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M undo E cológico Sustentabilidade, Educação e Responsabilidade Social. Ano XX Edição 1 Junho de 2011 Educação ambiental, a nova moda Você sabe o fim que tem o lixo que você descarta? Bairros Cota Exclusão Social e Recuperação da Serra do Mar Reciclagem Escolas Conscientes O dinheiro que vem do LIXO Como a reciclagem de materiais ajuda na renda e no sustento de uma família

Mundo Ecológico

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Revista sobre Meio Ambiente

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Page 1: Mundo Ecológico

MundoEcológicoSustentabilidade, Educação e Responsabilidade Social.

Ano XX Edição 1 Junho de 2011

Educação ambiental, a nova moda

Você sabe o fim que tem o lixo que você descarta?

Bairros CotaExclusão Social e Recuperação

da Serra do Mar

Reciclagem

Escolas Conscientes

O dinheiro que vem do LIXOComo a reciclagem de materiais ajuda na

renda e no sustento de uma família

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Leitor Consciente

Prepare-se!

Acaba de chegar às bancas a primeira edição da Revista Mundo Ecológico. Uma Revista mensal voltada para o meio ambiente, onde você encontrará matérias ligadas à sustentabilidade, responsabilidade social, educação ambiental e preservação do meio ambiente.

Aqui você poderá entender um pouco mais sobre as mudanças que afetam o ecossistema e desequilibram a natureza.

Você se acha ecologicamente correto? Acompanhe as matérias e veja o que você pode fazer para ajudar a preservar o planeta.

Bairros Cota, o que tem sido feito para a remoção das famílias que invadiram a região de preservação da Serra do Mar?

O que os especialistas dizem sobre as mudanças climáticas?

Qual o destino do lixo que você descarta todos os dias?

Confira as respostas para essas perguntas e muito mais nesta edição de Mundo Ecológico.

Pratique a cidadania, cuide do meio ambiente!

Sua parte começa aqui!

Aline Barboza, editora

Mundo EcológicoR. Oswaldo Cruz, número 266

Cep: 11045-907Boqueirão - Santos/SP

Editora de texto: Aline Barboza - 511099([email protected])Editora multimídia: Karina Carneiro - 510852 ([email protected])Editor de arte: Lucas Moura - 510957 ([email protected])Repórteres: Igor Augusto - 510861 ([email protected]) Jéssica Branco - 104808([email protected]) Jessika Nobre - 510942([email protected]) Karina Carneiro - 510852([email protected]) Lucas Moura - 510957 ([email protected]) Luciano Agemiro - 511013([email protected]) Thaís Moraes - 511094 ([email protected])

Esta revista é produzida por alunos do 3° ano de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação - FaAC da Universidade Santa Cecília.

Diretor da FaAC:Humberto ChalloubCoordenador do curso:Robson BastosProfessor Responsável: Elaine Saboya

Fale conosco: (13) 3202-7100

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Ano XX Edição 1 Junho de 2011

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InícioSustentável

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6 Papo VerdeEscolas Ecológicas 10

36 Cooperativa de Reciclagem

Sessão em Casa 2722 Moradias Sustentavéis

Bairros Cota 1715 Mudanças Climáticas

Opinião Profissional 35

Crônica 47

29 Lição de Vida

Ecolista 17 Bairros Cota

30 Lição de Vida

10 Escolas Ecológicas

37 Cooperativa de Reciclagem

O destino final que tem o lixo que você

descarta

Exclusão Social e Recuperação da Serra do Mar

Educação ambiental, a nova moda que vem pegando entre as escolas

Como a reciclagem de materiais ajuda na renda e no sustento de uma família

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PapoVerde

“A fauna é a grande prejudicada”

Bióloga formada pela USP, peda-goga, pós-graduada em educa-ção ambiental e mestranda em saúde pública (USP). Glória Cris-

tina Carréri Bruno é coordenadora de Educação Ambiental de Praia Grande. Ela conversa sobre problemas ambi-entais da Baixada Santista e nos adi-anta sobre a possível implantação de um incinerador metropolitano para resolver o problema do lixo na região.

Para a bióloga Glória Cristina, o descarte irregular de lixo prejudica não só a fauna como polui solo e água

Por Luciano Agemiro

Glória, quais são os problemas ambi-entais que mais atuam em nossa região?

Glória Cristina: O mais importante deles é, com certeza, o aumento do nível do mar. Isso é inevitável, nin-guém duvida desse fenômeno e foi provado cientificamente que acontece. Já foram divulgados estudos most-rando que Santos e São Vicente devem ser as regiões mais afetadas. Um es-tudo mostra que os últimos seis anos têm sido os mais quentes já registra-dos no Ártico, e que, durante os últi-mos verões, as temperaturas foram as mais elevadas dos últimos dois mil anos, causando o derretimento das calotas e elevando o nível dos oceanos.

É possível apontar onde estas mudan-ças acontecerão primeiro?

Glória Cristina: Sim, no caso de San-tos, a região da Ponta da Praia deve ser uma das primeiras a sofrer com os al-agamentos, em São Vicente, o trecho próximo à Ilha Porchat deve ser um dos mais atingidos, de acordo com o Oslo-based Arctic Monitoring and Assess-ment Project (AMAP), divulgado pelo

jornal A Tribuna em março de 2011.

Além do aumento do nível do mar, o que mais precisa ser observado de per-to, na região?

Glória Cristina: A fiscalização do descarte de resíduos sólidos ainda pre-cisa avançar bastante, do contrário, a sujeira pode poluir não só o solo, mas a água também, o que pode até preju-dicar o abastecimento da população.

Onde há mais descarte de lixo irregular?Glória Cristina: No mar. Diretamente,

como no caso das palafitas, ou indire-tamente quando o lixo é dispensado na rua, chegando ao mar por meio da rede de águas pluviais. Além daquele descartado diretamente na praia.

O que este descarte provoca?Glória Cristina: A fauna é a grande prej-

udicada. Os animais marinhos acabam confundindo esses lixos com alimentos e os ingerem. Na maioria das vezes mor-rem e quando chegam para os pesquisa-dores, em geral tem pedaços de redes, linhas de nylon, sacolas plásticas ou tampas de garrafas em seus estômagos.

E para as pessoas, o que essa sujeira pode causar?

Glória Cristina: Vários tipos de doen-ças, entre elas diarréia, infecções, doen-ças de pele e até alguns tipos de conjun-tivite podem ser transmitidas pela água.

Alguns estudos mostram que há mui-to lixo descartado no mangue. Estes re-síduos vêm do mar para o mangue ou saem do mangue para o mar?

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Glória Cristina: Acontece das duas formas. Em Cubatão e em São Vicen-te, por exemplo, temos muitas hab-itações irregulares que acabam des-cartando o lixo e os dejetos humanos na água. O movimento das marés, alta e baixa, acaba fazendo com que essa sujeira se espalhe, chegando à praia e voltando ao manguezal. Esse mes-mo movimento traz o lixo descarta-do no mar, para a área do mangue.

Na região do Mar Pequeno, o rio Pia-çabuçu encontra o mar. Do lado de Praia Grande, a mata e o manguezal são preservados, mas do lado de São Vicente, existem muitas palafitas. Qual é a situação da água nessa região?

Glória Cristina: Infelizmente a situ-ação é muito ruim no Mar Pequeno, tanto do lado de São Vicente como de Praia Grande. A água está totalmente imprópria. Temos estudos feitos pela Sabesp há alguns anos e o resultado é que a água é totalmente imprópria. Não se pode nadar aqui, nem muito menos pensar em consumir esta água.

O peixe retirado daqui é consumível?Glória Cristina: Eu não tenho como

afirmar isso, mas alguns estudos re-latam contaminação nos peixes aqui coletados. A água é muito suja, con-taminada pelos dejetos e a própria indústria cubatense colabora para a sujeira. Peixes e crustáceos também sofrem, variando o grau de contami-nação de acordo com cada espécie.

Essa contaminação pode causar algum problema de saúde?

Glória Cristina: Não dá pra dizer que é uma contaminação geral, e que seja im-possível comer o peixe, mas não sabe-mos se isso pode causar algum prejuízo. O consumo deste pescado é de respon-sabilidade das pessoas que o fazem. .

A senhora falou em movimento da maré, sobre esse assunto, o fenômeno da super maré, que acontece de vez em quando é provocado pelas mudanças climáticas?

Glória Cristina: Este fenômeno acon-tece com certa frequência. Existem rela-tos de que há muitos anos já acontecia e a princípio não tem a ver com mudan-ça climática. O fenômeno ocorre quan-do há a combinação de uma série de fatores climáticos como maré alta com chegada de frente fria. Existem algumas

Para bióloga a qualidade do ar na região melhorou muito, mas mesmo assim ainda apresenta problemas

Luciano Agemiro

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condições específicas para que ele ocorra.

É possível prever quando vai acontecer novamente?

Glória Cristina: Não sei ao certo, mas acredito que sim, no entanto apenas para os especialistas em meteorologia podem responder. Não acho que seja possível prever com muito tempo de antecedência.

Vamos falar um pouco de ocupação ir-regular de áreas de proteção ambiental. Em Cubatão e São Vicente isso parece ser mais comum do que em Praia Grande, correto?

Glória Cristina: Em Praia Grande, o que percebemos é que não há construções em encostas ou palafitas, mas as pessoas procuram invadir área de manguezal, aterrando ilegalmente as margens. Eles imaginam que não tem prob-lema, como se a área não tivesse dono.

Por que isso ocorre?Glória Cristina: A cidade recebe mui-

tas pessoas todos os anos, alguns vêm em busca de oportunidade e acabam não encontrando moradia. Cada vez mais constroem casas umas do lado das outras, e invadem o mangue. Com a falta de saneamento, as pessoas cri-am redes de esgoto alternativas e jo-gam seus dejetos, diretamente na água. Nesse caso temos um problema duplo, o mangue foi aterrado, e o pouco de água que resta, vira depósito de esgoto.

Em sua opinião, o que dá pra fazer para evitar esse tipo de problema na Baixada Santista?

Glória Cristina: Difícil, acho muito difícil. Por mais que se construam mora-dias, está sempre chegando mais gente na região, de vários locais do Brasil. O jeito é a ronda, tentar coibir essas ações.

Porque a região atrai tanta gente?Glória Cristina: Porque aqui as es-

colas são boas, a infraestrutura é boa, a segurança é melhor do que em mui-tos lugares. Todas as cidades da Baixa-da atraem as pessoas. Tem emprego, praia, vida boa, ao ponto de vista deles.

Esse número deve aumentar ainda mais com a chegada do pré-sal. Como a região

vai comportar todas essas pessoas?Glória Cristina: Não se sabe. Esse é

um desafio para todos. Unir cresci-mento com organização e preservação ambiental. Estamos procurando uma alternativa para que o crescimento não atrapalhe o meio ambiente da região.

E para onde será enviado o lixo pro-duzido por toda essa população?

Glória Cristina: Atualmente uma al-ternativa tem surgido como uma das formas de solucionar o problema. Existe um plano para se discutir sobre a insta-lação de um incinerador metropolitano.

Como funcionaria este projeto?Glória Cristina: A construção de um

equipamento com esse é muito cara. Por isso os municípios se uniriam para a construção de um só incinerador que atenderia a toda a região. Dessa forma, os custos seriam divididos.

Esse projeto existe em outros lugares do mundo?

Glória Cristina: Na Europa existe. Lá é relativamente comum dar este tipo de tratamento ao lixo.

O que isso traz de beneficio para a região?Glória Cristina: O principal deles é a

diminuição dos resíduos. O lixo, hoje transportado para outra cidade, sofreria redução de volume muito expressiva.

E os prejuízos?Glória Cristina: Há o lançamento de

gases na atmosfera. Antes esses gases, menos tratados, continham produtos tóxicos, que chegavam à atmosfera, No entanto, a tecnologia existente hoje nos permite diminuir esses danos por meio de filtros.

Se o equipamento for instalado na região, poderão ocorrer alterações na qualidade do ar?

Glória Cristina: Ainda não há es-tudos para sabermos isso. Teremos que aguardar o andamento da insta-lação para verificar possíveis danos.

No caso do lixo, é mais fácil lidar com a sujeira do solo ou a do ar?

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Glória Cristina: Independente dis-to foi feito um estudo de qual se-ria a melhor alternativa, e a con-clusão é de que para a região vale à pena a instalação desse equipamento.

Já tem um local para ser instalado o incinerador metropolitano?

Glória Cristina: Ainda não foi discu-tida essa questão.

Sobre o ar, a cidade de Cubatão era a pior do mundo em questão de polu-ição. A situação por lá continua ruim?

Glória Cristina: A qualidade do ar da Cidade melhorou muito. Mesmo as-sim, é a cidade que mais apresenta problemas no ar. As indústrias da Ci-dade ainda provocam esse malefício à qualidade do ar que o morador respira.

