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í' N.° 1 Quinta-feira, 31 <ie Janeiro de 1889. 1 ' ANNO ASSIGNATl.RAS: Trimestre, 360 reis; para fera de Castello Bram o, acresce o preço das estampilhas. Numero avulso, 30 reis. t'UBLlCA- ÇÔBS: Corpo do jornal. 1 róis a liuiir: a m a linlia. Os assignanlcs gosarn do desconto de a., por nulo Us annuncios per- REDACÇAO C. Correa de Sampaio, director E A. Rodrigues Cardoso manentes silo objecto de contracto particular. Pagamento adiantado. Toda a correspondência deve ser dirigida a C. Corróa .te Sampaio. Anniincia.se qualquer publicaçJo lilteraria réccliendo-so na adminis- tração d este jornal dois exemplares. r EXPEDIENTE Os cavalheiros a quem enviamos o nosso mo- desto hebdomadario, caso não queiram hon- rar-] ios com a sua as- signatura, deverão de- volver o jornal, com a respectiva cinta, ate á próxima quinta-feira, afim de que lhes não seja remettido osqgim= do numero. debate em convulsões de horror,;grande baluarte da razão e jus- que as paixões ateiam, a nossa, liça, que pode symbolisar-se, per- missão é, principalmente, a defe-; feiUimente, com estas palavras dc za intemerata e justa dos mais Napoleão í.°: Para a creança. a caros interesses de inn district^ escola; para o homem, o trabalho; em que as ambições pessoaes não para a patna, a paz; para o çí- trepidam em alimentar uma.poli- dadão, a liberdade, e o da politi tica insciente e corrupta, que a razão anathematisa e çondemna. ca mesquinha e traiçoeira, que se .......... - nutre da corrupção, vive, cresce Em these, preoccupámo-nos e avigora-se, ludibriando hypo- antes com as realidades praticai critamente a boa de uns cex- do (pie com os fohnulismos dou- piorando criminosamente a igno- trinarios. rancia de outros. N estas condições, será estável Regressou d^Lisbôa, no sab- e duradoura a existência do Pis- badó, o sr. José Guilherme Mo- tricto de Castello Branco ?. Será. rão, rico e abastado proprietário, sem duvida, porque, felizmente, d esta cidade |ainda é grande a lista dos ho- mens dignos que se movem por entre a phalange immensa dos ambiciosos e ignorantes que pe- -<©r- •S-tias flores sent aroma Com o titulo que nos serve de peito com os desoito. Que ha dc fazer então ? condemnar os versos, que havia composto, a desapare- cerem. . .num auto de ? Sim, senhores, nem mais, nem menos, segundo elle mesmo de- clara ! No meio da impiedosa tarefa, uma nota devia vibrar, não na ly- rado poeta, rhas, sim, no coração do amigo, salvando duas compo- sições, que eram a um tempo uma saudade e uma esperança, que o positivismo não lograra ainda cres- tar. Essas composições são as que o joven poeta colligiu e publicou recentemente. Se o seu mereci- mento intrinsecco não correspon- de precisamente ao mérito prova- do do auctor, teem, ao menos, uma significação propria das ex- cedentes qualidades que exornam o nosso amigo. Está dc luto uma das famílias i-mt «vMi 0 Districto de Castello Branco Para determinar antecipada- mente a nossa linha de conilucla na imprensa, não deliniamos se- (!lictor programma, abundante de vãs promessas, visto como não pretendemos crear adeptos para o. ta ou áquclla facção politica, que de todas estâmos completa- mente desligados. É outro o nosso intuito; mais nobre e proveitosa a tarefa, que gostosamente emprehendemos. Fora da orbita onde a politica se para estes, a repugnância e nojo, (pie nos provocam; para todos, a justiça, que nos prezámos de sa- 1 V, i 1V» »> 2 .3 | ) ViV . > . w..