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Dezembro 2011 | País €conómico › 1
seguros em três continentesLuís Cervantes, Administrador da SABSEG, sublinha que a seguradora marca presença na Europa, África e América do Sul
nº 111 › Mensal › Dezembro 2011 › 2.20# (IVA incluído)
José GonçalvesPresidente dos smas de almada
Francisco marquesProprietário da Quinta dos abibes
Diogo de araújoPresidente Exeutivo da soFiD
PoRTUGaL E anGoLa – RELaÇÕEs Económicas caDa VEZ mais FoRTEs
Dezembro 2011 | País €conómico › 3
› HEaD
2 › País €conómico | Dezembro 2011
4 › País €conómico | Dezembro 2011 Dezembro 2011 | País €conómico › 5
Editorial
Um ano depois Portugal voltou a ser sacudido por uma nova greve geral,
desta vez contra as severas medidas de austeridade implementadas pelo
Governo PSD/CDS, e que em muitos casos surgem na sequência e razão
direta do acordo firmado entre Portugal e o conjunto de instituições inter-
nacionais que redundaram num empréstimo de 78 mil milhões de euros
ao nosso país, e que evitou, é preciso dizê-lo com todas as letras, autentica-
mente a bancarrota do nosso país.
Portugal tinha de mudar de vida, a começar pelo Estado, mas igualmente
pelas empresas e pelas famílias. No fundo, por todos e por cada um dos
cidadãos portugueses individualmente. É que desde 1974 que o país ale-
gremente consome muito mais do que aquilo que produz, e fá-lo à base do
endividamento. Que algum dia teria de ser pago a sério. É agora!
É óbvio que muitos portugueses, muitos deles habituados a pouco tra-
balharem e muitos outros habituados a viverem descansados à custa do
Estado, ou de certas mordomias possibilitadas por ele, reclamam agora
veementemente como o propalado empobrecimento do país e dos por-
tugueses. É realmente mais fácil distribuir as lamúrias por todos, mesmo
quando as reclamações pretendem na verdade se circunscreverem a uns
quantos (que são muitos, diga-se em abono da verdade).
Mas, para além de cortar a fundo não apenas nas gorduras (e elas são efe-
tivamente muitas) do Estado, é necessário fundamentalmente cortar em
muitas coisas que o nosso Estado se habituou a oferecer e a conceder aos
nossos cidadãos e que manifestamente não tem mais possibilidade de ofe-
recer. Os tempos são outros e o benigno wellfair state que a todos acorria
e a todos protegia, não é mais possível.
Os portugueses têm de empobrecer um pouco face ao que estavam habi-
tuados? Infelizmente não restam dúvidas, e para isso o Governo tem de
tomar medidas duras, que terão naturalmente de serem repartidas com
equilíbrio e de forma equitativa, mas não à volta a dar. Portugal tem de se
adaptar a viver segundo as suas possibilidades.
JoRGE GonÇaLVEs aLEGRia
Viver segundo as possibilidades
Ficha TécnicaPropriedadeEconomipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.
sócios com mais de 10% do capital social› Jorge Manuel Alegria
contribuinte506 047 415
Director› Jorge Gonçalves Alegria
conselho Editorial:› Bracinha Vieira › Frederico Nascimento› Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson› Lemos Ferreira › Mónica Martins› Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares
Redacção› Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho› Jorge Alegria
Fotografia› Rui Rocha Reis
Grafismo & Paginação› António Afonso
Departamento comercial› Valdemar Bonacho (Director)
Direccção administrativa e Financeira› Ana Leal Alegria (Directora)
serviços Externos› António Emanuel
moradaAvenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto.
2900-311 Setúbal
Telefone26 554 65 53
Fax26 554 65 58
sitewww.paiseconomico.eu
Delegação no BrasilAldamir AmaralNS&A CearáAv. Santos Dumont, 3131-A-SL. 1301Torre del Paseo – AldeotaCEP: 60150-162 – Fortaleza – Ceará – BrasilTel.: 005585 3264-0406 • Celular: 005585 88293149
Pré-impressão e impressãoLisgráficaRua Consiglieri Pedroso, 90Queluz de Baixo2730-053 Barcarena
Tiragem30.000 exemplares
Depósito legal223820/06
DistribuiçãoLogista PortugalDistribuição de Publicações, SAEd. Logista – Expansão da Área Ind. do PassilLote 1-A – Palhavã – 2890 AlcocheteInscrição no I.C.S. nº 124043
Grande Entrevista
índiceLuís Cervantes, Administrador da Sabseg,
afirma em entrevista à País €conómi-co, que a empresa assume claramente o
papel de seguradora vocacionada para
os mercados lusófonos, sem esquecer
obviamente a sua própria atividade em
Portugal. Angola, Moçambique, Brasil e
Espanha, constituem os mercados de elei-
ção da Sabseg, sublinhando o nosso en-
trevistado a importância do crescimento
registado no Brasil, cerca de 30% no ano
passado, e que este ano deverá acontecer
na mesma bitola.
pág. 26 a 30
Quase em simultâneo, o Sporting Clube de Portugal foi a
Angola realizar um com jogo com a selecção deste país,
e o próprio Primeiro-Ministro português efetuou uma
visita relâmpago a Luanda para um encontro com o Pre-
sidente José Eduardo dos Santos, tendo como principal
missão, convencer os angolanos a investirem ainda mais
nas empresas portuguesas. Temos para realizarmos al-
guns trabalhos de atualidade sobre o momento das rela-
ções económicas e empresariais entre Portugal e Angola.
pág. 06 a 23
ainda nesta edição…
24 innoliva abriu lagar no alentejo
25 carmim investe em logística no centro
32 sonae sierra acelera investimento no Brasil
33 Galp vendeu 30% da Petrogal Brasil
36 iT Peers faz parceria para entrar no mercado brasileiro
42 apren salienta vantagens das energias renováveis
45 Lusiaves aposta na inovação de novos produtos
46 azeite Gallo exporta cada vez mais
52 Virbac na saúde animal
54 caisl é excelência no ensino em Portugal
57 Dermacoconut com cinha Jardim
58 Priberam entra em Espanha
Grande Plano
Dezembro 2011 | País €conómico › 76 › País €conómico | Dezembro 2011
› GRanDE PLano › angola
A Taça da Independência de Angola em Futebol ganha espaço no panorama Desportivo em termos internacionais. E a FBN este ano levou o Sporting à Angola e promete novos eventos desportivos neste país.
Futebol ajudar a consolidar relações entre angola e Portugal
À semelhança do que ocorreu no ano passado, quando o Benfica participou na Taça da
Independência de Angola, este ano a FBN levou o Sporting a jogar o mesmo troféu com
a selecção daquele país africano de língua portuguesa. O resultado desportivo interessa,
naturalmente, mas não é o mais significativo. A aproximação e desenvolvimento das
relações no âmbito futebolístico entre os dois países constituem um elemento central na
actividade desenvolvida pela empresa portuguesa FBN, em estreita articulação com a
Federação Angolana de Futebol, o que também motivou a parceria estabelecida entre as
duas entidades para apoiar na área promocional e de marketing a presença angolana no
CAN 2012, que decorrerá a partir de 21 de Janeiro a 12 de Fevereiro de 2012, no Gabão
e na Guiné Equatorial. Por outro lado, a FBN prepara para o final de Maio do próximo ano
um torneio de futebol em Angola a nível internacional, com a participação de equipas
angolanas, e outras equipas internacionais do topo do futebol mundial. TExTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › CEDIDAS pELA FBN
a estratégia da nova direcção do
Sporting Clube de Portugal,
presidida por Godinho Lopes,
de projectar a marca do clube em África,
onde outrora contou com muitos adeptos
e de onde vieram grandes futebolistas que
passaram pelo grémio de Alvalade, aca-
bou por proporcionar a oportunidade de
33 anos depois o clube português voltar
a Angola.
A oportunidade surgiu com a participação
em mais uma edição da Taça da Indepen-
dência, que decorreu no passado dia 11 de
Novembro, no novo Estádio Nacional em
Luanda. Num jogo vivo, mas com claro
domínio da Selecção de Angola, o desa-
fio terminou com o triunfo angolano por
quatro bolas a zero.
O muito público presente saudou a mag-
nífica exibição dos jogadores angolanos
e o próprio presidente da Federação An-
golana de Futebol, General Pedro Neto,
entregou o troféu ao capitão da selecção
nacional angolana.
De sublinhar que a partida disputada
pelo Sporting constitui o culminar de
dois dias de intensos contactos despor-
tivos e sociais em Luanda, pois os diri-
gentes e jogadores leoninos visitaram
uma escola primária onde falaram sobre
a evolução do futebol às muitas crianças
angolanas e também muitas portuguesas
que frequentam aquele estabelecimento
de ensino.
É igualmente de referir que no âmbito do
contrato estabelecido pelo Sporting com
a Federação Angolana, o clube português
comprometeu-se a receber jovens jogado-
res angolanos na sua Academia em Alco-
chete, bem como a fomentar a formação
de quadros dirigentes angolanos.
Torneio em maio de 2012Segundo os responsáveis da FBN, o com-
promisso da empresa é o de promover o
desenvolvimento das relações desportivas
e futebolísticas que tragam mais-valias
para Angola, assumindo o relacionamen-
to com Portugal e com os clubes e institui-
ções portuguesas, um papel muito impor-
tante na dinamização desse intercâmbio
desportivo e futebolístico.
Deste modo, decorrem as necessárias
diligências para que em finais de Maio
do próximo ano, decorra em várias cida-
des angolanas um torneio internacional
de futebol, onde para além de equipas
angolanas, deverão participar um dos
maiores clubes portugueses, mas tam-
bém outras equipas do topo mundial. No
Dezembro 2011 | País €conómico › 98 › País €conómico | Dezembro 2011
fundo, tratar-se-á da rentabilização das
infra-estruturas desportivas criadas em
Angola por altura do CAN 2010, além da
participação de equipas dos países com
os quais Angola possui o mais importan-
te relacionamento económico e empresa-
rial, agora também traduzido e expresso
ao nível desportivo.
Por outro lado, ainda no âmbito do rela-
cionamento estabelecido entre a FBN e a
Federação Angolana de Futebol, a empre-
sa com sede em Lisboa, vai responsabili-
zar-se pelas áreas da divulgação, promo-
ção e marketing da presença da Selecção
de Angola na próxima edição do CAN
2012, que se disputará na segunda quin-
zena de Fevereiro no Gabão e na Guiné
Equatorial.
Para o efeito, a equipa nacional de Angola
realiza no decorrer deste mês de Dezem-
bro um estágio no próprio país, onde reali-
zará três partidas de preparação, seguindo
depois no início de Janeiro para a cidade
brasileira de Recife, onde ficará entre os
dias 2 e 15, para um estágio de adaptação
a condições climatéricas semelhantes às
que vai encontrar em Malabo/Libreville,
capital da Guiné Equatorial, cidade que
será o quartel-general da selecção angola-
na na primeira fase do CAN 2012. ‹
FBn exporta mais para angolaA FBN tem como actividade principal a Consultoria e o Procurement Internacio-
nal, bem como possui, também uma área de actividade ligada ao import-export,
tendo sempre como referência Angola. Por isso, ao longo dos últimos anos, a em-
presa tem ganho relevância enquanto empresa que assegura o abastecimento de
um conjunto variado de produtos para o mercado angolano, maioritariamente a
partir da Europa, naturalmente com maior enfase de Bens e Produtos de Portugal,
mas também já com uma componente significativa a partir da América do Sul
nomeadamente do Brasil.
Segundo fonte da empresa portuguesa, depois de um ano difícil como o que foi
o de 2010, o corrente ano está a ser bastante mais positivo para a FBN, tendo as
exportações para Angola aumentado em cerca de 40 por cento quando em compa-
ração com o ano transacto.
A FBN assegura um expertise cada vez mais relevante nas relações económicas e
comerciais de Angola com o exterior, constituindo presentemente um parceiro de
grande valia para muitas empresas portuguesas e angolanas, bem como se assumiu
com um interlocutor reconhecido e valorizado pelos responsáveis angolanos. ‹
› GRanDE PLano › angola
Dezembro 2011 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Dezembro 2011
› GRanDE PLano
multilem angola na ExpotransA Multilem Angola, empresa de concepção, produção e
montagem de stands, eventos e remodelação de interiores,
foi responsável por toda a concepção criativa e montagem
do stand da TAAG – Linhas Aéreas de Angola, que esteve
em exposição na 1ª Feira Internacional de Transportes, Lo-
gística e Manutenção – Expotrans Angola 2011, organiza-
da pela Feira Internacional de Luanda e que decorreu nas
instalações da Filda na capital angolana.
A Multilem Angola nasceu em Fevereiro de 2009, fruto
do primeiro passo para a internacionalização da Multilem.
A Multilem Angola foi concretizada numa parceria com
empresários angolanos, detendo a empresa portuguesa
52,5% do capital da empresa angolana. Em Angola, a em-
presa tem desenvolvido projectos para empresas como
a Refriango, BFA, Movicel, Galp, Unitel, Besa, Sonangol,
entre outros. ‹
TaP e TaaG reforçam ligações com angolaA TAP reforçou as suas ligações aéreas entre Lisboa e Luanda no período compreendido entre os dias 17 de Dezembro e 11 de Janeiro,
com mais oito ligações entre as capitais dos dois países, apesar da companhia já efectuar dez ligações semanais entre Lisboa e Luanda. A
companhia aérea portuguesa responde assim à campanha promocional lançada pela angolana TAAG para o mesmo período. De referir
que a TAAG também tem presentemente dez ligações semanais com Portugal, oito para Lisboa e duas para o Porto. ‹
EPic sana Luanda HotelO grupo Sanahotels abriu no passado dia
11 de Novembro, data da independência
de Angola, o seu novo hotel na capital do
país, o EPIC SANA Luanda Hotel, uma
unidade de cinco estrelas localizada em
pleno centro da capital angolana. A nova
unidade do grupo Sana oferece 131 quar-
tos duplos, além de 88 quartos Twin, 16
Master Suites e três Suites Presidenciais.
Para estadias de negócios ou de longa
duração, o hotel oferece ainda 50 apar-
tamentos SANA Residence, disponíveis
com um ou dois quartos. A nova unidade
hoteleira na capital angola oferece ainda
aos seus clientes quatro restaurantes,
quatro bares e uma discoteca, além de
um Wellness Club & Spa. O EPIC SANA
dispõe também de um centro de reuni-
ões com oito salas, a maior das quais pre-
parada para receber 680 pessoas. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Dezembro 2011
Delegação angolana visitou Porto de sinesUma delegação da Unidade Marítima da Polícia Fiscal e Aduanei-
ra do Ministério do Interior de Angola visitou o Porto de Sines,
tendo por objectivo o de conhecer melhor a realidade portuária
nacional, nomeadamente ao nível dos procedimentos das autori-
dades de controlo de pessoas e mercadorias.
A visita incidiu sobretudo sobre a actuação da Autoridade Portu-
ária, Autoridade de Fronteira e Autoridade Aduaneira no trata-
mento dos processos de navios e de mercadorias, tendo merecido
uma especial atenção as ferramentas informáticas utilizadas para
o exercício das competências das autoridades nacionais referidas.
Segundo os representantes angolanos, a visita foi muito útil, na
medida em que levaram a experiência portuguesa nesta área, que
poderá constituir um elemento importante para um país que
atravessa uma fase de forte expansão económica, com reflexos
naturais nos processos de modernização e expansão dos portos
de Luanda e do Lobito, os dois principais do país. ‹
moviflor reforça investimento em angolaA Moviflor, marca portuguesa de mobiliário e artigos de decoração, vai reforçar a presença no mercado angolano com a abertura de uma
nova loja em Luanda, prevista para o início de 2013, segundo avançou a directora geral da marca, Teresa Albuquerque, em declarações
ao Diário Económico.