Em sua opinião, o desmatamento é um problema que atinge a região?

Glória Cristina: Sim, preocupa. Sem números oficiais, tenho a impressão de que estão construindo em locais antes ocupados por mata. Ao longo das rodo-vias da região, observamos construções aparecendo próximas da pista e vemos a mata dando lugar a essa construções.

No caso de parar com o desmatamento, a mata é capaz de se recuperar sozinha?

Glória Cristina: Sim, se recupera. De-mora um pouco, mas a natureza é ca-paz de se refazer em uma área onde o homem não interfira.

Existe algum outro problema que preo-cupa a senhora e pode causar danos em pouco tempo?

Glória Cristina: Sim. A falta de água é um problema sério. Água é vida. O abas-tecimento de água, portanto, é essencial. A água tem que ser bem tratada para a população, e, para isso, precisamos con-servar os rios para que não prejudicar o abastecimento.

O que a senhora diria para as pessoas que não cuidam do meio ambiente?

Glória Cristina: Tudo está ligado, e é nisso que eu acredito. Todos depen-dem da mata, da água, uma coisa in-terligada à outra. Peço para as pessoas

sempre fazerem algo pelo meio ambi-ente, o que me deixa triste é ver que não conseguem perceber isso, não en-tendem uma coisa tão simples e óbvia.

Como reverter esse quadro? Em Praia Grande, o que tem sido feito?

Glória Cristina: Aqui, na Escola de Educação Ambiental, a gente tentar orientar as pessoas, em especial as crianças. Hoje vemos isso em todo o lugar. Todos falam de preservação, colocam na mídia e já não me sinto mais solitária. É como se eu tivesse o apoio de muita gente. O mundo falando e gritando junto comigo.

Há 20 anos, a ecologia era considera-da assunto chato, há 10 anos causava preocupação e agora está na moda. A senhora acha que esta moda vai passar?

Glória Cristina: Não. Não vai passar. Pelo contrário, vai ampliar. É provável que as próximas gerações já venham com isso do berço.

Richard Aldrin

Segundo a bióloga, alguns estudos relatam contamina-ção dos peixes da região

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Escolas Ecológicas

Pequenos educadores, grandes ambientalistas

Tratar de assuntos como meio ambiente está cada vez menos compli-cado e acessível. Projetos implantados por escolas da região ensinam as crianças a importância de cuidar do planeta e disseminar a outros.

Por Karina Carneiro

-Filhos são engraçados não é? Eles realmente conseg-uem te fazer mudar de opinião sobre qualquer as-

sunto. Na minha casa, ninguém sepa-rava o lixo para reciclagem. Depois que meu filho aprendeu como se faz na escola e praticou com os amigos, se eu não separo, tomo uma bronca. E depois dele tanto falar, acabou vi-rando rotina. Essas são as palavras de César Gomes, pai de Lucas, cinco anos.

Introduzir o meio ambiente de forma direta na vida de crianças e jovens é a proposta que as instituições de ensino

estão encontrando para abordar assun-tos sobre meio ambiente no dia a dia de seus alunos. É também seu principal objetivo. Mostrar para eles que o meio ambiente é muito mais importante do que aparenta ser. E desta maneira, fazer esses futuros jovens entender-em que eles poderão, melhor dizendo, farão a diferença em futuro próximo.

A teoria sobre o assunto em sala de aula é essencial. Mas a prática também é necessária, afinal, nada melhor do que mostrar a essas crianças a realidade em que se encontram. É preciso inovar, sair do convencional. Desta maneira, essas

Divulgação

Na escola as crianças aprendem a plantar uma horta e a importância da preservação da natureza

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crianças se sentirão realmente conven-cidas com a causa que tentam passar.

E é isso o que vem ocorrendo em diversas escolas. Por meio de pro-gramas práticos, conseguem mostrar outra visão de meio ambiente para seus alunos. E através dos mesmos, estendem seus novos conhecimen-tos sobre o assunto a seus familiares.

Os principais projetos envolvendo a prática do meio ambiente para essa nova geração nas instituições munici-pais ficam a cargo da Secretaria de Edu-cação da cidade de Santos (Seduc), em parceria com a Seção de Projetos Edu-cacionais Especiais (Seproje). Através do envolvimento desses órgãos, as escolas municipais estão aderindo a diversos tipos de programas que aju-dam crianças e jovens de todas as idades. Os mais utilizados são o pro-jeto Horta e as Expedições Pedagógicas.

Nossa Horta

O projeto Nossa Horta possui entre os principais objetivos ajudar profes-sores a introduzir de modo mais fácil o assunto meio ambiente para seus alunos e implantar em sua didática de ensino um modo mais prático de falar sobre assuntos como cultivação. Eles possuem contato direto com todo o projeto, onde fazem a maior parte do processo – plantam, acompanham suas plantações e depois colhem os frutos.

É o que acontece na escola munici-pal Porchat de Assis, no canal 6, em Santos. Já na entrada se consegue ter uma noção de que o meio ambiente é um dos assuntos mais importantes discutidos. Com árvores em volta de brinquedos e pátios, as crianças de até seis anos que ali estudam já des-frutam de ar puro e um visual bonito e iluminado. Por todos esses motivos, o meio ambiente sempre foi assunto tratado com prioridade pela escola. Com muitos projetos práticos, as crian-ças conseguem ter uma visão diferente sobre o que se deve fazer para ajudar.

Com a supervisão da Seduc e do Seproje, no ano de 2011, a escola começou a implantar o projeto “Nossa Horta” na grade de aulas dos alunos.

Porém, o desenvolvimento desse tra-balho só começará efetivamente no segundo semestre deste ano, pois du-rante este período estão desenvolven-do os últimos detalhes para a implan-tação fixa do projeto para as crianças.

Em anos anteriores, a Escola Porchat de Assis desenvolveu com seus alu-nos, diversos trabalhos ligados di-retamente ao meio ambiente como a importância da redução de água e separação de lixo reciclável. Deste jeito, as crianças traziam de suas ca-sas o lixo que poderia ser reciclado – papelão, caixas de lixo, garrafas pet de dois litros – para que o caminhão do lixo limpo passasse e recolhesse.

Como forma de ajudar as crian-ças a estarem sempre atentas com o tema, trabalhos paralelos acabam sen-do desenvolvidos pelas professoras:

- Como o Nossa Horta ainda não está totalmente concluído para que possa-mos trabalhar com ele, estamos intro-duzindo o assunto e a ideia da horta aos poucos com os alunos. Como forma de explicar o que eles deverão fazer na horta de verdade, mostramos jogos de internet (para crianças até seis anos) de como se cuida de uma plantação de tomates durante todos os processos. E eles estão super animados com a ideia. Além das aulas incentivarem esse lado da plantação também – explica a pro-fessora Silvia Maria do Nascimento, que leciona na escola há mais de vinte anos.

Enquanto a escola era apresentada, podia-se notar que os estudantes – cri-anças de até seis anos de idade – já tin-ham grande conhecimento sobre o meio ambiente. E estavam dispostos a levar esses aprendizados para fora da escola.

A instituição fornece uma lix-eira para separar o lixo recicláv-el. E esses mesmos alunos fazem questão de sair de suas classes para jogar o lixo em seu devido lugar.

Para Ícaro Santos, de cinco anos, uma das suas atividades fa-voritas é a separação do lixo.

- É uma coisa muito interessante para fazer, pois precisamos deixar a ci-dade limpa. E é muito legal fazer isso.

Mas não é apenas com as crianças que a escola tem a preocupação de

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conscientizar sobre o meio ambien-te. Com outro projeto – este voltado aos adultos – a escola também é um dos postos de coleta de óleo para re-ciclagem. E é a partir disso que a co-munidade também participa. A cada semana são arrecadados cerca de cinquenta litros de óleo para a recicla-gem. E não são apenas os pais de alu-nos que levam o produto. Pessoas de todo o bairro colaboram com a causa.

Na Porchat de Assis também são encontrados recursos alternativos para mostrar o crescimento de plan-tas e sementes, enquanto a horta ai-nda não está devidamente plantada. E através de uma das professoras da instituição, no ano de 2011, os bone-cos de alpistes voltaram a fazer parte do dia a dia de professoras e alunos.

Esses bonecos são produzidos pelas próprias crianças, utilizando materiais como meias velhas, terra e alpiste. Ess-es brinquedos ecológicos estão ajudan-do como uma forma de complemento para o projeto do segundo semestre, o Nossa Horta. A partir daí, as crianças ficam responsáveis pelos seus própri-os bonecos e plantam as sementes de alpiste dentro da meia – enfeitando com olhos, bocas e nariz. Depois, le-

vam seu experimento para casa, onde precisam se encarregar de regar o boneco todos os dias. Assim, acabam acompanhando o desenvolvimento dele, quando as sementes começam a crescer estão prontos os “cabelos”. De-pois do boneco com os cabelos, os jo-vens podem decidir que tipo de corte dar a seus novos brinquedos e o que fazer com eles a partir desse momento.

É uma coisa nova, que deu muito certo. Silvia conta que todas as cri-anças adoraram fazer e acompanhar o crescimento do boneco. Deste jei-to, enquanto a horta ainda não está pronta, é um jeito de prender a at-enção e o interesse dessas crianças.

Expedições Pedagógicas

No colégio Barão do Rio Branco, no período da manhã, existem nove classes entre os primeiros e quintos anos do ensino fundamental. Assim, os projetos envolvendo o meio am-biente são outros. Como a escola so-fre reformas nesse primeiro semestre de 2011, a diretoria optou por outro projeto disponível para reforçar o as-sunto com seus estudantes. Este é chamado de Expedições Pedagógicas.

Professores mostram aos alunos como separar o lixo corretamente

Karina Carneiro

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Expedições Pedagógicas é um pro-jeto desenvolvido com a Seduc, que disponibiliza visita das crianças a dife-rentes pontos da cidade: os jardins da praia, o horto municipal da cidade e os manguezais da Zona Noroeste. Deste jeito, o meio ambiente consegue ser ex-plorado por todos de forma prática e dinâmica. E este também é o primeiro ano que a escola Barão do Rio Branco implanta esta atividade em sua grade.

O projeto funciona com o auxílio de três professoras da Seduc, que visitam em primeiro momento a escola interes-sada. Assim, as professoras da escola podem escolher o tipo de passeio que pretendem mostrar a sua turma de alu-nos: o horto de Santos, os jardins da praia do canal 1 ou o mangue. Depois deste processo, as professoras da Sec-retaria de Educação da cidade voltam a visitar as professoras nas reuniões de professores, de quinze em quinze dias, para explicar como será a visita-ção e quais os temas serão abordados. A partir deste momento é que as crianças terão contato direto com o meio ambi-ente de maneira mais prática, com ex-plicações do tipo “Por que esta árvore se encontra exatamente aqui? Por que esta árvore está plantada neste local?”, além de mostrar detalhes que quase nunca são percebidos pelas pessoas.

A diretora Virgínia Alonso explica que este é um projeto que está dando bas-tante certo e ao qual as crianças estão se apegando e aprendendo cada vez mais.

- Eles estão aprendendo coisas dife-rentes e descobrindo o porquê de coi-sas que eles sempre viram estarem ali. Estão começando a ver um novo sig-nificado, um novo sentido daquilo e o porquê. E isso é fundamental para a formação deles. Pois é através de uma nova visão do meio ambiente, que eles conseguirão reproduzir a mensa-gem que aprenderam na escola para seus familiares. E assim a informa-ção vai se espalhando cada vez mais.

Virgínia também comenta que a princípio as Expedições Pedagógi-cas foram implantadas apenas para o período da manhã, como experiên-cia. Devido ao grande índice de aceita-ção dos alunos, a escola já entrou em

contato com a Seduc, para que no se-gundo semestre deste ano o proje-to seja realizado novamente, só que desta vez para o período da tarde.

Por causa do que aprendem em sala de aula, as crianças acabam influen-ciando seus pais a mudarem suas ro-tinas e aderirem o modo certo de cui-dar do meio ambiente como levar o óleo já utilizado para um ponto de coleta, diminuir a quantidade exces-siva de água que suas famílias gas-tam, mas principalmente, aprendem a conscientizar seus pais a separar o lixo reciclável do não reciclável.

Andressa de Andrade Cova conta que essa foi uma mudança em sua vida que acabou se tornando uma rotina. Graças a sua filha Laíme, de três anos, separar o lixo e diminuir a quantidade de água que a família gasta deixou de ser uma coisa simples e passou a fazer parte da rotina de sua família. E quando os as-suntos da casa são ligados ao meio am-biente, é Laíme quem toma a iniciativa.

