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Museu Arquidiocesano Dom Joaquim - 50 anos

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Catálogo comemorativo aos 50 anos do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, do Vale do Azambuja/Brusque/SC

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Museu ArquidiocesanoDom Joaquim 50 anos

1960 - 2010

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Arquidiocese de FlorianópolisArcebispo Dom Murilo S.R. Krieger – SCJ

Museu Arquidiocesano Dom Joaquim - MADJDiretor: Pe. Pedro SchlichtingAdministrativo: Marcelo Goulard

PatrocínioFuncultural

Governo do Estado de Santa CatarinaGovernador Leonel Arcangelo Pavan

Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte Valdir Walendowsky

Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional de Brusque Sandra Regina Eccel

Gerente de Turismo, Cultura e Esporte - SDR/Brusque Evandro Carneiro Flora

Coordenação Geral do ProjetoSérgio Valle / Prisma Cultural

Projeto GráficoAudrey Schmitz / Quorum Comunicação

Coordenação EditorialSHIFT Comunicação

Fotografia / Tratamento de ImagemKarina Zen

Procedimentos MuseológicosAna Lúcia Bergamo

Pesquisa e TextoAna Lúcia Bergamo

RevisãoGiovanni Secco

ImpressãoCOANTiragem: 2.000 exemplares

(capa) São DomingosAutoria: não identificada

Época: início do século XIXTécnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 36 x 18 x 22 cmProcedência: Igreja Matriz da Penha/SC

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A Igreja Católica tem presença significati-va na História de nosso Estado; encontra--se em todos os municípios desde o mo-

mento em que foram criados. A presença e a atuação nas comunidades deram origem a um patrimônio ar-tístico considerável, constituído por obras de pintura, escultura e arquitetura, por objetos sacros e paramen-tos. Na arte religiosa de nosso povo temos um teste-munho excepcional de sua criatividade e de sua fé.

Recolher e preservar o resultado dessa rica cria-tividade é uma maneira de ajudar as novas gerações a conhecer e entender as diferenças que há entre as diversas comunidades e, também, aquilo que as apro-xima. Podemos dizer que nossos antepassados nos evangelizam, pois suas obras, muitas vezes marcadas pela simplicidade, testemunham quanto os valores re-ligiosos encontravam-se arraigados em seus corações.

Desde seu início, a Igreja compreendeu a impor-tância e a necessidade de velar por seu patrimônio cultural. Ela foi uma das primeiras instituições públi-cas que regulou com leis próprias a criação, conserva-ção e valorização do patrimônio artístico. Prova disso é uma oração do século terceiro que devia ser feita por ocasião da instituição dos ostiários – isto é, da-queles que oficialmente abriam e fechavam as portas do templo e que guardavam as alfaias do culto: “To-mai cuidado para que, por negligência vossa, não se perca nenhuma das coisas que estão na igreja. Proce-dei de modo a poderdes dar contas a Deus daquelas coisas que serão guardadas por estas chaves [que vos

são entregues]”. Atualmente, a Igreja lembra aos Bis-pos a importância de ter um cuidado especial com as obras artísticas de sua Diocese. Esse cuidado pode manifestar-se tanto no inventário dessas obras como na criação de um catálogo. Dito isso em palavras jurí-dicas, “Deve-se redigir um inventário exato e particu-larizado [...] das coisas [...] de certo valor cultural [...], com a respectiva descrição e avaliação” (Código de Direito Canônico, Cân. 1283, 2º).

Foi esse cuidado que levou um de meus ante-cessores, Dom Joaquim Domingues de Oliveira, a aprovar a ideia da criação de um museu que, mere-cidamente, recebeu seu nome. O Museu Dom Jo-aquim é uma das riquezas de nossa Arquidiocese. Uso aqui a palavra “riqueza” pensando não tanto no valor das obras que nele estão conservadas e ex-postas, mas no patrimônio espiritual que elas re-presentam. Caminhar por nosso Museu Arquidio-cesano e deter-se diante de suas muitas obras é ter a possibilidade de compreender os sentimentos do Salmista, quando proclamava:

Ó SENHOR, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! [...] Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos, vejo a lua e as estrelas que criaste: que coisa é o ser humano, para dele te lembrares, o filho do homem, para o visitares? No entanto, o fizeste só um pouco menor que um deus, de glória e de honra o coroaste. [...] Ó SENHOR, Senhor nosso, como é glorioso o teu nome em toda a terra!” (Salmo 8).

Dom Murilo S.R. Krieger, scjArcebispo de Florianópolis

Arte e fé

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São José da Praia com menino

Autoria: não identificadaÉpoca: provável do século XIX

Técnica: madeira - escultura, douramento, policromia

Dimensões: 79 x 33 x 21 cmProcedência: Igreja de São Sebastião,

Florianópolis/SC

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A história do Museu Arquidiocesano Dom Joaquim é indissociável da histó-ria do Seminário Menor Metropolita-

no de Azambuja. Quem passou pelos bancos esco-lares dessa benemérita instituição lembra a alegria de todos quando, nos dias de chuva, o divertimen-to/aprendizado acontecia na visitação ao Museu. Dentro de suas salas cultivava-se o “encantamen-to” com o passado da natureza, da cultura religiosa, da vida humana, das artes. Um mergulho na histó-ria dentro da melhor tradição humanista.

