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Espongilídeos fósseis no diatomito de Azenhas do Vale de Ateia (Alpiarça)

Autor(es): Moura, Armando

Publicado por: Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade deCoimbra

URLpersistente: http://hdl.handle.net/10316.2/42068

Accessed : 11-Dec-2020 09:07:00

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PUBLICAÇÕES DO MUSEU E LABORATÓRIO MINERALÓGICO E GEOLÓGICODA UNIVERSIDADE DE COIMBRA E DO CENTRO DE ESTUDOS GEOLÓGICOS

N.° 46

Memóriase Notícias

1958

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Espongilídeos fósseis no diatomito de Azenhas do Vale de Ateia (Alpiarça)

por

Armando Moura

Há já dois anos foi-nos possível visitar a jazida de diatomito das Azenhas do Vale da Ateia (Alpiarça), no distrito de Santarém, onde fizemos algumas colheitas com vista a um reconhecimento das espécies de diatomáceas.

Sucedeu, porém, que, nalgumas das nossas preparações, encon­trámos espículas de espongiários. Interessou-nos francamente esse facto, porque os estudos efectuados até agora sobre este dia­tomito não revelaram a presença de espongiários e ainda porque este filo tem sido pouco ou nada procurado pelos nossos estu­diosos.

Voltámos de novo ao local e fizemos outras colheitas que são a base do presente trabalho.

Ao naturalista do Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra, Dr. Manuel de Assunção Dinis, agradecemos a boa colaboração que sempre se dignou prestar-nos.

O local da colheita foi em Azenhas do Vale da Ateia (Alpiarça),. numa barreira situada 40 ou 50 m a Norte de uma das azenhas e à esquerda de um forno de tijolo (a cerca de 3 km a SSE da vila de Alpiarça (1).

(l) Andrade da Silva (Alfredo) — «Diatomáceas fósseis de Portugal». Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, vol. VI, fase. I e II, pág. 17. Porto, 1946.

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Identificámos as camadas de diatomito de cor cinzenta parda, onde se encontravam restos de vegetais fósseis.

«Observam-se aí dois níveis escurecidos. Ambos contêm vegetais e passam lateralmente a um tripoli impuro (2)».

Condições de formação do depósito e sua idade

Atendendo à heterogeneidade dos materiais constituintes das camadas e à estrutura destas, podemos atribuir-lhe uma origem complexa.

De facto, de acordo com Zbyszewski (3), os terraços, que se podem qualificar de «poligénicos», são constituídos não somente pelos materiais de transporte depositados pelo rio, mas também pelas contribuições laterais dos afluentes e pelos depósitos de solifluxão.

Faz notar ainda o referido autor, transcrevendo Carlos Tei­xeira, que o depósito, onde se encontram hoje estes restos, deve ter-se formado numa bacia abandonada, como as que se observam nos nossos dias nas planícies aluviais ao longo de certos cursos de água portugueses (4).

Assim parece ser, pois junto com as frústulas das diatomá- ceas, espículas de espongiários e restos vegetais, encontram-se outros materiais de origem detrítica orgânica. Daí a coloração escura dos depósitos em questão, denotando consequentemente um forte carácter torrencial.

Quanto à idade da formação, atendendo às conclusões de Zbyszewski (5), podemos referi-la aos terraços médios do Pleis- tocénico, melhor dizendo, ao ciclo Tirreniano.

Corresponder-lhe-ia, portanto, um período interglaciar, de clima algo semelhante ao actual, ou talvez mesmo mais quente e mais seco. Concluir-se-ia isso a partir da flora encontrada nas formações em estudo (6).

(2) Zbyszewski (G.)— «Étude géologique de la région d’Alpiarça». Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, tomo XXVII, pág. 171. Lisboa, 1946.

(3) Zbyszewski (G.) — Op. cit., pág. 233.(4) Zbyszewski (G.) — Op. cit., pág. 183.(5) Zbyszewski (G.) — Op. cit , nota 2.(6) Zbyszewski (G.) — «Étude géologique de la région d’Almeirim».

Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, tomo XXVIII, pág. 257. Lisboa, 1947.

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Contribuição para o conhecimento das Esponjas

Como já afirmámos, o Phyllum Porífera não tem detido gran­demente a atenção dos nossos cientistas. Não nos foi possível, portanto, encontrar qualquer trabalho relativo a este assunto nas publicações portuguesas.

A primeira notícia que nos foi dado encontrar sobre Espon- gilídeos Peninsulares é de Walther Arndt(7). Cita este autor, para Portugal, a Euspongilla lacustris (Spongilla lacustris L.) e apresenta a Ephydatia fluvialis L. como nova para a Espanha, ficando ambas as espécies como únicas para a Península Ibérica.

