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ATITUDE A barata na Reunião Mediúnica - Orson Peter Carrara 07 CIÊNCIA E ESPIRITISMO Sonambulismo - Prof. Dr. Nubor Orlando Facure 08 HAGIOGRAFIA Francisco de Assis - Uma Vida de Amor - Da Redação 10 PÉROLAS DA CODIFICAÇÃO Liberdade ou Intransigência Religiosa? Ricardo Rodrigues Escodelário 13 ACONTECEU COMIGO Um Raio em minha casa!!! - Roseli Santana 14 RECORDANDO CHICO O “Pinga Fogo” - TV Tupi 2ª parte 22 18 CAPA A Criação - Therezinha Oliveira COMPORTAMENTO A problemática do Suicídio Leandro Camargo / Lino Bittencourt 24 ANÁLISE Estudando o Codificador - Denise Lino 28 HISTÓRIA Roma 3 x 2 Cristianismo - Francisco Cajazeiras 32 INFORMAÇÃO O Editor Recomenda - O Editor 35 CURIOSIDADES BÍBLICAS Você Sabia ... - Julieta Closer 27 Edição FidelidadESPÍRITA - MARÇO DE 2003 Nesta Nesta ESTUDO Parábolas Descascadas - Leandro Camargo 16 EDITORIAL Isaac Newton e a Criação 03 REVUE SPIRITE Concordância Espírita e Cristã - Allan Kardec 04 Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução

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ATITUDEA barata na Reunião Mediúnica - Orson Peter Carrara07

CIÊNCIA E ESPIRITISMOSonambulismo - Prof. Dr. Nubor Orlando Facure08

HAGIOGRAFIAFrancisco de Assis - Uma Vida de Amor - Da Redação10

PÉROLAS DA CODIFICAÇÃOLiberdade ou Intransigência Religiosa?Ricardo Rodrigues Escodelário

13

ACONTECEU COMIGOUm Raio em minha casa!!! - Roseli Santana14

RECORDANDO CHICOO “Pinga Fogo” - TV Tupi 2ª parte 22

18 CAPAA Criação - Therezinha Oliveira

COMPORTAMENTOA problemática do SuicídioLeandro Camargo / Lino Bittencourt

24

ANÁLISEEstudando o Codificador - Denise Lino 28

HISTÓRIARoma 3 x 2 Cristianismo - Francisco Cajazeiras32

INFORMAÇÃOO Editor Recomenda - O Editor 35

CURIOSIDADES BÍBLICASVocê Sabia ... - Julieta Closer27

Ed i çãoFidelidadESPÍRITA - MARÇO DE 2003

Nes ta Nes ta

ESTUDO Parábolas Descascadas - Leandro Camargo16

EDITORIALIsaac Newton e a Criação03

REVUE SPIRITEConcordância Espírita e Cristã - Allan Kardec 04

Reprodução

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Reprodução

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Assinaturas

Para o exterior

Correspondência

Internet

AnualNúmero Avulso

Anual

R: Dr. Arnaldo de Carvalho, 555 - apto 51

Bonfim - CEP 13070-090

Campinas - SP - Brasil

Fone/Fax (19) 3233.5596

Fidelidade Espírita é uma publicação

do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”.

CNPJ: 01.990.042/0001-80

Inscr. Estadual: Isento

R$ 45,00R$ 4,50

US$ 35,00

E-mail: [email protected]

Diretor Presidente

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Doutrinário

Equipe Editorial

Adriana PersianiJulieta CloserLeandro CamargoLino BittencourtPaulo RossiRicardo R. EscodelárioRogério Gonçalves Sandro Cosso

Revisão Ortográfica

Rosemary C. Cabral

Jornalista Responsável

Renata LevantesiMtb 28.765

Diagramação e Ilustrações

Alessandra Persiani

Administração

Rogério GonçalvesViviam B. S. Gonçalves

Capa

Fotolito

Octano Design 19 3294.2565

Rip Editores Gráficos Associados

Apoio Cultural

Braga Produtos AdesivosAlvorada Gráfica & Editora

Impressão

Alvorada Gráfica & Editora 19 3227.3493

EditorialEditorial

Fonte: MOTTA, Jr. Eliseu da. Que é Deus. Ed. O Clarim. Matão/ SP

Isaac Newton e a Criaçãoonta-se que certa vez, Sir Isaac Newton pediu a um mecânico dotado de extraordinária perícia para fazer-Clhe uma réplica em miniatura do nosso sistema solar,

com esferas representando os planetas, conjugadas por en-grenagens e correias que lhes conferissem movimento har-mônico na medida em que fossem acionadas por uma peque-na manivela. Mais tarde, Newton recebeu a visita de um cole-ga cientista que não acreditava em Deus. Sua palestra foi rela-tada no Minnesota Technology:

"Certo dia, quando Newton estava sentado no seu es-túdio, lendo, com seu mecanismo perto de si, numa grande mesa, entrou seu amigo incréu. Como cientista, reconheceu imediatamente o que tinha diante de si. Chegando-se perto, moveu vagarosamente a manivela e observou com indisfar-çada admiração os corpos celestes movendo-se todos na velo-cidade relativa às suas órbitas. Afastando-se alguns pés, ex-clamou: “Oh! que coisa primorosa! Quem fez isso?" Newton, sem levantar os olhos de seu livro, respondeu: “Ninguém!"

Voltando-se rapidamente para Newton, o incréu dis-se: Evidentemente não entendeu a minha pergunta. Perguntei quem fez isso? Levantando então os olhos, Newton assegu-rou-lhe solenemente que ninguém o fizera, mas que o con-junto de materiais, tão admirado, assumira por acaso a forma que tinha. Mas o incréu assombrado replicou um pouco aca-loradamente: “Deve pensar que sou tolo! Naturalmente foi feito por alguém e este é um gênio, e eu gostaria de saber quem é."

Pondo de lado o livro, Newton levantou-se e deitou a mão no ombro de seu amigo, dizendo-lhe: “Esta coisa é so-mente uma imitação insignificante de um sistema mais gran-dioso, cujas leis conhece e eu não o posso convencer de que este mero brinquedo não foi projetado nem feito por alguém; no entanto, você professa crer que o grandioso original, de que se copiou o desenho, veio a existir sem ter sido projetado e feito por alguém! Ora, diga-me, por meio de que espécie de raciocínio chegou a tal conclusão incongruente?”.

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Revue Spirite

e talvez vejais com que interesse minha fé religiosa acolhe muito naturalmente os princípios do Espiritismo. Eis como, em minha opinião, as duas coisas se aliam:

Deus: criador de todas as coisas;

Objetivo e fim de todos os seres criados: concorrer para a harmonia universal;

No universo criado, três reinos principais: o material ou inerte; o orgânico ou vital; o in-telectual e moral;

Todo ser criado está sub-metido a Leis;

Os seres compreendidos

nos dois primeiros reinos obede-cem, invencivelmente, e por eles jamais é perturbada a harmonia;

Como os dois primeiros, o terceiro reino está submetido a Leis, mas goza do singular privi-légio de poder a elas subtrair-se; possui a terrível faculdade de de-sobedecer a Deus: é o que cons-titui o livre arbítrio.

O homem pertence si-multaneamente aos três reinos: é o Espírito encarnado;

As Leis que regem o mun-do moral estão formuladas no de-cálogo, mas se resumem neste ad-mirável preceito de Jesus: Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos;

Allan Kardec

Desejando vivamente fa-zer parte da Sociedade Parisien-se de Estudos Espíritas, mas for-çado a deixar a França proxima-mente, venho solicitar a honra de ser aceito como membro cor-respondente. Tenho a vantagem de vos conhecer pessoalmente e não necessito dizer-vos com que interesse e simpatia acompanho os trabalhos da Sociedade. Li vossas obras, bem como as do Barão de Guldenstubbe e, conse-qüentemente, conheço os pontos fundamentais do Espiritismo, cu-jos princípios adoto sinceramen-te, tais quais vos são ensinados. Como protesto aqui a minha fir-me vontade de viver e morrer cristão, esta declaração me leva a vos fazer minha profissão de fé

Concordância Espírita e CristãEspírita e Cristã

Sr. Presidente,

carta seguinte foi dirigida à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas pelo Dr. de Grand-Boulogne, antigo vice-cônsul da AFrança.

Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas pelo Dr. de Grand-Boulogne, antigo vice-cônsul da França.

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Março 200304 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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mundo não é, como disse um fi-lósofo, o espetáculo de uma grande alma lutando com a ad-versidade; é o esforço perpétuo de uma alma progredindo no bem e elevando-se de virtude em virtude até seu Criador;

Qual a mais bela de todas as virtudes? A caridade;

Que é a caridade? É o a-tributo especial da alma que, em suas ardentes aspirações para o bem, se esquece de si mesma e se consome em esforços pela felici-dade do próximo;

O saber está muito abai-xo da caridade; ele nos eleva na hierarquia espírita, mas não con-tribui para o restabelecimento da ordem perturbada pelo mau. O saber nada expia, nada resga-ta, em nada influi sobre a justiça de Deus: ao contrário, a caridade expia e apasigua. O saber é uma qualidade; a caridade, uma vir-tude;

Encarnando os Espíritos, qual foi o desígnio de Deus? Cri-ar, para uma parte do mundo es-piritual, uma situação sem a qual não existiria nenhuma das grandes virtudes que nos en-chem de respeito e de admira-ção. Com efeito, sem o sofrimen-to não há caridade; sem o perigo não há coragem; sem a desgraça não há devotamento; sem a per-seguição não há estoicismo; sem a cólera, não há paciência, etc. Ora, sem a corporeidade, com o

Toda derrogação da Lei constitui uma perturbação na harmonia universal; ora, Deus não permite que tal perturbação persista e a ordem deve ser in-vencivelmente restabelecida;

Existe uma Lei destinada à reparação da desordem no mundo moral, e esta Lei está to-da inteira nesta palavra: expia-ção;

oA expiação efetua-se: 1 . pelo arrependimento e os atos de

ovirtude; 2 . pelo arrependimento o

e as provas; 3 . pela prece e as provas do justo, unidas ao arre-pendimento do culpado;

A prece e as provas do justo, posto concorrendo da ma-neira mais eficaz para a harmo-nia universal, são insuficientes para a expiação absoluta da fal-ta; Deus exige o arrependimento do pecador; mas com esse arre-pendimento a prece do justo e sua penitência em favor do cul-pado bastam à eterna justiça, e o crime é perdoado;

A vida e a morte de Jesus põem em evidência esta adorá-vel verdade;

Sem livre arbítrio não há pecado, mas também não há vir-tude;

Que é a virtude? A cora-gem no bem;

O que há de mais belo no

expia-ção;

desaparecimento desses males, desaparecem as virtudes.

Para um homem um pou-co mais desprendido da matéria, neste conjunto de bem e de mal há uma harmonia, uma grande-za de uma ordem mais elevada que a harmonia e a grandeza do mundo exclusivamente materi-al.

Isto responde em poucas palavras às objeções baseadas na incompatibilidade do mal com a bondade e a justiça de Deus.

Seriam necessários volu-mes para desenvolver conveni-entemente essas diversas propo-sições. Mas o objetivo dessa co-municação não é oferecer à So-ciedade uma tese filosófica e re-ligiosa. Quis apenas formular al-gumas verdades cristãs em har-monia com a Doutrina Espírita. Do meu ponto de vista, essas verdades são a base fundamen-tal da religião e, longe de enfra-quecer-se, elas se fortificam pe-las revelações espíritas. Assim, não hesitei em formular um la-mento, é que os ministros do cul-to, enceguecidos pela demonio-fobia, recusem esclarecer-se e condenem sem exame. Se os cristãos destapassem os ouvidos às revelações dos Espíritos, tudo quanto, no ensino religioso, per-turba os nossos corações ou re-volta nossa razão, devanecer-se-ia de repente. Sem se modificar em sua essência, a religião alar-garia o círculo de seus dogmas e os lampejos da verdade nova consolariam e iluminariam as al-

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Março 2003 05FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Observação: Esta carta dispensa co-mentários e cada um apreciará o alto alcance dos princípios nela formulados de maneira ao mesmo tempo tão profunda, tão simples e tão clara. São os do verdadeiro Espiritismo; contu-do os que ousam pôr em ridículo homens que pretendem o privilégio da razão e do bom senso, por não saberem se têm alma e não fazerem di-ferença entre o seu futuro e o de uma máquina. Apenas uma observação acrescentaremos: é que, bem compreendido, o Espiritismo é a sal-vaguarda das idéias verdadeiramente religiosas, que se extinguem; que, contribuindo ao melho-ramento dos indivíduos, trará, pela força das coi-sas, o melhoramento das massas e que não está longe o tempo em que os homens compreende-rão que nesta Doutrina encontrarão o mais fe-cundo elemento da ordem, do bem-estar e da

prosperidade dos povos; e isto por uma razão muito simples, que ela mata o materialismo, que desenvolve e alimenta o egoísmo, fonte perpé-tua de lutas sociais e lhe dá uma razão de ser. Uma sociedade cujos membros fossem todos guiados pelo amor ao próximo, que inscrevesse a caridade no alto de todos os seus códigos, seria feliz e em breve veria apagarem-se os ódios e as discórdias. O Espiritismo pode realizar este pro-dígio e o fará a respeito dos que ainda o agri-dem. Porque os agressores passarão, mas o Espi-ritismo ficará”.

espírita. Posto sua moral se con-funda com a do Cristianismo; posto pronuncie, como este, pa-lavras cominatórias, há tão ricos tesouros de consolação; é, ao mesmo tempo tão lógico e tão prático; lança uma luz tão viva sobre o nosso destino; afasta tão bem as obscuridades que pertur-bam a razão e as perplexidades que atormentam os corações, que, na verdade, parece impossí-vel que um Espírita sincero por um só dia negligencie trabalhar o seu melhoramento e, assim, não concorra para restabelecer a harmonia perturbada pelo des-bordamento das paixões egoísti-cas e cúpidas.

Pode, pois, afirmar-se que, propagando as verdades que temos a felicidade de conhe-cer, trabalhamos pela Humani-dade e nossa obra será abençoa-

mas. Se, como diz o Pe. Ventura, é certo que as doutrinas filosófi-cas ou religiosas acabam ivenci-velmente por se traduzirem nos atos ordinários da vida, é bem evidente que uma nação inicia-da no Espiritismo tornar-se-ia a mais admirável e a mais feliz das nações.

