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MÚSICA, MOTIVAÇÃO E ENSINO- APRENDIZAGEM DE
LÍNGUA INGLESA
Maria de Fátima Poubel de Souza Pessoa1
Luciane Baretta2
RESUMO: A música como estratégia motivadora de aprendizagem no ensino
de língua inglesa foi o tema do projeto de intervenção pedagógica desenvolvido
e aplicado em três turmas, de uma escola localizada na região sudoeste do
Paraná. As turmas escolhidas foram: sexto e nono ano do ensino fundamental
e terceiro ano do ensino médio. Objetivou-se observar a eficácia do uso da
música como estratégia para motivar os alunos para o aprendizado da língua
inglesa, com o intuito de provocar no aluno uma atitude favorável, motivadora,
interessante e prazerosa quanto ao ensino desse componente curricular; além
disso, objetivou-se estimular a discussão de atitudes e sentimentos que as
diferentes músicas transmitem, através de temas que os alunos possam
repensar sobre seus valores e atitudes em relação aos acontecimentos
mundiais (e.g., meio ambiente, violência, preconceito, consumo de drogas,
consumismo, relacionamento humano, valorização da vida, entre outros). Para
atingir tais objetivos, foram elaboradas atividades com duas músicas
(selecionadas através de uma pesquisa diagnóstica com os alunos), que foram
aplicadas nas turmas mencionadas anteriormente. Durante o planejamento das
atividades, foi possível perceber que de acordo com a letra da música, pode-se
desenvolver diferentes atividades que envolvem as habilidades de leitura,
compreensão, e produção oral e escrita. Durante a implementação do material
de intervenção pedagógica, observou-se que os alunos estavam mais
participativos, interessados, curiosos e motivados em aprender a língua inglesa
1 Professora de Língua Inglesa e Língua Portuguesa da Rede Pública Estadual de Ensino do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da SEED– 2010. Contato: [email protected]
2 Professora Orientadora. Departamento de Letras, Universidade Estadual Do Centro-Oeste (UNICENTRO), campus de Guarapuava.
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com as atividades planejadas a partir das letras das músicas trabalhadas em
classe.
Palavras-Chave: língua inglesa; motivação; estratégias de aprendizagem;
música.
“Se o professor é motivado para ensinar, há uma
grande chance de que seu aluno seja motivado para aprender”.
(DÖRNYEI, 2001).
1. INTRODUÇÃO
A atuação como professora de língua inglesa (LI) na rede pública de ensino no
estado do Paraná, de 5ª (6ºano) a 8ª (9ºano) séries e ensino médio, há vinte e
cinco anos, nos permitiu observar um processo de desmotivação dos alunos
em relação ao estudo da LI no avançar das séries (anos). Quando chegam na
5ª série (6º ano), os alunos estão motivados, interessados, curiosos, com
muitas expectativas em relação ao aprendizado de uma nova língua. Tal
motivação pode ser percebida no engajamento desses alunos nas atividades
propostas, na participação das aulas, no carinho e valorização que os alunos
têm pelo professor pois ficam felizes ao saber que é aula de inglês; além disso,
os alunos demonstram que querem aprender o idioma, pois vários chegam na
aula com curiosidade de saber o significado ou a pronúncia de determinadas
palavras que ouviram em uma música, na televisão, ou viram escritas em
jogos, na Internet, em revistas, camisetas, e outros. Porém, nas séries (anos)
seguintes, a motivação e o interesse, o gosto, as expectativas pelo
aprendizado de um novo idioma, tendem a se atenuar, chegando ao ápice do
desinteresse no final do ensino fundamental e início do ensino médio, período
em que os alunos começam a questionar e pensar que aprender a LI é algo
impossível, porque é uma língua difícil, escreve-se de um jeito e se fala de
outro. Aliado a esse pensamento percebe-se também a insatisfação dos alunos
com relação ao método utilizado pelo seu professor para ensinar a LI, porque
3
eles gostariam de aprender a falar e entender o que é dito, enfim de se
comunicar no novo idioma, e de preferência logo nos primeiros dias, anos de
estudo. Por conta dessa quebra de expectativa em relação ao aprendizado da
LI, surgem alguns questionamentos, como por exemplo: “Por que temos que
estudar inglês? Não reprova mesmo.” “Por que o inglês é importante? Nunca
vou usar o inglês fora da sala de aula aqui no Brasil.” Esses comentários
apresentam-se cada vez mais frequentes e enfáticos por parte de muitos
alunos, que ao não perceberem uma necessidade de utilização imediata ou
ainda, uma justificativa convincente para o conhecimento de uma língua
estrangeira, acabam por se desinteressar pela continuidade do seu estudo.
Constatado o processo de desmotivação por parte dos alunos, procurou-se
na literatura estudos sobre (des)motivação e verificou-se que o objeto de
estudo referente a esse conceito constitui tema de interesse diversificado
direcionado a vários campos do conhecimento teórico e aplicado. Com a
finalidade de compreender- se o que é motivação, recorreu- se ao Dicionário
Aurélio (2008), que a define como: a) o ato ou efeito de motivar; b) exposição
de motivos e causa; c) conjunto de fatores psicológicos (conscientes e
inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre
si e determinam a conduta de um indivíduo (p.221).
Na tentativa de melhor entendimento e identificação de quais seriam os
fatores que influenciam de modo positivo e/ou negativo, interferindo em fatores
motivacionais que refletem, no processo de ensino aprendizagem de LI e na
participação do aluno em sala de aula, optou-se pelo estudo teórico de alguns
autores que defendem a ideia de que a motivação pode ser gerada por fatores
internos e/ou externos, e em concordância que, no caso da educação, é
importante o professor entender os fatores motivacionais e também os
desmotivacionais, para propor aos alunos atividades que os envolvam de
maneira tal, que eles possam ter um outro “olhar” quanto ao ensino
aprendizagem da LI.
Em busca de conhecimento e entendimento sobre quais seriam os fatores
(des)motivacionais, internos e externos, que interferem no ensino
aprendizagem da LI, diversas teorias e investigações sobre motivação foram
pesquisadas. Por considerar-se interessante e importante o professor perceber
quais os fatores que podem contribuir para manter e/ou estimular a motivação,
4
para que se possa fazer intervenções adequadas, a fim de evitar a
desmotivação do aluno, esses fatores serão abordados a seguir, na seção da
fundamentação teórica.
O objetivo do presente artigo, é relatar a implementação e os resultados do
projeto de intervenção pedagógica que utilizou-se do gênero músicas para
motivar as aulas de LI, em uma escola do Sudoeste do Paraná. A seguir, será
feita uma breve revisão de literatura, que discutirá o conceito de motivação e
suas implicações no processo de ensino-aprendizagem.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 ALGUNS CONCEITOS SOBRE MOTIVAÇÃO
As diversas definições relacionadas ao tema motivação de um modo
geral, se assemelham quanto ao conceito do que é motivação, não havendo
uma definição única que a possa especificar, exatamente pela sua
complexidade, sendo que um conceito não anula o outro e sim se
complementam.