Anos depois, o mesmo autor (8), no seu trabalho de conjunto sobre o Phyllum Porifera, volta a referir apenas essas duas espé­cies para Portugal e Espanha.

Em 1933, A r n d t ( 9 ) publica novo trabalho sobie os Espon- gilídeos da Suécia, Finlândia e Dinamarca.

Ernst Mathes (10) admite como existentes em Portugal as espécies Spongilla lacustris L. e S. fragilis Leidy. Esta última espécie, contudo, não foi encontrada anterior nem posteriormente. A distribuição geográfica que Arndt indica para elas inclui todo o Norte da Europa até a França e Bulgária, Norte e Este da Ásia, Norte e Sul da América e Austrália, pelo que não sabemos até que ponto é fundamentada aquela citação.

Ramon Margalef (ll) indica a presença da S. lacustris L. var. paupercula (Bowerbank) e Heteromeyenia repens Potts em Espanha. Esta última espécie é considerada nova para a Península.

No material português das colecções do Museu Zoológico da Universidade de Coimbra encontram-se apenas as espécies Spon•

(7) Arndt (Walther) — «Espongílidos do N. y E. de Espana recogidos por el Dr. F. Haas en los anos 1914 a 1919». Publ. Anales del Instituto Nacional de 2.a Enseñanza de Valência (Trabajo del laboratório de Hidro­logia Espanola, n.° 29). Valência, 1929.

(8) Arndt (Walther)—«Die Tierwelt Deutschlands». Jena, 1928.(9) Arndt (Walther) — «Die Susswasserschawmmfauna Schwedens

Finnlands und Danemarkes». Arkiv for Zoology, n.° 24. Stockholm, 1933,(10) Mathes (Ernest) — «Guia de trabalhos práticos de Zoologia». Acta

Universitatis Conimbrigensis, 1952.(11) Margalef (Ramon) — «Contribution al estudio de la fauna de las

águas dulces del noroeste de Espana». Publ. del Instituto de Biologia Apli­cada, t. XXI. Barcelona, 1955.

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gilla lacustris L. e Ephydatia fluviatilis L., colhidas nas águas doces da região do Centro de Portugal.

Resumo bibliográfico das espécies assinaladas para a Península Ibérica

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Preparação do material

Tentámos vários processos para a obtenção de preparações que nos permitissem um fácil estudo das espículas. Optámos finalmente por um processo muito fácil e de bons resultados prá­ticos, que foi a montagem directa do material reduzido a pó em bálsamo do Canadá, isto é, fazendo imediatamente preparações denfinitivas. Conseguimos assim espículas em melhor estado de conservação do que em qualquer dos processos anteriormente tentados.

Sistemática e critério de classificação

Para identificação das nossas espécies utilizámos chaves de determinação extraídas dos trabalhos de Arndt (8e9) e Pratt (12) porque as nossas espécies são ainda actuais e largamente repre­sentadas na Europa. Além dessas chaves, dado que encontrá­vamos as espículas dispersas no diatomito, utilizámos também para a classificação um critério diferente baseado na forma das

(l2) Pratt (Henry Sherring) — «A manual of the common invertebrate animais». The Blakiston Campany, Philladelphia, 1948.

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espículas e suas dimensões. Elaborámos para isso alguns quadros que nos permitissem uma visão generalizada do âmbito da varia­ção desses caracteres nas diferentes espécies dentro do mesmo género, bem como em géneros diferentes.

Estes quadros revelaram-se-nos de uma grande utilidade e eis porque os incluímos, assim como as chaves de determinação, no nosso trabalho.

Chaves para identificação das espécies de Espongilídeos por­tugueses:

1. As espículas das gémulas são rabdos (Sub-Fam. Spon-gillinae) ...... ......................................G. Spongilla

As espículas das gémulas são anfidiscos (Sub-Fam. Meye-ninae)........................... ................................................. 2

2. O bordo dos discos dos anfidiscos é regular e sempreinteiro....................................G. Trochospongilla

O bordo dos discos dos anfidiscos é denteado .................... 3

3. Os anfidiscos são sensivelmente do mesmo tama­nho ....................................... G. Ephydatia

Os anfidiscos são de diferentes tamanhos, podendo nor- malmente agrupar-se em dois tipos distintos: me­

nores (de haste curta) e maiores (de haste com­prida) ....................................... G. Heteromeyenia

No quadro I estabelecem-se as relações morfológicas e métri­cas dos anfidiscos, fundamentais para a identificação dos géneros Ephydatia e Heteromeyenia, pois não há confusão possível com o género Trochospongilla.

