24
A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino são os dois candidatos à presidência do COP para o mandato 2013-2016. Destaque Semana Olímpica pela primeira vez na cidade do Porto Reportagem Um dia com... Vera Barbosa, semifinalista olímpica de 400m Barreiras Roteiro A cidade de Sochi prepara-se para receber os Jogos Olímpicos de Inverno 2014 ELEIçõES

N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Reportagem

24 . Olimpo . Janeiro 2012

A R E V I S TA D O C O M I T É O L Í M P I C O D E P O R T U G A L

N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral

Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino são os dois candidatos à presidência do COP

para o mandato 2013-2016.

Destaque Semana Olímpica pela primeira vez na cidade do Porto

ReportagemUm dia com... Vera Barbosa, semifinalista olímpica de 400m Barreiras

RoteiroA cidade de Sochi prepara-se para receber os Jogos Olímpicos de Inverno 2014

eleições

Page 2: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2012 . Olimpo . 9

Patrocinadora Oficial do Comité Olímpico de Portugal para

os Jogos Olímpicos de Londres 2012, a REN apoia Portugal

e os atletas que representam o País com orgulho e distinção.

OS GRANDES DESAFIOS CONTAM COM O APOIO DE UMA GRANDE REDEREDE

Page 3: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013. Olimpo . 3

Sumário

Ficha TécnicaPropriedade e Edição Comité Olímpico de Portugal, Travessa da Memória, 36 1300-403 LisboaTel.: 21 361 72 60 Fax: 21 363 69 67Director José Vicente MouraDirector ExecutivoFrancisco EmpisTextos Cunha Vaz & Associados Fotos Fernando Piçarra, Getty ImagesProjecto Gráfico e Paginação Cunha Vaz & AssociadosImpressãoxxxxxxxxxxxxTiragem2.500 exemplaresPeriodicidade Trimestral Numero de Registo ICS 102203Depósito Legal9083/95Distribuição gratuita

10 Tema de Capa ELEIçõES No CoP José manuel Constantino e manuel marques da Silva são os dois candidatos à presidência do Comité Olímpico de portugal. a Olimpo foi falar com os dois aspirantes ao cargo e conhecer as linhas gerais das suas candidaturas.

14 enTreviSTa

GuSTavo MaRCoS

O autor do livro “Kelfi e os Jogos Olímpicos” fala- -nos da sua obra e da sua paixão pelos Jogos Olímpicos.

18 um dia COm...vERa BaRBoSaa Olimpo acompanhou um dia de vera Barbosa, semifinalista de 400m Barreiras nos Jogos Olímpicos de Londres, que divide o seu tempo entre as aulas do curso profissional de Técnicas de exercício Físico e animação desportiva de Técnicos e os treinos no Jamor.

4 EDIToRIaL6 BREvES8 DESTaquE

Semana OLímpiCa nO pOrTO10 TEMa DE CaPa

eLeiçõeS nO COp14 ENTREvISTa

GuSTavO marCOS, auTOr de “KeLFi e OS JOGOS OLímpiCOS”

18 REPoRTaGEMvera BarBOSa, SemiFinaLiSTa de 400m BarreiraS

20 RoTEIRo SOChi, rúSSia

22 oPINIãoarTur LOpeS, viCe- -preSidenTe dO COmiTé OLímpiCO de pOrTuGaL e viCe-preSidenTe da uniãO CiCLiSTa inTernaCiOnaL

Page 4: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

4 . Olimpo . Março 2013

Editorial

JOSÉ VICENTE MOURAPresidente do Comité Olímpico de Portugal

paixão pelo movimento olímpico

Comemoraram-se há bem pouCo tempo, a 1 de Janeiro deste ano, 150 anos do nascimento do barão pierre de Coubertin, o genial criador do olimpismo moderno.

afastando comparações desproporcio-nadas e risíveis, também eu, apaixonado e seguidor atento do movimento olím-pico, do seu significado e da filosofia de vida que representa para a humanidade, procurei defender e fazer valer esta extra-ordinária causa social e civilizacional.

para quem anda, no terreno, viven-ciando intensamente o Desporto como ele merece, constituiu um privilégio e foi

muito gratificante absorver, desde tenra idade, no prestigiado e histórico sport al-gés e Dafundo, a mensagem positiva do pensamento “coubertiano”, que aliás se revela intemporal e sem fronteiras.

Na condução dos assuntos relaciona-dos com esta fundamental instituição de cúpula do sistema Desportivo, como é o Comité olímpico de portugal, tentei sempre assumir o lema pessoal de Cou-bertin, que nesta oportunidade recordo: “Olhar mais além; Falar com franqueza; Agir com firmeza.”

bem hajam.

“Olhar mais além;Falar com franqueza;

Agir com firmeza.”

Page 5: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2012 . Olimpo . 5

*Not

e, o

nov

o ru

mo

Pearl White

Pearl Grey

Ecrã 10.1” | S Pen Super Precisa www.samsung.pt

NOVO

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

note10_1 205x260_HiRes.pdf 1 19/02/13 19:01

Page 6: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

6 . Olimpo . Março 2013

Breves

JOgOs OlímpicOs 2020cidades candidatas Já submeteram as suas candidaturas

O Comité Olímpico Internacional (COI) já recebeu os Processos de Candidatura de três cidades que têm por objectivo sediar os Jogos Olímpicos de 2020: Is-tambul (Turquia), Tóquio (Japão) e Madrid (Espanha).

A Comissão de Avaliação do COI, presidida pelo Vice-Presidente do COI, Sir Craig Reedie, irá agora analisar as candidaturas e proceder a visitas às cidades candidatas de forma a proceder a inspecções ‘in loco’. A Comissão de Avaliação irá depois preparar um relatório de análise do risco detalhado que será publicado coincidindo com o ‘briefing’ das Candidaturas aos JO 2020 aos Membros do COI, que terá lugar em Lausanne, nos dias 3 e 4 de Julho de 2013. A eleição da cidade anfitriã terá lugar no dia 7 de Setembro, durante a 125ª Sessão do COI, em Buenos Aires, Argentina.

