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Nº 1 DEZEMBRO/2016

Nº 1 DEZEMBRO/2016...livro "TEATRANDO" do Acadêmico Ronair Gama. Momento cultural de grande expressão, onde o objetivo era apenas um: CULTURA! As pessoas que ali estiveram saíram

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Nº 1 DEZEMBRO/2016

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SÓ LETRANDO

Jornal Literário da Academia de Letras de Unaí e Região

Nº 1- DEZEMBRO/2016 Publicação anual

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ACADEMIA DE LETRAS DE UNAÍ E REGIÃO

Fundada em 26 de março de 2015. Rua Domingos Pinto Brochado, 324, Unaí – MG – 38610000 Facebook: Academia de Letras de Unaí e Região www.alur.com.br [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente: Alda Alves Barbosa Vice-Presidente: Maria Elena de Sousa Leitão

Secretário-Geral: José Nogueira Soares Tesoureiro-Geral: Ana Maria Moraes de Carvalho

Produção editorial: Digitação adicional: Revisão: Capa: Alda Alves Barbosa/ Danielle Martins / Waldirey Carvalho Ilustração da capa: Waldirey Carvalho Montagem: Impressão:

Os conceitos emitidos nos textos desta edição são de inteira responsabilidade dos autores e

não representam, necessariamente, a opinião da Academia de Letras de Unaí e Região.

Ficha Catalográfica

Jornal Literário Só Letrando – Ano 1 nº.1 Unaí: Academia de Letras de Unaí e Região, 2016. Fundada em 2016

1. Literatura – Jornal. 2. Obras Literárias 1. Academia de Letras de Unaí e Região

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APRESENTAÇÃO

O jornal literário Só Letrando – Vozes do cerrado... Súplicas do sertão, publicado pela Academia de Letras de Unaí e Região é destinado a matérias de cunho cultural com a proposta de se tornar posteriormente uma revista anual, abordando temáticas que serão de livre sugestão, e debatidas e escolhidas pelos membros, aglutinando escritas e discussões a quem desejar participar das próximas edições. A Academia de Letras de Unaí e Região – ALUR expõe neste jornal as vozes do cerrado, com o intuito de resgatar a cultura do sertão caloroso, que a todos acolhe. O sertão somos nós, nas palavras do imortal Guimarães Rosa e se é verdade que há um sertão em cada um de nós, não deixaríamos de mostrar um pouco dos sertões que compõe a ALUR.

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FUNDADA A ACADEMIA DE LETRAS

DE UNAÍ E REGIÃO – ALUR

No dia 26 de março de 2015 no CEPASA aconteceu a reunião para a fundação da ACADEMIA DE LETRAS DE UNAÍ E REGIÃO (ALUR) – entende-se por região, cidades em um raio de 350 km. Uma iniciativa dos escritores e poetas Alda Alves Barbosa, Jaques Valadares e Ildeu Pereira. Estiveram presentes os escritores (Acadêmicos Fundadores) de Unaí, de Bonfinópolis de Minas e de Cabeceira Grande. De Unaí: Alda Alves Barbosa, Jaques Valadares, Ildeu Pereira, Cid Olímpio de Souza, José Nogueira Soares, Geraldo Magela da Cruz, Mary Meneses, Ronair Pereira da Gama, Leonardo Rocha Gonzaga, Vanildes Menezes Oliveira, Alberto Tadeu Martins Ferreira e Ana Paula R. Cardoso. De Bonfinópolis de Minas: Nunes de Souza e Sebastião de Mello. De Cabeceira Grande: Ivan de Souza Coimbra. Justificaram suas ausências Leninha leitão, Altair de Sá, Nonato Mendes, Pastor Gilmar e Ana Maria Moraes Carvalho. Através de aclamação, foi escolhida a diretoria da entidade: Alda Alves Barbosa, presidente; Jaques Valadares, vice-presidente; Cid Olímpio, secretário geral; José Nogueira Soares, primeiro secretário; Geraldo Magela da Cruz, tesoureiro; Ivan de Souza Coimbra, primeiro tesoureiro; Mary Meneses, secretário de eventos intercâmbio; Ronair Pereira da Gama, secretário de biblioteca; Ildeu Pereira, secretário de publicações e imprensa. Também foi eleito o Conselho Fiscal conforme Artigo 19 do Estatuto da ALUR, os seguintes membros: Alberto Tadeu Martins, Ana Paula Cardoso Mendes e Leonardo Rocha Gonzaga.