- Minha filha sempre me cobra. Às vezes estou no telefone e ela fala que a torneira da cozinha está pingando e está gastando a água do planeta. Eu paro de falar no telefone para fechar. Ela também incentivou a mim e ao avô dela a separar o lixo. Todos os dias se-paramos o que é reciclável ou não, para que quando o caminhão do lixo limpo passe, leve o que já temos. Eu acho que nesse ponto, minha filha mudou a minha forma de pensar e eu consigo colaborar muito mais com o meio am-biente E isso é fantástico não é? Nesse ponto, quem tem a voz de comando a assuntos ligados à preservação do meio ambiente é a Laíme, com certeza.

Para a Vania Borges, representante da Seção de Projetos Educacionais Es-peciais, (Seproje), é fundamental que o tema meio ambiente continue sendo trabalhado paralelamente à grade de aulas das escolas, pois deste modo não se torna um assunto cansativo.

- É importante perceber que o inter-esse que as escolas estão despertando em seus alunos de todas as idades, é devido à falta de obrigatoriedade do assunto. Porque se o tema meio am-biente se tornasse uma disciplina

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Minha filha sempre me cobra. Às vezes estou no telefone e ela fala que a torneira da cozinha está pingando e está gastando a água do planeta. Eu paro de falar no telefone para fechar. Ela também incentivou a mim e ao avô dela a separar o lixo.”

“Andressa de Andrade Cova, Mãe da aluna Laíme

obrigatória como matemática e por-tuguês, cairia em muitos termos téc-nicos. E isso não seria bom, pois esses jovens perderiam o contato direto com a prática e principalmente o interesse em buscar mais informações sobre o que está sendo apresentado naquele momento, como é o que acontece hoje em dia. Seria muito complicado.

Na escola, além de começar uma das primeiras lições das crianças, começa a conscientização do meio ambien-te. E é através de todos esses cuida-dos e preocupações que os futuros cidadãos terão uma nova concepção de vida bastante influenciada e pre-sente em suas vidas. Saberão que o meio ambiente é um assunto muito mais sério do que sempre pareceu ser.

Crianças plantam mini hortas em garrafas PET e bonecos de alpiste, onde aprendem a cuidar e acompanhar o crescimento da mudinha plantada

Divulgação

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Mudanças Climáticas

Para os especialistas, mesmo não sendo imediato o aumento do nível mar, há o risco de desaparecimento das cidades litorâneo por causa deste avanço

Por Lucas Moura

Uma nova Atlântida ?

A maior parte dos pesquisadores entende que o aumento do nív-el dos mares, provocado pelo derretimento das calotas po-

lares, só será sentido pelas populações costeiras daqui 10 anos. Até onde a ação do homem pode influenciar nisso? “Aqui em Santos, as construções costeiras e o aprofundamento do canal de dragagem, contribuem bastante para essas alter-ações”, afirma o oceanógrafo Paulo Gar-reta, da Sinergética Estudos e Projetos.

Alterações climáticas não são um as-sunto novo, mas recorrente. Ao consid-erar o clima na Terra, há que se pes-quisar eventos ocorridos no passado para entender o presente, e avaliar e en-frentar possíveis alterações na nature-za. “As mudanças climáticas ainda são um tema bastante controverso dentro da comunidade científica”, diz Garreta.

Este ano, as recentes ressacas na costa brasileira deixaram mais em evidência esse assunto, que diverge

muito entre a comunidade científica. Não existe só uma causa responsável

específica pela variação da tempera-tura na atmosfera da Terra e, conse-quentemente, a ocorrência de períodos glaciais ou inter-glaciais. O que ocorre, isto sim, “são eventos em que a co-atuação das causas se soma e am-plifica suas consequências, em dife-rentes escalas temporais e espaciais.

“Quando você faz um buraco na are-ia e a água vem com areia, o buraco fica menor. Cerca de três horas de-pois o buraco não existe mais, está liso. Isso é o que deveria acontecer na região, mas como não há mais lugar para o mar deixar à areia que ele traz, acabam acontecendo os fenômenos que vimos este ano”, afirma Garreta.

Segundo ele, o maior problema das cidades da Baixada é a falta de espaço para que a água do mar dissipe energia, o que acaba causando as ressacas mui-to fortes e o acúmulo de areia nos ca-

Divulgação

A imagem mostra elevação de 1,5 metro do nível do mar. Ponta da Praia, Aparecida e Embaré desapareceriam

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Aumento de emissões de gases é emi-nente com o fim do Protocolo de Kyoto

Prestes a expirar em 2012, o Protoco-lo de Kyoto já tem como certa a saída de 38 países do acordo original firma-do em 1997. No entanto, a ONU afir-mou que prepara um novo acordo ou, o que é mais provável, uma emenda no Protocolo de Kyoto, que estabeleceria novas metas a serem cumpridas após 2012. Alguns governos, como o Estados Unidos e China, já afirmaram que não participaram do “Novo” protocolo de Kyoto, o que, com certeza, a longo pra-zo afetará ainda mais o planeta Terra.

O primeiro Protocolo de Kyoto foi im-plantado de forma efetiva em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, nome que deu origem ao protocolo. Na reunião, 84 países se dispuseram a aderir ao docu-mento e o assinaram, dessa forma com-prometeram-se a implantar medidas com intuito de diminuir a emissão de gases.

As metas de redução de gases, implanta-das pelo Protocolo, não são homogêneas a todos os países, colocando níveis dife-renciados de redução das emissões de gases. Os EUA, maior emissor de gases, o protocolo prevê diminuição de 7%, já países em desenvolvimento como Bra-sil, não receberam metas de redução..

nais, como foi visto em abril deste ano. Outro problema que ele detecta nas

praias é a mudança das características naturais causadas pelo homem, com reflexos mais nocivos que o aumento no nível do mar. “As constantes modi-ficações na orla da praia afetam muito mais no ecossistema da região do que o derretimento das calotas polares”.

Para Garreta, é preciso maior aten-ção das autoridades políticas, não só quanto à questão do nível do mar que vem aumentando, mas também quan-to a investimentos em ações para an-tecipar esses fenômenos naturais. Na visão dele, uma das soluções seria a mitigação, ou seja, a diminuição das ações que causam impacto na Terra. O consumo de energias não-renováveis e a proibição da queima das florestas se-riam algumas das ações que ajudariam a diminuir um pouco essas alterações.

Controvérsias

Segundo entrevista do professor da USP, Afrânio Mesquita publicada pelo jornal Correio Braziliense, a medição do nível do mar feita por ele em Canan-éia e Ubatuba mostra que o nível vem subindo 4 mm a cada ano. Na concep-ção dele, a variação detectada é sim-plesmente absurda e muito preocu-pante. Ainda de acordo com a matéria, a Marinha do Brasil diz que a elevação do nível do mar já afeta, direta ou in-diretamente, as atividades costeiras.

Conforme entrevista publicada no site oficial da Unisanta, com o professor do NPH [Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmi-cas], Gilberto Berzin, a simulação feita em computador por ele, aponta três pos-síveis cenários do aumento do nível do mar em Santos. No pior deles, em que o mar subiria 1,50 metros, a Ponta da Praia, o Canal 3 e o Porto seriam os lo-cais mais afetados. Segundo ele, é pre-ciso que se comece a planejar agora obras de contenção para conviver com o possível aumento do nível do mar, esperado para as próximas décadas.

Poluição do ar

O efeito estufa natural é necessário

para a existência da vida, pois é ele que mantém as condições ideais para a ma-nutenção da vida com temperaturas mais amenas e adequadas. Mas o prob-lema é que, quando ocorre em excesso provoca um aumento de temperatura ac-ima do normal, como vem acontecendo atualmente. No começo deste ano a CE-TESB, apresentou um relatório mostran-do como as emissões de gases de efei-to estufa aumentaram de 1990 a 2008.

O atual secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, disse que para a diminuição dos gases poluentes, a secretaria tem um projeto como base a Lei Estadual de Políticas Climáticas, de 2009. “O plano prevê a diminuição das emissões dos gases causadores do efeito estufa [como o dióxido de carbono e o metano] em 20% até 2020, com base em 2005. Daquilo que foi emitido em 2005, à meta é chegar a 80% disso, em 2020”.

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Bairros Cota

A difícil tarefa de mudarSair de uma hora para a outra do único lugar que você sempre chamou de lar pode não ser tão fácil assim. Apesar dos riscos, algumas famílias da Serra do Mar, preferem seus “barracos” às casas oferecidas pelo Governo e Prefeitura

Por Jessika Nobre

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Ainda está escuro quando Railda Cavalcante dos Santos acorda para ir trabalhar. Às 4h da manhã o silêncio da madrugada ainda é intenso, mas os pássaros já avisam que

o dia está começando. Ela mora no bairro Cota 200 dentro do Parque Estadual da Serra do Mar. Ela ajuda a mãe em um bar que possuem na cidade de Cuba-tão, perto da delegacia do município. Por volta das 5h30 Railda pega o ônibus que a levará ao trabalho. Como serve o café da manhã para trabalhadores da cidade por volta das 6h30, essa moça de apenas 23 anos, tem que deixar tudo pronto para a chegada de toda a turma. E a sua rotina não termina por ai. A jovem sai do bar entre 15h e 16h da tarde. Quando não tem serviço na loja de brincos na qual faz traba-lhos extras, vai para casa ou para a igreja Vida Nova.

Cinco de janeiro de 1988, a mãe de Railda sente as dores do seu parto. Como ela morava nas Cotas, para sair do local foi necessário chamar um táxi. A meni-na nasceu de parto cesariano, no hospital Oswaldo Cruz em Cubatão. Desde então ela passou a infância nas Cotas. “Aqui é bom, pois é muito sossegado”, diz a jovem. Segundo ela, um dos maiores proble-mas enfrentados pelos moradores é a falta de lazer, pois no local não há lugares para a diversão e com isso as pessoas têm que sair da Cota para se divertir. No bairro também não há farmácias; quando necessi-tam comprar remédios eles saem do bairro, atraves-sam a passarela na rodovia Imigrantes e dirigem-se até um estabelecimento farmacêutico local. O único posto de saúde fica aberto até às 17h. Quem pas-sa mal após este horário é levado para um hospital na única ambulância da área, ou recebe atendimento de um enfermeiro quando o problema não é tão sé-rio. O hospital fica a 10 minutos do bairro Cota 200.

Quem avista de longe, enxerga um monte de casi-nhas que mais parecem caixinhas de fósforos amon-toadas umas em cima das outras. Mas dentro des-tas pequenas moradias existem famílias e vidas que se expuseram a riscos ambientais em uma área que não teve a devida atenção das autoridades por mais de 40 anos. Os bairros “Cota” estão situados nas en-costas do Parque Estadual da Serra do Mar, e cha-mam atenção de quem passa pela Rodovia Anchieta. Com 19.000 mil habitantes e uma vasta miséria, o local aguça a curiosidade de quem passa pela serra.

As áreas invadidas contam com dez bairros: Pinhal do Miranda, Grotão, Morro do Gonzaga/ Cota 100, Cota 95, Cota 200, Cota 400, Cota 500, Água Fria, Pilões e Mantiqueira. Todas elas já foram identifica-das como áreas de risco. O governo do estado de São Paulo, com o auxílio da Prefeitura de Cubatão, iniciou um projeto de recuperação sócio-ambiental da Serra do Mar em março de 2010, para a desocupação de casas que estão com alto risco de desabamentos. Até

Jessika Nobre

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2020 o projeto deverá estar finalizado. Residente no bairro Cota 200 há 23

anos, Railda Cavalcante acredita que ter a sua casa própria é muito melhor, mas muitas pessoas ainda optam por não sair da região invadida, pois construíram com dificuldades seus barracos. Para eles, não vale a pena sair das residências.

Walkyria Marques, Gerente de Ações de Recuperação Urbana I da CDHU, afirmou que serão retiradas aproximadamente 5.388 famílias dos bairros. Uma decisão judicial obrigou o Estado e a Prefeitu-ra de Cubatão a desocuparem as regi-ões do Parque Estadual da Serra do Mar, proporcionando atendimento habitacio-nal para todas as famílias desabrigadas. Até o momento foram retiradas 1.050 famílias que residirão em unidades ha-bitacionais de Cubatão e toda a Baixada Santista. Atualmente, vivem 7.851 famí-lias nos bairros Cota. Com a remoção de 5.388, cerca 2.463 famílias permanece-rão nos bairros. Segundo Walkyria, quem continuar na região é porque está fora das áreas com risco de desabamento.

O ambientalista Nelson Rodrigues acredita que a pressão da sociedade e do movimento ecológico, conscientizou o governo a tomar uma atitude contra a invasão e a contaminação da Serra do Mar. “Através de muitas reportagens e ativismo, os cidadãos mais sensíveis conseguiram apertar as autoridades para resolver o problema dos bairros Cota”, disse o ambientalista. De acordo com Rodrigues, a dominação da Serra do Mar começou quando muitas pes-soas que trabalhavam nas indústrias de Cubatão, por falta de espaço na ci-dade começaram a invadir o parque para construir barracos. “O governo comprava os votos do povo e em troca oferecia a eles água, luz e tudo que pre-cisavam”, completou Rodrigues. Com as adaptações da população nas áreas de riscos do Parque Estadual da Serra do Mar e o auxílio do governo, a ocu-pação ficou desordenada nesta região.