A futura loja da Moviflor será a segunda na capital de Angola, visto a primeira ter sido inaugurada em 2008, e resulta da constatação
do facto do «mercado angolano registar um forte crescimento e da nossa marca deter já um forte reconhecimento no mercado local»,
adiantou a responsável da Moviflor. Ainda segundo Teresa Albuquerque, cerca de 50% dos produtos vendidos pela Moviflor em Angola
são fabricados em Portugal, por empresas nacionais, questão que a marca pretende incrementar ainda mais no decorrer de 2012.
Em Portugal, a Moviflor regista uma quota de mercado de 18% no seu segmento e a sua última aposta aconteceu com a abertura de uma
loja em Évora, pelo que totaliza agora 28 lojas no nosso país. ‹
› GRanDE PLano
Besa com desempenho positivoSegundo as consultoras KPMG e Deloitte,
o Banco Espírito Santo Angola (Besa) é
umas das instituições financeiras líderes
no mercado angolano. Nos estudos que
ambas as consultoras publicaram recente-
mente, o Besa surge na primeira posição
nos rankings de resultado líquido, crédito
aos clientes e cost to income. E em ambos
os estudos o Besa aparece na segunda po-
sição no segmento de melhor banco em
total de ativos. Tendo atingido um cres-
cimento de resultados líquidos de 81%
face a 2009, o Besa é considerado una-
nimemente como o banco com melhor
performance nesta categoria, com 30.489
milhões de kwuanzas. No que concerne à
carteira de crédito, o banco ocupa igual-
mente a primeira posição, detendo, segun-
do a Deloitte, uma quota de mercado de
22,9%.
Por outro lado, a consultora KPMG salien-
ta que em termos de rentabilidade dos ca-
pitais próprios, o Besa é o segundo mais
rentável, com 46,08%. No exercício de
2010, o banco de capital português obteve
o seu melhor resultado de sempre, tendo
apresentado um crescimento de 23% face
ao período homólogo.
O Banco Espírito Santo Angola tem sido
reconhecido por várias publicações inter-
nacionais, como já aconteceu este ano ao
ser considerado “Best Bank in Angola”, na
lista dos Best Emerging Markets Banks
Africa 2011”, além de “Best Commercial
Bank in Angola”, pela revista World Fi-
nance. ‹
Jetclass mobilou sede do Governo da Lunda norteMobiliário da Jetclass, empresa portuguesa produtora de mobiliá-
rio de luxo localizada em Sobrado, concelho de Valongo, forneceu
em Setembro deste ano, vários móveis para decorarem o palácio
do Governo Provincial da Lunda Norte, em Angola, sobressain-
do o novo mobiliário high tech produzido e que tanto sucesso
internacional está a fazer, assim como vários móveis com grafit-
tis, mostrando imagens emblemáticas da região da Lunda Norte,
como é o caso do Museu do Dundo.
Segundo Agostinho Moreira, Presidente da Jetclass, com esta ex-
portação «acreditamos que abrimos mais uma porta importante
para colocarmos o nosso mobiliário de alta qualidade num dos
mais com mais potencial a nível mundial para acolher a Jetclass». ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Dezembro 2011
› comÉRcio inTERnacionaL
Comércio entre Portugal e Angola voltam a crescer este ano de forma robusta
angola volta ao topo das exportações portuguesas extra-comunitárias
Depois de um ano (2010) de acentuada diminuição das exportações portuguesas para
Angola, o corrente ano voltou a constituir um bom ano para os produtos e serviços
portugueses no mercado angolano. Angola consolidou assim o lugar como o melhor
destino das exportações portuguesas para fora da União Europeia, posicionando-se
globalmente como o quarto melhor comprador dos produtos portugueses. Já no que
respeita à componente do investimento directo, Angola manteve praticamente o mesmo
nível em Portugal nos primeiros 10 meses do presente ano, mas já Portugal investiu
menos em Angola neste mesmo período de tempo.
as exportações portuguesas para Angola atingiram entre
Janeiro e Setembro deste ano um volume de 1.585,955
milhões de euros, quando em igual período do ano pas-
sado se tinha cifrado apenas em 1.330,345 milhões de euros, uma
variação positiva de 19,2%. Já no que respeita às importações de
Angola, nestes primeiros nove meses de 2011, elas atingiram os
573,161 milhões de euros, enquanto no mesmo período do ano
passado tinha atingido os 449,136 milhões de euros, uma variação
positiva de 27,6%.
Deste modo, Angola foi o quarto maior cliente dos produtos e
serviços portugueses nos primeiros nove meses deste ano, com
uma quota de 5,05%, ganhando uma posição relativamente ao
período homólogo. Já enquanto fornecedor de Portugal, Angola
posicionou-se como o 15º fornecedor, com uma quota de 1,31%.
Já no que respeita ao investimento director, nos primeiros oito
meses (Janeiro a Agosto) deste ano, as empresas portuguesas in-
vestiram em Angola 147,487 milhões de euros, mas desinvesti-
ram o montante de 357,123 milhões de euros, proporcionando
um saldo negativo no IDE de 209,636 milhões de euros. Mesmo
assim, Angola é o quarto destino global do IDE português.
Por sua vez, o IDE angolano em Portugal nos primeiros oito meses
de 2011 atingiu o montante de 46,191 milhões de euros, um va-
lor já superior ao total do investimento realizado no ano passado
quando atingiu em todo o ano o montante de 45,224 milhões de
euros.
Entretanto, os investimentos angolanos em Portugal posicionam-
-se apenas em 16º lugar entre os países que mais investem no
nosso país. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 1716 › País €conómico | Dezembro 2011
i – Economia anGoLanaEssencialmente baseada na indústria Petrolífera, a Economia Angolana tem vindo a diversificar-se de acordo com os objec-tivos estratégicos do governo.O DESENVOLVIMENTO DO SECTOR AGRÍCOLA, ONDE APROXIMADAMENTE 55% DA POPULAÇÃO ACTIVA TRABALHA, CONSTITUI UMA PRIORIDADE GOVERNA-TIVA. Esta é a forma de melhor responder às necessidades básicas da população que adicionalmente contribui para a redução do desemprego e o deficit na balança comercial ali-mentar.
ii. RELacionamEnTo Económico PoRTUGaL-anGoLaAngola já ultrapassou os EUA como mercado para as expor-tações portuguesas. Portugal tem-se mantido como principal fornecedor de Angola.
Fonte: Walter Marques – “Análise de alterações de comportamento das exportações portuguesas de mercadorias para Angola: Portugal face aos principais fornecedores” GEE/GPEARI
ExPoRTaÇÕEs PoRTUGaL – anGoLa
Unidade: Milhares de eurosFonte: INE - Instituto Nacional de Estatística
iii. oPoRTUniDaDE DE inVEsTimEnTo Em anGoLaOs nossos empresários têm estado muito centrados na região de Luanda mas outras regiões do país, nomeadamente Ca-binda, Bié, Huila, Lobito, Benguela, Lubango oferecem actual-mente oportunidades de negócio muito interessantes.Além das áreas habituais de construção civil e da banca, re-gistam-se significativos movimentos ou intenções de inves-timento em vários sectores tais como:
› Alimentação e bebidas› Materiais de construção, cerâmica, mobiliário› Logística e redes de distribuição, designadamente distri-
buição alimentar e de produtos farmacêuticos› Consultoria› Tecnologias de informação› Educação e formação de executivos› Saúde
Surgem assim novas oportunidades em áreas de maior va-lor acrescentado, designadamente nas tecnologias de infor-mação, no sector farmacêutico, na educação, na saúde e na distribuição.O sector dos serviços viu aliás as suas exportações para An-gola duplicarem nos últimos 5 anos tendo rondado os 600 milhões de euros em 2008.
Também aparecem com grande potencial:› Agricultura, agro-indústria, pecuária e pescas
Angola pretende reformular o universo das empresas públi-
cas, tendo o governo angolano, na recente visita do Presidente
angolano a Portugal, convidado os empresários portugueses a
investir nos seguintes sectores:
› nos cimentos
› siderurgia
› infra-estruturas turísticas
› portos, aeroportos e vias de comunicação
Angola dispõe de estruturas institucionais – as chamadas “one
stop shops” – de desburocratização e apoio ao investimento
estrangeiro.
Também o ambicioso programa de Habitação Social de um milhão de casas configura novas oportunidades para a banca e para as indústrias da construção civil e dos materiais de construção.
› Actualmente, vivem em Angola cerca de 200 mil portugue-
ses e são muitas as empresas nacionais que vêem no país
uma fonte de emprego;
› Angola: pivot importante na estratégia portuguesa de diver-
sificação das exportações para mercados não comunitários.
Obstáculos para quem investe em Angola: › Emissão de vistos que esperemos terem sido facilitadas
com o recente acordo;
› Regime fiscal; e
› Necessidade de celebração de uma convenção para elimi-
nar a dupla tributação entre os dois países
iV. o Banco Bic no conTExTo Do sisTEma BancÁRio anGoLanoO nosso irmão gémeo, o Banco BIC (Angola) é um dos grandes
bancos comerciais do sistema angolano.
Apresentam-se a seguir os principais indicadores do Banco e
do Sistema Bancário Angolano.
compra de divisas cumulativa até setembro 2010
1º do Ranking› 106 Agências› 7 Centros de Empresas› 2 Centros de Investimento› 1 Private Banking› Balcões de Empresas
as relações económicas e empresariais portugal-angola LUís miRa amaRaL
CEO do Banco BIC Português
Dezembro 2011 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Dezembro 2011
Banco BIC Acredita que Angola não é só a sua capital Lu-anda, expandido por isso a sua rede de balcões para as ou-tras províncias .
V. o Banco Bic PoRTUGUÊsApós os 3 primeiros anos de actividade no mercado An-golano CONCORRENDO COM GRANDE SUCESSO COM OS MAIORES BANCOS ligados aos mais importantes GRUPOS FINANCEIROS PORTUGUESES os accionistas do Banco BIC DECIDIRAM EM 2008 acrescentar uma vantagem competitiva adicional ao modelo de negócio que lhes permitisse concorrer com uma estrutura idêntica à dos seus principais concorrentes em Angola.Motivados pela vontade de aumentar as relações de in-vestimento e de comércio entre Portugal e Angola, os ac-cionistas do Banco BIC S.A. (Angola) apostaram então activa e decisivamente na constituição de um Banco de Direito Português, em Portugal.Com uma estrutura accionista idêntica ao Banco BIC (Angola), o Banco BIC Português integra accionistas de referência no mercado empresarial português, nomea-damente no sector bancário, bem como na vida econó-mica e financeira angolana. A esta equipa juntam-se um conjunto de profissionais e gestores bancários com larga experiência no sector e no sistema financeiro em Portu-gal, África, Brasil e Espanha.O Banco BIC Português S.A. pretende assumir um papel fundamental no fortalecimento das relações económicas entre Portugal e Angola, contando para isso com o apoio do Banco BIC S.A. (em Angola).Neste contexto, dirigimos a nossa actividade para o apoio às Empresas e Empresários que exportem bens e servi-ços ou que apresentem estratégias de investimento em Angola ou estejam em fase de internacionalização para aquele país, bem como apoiamos os investidores Ango-lanos que operam, ou pretendam fazê-lo, em Portugal ou noutro país da Europa. Desta forma, o Banco BIC Português e o seu irmão gémeo, o Banco BIC SA (Angola) encontram-se numa posição pri-vilegiada para apoiar os diferentes agentes económicos, ao centrar-se nos aspectos mais relevantes e de maior valor acrescentado para os seus Clientes, no actual panorama de negócios entre Portugal e Angola.Somos já um banco correspondente de 4 bancos angola-nos, gerindo assim um considerável fluxo de transferên-cias financeiras entre Angola e Portugal.O Banco BIC Português arrancou com três grandes linhas de negócios:- BANCA DE EMPRESAS, a qual começou com um con-junto de empresas que já operavam em Angola onde eram clientes do Banco BIC (Angola) e que passaram a ser tam-bém nossos clientes em Portugal. Fomos depois gradual-mente alargando e diversificando a nossa carteira de clien-tes para um conjunto de empresas portuguesas que não tinham relação com Angola. Somos um banco português que financia todas as empresas portuguesas com interesse para nós no binómio risco/rendibilidade e somos também especialistas no financiamento às exportações e no “trade
finance” entre Portugal e Angola, aqui trabalhando natural-mente com o nosso irmão gémeo, o Banco BIC (Angola).- BANCO CORRESPONDENTE DE BANCOS ANGOLA-NOS, designadamente o Banco BIC, o BPC, o Banco Sol e o BPA, o que nos permite a gestão de fluxos financeiros empresariais e pessoais entre os dois países. - PRIVATE BANKING, gerindo patrimónios financeiros dos nossos clientes, designadamente de cidadãos angola-nos Como já referido atrás, somos especialistas no financia-mento do comércio externo e no “trade finance” entre Portugal e Angola, tendo nós toda a panóplia dos instru-mentos para estas áreas e o apoio em Angola dum dos seus grandes bancos comerciais, o Banco BIC.
coBERTURa GEoGRÁFicaEm 2008, sede em LISBOA e uma agência /centro de em-presas no PORTO. Em 2009 foram abertas novas agências / centros de em-presas BRAGA, AVEIRO, LEIRIA E VISEU.
Dezembro 2011 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Dezembro 2011
› GRanDE PLano
Diogo Gomes de Araújo, Presidente da Comissão Executiva da Sofid, SA
Lusofonia é prioridade para a sofid
Nasceu em Dezembro de 2007, mas praticamente só no ano passado é que começou a
ganhar expressão e visibilidade. A Sofid tem como Presidente da Comissão Executiva
Diogo Gomes de Araújo, que depois de nove anos fora do país, regressou a Portugal
em 2009 para emprestar o seu cunho à nova instituição financeira criada pelo Estado
português e por alguns dos maiores bancos nacionais para apoiarem investimentos
portugueses em várias partes do mundo. A começar pela lusofonia. Angola, onde
já apoiou quatro projetos, e Moçambique, onde apoiou recentemente o seu primeiro
projeto, constituem áreas nucleares que a Sofid pretende crescer e consolidar o apoio à
internacionalização das empresas portuguesas.EnTREVisTa › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
A Sofid nasceu em 2007. Quantos proje-tos a instituição já apoiou durante estes quatro anos?Em rigor, nascemos em Dezembro de
2007. Friso este pormenor para salientar
que os anos de 2008 e 2009 foram funda-
mentalmente de instalação, angariação de
quadros, análise de projetos e da própria
promoção da Sofid.
Gostaria de referir o fato da Sofid enquan-
to instituição de crédito ser regulada pelo
Banco do Portugal e faz parte do setor
empresarial do Estado, possuindo nessa
medida determinadas obrigações de apre-
sentar relatórios e cumprir diversos re-
gulamentos financeiros que são bastante
complexos.
Já 2010 constituiu o ano de verdadeiro ar-
ranque da nossa atividade comercial, mais
próxima das empresas, e posso adiantar-
-lhe que neste momento temos 14 proje-
tos aprovados, com um montante de cerca
de 20 milhões de euros.
Esses projetos são apenas de empresas privadas, ou também contempla algum projeto de alguma empresa pública?A Sofid pode trabalhar com todo o tipo de
empresas desde que cumpram alguns cri-
térios, o primeiro dos quais é que terá de
possuir pelo menos 20% de capital portu-
guês. Portanto, se cumprirem essa regra e
se for um projeto que possua a indispensá-
vel viabilidade económica e financeira, as-
sim como manifeste preocupações sociais
e ambientais, poderá ter o apoio da Sofid.
Mas, respondendo diretamente à sua per-
gunta, os projetos que apoiámos foram na
sua totalidade de empresas privadas.
