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NTRODUÇÃO Por determinação constitucional, cabe ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (CF, 127).Além de inúmeras inovações que não podemos desconsiderar. O eminente jurista Alexandre de Moraes faz uma interessante análise da posição diferenciada dada ao MP pelo constituinte de 1988. Que o Direito Constitucional contemporâneo, apesar de permanecer na tradicional linha da idéia de tripartição de poderes, já entende que esta fórmula , se interpetrada com rigide, tornou-se inadequada.... e que a Constituição de 1988 atribuiu as funções estatais de soberania aos três tradicionais poderes do Estado- Legislativo, Judiciário, Executivo, e a instituição do MP, que , entre várias outras funções , deve zelar pelo equilibrio entre os Poderes , fiscalizando-os, e pelo respeito aos direitos fundamentais . Em se tratando do novo papel do MP , Alexandre de Moraes cita a lição do Ministro Sepúlveda Pertence: É o patrocínio desinteressado de interesses públicos, ou essa proteção desinteressada, mesmo de interesses privados, mas aos quais se quis dar proteção especial, que justificam o papel do Ministério Público. Este instituto surgiu no Brasil no Código de Processo Criminal de 1832, sofreu grandes alterações, e hoje está situado na seção I do capítulo IV da Constituição Federal, bem como nas seguintes Leis: Lei 8625/93; Lei Complementar Federal 75/93 eLei Complementar 734/93, do Estado de São Paulo. Em conformidade com o art. 129 da Constituição Federal, são atribuições suas, afora outras contempladas na legislação ordinária:

MP e CF de 1988

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MP e CF de 1988

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NTRODUO

Por determinao constitucional, cabe ao Ministrio Pblico a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis (CF, 127).Alm de inmeras inovaes que no podemos desconsiderar.

O eminente jurista Alexandre de Moraes faz uma interessante anlise da posio diferenciada dada ao MP pelo constituinte de 1988. Que o Direito Constitucional contemporneo, apesar de permanecer na tradicional linha da idia de tripartio de poderes, j entende que esta frmula , se interpetrada com rigide, tornou-se inadequada.... e que a Constituio de 1988 atribuiu as funes estatais de soberania aos trs tradicionais poderes do Estado- Legislativo, Judicirio, Executivo, e a instituio do MP, que , entre vrias outras funes , deve zelar pelo equilibrio entre os Poderes , fiscalizando-os, e pelo respeito aos direitos fundamentais .Em se tratando do novo papel do MP , Alexandre de Moraes cita a lio do Ministro Seplveda Pertence: o patrocnio desinteressado de interesses pblicos, ou essa proteo desinteressada, mesmo de interesses privados, mas aos quais se quis dar proteo especial, que justificam o papel do Ministrio Pblico.

Este instituto surgiu no Brasil no Cdigo de Processo Criminal de 1832, sofreu grandes alteraes, e hoje est situado na seo I do captulo IV da Constituio Federal, bem como nas seguintes Leis: Lei 8625/93; Lei Complementar Federal 75/93 eLei Complementar 734/93, do Estado de So Paulo.

Em conformidade com o art. 129 da Constituio Federal, so atribuies suas, afora outras contempladas na legislao ordinria:

a) a promoo das aes penais pblicas para efeito de punio dos delinqentes; dono da ao penal;

b) a promoo do inqurito civil e das aes civis pblicas para proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

c) a promoo das aes declaratrias de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos colidentes com a Constituio Federal ou Estadual;

d) a promoo das medidas aptas a garantir, por parte dos poderes pblicos e dos servios de relevncia pblico, o respeito efetivo aos direitos assegurados pela Constituio Federal; ee) o exerccio do controle externo da atividade policial.

Para fazer-se vivel o exerccio desse mnus pblico, a Constituio Federal, alm da independncia funcional e da autonomia administrativa e oramentria (CF, 127, 1, 2 e 3), conferiu ao Ministrio Pblico poderes para expedir notificaes e requisitar documentos, informaes, diligncias investigatrias e, fundamentadamente, a instaurao de inquritos policiais (CF, 129, VI e VIII). No contexto do Estado Democrtico de Direito consagrado pela Carta Poltica de 1988, to significativo o seu papel, que o constituinte erigiu categoria de crime poltico os atos ou procedimentos do Presidente da Repblica atentatrios ao livre e regular exerccio das funces confiadas ao Ministrio Pblico (CF,88.

Diante desse quadro, o Ministrio Pblico precisa ser visto com singular ateno. Se se fez depositrio natural das esperanas da populao; e se o legislador, a comear pelo legislador constitucional, conferiu-lhe legitimidade e instrumentos legais para agenciar eficientemente os interesses coletivos, preciso agora que o Estado at por uma questo de tica poltica e de racionalidade administrativa garanta-lhe os meios aptos ao cumprimento pleno e regular da sua misso.

