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TUTELA COLETIVA Prof. Sávio Bittencourt 01/04/2006 (1ª AULA) bibliografia Carvalhinho. Ação Civil Pública Comentada por artigos. Lúmen iuris. Hugro Nigro Mazili. A tutela dos Interesses Difusos em juízo. INTRODUÇÃO AOS DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS 1. Tutela Coletiva e Evolução Social 1.1. O esgotamento do modelo de conflito de interesses do Estado Liberal. 1.2. A urgência da Tutela Coletiva como instrumento de regulação da sociedade do século XXI. 1.3. Os novos direitos objeto da tutela coletiva: meio ambiente, infância e juventude, probidade administrativa, patrimônio público, saúde, idoso e portadores de deficiência, consumidor, etc. Tradicionalmente o processo civil é constituído para as questões individuais (conflito de interesse qualificado pela pretensão resistida). Vai-se ao Estado-Juiz através de um pedido para compor esse litígio (demanda). O instrumento da demanda é a petição inicial. Existe uma norma genérica chamada lei (norma abstrata). A sentença do juiz é a norma concreta. Esse modelo não deu conta das grandes demandas. Era necessário que fossem criados outros instrumentos, capazes de lidar com outros tipos de interesses, que não eram tão individualizados. Há interesses nos quais não há a possibilidade de se nomear todos os titulares. Assim, nasce a tutela coletiva (meio ambiente,infância e juventude, probidade administrativa, saúde, idoso, consumidor etc).

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TUTELA COLETIVA Prof. Sávio Bittencourt

01/04/2006 (1ª AULA)

bibliografia

Carvalhinho. Ação Civil Pública Comentada por artigos. Lúmen iuris.Hugro Nigro Mazili. A tutela dos Interesses Difusos em juízo.

INTRODUÇÃO AOS DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS

1. Tutela Coletiva e Evolução Social

1.1. O esgotamento do modelo de conflito de interesses do Estado Liberal.1.2. A urgência da Tutela Coletiva como instrumento de regulação da sociedade do século XXI.1.3. Os novos direitos objeto da tutela coletiva: meio ambiente, infância e juventude, probidade administrativa, patrimônio público, saúde, idoso e portadores de deficiência, consumidor, etc.

Tradicionalmente o processo civil é constituído para as questões individuais (conflito de interesse qualificado pela pretensão resistida). Vai-se ao Estado-Juiz através de um pedido para compor esse litígio (demanda). O instrumento da demanda é a petição inicial.Existe uma norma genérica chamada lei (norma abstrata). A sentença do juiz é a norma concreta. Esse modelo não deu conta das grandes demandas. Era necessário que fossem criados outros instrumentos, capazes de lidar com outros tipos de interesses, que não eram tão individualizados. Há interesses nos quais não há a possibilidade de se nomear todos os titulares. Assim, nasce a tutela coletiva (meio ambiente,infância e juventude, probidade administrativa, saúde, idoso, consumidor etc). A primeira noção que a tutela coletiva traz é que deve haver uma nova interpretação da coisa julgada. Varias legitimações foram constituídas para que essa coletividade fosse representada.

2. Direitos ou interesses transindividuais

2.1. Interesse simples2.2. Interesse legítimo 2.3. Interesse juridicamente protegido.2.4. Distinção entre interesse difuso e interesse legítimo.2.5. Direitos subjetivos transindividuais.

Existia uma divergência na doutrina em relação à denominação: direitos individuais ou interesses individuais.

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Caio Mário quando define direito subjetivo fala que se identifica o titular do direito porque ele tem uma faculdade de agir porque a lei garante a ele que seu interesse seja tutelado, aí nasce o direito. O interesse de ter uma indenização encontra respaldo na lei e, a partir da identificação do sujeito, nasce o direito subjetivo. Com essa acepção clássica tradicional só haveria direito subjetivo quando se identificasse o titular. Em relação ao meio ambiente, à saúde etc, não tem como se identificar os titulares. Assim, tradicionalmente, passaram a ser chamados de interesses difusos ou interesses meta-individuais.

