Mulheres na Filosofia:o levante brasileiro,seus ecos em nós

Gisele Secco

(UFSM)

O LEVANTE

§ Observações iniciais: por alguma justiça histórica

§ 2016, o ano do revirão

§ Movimentos atuais (Brasil e Mundo)

SEUS ECOS EM NÓS

§ Nossos problemas

§ Nossas soluções: nossas conexões

§ Imaginando horizontes

Contexto: o levante

Observações iniciais: por alguma justiça histórica

§ Mulheres fazem filosofia no Brasil, com ou sem pendores feministas, desde há muito (cf. Wuensch 2015)*. Carla Rodrigues anota**:

§ “(...) o campo brasileiro e latino-americano, onde podemos ler os textos de Heleieth Saffioti e Lélia Gonzalez e suas críticas à teoria marxista nos anos 1970; recuperar o trabalho pioneiro de Bertha

Lutz não apenas no que diz respeito ao sufragismo, mas em toda a amplitude de sua obra; voltar ao século XIX para ler Nísia da Floresta

e, com ela, pensar sobre a influência do positivismo no campo de pensamento brasileiro. Para não me incluir como referência de

leitura, cito mestras cujo trabalho admiro, como Marilena Chauí, Olgária Mattos, Jeanne Marie Gagnebin, Maria Cristina Ferraz,

Heloísa Buarque de Hollanda; e colegas como Magda Guadalupe dos Santos, Geórgia Amitrano, Marília Pisano, Carla Damião, Maria de

Lourdes Borges e Susana de Castro Amaral Vieira (...) No âmbito do continente latino-americano, cito apenas algumas referências, as

que considero obrigatórias em qualquer lista de filosofia digna desse nome: Gloria Anzaldua, Maria Luiza Femenías e Monica Cragnolini.”

§ Quem mais?

2016, o ano do revirão

§ O tema “mulheres e/na filosofia”, no Brasil, passou a ser “assunto relevante” ontem, com:

§ A publicação da pesquisa da Prof.ª Carolina Araújo (UFRJ) "Mulheres na Pós-Graduação em Filosofia no Brasil 2015”;**

§ O lançamento da campanha Quantas Filósofas?§ A criação do GT Filosofia e Gênero na ANPOF ;

§ A organização dos eventos Vozes: As Mulheres na Filosofia (2017 e 2018) e dos Encontros do GT da ANPOF (2017 e 2019);

§ As publicações decorrentes de tais eventos;

§ Diversas iniciativas locais, acadêmicas e políticas, por todo o Brasil;

§ Certa concomitância e causalidade com ações no Ensino Médio (ocupações).

Movimentos atuais

(Brasil e Mundo)

§ Crescimento de iniciativas editoriais (livros, volumes de revistas, artigos);

§ Projetos de pesquisa interinstitucionais (e internacionais);

§ Campanhas educativas sobre abuso de poder, assédio moral e sexual;

§ A criação (em andamento) do Blog Mulheres na Filosofia e da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas;

§ Proposta de criação do GT História das Mulheres na Filosofia (ANPOF);

§ Publicação do site Red de Mujeres Filósofas de Latino America;

§ Traduções para o Português dos verbetes da ECC (Center for the History ofWomen Philosophers and Scientists), por K. Peixoto, E. Marques e P. Pricadlnitsky.

§ Expansão do New Narratives on the History of Philosophy, da InternationalAssociation of Women Philosophers, da Women in Philosophy (blog da APA);

§ Fechamento do blog Feminist Philosophers

§ Mais organização, junções, uniões, imaginação, “ocupações curriculares”...

Ecos em nós:problemas e soluções

Nossos problemas, nossas soluções

§ Comportamentos inadequados: piadas, uso de exemplos de teor machista, racista e/ou misógino; resistência a escutar perguntas de mulheres; silenciamento (várias formas);

§ Assédios morais; (toques indesejados etc..)

§ Assédio e abusos sexuais;

§ Essa sensibilidade, entretanto, não é capaz de conter:

§ O desânimo e a pouca identificação com áreas “frias”, ou “pouco femininas”, como lógica;

§ A evasão decorrente dos fatores precedentes (hipótese);

§ Mais filósofas e autoras mulheres em sua formação (ementas, programas, aulas);

§ Como e por que revisar o cânone?

§ Mais pesquisa e mais ensino sobre “questões de gênero” ;

§ quais são as principais questões e como abordá-las?