*...... - odoro Meyrêlles Cardoso Grama- xo, e mãe do sr. Antonio de Mcy- relles Cardoso Gramaxo. Era a finada uma dama muito virtuosa, e os pobres perderam verso, que muito apreciámos. vantajosamente conhecido, pelas muitas composições poeti- —v", -i—— r - . cas, que tem, espalhadas por gran- iicr conservar em toda a sua pleni-de numero dc jornaes, o nosso a- -----—. - . .. ,, lude Imigo podia offercccr á critica unfn'ella um dos seus mais desvella- 0 futuro justificará as nossas | trabalho incomparavelmente mais c.os bemteitoi os, palavras, se C que o p. que Rodrigues Cardoso, com sado as não garante,desdeja, ni-, ;l sua a p rec i aV el publicação, não mo a fiel expressão de um propo- mirou á' gloria de uma critica, que o guindasse á altura da sua voca- Paz á sua alma. Reapparecerábrevemente o nos- so colíega o «Correio d'Abrantes» -.v-ei-Xíè-K-*- O sr. Manoel José Sacramen- to Monteiro, alferes de cavallaria MV y— t Uma vez, o positivismo dos seus 8, obteve transferencia para o re- tc opposlos—O que nos repre4 V j n t e e q Ua tro ahnos fez murchar jgimentq n.° 2 de cavai am do sentamos, entrincheirados no as flores que lhe brotavam no princepe D. Canos, em betem. sito inabalável. - D . . Está, pois. iniciada a luta en- Ção, nem aps encomiásticos pala- tre dois princípios (Para guitarra) Tu chamaste-me descrente c até homem sem pudor, por não crer ingenuamente nos teus protestos d amor. E nor isso de censura Jj achas-me digno; e de mim te queixas. Grande loucura são sempre quixas assim. Eu sou descrente, é verdade, Não nego, nunca neguei; ?tlas descrer será maldade,_ tendo razão?—Diz— não sei. Tu, que és bella, que és formosa, inda crês. És bem feliz. Se és crente, crê que és ditosa. Sou eu descrente.... Infeliz!... Tu crês no amor ainda. Eu cri no amor também. Tudo se vae, tudo finda E o tempo que foi não vem. Eu fui feliz. Encontrei-te acaso um dia, e então sorriste-me, e eu amei-te. E tu amaste-me? Não. Tu sabes: fizeste jura dc votar-me eterno amor. Protesto de pouca dura! Vida ephemera d e flor! Teu amor foi phantasia que pouco tempo durou: foi lembrança d'um dia, foi capricho que passou. Logo o esqueceste: escutaste os protestos desleaes d'outro homem, e despresaste minhas lagrimas, meus ais. Hoje vês-te despresadá p'lo homem feliz que hauriu da tua boca perfumada mil beijos e te illudiu; E por isso vens ligeira Entregar-me o coração. Ah! que se o outro quizera não m o davas a mim, não. E chamas-me então descrente, e até homem sem pudor, por não crer ingenuamente nos teus protestos d'amor! Não sabes que me mentiste, quando p'la primeira vez me juraste amor? que riste? Pois não sabes? pois não vês? Não creio em ti, nem creio noutras mulheris em ninguém, Mentiste-me; e eu receio que as outras mintam também. Se te olham attentamente, que és anjo todos dirão. Ora vê, se um anjo mente, as outras que não farão!... Chames-me embora descrente, homem sem fé, sem pudor, não creio ingenuamente nos teus protestos d amor. Castello Branco, 1889. PAÍfIALEÃO SODOCAS