Membros da ALUR na posse

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A finalidade da ACADEMIA DE LETRAS DE UNAÍ E REGIÃO é congregar, reunir e organizar os escritores nascidos ou residentes em UNAÍ ou região; promover, divulgar e incentivar a literatura local e regional; incentivar o surgimento de novos escritores; realizar intercâmbio com outras organizações literárias, culturais e sociais, nacionais ou estrangeiras; promover a integração literária e cultural na tríplice fronteira; incentivar ou auxiliar como for possível o lançamento de livros; promover eventos literários e culturais entre seus membros ou aberto ao público; participar de iniciativas que promovam o desenvolvimento cultural de UNAÍ e REGIÃO e Políticas Públicas da área de Cultura. Segundo a presidente Alda Alves Barbosa, ainda esta semana, a ALUR será registrada em cartório de acordo com as exigências das leis brasileiras. “A semente foi plantada. Se regada, e será, frutificará” – ressaltou a escritora unaiense.

Andréia Zulato

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LANÇAMENTO DO LIVRO ‘TEATRANDO’

A Academia de Letras de Unaí e Região –

ALUR esteve presente no lançamento do

livro "TEATRANDO" do Acadêmico Ronair

Gama. Momento cultural de grande

expressão, onde o objetivo era apenas um:

CULTURA! As pessoas que ali estiveram

saíram de lá diferentes, acredito eu;

diferentes no jeito de olhar o poeta, o

escritor, diferente para abraçar a literatura.

Uma bela noite! Parabéns, Ronair Gama!

Parabéns aos Acadêmicos da ALUR que ali

estiveram para prestigiar. Obrigada aos

professores da UNIMONTES pela grandiosa

presença. Nossos agradecimentos à Andréia

Zulato, que como sempre, tem nos doado o

seu tempo, não só divulgando a ALUR, mas

se integrando a ela! Aos pais e irmãos deste

"menino poeta", obrigada por me permitir

estar ao lado dele aprendendo a ser uma

pessoa melhor! Obrigada Ildeu Pereira!

Parabéns a todos que deram a sua

contribuição para que estes momentos se

tornassem inesquecíveis!

Alda Alves Barbosa

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NATAL DE TODO DIA

Nas tardes coloridas sentávamos todos, adultos e crianças, nas calçadas da casa de tia Amélia, enquanto as águas do Rio Preto desciam perigosamente sonolentas. Só no escuro da noite ele cantava; era sempre um canto triste, doído… Mas naquela hora, tomando a fresca da tarde, o sol já estava despedindo do dia, descendo os horizontes, deixando fios de ouro no céu, os adultos, uma grande parentela, nada viam, conversavam entre si sobre as miudezas das horas passadas. Muitas vezes cochichavam – coisas de gente grande -, dizíamos nós.

Pouco ou nada sabíamos da vida, mas gostávamos de inventá-la, de brincar de faz de conta, ser e ter o que queríamos. Era muito bom brincar de sonhar! Mas queríamos mesmo era olhar e acompanhar no céu as estrelas mais brilhantes e apontar para contá-las, mesmo correndo o risco das verrugas espalharem por todo nosso corpo. Às vezes, quando ficávamos muito tempo sem ver uma determinada estrela, eu acordava de madrugada para vê-la. Havia em mim e elas, uma relação de saudade. O céu, este mistério onde nasce o calor, cai a chuva, nasce o luar e nos presenteia com as estrelas, pirilampos pisca-pisca, com o tempo, todo ele já fazia parte de nós: Três Marias, Marias de quê, de quem? Estrela Dalva! Não podia ser Alva? Cruzeiro do Sul, em forma de cruz! Cruz de Jesus? Nossa cruz? Estrela Cadente! Palavra bonita, poética, estrela poesia!… Ah, Estrela de Belém, estrela que víamos todas as noites. Nunca se escondeu de nosso olhar. Estrela santa, brilho intenso, em sua cauda carregava o mundo! Corria sempre na mesma direção… e nós a abraçávamos e algo acontecia dentro dos nossos corações: uma espécie de renascimento!