Em relação ao interesse simples, ao interesse legítimo e ao interesse juridicamente protegido, entre eles não há uma diferença ontológica porque interesse é interesse. Não se difere um do outro em razão da natureza e sim em razão do grau de proteção que a lei lhe confere. No interesse simples, não há relevância jurídica (ir á cantina).No interesse legítimo, por sua vez, é menos protegido pelo direito. Ele não tem a defesa pela lei como um todo. Ele é parcialmente protegido. Ex.: concurso para Promotor. 25 vagas. Passei em 26º. Ninguém pode me passar, mas eu não posso demandar para entrar se não abrir a 26ª vaga. Ou seja, não tenho capacidade de exercício imediato, mas tenho algumas garantias. Outro exemplo é o da licitação, quando o fato de vitória da licitação não me dá o direito de exigir que o Estado faça a obra, mas se fizer será comigo.

Quando se fala em interesse legitimamente protegido, alei tutela a pretensão. Quando há uma lesão ou ameaça de lesão a um interesse, a pessoa pode agir para defendê-lo. Assim, quando há um interesse juridicamente protegido, na verdade o que há é um direito subjetivo. Ou seja, direito de agir para tutelar o interesse.

Assim: 1ª corrente – para ser direito subjetivo tem que identificar os titulares;

2ª corrente – tanto faz chamar de interesses meta-individuais ou transindividuais, ou direito. O fato de ser coletivo não quer dizer que não possam ser chamados de direitos porque, na verdade, cria-se para alguns legitimados, a capacidade de agir. O que legitima o interesse juridicamente protegido e o transforma em direito é o fato de nascer a capacidade de tutelar tais direitos, individualizadamente ou para a coletividade. Assim, há direitos coletivos transindividuais. É dispensável a identificação exata dos titulares.Se há o art. 225 dizendo que todos têm direito ao meio ambiente, criando obrigações e direitos, a CF/88 deu ao cidadão capacidade de agir, capacidade de tutela, através da ACP (Lei 7347/95), por exemplo. Mesmo que não se identifiquem os titulares não significa que isso sejam apenas interesses. São direitos.

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3. Condição de Legitimação dos Direitos Transindividuais

3.1 Relevância do interesse – esses interesses do consumidor, do meio ambiente etc tem que ser relevantes.não é qualquer lesão ou qualquer fato que vai suscitara capacidade de agir ou suscitar a aplicação da lei. Tem que ter relevância social.

3.2 Representação adequada – a forma de acesso à Justiça (ação, rito) tem que ser adequada e tem que haver legitimação também. A representação adequada está na lei

Onde se situam esses interesses/direitos meta-individuais?

4. Interesses (Direitos) Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos

4.1. Doutrina tradicional: dicotomia pura – interesse privado e interesse público (primário e secundário).O interesse meta-individual seria público ou privado?Criou-se uma segunda corrente (DICOTOMIA MITIGADA) onde o interesse público e o privado continuavam sendo gêneros e dentro do interesse público havia o interesse do estado e o da coletiviadade.

4.2. Dicotomia mitigada: interesse privado e interesse público (do Estado e da coletividade).O interesse transindividual é uma espécie de direto público. Há a terceira corrente, do prof.Pedro Lenza, que coloca o direito transindividual em um terceiro gênero e não como espécie.

4.3. Tricotomia: interesse público, privado e transindividual.Os autores que assim classificam como um novo gênero, dizem que não se trata de direito público porque às vezes o interesse/direito transindividual é privado. Por ex.: o interesse individual coletivo não encerra interesse público. Ex.: a Soletur vendeu pacotes e não fez as viagens. Esse interesse é disponível.Apesar de ser uma relação privada, essa relação entre consumidor e produtor sempre foi muito desequilibrada, motivo pelo qual a lei entendeu que deveria ser criado um meio de defesa (CDC) e capacidade de tutela coletiva, em função da relevância social e não por ser direito público.

Previsão legal da Tutela Coletiva: CDC, Lei 8.078/90:

Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

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I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeito deste Código, os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.

Previsão legal da Tutela Coletiva:

Artigo 21 da Lei 7.347/85Art. 21 - Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor. (Redação dada pelo artigo 117, da Lei nº 8.078, de 11.09.90).Assim, o título III do CDC se aplica a todos os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos!!!

