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Março de 2011 | ano 03 | n o 04 MUNDO CANA “Governo está comprometido com o fortalecimento do setor sucroalcooleiro”, diz o ministro Wagner Rossi Produtividade em alta no Paraná Cana convive com grãos e pecuária em MS Futuro da cana passa pela transgenia EXCLUSIVO Cooperativa Nova Produtiva, profissionalizada e moderna

Mundo Cana 4 Mar'11

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Agribusiness Arysta LifeScience Sugar Cane

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Page 1: Mundo Cana 4 Mar'11

Março de 2011 | ano 03 | no 04

MUNDO CaNa“Governo está comprometido com o fortalecimento do setor sucroalcooleiro”, diz o ministro Wagner Rossi

Produtividade em alta no Paraná

Cana convive com grãos e pecuária em MS

Futuro da cana passa pela transgenia

E X C L U S I V O

Cooperativa N

ova Produtiv

a,

profis

sionaliz

ada

e modern

a

Page 2: Mundo Cana 4 Mar'11
Page 3: Mundo Cana 4 Mar'11

MUNDO CaNa

pág. 10pág. 8

pág. 12pág. 14

pág. 18 pág. 22

pág. 26

pág. 5

EntrEvistaMinistro Wagner Rossi“Somos competentes

para cultivar cana”pág. 4

EditorialAntonio Carlos CostaDiretor de Marketing da Arysta LifeScience

UsinaUsina ETH Bioenergia (MS)

Compromisso e totalresponsabilidade aos valores

UsinaUsina São Fernando (MS)Alta produtividade comrespeito ao meio ambiente

UsinaUsina Santa Terezinha (PR)Planejamento profissionale resultados elevados

FornECEdorEsMurilo Morelli, Francisco Laurentiis Filho, Joaquim da Silva Carneiro, Marcelo Junqueira e Walter Luiz de Souza

PEsQUisaTadeu Andrade

Transgenia cada vez mais perto

ANO 03 - NÚMERO 04

MARÇO DE 2011

MUNDO CaNa

A revista Mundo Cana é o veículo decomunicação oficial da Arysta LifeScience

para o mercado sucroalcooleiro.

Coordenação GeralAntonio Carlos Costa

Adriana TaguchiGustavo Gonella

ProduçãoTexto Assessoria de Comunicações

Jornalista responsávelAltair Albuquerque (MTb 17.291)

redaçãoNadia Andrade

Marcio Mingardo

FotosTexto Assessoria de Comunicações

Arquivo Arysta

Projeto Gráfico e DesignRonaldo Albuquerque

Tiragem2.000 exemplres

Arysta LifeScience do BrasilRua Jundiaí, 50 – 4º andar

São Paulo/SP – Brasil CEP.: 04001-904

Telefone: 55 11 3054-5000 Fax: 55 11 3057-0525

[email protected]

ConsUltorJamil Constantin

Quanto as plantas daninhasprejudicam a produtividade?

3pág. 28

ProJEtos EM CanaPrograma Aplique BemInformação para o produtor rural

pág. 24

ManEJoMarcos KuvaPlanejamento domanejo químico

UsinaUsina Nova Produtiva (PR)

Modelo único, masgestão profissionalizada

pág. 30

artiGoChryz Serciloto

Estímulo ao potencial genético das plantas

5

12

8

Page 4: Mundo Cana 4 Mar'11

A população mundial está muito perto dos 7 bilhões de pessoas. Em

20 anos, serão 8 bilhões e lá pelo ano 2050 a estimativa é chegar a 9

bilhões de habitantes. Os estudos mais conservadores apontam para

a necessidade de dobrar a atual oferta de alimentos para atender à

demanda desse contingente em franco crescimento.

Nações populosas, como China, Índia e Brasil, mudam de patamar

econômico. Atualmente, são emergentes. Mas a economia chinesa já

é uma das maiores do planeta. E novos tigres asiáticos apontam, como

Coreia do Sul e Tailândia. Quanto ao Brasil, crescemos mais de 6% no ano

passado e devemos repetir a dose em 2011.

O resumo é que o celeiro do mundo, como costumamos chamar o nosso

país, será mais e mais colocado à prova. Produzimos atualmente cerca de

150 milhões de toneladas de grãos, mas seremos desafiados a ampliar a

oferta de alimentos em percentuais jamais experimentados.

Estamos preparados para responder com produtividade e mais

alimentos? O segmento sucroalcooleiro está.

Nesta edição da revista Mundo Cana, brindamos os nossos leitores com

uma entrevista muito especial com o ministro da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, Wagner Rossi.

Objetivo e claro, o sr. ministro mostra-se absolutamente seguro

em relação ao futuro do etanol e do açúcar brasileiros. Para ele, as

adversidades momentâneas, incluindo restrição externa e preocupação

sobre a Amazônia, nada mais são do que fruto da ignorância de quem não

está atento aos fatos e às ações legais tomadas pelo Executivo.

Muito bom ter essa mensagem do sr. ministro, autoridade máxima do

agronegócio nacional. Além de tudo, nos mostra que os anseios da iniciativa

privada têm respaldo federal. Falamos as mesmas coisas e buscamos os

mesmos objetivos. E isso é excelente para o nosso setor e o país.

Abraço e boa leitura!Edit

oria

lRecado para o mundo

4

antonio Carlos Costa, Diretor de Marketing da Arysta LifeScience

MUNDO CaNa

>

Page 5: Mundo Cana 4 Mar'11

Entrevista Ministro Wagner Rossi

5

MUNDO CaNa>

>

O ministro Wagner Rossi conhece

muito bem a realidade da cana-de-

açúcar no País. Afinal, ele –

que assumiu o comando da Agri-

cultura, Pecuária e Abastecimen-

to no final do governo Lula e foi

mantido no posto pela presidente

Dilma Rousseff – é da região de

Ribeirão Preto (SP), o coração da

atividade no Brasil. Somente essa

característica seria suficiente para

lhe dar voz sobre o atual momento

da cana e os desafios que a cultura

tem pela frente. Mas o ministro é

um especialista e aborda o tema

com profundo conhecimento nesta

entrevista exclusiva para a revista

Mundo Cana.

Como o Senhor avalia o avanço

da cana-de-açúcar nas últimas

décadas? O aumento do plantio de

cana-de-açúcar nas últimas dé-

cadas se deu muito em função da

utilização do etanol como combus-

tível limpo. Isso, sem sombra de

dúvidas, proporcionou significativo

desenvolvimento econômico e

social nas regiões onde esse cresci-

mento ocorreu. Nosso esforço é no

sentido de continuar a proporcionar

boas condições para que a ativida-

‘Temos competência e as condições ambientais ajudam’Produtividade, desafios externos, sustentabilidade. O ministro Wagner Rossi aborda todos os aspectos mais importantes do negócio de açúcar e etanol em uma entrevista exclusiva.

AN

TôN

IO A

RA

ÚJO

/ M

APA

“Nosso papel é proporcionar condições para a atividade progredir”

de se desenvolva com a adequada

sustentabilidade econômica, social

e ambiental, de modo que outras

regiões do Brasil possam alcançar

o mesmo nível de desenvolvimento

econômico e o Índice de Desen-

volvimento Humano (IDH) que as

tradicionais regiões produtoras de

cana-de-açúcar já desfrutam.

Por que a cultura evolui tanto em

termos de produção e produtivi-

dade? As excelentes qualificações

de nosso empresariado (produto-

res, indústrias, tradings etc) e de

nossos pesquisadores, associadas

às nossas favoráveis condições

ambientais para a cultura da cana,

geraram essa evolução tão benéfica

à sociedade brasileira. É evidente

que essa evolução se deve também

ao indiscutível apoio governamen-

tal, embora diferenciado ao longo

do tempo e dos diversos governos.

Page 6: Mundo Cana 4 Mar'11

6

MUNDO CaNa

Que horizonte é possível imaginar a

médio prazo para a cana no Brasil?

As perspectivas para o setor são mui-

to promissoras. A cana-de-açúcar,

além do açúcar e do etanol, produz

também biomassa para energia

elétrica, ainda pouco aproveitada

no Brasil, e álcool para a indústria

química – inclusive plásticos. Novas

descobertas a partir da biotecnolo-

gia têm sido divulgadas a cada dia,

como diesel de cana e óleos utiliza-

dos para muitos outros fins. Mas, o

mais importante são as perspectivas

do etanol como combustível limpo,

para uso tanto aqui quanto no ex-

terior. Todo esse potencial, para ser

aproveitado, exigirá elevado volume

de investimentos. Temos a missão

de criar as condições para que esses

investimentos se concretizem,

diminuindo a insegurança jurídica e

econômica do setor.

E em termos mundiais? O Brasil

conseguirá derrubar as barreiras

protecionistas em relação ao

etanol? Alguns países já têm mos-

trado maior abertura para o nosso

etanol e acredito que as barreiras

serão gradativamente superadas. O

governo brasileiro tem se esforçado

para a difusão das tecnologias que

dispomos para incentivar outros

países a produzir etanol, ajudando

a criar um mercado internacional

sólido para o produto. O uso de

combustível limpo é interesse de

todos e acredito que os investido-

res, muitos deles de países que hoje

limitam a expansão de nosso mer-

cado, serão nossos parceiros nessa

em todos eles. Fizemos o zonea-

mento da expansão do plantio de

cana no Brasil e acordamos com a

indústria o protocolo social para o

setor. A sustentabilidade do setor

tem sido construída a cada dia e é

necessário persistir nesse esforço.