Alda Alves Barbosa

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A ALUR NO LANÇAMENTO DO ROMANCE “PERMITA-SE”, DA JOVEM ESCRITORA

BÁRBARA COUTO

Maria Elena (Leninha) Cleusa Oliveira

Altair, Ana Maria, Bárbara e Alda

No dia 21 de julho de 2016, quinta-feira, a Tecelagem de Unaí abriu seu espaço para outra arte: a literatura. E a Academia de Letras de Unaí e Região – ALUR estava lá cumprindo o seu objetivo maior que é o de incentivar o “nascimento” de novos escritores e novos poetas. Num ambiente impregnado pela beleza das letras, Bárbara Couto mostra a nós unaienses, seu primeiro livro. Numa narrativa envolvente sobre um tema atual, a violência contra a mulher, a autora de “Permita-se” não só denuncia essas violências – físicas e psicológicas – como também mostra caminhos, através da personagem, para sair das terríveis condições de dependências a que a mulher fica submetida. Caminhos estes longos e cheios de percalços, mas enfim o viver sobre a “égide da liberdade” com todas as responsabilidades que lhe são inerentes. A Academia de Letras de Unaí e Região – ALUR compartilhou destes momentos significativos com o cerimonial.

Alda Alves Barbosa

A escritora - Bárbara Couto

Alda Alves Barbosa, abrindo a solenidade do lançamento do livro

“Permita-se”

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Na noite da ultima segunda-feira, 19 de dezembro, o Jornalista Luiz Anselmo Ribeiro de

Sá realizou um sonho de sua vida, lançar um livro que valorizasse pessoas que

contribuíram direta e indiretamente para o crescimento de Unaí e região. Em seu

discurso, Luiz agradeceu a todos pelo apoio e afirmou que essa era mais uma vitória na

sua vida, pois estar ali naquele momento, diante de tanta gente importante para ele e

para Unaí, com certeza era um acontecimento ímpar. O jornalista foi parabenizado por

todas as autoridades que compuseram a mesa, onde ressaltaram a trajetória de Luiz

Anselmo ao longo dos anos que trabalha na imprensa unaiense. Apaixonado por Unaí,

o jornalista Luiz Anselmo, que atua na imprensa do Noroeste Mineiro há mais de 20

anos, deixa aos unaienses, além das notícias produzidas em seus veículos de

comunicação, um livro para que as pessoas que de certa forma contribuíram e

contribuem para desenvolvimento do município fiquem eternizados nas páginas do

Guerreiros da Serra do Taquaril, o seu primeiro livro, que traz em suas páginas um

pouco da vida de muitos unaienses. O lançamento do livro foi realizado no Espaço

Marjan, e contou com a presença de centenas de pessoas.

Reportagem: José Ney Lopes

JORNALISTA LUIZ ANSELMO LANÇA

LIVRO GUERREIROS DA SERRA DO

TAQUARIL

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A ALUR EM POESIA

O SEGREDO DE CORA

Confessou-me, um dia, Ao pé do ouvido,

o seu segredo: -Não conte pra ninguém,

mas eu sou a velha mais namoradeira de Goiás.

Minha Cora, Cora Coralina,

O teu segredo será guardado; mas quem me dera,

em meu cavalo branco chegar, com minha espada

cravejada de brilhantes, entrar em teus sonhos

e encher-te de agrados. Roubar-te de Goiás,

ser o teu mais novo namorado, navegar contigo

sobre as águas do velho Chico e dar o que falar

às más línguas de Minas...

Nonato Mendes Ribeiro (Do livro: A canção da bica)

O MENINO CATATAU

Lá p’ras bandas do esquecido Encontrei um menino;

Tinha os olhos brilhantes Como um diamante;

Brincava de cavalinho de pau E também tocava berimbau.

Tanto tempo se passou O ano já nem sei mais qual... Era uma criatura sem igual

Difícil de se ver Nesse tempo atual,

De onde veio? Qual o seu ideal?

Seu nome verdadeiro não seria Nicolau?

