91
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS LABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL I: MAPAS TEMÁTICOS DE SERVIÇO E MEMORIAIS EXPLICATIVOS CONTRATO FUNAPE/SIOL/LABOGEF ÓRGÃO ADMINISTRATIVO: FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (FUNAPE/UFG). UNIDADE EXECUTIVA: LABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA DO INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS DA UFG (LABOGEF/IESA/UFG). GOIÂNIA, FEVEREIRO DE 2009.

MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS

LABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO)

RELATÓRIO TÉCNICO PARCIAL I: MAPAS TEMÁTICOS DE SERVIÇO E MEMORIAIS EXPLICATIVOS

CONTRATO FUNAPE/SIOL/LABOGEF ÓRGÃO ADMINISTRATIVO: FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (FUNAPE/UFG). UNIDADE EXECUTIVA: LABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA DO INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS DA UFG (LABOGEF/IESA/UFG).

GOIÂNIA, FEVEREIRO DE 2009.

Page 2: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

i

APRESENTAÇÃO

Este relatório vincula-se ao estudo denominado AVALIAÇÃO DE IMPACTOS

AMBIENTAIS - MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) e refere-se ao RELATÓRIO PARCIAL I,

que apresenta os resultados da primeira etapa do trabalho proposto e acordado no contrato

entre a Fundação de Apoio à Pesquisa e a Siol Goiás Indústria de Alimentos LTDA, com

interveniência da Universidade Federal de Goiás, através do Laboratório de Geologia e

Geografia Física.

É apresentada a primeira versão dos MAPAS BÁSICOS (ou de Serviço) relativos ao

meio físico e biótico do Município de Rio Verde - GO, na escala 1:100.000, com seus

respectivos memoriais explicativos. Nesta etapa não foi possível finalizar o Mapa de

Impactos Ambientais, devido ao calendário de desembolso dos recursos financeiros e

demora na finalização de processo admistrativo para a aquisição das imagens ALOS (com

resolução de 10m, considerada de ultradetalhe). Esse mapa foi substituído por outros de

interesse para esse trabalho e que servirão de base para elaboração do Mapa de Impactos

Ambientais.

Os Mapas Temáticos de serviço elaborados para o presente relatório foram:

1. Mapa Hipsométrico (classes de altitudes);

2. Mapa Clinográfico (classes de declives);

3. Mapa Geomorfológico (relevos diferenciados);

4. Mapa Geológico (Grupos e Formações rochosas e sua estrutura);

5. Mapas de Recursos Hídricos (Drenagem; Bacias Hidrográficas; Sistemas

Aqüíferos e Poços Tubulares);

6. Mapa de Solos (classes de solos);

7. Mapa de Uso do Solo;

8. Mapas Climáticos.

Os memoriais explicativos de cada mapa elaborado contêm uma Introdução onde

são apresentados os conceitos adotados, a metodologia utilizada e os comentários relativos

à distribuição dos fatos mapeados e respectivas conclusões. Os memoriais apresentam os

temas agrupados em temas afins, como a seguir:

1. Topografia, Hipsométria, Clinográfia;

2. Geologia e Potencial Mineral, Geomorfologia e Sistemas Aqüíferos e Poços

Tubulares;

3. Drenagem do Município de Rio Verde - GO;

4. Pedologia (Solos);

Page 3: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

ii5. Uso do Solo*;

6. Caracterização Climática;

7. Remanescentes da Cobertura Vegetal Nativa

Convém ressaltar que os mapas aqui apresentados correspondem à versão

preliminar dos mesmos, dado que os trabalhos de validação em campo (in loco) serão

realizados na segunda etapa do trabalho, quando serão eventualmente ajustados

diretamente em campo, como previsto no cronograma de atividades. Nesta etapa serão

acrescidas as informações relativas ao Mapa de Impactos Ambientais e do Mapa de

Suscetibilidade e o de Riscos, ambos previstos para essa segunda etapa.

Goiânia, Fevereiro de 2009.

Profa. Dra. Selma Simões de Castro Coordenadora Geral

* Incluindo comentários da sócio-economia.

Page 4: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

iii

EQUIPE TÉCNICA

Informamos que procedemos a algumas pequenas mudanças na equipe técnica

prevista inicialmente, sendo a mesma listada a seguir com suas atribuições devidamente

especificadas.

COORDENAÇÃO GERAL

Profa. Dra. Selma Simões de Castro Geógrafa, Pedóloga, professora da Universidade Federal de Goiás - UFG [email protected] GERÊNCIA DE PROJETO

MSc. Rosane Amaral Alves da Silva Geógrafa [email protected] APOIO TÉCNICO

André Luiz Oliveira Biólogo, Técnico de nível superior [email protected] GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS

Prof. Dr. Alfredo Borges de Campos Geólogo, Geologia e Geomorfologia, professor da Universidade Federal de Goiás - UFG (Coordenação técnica do tema). [email protected]

MSc. Maximiliano Bayer Geólogo, Recursos Hídricos; doutorando em Ciências Ambientais – UFG [email protected]

Diego Antonio B. de Cedro Geógrafo, Estagiário [email protected] TOPOGRAFIA, HIPSOMETRIA, CLINOGRAFIA

MSc. Rosane Amaral Alves da Silva Geógrafa, doutoranda em Geografia - UFG (Coordenação técnica do tema; Geoprocessamento;) [email protected]

Pós-Graduando. Raphael de Oliveira Borges Geógrafo, doutorando em Geografia – UFG (Sensoriamento remoto e Geoprocessamento) [email protected] PEDOLOGIA (SOLOS)

Profa. Dra. Selma Simões de Castro Geógrafa e Pedóloga, professora da Universidade Federal de Goiás - UFG (Coordenação técnica do tema) [email protected]

MSc. Maria da Silva Gonçalves Barbalho Geógrafa, doutoranda em Ciências Ambientais - UFG

Page 5: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

iv(Cartografia e Sensoriamento Remoto)

MSc. Rosane Amaral Alves da Silva Geógrafa, doutoranda em Geografia – UFG (compatibilização de nomenclaturas e cartografia) [email protected] USO DO SOLO MUNICIPAL E URBANO E IMPACTOS AMBIENTAIS RURAIS E URBANOS

MSc. Karla Maria Silva de Faria Geógrafa, doutoranda em Geografia - UFG (Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento; Coordenação e execução) [email protected]

Graduanda Hellbia Samara M. de C. Rodrigues Estagiária, sócio-economia. [email protected] REMANESCENTES DA COBERTURA VEGETAL NATIVA

MSc. Karla Maria Silva de Faria Geógrafa, doutoranda em Geografia - UFG (Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento; Coordenação do tema) [email protected]

MSc. Gabriel Tenaglia Carneiro Biólogo, doutorando em Ciências Ambientais - UFG (Tratamento estatístico das métricas da paisagem) [email protected]

André Luiz Oliveira Biólogo, técnico de nível superior (Tratamento estatístico das métricas da paisagem) [email protected] CLIMA

MSc. Neiva Pio de Santana Geógrafa (Coordenação e execução) [email protected]

Page 6: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

v ESCOPO DO RELATÓRIO

O escopo do presente relatório consistiu em elaborar os MAPAS BÁSICOS

(TEMÁTICOS BÁSICOS DO MEIO FÍSICO E BIÓTICO) os quais servirão para subsidiar a

elaboração dos Mapas de Impactos Ambientais (atuais, Suscetibilidades e Riscos) e o

diagnóstico da distribuição e condicionantes dos impactos ambientais do território municipal

de Rio Verde (GO), em escala 1:100.000, previstos para a próxima etapa.

OPERACIONALIZAÇÃO GERAL DA ETAPA I

A execução do trabalho baseou-se nos seguintes procedimentos gerais:

- Compilação de documentos cartográficos e bibliográficos existentes como inidcado

no memorial de cada tema;

- Seleção, tratamento e interpretação de imagens de sensoriamento remoto (satélite

Landsat) segundo critérios e metodologias específicas para cada tema, indicadas

em cada memorial descritivo;

- Aplicação de técnicas de geoprocessamento, com ênfase na utilização dos

softwares ArcGis para espacialização e FRAGSTATS para as métricas da

paisagem contendo os remanescente da cobertura original.

- Aplicação de técnicas estatísticas com uso do pacote Office – Excel ®.

Reuniões Técnicas por tema com o fim de análise das interfaces e correlações

possíveis entre os vários documertos produzidos.

Page 7: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

6

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO..................................................................................................................... i EQUIPE TÉCNICA.................................................................................................................. iii ESCOPO DO RELATÓRIO......................................................................................................v OPERACIONALIZAÇÃO GERAL DA ETAPA I ........................................................................v SUMÁRIO.................................................................................................................................6 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................8 LISTA DE TABELAS ................................................................................................................9 LISTA DE TABELAS ................................................................................................................9 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNICÍPIO.....................................................................10 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA ETAPA I...........................................................12 TEMA 1 - HIPSOMETRIA E CLINOGRAFIA..........................................................................13

Introdução ..........................................................................................................................13 MAPA HIPSOMÉTRICO ........................................................................................................13

Metodologia........................................................................................................................13 Descrição ...........................................................................................................................14

MAPA CLINOGRÁFICO OU DE DECLIVIDADE ...................................................................16 Metodologia........................................................................................................................16 Descrição ...........................................................................................................................16

TEMA 2 – GEOLOGIA E POTENCIAL MINERAL, GEOMORFOLOGIA, SISTEMAS DE AQUÍFEROS E POÇOS TUBULARES ..................................................................................20

Introdução ..........................................................................................................................20 MAPA GEOLÓGICO E DO POTENCIAL MINERAL ..............................................................20

Metodologia........................................................................................................................20 Aspectos Geológicos e do Potencial Mineral .....................................................................20 Grupo Passa Dois ..............................................................................................................21 Formação Serra Geral........................................................................................................21 Província Alcalina do Sul de Goiás ....................................................................................23 Formação Verdinho............................................................................................................23 Grupo Bauru.......................................................................................................................23 Formação Cachoeirinha .....................................................................................................24 Cobertura Terciária Quaternária (Cobertura Detrito-Laterítica)..........................................24 Cobertura Arenosa Indiferenciada .....................................................................................24 Aluvião................................................................................................................................24 Lineamentos Estruturais.....................................................................................................25

MAPA GEOMORFOLÓGICO.................................................................................................25 Metodologia........................................................................................................................25 Descrição ...........................................................................................................................25 Aspectos Geomorfológicos ................................................................................................25 Unidade Geomorfológica SRAII .........................................................................................27 Unidade Geomorfológica SRAIII ........................................................................................27 ZER ....................................................................................................................................28

MAPA DE SISTEMAS AQUÍFEROS (HIDROGEOLÓGICO) E DE POÇOS TUBULARES...29

Page 8: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

7Metodologia........................................................................................................................29 Definição de Sistema Aquífero (ALMEIDA et al. 2006) ......................................................29 Descrição ...........................................................................................................................31

OS SISTEMAS AQUÍFEROS DE RIO VERDE ......................................................................31 Sistema Aquífero Bauru .....................................................................................................31 Sistema Aquífero Serra Geral ............................................................................................31 Sistema Aquífero Cachoeirinha..........................................................................................32 Sistema Aquífero Aquidauana............................................................................................32

CÁLCULOS DAS RESERVAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA PARA O MUNICÍPIO ...............32 LOCALIZAÇÃO E ANÁLISE DOS POÇOS TUBULARES PARA EXPLOTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA ....................................................................................................................34 TEMA 3 - DRENAGEM DO MUNICÍPIO DE RIO VERDE – GO............................................35

Introdução ..........................................................................................................................35 Metodologia........................................................................................................................35 Descrição ...........................................................................................................................36

COMPARTIMENTAÇÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM .....................................................36 Compartimento 1 - Subacias do Topo de Chapada ...........................................................39 Compartimento 2 - Subacias do extremo Leste .................................................................40 Compartimento 3 - Subacias do Sul...................................................................................40 Compartimento 4 - Subacias do Rio Doce .........................................................................41 Compartimento 5 - Depressão Central - Bacia do rio Santo Tomaz ..................................41

TEMA 4 – PEDOLOGIA DO MUNICÍPIO DE RIO VERDE – GO ..........................................43 Introdução ..........................................................................................................................43 Metodologia........................................................................................................................43

TEMA 5 – USO DO SOLO DO MUNICÍPIO DE RIO VERDE – GO ......................................51 Introdução ..........................................................................................................................51 Metodologia........................................................................................................................51 Descrição ...........................................................................................................................53 Evolução do Uso do Solo no Município..............................................................................57 Dados Censitários ..............................................................................................................59

TEMA 5 – CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA .........................................................................62 Introdução ..........................................................................................................................62 Metodologia........................................................................................................................62 Descrição ...........................................................................................................................64 Características Climáticas do Município ............................................................................64 Temperaturas, umidade, evaporação, déficit e/ou excedente hídrico e insolação ............65 Distribuição pluviométrica da precipitação mensal, sazonal e anual para o município de Rio Verde ...........................................................................................................................68 Distribuição da erosividade média mensal, sazonal e anual para o município de Rio Verde...........................................................................................................................................72

TEMA 4 – REMANESCENTES DA COBERTURA VEGETAL NATIVA.................................76 Introdução ..........................................................................................................................76 Memorial Descritivo............................................................................................................80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................88

Page 9: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do Município de Rio Verde - GO........................................................10 Figura 2 – Mapa Hipsométrico do Município de Rio Verde – GO. .........................................15 Figura 3 – Mapa de Declividades (Clinográfico) do Município de Rio Verde - GO ................17 Figura 4 – Mapa Geológico e de Potencial Mineral do Município de Rio Verde - GO ...........22 Figura 5 – Mapa Geomorfológico do Município de Rio Verde - GO.......................................26 Figura 6 – Mapa dos Sistemas Aquiferos e de Poços Tubulares do Município de Rio Verde - GO..........................................................................................................................................30 Figura 7 - Sistemas de Drenagem e Bacias Hidrográficas do Município de Rio Verde. ........37 Figura 8 – Mapa de Solos do Município de Rio Verde - GO ..................................................44 Figura 9 – Mapa de Uso do Solo em 2008 do Município de Rio Verde - GO ........................54 Figura 10 - Gráfico de evolução do uso do solo entre os anos de 1975 e 2008....................58 Figura 11 – Área Plantada das Lavoura temporária, no Município de Rio Verde - GO. ........59 Figura 12 – Área Plantada das Lavouras Permanentes, no Município de Rio Verde - GO. ..60 Figura 13 - Efetivo de rebanhos (Bovino e Galináceos) em Rio Verde. Fonte: IBGE, 2008..61 Figura 14 - Estações meteorológicas da área de pesquisa ou próxima à ela........................64 Figura 15 - Climograma: temperatura e precipitação (média mensal) de Rio Verde. ...........65 Figura 16 - Temperatura máxima e temperatura mínima do ar (média mensal) de Rio Verde................................................................................................................................................66 Figura 17 - Evaporação média mensal para o município de Rio Verde.................................67 Figura 18 - Insolação média mensal para o município de Rio Verde.....................................67 Figura 19 - Umidade relativa do ar média mensal para o município de Rio Verde................67 Figura 20 - Déficit e/ou excedente hídrico (média mensal) para o município de Rio Verde ..67 Figura 21 - Precipitação pluvial (média mensal) para o município de Rio Verde...................70 Figura 22 - Precipitação pluvial (média sazonal) para o município de Rio Verde..................71 Figura 23 - Distribuição da precipitação (média anual) para o município de Rio Verde. .......71 Figura 24 - Erosividade (média anual) para o município de Rio Verde..................................73 Figura 25 - Erosividade (média sazonal) para o município de Rio Verde. .............................73 Figura 26 - Erosividade (média anual) para o município de Rio Verde..................................74 Figura 27 - Descrição das etapas para a elaboração e análise dos mapas temáticos, visando à caracterização e análise ambiental da paisagem. ..............................................................77 Figura 28 - Área das classes (CA) em hectares (ha) no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008. ..........................................................................................................................81 Figura 29 - Número de Fragmentos de Cerrado distribuídos em freqüência para o município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008. .....................................................................................82 Figura 30 - Índice médio de correlação com forma circular (CIRCLE_MN) que avalia a circularidade dos fragmentos amostrados no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008...............................................................................................................................................84 Figura 31 - Total de bordas (TE) de classes de fragmentos no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008.(unidade de medida em metros) .................................................................85 Figura 32 - Área Central Total (TCA) das classes de fragmentos no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008. (unidade de medida em hectares).....................................................85 Figura 33 - Distância Euclidiana média do vizinho mais próximo (ENN_MN) entre os fragmentos remanescentes de Cerrado no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008 .86

Page 10: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Classes Hipsométricas do Município de Rio Verde – GO......................................14 Tabela 2 - Classes Declividade do Município de Rio Verde – GO.........................................18 Tabela 3 - Cálculos da Reservas Renovável, Permanente e Explotável (Re) para os sistemas aquíferos que ocorrem no município de Rio Verde.................................................33 Tabela 4 - Compartimentos de Drenagem.............................................................................38 Tabela 5 - Modelo de Correlação entre as Classes de declive, tipos de relevo e agrupamento de solos ..................................................................................................................................45 Tabela 6 - Classes de Solos ..................................................................................................46 Tabela 7 - Resumo das áreas ocupadas pelas classes de solos no município de RioVerde 47 Tabela 8 - Chave de interpretação adotada para a classificação da imagem .......................52 Tabela 9 - Quantificação do uso do Município de Rio Verde .................................................56 Tabela 10 - Evolução do Uso do Solo do Município de Rio Verde (1975 a 2008). ................58 Tabela 11 - Dados Meteorológicos e Médias Mensais, para o Município de Rio Verde - GO...............................................................................................................................................63 Tabela 12 - Índices Pluviométricos, Médias Mensais, de Algumas Localidades Próximas e Dentro do Município de Rio Verde - GO. ...............................................................................69 Tabela 13 - Erosividade, médias mensais, de algumas localidades próximas e dentro do município de Rio Verde. .........................................................................................................75 Tabela 14 - Métricas de Ecologia da Paisagem usadas na análise da fragmentação aplicada à cobertura vegetal remanescente de Cerrado em Rio Verde (GO)......................................78 Tabela 15 - Tabela de correlação em Profundidade de Efeito de Borda que foi usada no município de Rio Verde (GO) em 2008. .................................................................................79 Tabela 16 - Tabela de correlação em Profundidade de Efeito de Borda que foi usada no município de Rio Verde (GO) em 2005. .................................................................................80 Tabela 17 - Percentual da Paisagem (PLAND) no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008. ......................................................................................................................................81 Tabela 18 - Percentual do Total de Áreas Centrais (CPLAND) no município de Rio Verde em 2005 e 2008 ...........................................................................................................................86

Page 11: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

10

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MUNICÍPIO

A área objeto do presente relatório corresponde ao município de Rio Verde,

localizado na porção sudoeste do estado de Goiás, que abrange uma área do 8.388 km² .

Tem como Municípios Limítrofes: Aparecida do Rio Doce, Cachoeira Alta, Caiapônia,

Castelândia, Jataí, Maurilândia, Montividiu, Paraúna, Quirinópolis, Santa Helena de Goiás,

Santo Antônio da Barra (Figura 1).

Figura 1 - Localização do Município de Rio Verde - GO

Localiza-se entre as coordenadas geográficas de 17º 02’ 19” a 18º 23’ 24” de latitude

Sul e 50º 18’ 33” a 51º 46’ 58” de longitude Oeste e esta inserida na mesorregião Sul Goiano

e na microrregião Sudoeste de Goiás constituída pelos municípios de Aporé, Mineiros,

Aparecida do Rio Doce, Chapadão do Céu, Castelândia, Maurilândia, Serranópolis, Santa

Helena de Goiás, Santo Antonio da Barra, Perolândia, Jataí, Portelândia, Rio Verde,

Montividiu, Santa Rita do Araguaia, Mineiros, Doverlândia, Palestina de Goiás e Caiapônia.

Como sua principal via de acesso, destaca-se a BR-060. Mas, o acesso ao interior

do município pode ser feito por inúmeras estradas vicinais, que constituem ramificações das

rodovias existentes. Dista da Capital, Goiânia, cerca de 220 km e 420 km de Brasília.

É um dos municípios mais antigos de Goiás e a Lei de Criação do Município foi a Lei

Provincial n.º 08, de 06/11/1854. Possui PIB per capita de 19.818 Reais, sua atividade

econômica principal sempre foi agropecuária, devido suas características de relevo e solo,

acrescentada hoje da agroindústria. Os principais produtos agropecuários do município são

Page 12: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

11soja, milho, sorgo granífero, e carne (bovina, suína e avícola). Na agroindústria, o município

se destaca pela presença de grandes agroindústrias e de um número grande agregados.

Destaca-se na produção de óleo vegetal, frios, rações, farinhas e farelos, abates e

frigoríficos de aves e suínos.

Segundo o IBGE (Contagem da População, 2007), a população do município é de

149.382 habitantes, sendo que 91% reside na zona urbana e 9% na zona rural.

Page 13: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

12

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA ETAPA I

MAPAS BÁSICOS (DE SERVIÇO) E MEMORIAIS DESCRITIVOS POR TEMA

Page 14: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

13

TEMA 1 - HIPSOMETRIA E CLINOGRAFIA Introdução

Neste tema são apresentados os mapas de hipsometria e declividade. As

informações necessárias à confecção dos mapas foram extraídas dos modelos digitais de

elevação do terreno denominado SRTM (Shutlle Radar Topographic Mission) que

corresponde a um programa de tecnologia e pesquisa da topografia em longo prazo da

superfície terrestre, oceanos, atmosfera, gelo e vida.

