sanções por perturbações causadas na rede), Micro geração e Produtor Independente.

� Fixação do nível de qualidade da Prestação de Serviços, dos Produtos Petrolíferos e DOS equipamentos.

� Regulamentação do licenciamento das atividades de recolha, armazenagem, tratamento, regeneração, recuperação, combustão e incineração dos óleos usados.

Medidas específicasSerão ainda adotadas as seguintes medidas específicas:� Fomento do auto consumo de energia, na habitação e nas empresas,

como medida eficiente de promoção de fontes de energia renovável (em especial energia solar) e de redução da necessidade de investimento nas redes de distribuição.

� Criação de um sistema integrado de gestão da procura para a otimização da eficiência energética.

� Adoção deobjetivos mais ambiciosos para a eficiência energética, atingindo, em 2021, a meta de redução do consumo de energia de 20%.

� Concretização da reforma do setor dos combustíveis, visando o aumento da transparência e da concorrência, nomeadamente, através da inclusão na esfera da regulação das atividades de armazenamento e logística na área dos produtos petrolíferos.

� Dinamização do desenvolvimento de projetos nas áreas da economia verde a partir dos recursos existentes junto da comunidade internacional.

� Atuação sobre a eficiência energética, mobilidade elétrica, gestão de recursos hídricos, conservação da natureza, proteção do litoral, tratamento de resíduos e eco inovação.

� Promoção de novos mecanismos que estimulem o investimento privado em negócios verdes a exemplo do “capital de risco verde” e green bonds.

� Estabelecimento de uma estratégia para o combate à fraude e o furto, para a certificação de instalações elétricas de baixa tensão, micro geração elétrica, eficiência energética de edifícios, micro geração térmica e para a etiquetagem de produtos energéticos.

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� Criação de incentivos àaquisição de tecnologias/produtos energias renováveis, às empresas utilizadoras de tecnologias eficientes e limpas, aos particulares (famílias e empresas) na exploração de micro geração, bem como, o estabelecimento de linhas de financiamento para projetos de energias renováveis de uma taxa de penalização para equipamentos baixa eficiência.

� Implementação de uma tarifa diferenciada (bi-horária) para regrar o diagrama de carga com benefícios tanto para o produtor como para o cliente;

� Criação de uma tarifa social para as famílias mais carenciadas, bem como, de um (terceiro) escalão de tarifa para clientes BT.

� Revisão e adequação da taxa CIP – custeio para iluminação pública.� Implementação de uma política de preços diferenciados no

combustível/gasóleo na pesca e agricultura, eliminando algumas taxas, a exemplo da taxa manutenção rodoviária.

A nível da Oferta,� Apostar no mix energético na produção de energia elétrica, com

máximo técnico/económico possível de energias renováveis e mínimo de energia convencional/diesel (fuelóleo).

� Apostar na eficiência energética desde a produção, transporte e distribuição de energia elétrica.

� Melhorar o investimento na rede distribuição, de forma a garantir o rácio ideal de investimento na produção vs. distribuição (1:1,5).

� Desenvolver programas de combate às perdas elétricas na rede pública (hoje 30%) para valores aceitáveis (10-15%), investido no reforço da infraestrutura de transporte e distribuição e no sistema de despacho inteligente.

� Avaliar as perdas elétricas, com quantificação do valor exato e separação das perdas técnicas e perdas comerciais (ou fraudulentas), seguido de programas de combate ao consumo de recativa na rede elétrica e melhoria de relacionamento entre a Electra e clientes, evitando conflitos que estão na base do roubo de energia (demora ligação cliente à rede, erros grosseiros de faturação e pouca flexibilidade de negociação das dívidas, cortes aos finais de semana).

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� Aplicação da legislação em vigor no combate a perdas por furto ou fraude, acompanhado de leitura real do consumo, da criação de mecanismos eletrónicos (através de sites, telefone ou SMS) de envio de leitura por parte do consumidor e de programa de aferição e eventual substituição de contadores.

� Introdução da telecontagem e de sistemas modernos de gestão e monitorização da rede, a exemplo do smartgrid.

� A nível da Procura,� Promover a eficiência energética no lado consumo de energia, dos

Equipamentos e Eletrodomésticos, dos Edifícios, dos Consumidores Intensivos e na Cocção;

� Apostar na energia solar térmica para aquecimento de água (edifícios, hotéis, edifícios públicos, etc.);

� Apostar e incentivar a micro-geração solar foto voltaica (particulares e empresas);

� Adoção de Tecnologias de compensação energia recativa (banco de condensadores);

� Disponibilização de contadores bidirecionais para os consumidores-produtores (micro-geração);

� Desenvolvimento de programas de consciencialização para condução e uso do automóvel mais eficiente;

� Desenvolvimento de programas de substituição progressiva da lenha pelo gás butano na cocção em zonas rurais;

� Promoção de transportes (públicos e particulares) movidos com energias de fontes limpas;

� Incentivo à iluminação de condomínios e edifícios públicos com tecnologias renováveis;

� Aposta nas construções/arquitetura bioclimática (técnicas de energia passiva nos tetos, paredes, portas e janelas) eficiente e amigos de ambiente;

� Criação certificação energética de edifícios (residencial e serviços).� No mercado exportador, � Consolidar a estratégia de bunkering através da internacionalização

das petrolíferas.� Avançar para a estratégia de refinação de petróleo numa lógica de

intermediação de Cabo Verde no mercado de produtos petrolíferos na rota do Atlântico e na CEDEAO.

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� Desenvolver um mercado de energias renováveis, bem como, do mercado/parque de carros elétricos alimentados com bombas elétricas (base energias renováveis).

� Atrair investimentos e empresas de produção de pequenos componentes energéticos (pás de pequenas turbinas, baterias, contadores elétricos, etc.), bem como de investigação e desenvolvimento de produtos energéticos.

� Apostar no parque tecnológico de energias renováveis em parceria com a ECREE (Centro da CEDEAO para as energias renováveis), universidades e empresas.

� Avançar para a transformação de Cabo Verde num laboratório mundial de investigação na área das energias renováveis e limpas, em particular das energias eólica, solar, geotérmica e da OTEC, beneficiando dos grandes investimentos em curso nos principais centros mundiais de investigação na área da energia, nomeadamente, a integração dos centros nacionais de competência em matéria.

MERCADO DE TRABALHO QUALIFICADO E FLEXÍVELUMA POLÍTICA SALARIAL ADEQUADA

Um mercado de trabalho qualificado e flexível é uma componente essencial de um clima de investimento favorável, de atração do IDE. Será realizado um estudo sobre o mercado de trabalho e a política salarial para torna-lo compatível com a necessidade de aumentar o investimento e o emprego, promovendo uma elevada produtividade e a eficiência económica. O referencial será a produtividade e o benchmark internacional do nível de custos de fatores. As decisões relativas à política salarial serão tomadas em sede de concertação social.O mercado de trabalho tem de ser regulamentado através de uma aposta efectiva na certificação, no sistema de informação da procura e da oferta, no registo das principais ocorrências, na identificação atempada das deficiências e limitações desse mesmo mercado e num sistema de formação em parceria com o sector privado mesmo ao nível da gestão das instituições de promoção da formação capaz de qualificar a mão-de-obra cabo-verdiana de acordo com as necessidades do mercado.

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Acordo estratégico de médio prazoA concertação social deve ser aprofundada e respeitada enquanto marco constitucional. O MpD compromete-se a negociar, em sede de concertação social, com os parceiros sociais um acordo tripartido para a legislatura que articule diferentes áreas de política para promover a competitividade e a coesão e estabilidade sociais como o objetivo de garantir a estabilidade e a previsibilidade das políticas, reforçando a confiança e o compromisso entre os parceiros sociais.Estarão sobre a mesa, desde logo, os objetivos de crescimento e de emprego, a política fiscal, promoção da competitividade, melhoria do ambiente de negócios, de rendimentos e preços e de proteção e segurança sociais, pois:� Cabo Verde precisa de um acordo social que promova o

crescimento económico e garanta o aumento da produtividade e da competitividade, no quadro de um modelo social flexível e justo.

� Cabo Verde precisa de um ambiente laboral mais flexível e de reduzir a carga fiscal que recai sobre o fator trabalho.

� A política laboral deve concentrar-se em soluções inovadoras e justas, visando, especialmente, a flexibilização de contratação e a promoção do emprego e a criação de mecanismos que assegurem uma efetiva mobilidade social, horizontal e vertical, bem como o apoio aos desempregados e suas famílias no período de transição.

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VALORIZAÇÃO DAS ILHAS E DOS RECURSOS ENDÓGENOS

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ORDENAMENTO DO TERRITÓRIOÉ NAS ILHAS ONDE TUDOCOMEÇA

O território é o único ativo estratégico de que temos disponibilidade plena. A sua valorização depende apenas de nós.Temos de poder tirar partido de todas as potencialidades das ilhas, promovendo um desenvolvimento económico equilibrado, harmonioso e ecologicamente sustentável, mediante um aproveitamento racional dos recursos endógenos, das descobertas da ciência e da inovação e conhecimento, tudo com respeito pela sua diversidade e riqueza natural.Pela sua natureza estratégica e transversal, o Ordenamento do Território vai constituir um instrumento privilegiado de organização e gestão sustentável do espaço nacional, garantindo o aproveitamento durável do solo e das águas territoriais, enquanto recursos ambientais de suporte sob o qual ocorre a localização e a distribuição espacial das infraestruturas e das atividades económicas e sociais.

O nosso compromisso � Adotar um correto ordenamento do território que permita o

lançamento de estratégias de desenvolvimento inteligentes, mobilizadoras e sustentáveis, envolvendo todas as ilhas e cada uma delas, potenciando sinergias e aumentando a respetiva competitividade.

� Promover a consciencialização de todos os cidadãos para os direitos e deveres em relação ao território e para a necessidade de cada um contribuir para o reforço da qualidade do ambiente urbano e rural, na lógica de que a preservação do ambiente constitui um grande desafio de Cabo Verde.

� Proteger o País das ameaças introduzidas pela atividade humana em todos os domínios, nomeadamente a agricultura, a pecuária, a pesca, a indústria e o turismo, assim como pela concentração e desenvolvimento urbanos.

� Prevenir para os fenómenos naturais que potencialmente podem trazer novos desafios ambientais, designadamente os que resultam das mudanças climáticas e do vulcanismo.

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� Manter a população informada e incluir a variável mudanças climáticas nos planos de ordenamento do território, nomeadamente no que respeita aos assentamentos urbanos (seja nas encostas e áreas próximas do leito das ribeiras, seja junto da faixa costeira) e participar empenhadamente no esforço universal de contenção e posterior redução do efeito de estufa e de regulação das consequências das referidas mudanças.

� Tirar vantagens efetivas dos recursos ambientais de Cabo Verde, nomeadamente do clima, do mar, das paisagens e da biodiversidade, em particular da biodiversidade endógena, e fazer desses recursos ambientais uma fonte segura e perene de riqueza para a comunidade cabo-verdiana.

O ordenamento do território tem de corresponder à nossa opção estratégica e todo o sistema de planeamento tem de responder aos objetivos estratégicos:� Somos pela regionalização do País e instalaremos, progressivamente,

a regionalização no País.� Queremos para cada ilha, uma economia, cada ilha, uma solução.

Transformaremos cada ilha numa verdadeira economia competitiva e exportadora em função das suas vocações, seja zona franca comercial, centro de prestação de serviços turísticos e de transportes,hub aéreo ou marítimo, economia oceânica, centro agropecuário, centros de domiciliação de empresas, plataforma de negócios para o continente africano, centro internacional de negócios e de sedição de empresas industriais viradas para a exportação, centro de abastecimento, de transbordo, de atividadesoffshore.

� Vamos utilizar o turismo e o mar como eixos económicos principais para o Ordenamento do Território Nacional.

� Retemos como elementos substanciais do Ordenamento do Território Nacional o bem-estar dos cidadãos, o equilíbrio e as dinâmicasregionais, a sustentabilidade ambiental e a sustentabilidade do desenvolvimento do País.

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A nossa ação� Instalação da Regionalização e, juntamente com o poder regional

e local, adotar uma estratégia para o pleno emprego, duplicação de rendimentos numa década, saúde dequalidade e proximidade, educação de excelência para todos, mobilidade interna e externa para as restantes ilhas e o mundo e um plano de infraestruturas para o cabal aproveitamento das potencialidades locais.

� Implementação efetivadas diretivas nacionais de ordenamento territorial e urbano, do regulamento nacional do urbanismo e dos planos de ordenamento do território necessários à gestão sustentável do desenvolvimento territorial e das Ilhas, designadamente, os Planos de Desenvolvimento da Ilha e todos os demais planos de suporte.

� Simplificação dos processos de licenciamento das operações urbanísticas

� Simplificação da elaboração dos instrumentos de gestão urbanística e planeamento territorial, obviando os processos de emissão de pareceres da Comissão de Seguimento no decorrer da Consulta Pública, prescindindo os planos urbanísticos de ratificação do Governo, bastando a aprovação da Assembleia Municipal para os tornar eficazes nas situações que não impliquem indemnizações por expropriação por utilidade pública, decorrentes da aprovação dos mesmos.

� Devolução das competências aos municípios na elaboração dos instrumentos de gestão urbanística e planeamento territorial, retirando as competências atribuídas às instituições da Administração Central de elaborar planos urbanísticos sem necessidade de aprovação pelas Câmaras Municipais.

� Reposicionamento do INGT a nível do Cadastro e capacitação e autonomia ao Poder Local para a gestão e execução de planeamento urbanístico.

� Criação de um sistema de monitorização territorial que inclua a implementação e monitorização dos planos de gestão e desenvolvimento territorial, a elaboração, implementação e monitorização de um Plano Nacional de Ordenamento e Ocupação da Orla Costeira e a elaboração, implementação e monitorização de Planos de Ordenamento Turístico das ZDTI.

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� Desenvolvimento do conceito “SmartIslands”, ilhas inteligentes no quadro do aprofundamento da descentralização e da regionalização, visando para cada região/ilha: • Gerar os seus próprios recursos, em matéria de energia e de

água. • Garantir as acessibilidades e a conectividade com o país e o

mundo. • Garantir um sistema de transporte moderno e inteligente. • Contribuir para um sistema de ensino de qualidade e excelência,

que consiga colocar no mercado de trabalho cidadãos do mundo e no mundo e focado na produção do conhecimento e na inovação.

• Desenvolver uma política de habitação e de requalificação urbana capaz de gerar qualidade de vida.

• Contribuir para um serviço de saúde de qualidade. • Promover, numa parceria com as instituições do ensino

superior, poder local, empresas e associações empresariais, parques tecnológicos que, em função do seu próprio potencial e vantagens competitivas da ilha, irão funcionar como nós de uma rede de modernidade, de fomento empresarial nacional, de atração do IDE, de integração do mercado nacional e do mercado interno.

• Potenciar todos os recursos endógenos e utilizar recursos externos para fazer crescer a riqueza, o emprego e os rendimentos mediante compromissos firmados com a população.

• Transformar cada ilha numa economia dotada de parques tecnológicos em função da sua vocação:

• Santo Antão será transformado numa ilha voltada para a agroindústria e o turismo ecológico de alto valor acrescentado, sustentada na economia do conhecimento e na produção do conhecimento.

• São Vicente será o epicentro da estratégia de desenvolvimento da economia do mar, um polo turístico e uma plataforma internacional de trade e de prestação de serviços e um centro do conhecimento.

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• Santa Luzia – será o nosso património natural nacional e reserva de biodiversidade terrestre e marinha de Cabo Verde.

• São Nicolau tem potencial para ser um destino turístico de alto valor acrescentado e uma plataforma de pescas.

• Sal será um destino turístico de excelência, uma plataforma internacional de transportes e um centro comercial e internacional de negócios.

• A Boavista e Maio serão destinos turísticos com forte conteúdo local. Maio tem ainda um potencial industrial que será convenientemente explorado.

• Santiago será um centro internacional de negócios, um polo turístico, industrial e agroindustrial e um centro do conhecimento.

• Fogo e Brava serão destinos turísticos de alto valor acrescentado, devendo a Ilha do Fogo ser transformado num poloagroindustrial.

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AMBIENTEUMA POLITICA VERDE PARA CABO VERDE

Serão adotadas políticas integradas no domínio do Ambiente, visando garantir uma maior sustentabilidade ambiental, competitividade e organização territorial, isto é, uma melhor utilização e gestão dos recursos ambientais de forma a equilibrar a satisfação das necessidades atuais com as justas expectativas das futuras gerações.

O MpD reconhece que a gestão sustentável dos recursos ambientais, a reorganização territorial e o usufruto de uma qualidade ambiental adequada devem constituir a principal linha de orientação estratégica de Cabo Verde.

O nosso compromisso� Responsabilidade ambiental, alinhadas com os grandes princípios e

acordos internacionais em matéria do ambiente e condizentes com as condições de um Estado insular de ecossistemas frágeis, em que a utilização dos recursos ambientais se deve pautar pelo objetivo de legar às gerações vindouras um país onde a qualidade ambiental e de vida sejam valores assumidos.

� Cumprimento de todas as convenções internacionais ratificadas pelo país em matéria do ambiente, mediante a prossecução de normativas.

� Convergência normativa com a União Europeia em matéria do ambiente.

� Equidade, em que o consumo dos bens ambientais deve ser objeto de acesso e distribuição equitativos por toda a população.

� Solidariedade, em que os custos associados à proteção ambiental, à organização territorial e ao fornecimento de determinados bens e serviços devem ser baseados em princípios de justiça distributiva e competitiva.

� Responsabilidade partilhada, em que a responsabilidade pela proteção do ambiente e organização territorial é um assunto que envolve a administração pública, os consumidores, os produtores, os privados, as organizações da sociedade civil e toda a população, enquanto dever de cidadania.

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� Revisão imediata da legislação e procedimentos inerentes à disponibilização dos recursos do fundo do ambiente para o financiamento de projectos ambientais, tendo em vista maior transparência e equidade na gestão, assim como a sua municipalização.

O MpD defende assim, um desenvolvimento centrado na sustentabilidade ambiental e propõe desenvolver o sentido do equilíbrio ambiental face às condições naturais adversas e a promoção do desenvolvimento equilibrado como forma de mitigar os efeitos negativos de ações entrópicas.O MpD promoverá o reforço institucional a nível das estruturas de gestão dos recursos ambientais e mobilizará e capacitará os recursos humanos para o setor numa lógica de partilha de responsabilidade através de um alargamento significativo dos instrumentos a aplicar.

Promoção a educação ambiental

Apostaremos num programa nacional e integrado de Educação Ambiental, visando o aumento da sensibilidade ambiental dos cidadãos e a melhoria de atitudes e comportamentos face ao ambiente, envolvendo as instituições públicas, empresas e organizações da sociedade civil.

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BIODIVERSIDADEAS ILHAS E O MAR SÃO A NOSSA CASA

O nosso compromisso� Preservar a Biodiversidade e o seu valor em termos de flora, fauna,

genes e ecossistemas disponíveis. � Promover a Biodiversidade como base de recursos ambientais para a

promoção daatividade económica, designadamente, na agricultura, pecuária, silvicultura, turismo e pesca.

� Conservação de espécies animais e vegetais ameaçados, especialmente as endémicas.

� Promoção de modelos institucionais adequados para a gestão das áreas protegidas declaradas, tendo em conta a sustentabilidade e o princípio de subsidiariedade.

� Desenvolvimento de programa de conservação de solos e da água, sobretudo através de reabilitação das áreas arborizadas e de infra-estruturas hidráulicas.

A nossa ação� Utilização de forma sustentável da biodiversidade em conformidade

com as práticas culturais tradicionais compatíveis com as exigências da conservação e uso sustentáveis.