Dir-se-á que uma socie-dade realmente cristã seria per-feitamente feliz. Concordo. Mas o ensino religioso tanto procede pelo terror quanto pelo amor; e os homens, dominados por suas paixões, querendo a todo preço, libertar-se dos dogmas que os ameaçam, serão sempre tão nu-merosos que o grupo dos cris-tãos sólidos constituirá sempre pequena minoria. Os cristãos são numerosos; mas os verdadeiros cristãos são raros.

Não assim com o ensino

da por Deus. Para que um povo seja feliz, é necessário que o nú-mero dos que querem o bem, que praticam a Lei da caridade, supe-re o dos que querem o mal e só praticam o egoísmo. Creio em minha alma e tenho consciência de que o Espiritismo, apoiado no Cristianismo, é chamado a ope-rar esta revolução.

Penetrado de tais senti-mentos e querendo, na medida de minhas forças, contribuir pa-ra a felicidade de meus seme-lhantes, ao mesmo tempo que busco tornar-me melhor, peço, sr. Presidente, para fazer parte de vossa Sociedade,

Aceitai, etc.

De Grand-Boulogne, doutor em medicina, antigo

Vice-cônsul da França.

Fonte:Transcrito do artigo: Concordância Espí-rita e Cristã - Allan Kardec - Revista Espí-rita - Agosto de 1860, pg. 242 à 246 - Tra-dução de Julio Abreu Filho - Ed. Edicel.

Março 200306 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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de alguém sentado à mesa mediú-nica com uma barata às costas, dentro da camisa. O rapaz, come-çou a se contorcer à maneira de um médium ainda indisciplinado e co-mo instrumento de um Espírito so-fredor ou em dificuldades.

O dirigente da reunião não hesita:

- Seja bem vindo, meu ir-mão!

O rapaz então responde:- É uma barata! E recebe nova orientação:- Não, meu irmão, você

não é uma barata, é apenas um es-pírito livre do corpo que agora pre-cisa seguir o seu caminho, apren-der coisas novas, adaptar-se à no-va vida, progredir...

Aí, um berro:- É uma baraaaataaa!!!E saiu correndo derruban-

do cadeira e livros, para nunca mais voltar àquela Casa....

O leitor já percebeu com clareza: Não era uma comunicação de um Espírito, o rapaz não era um médium. Um dirigente desatento, uma casa mal orientada, ausência do atendimento fraterno, despre-paro na recepção de pessoas novas que chegam pela primeira vez. Um verdadeiro desastre!

Atitude

rapaz chegou aflito ao Cen-tro Espírita. Era a primeira Ovez que adentrava um Cen-

tro, mas sua agonia o levou a pro-curar ajuda. Precisava conversar com alguém, desabafar suas afli-ções, ser ouvido.

O dirigente, após pequeno diálogo, apresenta a receita:

- Você precisa desenvolver a mediunidade(?!) E prossegue:

Sim, sentar-se à mesa, re-ceber o mentor, trabalhar no bem...

O rapaz não entendeu na-da. Fez algumas perguntas que não foram respondidas conveniente-mente e foi levado naquela mesma hora para participar da reunião mediúnica. Lembremo-nos de que foi a primeira vez que tomou con-tato com um Centro e que buscou alguém apenas para conversar...

Já na sala mediúnica achou estranho o ambiente: pesso-as caladas e concentradas. Ouviu algumas preces e comentários, aguardando o que iria acontecer, uma vez que nada conhecia sobre o Espiritismo. A noite estava muito quente, as janelas bem abertas. Em dado momento, surgiu no ambien-te uma barata voadora que após al-guns vôos rasantes sobre os pre-sentes, pousou na gola da camisa daquele novato de Centro Espírita. Pousa e adentra pelas costas do in-feliz. Imaginem os leitores a cena

A abordagem não tem fun-ção de crítica destrutiva, trata-se de abrir os olhos para o que esta-mos fazendo e como estamos fa-zendo.

A Doutrina é muito clara. As Casas Espíritas representam o Espiritismo e precisam pautar suas atividades com seriedade e conhe-cimento.

O estudo tem prioridade absoluta. Precisa abranger a infân-cia, a mocidade, os adultos fre-qüentadores, para termos em nos-sas Casas Espíritas pessoas consci-entes, coerentes e responsáveis. Nosso querido Richard Simonetti já afirmou que o Centro Espírita ideal é aquele que tem mais trabalhado-res do que freqüentadores. Isso sig-nifica envolvimento e trabalho que só o estudo pode proporcionar.

O tempo é de estudo e es-clarecimento. Abramos os olhos e nos debrucemos sobre os livros, pa-ra estudar realmente. O Centro tem o dever de proporcionar ou ofere-cer um conhecimento atraente, participativo e motivador em suas reuniões, para que os Espíritas pos-samos sempre aprofundar nas in-formações para agir com acerto e coerência.

Orson Peter Carrara - Matão/SP

na Reunião Mediúnica na Reunião Mediúnica

Explicando:

O estudo da Doutrina Espírita nospermite agir com acerto e coerência

Março 2003 07FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Ciência e Espiritismo

Allan Kardec, recebeu as instru-ções dos Espíritos descrevendo o sonambulismo como um fenô-meno no qual a Alma está parci-almente liberta do corpo e, que nestas circunstâncias ela adquire propriedades que lhe permitem ver e ouvir além dos limites que os órgãos dos sentidos nos im-põem enquanto encarnados.

A palavra sonambulismo significa “andar dormindo” e, no meio espírita, precisamos tomar cuidado porque, nos dias de ho-je, ela tem sido empregada quase que exclusivamente para se refe-rir ao fenômeno do sonambulis-mo infantil. Esse, é um distúrbio do sono, mais freqüente em cri-anças dos 5 aos 12 anos e que se caracteriza justamente por ocor-rer no início do sono, nas fases mais profundas do sono, em que a criança se levanta da cama e sai andando pela casa. Apesar da semelhança, esse quadro não tem nada a ver com o “sonam-bulismo natural” que estamos abordando.

Quando publicou O Livro dos Espíritos, em 1857, Allan Kardec disse na sua Introdução que tinha se interessado pelo so-

“sonam-bulismo natural”

nambulismo durante 36 anos, portanto, desde os seus 17 anos de idade. Nessa ocasião, o so-nambulismo era estudado em to-da a Europa despertando inte-resse acadêmico de inúmeros sá-bios da época.

O início dessa história re-monta aos primeiros trabalhos de Mesmer quando introduziu suas idéias sobre o “magnetismo animal” e a provocação em seus pacientes da chamada “crise” para normalização do fluxo magnético. Durante a crise ou transe, o paciente entrava num estado torporoso e sensível no qual mantinha-se extremamente receptivo às sugestões e aos efei-tos da imaginação.

Um dos mais famosos discípulos de Mesmer, o Mar-quez de Puysegur, provocava a “crise mesmérica” e aproveitava esse período de “sono provoca-do” para curar seus pacientes. Durante o transe, certos sonâm-bulos podiam ditar recomenda-ções sobre o diagnóstico e o tra-tamento de enfermos ali presen-tes.

Em 1819, a divulgação do sonambulismo tinha ganho

“magnetismo animal”

“crise”

“crise mesmérica”

m certa ocasião, estive nu-ma cidade do interior para Efazer uma palestra sobre o

cérebro e a mediunidade. Pouco antes de começar, uma senhora de uns 50 anos de idade me pro-curou com certa ansiedade, que-rendo que eu “conhecesse a sua mediunidade”. Dizia que, em certas ocasiões, se sentia, subita-mente, “fora do seu próprio cor-po”. O fenômeno ocorria em qualquer ambiente, não preci-sando de nenhum “preparo” pré-vio. Podia estar numa reunião mediúnica ou numa roda de amigos que, de repente, percebia estar ocupando dois lugares. Sentia-se no corpo físico com o qual ela se movia e falava e, no corpo espiritual, de onde proce-diam seus pensamentos. Nesse estado, podia observar as pes-soas presentes, percebendo ne-las, inquietude ou sinais de do-ença em algum de seus órgãos.

O quadro que essa se-nhora relata, constitui o fenô-meno típico do sonambulismo natural, podendo estar ela abso-lutamente consciente durante todo o processo de desprendi-mento. Em O Livro dos Espíritos,

sonambulismo natural

SonambulismoSonambulismoProf. Dr.º Nubor Orlando Facure - Campinas/SPExclusivo para FidelidadESPÍRITA.

A Alma, parcialmente emancipada vê, ouvee recebe impressões, fora dos limites do corpo físico...

Março 200308 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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uma grande importância parti-cularmente na França. Nessa ocasião, Paris, já reconhecia a popularidade do Abade Faria, que com seus estudos, introdu-ziu o conceito e o método da su-gestão como agente produtor do sonambulismo. O seu livro, pu-blicado nas vésperas da sua mor-te, Da causa do Sono Lúcido no Estudo da Natureza do Homem (1819) acendeu a polêmica entre os que acreditavam na existên-cia e atuação do fluido magnéti-co proposto por Mesmer e a in-terferência da sugestão na pro-dução do fenômeno sonambúli-co.

O magnetismo e o so-nambulismo estão intimamente ligados ao Espiritismo, tanto nos seus fundamentos históricos co-mo na sua proximidade com os fenômenos mediúnicos. Nesse sentido é oportuno reabrirmos O Livro dos Médiuns e O Livro dos Espíritos e aprender o que Kar-dec fala sobre o assunto:

“Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e

os descrevem com tanta preci-são, como os médiuns videntes. Podem confabular com eles e transmitir seus pensamentos. Nesses casos, eles são sonâmbu-los-médiuns”;

O sonambulismo natural é espontâneo ao passo que o

sonambulismo magnético é vo-luntário e por isso pode ser pro-

sonâmbu-los-médiuns

vocado. Um não suprime o outro já que, em ambos persiste a fa-culdade da alma em emancipar-se; ocorre apenas uma outra di-retriz, que disciplina o fenôme-no. A educação mediúnica tam-bém permite ao médium que, pe-la sua vontade, ele tenha contro-le voluntário sobre o Espírito que vai por ele se manifestar;

Pode considerar-se o so-nambulismo como sendo

uma variedade da faculdade me-diúnica;

O sonâmbulo age sob a in-fluência do seu próprio Espí-

rito, é sua alma que, nos mo-mentos de emancipação, vê, ou-ve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O médium ao contrá-rio, é instrumento de uma inteli-gência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. O sonâm-bulo exprime o seu próprio pen-samento, enquanto o médium exprime o de outrem.

O sonambulismo natural é um estado de independência

do Espírito, mais completo que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas facul-dades. No sonambulismo, o Espí-rito está na posse plena de si mesmo e seu corpo acha-se de certa forma em estado de cata-lepsia, deixando de receber as impressões exteriores.

Percebe-se claramente que sonambulismo e mediunida-de caminham juntos e, nos dois fenômenos encontramos a alma, emancipada e livre para se mani-festar.

O articulista é médico, formado pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba. Fez especialização em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Lecionou na Faculdade de Medicina de Campinas UNICAMP - durante 30 anos, on-de fez doutorado, livre-docência e tornou-se professor titular. Fundador do Instituto do Cérebro em Campinas, em 1987, tendo ultrapassado a marca de 100.000 pacientes neurológicos registrados em sua clínica particular. Além disso, é espírita sobeja-mente conhecido, respeitado e querido den-tro e fora do nosso movimento. Seus arti-

gos guardam, sempre, absoluta Fidelidad-

ESPÍRITA.

Franz Anton Mesmer,

médico alemão, desenvolveu

a teoria do magnetismo

animal e da possibilidade

da sua transmissão.

Reprodução

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5

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2Março 2003 09FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

O Livro dos MédiunsItens 162 e 172 :

O Livro dos Espíritos Pergunta 425

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o século XI, após ter al-cançado hegemonia so-Nbre os reis germânicos,

os Papas ganharam a suprema-cia e impuseram o seu domínio sobre os limites nacionais e fora deles. Fortalecida, a Igreja en-trava na aurora de uma época de

Hagiografia

riqueza e poder.Nesse período, uma pro-

fetiza de nome Izabel de Schö-nau, no alto do Reno, na Alema-nha, em sua cela, arrebatada em êxtase foi advertida por seus guias espirituais que lhe disse-ram:

“Foste chamada a revelar o que está oculto. Clama em alta voz, clama aos ouvidos do mun-

Março 200310 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Parte I

Da Redação

Contexto histórico:

MILLER, René Fülöp. Santos que abalaram o mundo. Ed. José Olympio Rio de Janeiro/ RJ. Pág. 130.

Ibidem, p.131.

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Francisco de AssisFrancisco de AssisUma Vida de Amor. Uma Vida de Amor.

do: a vinha do Senhor esterili-zou-se. Não há ninguém para cultivá-la. O Senhor enviou seus operários, mas eles estão ocio-sos. A cabeça da Igreja está do-ente e seus membros estão mor-tos”.

Contudo, no século XII em um convento em Rupert-sberg, próximo de Bingen, na Alemanha, Sóror Hildegard, a abadessa, da mesma maneira te-ve visões e ouviu vozes que lhe disseram:

“Oh! Humana fraqueza! Cinzas de cinzas! Fragilidade de fragilidade! Fala e escreve o que vês e o que ouves! E escreve não como te seria agradável e de teu gosto, mas escreve de acordo com a vontade dAquele que co-nhece tudo e tudo ordena, nas ocultas profundezas de Seu con-selho secreto”.

As vozes também disse-

Reprodução

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rar a língua francesa, vestia-se como um legítimo filho da Gália e foi dedicadamente educado pela progenitora. Por isso, os amigos italianos deram-lhe um apelido que entraria para a his-tória do futuro santo; chama-ram-no de: Francisco (Frances-co) que literalmente quer dizer o francês.

Tornou-se o líder da mo-cidade de Assis, alegre e comu-nicativo sabia fazer as pessoas rirem, era pródigo com o di-nheiro do pai. Fazia e patrocina-va festas, comprazia-se com os folguedos e como todo jovem ri-co tinha muito mais amigos in-teresseiros do que companheiros de verdade.

Em 1202, quando estava com vinte anos de idade, Assis entrou em guerra com Perúggia, capital da Úmbria e Francisco foi convocado. Apresentou-se com alegria, afinal era a primei-ra guerra da qual iria participar (é preciso ver Francisco de Assis, com os olhos do homem medie-val, pois que, o homem desse pe-ríodo adorava guerrear). Pietro di Bernardone, seu pai, encheu-se de felicidade.

Acompanhado dos ami-gos foi para a batalha e na Pe-rúggia, perdeu a guerra ficando encarcerado, com os compa-nheiros, por um ano; findo pe-ríodo retornou para casa sem os louros da vitória.

