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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS WALKER WENDELL LARANJA MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL E CIDADANIA: DUAS EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS. CAMPINAS 2008

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

WALKER WENDELL LARANJA

MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL E CIDADANIA: DUAS EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS.

CAMPINAS

2008

WALKER WENDELL LARANJA

MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL E CIDADANIA: DUAS EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS.

Trabalho de conclusão de curso apresentada como exigência para obtenção do título de graduação em Ciências Sociais à disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso II: Sociologia D, na área de Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Orientadora: Profª. Dra. Doraci Alves Lopes

PUC-CAMPINAS

2008

À minha querida esposa, Simone, por compartilhar todos

os momentos, propiciando condições para que eu pudesse realizar esse sonho. Às minhas mães: mãe Aparecida e

sogra, Sandra, por cuidar de minhas filhas enquanto eu produzia este trabalho, à minha família em

geral por toda torcida e cooperação. Às minhas filhas, como troféu por nossas

lutas.

AGRADECIMENTOS

À Profª Dra. Doraci Alves Lopes, por dividir seu conhecimento e me guiar durante toda pesquisa. Pelo incentivo e principalmente por seu profissionalismo! Para mim foi um enorme privilégio ser orientado por ti. Muito obrigado! À Profª Dra. Sônia Regina da Cal Seixas Barbosa, por tornar a Sociologia tão intrigante desde o início, fato que me fez optar em desenvolver essa pesquisa nessa área do conhecimento. À minha amiga Analy de Assis por sua constante cooperação e apoio.

É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.

Aristóteles

Resumo LARANJA, Walker Wendell. Movimentos sociais, educação não-formal e cidadania: duas experiências históricas. 2008, 49 f. Trabalho de conclusão de curso – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Humanas, Campinas, 2008. O objetivo desta pesquisa é analisar diferentes interpretações para o conceito de Educação não-formal – ENF - (GONH, 2001; INEP, 2001; SIMSON, 2001;) e refletirmos sua gênese através dos Movimentos Sociais (TOMAZI, 1993; GONH, 2003) e da cidadania ativa (PAOLI, 2003) em dois períodos históricos distintos. O primeiro refere-se ao período pré-ditadura militar no Brasil (1964), com destaque para os movimentos de Educação Popular (FREIRE, 1979; BRANDÃO, 1982; GÓES, 2001), como é o caso da Campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, deflagrada em Natal (RN) em 1961, e apoiada pela ascensão dos partidos de esquerda (GOES, 2001) da época. Realizamos similar discussão para o período de redemocratização do país, a partir de movimentos sociais que também resultaram em processos de ENF, a exemplo da Escola Família Agrícola (EFA), que utiliza a “Pedagogia da Alternância” (NASCIMENTO, 2003; MUTA, 2003), como forma de resistência no campo, em lutas por direitos sociais em Estados como TO, MG, ES, BA, PA, entre outros. A importância de tal análise se apóia no fato de que, após a redemocratização do país, a sociedade civil se torna muito mais complexa e heterogênea, com a retomada de um número expressivo e diversificado de processos de Educação não-formal (ENF), resultantes dos chamados novos movimentos sociais. Emergem igualmente a partir desta conjuntura, redes de ONGs, Fundações, e entidades filantrópicas que impulsionam outros processos de ENF, ampliando a definição e a discussão deste conceito.O método escolhido foi o da pesquisa bibliográfica (CARVALHO, 1998; GIL, 1996; FERREIRA, 2002), efetuada, sobretudo, a partir do levantamento e seleção de livros e artigos científicos publicados sobre ENF. Como resultado final, apresentamos uma interpretação dos estudos de casos escolhidos, frutos de movimentos sociais significativos que envolvem a ENF, reconhecidos politicamente nos locais onde atuam sob a perspectiva da cidadania ativa. Comparamos ainda o conceito de ENF dos dois períodos históricos definidos salientando suas especificidades.

Palavras Chaves: Movimentos Sociais; Educação não-formal; Cidadania.

LISTA DE FIGURAS

Fotografia 01. Campanha Re-Ação – saúde: respeite-se. Campanha promovida pelo Movimento Enraizados no Rio de Janeiro em 29/11/2008. ...................................................36 Fotografia 02. Campanha Re-Ação – saúde: respeite-se. Campanha promovida pelo Movimento Enraizados no Rio de Janeiro em 29/11/2008. ...................................................36 Fotografia 03. Campanha Re-Ação – saúde: respeite-se. Campanha promovida pelo Movimento Enraizados no Rio de Janeiro em 29/11/2008. ...................................................36

LISTA TABELAS

Tabela 01 Universo educativo tripartido a-). Apresentação do Universo Educacional em três categorias na Conferência Mundial sobre a Crise na Educação. ............................................................................................................................. ....... 10 Tabela 02. Universo educativo tripartido b-). Apresentação do Universo Educacional em três categorias em nova configuração. ..................................................................... 11

SUMÁRIO

Introdução..............................................................................................................10

1. Educação não-formal, movimentos sociais e cidadania: explorando os

conceitos..........................................................................................................11

1.1 Educação formal, educação não-formal e educação

informal.......................................................................................................12

1.2 Apresentando conceitos.............................................................................14

2. O método..........................................................................................................20

3. Movimentos sociais e Educação não-formal, o imbricamento.........................22

3.1 Recapitulação histórica de processos de Educação não-formal...............22

3.2 Movimentos sociais e Educação não-formal no pré 1964..........................25

3.3 Movimentos sociais e Educação não-formal na redemocratização...........31

4. Considerações Finais.......................................................................................40

5. Bibliografia........................................................................................................44

INTRODUÇÃO.

O conceito educação apresenta inúmeras vertentes que propiciou e sempre

proporcionará espaço para exaustivos estudos pela própria necessidade do homem

em constantemente educar-se.

Entendemos a educação como um processo contínuo e permanente na vida

do ser humano.

Maria da Glória Gonh no livro “Educação não-formal e cultura política:

impactos sobre o associativismo no terceiro setor”, afirma que “a educação, numa

perspectiva ampliada que transpõe os muros da escola, é promotora de mecanismos

de inclusão social, promovendo acesso aos direitos de cidadania”. (GONH, 2001,

p.07).

Na história do Brasil verificamos diversas formas de se educar. Na imposição

etnocêntrica européia, e para nós brasileiros, especificamente a portuguesa, na

forma de catequizar; na educação informal pelas tradições portuguesas para os que

de lá vieram, preservando seus valores e sua cultura; de igual modo na preservação

da cultura nativa pelos que aqui habitavam, bem como a de todos aqueles outros que

vieram ou foram trazidos para o Brasil; o educar se faz presente em todos os

homens.

Nessa pesquisa, concentramos nossos esforços em apresentar alguns

movimentos sociais que influenciaram na criação de processos de Educação não-

formal (ENF), no Brasil, nos períodos pré-ditadura de 1964 e na redemocratização do

país, evidenciando como eles contribuíram e contribuem para o exercício da

cidadania ativa (PAOLI, 2003).

A importância dessa análise se apóia no fato de que após a redemocratização,

a sociedade civil se torna mais complexa e heterogênea. O neoliberalismo, a

globalização, ente outros aspectos, contribuem para que novos movimentos sociais

empunhem suas demandas propiciando a criação de novos processos de ENF.

Nesse contexto, surgem outros processos de ENF vinculados a ONGs, a Filantropia,

Fundações, associações, entre outros, carecendo de análises sociológicas para

interpretá-las, das quais essa pretende ser uma contribuição.

1. EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL, MOVIMENTOS SOCIAIS E CIDADANIA,

DISCUTINDO OS CONCEITOS.

Este capítulo tem como objetivo a problematização dos conceitos destacados

no título. Existem várias interpretações teóricas para esses conceitos, discutidas por

vários autores em diferentes momentos históricos. Em nossa análise, utilizaremos os

conceitos mais atuais para Educação não-formal (ENF), quanto aos Movimentos

Sociais, enfatizaremos aqueles que apresentam contribuições na construção de

processos de ENF, ressaltando a luta contra-hegemônica. Para a discussão sobre

Cidadania, entendemos que a conceituação apresentada no artigo “Movimentos

sociais, movimentos republicanos?” (Paoli, 2003) é o que mais contempla nossa

interpretação nesse trabalho, por tratar da cidadania ativa.