� Aprofundamento dos conhecimentos sobre a biodiversidade e a sua generalização à população, nomeadamente junto das associações comunitárias, de carácter ambientalounão, visando uma gestão sustentada e partilhada dos recursos da biodiversidade.

� Alargamento da rede nacional de áreas protegidas, elaborar e implementar os respetivos planos de gestão.

� Melhoria das práticas de gestão da pecuária de ruminantes e da lavoura de modo a diminuir a perda respetiva de metano e de carbono orgânico.

� Criação de um banco de dados sobre o ambiente e as mudanças climáticas.

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� Proteção e conservação do património paisagístico e urbanístico nacional e implementação de medidas tendentes ao equilíbrio paisagístico do território, com destaque para o controlo da altura das construções e a preservação do estilo arquitetónico de certos edifícios.

� Promoção da investigação científica e desenvolvimento tecnológico para uma agricultura moderna e um turismo sustentável.

� Requalificação e promoção da sustentabilidade económica e ambiental dos diversos setores económicos.

ÁGUA E SANEAMENTOO DESENVOLVIMENTO SADIODAURBE

Cabo Verde deve preparar-se convenientemente para os novos desafios que a regulação e a gestão da água vão colocar à comunidade das Nações. Deve estar preparado para contribuir, ativamente, para a defesa da qualidade da água a nível do Planeta e para uma gestão correta, em termos mundiais, de todo o ciclo da água. Neste sentido, deve erigir-se num agente ativo, seja no âmbito regional, seja como membro das Nações Unidas, na elevação das instituições que terão a seu cargo a problemática dos recursos hídricos do Mundo e na definição das normas que regularão o bom uso de um dos bens mais escassos e preciosos, essencial à perenidade da vida e ao desenvolvimento da humanidade.

O nosso compromisso� Promover um sistema de saneamento capaz de responder às

exigências fundamentais de salubridade e de ambiente sadio.� Agir em tempo oportuno visando a melhoria das condições de vida

dos cabo-verdianos e proporcionando, através do saneamento do meio, um ambiente saudável aos que escolheram o nosso País como destino preferencial, com acesso ao saneamento para todos.

� Ultrapassar todas as metas dos objetivos do Desenvolvimento do Milénio pós 2015 para o setor da água.

� Assumir a eficiência hídrica como um vetor prioritário para a eficiência de recursos.

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� Acesso universal e equilibrado à água potável para todos.�� Prossecução da reforma no sector da água e do saneamento, tendo

em vista a sustentabilidade e a qualidade ambientais, a saúde pública, a melhoria das condições socioeconómicas da população e o bem-estar dos cidadãos.

� Forte apoio do Governo aos municípios no desenvolvimento de sistemas modernos de gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU), de conformidade com as boas práticas ambientais e tendente à criação gradual da chamada economia circular no país

� Promoção de uma estratégia nacional de resíduos sólidos e concomitante aumento de investimentos em equipamentos e infra-estruturas, empresarialização de serviços, parcerias estratégicas com empresas especializadas em sistemas de recolha, transporte, tratamento e valorização de RSU, implementação de sistemas eficazes de cobrança de tarifas e subsídios para viabilização dos serviços ambientais prestados);

� Regulamentação, planeamento estratégico e promoção da recolha e tratamento de resíduos hospitalares e industriais numa abordagem pragmática de promoção de investimentos privados e/ou de parcerias público-privadas

� Programas de investimentos públicos e parcerias com os municípios, visando a densificação e melhoria dos sistemas de drenagem de águas pluviais em conjugação com outras medidas de requalificação urbana e ambiental dos bairros.

� Programa de substituição e eliminação segura de telhas das habitações edifícios públicos que têm asbestos na sua constituição, por serem cancerígenas e, portanto, constituírem um sério problema ambiental e de saúde pública

Em simultâneo com os desafios globais dos recursos hídricos, os cabo-verdianos são confrontados com o desafio maior de olhar para a água de uma forma completamente diferente da atual. Por um lado, através do desenvolvimento de uma cultura de uso racional da água, graças, em particular, ao entendimento de que Cabo Verde é um país árido, onde a economia desse bem deve obedecer a critérios de rigor extremo. Por outro, através de um olhar diferente, que encare o Oceano como a mais importante, duradoura e estratégica fonte de recursos hídricos destas ilhas e, eventualmente, de recursos energéticos.

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A nossa ação

Promoveremos uma economia circular, aproveitando os resíduos como fonte renovável.A resposta a dar terá de passar, por um lado, pelo desenvolvimento de projetos de reutilização de água, tanto ao nível residencial como na rega e na limpeza urbana e, por outro, pela certificação e rotulagem hídricas, pela instalação, nos edifícios, de equipamentos com melhor eficiência hídrica e pela maior integração, sem acréscimo de custos para os consumidores, de tecnologias de informação e comunicação nas redes de distribuição de água.Adotaremos uma estratégia de proteção do solo que obrigue as empresas que desenvolvam atividades perigosas, a avaliar a qualidade dos respetivos solos e a assumir a responsabilidade pela descontaminação, de modo a prevenir futuros passivos ambientais.Apostaremos num eficiente sistema de informação e de conhecimento, na formação de quadros e no balanço hídrico como pressupostos de uma intervenção de excelência neste setor crítico para a economia.

Melhorar a Regulação, defender o Oceano e criar um Fórum da Água

O MpD tem rigorosa consciência do que a água representa, nos dias de hoje, para a humanidade, bem como dos riscos potenciais que resultam dos deficits da regulação da sua preservação, controlo e, sobretudo, do acesso, situação que pode vir a agravar-se sobremaneira, com os efeitos das mudanças climáticas.Por isso, entende que se impõem medidas urgentes de regulação, a nível regional e global, sendo a região na qual Cabo Verde se insere, o Sahel, particularmente sensível neste domínio.O MpD assume que, no caso de Cabo Verde, a principal reserva natural de água está no Oceano Atlântico. Daí deriva o grande interesse do País em tudo o que afeta os oceanos do Mundo, de facto interligados e, na essência,constituindo uma única reserva natural de água.

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Consciente desta realidade, o MpD irá desafiar o país no sentido da criação do Fórum da Água. O desafio estende-se às instituições especializadas das Nações Unidas, ao CILSS, à CEDEAO e ao AOSIS e a diplomacia cabo-verdiana será colocada ao serviço do Fórum para garantir o seu êxito. Para além do fórum de água, propomos que Cabo Verde acolha um Fórum Economico e Social para debater anualmente a problemática de desenvolvimento nos pequenos países insulares.Para além de fornecer subsídios importantes e decisivos para a definição da política da água, serão temas fortes do Fórum, o papel e o valor do Oceano como reserva principal do precioso líquido, bem como fonte de energia primária e como tirar proveito dessa realidade económica numa perspetiva de desenvolvimento sustentável.

Colocar as mudanças climáticas no centro das preocupações

O MpD considera que Cabo Verde deve dar particular atenção ao tema das mudanças climáticas e que a abordagem séria do assunto a nível interno, deve envolver, necessariamente, entidades regionais e agências especializadas das Nações Unidas. Entende o MpD que os efeitos potenciais das mudanças climáticas no país recomendam que o tema deve estar no centro das preocupações das autoridades, suportadas numa abordagem científica adequada, envolvendo os centros nacionais do conhecimento. A abordagem dos efeitos potenciais das mudanças climáticas no país deve ser partilhada pelos municípios pois afetar áreas cuja gestão é da sua responsabilidade, assim como pelas comunidades e cidadãos num envolvimento real da população nas precauções a adotar. A imprensa cabo-verdiana tem um papel decisivo na veiculação da informação, de forma correta e objetiva, à comunidade, sendo parte integrante na reflexão sobre esta temática.Cabo Verde vai continuar, como no passado, bem como, participar nas redes mundiais e regionais de investigação no domínio do ambiente, particularmente das que se ocupam do fenómeno das mudanças climáticas e investigam os seus efeitos.

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Proteger vilas e cidades e assegurar a coesão territorial

Será adotado um Programa de Proteção das vilas e cidades contra inundações, incluindo desobstrução das ribeiras e linhas de água, execução de obras de correção torrencial nas encostas, atividades de florestação, reforço da fiscalização no sentido de evitar a localização de construções nas proximidades das linhas de água e catástrofes naturais.Será assegurada a coesão social e territorial, a sustentabilidade económico-financeira e a proteção ambiental nos serviços de água e saneamento, � Melhorando a execução da reforma do setor das águas, através,

nomeadamente, do reforço da independência e das competências da entidade reguladora, da agregação de sistemas multimunicipais, da promoção de estratégias de gestão mais integradas dos serviços de abastecimento de água e de saneamento e da reorganização empresarial municipal.

� Introduzindo uma nova geração de instrumentos de ordenamento e planeamento dos recursos hídricos, através da concretização do Plano Nacional da Água e dos Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas, da melhoria dos mecanismos de monitorização quantitativa e qualitativa das massas de água e da adequada disseminação da informação às populações e do estabelecimento de estratégias preventivas e de gestão de risco de cheias, seca e poluição acidental e da concretização das medidas de adaptação às alterações climáticas.

Mais especificamente, a nossa ação terá como base:� Assumir a salubridade ambiental como um dever e um direito de

todos, indispensável à segurança sanitária e à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

� Aumentar e modernizar as estruturas de drenagem das águas residuais domésticas e pluviais do território nacional, regularização das ribeiras, construção de diques de retenção e de pequenas barragens.

� Elaborar e implementar um Plano Nacional de gestão, recolha, deposição final e tratamento dos resíduos.

� Implementar programas de prevenção da poluição química industrial e reforçar a fiscalização.

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� Promover e incentivar a utilização das energias alternativas.� Reforçar a recolha dos óleos usados e seu posterior encaminhamento

para tratamento.� Melhorar a regulação da água, com base numa cultura e de uma

prática de uso racional da água e na separação institucional entre a água e energia.

� Promover a proteção dos oceanos, com um forte envolvimento e empenhamento nas atividades da ONU, da AOSIS e da CEDEAO e investimento resoluto numa diplomacia ativa em defesa firme dos Direitos do Mar e da saúde dos oceanos.

� Estimular o I&D, visando assegurar a exploração sustentável dos recursos dos mares do País, tornando-os na principal fonte de recursos hídricos, de garantia da segurança alimentar, assim como numa das principais fontes de energia e de receitas de exportação de Cabo Verde.

� Assegurar a gestão eficiente do sistema nacional de abastecimento de água potável às populações.

� Promover o alargamento da rede de ligação domiciliária de água potável a todas as localidades.

� Assegurar o tratamento e criar as condições para o controlo da qualidade da água.

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SOCIAL

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VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO

E DA QUALIDADE DE VIDA

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EDUCAÇÃO E ENSINO SUPERIORO nosso compromissoConstruiremos um sistema educativo integrado no conceito de economia do conhecimento que, desde a base até ao topo, encaminhe os jovens para um grande domínio das línguas, das ciências, das tecnologias e para um perfil cosmopolita na sua relação com o mundo, portador de valores e de preparação para a aprendizagem ao longo da vida, cultura de investigação, experimentação e inovação.Implementaremos:

� Escolaridade obrigatória de 12 anos,mantendo os jovens dos 4 aos 18 anos no sistema de ensino, para que o cabo-verdiano tenha uma competência de 12 anos de português, matemática e ciências, 8 anos de inglês e francês, 8 anos de ciência informática, 5 anos, em opção, de mandarim, espanhol ou alemão, para além de uma profunda formação em história, cidadania e cultura.

� Garantia de frequência do pré-escolar para todas as crianças dos4 aos 6 anos.

� 40%de oferta de Ensino Técnico Profissional como parte do Ensino Obrigatório em articulação com as empresas, associações empresariais e curriculum universitário.

� Escolas secundárias como unidades de gestão autónomas e com maior liberdade curricular obtida através de um misto de disciplinas obrigatórias e facultativas de acordo com a realidade regional.

� Programa social e escolar de combate ao abandono e ao insucesso escolar.

� Requalificação dos professores, sua motivação para a formação superior e melhor aproveitamento dos cérebros cabo-verdianos na diáspora.

� Promoção do conhecimento ao mais alto nível, passando pela qualificação e regulação das instituições do ensino superior e pelo desenvolvimento de boas parcerias internacionais, bem como pela oportunidade de colocação das competências do país nas melhores escolas do mundo.

� Reorganização da Uni-CV com base no modelo de escolas, garantia de autonomia de gestão para as unidades escolares e especialização de acordo com o programa estratégico do País a exemplo da Escola do Mar.

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� Forte promoção da investigação científica nas instituições do ensino superior e da internacionalização do ensino superior cabo-verdiano.

� Meta de pelo menos 30%, a médio / longo prazo, dos cabo-verdianos de 30 a 34 anos com formação superior.

Há evidências no sistema educativo da persistência de altas taxas de abandono e de insucesso escolar, desmotivação dos professores, grandes fragilidades curriculares, inadequação das políticas e práticas pedagógicas, sistema de avaliação inadequado/facilitador e de modelos de gestão centralizada, tudo resultando numa educação reprodutora das desigualdades sociais, desadaptada da economia e do emprego e nada promotora da cultura e da boa cidadania. O MpD defende uma Educação amiga da economia do conhecimento através da Alta Qualificação dos Recursos Humanos, do fomento da inclusão social através da Igualdade de Acesso e de Sucesso e da formação para a cidadania e preservação da identidade nacional, como Alavanca Cívica e Cultural. O MpD preconiza um sistema educativo e de formação de excelência pois considera o conhecimento e a capacitação como bens essenciais, devendo ser ambicioso e ter como preocupação central a formação dos jovens para uma boa inserção no mundo e não apenas limitados às fronteiras do País e muito menos amputados à partida para a realização dos seus sonhos de vida, nomeadamente, um emprego de qualidade. Na visão do MpD, fazer de Cabo Verde uma economia do conhecimento pressupõe alguns requisitos essenciais e determinantes na esfera do capital humano: – Alta capacitação do capital humano em áreas estratégicas através do financiamento da formação pós-graduada de executivos, de mestrados e doutoramentos nas melhores instituições académicas do mundo. – Promoção e enquadramento de uma elite intelectual, cujas referências serão as melhores elites do saber do Mundo, nos mais diferentes domínios, designadamente na investigação científica e tecnológica; – Inserção adequada de Cabo Verde nas redes mundiais de desenvolvimento do conhecimento, decorrente de uma governance assente no conceito de nação global e sustentada num Estado altamente sensível às oportunidades, atento às mudanças, parceiro e líder; – Educação/formação promotora do empreendedorismo jovem, nomeadamente, através da introdução de disciplinas vocacionadas para a cultura empresarial, de práticas do saber fazer e de sadia competição no espírito dos estudantes.– Desenvolvimento de incubadoras empresariais em parceria com as instituições do ensino superior, redes tecnológicas e empresas privadas, bem como a institucionalização de programas de estágios para recém-formados.

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A nossa ação

Educação Pré-escolar para todas as crianças, com subsidiação dos mais necessitados!

De acordo com a UNICEF, o acesso ao pré-escolar é importante por motivos educacionais – estudos apontam que há ganhos futuros significativos para as crianças que frequentam a escola desde os primeiros anos de vida – mas também em termos de protecção e garantia dos direitos das crianças. Sem o acesso à creche, as mães acabam por (i) deixar de trabalhar – diminuindo os rendimentos da família e aumentando as chances de vulnerabilidades económicas; (ii) levar os filhos ao trabalho, o que diminui a empregabilidade das mesmas; e/ou (iii) acabam por deixar as crianças um pouco mais velhas cuidando dos mais novos, colocando em risco as crianças mais novas, e desviando as mais velhas dos afazeres escolares.

A Educação Pré-escolar temcomo objetivo estratégico “consolidar, desenvolver e implementar um ensino do pré-escolar de qualidade, suscetível de dar uma resposta simultaneamente social, educativa e formativa”, devendo a sua ação proporcionar a formação e o desenvolvimento equilibrado das potencialidades das crianças e facilitar às famílias (principalmente as mães) as condições que lhes permitem trabalhar, melhorando as suas condições de vida.

Haverá uma melhoria da eficácia das políticas da educação pré-escolar e de redução das disparidades económicas e sociais vigentes através das seguintes medidas:

� Subsidiação dos mais necessitados de modo a promover a inclusão de todas as crianças dos 4 a 6 anos;

� Integração do Pré-escolar no sistema formal do ensino;

� Melhoria das condições de trabalho dos educadores do pré-escolar, tanto da rede pública como da rede privada.

� Consolidação da carreira profissional dos educadores do pré-escolar, nomeadamente, através de programas de formação e enquadramento salarial, estipulando, ao mesmo tempo, os critérios de seleção de quadros desse nível de ensino.

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� Melhoria dos serviços a nível central e das coordenações regionais, com foco nas suas atribuições, competências e autonomia, aprovação dos parâmetros curriculares da educação pré-escolar e fiscalização das atividades educativas nos estabelecimentos.

� Adoção de mecanismos de supervisão e de avaliação do desempenho dos estabelecimentos de educação pré-escolar, dos respetivos órgãos de gestão e do pessoal, tendo em vista a observância efetiva das normas e orientações a que se sujeita a educação pré-escolar nos domínios curricular, pedagógico, técnico e administrativo.

� Incentivos à participação dos privados na abertura de estabelecimentos do pré-escolar, apostando em programas específicos e nos estímulos para a abertura de escolas básicas e secundárias.

� Promoção de inclusão de crianças com Necessidades Especiais de Ensino, apostando em práticas comuns acrescidas de atendimento especializado complementar, a exemplo da criação de equipa multissectorial nas localidades, formados por psicólogos, assistentes sociais e professores.

Um Ensino Básico eficaz e sem abandono escolar!

O Ensino Básico precisa de estratégias de natureza qualitativa de modo a reforçar o seu potencial e de um grande programa de combate às suasfragilidades. Serão executadas as seguintes medidas de política:� Efetivação imediata do alargamento da escolaridade básica

obrigatória para 8 anos, gratuito, com professores e carta escolar adequados a esse nível de escolaridade.

� Introdução do inglês, francês e ciência informática a partir do quinto ano de escolaridade, bem como o reforço da educação para os valores e a valorização das aprendizagens de base (lecto-escrita e matemática).

� Melhoria da articulação entre o pré-escolar e o ensino básico, evitando as atua mudanças bruscas de conteúdos, de metodologias, de posturas e de ambiente físico.

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� Reforço do combate ao abandono e ao insucesso escolar, nomeadamente, através de aulas suplementares, reforço do acompanhamento pedagógico e dos apoios sociais.

� Melhoria das condições de trabalho dos recursos humanos e maior dignificação da classe docente, nomeadamente, pela requalificação das infraestruturas de ensino e de trabalho nas salas de aula, pelo incentivo à formação superior, pela atualização dos instrumentos e normativos que regulamentam o funcionamento administrativo e a carreira docente e pela rápida solução das reclassificações pendentes e futuras.

� Implementação da abordagem avaliativa e formativa por competências e reformulação e adequação do sistema da avaliação das aprendizagens.

� Disponibilização de bibliotecas de turma nos polos e de outros recursos didáticos- pedagógicos e melhoria na gestão e avaliação das escolas e polos, tudo acompanhado do reforço do apoio e seguimento pedagógico a nível concelhio.

� Reforço das parcerias entre a escola e a comunidade e reestruturação do serviço de apoio sócio escolar.