Interesses (Direitos) Difusos:Transindividualidade real ou essencial ampla (não sabe quem são as pessoas)Indeterminação dos sujeitosIndivisibilidade ampla IndisponibilidadeVínculo de fatoReparabilidade indireta (patrimônio de todos)

Interesses (Direitos) Coletivos:Transindividualidade real ou essencial restrita (grupo)Determinabilidade dos sujeitosDivisibilidade externa do objeto, indivisibilidade individualDisponibilidade coletivaRelação jurídica-baseReparabilidade indireta

Interesses Individuais Homogêneos:Transindividualidade artificial e instrumental (essas pessoas poderiam demandar individualmente, mas estão juntas por interesse social da defesa)Determinabilidade dos sujeitosDivisibilidade do objetoDisponibilidade (em regra)Núcleo comum de direito ou de fatoReparabilidade direta (recomposição pessoal dos bens lesados, em regra)Interesse social (relevância de uma atividade privada)

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Ex.: Palace II. Formou-se uma associação para a defesa dos moradores do prédio. O Mp estadual, a partir da relação, que julgou ser de consumo, instaurou Inquérito Civil e começou a investigar para ajuizar ACP contra o proprietário. O Mp entrou com a ação,propondo ACP para a defesa daquele grupo. É o clássico direito individual homogêneo. Eles são todos identificáveis e a partir da relevância social, foi ajuizada ACP para tutela-los. Houve uma relevância porque a associação ingressou no processo como assistente litisconsorcial. Mp e associação contra a empresa do Sérgio Naya.Na primeira instancia foi julgado procedente o pedido. Na segunda instancia,a través da apelação da empresa, houve a argüição, em preliminar, de ilegitimidade do MP na tutela daquele interesse. Porque não havia relevância social que justificasse a atuação do MP em razão do diminuto num,erro de pessoas e de suas identificações. O TJ/Rj,aceitando esse argumento, disse que o MP não tinha legitimação. Só foi mantido o julgado porque havia outro legitimado, que era a associação. Se não houvesse a associação, todo o esforço estaria por terra, em virtude dessa interpretação.

BENS TUTELADOS NA ACP:

1º - bem ambiental – art. 225, CF/88.

O D. Ambiental é um direito muito novo. O D. Ambiental se qualifica não pela forma de tutela, como é no D. Penal (pela pena, por exemplo). A qualificação do D. Ambiental se dá através da compreensão do art. 225, da CF/88.É um conjunto de regras que cria a responsabilidade criminal da pessoa jurídica. É concreto!!!A teoria da culpabilidade penal deve ser revista, pois a teoria da culpabilidade foi criada para questões individuais e o D. Ambiental não se enquadra aí.O meio ambiente é bem de uso comum do povo.

Canotilho disse que o Direito começará a tutelar interesses de outras espécies que não a humana. Esse é o quarto corte narcísico na humanidade. O primeiro foi quando Copérnico e Galileu Galilei disseram que o Sol não girava ao redor da Terra e sim o contrário; o segundo foi quando Darwin disse que o homem veio de um macaco; o terceiro foi quando Freud disse que nós nos determinamos mais pelo inconsciente do que pelo consciente. O quarto foi o que o prof. Canotilho disse.

Em São Paulo há lei para regulamentar rodeio, para tornar o esporte menos dolorido para o animal. O MP fez uma TAC para que as empresas de rodeio se adaptem à lei. Uma promotora de MG ingressou com uma ACP alegando a inconstitucionalidade dessa lei, porque para ela essa lei estaria regulamentando os maus-tratos contra o animal, o que é proibido pelo art. 225 da CF/88.

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O bem tutelado é a afetividade humana da coletividade.

Animais em cultos religiosos – no RS proibiu. O MP ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade porque permitiria a crueldade contra animais. Estando permitida a prática de cultos,o procurador ingressou com uma ação e a decisão é interessante (Revista de Direito Ambiental, n.º 1 – Fiúza): a CF/88 prevê a tutela ao meio ambiente em alto grau,mas por outro lado ela tutela uma liberdade religiosa. Se não for permitida essa utilização, estar-se-á negando essa liberdade de cultos religiosos de origem africano. Os animais não são sujeitos de direitos e a utilização dos mesmos em cultos tem que ser culturalmente aceita. Assim, comer carne de boi, é culturalmente aceito, mas o boi não gostou de morrer para ser comido. Da mesma forma nos cultos religiosos. Essa prática religiosa é culturalmente aceita.