N.° 1 Quinta-feira, 31

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Page 1: N.° 1 Quinta-feira, 31

í'

N.° 1 Quinta-feira, 31 <ie Janeiro de 1889. 1 ' ANNO

ASSIGNATl.RAS: Trimestre, 360 reis; para fera de Castello Bram o, acresce o preço das estampilhas. Numero avulso, 30 reis. t'UBLlCA- ÇÔBS: Corpo do jornal. 1 róis a liuiir: a m a linlia. Os assignanlcs gosarn do desconto de a., por nulo Us annuncios per-

REDACÇAO

C. Correa de Sampaio, director E

A. Rodrigues Cardoso

manentes silo objecto de contracto particular. Pagamento adiantado. Toda a correspondência deve ser dirigida a C. Corróa .te Sampaio.

Anniincia.se qualquer publicaçJo lilteraria réccliendo-so na adminis- tração d este jornal dois exemplares.

r

EXPEDIENTE

Os cavalheiros a quem

enviamos o nosso mo-

desto hebdomadario,

caso não queiram hon-

rar-] ios com a sua as-

signatura, deverão de-

volver o jornal, com

a respectiva cinta, ate

á próxima quinta-feira,

afim de que lhes não

seja remettido osqgim=

do numero.

debate em convulsões de horror,;grande baluarte da razão e jus- que as paixões ateiam, a nossa, liça, que pode symbolisar-se, per- missão é, principalmente, a defe-; feiUimente, com estas palavras dc za intemerata e justa dos mais Napoleão í.°: Para a creança. a caros interesses de inn district^ escola; para o homem, o trabalho; em que as ambições pessoaes não para a patna, a paz; para o çí- trepidam em alimentar uma.poli- dadão, a liberdade, e o da politi tica insciente e corrupta, que a razão anathematisa e çondemna.

ca mesquinha e traiçoeira, que se .......... - nutre da corrupção, vive, cresce

Em these, preoccupámo-nos e avigora-se, ludibriando hypo- antes com as realidades praticai critamente a boa fé de uns cex- do (pie com os fohnulismos dou- piorando criminosamente a igno- trinarios. rancia de outros.

N estas condições, será estável Regressou d^Lisbôa, no sab- e duradoura a existência do Pis- badó, o sr. José Guilherme Mo- tricto de Castello Branco ?. Será. rão, rico e abastado proprietário, sem duvida, porque, felizmente, d esta cidade

|ainda é grande a lista dos ho- mens dignos que se movem por entre a phalange immensa dos ambiciosos e ignorantes que pe-

-<©r-

•S-tias flores sent aroma

Com o titulo que nos serve de

peito com os desoito. Que ha dc fazer então ? condemnar os versos, que havia composto, a desapare- cerem. . .num auto de fé ?

Sim, senhores, nem mais, nem menos, segundo elle mesmo de- clara !

No meio da impiedosa tarefa, uma nota devia vibrar, não na ly- rado poeta, rhas, sim, no coração do amigo, salvando duas compo- sições, que eram a um tempo uma saudade e uma esperança, que o positivismo não lograra ainda cres- tar. Essas composições são as que o joven poeta colligiu e publicou recentemente. Se o seu mereci- mento intrinsecco não correspon- de precisamente ao mérito prova- do do auctor, teem, ao menos, uma significação propria das ex- cedentes qualidades que exornam o nosso amigo.

Está dc luto uma das famílias

i-mt «vMi

0 Districto de Castello Branco

Para determinar antecipada- mente a nossa linha de conilucla na imprensa, não deliniamos se- (!lictor programma, abundante de vãs promessas, visto como não pretendemos crear adeptos para o. ta ou áquclla facção politica, que de todas estâmos completa- mente desligados.

É outro o nosso intuito; mais nobre e proveitosa a tarefa, que gostosamente emprehendemos. Fora da orbita onde a politica se

para estes, a repugnância e nojo, (pie nos provocam; para todos, a justiça, que nos prezámos de sa-

1 V, i 1V» »> 2 .3 | ) ViV . > • . w..*...... - • — odoro Meyrêlles Cardoso Grama- xo, e mãe do sr. Antonio de Mcy- relles Cardoso Gramaxo.

Era a finada uma dama muito virtuosa, e os pobres perderam

verso, que muito apreciámos. Já vantajosamente conhecido,

pelas muitas composições poeti- —v", -i—— r - . cas, que tem, espalhadas por gran- iicr conservar em toda a sua pleni-de numero dc jornaes, o nosso a- -----—. - . .. ,, lude Imigo podia offercccr á critica unfn'ella um dos seus mais desvella-

0 futuro justificará as nossas | trabalho incomparavelmente mais c.os bemteitoi os, palavras, se C que o p. queRodrigues Cardoso, com sado as não garante,desdeja, ni-,;l sua apreciaVel publicação, não mo a fiel expressão de um propo- mirou á' gloria de uma critica, que

o guindasse á altura da sua voca-

Paz á sua alma.

Reapparecerábrevemente o nos- so colíega o «Correio d'Abrantes»

-.v-ei-Xíè-K-*- O sr. Manoel José Sacramen-

to Monteiro, alferes de cavallaria MV y— t Uma vez, o positivismo dos seus 8, obteve transferencia para o re- tc opposlos—O que nos repre4Vjnte e qUatro ahnos fez murchar jgimentq n.° 2 de cavai am do sentamos, entrincheirados no as flores que lhe brotavam no princepe D. Canos, em betem.

sito inabalável. - D— . . Está, pois. iniciada a luta en- Ção, nem aps encomiásticos pala-

tre dois princípios

(Para guitarra)

Tu chamaste-me descrente c até homem sem pudor, por não crer ingenuamente nos teus protestos d amor.