O fato da Sofid poder participar tempo-rariamente no capital das empresas em projetos que apoia e financia, colocam--na ao nível de uma capital de risco?A Sofid, além de emprestar dinheiro e
emitir garantias para a partilha de risco,
também pode efetivamente participar no
capital das empresas.
Aliás, esse produto está muito avançado
em Moçambique, onde possuímos um
produto específico para este país, que se
designa por Investimos – Fundo Portu-
guês de Apoio ao Investimento em Mo-
çambique, criado com fundos dos estados
português e moçambicano, tendo coloca-
do à disposição das empresas portuguesas
um montante global de 94 milhões de eu-
ros para apoiar investimentos portugue-
ses em Moçambique, um país que possui
grandes recursos naturais e elevado po-
tencial estratégico na África Austral.
Este fundo nasceu no ano passado e foi já
operacionalizado este ano. Recentemente,
realizámos a primeira operação com uma
empresa portuguesa com um projeto que
capacitará Moçambique de serviços de
instalação elétrica e que ainda não estava
ao dispor do país, além de gerar 49 postos
de trabalho.
O que gostaria de sublinhar nesta matéria,
é que a Sofid pode intervir na gestão de
um fundo com um montante até 94 mi-
lhões de euros, valor muito interessante
para financiar projetos de empresas mo-
çambicanas de capital português, num
mercado que se revela cada vez mais de
elevado potencial de crescimento.
Quatro áreas estratégicas de apoioNa análise e apoio aos projetos empre-sariais, a Sofid definiu critérios gerais de base regional, setorial e empresarial. Quais são esses critérios e as razões da sua escolha?A sua pergunta remete-nos para as priori-
dades estratégicas da Sofid, que foram ali-
ás aprovadas pelo nosso próprio Conselho
Estratégico.
A Sofid definiu de forma clara onde pre-
tendemos estar presentes. Em primeiro
lugar, nos países de expressão portugue-
sa, que é aliás o que mais motiva muitos
dos empresários portugueses nos seus
processos de internacionalização. Depois,
Dezembro 2011 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Dezembro 2011
› GRanDE PLano
definimos os países que designamos por
vizinhança, ou seja, Marrocos, Argélia e
Tunísia, todos bastante próximos e tam-
bém com forte potencial de desenvolvi-
mento e crescimento.
Em terceiro lugar, definimos a China e a
Índia, basicamente devido à sua grande
dimensão e forte capacidade de cresci-
mento. Finalmente, em quarto lugar, de-
finimos a diáspora empresarial da Vene-
zuela e da África do Sul, como mercados
também de elevado potencial de investi-
mento e internacionalização das empre-
sas portuguesas, logo, de serem apoiados
pela Sofid.
Quanto aos setores de atividade, sublinho
que apenas não apoiamos aqueles com ca-
ráter especulativo.
Por exemplo, não apoiamos quem queira
construir um imóvel em Luanda para o
vender a seguir com uma boa margem de
lucro.
Esse género de atividade não cabe na ati-
vidade elencada pela Sofid para a nossa
atuação. Nós apoiamos investimentos
numa lógica sustentada e produtiva, as-
sente numa visão de médio e longo pra-
zos.
Finalmente, é de referir que temos tra-
balhado essencialmente com pequenas e
médias empresas, embora também pos-
samos apoiar projetos apresentados por
grandes empresas.
Quatro projetos apoiados em angolaConstituindo Angola um dos principais destinos das empresas portuguesas, tanto ao nível das exportações, como em matéria de investimentos, a Sofid tem sido solicitada para apoiar projetos de investimento portugueses neste país? Em que setores de atividade?Apoiámos já quatro projetos portugueses
em Angola, nomeadamente em setores in-
dustriais, telecomunicações e de serviços.
A nossa participação é a máxima que nos
é permitida, ou seja, foram em projetos de
2,5 milhões de euros.
Qual tem sido a articulação com os ou-tros bancos portugueses (que são accio-nistas da Sofid) na análise e apoio aos projetos portugueses em Angola e nou-tros países?Recordo que a Sofid foi criada para su-
prir uma falha de mercado, precisamente
numa área de atuação em que os designa-
dos bancos comerciais não se sentem con-
fortáveis para financiar projetos de médio
e longo prazos em países de elevado ris-
co. A Sofid possui uma excelente relação
de colaboração com os restantes bancos
nossos accionistas, em que no caso que
mencionou de Angola, os projetos que
apoiámos são todos eles em co-financia-
mento com bancos detidos pelos nossos
accionistas. A Sofid não assume a postura
de concorrente, antes somos complemen-
tares, ou seja, o nosso posicionamento é
de adição.
a internacionalização terá de corresponder a uma vocaçãoA crise económica em Portugal leva cada vez mais as empresas portuguesas a apostar na internacionalização. Qual é a visão da Sofid a respeito do potencial mas também dos cuidados que devem presidir aos processos de internacionali-zação das empresas portuguesas?Para a Sofid, internacionalização não sig-
nifica o mesmo que exportação, antes
constitui os passos seguintes, ou seja, po-
derá começar pelo passo seguinte à expor-
tação, por exemplo, a presença numa feira,
seguido da abertura de um escritório de re-
presentação e a deslocalização de pessoas
para estudarem o mercado. É preciso que
a empresa esteja efetivamente imbuída de
uma cultura de internacionalização, que
veja o seu mercado como o mercado glo-
bal e que deseja explorar toda a potenciali-
dade desse mesmo mercado global.
Por exemplo, uma empresa portuguesa
que se queira internacionalizar para o
mercado brasileiro terá de considerar
como o seu mercado Portugal e Brasil. E
também consideramos de grande impor-
tância que essa empresa esteja no topo
da sua forma em Portugal, querendo isto
dizer que os processos de internaciona-
lização possuem bastantes riscos e as
empresas terão de estar completamente
preparadas, incluindo ao nível financeiro,
para as diversas vicissitudes que ocorrem
no decorrer desses processos.
Existem empresas portuguesas que não se têm preparado devidamente para se internacionalizarem, nomeadamente ao nível do “músculo” financeiro?Algumas sim e outras certamente que
não. É difícil generalizar. É comum aceitar
a visão de que em Portugal as empresas
em geral estão descapitalizadas. Pensa-
mos que o Governo deverá intervir a bre-
ve prazo ao nível do capital de risco no
sentido de oferecerem esse instrumento
às empresas portuguesas que se preten-
dam capitalizar utilizando esse instru-
mento para o efeito.
A Sofid poderá jogar esse “jogo”?Não, na medida em que a Sofid só atua
fora de Portugal, e apenas no apoio a em-
presas que já se encontrem numa fase
confortável de capitais em Portugal, e que
no caso pretendam investir em países
com elevado potencial de crescimento. É
nessa circunstância que atua a Sofid.
Como perspetiva a evolução da Sofid en-quanto “braço” financeiro da expansão das empresas portuguesas nos países lusófonos e nos restantes contemplados na estratégia da instituição e do próprio Estado Português?Os tempos que vivemos não são manifes-
tamente fáceis. A Sofid, recordo, possui
um capital social de 10 milhões de euros,
pelo que poderá financiar a sua atividade
até um capital de 80 milhões de euros no
apoio a projetos empresariais.
Portugal precisa de crescer e é consensu-
al que isso só se conseguirá através das
exportações e que a estas deverá suceder
também o investimento. A Sofid possui
uma vocação especial para apoiar esta
última vertente, nomeadamente nos qua-
tro segmentos de mercados – lusofonia,
vizinhança, China e Índia e diáspora
empresarial portuguesa na Venezuela
e África do Sul – e está disponível para
encontrar com as empresas portuguesas
os melhores caminhos e apoiar os bons
e sustentáveis projetos de empresas
portuguesas nessas áreas geográficas do
mundo.
Uma última nota. Considero de grande
importância que as empresas portuguesas
assumam a vocação de serem parceiros,
que naturalmente também vendem, mas
não só, pois também investem. É assim
que o país e as nossas empresas terão de
atuar estrategicamente no domínio inter-
nacional, sobretudo nos mercados que de-
signamos como prioritários. ‹
25 › País €conómico | Dezembro 201124 › País €conómico | Dezembro 2011
manUEL aLmEiDa FiLHoÉ o Presidente que comandou a cerimónia do 99º Aniversário da Câmara de Comércio Portuguesa de São Paulo, além de ser também o Presidente do Banco Luso Brasileiro, igualmente com sede na capital financeira do Brasil. A presença de Cavaco Silva (Presidente de Portugal) e de Michel Temer (Vice-Presidente do Brasil) configuram o prestígio do líder da câmara portuguesa em São Paulo. ‹
FERREiRa DE oLiVEiRaO Presidente Executivo da Galp Energia é o grande vencedor do processo de alienação dos 30% da Petrogal Brasil aos chineses da Sinopec, pelo valor de 4,8 mil milhões de dólares, verba muito importante para suportar os pesados investimentos que a petrolífera portuguesa precisa de continuar a concretizar no Brasil. ‹
nUno amaDoO Presidente do banco Santander Totta em Portugal tem razões para estar satisfeito, pois a instituição financeira que lidera manteve segundo a Exame o estatuto do Melhor Grande Banco em Portugal, assim como dispondo das performances como o Banco Mais Rentável e Mais Sólido. ‹
› a aBRiR
carla FernandesFoi reeleita Presidente da APOL –
Associação Portuguesa de Operadores
Logísticos para o triénio 2012-2014. Um
dos maiores objetivos da APOL para este
mandato passa pelo terreno do Código das
Boas Práticas, além naturalmente da defesa
dos interesses de classe e dos associados. ‹
Jaime anahoryÉ o novo Partner da Boyden em Portugal,
multinacional de executive search
norte-americana, e que regista um
assinalável crescimento no nosso país,
traduzido com frequência na aquisição de
novos elementos de valia e experiência
reconhecida no mercado da captação de
executivos de alto valor. ‹
micaela GonçalvesÉ a nova Business Manager da Noesis.
Contando com mais de 10 anos de
experiência na área das tecnologias de
informação, a nova colaboradora terá a
responsabilidade pela base instalada de
clientes do setor financeiro, gestão dos
Consultores e angariação de novos clientes. ‹
subindo na Pirâmide
› noTícias
inaugurado Lagar do carapetalA ministra da Agricultura, Assunção Cristas, esteve recentemente em Alvalade do Sado,
concelho de Santiago do Cacém, onde presidiu ao ato de inauguração do Lagar do Cara-
petal, um investimento de 7,5 milhões de euros, dos quais 2,1 milhões de euros de com-
participação comunitária através do Proder, realizado pela empresa espanhola Innoliva.
O novo lagar, segundo Miguel Rico, presidente da Innoliva, empresa que detém o maior
olival superintensivo do mundo, com plantações em Espanha e Portugal, está associado a
uma exploração de 3.200 hectares de olival, em sebe gota a gota, possui uma capacidade
de produção de 750 toneladas de azeitona por dia, cerca de 50.000 toneladas de azeitona
por campanha.
Toda a produção se destina à exportação, principalmente para os mercados italiano e
espanhol, mas que deverá ser alargada a novos mercados, como os Estados Unidos, Brasil
e China. Foi por isso que nesta ocasião, a ministra da Agricultura referiu que o Lagar do
Carapetal é um «exemplo de que a agricultura em Portugal tem grandes condições para o
crescimento, e para os aumentos na exportação e no consumo nacional». ‹
carnalentejana é a melhor empresa do alentejoA Carnalentejana foi considerada a melhor empresa
alentejana ao vencer a décima edição dos Prémios Mais
Alentejo 2011, na categoria Mais Empresa. Estes pré-
mios são atribuídos pela revista Mais Alentejo e distin-
guiram desta vez a empresa liderada por Fernando Car-
pinteiro Albino. A Carnalentejana começou por reunir
33 criadores de bovinos de raça alentejana pura, mas
no presente já conta com 142 produtores pecuários as-
sociados e comercializa os seus produtos, não apenas
em Portugal, mas também em vários países europeus
e em África. No ano passado a empresa com sede em
Elvas obteve uma faturação superior a 12 milhões de
euros. ‹
I Conferência da Comunidade Portuária de Sines
novo canal do Panamá em reflexãoA I Conferência da Comunidade Portuária de Sines debateu o tema “O Impato do Novo
Canal do Panamá nos Portos Portugueses”, tendo contado com a presença de mais de 150
conferencistas num evento que ocorreu no Auditório do Porto de Sines.
Integrando o painel “Visão do Mar”, a Presidente do Conselho de Administração da APS,
Lídia Sequeira, salientou a importância do Novo Canal do Panamá que irá levar ao rede-
senhar de novas rotas e serviços atlânticos, representando uma excelente oportunidade
para os portos da fachada atlântica, em especial o Porto de Sines, devido às suas condições
físicas, geográficas e operacionais. O novo canal, que se prevê entrar em funcionamento
a partir de 2014 permitirá a passagem de navios contentores de porte até 13.000 TEU. ‹
carmim investe na logística e distribuiçãoA Carmim, maior produtora de vinhos do Alentejo, investiu recentemente na sua opera-
ção logística na zona centro do país, com a inauguração no dia 11 de Novembro da nova
plataforma Monsaraz Vinhos para a região centro, próximo de Leiria, contando já com
três vendedores, que abrangem uma área que vem de Coimbra até Torres Novas, incluin-
do Abrantes. De referir que já se encontravam em funcionamento as plataformas de Paio
Pires (Margem Sul), Algarve e Alentejo, antecipando a Monsaraz Vinhos arrancar ainda
com uma outra plataforma no norte de Portugal, a concretizar até ao final do corrente
ano.
Para José Canita, Diretor Geral da Carmim e da Monsaraz Vinhos, «consumada esta plena
integração da Monsaraz Vinhos, a Carmim pode passar a fornecer diretamente o canal
Horeca com elevado potencial, nomeadamente na zona centro». A Carmim é no presente
a maior adega do Alentejo e uma das maiores a nível nacional. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Dezembro 2011
› GRanDE EnTREVisTa
Luís Cervantes, Administrador da SABSEG
«sabemos construir relações seguras
Numa altura em que a Sabseg assinala 12 anos de vida, Luís Cervantes, Administrador
desta empresa reconhecida como uma especialista na área dos Seguros e Gestão de
Risco concedeu uma entrevista à País €conómico onde dá conta do percurso desta
empresa originária de Braga. Luís Cervantes fala do modelo de crescimento da Sabseg
e retém-se demoradamente no processo de internacionalização que esta organização
tem em curso em Angola, Moçambique, Brasil e Espanha, sublinhando que em termos
de evolução e maturidade o mercado angolano é aquele que mais de se tem distinguido,
e que em termos de rapidez e crescimento o Brasil é o mercado externo que mais
se tem sobressaído. «Em 2010 o mercado dos seguros no Brasil cresceu 30%, e em
2011 esse crescimento será idêntico», sublinhou Luís Cervantes que nesta entrevista
dá também particular ênfase às Parcerias Institucionais que considera fundamentais
para o estabelecimento de uma relação harmoniosa com a sociedade e o mercado, e
tece considerações muito oportunas sobre a importância que o grupo Sabseg atribui à
qualidade dos Recursos Humanos. «Um activo poderoso no sucesso do grupo Sabseg»,
reconhece Luís Cervantes.TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
originária da cidade de Braga, foi em meados de 1999 (já
lá vão 12 anos) que a Sabseg iniciou a sua actividade de
gestão e aconselhamento de risco. Com elevado espírito
de missão e uma aposta clara no rigor e no profissionalismo a
Sabseg tem sabido, através dos seus colaboradores, construir e de-
senvolver planos de gestão de risco e de continuidade de negócio,
adequados a cada parceiro, em função das suas necessidades, de
protecção do património e das responsabilidades à sua actividade.
No seu vasto leque de competências, a Sabseg tem no seu modelo
de negócios o objectivo de procurar no mercado nacional e inter-
nacional as soluções mais adequadas às especificidades de cada
actividade que exerce.
