125
Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de Cargas Móveis para Pontes no Brasil Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para ob- tenção do grau de Mestre pelo Programa de Pósgradua- ção em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Orientadora: Profª. Elisa Dominguez Sotelino Co-orientador: Prof. Julio Jerônimo Holtz Silva Filho Rio de Janeiro Agosto de 2015

Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Murilo Soares Santos

Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Cargas Móveis para Pontes no Brasil

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para ob-tenção do grau de Mestre pelo Programa de Pósgradua-ção em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.

Orientadora: Profª. Elisa Dominguez Sotelino Co-orientador: Prof. Julio Jerônimo Holtz Silva Filho

Rio de Janeiro Agosto de 2015

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 2: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Murilo Soares Santos

Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado

da AASHTO para Distribuição Transversal de Cargas Móveis para Pontes no Brasil

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil do De-partamento de Engenharia Civil do Centro Téc-nico Científico da PUC-Rio. Aprovada pela Co-missão Examinadora abaixo assinada.

Profª. Elisa Dominguez Sotelino Orientadora

Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio

Prof. Julio Jerônimo Holtz Silva Filho Co-Orientador

Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio

Profª. Marta de Souza Lima Velasco PUC-Rio

Prof. Emil de Souza Sánchez Filho

Universidade Federal Fluminense

Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro

Técnico Científico PUC-Rio

Rio de Janeiro, 28 de Agosto de 2015

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 3: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução

total ou parcial do trabalho sem autorização da univer-

sidade, do autor e do orientador.

Murilo Soares Santos

Graduou-se em Engenharia Civil pela UFPA (Universi-

dade Federal do Pará) em Belém, Pará em janeiro de

2012. Ingressou no mestrado na Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro em março de 2013, desen-

volvendo dissertação na linha de pesquisa de Análise

Estrutural.

Ficha Catalográfica

CDD: 624

Santos, Murilo Soares Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de Cargas Móveis para Pontes no Brasil / Murilo Soares San-tos; orientadora: Elisa Dominguez Sotelino; co-orientador: Julio Jerônimo Holtz Silva Filho. – Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Engenharia Ci-vil, 2015.

v., 125 f.: il. ; 29,7 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universida-

de Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil.

Inclui referências bibliográficas.

1. Engenharia Civil – Teses. 2. Pontes. 3.

Distribuição transversal. 4. Carga móvel. 5. Método simplificado. 6. AASHTO. I. Sotelino, Elisa Dominguez. II. Silva Filho, Julio Jerônimo Holtz. III Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. IV Título.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 4: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Para minha esposa, meus pais e irmãos,

pelo apoio e confiança.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 5: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Agradecimentos

À D’us, por tudo!

À minha família, meu pai Marcelo, minha mãe Gina, meus irmãos Marcela, Mari-

na, Ana Luiza, Mateus e Marilia. Graças a vocês consegui chegar onde estou ago-

ra. Toda a minha dedicação para proporcionar orgulho não é nada perto de tudo o

que vocês já me proporcionaram. Muito obrigado por tudo;

Aos meus avôs e avós Walmir, Nise, Regina, Salomão e Rachel, por serem os

maiores e melhores modelos que alguém pode ter;

À minha esposa Carol que, mesmo nos momentos mais difíceis, me deu todo o

apoio que precisava, principalmente quando aceitamos o desafio de morar em ci-

dades diferentes por mais de dois anos, para a realização deste mestrado. Sem dú-

vida alguma você foi a peça mais importante nesse período, ao me escutar, me

acalmar e me ajudar sempre que houve qualquer necessidade. Agradeço do fundo

do meu coração, esse objetivo não seria atingido sem você ao meu lado.

À família de minha esposa, que considero minha. Em especial aos meus sogros

Roberto e Marianne que me oferecem ajuda sempre que surge alguma oportunida-

de e por me apoiarem ao longo de todos esses anos. Aos meus cunhados Felipe e

Rafaela, que aguentam todas as brincadeiras sem graça que faço, não poderia es-

colher melhores. Aos meus novos avôs e avós Mendel e Linda, que não medem

esforços para ajudar e estar do nosso lado e Jacob e Rebeca, que me acolheram em

sua casa no início da minha jornada no Rio de Janeiro e tanto me ajudaram nesse

período.

À todos os professores da PUC-Rio que me transmitiram algum conhecimento

novo durante o mestrado, em especial à minha orientadora Elisa Sotelino e meu

co-orientador Julio Holtz que, durante a etapa de execução deste trabalho confia-

ram na minha capacidade e dedicaram tempo e conhecimento para me ajudar a

atingir esse objetivo.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 6: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Aos amigos que ganhei no Rio de Janeiro. Não tenho palavras para agradecer a

vocês por esses dois anos. A amizade criada foi fundamental para que eu conse-

guisse vencer todas as etapas desse período, desde as mais difíceis até os melhores

momentos de lazer que pudemos aproveitar juntos. Não cito nomes por medo de

que algum seja esquecido injustamente, mas por favor, sintam-se agradecidos pes-

soalmente.

Um agradecimento especial ao meu amigo André Daltro que, mesmo ocupado

com a sua própria dissertação, largou todas as suas coisas por dias para me ajudar

na criação de programas que tiveram uma importância incalculável neste trabalho.

Aos queridos mestres Ubirajara Ferreira da Silva e João Bosco pela ajuda inesti-

mável fornecendo materiais de grande importância e, principalmente pelo tempo e

atenção dedicados a mim e a este trabalho.

Aos funcionários do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, principal-

mente à Rita, pela colaboração e paciência;

À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela

concessão da bolsa de fomento;

À PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e ao Departa-

mento de Engenharia Civil, pela bolsa de isenção e a oportunidade em poder cur-

sar o Mestrado em uma das mais renomadas instituições do país na área.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 7: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Resumo

Santos, Murilo Soares; Sotelino, Elisa Dominguez; Silva Filho, Julio Jerô-

nimo Holtz, Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da

AASHTO para Distribuição Transversal de Cargas Móveis para Pontes no Brasil. Rio de Janeiro, 2015. 125 p. Dissertação de Mestrado. Departa-

mento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Ja-

neiro.

A disseminação de programas computacionais que implementam o Método

dos Elementos Finitos (MEF) influenciou a forma como os projetos estruturais

são executados. Em projetos de pontes, onde os métodos simplificados de cálculo

foram por muitos anos as principais formas de análise, o MEF se tornou uma fer-

ramenta importante no processo. Atualmente os métodos simplificados comple-

mentam a utilização do MEF de diversas formas, desde o pré-dimensionamento

dos elementos estruturais e fornecendo uma estimativa dos esforços cortantes e

momentos fletores a serem encontrados, reduzindo a possibilidade de erros duran-

te o projeto. Nos Estados Unidos a AASHTO LRFD (2012) apresenta um método

simplificado de distribuição transversal de solicitações em suas especificações

normativas que exige apenas o cálculo de um fator de distribuição. O objetivo

deste trabalho é avaliar se este método pode ser usado como uma alternativa raci-

onal para o dimensionamento de pontes no Brasil. Para isso, foi necessário enten-

der a diferença entre as normas brasileiras e americanas, sugerir um modelo de

cálculo baseado na norma americana e que atenda às recomendações normativas

brasileiras e validar este modelo com análises por elementos finitos e outros mé-

todos simplificados. Os modelos de elementos finitos utilizados foram validados

por meio da comparação dos resultados de suas análises com os resultados de tes-

tes de cargas em pontes realizados por outros autores. O modelo de cálculo pro-

posto obteve para todas as situações analisadas resultados seguros, se mostrando

capaz de determinar a distribuição transversal das solicitações e o deslocamento

máximo das longarinas de pontes de vão único com vigas de concreto. Em pontes

com vigas metálicas o método também obteve resultados seguros nas análises das

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 8: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

solicitações, porém assim como os outros métodos simplificados, não é capaz de

determinar de maneira confiável os deslocamentos máximos sofridos. Conclui-se,

portanto, que a metodologia proposta pode ser utilizada no dimensionamento de

pontes de um único vão no Brasil, desde que considerados os limites de aplicabi-

lidade especificados.

Palavras-chave

Pontes; distribuição transversal; carga móvel; método simplificado; AASHTO

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 9: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Abstract

Santos, Murilo Soares; Sotelino, Elisa Dominguez (Advisor); Silva Filho,

Julio Jerônimo Holtz (Co-advisor). Study of the applicability of the

AASHTO Simplified Method for Transversal Load Distribution for Bridges in Brazil. Rio de Janeiro, 2015. 125 p. Msc. Dissertation. Depar-

tamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro.

The dissemination of softwares that implement the Finite Element Method

(FEM) influences the way the structural projects are made. For bridge projects,

where the simplified methods have been for many years the main type of analysis,

the FEM has become an important tool in the process. Currently the simplified

methods complement the use of FEM in different ways, in the pre-dimensioning

of the structural elements and providing an estimate of the shear and bending

moments, reducing the possibility of errors during the design process. In the Unit-

ed States, AASHTO LRFD (2012) provides a simplified method for transverse

wheel load distribution into their regulatory specifications that requires only the

calculation of a load distribution factor. The objective of this work is to evaluate if

this method can be used as a rational alternative for the design of bridges in Bra-

zil. For this purpose, it was necessary to understand the difference between Brazil-

ian and American standards, suggest a calculation model based on the American

standard that meets Brazilian regulation and validate this model with FEM analy-

sis and other simplified methods. The finite element models were validated by the

comparison of the results of its analysis with the results of actual load tests on

bridges performed by other authors. Safe results are obtained for all analyzed cas-

es when using the proposed calculation model, therefore it was able to determine

the transverse wheel load distribution and the maximum displacement of the

stringers of bridges with only one span and concrete beams. In bridges with steel

beams, the method also obtained safe results in the analysis of transverse wheel

load distribution, but just as the others simplified methods, it is not able to deter-

mine the maximum displacements with high reliability. It follows, therefore, that

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 10: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

the proposed methodology can be used in the design of bridges with one span in

Brazil, if the applicability limits are specified.

Keywords

Bridges; transversal distribution; wheel load; simplified method; AASHTO

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 11: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Sumário

1 . Introdução 24

1.1. Relevância e Justificativas da Pesquisa 24

1.2. Objetivos 27

1.3. Estrutura do Trabalho 27

2. Revisão Bibliográfica 29

2.1. Considerações Iniciais 29

2.2. Cargas Móveis 29

2.2.1. NBR 29

2.2.2. AASHTO 31

2.3. Método de Distribuição Transversal de Cargas 32

2.3.1. Método Engesser-Courbon (MEC) 33

2.3.2. Método da Viga Modelo (MVM) 34

2.3.3. AASHTO LRFD 35

2.4. Modelagem em Elementos Finitos 39

2.4.1. Elementos Primários 40

2.4.2. Elementos Secundários 41

2.4.3. Pós-Processamento de Resultados 42

2.5. Panorama das Pontes Brasileiras 44

2.5.1. Sistema Estrutural e Material 45

2.5.2. Número de Vãos e Faixa de Extensão 46

2.5.3. Largura do Tabuleiro 46

3. Validação do Modelo 48

3.1. Considerações Iniciais 48

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 12: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

3.2. Análise Básica 49

3.2.1. Descrição da Análise 50

3.2.2. Conclusão 55

3.3. Ponte Nebraska – EUA 56

3.3.1. Descrição da Estrutura 57

3.3.2. Prova de Carga 58

3.3.3. Modelagem e Comparação 61

3.4. Ponte Michigan – EUA 62

3.4.1. Descrição da Estrutura 62

3.4.2. Prova de Carga 63

3.4.3. Modelagem e Comparação 65

3.5.Conclusão 68

4. Elementos para Elaboração do Trabalho 69

4.1.Considerações Iniciais 69

4.2. Metodologia 69

4.3. Definições Geométricas dos Elementos Estudados 70

4.3.1. Parâmetros Gerais 71

4.3.2. Parâmetros Longitudinais 71

4.3.3. Parâmetros Transversais 71

4.3.4. Resumo das Definições 76

4.4. Detalhamento dos Métodos Analisados 77

4.4.1. Método dos Elementos Finitos 77

4.4.2. Engesser-Courbon 81

4.4.3. Método da Viga Modelo 87

4.4.4. AASHTO LRFD 89

5. Resultados 91

5.1. Considerações Iniciais 91

5.2. Pontes com Vigas de Concreto 92

5.2.1. Momento Fletor 92

5.2.2. Força Cortante 96

5.2.3. Deslocamentos 99

5.3. Pontes com Vigas Metálicas 102

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 13: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

5.3.1. Momento Fletor 102

5.3.2. Força Cortante 105

5.3.3. Deslocamentos 108

6. Conclusões e Recomendações para Trabalhos Futuros 112

6.1. Conclusões 112

6.2. Sugestões para Trabalhos Futuros 115

7. Referências 117

Anexo 121

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 14: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Lista de Figuras

Figura 1.1 – Ano de construção das pontes das rodovias federais no Brasil (Mendes, 2009). 25

Figura 2.1 – Disposição das cargas móveis pela NBR 7188 (2013). 30

Figura 2.2 – Disposição das cargas dos veículos da AASHTO LRFD 2012. 32

Figura 2.3 – Representação do modelo de elementos finitos (retirada de Chung e Sotelino, 2005). 41

Figura 2.4 – Componentes do momento nas vigas (retirado de Sotelino et al., 2004) 43

Figura 2.5 – Distribuição do número de pontes por sistema estrutural (adaptada de Mendes, 2009). 45

Figura 2.6 – (a) Principais sistemas estruturais de pontes; (b) Principais materiais utilizados. 45

Figura 2.7 – Distribuição das pontes por: (a) número de vãos; (b) comprimento dos vãos. 46

Figura 2.8 – Distribuição das pontes por: (a) largura do tabuleiro; (b) época de construção. 47

Figura 3.1 – Vigas analisadas: (a) viga retangular; (b) viga T. 49

Figura 3.2 – Modelo extrudado: (a) inconsistência geométrica do VT.3; (b) VT.2. 50

Figura 3.3 – Representação dos modelos: (a) VR.1; (b) VR.2-2. 52

Figura 3.4 – Comparação de momentos fletores. 52

Figura 3.5 – Comparação de deslocamentos. 52

Figura 3.6 – Modelos: (a) VT.1; (b) VT.2; (c) VT.3. 54

Figura 3.7 – Comparação de momentos fletores. 55

Figura 3.8 – Comparação de deslocamentos. 55

Figura 3.9 – (a) Seção transversal da ponte; (b) detalhe da seção transversal da viga. 57

Figura 3.10 – Veículo HS20 da AASHTO (AASHTO, 1973). 59

Figura 3.11 – Planta de instrumentação da ponte: imagem retirada do relatório original. 59

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 15: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Figura 3.12 – Configuração de carregamento simulando 2,5xHS20: (a) caso 1: nas duas pistas; (b) caso 2: em uma pista; (c) caso 3: na linha central do tabuleiro. 60

Figura 3.13 – Modelo analítico da ponte de Nebraska. 61

Figura 3.14 – Comparação de deslocamentos. 62

Figura 3.15 – (a) Seção transversal da ponte; (b) detalhe da seção transversal da viga. 63

Figura 3.16 – Caminhões de 11 eixos (retirado de Nowak e Eon, 2001). 64

Figura 3.17 – Planta de instrumentação da ponte (retirado de Nowak e Eon, 2001). 64

Figura 3.18 – Modelo analítico da ponte de Michigan. 66

Figura 3.19 – Condições de contorno (adaptado de Nowak e Eom, 2001). 67

Figura 3.20 – Deformação específica das vigas. 67

Figura 4.1 – Seção transversal típica definido pelo DNER (retirada do Manual de Projeto DNER, 1996). 72

Figura 4.2 – Seção transversal do tabuleiro. 73

Figura 4.3 – Seções de Viga I: AASHTO (PCI Bridge Design Manual). 76

Figura 4.4 – Vista 3D do modelo de elementos finitos representativo. 78

Figura 4.5 – Seção transversal do tabuleiro representativo. 78

Figura 4.6 – Posição transversal do veículo (retirado de Marchetti, 2008). 79

Figura 4.7 – Disposição transversal das cargas no tabuleiro. 80

Figura 4.8 – Criação da carga móvel: (a) determinação do trem-tipo; (b) definição da rota do trem-tipo. 80

Figura 4.9 – Representação das cargas (kN e kN/m²): (a) vista transversal; (b) vista 3D. 81

Figura 4.10 – Distância das longarinas do CG. 82

Figura 4.11 – LI das vigas do grupo 4V. 83

Figura 4.12 – Vista superior do tabuleiro com carregamentos. 84

Figura 4.13 – Carregamento transversal e linha de influência no corte AA. 84

Figura 4.14 – Carregamento transversal e linha de influência no corte BB. 86

Figura 4.15 – Trem-tipo da viga V1 do grupo 4V. 86

Figura 4.16 – Trem-tipo reduzido da viga V1 do grupo 4V. 87

Figura 4.17 – Entrada de dados do programa MVM.LI. 88

Figura 4.18 – Saída de resultados do programa MVM.TT. 88

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 16: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Figura 4.19 – LI das vigas de um modelo do grupo 4V. 89

Figura 4.20 – Trem-tipo reduzido da viga V1 do grupo 4V. 89

Figura 4.21 – Trem-tipo NBR / Padrão AASHTO. 90

Figura 5.1 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos momentos fletores máximos em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 93

Figura 5.2 – Comparações dos momentos entre os métodos simplificados nas pontes com vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 95

Figura 5.3 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF cortantes máximos em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 96

Figura 5.4 – Comparações dos cortantes entre os métodos simplificados em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 98

Figura 5.5 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos deslocamentos máximos em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 99

Figura 5.6 – Comparações dos deslocamentos máximos entre os métodos simplificados em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 101

Figura 5.7 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos momentos fletores máximos em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 102

Figura 5.8 – Comparações dos momentos entre os métodos simplificados: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 104

Figura 5.9 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos cortantes máximos em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 105

Figura 5.10 – Comparações dos cortantes entre os métodos simplificados em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 107

Figura 5.11 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos deslocamentos máximos em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 108

