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Primeira Versão n.5
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NÍVEL DE INTEGRAÇÃO DOS MUNICÍPIOS À DINÂMICA METROPOLITANA
Marley Deschamps*
Paulo Roberto Delgado*
Rosa Moura*
Maria Luisa Castello Branco**
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho desenvolve e aplica uma metodologia para identificar as diferentes classes de
níveis de integração à dinâmica da aglomeração tanto entre os municípios que compõem as regiões
metropolitanas (RMs) oficialmente institucionalizadas no Brasil como entre as Regiões Integradas de
Desenvolvimento (RIDEs) e aglomerações urbanas no entorno de capitais de estados1.
A classificação dos municípios para identificação do nível de integração pautou-se na análise de
indicadores elucidativos da dinâmica espacial da ocupação, representada por elevadas densidades
demográficas, altas taxas de crescimento populacional, ocupações preponderantemente em atividades
urbanas e intensos fluxos de movimento pendular. A indisponibilidade da matriz de origem-destino do
movimento pendular, que não só revelaria de onde partem os fluxos, mas também para onde eles afluem,
limitou, em alguns casos, a identificação de municípios mais consolidados tanto economicamente quanto
demograficamente, já que não experimentavam crescimento populacional mais elevado, tampouco sofriam
expressivos movimentos pendulares de saída de sua população para trabalho e estudo em outro município.
Pelo contrário, pelas atividades econômicas que realizavam, eram, de fato, receptores.
Tal lacuna, imediatamente percebida, fez com que os resultados fossem aferidos e se intro-
duziram indicadores complementares que revelassem a importância desses municípios na dinâmica do
aglomerado. Além de rever a base de dados, uma consulta entre as equipes regionais, participantes da
Rede Observatório das Metrópoles, permitiu colocar em discussão a efetividade dos novos indicadores
utilizados e levantar os ajustes necessários. Os resultados finais oferecem um quadro fiel do nível de
integração na dinâmica da aglomeração, em função de diferentes papéis desempenhados pelos municípios.
* Pesquisadores do IPARDES.
** Geógrafa, coordenadora e pesquisadora da Coordenadoria de Geografia (CGEO) do IBGE.
1 O presente texto resulta de reflexões que técnicos do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
(IPARDES), em conjunto com pesquisadora do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vêm desenvolvendo
sobre a questão metropolitana no Brasil, no âmbito da Rede Observatório das Metrópoles, servindo de base a estudos que
a própria Rede realiza sobre essa temática.
4
2 METODOLOGIA
Para melhor compreender a espacialidade do fenômeno urbano-metropolitano das unidades
em análise, assim como para esboçar os limites reais da aglomeração, foi construída uma tipologia
identificando os municípios das várias unidades segundo o nível de integração na dinâmica do
aglomerado2.
Em decorrência de inexistir legislação que estabeleça parâmetros que homogeneízem os
critérios de identificação de municípios que efetivamente façam parte das aglomerações, as regiões
metropolitanas institucionalizadas diferem substancialmente entre si. Algumas incorporam nos limites
institucionais da unidade exatamente o conjunto de municípios que demonstra indicativos da coesão
metropolitana, expressa por adensamento populacional e níveis mais intensos de integração na
aglomeração – integração esta entendida como o adensamento de fluxos econômicos e populacionais.
Outras unidades são compostas por dois conjuntos de municípios: os mais fortemente integrados,
situados, em geral, ao redor do pólo metropolitano; e aqueles com níveis mais fracos de integração a
essa dinâmica, trazendo para a unidade institucionalizada municípios praticamente à margem dos
processos peculiares do fenômeno urbano do aglomerado.
Mesmo quando todos os municípios da unidade regional estão articulados à dinâmica da
aglomeração, há diferenças entre eles que podem ser captadas por indicadores de fluxos de
deslocamentos pendulares, densidade, características ocupacionais e desempenho de funções
específicas, que tornam claro seu papel e a intensidade de sua participação nessa dinâmica.
2.1 SELEÇÃO DAS INFORMAÇÕES
Para a escolha das variáveis, tomou-se como premissa que os indicadores deveriam expressar os
componentes da dinâmica metropolitana, ou seja, oferecer indicativos do ritmo de crescimento da
população, da concentração populacional, da integração dos diversos municípios entre si e, em particular,
com o pólo, e do perfil da ocupação dos trabalhadores.