Nérici (1993) define motivação como o processo que se desenvolve no
interior do indivíduo e o impulsiona a agir, mental ou fisicamente, em função de
algo. O indivíduo motivado encontra-se disposto a despender esforços para
alcançar seus objetivos (p. 75).
Assim como o processo de aprendizagem é pessoal, ou seja, cada
pessoa aprende de maneira, ritmo e estilo diferente, a motivação também é um
processo intrínseco, individualizado e em constante fluxo. Torna- se necessário
o professor conhecer as necessidades educacionais do aluno, entender como o
aluno aprende, compreender os estímulos que o motivam a aprender.
“A motivação tornou-se um problema de ponta em
educação, pela simples constatação de que, em paridade de
outras condições, sua ausência representa queda de
investimento pessoal de qualidade, nas tarefas de
aprendizagem” (BUROCHOVITCH; BZUNECK, 2004, p.13).
5
Portanto, é fundamental que o professor estimule a motivação do aluno,
desperte o interesse e o desejo pelo saber, envolva-o de maneira efetiva nas
tarefas de aprendizagem, mostrando-lhe a necessidade de agir e interagir
durante as aulas. Outro aspecto importante que o professor deve considerar é
quanto ao ambiente sala de aula. O professor que preza o bom relacionamento
com os alunos e entre os alunos, estabelece relações sociais com ambos,
proporcionando um ambiente agradável, de respeito, de incentivo, de estímulos
que motiva o aluno menos envolvido no processo ensino-aprendizagem, para
que se sinta incluído e tenha desejo de aprender o que está sendo ensinado.
Como diz Maslow (1968): somos motivados quando sentimos desejo, carência,
anseio ou falta de algo que nos impulsiona a procurar por algo a mais que
preencha essas lacunas (p. 48).
Oxford e Shearin (1994) destacam que a aprendizagem de outra língua
é considerada um processo difícil e diante dessa dificuldade a motivação pode
ser um fator determinante do sucesso de aprender uma língua estrangeira.
Alunos que ao perceberem que para aprender uma nova língua, exige-lhes
estudo, empenho, interesse, que, assim como na língua materna, é necessário
conhecer além da gramática, itens lexicais, aprender a falar, ouvir, entender,
compreender, conhecer os aspectos sociais e culturais de outro país, que
muitas vezes lhe é estranho, se sentem frequentemente, incapazes de
aprendê-la. Nós, professores de LI, podemos detectar que esse sentimento de
incapacidade é derivado muitas vezes, por conta da quebra de expectativas
que os alunos têm em relação ao aprendizado da LI. Quando iniciam os
estudos da LI, como já comentado anteriormente, observamos o interesse, a
dedicação, a motivação dos alunos. Mas, com o avançar dos anos de estudo, e
ao perceberem que terão que se esforçar para aprender uma nova língua, e
estudá-la por alguns anos, os alunos acabam se desmotivando.
Frequentemente, ouvimos reclamações dos alunos, como por exemplo: “não
sei nem o português, quanto mais o inglês”. Percebe-se na fala desses alunos
a falta de motivação, sentimento de incapacidade, e de desinteresse para
aprender a LI. Mas o que origina essa falta de interesse? São apenas fatores
pessoais? É possível o ambiente influenciar na (des)motivação? Esse é o
tópico que será abordado na próxima seção.
6
2.2 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA X MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA
Motivação, substantivo feminino abstrato de difícil definição e
entendimento. Foi o que pudemos constatar ao pesquisar e estudar sobre o
que é motivação, qual é a sua origem, como estimular a motivação nos nossos
alunos, pois há numerosas e variadas definições e muita discordância quanto a
sua natureza.
De um modo geral, a motivação se distingue entre duas formas:
motivação intrínseca e motivação extrínsica. Brown (1994) acredita que
“a motivação intrínseca não é o único fator
determinante do sucesso na aprendizagem, mas “[...]” se o
aluno está internamente motivado ou se o professor faz uso de
técnicas para motivá-lo de forma intrínseca, seu rendimento
será constante e o aluno obterá sucesso em seu aprendizado”
(p.152).
Guimarães (2001) aponta que a motivação intrínseca, aquela que é
inerente ao indivíduo, refere-se à escolha e realização de determinada
atividade por sua própria causa (p.78-95).
Um exemplo seria o do aluno que estuda porque gosta, que realiza as
atividades por considerá-las interessantes, desafiadoras, ou porque promove
satisfação, curiosidade. Ele realiza as tarefas com prazer, e usualmente, não
fica satisfeito enquanto não sente que aprendeu o conteúdo.
A motivação intrínseca, portanto, parte da própria pessoa, de seu desejo
de aprender, de sua vontade de realizar algo, independe de estímulos
externos. Percebemos esse comportamento em alunos que mesmo em sala de
aula, onde há aluno desinteressado e que costuma atrapalhar a aula,
conseguem entender, aprender o conteúdo, realizam as atividades solicitadas
pelo professor, demonstrando conhecimento, interesse. As adversidades
presentes, não são obstáculos para o seu aprendizado. Guimarães (2001)
comenta que
“a exploração da motivação intrínseca, tão ausente em
nossas escolas, tem que ser uma preocupação do professor, o
qual deve trabalhar destacando o esforço pessoal como
superior ao desempenho, apresentando desafios, promovendo
a curiosidade, diversificando o planejamento de atividades,
propondo fantasia e compartilhando decisões” (p.37).
7
Já a motivação extrínsica, segundo, Guimarães (op.cit.) ocorre quando o
indivíduo busca apenas a obtenção de recompensas materiais, verbais ou
sociais. Notamos também esse comportamento em sala de aula, em alunos
que constantemente perguntam: “vai valer nota?”. Esse aluno, aparentemente
só se interessa em realizar as atividades visando obter uma recompensa,
porque se não valer nota ele simplesmente não a realiza, pois o aprendizado, o
motivo para realizar determinada atividade não é importante para ele. A
motivação extrínseca, portanto, depende de alguém que a estimule; ou de
algum objetivo pré-estabelecido, como por exemplo, o aluno que quer passar
no vestibular; o aluno que precisa concluir os estudos para ter um emprego
melhor ou aumento salarial. A motivação extrínseca pode ocorrer também caso
o aluno não queira passar por situação vexatória perante os colegas, e que
quando realiza as atividades, só faz por obrigação, para conseguir qualquer
nota, evitar punições dos professores e/ou dos pais, ou até para ser aceito num
determinado grupo.