Figura 5.12 – Relação entre a rigidez das vigas e as diferenças dos resultados. 110

Figura 5.13 – Comparações dos deslocamentos máximos entre os métodos simplificados em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm. 111

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 17: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Fatores de presença múltipla (adaptado de AASHTO LRFD, 2012) 32

Tabela 2.2 – Resumo das formas de obtenção do LDF para distribuição do momento fletor 38

Tabela 2.3 – Resumo das formas de obtenção do LDF para distribuição da força cortante 38

Tabela 2.4 – Características das seções transversais de cada período 47

Tabela 3.1 – Modelos das VR e VT 49

Tabela 3.2 – Configurações de carregamento (adaptada de Kathol et al., 2005) 57

Tabela 3.3 – Propriedade dos materiais (adaptado de Chung e Sotelino, 2005) 58

Tabela 3.4 – Deslocamentos máximos obtidos 60

Tabela 3.5 – Configurações de carregamento (adaptada de Nowak e Eom, 2001) 65

Tabela 4.1 – Módulos de elasticidade dos materiais 71

Tabela 4.2 – Comparativo de dimensões para pista simples DNER (retirada do Manual de Projeto DNER, 1996) 73

Tabela 4.3 – Detalhamento da largura do tabuleiro 73

Tabela 4.4 – Alturas das vigas 75

Tabela 4.5 – Resumo das definições físicas das pontes analisadas 77

Tabela 4.6 – Grupos de espaçamentos 82

Tabela 5.1 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de momento fletor máximo em pontes de vigas de concreto 94

Tabela 5.2 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos da força cortante máximo em pontes de vigas de concreto 97

Tabela 5.3 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de deslocamento máximo em pontes de vigas de concreto 100

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 18: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Tabela 5.4 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de momento fletor máximo em pontes de vigas metálicas 103

Tabela 5.5 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de força cortante máximo em pontes de vigas metálicas 106

Tabela 5.6 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de deslocamento máximo em pontes de vigas metálicas 109

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 19: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Lista de Abreviaturas

AASHTO American Association os State Highway and Transportation Officials

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

CA Concreto Armado

CG Centro de Gravidade

CP Concreto Protendido

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infraestruturas de Transporte

EC Engesser-Courbon

EF Elementos Finitos

FC Faixa de Carregamento

FHWA Federal Highway Administration

FP Faixa de Projeto

FPM Fator de Presença Múltipla

LDF Load Distribution Factor

LI Linha de Influência

LR Ligações Rígidas

LRFD Load and Resistance Factor Design

MEC Método de Engesser-Courbon

MEF Método dos Elementos Finitos

MVM Método da Viga Modelo

NBR Norma Brasileira

NCHRP National Cooperative Highway Research Program

NDOR Nebraska Department of Roads

OAE Obra de Arte Especial

PUC Pontifícia Universidade Católica

TA Transversina de Apoio

TI Transversina Intermediária

VMD Volume Médio Diário

VR Viga Retangular

VT Viga T

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 20: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Lista de Símbolos

Parcela de carga unitária na posiçãoj da longarina i

Número de longarinas

Excentricidade da carga em relação ao CG da seção transversal do tabuleiro

Distância da longarina i em relação ao CG da seção transversal do tabuleiro

Rigidez dos apoios elásticos

Comprimento do vão

Rigidez à flexão da viga longitudinal j

S Espaçamento das vigas

D Constante fixada para cada tipo de ponte

Espessura do tabuleiro

Número de vigas

Parâmetro de rigidez longitudinal

LDF da viga externa

Fator de correção

LDF da viga interna

Distancia horizontal entre o CG da viga externa e a face interna do guarda corpo

Modulo de elasticidade do material da viga

Modulo de elasticidade do material do tabuleiro

Momento de inércia da viga isolada

,i jR

n

e

ix

jk

L

jEI

st

bN

gK

g

e

interiorg

ed

BE

DE

I

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 21: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Área da viga isolada

Distancia entre o CG da viga e do tabuleiro

Momento fletor total de uma viga

Momento fletor total do elemento de viga

Momento fletor total do elemento de casca

Momento fletor devido a forças axiais

Momento fletor do elemento de viga

Momento fletor em um ponto do elemento i

Largura dos elementos da casca

Largura efetiva do tabuleiro

Força norma no elemento de viga

Momento fletor

Deslocamento máximo

Carregamento linearmente distribuído

Comprimento das vigas

Módulo de elasticidade do material

Módulo de elasticidade normativo

Módulo de deformação secante

Carga concentrada calculada

Carga concentrada normativa

Carga distribuida dentro do veículo calculada

Carga distribuida normativa

P Carga concentrada reduzida

A

ge

MEFM

vigaM

cascaM

axialM

1bSM

1 ,s iSM

1bSF

ib

effb

M

f

q

l

E

ciE

csE

'P

iP

'p

distp

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 22: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

p'' Carga distribuida fora do veículo calculada

Comprimento do veículo

Número de eixos

Número de vigas

Inércia equivalente da seção composta da viga

en

vL

vigasN

eqI

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 23: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

É preferível sofrer uma injustiça do que cometê-la.

Sócrates

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 24: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

1 Introdução

1.1 Relevância e Justificativas da Pesquisa

As pontes e viadutos são fundamentais para o desenvolvimento econômico

de um país ou região, portanto, a segurança dessas estruturas é um tema de grande

importância para o meio técnico-científico. Para garantir um nível de segurança

confiável nos projetos é necessário conhecer todas as complexidades técnicas en-

volvidas no dimensionamento. Esse conhecimento começou a ser formado de

forma empírica no passado, e atualmente é desenvolvido em um ritmo acelerado

por se utilizar de novos conhecimentos de diversas áreas, como da matemática e

da estatística, por exemplo. No entanto, apesar do desenvolvimento acelerado, o

uso desse conhecimento na prática as vezes acaba sendo retardado por diversos

motivos.

Assim como as pontes e viadutos são de extrema importância para o desen-

volvimento econômico de um país, a necessidade ou desejo desse desenvolvimen-

to é o combustível para o desenvolvimento de novas metodologias nessa área da

engenharia. Por exemplo, a tecnologia de pontes atualmente utilizada nos Estados

Unidos é um produto da rápida expansão do seu sistema rodoviário nas décadas

de 1950 e 1960, após a Segunda Guerra Mundial. Como resultado o sistema rodo-

viário americano tem atualmente, em seus 80.000 Km de estradas, 600.000 pontes

(Fu, 2013).

Fu (2013) ainda menciona que diversos países em desenvolvimento estão

experimentando uma expansão similar nos seus sistemas de transporte; por esse

motivo a engenharia de pontes também está se desenvolvendo em outras partes do

mundo. Fica claro então que com o compartilhamento dos conhecimentos obtidos

pelos países desenvolvidos, a velocidade de expansão do conhecimento consegui-

da pelos países em desenvolvimento pode ser muito maior, trazendo maior segu-

rança em projetos de pontes e um maior desenvolvimento econômico.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 25: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 25

O Brasil tem muito menos pontes construídas do que os Estados. De acordo

com Mendes (2009), em 2003 nos 73.000 quilômetros de rodovias federais, exis-

tiam apenas 5.619 pontes segundo cadastro do DNIT, construídas principalmente

entre as décadas de 1950 e 1970. Isso pode ser observado na Figura 1.1 que apre-

senta o número de pontes construídas em rodovias federais no Brasil em cada ano

desde 1930.

Figura 1.1 – Ano de construção das pontes das rodovias federais no Brasil (Mendes, 2009).

Após a expansão entre as décadas de 1950 e 1970 e aproximadamente duas

décadas de pouco investimento na área, no final da década de 1990 uma nova fase

de expansão é iniciada, trazendo consigo a possibilidade de um novo período de

enorme ganho de conhecimento na engenharia de pontes, com o benefício de que

outros países, como os Estados Unidos, que já dedicou, e ainda dedica, um grande

esforço para melhor entender a complexidade dessa área.

Neste trabalho propõe-se o desenvolvimento de uma metodologia alternati-

va para o projeto de pontes de um único vão no Brasil a partir de fatores de distri-

buição de solicitações. Para tal utilizam-se os conhecimentos adquiridos e con-

firmados por normas estrangeiras, como a americana AASHTO LRFD (American

Association of State Highway and Transportation Officials – Load-and-Resistance

Factor Design), que tem informações de grande utilidade, para a elaboração de

uma metodologia que moderniza formas simplificadas utilizadas atualmente em

projetos de pontes brasileiras.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 26: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 26

Muitas das normas brasileiras são derivadas de normas estrangeiras, porém,

na NBR 7188 (2013), que determina as cargas móveis rodoviárias em pontes tem

sua base em normas antigas como a DIN 1072, as cargas são consideradas através

de trens-tipos idealizados, que não refletem necessariamente a realidade dos veí-

culos que circulam nas rodovias do país (Luchi, 2006). Outro detalhe importante é

que não define nenhum método de análise da distribuição transversal de solicita-

ções causadas pelas cargas móveis. Para obter essa distribuição diversos métodos

simplificados são utilizados, como o de Engesser-Courbon, Guyon-Massonet e

Viga Modelo. Apesar de serem métodos consagrados, são baseados em teorias

distintas, que podem fornecer resultados discrepantes para um mesmo tabuleiro,

resultando em maiores dificuldades nas verificações e também diminuindo os seus

níveis de segurança.

A modernização da metodologia utilizada no projeto de pontes no Brasil

pode ser realizada em diversas áreas da engenharia de pontes. Por exemplo, pode-

se padronizar um método simplificado de distribuição transversal de solicitações.

Também pode-se atualizar a definição de cargas móveis por meio de estudos esta-

tísticos de forma a representar de forma mais precisa possível as situações reais

encontradas na malha rodoviária brasileira. Finalmente, também pode-se padroni-

zar as seções transversais das pontes, definindo-se seções de vigas pré-moldadas,

por exemplo, a fim de reduzir os custos de fabricação das peças e simplificar os

processos das verificações estruturais.

Dentre as diversas possibilidades citadas, este trabalho foca na validação de

um método simplificado de distribuição transversal de solicitações baseado no

método definido pela AASHTO LRFD. Algumas considerações necessárias para

adequá-lo às recomendações normativas brasileiras também são discutidas ao

longo deste estudo.

Atualmente encontra-se em desenvolvimento uma nova norma brasileira,

entitulada “Projeto de Pontes e Viadutos Rodoviárias de Aço e Mistas Aço e

Concreto”, que considera o método simplificado de distribuição transversal de

solicitações definido pela AASHTO LRFD em projetos de pontes metálicas e

mistas de aço e concreto. Portanto, este trabalho auxilia a construção desta norma

nova, validando o método simplificado em questão para pontes com vigas

metálicas e com vigas em concreto armado e protendido.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 27: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 27

1.2 Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é a validação do método simplificado de

distribuição transversal de solicitações devido à cargas móveis da norma america-

na AASHTO LRFD para utilização em projetos de pontes de vigas no Brasil, res-

peitando as recomendações normativas aqui existentes. Este objetivo será alcan-

çado em duas etapas. Na primeira etapa, são realizados estudos utilizando-se o

programa Autodesk Robot 2013, que utiliza o Método dos Elementos Finitos

(MEF). A segunda etapa consiste em comparações com análises realizadas utili-

zando-se outros métodos simplificados comumente utilizados na execução de pro-

jetos, que são o de Engesser-Courbon e o da Viga Modelo.

A partir do objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram estabele-

cidos:

validar as técnicas de modelagem para criação dos modelos de pontes

em EF, comparando-se os resultados encontrados nos modelos conce-

bidos com resultados analíticos e com resultados encontrados em tes-

tes de carga em pontes reais, para assim garantir que os modelos cria-

dos consigam representar o comportamento das pontes;

definir as seções transversais das pontes a serem analisadas a partir de

estudos estatísticos das pontes existentes na malha rodoviária federal

brasileira, de modo que o estudo seja relevante para uma parcela signi-

ficativa das pontes existentes e futuras;

determinar um modelo de trem-tipo baseado na AASHTO LRFD con-

siderando as cargas e recomendações normativas brasileiras;

validar os resultados encontrados com a utilização do método da LRFD

com análises pelo MEF;

validar os resultados encontrados com a utilização do método da LRFD

com os métodos simplificados de Engesser-Courbon e Viga Modelo.

1.3 Estrutura do Trabalho

O trabalho é apresentado em cinco capítulos, que são formatados da seguin-

te maneira:

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 28: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 28

No Capítulo 2 é realizada uma revisão bibliográfica para discutir e entender

como as normas brasileira e americana tratam o assunto da distribuição transver-

sal de solicitações em pontes de vigas, e detalhar alguns dos métodos simplifica-

dos utilizados no Brasil que serão utilizados neste trabalho. Nesse capítulo apre-

senta-se também uma discussão sobre as de modelagem de pontes pelo MEF, e os

resultados de uma análise estatística das principais definições geométricas das

pontes brasileiras.

No Capítulo 3 é realizada a validação do modelo de EF a ser utilizado na

sequência do estudo. A validação é realizada a partir de análises básicas de ele-

mentos isolados até modelagens de tabuleiros completos que receberam testes de

cargas.

No Capítulo 4 são discutidos os elementos utilizados na elaboração do tra-

balho, como os parâmetros geométricos das pontes analisadas e os métodos consi-

derados, além de detalhar a metodologia utilizada, que consiste na criação de um

modelo de carga móvel similar ao sugerido pela AASHTO LRFD (2012), no cál-

culo dos trens-tipos dos métodos considerados, na modelagem e análise das pon-

tes pelo MEF e na comparação entre os resultados encontrados pelos métodos

simplificados e pelo MEF.

No Capítulo 5 são expostos os resultados encontrados nas análises, e no Ca-

pítulo 6 são apresentadas as conclusões obtidas e sugestões para futuros trabalhos,

dentro desta linha de pesquisa.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 29: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 29

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Considerações Iniciais

Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica dos tópicos relevantes pa-

ra a realização deste trabalho. São eles:

as cargas móveis determinadas pela NBR 7188 e pela AASHTO

LRFD para o uso em projetos de pontes;

os métodos simplificados de análise da distribuição transversal de

solicitações devidos às cargas móveis. São eles: o de Engesser-

Courbon, o da Viga Modelo e o da AASHTO LRFD;

as formas de modelagem por elementos finitos de pontes de vigas

em elementos finitos e a influência da consideração de elementos

secundários no modelo;

o panorama das características das pontes encontradas nas rodovias

brasileiras.

2.2 Cargas Móveis

2.2.1 NBR

A norma que determina as cargas móveis rodoviárias brasileiras é a NBR

7188 (2013) – “Carga móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passa-

relas e outras estruturas”, porém apesar de ser uma norma recente, as atualizações

que trás não alteraram significativamente os padrões já definidos em normas ante-

riores. Desde a NB-6 (1960) é utilizada a mesma configuração do trem-tipo com

três eixos espaçados em 1,50 m entre si e dimensões de 6 m de comprimento por 3

m de largura, apesar de ter havido algumas modificações nas cargas atuantes.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 30: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 30

Luchi (2006) afirma que o objetivo das normas internacionais é que os seus

modelos de carregamento representem bem as cargas reais encontradas nas rodo-

vias. Códigos como o Eurocode 1 (2003) e a AASHTO LRFD (2012) já sofreram

modificações para atingir este objetivo por meio de análises estatísticas de situa-

ções de tráfego e tipos de veículos encontrados nas estradas. No entanto a NBR

7188 ainda determina um trem-tipo baseado nas antigas DIN-1072, e não reflete a

realidade das cargas reais que ocorrem nas pontes brasileiras.

As cargas móveis definidas pela NBR 7188 (2013) não diferem muito das

cargas da norma anterior, NBR 7188 (1984), tendo como principais modificações

a retirada das classes 12 e 30 e a reintrodução da classe 24, agora denominada TB-

240. A classe 45 é mantida também com uma nova denominação, TB-450.

O TB-450, considerado a carga móvel padrão e utilizado nas principais aná-

lises, é definido pela NBR 7188 (2013) como “um veículo tipo de 450 kN, com

seis rodas com P = 75kN, três eixos de carga afastados entre si em 1,5 m com área

de ocupação de 18,0m², circundada por uma carga uniformemente distribuída

constante p = 5 kN/m²”. A representação da disposição dessas cargas é apresenta-

da na Figura 2.1. Para pontes em estradas vicinais municipais de uma faixa e pon-

tes particulares é possível utilizar o TB-240, semelhante ao TB-450, porém, com

P = 40 kN e p = 4 kN/m². A carga distribuída é disposta por toda a área do tabulei-

ro que possa causar efeitos desfavoráveis.

Figura 2.1 – Disposição das cargas móveis pela NBR 7188 (2013).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 31: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 31

2.2.2 AASHTO

A American Association of State Highway Officials (AASHO), predecessora

da AASHTO, publicou em 1931 o primeiro texto que prescrevia especificações

para o projeto e construção de pontes nos Estados Unidos. Essa publicação foi in-

titulada como “Standard Specifications for Highway Bridges and Incidental

Structures” e rapidamente foi adotada como um padrão aceito não apenas pelos

departamentos nacionais de estradas, mas também por outras autoridades respon-

sáveis pelas pontes dentro e fora dos EUA (AASHTO LRFD, 2012).

A norma Standard foi utilizada pela AASHTO por aproximadamente 70

anos como o principal documento normativo, porém, de acordo com Nowak

(1995), dentro desse período diversas modificações foram realizadas em seu texto,

causando inconsistências nos procedimentos. Foi, enfim, substituída totalmente

em 2007 após um processo que durou mais de duas décadas de estudos. A nova e

atual norma LRFD faz parte de uma nova geração de normas de projetos de pon-

tes que é baseada em teorias de probabilidades e estatísticas, onde o desempenho

estrutural pode ser medido em termos de um índice de confiabilidade , uma

função de parâmetros estatísticos de carga e resistência (Nowak e Szersen, 1998).