“A apresentação dos Processos de Candidatura representa um marco importante para as cidades candidatas e as cidades estão de parabéns pelo seu excelente trabalho”, afir-mou o Presidente do COI, Jacques Rogge.

semináriO “mulheres e despOrtO”

“Mulheres e Desporto” foi o nome do seminário que decorreu no passado dia 29 de Novembro no Palácio Foz nos Restauradores, sede do Museu Nacional do Desporto.O seminário foi organizado pela Secretaria de Estado do Desporto de Juventude em parceria com o Comité Olímpico de Portugal, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) e o Instituto Português de Desporto e Juventude (IPDJ). Na sessão de abertura estiveram presentes o Comandante Vicente Moura, Presidente do COP, Fátima Duarte, Presidente da CIG, e Alexandre Mestre, Secretário de Estado para o Desporto e Juventude.Ao longo da sessão foram abordados temas como as mulheres nos media desportivos, a contestação da ordem de género, a promoção da não discriminação e ainda o papel das mulheres nos centros de decisão do meio desportivo. O evento contou com a participação de várias personalidades dos meios desportivos e noticiosos.

Faleceu Miguel costa, Velejador olímpicoFaleceu no passado 8 de dezembro o atleta miguel costa, que participou na classe Star (Vela) nos jogos olímpicos de atlanta em 1996, juntamente com diogo cayolla. Natural do porto, tinha 41 anos. À família enlutada o comité olímpico de portugal expressa as mais sentidas condolências.

Pavilhão Cidade olíMPiCa Mostra a cidade Maravilhosa eM 2016

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016™ são apenas o estímulo para a realização de mudanças profundas na infraestrutura urbana do Rio de Janeiro. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos cariocas e tornar a Cidade Maravilhosa um destino ainda mais atractivo para os visitantes. Para apresentar esta transformação ao público, a Prefeitura do Rio está a construir, ao lado de sua sede administrativa e da nova sede do Comité Organizador Rio 2016™, o Pavilhão Cidade Olímpica. Serão quatro ambientes de exposição em três mil metros quadrados de terreno na Cidade Nova, bairro próximo ao Centro do Rio. Aqui ficarão expostas as bandeiras olímpica e paralímpica recebidas pelo Prefeito Eduardo Paes após os Jogos de Londres.

Page 7: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013 . Olimpo . 7

1,18 milhão de metros quadradosÁrea que albergará o Parque Olímpico na região da Barra da Tijuca, e que servirá de palco para nove desportos olímpicos (total de 15 disciplinas) e de nove desportos paraolímpicos.As obras do recinto, coração dos Jogos em 2016, tiveram início em Julho de 2012 e continuam a todo vapor. Nesta primeira fase estão a ser demolidas as antigas estruturas e instalações do Autódromo de Jacarepaguá. Cerca de 70% do material proveniente serão reaproveitados posteriormente.

obras do estádio do Maracanã na recta FinalA reinauguração do lendário Estádio do Maracanã, que será o palco das cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016™, vai decorrer ainda no primeiro semestre de 2013. Antes disto, a instalação vai receber a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de futebol da FIFA, em 2013 e 2014, respectivamente.

Novos ChoColates para os Jogos de inverno da rússia

A equipa de embaixadores de Sochi 2014, em parceria com o ‘chef’ italiano Roberto Bruno, vai lançar os chocolates oficiais Sochi 2014. Os criadores tiveram uma tarefa difícil, pois procuraram transmitir, através do sabor dos chocolates, as emoções e experiências dos primeiros Jogos de Inverno da Rússia.Depois de preparados vários tipos de recheio foram seleccionados quatro: “cranberry e mel”, “tangerina e espinheiro mar”, “noz e uva” e “amêndoa e morango”. Na fase final, os embaixadores olímpicos, sob a supervisão de Roberto Bruno, tiveram que criar com suas próprias mãos um lote experimental de chocolates exclusivos com estes quatro sabores. Os dois sabores de maior sucesso foram “cranberry e mel” e “tangerina e espinheiro mar”.Estes chocolates estarão à venda sob a marca Sochi 2014 a partir de Maio de 2013.

empresas pOrtuguesas brilham em lOndres 2012

Não só de resultados desportivos viveu a prestação portuguesa na última edição dos Jogos Olímpicos. Várias empresas nacionais também estiveram presentes no maior evento multidesportivo do mundo. A Nelo Kayaks for-

neceu 75% da frota Olímpica. Na Aldeia Olímpica, os talheres eram da marca Cuti-pol, as sanitas da Sanindusa e os equipamentos de segurança urbana da AMOP, todas empresas portuguesas.

Para além dos excelentes resultados dos velejadores portugueses, duas empresas nacionais também estiveram presentes na modalidade náu-tica em Londres. A Cortesi/Alpha Ropes forneceu os cabos de embarcações de Portugal, Espanha e Brasil, e a Vela PL foi responsável pela pintura das velas de um grande número de participantes.

cOi visita O riO de JaneirO

A Comissão de Coordenação do COI para o Rio 2016 concluiu a sua quarta visita à Cidade Maravilhosa. A Comissão relatou um progresso notório desde a sua última visita, em Junho de 2012, em aspectos como o espaço para a imprensa, o plano-geral de recintos desportivos, e a contratação de pessoal pelo Comité Organizador.No entanto, nos próximos três anos deverão ser concluídos os dois Parques Olímpicos, no Deodoro e na Barra da Tijuca. As infra-estruturas de apoio também deverão estar prontas, pelo que o Comité Organizador tem ainda um longo caminho pela frente.