Hoje com dez filhos e dez netos, mo-rador da Rua 23 do bairro Cota 200 há 29 anos, Francisco Leite da Silva, tam-bém conhecido como “Bigode”, é ve-reador da cidade de Cubatão. Ele nas-ceu no Rio Grande do Norte e chegou

à cidade em 1971. Começou a traba-lhar dentro do restaurante industrial da empresa Cosipa, e logo ingressou na política. A partir de 1982 passou a morar na Cota 200 e tornou-se presi-dente da sociedade melhoramentos do bairro. Venceu as últimas eleições com 1.399 votos. O vereador acredita que para quem mora nas Cotas a situação é crítica. Sair de casa quando ocorrem acidentes, por exemplo, é quase im-possível, pois em algumas situações a pista é interditada e as pessoas fi-cam sem condições de deixar o local.

Mas por outro lado “Bigode” adora vi-ver nas Cotas, pois o ambiente é tran-quilo, a água é potável e ele mantém laços de amizade com a comunidade. Mesmo vivenciando um clima agradá-vel no bairro onde mora e sem vontade de sair das Cotas, o vereador aprova o projeto criado pelo Governo do Es-tado, e diz ser muito bom para a po-pulação que vive nas encostas da Serra do Mar. Ele já está na lista de espera da CDHU e só aguarda ser chamado pela empresa para fazer a mudança.

“Bigode” declara que o governo está oferecendo um auxílio de R$ 400,00 para os moradores que estiverem aguar-dando a aquisição da nova casa. Assim poderão alugar uma moradia na cida-de até a entrega dos apartamentos pela CDHU. Após o assentamento, as famí-lias deixam de receber o auxílio. “Bigo-de” explica que com a mudança para a nova residência, as famílias só pagam o seu apartamento. Este por sua vez, che-ga a custar de R$ 250,00 até R$ 300,00 por mês, já com condomínio, água e luz incluso. Mas algumas pessoas já es-tão arrependidas de sair dos barracos onde viviam, pois muitas estão desem-pregadas ou ganham apenas R$ 600,00 reais por mês para sustentar a família.

Auxílio Aluguel e Carta de Crédito

A CDHU está oferecendo habitação para moradores de áreas de riscos con-forme a finalização de cada obra. As unidades habitacionais estão situadas em Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e São Paulo. Segun-do Walkyria, as moradias são constru-

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ídas com dois a três dormitórios e re-cebem adaptações para portadores de necessidades especiais. As residências podem ser apartamentos, sobrados ou casas mistas (casa+comércio/serviço), ou ainda a família pode receber uma Carta de Crédito no valor de R$ 70 a R$ 100 mil reais (de acordo com a renda familiar), para adquirir moradia regu-larizada em qualquer lugar do estado.

E para quem já teve atendimento ha-bitacional anterior e possui cadastro no Cadmut (Cadastro Nacional de Mutuá-

rios), em qualquer lugar do Brasil, não poderá adquirir a sua unidade habitacio-nal do CDHU. Para estas famílias existe a opção das trocas de residências. Ela ocorre da seguinte forma: quem neces-sita sair do bairro, pois está residindo em local perigoso, poderá trocar de casa com a família que não precisa sair do lo-cal. Já foram realizadas mais de 150 tro-cas e a grande maioria delas ocorridas entre os que preferem ficar nas Cotas.

Defesa Civil - O Coordenador da De-fesa Civil de Cubatão, José Antonio dos

Jessika Nobre

A CDHU está oferecendo habitação para moradores de áreas de riscos conforme a finalização de cada obra.

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Santos, explica que para controlar os desabamentos provocados pelas chu-vas, eles utilizam estações telemétri-cas formadas por plataformas de cole-ta de dados que, através de satélites, fornecem informações sobre a inten-sidade das chuvas para a defesa ci-vil. As informações são enviadas para a central de monitoramento 24h. Este acompanhamento pluviométrico per-mite que Santos e sua equipe possam tomar atitudes consistentes no local, para que não ocorram deslizamentos. Se a cidade de Cubatão receber 84h de chuva, ou seja, acima de 100 milí-metros de água, a defesa civil já entra em alerta, pois de acordo com pesqui-sas elaboradas pelo IPT (Institutos de Pesquisas Tecnológicas), a partir de 100 milímetros acumulados de chu-va os desabamentos podem ocorrer.

O último deslizamento com mortes ocorreu em 1988. Foram 10 óbitos no bairro Cota 95. “Foi terrível, eu estava de plantão naquele momento e fiquei três dias sem ir para a casa”, completou Santos. Logo após este grave episódio, para que não surgissem novas mortes, a prefeitura implantou o PPDC (Plano Preventivo de Defesa Civil). Na época o sistema não era computadorizado, por-tanto todos os laudos dessa história fo-ram datilografados. Hoje muitos dados foram perdidos, como por exemplo, a quantidade de casas que desabaram.

A retirada da população das encostas está classificada por grau de riscos. O risco um é baixo, o dois é médio, o risco três é alto e o quatro é muito alto. Para que uma família saia das Cotas para um apartamento da CDHU, esse padrão é analisado. Porém a prioridade será para quem mora em lugares de riscos três e quatro. Santos ressalta que nos bairros Cota algumas pessoas vivem com dificuldades pela falta de estudo, mas por outro lado muitas famílias têm carros como Audi e Blazer. “Você en-contra sobrados que em áreas urbanas valeriam R$ 200 mil reais”, contou San-tos. Ele afirma que o consumo de água da cachoeira e a elaboração de rabichos identificados como “gatos” fazem com que muitas pessoas não paguem pelas contas que deveriam. “Há famílias que

possuem quatro aparelhos de ar-condi-cionado em suas residências”, finalizou o coordenador. Possuindo excelentes condições de vida a baixo custo, algu-mas pessoas preferem viver nas Cotas.

O ambientalista Nelson Rodrigues acredita que para resolver o problema de novas invasões dentro do Parque Es-tadual da Serra do Mar a Prefeitura e o Governo do Estado de SP deveriam cons-truir um projeto de eco-turismo para favorecer o lazer e turismo na Baixada. Assim estariam facilitando a entrada de verbas para a cidade de Cubatão, e os turistas conheceriam “a inigualá-vel fauna que existe na Serra do Mar”.

Jessika Nobre

Para o ambientalista, Nelson Rodrigues, um projeto de eco-turismo para favorecer o lazer e turismo na Baixada, evitaria novas invasões dentro do Parque Estadual da Serra do Mar

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Moradias Sustentavéis

Viver para reciclar: O desafio do futuro

Casas sustentáveis são a alternativa para reduzir os custos e os desperdícios de recursos naturais como a água.

Por Igor Augusto

O grupo utilizou fichas de informática, produto que seria enviado ao lixo, para construir tijolos e conseqüente-mente paredes. Com as fichas compactadas e recicladas, foi possível construir um campus

Igor Augusto

“É numa cultura da valoriza-ção dos recursos do meio por seus habitantes que re-side a chave estratégica de

um desenvolvimento sustentável, não em algumas próteses técnicas comple-mentares”. A frase é do urbanista italia-no Alberto Magnaghi, e foi dita em 2003. Basicamente, o que Magnaghi defende é o aproveitamento correto dos bens natu-rais para se ter um desenvolvimento sus-tentável, sem degradação do ambiente.

Mas como ter uma casa sustentável?

Um dos fatores que pode ser economi-zado é a água. O consultor em recur-sos hídricos Rafael Urbaneja esclarece que existem dois tipos para o reapro-veitamento deste recurso. O primeiro é o residencial, de forma mais simples, que aproveita a água das chuvas. O lí-quido é captado no telhado, e conduzi-do pelas calhas até um filtro, onde re-síduos sólidos são descartados. Após, há um segundo filtro, onde é descar-tada a água das primeiras chuvas, que contem impurezas vindas da lavagem

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MAM [Museu de Arte Moderna de São Paulo]

Local: Parque do Ibirapuera, portão 3 - s/nº São Paulo

Funcionamento:Visitação - Terça à Domingo e Feriados, das 10 às 18H. Fechado às segundas-feiras (inclusive feriados).

Entrada: R$5,50 [Entrada Gratuita aos Domingos]Meia entrada para estudantes, mediante apresentação da carteirinha. Gratuidade para Sócios MAM, menores de 10 e maiores de 65 anos, e funcionários das empresas parceiras.

da atmosfera e das áreas de captação. Depois dessa dupla filtração, a água

é armazenada em uma cisterna e bom-beada para um reservatório, onde é acrescido cloro, para desinfetar. Caso chova mais do que o esperado, o re-servatório tem uma tecnologia que permite que o líquido excedente es-corra. A água proveniente deste meio serve para a descarga em vasos sani-tários, limpeza de calçadas, ruas, pá-tios e até de veículos. Não há nenhum contato com a mucosa humana, por-tanto, não há nenhum risco à saúde.

Quanto ao valor para construir um sistema desses em casa, Urbaneja ex-plica: “O preço para instalar essa cap-tação não é tanto assim. Já desenvol-vi casas em Alphaville, em São Paulo. As residências variavam de R$ 500 mil até R$ 600 mil, e o projeto para reuso da água custou R$ 3 mil, algo muito pequeno perto do valor total”.

E esse investimento pode ser recu-perado ao longo do tempo, pois a eco-nomia no gasto da água é de 60%, ou seja, as contas serão 60% mais baratas.

Urbaneja também trabalha com ins-talação do método em empresas e hotéis. Neste caso, não só a água da chuva que cai na cobertura é rea-proveitada, mas como a que cai no piso também. Até o líquido de tor-neira pode ser reutilizado, como por exemplo, para vasos sanitários.

Mas se os benefícios e retornos são tantos, por que a Baixada Santista pra-ticamente não tem empreendimentos do tipo? Urbaneja acredita que as cons-truções da cidade são antigas, e, nesse caso, a instalação seria mais difícil. O consultor também pensa que há pouca orientação e divulgação para as pessoas.

“Por exemplo, a moda hoje é tentar dessalinizar a água do mar. O proje-to é muito mais caro que a captação da chuva, que é algo que já está aqui, caindo em nós”. A frase de Urbaneja lembra e muito o sentido do pensa-mento do urbanista italiano Magna-ghi. É na valorização dos recursos do meio por seus habitantes que reside a chave estratégica de um desenvol-vimento sustentável, é saber apro-veitar o recurso que está disponível.

Outras tecnologias

Além da água, outros recursos podem ser utilizados de maneira sustentável. Como o Bistrô projetado pelo arquiteto Nelson Gon-çalves, que utilizava madeira de demolição.

“Assim, nós evitamos outro fim in-adequado desta madeira, como, por exemplo, queimadas”. O uso desse material também evita novos des-matamentos, conclui o professor.

O Bistrô também foi coberto com pintura branca, que ajuda a diminuir a temperatura do ambiente. O proje-to foi apresentado na Santos Arquide-cor do ano passado, uma mostra que reúne trabalhos de profissionais na área de design, arquitetura e decoração.

Toda a construção foi desenvolvida com parceiros, então, tinta e madeira foram do-adas. Por isso, Gonçalves não sabe precisar quanto custaria a instalação de um ambi-ente desses. Mas o arquiteto acredita, por exemplo, que o preço da madeira de de-molição está subindo. “Já existe potencial para esse mercado. Algo que deveria ser barato, para incentivar a preservação, aca-ba se tornando caro, apenas por negócio”.

Projetos internacionais

A discussão em torno de moradias sus-tentáveis e outros temas relacionados ao meio surgiram na crise da OPEP – Organiza-ção dos Países Exportadores de Petróleo–, na década de 70. De lá para cá, muito evoluiu, e, atualmente, já é possível encon-trar bairros sustentáveis, como o BO01, na Suécia, que conta com 600 residências,

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Exemplo de construção ecológica, que recebe desconto no IPTU

telhado branco

árvores no terreno

sistema elétrico solar

reuso de água da chuva

vidros refletivos

acompanhadas de comércios e serviços, ou o bairro ecológico de Bedzed, na Grã-Bretanha, que tem 82 casas. Os dois pro-jetos foram concluídos nos anos 2000.

A matriz energética também pode ser sustentável. É o caso do trab-alho dos arquitetos franceses Domi-nique Jakob e Brendan MacFarlane que pode ser visto na exposição Morada Ecológica, até o dia 26 de junho no Mu-seu de Arte Moderna de São Paulo.