Tempos depois, nova guerra se levantou! Os impera-dores Alemães do Sagrado Impé-rio Romano Germânico, deseja-

Francisco

ram que Deus faria nascer uma nova raça de homens e um me-nino os conduziria, brincaria en-tre as serpentes sem ser picado por elas, restaurando a pureza dos ensinos de Jesus.

Ao apagar das luzes do século XII, a mensagem cristã apresentava-se corrompida. Ho-mens desonestos assumiram o poder religioso distorcendo os ensinos de Jesus em seu próprio benefício. No seio da Igreja, a mensagem do Cristo se apagava, sufocada pelos interesses bélicos e faustuosos.

Corria o ano de 1182, na região da Úmbria, Itália, na cida-de de Assis, como filho de Pietro di Bernardone, próspero comer-ciante da cidade, e de La signora Piccolina nasceu o menino Gio-vanni di Bernardone. O pai, Pie-tro, por ocasião das várias via-gens que empreendia para reno-var os estoques da sua loja, visi-tava costumeramente a França. Lá, conhecera sua futura esposa. De retorno à pátria casou-se com aquela que lhe seria dedica-da companheira.

Contudo, quando Gio-vanni nasceu, a alegria tomou conta da casa dos Bernardone, afinal um filho varão!

Mas, à medida que o me-nino se desenvolvia e já nos pri-meiros anos da adolescência de-monstrava suas preferências. Amava a mãe e tudo que dela partia, por isso, passou a admi-

vam assumir o poder e o trono do Sagrado Império Romano na Itália. Todos são convocados pa-ra defender o trono do Papa e as cidades que estavam prontas a lutar pela Igreja se apresentaram e Assis não se fez esperar. Vários jovens se matricularam, entre eles Francisco. Mais uma vez, Pietro di Bernardone se encheu de orgulho, mandou fazer uma armadura especial, comprou um cavalo do mais puro sangue pa-ra que, dessa vez, o filho retor-nasse vitorioso.

O futuro santo, deixou-se contaminar pelo flagelo da guerra, foi para o centro da pra-ça de Assis e gritou:

- “Eu trarei os louros da vitória!”. Depois das despedidas, dos olhares admirados das mo-ças da cidade, dos lenços bran-cos lançados em honra e glória dos heróis, tomaram o caminho para Espoleto onde a via Flamí-nia levava a Roma.

Contudo, no caminho, Francisco ficou doente, não era a primeira vez que aquela febre inesperada o consumia. Enfer-mo foi levado a uma hospedaria por amigos, lá delirou por três dias e na manhã do terceiro dia ele viu uma intensa luz e ouviu uma voz espiritual que lhe di-zia:... (Continua no próximo nú-mero, não perca!).

De fato, apesar dos es-forços dos apóstolos na fidelida-

(Continua no próximo nú-mero, não perca!).

Março 2003 11FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Nasce um futuro Santo

Explicação Espírita

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ção das coisas futuras de inte-resse geral e que estão encarre-gados de dá-la a conhecer aos homens para sua instrução”.

Todavia o Codificador adverte para a seriedade dos mé-diuns alertando:

“Se há verdadeiros pro-fetas, mais ainda os há falsos e que tomam os sonhos de sua imaginação por revelações, quando não são velhacos que, por ambição, se fazem passar co-mo tais”. (Ver em O Livro dos Espíritos, item 624, caracteres do verdadeiro profeta) .

Outros fenômenos como vidência e audição mediúnicas serão analisados nos números seguintes, confira!

Outros fenômenos como vidência e audição mediúnicas serão analisados nos números seguintes, confira!

de aos ensinos do Cristo, a dou-trina de Jesus se desviou dos ca-minhos propostos pelo Mestre. A Igreja Romana se perdeu entre dogmas e conquistas bélicas. Contudo, como representava o valor espiritual daquele período no ocidente, a misericórdia divi-na, como sempre faz quando jul-ga oportuno e necessário, envi-ou almas com potencial e capa-cidade de auxílio à Humanida-de.

Contudo, os Espíritos quando reencarnam, até desper-tarem para compromissos assu-midos na vida do infinito vivem o momento histórico no qual es-tão inseridos e com Francisco não foi diferente. Entretanto, seu renascimento no mundo físi-co foi declarado através de anúncios prévios e simbólicos.

Nessa primeira parte da biografia de São Francisco, en-contramos o anúncio da sua vin-da e das mudanças na Igreja, sendo revelados pelos Espíritos através de duas religiosas, o que demonstra que a mediunidade está em toda parte. Vejamos o que diz Allan Kardec em O Livro dos Médiuns acerca dos médi-uns profetas:

“Médiuns proféticos: va-riedade dos médiuns inspirados ou de pressentimentos; recebem com a permissão de Deus, e com mais precisão do que os médi-uns de pressentimento, a revela-

Para saber mais, consulte:1) LEGOFF, Jacques. São Francisco de Assis. Ed. Record;2) MILLER, René Fülöp. Os Santos que abalaram o mundo. Ed. José Olímpio;3) VALERIE, Martin. Cenas da Vida de São Francisco de Assis. Sá Editora;4) ROSSI, Pietro. Clara de Assis. Ed. Vo-zes;5) CECHINATO, Luiz. 20 séculos de cami-nhada da Igreja. Ed. Vozes;6) LAR CATÓLICO/ MG. Na luz perpétua;7) READER'S DIGEST. Depois de Jesus, o triunfo do Cristianismo;8) GAMBOSO, Vergílio. A vida de Santo Antônio. Ed. Santuário;9) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Livro III item IV, Cap. XI livro III. Ed. FEB;10) KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XIII. Ed. FEB;11) KARDEC, Allan. O Evangelho Segun-do o Espiritismo. Cap. XV. Ed. FEB.

Março 200312 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

L.M. - item 190: Médiuns especiais para efeitos intelectuais, aptidões diversas:

1) O Que é a Igreja Católica Apostólica Romana?

R: É uma Instituição humana fundada pelos romanos no sé-culo V d.C.

Não foi instituída por Jesus, é o resultado de mano-bras políticas por parte dos im-peradores que desejaram resta-belecer a hegemonia romana através da religião cristã distor-cida.

2) O que quer dizer a palavra igreja?

R: A palavra vem do grego Ekklesia, e quer dizer agrupa-mento de fiéis, qualquer agru-pamento de pessoas reunidas em torno de uma religião pode ser chamada de Ekklesia, igreja. No Espiritismo, contudo, evita-se o emprego dessa palavra pa-ra que os núcleos Espíritas não sejam confundidos com a insti-tuição fundada pelos impera-dores romanos, bem como com as teologias tradicionais que usam práticas exteriores, ritu-ais, etc, para adoração a Deus.

3) E a palavra Católica?

R: Também vem do latim catholicu que quer dizer Uni-versal.

Curiosidades:Curiosidades:

Recomendações

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Pérolas da Codificação

O cerne da questão está em como proceder nesse esclarecimen-to. Os Espíritos, novamente, colo-cam Jesus como exemplo, afirman-do que essa oposição de idéias deve se dar sempre através da afabilida-de e da persuasão, nunca da violên-cia, pois agir dessa forma, não seria uma conduta cristã, aliás va-ler-se da vio-lência é uma conduta mais condenável ain-da.

Assim, reco-nhecemos que a ma-neira mais ade-quada de con-vencermos qualquer in-divíduo aos preceitos que conside-ramos verdadeiros, será a vivência, o exercício do bem e da fraternida-de que se impõem ao homem como uma necessidade natural de pro-gresso à semelhança do oxigênio que se impõe aos seres humanos, re-presentando o bem e a fraternidade divinas alimentando-nos biologica-

mente; todos reconhecem, pela ex-periência, a importância do ar e da respiração. Façamos o bem, viva-mos a Doutrina e todos sentirão a necessidade de uma convicção reli-giosa que nos faça servir, compre-ender, tolerar, apascentar e ficarão convencidos pela força do exemplo, sobre as convicções que carregamos na alma.

Desse modo pensamos que a atitude mais honrada é a de co-nhecermos a Doutrina que profes-

samos, para elucidarmos com bom-senso e persuadirmos com amor, sem violentarmos crenças alheias,

através de críticas cruéis, acusa-ções descabidas, constrangen-do as pessoas às nossas con-vicções; mas, sobretudo viven-

do os princípios cristãos fi-elmente à semelhança do

que fez o Mestre Galileu, uma vez que as palavras convencem, mas os exemplos arrebatam.

Ricardo Rodrigues Escodelário - Campinas/SP

Observemos que Allan Kar-dec refere-se à liberdade de cons-ciência, reconhecendo-a como um direito inerente ao ser humano, in-dagando aos Imortais se não seria dever nosso permitir a divulgação de doutrinas que conduzem o indi-víduo a práticas perniciosas. Ora, nada mais lógico, se é direito do ho-mem, natural que permitamos a propagação das mesmas, é um raci-ocínio coerente. Entretanto, carece-mos ter em mente que o respeito ao direito alheio nem sempre é aceitá-lo. Aquele que possui maior capaci-dade de compreensão, informam os Espíritos, tem o dever de esclarecer.

Liberdade Liberdade ou Intransigência ou Intransigência Religiosa?Religiosa?

Para respeitar a liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar trazer ao cami-nho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos princípios?”

Certamente que podeis e até deveis; mas, ensinai, a exemplo de Jesus, ser-

vindo-vos da brandura e da persua-são e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem de-sejaríeis convencer. Se alguma coi-sa se pode impor, é o bem e a frater-nidade. Mas não cremos que o me-lhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com violência. A convicção não se impõe”.

841

R:

Março 2003 13FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

1

Questão nº 841 de O Livro dos Espíri-tos. Allan Kardec. Ed. FEB.

1

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ca. Só no dia seguinte pudemos ver que o raio havia caído no fio que conduzia a energia até em ca-sa. Meu marido tinha escapado por pouco. Segundo meus alunos, ele teria servido de “fio terra” e, por isso, nenhum aparelho elétrico havia queimado.

Minhas premonições se manifestaram, muitas vezes, e em sua maioria houve a confirmação positiva do que eu havia visto com antecedência. Serviram, em mui-tos casos, para que eu estivesse moralmente fortalecida, para su-portar com maior resignação as necessidades de provas e expia-ções que todos, os que estamos en-carnados, necessitamos para o nosso próprio progresso. Mais tar-de, compreendi que o raio em mi-nha casa era a expiação de atos praticados no passado, em outra encarnação. Embora eu tenha co-nhecimento do que fiz em outra existência, me reservo o direito de silenciar. O que posso dizer é que as Leis Divinas são perfeitas e, de fato, nada acontece por acaso.

á dez anos, eu ainda mi-nistrava aulas de inglês. HComo estava chovendo,

resolvi voltar para casa pegando o ônibus no ponto mais próximo da escola.

Chovia e os pingos finos me faziam refletir presunçosa-mente se não haveria outra hora para a chuva cair. Depois de al-guns minutos, o ônibus finalmen-te chegou. Adentrei e sentei-me em banco duplo próximo à janela.

Estava muito cansada na-quele dia. Comecei a pensar nas tarefas que teria que executar quando chegasse em casa e apoiei minha cabeça no vidro da janela como quisesse dormir.

Abri meus olhos e vi que a chuva não passava.

“Que chuvinha sem vergo-nha. Nem barulho faz” - pensei.

De repente, meus olhos vi-ram uma cena rápida, algo que me pareceu improvável. Um clarão e-norme, um estrondo, minha casa sendo invadida por um raio, meu marido, inconsciente, sendo joga-

do contra a parede.Abri meus olhos nova-

mente e balancei a cabeça. O que seria aquilo? Minha imaginação?

Saltei do ônibus e andei alguns quarteirões até minha casa. Lá chegando, meu marido, Milton Santana, já me esperava para o jantar. Tomei um banho e na hora do jantar ansiava em saber as no-vidades do dia. Sugeri que assis-tíssemos à TV que, pequenina, po-deria ser colocada em cima da me-sa. Milton se esforçava em captar a melhor imagem, virando a ante-ninha para lá e para cá.

E daí veio o raio que dei-xou um rastro pálido por toda a casa. Seu estrondo fez com que os vidros tilintassem. Simultanea-mente, Milton estava sendo lança-do fora da mesa. Corri em sua dire-ção e chorando implorei por al-gum sinal de vida. Milton estava apenas um pouco tonto e tentava se levantar.

Enquanto isso, eu gritava por socorro pois minha casa era a única da região sem energia elétri-

ComigoACONTECEU

Março 200314 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Um Raio em minha casa!!!Um Raio em minha casa!!!

Roseli Santana - Birigüi/SPRoseli Santana - Birigüi/SP

“De repente, meus olhos viram uma cena rápida, algo que me pareceuimprovável. Um clarão enorme, um estrondo, minha casa sendo invadidapor um raio, meu marido, inconsciente, sendo jogado contra a parede...”

“De repente, meus olhos viram uma cena rápida, algo que me pareceuimprovável. Um clarão enorme, um estrondo, minha casa sendo invadidapor um raio, meu marido, inconsciente, sendo jogado contra a parede...”

Reprodução

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primeira vez percorra essa estrada, sabe que, caminhando, chegará ao fim dela. Constitui isso simples previsão da conseqüência que terá a sua marcha. Entretanto, os aci-dentes do terreno, as subidas e des-cidas, os cursos que terá de trans-por, os bosques que haja de atra-vessar, os precipícios em que pode-rá cair, as casas hospitaleiras onde lhe será possível repousar, os la-drões que os espreitem para roubá-lo, tudo isso independe da sua pes-soa; é para ele o desconhecido, o futuro, porque a sua vista não vai além da pequena área que o cerca. Quanto à duração, mede-a pelo tempo que gasta em perlustrar o caminho. Tirai-lhe os pontos de re-ferência e a duração desaparecerá. Para o homem que está em cima da montanha e que o acompanha com o olhar, tudo aquilo está presente. Suponhamos que esse homem des-ce do seu ponto de observação e, indo ao encontro do viajante, lhe diz: ‘Em tal momento, encontrarás tal coisa, serás atacado e socorri-do’. Estará predizendo o futuro, mas, futuro para o viajante, não para ele, autor da previsão, pois que, para ele, esse futuro é presen-te.” (A Gênese Cap. XVI).

Nos livros Obras Póstumas e A Gênese, capítulos denomina-dos respectivamente de: A Segun-da Vista e Teoria da Presciência (saber antes), Kardec aponta os es-clarecimentos necessários para compreendermos o fenômeno. A seguir, com base nos livros acima citados, publicamos uma síntese da explicação espírita do fenôme-no do conhecimento do futuro.