O Museu foi fruto de longa gestação: vem desde 1933, através dos herdeiros da família ita-jaiense de Joca Brandão, que doou ao Seminário algumas coleções e objetos históricos: era o em-brião de um museu. A instituição foi desenvolvi-da, e em 1943 vamos encontrá-la sob a denomi-nação de Museu Episcopal, dividido em três se-ções, História natural, Numismática e Armas, com um total de 350 peças expostas. Acresceu o acer-vo uma coleção de objetos indígenas, provindos do Seminário de São Ludgero.

Novo passo para sua composição aconteceu em 1947, quando Pe. Raulino Reitz fez doação de uma coleção de mineralogia e etnologia: rochas, minérios e fósseis. Desse modo, mediante doações, acumulava-se um bom acervo museológico.

Pe. Raulino Reitz foi o homem da Providên-cia para a formação dessa instituição cultural. Bo-tânico, cultuador das ciências naturais e históricas,

prefeito de estudos do Seminário, pensou longe. E pensou numa obra que marcasse Azambuja den-tro das comemorações do Centenário de Brusque (1860-1960). Estava sendo construído o novo edi-fício do Seminário, e o edifício antigo, bela obra ar-quitetônica do Pe. Gabriel Lux, SCJ, ficaria desocu-pado e se prestaria de modo magnífico a um mu-seu. Para logo convencer o arcebispo a ceder o edi-fício, uma homenagem: “Museu Arquidiocesano Dom Joaquim”. E a cessão se consumou.

De 1958 a 1960 Pe. Raulino e uma comissão nomeada ad hoc percorreram as paróquias e igre-jas da arquidiocese munidos de uma carta de re-comendação de Dom Joaquim para que os padres doassem objetos históricos, especialmente de arte sacra, para o futuro museu. Foi grande a receptivi-dade e salvou-se a história religiosa dos imigrantes alemães e italianos: imagens toscas, oratórios po-pulares, altares falquejados, que poderiam ter de-saparecido na substituição por obras que melhor retratassem o progresso das comunidades, foram salvos pela coragem do Pe. Raulino.

É fácil hoje criticar o Museu com o dizer bara-to: Azambuja pegou nossa história! Mas não fosse isso, o que teria sobrado? No final da década de 50 não se tinha a mentalidade histórica de hoje. No momento certo, boa parte da memória religiosa popular foi preservada. Não fosse isso, esse patri-mônio estaria no lixo ou mercadores espertos te-riam se apossado dele.

Museu Arquidiocesano Dom Joaquim

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Finalmente, em 3 de agosto de 1960 era inau-gurado o Museu Arquidiocesano Dom Joaquim. O Seminário e a comunidade catarinense ganha-vam um presente precioso: a possibilidade de con-templar a história natural e humana num espaço bem organizado e conservado.

Pe. Raulino, na melhor tradição pedagógi-ca americana e europeia, dizia que a formação de uma pessoa repousa no tripé IGREJA, ESCOLA e MUSEU. Três realidades que trazem a sabedoria de contemplar a eternidade, o passado e o presente, e, desse modo, de projetar o futuro. Um museu não é um depósito de coisas mortas; pelo contrário, reú-ne os passos da formação do saber e da vida. Não é por nada que os países atrasados economicamente também sejam indiferentes ao tesouro de seu pas-sado. Não deram ainda o passo da sabedoria.

A seção mais preciosa do Museu de Azambu-ja é a de Arte Sacra: pode-se ali contemplar a vida de nossas comunidades de imigração com suas hu-mildes imagens e ornamentos sacros, que alimen-taram a vida espiritual e humana de tantas famílias. Hoje possuem belas igrejas, são fruto da humildade e da perseverança.

Para acomodá-la, Pe. Raulino montou a Ca-pela do Imigrante, com tudo o que constituía essa construção, e tinha por ela o maior apreço. Tam-bém organizou uma “Casa do Imigrante” (com cama, berços, rancho, oratório, objetos domésti-cos...), uma amostra de indústria têxtil masculina, um mostruário com a evolução da indústria têxtil de Brusque, e mais!

Décadas depois, tudo foi desmontado e redis-tribuído, em respeito (?) às novas concepções mu-seológicas. Pessoalmente, Pe. Raulino viu tudo isso

com muita mágoa: não era o que tinha pensado com tanto carinho e discernimento.

Não gostaria de encerrar estas linhas sobre o Museu sem dizer algo do grande idealizador e Diretor, Côn. Dr. Raulino Reitz. Nascido em An-tônio Carlos, a 19 de setembro de 1919, fez seus estudos em Antônio Carlos, Azambuja e São Leo-poldo (RS), tendo sido ordenado sacerdote em 5 de setembro de 1943. Coadjutor da Paróquia do Sombrio, em1947 veio trabalhar no Seminário de Azambuja, onde permaneceu até maio de 1971 exercendo o cargo de Prefeito de Estudos e sen-do professor estimado por todos os seus alunos. Nesse ano foi nomeado Diretor do Jardim Botâ-nico do Rio de Janeiro. Apesar de suas inúmeras ocupações científicas, encontrava tempo para le-cionar inglês, religião, biologia, astronomia, ana-tomia... Realizou estudos de botânica nos Esta-dos Unidos. Botânico de renome internacional, conhecido como o “Padre dos Gravatás” (bro-mélias), criou instituições que marcam os estu-dos botânicos catarinenses. É o patrono da ecolo-gia catarinense e, por esse seu empenho, recebeu da ONU o Prêmio Global 500, o mesmo conferi-do a Chico Mendes. Faleceu em 20 de novembro de 1990 e está sepultado em Antônio Carlos, no mesmo local onde fora coroinha, rezara e celebra-ra a Primeira Missa.