Um Ensino Secundário amigo da economia, do emprego e do ensino superior

O Ensino Secundário será desenvolvido tendo em conta a sua importância no perfil de saída do aluno e a estreita relação entre o nível de educação e o desenvolvimento social e económico das famílias.Sendo a educação, na forma como é encarada, “tanto um fator de reprodução das desigualdades sociais, como uma porta de saída da pobreza”, mas também “a base para a dinâmica do capital humano numa economia do conhecimento”, o MpD assume as seguintes propostas para o ensino secundário:

� Alargamento da escolaridade obrigatória e gratuita até o 12º ano de escolaridade;

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� Grande aposta no ensino técnico/profissionalizante, visando, ao mesmo tempo, a obtenção de ganhos sistémicos de eficácia e qualidade na oferta educativa: • Melhorar a adaptação ensino secundário/ensino superior,

tornando obrigatória a via do ensino técnico-profissionalizante para determinados cursos científicos e tecnológicos;

• Diversificar e aumentar as estruturas e ofertas formativas, levando em conta o contexto territorial de inserção de modo a adaptar o perfil de saída aos fluxos de criação de emprego regional;

• Introduzir a componente prática em contexto de trabalho, aumentando a expressão em termos de saídas profissionais eincrementando a área curricular profissionalizante (ACP);

• Criação de unidades de ensino técnico/profissionalizante nas atuais escolas secundárias de via geral.

� Promoção das escolas como espaços privilegiados da educação para os valores/cidadania, transformando a prática educacional e formativa num veículo dos valores democráticos, cívicos e culturais, bem como de fator de coesão social: • Definir os princípios orientadores da organização, da gestão

curricular e da avaliação das aprendizagens do ensino básico e secundário numa lógica de projetos voltados para a promoção de valores;

• Transformar a educação para a cidadania numa área curricular disciplinar em todos os níveis de ensino desde o primeiro ano até o 12ºano;

• Realçar nos conteúdos dos manuais os princípios subjacentes à Constituição da República;

• Inserir o ensino da religião nos currículos como reforço da educação para os valores, numa lógica de atividades extracurriculares de carácter opcional.

� Dotação de maior autonomia às escolas públicas e de incentivos ao investimento privado, tudo acompanhado do reforço da inspeção e avaliação das unidades escolares;

� Reestruturação da Fundação FICASE, transformando-a num serviço de apoio;

� Desenho e execução de uma nova matriz curricular, com foco no: • Ensino de línguas estrangeiras em todas as fases e ciclos, com

a obrigatoriedade do ensino das línguas francesa e inglesa em paralelo com as línguas portuguesa e crioula, bem como pelas opções, mandarim, espanhol ou alemão;

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• Inclusão da educação para os valores como área curricular disciplinar de carácter obrigatório e aumento da carga horária semanal, adequando os currículos e conteúdos do ensino às exigências da sociedade;

• Reforço das ciências, nomeadamente, da matemática, física, química e biologia, seja no campo teórico, como da prática laboratorial;

• Efetivação de uma política educacional e formativa do saber fazer através de centros de pequenos ofícios em todas as escolas e de incubadoras de ideias para um ensino mais prático, bem como, reformulação dos planos de formação e de capacitação dos formandos de modo a elevar a qualificação no saber fazer;

• Reforço do ensino tecnológico e requalificação das estruturas físicas existentes, numa lógica da implementação de um serviço educativo integrado no conceito da economia do conhecimento:

• Reformulação do programa mundo novo e alargamento da sua abrangência efetiva a todas as escolas básicas e secundárias;

• Promoção de centros tecnológicos e ambiente de inovação em todas as escolas, assim como, da extensão da conectividade e acesso a bibliotecas digitais e parques tecnológicos regionais;

• Informatização de todas escolas, visando a modernização do sistema de gestão escolar existente;

� Reforço da matriz curricular, inserindo o ensino das TIC’s como área curricular disciplinar de carácter obrigatório nos currículos.

� Melhoria da eficácia interna do sistema de ensino, com efeitos na redução das taxas de insucesso e abandono escolar, apostando numa abordagem personalizada e inclusiva do ensino: • Diversificação das ofertas formativas tendo em conta as

especificidades do contexto, concedendo oportunidades de escolha às famílias num processo educativo com foco no estudante e no plano de estudos com um certo nível de flexibilidade em termos de disciplinas optativas;

• Elaboração e execução de um plano nacional integrado de prevenção do insucesso e abandono escolar, envolvendo as famílias, as escolas e as demais instituições públicas e privadas numa lógica de melhoria da prestação dos serviços sociais e de assistência às famílias, de elevação da participação das famílias principalmente nas zonas rurais, de prevenção e acompanhamento nas escolas e de recuperação e reintegração dos alunos em situação de abandono escolar;

• Identificação e execução de programas de aperfeiçoamento contínuo das competências dos professores, incluindo atividades pedagógicas, psicológicas e metodológicas;

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• Promoção de uma prática pedagógica mais interativa, criando condições para a efetivação da abordagem educativa e formativa por competência;

• Redefinição do sistema de avaliação.� Combate às assimetrias regionais, promovendo a igualdade de

oportunidades para todos: • Ampliação da rede física e reestruturação de algumas

infraestruturas em estado de degradação nalguns concelhos; • Planeamento do ensino técnico e profissional e suas ofertas

formativas tendo em conta a vocação e as potencialidades de cada região;

• Políticas de incentivos à permanência de quadros nas zonas periféricas e de difícil acesso;

� Melhoria na gestão dos recursos humanos, promovendo condições de vida e de trabalho mais dignificantes dos docentes, tornando competitiva a profissão de docência num quadro de exigentes requisitos de capacitação: • Proceder a uma adequação salarial dos docentes, normalizar as

progressões e reclassificações e promover melhores condições de trabalho, nomeadamente, de atualização de conhecimentos e de desempenho em sala de aulas;

• Avaliar e reformular os programas de formação existentes; • Desenvolver a cultura de mérito profissional criando

mecanismos de competitividade e incentivo à produtividade, nomeadamente, programas de incentivo à formação permanente e à excelência através da criação de bolsas de mérito profissional;

• Repensar os critérios de avaliação e de desempenho dos docentes.

� Adoção de um modelo educativo mais descentralizado, em que, o modelo de gestão administrativa, financeira e pedagógica tende a libertar o potencial do desenvolvimento local: • Delegação de responsabilidades para as regiões ou

municipalidades na aplicação dos recursos, como forma de garantir a sustentabilidade dos estabelecimentos educativos e uma maior articulação das estruturas e ofertas formativas às necessidades do mercado quer regional como nacional;

• Implementação de políticas de autonomia das escolas apostando na lógica de incentivo ao desenvolvimento de projetos educativos das regiões/concelhos/escolas através de mecanismos de ação administrativa e pedagógica;

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� Promoção de políticas de incentivo ao mérito institucional e a competitividade

� Implementação de programas de avaliação de escolas (públicas e privadas)

� Criação de incentivos como bolsas de mérito institucional.� Promoção da igualdade de oportunidades para todos, incidindo

na criação de condições condignas para os alunos com NEE e respetivos docentes, com a dotação das estruturas físicas de condições humanas, matérias e financeiras adequadas a uma prática educativa voltada para a inclusão: • Desenho e execução de uma política de formação dos recursos

humanos adequada ao acompanhamento dos alunos com necessidades educativas especiais;

• Apetrechamento de redes físicas com recursos educativos específicos para responder às necessidades dos alunos em todas as escolas do ES através de espaços especializados dentro dos estabelecimentos educativos;

• Desenvolvimento de planos curriculares suplementares e adequados às especificidades;

• Criação de núcleos multissectoriais de apoio especializado nos estabelecimentos;

Um Ensino Superior de Qualidade, ligado à Investigação e Internacionalizado!

O Ensino Superiordeve ser transformado num eixo estratégico para o desenvolvimento do país, competitivo no contexto global, com base no tripé Excelência, Eficiência e Internacionalização.A formação de quadros a nível da licenciatura, seja no país, seja no exterior, tem sido considerável. No entanto, a ausência da regulação e fiscalização do ensino superior, as deficiências nas infraestruturas físicas e pedagógicas e o défice de recursos humanos com qualificação avançada a nível de doutoramento têm contribuído, de forma evidente, para a pouca qualidade e falta de competitividade do ensino superior cabo-verdiano. Neste campo, Cabo Verde ainda tem grandes desafios, nomeadamente, nas políticas públicas que passam pela regulação, planeamento indicativo, fiscalização, aproveitamento dos recursos disponíveis no exterior, em particular na diáspora cabo-verdiana e do investimento na formação avançada dos docentes e investigadores universitários residentes no país.

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Os docentes/investigadores universitários são uma parte imprescindível na busca das soluções e respostas às questões que se colocam ao desenvolvimento de Cabo Verde, devendo ter as condições para que sejam capazes de ensinar, descobrir, inovar e criar conhecimento.Historicamente as instituições do ensino superior têm sido um local privilegiado de transmissão e criação de conhecimento.

É importante que as instituições do ensino superior cabo-verdianas, para além da sua requalificação, possam assumir integralmente o seu papel nessas duas dimensões, de transmissão e criação de conhecimento, sob o risco de não constituírem real valor acrescentado aos subsistemas do ensino básico e secundário.Essas instituições, quer públicas, quer privadas, deverão estar em condições de ambicionar elevados patamares de qualidade tanto no ensino como na investigação, para que possam erigir-se em verdadeiras parceiras para o desenvolvimento e progresso da sociedade cabo-verdiana.Aos três pilares tradicionais da universidade, formação, investigação e extensão, foram acrescentados mais outros dois pilares, democraticidade/inclusão e intervenção. Enquanto a democraticidade/inclusão favorece o alargamento de oportunidades a estratos menos favorecidos da sociedade, visando, inclusivamente, captar as mentes brilhantes que de outro modo a ela não teriam acesso ou teriam um acesso limitado, o pilar da intervenção veio sublinhar a importância que deve ser atribuída às universidades e outras instituições de ensino superior na promoção de debates no seio da sociedade, na busca conjunta de soluções para os complexos problemas da sociedade contemporânea.Fazendo os devidos ajustamentos ao seu perfil específico de pequeno estado insular situado na costa ocidental africana, Cabo Verde deverá dar início, com alguma urgência, à implementação de um paradigma que esteja ao mesmo tempo em consonância com as grandes opções estratégicas do país e a necessidade de convergência com o mundo avançado no domínio da educação superior. Assim, o MpD assume o compromisso de transformar o ensino superior cabo-verdiano num eixo estratégico para o desenvolvimento do país, competitivo no contexto global, com base no tripé Excelência, Eficiência e Internacionalização, a começar por uma Uni-CV de educação pública de qualidade e internacionalizada.O MpD assume o compromisso de, neste quadro, adotar uma política de financiamento do ensino superior que tenha como referência a correlação “taxa líquida de escolarização do Ensino Superior/percentagem do PIB para as despesas” e a taxa de abandono refletida no número elevado de estudantes que não chegam a terminar os seus estudos superiores. As seguintes medidas serão adotadas:

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Visando um ensino superior de qualidade e um perfil sistémico ensino superior/ciência/investigação & desenvolvimento:� Reavaliação dos estatutos do professor e do investigador do ensino

superior de modo a melhor promover a docência e a investigação, dentro de um perfil de docente impulsionador do desenvolvimento científico da instituição, bem como de motivação para a carreira;

� Promoção de uma política científica em cada instituição do ensino superior de modo sintonizado com as grandes linhas de desenvolvimento do país;

� Criação de um Fundo Nacional de Apoio à Pesquisa para o apoio da investigação em qualquer instituição nacional de ensino superior ou com vocação de investigação, nomeadamente, para a melhoria dos observatórios e centros de investigação;

� Promoção da aquisição de graus académicos avançados no geral e, no específico, aos professores do ensino superior, prevalecendo o mérito e o rigor científico;

� Promoção do ensino nas modalidades de e-learninge b-learning e criação de polos de ensino à distância em determinadas regiões do país;

� Regulação eficaz do ensino superior de modo a garantir a qualidade das suas instituições e cursos e introduzir, com apoios externos de excelência, um calendário de avaliação externa das instituições de ensino superior, bem como das unidades I&D associadas às universidades. Promoção de uma entidade reguladora.

� Incentivo a programas de intercâmbio entre instituições do ensino superior cabo-verdianos com instituições estrangeiras congéneres de alto standard internacional;

� Revisão do regime jurídico das instituições do ensino superior e do modelo de organização da UNI-CV na promoção da sua autonomia efetiva, eficiência organizativa e internacionalização.

� Incentivo às instituições superiores na prestação de serviços através de programas de internacionalização, investigação e consultorias nacionais e internacionais.

� Apoio às instituições de ensino superior, nomeadamente, com facilidades na aquisição de equipamentos e materiais pedagógicos, no fomento do investimento e partilha de laboratórios e centros tecnológicos comuns e estímulo de parcerias tripartidas para o desenvolvimento nacional, integrando Estado/instituições de ensino superior/Empresas;

� Dinamização do Fundo de Garantia Mútua como complemento às bolsas de estudo a fundo perdido.

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Visando o desenvolvimento de Recursos Humanos Altamente Especializados e o com o apoio de Programas de Cooperação Estratégicos a negociar com entidades de excelência:� Formação e especialização de recursos humanos nacionais de alto

nível com a participação das empresas estratégicas, instituições do ensino superior e de investigação;

� Procura do envolvimento das universidades top a nível mundial num programa ambicioso e decisivo para uma qualificação especializada dos recursos humanos do país, visando criar know-how nacional de alto valor acrescentado, com impacto positivo e duradouro na economia, cultura e sociedade cabo-verdiana;

� Retoma, no país, em sintonia com as instituições nacionais e internacionais, das Jornadas Internacionais de Ciência & Tecnologia.

Visando o apoio e incentivos ao cidadão:

� Aprovação de prémios de distinção e mérito, nomeadamente, a colocação nas melhores universidades do mundo, com um mínimo de 50 bolsas/ano.

� Reforço do programa de bolsas de estudo, descriminando positivamente os cursos constantes do plano indicativo coordenado pelo governo;

� Instituição de linhas de crédito para empréstimos com juros bonificados;

� Incentivo à criação de Livrarias Escolares, através de facilidades de importação e de venda de livros didáticos e académicos;

� Promoção da equidade do acesso, nomeadamente, através de apoios no transporte, alojamento e acesso às cantinas com senhas apoiadas pelos Serviços de Acão Social;

� Apoio aos alunos da diáspora, com ênfase para os carenciados dos países da CPLP;

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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

O nosso compromisso� Desenvolvimento de Centros de Investigação, Desenvolvimento e

Inovação (I&D+i) com foconas parcerias público-privadas, reunindo o Estado, as Instituições do Ensino Superior, os Parques Científicos e as Empresas.

� Criação de uma Agência da Ciência e da Tecnologia.

� Instalação de diversos Parques Tecnológicos e Científicos em áreas como o Mar e a Biodiversidade, a Saúde, o Ambiente, as Energias Alternativas e a Água.

� Incentivos fiscais na importação de equipamentos e no estímulo à inovação e investigação empresarial em áreas de competitividade internacional.

� Disponibilização de recursos financeiros e materiais para o incentivo da investigação básica, nomeadamente, na cultura e história cabo-verdianas.

Não há futuro sem ciência! Para o desenvolvimento das nações mais avançadas, o maior trunfo tem sido os centros de I&D, alavancados na cooperação intrínseca e permanente entre o Estado, Instituições do Ensino Superior e as Empresas e viradas para a inovação permanente da oferta, satisfação da procura e competitividade nos mercados nacionais e internacionais.A produção significativa de riqueza exige um sector privado competitivo, capaz de inovar e de atrair quadros altamente qualificados e, assim, principalmente para um país pequeno e insular, competir num mercado global exigente. Isto implica um investimento na ciência, na investigação e na inovação empresarial!

O desenvolvimento do sistema científico e tecnológico nacional é uma peça essencial na sustentabilidade e na melhoria da qualidade do ensino superior e, portanto, da formação e empregabilidade da população cabo-verdiana qualificada.

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Um dos exemplos vem da União Europeia que, desde 2007, tem privilegiado os projetos de I&D baseados em parcerias público-privadas e numa estratégia virada para as necessidades das pessoas. Este é o modelo que Cabo Verde vai seguir no âmbito do desenvolvimento de um sistema Ensino Superior/I&D/Inovação. Várias áreas de atuação podem ser, desde já, identificadas:- Com uma zona económica exclusiva de 734.265 Km2, o mar pode representar uma das principais fontes de riqueza do país! Cabo Verde só conseguirá tirar proveito de todo o potencial marítimo e da economia ligada ao mar, como a pesca, o transporte, a logística, a energia, a biotecnologia e/ou o turismo, se houver uma estratégia assente no conhecimento. Para isso, urge a criação de verdadeiros centros I&D e o reforço das unidades de investigação ligadas ao mar, nomeadamente pela sua inserção em redes de excelência internacional.

– A recente epidemia da febre hemorrágica do Ébola na África Ocidental, bem como o risco constante de uma eventual importação da febre-amarela ou a própria epidemia do dengue ocorrida em 2009 são alertas que não podem ser ignorados no âmbito do quadro estratégico para a saúde. O país precisa de ser dotado de quadros altamente qualificados e suportados por um sistema científico capaz de acompanhar a evolução da situação de risco a que está sujeito, tornando-se necessário um investimento em unidades I&D no âmbito do programa nacional de vigilância epidemiológica.

– A existência de um vulcão e de erupções vulcânicas, bem como de riscos de outras catástrofes naturais, são elementos que têm demonstrado, não só a vulnerabilidade do país, mas também, da existência de potencialidades inexploradas de desenvolvimento. Com um sistema de vigilância desprovido de adequados recursos e de um suporte científico que permitam acompanhar a evolução da situação de forma permanente e a inexistência de estudos aprofundados, por exemplo, na produção de energia térmica, impõe-se apostar na investigação científica em áreas como a vulcanologia.

– A compreensão e divulgação da cultura cabo-verdiana exigem um sistema científico que tenha a cultura e o património cultural como ingredientes principais. As futuras unidades de I&D nessa área devem prestar atenção aos Estudos Literários, Arqueologia, História da Arte, Antropologia, entre outras áreas associadas à cultura e memória do povo cabo-verdiano.

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A nossa ação

O MpD assume o seguinte plano de ação na área das Ciências, Tecnologia e Inovação:

� Avaliação e identificação dos sectores empresariais onde a investigação seja pertinente, de modo a se introduzir no país uma primeira fase de investigação e desenvolvimento, a adaptação tecnológica. Para tal, será promovido o entrosamento da ciência com o sector produtivo, fortalecendo a relação entre Estado/Empresas/Instituições do Ensino Superior e Centros Internacionais de excelência para a transferência de conhecimentos, competências e tecnologias.

� Elevação da inovação para o topo da política nacional como elemento-chave para a criação de emprego de qualidade e para o crescimento sustentado da produtividade nacional e da competitividade internacional.

� Disponibilização de recursos financeiros e materiais para o incentivo da investigação básica focada na cultura e história cabo-verdianas e noutras questões transversais da investigação internacional e aplicada, com duas dimensões, a primeira, direcionada para a resolução dos problemas do país e a segunda, de apoio às empresas.

� Incentivo à disseminação da ciência e sua transferência para a criatividade tecnológica, criando prémios na área das ciências e da inovação e incutindo, desde cedo, nos jovens a vontade de fazer ciência e investigação, com prémios de mérito de intercâmbio internacional entre os jovens cientistas.

� Promoção de programas científicos e fomento da educação científica não formal na grelha de serviço público de rádio e televisão e execução de programas de ocupação científica de jovens nas férias através de estágios em instituições científicas.

� Investimentos na formação e na capacitação de técnicos na exploração e manutenção das tecnologias de ponta e na promoção de uma cultura de conservação dos bens e recursos nacionais.

� Adoção de medidas fiscais favoráveis, nomeadamente, isenção de taxas aduaneiras na importação de materiais e equipamentos pelas instituições com regime jurídico de investigação científica e promoção da ciência, bem como, incentivos financeiros para estimular a inovação e a investigação empresarial em áreas de competitividade internacional.