§ Mais reflexão sobre as consequências pedagógicas, éticas e políticas das escolhas

didáticas feitas pelo corpo docente;

§ Quais as relações entre pedagogia universitária e a dimensão ético-política da vida?

Na esfera do convívio cotidiano, a geração pós-levante é mais sensível aos

Na esfera acadêmica, a geração pós-levante demanda

“A Hidra da Misoginia”lustração utilizada por KatarinaPeixoto na

LiboriSummer School2019

Nossas soluções: nossas conexões

§ Dialogar com colegas e professores sobre as experiências de escuta com as estudantes, visando o reconhecimento dos problemas e a busca de soluções;

§ Retomar as ações interdisciplinares e interinstitucionais de combate ao assédio; (Comunicação Social já é parceira);

§ Expandir a campanha #UFSMSemAssédio em parceria com outros cursos do CCSH;

§ Tentar estabelecer uma “gramática” para lidar com os casos reportados como problemáticos;

§ Criar coletivamente um “abecedário” para um bom convívio entre nós (?)

Com relação aos problemas no convívio cotidiano

§ Retomar iniciativas anteriores (Ciclo sobre reescrita do Cânone; Grupo de tradução)?

§ Criar grupos de estudo “oficiais” sobre gênero e sobre mulheres na história das disciplinas filosóficas (logica,

ética, epistemologia, filosofia política, antropologia filosófica)?

§ Desenvolver uma campanha de divulgação científica do tipo “As Filósofas do Mês”?

§ Quais pesquisas em andamento no Departamento poderiam propor IC’s, orientações de mestrado e

doutorado com ou sobre filósofas?

§ Estudar bibliografia sobre o estado da arte nos dois campos de problemas (Haslanger 2008, Dougherty et.

al. 2015, Araújo 2019)

Com relação às demandas de âmbito acadêmico

Imaginando horizontesImaginando horizontes

§ O que mais podemos fazer?

§ Vamos juntas?

Referências

§ RODRIGUES. Carla. (2016) “A filosofia (brasileira) não é feita só por homens”. Disponível em http://anpof.org/portal/index.php/es-ES/comunidade/coluna-anpof/1033-a-filosofia-brasileira-nao-e-feita-so-por-homens

§ _______________. “Breve história crítica dos feminismos no Brasil” Serrote #30 Disponível em https://www.revistaserrote.com.br/2019/02/breve-historia-critica-dos-feminismos-no-brasil-por-carla-rodrigues/

§ WUENSCH, Ana Miriam. “Acerca da existência de pensadoras no Brasil e na América Latina” Disponível e:mhttp://repositorio.unb.br/bitstream/10482/20778/1/ARTIGO_AcercaExistEnciaPensadoras.pdf

§ hooks, bell. (2008) O feminismo é para todo mundo. Tradução Ana Luiza Libanio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos

§ HASLANGER, Sally. (2008) “Changing the Ideology and Culture ofPhilosophy: Not by Reason (Alone)” Hypatia Vol. 33, n. 2: 210-223.

§ DOUGHERTY, BARON & MILLER (2015) “Female Under-RepresentationAmong Philosophy Majors: A Map of the Hypotheses and a Survey of theEvidence” . Feminist Philosophy Quarterly V. 1, n. 1. Disponível em https://ir.lib.uwo.ca/fpq/vol1/iss1/4/

§ ARAÚJO, Carolina. “Quatorze anos de desigualdade: Mulheres na carreira acadêmica de Filosofia no Brasil entre 2004 e 2017”. Cadernos de FilosofiaAlemã, Vol. 24, n.1, pp. 13-33. Em http://www.revistas.usp.br/filosofiaalema/article/view/155750

Alguns sites

§ Red de Mujeres Filósofas de America Latina https://www.reddem.org/es/

§ Center for the History of Women Philosophers and Scientistshttps://historyofwomenphilosophers.org

§ New Narratives on the History of Philosophyhttp://www.newnarrativesinphilosophy.net

§ Feminist History of Philosophyhttps://feministhistoryofphilosophy.wordpress.com

§ The International Association of Women Philosophers http://www.women-philosophy.org

§ Women in Philosophy (APA blog) https://blog.apaonline.org/category/women-in-philosophy/

§ Feminist Philosophers https://feministphilosophers.wordpress.com

§ Revue des femmes philosophes http://www.unesco.org/new/fr/social-and-human-sciences/resources/periodicals/women-philosophers-journal/

§ Mujeres con Ciencia https://mujeresconciencia.com

§ The New Historia https://www.thenewhistoria.com