E nor isso de censura Jj achas-me digno; e de mim te queixas. Grande loucura são sempre quixas assim.

Eu sou descrente, é verdade, Não nego, nunca neguei; ?tlas descrer será maldade,_ tendo razão?—Diz— não sei.

Tu, que és bella, que és formosa, inda crês. És bem feliz. Se és crente, crê que és ditosa. Sou eu descrente.... Infeliz!...

Tu crês no amor ainda. Eu já cri no amor também. Tudo se vae, tudo finda E o tempo que foi não vem.

Eu fui feliz. Encontrei-te acaso um dia, e então sorriste-me, e eu amei-te. E tu amaste-me? Não.

Tu sabes: fizeste jura dc votar-me eterno amor. Protesto de pouca dura! Vida ephemera d e flor!

Teu amor foi phantasia que pouco tempo durou:

foi lembrança d'um só dia, foi capricho que passou.

Logo o esqueceste: escutaste os protestos desleaes d'outro homem, e despresaste minhas lagrimas, meus ais.

Hoje vês-te despresadá p'lo homem feliz que hauriu da tua boca perfumada mil beijos e te illudiu;

E por isso vens ligeira Entregar-me o coração. Ah! que se o outro quizera não m o davas a mim, não.

E chamas-me então descrente, e até homem sem pudor, por não crer ingenuamente nos teus protestos d'amor!

Não sabes que me mentiste, quando p'la primeira vez me juraste amor? que riste? Pois não sabes? pois não vês?

Não creio em ti, nem já creio noutras mulheris em ninguém, Mentiste-me; e eu receio que as outras mintam também.

Se te olham attentamente, que és anjo todos dirão. Ora vê, se um anjo mente, as outras que não farão!...

Chames-me embora descrente, homem sem fé, sem pudor, já não creio ingenuamente nos teus protestos d amor.

Castello Branco, 1889. PAÍfIALEÃO SODOCAS

Page 2: N.° 1 Quinta-feira, 31

O DISTRICTO DE CASTELLO BRANCO

A» lOUSSEK W» JPEBjBjO

Dizem que o governo bate com as ventas no sedeiro. A reciproca é mais acceitavel: o sedeiro bate nas ventas do governo, a menos (pie nos provem que, cahindo de costas, ha probabilidades de se quebrar o nariz.

.Imaginemos que o sedeiro se- ja a questão dos leiteiros e hor- taliceiras, a dos tabacos, 011 os sanguinários acontecimentos da Madeira e Cantanhede, ou as ma- nifestações de Barcellòs contra o decantado julgado de Exposende, ou a imposição dos padeiros da capital,*a proposito dos famosos livretes, tão celebrados pela ga- zeta do sr. Marianno de Carva- lho, ou a lei das licenças.

Agora digam-nos, muito á pu- ridade, não foi o sedeiro que ba- teu nas ventas do governo, fazen- do-o recuar á unha de cavallo ? Foi certamente.

Não se pense que estamos mal com o governo. Não, senhores ; pelo contrario, porque entende- mos que query erra deve remedi- ar o erro. Até diz o rifão: quem confessa que errou, fica com um erro de menos.

Uma fugida a tempo! Pode lá haver coisa melhor que esta ! E depots; a fugi tia. . . f'araonde pensam os leitores que é cila? Se formos dar credito ás más línguas, é para debaixo da CAPA DE 'LA- DRÕES. . .Os senhores Marian- no de Carvalho e Emygdio Na- varro foram os descobridores da tal capa, em tempos que ainda não existia a droga da reconci- liação sincera. Conhecem-lhc os confortos todos.. .Pudera!

Que grande droga esta recon- cdidção! Até a minoria adquiriu, não sê sabe bem como, uma por- çãosiuha da dita, para untar os despeitos que lavram nas hostes opposicionistas. De outro modo não podemos comprehcnder a Sua reunião, que teve logar, há pou- cos dias. na capital. E fazemos estas conjecturas, porque as ga- zetas de Lisboa limitam-se ape- nas a dar a noticia da reunião, sein, ao menos, nos proporcionar uma pontinha de bisbilhotice, em que, aliás costumam ser eximias.