Percorrer os corredores do Museu Dom Joa-quim é também recordar o empenho e a sabedo-ria desse homem que honra o clero católico e a ciência brasileira.

Pe. José Artulino Besenda Academia Catarinense de Letras

Sócio emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SCMembro Correspondente do Instituto Histórico da Bolívia

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OratórioAutoria: não identificada

Época: não identificadaTécnica: madeira - escultura,

douramento, policromiaDimensões: 18 x 18 x 9 cm

Procedência: não identificada

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O imponente prédio do Museu Arqui-diocesano Dom Joaquim (MADJ) é referência no Vale de Azambuja.

Construído entre 1907 e 1911, com desenho e su-pervisão do Pe. Gabriel Lux, o antigo hospital mos-tra solidez desde a estrutura de alvenaria de pedra e tijolos maciços até a esguia torre. A construção de influência românica é marcada pelas cimalhas que dividem os pavimentos e os janelões com ver-gas alteadas. O acesso ao prédio ocorre pela bela arcada no bloco central, verticalizado com o fron-tão inserido de óculos, lembrando as antigas cons-truções europeias. Devido às diferentes utilizações e ao decorrer do tempo, o edifício foi readequado em 1959, especialmente para melhor abrigar as co-leções que estavam tomando salas e corredores do então seminário. Mais tarde, outras intervenções foram necessárias e, entre 2003 e 2005, o prédio passou por uma reforma completa, patrocinada pelo Governo do Estado de Santa Catarina e por empresários locais.

Ao adentrar no Museu, tem-se uma leitura da história de Santa Catarina, desde as primeiras povo-ações até os registros mais recentes da diversidade

O acervo

Figura de ProaAutoria: não identificadaÉpoca: século XIXTécnica: madeira - esculturaDimensões: 207 x 60 x 57 cmProcedência: Família Betiol - Urussanga/SC

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do um importante ícone cultural a ser comemora-do. Uma comissão especial foi nomeada para for-mar um acervo que contasse a história da cidade e, quiçá, de Santa Catarina, ampliando as coleções já existentes. Este foi constituído legalmente e inau-gurado no dia 3 de agosto de 1960 como Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, em homenagem ao Arcebispo Dom Joaquim, que cedeu o prédio e apoiou largamente a iniciativa.

Agora se passaram 50 anos.Você já o conhece?

Rapidamente se sobem os degraus das esca-das já um tanto desgastados por milhares de tran-seuntes. Só no primeiro mês de funcionamento, o Museu teve mais de dez mil visitantes.

No topo da escada, à direita, a figura de proa de um veleiro grego - resgatada há muito de um navio encalhado no sul do estado - parece indicar a todos como aqui chegaram os primeiros imigran-tes. Elaborada em lariço - pinheiro europeu -, os veios da madeira destacam naturalmente as linhas clássicas da dama vestida, cuja cabeça está voltada para o alto, como a indicar o caminho vindouro. A altiva senhora chegou ao Museu após muito empe-nho junto à família Betiol de Urussanga. O Sr. Fer-dinando Betiol, imigrante italiano, adquiriu-a em 1892, na cidade de Laguna, e a mantinha em sua ferraria, chamando-a de Santa Augusta, talvez por ser esse o nome do navio ao qual ela pertencera.

cultural que aqui se instalou, dando-se ênfase aos testemunhos de origem teuto-ítalo-portuguesa.

Foi com a visão e o empenho do Pe. Raulino Reitz, biólogo e pesquisador, comprometido com a educação, que a instituição ganhou destaque nos cenários estadual e nacional. Como professor, fez do Museu um grande aliado da educação. Ao fazer suas excursões botânicas, aproveitava para coletar peças para o Museu e costumava dizer: “É progres-so para o nosso Museu, que ficará grande algum dia”. Tinha razão: tornou-se o maior do Estado de Santa Catarina em sua especificidade.

Os primeiros objetos.

Tudo começou quando a Coleção Joca Bran-dão chegou, em 1933, como pagamento dos es-tudos de um dos filhos desse comerciante e cole-cionador de Itajaí. O conjunto de peças formado por armas antigas, instrumentos musicais, crânios de diversos animais, arcos, flechas e outros apetre-chos indígenas, além de fotografias e documentos do século XIX, ficou exposto em uma sala do se-minário. Foi um grande estímulo para os estudan-tes que por ali passaram. Aos poucos, o acervo foi crescendo, registrando peças de diferentes áreas da ciência, como botânica, zoologia, geologia, arque-ologia, história e antropologia, sem esquecer a ex-cepcional coleção de arte sacra.

Com a proximidade dos festejos do Cente-nário de Brusque, o Museu ganha destaque, sen-

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A colônia torna-se freguesia, e o relógio é colocado na torre da igreja.