Embora seja uma empresa ainda muito jovem, a Sabseg nem por
isso deixa de exibir dados, que embora estatísticos, revelam já a
força de quem quer ser uma referência de excelência neste sector
de actividade.
A Sabseg tem neste momento cerca de 40 mil clientes particula-
res, 6000 empresas, 160 colaboradores e 140 agentes dinamiza-
dos. Por outro lado conta com 19 escritórios e pontos de assistên-
cia de Norte a Sul do País e Ilhas, e uma presença internacional
já muito substancial. Através da Joint Venture RSM Correduria
de Seguros, a Sabseg está em Espanha na cidade de Barcelona, e
ainda no quadro da internacionalização está presente em Angola
(Luanda), Moçambique (Maputo), e Brasil (S. Paulo e Belo Hori-
zonte), actuando ainda no Mercado Global através da parceria
desenvolvida com um dos maiores grupos mundiais de protecção
de risco a Jardine Lloyd Thompson Group.
saBsEG – saber crescer através dos temposQual o segredo para se crescer tanto em tão pouco tempo? Em
entrevista que concedeu à P€ em véspera de mais uma viagem
de trabalho ao Brasil, Luís Cervantes disponibilizou-se para falar
deste crescimento, mas antes teceu algumas considerações que se
prendem com o historial da Sabseg.
«Fazer a história destes doze anos é traçar três fases no desenvol-
vimento da empresa. A primeira fase surge em 1999. Um con-
junto de pessoas entre as quais os fundadores Manuel Machado
e Inácio Sousa que na época pertenciam aos quadros da compa-
nhia de seguros Royal Exchange e que acabara de ser adquirida
pelo Grupo AXA, decidiram mudar um pouco a sua actividade na
área dos Seguros lançando em Braga uma sociedade de media-
ção de seguros. O seu objectivo na altura era ser uma sociedade
de mediação de referência naquele mercado, embora no merca-
do regional. No percurso entre 1999 e 2006 já se afirmava como
uma sociedade de mediação de referência», relata Luís Cervantes
que após uma breve pausa, prossegue para lembrar que a partir
Dezembro 2011 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Dezembro 2011
› GRanDE EnTREVisTa
de 2006 a empresa começou a fazer a sua reflexão e desde logo
houve uma questão que se colocou. «Se já somos no mercado re-
gional uma empresa mediadora de referência, vamo-nos ou não
expandir?».
Luís Cervantes lembra que já naquela época uma grande preocu-
pação que existia era reforçar a empresa do ponto de vista de qua-
lidade dos Recursos Humanos, que ainda hoje é uma pedra basi-
lar na estratégia da Sabseg. «E com esse reforço de qualidade em
termos de Recursos Humanos, a empresa deu um passo precioso
para a segunda fase que se traduziu no processo de aquisição de
algumas empresas na Região Norte. Primeiro expandimo-nos no
Minho chegando depois um pouco até ao Porto. Isto é um proces-
so que aconteceu entre 2006 e 2009 e que condiz com a primeira
fase das aquisições da Sabseg», recorda Luís Cervantes, que de-
senvolve o seu discurso afirmando que a partir de 2009 «fez-se
uma reflexão ainda mais aprofundada, que foi pensarmos no que
seria necessário fazer para passarmos a ser uma empresa de re-
ferência nacional e de expansão também a nível internacional»,
refere Luís Cervantes, para sublinhar também que se seguiria de-
pois um maior reforço de profissionais, pessoas que tiveram per-
cursos muito enriquecedores em empresas de seguros, algumas
de grande nomeada, e que vieram fortalecer mais os activos da Sa-
bseg. «Então, aí, lançou-se a terceira fase de expansão da empresa
que foi aumentar a capilaridade no mercado nacional através da
aquisição de sociedades de mediação que fossem referência em
cada uma das zonas do País e que tivessem uma grande qualidade
de capital humano, e avançámos para a expansão internacional.
Nós, mais do que fazer aquisições para aumentarmos dimensão,
quisemos, através dessas pessoas, trazer qualidade para dentro do
Grupo Sabseg», salientou Luís Cervantes, com tempo ainda para
lembrar que esse recrutamento de capital humano obedeceu sem-
pre a critérios muito rigorosos em termos de análise e selecção.
Com sede em Braga, a Sabseg está hoje espalhada um pouco por
todo o País. Está também em Lisboa, Porto, Coimbra, Viana do
Castelo, Barcelos, Guimarães, Joane, Estarreja, Aveiro, Pombal,
Leiria, Fátima, Ansião, Setúbal, Torres Novas, Porto de Mós, Vila-
moura e Funchal.
internacionalização: Um passo importante e decisivoE como é que começou o processo de internacionalização da Sa-
bseg?! Luís Cervantes ajudou-nos a esclarecer este ponto funda-
mental da vida da sua empresa. «O processo de internacionaliza-
ção iniciou-se em Angola e teve algumas particularidades. A partir
de determinada altura, e estamos a falar de 2008 e 2009, aquilo
que começámos a sentir é que uma parte substancial dos nossos
clientes estavam eles próprios em processo de internacionaliza-
ção, como era o caso do sector da Construção. Nessa área, nós ao
constatarmos que as empresas se internacionalizavam, confron-
támo-nos com o seguinte paradigma: “Ou vamos também prestar
serviços de gestão de risco para esse mercado, ou então alguém vai
fazer esses novos mercados por nós, e podemos correr o risco de
perder a relação com os clientes”. Então, iniciámos esse processo
através de uma parceria com o grupo Mostratus, um grupo de
grande referência no mercado angolano, que tem sido uma rela-
ção que muito nos honra e que nos apraz registar», reconheceu
Luís Cervantes para dizer ainda a este propósito que essa parceria
foi extremamente útil para a Sabseg «porque apesar de o mercado
dos Seguros ser muito competitivo em Portugal onde sentimos
que os clientes têm facilidade de encontrar outros concorrentes
fortes (estamos em concorrência perfeita), em contrapartida em
Angola o mercado de Seguros está a nascer, é mais complexo
encontrarem-se soluções, e por isso ao estármos lá presentes esta-
mos a ajudá-los a complementar essa linha de desenvolvimento»,
justificou o Administrador da Sabseg.
Bem rodeada de parceirosLuís Cervantes descreve melhor o que tem sido o processo de in-
ternacionalização da Sabseg. «Angola foi o nosso primeiro alvo
estratégico na internacionalização da empresa, depois fizemos
uma expansão para Espanha com uma Joint Venture com a RSM
Correduria de Seguros, isto porque constatámos através de várias
observações que havia em Espanha uma componente tecnológica
muitíssimo interessante e algumas abordagens que a Sabseg po-
dia importar para o mercado português. E este corretor de seguros
sedeado em Barcelona é o parceiro ideal para fazermos esta inte-
racção. Espanha foi, portanto, o segundo país a figurar no nosso
processo de internacionalização. Seguiram-se depois Moçambi-
que e o Brasil».
Perguntámos a Luís Cervantes se tinha sido fácil encontrar em
Angola recursos humanos à altura das exigências e responsabili-
dades que um processo desta natureza comporta. E o Administra-
dor da Sabseg não hesita na resposta. «Esse é um dos principais
desafios que temos tido em cada um dos países onde operamos.
Em cada um destes países procurámos saber quem são os profis-
sionais mais referenciados no sector e fomos desafiá-los para um
projecto diferente. Quer em Angola e quer em Moçambique há
um aspecto muito interessante: o sector das Corretagem está a
nascer. Quem estiver connosco desde o arranque está a construir
per si um novo sector, está a ter a oportunidade de crescer com
a própria empresa. Quer em Angola e quer em Moçambique o
desafio foi nesse sentido. Eu diria que onde me parece ainda mais
difícil é no Brasil, porque neste país também existe alguma escas-
sez de mão-de-obra especializada, só que o Brasil é um país que
está a viver um grande crescimento económico, e o crescimento
acelerado que ocorre no sector da corretagem de seguros faz com
que os quadros qualificados nesta área acabem sempre por ter
uma grande procura», esclareceu Luís Cervantes, para em relação
ao mercado brasileiro onde a Sabseg está presente em São Paulo e
Belo Horizonte tecer mais algumas considerações.
«Grosso modo a população do Brasil é vinte vezes a população
portuguesa, a economia é dez maior que a nossa, e a dimensão da
área dos seguros é três vezes maior que o mercado português. A
margem de progressão é impressionante uma vez que o mercado
de seguros brasileiro está a crescer a uma média de 30 por cento
ao ano. Isso aconteceu em 2010 e está a verificar-se em 2011»,
sublinhou Luís Cervantes, para em reforço de ideias acrescentar
«que nós estamos a fazer o nosso percurso de internacionalização
nos países onde estamos com quadros locais, porque queremos
Dezembro 2011 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Dezembro 2011
› GRanDE EnTREVisTa
ter em cada um desses países uma matriz cultural e de abordagem
no conhecimento dos problemas, local. E só assim é que podemos
ajudar os nossos clientes que se estão a internacionalizar a terem
contactos com a cultura
local», deixou claro o jo-
vem Administrador da
Sabseg.
outros mercados externos em perspectivaAinda acerca da inter-
nacionalização, Luís
Cervantes anunciou o
interesse da Sabseg por
Cabo Verde. E a este
respeito disse. «Estamos
a estudar a hipótese de
irmos para Cabo Verde.
Agora temos é que ver
a dimensão deste mer-
cado. Este é um proces-
so que ainda está numa
fase embrionária, e só
durante o primeiro se-
mestre de 2012 iremos
ter as primeiras conclu-
sões. Mas estamos tam-
bém a olhar para a Gui-
né Equatorial e já temos
algumas informações
sobre Timor nomeada-
mente ao nível da sua in-
tegração com a Indoné-
sia, e não deixaremos de
olhar também para Ma-
cau. Portanto, nesta pri-
meira fase as economias
representativas estão em
Angola, Moçambique e
Brasil, as restantes ainda
são promessas, mas nós
queremos estar, mal as
promessas sejam quase
concretizações, nesses
países», concluiria Luís
Cervantes, Administra-
dor da Sabseg, empresa
que para além da sua
especialidade na área
dos Seguros e Gestão de
Riscos, põe à disposição
da sua vasta clientela outras linhas de negócio especializadas, tais
como a SABSEG MOTOR, SABSEG Desporto Seguro, e SABSEG
T – Transportes e Logística. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Dezembro 2011
› LUsoFonia › Brasil
sonae sierra constrói três shoppings no BrasilA Sonae Sierra tem atualmente em construção três shoppings no
Brasil, o que elevará para treze o número de espaços comerciais
que a empresa portuguesa deterá no próximo ano naquele país.
Os investimentos totais dos três novos shoppings elevam-se a 317
milhões de euros.
Atualmente, o grupo especializado no desenvolvimento de gran-
des espaços comerciais, possui em construção o Passeio das Águas
Shopping, na cidade de Goiânia,
capital do estado de Goiás, um
investimento de 167 milhões de
euros, e que se prevê abrir em
2013. Mas, já em 2012 deverão
abrir os outros dois shoppings
em construção, respetivamente,
o Uberlândia Shopping e o Bou-
levard Londrina. O primeiro de-
verá ser inaugurado no primeiro
trimestre do próximo ano e re-
presentará um investimento de
62 milhões de euros. Já quanto ao Boulevard Londrina, também
está prevista a sua abertura no próximo ano e representará um
investimento de 88 milhões de euros.
Entretanto, é de referir que já este ano, a Sonae Sierra tinha con-
cretizado a expansão do Shopping Campo Limpo, e tem atual-
mente em expansão o Shopping Metrópole.
A Sonae Sierra apresentou recentemente os seus resultados dos
primeiros nove meses do pre-
sente ano, tendo atingido um re-
sultado líquido de 27,3 milhões
de euros, um valor superior aos
14,9 milhões de euros obtidos
em período homólogo do ano
anterior. Para o resultado alcan-
çado, segundo a empresa, muito
contribuíram as vendas de ativos
na Europa e o IPO no Brasil, que
ocorreram no primeiro trimestre
deste ano. ‹
martifer ganha obra em Porto alegreDepois de ganhar as obras das construções metálicas dos estádios de futebol Fonte Nova, em Salvador da Bahia, e Castelão em Fortaleza,
a portuguesa martifer obteve recentemente a adjudicação da componente metálica das obras de construção do novo estádio de futebol
do Grémio de Porto Alegre. Se juntarmos a encomenda da obra para o Vale Verde Shopping, em São Paulo, a empresa liderada por Jorge
Martins possui uma carteira de encomendas no Brasil que já ultrapassa os 109 milhões de reais (cerca de 43,8 milhões de euros). Segun-
do dados da Martifer, as obras obtidas no Brasil já representam 18,6% da carteira de encomendas da empresa, ultrapassando o peso da
Península Ibérica, que detinha apenas 17,3% da carteira de encomendas.
Para sustentar o investimento no Brasil, a empresa decidiu criar uma unidade industrial, já em construção, em Pindamonhangaba, no
estado de São Paulo, e que representará um investimento de 4,7 milhões de euros e deterá uma capacidade de produção de 12 000 to-
neladas. ‹
EDP Brasil eleita para o Guia da sustentabilidadeA EDP no Brasil, empresa do grupo EDP Energias de
Portugal, é a única companhia do setor elétrico eleita
pelo Guia Exame de Sustentabilidade, o que ocorreu
pela quarta vez consecutiva. A premiação da EDP é
o resultado da adoção dos conceitos de inovação e
sustentabilidade enquanto valores fundamentais na
estratégia e atuação do grupo no Brasil.
Não foi pois por acaso que a EDP constituiu a pri-
meira empresa brasileira a implementar um con-
ceito que designou de Inovabilidade, que promove
a integração das políticas e práticas de inovação e
sustentabilidade.
De referir que neste ano, a empresa liderada por
António Pita de Abreu, lançou o programa Inovci-
ty, projeto que tornará o município de Aparecida, a
primeira cidade dotada de uma rede inteligente de
energia (Smart Grid) no estado de São Paulo.
Ainda no Brasil, a EDP Escelsa, distribuidora elétri-
ca do grupo no estado do Espírito Santo, inaugurou
no passado dia 11 de Novembro, uma subestação de
energia elétrica de Vila Rica, em Cachoeiro de Ita-
pemirim, no sul deste estado do litoral brasileiro. A
nova subestação serve uma população de cerca de
100 mil pessoas, além de contribuir para o suporte
do crescimento económico que a região regista atu-
almente. ‹
Efacec com novos contratosA operação brasileira da Efacec vai de vento em popa, fruto do crescimento
registado nos setores da engenharia elétrica, projetos e indústria de trans-
formadores. O último contrato obtido pela empresa aconteceu no estado do
Pará, no norte do Brasil, para a ampliação da subestação de Marabá.
A Efacec possui a sua sede brasileira em São Paulo, e conta com unidades
industriais também no estado de São Paulo e no estado da Bahia. Nos vários
projetos que a empresa portuguesa tem obtido no país, destacam-se o siste-
ma de automação e proteção para a rede de tração elétrica da nova linha e
das subestações de tração da expansão do metro de São Paulo, além de proje-
tos para a CTEEP e Bandeirante, o fornecimento de sistemas de supervisão,
controle, e proteção para três subestações, além da instalação do sistema de
esteira de bagagens no aeroporto Juscelino Kubitsck, em Brasília. ‹
Galp tem novo parceiro no BrasilA Galp Energia concretizou a anunciada venda de
30% do capital da Petrogal Brasil à empresa chinesa
Sinopec, por 4,8 mil milhões de dólares, que visará o
aumento de capital da petrolífera no país e permiti-
rá alavancar também o seu ambicioso programa de
investimentos no país, nomeadamente no pré-sal bra-
sileiro. A Galp passará assim a deter 70% do capital
da Petrogal Brasil, o que permitirá à petrolífera por-
tuguesa continuar a deter o controlo da companhia
brasileira, bem como a consolidar os seus ativos e re-
sultados no balanço da própria Galp Energia. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Dezembro 2011
› LUsoFonia › Brasil
Enquanto inaugura primeira loja “TAP Partner” no nordeste brasileiro, Diretor da companhia aérea portuguesa
Pediu mais divulgação do Rio Grande do norteo Diretor da TAP no Brasil, Mário de Carvalho, aproveitou
a cerimónia de inauguração da primeira loja “TAP Part-
ner” no nordeste brasileiro, no caso na cidade de Natal,
para pedir mais ações de divulgação do Rio Grande do Norte. O
responsável português sublinhou acreditar que o «turismo em
Natal poderia crescer se houvesse uma maior divulgação deste
destino do Nordeste brasileiro, aliado a estratégias de preços mais
baixos na hotelaria local e nos serviços oferecidos».