Além desses indicativos, foram consideradas a presença de funções específicas e
indispensáveis à circulação de pessoas e mercadorias, como a localização de portos e aeroportos, e a
capacidade de geração de renda pela economia local, expressa por sua participação no Produto
Interno Bruto (PIB) da região.
Assim, foram selecionados indicadores que guardam estreita relação com essa dinâmica e que
permitem diferenciar o nível de participação dos municípios.
2 O detalhamento metodológico encontra-se em Observatório (2004).
Primeira Versão n.5
5
2.1.1 Taxa Média Geométrica de Crescimento Populacional (1991-2000)
Análises do fenômeno da metropolização no Brasil oferecem indicativos de que os pólos vêm
apresentando, nos dois últimos intervalos censitários, taxas de crescimento da população inferiores às de
alguns dos demais municípios da aglomeração (IPEA, 2002; MOURA et al., 2004). Aqueles com
crescimento elevado situam-se quase sempre próximos ao pólo, permitindo delinear o espaço de maior
densidade da aglomeração, onde se instalam moradias, indústrias, comércio, serviços, enfim, atividades e
populações que giram em torno desse pólo. Mais distante, porém com relativo incremento da população,
delineiam-se as áreas de expansão dessa mancha mais densa. Assim, o crescimento da população é um
dos elementos reveladores da integração do município à dinâmica da aglomeração, seja pela existência de
fatores de atração, quando o município exerce atividade econômica absorvedora de mão-de-obra, seja
quando realiza a função de "dormitório", dada a lógica do mercado de terras. Altas taxas de crescimento
refletem, ao mesmo tempo, fortalecimento da posição do município no conjunto e incremento de
demandas, nem sempre compatíveis com a capacidade financeira municipal de resposta, criando, nesse
caso, os espaços carentes das aglomerações.
2.1.2 Densidade Demográfica
Alta densidade demográfica é uma condição que expressa a extensão dos espaços
efetivamente urbanizados, servindo como uma proxy da mancha urbana da aglomeração, além de
indicar o provável lócus da diversidade dos fluxos e funções que integram a vida urbana (CASTELLO
BRANCO, 2003, p.122). Nesses espaços mais adensados, as relações com a metrópole tenderiam a
ser mais fortes.
2.1.3 Contingente e Proporção de Pessoas que Realizam Movimento Pendular
Uma das características dos municípios de aglomerações é a presença de mobilidade diária da
população, pela dissociação entre local de moradia e local de trabalho, dada a concentração, em geral, de
oportunidades de trabalho em município (ou conjunto deles) de maior porte e a própria distribuição de
funções, internamente à aglomeração. A utilização do indicador de movimento pendular permite medir o
contingente de população que se desloca para município diferente do de residência para trabalhar e/ou
estudar. Quanto maior a troca entre os municípios, maior a articulação dos mesmos na dinâmica da
aglomeração. Neste momento do estudo, são considerados os fluxos de partida dos municípios, sem
compor uma matriz origem/destino, que apontaria os pólos de atração – análise prevista para a segunda
fase deste Projeto. Medindo as partidas, pode-se dimensionar a importância quantitativa dos movimentos
pendulares, sendo possível identificar os municípios que contribuem com os maiores contingentes de
deslocamentos. Geralmente, a maior concentração de fluxos no interior da aglomeração se dá naqueles
municípios que exercem a função de "dormitório" e/ou que são áreas de expansão recente. Tais
deslocamentos rumam, em especial, na direção dos pólos.
6
Além do volume dos deslocamentos, é importante dimensionar a proporção destes em relação à
população total que trabalha e/ou estuda. As maiores proporções de movimentos de partida pressupõem
baixa capacidade interna de absorção de mão-de-obra ou de oferta de serviços educacionais compatíveis
com as necessidades da população. Demonstram o papel desses municípios como "dormitórios",
realizando importante função na dinâmica da aglomeração. Aqueles com maior dinamismo econômico
quase sempre apresentam baixa proporção de deslocamentos, mesmo quando ocorrem altos volumes.