O grande relógio localizado à esquerda mar-cou, por várias décadas, o tempo dos brusquenses. Em 1873 a Colônia de Brusque é elevada à condi-ção de Freguesia, desmembrando-se de Itajaí, com o nome de Freguesia de São Luiz Gonzaga, em ho-menagem ao diretor Dr. Luiz Betim Pais Leme. O Governo, então, providencia a construção de uma igreja na sede, requisitada pelos moradores des-de o início da Colônia. O templo é inaugurado em 1877, tendo como padroeiro São Luiz Gonza-ga. A construção, em estilo gótico, de razoável ta-manho, no alto da colina, tinha uma torre de 25 m, que sustentava o relógio doado pelo Impera-dor D. Pedro II. Em 1954 a velha igreja é demolida para dar lugar à atual, e o antigo relógio é requisi-tado para o MADJ. Instalado em outubro de 1960, o relógio teve seu sistema de roldanas trocado e os pesos substituídos por pedras, de maneira que ele continuasse funcionando, sendo necessário, para tanto, acionar seu sistema somente uma vez ao dia. O pequeno sino, que faz parte do conjunto, tem gravado o brasão do Império e uma mensa-gem em alemão: “Sou chamada Ana Suzana. Brus-que é a minha pátria. Aí desejo ficar. Quero varrer do céu todas as tempestades”.

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Um marco dos imigrantes.

À frente se encontra a Cruz da Paixão, simbo-logia muito frequente entre os imigrantes italianos. Ela é representada com as ferramentas utilizadas para a crucificação de Cristo e encimada pela figura do galo, o qual lembra a hora em que Pedro negou conhecer Jesus. A Capela dos Imigrantes reporta--nos a forte devoção que os colonos tinham nos difíceis dias do início da ocupação. Diferentes ima-gens de santos dividem o espaço nos altares, com castiçais e breviários. O mobiliário é simples.

O rústico confessionário está identificado com a “Cruz da Virada”, símbolo de união na virada do século, elaborado pelos padres jesuítas e pela comu-nidade de Nova Trento, nos idos de 1900. Ainda pre-sente nas igrejas de hoje, esse é o local onde os fiéis expressam seus sentimentos. A bela via sacra pinta-da a óleo sobre tábuas de pinho está assinada por Eduardo Dias, reconhecido pintor autodidata de Florianópolis, que viveu no período de 1872 a 1945.

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Cruz da PaixãoAutoria: não identificadaÉpoca: início do século XX Técnica: escultura em madeira Dimensões: 207 x 91 x 7 cmProcedência: Igreja Matriz de Botuverá, Brusque/SC

Cruz da virada Autoria: não identificadaÉpoca: século XIX/XXTécnica: ferro fundidoDimensões: 22 x 22 x 0,8 cmProcedência: Comunidade de Nova Trento/SC

Via Sacra (1ª e 7ª Estação)Autoria: Eduardo DiasÉpoca: século XIX/XX

Técnica: óleo sobre madeiraDimensões: 46 x 25 x 3 cm

Procedência: Igreja do Saco dos Limões, Florianópolis/SC

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Cozinha de imigrantes

Molheira Autoria: não identificadaÉpoca: século XIXTécnica: porcelanaDimensões: 18 x 23 x 13 cmProcedência: não identificada

Queijeira Autoria: não identificadaÉpoca: século XXTécnica: porcelanaDimensões: 17 x 25 x 20 cmProcedência: não identificada

Torrador de caféAutoria: não identificadaÉpoca: século XXTécnica: metal recortado, soldadoDimensões: 37 x 35 x 24 cmProcedência: não identificada

Bule com tampa Autoria: não identificadaÉpoca: século XXTécnica: porcelanaDimensões: 25 x 15 x 19 cmProcedência: não identificada

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Os saberes e fazeres.

Percorrendo as demais salas, observa-se o co-tidiano dos antigos brusquenses através dos obje-tos, móveis e louças ali expostos, muitos vindos do além-mar. Esses utensílios remetem ao aroma dos bolos e doces produzidos pelas “nonas” e “opas” quando esperavam pela visita dos filhos e netos.

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Ferramentas de marcenariaAutorias: não identificadasÉpoca: século XIXTécnica: madeira/ferroProcedência: não identificada

Utensílios domésticos e Mobiliário de imigrantes

Autorias: não identificadasÉpoca: século XIX

Técnicas: madeira/ferroProcedências: não identificadas

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A cultura é muito dinâmica e é devido à diver-sidade dos imigrantes que os saberes e fazeres rapi-damente adaptaram-se à nova realidade. A casa e o mobiliário da casa eram produzidos com espécies de madeiras existentes na região, diferentes das que estavam acostumados a usar na Europa. Fer-ramentas e equipamentos diversos, a maior parte confeccionada pelos próprios imigrantes, indicam os ofícios então praticados: marcenarias, tanoarias, funilarias e sapatarias.

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TearAutoria: não identificadaÉpoca: século XIXTécnica: madeira falquejadaDimensões: 150 x 144 x 187 cmProcedência: não identificada

RocasAutoria: não identificadaÉpoca: século XXTécnica: madeira torneadaProcedência: não identificada

Enrolador de fiosAutoria: não identificadaÉpoca: século XXTécnica: madeira, metal-torneada, fundido Dimensões: 80 x 54 x 14 cmProcedência: não identificada

BalançaAutoria: não identificadaÉpoca: provavelmente do século XIXTécnica: madeira, metal-torneada, fundidoDimensões: 25 x 15 x 19 cmProcedência: não identificada

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A indústria da tecelagem, iniciada em 1890, assim como a indústria da seda, em anos posterio-res, estão muito bem representadas pelos teares, descaroçadores de algodão, rocas, enroladores de fio e demais máquinas utilizadas na produção de tecidos e de confecções.