O Espírito não está aprisio-nado no corpo como o caramujo em sua concha, em estados espe-ciais, a alma (espírito encarnado) poderá afastar-se parcialmente do corpo, estender sua ação e ter aces-so a informações espirituais, previ-amente programadas, acerca dos acontecimentos da vida. Na maio-ria das vezes, os fenômenos são es-pontâneos. Kardec adotou o termo dupla vista, referindo-se aos fenô-menos de vidência.

Quando os bons Espíritos julgam oportuno, poderão nos re-velar determinados acontecimen-tos com o fito de evitarmos que coisas dolorosas, que podem ser al-teradas, aconteçam (para isso pre-cisaremos ter merecimento ou ne-cessidade). Servirá, inclusive, co-mo prova da imortalidade e comu-nicabilidade dos espíritos. Toda-via, não costumam nos aterrorizar, nem precisam datas.

O fenômeno poderá se dar,

dupla vista

também, por meio dos recursos do próprio sensitivo que, mais des-prendido do corpo pode, com suas próprias capacidades espirituais, penetrar no conhecimento das pro-gramações da vida do infinito, comprovando sua natureza espiri-tual e capacidade de ação da alma fora do corpo físico.

Quando certos aconteci-mentos não podem ser mudados e mesmo assim o vidente os percebe, servirá para fortalecê-lo, prepará-lo moralmente, para enfrentar com confiança as provas ou expiações da vida. Servirá, também, como prova das capacidades espirituais dos seres humanos.

Todavia, na história de to-dos os povos encontramos regis-tros de acontecimentos que foram previstos, comprovando que o ho-mem não é apenas corpo mas, so-bretudo, um espírito que se utiliza do vaso biológico como instru-mento de progresso e, acima de tu-do, tais fenômenos atestam, mui-tas vezes, a atuação de inteligênci-as extrafísicas - os Espíritos - que executam por toda parte as Leis de Deus.

“Suponhamos um homem colocado no cume de uma alta montanha, a observar a vasta ex-tensão da planície em derredor. Nessa situação, o espaço de uma légua pouca coisa será para ele, que poderá facilmente apanhar, de um golpe de vista, todos os aci-dentes do terreno, de um extremo a outro da estrada que lhe esteja diante dos olhos. O viajor, que pela

Encaminhe para a redação fatos espíri-tas como esse, absolutamente verídicos. Envie nome, telefone e endereço completos, estando disponível para eventual encontro com a redação. Após análise publicaremos seu caso na coluna: “Aconteceu Comigo”. Ressaltamos, ainda, que as histórias serão, após doação autoral, de propriedade exclu-siva dessa revista.

Nosso endereço: R. Luiz Silvério, 120, Vl. Marieta, Campinas/SP, CEP 13043-330.

Março 2003 15FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Como é possível o conhecimento do futuro?

Os Espíritos podem falar sobreo futuro? Com qual objetivo?

Quando a situação não podeser mudada, de que adianta

o vidente saber antes?

A Teoria da Presciência

O fenômeno pode se dar sem o concurso de

Espíritos Desencarnados?

Explicação Espírita

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Estudo

Foi através das parábolas que Jesus, como sábio educador, buscou melhor interessar e impres-sionar seus ouvintes, pois se trata de um processo prático e pedagógi-co que supre as deficiências inte-lectuais do ouvinte; principalmen-te quando se tratava de assuntos transcendentais, Jesus as adotou.

A já citada Professora The-rezinha Oliveira, em sua bela obra Estudos Espíritas do Evangelho, ar-rola algumas vantagens das pará-bolas em relação a um simples en-sinamento. Vejamos:

a) provoca maior interesse

nos ouvintes, por ser uma história, um fato simbólico;

b) facilita a compreensão de assuntos mais complexos, uma vez que, mesmo sendo o ouvinte, portador de parcos recursos inte-lectuais, a história comparativa, su-pre essa deficiência;

c) a memorização é mais eficaz, pois no fato simbólico, a as-sociação das idéias é facilitada;

d) sendo uma história, é o ouvinte que dela tira suas conclu-

Leandro Camargo - Hortolândia/SP

Nem todo ensino de Jesus é uma parábola, embora haja ensi-nado muito através delas. Podemos afirmar que a expressão “ensinos de Jesus” é gênero do qual as pará-bolas são espécie. Toda parábola é um ensino, mas nem todo ensino é uma parábola.

Mas, o que são parábolas? Na definição da Professora There-zinha Oliveira “é uma história sim-bólica, comparativa, sob a qual se esconde uma verdade importante e que conclui por um preceito moral ou regra de conduta a ser seguida num caso determinado”.

Estudos Espíritas do Evangelho - Ed. CEAK, p. 203, 5ª edição.

uscando reviver o Cristianismo, a Doutrina Espírita analisa e in-Bterpreta a Bíblia, especialmente

o Novo Testamento que traz em seu bo-jo os ensinos do Cristo e nesse campo, não podemos olvidar das Parábolas de Jesus.

Parábolas de Jesus

Vantagens

1

1

Conceituação

Reprodução

Março 200316 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

“As parábolas são como

o fruto, que alimentam e

dão prazer, todavia, devem

ser destituídos de suas

cascas para que possamos

melhor saboreá-los”.“Vinícius”

Parábolas DescascadasParábolas Descascadas

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Sabemos que cada pessoa irá tirar conclusões variadas das parábolas de Jesus, é natural, não somos criaturas idênticas, possuí-mos diferenças morais e intelectu-ais que nos conduzem a trilhas di-versas de interpretação.

Um intelectual poderá in-terpretar certa parábola de uma forma, afinal, possui um maior do-mínio do vernáculo, consegue vis-lumbrar nas entrelinhas, compre-ende a significação de cada termo. Uma pessoa mais sensível poderá avistar as sutilezas da bondade e da caridade nas asserções do Cris-to, da mesma forma que uma pes-soa dada a sensações inferiores po-derá não entender certas nuances das parábolas, daí a necessidade premente de sabermos interpretá-las.

Desvendar o real significa-do das palavras da história, o que a mesma significava à época em que foi proferida é a interpretação lite-ral do texto, muito útil na compre-ensão das parábolas. Compreender o momento histórico em que vivia Jesus e os hábitos do momento, também muito nos auxilia, é a cha-mada interpretação histórica. Ana-lisar os ensinos de Jesus como um todo, de forma sistemática, tam-bém nos aclara a interpretação, uma vez que um texto pode se rela-cionar com outro, nos permitindo uma maior apreensão do conteúdo, é a intitulada interpretação siste-mática.

Outras regras e dicas de in-terpretação podem ser encontradas e adotadas, e sempre serão úteis pa-ra o estudioso que, em nosso caso,

sões, e assim, ninguém se sente ofendido, daí as parábolas de Jesus terem sido utilizadas para revelar verdades que não eram toleradas à época.

Apesar de ser Jesus o mai-or expoente quando nos referimos às parábolas, essa modalidade não foi criação Sua, pois são encontra-das já no Velho Testamento (p. ex. Salmos 49:4), os hebreus e outros povos orientais já a conheciam e a utilizavam para ensinar.

Entretanto, Jesus delas se utilizou com grande freqüência e de forma magistral. Valendo-se de cenas e coisas corriqueiras ao po-vo, transmitia ensinamentos refer-tos de verdades morais incontestes.

Fator de relevo é que, por serem histórias simbólicas, as pará-bolas não sofreram as mesmas de-turpações que outros ensinos de Je-sus. Nelas, portanto, a doutrina do Cristo permanece viva e pura, para podermos sorver a essência do Cris-tianismo.

O número exato de pará-bolas contadas por Jesus é extre-mamente dessemelhante entre os intérpretes bíblicos, cada qual che-ga a uma cifra, pois partem, cada qual, de determinados conceitos e classificações. A confusão é que, por vezes, a mesma parábola é nar-rada em mais de um Evangelho ou que, algumas parábolas são consi-deradas como ensinos de Jesus, contudo, os números giram em tor-no de 40 parábolas.

visa compreender as parábolas de Jesus, tendo como objetivo um maior entendimento de sua vida e de seus atos, sempre à luz do Espi-ritismo.

A literatura espírita tem colaborado de forma esplendorosa com a interpretação das parábolas de Jesus, autores como Cairbar Schutel, Rodolfo Calligaris, Viní-cius, Therezinha Oliveira, dentre outros, são a demonstração do ex-celente trabalho que foi e está sen-do realizado, para que nós possa-mos melhor assimilar e entender os temas morais trazidos pelo Mestre de Nazaré.

Assim, fiquemos com Viní-cius quando diz: “as parábolas são como o fruto, que alimentam e dão prazer, todavia, devem ser destituí-dos de suas cascas para que possa-mos melhor saboreá-los”. Assim, tão mais ensinará uma parábola, quanto melhor interpretada ela for.

Para saber mais, consulte:1) Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIV - Ed. FEB.2) Therezinha Oliveira - Estudos Espíritas do Evangelho, cap. 20, pp. 203/211, 5ª edi-ção - Ed. CEAK.3) Cairbar Schutel - Parábolas e Ensinos de Jesus, pp. 81/86, 16ª edição - Ed. O Clarim.4) Rodolfo Calligaris - Parábolas Evangé-licas, 7ª edição - Ed. FEB.5) Vinícius - Em Torno do Mestre, 4ª edi-ção, p. 229 - Ed. FEB.

Em Torno do Mestre - Vinícius, Ed. FEB, 4ª edição, p. 229.

As Parábolas na Bíblia

Interpretação

ConclusãoConclusão

Número de Parábolas de Jesus2

2

Março 2003 17FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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magnetismo, microquímica, raios X, ultravioletas, infravermelhos, testes de carbono 14 e de flúor.

Eis algumas das principais conclusões da Ciência sobre a for-mação do Universo e a vida exis-tente na Terra:

o Universo teria resultado de uma grande explosão (é a teo-ria do Big-Bang, uma das mais aceitas atualmente);

a formação da Terra se ini-ciou há bilhões de anos, em pro-cessos que se estenderam por lon-gos períodos e eras;

a vida se manifestou na Terra em formas primárias e em épocas muito remotas, evoluindo, depois, para seres mais organiza-dos;

a espécie humana foi a úl-tima a surgir, o que teria ocorrido:

Quando?Suas formas mais primiti-

vas, há pelo menos 1.750.000 anos.

Quando?

A Ciência Humana não co-gita de um Deus Criador e, portan-to, não considera o Universo uma Criação Divina. Seu ponto de vista é materialista e agnóstico (declara ser absoluto inacessível ao espíri-to humano), mas procura enten-der o princípio das coisas, através de diferentes estudos, tais como:

Astronomia: estudo da constituição e movimentos dos as-tros;

Geologia: estudo da cons-tituição física da Terra;

Antropologia: estudo do homem e dos grupos humanos;

Paleontologia: estudo dos fósseis (restos ou vestígios de vida bem antiga), tanto de animais co-mo de vegetais. Nesse estudo, re-corre a métodos de pesquisa que permitem calcular, com relativa precisão, o tempo de existência de coisas e seres. Ex.: radioatividade,

Astronomia

Geologia

Antropologia

Paleontologia

Capa

Therezinha Oliveira - Campinas/SP

omo se deu a formação do Universo e como começou Ca vida na Terra?O ser humano ainda não

tem condições para conhecer in-teiramente o princípio das coisas, porque não está suficientemente desenvolvido intelectual e moral-mente para isso.

À medida que progredir, com seus estudos e pesquisas irá descobrindo e entendendo melhor as leis e princípios da Natureza, conseguindo formular teorias mais próximas da verdade a res-peito da formação do Universo e do surgimento dos seres.

Além das descobertas que fizer por si mesma, a Humanidade também poderá receber revela-ções espirituais a esse respeito (co-mo já ocorreu no passado), dosa-das ao seu grau de evolução.

Assim, aos poucos, irá sendo levantado o véu que, por enquanto, nos encobre os misté-rios da Criação, a grande obra da vontade divina.

A CriaçãoA Criação

Março 200318 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

O que a Ciência diz?O que a Ciência diz?

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Março 2003 19FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

O que diz o Espiritismo?Dois são os elementos ge-

rais do Universo, criados por Deus:

o Princípio Inteligente: é dele que se originam, por processo evolutivo, todos os seres espiritu-ais;

o Fluido Cósmico Univer-sal: é a matéria primitiva, em seu estado mais elementar; em suas modificações e transformações, dá origem à inumerável variedade dos corpos da Natureza.

O espaço universal é infi-nito e nele não existe o vazio, pois está todo preenchido pelo Fluido

O que diz o Espiritismo?

Princípio Inteligente

Fluido Cósmico Univer-sal

Cósmico Universal em seus dife-rentes estados.

O Espírito atua sobre o Fluido Cósmico Universal em seus diferentes estados, produzindo com isso variados efeitos.

Os mundos são formados pela condensação da matéria dis-seminada no espaço universal. Não sabemos quanto tempo os mundos levam para se formarem nem quando desaparecerão. Mas é certo que Deus os renova, como renova os seres vivos.

Os elementos orgânicos (que vêm a constituir organismos vivos) já existem em estado de fluido, na substância que preen-che o espaço universal (e com o qual os mundos vêm a ser forma-dos).

Estão ali em estado laten-te, de inércia (tal como ocorre na crisálida e nas sementes das plan-tas). Quando, num mundo, as con-

Como?Um ramo da linhagem dos

antropomorfos apresentou evolu-ção diferente, dando origem ao “homo sapiens”.

Por quê?A Ciência não tem expli-

cação para isso. Haveria um “elo perdido” na escala da evolução dos seres.

Onde?Em vários pontos do glo-

bo e em épocas diferentes, mas constituindo sempre uma mesma espécie, apesar da diversidade das raças.

Como?

Por quê?

Onde?

Os mundos e os seres vivosOs mundos e os seres vivos

Reprodução

O “elo perdido” na escala da evolução dos seres:como uma linhagem dos antropomorfos evoluiu para darorigem ao “homo sapiens”?

O “elo perdido” na escala da evolução dos seres:como uma linhagem dos antropomorfos evoluiu para darorigem ao “homo sapiens”?

Rep

roduçã

o

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dições se tornam propícias ao seu desenvolvimento, surgem, então, os seres vivos, que evoluem das formas mais simples para as mais complexas.

Em certa fase da formação da Terra, surgiram em sua subs-tância elementos orgâni-cos. Mas uma força natural os man-tinha afasta-dos. Com as t ransfor-m a ç õ e s ocorridas no plane-ta, em seu p r i n c í p i o , cessou a atua-ção daquela força e os ele-mentos orgâ-nicos se agru-param e de-senvolveram, dando origem aos seres, que fo-ram se diferenciando em espécies. Os seres de cada espécie absorve-ram em si mesmos os elementos necessários e, unindo-se uns aos outros, pela reprodução transmiti-ram esses elementos aos seus des-cendentes.