Yousif e Hindi (2007) comparam os índices de confiabilidade encontrados

na LRFD com os da Standard e provam como a nova norma é mais segura que a

antiga. Foi encontrada uniformidade e uma boa consistência na LRFD com um

3,5 para diferentes tipos e configurações de tabuleiros. Esse valor de certi-

fica que apenas dois a cada 10.000 elementos podem ter a soma das cargas fatora-

das maiores do que as suas resistências fatoradas na sua vida útil de 75 anos. Já na

Standard o encontrado não é uniforme, variando entre 2 e 4,5. Um 2 signi-

fica que quatro a cada 100 elementos podem receber solicitações fatoradas maio-

res do que suas resistências fatoradas.

A LRFD tem duas combinações de faixas de carregamentos (FC) de projeto

denominadas HL-93 que são: (a) um caminhão de projeto (HS-20) com uma faixa

de carga distribuída com 3,00 m de largura como mostra a Figura 2.2, e (b) um

tandem de projeto com dois eixos de 110 kN espaçados em 1,20 m entre si em

conjunto com a mesma carga distribuída. Tanto a carga distribuída quanto os veí-

culos já existiam na Standard, mas eram considerados de forma isolada.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 32: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 32

Figura 2.2 – Disposição das cargas dos veículos da AASHTO LRFD 2012.

As combinações de FC são dispostas em faixas de projeto (FP) que não são

necessariamente equivalentes à quantidade de faixas de rolamento, pois a LRFD

define que a quantidade de FP é resultante da divisão da largura útil do tabuleiro

por 3,66 m. As análises são realizadas para uma ou mais FP carregadas, sendo que

a pequena probabilidade de ocorrência simultânea de mais de um carregamento de

grande magnitude é considerada por meio de fatores de presença múltiplas (FPM),

apresentados na Tabela 2.1 –.

Tabela 2.1 – Fatores de presença múltipla (adaptado de AASHTO LRFD, 2012)

2.3 Método de Distribuição Transversal de Cargas

Existe uma grande variedade de métodos de análise da distribuição transver-

sal de solicitações de cargas móveis em pontes de vigas, desde métodos simplifi-

cados consagrados como o de Engesser-Courbon, Leonhardt, Guyon-Massonet,

Homberg-Trenks e Viga Modelo, até o mais completo MEF.

Como a NBR 7188 (2013) não determina o uso de um método específico ou

faz recomendações sobre a distribuição transversal das solicitações, os engenhei-

ros projetistas têm a liberdade de utilizar qualquer método que seja de sua confi-

ança. Essa liberdade impede que exista um controle maior sobre a segurança das

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 33: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 33

pontes brasileiras, pois cada um dos métodos tem diferentes especificidades e po-

de fornecer resultados discrepantes para uma mesma ponte.

O método definido pela AASHTO LRFD consiste em um cálculo de um fa-

tor denominado LDF (Load Distribution Factor) que determina como o carrega-

mento deve ser distribuído transversalmente na ponte. A obtenção desse fator é

feita com equações que foram obtidas por meio de estudos paramétricos baseados

em análises usando-se o MEF. Estudos evidenciam que essas equações conse-

guem representar bem o comportamento das pontes (Sotelino, Liu, et al., 2004).

Nas próximas subseções são apresentados os métodos simplificados de En-

gesser-Courbon e Viga Modelo e o método utilizado pela norma AASHTO

LRFD.

2.3.1 Método Engesser-Courbon (MEC)

O MEC, desenvolvido em 1940 por Courbon e atribuído também a Engesser

posteriormente (Alves, Almeida e Judice 2004), é uma consideração simplificada

da análise da distribuição transversal de cargas, que é realizada ao criar um trem-

tipo equivalente relativo a uma longarina específica que se deseja analisar. O

trem-tipo é criado de acordo com a linha de influência de tal longarina na seção

transversal do tabuleiro, e o cálculo tem como variáveis apenas o número de lon-

garinas e o espaçamento entre elas, além da localização das cargas. Porém, para

que esse método possa ser utilizado, Stucchi (2006) afirma que algumas condições

em relação às dimensões da ponte que necessitam ser respeitadas. São elas:

a largura do tabuleiro deve ser menor que a metade do vão da ponte;

a altura das transversinas deve ser da ordem de grandeza da altura das

longarinas;

as espessuras das longarinas e das lajes devem ser pequenas em rela-

ção às outras dimensões.

Para os casos em que essas condições são respeitadas, são consideradas al-

gumas hipóteses para a utilização do método, de acordo com Stucchi (2006). São

elas:

as transversinas são infinitamente rígidas;

a torção uniforme é desprezível;

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 34: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 34

é valida a lei de Hooke que rege a linearidade dos materiais;

é válida a hipótese de Navier, que diz que seções planas permanecem

planas após as deformações;

os deslocamentos são pequenos.

Com o respeito das condições garantido e a consideração das hipóteses defi-

nidas pelo método, a parcela de carga de cada longarina é definida por:

,2

1

1 ii j n

i

i

exR

nx

(2.1)

onde:

,i jR = parcela de carga unitária na posição j da longarina i;

n = número de longarinas;

e = excentricidade da carga em relação ao centro de gravidade (CG) da seção

transversal do tabuleiro;

ix = distância da longarina i em relação ao CG da seção transversal do tabuleiro

2.3.2 Método da Viga Modelo (MVM)

O Método da Viga Modelo (MVM) foi apresentado por Cavalcanti (2007a)

e por ser um método relativamente recente em comparação com o MEC, ainda

não é tão disseminado no meio técnico-científico. Mas da mesma forma como no

MEC, também faz a análise da distribuição transversal de solicitações com a de-

terminação de um trem-tipo equivalente à longarina analisada, por meio de uma

linha de influência da seção transversal do tabuleiro.

Apesar dessa similaridade, são várias as diferenças entre eles. Os métodos

são representantes fiéis das épocas em que foram desenvolvidos. O MEC é mais

simples e mais fácil de ser utilizado. Já o MVM não foi desenvolvido para ser uti-

lizado com cálculos manuais básicos. A matemática do método é mais complexa e

necessita um programa computacional simples para o seu desenvolvimento.

Cavalcanti (2007a) divide seu método a partir da inclusão ou não de trans-

versinas de vão. Em projetos nos quais são consideradas o sistema de distribuição

é dito discreto. Nos casos onde não existe nenhuma transversina de vão o sistema

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 35: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 35

de distribuição é dito contínuo. Para ambos os casos as ideias desenvolvidas são

essencialmente as mesmas e a fundamentação matemática completa pode ser en-

contrada em Cavalcanti (2007a, 2007b). Assim como no MEC algumas condições

também precisão ser respeitadas para que o método possa ser utilizado. São elas:

o espaçamento entre as vigas longitudinais pode ser variável;

a inércia das vigas longitudinais é invariável, mas não necessariamen-

te iguais entre si;

não é necessário considerar transversinas de vão;

se houver apenas uma transversina de vão será situada no meio do

vão;

se houver mais de uma transversina de vão deverão ser iguais e dividir

o tabuleiro em partes iguais ao longo do vão.

O método consiste basicamente em determinar a rigidez dos apoios elásti-

cos, que representam as vigas longitudinais e calcular os coeficientes de distribui-

ção transversal mediante o cálculo das reações de apoio, assim:

4

j jk EIL

(2.2)

onde

jk = rigidez dos apoios elásticos;

= comprimento do vão;

jEI = rigidez à flexão da viga longitudinal j.

2.3.3 AASHTO LRFD

O método simplificado de distribuição transversal de cargas móveis apre-

sentado pela norma AASHTO Standard é baseado na obtenção de um fator de dis-

tribuição de cargas (LDF), que multiplicado pelas solicitações (momento fletor ou

força cortante) encontrados em uma análise bidimensional utilizando-se o trem-

tipo definido pela norma, determina as solicitações máximas na viga mais carre-

gada de um tabuleiro. É um método muito simples e tem apenas uma variável, o

L

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 36: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 36

espaçamento entre as vigas. O cálculo que é válido para diversos tipos de pontes,

é dado por:

SLDF

D (2.3)

Na expressão (2.3) S é o espaçamento das vigas ( pés ) e D é uma constante

fixada para cada tipo de ponte.

Além de simples, de acordo com diversos estudos é um método relativa-

mente impreciso, pois mesmo fornecendo resultados válidos para algumas pontes,

fornece resultados inseguros para pontes com vãos e espaçamentos de vigas rela-

tivamente pequenos, e resultados ultraconservadores para pontes com vãos e es-

paçamentos de vigas relativamente grandes (Sotelino et al., 2004). Baseado nessas

informações foi iniciado em 1985 o projeto NCHRP 12-26, denominado “Distri-

buição de Cargas Móveis em Pontes Rodoviárias” que visa a melhoria da precisão

das expressões do tipo S/D da norma Standard.

De acordo com Sotelino et al. (2004) foram considerados três níveis de aná-

lises no projeto NCHRP 12-26. O primeiro nível utiliza fórmulas simplificadas

para prever a distribuição transversal, enquanto o segundo envolve métodos gráfi-

cos, superfícies de influência e análise de grelha, e o terceiro é o mais preciso e

envolve análises detalhadas em elementos finitos de superestruturas de pontes. As

análises de nível 2 e 3 foram utilizadas para determinar as expressões simplifica-

das do nível 1 a partir de estudos paramétricos. Assim, as expressões foram de-

senvolvidas para incluir os parâmetros em que a distribuição transversal é mais

sensível. São eles: o espaçamento das vigas, o comprimento do vão, as caracterís-

ticas geométricas das vigas e a espessura do tabuleiro.

Em 1994 quando a AASHTO publicou e adotou a nova norma LRFD Bridge

Design como uma alternativa para a Standard, foram utilizadas as expressões de-

senvolvidas no projeto NCHRP 12-26 para o cálculo dos LDF no lugar das ex-

pressões S/D. Durante mais de uma década a LRFD foi estudada e validada no

meio técnico-científico, até que em 2007 substituiu definitivamente a Standard.

Apesar da autonomia de cada estado americano atualmente todas as pontes nos

EUA, financiadas pelo governo federal precisam ser projetadas seguindo-se as

recomendações da AASHTO LRFD (Harris e Gheitasi, 2013).

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 37: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 37

O método simplificado de distribuição de solicitações adotado pela

AASHTO LRFD é tido como uma boa representação do comportamento das pon-

tes, e também é considerado simples de ser utilizado na prática, apesar de ser mais

complicado que a Standard pela necessidade de se realizar um processo iterativo.

Essa necessidade existe porque é necessário definir a seção das vigas da ponte pa-

ra calculá-lo.

Para cada tipo de tabuleiro são utilizadas diferentes expressões e diferentes

especificações para o cálculo do LDF. Mas como este trabalho trata apenas de

pontes de vigas, metálicas ou de concreto, são apresentadas apenas as expressões

pertinentes a esses casos. O LDF pode ser obtido por meio de quatro formas dis-

tintas para o cálculo do momento fletor, e de forma análoga para o cálculo da for-

ça cortante na viga mais solicitada do tabuleiro, que são:

para viga interna com uma faixa de rolamento carregada (FPM incluí-

do);

para viga interna com duas ou mais faixas de rolamento carregadas

(FPM incluído);

para viga externa com uma faixa de rolamento carregada (não inclui

FPM);

para viga externa com duas ou mais faixas de rolamento carregadas

(FPM incluído).

A Tabela 2.2 – apresenta as formas de obtenção do LDF para momento fle-

tor com seus respectivos limites de aplicabilidade e a Tabela 2.3 – apresenta as

formas de obtenção do LDF para força cortante também com seus limites de apli-

cabilidade.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 38: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 38

Tabela 2.2 – Resumo das formas de obtenção do LDF para distribuição do momento fle-tor

Tabela 2.3 – Resumo das formas de obtenção do LDF para distribuição da força cortante

As variáveis presentes nas tabelas 2.2 e 2.3 representam o seguinte:

S espaçamento entre as vigas (em ft ) ;

st espessura do tabuleiro (em .in );

L comprimento do vão (em ft ) ;

bN número de vigas ;

gK parâmetro de rigidez longitudinal (em 4.in ) ;

g LDF da viga externa ;

e fator de correção ;

interiorg LDF da viga interna ;

ed distância horizontal entre o CG da viga externa e a face interna do guarda

corpo.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 39: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 39

O parâmetro gK é dado por:

2

g gK n I Ae (2.4)

onde

B

D

En

E (2.5)

BE modulo de elasticidade do material da viga (em ksi );

DE modulo de elasticidade do material do tabuleiro (em ksi );

I momento de inércia da viga isolada (em 4.in );

A área da viga isolada (em 2.in );

ge distância entre os centros de gravidade da viga e do tabuleiro (em .in ).

Analisando-se as duas tabelas observa-se que o LDF das vigas internas é

calculado utilizando-se as equações desenvolvidas a partir do projeto NCHRP 12-

26, enquanto que o LDF das vigas externas é calculado de duas formas distintas.

Em análises nos quais apenas uma faixa de rolamento é carregada, é utilizada uma

regra analítica denominada Regra da Alavanca (Lever Rule), que apesar de citada

não será validada neste trabalho. Para análises em que duas ou mais faixas de ro-

lamento são carregadas, o LDF da viga externa é relacionado ao da viga interna

por um fator de correção.

De forma geral as vigas internas e externas podem ser dimensionadas sepa-

radamente, porém, é comum que o dimensionamento seja realizado utilizando-se

apenas o maior entre os LDF calculados para que todas as vigas tenham a mesma

capacidade resistente e o tabuleiro seja estruturalmente redundante.

2.4 Modelagem em Elementos Finitos

Atualmente o MEF é sem dúvida um dos mais potentes métodos para a rea-

lização de análises estruturais de pontes, porém, para que seja efetivo requer o só-

lido conhecimento sobre seus fundamentos. Pequenos erros na modelagem ou no

processamento dos resultados podem causar grandes erros nos resultados, que po-

dem passar despercebidos até por engenheiros experientes.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 40: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 40

A superestrutura de uma ponte de vigas é, de forma geral, dividida em ele-

mentos primários e secundários. Os primários, que necessariamente precisam ser

considerados em um modelo de elementos finitos, incluem o tabuleiro e as longa-

rinas, enquanto os secundários, que podem ou não serem considerados, são trans-

versinas, diafragmas, enrijecedores, elementos de contraventamento, guarda-

corpo, parapeito, etc.

É possível modelar um tabuleiro de diversas maneiras, desde formas simpli-

ficadas bidimensionais até detalhados modelos em 3-D, onde podem ser conside-

radas todas as características da estrutura real com o menor número possível de

aproximações. A variação entre os diferentes modelos tridimensionais ocorre

principalmente na escolha dos tipos de elementos disponíveis no MEF na modela-

gem desses elementos primários (vigas e laje), e na consideração ou não dos ele-

mentos secundários.

2.4.1 Elementos Primários

Dentre as possibilidades de métodos de modelagem dos elementos primá-

rios, a laje pode ser modelada com elementos sólidos ou de casca, porém, Cook et

al. (1989) comentam que o uso de elementos sólidos não é geralmente recomen-

dado por necessitar um elevado esforço computacional. Sotelino et al. (2004)

apresentam um estudo comparando várias maneiras de se modelar esses elemen-

tos. Comparando-se os tipos de modelagem encontrados na literatura, constata-se

que em 80% dos estudos analisados a laje é modelada usando-se elementos de

casca, sendo que desse grupo 65% utiliza elementos com quatro nós. Entre esse

percentual são citados os trabalhos de Barr et al. (2001), Schwarz e Laman

(2001), Shahawy e Huang (2001) e Tabsh e Tabataba (2001).

As vigas podem ser modeladas com elementos de viga ou de casca. Nos da-

dos apresentados por Sotelino et al. (2004) em torno de 53% dos trabalhos as vi-

gas são modeladas com elementos de viga, sendo que em 75% deles são utilizados

elementos de dois nós. No restante são modeladas com elementos de casca, ou por

uma combinação de elementos de casca e de viga.

Para garantir uma melhor aproximação do comportamento real do tabuleiro

e reduzir as inconsistências físicas e geométricas, o ideal é que cada elemento e os

apoios sejam modelados no seu local exato. Obviamente, para que isso ocorra,

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 41: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 41

eles não podem estar conectados diretamente, e necessitam de um elemento de

ligação rígida que garanta a ação do conjunto.

A Figura 2.3, retirada de Chung e Sotelino (2005), representa um modelo

simples com laje em casca e viga em elemento de viga conectados por elementos

rígidos nos nós. Os elementos rígidos também conectam os apoios às vigas. De

acordo com os resultados obtidos por Chung e Sotelino (2005), esse tipo de mode-

lo produz resultados com ótima precisão quando comparado a modelos mais sofis-

ticados a um custo computacional bem mais baixo. Por esse motivo, esse é o tipo

de modelagem adotado neste trabalho.

Figura 2.3 – Representação do modelo de elementos finitos (retirada de Chung e Soteli-no, 2005).

2.4.2 Elementos Secundários

Na maioria dos trabalhos encontrados na literatura elementos secundários

não são considerados na modelagem de pontes de viga. Diversos estudos anterio-

res dissertaram a respeito dos resultados encontrados em comparações de análises

de pontes com e sem esses elementos, geralmente tratando principalmente da con-

sideração das transversinas.

A consideração das transversinas é importante para que o comportamento

do tabuleiro seja bem representado na análise, porém a sua real importância no

comportamento do sistema é discutida por vários autores. De acordo com Araújo

(2005) a discussão da importância das transversinas é relacionada a vários pontos,

como o efeito delas na distribuição transversal de solicitações e a redução dos

momentos fletores nas longarinas.