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Lembrando os mais antigos habitantes.

A coleção etnográfica é bem interessante: a cultura dos índios das tribos Tucuna e Bororo, das regiões norte e centro-oeste do país, está presente nos objetos rituais, como máscaras, cocares e ou-

tros adornos. Também, remos, arcos e flechas de diferentes usos são testemunhos da presença de índios Xokleng e Kaingang, do grupo linguístico Jê ou Tapuia, no estado.

O acervo documental e fotográfico é vasto e pode ser visto aqui e ali como registros da passa-gem do tempo.

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Flechas e remosColeção Joca BrandãoProcedência: Itajaí/SC

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Cocar e tornozeleirasAutoria: Tribo BororoProcedência: Rio das Mortes/MT

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As moedas de vários sistemas monetários, brasileiros e estrangeiros, são exibidas espaçadamente.

Mais raras, as moedas contramarcadas portu-guesas, do século XVII, cunhadas em ouro, prata e co-bre, quase passam despercebidas, desgastadas pelo uso. Elas surgiram quando a Coroa portuguesa foi obrigada a proceder a sucessivas alterações no padrão

monetário, valorizando as moedas em circulação, por ocasião da longa guerra contra os espanhóis, após restaurar a independência do país. Para que se con-cretizassem essas alterações, algumas vezes as moe-das recebiam a aposição de contramarcas (carimbos). Nesse tempo, o Brasil Colônia ainda não possuía uma casa da moeda, então oficinas monetárias foram ins-taladas nas principais capitanias do Brasil somente para realizar o processo de carimbagem.

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A arte sacra, considerada a maior coleção do estado, espalha-se pelo segundo piso.

Com o apoio da Cúria Metropolitana reali-zou-se uma campanha entre as Igrejas da Arqui-diocese para angariar santos e objetos de culto que não estivessem mais em uso. Muitas paróquias já haviam substituído as velhas imagens de madeira, esfoladas, escurecidas e depredadas, por imagens novas de gesso. Assim foi possível reunir um acer-vo de arte sacra dos mais interessantes, e o mais admirado no MADJ.

São Martinho Autoria: não identificadaAno: 1885Técnica: madeira - escultura, policromiaDimensões: 107 x 41 x 42 cmProcedência: Capela de Rodeio, Turvo/SC

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São BeneditoAutoria: não identificada

Época: provavelmente do século XIXTécnica: madeira - escultura, douramento, policromia

Dimensões: 36 x 12 x 9 cmProcedência: Igreja Matriz de São Francisco do Sul/SC

São Paulo Autoria: não identificada

Época: provavelmente do século XIXTécnica: barro cozido, policromado

Dimensões: 131 x 62 x 30 cmProcedência: Igreja Matriz, Criciúma/SC

Nossa Senhora do ÓAutoria: não identificada

Época: provavelmente do século XIXTécnica: barro cozido, policromado

Dimensões: 66 x 26 x 20 cmProcedência: Igreja Matriz de São Francisco do Sul/SC

Nem todas as imagens foram entronizadas em capelas e igrejas. É importante que se esclare-ça quanto ao termo “imagem sacra”: é a represen-tação invocada, mesmo no particular, como santo milagroso, confidente e testemunho de seus infor-túnios, dores e alegrias.

As imagens devocionais podem ser eruditas ou populares, tendo como suporte madeira e bar-ro, quase sempre policromados, o que imprime mais realismo à figura.

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A imaginária popular desenvolveu-se no in-terior, nas regiões onde os imigrantes italianos se estabeleceram, como Nova Veneza, Criciúma, Urussanga, Nova Trento, Luiz Alves e Rodeio. Em sua maioria agricultores italianos, chegaram em levas entre o final do século XIX e o início do sé-culo XX, com poucos pertences. Sendo muito reli-giosos, sofreram com a falta de padres nos primei-ros tempos. Sem recursos, tiravam da natureza o que ela fornecia, fazendo as esculturas simples e originais com madeira de cedro (Cedrela sp), fa-cilmente encontrada na mata atlântica, pintada com corantes naturais. Algumas tiveram como modelo imagens ou gravuras encontradas em pu-blicações da época, enquanto outras foram inspi-radas em pessoas com as quais conviviam.

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O santo protetor.

O Pe. Luigi Marzano relata em seu livro edita-do em 1903, quando de sua estada em Urussanga, no sul do estado:

Quando não havia imagem, um deles pegava um tronco e um formão e fazia uma figura mais ou menos artística. Depois de pintada e vestida, a seu modo, tinha que representar o santo protetor de seu vilarejo de origem. Ninguém, por certo, poderia descobrir naquela figura um santo, a não ser pelo nome que estava escrito no pedestal. Mas para eles era uma raridade. Logo se tornava santo milagroso, a cuja veneração acorria-se até de capelas longín-quas (MARZANO, 1903, p. 125).