A dupla construiu três imóveis com captação de energia solar, que sus-tenta os gastos das residências. Além disso, as janelas e aberturas são con-struídas de tal forma para aproveit-ar ao máximo a luz solar, captadas nas direções sul, sudeste e sudoeste.

Outra construção, no mínimo curio-sa, é do Rural Studio da Universidade de Auburn. Apenas como experimen-tação, o grupo utilizou fichas de in-formática, produto que seria enviado ao lixo, para construir tijolos e conse-qüentemente paredes. Com as fichas compactadas e recicladas, foi possível construir um campus. As laterais da con-strução eram de madeira. O resultado final foi um projeto com um composto industrial confiável, isolante de som, econômico, e, acima de tudo, abundante.

Na Região

A Baixada Santista vive longe dessa re-

alidade, mas, mesmo assim, existem es-tímulos para construções ambientais. A prefeitura de São Vicente começou a campanha do IPTU Verde no dia 30 de maio. O projeto premia morador-es com casas e residências ecológicas por meio de descontos nos impostos

O morador que possui a casa com vi-dros refletivos, telhado branco, árvores no terreno, sistema elétrico solar, reuso de água da chuva, entre outros, deve ir até a Secretaria de Meio Ambiente da cidade com o IPTU nas mãos. O prazo para inscrição é até o dia 12 de julho. Lá, o munícipe irá preencher um formulário com quais requisitos sustentáveis sua casa tem. O imóvel passará por uma vis-toria e o desconto no carnê será liberado para 2012, explica o secretário de Meio Ambiente da cidade, Alfredo Moura.

O IPTU é calculado a partir da mul-tiplicação do valor venal do imóv-el mais a taxa do imposto, que é de 1,3%. Um imóvel, por exemplo, que custe R$ 100 mil terá a alíquota de R$ 1.300,00. Com o IPTU verde, a redução da taxa pode ser de até 0,3%, atingindo um imposto no valor de R$ 1.000,00.

O secretário afirma que a adesão foi grande, apesar de ainda estar no iní-cio do trabalho. “No primeiro dia, vi-eram dez moradores fazer a inscrição”.

Um projeto de lei nos mes-mos moldes está em processo de aprovação no município de Santos.

Ilustração

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Sessão em Casa

Bons filmes pra você curtir com a famíliaPor Lucas Moura

Wall-E (2008)

E se a humanidade tivesse que deixar a Terra e alguém esquecesse de desligar o último robô? Depois de centenas de anos sozinho fazendo o que foi projetado para fazer – limpar o planeta — WALL•E (abreviação de Waste Allocation Load Lifter Earth-Class, que em português é: Localizador e Coletor de Lixo Classe Ter-restre) descobre um novo propósito na vida (além de coletar sucata) quando en-contra uma bela robô de busca chama-da EVE. WALL•E e EVE viajam através da galáxia e põem em movimento uma das mais eletrizantes e criativas comédias de aventura já levadas para as telas do cinema. Junto com WALL•E em sua fantástica jornada através do universo de visões nunca antes imaginadas do futuro está um elenco hilariante de per-sonagens que inclui uma barata de es-timação e uma heróica equipe de robôs desajustados e defeituosos. O filme dá uma mensagem clara: se continuarmos poluindo, gerando lixo, a Terra será coberta por ele. Até termos que fugir do próprio ambiente sujo que criamos.

Os Thornberrys (2002)

À primeira vista os Thornberrys parecem ser uma família normal, formado pelos pais, duas filhas e um animal de estimação. O pai, Nigel,

é apresentador de documentários sobre ani-mais, que por sua vez são dirigidos por sua es-

posa, Marianne. Para facilitar o trabalho eles vivem rodando o planeta para realizar seus

documentários, carregando junto as filhas Eli-za e Debbie, viajando em um ônibus recheado

de equipamentos. Numa destas viagens a família vai para a África, onde a caçula Eliza encontra um feiticeiro que lhe dá o poder de conversar com animais. Caso revela ter este

poder Eliza o perderá, o que a faz manter seg-redo sobre ele. Até que, um dia, Eliza descobre que caçadores estão dispostos a matar elefan-tes através de uma cerca eletrificada, o que a faz lutar para evitar que o desastre aconteça.

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A Última Hora (2007)

O documentário, narrado e produzido por Leon-ardo DiCaprio, aborda os desastres naturais causados pela própria humanidade. Mostra

como o ecossistema tem sido destruído e o que é possível fazer para reverter esse quadro. Ent-

revistas com mais de 50 renomados cientistas e líderes, como Stephen Hawking e o ex-presidente

soviético Mikhail Gorbachev, ajudam a escla-recer essas importantes questões, assim como

indicar alternativas possíveis à sustentabilidade.

Uma verdade Inconveniente (2006)

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, derrotado por Bush nas eleições presidenciais dos EUA em 2000, apresenta uma análise da questão do aquecimento global desde a década de 70, os mitos e equívocos existentes em torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas.

Os Simpsons (2007)

Homer Simpson tem um novo bicho de esti-mação: um porco. Devido a um silo perfura-do e cheio de fezes, um desastre de grandes proporções acontece em Springfield. Isto faz

com que uma multidão sedenta por vin-gança se reúna diante da casa dos Simpsons,

querendo Homer e sua família de qualquer jeito. Eles conseguem escapar, mas a partir

de então os Simpsons passam a discutir e se dividir sobre o ocorrido. Paralelamente o

ocorrido chama a atenção do presidente dos Estados Unidos, Arnold Schwazenegger, e

do chefe da Agência de Proteção Ambiental, Russ Cargill, que planeja realizar um plano

diabólico para conter o desastre ocorrido.

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Lição de Vida

O interior de Joel Zacarias

Joel Zacarias, 50 anos, mais conhe-cido como Índio nasceu no estado amazonense em Palmeira Indiana - PR. No Paraná, trabalhava como

peão de obra ou garimpeiro. Veio soz-inho para Santos. Ganhava muito pouco onde morava e queria mudar de vida

Atualmente, é casado com Missle-ine Nascimento Dias, 24 anos. Joel tem um celular para contatos do serviço. Diverte-se assistindo dvd’s em casa ou tomando uma cervejinha com a atual esposa- de vez em quando -. Frequen-tador da Igreja São Benedito, ele é um

homem de bem, honesto e paga aluguel de uma quitinete de R$ 300,00 ao mês.

Sua esposa estava recentemente com-pletando o Ensino Médio e para que ela estude melhor, o marido dedicado comprou um notebook em parcelas e deu como presente para ela. Missleine está grávida de cinco meses do pri-meiro filho com Joel. O sonho dele é voltar a morar com a família que está longe e para isso abriu uma poupança.

No visor de seu celular, Joel exibe com orgulho as fotos de sua família. Três filhos e três netos no total. Com um sorriso no rosto e uma entonação vibrante: “Formei o meu filho mais

O valor das coisasJoel Zacarias, o índio carrinheiro que quebra qualquer estereótipoPor Jéssica Branco

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velho, de 25 anos, em eletrônica. Ag-ora, ele é casado e mora com sua es-posa que me deu três lindos netos”.

Seu segundo filho é forte, saudável e tem 18 anos. Apresentou-se recente-mente ao exército, não pode ter car-teira assinada no momento. Portanto, faz um bico em um depósito realizan-do seleção de materiais recicláveis.

São dois filhos homens e uma caçula de 16 anos. Todos, fruto do seu pri-meiro casamento com a falecida ex-es-posa que oito anos atrás sofreu, aos 33 anos, um ataque cardíaco. Joel ficou du-rante seis anos sem uma companheira.

O exterior de Joel Zacarias

Quando veio morar em Santos, Joel virou carrinheiro e com a morte de sua ex-esposa perdeu a guarda da fil-ha caçula. Sua filha parece ser uma boa menina e deve ser. Há dois, três famílias, uma delas holandesa, es-tavam para adotar a caçula de Joel.

Já haviam se passado seis anos que a menina estava em um abrigo para menores. “Eles (os funcionários do abrigo) queriam que eu arrumasse uma mulher, eu não queria arrumar qual-quer uma... Também alegaram que eu não tinha condições financeiras de cui-dar dela. Mas, nunca deixei de visitá-la. Minha filha queria estar comigo...”

A única chance de Joel não perder sua filha para sempre era entregar a guarda dela à sua irmã em Lond-rina no Paraná que tinha melhores condições de vida. Assim aconteceu.

A mãe de Joel tem um sítio, e para voltar a morar com sua filha, ele afir-ma que seria até garimpeiro nova-mente. Joel merece! De dois em dois meses a Prefeitura de Santos lhe dá passagem de ida para visitar sua filha e seu cunhado paga passagem de volta.

Após perder a primeira esposa, e o contato com a filha, o pobre carrin-heiro também perdeu tudo. Um incên-dio destruiu todos os seus bens. O fato até foi noticiado em jornais, mas, aos poucos reconstruiu tudo que já tinha e além. Perguntei a ele qual foi a maior lição que aprendeu nessa profissão: “A dar valor às coisas.” Com convicção,

seguido da confirmação de Missle-ine, um suspiro... e minha surpresa!

Sinceramente, não esperava essa re-sposta. E teimei meio tímida. Você não dava valor quando era pedreiro ou garimpeiro no Paraná? – “Não...” E ele explica o porquê. Segundo o carrinhei-ro, cerca de 80% do lar desse guerreiro é feito com o que ninguém quer, ou seja, coisas que despejamos no lixo ou coisas usadas que vão para a Feira do Rolo. A casa “reciclada” de Joel Zacarias é com-pleta. E ainda não tem “nada de suja”. Ao chegar perto de Joel dá para sentir seu perfume que é bem agradável, por sinal.

O trabalhador não salvou só sua casa com sua dedicação e força de vontade, ele também salvou sua atual esposa Missleine. Apesar de esta ser sua pri-meira gravidez com o atual marido, já teve outros quatro filhos com outra pessoa. O mais novo tem dois anos. Ela sempre os visita também, só que a guarda está com o pai das crianças. Joel tirou Missleine do mundo das dro-gas e da rua, transformando a vida dela com o bom exemplo de homem que é.

Jéssica Branco

Exemplo de superação, Joel busca materias reciclavéis com seu carrinho no Centro de Santos

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Com ele? Não tem tempo ruim! E nem dá pra ter...

Todos os dias, sem exceção, este brasileiro acorda às quatro horas da manhã para trabalhar na orla da praia. Utiliza um carrinho fabricado por ele com uma geladeira porque é mais leve para carregar materiais recicláveis pesados, como latinhas entre outros.

À tarde, o trabalho continua. A segunda etapa do dia é ir até diversas feiras-livres para recolher papelão, para isso o car-rinho já é maior e mais pesado, confec-cionado também pelo engenhoso Joel, é claro. O carrinheiro é cadastrado na CET, e seus carrinhos são emplacados. Todo mês de julho é preciso renovar o cadastro.

Por fim, chega o terceiro e último turno de trabalho do carrinheiro.

Às sete horas da noite, Santos está mov-imentada. Muitas luzes de faróis brilham por todos os lados. Pessoas passam para lá e para cá saindo apressadas do trabal-ho. Poucos o notam chegando pelas ruas com seu carrinho. Ele é prático e rápido, já são 25 anos de experiência notável.

Do outro lado da calçada eu estava a observá-lo, atravessando a rua para ir a seu encontro. Tentei vestir-me com sim-plicidade, um casaco e um jeans meio desbotado e o meu tênis um pouco surra-do, o de sempre. Fiz um coque no cabelo para não chamar a atenção. Minha vaid-ade não permitiu que eu tirasse meu dis-creto brinco falso perolado de plástico, já que eu estava sem nenhuma maquiagem.

Levei um casaco mais bonito na bol-sa para somente me vestir “feiamente” quando começasse a trabalhar como carrinheira, mas tomei coragem e en-trei no ônibus, mal vestida. Na verdade eu não estava tão ruim e era minha va-idade que estava sofrendo a tal ponto que, sendo coisa da minha cabeça ou não, já não sentia aquela simpatia e o sorriso das pessoas ao pedir licen-ça a elas para passar pelo corredor.

Queria me sentir como ele e de fato isso aconteceu antes de eu começar o trabal-ho. Meu orgulho disparou um pequeno flash de arrependimento de estar ali. Mas no final, não queria ter desejado que a cidade se esvaziasse logo afim de menos pessoas me verem em ação.

Jéssica Branco

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Mesmo eu me considerando a caráter, quando coloquei as mãos na massa, os olhares foram inevitáveis. E ao con-trário da vaidade que senti no início senti um inesperado orgulho de estar fazendo aquilo. Dediquei-me da mel-hor forma possível. E com a mesma sinceridade que usei ao assumir meu arrependimento prévio, afirmo que me senti completamente feliz, mais do que quando consegui uma entrevista em uma inauguração de um espaço cultur-al com o ministro da cultura brasileiro.