É que ainda segundo Mário de Carvalho, «apesar de Natal ser um
destino bastante procurado e bastante atrativo para o europeu,
com a crise na Europa e no resto do mundo houve um decréscimo
do fluxo de passageiros que vinham para cá.
Isso faz com que seja absolutamente necessário que as entidades
públicas turísticas – do País, secretaria estadual, municipal – te-
nham um posicionamento mais forte com a divulgação».
Em Natal, o diretor da TAP no Brasil aproveitou para inaugurar
a primeira loja “TAP Partner”, uma parceria com o Grupo Aritu-
ba, cujo responsável, Abdon Gosson, referiu na ocasião que a loja
“TAP Partners” «será um ponto de referência da TAP no Rio Gran-
de do Norte». ‹
Turistas brasileiros aquecem Portugal
O número de turistas brasileiros a demandarem Lisboa e
Portugal não param de aumentar, registando crescimentos
há sete meses consecutivos. Segundo dados do Instituto
Nacional de Estatística, em Setembro deste ano, os brasi-
leiros em turismo em Portugal subiram 26,2% face a igual
mês do ano passado, por exemplo, mais do dobro do au-
mento registado com os turistas britânicos que cresceram
apenas 10,8%.
Já em Agosto, os turistas brasileiros tinham aumentado
34,3%, enquanto no anterior mês de Julho, o aumento ti-
nha-se cifrado em 32,5%. O mês de maior subida este ano
foi o mês de Março, com uma subida de 54,9%. ‹
sPi no maranhãoA Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI), apresentou os seis projetos
selecionados para integrar o Cluester de Turismo em São Luís do Mara-
nhão, capital do estado nordestino do Maranhão, no Brasil.
Os projetos do Cluester incluem iniciativas de “Diplomacia Econó-
mica”, envolvendo o Hotel Luzeiros, a SPI, a Sempre e a Setur, um
“Observatório do Turismo com a Universidade Federal do Maranhão,
um Centro de Atendimento aos turistas, envolvendo o Sindihorbs, a
Abrasel e a Setur, um Guia do Investidor, com a intervenção da As-
sociação dos Jovens Empresários do Maranhão, um Portal do Cluster,
envolvendo a Chias Marketing, a SPI e a Setur, e finalmente uma Rede
Certificada de Empresas, onde intervirão o Sebrae-MA, a Fiema, a As-
sociação Comercial do Maranhão e a Setur.
Presente já no Brasil há algum tempo, a SPI realizou recentemente
uma série de contatos no mercado brasileiro, com reuniões em São
Paulo, Brasília, São Luís e Rio de Janeiro. ‹
agronegócio brasileiro em forte crescimentoO agronegócio brasileiro registou um crescimento de 22,6% nas ex-
portações de Outubro do corrente ano em relação ao mesmo mês do
ano anterior, passando de 6,99 mil milhões de dólares para 8,58 mil
milhões de dólares neste Outubro. Se for considerado o acumulado
de Novembro de 2010 a Outubro de 2011, as exportações oriundas
do agronegócio brasileiro alcançou o patamar de 91,9 mil milhões
de dólares, um acréscimo de 24,4%.
Segundo informações da Secretaria de Relações Internacionais do
Ministério da Agricultura, detaca o complexo sucroalcooleiro como
o principal exportador em Outubro, com 1,68 mil milhões de dó-
lares de produtos embarcados, representando 19,5% de todas as
exportações do agronegócio. De entre os produtos brasileiros mais
vendidos, seguem-se a soja com um valor de 1,39 mil milhões de
dólares, o café com o registo de 885 milhões de dólares e as fibras e
produtos têxteis, com 421 milhões de dólares. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Dezembro 2011
› LUsoFonia › Brasil
Comércio entre Portugal e o Brasil continua a crescer
Quase 2,5 mil milhões de dólares até outubro
o comércio entre Portugal e o Brasil continua a crescer, tendo atingido nos primeiros dez meses do presente ano a cifra global de
2,44 mil milhões de dólares, valor que ultrapassar o valor máximo anual das trocas comerciais luso brasileiras e que já datavam
de 2008, quando nesse ano se atingiram 2,3 mil milhões de dólares.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil (MDIC), este país atingiu no conjunto dos
primeiros dez meses de 2011, um volume de exportações para Portugal na ordem dos 1,81 mil milhões de dólares, um valor superior em
51% face ao período homólogo de 2010. De realçar o salto espetacular dado pelas vendas de petróleo brasileiro a Portugal, que passaram
de 353 milhões de dólares em 2010 para os 1,03 mil milhões de dólares nos primeiros dez meses de 2011. O segundo produto mais
exportado do Brasil para Portugal é a cana-de-açúcar, que representa 5,5% das exportações brasileiras para o nosso país, seguindo-se os
laminados de ferro com 3,1% e a soja somente com 2,9%.
Já quanto às exportações portuguesas para o Brasil, segundo o MDIC, nos primeiros dez meses deste ano atingiram o valor de 635,9
milhões de dólares, um valor superior em 40% face ao mesmo período do ano transato. O azeite continua a ser o produto português
mais exportado para o Brasil, com uma quota superior a 20%, seguindo-se o bacalhau (cerca de 10%), o minério de cobre e o vinho. ‹
Vinhos do Dão em roadshow brasileiroVárias marcas de vinhos da região vitivinícola do Dão, rea-
lizaram um novo roadshow por várias cidades brasileiras,
onde puderam mostrar os seus melhores néctares. Os vinhos
do Dão cresceram em 22% as suas vendas nos primeiros dez
meses deste ano para o Brasil, e os produtores da região ten-
tam aproveitar para promoverem ainda mais essa crescente
notoriedade em terras de Vera Cruz. Os vinhos foram mos-
trados no Hotel Tivoli em São Paulo, no restaurante Soho
em Brasília, e no Mar Hotel em Recife, sempre dirigidos a
uma plateia composta por profissionais do setor, jornalistas
e convidados. A missão foi chefiada por Arlindo Cunha, pre-
sidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão. ‹
iT Peers em Porto alegreA tecnológica portuguesa IT Peers estabeleceu uma parceria
com a brasileira Decision IT para o lançamento das ferramentas
Datapeers e Multipeers no mercado brasileiro, tendo sido a cida-
de de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, cons-
tituído o local escolhido para as apresentações das duas soluções.
O papel da empresa brasileira nesta parceria será o de atuar na
venda, implantação e suporte de 1º e 2º nível de ambas as so-
luções, focadas na gestão da mobilidade e segurança de dados.
Segundo fonte da Decison IT, o objetivo passa por conseguir no
primeiro ano uma meta de conquista de 10 novos projetos no
Brasil. A sede da IT Peers em Portugal é em Leça do Balio, próxi-
mo da cidade do Porto. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Dezembro 2011
› amBiEnTE
José Gonçalves, Presidente dos SMAS de Almada
«Estamos a lançar medidas para as famílias em dificuldades»
Em entrevista que concedeu à País €conómico o presidente dos SMAS de Almada
congratula-se com o novo regulamento que esteve em discussão pública até 30 de
Novembro passado que vai permitir às familias mais carenciadas o acesso a 5 metros
cúbicos de água totalmente gratuitos. «Quer isto dizer que os escalões aumentam de
acordo com o número de pessoas que fazem parte do agregado familiar, no sentido de
garantir este mínimo de 5 metros cúbicos de água, que são essenciais à vida humana»,
esclareceu José Gonçalves que sublinha ainda o facto de a partir de Janeiro de 2012
os índices de cobertura de abastecimento de água e saneamento básico atingirem no
concelho de Almada os 100 por cento».
TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
Uma instituição como os SMAS de Almada que em Janei-
ro de 2012 assinalará 61 anos de vida tem cada vez mais
uma responsabilidade social acrescida. E agora mais do
que nunca, porque o concelho de Almada à semelhança do que
acontece em todo o País, vive graves situações originadas princi-
palmente pelo desemprego.
Mas José Gonçalves, presidente dos SMAS de Almada diz que
o executivo a que preside está mais do que nunca atento às si-
tuações das famílias menos protegidas. «Tivémos em discussão
pública até 30 de Novembro passado um novo regulamento de
águas e águas residuais que embora sob a égide dos SMAS de Al-
mada é, no fundo, um regulamento municipal que vai determinar
a forma de gestão na relação da nossa actividade com os cidadãos.
Este regulamento visa igualmente cumprir orientações da entida-
de reguladora – a ERSAR – e da legislação actual. isto porque os
regulamento que tínhamos em vigor já eram de há muitos anos,
e este novo regulamento assume alguma dessa filosofia nacional
mas também muito do que é a nossa própria experiência e a nos-
sa forma de actuação», esclareceu José Gonçalves que sobre esta
problemática foi mais além.
Dificuldades financeiras não impedem acesso à água«Este novo regulamento estipula duas questões que eu desejaria
desde já destacar porque me parecem muito relevantes levando
em consideração o quadro em que nos encontramos neste mo-
mento. A primeira questão é reconhecer que cabe à entidade ges-
tora da água a garantia do acesso de todos a este bem essencial.
Quero dizer com isto que nós, SMAS de Almada, garantímos que
ninguém fica sem água e que ninguém fica sem estar ligado à
gestão do saneamento só porque tem dificuldades financeiras. E
neste regulamento o que é que estipulámos? Reconhecer que há
um mínimo de água que é indispensável à vida humana, e que
tecnicamente se estipulou em 5 metros cúbicos. Estes 5 metros
cúbicos podem ser gratuitos para as pessoas que tenham neces-
sidades. Ficou determinado neste novo regulamento que quem
tiver dificuldades pode pedir a isenção de todas as taxas e do pa-
gamento do preço da água até aos 5 metros cúbicos e também do
saneamento, e para as chamadas famílias numerosas estipulou-se
o mesmo conceito. Quer isto dizer que os escalões aumentam de
acordo com o número de pessoas que fazem parte do agregado
familiar, no sentido de garantir a todos este mínimo de 5 metros
cúbicos que é o essencial para a vida humana», sublinhou o presi-
dente dos SMAS de Almada, para finalizar esta análise com uma
afirmação deveras interessante. «Neste quadro queremos afirmar
que quem gere a água e o saneamento deve fazê-lo tendo como
primeira preocupação prestar um bom serviço à população, e que
este sector não deve ser visto como mais um sector económico
que tem de dar lucro. Isso não. Nós temos é que garantir que cada
pessoa tenha acesso a este bem essencial».
Os SMAS de Almada têm neste momento inscritos cerca de 107
mil clientes, embora este seja um concelho com cerca de 200 mil
pessoas. «Os beneficiados por esta medida serão uns bons milha-
res», recordou José Gonçalves para dizer que o que se verifica nes-
te momento é que os regulamentos actuais dos SMAS de Almada
já isentam em 50 por cento as taxas e o preço da água e aceitam
planos de pagamento para as pessoas que tenham dificuldades.
60 anos de muita infra-estruturaNuma observação direita efectuada à actuação que os SMAS de
Almada têm tido ao longo destes quase 61 anios de vida, repara-
mos que esta instituição tem protagonizado um percurso de Ex-
celência. «O ciclo urbano da água está a 100 por cento», garante
o presidente, lembrando que a nível da infraestruturação foram
Dezembro 2011 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Dezembro 2011
› amBiEnTE
completados 33 furos de captação, construídos 25 reservatórios e
886 quilómetros de condutas, que a conformidades da qualidade
da água se cifra hoje nos 99,78 e que a satisfação dos consumido-
res atingiu o nível dos 100 por cento.
No que diz respeitoà drenagem e tratamento de águas residuais
os valores atingidos até ao momento também são muito signifi-
cativos.
Construiram-se 1020 quilómetros de colectores, 4 estações de tra-
tamento de águas residuais, a drenagem situa-se nos 98 por cento,
e a capacidade de tratamento está nos 100 por cento.
saneamento e abastecimento de água a 100 por cento«Isto representa um trabalho gigantesco», refere José Gonçalves
com algum orgulho de, também ele, ter contribuído para todo este
sucesso. Mas isto não significa que os trabalhos terminem aqui.
«Quero anunciar que a partir de 1 de Janeiro de 2012, os SMAS
de Almada serão das poucas entidades do país que vai gerir por
inteiro todo o ciclo urbano da água. E eu explico. Nós já alguns
anos que temos uma cobertura de 100 por cento no abastecimen-
to de água, e também há anos que temos uma cobertura a 100 por
cento no tratamento das águas residuais. Com a construção das
nossas 4 Etar�s tínhamos condições para tratar todos os efluentes
do concelho de Almada e há muito tempo que essa tarefa era exe-
cutada a 98 por cento. E o que eu posso anunciar é que a partir de
Janeiro de 2012, os SMAS de Almada estarão também a 100 por
cento no saneamento. Estamos muito acima dos parâmetros que
são exigidos pela União. Tínhamos 2 de saneamento que não es-
tavam ligados à redee nós vamos fazer um esforço para ligarmos
esses 2% de saneamento que dizem respeito a populações que
estão dispersas pelo concelho e onde o acesso é muito difícil»,
chamou à atenção o presidente dos SMAS de Almada, que ainda a
propósito desta questão teceu o seguinte comentário: «Esta meta
dos 2 por cento é muito significativa se levarmos em conta de que
estamos a falar de populações dispersas onde o acesso é muito
difícil Vamos no fundo fazer assim. Tudo o que for possível ligar à
rede será ligado. O que não for possível ligar à rede, iremos buscar
á mesma o efluente, depositaremo-lo na infra-estrutura de trata-
mento e será convenientemente tratado. Portanto, os SMAS de Al-
mada em 2012 assegurarão por inteiro a gestão do Ciclo Urbano
da Água, na Água e nas Águas Residuais», anunciou o presidente
dos SMAS de Almada.
smas de almada vive em contra cicloApesar de 2011 ser um ano de crise, nem por isso os SMAS de
Almada deixarão de levar por diante as intervenções que haviam
programado. «Nós aqui estamos a viver uma bocadinho em con-
tra ciclo. Enquanto outras entidades deixam de investir, os SMAS
de Almada continuarão com fortes investimentos. O ano de 2012
apresenta-se para nós como o ano em que queremos fazer mais
entre os últimos anos. A nossa única dificuldade é não sabermos
neste momento se as empresas terão condições para responde-
rem ao nosso desafio. Sabemos que há muitas empresas que estão
a passar por dificuldades, mas no fundo o que nós podemos ga-
rantir é que todas as obras que os SMAS de Almada lançam eles
têm condição imediata para as pagar. Nós não lançamos obras
para as quais não tenhamos verbas para as pagar, pagamos a tem-
po e horas e, sendo assim, as empresas podem contar com a nossa
disponibilidade. E temos portanto um grande investimento que
decorre de obras que iniciámos este ano, mas também de obras
que iremos lançar em 2012», referiu José Gonçalves, para aiantar
alguns números muito elucidativos.
«O nosso orçamento para 2012 é de 33,3 milhões de euros, e des-
se valor temos 14,9 milhões para investimento na renovação de
redes, na construção dos 2% de saneamento que ainda nos falta
para atingirmos a cobertura dos 100 por cento e na renovação de
equuipamentos nas nossas centrais, nos nossos furos, nasnossas
condutas.