Calvín (1991) considera que em certas situações é quase impossível
declarar qual motivação está presente. As duas formas de motivação seriam,
então, uma continuidade uma da outra (p.11-23). Podemos observar esse
processo, por exemplo, em aluno que quando começa estudar a LI, demonstra
interesse, motivação, é participativo, estudioso, (motivação intrínseca), mas no
decorrer dos anos, perde o interesse, passa a estudar a LI por obrigação, para
não reprovar de ano letivo ou somente para ser aprovado no vestibular
(motivação extrínseca). Podemos também observar a situação inversa com
aquele aluno que começa a estudar a LI por obrigação, não gosta de estudá-la,
porque acha difícil ou porque não consegue entender o conteúdo. Estuda
apenas para tirar nota (motivação extrínseca) mas, no decorrer dos estudos
bem sucedidos, com boas notas, que refletem seu esforço, passa a ter
interesse e satisfação em aprendê- la (motivação intrínseca).
Assim sendo, levando em consideração a dificuldade de se aprender
uma Língua Estrangeira, no nosso caso, a LI, a motivação é um fator
importante no processo ensino-aprendizagem, pois para aprender é necessário
que o aluno se interesse, se envolva pelas tarefas escolares, que seja
persistente, que se esforce, que supere suas dificuldades de aprendizagem.
8
Sustentar e/ou estimular a motivação do aluno, é um grande desafio, para
professores e pais, mas fundamental para que o aprendizado seja bem
sucedido.
Bzuneck (2001) afirma a existência de fatores motivacionais em toda
atividade humana. E estes fatores “[...] levam a uma escolha, instigam, fazem
iniciar um comportamento direcionado a um objetivo[...] e, “[...] asseguram a
sua persistência” (p. 9).
O modelo teórico motivacional para a aprendizagem de língua
estrangeira (L2), desenvolvido por Dörnyei (1994), contém uma lista bastante
abrangente de componentes motivacionais, que foram categorizados pelo autor
em três dimensões principais, conforme descrito, na síntese a seguir (p. 273-
284).
De acordo com (DÖRNYEI, op.cit) em seu modelo teórico motivacional
para o aprendizado de L2, onde menciona a importância de termos uma visão
integral da aprendizagem, na qual cognição e emoção caminham juntas, faz-
nos refletir sobre os conceitos que estão diretamente relacionados à motivação
(ansiedade, autoestima, autoconceito, autoconfiança, autonomia, interesse,
curiosidade, entre outros), que são apresentados como componentes
motivacionais que advém do interesse do aprendiz na língua alvo, de
características particulares do aprendiz e da situação onde a aprendizagem
está acontecendo e propõe quatro condições para que ocorra motivação. A
primeira, a integrativa, que parte do interesse pessoal do aprendiz por línguas,
envolve aspectos da personalidade e de atitudes do aprendiz, que busca uma
aproximação com os membros integrantes da LE. A segunda condição refere-
se às características individuais que o aprendiz traz consigo para o processo
de aprendizagem, especialmente a autoconfiança (que refere-se à crença de
que as pessoas têm a habilidade de produzir resultados, alcançar objetivos e
realizar tarefas com competência) e a ansiedade. A terceira condição abrange
os componentes motivacionais específicos da situação de aprendizagem de
uma LE dentro do contexto de sala de aula, que seriam os componentes
motivacionais específicos do curso, que está relacionado ao currículo, aos
materiais de ensino, ao método de ensino e às tarefas de aprendizagem.
Finalmente, a última condição, os componentes motivacionais específicos do
professor, referem-se ao impacto motivacional da personalidade do professor,
9
ao comportamento e ao estilo de ensino/prática e componente motivacional
específico do grupo (relacionados as características do grupo de aprendizes).
Tendo-se em mente esses fatores motivacionais, a proposta desse
estudo é buscar, através do trabalho com o gênero textual música, motivar
extrinsicamente o aluno de LI para o envolvimento e participação efetiva nas
atividades desenvolvidas em sala de aula. A seguir, faremos uma breve
reflexão a respeito de diferentes justificativas para se trabalhar com música em
sala de aula.
A música, por ser uma linguagem universal que ultrapassa as barreiras
do tempo e do espaço, que varia de cultura para cultura, desperta no indivíduo
a expressão de seus sentimentos, ideias e valores culturais, sendo vista como
uma das mais importantes formas de comunicação. Segundo o pedagogo
Snyders (1992), nunca uma geração viveu tão intensamente a música como as
atuais.
Concordamos com a constatação de Snyders, pois podemos observar
que em qualquer lugar e evento se utiliza música, ela é usada por políticos em
campanhas eleitorais; por religiosos na evangelização; em cerimônias de
casamentos, aniversários, funerais, aberturas e encerramentos de eventos; em
vinhetas de programas televisivos e de rádios, entre outros. Será que os
eventos mencionados, sem música, chamariam a atenção de tantas pessoas?
No estudo desenvolvido por Zatorre e Blood (2001), que estudaram os
efeitos que a música provoca no cérebro humano enquanto ouvem uma
melodia, foi possível observar que ao ouvir música, são acionadas as mesmas
partes do cérebro que têm relação com estados de euforia. Esse tipo de
ativação cerebral desempenha, de acordo com os pesquisadores, um papel
relevante no desenvolvimento biológico, pois relaciona-se aos circuitos
cerebrais ligados ao prazer. Quanto aos estudos sobre os efeitos da música,
em específico na área da aprendizagem, os autores verificaram que nas
pessoas que ouvem músicas, os estímulos cerebrais são bastante intensos e
por ser uma atividade prazerosa e relaxante, pode estimular a absorção de
informações, facilitando portanto, a aprendizagem.
Nessa mesma linha de pensamento, ou seja, os fatores que podem
colaborar para uma aprendizagem mais dinâmica, Krashen (1982) explica que
para ocorrer melhor aprendizagem, é importante levarmos em consideração o
10
papel do filtro afetivo, que deve ser baixo para que a aprendizagem se efetive.
De acordo com sua hipótese, um filtro afetivo baixo significa que uma atitude
positiva com relação à aprendizagem está presente. Se o filtro afetivo é alto, ou
seja, se o aluno tem alguma preocupação que o impede de focar sua atenção
na sala de aula, ele não processará ou processará muito pouco o input da
língua, e por sua vez, não estará aberto para o aprendizado da Língua
Estrangeira.
Oxford (1990) afirma que a música pode ser utilizada como estratégia
afetiva, por reduzir a ansiedade dos alunos. Assim, pode-se inferir que uma
aplicação prática da hipótese do filtro afetivo de Krashen é que os professores
podem proporcionar um clima positivo, propício à aprendizagem de línguas,
através da utilização de músicas, como uma estratégia para atingir um filtro
afetivo baixo e promover a aprendizagem.
Com o filtro afetivo baixo, Saricoban e Metin (2000) descobriram que as
músicas podem desenvolver as quatro áreas de competências: a de leitura,
escrita, compreensão e produção oral (p. 561).
