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Módulo Capacitação de educadores da Rede Básica em Educação em Direitos Humanos

MOVIMENTOS SOCIAIS

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3º Módulo

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Fundamentos Culturais da Educação em Direitos Humanos

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Fundamentos Culturais para Educação em Direitos Humanos

Globalização e MulticulturalismoDiversidade Étnico-culturalDiversidade Étnico-cultural

Diversidade de GêneroDiversidade de GêneroDiversidade de Orientação SexualDiversidade Geracional: criança e adolescente e idososDiversidade por DeficiênciasDiversidade ReligiosaEducação em DH e Mídia

• Equipe de Autores dos Textos Rosa Maria Godoy Silveira – História – UFPB (Supervisora do Módulo)Bernardo Fernandes – HistóriaCarmélio Reynaldo Ferreira – Comunicação – UFPBÉlio Chaves Flores – História – UFPBJane Beltrão – Antropologia – UFPAJosé Baptista Neto – UFPB e Michelle Agnoleti – UFPBLuciana Calissi – História – UVA Windyz Ferreira – Educação – UFPB

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DIVERSIDADE DE GÊNERO – MULHERESDIVERSIDADE DE GÊNERO – MULHERES

Rosa Maria Godoy Silveira*

Pós-Doutorado em História. Docente da Universidade Federal da Paraíba

(Mestrados de História e de Ciências Jurídicas/Área de Direitos Humanos)

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A Diversidade entre Homens e Mulheres A Diversidade entre Homens e Mulheres como Desigualdadecomo Desigualdade

• Primeira diversidade percebida (homens e mulheres): biológicas;

• Sociedades e culturas - ao longo da História: diferentes organizações/interpretações (relações homens e mulheres); Pré - História - sociedades poliândricas;

• Contemporaneamente – condições distintas: nos países ocidentais e muçulmanos; entre mulheres camponesas e as que vivem nas cidades; entre mulheres das classes sociais altas/médias e das classes subalternas;

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7http://datasnahistoria.blogspot.com/

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• De modo geral (não universal): diferenças sexuais - base para divisão sexual do trabalho; práticas sociais - significados aos elementos masculinos/femininos; masculino - associado à cultura (produzido, criado); feminino - associado à natureza (já determinado pela biologia);

• Práticas e representações sociais: relações de poder assimétricas entre homens e mulheres; submissão (patriarcalismo) - modelo/padrão dominante;

• Outras associações vinculadas ao sexo – atribuiu-se: homens - a racionalidade, o pensamento lógico, o cálculo; mulheres - a afetividade, as emoções, a intuição;

A Diversidade entre Homens e Mulheres A Diversidade entre Homens e Mulheres como Desigualdadecomo Desigualdade

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As representações / interpretações dos atributos femininos estavam diretamente articuladas com a procriação e a maternidade.

http://expoartsmolinero.blogspot.com/

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• Formas de viver e pensar o masculino e o feminino - conseqüências concretas:

reforço à estrutura familiar patriarcal; justificativa para acentuar os papéis sociais atribuídos a homens e

mulheres; educação diferenciada para meninos e meninas; reprodução de papéis sociais distintos (brincadeiras “masculinas” e

“femininas”); escolas de 1º e 2º graus (LDB,1996) - meninas (Educação Doméstica,

Trabalhos Manuais); mercado de trabalho - profissões consideradas masculinas ou femininas;

A Diversidade entre Homens e Mulheres A Diversidade entre Homens e Mulheres como Desigualdadecomo Desigualdade

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• Mulheres de Atenas - Chico Buarque - Composição: Chico Buarque

Mirem-se no exemploDaquelas mulheres de AtenasVivem pros seus maridosOrgulho e raça de Atenas

Quando amadas se perfumamSe banham com leite, se arrumamSuas melenasQuando fustigadas não choramSe ajoelham, pedem imploramMais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemploDaquelas mulheres de AtenasGuardam-se pros seus maridosPoder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldadosElas tecem longos bordadosMil quarentenasE quando eles voltam, sedentosQuerem arrancar, violentosCarícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemploDaquelas mulheres de AtenasDespem-se pros maridosBravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinhoCostumam buscar um carinhoDe outras falenasMas no fim da noite, aos pedaçosQuase sempre voltam pros braçosDe suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemploDaquelas mulheres de AtenasGeram pros seus maridosOs novos filhos de Atenas

