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Métodos matemáticos para projeção de cota hidrométrica Guilherme Samprogna Mohor; Karinne Reis Deusdará Leal; Luz Adriana Cuartas Pineda; Eduardo Mario Mendiondo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, Estrada Doutor Altino Bondesan, 500 - São José dos Campos/SP – [email protected] INTRODUÇÃO Em situações de desastres naturais, uma visão geral e uma rápida previsão são necessárias para se tomar medidas emergenciais. Em situações de baixas vazões, a base comum é a execução de um modelo hidrológico, o que pode ser complexo e conceitualmente abrangente. Este procedimento é, muitas vezes, inadequado para sistemas de alerta e tomada de decisão, devido ao tempo para implementação. Por isso, adotamos uma abordagem de métodos matemáticos, de implementação mais simples, para a extrapolação da curva de recessão e para projetar o nível da água, variável extremamente importante para captações, navegação e pesca. Dentro de um recente período de forte recessão, métodos matemáticos foram explorados para rapidamente projetar a queda das cotas hidrométricas no Rio Acre (23.500 km², 573 km de extensão do canal principal) (ANA, 2015) (Fig.1), inserido na bacia Amazônica, divide os territórios do Brasil, do Peru e da Bolívia, e posteriormente deságua no rio Purus, margem direita do Amazonas. O Rio Acre provê água para 9 cidades, entre elas Rio Branco, a capital e maior cidade do estado do Acre, no Norte do Brasil. MÉTODOS Os métodos adotados são baseados em dados de cota hidrométricas. Utilizou-se como referência a estação 13600002, situada em Rio Branco-AC, observada desde 1967, operada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e gerida pela Agência Nacional de Águas (ANA). O primeiro método consiste na avaliação estatística em passo de tempo mensal baseada em anos similares e na sazonalidade do regime. Nesta aplicação, estimou-se a redução da cota hidrométrica que ocorre entre julho e setembro, mês este em que geralmente ocorre o mínimo anual (Fig. 2), antes do reinício das chuvas. RESULTADOS No primeiro método, foi identificada a média de variação de cota entre o início e o fim da recessão e os períodos de ocorrência dos mínimos (entre 14 de agosto e 13 de dezembro). Então, foi adotada a variação de cota ±1 desvio padrão (intervalo de confiança de 67%), e realizada a projeção no início do período crítico, em meados de julho, para o momento historicamente de menor nível na estação hidrométrica, em meados de setembro (Fig.4). CONCLUSÕES REFERÊNCIAS É importante também reconhecer padrões locais a fim de avaliar se a situação é de fato um extremo, e quando deixa de sê-lo (Fig.6). Na primeira quinzena de outubro é comum na estação referida o início da estação chuvosa com elevação da cota seguida de ligeira queda, para então iniciar a estação chuvosa mais intensa. Em 2016, um período chuvoso na segunda quinzena de setembro aliviou a situação extrema, e na entrada de outubro novo evento chuvoso mais intenso elevou o nível do Rio Acre a patamares menos críticos. Os métodos utilizados atingiram o objetivo ao dependerem de poucos dados de fácil acesso, e pela simplicidade de implementação. Os resultados mostraram-se efetivos no monitoramento e avaliação da situação, aptos à situação de mínimos. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Hidroweb. Disponível em: <hidroweb.ana.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2017. FIOROTTO, V.; CARONI, E. A new approach to master recession curve analysis. Hydrological Sciences Journal- Journal Des Sciences Hydrologiques, v. 58, n. 5, p. 966975, 2013. TALLAKSEN, L. M. A review of baseflow recession analysis. Journal of Hydrology, v. 165, n. 14, p. 349370, 1995. Este trabalho foi possível graças ao suporte do CEMADEN/MCTIC e também do suporte por bolsas CNPQ Projeto #454809/2015-8 - Pesquisa e Desenvolvimento em Desastres Naturais Figura 6. Frequência de níveis diários de 1967 a 2015 e ocorrência em 2016. Figura 5. Avaliação das projeções de nível por todo o período crítico Figura 3. Projeções por ajuste da curva Figura 4. Projeções pelo primeiro (caixas rosas) e segundo (linhas azuis) métodos 1-jul 26-jul 20-ago 14-set 9-out 3-nov 28-nov 100 150 200 250 300 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Data do mínimo anual Cota (cm) Cota hidrométrica Data Figura 2. Mínimos anuais na seção da estação 13600002 Figura 1. Área de drenagem do Rio Acre até Rio Branco-AC e estações monitoradas pela Defesa Civil. O segundo método consiste numa análise da curva de recessão e ajuste de curva monotonicamente decrescente, isto é, a projeção por tendência da curva de recessão (FIOROTTO; CARONI, 2013; TALLAKSEN, 1995). Diversas funções são sugeridas na literatura, sem haver uma metodologia provada robusta, levando à adoção de duas formulações, potencial e logarítmica (Fig.3), gerando assim uma faixa provável. Assim, as equações adotadas foram: = 0 1 (1) e = − 2 ∗ ln + 0 (2) Após o período crítico, pudemos verificar a boa previsibilidade dos métodos aqui adotados, conforme Figura 5.