Assim, tomam-se as medidas de comprimentos dos anfidiscos, diâmetro dos seus discos e espessura da haste. Subsidiàriamente entra-se ainda com o denteado dos discos e com os espinhos exis­tentes na haste que os liga.

De um modo semelhante procedemos na confecção do qua­dro II para as espículas monaxónicas. Considerámos três grupos: as megascleras, as microscleras e as espículas das gémulas de tipo monaxónio, caracteristicamente pertencentes ao género Spongilla (lacustris porque não foi assinalada a S. fragilis).

Como principais factores de classificação tomaram-se as medi­das de comprimento, de espessura, a presença ou ausência de espinhos, da sua densidade e distribuição e ainda a forma da extremidade.

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DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES

Sub-Fam. SPONGILLINAE Carter 1881

Gén. SPONGILLA Lamarck 1816

Spongilla lacustris L. 1759 — Encontrámos muitas megas­cleras, lisas e agudas nas extremidades, direitas ou ligeiramente encurvadas, variando o seu comprimento de 240 a 300 μ e a sua espessura de 8 a 14μ. E frequente encontrarem-se megascleras fracturadas. As microscleras observadas são em número redu­zido. Possuem as extremidades arredondadas, são ouriçadas de espinhos e por vezes apresentam-se bastante encurvadas. O seu comprimento é de cerca de 60 μ e a sua espessura de 5,5 μ. Abundantes são as espículas das gémulas, que se apresentam direitas ou ligeiramente encurvadas, agudas nas extremidades, mais densamente espinhosas, variando o seu comprimento de 70 a 133 μ e a sua espessura com um valor médio de 7,5 μ.

Observações — Pode considerar-se como uma espécie bastante cosmopolita, visto a sua área de dispersão apenas não incluir a África e a Austrália. Esta espécie já foi assinalada para a nossa fauna (7,8,9e10), mas é nova para Portugal como fóssil (Est. I — figs. 1, 2 e 3).

Sub-Fam. MEYENINAE Vejdoveky 1887

Gén. EPHYDATIA Lamouroux 1816

Ephydatia fluviatilis L. 1759 — Pertencentes a esta espécie encontrámos algumas espículas monaxónicas de grande porte (chegando a atingir o comprimento de 500 μ apesar de ter frac- turada um dos extremos). São lisas, agudas nas extremidades, direitas ou ligeiramente arqueadas, sendo o seu comprimento variável entre 235 a 500 μ e a sua espessura de 15 a 19 μ. Apenas localizámos três anfidiscos, de comprimento aproximado de 26 μ, diâmetro dos discos 23 μ e espessura da haste 3,8 μ. A haste dos anfidiscos é lisa ou ligeiramente espinhosa (1 a 3 espinhos).

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Observações — Actualmente esta espécie é conhecida na Espa­nha e também já em Portugal. Identificámo-la sem hesitação devido ao grande porte das suas megascleras. E também nova para Portugal como espécie fóssil (Est. I — figs. 4, 5 e 6).

Ephydatia mulleri Liebeeküln 1856 — Notámos numerosos exemplares de megascleras pertencentes a esta espécie. São lisas ou rugosas, por vezes ligeiramente espinhosas, agudas nas extre­midades, variando o seu comprimento de 70 a 330 μ e a sua espessura é de cerca de 19 μ. São raros os exemplares de anfidiscos, assinalados nas nossas preparações, que se podem incluir nesta espécie. São de porte diminuto, com o comprimento de cerca de 15 μ, o disco de denteado bastante fino e denso, com diâmetro de 19 μ e a haste lisa, de 11 μ de espessura.

Observações — Esta espécie foi identificada especialmente pelos seus anfidiscos. E também uma espécie bastante espalhada, pois que apenas não está incluída na sua distribuição geográfica a Península Ibérica, a Africa, a América do Sul, Oeste e Sul da Asia e a Austrália. Não era conhecida anteriormente entre nós e é também nova para Portugal como fóssil (Est. I — fig. 7).

Gén. HETEROMEYENIA Potts 1881

Heteromeyenia baleyi (Bwk.) Potts 1881 — Desta espécie encontraram-se numerosas megascleras, que são lisas ou rugosas, direitas ou ligeiramente encurvadas, agudas nas extremidades, de comprimento variando das 150 às 300 μ e d e espessura de cerca de 10 μ. Existem também microscleras, bastante espinhosas, ace­radas nos extremos, de comprimento aproximado a 80 μ e 8 μ de espessura. Foi fácil a identificação desta espécie pela presença de dois tipos de anfidiscos: os maiores, de comprimento próximo de 70 μ, de discos com denteado profundo e de poucos dentes, com diâmetro de 20 μ, e com a haste pouco espinhosa ou mais densamente ornamentada (de 12 a 19 espinhos), tendo a espes­sura da haste valores muito próximos de 5 μ; os menores pos­suem comprimento variando das 26 às 45 μ, sendo os discos ligeiramente mais pequenos e de haste menos ornamentada e um pouco mais fina.