Estávamos em frente a uma loja de sa-patos na Av. João Pessoa no Centro de Santos. Com sua simpatia e organização a loja era uma de suas fontes vip´s de lucro, apenas Joel recolhe os papelões de lá. Com o dinheiro dos materiais re-cicláveis que recolhe, no final do mês, Joel ganha o suficiente para comer e pagar o aluguel de trezentos reais. Ele faz contato por telefone, realiza ser-viço de carreto para conseguir um din-heiro extra. Joel nunca morou na rua.

Enquanto eu e Joel trabalhávamos, ele me ensinou um segredo e foi a parte que mais gostei do trabalho: as caixas precisam ser desmontadas para colo-car no carrinho e para isso é preciso dar um soco na parte de baixo da mes-ma, assim o processo é mais rápido e ela se desmonta instantaneamente.

Chegou a hora de sair com o carrinho e então me ofereci para conduzi-lo e foi aí que percebi que estava sendo observada ainda mais estranhamente, mas isso não me comoveu. Reparei que os braços do carrinho estavam muito altos e não adi-antava apenas fazer força para levá-lo adiante. Tive que jogar o peso do meu corpo todo, ainda bem que não sou leve, e assim puxá-lo para seguir em frente.

Então, deparei-me com um desafio: Como prestar a atenção no trânsito? Man-ter a estabilidade do carrinho por causa das depressões nas ruas? Puxar o carrin-ho com força para aumentar a velocidade e ainda não parar de usar o peso do cor-po para o carrinho não tombar para trás?

Jéssica Branco

Com o lucro do materiais recicláveis recolhidos, Joel usa para pagar o aluguel e comprar a comida para a família

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Meu coque de cabelo soltou, meu nariz começou a coçar e eu já estava transpirando por estar de casaco, mas eu não podia parar, senão corria o ris-co de ser atropelada como Joel me con-tou que já aconteceu com conhecidos.

R$0,10 centavos

O que se faz com R$ 0,10 centavos? Hoje, nem um chiclete dá para comprar. As empresas compram o papelão do car-rinheiro por dez centavos o quilo para depois venderem nas Indústrias de Re-ciclagem em São Paulo por um preço bem maior. Existem locais que pagam vinte centavos o quilo, mas ele prefere vender por mais barato. Nesses locais mais caros, os carrinheiros usuários de drogas roubam uns aos outros e há muita confusão. Ao passar por lá mais cedo, um deles se apavorou com a minha presença pensando que eu que-ria fazer uma foto dele, sem eu ao me-nos tentar ele ameaçou pegar minha câmera me seguindo até o final da rua.

Primeira parada, depois dos apu-ros, encostei o carrinho em um local com muitos sacos de lixo. Começa-mos a abrir os sacos para procurar gar-rafinhas pet. Todo tipo de lixo estavam no interior daqueles sacos, quando aca-bei, fiquei com as mãos sujas de res-tos de comida. Joel me surpreendeu novamente. Apresentou-me um galão de água anexado ao seu carrinho e eu pude lavar as mãos tranquilamente.

“A vantagem de trabalhar como car-rinheiro é que a gente não tem patrão, somos independentes e conseguimos aproveitar muita coisa que encontra-mos e a desvantagem é porque não so-mos registrados e se estivermos doen-tes, faça chuva ou faça sol, não tem tempo ruim, senão não recebemos.”

Andamos em um ritmo acelerado desde o começo da João Pessoa até o final do tra-jeto que termina no teatro Coliseu, dando voltas por várias ruas do centro da cidade e eu levando o carrinho todo o tempo.

Já estava exausta, uma hora e meia de trabalho se passaram. Meus braços, om-bros e costas doíam e quando eu estava parando a carroça, um homem de uns 45 anos, bem vestido -aparentemente,

estava saindo do trabalho – bateu palmas e disse: “Parabéns, gostei de ver.” Sor-rindo e admirado pela minha iniciativa.

Nesse momento, sensação de missão cumprida invadiu o meu ser. Senti-me emocionada e agradeci imensam-ente a Joel pela oportunidade e disse: “Dei muita sorte de encontrar você, certamente, é uma pessoa especial.”

Dilemas de um carrinheiro:

“A prefeitura deveria dar mais valor para nós.” O certo é o carrinheiro apenas trabal-har a noite para não atrapalhar o trânsito. Não estando nessas condições, a CET tem o direito de guinchar o carrinho com pa-pelão e tudo, é permitido apenas recolher objetos pessoais e levar para o pátio. Ape-nas os cadastrados na CET podem receber o carrinho de volta, é paga uma taxa de vinte e cinco reais, o correspondente a dois dias inteiros de trabalho, manhã, tarde e noite.

Há alguns anos existiu uma Associação dos Carrinheiros da Baixada Santista, Joel era coordenador, mas não foi para frente por falta de apoio. O objetivo é que tivesse uma cooperativa que permitisse que os carrin-heiros vendessem os materiais recicláveis direto para a Indústria de Reciclagem, sem intermediários, mas isso não aconteceu.

Esse batalhador sofre muito preconceito, principalmente da alta sociedade. O car-rinheiro deveria ser mais respeitado as-sim como ele respeita o meio ambiente e ajuda a natureza, fazendo o trabalho que não fazemos. Exemplos a serem seguidos com tamanha noção sobre o desperdício.

Jéssica Branco

As caixas de papelão são desmontadas para facilitar na hora de colocá-las no carrinho

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Leandra Gonçalves é coordena-dora da Campanha de Clima e Energia da ONG Greenpeace. Bióloga e mestre em ecologia

e comportamento animal, já trabalha no Greenpeace há quatro anos e expli-ca quais são os riscos de poluição da região da Bacia de Santos decorrente da futura exploração do Pré-sal em busca do Petróleo existente nessa área.

Leandra acredita que a necessidade de haver projetos não só para a explo-ração do Pré-sal, mas também visan-do a preservação da Bacia de Santos é essencial. A exploração do pré-sal ainda não está sendo realizada em escala comercial, portanto, todos os planos para conter ou mitigar os im-pactos ainda não foram discutidos.Logo que em todas as discussões que houveram até hoje sobre o pré-sal, o meio ambiente ficou de fora.

O Greenpeace busca alertar sobre esse tema: “No momento, parece que o governo está mais interessado nos royaltes e na receita do pré-sal, do que aceitar que a exploração do pré-sal é inviável e que o investimento poderia ser melhor aproveitado, caso fosse direcionado para fontes de en-ergias renovávei” A bióloga protesta.

Leandra desconhece ações ambien-tais por parte da Petrobrás relaciona-das ao Pré-sal. Ela diz que geralmente o cunho ambiental da empresa é ape-nas voltado a patrocínios de projetos de ONG’s ambientais. “Infelizmente, o dinheiro para patrocinar tais pro-jetos é pequeno perto do possível impacto causado por uma explora-ção de combustivel fóssil” conta.

Existem muitos riscos que podem vir com a exploração de pré-sal, mas

o principal deles é, sem dúvidas, o risco de vazamento. A exemplo do que acon-teceu no Golfo do México, os danos po-dem ser irreparáveis quando se trata de exploração de petróleo em águas profundas. E o reflexo disso é alteração da biodiversidade e economia local.

Explorar o Pré-sal significa manter o Brasil entre os três maiores emis-sores de gases do efeito estufa . Ai-nda que seja possível zerar o des-matamento, hoje, a principal fonte de emissão de gás carbônico é o petróleo.

Alerta para a exploração do Pré-sal em Santos

Por Jéssica Branco

Opinão Profissional

Futura exploração do pré-sal pode causar danos ambien-tais a Bacia de Santos

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Cooperativa de Reciclagem

Quatrocentos e oitenta toneladas ou três baleias-azuis (maior animal do pla-neta, que pode chegar a 160 toneladas e medir 33 metros). Esse é o tamanho da quantidade de lixo acumulado em Santos no dia 24 de maio de 2011.

E é esse o volume de resíduos sóli-dos produzido diariamente pela cidade. Em 24 horas, Santos transformou-se em um amontoado de lixo, de ani-mais e insetos à procura de comida. E exalou um forte odor. Tal cenário foi construído devido a uma greve feita por 3 mil trabalhadores que atuam na limpeza urbana nas cidades de San-tos, Guarujá, Bertioga, Cubatão, Praia Grande e Mongaguá. Os funcionári-os reivindicavam melhores salários.

Em situações como essas, é que per-cebemos a importância dos coletores de lixo e como o trabalho deles é es-

sencial no dia a dia. Mas, para onde vai todo o lixo que produzimos ou também chamados resíduos sólidos? Depende.

Leia a reportagem e saiba para onde vão os restos de comida, as latinhas de refrigerante, as embalagens de xam-pu, o vidro da maionese, o colchão velho, o óleo depois de fritar aquela batata frita, o entulho produzido de-pois de uma obra ou reforma, e até mesmo as necessidades fisiológicas.

Santos amanheceu ensolarada. Final-mente depois de vários dias chuvosos, é possível ir à praia e tomar um banho de mar. Chegando ao jardim, já dá para ver a bandeira vermelha que avisa: o mar está impróprio para banho. Então a alterna-tiva é se refrescar no chuveirinho. Mas o que muita gente não sabe é que a balnea-bilidade está diretamente ligada ao trata-mento de esgoto à geografia da região.

O caminho dos resíduosPor Thaís Moraes

Você sabe para onde vai o lixo que você produz? Desde restos de comida a colchões velhos? Fique atento na reportagem e descubra. Saiba mais: o que é possível fazer para ajudar na manutenção do planeta?

Funcionários da cooperativa de reciclagem separão os materiais que serão reutilizados

Thaís Moraes

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Os nossos resíduos corporais, ou seja, aquilo que comemos e bebemos, vão para a rede de esgoto. Lá eles seg-uem para uma estação de pré-condi-cionamento, que fragmenta (separa em partes muito pequenas) esses re-síduos matando os microorganismos que podem provocar doenças. Depois desse processo, os resíduos são lan-çados a quatro quilômetros da cos-ta, no emissário submarino, que fica na divisa entre Santos e São Vicente.

O mesmo acontece com a sujeira das ruas, que com as chuvas vai para o bueiro, também cai na rede de esgoto e faz o mesmo caminho até o mar. Toda vez que chove, a cidade é lavada e es-ses resíduos se acumulam no canal do Estuário, levando ao comprometimento por alguns dias da qualidade da água.

“Áreas costeiras próximas a grandes centros urbanos têm uma qualidade de água muito ruim. Santos é uma baía [por-ção de mar rodeada por terra]. Já as pra-ias do Guarujá são mais limpas porque têm mar aberto, têm uma renovação.”, explica o Secretário de Meio Ambiente de Santos, biólogo e professor, Fábio Nunes.

O mesmo se aplica à cor da areia da praia. Em Santos, a coloração é mais escura porque se mistura aos resíduos. No Guarujá, por exemplo, a areia é mais clara, já que não há um contato muito grande com os dejetos. Entretanto, os nossos resíduos corporais não poluem as águas porque é matéria orgânica. O próprio mar processa o material, que serve de alimento para camarões, microcrustáceos e micro-organismos aquáticos, como os zooplânctons.

Agora que você já sabe para onde vai o seu resíduo corporal, certamente vai pensar duas vezes antes de entrar no mar se avistar a bandeira vermelha.

O lixo nosso de cada dia

Resíduos orgânicos como restos de comida, objetos como cotonete, cabe-lo, papel higiênico, palito de dente, fio dental, fraldas e outros materiais são produzidos diariamente em Santos, por uma população de aproximadamente 419.400 habitantes, segundo dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE) de 2010. Todo esse re-síduo chega a 800 toneladas por dia, sendo 480 de procedência doméstica e o restante recolhido na varrição das ruas, das praias e dos caminhões do cata-treco.

De acordo com a Terracom, são 850 funcionários responsáveis pelos ser-viços de limpeza urbana. Quarenta e oito motoristas dirigem os caminhões compactadores e 120 homens fazem a coleta de lixo. O resto está dividi-do entre varredores, ajudantes gerais e operários de máquinas pesadas.

Santos conta com coleta diária de lixo: duas vezes nos bairros do Centro e do Gonzaga e uma vez no restante da Ci-dade. Das 6 às 14 horas é feita a coleta nos bairros da linha da máquina para a praia. Já das 18 horas às 2h30, é a vez dos bairros do meio da Cidade para o Centro terem seus resíduos recolhidos.

Os caminhões que passam pelas ruas carregam cinco toneladas de lixo e seguem para uma área de trans-bordo no Bairro da Alemoa, na Zona Noroeste de Santos. De lá, caminhões maiores, de 30 toneladas, vão para um aterro sanitário, que fica no Sí-tio das Neves, na área continental.