Page 8: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Reportagem

8 . Olimpo . Março 2013

Semana Olímpica pela primeira vez nO pOrtO

// Nuno Barreto, presidente da CAO com jovens mesa-tenistas

// O Hóquei foi uma das 15 modalidades que os jovens do Grande Porte puderam experimentar

A 5.ª edição da Semana Olímpica realizou-se de 10 a 14 de Dezem-bro de 2012. Na primeira vez que

o evento teve lugar fora de Lisboa, a Fa-culdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) acolheu o maior evento de promoção do olimpismo em Portugal.Ao longo da semana, mais de mil jovens das escolas do grande Porto tiveram a possibili-

dade de experimentar quinze modalidades olímpicas, enquadrados pelas respectivas federações e seus atletas: Atletismo, Ande-bol, Boxe, Canoagem, Esgrima, Ginástica, Golfe, Judo, Natação, Rugby, Taekwondo, Ténis, Ténis de mesa, Vólei e Hóquei.A Semana Olímpica é organizada pela Co-missão de Atletas Olímpicos (CAO) com o apoio do COP e do IPDJ.

Destaque

8 . Olimpo . Março 2013

Page 9: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013 . Olimpo . 9

// O Ténis também foi praticado nas instalações da FADEUP

// Fernando Pimenta e Emanuel Silva (Canoagem), Medalha de Prata em Londres 2012, também estiveram presentes na Semana Olímpica

// João Rodrigues (Vela), padrinho do evento, e Susana Feitor (Atletismo)

// Os participantes tiveram oportunidade de praticar esgrima

// O Atletismo foi uma das modalidades em destaque

Março 2013 . Olimpo . 9

Page 10: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Tema de Capa

10 . Olimpo . Março 2013

“Tornar o COP a casa comum de todas as federações desportivas nacionais.”

ElEição para os órgãos sociais do comité olímpico dE portugal no mandato 2013-2016Quem é Quem?

1909

Jaime Mauperrin Santos

(1909–1912)

José Pontes (1924–1956)

Alexandre Correia Leal

(1969–1972)

Francisco NobreGuedes

(1957–1968)

António Prestes Salgueiro

(1919–1923)

Linhas gerais da candidatura• Transversalidade do desporto na sua dimen-são olímpica com as restantes dimensões do desporto actual, deixando de estar confinado à sua dimensão competitiva;

• Estruturar o olimpismo na base de outras dimensões sociais: para além do desporto inclui a educação, a cultura, o ambiente e a paz;

• Atribuir ao COP um papel de liderança. Parce-ria. Consulta, inovação, representação ou lóbi;

• Valorizar socialmente o desporto, ajudando à elevação do nível desportivo do País;

• Tornar o COP a casa comum de todas as fede-rações desportivas nacionais.

Licenciado em Educação Física (1975); Membro do Conselho de Representantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (desde 2010); Membro do Conselho de Fundadores da Fundação do Desporto (2001); Presidente da Confederação do Desporto de Portugal (200-2002); Presidente do Instituto do Desporto de Portugal (2002-2005); Docente do Ensino Universitário (1994-2002); Director do Departamento dos Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras (1996-2002); Presidente do Conselho de Administração da Oeiras Viva, E.E.M. (2006-2013).

José manuel Constantino

Page 11: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013 . Olimpo . 11

As eleições para os Órgãos Sociais do COP, para o quadriénio que culmi-nará em 2016 no Rio de Janeiro,

após a realização dos Jogos Olímpicos de Verão da XXXI Olimpíada, terão lugar em Assembleia Plenária no próximo dia 26 de Março, na sede do COP. A posse da futura Comissão Executiva e Conselho Fiscal está marcada para o dia 3 de Abril.

Um renovado executivo será eleito, por sufrá-gio directo e secreto, naquelas que se conjectura venham a ser as eleições mais concorridas desde 1997.

Segundo o n.º 7 do artigo 17.º do Regulamento Geral, votam nas eleições os membros ordiná-

rios e extraordinários, enquanto o artigo 17.º, n.º 2 dos Estatutos determina que, na constituição da Assembleia, as federações desportivas cujas modalidades figurem no programa dos Jogos Olímpicos devem deter a maioria dos votos, a qual não pode ser inferior a dois terços dos votos totais a apurar em cada Olimpíada (norma esta-tutária que encontra respaldo no Capítulo 4 da Carta Olímpica).

Portanto, em termos de proporcionalidade, atento o colégio eleitoral, cada federação olímpi-ca dispõe de quatro votos, tal como nas eleições transatas em 2009, enquanto as federações não olímpicas e demais membros ordinários e extra-ordinários dispõem de um voto cada.

A apresentação das listas candidatas decorreu no calendário previsto, de acordo com o n.º 2 do artigo 13.º do Regulamento Geral.

As eleições, que serão realizadas em Assem-bleia convocada para o efeito, decorrerão até 31 de Março, devendo a posse da futura Comissão Executiva e Conselho Fiscal ocorrer no prazo de oito dias após as mesmas.

Nesta edição da Olimpo fomos conhecer os dois candidatos à liderança do Movimento Olímpico, José Manuel Constantino e Manuel Marques da Silva, ouvindo-os acerca das princi-pais propostas e linhas de orientação para fazer face aos desafios nesta viragem de ciclo da vida desta centenária estrutura de cúpula do Desporto

“Promover a instalação e funcionamento do Tribunal Arbitral.”