Elas não tem gosto ou vontadeNem defeito, nem qualidadeTêm medo apenasNão tem sonhos, só tem presságiosO seu homem, mares, naufrágiosLindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemploDaquelas mulheres de AtenasTemem por seus maridosHeróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadasE as gestantes abandonadas, não fazem cenasVestem-se de negro, se encolhemSe conformam e se recolhemAs suas novenasSerenas

Mirem-se no exemploDaquelas mulheres de AtenasSecam por seus maridosOrgulho e raça de Atenas

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As lutas das mulheres por direitosAs lutas das mulheres por direitos

• Historicamente: nem todas as sociedades subalternizaram as mulheres; nem todas as mulheres se deixaram subalternizar; exemplos - mulheres que romperam com papéis sociais (segundo os

padrões da sua respectiva cultura);

• Reação de mulheres (abrangência coletiva): emerge com a modernidade e o Iluminismo - prometia emancipação dos

seres humanos pela Razão e progresso social pelo conhecimento científico; Revolução Francesa - Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,

(1789) não concretizou igualdade entre homens e mulheres (excluídas da cidadania e do poder) - reafirmava a visão masculinizante;

As mulheres reagiram (Olympe de Gouges, 1791; Mary Wollstonecraft,1792) - referências históricas para as lutas no século XIX;

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13http://api.ning.com/files/1d1SYnz7BhJvwnYwbLGJvySwCRcY96l7e6*6Q0XJ5H4_/RevoluoFrancesaSimbolo.jpg

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As lutas das mulheres por direitosAs lutas das mulheres por direitos

• Lutas no Século XX assumiram duas direções:a) reivindicação (liberal): pela participação na esfera pública, com o

reconhecimento de seu direito à cidadania, mediante o acesso ao voto (movimento sufragista);

b) denúncias e movimentos (de orientação socialista utópica, socialista marxista e anarquista) contra a repressão às mulheres no espaço doméstico e no trabalho;

decorrência da Revolução Industrial - mulheres pobres ingressaram nas fábricas (interesse do sistema capitalista → mão-de-obra mais dócil e mais barata do que a masculina);

cumpriam longas jornadas de trabalho, recebiam salários inferiores; reprodutoras da classe trabalhadora → para aumentarem o exército

industrial de reserva;

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15http://deolhonofuturoatividades.blogspot.com

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As lutas das mulheres por direitosAs lutas das mulheres por direitos

• Uma das reações a tais condições abusivas de trabalho deu origem ao Dia Internacional da Mulher – 8 de Março.

No Dia 8 de março de 1857, em Nova York (Estados Unidos) operárias de uma fábrica de tecidos fizeram uma grande greve, ocupando a fábrica e reivindicando melhores condições de trabalho, tais como: redução na jornada de trabalho para dez horas (elas trabalhavam 16 horas diárias), equiparação de salários com os homens (elas recebiam até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi duramente reprimida: as mulheres foram trancadas na fábrica e esta, incendiada, tendo morrido carbonizadas 130 tecelãs. Em homenagem a estas mulheres, foi decidido, em 1910, na Dinamarca, que o dia 8 de março passaria a ser o Dia Internacional da Mulher. A data somente foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975.

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17http://www.planteumaarvore.com/blog/wp-content/positive.jpg

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As lutas das mulheres por direitosAs lutas das mulheres por direitos

• Progresso científico - não melhorou a sorte feminina: setores do mundo da ciência formularam/deram suporte a teorias reiterando a inferioridade da

mulher em relação ao homem;

• Lutas feministas continuaram: movimento sufragista (séc. XX) - direito de voto feminino (Estados Unidos, países da Europa

ocidental e da América Latina), Brasil -1932;

Brasil (séc. XIX) - notável precursora do feminismo, Nísia Floresta (RN) (abolicionista, republicana, tradutora do livro de Mary Wollstonecraft em 1832!) e educadora de meninas;

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Httpp://adornelo.com.sapo.pt

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As lutas das mulheres por direitosAs lutas das mulheres por direitos • 2ª. Guerra Mundial: homens envolvidos no conflito armado; mulheres ocuparam seus postos em indústrias (países beligerantes ) →

presença mudou o perfil da classe trabalhadora → importantes mudanças de comportamento/valores entre as mulheres;

EUA pós-guerra → campanhas retorno aos lares, sem sucesso;

• Década de 1960 - muitos movimentos sociais de contestação contra: mulheres (EUA) → contra subalternidade, exclusão do poder, autonomia e

direitos; negros sul-africanos → Apartheid; negros norte-americanos → contra segregação racial; estudantes de várias partes do mundo – por mudanças na educação e, em

alguns casos, contra os governos; hippies – pela liberdade e modos de vida alternativos; guerra do Vietnã.

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As lutas das mulheres por direitosAs lutas das mulheres por direitos

• Pílula anticoncepcional: revolucionou costumes e promoveu a liberação sexual, afetando as relações

afetivas, familiares e as concepções de maternidade;

• Movimentos feministas: ganharam as ruas, em intensas mobilizações pelo mundo inteiro; Internacionalizaram-se desde 1975 (Conferências Mundiais); reivindicação de políticas públicas para mulheres;

As mulheres: ocupam/ampliam espaços (mercado de trabalho, funções públicas); governos/organismos internacionais – suas questões em agendas; produzem estudos/pesquisas/debates (variados campos do conhecimento); 1960-1970 - Estudos de Gênero - campos de estudo de Universidades;

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O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos

• Movimentos feministas: estudiosos das questões deram novos significados à palavra Gênero; desde o séc. XV - Gênero - “um conjunto de propriedades comuns que

caracterizam um dado grupo social ou classe de seres ou de objetos” (Dicionário Houaiss);

• Aplicação desse significado às relações entre homens e mulheres: gênero masculino caracteriza os homens como um conjunto de seres com

determinadas características; gênero feminino como um (outro) conjunto de mulheres com (outras) determinadas

características;

• Recapitulando: caracterização e distinção de masculino e feminino, em muitas culturas, tomou

como base as diferenças biológicas/corporais e depois, a estas associou diferenças psicológicas;

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O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos • Classificação das mulheres: seres determinados pela natureza (o corpo era algo considerado algo

natural) → determinação dos papéis de esposas e mães; associação de uma outra imagem → servir à procriação da espécie; papel do sexo (fundamentalmente) - procriação (influência do Catolicismo

oficial (Roma) → sexo exercido como prazer → pecado; deveriam permanecer no espaço doméstico, da vida privada, familiar,

exercendo um trabalho não remunerado, como gestoras da família;

• Feminismo: critica de tais concepções; reformulação, à luz de estudos e pesquisas, do significado de Gênero como:

a) homens e mulheres não são apenas “naturais” →- modos de encarar o corpo são elaborados (vida social, culturas/sociedades). - não é uma relação pré-determinada por diferenças psicológicas (homem =

racionalidade; mulher = afetividade) → indivíduos não se constituem por si sós, mas nas interações sociais.

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O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos

Desmistifica-se que a condição de mulher seja naturalista, que o fato dela ter características biológicas distintas do homem determina a sua situação de subalternidade e de inferioridade bem como o seu papel predestinado, obrigatório, para exercer a maternidade. Outros conceitos vinculados a gênero são igualmente construções socioculturais: família, infância, cuidado, maternidade;

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O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos

• Feminismo: b) dimensão da vida humana, socialmente construída: identidades pessoais

e sociais e relações entre homens e mulheres fazem parte da nossa vivência.

→ distintas e complementares às distinções biológicas/corporais. → sexo e sexualidade (não apenas vinculados ao lado “animal” da espécie

humana, mas expressão de sua humanidade);

c) construção histórica (tempo, espaço), variável (épocas, sociedades/culturas e interior destas): não há uma identidade masculina e uma identidade feminina única, fixa e imutável, universal, válida para todos os tempos e espaços.

d) modos como sociedades/grupos sociais interpretam/dão significado às diferenças entre os sexos e as relações que se estabelecem entre si (impulsos sexuais, relacionamentos afetivos, reprodução da espécie), e compreendem representações, imagens, práticas sociais, valores;

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O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos

• Feminismo:e) um conceito abrangente relacionado a vários outros elementos

constitutivos das identidades de homens e mulheres (classe social, etnia, geração, religião, etc.). Ex: diferenças entre mulheres (brancas, negras, indígenas, dos grupos sociais dominantes e das classes subalternas, jovens e idosas);

f) um conceito que significa relações de poder: “gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder” (SCOTT, 1992, p. ....). Ao se tratar de relações de gênero, necessariamente, se trata das concepções e práticas sociais que acentuam ou enfatizam o poder masculino sobre as mulheres e, mais amplamente, na sociedade: “o acesso diferenciado dos dois gêneros aos recursos naturais, culturais e simbólicos, tanto para mulheres como para homens. O gênero, tal como é vivenciado, legitima as relações de poder e marca uma forma de valorização social e política, que transcende o próprio gênero” (GUIMARÃES, 2002, p. 19).

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O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos

Afirmação: a opressão masculina é uma relação que mulheres das diversas culturas têm em comum, muito embora sejam variáveis as formas com que são oprimidas.

Consideração: os gêneros são construídos na diversidade, é importante entender que também há relações de poder no interior de cada gênero: de mulheres sobre mulheres, de homens sobre homens;

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• Feminismo:g) conceito que serv(e)iu para classificar (e desclassificar): termos

masculino e feminino → para designar as diferenças entre homens e mulheres, com base no

corpo, anatomias, classificando-os, apontando as suas alteridades. → associa determinados qualificativos aos homens e outros às mulheres →

criou/cria uma desclassificação destas ( práticas sociais, discursos). → estudiosos de Gênero apontam importância e necessidade de

desconstruir (explicitar o que tais discursos significam) e construir outras concepções de gênero, baseadas em relações mais simétricas;

h) conceito supera a divisão (esferas) que a classificação binária do mundo (homem = espaço público; mulher = espaço privado) construiu nas relações sociais e socializou por muito tempo.

→ sobretudo no mundo atual (transformações – homens viram donos de casa, adotam filhos; mulheres assumem posições públicas, antes domínio masculino), é possível compreender que as duas esferas se interpenetram/complementam;

O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos

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O conceito de Gênero: elementos teóricosO conceito de Gênero: elementos teóricos

• Feminismo:i) possibilidade de mudança na situação de opressão: práticas sociais

objetivas de relacionamentos entre homens e mulheres são elementos constitutivos de suas identidades, assim como os conceitos, as imagens, os símbolos, as interpretações sobre tais relações, que os sujeitos internalizam. Este conjunto de elementos objetivos e subjetivos configura as identidades. Em outros termos, de acordo com as percepções, a compreensão que temos como sujeitos sociais, podemos aceitar uma determinada situação ou não. As mulheres podem se submeter à opressão ou podem recusá-la.

Este conjunto de elementos objetivos e subjetivos configura as identidades. Em outros termos, de acordo com as percepções, a compreensão que temos como sujeitos sociais, podemos aceitar uma determinada situação ou não. As mulheres podem se submeter à opressão ou podem recusá-la.

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A violência contra as mulheres: uma A violência contra as mulheres: uma reflexãoreflexão

• História/evolução: mulheres desempenha(ra)m papéis de considerável importância (mesmo

restritas - espaço privado), na reprodução familiar); com a conquista do espaço público → ampliaram atuação e hoje exercem

as mais diversas profissões (inclusive consideradas masculinas); de dirigidas → a dirigentes (chefiando famílias, empresas e instituições

políticas); apesar de todo o avanço da questão feminista (2ª metade séc. XX)) → é

ainda forte a discriminação/violência contra mulheres em diversas sociedades (incluída a brasileira);

agressões, assédio sexual, espancamentos, estupros, assassinatos, violência simbólica → algumas das formas de violência na vida cotidiana (explícita ou silenciosa);

afora a antiga e persistente mercantilização do corpo atualizada pelo turismo sexual;

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A violência contra as mulheres: uma A violência contra as mulheres: uma reflexãoreflexão

• Estas violações são de conhecimento da população e a preocupam:

Fonte: Pesquisa IBOPE/Instituto Patrícia Galvão, 2006

(http://www.patriciagalvao.org.br/)

De 2004 a 2006 aumentou o nível de preocupação com a violência doméstica em todas as regiões do país, menos no Norte / Centro-Oeste, que já tem o patamar mais alto (62%). Nas regiões Sudeste e Sul o nível de preocupação cresceu, respectivamente, 7 e 6 pontos percentuais. Na periferia das grandes cidades, esta preocupação passou de 43%, em 2004, para 56%, em 2006.

