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Em março de 2006, motivadas pelas comemorações do Dia Internacional da Mulher, um grupo de mulheres do município de Baixa Grande se reuniu no Sindicato dos Trabalhadores Rurais para discutir seus interesses. Foi a partir daí que surgiu o Grupo Nascente, formado por mulheres da sede e das comunidades rurais. Valmirete da Silva Oliveira, 34 anos, moradora do povoado de Maçaranduba, é uma das vinte mulheres que trabalham na produção de polpas de fruta e geléia. Ela conta que tudo começou a partir da necessidade reaproveitar as frutas nativas da região e melhorar a renda das famílias. Valmirete recorda que com a ajuda de Andréa e Margarete, que trabalhavam no sindicato, elas participaram de oficinas de beneficiamento de frutas, de gênero e associativismo. Outra ajuda importante veio da Diocese de Ruy Barbosa e da Irmã Lourdes, que escreveu um projeto aprovado pelas Irmãs Salvatorianas, o que possibilitou a compra de um freezer, fogão, da máquina seladeira e de panelas. A sede funciona em um prédio alugado da prefeitura, a luta agora é pela conquista da sede própria. Frutas nativas, umbu, cajá, caju, acerola, maracujá, manga e outras da região são usadas na produção das polpas de frutas. Nos meses em que há uma grande quantidade de frutas como janeiro, fevereiro e novembro, Valmirete conta que elas trabalham a semana toda, sempre aproveitando a época de cada fruta. A gente se dividiu em dois grupos, um fica na roça e outro na produção. Quem coleta a fruta não vem trabalhar aqui, a gente recebe a doação das frutas das famílias. Depois de coletada a fruta é lavada com água e cloro, depois é processada no liquidificador, coada, embalada e selada na máquina. Comercialização O grupo ainda não tem a máquina de pesagem para padronizar o tamanho da polpa, por isso vende um quilo por três reais, saquinhos que variam de trinta centavos à dois reais. Tanto a polpa como a geléia são distribuídas para a alimentação escolar através da Companhia Nacional de Abastecimento. O lucro ainda está sendo pouco, mais o que fica é dividido entre elas em partes iguais e o restante é usado nas despesas com açúcar, embalagens, produtos de limpeza. Bahia Ano 4 | nº 62 | janeiro | 2010 Serrinha-Bahia Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Mulheres produzem geléia e polpa de fruta em Baixa Grande 1 Mulheres unidas geram renda e aumentam a auto-estima As polpas possuem tamanho variado

Mulheres produzem geléia e polpa de fruta em Baixa Grande

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Page 1: Mulheres produzem geléia e polpa de fruta em Baixa Grande

Em março de 2006, motivadas pelas comemorações do Dia Internacional da Mulher, um grupo de mulheres do município de Baixa Grande se reuniu no Sindicato dos Trabalhadores Rurais para discutir seus interesses. Foi a partir daí que surgiu o Grupo Nascente, formado por mulheres da sede e das comunidades rurais. Valmirete da Silva Oliveira, 34 anos, moradora do povoado de Maçaranduba, é uma das vinte mulheres que trabalham na produção de polpas de fruta e geléia. Ela conta que tudo começou a partir da necessidade reaproveitar as frutas nativas da região e melhorar a renda das famílias.

Valmirete recorda que com a ajuda de Andréa e Margarete, que trabalhavam no sindicato, elas participaram de oficinas de beneficiamento de frutas, de gênero e associativismo. Outra ajuda importante veio da Diocese de Ruy Barbosa e da Irmã Lourdes, que escreveu um projeto aprovado pelas Irmãs Salvatorianas, o que possibilitou a compra de um freezer, fogão, da máquina seladeira e de panelas. A sede funciona em um prédio alugado da prefeitura, a luta agora é pela conquista da sede própria.