Sua missão é grande... Se acreditam ou se duvidam de Ti?

Não faz mal...

Nunes de Sousa

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CASINHA DE PALHA

Casinha de palha No alto da serra,

Na encosta do morro. Como um véu de noiva

Em linda cachoeira A água se espalha. De onde se avista

Grande imensidão, Avista os transeuntes

Que passam apressados. Às vistas se perdem

No chapadão, Na casa não tem nada,

Não tem energia, Não tem água encanada,

Mas tem alegria, E o canto da passarada. Lá se avista o horizonte, Os buritis verdejantes No meio da invernada.

Murici, mangaba, pequizeiro, Araticum, cagaita e baru,

Matam a fome da bicharada. Ipê, sucupira, cega machado,

xylópias e barbaça Ajudam na beleza.

Periquitos, andorinhas, Cardeais, tucanos, Gaivotas e suiriri,

Alegram a natureza. Para completar o cenário

Do vasto cerrado Que não se encerra,

Velame-branco, caliandra, Canela de ema e jarrinha Florescem aqui na serra.

Sebastião de Mello

SAUDADE MINEIRA

Distante Muito distante, A voz das Gerais

Grita, Agita meu ser

Lento,

Muito lento, A resposta da lembrança

Apavora Demora me dizer

Ouço, e ente o sonho e a realidade

As lágrimas brotam num choro calado E o nó na garganta mais apertado

E dói, quando o punhal da saudade

Rasga meu peito e lá se esconde Chora mineiro, Unaí está longe.

Ivan de Souza Coimbra

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COMPROMISSO

Voarei como o condor E jamais rastejarei como um réptil

contemplarei as estrelas e navegarei nos meus próprios sonhos

Lutarei com sabedoria e paciência na busca dos meus ideais.

Nunca permanecerei nas sombras como fazem os coiotes

farei do amor o meu escudo da minha fé, a minha espada

será minha companheira, a esperança serei adulto, nos meus atos

mas terei sempre um coração puro e amigo de criança seguirei meu mestre amado

e Ele me revestirá de luz combaterei e vencerei com as armas de Jesus.

Ildeu Pereira da Silva

GENI

Tira da boca esta linguagem oca,

Geni! Faça da cama em que a tive altar da lama em que vive

e, se na taça suar, a quem se ama, se prive de poder acompanhar

errantes, detentos moleques lazarentos

e o que da práxis emerja sua cara de cerveja e sua pele de cetim,

que no fundo da retina lhe assome quem lhe ensina

e recordar-se de mim e, se imagens apagadas

são tão pouco, quase nada, lembre um dia do Zepelin.

José Nogueira Soares (Do livro: Elucubrações)

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Bordado

Em linhas de seda Caprichos e volteios:

A rosa, o crivo e o cravo Jardim de pontos cheios No campo de um tecido

Cor de chá... Verde... rosa...encarnado e azul...

As mãos entrelaçam as tramas E os hastes...

E as correntes... Surgem matizes de jardins e frutos sumarentos

O pensamento navega o tempo. Escorrem as horas e os minutos

No bastidos repousa a linha. A agulha descansa

No ponto inacabado da campina em flor

Maria José de G. Santos Vice-presidente da Academia de Letras do

Noroeste de Minas (Do livro: Caixa de Retalhos: versos, prosa e

poesia)

CALEIDOSCÓPIO DA SAUDADE

Hoje, quando mansamente a tarde caiu, E a rotina diária, enfim, concluiu. Nostálgica, passei a me recordar,

De um passado que jamais vai voltar Mas que nunca, eu pretendo deletar.

As brincadeiras de infância As paixões da adolescência

O primeiro grande amor da vida Que é a lembrança mais querida Guardada como a joia preferida.

A amiga especial e confidente A escola, a igreja e tanta gente. Os passeios e as cantigas ao luar O prazer inesquecível de dançar

Todo amor expresso em um olhar. Ao ouvir alguém me chamar

O caleidoscópio se desfez pelo ar A realidade surgiu com ferocidade

Soprando os vestígios de uma tenra idade Se impondo com um presente de alegria e de

verdade. Sou feliz; mas que mal há em, às vezes, sentir um

pouco de saudades?