Sobre a evolução diferen-te que um ramo da linhagem dos antropomorfos apresentou e a Ciência não soube explicar, o Es-piritismo esclarece: o “elo perdi-do” não será encontrado na maté-ria, porque a causa dessa transfor-

costela - mulher é da mes-ma natureza do homem, não lhe é inferior, mas sua igual e o homem deve amá-la como parte de si mes-mo.

Se não entendermos sim-bolicamente, haverá incoerências difíceis de aceitar, tais como:

Adão e Eva eram os pri-meiros seres humanos e tinham dois filhos: Caim e Abel (outros fi-lhos somente nasceriam mais tar-de); quando Caim matou Abel, foi expulso do Édem (Paraíso), indo morar ao leste. Mas Caim:

tinha medo de ser morto (“quem comigo se encontrar me matará”) por quem, se não ha- via ainda outras pessoas além deles?;

nessa outra região, veio a se casar; com quem?;

e estava construindo uma cidade; para quem? Só para ele e sua família?

Narra-se também, no livro Gênesis da Bíblia, que houve um dilúvio que exterminou todas as criaturas da Terra, menos Noé e sua família (e os animais da Arca), com o que teria recomeçado o po-voamento do mundo. Se fosse ver-dade, como explicar a existência histórica ininterrupta dos chine-ses, desde há cerca de 30 mil anos? E também a Índia e outras regiões do globo que apresentam habitação ininterrupta, em grande progresso e população, há mais de 10 mil anos? Deve ter sido, quan-

Março 200320 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Origem e evolução davida na Terra

Origem e evolução davida na Terra

E a criação segundo a Bíblia?

E a criação segundo a Bíblia?

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2

O homem através de

seus estudos e pesquisas,

busca a compreensão das

leis e princípios da Natureza.

mação não se deu na matéria mas no Espírito; ocorreu pelo desen-volvimento do elemento espiritual (alcançado pelo próprio indivíduo ou graças à interferência de Es-píritos Superiores) vindo a reper-cutir na formação de novos cor-pos.

Na Bíblia, a origem do Universo é

re-latada no livro Gê-nesis (origem, em grego). Ali se afir-ma que tudo foi criado por Deus, tanto o sol como a lua, estrelas, a Ter-ra com suas plan-

tas e animais e, por fim, a espécie huma-na. Afirma, ainda, que essa criação foi feita por um ato davonta-de de Deus(ex.: Faça-se a luz”) eem apenas seis dias.

Adão, o primeiro homem, foi feito do limo e Eva, a mulher, de uma sua costela. A data prová-vel dessa criação teria sido 4.000 anos antes de Cristo. Desse casal descenderia toda a Humanidade.

Talvez haja, nessa narrati-va bíblica, um simbolismo:

6 dias - eras ou período;

limo - corpo humano foi constituído dos elementos mate-riais básicos deste planeta;

Reprodução

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ou de uma ou mais co-lônias de Espíritos que, há alguns milhares de anos, teriam vindo de outro planeta para a Terra, aqui encarnando através de outros po-vos que já a habitavam. Teriam aproveitado a hereditariedade existente, mas produzido altera-ções por seus próprios perispíritos mais evoluídos, dando origem a novos tipos físicos (raça ou raças adâmicas), que eram mais evoluí-dos, seus conhecimentos e atos provam. Teriam sido banidos do mundo melhor de onde vieram, porque lá não se haviam disposto a acompanhar o progresso moral. Aqui na Terra, ao mesmo tempo em que se reajustavam à Lei Divi-na, ajudavam os nativos terrenos a progredirem.

Criacionista: admite um Deus Criador e o separa da sua Criação.

Criacionista:

do muito um dilúvio parcial, ape-nas na região habitada pelos he-breus e outros povos bíblicos.

Adão, porém, não foi o primeiro nem o único homem a povoar a Terra, concordam a Ciên-cia e o Espiritismo. Do ponto de vista Espírita, Adão pode ser o símbolo:

de um grupo humano que sobreviveu aos grandes cataclis-mos sofridos por parte da super-fície do globo, em diferentes regiões e épocas e que veio a constituir o tronco de uma das raças que povoaram a Terra;

Neste ponto:

concorda com a Bíblia e discorda da Ciência, cujo ponto de vista é materialista e agnóstico;

discorda do Panteísmo, sistema filosófico que identifica a divindade com o mundo e segun-do o qual Deus é o conjunto de tu-do.

Evolucionista: admite as transformações progressivas.

Neste ponto:

discorda da Bíblia (se to-mada ao pé da letra) porque nela não fica bem claro o fato evolu-ção;

concorda com a Ciência apenas em parte; porque a Ciência fala somente da evolução nos se-res corpóreos e o Espiritismo afir-ma a evolução também para os Espíritos que animam esses seres.

Evolucionista

Março 2003 21FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Transcrito do livro:Curso de Iniciação ao Espiritismo. Therezi-nha Oliveira. Ed. CEAK.

Pedidos: fone (19) 3242-7843.

Para saber mais, consulte:1) KARDEC, Allan. A Gênese. Caps. I, II e VI a XII. Ed. FEB.

2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Caps. II, III e IV. Ed. FEB.

1

2

2

1O Espiritismo é:O Espiritismo é:

Segundo a Bíblia, um di-lúvio exterminou todas as cria-turas da Terra, exceto Noé, sua família e os animais da Arca, com o que Deus teria recomeça-do o povoamento do mundo.

Rep

roduçã

o

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“O ramo de parreira que te desenhamos... é o em-blema do trabalho do Cria-dor. Todos os princípios ma-teriais que podem melhor re-presentar o corpo e o Espírito nele se encontram reunidos: o corpo é o ramo; o Espírito é a seiva; a alma ou o espírito ligado à matéria é o bago”.

“O ramo de parreira que te desenhamos... é o em-blema do trabalho do Cria-dor. Todos os princípios ma-teriais que podem melhor re-presentar o corpo e o Espírito nele se encontram reunidos: o corpo é o ramo; o Espírito é a seiva; a alma ou o espírito ligado à matéria é o bago”.2

Ver a respeito o artigo O Dilúvio Bíblico, publicado nesta revista, edição nº 04, janei-ro de 2003.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Prolegômenos. Ed. FEB.

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versos que constam de coletâneas, antologias, como vários poetas, trovadores que integram as equi-pes de Espíritos comunicantes nos livros Parnaso de Além Túmulo, Antologia dos Imortais, Poetas Re-divivos, Trovadores do Além, Poe-tas do Outro Mundo, Orvalho de Luz, Trovas do Mais Além e al-guns outros que podemos especi-ficar numa relação por escrito.

Hebe Alves:- Senhor Chico Xavier,

muito se tem ouvido falar, princi-palmente da parte dos estudiosos da matéria, que o mundo espiritu-al é dividido em vários planos. Inclusive, fala-se, também, em sub-planos. Existe realmente essa distribuição de planos na vida es-piritual?

- Os Espíritos comunican-tes que nos instruem a esse respei-to são unânimes em declarar que esses planos existem tanto quanto também em nossa organização so-cial na Terra, por muito grandes que sejam as teorias de igualdade absoluta. Nós estamos sempre in-tegrando faixas de vida social di-ferentes, segundo a nossa cultura,

Recordando Chico

a escrever, segundo o fundador do Espiritismo, por meio da comuni-cação de um Espírito. Admitindo-se, para iniciar a entrevista, que as obras publicadas pelo senhor te-nham sido psicografadas, pergun-to: quantos livros o senhor psico-grafou e de que autores. Peço, se possível, a relação de alguns ou da maioria deles.

- Até agora, de 1932, ano em que foi publicado o primeiro livro mediúnico recebido por nós, de 1932 até agora, meados de 1971, estão publicados 107 livros e mais 4 no prelo. Desses livros são autores os Espíritos Emmanu-el, que nós consideramos como sendo o nosso orientador espiritu-al desde o término do ano de 1931, quando a presença dele che-gou ao nosso conhecimento; o Espírito André Luís, que declara ter sido médico no Brasil; o Espí-rito que dá o nome de Irmão X, que sabemos ser o pseudônimo de um dos nossos maiores escritores do País, do Norte do País; o Espí-rito de Casemiro Cunha, que foi poeta muito respeitado no Estado do Rio; o Espírito de uma jovem professora mineira e Espíritos di-

brindo o programa “Pinga Fogo”, do canal 4, TV Tu-Api de São Paulo, na noite

de 28 de julho de 1971, o apresen-tador Almir Guimarães colocou o médium Francisco Cândido Xavi-er ante as câmeras, fez a sua apre-sentação e a dos jornalistas que iam entrevistá-lo. Eram eles: João de Scantimburgo (católico) e J. Herculano Pires (espírita), ambos professores universitários e com-parecendo como convidados, além dos jornalistas da equipe do programa: Hebe Alves, Reale Jú-nior e Saulo Gomes.

Chico Xavier agradeceu as referências de Almir à sua pes-soa e dispôs-se a responder, con-tando com o auxílio espiritual, afirmando: “Estou confiante no Espírito de Emmanuel, que pro-meteu assistir-nos pessoalmente”.

A seguir, iniciaram-se as perguntas:

(Depois de um preâmbulo em que define a sua posição de católico):

- Senhor Chico Xavier, Allan Kardec, em O Livro dos Mé-diuns, dá o nome de psicografia direta à escrita em que o médium, de posse do lápis ou caneta, passa

“Você está debaixo de uma hipnose. Você está vendo o que eu estou pensando. Mas não sabe o que eu estou escrevendo”

Chico Xavier:

Chico Xavier:

O “Pinga Fogo” TV Tupi 28 de julho de 1971 - Parte 2

João de Scantimburgo:

Março 200322 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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de 1936. Nessa ocasião lidava com um grupo de crianças da fa-mília porque, pelo fato de eu não ter renascido nesta existência pa-ra o casamento, fiquei com 14 cri-anças, irmãos menores e sobri-nhos dos quais presentemente eu estou distante por haverem cresci-do e tomado as suas responsabili-dades. Nesse tempo, a minha cabe-ça era atormentada por muitos problemas. Quando eu anunciei o desejo de receber romances, o Es-pírito de Emmanuel então me ex-plicou: “para que você receba ro-mances, você precisa ter a mente em estado de profunda serenida-de. Se você quiser comprometer a nos oferecer um clima mental ade-quado, de paciência e de calma, escreveremos por você algumas de nossas memórias. Mas se puder ou quiser assumir o compromis-so”. Eu, naquela ocasião, não con-seguia assumir o compromisso porque os problemas domésticos eram muitos. De modo que 4 anos se passaram e tão somente em 1939 a começar do fim de 1938 eu assumi com ele o compromisso de me acalmar. Quaisquer que fos-sem os problemas dentro de casa, com as crianças que já estavam mais crescidas, eu oferecia a ele um campo mental pacificado na oração. Então, ele marcou que eu me concentrasse durante uma ho-ra por dia e me dispusesse a dati-lografar outra hora por dia, du-rante o tempo que perdurasse a psicografia do romance. Então dei o Há dois mil anos. Eu acompa-nhei a psicografia como acompa-nho, também, as novelas da TV com muito interesse, com muito carinho e torcendo por determina-dos personagens. Mas eu lia o que

as nossas atividades e sentimen-tos, as nossas preferências, as nos-sas tendências. De modo que po-demos contar com muitos planos já na sociedade terrestre. Além deste mundo, a sociedade espiri-tual se subdivide em diversos pla-nos.

Herculano Pires:- Meu caro Chico, eu que-

ria perguntar a você o seguinte: Na imensidade da sua obra psico-gráfica e também na profundeza dessa obra você tem uma curiosa série de romances que geralmente chamamos de série dos romances de Chico Xavier. São romances que se passam na Roma antiga: Há dois mil anos, 50 anos depois, Ave Cristo e até mesmo Paulo e Estevão, que, segundo me parece, é a obra-prima da sua mediunida-de no campo da ficção literária, embora eu saiba que os Espíritos não têm a intenção de fazer ficção literária e sim de transmitir às criaturas humanas uma mensa-gem através das suas próprias ex-periências de vida. Mas eu queria saber o seguinte: Para escrever es-tes romances em que figuram não somente as situações geográficas da Roma Antiga, as questões polí-ticas, os problemas imperiais, vo-cê consultou que livros e que bi-bliotecas?

- Não consultei livro al-gum. Quando ouvi falar a respeito dos romances mediúnicos recebi-dos pela médium Zilda Gama, cu-ja memória nós todos acatamos na Doutrina Espírita, eu senti aquele desejo de ser médium tam-bém para romances, isso por volta

a mão escrevia. Peço permissão para aduzir um detalhe interes-sante. Quando o livro começou, ele começa com uma cena de 2 romanos, de dois romanos a tro-carem idéias no jardim, diante de um céu nebuloso que depois re-bentou numa tempestade. Eu co-mecei a ver aquela cidade e o céu tempestuoso e a chuva caindo e aqueles dois homens vestidos à moda antiga, de túnicas, deitados naqueles sofás longos, comendo frutas com as mãos. Eu me assus-tei com aquela visão que parecia uma visão estranha porque estava vendo dentro de mim e fora de mim. Comecei a assistir só a um cinema em que eu tomasse parte na tela e estivesse fora da tela. Então eu me assustei. Parei de es-crever. Então ele disse: “Você está debaixo de uma hipnose. Você es-tá vendo o que eu estou pensando. Mas não sabe o que eu estou es-crevendo”. De modo que eu vivi muito mais o romance. Eu vivia muito mais o romance ao recebê-lo do que ao ler ou reler o que eu escrevia.

Chico Xavier:Continua no próximo

número...Continua no próximo

número...

Março 2003 23FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Para saber mais, consulte:Chico Xavier no pinga fogo. Ed. Edicel.

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mento de 60%.A China lidera as estatísti-

cas. Foram 195 mil suicídios no ano de 2000, seguido pela Índia com 87 mil, a Rússia com 52,5 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil e a Ale-manha com 12,5 mil. Em síntese: na Ásia e no Oriente a taxa de sui-cídio por 100.000 habitantes é aci-ma de 16, na América do Norte si-tua-se entre 8 e 16, na América do Sul mostra-se com menos de 8 e na África não há informações disponíveis. Há estimativas que por cada suicídio completado há 10 tentativas e os homens tendem a suicidar de modo mais violento, enquanto que as mulheres de mo-do suave e em menor proporção.

Segundo os bons léxicos, suicídio é matar-se, tirar a própria vida.