Até 2002, todos os resíduos eram lançados no lixão da Alemoa, que foi fechado com quase 30 metros de al-tura. Mas o que é um lixão? É um grande espaço a céu aberto que serve apenas para receber o lixo. Não há tratamento para o chorume, um líquido negro e fé-tido liberado pelo lixo e que contamina o solo, a água e os lençóis freáticos.

Já hoje, existe o aterro sanitário, um local próprio para receber o lixo, pois é impermeabilizado por uma base de ar-gila e lona plástica, que impede o vaza-mento do chorume para o subsolo. Lá, o líquido passa por um tratamento e é lançado no rio. Também é feita a capta-ção e a queima do metano, gás liberado pela decomposição da matéria orgânica, que pode ser usado para gerar energia.

Apesar de o aterro sanitário ser o lo-cal correto para a destinação de lixo, segundo a legislação, o secretário de Meio Ambiente, Fábio Nunes, revela que isso ainda não é o bastante. “Não queremos isso, queremos que a popu-

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lação separe. Das 13 mil toneladas esti-madas por mês, apenas 400 são recicla-das. Queremos que a parte orgânica vá para o aterro e se decomponha duran-te os anos, e o reciclável vire matéria-prima para a indústria da reciclagem.”

Reciclagem

Refrigerante, molho de tomate, su-cos de caixinha, sabão em pó. Todos esses produtos já são comuns no co-tidiano. Apesar de eles terem sidos criados para facilitar a vida do homem moderno, também podem se tornar grandes vilões. Não o produto em si, porque este acaba rapidinho, mas as embalagens que os armazenam.

O plástico, comuns em embalagens de xampu, de amaciantes de roupa e diver-sas outras coisas pode demorar de 50 a 450 anos para se decompor. As caixas de papelão e os papéis levam de três a seis meses. O alumínio, utilizado em lat-inhas de cerveja e refrigerante demora mais de 500 anos para desaparecer. Mas o campeão de todos é o vidro: mais de 4000 anos é o tempo de degradação dele.

Alguns materiais como borracha, iso-por, esponja e cerâmica possuem tem-po de decomposição indeterminados.

Imagine esses materiais mistura-dos com o lixo orgânico, que demora apenas de seis a 12 meses para desa-parecer. Imagine esses produtos re-cicláveis produzidos diariamente por você, seu bairro, sua cidade, seu es-tado e seu país. Em algum momento, haverá tanto material que não vai mais existir lugar para serem despejados.

É por isso que reciclar é tão impor-tante. Mas o problema não para por aí. Quando não é feita a reciclagem, o mate-rial não volta para a cadeia de produção e por isso, mais matéria-prima e mais re-cursos deverão ser extraídos da nature-za para fabricar mais e mais produtos.

“Reciclar implica em reduzir o uso de matérias-primas. Quando você re-cicla, evita que uma empresa tire mais matéria-prima transforme-a usando mais agentes químicos, e faça substân-cias que são mais nocivas ao próprio ecossistema”, explica o biólogo e doutor em ecologia, Fábio Giordano.

Porém, há certos tipos de materiais que

Das 13 mil toneladas estimadas que são recolhidas por mês, apenas 400 são recicladas

Thaís Moraes

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não podem ser reciclados ou são recicla-dos parcialmente. O único material que é 100% reciclável é o alumínio. Mas para reciclá-lo consome-se muita energia.

Segundo Giordano, o ideal é praticar os três R’s: reduzir, reutilizar e por último reciclar. O primeiro passo é diminuir o consumo de materiais. Já o reaproveita-mento é melhor que a reciclagem. Por exemplo, uma garrafa de plástico joga-se fora e automaticamente incorpora-se energia na reciclagem. Uma gar-rafa de vidro não, pois é reutilizável.

Para o biólogo, reciclar não deve ser visto como a solução de todos os prob-lemas. “Não existe nenhuma recicla-gem que não envolva também algum tipo de gasto, de água ou energia. Di-minuiu-se um pouco o dano ao meio ambiente, mas não se deve pensar que o problema está sendo zerado.”

A coleta seletiva é separada em pa-péis, plásticos, metais e vidros. Ex-istem indústrias que reutilizam esses materiais para a fabricação de matéria-prima ou para fazer novos produtos.

Histórias

Avenida Conselheiro Nébias, 96, Paque-tá, Santos. Para encontrar este endereço, é preciso se basear nos números do lado ou da frente, pois não existe nenhuma placa ou pintura na parede que indique o 96. Entrando no enorme galpão, é pos-sível avistar dez mulheres e uma grande quantidade de sacos de lixo, pedaços de móveis, garrafas pet e papéis. Das dez mulheres, três estão rasgando pa-pel e cinco separam materiais. Das duas que restaram, uma varre o chão e a outra coloca a prensa para funcionar.

Todas possuem um olhar descon-fiado quando a repórter pergunta se pode entrevistá-las. Depois de uma rá-pida conversa, apenas uma funcionária que escutava rádio atentamente no seu walkman não aceitou ser entrevistada.

Alexandra Sabo da Silva tem 25 anos. Não é casada no papel, mas mora com o seu companheiro há três anos. É mãe de dois meninos, um de seis anos e o outro prestes há completar um ano. Alexandra e seu irmão, hoje com 16 anos, foram cri-ados com o dinheiro da reciclagem. Seu

pai, Laércio, é carrinheiro até hoje. Já sua mãe, Ana Maria, fez o mesmo trabalho durante muitos anos, mas no momento trabalha no mesmo local que a filha.

Ana Maria trabalha de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Já funcionárias como Alexandra, que têm filhos peque-nos, trabalham até as 16h30 na Associa-ção dos Trabalhadores e Catadores de Materiais Reciclados da Baixada Santista.

“Trabalho com reciclagem há três anos, mas estou aqui há uns dois meses. Aqui chega de tudo: papel branco, mis-to, plástico, copinho”, conta Alexandra.

A mãe, Ana Maria, hoje com 45 anos, está no ramo há 20: “Gos-to do meu trabalho, não me vejo trabalhando com outra coisa”.

A Associação já existe há muitos anos, mas o local e o método de trabalho são re-centes. No final de janeiro deste ano, foi criada uma parceria entre a Associação e a empresa de gestão ambiental, Santos RC, que é a responsável pelo espaço físi-co e pelo treinamento dos funcionários.

“Além de cedermos o local, a in-tenção é profissionalizar os trabal-hadores. Fizemos palestras sobre hi-giene, dinâmica e procedimentos de segurança. Já existia o caminhão e as prensas, mas eles não tinham o mod-elo de trabalho que eles têm agora”, explica um dos proprietários da San-tos RC, Armando Cesário de Souza.

As mulheres são as responsáveis pela separação e pela prensagem do material. Já os homens bus-cam o lixo e levam até a associação.

Brenda Joanes de Jesus Silva, 19 anos, decidiu voltar a trabalhar depois que perdeu o filho devido ao problema de pressão alta, ocorrido durante o oi-tavo mês de gestação. “Fiquei com de-pressão, aí voltei a trabalhar para me distrair. Também é bom ganhar ex-periência.” Brenda pretende continuar por mais algum tempo na associação até conseguir um emprego melhor.

A cooperativa de reciclagem não tem vínculo com a coleta de lixo limpo, real-izado pela Prefeitura de Santos. Todo o material é vendido para uma indústria em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. A indús-tria compra o material, recicla, e este

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Além de cooperar com o meio ambien-te, ajudará e muito essas pessoas que fazem da reciclagem seu meio de renda.

Óleo

Depois de realizar uma fritura, tem-se o hábito de despejar na pia o óleo usado. Mas isso pode trazer consequên-cias graves. Além de poder contaminar 25 mil litros diretamente e até 1 mil-hão de litros de água indiretamente, o resíduo oleoso gruda nas paredes da tubulação e posteriormente entope as redes coletoras de esgoto, podendo causar ou agravar enchentes, já que a água não tem para onde escorrer.

Esses dados são do Instituto BioSan-to, criado em 2008, para fazer a coleta em domicílio de óleo usado. Roberto Coutinho, presidente do instituto, ex-plica como surgiu a ideia: “Um grupo de 22 pessoas, todas envolvidas pelo menos com alguma ação ambiental, detectou que existiam várias cam-

entra novamente na cadeia como ma-téria-prima. Já a renda obtida pela ven-da é dividida igualmente entre os fun-cionários. O salário não é fixo, quanto mais se recolhe e se vende, maior é a remuneração. “O problema é que mui-tas empresas vendem o lixo que pro-duzem e não doam”, conta Alexandra.

Hoje, a associação conta com al-guns fornecedores de material. Desde o dia 16 de maio, a cooperativa recol-he diariamente materiais recicláveis no Centro de Santos. A iniciativa é uma parceria com o Sindicato dos Ho-téis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (SinHores). Sendo assim, o Centro é o único bairro que recebe diariamente coleta de materiais reciclados na Ci-dade. O caminhão sempre passa por volta das 16 horas, quando a maioria dos restaurantes encerra o expediente.

Se você segue o exemplo e separa o lixo limpo que produz em casa ou na empresa, basta ligar para a Associação.

Divulgação

Instituto BioSantos faz a coleta em domicilio do óleo usado. Ele é purificado e vendido posteriormente para ser transformado em biodiesel

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pedidos para que a coleta fosse feita em domicílio. Resolveu-se então criar o Gari do Óleo, um projeto socioambi-ental em que pessoas de baixa renda, contatadas por meio da Secretaria de Assistência Social (Seas), vão de porta em porta para realizar a coleta de óleo nas residências de Santos. O óleo é co-locado em carrinhos de ferro, carrega-dos manualmente. No total, 80 garis passaram pelo projeto em seis meses.

Hoje o esquema é outro: são 11 garis que em determinados dias do mês visitam um bairro por vez e fa-zem toda a coleta. Mas ainda assim, existe a coleta feita por um camin-hão que vai até os condomínios.

Depois de coletado, o óleo é ven-dido para uma recicladora localiza-da em Mauá, onde é feita sua puri-ficação. Após o processo, o óleo é vendido para ser transformado em biodiesel. No Instituto BioSantos, a venda do óleo serve para pagar os funcionários, auxiliar na manutenção

O material depois de separado é vendido a uma industria de São Bernardo do Campo para recicla-lo

Thaís Moraes

panhas para levar o óleo usado em al-gum ponto de coleta, mas as pessoas acabavam não levando a esses lugares.”

Foi então que o Instituto BioSantos de-cidiu fazer a coleta de óleo diretamente com o consumidor final, colocando em prática a logística reversa. Essa logística consiste em o fabricante colocar o produ-to no mercado e ser o responsável pela destinação dele quando este quebra ou não serve mais para uso. Por exemplo: quando você compra um celular e a bat-eria não funciona mais, é dever do fabri-cante recolhê-la e dar um fim adequado para que não contamine o meio ambiente.

No início, o óleo era coletado apenas em condomínios. Eram fornecidos galões de 50 litros, informativos nos elevadores e cartilhas para os moradores. Uma vez por mês, esse galão era retirado e outro era posto no lugar. Entretanto, em alguns prédios que não possuíam zeladoria, es-ses galões foram usados para outros fins e foram descredenciados do projeto.

Devido a isso, o BioSantos recebia

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dos caminhões e ajudar nas despesas. Assim como o mercado dos resídu-

os sólidos, o de óleo também é sa-zonal. “O preço depende da demanda. Quando tem muito óleo para ser ven-dido, o valor dele cai. Mas compensa porque a iniciativa não visa lucro.”

Da panela veio e para a panela voltará

Alvelina Maria de Souza é uma daquelas senhoras que não aparentam a idade que têm. Aos 72 anos ainda trabalha. Dona Alvelina, moradora da Vila Margarida, em São Vicente, tam-bém fabrica sabão há dois anos. Mas

esse é um produto diferente. O prin-cipal ingrediente é o óleo de cozinha. “Aprendi a fazer sabão em um jornal.”

Segundo Dona Alvelina, a primeira tentativa não deu muito certo, mas foi fazendo até acertar. A receita dada no jornal é simples: óleo, soda cáustica e sabão neutro líquido. “Coloquei mais uma coisa que deixou a louça muito mais brilhante, mas isso não conto para ninguém, é segredo”, brinca.

O sabão fica branquinho e nem parece que foi feito com óleo, porque não tem cheiro algum. Al-velina também dá exemplo de con-sciência: “É um meio de aproveit-ar as coisas, em vez de jogar fora”.

Dona Alvelina (foto acima) faz sabão a partir do óleo usado que ela mesmo recicla. “É um meio de aproveitar as coisas, em vez de jogar fora”, disse a aposentada

Thaís Moraes

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Você sabia?

Além do óleo de cozinha, alguns materiais não podem ser despejados no lixo comum. É o caso de pilhas, baterias e chapas de raios-X. Isso porque esses produtos contêm substâncias que podem contaminar o solo e a água.