Como o governo vê as iniciativas

visando conscientizar quanto

à importância da mecanização

bem como de outros aspectos da

atividade visando a educação do

produtor e a proteção ao meio

ambiente? O governo vê como es-

sencial a convergência de iniciativas

que busquem a sustentabilidade

do setor tanto em termos sociais

quanto ambientais, assim como

o equilíbrio entre a produção de

biocombustíveis e de alimentos. A

mecanização da colheita da cana é

uma tendência irreversível e uma

obrigação legal que o próprio setor

aceitou como indispensável. Hoje, o

governo apoia iniciativas produtivas

em todas as culturas que associam

aumento de produção e preserva-

ção do meio ambiente.

Como o governo analisa o proces-

so de concentração no setor, com

a chegada de grupos multinacio-

nais? Os investimentos internacio-

nais e o processo de concentração

pelo qual o setor passou ajudaram

muito a vencer com mais agilidade

a crise de 2008. Hoje, muitas em-

presas que encontraram fortes di-

ficuldades financeiras há dois anos

já recuperaram sua capacidade de

investimento. Não são recursos es-

evolução. Mas, para isso, temos

necessariamente de aumentar a

produção, o que exige investimen-

tos significativos. Esse é o principal

ponto a ser equacionado hoje.

O prazo para fim das queima-

das e a mecanização da colheita

são suficientes para dar à cana a

chancela de produto sustentável?

A colheita da cana crua, ou seja,

sem queima, de forma mecanizada,

é um fator muito importante na

prova da sustentabilidade do setor.

Não apenas devido à questão

ambiental, mas também devido à

questão social. A colheita de cana

queimada é um trabalho muito duro,

extenuante, e sua eliminação em

muito ajudará a melhorar a imagem

do setor, principalmente se acom-

panhada da requalificação desses

trabalhadores para o mercado de

trabalho que se abre com o desen-

volvimento econômico proporcio-

nado pela atividade. Outros fatores

importantes devem ser observados,

tanto do ponto de vista ambiental

quanto do social, e o governo e a

iniciativa privada estão trabalhando

a Mecanização

da cana é uMa

tendência irreversível

e uMa obrigação

legal

“ “

Page 7: Mundo Cana 4 Mar'11

7

MUNDO CaNa

peculativos, mas recursos aplicados

na produção, que geram empre-

go e desenvolvimento em nosso

país. Além disso, os investimentos

internacionais nos trazem aliados

na abertura de mercados mundo

afora, aliados que também serão

nossos parceiros na demonstração

da sustentabilidade do setor.

Haverá espaço para pequenos e

médios produtores e usinas a mé-

dio prazo? Realmente, há dificulda-

des nesse aspecto, pois a economia

de escala passa a ser fundamental

na busca de custos mais competiti-

vos. Mas as empresas bem organiza-

das, eficientes e que se mantêm em

linha com as novas tecnologias terão

também o seu espaço. Do mesmo

modo, a garantia de continuidade

dos produtores médios e pequenos

é fator importante de estabilidade

social no setor. As cooperativas de

produtores têm papel relevante na

organização desses produtores.

Como o senhor avalia as críticas

de organizações internacionais

ao crescimento da cana no Brasil?

Críticas são naturais, uma vez que

muitos vêem no Brasil um competi-

dor quase imbatível. O importante

é que tenhamos sempre respostas

consistentes e que nossas ações

demonstrem a sustentabilidade do

setor. Hoje o Brasil é visto como

o mais importante país agrícola

do mundo. Nossos excedentes

exportáveis de alimentos, agroe-

nergia e fibras são indispensáveis.

Sou muito otimista. Acredito que,

gradativamente, os demais países

e algumas organizações internacio-

nais hoje críticas reverterão suas

opiniões. Para isso, temos de con-

tinuar trabalhando com seriedade,

melhorando a produtividade, au-

mentando a produção sem desma-

tamento desnecessário, cumprindo

integralmente nossos objetivos de

sustentabilidade. Agora, claro, crí-

ticas absurdas, que mostram total

desconhecimento de como funciona

nosso sistema produtivo – como as

alegações de destruição da Floresta

Amazônica e a utilização de formas

inadequadas de relações trabalhis-

tas – são apenas isso: ignorância.

As áreas de pastagens disponí-

veis atendem às necessidades do

crescimento da cana? O trabalho

de zoneamento da expansão da la-

voura de cana no Brasil demonstra

claramente que sim. Temos aproxi-

madamente 70 milhões de hec-

tares de pastagens que poderiam

ser utilizadas para a expansão da

cana, área muito superior à nossa

necessidade de crescimento. É bom

lembrar que a cana ocupa apenas

cerca de 1% do território nacional, e

no Brasil sobram essas áreas já an-

tropizadas que podem ser utilizadas

por esta e outras culturas.

Há algum motivo para preocupa-

ção - especialmente internacional

- de entrada da cana no bioma

Amazônia? Essa questão já está re-

solvida no Brasil. A cana está há quase

dois mil quilômetros da Amazônia.

Temos terras suficientes para cres-

cer perto de nossos principais mer-

cados e da necessária infraestrutura,

longe da Amazônia. O zoneamento

da cana-de-açúcar definiu que a

expansão da cultura não ocorrerá no

bioma amazônico. Novamente, só

os que não têm informação podem

ter essa preocupação.

Há algum projeto em desenvol-

vimento considerando a logística

para estimular a exportação de

açúcar e etanol? Os investimentos

em dutos para transporte de álcool

começam a se concretizar, mas o

aumento das exportações de etanol

passa, necessariamente, pelo au-

mento da produção. As exportações

de açúcar têm crescido bastante

e as empresas têm se organizado

para melhorar a logística, inves-

tindo em parcerias para aprimorar

as condições de transporte, de

armazenagem e de embarque nos

portos. Temos muito o que fazer

para melhor aproveitar nossa efici-

ência produtiva. Mas, mesmo nas

condições vigentes, vamos acumu-

lando recordes de produção e de

exportação a cada ano.

sou otiMista,

Mas teMos que

continuar

trabalhando

coM seriedade

“ “

Page 8: Mundo Cana 4 Mar'11

MUNDO CaNa

Acana não é o principal negócio do

Mato Grosso do Sul. À frente da

atividade estão os cereais (soja e

milho) e a pecuária, marcas indiscutíveis do

agronegócio do estado. Porém, essa realida-

de contribui para as usinas se empenharem

ainda mais para conquistar o seu espaço.

É o caso da Usina São Fernando, em Doura-

dos, unidade dos grupos Bertin e Bumlai. O

projeto é novo – entrará na terceira safra,

em 2011 – e foi concebido segundo o tripé

estrutura, pessoas e sustentabilidade.

“O resultado é uma indústria moderna,

com equipamentos de última geração,

8

Luiz Fernando: liberdade para planejamento da unidade

usina são fernando foca trabalho na

busca da Maior produtividade e no tripé

estrutura, pessoas e sustentabilidade

>

Crescimento acelerado com responsabilidade

funcionários em treinamento constante e

respeito ao meio ambiente”, informa o di-

retor agrícola Luiz Fernando Siqueira. “Ti-

vemos a liberdade de incorporar novidades

técnicas ao projeto, o que se traduz numa

unidade de alta produtividade. Porém, sem

perder de vista os custos”.

Os planos de crescimento já estão traçados

e seguem em ritmo acelerado. O objetivo

é chegar a 7 milhões/t/ano. Já neste ano, a

usina pretende alcançar 3,6 milhões/t, após

produzir 2,6 milhões/t na safra anterior.

Para isso, a área atual de 54 mil/ha (90%

próprios ou de parcerias) deve crescer.TExTO

Page 9: Mundo Cana 4 Mar'11

palestras. Com isso, conseguimos a cons-

cientização de todos, o que multiplica os

resultados”, explica o diretor agrícola.

Os desafios normais de um novo projeto

estão sendo vencidos pelo compromisso de

crescer com retorno econômico. Luiz Fer-

nando destaca um fator importante para o

rápido avanço da produção: o clima.

“As características do solo e a distribuição

das chuvas combinam perfeitamente com

a cultura da cana no Mato Grosso do Sul e,

particularmente, na nossa região. Por tudo

isso, não tenho dúvidas do crescimento

do nosso negócio e da atividade como um

todo no estado. Para chegar lá, fazemos a

nossa lição de casa em todos os campos. Os

resultados estão aí para comprovar que a

estratégia está no caminho certo”, ressalta

Luiz Fernando.

Na última safra, foram produzidos 120 mil/t

de açúcar, 142 milhões litros de etanol e

cogerados 48 mil kw de energia a partir do

bagaço. “Aproveitamos todas as potencia-

lidades da unidade para gerar os melhores

resultados”, diz Luiz Fernando.