Eken (1996, p. 34, 46-47) sugere em seu artigo que as letras de músicas
podem ser usadas para: a) apresentar um assunto, um ponto ou particularidade
da língua, léxico, entre outros aspectos linguísticos; b) concentrar nos
problemas linguísticos comuns dos aprendizes de uma maneira mais direta; c)
incentivar a compreensão oral intensiva e extensiva; d) estimular a discussão
de atitudes e sentimentos; e) encorajar a criatividade e o uso da imaginação; f)
promover uma atmosfera calma na sala de aula; e g) proporcionar diversidade
e diversão à aprendizagem.
Como sugere Eken, observamos que podemos aproveitar desses
estímulos que a música proporciona para utilizá-los na nossa prática
pedagógica, abordando conteúdos atuais e envolventes com nossos alunos, e
propondo atividades utilizando-se das letras das músicas. Conforme
mencionado anteriormente, a música faz parte do nosso cotidiano, da nossa
vida, pois ela está presente nos momentos de alegria e de tristeza. A música
nos faz lembrar de situações que passamos há anos, mas quando ouvimos
“aquela música” que nos marcou, é como se estivéssemos passando por tudo
novamente. A música fica na nossa “cabeça”, assim como nossas lembranças.
Ela tem o poder de nos acalmar, nos divertir, nos agitar, e também de nos
11
ensinar. Então, por que não usá-la em nossas aulas, uma vez que ela tem
ainda a conveniência de ser um importante elemento cultural e, um excelente
caminho para se estabelecer um paralelo entre cultura e o ensino de línguas?
(...) No ensino de Língua Estrangeira (LE), a língua, objeto de estudo
dessa disciplina, contempla as relações com a cultura, o sujeito e a
identidade. Torna-se fundamental que os professores compreendam
o que se pretende com o ensino da Língua Estrangeira na Educação
Básica, ou seja: ensinar e aprender línguas é também ensinar a
aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos, é
formar subjetividades, é permitir que se reconheça no uso da língua
os diferentes propósitos comunicativos, independentemente do grau
de proficiência atingido. (...). (Diretrizes Curriculares Estaduais do
Paraná, 2008, p.55).
Verificamos nas Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná (DCEs,
PARANÁ, 2008) que ao estudar uma LE, o aluno aprende também como
entender melhor a realidade, a partir do confronto com a cultura do outro,
tornando-se capaz de contornar e reconstruir sua própria identidade,
reconhecendo-se como agente social. Nas aulas de LE, se constitui um espaço
propício para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e
cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba possibilidades de
construção de significados em relação ao mundo em que vive, compreendendo
que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto,
passíveis de transformação na prática social (BAKHTIN, 1988, apud DCEs,
2008).
De acordo com as orientações propostas pelas DCEs (2008, p.85-86)
que inclui o gênero músicas e/ou letras de músicas que circula na esfera social
do cotidiano, literária/artística e publicitária, pensamos que podemos trabalhar
com esse gênero em particular, da mesma forma que trabalhamos com outros
gêneros textuais, e com atividades voltadas ao ensino das quatro habilidades
da língua: produção oral e escrita, compreensão auditiva e leitura. A escolha
por esse gênero favorece a aprendizagem em áreas específicas, como o
aprimoramento das habilidades de escuta e pronúncia, a compreensão oral,
12
gramatical, fonológica, lexical, conhecimento de culturas diferentes, e
oportunidade de ouvir falantes nativos.
Ao trabalharmos com o gênero músicas, devemos esclarecer para
nossos alunos a diferença de apenas ouvir música porque se gosta, e de
compreender diferentes aspectos envolvidos na produção da música, através
do aprendizado de conteúdos que são trabalhados com a letra da música. Os
alunos precisam entender que esse gênero tem suas especificidades, ou seja,
é diferente de outros tipos de textos quanto (a organização textual e
características, que é dividido em estrofes, escrito em versos, pode ter rimas ou
não, possui ritmo, refrão, melodia, entre outros), e se assemelha a um outro
tipo de texto que é o poema. Quanto a intencionalidade, assim como em outros
tipos de textos, a música pode nos transmitir e/ou não mensagens, ideologias,
ensinamentos, entre outros. Podemos também trabalhar com itens gramaticais,
que assim como em outros gêneros textuais, nós trabalhamos. Consideramos
essencial esse entendimento porque senão, corremos o risco dos alunos não
valorizarem o ensino com músicas, e ao perceberem que serão cobrados a
adquirir conhecimentos de conteúdos essenciais para aprendizagem da LI,
poderão se desmotivar.
Supõe-se, que talvez porque até então, a música tenha sido utilizada
somente como um recurso didático, que de acordo com o significado no
dicionário Luft (2002, p.536), recurso significa: ação ou efeito de recorrer; meio
para vencer uma dificuldade; remédio; auxílio; entre outros significados, e não
como uma estratégia didática. O termo estratégia, que segundo o mesmo
dicionário significa: habilidade em dispor as coisas para alcançar uma vitória;
manha; astúcia; entre outros. Pressupõe-se um ensino mais elaborado e
planejado de maneira mais sistemática, com vista a um ou mais objetivos, que
vão além do entretenimento. É importante destacarmos que entendemos a
“música” como estratégia no sentido de “habilidade em dispor”. No caso da
educação, a aprendizagem “para alcançar uma vitória”, que no nosso caso
específico do ensino da LI, seria alunos motivados e melhor aprimoramento da
qualidade do ensino aprendizagem da LI. Conforme o exposto nos estudos
mencionados anteriormente, a motivação é um fator poderoso não só na área
educacional, mas é uma força interior que nos impulsiona a adquirir objetivos
13
de vida, de transformação social. O trabalho com a música, portanto, parece-
nos um forte aliado nessa questão.
Em estudos sobre estratégias de como utilizar a música em sala de aula,
acatamos a sugestão de Lopes (2005) que ao trabalharmos com o gênero
músicas, poderíamos iniciar apresentando as condições de produção e
circulação da música na sociedade. Utilizar questões como por exemplo: quem
escreve esse gênero discursivo? com que propósito? onde? quando? como
esses gêneros são produzidos? com base em que informações? como o
redator obtém as informações? quem lê esse gênero? por que o faz? onde o
encontra? que tipo de resposta pode (o leitor / ouvinte) dar ao texto? que
influência pode sofrer devido a essa leitura? em que condições esse gênero
pode ser produzido e pode circular na nossa sociedade? Esses
questionamentos, os quais Lopes considera como fundamentais para um
trabalho significativo com o gênero música, auxiliam o aluno a perceber qual é
a função social desse gênero. Além do trabalho com as condições de
produção e circulação, Lopes menciona que também é fundamental levar o
aluno a perceber a temática desenvolvida pelo gênero em questão, sua
organização textual e os recursos linguísticos empregados especificamente no
gênero músicas.