No geral, o suicida tem

Comportamento

Leandro Camargo - Hortolândia/SPLino Bittencourt - Campinas/SP

Conhecer a estruturae o funcionamento das

Leis Divinas nos fortalece ante as

dificuldades da vida

Conhecer a estruturae o funcionamento das

Leis Divinas nos fortalece ante as

dificuldades da vida

A Problemática do Suicídio

durante a Renascença, período de maior liberdade religiosa, o auto-assassínio recresceu e continua até os tempos hodiernos.

Informações coletadas pe-la Fundação Oswaldo Cruz mos-tram que de 1979 a 1995 houve um aumento de 40% nos casos de suicídio praticados por indivíduos com até 24 anos. Em 1979 foram assinalados 208 suicídios nas ca-pitais das principais regiões me-tropolitanas do Brasil. Em 1995 o número aumentou para 292, um aumento de 40%. A média mensal dos suicídios cresceu de 17,33% em 1979 para 24,33% em 1995.

Atuando com dados mais atualizados da Organização Mun-dial da Saúde (OMS), estima-se em 1 milhão o número de autocí-dios em 2000. Consoante a mes-ma Organização, a média anual de suicídios no mundo passou de 10,1 a cada 100.000 habitan- tes, em 1950, para 16 casos no mesmo universo de pessoas em 1995, o que equivale a um cresci-

asculhando a história da Humanidade, percebemos Vque o suicídio se fazia pre-

sente nas mais diversas culturas. Na Antigüidade, os hebreus, apa-rentemente, foram os que menos cometeram o suicídio. A Bíblia re-gistra apenas alguns, como o de Abimeleque, Saúl, Aquitofel, Zam-bri e poucos outros. Nos povos do Oriente, o autocídio é um fato co-mum. Os japoneses adotavam o haraquiri (ritual de suicídio usan-do a espada). São célebres os ca-micases (pilotos japoneses, mem-bros de um corpo de voluntários que, no fim da Segunda Guerra Mundial, eram treinados para des-fecharem um ataque suicida con-tra objetivos inimigos, especial-mente navios). Em terras Indianas se contam os auto-assassínios aos milhares. Na história do Egito, tor-nou-se afamado o suicídio de Cleópatra.

Na Idade Média, período particularizado por uma sólida do-minação religiosa, o suicídio dimi-nuiu, pois quem o praticasse não recebia as bênçãos da Igreja. Já

O que é suicídio?

O que leva o Serao suicídio?

Dados estatísticos:

Reprodução

Março 200324 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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por objetivo escapar das misérias e decepções deste mundo. A falta de compreensão e de confiança em Deus, o desconhecimento da vida espiritual e o apego excessi-vo às coisas materiais, são fatores, dentre outros, que levam o indiví-duo ao suicídio. Há pessoas que chegam a se matar pensando pra-ticar um ato heróico, até mesmo em defesa de sua honra, demons-trando, assim, a clara divergência de valores pessoais. Não podemos olvidar dos vícios que, em linhas gerais, são causas de autodestrui-ção do corpo físico e, por conse-qüência, um suicídio indireto.

Estamos cientes de que a vida é o maior bem que Deus con-cede ao ser humano, é uma opor-tunidade singular de evoluirmos, seja reparando erros ou aprenden-do, passando por provas ou expia-ções. O ato de interromper a vida, seja a de outrem ou a de nós mes-mos, é violar uma Lei Divina, uma oportunidade ímpar, e como toda causa, traz em si uma conseqüên-cia, com a qual o suicida terá de se responsabilizar.

Após o abrupto desencar-ne, o autocida se depara com a vi-da além-túmulo descobrindo não ser possível aniquilar sua existên-cia ou fugir de qualquer dificulda-de. O suicida pensando em soluci-onar seus problemas através dessa prática, além de permanecer com os mesmos, acaba por adquirir no-vos débitos.

O suicida poderá sentir-se por algum tempo como se estives-se preso, ligado ao corpo em de-composição, o que lhe acarreta

dolorosa impressão. Poderá, ain-da, guardar a impressão dos ver-mes a corroer-lhe o corpo físico e sentir os efeitos da decomposição donde lhe resulta o sentimento de angústia e horror.

É importante frisar que es-se estado poderá durar o tempo que deveria durar a vida física in-terrompida. Mas, observem, po-derá, não se trata de regra absolu-ta e sim uma hipótese que nor-malmente ocorre. Entretanto, não há faltas isentas das respectivas conseqüências.

Outra conseqüência, co-mumente identificada nos casos em comento, é a de que o suicida poderá reviver por várias vezes o momento do ato equivocado, p. ex. aquele que deu término à sua existência terrena se atirando sob as engrenagens de um trem, poderá rever a cena constante-mente, o que lhe acarreta profun-dos sofrimentos.

Já desencarnado, o Espíri-to equivocado, poderá vislumbrar a pequenez do problema que ori-ginou seu ato, sendo esse, muitas vezes, de fácil solução. Poderá, ainda, contemplar a desgraça a que foi submetida seus entes que-ridos, em decorrência de sua ati-tude.

Não. A misericórdia Divi-na é para todos. Ele se reabilitará, reencarnando, podendo volunta-riamente passar por novas provas, suportando-as com paciência e re-signação, pois, como sabemos, Deus não permite que sua criatura vá aonde seu amor não possa al-cançar.

poderá

po-derá

Não. O suicídio está longe de se enquadrar como prova ou expiação no cumprimento dos de-sígnios divinos.

Deus respeita o livre-arbítrio de toda criatura. Com essa dolorosa experiência o Espírito aprende e progride, é bem verdade que de maneira dolorosa.

Sim. Ao contrário do que pensam diversas religiões e dou-trinas filosóficas, o Espiritismo re-comenda a oração pelos suicidas, pois é ciente dos benefícios da prece. Divaldo P. Franco orou por um suicida que nem conhecia por mais de quinze anos e como pode-mos constatar no livro O Semea-dor de Estrelas, no capítulo deno-minado “O Suicida do Trem”, pô-de verificar as conseqüências pro-veitosas de seu ato, perseverante e sincero.

De bom alvitre informar que o suicida também será benefi-ciado por suas ações caridosas, que praticou enquanto encarnado. Todo ato benéfico praticado em sua romagem terrena, também irá ajudá-lo no plano espiritual.

Além da prece pelos des-venturados, a Providência Divina

As conseqüências do suicídio:

O suicida ficará condenadoeternamente?

Seria o suicídio uma provaou expiação?

Se não é prova ou expiação,por que Deus permitea prática do suicídio?

Devemos orar pelos suicidas?

Recursos da Providência Divina

para prevenir o suicídio

Março 2003 25FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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possui outros recursos em prol dos suicidas, bem como dispõe de re-cursos para a prevenção do ato impensado.

Os amigos, portadores dos conhecimentos expostos, poderão demonstrar o efetivo valor da vi-da, buscando levar a pessoa trans-tornada a uma reflexão ou até mesmo a uma prece em busca de socorro, e sabemos, não há prece sincera que fique sem resposta.

As mensagens esposadas nos mais diversos livros da litera-tura espírita podem servir de gran-de consolo e instrução ao candi-dato ao autocídio, que passará a ser portador da idéia de que, se o suicida pudesse entrever o sofri-mento que procede no além-túmulo, desistiria de praticar este ato que faz sofrer a ele e aos que ficam.

O plano espiritual dedica grandes esforços para coibir o sui-cídio e sempre que existir uma al-ma disposta a ajudá-los, terá todo amparo necessário para a conse-cução de seu auxílio, o que permi-tirá uma redução na quantidade de suicídios atualmente pratica-dos, como já tivemos a oportuni-dade de analisar.

O Espiritismo, juntamente com a mensagem do Cristo, é um excelente remédio contra o suicí-dio e a loucura, como bem leciona O Evangelho Segundo o Espiritis-mo: “a calma e a resignação ad-quiridas numa maneira de encarar a vida terrena e a fé no futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio”.

Podemos, ainda, recordar o Mestre Galileu: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. To-mai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontra-reis descanso para as vossas al-mas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

A certeza na vida futura; a compreensão de que o sofrimento é passageiro; a paciência; e a re-signação, são qualidades que de maneira natural afastam a idéia do suicídio. Além do que, deve-mos ter em mente que é vivendo sem medir o tempo passado nem o tempo futuro que se vive realmen-te livre e sem preocupações. Por fim, o verdadeiro sentido da vida está em saber fazer coisas boas a partir das coisas ruins que a vida possa nos oferecer.

Para saber mais, consulte:1) Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, itens 14/17 - Ed. LAKE.2) Allan Kardec - O Céu e o Inferno, 2ª Parte, cap. V - Ed. LAKE.3) Allan Kardec - O Livro dos Espíritos, ques-tões 943/957 - Ed. LAKE.4) Camilo Castelo Branco/Yvonne A. Pereira - Memórias de Um Suicida - Ed. FEB.5) Suely Caldas Schubert - O Semeador de Estrelas, caps. 9, 22 e 24 - Ed. LEAL.6) Hilário Silva/Francisco C. Xavier - A Vida Escreve, cap. 2, p. 24, 4ª edição - Ed. FEB.7) Celso Martins - Suicídio O Espiritismo es-clarece - Ed. DPL.8) www.intelecto.net/cidadania/suicidio.htm9) www.ceismael.com.br/artigo/artigo06.htm

Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espi-ritismo, cap. V, item 14 - Ed. FEB.

Mateus 11:28/30.

2

3

ConclusãoConclusão

2

3

Falecom

a genteESPÍRITAESPÍRITAFidelidad

A essência do Espiritismo

FidelidadA essência do Espiritismo

assinaturas

redação

R: Dr. Luiz Silverio, 120

Vila Marieta - CEP 13043-660

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do espaço e clareza, publi-car apenas uma síntese das cartas.

Março 200326 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Os veículos de comunicação de massa não cos-tumam divulgar dados estatísticos sobre o sui-cídio para não estimular o seu ato. Em nosso ar-tigo eles foram citados por se tratar de Revista dirigida ao estudo doutrinário.

1

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Julieta Closer - Campinas/SP

Curiosidades Bíblicas

V o c ê S a b i a . . .V o c ê S a b i a . . .

Continuando nossa pesquisa sobre fatos interessantes narrados na Bíblia, desco-brimos para este mês que...

2) Acmeta, capital da Média, foi a cidade onde, na fortaleza de Ecbátana, achou-se o rolo com o decreto para se construir o Templo de Jerusalém. Atualmente, é chamada Ha-madã, uma importante cidade do Irã. (Esdras: 6,2)

3) A lei mosaica ordenava, para certos crimes, uma pena de quarenta açoites, não mais; para que o condenado não fosse ferido gravemente e deveria receber a penalidade deitado. (Deu-teronômio: 25:2/3).

1) A acácia, árvore que produz a goma arábica, que é uma cola vendida pelos nos-sos comerciantes, e muito usada nas agências dos correios, teve sua utilidade, também, en-tre o povo de Israel, pois o tabernáculo e seus móveis foram feitos da madeira dessa árvore, que é resistente aos insetos e tem uma cor muito bonita. (Êxodo 25: 10/23 e 26:15 e 27:1).

Fonte:1) Bíblia de Jerusalém - Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus 1085;2) Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer, 7º edição, 1978, Ed. Vida;3) Bíblia Sagrada - Sociedade Bíblica do Brasil , 1969.4) Dicionário Bíblico Universal - Buckland, Ed. Vida, 3º edição, 1982.5) Bíblia Vida Nova - Sociedade Religiosa, Ed. Vida No-va, 1989.

4) Os benjaministas (da tribo de Benjamin) iriam combater contra os filhos de Israel e eram vinte e seis mil homens hábeis no manejo da espada. Em todo esse exército havia setecentos homens de escol, canhotos. Todos eles, com a pedra da sua funda (espécie de estilingue) eram capazes de acer-tar um fio de cabelo sem errar! (Juízes 20:14/16).

5) A tatuagem, tão comum nos dias de ho-je, era condenada na lei mosaica que ordenava: “não fareis nenhuma tatuagem”. (Levítico 19:27).

Março 2003 27FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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peito à organização das reuniões mediúnicas. Em face dos desdo-bramentos do movimento espírita, as recomendações estão mais pro-priamente voltadas às reuniões de educação mediúnica. Como todos sabemos, à época de Kardec, essas reuniões não existiam conforme as conhecemos hoje. Todavia, nos itens 206 e 207, especialmente neste último, estão descritos os procedimentos gerais para uma reunião desse tipo. São eles:

(1) deve-se reunir um cer-to número de pessoas, todas ani-madas pelo mesmo desejo e co-mungando na mesma intenção;

(2) Deve-se guardar abso-luto silêncio num recolhimento religioso;

(3) Cada uma delas deve tentar escrever, apelando inicial-mente para o seu anjo de guarda;

(4) Uma delas poderá diri-gir, sem designação especial e por todos os presentes, um apelo aos bons Espíritos.

Kardec complementa a sua observação enfatizando que intenções desse teor são secunda-das por Espíritos simpáticos e que esses procedimentos devem ser empregados pelos grupos espíritas aos quais faltam médiuns ou que não os possuam em número sufi-ciente.

itens 206 e 207

m O Livro dos Médiuns (LM), Allan Kardec revela Ede forma especial o seu po-

tencial como pesquisador. Com is-to não estamos querendo afirmar que ele teve uma tarefa menor em O Livro dos Espíritos. O que esta-mos querendo ressaltar é que, co-mo decorrência da própria tarefa, o admirável Professor discorre nessa obra com rigor científico so-bre a evocação e contato com as almas desencarnadas, sem deixar de apresentar a opinião e a instru-ção dos Espíritos que presidiram a Codificação. Ao lado da pesquisa relatada, há uma série de capítu-los didáticos cuja leitura é impres-cindível a todos os que lidamos com a mediunidade. Exemplo dis-so é o Cap. XVII de LM, intitulado Da Formação dos Médiuns.

Relendo o capítulo citado, identificamos uma série de orien-tações que merecem a nossa aten-ção e revelam a acuidade do Codi-ficador em relação à atividade me-diúnica, particularmente no cam-po da formação dos médiuns. A seguir, comentamos algumas des-sas orientações.

O primeiro ponto que se salienta no capítulo XVII diz res-

Análise

Verificamos que o Perspi-caz Codificador defende clara-mente a tese de que a mediunida-de não é uma faculdade que se en-contra prontamente desenvolvida no médium, por isso mesmo re-quer treinamento, dedicação e ob-servação das instruções dos ami-gos espirituais.

Essas recomendações pre-ciosas para o estabelecimento de um programa mínimo de educa-ção mediúnica nas casas espíritas nem sempre são seguidas pelos envolvidos na tarefa, seja o médi-um, que, por se considerar “espe-cial”, procura fugir à atividade de formação, seja o coordenador do grupo, que faz concessões e per-mite que isso aconteça.