Os dados de elevação SRTM são determinados relativamente ao elipsóide ou para a

superfície de referência que foi usada para medir pontos de controle no campo. Os produtos

finais resultam em elevações relativas ao geóide. As curvas de nível foram extraídas da

referida imagem SRTM com eqüidistância de 20 metros e salvas em arquivos shapefiles no

software ArcGIS 9.x. De um modo geral, a partir destes dados realizam-se os tratamentos e

sínteses interpretativas temáticas obtidas a partir de outros métodos.

Nos mapas gerados adotou-se a escala de 1:50.000, mas o tratamento final foi feito

na escala de 1:100.000. A adoção desta escala maior para o processamento serviu para

subsidiar melhor as análises durante a integração destes mapas com outras bases geradas.

A seguir são apresentados: a metodologia específica, os resultados e discussões e

as conclusões do levantamento das declividades e hipsometria do município.

MAPA HIPSOMÉTRICO Metodologia

Os dados altimétricos (curvas de nível) foram trabalhados no software Spring 5.0

com base numa grade triangular ou TIN (vide item Mapa Clinográfico). A partir dos dados

altimétricos do SRTM em formato matricial elaborou-se um fatiamento dos níveis

topográficos com eqüidistância de 50 metros, que também adotou como limite a área

municipal mais o referido buffer de 5 km. Para tal, foi efetuado no software ArcGIS 9.x um

procedimento geoestatístico nos dados SRTM, o qual permitiu seu refinamento de 90 metros

de resolução espacial para 30 metros de resolução. Procedimento esse denominado de

Spline, o qual corresponde a um método de interpolação em que são estimados valores

médios entre os pontos inseridos utilizando uma função matemática que minimiza em todas

as partes a curvatura das superfícies, o que resulta em uma superfície suave que passa

exatamente através de pontos de entrada. Este método é melhor para a geração de

Page 15: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

14superfícies delicadamente variadas, tais como altitude, altura de lençol freático, ou para

concentrações de poluição.

Esta nova resolução espacial permitiu delimitar as faixas topográficas sem problemas

de sobreposição e com um bom ajuste em relação às classes de declividades geradas. Ao

fim deste processo as faixas foram convertidas para o formato shapefile ainda no software

ArcGIS 9.x. No mapa gerado delimitou-se 12 faixas topográficas com 50 metros de

eqüidistância, de 450 - 500 metros de altitude na faixa mais rebaixada a sudeste do

município, até 1000 – 1050 metros nas cotas mais altas localizadas a noroeste do município.

Descrição

Observando-se mapa hipsométrico (Figura 2) pode-se perceber que há uma

predominância de uma topografia plana, suave ondulada e ondulada, principalmente na

parte central e norte do município e de uma zona situada ao sul. Predominam as altitudes

que variam de 650 a 900 m, sendo 750 a 800m com 19,1%, 700 a 750m com 16,2%, 800 a

850 com ≅16%, 650 a 700 com ≅12% e 850 a 900 com ≅ 12,8% que juntas soma mais de

75% da área do município, conforme tabela 1.

As menores altitudes concentram-se ao sul do município, com pequenas faixas a

oeste e nordeste, contornando a zona de maior altitude.

Tabela 1- Classes Hipsométricas do Município de Rio Verde – GO

Área Classes Hipsométricas Km² Ha %

450-500 4,76 475,60 0,06 500-550 95,25 9524,61 1,14 550-600 369,61 36961,40 4,41 600-650 757,08 75708,20 9,03 650-700 1011,79 101179,08 12,06 700-750 1361,31 136130,80 16,23 750-800 1604,39 160438,66 19,13 800-850 1312,67 131267,37 15,65 850-900 1077,44 107743,72 12,84 900-950 494,47 49446,78 5,89 950-1000 261,49 26148,57 3,12 1000-1050 38,33 3833,36 0,46 Total 8388,58 838858,15 100,00

Page 16: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

15

Figura 2 – Mapa Hipsométrico do Município de Rio Verde – GO.

Page 17: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

16 MAPA CLINOGRÁFICO OU DE DECLIVIDADE Metodologia

Para a geração do mapa clinográfico utilizou-se também dos dados altimétricos

(curvas de nível) no software Spring 5.0 com base numa grade triangular ou TIN, que é uma

estrutura do tipo vetorial que representa a superfície através de um conjunto de faces

triangulares interligadas. Estas facetas triangulares permitem o calculo das declividades a

partir de interpolação espacial. Posteriormente, foi realizado o fatiamento da grade de

declividades gerada em intervalos determinados: 0-3%; 3-6%; 6-12%; 12-20%; 20-45% e

>45%. Esses intervalos contemplam os intervalos de declives adotados na definição das

classes de capacidade de uso das terras (Salomão, 1999), e possuem as seguintes

características gerais:

- 0 a 3% - corresponde a áreas planas ou quase planas onde o escoamento

superficial é lento, não oferecendo dificuldades ao uso de máquinas agrícolas.

- 3 a 6% - são áreas de declives suaves, onde o escoamento superficial é lento ou

médio. Em alguns tipos de solos a erosão hídrica não oferece problemas. Solos

com textura média em rampas muito longas necessitam de práticas de

conservação.

- 6 a 12% - são áreas com relevo ondulado e o escoamento superficial é médio ou

rápido. São facilmente erodíveis (exceto em solos argilosos ou muito argilosos).

- 20 a 45 % - constituem vertentes fortemente inclinadas, cujo escoamento é muito

rápido, independente do tipo de solo. Solos muito suscetíveis à erosão.

- > 45% - constituem vertentes íngremes. Escoamento superficial muito rápido e

solos extremamente suscetíveis à erosão hídrica.

Descrição

Observando-se o mapa clinográfico (Figura 3) percebe-se que dominam os declives

entre 0 e 3%, bem distribuídos em toda a extensão do município, somando 45,53% de sua

área, conforme tabela 2. Esta classe está relacionada aos pequenos topos planos nos

relevos convexizados e às planícies fluviais a jusante, distribuídos na porção topográfica

inferior e média do município, as quais abrangem as cotas de 450 a 750 metros de altitude.

Além desta, compreendem principalmente os topos planos de rampas longas nos grandes

tabuleiros, com cotas superiores a 750 metros de altitude, principalmente na parte Norte e

Noroeste do município e no tabuleiro residual ao sul.

Page 18: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

17

Figura 3 – Mapa de Declividades (Clinográfico) do Município de Rio Verde - GO

Page 19: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

18

Tabela 2 - Classes Declividade do Município de Rio Verde – GO

Área Classes de Declividade (%) Km² Ha %

0-3 3819,22 381922,37 45,53 3-6 2828,90 282890,23 33,72 6-12 1377,63 137762,58 16,42 12-20 237,58 23757,90 2,83 20-45 116,46 11645,73 1,39 >45 8,79 878,83 0,10 Total 8388,58 838857,64 100,00

No que se refere aos solos, podem apresentar solos profundos e bem drenados, com

baixa suscetibilidade ao desenvolvimento de processos erosivos lineares devido à sua

condição plana, a qual não permite grandes fluxos superficiais. Em caso de uso indevido e

sem práticas conservacionistas podem acarretar em um risco moderado ao desenvolvimento

de processos erosivos os quais provocariam além perda de solo agricultável a sedimentação

de pequenos corpos hídricos (Salomão, 1999).

As classes de 3 a 6% compreendem a segunda maior distribuição no município, com

33,72%, também estão relacionadas aos relevos convexizados, só que em sua meia

encosta, na porção topográfica média do município, as quais abrangem as cotas de 550 a

750 metros de altitude. Na porção superior relacionam-se entre os topos e os fundos de vale

superiores, também em sua meia encosta.

Quanto aos solos, podem também apresentar solos profundos e bem drenados, com

baixa suscetibilidade ao desenvolvimento de processos erosivos lineares devido à sua

condição de relevo suave, a qual não permite grandes fluxos superficiais. Ainda segundo

Salomão (1999), em caso de uso indevido e sem práticas conservacionistas podem, assim

como o anterior, acarretar em um risco moderado ao desenvolvimento de processos

erosivos.

Compreendendo a terceira maior classe, com 16,42%, as áreas de 6 a 12% estão

relacionadas aos relevos suave ondulados, associados à meia encosta dos vales

encaixados na porção centro-norte do município, nas cotas de 700 a 800 metros de altitude.

Aos solos, já os apresenta não tão profundos e com moderada a alta suscetibilidade ao

desenvolvimento de processos erosivos lineares devido à sua condição de relevo suave

ondulado, a qual pode gerar fluxos hídricos superficiais. Em caso de uso indevido e sem

práticas conservacionistas acarretam em um risco alto ao desenvolvimento de processos

erosivos, os quais podem promover uma alta carga de sedimentos a serem transportados

para os cursos d’água (Campagnoli, 2006).

Page 20: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

19Já com 2,83%, as áreas de 12 a 20% estão relacionadas aos relevos ondulados nas

escarpas erosivas, tanto na parte Sul, como em pontos a Norte e a Nordeste do município,

nas cotas de 800 a 850 metros de altitude. Apresentam solos rasos e com alta

suscetibilidade ao desenvolvimento de processos erosivos lineares devido à sua condição

de relevo ondulado, devido à falta de coesão no solo e da livre circulação dos fluxos hídricos

superficiais. O uso indevido e sem práticas conservacionistas acarretam em um risco muito

alto ou iminente ao desenvolvimento de processos erosivos.

Somando 1,4%, as áreas de declividade maior que 20% estão relacionadas aos

relevos forte ondulados nas escarpas erosivas e algumas rochosas, principalmente na parte

Sul, ou em alguns pontos a Norte e a Nordeste, nas cotas de 850 a 900 metros de altitude.

Não apresentam o desenvolvimento de solos, ou caso apresentem, encontram-se muito

rasos, em via de regra constituem-se basicamente de afloramentos rochosos e com alta

suscetibilidade ao desenvolvimento de processos erosivos lineares na forma de ravinas,

devido à inexistência de lençol freático a ser interceptado e desenvolver voçorocas nestas

áreas.

Page 21: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

20

TEMA 2 – GEOLOGIA E POTENCIAL MINERAL, GEOMORFOLOGIA, SISTEMAS DE AQUÍFEROS E POÇOS TUBULARES

Introdução

Neste Tema 2 são apresentados os mapas temáticos de Geologia e Potencial

Mineral, de Geomorfologia e dos Sistemas de Aqüíferos e Poços Tubulares. Os mapas

foram elaborados com base em compilação de informações pré-existentes e interpretação

de imagens de satélite (QUICKBIRD), conforme metodologias específicas indicadas para

cada um. Complementarmente aos mapas temáticos, alguns cálculos e estimativas foram

realizadas para fins de gestão de águas subterrâneas.

Novas informações relativas à qualidade de água e aspectos do relevo estão sendo

obtidas através de banco de dados da SANEAGO, da aquisição de imagens de alta

resolução espacial do satélite ALOS, e da coleta de dados em campo. Essas informações

serão utilizadas para complementação e/ou atualização das informações contidas nos

mapas temáticos apresentados nesse relatório parcial. A seguir são apresentados os

memoriais descritivos para cada mapa temático, bem como os cálculos e estimativas

realizados para fins de gestão de recursos hídricos subsuperficiais.

MAPA GEOLÓGICO E DO POTENCIAL MINERAL Metodologia

O mapa de Geologia e do Potencial Mineral do município de Rio Verde foi elaborado

a partir do mapa Geologia e Recursos Minerais do Estado de Goiás e do Distrito Federal

produzido pela CPRM/METAGO/UnB (Lacerda Filho et al., 2000). Foram compiladas

informações relativas às unidades geológicas, lineamentos estruturais e do potencial mineral

da base de dados de Lacerda Filho et al. (2000), as quais estavam disponíveis em sua

quase totalidade na escala 1:100.000. Durante a compilação das informações, foram

realizados recortes espaciais da área do município de Rio Verde e do mapa temático de

Geologia elaborado por Lacerda Filho et al. (2000). Dados relativos ao potencial mineral de

cada unidade geológica foram compilados de tabelas que acompanham o mapa temático de

Geologia e serviram de base para as informações apresentadas no mapa Geologia e

Potencial Mineral produzido para o município de Rio Verde.

Descrição Aspectos Geológicos e do Potencial Mineral O município de Rio Verde apresenta geologia dominada pelas unidades pertencentes

ao Grupo Passa Dois de idade Paleozóica; à Formação Serra Geral, à Província Alcalina do

Page 22: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

21Sul de Goiás, à Formação Verdinho e ao Grupo Bauru de idade Mesozóica; e as coberturas

lateríticas e sedimentares de idade Terciária e Quaternária (Figura 4). Cerca de 52,4 % da

área do município é recoberta por rochas do Grupo Bauru (Formações Adamantino e

Marília); 29,9 % de coberturas Quaternárias (Cobertura Arenosa Indiferenciada e Aluvião);

11,8 % de rochas da Formação Serra Geral; 3 % de rochas pertencentes à Província

Alcalina do Sul de Goiás (Suíte Vulcânica de Santo Antônio da Barra); 2,1 % de coberturas

Terciárias (Formação Cachoeirinha); 0,7 % de coberturas Terciário/Quaternário (Cobertura

Detrito-Laterítica); 0,1 % de rochas do Grupo Passa Dois (Formação Corumbataí) e 0,1 %

de rochas da Formação Verdinho. Lineamentos estruturais (falhas ou fraturas) ocorrem nas

unidades mais antigas datadas do Mesozóico e Paleozóico. A seguir são apresentadas as

características geológicas de cada unidade.

Grupo Passa Dois

Constitui a unidade geológica mais antiga da área do município de Rio Verde com

rochas aflorantes no extremo noroeste deste. É representada pela Formação Corumbatai,

que se caracteriza por apresentar sequências rítmicas de siltitos e argilitos intercalados

ocasionalmente por arenitos finos a muito finos. As rochas dessa unidade apresentam

colorações variadas com nuances das cores cinza, verde, rosa e roxa e podem estar

intercaladas por lentes e concreções de calcários silicificado e chert. A espessura da

Formação Corumbataí em Goiás varia em média de 20 a 60 m podendo chegar a 150 m. O

potencial mineral dessa unidade está relacionado à presença de níveis centimétricos com

concreções de manganês encontradas em arenitos e argilitos.

Formação Serra Geral

A Formação Serra Geral recobre as rochas pertencentes à Formação Corumbataí.

Esta Formação se caracteriza pela presença de rochas vulcânicas de natureza basáltica,

que em geral se apresentam com estrutura maciça, muito fraturadas, de cor cinza-escura,

granulação fina a média, e ocasionalmente com formação de amígdalas. As rochas dessa

unidade afloram com maior freqüência na porção leste do município de Rio Verde, em geral

ao longo de vales fluviais que se encontram em cotas altimétricas inferiores (entre 500 e 700

m de altitude). A espessura média da Formação Serra Geral em Goiás é de 100 m e suas

rochas são muito apropriadas para uso na construção civil, como fonte de brita,

paraleleípedos e pedras para revestimento.

Page 23: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

22

Figura 4 – Mapa Geológico e de Potencial Mineral do Município de Rio Verde - GO

Page 24: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

23Província Alcalina do Sul de Goiás

Esta unidade é constituída por corpos ígneos de natureza alcalina com caráter mixto

plutônico-vulcânico. Os corpos ígneos são representados em geral por sills, diques e

derrames de lavas piroclásticas. No município de Rio Verde esta unidade está representada

pela Suíte Vulcânica de Santo Antônio da Barra, que se caracteriza por uma sequência de

derrames e brechas com composição alcalina. Nessa suíte vulcânica podem ser

identificados, dentre outras rochas, alcalibasaltos, basanitos, nefelinitos, lamprófiros,

fonolitos e melamonchiquitos. Está unidade aflora na área nordeste do município entre as

cotas altimétricas de 500 à 700 m e apresenta potencial mineral para extração de

calcedônia.

Formação Verdinho

Esta unidade é representada por uma espessa camada de material sedimentar

conglomerático, com seixos e matacões, a qual foi produzida pelo retrabalhamento das

unidades vulcânicas subjacentes. Suas rochas se caracterizam por possuir matriz

avermelhada e clastos de cor esverdeada. Ocorre na área nordeste do município de Rio

Verde em associação com a unidade Suíte Vulcânica de Santo Antônio da Barra.

Grupo Bauru

O Grupo Bauru é a unidade mais representativa na área do município de Rio Verde.

Constitui uma unidade sedimentar de caráter flúvio-lacustre e composição

predominantemente arenosa, a qual recobre as unidades anteriores e se subdivide nas

Formações Adamantina e Marília.

Formação Adamantina – é a unidade basal e predominante do Grupo Bauru no

município de Rio Verde recobrindo 44,8% de sua área total. Predomina em quase toda a

área do município, especialmente na porção centro-nordeste, onde ocorre entre as cotas

altimétricas de 700 a 800 m. É caracterizada pela presença de arenitos finos a muito finos

de coloração cinza-claro, bege ou rósea, os quais frequentemente apresentam bolas de

argila. Podem ocorrer níveis conglomeráticos e de siltitos areno-argilosos de coloração

arroxeada ou rósea intercalados na sequência de arenitos na forma de lentes.

Formação Marília – constitui a unidade de topo do Grupo Bauru e ocorre em 7,5% da

área do município de Rio Verde. Encontra-se concentrada na porção sul do município onde

aflora entre as cotas altimétricas de 750 a 850 m. Caracteriza-se pela presença de arenitos

vermelhos, finos a grossos e mal selecionados, que em geral estão cimentados por matriz

constituída de silica amorfa. Camadas de arenitos argilosos, siltitos e siltitos areno-argilosos

ocorrem associados aos arenitos vermelhos. Níveis conglomeráticos com cimento e

concreções carbonáticas, e lentes de chert e de brechas conglomeráticas de natureza

calcária, podem ser encontradas intercalados na sequência de arenitos. Potencial mineral

Page 25: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

24para extração de calcário pode ocorrer em áreas onde as lentes de composição carbonática

são mais espessas.

Formação Cachoeirinha

Esta unidade está disposta sobre rochas das unidades anteriores, as quais foram

seccionadas pela superfície de aplainamento regional (SRAII – vide item Gemorfologia) e

posteriormente recobertas pelos sedimentos da Formação Cachoeirinha. Esta Formação é

representada por sedimentos areno-argilosos inconsolidados de coloração vermelha,

argilitos cinza e arenitos mal selecionados com níveis decimétricos e lenticulares de

conglomerados. Sua área de ocorrência está localizada na área sul do município de Rio

Verde entre as cotas altimétricas de 800 e 900 m.

Cobertura Terciária Quaternária (Cobertura Detrito-Laterítica)

Esta unidade é constituída por latossolos vermelhos de textura areno-argilosa com

mineralogia rica em minerais de ferro (goethita) associados à caolinita e gibsita. Apresentam

perfis lateríticos com ocorrência de níveis e crostas ferruginosas e linhas de pedras

constituída de quartzo angulosos (stone line). Depósitos de Ni e Mn provenientes de

enriquecimento supergênicos podem ser encontrados nos perfis lateríticos mais evoluídos.

Ocorre descontinuamente na porção centro-norte do município de Rio Verde em diversos

níveis altimétricos.

Cobertura Arenosa Indiferenciada

É a segunda unidade de maior ocorrência na área do município de Rio Verde.

Abrange amplas áreas na porção centro-norte do município onde aflora em cotas

altimétricas superiores (entre 800 e 1000 m de altitude). Constitui uma unidade sedimentar

caracterizada por areias finas a grossas associadas a camadas síltico-argilosas e mais

raramente conglomeráticas. É proveniente do retrabalhamento de rochas e sedimentos

pertencentes às Formações Botucatu, Bauru e Cachoerinha e está relacionada ao

desenvolvimento das superfícies de aplainamento regionais presentes na área (SRAIII - vide

ítem Geomorfologia). Forma terraços argilo-arenosos associados a cascalhos e níveis de

material alóctone ferruginizado.

Aluvião

Esta unidade caracteriza-se pela presença de sedimentos inconsolidados,

preferencialmente arenosos, associados a níveis de cascalhos e lentes de sedimentos

siltíco-argiloso e turfa. Estão presentes com maior frequência junto às áreas de inundação

dos cursos fluviais posicionadas em cotas altimétricas variadas na porção centro-norte do

município. Podem ocorrer depósitos de minerais pesados (rutilo, ouro, zircão e diamante)

associados às áreas com sedimentos grosseiros.

Page 26: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

25Lineamentos Estruturais

Os lineamentos estruturais constituem falhas ou fraturas indiscriminadas. Estes

ocorrem em toda a área do município exceto na porção norte onde está presente a unidade

Cobertura Arenosa Indiferenciada de idade Quaternária. Os lineamentos estruturais seguem

as direções predominantes NE-SW e NW-SE e estão associados, em sua maioria, às áreas

com presença de rochas vulcânicas pertencentes à Formação Serra Geral e a Suíte

Vulcânica de Santo Antônio da Barra.

MAPA GEOMORFOLÓGICO Metodologia

O mapa geomorfológico do município de Rio Verde foi elaborado com base no mapa

Geomorfologia do Estado de Goiás e Distrito Federal (Latrubesse e Carvalho, 2006)

produzido pela Secretaria de Geologia e Mineração do Estado de Goiás, e através de

modificações introduzidas no mapa base para fins desse projeto. O procedimento adotado

foi de compilação das unidades geomorfológicas presentes no mapa Geomorfológico do

estado de Goiás e o refinamento destas por meio de interpretação de imagens QUICKBIRD

do ano 2007, para atendimento à escala espacial de 1:100.000 de referência desse projeto.