A noção de gênero tem sido utilizada para denominar vários fenômenos.
Gêneros designam suportes, formatos, gêneros em conformidade com os
estilos de época da literatura. Os fatores que determinam a classificação do
gênero canção (músicas, letras de músicas) são basicamente: um texto curto,
cantado, formado pela relação entre letra e melodia, dividido em partes,
constituídas por versos, organizados em estrofes. Para Meurer (2000, p.150),
“os gêneros textuais constituem textos de ordem tão variada quanto anúncios,
convites, atas, [...] cartas,comédias, contos de fada, [...] letras de música entre
muitos outros”. Para esse e outros pesquisadores (BAKHTIN, 1988, apud:
DCEs, 1988; SCHNEUWLY; DOLZ, 2004; MARCUSCHI, 2010), os gêneros
textuais são formas de interação, reprodução e possíveis alterações sociais.
Eles constituem processos e ações sociais, além de envolver questões de
acesso e poder. Tendo-se isso em mente, a proposta desse estudo é motivar
os alunos através da inserção do gênero música, que faz parte da esfera social
cotidiana de circulação, nas aulas de LI. Espera-se que ao aproximar a sala de
14
aula da realidade e dos gostos dos alunos, eles se sintam intrinsicamente mais
motivados para participar do desenvolvimento das atividades propostas. A
seguir, serão relatadas as etapas da pesquisa, as atividades propostas em sala
de aula, e os resultados obtidos.
3 A EFETIVAÇÃO DA PESQUISA: MÉTODOS E RESULTADOS
3.1 Métodos
Para atender os objetivos propostos no projeto de intervenção
pedagógica na escola, foi utilizada a pesquisa qualitativa descritiva. A
efetivação do projeto ocorreu em dois momentos distintos: 1º) coleta de dados
e, 2º) preparação do material de intervenção pedagógica. Para coleta de dados
contamos com a participação de dezenove voluntários, um professor e dezoito
alunos (seis alunos do 6º ano, seis alunos do 9º ano e seis alunos do 3ºano do
ensino médio) e foi utilizado o seguinte instrumento de pesquisa: questionários
com perguntas abertas e fechadas. O questionário destinado aos alunos foi
aplicado no mês de Maio de 2011, tendo como objetivo investigar o interesse e
a motivação dos alunos das diferentes séries/anos para as aulas de LI, bem
como os tópicos e habilidades linguísticas (ler, falar, escrever, ouvir) que eles
mais apreciam. O questionário destinado ao professor (havia somente um
professor de LI na escola participante desta pesquisa), com questões
diferentes do questionário dos alunos, foi aplicado também no mês de Maio de
2011, com objetivo de saber sobre sua experiência profissional, metologia
usada, anseios e expectativas, quanto ao ensino aprendizagem da LI.
3.2 Síntese das respostas dos questionários: alunos e professor
Os alunos de um modo geral pensam que estudar a LI é importante, útil
para a vida deles, mas a consideram uma língua difícil de aprender; quanto às
aulas, responderam que gostariam que o professor trouxesse “coisas atuais,
músicas, filmes”, que deveriam ter conteúdos mais fáceis, que as aulas são
15
boas mas que poderiam ser melhores, mais animadas, mais divertidas, mais
atrativas, mais criativas, com jogos, com teatro, com diálogos fáceis de
memorizar, ser engraçadas, com brincadeiras e que fossem mais motivadas
para que eles pudessem aprender e entender o inglês. Com relação à pergunta
referente ao que eles esperam aprender nas aulas, responderam que
gostariam de se comunicar em inglês, falar, entender, escrever, conhecer mais
vocabulário, traduzir músicas e textos. Quanto ao que pensam ser mais
importante, os alunos responderam que entender alguém falando em inglês
(em filmes, músicas, diálogos, por exemplo) e o conhecimento em gramática.
Quanto às atividades mais importantes desenvolvidas em sala de aula, os
alunos consideram a compreensão auditiva e jogos. Finalmente, os alunos
responderam que as atividades que os fazem aprender melhor são aquelas
desenvolvidas com músicas, audição de diálogos, leitura de textos e tradução.
O professor participante da pesquisa respondeu que pensa que os
professores do sexto ano exercem algumas influências sobre o modo como os
alunos agem na sala de aula, e na motivação dos alunos, porém há diferenças
entre os alunos da zona rural com os da cidade. Os alunos da zona rural, são
mais interessados e disciplinados; já os da cidade são desinteressados e
indisciplinados. O professor comenta que a motivação é um fator que influencia
tanto os alunos como os professores, que pensa que as aulas de LI devem ser
conduzidas de acordo com a realidade de cada turma. Pensa que nosso maior
desafio é acabar com a crença de que estudar a LI é chato e que não serve
para nada, porque essa ideia negativa e rejeitante por parte dos alunos, nos
deixa desmotivados também. Quanto ao material que o professor utiliza e que
percebe que os alunos ficam motivados, o professor comenta que a falta de
material adequado nas escolas, o deixa sem opção; dessa forma, ele menciona
que utiliza bastante o quadro, giz e o livro didático. Durante as aulas, o
professor diz que ele prioriza: vocabulário, compreensão de texto, atividades
escritas e orais, e que tem costume de falar quase sempre em inglês durante
as aulas. Quanto ao termo motivação, o professor entende que é quando
realizamos tarefas com gosto, vontade, dedicação, sendo que é um elemento
chave para a realização das atividades, tanto de LI, quanto de Português.
Finalmente, quanto a ter alunos motivados, o professor diz que melhoraria
muito a qualidade do ensino aprendizagem da LI, porque não haveria a falta de
16
interesse e de vontade dos alunos em aprender a LI, e nem o pensamento
negativo dos alunos, de que aprender a LI, não serve para nada, porque não
vão usá-la fora da escola.
De acordo com os resultados obtidos nos questionários sobre as
preferências dos alunos quanto ao ensino da LI, foi possível detectar que é
quando o professor utiliza-se da música. Dessa forma, optou-se por trabalhar
com o gênero textual música, por dois motivos: primeiro, porque foi a escolha
dos alunos quanto a preferência deles, de quando se sentem mais motivados e
gostam da aula de LI e segundo, porque a música nos auxilia a “atrair e
envolver” os alunos para a aula, servindo de estratégia de motivação para a
aprendizagem da LI, pois a música é um fator que auxilia o ato de aprender em
atitude prazerosa, mais atraente e próxima do cotidiano do aluno.
Após analisar as respostas dos alunos e do professor, decidiu-se
elaborar o material de intervenção pedagógica, “A música como estratégia
motivadora de aprendizagem no ensino de Língua Inglesa”, com objetivos de
verificar posteriormente, as impressões dos alunos e do professor regente a
respeito do material utilizado, se gostaram ou não das estratégias utilizadas, se
se sentiram mais motivados para o aprendizado da LI ou não.