Natureza jurídica do D. Ambiental - bem difuso, de uso comum do povo.Temos que preservar o meio ambiente para gerações futuras. Assim por sua natureza, o D. Ambiental requer uma nova visão jurídica. O meio ambiente pode ser dividido em 4 patrimônios muito claros: natural, cultural (histórico), artificial (cidade) e do trabalho.O dever de preservar é de todos (pode público e coletividade). Assim,pode haver regra infraconstitucional que limite interesses privados em detrimento do meio ambiente sem que isso seja inconstitucional, em função da supremacia do interesse público pelo privado. Isso tudo está nos incisos do art. 225 da CF/88.

PRINCÍPIOS

1 – P. do Poluidor-Pagador – foi construído a partir da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81).

O D. Ambiental, da forma organizada que vemos, foi criado a partir de 1981. desde a época em que Cabral chegou ao Brasil, até a metade do século passado, durante 150 anos, vivia-se o que se pode chamar de fase de exploração, onde o D. Ambiental não existia. O meio ambiente não era tutelado diretamente,mas apenas de forma obliqua, quando, por exemplo alguém queria questionar alguma violação ao meio ambiente “individual” ingressava com uma ação. Assim, o meio ambiente era defendido excepcionalmente e indiretamente. Surgiu em 1850 a Lei da terra que causou balburdia. Havia leis de proteção ambiental, mas a preocupação dessas leis não era a de proteção ambiental.No século XX é que essa preocupação começou a surgir, em virtude dos modelos econômicos adotados, extremamente consumidores dos recursos ambientais. Em função disso, ocorreu que os países começaram a se preocupar com os recursos ambientais. Começou a surgir uma lei aqui outra ali para proteger componentes do meio ambiente que tivessem valor econômico.

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Nessa época, que é chamada de fase da defesa econômica ou economicista (1950 a 1980), surgiu uma legislação que ainda está em vigor, parcialmente modificada (Código de Caça, Código de Pesca, Código Florestal etc). Os países desenvolvidos destruíram seu meio ambiente e ficaram preocupados. Foi realizada a Conferencia mundial de Estocolmo (1972). No Brasil havia a democracia controlada (quem fosse contra o Governo era preso, torturado e morto).A Comissão brasileira foi contrária às idéias trazidas pela Conferencia em função do regime político e em função do momento econômico (Milagre do desenvolvimento) que vivia.Isso provocou duras críticas externas. O governo teve que criar alguns instrumentos protetivos para amenizar as críticas: criou-se a Secretaria de Meio Ambiente que virou o Ministério do Meio Ambiente. O governo começou a abrir as portas para alguma proteção ao meio ambiente. A partir da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81). Essa lei inaugura o que se chama de fase olística do meio ambiente. Olística porque defende o meio ambiente como um todo. O meio ambiente é entendido como um bem difuso, a partir daí, que não pode ser fracionado. Em 1985 surgiu a ACP que instrumentalizou a tutela do meio ambiente. Em 1998 surgiu a lei de crimes ambientais etc. assim o sistema ambiental está sendo lapidado.Essa lei criou o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Criou política de meio ambiente, criou órgão de execução do meio ambiente. Voltando ao princípio do poluidor pagador: esse princípio está previsto no art, 14, 1º da Lei 6938/81.

Art. 14, 1º da Lei 6938/81. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:I – à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações do Tesouro Nacional – OTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios;II – à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;III – à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;IV – à suspensão de sua atividade.§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

O MP já tinha atribuição para a defesa do meio ambiente antes mesmo de existir a ACP.

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A natureza da responsabilização é objetiva, sem comprovação de culpa. Ou seja, não pode se argüir contra essa obrigação imposta pela lei, a licitude da atividade, a existência de licença. Alguns autores chegam a afirmar que esse é o tipo mais severo de responsabilidade porque nem mesmo a exceção absoluta da força maior e do caso fortuito consegue afastar essa responsabilidade. Esse é um posicionamento polêmico. Parte significativa da doutrina de D. Ambiental entende que nem a força maior, nem o caso fortuito afastam a responsabilidade ambiental.