Nossa SenhoraAutoria: Cesare ZanlucaÉpoca: não identificadaTécnica: madeira - escultura, policromia Dimensões: 72 x 22 x 13 cmProcedência: Capela da Barra de Luiz Alves/SC

Nossa Senhora do CaravaggioAutoria: não identificadaÉpoca: início do século XXTécnica: escultura em barro cozido policromadoDimensões: 49 x 20 x 20 cmProcedência: Paróquia de Urussanga/SC

Gianetta Autoria: não identificadaÉpoca: início do século XXTécnica: escultura em barro cozido policromadoDimensões: 23 x 9 x 17 cmProcedência: Paróquia de Urussanga/SC

Bom JesusAutoria: não identificadaÉpoca: século XIXTécnica: madeira - escultura, policromiaDimensões: 46 x 18 x 14 cmProcedência: Igreja Matriz da Penha/SC

Santa InêsAutoria: Angelo Cataneo Ano: 1915Técnica: madeira - escultura, policromiaDimensões: 128 x 34 x 25 cmProcedência: Oratório Nossa Senhora das Graças, Armazém, Urussanga/SC

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Crucificado Autoria: não identificada

Época: século XVIIITécnica: madeira - escultura, douramento, policromia

Dimensões: 54 x 37 cmProcedência: Casa de Saúde São Sebastião, Florianópolis/SC

A sala dos crucificados apresenta a invoca-ção mais antiga do cristianismo e a mais solicitada nos tempos difíceis da colonização: aos domingos e dias santos os imigrantes italianos reuniam-se entre vizinhos. Algum deles assumia a liderança e lia a Bíblia, depois rezavam e cantavam forman-do pequenas procissões, “puxadas” pelos crucifi-xos. A prática era comum também para enterros e dias de seca, quando solicitavam a chuva para não perder as lavouras.

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Crucificado Autoria: Beppi FrassettoÉpoca: não identificadaTécnica: madeira - escultura, policromiaDimensões: 90 x 68 x 17 cmProcedência: Capela do Belvedere, Urussanga/SC

CrucificadoAutoria: Beppi FrassettoÉpoca: não identificadaTécnica: madeira - escultura, policromiaDimensões: 41 x 26 x 8 cmProcedência: Igreja Matriz de Urussanga/SC

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CrucificadoAutoria: Cesare Zanluca

Época: final do século XIXTécnica: madeira -

escultura, policromiaDimensões: 144 x 70 x 14 cm

Procedência: Capela do Sagrado Coração de

Maria, Morro da Onça, Nova Trento/SC

Crucificado Autoria: não identificada

Época: século XVIIITécnica: madeira -

escultura, policromiaDimensões: 28 x 26 x 2 cm

Procedência: Capela de Zimbro, Porto Belo/SC

Crucificado Autoria: não identificada

Época: não identificadaTécnica: madeira -

escultura, policromiaDimensões: 100 x 62 x 16 cm

Procedência: Capela de Santa Ágada,

Nova Trento/SC

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São LuizAutoria: Cezare Zanluca

Ano: 1898Técnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 93 x 30 x 25 cmProcedência: Capela de Terra Nova,

Tijucas/SC

São JoséAutoria: Angelo Moro

Época: não identificadaTécnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 60 x 22 x 18 cmProcedência: Paróquia de Nova Veneza,

Nova Veneza/SC

São RoqueAutoria: Beppi Canória

Ano: 1891Técnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 131 x 42 x 23 cmProcedência: Capela de Siderópolis/SC

As imagens populares são executadas pelo santeiro ocasional.

Destacam-se os escultores Angelo Moro, agricultor, muito devoto, que ainda na Itália gos-tava de fazer santos; José Frasseto (Beppi Canó-ria), oleiro e de família trabalhadora em mina por três gerações (pai, sobrinho e filho deste, que ti-nham o mesmo nome e apelido, o que pode expli-car as esculturas com características tão diferen-tes); e Cesare Zanluca, residente em Nova Tren-to, talvez o único que fazia da arte seu ganha pão (trabalhou também em Florianópolis).

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Nossa Senhora do Rosário Autoria: não identificada

Época: século XXTécnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 131 x 62 x 30 cmProcedência: Igreja Matriz, Criciúma/SC

Santa LuziaAutoria: Angelo Cataneo

Época: início do século XXTécnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 112 x 35 x 30 cmProcedência: Capela de São João,

Criciúma/SC

Nossa Senhora da AnunciaçãoAutoria: não identificada

Ano: 1880Técnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 155 x 35 x 30 cmProcedência: Capela de Içara, Içara/SC

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Grandes esculturas, algumas quase em tama-nho real, de roca ou de vestir, articuladas ou rígidas, lembram as imagens de aspecto contido do perío-do medieval. Eram executadas por encomenda dos devotos, para pagamento de promessas, ou por en-comendas dos fabriqueiros da igreja para estar nos altares, ou ainda para ser levadas em procissão.

Confeccionados no período entre o final do século XIX e o início do século XX, Santa Luzia, São

Roque, Santo Antônio, Santa Augusta são exem-plos que povoam as salas do MADJ e que outrora frequentaram pequenos templos.

Ao observar este conjunto, descobre-se que a maioria das representações femininas é de roca ou de vestir, enquanto todas as masculinas apresen-tam a indumentária talhada. Seria muito trabalho-so esculpir as vestes? Ou preferiam deixar que as mulheres decidissem sobre essa questão?