O respeito ao meio ambiente é um aspecto

visível em todas as áreas de unidade. Além

disso, trata-se de um valor incorporado aos

2.700 funcionários. “Implementamos uma

série de programas de monitoramento li-

gados à gestão ambiental, inclusive gestão

da água, irrigação de linhaça e recuperação

das áreas de pastagens. Além disso, a co-

lheita é 100% mecanizada e os colaborado-

res são bombardeados com informações e

TExTO

9

MUNDO CaNa

Área atual é de 54 mil/ha, mas deve crescer

o respeito ao

Meio aMbiente é visível

eM todas as áreas

da unidade e está

incorporado eM todos

os funcionários

da eMpresa

““

Page 10: Mundo Cana 4 Mar'11

As excelentes condições de culti-

vo da cana levaram a ETH Bioe-

nergia, braço das Organizações

Odebrecht, ao Mato Grosso do Sul. Atual-

mente, são duas unidades: Eldorado (Rio

Brilhante) e Santa Luzia (Nova Alvorada do

Sul). As estruturas de gestão são inde-

pendentes, mas o pensamento é

uniforme e elas atuam em sin-

tonia para fortalecer a presen-

ça da empresa no estado.

“Temos o DNA da responsa-

bilidade empresarial”, ressal-

ta o gerente agrícola

da unidade Eldorado, Marcelo Abrantes.

“Somos desafiados a encarar o negócio

como donos. Esse comprometimento é

renovado em todas as nossas atividades”.

Nesse sentido, os valores saúde, seguran-

ça e meio ambiente são inegociáveis. As

pessoas são valorizadas e a comunicação

é um valor indiscutível, representando a

transferência de conhecimento entre os

colaboradores. A segurança das pessoas,

dos processos e das próprias instalações é

levada ao extremo e visível na postura e

ações de todos na unidade. O mesmo vale

para a produção sustentável, encarada

como motriz do negócio.

Com essa visão muito clara, a unidade El-

dorado, da ETH, avança. Na última safra

foram cultivados 32 mil/ha, sendo 63%

de áreas próprias. A produção atingiu

2,4 milhões/t/cana.

“Nosso planejamento aponta para o avan-

ço até cerca de 75 mil/ha em um raio de 30

km da indústria”, informa Marcelo. Interes-

sante observar que o crescimento ocorre

no sentido da unidade Santa Luzia, o que

incorpora ganhos de eficiência e logística

ao empreendimento como um todo.

“As condições de solo e clima da região

MUNDO CaNa

Valores indiscutíveis e eficiência nos processos

eth bioenergia teM o dna da responsabi-

lidade eMpresarial eM Ms. colaborado-

res encaraM o negócio coMo donos

10

Marcelo Abrantes: meta é chegar a 75 mil/ha

>

TExTO

Page 11: Mundo Cana 4 Mar'11

são excelentes. É nosso desafio melhorar

a nossa performance safra após safra”, diz

o gerente agrícola, ressaltando que um dos

desafios é melhorar o ATR (açúcar total

recuperável), especialmente no início e no

final da safra. A produtividade atual no 1º

corte atinge 125/t/ha. “Trabalhamos para

impulsionar ainda mais o ATR médio”.

Ao contrário de outros estados produto-

res, a mecanização é praticamente total

no Mato Grosso do Sul. No caso da ETH

também. “A topografia é um componen-

te importante e favorece a mecanização e

outros processos, como o plantio georrefe-

renciado”, explica Marcelo.

Outra característica importante, que aju-

da a dinamizar os investimentos em cana

na região, diz respeito à pouca competição

com os grãos para a ocupação de áreas. “O

potencial da cana é imenso. Além de exce-

lentes condições geográficas e climáticas,

há espaço para crescer. E é o que estamos

fazendo”, conclui o gerente.

desafio constante de

Melhorar o atr. eis uM

dos dogMas da eMpresa

que aproveita o potencial

da região, coM boas

condições geográficas e

cliMática, para crescer

TExTO

11

MUNDO CaNa

Page 12: Mundo Cana 4 Mar'11

usina santa terezinha e o seu Modelo de

alta produtividade no pr, região onde o

cliMa é Mais uM desafio à cultura da cana

12

Oclima é sempre essencial quan-

do o assunto é a produção agrí-

cola, interferindo diretamente

no desempenho das diferentes culturas e

atividades. Em algumas regiões, porém,

existem alguns componentes ainda mais

desafiadores, exigindo dos produtores di-

ferentes estratégias visando alcançar a

produtividade rentável.

A produção de cana-de-açúcar no Esta-

do do Paraná se configura em um desses

casos, sofrendo interferência da tempe-

ratura média e da precipitação

anual, dois importantes fatores

que afetam a produtividade da

cultura (ATR/ha - açúcar total

recuperável por hectare).

Marcelino Seiji Takaoka, geren-

te agrícola da Usina de Açúcar

Santa Terezinha (Usaçucar), que

possui oito unidades no Noroes-

te do Paraná, já conhece essa

particularidade do clima pa-

ranaense de longa data,

mais precisamente des-

de que chegou a Maringá quando veio cur-

sar engenharia agronômica na universida-

de estadual da cidade, há 25 anos.

Ele explica que as temperaturas médias da

região produtora de cana-de-açúcar no Pa-

raná são ligeiramente menores que nos de-

mais estados, com média anuais abaixo de

23ºC e inverno mais rigoroso com ocorrên-

cia de geadas de forma cíclica, quando os

termômetros atingem marcas próximas de

zero e, às vezes, até abaixo, fazendo com

que as temperaturas médias no período de

outono-inverno fiquem aquém de 19ºC.

Em contrapartida, as chuvas são mais

abundantes variando de 1.600 a 2.000 mm

anuais. “Aqui temos como característica o

inverno chuvoso, tendo nos meses de ju-

nho, julho e agosto médias de 80 a 100 mm,

bem diferente de outros estados produto-

res, onde nesse período ocorrem longas es-

tiagens”, analisa Marcelino.

Mas, se por um lado a região possui chuva

no inverno, o que disponibiliza água para a

planta, mantendo seu crescimento vegeta-

tivo, por outro as temperaturas muito bai-

xas fazem com que a planta praticamente

paralise o seu crescimento. “Isso inibe e

MUNDO CaNa

Desafios vencidos, produção em alta

Marcelino Takaoka: planejamento detalhado para atingir resultados

TExTO

>

TExTO

Page 13: Mundo Cana 4 Mar'11

quados ao período climático e até a meca-

nização da colheita, que hoje chega a 60%

na unidade, faz parte da estratégia para

manter a rentabilidade do negócio.

Outro aspecto que merece destaque é a lo-

gística da empresa, focada para a exporta-

ção. A Santa Terezinha é a maior acionista

da PASA (Paraná Operações Portuárias),

o primeiro terminal especializado no em-

barque de açúcar a granel da região sul

do Brasil, e também é acionista da Cen-

tral Paranaense de

Álcool (CPA), am-

bas em Paranaguá.

Além disso, possui

terminal de açúcar

e álcool próprio em

Maringá, que recebe

a produção de todas

as unidades do gru-

po e presta serviços

a terceiros.

Com unidades em Terra Rica, Rondon, Pa-

ranacity, Ivaté, Maringá, São Tomé, Tapeja-

ra, Cidade Gaúcha e outras três em projeto,

a Usina de Açúcar Santa Terezinha expor-

ta 100% do açúcar produzido. Para 2011,

a previsão é produzir 17 milhões/t/cana,

gerando 1,5 milhão/t/açúcar. A capacida-

de instalada de produção do Grupo é de

20 milhões/t/cana, volume que deverá ser

alcançado já em 2012.

dificulta a brotação da cana colhida meca-

nicamente crua, sendo essencial para a lon-

gevidade do canavial o desaleiramento da

palha na linha da cana”, explica o gerente.

Para driblar o problema climático e chegar

em 2010 com produção de 16,5 milhões

de toneladas de cana – que geraram 1,4

milhão/t de açúcar –, em cerca de 240 mil/ha

de cana plantados, a Usina Santa Terezinha

utiliza estratégias que envolvem detalha-

do planejamento, com duas programações

para a safra, conside-

rando especialmen-

te o período mais

chuvoso com o solo

mais úmido. “Nesse

cenário, o aprovei-

tamento do tempo

na safra pode cair de

90% para 78%. Além

disso, o solo úmido

traz mais impurezas

no momento da colheita, aumenta o tempo

médio da queima e interfere na qualidade

do produto final, uma vez que, depois de

cortada, a cana deteriora mais rapidamen-

te. Sem falar no desgaste do maquinário e

da compactação do solo que diminui a lon-

gevidade e reduz em até dois cortes o ciclo

do canavial”, completa Marcelino.

Por isso, o planejamento da colheita é fun-

damental para manter a competitividade

da unidade produtora, ora flexibilizando

para áreas mais arenosas ora para áreas de

reforma e assim por diante.