A prática do movimento espírita demonstrou que, além dos critérios acima apresentados, faz-se imprescindível a presença de um coordenador para o grupo, de preferência uma pessoa já experi-ente na prática mediúnica a fim de que, não se envolvendo com a passividade necessária às comuni-

Denise Lino - Campina Grande/PB

Reflexões em torno do cap. XVII de O Livro dos MédiunsReflexões em torno do cap. XVII de O Livro dos Médiuns

Utilizamos aqui como referência a 41ª edi-ção de O Livro dos Médiuns, traduzido por Guillon Ribeiro, editado pela FEB, 1979.

1

Princípios para a organizaçãoda reunião mediúnica

Estudando o Codificador Estudando o Codificador

Março 200328 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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quem apresenta as razões para justificar a importância da psico-grafia à sua época: “... é o gênero de mediunidade mais espalhado e, além disso, porque é, ao mesmo tempo, o mais simples, o mais cô-modo, e o que dá os resultados mais satisfatórios e completos”. Aliás, nesse capítulo, o Codifica-dor chega a apontar os traços da caligrafia do comunicante como um indício das provas científicas da atuação dos Espíritos sobre os médiuns, lançando, desta forma, as bases para que a grafoscopia pudesse ser utilizada, posterior-mente, como uma ciência auxiliar ao trabalho mediúnico. Ademais, o povo francês, e o europeu de modo geral, para os quais a Dou-trina Espírita foi imediatamente divulgada, era um povo letrado e, portanto, acostumado à argumen-tação escrita, às provas materiais, à evidência racional. Num con-texto como esse, a psicografia só poderia preponderar.

É quando se tem essa di-mensão histórica da psicografia no momento da Codificação da Doutrina que se podem entender os critérios apresentados na seção anterior. Eles são inteiramente aplicáveis se a única mediunidade em foco é a psicografia, quando não há normalmente o chamado esclarecimento (doutrinação) do Espírito comunicante. No nosso momento histórico, em que as reuniões mediúnicas, mesmo as de formação ou educação da mediu-nidade, são voltadas para a tera-pia do esclarecimento, a psicofo-nia é “... o gênero de mediunidade mais espalhado e, além disso, por-que é, ao mesmo tempo, o mais simples, o mais cômodo, e o que

cações, possa supervisionar o tra-balho, orientar a atuação dos mé-diuns e com eles, ao final, avaliar a qualidade da reunião em curso.

Essas indicações são sufi-cientes para uma revisão de pos-turas equivocadas.

Do capítulo supramencio-

nado, o segundo ponto diz respei-to às manifestações mediúnicas mais recorrentes. Um observador pouco atento poderia propugnar uma revisão de O Livro dos Médi-uns sob o argumento de que o Co-dificador não listou a psicofonia como uma importante faculdade mediúnica.

Ora, ao tempo de Kardec, os gravadores sequer estavam dis-poníveis, como poderia, então, o Mestre Lionês ter usado preferen-cialmente a psicofonia para reali-zar suas pesquisas se não podia “reter” os dados? O lastro metodo-lógico utilizado era o do positivis-mo, logo, os dados jamais poderi-am ser virtuais ou evanescentes. Sem gravadores, as mediunidades mais propícias ao estudo só pode-riam ser aquelas que se prestas-sem a exames de largo curso. As duas mais utilizadas foram a psi-cografia e os efeitos físicos. A vi-dência teve nessa metodologia um papel importante, mas como uma faculdade auxiliar.

Por ordem de importân-cia, a psicografia se destaca, pois os registros são “permanentes”, i.e, ficam imediatamente registra-dos, ao contrário da psicofonia cujas mensagens só se perpetuam se forem gravadas ou transcritas. É o próprio Kardec, no item 200, item 200

dá os resultados mais satisfatórios e completos” (utilizamos aqui as palavras de Kardec para justificar a psicografia).

Nesse contexto, não se de-ve pensar em reuniões, ainda que de formação, sem a presença de alguém experiente na prática me-diúnica.

Além dessa mediunidade, a de efeitos físicos prestou-se ao trabalho inicial da Doutrina Espí-rita pelas provas inequívocas que apresentava da realidade trans-cendental. Aliás, convém lembrar que os Espíritos, na grande “inva-são” espiritual sabiamente organi-zada a partir de março de 1848, não saíram falando às criaturas, mas atestando a sua presença através de efeitos físicos, os úni-cos capazes de àquela época des-pertar a sensibilidade das pessoas sérias para a realidade do inter-câmbio mediúnico. Se a psicofo-nia tivesse sido ostensivamente usada naquele momento, o proje-to dos Espíritos potencialmente estaria fadado ao descrédito, visto que essa faculdade já fora ridicu-larizada, desautorizada e perse-guida inúmeras vezes antes. Na-quele momento, fazia-se necessá-ria uma outra forma para, num bom sentido, “chocar”, chamar a atenção, despertar a curiosidade e levar à evidência da comunicabi-lidade com os Espíritos desencar-nados.

Por fim, dentre as mani-festações apontadas, ressalta-se a de vidência, cuja finalidade precí-pua era a apresentação de quadros

A respeito consulte o cap. XVIII, item 221, questão 7 de O Livro dos Médiuns.

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As manifestações mediúnicase o seu contexto histórico

Março 2003 29FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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vela que ao substituirmos o termo que designa uma mediunidade pe-lo que designa a outra não há alte-ração na coerência textual e, o que é mais importante, as obser-vações não apenas são válidas co-mo encontram na experiência diá-ria a sua confirmação.

O terceiro ponto que mere-ce a nossa reflexão no capítulo fo-calizado diz respeito à iniciativa das comunicações. Ou, em outras palavras, a quem pertence a “cha-ve” para estabelecer o processo de intercâmbio mediúnico. Muitos médiuns conhecem sobejamente a frase do admirável Chico Xavier para se referir ao processo mediú-nico: “o telefone toca de lá para cá”. Muitos acham graça nessa frase e até pensam que o médium mineiro utilizou-se de uma ilus-tração para afirmar não ser ele quem pedia aos Espíritos para uti-lizarem as suas faculdades e con-solarem os que lhe procuravam. Na verdade, o que Chico fez foi traduzir em uma metáfora de fácil compreensão (diríamos até de uma forma que revela o nosso cur-to entendimento dos princípios apresentados em o LM) o que os Espíritos Venerandos ensinaram na resposta à sexta questão do item 220 desse mesmo capítulo. Kardec lhes perguntou: “será pre-ciso então, que, nesse caso (o da perda e suspensão da mediunida-de), o médium prossiga nas suas tentativas para escrever?” Ao que lhe responderam os Espíritos: “Se o Espírito lhe aconselhar isto, de-ve; se lhe disser que se abstenha, não deve”.

sexta questão do item 220

do mundo espiritual e a confirma-ção dos relatos dos Espíritos. Nas pesquisas kardequianas, a vidên-cia tinha a mesma função que ela tem atualmente, qual seja a de fa-vorecer aos encarnados perscrutar detalhes do mundo espiritual.

Há ainda que se levar em consideração que, à época da Co-dificação, a mediunidade estava, em linhas gerais, voltada para a pesquisa. Presentemente, anos de-pois de a Codificação estar conso-lidada e de toda uma bibliografia subsidiária ter vindo à luz através da mediunidade de Chico Xavier, de Divaldo Franco e de outros mé-diuns confiáveis, vemos que a me-diunidade tem uma função tera-pêutica. Longe de surgirem novos grandes médiuns, com missões es-pecíficas, multiplicam-se os médi-uns anônimos, que se colocam co-mo intermediários da terapia de esclarecimento para os Espíritos ignorantes, sejam os que ignoram a sua condição espiritual de de-sencarnados, sejam os que igno-ram por que são portadores de do-enças, sejam os que ignoram o po-der transformador do amor e do perdão, sejam os que teimam em ignorar a Causa do Cristo como a Causa Libertadora.

Para finalizar esse ponto, acreditamos ser útil lembrar ainda que, embora o notável Codifica-dor não tenha destacado a psico-fonia e seja esta a faculdade mais utilizada nas nossas sessões medi-únicas, não estamos isentos de se-guir para a formação do médium psicofônico as instruções apresen-tadas no capítulo ora comentado. Todas observações que lá estão ar-roladas são válidas para estes mé-diuns. Uma leitura mais atenta re-

Essa resposta confere legi-timidade ao “princípio telefônico” a que se referiu Chico e pode ser melhor compreendida quando são reexaminados dois pontos sobre a formação dos médiuns apresenta-dos pelo Codificador no item 211. Nesse item, refere-se ele à fé sin-cera como a condição primeira do exercício mediúnico, sob a qual o médium coloca-se ao abrigo da proteção de Deus, para solicitar a assistência do seu “anjo de guar-da”. Esse, de acordo com as ins-truções do capítulo estudado, é o tutor do processo de educação me-diúnica por já ter alcançado um patamar em que com equilíbrio valoriza o nosso progresso e não se decepciona com as nossas más inclinações porque já as conhece e sabe que elas ainda fazem parte do nosso processo de evolução. A segunda condição diz respeito ao cuidado meticuloso que o médi-um, sobretudo o iniciante, deve ter em relação à natureza dos Es-píritos comunicantes. Recomenda o Douto Codificador que o candi-dato ao exercício mediúnico apli-que-se ao estudo prévio da teoria a fim de aprender a distinguir as características dos Espíritos bons, conforme, aliás, já recomendara no item VII da introdução de O Li-vro dos Espíritos.

Associado ao item ante-rior, salienta-se do texto karde-quiano um quarto ponto que me-rece a nossa atenção e diz respeito aos destinatários das mensagens obtidas pelos médiuns. Dissemi-naram-se no movimento espírita as bases do falso princípio de que

item 211

A origem das comunicações

Destinatário das mensagens

Março 200330 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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lis são escritas, normalmente, na segunda pessoa do singular por que destinam-se, primeiro, a ele e só em seguida às demais criaturas. A observação da querida mentora não é mero capricho, é o exemplo mais contundente de que até os detalhes das instruções dos Espíri-tos bons devem ser levados em consideração pelos médiuns que as recebem.

O quinto e último ponto que destacamos desse capítulo diz respeito ao sentimento de religio-sidade que Kardec atrela à mediu-nidade. Nas considerações apre-sentadas na primeira seção deste artigo, destacamos a instrução de que o grupo mediúnico deve reu-nir-se num recolhimento religio-so. Conforme aponta a resposta à questão 14 do item 22, isto não basta. A referência desse senti-mento de religiosidade é Jesus.

Em outras palavras, isto significa dizer que a mediunidade não é tão somente uma faculdade orgânica, mas o hábil instrumento de vinculação com o Psiquismo Divino através da elevação de pensamentos e sentimentos.

Se à Doutrina Espírita ca-be a tarefa de dignificar a mediu-nidade, tirando-a do âmbito es-treito e sombrio de práticas espiri-tualistas, corrigindo o seu rumo através da observação de princí-pios morais e desvendando a sua dimensão científica e terapêutica, cabe-nos, como espíritas, dar-lhe a dimensão de abençoado campo de trabalho, a que nos dedicamos não por mera curiosidade mas pe-la mais profunda convicção de

questão 14 do item 22

os médiuns apenas transmitem as mensagens, como se eles também não fossem o alvo das instruções dos Espíritos bons.

O estudo do capítulo aqui comentado é fundamental para que desfaçamos essa inversão de valores. Precisamente na resposta à questão 11 (O médium que ficou impossibilitado de escrever de-penderá de outro médium?) do mesmo item 220, colhemos uma preciosa orientação dos Mentores Espirituais. Dizem eles: “Depende da causa da interrupção, que tem por fim, amiúde, deixar-vos al-gum tempo sem comunicações, depois de vos terem dado alguns conselhos, a fim de que não vos habitueis a fazer senão com o nos-so concurso. Se este for o caso, ele nada obterá recorrendo a outro médium, o que também ocorre com o fim de vos provar que os Espíritos são livres e que não está em vossas mãos obrigá-los a fazer o que queirais. Ainda por esta ra-zão é que os que não são médiuns nem sempre recebem todas as co-municações que desejam”.

Dessas informações, su-blinhemos a que se refere aos con-selhos. Isto é, os Espíritos bons aconselham o médium, mas per-mitem que ele siga o caminho que escolher. Segundo depreendemos da experiência descrita por Kar-dec, havia uma relação direta en-tre os médiuns e os Espíritos, logo, a função de mero transmissor não era incentivada.

Podemos fortalecer o nos-so argumento lembrando que o médium Divaldo Franco, em vári-as ocasiões, tem repetido o teste-munho pessoal de que as mensa-gens do espírito Joanna de Ânge-

questão 11

item 220

que quando nos colocamos na po-sição de intermediários aprende-mos ainda mais a respeitar a vida.

Nesse sentido, Jesus é o paradigma por excelência. E se, mesmo admitindo isso, nos per-guntássemos como podemos sin-tonizar com ele, obteremos como resposta a mesma apresentada pe-los Instrutores a Kardec na ques-tão 16 do item 220: “Como pode um homem aperfeiçoar-se medi-ante o ensino dos Espíritos, quan-do não tem, nem por si mesmo, nem com o auxílio de outros mé-diuns, os meios de receber de mo-do direto esse ensinamento?” “Não tem ele os livros, como tem o cristão o Evangelho? Para prati-car a moral de Jesus, não é preciso que o cristão tenha ouvido as pa-lavras ao lhe saírem da boca.”

Com essas observações, fi-ca o convite para que os leitores possam consultar o capítulo aqui mencionado, dele extraindo no-vos ensinamentos ou ângulos que não conseguimos apreender.

ques-tão 16 do item 220

A articulista é formada em Letras pe-la Universidade Federal da Paraíba. Pro-fa. da Universidade Federal de Campina Grande/PB. Fez especialização em Lin-güística Aplicada pela PUC/MG, Mestra-do pela UNICAMP e é atualmente Douto-randa da USP. Fundadora da SEJA Soci-edade Espírita Joanna de Angelis, é tam-bém evangelizadora, expositora e autora de vários artigos para revistas espíritas. Já ministrou diversos cursos de evangeli-zação espírita, inclusive em Portugal, es-teve na Universidade de Poitiers na Fran-ça, onde proferiu conferência sobre Allan Kardec e participou de reuniões da Socie-dade Berlinense de Estudos Espíritas.

Sentimento de religiosidade

Março 2003 31FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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História

dos Espíritos compromissados com o Bem).