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� Criação de uma Agência da Ciência e da Tecnologia (Centro de Desenvolvimento e Investigação de Cabo Verde), organismo público com competências na promoção e desenvolvimento do Sistema Científico, Tecnológico e de Inovação do país e que integrará diversas instituições, tais como o Estado, o poder local e regional, as instituições do ensino superior e as associações empresariais. Os nossos jovens têm de correr atrás da ciência e da tecnologia.

� Instalação de um conjunto de parques científicos e tecnológicos em diversos pontos do território nacional, funcionando como os nós de uma rede de modernidade, de inovação, de fomento empresarial nacional, de atração do Investimento Direto Externo, de integração do mercado nacional e de globalização do mercado interno. Os parques tecnológicos serão coordenados pela Agência da Ciência e da Tecnologia (Centro de Desenvolvimento e Investigação de Cabo Verde) e serão concebidos e instalados em estreita articulação do Poder Central com o Poder Local e Regional, as associações empresariais e as instituições do ensino superior. A título indicativo, poderão ser criados parques científicos e tecnológicos nas áreas da Saúde, Agropecuária, Ambiente, Mar, Turismo, TIC’s, Água e Energias Alternativas.

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O nosso compromisso

A formação profissional que está longe de responder adequadamente às necessidades do mercado de trabalho, em razão de políticas verticalizadas e ausência de medidas que promovam a harmonização entre os domínios de emprego e formação e deve-se maximizar, nas atividades de emprego e formação profissional, as oportunidades de desenvolvimento de emprego em áreas de elevado potencial como a economia verde, a reabilitação urbana, a economia digital, os serviços de proximidade e apoio às famílias e pessoas e a economia ligada ao mar e ao turismo e às Tecnologias de Informação e Comunicação.

O MPD advoga um sistema de formação profissional dual em que uma parte de formação se dá nos centros de formação e escolas profissionalizantes e a outra nas empresas, propiciando, por essa via, aos formandos uma habituação ao ambiente real de trabalho. Para isso, vão ser criadas as condições para que essa estratégia possa vingar, devendo ser estabelecidos protocolos de entendimento entre o Estado e as empresas.

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O MPD considera que a política de emprego e formação profissional deve estar interligada, devendo as atividades inseridas nos programas de formação articular-se com programas de promoção de emprego, através de uma política coerente de emprego e formação profissional que atenda às necessidades dos jovens em busca do primeiro emprego, aos trabalhadores em exercício e aos desempregados, numa estratégia de superação permanente.

A nossa açãoNo quadro dessa visão, o MPD propõe-se realizar, na área da formação profissional, as ações seguintes:

� Criação de uma Comissão Interministerial de Emprego e Formação, integrada por responsáveis pela política de educação, formação, emprego, sector empresarial e pelo patronato, sindicatos e organizações não-governamentais ligadas a emprego e formação, cuja finalidade consistirá em identificar e coordenar as políticas e produzir recomendações e orientações com vista à realização e concretização dos objetivos propostos;

� Realização de estudos ao mercado de trabalho para, entre outras, identificar as necessidades do mercado em mão-de-obra qualificada, conhecer as qualificações e remunerações dos trabalhadores existentes no mercado e identificar necessidades de formação e de superação;

� Edição, com base nos estudos anteriores, de um Plano Indicativo de Empregabilidade e Remuneração para o ensino superior e o ensino profissional;

� Promoção de Programas de Formação Profissional, direcionados para sectores com baixo nível de qualificação, em especial para os sectores das pescas, agricultura e agropecuária;

� Reforço dos mecanismos de certificação de cursos de formação profissional, conferindo aos seus detentores a necessária garantia de reconhecimento social dessas qualificações;

� Adoção de medidas de políticas que garantam o financiamento do sistema de formação profissional e a sua sustentação.

� Promoção da inserção de jovens no mercado de trabalho através de estágios profissionais contratados junto das empresas e outras instituições;

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� Organizar um plano de formação específica para promover a empregabilidade dos desempregados de longa duração e dos recém-formados desempregados com formação superior;

� Certificação de grau académico aos níveis de ensino profissional, numa interligação educação/formação;

� Desenvolvimento de um ensino secundário amigo da economia, do empreendedorismo jovem e do saber fazer, através da orientação escolar vocacional, de adequados planos de estudo e de uma larga oferta de cursos técnicos profissionalizantes;

� Reforço da qualificação dos formadores e dos meios de prática pedagógica e laboratorial;

� Introdução do ensino à distância, nomeadamente, nas modalidades e-learning e b-learning.

� Desenvolver Cursos de Especialização Tecnológica(CET) combase numa ligação com empresas e a atividadeeconómica, privilegiando a empregabilidadee a formação de recursos técnicos qualificados.

� Desenvolver o cheque-formação, enquanto via para introduzir maior responsabilidadee liberdade de escolha na oferta formativa a frequentar;

� Reeditar um plano de ”Formação para a Inclusão”, orientado para as pessoas desempregadascom menores qualificações emaiores fragilidades de inserção, com baseem formação para competências básicas,processos de reconhecimento e certificaçãoe educação e formação de adultos.

� Priorizar intervenções de qualificação profissionaldirigidas a jovens detentores deescolaridade obrigatória e sem qualificaçãoprofissional, reforçando o potencial de empregabilidade.

� Publicitar a taxa de empregabilidade e a remuneraçãomédia do primeiro emprego paraas modalidades de formação profissionalde natureza qualificante desenvolvidas peloIEFP.

� Proceder a uma sistemática avaliação darede de Centros de Emprego e Centros deFormação, com apresentação pública de resultados.

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Reabilitação Profissional

O trabalho e o emprego não são apenas fatores de subsistência, mas também de integração do cidadão na comunidade, meios de realizaçãopessoal e autonomia.

Enquanto sociedade, mas também enquantocidadãos responsáveis, não devemos nunca desistirdaqueles que, por alguma razão, apresentam maiores limitações no exercício das suasatividades, fazendo um esforço coletivo, mastambém individual, para que os cidadãos portadores de deficiência e incapacidade possam, nocontexto das suas capacidades, exercer atividadesprofissionais válidas, em ambiente protegido.

Assim, propomos:

� Assegurar ações de reabilitação profissionalrelativamente a pessoas com deficiência e incapacidade,nomeadamente deficiência adquirida, que necessitem de uma nova qualificaçãoou de reforço das suas competências profissionais.

� Estabelecer apoios financeiros para adaptaçãode postos de trabalho aos empregadoresque necessitem de adaptar o equipamentoou o posto de trabalho às dificuldades funcionaisdo trabalhador.

� Estabelecer planos de ação a nível territorialpara emprego apoiado e emprego protegido, visando o exercício de uma atividade profissional e o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais necessárias à integração de pessoas com deficiência e incapacidade.

SAÚDE

Cabo Verde já teve melhores motivos para se orgulhar do seu Serviço Nacional de Saúde.Com efeito, os investimentos no sector nos últimos anos pouco reflexo tiveram na melhoria da qualidade de prestação dos cuidados de saúde, tendo vários fatores, com realce para a falta de reformas no sistema, contribuído para pôr em causa os princípios basilares do Serviço Nacional de Saúde como a universalidade, a equidade e a integralidade.

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O nosso compromisso

� Centro de saúde de primeiro nível em todas as ilhas sem Hospital Central ou Regional.

� Institucionalização do Médico de Família e aposta na saúde familiar.

� Redução do tempo de espera nas consultas e acesso aos meios de diagnóstico, principalmente, de especialidade.

� Adoção de um programa gratuito de vacina do colo de útero e de despiste intensivo, nomeadamente, do cancro da mama, colo de útero, de tubo digestivo e de próstata.

� Reorganização e requalificação do Serviço Nacional de Saúde, visando melhorar a qualidade e o acesso efetivo de todos os cabo-verdianos aos cuidados de saúde.

� Criação de uma Entidade Reguladora da Saúde.

� Valorização dos Profissionais de Saúde, com capacitação, motivação e melhor enquadramento na gestão do Sistema Nacional de Saúde, nomeadamente, dos respetivos estatutos.

� Primeiros Socorros com eficácia através do estabelecimento de um tempo razoável de chegada a um centro de referência em condições técnicas ideais dos primeiros socorros, com meios adequados a exemplo de evacuações via Helicóptero.

� Construção de um novo Hospital Regional na Praia, requalificação e reestruturação profunda dos Hospitais Centrais (Agostinho Neto e Baptista de Sousa) com competências especializadas e reforço das capacidades de resposta dos Hospitais Regionais, Centros de Saúde e Postos de Saúde.

� Integração efetiva do Setor Privado no Serviço Nacional de Saúde.

� Desenvolvimento da Saúde como Serviço Exportador.

� Melhoria da Política Farmacêutica, com foco no Medicamento.

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O MpD entende que o Estado tem a obrigação constitucional de garantir o direito à saúde a todos e o dever de a defender e promover e, nesta base, tem a incumbência de assegurar o funcionamento do sector público de prestação de cuidados de saúde de qualidade e de incentivar, apoiar e regular a iniciativa privada na prestação de cuidados de saúde preventiva, promocional, curativa e de reabilitação.O MPD defende o princípio de que os governos devem assegurar uma forte política social, particularmente no sistema de saúde, de forma a dar resposta à problemática da universalidade, justiça, acessibilidade, solidariedade, equidade, eficácia e efetividade que atingem, no concreto, as pessoas. O MPD defende um sistema de saúde, cujo modelo se caracteriza por financiamento público, controlo parlamentar, universalidade de acesso, gestão pública e provisão através de um mixpúblico/privado, em que as relações económicas estabelecem-se com base num sistema legal que especifica direitos e obrigações dos cidadãos e dos prestadores de serviços.O Sistema de Saúde de Cabo Verde tem que ser mais ousado em termos de recursos humanos, na distribuição equitativa dos recursos existentes, na valorização dos recursos humanos e ter em conta que os profissionais de saúde disponíveis ainda não atingiram o patamar de quantidade e de qualidade suficiente. É preciso apostar-se na racionalidade e na transparência da formação e gestão dos recursos humanos, enquanto fator de motivação dos profissionais de saúde.O sistema tem o dilema de conciliar os objetivos da universalização contínua da prestação dos cuidados de saúde com a racionalização dos custos com a saúde, mas não deverá deixar de garantir, nos casos devidamente especificados, a gratuitidade às pessoas que não têm condições para comparticipar.

A nossa ação

Saúde para Todos como um Direito Constitucional, Reforma do Sistema de Saúde, Valorização dos Profissionais de Saúde, Qualidade dos Serviços Prestados, Primeiros Socorros com Eficácia!

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Para isso, o MpD garante:

� Uma Reforma do Sistema de Saúde que tenha em conta uma capacidade de mobilização de recursos com repartição equitativa a todos os concelhos do país, garantindo uma efetiva universalidade e equidade de acesso a todos os cidadãos de acordo com a Constituição da República e uma capacidade de resposta e qualidade adequadas às expectativas cada vez mais exigente da ciência, dos cabo-verdianos e dos agentes económicos, em particular do Turismo.

� Valorização dos Profissionais de Saúde, quantitativa e qualitativamente, incrementando a sua motivação e garantindo a equidade e transparência na sua gestão. Serão garantidos aos profissionais uma adequada proteção contra os riscos profissionais e uma racionalidade, dinâmica e transparência na formação e gestão dos recursos humanos enquanto fator para a sua motivação.

� O funcionamento contínuo, integrado e eficiente dos serviços, limitando as carências de recursos materiais, técnicos ou humanos, situações que, em complemento com a capacitação e motivação dos profissionais da saúde, são determinantes na qualidade dos serviços prestados.

� A Sustentabilidade Financeira do Sistema de Saúde, tendo como condição chave para a sua garantia um Estado parceiro, capaz de garantir o envolvimento adequado dos empregadores, a previdência social, os profissionais liberais e toda a sociedade civil num processo justo e equilibrado de financiamento do sistema de saúde e um Estado eficiente, que, ao lado de uma melhor valorização da Saúde no Orçamento do Estado, promova uma utilização mais racional e eficiente dos recursos disponíveis, reforçando os princípios da responsabilização pelos resultados, da transparência da gestão dos dinheiros públicos e da aplicação objetiva e eficaz das decisões de política de saúde.

� Os Primeiros Socorros com eficácia através do estabelecimento de um tempo razoável de chegada a um centro de referência em condições técnicas ideais dos primeiros socorros. Não sendo, a curto prazo, economicamente viável criar centros de referência em todas as ilhas, a conceção de uma rede em forma de pirâmide das diversas estruturas de saúde com foco num sistema de comunicação e evacuação rápida, será uma primeira solução para a problemática. Essa rede deverá abranger os Serviços da Proteção Civil, das Forças Armadas, da Cruz Vermelha, do sector Privado e outros, com capacidade e meios eficientes de transporte e evacuações de doentes de uma forma segura e rápida pelas vias terrestres, aéreas e marítimas.

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Mais especificamente:

Reorganização e Requalificação do Serviço Nacional de Saúde

Uma aposta firme e decidida no Serviço Nacional de Saúde (SNS), promovendo a sua reorganização e requalificação visando melhorar a qualidade e o acesso efetivo dos cabo-verdianos aos cuidados de saúde:

� Garantir o acesso universal e equitativo, tendencialmente gratuito, aos cuidados e serviços de saúde, assim como, a cobertura dos cuidados primários e continuados, minimizando as atuais assimetrias de acesso e cobertura geográfica e apostando na prevenção;

� Promover a sustentabilidade económica e financeira do SNS, ajustando as verbas do Orçamento do Estado às necessidades reais do sector;

� Rever a política de taxas moderadoras de modo a garantir, por um lado que os grupos-alvo e vulneráveis sejam isentos e por outro, que se isenta apenas quem realmente necessita dessa isenção e promovendo uma maior responsabilização dos cidadãos pela utilização equilibrada dos recursos do sistema;

� Centrar a Direção-Geral de Saúde numa estrutura com tarefas eminentemente de promoção da qualidade no Serviço Nacional de Saúde e de implementação das medidas de Saúde Pública: • Através de um perfil clínico, com o objetivo de transmitir

as competências técnicas e científicas necessárias para o desenvolvimento do processo de qualidade e de concretização, aos mais diversos níveis, dos objetivos de Saúde Pública;

• Papel de incentivo às estruturas de saúde na implementação dos planos de qualidade e melhoria contínua, e, principalmente, por um acompanhamento de proximidade nessa implementação;

� Criar uma Entidade Reguladora de Saúde, que poderá abarcar outras entidades reguladoras existentes em domínios afins, cuja missão incidirá designadamente sobre a supervisão da atividade e funcionamento dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde (público e privado), a garantia dos direitos relativos ao acesso aos cuidados de saúde e dos demais direitos dos utentes, bem como a legalidade e transparência das relações económicas entre os diversos operadores, entidades financiadoras e utentes;

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� Dar ênfase ao desenvolvimento da saúde pública, reforçando a promoção da saúde e a educação para a saúde, envolvendo as escolas e a comunidade;

� Dar prioridade à luta contra a malnutrição, quer na componente obesidade, como na desnutrição energético-calórica;

� Aprofundar as iniciativas preventivas relacionadas com o consumo de tabaco, de álcool, de drogas ilícitas e em relação aos comportamentos de risco para doenças infeciosas graves, nomeadamente, VIH/SIDA e outras;

� Prestar especial atenção ao esforço da melhoria contínua para as situações mais prevalentes, designadamente, as doenças cardiovasculares, a diabetes e a patologia oncológica, bem como para as doenças suscetíveis de causarem maior estigma social, entre as quais as perturbações da saúde mental e a infeção VIH/SIDA;

� Atualizar a carta sanitária e prosseguir a implementação das regiões sanitárias, avançando para a unificação da gestão dos cuidados de saúde primários, dentro de cada ilha, permitindo a uniformização de procedimentos e a indispensável otimização de recursos;

� Consolidar o processo de criação das regiões sanitárias de Fogo/Brava e de Santo Antão e avançar na criação das regiões sanitárias do Sal e da Boavista e melhorar a articulação dos serviços de saúde das ilhas de S. Nicolau e Maio com os hospitais de referência;

� Instalar um Sistema de Informação Sanitária com os seguintes objetivos: • Reunir a informação clínica de cada utente num único registo,

inclusivamente resultados de exames, permitindo a sua rápida consulta e atualização pelos profissionais de saúde;

• Agilizar a marcação de consultas, estando o sistema de informação sincronizado com a gestão das agendas médicas;

• Coordenar equipas de diagnóstico e tratamento do utente, conduzindo a uma maior qualidade no serviço e aumentando a sua eficiência, evitando deslocações desnecessárias do utente;

• Gerir a informação clínica, permitindo o acesso a dados estatísticos que permitam o apoio a tomadas de decisão, o suporte a atividades de investigação e o controlo de tendências epidemiológicas;

� Melhorar a gestão e o desempenho das unidades de saúde através de uma reformulação dos processos administrativos e de gestão de recursos: • Utilização de todas as potencialidades da Telemedicina,

apetrechando as diferentes unidades de saúde com os adequados recursos técnicos de modo a reforçar a rede de comunicação em saúde entre as diferentes estruturas e os centros de referência, com impacto no diagnóstico.

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• Melhoria, em sintonia com a classe médica, do programa de deslocação de especialistas às ilhas como complemento à telemedicina, de modo a proporcionar maior conforto ao utente e racionalizar os gastos do sistema.

• Introdução de mecanismos de monitorização, acompanhamento e controlo eficazes, que garantam o acesso, em tempo útil, dos utentes aos cuidados de saúde clinicamente adequados, com qualidade, eficiência e segurança, independentemente do seu promotor.

• Implementação de um programa de especialização em medicina geral e familiar e sua distribuição adequada pelos vários centros de saúde, com incentivos adequados à sua fixação.

• Revisão da estratégia de gestão dos recursos humanos, com análise ponderada das necessidades de profissionais de saúde a nível nacional, regional e local. Através da cooperação, serão estabelecidas parcerias visando cumprir, com urgência, um plano de formação de especialistas nas áreas menos cobertas e de maior procura.

• Formação especializada na enfermagem, visando uma maior diferenciação técnica, pois as necessidades atuais apontam para exigências de um forte investimento formativo.

• Reorganização da rede hospitalar através de uma visão integrada e mais racional do sistema de prestação que permita maior equidade territorial e uma gestão mais eficiente dos recursos humanos. Para tal, será criado o Conselho dos Hospitais que incluirá técnicos e dirigentes dos hospitais centrais e regionais. Entre outras missões esse conselho trabalhará para uma melhor articulação dos cuidados hospitalares melhorando a rede de referenciação.

• Construção de um novo Hospital Regional na Praia, requalificação de todos os Hospitais Regionais, Centros de Saúde e Postos de Saúde e avaliação da possibilidade de construção do Hospital Regional de Santiago Leste em Santa Cruz.

• Redução dos tempos médios de espera para consultas de especialidade e cirurgias, atuando de forma concertada junto das diferentes entidades e níveis de prestação de cuidados;

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• Melhoria do desempenho e maior rigor da gestão nas Unidades Públicas de Saúde, pois a qualidade de gestão é um imperativo ético do serviço público, muito em especial num sector dedicado às pessoas como a saúde. O combate ao desperdício de recursos é fundamental para garantir a todos uma afetação equilibrada dos recursos disponíveis. Assim, os órgãos de gestão das unidades de saúde devem manter os seus representantes clínicos, mas devem ser constituídos na sua maioria por profissionais especializados em gestão, principalmente em gestão de unidades de saúde.

• Promoção de condições para dinamizar a investigação clínica em Cabo Verde.

Um Setor Privado estimulado e integrado no Serviço Nacional de Saúde

Integrar o Setor Privado no Serviço Nacional de Saúde, através das seguintes ações:

� Promover a convergência na política de contratualização de convenções do Estado, abrangendo prestadores privados, visando uma maior eficácia no desempenho global do sistema de saúde.

� Adotar mecanismos de estímulo à iniciativa privada e uma aposta clara nas parcerias público-privadas em termos de contratos e convenções, de modo a viabilizar a melhoria geral nas prestações de serviços de saúde.