Informações relativas ao grau de dissecação do relevo obtidas por imagem SRTM foram

também acrescentadas no mapa gerado para o município de Rio Verde em escala

1:100.000, assim como foi realizada uma divisão de unidades de relevo com base nas

subacias hidrográficas presentes na área do município.

Descrição Aspectos Geomorfológicos

A geomorfologia do município de Rio Verde é caracterizada pela presença de três

unidades geomorfológicas básicas (SRAII, SRAIII e ZER - Figura 5), as quais foram

subdivididas em sete subunidades com base nas diferentes subacias presentes na área do

município. As unidades SRAII e SRAIII constituem unidades de aplainamento regionais que

ocorrem entre as cotas 800-1000m e 650-750m, respectivamente, enquanto a unidade ZER

constitui uma zona com atividade degradacional intensa por processos erosivos ativos. A

unidade SRAII ocorre no setor centro-norte e sul do município ocupando 56,7 % da área

total, enquanto a unidade SRAIII predomina na área centro-sul e a unidade ZER ocorre na

porção sul e nordeste do município perfazendo 33,1 % e 10,2 % da área total,

respectivamente.

Page 27: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

26

Figura 5 – Mapa Geomorfológico do Município de Rio Verde - GO

Page 28: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

27Unidade Geomorfológica SRAII

A unidade SRAII se caracteriza por apresentar dois padrões de dissecação (fraco e

médio – Figura 5). As zonas de dissecação fraca encontram-se nas porções do município

dominadas pela unidade geológica Cobertura Arenosa Indiferenciada (Figura 4). Estas

zonas posicionam-se no topo das áreas altimetricamente superiores, denominadas

localmente Chapadas, e são representadas por extensas superfícies planas secionadas por

vales fluviais pouco profundos e pouco ramificados, que em geral apresentam padrão de

drenagem subparalelo com baixa densidade de canais. Os interflúvios amplos e longos com

baixo declive, que dominam o relevo local, associam-se as áreas planas das Chapadas.

Vales fluviais com fundo plano e pouco entalhados, caracterizados pela presença de áreas

com alta umidade (localmente denominadas Veredas ou brejos), ocorrem entre os

interflúvios amplos. As zonas de dissecação fraca representam áreas em inicio de processo

de dissecação com pouca movimentação de materiais superfíciais por processos de

degradação e de agradação.

As zonas de dissecação média ocorrem em setores do relevo com declives mais

acentuados, os quais formam muitas vezes áreas íngremes ou mesmo escarpadas nas

bordas das Chapadas. Essas zonas se desenvolvem sob litologias pertencentes às

unidades das Formações Adamantino e Serra Geral e da Suíte Vulcânica de Santo Antônio

da Barra. Caracterizam-se pela presença de interflúvios estreitos e curtos associados a

vertentes com alto declive e comprimento de rampa curto. Vales fluviais profundos em forma

de V, densidade de drenagem média a alta e predomínio de padrão de drenagem em treliça,

são típicos dessa unidade. A presença de padrão de drenagem em treliça indica forte

controle estrutural da rede de drenagem, a qual se organiza segundo a disposição de

lineamentos estruturais (Figura 4). Nas zonas de dissecação média é comum a ocorrência

de processos de degradação por erosão laminar e linear (sulcos, ravinas e voçorocas).

Para fins deste trabalho, as zonas de dissecação média foram subdivididas em duas

subunidades com base nas áreas drenadas por diferentes sub-bacias hidrográficas. Como

resultado tem-se a zona de dissecação média drenada pela bacia hidrográfica do rio dos

Bois e a zona de dissecação média drenada pela bacia hidrográfica do rio Claro, sendo que

ambas constituem subacias do rio Paranaíba (Figura 5). Tendo em vista que as subacias

hidrográficas dos rios Paranaíba em geral apresentam morfologia e gênese diferentes, estas

duas subunidades geomorfológicas devem também apresentar comportamentos distintos

quanto à morfologia, gênese e dinâmica.

Unidade Geomorfológica SRAIII

Esta unidade predomina em áreas sob domínio geológico das Formações Serra

Geral e Adamantino (Figuras 4 e 5). A unidade SRAIII se caracteriza pela presença de vales

encaixados e interflúvios estreitos com comprimento de rampa longo. Os interflúvios dessa

Page 29: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

28unidade apresentam morfologias semelhantes àquelas encontradas nas áreas mais

dissecadas da superfície SRAII, entretanto os interflúvios da unidade SRAIII posicionam-se

em cotas altimétricas inferiores. Em geral, os interflúvios estão dissecados por uma rede de

drenagem com densidade média a alta e padrão predominante dendrítico. Vertentes com

declividade média a alta ocorrem nas áreas mais dissecadas posicionadas sobre os arenitos

da Formação Adamantino, onde é comum a ocorrência de feições erosivas laminares e

lineares (sulcos, ravinas e voçorocas). Vales fluviais encaixados de fundo plano,

frequentemente orientados segundo lineamentos estruturais (Figura 4), são encontrados nas

áreas altimetricamente inferiores localizadas sobre rochas de filiação basáltica da Formação

Serra Geral. Formas de agradação (aluviões e terraços) estão em geral associadas a esses

vales e são controladas pela dinâmica dos canais fluviais de maior porte.

Observa-se, portanto, uma forte associação entre o tipo de litologia e presença de

lineamentos estruturais e a ocorrência das formas de relevo na superfície de aplainamento

SRAIII, o que demonstra um nítido controle geológico na gênese dos interflúvios, vertentes e

vales fluviais. Assim, nas áreas de ocorrência dos arenitos da Formação Adamantino se

identifica processo erosivo intenso responsável pela morfologia dos interflúvios e vertentes,

enquanto nas áreas de ocorrência da Formação Serra Geral se observa processo erosivo

menos ativo e predomínio de áreas de agradação junto aos cursos fluviais orientados por

lineamentos estruturais. Isso indica que o nível de base local associado aos cursos fluviais é

controlado por fatores litológicos associados à presença de rochas mais resistentes a

erosão como os basaltos da Formação Serra Geral.

Assim como foi realizado na unidade SRAII, a unidade SRAIII foi subdividida em três

subunidades geomorfológicas tendo como base a ocorrência de distintas subacias

hidrográficas nas áreas de domínio da unidade SRAIII, as quais apresentam morfologia,

gênese e dinâmica diferentes. Dividiu-se a unidade SRAIII nas subunidades zona de

dissecação média drenada pela bacia hidrográfica do rio dos Bois, zona de dissecação

média drenada pela bacia hidrográfica do rio Claro e zona de dissecação média drenada

pela bacia hidrográfica do rio Preto, todas pertencentes à bacia hidrográfica do rio

Paranaíba.

ZER

A unidade ZER ocorre no extremo sul e no setor nordeste do município de Rio Verde.

No extremo sul esta unidade é mais expressiva e se desenvolveu sobre rochas pertencentes

à Formação Marília, enquanto no setor nordeste esta se localiza sobre litologias

pertencentes à Suíte Vulcânica de Santo Antônio da Barra. Zonas com interflúvios residuais

estreitos fortemente dissecados caracterizam a unidade ZER encontrada no extremo sul do

município, enquanto presença de área escarpada com forte declive e desnível altimétrico

abrupto, de cerca de 300 m, caracteriza a unidade ZER encontrada no setor nordeste.

Page 30: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

29

Em ambas áreas há presença de formas de relevo elaboradas por recuo de escarpas

de erosão localizadas nas bordas da superfície regional de aplainamento SRAII. As formas

de relevo resultantes do recuo de escarpas de erosão são escarpas, interflúvios dissecados

e vertentes íngremes; onde as escarpas representam formas de relevo em estágio evolutivo

erosivo menos avançado do que os interflúvios dissecados.

As áreas com escarpa caracterizam um relevo com alta energia mecânica e forte

poder erosivo, enquanto as áreas com interflúvios dissecados representam formas de relevo

com menor energia mecânica e mais próximas dos níveis de base locais. É comum a

ocorrência de processos erosivos lineares (sulcos e ravinas) nas áreas com interflúvios

dissecados enquanto movimentos de massa (queda de blocos ou desmoronamentos) são

encontrados nas áreas escarpadas. No sopé das escarpas são frequentemente encontrados

depósitos de talus com fragmentos de lateritas provenientes do desgaste por recúo da

escarpa de erosão dos materiais que suportam a superfície de aplainamento SRAII.

MAPA DE SISTEMAS AQUÍFEROS (OU HIDROGEOLÓGICO) E DE POÇOS TUBULARES Metodologia

O mapa de sistemas aquíferos do município de Rio Verde contendo a área de

ocorrência de cada sistema aquíferos e a localização de poços tubulares perfurados para

extração de água subterrânea na área do município está apresentado na Figura 6 e

descritos em seguida.

O limite e a classificação dos sistemas aquíferos e os dados dos poços tubulares

foram compilados da publicação Hidrogeologia do Estado de Goiás (ALMEIDA et al., 2006)

produzida pela Secretaria de Geologia e Mineração do Estado de Goiás.

Complementarmente a compilação, foi calculada a reserva explotável de água subterrânea

para cada sistema aquífero do município de Rio Verde com base nas equações propostas

por Almeida et al. (2006), como também foi avaliada a procedência geológica das águas

subterrâneas presentes nos poços tubulares perfurados.

Definição de Sistema Aquífero (ALMEIDA et al. 2006)

Um sistema aquífero constitui uma unidade hidrogeológica homogênea quanto ao

tipo de aquífero (freático ou profundo) e aos aspectos geológicos (litologia e estrutura). Na

área do município de Rio Verde ocorrem os sistemas aquíferos Bauru, Serra Geral,

Cachoerinha e Aquidauana. Em geral, esses sistemas aquíferos apresentam águas

subterrâneas de boa qualidade, predominantemente bicarbonatadas cálcicas, e pouco

salinas.

Page 31: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

30

Figura 6 – Mapa dos Sistemas Aquiferos e de Poços Tubulares do Município de Rio Verde - GO

Page 32: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

31Descrição OS SISTEMAS AQUÍFEROS DE RIO VERDE Sistema Aquífero Bauru

O sistema aquífero Bauru é o de maior ocorrência na área do município de Rio Verde

(83% da área total – Figura 6). Este representa aquíferos onde esta localizado o maior

número de poços tubulares para extração de água subterrânea (267 poços tubulares). O

sistema aquífero Bauru constitui um reservatório de água subterrânea presente nos arenitos

grossos a muito finos das Formações Adamantina e Marília. Estes reservatórios constituem

aquíferos livres, porosos, homogêneos e isotrópicos.

Os aquíferos desse sistema possuem potencial hidrogeológico variável de acordo

com suas capacidades de recarga e de reserva, as quais estão relacionadas à espessura do

material inconsolidado sobreposto às rochas, ao grau de intemperismo dos arenitos e ao

tipo litológico presente. Por exemplo, em áreas da Formação Marília com arenitos

cimentados o potencial hidrogeológico é baixo, em decorrência da baixa porosidade da

rocha, enquanto nas unidades constituidas por arenitos friáveis o potencial hidrogeológico é

alto. Os dados de vazão dos poços tubulares nesse sistema de aquífero indicam que as

vazões variam de 1 m3/h (mínima) até 98 m3/h (máxima) com valor médio de 8,26 m3/h.

Sistema Aquífero Serra Geral

O sistema aquífero Serra Geral representa o segundo maior sistema em área de

ocorrência no município de Rio Verde (14,9% da área total). Rochas vulcânicas

pertencentes às unidades Formação Serra Geral, Suíte Vulcânica de Santo Antônio da

Barra e Formação Verdinho constituem as litologias formadoras desse sistema aquífero. Por

se tratar de rochas vulcânicas pouco porosas, as águas subterrâneas são encontradas em

zonas fraturadas ou planos de falha. O aquífero é, portanto, do tipo fraturado e anisotrópico

com grande variabilidade nos parâmetros hidrodinâmicos e dimensionais. Sendo assim, a

potencialidade de armazenamento e extração de águas subterrâneas nesse sistema é

fortemente dependente do padrão de fraturamento ou ocorrência de falhas.

Conforme pode ser observado no mapa Geologia e Potencial Mineral (Figura 4), a

zona de ocorrência de lineamentos estruturais (fraturas ou falhas) está concentrada

especialmente no setor centro-leste do município, onde afloram rochas pertencentes à

Formação Serra Geral e onde há ocorrência desse sistema aquífero. No município de Rio

Verde foram encontrados 87 poços tubulares associados a esse sistema de aquífero. Os

dados de vazão dos poços tubulares nesse sistema de aquífero indicam que as vazões

variam de 0,56 m3/h (mínima) até 22 m3/h (máxima) com valor médio de 7,14 m3/h.

Page 33: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

32Sistema Aquífero Cachoeirinha

Esse sistema aquífero ocorre sobre substrato areno-argiloso friável pertencente à

Formação Cachoerinha (Figuras 4 e 6). A área de ocorrência do sistema aquífero

Cachoerinha soma 2 % da área total do município de Rio Verde e está restrita a sua porção

extremo sul. O sistema aquífero Cachoerinha é constituido por um conjunto de aquíferos

livres e semiconfinados, homogêneos e isotrópicos. Alcança em média 20 metros de

espessura e constitui um sistema aquífero de díficil explotação, dada a tendência do

substrato areno-argiloso a causar desmoramentos durante a perfuração dos poços e

turbidez nas águas bombeadas pelos poços. De acordo com os dados consultados (Almeida

et al., 2006), não foi encontrado nenhum poço tubular perfurado para explotação de água

subterrânea em área de ocorrência desse sistema aquífero no município de Rio Verde.

Sistema Aquífero Aquidauana

O sistema aquífero Aquidauana é encontrado no município de Rio Verde em zona de

domínio da Formação Corumbataí, a qual ocorre numa pequena parcela à norte do

município (Figura 4 e 6). Esse sistema aflora em 0,1 % da área total do município e constitui

um sistema aquífero confinado, anisotrópico, heterogêneo e com grande variação lateral,

que se desenvolve sobre as sequências rítmicas de siltitos e argilitos intercalados

ocasionalmente por arenitos finos a muito finos da Formação Corumbataí. Em zonas com

alto grau de cimentação dos estratos arenosos e presença de siltitos e argilitos ocorre

diminuição da potencialidade de armazenamento e fornecimento de água desse sistema,

enquanto em áreas onde as rochas sedimentares da Formação Corumbataí se apresentam

fortemente intemperizadas há maior potencialidade desse sistema aquífero para

armazenamento e fornecimento de água. Também de acordo com os dados consultados

(Almeida et al., 2006), não foi encontrado nenhum poço tubular perfurado para explotação

de água subterrânea em área de ocorrência desse sistema aquífero no município de Rio

Verde.

CÁLCULOS DAS RESERVAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA PARA O MUNICÍPIO DE RIO VERDE

A definição de reservas renovável, permanente e explotável obedece ao proposto

por Almeida et al ( 2006), a saber:

Reserva renovável - também chamada de reserva reguladora, compõe os volumes

que anualmente circulam pelo aqüífero, compondo um volume de rápida circulação, de

águas jovens e em geral vinculadas a fluxo hidrogeológico local.

Reserva permanente ou secular - compõe o volume de água de lenta circulação que

ocupa a porosidade efetiva abaixo do nível da superfície piezométrica (freática) média. Esta

Page 34: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

33reserva é composta por águas mais antigas, associadas à sistemas de fluxo intermediário a

regional e em geral mais mineralizadas.

Reserva explotável - esta compõe o volume que pode ser retirado do aqüífero em

termos sustentáveis, sem causar danos irreversíveis aos reservatórios subterrâneos. Este

tipo de reserva é também denominada de ecológica e quando os sistemas são bombeados

em taxas muito superiores à reserva explotável ocorrem problemas de rebaixamento

demasiado dos níveis d’água, ativação ou reativação de dolinas, desenvolvimento de sismos

induzidos e colapso no abastecimento.

A equação utilizada para o cálculo da reserva explotável de água subterrânea para

cada sistema aquífero é apresentada abaixo:

onde, Rr = A x p x I sendo A = área aflorante do sistema aquífero (m2), p = percentagem da precipitação média anual que participa da recarga, I = precipitação média anual (m/ano). Rp = A x b x ηe (ou IFi) sendo A = área aflorante do sistema aquífero (m2), b = espessura saturada das unidades que compõe o sistema aquífero (m), ηe = porosidade efetiva para aquíferos intergranulares, IFi = índice de fraturamento interconectado para aquíferos fissurais.

Os valores obtidos aplicando as equações acima são apresentados na Tabela 3

abaixo:

Tabela 3 - Cálculos da Reservas Renovável, Permanente e Explotável (Re) para os sistemas

aquíferos que ocorrem no município de Rio Verde

Reserva Renovável Reserva Permanente

Reserva Explotável Sistema

Aquífero A (m2)

P (%)

I (m/ano)

Rr (m3/ano)

A (m2) b (m)

ηe (ou IFi)

Rp (m3)

% Rp a ser

explotada

Re (m3/ano)

Bauru 69560000 0.12 1.7 14.190.240 69560000 200 0.1 1.391.200.000 0.1 139.120.000

Serra Geral 12970000 0.12 1.7 2.645.880 12970000 100 0.035 45.395.000 0.1 4.539.500

Cachoeirinha 1740 0.12 1.7 354,96 1740 20 0.08 2.784,00 0.1 278,40

Aquidauana 65,7 0.12 1.7 13,40 65.7 200 0.06 788,40 0.1 78,84

Reserva explotável (Re) = Reserva renovável (Rr) + % da Reserva permanente (Rp) a ser explotada

Page 35: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

34LOCALIZAÇÃO E ANÁLISE DOS POÇOS TUBULARES PARA EXPLOTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA

Conforme a Figura 6 já apresenta (Mapa de Sistemas Aqüíferos e Poços Tubulares

para o município de Rio Verde), constata-se uma concentração de poços na área urbana e,

secundariamente, na porção central do município. Vários aqüíferos alimentam tais poços.

O sistema aquífero Bauru é o que apresenta o maior número de poços tubulares

perfurados no município de Rio Verde, seguido pelo sistema aquífero Serra Geral. Não há

registro de poços tubulares perfurados nos sistemas aquíferos Cachoerinha e Aquidauana.

O sistema aquífero Bauru apresenta um total de 267 poços tubulares perfurados na

sua área de ocorrência. A vazão média calculada para o total de poços é de 8,26 m3/h e a

soma das vazões é de 2.196 m3/h. Tem-se que a vazão estimada de água subterrânea

explotada pelos 267 poços é de 19.236.960 m3/ano, valor este calculado para o período de

um ano (365 dias) com os poços tubulares operando em sua capacidade máxima (vazão

máxima) durante 24 horas por dia. Esse valor é superior à quantidade anual de 14.190.240

m3/ano calculada para a reserva renovável de água subterrênea desse sistema aquífero

(Tabela 3). Isso indica que a perfuração de novos poços tubulares, sem um criterioso estudo

de viabilidade ambiental, pode comprometer seriamente a reserva renovável e parte da

reserva permanente desse sistema aquífero.

Segundo os dados de Almeida et al. (2006), no sistema aquífero Serra Geral foram

perfurados um total de 87 poços tubulares. A soma das vazões de todos os poços é de 621

m3/h sendo a vazão média de 7,14 m3/h. A vazão total anual estimada para os 87 poços é

de 5.439.960 m3/ano, considerando nessa estimativa que os poços operam 24 horas por dia

em sua capacidade máxima durante 365 dias no ano. Esse valor equivale a quantidade

anual da reserva explotável, que é de 4.539.500 m3/ano, e aproximadamente ao dobro da

quantidade anual de água subterrânea proveniente da reserva renovável, que é de

2.645.880 m3/ano (Tabela 3). Nesse caso, estudos criteriosos de viabilidade ambiental para

perfuração de novos poços tubulares se fazem altamente necessários, face ao atual

comprometimento da reserva explotável desse sistema aquífero.

Page 36: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

35

TEMA 3 - DRENAGEM DO MUNICÍPIO DE RIO VERDE – GO Introdução

Na análise da rede de drenagem enfatizou-se a identificação do conjunto de sub-

bacias que compõem a rede de drenagem e a avaliação de suas variáveis internas como:

área e desnível geral da bacia, padrão de drenagem; morfologia de canais; perfil

longitudinal; aporte de sedimentos; controles litoestruturais.

A mensuração destas variáveis possibilitará, numa próxima etapa, definir áreas de

risco, susceptíveis a impactos ambientais derivados da atividade dos fluxos hídricos, através

da identificação e reconhecimento dos processos de erosão/assoreamento atuantes nas

calhas e vales dos canais fluviais.

A decisão de abordar essas informações disponíveis no recorte das bacias

hidrográficas se deveu ao fato de que a análise do comportamento das variáveis ambientais,

segundo este parâmetro, vem ganhando importância estratégica no planejamento e na

gestão de políticas territoriais.

Esta abordagem assume especial relevância quando se considera a necessidade da

regulação dos recursos hídricos, tendo em vista as conseqüências político-sociais de seu

uso compartilhado sobre a qualidade de vida da população.

Metodologia

Para a realização do Mapa de Drenagem em escala 1:100.000 do Município de Rio

Verde acessou-se o portal do IBGE e através da sessão Mapas Interativos, obteve-se as

cartas que compõem a área do município. As cartas de interesse em escala 1:100.000

foram: SE.22-V-D-II, SE.22-V-D-III, SE.22-V-D-V, SE.22-V-D-VI, SE.22-V-D-I, SE.22-V-D-II,

SE.22-V-D-IV, SE.22-V-D-V, SE.22-Y-B-III, SE.22-Z-A-I e SE.22-Z-A-II. Todas essas cartas

estão disponibilizadas em formato.dgn e foi necessário realizar conversão para o formato

shapefile (.shp) no programa ArcGIS, tornando os arquivos compatíveis a esse programa,

podendo assim trabalhar sobre tais informações.