Dentre os trabalhos que analisaram a influência das transversinas, tem-se:

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 42: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 42

Barr et al. (2001) concluem que entre todas as variáveis investiga-

das, as transversinas intermediárias (TI) têm a menor influência na

distribuição transversal de cargas móveis, e as transversinas de

apoio (TA) têm maior influência quanto maior for a esconsidade do

tabuleiro. Em pontes ortogonai, a consideração das TA causa altera-

ções de até 6%, e em pontes com 60º de esconsidade causa altera-

ções de até 23%;

Araújo (2005) conclui que a presença de TA não produz alterações

significativas, causando mudanças de no máximo 5% nas solicita-

ções nas vigas longitudinais. Já ao considerar a presença das TI fo-

ram encontradas variações de até 14% nas solicitações das longari-

nas, porém, essas variações ocorrem tanto diminuindo o esforço em

uma viga quanto aumentando em outra. Dessa forma, as solicitações

de projeto não são alterados significativamente, e os benefícios cau-

sados pela adição das transversinas, no que tange a distribuição

transversal de solicitações, se tornam nulos;

Eamon e Nowak (2002) encontram, com a consideração das trans-

versinas uma redução de até 13% (média de 4%) nos momentos

máximos das longarinas;

Chung, Liu e Sotelino (2006) encontram uma redução dos momen-

tos máximos das longarinas de até 11% ao considerarem as trans-

versinas.

2.4.3 Pós-Processamento de Resultados

Um trabalho de pós-processamento de alguns resultados obtidos em uma

análise por elementos finitos é necessário em diversas situações. No caso de pon-

tes que são modeladas utilizando-se ligações rígidas para conectar o tabuleiro e as

vigas, existe a necessidade de fazer esse tipo de trabalho para determinar os mo-

mentos fletores das vigas. Outros resultados, como a força cortante e os desloca-

mentos são obtidos diretamente.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 43: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 43

De acordo com Sotelino et al. (2004) o momento fletor MEFM de uma de-

terminada viga é o resultante de três componentes dos resultados da análise. Esses

componentes são o próprio momento fletor nos elementos de viga vigaM , o mo-

mento no tabuleiro nos elementos de casca cascaM e o momento devido a forças

axiais axialM , como mostrados na Figura 2.4.

Figura 2.4 – Componentes do momento nas vigas (retirado de Sotelino et al., 2004)

Assim:

MEF viga casca axialM M M M (2.6)

As formas como esses componentes são obtidos são apresentadas a seguir.

a) Momento fletor nos rlementos de viga

O momento da viga é obtido diretamente no elemento de viga:

1viga bM SM (2.7)

onde 1bSM é o momento calculado diretamente no elemento.

b) Momento fletor do tabuleiro

O momento do tabuleiro é o resultado da soma dos produtos de cada mo-

mento distribuídos nos elementos de casca atuando na metade de suas larguras ib :

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 44: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 44

1 ,2

icasca s i

bM SM

(2.8)

onde 1 ,s iSM é o momento em um ponto no elemento i . É necessário calcular a

largura efetiva effb do tabuleiro para se determinar quais elementos influenciam as

solicitações nas vigas, e assim definir as suas larguras ib .

c) Momento fletor devido às forças axiais

O momento devido a forças axiais é o resultado da multiplicação da força

axial da viga pela distância e do CG da viga ao CG do tabuleiro:

1axial bM SF e (2.9)

onde 1bSF é a força normal no ponto analisado da viga.

2.5 Panorama das Pontes Brasileiras

Nesta seção são apresentadas as informações obtidas por Mendes (2009) so-

bre o panorama das pontes nas rodovias federais brasileiras. Para obter essas in-

formações foram analisados os cadastros do Departamento Nacional de Infraestru-

tura de Transportes (DNIT) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres

(ANTT), além do cadastro de várias agências e empresas responsáveis pelas rodo-

vias. No total foi gerado um cadastro único de 5.619 pontes, onde 70% delas tem

idade superior a 30 anos. Como o Brasil não tem um sistema eficiente de gestão

das OAE (Obras-de-Arte Especiais) existentes, as informações contidas nesse ca-

dastro não são completas na maioria dos casos. Por exemplo, para 28% das pontes

cadastradas não é especificado o tipo de sistema estrutural existente, e para 75%

delas não é especificado o número de vãos. Na apresentação dos dados já foram

excluídas as pontes para as quais não foram fornecidas as informações para cada

caso.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 45: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 45

2.5.1 Sistema Estrutural e Material

De acordo com Mendes (2009) o sistema estrutural mais comum nas pontes

brasileiras é o de vigas (Figura 2.5). Dentro do total quase 82% das pontes são de

vigas de concreto armado (CA), 11% de vigas de concreto protendido (CP) e ape-

nas 2,5% de vigas metálicas.

Figura 2.5 – Distribuição do número de pontes por sistema estrutural (adaptada de Men-des, 2009).

Essa diferença entre o número de vigas de concreto e metálicas é notável.

Em comparação com os dados fornecidos em 2013 pelo FHWA (Federal Highway

Administration) sobre o panorama das pontes nos Estados Unidos, na Figura 2.6,

a diferença fica ainda mais evidente.

(a)

(b)

Figura 2.6 – (a) Principais sistemas estruturais de pontes; (b) Principais materiais utiliza-dos.

Enquanto no Brasil 95% das pontes existentes são de vigas, nos EUA apesar

de também serem maioria, esse percentual reduz para 61%. Percebe-se também a

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 46: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 46

diferença na utilização de estruturas metálicas em pontes entre os dois países. O

uso do aço em pontes americanas é cerca de 10 vezes maior do que em pontes

brasileiras. Mas devido à expansão atual do uso do aço em construções no Brasil,

espera-se uma tendência futura de projetos de pontes com maior utilização desse

tipo de material.

2.5.2 Número de Vãos e Faixa de Extensão

Dando continuidade à apresentação das informações obtidas a partir do ca-

dastro de Mendes (2009), é apresentada na Figura 2.7 (a) a distribuição das pontes

por número de vãos apoiados (balanços extremos não são contabilizados como

vãos). A Figura 2.7 (b) mostra a distribuição das pontes em termos dos compri-

mentos dos vãos. Nota-se que metade das pontes têm apenas um vão bi-apoiado e

97% dos vãos têm comprimento inferior a 50 m.

(a)

(b)

Figura 2.7 – Distribuição das pontes por: (a) número de vãos; (b) comprimento dos vãos.

2.5.3 Largura do Tabuleiro

O Manual de Inspeção de Pontes Rodoviárias (2004) faz um breve histórico

da evolução das pontes rodoviárias da malha federal desde a década de 1940, épo-

ca em que as primeiras normas brasileiras referentes a projetos de pontes foram

criadas. Nele são comentadas as geometrias transversais utilizadas em cada um

dos diferentes períodos de projetos de ponte no Brasil.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 47: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

Revisão Bibliográfica 47

Na Tabela 2.4 – são apresentadas as larguras de tabuleiros usuais em cada

período e suas características gerais.

Tabela 2.4 – Características das seções transversais de cada período

Percebe-se então que a largura padrão dos tabuleiros de pontes varia muito

de época para época. Essa variação reflete nos dados informados por Mendes

(2009) e apresentados na Figura 2.8. Nessa figura é apresentada a distribuição

atual de pontes no Brasil por largura do tabuleiro e a proporção das pontes cons-

truídas em cada um dos períodos estudados.

(a)

(b)

Figura 2.8 – Distribuição das pontes por: (a) largura do tabuleiro; (b) época de constru-ção.

Analisando-se todos os dados fica evidente a correlação entre a época de

construção das pontes e a proporção atual das larguras dos tabuleiros das pontes

brasileiras.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 48: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

3 Validação do Modelo

3.1 Considerações Iniciais

Para a realização deste trabalho a primeira etapa a ser realizada é a valida-

ção do tipo de modelo de elementos finitos adotado. Como o objetivo deste traba-

lho é a análise de superestruturas de pontes, considera-se que os aparelhos de

apoio, os pilares e a fundação não influenciam no seu comportamento, portanto,

não foram modelados.

Foram escolhidos dois programas para uma comparação inicial, que são:

Autodesk Robot e o SAP2000. Como esperado os resultados encontrados por am-

bos os programas foram similares e, portanto, apenas o Robot foi escolhido para a

continuação do estudo.

A partir da definição do programa, o processo de validação do modelo é

constituído por duas etapas. A primeira é uma análise básica que teve como obje-

tivo comparar os resultados de análises de uma viga isolada modelada com dife-

rentes elementos e verificar a diferença entre eles. Os elementos analisados foram

o de viga com dois nós e o de casca com quatro nós. Também foi realizado um

estudo de convergência para se determinar a discretização necessária da malha de

elementos finitos para que produzam resultados satisfatórios.

Na segunda etapa duas pontes que receberam testes de carga foram modela-

das e tiveram os resultados dos testes e das análises de elementos finitos compa-

rados. Uma das pontes, projetada e construída em escala real no laboratório da

Universidade de Nebraska nos EUA, tem todo o processo de projeto e construção

e os resultados divulgados por Kathol et al (1995). A outra ponte foi construída na

cidade de Flint, no estado americano de Michigan, e é uma das seis pontes anali-

sadas por Nowak e Eom (2001). Ao comparar os resultados obtidos nas análises

por EF realizadas neste trabalho com os resultados experimentais, foi possível va-

lidar o comportamento do modelo completo, onde todos os elementos estruturais

da superestrutura das pontes trabalham em conjunto.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 49: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

49

3.2 Análise Básica

Nesta primeira fase vários tipos de modelagem de pontes de viga foram

considerados. Em todos os modelos usou-se uma combinação de elementos de

viga e de casca. Uma vez selecionado o tipo de modelo a ser adotado no trabalho,

foi realizado um estudo de convergência para se determinar a discretização neces-

sária da malha. Primeiramente foram modeladas duas vigas bi-apoiadas de 5,00 m

de comprimento, apresentadas na Figura 3.1, sendo uma com seção retangular

(VR) para verificação do comportamento da viga isolada, e outra de seção T (VT)

para verificação de forma representativa do comportamento em conjunto de uma

faixa do tabuleiro de uma ponte com uma viga. Em ambas as análises considerou-

se apenas um carregamento linearmente distribuído de 10 /q kN m atuando nas

vigas.

(a.1) (a.2)

(b.1) (b.2)

Figura 3.1 – Vigas analisadas: (a) viga retangular; (b) viga T.

Os vários modelos analisados nessa etapa são apresentados na Tabela 3.1 –,

sendo dois para a VR e três para a VT.

Tabela 3.1 – Modelos das VR e VT

Modelo Elemento do tabuleiro Elemento da viga

VR. 1 - Viga

VR. 2 - Casca

VT. 1 Casca Viga

VT. 2 Casca Casca com ligação rígida

VT. 3 Casca Casca sem ligação rígida

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 50: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

50

A consistência geométrica é mantida nos quatro primeiros modelos, porém,

no VT.3, onde a viga é diretamente conectada ao tabuleiro, observa-se uma super-

posição de material, como era de se esperar. Na Figura 3.2 é apresentada a compa-

ração física dos modelos extrudados VT.3 e VT.2.

(a)

(b)

Figura 3.2 – Modelo extrudado: (a) inconsistência geométrica do VT.3; (b) VT.2.

Nos modelos que utilizam elementos de vigas os apoios são considerados

em seus locais exatos utilizando também elementos de ligação rígida.

3.2.1 Descrição da Análise

Foram comparados os momentos fletores e os deslocamentos máximos en-

contrados no modelo de elementos finitos com os resultados encontrados de forma

analítica, dados por:

2

8

qlM (4.1)

45

384

qlf

EI (4.2)

onde M momento fletor;

f deslocamento máximo;

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 51: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

51

q carregamento linearmente distribuído;

l comprimento das vigas;

E módulo de elasticidade do material;

I momento de inércia da seção

Como este trabalho teve início antes da vigência da NBR 6118 (2014), o

módulo de elasticidade E foi calculado como recomenda a NBR 6118 (2007) pa-

ra um concreto com 26ckF MPa , onde:

1/25600ci ckE F (4.3)

0,85cs ciE E (4.4)

Portanto, 24,27csE E GPa e I é o momento de inércia da seção trans-

versal da viga. Sendo assim, os resultados analíticos que servirão como base para

comparação são os seguintes:

31,25

1,61

2,06

VR

VT

M kNm

f mm

f mm

onde

VRf deslocamento máximo da VR;

VTf deslocamento máximo da VT.

Como o vão e o carregamento são iguais, o momento fletor M é o mesmo

para os dois casos.

3.2.1.1 Viga Retangular

Na análise da VR a viga foi analisada das seguintes formas:

VR.1: Viga modelada com elemento de viga.

VR.2: Viga modelada com elementos de casca

o VR.2-1: Malha de 0,50 m x 1,00 m.

o VR.2-2: Malha de 0,50 m x 0,50 m.

o VR.2-3: Malha de 0,50 m x 0,25 m.

o VR.2-4: Malha de 0,25 m x 0,25 m.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 52: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

52

Os modelos VR.1 e VR.2-2 são apresentados na Figura 3.3.

(a)

(b)

Figura 3.3 – Representação dos modelos: (a) VR.1; (b) VR.2-2.

3.2.1.1.1 Resultados

Os resultados das comparações dos momentos fletores são apresentados na

Figura 3.4, e os resultados das comparações dos deslocamentos são apresentados

na Figura 3.5.

Figura 3.4 – Comparação de momentos fletores.

Figura 3.5 – Comparação de deslocamentos.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 53: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

53

Como era esperado o modelo que usa elemento de viga praticamente repro-

duz o resultado analítico. A pequena diferença se deve ao fato que a solução analí-

tica apresentada não considera contribuição da energia de deformação por cisa-

lhamento, enquanto a formulação do elemento de viga no Robot considera esse

efeito. Os resultados dos modelos que utilizam elementos de casca variam com o

refinamento da malha. Neste trabalho considerou-se que a malha com elementos

de casca com dimensões 0,50 m x 0,50 m fornece resultados razoáveis para uma

tolerância de menos de 5%.

3.2.1.2 Viga T

A análise da VT mostra a influência ligações rígidas (LR), e o refinamento

necessário da malha dos elementos para que a ação conjunta seja considerada da

melhor forma possível.

A viga foi analisada das seguintes formas:

VT1: alma modelada com elemento de viga com LR conectando a me-

sa e a alma

o VT.1-1: LR espaçados em 1,00 m.

o VT.1-2: LR espaçados em 0,50 m.

o VT.1-3: LR espaçados em 0,25 m.

VT.2: alma modelada com elementos de casca com LR conectando a

mesa e a alma

o VT.2-1: Malha de 0,40 m x 1,00 m.

o VT.2-2: Malha de 0,40 m x 0,50 m.

o VT.2-3: Malha de 0,40 m x 0,25 m.

VT.3: alma modelada com elementos de casca conectada diretamente à

mesa

o VT.3-1: Malha de 0,40 m x 0,50 m.

o VT.3-2: Malha de 0,40 m x 0,25 m.

As imagens de modelos selecionados para cada grupo são apresentadas na

Figura 3.6.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 54: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

54

(a)

(b)

(c)

Figura 3.6 – Modelos: (a) VT.1; (b) VT.2; (c) VT.3.

3.2.1.2.1 Resultados

Os resultados das comparações dos momentos fletores são apresentados na

Figura 3.7 e os resultados das comparações dos deslocamentos são apresentados

na Figura 3.8.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 55: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

55

Figura 3.7 – Comparação de momentos fletores.

Figura 3.8 – Comparação de deslocamentos.

Os resultados obtidos são similares aos resultados da VR. Uma discretização

de 0,50 m da malha também é considerada suficiente para representar a ação con-

junta dos elementos, tanto para os modelos com elementos de casca quanto para

os modelos com elementos de viga.

3.2.2 Conclusão

Conclui-se a partir dos resultados obtidos que a modelagem de uma viga

pode ser realizada efetivamente tanto com elementos de viga de dois nós quanto

com elementos de casca de quatro nós. Com o devido refinamento da malha os

dois estilos de modelagem fornecem resultados semelhantes. Portanto, neste tra-

balho a modelagem utilizando-se elementos de viga é selecionada pelas seguintes

razões:

aproximação dos resultados;

maior facilidade de modelagem;

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 56: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

56

menor esforço computacional exigido;

maior simplicidade na obtenção e processamento de resultados.

Assim, foram analisadas as duas pontes com o método de modelagem esco-

lhido, que é tabuleiro modelado com elementos de casca, vigas modeladas com

elementos de viga e ligação rígidas com espaçamento máximo de 0,50 m conec-

tando o tabuleiro com as vigas e as vigas com os apoios.

3.3 Ponte Nebraska – EUA

Kathol et al. (1995) realizaram um estudo na Universidade de Nebraska no

qual uma ponte de vigas metálicas em escala real com vigas metálicas e tabuleiro

em concreto foi projetada, construída e testada em laboratório. O projeto, patroci-

nado pelo Nebraska Department of Roads (NDOR), tinha diversos objetivos espe-

cíficos, entre eles:

investigar a contribuição do diafragma no comportamento global e lo-

cal de pontes metálicas;

investigar a viabilidade do uso do método empírico da AASHTO

LRFD para projetos de laje de concreto;

avaliar a capacidade de distribuição de carga na direção transversal da

ponte, para um grande espaçamento entre as vigas;

investigar as causas de fissuras transversais nas pontes metálicas;

avaliar a flecha de pontes metálicas devido ao encolhimento da laje de

concreto, e avaliar a tensão desenvolvida nos membros da estrutura

durante o período de cura;

avaliar a capacidade de carga última na ausência de diafragmas;

comparar resultados de cargas de serviço com testes de laboratório;

desenvolver um pacote de análise em elementos finitos 3-D para análi-

se de pontes com vigas metálicas.

Foram realizadas várias séries de testes com diferentes casos de carregamen-

to em diversas configurações geométricas da ponte. A Tabela 3.2 mostra alguns

dados dos testes de carga realizados naquele trabalho.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 57: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

57

Tabela 3.2 – Configurações de carregamento (adaptada de Kathol et al., 2005)

De maneira aleatória foi escolhida a série de teste de número 3 como repre-

sentativa para validação do modelo. Essa série é caracterizada pela ausência dos

diafragmas internos.

3.3.1 Descrição da Estrutura

3.3.1.1 Levantamento Geométrico

A superestrutura da ponte é formada pela laje de tabuleiro, longarinas e dia-

fragmas nos seus extremos. A ponte tem 21,40 m de comprimento e tabuleiro com

7,90 m de largura e 19 cm de espessura, e é apoiado por três vigas metálicas de

137 cm de altura. As vigas são espaçadas a cada 3,04 m. A seção transversal da

ponte e a das vigas são mostradas na Figura 3.9.