Ora, assim francamente, não gostamos da pandega politica. Não custa nada aos mandões con- ceder um pastosinho á lingua do indigina! Desvendem um escân- dalo por insignificante, que seja; ponham a descoberto uma tra- móia bem combinada; prodigali- sem-nos uma ou mais sessões par- lamentares. em que se quebrem

cadeiras e mezas, havendo ape- nas o cuidado de respeitar a ca- ra dos senhores ministros, para que não sejam presos em flagran- te delicto. . .doze.horas depois.

Sim, façam tudo isto, e o mais que lhes aprouver. E está salva a palria.. .e as batatas.

Foram reciprocamente transfe- ridos os sr.s tenentes de infante- ria 24, Antonio José dos Santos, e de infanteria 12, Antonio Pinto Ferreira.

djliromnt 1) alumia

Havia já por àhi quem disses- se que o PETIZ só appareceria 11a semqna dos nove dias.

Más línguas! Enganaram-so como se enganam quasi sempre os doutores de soalheiro, porque elle cá está, pequenino, mas com saúde; benza-o Deus; e, com el- le, apparece também o petit chro- niqueur do sobredito.

A proposito. E das praxes, quando qualquer figurão appare- ce pela primeira vez diante de pessoas que usam sapatos unta- dos com graxa, dizer quem é, d'onde vem e para onde vae.

Eu, que venho da aldêa, pou- co percebo d'estas cortezanias, ima-, apetar u-perem lã um pouco, que eu já digo.

Eu cá sou eu. Nem mais nem menos. Chamo-me Oliveira Soce- gado. Nome bonito e sympathico, confessem. Oliveira—svmbolo da paz. Socegado — isto ó, manso, pacifico, inoffensivo.

Sou muito boa pessoa, catho- lico apostólico romano, ultramon- tanopuro, da confraria deS. Ono- fre, socio benemerito das sympa- thicas associações de prego, etc. e coisas e tal; por isso bem vêem que tenho qualidades altamente, rccommendavejs.

Basta isto para se saber quem sou.

Agora d'onde venho? .lá disse que venho da aldeia. Não abandonei nenhum banco

de ferrador, não estou acostuma- do a domar furores asininos, nem Iam pouso larguei cajado de za- gal para empunhar a penna de rabiscador de chronicas,mas tam- bém não percebo nada de chic.

Estou acostumado a dizer com franqueza o que sinto, chaman- do cada coisa e pessoa pelo; seu nome, sem rodeios nem divaga- ções hvpocritas e velhacas, coisa de que nem todos talvez gostem.

Seja porem como fôr, grossei- ro ou delicado, semsabor ou es- pirituoso, aqui, n'este logar, fal-

tarei comtigo todas as semanas, meu bom leitor, minha bondosa e amavel leitora, procurando nun- ca fazer da penna azorrague pa- ra zurzir quem quer que seja.

Podem estar descançados, que não apparecerei a ninguém com ares de brutamontes.

Lá mostrar que não nasci num palacio nem tomei chã cm creança é provável que ás vezes mostre; mas ao menos juro aqui que a minha penna ha de ser sempre limpa.

Mas. . .ainda cu agora repa- ro que não tencionava dizer pa- ra onde vou, e pouco a pouco, sem quasi dar por isso, ia dizen- 0 que tenciono fazer.

Pois a respeito d'isto nem ma- is uma palavra. Fique-se o leitor com isto,.que já não é pouco. Levantei uma pontinha do veu, e isso já é mais do que eu queria. Emfim, o que está feito está feito.

Mas programma é que cu não faço, porque os programmas fa- zem ás vezes andar a gente n'uma dança.

Nunca me ha de erquecer o que acontèccuaqui ha tempos com a vinda d'aquelle que está encar- regado de ab rir as portas do ceo aos fieis do nosso bispado; quero eu cá dizer 11a minha, coma vm- Tfa dosf: arcebisp^iísfro.

Dizia-se por ahi que elle Seria recebido ao troar de vinte ca- nhões, e (|ue 110 Castello seria ar- vorado o glorioso pendão das qui- nas, que tremularia impávido e ovante sobre aquellas ruinas ci- mentadas com o sangue de mui- tos martyi-es da liberdade e da... rapioca, e ennegrecidas pelo fu- mo de milhares de combates em que nossos avós se encheram de gloria e dc...carrascão; e, afinal de contas, foi recebido ao estou- rar d'uina dúzia de bombqs de seis ao vintém (salvo erro ou om- missão), e sobre os muros esbo- racados do Castello foi hasteado, na ponta dum pau do fumeiro ou coisa que o valha, incio metro de panno cru de quatro vinténs, len- do no meio, uma coroa real, fei- ta de paninho encarnado!