2013

Gaudêncio Costa (1973–1976)

Fernando Lima Bello

(1981–1989)

Vasco Lynce (1993–1996)

José Vicente de Moura

(1990–1992)

José Vicente de Moura

(1997–2013)

Daniel Sales Grade

(1977–1980)

Linhas gerais da candidatura• Apoiar a realidade do movimento associativo;• Preparar e organizar a missão Rio 2016;• Criar da função de direcção desportiva para a actividade olímpica;

• Reforçar a direcção administrativa e financeira;• Ciar o lugar de responsável pela interlocução com as modalidades não olímpicas;

• Reforçar a colaboração com a Academia Olímpica, Comissão de Atletas Olímpicos e Associação de Atletas Olímpicos;

• Promover a instalação e funcionamento do Tribunal Arbitral;

• Desenvolver o Espaço Olímpico;• Desenvolver com as federações um programa de detecção de talentos;

• Elaborar protocolos com estabelecimento de ensino e cultura;

• Reforçar a área de marketing e de comunicação;• Participar nas missões de trabalho no seio dos Comités Olímpicos Europeus;

• Desenvolver os Jogos da Lusofonia;• Criar o Conselho Consultivo do COP.

Oficial da Armada. Engenheiro Electrotécnico pelo IST; Administrador e Consultor de empresas; Presidente da Direcção do CIF; Presidente da Direcção da associação de Ténis de Lisboa; Presidente da Direcção da Federação Portuguesa de Ténis; Membro da Comissão Executiva do COP; Vice-presidente do COP. Chefe de Missão dos Jogos Olímpicos de Sydney; Secretário-geral do COP.

manuel marques da Silva

Page 12: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

12 . Olimpo . Março 2013

Tema de Capa

manuEl marquEs da silva

Candidatura ao COP, com que apoios?Decidi assumir a minha candidatura com todo o capital e experiência de 16 anos como membro dos órgãos sociais do COP. Fi-lo na convicção de um dever de missão e estimulado por diversas federações. Fui o primeiro a assumir esta posição e iniciei um caminho, junto das federações, de di-vulgação das minhas ideias para o olimpis-mo. Até ao momento foi possível obter um número muito significativo de apoios. Cer-ca de 50 delegados de um total de 80 estão comigo e com a minha equipa.

Quais são as mudanças mais importantes que pretende efectuar no COP? O principal objectivo é que o COP lidere o desejável processo de transformação do desporto em Portugal. Necessário dotar o COP com uma estrutura funcional capaz. Criação do lugar de Director Desportivo para a actividade olímpica e um dos V. Presidentes terá a responsabilidade de in-teragir com as modalidades não olímpicas.

Reforçaremos a colaboração com todos os agentes, comissões e associações olímpi-cas. Aproximaremos o COP da elite em-presarial.

Como encara o relacionamento COP/Governo?O Governo, seja ele qual for, contará sem-pre com a nossa disponibilidade e leal-dade. Haverá uma posição bem definida, representativa do interesse de todas as federações, para que o Desporto Nacional tenha, ao nível da sua plataforma de desen-volvimento, estratégias adequadas que in-tegrem as distintas dimensões desportivas.

Que responsabilidades, ao nível do desporto português, deverão ser assumidas pelo COP?O COP é a instituição em Portugal que me-lhor pode proteger e representar os desíg-nios do desporto nacional. Nesse sentido, cabe ao COP um papel de centro incontor-nável do desporto e do associativismo por-tuguês. O trabalho e o tempo, conjugados de uma forma disciplinada e eficaz, virão a

“Aproximaremos o COP da elite empresarial”

demonstrar que no seio do COP todas as federações encontrarão o seu local de diá-logo, de debate e de consolidação de ideias.

O COP deverá assumir responsabilidades ao nível do desporto base?O COP para além das responsabilidades directas que congrega no seu ADN, tem um papel fundamental para influenciar to-dos os subsistemas desportivos a nível na-cional. Cabe-lhe, desta forma, essa respon-sabilidade natural de estimular, promover e integrar todas as dimensões desportivas que possam influenciar um desporto para todos mas um desporto que possa filtrar e segmentar o alto rendimento. Que importância tem o Desporto Escolar? O Desporto Escolar tem uma importância absolutamente crítica para o bom desenvol-vimento desportivo e contribui decisivamen-te para o estabelecimento de uma cultura desportiva em Portugal. Da mesma forma, esta decisiva dimensão desportiva tem que ser totalmente reformulada para que possa contribuir para o desenvolvimento da exce-lência ao nível do alto rendimento. Este será por certo o grande elemento diferenciador para que Portugal possa ambicionar melho-res desempenhos desportivos.

Page 13: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013 . Olimpo . 13

José manuEl constantino“Contribuir para o desenvolvimento do movimento olímpico em Portugal”

Candidatura ao COP, com que apoios?O apoio de 15 federações desportivas cujas modalidades constam do programa olímpico e que subescreveram a candidatura.

Quais são as mudanças mais importantes que pretende efectuar no COP?Clara separação entre a política e a gestão. Um modelo orgânico de funcionamento se-parando funções eminentemente decisórias, que são pertença da Comissão Executiva, de funções técnicas executivas que devem as-sentar numa subestrutura profissional que responda perante a Comissão Executiva.

Como encara o relacionamento com o Governo? Normal como é próprio de duas entidades que devem colaborar no âmbito das compe-tências respetivas e respeitando a autonomia das partes.

Que responsabilidades ao nível do Desporto português deverão ser assumidas pelo COP?As que decorrem das suas atribuições e dis-posições estatutárias. Promover o olimpis-mo e o valor social da educação e formação desportiva e contribuir para o desenvolvi-mento do movimento olímpico em Portugal, através de medidas que respondam eficien-temente às múltiplas necessidades dos agen-tes e organismos envolvidos na preparação e participação olímpica com vista à elevação do nível desportivo do País.

O COP deverá assumir responsabilidades ao nível do desporto de base?Essa é uma competência das federações des-portivas.

Que importância tem o Desporto Escolar?A evolução do nível desportivo nacional será proporcional à evolução física e motora da população infanto-juvenil, no que esta im-plica de progressos na literacia motora, no desenvolvimento das capacidades e qualida-des físicas gerais e especiais, e na elevação do índice geral da condição física. Não há siste-ma desportivo consistente sem a articulação e complementaridade com o sistema edu-cativo. O que aponta para a necessidade do reforço da parceria com o sistema desportivo federado e para a relevância da iniciação des-portiva em contexto escolar, em conjugação com a formação socioeducativa.