Temos cinco grandes obras em curso e que queria salientar.
A obra da Quinta da Bomba que é uma obra plurianual, que já
está neste momento em execução e que representam cerca de 10
milhões de euros. Vamos fazer a renovação do emissário domés-
tico do Torrão à Trafaria, uma grande infra-estrutura. Estamos a
avançar com a Estação Elevatória da Tagol e estamos a construir
a segunda fase da renovação da rede do Feijó, uma obra orça em
1,4 milhões de euros.
Também avançaremos muito em breve com a renovação da
rede da água e esgotos da Rua da Liberdade em Almada, e em
2012 pretendemos também renovar a rede de águas residuais da
Quinta da Alegria, em Almada. É , portanto, um pacote financei-
ro imenso de grande investimento, para cujas obras os SMAS de
Almada têm financiamento garantido», concluiu o presidente dos
SMAS de Almada. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Dezembro 2011
› EnERGia
António Sá da Costa, presidente da APREN – Associação de Energias Renováveis
«Temos aproveitado o potencial hídrico»
Para o presidente da APREN, o facto da electricidade de origens renováveis representar
neste momento cerca de 50 por cento da electricidade consumida em Portugal significa
que estamos no bom caminho. Em entrevista à País €conómico Armando Sá da
Costa dá nota positiva ao comportamento das energias renováveis, acredita que a crise
(infelizmente) vai ajudar-nos a cumprir Quioto, e sublinha que temos sabido aproveitar o
potencial hídrico.TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
antónio Sá da Costa disponibili-
zou-se desde logo a prestar uma
opinião sobre este assunto, mas
fê-lo dando “um passo atrás” no tempo.
«A primeira electricidade que se produziu
em Portugal no século XIX era cem por
cento renovável: provinha de centrais hí-
dricas. Depois foram surgindo e houve
centrais que abasteciam as zonas locais.
Havia uma na zona da Serra da Estrela,
na Covilhã, outra em Vila Real. Foram sur-
gindo assim. As centrais foram-se interli-
gando e apareceram as de maior dimen-
são como a de Castelo do Bode e outras
barragens que foram feitas com centrais
associadas. Houve uma determinada altu-
ra em que o consumo começou a crescer
muito e as centrais hídricas já não se con-
seguiam implementar com a mesma rapi-
dez e, então, começaram-se a instalar cen-
trais termoeléctricas. Houve outra altura
em que se deu um impulso muito grande,
primeiro ao carvão, depois ao fuel, e agora
ao gás natural», descreveu o presidente da
APREN, que após uma breve pausa apro-
veitaria para desenvolver melhor o seu
raciocino.
«Entretanto a tecnologia foi-se aperfeiço-
ando e retomaram-se as centrais hídricas
(embora nesta leva com uma filosofia di-
ferente da inicial), inicialmente olhava-se
para o recurso que não era optimizado e
procurava-se satisfaz um consumo que
era diminuto, hoje em dia o consumo é
muito maior, mas como existem outras
tecnologias de produção de electricidade,
por um lado, mas também de gestão da
Rede Eléctrica, por outro, leva a que a fi-
losofia das hídricas seja diferente. Mas há
uma coisa importante. Procurou-se apro-
veitar ao máximo o potencial hídrico (nós
temos mais chuva no Outono e Inverno do
que temos na Primavera e Verão), como se
está a tirar partido das características que
têm os aproveitamentos hidroeléctricos
que mais nenhum outro tem. Por exem-
plo, o aproveitamento do Alto Lindoso, é
actualmente o mais potente centro produ-
tor hidroeléctrico instalado em Portugal,
localizando no rio Lima, a escassas cente-
nas de metros da fronteira com Espanha,
e tem instalado 640 Megawatts».
António Sá da Costa faz uma nova pausa
no seu esclarecimento para lembrar que
não controlamos a chuva. «O São Pedro
não entra neste negócio e, sendo assim,
numas vezes temos anos húmidos, nou-
tras temos anos secos, e há aqui uma va-
riação de humidade. No ano passado nós
tivemos mais de 50 por cento porque foi
um ano com 30 por cento acima da média,
e nesta coisa das estatísticas (e tudo isto
é controlado por Bruxelas) um país não
pode ser beneficiado quando é húmido,
nem pode ser prejudicado quando o ano é
seco. Portanto, existem formas de atenuar
isso. E a relação que existe em Portugal en-
tre um ano seco e um ano húmido, é que
um ano húmido pode produzir (como foi
2010) três a três vezes e meia mais elec-
tricidade de origem hídrica do que num
ano seco. Ponderado esse factor tivemos
de facto uma percentagem na casa dos 43
por cento, mas mais interessante é este
ano de 2011 em que o ano hidrológico
está ligeiramente abaixo da média (97%
da nédia) e nós temos também uma per-
centagem ponderada que também anda
na casa dos 47 a 49 por cento. E porquê?
Porque há outras fontes renováveis que
começaram a contribuir. Estou a referir-
-me concretamente à Eólica, a variação
entre um ano muito ventoso e um ano
pouco ventoso anda na casa dos 10 por
cento, na questão da Biomassa vale cerca
de 4 por cento, depois o Solar Fotovoltaico
que varia pouco de ano para ano. Peso bas-
tante tem a Eólica onde estamos a falar de
valores à volta dos 17 por cento», referiu o
presidente da APREN.
cumprir (ou não) QuiotoCom este cenário estamos a cumprir
Quioto? «Estamos no caminho. Não nos
podemos esquecer que a electricidade re-
presenta um bocadinho menos de 30 por
cento do consumo de energia, e que temos
mais 70 por cento do outro lado», subli-
nha o presidente da APREN, para lembrar
depois que desses 70 por cento qualquer
coisa como 40/45 por cento tem a ver com
os transportes. «E estes é que não estão
a contribuir da forma que deviam para
Quioto. A outra parte é a energia gasta no
calor e gasta na indústria, e ai, sim, está-se
a cumprir mais ou menos porque hoje em
dia com a globalização a energia também
é um factor de competitividade», reve-
Dezembro 2011 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Dezembro 2011
› comÉRcio aLimEnTaR
Lusiaves inaugurou nova unidade de produção de frangos próximo da Figueira da Foz
E apresentou novos produtosA maior empresa portuguesa do setor da produção de aves, a Lusiaves, acabou de
apresentar novos produtos no mercado português, na melhor tradição da empresa em
inovar para garantir a liderança do mercado e dotar o consumidor de maiores e melhores
alternativas alimentares. Por outro lado, na estratégia de crescimento, a Lusiaves inaugurou
também recentemente a nova unidade de produção de frangos na Quinta da Charneca,
próximo da Figueira da Foz, onde produzirá anualmente 2,86 milhões de frangos.
TExTo › MANUEL GONÇALVES | FoToGRaFia › ARQUIVO
a Lusiaves lançou recentemente uma nova gama de pro-
dutos, sobretudo na área dos marinados e dos panados,
mas igualmente no que respeita à área dos hambúrgue-
res de peru, de frango, além de carne picada de aves e de almôn-
degas de aves. Como sublinhou a empresa em comunicado, todos
estes novos preparados de carne de aves com qualidade cem por
cento portuguesa.
As novidades que a Lusiaves introduziu no mercado respeitam es-
sencialmente à área dos panados, com os novos bifes de frango e
de peru, tudo pronto a cozinhar, pois aliam à sua superior qualida-
de a facilidade de confeccionar, visto que são disponibilizados ao
mercado já temperados e prontos para em pouco tempo estarem
prontos para a refeição.
De igualmente forma, para além dos panados, a Lusiaves apostou
numa nova gama de produtos marinados, tendo por base o fran-
go. Nos novos produtos agora comercializados, igualmente uma
referência especial para o Rôti de Peru e o Cordon Bleu de Peru.
Todos estes novos produtos foram possíveis devido ao investi-
mento da empresa numa nova linha automatizada e que respeita
integralmente as mais exigentes normas de segurança alimentar.
A Lusiaves inaugurou também uma nova unidade de produção
de frangos na Quinta da Charneca, localizada em Lavos, concelho
da Fogueira da Foz. É uma unidade com uma área total de 133
mil metros quadrados, composta por 11 pavilhões de produção de
frangos, cada um com capacidade de 440 mil frangos anualmen-
te, totalizando este projeto uma produção anual total de 2,86 mi-
lhões de frangos. A produção nesta unidade visa cumprir todos os
requisitos de produção de frangos, bem-estar animal, ambientais
e de higiene e segurança no trabalho com o objetivo de produzir
um produto de qualidade. ‹
la António Sá da Costa que ainda sobre
Quioto, diria. «Infelizmente a crise econó-
mica vai-nos ajudar a cumprir Quioto.
Porquê? Porque não estamos a usar conve-
nientemente a energia que consumimos,
desbaratamos a energia que consumimos,
isto porque andamos a pensar que a ener-
gia é barata e porque não estamos a pagar
os verdadeiros custos da energia, nome-
adamente da electricidade», elucidou o
nosso entrevistado.
aPREn - 23 anos a defender o sectorA defender o potencial energético desde
1988, numa época em que a oferta secto-
rial praticamente se cingia à produção hi-
droeléctrica, a APREN tem desenvolvido
ao longo dos últimos 23 anos um conside-
rável trabalho de estudo e reflexão que é
reconhecido nacional e internacionalmen-
te. Este facto deixa orgulhoso o presidente
da APREN. «Quando nós fazemos um tra-
balho e esse trabalho é reconhecido isso
orgulha-nos, e não é pelos meus lindos
olhos que cerca de 90 por cento da electri-
cidade produzida a partir da produção de
regime especial renovável está semeada
na APREN.
Fizemos 23 anos em Outubro passado e
desde sempre que temos vindo a defender
o sector e conseguimos congregar bastan-
tes vontades», reconhece António Sá da
Costa.
Alguns empresários portugueses da área
das energias renováveis que a P€ entre-
vistou recentemente não escondiam a
sua apreensão face a possíveis cortes nas
ajudas ao sector por parte do Governo.
António Sá da Costa disponibilizando-se
a comentar esta questão.
«Eu diria que há duas questões que são
fundamentais nesta apreciação. Uma é
o contexto em que o País está em que se
estão a ser exigidos esforços quer a nível
individual quer a nível empresarial. E este
sector não pode dizer que não, porque te-
mos aqui uma protecção muito especial
e estamos dispostos a ouvir e a perceber
o que se passa. Mas depois há também
outra questão que é muito importante. É
que foram definidas determinadas regras
que a serem violadas põem em causa a so-
brevivência das próprias empresas. Quero
dizer com isto que foram estabelecidos de
acordo com a legislação contratos celebra-
dos entre os produtores de electricidade
a partir de fontes renováveis e o comer-
cializador de último recurso que é a EDP,
serviço universal.
Contratos celebrados com a legislação
e esses contratos levaram ao desenvol-
vimento dos projectos de determinada
maneira e que eles fossem financiados
de uma determinada maneira. São os
chamados Project Finance que tem con-
dições muito estreitas na forma como
as autoridades financiadoras financiam
os projectos», expressou o presidente da
APREN, que questionado sobre a relação
desta entidade com a tutela, respondeu.
«Mantemos sempre um diálogo constru-
tivo pois queremos fazer parte da solução
e não fazer parte do problema», concluiu
António Sá da Costa. ‹
› EnERGia
Dezembro 2011 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Dezembro 2011
› comÉRcio aLimEnTaR
Pedro Cruz, Director-Geral da Gallo Wordwide
«o azeite Gallo é o quinto mais vendido no mundo»
Em entrevista concedida á País €conómico o director-geral da Gallo Wordwide fez
questão de sublinhar que o Brasil é hoje o seu maior mercado externo. Pedro Cruz
referiu que a marca Gallo sozinha representa nos dias de hoje 14 por cento do total das
exportações portuguesas para aquele país irmão. «Para além disso é oportuno dizer que
o azeite Gallo é o quinto mais vendido em todo o mundo e que em termos de exportação
exportamos para 47 países.TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
Pedro Cruz, director-geral da Gallo
Wordwide disse à P€ que o ob-
jectivo da separação da empresa
do universo da Jerónimo Martins «veio
dar-nos a possibilidade de nos focalizár-
mos no desenvolvimento do negócio de
azeite, em particular devido ao facto de
ser um negócio com uma presença in-
ternacional na sua génese, e que por es-
tármos focalizados no negócio facilitaria
essa expansão intenacional. Esse facto
tem-nos permitido não só aumentar geo-
graficamente a nossa presença no estran-
geiro (nós hoje já estamos em 47 países)
mas também aumentar e reforçar a pre-
sença nos mercados onde já estávamos».
O nosso entrevistado debruçar-se-ia sobre
os mercados externos onde o Azeite Gallo
está presente, sublinhando que o princi-
pal mercado actualmente é o Brasil. «O
nosso maior mercado é o Brasil. A marca
Gallo sozinha representa 14% do total das
exportações portuguesas para o Brasil».
Em relação ao mercado brasileiro, Pe-
dro Cruz fez questão de relembrar que a
Gallo «é uma marca com uma presença
bastante antiga no Brasil. Nós em 1908 já
estávamos presentes na primeira exposi-
ção comemorativa da abertura dos portos
brasileiros a nivel internacional, o que não
deixa de ser um registo muito válido»
Brasil com crescimento galopanteA Gallo é mesmo uma marca centenária?
Pedro Cruz não hesitou na resposta. «A
marca Gallo foi registada em 1919, mas de
facto ela já existia no princípio do século,
em 1900, mas naquele tempo as pessoas
não se preocupavam muito em registar as
marcas. Portanto, só podemos dizer que
ela existe desde 1919. Já estamos há muito
tempo no Brasil e vivemos lá tempos mais
difíceis e tempos mais fáceis. Eu diria que
nos últimos dez anos o Brasil tem mani-
festado uma pouco habitual estabilidade
e até imprevisibilidade das condições eco-
nómicas, que é uma coisa que não existia
até então. Estou-me a referir aos períodos
da alta inflacção e de oscilações muito
grandes quer da taxa de câmbio quer da
disponibilidade de divisas para aquirir
bens.
Assim, nos últimos dez anos não tivémos
a felicidade de poder contar com a tal es-
tabilidade, com uma qualidade muito boa
do ponto de vista económico, e também
com uma valorização do real que permite
que os nossos produtos acabem por ficar
mais acessíveis aos consumidores. Con-
sumidores esses que também passaram
a dispor de mais rendimento disponível,
factor que faz o mercado crescer de uma
maneira considerável», comentou Pedro
Cruz.
O director-geral da Gallo Wordwide não
se mostrou muito preocupado com o ce-
nário que se vive à escala planetária e que
também, de certa maneira, afecta a econo-
mia do Brasil, uma das que mais crescem
em todo o mundo.
«Acho que não me tenho de preocupar
e, sim, olhar para o Mundo como ele é. O
Brasil vai ser uma das duas ou três eco-
nomias galopantes que vão crescer no
próximo ano e nos próximos dois anos.
Será provavelmente o Brasil, a China, e
em 2013 talvez os EUA possam vir a recu-
perar o crescimento».
na Venezuela há mais de cinquenta anosMas a Gallo Wordwide não vive somente
do Brasil em termos de mercado externo?
– Insistimos. «Isso não. O Brasil é somen-
te o nosso melhor mercado em temos
de mercado externo, mas temos outros
mercados onde actuamos. A Gallo é uma
marca destacada em toda a América La-
tina e podemos dizer que no Brasil e na
Venezuela temos funcionado bastante
bem. Em relação à Venezuela mais uma
vez estamos a falar de um mercado onde
a Gallo está há mais de cinquenta anos.
É, portanto, a marca líder
destacada desse mercado,
que faz parte da vida dos
venezuelanos e os venezue-
lanos vêm nela uma marca
de prestígio e de confiança.