Por signal que foi preciso que o vento se encarregasse de fazer voar em fitas o farrapo, porque ninguém queria arriscar as cos- tellas a ir tiral-o lá, onde o ti- nham posto.

Ora, isto enguiçou-me, a mim, que sou catholico romano, ultra- montano puro...

E a culpa foi do programma. Se não fosse o programma, tu-

do o que viesse vinha bem; mas as-

sim... esperar ouvir o troar dos canhões e ouvir bombas de seis ao vintém; esperar ver hasteada a gloriosa bandeira porlugueza e ver, em vez d'ella, um farrapo, triste svmbolo da miséria e sovi- nicç indígena...

E uma que realmente! E se "não fosse o programma? E mais não foi elle escripto. Que faria se o fosse! Nada, em fazer programma

não caio eu. Podia depois ver-me entalado,

e o leitor ás unhadas a mim, que cumprisse o que prometti, que pusesse para ali, com lingua de palmo, a chronica, segundo o programma, e eu sem saber para onde voltar-me, atrapalhado, ás aranhas!. . .

Nada; c melhor assim. Appareccrá o que apparecer,

o que do meu beslunto puder sa- ir.

E por hoje basta.

Oliveira Soceqado

O sr. Augusto Francisco Cor- rêa de Sampaio, inspector da cir- cumscripção escolar de Castello Branco e pae do director d'esta folha, acha-se restabelecido de uma bronchite, que o teve em ca- sa durante.alguns dias, Folgamos.

O sr. João Pereira, da fregue- zia de Sobreira Formosa, conce- lho de Proença a Nova quando na quinta-feira da semana passa- da se dirigia d'esta cidade para a sua casa, n'aquella freguezia, foi accommettido duma congestão cerebral, que o prostou mortal- mente .

'*- Uma pechincha! —Uma pechincha, o que, ho-

mem de Deus? Os fantoches? —Nada, não. —Explica-te. —Ora para que lhe havia de

dar a veneta! Verdade seja que podia ser para peior.

—Hein! —Ah! ah! ah! Deixa-me rir á

vontade. Pois o Sal não está a vender tudo quasi de graça!

Ouvimos hontem, á noite, este dialogo, e como precisávamos a- dquirir certos objectos de vestu- tuario, lá fomos ao Sal, que nol o confirmou, e, ainda em cima, pes- pegamos com um arnuncio no jornal.

Publicamol-o adeante.

Na mala-posta, que vae d'aqui para o Pezo, acontece, não pou- cas vezes, faltar a respectiva cai- xa do correio, que só á ultima ho- ra é collocada no seu logar. A quem competir, pedimos provi- dencias, para evitar os prejuízos que resultam de semilhante fal- ta.

Page 3: N.° 1 Quinta-feira, 31

çjjaittaks

O prospecto dizia: Rir e mais rir. (-orno o tempo não está para tristezas, também lá fomos.

Não nos encontramos sós. Sala de espectáculo cheia á

cunha. Lá, no fundo, a musica. Uma flauta, duas rabecas e uma trompa.

Bem bom, afinal de contas. Começa o espectáculo. • Quadro de grande sensação. Esqueleto infernal morto e vi-1

vo, levantando-se da sepultura, dançando a polka janota etc.

die mecliia-se em todos os seriíidós, tocava com os calcanha- res no chão, estendia as pernas, agitava os braços, fazia tudo o o que pode fazer um esqueleto palQsco e reinadio, que. para fi- car mais leve, ora deixava as per- nas para dançar só com o tronco e Cabeça, ora deixava a cabeça para dançar com o tronco e per- nas.

E o povinho gostava e batia palmas.

Vinha depois o endiabrado Bertholdo, um caceteiro que leva as lampas a todos os caceteiros indiginas.

Com ninguém tinha comtem- plações.

Era levadiíiho da breca. Um seu amigo velho, que vi-

nha de viajar pelas IJespanbs, caníava-lhe umas «antigas muito bonitas como esta:

O DISTRICTO DE CASTELLO BRANCO

Na offioina (Testa í'o-

lha precisa-se um a-

prendiz de typogràpho.

Parece que o sr. bách ar el Al- fredo Brandão será nomeado prior da Encarnação, de Lisboa.