Materiais não-recicláveis

Metal: latas enferrujadas, clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tinta, verniz, inseticida e solvente. Papel: celofane, carbono, higiênico, guardanapos e papel toalha com resto de alimentos, laminado, plastificado, fraldas descartáveis, espuma, etiquetas e adesivos, fotografia e fitas crepe. Vidro: de automóveis, de janela, espelhos, cristais, lâmpadas (de todos os tipos), vidro de box de banheiro, temperado e ampolas de remédios, cerâmicas, porcelanas e louças, acrílicos, lentes de óculos e tubo de TV.

Materiais recicláveis

Metal: latas de refrigerante, cerveja, conservas, arames, fios, pregos, panelas e utensílios de ferro. Plástico: potes de todos os tipos, sacos de supermercado, embalagem para alimentos, vasilhas, recipientes, vasilhames (PET) de refrigerante, água e suco, artigos domésticos e sacos de leite. Papel: jornais, folhas usadas e de rascunho, cartões, envelopes, revistas, papel de computador, papelão, formulários, embalagem tipo longa vida, embalagens de ovos e cartolina. Vidro: garrafas de refrigerante, cerveja, garrafas de suco e água, garrafas de vinho e bebidas alcoólicas em geral, potes de produtos alimentícios, frascos de medicamento e perfumaria. Estes devem ser embalados em pedaços de jornal, pois caso isso não seja feito a integridade física dos coletores é colocada em risco.

Serviços - Santos

Associação dos Trabalhadores e Catadores de Materiais Reciclados da Baixada Santista: materiais recicláveis. Telefone: 3221-9022

Cata Treco: sofá velho, cama, móveis no geral e eletrodomésticos. Telefone: 0800-7708770.

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Pontos de entrega Voluntária

REMÉDIOS Farmácia Sais da Terra Endereço: R. Galeão Carvalhal, 48, Gonzaga Endereço: R. Azevedo Sódré, 24, Gonzaga

FILMES RA-DIOLÓGICOS Clínica Ra-diológica de Santos Endereço: Av. Conselheiro Nébias, 540, Embaré

OUTROS LOJA MULTICOISAS: Endereço: AV. ANA COSTA, 383, GONZAGA - Telefone: (13) 3289-9988

LOJA C&A : Endereço: Av. Ana Costa, 575 - Gonzaga - Telefone: (13) 3286-1509

SUPERBANCA : Endereço: R. Alexandre Martins, 139 - Aparecida - Telefone: (13) 3236-7536

PARAFINA Museu do Surfe Endereço: Parque Municipal Roberto Mário Santini

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PILHAS E BATERIAS AGÊNCIAS DA CAIXA ECÔNOMICA FEDERAL: Endereço: R. General Câmara, 15, Centro

Endereço: Rangel Pestana, 84, Vila Mathias

AGÊNCIAS DO BANCO SANTANDER:

Endereço: AVENIDA ANA COSTA, 481, GONZAGA - Telefone: (13) 32892535 - E-mail: [email protected]

Endereço: PRACA RUI BARBOSA, 31, CEN-TRO - Telefone: (13) 32197117 - E-mail: [email protected]

Endereço: RUA AMADOR BUENO, 61, CENTRO - E-mail: [email protected]

Endereço: RUA GALEÃO CARVALHAL, 45, GONZAGA - Telefone: (13) 32849332 - E-mail: [email protected]

Endereço: AVENIDA CONS. NÉBIAS, 791, BOQUEIRÃO - Telefone: (13) 32898833 - E-mail: [email protected]

OBS.: O projeto PAPA-PILHAS não foi

implementado nas agências SANTOS-DR. G. CAR-VALHAL e BOQUEIRÃO, porém há caixas im-provisadas para coleta e posterior encaminhamento do material recolhido para a agência GONZAGA.

DROGARIA SÃO PAULO Endereço: R. MARECHAL FLORIANO PEIXOTO, 63 - GONZAGA - Telefone: (13) 3284-5552 Endereço: R. JOÃO PESSOA, 24, CENTRO - Tele-fone: (13) 3219-1900 Endereço: AV. ANA COSTA, 306, VILA MATHIAS - Telefone: (13) 3223-9018/3224-2094 Endereço: Av. DOS BANCÁRIOS, 143, PONTA DA PRAIA - Telefone: (13) 3261-1934/3261-2109 Endereço: Av. PEDRO LESSA, 1344, PONTA DA PRAIA - Telefone: (13) 3227-6101 Endereço: Av. DR. EPITÁCIO PESSOA, 21, BO-QUEIRÃO - Telefone: (13) 3284-1341

ÓLEO DE COZINHA USADO

INSTITUTO BIOSANTOS - Av. Ana Costa, 454 - loja 01 - 3877-5042 Centro Esportivo M. Nascimento: Rua João Fracca-roli, s/ n°, Bom Retiro Ginásio Rebouças: Praça Engenheiro Rebouças, Ponta da Praia

Federação de Bandeirantes do Brasil – Núcleo San-tos: Rua Jurubatuba, 157, Ponta da Praia (quintas e sábados, das 15hs às 17hs) Assistência Infância de Santos “Gota de Leite”: Av. Conselheiro Nébias, 388 - Telefone: (13) 3202-0220 Centro Comunitário da Igreja São Judas Tadeu: Rua Napoleão Laureano, 89 - 2ª a sábado – das 9h às 18h. Colégio Sênior: Av. Jovino de Melo, 358 - 2ª a 6ª feira – das 9h às 17h. Federação Bandeirantes do Brasil - Núcleo Santos: R Jurubatuba, 157 - 5ª e sábado - das 15h às 17h. Hipermercado Extra – Av. Ana Costa, 318/340 - 0800-7732732 Grupo Amigo Do Lar Pobre – Rua Silva Jardim,21 – Vila Nova Casa João Paulo II – Rua Sete de Setembro, 47 – Vila Nova

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Tudo começa num bosque en-solarado, cheio de vida, onde brinco com esquilos, canto junto aos pássaros, corro atrás

de borboletas, deito na grama à beira do riacho e fico olhando os peixes que nadam tranquilos em meio à correnteza.

O lugar é lindo! A vegetação e a quantidade de animais silves-tres é realmente estonteante.

Nunca em minha vida imaginei me deparar com tamanha diversidade natural, não imaginei que fosse pos-sível ficar tão perto assim da natureza.

Penso: Preciso explorar cada ped-aço desta terra. Preciso entender como é possível que tudo aqui viva

tão bem e em perfeita harmonia!Continuo minha caminhada, desbravan-

do a mata e prestando atenção em cada detalhe do meio ambiente que me cerca.

Depois de horas, percebo que estou muito longe do meu ponto de partida. Começo a notar que a fauna e a flora já não são mais tão belas e cativantes quanto no início da minha jornada.

Olho ao meu redor. Onde estão os pássaros? Onde estão os esquilos que me seguiam pelo caminho? Não vejo mais as borboletas que antes pare-ciam brincar de pega-pega no ar.

É então que paro. Dou meia volta e começo a jornada de volta, para tentar en-tender em que ponto tudo começou mudar.

Beleza e destruiçãoPor Aline Barboza

Crônica

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Não é preciso voltar muito, logo começo a ver os sinais de devastação pelo caminho.

Árvores cortadas, lixo por todos os lados, pelo chão, boiando no rio.

Parece que a civilização se aprox-ima. Mais uma vez o homem vai destruir algo tão perfeito.

Não muito distante posso ouvir o barulho das máquinas a cortar as ár-vores. Olho para o alto, perto das ár-vores que me cercam e pareço en-tender o olhar de tristeza lançado pelos animais que perderam suas “casas”.

Um olhar de súplica, um pedido de so-corro mesmo que em meio ao silêncio.

A sensação é de cul-pa. O sentimento é de raiva.

Como alguém pode cometer tamanha atrocidade? Ninguém pensa nas con-sequências que isto pode causar?

Ahhhhhh... não, muitas pessoas não pensam no impacto ambiental que uma “simples derrubada de árvores” pode cau-sar. O que importa é o dinheiro, não é!?

É triste ver o meio ambiente sendo maltratado todos os dias, ver a natureza gritando por socorro e ninguém fazer nada.

Você, como bom brasileiro que é, dirá: “coisa de país do Terceiro Mundo”. Errado.

Mas, é claro, que em cada país há uma contextualização do problema.

Agora paremos para pensar, por que esse tipo de catástrofe acontece?

Acontece, porque você e eu não fazemos nada para impedir. A votação do Novo Có-digo Florestal é um exemplo claro de que não nos importamos com o futuro das nossas florestas, do nosso verde, da VIDA.

Pelo andar da carruagem, não sei se meus filhos um dia verão uma ár-vore, sem serem essas plantadas pelas ruas da cidade. Agora me per-gunto: E se elas não forem plantadas?

Será que existirão florestas? Será que os que vivem isolados na mata pelas suas tradições terão onde morar?

Vamos permitir o desmatamento? Va-mos permitir que acabem com as bele-zas naturais do nosso país, tudo isso por causa de política de interesses e dinheiro, muito dinheiro envolvido.

Num país onde a corrupção impera, não poderia ser diferente. O problema é: porque não fazemos nada para impedir?

Se deixarmos que aprovem o novo

texto para o Código Florestal, este, que Aldo Rabelo (PC do B) escreveu, tere-mos que começar a nos acostumar com a ideia de um país ainda mais poluído.

Mesmo que alguns se engajem nessa empreitada, lutando, protestando e brig-ando contra as novas mudanças, outros não fazem nada. O motivo disso, talvez, seja a “politicagem”, sejam os interesses dos detentores do poder no nosso país.

O que será mais valioso do que a própria vida? Por que se pararmos para pensar, vamos chegar à con-clusão de que estaremos, de certa for-ma, comprometendo a vida do planeta.

O Código Florestal atual garante, por exemplo, 30 metros de áreas de veg-etação às margens de rios com até cin-co metros de largura; já o novo Código, diminuirá para 15 metros esta área. O Novo Código quer acabar com a reser-va legal em pequenas propriedades ru-rais e ainda permitir que morros e áreas com declives possam ser desmatados.

Temos nos envolvido em debates e questões da sustentabilidade, mas não conseguimos enxergar o malefício que a aprovação (caso ocorra) do Novo Código Florestal terá sobre o Brasil e a humanidade.

Para facilitar a compreensão do prob-lema é melhor pensarmos em números.

200 mil km2 de mata serão ameaça-dos caso a recuperação de reserva le-gal seja abolida com o Novo Código.

Depois de tudo isso, a noite chega e dessa vez meu sonho já não é mais o mesmo. Agora enfrento dragões e serpen-tes (máquinas, serras elétricas, enxadas), tudo acontece bem diferente do sonho anterior. Desta vez não ouço pássaros, o único barulho é de árvores sendo derruba-das. Não corro atrás das borboletas, corro junto a elas antes que eu seja atropelada pelas máquinas que tomam contam da flo-resta. Os esquilos não mais me seguem, agora, eles me perseguem, parecem que entendem que eu sou tão perversa quanto aqueles que tomam suas casas. Os peix-es... ah, os peixes. Eles já morreram, mor-reram todos devido à quantidade de óleo e dejetos que foram jogados em seus rios.

Olho para trás e só vejo a devastação.Olho para a frente e consigo enxer-

gar onde o homem ainda não conseguiu alcançar e destruir... eu disse AINDA!

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Caça-Palavras

EFEITO ESTUFAOZÔNIOGÁS CARBÔNICOOXIGÊNIOOCEANOAQUECIMENTOPOLUIÇÃO

C O S T I F K Y A N D U W I P S E N H O P T Ç N AD A Z G B H C B I T R E T Ç I E T L M G Y S S W PF M U O H T F H A J I E C U P J T H D A Q Z X E RL R J Y N G K F U B K A S Q Y R O R X Ç J O U M AO C A S T I S D M V B R R S H F P G O M A Ç S E AR P M I A J O E G N A T U R E Z A C K L M Y D I AE Y T S Q R A R F Ç N X J G T N C O D G E P K O OS S O L U Ç T K F K R W G G J Z M Y L C B O V A XT N E F E I T O S T U F A K Z B I Ç H U L P M N EA Q P V C J L J C L I H T S L P N T E D M U P B UJ M T Y I W P J O R P A B C X J D F Ç J N I H I MK R U T M L E J L Ç R N I A C L N G Y M M Ç R E AM S D J E K Y P O I K H L R P S S M H W P A N N AO C E A N O I L G Y F D L B E O B Ç M G G O E T AL W I G T Y O N I R G U N O K Y G E Z X T E Q E MD E A U O T R J A L I M V N R E M Y Ç B K J S W A N G T O R F P K P N L O X I G E N I O L N K H M BÇ P R L K M G T R E K P Ç C L I M J U K N Z T B VU N G Z X Y O P L U Y R J O Z V N L B C P O K L RB T A F G D E S M A T A M E N T O I U Y R D E A A

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