2.1.4 Proporção de Emprego Não-Agrícola
As aglomerações urbanas, particularmente suas porções mais adensadas, associam-se
preponderantemente a atividades ligadas aos setores de indústria, comércio e serviços. Embora se
verifique a presença de áreas próximas às aglomerações que funcionam como abastecedoras de suas
demandas hortifrutigranjeiras, cumprindo um importante papel no conjunto regional, essas atividades, no
caso das áreas mais dinâmicas (como é o caso de São Paulo e Campinas), são, em geral, desenvolvidas
sob uso de técnicas mais intensivas, com alta produtividade, ou, como ocorre na maioria dos casos, são
restritas a municípios com tênue integração na dinâmica urbana do aglomerado, mantendo níveis baixos
de trocas efetivas com os demais municípios. Em algumas unidades institucionalizadas é considerável a
presença de municípios com características preponderantemente rurais, muitos dos quais sem nenhum
vínculo com a dinâmica da aglomeração.
Em oposição a estes, algumas áreas formalizadas como rurais desempenham, de fato, funções
caracteristicamente urbanas. O enquadramento na condição de domicílio urbano ou rural, definida por
legislação municipal, pode não refletir as características da urbanização. Muitas vezes, áreas de expansão
urbana ou mesmo aquelas com ocupação recente são consideradas rurais, dado que incidem em porções
não incluídas dentro dos limites urbanos legais do município. Isso faz com que a definição de urbano nem
sempre reflita as características de urbanização dos municípios. Sabe-se que muitas áreas de expansão
urbana, nas maiores aglomerações, onde a velocidade da expansão populacional e da aglomeração não é
sempre acompanhada de atualização da legislação, situam-se em áreas classificadas, segundo a
legislação municipal de perímetro urbano vigente, como rurais.
A inclusão da variável proporção de emprego não-agrícola permite qualificar todos esses tipos
de ocorrência. Quando a maioria dos moradores exerce atividade urbana, mesmo que a maior parcela
da população do município situe-se em áreas tidas como rurais, o que se revela são relações urbanas,
servindo, pois, como medida adequada ao efetivo grau de urbanização do município. Quanto maior a
proporção de pessoas não envolvidas em atividade agrícola, maior o segmento urbano.
2.1.5 Portos e Aeroportos
A localização de portos e aeroportos, em vários casos situados em municípios do entorno do
pólo, como que numa extensão física deste, indica uma condição imprescindível à articulação da
unidade com os circuitos nacionais e internacionais de produção e circulação. A relação de portos foi
obtida no estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2002) (CAMPOS NETO, 2006),
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sobre os portos marítimos e fluviais brasileiros, caracterizados segundo seu porte. Para o segundo
indicador, foram retomados os dados de 2003 do Departamento de Aviação Civil (DAC) sobre o fluxo
de passageiros, considerados também para classificação das unidades estudadas e para a
identificação daquelas com perfil metropolitano.
2.1.6 Produto Interno Bruto
Como forma de medir a contribuição para a geração de renda na economia da unidade,
considerou-se a participação do município na composição do PIB total da unidade, valendo-se de
informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2003. Essa informação
identifica os municípios que desempenham atividades geradoras de renda, num leque amplo de
possibilidades relativas a todos os setores da economia. Essas atividades são as que dão sustentação
à dinâmica da aglomeração.
Os indicadores referentes aos municípios que compõem os espaços em análise, bem como sua
classificação, encontram-se discriminados no Anexo 1.
3 TIPOLOGIA DOS MUNICÍPIOS
Para o processo de classificação dos municípios, recorreu-se a técnicas estatísticas, que
permitiram identificar o grau de associação entre os indicadores utilizados e a maior homogeneidade entre
os municípios incluídos em cada agrupamento. Optou-se por dois procedimentos sucessivos: o primeiro
conjunto de informações, referentes à dinâmica populacional, passou por um processo de análise fatorial,
cujos resultados sintetizados no índice fatorial possibilitaram enquadrar os municípios em cinco agru-
pamentos. Na seqüência, procedeu-se à avaliação da posição dos municípios quanto à sua importância
para a geração de renda e para o exercício de funções de articulação do aglomerado nos circuitos de
produção e circulação nacional e/ou internacional.