—"-««©V <*"*•- O Monte-pio de Castello Bran-

co resolveu dirigir-se aos phar- maceutic® desta cidade, parti- cipando-lhes que até o dia 5 de levereiro proximo recebe propos- tas, em carta fechada, para o for- necimento de medicamentos, des- tinados aos socios enfermos.

Achamos de lodo o ponto acer- tadíssima a deliberação da svm- pathica sociedade.

Continuam suspensos onze em- pregados da estação telegrapho- postal d'esta cidade.

Temos spbre a nossa secreta- ria apontamentos muito interes- santes e curiosos, ácerca d'esta questão singular, única, origi- nal . . .

A maioria dos empregados de uma repartição publica é descon- siderada pelo seu chefe da ma- neira mais offensiva e ultrajante. Taès desconsiderações não são dei

Ha faltas, que merecem puni- ção? arbitrariedades, abusos ou prepotências, que exijam castigo severo?

Cumpra-se a lei sem hesita- ções e demoras, de que só resui- tam sérios prejuízos para todos

e muito principalmente para a

classe commercial. \ "liaremos ao assumpto.

Typ. de Lucio da Silva Peíejão

Rua de St.a Maria i5

CASTELLO BRANCO

João dos pauto:; (Eaio & Jnnãa

7, 9,—Rua das Flores—11, 13,

Estabelecimento de fazendas de lã, algodão, quinquilharias, mer- cearias, (ouças, vidros e drogas, etc. etc.

lodos os artigos expostos á inula n'este estabelecimento recom- mendam-se pela excellencia da qualidade e excessiva barateza.

QÚRiVES&BiA Ê SglttJMffltb

DE

JOAQUIM LOPES CARDOSO

CASTELLO BRANCO

RELOGIOS de todos os svstemas e gostos. OBJECTOS de ouro e prata, uma grande variedade.

Que é do bonito annel d'ouro Oh Rosa! Tyránna!

Que eu te dei a arrecadar? Tró loró loró loró

A princijiio mestre Bertholdo gostava, pedia mais, ouvia com toda aattenção; mas, depois, zan- gaya-se, e.. . zás! bordoada no amigo.

E o povinho continuava a gos- tar e a applaudir.

Depois outras diabruras, e ou- trar, c outras do mesmo sujeito, e mais o triumpho da republica franceza, e mais os trez ratas, e o incêndio do Theatro Baquet, e o povinho gostava sempre e ap- plaud ia sempre.

Acabou-se a coisa, e o povi- nho saiu encantado e dizendo a quem o queria ouvir:

Muito bonito! Muito bonito! E nós recolhemos ao nosso lar

lambem muito contentes, e repe- tindo. como o povinho: Muito bo- nito!

hoje nem de hontem: subsistem desde muito tempo. Os ânimos exasperaro-se um dia; o desforço é necessário, indispensável, fa- tal ...

Por fim, quando a questão de- via rebentar, ou por uma scena pugilato, ou pelo abandono do serviço, impossível com um dire ctor rebelde aos mais elementa- res preceitos da boa educação, os empregados resolveram paci- ficamente apresentar uma queixa aos funccionarios superiores da respectiva direcção geral, bem como ao sr. ministro das obras publicas.

Suspensos immediatamente, brada, iracundo, o ministro!

Suspensos porque? Acaso a queixa não era redigida em ler- mos delicados e altenciosos? Aca- so o direito de representação garantido pela lei fundamental do paiz, já não existe?

E, depois, as necessidades do serviço lejegrapho-postal e as con- veniências do publico foram gra- vemente lesadas com a providen- cia da suspensão. A classe com- mercial reclamou perante os po- deres públicos, mas não foi atten- dida. Comtudo, ha muito tempo que terminou a syndicancia, a que deu logar a questão, de que se trata.

1AZEM-SE todos os concertos e mais trabalhos respeitantes a uma officina desta natureza.

Os PREÇOS excessivamente reduzidos, a promptidão e niti- dez das obras, justificam a protecção que e publico tem dispensa- do sempre a este estabelecimento.

DE

Os

RUA DE SANTA MARIA—15

-*&sXfaã£íJíX+gX>-

Ttifii ipmpjjlmt impimem-se bi-

lhetes ár titsifit r tolos o;: trabalho:;

tpoipjthicos.