3.3 O material didático desenvolvido e sua aplicação
Tendo como base a revisão de literatura discutida nas primeiras seções
deste texto, elaboramos uma série de atividades com diferentes músicas que
foram utilizadas para a efetivação de nosso projeto. Parte dessas atividades³
serão descritas a seguir, bem como alguns passos envolvidos no processo de
seu planejamento e elaboração. Para isso, citamos como exemplo as
atividades envolvendo a música: I can’t get no satisfaction, (gravada por Rolling
Stones). É importante esclarecermos nesse momento, que nosso objetivo não
é apresentar ao professor atividades prontas e finalizadas, mas ideias que
podem ser adaptadas a outros tipos de música. Iniciaremos nossa
apresentação relatando o porquê da escolha dessa música, seguindo-se de
algumas sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas com relação
aos seus aspectos linguísticos e ao tema abordado na letra da música.
17
3.3.1 I can’t get no satisfaction
Primeiramente, o professor deverá pesquisar a letra da música de
acordo com o tema que pretende trabalhar com os alunos em sala de aula para
que possa planejar com antecedência as atividades que serão desenvolvidas e
determinar o(s) enfoque(s) que será(ão) abordado(s), ou seja: apresentação
e/ou discussão de um tema em particular, como solidão, orgulho, relações
interpessoais; apresentação de aspectos importantes da cultura estrangeira;
curiosidades linguísticas; frequência de utilização de determinadas estruturas
linguísticas; ampliação, revisão ou construção de vocabulário, e/ou estruturas
linguísticas; aprimoramento da pronúncia e entonação de palavras conhecidas,
entre outros.
No caso da música ‘ I can’t get no satisfaction,’ ela foi selecionada, para
ser trabalhada em sala de aula, dentre tantas outras, porque fala de conflito
existencial, rejeição, ou seja, momentos na vida em que o ser humano não se
sente satisfeito com nada, se sente rejeitado pela família, pela sociedade, fica
rebelde, não sabe o que quer da vida, (coincidindo com o momento que nossos
alunos estão passando, ou seja, pré-adolescência e adolescência). O cantor da
música relata que quando ele está dirigindo, um homem que (fala no rádio)
passa informações inúteis, põe ‘ fogo’ na sua imaginação e ele fica nervoso:
nossos alunos muitas vezes estão deste jeito, estamos falando coisas que eles
não querem ouvir, conteúdos que pensam que são inúteis, resultando em
desinteresse, desmotivação. O cantor relata ainda – através da letra da música
que canta, que quando ele está assistindo TV, aparecem as propagandas e,
um homem dizendo o quanto as camisetas dele podem ser brancas (influência
da propaganda incentivando o consumismo, passando ideia de que só
determinado produto é que é bom), mas ele não concorda com a ideia que
querem incutir nele, fazendo-o ficar mais insatisfeito e excluído por não usar
determinado produto de marca. O mesmo pode ocorrer com nossos alunos,
que se sentem excluídos socialmente, por não terem condições de andar na
moda, usar roupas e calçados de marcas famosas, e às vezes até de comprar
o material escolar. Essa música portanto, nos pareceu adequada para o
trabalho em sala de aula, primeiramente, porque está na mídia e os alunos
18
possivelmente a conhecem e segundo, pelas inúmeras discussões que ela
pode proporcionar.
É importante ficar claro para o professor que o ideal é usar letras de
músicas que os alunos já conhecem, seja porque já estiveram nas paradas de
sucesso, foram tema de novela, de filme, de propaganda, ou outra
circunstância. I can’t get no satisfaction, por exemplo, foi tema do Leo, na
novela Insensato Coração, da Rede Globo, que esteve no ar durante o período
de Janeiro a Agosto de 2011, que os alunos possivelmente conhecem
razoavelmente bem, por causa da novela e por estar nas paradas de sucesso.
Outro fator importante é que a letra da música escolhida para ser
trabalhada em sala de aula deverá conter uma história que não seja muito
extensa e que seja de fácil memorização. Outro detalhe a ser observado pelo
professor é se a voz do intérprete é clara (evitar músicas cantadas muito
rapidamente e músicas em que a voz do intérprete se perde na
instrumentação). Observar esse detalhe é importante pois senão corremos o
risco de desmotivar os alunos para o aprendizado, porque ao perceberem que
entenderam quase nada da música, poderão se desmotivar e
consequentemente, ficarem menos receptíveis ao aprendizado, uma vez que
seu filtro afetivo (KRASHEN, 1983) estará em alta.
Para a execução das atividades em sala de aula, sugerimos como
atividade de aquecimento (warm-up), que o professor informe aos alunos que
vai apresentar uma música para estudo e, que elaborou atividades para
trabalhar com a letra da música, além da canção (som) em si. O professor pode
optar por fazer as perguntas oralmente ou por escrito, dependendo de seu
objetivo e do nível de proficiência dos seus alunos.
Explorada essa primeira parte, o professor poderá escrever em inglês,
no quadro, o título da música I can’t get no satisfaction e explorar com os
alunos o seu significado: se conhecem ou não conhecem a música; onde a
ouviram; se sabem ou imaginam sobre o que fala a música; se sabem ou não
sabem quem canta a música; o que eles já ouviram falar sobre o cantor; se a
música é/foi tema de novela, filme, propaganda; se já assistiram o clipe da
música, entre outros questionamentos que o professor pensar serem
relevantes ao seu objetivo.
19
Se o professor achar pertinente, pode selecionar algumas gravuras que
melhor associam-se à música, e levar para a sala de aula. O objetivo dessa
atividade é mostrar para os alunos, que através delas, eles podem inferir sobre
o que fala a música, o tema e a mensagem. Por exemplo, na música I can’t get
no satisfaction, as gravuras a serem utilizadas pelo professor podem conter as
seguintes imagens: sinal de não/negação, um homem infeliz dirigindo carro, um
homem falando, rádio, cabeça, fogo, TV, camisetas brancas, sabão em pó,
cigarro, mulher, globo, e casal de namorados. O professor deve mostrar as
gravuras (uma de cada vez) para os alunos, pedindo para eles descreverem a
gravura em português e se são capazes de descrevê-la em LI. Por último, o
professor diz/repete as palavras-chave em LI, pedindo para que os alunos
repitam; o professor pode então, colocar as gravuras no quadro e pedir que os
alunos tentem imaginar uma história em que essas palavras aparecem;
finalmente, pode solicitar aos alunos que tentem predizer quais dessas
palavras/sentenças farão parte da música.