� Definir, no âmbito das convenções, uma tabela de referência de preços adequados ao custo da prestação de cuidados, contribuindo para a transparência e a eficiência na complementaridade do sistema.

Saúde como Serviço Exportador

Desenvolver a Saúde como Serviço Exportador, pois Cabo Verde reúne as condições necessárias para ganhar a aposta na saúde enquanto sector prestador de serviços internacionais de alto valor acrescentado.Assim, o MpD, em parceria com o sector privado, promoverá um ambiente favorável ao investimento quer de origem nacional quer estrangeira no sector, nomeadamente no turismo da saúde, sendo o previsto Parque Científico e Tecnológico do Salum dos elementos operacionais dessa estratégia. Nesse sentido, estão previstas algumas medidas específicas como:

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

� Incentivo à instalação de clínicas e hospitais privados;� Identificação de parceiros internacionais de excelência para o

desenvolvimento do turismo de saúde;� Estabelecimento de parcerias com empresas internacionais

especializadas no sector.

Melhor Política do Medicamento

Na Política Farmacêutica, o medicamento é muito importante para o Sistema Nacional de Saúde (SNS), sendo uma área que exige um cuidadoso equilíbrio nas medidas de política, pois têm fortes implicações financeiras eno sistema de saúde e, sobretudo, afetam, de modo visível, o doente. Serão adotadas as seguintes medidas:

� Dotar todas as farmácias hospitalares, centrais e regionais de farmacêuticos.

� Prosseguir a política que visa alargar progressivamente, a prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI) a todos os medicamentos comparticipados pelo SNS, impulsionando ainda mais os genéricos.

� Lançar um programa que visará os seguintes pontos:� Melhorar a qualidade da prescrição e instituir em todas as

unidades do sistema de saúde a prescrição eletrónica de medicamentos e meios complementares de diagnóstico.

� Controlar a utilização dos medicamentos agindo sobre a prescrição.

� Garantir o acesso e a equidade aos cidadãos através do aperfeiçoamento do sistema de preços e da revisão do sistema de comparticipação de medicamentos.

� Reforçar a gestão das farmácias públicas a nível dos centros de saúde visando uma melhor cobertura medicamentosa dos doentes crónicos e da população economicamente desfavorecida.

� Criar as condições legislativas e técnicas para o avanço da dispensa de medicamentos em dose individual.

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HABITAÇÃO

O nosso compromisso

Promoção de um Grande Programa de Habitação com o seguinte perfil:� Direcionado para as famílias concretas, com critérios objetivos em

função das prioridades devidamente definidas;� Responda às necessidades e às capacidades financeiras reais das

famílias, mobilizador, liderado e concretizado pelos municípios;� Inclusivo do empresariado nacional e criador de valor acrescentado

para os setores de construção civil, imobiliária e emprego;� Bonificação de juros para jovens famílias.� Unificado, como forma de acabar com os vários programas avulsos

dirigidos por vários departamentos governamentais, caso do programa “Operação Esperança” gerido pelo Gabinete do Primeiro Ministro;

� Estimulador do mercado de arrendamento, promovendo a aplicação das poupanças das famílias, incluindo a população emigrada;

� Promotora da reabilitação das habitações existentes, contribuindo para a requalificação urbana dos bairros e o apoio aos mais carenciados.

O Governo em funções desperdiçou recursos financeiros e institucionais, geriu irresponsavelmente o sector de habitação, transformando a imobiliária pública numa estrutura pesada e desproporcional, destruindo o sector imobiliário privado e, em conjunto com outras medidas desastrosas nas obras públicas, provocando a falência das empresas nacionais de construção civil.

As políticas da construção e requalificação urbana, estiveram orientadas, quase que exclusivamente, para a construção nova e não para a reabilitação do edificado. Esta situação provocou grandes desequilíbrios e a nova realidade impõe que a reabilitação deixe de ser encarada como “a exceção” e, passe a ser encarada com mais coerência no edificado.Assim, o momento atual exige a implementação de reformas estruturais, sendo certo que a reforma da política de habitação ligada à reforma do regime da reabilitação urbana, se assume como central para o desenvolvimento e a regeneração das cidades, com impacto decisivo no desenvolvimento económico, na redução do desemprego, na redução do endividamento das famílias e em maiores oportunidades para jovens casais.

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O MpD considera que o funcionamento mais eficiente do sector de habitação é condição fundamental, não só para a dinamização do sector imobiliário, da reabilitação urbana e das cidades, mas também para a inclusão social das famílias e mobilidade das pessoas, pelo que os seus mecanismos de dinamização devem ser progressivamente melhorados, pois as deficiências acumuladas ao longo destes anos são incompatíveis com soluções de curto prazo.

A nossa ação

Recentrar o IFH e as políticas habitacionais

Na Habitação, visando alterar a situação catual, com base na garantia da sustentabilidade social e na situação económica específica das famílias: � Recentrar as competências do IFH, passando a ser um instrumento

privilegiado de formulação e de execução de políticas públicas para o sector de habitação, deixando de ser uma imobiliária com funções comerciais.

� Transferir e delegar nos municípios, as competências e atribuições no domínio de habitação social e reabilitação urbana sob contrato-programa e fiscalização do poder central;

� Clarificar as funções de tutela do sector habitacional e unificar os vários programas existentes num único programa de promoção de habitação para as famílias.

� Criar e operacionalizar um fundo público único para a habitação, reabilitação urbana e ambiente, alimentado, por exemplo, pela taxa ecológica, pelo Imposto Único sobre o Património (IUP) e pelo Orçamento do Estado;

� Terciarizar o processo de gestão de rendas das casas do programa Casa para Todos, para os municípios e empresas privadas de gestão imobiliária, mediante concurso público;

� Terciarizar o processo de gestão de condomínios das casas do programa “Casa para Todos”, para as empresas privadas de gestão de condomínios, mediante concurso público.

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Retomar a Requalificação Urbana

Na Reabilitação Urbana, adotar um vasto Programa, com prioridade para as cidades turísticas e zonas de grande degradação, com o objetivo de:

� Promover a reabilitação dos edifícios degradados e a reocupação dos edifícios e fogos devolutos, através de mecanismos de incentivos e benefícios fiscais à reabilitação;

� Apoiar os planos municipais de reabilitação urbana como forma de garantir a transformação efetiva nos territórios, invertendo tendências de declínio e promovendo um desenvolvimento local sustentado e a manutenção na fase de pós intervenção;

� Promover a instalação de equipamentos públicos que funcionem como indutor e atrativo para a requalificação, a reconversão das zonas degradadas e qualidade de vida dos cidadãos;

� Promover, em articulação com as câmaras municipais, a consolidação das áreas degradadas, simplificando os procedimentos conducentes à realização de obras e operações urbanísticas de reabilitação urbana;

� Criar um mecanismo, ao nível municipal, que permita aos municípios recorrerem ao fundo de habitação, em substituição dos proprietários incumpridores de realizarem obras condicionadas em prédios degradados ou abandonados, prevendo uma solução de compensação das obras;

� Criar e operacionalizar uma linha de crédito bonificado e de concessão de garantias bancárias a empréstimos municipais para obras de reabilitação e promoção de habitação familiar.

Estimular o Mercado do Arrendamento

� Rever, de forma inovadora, a legislação sobre o arrendamento urbano.� Implementar um mecanismo extrajudicial de despejo do arrendatário

em caso de incumprimento do contrato de arrendamento;� Introduzir um mecanismo de atualização do valor de renda;� Reforçar a liberdade contratual entre as partes na celebração dos

contratos de arrendamento;� Criar e operacionalizar um sistema de garantias de rendas, destinado

aos promotores de habitação em regime de arrendamento contra risco de incumprimento;

� Fixar regras de determinação do valor de base da venda de imóveis em processo de financiamento e em contencioso.

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DESPORTO

O Desporto é uma escola de valores e de cidadania na formação de um cabo-verdiano com novas atitudes e comportamentos perante o País e no seu relacionamento com o Mundo e um fator de desenvolvimento e instrumento privilegiado para a projeção da imagem internacional de Cabo Verde

O nosso compromisso

� Projetar um novo ciclo do Desporto Cabo-verdiano, reforçando o seu papel e importância nacional.

� Construir uma parceria entre os poderes públicos e os agentes desportivos, numa lógica de complementaridade e de respeito para a autonomia e os níveis de intervenção de cada um.

� Aproveitar as condições naturais do País e a apetência física e biológica do cabo-verdiano para a prática e inovação do desporto.

� Adotar a racionalidade, a transparência e o estabelecimento de prioridades na afetação e utilização dos recursos financeiros e materiais.

� Dinamizar o Desporto Escolar, a Formação nos Clubes e o Desenvolvimento de Talentos através do Programa Excelência Desportiva e da criação de Centros Especializados do Desporto.

� Trazer para Cabo Verde grandes eventos, colocando o país na rota internacional de eventos desportivos.

� Apoiar adequadamente as seleções nacionais.� Rever a legislação desportiva e introduzir nova legislação que proteja

os clubes cabo-verdianos na transição para clubes estrangeiros de desportistas por eles formados e que incentive os desportistas cabo-verdianos de alta competição.

� Criar um Fundo de apoio e incentivo à iniciação e formação desportiva.

� Fazer o desporto depender, pela sua importância e transversalidade, diretamente do Primeiro-ministro.

� Analisaremos com os desportistas e agentes do desporto a necessidade da criação de um Instituto para a gestão do fenómeno desportivo.

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A sociedade cabo-verdiana é muito aberta ao desporto de uma forma geral, sendo, nas suas diversas modalidades, um importante elemento regulador e de equilíbrio social dos cabo-verdianos.O Desporto carece de uma ação mais dinâmica e competente que permita redesenhar novas políticas públicas para o Sistema Desportivo Nacional e seja consentânea, seja com as potencialidades de Cabo Verde, seja com as aspirações e ambições de todos quantos se dedicam ao fenómeno desportivo.Esse contexto exige uma mudança em relação às atuais medidas paliativas, portadoras de uma expressiva imaturidade na abordagem do desporto nacional, faltando uma atitude visionária e sistematizada para o desporto em geral e para cada sector desportivo em particular.O MpD considera ser muito importante estabelecer uma comunhão e entendimento entre todos os agentes desportivos, dirigentes, técnicos, responsáveis associativos e autárquicos, sistema de ensino desde o ensino básico até ao superior e, especialmente, promover parcerias com todas as instituições públicas e privadas.O MpD pretende implementar um novo Sistema Desportivo Cabo-verdiano queseja eficiente e competitivo, com base num programa de médio/longo prazo de modo a projetar os próximos ciclos desportivos sustentados no equilíbrio financeiro dos agentes e entidades privadas e numa reforma legislativa e das instituições públicas do Desporto. Essa atuação terá como base um Plano Estratégico de Ação Desportiva que, entre outros, deverá perspetivar o respetivo financiamento, o reforço da infraestruturação e a recuperação das infraestruturas desportivas a nível nacional e a formação de quadros na área desportiva para níveis mais profissionais, incluindo dirigentes, gestores, treinadores e outros agentes desportivos.

A nossa ação

Valorizar o Desporto Nacional

A redefinição do modelo de desenvolvimento do Desporto em Cabo Verde passa pelo reconhecimento e elevação da sua importância no contexto nacional. O Desporto será encarado como fator de desenvolvimento do País, com o devido enquadramento da sua transversalidade e interação com a educação/formação, a saúde e o bem-estar das populações, o turismo e a projeção internacional de Cabo Verde, a indústria desportiva e a exportação de talentos, assim como o seu importante papel como mecanismo de inclusão social e participação cívica dos nossos jovens.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Definir uma Política Desportiva de médio e longo prazos

A ambição de construir um Sistema Desportivo Cabo-verdiano estruturado e competitivo passa pela planificação a médio e longo prazos, com a definição de uma Política Desportiva com prioridades, objetivos e metas das modalidades, acompanhada da dotação de recursos financeiros e promoção da capacitação dos agentes desportivos e respetivas instituições.

Este exercício, edificado no quadro de uma estreita parceria e concertação, vai assumir, igualmente, diretrizes claras e objetivas em termos dos principais instrumentos de promoção do desporto, nomeadamente nos domínios da legislação, formação, mecanismos de financiamento e infraestruturação desportiva. Todas as ações estratégicas serão alinhadas com os Planos Estratégicos do COC e do COPAC, enquanto importantes parceiros do Estado, devendo ser objeto de monitorização e avaliação permanentes no quadro do normal e efetivo funcionamento do Conselho Nacional do Desporto.

Adequar e reformatar o Quadro Institucional e Legal

Vai ser avaliado o melhor quadro institucional para o Desporto, em termos de estrutura governamental e de modelo alternativo de relacionamento institucional entre os poderes públicos e os agentes desportivos, entre eles, a exequibilidade da criação de um Instituto do Desporto.Independentemente da configuração que vier a ser adotada, esta estrutura vai ser dotada de recursos humanos e materiais com capacidades e qualificações para responder aos importantes desafios que emergem do estádio de desenvolvimento e da nova importância do desporto nacional, particularmente em matéria de profissionalização e internacionalização.Esta reformatação institucional será acompanhada da adequação do quadro legal e de regulamentações específicas em relação a alguns subsistemas, instrumentos de promoção do desporto (formação, financiamento, gestão de infraestruturas) e de mecanismos para dirimir conflitos desportivos a exemplo de um Tribunal Arbitral do Desporto, bem como do reforço da descentralização de competências para as Câmaras Municipais, pelo importante papel que já desempenham no desenvolvimento do desporto, principalmente a nível da infraestruturação e no apoio direto aos clubes.

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Introduziremos reformas no quadro legal regulamentando a participação nas competições internacionais dos clubes e seleções nacionais.

Qualificar/capacitar as Instituições Desportivas

Com o nível do desenvolvimento que se quer para o desporto nacional e a crescente internacionalização das diferentes modalidades (individuais e coletivas) a capacitação e a qualificação das Federações e Associações Desportivas revestem-se de capital importância, o que vai exigir um forte engajamento do Estado na sua materialização.

Neste sentido, o MpD compromete-se a criar as condições do ponto de vista regulamentar e na alocação de recursos (financeiros e humanos) para a profissionalização destas instituições, principalmente as federativas, garantindo que sejam dotadas de um quadro de pessoal mínimo capaz de assegurar o seu normal funcionamento, considerando que as suas atribuições e responsabilidades já não se adequam ao voluntarismo dos seus membros.Na mesma linha, vai-se projetar uma «Casa das Federações», que poderá passar pelo aproveitamento dos espaços existentes no Estádio Nacional e que servirá, concomitantemente, para um melhor aproveitamento e rentabilização desta importante infraestrutura, em torno do qual se poderá edificar um “Campus Desportivo”.

Valorizar os Agentes Desportivos

A valorização dos agentes desportivos, passa pela concessão aos dirigentes desportivos, técnicos e atletas de um estatuto condizente com o importante papel que desempenham no desenvolvimento do desporto nacional.Este reconhecimento, pela via regulamentar e/ou através da atribuição de benefícios e incentivos de vária ordem, vai estar alinhado com a distinção clara que se pretende entre a política de massificação do desporto e a aposta em alta competição e dar uma especial atenção à dignificação daqueles que representam o País nas provas internacionais, que deverão usufruir do apoio do Estado e das representações diplomáticas no exterior. Uma questão a merecer especial atenção, igualmente, prende-se com a situação laboral dos agentes desportivos que têm o Estado como entidade patronal, para evitar conflitos e obstáculos desnecessários na compatibilização destes dois papéis, principalmente quando se trata de representar as seleções nacionais.

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Criaremos um quadro legal tendente a possibilitar a profissionalização de Presidentes ou altos dirigentes de algumas federações desportivas num quadro de contratualização de resultados desportivos e de regras claras e transparentes.

Consolidar os instrumentos de promoção do Desporto

A nossa aposta vai no sentido da consolidação dos instrumentos de promoção do desporto existentes, com novas abordagens e perspetivas, principalmente em relação àqueles que se têm revelado mais críticos: o financiamento, as infraestruturas desportivas e a formação, no seu sentido mais amplo.

Em termos do financiamento, para além do esforço continuado que se tem que fazer no sentido do Orçamento do Estado procurar acompanhar o crescimento do número de Federações no País, vai ser preciso encontrar mecanismos alternativos e criativos de arrecadação de receitas, seja pelo maior envolvimento dos privados, desde logo pela componente fiscal e pela desburocratização de processos no âmbito da Lei de Mecenato, seja pela uniformização e exploração dos direitos da marca “Tubarões Azuis”. Promoveremos a criação de um Fundo de apoio e incentivo à iniciação desportiva.

No concernente à infraestruturação desportiva, o compromisso passa por uma gestão profissional do parque desportivo já existente, em paralelo com a aposta na respetiva diversificação a exemplo de infraestruturas ligadas ao mar, tendo em especial atenção as modalidades individuais e de salão. A nossa ambição é a de dotar cada ilha com um Pavilhão Desportivo, pelo menos.No domínio da formação, uma forte aposta será feita na capacitação dos técnicos nacionais e de todos quantos se dedicam à prática desportiva, através de um melhor aproveitamento da cooperação internacional e dos Professores de Educação Física, numa lógica “o desenvolvimento do desporto mede-se pelo investimento feito nas pessoas”.

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Dinamizar a formação e a iniciação desportiva ancorada no Desporto Escolar

A formação e iniciação desportivas assumem-se como vetores indispensáveis da visão que se preconiza para a afirmação do Desporto como fator de desenvolvimento do País, tanto na componente de formação cívica e de inclusão social, como no aproveitamento e exportação de talentos.Para este desiderato, é importante um outro olhar sobre as Escolas de Formação e Iniciação Desportivas, mediante um processo rigoroso de certificação das mesmas e credenciação dos respetivos monitores, com o objetivo de se criar uma “carteira profissional”. A aposta na formação e iniciação desportivas vai estar fortemente ancorada no Desporto Escolar, seja no aproveitamento das infraestruturas e dos professores de Educação Física, seja na reformatação das atividades curriculares da referida disciplina, com a introdução de novas modalidades a exemplo da natação e o seu alargamento obrigatório ao ensino básico.Uma outra importante dimensão desta aposta deverá passar pelo envolvimento das Instituições do Ensino Superior que, para além de poderem contemplar o curso de Educação Física na sua oferta, devem promover o desporto e competições universitárias.

Valorizar os Desportos Náuticos

Os desportos náuticos serão altamente valorizados através de intervenções em vários domínios, a começar pela sensibilização das diferentes associações já existentes da necessidade de se organizarem convenientemente, para facilitar o diálogo institucional.

O reconhecimento generalizado das potencialidades do País nos desportos náuticos, em termos de condições naturais e de praticantes, a exemplo dos campeões mundiais nas disciplinas de surf e kitsurf, exigirá uma discriminação positiva em relação aos desportos náuticos, para que possa recuperar do atraso atual no tocante aos vários instrumentos que suportam o seu desenvolvimento.As políticas públicas direcionadas para os desportos náuticos vão estar alinhadas com o desenvolvimento do turismo, a promoção internacional do País e a preservação sustentável do ambiente, particularmente das nossas praias.

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Incorporar a Diáspora no desenvolvimento do Desporto Nacional

A nossa vocação de País de Emigração implica um reforço da aposta que muitas federações desportivas vêm fazendo no recrutamento de atletas residentes nos países de acolhimento, alargando o campo de recrutamento à possibilidade de participação no desenvolvimento do desporto nacional a técnicos, dirigentes e empresários da indústria desportiva. As nossas Embaixadas serão envolvidas no trabalho de identificação destes «potenciais reforços» junto das respetivas comunidades, assim como na eliminação de burocracias desnecessárias no processo de atribuição da Nacionalidade Cabo-verdiana aos jovens da segunda e terceira geração. O estreitamento destes laços com as nossas comunidades no exterior vai contar ainda com o apoio à dinamização de protocolos de cooperação e intercâmbios entre as escolas nacionais com as suas congéneres internacionais, acontecendo o mesmo para os clubes e federações.

