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Psicóloga Cláudia Coimbra | 38 anos Mariana Saraiva | 35 anos 82 v 5 DE MARÇO DE 2009 Aceitar como oportunidades as dádivas do caminho – um amor, o nascimento de um fi- lho – é um risco e uma manifestação de fé. Agora Agora Antes Antes MOTIVO DA MUDANÇA MOTIVO DA MUDANÇA OCUPAÇÃO OCUPAÇÃO FOTOS: JOSÉ CARIA (EM CIMA ), E MARCOS BORGA
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82 v 5 DE MARÇO DE 2009
arranjar cama para visitantes de última hora e resolveram transformar o espaço – onde há burros e uma avestruz – em turismo rural. Chamaram-lhe, claro, Três Marias. «Esta-mos atentos à natureza e vivemos de forma mais instintiva», descreve Cláudia. No fim do Verão, apanham pinhas; com as primei-ras chuvas, vêm os cogumelos, as bolotas. Ao colo, segura a pequena Laura, 5 meses; os outros dois filhos, David, 8 anos, e Lucas, 6, hão-de chegar das aulas. «A escola não é fantástica, mas o resto compensa. O que po-díamos querer mais?»
MAIS VALE TARDEAceitar como oportunidades as dádivas do caminho – um amor, o nascimento de um fi-lho – é um risco e uma manifestação de fé.
Faz uma semana que Margarida Piló, 34 anos, licenciada em Psicologia, defendeu a tese de mestrado Maternidade em círculos – Grupos de apoio à maternidade consciente. Com o nas-cimento do seu filho mais velho e após dez anos a trabalhar em ensino especial e como monitora de informática, Margarida abraçou nova causa: a maternidade vivida em pleno. «Mudei completamente, descobri um mun-do novo.» Fez a formação de doulas (presta informação e apoio durante a gravidez, parto e pós-parto), é voluntária da linha SOS Ama-mentação e acompanha o crescimento dos três filhos, com 3, 5 e 7 anos. «Angustiava- -me pensar que estava a perder os primeiros passos deles, as primeiras palavras», revela a lisboeta, membro do movimento pela huma-nização do parto, HumPar.
Ainda chegou a trabalhar «contrariada», a tempo parcial, mas quando foi novamente mãe fez contas com o marido, advogado, e decidiu ficar em casa. Não se arrepende de nada e fez uma descoberta: «Ter um patrão é coisa que já não me cabe na cabeça.»
Na cabeça de um precário, a narrativa é outra. A mãe chama-lhe «o meu doutor ao quadrado». Não está a ser rigorosa, mas anda lá perto: faltam cinco meses para o filho terminar a sua segunda licenciatura, oito anos depois de ter completado a pri-meira, em Comunicação Social e Cultural. Quando Fernando Pedrosa, 32 anos, sair da Universidade Lusíada, em Julho, com o novo canudo, deverá ter emprego como radiologista clínico. O projecto de carrei-ra na área cultural está morto e enterrado.
Mariana Saraiva | 35 anos
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Cláudia Coimbra | 38 anos
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