Antes de discursarmos sobre os conceitos destacados, vamos fazer uso das

palavras de Paulo Freire citadas por Brandão no posfácio do livro “Educação

Popular:”

Na verdade, se dizer a palavra é transformar o mundo, se dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito dos homens, ninguém pode dizer sozinho a palavra. Dize-la sozinho significa dize-la para outros, uma forma de dizer sem eles e, quase sempre, contra eles. Dizer a palavra significa, por isso mesmo, um encontro de homens. Esse encontro que não pode se realizar no ar, mas tão somente no mundo que deve ser transformado, é o diálogo em que a realidade concreta aparece como mediadora dos homens que dialogam. (BRANDÃO 1984, p.84).

Por perceber o poder da palavra, seja oral ou escrita, pelos diversos meios de

comunicação, acreditamos que a educação é à base das atitudes de todos os

homens, e por ela se constroem as mais diversas sociedades, por esse motivo,

escolhemos nessa pesquisa a reflexão sobre a educação, a fim de que as palavras

aqui impressas com as discussões apresentadas a seguir, seja também veículo

mediador entre os homens que dialogam em busca de uma maior igualdade com os

que talvez estivessem privados de participar efetivamente de tais discussões.

Iniciamos nossa reflexão com uma definição filosófica sobre educação,

utilizando as palavras de Paulo Freire em “Educação e Mudança”:

A educação é uma resposta da finitude da infinitude. A educação é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado. Isto leva-o à sua perfeição. A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém. (FREIRE, 1981, p.27).

1.1 Educação formal, educação não-formal e educação informal.

Segundo Luis Miguel C. Santos Pinto, em sua tese de mestrado “Educação

não-formal um contributo para a compreensão do conceito e das práticas em

Portugal”, na Conferência Mundial sobre a crise da Educação, organizada pela

UNESCO em 1967, P.H. Coombs apresenta o conceito educação não-formal. Não foi

sua primeira utilização, porém a partir dessa Conferência o conceito passou a ser

utilizado na academia em escala crescente.

Na citada Conferência, foi apresentado o universo educacional como segue no

tabela 1, porém não houve consenso em sua utilização.

Tabela 01 Universo educativo tripartido a-)

Educação Formal Educação não-formal Educação informal

(PINTO, 2007)

Nessa representação, a educação formal ficara no lado esquerdo por se tratar

de um processo educativo sistemático, datável, com currículo estabelecido, presença

obrigatória, em instituição oficial, que leva à titulação. Ao lado direito, os processos

educativos assistemáticos, que o indivíduo recebe por toda a vida em todos os

lugares. Ao centro, havia uma lacuna para aqueles processos educativos que não se

adequavam a nenhum dos dois citados. Para tanto, o conceito de educação não-

formal, passa a ser utilizado para preencher essa lacuna ficando ao meio dos dois

processos educacionais anteriores, porque também é sistematizado, mas não tem

caráter oficial, nem eleva a titulação.

Ainda segundo Pinto (2007), em debates atuais é mais consensual a utilização da

próxima tabela:

Tabela 02 O universo tripartido - b)

Educação Formal Educação Informal

Educação não-formal

(PINTO,2007)

Nessa tabela a educação formal e não-formal se encontram do mesmo lado,

determinadas como expressões de educação “organizada e sistematizada”,

enquanto do outro lado da tabela, os processos educativos informais, espontâneos e

não necessariamente organizados.

Há uma discussão teórica também sobre os limites das fronteiras de tais

processos educativos, que não serão explorados nessa pesquisa.

Olga R. M. Von Simson cita Afonso (1989) na introdução do livro “Educação

não-formal: cenários da criação”, organizado por ela, onde Afonso apresenta de

forma muito sucinta educação formal, não-formal e informal:

Por educação formal, entende-se o tipo de educação organizada com uma determinada seqüência e proporcionada pelas escolas enquanto que a designação educação informal abrange todas as possibilidades educativas no decurso da vida do indivíduo, constituindo um processo permanente e não organizado. Por último, a educação não-formal, embora obedeça também uma estrutura e uma organização (distintas, porém das escolas) e possa levar a uma certificação (mesmo que não seja essa a finalidade), diverge ainda da educação formal que respeita à não fixação de tempos e locais e à flexibilidade na adaptação dos conteúdos de aprendizagem a cada grupo concreto. (AFONSO,1989, p.78 apud SIMSON, 2001).

Após essas diferenciações conceituais explícitas, seguiremos com a

problematização dos conceitos chaves.

1.2 Apresentando os conceitos.

No INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira), são apresentas as seguintes significações para educação não-formal:

1. Atividades ou programas organizados fora do sistema regular de ensino, com

objetivos educacionais bem definidos. 2. Qualquer atividade educacional organizada e

estruturada que não corresponda exatamente à definição de ""educação formal"". 3.

Processos de formação que acontecem fora do sistema de ensino (das escolas às

universidades). 5. Tipo de educação ministrada sem se ater a uma seqüência gradual,

não leva a graus nem títulos e se realiza fora do sistema de Educação Formal e em

forma complementar. 6. Programa sistemático e planejado que ocorre durante um

período contínuo e predeterminado de tempo. Notas: 1. A educação não-formal pode

ocorrer dentro de instituições educacionais, ou fora delas, e pode atender a pessoas de

todas as idades. 2. Dependendo dos contextos nacionais, pode compreender programas

educacionais que ofereçam alfabetização de adultos, educação básica para crianças fora

da escola, competências para a vida ¿life ¿ skills¿, competências para o trabalho e

cultura em geral. 3. Os programas de educação não-formal não precisam

necessariamente seguir o sistema de ""escada"", podem ter duração variável, e

podem,ou não, conceder certificados da aprendizagem obtida. (cf. CINE 1997, UNESCO)

4. Por ser mais flexível, não segue necessariamente todas as normas e diretrizes

estabelecidas pelo governo federal. É geralmente oferecida por instituições sociais

governamentais e não-governamentais e resulta em formação para valores, para o

trabalho e para a cidadania. (Fontes em educação. COMPED, 2001).

A educação não-formal tem caráter de transformação social, que possibilita à

seus integrantes participar desse processo de modo a interferirem na história por

meio da reflexão e transformação. (AFONSO, 1989 apud SIMSON, 2001, p.11).

Simson (2001) aponta alguns princípios para a caracterização estrutural da

educação não-formal:

Apresentar caráter voluntário, proporcionar elementos para a socialização e a solidariedade, visar o desenvolvimento social, evitar

formalidades e hierarquias, favorecer a participação coletiva dos membros do grupo de forma descentralizada. (SIMSON, 2001, p.11).

Mesmo que a educação não-formal tenha estrutura e formalidade, ela não

acontece de forma obrigatória, tornando prazerosa a relação com o aprender. Nesse

modelo de educação é respeitada a bagagem cultural de cada um, de educadores e

educandos, de modo a somar o conhecimento individual ao produzido coletivamente.

(Ibidem, 2001, p.10,11).

A mesma autora ainda ressalta a importância da formação dos educadores

que trabalham com esse tipo de processo educativo, pois apesar de não ser

obrigatória, é necessária.

Gonh também apresenta sua contribuição sobre o mesmo conceito:

Ela aborda processos educativos que ocorrem fora das escolas, em processos organizativos da sociedade civil, ao redor de ações coletivas do chamado terceiro setor da sociedade, abrangendo movimentos sociais, organizações não-governamentais e outras entidades sem fins lucrativos que atuam na área social; ou processos educacionais, frutos de articulações de escolas com a comunidade educativa, via conselhos, colegiados etc. (GONH, 2001, p.7).

O conceito educação não-formal abarca uma série de propostas e atividades

educacionais como é apresentado a seguir:

Dessa forma, a educação não formal, no Brasil, constitui-se dialogando com ações de filantropia, assistência social, da educação popular, dos movimentos sociais e movimentos culturais, de atividades recreativas, da arte-educação, da educação para o trabalho, das ações voltadas para a recreação e voltadas para o tempo livre, mais recentemente, já partindo com características próprias, das ações vinculadas ao terceiro setor e voluntariado, da filantropia empresarial e da educação social. Nesse emaranhado de ações, elas se misturam, tanto na prática como em suas identidades, concepções e ideologias. (PARK; FERNANDES; CARNICEL, 2007, p.31).

Silvana Bezerra em sua dissertação de mestrado “Do Assistencial ao

Educacional: Por uma Fundamentação Não-Formal” ainda dá uma contribuição para

reflexão da ENF citando o conceito segundo Carlos Jamil Cury:

...educação não-formal é aquela que se pode definir educativamente em projetos de outras áreas...em confronto com a educação formal ela possui uma elasticidade muito grande, dado seu distanciamento em relação as regras burocráticas da sociedade política. Nessa distinção, a educação não-formal inclui, sem dúvida, os meios de comunicação de massa, os projetos de saúde e higiene públicas, a publicidade oficial ou não, os grupos da sociedade civil que se reúnem com finalidades comuns e especificas. (CURY, 1995, p. 105 apud BEZERRA, 2000, p.09)

Passemos a explorar agora o conceito de movimento social, que ele pode ter

muitas vezes relação estreita com processos de ENF.