Ex.: é permitido, na licença, jogar uma quantidade x de um poluidor no rio. Ao longo dos anos, essa quantidade diminui a viscosidade do rio etc. é verificado um dano ambiental. O proprietário da fábrica argumenta que só jogava a quantidade permitida X. mesmo assim, a responsabilidade se verifica porque o 1º diz que o poluidor é obrigado, independente de culpa. Basta provar o nexo com a atividade.

Não é pagador -poluidor. Não paga para poluir. TAC (termo de ajustamento de conduta) como MP. O poluidor retorna para o campo da legalidade.Não pode haver medidas compensatórias em TAC que não sejam para aplicação em fundos ambientais ou para restituição in natura. Ex. caminhonete para a Polícia Florestal não pode. TAC não é um meio de aparelhamento de órgão público.

2 – P. da Cautela. No art. 170 da CF/88, quando se fala em ordem econômica (desenvolvimento sustentável), busca-se garantir o crescimento econômico necessário, preservando o meio ambiente. É a ponderação entre o desenvolvimento e a questão ambiental. Por que o art. 225 CF/88 é mais importante do que esses que falam do desenvolvimento econômico? Por que na ponderação de valores o maio ambiente é mais importante e pode limitar o movimento econômico?Porque a própria CF/88 criou isso,não só pela natureza da especialidade, mas pela própria redação do art. 170.

CF/88, Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:VI. – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;(Inciso VI com a redação dada pela EC nº 42, de 19-12-2003. Lei nº 7.347, de 24-7-1985 (Lei da Ação Civil Pública).

O inciso cria um princípio de ordem econômica chamado defesa do meio ambiente. A ordem econômica é limitada pela defesa do meio ambiente. Isso é o princípio da cautela. Na dúvida, não se deve produzir a atividade lesante ao meio

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ambiente em prol do desenvolvimento econômico. Na dúvida deve-se esperar, deve-se ter certeza científica de que aquela atividade econômica não lesará o meio ambiente.

CF/88, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Quando se trata, por exemplo, de transgênico, de telefonia celular e sua radiação, não há certeza absoluta dos malefícios. Em razão disso, a sua permissão se dará com o desenvolvimento de pesquisas que apontarem para o não malefício. O princípio da cautela é um princípio em afirmação na jurisprudência e base da atuação do MP. Os exemplos são os inquéritos civis e as ACPs propostas contra a telefonia celular. Nas ações em geral, na dúvida não se condena, não se perde ação etc, mas em D. Ambiental isso é invertido, em razão do P. da Cautela.

OBS.: no individual, na maioria das vezes é mais fácil vencer uma ação dessa natureza (telefonia e câncer/tansgênico), do que em tutela coletiva.

3 – P. da Supremacia do Interesse Público – questão de prova do MP (última), relativa a uma empresa que foi processada porque jogava produto no córrego e na ACP não ficou provado que aquele produto era um malefício. A ação foi proposta pelo Município. Depois de algum tempo, novas técnicas surgiram e viram que aquele produto era tóxico. O MP fez uma TAC com a empresa para que ela criasse um reservatório para aquele material. Comas as chuvas, ele ameaçava a ruir. O Promotor,mediante um TAC cumprido integralmente e mediante uma ação com transito em julgado, poderia fazer algo?Claro. ACP com obrigação de não fazer (deixar de poluir), com obrigação de fazer (obras necessárias ao reservatório) e pedido de antecipação de tutela em relação ao reservatório que está quase estourando, além do pedido de indenização pelo dano causado. Base: Teoria da relativização da coisa julgada nas ações coletivas.

ACP, art. 16. exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar nova ação com idêntico fundamento valendo-se de prova nova.

Se houver lesão ao bem jurídico que não consiga ser comprovada na hora, haverá a possibilidade, desde que surja nova prova, de se propor nova ação.

Na questão da prova, a pegadinha era porque a perícia havia concluído que as substâncias X, Y e Z não são tóxicas. Mas depois,

Assim, a coisa julgada, nas ações coletivas, é relativa quando se trata de bens jurídicos fundamentais. Justamente por isso a questão pode ser reexaminada à luz de novas provas. Ainda que se tenha julgado o mérito (a substancia não é tóxica)

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e indeferindo pedido, se a ciência muda, pela supremacia do interesse público sobre o privado, haverá reexame da questão com base na teoria da relativização da coisa julgada nas ações coletivas. A despeito de ter havido um nova dizendo que a substancia não era tóxica, a ratio legis do art. 16 da Lei de ACP é permitir o reexame da questão a partir de prova nova, em função da supremacia do interesse público sobre o privado. Do contrário o poluidor adquiriria direito de poluir pela coisa julgada.