Com os dados convertidos para shapefile no ArcGIS foram extraídas as informações

sobre drenagens contidas nas cartas e realizada a junção dessas cartas através da

ferramenta “Merge”, que junta vários shapefiles e suas respectivas informações em um

shapefile maior e mais completo. Após essa junção, foi realizado através da ferramenta

“Clip” o recorte da área do municio de Rio Verde; O shapefile do limite municipal foi

adicionado ao projeto e a ferramenta “Clip” realizou o recorte de acordo com o limite, criando

assim um arquivo com os dados somente da área de interesse para o projeto.

Page 37: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

36Aliado a esse projeto, foi obtido também o shapefile dos estudos de

Compartimentação do Estado de Goiás em Bacias Hidrográficas, segundo metodologia

definida por Otto Pfafstetter, através da página do SIEG Goiás e Superintendência de

Geologia e Mineração – SIC. As chamadas Ottobacias são classificadas de acordo com

determinado curso d’agua, tornando-o desta forma o curso principal e, a partir deste, é

possível hierarquizar os cursos e localizar as bacias e interbacias posteriores, permitindo a

definição do posicionamento destas e seus ordenamentos.

Em procedimento já mencionado utilizando a ferramenta “Clip”, foram obtidas as

bacias correspondentes à drenagem presente na área do Municio de Rio Verde.

Foram contabilizadas doze Ottobacias, sendo elas agrupadas em cinco

compartimentos, como mostra a Tabela 4, adiante. As distintas sub-bacias foram agrupadas

em compartimentos que representam setores do Município com características hidrológicas

superficiais similares. Essa compartimentação estabelece-se nas relações entre a altimetria,

topografias, declividades, rochas, solos, cobertura vegetal e o uso do solo.

Em outro nível de análise, posteriormente deverá se considerar aspectos internos da

bacia, como a morfometria da rede de canais, o comportamento dos fluxos, as

características da carga transportada etc, variáveis que vão explicar a geração e mobilidade

dos depósitos fluviais além de outras características sedimentológicas e morfológicas dos

mesmos, visando determinar os potenciais riscos ambientais que caracterizam as condições

da bacia e permitem o planejamento da sua ocupação.

Descrição

A Figura 7 apresenta o Mapa de drenagem do município e a Tabela 2 os

Compartimentos citados.

COMPARTIMENTAÇÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM

A análise do arranjo espacial de cursos fluviais dentro de uma bacia hidrográfica, que

em grande parte é controlada pela estrutura geológica, estabelece o padrão de drenagem

da mesma (STRALHER, 1952). Esses fatores geológicos, como a disposição, natureza e

grau de resistência das rochas, geram padrões de drenagem diferentes, inclusos na mesma

bacia.

As subacias que compõem a rede hidrográfica do Município de Rio Verde,

apresentam variados padrões de drenagem baseados nos padrões descritos na literatura

(CHRISTOFOLETTI 1980), podendo-se distinguir os tipos retangular, espinha de peixe,

subparalelo e dendritico-subdendrítico.

Page 38: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

37

Figura 7 - Sistemas de Drenagem e Bacias Hidrográficas do Município de Rio Verde.

Page 39: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

38

Tabela 4 - Compartimentos de Drenagem

Compartimento Bacia- Subacias Área

(Km²) Área total

(Km²) Sup (%)

Desnível geral (mts)

Longitude canal ppal

(Km) Observações

Região hidrográfica a montante Foz do Rio Ponte de Pedra 919,8 10,98 250-300 100

Região hidrográfica Rio Verdinho/Rib. Monte Alegre 2311,0 27,57 300 110

1 Região hidrográfica Foz do Rio São Tomaz/Rio Verdinho 252,2

3483,0

3

41,55

250-300 100

Bacias alongadas, padrões morfológicos com forte controle lito-estrutural. Vales entalhados na espessa cobertura arenosa.

Bacia hidrográfica do Rio Ponte de Pedra 303,4 3,61 50-100 5-10

Região hidrográfica Foz do Ribeirão Monte Alegre/Rio Ponte de Pedra 21,1 0,25 50-100 3-5

2 Bacia hidrográfica Foz do Rio Verdinho/Ribeirão Monte Alegre 92,4

416,9

1,10

4,96

50-100 5-7

Bacias menores do extremo Leste do Município. Canais curtos com elevada pendente. Nivel de base sobre basaltos e vulcanitas.

Região hidrográfica Foz do Rio Verde ou Verdão/Rio São Tomaz, 663,1 7,91 250 50

Região hidrográfica Foz do Rio Santa Bárbara/Rio Verdão 101,7 1,21 200 10-15

Bacia hidrográfica do rio São Francisco 282,7 3,36 200 10-15

3

Região hidrográfica a montante do Ribeirão Foz do rio João Pinto 432,8

1480,3

5,16

17,64

200 5-7

Bacias menores do extremo Sul do Município. Canais curtos com elevada pendente. Nascentes alojadas sobre remanentes de áreas planares e escarpas abruptas. Superfícies irregulares muito movimentadas.

4 Bacia hidrográfica Rio Doce 1787,0 1787,0 21,31 21,31 150-200 15-25

Sub-bacias da margem esquerda do rio Doce. Canais curtos com importante desnível. O Tramo inferior sobre basaltos Serra Geral.

5 Bacia hidrográfica Rio São Tomaz 1217,9 1217,9 14,53 14,53 200-250 50

Bacia com padrão dendrítico, sobre sedimentos da Fm Adamantina. Nível de base suportado pelos basaltos da serra Geral.

38

Page 40: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

39

Esses padrões refletem distintos estágios na evolução da paisagem regional,

determinada pela predominância atual de processos erosivos e a presença de

importantes condicionantes estruturais em alguns setores, representados pela

atividade tectônica recente (Neotectônica).

As morfologias de canais fluviais analisadas nesta etapa são oriundas dos

processos erosivos e deposicionais do agente fluvial. Entretanto, sua atividade é

subsidiada por outros processos e agentes que atuam previamente e

concomitantemente, como a ação do intemperismo e a atração gravitacional, agindo

sobre os produtos do primeiro, como os solos e depósitos nas encostas das elevações

e mesmo nos leitos dos rios.

Compartimento 1 - Subacias do Topo de Chapada

As superfícies aplainadas constituem a feição morfológica dominante na porção

Norte do Município. Apresentam topografia plana a suavemente ondulada, levemente

dissecadas em colinas amplas e suaves com desnivelamentos inferiores a 40 metros e

uma densidade de drenagem muito baixa (Figura 7).

Entre os interflúvios amplos ocorrem vales fluviais com fundo plano e pouco

entalhado, caracterizados pela presença de áreas com alta umidade (localmente

denominadas Veredas ou brejos).

A rede de drenagem é formada por bacias estreitas e alongadas que

apresentam caracteristicamente um grande desenvolvimento em direções

preferenciais determinadas pelos condicionantes lito-estruturais regionais. Desta

maneira a rede de drenagem desenvolve-se sob forte controle estrutural, como por

exemplo o padrão retangular (espinha de peixe) que na área pesquisada é controlado

por lineamentos NW-SE, os quais cortam transversalmente um segundo lineamento

com direção NE-SW (Lineamento Transbrasiliano).

Neste Compartimento a forte influencia da Neotectonica, refletida na reativação

destes antigos e importantes lineamentos de escala regional, possibilita o

encaixamento da rede de drenagem local, em busca de re-equilíbrio com o nível de

base regional, desta forma os cursos fluviais tendem a incidir verticalmente os vales

(encaixamento), desencadeando, por sua vez, um aumento no gradiente de

declividade das vertentes.

O desnível geral destas sub-bacias é de 300mts (900/600 mts)

aproximadamente e a rede de drenagem apresenta uma importante extensão (aprox.

Page 41: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

40

100 km), mas uma ordem hierárquica muito baixa (STRALHER, 1952 ). A seção

inferior dos vales aparece entalhada na espessa cobertura arenosa.

Os principais cursos d’água neste Compartimento (rio Verdinho e outros) são

todos tributários do Rio Verdão, e exibem um padrão de drenagem paralelo. No trecho

inferior destes vales, observa-se um perfil de equilíbrio escalonado em diferentes

patamares litológicos, onde cada soleira controla um nível de base local. Esses

ressaltos estão associados á presença de afloramentos de rochas mais resistentes

pertencentes à Formação Serra Geral.

Compartimento 2 - Subacias do extremo Leste

Este compartimento agrupa 3 subacias menores localizadas no extremo

Nordeste do município. Em conjunto ocupam uma área de 417 km2, representando

aproximadamente 5 % da área do Município de Rio Verde.

Os canais principais, com padrões subparalelos têm um curto percurso (< 10

km) e um perfil irregular, vales em “V”, topos angulosos e o predomínio de vertentes

côncavo-convexas.

Esses afluentes do rio Verdão apresentam importantes desníveis, uma vez que

suas cabeceiras se desenvolvem em ressaltos gerados pela intercalação de rochas de

distinta resistência a erosão, como os basaltos da Formação Serra Geral, e

principalmente as rochas vulcânicas da Suíte de São Antonio da Barra.

Compartimento 3 - Subacias do Sul

Este Compartimento é formado por 4 subacias de menor porte. Localiza-se na

porção sul da área de estudo e sua área de abrangência ocupa 1480 Km2, ou seja,

17,64 % do total da área do Município.

Nestas bacias, as cabeceiras estabelecem-se no topo e escarpas de antigas

superfícies de topo plano. Nestas geoformas remanecentes, a altitude chega a 800

metros e abriga as nascentes de rios curtos com perfis longitudinais de elevada

pendente. A foz destes canais se encontram em uma cota altimétrica de 600 mts

aproximadamente

A forte declividade destes cursos promove o predomínio de erosão linear,

padrões de drenagem paralelos, pouco desenvolvidos, vales em “V”, vertentes

retilíneas, côncavas e côncava-convexas, topos angulosos, assimétricos e alongados.

O predomínio, entretanto, nestas superfícies planares é das coberturas

argilosas da Formação Cachoeirinha, de idade Terciária, o substrato geológico

Page 42: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

41

predominante é representado pela Formação Marilia, o que confere a este

compartimento um fator adicional ao considerar o seu potencial erosivo.

No “front” das escarpas são geradas as condições para intensificação da

erosão, sobretudo nos segmentos de alta e média vertente. Nestes terrenos íngremes,

os solos tendem a ser muito rasos, ainda que sustentem uma vegetação de porte

florestal.

Esta condição geo-ecológica caracteriza a escarpa com presença de

geoformas planares remanecentes, como uma unidade geomorfológica muito

susceptível a movimentos de massa, destacando-se deslizamentos rasos

translacionais no contato solo-rocha durante eventos climáticos de extrema

pluviosidade.

Compartimento 4 - Subacias do Rio Doce

O Compartimento de Oeste esta representado pelos cursos da margem

esquerda do rio Doce. As nascentes se desenvolvem nas escarpas da Superfície

Regional de Aplainamento do setor Norte, e nos afloramentos da Formação

Adamantina no setor Sul do Município.

O gradiente dos canais é muito elevado nas subacias deste compartimento.

Apresentam uma área de 1787 Km2, ou seja, 21,3 % do total. Os canais curtos

apresentam um perfil irregular, vales em “V”, topos angulosos e o predomínio de

vertentes côncavo-convexas. Os basaltos da Formação Serra Geral constituem o piso

dos vales na porção inferior das subacias..

Neste compartimento a Formação Serra Geral é constituída por basalto

toleítico, de coloração escura, marrom a cinza escuro e esverdeado, textura

predominantemente afanítica, e amigdalóide no topo dos afloramentos. A estrutura

geral pode apresentar descontinuidades pela presença de diques e soleiras de

diabásio granular.

Compartimento 5 - Depressão Central - Bacia do rio Santo Tomaz

Nesta área mais rebaixada do Município, o substrato é formado pelas rochas

sedimentares e vulcânicas básicas constituintes da Bacia do Paraná. O relevo neste

compartimento caracteriza-se por colinas e morros dissecados, com média a alta

densidade de drenagem, apresentando, em geral, desníveis inferiores a 60 metros, e

vertentes de gradiente suave a moderado.

O padrão dendrítico-subdendrítico, predominante na sub-bacia do rio Santo

Tomaz, sofre pouca ou nenhuma influência de elementos estruturais e se caracteriza

Page 43: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

42

por apresentar uma ramificação arborescente, cujos tributários se unem em uma só

corrente principal formando ângulos agudos.

As cabeceiras da subacia estão desenvolvidas sobre as rochas da Formação

Adamantina compostas de metassedimentos argilosos, arenosos e carbonáticos,

tornando-a uma área vulnerável a fortes atividades erosivas. Os trechos médios e

inferior geralmente ocorrem sobre rochas resistentes e uniformemente erodidas

(Basaltos Serra Geral ).

A bacia mais importante neste compartimento é aquela do rio Santo Tomaz, a

qual apresenta um desenho dendrítico, com um elevado índice de circularidade. Essa

característica morfológica constitui um importante fator na ponderação do risco hídrico

potencial, uma vez que os núcleos urbanos do Município de Rio Verde estão alojados

neste compartimento.

Em termos de hierarquia de drenagem, o rio Santo Tomaz consiste no principal

coletor da bacia homônima Apresenta um padrão de canal meandrante com trechos

retilíneos e consiste num típico rio de planície com gradiente do canal relativamente

baixo.

Page 44: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

43

TEMA 4 – PEDOLOGIA DO MUNICÍPIO DE RIO VERDE – GO Introdução

A relação entre as formas do relevo e os solos (morfopedologia) tem sido a

base para o mapeamento da distribuição de solos na paisagem, o que

tradicionalmente era feito de forma manual através da análise estereoscópica das

fotografias aéreas, posteriormente validada em campo. Entretanto, com a análise

digital do terreno e a utilização de filtros para realçar as imagens de satélite, a

separação das unidades morfopedológicas tornou-se uma alternativa mais rápida e

que possibilita a definição de forma automática ou semi-automática das unidades

morfológicas da paisagem (PPOLIT ET AL, 2003). Com base nesse princípio realizou-

se o mapeamento dos solos do município de Rio Verde, ainda que sem validação em

campo, o que será feito na próxima etapa.

Metodologia

O mapa de solos do município de Rio Verde (Figura 8) foi elaborado na escala

1/100000, de semi-detalhe, a partir do tratamento e modelagem dos dados digitais de

elevação (SRTM), a interpretação visual das imagens de satélite LANDSAT TM5,

utilizando-se ferramentas do programa SPRING 5.02 desenvolvido pelo Instituto de

Pesquisas Espaciais – INPE, o cruzamento com o mapa de declividade e tendo por

referência a compilação do mapa de solos do Estado de Goiás disponibilizado pelo

Sistema Estadual de Estatística e de Informações Geográficas do Estado de Goiás –

SIEG. As classes de solos foram atualizadas conforme as normas taxonômicas do

Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos da EMBRAPA (2006).

Especificamente, a delimitação das classes de solos foi realizada no programa

SPRING, a partir da filtragem das cenas das imagens do Satélite LANDSAT TM5

bandas 543/RGB de 2008, que serve para minimizar/realçar ruídos ou minimizar e

realçar bordas, sem alterar ou diminuir a sua resolução. Com a imagem resultante do

processamento foi gerada a segmentação e a classificação. Posteriormente, a imagem

classificada foi transformada do formato matricial para o vetorial. Com os dados no

formato vetorial foi realizado o cruzamento com o mapa de declividades e delimitadas

as classes de solos. Na tabela 5 tem-se o modelo de correlação entre relevo e solos

(morfopedológica) usada para a delimitação das unidades de mapeamento.

Page 45: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

44

Figura 8 – Mapa de Solos do Município de Rio Verde - GO

Page 46: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

45

Tabela 5 - Modelo de Correlação entre as Classes de declive, tipos de relevo e agrupamento de solos

CLASSES DE DECLIVE (%) CLASSES DE RELEVO CLASSES DE SOLOS

PREDOMINANTES

0-12 Plano a suave ondulado Latossolos, Gleissolos, Neossolos Quartzarênicos

12 -20 Ondulado Argissolos, Nitossolos

20 – 45 Forte ondulado Cambissolos, Neossolos Litólicos

>45 Montanhoso Neossolos Litólicos

No mapa de solos (Figura 8), percebe-se claramente o predomínio da classe

dos Latossolos, cobrindo pouco mais de 70% da área total. Seguem-se os Gleissolos

com pouco mais de 10%, os Argissolos Vermelho-Amarelos, com quase 9% e os

Cambissolos com pouco mais de 4% da área do município. Do restante se destacam

os Neossolos Litólicos, os Neossolos Quartzarênicos e os Nitossolos. A maioria

dessas classes está subdividida em subclasses que especificam alguma característica

de fertilidade, de feições ou de riqueza em algum componente, como ferro ou

alumínio.

Na tabela 6, em seguida apresenta-se as classes de solos que ocorrem no

município de Rio Verde, com as respectivas áreas em relação à área total do

município, sua nomenclatura, siglas e características gerais de acordo com a

classificação apresentada no SIEG (RADAMBRASIL, 1983), o atual Sistema Brasileiro

de Classificação de Solos - SisBCS (Embrapa, 2006), até o 4º. Nível categórico, ou

seja em subclasses.

Page 47: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

46Tabela 6 - Classes de Solos

Área Classes RADAMBRASIL

(1983) SisBCS (2006)*

Siglas SisBCS (2006)* +

SubclasseCaracterísticas gerais

Km² Ha %

LVaf1

Bem desenvolvido, profundo, homogêneo, textura média, relevo plano a suave ondulado, teores elevados de alumínio, baixa saturação em bases.

423,38 42338,2 5,05

LVaf2 Idem anterior + RQo. 102,3 10229,72 1,22 Latossolo Vermelho Escuro álico (LEa)

Latossolo Vermelho Aluminoférrico

LVaf3

Idem LVaf1, mas distrófico e + PVAd de textura média a arenosa/média de relevo suave ondulado + RQo de relevo plano a ondulado.

378,68 37867,65 4,51

LVd1

Bem desenvolvido, profundo, homogêneo, textura argilosa a muito argilosa, relevo plano a suave ondulado + LVAd argiloso a muito argiloso.

2167,92 216791,9 25,84

LVd2

Bem desenvolvido, profundo, homogêneo, argiloso, relevo plano a suave ondulado, + LVAd argiloso + LVd de textura média.

447,98 44797,51 5,34 Latossolo Vermelho

Escuro distrófico (LEd)

Latossolo Vermelho Distrófico

LVd3

Bem desenvolvido, profundo, homogêneo, homogêneo, argiloso, relevo plano a suave ondulado, + LVd textura média + RQo.

771,54 77154,35 9,20

LVdf1

Bem desenvolvido, profundo, homogêneo, horizonte A moderado e proeminente, textura muito argilosa a argilosa, relevo suave ondulado a plano.

1184,17 118417,1 14,12

LVdf2

Similar ao anterior, porém com A proeminente a chernozêmico + Nitossolos e Latossolos com A chernozêmico.

227,16 22715,86 2,71 Latossolo Roxo distrófico (LRd)

Latossolo Vermelho Distroférrico

LVdf3 Similar ao anterior, mas o horizonte A pode ser moderado a chernozêmico. 28,93 2892,98 0,34

Latossolo Vermelho Amarelo distrófico

(LVd)

Latossolo Vermelho – Amarelo Distrófico LVAd

Bem desenvolvido, profundo, homogêneo, argiloso a muito argiloso, relevo plano a suave ondulado, + LVd + LVaf.

237,62 23761,95 2,83

PVAd1

Bem desenvolvido, presença de horizonte Bt enriquecido em argila de textura média ou argilosa sob horizonte A ou E arenoso ou de textura média, argila Tb. + PVAd cascalhento Tb, suave ondulado a ondulado.

39,61 3961,19 0,47

PVAd2

Bem desenvolvido, presença de horizonte Bt enriquecido em argila de textura média ou argilosa sob horizonte A ou E arenoso ou de textura média, argila Tb.

264,04 26404,47 3,15

PVAd3

Bem desenvolvido, presença de horizonte Bt enriquecido em argila de textura média sob horizonte A ou E arenoso ou de textura média, Tb + PVAe Tb de textura média em relevo ondulado + PVAe Tb cascalhento, textura média/argilosa.

398,54 39854,34 4,75

Podzólicos Vermelho Amarelo distrófico

(PVAd)

Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico

PVAd4 Similar ao anterior + CXbd + RQo. 18,94 1894,4 0,23

Podzólicos Vermelho Amarelo eutrófico

(PVAe)

Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico PVAe

Bem desenvolvido, presença de horizonte Bt enriquecido em argila de textura média ou argilosa sob horizonte A ou E arenoso ou de textura média.

31,06 3106,49 0,37

Page 48: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

47

Terra Roxa Estruturada distrófica

Nitossolo Vermelho Eutrófico Nve

Bem desenvolvido, argiloso, estrutura forte, relevo ondulado a forte ondulado, horizonte A moderado a chernozêmico, + RL com A chernozêmico argiloso de relevo forte ondulado + LVdf muito argiloso de relevo suave ondulado.

111,58 11157,74 1,33

Cambissolo Distrófico (Cd)

Cambissolo Háplico Tb Distrófico CXbd

Pouco desenvolvido, horizonte B inicipiente, argila Tb, não cascalhento a cascalhento, textura média, baixa saturação em bases, relevo ondulado a suave ondulado + PVAd Tb cascalhento.

365,31 36530,78 4,36

Gleissolo Húmico distrófico (HGPd)

Gleissolo Melânico Tb Distrófico GMbd

Baixa saturação em bases, textura argilosa, relevo plano + RYbd (Neossolo Flúvico Tb Distrófico).