A análise multivariada foi utilizada com o objetivo de identificar, a partir das variáveis previamente
selecionadas, quais seriam as mais relevantes para determinar uma tipologia entre os municípios que
conformam os grandes espaços urbanos brasileiros, estabelecendo grupos de municípios relativamente
homogêneos, os quais constituiriam uma hierarquia com base no nível de articulação intra-aglomerado,
particularmente com os centros principais.
Embora reconhecendo, por princípio, a polarização dos núcleos dos aglomerados, os mesmos
foram incluídos nesta análise. Além disso, como há casos de capitais sem aglomeração, mas que de fato
8
exercem função metropolitana (como Manaus), optou-se por incluir na análise todas as capitais sem
aglomeração, para verificar sua adequação ou não ao fato metropolitano (OBSERVATÓRIO, 2004). Para
efeito de apresentação dos resultados, esse conjunto de municípios será particularizado.
A tipologia e o agrupamento dos 470 municípios3 que compõem as unidades em análise foram
obtidos por dois métodos estatísticos multivariados: análise fatorial por componentes principais e
análise de agrupamento. A análise fatorial mostra as relações internas de um conjunto de variáveis,
com o objetivo de identificar um menor número de fatores, independentes e linearmente relacionados
às variáveis, que apresentaram aproximadamente o mesmo total de informações expresso pelas
variáveis originais.
Para esta análise, foi construída uma matriz contendo 470 unidades geográficas e os cinco
indicadores previamente escolhidos. Para não ocorrerem distorções na hierarquização dos
municípios, houve a necessidade de suavizar o indicador de densidade demográfica – a partir do
cálculo do logaritmo neperiano da mesma –, tendo em vista que possíveis distorções poderiam estar
associadas a problemas na construção da variável, como a grande diversidade de extensão territorial
dos municípios, assim como critérios distintos na delimitação de distritos.
A partir dessa matriz, determinou-se o número de fatores por meio dos autovalores4, cujo valor
era superior a 1,0, retendo-se, assim, somente os fatores que tiveram uma explicação maior do que
uma variável pode explicar isoladamente. Foram retidos somente dois fatores, o que demonstrou haver
uma forte correlação entre as variáveis escolhidas para determinar e diferenciar o nível de integração
na dinâmica da aglomeração de cada um dos municípios estudados. Os dois fatores retidos explicaram
mais de 75% da variância total das variáveis originais, a partir da diversidade encontrada nos
municípios. O primeiro fator explica 45% da variância, e o segundo, 30%.
Para identificar as variáveis componentes de cada um dos fatores, com cargas fatoriais5 altas
em cada fator, procedeu-se à rotação dos eixos de referência pelo método Varimax,6 a partir da matriz
de correlação das cinco variáveis com os dois fatores comuns não-rotacionados.
O fator 1 está correlacionado com as seguintes variáveis: proporção de emprego não-agrícola,
volume de população que se desloca para trabalhar e/ou estudar em outro município, proporção dessa
população sobre o total da população de 15 anos e mais que estuda e/ou trabalha, e densidade
demográfica, todos indicando concentração e integração. O fator 2 agregou apenas a variável de cres-
cimento populacional – taxa geométrica de crescimento anual (1991-2000). As altas taxas de
3
Essas unidades agregam, atualmente, 471 municípios; porém, o município de Mesquita, na RM do Rio de Janeiro, foi
instituído após 2000, desmembrado de Nova Iguaçu, não existindo, para ele, as informações referentes aos indicadores
analisados neste item. Os dados de Nova Iguaçu referem-se à situação anterior ao desmembramento, incorporando, pois, a
população do novo município.
4Valores próprios da matriz de correlação, raiz característica ou Eingevalue (IGNÁCIO, 2002).
5As cargas fatoriais, quando a análise fatorial parte de uma matriz de correlação, são coeficientes de correlação entre as
variáveis e os fatores, expressando o quanto uma variável observada está carregada em um fator.
6Rotação ortogonal que permite que os coeficientes de correlação entre as variáveis e os fatores comuns fiquem o mais
próximo possível de zero, 1 ou –1, facilitando, assim, sua interpretação (IGNÁCIO, 2002).