Antes mesmo que o Ministrio Pblico fosse dotado do perfil e da dimenso atual, o emrito e saudoso jurista Geraldo Ataliba, em conferncia pronunciada durante o VI Congresso Nacional do Ministrio Pblico, realizado na cidade de So Paulo, em junho de 1985, enfatizou, com singular propriedade:Ousaria dizer que, se no Brasil meditssemos sobre isso; se reconhecssemos que estamos exigindo do Ministrio Pblico, pelas funes que lhe atribumos, muito mais do que possibilitam os meios e os instrumentos lhe estamos dando; e se, reconhecendo isso, reparssemos o nosso erro e a ocasio histrica propcia o momento constituinte este Pas no precisaria imitar a Noruega, a Sucia, a Dinamarca... Este Pas no precisaria de Ombudsman, pois teria um Ministrio Pblico adequadamente instrumentado para ser o que sua misso constitucional e legal postula, em benefcio do Direito e da Justia! (Revista Justitia, ed. do Ministrio Pblico de So Paulo, vol. 131-A, p. 172, 1985).

De fato, muito embora j passados dezenove anos do pronunciamento daquela conferncia, o que ainda se percebe e gera inquietude esse grande descompasso, teimosamente mantido, entre o tamanho da misso e do potencial realizador do Ministrio Pblico e o suporte material que lhe concedido para o cumprimento do seu mister. Permitida uma analogia alegrica, poder-se-ia dizer que se est aniquilando um gigante, subtraindo-se dele, gradualmente, as foras realizadoras, a partir de uma alimentao pobre e insuficiente.

A dimenso do Ministrio Pblico, o que ele se props a fazer e o que ele efetivamente fez so os objetivos desse relatrio anual, que se apresenta a esta augusta Assemblia Legislativa e Sociedade catarinense no somente em cumprimento do disposto no art. 101 da Constituio do Estado mas tambm com o objetivo de fazer com que, a despeito de todas as dificuldades, a Instituio lute para cumprir as suas funes da melhor forma e prestar a todas as pessoas, individuais ou coletivamente consideradas, o melhor servio dentro da realidade em que est inserida.

Por fim, objetiva-se, com o presente relatrio, tambm, em consonncia com o princpio da publicidade previsto no art. 37 da Constituio Federal, fazer com que sejam mais conhecidos os princpios e as diretrizes, a estrutura, os recursos, as atividades, os objetivos e as metas bem como os problemas vivenciados pela Instituio, de modo a torn-la ainda mais transparente p

Diante desse quadro, o MP precisa ser visto com singular ateno.Se se fez depositrio natural das esperanas da populao; e se o legislador, a comear pelo legislador constitucional, conferiu-lhe legitimidade e instrumentos legais para agenciar eficientemente os interesses coletivos, preciso agora que o Estado at por uma questo de tica poltica e de racionalidade administrativa, granta-lhe meios aptos ao cumprimento pleno e regular da sua misso.

Por fim, faz mister salientar que o Ministrio Pblico tambm goza de garantias constitucionais para um bom exerccio de suas funes. Alexandre de Moraes ensina que tais garantias que permitem uma subdiviso em garantias institucionais,: autonomia financeira, funcional e administrativa e tambm de garantias dada aos seus membros.Referncias BibliogrficasMoraes, Alexandre de. Direito Constitucional. 12 . ed. So Paulo; Atlas. 2002Silva. Jos Afonso da.Curso de Direito Constitucional Positivo. 21.ed. So Paulo; Malheiroor fora de sua legitimao Constitucional. O MP um ente para o seio do que esto sendo canalizados, em largas propores, anseios, esperanas e angustias de grandes e significativas parcelas da populao. Tal fenmeno visvel em todos os mbitos geogrficos e vrios segmentos da sociedade civil e tende a ganhar dimenses ainda maiores, estimulado pelo incremento crescente da cidadania, em contraponto com a incapacidade gerencial do Poder Pblico de reverter os gravames da excluso social.Por fora da sua legitimao constitucional, o Ministrio Pblico um ente para o seio do qual esto sendo canalizados, em largas propores, anseios, esperanas e angstias de grandes e significativas parcelas da populao. Tal fenmeno visvel em todos os mbitos geogrficos e segmentos da sociedade civil e tende a ganhar dimenses ainda maiores, estimulado pelo incremento crescente da cidadania, em contraponto com a incapacidade gerencial do Poder Pblico de reverter os gravames da excluso social.