11,5 1149,71 0,14

Gleissolo Pouco Húmico distrófico

(HGPd)

Gleissolo Háplico Tb Distrófico GXbd

Textura média/argiloso, relevo plano a suave ondulado, fundos de vale hidromórfico argiloso e veredas, argila Tb, baixa saturação em bases, + FXd (Plintossolo Háplico Distrófico) + LVAd.

865,03 86503,44 10,31

RLd1

Não desenvolvido, sem horizonte B, textura arenosa/média, cascalhento ou não, relevo forte ondulado +PVAe, argila Tb.

58,66 5866,43 0,70

Solo Litólico distrófico (Rd)

Neossolo Litólico Distróficos

RLd2

Não desenvolvido, sem horizonte B, cascalhento, relevo forte ondulado + CXd, argila Tb, cascalhento + afloramento de rochas.

105,42 10541,95 1,26

RQo1 Não desenvolvido, sem horizonte B, relevo suave ondulado + PVAd Tb textura arenosa/média.

88,51 8850,85 1,06

Areias Quartzosas álicas (AQa)

Neossolo Quartzarênico Órtico

RQo2

Não desenvolvido, sem horizonte B, relevo plano a suave ondulado + LVd de textura média, + Cxa (Cambissolo Háplico alumínico) não cascalhento a cascalhento e relevo suave ondulado a ondulado.

60,36 6036,38 0,72

TOTAL 8388,24 838825,4 100,00* Sistema Brasileiro de Classificação de Solos - EMBRAPA

A tabela 7, a seguir, resume a participação das classes em ordem decrescente de

área.

Tabela 7 - Resumo das áreas ocupadas pelas classes de solos no município de RioVerde

Área Classes de Solo

Km² Ha % LVd 3387,44 3387437,11 40,38 LVdf 1440,26 1440259,75 17,17 LVaf 904,36 904355,67 10,78 GXbd 865,03 865030,00 10,31 PVAd 721,14 721144,01 8,60 CXbd 365,31 365310,00 4,36 LVAd 237,62 237620,00 2,83

RL 164,08 164083,81 1,96 RQo 148,87 148872,34 1,77 NVe 111,58 111580,00 1,33

PVAe 31,06 31060,00 0,37 GMbd 11,50 11500,00 0,14 Total 8388,25 8388252,69 100

Page 49: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

48

Pode-se constatar pelas tabelas 6 e 7 e pela Figura 8, que os Latossolos dominam

mais de 2/3 da área municipal, mas subdividem-se em LVd (Latossolo Vermelho distrófico),

LVdf (Latossolo Vermelho distroférrico), LVaf (Latossolo Vermelho aluminoférrico) e LVAd

(Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico), sendo que o primeiro (LVd) representa mais da

metade desse total.

Os Latossolos são solos muito intemperizados, resultantes da remoção de sílica e de

bases trocáveis no perfil de solo e apresentam minerais secundários do grupo da caulinita,

óxidos, hidróxidos e oxi-hidroxidos de Fe e Al como a hematita, goethita, gibssita e outros.

São solos minerais, não hidromórficos, profundos apresentando horizonte B latossólico (Bw)

muito espesso. Apresentam uma seqüência de horizontes A, Bw e C pouco diferenciada

com cores variando de vermelha a amarela. As estruturas predominantes são em blocos

subangulares e ou em forma muito pequena granular podendo compreender partes com

aspecto maciço poroso. Apresentam baixo teor de silte podendo geralmente ser argilosos a

areno-argilosos argila. São excessivamente a acentuadamente drenados, conforme a

natureza da textura, da estrutura e da situação topográfica, as no geral apresentam boa

retenção de umidade para as plantas. Quanto à fertilidade costumam ser ácidos a muito

ácidos, com baixa saturação em bases, baixa capacidade de troca catiônica, mas podem ser

corrigidos e adubados pois apresentam um bom potencial para retenção de cátions. Não

raro, apresentam teores elevados de alumínio e pode concentrar concreções ferruginosas.

Ocorrem em terrenos de baixa declividade, formas planas ou muito suaves e normalmente

em posição de topo, representando os níveis de recarga de freáticos locais e até mesmo

regionais. Em geral não são suscetíveis à erosão hídrica, podendo desenvolvê-la sobretudo

se desenvolver compactação superficial relacionada com pisoteio de animais ou

subsuperficial (pé-de-grade ou pé-de-arado) pela passagem de máquinas agrícolas mais

pesadas. Quando irrigado e compactado pode desenvolver fungos (mofo branco ou outros)

e pode promover a dissociação entre argila e ferro causando dispersão forte de argilas e

dificuldades de manutenção de implementos agrícolas.

Na área de Rio Verde os Latossolos ocorrem principalmente nas áreas reconhecidas

como das chapadas, que são superfícies residuais de aplainamento, com topografia plana e

suave ondulada e de recarga local. O LVd, que domina no município, representa bem as

características citadas. O LVdf já apresenta maiores teores de ferro e o LVaf de ferro e

também de alumínio, o que condiciona maiores restrições de manejo. Ocorrem mais nas

bordas das chapadas. Como se verá adiante

Os Gleissolos Háplicos (CX) e os Melânicos (GM) somam juntos mais de 10% da

área do município. São classes de solos que geralmente ocupam as depressões do relevo

Page 50: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

49

muito suavemente concavizadas e sujeitas a saturação permanente pelo lençol freático,

como também os fundos de vale, veredas, áreas de nascentes e planícies inundáveis. São

mal ou muito mal drenados, apresentando com freqüência, uma espessa camada de matéria

orgânica mal decomposta (turfa) sobre uma camada acinzentada (gleizada), resultante do

ambiente saturado onde dominam processos de oxi-redução do ferro. Apresentam textura

bastante variável ao longo do perfil. Quando argilosos ou muito argilosos, sua consistência é

plástica e pegajosa. Podem ser ricos quimicamente ou pobres em bases com teores de

alumínio elevados. Costumam ser dominantes e áreas de Preservação Permanente (APP)

de drenagem e de nascentes, por isso representam terrenos sensíveis sendo muito

importante preservá-los para não comprometer o reservatório hídrico e não promover

voçorocamentos. No município de Rio Verde eles ocorrem em praticamente todos os rios e

ribeirões do município.

Os Argissolos Vermelho-Amarelos (PVA) correspondem a pouco mais de 8% da área

do município. Apresentam como característica típica um aumento substancial no teor de

argila em profundidade resultante de movimentação de argila do horizonte A para o B,

formando horizonte B textural. São solos minerais, não hidromórficos, cujo horizonte B

textural apresenta cores avermelhadas e/ou amareladas, com tendência a tonalidades mais

escuras do que as cores dos horizontes acima, com os quais contrastam também e textura.

Ocorrem nas áreas de relevo ondulado ou forte ondulado com declividades de 12% até

45%. No município são distróficos e ocorrem predominantemente no seu quadrante sul

associados aos terrenos moderadamente declivosos. Ocorrem também nos setores mais

declivosos associados aos Cambissolos e aos Neossolos Litólicos. São suscetíveis à erosão

hídrica linear (sulcos, ravinas e mesmo voçorocas) e por isso necessitam de práticas

conservacionistas de moderadas a severas.

Os Cambissolos correspondem a 4,36 % da área e constituem manchas situadas

preferencialmente a nordeste do município relacionadas com os declives moderados que

precedem as superfícies de aplainamento . Apresentam horizonte superficial submetido a

pouca alteração química e física, porém suficiente para o desenvolvimento de cor e

estrutura, todavia de pouca expressão em espessura e em grau de desenvolvimento, daí a

nomenclatura de horizonte B incipiente. Em geral ainda conservam minerais primários

facilmente intemperizáveis e geralmente ocorrem em relevos mais movimentados

(ondulados e forte ondulados) podendo aparecer em cotas intermediárias entre os

argissolos e neossolos litóllicos.

Os Nitossolos correspondem a 1,33 % e ocorrem em porções suito localizadas,

sobretudo a nordeste do município, nos segmentos médios e inferiores das encostas

onduladas até forte onduladas, em geral associados à presença de rochas básicas do

Page 51: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

50

substrato, como os basaltos. De modo geral, apresentam estrutura bem desenvolvida no

horizonte B nítico, sendo do tipo prismática ou em blocos subangulares. Costumam ser

argilosos, eutróficos e por isso apresentarem boa fertilidade natural.

Os Neossolos Quartzarênicos correspondem a 1,77 % da área, geralmente são

profundos, apresentando textura arenosa ou franco-arenosa, constituídos essencialmente

de quartzo, com máximo de 15% de argila e seqüência de horizontes do tipo A-C.

Normalmente ocorrem em relevo plano ou suave ondulado sobre substratos areníticos ou

arenosos (depósitos sedimentares). Caracterizam-se por apresentar areias inconsolidadas,

cuja estrutura é fraca, pouco coerente e constituida basicamente de grãos simples de areia

solta. São muito porosos e excessivamente drenados, exceto quando são finos a muito

finos. Quimicamente apresentam baixa disponibilidade em nutrientes para as plantas, porém

são muito suscetíveis à erosão hídrica quando ocorrem nas cabeceiras de drenagem ou

fundos de vale e encontram-se expostos. Na área ocorrem em duas manchas visíveis na

escala adotada, uma a oeste e outra ao sul.

Os Neossolos Litólicos apresentam horizonte A ou hístico, assente diretamente sobre

a rocha ou sobre um C ou Cr e são constituídos por fragmentos de rocha com diâmetro

maior que 2 mm (cascalhos, calhaus e matacões). Apresentam contato lítico típico ou

fragmentário dentro de 50 cm da superfície do solo. Ocupam os relevos mais declivosos

onde o escoamento superficial é intenso, favorecendo a erosão superficial e não o

desenvolvimento dos solos. Costuma estar relacionados a APP de encosta e por isso devem

ser preservados. Na área ocorrem preferencialmente a oeste e ao sul relacionados às

bordas e escarpas das chapadas.

Em síntese, os Latossolos Vermelhos distróficos apresentam aptidão agrícola

elevada, suportando bem lavouras intensivas, seguindo-se os demais latossolos com boa

aptidão, mas requerendo mais cuidados por restrição devida à presença de concreções e

muito baixa fertilidade. Com aptidão intermediária situam-se os Argissolos que exigem

práticas conservacionistas moderadas a severas. Os Neossolos Quartzarênicos apresentam

aptidão boa para pastagens desde que bem manejadas e os demais solos apresentam

diferentes restrições devido ou ao excesso de declive ou de água. No geral, o município

apresenta notável aptidão agrícola para uso e manejo intensivos, o que é corroborado pelo

uso do solo, como se pdoerá constara a seguir.

Page 52: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

51

TEMA 5 – USO DO SOLO DO MUNICÍPIO DE RIO VERDE – GO Introdução

A elaboração de mapas de uso do solo é útil para a atualização das formas de uso e

de ocupação do Município, apresentando-se, portanto, como uma importante ferramenta

para o planejamento. Esse tipo de mapa possibilita também a identificação de indicadores

ambientais, a avaliação da capacidade de suporte ambiental diante dos diferentes manejos

empregados, contribuindo, então, para a identificação de alternativas promotoras da

sustentabilidade do desenvolvimento (IBGE, 2006).

Nesta seção do relatório é apresentado o mapa de uso do solo e de remanescentes

das fitofisionomias originais (nativas), a fim de interpretar os tipos de uso do solo adotados

pelo município de Rio Verde.

Metodologia

O mapa de uso do solo e de remanescentes foi realizado no software Spring, a partir

da ferramenta de classificação segmentada por regiões. Esta ferramenta utiliza como

critérios de análise para a classificação a informação espectral de cada pixel e relação deste

entre seus vizinhos (MOREIRA, 2003).

Assim, obedeceu-se às seguintes etapas:

1. Aquisição da imagem de satélite Landsat TM-5 de 27 de julho de 2008, nas bandas 3, 4

e 5;

2. Georreferenciamento da imagem no software ENVI e recorte da imagem ao limite do

município de Rio Verde;

3. Importação da imagem já recortada ao limite do Município de Rio Verde para o software

SPRING. O limite do município foi obtido na base de dados do Sistema Geográficas do

Estado de Goiás;

4. Como a interpretação para classificação da imagem considera a interpretação de fatores

como cor, textura, forma e relevo, é necessário adotar-se uma composição de bandas

com falsa-cor. Adota-se, então, a composição nas bandas 5R, 4G e 3B que apresenta

forte semelhança com as cores da natureza e é freqüentemente utilizada por facilitar a

interpretação da cobertura e uso do solo;

Page 53: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

52

5. Realização da segmentação por meio do crescimento de regiões onde a imagem é

dividida em regiões espectralmente homogêneas. O segmentador calcula a média, a

variância e a textura, sendo que a agregação das regiões é feita por critérios de

similiaridade e de área que foram, para ambos, adotados o valor de 10;

6. Definição das classes de uso após análise dos parâmetros espaciais e espectrais das

imagens, conforme 4o etapa e obtenção de amostras de treinamento. A definição da

nomenclatura/classes adotada para mapas de uso do solo deve ser compatível com a

escala, tamanho da área, adequada ao mapeamento da diversidade do território. Deve,

portanto, ser clara, precisa para os usuários. No entanto nem sempre é possível durante

uma classificação para mapeamento de uso do solo, abranger toda a complexidade do

alvo de estudo. Segundo Diniz (1984) as classificações só podem ser julgadas “na

esfera do adequado – inadequado; significante – não-significante, e jamais na do certo e

errado”. Conforme IBGE (2006 p.35): “Classificar é agrupar objetos, elementos e eventos

em conjuntos levando-se em conta suas propriedades consoante um método ou sistema

de avaliação”. Foram, então, identificadas áreas de uso antrópico (agricultura,

pastagens, solo exposto, áreas urbanas e solo em preparo que se trata de área destina

a agricultura), de remanescentes (Cerrado Denso, Cerrado Ralo,) e áreas de corpos

d’água, sendo adotada para a chave de interpretação as características apresentadas na

Tabela 8.

Tabela 8 - Chave de interpretação adotada para a classificação da imagem

CLASSES DE USO TEXTURA TONALIDADE PORTE ASPECTOS

ASSOCIADOS

Mata Ciliar Homogêneo Verde escuro Alto Fundos de Vale; cursos d'água

Cerrado Denso Homogêneo Verde médio Médio/Alto Formas irregulares Cerrado Ralo Grossa Verde claro Baixo Árvores isoladas

Solo em Preparo Fina Rosa, verde claro rasteiro Talhões de cultivo

Agricultura Fina;

aveludada e granular.

Rosa; verde claro. Rasteiro Formas geométricas; carreadores/pivôs.

Pastagens Fina/homogênea/aveludada

Clara com algumas variações Baixo

Formas geométricas, trilhas/arvores

isoladas.

Sitio Urbano Grossa Cinza claro e médio -

Formas geométricas/arruament

os Solo Exposto grossa vermelho - Formas irregulares

Corpos d’ água Lisa Cinza escuro a negro - Áreas rebaixadas e

fundos de vale

7. Extração das regiões através da extração de informações de média, variáveis na região

de cada banda;

Page 54: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

53

8. Classificação da imagem segmentada através do classificador ISOEG onde é definido o

limiar de aceitação e as classes são ordenadas e agrupadas;

9. Transformação da imagem gerada em modo matricial em um mapa vetorial;

10. Verificação e edição das áreas mapeadas com a imagem. Neste processo foram

observadas inicialmente as classificações das áreas antrópicas: áreas de cultura

agrícola irrigada, culturas agrícolas e áreas urbanas foram re-classificadas e redefinidas,

quando necessária a correção, utilizando-se da função da delimitação de polígonos.

Para a edição das classes de remanescentes contou-se com auxílio do mapa de uso do

solo e de fitofisionomias do Estado de Goiás, elaborado pela IMAGEM/WWF (2004);

11. Atribuição de cores as classes identificadas conforme metodologia sugerida pelo Manual

Técnico de Uso da Terra do IBGE (2006);

12. Cálculos de área de cada uso mapeado e sumarização dos resultados da classificação

em forma de tabelas, tratadas no software Excel;

Na definição e classificação das classes de uso e remanescentes foram necessários

alguns ajustes e agrupamentos, em virtude, especialmente, do tamanho da área e escala.

Assim, foram agrupadas:

• Áreas de agricultura temporária e permanente, assim como as áreas de culturas

irrigadas (pivôs) e áreas destinadas à agricultura na Classe de Agricultura;

• A fisionomia associada aos córregos e rios da bacia foram todas classificadas como

Mata Ciliar. Em função da escala e métodos, não foi possível a definição entre Mata

Ciliar e Mata de Galeria que segundo a classificação de Ribeiro e Walter (1998) baseia-

se fundamentalmente em critérios florísticos;

• Serão necessários trabalhos de campo para validação, especialmente dos

remanescentes.

Descrição

O mapa de uso do solo atual e de remanescentes do município de Rio Verde (Figura

9), obtido através de análise de imagens de satélite LANDSAT TM5 conforme metodologia

exposta, indica que dentre as atividades antrópicas aplicadas à área a atividade de

agricultura é a predominante, correspondendo a 66,88% da área.

Page 55: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

54

Figura 9 – Mapa de Uso do Solo em 2008 do Município de Rio Verde - GO

Page 56: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

55

Esta se encontra distribuída por todo o município, o que confirma a vocação agrícola

do mesmo. Ressalta-se que essa atividade utiliza uma grande quantidade de insumos

químicos e maquinários para a elevação da produtividade, além de irrigação, o que pode

conduzir ao desenvolvimento de inúmeros impactos ambientais.

As atividades de pastagens concentram-se na porção sul do município e

correspondem a 8,75 de sua área.

Os outros usos antrópicos mapeados correspondem a 0,86% da área e são

representados pelas áreas urbanas dos municípios e por áreas de solo exposto (áreas

degradadas pelas atividades agrícolas que se encontram, na data da imagem,

abandonadas).

Os remanescentes da vegetação nativa mapeados nesta pesquisa encontram-se

pulverizados e fragmentados pelo processo de antropização do município. Estão restritos a

fragmentos de Cerrado, raramente grandes, a áreas de reserva legal, ou áreas onde não é

possível atividades agropecuárias. Encontram-se, portanto, “ilhados” pelo uso predominante

de agricultura. Segundo a classificação de Ribeiro e Walter (1998) esses remanescentes

foram identificados como Mata Ciliar, Cerrado Denso, Cerrado Ralo.

A predominância é de fitofisionomias de Mata ciliar que corresponde a 14% da área

do município. Essa classe é identificada ao longo dos cursos d`água e apresenta-se

altamente fragmentada devido ao processo de desmatamento. Alguns cursos d’ água

chegam a não apresentar essa vegetação ou a apresentam de forma descontínua. Ribeiro e

Walter (1998) alertam para ocorrência de transição, nem sempre evidente, entre essa

fitofisionomia e as formações florestais, por isso acredita-se que as áreas de Mata Ciliar

mapeadas possam estar superestimadas.

A classe de Cerrado Denso corresponde a 5,3% da área e encontra-se dispersa na

área do município. As áreas de Cerrado Ralo correspondem a 4,17% e também se

apresentam de forma dispersa.

Foi ainda identificada na área a classe de corpos d’ água (classe água) que

corresponde a 0,04% da área total do município.

Os remanescentes de vegetação natural do município correspondem a

1.966.274.098 km2, ou seja, 23,48% de toda a área, na escala adotada, quando somadas

todas as áreas das fisionomias mapeadas, mas estes encontram fragmentados pelas

atividades antrópicas.

Page 57: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

56

A tabela 9 indica a participação de cada classe em relação à área total do município

e para com a área total dos remanescentes.

Tabela 9 - Quantificação do uso do Município de Rio Verde

Classes de usos Área (km2) % em relação à área

total dos remanescentes

% em relação a área total do município

Cerrado Ralo 350.054.570 17,8 4,17 Cerrado Denso 444.797.451 22,6 5,3

Mata Ciliar 1.171.422.077 59,6 14 área total dos

Remanescentes 1.966.274.098 100% 23,48

Usos antrópicos - % em relação à área

total com usos antrópicos

-

Solo exposto 33.479.321 0,52 0,45 Pastagem 732.292.110 11,43 8,75 Agricultura 5.606.768.038 87,51 66,88

Área urbana 34.571.797 0,54 0,41 área total dos usos 6.407.111.266 100 76,49

Água (*) 3.525.164 100 0,04 Área total do municipio

(remanescentes + usos+ classe água)

8.376.910.528 100

(*) canais de drenagem, lagos, represas.

Analisando-se a Tabela 9 constata-se quanto aos usos antrópicos, o uso agrícola e a

pastagem juntos respondem por pouco mais de 75% da área total do município e que a

cobertura vegetal natural não chega a 24% da área total do município e que os usos

antrópicos ultrapassam ligeiramente os 76%, o que caracteriza o município como fortemente

antropizado. Percebe-se também que as matas ciliares dominam largamente as tipologias

das coberturas vegetais naturais, embora estas cubram aproximadamente 14% da área total

do município. As matas ciliares são seguidas pelo Cerrado Denso que não alcança 23 % do

total de remanescentes e cobrem aproximadamente 5% da área do município.

Em outras palavras, quando se observa os dados da Tabela 9 e o mapa apresentado

na Figura 9 pode-se afirmar que se trata de um município fortemente antropizado, onde

dominam as atividades agrícolas. Observa-se ainda, quanto à cobertura vegetal que as

matas ciliares (Áreas de Preservação Permanente - APP, protegidas por lei), além de

responderem pelo domínio em área de cobertura natural, não são contínuas, o que não se

observa para os demais tipos de vegetações naturais, cujo aspecto é de remanescentes

fragmentários na forma de manchas em formas tendendo à circular, aí se incluindo,

certamente, as reservas legais e outros tipos de áreas de preservação permanente, além de

Page 58: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

57

eventuais unidades de conservação (UC) e reservas legais (RL), ambas não analisadas

neste tópico.