(a)

(b)

Figura 3.9 – (a) Seção transversal da ponte; (b) detalhe da seção transversal da

viga.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 58: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

58

3.3.1.2 Caracterização dos Materiais

Os materiais foram ensaiados para a determinação de suas propriedades.

Chung e Sotelino (2005) reuniram as informações que são expostas na Tabela 3.3

–:

Tabela 3.3 – Propriedade dos materiais (adaptado de Chung e Sotelino, 2005)

Propriedades dos

materiais

Concreto Aço

Laje Parapeito Mesa

Superior

Mesa

Inferior

(interna)

Mesa

Inferior

(externa)

Alma

Módulo de

Elasticidade (Gpa) – – 193,7 180,6 191,0 200,6

Resistência de

Compressão (Mpa) 43,0 41,8 – – – –

De acordo com a NBR 6118 (2007) o módulo de elasticidade do concreto do

tabuleiro calculado é 31,21concE GPa . Como as vigas são modeladas com apenas

um elemento de viga, o seu módulo de elasticidade é calculado como uma média

ponderada dos módulos de elasticidade de cada parte da viga, resultando em

194,40vigaE GPa .

3.3.2 Prova de Carga

3.3.2.1 Veículo Utilizado

Das cinco situações de carregamento testadas na série 3, apenas para as três

primeiras os deslocamentos foram medidos, os quais serão utilizados como base

de verificação e comparação com os resultados encontrados da análise por EF.

O carregamento utilizado nas três situações é derivado do veículo HS20 da

AASHTO (1973), que é apresentado na Figura 3.10. No teste realizado pela Uni-

versidade de Nebraska o carregamento utilizado é equivalente a 2,5 vezes o HS20.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 59: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

59

Figura 3.10 – Veículo HS20 da AASHTO (AASHTO, 1973).

Portanto, convertendo-se as unidades, cada roda do eixo dianteiro, central e

traseiro do veículo são equivalentes a uma carga concentrada de 43,75 kN, 181,25

kN e 181,25 kN, respectivamente.

3.3.2.2 Plano de Instrumentação

Potenciômetros foram utilizados para medir as flechas devido às cargas mó-

veis e todas as flechas encontradas foram corrigidas com a flecha dos apoios elás-

ticos. A Figura 3.11 mostra a localização dos potenciômetros utilizados nos ensai-

os.

Figura 3.11 – Planta de instrumentação da ponte: imagem retirada do relatório original.

3.3.2.3 Posicionamento do Veículo

Os três casos analisados neste trabalho são detalhados na Figura 3.12. No

caso 1 dois veículos são colocados lado a lado na ponte, no caso 2 apenas um veí-

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 60: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

60

culo foi colocado em uma das pistas, e no caso 3 um veículo foi colocado na linha

central do tabuleiro.

Figura 3.12 – Configuração de carregamento simulando 2,5xHS20: (a) caso 1: nas duas pistas; (b) caso 2: em uma pista; (c) caso 3: na linha central do tabuleiro.

3.3.2.4 Resultados Experimentais

Foram comparados apenas os deslocamentos máximos no meio do vão das

vigas. A Tabela 3.4 – os apresenta para os três casos de carga analisados, que se-

rão comparados com os resultados dos modelos de elementos finitos.

Tabela 3.4 – Deslocamentos máximos obtidos

Caso Deslocamento (cm) Viga

Caso 1 1,90 Interna

Caso 2 1,26 Externa

Caso 3 1,29 Interna

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 61: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

61

3.3.3 Modelagem e Comparação

3.3.3.1 Processo de Modelagem

Partindo-se do princípio que a integridade geométrica da ponte necessita ser

mantida, é necessário considerar cada elemento na sua devida posição e da forma

mais exata possível. A ponte foi modelada com base nas conclusões obtidas na

análise básica. A Figura 3.13 mostra o modelo analítico, a malha utilizada e a dis-

tribuição das LR.

Figura 3.13 – Modelo analítico da ponte de Nebraska.

3.3.3.2 Comparação de Resultados

São apresentadas na Figura 3.14 as comparações entre os resultados encon-

trados na análise por EF e no teste de carga.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 62: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

62

Figura 3.14 – Comparação de deslocamentos.

Para o caso 1 a variação foi de apenas 2,60%. Para os casos 2 e 3 houveram

diferenças maiores, porém, dentro de uma margem aceitável, de aproximadamente

10%. Portanto, conclui-se que o modelo de elementos finitos escolhido conseguiu

representar bem o comportamento da ponte.

3.4 Ponte Michigan – EUA

Em 2001 a Universidade do Michigan em conjunto com o Departamento de

Transporte de Michigan estudou em campo diversas pontes com vãos variando

entre 10 e 40 m. O objetivo dos testes era fornecer uma base para fatores de dis-

tribuições de cargas para vigas internas e fatores de carga dinâmica adequado para

pontes existentes. Além disso foi realizada uma análise dos veículos para se de-

terminar a frequência da ocorrência simultânea de dois veículos em uma pista e de

veículos lado a lado.

3.4.1 Descrição da Estrutura

3.4.1.1 Levantamento Geométrico

A ponte estudada nesse trabalho é localizada em Flint, no estado americano

de Michigan. Sua superestrutura é bi apoiada e formada pela laje de tabuleiro de

concreto, longarinas metálicas e diafragmas a cada 6,4 m. A ponte tem 38,40 m de

comprimento e 14,70 m de largura do tabuleiro, divididos entre duas faixas de ro-

lamento centrais de 3,65 m, dois acostamentos laterais de 3,10 m e dois guarda-

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 63: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

63

corpos nos extremos com 0,60 m. O tabuleiro de concreto tem 20 cm de espessura

e é apoiado por sete vigas metálicas de 122 cm de altura. Essas vigas são espaça-

das a cada 2,20 m. A seção transversal da ponte e a das vigas são mostradas na

Figura 3.15.

(a)

(b)

Figura 3.15 – (a) Seção transversal da ponte; (b) detalhe da seção transversal da viga.

3.4.1.2 Caracterização dos Materiais

Não foram dados detalhes dos materiais utilizados nas análises em Nowak e

Eon (2001), porém, de acordo com Shann (2012) o concreto da laje de tabuleiro

desta ponte tem resistência de 4 ksi ou 27,58 MPa. Utilizando-se esse valor, de

acordo com a NBR 6118 (2007) tem-se o seu módulo de elasticidade

24,99concE GPa . Não é fornecida a resistência do aço das vigas, mas como não

existe grandes variações entre os módulos de elasticidade do aço foi considera-

do 200,00vigaE GPa .

3.4.2 Prova de Carga

3.4.2.1 Veículo Utilizado

Dois veículos foram utilizados na prova de carga. Os dois são caminhões de

11 eixos que foram pesados e tinham algumas variações na distribuição de carga

por eixo e no peso total. A Figura 3.16 mostra a distribuição de carga dos eixos

para os dois veículos.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 64: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

64

Figura 3.16 – Caminhões de 11 eixos (retirado de Nowak e Eon, 2001).

3.4.2.2 Plano de Instrumentação

Foram utilizados strain gages para medir as deformações específicas das

longarinas no meio do vão. A Figura 3.17 apresenta a localização dos instrumen-

tos de medição.

Figura 3.17 – Planta de instrumentação da ponte (retirado de Nowak e Eon, 2001).

3.4.2.3 Posicionamento do Veículo

Foram realizados testes com diferentes configurações de carregamento. A

Tabela 3.5 – apresenta as configurações dos carregamentos testados.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 65: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

65

Tabela 3.5 – Configurações de carregamento (adaptada de Nowak e Eom, 2001)

Como o objetivo desse trabalho não é fazer uma análise dinâmica, apenas os

testes estáticos são considerados. A validação do modelo de elementos finitos des-

te trabalho foi realizada comparando-se as deformações específicas das vigas com

os resultados experimentais apresentados. Nowak e Eom (2001) apresentam as

deformações específicas obtidas nos testes estáticos para todos os casos, porém,

como a ponte é simétrica transversal e longitudinalmente e os carregamentos são

similares, os resultados encontrados na análise com o carregamento da faixa de

rolamento 1 e da faixa de rolamento 2 são praticamente os mesmos. Dessa forma

foram escolhidos os casos 1 e 13 para serem representativos. O caso 1 é caracteri-

zado por ter um caminhão no centro de uma das faixas, e o caso 13 é caracterizado

por ter dois caminhões lado a lado, cada um no centro de uma das faixas de rola-

mento.

3.4.3 Modelagem e Comparação

3.4.3.1 Modelo de Elementos Finitos

Assim como a ponte de Nebraska essa ponte também foi modelada partindo-

se do princípio que a sua integridade geométrica necessita ser mantida. Sendo as-

sim sua modelagem também seguiu as mesmas recomendações encontradas na

análise básica. A Figura 3.18 apresenta a malha de elemento finitos utilizada.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 66: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

66

Figura 3.18 – Modelo analítico da ponte de Michigan.

Construída em 1972 a ponte de Flint é bi apoiada, porém, por ser uma estru-

tura antiga, com quase 30 anos na época dos testes, a deterioração dos apoios cau-

sa restrições adicionais para as rotações e para os deslocamentos longitudinais. De

acordo com Nowak e Eom (2001), Bakht e Jaeger (1988) e Schultz et al. (1995)

afirmam que até pequenas variações nas condições de contorno têm efeito consi-

derável nos resultados.

Então, Nowak e Eom (2001) utilizaram três condições de contorno diferen-

tes nos seus modelos de elementos finitos, mostradas na Figura 3.19Erro! Fonte

de referência não encontrada.. Em (a), os apoios são representados por um

apoio de segundo gênero e um de primeiro gênero. Em (b), são representados os

dois apoios são considerados do segundo gênero, sem liberação de movimentos

longitudinais. E em (c), para representar a deterioração dos apoios, o movimento

longitudinal é parcialmente restringido no topo e na base das vigas, utilizando-se

um elemento de mola com rigidez K, calculada a partir dos dados obtidos nos tes-

tes de carga.

Espera-se que os resultados encontrados nos testes estejam dentro da mar-

gem da diferença entre os modelos (a) e (b), confirmando a presença de uma certa

restrição nos apoios.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 67: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

67

Figura 3.19 – Condições de contorno (adaptado de Nowak e Eom, 2001).

3.4.3.2 Comparação de Resultados

Foram comparados os resultados obtidos nas análises por elementos finitos

dos modelos (a) e (b) da Figura 3.19 com os resultados do teste de carga. A com-

paração é apresentada na Figura 3.20.

Figura 3.20 – Deformação específica das vigas.

Os resultados representam bem o comportamento de uma ponte antiga sem

manutenção constante e ainda mostra um grande problema que não é levado em

consideração nos projetos elaborados atualmente. A consideração de maiores res-

trições nos apoios de pontes antigas resulta em um aumento das suas rigidezes e

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 68: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

68

na diminuição dos deslocamentos e momentos positivos em uma ponte bi apoiada,

porém, resulta em um aumento dos momentos negativos próximos aos apoios.

Portanto, como as condições de contorno reais não são conhecidas, o resultado é

afetado significativamente.

3.5 Conclusão

Conclui-se que o método de modelagem escolhido neste trabalho é capaz de

representar o comportamento de uma ponte, sem exigir um elevado esforço com-

putacional. Portanto, esse método é adotado nos estudos apresentados nos capítu-

los seguintes.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 69: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

4 Elementos para Elaboração do Trabalho

4.1 Considerações Iniciais

O Manual de Projetos de Obras de Obras-de-Arte Especiais, elaborado em

1996 pelo DNER, antecessor do DNIT, recomenda métodos para o desenvolvi-

mento de projeto. Apesar de não estabelecer regras fixas e princípios imutáveis,

pode ser considerado como uma fonte confiável de recomendações para a deter-

minação de elementos básicos de projeto.

Os elementos necessários para a realização deste trabalho são essencialmen-

te os parâmetros físicos e geométricos da estrutura de uma OAE, ou seja, não fo-

ram levados em consideração elementos topográficos, geotécnicos, hídricos e es-

téticos, entre outros. Foram definidos a partir de análises dos dados estatísticos

fornecidos por Mendes (2009) sobre as pontes brasileiras apresentados no item

2.5, seguindo-se as recomendações do Manual de Projeto do DNER.

4.2 Metodologia

O objetivo deste trabalho é a apresentação e validação do método simplifi-

cado de análise da distribuição transversal de solicitações de cargas móveis da

AASHTO LRFD (2012) considerando-se as prerrogativas das normas brasileiras.

Para atingir esse objetivo foi definida uma metodologia de estudo que foi

adotada neste trabalho. Após a definição das propriedades físicas e geométricas

das pontes a serem analisadas foi criado um modelo de carga móvel linear similar

ao sugerido pela AASHTO LRFD (2012), que inclui as cargas de veículo e de

multidão determinados pela NBR 7188 (2013) para a validação do método LRFD.

Em seguida são calculados os trens-tipos dos métodos de EC e MVM a partir das

linhas de influência de cada caso e os LDF, do LRFD relativos a cada ponte. Para-

lelamente às análises dos métodos simplificados, os modelos em EF são criados a

partir das conclusões obtidas no processo de validação realizado.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 70: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

70

Na sequência do trabalho, após a realização de todas as análises, tanto bidi-

mensionais dos métodos simplificados e tridimensionais do MEF, os resultados

encontrados (momento fletor, força cortante e deslocamento máximo) foram com-

parados. Inicialmente foi analisado o comportamento de cada um dos métodos

simplificados em relação ao MEF, e depois o método LRFD foi comparado dire-

tamente com os métodos simplificados de EC e MVM.

4.3 Definições Geométricas dos Elementos Estudados

Para uma maior generalização do processo de análise da distribuição trans-

versal de solicitações em pontes, foram escolhidos os parâmetros físicos e geomé-

tricos mais comuns das pontes brasileiras para representar a maior parte das pon-

tes construídas no Brasil, além de analisar as tendências das construções futuras.

Esses parâmetros são listados a seguir:

parâmetros gerais

o sistema estrutural;

o material;

parâmetros longitudinais

o número de vãos;

o comprimento dos vãos;

parâmetros transversais

o tabuleiro

definição da classe de projeto;

número de faixas de rolamento;

largura do tabuleiro;

espaçamento entre vigas;

espessura do tabuleiro;

o vigas

seção das vigas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 71: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

71

4.3.1 Parâmetros Gerais

Analisando-se os dados fornecidos por Mendes (2009), o sistema estrutural

escolhido para este trabalho foi o de vigas principais de concreto e de aço devido à

grande parcela de pontes desse tipo na malha viária brasileira. Somou-se a isso o

fato do método LRFD ser o mesmo tanto para pontes com vigas de concreto ar-

mado e protendido, quanto para pontes com vigas metálicas.

O módulo de elasticidade E dos materiais considerados nas análises é apre-

sentado na Tabela 4.1 –. Essa propriedade mecânica do concreto foi calculada

considerando-se um 40ckf MPa , seguindo-se as recomendações da NBR

6118:2007.

Tabela 4.1 – Módulos de elasticidade dos materiais

4.3.2 Parâmetros Longitudinais

Foi definido estudar as pontes de um único vão, que representam metade do

total das pontes encontradas nas rodovias federais brasileiras. As análises são rea-

lizadas com comprimentos de 10, 20, 28, 32, 36, 40 e 50 m. Dessa forma mais de

80% destas pontes com vão único são representadas.

4.3.3 Parâmetros Transversais

4.3.3.1 Tabuleiro

Para definir a largura do tabuleiro a ser estudada diversos fatores precisam

ser considerados. Entre eles estão: a consideração ou não de acostamentos, passa-

gens de pedestres, elementos de segurança ou postes, a definição da quantidade de

faixas de rolamento e outros elementos e a definição da classe de projeto. Devido

ao elevado número de variáveis, existe uma variação muito grande entre as largu-

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 72: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

72

ras de tabuleiros encontradas na malha viária brasileira, sendo cada uma consis-

tente com a época em que a ponte foi construída. A confirmação dessa caracterís-

tica foi apresentada por Mendes (2009) e detalhada pelo Manual de Inspeção de

Pontes Rodoviárias (2004), para cada período de projetos no Brasil.

O Manual de Projeto do DNER (1996) define uma seção típica de um tabu-

leiro de ponte simples como apresentado na Figura 4.1, com duas faixas de rola-

mento, dois acostamentos e dois guarda-corpos de proteção.

Figura 4.1 – Seção transversal típica definido pelo DNER (retirada do Manual de Projeto DNER, 1996).

A largura de cada um desses elementos varia de acordo com a Classe de

Projeto da ponte, que é definida da seguinte maneira:

I-B: 1400VMD ;

II: 700 1400VMD ;

III: 300 700VMD ;

IV: 50 200VMD ;

onde VMD é volume médio diário de tráfego.

Apesar de a maior parte dos tabuleiros existentes no Brasil terem largura in-

ferior a 12 m, o Manual de Projeto do DNER (1996) sugere atualmente uma lar-

gura mínima de 12,80 m para pontes de Classe de Projeto I-B e II, como pode ser

visto na Tabela 4.2 –.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 73: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

73

Tabela 4.2 – Comparativo de dimensões para pista simples DNER (retirada do Manual de Projeto DNER, 1996)

Foi escolhido trabalhar com as classes I-B e II por serem as mais carregadas

e exigirem as mesmas recomendações de características físicas em uma OAE.

Uma outra sugestão adotada do Manual de Projetos do DNER (1996) é a conside-

ração de um afastamento lateral mínimo de 50 cm entre o bordo do acostamento e

a face do guarda-corpo.

Assim, a largura total do tabuleiro é detalhada na Tabela 4.3 – e apresentada

na Figura 4.2.

Tabela 4.3 – Detalhamento da largura do tabuleiro

Figura 4.2 – Seção transversal do tabuleiro.

O espaçamento entre as vigas é relacionado com a espessura e o compri-

mento do balanço transversal do tabuleiro. O Manual do DNER afirma que o es-

paçamento entre vigas mais econômico varia entre 2,00 e 3,50 m. Esses espaça-

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 74: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

74

mentos permitem o uso de tabuleiros com 15 a 20 cm de espessura para um di-

mensionamento preliminar. Assim, serão analisadas pontes com espessuras de ta-

buleiros de 15, 20 e 25 cm e vigas espaçadas em 2,00 m, 2,30 m, 2,80 m e 3,50 m

para considerar a recomendação do Manual do DNER, que afirma: “Estrutural-

mente, a seção transversal é bem equilibrada quando o espaçamento entre vigas é

o dobro do comprimento dos extremos em balanço”.

4.3.3.2 Vigas

Para se determinar a seção transversal das vigas de concreto utilizadas neste

estudo decidiu-se recorrer a padronização recomendada pela AASHTO. Essa de-

cisão foi tomada a partir da idéia que é importante uma padronização das vigas de

pontes no Brasil para que não exista uma variedade tão grande de seções transver-

sais das pontes e assim ter um controle maior sobre a sua segurança, além de cau-

sar uma redução dos custos de fabricação desses elementos. As vigas metálicas

foram idealizadas com perfis de chapas soldadas e as suas dimensões foram veri-

ficadas de forma simplificada para um carregamento aproximado da carga móvel.

A primeira dimensão a ser definida na seção de uma viga é a sua altura.

Usualmente considera-se 20

Lh para pré-dimensionamentos de vigas de con-

creto protendido e 24

Lh para pré-dimensionamentos de vigas metálicas, onde

h é a altura mínima da viga e L o comprimento do vão a ser vencido. Como o ob-

jetivo deste trabalho não é a execução de um projeto real, decidiu-se que as alturas

das vigas seriam definidas com base nesses procedimentos, sem a necessidade de

outras verificações. Portanto, para cada comprimento de vão diferente é escolhida

uma seção dentro das modelos de vigas de concreto da AASHTO e criada uma

seção metálica de chapas soldadas.

Na Tabela 4.4 – são apresentadas as alturas calculadas no pré-

dimensionamento das vigas de concreto junto com os tipos de vigas AASHTO,

selecionados para cada vão e as alturas mínimas calculadas para as vigas de aço

junto com as alturas consideradas nas análises.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 75: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

75

Tabela 4.4 – Alturas das vigas

As vigas de aço tiveram suas alturas dimensionadas especificamente para os

vãos a que serão dispostas, já as vigas de concreto são padronizadas e não aten-

dem todos os vãos estudados neste trabalho. Para os dois maiores vãos, de 40 m e

50 m, as alturas mínimas das vigas dadas pelo pré-dimensionamento são maiores

do que as das opções de vigas AASHTO. Dessa forma, para esses casos, as vigas

consideradas foram adaptadas (Type VI-A e Type VI-B) para atingir a altura mí-

nima.

A Figura 4.3 apresenta as formas genéricas das seções das vigas AASHTO e

das vigas adaptadas com suas dimensões e propriedades geométricas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 76: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

76

Figura 4.3 – Seções de Viga I: AASHTO (PCI Bridge Design Manual).

4.3.4 Resumo das Definições

Na Tabela 4.5 – é disposto um resumo das definições das características fí-

sicas e geométricas das pontes analisadas. Entre todas as variações estão sete

comprimentos de vãos, três espessuras de tabuleiro, dois materiais de vigas e qua-

tro espaçamentos entre elas, para que sejam verificadas a influência de cada um

desses parâmetros na distribuição transversal de solicitações. No total 168 pontes

foram analisadas.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 77: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

77

Tabela 4.5 – Resumo das definições físicas das pontes analisadas

4.4 Detalhamento dos Métodos Analisados

4.4.1 Método dos Elementos Finitos

A análise em elementos finitos foi realizada com base nas conclusões obti-

das no processo de validação do modelo. O foco principal deste trabalho é a dis-

tribuição transversal das solicitações no tabuleiro, portanto apenas a superestrutu-

ra foi modelada. Os elementos da meso-estrutura e infra-estrutura não foram con-

siderados nos modelos.

4.4.1.1 Modelagem

Cada modelo consiste em apenas três tipos de elementos. O tabuleiro é re-

presentado por elementos de casca de quatro nós e as vigas longitudinais são re-

presentadas por elementos de viga de dois nós. Cada um desses elementos encon-

tra-se na altura do seu centro de gravidade, e a ligação entre eles é realizada com a

utilização de elementos rígidos. Decidiu-se não considerar as transversinas de

apoio e intermediárias afim de se analisar a situação mais desfavorável possível.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 78: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

78

No modelo de sete vigas apresentado na Figura 4.4 pode-se observar todos

os elementos utilizados na modelagem, além da discretização de 0,50 m x 0,50 m

da malha (casca e vigas).

Figura 4.4 – Vista 3D do modelo de elementos finitos representativo.

A seção transversal do tabuleiro sem as ligações rígidas é apresentada na

Figura 4.5. Observa-se que os apoios são considerados no local exato, onde o

elemento rígido faz a conexão da viga ao tabuleiro e do apoio à viga.

Figura 4.5 – Seção transversal do tabuleiro representativo.

4.4.1.2 Cargas

O trem-tipo utilizado é o recomendado pela NBR 7188 (2013). Como uma

forma de simplificar o processo de modelagem a carga distribuída foi considerada

inclusive dentro dos 18 m² (6,00 m x 3,00 m) pertencentes a área do veículo, ge-

rando um aumento total de carga de 90 kN. Esse aumento de carga distribuída é

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 79: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

79

compensado em uma redução das cargas concentradas do veículo. Dividindo-se

esse total pelas seis cargas concentradas, as cargas de cada roda do veículo pas-

sam a ser 60P kN . Neste trabalho foi comprovado em testes iniciais que essa

modificação não gera variações significativas no resultado final.

A NBR 7188 (2013) afirma:

“A carga móvel assume posição qualquer em toda a pista

rodoviária com as rodas na posição mais desfavorável,

inclusive acostamento e faixas de segurança. A carga

distribuida deve ser aplicada na posição mais

desfavorável, independentemente das faixas rodoviárias.”

(NBR 7188, 2013)

Como os objetos estudados são pontes de um único vão, a posição

longitudinal mais desfavorável do veículo para o cálculo de momento fletor e

deslocamento máximo é no meio do vão, e para o cálculo da força cortante é com

um dos eixos em cima do apoio. Para determinar a posição transversal mais

desfavóravel foram realizados vários testes. Os resultados encontrados confirmam

o trecho de Marchetti (2008): “Diz ainda a NBR 7188 (1984) que, no cálculo de

longarinas, lajes, etc., para obter efeitos mais desfávóraveis deve-se encostar a

roda do veículo no guarda-rodas”. Então em todos os casos o veículo foi

considerado junto ao guarda-corpo. A Figura 4.6 mostra a representação genérica

da posição transversal do veículo dada por Marchetti (2008).

Figura 4.6 – Posição transversal do veículo (retirado de Marchetti, 2008).

E a Figura 4.7 mostra a disposição transversal das cargas nos modelos.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 80: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

80

Figura 4.7 – Disposição transversal das cargas no tabuleiro.

O carregamento móvel foi considerado de duas formas nos modelos de ele-

mentos finitos. A carga de multidão, que é distribuída ao longo de todo o tabulei-

ro, é uma carga estática e as cargas concentradas são dispostas longitudinalmente

em várias posições ao longo do vão. Para isso foi utilizado o menu “Special Loads

– Moving Loads” do programa Autodesk Robot. Nesse menu, apresentado na Fi-

gura 4.8, é realizada a criação do trem-tipo com as cargas concentradas (a) e a cri-

ação de uma lane que define a rota a ser percorrida pelo veículo criado (b). A cada

etapa de carga uma análise estática é realizada, gerando no final uma envoltória de

solicitações máximas e mínimas.

(a) (b)

Figura 4.8 – Criação da carga móvel: (a) determinação do trem-tipo; (b) definição da rota do trem-tipo.

A combinação entre as duas cargas foi realizada sem a consideração de fato-

res de segurança e de impacto, e a sua representação é apresentada na Figura 4.9.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 81: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

81

(a)

(b)

Figura 4.9 – Representação das cargas (kN e kN/m²): (a) vista transversal; (b) vista 3D.

4.4.2 Engesser-Courbon

Apesar da necessidade de se respeitar as condições citadas em 2.3.1, o mé-

todo também será testado para casos em que a largura do tabuleiro é maior do que

metade do vão da ponte, com vãos de 10 e 20 m. Também é considerada a obser-

vação de Stucchi (2006) sobre a rigidez do tabuleiro ser suficiente para garantir a

distribuição transversal das solicitações entre as longarinas, dessa forma o método

também será testado sem a inclusão das transversinas, apesar de serem exigidas.

O método exige o cálculo de LI para cada variação do espaçamento e núme-

ro de longarinas, independentemente do comprimento do vão ou seção das vigas.

Como a largura do tabuleiro é a mesma para todos os casos estudados, apenas

quatro cálculos de LI são necessários para se determinar os trens-tipo de todos os

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 82: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

82

modelos, que são referentes aos quatro diferentes espaçamentos dos tabuleiros

analisados, agrupados conforme Tabela 4.6 –.

Tabela 4.6 – Grupos de espaçamentos

São mostrados a seguir o processo do cálculo das LI das vigas V1 e V2, e do

trem-tipo equivalente da viga V1 para uma ponte representativa do grupo 4V. Pela

simetria da seção transversal a LI da viga V3 é igual a inversa da V2, e a LI da

viga V4 é igual a inversa da V1.

Para esse caso 4n . A Figura 4.10 apresenta as distâncias entre as longari-

nas e o CG da seção, que são:

1

2

3

4

5,25

1,75

1,75

5,25

x m

x m

x m

x m

1,75m

5,25m

6,50m

1,75m

5,25m

6,50m

V1 V2 V3 V4

Figura 4.10 – Distância das longarinas do CG.

A carga unitária se move transversalmente na seção, então para cada ponto

de locação da carga, a sua influência sobre cada viga é calculada, podendo ser ge-

rado assim a linha de influência. Considerando-se a carga na mesma posição das

longarinas tem-se 1 2 3 4, , ,ie x x x x . Então:

4

2 2 2 22

1

5,25 1,75 1,75 5,25 61,25i

i

x

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 83: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

83

Linha de influência das vigas V1 e V4:

1,1

1,2

1,3

1,4

5,25 5,2510,70

4 61,25

1,75 5,2510,40

4 61,25

1,75 5,2510,10

4 61,25

5,25 5,2510,20

4 61,25

R

R

R

R

Linha de influência das vigas V2 e V3:

2,1

2,2

2,3

2,4

5,25 1,7510,40

4 61,25

1,75 1,7510,30

4 61,25

1,75 1,7510,20

4 61,25

5,25 1,7510,10

4 61,25

R

R

R

R

As linhas de influência das vigas são apresentadas na Figura 4.11.

Figura 4.11 – LI das vigas do grupo 4V.

O trem-tipo, mostrado na Figura 4.12 é composto por três diferentes parce-

las de carga:

cargas concentradas do veículo;

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 84: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

84

cargas distribuídas no tabuleiro que passam na seção do veículo (Corte

AA);

cargas distribuídas no tabuleiro na seção fora do veículo (Corte BB).

Figura 4.12 – Vista superior do tabuleiro com carregamentos.

A Figura 4.13 apresenta a localização das cargas na seção dentro do veículo

e o detalhamento das suas parcelas de influência da viga V1.

Figura 4.13 – Carregamento transversal e linha de influência no corte AA.

Para a viga V1 por exemplo as cargas concentradas são calculadas pela so-

matória do produto entre a carga e a parcela de sua influência:

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 85: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

85

1 1 2 2'

' 75,00 0,786 75,00 0,614

' 105,00

P P LI P LI

P

P kN

onde:

'P carga concentrada calculada;

iP carga concentrada normativa ;

iLI parcela de influência da carga iP .

A carga distribuída é calculada pelo produto entre a carga e sua área de in-

fluência apenas em sua parcela desfavorável.

'2

0,571 6,67' 5,00

2

' 9,52 /

distdist

LI Lp p

p

p kN m

onde:

'p carga linearmente distribuída calculada dentro da seção do veículo;

distp carga distribuída normativa;

distLI parcela de influência do início da carga distribuída p ;

L largura efetiva da carga distribuída p .

Para a seção fora do veículo, mostrado na Figura 4.14, existe apenas carga

distribuída, que pode ser calculada da mesma forma como na seção de dentro do

veículo.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 86: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

86

Figura 4.14 – Carregamento transversal e linha de influência no corte BB.

''2

0,807 9,42'' 5,00

2

'' 19,00 /

distdist

LI Lp p

p

p kN m

Após os cálculos, é possível criar o trem-tipo referente a viga V1, represen-

tado na Figura 4.15.

Figura 4.15 – Trem-tipo da viga V1 do grupo 4V.

Porém, também é possível simplificar o trem-tipo para facilitar os cálculos.

Ao considerar uma única carga linearmente distribuída de 19,00 / mp kN ao

longo de todo o vão, pode ser efetuada uma redução nas cargas concentradas, do

valor total aumentado.

L' (p' p'')

6105,00 19,00 9,52

3

86,04

v

e

P Pn

P

P kN

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 87: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

87

Onde:

P carga concentrada reduzida;

'P carga concentrada calculada;

'p carga linearmente distribuída calculada dentro da seção do veículo;

''p carga linearmente distribuída calculada fora da seção do veículo;

vL comprimento do veículo;

en número de eixos.

Dessa forma o trem-tipo reduzido da viga a ser utilizado nos cálculos é re-

presentado na Figura 4.16.

Figura 4.16 – Trem-tipo reduzido da viga V1 do grupo 4V.

Utilizando a mesma sequência, foram calculadas as linhas de influência e

seus respectivos trens-tipo dos modelos dos grupos 5V, 6V e 7V, apresentadas no

ANEXO.

4.4.3 Método da Viga Modelo

Assim como no método de Engesser-Courbon, a distribuição transversal de

cargas é calculada ao se criar um trem-tipo equivalente, relativo a uma longarina

específica que se deseja analisar e tem como base o cálculo de uma linha de in-

fluência para cada uma das vigas de um tabuleiro.

Para a utilização desse método foi desenvolvido um programa, identificado

como MVM.LI, que utiliza as formulações para o cálculo das linhas de influência

dos apoios elásticos e gera um arquivo de saída de resultados com os valores das

LI em cada ponto. A partir delas são obtidos os trens-tipo equivalentes a cada

longarina. A tela inicial da entrada de dados do programa desenvolvido é

apresentada na Figura 4.17.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 88: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

88

Figura 4.17 – Entrada de dados do programa MVM.LI.

A obtenção do trem-tipo para esse método requer uma atenção especial, pois

como o encurvamento do tabuleiro é considerado no cálculo, a sua linha de

influencia não é linear e também não é necessariamente uma função exata,

portanto, é necessário utilizar métodos aproximados para se determinar a área de

influencia do trem-tipo, como o método de Simpson, dos trapézios e semelhança

de triângulos. Dessa forma também foi desenvolvido um novo programa

identificado como MVM.TT, de pós-processamento dos dados das LI para os

cálculos dos trens-tipo. O programa desenvolvido reconhece os arquivos de saída

de resultados do MVM.LI e fornece os trens-tipo para o cálculo das solicitações.

Sua interface de saída de resultados é apresentada na Figura 4.18.

Figura 4.18 – Saída de resultados do programa MVM.TT.

Diferentemente do MEC que tem apenas o número de longarinas e o espa-

çamento entre elas como variáveis consideradas nos cálculos, o MVM tem como

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 89: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

89

variáveis: a largura, a espessura e o módulo de elasticidade do tabuleiro, a quanti-

dade de vigas, suas inércias e módulo de elasticidade e o comprimento do vão da

ponte. Dessa forma cada um dos modelos analisados tem a sua própria LI e o seu

próprio trem-tipo. As LI das vigas 1 e 2 de um dos modelos do grupo 4V retiradas

do MVM.LI são apresentadas na Figura 4.19.

Figura 4.19 – LI das vigas de um modelo do grupo 4V.

Já na Figura 4.20 é apresentado o trem-tipo reduzido da viga V1 calculado a

partir da LI.

Figura 4.20 – Trem-tipo reduzido da viga V1 do grupo 4V.

Os trens-tipos de todos os modelos são apresentados no ANEXO.

4.4.4 AASHTO LRFD

Diferentemente de outros métodos simplificados, o método do cálculo de

distribuição de carga da AASHTO foi criado a partir de estudos estatísticos que

consideram a influência de diversas características do tabuleiro, como sua seção

transversal, rigidez das longarinas, espessura da laje e comprimento do vão na dis-

tribuição de solicitações. Nesse método não existe a necessidade de se calcular

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 90: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

90

linhas de influência pois ele é definido pelo cálculo de um fator de distribuição de

carga, denominado LDF, e a sua determinação é baseada no sistema estrutural da

ponte em estudo.

Existem algumas diferenças importantes entre os carregamentos móveis da

AASHTO LRFD e da NBR 7188 (2013), portanto, para a validação desse método

de cálculo utilizando-se o trem-tipo da NBR algumas considerações precisam ser

feitas.

O carregamento de projeto da AASHTO, assim como o da NBR, tem duas

parcelas, uma de carga concentrada das rodas de um veículo tipo e de uma carga

distribuída, que equivale a Lane Load da AASHTO e a carga de multidão da

NBR. Porém, a maior diferença entre eles é que, enquanto a AASHTO sugere um

carregamento de multidão apenas dentro do limite de uma faixa de rolamento, a

NBR sugere que o carregamento atue sobre toda a superfície que produza solicita-

ções desfavoráveis no tabuleiro, excluindo a área sob o veículo. Por esse motivo, a

primeira etapa para validar esse método é a definição de uma faixa de rolamento

teórica, utilizando-se os valores das cargas normativas brasileiras.

Para seguir a lógica da norma americana essa faixa de rolamento também

tem 3,00 m de largura, portanto, multiplicando-se a carga de multidão de

25 /kN m pela largura da faixa, a carga de multidão do trem-tipo teórico é de

15 /kN m . Também é possível reduzir as cargas concentradas para se obter uma

carga linearmente distribuída contínua e simplificar os cálculos, resultando no

trem-tipo definido para esse método, representado na Figura 4.21.