4 – Princípio da Sustentabilidade – art. 170, CF/88, já falado anteriormente.

3 – estudo de impacto ambiental – resolução 01/86 CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente que regulamenta a legislação ambiental). Art. 2º é rol exemplificativo das atividades que necessitam de estudo de impacto ambiental.

EIA (ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL) RIMA (RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL)

Quando o estudo for dispensado pela Administração cabe demanda judicial para que haja o estudo. A administração tem que fundamentar.

Infrações ambientais (Lei 9605/98)

Sanções administrativas e sanções penais.

Art. 76 da lei 9605/98. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência. Quando duas multas são lançadas, uma por órgão da União e outra por órgão do Estado, deve-se privilegiar a multa estadual (ou até municipal) em detrimento da multa federal, por ser bis in idem.

Responsabilidade civil objetiva – nexo de causalidade e evento danoso. Nexo com a atividade. A atividade industrial está ali. Houve o dano. Independente de sua conduta, se decorrer o dano, há responsabilidade, porque o nexo é coma atividade.

Ex. em Niterói tinha um empresa de sardinha que diversas vezes foi multada porque o resto de sardinha era despejado na praia. Isso correu reiteradamente. Foi proposta ACP para que a empresa indenizasse o dano causado. O juiz indeferiu o pedido do MP em função de não se comprovar o nexo de causalidade com a atividade. A defesa argumentava que diversas empresas causavam

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poluição. O juiz embarcou nessa argumentação. Essa ação está em grau de recurso. Deve ser ressaltado que uma coisa é saber quantificar o dano monetariamente e outra coisa é ignorar que aquela empresa causou dano ao meio ambiente. Assim, neste exemplo, alguma indenização deveria ter sido imposta à empresa, embora não se possa separar os danos causados por ela e os danos causados pelas outras empresas.O critério a ser utilizado é a repetição da conduta danosa. O dano moral ajuda também a complicar. Pela Lei 8884/94, se incluiu no art. 1º da Lei de Ação Civil Pública (Lei 7347) a possibilidade de se cobra ro dano moral. A lei fez isso para acabar com a dúvida. Assim na ACP pode ser cobrado o dano moral.O manguezal não tem valor de mercado, mas o valor dele é inestimável. Não há como atribuir valor a isso. O valor do dano ambiental deve ser tratado como o preço da intervenção que é necessária ao retorno do status quo ante. O titular do meio ambiente é a sociedade. O prazo que ela passa privada daquele bem tem que ser indenizado. Reparação direta – voltada para o meio ambiente em si (ex.: replantar árvores que desmatou)Reparação indireta – condenação a pagar algo (art. 13 da Lei 7347).A doutrina acaba dizendo que se deve partir para a reparação direta. O grande objetivo da proteção ambiental é o retorno à situação anterior,ou seja, a recuperação do meio ambiente lesado (ressarcimento in natura). Quando isso não é possível (porque não há condições técnicas de recuperação), faz-se a reparação indireta que é a indenização. Isso que a doutrina fala não é toda a verdade. Isso porque se for cobrado um dano moral, tem que ser por indenização e não por reparação direta.Quase todo dano ambiental vai comportar uma reparação direta quando possível e uma indenização, seja por dano moral, seja em razão do tempo em que a sociedade ficou privada do bem de uso comum do povo. Assim, caberá, quando possível a recuperação in natura e sempre o dano moral.

A última questão é a referente à solidariedade – em regra geral, dentro do limite da proporcionalidade constitucional, o dano ambiental é solidário. Aqueles que concorrem para o dano ambiental podem ser acionados isoladamente para reparar o dano inteiro. Não se admite chamamento ao processo na ACP. Isso porque a intervenção de terceiro serve para discutir culpa (relação de direito subjetivo) – e em se tratando de meio ambiente a responsabilidade é objetiva – e interesses privados.

É diferente na ação coletiva. A ação coletiva visa a defesa do interesse difuso e não o interesse particular. Além disso, nesta, tem que se discutir culpa. O chamamento ao processo é uma forma de se garantir, na mesma ação, o direito de regresso. Na ACP admite-se o regresso, mas em ação própria.