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crescimento foram geralmente verificadas naqueles municípios com a presença de áreas de expansão
recente.
O índice final serviu de parâmetro para classificar e hierarquizar os 470 municípios, informando
a posição de cada um em relação àquele com índice final máximo. Para finalizar a análise multivariada,
foi necessário proceder o agrupamento dos municípios identificando grupos homogêneos. O método
utilizado para o agrupamento foi o "método de agrupamento não-hierárquico das k-médias".7 Determi-
nou-se que deveriam ser formados cinco grupos, relativamente homogêneos com base na variável índice
final, além dos pólos.
Esses grupos foram numerados de 1 a 6, atribuindo-se 1 à condição de menor nível de integração,
elevando-se sucessivamente até 6, aos pólos. A essa escala, somou-se 1 ao município que servisse de
localização de portos ou aeroportos, ou ambos; e 1 àqueles que apresentassem participação no total do
PIB da unidade superior a 10%, em unidades nas quais um único município respondesse por mais de 50%
do total, ou superior a 5%, em unidades com PIB menos concentrado. No caso de unidades com
distribuição mais concentrada do PIB, a maior exigência justifica-se pela garantia de um porte mínimo de
participação que não configure excessiva discrepância entre os municípios.
A soma da pontuação serviu de base para a classificação dos municípios. Separados os pólos, os
municípios com um ponto foram classificados no nível de integração na dinâmica da aglomeração muito
baixo; com dois pontos, no nível baixo; com três pontos, no nível médio; com quatro pontos, no nível alto; e
com cinco pontos ou mais, no nível muito alto (quadro 1). O resultado final da análise fatorial encontra-se
resumido no anexo 1, que apresenta os valores dos escores fatoriais para cada área estudada,
estimados pelo método de regressão, bem como o escore fatorial final e o índice final.
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS, SEGUNDO NÍVEL DE
INTEGRAÇÃO NA DINÂMICA DA AGLOMERAÇÃO
MUNICÍPIOSGRUPO
NÍVEL DE INTEGRAÇÃO NA
DINÂMICA DA AGLOMERAÇÃON.o %
1 Muito baixo 80 17,0
2 Baixo 107 22,8
3 Médio 98 20,9
4 Alto 83 17,7
5 Muito alto 65 13,8
Pólos Pólo 37 7,9
TOTAL - (1)470 100,0
(1) Exceto o município de Mesquita, na RM Rio de Janeiro, instituído após 2000.
7 Segundo Anderberg (1973), este é o método mais usual, baseado em duas premissas básicas: coesão interna das unidades
observacionais e isolamento externo entre os grupos. O cálculo das distâncias entre as unidades observacionais baseia-se na
distância Euclidiana. Parte-se do princípio de que a similaridade entre uma unidade observacional e outra (em um plano, por
exemplo) é dada pela distância entre essas duas unidades observacionais, segundo a posição que cada uma ocupa nos dois
eixos, medida por qualquer variável considerada significativa para o processo de diferenciação entre as unidades observacionais
(apud IGNÁCIO, 2002).
10
4 CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS
Entre os municípios considerados pelo universo da pesquisa, 37 desempenham o papel de pólo.
Dos demais, 65 apresentam grau muito alto de integração na dinâmica da aglomeração, e 83, alto. Esse
conjunto pode ser considerado onde efetivamente são realizadas atividades e exercidas funções que
promovem a dinâmica regional. Realizando funções complementares e, sem dúvida, também relevantes à
dinâmica do aglomerado, 98 municípios classificam-se no grau médio de integração.
Os 187 municípios com graus baixo e muito baixo, representando 39,8% do universo pesquisado,
podem ser considerados como não integrados ou em integração embrionária à dinâmica da aglomeração.
Em 2004, eles detinham apenas 3,6% da população total dos 37 espaços urbanos, tendo contribuído com
apenas 3% do incremento populacional verificado nessas unidades, no último período intercensitário
(1991/2000), e com somente 2,6% do PIB gerado, em 2003, nas unidades (tabela 1 e gráfico 1).