Page 14: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

14 . Olimpo . Março 2013

Em 2008 numa pequena vila de Olhão, no Algarve, nasceu a ideia de ensinar aos mais novos os valores olímpicos. Em 2010 seis escolas de Quelfes puseram em marcha uma pequena revolução no desporto escolar. Mudança que alterou o paradigma educativo e que se prepara para conquistar Portugal. O autor é Gustavo Marcos, um apaixonado pelos Jogos Olímpicos.

GUSTAVO MARCOSAUTOR DE “KELFI E OS JOGOS OLÍMPICOS”

“Livro promove valores olímpicos, ensina que nos devemos esforçar e respeitar os outros”

Gostava que nos revelasse como e quando surgiu a ideia de criar os Jogos de Quelfes?Formalmente os Jogos de Quelfes nasceram a 8 de Agosto de 2008, mas na prática a origem da minha ideia é muito anterior. Passo a explicar, em 1988 Hélder Oliveira, um marchador natural de Quelfes, qualificou-se para os Jogos Olímpicos de Seul e nessa altura o meu pai gravou a cerimónia de abertura e mostrou-me uns dias mais tarde. Fiquei impressionado, mas com cinco anos não me apercebi muito do impacto do olimpismo.

Quando despertou então para o espírito olímpico e para os seus valores?Isso só viria a acontecer quatro anos depois. Durante uma visita ao pavilhão do Comité Olímpico Internacional na Expo 92, em Sevi-lha, visitei uma recriação magnífica de um templo grego. Quase simultaneamente a minha avó ofereceu-me, pouco antes das olim-

píadas de Barcelona, um livro publicado pela Disney com tudo so-bre os Jogos Olímpicos. E depois, durante a abertura dos Jogos de Barcelona, fiquei fascinado com aquele magnífico disparo com a seta inflamada do archeiro que acendeu a Pira Olímpica. Ao longo dos anos seguintes coleccionei tudo o que era publicação sobre o tema olímpico.

Leu tudo o que podia sobre olimpismo. Aspirou a qualificar-se como atleta olímpico?Sim, aspirava, ingenuamente, conseguir um dia qualificar-me para os Jogos. Comecei, por conta própria, a praticar atletismo em 1996, actividade que acompanhei com futebol entre 1996 e 1999. Depois, mais realisticamente, a partir do momento em que termi-nei o curso de Direito, em 2006, comecei a pensar o que poderia fazer pelo olimpismo enquanto filosofia que passou a orientar a minha conduta de vida.

Entrevista

14 . Olimpo . Março 2013

Page 15: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013 . Olimpo . 15

Mas houve um momento, em 2008, em que o Gustavo e um grupo de amigos deram o primeiro passo no sentido de criarem os Jogos de Quelfes? Conte-nos como tudo começou.Durante o Verão de 2008, depois de ter sido constrangido a fi-car uma semana em casa com faringite, decidi convidar alguns amigos, mais concretamente os irmãos Bruno e Renato Ramos e Vânia Rato, minha namorada na altura e actual esposa, para discu-tirmos temáticas olímpicas.

E foi dessa discussão que nasceu a ideia dos Jogos de Quelfes?Sim, foi. Estávamos nas semanas anteriores ao início dos Jogos de Pequim e, após alguma discussão sobre temas mais genéricos, ancoramos na necessidade de criar algo na vertente do olimpismo enquanto filosofia de vida e como possível modelo educativo. Pos-so afirmar que foi exactamente a 8 de Agosto de 2008, no dia da Cerimónia de Abertura dos Jogos de Pequim, que nasceu a ideia de se organizar os Jogos de Quelfes.

Nasceu com que objectivos subjacentes?Nasceu com dois objectivos primordiais. Primeiro o de iniciar no concelho de Olhão um programa educativo baseado no olimpis-mo, um programa que pudesse, em caso de sucesso, ser replicado em outros concelhos vizinhos, para a região algarvia ou mesmo para o país. E em segundo lugar com a ambição de que um dia, mais tarde, se pudesse tornar um festival internacional olímpico para crianças.

Tudo isto sem meios, apenas com iniciativa, boa vontade e alguns contactos.Exacto. Inicialmente sem quaisquer meios. Por isso o passo se-guinte foi o de estabelecer um programa credível que pudesse ser apresentado às escolas e que colhesse interesse. Paralelamente procurámos encontrar uma entidade que pagasse os Jogos, ou seja, o evento principal, que se realizaria no final do ano, e no qual participariam todas as escolas envolvidas. Estava escolhida a deno-minação “Jogos de Quelfes” e a tarefa de os planear ocupou-nos a totalidade do ano lectivo 2008/2009.

Foi fácil convencer os responsáveis das escolas de Olhão para a impor-tância do vosso projecto?Em Outubro de 2009 tínhamos finalmente reunido o interes-se das escolas e conseguido um grande apoio por parte da junta de freguesia de Quelfes. A autarquia estava disposta a financiar o evento final, mas apesar da boa receptividade que tivemos em todas as escolas tenho a certeza que a nossa ideia gerou alguma desconfiança inicial.

A sério? Porquê?Penso que é uma situação normal, uma vez que existia um grande desconhecimento inicial relativo às questões do olimpismo e dos Jogos Olímpicos. Todavia, neste 1.º ano, 6 das 7 escolas sedeadas na freguesia de Quelfes, a maior do concelho de Olhão, aceitaram o desafio de arrancar com os Jogos. No ano lectivo seguinte, em 2010/11, a participação foi total. Às seis que aderiram inicialmente –

– e que quiseram repetir a experiência – ainda se juntou a sétima que tinha ficado de fora.