Inclusivamente uma gran-
de parte dos venezuelanos
acham que a Gallo não é
uma marca portuguesa por-
que Gallo está escrito com
dois “l” que é como se escre-
ve em Espanha e, por isso,
julgam que a gallo é uma
marca de azeites espanho-
la», esclareceu Pedro Cruz.
Será que o azeite Gallo é
genuinamente português?
Pedro Cruz é pronto na
resposta e garante que a
Gallo é uma marca de azeite
«fundamentalmente portu-
guês». «Não quer isto dizer
que ao longo da campanha
não haja necessidade de
comprar azeites de outros
sítios para assegurar aqui
o perfil de sabor idêntico
àquele azeite que nós con-
cebemos.
O azeite que vendemos no
Brasil não é idêntico ao
azeite que vendemos em
Portugal porque o sabor é
diferente, e as preferências
do consumidor brasileiro
têm muito pouco a ver com
as preferências do consumi-
dor português».
Embora a Gallo Wordwide
seja uma empresa com uma
forte presença no mercado
externo não significa que
descure o mercado interno.
Pedro Cruz vai directo à
questão.
«Nós continuamos a querer
desenvolver o mercado do
azeite em Portugal, embora Portugal seja
um país com um consumo per capita bas-
tante baixo. Se nos compararmos com ou-
tros países produtores de azeites da Bacia
Mediterrânica, nós temos um consumo de
cerca de 7 quilos por ano, onde a Espanha
pode ter 11, a Itália 14 e a Grécia 21 quilos
per capita. Há uma margem de progres-
são ainda muito grande e daí o facto de
estármos atentos à evolução do mercado
português, de o acarinharmos sobrema-
neira». ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Dezembro 2011
› VinicULTURa
Quinta dos Abibes
Vinhos sublimesPropriedade de Francisco Batel Marques, professor catedrático da Faculdade de Farmácia
da Universidade de Coimbra, que para além desta sua profissão é um enófilo por
natureza, a Quinta dos Abibes é hoje um marco de referência no mundo dos vinhos,
mercê de um trabalho afincado e extremamente apaixonante que de há anos a esta
parte vem sendo levado a cabo por Francisco Batel Marques na defesa intransigente
dos afamados Vinhos da Bairrada. «Foi um investimento no sector primário, sector
vital da economia do País e da Região da Bairrada», sublinhou à País €conómico o
administrador da Quinta dos Abibes.
TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
Podemos afirmar sem rodeios que
a Quinta dos Abibes, situada no
sopé da Serra do Buçaco, fregue-
sia de Aguim, concelho de Anadia é hoje
um projecto todo ele construído com
paixão. Paixão pela vinha e pelos vinhos
como elemento estruturante da nossa cul-
tura.
Adquirida em 2002 por Francisco Batel
Marques, conhecido docente da Faculdade
de Farmácia da Universidade de Coimbra,
hoje com 53 anos de idade e que durante
toda a sua vida, como ele próprio nos con-
tou, tem um gosto especial pela vinha e
pelo vinho pelo facto de desde sempre ser
um enófilo, a Quinta dos Abibes permane-
ceu durante 12 anos em total abandono.
Como é que um professor catedrático
decide fazer parte da história da Quinta
dos Abibes? Francisco Batel Marques, que
recebeu os jornalistas em Verdemilho,
concelho de Aveiro, onde está localizada a
sede da empresa, fez de imediato questão
de esclarecer os jornalistas da P€ que o
gosto pelo vinho e o facto de desde sem-
pre ser um enófilo, «pesou bastante na
decisão de adquirir a Quinta dos Abibes,
mesmo no estado de abandono em que
ela se encontrava à data da aquisição».
Francisco Batel Marques é um homem
frontal e de diálogo fácil. E gosta de falar
sobre o significado do vinho através dos
séculos. Diz que gosta do vinho enquanto
elemento cultural, não do vinho apenas
como bebida que acompanha uma refei-
ção. «Eu costumo dizer que provavelmen-
te o traço comum a várias civilizações que
nós temos é o vinho, e talvez o sal. O vinho
é o elemento estruturante à nossa civiliza-
ção, e passa até para elemento sagrado em
muitas culturas e muitas religiões. A nos-
sa religião ou naquela que mais se pratica
em Portugal, consagra o vinho nos seus
actos sagrados, nos seus actos litúrgicos.
Todos os fazem desde os Faraós do último
Egipto. São exemplos que recordamos só
para dar alguns exemplos do vinho como
elemento cultural e religioso».
E como é que um Professor Catedráti-
co se decide pela compra da Quinta dos
Abibes? Francisco Batel Marques esboça
um leve sorriso e após uma breve pausa,
recorda o jornalista que para além do seu
gosto pelos vinhos, também tem um gosto
muito especial pela Agricultura.
«Os meus avós maternos parcialmente
eram agricultores, e digo parcialmente
porque o meu avô materno foi emigran-
te nos Estados Unidos da América. Os
meus avós paternos, nem por isso. Um
era oficial da Marinha. Direi que este meu
gosto pela Agricultura se deve ao gosto
que tenho por esta actividade, pelo gosto
pela natureza e sobre um espaço como o
da Quinta dos Abibes direi que o andei a
procurar durante muito tempo, até o ad-
quirir em 2002», revive Francisco Batel
Marques, que prossegue a sua narrativa.
investir no sector primário«Como já disse andei à procura de um
espaço como este há muitos anos. Hoje
a Quinta dos Abibes tem uma área de 10
Dezembro 2011 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Dezembro 2011
› VinicULTURa
hectares, 7 dos quais são vinha. Andei à
procura desse espaço, porque face ao de-
semparcelamento que nós temos na nos-
sa região (a área média são 4 mil metros
quadrados), encontrar aqueles 10 hectares
foi um achado», recorda Francisco Batel
Marques para dizer, a propósito, «que esta
foi uma forma de abraçar a Agricultura
e uma oportunidade de investir no meu
País e na minha Região, que eu gosto mui-
to, e foi também uma oportunidade para
apostar num sector de actividade que eu
penso que constitui uma fileira económi-
ca imprescindível ao futuro e à recupera-
ção da economia de Portugal».
Referindo-se à decisão que tomou em
adquirir a Quinta dos Abibes, Francisco
Batel Marques fez questão de sublinhar
que há muitos modos de investir. «Pode-
-se investir em acções, pode investir no
estrangeiro, mas o mais importante é nós
investirmos naquilo que pode ser redis-
tribuído, e investir no sector económico
ligado ao sector primário constituiu uma
oportunidade porque é um investimento
que tem muito a ver com a nossa região. E
aqui ou o vinho, ou o leite», refere o Admi-
nistrador da Quinta dos Abibes, para dizer
que quando adquiriu a Quinta dos Abibes
foi encontrar um espaço totalmente aban-
donado há duas dezenas de anos.
«Não foi um bom negócio, mas com isto
não quero dizer que esteja arrependido de
o ter feito, pois nessa altura já sabia o es-
tado em que este sítio se encontrava. Logo
à entrada da quinta havia silvas de metro
e meio, o que prova o estado de abandono
que o local exibia, mas nem esse factor me
desencorajou. Sabia o que queria e o que
estava a fazer. E não me desencorajei por-
que sabia que o que estava a pagar eventu-
almente a mais tinha a compensação que
era comprar uma área parcelada nesta
zona», justificou Francisco Batel Marques.
Quinta dos abibes – Vinhos de topo de gamaQuando tomou posse da Quinta dos Abi-
bes, Francisco Batel Marques sabia que ti-
nha pela frente uma obra de gigante para
tornar aquele espaço num lugar aprazível.
«Fizemos uma obra de engenharia agrí-
cola enorme, com drenagem e correcção
de solos, e subsequente planificação e
execução do plantio de vinhas, escolhen-
do o perfil de vinhos que queríamos. Esse
perfil de vinhos foi concebido pelo nosso
enólogo Osvaldo Amado, começámos a
trabalhar para ajustar as castas já que des-
de o início deste projecto era nosso desejo
entrar para o segmento médio alto e alto,
até porque numa produção desta natu-
reza ou este segmento é viável ou não é.
Ou estamos aí, ou não vale a pena estar
noutro. Estamos a falar de uma produção
de vinhos espumantes à volta das 25 mil
garrafas por ano, vinhos de topo de gama
(dois vinhos), um nunca ultrapassa a 3000
garrafas, o outro à volta das 7000 garra-
fas, e um vinho branco onde produzimos
2000 garrafas. Temos o “Tinto Reserva
Quinta dos Abibes” o “Tinto Superior
Sublime”, no branco só produzimos Su-
blime, e o Espumante», referiu Francisco
Batel Marques.
ministério da agricultura trata-nos como gadoA crise que afecta o país não poderia dei-
xar de ser tema de abordagem nesta entre-
vista ao Administrador da Quinta dos Abi-
bes, mas até aqui Francisco Batel Marques
soube exibir uma grande serenidade. «Te-
mos de saber enfrentá-la com coragem»,
disse, para nos avisar que a resposta a esta
pergunta tinha vários convívios. Convívio
ao nível político, convívio, ao nível eco-
nómico e financeiro, e convívio ao nível
das expectativas. «Ao nível político con-
vivo muito mal, porque estamos muito
desapoiados. O único apoio que fizemos
no âmbito das ajudas comunitárias foi
em Fevereiro, mas até hoje ainda não ti-
vemos resposta a essa candidatura que se
destinava à aquisição de alfaias agrícolas.
Para mim esta foi uma grande desilusão, é
que dá a ideia que nós, que queremos fa-
zer algo pela economia e pela agricultura
do País, somos tratados como se fossemos
gado. Isto chega ao ponto de ser assim:
Eu tenho de entregar a documentação
necessária às 17 horas de um determina-
do dia, depois há uma validação
administrativa, se houver um
ponto em vez de uma vírgula ou
vice-versa, invalidam-nos de ime-
diato essa candidatura. Esta foi
uma candidatura apresentada
junto da Direcção-Geral de Agri-
cultura e que até agora não teve
qualquer resposta. E eu acho que
o mínimo que deviam e podiam
fazer era dar uma satisfação aos
contribuintes. Se eu faltassem
com 50 cêntimos ao Ministério
da Agricultura por um período
de sete meses, eu teria um pro-
cesso em Tribunal e estaria a ser
prosseguido pelo fisco, ou estaria
a ser chamado à pedra, e já. O
Ministério da Agricultura impu-
nemente acha que os que todos
os dias investem, que todos os
dias se sacrificam, e que todos os
dias estão à mercê da intempérie
devem ser tratados como gado. A
meu ver, o Ministério da Agricul-
tura tal como está, devia ser sim-
plesmente extinto, porque é uma
fonte de problemas», repudiou
Francisco Batel Marques.
Perante este estado de coisas, o
Administrador da Quinta dos
Abibes diz que tem vindo a traba-
lhar no seu projecto com investi-
mento próprio. «Começámos há
dois anos com as nossas vendas,
ainda não atingimos nem atingi-
remos o volume de negócios que
procuramos tão cedo, mas neste
momento vamos equilibrando as
despesas com os proveitos, até
porque temos pela frente novos
investimentos, nomeadamente
uma adega definitiva», referiu
Francisco Batel Marques, que
sente que os vinhos com a marca
Quinta dos Abibes começam a
ter notoriedade no mercado, es-
pecialmente da parte dos apreciadores de
vinho», referiu o nosso entrevistado que
diria, a encerrar esta entrevista diria qua-
se em segredo. «Para vinhos da qualidade
dos nossos, há sempre mercado». ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Dezembro 2011
› saúDE animaL
VIRBAC PORTUGAL
crescer 25 por cento em tempo de crise
Em 2011 a Virbac Portugal vai ter um crescimento na ordem dos 25 por cento em relação
ao ano transacto. O volume de negócios atingirá 6 milhões de euros, mais um milhão de
euros que em 2010. No entanto, em entrevista que concedeu à País €conómico, Jorge
Moreira da Silva, director-geral da Virbac Portugal não esconde os efeitos negativos que a
actual crise está a causar ao sector da Saúde Animal. «Neste momento há uma quebra de
4 a 5 por cento na facturação, consequência não só de uma diminuição no consumo como
também do facto destes últimos anos terem entrado genéricos no mercado. Quer isto dizer
que vendemos as mesmas unidades, mas por um preço muito mais barato», sublinhou.TExTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS
Jorge Moreira da Silva referiu que
também no ramo da Saúde Animal
os medicamentos genéricos têm uma
grande procura, porque são muito mais
baratos. «Se tanto a bioequivalência como
a biodisponibilidade forem iguais, esta
preferência pelos medicamentos genéri-
cos é perfeitamente aceitável», reconhece
o director-geral da Virbac Portugal para
lembrar que a Virbac sempre foi uma
empresa que se orgulha de ter I&D, mas
que também tem genéricos. «Não temos
vergonha de dizer que temos genéricos, o
que para nós é um ponto da máxima im-
portância é garantir que sejam de quali-
dade», sublinhou Jorge Moreira da Silva,
médico veterinário de 46 anos de idade,
que de há dois anos a esta parte exerce o
cargo de director-geral da Virbac Portugal,
embora já dê a sua colaboração a esta em-
presa há mais de vinte anos.
Três novos medicamentos em 2012Ainda em relação aos genéricos o director-
-geral da Virbac Portugal estima que eles
signifiquem, neste momento, entre 15 a
20 por cento do valor global da facturação
da empresa, e quando lhe perguntamos se
este índice é o que estavam a prever neste
momento, reage dizendo que « Procura-
mos conciliar o lançamento de genéricos
com a aposta na inovação, para obtermos
um equilíbrio na nossa oferta.
Nos Animais de Companhia, área onde a
Virbac é pioneira, somos a única empresa
que consegue oferecer tudo aos médicos
veterinários. Temos meios de diagnóstico,
de prevenção, de tratamento e nutrição.
Em suma, oferecemos tudo», reforça Jorge
Moreira da Silva, para a este propósito sa-
lientar ainda que a Virbac é uma empresa
muito abrangente na sua oferta, que tem
um grande investimento em inovação e
como resultado destes esforços, pensa lan-
çar já em 2012, três novos medicamen-
tos, e ainda está em aberto a possibilidade
de lançar outros. «Uns são de inovação,
outros são genéricos, é sempre uma com-
binação das duas realidades», revelou o
director-geral da Virbac Portugal.
saber dar passos consolidadosNestes últimos dez anos a Virbac Portugal
tem vindo a consolidar a sua posição no
mercado português da Saúde Animal, fa-
zendo-o sempre com grande consciência
e procurando dar um passo de cada vez.
Acerca desta questão, Jorge Moreira da
Silva garante que «somos uma das Com-
panhias que mais vai crescer no mercado
da Saúde Animal em 2011 – eventualmen-
te a que vai registar maior crescimento», e
quando é questionado sobre a posição da
Virbac Portugal no ranking das maiores
empresas do sector da Saúde Animal, não
se esquiva à resposta. «Sabemos que os
rankings têm o valor que têm, valem o que
valem, e nós neste momento posicionamo-
nos no 6º lugar desse ranking», confirma
o director-geral da Virbac Portugal, para
dizer em seguida que não lhe interessa
nada dar grandes passos. «Os passos têm
de ser consolidados» e este pensamento
faz parte integrante da filosofia de vida e
política da Virbac.
o sucesso da canileish em PortugalQuando assinalou dez anos de vida, a Vir-
bac Portugal marcou a efeméride com o
lançamento da vacina Canileish contra
a Leishmaniose canina na Europa, uma
vacina desenvolvida pela BVT, uma filial
detida a cem por cento pela Virbac em
parceria com o IRD – Institut de Recher-
che pour le Développment.