Nesse cenário, a Santa Terezinha investe

em diferentes variedades de cana por meio

de convênio com as empresas de melhora-

mento genético e prioriza a utilização de

variedades mais adaptadas à região e mais

resistentes ao frio e às geadas. Também

utiliza tratores e implementos mais ade-

13

TExTO

MUNDO CaNa

usina busca

variedades Mais adapta-

das à região e resistentes

ao cliMa frio . essa é uMa

das estratégias já previs-

tas no planejaMento

da atividade

Page 14: Mundo Cana 4 Mar'11

usina nova produtiva, uMa cooperativa

profissionalizada eM franco cresciMen-

to no noroeste do paraná

14

OBrasil possui mais de 400 usinas

em pleno funcionamento, cada

uma com suas particularidades.

Mas a Usina Nova Produtiva, no Paraná,

tem uma característica própria. Trata-se

de uma usina cooperativa, criada há 11

anos a partir dos negócios da Coopera-

tiva Coocafé, que iniciou suas atividades

com café e, em 1982, passou a investir em

cana-de-açúcar. Em 1999, um grupo de

cooperados da Coocafé fundou a Coopera-

tiva Nova Produtiva, hoje com seis unida-

des divididas entre as atividades de grãos,

usina e autoposto.

Localizada no Noroeste do Estado do Pa-

raná, a Nova Produtiva possui cerca de 3

mil cooperados abrangendo os municípios

de Astorga (onde fica a sede), Iguaraçu,

Ângulo, Flórida, Munhoz de Mello, Santa

Fé, Lobato, Guaraci, Colorado, Itaguajé,

Nossa Senhora das Graças, Santo Inácio e

Santa Inês.

O gerente agrícola da Nova Produtiva, Pau-

lo Henrique Chaves de Souza, explica que a

usina trabalha com cerca de 200 coopera-

dos como parceiros agrícolas e não como

fornecedores, conforme ocorre em outras

MUNDO CaNa

Uma nova forma de gestão que dá certo

Paulo Henrique: crescimento de cerca de 10% em 2011

TExTO

Page 15: Mundo Cana 4 Mar'11

A cooperativa mantém o foco no forneci-

mento de açúcar e álcool para o mercado

interno, com pequena parte da produção

para o mercado externo, especialmente

a Ásia. A recicla-

gem é periódica,

com a realização de

encontros com os

cooperados, visan-

do a troca de infor-

mações. Na última

assembléia geral,

por exemplo, foram

apresentadas as da-

das gerais da colhei-

ta do ano e discuti-

das as perspectivas

para o mercado em

2011. “Trouxemos

um especialista da

Central Paranaense

de Álcool (CPA) que destacou aos coope-

rados os bons preços em 2010 bem como a

perspectiva de sua manutenção em 2011.

Isso é muito importante para o mercado,

uma vez que a safra de 2011 será menor”,

acrescenta Paulo Henrique.

usinas que também atuam como coopera-

tivas de cana. Esse é um dos diferenciais

da empresa, que pratica a gestão profissio-

nal. “São os técnicos da cooperativa que

tocam as atividades

desde o preparo do

solo até a colheita

da cana”, acrescenta

Paulo Henrique.

É com esse perfil

que a Nova Produti-

va aposta em cresci-

mento significativo

nos próximos anos.

“Em 2011, devemos

aumentar a pro-

dução em cerca de

10%, passando de 12

mil/ha (1 milhão/t de

cana e 85 milhões de

litros de álcool) para

13,2 mil/ha. Nesse ritmo, alcançaremos a

meta para 2015: chegar a 18 mil/ha planta-

dos”, afirma o gerente.

A administração moderna proporciona

à usina conquistar seguidas reduções de

custos, especialmente com o aumento da

mecanização da colheita e a otimização do

uso dos tratores e caminhões. “Como no ci-

clo de produção da cana-de-açúcar o maior

custo está no corte, carregamento e trans-

porte da cana, conseguimos bons resulta-

dos com redução de despesas ao melhorar

seguidamente esses processos e utilizar

as tecnologias disponíveis. Por exemplo,

só com a implementação da colheita me-

canizada, hoje em torno de 60% de todo

o processo, registramos cerca de 30% de

redução nos custos”, avalia o gerente. “Ao

corrigir a organização da frota de tratores

usados na aplicação de herbicidas também

alcançamos redução de cerca de 60%”.

MUNDO CaNa

15

TExTO

adMinistração

Moderna da usina

proporciona seguidas

reduções de custos,

especialMente coM o

auMento da Mecanização

da colheita e a otiMização

do uso de tratores

e caMinhões

Page 16: Mundo Cana 4 Mar'11

nistração das lavouras, acrescenta

que há dois anos firmou parceria

para cultivar outros 260 ha de re-

novação de cana da Usina São Mar-

tinho, de Pradópolis (SP), também

com lavouras de soja em sistema de

rotação de cultura.

Segundo Morelli, este novo mode-

lo de gestão mais profissional da

lavoura tem se revelado muito in-

teressante economicamente. Do

cultivo de grãos, o empresário con-

segue introduzir novas fontes de

receita ao faturamento total da em-

presa, revertidos automaticamente

em novos investimentos em tecno-

logias e maquinário para a atividade

principal do grupo, a cana.

A busca por parcerias também con-

tribui para resolver antigos proble-

mas do setor canavieiro na região: a

falta de mão-de-obra especializada

e a sazonalidade do trabalho. Em

meio a esse novo modelo de negó-

Rotação de cultura aliada à nova gestão pode trazer bons resultados

MUNDO CaNa

16

“Estimulamos a criação de um novo modelo, em que é possível produzir etanol e alimentos nas mesmas áreas, com ge-ração de emprego e ren-da. Uma iniciativa social, econômica e ambiental-mente correta. Assim, cooperativa, produtores e indústria formam alianças vencedoras”. Essa é a defi-nição da Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba (Copla-na) e as histórias de cinco agricultores contadas nas próximas páginas confir-mam que o seu modelo é realmente vencedor.

O advogado Arnaldo Geraldes Mo-

relli possui mais que o talento para

a advocacia – profissão que herdou

do pai e fez questão de ensinar aos

filhos. Ele tem uma grande sensibili-

dade para identificar bons negócios.

A maior prova disso está no plantio de

cana-de-açúcar, iniciado há 30 anos

e atualmente administrado ao lado

dos quatro filhos, na região de Ri-

beirão Preto (SP). A produção anual

supera 150 mil/t/cana entregues

para moagem nas usinas São Carlos

e São Martinho, em Guariba (SP).

Os 2 mil/ha de área própria admi-

nistrados pelo condomínio AGM

(Arnaldo Geraldes Morelli e Outros)

estão divididos entre as terras de

cultivo da cana (1.600 ha) e as áre-

as de renovação anual do canavial,

que somam outros 400 ha, neste

ano cultivadas com lavouras de

soja. Murilo Morelli, filho do pro-

prietário e responsável pela admi-

TExTO

Page 17: Mundo Cana 4 Mar'11

MUNDO CaNa

17

Francisco Laurentiis : tempo dividido entre a Coplana e o seu negócio

cio que começa a tomar importân-

cia entre os produtores paulistas, o

período de safra, que antes come-

çava em maio e terminava em no-

vembro, agora não se encerra mais,

pelo menos dentro das fazendas.

Murilo explica

que, entre o plan-

tio da cana, os

tratos culturais

das lavouras anu-

ais e a preparação

da próxima safra

para novo plantio

da cana, a equipe

da fazenda Santo

Antônio, com-

posta por 70 fun-

cionários fixos,

mantém-se ocupada durante dez

meses no ano. “Se considerarmos as

férias e a manutenção dos equipa-

mentos, o pessoal da fazenda tem

trabalho o ano todo”, afirma.

Feliz com o ganho extra do cresci-

mento na produção resultante do

aumento da área plantada, o pro-

prietário já fala em ampliar o número

de parcerias para algo em torno de

1,5 mil/ha de área. Murilo relembra

os momentos de crise nos anos 90,

quando foi praticamente obrigado a

investir em maquinários novos, mes-

mo sem dinheiro, situação que hoje é

motivo de comemoração e alivio, já

que ele atribui a esse fato a razão de

o projeto estar tão bem estruturado

tecnologicamente e com boa produ-

tividade – entre 95 e 100/t/cana/ha.

Para dar suporte operacional ao pro-

cesso de expansão do projeto, os

investimentos na compra de maqui-

nários, seleção de novas cultivares de

cana e capacitação da equipe não pa-

ram nas fazendas da família Morelli.

Cerca de 90% da colheita já são me-

canizados. Tratores, pulverizadores

e colhedeiras operadas por sistemas

de GPS são indispensáveis. “Aqui, as

máquinas operam em três turnos de

trabalho, 24 horas

por dia”, destaca

Murilo, que cha-

ma atenção para

o fato de a colhei-

ta da safra 2010,

recém-concluída,

ter sido a terceira

realizada apenas

com o auxilio de

máquinas e sem

uso de fogo.

O uso da tecno-

logia, que proporciona avanços para

os canavieiros da região de Guariba

(SP), resulta em grande parte das

parcerias que surgem entre usinas de

açúcar e álcool e bases do setor ca-

navieiro. A família Morelli é parceira

da Coplana (Cooperativa dos Planta-

dores de Cana da Zona de Guariba).