Maria Elena de Sousa Leitão (Do livro: Tatuagens de Superação)

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Súplica II

Dá-me as migalhas de flores

do teu cerrado, tuas árvores tortas,

teus córregos de águas lentas

e o Rio Preto cantante. Dá-me

as tuas nascentes frias dos riachos que envolvem teu corpo liso

no abraço das serranias. Dá-me

teu colar de grãos dourados, teu véu roxo, enfeites

que seduzem gente de outras paisagens.

Dá-me teu sol tórrido,

tua pele morena, teu calor angustiante e

teus entardeceres silentes, poéticos.

Vem minha terra pura,

dá-me o abraço

que no ontem foi-me negado,

dá-me teu chão para

que tua terra me cubra no plantio eterno de quem retorna

a morada. E nas noites,

em plena pele da lua abrirei meus braços

receberei teus abraços, beijarei teu chão

e dormirei… eternamente.

Alda Alves Babosa

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O SERTANEJO

I Pelo chão poeirento Vermelho bem ocre

O surrão do embornal, O chapéu tapa sol

Os bois bem ao lado Os zunidos das rodas.

II

Vai, ele vai... Andando que só

O bufar dos animais: Vai fulôôô, anda fubááá

No peso da lenha P’ra tarde escambar.

III

Sertanejo é assim: A casinha bem simples

Cobertura de palha O fogão é a lenha

A cozinha é pequena (panelas de ferro) O chão é batido.

IV

(Chiando o carro Descendo a colina

O capinzal verga o vento Lá longe a fumaça

Da chaminé dando graças).

V Vai sertanejo...

A mulher te espera Os meninos que brincam

No frescor do quintal, Pitombeiras, mangueiras,

Laranjais bem em flor, É mamão p’rus ‘ assanhaços

O regato bem fresquinho Correndo pro brejo.

VI

(e descendo a colina Vai chegando mansinho P’ro aconchego do lar; O cachorro, correndo,

Logo chega p’ra sombra Arfando a deitar).

VII Como está bonito este dia

Esta tarde estampada No azul infinito

Tantas nuvens branquinhas E o sol que descamba.

VIII

Os pássaros se aninham Insetos nas matas

O luar é certo, logo chegará, Que paz, que brandura

Quisera a ventura Do tempo parar.

IX

O banho no riacho O coaxar dos sapos

As veredas dos buritis.

X Assim o anseio

Do entardecer sereno Das primeiras estrelas Longínquas a piscar.

Os meninos banharam Lamparina acesa A janta no fogão O cheiro do café __”Vamos Maria Hora de deitar”.

Alberto Tadeu Martins Ferreira

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MEMBROS DA ALUR COMEMORAM ANO DE SUCESSO

A Academia de Letras de Unaí e Região – ALUR realizou o encontro de confraternização referente ao

encerramento do Ano Literário. A comemoração aconteceu na noite do dia 02 de dezembro de 2016,

com um jantar no Regente Hotel. Registramos a presença de Marinês Gaia, proprietária da "Assessoria e

Consultoria em Eventos Corporativos", grande parceira da ALUR. Estava presente também o jornalista

e agora escritor, Luiz Anselmo de Sá. Na ocasião foi comemorada a posse da nova vice-presidente da

ALUR, a acadêmica Maria Elena de Sousa Leitão (Leninha), que estava acompanhada de seu esposo,

Carlos da Silva Pontes.

Fotos e texto: ALUR

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ALUR LANÇA COLETÂNEA DE

ESCRITORES DO NOROESTE MINEIRO

A Academia de Letras de Unaí e Região (ALUR) promoveu no dia 23 de setembro, na Câmara Municipal de

Unaí, o lançamento de sua primeira obra literária, uma coletânea de autores do Noroeste Mineiro e de

outros estados brasileiros. O livro “ENCONTROS 2016” traz sensibilidades de inúmeros autores e

surpreendeu quem o adquiriu. O encontro literário promovido pela ALUR é engrandecedor e também

uma demonstração de valorização cultural. Contou com a presença de autoridades, familiares, amigos e

demais convidados dos escritores/autores de ENCONTROS 2016.

Fotos: José Ney Lopes

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