Deve-se ressaltar, no entanto, que é necessário ainda trabalho de campo para

validação do presente mapa (Figura 9) e consequentemente da Tabela 9. Igualmente, é

necessário também um melhor detalhamento das classes de usos do solo, o que será

possível com o uso da imagem ALOS (em aquisição pelo presente projeto), além de um

detalhamento das APP, RL e UC.

Evolução do Uso do Solo no Município

Santos (2006) elaborou mapa de uso do solo para o município de Rio Verde para os

anos de 1975 e 2005. O mapa e os dados gerados para o ano de 2005 foram obtidos pela

autora através de classificação realizada no software ENVI de imagem CBERS do mês de

julho/agosto.Embora as imagens utilizadas e a metodologia adotada por esta autora foram

diferentes da metodologia adotada na elaboração do mapa de 2008 aqui apresentado, o que

fica claro em primeira instância é que as classes de uso são diferenciadas e através delas é

possível fazer uma análise geral da evolução do uso do solo e do processo de fragmentação

da vegetação natural do município.

Adotando-se a classificação proposta pelo Manual Técnico de Uso da Terra do

IBGE (2006) que trabalha com base em sistema de multinível, que realiza a divisão

sucessiva em três níveis de abstração, é possível realizar o agrupamento das classes

identificadas para os anos de 1975, 2005 e 2008 nas categorias do 1º nível de classificação,

como: Água (corpos d`água); Áreas de vegetação natural (classes de cerrado denso,

cerrado aberto, cerrado ralo, mata ciliar e mata de galeria); Áreas antrópicas não

agrícolas (áreas urbanizadas), e Áreas antrópicas agrícolas (Inclui todas as terras

cultivadas, caracterizadas pelo delineamento de áreas cultivadas ou em descanso,

encontram-se inseridas nesta categoria as lavouras temporárias e lavouras permanentes).

Deve-se ressaltaar que conforme essa metodologia, esse agrupamento foi adotado apenas

para comparação da evolução dos usos do solo deste município. A Figura 10 e Tabela 10

evidenciam a evolução do uso do solo no município de Rio Verde.

Page 59: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

58

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Área (%)

1975 2005 2008

Anos

Evolução do Uso da Terra entre 1975 e 2008

Áreas de vegetação natural

Áreas antrópicas agrícolas

Áreas antrópicas nãoagrícolas

Água

Figura 10 - Gráfico de evolução do uso do solo entre os anos de 1975 e 2008.

Fonte: Santos, 2006; Faria, 2008.

Tabela 10 - Evolução do Uso do Solo do Município de Rio Verde (1975 a 2008).

Área (%) Categorias 1975 2005 2008

Áreas de vegetação natural 78,719 19,038 23,48 Áreas antrópicas agrícolas 21,241 79,908 76,08 Áreas antrópicas não agrícolas 0,04 1,054 0,40 Água 0 0 0,04 Total 100 100 100

Fonte: Santos, 2006; Faria, 2008.

Analisando a Figura 10 e a Tabela 10 se pode constatar que após 1975 ocorreu uma

notável conversão de áreas de vegetação natural em áreas antrópicas agrícolas (agricultura

e pastagens), as quais foram mantidas nos anos de 2005 e 2008. Trata-se praticamente de

uma inversão de percentuais nessas duas categorias.

Deve-se ressaltar que nesse período do final dos anos 70 a substituição das áreas

naturais por áreas antrópicas relaciona-se aos grandes investimentos para incorporação das

áreas de cerrado ao sistema produtivo e através da modernização da agricultra. Assim, a

ocupação e desenvolvimento agrícola da região sudoeste do Estado de Goiás beneficiaram-

se de Políticas integrantes do II Plano Nacional de Desenvolvimento, através do

POLOCENTRO. Ressalta-se que o município de Rio Verde, por possuir infra-estrutura

mínima foi selecionado como uma das 12 áreas para receber os incentivos diretos desse

Programa.

Page 60: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

59

As análises da Figura 10 e da Tabela 10 ainda indicam um fato notável, que entre os

anos de 2005 e 2008 houve um acréscimo de 4,44 %, no ano de 2008, para a categoria de

vegetação natural, mas acredita-se que esse acréscimo tenha ocorrido em função das

diferentes metodologias adotadas para a elaboração dos mapas e também das imagens

utilizadas. Por outro lado, quando a cobertura era nativa a mata ciliar se confundia com a

cobertura de seu entorno, podendo ter sido classificada como outro tipo.

Dados Censitários

Analisando os dados censitários, obtidos do site do IBGE, relativos à pecuária

(efetivo de rebanho), lavouras temporárias e lavouras permanentes (área plantada de

ambas), para o período de 1991 a 2006, tem-se a confirmação do que revelou o mapa de

uso do solo para 2008. Neste a atividade antrópica predominante é a agricultura, com

aproximadamente 67% da área distribuída por todo o município de Rio Verde, seguida pela

pastagem, que corresponde a pouco mais de 8% da área do município.

Na agricultura, as principais produções do município são de soja, milho e sorgo

granífero (todas lavoura temporária), com maior destaque para a cultura da soja que

aumentou mais 150% de 1991 a 2006, conforme Figura 11.

Dados Econômicos - Lavoura Temporária - Área Plantada - Rio Verde (GO)

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

1991 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Milho

Soja

Sorgo Granífero

Figura 11 – Área Plantada das Lavoura temporária, no Município de Rio Verde - GO.

Fonte: IBGE, 2008

(Ton)

Page 61: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

60

Em relação às Lavouras Permanentes, a laranja manteve-se com uma produção

constante no período de 1991 a 2006 (Figura 12), porém a produção de café, que em 1991

era a mais representativa (produção de mais de 800 toneladas) praticamente desaparece no

período de 2000 a 2002, retornando em 2003 e mantendo-se como a segunda maior

produção até 2006.

Dados Econômicos - Lavoura Permanente - Área Plantada - Rio Verde (GO)

0100200

300400500600700

800900

1000

1991 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Banana

Borracha

Café

Laranja

Palmito

Figura 12 – Área Plantada das Lavouras Permanentes, no Município de Rio Verde - GO. Fonte: IBGE, 2008

Nas informações de Pecuária, efetivo de rebanho (cabeça), pode - se observar

através do gráfico apresentado na Figura 13, que o rebanho Bovino sofreu uma queda de

mais de 50% na produção, de 595.500 em 1991 caiu para 320.000 em 2006. Neste mesmo

período houve um crescimento substancial na produção de Galináceos, que de 200.000

cabeças em 1991 passou para 11.000.000 em 2006. Estes dados, unidos aos da agricultura

do município, sugerem a substituição de áreas de pastagem para áreas agrícolas.

Borracha, Café, Palmito (Ton.) ; Banana : Mil Cachos ; Laranja : Mil Frutos

Page 62: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

61

Dados Econômicos - Pecuária - Efetivo de Rebanhos (cabeça )- Rio Verde (GO)

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

1991 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bovino

Galinha

Galo

Figura 13 - Efetivo de rebanhos (Bovino e Galináceos) em Rio Verde. Fonte: IBGE, 2008.

Quanto à vegetação nativa, nos anos de 1975,1989 e 2005, Barreto & Ribeiro (2006)

constataram que o desmatamento era prática corriqueira nos anos estudados, e que esse

era um problema ambiental em Rio Verde, acarretando em perda substancial do Cerrado

Denso, Mata Ciliar, Cerrado Aberto, enquanto cresciam as áreas de pastagens e agricultura.

A área com maior redução nesses 16 anos foi a de a mata ciliar com 598,09 Km². Segundo

os dados do IBGE, de 1991 a 2006, a extração vegetal caiu substancialmente, chegando a

valor de quase 0.

Em síntese o município concentrou-se em soja, laranja, café, galináceos e gado

bovino nos últimos anos.

Page 63: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

62

TEMA 5 – CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA Introdução

As variações climáticas no tempo e no espaço têm exercido papel fundamental no

entendimento do agravamento dos problemas ambientais. Sendo um fenômeno

praticamente incontrolável, convém avaliar os riscos no desenvolvimento de qualquer

atividade humana de modo a não causar danos ao clima, sobretudo da área a ser

explorada. Assim, a caracterização dos principais elementos climáticos de uma região pode

ser decisiva na melhoria da qualidade ambiental, uma vez que a interação entre homem e

meio ambiente passa a ser feita de modo racional.

Metodologia

Os elementos climáticos apresentados, a saber: a precipitação, temperatura máxima

e mínima do ar, evaporação de água para a atmosfera, umidade relativa do ar e insolação

(Tabela 11), foram obtidos através do processamento dos dados publicados pela

FUNMINERAL (Fundo de Fomento a Mineração do Estado de Goiás) (SILVA et al., 2006).

Os dados foram organizados no Microsoft Office Excel 2003 da Microsoft Corporation,

tornando possível a elaboração dos gráficos.

Ainda no Excel, foi possível, a partir dos dados de chuva, calcular os valores de

erosividade da chuva para cada localidade selecionada. O cálculo dos valores de

erosividade da chuva foram feitos utilizando-se da equação de EI30 = 111,6 * (p2 / P)0,714

Tommaselli et al (1997), validada em trabalhos posteriores para outras localidades que

tinham comportamento pluviométrico semelhante, como é o caso do município de Rio Verde

(BOIN, 2000; SANTANA, 2007, dentre outros), onde:

EI = média mensal do índice de erosão (MJ.mm.h-1.ha-1)2 p = precipitação média mensal em milímetro P = precipitação média anual em milímetro.

Os mapas de chuva e erosividade da chuva foram gerados utilizando-se de uma

ferramenta do SGI (Sistema de Informações Geográficas), SPRING (Sistema de

Processamento de Informações Georeferenciadas) versão 4.3.1. Para a espacialização

utilizou-se dos seguintes procedimentos técnicos: digitação de arquivos de pontos (em

formato ASCII), organizados em três colunas, com latitude, longitude e valores a serem

espacializados; transformação das coordenadas geográficas em coordenadas de projeção

2 Megajoule/ milímetro/hora/hectare

Page 64: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

63

Tabela 11 - Dados Meteorológicos e Médias Mensais, para o Município de Rio Verde - GO

N° Município Latitude Longitude Período Código Meses 17°47’52” 50°55’40” 61/90 83470 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual

Valores médios mensais de temperatura máxima do ar para o município de Rio Verde.

29,1 29,7 29,7 29,0 28,3 27,7 27,8 30,6 30,6 30,5 29,3 28,7 29,3

Valores médios mensais de temperatura mínima do ar para o município de Rio Verde.

19,3 19,2 19,2 17,8 16,4 14,8 14,1 15,8 16,9 18,5 19,0 19,2 17,5

Valores médios mensais de temperatura média do ar para o município de Rio Verde. 24,2 24,45 24,45 23,4 22,35 21,25 20,95 23,2 23,75 24,5 24,15 23,95 23,4

Valores médios mensais de evaporação para o município de Rio Verde. 76,6 78,9 77,2 94,1 106,6 130,0 165,4 198,2 181,1 145,7 93,7 82,8 119,2

Valores médios mensais de umidade relativa do ar para o município de Rio Verde.

81 78 81 76 71 64 57 52 61 68 75 81 70,4

Valores médios mensais de déficit e/ou excedente hídrico para o município de Rio Verde.

89 59 87 0 -4 -23 -37 -64 -47 -14 0 95 11,8

008 Rio Verde

Valores médios mensais de insolação para o município de Rio Verde. 159,7 172,0 180,3 211,7 236,9 260,4 282,0 244,2 172,0 189,2 156,9 149,4 2414,7

Organizados por Santana (2008). Fonte: Silva et al. (2006)

63

Page 65: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

64

cartográfica policônica; leitura do arquivo de pontos; organização das amostras; e geração

de uma grade regular (grade retangular, regularmente espaçada de pontos, em que o valor

de Z de cada ponto é estimado a partir da interpolação de um número de vizinhos mais

próximos).

Para a elaboração dos mapas de chuva e erosividade foram utilizados os dados das

estações meteorológicas distribuídas no mapa abaixo. E para a elaboração dos gráficos de

chuva e erosividade, além dos outros dados climáticos foram utilizados os dados da estação

do município de Rio Verde, estação número 08 no mapa (Figura 14).

Figura 14 - Estações meteorológicas da área de pesquisa ou próxima à ela.

Descrição Características Climáticas do Município

A região Centro-Oeste sofre influência direta da dinâmica atmosférica que afeta a

América do Sul. Segundo Nimer (1979) essa dinâmica determina o clima da região, onde

predomina um padrão climático do tipo Aw (clima tropical chuvoso de savana) e

localizadamente Cw (clima temperado chuvoso e quente, com chuvas de Verão). Esse

padrão climático é caracterizado por um período chuvoso e outro de estiagem, normalmente

com variações espaciais pouco significativas quanto à temperatura, precipitação, umidade

Page 66: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

65

relativa, insolação, direção dos ventos, dentre os demais elementos climáticos (PRODIAT,

1982), principalmente quando a área considerada é pequena.

Temperaturas, umidade, evaporação, déficit e/ou excedente hídrico e insolação

Situado no sul do estado de Goiás, o município de Rio Verde sofre influência direta

da dinâmica atmosférica que afeta a região Centro-Oeste do Brasil. O clima é tropical

subúmido típico, quente, com temperaturas médias variando entre 20 ºC e 25ºC e

apresentando também duas estações bem definidas – Verão chuvoso e inverno seco. Essa

realidade pode ser observada no climograma abaixo (Figura 15), onde pode ser constatado

seis meses chuvosos no período Primavera-Verão e seis meses secos, ou com precipitação

abaixo de 100 mm, período outono-inverno.

Climograma

0

50

100

150

200

250

300

350

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

(mm

)

19

20

21

22

23

24

25

(ºC

)

Precipitação média mensal

temperatura média mensal

Figura 15 - Climograma: temperatura e precipitação (média mensal) de Rio Verde.

Ao analisar os valores de temperaturas máxima e mínima do ar constata-se que o

período seco (considerado o inverno) é a estação mais amena, com temperaturas baixas,

principalmente nos meses de junho e julho. Essa estação é influenciada predominante pelos

sistemas polares. Já o período chuvoso (Primavera-Verão), influenciado pelos sistemas

tropicais, é a época mais quente, fato também constatado por Nimer (1979). Nesse período

as temperaturas são constantemente elevadas, atingindo valores médios superiores a 30ºC,

principalmente na Primavera. Entretanto, essas altas temperaturas são amenizadas pela

nebulosidade e conseqüentes chuvas, que também são constantes nessa época do ano.

Page 67: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

66

Quanto às diferenças de temperaturas registradas, observa-se que a amplitude

térmica apresenta valores em torno de até 14 ºC. Na Figura 16 as menores temperaturas do

ar são registradas nos meses de junho e julho, sendo considerados os meses mais frios

para o município de Rio Verde e as maiores temperaturas são registradas nos meses de

agosto, setembro e outubro, podendo ser considerados os meses mais quentes para a

região.

0

5

10

15

20

25

30

35

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

(ºC

)

Temperatura máxima média

Temperatura mínima média

Figura 16 - Temperatura máxima e temperatura mínima do ar (média mensal) de Rio Verde.

Com base nas Figuras 17, 18, 19 e 20 é possível definir diretrizes para um melhor

aproveitamento dos recursos hídricos, principalmente, quanto a utilização da água para as

práticas agrícolas. A evaporação diz respeito à quantidade de água, em forma de vapor que

foi liberada na atmosfera, advinda dos reservatórios oceânicos, dos mares, rios, lagos, do

solo e mesmo das plantas. Essa quantidade de água que é liberada na atmosfera depende

da quantidade e intensidade de luz solar, ou seja, sua capacidade de aquecer a água a

ponto de evaporar. Entretanto, a evaporação é maior quando o ar está seco, assim, quanto

menor for a umidade, maior será a evaporação. Devem ser considerados os outros fatores

que interferem na evaporação. Em relação a umidade relativa do ar, quanto maior é a

quantidade de vapor de água na atmosfera, maior será a umidade. E ar úmido representa

excedente hídrico na atmosfera. O contrário terá um déficit hídrico. Tudo isso vai interferir no

desenvolvimento da planta, e consequentemente, na produtividade da lavoura. Caso ocorra

um déficit hídrico, necessário se faz, a utilização de irrigação, aliás, a quantidade de água

necessária à planta pode ser calculada á partir dos valores de déficit hídrico e/ou excedente

hídrico.

Page 68: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

67

0

20

40

60

80

100

120140

160

180

200

(mm

)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Evaporação (média mensal)

Figura 17 - Evaporação média mensal para o município de Rio Verde.

0

50

100

150

200

250

300

(hor

as)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Insolação (média mensal)

Figura 18 - Insolação média mensal para o município de Rio Verde.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

(%)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Umidade relativa do ar (média mensal)

Figura 19 - Umidade relativa do ar média mensal para o município de Rio Verde.

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

(mm

)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Déficit e/ou excedente hídrico (média mensal)

Figura 20 - Déficit e/ou excedente hídrico (média mensal) para o município de Rio Verde

Os maiores valores de evaporação da água são encontrados nos meses de

julho, agosto e setembro, sendo que o mês de agosto apresenta valores próximos a

200 mm média mensal. Considera-se que esses são os meses mais secos do ano,

onde os valores precipitados podem ser inferiores a 10 mm em média, e com as

maiores temperaturas, o que caracteriza a situação. Nesses meses têm-se também os

maiores valores de insolação. Entretanto, se a insolação representa a quantidade de

incidência de luz solar em horas dias num determinado lugar, e sabendo-se que os

dias são maiores no Verão, no gráfico (Figura 16) observa-se o contrário em relação a

insolação. Isso ocorre devido à existência de uma alta nebulosidade no período

chuvoso. Assim, a insolação apresenta-se com valores mais baixos. Entretanto, no

período “seco”, quando a nebulosidade é quase nula, a insolação mostra-se com

índices bem elevados, atingindo valores acima de 150 horas ao mês, como pode ser

observado no mês de julho (Figuras 15, 17 e 18).

Segundo Silva et. al (2006) a umidade atmosférica é fator determinante para as

atividades, afetando o desenvolvimento de plantas, pragas e doenças e o conforto

térmico animal e humano. Com relação aos vegetais, altas concentrações de vapor

favorecem a absorção direta de umidade pelas plantas e o aumento da taxa de

Page 69: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

68

fotossíntese. Os autores encontraram valores médios mensais de umidade relativa do

ar para o Estado de Goiás situado entre 50% a 82%. O município de Rio Verde não

difere dessa dinâmica, sendo que valores aproximados a estes são encontrados. A

maioria dos meses apresenta valores de umidade médio acima de 60%, podendo

chegar, como é o caso do mês de dezembro e janeiro, a aproximadamente 80%

(Figura 19).

Quanto ao excedente e/ou déficit hídrico, os meses de dezembro a março

apresentam excedente hídrico, principalmente, dezembro, janeiro e março. Nesses

meses (meio ao final do período chuvoso) têm-se grandes volumes pluviométricos e

grande acúmulo de água nos reservatório, no solo e consequentemente no ar

atmosférico. Nos meses de outubro e novembro, principalmente novembro, os

volumes pluviométricos são bastante significativos e apresentam déficit hídrico. Isso se

dá, normalmente, pelo fato de que os meses que os antecedem serem

consideravelmente secos e as chuvas não serem contínuas, muitas delas intensas,

mas de curta duração e seguidas de períodos de estiagem, consideravelmente

quentes, o que não resultará na formação de excedente hídrico (Figuras 18 e 20).

Distribuição pluviométrica da precipitação mensal, sazonal e anual para o município de Rio Verde

A precipitação, sua quantidade e/ou distribuição, é um componente climático

fundamental na definição de áreas ou regiões potenciais ao desenvolvimento de

determinadas atividades humanas, podendo, quando não levada em consideração,

levar a danos ambientais que comprometem o potencial produtivo. Sendo um

processo aleatório, ou seja, no qual não é possível saber que evolução terá os valores

de precipitação pluvial ao longo do tempo e espaço, esta incerteza gera dificuldades

no planejamento das atividades agrícolas. Acredita-se que a utilização de séries

longas de dados possibilitará um melhor entendimento sobre a distribuição espacial da

precipitação pluvial de uma região.

Para a realização desse trabalho foram utilizados 08 pontos de coletas de

dados de precipitação pluvial (chuva) com uma série de dados aproximada ou superior

a 20 anos de informações. Para as demais informações climáticas utilizaram-se os

dados da Estação do município de Rio Verde (Tabela 12). Esses dados (temperatura,

umidade, insolação, dentre outros) não possuem uma variação tão significativa numa

área pequena como a que está sendo por ora considerada, assim, o estudo se torna

viável.

Page 70: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

69

Tabela 12 - Índices Pluviométricos, Médias Mensais, de Algumas Localidades Próximas e Dentro do Município de Rio Verde - GO.

Meses N° Município Latitude Longitude Período Código

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual

01 Aparecida do Rio Doce 18°17’56” 51°08’42” 78/96 1851004 283,3 188,9 226,4 120,0 41,9 23,0 9,0 22,7 72,8 131,3 200,2 255,8 1575,3

02 Caiapônia 16°57’25” 51°48’36” 78/01 1651000 283,3 251,5 191,6 113,6 26,7 8,5 6,5 17,6 71,8 107,1 210,7 260,6 1549,5

03 Jataí 17°52’51” 51°42’50” 86/02 1751002 259,1 205,4 221,6 103,8 53,8 16,6 5,7 25,1 75,8 126,6 183,7 233,8 1511,0

04 Maurilândia 17°58’15” 50°20’20” 78/02 1850003 315,6 160,5 227,4 78,6 38,4 7,5 2,6 20,7 41,9 137,7 214,4 314,8 1560,1

05 Montividiu 17°26’38” 51°10’30” 76/01 1751004 255,5 191,1 213,0 126,5 42,3 20,1 9,1 20,2 36,1 126,7 181,3 251,5 1473,4

06 Paraúna 16°56’52” 50°26’56” 79/02 1750013 255,4 180,8 215,6 110,7 38,4 22,3 4,3 13,4 45,4 134,4 181,4 256,4 1458,5

07 Quirinópolis 18°26’52” 50°27’07” 76/01 1850002 302,2 184,5 171,6 91,8 39,3 17,0 8,0 19,2 75,8 101,0 204,7 258,3 1473,4

08 Rio Verde 17°47’52” 50°55’40” 72/02 1750008 272,0 196,8 230,8 116,6 47,4 15,2 5,4 13,7 45,7 189,0 295,1 310,2 1737,9

Organizados por Santana (2008). Fonte: Silva et al. (2006)

69

Page 71: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

70

Assim como no Estado de Goiás (SILVA et al, 2006), o município de Rio verde

é caracterizado por um período chuvoso (outubro a abril) e outro seco (maio a

setembro). Anualmente, cerca de 95% das chuvas precipitam no período chuvoso que

vai de outubro a março, apresentando volumes médios de chuva acima de 150 mm,

sendo o mês de dezembro aquele que apresenta maior volume precipitado, acima de

300 mm em média. Os cinco meses mais secos do ano apresentam volume

pluviométrico abaixo de 50 mm e o mês mais seco é julho, com volume médio

aproximado de 5 mm. Sabe-se que os meses de junho, julho e agosto, na maioria dos

anos, não apresentam ocorrência de chuvas no estado. O mês de abril situa-se na

transição entre o período chuvoso e seco, assim, possui um volume pluviométrico

diferenciado do período seco de mais de 100 mm em média (Figura 21). Dessa forma,

mesmo que o município apresente um volume de precipitação pluvial significativo

(cerca de 1700 mm em média), essas chuvas se distribuem de forma irregular no

decorrer do ano, alternando períodos muito secos e períodos com grandes volumes de

precipitação.

0

50

100

150

200

250

300

350

(mm

)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (média mensal)

Figura 21 - Precipitação pluvial (média mensal) para o município de Rio Verde.

Ao observar a Figura 22, precipitação sazonal, essa situação fica ainda mais

evidente. Verificam-se na imagem que o outono e o inverno são bastante secos, juntos

não somam 200 mm de precipitação – e a Primavera-Verão chuvosa, com maior

volume sendo precipitado no início do período chuvoso, principalmente no mês de

dezembro, cerca de 300 mm em média (Figuras 21). Esse grande volume de chuva,

concentrado em alguns meses, contribui para o agravamento de questões ambientais

como o aparecimento de focos erosivos. Considera que no início desse período

chuvoso os solos agricultáveis encontram-se preparados para o plantio da safra, ou

seja, desprovidos de qualquer tipo de vegetação.

Page 72: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

71

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

800,00

(mm

)

VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA

Precipitação (média sazonal)

Figura 22 - Precipitação pluvial (média sazonal) para o município de Rio Verde.

Espacialmente, pode ser observado na Figura 23 que o comportamento da

precipitação se dá de forma diferenciada, caracterizada por um centro chuvoso e as

extremidades mais secas. Considera-se que a espacialização foi feita somente para a

precipitação média anual e que foram utilizados valores de estações fora do limite do

município, visto que, existe uma dificuldade muito grande de obtenção de dados

climáticos, não só para o município, mas para o país em geral.

Figura 23 - Distribuição da precipitação (média anual) para o município de Rio Verde.

Assim, a necessidade de verificar o comportamento espacial da precipitação,

onde predominam áreas mais chuvosas e outras mais secas, necessário se faz a

utilização de estações próximas para validar a informação. Pode ser constatado que

Page 73: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

72

espacialmente a precipitação no município concentra-se na direção centro-leste, onde

são encontrados os maiores volumes de precipitação média anual, variando de 1600 a

1737 mm, bem acima da média estadual em torno de 1500 mm. Ao sul e ao norte esse

volume médio precipitado tende a diminuir, principalmente ao norte, onde uma

pequena área apresenta valores abaixo de 1500 mm.

O fato de haver uma alta concentração de chuva no centro do município pode

ser explicado pelo relevo da região. As áreas de planaltos situadas ao norte do

município constituem uma certa barreira orográfica, e fazem com que haja valores

diferenciados de norte para o sul. Acredita-se que as chuvas advindas do sul são

barradas pelas áreas de planaltos ao norte do município acabam por precipitarem, a

maior parte, no centro do município. Mesmo que apresente um epicentro de chuva no

centro do município, os valores encontrados ao sul são mais elevados que aqueles do

norte do município, assim como no norte do Estado (SILVA, et al., 2006).

Mesmo assim, o volume precipitado em todo o município é bastante

significativo e deve ser levado em consideração no planejamento das atividades, pois

esse volume de precipitação pode resultar em complicações ambientais.

Distribuição da erosividade média mensal, sazonal e anual para o município de Rio Verde

Os valores médios de erosividade da chuva, bem como sua distribuição, estão

fortemente relacionados aos da precipitação. Comportamento este esperado para o

método adotado, visto que, o cálculo foi feito com base nas médias anuais e mensais.

Assim, todas as explicações ou interpretações relativas à distribuição dos totais de

chuva, tanto anual, como sazonal e mensal, são também válidas para a erosividade

das chuvas, onde sua distribuição espacial também não se diferencia.

A erosividade mensal (Figura 24) apresenta valores que variam de menos de

200 a até aproximadamente 2000 MJ.mm.h-1.ha-1. O mês de dezembro é aquele que

apresenta maior erosividade e os meses de junho, julho e agosto, apresentas valores

próximos de zero, podendo ser desconsiderados quanto ao seu poder erosivo.

Observa-se uma maior concentração da erosividade na Primavera, cerca de 5000

MJ.mm.h-1.ha-1, que junto com o período de Verão, segundo maior valor de

erosividade, somam mais de 8000 MJ.mm.h-1.ha-1 (Figura 25), caracterizando o

período Primavera-Verão como aquele de maior potencial erosivo, principalmente

naquelas áreas mais susceptíveis, sejam por características intrínsecas do terreno ou

pela interferência humana. É importante lembrar que o período da Primavera é aquele

em que se inicia o período chuvoso e também o início da preparação do solo e o

Page 74: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

73

plantio das safras, ou seja, o solo está completamente sem vegetação, totalmente

vulnerável a ação da chuva. O outono e inverno apresentam valores abaixo de 500

MJ.mm.h-1.ha-1, ou seja, possuem pouca representatividade em relação ao potencial

erosivo da chuva.

0

200

400600

800

1000

1200

14001600

1800

2000

(MJ.

mm

.h-h

-1.h

a-1)

1

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Erosividade (média mensal)

Figura 24 - Erosividade (média anual) para o município de Rio Verde.

0500

100015002000250030003500400045005000

(MJ.

mm

.h-1

.ha-

1) 1

VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA

Erosividade (média sazonal)

Figura 25 - Erosividade (média sazonal) para o município de Rio Verde.

Espacialmente (Figura 26), o centro-leste do município de Rio verde é a área

de maior erosividade com valores médios anuais circulando acima de 9000 MJ.mm.h-

1.ha-1. Esses valores diminuem tanto em relação ao norte, quanto ao sul do município.

Entretanto, os valores de erosividade são altos em toda a área do município, sendo

superiores a 8000 MJ.mm.h-1.ha-1. O epicentro de erosividade no interior do município

se dá pelos altos valores de precipitação apresentados na estação de Rio Verde, bem

superior aos valores encontrados nas demais estações (Tabela 13). Ao norte do

município encontram-se os menores valores médios anuais de precipitação, mas isso

Page 75: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

74

não é verificado no mapa de erosividade, sendo os menores valores iguais tanto para

o norte quanto para o sul.

Figura 26 - Erosividade (média anual) para o município de Rio Verde.

Em síntesse, o município de Rio Verde apresenta um clima tropical, com duas

estações bem definidas, uma chuvosa e quente (outubro a março) e outra seca e com

temperaturas mais amenas (abril a setembro), concorrendo para uma variação anual

dos elementos climáticos. Espacialmente a precipitação também apresenta variação,

sendo crescente de sul para o norte, com um epicentro no centro do município. Os

menores valores de precipitação são verificados no norte do município. No mapa da

precipitação média anual pode ser observado esse comportamento. Observa-se ainda

que o índice pluviométrico chega a mais de 1700 mm com cerca de 95% das chuvas

ocorrendo no período de outubro a abril.

Quanto à erosividade, por ser calculada a partir dos valores de chuva,

apresenta valores semelhantes quanto a sua distribuição mensal, sazonal e anual. Os

meses de maior erosividade concentram-se no período Primavera-Verão, sendo o mês

de dezembro aquele que apresenta maior erosividade, acima de 300 MJ.mm.h-1.ha-1. A

erosividade é considerada alta para toda a área pois os valores variam entre 8270 a

9200 MJ.mm.h-1.ha-1.

Page 76: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

75

Tabela 13 - Erosividade, médias mensais, de algumas localidades próximas e dentro do município de Rio Verde.

Organizados por Santana (2008). Fonte: Silva et al. (2006)

Meses Município Latitude Longitude Período Código Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Anual

Aparecida do Rio Doce 18°17’56” 51°08’42” 78/96 1851004 1847,4 1035,6 1341,3 541,8 120,6 51,2 13,4 50,3 265,4 616,1 1125,2 1596,7 8604,9

Caiapônia 16°57’25” 51°48’36” 78/01 1651000 1869,3 1577,0 1069,4 506,9 64,1 12,5 8,5 35,4 263,3 466,0 1224,8 1659,1 8756,3

Jataí 17°52’51” 51°42’50” 86/02 1751002 1675,3 1202,4 1340,1 453,7 177,5 33,1 7,2 59,8 289,6 602,5 1025,2 1446,7 8313,2

Maurilândia 17°58’15” 50°20’20” 78/02 1850003 2170,3 826,4 1359,1 298,1 107,2 10,4 2,3 44,4 121,4 664,0 1249,5 2162,5 9015,5

Montividiu 17°26’38” 51°10’30” 76/01 1751004 1672,0 1104,4 1289,5 612,7 128,2 44,3 14,3 44,6 102,2 614,1 1024,4 1634,8 8285,5

Paraúna 16°56’52” 50°26’56” 79/02 1750013 1683,2 1027,8 1321,6 510,1 112,5 51,8 4,9 25,0 142,9 673,0 1032,7 1692,7 8278,1

Quirinópolis 18°26’52” 50°27’07” 76/01 1850002 2124,9 1050,3 947,1 387,6 115,4 34,9 11,9 41,5 294,9 444,3 1218,3 1698,2 8369,3

Rio Verde 17°47’52” 50°55’40” 72/02 1750008 1625,0 1023,7 1285,2 484,8 134,1 26,4 6,0 22,8 127,2 966,2 1825,6 1960,4 9487,4

75

Page 77: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

76

TEMA 4 – REMANESCENTES DA COBERTURA VEGETAL NATIVA Introdução

A Ecologia de Paisagens é uma área de conhecimento da ecologia, marcada

pela existência de duas principais abordagens: (1) uma geográfica, que privilegia o

estudo da influência do homem sobre a paisagem e a gestão do território; e outra (2)

ecológica, que enfatiza a importância do contexto espacial sobre os processos

ecológicos, e a importância destas relações em termos de conservação biológica

(Metzger, 2001).

Para trabalhar nessa específica área do conhecimento foi desenvolvido o

software estatístico FRAGSTATS™ 3.3 (Mcgarigal & Marks, 1995), que calcula um

conjunto de mais de 50 métricas de Ecologia de Paisagens (Volotão, 1998), as quais

são usadas tanto na abordagem geográfica como na ecológica. Nesse sentido, as

métricas geradas pelo FRAGSTATS são muito importantes para avaliações de como

se encontra o estado de fragmentação do Cerrado, o qual vem sendo ocupado pela

agricultura e pecuária.

A paisagem do Cerrado em Goiás apresenta muitos fragmentos pequenos

isolados por extensas áreas de pastagem e/ou monoculturas. Cerca de 90% desses

fragmentos, que foram amostrados em Campos Belos, Jaciara, Brasília, Goianésia,

Goiânia e Morrinhos, são menores ou iguais a 1ha demonstrando que as atividades de

expansão econômica em Goiás vêm crescendo de forma descontrolada. Pesquisas

confirmam que fragmentos dessa dimensão dificilmente suportam populações de

animais de grande porte. Atualmente, restam poucos fragmentos com dimensões

equivalentes aos tamanhos das Unidades de Conservação conhecidas em Goiás

(Cunha et al., 2007).

Desta forma, este trabalho teve o objetivo de avaliar o estado da fragmentação

dos remanescentes de Cerrado no município de Rio Verde utilizando as métricas de

Ecologia da Paisagem calculadas no FRAGSTATS™ 3.3. As métricas foram usadas

na avaliação da complexidade espacial e ecológica de fragmentos de Cerrado,

visando estabelecer os graus de sustentabilidade dos fragmentos e identificação de

quais deles são sustentáveis após medidas rápidas de recuperação e manejo, até

aqueles com sustentabilidade moderadas em termos de recuperação.

Page 78: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

77

Metodologia

As etapas relacionadas na análise da complexidade espacial e

ecológica de fragmentos de Cerrado foram baseadas na elaboração de mapas

temáticos relacionados à dinâmica do Uso do solo no período de 2005 e 2008 no

município de Rio Verde, as quais estão resumidamente descritas no modelo

operacional apresentado na Figura 27.

Figura 27 - Descrição das etapas para a elaboração e análise dos mapas

temáticos, visando à caracterização e análise ambiental da paisagem.

A descrição de cada etapa do modelo operacional apresentado na Figura 27

está dividida em 5 fases, sendo:

1º-Fase: Aquisição das imagens CBERS CCD e LANDSAT TM 5 pelo sítio do

INPE (www.inpe.br). A partir da união das cenas (órbita/ponto, 161/119,

161/120, 160/119, 160/120, 159/120 para CBERS CCD e 223/072, 223/073 e

222/072 para LANDSAT TM 5), imageadas respectivamente em agosto de

2005 e em julho de 2008, foi montado o mosaico que cobre todo o limite

municipal de Rio Verde – GO para depois a imagem ser recortada no limite do

município, em formato TIFF/GEOTIFF com o uso do SPRING 5.0.2.® (Câmara

et al., 1996). O limite municipal foi obtido em forma de shape file baixado no

sítio do SIEG (www.sieg.go.gov.br).

2º-Fase: A imagem recortada foi segmentada no SPRING 5.0.2.® (Câmara et

al., 1996), e depois classificada com o uso do algoritmo de Distância Mínima e

Page 79: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

78

Crescimento de Regiões respectivamente para os mapas de 2005 e 2008. A

classificação resultou nos mapas de Uso do solo dos anos de 2005 e 2008.

3º-Fase: Exportação dos mapas de Uso do solo (2005 e 2008) para o formato

ASCII usando o SPRING 5.0.2.®.

4º-Fase: Importação dessas informações para o programa FRAGSTATS™ 3.3,

no qual foram selecionadas as métricas desejadas de Ecologia da Paisagem,

as quais são apresentadas no Figura 35. Com base nas métricas de Ecologia

da Paisagem foram elaboradas tabelas e gráficos de correlação entre as

classes dos mapas.

5º-Fase: Análise e interpretação das informações adquiridas visando

estabelecer os graus de sustentabilidade dos fragmentos e identificação de

quais deles são sustentáveis após medidas rápidas de recuperação e manejo,

até aqueles com sustentabilidade moderadas em termos de recuperação.

As métricas de Total de Bordas (TE), Área Central Total (TCA) e Percentual da

Área Central (CPLAND), foram influenciadas pela Tabela de correlação em

Profundidade de Efeito de Borda. O procedimento de criação é descrito na Tabela 14.

Tabela 14 - Métricas de Ecologia da Paisagem usadas na análise da fragmentação aplicada à cobertura vegetal remanescente de Cerrado em Rio Verde (GO)

MÉTRICA CATEGORIA UNIDADE DESCRIÇÃO

CA Área/Densidade/Borda ha Área da classe é a soma da área de todos os fragmentos da classe

PLAND Área/Densidade/Borda % Percentual da paisagem é Área da classe dividido pela área total da paisagem

NP Área/Densidade/Borda discreta Número de fragmentos da classe correspondente

TE Área/Densidade/Borda m Total de bordas é a soma de todas as bordas da classe

TCA Área central ha Área Central Total é a soma das áreas centrais de toda a classe

CPLAND Área central % Percentual de área central na paisagem é a área central total da classe dividido pela área total da paisagem

CIRCLE_MN Forma contínua

Índice médio de correlação com forma circular é igual 1 menos área do fragmento dividido pela área do menor círculo circunscrito

ENN_MN Isolamento/Proximidade m

Distância Euclidiana média do vizinho mais próximo é igual à distância média entre todos os fragmentos da classe até seu fragmento vizinho mais próximo

Fonte: Manual do FRAGSTATS™ 3.3 (Mcgarigal & Marks, 1995)

Page 80: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

79

Infelizmente, em muitos casos não há nenhuma base empírica para especificar

quaisquer valores de profundidade em efeito de borda particular, e assim deve-se

escolher esses valores de maneira um pouco arbitrárias (Mcgarigal & Marks, 1995).

Esses valores são proporcionais ao tamanho do pixel, e numa imagem LANDSAT TM

5 que possui resolução espacial de 30m, então os valores de profundidade de efeito

de borda serão 30m, 60m, 90m, 120m e assim por diante. Note-se na Tabela 15 que a

matriz pode ser assimétrica, de forma que uma classe pode influenciar mais em outra,

mas o contrário não. Veja a classe Cerrado ralo (linha 2), ela sofre 90m de efeito de

borda quando seu vizinho é da classe Solo exposto (coluna 5) ou Solo em preparo

(coluna 10), mas observe o contrário e perceba que a classe Solo exposto (linha 5) ou

Solo em preparo (linha 10) sofre um efeito de borda de 30m quando seu vizinho é da

classe Cerrado ralo (coluna 2). Esta assimetria é importante em muitas aplicações,

quando o efeito de borda urbano penetra profundamente no Cerrado, mas efeito de

borda de Cerrado penetra muito pouco, ou quase nada, em áreas urbanas (Mcgarigal

& Marks, 1995).

Tabela 15 - Tabela de correlação em Profundidade de Efeito de Borda que foi usada no município de Rio Verde (GO) em 2008.

Matriz de

Profundidade em Efeito de Borda

Cer

rado

ralo

Cer

rado

de

nso

Mat

a ci

liar

Solo

ex

post

o

Past

agem

Cam

po

limpo

Águ

a

Agr

icul

tura

Solo

em

pr

epar

o

Áre

a ur

bana

Cerrado ralo 0 30 30 90 60 60 30 90 90 90 Cerrado denso 30 0 30 90 60 60 30 90 90 90 Mata ciliar 30 30 0 90 60 60 30 90 90 90 Solo exposto 30 30 30 0 30 30 30 30 0 30 Pastagem 30 30 30 90 0 30 30 90 90 90 Campo limpo 30 30 30 90 30 0 30 90 90 90 Água 30 30 30 30 30 30 0 30 30 30 Agricultura 30 30 30 30 30 30 30 0 30 30 Solo em preparo 30 30 30 0 30 30 30 30 0 30 Área urbana 30 30 30 90 30 30 30 90 90 0

Nota: Levou-se em conta a resolução espacial da imagem LANDSAT TM 5 que é de 30m.

Devido à resolução espacial na imagem CBERS CCD ser diferente foi

necessário a criação de outra Tabela de correlação em Profundidade de Efeito de

Borda (Tabela 16) para o cálculo das métricas no ano de 2005.

Page 81: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

80

Tabela 16 - Tabela de correlação em Profundidade de Efeito de Borda que foi usada no município de Rio Verde (GO) em 2005.

Matriz de

Profundidade em Efeito de Borda

Solo

ex

post

o

Past

agem

Agr

icul

tura

Áre

a ur

bana

Mat

a ci

liar

Cer

rado

de

nso

Cer

rado

ralo

Ref

lore

stam

ento

Solo exposto 0 20 20 80 60 60 20 80

Pastagem 20 0 20 80 60 60 20 80

Agricultura 20 20 0 80 60 60 20 80

Área urbana 20 20 20 0 20 20 20 20

Mata ciliar 20 20 20 80 0 20 20 80

Cerrado denso 20 20 20 80 20 0 20 80

Cerrado ralo 20 20 20 20 20 20 0 20

Reflorestamento 20 20 20 20 20 20 20 0 Nota: Levou-se em conta a resolução espacial da imagem CBERS CCD que é de 20m.

Memorial Descritivo

Para avaliar o estado e entender a evolução da fragmentação dos

remanescentes de Cerrado no município de Rio Verde, foi necessária uma

comparação das métricas geradas a partir dos mapas de Uso do solo de 2005 e 2008.