Promover a organização de Eventos Internacionais

No âmbito da nova visão para o Desporto como fator de desenvolvimento do País, serão valorizadas as suas potencialidades dentro da cadeia de valor do Turismo, contribuindo para a criação de mais riqueza nacional.Neste quadro, vai-se privilegiar a organização de provas internacionais em relação às modalidades e competições em que o País apresenta vantagens comparativas advenientes das suas condições naturais, designadamente aquelas ligadas ao mar, caso dos desportos náuticos e do voleibol/futebol de praia e a montanha, caso das ultramaratonas, trilhos e outros desportos considerados radicais que atraem um público muito específico.

Serão estimulados os estágios nas diversas modalidades do desporto para equipas estrangeiras, bem como um ambiente propício ao aparecimento de competências nacionais que possam reforçar a projeção do nome de Cabo Verde no mundo.

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CULTURA

O nosso compromisso

� Reenquadrar e dar uma nova dimensão ao papel da cultura e à definição prática do conceito de Indústrias Culturais

� Valorizar, a nível nacional e internacional, a Cidade Velha como Património Histórico da Humanidade e como ativo turístico de elevado valor e promover e finalizar outros processos como a elevação da Música Cabo-verdiana e a Rota dos Escravos a Património Imaterial da Humanidade.

� Promover uma efetiva regulação e cobrança dos direitos autorais, bem como das carreiras ligadas aos negócios culturais.

� Adotar um melhor sistema fiscal de incentivo aos agentes da cultura, nomeadamente, parao mecenato e patrocínio direto a entidades culturais de utilidade pública.

� Estimular o sistema financeiro para uma oferta que tenha em conta a transversalidade cultural, com a valorização da diversidade e proteção dos sistemas simbólicos.

� Executar uma nova política do Cinema, Audiovisuais, Artes Visuais e Educação Artística, articulada com os programas e conteúdos educativos do nível do pré-escolar ao secundário e com a formação profissional.

� Promover o Turismo Cultural e a Música como Marca Nacional.� Adotar uma política de infraestruturação cultural, com o reforço das

políticas de Museus, de Arquivos e Acervo Nacional, a criação de uma Galeria Nacional de Arte e a Restauração do Património Construído.

A cultura é a salvaguarda de um povo, é sua identidade e carisma, sua bandeira e garante da unidade nacional. É pela cultura que evoluímos como povo, sedimentando-nos como Nação.Cabo Verde é um país culturalmente muito rico. A sua localização geográfica muito contribuiu para que se verificasse uma imensa diversidade cultural pois protagonizou, desde sempre, um cruzamento de diferentes culturas, resultando numa mescla enriquecedora da fusão entre a cultura sul-americana, europeia e africana. A vida cultural e a criatividade devem ser preservadas e desenvolvidas por meio de políticas culturais coerentes e eficientes em harmonia com o desenvolvimento das regiões e do país.

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É nesse quadro que o MpD aborda a cultura, primeiro, reconhecendo como fundamental que o Estado assuma o papel de facilitador e promotor das condições, por um lado, para que os criadores tenham infraestruturas, financiamento e salvaguarda dos seus direitos autorais e por outro lado, para que os cidadãos possam fruir da cultura de forma livre, com alto padrão de qualidade, num espírito de construção da cidadania plena.Segundo, adotando uma política que terá como meta final a integração da cultura na geração de riqueza económica com uma distribuição nacional equilibrada, procurando incubar pequenas e médias empresas culturais nacionais que possam associar a criatividade à geração de empregos, receitas e bem-estar.

Cabo Verde tem, nos próximos tempos, a missão de redefinir, reenquadrar e dar uma nova dimensão ao papel da cultura e à definição prática do conceito de Indústrias Culturais. As Indústrias Criativas unem a força tradicional da chamada cultura clássica com o valor agregado do talento empresarial e os novos talentos da média, eletrónica e da comunicação, agrupando os sectores de trabalho cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, económica e social.A Economia Criativa é outro conceito aplicável, agora na dimensão económica/produtiva e da sustentabilidade da cultura que parte das dinâmicas culturais, sociais e económicas construídas a partir do ciclo de criação, produção, distribuição, circulação, difusão e consumo/fruição de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica.

Estes conceitos, Indústrias Criativas/Economia Criativa, com o seu redimensionamento à escala e à realidade cabo-verdiana, lançam enormes desafios a um Cabo Verde que aposta na cultura como um sector de mais-valia. A cultura já provou ser um dos poucos sectores de internacionalização de Cabo Verde!Para se transformar a cultura na imagem de marca de Cabo Verde, aos elementos, qualidade e tecnologia associada, soma-se o fator mercado. Para além da nossa música, impõe-se uma reflexão sobre as potencialidades do artesanato nacional enquanto fator de desenvolvimento e de criação de emprego, sobretudo nas comunidades rurais.

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Para que o artesanato cabo-verdiano se erija num Actor económico viável, que amplie rendimentos, postos de trabalho e melhoria da qualidade de vida dos seus agentes, torna-se essencial a definição de medidas de política que passam, necessariamente, pela formação dos artesões euma estratégia de promoção e de certificação de produtos dentro dos padrões e referências culturais cabo-verdianas. A aposta no turismo cultural vai ser um elemento da promoção do artesanato, sendo uma grande oportunidade para valorizar o trabalho dos artistas e artesãos nacionais, mas que coloca desafios às entidades competentes neste domínio, como a fiscalização e a implementação do selo de qualidade.Nesse quadro, a Cidade Velha enquanto património histórico da humanidade será valorizado como ponto de atração e num produto turístico cultural de elevadíssimo valor.Tudo acompanhado de estudos aprofundados que envolvam pesquisa e trabalho de campo exaustivos de modo a identificar as referências históricas e geográficas, nomeadamente, a caracterização da região onde se desenvolve a produção e a forma de coinfecção, visando o seu valor de mercado, os meios de promoção e as suas potencialidades de inovação.

A nossa ação

Queremos incorporar um novo paradigma e mentalidade para a cultura, visando:

� Introduzir uma nova abordagem cultural através de uma estratégica centrada nas pessoas, na liberdade e melhor enquadramento profissional dos agentes culturais, na fruição cultural, na descentralização das estruturas culturais e na internacionalização da cultura cabo-verdiana.

� Promover a concertação estratégica em matéria de política cultural com os outros sectores como a educação, o turismo e a formação profissional, bem como com os agentes culturais e seus representantes.

� Inserir a cultura no sistema educacional para a formação universal de uma cidadania plena.

� Adequar e reforçar a legislação como um forte suporte legal para a indústria cultural, a exemplo da propriedade intelectual.

� Reativar a política de infraestruturação cultural, prevenindo assimetrias e promovendo a inclusão sociocultural em todas as ilhas do país através da articulação das políticas nacionais, regionais e locais.

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� Reorientar a Política Linguística, com a consolidação da língua materna e promoção da sua oficialização, nomeadamente, na educação e na comunicação social e a investigação e a preservação das variantes regionais no quadro da identidade regional e de particularidades culturais locais.

� Criar e fomentar os seguintes instrumentos de política cultural: • Fórum Permanente de Cultura, estrutura que, através de

iniciativas nacionais e internacionais, acompanha a evolução das políticas de cultura, atualizando e produzindo contribuições pertinentes ao pensamento artístico, cultural e científico.

• Plano Estratégico de Desenvolvimento Cultural, instrumento indicativo e orientador das linhas mestras das políticas nos vários sectores da cultura, incluindo as missões e programas das instituições públicas. O plano incluirá um Plano Regional de Cultura como instrumento que, produzido e aprovado em concertação com as regiões e câmaras municipais, orienta a descentralização das políticas na área da cultura;

• Conservatório de música;� Financiamento da cultura através dos seguintes instrumentos:

• Fundo Nacional de Cultura com o formato jurídico e institucional de Fundação, com a participação do Estado, instituições privadas e cooperação internacional.

• Linha de crédito como elemento essencial para o desenvolvimento das indústrias culturais, facilitando o acesso ao financiamento de projetos aos criadores e artistas. Ao contrário do atualBanco da Cultura, esta linha de crédito será um instrumento real de financiamento de projetos culturais com viabilidade.

• Mecanismo de cobertura de risco para as empresas de produção ou difusão que, operando dentro das regras do mercado, enfrentam o risco peculiar do negócio cultural junto dos bancos. Esse mecanismo vai ser identificado e implementado de modo a facilitar aos empreendedores culturais uma participação financeira inicial para a realização de projetos com viabilidade garantida.

• Política fiscal que, ao lado do Orçamento de Estado, vai promover um sistema fiscal, nomeadamente, na venda de bilhetes de espetáculos, cópias privadas ou outras, exclusivamente para o financiamento da cultura.

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Fomentar a relação cultura/economia e a geração de rendimento através das atividades culturais:� Integrar a cultura na geração de riqueza económica com uma

distribuição nacional equilibrada, procurando incubar pequenas e médias empresas culturais que possam associar a criatividade à geração de empregos, receitas e bem-estar.

� Estimular o sistema financeiro para uma oferta que tenha em conta produtos adaptados à transversalidade cultural, com valorização da diversidade e proteção dos sistemas simbólicos.

� Fomentar o empreendedorismo na indústria da cultura, conjugando criação, produção e comercialização de bens e serviços com base em conteúdos de carácter cultural devidamente protegidos por direitos de autor. Desse modo, serão potenciadas as iniciativas endógenas existentes e promovidas em iniciativas empresariais com presença notável no mercado nacional e internacional.

� Atualizar a regulamentação das leis de incentivos fiscais.� Promover o Turismo Cultural através da integração dos dois

sectores, com o objetivo de mobilizar nacionais e estrangeiros para o conhecimento das tradições e do património material e imaterial do país, promovendo os locais históricos, com destaque para a Cidade Velha, e o turismo interno, a par da promoção cultural no mercado internacional.

� Encontrar respostas específicas para os seguintes desafios: • Promoção das empresas ligadas à área de produção e

espetáculos, tanto na área musical, dança, teatro e outros, incluindo a internacionalização de artistas e estilos nacionais na linha do sucesso da carreira internacional de Cesária Évora;

• Profissionalização do Carnaval como umas vertentes turísticas de excelência;

• Multiplicação de formações em artes cénicas com vista a promover a profissionalização de atividades como o Festival Internacional do Mindelact, bem como a multiplicação dessas artes por outros centros urbanos;

• Formação nas áreas de média e novas tecnologias, bem como a criação de bolsas de incentivo para a produção de software de entretenimento interativo e serviços de computação, Edição, Televisão e Rádio, promovendo um mercado interno de produção de conteúdos e internacionalização de produtos dessas áreas “Madein CV”.

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• Formação noartesanato ligado aodesign industrial e com uma forte componente de design de moda eartes visuais, como opção de garantir a inovação e o vetor qualidade/originalidade, essenciais num mercado concorrencial internacional, incluindo o fornecimento ao grande mercado turístico de produtos originais “Madein CV”.

• Aposta em edificados arquitetónicos de padrão contemporâneo e universal, ligados a grandes nomes da arquitetura e da arte internacional como forma de valorização dos centros urbanos.

• Estímulos financeiros e promocionais da pintura, escultura e outras formas artísticas, bem como de festivais musicais, gastronómicos e outros, festas de romaria e suas interfaces com a cultura;

• Transformação de Cabo Verde num centro internacional de artes

Desenvolver as áreas que, contemporaneamente, dão corpo ao binómio Indústrias Criativas/Economia Criativa:

Consolidar a Sociedade de Autores

O MpD assume a criação e dinamização da Sociedade de Autores como estratégica crucial para o financiamento e para a sustentabilidade do sector. A gestão da sociedade será confiada aos autores, devendo ser empossada uma comissão instaladora com profissionais na área com o apoio de consultoria internacional.

Promover a organização e profissionalização da área dos espetáculos

A indústria cultural tem sido prejudicada pelo informalismo. Tratando-se de uma atividade empresarial com procedimentos e funcionamento inerentes, como qualquer outra atividade, a organização de espetáculos passa pela profissionalização dos seus intervenientes através de um promotor titular de uma licença emitida por uma entidade pública responsável pelo licenciamento.Igualmente, deve existir o estímulo à formalização do artista, músico ou técnico, nomeadamente, na segurança social que lhe garantirá uma assistência e uma pensão futura.

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O pagamento dos direitos de autor referentes a cada evento cultural será obrigatório e antecede a emissão das devidas licenças necessárias à realização do mesmo, num processo que envolverá a Sociedade de Autores e a entidade responsável pelo licenciamento.

Investir em Salas e Espaços para a realização de espetáculos

O país carece de salas e espaços com condições e capacidade para concertos, nomeadamente, na capital do país, onde falta uma sala com capacidade para 3.000 pessoas e, no Mindelo e Espargos, faltam salas com capacidade para 1.000 a 1.500 pessoas. Vai ser criado um sistema de subvenção para esses e outros pequenos espaços, permitindo uma rede cultural que também servirá de atrativo e uma mais-valia na oferta ao turismo. Deverão ser identificados estímulos para uma dinâmica cultural que garanta alguma previsibilidade na oferta.

Investir num Estúdio de Gravação de qualidade internacional

Cabo Verde necessita de um grande estúdio de gravação com capacidade e qualidade técnica internacional. Existem atualmente vários estúdios caseiros em Cabo Verde, não havendo, porém, nenhum estúdio com capacidade técnica internacional, obrigando os artistas nacionais a recorrer a estúdios essencialmente na Europa, para misturas finais dos seus trabalhos de modo a garantir uma qualidade que possa competir no exigente mercado internacional, o que coloca, pelos custos evolvidos, grandes limitações à expansão da atividade e à realização profissional dos artistas. Esse investimento seria também estratégico no sentido de se atrair grandes músicos e grandes estrelas internacionais para realizarem as suas gravações em Cabo Verde.

Reorganizar o ExportBureau de Cultura

Já existe o “BEMCV”, cujo objetivo é prestar assistência financeira ao desenvolvimento da exportação da cultura do país.Deverá, no entanto, ser reorganizado no sentido de, não só funcionar melhor, mas também, se reger por um protocolo de atuação cujos critérios de atribuição sejam devidamente avaliados.

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Deverá funcionar em parceria entre os departamentos governamentais responsáveis da Cultura e dos Negócios Estrangeiros, juntamente com um comité de profissionais direcionados, que avaliem o teor de cada pedido, mediante a significativa relevância cultural a que se destinam, nomeadamente, agenda e prestígio dos espaços de atuação.

Incentivar as áreas da Literatura, Publicações e Bibliotecas

O incentivo à leitura pública e reforço da política editorial, bem como, a instituição de prémios literários a nível nacional, regional e local e a descentralização e redinamização das feiras do livro para todo o país vão consubstanciar as medidas de política na área da literatura. Tudo acompanhado de incentivos à internacionalização da literatura e dos autores nacionais através da atribuição de bolsas de viagem, prémios e promoção de eventos internacionais no país.

Nas Publicações, nos seus vários tipos, literatura, vídeo, fotografia, documentários ou outras, para além do apoio à produção, vai-se promover/incentivar a reedição de autores cabo-verdianos clássicos, estabelecer contractos e programas com as editoras, estimular o reforço do parque gráfico e fomentar a constituição de distribuidoras de livros.Nas Bibliotecas, vai-se alargar o conceito às mediatecas e incluir na cobertura, para além dos livros, revistas, jornais, periódicos, etc. As seguintes ações serão implementadas:� Instituir um Programa Nacional de Incentivo à Leitura;� Apoiar a criação de Bibliotecas Públicas Municipais e de Salas de

Leitura em locais públicos;� Incentivar o Depósito Legal;� Organizar a realização de Bienais, Feiras e Salões do Livro;� Instituir concursos literários;� Impulsionar edições de revistas científicas, teses e dissertações;� Promover edições de livros para deficientes visuais.

Valorizar o Património Nacional!

Neste campo, as seguintes ações serão realizadas:� Promoção da salvaguarda dos centros históricos, designadamente,

da Cidade Velha;� Reabilitação dos edifícios antigos do Estado e passá-los para

tutelas regionais;

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� Preservação dos Monumentos e Sítios Nacionais;� Incentivo e apoio na constituição de Museus das Cidades e do mar;� Apoio na constituição de Casas-Museus de escritores, artistas e

outras personalidades nacionais de renome;� Elaboração e edição de estudos sobre o Património Histórico e

Artístico Nacional.

Promover o Artesanato Nacional, valorizado no quadro do Turismo Cultural

Serão adotadas as seguintes estratégias de valorização e promoção do artesanato nacional: � Modernizar e inovar nos produtos artesanais, sem afastar o produto

das suas raízes, valores tradicionais e históricos. A atualização de técnicas, a alteração da forma, a atribuição de novas funções ao produto, o design e as novas formas de apresentação ao mercado são fundamentais para a inovação no produto, mas deverão sempre salvaguardar processos de produção ancestrais;

� Introduzir novas ferramentas e métodos de trabalho sem perder a sua autenticidade e certas técnicas de execução apenas com as mãos;

� Anexar folhetos aos produtos com o objetivo de melhor explicar a história dos mesmos, a sua génese, a sua evolução ao longo do tempo, ou seja, acrescentar valor cultural ao produto através do conhecimento;

� Aplicar o selo de qualidade, certificando um produto MadeinCabo Verde. A certificação dos produtos exige a definição de critérios claros e a explicitação das entidades que devem fazer o controlo de qualidade dos produtos;

� Apostar no marketing: • A apresentação do produto, desde o design até à embalagem,

os canais de venda, a publicidade, entre outros, requer uma estratégia de marketing clara e consistente;

• A promoção de feiras artesanais, as exposições, a criação de espaços próprios para venda dos produtos artesanais e a edição de brochuras informativas/revistas que promovam a difusão das atividades artesanais, perfilam-se como as principais formas de promover o escoamento dos produtos artesanais.

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� Preservar, dinamizar e valorizar a ação dos agentes culturais da especialidade: • Conservação de todo o conhecimento dos artesões, pois o andar

dos tempos pode pôr em risco a transmissão inter-geracional, acompanhado da adaptação da sua produção à demanda do mercado, sem colocar em risco a identidade cultural;

• Capacitação dos jovens nas técnicas de produção do artesanato tradicional para garantir, a médio prazo, uma solução para os problemas da desertificação regional e da extinção do património local, bem como, através das culturas tradicionais, para transformar a produção artesanal numa atração turística, fonte de recursos;

• Capacitação profissionalizante de novos artesões, visando a recuperação da nossa memória coletiva e a história do país, bem como, a promoção do empreendedorismo cultural jovem na base da valorização profissional e desenvolvimento pessoal do artesão e aposta na qualidade, melhoria da produtividade e competitividade;

• Formação dos comerciantes que fazem de intermediário entre o produtor e o mercado pois, extravasando a sua ação a simples venda, devem ser dotados de conhecimentos em relação ao produto.

Adotar uma Estratégia Cultural para a Música Cabo-verdiana

� Inventariação e publicação do património musical das ilhas, a reedição e edição de ensaios, a transcrição em pauta de acervo da tradição musical e a consequente publicação e criação de editora e etiqueta discográfica para a divulgação do património musical tradicional e experimental.

� Incentivo para a produção de instrumentos acústicos. � Incentivo à criação, em todos os concelhos, de Escolas de Bandas

Municipais. � Criação de bolsas de estudo e de carteira profissional para

músicos tradicionais e outros profissionais da música, produtores, programadores e outros técnicos das artes do espetáculo.

� Incentivos fiscais aos produtores e criadores, a par da revisão da lei do mecenato.