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Cada uma das imagens devocionais pode ser objetode estudo surpreendente.

A imagem de São Miguel, com grandes asas e veste pintada imitando pele de onça, foi escul-pida por Angelo Cataneo, pedreiro-lavrador, após um ataque de índios a sua plantação. Talvez San-to Agostinho, de forma triangular, tenha sido exe-cutado às pressas, depois que o vigário solicitante mudou a invocação da capela por desentender-se com o pretendente doador de um sino e da ima-gem, originalmente, de São Miguel. O São João Ba-tista menino tem as feições negroides, lembrando a descendência africana existente no final dos 1900.

Dos autores pouco se sabe, pois na época pou-cos sabiam escrever, não era costume assinar as pe-ças, e a Igreja não fazia registros de seu patrimônio.

São João Batista (menino)Autoria: não identificada

Época: não identificadaTécnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 53 x 19 x 35 cmProcedência: Capela de Trombudo, Tijucas/SC

São MiguelAutoria: Angelo Cataneo

Ano: 1915Técnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 102 x 41 x 28 cmProcedência: Capela de São Miguel de Belvedere,

Urussanga/SC

Santo AgostinhoAutoria: Pietro Magagnin

Ano: 1915Técnica: escultura em madeira encerada

Dimensões: 60 x 115 x 4 cmProcedência: Capela de Rio Maina Baixo, Criciúma/SC

Cabeça de CristoAutoria: não identificada

Época: não identificadaTécnica: madeira - escultura, policromia

Dimensões: 46 x 20 x 22 cmProcedência: Igreja Matriz de São Francisco do Sul/SC

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Uma pesquisa mais aprofundada certamen-te elucidaria como a escultura de Maria Madalena chegou ao MADJ em 1964. Observa-se que a peça foi executada provavelmente no século XIX, para fazer parte do grupo escultórico do Monte Calvá-rio, e possui uma composição teatral bastante ex-plorada no período barroco. As informações dis-poníveis relatam que ela é procedente de Palmas/PR, mas originária do Mato Grosso.

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Maria MadalenaAutoria: não identificada

Época: provavelmente do século XIXTécnica: madeira - escultura,

douramento, policromiaDimensões: 58 x 97 x 38 cm

Procedência: Palmas/PR

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Algumas esculturas seguem um estilo, barroco, rococó ou neoclássico.

As imagens doadas pelas igrejas localizadas no li-toral são as que possuem características técnicas mais elaboradas, podendo ser classificadas como imagens eruditas, pois foram produzidas por artistas nas ofi-cinas-ateliês existentes nos grandes centros. Possuem olhos de vidro e a policromia se destaca através do douramento e do meticuloso trabalho de punção e esgrafito, destacando elaboradas composições no pa-nejamento esvoaçante. Em exposição no Museu, tais obras são menores, por terem sido confeccionadas para pequenos nichos de altar ou para oratórios de menores proporções. Essas, portuguesas, francesas e mesmo brasileiras, apareceram mais frequentemente nas freguesias do litoral catarinense, talvez pela facili-dade de comércio entre os portos.

Entre essas, a devoção a Nossa Senhora da Con-ceição é a mais forte. Sabe-se que Pedro Álvares Ca-bral, quando chegou ao Brasil, trouxe a primeira ima-gem dessa invocação. Outra razão é que Dom João IV dedicou seu reino à Imaculada Conceição e tornou obrigatória sua festa em todo o reino português.

Nossa Senhora da Conceição Autoria: não identificadaÉpoca: século XIXTécnica: madeira - escultura, douramento, policromiaDimensões: 48 x 15 x 14 cmProcedência: não identificada

Nossa Senhora da ConceiçãoAutoria: não identificadaÉpoca: século XIXTécnica: madeira - escultura, douramento, policromiaDimensões: 38 x 16 x 9 cmProcedência: Asilo de Azambuja, Brusque/SC

Nossa Senhora da ConceiçãoAutoria: não identificadaÉpoca: não identificadaTécnica: madeira - escultura, policromiaDimensões: 59 x 24 x 23 cmProcedência: Igreja Matriz de São João Batista/SC

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Outras raridades podem ser admiradas: San-ta Luzia, pequena escultura de barro cozido, traz junto à sua base uma fieira de ex-votos de metal; um crucificado de marfim, antigamente venerado na capela de Zimbro, pode ter mais de 300 anos. A produção de esculturas religiosas de marfim foi in-tensa nos séculos XVII e XVIII, devido à evangeliza-ção promovida pelos missionários, principalmente franciscanos e jesuítas, no período das grandes na-vegações ao Oriente.

Santa LuziaAutoria: não identificadaÉpoca: não identificadaTécnica: terracota policromadaDimensões: 49 x 20 x 20 cmProcedência: Ilha de Santa Catarina/SC

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Relicários Autoria: não identificadaÉpoca: provavelmente do século XIXTécnica: madeira - escultura, douramento, policromiaDimensões: 54 x 19 x 19 cmProcedência: não identificada

CandelabroAutoria: não identificadaÉpoca: século XIXTécnica: metal recortado, fundidoDimensões: 79 x 76 x 16 cmProcedência: Igreja Matriz de Urussanga/SC

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A sala da pinacoteca exibe belíssimas pinturas.