Page 4: N.° 1 Quinta-feira, 31

O DISTRICTO DE CASTELLO BRANCO

Duas flores sem aroma

POR

|Wrtpes {aisss

Preço ioo réis

Á venda na typographia de Lucio da Silva Pelejão—Castello Branco, e em casa do auctor, na rua dos chões.

Envia-se franco de porte a quem enviar a sua importância em estampilhas do correio.

VAGABUNDOS

Certamente não seremos tidos na conta de importunos, chaman- do a attenção da auctoridade po- licial para a maltazia de france- zes e hespanhoes, que costumam invadir esta cidade. Se fosse só invadir a cidade, ainda não havia muita razão de queixa; mas é que elles, vagabundos de profissão, fienetram nas habitações particu- ares e ahi, não lhe cheirando a

homens, procuram adquirir a com- petente esmola, por meio do ter- ror.

Aguardamos as providencias, que o caso reclama e a lei prevê.

Continua eufermo em Coimbra o secretario geral d'este governo civil o sr. Antonio Duarte de Car- valho .

A Direcção do Grémio dos Ar- tistas de Castello Branco proje- cta dar varias reuniões de famili- lia no proximo carnaval.

Proseguem com bastante acti- vidade os trabalhos no edifício adqucrido pela junta geral para as repartições publicas.

Está a concurso o provimento da egreja de S. Sebastião de Al- maceda, concelho de S. Vicente da Beira, diocese da Guarda.

EDITAL

Augusto Francisco Corrêa de Sampaio, Inspector de Instrucção

Primaria da 8.a Circumscripção Escolar (Castello .Branco e Por-

talegre), por Sua Magestade Fidilissima El-Rei, que Deus Gu-

arde, etc.

Para cumprimento do disposto no artigo 258.° do decreto regulamentar de 28 de julho de 1881, faço saber que os exames de habilitação para o magistério primário, no corrente anno, devem começar no mez de março, em o local, dia e hora, que serão opportunamente annunciados.

Só serão admiltidos aos referidos exames os candidatos, que dentro do praso de trinta dias, a findar em 28 de fevereiro proximo, apresentarem nesta secretaria os seus requerimentos, instruídos com os documentos seguintes: 1." Certidão que prove terem, pelo menos, desoito annos completos de edade e que estão emanci-

pados; 2." Atteslados de bons costumes, passados pela camara municipal e administrador do concelho ou

concelhos, onde houverem residido nos últimos dois annos; 3.° Certificado do registo criminal, relativo á epocha dos exames; 4.° Certidão de facultativo, pelo qual mostrem que não teem defeito physico, que os inhabilite de

bem exercer as funcções do professorado; 5.° Documento de terem pago na recebedoria deste concelho a propina de exame, que é de 3$000

reis para lodos os candidatos. Os aspirantes poderão juntar aos mencionados documentos quaesquer outros que comprovem

as suas habilitações litterarias e bem assim os serviços que por ventura lenham prestado á instrucção, O requerimento, escripto e assignado pelo proprio requerente, e todos os documentos acima

exigidos, serão devidamente sellados e reconhecidos. O pretendente deverá declarar no requerimento, se se propõe obter diploma para o ensino pri-

mário elementar, ou complementar, e se, aspirando ao diploma para o ensino elementar, pretende também examinar-se n'algumas das disciplinas mencionadas no artigo 21.° da carta de lei de 11 de junho de 1880.

Findo o praso da apresentação dos requerimentos, será n'estes lançado o despacho de habi- litado, ou recusado, segundo estejam instruídos com todos os documentos legalmente exigidos, ou não. No praso improrogave! de cinco dias, os recusados podem appellar para o governo do despacho do inspector, a quem devem apresentar o recurso, que este enviará ao governo com a sua informação. Para este fim, será aflixadoum edital na porta do edifício, onde se realisarem os exames, indicando os nomes dos aspirantes admiltidos a exame. O edital será publicado em alguns jornaes da circumscripção, par» conhecimento dos interessados.

Secretaria da Inspecção da 8.a Circumscripção Escolar em Castello Branco, 29 de janeiro de 1889.

O Inspector, tgíiic/udo gPicinaico (gcuea de éfamfiaio

JOMIH MS SITOS DO Sil k C.*

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Correspondente da Companhia propagadora de instrumentos músicos, e das principacs livrarias, typographias e lythographias. Encarrega-se de qualquer encommenda e recebe assignaturas para romances nacionaes e estrangeiros. Tem um sortido de musicas pa- ra pianno canto e banda.

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