Como sugestão de atividade de escuta, o professor pode digitar a letra
da música em LI, de forma desordenada. Cada verso ou estrofe, dependendo
do nível de proficiência da turma, deve ser seguido de parênteses, para que os
alunos numerem, na ordem adequada, quando ouvirem a música (veja
exemplo de parte da atividade no Anexo 1). Outra sugestão para a atividade de
escuta: o professor pode digitar a letra da música em fonte grande (tamanho 14
ou 20) e recortar os versos em tiras e distribuir os versos entre os alunos na
sala de aula. Feito isso, orientar os alunos que a música será tocada e eles
deverão prestar atenção, pois quando ouvirem o verso que eles têm em mãos,
devem dirigir-se ao quadro e colar o verso no mesmo, de acordo com a
sequência que a música é cantada. O professor deverá tocar a música uma
primeira vez, só para os alunos ouvirem e terem uma noção da sequência da
música. Tocar a música pela segunda vez (ou mais vezes, se for necessário)
para que os alunos possam realizar a tarefa por completo. Após todos os
alunos terem colado seus versos no quadro, o professor poderá distribuir
cópias da letra da música com a sequência correta, conforme é cantada, para
que os próprios alunos façam a correção dos versos colados no quadro. O
20
professor também pode optar por ele mesmo organizar a sequência correta da
música, com o auxílio dos alunos, ouvindo-a novamente.
Depois de enumerada e/ou organizada a música, o professor pode pedir
aos alunos para procurarem na letra da música, as rimas (e.g. encontrar as
palavras que rimam com information), o refrão, as palavras repetidas, as
palavras cognatas e conhecidas, destacando-as para compreensão da letra da
música e aprimoramento da pronúncia. Sugerimos que o professor sempre
opte por corrijir as atividades no quadro e, toque a música mais de uma vez
para que os alunos cantem juntos.
Terminada essa primeira parte de compreensão geral e audição da
música, o professor pode abordar questões que vão além da informação
contida no texto. Pode-se discutir com os alunos, por exemplo, a relação entre
a letra da música, que trata do conflito existencial, relacionamento e
anticomercialismo; sobre o cantor e o compositor (e.g., Keith Richard conta
que estava em transição de namoradas na época em que compôs a melodia,
passando por conflitos existenciais), e o personagem da novela Insensato
Coração, o Leonardo, que tinha como tema essa música. É importante instigar
os alunos a refletir sobre o personagem da novela, o que eles pensam a
respeito do personagem, por que ele agia daquela maneira com a família,
sobre o caráter dele, se conhecem alguém que tem atitudes parecidas com as
dele, o que eles pensam de pessoas que agem do mesmo modo como o Léo,
dentre outros questionamentos que provavelmente surgirão à medida que os
alunos vão se pronunciando sobre o assunto. Feita essa discussão, é
importante que o professor estimule a produção escrita, através de atividades
que podem ser feitas em duplas ou pequenos grupos, mas que todos os
alunos devem registrar as suas respostas individualmente ( veja exemplos de
atividades no Anexo 2). Ao realizar o registro das conclusões das discussões
realizadas em sala, o aluno percebe e comprova que o trabalho com a música
foi muito além de uma atividade de escuta, tarefa essa tradicionalmente
utilizada e associada ao trabalho com música em aulas de LI.
4 CONCLUSÃO
21
A motivação do aluno é um dos fatores determinantes e fundamentais na
aprendizagem da LI, pois para que ocorra aprendizagem é necessário o querer,
o envolver, o persistir e não desistir, porque sem motivação, dificilmente
ocorrerá aprendizagem. Para finalizar esse projeto do PDE, que a meu ver, é
uma oportunidade única, de poder aprofundar o conhecimento em um tema tão
complexo, como é a motivação, e ter a chance de vislumbrar novos caminhos
para uma educação de melhor qualidade no ensino-aprendizagem da LI, penso
que devo concluí-lo com as considerações dos meus cursistas do Grupo de
Trabalho em Rede (GTR), ocorrido no período de 10/10/2011 a 21/11/2011,
que em seus depoimentos puderam expressar suas opiniões, sugerir,
acrescentar, trocar ideias e experiências, “testar” as atividades sugeridas do
material elaborado, dando maior suporte para as reflexões apresentadas nesse
trabalho, bem como as concluões que são apresentadas a seguir, através dos
fóruns de discussão.
Síntese dos fóruns e dos diários das temáticas, I II e III. Na temática I, foi
apresentado aos cursistas do GTR, o Projeto de Implementação Pedagógica,
com objetivo de promover entre os participantes do GTR análise e discussões
sobre seus aspectos fundamentais. Na temática II, foi apresentada, a proposta
de Produção Didático-Pedagógica, para promover análise, sugestão, trocar
experiências, e discussão quanto a sua validade e pertinência, para o contexto
da Escola Pública. Na temática III, foi socializado com os professores do GTR,
as experiências, os dados, as informações, os resultados obtidos durante a
implementação do projeto na escola.
Nós professores, somos orientadores de conhecimentos, e devemos instigá-
lo nos nossos educandos, o que nos torna os principais promotores da
motivação para a busca do conhecimento. Para manter e/ou despertar a
motivação nos educandos, devemos ser criativos ao planejarmos nossas aulas,
trabalhar os conteúdos de forma lúdica, interativa, usar os recursos
tecnológicos. Os alunos chegam até nós motivados intrinsicamente porque eles
já têm contato com a LI através de jogos na internet, filmes, músicas, e outros.
Querem aprender a LI para compreender o que estão lendo ou ouvindo
diariamente, então, por que não partir desta realidade cotidiana dos nossos
educando para tornar as aulas mais interessantes e motivadoras, ou seja
através de ferramentas metodológicas mais dinâmicas como por exemplo:
22
utilizarmos músicas, jogos, filmes, computador. A motivação é considerada
imprescindível na área educacional, pois o que aprendemos com vontade, com
esforço, com prazer, não esquecemos e levamos esse aprendizado para o
resto da vida. Deveríamos motivar mais nossos educandos, antes de iniciarmos
novos conteúdos, explicar o porquê que eles devem aprender, como eles vão
aprender, como o professor vai avaliá-los. Encorajá-los com comentários, com
elogios, falar sobre a capacidade que todos têm de aprender, despertar a
autoestima, senso de competência, autorealização, e autonomia. A motivação
serve como uma espécie de mola propulsora para que não só os alunos mas
todo ser humano alcance seus objetivos, só há aprendizagem quando se tem
motivação.
Quando utilizamos música para abordar determinados conteúdos
percebemos que os alunos ficam mais interessados, motivados, participativos e
tem maior empenho em realizar as atividades referentes a música trabalhada.
Estudar a LI com o gênero textual música, é uma forma de conseguirmos
manter e/ou despertar o interesse, a motivação dos nossos alunos para o
ensino aprendizagem, pois possibilita trabalharmos com habilidades que são
pouco desenvolvidas nas aulas, ou seja, listening e speaking, e que
percebemos que é o que desperta interesse nos alunos. A música faz parte da
vivência cotidiana dos adolescentes, e eles gostam muito de ouvir músicas
internacionais, principalmente em inglês, percebemos isso porque eles sempre
nos perguntam como pronuncia determinada palavra, o que significa tal
palavra, como se escreve a palavra que ouviram na música, etc. Eles querem
aprender falar, entender o que está se cantando na música que eles tanto
gostam, nos jogos na internet, na propaganda de vários produtos, entre outros.