É destaque a grande tela de Rucentini, adquirida em Roma, em 1927, e doada ao Museu pelo Arcebis-po Dom Joaquim. As aquarelas sobre cartão, de Hein-rich Graf, foram realizadas enquanto o autor esteve internado no hospital, em 1917/1918. Domingos Fos-

sari, pintor e desenhista em Florianópolis, deixou sua assinatura ao retratar lindas paisagens de Azambuja. No grande corredor está a tela de Nossa Senhora do Caravaggio em frente à Bambina, pintada por Isido-ro Radici, em 1902. Seria esse o quadro desenhado de próprio punho pela Condessa Bianca Brambilla, de Milão, e depois enviado para Azambuja para atender ao pedido dos devotos?

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Pintor retratando cardealAutoria: RucentiniÉpoca: século XXTécnica: óleo sobre telaDimensões: 250 x 160 cmProcedência: Palácio Arquidiocesano, Florianópolis/SC

Última CeiaAutoria: Heinrich Graf

Ano: 1918Técnica: óleo sobre telaDimensões: 65 x 98 cm

Procedência: Seminário de Azambuja, Brusque/SC

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Nossa Senhora do Caravaggio Autoria: Heinrich GrafAno: 1902Técnica: óleo sobre telaDimensões: 120 x 96 cmProcedência: Gruta de Azambuja, Brusque/SC

Sagrada FamíliaAutoria: Heinrich Graf

Ano: 1917Técnica: aquarela sobre cartão

Dimensões: 64 x 58 cmProcedência: Seminário Nossa Senhora de Lourdes, Brusque/SC

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Nossa SenhoraAutoria: não identificadaÉpoca: provavelmente do século XIXTécnica: pintura sobre madeiraDimensões: 65 x 38 cmProcedência: Seminário Nossa Senhora de Lourdes, Brusque/SC

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Sagrado Coração de Jesus Autoria: não identificadaÉpoca: século XXTécnica: gravura-impressão sobre papelDimensões: 60 x 45 cmProcedência: Doação de Arnoldo Schaefer, Brusque/SC

Sagrado Coração de MariaAutoria: não identificada

Época: século XXTécnica: gravura-impressão sobre papel

Dimensões: 60 x 45 cmProcedência: Doação de Arnoldo Schaefer, Brusque/SC

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Os objetos pessoais e o trono de Dom Joaquim, enquanto bispo e arcebispo, tais como casulas, mi-tras e cetros, formam um conjunto excepcional. Grande parte das vestes possui ricos bordados com fios de ouro e pedrarias. Missais, placas e medalhas comemorativas também fazem parte da coleção.

MitrasAutorias: não identificadasÉpoca: século XX Técnica: tecido, pedras-costura, bordadoDimensões: 77 x 36 x 56 cmProcedência: Palácio do Arcebispado, Florianópolis/SC

CasulaAutoria: não identificada

Época: século XXTécnica: tecido bordadoDimensões: 110 x 65 cm

Procedência: Palácio do Arcebispado, Florianópolis/SC

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E assim, ao voltar ao primeiro piso, observa-se o acervo referente às ciências ligadas à natureza.

Um grande conjunto de animais taxidermi-zados e ossos de baleia estão expostos, sendo ob-jetos de muita curiosidade entre os estudantes que visitam o MADJ. Muitos desses animais fo-ram caçados pelo Pe. Reitz e pelo Pe. Luís Gartner (taxidermista), do Seminário de Corupá, na mata atlântica do estado.

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Fóssil de peixeÉpoca: período cretáceo, 65 milhões de anosProcedência: afloramento Santana do Cariri/CE.

Fósseis de animais de várias regiões do país auxiliam o estudo da evolução das espécies e de formação da crosta terrestre.

Acredita-se que o mesossauro brasileiro, um tipo de réptil de longa cauda, encontrado no interior do estado de São Paulo em 1886, tenha vivido há 286 milhões de anos. A coleção de mi-neralogia, iniciada em 1944, classifica um grande número de exemplares do Brasil e do exterior, a qual é acrescida de amostras e brocas de sonda-gem realizadas em Lages e Tangará, em Santa Ca-tarina, na década de 1940.

Na sala da arqueologia há a raríssima cole-ção de fragmentos de cerâmica do período ne-olítico, recuperados pelo arqueólogo Peter Kurt nos Montes Balcãs (Bulgária). São testemunhos dos povos nômades, precursores da escrita, que viveram em 3500 a.C.

Outros achados importantes foram encontra-dos nos sambaquis do litoral catarinense: esquele-tos humanos, zoólitos, machados, cunhas, bruni-dores e outros utensílios de pedra e osso.

No que se refere à botânica, é possível ver al-gumas raridades como o palmiteiro de sete galhos. O mostruário de madeiras encontradas no estado foi confeccionado pelo herbário Barbosa Rodri-gues, de Itajaí, em parceria com o Serviço Florestal de Santa Catarina.

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A visita pode terminar onde tudo começou.

A coleção Joca Brandão, que exibe armas antigas como mosquetes, carabinas, baionetas, espadas, uniformes de guerra e acessórios mili-tares, lembra os homens bravos e corajosos que ali se estabeleceram.

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Baionetas e armas de fogoÉpoca: séculos XVIII e XIX

Técnica: madeira/ferro fundidoProcedência: não identificada

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