Frutas nativas, umbu, cajá, caju, acerola, maracujá, manga e outras da região são usadas na produção das polpas de frutas. Nos meses em que há uma grande quantidade de frutas como janeiro, fevereiro e novembro, Valmirete conta que elas trabalham a semana toda, sempre aproveitando a época de cada fruta. A gente se dividiu em dois grupos, um fica na roça e outro na produção. Quem coleta a fruta não vem trabalhar aqui, a gente recebe a doação das frutas das famílias. Depois de coletada a fruta é lavada com água e cloro, depois é processada no liquidificador, coada, embalada e selada na máquina.

Comercialização O grupo ainda não tem a máquina de pesagem para

padronizar o tamanho da polpa, por isso vende um quilo por três reais, saquinhos que variam de trinta centavos à dois reais. Tanto a polpa como a geléia são distribuídas para a alimentação escolar através da Companhia Nacional de Abastecimento. O lucro ainda está sendo pouco, mais o que fica é dividido entre elas em partes iguais e o restante é usado nas despesas com açúcar, embalagens, produtos de limpeza.

Bahia

Ano 4 | nº 62 | janeiro | 2010Serrinha-Bahia

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Mulheres produzem geléia e polpa de fruta em Baixa Grande

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Mulheres unidas geram renda e aumentam a auto-estima

As polpas possuem tamanho variado

Fonte Casablanca Antique corpo 37

Page 2: Mulheres produzem geléia e polpa de fruta em Baixa Grande

A produção da polpa é natural, elas não utilizam nenhum tipo de conservante. Valmirete fala que sempre trabalhou na roça. Todas nós somos lavradoras, estar no grupo é muito bom, melhora a auto-estima e a vida da gente. Iara Oliveira Matos, da comunidade Fazenda Lagoa Queimada, tem 19 anos, conta que logo quando participou da primeira reunião começou a ajudar na cozinha, foi gostando e hoje ela fala que adora o trabalho. Ela conta que quando não tem fruta é ruim demais, que o mais importante é saber que no grupo tem que aprender a conviver e respeitar cada uma, ela está no grupo a um ano e conta que é seu primeiro emprego.

Maria Lurdete Araújo Macedo, também na Comunidade Lagoa Queimada, fala que através das reuniões da associação da comunidade foi convidada a participar do grupo. Começou a participar dos cursos de processamento de frutas, doce, de leite abacaxi, manga, geléia, doce de corte, pastoso e compota. Quando têm feiras elas fazem o doce para vender.

Ela que também é apicultora, participa da feira do Mel de Ruy Barbosa, Salvador, entre outras e através do Programa Uma e Duas Águas ganhou a cisterna de produção. Com o plantio do milho, feijão e apicultura, de onde ela retira 60 litros de mel por ano, ela fala que dá para tirar uma rendinha e pagar o empréstimo que fez. Iniciar uma plantação de hortaliças é desejo dela, agora que conquistou a água para produzir.

A produção da geléiaApós selecionar as frutas, elas ficam 20 minutos no cloro, colocamos no fogo com bastante água para retirar a pequetina da fruta, quando começa a ferver a gente mede a quantidade de líquido do caldo da

fruta e coloca na vasilha, para cada litro de caldo usa-se um quilo de açúcar e uma colher de limão. Põe no fogo e mexe até dá ponto. A geléia a gente vende em feiras, para algumas pessoas da cidade e para a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), explica Valmirete.

Vencendo as dificuldadesUma dificuldade era o deslocamento, agora a gente vem no carro da escola, porém muitas de nós ainda caminham quase dois quilômetros para pegar o ônibus, mais a gente não desiste. Algumas têm problemas de saúde, mais estar no grupo dá outro ânimo para encarar as dificuldades. Quando eu

não vejo essas meninas parece que eu fico triste, quando a gente está junto todos os problemas vão embora , meus filhos falam que não dá lucro, mais o dinheiro do grupo mesmo sendo pouco eu coloquei na minha roça, conta Raimunda dos Santos Santana, moradora da comunidade de Maçaranduba. Eliene de Oliveira Silva Carvalho, que mora na Fazenda Bolívia fala que o mais bonito é a união, é como se fosse outra família que a gente tem, ressalta.

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Produção a partir de frutas nativas da região

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Bahia

Ministério doDesenvolvimento Social

e Combate à Fome

Secretaria de Segurança Alimentar

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