Jorge Moreira da Silva recorda esse mo-
mento. «Esse lançamento foi um êxito
e traduziu um grande investimento por
parte da Virbac em Portugal. O facto de
Portugal ter sido o país escolhido para o
lançamento desta vacina, constituiu um
factor de alguma surpresa uma vez que
o produto tinha sido concebido em Fran-
ça. A verdade é que para mim e para a
Virbac Portugal foi uma
honra patrocinar este
importante evento, pelo
reconhecimento que evi-
denciou pela Adminis-
tração da nossa Casa-Mãe,
em relação ao trabalho
que aqui estávamos a
desenvolver, e pelo facto
de ter sido o nosso país
o escolhido para o lan-
çamento desta vacina »,
recorda o director-geral
da Virbac Portugal, que
a este propósito teceu as
seguintes considerações:
«Mais importante do que
o reconhecimento feito à
Virbac Portugal é o reco-
nhecimento do potencial
que Portugal tem e do
trabalho que os portu-
gueses conseguem fazer»,
destacou Jorge Moreira
da Silva que a propósito
da Canileish disse que
esta vacina também já foi
lançada em França, e será
lançada em mais dois
países: Grécia e Espanha,
dentro de três meses.
agricultura como tábua de salvaçãoNo entender de Jorge
Moreira da Silva o cres-
cimento de 20 a 25 por
cento na facturação da
Virbac Portugal em 2011,
deveu-se essencialmente
à Canileish. «Em 2010 o
volume de negócios da
Virbac Portugal atingiu
cerca dos 5 milhões de
euros, e em 2011 essa
facturação ultrapassará
os 6 milhões de euros», divulgou o nosso
entrevistado que no decorrer desta en-
trevista falaria, outrossim da “confusão”
em que a Europa está envolvida neste
momento, e aproveitou para referir que o
que a Europa tem de fazer rapidamente
«é centrar-se de novo em si e decidir que
temos de produzir mais: e voltar a abraçar
o que foi abandonado: a Agricultura. Nes-
te momento, a Europa tem que regressar
à Agricultura, mas não à Agricultura de
subsistência, como acontecia há 40 ou 50
anos. E Portugal tem de seguir o mesmo
rumo», concluiu o director-geral da Virbac
Portugal. ‹
Dezembro 2011 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Dezembro 2011
› EDUcaÇÃo
Blannie Curtis, Diretora da CAISL – Carlucci American International School of Lisbon
caisL – um ensino de excelênciaÉ a única escola oficial norte-americana em Portugal. A Caisl – Carlucci International
School of Lisbon, dirigida por Blannie Curtis, apresenta métodos inovadores de ensino,
em que os alunos são agentes ativos e não meramente passivos no modelo de ensino
praticado nesta escola localizada no concelho de Sintra. Depois dos investimentos
realizados na área dos edifícios e condições infra-estruturais, a Caisl continua a
desenvolver uma intensa ação tendente a melhorar continuamente as condições
pedagógicas dos seus alunos, com iniciativas importantes ao nível da difusão tecnológica
aos alunos que frequentam esta prestigiada instituição de ensino.
EnTREVisTa › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › CEDIDAS pELA CAISL
Que razões apontam para justificar os elogios vindos dos diver-sos quadrantes da Sociedade, e não só, no que concerne ao mo-delo de ensino vigente na CAISL, em que a tónica fundamental assenta na amplitude do conhecimento?O modelo que é praticado na CAISL baseia-se na formação das
crianças e jovens adultos, num vasto grupo de áreas em simul-
tâneo com o fim de cada um atingir todo o seu potencial. Desta
maneira, ensinamos e treinamos não só a parte académica, mas
também as artes, o desporto, o caráter, a liderança, a cooperação
e a colaboração.
De uma forma geral, as gerações anteriores necessitaram de co-
nhecimento tecnológico, mas com a evolução, não sabemos que
tipo de capacidades esta geração, que está agora a estudar, vai
precisar, só quando lá chegarmos. Por isso, dar apenas uma base
forte de factos não chega, precisamos de dar também uma sólida
formação na análise crítica desses factos. Esta geração precisa de
ter explorado as suas capacidades individuais em todas as áreas e
de ter aprendido a autoavaliar-se para reconhecer o que sabe fazer
bem e que desafios precisa de ultrapassar. Precisa de caráter e de
compaixão para viver num mundo cada vez mais interdependen-
te e inter-relacionado. Precisa de ter aprendido a
trabalhar em equipa para que, em cooperação e
colaboração, possa resolver problemas.
No que consiste efectivamente o modelo de ensino vigente na CAISL, muito próximo do modelo americano? Na pergunta anterior eu referi-me ao “quê” da
educação – o que é que os alunos aprendem.
Esta questão refere-se mais ao “como” é que eles
aprendem. Na CAISL os alunos aprendem atra-
vés da pesquisa ativa, de uma combinação de
aulas lideradas por professores e dirigidas por
alunos e do uso de tecnologia que, hoje em dia,
já se tornou numa parte integrante das nossas vidas. Mas exis-
tem outras formas que utilizamos que põem em prática o que
disse antes: existe uma forte componente de dádiva pessoal à
comunidade (local e global) - contribuímos positivamente com
campanhas e projetos e, enquanto o fazemos, aprendemos ao
mesmo tempo que ensinamos. Oferecemos, também, dia-a-dia
muitas oportunidades de liderança e para pôr em prática a criati-
vidade e o trabalho de equipa com projetos multidisciplinares e
na própria organização do corpo de alunos. Ou-
tro bom exemplo é o IMUN e o JMUN (Iberian
Model United Nations e Junior Model United
Nations) que são programas de simulação das
Nações Unidas organizados pela CAISL. Nestes
programas, os alunos fazem pesquisa sobre o
país ou organização não governamental que vão
representar, desempenham o papel de diploma-
tas, e consultam, debatem, deliberam e desen-
volvem soluções para os problemas do mundo.
Neste processo, os estudantes aprendem sobre
os assuntos políticos correntes e relações inter-
nacionais, diplomacia e sobre a forma como as
Nações Unidas trabalham.
Tem sido fácil a adaptação dos alunos a este modelo?É muitas vezes surpreendente a rapidez com que os alunos se
adaptam ao nosso modelo de ensino. Por outro lado, qual é o alu-
no que não desejaria ter uma parte ativa na sua aprendizagem em
vez de ser apenas o recetor passivo de factos?
O número de inscrições de alunos na CAISL tem vindo a crescer de ano para ano. Este fenómeno deve-se a quê?
Dezembro 2011 | País €conómico › 5756 › País €conómico | Dezembro 2011
O aumento das inscrições nos últimos 10 anos deve-se a tudo o que
referi antes, o que mostra que tanto as famílias portuguesas como
as que residem temporariamente em Portugal, procuram a melhor
educação possível para os seus filhos. Por outro lado, os nossos alu-
nos que, muitas vezes entram sem saber uma palavra de Inglês,
tornam-se facilmente bilingues, o que é muito apelativo para famí-
lias que pretendem ir para outros países ou que os filhos façam a
Universidade no estrangeiro. Também temos pais que, apesar de
não fazerem quaisquer intenções de ir para fora de Portugal, acre-
ditam que, na CAISL, os filhos têm uma preparação mais completa
e são expostos a desafios mais aliciantes e a mais diversidade.
única escola americana em Portugal O facto de a CAISL ser a única escola americana em Portugal aprovada pelo Departamento de Estado dos EUA, de merecer homologação por parte do Council of International Schools e ser também reconhecida pelo Ministério da Educação, traz-vos vantagens perante a demais concorrência?Temos várias vantagens em ser a única escola Americana em Por-
tugal. Em primeiro lugar, os nossos alunos podem entrar nas Uni-
versidades Portuguesas não só com o International Baccalaureate
(que outras escolas oferecem) mas também com o High School
Diploma, o que se torna numa mais-valia para os alunos.
No que diz respeito ao rigor, não só correspondemos aos exigen-
tes padrões de qualidade das instituições que nos homologam
(Council of International Schools e New England Association of
Schools and Colleges) como também trabalhamos de perto com
o Departamento de Estado dos Estados Unidos e somos visitados
regularmente pelo Delegado Regional de Educação, que assegura
que estamos a atingir ou ultrapassar os melhores padrões da Edu-
cação Americana.
Falem-nos da qualidade do vosso Corpo Docente.O corpo docente da CAISL é um grupo de profissionais altamente
qualificado e dedicado ao modelo de Educação Americana, inde-
pendentemente de onde vêm.
Aproximadamente 50% dos nossos professores são Americanos,
25% são Portugueses e os restantes 25% vêm de outros países
nomeadamente Reino Unido e Canadá. A mistura de nacionali-
dades e partilha de experiências permitem a otimização do mé-
todo de ensino e bastante mais capacidade para servirmos os
nossos alunos, eles próprios vindos de origens muito diversas –
temos cerca de 40 nacionalidades diferentes na nossa população
estudantil.
As beneficiações introduzidas no Campus da CAISL, que a torna-ram mais moderna e competitiva, são para continuar?Acabámos de inaugurar as nossas novas instalações e agora te-
mos o espaço interior e exterior adequado para todos os nossos
programas (tanto académicos, como das artes e de desporto). Não
estamos a antecipar fazer mais investimentos ao nível da constru-
ção civil, no entanto, e porque a educação não é estática, estamos
a apostar, neste momento, ao nível da tecnologia.
No início deste ano começámos uma iniciativa a que chamámos
1:1 – um aluno por computador, em que os nossos alunos do 8º,
9º e 10º anos podem requisitar um computador portátil durante
o ano letivo. Desta forma, o computador torna-se, mesmo, numa
ferramenta para ser usada na escola e em casa. No próximo ano, a
iniciativa 1:1 vai ser estendida para mais anos (7º, 11º e 12º), e a
iniciativa 1:2 (duas crianças por computador) que neste ano abri-
mos para os anos 5º e 6º, vai ser alargada para incluir, também,
o 4º ano de escolaridade. Todas estas são melhorias que tornam
a escola mais moderna e competitiva e que são definitivamente
para continuar. ‹
cosmÉTica ‹
cinha Jardim é o rosto do Dermacoconut em Portugal
a conhecida cara da sociedade portuguesa, Cinha Jar-
dim, aceitou ser o rosto do spray Dermacoconut em
Portugal, tendo a mais recente marca no mercado
português de dermoestética efetuado uma cerimónia de lan-
çamento na loja de Lisboa do El Corte Inglés. De referir que
o Dermacoconut está à venda em exclusividade nas lojas do
El Corte Inglés de Lisboa e de Gaia Porto, bem como nos Su-
perCor da Beloura (Sintra) e do Fluvial (Porto).
O Dermacoconut é produzido a partir da água de coco vinda
dos melhores coqueirais do nordeste brasileiro, sendo espe-
cialmente recomendado para qualquer estação do ano. Os
seus efeitos hidrantes e amaciadores da pele, colocam o novo
produto em especiais condições para tratar e proteger a pele
em todas as condições de temperatura, desde o calor do Ve-
rão, ao frio mais extremo do Inverno, ou ainda para proteger
a pele exposta aos ares condicionados muito utilizados nos
escritórios.
Cinha Jardim referiu à País €conómico que o Dermaco-
conut constitui uma «agradável surpresa, pois é um produto
único e de grande qualidade». Produzido e comercializado
pela empresa portuguesa Dermacoconut Ibérica, o produto
pretende no próximo ano atingir os escaparates no país vizi-
nho (Espanha), e chegar ainda a outros países europeus. Se-
gundo o empresário brasileiro Haroldo Azevedo, a empresa
pretende ainda lançar o Dermacoconut em 2012 nos merca-
dos norte-americano e brasileiro. ‹
58 › País €conómico | Dezembro 2011
olhar para além da crise domésticaNa conferência de imprensa conjunta de Pedro Passos Coelho e
de José Eduardo dos Santos, após a reunião que ambos manti-
veram no palácio presidencial da capital angolana, o Primeiro-
-Ministro português, praticamente apenas se cingiu à tecla das
dificuldades financeiras que Portugal atravessa e o quanto os
capitais angolanos poderão contribuir para minimizarem essa
crise.
Já o Presidente de Angola, de forma naturalmente simpática,
referiu a disponibilidade do seu país para apoiar os esforços
portugueses para suprir a crise financeira, mas preferiu antes
enfatizar questões mais abrangentes da política internacional,
embora com particular incidência no espaço da CPLP – Comu-
nidade dos Países de Língua Portuguesa, sublinhando a neces-
sidade de seguir uma política estabilizadora para a Guiné-Bis-
sau, ao mesmo tempo que defendia a entrada na organização
da Guiné Equatorial, no que seria o primeiro país de língua não
portuguesa a entrar na CPLP.
O que estas duas mensagens e os respetivos posicionamentos
querem dizer é que, por um lado, Portugal aflito como está com
a dimensão dos seus problemas domésticos, já não consegue
realizar uma verdadeira afirmação internacional em termos es-
tratégicos, mesmo que algumas afirmações apontem nesse sen-
tido, enquanto do lado angolano, fortalecido por um robusto
crescimento económico interno, detém a largueza estratégica
para afirmar um rumo para um arco geográfico regional africa-
no mais próximo, que inclui, entre outros, países como S. Tomé
e Príncipe, Guiné-Bissau e até Cabo Verde.
Não basta presidir um mês ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas para afirmar uma linha estratégica global do
país no Mundo. É preciso afirmar e proceder ativamente com
uma política de afirmação dos interesses portugueses à escala
global, em consertação estratégica com os restantes países de
língua portuguesa, sobretudo o Brasil e Angola, sem esquecer
os restantes, com destaque para Moçambique, um player de
grandeza considerável nas próximas duas décadas na África
Oriental e Austral. Mas também é preciso colocar a casa (Portu-
gal) na ordem. Sem dúvida nenhuma!. ‹
› a FEcHaR
Priberam acelera em EspanhaA Priberam, empresa portuguesa especialista na concepção e
desenvolvimento de software e conteúdos digitais, celebrou um
acordo de parceria com a empresa espanhola Imaxin, e que visa
a exploração conjunta do mercado global de produtos e serviços
de tecnologia linguística para todas as variantes de português e
de espanhol.
Segundo Carlos Amaral, CEO da Priberam, «este acordo de par-
ceria permitir-nos-á por um lado chegar mais rapidamente e com
menos custos aos clientes espanhóis e por outro alargar a nos-
sa oferta a outros mercados, nomeadamente na América do Sul
onde, por agora, estamos apenas no Brasil». ‹
santander Totta apoia PmE ExportadorasO Banco Santander Totta vai lançar no mercado a “Solução Ex-
portação”, um programa de apoio às PME Exportadoras, que irá
facultar às empresas as condições necessárias para a expansão e
consolidação do seu negócio, celebrando acordos com empresas
cuja área de atuação é essencial na atividade da exportação. Para
robustecer este programa, o banco celebrou acordos com a Cofa-
ce e a Cesce no acesso a coberturas de risco, com a Generalli no
acesso a coberturas de risco de transporte, com a Pinto Basto no
transporte internacional de mercadorias, e com a Informa D&B
para a disponibilização de informações sobre os importadores. ‹
Vinhos sublimes
Quinta dos Abibes Rua Capital Lebre, 225
Verdemilho 3810-384 Aveiro
Telemóvel: 917206861
Brasil prejudica resultados da saGOs resultados alcançados pela Unidas, a empresa de rent-a-car bra-
sileira detida pela SAG, contribui para a penalização dos resulta-
dos da empresa portuguesa nos primeiros nove meses deste ano,
tendo apresentado um resultado consolidado de 13,5 milhões de
euros negativos, dos quais 15 milhões de euros de prejuízo foram
reportados pela Unidas. De referir que até Setembro, o volume
de negócios consolidado da SAG ascendeu aos 616 milhões de
euros, dos quais 181 milhões vieram da atividade desenvolvida
pela Unidas no Brasil. ‹
› HEaD
60 › País €conómico | Dezembro 2011