Amauri Asselli Frizzas, supervisor de

desenvolvimento técnico comercial

da Coplana, destaca que a mecaniza-

ção nas lavouras de cana traz inegá-

veis ganhos. “No caso do Condomí-

nio AGM, esses ganhos se traduzem

na produtividade elevada mesmo

após sete ou oito anos de cortes su-

cessivos”, observa. Nesse sentido, o

controle de pragas é muito impor-

tante. “O cuidado fitossanitário deve

ser realizado de maneira sistemati-

zada, a fim de considerar todos os

potenciais agentes com condição de

reduzir a produtividade das lavou-

ras”, ressalta Murilo Morelli.

PARCERIA qUE dá CERTOA Cooperativa dos Plantadores de

Cana da Zona de Guariba (Coplana)

foi criada há 50 anos para promover

o desenvolvimento técnico da agri-

cultura na região que compreende

TExTO

ROTAÇãO

DE CULTURA É

PONTO DE APOIO

À RENTABILIDADE

DO NEGóCIO ,POIS

PERMITE NOvAS

FONTES DE RECEITA

PARA A CANA

Page 18: Mundo Cana 4 Mar'11

MUNDO CaNa

18

as cidades de Araraquara, Ribeirão

Preto, Catanduva e Colina, no in-

terior de São Paulo. Atualmente, a

cooperativa atende 1.500 produto-

res espalhados por 63 municípios.

A área de lavoura sobre a cobertura

dos agrônomos da Coplana atinge

200 mil hectares e o atendimento é

dividido em cinco filiais nas cidades

de Dumont, Pradópolis, Jaboticabal,

Taquaritinga e Guariba, onde fica a

sede administrativa da cooperativa,

e postos fixos montados em três ou-

tros municípios do interior paulista.

O departamento técnico é chefiado

pelo engenhei-

ro agrônomo

Amauri Asselli

Frizzas e conta

com 14 agrôno-

mos que se divi-

dem entre assis-

tência técnica e

experimentação.

Francisco Antô-

nio Laurentiis Fi-

lho é o presidente

da Coplana des-

de 2007, após vários anos atuando

como membro do Conselho de Ad-

ministração. Nascido em Guarulhos,

região metropolitana de São Paulo,

ele cursou engenharia civil pela USP,

campus de São Carlos (SP), e desde

muito cedo mantém laços estreitos

com a agricultura.

Proprietário do condomínio que

tem o seu nome, Laurentiis está na

cana-de-açúcar desde que resol-

veu investir na agricultura, isso em

meados de 1970. Inicialmente, o pro-

jeto abrigava cerca de 120 hectares

de terras, à época arrendadas para

usinas na região de Guariba (SP).

Hoje, a área para plantio supera

1.000 alqueires que produzem 260

mil toneladas de cana/ano, entre-

gues às usinas São Martinho (Pra-

dópolis), Santa Cruz (Américo Bra-

siliense) e Cosan (unidade Bonfim,

com sede em Guariba).

A tecnologia empregada tem sido

fundamental para o desempenho

da lavoura de cana, permitindo ao

produtor investir no seu negócio. A

parte técnica do projeto está a car-

go dos agrônomos da Coplana, que

respondem pelas etapas do plane-

jamento até a

operacionaliza-

ção dos tratos

culturais, plantio

e colheita.

O agricultor par-

ticipa ativamen-

te da avaliação

da relação custo

x beneficio da

nova tecnologia.

“Minha formação

não me permite

decidir sobre questões técnicas liga-

das à lavoura e, para isso, conto com

o trabalho extremamente profissio-

nal dos agrônomos da Coplana. Mas

me envolvo na análise econômica”,

declara o dirigente da Coplana.

O condomínio ainda esta se adap-

tando à chegada da mecanização

nas lavouras e segue à risca os dis-

positivos legais quanto ao emprego

das máquinas na lavoura. Lauren-

tiis acredita que antes de 2014, pra-

zo dado pelo governo federal para

a extinção da mão-de-obra braçal e

o uso das queimadas na cana, toda

a lavoura já será mecanizada. Atu-

almente, o percentual é de 60% da

colheita mecanizados; o plantio é

feito manualmente.

TECNOLOGIAS ESTIMULAM PROdUTIVIdAdEPara conhecer melhor a história

do agricultor Joaquim da Silva Car-

neiro e de sua família na cana-de-

açúcar na região de Dumond (SP), é

preciso voltar um pouco ao passado

para conhecer mais sobre a trajetó-

ria desse imigrante português, que

chegou ao Brasil no início do século

passado, em busca de trabalho nas

fazendas de café no interior de São

Paulo e Minas Gerais.

Aos 82 anos de idade e já aposenta-

do, ele relembra com certo saudosis-

mo dos muitos anos de trabalho duro

na roça até reunir recursos suficien-

tes para comprar o primeiro lote de

terras, em sociedade com os irmãos,

e começar uma pequena plantação

de café. Uma das várias crises tor-

nou praticamente impossível manter

em pé os cafezais e levou a família

a buscar novos rumos na produção

agrícola. Primeiro, foi o algodão,

depois o cultivo da cana, em 1978.

Segundo Manoel da Silva Carneiro,

filho de Joaquim e responsável pela

administração das lavouras, decisão

tomada o projeto de cana não parou

mais de crescer. Hoje, já são mais de

2,5 mil/ha de áreas próprias e arren-

dadas cultivadas. Nos últimos anos a

produção média atinge 188 mil/t/cana

para moagem/ano, com canaviais

entre o primeiro e o décimo corte.

DECISãO SOBRE

AvANÇOS TÉCNICOS

PARA O MELHOR

DESEMPENHO DA

CANA É FEITA EM

PARCERIA COM OS

ESPECIALISTAS

““

Page 19: Mundo Cana 4 Mar'11

19

MUNDO CaNa

A produção entregue para moagem

na Usina São Martinho, de Guariba

(SP), registrou na última safra con-

centração média de açúcar total

recuperável (ATR) de 139,5 kg por

tonelada. A razão

atribuída para o

alto rendimento

das lavouras, que

apresenta produ-

tividade média

de 96 t/ha colhi-

do, está no mo-

delo de gestão

empregado. “O

aumento da pro-

dução resulta do investimento cons-

tante em tecnologias que permitem

reduzir os custos, elevar a renda e

ainda melhorar o poder aquisitivo

para obtenção de novos insumos e

equipamentos. E tudo isso vem do

planejamento realizado”, observa.

A meta do projeto é chegar a 300

mil/t/cana para moagem/ano até

2020, utilizando para isso os concei-

tos de gestão da agricultura de pre-

cisão. O objetivo

ousado envolve

ainda a sustenta-

bilidade da pro-

dução canaviei-

ra, “que cada vez

mais encontra

respaldo na me-

canização para

se manter com

o máximo de efi-

ciência e o menor impacto ao meio

ambiente”, diz.

Atualmente, os canaviais da Fazen-

da Resfriado contam com forte es-

trutura de mecanização para cultivo

da cana, além da parceria mantida

Joaquim Carneiro e as novas gerações:investimento constante em tecnologia

TExTO

com a Usina São Martinho (SP) para

a terceirização da colheita, feita

praticamente sem a necessidade de

fogo e uso de mão-de-obra braçal.

Essa estrutura atende também

outros 1000 hectares, entre terras

próprias e arrendadas, cultivadas

com lavouras de amendoim, em

sistema de rotação de cultura para

renovação da cana. A frota própria

da fazenda inclui ainda cinco co-

lheitadeiras de amendoim com ca-

pacidade para 1.000 sacas/60kg/dia

e uma com capacidade para 2.000

sacas/60kg/dia.

TRAdIçãO E TECNOLOGIA MOVEM A PROdUçãOImportante desbravador da cafei-

cultura nas regiões de Ribeirão Pre-

to (SP) e da Alta Mogiana (SP), Luis

Antônio Junqueira, patrono da cida-

de que ajudou a construir e que por

isso ostenta orgulhosa seu nome,

tem sua história reconhecida na re-

gião, importante pólo de produção

agrícola do interior paulista e que,

mesmo após várias gerações, se

mantém viva na memória familiar.

A casa sede da Fazenda Luis Antô-

nio, onde essa história começou

a ser contada no início do século

passado, ainda guarda parcela im-

portante dessa trajetória retrata-

da em dezenas de fotos que ocu-

pam lugar nobre nos corredores,

passagem quase obrigatória para

visitantes. Marcelo Paoliello Jun-

queira, bisneto do fundador, é o

atual administrador do projeto

ÁREA TOTAL

JÁ SUPERA 2,5 MIL

HECTARES. ATÉ 2020,

META É CHEGAR A 300

MIL/T/CANA/ANO

“ “

Page 20: Mundo Cana 4 Mar'11

D. Célia e Marcelo Junqueira: a família à frente do empreendimento

MUNDO CaNa

20

agropecuário da família, ao lado

da mãe, Célia Paoliello Junqueira.

A propriedade de 550 hectares, que

durante muito tempo abrigou la-

vouras de algodão, soja, arroz e até

pecuária leiteira, nas últimas quatro

décadas se dedica com afinco ao

cultivo da cana-de-açúcar. Marcelo

conta que durante quase 20 anos a

área ficou sob responsabilidade da

Usina São Martinho, de Pradópolis

(SP). Em 2004, a fazenda voltou a ser

administrada pela família Junqueira.