Com a disseminação do Movimento Cristão pelo mundo, passou a haver uma progressiva socialização e, conseqüente hie-rarquização, como resultado da tentativa de divulgar a mensagem e ampliar o número de adeptos, pela conversão dos gentios, nota-damente do povo romano.

No ano 313 da nossa Era, Constantino, então Imperador Ro-mano, liberou o culto cristão atra-vés do chamado Edito de Milão. Era o casamento entre a doutrina trazida por Jesus e o poder tem-poral de Roma que, em seu declí-nio, sentia no Movimento Cristão, pela popularidade que desfrutava e a aceitação da sua mensagem, o esteio de que necessitava para res-paldar-lhe o poder do ponto de vista popular.

Do outro lado, atuavam como padrinhos do consórcio, os próprios dirigentes cristãos, cer-tos de que esta aliança permitiria um crescimento mais acelerado de seu Movimento, bem assim o seu fortalecimento e estabilidade. Infelizmente, se por um lado a Igreja neoformada firmava-se a

Edito de Milão

cada dia e impunha-se no mundo, por outro, na parceria com Roma, teve que ser omissa diante de muitos desatinos e condescen-dente à vontade, ainda soberana, da Roma Imperial.

Por este motivo, houve a descontinuação da atividade de intercâmbio com os Espíritos, pois as mensagens que se faziam através desse canal de comunica-ção, muitas vezes, contraditavam as posturas assumidas, à época, em nome do Mestre Galileu.

Com o propósito de criar uma unidade em consonância com as necessidades de manuten-ção dessa aliança entre religião e o estado, foram criados os concí-lios ecumênicos. Esses, consis-tiam de uma assembléia para a qual se convidavam os dirigentes

concí-lios ecumênicos

Francisco Cajazeiras - Fortaleza/CE

os primeiros dois séculos de Cristianismo, os segui-Ndores de Jesus eram, em

sua imensa maioria, pessoas do povo, que se reuniam em assem-bléias (Ekklesias) e chegavam mesmo a compartilhar os seus bens, no dia-a-dia. Viviam, por-tanto, em uma comunidade, no seu sentido mais literal.

Criam em Deus como Pai Celestial e em Jesus como o Mes-sias prometido para a libertação do sofrimento. Criam na imortali-dade da alma, na preexistência do Espírito e, obviamente, no proces-so das vidas sucessivas. Conquan-to aguardassem para breve a vol-ta do Mestre (a parúsia).

Além disso, mantinham contato ordinário com os Espíri-tos, através das reuniões mediú-nicas, à época designadas de cul-tos pneumáticos, como se pode depreender da regulamentação desta atividade, inserida na I E-pístola aos Coríntios:

“Ora, a respeito dos dons espirituais (mediúnicos), não que-ro, irmãos, que sejais ignorantes”.

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (o Espírito Santo, isto é, a falange

comunidade

Março 200332

Roma 3 x 2 CristianismoEntenda como e porquê a reencarnação

foi banida das tradições cristãsEntenda como e porquê a reencarnação

foi banida das tradições cristãs

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Paulo de Tarso. I Coríntios, 12.

Entre os cristãos que conduzissem um tra-balho mediúnico de forma correta, objeti-vando a instrução espiritual e o Bem a fazer.

Os bons Espíritos e os Espíritos puros, se-gunda e primeira ordem da classificação de Allan Kardec, contida em O Livro dos Espí-ritos, Livro II, cap. I, questões 107 a 113.

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e as figuras de destaque do Movi-mento Cristão, com o fito de deci-direm sobre o que estava certo ou errado em termos de doutrina da Igreja ou, pelo menos, do que se poderia adotar como certo. A par-tir desses encontros, foram sur-gindo os dogmas que, diferente-mente do seu real significado (princípios, postulados), passaram a ter a força da inquestionabilida-de e a impor a sua aceitação como verdades absolutas e, por isso, in-discutíveis. Os que arriscassem a ousadia de contraditá-los, recebi-am a pecha de hereges e as even-tuais punições, como o exílio, a prisão ou a morte.

A idéia da reencarnação, dissemos antes, integrava os prin-cípios aceitos pelos protocristãos ou, pelo menos, por aqueles que conseguiam entender. Dentre os chamados “Pais da Igreja”, muitos foram os que aceitaram ou, pelo menos, conjecturaram acerca des-ta questão, como Santo Agosti-nho, Clemente de Alexandria e Justino, o mártir.

Mas indubitavelmente, foi Orígenes, que viveu em Alexan-dria, considerado um dos maiores pensadores cristãos do seu tempo e também um dos maiores de to-dos os tempos, autor de cerca de dois mil livros doutrinários, aque-le que mais defendeu e propagou o fenômeno da reencarnação.

Com ele surge uma cor-rente no seio da Igreja, que rece-beu o nome de Origenismo, que defendia os seguintes princípios:

Todos somos filhos de Deus e, dessa forma, somos iguais dian-te dEle;

dogmas

hereges

reencarnação

Origenismo

Deus não usa de favoritismo com ninguém, mas trata a todos os seus filhos de maneira seme-lhante;

Os Espíritos foram criados por Deus em condições de felicidade, mas em função de sua rebeldia, caíram e passaram a depender de um desenvolvimento no corpo de carne ;

Todos somos dotados de livre-arbítrio e, em assim sendo, somos responsáveis por nossa felicidade e nosso sofrimento;

Os Espíritos pré-existem aos corpos;

A alma, com ajuda de Deus, é responsável por sua própria sal-vação;

Os demônios são os Espíritos que mais se rebelaram, por isso, tiveram maior queda. No entanto, Todos voltarão ao seio do Criador (grifo meu).

Nesse tempo, havia várias polêmicas, todas resultantes das diferentes maneiras de interpretar (ou mesmo de acomodar) os ensi-namentos de Jesus.

Um dos temas mais discu-tidos era a divindade de Jesus. Uma ala afirmava ser Jesus um Espírito criado por Deus, a des-peito de se haver tornado perfeito e, assim, uno com o Criador. Ou-tros, não aceitavam esta teoria, elevando o Cristo à condição de Deus. Constantino resolveu inter-ferir e convocar um concílio para a discussão do caso.

Todos voltarão ao seio do Criado

divindade de Jesus

Destarte, em 325 d.C., rea-lizou-se o Concílio de Nicéia, on-de se tratou principalmente sobre a Divindade de Jesus, criando-se a idéia de Trindade (um só deus mas três pessoas distintas - Pai, Filho e Espírito Santo), importa-da, em verdade, da Índia e do Egi-to. A discussão, no entanto, per-sistiu por longo tempo.

Já no sexto século da nos-sa Era, Roma era governada por Justiniano e, como o Cristianismo havia sido declarado por Teodó-sio I a religião oficial do Estado, o Imperador afirmava-se cristão.

Conta-se que, influencia-do por sua esposa Teodora e apro-veitando ainda a polêmica que se mantinha a despeito do concílio de Nicéia sobre a divindade crísti-ca, o Imperador convocou um concílio a se realizar em Constan-tinopla, então capital do Império.

Dez anos antes, porém, preciso é saber, havia convocado um sínodo para discutir (!?) so-bre a questão das vidas sucessivas que tanto lhe incomodava, mas especialmente à sua esposa, haja vista não admitirem retornar a um corpo em condição social in-ferior, pois, assim, de deuses, co-

Trindade

Março 2003 33

Os Espíritos reveladores não concordam com esta idéia de Orígenes, de que os Espíri-tos reencarnam porque faliram, mas que Deus determinou a todos os Espíritos sem exceção passem pela fieira reencarnatória nas primeiras fases do seu desenvolvimento, até que atinjam a condição de Espíritos pu-ros. Ver questões 132, 133 e 134 de O Livro dos Espíritos.

Assembléia dos principais membros do clero de uma diocese para discutir assuntos necessários e de seu interesse. Presidida por um bispo, o único com poderes para legislar.

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da, notável pesquisador espírita, anota em seu livro Reencarnação na Bíblia a afirmativa do Reve-rendo Leslie D. Weatherhead, da Igreja Anglicana de Londres, que no sínodo há pouco citado, a re-encarnação foi posta em votação e derrotada em um apertado e inexpressivo placar de 3 X 2.

Foi, portanto, desde este concílio que, aos poucos se foi deixando de aceitar a reencarna-ção no Movimento Cristão, por-tanto, a partir da anatematização do Origenismo, como se pode de-preender dos anátemas que ali se fizeram, como reproduzindo abai-xo parcialmente:

“Contra todo aquele que assevere a fábula da preexistência das almas e afirme que se segue monstruosa reconstrução: anáte-ma seja”.

“Contra todo aquele que diga que, após a ressurreição, o corpo do Senhor era etéreo, e em forma de esfera, e que assim serão os corpos de todos depois da res-surreição; e que depois que o pró-prio Senhor tenha jogado seu cor-po e os outros que surgem te-nham jogado os seus, a natureza de seus corpos será destruída: anátema seja”.

Além destes, havia um anátema do próprio imperador:

“Contra todo aquele que declare ou pense que a alma hu-mana preexistia, ou seja, que fo-ram primeiro espíritos e sagrados poderes(...): anátema seja”.

A reencarnação não é,

3 X 2

mo eram considerados seus ante-cessores, desceriam, conduzido por esta doutrina, à condição de simples Espíritos, podendo mes-mo renascerem na condição de plebeus, por exemplo...

Contam alguns historia-dores que a Imperatriz havia sido prostituta e, por isso, ordenou a matança de quinhentas mulheres nessas condições, em Constanti-nopla, porque essas se orgulha-vam de haver saído de seu meio a mais nova Imperatriz Romana, sentimento não compartilhado por Teodora.

O povo, que em grande parte acalentava a idéia da reen-carnação, passou a comentar que a Imperatriz deveria, por esse mo-tivo, ser assassinada quinhentas vezes em suas vidas futuras. Isso teria levado Teodora a convencer o Imperador a anatematizar defi-nitivamente e com o seu áureo poder a crença na reencarnação.

O resultado desse sínodo foi apresentado no Concílio de Constantinopla, como matéria se-cundária, de vez que o principal assunto a ser tratado dizia respei-to, ainda, à discutida questão da divindade de Jesus.

Ao quinto concílio ecu-mênico, o II Concílio de Constan-tinopla , realizado no ano de 553 d.C., compareceram praticamente membros da Igreja do Oriente, pois até mesmo o Papa Virgílio, de Roma, em decorrência de de-sentendimentos com o Imperador, foi impedido de comparecer, sen-do mesmo mantido prisioneiro por sua ordem, quando viajava para Constantinopla.

Hermínio Correia Miran-

pois, uma invenção do Espiritis-mo, embora a partir dele ela se li-berte do misticismo e do mistério que a envolvia, tornando-se mais compreensível, lógica e racional.

Para a Doutrina Espírita, a reencarnação é uma Lei natural e, por esta razão é, antes de tudo, a comprovação do amor de Deus por Suas criaturas e, principal-mente, é a reencarnação caminho indispensável para o desenvolvi-mento dos potenciais de perfeição em todos nós existentes sob a for-ma germinal e que constituem a nossa herança divina.

Para saber mais, consulte:1) Francisco Cajazeiras - Elementos de Te-ologia Espírita - Pedidos: Editora EME - Fone: (19) 3491-7000 ou 3491-5603.

Apud CHAVES, José Reis. Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência. Martin Claret.

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Passaram-se vários anos até que a maioria dos dirigentes da Igreja viesse a aceitar as determinações do II Concílio de Constanti-nopla. Primeiro, porque não havia represen-tatividade da Igreja, posto que nem mesmo o Papa pôde se fazer presente, impedido que fora pelo Imperador; depois porque a ques-tão indiscutivelmente dividia os cristãos. Aliás, até hoje há quem rejeite as decisões tomadas naquele concílio, em decorrência das clamorosas irregularidades nele existen-tes.

Editora Pensamento.

WESTHERHEAD, Leslie D. The Case for Reincarnation. Londres, 1958.

Apud PONPAS, Manuela. Reencarnação (A descoberta das vidas passadas). Trad. De Wally Constantino. Pág. 68, 69. Ed. Maltese, Ltda. São Paulo-SP: 1991.

Idem, ibidem.

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Março 200334 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Editora: DIDIER Votuporanga/ SPAutor: Divaldinho MattosPedidos: F: (17) 421- 2176

Obra bem escrita pelo querido confrade Divaldinho Mattos, da cidade de Votuporanga/ SP, homenageia o médium Chico Xavier com casos e experiências de pessoas respeitáveis do movimento Espírita. A pretexto de divulgar a obra, reproduzimos na coluna Aconteceu Comigo, desta revista, o sonho premonitório de Therezinha Oliveira com Chico Xavier. Nomes respeitáveis como de: Hernani Guimarães Andrade, Di-valdo Pereira Franco, Raul Teixeira, dentre outros, formam o quadro de tarefeiros que conviveram e ou tiveram experiências com o querido médium de Uberaba.

Livro recomendado para iniciantes e estudiosos.

Editora: EME Capivari/ SPAutor: Francisco CajazeirasPedidos: F: (19) 3491-7000 ou 3491-5603

Obra muito interessante, retrata de maneira clara e objetiva temas curiosos como: O Diabo e as religiões; Evocar Espíritos?; Fanatismo e seitas Heréticas, além de um bom conteúdo histórico abordando, em alguns capítu-los, os desvios do cristianismo. Dos vários textos, recomendamos o Cap. 13, reproduzido por esta revista, por ocasião da divulgação do livro.

Editora: Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SPPedidos: Fone/Fax: (19) 3233.5596E-mail: [email protected]

Simplicidade e objetividade são a tônica deste trabalho que resgata o estudo da Doutrina Espírita em sua principal fonte: as Obras Básicas de Allan Kardec.

A revista conta em seu quadro de colaboradores grandes estudiosos e divulgadores da Doutrina Espírita como: Profª Therezinha Oliveira, Prof. Dr. Nubor Orlando Facure, Orson Peter Carrara, entre outros. A seleção dos artigos e assuntos fica por conta da Equipe Edito-rial do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar" - Campinas/SP.

Ao longo das 36 páginas da revista, o leitor encontra artigos sobre mediunidade, ciência e Espiritismo, curiosidades sobre a Bíblia, relatos verídicos que comprovam a in-fluência dos Espíritos em nossas vidas, além de temas da atualidade analisados sob a ótica Espírita.

A revista FidelidadESPÍRITA se responsabiliza, doutrinariamente, pelos textos que publica, bem como pelos conceitos e idéias neles contidos, por entender que expressam os ensinos Espíritas.

De amigos para Chico Xavier

Elementos de Teologia Espírita

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Março 2003 00FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP