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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC ANDERSON JÚNIOR DE OLIVEIRA SANTOS GABRIEL ACIOLY LEÃO MÉTODOS DE PLANEJAMENTO DE OBRAS: COMPARAÇÃO ENTRE O TRADICIONAL E O SOFTWARE DE CÓDIGO ABERTO MACEIÓ/AL 2018/02

MÉTODOS DE PLANEJAMENTO DE OBRAS: COMPARAÇÃO …©todos de planejame… · 4 mÉtodos de planejamento de obras: comparaÇÃo entre o tradicional e o software de cÓdigo aberto

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

ANDERSON JÚNIOR DE OLIVEIRA SANTOS

GABRIEL ACIOLY LEÃO

MÉTODOS DE PLANEJAMENTO DE OBRAS:

COMPARAÇÃO ENTRE O TRADICIONAL E O SOFTWARE

DE CÓDIGO ABERTO

MACEIÓ/AL 2018/02

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ANDERSON JÚNIOR DE OLIVEIRA SANTOS

GABRIEL ACIOLY LEÃO

1

MÉTODOS DE PLANEJAMENTO DE OBRAS:

COMPARAÇÃO ENTRE O TRADICIONAL E O SOFTWARE

DE CÓDIGO ABERTO

Projeto de pesquisa apresentado como requisito final

para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro

Universitário Cesmac, sob a orientação da professora

Msc. Roseneide Honorato dos Santos.

MACEIÓ/AL

2018/02

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1. Avaliação comparativa. 2. Construção civil. 3. Planejamento de obras. 5. Software.

I. Santos, Roseneide Honorato dos. II. Título.

CDU:624

Métodos de planejamento de obras: comparação entre o tradicional e com software de código aberto / Gabriel Acioly Leão .- 2018.

42 p.: il.

TCC (Graduação em Engenharia Civil) – Centro Universitário CESMAC, Maceió – AL, 2018.

Orientador: Roseneide Honorato dos Santos

Leão, Gabriel Acioly L433m

REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC

SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO

Evandro Santos Cavalcante Bibliotecário CRB/4 1700

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ANDERSON JÚNIOR DE OLIVEIRA SANTOS

GABRIEL ACIOLY LEÃO

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiro à deus, maior responsável por todas nossas conquistas,

foi por meio da fé e da oração que buscamos forças para conclusão desta pesquisa.

Por sequência, lembramos com muito carinho de nossos pais e família, aqueles que

nos deram apoio e condições para chegar até essa fase da graduação. Aos amigos e

colegas, nossos mais profundos agradecimentos por todo o companheirismo e ajuda

durante a graduação, tanto no âmbito acadêmico quanto para a vida.

Devemos aqui relembrar também de todos aqueles que foram importantes

durante a realização do trabalho, aos que ajudaram com conteúdo, às empresas que

possibilitaram as pesquisas em campo, aos engenheiros que nos possibilitaram

coletar dados mais específicos acerca do planejamento e a nossa orientadora

Roseneide Honorato por todos os conselhos e orientações que fizeram com esse

trabalho chegasse a esse resultado final.

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MÉTODOS DE PLANEJAMENTO DE OBRAS: COMPARAÇÃO ENTRE O

TRADICIONAL E O SOFTWARE DE CÓDIGO ABERTO.

WORKS PLANNING METHODS: COMPARISON BETWEEN TRADITIONAL AND

OPEN CODE SOFTWARE.

Anderson Junior de Oliveira Santos

Graduando em Engenharia Civil

[email protected]

Gabriel Acioly Leão

Graduando em Engenharia Civil

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho consiste numa avaliação comparativa, de cunho qualitativo, acerca dos métodos

de planejamento de obras. Diante das novas necessidades de mercado da construção civil que prezam

por qualidade no serviço, tempo de execução curto e baixo custo, a exigência para um planejamento de obras que revelem esses aspectos é maior. Em função disso, a proposta dessa pesquisa é realizar

uma avaliação comparativa, acerca dos métodos de planejamento de obra com e sem a utilização de softwares, que são utilizados para esta área específica da engenharia, e identificar em quais situações

cada método tem melhor resultado. Para atingir esse objetivo priorizou-se realizar visitas em canteiros

de obras que realizam planejamento com e sem o uso de tecnologia; pesquisar quais ferramentas

podem ser utilizadas para a elaboração de um planejamento de obras; avaliar as eficiências das metodologias frente ao planejamento das atividades dos colaboradores envolvidos; e, avaliar a entrada

e saída de materiais, custos e possíveis prejuízos de acordo com a aplicabilidade das metodologias

citadas. A escolha dos métodos de planejamento de obras são condicionantes a afinidade tecnológica

que o profissional possui. Sendo assim, não é possível definir que metodologia melhor se aplica a

condição do responsável. O uso dos métodos é diretamente proporcional a dimensão da obra, ou seja, é mais comum que em obras de maior porte sejam utilizados softwares para que se evitem falhas; já

em pequenas obras, o método tradicional atende as expectativas.

Palavras-chave: Avaliação comparativa. Construção civil. Planejamento de obras. Softwares.

ABSTRACT

This work consists of a qualitative comparative evaluation on the methods of planning works. Faced

with the new market needs of the construction industry, which demand for quality in the service, short execution time and low cost, the requirement for planning works that reveal these aspects is greater.

Therefore, the purpose of this research is to perform a comparative evaluation of the work planning

methods with and without the use of software, which are used for this specific area of engineering, and

to identify in which situations each method has the best result. In order to reach this objective, it was

prioritized to carry out visits in construction sites that carry out planning with and without the use of

technology; to research which tools can be used for the elaboration of a planning of works; evaluate the methodologies' efficiencies when planning the activities of the employees involved; and evaluate the

entry and exit of materials, costs and possible losses according to the applicability of the mentioned

methodologies. The choice of the methods of planning works are conditioning the technological affinity

that the professional has. Therefore, it is not possible to define which methodology applies better to the

condition of the person in charge. The use of the methods is directly proportional to the size of the work,

that is, it is more common that in works of greater size software is used to avoid failures; already in small works, the traditional method meets the expectations.

Keywords: Benchmarking. Construction. Planning Works. Softwares.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 6 1.1 PROBLEMÁTICA ............................................................................................ 8 1.2 OBJETIVOS .................................................................................................... 9

1.2.1 Objetivo Geral. ............................................................................................... 9 1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 9 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 10 1.4 DESCRIÇÃO DOS CAPITULOS .................................................................... 10 2 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA O PLANEJAMENTO DE OBRAS ........ 12 2.1 PLANEJAMENTO ........................................................................................ 12

2.1.1 Tradicional. ................................................................................................... 12 2.1.2 Método de Laufer e Tucker. ..........................................................................13 2.1.3 Lean Construction. ........................................................................................14

2.1.4 Last Planner. .................................................................................................15 2.2 FERRAMENTAS UTILIZADAS NO PLANEJAMENTO................................. 15 2.2.1 Diagramas de redes. ..................................................................................... 15 2.2.2 Diagrama de Gantt ........................................................................................ 16 2.2.3 Diagramação Mista ...................................................................................... 17

2.2.4 Linha de balanço. .......................................................................................... 18 2.2.5 Curva S e Curva Banana. ............................................................................ 19 2.3 INTERFERÊNCIAS NO PLANEJAMENTO .................................................... 19

2.4 RAZÕES PARA O ACOMPANHAMENTO ..................................................... 20 2.5 ATUALIZAÇÕES DO PLANEJAMENTO ....................................................... 21 2.6 UTILIZAÇÕES DO SOFTWARE PARA O PLANEJAMENTO ....................... 21

2.7 ORÇAMENTO ................................................................................................ 21 3 METODOLOGIA ............................................................................................... 23 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................... 26 4.1 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS ....................................................... 36

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 41

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1 INTRODUÇÃO

A construção civil se constitui como a área com maior capacidade de elevar a

taxa de emprego, de produto e de renda. Tendo assim, impacto direto na economia,

na organização e no planejamento da sociedade.

Com a necessidade de aprimoramento típico da modernidade e as novas

exigências do funcionamento social, lê-se aqui necessidades para resolução de

problemas, adequações do homem ao ambiente e buscas por tecnologia, se tornou

cada vez mais emergente o desejo por uma organização específica que garantisse,

de um modo geral, segurança, conforto e bem-estar.

Para que esse alcance se tornasse concreto, algumas atividades precisariam

ser executadas de modo sistemático, atendendo assim metas pré-estabelecidas,

prevendo riscos, cumprindo prazos, garantindo qualidade e reduzindo custos. Assim,

surge o gerenciamento de obras, um dos pilares da construção civil.

O gerenciamento é o sistema que envolve a coordenação de projetos,

fiscalização e supervisão de obras. Ele garante ao longo do tempo que todas as

atividades que compõem o projeto sejam fidedignamente executadas segundo as

diretrizes e metas estabelecidas. Sendo este, um processo contínuo e dinâmico é

fundamental que o trabalho em equipe seja ordenador desse serviço, visto que se faz

importante para a realização da técnica e obtenção dos resultados esperados (LIMA

JR, 1990).

Para Carvalho e Rabechini Jr. (2011), “O gerenciamento de projetos inclui

planejamento, organização, supervisão e controle de todos os aspectos do projeto,

em um processo contínuo, para alcançar seus objetivos”.

Diante da logística criacional que é fundamental no desenvolvimento e

gerenciamento de projetos é importante o resgate de três fases distintas que dizem

respeito a esse processo, sendo elas: conhecimento empírico, gerenciamento clássico

ou tradicional e Moderno Gerenciamento de Projetos (MGP). (SBRAGIA; et al, 2009).

O planejamento de projetos vem sendo uma ferramenta de grande importância

para as empresas suportarem o crescimento e garantirem a sobrevivência em um

ambiente conturbado, em virtude da sua extrema utilidade em melhorar a alocação

dos recursos e o emprego dos esforços. Os resultados da utilização dos processos de

planejamento, execução e controle de eventos temporários e únicos expõem se são

viáveis as práticas do gerenciamento de projetos. (NORO, 2012).

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Segundo Noro (2012), em uma pesquisa conduzida pelo Dr. William Ibbs, em

52 empresas de várias áreas e tamanhos dos Estados Unidos, alguns resultados

obtidos atentam para a necessidade de se investir na assimilação da cultura do

planejamento de projetos: dos pesquisados, apenas 16% saem no tempo e custos

previstos; 94% terão ao menos um reinício; o estouro de orçamento chega a 188% do

valor original; somente 61% conseguem manter o escopo original.

Avaliando esse tipo de informação, ficou clara a necessidade do mercado em

obter soluções para tais questões. Surge assim, com a modernização atual, o

crescimento na utilização de softwares que tem a função de auxiliar os profissionais

nesse processo, organizando e expondo informações que antes não se tinha ou era

de difícil acesso.

Segundo Sbragia et al (2009), na década de 90, se evidencia a competição

entre as empresas, resultante do processo de globalização; que as forçou a

responderem com rapidez as pressões que apareceram junto com o avanço da

tecnologia, crescendo assim a utilização dos projetos. Foi observado que as etapas

desse processo poderiam ser adequadas aos projetos de mudança organizacional; de

desenvolvimento e lançamento de produtos; de fusão de organizações e de aplicação

de novas tecnologias.

Desta forma, surgiu o Moderno Gerenciamento de Projetos (MGP), que tirando

o seu caráter técnico, tornou-se uma abordagem gerencial a partir da utilização de

softwares que funcionam como instrumentos na coleta de dados, leitura e execução.

Observando o método tradicional e o com uso de softwares, foi identificada a

possibilidade de uma análise do quanto estes realmente auxiliam o planejamento,

realizando um processo de comparação aqui neste trabalho.

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1.1 Problemática

Os pesquisadores perceberam que os profissionais da construção civil tendem

a formas de trabalho mais preocupadas em resolver os problemas de campo, de

acordo com o aparecimento de imprevistos, ao invés de planejar e evitar que os

mesmos ocorram. Dessa maneira, entende-se que com o aprimoramento do

planejamento, se torna possível economizar tempo e dinheiro durante a execução da

obra.

Dentro do universo da construção civil, é muito comum conviver com

desorganizações nas obras ou atrasos e prejuízos por falta de planejamento prévio,

esquecimentos ou erros. Diante disso, os softwares têm surgido justamente com a

função de organizar e lembrar ao profissional das tarefas que devem ser realizadas

diariamente.

Sendo essa uma ferramenta construída para auxiliar o engenheiro civil no seu

trabalho, faz-se necessário entender e analisar se esses programas tem trazido, de

fato, melhoras no desempenho do profissional nas diferentes etapas de uma

construção.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Realizar uma avaliação comparativa, de cunho qualitativo, acerca dos métodos

que são utilizados para o planejamento de obras na construção civil com e sem a

utilização de softwares e identificar em quais situações cada método tem melhor

resultado.

1.2.2 Objetivos Específicos

Realizar visitas em canteiros de obras que realizam planejamento com e sem o uso

de tecnologia;

Pesquisar quais ferramentas podem ser utilizadas para a elaboração de um

planejamento;

Avaliar as eficiências das metodologias frente ao planejamento das tarefas dos

colaboradores, quanto a organização e produção de suas atividades diante do

processo de execução da obra;

Analisar o planejamento da entrada e saída de materiais, custos, prejuízos e

situações inesperadas de acordo com a aplicabilidade das metodologias citadas.

1.2 Justificativa

No Mercado de trabalho, existem diferentes modelos de profissionais, os que

preferem permanecer em sua zona de conforto e aqueles que buscam novos

conhecimentos e métodos para melhorar desempenho e qualidade de trabalho.

Contudo, novidade não é sinônimo de qualidade, por isso se faz necessária a

avaliação da eficiência dos novos métodos que surgem com o objetivo de facilitar o

serviço.

Tomando como base o parágrafo anterior, os pesquisadores buscaram conhecer

as discrepâncias que ocorrem quando se trabalha com o método tradicional de

planejamento de obras e o com a utilização de softwares. O tradicional propõe um

modelo de trabalho executado e aprimorado por muitos anos pelos engenheiros que

realizam acompanhamento de obra. Já o que apresenta software como auxílio, trata-

se de uma ferramenta que tem sido aplicada recentemente e promete transformar a

maneira de planejar obras.

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Historicamente, a construção civil é conhecida pela falta de técnica em muitas de

suas execuções, visto que existem profissionais que trabalham na área, mas não

realizaram estudo específico e por isso fazem o serviço com o método que foi

adquirido com a prática. Métodos esses que de fato funcionam e obtêm o resultado

esperado, mas o que deixa dúvidas é quanto ao planejamento, muito dificilmente estes

conseguem estruturar a obra para que se tenham o máximo de economia em relação

a tempo e custos.

Como consequência, isso tem afetado muitos engenheiros civis que iniciam no

segmento de acompanhamento de obra, visto que os mesmos buscam aperfeiçoar

sua aprendizagem com profissionais mais experientes, como mestres de obras e

outros engenheiros respeitados, não permitindo assim a liberdade criativa de

construírem seus próprios métodos, reproduzindo deliberadamente o que era feito

anos atrás em diferentes situações.

É necessário perceber que o mundo vive uma nova era, a tecnologia chega com

grande força para modificar a realidade das profissões, e não é diferente com a

engenharia civil. Cabe ao profissional identificar os programas mais eficientes e os

que melhor se encaixam na realidade do seu trabalho.

Entendendo que o planejamento é o ponto mais importante na construção de uma

edificação, os pesquisadores perceberam a necessidade de realizar um estudo

comparativo frente aos dois métodos citados, de maneira que se possa entender qual

deles propicia uma melhor qualidade na operação de cada serviço.

1.3 Descrição dos capítulos

No primeiro capítulo, há a definição da engenharia civil enquanto campo de

ciência, bem como a descrição sistemática e o aprimoramento de suas atividades,

provenientes das novas exigências organizativas da sociedade; percurso que deu

origem ao que foi denominado de planejamento de obras. Além disso, há a

apresentação da problemática de pesquisa, do objetivo geral e específicos e a

justificativa que conduziu os pesquisadores ao desenvolvimento deste trabalho.

No segundo capítulo foram descritas, de forma simplificada, as principais

ferramentas utilizadas para a elaboração de um planejamento de uma obra, sua

conduta técnica, e critérios de acompanhamento. Há também a análise acerca do

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software que auxilia o planejamento utilizado no desenvolvimento dessa pesquisa,

com enfoque direcional a condição comparativa.

No terceiro capítulo, são detalhados os métodos utilizados para a obtenção de

dados, estes usados para atingir os resultados desejados pelos pesquisadores.

No quarto capítulo foi estabelecida uma descrição breve das edificações que

estão servindo de estudo para o planejamento tradicional e com software; bem como,

a apresentação dos diagramas e gráficos utilizados. Junto a isso, foram expostos os

resultados alcançados com os dados previamente encontrados. Os diagramas e

gráficos que são demonstrados referem-se as atividades das obras de forma genérica,

sem que haja detalhamento. Esta prática foi adotada com o intuito de proteger as

identidades das empresas pesquisadas.

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2 FERRAMENTAS E TÉCNICAS PARA O PLANEJAMENTO DE OBRAS

2.1 Planejamento

O planejamento da construção consiste na organização para execução, e inclui

o orçamento e a programação da obra. O orçamento contribui para a compreensão

das questões econômicas e a programação, por sua vez, é relacionada com a

distribuição das atividades no tempo (GONZALES, 2008).

Ballard (1994) fomenta a necessidade do planejamento e controle para

aprimorar a eficiência na produtividade, minimizar os atrasos e dimensionar de

maneira mais eficiente a mão de obra, para que seja possível uma produção com

diversas sequências produtivas correlacionadas.

Mattos (2010) afirma que a prática de planejar é um processo dinâmico de

constantes modificações afim de melhorar sua fidelidade com o real. Desse modo, o

planejamento de uma obra deve ser realizado quando se possuem o máximo de

informações, para evitar erros desnecessários. É ter em mente que o planejamento

não é puramente técnico, mas requer a cooperação de todos os envolvidos no projeto.

Sendo assim, fica claro que a etapa do planejamento serve essencialmente

para tornar a estruturação de um projeto uma atividade com menor índice de prejuízos,

tanto financeiros quanto de desperdício de tempo, pois busca em sua maior instância

a adequação das metas no andamento da obra.

O planejamento de obras trabalha com alguns modelos que direcionam para

quais caminhos os serviços podem ser desenvolvidos. São eles: tradicional, método

de Laufer e Tucker, lean construction e o last planner.

2.1.1 Método tradicional

Segundo Coelho (2003), esse método vê a elaboração como um sistema de

métodos que tendem a transformar a matéria prima em um produto.

Conforme Moura (2008), o sistema tradicional tem forte influência nas vertentes

do planejamento e controle da produção (PCP), que apresentam sua estrutura

fomentada nos métodos dos caminhos críticos e na técnica de avaliação e revisão de

programas.

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Planejamento

Este modelo trata-se do mais utilizado na construção civil porque ele se propõe

alcançar o resultado de maneira prática e com técnicas que evidenciam a

transformação da essência da matéria prima. Prática essa estabelecida durante anos

no canteiro de obras, visando a obtenção de resultados instantâneos fazendo uso de

conhecimentos adquiridos na rotina de trabalho.

Muito utilizado ainda pela maioria dos profissionais do ramo, principalmente os

com mais tempo no mercado. Por ser o mais importante, ainda serve de base para

todos os outros métodos que venham a surgir, quanto a definição de conceitos e a

estabilização do foco em resultados.

2.1.2 Método de Laufer e Tucker

Laufer e Tucker (1987) acredita que o planejamento deve ter quatro ênfases:

as atividades que devem ser cumpridas, os métodos construtivos que serão aplicados

para atingir o objetivo esperado, o responsável por conduzir a atividade, e o prazo

para executar a atividade desejada com datas de início e término.

Complementando essa ideia, Gutheil (2004) diz que esse processo desse ser

realizado nas dimensões vertical e horizontal. O planejamento horizontal consiste nas

etapas pelas quais o processo de planejamento e controle são realizados. Enquanto

a dimensão vertical, refere-se à vinculação dessas etapas citadas aos diferentes

níveis gerenciais da organização.

Na figura 1, é exposto um ciclo que representa as etapas necessárias para

atingir um bom planejamento segundo Laufer e Tucker (1987).

Figura 1 – Método de Laufer e Tucker

Fonte: Adaptada (Laufer e Tucker, 1987).

Informações

Adaptação das informações ao planejamento

Divulgar as Informações

Avaliar os processos

utilizados no planejamento

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2.1.3 Lean Construction

Ballard e Howell (2004) ressaltam que o Lean Construction possui a seguinte

diretriz: entregar o produto maximizando o valor e minimizando o desperdício.

Formoso (2001) diz que é de suma importância considerar as necessidades, os

fluxos de tarefas a serem realizadas e de materiais utilizados para garantir um trabalho

contínuo, amortização dos desperdícios e eliminação das atividades que não gerem

lucro.

Esse processo deve considerar a necessidade de gerenciar os fluxos de

montagem, materiais e informações, focando na eliminação das atividades que não

contribuem para a obtenção dos resultados.

O quadro 1 mostra de forma simples como podem ocorrer essas eliminações

de atividades que não contribuem de forma expressiva e que pode ser modificada.

Quadro 1 – Lean Construction.

Atividade de pouca

contribuição

Novo método adotado

Motivo da substituição

Servente para auxílio da

vibração do concreto.

Vibrador manual

Foram substituídos dois

serventes que realizavam uma

vibração por um aparelho vibrador manual.Com isso, um

dos serventes pôde ser

destinado a outra atividade de maior importância na obra.

Concreto feito in-loco

Concreto usinado

A substituição do uso de

betoneira no canteiro para

obtenção do concreto permite

que haja menos funcionários na

obra, aumentando o controle

tecnológico sobre o concreto e

permitindo um planejamento

para a chegada dele, evitando perda do produto.

Inexistência de método padrão

de construção.

Adoção de método construtivo

Conduz a diminuição de erros,

redução do tempo de ciclos e

possibilita um feedback que

permite consertar falhas e evitar imprevistos.

Fonte: Autor (2018)

2.1.4 Last Planner

Para Ballard (1994) o last planner se trata da busca de alguns dados, sendo o

de maior importância o percentual de planos concluídos (PPC), que demonstra o

percentual de quanto foi concluído das atividades pré-estabelecidas. Esse movimento

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permitirá que seja analisada a eficiência do planejamento, pois quanto maior o valor

do PPC, mais próximo estará ao planejamento.

Caso esteja muito inferior ao desejado, se torna necessário que se faça um

replanejamento para poder se adequar a realidade e evitar prejuízos futuros.

Esse sistema envolve então uma melhoria no processo de planejamento

através da geração de planos mais confiáveis.

Na quadro 2, foram descritas algumas atividades fictícias e estipulados prazos

que deveriam ser alcançados de acordo com a porcentagem desejada, nesta foi

possível ver que apenas a alvenaria conseguiu atingir a meta. Independente do motivo

que levou as atividades não alcançarem suas metas, elas devem ser planejadas

novamente e estabelecido um novo prazo, se for necessário, deve ocorrer mudanças

nos processos construtivos.

Quadro 2 - Método do Last Planner

Serviços Percentual desejado

Percentual alcançado

Dia da semana Necessidade de replanejamento

Alvenaria 100% 100% Segunda-feira Não

Reboco 85% 45% Terça-feira Sim

Pintura 50% 30% Quarta-feira Sim

Fonte: Autor (2018)

2.2 Ferramentas utilizadas para facilitar o planejamento e o controle dos

dados de entrada

As principais ferramentas utilizadas para fomentar a análise de um

planejamento de obra são: diagrama de redes, planejamento clássico de barras ou

diagrama de Gantt, diagrama misto, linhas de balanço e curva S.

2.2.1 Diagrama de Redes

O diagrama de redes é dividido em duas metodologias, a das flechas e a de

blocos. Segundo Mattos (2010), o método das flechas ou método de diagramação de

flechas (ADM), possuem eventos em uma sequência lógica guiada por setas, que

representam as atividades que estão sendo realizadas, e determinam início e término.

Em contrapartida, o método dos blocos ou método de diagramação de

precedência (PDM), consiste em blocos com as atividades e as datas de término e

início. Esse método é o mais utilizado para identificar o caminho crítico de serviços,

que corresponde as atividades de maior importância em uma obra, pois são aquelas

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que não podem ter atraso em sua execução para não haver comprometimento do

prazo final.

A seguir, na figura 2, são descritos dois processos: “letra a” - diagrama de

flechas e “letra b” diagrama de blocos. As imagens representam de duas formas a

realização de um serviço demonstrando, por meio das letras, as atividades a serem

executadas; e, os números, representam os dias totais para a realização da atividade.

As atividades E e F se apresentam fora do caminho crítico, ou seja, os outros serviços

funcionam independente delas.

2.2.2 Diagrama de Gantt:

Figura 2: Diagrama de Redes

Fonte: Mattos, 2010.

Mattos (2010) diz que o gráfico de Gantt é um artifício visual que busca mostrar

de uma maneira fácil, o progresso de determinadas atividades que estejam sendo

realizadas na obra. Isso permite a identificação rápida de atrasos ou adiantamento

dos serviços que estão sendo analisados.

Na figura 3, as barras representam os dias que são necessários para a

realização de cada serviço e quais deles são dependentes entre si. Os que estão

pintados de cor mais escura são os do caminho crítico, ou seja, que não possuem

folga; já os mais claros, possuem um período que possibilita atraso ou postergação

do serviço.

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Figura 3: Diagrama de Gantt

Fonte: Mattos, 2010.

2.2.3 Diagramação Mista

Para Cimino (1987), consiste na união do gráfico de Gantt com o diagrama de

redes, em que além de demonstrar o gráfico de progresso de atividades, possibilita

identificar as que fazem parte do caminho crítico e consequentemente aquelas que

podem ter atrasos, pois possuem uma "folga" que não compromete o planejamento

inicial.

Na figura 4 é identificada a união entre o gráfico de Gantt e o diagrama de

redes. Na mesma é possível ver alguns exemplos de atividades, suas durações, a

interação entre elas, o caminho crítico e as folgas em dias.

Figura 4: Diagramação Mista.

Fonte: Mattos, 2010.

2.2.4. Linha de Balanço

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Mattos (2010) fala que é uma abordagem que tende a ser usada em obras com

atividades repetitivas, normalmente vista em prédios com pavimento tipo, pois estes

possuem diversos andares que seguem um padrão construtivo. O método consiste

em um gráfico tempo – progresso, em que é traçado uma reta.

Na figura 5, é demonstrado um exemplo da linha de balanço, nesta são

observadas repetições de atividades em diversos pavimentos, caracterizando um

método construtivo que será obedecido em todos estes. A linha reta tem a função de

mostrar que um mesmo processo está se repetindo em todos os pavimentos, criando

uma relação em que o processo só começa quando seu antecessor é concluído.

2.2.5 Curva S e Curva Banana

Figura 5: Linha de balanço.

Fonte: (Mattos, 2010).

Para Mattos (2010) a curva “S” refere-se ao acumulado dos recursos, que é

formada com o tempo, ou seja, quanto mais o tempo passa em uma obra, maior será

a quantidade de recursos que foi utilizado. Essa curva pode ser expressa para o início

mais cedo e para o mais tarde. Quando os dois são colocados no mesmo gráfico, ele

recebe o nome de curva banana devido a sua forma exposta no gráfico.

Em outras palavras ela serve para que haja uma ampla visualização quanto a

ação temporária, em detrimento a realização do serviço e ao emprego de mais

recursos, que não haviam sido planejados no início.

Na figura 6, a curva S apresenta o consumo de materiais ou mão-de-obra no

início mais cedo ou no início mais tarde. No início mais cedo é analisado um rápido

consumo dos insumos e posteriormente uma redução. Já no início mais tarde,

funciona ao contrário, começa com um consumo mais lento e em determinado ponto

aumenta consideravelmente o consumo.

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Figura 6: Curva Banana.

Fonte: Mattos, 2010.

2.3 Interferências no planejamento

Cimino (1987) mostra que quanto mais demorada for a construção, maiores

são as possibilidades de estas sofrerem com determinadas interferências gerando um

gasto desnecessário e podendo comprometer o orçamento, causando grandes

transtornos a todos os envolvidos.

Esses riscos podem ter origem da natureza, sabotagens ou vandalismos de

terceiros, na execução da própria obra, problemas na vizinhança, danos causados a

obras adjacentes, prejuízo ao meio ambiente, entre outros.

No quadro 3 é observado quais tipos de interferências podem influenciar nos

serviços e que normalmente não são previstas no planejamento.

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Quadro 3 – Interferências no planejamento

Origem Exemplificação

Natureza Terremotos, enchentes, erupções vulcânicas, avalanches, entre outros.

Sabotagem ou vandalismo

Quando terceiros tendem a destruir ou furtar os

patrimônios que estão na obra ou sendo executados na mesma.

Execução

Quando o profissional não segue os padrões

construtivos exigidos pela empresa ou quando resolve negligenciar as preconizações da norma.

Problema na vizinhança / Obras adjacentes

Esse problema é bastante comum quando não

são tomadas as medidas cautelares para

assegurar as casas da vizinhança antes de começar a execução da obra ou quando as casas

adjacentes ao empreendimento já são velhas e avariadas.

Meio Ambiente

O descarte de matéria solida de forma errada, desmatamento, assoreamento, erosão. Esses

são os impactos mais comuns causados pela

construção civil ao meio ambiente, e quando são

causados durante a execução devem ser

tomadas medidas mitigatórias para que se evitem danos permanentes ao ambiente.

Fonte: Autor (2018).

2.4 Razões para o acompanhamento

Segundo Mattos (2010) o planejamento é algo dinâmico e devido a certos

imprevistos acaba tendo atrasos no início das atividades do planejamento inicial,

sendo assim ao decorrer da obra terão que ser feitos algumas modificações. Desta

forma, se vê a necessidade de um monitoramento do andamento das atividades e, se

necessário, a atualização no cronograma da obra.

Algumas atividades que acarretam a necessidade da atualização do

cronograma são: atraso no início ou término das atividades, alterações no projeto,

discrepância da produtividade dos colaboradores, mudança dos métodos

construtivos, carência de material devido a atraso na entrega, acidentes com os

colaboradores, fatores climáticos.

2.5 Atualizações do Planejamento

Para Mattos (2010) deve-se atualizar o planejamento sempre que necessário,

o que configura em uma atividade denominada de replanejamento. Isso é realizado

para manter a proposta de projeto de acordo com o andamento da obra.

Diante disso, é necessário retirar dias das atividades que estão adiantadas e

colocar prazos em atividades que ficaram retardatárias. Mas deve-se tomar cuidado

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quanto a frequência dessa atualização, pois se for alterada de maneira constante, ela

perde sua credibilidade perante as equipes da obra.

2.6 Utilizações do Software para o planejamento

Koskela et al (2010) propõe que o sistema vem para ajudar na redução de

diversidades, pois todos os dados pertinentes são obtidos em um só lugar e possibilita

especificar e detalhar as atividades de forma a facilitar as tomadas de decisões. Além

disso, permite uma otimização do cronograma, pois já é adquirido uma previsão das

atividades que estão próximas a iniciar, reduzindo assim a quantidade de erros por

falta de informações.

Os softwares permitem também o controle de equipes e de materiais utilizados

na obra com maior refino, possibilitando saber qual atividade está sendo realizada

naquele determinado momento, seu término e a quantidade de insumos que

precisarão ser utilizados.

A ferramenta que foi usada para fazer o comparativo é um software de código

aberto que permite abrir arquivos oriundos do “Microsoft Project”, que é um dos

principais programas de planejamento de obra utilizados pelas grandes construtoras,

mas que possui um custo de aquisição elevado para realização da pesquisa. Sendo

assim foi escolhida uma opção acessível e de fácil manejo, o OpenProject, que será

melhor descrito adiante.

2.7 Orçamento

Sampaio (2001) afirma que a veracidade de um orçamento está diretamente

ligada a riqueza de detalhes que apresenta em sua descrição, visto que quanto mais

específico, melhor sua qualidade.

O valor de um empreendimento mantém uma relação proporcional entre a

realidade de mercado e as chances de lucro, obtendo assim o total controle de gastos

e percentuais de renda sobre o empreendimento. Em paralelo a isso, crescem

proporcionalmente também os riscos que estarão suscetíveis, devido ao aparecimento

de imprevistos que acarretarão em despesas, inviabilizando a continuidade do

empreendimento.

As vantagens do orçamento descritas por Azevedo (1985) mostram que o custo

serve para ver a rentabilidade de uma obra. Isso irá determinar o quanto vai ser

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investido e o quanto irá lucrar, avaliando qual o período de tempo para este retorno.

Porém, para que o orçamento atinja seu potencial pré-estabelecido é necessário um

planejamento e controle rígido.

O orçamento se apresenta atualmente como uma das principais tarefas de um

engenheiro civil, pois é a partir de um bom planejamento que será obtido o lucro. As

pesquisas a respeito desta temática tem claramente insistido nessa etapa para

conscientizar o profissional que ele deve gerenciar bem os seus custos, sendo fiel a

realidade da obra e buscando inclusive considerar as despesas paralelas às maiores

atividades.

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3 METODOLOGIA

Neste trabalho os pesquisadores buscaram realizar uma avaliação

comparativa, de cunho qualitativo, pois visa identificar as virtudes próprias aos

métodos utilizados durante o processo de planejamento de obras na construção civil,

com e sem o uso de softwares. Para o alcance desse objetivo, foram adotadas as

etapas abaixo:

Inicialmente, foi realizada uma revisão de literatura em periódicos e livros a fim

de buscar autores que discutiam a temática e poderiam contribuir na elaboração de

um embasamento teórico consistente, a respeito das metodologias adotadas para o

planejamento de obras no modo tradicional e com o uso de softwares específicos.

Aqui, coube também o exercício de compreender e identificar quais softwares eram

utilizados nesse mercado de programação e planejamento, bem como a identificação

daquele que mais se utilizava em relação a sua simplicidade para manuseio e

investimento mais baixo.

Com os dados em mãos, a próxima etapa foi selecionar algumas empresas que

estavam executando obras, para que fossem realizadas visitas in loco, visando a

obtenção de dados sobre seus planejamentos.

Dando sequência, os pesquisadores buscaram estabelecer um padrão de

estudo, de forma que facilitasse a compreensão e padronizasse as análises,

auxiliando no processo comparativo. Deste modo, a pesquisa foi desenvolvida em

obras de situação semelhante para que pudesse ser observado o funcionamento de

cada serviço em diferentes locais.

Tendo todos esses parâmetros, foram feitas visitas em 4 empresas que

trabalham no ramo da construção civil, cujo pré-requisito adotado para participarem

da pesquisa foi que as mesmas tivessem experiência com planejamento de obras. As

visitas foram realizadas mediante autorização das empresas. Para proteção da

imagem das construtoras, os nomes destas e dos empreendimentos serão ocultados.

O objetivo da visita foi coletar dados de como é realizado o planejamento principal da

obra e quais são os referenciais considerados antes do planejamento de um

empreendimento.

O foco não se manteve apenas nos parâmetros das construções, mas também

na obtenção de dados, tanto para o método tradicional, que se mostra com uma

estruturação mais firmada na experiência e no tempo em que trabalha com o

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planejamento, como também nas prováveis utilizações de programas tecnológicos

envolvidos no planejamento da obra.

Para preservar a identidade das empresas e dos empreendimentos, as obras

serão identificadas como A, B, C e D.

Na obra “A”, uma construção de um edifício residencial com 50 funcionários em

média, localizada em Cruz das Almas, litoral norte de Maceió. No dia da visita,

setembro de 2018, estavam sendo executados serviços de alvenaria de vedação,

instalação de tubulações hidrossanitárias e serviços de estrutura como armação e

colocação de fôrma para concreto. A visita durou 30 minutos e foi acompanhada pelo

engenheiro civil responsável pela obra.

Na obra “B”, uma construção de um edifício residencial com 70 funcionários,

localizado na Cruz das Almas, litoral norte de Maceió. No dia da visita, setembro de

2018, estavam sendo realizados serviços de aplicação de piso e revestimento interno,

pintura e instalações de bacias sanitárias nos apartamentos. A visita durou 40 min e

foi acompanhada pelo engenheiro civil responsável.

Na obra “C”, uma reforma de edificação comercial com 9 funcionários,

localizada no bairro do Tabuleiro dos Martins, parte alta de Maceió. No dia da visita,

setembro de 2018, as atividades que estavam sendo realizadas eram revestimento

cerâmico, aplicação de rejunte e revestimento argamassado de pequenas áreas. A

visita durou 30 minutos com o acompanhamento do engenheiro civil responsável.

Na obra “D”, uma reforma de edificação comercial com 7 funcionários,

localizada no bairro da Serraria, parte alta de Maceió. No dia da visita, setembro de

2018. As atividades que estavam sendo realizadas eram instalação elétrica e

aplicação de revestimento cerâmico interno. A visita durou 30 minutos com o

acompanhamento do engenheiro civil responsável.

Durante as visitas foi conversado com o engenheiro civil responsável pelo

planejamento a respeito das informações que o profissional deve levar em

consideração durante a realização de cada etapa do planejamento nos diferentes

serviços de um canteiro de obra. Os pesquisadores observaram também o

ordenamento sequencial dado as etapas dos serviços, avaliando quais seriam os

prováveis atrasos ou prejuízos que poderiam acontecer, caso o planejamento não

fosse cumprido.

Após as visitas, os dados foram analisados individualmente, sendo destacados

os dados em comum, para que dessa forma, possibilitasse aos pesquisadores a

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criação de um padrão de trabalho que assumisse a representação do que foi

denominado de método tradicional de planejamento de obra dos engenheiros civis.

Para que fosse possível obter uma comparação fiel, foram aplicados os

mesmos dados coletados nas obras, quanto aos serviços a serem realizados e prazos,

no software OpenProject, programa esse responsável por planejar atividades, tendo

um fácil acesso e manuseio. Neste foram testados e interpretados todos os serviços

do canteiro de obras em suas diferentes etapas, desde o levantamento de custo e

materiais até a finalização do serviço.

Foram simulados também prováveis imprevistos que poderiam acontecer nesta

obra e analisadas quais soluções o software oferece para cada caso. Os dados

utilizados para quantidade de colaboradores e custos das tarefas foram determinados

por meio de bancos de dados dispostos na internet como o Sistema de Orçamento de

Obras de Sergipe (ORSE) e o Sistema Nacional de Preços e Índices para a

Construção Civil (SINAPI).

Por fim, com todos os resultados em mãos, foi realizada a comparação das

duas formas de trabalho, para que fosse construída a interpretação de qual a mais

eficiente, rápida e barata em cada etapa dos serviços, além de detectar quais recursos

cada engenheiro civil pode utilizar para aperfeiçoar seu trabalho. Para isso, foi

interpretado o tempo de duração da obra, os atrasos que poderiam acontecer em cada

método, os custos, a organização do canteiro e do serviço e a qualidade na execução

das atividades.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Será analisado inicialmente o método tradicional, cujo planejamento é feito

previamente tomando como base conhecimento e experiência e os imprevistos que

são solucionados no andamento da obra. Para isso os dados coletados foram

interpretados para definir o perfil dos engenheiros que fazem uso desse método.

Os dados obtidos foram relacionados ao canteiro de obras, aos padrões

construtivos, a quantidade de colaboradores por atividade relatada, discriminada e

acompanhada nos diários e documentos das obras que são confeccionados durante

o andamento da mesma. Diante dessa análise, para se chegar aos padrões que

poderão ser observados, gastou-se algum tempo. Todos os engenheiros que

trabalham nas obras, nas quais foram realizadas as pesquisas.

Durante as visitas, observou-se cada serviço que estava sendo executado e

questionar ao responsável quanto aos parâmetros que foram adotados para

determinar variáveis como quantidade de trabalhadores, quantidade de material e

ordem de serviço.

Na obra “A”, existiam muitas empresas terceirizadas realizando serviço, o que

requer uma boa compatibilização das operações, visto que, normalmente elas são

dependentes entre si. O que despertou interesse nessa obra foi perceber que, de fato,

existia uma excelente organização executada pelo engenheiro sem utilizar nenhum

meio tecnológico, apenas com sua experiência e conhecimento. Cada empresa se

compromete a realizar seu serviço, enquanto a construtora, dona do empreendimento,

fiscaliza e administra de forma que as empresas caminhem juntas.

Dentro dessa mesma obra, foi questionada aos responsáveis das empresas

terceirizadas qual a maneira que se é organizado seu cronograma de atividades.

Assim, foi identificado que a empresa responsável pela estrutura realizava todos os

cronogramas, planejamentos e levantamentos em softwares. A explicação dada pela

engenheira é que devido a quantidade de colaboradores dentro da obra e diante das

outras muitas obras que a empresa presta serviço, somente se consegue manter

organização e rapidez no planejamento com a utilização de tecnologia.

Na figura 7, é possível identificar a construção de uma parede de alvenaria, de

tijolo cerâmico. Simultaneamente a esta atividade ocorre também a passagem das

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tubulações elétricas por dentro dos tijolos. Essa prática permite que não se perca

tempo de trabalho, evitando que no futuro esta parede seja quebrada para a mesma

finalidade.

Figura 7: Execução de serviço na obra “A”

Fonte: Autor (2018).

Na obra “B”, em que o empreendimento assemelha-se ao anterior, porém já se

encontra em fase de acabamento dos apartamentos, o engenheiro mostrou que o

controle era feito por meio de planilhas e fiscalização dele e dos estagiários, realizando

listas para checagem de cada serviço, com a exigência de cumprir as metas de

produção diariamente.

Nesta obra, vários serviços eram executados ao mesmo tempo e em

pavimentos diferentes, exigindo um pouco mais de atenção do profissional para saber

se todas as operações estavam sendo executadas perfeitamente. Como possui

poucas terceirizadas envolvidas no serviço, o engenheiro precisa, para executar esse

controle, de muito recursos e outros profissionais/estagiários para que todos os

detalhes possam ser anotados, fiscalizados e lembrados.

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Na figura 8, pode ser visto uma aplicação de cerâmica no apartamento no qual

já foi rebocado e pintado. Esse ordenamento no serviço permite que sejam evitadas

as manchas e as quebras nas cerâmicas, reduzindo assim prejuízos e retrabalhos.

Figura 8: Execução de serviço na obra “B”

Fonte: Autor (2018).

Na obra “C”, uma reforma de edifício comercial de um órgão público, realizada

por uma empresa terceirizada, por meio de licitação, o que despertou curiosidade

durante a visita foi justamente o fato de que mesmo tendo sido feito um

planejamento/orçamento prévio para aprovação do seu serviço, a empresa não

demonstrou ter essa organização, visto que informaram não haver planilhas de

planejamento e a disposição dos serviços visava apenas a economia de materiais e o

quantitativo de colaboradores.

Na figura 9 é demonstrado um colaborador executando um serviço de

lixamento. Nesta situação, identificou-se que o planejamento estava seguindo de

maneira ordenada, no qual após o término da preparação do substrato seria feito o

serviço de pintura. Como foi informado no momento, a atividade em questão estava

em atraso por conta de ausência (quantitativo reduzido) de colaboradores e atrasos

no pedido de material.

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Figura 9: Execução de serviço na obra “C”

Fonte: Autor (2018).

Na obra “D”, uma reforma realizada em um edifício, pertencente ao mesmo

órgão, a empresa apresenta melhor organização quanto ao ordenamento dos

serviços. Aparentemente a construção está em estágio mais avançado que a anterior,

o que pode ser justificado pela correta execução do planejamento e fiscalização dos

serviços.

Na figura 10, são visualizados diversos serviços sendo executados

simultaneamente com o objetivo de agilizar o planejamento. Eram feitos os cortes das

paredes, em sequência realizada a instalação de drenos para condicionador de ar e

eletrodutos, concluindo com o fechamento dos espaços com argamassa, assim

liberando a parede para a pintura.

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Figura 11: Execução de serviço na obra “D”

Fonte: Autor (2018).

No geral, o que foi identificado quanto ao método tradicional foi que o

planejamento é descrito pelo engenheiro antes do início das atividades, informando

ao colaborador quais ações devem ser executadas naquele dia e quantos

trabalhadores são suficientes para realizá-las. O serviço normalmente é

acompanhado pelo mesmo ou um estagiário de engenharia civil para que todas as

recomendações sejam cumpridas, assim como as normas de segurança quanto a uso

de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) e cuidados com o material utilizado.

Nas visitas, também foi questionado quanto ao consumo e pedido de material

e o que pôde ser notado foi que o processo se repete quanto ao acompanhamento

diário. Para tal é calculado a quantidade de material que está sendo consumido em

um dia e então é realizado um novo cálculo para ter o conhecimento de quanto tempo

irá durar o que está armazenado em estoque. Dessa maneira, quando faltam 3 a 4

dias, considerando o tempo para entrega, é feito um novo pedido de material. Este

normalmente é em quantidade superior ao que se espera gastar, visto que é

considerado o desperdício devido ao manuseio e execução.

Quanto ao custo dos serviços na obra, em geral isso é avaliado pelo dono ou

pelo escritório da empresa. Normalmente são feitas muitas cotações antes e durante

a construção, para que seja gasto o menor valor possível com materiais e mão de

obra. O papel do engenheiro, nesse caso é de estabelecer um planejamento correto

quanto a ordem dos serviços, realizar orientações e estar sempre atento às execuções

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para evitar prejuízos. O que foi visto na prática é que acontece frequentemente do

engenheiro não analisar o que está sendo gasto na etapa, mas se atentar apenas a

quantidade de material calculado e ao tempo de execução determinado previamente,

tentando se manter no prazo aumentando ou diminuindo a quantidade de

colaboradores; busca assim, a finalização da obra mantendo sua lógica de execução

e sequência das atividades.

Para as situações inesperadas, ou seja, os imprevistos, não existem muitos

recursos ou medidas de cautela que são levadas em consideração como atitude

mitigadora. Isso acontece pelo simples fato de que os orçamentos são realizados no

menor valor possível e ainda assim visam apenas o lucro. Dessa forma, qualquer

ocorrência que seja aquém do esperado, se torna um prejuízo. Quando estas

acontecem, se fazem necessárias reuniões e decisões coletivas para que se resolva

de maneira onerosa e rápida.

Em contrapartida com esse método tradicional, foi realizada uma análise

quanto ao uso do software no planejamento das obras observando os mesmos pontos

e as diferenças entre eles.

Durante as visitas às obras, pôde-se verificar que a maior parte daqueles que

planejam, com o auxílio do software. De tal maneira, eles buscam esse método, pois

entendem ser o melhor para evitar erros que possam vir a prejudicar financeiramente

às empresas que prestam serviços. Quanto ao canteiro de obras, estes seguem

especificações das NB 1367, que determina as diretrizes dentro de um canteiro de

obra e NR 18, que regulamenta as condições e o meio ambiente de trabalho, e os

padrões construtivos seguem os métodos adotados em todas as obras, de maneira

que se houver alguma falha é possível identificar rapidamente onde ela está e corrigir,

para que não haja recorrência.

O planejamento dos serviços é realizado no software em que se registra as

atividades que serão executadas, quantos dias serão necessários para finalizá-la e o

dia em que a atividade deve ser iniciada. Posteriormente, o software demonstrará em

que dia ela deverá terminar, para isso ele também leva em conta as horas de trabalho

por dia e os dias em que não ocorrerá o exercício das atividades. A quantidade de

pessoas é dimensionada pela discriminação dos serviços pelo SINAPI ou ORSE,

ferramentas online que apresentam informações de serviços da construção civil, como

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por exemplo, o tempo de execução por colaborador, o custo de materiais e mão de

obra, permitindo ter uma noção para montar a equipe básica dos serviços.

Na figura 11, é possível verificar todos os serviços que serão realizados na obra

dispostos no software, apresentando sua duração, as atividades que precisam

realizadas antes e o custo orçado.

Figura 11: Interface OpenProject

Fonte: Autor (2018)

O consumo de materiais também pode ser acompanhado com a ajuda da

ferramenta, nesta é discriminada a quantidade de insumos que cada atividade irá

necessitar e o programa demonstra quanto será consumido no decorrer dos dias.

Além disso, é possível determinar os dias em que devem ser realizados os pedidos

de materiais e assim o próprio software relembra quando chegar o momento da

solicitação.

Se o custo não for estimado anteriormente pelo proprietário da obra, ele é

acompanhado no software. Da mesma forma que é possível colocar os insumos, ele

permite a colocação dos custos da execução de cada atividade e o programa mostra

o consumo gradativo por dia. Os softwares de planejamento normalmente permitem

também ver que tipo de abordagem será mais rentável para a construção. Pode ser

analisada a obra com o início mais rápido das atividades e o consumo mais

significativo de insumos, ou com o início mais tardio onde se põe as atividades com

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folgas para o caminho crítico e inicia a obra com o mínimo de consumo possível para

que se mantenha o prazo.

Na utilização desses programas, os imprevistos podem ser levados em

consideração já no início do planejamento, no qual existe a tentativa de colocar uma

folga entre as atividades, para caso haja algum atraso por qualquer motivo. Essa folga

não é estabelecida como um aumento de dias no cronograma, mas na verdade como

dias em que podem ser utilizados para sua realização, sem ter influência nas demais

atividades. Outros pontos que conseguem reduzir os prejuízos são os

acompanhamentos diários que o software permite estabelecer quanto aos pedidos de

materiais, que é um dos principais motivos para atraso de obra, e utilização de mão-

de-obra suficiente para terminar o serviço no tempo desejado.

Na figura 12, demonstra-se a função do software no qual é possível identificar

quantas horas de trabalho serão necessárias para concluir a atividade em questão e

também permite identificar se esta terá atraso, informando a quantidade de dias

perdidos. Nessa condição, o programa automaticamente já ajusta as datas das

demais atividades em caso de atraso.

Figura 12: Atrasos

Fonte: Autor (2018).

Para acompanhar a programação, o software permite trabalhar com alguns

tipos de diagramas que organizam as atividades de forma que seja fácil identificar as

atividades no caminho crítico, as com folga e as em atraso.

Nas figuras 13 e 14 é identificado o diagrama de Gantt. Tal modelo é dividido

por meses e dispõe as atividades executadas nas semanas do mês correspondente.

À esquerda, é possível observar a descrição das atividades, organizadas por

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categoria; e à direita, está o diagrama que apresenta as atividades no caminho crítico.

Em vermelho, atividades essas que são prioridades para a execução do cronograma

sem atrasos, e as com folga, atividades aquelas que não atrasam diretamente o

planejado, em azul, as linhas pretas são utilizadas para dividir os serviços por

categoria.

Figura 13: Aplicação no Diagrama de Gantt

Fonte: Autor (2018).

Figura 14: Aplicação no Diagrama de Gantt (2)

Fonte: Autor (2018).

Outro modelo utilizado foi o diagrama de redes, o qual tem a mesma função de

organizar as atividades. A diferença para os demais é a possibilidade de observar

melhor como as atividades se relacionam entre si e quais as suas dependências.

Na figura 15 é possível identificar o funcionamento dessa ferramenta, em que

as atividades em caixa vermelha são as consideradas críticas, e as em caixa azul são

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as com folga. Esse modelo funciona como um organograma, no qual as atividades se

ligam de acordo com o percurso que elas fazem no planejamento.