Atualmente, como fornecedor ex-

clusivo da destilaria Moreno, lo-

calizada a exatos 7 km da sede da

fazenda, o agricultor trabalha suas

lavouras de cana de maneira bas-

tante profissionalizada e, para isso,

conta com a parceria técnica da

Coplana. A área de cana apresen-

ta produtividade superior à mé-

dia da região, atingindo 100 t/ha.

Marcelo Junqueira entende que a

proximidade da usina é fundamen-

tal para manter o lucro dos fornece-

dores de cana. Segundo ele, a cultu-

ra chegou às fazendas da família na

década de 1960 e

o motivo maior

era exatamente a

distância entre as

lavouras da épo-

ca e as principais

usinas da região.

A mecanização

aos poucos co-

meça a ser incor-

porada aos tratos

culturais das la-

vouras, como o uso de maquinário

próprio no plantio e na aplicação

dos insumos. A colheita ainda é ter-

ceirizada a partir de parceria com a

usina, que responde pela poda e o

transporte da cana para moagem.

A produção sustentável é outra pre-

ocupação da família Junqueira. “O

crescimento sustentável da cana de-

pende de investimentos em novas

variedades adaptadas aos diferen-

tes tipos de so-

los, mecanização

dos processos e

capacitação da

mão-de-obra”,

ressalta o agri-

cultor. Ele tam-

bém considera

f u n d a m e n t a i s

a melhoria do

nível de escola-

ridade e a for-

mação técnica dos empregados.

Na parte ambiental o produtor de-

fende a preservação dos ecossiste-

mas, controle biológico de pragas

e manejo de plantas invasoras por

meio do uso racional de herbicidas.

TExTO

PREOCUPAÇãO

INDISCUTÍvEL COM

A PRODUÇãO

SUSTENTÁvEL NA

PROPRIEDADE

Page 21: Mundo Cana 4 Mar'11

tir a cobertura permanente do solo.

“Isso evita a perda de nutrientes

causada pela compactação e ero-

são”, diz, com a mesma cordialida-

de de sempre.

Entusiasta do avanço da tecnologia

na produção agrícola, Walter atri-

bui importante parte do sucesso

às parcerias com

usinas da região

e ao apoio da Co-

plana (Coopera-

tiva dos Planta-

dores de Cana da

Zona de Guari-

ba), que oferece

orientação técni-

ca. O agrônomo

Marcos Antônio

Minari é o responsável técnico pelo

projeto. “O acompanhamento da

Coplana é um dos responsáveis di-

retos pelo avanço técnico da cana e

demais culturas consorciadas”, des-

taca Walter, ressaltando que a par-

ceria ocorre desde o início do em-

preendimento, há duas décadas.

21

MUNDO CaNa

CONSORCIAçãO qUE dá RESULTAdOS

Bem humorado e solícito, com a

tranquilidade de quem dedicou a

maior parte da vida ao cultivo da

terra, Walter Aparecido Luiz de Sou-

za é um empresário que sabe tornar

agradável o ambiente de trabalho,

mesmo em uma região de calor

intenso, como Ribeirão Preto, no

interior de São Paulo.

Da área de 1,5 mil/ha de terra

administrada por eles em Jabotica-

bal (SP), metade é arrendada em

sistema de parceria com usinas da

região e recebe agora plantios de

amendoim em sistema de rotação

de cultura para renovação das áre-

as de cana-de-açúcar. A outra parte

(750 ha) é composta por terras pró-

prias da família, onde também está

a sede do projeto iniciado em 1990.

“Desde o início, uma marca da Fa-

zenda Santa Cândida é o investi-

mento no plantio intensivo da cana

e o uso de tecnologias de ponta em

maquinários e insumos”, destaca o

agricultor, que enxerga como prio-

ridade a produtividade para arcar

com os custos da lavoura e ainda

garantir lucro.

Para atingir esses objetivos, o cami-

nho escolhido pelos irmãos Souza é

a diversificação da cana com cultu-

ras anuais, estratégia que tem pro-

porcionado bons resultados econô-

micos ao negócio. “A cana possui

ciclo produtivo de seis meses em

média e o amendoim perto de 125

dias (quatro meses). Isso torna per-

feito o consórcio entre as culturas”,

explica o agricultor, que vai além.

“Quando chega o momento de re-

tornar com o plantio da cana, ge-

ralmente no início do ano seguinte,

o amendoim já está todo colhido,

deixando como herança o resíduo

da adubação e a matéria orgânica

que serve como excelente cobertu-

ra para o solo”.

A consorciação

das lavouras de

cana com amen-

doim ocorre na

proporção de

20% por ano e

ocupa basica-

mente áreas de

reforma. Com

isso, o produtor

mantém elevada a produtividade

dos canaviais: entre 90 e 100/t/ha.

A vida produtiva atinge entre seis e

sete anos, em média. Para Walter,

a cana consorciada com culturas

anuais promove a renovação das

áreas de plantio com calagem e

adubação corretiva, além de garan-

Walter de Souza cresce comdiversidade de culturas

CONSORCIAÇãO

AJUDA A

RENOvAÇãO

DAS ÁREAS

DE CULTIvO

“ “TExTO

Page 22: Mundo Cana 4 Mar'11

A importância do manejo correto

consultor jaMil constantin aponta ca-

Minhos para controlar plantas dani-

nhas na cultura da cana

MUNDO CaNa

22

Jamil Constantin: Pressões ambientais contribuem para queda de produtividade

>

e que envolve todos os possíveis reflexos da

planta daninha na colheita”.

“Os efeitos negativos observados no cresci-

mento, desenvolvimento e produtividade de

uma cultura, devido à presença de plantas

espontâneas, não devem ser atribuídos ex-

clusivamente à competição imposta por es-

sas últimas mas, sim, à resultante de várias

pressões ambientais que podem ser diretas,

como competição, alelopatia e interferência

na colheita; ou indiretas – hospedando pragas,

doenças nematóides e outros, ligados à sua

presença no ambiente agrícola (Pitelli, 1985).

Se não é fácil identificar exatamente que tipo

de interferência ocasionará determinada perda

na produção, é mais simples descobrir quando

a planta daninha começa a incomodar a cultura.

Jamil Constantin explica que há dois períodos

a ser considerados para avaliar o problema

das plantas daninhas. O primeiro deles é co-

nhecido por PAI (Período Anterior de Interfe-

rência), que equivale ao tempo em que a cul-

tura consegue conviver com o mato sem que

ele interfira em seu desenvolvimento.

“Ou seja, nasceu a cana, nasceu o mato. En-

tão, é preciso saber quanto tempo o produtor

tem para entrar com herbicida antes que a

planta daninha comece a provocar queda na

Apresença das plantas daninhas na

cultura da cana-de-açúcar e sua

consequente contribuição para a

queda da produtividade é tema antigo nas

discussões agrícolas. E medir o que exata-

mente provoca a redução da produtividade

da cultura por conta dessa invasora não é ta-

refa fácil. É o que explica Jamil Constantin,

professor doutor da Universidade Estadual

de Maringá (UEM) e pesquisador do Conse-

lho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPQ). “Por

esse motivo, ao invés de

falar em mato compe-

tição, o ideal é utili-

zar a expressão ‘mato

interferência’, mais

abrangente

TExTO

Page 23: Mundo Cana 4 Mar'11

produtividade. É nesse período que muitos

cometem erros, pois retardam a aplicação do

herbicida pensando em economizar uma apli-

cação. O efeito do herbicida pode ser compro-

metido caso o momento da aplicação ocorra

no período em que já se manifestou a interfe-

rência do mato”, explica o Dr. Constantin.

De acordo com estudo apresentado por ele

(Meirelles 2009, Batatais-SP), considerando

a plantação de cana soca úmida a partir da

brotação, já a partir do nono dia se inicia a

queda na produtividade por interferência do

mato, equivalente a 2% de perda. Em um

universo de 126,8/t/ha a perda é de 2,54/t/ha.

“Considerando que, em geral, se espera de

20 a 30 dias para aplicação do herbicida,

acreditando-se assim garantir o residual

do produto até o fechamento da lavoura –

principalmente na cana planta –, por esse

estudo se pode ver o quanto os produtores

vêm sofrendo perdas sem saber. O pior é

que eles não enxergam essa queda, uma vez

que não têm lotes-

testemunha. Aliás,

essa situação faz com

que repitam o erro na

safra seguinte e con-

tinuem retardando

a aplicação, enquan-

to o ideal é fazer a

aplicação em pré-

emergência ou em pós-emergência, o mais

cedo possível, para se evitar perdas por uma

interferência precoce.”, avalia.

Outra questão a ser avaliada é quando se faz

a aplicação dos herbicidas, para o controle

das plantas daninhas, com a cana já emer-

gida. Isso está relacionado à seletividade do

produto, ou seja, a capacidade de determina-

dos herbicidas de eliminar plantas daninhas,

sem reduzir sua produtividade. O especialista

explica que o herbicida precisa ter boa seleti-

vidade para que a cana feche no limpo. Por-

tanto, é preciso considerar quanto tempo a

cana demora para fechar e, assim, verificar o

residual do agroquímico que deverá acompa-

nhar até o fechamento da cultura, especial-

mente no período seco.