Figura 4.21 – Trem-tipo NBR / Padrão AASHTO.

Os LDF calculados estão dispostos no ANEXO deste trabalho.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 91: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

91

5 Resultados

5.1 Considerações Iniciais

Neste capítulo são apresentados os resultados das análises descritas no capí-

tulo anterior. Essas análises tiveram o objetivo de validar o método de distribuição

transversal de solicitações da AASHTO LRFD em pontes de vigas de concreto e

de aço em comparação com o MEF e com outros métodos simplificados.

Todas as análises em elementos finitos foram realizadas considerando-se as

recomendações das normas pertinentes como a NBR 6118 (2007) e a NBR 7188

(2013). No total, 168 pontes foram modeladas e analisadas dentro do programa

Autodesk Robot 2013, sendo 84 com vigas de concreto e 84 com vigas metálicas.

Foram verificadas as solicitações de momento fletor e força cortante nas vigas e

os deslocamentos máximos de cada modelo.

Para o cálculo dos momentos fletores é necessário a etapa de pós-

processamento dos resultados encontrados, já discutida anteriormente. Durante as

análises notou-se que a parcela do momento fletor do tabuleiro cascaM tem uma

influência muito pequena no momento fletor total da viga, então de forma a sim-

plificar a análise, foi desconsiderado. Portanto o momento fletor total de uma viga

é dado por:

MEF barra axialM M M

1 1MEF b bM SM SF e (5.1)

As análises bidimensionais dos outros métodos e o processo de obtenção das

solicitações em cada um deles já foi detalhado em capítulos anteriores, sendo que

para a determinação do momento máximo o veículo é considerado no meio do vão

da ponte, e para a determinação da força cortante máxima, o veículo é considerado

com uma roda sobre o apoio.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 92: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

92

Os resultados encontrados são apresentados como a razão entre as solicita-

ções calculadas nas análises simplificadas e as solicitações calculadas nas análises

por elementos finitos em três gráficos distintos, que incluem os resultados das

pontes com espessuras de tabuleiro de 15, 20 e 25 cm. Na sequência são apresen-

tados os resultados das comparações do método LRFD com os outros métodos

simplificados de EC e MVM de maneira similar.

Para melhor detalhamento dos resultados as pontes foram divididas em três

grupos. O grupo 1 inclui as pontes com vãos menores, de 10 m, o grupo 2 inclui

as pontes com vãos intermediários, de 20, 28, 32, 36 e 40 m e o grupo 3 inclui as

pontes com vãos maiores, de 50 m.

5.2 Pontes com Vigas de Concreto

5.2.1 Momento Fletor

Na Figura 5.1 são apresentadas as razões entre os momentos máximos cal-

culados nas análises dos métodos simplificados pelos obtidos nas análises por

elementos finitos das pontes com vigas de concreto.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 93: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

93

(a)

(b)

(c)

Figura 5.1 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos momentos fleto-res máximos em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 94: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

94

Ao analisar os gráficos percebe-se claramente duas características de

comportamento. A primeira é que nas pontes do grupo 1 as diferenças encontradas

entre os momentos obtidos por meio dos métodos simplificados e através da

análise por elementos finitos se destoam para os três métodos. Para o LRFD e o

MVM aumentam, chegando ser até 55% e 47% maiores que o do MEF,

respectivamente, já para o EC a diferença reduz para até -2%. Para os grupos 2 e 3

as diferenças máximas encontradas nas análises de todos os métodos foram

sempre conservadoras, variando entre 9% para vãos de 50 m e tabuleiro de 25 cm

e 43% para vãos de 20 m e tabuleiro de 15 cm. A outra característica é que as

diferenças entre os métodos tendem a serem menores quanto maiores forem os

comprimentos dos vãos e a espessura do tabuleiro, se estabilizando em torno de

20%. A Tabela 5.1 – apresenta um resumo com as diferenças encontradas.

Tabela 5.1 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de momento fletor máximo em pontes de vigas de concreto

Na Figura 5.2 o LRFD é comparado com os outros métodos simplificados

diretamente.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 95: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

95

(a)

(b)

(c)

Figura 5.2 – Comparações dos momentos entre os métodos simplificados nas pontes com vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

Fica evidente a similaridade entre o comportamento do MVM e do LRFD,

onde há uma alternância do conservadorismo entre eles. Para pontes com maiores

espaçamentos entre vigas, o LRFD é até 14% mais conservador e com espaça-

mentos menores, o MVM é até 11% mais conservador. Já na comparação entre o

LRFD e o EC, o LRFD é mais conservador na maioria dos casos. As diferenças

entre as análises de do grupo 1 chegam até a 50%. Para os outros grupos, as dife-

renças variam entre o LRFD mais conservador em até 33% para pontes do grupo 2

e o EC mais conservador em até 8% para pontes do grupo 3.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 96: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

96

5.2.2 Força Cortante

Na Figura 5.3 são apresentadas as razões entre as forças cortantes máximas

calculadas nas análises dos métodos simplificados pelos obtidos nas análises por

elementos finitos.

(a)

(b)

(c)

Figura 5.3 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF cortantes máximos em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 97: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

97

Ao se analisar os gráficos percebem-se variações em algumas características

de comportamento. As diferenças encontradas também se destoam para pontes do

grupo 1, alcançando variações máximas de 35% e 34% para o LRFD e o MVM,

respectivamente. Para as pontes dos grupos 2 e 3 o LRFD tem uma diferença

média de 15%, sendo mínima de 6% e máxima de 32%, e o MVM tem uma

diferença média de 5%, sendo mínima de -4% e máxima de 19%.

O método de EC se comporta de forma um pouco diferente dos outros,

fornecendo na maior parte das análises resultados menores do que os encontrados

pelo MEF. A média das diferenças encontradas foi de -4%, mínima de -15% e

máxima de 10%.

A Tabela 5.2 –Tabela 5.1 – apresenta um resumo das diferenças

encontradas.

Tabela 5.2 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos da força cortante máximo em pontes de vigas de concreto

Na Figura 5.4 o LRFD é comparado com os outros métodos simplificados

diretamente.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 98: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

98

(a)

(b)

(c)

Figura 5.4 – Comparações dos cortantes entre os métodos simplificados em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

Nessa situação também é evidente a similaridade entre o comportamento do

MVM e do LRFD. Excluindo-se as pontes do grupo 1 há pouca variabilidade nas

diferenças encontradas na comparação entre os dois métodos. A média das dife-

renças entre eles é de 9%, com mínima de -6% (grupo 1) e máxima de 21%. Ao

não se considerar as pontes do grupo 1 a diferença mínima passa a ser 1%.

Já a diferença entre os LRFD e o EC é bem maior. A média encontrada é de

22%, com 6% e 45% de diferença mínima e máxima respectivamente. Ao não se

considerar as pontes do grupo 1 a diferença máxima passa a ser 35%.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 99: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

99

5.2.3 Deslocamentos

Para o cálculo dos deslocamentos nos métodos simplificados a inércia da

seção transversal considerada é a equivalente da seção composta pela viga com o

a largura efetiva do tabuleiro. Para a simplificação da análise a largura efetiva

considerada é o espaçamento entre as vigas de cada modelo.

Na Figura 5.5 são apresentadas as razões entre os deslocamentos máximos

calculados nas análises dos métodos simplificados pelos obtidos nas análises por

elementos finitos das pontes com vigas de concreto.

(a)

(b)

(c)

Figura 5.5 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos deslocamentos máximos em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 100: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

100

Ao se analisar os gráficos percebe-se claramente a semelhança entre as

comparações dos momentos e dos deslocamentos no comportamento dos métodos,

com um importante detalhe, que para os métodos MVM e LRFD os resultados

para as pontes do grupo 1 não se destoam tanto dos outros, e apenas para o

método de EC que essa característica foi acentuada em relação a comparação dos

momentos. Uma outra diferença entre o método de EC e os métodos MVM e

LRFD é que o EC tem uma pequena tendência em afastar mais os resultados dos

valores encontrados nas análises por EF a medida que o vão tem seu comprimento

aumentado, ao contrário do que ocorre nas análises utilizando-se os outros

métodos.

A Tabela 5.3 – apresenta um resumo das diferenças encontradas.

Tabela 5.3 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de deslocamento máximo em pontes de vigas de concreto

Na Figura 5.6 o LRFD é comparado com os outros métodos simplificados

diretamente.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 101: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

101

(a)

(b)

(c)

Figura 5.6 – Comparações dos deslocamentos máximos entre os métodos simplificados em vigas de concreto: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

Fica evidente a similaridade entre o comportamento do MVM e do LRFD,

onde há uma alternância do conservadorismo entre eles. Para pontes com maiores

espaçamentos entre vigas o LRFD é até 13% mais conservador, e com espaça-

mentos menores o MVM é até 9% mais conservador. Já na comparação entre o

LRFD e o EC, o LRFD é mais conservador na maior parte dos casos. As diferen-

ças entre as análises de do Grupo 1 chegam até a 48%. Para os outros grupos as

diferenças variam entre o LRFD mais conservador em até 30% para pontes do

Grupo 2, e o EC mais conservador em até 10% para pontes do Grupo 3.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 102: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

102

5.3 Pontes com Vigas Metálicas

5.3.1 Momento Fletor

Na Figura 5.7 são apresentadas as razões entre os momentos máximos cal-

culados pelos métodos simplificados e pelos obtidos nas análises por elementos

finitos para as pontes com vigas metálicas.

(a)

(b)

(c)

Figura 5.7 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos momentos fleto-res máximos em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 103: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

103

A análise dos gráficos permite verificar que o comportamento dos métodos

na determinação do momento fletor nas vigas de pontes com vigas metálicas é

similar ao de pontes com vigas de concreto. Nesse caso, também para as pontes do

grupo 1, as diferenças encontradas se destoam para os três métodos. O MVM

fornece resultados até 74% maiores do que os encontrados nas análises por

elementos finitos nesses casos e o LRFD e o EC fornecem resultados até 85% e

60% maiores respectivamente. Percebe-se então que os métodos simplificados não

se aplicam para esses casos específicos. A Tabela 5.4 –Tabela 5.1 – apresenta um

resumo com as diferenças encontradas para os três grupos de pontes.

Tabela 5.4 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de momento fletor máximo em pontes de vigas metálicas

Na Figura 5.8 o LRFD é comparado com os outros métodos simplificados

diretamente.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 104: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

104

(a)

(b)

(c)

Figura 5.8 – Comparações dos momentos entre os métodos simplificados: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

Os três métodos apresentam comportamentos semelhantes, com basicamen-

te a maior diferença ocorrendo em pontes do grupo 1. Porém, de forma geral, o

LRFD é o menos conservador entre eles para o cálculo de momento fletor em

pontes de vigas metálicas, fornecendo resultados em média até 5% menores em

comparação com o MVM e 1% menores em comparação com o EC.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 105: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

105

5.3.2 Força Cortante

Na Figura 5.9 são apresentadas as razões entre as forças cortantes máximas

calculadas nas análises dos métodos simplificados pelos obtidos nas análises por

elementos finitos.

(a)

(b)

(c)

Figura 5.9 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos cortantes máxi-mos em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 106: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

106

As diferenças encontradas nesse caso também se destoam para pontes do

grupo 1, alcançando uma variação máxima de 35% e 23% para o LRFD e o

MVM, respectivamente. Para os outros grupos o LRFD tem uma diferença média

de 13%, mínima de 5% e máxima de 32%, o MVM tem uma diferença média de

1%, mínima de -8% e máxima de 14% e o EC, que fornece na maior parte das

análises resultados menores que os encontrados nas análises pelo MEF, tem uma

diferença média de -5%, mínima de -16% e máxima de 9%.

A Tabela 5.5 – apresenta um resumo com as diferenças encontradas.

Tabela 5.5 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de força cortante máximo em pontes de vigas metálicas

Na Figura 5.10 o LRFD é comparado com os outros métodos simplificados

diretamente.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 107: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

107

(a)

(b)

(c)

Figura 5.10 – Comparações dos cortantes entre os métodos simplificados em vigas me-tálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

Nessa situação fica evidente como o LRFD é mais conservador que os ou-

tros métodos simplificados. Isso ocorre porque para grande parte dos modelos os

métodos MVM e EC fornecem resultados menores do que os obtidos nas análises

por elementos finitos, portanto, resultados que são contra a segurança das pontes.

A média das diferenças entre o LRFD e o MVM é de 13%, com mínima de 2% e

máxima de 26%.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 108: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

108

Já a diferença entre os LRFD e o EC é maior. A média encontrada é de

19%, com 6% e 45% de diferença mínima e máxima, respectivamente. Ao não se

considerar as pontes do grupo 1 a diferença máxima passa a ser 35%.

5.3.3 Deslocamentos

Na Figura 5.11 são apresentadas as razões entre os deslocamentos máximos

calculados nas análises dos métodos simplificados pelos obtidos nas análises por

elementos finitos das pontes com vigas metálicas.

(a)

(b)

(c)

Figura 5.11 – Comparações entre os métodos simplificados e o MEF dos deslocamentos máximos em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Ta-buleiro com 25 cm.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 109: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

109

A análise dos gráficos mostra como os métodos simplificados são

imprecisos para o cálculo dos deslocamentos máximos em pontes de vigas

metálicas. Para as pontes do grupo 1 e as pontes com 20 m de comprimento de

vão do grupo 2, os deslocamentos encontrados nas análises dos métodos

simplificados chegaram a ser até 2,5 vezes maiores do que os encontrados nas

análises por elementos finitos. Já para as pontes do Grupo 3 as análises

simplificadas encontraram deslocamentos até 21% menores, sendo, portanto,

contra a segurança.

A Tabela 5.6 – apresenta um resumo das diferenças encontradas.

Tabela 5.6 – Resumo das diferenças entre métodos simplificados e MEF nos cálculos de deslocamento máximo em pontes de vigas metálicas

Os motivos que levam a essa inconsistência nos deslocamentos encontrados

pelos métodos simplificados para pontes de vigas metálicas podem ser diversos.

Não foi realizada neste trabalho uma análise profunda para entender a causa desse

problema, porém o fato de sua ocorrência apenas para as pontes com vigas metáli-

cas levantou a questão sobre a influência da rigidez das vigas nesse resultado, pois

nas pontes com vãos menores as vigas metálicas consideradas têm rigidez relati-

vamente baixa, bem inferior as vigas de concreto.

Portanto, foi analisada a relação entre a rigidez equivalente dos tabuleiros

por metro com as diferenças encontradas nas análises, onde a rigidez relativa dos

tabuleiros é dada por: vigas eqN EI L , na qual vigasN é a quantidade de vigas na pon-

te, E é o modulo de elasticidade equivalente da seção composta pela viga e o ta-

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 110: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

110

buleiro com sua largura equivalente, eqI é a inércia equivalente da seção compos-

ta e L é o comprimento do vão. A Figura 5.12 apresenta essa relação.

Figura 5.12 – Relação entre a rigidez das vigas e as diferenças dos resultados.

Essa análise indica que os resultados encontrados estão relacionados

diretamente com a rígidez das vigas. Para os casos em que a rígidez das vigas é

muito pequena em relação ao comprimento do vão, nenhum método simplificado

reproduz de forma confiável o comportamento de um tabuleiro, superestimando

os deslocamentos.

O LRFD também foi comparado diretamente com os outros métodos

simplificados. A Figura 5.13 apresenta essa análise.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 111: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

111

(a)

(b)

(c)

Figura 5.13 – Comparações dos deslocamentos máximos entre os métodos simplificados em vigas metálicas: (a) Tabuleiro com 15 cm; (b) Tabuleiro com 20 cm; (c) Tabuleiro com 25 cm.

Com excessão dos resultados das pontes do Grupo 1 os métodos simplifica-

dos apresentam resultados bem próximos. Assim como em outros casos os resul-

tados das pontes do grupo 1 nas análises pelo método de EC também se destoam

um pouco. Para os outros grupos a maior diferença encontrada entre os resultados

das análises utilizando-se o MVM e o LRFD é de 15%, e entre as análises utili-

zando o EC e o LRFD é de 17%.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 112: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

112

6 Conclusões e Recomendações para Trabalhos Futuros

6.1 Conclusões

Os métodos simplificados de análise da distribuição transversal das solicita-

ções em pontes têm uma grande importância na elaboração de projetos estruturais.

Atualmente algumas mudanças estão ocorrendo nessa realidade, pois a tecnologia

e a informática trouxeram a possibilidade do uso de poderosos programas compu-

tacionais que utilizam métodos mais completos, ou até mesmo os próprios méto-

dos simplificados para agilizar o processo, reduzindo o tempo gasto em um proje-

to.

Como em toda inovação os benefícios trazidos por esses programas são

inúmeros, desde incluir fatores que aumentam a velocidade da execução de proje-

tos estruturais até a inserção da possibilidade de projetos mais complexos que se-

riam muito difíceis, ou até mesmo impossíveis de serem executados sem a utiliza-

ção dessas novas tecnologias. Porém, junto com os benefícios, existem restrições

importantes a serem consideradas. A primeira delas é que é necessário um alto

investimento financeiro para adquirir os programas comerciais mais usuais e con-

fiáveis no mercado. Em seguida, dando como exemplo programas que fazem aná-

lises por meio do MEF, a exigência do conhecimento em elementos finitos e mé-

todos de modelagem entre outros, também é uma necessidade para o engenheiro

projetista. Por esses e diversos outros motivos, ainda existe a necessidade do uso e

melhorias de métodos simplificados, e este trabalho teve como objetivo sugerir e

validar uma alternativa racional e simplificada de análise da distribuição transver-

sal de solicitações em pontes de vigas, que não exigisse complexidades desneces-

sárias e altos investimentos financeiros, e que ao mesmo tempo fornecesse resul-

tados seguros para todas as situações, além de estudar a influência de algumas das

variáveis mais importantes para esse tipo de projeto

As normas brasileiras referentes a projetos de pontes necessitam modifica-

ções maiores que englobam novas cargas móveis, definidas a partir de estudos re-

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 113: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

113

alizados no tráfego real brasileiro e a especificação de um ou mais métodos de

análise da distribuição transversal de solicitações para o uso em projetos de pontes

de vigas.