OBS: no interesse individual homogêneo, o litis é ativo facultativo. Na ACP, em razão da solidariedade há um litis passivo.

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Essa solidariedade tem que ser interpretada constitucionalmente. Ou seja, o lesante não será responsabilizado por tudo. Não é um valor matemático, mas que tem como base o dano causado por aquela atividade. A solidariedade é na medida da proporcionalidade. A pessoa não vai ser responsável por toda a despoluição da Bahia da Guanabara. Essa solidariedade tem como base um dano específico, dentro da proporcionalidade constitucional.

TUTELA ADMINISTRATIVA DO MEIO AMBIENTE

A tutela administrativa se dá através do licenciamento. A tutela administrativa se dá através da capacidade da Administração Pública exercer as competências atribuídas pela CF/88. competência administrativa ou executiva é a competência pela qual o estado age em favor da defesa de alguma coisa. Ele faz isso aplicando sanções, licenciando etc. essas medidas de imposição de limites, de fiscalização, de imposição de sanções, são medidas administrativas, adstritas ao Princípio da Legalidade Estrita. Licenciamento – é um procedimento administrativo, pelo qual a Administração julga se determinada atividade é conveniente para determinado lugar, quais são os limites a serem impostos para aquela atividade, impõe cuidados especiais que aquela atividade deve ter com o meio ambiente, enfim, todo o estudo prévio para poder haver o desenvolvimento sustentável (art. 170, VI, CF/88).Assim, o licenciamento ambiental é o instrumento pelo qual é permitida uma atividade que tenha consumo de recursos ambientais,a través da imposição delimites. A Resolução do CONAMA n.º 237/97.

Há uma discussão sobre ser a licença ambiental ser ato discricionário ou vinculado. O excesso de liberdade que a Administração tem na escolha desses limites, fez com que muitos autores, no início, tenham defendido se tratar de uma autorização e não de uma licença estrito sensu. Porque se se considerar que a licença ambiental não é licença, isso tem um profundo significado jurídico. se for licença, é ato vinculado. cumprido os requisitos, há o direito. Se se considera como autorização, trata-se de ato precário, discricionário que pode ser revogado ad nutum pela Administração. O administrador pode revogar se achar conveniente e oportuno. Ele analisa o mérito administrativo (motivo e objeto do ato). Há uma terceira corrente que entende se tratar de licença com um grau de discricionariedade muito grande. Seria um híbrido entre licença e autorização. Os autores mais abalizados em D. Ambiental, afirmam que,a despeito da grande discricionariedade do administrador na imposição dos limites, isso não transforma essa licença em autorização. É uma licença estrito sensu. Primeiro porque tudo tem que ser fundamentado; segundo porque o administrador não pode dizer que não quer dar a licença se todos os requisitos estiverem preenchidos.

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Na verdade o administrador tem uma grande discricionariedade técnica, mas não tem discricionariedade jurídica. A discricionariedade técnica é uma decorrência da proteção ao meio ambiente. Não pode dar e revogar.Quais são as formas de extinção doa to jurídico? Revogação – é relacionada ao ato discricionário porque é meritória. O administrador acha que não é mais conveniente e revoga. Se o administrador revoga é porque ao to é discricionário. E a licença ambiental não pode ser revogada.

1ª corrente – autorização

2ª corrente – licença estrito sensu;

3ª corrente – misto de licença e de autorização (em face da grande discricionariedade que o administrador tem na imposição dos limites).

Ex.: se um determinado estado fizer exigências técnicas absurdas para a implementação de uma refinaria de petróleo. Isso pode ser levado a juízo porque é uma simulação de discricionariedade técnica, quando na verdade trata-se de uma discricionariedade jurídica que ele não tem. É um desvio de poder/ desvio de finalidade.

Então, o licenciamento ambiental é um procedimento administrativo – resolução 237 do CONAMA.

Há uma discussão a respeito da constitucionalidade dessa resolução (art. 4º, 5º e 6º). Porque a lei que prevê o licenciamento ambiental é a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81 – art. 10).

Lei 6938/81Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.§ 1º Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação.