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Observações — Também esta espécie é nova para a nossa fauna. E uma espécie europeia, assinalada especialmente para o Centro e Leste.

E nova para Portugal como espécie fóssil (Est. I — figs. 8, 9 e 10).

Gén. TROCHOSPONGILLA Vejdovsky 1883

Trochospongilla hórrida Weltner 1893 — As megascleras são espinhosas, direitas, de extremidades agudas, variando o seu comprimento de 80 a 210μ e sendo a sua espessura de cerca de 10μ. Apenas foi possível localizar um único anfidisco, de 10 μ de tamanho, com os discos de bordo regular e rebordado com diâmetro de 12μ. A haste é lisa com espessura aproximada de 4 μ.

Observações — A diagnose desta espécie foi baseada no anfi­disco, que é característico. E também uma espécie nova para a nossa fauna. A sua distribuição europeia vai desde a Rússia à França. E nova para Portugal como espécie fóssil (Est. I-fig. 11).

Conclusão

O estudo dos espongilídeos do diatomito dos terraços do Tirreniano de Alpiarça, deu-nos a conhecer cinco espécies fósseis, todas novas para Portugal. Neste número estão incluídas as duas espécies conhecidas actualmente no nosso país, Spongilla lacustris e Ephydatia fluviatilis, bem como a Heteromeyenia baleyi var. reptns citada já para a Espanha em 1955 (n).

As presenças da Ephydatia mãlleri e da Trochospongilla hórrida são assinaladas pela primeira vez na Península Ibérica.

Seria interessante fazer novas buscas nas águas doces portu­guesas, de modo a colher elementos que permitissem fazer com­parações entre a fauna de espongilídeos fósseis e actuais.

Coimbra, Dezembro de 1958.

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Fig. 1 — Spongilla lacustris L. Espícula das gémulas (x 520).» 2 — Spongilla lucustris L. Microscela (x 520).» 3 — Spongilla lacustris L. Microscela (x 520)» 4 — Ephydatia fluviatilis L. Megasclera (X 120).» 5 — Ephydatia fluviatilis L. Megasclera (x 120).» 6 — Ephydatia fluviatilis L. Anfidisco (x 120).» 7 — Ephydatia miilleri Liebesküln. Anfidisco (x 520).» 8 — Heteromcyenia baleyi (Bwk.) Potts. Anfidisco maior (X 520).» 9 — Heteromeyenia baleyi (Bwk.) Potts. Anfidisco (x 520).» 10 — Heteromeyenia baleyi (Bwk.) Potts. Anfidiscos maiores (x 520). » 11— Trochospongilla horrida Welter. Anfidisco; por cima um anfi­

disco de Heteromeyenia visto de topo (X 520).

ESTAMPA II

Fig. 1 — Vista geral da jazida de diatomito das Azenhas do Vale de Ateia (Alpiarça).

» 2 — Vista de pormenor da jazida de diatomito das Azenhas do Valede Ateia (Alpiarça).

ESTAMPA I

DESCRIÇÃO DAS ESTAMPAS

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R E S U M E

SPONGILLIDES FOSSILES DANS LE DÏATOMITE D'AZENHAS DE LA VALÉE DIATELA

(ALPIARÇA — PORTUGAL)

L’étude des spongillides du diatomite d’Alpiarça des terrasses du Tyr- rhénien nous a permis de connaître cinq espèces fossiles, toutes nouvelles au Portugal.

Dans ce nombre sont incluses les deux espèces connues actuellement dans notre pays, Spongilla lacustris et Ephydatia Jluviatilis, ainsi que la Heteromeyenia baleyi var. repens, citeé déjà en Espagne em 1955 (11).

La présence de la Ephydatia mulleri et de la Trochospongilla hórrida est, pour la première fois, signalée dan la Péninsule Ibérique.

S U M M A R Y

FOSSIL SPONGILLIDEA IN THE DIATOMITE OF WATER-MILLES IN VALE DE ATELA, ALPIARÇA

(PORTUGAL)

By studying the Spongillidea in the diatomite of the Thyrrhenian ter­races of Alpiarça we found five fossil species, all of them new to Portugal. In this number are included the two species known at present in this coun­try — Spongilla lacustris and Ephydatia fluviatilis, as well as Heteromeye­nia var. repens already noted in Spain in 1955 (11).

The presence of Ephydatia mülleri and Trochospongilla hórrida is noted for the first time in the Iberian Peninsula.

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