Gonh (2003) nos apresenta o conceito de movimento social de forma bastante

objetiva:

Nós os vemos como ações sociais coletivas de caráter sócio-politico e cultural que viabilizam distintas formas da população se organizar e expressar suas demandas. (GONH, 2003 p.13).

Ainda segundo ela, hoje os principais movimentos sociais atuam por redes

sociais que vão de locais a internacionais, utilizando os modernos meios de

comunicação como a Internet (Ibidem, 2003).

Nelson D. Tomazi dedica um capítulo sobre movimento social no livro

“Iniciação à sociologia”, onde afirma que movimento social tem caráter conflitivo e é

coletivo, pois é formado por um grupo de pessoas que querem mudar uma situação,

como no caso do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), que luta pela

reforma agrária e a divisão das terras improdutivas. Também podem existir

movimentos sociais pretendem manter o status quo, evitando mudanças, por

exemplo, a UDR (União Democrática Ruralista), formada por proprietários rurais

lutando contra a reforma agrária. Outras características ainda nos ajudam a definir

um movimento social: para que um grupo de pessoas se una em função de um ou

mais objetivos em comum, é necessário que elas se percebam oprimidas para

realizar tal mobilização (TOMAZI, 1993).

De forma resumida esse autor dá a seguinte definição para movimento social:

Trata-se da ação conjunta de homens, a partir de uma determinada visão de mundo, objetivando a mudança ou a conservação das relações sociais numa dada sociedade. (Ibidem, 1993, p.216).

O terceiro conceito aqui apresentado, cidadania, teve sua origem, segundo

Maria de Lourdes M. Covre, no livro: “O que é cidadania”, na Pólis grega. Esse tipo

de cidade era organizada por homens livres, que participavam diretamente de um

sistema democrático onde eram debatidos, entre outros assuntos, seus direitos e

deveres perante a sociedade. “A cidadania está relacionada ao surgimento da vida

na cidade, à capacidade de os homens exercerem direitos e deveres de cidadão”.

(COVRE, 1999, p.16).

Exercer direito de cidadão vai além do ato de exercitar, segundo essa autora,

as pessoas negligenciam “o fato de que elas próprias podem ser o agente da

existências desses direitos” (Ibidem, p.10).

Portanto para que a cidadania exista é preciso que os sujeitos lutem por seus

direitos na escola, nas ruas, nas fábricas, nas favelas, nas ruas, em casa, levando as

questões à visibilidade política para que propicie a negociação e conseqüentemente

a transformação histórica. (Ibidem, p.73).

GENTLILLI; ALENCAR no livro “Educar na Esperança em Tempos de

Desencanto”, apresentam os três momentos que compõem a construção histórica da

cidadania apresentada por Marshall em 1949 na conferência “Cidadania e classe

social”: o primeiro passo, foi o desenvolvimento da cidadania civil, no século XVIII,

onde foi reconhecido o direito à liberdade de expressão, de pensamento e de

religião, nessa época houve a consagração dos direitos humanos permitindo a

consolidação da cidadania civil. No século XIX, veio o reconhecimento dos direitos

políticos, e conseqüentemente, a cidadania política, e por fim no século XX, foi

construída a cidadania social, marcado pelo desenvolvimento dos direitos sociais e

econômicos, como a educação, saúde, bem-estar, trabalho, entre outros.

Após apresentar esses momentos históricos, esses autores fazem a seguinte

definição quanto ao ato de educar para cidadania:

Sendo assim, educar para o exercício da cidadania significaria transmitir a todos os direitos que formalmente lhes são reconhecidos.

A educação, a partir desse enfoque, deveria ser vista como um mecanismo de difusão, de socialização e de reconhecimento dos direitos (civis, políticos e sociais) que definem o campo da cidadania. (GENTILLI; ALENCAR, 2000, p.71).

E ainda conceitua sobre a cidadania como segue:

A cidadania é, desta forma, o exercício de uma prática inegavelmente política, e fundamentada em valores como a liberdade, a igualdade, a autonomia, o respeito à diferença e às identidades, a solidariedade, a tolerância e a desobediência a poderes totalitários. (Ibidem, p.73).

No artigo publicado na internet do 1º Congresso Internacional de Pedagogia

Social, “A função da educação social e a intervenção sócio comunitária a partir da

formação do professor”, Inês O.B. de Araújo afirma:

Em nosso país, a construção da cidadania ocorre de forma inversa àquela que se dá nos países de chamado Primeiro Mundo, porque as leis são insuficientes e inoperantes. A cidadania surge então como resultado de um processo histórico de lutas no qual as leis são apenas uns de seus momentos. A mudança gradual e lenta da cultura política é fator e resultado do exercício da cidadania, sob a construção dos processos democráticos em curso, segundo os princípios de eqüidade e justiça. (ARAÚJO, 2006).

Notamos que o conceito de cidadania é amplo. Para essa pesquisa vamos

explorar a conceitualização de cidadania ativa, apresentada por Maria Célia Paoli no

artigo “Movimentos sociais, movimentos republicanos?”

Segundo essa autora, a experiência da cidadania brasileira se dá em três

momentos históricos.

O primeiro momento, no republicanismo liberal, marcado exatamente pela

negação aos direitos cidadãos, em um momento em que as classes dominantes

queriam manter uma hierarquia privatista de privilégios de representação de interesse de fachada em seu próprio currículo e, simultaneamente, empreender um projeto de modernidade urbana, social e cosmopolita.(PAOLI, 2003, p. 176).

Aquele período foi marcado pelo descaso governamental frente a classe de

operários que crescia e não haviam leis que respaldassem os direitos desses

trabalhadores, enquanto os patrões na maioria das vezes se quer estabeleciam um

contrato de trabalho, e mesmo quando tinham, não cumpriam. Havia uma repressão

violenta contra as ações promovidas pelo movimento dos operários principalmente

ao anarcossindicalismo.

O segundo período, na era Vargas, conhecida por “populismo”, foi marcado

pela liberdade vigiada por parte do Estado frente aos movimentos sociais. O governo

se põe como mediador dos interesses populares na tentativa de colocar no

esquecimento os 30 anos anteriores de lutas sociais, limitando os movimentos

sociais em suas ações pela imposição da força. Por ser assim, os direitos sociais

ficaram submetidos aos interesses do Estado.

Já no terceiro período, do final da década de 1970 até meados de 1990, a

autora destaca o desmantelamento do Estado ditatorial. Os novos movimentos

sociais emergem nesse contexto com novas demandas por direitos, cidadania e

justiça.

Tais movimentos abriram um caminho inédito de ação e pensamento para a sociedade brasileira, ao colocar as esferas mudas e invisíveis da subjetividade popular na luta por outra noção de cidadania e direitos, na construção de um novo conceito de equidade social, a ser conseguido pela sua transformação em assunto público da sociedade. (Ibidem, p. 180).

Assim nascia a cidadania ativa, novos atores sociais lutam por suas

demandas, emergem da sociedade civil a todo instante livres da opressão do Estado

em busca de seus direitos.

Movimentos sociais como o feminista, de negros, sindicalistas, entre outros

que desde muito já lutavam por dignidade, somaram-se a novos movimentos como

os ambientalistas e inscrevem na Constituição de 1988 seus direitos de cidadão.

Nessa breve problematização dos conceitos já é percebido um caminho

histórico dos movimentos sociais até enfim alcançar a cidadania ativa e a partir daí,

iniciarem novas lutas.

2. O MÉTODO.

Para desenvolvermos a presente pesquisa, utilizamos como metodologia a

pesquisa bibliográfica.

Antonio Carlos Gil, no livro “Como elaborar Projetos de Pesquisas” apresenta

que uma das vantagens da pesquisa bibliográfica é poder reunir materiais de

diferentes tempos e espaços que compõe o problema em questão. Ainda segundo

ele, “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos”. (GIL, 1996, p. 48).

Uma das definições de pesquisa bibliográfica, “é a atividade de localização e

consulta de fontes diversas de informação escrita, para coletar dados gerais ou

específicos a respeito de um determinado tema”. (CARVALHO, 1998, p. 110).