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33% apontam a violência contra as mulheres dentro e fora de casa como o problema que mais preocupa a brasileira na atualidade.

51% dos entrevistados declaram conhecer ao menos uma mulher que é ou foi agredida por seu companheiro.

Em cada quatro entrevistados, três consideram que as penas aplicadas nos casos de violência contra a mulher são irrelevantes e que a justiça trata este drama vivido pelas mulheres como um assunto pouco importante.

http://apaniguado.blogspot.com

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54% dos entrevistados acham que os serviços de atendimento a casos de violência contra as mulheres não funcionam.

Nove em cada 10 mulheres lembram de ter assistido ou ouvido campanhas contra a violência à mulher na TV ou rádio.

65% dos entrevistados acreditam que, atualmente, as mulheres denunciam mais quando são agredidas. Destes, 46% atribuem o maior número de denúncias ao fato de que as mulheres estão mais informadas e 35% acham que é porque hoje elas são mais independentes.

http://apaniguado.blogspot.com

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64% acham que o homem que agride a mulher deve ser preso (na opinião tanto de homens como mulheres); prestar trabalho comunitário (21%); e doar cesta básica (12%). Um segmento menor prefere que o agressor seja encaminhado para: grupo de apoio (29%); ou terapia de casal (13%).

Perguntados sobre o que acham que acontece quando a mulher denuncia, 33% dos entrevistados afirmaram que “Quando o marido fica sabendo, ele reage e ela apanha mais”; 27% responderam que não acontece nada com o agressor; 21% crêem que o agressor vai preso; enquanto 12% supõem que o agressor recebe uma multa ou é obrigado a doar uma cesta básica.

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Ai Que Saudades Da AméliaComposição: Ataulpho Alves - Mário

Lago

Nunca vi fazer tanta exigênciaNem fazer o que você me faz

Você não sabe o que é consciênciaNem vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riquezaTudo que você vê você quer

Ai, meu Deus, que saudade da AméliaAquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu ladoE achava bonito não ter o que comer

E quando me via contrariadoDizia: Meu filho, que se há de fazer

Amélia não tinha a menor vaidadeAmélia é que era mulher de verdadeAmélia não tinha a menor vaidade

Amélia é que era mulher de verdade

Às vezes passava fome ao meu ladoE achava bonito não ter o que comer

E quando me via contrariadoDizia: Meu filho, que se há de fazer

Amélia não tinha a menor vaidadeAmélia é que era mulher de verdadeAmélia não tinha a menor vaidade

Amélia é que era mulher de verdade

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A violência contra as mulheres: uma A violência contra as mulheres: uma reflexãoreflexão

• Indagação e reflexão (razões da discriminação e violência): resposta mais geral → persistência de mentalidade patriarcal e machista,

apesar das transformações socioculturais (formas de sexualidade, relações afetivas, estruturas e convivências familiares);

continuação de padrões masculinizantes de interpretar o mundo e exercer as práticas sociais;

naturalizar as diferenças entre sexos como algo dado, imutável, é reduzir não só a humanidade do Outro, mas a própria;

homens e mulheres são diferentes (termos biológico-anatômicos) → compartilhar a sua humanidade;

dificuldade em quebrar certos padrões sexistas de relacionamentos sociais entre homens e mulheres;

qual o papel da Escola diante desta problemática? REPRODUZIR ESSAS SITUAÇÕES DE DISCRIMINAÇÃO E VIOLÊNCIA OU DESENVOLVER UMA CULTURA PELA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS?

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A garantia da diversidade de Gênero e os A garantia da diversidade de Gênero e os direitos da mulher no Brasildireitos da mulher no Brasil

• Fatores de pressão (sobre organismos internacionais e Governos):

maior presença das mulheres no âmbito da população mundial (52%,2006);

expressiva participação na População Economicamente Ativa (PEA); imensa rede de movimentos e organizações feministas;

• Codificação jurídica e de implementação: plano internacional, muitos documentos foram exarados no sentido de

garantir os direitos das mulheres; plano nacional brasileiro, depois das muitas lutas e movimentos de

mulheres, desde as primeiras décadas do século XX, elas ampliaram suas conquistas a partir da década de 1980.

→ Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (1985, CNDM – MJ);

→ Constituição de 1988 - dispositivos amparam direitos das mulheres;

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Brasil, Constituição Federal, 1988Brasil, Constituição Federal, 1988

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TÍTULO I

Dos Princípios Fundamentais

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos

Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

................II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa humana;

..................Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações

internacionais pelos seguintes princípios:...............

II - prevalência dos direitos humanos;Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;...............

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

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TÍTULO IIDos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO IDOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

................... II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa s

enão em virtude de lei;...................

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

...................IX - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem

das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

...................XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de

critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

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TÍTULO VIIIDa Ordem Social

Art. 205.A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

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A garantia da diversidade de Gênero e os A garantia da diversidade de Gênero e os direitos da mulher no Brasildireitos da mulher no Brasil

• No 1º dia do Governo Lula (1/01/2003): criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, status de

ministério; “para desenvolver ações conjuntas com todos os Ministérios e Secretarias

Especiais, tendo como desafio a incorporação das especificidades das mulheres nas políticas públicas e o estabelecimento das condições necessárias para a sua plena cidadania.”

(PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Portal Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, home)

• Estados e em muitos municípios: criados setores institucionais encarregados de políticas públicas para

mulheres.

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A garantia da diversidade de Gênero e os A garantia da diversidade de Gênero e os direitos da mulher no Brasildireitos da mulher no Brasil

• Planos Nacionais: I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (2005, 2006); II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (março de 2008) -

atualizando o anterior e introduzindo novas áreas estratégicas de políticas públicas para as mulheres.

• Violência: Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) “Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a

mulher, nos termos do § 8 o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.” (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Portal).

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A garantia da diversidade A garantia da diversidade de Gênero e os direitos de Gênero e os direitos

da mulher no Brasilda mulher no Brasil Maria da Penha (apresentação em ppt)

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A garantia da diversidade de Gênero e os A garantia da diversidade de Gênero e os direitos da mulher no Brasildireitos da mulher no Brasil

• Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: Atualmente, há, nos vários níveis de governo: federal, estaduais,

municipais, programas que desenvolvem políticas públicas para mulheres. Além disso, vários centros de referência ou atendimento a mulheres em

situação de violência, como Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), Defensorias Públicas da Mulher, Casas Abrigo.

Pode-se dizer que o Brasil avançou muito nesta questão de Gênero, nas últimas três décadas, mas ainda muito há por fazer, para que os direitos das mulheres sejam efetivados nas práticas sociais.

Fonte: http://200.130.7.5/spmu/portal_pr/destaques_plano_nacional_pr.htm

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http://www.fabrica.it

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Mariana foi pro mar - Ira!

Deixou seus bens mais valiosos com o cachorro e foi viajarFoi de coração

Pois o marido saiu pra comprar cigarros e desapareceuFoi visto no Japão

Com a vizinha, sua ex melhor amigaMariana foi ao chão

E ela pensou por muitas vezesSe usava sua Mauser ou o gás de seu fogãoMas seu último direito ela viu que era um erro

Mariana foi pro mar

Mariana se cansouOlhou o que restava da sua vida

Sem direito a pensãoSem um puto pra gastar

Sempre foi moça mimadaMas tinha em si a vocação do lar

E foi numa tarde de domingoQue ganhou tudo no bingoSorte no jogo azar no amor

E sua bagagem estava prontaParecia que sabia do seu prêmio de consolação

Mudou o itinerárioTrocou o funerário

Pelo atraso do avião

Uma lágrima de salPercorre no seu rosto misturando-se ao creme facial

Onde foi que ela errou?Se acreditava na sinceridade de sua vida conjugal

E se ela pensava muitas vezes se usava uma pistola ou o gás do seu fogão

Mas ela mudou o itinerárioTrocou o obituário pelo atraso do avião

Hoje ela desfila pela areiaCom total desprezo pelos machos de plantão

Ela está bem diferenteAma ser independente

Mariana foi pro mar

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Autoria: Rosa Maria Godoy Silveira Produção: Sílvia Helena Soares Schwab

Veiculação e divulgação livres