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Métodos matemáticos para projeção de cota hidrométrica

Guilherme Samprogna Mohor; Karinne Reis Deusdará Leal; Luz Adriana Cuartas Pineda; Eduardo Mario Mendiondo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, Estrada Doutor Altino Bondesan, 500 - São José dos Campos/SP – [email protected]

INTRODUÇÃO

Em situações de desastres naturais, uma visão geral e uma rápida previsão são necessárias para se tomar medidas emergenciais. Em situações de baixas vazões, a base comum é a execução de um modelo hidrológico, o que pode ser complexo e conceitualmente abrangente. Este procedimento é, muitas vezes, inadequado para sistemas de alerta e tomada de decisão, devido ao tempo para implementação. Por isso, adotamos uma abordagem de métodos matemáticos, de implementação mais simples, para a extrapolação da curva de recessão e para projetar o nível da água, variável extremamente importante para captações, navegação e pesca.

Dentro de um recente período de forte recessão, métodos matemáticos foram explorados para rapidamente projetar a queda das cotas hidrométricas no Rio Acre (23.500 km², 573 km de extensão do canal principal) (ANA, 2015) (Fig.1), inserido na bacia Amazônica, divide os territórios do Brasil, do Peru e da Bolívia, e posteriormente deságua no rio Purus, margem direita do Amazonas. O Rio Acre provê água para 9 cidades, entre elas Rio Branco, a capital e maior cidade do estado do Acre, no Norte do Brasil.

MÉTODOS

Os métodos adotados são baseados em dados de cota hidrométricas. Utilizou-se como referência a estação 13600002, situada em Rio Branco-AC, observada desde 1967, operada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e gerida pela Agência Nacional de Águas (ANA).

O primeiro método consiste na avaliação estatística em passo de tempo mensal baseada em anos similares e na sazonalidade do regime. Nesta aplicação, estimou-se a redução da cota hidrométrica que ocorre entre julho e setembro, mês este em que geralmente ocorre o mínimo anual (Fig. 2), antes do reinício das chuvas.

RESULTADOS

No primeiro método, foi identificada a média de variação de cota entre o início e o fim da recessão e os períodos de ocorrência dos mínimos (entre 14 de agosto e 13 de dezembro). Então, foi adotada a variação de cota ±1 desvio padrão (intervalo de confiança de 67%), e realizada a projeção no início do período crítico, em meados de julho, para o momento historicamente de menor nível na estação hidrométrica, em meados de setembro (Fig.4).

CONCLUSÕES

REFERÊNCIAS

É importante também reconhecer padrões locais a fim de avaliar se a situação é de fato um extremo, e quando deixa de sê-lo (Fig.6). Na primeira quinzena de outubro é comum na estação referida o início da estação chuvosa com elevação da cota seguida de ligeira queda, para então iniciar a estação chuvosa mais intensa. Em 2016, um período chuvoso na segunda quinzena de setembro aliviou a situação extrema, e na entrada de outubro novo evento chuvoso mais intenso elevou o nível do Rio Acre a patamares menos críticos.

Os métodos utilizados atingiram o objetivo ao dependerem de poucos dados de fácil acesso, e pela simplicidade de implementação.

Os resultados mostraram-se efetivos no monitoramento e avaliação da situação, aptos à situação de mínimos.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Hidroweb. Disponível em:

<hidroweb.ana.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2017.

FIOROTTO, V.; CARONI, E. A new approach to master

recession curve analysis. Hydrological Sciences Journal-

Journal Des Sciences Hydrologiques, v. 58, n. 5, p. 966–975,

2013.

TALLAKSEN, L. M. A review of baseflow recession analysis.

Journal of Hydrology, v. 165, n. 1–4, p. 349–370, 1995.

Este trabalho foi possível graças ao suporte do CEMADEN/MCTIC e também do suporte por bolsas

CNPQ Projeto #454809/2015-8 - Pesquisa e Desenvolvimento em Desastres Naturais

Figura 6. Frequência de níveis diários de 1967

a 2015 e ocorrência em 2016.

Figura 5. Avaliação das projeções de nível por

todo o período crítico

Figura 3. Projeções por ajuste da curva

Figura 4. Projeções pelo primeiro (caixas rosas)

e segundo (linhas azuis) métodos

1-jul26-jul20-ago14-set9-out3-nov28-nov100

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Cota hidrométrica Data

Figura 2. Mínimos anuais na seção da estação

13600002

Figura 1. Área de drenagem do Rio Acre até

Rio Branco-AC e estações monitoradas pela

Defesa Civil.

O segundo método consiste numa análise da

curva de recessão e ajuste de curva

monotonicamente decrescente, isto é, a

projeção por tendência da curva de recessão

(FIOROTTO; CARONI, 2013; TALLAKSEN,

1995). Diversas funções são sugeridas na

literatura, sem haver uma metodologia provada

robusta, levando à adoção de duas

formulações, potencial e logarítmica (Fig.3),

gerando assim uma faixa provável. Assim, as

equações adotadas foram:

𝐻 𝑡 = 𝐻0 ∗ 𝑡−𝑎1 (1) e

𝐻 𝑡 = −𝑎2 ∗ ln 𝑡 + 𝐻0 (2)

Após o período crítico, pudemos verificar a boa previsibilidade dos métodos aqui adotados, conforme Figura 5.