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MOVIMENTOS SOCIAIS DA REPÚBLICA VELHA: CONFLITOS RURAIS

MOVIMENTOS SOCIAIS DA REPÚBLICA VELHA: CONFLITOS RURAIS

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MOVIMENTOS SOCIAIS DA REPÚBLICA VELHA:

CONFLITOS RURAIS

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O CANGAÇOO CANGAÇO• O termo cangaço vem de

canga (peso), devido ao peso da arma e equipamentos que os cangaceiros carregavam. Eles levavam esse peso como os bois carregavam a sua canga, um pedaço de madeira colocado no pescoço e que prendia os bois ao carro ou arado.

• Na imagem:Virgolino Ferreira da Silva,o Lampião (1900-1938).

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CONTESTADOCONTESTADO-O “monge” João Maria,

cujo nome era Atanás Mercaf, desprezava as coisas materiais, criticava o regime republicano e fazia terríveis profecias:

“Jesus disse a São Pedro que o mundo havia de existir mil anos, mas não outros mil”.

“ A Monarquia era a ‘lei de Deus’ e a República era a ‘lei do Diabo’.”.

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GUERRA DE CANUDOSTEMPO: 1893-1897LOCAL: Arraial

Belo Monte, cidade próxima do Rio Vaza-Barris no Estado da Bahia.

LÍDER: Antônio Mendes Maciel (Antônio Conselheiro)

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CARACTERÍSTICAS- Movimento de

protesto social dos pobres, que assume uma linguagem e uma visão religiosa, chamada messiânica.

- O movimento foi anti-republicano, mas não era monarquista. No entanto foi taxado de monarquista pelo governo.

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- Conselheiro aconselhava as pessoas a não pagarem impostos e isso originou problemas com o governo da Bahia.

- Conselheiro pregava a religião católica, mas não podia fazê-lo legalmente pois não era parte do clero, atrita-se também com a Igreja.

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- Canudos transformou-se em uma comunidade onde a terra, os rebanhos e o produto do trabalho coletivo eram propriedade comum;apenas os bens móveis e as residências constituíam propriedade pessoal .

- Além da produção agrícola, a população do arraial produzia artesanato e criava animais, que complementavam a alimentação e forneciam couro. O excedente da produção era vendido nos municípios vizinhos.

- No arraial havia duas escolas, lojas comerciais, oficinas e diversas casas residenciais.

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- A administração era de competência do Conselheiro e de doze chefes, que cuidavam das finanças, construções, registros de nascimento, entre outras atividades.

- Não havia polícia nem impostos. Oitocentos indivíduos formavam a Santa Companhia, responsável pela guarda pessoal do líder

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- Aos olhos dos fazendeiros, do governo e do clero, tudo isso fazia da vila um péssimo exemplo – e Canudos teve a mesma sorte dos focos de heresia esmagados na Europa – na Idade Média e no início da Era Moderna- pelas tropas a serviço da nobreza latifundiária, com as bênçãos da hierarquia católica ou protestante.

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RESULTADOSRESULTADOS-O governo promoveu

expedições militares contra Canudos.

-A 1ª expedição foi composta de 300 homens, promovida pelo governo da Bahia, foi derrotada por Canudos.

- A 2ª expedição foi de 700 homens, promovida pelo governo da Bahia, foi também derrotada por Canudos.

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- O Governo Federal resolve intervir .Moreira César,um herói do exército brasileiro da revolta da armada e da Revolta federalista, no governo de Floriano, promoveu a 3ª expedição com 1000 homens do exército e foi derrotado e ele morto.

- A 4ª expedição reuniu soldados de todo o Brasil, foram 8000 homens e então, massacraram Canudos.Os poucos sobreviventes foram feitos prisioneiros.

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- Em 22 de setembro morreu, de doença, Antônio Conselheiro; em 1º de outubro, travou-se a batalha decisiva que deu vitória ao governo republicano. Conselheiro, mesmo depois de morto, foi desrespeitado.Desenterraram seu corpo, cortaram sua cabeça, levada depois a Salvador, onde o médico Nina Rodrigues a examinou.Este divulgou o laudo com a informação de que Conselheiro era mestiço e, por isso, talvez pudesse ser degenerado, ainda que seu crânio não apresentasse nenhuma anomalia.Nesse caso, a ciência foi utilizada para justificar a supremacia de uma organização política e social sobre outra ao classificar as etnias em uma escala hierárquica.

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- A saga de Canudos foi narrada por Euclides da Cunha no livro Os Sertões .

- Euclides da Cunha, apesar de ter visto Canudos como movimento sebastianista (crença no retorno do rei português D. Sebastião, que morreu lutando contra os mouros) e de ter passado uma imagem negativa do Conselheiro, Euclides exaltou o heroísmo dos sertanejos e condenou a guerra de extermínio desfechada contra os conselheiristas.”Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo...”

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- “...Antônio foi abandonado pela mulher, que fugiu com um amante. Remete a essa fase de sua vida a lenda, infundada, de que Antônio teria acidentalmente matado a própria mãe. Segundo a crença popular, a mãe de Antônio o teria advertido de que, todos os dias, após ele sair de casa, um homem vestido de preto era visto entrando pela janela do quarto de sua esposa. Antônio teria ficado de tocaia, observando e, ao enxergar o vulto negro que saía de dentro de seu quarto, o teria alvejado mortalmente a tiros de espingarda. Em seguida, tirando-lhe o disfarce, teria descoberto o cadáver da mãe.”

(LACERDA, Rodrigo. Canudos: palavra de Deus, sonho da terra.)

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-” O homem era alto e tão magro que parecia sempre de perfil. Sua pele era escura, seus ossos proeminentes e seus olhos com fogo perpétuo. Calçava sandálias de pastor e a túnica de azulão que lhe caía sobre o corpo lembrava o hábito desses missionários que, de quando em quando, visitavam os povoados do sertão batizando multidões de crianças e casando os amancebados. Era impossível saber sua idade, sua procedência, sua história, mas algo havia em seu aspecto tranqüilo, em seus costumes frugais, em sua imperturbável seriedade que,mesmo antes de dar conselhos, atraía as pessoas.”

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TROVAS POPULARES

“Antônio ConselheiroPor ser conselheiristaBriga com o governo

Não tem medo da poliça.”

“Capitão Moreira CésarChamava-se ‘corta pescoço’

Veio agora nesta guerra deixar no sertão o osso.”

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“ Canudos revive na miséria rural absoluta dos Sem-Terra, mas revive também, sobretudo, na miséria urbana, suburbana e metropolitana das imensas cidades que concentram mais de 70% da população total do país. Nada mais emblemático, a esse propósito, do que a incrível migração do termo ‘favela’ , inicialmente um topônimo que designava o Morro da Favela em canudos, onde se amontoavam labirinticamente as habitações precaríssimas dos sertanejos, e, hoje, convertido num vocábulo de significado genérico para as moradias miseráveis nos maiores aglomerados urbanos.”

(HARDMAN, Francisco Foot. Canudos: palavra de Deus, sonho da terra.)