A análise da Figura 28 e da Tabela 17 revela que o município de Rio Verde

mudou subitamente sua atividade econômica predominante de pecuária para

agricultura, visto que a área de Pastagem reduziu 80% de 2005 a 2008 e a área de

Agricultura mais Solo exposto aumentaram 186% nesse mesmo período. Com isso,

quase todas as classes de Cerrado foram afetadas por essa transformação do uso do

solo em Rio Verde. Note-se ainda que houve uma redução de 64% na área da classe

de Cerrado denso, cuja área foi convertida em Agricultura, Solo exposto ou Cerrado

ralo (por degradação).

O Cerrado ralo, apesar de possuir apenas 38.787,21ha (4,18% da paisagem),

aumentou sua área em 760%. Esse aumento não é interessante do ponto de vista

ecológico, porque é provável que o aumento de seu território seja resultante das

atividades antrópicas incidentes nas áreas de Cerrado denso, ou então, de áreas de

pastagem abandonada que estão em processo de sucessão ecológica, no qual as

espécies das áreas circundantes estão recolonizando a região.

Page 82: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

81

0 100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

Solo exposto

Agricultura

Pastagem

Area urbana

Cerrado ralo

Mata ciliar

Cerrado denso

CA (2005)CA (2008)

Figura 28 - Área das classes (CA) em hectares (ha) no município de Rio Verde

(GO) em 2005 e 2008.

Tabela 17 - Percentual da Paisagem (PLAND) no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008.

Classes PLAND (%) 2005

PLAND (%) 2008

Cerrado denso 14,96 5,33

Mata Ciliar 3,48 13,98

Cerrado ralo 0,55 4,18

Área Urbana 0,29 0,41

Pastagem 43,87 8,73

Agricultura 24,39 7,54

Solo exposto 11,80 59,79

A Mata ciliar teve um aumento de cerca de 400% no valor de sua área de 2005

para 2008, o que provavelmente mostra que o município esteve controlando de

alguma forma as propriedades rurais no que se refere a esse importante

remanescente de Cerrado, que é um dos mais importantes para manter a

conectividade entre os fragmentos, funcionando como corredores ecológicos.

A classe de Cerrado ralo apresenta-se mais homogênea na distribuição dos

fragmentos em freqüência por tamanho (Figura 29), mas por outro lado apresentou um

aumento do número de fragmentos de cerca de 400% de 2005 a 2008, passando de

um total de 108 fragmentos para 431, ou seja, houve uma quadruplicação do número

de fragmentos.

Page 83: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

82

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

< 1ha de 1 a10ha

de 10 a50ha

de 50 a100ha

> 100ha

Número de Fragmentos - Cerrado ralo (2005)

0

20

40

60

80

100

120

140

< 1 ha de 1 a10 ha

de 10 a50 ha

de 50 a100 ha

>100 ha

Número de Fragmentos - Cerrado Ralo (2008)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

< 1ha de 1 a10ha

de 10 a50ha

de 50 a100ha

> 100ha

Número de Fragmentos - Cerrado denso (2005)

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

< 1 ha de 1 a 10ha

de 10 a50 ha

de 50 a100 ha

>100 ha

Número de Fragmentos - Cerrado Denso 2008

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

< 1ha de 1 a10ha

de 10 a50ha

de 50 a100ha

> 100ha

Número de fragmentos - Mata ciliar (2005)

0

500

1000

1500

2000

2500

< 1 ha de 1 a 10ha

de 10 a 50ha

de 50 a100 ha

>100 ha

Número de Fragmentos - Mata Ciliar 2008

Figura 29 - Número de Fragmentos de Cerrado distribuídos em freqüência para o município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008.

Nessa classe, respectivamente, 32 e 37% dos fragmentos eram menores do

que 1ha e de 1 a 10ha em 2005, diminuindo pouco em 2008 para 30 e 20%. A

homogeneidade na distribuição dos fragmentos em freqüência por tamanho é um

ponto positivo para esta classe, que apresenta o menor número de fragmentos e ainda

possui os fragmentos de maior área, tanto em 2005 quanto em 2008, comparando-se

com as outras classes de Cerrado. Dos 7 fragmentos maiores do que 100ha em 2005,

1 possuía 900ha e 1 possuía 1.000ha, passando em 2008 para 3 com 1.000ha e 1

com 7.000ha.

Page 84: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

83

A classe de Cerrado denso apresenta-se heterogênea na distribuição dos

fragmentos em freqüência por tamanho (Figura 29). Ela apresentou cerca de 83% dos

fragmentos com área menor que 1ha em 2005, passando para 60% em 2008. Dos

fragmentos maiores do que 100ha, em 2005 havia 206 (1,5% do total da classe) dos

quais 5 com 1.000ha e 5 com 2.000ha passando em 2008 para 107 (3,22% do total da

classe) dos quais 3 com 1.000ha e 2 com 2.000ha.

A classe de Mata ciliar apresentou maior número de fragmentos do que as

outras classes de Cerrado, tanto em 2005 quanto em 2008 (Figura 29). Mas por outro

lado apresentou uma melhor distribuição destes nesse período, sendo que em 2005

apresentava 2 fragmentos com 100ha (os maiores no período) passando em 2008

para 213 fragmentos maiores do que 100ha, tendo 3 com 2.000ha, 3 com 3.000 e 1

com 4.000ha, o que revela tendência à preservação desse tipo de cobertura. Essa

melhora está relacionada ao fato da área total da classe (CA) ter aumentado 400%

(Figura 29) nesse período, como explicado anteriormente.

E importante ressaltar a relação existente entre o tamanho do fragmento e sua

proporção entre borda e interior, pois quanto menor for o fragmento maior é o efeito de

borda em relação à área central do fragmento observado, e quanto maior for o

fragmento maior será o número de espécies esperadas (Odum, 1988).

Cunha et al. (2007) mostraram que 90% dos fragmentos amostrados em

Campos Belos, Jaciara, Brasília, Goianésia, Goiânia e Morrinhos, são menores ou

iguais a 1ha. Neste trabalho, Rio Verde apresentou em 2005 cerca de 68% dos

fragmentos de Cerrado menores do que 1ha e em 2008 esse valor diminuiu para 45%.

Entretanto, isso não significa que houve melhora do estado da fragmentação nesse

período frente a essa diminuição do número de pequenos fragmentos. Esse fato

mostra apenas que em 2005 a paisagem em Rio Verde era mais heterogênea e agora

ela está mais homogênea com a predominância de Agricultura na paisagem (Figura

28). Nota-se que as classes de Cerrado em 2005 representavam 19% do território de

Rio Verde e agora esse valor subiu para cerca de 23%.

O Cerrado em Rio Verde, apesar de estar bastante fragmentado, atualmente

ocupa apenas 23% da paisagem, o que está de acordo com o Novo Código Florestal

(Lei n° 4.771 de 15/09/1965) e a Política Florestal do Estado de Goiás (Lei nº 12.596,

de 14/03/1995) que estabelecem que mínimo 20% da área de Cerrado deve ser

mantida a título de reserva legal. Esse valor é, no entanto, muito menor do que a

estimativa para todo bioma Cerrado que afirma restar cerca de 50% deste, tendo a

previsão de que se continuar o ritmo de devastação ele possa desaparecer até 2035,

Page 85: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

84

devido ocupação dos últimos 35 anos, que coloca a região como uma das produtoras

de bife e soja do mundo (Marris, 2005).

O Índice médio de correlação com forma circular (CIRCLE_MN) avalia a forma

geométrica do fragmento mensurando sua circularidade para saber se sua forma está

alongada, o que é mais suscetível ao efeito de borda, ou se é mais circular, o que é

menos suscetível ao efeito de borda (Mcgarigal & Marks, 1995). O índice médio de

circularidade dos fragmentos (CIRCLE_MN) de Cerrado ralo e Mata ciliar pioraram de

2005 a 2008, pois diminuíram a circularidade (Figura 30). Nesse mesmo período a

circularidade da forma dos fragmentos de Cerrado denso melhorou bastante, sendo o

menor índice encontrado (0,48).

0 0,2 0,4 0,6 0,8

Cerrado ralo

Mata ciliar

Cerradodenso

CIRCLE_MN (2005) CIRCLE_MN (2008)

Figura 30 - Índice médio de correlação com forma circular (CIRCLE_MN) que avalia a circularidade dos fragmentos amostrados no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008.

Castelani & Batista (2007) encontraram valores semelhantes ao analisar a

forma de fragmentos florestais do Vale do Paraíba (SP), obtendo o valor de 0,68, o

qual não é muito distante dos encontrados atualmente em Rio Verde para Cerrado ralo

(0,65) e Mata ciliar (0,68). A forma alongada dos fragmentos de Mata ciliar ao longo

dos rios em forma de faixas ao redor dos corpos de água explica seu alto índice de

circularidade que é muito suscetível ao efeito de borda.

A análise da métrica de total de bordas (TE) de classes de fragmentos no

município de Rio Verde (Figura 31) revela uma mesma tendência encontrada para a

métrica de área da classe (CA da Tabela 14). Essa tendência mostra que o total de

bordas (TE) da classe de Cerrado denso diminuiu 38%, devido à redução que houve

no tamanho da área da classe (CA). A mesma explicação é concebida para o aumento

Page 86: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

85

do total de bordas (TE) das classes de Mata ciliar e Cerrado ralo, com

respectivamente 33 e 8%.

0,005,00

10,0015,00

20,0025,00

30,0035,00

40,0045,00

50,00

Agricultura

Pastagem

Área Urbana

Cerrado Ralo

Mata Ciliar

Cerrado Denso

20052008

Figura 31 - Total de bordas (TE) de classes de fragmentos no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008.(unidade de medida em metros)

A análise da Figura 32 e da Tabela 18 expõe que a métrica de área central total

(TCA), esta correlacionada às métricas de total de bordas (TE) e de área das classes

(CA), sendo observado que o aumento da área das classes (CA) leva

conseqüentemente ao aumento de total de bordas (TE) e de área central total (TCA).

A classe de Cerrado denso apresentou redução de 41% no total de áreas centrais

(TCA). As classes de Cerrado ralo e Mata ciliar obtiveram um aumento de

respectivamente 17 e 26%.

.

0,0050.000,00

100.000,00

150.000,00

200.000,00

250.000,00

300.000,00

350.000,00

400.000,00

450.000,00

500.000,00

Agricultura

Pastagem

Área Urbana

Cerrado Ralo

Mata Ciliar

Cerrado Denso

20052008

Figura 32 - Área Central Total (TCA) das classes de fragmentos no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008. (unidade de medida em hectares)

Page 87: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

86

Tabela 18 - Percentual do Total de Áreas Centrais (CPLAND) no município de Rio Verde em 2005 e 2008

CLASSES CPLAND (%) 2005 CPLAND(%) 2008

Cerrado Denso 11,93 4,96

Mata Ciliar 1,85 7,08

Cerrado Ralo 0,6 3,54

O cálculo da distância Euclidiana média do vizinho mais próximo (ENN_MN)

mostra que atualmente no Cerrado ralo um animal ou pólen deve se deslocar em

média 428m até encontrar outro fragmento da mesma classe, o que é muito prejudicial

para as espécies endêmicas desta classe e não se adaptariam a outra classe de

Cerrado. Na Figura 33 é observado que as classes remanescentes de Cerrado

aumentaram as distâncias entre os fragmentos. Atualmente, Cerrado denso e Mata

ciliar possuem respectivamente 238 e 210m de distância Euclidiana média do vizinho

mais próximo (ENN_MN).

0 100 200 300 400 500

Cerrado ralo

Mata ciliar

Cerradodenso

metros

ENN_MN 2005 ENN_MN 2008

Figura 33 - Distância Euclidiana média do vizinho mais próximo (ENN_MN) entre os fragmentos remanescentes de Cerrado no município de Rio Verde (GO) em 2005 e 2008

Os animais do topo da cadeia alimentar, como a onça-pintada (Panthera onca),

são bioindicadoras de áreas preservadas, visto que o ambiente deve estar

ecologicamente equilibrado para manter a diversidade e densidade de presas que

vivem em diversos tipos habitats. Uma onça adulta utiliza em média um território de

10.000ha, onde ela anda por toda área para acazalar-se ou a procura de alimento

(Cullen et al., 2005). Devido ao tamanho dos fragmentos encontrados em Rio Verde é

Page 88: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

87

muito difícil que grandes carnívoros possam sobreviver nesse território, apesar da

distância do vizinho mais próximo (ENN_MN) ser pequena quando comparado ao

tamanho de área de circulação, por exemplo, desse animal (10.000ha).

Em síntese, as métricas de área permitem constatar que a dinâmica econômica

do município de Rio Verde está em transformação, pois a grande redução de 80% das

áreas de Pastagens de 2005 para 2008 e o aumento de 186% de Agricultura serve

como indicativo da substituição do uso do solo em Rio Verde.

Destacou-se o aumento do Cerrado Ralo e a diminuição do Cerrado Denso,

uma constatação que pode ser ambientalmente negativa, pois do ponto de vista

ecológico esse fato pode ser resultante da forte ação antrópica no município. Já a

Mata Ciliar apresentou um aumento de 400% em relação aos anos de 2005 e 2008,

indicando provavelmente que a fiscalização de APP do município melhorou.Todavia

esse valor elevado pode se justificar também pela classificação da imagem em

conseqüência das áreas de conversão, fato que deverá ser verificado em campo.

Em geral observa-se que 23% da paisagem do município de Rio Verde

continua como Cerrado, mas como observado, o avanço da agricultura ameaça este

Cerrado remanescente, sendo necessário criar mecanismos de planejamento e

fiscalização para a conservação, a manutenção e a recuperação do Cerrado em Rio

Verde. Em relação aos remanescentes, eles são fragmentários e o tamanho dos

fragmentos, considerando-se que para que o fragmento/remanescente seja

sustentável precisa de uma área mínima entre 70 e 100ha, os dados obtidos

revelaram que o maior número de fragmentos sustentáveis correspondeu ao da Mata

Ciliar, com 213 fragmentos maiores que 100ha no ano de 2008.

Page 89: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADÁMOLI, J. MACEDO, J.; AZEVEDO, L.G; MADEIRA NETO, J. Caracterização da região dos cerrados In: GOEDERT, W.J. Ed. Solos dos Cerrados: tecnologias e estratégias de manejo. (Planaltina, DF): EMBRAPA –CPAC/ São Paulo: Nobel, 1986. ALMEIDA, L., RESENDE, L., RODRIGUES, A.P. E CAMPOS, J.E.G. 2006. Hidrogeologia do Estado de Goiás. Superintendência de Geologia e Mineração do Estado de Goiás (SGM). Série Geologia e Mineração, n.1. 232 p. ASSAD, E.D.; SANO, E. E. Sistema de Informações Geográficas: aplicações na agricultura. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa-CPAC, 1998. BARRETO, C. de A.; RIBEIRO, H. Agricultura e Meio Ambiente em Rio Verde (GO). INTERFACEHS Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. São Paulo, v3, n1, p.1-19, jan/abr. 2008. BOIN, M.N. Chuvas e erosões no oeste paulista: uma análise climatológica aplicada. 2000. 264f.Tese (Doutorado em Geociências e Meio Ambeinte) – Instituto Geográfico de Ciências Exatas. Universidade Estadual Paulista, 2000. BRASIL. Manual Técnico de Uso da Terra. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 19852ª edição, Rio de Janeiro, 2006. BRASIL. Lei nº 12.596, de 14 de março de 1995. Institui a Política Florestal do Estado de Goiás e da outras providências. Acessado em novembro de 2008: f BRASIL. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o Novo Código Florestal. Acessado em novembro de 2008: http//www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771.htm BÜDEL J. 1982. Climatic geomorphology. Princeton University Press.New Jersey, 443pp. CÂMARA, G.; SOUZA, R.C.M.; FREITAS, U.M. & GARRIDO, J. 1996. SPRING: Integrating remote sensing and GIS by object-oriented data modeling. INPE, Computers & Graphics, 20: 395-403. CAMPAGNOLI, F. 2006. The Production of the sediment from South America: propose of mapping of the erosion rates based on geological and geomorphological aspects. Revista Brasileira de Geomorfologia, ano 7, n.1. 3-8. CASTELANI, C.S. & G.T. BATISTA. 2007. Análise do tamanho e distância entre fragmentos florestais na bacia hidrográfica do Rio Una. Anais I Seminário de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul: o Eucalipto e o Ciclo Hidrológico, Taubaté, p.75-81. CHRISTOFOLETTI, A., 1980. Geomorfologia. São Paulo, Ed. Edgard Blucher, 2° edição, 188p. CULLEN, L.; ABREU, K.C.; SANA, D. & A.F.D. NAVA. 2005. As onças-pintadas como detetives da paisagem no corredor do Alto Paraná, Brasil. Natureza & Conservação, vol.3 (1): 43-58.

Page 90: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

89

CUNHA, H.L.da; FERREIRA, A.A. & BRANDÃO, D. 2007. Composição e fragmentação do Cerrado em Goiás usando Sistema de Informação Geográfica (SIG). Goiânia-GO, Boletim Goiano de Geografia (IESA), v.27, n.2: 139-152. DINIZ, J. A. F. Geografia da agricultura. São Paulo: DIFEL, 1984. 278 p. EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2ª. aproximação. Rio de Janeiro: Embrapa. Solos, 2006. GUERRA, A. J.T. & CUNHA, S.B. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 4° ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,. 472 p, 2001 HOLZSCHUH, M. L.; TONIAL, T. M.; MISSIO, E. & MARKOSKI, P. R. 2003. Análise da Fragmentação da Paisagem de Cinco Bacias Hidrográficas na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com o Software Fragstats. Revista de Pesquisa e Pós Graduação, In: IX Seminário Institucional de Iniciação Científica. Acessado em 28/10/2008: http://www.uri.br/publicaonline/revistas/artigos/46.pdf IBGE. Contagem de Populações. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 14/03/2009. IBGE. Manual Técnico de Uso da Terra. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. 95 p. (Manuais Técnicos em Geociências, n. 7, 2ª ed.). IPPOLITI, G. GAGGERO R. M.; SCHEFER, E CARLOS , FERNANDEZ FILHO, I.E. Uso de Geoprocessamento para o levantamento preliminar de solos de uma microbacia da zona da mata (MG). Anais XI SBSR, Belo Horizonte, Brasil, 2003, INPE. LACERDA FILHO, J. V., REZENDE, A. E SILVA, A. 2000. Geologia e Recursos Minerais do Estado de Goiás e do Distrito Federal. Escala 1:500.000. CPRM/METAGO/UnB. LATRUBESSE, E.M. E CARVALHO, T.M. 2006. Geomorfologia do Estado de Goiás e Distrito Federal. Superintendência de Geologia e Mineração do Estado de Goiás (SGM). Série Geologia e Mineração, n.2. 128 p. MARRIS, E. 2005. The forgotten ecosystem. Nature (News Feature), v.437: 944-945. METZGER, J.P. 2001. O que é Ecologia de Paisagens? Biota Neotropica: v1 (n.1). Acessado em 28/10/2008: www.biotaneotropica.org.br/v1n12/pt/abstract?thematic-review+BN00701122001 McGARIGAL, K. & MARKS, B.J. 1995. Fragstats: Spatial pattern analysis program for quantifying landscape structure. Portland, OR USA, U.S. Forest Service General Technical Report PNW: 351p. NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1979. ODUM, E. P. 1988. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 434 p. PRODIAT. Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia-Tocantins. Diagnóstico da bacia do Araguaia-Tocantins. Brasília: Ministério do Interior e OEA, 1982. RADAM BRASIL – Levantamento de Recursos Naturais. Vol. 31 - Mapa exploratório de solos, Folha 22 Goiânia, 1983.

Page 91: MUNICÍPIO DE RIO VERDE (GO) - Laboratório de Geologia e ... · PDF fileLABORATÓRIO DE GEOLOGIA E GEOGRAFIA FÍSICA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – ... diretamente em campo,

90

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B., T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. IN: SANO, S.M; ALMEIDA, S.P. Cerrado:ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA - CPAC. 1998. Cap.3 p. 88-166. SALOMÃO, X.F. Controle e prevenção dos processos erosivos. In: Guerra, A.T. Erosão e conservação dos solos: Conceitos, Temas e Aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand de Brasil, 1999. SANTANA, N. M. P. de. Chuva, erodibilidade, uso das terras e erosão hídrica na alta bacia do rio Araguaia. 2007. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Estudos Sócio-Ambientais. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2007. SANO, E.E. FERREIRA, A.G. Monitoramento semi-detalhado (escala de 1:250.000) de ocupação dos solos do cerrado; considerações e proposta metodológica. IN: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), 12,2005. Goiânia. Anais. São José dos Campos: INPE,2005, Artigos, p 915-922 CD-rom SANTOS L.O. Mapas de uso da terra do Município de Rio Verde Anos de 1975 e 2005. Elaborados em junho de 2006. SIEG - Sistema Estadual de Estatística e de Informações Geográficas de Goiás. Shapfiles e Imagens, disponível em www.sieg.go.gov.br. SILVA, S. C. da; SANTANA, N. M. P. de; PELEGRINI, J. C. Caracterização Climática do Estado de Goiás. GOIÁS: Secretaria de Indústria e Comércio. Superintendência de Geologia e Mineração, 2006. STRAHLER, A.N. (1952). Dynamic basis of Geomorphology. Geological Society of América Bulletim, 63, pp.923 - 938. TOMMASELLI, J. T. G.; FREIRE, O.; CARVALHO, W. A. Erosividade da chuva da Região Oeste do estado de São Paulo: Sua distribuição e relação com a precipitação. Boletim Climatológico, nº.3, FCT/UNESP, Presidente Prudente, p.131-135, 1997. VOLOTÃO, C.F. de SÁ. 1998. Trabalho de análise espacial: Métricas do Fragstats. São José dos Campos – SP, INPE: 45p. WWF/IMAGEM. Definição de Áreas Prioritárias para Conservação do Estado de Goiás, Brasil. 2004.