“Essa questão da fitotoxicidade na cultura e

as perdas causadas por ela têm sido temas

de trabalhos da UEM, os quais indicam, es-

pecialmente, que quanto maior a cana-de-

açúcar, no momento da aplicação do herbi-

cida, maior o prejuízo causado em termos de

perda de produtivi-

dade demonstrando,

mais uma vez, que o

ato de se retardar as

aplicações causam

prejuízos maiores do

que se possa imagi-

nar. Por exemplo, se

considerarmos pro-

dução de uma área de 240 mil/ha, dos quais

30% possuem o problema, e perdas médias

de 8/t//ha, estamos falando de 576 mil/t de

cana-de-açúcar perdidas”.

As perdas ocasionadas pela seletividade do

herbicida somam-se às perdas por mato in-

terferência, trazendo significativo prejuízo na

colheita. A melhor alternativa, portanto, está

na aplicação do herbicida em pré-emergên-

cia, seja para evitar a queda na produtivida-

de pela interferência da planta daninha, seja

para prevenir a fitotoxicidade na cultura.

23

DIvULGAÇãO

herbicida precisa ter

boa seletividade para a

cana fechar no liMpo

“ “

MUNDO CaNa

Demora na aplicação de herbicidas pode gerar prejuízo de mais de 5%

Page 24: Mundo Cana 4 Mar'11

Mais uma fronteirana energia renovável

A descoberta de novas variedades

de cana, mais precoces e produti-

vas, e o advento da mecanização,

incorporando novos tratos culturais às la-

vouras, são novos agentes de indiscutível

benefício à atividade.

Porém, essa mudança de perfil

da cana abre espaço para a

ocorrência de alguns pro-

blemas fitossanitários,

os quais exigem esforço

maior dos técnicos para

manter a produtividade e

a consequente viabilidade

econômica da lavoura.

Em relação ao uso de herbicidas químicos,

para manter o controle das populações de

plantas invasoras, a preocupação é quanto

à manutenção da eficácia dos agroquími-

cos de ação seletiva. Esse tema é tão rele-

vante que se tornou foco de estudo de pes-

quisadores, como o engenheiro agrônomo

e consultor técnico, Marcos Kuva, sócio da

empresa Herbae, de Jaboticabal (SP).

Segundo Kuva, o fato de a cana ter se tor-

nado uma cultura quase que perene no

interior de São Paulo criou uma série de

novos desafios ao trato fitossanitário das

lavouras. Como o ideal é que o herbicida

seja aplicado entre o terceiro e o quarto

mês pós-plantio ou corte da cana, o perío-

do maior de manejo expõe a planta aos

efeitos das variações de temperatura e

umidade no momento da aplicação, o que

pode comprometer o resultado do traba-

lho. “É como se fossem várias culturas em

uma só”, salienta o especialista.

Outra preocupação é com a incidência maior

de plantas invasoras em áreas de formação

de cana. Estudos conduzidos pela equipe da

Herbae em áreas recém-formadas e outras

mais antigas apresentam diferença consi-

MUNDO CaNa

desafio dos técnicos para controlar

probleMas fitossanitários exige esfor-

ço cada vez Maior das equipes

24

Kuva: cana “perene” criou uma série de novos desafios

TExTO

>

Page 25: Mundo Cana 4 Mar'11

diferentes espécies de invasoras.

Usinas com maior capacidade de produ-

ção já utilizam a análise de invasoras com

auxílio de uma técnica chamada “matolo-

gia”, por meio da qual os técnicos deixam

crescer capim em áreas selecionadas como

testemunha para conhecer as espécies de

ocorrência endêmi-

ca na propriedade.

Assim, é possível

monitorar o poten-

cial de infestação

para o ano seguinte,

o grau de incidência

e a severidade da es-

pécie, constituindo

um banco de dados

de grande importân-

cia para o manejo da

plantação.

Nesses casos, re-

comenda-se definir

área mínima de 50 hectares. Escolhe-se um

talhão e, nele, definem-se três células (tes-

temunhas) com largura equivalente ao diâ-

metro da barra do pulverizador (2 metros).

O período de permanência é entre 80 e 160

dias e Marcos Kuva sugere retornar periodi-

camente para fazer a leitura da área.

derável em relação ao tipo de ocupação e

ao grau de competição. Em áreas onde a

cana está há mais tempo, a predominância

é de espécies de uso corrente na pecuária,

como capins brachiária, colonião e colchão,

entre outras. Já nas áreas de formação re-

cente, existe equilíbrio dessas gramíneas

com outras espécies

vegetais de folha lar-

ga, caso da corda de

viola, melão de São

Caetano e mamona,

ultrapassando em

termos de importân-

cia as gramíneas tra-

dicionais.

Os testes da Herbae

sobre severidade

com capim brachiá-

ria em área de cana-

de-açúcar demons-

traram perdas de

produtividade de até 80%. No caso de ca-

pim colonião, os resultados mostram per-

das entre 30% e 40% e em áreas de ocupa-

ção mista de brachiária x capim colonião, a

redução foi maior que 50%. Estudo inédito

feito com capim corda de viola para avaliar

a competição na cana levantou perdas de

30% a 35%.

Outra questão a ser considerada no momen-

to de planejar o manejo químico da lavoura

é a fase de desenvolvimento da cultura. Na

cana, estão disponíveis herbicidas para uso

na pré ou pós-emergência. Assim, antes de

iniciar qualquer trato na lavoura é impor-

tante que o técnico conheça o histórico de

infestação da área. A dica do especialista

é fazer levantamento detalhado do solo, a

fim conhecer a atividade cultivada anterior-

mente. A experiência demonstra que em

cada talhão analisado o produtor encontra

perdas por

incidência de plantas

invasoras exigeM

atenção redobrada

dos técnicos. usinas já

usaM análise

de invasoras coM a

técnica “Matologia”

MUNDO CaNa

TExTO

25

Marcos Kuva e equipe Herbae

Page 26: Mundo Cana 4 Mar'11

Cana transgênica cada vez mais perto

pesquisas avançaM eM duas frentes: os

já conhecidos genes coMerciais e o re-

conheciMento do dna da cana

Osucesso conquistado pelos orga-

nismos transgênicos, responsá-

veis por grande salto de produti-

vidade nas lavouras de soja, milho e algodão

ao longo das últimas décadas, já há algum

tempo é objeto do interesse de especialistas

brasileiros ligados ao setor canavieiro.

Há aproximadamente uma década e meia,

o Centro de Tecnologia Canaviei-

ra (CTC), de Piracica-

ba (SP), desenvolve

pesquisas com a fina-

lidade de lançar no

mercado a primei-

ra variedade de

cana transgênica

genuinamente na-

cional. As pesqui-

sas encontram-se

em estágio

MUNDO CaNa

avançado para obter variedades que sejam

ao mesmo tempo produtivas, resistentes

ao ataque de pragas e tolerantes à ação

dos principais herbicidas comerciais.

Segundo Tadeu Andrade, diretor de pes-

quisa do CTC, o desenvolvimento da pes-

quisa voltada à transgenia em cana-de-

açúcar ocorre em duas frentes principais.

A primeira delas se desenvolve a partir

dos já conhecidos ‘genes comerciais’, en-

contrados com facilidade no mercado e

introduzidos na cultura da cana para im-

primir características não expressas origi-

nalmente em seu DNA.

Outra frente de estudo está ligada ao re-

conhecimento do próprio DNA da cana,

visando a obtenção de futuros genes para

fins de comercialização. Por meio de uma

técnica chamada ‘superexpressão’, os pes-

quisadores do CTC trabalham para identi-

ficar nas sequências gênicas do DNA da

planta aqueles genes com potencial para

características funcionais, como concen-

tração de sacarose (açúcar) e/ou tolerân-

cia a seca, entre outras.

Para Andrade, a grande vantagem da trans-

genia, em comparação com o método con-

vencional usado no melhoramento genético

>

Tadeu Andrade:transgenia é questão de tempo

26 TExTO

Page 27: Mundo Cana 4 Mar'11

de espécies vegetais, está no ganho de tem-

po trazido pela informação contida no DNA

da planta. A partir do mapeamento com-

pleto do genoma da cana, a pesquisa agora

está focada no reconhecimento de caracte-

rísticas ainda desconhecidas do mercado.

“A primeira geração de genes tinha capaci-

dade de resistir ao ataque de insetos e era

tolerante aos herbicidas. A segunda gera-

ção, que ainda está em testes, apresenta

variedades com tolerância à seca e capaci-

dade de produção maior de açúcar (saca-

rose). A terceira geração, que chegará ao

mercado nos próximos cinco ou dez anos,

terá a capacidade também de resistir ao

ataque de besouros e algumas pragas de

solo”, explica o especialista do CTC.

Entretanto, o futuro da transgenia em ca-

na-de-açúcar no Brasil dependerá em gran-

de medida da aceitação do mercado. O Bra-

sil está entre os países mais adiantados do

mundo em termos

de pesquisa voltada

ao desenvolvimento

da cana transgênica.