� Criação de auditórios em todos os concelhos, com programação oficial em todas as regiões do país e promoção de eventos internacionais, com incentivos do Estado e fomento de uma orquestra nacional.

� Promoção dos negócios da música como Marca Madein Cabo Verde.

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Uma Nova Política de Teatro

� Introdução do Teatro Escolar na estrutura da disciplina de Educação Artística, com incentivos aos municípios para a criação de núcleos em programas de educação social.

� Formação profissional para acores, cenógrafos, diretores de cena, técnicos de luz e de som e, produtores e a atribuição de bolsas de estudo.

� Criação de Teatro Nacional, com a institucionalização de um prémio de Dramaturgia e incentivos financeiros no quadro da programação nacional e regional.

Revigorar o Cinema e os Audiovisuais

� Introdução nas escolas da cultura da fotografia e da imagem em movimento, no âmbito da educação cultural e visual, a formação profissional em cinema e audiovisual, o incentivo à formação superior e a atribuição de bolsas de estudo.

� Introdução de convocatórias sazonais para apresentação de projetos de produção de autores nacionais, a promoção de festivais de cinema e audiovisual em regiões estratégicas do país. Incentivo à criação de salas e de programação de ciclos de cinema de interesse educativo e cultural e a regulamentação do comércio de filmes em formato DVD.

� Incentivos fiscais para a produção e para a importação de bens de equipamento técnico, financiamento de obras de interesse cultural e patrimonial para o país, incentivos à participação de autores e obras de nacionais em eventos internacionais e promoção de um evento anual internacional.

� Criação de um Museu de História da Imagem e do Som.

Valorizar as Artes Visuais e a Educação Artística

� Articulação dos programas e conteúdos educativos com o departamento governamental responsável pela Educação, do nível do pré-escolar ao secundário.

� Estabelecimento de parcerias com estruturas educativas privadas, programação descentralizada de eventos e exposições de arte, atribuição de bolsas de estudo e formação de curadores e críticos de arte.

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� Identificação e localização do Acervo Nacional e criação de uma Galeria Nacional de Arte. Realização de um evento bienal e participação de autores nacionais em bienais e feiras internacionais.

Promover o Design e a Arquitetura

� Atribuição de bolsas de estudo e de prémios para estudantes e profissionais dessas áreas.

� Promoção de um salão anual de design.� Incentivo à criação e publicação de revistas do Design e da

Arquitetura.� Adoção de exigências no campo do Design e da Arquitetura nos

projetos de desenvolvimento.

Dinamizar a Dança

� Tónica na educação e formação, fomentada com concursos institucionais.

� Introdução formal da Dança nas escolas desde o pré-escolar ao secundário e atribuição de bolsas de estudo para a frequência de cursos superiores.

� Criação de uma Companhia Nacional de Dança.

JUVENTUDETRAZER A JUVENTUDE PARA O CENTRO DAS SOLUÇÕES

Em Cabo Verde, a falta de qualidade e a exiguidade dos apoios sociais na educação, o desemprego, a precariedade laboral, a insegurança e a descriminação, atingem, maioritariamente, as populações mais jovens, remetendo-as para situações de extrema vulnerabilidade e comprometendo a sua autonomia e emancipação, sendo igualmente evidente a falta de valorização e de capacitação dos profissionais jovens.

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O nosso compromisso

� Capacitação dos jovens com base numa educação e formação de excelência.

� Promoção do empresariado jovem e de uma nova cultura empresarial.

� Garantia de Estágios Profissionais como parte curricular e de experiência profissional.

� Plano de Emprego para os Jovens, em geral e específico para os detentores de um curso superior.

� Qualidade de Vida e Vida Saudável, a nível da saúde, da habitação, do desporto e da cultura, bem como da garantia da segurança.

A Juventude Cabo-verdiana deve ser, claramente, uma prioridade para o desenvolvimento de uma sociedade sustentada e equilibrada.Contudo, sendo a juventude a principal vítima da governação nos últimos quinze anos, Cabo Verde encontra-se numa encruzilhada e em risco de ter uma geração de jovens excluída das oportunidades que oferecem as realizações pessoais e o bem-estar.As políticas para a juventude devem ser desenvolvidas através de um diálogo estruturado entre governo e sociedade civil juvenil, pois, sendo a juventude um grupo etário determinante para o desenvolvimento sustentável do país, deve o Estado garantir a igualdade de oportunidades entre gerações e assumir a importância da participação dos jovens na tomada de decisões públicas, assegurando a sua capacidade de afirmação autónoma.

Para além da sociedade civil juvenil, tendo em conta a transversalidade dos problemas dos jovens, torna-se um imperativo que as soluções políticas emerjam das sinergias e cooperação efetiva entre várias entidades com base num triângulo, Estado, Sector Privado, Comunidades:– O Estado, na promoção do emprego, nos incentivos sociais, culturais e desportivos, bem como, nos serviços públicos que presta aos cidadãos, a exemplo da educação / formação e da segurança.– O sector privado, com realce para as empresas, pelas oportunidades que geram.– As famílias, no ambiente do lar e as redes comunitárias no seu papel de desenvolvimento de proximidade das suas localidades.

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A nossa ação

Combater o Desemprego Jovem com melhor Educação e Formação

� Aposta na formação técnico-profissional com empregabilidade através de um Programa de Qualificação Profissional Inicial e da Revisão do Sistema Educativo/Formativo, tornando-os amigos do emprego jovem.

� Estruturação e promoção do ensino secundário profissionalizante com destaque para as áreas ligadas ao turismo, mar, agricultura, comércio e indústrias ligeiras, construção civil, telecomunicações, informática e eletrónica industrial, de acordo com a vocação económica da região em causa, bem como, o reforço do ensino das tecnologias e línguas estrangeiras, com a introdução das ciências de computação, do inglês e do francês a partir do quinto ano do ensino básico e, em opção, do mandarim, espanhol ou alemão a partir do sétimo ano.

� Adoção de um novo quadro de apoios sociais e pedagógicos para o combate ao insucesso e abandono escolar, nomeadamente, a nível de cantinas e transporte escolares, subsídios e bolsas de estudos, que garantam o acesso e o sucesso escolar a todos os jovens cujas famílias não tenham condições financeiras para garantir a formação dos seus filhos.

� Reforço das Bibliotecas nas Escolas Secundárias e nos Polos do Ensino Básico e promoção da Investigação e Desenvolvimento nas Instituições do Ensino Superior.

� Introdução de disciplinas e práticas para a promoção do empreendedorismo jovem nas escolas, bem como, o apoio à criação e expansão de empresas por jovens, com destaque para as áreas estratégicas do desenvolvimento nacional.

� Promoção de um ambiente legal para o reconhecimento da educação não - formal e da aprendizagem ao longo da vida como um dos núcleos básicos da pedagogia social.

� Orientação das instituições do ensino superior para a empregabilidade dos seus cursos, para a importância do saber fazer e dos estágios profissionais na obtenção do grau académico, assim como, a edição de um plano indicativo dos cursos mais enquadrados com a estratégia de desenvolvimento de Cabo Verde.

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� Adoção de um amplo Programa de Estágios Profissionais, garantia de uma boa transição escola/mercado de trabalho.

� Adoção de Programas de Financiamento através do micro crédito e de reforço do capital de risco, a exemplo da criação de um Fundo de Garantia para apoiar o financiamento das iniciativas empresariais lideradas por jovens.

� Prioridade do previsto Banco para PME’sao financiamento para os jovens empresários e empresas que contratem recém-formados.

� Atribuição de benefícios fiscais para as empresas que contratem recém-formados e jovens com menos de 25 anos, bem como, para os jovens empresários que empreguem mais de duas pessoas.

� Taxa zero para a inovação.� Adoção de critérios no emprego público de modo a prevalecer a

transparência, o mérito e as competências adquiridas.� Criação de um quadro de excelência na cooperação internacional,

visando o desenvolvimento de novas abordagens e de novos horizontes para a juventude cabo-verdiana.

Promover a Cidadania Juvenil� Apoio à criatividade e à capacidade de inovação dos jovens

através da melhoria do acesso e fruição da cultura e expressões culturais desde a infância, visando o desenvolvimento pessoal, as capacidades interculturais, o respeito pela diversidade cultural e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e criativas para futuras oportunidades de emprego.

� Promoção de estilos de vida saudável e sensibilização para a proteção do meio ambiente, bem como, o aumento do nível da atividade desportiva no país a favor dos jovens, nomeadamente, através da formação inicial dos clubes nacionais e do estabelecimento de academias de desporto de alto nível para oferecer aos jovens talentos a oportunidade de seguirem uma carreira local e no exterior.

� Introdução de disciplinas no ensino básico e secundário para capacitar os jovens a intervir na vida pública, com conhecimentos, entre outros, da Constituição e das Instituições da República, dos direitos, deveres e garantias dos cidadãos, noções de economia e finanças públicas, ideologias políticas, sistemas de governo, cultura e história de Cabo Verde.

� Fomento de programa nacional de voluntariado e apoio ao movimento associativo.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

� Estímulo às associações académicas nas instituições do ensino superior e nas escolas secundárias na promoção de atividades de cidadania.

� Apoio à participação e contributo dos jovens cabo-verdianos nos processos internacionais de avaliação e de tomada de decisão nas matérias relevantes da juventude.

� Adoção de políticas ativas para apoiar, motivar e ativar o contributo dos jovens da Diáspora no desenvolvimento global do país.

� Promoção do Conselho Nacional da Juventude enquanto base despartidarizada para uma plataforma de diálogo e um espaço de intercâmbio entre as várias organizações que trabalham com a juventude, inclusive as juventudes partidárias.

� Revisão das funções dos Centros de Juventude, visando um acesso com resultados concretos na melhoria das condições de vida dos jovens e numa melhor participação no desenvolvimento socioeconómico do País. Todos os centros de juventude devem ser transferidos imediatamente para os Municípios.

Facilitar a Habitação Jovem e a Constituição de Família Própria

� Retoma da bonificação de juros para financiamento da habitação aos jovens, bem como, lançamento de um Programa Habitação Jovem.

� Criação de um sistema/modelo de aquisição ou arrendamento habitacional que facilite o acesso à habitação aos jovens casais, estudantes universitários e jovens no mundo rural.

� Atribuição de benefícios fiscais para os jovens casais e reforço do acesso aos considerados bens essenciais pelos jovens.

� Adoção de incentivos aos conselhos paroquiais da família e a todas as estruturas que trabalham com a família nas várias instituições existentes no país.

� Reforço dos programas de luta contra a SIDA, tabaco, drogas e o álcool, bem como, das medidas de fiscalização e controlo de publicidade e venda de bebidas alcoólicas no país em espaços públicos e proximidades dos parques escolares ou similares.

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Garantir a qualidade de vida e vida saudável, com saúde, habitação, desporto e cultura

� Criaremos plano de saúde que permitam ao jovem preparar o seu futuro.

� Garantiremos o acesso à cultura e ao desporto, criando mais infraestruturas desportivas, melhorando a sua gestão, promovendo o desporto escolar e incentivando a participação nas competições internacionais.

� Investiremos num programa de combate à droga e ao álcool virado especificamente para a juventude.

� Criaremos ainda condições para que os jovens possam conhecer o mundo através de intercâmbios associativos, universitários, empresariais, entre outros, facilitando mais oportunidades para uma vida melhor e com mais qualidade.

A nossa política de tolerância zero para com a insegurança irá beneficiar particularmente a juventude e a sua liberdade de circulação.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

REFORÇO DO ESTADO SOCIAL

COMBATE ÀS DESIGUALDADES

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INCLUSÃO SOCIAL

O nosso compromissoO MpD considera o desenvolvimento social um elemento incontornável na estratégia do processo de desenvolvimento do país e coloca, como sua primeira prioridade, o combate às desigualdades sociais reinantes no país, comprometendo-se a:

� Reduzir durante a legislatura a pobreza relativa para níveis inferiores a 18% (menos 44.000 pobres na legislatura, equivalente a menos 8.800 pobres por ano) e eliminar a pobreza extrema, implicando a saída de cerca de 30.000 pessoas nos próximos cinco anos e os restantes 30.000 até ao ano de 2026, o mais tardar.

� Promover o acesso ao rendimento pela redução da atual taxa de desemprego, estimada em 15.8%, para valores inferiores a 10% em 2021 e para níveis inferiores a 5% até 2026, numa perspetiva de pleno emprego.

� Garantir a cada cabo-verdiano um rendimento seja através do emprego, prioritariamente, ou da intervenção direta do Estado em caso de absoluta necessidade através do rendimento de inclusão no montante equivalente a 50% do salário mínimo.

� Elevar o índice de educação, índice combinado do ensino primário, secundário e universitário, de 0.85 para um rácio situado entre 0.95 e 1.

� Ensino Pré-escolar para todas as crianças e garantia de acesso universal a todas as crianças à escolaridade obrigatória.

� Colocar Cabo Verde nos “Top 10” dos Pequenos Países Insulares em termos de Índice de Desenvolvimento Humano, através de profundos avanços nos indicadores agregados da Educação, Saúde e Rendimento per capita.

� Desenvolver uma política de imigração no sentido da integração e da inclusão cultural e económica com vantagens mútuas.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Para o MPD, o grau de desenvolvimento social de uma sociedade é a condição chave para se aferir do nível e qualidade da democracia praticada nessa mesma sociedade, sendo nossa convicção que uma sociedade só é verdadeiramente democrática quando prima pelo princípio da justiça e da solidariedade e quando todos os cidadãos usufruam plenamente dos benefícios gerados pela sua coletividade.O posicionamento do MpD não é forçado por circunstâncias conjunturais mas, antes, forjado na sua doutrina social com base em princípios de equilíbrio onde, o desenvolvimento economicamente viável requer, igualmente, o justo desenvolvimento social, a começar pela eliminação da pobreza e pela integração e proteção dos vulneráveis.A nova geração de políticas sociais a executar pelo MpD privilegiará a inserção social, em vez de mera subsidiação de risco. Esse modelo deverá assentar-se numa mudança do atual paradigma estatizante e de condicionamento dos cidadãos e apostar na construção de uma parceria alargada entre o Estado, as autarquias locais e a sociedade civil, reconhecendo um papel fulcral às igrejas e às instituições privadas de solidariedade social. Combater a pobreza e criar uma prosperidade duradoura exigirão das autoridades públicas, com o engajamento do sector privado e das organizações da sociedade civil, políticas inclusivas que ataquem, de forma simultânea, todas as dimensões do fenómeno, numa perspetiva de uma verdadeira ascensão dos pobres na escala social, libertando-os das amarras da dependência do Estado e dos favores que condicionam a sua livre capacidade de escolha, nomeadamente, política.O desenvolvimento inclusivo pressupõe, para além das políticas ativas de minimização das desigualdades sociais e da igualdade do género, o emprego decente, de modo a impulsionar a ascensão social dos mais desfavorecidos com base no acesso ao trabalho e na melhoria constante das suas condições de rendimento e de qualidade de vida.O MpD propõe a passagem definitiva do atual modelo para um novo modelo em que o princípio do assistencialismo assente na caridade exercida junto das famílias em situação economicamente vulnerável, cederá lugar ao princípio da universalidade de direitos a todos os cidadãos. A nenhuma pessoa, independentemente do seu meio de residência, sexo, condição física, religiosa ou outra, serão negados os direitos sociais universais e oportunidades económicas básicas, garantindo o MpD medidas de política que, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das famílias cabo-verdianas, eliminarão a pobreza extrema e a exclusão social e, reduzirão, de forma sustentada, a pobreza relativa, num figurino em que as pessoas conduzirão o seu próprio processo de integração social e económica.

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Para o MPD, um verdadeiro desenvolvimento social deve atender as necessidades:– Geração de empregos que permita dotar as famílias e os cidadãos de recursos necessários que assegurem o acesso aos bens sociais básicos, como saúde, educação, água, energia, habitação, alimentação e formação técnico profissional;– Promoção de medidas inovadoras para a juventude que atendam às suas necessidades e às suas expectativas, designadamente nas áreas de emprego, formação, recreação e desporto, associativismo e voluntariado; – Desenvolvimento de um Sistema Nacional de Saúde moderno, hierarquizado e descentralizado, orientado numa perspetiva de saúde para todos. – Desenvolvimento de um Sistema Educativo que seja capaz de proporcionar o saber e o conhecimento necessários à economia e à formação integral do homem cabo-verdiano, promovendo a capacitação e a cidadania ativa; – Desenvolvimento do Sistema de Segurança Social que garanta proteçãoefetiva a todos os cidadãos cabo-verdianos, especialmente na velhice, doença, maternidade e que assegure a assistência necessária nas situações de carência e privação de meios indispensáveis de subsistência;– Acesso à habitação condigna, através de programas diversificados e adaptados às condições socioeconómicas de diferentes estratos populacionais.Com resultados concretos: � Cuidados de saúde a todas as camadas da população; � Educação e formação para todos; � Assistência aos que são atingidos pela invalidez, velhice, doenças

incapacitantes, desemprego e outras vulnerabilidades;� Emprego e garantia de rendimentos mínimos necessários a uma

vida digna, devendo o Estado intervir a nível local e central; � Habitação condigna; � Cobertura a 100% da população nos serviços sociais básicos

indispensáveis;� Redução substancial da pobreza relativa e eliminação da pobreza

extrema.

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A nossa açãoUma cartografia

da Pobreza e seu combate objetivo

� Elaboração e implementação de um verdadeiro Plano de Combate à Pobreza te à Exclusão Social em Cabo Verde assente no acesso ao rendimento, no emprego e no desenvolvimento económico com o aproveitamento integral das potencialidades de cada ilha e de cada concelho do país;

� Focalização das políticas sociais viradas para a família, grupos vulneráveis, como idosos e deficientes e para os espaços territoriais mais deprimidos e com maior incidência da pobreza;

� Definição de Zonas de Intervenção Prioritária (ZIPs) para a focalização espacial das políticas sociais (habitação social, nutrição, acesso à água, saneamento básico, energia, serviços básicos de educação, saúde e proteção social, etc.) e económicas (atividadesgeradoras de rendimento, esquemas de micro-finanças, acesso a mercados, formação profissionalizante, etc.), de acordo com o mapa e os índices de incidência, da severidade e da profundidade da pobreza elaborados e atualizados periodicamente pelo INE;

� Construção de um Índice de Pobreza e de Vulnerabilidade Familiar, com o objetivo de oferecer pacotes de soluções de prevenção, proteção e integração sociais às famílias, de acordo com o seu nível de pobreza e do espaço onde se insere, atuando sobre a habitação social, a educação de base, a capacitação social, os cuidados básicos de saúde, a produção, o rendimento, o emprego, o ambiente, as acessibilidades e o ordenamento do território, e tendo em conta as condições específicas da infância, da deficiência, do género e da velhice;

� Promoção do acesso à habitação social em condições condignas de habitabilidade às famílias classificadas de acordo com o Índice de pobreza e vulnerabilidade familiar e enquadradas prioritariamente nas Zonas de Intervenção Prioritária (Zips).

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Uma Infância Feliz, Saudável e a Aprender

� Reforçar a capacidade institucional do Organismo Público que responde pela problemática da criança;

� Garantir o efetivo respeito pelos direitos da criança, consagrados na Carta dos Direitos da Criança e na Convenção sobre os Direitos das Crianças;

� Assegurar os cuidados primários de saúde materno-infantil;

� Promover o desenvolvimento de uma rede de educação pré-escolar, associando os poderes públicos, os municípios e as instituições de solidariedade social, visando garantir o acesso de todas as crianças ao ensino pré-escolar;

� Assegurar o acesso universal de todas as crianças à escolaridade obrigatória e desenvolver ações que evitem o abandono precoce da atividade escolar ou que conduzam a situações de insucesso escolar;

� Promover programas dirigidos às crianças em risco, sobretudo as crianças de e na rua;

� Desenvolver programas de apoio às crianças vítimas de maus tratos, arbitrariedade, abusos, violência e exploração dos adultos, incluindo os dos seus próprios progenitores;

� Promover e apoiar às Instituições particulares de solidariedade social que se ocupam da problemática da criança;

� Construir espaços de lazer e promover programas de fomento de atividades físicas e desportivas, em articulação com as instituições escolares e as autarquias locais.