A música melhora a acuidade auditiva, a percepção dos alunos nas atividades
de listening e consequentemente, a produção oral. Asim sendo, podemos
utilizá-la como uma estratégia facilitadora tanto para a introdução dos aspectos
culturais quanto para o aprendizado dos aspectos linguísticos.
Assim, ao utilizarmos o gênero música nas aulas de LI podemos
diversificar as atividades para que nossas aulas sejam mais interessantes,
atrativas e facilitadoras de aprendizagem. Oportunizando aos alunos e
professores maior entrosamento, criando um clima favorável, motivador, a
música proporciona um elo entre a linguagem da escola e a do mundo, pois é
23
uma excelente fonte didática porque transmite ideias, informações, costumes,
quebra tabus, faz parte da comunicação social, trazendo à tona a vivacidade da
língua. Através da música temos oportunidade de trabalhar com os
sentimentos, o cognitivo, discutir e refletir sobre valores, sonhos, objetivos
pessoais, profissionais, entre outros, de maneira lúdica e significativa. Ao
abordar conteúdos gramaticais retirados da letra da música, percebemos que
isso facilita a aprendizagem, porque desperta o interesse dos alunos em
aprender o que eles ouvem e não sabem o que significa, temos oportunidade
de trabalhar com textos autênticos, aprimorar a pronúncia, adquirir
conhecimentos de outras culturas, entre outros. A associação entre as gravuras
e o tema da música, conforme sugerido no GTR, é uma atividade de inclusão
para trabalhar com alunos surdos, por facilitar a compreensão no que se refere
à questão do significado das palavras, fator também de motivação, pois se trata
de um momento que a tradução direta é deixada de lado e o significado se
associa de forma lúdica e significativa.
Síntese geral da professora PDE
Tivemos oportunidade no GTR de trocar experiências e adquirir novos
conhecimentos, pois houve participação e interação efetiva entre os
professores da rede estadual de ensino do Paraná, promovendo reflexões
sobre o tema do projeto (des)motivação. Os professores participantes
comentaram que as atividades propostas no GTR de se trabalhar com música
são interessantes, pois muitos deles também já perceberam que os alunos
participam mais das aulas, aprendem melhor, ficam motivados a aprender a LI.
Os professores comentaram ainda, que pensam que as atividades
desenvolvidas no projeto são criativas e ampliam os modelos de atividades que
tradicionalmente estão acostumados a trabalhar, enriquecendo a prática
pedagógica. Por ser uma proposta de fácil implementação, atual e lúdica, o
GTR atingiu as expectativas e anseios dos professores participantes.
Concluíram que a proposta do trabalho e interação na forma de GTR tem
contribuído muito para a capacitação profissional. Inclusive, alguns professores
participantes, relataram que já haviam utilizado algumas sugestões de
atividades propostas no projeto e reportaram que os resultados foram
24
gratificantes e que as atividades foram bem aceitas pelos alunos. Reconhecem
que trabalhar com música nas aulas de LI favorece o aprendizado, pois os
alunos ficam mais participativos, conseguem expor suas ideias, pois mexe com
seus sentimentos. No entanto, os professores também observaram que ao
trabalharmos com o gênero música e para que possamos obter bons
resultados, é importante planejar cuidadosamente nossas ações, como
demonstrado no projeto, tendo uma sequência coerente para que tenhamos
bons resultados, e não só utilizar a música como uma forma de quebra da
rotina. Esperamos que o breve relato e as sugestões de atividades
apresentadas neste texto, tenham de alguma forma, contribuído para o
aprimoramento do trabalho significativo com a música em sala de aula.
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26
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ANEXO 1
Listen to the song “I can’t get no satisfaction”, by Frejat and number the lines
according to what you hear.
And that man comes on to tell me ( )
When I'm watchin' my TV ( )
But he can't be a man 'cause he doesn't smoke ( )
How white my shirts can be ( )
The same cigarettes as me ( )
ANEXO 2
a)O cantor da música diz que ele não está satisfeito com o quê? E você, não
está satisfeito com alguma coisa em sua vida? Reflita e escreva sobre o
assunto.
b)O compositor da música estava passando por conflito existencial quando
compôs a música; qual era o conflito dele? É possível detectar esse conflito na
27
letra da música? Em que trechos? E você tem ou já teve algum conflito
existencial? Qual?
c)Formar grupos de quatro alunos para realizar as atividades. Trocar idéias
com seus colegas sobre o que vocês estão satisfeitos ou insatisfeitos, como
por exemplo: na sociedade de um modo geral ou específico, política, meio
ambiente, justiça, vida escolar e/outros. Elaborar um cartaz com duas colunas:
uma de “Satisfaction” e a outra de “Insatisfaction”, onde serão anotados, em
inglês, os aspectos com os quais o grupo está satisfeito e insatisfeito. Cada
grupo apresentará seu cartaz para o professor e colegas, comentando e
justificando o porquê da satisfação / insatisfação do grupo referente aos
aspectos listados. O grupo deverá participar da apresentação dos grupos dos
colegas, fazendo questionamentos e posicionando-se favorável ou não aos
comentários dos colegas.
d)Formar grupos de quatro alunos. No laboratório de informática, pesquisar o
que é uma paródia e selecionar um exemplo para comentar com os colegas e
professor na sala de aula. Feita a discussão, o grupo elaborarará uma paródia
com idéias contrárias aos do verso da música “I can’t get no satisfaction” que o
professor entregará a cada grupo. O grupo pode usar dicionários para
pesquisar palavras desconhecidas, pedir auxílio ao professor e recorrer ao
laboratório de informática para pesquisa. A paródia deve ser entregue numa
folha separada para o professor.
Como continuação da atividade, o professor pode digitar a paródia
escrita pelos alunos, fazendo as devidas correções linguísticas, caso achar
necessário. Na aula seguinte, o professor pode discutir com os alunos a
qualidade e adequação das paródias escritas pelos próprios alunos,
aproveitando para retomar o tema da música e os vários desdobramentos de
conteúdos estruturantes possibilitados pela letras da música, bem como a
revisão de aspectos gramaticais ao comentar sobre as opções linguísticas dos
alunos ao escrever a paródia.
e)Atividade individual: Refletir sobre o tema principal ou um dos temas
discutido(s) na música e escrever um texto, sobre o que você poderia mudar na
28
sua vida para conseguir se satisfazer como pessoa. Se preferir, você pode
escrever sobre que você deseja fazer futuramente, sobre o que pensa que
poderá satisfazê-lo(la).