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§ 2º Nos casos e prazos previstos em resolução do CONAMA, o licenciamento de que trata este artigo dependerá de homologação da SEMA. A expressão Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA foi substituída por Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, pelo art. 3º da Lei nº 7.804, de 18-7-1989.§ 3º O órgão estadual do meio ambiente e a SEMA, este em caráter supletivo, poderão, se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados no licenciamento concedido.A expressão Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA foi substituída por Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, pelo art. 3º da Lei nº 7.804, de 18-7-1989. § 4º Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional.

REGIONAL = SUDESTE, SUL ETC.

RESOLUÇÃO 237/97 COMAMAArt. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados;IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;

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V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica.§ 1º - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.§ 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando possível, as exigências.Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades: I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios;IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio.Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.

A Resolução veio interpretar regulamentar a lei e cometeu alguns pecados. Primeiro porque vinculou o licenciamento a partir do local onde são realizadas as atividades. Se for em amr territorial ´eo IBAMA. Quando na verdade o que importa

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não é onde a atividade é desenvolvida e sim o impacto que ela causa. A lei exige como regra o impacto. Se o impacto for local, será o estado que dará o licenciamento; se for regional, será o IBAMA. A Resolução, no art. 4º regulamenta a competência da União, no art. 5º regulamenta a competência do Estado e no a rt. 6º regulamenta a competência do Município. Simplesmente a Resolução previu um licenciamento de atividade ambiental para o Município sem que alei o tenha feito. A norma regulamentadora criou um direito, algo que a lei não previu: primeiro é o Estado e supletivamente o Ibama ou em caso de impacto regional o Ibama. Não pode a Resolução, que é uma norma regulamentadora, e criar direito novo. Por isso alega-se que esses artigos são inconstitucionais e ilegais. Ilegais porque esses artigos dizem respeito à própria lei que veio regulamentar. Quando houver alguma questão relativa á competência par ao licenciamento ambiental, tem que enfrentar essa divergência.

O licenciamento ambiental municipal não esta previsto na lei de Política Nacional de Meio Ambiente. Quando a lei mudar, uma vez que há um projeto de lei tramitando, pode ser que haja, mas hoje, no sistema atual essa possibilidade não existe.

Competência ambiental – próxima aula. Estudar por constitucional (competência legislativa e executiva).

Questionário:1. Qual a distinção entre interesse legítimo e interesse juridicamente protegido?O que difere o interesse legítimo para o interesse juridicamente protegido é o grau de proteção. Assim, há:

I. interesse simples: que não tem relevância para o Direito;II. interesse legítimo: é parcialmente tutelado, ou seja, não é defendido

totalmente pela lei;III. interesse juridicamente protegido: que é o tutelado plenamente pela lei.

2. O que distingue o interesse difuso do interesse coletivo?

Interesses (Direitos) Difusos:Transindividualidade real ou essencial ampla (não sabe quem são as pessoas)Indeterminação dos sujeitosIndivisibilidade ampla IndisponibilidadeVínculo de fatoReparabilidade indireta (patrimônio de todos)

Interesses (Direitos) Coletivos:Transindividualidade real ou essencial restrita (grupo)

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Determinabilidade dos sujeitosDivisibilidade externa do objeto, indivisibilidade individualDisponibilidade coletivaRelação jurídica-baseReparabilidade indireta

3. O que é um direito subjetivo transindividual?

1ª corrente – para ser direito subjetivo tem que identificar os titulares;

2ª corrente – tanto faz chamar de interesses meta-individuais ou transindividuais, ou direito. O fato de ser coletivo não quer dizer que não possam ser chamados de direitos porque, na verdade, cria-se para alguns legitimados, a capacidade de agir. O que legitima o interesse juridicamente protegido e o transforma em direito é o fato de nascer a capacidade de tutelar tais direitos, individualizadamente ou para a coletividade. Assim, há direitos coletivos transindividuais. É dispensável a identificação exata dos titulares.Se há o art. 225 dizendo que todos têm direito ao meio ambiente, criando obrigações e direitos, a CF/88 deu ao cidadão capacidade de agir, capacidade de tutela, através da ACP (Lei 7347/95), por exemplo. Mesmo que não se identifiquem os titulares não significa que isso sejam apenas interesses. São direitos.

4. É possível transação em direitos difusos, considerando-se sua indisponibilidade?