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2016

Portadores de Deficiência com Qualidade de Vida

� Avaliar as necessidades existentes, através de realização de um estudo a ser levado a cabo por uma instituição científica credível;

� Incentivar respostas integrativas, desenhando-se, desde já dois objetivos: dinamizar o apoio institucional aos jovens com incapacidades graves e responder aos problemas das famílias, a fim de evitar a sua disfunção;

� Promover a Lei de Bases de Prevenção, Reabilitação e Integração das Pessoas com deficiência, com vista a garantir a realização prática de um conjunto de direitos, atribuídos aos portadores de deficiência e que carece de concretização;

� Desenvolver políticas e programas que visem garantir condições de acesso às pessoas portadoras de deficiência, nomeadamente, ao emprego, formação profissional, educação, habitação, transportes, entre outras;

� Promover e apoiar o Programa Nacional de Reabilitação que promova as condições para a realização do princípio de igualdade e de oportunidade;

� Promover e apoiar as Instituições Particulares de Solidariedade social que desenvolvam atividades no domínio de prevenção, reabilitação e integração das pessoas portadoras de deficiência;

� Promover programas que criem bolsas de emprego protegido, virados essencialmente para atender à população portadora de deficiência de grau complexo;

� Apoiar os deficientes na aquisição de medicamentos, próteses, dispositivos de compensação, etc.

� Desenvolver políticas de acessibilidades quer em termos de transportes públicos quer em termos de edificações, de modo a facilitar a plena integração dos portadores de deficiência na dinâmica social;

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� Estabelecer uma quota mínima para os deficientes e as famílias com portadores de deficiência em matéria de habitação social e de emprego na Administração Pública e isentar as empresas que contratam deficientes do pagamento da contribuição para a segurança social.

� Benefícios fiscais e parafiscais, nomeadamente, em sede contribuição para a segurança social e com a devida compensação pelo Estado, para a contratação de portadores de deficiência por parte das empresas privadas.

Combater a Toxicodependência e integrar os ex-toxicodependentes

� Reforçar e apoiar o Programa Nacional de Prevenção da Toxicodependência;

� Criar, dinamizar e apoiar espaços apropriados para a recuperação e tratamento dos toxicodependentes;

� Desenvolver programa de reinserção social dos toxicodependentes.

O Idoso com Qualidade de Vida

� Desenvolver uma política da família que estimule a manutenção dos idosos no seio familiar;

� Valorizar o Apoio Domiciliário e o aperfeiçoamento da qualidade dos serviços prestados;

� Desenvolver uma política de atualização das pensões sociais mínimas por forma a manter um nível de vida digna;

� Reformar as políticas de pensões sociais e de assistência médica e medicamentosa à terceira idade;

� Promover políticas que priorizem o atendimento dos idosos nos serviços públicos;

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� Promover políticas de gratuitidade no pagamento de tarifas nos transportes públicos ou privados de passageiros;

� Promover políticas de redução de custos de comparticipação nos medicamentos, próteses e dispositivos de compensação, que pode até ir a zero para aqueles que são vítimas de doenças crónicas ou sujeitos a tratamentos por tempo indefinido;

� Estimular e apoiar as Instituições de Solidariedade Social que se dedicam às atividades dirigidas à terceira idade;

� Promover e apoiar as iniciativas que visem criar espaços de convívio e recreação para as pessoas idosas, sobretudo aquelas com vínculo frágil em relação à sua estrutura familiar;

� Equacionar e humanizar o papel dos Centros de Convívio, ou Centros Comunitários destinados à terceira idade;

� Implementar um serviço de apoio às famílias que têm consigo idosos dependentes;

� Contribuir, pela REABILITAÇÃO física e social, para uma longevidade com índice de progresso e desenvolvimento, e não como um peso e encargo social.

Desenvolvimento da Economia Social como fator de Inclusão

� Integrar o desenvolvimento da economia social nos objetivos da política económica;

� Desenvolver um amplo programa integrado de formação profissional de base, fundo financeiro inicial e apoio institucional de modo a facultar as condições para que populações excluídas do mercado de trabalho tenham ferramentas e oportunidades que lhes permitam produzir e entrar no circuito comercial.

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FAMÍLIASO nosso compromisso

� A promoção da família, enquanto espaço de afirmação da cidadania e da cabo-verdianidade, assim como de concretização da dignidade da pessoa humana constitui um elemento importante do desenvolvimento com face humana e de iguais oportunidades para todos.

� A criação de um Rendimento de Inclusão, no montante de cerca de 50% do valor do salário mínimo, para acudir cerca de 25.000 famílias com crianças em situações de risco.

� Aposta num programa de reabilitação habitacional para as famílias carenciadas.

A nossa ação

A complementar as medidas já anunciadas no quadro do combate à pobreza, em que um dos centros de atuação será a família desfavorecida, as seguintes medidas serão executadas:� Desenvolvimento de Jardins de Apoio à Criança para as famílias

desfavorecidas visando a complementaridade escolar e a socialização;

� Adoção de Programas Específicos para as famílias desfavorecidas visando combater os problemas de desemprego, insuficiência de educação e formação profissional, alcoolismo, habitação degradada e incapacidade de gestão familiar;

� Promoção da solidariedade entre gerações no sentido de «dependência mútua» num ato de dar, receber e devolver, em que cada um, criança, jovem, adulto ou idoso, é o garante da dignidade humana;

� Apoiar as famílias na constituição de redes de solidariedade social como suporte essencial na prestação de cuidados e apoio afetivo.

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Por outro lado, entende o MpD que a geração de riqueza por um país só tem sentido, se os bens produzidos servirem para satisfazer as necessidades de toda a comunidade e serem um elemento essencial na criação do estado de bem-estar e qualidade de vida de todos cidadãos.

Nesse quadro, será garantida a seguinte cobertura das necessidades básica:

l Água e Eletricidade

Garantir a cobertura de 100% em termos de fornecimento de energia e água em todo o País.Compensar o IVA na água e energia com uma nova tarifa social para todos aqueles que vivem na pobreza extrema, a ser regulamentado pela Agência de Regulação Económica. Assim, para um determinado volume considerado como consumo mínimo e a partir de um determinado nível de rendimento, que será fixado pela entidade reguladora, será estabelecido um preço social.Faremos o mesmo para a eletricidade.

l Saúde

Garantir a saúde e o acesso aos medicamentos às famílias carenciadas.

Reduzir a lista de espera na saúde para prazos admissíveis do ponto de vista médico em estreita parceria com o sector privado e reas da genecologia, oftal+sector privado e odos os melhores çados e autonomia do Banco Central consolidado.ememcom a comunidade internacional, nomeadamente nas áreas hoje mais críticas da ginecologia, oftalmologia e ortopedia, assumindo os encargos financeiros daí resultantes para a população mais pobre.

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l Habitação

Promover um Grande Programa de habitação com o seguinte perfil:

� Direcionado para as famílias concretas, com critérios objetivos em função das prioridades devidamente definidas.

� Responda às necessidades e às capacidades financeiras reais das famílias, mobilizador, liderado e concretizado pelos municípios.

� Bonificação de juros para jovens famílias.

� Programa de recuperação das habitações degradadas das famílias carenciadas.

EQUIDADE DO GÉNERO

O nosso compromisso

As mulheres utilizam, em muitos casos, o dobro do tempo nos trabalhos não remunerados, tradicionalmente afetos ao papel da mulher no lar e na comunidade. Ao dedicarem mais tempo às tarefas de reprodução e de manutenção da família ficam sem tempo para se dedicarem às atividades que exigem maior empenho e participação nas esferas de decisão, tanto a nível privado como público.

� Eliminar as desigualdades estruturais que impedem o pleno acesso das mulheres aos bens, serviços e recursos socioeconómicos;

� Adotar medidas de política para a melhoria da qualidade de vida das mulheres chefes de família;

� Promoção de iguais direitos das mulheres através da sua capacitação, visando uma participação e liderança efetivas na vida pública;

� Promoção de igualdade de acesso aos serviços financeiros, infraestruturas, saúde, água, saneamento e ao mercado de trabalho;

� Garantia de voz ativa às mulheres no processo decisório em todos os assuntos de interesse público a que a elas dizem respeito;

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� Promoção de igual acesso a cargos de direção nas empresas e instituições públicas, organizações da sociedade civil e aos órgãos eleitos dos poderes central e local. Todos os órgãos colegiais de nomeação pública - todos os géneros representados;

� Promoção da Lei da Paridade.

A visão do MpD para as políticas de igualdade e equidade de género baseia-se nos valores humanistas e personalistas, geradores de toda a sua filosofia de promoção do bem-estar da pessoa humana enquanto fim último da atuação do Estado.A integração transversal da perspetiva género tem por finalidade garantir que as necessidades específicas de homens e mulheres sejam contempladas em todas as esferas da governação tendo em atenção as necessidades práticas e potencialidades estratégicas para cada um dos sexos.

O MpD defende a adoção de estratégias passíveis de trazer ganhos significativos e transparentes na utilização dos bens e recursos públicos de forma equitativa para ambos os sexos através da obrigatoriedade de elaboração e execução de orçamentos sensíveis ao género, seja a nível Central, seja dos Municípios, ultrapassando o tradicional tratamento das questões do género como simples apêndice dos projetos financiados pelos doadores.A Equidade de Género deve conduzir a uma cultura de respeito à diversidade, em especial às diferenças de género e executar programas destinados a aproximar os bens e serviços públicos às famílias e às comunidades como estratégia para diminuir o tempo destinado às atividades não remuneradas e aumentar a disponibilidade de tempo para as mulheres dedicarem a atividades remuneradas e de lazer.

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A nossa ação

O MpD compromete-se com as seguintes medidas de política para as mulheres:

Promoção de emprego e do rendimento, principalmente, para as mulheres chefes de família

� Apoio a projetos produtivos voltados para capacitação e organização das mulheres, criação de empregos permanentes para o segmento feminino da população e incremento da renda familiar;

� Inclusão de programas de geração de emprego e renda;� Garantia de acesso ao crédito para criação ou continuidade de

pequenos negócios e incorporação nesses programas na perspetiva de superação da divisão sexual de trabalho;

Descriminação positiva no desenvolvimento rural

� Implementação de projetos que facilitem o acesso em condições mais favoráveis a crédito destinado à produção agropecuária, ao artesanato, ao turismo rural, entre outros;

� Disponibilização de assistência técnica e de aconselhamento especializado para as atividadesagropecuárias;

� Reforço das atividades de luta contra a pobreza no meio rural;� Melhoria e extensão de acesso aos serviços de saúde e de

educação, e dos serviços básicos de água, luz e saneamento básico às comunidades rurais.

Infraestrutura urbana e habitação amiga das mulheres

� Implementação, em parceria com a sociedade civil, de programas de equipamentos urbanos com impacto positivo na vida das mulheres, tais como creches, casas diurnas de atendimento aos idosos e pessoas portadoras de deficiência, centros e postos de saúde próximo das comunidades;

� Melhoria das condições de habitabilidade e saneamento básico.

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Cuidados adequados à Saúde da mulher

� Implementação efetiva do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) com desenvolvimento de ações de atenção à saúde em todas as etapas da vida da mulher, incluindo cuidados com a saúde mental e ocupacional;

� Reforço das ações voltadas ao controle de doenças sexualmente transmissíveis, de prevenção do câncer e na área de saúde sexual e reprodutiva.

� Promoção e preservação da saúde física, mental e emocional das mulheres e homens, nos locais de trabalho, levando em consideração as especificidades de género.

Uma atenção especial às meninas e adolescentes

� Implementação de programas de atenção integral, com ênfase nas meninas e adolescentes em situação de risco pessoal e social, em situação de rua, vítimas de exploração sexual e expostas a drogas.

Começar a igualdade pela Educação

� Garantia do acesso efetivo à educação;� Capacitação dos professores para a inclusão da perspetiva de

género no processo educativo;� Inclusão do pré-escolar no sistema formal do ensino obrigatório;� Implementação de redes de creches em parceria com a sociedade

civil e municípios.

Ambiente de trabalho não discriminatório

� Fiscalização da discriminação no acesso ao trabalho e do assédio moral e sexual nos postos de trabalho, tanto no sector público como no privado;

� Criação de programas de capacitação profissional;� Reconhecimento do trabalho não remunerado por meio de criação

de equipamentos sociais destinados a crianças, idosos e pessoas dependentes de terceiros.

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Combater a Violência Baseada no Género

� Criação de programas que atendam mulheres vítimas de violência doméstica e sexual, incluindo atenção integral (jurídica, psicológica e médica);

� Reforço das instituições de atendimento e criação de casas de abrigo temporário;

� Implementação de ações destinadas a capacitar as mulheres vítimas de violência a recomeçar suas vidas em segurança;

� Formulação de políticas que articulam medidas na área da assistência e da segurança pública, incluindo a aplicação mais efetiva de medidas preventivas e repressivas.

Promover a participação da mulher na vida pública

Aprovação e implementação da Lei da Paridade que define os critérios de repartição equitativa de acesso, entre homens e mulheres, aos postos de decisão nos diversos sectores da vida económica, social e política.

SEGURANÇA SOCIAL

Os regimes de segurança social, pelo seu carácter inter-geracional, não deverão ser estáticos, pelo que os governos deverão avaliar as suas decisões, de modo a garantir a sustentabilidade do sistema e a melhoria dos serviços prestados.

O nosso compromisso� Proteção social mais justa e equilibrada, do ponto de vista pessoal

e material.� Sustentabilidade financeira do sistema a longo prazo.� Reestruturar o INPS, garantindo uma melhor gestão e uma gestão

profissional dos serviços prestados e do futuro das pensões.� Despartidarização da segurança social.

O MPD defende a existência de um conjunto de políticas que visem assegurar a proteção aos cidadãos cabo-verdianos, na velhice, na doença, nas situações de manifesta carência económica e vulnerabilidades sociais ou quando são portadores de deficiência, da qual a afetação resulte em incapacidade para o exercício de qualquer atividade ou nas situações em que não disponham de quaisquer meios de subsistência.

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Assim, tendo em conta preocupações colocadas pela atual situação a nível do alargamento da proteção social e da sustentabilidade dos regimes existentes, o MpD dará uma especial atenção à política da segurança social, tendo como objetivo oferecer um conjunto de políticas direcionadas às diversas áreas sociais como forma de responder a algumas das necessidades básicas da população e promover a sustentabilidade e a qualidade do sistema.No plano da gestão do INPS, serão eliminadas a partidarização na escolha dos seus dirigentes, as aplicações de duvidosa racionalidade financeira que ponham em causa o futuro, tanto das pensões, como a melhoria substancial de que a assistência na doença ainda carece ou outros desenvolvimentos de proteção social que o sistema ainda não oferece, como é o caso do subsídio de desemprego.O MpD defende um quadro legal da proteção social que aponte para um urgente alargamento da cobertura a todas as categorias populacionais ainda não cobertas, tendo em conta o elevado grau de informatização da economia recentemente confirmado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e que impede a utilização dos mecanismos tradicionais de retenção e contribuição, sem esquecer a grande dificuldade associada ao controlo e crie e fomente o aparecimento de sistemas complementares de proteção social.

A nossa açãoA abordagem da problemática da segurança social em Cabo Verde será faseada de acordo com os seguintes eixos de intervenção:� Alargamento da proteção social, numa primeira fase, em relação aos

trabalhadores do sector informal da economia, os independentes e os pequenos empregadores e, numa segunda fase, através de sistemas de proteção adaptados ao meio rural e ao sector das pescas, tudo acompanhado pelo incentivo a novas formas de proteção complementar como Seguros e Planos de Saúde;

� Mudanças substanciais na gestão do INPS, com efetiva intervenção dos parceiros sociais e o lançamento de um processo de reformas internas, visando reforçar os mecanismos de gestão da instituição e a sua modernização;

� Reavaliação e dinamização do atual regime de proteção social, introduzindo os elementos necessários à sua estabilização e consolidação;

� Reforço da vertente inspetiva e de controlo, não só a nível do INPS, como de outras instituições, nomeadamente a Inspeção Geral do Trabalho, cujos poderes devem ser reforçados e aumentados os meios à sua disposição;

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� Alargamento da cobertura do regime não contributivo.� Ajudar os nossos pensionistas ex-emigrantes no acesso aos direitos

relativos às pensões.

Mais especificamente, executar um conjunto de reformas da segurança social, centrando-se nos seguintes vetores:� Criação de um Conselho Nacional de Segurança Social, na

dependência do membro do governo responsável pela segurança social, integrado por todos os intervenientes na proteção social, cuja função será, designadamente, de coordenar as políticas e ações que são desenvolvidas por diferentes entidades, pronunciar-se sobre as medidas ou políticas a serem levadas a cabo no sector e emitir pareceres ou recomendações sobre as medidas a adotar ou executadas pelo governo;

� Criação de um Fundo de Pensões e uma Entidade Gestora desses fundos, integrada por agentes profissionais em matéria de gestão de fundos, separando a gestão das pensões de outras prestações;

� Nesta base, avaliar a assunção, por inteiro, por parte do departamento responsável pela área da Saúde de todas as competências legais relativas à segurança social, de modo a que o INPS se concentre na gestão das prestações diferidas/pensões;

� Avaliação da hipótese de aplicação financeira das reservas existentes fora do território nacional, dada a exiguidade do mercado nacional, de modo a assegurar a capitalização e rentabilização dos recursos imobilizados;

� Adoção de um plano de recuperação eficaz das dívidas à segurança social através de políticas que facilitem o pagamento pelas entidades devedoras numa perspetiva de médio/longo prazo.

� Implementação efetivado Fundo de Desemprego visando acudir os trabalhadores na situação de desemprego por um período de tempo determinado;

� Identificação e negociação de medidas que permitam a redução das taxas de contribuições à segurança social às empresas, de forma permanente ou temporário, de acordo com as estratégias de fomento do crescimento económico e de criação de novos postos de trabalho;

� Promoção de medidas que visem alargar a cobertura da proteção social às regiões e extratos populacionais com baixa cobertura, bem como, o alargamento da base dos contribuintes, através da revisão dos diplomas que regulam o Regime de Trabalhadores por Conta Própria e do Serviço Doméstico, adaptando os escalões de remuneração e indexando a base de incidência ao salário mínimo nacional;

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� Redução da burocracia e melhoria do sistema de informação dos contribuintes, visando a diminuição do tempo na tomada de decisão sobre matéria de interesse dos beneficiários, melhorando, nesta base, o atendimento;

� Contenção dos custos operacionais, tornando mais eficientes e justos os regulamentos sobre comparticipações, isenções nos medicamentos, estomatologia e óculos.

� Reforço institucional da Direcção-Geral de Segurança Social, na avaliação, seguimento e identificação de medidas legislativas necessárias às questões sociais;

� Revisão de regulamentos como os que definem o valor da prestação para o ramo Acidente de Trabalho gerido pelas seguradoras, as comparticipações nos cuidados de saúde e atribuição de prestações complementares, neste caso, tendo como critérios principais o rendimento familiar e a sua vulnerabilidade;

� Implementação de uma nova Tabela das Incapacidades versus Politica de Reconversão Profissional tendo em conta a sua desatualização;

� Alargamento da prestação de cuidados de saúde a privados através de acordos com o INPS;

� Desenvolvimento de sistemas inclusivos de segurança social, de acidentes no trabalho e de seguro de desemprego;

� Promoção de sistemas de inclusão e de proteção sociais, formais e informais, para famílias vulneráveis.

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