O grupo fundador dos Jogos tinha estabelecido uma missão principal. Qual foi o objectivo maior?Dos dois objectivos que o grupo determinou, um deles está perto da sua conclusão. Ou seja, o projecto-piloto em Olhão está conclu-ído e sedimentado e envolve neste momento todas as escolas do concelho com um programa educativo, construído em conjunto com um dos agrupamentos de escolas (João da Rosa), que se funda nos valores Olímpicos e toma o desporto como ponto de partida, prolongando-se depois às restantes áreas do desenvolvimento hu-mano.

A organização cinge-se neste momento a Olhão ou já conseguiram replicar o modelo?Os Jogos de Quelfes realizam-se de forma anual, no mês de Abril, com o apoio e envolvimento total da Câmara de Olhão. Neste mo-mento a Câmara Municipal de Loulé já nos contactou no sentido de estudarmos a possibilidade de implementar nesse concelho o modelo dos Jogos de Quelfes. Há ainda uma outra parte do projec-to que está por realizar e que é a celebração de um Festival Olímpi-co Internacional. Temos neste momento o projecto concluído e já o endereçámos ao COP e à Academia Olímpica com o objectivo de que a 1.ª edição se possa realizar em Lisboa em 2015.

Conte-nos o seu sonho de construir um projecto educativo assente nos valores olímpicos.Os valores olímpicos, e mais concretamente a filosofia de vida que é o olimpismo, começam-se a trabalhar nas idades mais jovens, especialmente no 1.º ciclo alargado (6-12 anos). Falamos de olim-pismo, promovemo-lo enquanto filosofia de vida universal, mos-tramos que nos devemos esforçar mais, que devemos dar sempre o nosso melhor em todos os quadrantes da vida, respeitando sempre quem nos rodeia.

Depois do sucesso dos Jogos em 2010, como surgiu a ideia de escrever o livro?O livro está intimamente ligado à vinda do Comandante Vicente Moura (presidente do Comité Olímpico Português) para assistir aos II Jogos de Quelfes, em Abril de 2011. O Comandante mos-trou-se sensibilizado com os Jogos e a mensagem que se transmi-tiu às novas gerações foi o clique que precisava para nascer o livro. Basicamente já tinha tudo na minha cabeça, resultado de quase 20 anos de leituras. O livro “Kelfi e os Jogos Olímpicos” ganhou forma escrita em menos de um mês. Depois veio a fase mais demorada: ilustrar e paginar. Em Junho de 2011 apanhei-me com uma obra escrita com sensivelmente 200 páginas.

O comandante Vicente Moura refere no editorial do livro que sentiu existir nos Jogos de Quelfes o espírito genial do criador do olimpismo moderno. Ele referiu-lhe isso pessoalmente?Não só me referiu pessoalmente como afirmou no discurso que proferiu perante as escolas e as entidades presentes.

Março 2013 . Olimpo . 15

Page 16: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

16 . Olimpo . Março 2013

Entrevista

O “atleta dos valores olímpicos” que não nasceu para as corridas

Praticou atletismo na adolescência, mas em termos de provas federadas a sua melhor classificação foi um 11.º lugar no regional de 1500 metros em 2000, tinha 17 anos. Assume que, apesar de uma “profunda dedicação e empenho”, não singrou nas pistas: “não nasci para ser um atleta de eleição”, confessa. Durante quatro anos jogou futebol ao serviço do LGC Moncarapachense, clube de uma vila do concelho de Olhão, mas os estudos na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa traçaram-lhe o destino. Hoje, com 29 anos, é director do Departamento Jurídico da Empresa Municipal de Mercados de Olhão e no currículo já soma cargos importantes de direcção e coordenação de encontros desportivos na região algarvia.

Dedicou o livro a Pierre de Coubertin. Conhece bem a sua história e ele é para si uma fonte de inspiração?Sem dúvida, não só pela sua genial obra como, sobretudo, pelos sacrifícios que suportou ao longo da sua vida.

Todo o seu livro é muito pedagógico, tenta passar os valores olímpi-cos e a ideia de que nos temos que superar na vida para conseguir-mos vencer, embora competindo de forma leal.Aquilo que está na base da filosofia olímpica é a vontade, como dizia Pierre de Coubertin, “sem ela nada se faz e por ela tudo é possível” e isso aplica-se não só ao desporto como a qualquer outra área de desenvolvimento humano. O desporto, como vivência que forma a vontade, prepara o corpo e o espírito para lutar e vencer.

Tem sido fácil passar essa mensagem aos miúdos? Eles questionam como podem praticar esses valores e princípios?A forma mais fácil de introduzir a mensagem é, como referi, através do desporto e de um mecanismo motivacional que coloca enfase na vitória pessoal, no recorde pessoal face à vitória com-parativa ou absoluta. O desafio é que os alunos superem os seus recordes pessoais durante os Jogos de Quelfes. Estão lá outros meninos com o mesmo objectivo e por isso não são encarados como adversários. No final todos ganham uma medalha.

No fundo superarem-se e esforçarem-se por melhorar. Isso é funda-mentalmente um exercício de autodisciplina.Exactamente. Um exercício de autodisciplina que depois é ex-portado para as outras disciplinas. Este é o cerne do olimpismo segundo os Jogos de Quelfes.

O seu livro é uma obra multidisciplinar, sempre com uma preo-cupação pedagógica. Tem matemática, ciência, educação cívica e etecetera. Como surgiu a ideia de fazer um livro tão didáctico?A ideia é mesmo essa, apresentar o olimpismo como uma fi-losofia de vida que, partido do desporto, comunica e tem apli-cação a todas as áreas do desenvolvimento humano.

Faz referência no seu livro a Rosa Mota, entre outros atletas, como uma pessoa que venceu a adversidade quando a davam como perdida. Rosa Mota é um exemplo de vida para si? Conheceu-a pessoalmente?Sem dúvida, é um exemplo de uma grande campeã nas pis-tas e na vida. Tive o prazer de a conhecer no ano passado, quando assistiu à cerimónia de abertura dos Jogos de Quelfes. Foi fantástico conhecê-la como pessoa e como campeã. Para as crianças que estudaram a sua história foi uma experiência estimulante.