Em seguida, ao se analisar diversos trabalhos, conclui-se que as transversi-

nas, principalmente as intermediárias são consideradas cada vez menos necessá-

rias. Devido à dificuldade de sua execução, a tendência atual é reduzir a sua quan-

tidade ou até mesmo a retirar definitivamente dos projetos. Essa tendência foi um

dos motivos que levou os testes dos métodos simplificados a serem realizados sem

a consideração das transversinas.

Em relação ao estudo dos métodos de modelagem de pontes, concluiu-se

que independentemente dos tipos de elementos utilizados para representar os ele-

mentos da estrutura, a discretização das malhas e dos nós é muito importante. Para

os casos estudados uma discretização da malha de 50 cm já se mostrou suficiente

para que os modelos conseguissem representar bem o comportamento de uma

ponte. Obviamente o melhor modelo é o que utiliza menor memória computacio-

nal, o que é mais simples de ser executado e o que apresenta os resultados da for-

ma mais direta possível. Considerando-se a necessidade deste trabalho, que é a

modelagem de superestruturas de pontes, o melhor elemento para a modelagem

das vigas é o de viga e para a modelagem das lajes é o de casca.

Foi também realizado neste trabalho o estudo das características das pontes

encontradas na malha viária federal brasileira. A primeira e mais importante con-

clusão obtida é que o Brasil não tem um sistema de gestão de pontes que reúna de

forma acessível e confiável as informações sobre as pontes brasileiras. Assim, é

muito complicado definir um panorama da situação existente e projetar às tendên-

cias futuras. Apesar da dificuldade, com as informações encontradas na literatura

foi possível tirar outras conclusões, como o que a maioria das pontes no Brasil são

de vigas de concreto, ultrapassando os 90% do total, e que quase 80% delas têm

largura inferior a 12 m, consideradas estreitas pelo padrão atual.

Durante o processo de validação do modelo de elementos finitos foram tes-

tadas duas pontes reais que receberam testes de cargas. Uma delas construída em

escala real especificamente para o teste em laboratório era relativamente nova,

com poucos meses de construção quando foi testada. A outra, antiga, já tinha qua-

se 30 anos de idade na época em que foi testada. O fato de terem sido analisadas

pontes com idades tão diferentes foi positivo, pois apresentou um resultado que

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 114: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

114

não é considerado atualmente nos projetos de pontes, que é a deterioração dos

apoios quando não são realizadas manutenções e vistorias regularmente. Na ponte

mais nova foi possível determinar os deslocamentos na análise por elementos fini-

tos com boa precisão, pois os apoios ainda estavam em ótimo estado de conserva-

ção. Já para a ponte mais antiga as restrições nos apoios causadas pela deteriora-

ção causaram erros na determinação das deformações específicas na análise por

elementos finitos. Foi necessário definir molas nos apoios com uma determinada

rigidez para que o comportamento da ponte analisada fosse bem representado. Es-

se resultado é importante para chamar a atenção dos órgãos responsáveis, para ga-

rantir uma manutenção regular das pontes, e dos engenheiros para considerarem

de alguma forma essas restrições em seus projetos.

Em relação ao processo de validação do método da AASHTO LRFD, dentre

os três métodos simplificados analisados, ele foi o único que forneceu apenas re-

sultados favoráveis à segurança em todas as comparações de momentos e forças

cortantes nas pontes com vigas de concreto e metálicas, e nas comparações de

deslocamentos nas pontes de vigas de concreto. Porém para alguns casos específi-

cos do Grupo 1 os métodos simplificados não se aplicam, já que os resultados en-

contrados foram ultraconservadores. Nenhum dos métodos simplificados foi ca-

paz de determinar os deslocamentos máximos em pontes de vigas metálicas de

forma eficaz, apesar de ter bons resultados para algumas pontes com vãos inter-

mediários, entre 28 e 40 m. Para pontes com vãos menores os resultados encon-

trados foram muito maiores do que os deslocamentos encontrados nas análises por

elementos finitos e para as pontes com vãos maiores os resultados encontrados

foram até 26% menores.

Os outros dois métodos simplificados apresentaram alguns resultados contra

a segurança em comparação das forças cortantes com os encontrados nas análises

por elementos finitos. Para alguns modelos de pontes com vigas metálicas o

MVM forneceu resultados até 8% menores, e o EC forneceu resultados até 16%

menores em alguns casos. Para os modelos de pontes com vigas de concreto essas

diferenças chegaram a 4% e 15%, respectivamente.

Uma outra conclusão importante é que de forma geral os resultados apresen-

tados pelos três métodos se destoaram muito quando os modelos apresentados ti-

nham vãos menores, de 10 e 20 m. Fato esse que se acentuou na determinação dos

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 115: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

115

deslocamentos das pontes com vigas metálicas, porém, não foi possível determi-

nar com precisão a causa dessas distorções.

Portanto o objetivo inicial do trabalho foi atingido, o método da AASHTO

LRFD se mostrou perfeitamente capaz, dentro das limitações expostas ao longo

do trabalho, de determinar as solicitações de momento fletor e força cortante em

pontes de vigas, tanto de concreto quanto metálicas. Também determina muito

bem os deslocamentos máximos em pontes com vigas de concreto, porém, assim

como os outros métodos, tem problemas para determinar os deslocamentos máxi-

mos em pontes com vigas metálicas. Então conclui-se que a nova norma “Projeto

de Pontes e Viadutos Rodoviárias de Aço e Mistas Aço e Concreto” que está sen-

do desenvolvida atualmente, considere os resultados encontrados para definir al-

guns pontos que precisam ser aperfeiçoados ou a inclusão de certos limites de

aplicabilidade.

Os métodos de EC e MVM também conseguem determinar os momentos

fletores em pontes de vigas de concreto e metálicas, além dos deslocamentos em

pontes de vigas de concreto. Porém é necessário tomar cuidados ao utilizá-los pa-

ra a determinação das forças cortantes, que podem fornecer alguns resultados que

vão de encontro à segurança das pontes. Apesar da exigência do uso de transver-

sinas pelo método de EC, foi provado que mesmo em uma situação onde não exis-

tem transversinas para colaborar com a distribuição das solicitações e com o au-

mento da rigidez do tabuleiro, os resultados apresentados foram satisfatórios.

6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Primeiramente, como a NBR 7188 (2013) não tem o objetivo de representar

de maneira fidedigna a situação de tráfego real encontrada nas rodovias brasileiras

com suas cargas móveis, considera-se relevante a realização de estudos que de-

terminassem, por meio de análises estatísticas, cargas móveis e situações de car-

regamento que realmente se aproximassem das situações existentes.

Um outro ponto que chamou atenção ao longo da realização deste trabalho é

a falta de informações sobre a maioria das pontes brasileiras, desde informações

básicas como a idade de construção e sistemas estruturais, até informações mais

importantes como estado de conservação atual da estrutura e o tipo de carrega-

mento para o qual elas foram projetadas. Assim, recomenda-se a realização de es-

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 116: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

116

tudos que colaborem para a criação de um sistema eficiente de gestão de pontes,

abrangendo pesquisas de campos para a determinação de várias informações não

catalogadas atualmente.

É sugerido também uma análise aprofundada sobre as restrições existentes

em apoios deteriorados de pontes antigas, devido à falta de inspeções e manuten-

ções regulares. Como relatado neste trabalho, essa situação pode trazer alterações

significantes no modelo estrutural de uma ponte.

Como foi concluido que o método de EC apresentou resultados satisfatórios

e seguros mesmo sem o uso de transversinas, sugere-se que os limites de

aplicabilidade impostos pelo método sejam estudados, comparando resultados de

análises de pontes semelhantes, com e sem transversinas.

Por fim, como visto nas comparações realizadas, para as pontes com vãos

menores foram encontrados resultados que destoaram muito dos encontrados nas

pontes com vãos intermediários e maiores. Como não foi possível definir com

precisão o motivo que causa esta situação, considera-se necessária a realização de

estudos que tratam das análises transversais de solicitações para as pontes de me-

nor vão. Os focos sugeridos para esses estudos são a influência da maior propor-

ção entre largura do tabuleiro e comprimento do vão, ou a divergência entre o

comportamento de pontes com vãos menores e maiores.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 117: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

117

7 Referências

Federal Highway Administration. Disponivel em:

<http://www.fhwa.dot.gov/bridge/britab.cfm>. Acesso em: 20 Abril 2015.

ALVES, E. V.; ALMEIDA, S. M. F. D.; JUDICE, F. M. D. S. J. MÉTODOS DE

ANÁLISE ESTRUTURAL DE TABULEIROS DE PONTES EM VIGAS

MÚLTIPLAS DE CONCRETO PROTENDIDO. Engevista, v. 6, p. 48-58,

Agosto 2004.

AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND

TRANSPORTATION OFFICIALS. AASHTO LRFD Bridge. 2012.

AMERICAN ASSOCIATION OS STATE HIGHWAY AND

TRANSPORTATION OFFICIALS. Standard Specifications for Hishway

Bridges. 11ª. ed. Washington, DC: 1973.

AMERICAN ASSOCIATION OS STATE HIGHWAY AND

TRANSPORTATION OFFICIALS. Standard Specifications for Highway

Bridges. 16ª. ed. Washington, DC: 1996.

AMERICAN ASSOCIATION OS STATE HIGHWAY AND

TRANSPORTATION OFFICIALS. LRFD Bridge Design Specifications. 6ª. ed.

Washington, DC: 2012.

ARAÚJO, D. D. L. Projeto de Ponte em Concreto Armado com Duas

Longarinas. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, p. 155. 1999.

ARAÚJO, M. C.; CAI, S. C. S.; TEIXEIRA, P. W. G. N.; NEIVA, V. M.

Distribuição transversal de cargas em ponte de concreto protendido pré-moldada –

avaliação da influência das transversinas com uso de procedimentos da NBR

6118/2003, do LaDOTD e de modelos de elementos finitos sólidos. 1º Encontro

Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado, São

Carlos, 3 Novembro 2005.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 118: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

118

ASSOCIAÇÃO BRASILEIA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de

estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de

Janeiro: 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NB - 6: Carga móvel

em ponte rodoviária e passarela de pedestre. Rio de Janeiro: 1982.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7187: Projeto e

execução de pontes de concreto armado e protendido. Rio de Janeiro: 1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7187: Projeto

de pontes de concreto armado e de concreto protendido - Procedimento. Rio de

Janeiro: 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto

de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro: 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7188: Carga

móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras

estruturas. Rio de Janeiro: 2013.

BAKER CHALENGEUS. LRFD Design Example for Steel Girder

Superstructure Bridge. Washington, DC: 2003.

BARR, P. J.; EBERHARD, M. O.; STANTON, J. F. LIVE-LOAD

DISTRIBUTION FACTORS IN PRESTRESSED CONCRETE GIRDER

BRIDGES. Journal of Bridge Engineering, Setembro/Outubro 2001. 298-306.

BATISTA, B. S. D. C. Estudo Comparativo de uma Ponte com Entre eixos de

Vigas Constante e Variável. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade

Federal do Rio de Janeiro: Abril de 2013.

CAVALCANTI, J. B. Análise Estática de Tabuleiros de Vigas Múltiplas: Método

da Distribuição Transversal de Cargas: Aplicação a Tabuleiros sem Transversinas

de Vão. II Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, Rio de Janeiro, 12 a 14

Outubro 2007a. 25.

CAVALCANTI, J. B. Análise Estática de Tabuleiros de Vigas Múltiplas - Método

da Distribuição Transversal de Cargas - Aplicação a Tabuleiros com

Transversinas de Vão. II Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, Rio de

Janeiro, 12 a 14 Outubro 2007b. 29.

CHUNG, W.; LIU,J.; SOTELINO, E. D. Applicability of the Simplified Load

Distribution Factor Equation to PSC Girder Bridges. KSCE Journal of Civil

Engineering, Julho 2005. 313-319.

CHUNG, W.; LIU, J.; SOTELINO, E. D. Influence of Secondary Elements and

Deck Cracking on the Lateral Load Distribution of Steel Girder Bridges. Journal

of Bridge Engineering, Março/Abril 2006. 178-187.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 119: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

119

CHUNG, W.; SOTELINO, E. D. Three-dimensional finite element modeling of

composite girder bridges. Engineering Structures, Maio 2005. 63-71.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. Manual de

Projeto de Obras-de-Arte Especiais. Rio de Janeiro: 1996.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE

TRANSPORTE. Manual de Inspeção de Pontes Rodoviárias. Rio de Janeiro.

2004.

EAMON, C. D.; NOWAK, A. S. Effects of Edge-Stiffening Elements and

Diaphragms on Bridge Resistance and Load Distribution. Journal of Bridge

Engineering, Stembro/Outubro 2002. 258-266.

EOM, J.; NOWAK, A. S. Live Load Distribution for Steel Girder Bridges.

Journal of Bridge Engineering, Novembro/Dezembro 2001. 489-497.

EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARIZATION. Eurocode 1: Actions on

Structures: Part 2: Traffic loads on bridges. Bruxelas: 2003.

FU, G. Bridge Design and Evaluation - LRFD and LRFR. Hoboken, New

Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2013.

HARRIS, D. K.; GHEITASI, A. Implementation of an energy-based stiffened

plate formulation for lateral load distribution characteristics of girder-type

bridges. Engineering Structures, Abril 2013. 168-179.

KATHOL, S.; AZIZINAMINI, A.; LUEDKE, J. Strength Capacity of Steel

Girder Bridges. University of Nebraska. Lincoln, p. 298. 1995.

LUCHI, L. A. R. E. Reavaliação do Trem-tipo à Luz das Cargas Reais nas

Rodovias Brasileiras. Tese (Doutorado): Universidade de São Paulo: 2006.

MARCHETTI, O. Pontes de Concreto Armado. 1ª. ed. São Paulo: Editora

Blucher, 2008.

MENDES, P. D. T. C. Contribuições para um Modelo de Gestão de Pontes de

Concreto Aplicada à rede de Rodovias Brasileiras. Tese (Doutorado em

Engenharia de Estruturas), São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.

MODJESKI AND MASTERS, INC. Comprehensive Design Example for

Prestressed Concrete (PSC) Girder Superstructure Bridge With

Commentary. Harrisburg, Pennsylvania: 2003.

NOWAK, A. S. Calibration of LRFD Bridge Code. Journal of Structural

Engineering, Agosto 1995. 1245-1251.

NOWAK, A. S.; EOM, J. Verification of Girder Distribution Factors For Steel

Girder Bridges. University of Michigan. Ann Arbor, p. 164. 2001.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 120: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

120

NOWAK, A. S.; SZERSZEN, M. M. Bridge Load and Resistance Models.

Engineering Structures, v. 20, n. Nº 11, p. 985-990, 1998.

OLIVEIRA, G. E. P. D. Dimensionamento da Superestrutura de uma Ponte de

Concreto Armado. Blumenau: 2010.

PHUVORAVAN, K.; CHUNG, W.; LIU, J.; SOTELINO, E. D. Simplified Live

Load Distribution Factor Equation for Steel Girder Bridges. Transportation

Research Record, v. 1892, p. 88-97, 2004.

ROSSIGALI, C. E. Atualização do Modelo de Cargas Móveis para Pontes

Rodoviárias de Pequenos Vãos no Brasil. Tese (Doutorado em Engenharia

Civil), Rio de Janeiro: 2013.

SOTELINO, E. D.; LIU, J.; CHUNG, W.; PHUVORAVAN, K. Simplified Load

Distribution Factor For the Use In LRFD Design. Purdue University. West

Lafayette, Indiana, p. 153. 2004.

STUCCHI, F. R. Pontes e Grandes Estruturas. Notas de Aula - Universidade de

São Paulo. São Paulo. 2006.

V. SHANN, S. Application of Ultra High Performance Concrete (UHPC) as a

Thin-bonded Overlay for Concrete Bridge Decks. Houghton, MI: 2012.

YOUSIF, Z.; HINDI, R. AASHTO-LRFD Live Load Distribution for Beam-and-

Slab Bridges: Limitations and Applicability. Journal of Bridge Engineering,

Novembro/Dezembro 2007. 765-773.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 121: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

121

Anexo

Linhas de Influência calculadas pelo método de Engesser-

Courbon

Figura 1 – Linha de Influência das vigas do grupo 5V pelo método de Engesser-Courbon.

Figura 2 – Linha de Influência das vigas do grupo 6V pelo método de Engesser-Courbon.

Figura 3 – Linha de Influência das vigas do grupo 7V pelo método de Engesser-Courbon.

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 122: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

122

Trens-tipo calculados pelos métodos de Engesser-Courbon e Viga

Modelo

Tabela 1 – Trens-tipo considerados nas análises das pontes do grupo 4V pelos métodos de Engesser-Courbon e Viga Modelo

Tabela 2 – Trens-tipo considerados nas análises das pontes do grupo 5V pelos métodos de Engesser-Courbon e Viga Modelo

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 123: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

123

Tabela 3 – Trens-tipo considerados nas análises das pontes do grupo 6V pelos métodos de Engesser-Courbon e Viga Modelo

Tabela 4 – Trens-tipo considerados nas análises das pontes do grupo 7V pelos métodos de Engesser-Courbon e Viga Modelo

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 124: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

124

Fatores de Distribuição de Carga (LDF) do método da AASHTO

LRFD

Tabela 5 – LDF considerados nas análises das pontes do grupo 4V pelos métodos da AASHTO LRFD

Tabela 6 – LDF considerados nas análises das pontes do grupo 5V pelos métodos da AASHTO LRFD

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA
Page 125: Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método ... · Murilo Soares Santos Estudo da Aplicabilidade do Método Simplificado da AASHTO para Distribuição Transversal de

125

Tabela 7 – LDF considerados nas análises das pontes do grupo 6V pelos métodos da AASHTO LRFD

Tabela 8 – LDF considerados nas análises das pontes do grupo 7V pelos métodos da AASHTO LRFD

DBD
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1312974/CA