Seguindo esta orientação, a partir de livros e artigos, separamos materiais

relacionados com ENF construindo um histórico do uso deste conceito, uma vez que

em diferentes momentos, houve interpretações distintas para o mesmo.

Pesquisamos os movimentos sociais e processos de educação não-formal em

dois momentos distintos na historia do Brasil: no pré-ditadura militar de 1964 e no

período de redemocratização, a partir da década de 1980.

Na composição de nossa base de sustentação bibliográfica, partimos de

leituras exploratórias em busca da literatura relacionada ao tema. Posteriormente,

para leituras seletivas e, finalmente, analíticas do material para orientar nossas

reflexões. (GIL, 1996).

Deste modo, criamos um Catálogo Sistemático (Carvalho, 1988), que são

fichas de leitura para cada livro ou artigo que possam ser utilizados posteriormente

para análise do trabalho. Nos fichamentos destacamos o tipo de processo de ENF, o

momento histórico e sua relação com a cidadania.

Após os fichamentos, separamos os materiais nos dois períodos já

anunciados e iniciamos o processo de construção de suas relações, para finalmente,

podermos comparar os dois períodos e chegarmos às considerações finais sobre as

mudanças ocorridas nos processos de ENF, sob a perspectiva dos movimentos

sociais e da cidadania.

Ainda dentro da pesquisa bibliográfica utilizamos o “Estado da Arte” ou

“Estado do Conhecimento” que é a busca em um único artigo dos resumos das

principais produções acadêmicas de um mesmo tema, sejam dissertações ou teses.

(FERREIRA, 2002).

Assim sendo, utilizando o “Estado da Arte”, analisamos o artigo de Edival

Sebastião Teixeira, Maria de Lourdes Bernatt e Glademir Alves Trindade, “Estudos

sobre Pedagogia da Alternância no Brasil: revisão de literatura e perspectivas de

pesquisa”, que apresenta resumos de 7 teses e 39 dissertações sobre o tema

pedagogia da alternância que facilitou em muito nossas buscas.

Como fontes principais de pesquisa utilizamos as bibliotecas das Faculdades

de Educação e do CCH da PUC-Campinas, além das Faculdades de Educação e

IFCH da Unicamp, além de sites de caráter acadêmico que disponibilizam artigos

atuais sobre o tema tais como o www.sciello.com.br e www.unicamp.com.br, entre

outros.

3. MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL (ENF), O

IMBRICAMENTO.

Nesse capítulo apresentamos alguns processos de ENF nos dois períodos

históricos propostos nessa pesquisa.

Como já foi explicitado, os movimentos sociais emergem decorrentes de

demandas específicas de determinados grupos sociais. Os que são apresentados a

seguir têm como similaridade a luta por Educação.

3.1 Recapitulação histórica de processos de educação não-formal.

Apresentamos a seguir um breve histórico de processos de ENF na América

Latina e no Brasil, salientando que nosso objetivo não é fazer uma discussão ampla

sobre a história de tais processos, antes sim, podermos contextualizar os recortes

históricos apresentados nesse trabalho.

Carlos Rodrigues Brandão (1995), no livro “Em campo aberto: escritos sobre

educação e cultura popular”, destaca três paradigmas da educação na história da

América Latina.

O primeiro atravessou todo o período da colonização européia, com a

catequização dos nativos, negros escravos e também, em segunda instância, da

pequena elite, caracterizando a gênese de nossa educação, aplicada pela Igreja

Católica, não só no Brasil como no restante da América Latina. (BRANDÃO, 1995,

p.12).

No segundo, destaca que a educação popular nasce com o processo de

independência de alguns países da América e ainda como reflexo da democracia

liberal na Europa, fato que impulsiona a sociedade, no período republicano, a

requerer seus direitos de cidadão e entre eles a oferta de educação a todas as

pessoas. Nesse período, houve várias campanhas e projetos de democratização da

educação. (Ibidem, p.13).

O terceiro paradigma nasce após o fim da 2ª Guerra Mundial, quando em

1943 é convocada a “primeira reunião interamericana de ministros da Educação”

com o objetivo de lançar ações que viessem a alfabetizar adultos analfabetos e semi-

analfabetos, fato que traria entre outros, a orientação da conduta moral e social bem

como capacitaria no âmbito profissional e técnico. Nesse período houve o

ressurgimento da alfabetização funcional, bem como a de adultos. (Ibidem, p.15).

Podemos dizer que nesse período a educação foi popularizada, mesmo que

não tivesse a priori o intuito de tornar a população mais cidadã e consciente

politicamente.

Somente a partir da década de 1950 foram revistas as estratégias

educacionais que trouxeram duas conseqüências: primeira, a educação de adultos

deixaria de ser projeto pedagógico de emergência para ser considerado como projeto

de trabalho comunitário; segunda, os projetos de “ação comunitária” passaram fazer

parte dos investimentos regionais e nacionais de estratégias e políticas de

investimento.

O marco para esse período foi a Conferência organizada pela UNESCO em

Santiago em 1962, sobre Educação e Desenvolvimento Econômico e Social que

desencadeou “um processo de expansão dos sistemas educativos que não tem

parâmetros na historia da humanidade” (Ibidem, p.16).

Nesse período, pré-ditadura militar no Brasil de 1964, emergem vários

movimentos sociais precursores de processos de ENF.

Apresentamos a seguir uma retrospectiva histórica para o conceito de ENF no

Brasil apoiado no artigo de Norinês P. Bahia: “Educação não-formal: evolução do

conceito” onde a autora apresenta uma síntese do uso do conceito nos diferentes

momentos históricos de forma bem resumida que nos irá ajudar compreender os

diferentes significados:

Em 1930, posteriormente a 1ª Guerra Mundial, o conceito foi usado para

designar a mobilização popular em favor da educação de adultos, após a

Revolução de 1930, surgem movimentos com essa significação;

Em 1945, o Estado amplia as redes de Ensino Supletivo para abarcar a

demanda elevada de analfabetos que era de 55% de adultos maiores de 18

anos;

1947, após 2ª Guerra Mundial, surge a campanha para a educação de

adolescentes e adultos, com intuito de preparar mão-de-obra alfabetizada no

campo e na cidade;

Em 1952, nasce a Campanha Nacional de educação Rural (CNER), para

despertar o “espírito comunitário” e minimizar as diferenças entre a cidade e o

campo;

Em 1960, surge o Movimento de Cultura Popular, para combater o

analfabetismo e promover a elevação do nível cultural;

De 1962-1964, é implantado o Plano Nacional de Alfabetização, idealizado por

Paulo Freire, visando principalmente à conscientização política da classe

popular;

Em 1967, surge o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), em

resposta ao método de Paulo Freire, pois nessa época por se tratar de um

regime Militar Ditatorial, foi “entendido” pelo Estado que esse último colocava

em risco a formação cristã e democrática do povo;

Finalmente nos anos de 1960 a 1970, ainda sob o militarismo começam a

ebolir os movimentos de alfabetização. (BAHIA, 2006).

Carla M. Araújo apresenta um breve histórico sobre educação não-formal no

Brasil a partir da década de 1980, quando o país passava pela redemocratização. No

livro “Pôr do sol, o fim de um projeto de educação não-formal”, ela afirma que os

primeiros espaços de educação não-formal surgiram na década de 1980, para

atender a crescente população de crianças e adolescentes suprindo as necessidades

das mães que por diferentes motivos ingressaram no mercado de trabalho. Nessa

mesma década começaram os questionamentos sobre o caráter assistencialista

destes tipos de projetos buscando respostas mais amplas às necessidades daquelas

populações. (ARAÚJO, 2002, p.108).

Ainda segundo essa autora, na década de 1990, uma mudança paradigmática

desviou o foco desses projetos em sua compreensão, afirmando que população

assistida nesses projetos apresentava carência financeira, mas não cultural, pois

traziam consigo seus saberes e idéias que representavam sua visão de mundo.

A pedagoga Margareth Park, pesquisadora do Centro de memória da

Unicamp, faz a seguinte afirmação:

A intenção dos projetos era inicialmente de suprir as faltas, era como se essas pessoas não tivessem nada e as entidades chegassem para oferecer tudo. Hoje trabalhamos primordialmente com as diversidades culturais e a soma de culturas e conhecimento, diferente daquela idéia de que „eu vou lá e me ofereço. (Ibidem, p. 109).

A seguir apresentamos alguns exemplos de movimentos sociais que de

formas distintas resultaram em processos de ENF, em sua pluralidade.

3.2 Movimentos sociais e educação não-formal no pré 1964.

No intuito de compreendermos, de forma mais ampla, os movimentos sociais

desse período, utilizamos a historiografia apresentada por Moacyr Góes no artigo

“Educação popular, Campanha de Pé no Chão também se aprende a Ler, Paulo

Freire & Movimentos Sociais Contemporâneos”.

Contexto externo: Revolução cubana e convocação do Concílio Vaticano II da

igreja católica (1959) que teve seus desdobramentos entre 1962 e 1965, a guerra fria

e a Aliança para o Progresso dos EUA com a América Latina a fim de conter a

Revolução cubana.

Contexto interno: grupo industrial torna-se hegemônico no poder na

década de 1960;

Surgem as ligas camponesas de Francisco Julião (1958);

O desenvolvimento capitalista acena para aceleração histórica de 50

anos em 5;

O nacionalismo denuncia a remessa de lucros para o exterior das

empresas estrangeiras;

O latifúndio questionado no campo;

O crescimento político sindical urbano e o movimento estudantil com a

Central Única dos Trabalhadores (CGT);

O Pacto de Unidade e Ação (PUA) e a União Nacional dos Estudantes

(UNE) que serviu como tribuna para defesa da escola pública;

A criação da Superintendência do Nordeste (SUDENE) abrindo

esperanças na região;

A frente de Recife (1958) que aliava comunistas, socialistas, católicos

de esquerda e liberais nas candidaturas de Arraes e Djalma Maranhão

para as prefeituras de Recife e Natal respectivamente.

Na questão educacional: em 1958 no II Congresso Nacional de educação de Adultos,

começa a ser encaminhado como seria o projeto de Educação Popular e no

Seminário Regional de Pernambuco, Paulo Freire é relator do tema: “A educação dos

adultos e as populações marginais: o problema dos mocambos”.

No referido congresso os pernambucanos propõem uma escola com o homem

e não para o homem, substituindo a aula expositiva pela discussão. “Esses são

alguns pórticos teóricos por onde passarão os movimentos populares dos anos 60 e

que construirão a Educação Popular”. (GÓES, 2001, p.417).

Conforme é apresentado por Gonh (1995) no livro “História dos Movimentos e

Lutas Sociais: A construção da cidadania dos brasileiros”, desde a década de 1930

até culminar no golpe de estado em 1964, existiram vários movimentos sociais.

Vamos aqui relacionar alguns, a partir da década de 1950, para darmos uma

ínfima idéia da representatividade de tais movimentos para na consolidação da

cidadania ativa.

1947-61 - Movimento por Reformas de Base na Educação: uma das

mais longas lutas pela educação no Brasil que reunia de um lado

intelectuais como Anísio Teixeira e Florestan Fernandes defendendo o

ensino gratuito e de outro lado, os defensores da escola particular sob a

alegação de liberdade de escolha. Culmina em uma lei geral e

abrangente para todo o sistema de ensino do país, com concessões

dos dois grupos;

1950 - Revolta de Porecatu, Paraná: movimento rural na luta pela

posse da terra envolvendo posseiros e grileiros. Um acordo político

atendeu as reivindicações dos posseiros;

1951-53 – Passeatas da Panela Vazia: cerca de 500 mil pessoas

participaram das passeatas em São Paulo e Rio de Janeiro que

culminou na greve de 300 mil trabalhadores em São Paulo, resultando

na afirmação do direito a greve.

1954-64 – Movimentos Sindicais Paralelos: abrigara a atuação das

siglas do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e da CGT (Central Geral

dos Trabalhadores), fugindo do controle político do Ministério do

Trabalho;

1954-64 – Movimentos de Associações de Trabalhadores: luta por infra-

estrutura para os novos bairros que surgiam a todo instante, sendo

verdadeiras escolas políticas para seus integrantes;

1955 – Conflitos Agrários de Goiás: com o auxílio do Partido

Comunista, então ilegal, posseiros formaram uma associação que

conseguiu um acordo com o Estado para reconhecer seu direito de

propriedade de uma área de 10 mil km². Resistiram até 1964;

1955 – Movimento de Arrendatários de Santa Fé do Sul, SP: lutavam

contra ameaça de expulsão que durou mais de uma década;

1956 – Quebra-Quebra de bondes, RJ: protesto contra o aumento das

tarifas. Estudantes sentaram-se nos trilhos impedindo a circulação dos

bondes, a sede da Une foi ocupada durante a repressão;

1961 – Movimento de Educação de Base (MEB): Movimento voltado

para a educação popular de adultos. Foi desenvolvido em escolas

usando o rádio, o método de Paulo Freire tornou-se conhecido em

várias regiões do mundo;

1957-61 – Movimentos Estudantis: vários níveis e graus. A UNE se

tornou palco de intensas disputas políticas entre as alas de esquerda e

as alas ligadas à democracia cristã;

1960-61 – Movimentos pela Casa Própria, em várias capitais do país: e

êxodo rural desencadeou num grande déficit habitacional que estimulou

lutas em vários centros urbanos pelo direito a habitação digna;

1960-64 – Movimentos de Cultura Popular: Tiveram papel importante

como dinamizadores da área cultural com grande influencia em outros

movimentos sociais;

1961-64 – Movimentos Grevistas, em todo país: período que

apresentou um dos maiores níveis de greves na história do país.

(GONH, 1995, pp. 94-100).

Poderíamos acrescentar a essa lista mais uma quantidade expressiva de

movimentos sociais que foram significativos para a história do país, porém vamos

focar nosso objeto de estudo explorando os movimentos sociais resultantes em

processos de ENF, utilizando como exemplo, a frente de Recife.

Góes (2001) destaca quatro Movimentos de Educação Popular (MEP) no qual

ele considera como fundacionais:

1. O Movimento de Cultura Popular (MCP), criado em maio de 1960, sob o

patrocínio da prefeitura de Recife, com a sociedade civil autônoma;

2. A Campanha de Pé no Chão também se Aprende a Ler, criada pela prefeitura

de Natal em 1961;

3. O Movimento de Educação de Base, lançado pela Conferência Nacional dos

Bispos (CNBB) em convênio com o governo federal, em Março de 1961;

4. O Centro Popular de Cultura (CPC), fundado pela UNE em abril de 1961.

Todos esses MEPs têm como objetivo incluir a sociedade “num processo

educacional, social, político, econômico e cultural” (GÓES, 2001, p.417).

Esse autor destacou as especificidades de cada Movimento:

O MCP foi bastante diversificado, trabalhando com a pesquisa educacional, a

elaboração do método Paulo Freire, a alfabetização, o ensino fundamental, as praças

de cultura, a edição de textos e o teatro.

A Campanha De Pé no Chão, buscou erradicar o analfabetismo em Natal

estimulando atos culturais e folclóricos; assume a preparação do magistério

municipal com o seu Centro de Formação de Professores. Transpôs a idéia de

escola enquanto prédios escolares, ministrou aulas em acampamentos cobertos de

palhas de coqueiros sobre chão de barro batido multiplicando as oportunidades de

alfabetização, ainda promoveu praças de culturas e bibliotecas populares.

O MEB priorizou as classes camponesas através de redes de escolas

radiofônicas e participação na sindicalização rural promovida pelo clero e leigos

católicos.

O CPC cuidou da politização das questões sociais através, principalmente, do

teatro de caixotinho, da edição de livros, discos e filmes, tendo a alfabetização como

política secundária até a implantação do Plano Nacional de Alfabetização (PNA) com

a aplicação do método Paulo Freire (1963).

Em Setembro de 1963, no I Encontro Nacional de Alfabetização e Cultura

Popular, foram reunidas 44 organizações que estavam espalhadas pelo Brasil

desenvolvendo programas de alfabetização e cultura popular. ( Ibidem, p. 418).

Permitam-me nesse momento abrir umas “aspas” e relatar o quanto me

emociono ao entrar em contato com esses fatos, em perceber como a luta do povo

influencia nos passos históricos do país, somos, enquanto colaboradores no

exercício da cidadania ativa, “filhos da luta”.

Nessa pesquisa exploramos a “Campanha de Pé no Chão Também se

Aprende a Ler” por entendermos sua importância na efetivação da cidadania.

“Em 1960, em Natal, o discurso político nasceu de baixo para cima, a partir de

classes subalternas” (GÓES, 1980, p. 33). Djalma Maranhão, que teve sua

orientação política oriunda de uma militância de 16 anos no PC do B e posterior

filiação ao “cafeísmo”, então candidato à prefeitura de Natal, construiu seu plano de

governo junto a representantes populares (Ibidem, p. 16). Como funcionou?

Havia Comitês, Comitê Nacionalista era o nome (agrupamento de homens e

mulheres em número variável, desburocratizado que se reuniam em alguma casa

para suas reuniões), principalmente em bairros periféricos que discutiam sobre

problemas da população brasileira (o latifúndio, o imperialismo, a dependência

econômica, a SUDENE, o colonialismo cultural). A equipe política de Djalma

Maranhão freqüentava esses comitês e de lá recebiam as mais diversas

reivindicações populares que relatavam problemas como a falta de água, escolas,

hospitais, empregos, transporte e garantia de direitos, entre outros. Durante toda a

campanha eleitoral aconteceram esses encontros

Quando, no final da campanha, os 240 comitês se reúnem, setorialmente, em Convenções de Bairros, discutem e aprovam o programa político-administrativo do futuro prefeito (Ibidem, p. 33).

O resultado de tal estratégia culminou na vitória de Djalma Maranhão como

resposta aos anseios populares. Assim logo no início de seu governo, Djalma

Maranhão definiu como prioridade a Educação e a Cultura.

Como não seria diferente, faltavam verbas para colocar os planos políticos em

prática. Foi então que, de volta as rocas, em um Comitê Nacionalista, quando a

equipe política expunha suas dificuldades para construir escolas alguém disse:

“Faça uma escola de palha!” (Ibidem, p. 35).

E assim daquela discussão nasceu o que seria nomeado posteriormente de

“Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, pois as “escolas” foram

construídas em galpões cobertos de palha, abertos para aproveitar a claridade solar,

com “chão batido”, em terrenos da prefeitura. (Ibidem, p.36).

Para não delongarmos nossa descrição, mesmo que seja enriquecedora,

relacionamos a seguir algumas das atividades desenvolvidas pelo De Pé no Chão:

1)o ensino fundamental até a quarta série, nos Acampamentos; 2)as Praças de Cultura (proposta bebida do MCP); 3)as bibliotecas populares; 4)os círculos de leitura nos Acampamentos; 5)os círculos de Cultura Paulo Freire; 6)os programas radiofônicos diários; 7) o

teatro; 8)coral; 9)os jograis; 10) as edições de cartilhas para cartilhas adultos e literatura de cordel; 11) a mobilização dos grupos de representação de autos populares, cantos e danças folclóricas. (GÓES, 2001, p. 421).

Ainda outros projetos da Prefeitura de Natal já estavam definidos, mas não

foram implementados por conta do Golpe de Estado de 1964. São eles: quatro

Casas de Parto para prestação assistencial materno-infantil, a Cooperativa da

Campanha de Pé no Chão Também se Aprende uma Profissão que se propunha a

vender a produção de alunos e viabilizar uma modalidade de ensino auto-

sustentável; a fundação de Frente de Educação Popular do Rio Grande do Norte

com 40 prefeitos que tinham assinado convênios com a prefeitura de Natal, em

Março de 1964. (Ibidem, p.421).

Todos os avanços conquistados em Natal nesse período tiveram participação

ativa da população através de suas representações. Os movimentos sociais através

de suas lutas, expressaram suas demandas e a Campanha de Pé no Chão Também

se Aprende a Ler é um exemplo histórico de conquista por direitos promovendo a

cidadania.

3.3 Movimentos sociais e Educação não-formal na redemocratização.

Iniciamos nossa discussão sobre os novos movimentos sociais que emergiram

no final da década de 1970 até meados de 1990 com a citação de Paoli (2003):

Tais movimentos abriram um caminho inédito de ação e pensamento para a sociedade brasileira, ao colocar as esferas mudas e invisíveis da subjetividade popular na luta por outra noção de cidadania e direitos, na construção de um novo conceito de equidade social, a ser conseguido pela sua transformação em assunto público da sociedade. (PAOLI, 2003, p. 180).

Ainda segunda a autora, nesse período, os novos movimentos sociais

apropriam em suas lutas conceitos como: identidade, cidadania, justiça, direito de

igualdade/diferença e acesso participativo, que resignificaram os antigos movimentos

sociais, tais como os das mulheres, dos negros, do sindicalismo, do movimento

operário, entre outros. (Ibidem, p.181-184).

Esses novos movimentos vão atuar em uma sociedade

Que vem se modificando muito rapidamente, tornando-se cada vez mais complexa, heterogênea, diferenciada, com novas clivagens surgindo e cruzando transversalmente a estrutura de classe, desfazendo identidades tradicionais e criando outras tantas, gerando uma pluralidade de interesses e demandas nem sempre convergentes, quando não conflitantes e excludentes. (TELLES, 2003, p. 94).

É nesse cenário que vão atuar os novos movimentos sociais, e por ser assim,

que eles se diferenciam em abordagens e aspectos, não perdendo de vista a luta por

suas demandas, que é a principal característica de tais movimentos.

O período de 1975 a 1982 foi um dos mais significativos na história do país no

que diz respeito às lutas, movimentos e projetos. Época em que o militarismo

perdera sua legitimidade junto a sociedade desde a crise do petróleo de 1973. As

eleições de 1974 com a vitória do MDB foram um reflexo da vontade popular. A

oposição unida propiciou novas frentes de lutas e havia uma crença popular de que

suas lutas poderiam mudar os rumos da história do país. As populações das

periferias deixaram de estar na penumbra para se tornarem atores históricos para a

transformação social. (GONH, 1995).

A seguir listamos alguns movimentos sociais significativos na construção da

redemocratização do Brasil:

1975 – Movimentos pela redemocratização do país: reestruturação dos

grupos desarticulados pelo golpe militar de 1964. MBD e algumas alas do

clero católicos foram fundamentais para incentivar grupos a lutarem por

mudanças;

1975 - Criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT): o movimento foi

fundamental para articulação e desenvolvimento de inúmeros movimentos

sociais no campo desde o final da década de 70 e ao longo dos anos 80;

1975 – Lançamento de vários Movimentos Feministas: unidos a sindicatos

e a líderes feministas que já haviam militado no exterior;

1976 – Movimento sindical: desde 1974 na região do ABC paulista, eles

retomaram suas lutas, não mais pelegos, agora com força própria,

utilizando dados como o do DIEESE (Departamento Intersindical de

Estudos e Estatísticas Sociais e Econômicas). Aparecem personagens que

figurariam nas próximas décadas da historia do país, como é o caso do

atual presidente, Luis Inácio Lula da Silva;

1977 – Movimento estudantil: O ME ressurgiu no bojo das lutas pela

redemocratização do país, a PUC-SP foi palco de repressão a estudantes;

1978 – Grandes Greves: de diversas categorias socioeconômicas

assolaram o país a partir dessa data;

1979 – Criação do Movimento dos Sem-Terras: o movimento tem sua

gênese em Santa Catarina, tomando conotação nacional na década de 80

tornando-se forte representação política até hoje;

1980 – Protesto Indígena: na visita do Papa João Paulo II ao Brasil o índio

guarani Marçal de Souza leu um manifesto de protestos ao Papa;

1980 – Movimento Assembléia do Povo: em Campinas – SP, esse

movimento articulado com a Igreja Católica, foi um dos primeiros a

desenvolver negociações com o poder público executivo e legislativo;

1984 – Movimento Diretas-Já: Milhares de pessoas se mobilizaram e

compareceram às passeatas e aos comícios organizados por comissões

suprapartidárias que objetivaram restabelecer a democracia através de

eleições diretas para Presidência da República;

1985/88 – Movimento pela constituinte: mobilizou movimentos populares,

porém com maior expressão das elites, como a origem da União

Democrática Ruralista (UDR), por exemplo. A da promulgação da

Constituição demarcou várias conquistas sociais que se tornaram

bandeiras de movimentos sociais.

A partir de 1990 surgiram novas formas de organizações populares, mais

institucionalizadas, fóruns nacionais de luta pela moradia, reforma urbana,

participação popular. Experiências como o Orçamento Participativo (OP), a criação

de uma Central dos Movimentos Populares, luta por categorias profissionais no

trabalho informal, como os chamados transportes alternativos, novas frentes no

movimento feminino, movimento dos homossexuais, movimento afro-brasileiro que

iniciou um processo de construção de identidade, são alguns dos exemplos. (GONH,

2003).

Evelina Dagnino dedicou o capítulo “Uma nova noção de cidadania” do livro

“Anos 90 Política e Sociedade no Brasil”, problematizando sobre a nova cidadania da

década de 1990, contribuindo para aumentarmos nossa reflexão sobre a cidadania

ativa.

Segundo ela existe uma diferença conceitual entre a cidadania do inicio no

liberalismo no Brasil, para nova cidadania exercida após a redemocratização do país,

enumerando algumas diferenças:

1. A mudança na concepção de direitos, compreendendo o direito a terem

direitos. Inovando os direitos às lutas específicas e práticas concretas.

Direito à autonomia do corpo, a proteção ambiental, a moradia, a igualdade

entre as pessoas e também a diferença;

2. A nova cidadania requer sujeitos sociais ativos, definindo seus direitos e

lutando pelo seu reconhecimento em oposição a via prussiana;

3. Uma nova proposta de sociabilidade, atingindo um desenho mais

igualitário nas relações sociais em todos os níveis. Maior simultaneidade

da conquista de direitos civis, políticos e sociais;

4. Transcede a relação recíproca indivíduo / Estado e inclui uma forte relação

com a sociedade civil, que se constitui de sujeitos ativos que não se

aquietam por ter apenas o reconhecimento de seus direitos, mas pela

efetivação e constante recriação dos mesmos;

5. A nova cidadania suprime a idéia de ter simplesmente acesso e inclusão

no sistema político, para a participação ativa na gestão de políticas

públicas como é o caso das experiências de Conselhos Populares e

Orçamento Participativo, a exemplo da bem-sucedida gestão de Olívio

Dutra e Tarso Genro em Porto Alegre, onde os Conselhos Regionais e as

Plenárias Populares decidiam as prioridades de investimentos da

Prefeitura;

6. Este último item se refere a complementação dos demais, pois a nova

cidadania se apresenta como referencia para interpretação de questões

emergentes que vão da igualdade à diferença, da saúde aos meios de

comunicação em massa, do racismo ao aborto, do cuidar do ambiente à

moradia. (DAGININO, 1994).

É nesse contexto histórico que surgem novos processos de ENF, agora não

mais exclusivamente de movimentos sociais, mas de vários setores dessa sociedade

complexa, com projetos políticos diferenciados que não podem ser interpretados

somente à luz das lutas sociais que resultaram na cidadania ativa ou da nova

cidadania.

Refiro-me aqui à filantropia empresarial, que usam ações sociais, como os

projetos de ENF, para promover marketing de seus produtos ou serviços.

Mas tantos outros projetos de ENF sugiram, como é o caso da Fundação Gol

de Letra, reconhecida em 2001 pela UNESCO como modelo mundial no apoio às

crianças em situação de vulnerabilidade social (FUNDAÇÃO GOL DE LETRA, 2007,

p. 02).

Acrescentamos ainda o exemplo apresentado no GT 06- Educação e

Sociedade pelos sociólogos Denise H. P. Laranjeira, Sylvain Bourdon e Ana F.

Teixeira cujo artigo é intitulado de: “Jovens no subúrbio de Salvador: educação não-

formal e inserção sócio-profissional”.

Nesse artigo os autores apresentam a pesquisa realizada na Associação de

Moradores fundada em 1977 em um bairro periférico constituído como Vila Operária

na segunda metade do século XIX, que é estigmatizado pela pobreza, pela

precariedade do emprego seja por falta ou pelo seu caráter informal. Acrescenta-se a

essa realidade toda a situação caótica dos grandes centros em relação aos pobres

que vivem em tais condições.

Entre as desilusões vividas e expressadas em depoimentos no referido artigo,

as críticas dos jovens à educação formal, relatando que ela se mostra ineficiente em

atender suas expectativas em relação a inserção na sociedade adulta e no mercado

de trabalho, evidencia a importância dos projetos de ENF desenvolvidos na

Associação de Moradores onde os entrevistados que freqüentaram tais oficinas,

referiram que a ENF ocupava espaço singular na trajetória de suas vidas.

(LARANJEIRA; BOURDON; TEIXEIRA, 2006).

Outro exemplo aqui explorado foi apresentado no Congresso Internacional de

Pedagogia Social, em 2006, no artigo: “O circo social e a possibilidade de construção

de uma nova prática educativa para classes populares: um relato de uma experiência

das percepções e vivências de educadores socias”, de Ana Paula Hassan.

Hassan apresenta a prática realizada no projeto Dando Bola Pra Vida que se

estrutura em cinco eixos: crianças e adolescentes, famílias e comunidade, redes e

políticas públicas, formação continuada para educadores sociais e pesquisa-ação.

Utilizando a metodologia do circo social o projeto trabalha com as crianças na

reflexão das atividades lá desenvolvidas com os desafios da vida cotidiana. Assim

quando os educandos superam os desafios de dar saltos, piruetas, e cambalhotas,

não superam somente a lei da gravidade, mas de maneira análoga, que possam

também superar os desafios da vida.

Essa prática reflexiva se torna importante estratégia pedagógica onde no

desenvolvimento de práticas de teatro e circense, as diferentes culturas e lógicas se

encontram e a partir daí as crianças e adolescentes se fazem críticos e criativos,

firmam sua diferença de pensar, de dizer, de ler e escrever o mundo participando

como sujeitos ativos de sua transformação. (HASSAN, 2006).

Poderíamos explorar mais uma grande quantidade de exemplos de processos

de ENF que emergiram no processo de redemocratização, porém daremos

visibilidade àqueles oriundos de Movimentos Sociais como foi proposto

anteriormente.

Para isso exploramos o caso apresentado por Viviane Melo de Mendonça

Magro no artigo “Adolescentes como autores de si próprios: Cotidiano Educação e

Hip Hop”. Segundo a autora o movimento está em crescimento progressivo nas

periferias, sendo desenvolvidos principalmente por jovens negros, transformando

para muitos, o lazer em forma de luta e resistência.

O Hip Hop é um movimento de cultura juvenil que surgiu nos Estados Unidos

na década de 1960, que uniu práticas culturais dos jovens negros e latino-

americanos nos guetos e ruas dos grandes centros urbanos.

Esse movimento se apropriou do Rap (Rhythm and poetry), que traduzindo da

língua inglesa é: ritmo e poesia. Um ritmo musical de canto falado, da África

ocidental, adaptado à musica jamaicana na década de 1950 e influenciado pela

cultura negra nos guetos estadunidenses no período pós-guerra. As letras são de

denúncia da exclusão cultural e social, da violência institucional e discriminação

racial.

O processo educativo não-formal que acontece no Hip Hop se manifesta na

criação de novos espaços de atuação de jovens negros no Brasil, construindo uma

nova visão sobre os adolescentes que não enfatize suas desqualificações, antes sim,

que os reconheça como protagonistas de ações propositivas contribuindo para

soluções de problemas em uma sociedade complexa.

As propostas pedagógicas rompem com o paradigma da modernidade em que

os adultos são os únicos educadores responsáveis pela manutenção do sistema

social. (MAGRO,2002).

Podem se organizar em redes, utilizando os meios de comunicação como a

Internet, é o caso do Movimento Enraizados, que criado em 1999 no Rio de Janeiro

que através de grupos Rappers alcança os estados de São Paulo, Mato Grosso do

Sul e Paraíba. Dentre as várias ações desenvolvidas por esse movimento social,

destacamos a seguir as fotos da passeata por ele organizada na luta contra a

Dengue, salientando que suas ações transpõem em muito as questões de

desigualdades, sendo campo promissor de ENF alcançando pessoas que a

educação formal não alcançaria.

Re-Ação – saúde: respeite-se em 29/11/2008.

Foto 01

Foto 02

Foto 03

Fonte: http://www.rede.enraizados.com.br/?p=21#comment-394 acesso em 29/11/2008

Outro exemplo de espaços de ENF proporcionados pelos movimentos Hip Hop

acontecem nas Posses.

Magro (2002) cita a fala de Marcelinho, fundador da Posse Negroatividade, de

Santo André, em entrevista à revista Caros Amigos (ed. Especial nº03, 1998)

explicando a origem das Posses:

Na periferia, todos se encontram na rua, nos bailes, e a posse surge daí, reunindo dois ou três grupos de Rap. É um jeito de trocar idéia sobre música, arte e problemas da periferia, de estudar nossas origens – a afro-descendência -, que a escola não ensina. Também é nossa união para lutar por espaço na sociedade, exigir locais para nossos ensaios e apresentações. (Magro, 2002 apud rev. Caros Amigos, 1998).

Essa é a voz do agente social explicando sobre si mesmo, característica da

nova cidadania, em que os próprios sujeitos sociais podem expressar suas origens,

anseios e lutas.

Ainda segundo essa autora, as Posses dos movimentos Hip Hop se

caracterizam como processo de ENF por terem explicitamente um objetivo ao reunir

adolescentes da periferia para uma ação coletiva voltada para a conscientização

política, aprendizagem de conteúdos tratados superficialmente na educação formal e

para a construção artística cultural.

Uma evidência da força pedagógica do movimento Hip Hop se deu no

município de São Paulo, onde uma parceria com a administração pública popular

culminou no Projeto “Rap...ensando a Educação” no início dos anos 90. A parceria

com as escolas públicas municipais proporcionou o desenvolvimento de ENF no

interior de um espaço de Educação Formal (EF), emergindo ali debates sobre

questões pertinentes a realidade social e cultural vivida pelas crianças e

adolescentes que ali freqüentavam proporcionando uma visão mais crítica do mundo

que os rodeia. (Ibidem, 2002).

Outro exemplo de luta de movimentos sociais se dá no meio campesino, onde

a luta pelo direito a educação, é relatado por Claudemiro Godoy do Nascimento no

artigo “Pedagogia da resistência cultural: um pensar a educação a partir da realidade

campesina”:

Assim como outras formas de resistência cultural existentes no meio rural brasileiro, as mais de duzentas EFAs espalhadas pelo Brasil (entre elas a EFA de Goiás) caminham na contramão da história de educação dominante. (NASCIMENTO, 2003).

A Escola Família Agrícola (EFA), é um centro de aprendizagem freqüentada

por camponeses, que faz uso da Pedagogia da Alternância.

A Pedagogia da Alternância surgiu na França em 1935, quando um padre se

comoveu com as necessidades dos camponeses elaborando um programa educativo

que alternava os dias em que o educando ficava na propriedade rural com os dias

que permaneceria no centro pedagógico imbricando assim “o universo do trabalho,

da família, da comunidade, da prática, dos costumes, da realidade, do ethos e da

moral local com o universo do conhecimento, da ciência, da teoria”. ( Ibidem, 2003).

No Brasil, a Pedagogia da Alternância surge em 1969 no estado do Espírito

Santo e já se espalhou por 18 estados brasileiros atingindo o número de mais de 200

Centros Educativos em Alternância, divididos em Escola Família Agrícola (EFA),

Casa Familiar Rural (CFR), e Escola Comunitária Rural (ECR).Têm organização

nacional através da União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas no Brasil

(UNEFAB), com sede em Brasília, e internacional, Associação Internacional das

Escolas Famílias Agrícolas (AIMFR), com sede na França. (Góes, 2005, p.49).

Dentre os três modelos de Centros Familiares de Formação por Alternância

(CEFFA), existem algumas singularidades que serão apresentadas a seguir:

EFAs: prioriza a educação escolar dos educandos a partir de regime

regularizado pelas Secretarias Estaduais de Educação, com ênfase no Ensino

Fundamental, Médio e formação técnica em Agropecuária;

CFRs: busca a formação técnica do educando, a diferença com a EFA

repousa no fato de que o aluno pode permanecer até duas semanas na

escola, por isso o nome, Casa Famíliar Rural;

ECRs: mais localizadas ao norte do Espírito Santo e Bahia. Possuem as

mesmas características metodológicas das EFAs, porém são formados por

grupos autônomos de movimentos sociais e eclesiais que pressionam o

governo local para que a Pedagogia da Alternância possa ser reconhecida

como experiência válida.

Ainda segundo Góes, o artigo 28 da LBD limita a educação aos muros

escolares, assim sendo, os que não participam desse processo são considerados

deseducados. Como aconteceu no passado, na catequização, em que os valores

europeus eram impostos aos nativos, os ruralistas se quiserem participar do

processo educacional oficial, devem ser levados à cidade a fim de receberem a

educação que traz consigo os pressupostos urbanos, distantes da realidade rural.

Dentre algumas pesquisadas podemos relatar a Escola Família Agrícola de

Porto Nacional – TO, que nasceu através de uma ONG, utilizando o método Paulo

Freire de alfabetização (Negy Muta, 2003); a EFAGO e EFA Orizona,1992 e 1998

respectivamente atendendo a assentados e pequenos agricultores. (Nascimento,

2003) e EFA Vinhático em Minas Gerais (Silva, 2001).

Encerramos esse capítulo, certos de que existe um vasto campo de pesquisa

nessa temática que por se tratar de um Trabalho de Conclusão de Curso, não

conseguimos abordar, nem por isso, desmerecemos os mais variados exemplos de

movimentos sociais não citados nessa pesquisa.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Quando iniciei esta pesquisa, como é muito comum acontecer a um

pesquisador inexperiente, achei que poderia dar conta de inúmeras questões sobre

educação não-formal (ENF). Porém no empirismo descobri que minha contribuição

seria ínfima dentro do universo a ser pesquisado.

Esse fato não torna esse trabalho irrelevante, ao contrario, suscita em mim a

vontade de empreender novas pesquisas, entendendo hoje, que as pesquisas nas

ciências humanas não se esgotam, pois parafraseando Rui Barbosa: o homem não é

uma estante de conhecimento, e sim transformador reflexivo de aquisições digeridas.

Logo, a sociedade se transforma constantemente e novas leituras sobre velhas e

novas questões se tornam em campo farto para pesquisas sociais.

O transformar vem da reflexão, e esse foi o objetivo dessa pesquisa, a

reflexão sobre os movimentos sociais que de alguma forma deram início a processos

de ENF que contribuíram e ainda contribuem para o exercício da cidadania ativa.

Podemos perceber ao longo da pesquisa que os movimentos sociais sempre

estiveram presentes na história do Brasil, mesmo que seu destaque tenha ficado à

margem da história oficial.

Observamos ainda que a lacuna deixada pela Educação Formal seja pela

incapacidade da gestão pública, seja pela reprodução de interesses da classe

hegemônica, ou qualquer outro motivo, dentre tantos, abriu precedente histórico para

o início da ENF e hoje ela é um fenômeno de importância na sociedade brasileira.

Contemplamos também que a cidadania tem sua história constituída em lutas

sociais. Muitos foram os embates para que os sujeitos sociais pudessem em alguns

lugares vir a usufruir a “nova cidadania” ou a “cidadania ativa”. (Dagnino, 1994; Paoli,

2003).

No período pré-ditadura (1964) os processos de ENF eram caracterizados

principalmente pelos Movimentos de Educação Popular, eles foram significativos e

colaboraram para mudanças na história do Brasil por despertar a criticidade no

cidadão, esse fato, devemos em grande proporção ao memorável educador Paulo

Freire.

Hoje os processos de ENF são heterogêneos, como a própria sociedade,

porém, sobretudo aqueles que tem sua gênese nos movimentos sociais, continuam a

promover a cidadania.

A força dos movimentos sociais colaborou para que os muros do

associativismo e privativismo hegemônico fossem carcomidos e a sociedade

brasileira passou a viver em uma nova instância de cidadania, ativa, de novos

propósitos, de velhas lutas, com novas vitórias.

Gostaria de encerrar meu trabalho assim, com uma ode à vitória cidadã e a

igualdade entre os homens pregada por Jesus Cristo. No entanto, sabemos que a

conquista dos direitos só se estabelece nas lutas sociais.

Para finalizar, faço de Góes as minhas palavras atualizando a reflexão para os

novos movimentos sociais:

Se o padre Teillard de Chardin, como já disse antes, ensinou que “o homem é um ser inconcluso” – que dizer da minha pretensão de querer tirar conclusão nesta fala? Aliás, graças a Deus, ela continuará inconclusa: uma prova de que está viva e que há muito chão pela frente para caminhar. Em Educação Popular brasileira, a semente está aqui no Recife, plantada nos anos 60. A tarefa, daí em diante, é atualizar o discurso ao novo contexto histórico e tocar pra frente. No Brasil, como, aliás, em todo o mundo, inconclusa está a História, e aí por conseqüência, o processo educativo, a questão social, a democracia sem adjetivos, o acesso aos bens materiais e culturais, a globalização neo-liberal que é o novo nome do velho imperialismo e da denúncia do homem lobo do homem. Neta leitura não cabe a teoria “fim da história” de Fukuyama.(GÓES, 2001, p.432).

Relembrando as palavras de Paulo Freire, que o homem é um animal

inacabado, ao finalizar este trabalho, humildemente o apresento como uma pequena

contribuição para àqueles que por intermédio dele, possam criar ou recriar em si o

estímulo para práticas educativas que resultem no exercício da cidadania ativa,

conforme afirmou Gonh no livro “Movimentos sociais e educação”:

Os movimentos sociais populares são frutos de idéias e práticas. As práticas fluem e refluem. As idéias persistem, e se transformam agregando elementos novos, ou negando velhos, segundo a conjuntura dos tempos históricos. (GONH,1994).

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