Como vê os incentivos que estão a ser dados pelas escolas, pelo Ministério da Educação, pelas federações e clubes para que haja no futuro campeões com potencial olímpico?Quanto ao desenvolvimento de futuros campeões penso que este deve passar por uma articulação das federações com os clubes de desporto escolar, como já acontece em alguns ca-sos, dando maior visibilidade a estes últimos. Mas não posso deixar de dizer que o olimpismo não é só para os campeões, mas para todos. Mais importante do que ter atletas a ganhar medalhas é termos uma população com um elevado índice de prática desportiva.

Page 17: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2012 . Olimpo . 17

Page 18: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Reportagem

18 . Olimpo . Março 2013

Vera BarBosa SeMifinaliSta de 400M barreiraS noS JogoS olíMpicoS de londreS

um dia com...

No top 20 mundial

Foto

s Fer

nand

o Pi

çarr

a

Page 19: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013 . Olimpo . 19

V era Barbosa tem 24 anos, e con-seguiu chegar às semifinais dos Jogos Olímpicos de Londres

com a marca de nível mundial de 55,22 se-gundos. Resultado que a coloca nas vinte melhores atletas mundiais desta modali-dade. Este é também o recorde nacional. A atleta já tinha superado a meta de Maria do Carmo Tavares de 56,25 segundos e quando se julgava que era quase impossível baixar a barreira dos 56 segundos, Vera Barbosa fê- -lo de forma olímpica, à hora certa e no sítio certo. “ Foi uma sensação de grande felici-dade e de orgulho para o meu treinador e para todos os que me seguem, obviamen-te que foi também um orgulho para mim por ter representado dignamente Portugal”.

A Olimpo foi acompanhar um dia na agenda de Vera Barbosa que começa cedo com aulas do curso profissional de Técnicas de Exercício Físico e Animação Desportiva de Técnicos (CET) na escola de formação profis-sional de técnicos nas áreas do desporto, ‘fit-ness’ e massagem, em Alcântara.

A parte da tarde é inteiramente dedicada ao desporto, com treinos entre as três e as seis horas diárias na nave do Centro de Alto Rendimento do Jamor, sempre com o acom-panhamento do seu treinador Carlos Silva. A atleta assim que chega à nave faz uma corrida de aquecimento de aproximadamente 20m, seguindo-se o trabalho de reforço muscular nas máquinas. O treino subsequente é mais específico e varia conforme o tema a abordar que pode ser mais vocacionado para a força ou para a velocidade, por exemplo. No dia em que a Olimpo acompanhou a Vera era dia de exercícios de coordenação e mobilidade ge-ral em barreiras dispostas ao longo de 20m,

onde treina os balanços frontais. São exercí-cios de mobilidade para treinar os adutores. “ Ataca, esquiva, ataca!”, indica o treinador que já trabalha com a atleta há três anos. “Es-tes são exercícios técnicos em que se treina o rigor e aperfeiçoamento, são os chamados exercícios de critério para a melhoria de téc-nica”, explica-nos Carlos Silva.

Para Vera, a rotina de discente de manhã e atleta olímpica à tarde é uma novidade na sua rotina à qual ainda se está a habituar, confessa a atleta que iniciou as aulas apenas este ano lectivo. Quando questionado sobre as caracte-rísticas que fazem da Vera uma Atleta de Alta Competição, Carlos Silva não tem dúvidas: “A Vera é altamente concentrada e dedicada ao trabalho, o que a juntar aos seus elevados níveis de condição física e também a uma parte de persistência da sua personalidade, fazem dela uma campeã”. O futuro? Ambos garantem ter a motivação suficiente e apoio necessário para trabalhar um próximo ciclo olímpico com outra confiança e uma expec-tativa maior, quatro anos pode parecer um longo espaço de tempo, mas os atletas de alta competição pode apenas significar se-gundos. “ Se nestes quatro anos a Vera con-seguir melhorar meio segundo, é o suficien-te para ela conseguir entrar nas 15 melhores do mundo e se poder aproximar de uma final. Para tal não bastam três ou quatro ho-ras por dia. Pelo menos, nos dois anos ante-cedentes aos jogos olímpicos têm de ser de dedicação total. Mas se se conseguir duas ou três décimas já é óptimo”, remata Carlos Sil-va. Já Vera Barbosa acredita que conseguirá baixar a barreira dos 55 segundos “continu-ando a treinar e melhorando a técnica como até aqui, é possível!”.

// Vera Barbosa divide o seu tempo entre as aulas e os treinos

Page 20: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Roteiro

De Manhã10h00 Agura Waterfalls

Também conhecidas como Agursky, as cascatas Agura são uma das atracções turísticas mais famosas em Sochi. Localizadas fora da cidade, estas majestosas cascatas caem de uma altura de 98 pés (30m) para uma piscina oval de água cristalina. Das rochas pode observar-se uma vista panorâmica da cidade e do mar Negro.Morada: River Agura, Sochi, Rússia