No entanto, o volu-

me de investimentos

ainda é modesto se

comparado a outras

lavouras. Para Tadeu

Andrade, o mundo

precisa deixar de en-

xergar a cana como

uma cultura de im-

portância marginal. “Aí sim ela atrairá o in-

teresse do investidor”, diz. Hoje, entre os

grandes ‘players’ do mercado global ape-

nas Brasil, Austrália, África do Sul e alguns

países de menor importância econômica

têm a cana como produto agrícola impor-

tante em suas economias. “Essa situação

precisa mudar”, diz Andrade.

No que depender da pesquisa, o futuro da

cana transgênica no Brasil está garantido.

A sinalização para isso está na forma como

os especialistas pre-

tendem viabilizar

comercialmente a

cultura. “A mesma

pesquisa que se es-

merou para selecio-

nar variedades com

maior aptidão para

produzir açúcar ago-

ra busca cana com

maior quantidade

de fibras para pro-

dução de biomas-

sa”, ressalta o especialista.

A transgenia também possibilitará o de-

senvolvimento de variedades de cana com

maior concentração de fibras de celulose,

servindo de matéria-prima para a fabrica-

ção de uma infinidade de produtos. Dessa

forma, a cana do futuro deve promover ou-

tra grande revolução na indústria.

terceira geração

de genes terá

capacidade para

resistir a ataques

de besouros e

pragas de solo

27

MUNDO CaNa

DIvULGAÇãO

Page 28: Mundo Cana 4 Mar'11

AA constatação de que a correta

utilização de defensivos agrícolas

promove a proteção ambiental e

humana e contribui para a redução do custo

de produção para o agricultor levou a Arysta

LifeScience a criar o Programa Aplique Bem,

em parceria com o Instituto Agronômico de

Campinas (IAC). Em apenas três anos de

existência, esse projeto de educação de pro-

dutores rurais já visitou mais de 500 proprie-

dades em 60 municípios e treinou mais de

11 mil produtores de 14 estados brasileiros.

A iniciativa, que começou com produtores

de HF no interior paulista, passou a envol-

ver também o cultivo de cana-de-açúcar,

e já realizou mais de 160 visitas orientan-

do e treinando os agricultores das princi-

pais regiões produtoras de cana, atuan-

do diretamente com as usinas e também

28

com os fornecedores, sejam pequenos,

médios e grandes. Por meio do laborató-

rio móvel Tech Móvel, durante os treina-

mentos, usinas e fornecedores têm acesso

a diversas informações, como utilização

correta de defensivos agrícolas, equipa-

mentos de proteção individual (EPIs) e re-

gulagem de equipamentos de pulverização.

Hamilton Ramos, diretor científico do IAC,

entidade referência mundial em pesquisa

e conhecimento na área de tecnologia de

aplicação, explica que já é possível relatar

a diversidade de problemas de aplicação de

defensivos agrícolas na cana-de-açúcar, que

variam de acordo com a região do país.

“A tecnologia de aplicação utilizada nas re-

giões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em nada

tem a ver com a utilizada na região Nordes-

te, por exemplo. O nível de instrução do

Mão de obra capacitada é fundaMental

para o gerenciaMento adequado dos equi-

paMentos e tecnologias Modernas atuais

DIvULGAÇãO

Educação e responsabilidade

MUNDO CaNa

Page 29: Mundo Cana 4 Mar'11

trabalhador, as condições de trabalho e os

equipamentos são totalmente diferentes.

Enquanto no Centro-Sul predominam pul-

verizadores de barras, predominantemen-

te com alto grau de tecnologia agregado e

número relativamente baixo de pessoas por

equipe de aplicação, no Nordeste são utili-

zados os pulverizadores costais com grande

número de pessoas por equipe. Além disso,

enquanto no NE as reaplicações em mesma

área são comuns, nas demais regiões esse

cenário é raro”, avalia o diretor do IAC.

Marcel Sarmento de Souza, instrutor do

Aplique Bem, acrescenta que um dos prin-

cipais problemas apresentados no campo

é a idade elevada tanto de tempo quanto

de uso dos equipamentos de pulverização.

“Geralmente, a manutenção empregada

é inadequada ou até insuficiente, contri-

buindo para o seu mau estado. Com a ava-

liação das máquinas nestes três anos de

estrada se fossemos considerar a presença

dos principais componentes para o uso dos

pulverizadores agrícolas, apenas 14 % dos

equipamentos estariam em condições ade-

quadas de uso”, explica.

O instrutor explica que, na era da agricultura

de precisão, os pulverizadores possuem con-

troladores eletrônicos de pressão e fluxo,

sistema de GPS, barra de luzes para direcio-

namento e várias tecnologias para gerencia-

mento de dados de aplicação. Porém, a falta

de mão-de-obra capacitada para operar es-

ses equipamentos é uma realidade.

“Com o Aplique Bem estamos destacando

aos produtores que a alta tecnologia den-

tro da propriedade não pode ser apenas no

equipamento, mas também deve envolver

o operador que conduzirá o mesmo. Seu

treinamento e capacitação são fundamen-

tais para que ele possa enxergar as variáveis

que o sistema pode lhe proporcionar”.

O Aplique Bem se enquadra perfeitamente

às necessidades do produtor e às soluções

desses principais problemas apresentados,

uma vez que trabalha com o tripé equipa-

mentos – pessoas – processo de aplicação.

“O equipamento precisa funcionar de for-

ma adequada, as pessoas precisam estar

capacitadas e o processo de aplicação cor-

reta dos defensivos, que inclui as condições

climáticas, deve ser respeitado”, afirma a

Coordenadora de Stewardship e Registro

da Arysta LifeScience, Líria Hosoe.

a solução está no

equipaMento que preci-

sa funcionar de forMa

adequada, nas pessoas

que precisaM estar capa-

citadas e no processo de

aplicação correto que

deve ser respeitado

“TExTO

MUNDO CaNa

29

Page 30: Mundo Cana 4 Mar'11

Com o aumento crescente da popu-

lação aliado ao aquecimento eco-

nômico brasileiro e mundial, várias

implicações surgirão no contexto

socioeconômico mundial. Uma de-

las, e não menos importante, é o

aumento da demanda energética.

Estima-se que haverá aumento de

40% e de 90% na demanda ener-

gética mundial e nacional, respec-

tivamente. Frente á escassez das

fontes não-renováveis e da pressão

socioambiental sobre o maior uso

de energias renováveis, a cana-de-

açúcar ganha destaque importante

nesse cenário.

Mais produção sem aumentar a área

30

MUNDO CaNa

Consequentemente, haverá neces-

sidade do incremento na quantida-

de de biomassa produzida. Porém,

com a diminuição das áreas agrí-

colas potenciais, devido também

à maior demanda mundial por ali-

mentos e por se pensar em um ma-

nejo ecologicamente sustentável,

evitando a inclusão de áreas vir-

gens ou de vegetação nativa, tor-

na-se mais necessário que o setor

canavieiro busque incrementos na

produtividade por área.

Diante desse contexto, visando ele-

vação da produtividade e pensando

em manejo agrícola mais sustentá-

vel, novas tecnologias estão sendo

implantadas no setor agrícola. Uma

delas é o uso de substâncias que

estimulam o potencial genético das

culturas, fazendo com que a plan-

ta utilize de forma mais eficiente

a energia luminosa, convertendo a

mesma de forma mais eficiente em

carboidratos. Outro ponto impor-

tante diz respeito ao melhor apro-

veitando de nutrientes, mediante

o incremento do sistema radicular,

e à melhoria da utilização dos mes-

mos pelas plantas, no qual haveria

dupla contribuição, otimizando al-

guns nutrientes que também não

são auto-renováveis.

Mediante estas necessidades agrí-

colas, econômicas e ambientais, a

Arysta LifeScience está desenvol-

vendo o conceito “Pronutiva” com

uma linha ampla de produtos que

visam tanto a parte de proteção de

plantas como a nutrição e a fisiolo-

gia de plantas e que proporcionam

incrementos na produtividade da

cana-de-açúcar.

Um dos principais produtos dessa

linha é o Biozyme, que tem a fun-

ção de estimular o potencial gené-

tico produtivo das culturas, o que

pode conferir retorno maior entre 5

a 10 vezes o valor do investimento.

Dentre alguns de seus efeitos, des-

taca-se o incremento de brotações,

desenvolvimento inicial, enraiza-

mento, germinação de gemas, per-

filhamento e consequente aumento

na produtividade. Outro produto de

grande potencial é o K-tionic, que

tem como objetivo principal aumen-

tar a quantidade de cargas negati-

vas próximas à zona do crescimento

radicular e, com isso, favorecer a

absorção de macro e micronutrien-

tes catiônicos, diminuir a perda de

nitrogênio e a adsorção de fósforo,

além de contribuir para o aumento

na população de micro-organismos

benéficos no solo.

Artigo por Chryz Serciloto *

*Chryz Melinski Serciloto - Especialista em Desenvolvimento de Produtos e Mercados da Arysta LifeScience, Doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas

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novas substâncias estiMulaM potencial

genético das culturas

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