Figura 15: Aplicação no Diagrama de redes

Fonte: Autor (2018).

4.1 Comparação entre os métodos

Após analisar cuidadosamente os dois métodos de planejamento, fica difícil

determinar qual se torna mais eficaz de maneira geral, visto que os mesmos são

utilizados por pessoas diferentes, e cada um possui suas vantagens e desvantagens.

O método tradicional já está em uso durante gerações, basicamente é a forma

como se trabalha na construção civil e tem funcionado até então. Enquanto por outro

lado, os softwares e os bancos de dados aparecem como alternativas de reciclagem

e correção de alguns erros que são cometidos naturalmente, assim como para trazer

mais facilidade quanto a organização e controle do canteiro. O que foi percebido é que

o software permite ter uma visão mais ampla e minimalista da obra em geral e nos

possibilita ver atrasos mais claramente que o tradicional; ao mesmo tempo em que o

método tradicional depende muito da figura do profissional em campo, acompanhando

o andamento da obra em cada detalhe.

Interessante ver também que no consumo de materiais existe um importante

ponto que pode ser conectado entre os dois métodos. Para conferência de material e

necessidade de pedido, o mais adequado certamente se trata de observar na obra a

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real quantidade, mas por vezes isso passa despercebido ou o aviso chega no

momento em que o material já tem chegado ao fim. Dessa forma é vista com bons

olhos a utilização do software para fiscalização de quantidade e lembrete dos dias de

novos pedidos, assim, se tem um controle muito mais fiel e sem atrasos nos pedidos.

Provavelmente, o principal ponto que um construtor busca é a redução e

administração de custos, no software, estas apresentam diversas qualidades, pois o

mesmo permite planejar de forma clara como se deseja gastar os insumos, além de

mostrar em tempo real quanto está sendo gasto e quanto irá ser gasto nas atividades

futuras.

Ainda para evitar os imprevistos, o engenheiro consegue estabelecer as

atividades que ele pode deixar com folga sem influenciar as outras. Quando feito

dessa maneira, os riscos parecem ser muito mais calculados e controlados, evitando

assim prejuízos decorrentes de atrasos por falta de material, ferramenta, mão de obra

ou outro motivo.

Como produto deste estudo, os pesquisadores criaram uma tabela de

vantagens e desvantagens dos dois métodos. Nesta, foi analisado o comportamento

de cada etapa dos serviços de acordo com as ferramentas e atitudes que as duas

maneiras de trabalho possibilitam individualmente. Essa tabela tem o objetivo de

auxiliar o engenheiro no momento de decisão quanto a utilização ou não de um

software no seu planejamento de obra, estabelecendo relações com o tempo de

serviço, tamanho do empreendimento, custos e organização.

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Tabela 1: Comparação dos métodos.

Etapa Método Tradicional Método com Software

Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens Velocidade no Em obras em que o Facilidade em ordenar e Deve-se início da obra. quantitativo de estabelecer predecessoras atualizar

Planejamento atividades e e sucessoras das sempre que

das colaboradores seja atividades. estiver fora dos

atividades alto. padrões que foram inicialmente registrados. Fidelização dos Grande desperdício Materiais comprados de Não prevê lista fornecedores por de materiais. acordo com a necessidade de alguns experiência de do serviço, utilizando uma materiais que obras anteriores. pequena margem de surgem como

Consumo acréscimo, devido a necessidade

/compra de possibilidade de perda na durante a materiais viagem e no manuseio. realização dos

serviços. Conhecimento do O dinheiro é O software permite que Os custos valor de mercado consumido sejam visualizadas as previstos por experiência conforme o fluxo da atividades e os dias em podem sofrer de obras obra, ou seja, a que as mesmas serão alterações de anteriores. atividade é iniciada executadas, permitindo acordo com o desde que haja ajustes destas. mercado,

Custo dinheiro em caixa, Viabilizando um custo necessitando caso contrário pode aproximadamente fixo de atualização ter interferências no durante o período de periódica. tempo e construção.

consequentemente,

mais gastos.

Conhecimento Ausência de Atualizar os registros de Não havendo prévio da controle para orçamento com os dados falhas no produção média saída/entrada de recentes de cotações a fim cumprindo do dos serviços. materiais e de realizar os serviços planejamento, Evitando desperdício de baseados neste não existirão

Prejuízos possíveis atrasos

quanto ao tempo do profissional em

referencial. Além de

facilitar a execução das prejuízos.

cumprimento do refazer mesma atividades respeitando seu

tempo de atividade por falta ordenamento sequencial.

execução e/ou de planejamento.

gastos

desnecessários.

Utilizar Dificuldade em Realizar registro para Não conhecimentos prever atrasos nos acompanhamento/consulta disponibiliza prévios, já serviços, assim diária e fixação de soluções para

Imprevistos vivenciados em como possíveis lembretes para execução situações que situações falhas na de serviços e pedidos. não foram semelhantes, solicitação de registradas. para solucionar materiais.

demandas não

previstas.

Fonte: Autor (2018).

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5. CONCLUSÃO

O ordenamento e disposição dos serviços dentro do planejamento de trabalho

de uma obra se apresenta de maneiras distintas, visto que cada uma se estrutura sob

a influência projetada pelo perfil do engenheiro civil responsável, e essa característica

direciona o percurso e o desfecho de cada empreendimento.

Analisando as variáveis pertencentes aos dois métodos, fica claro estimar o

quanto a pessoalidade do engenheiro é determinante em relação ao potencial de

eficiência do método, visto que nem todos os profissionais receberam o mesmo

processo formativo, nem possuem o mesmo domínio tecnológico, habilidades

interpretativas para leitura dos dados gerados nos programas e/ou desejo de

apropriar-se dessa técnica; todas essas condições podem caracterizar resultados

efetivos ou inefetivos a partir da demanda apresentada.

Diante das visitas realizadas nessa pesquisa foi observado que

independentemente das diferenças identificadas quanto a dimensão da obra, tempo

de realização e quantitativo de colaboradores envolvidos, preza-se sempre pelo

acompanhamento fiel dos serviços para que a execução ocorra exatamente igual ao

que se foi estabelecido previamente. Com o cumprimento desta prática, consegue-se

atingir melhores resultados no tocante a economia, segurança, tempo de execução e

engajamento dos colaboradores.

Em ambos os métodos a falta de produção de trabalhadores, máquinas

ociosas, atrasos de material e retrabalhos são decorrentes de um planejamento com

falhas. Sendo utilizado softwares ou não, o engajamento humano, inclusive para

alimentação desses dados no programa, é de fundamental importância e não pode

ser substituído por nenhum outro elemento.

A escolha dos métodos de planejamento de obras são condicionantes a

afinidade tecnológica e habilidades que o profissional possui. Sendo assim, não é

possível definir que metodologia melhor se aplica a condição do responsável. O uso

dos métodos é diretamente proporcional a dimensão da obra, quantidade de serviços

executados e colaboradores envolvidos, ou seja, é mais comum que em obras de

maior porte sejam utilizados softwares para que se evitem falhas; já em pequenas

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obras ou reformas, o método tradicional atende as expectativas para um resultado

satisfatório.

Em face dessas considerações este trabalho sugere a possibilidade da

realização de outras pesquisas que se proponham investigar novas ferramentas que

possam ser úteis para a qualificação das etapas que compõe os métodos de

planejamento, aperfeiçoando desta maneira a área da construção civil.

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