À tarDe13h00 Riviera Park

O local ideal para descanso e lazer em Sochi. Situado na margem esquerda do rio, não muito longe do mar e da ponte Riviera, é um parque com jogos, galerias de arte e muitas atracções, para ser visitado durante a tarde ou para uma corrida. É possível almoçar ou até fazer um piquenique nos seus jardins. O Riviera Park foi fundado em 1898 e reúne em 14,7 hectares 240 espécies de plantas, das quais 50 espécies são particularmente valiosas. Um dos pontos turísticos mais impressionantes do parque é a “Clareira da Amizade”, onde cada convidado de honra da cidade, por tradição, tem direito de plantar uma magnólia. Também famoso o “Beco dos Escritores”, com estátuas dedicadas aos grandes escritores russos, tais como Pushkin, Nekrasov e Dostoiévski.Desde 2007, este parque acolhe o Oceanário, com peixes vivos importados de todo o mundo. Nas proximidades existe o Dolphinarium, onde mamíferos marinhos não deixam indiferentes crianças e adultos.Morada: Egorova street Sochi, RussiaEntrada gratuita

ao Jantar20h00 Restaurante Brigantia

O restaurante francês Brigantia, da dupla francesa de pai e filho Martial e Bastien Simonneau, oferece umas das experiências de jantar mais inesquecíveis de Sochi. A especialidade da casa é a ‘pasta’. Contudo o menu inclui também bifes, mexilhões e uma grande variedade de ‘pizzas’, para além de uma alargada carta de vinhos. Com uma das melhores localizações de Sochi, o restaurante dispõe de uma agradável esplanada com vista para o porto. Morada: ul. Nesebrskaya, 13, Sochi 354000, Rússia Tel. : +79186087111Preço médio: $25 – $70 (19€ - 52€) por pessoa, com vinhos incluídosOpções de restaurantes: Café da manhã/BrunchAberto até tarde

RoteiRo SoCHi 2014Sochi está a preparar-se para atrair os olhos do mundo, na qualidade de sede das Olimpíadas de Inverno de 2014. Situada no Krai de Krasnodar, esta cidade russa está situada a sudoeste do país, nas proximidades das montanhas nevadas do Cáucaso e do mar Negro. O clima ameno que a caracteriza, aliado aos aspectos físicos da região, faz de Sochi uma “cidade-resort”, destino de milhares de russos durante as suas férias.

20 . Olimpo . Março 2013

Page 21: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2013 . Olimpo . 21

XXII Jogos De Inverno - sochI2014data7 a 23 de Fevereiro de 20147 a 16 de Março de 2014 (Paralímpicos)

LocalCidade: Sochidistrito: Distrito Federal do Sulregião: SudoesteSubdivisão: Krai de KrasnodarPopulação: 334 282 habitantes (2006)densidade: 95 hab./km²País: Rússia

Local da abertura oficial dos Jogos Sochi Olympic Stadium

Slogan“Hot.Cool.Yours.”

Países participantesSão esperados mais de 80 países

Número de atletasEsperados mais de 3 mil atletas (homens e mulheres)

Modalidades disputadasO actual calendário inclui os seguintes desportos de Inverno: Biatlo, Bobsleigh, Combinado nórdico, Curling, Esqui alpino, Esqui cross-country, Esqui estilo livre, Hóquei no gelo, Luge, Patinagem artística, Patinagem de velocidade, Patinagem de velocidade em Pista Curta, Salto de esqui, Skeleton e Snowboard.

data da Cerimónia de abertura7 de Fevereiro de 2014

data da Cerimónia de Encerramento23 de Fevereiro de 2014

Hot.Cool.Yours.

Page 22: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

22 . Olimpo . Março 2013

Opinião

dopagem é um dos maiores flagelos do desporto de alta competição, pelo descrédito que transporta para o des-porto mas também, e principalmente, pe-las sequelas físicas e, tantas vezes, psicoló-gicas que acarreta para os desportistas que enveredam por esses caminhos.Nos últimos anos tem havido uma cons-ciencialização crescente para a necessida-de de combater a dopagem no desporto. a nível internacional, via agência mundial antidopagem, Comité olímpico interna-cional e federações de diferentes modali-dades, mas também a nível nacional.a legislação nacional tem vindo a ser aper-feiçoada, sob a égide do Código mundial antidopagem, no sentido de livrar o des-porto do recurso a métodos e produtos proibidos, com contributos decisivos nes-te sentido por parte da autoridade antido-pagem de portugal e do Comité olímpico de portugal, mas também através de bons

“Luta contra a dopagem: um combate de todos”

e pioneiros exemplos de acções intransi-gentes empreendidas por algumas fede-rações, como é o caso da Federação por-tuguesa de Ciclismo, a que presidi, entre 1992 e outubro de 2012.apesar dos passos dados na direcção cor-recta, estou convencido de que é preciso ir ainda mais longe. estabelecido que está um quadro normativo equilibrado, que visa punir eficazmente os prevaricadores, há que actuar a montante. Na minha opi-nião, o papel de concertação e de coorde-nação de luta contra a dopagem no nosso país cabe à autoridade antidopagem de portugal e ao Comité olímpico, mas tem de ser efectuado em harmonia e em con-junto com todas as federações desportivas.antes do mais, é fundamental que todos nos concentremos na prevenção. Há que esclarecer todos os agentes desportivos sobre os malefícios da dopagem na saúde dos atletas, sobre as entorses que provoca

ao espírito olímpico e sobre os imensos prejuízos económicos que impõe às mo-dalidades que se vêem a braços com casos deste tipo.este trabalho implica que tenhamos sem-pre em mente um princípio fundamental, o de que vencer a todo o custo não é justo nem tem sabor. Há que estimular nos jo-vens praticantes e nos seus treinadores o espírito da sã competitividade, que faz do desporto uma festa em que não há derro-tados, mas apenas alguns que alcançam melhores desempenhos e que, por isso, merecem a admiração dos demais.o caminho da prevenção e da educação das novas gerações de desportistas na cultura antidpagem é fundamental para que, no futuro, o efeito punitivo dos regu-lamentos e a legislação nesta matéria seja usado cada vez menos.

• texto escrito segundo o novo acordo ortográfico.

ARTUR LOPESVice-Presidente do Comité Olímpico de Portugal Vice-Presidente da União Ciclista Internacional

Page 23: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

Março 2012 . Olimpo . 23

Page 24: N.º 135, Março de 2013 eleições · A REVISTA DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL N.º 135, Março de 2013 Publicação Trimestral Manuel Marques da Silva e José Manuel Constantino

24 . Olimpo . Junho 2012