TABELA 1 - INDICADORES POPULACIONAIS E DE RENDA, POR AGRUPAMENTO DE MUNICÍPIOS,
SEGUNDO NÍVEL DE INTEGRAÇÃO NA DINÂMICA DA AGLOMERAÇÃO
POPULAÇÃO TOTALNÍVEL DE
INTEGRAÇÃO2000
Incremento
1991-2000
TAXA DE
CRESCIMENTO
1991-2000
GRAU DE
URBANIZAÇÃO
2000
ESTIMATIVA DA
POPULAÇÃO
TOTAL 2004
PARTICIPAÇÃO
NO PIB 2003
1 - Muito Baixo 740.775 44.698 0,69 51,90 765.589 0,70
2 - Baixo 2.017.690 336.806 2,05 76,97 2.196.071 1,88
3 - Médio 3.877.642 910.086 3,02 87,08 4.333.543 6,04
4 - Alto 7.071.408 1.813.837 3,35 91,52 8.027.597 12,92
5 - Muito Alto 18.121.289 4.001.285 2,81 98,90 20.154.789 21,86
Pólos 43.895.461 5.827.992 1,60 97,51 46.851.916 56,60
TOTAL 75.724.265 12.934.704 2,10 95,75 82.329.505 100,00
FONTE: PNUD; IBGE
GRÁFICO 1 - PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DOS GRUPOS DE MUNICÍPIOS NO TOTAL
DA POPULAÇÃO E NO INCREMENTO POPULACIONAL OCORRIDO NOS
ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS, SEGUNDO NÍVEL DE INTEGRAÇÃO
FONTE: IBGE
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Os 37 centros principais (pólos) desses espaços, mesmo quando apresentam tendência a
desaceleração do ritmo de crescimento, mantêm sua condição de principais áreas de concentração
populacional no País. Eles somam, em 2004, aproximadamente 47 milhões de habitantes (57% da
população total das unidades pesquisadas) e absorvem a maior parcela (45,1%) do incremento
populacional verificado nos grandes espaços urbanos, no último período intercensitário. Em termos
absolutos, o incremento nos pólos foi de 5,8 milhões de pessoas, em um total de 12,9 milhões no
conjunto dos espaços urbanos.
Entre os centros principais, destacam-se com maiores participações exatamente aqueles
considerados como metropolitanos, ou seja, os pólos de espaços classificados nas categorias 1 a 4 da
hierarquização dos espaços urbanos.8
Os 148 municípios classificados nos níveis alto e muito alto reuniam, em 2004,
aproximadamente 28 milhões de pessoas, representando 34,2% da população total das unidades
pesquisadas. Sua participação no incremento populacional ocorrido no período 1991/2000 foi ainda
maior (45,0%), o que indica a forte pressão sobre essas áreas.
A distribuição dos municípios nos espaços urbanos, segundo essa tipologia de integração, está
representada no conjunto de mapas 1 a 5. Na seqüência, algumas particularidades em relação à
diferenciação dos grupos são destacadas, com base nos indicadores utilizados para definir a tipologia.
Algumas características comuns aos municípios podem ser apontadas em cada agrupamento,
segundo o nível de integração. O quadro 2 apresenta os principais indicadores utilizados na definição dos
agrupamentos e auxilia na identificação dessas características.
QUADRO 2 - NÚMERO DE MUNICÍPIOS POR NÍVEL DE INTEGRAÇÃO, SEGUNDO INDICADORES SELECIONADOS - 2000
NÍVEL DE INTEGRAÇÃO
INDICADOR1- Muito
baixo2 - Baixo 3 - Médio 4 - Alto
5 - Muito
alto
TOTAL DE MUNICÍPIOS 80 107 98 83 65
Área de expansão, colar metropolitano ou região de
desenvolvimento integrado46 41 17 5 0
< 10 mil habitantes 59 37 7 1 0População total 2000
>= 50 mil habitantes 1 6 25 54 63
Grau de urbanização 2000 < 50% 48 13 2 4 0
< 1,5% a.a. 66 38 8 4 9Taxa de crescimento 1991-2000
>= 3% a.a. 2 21 54 48 36
< 1 mil 79 65 15 1 0Movimento pendular 2000
Volume > 10 mil 0 0 4 38 61
< 5% 41 12 12 4 0 Movimento pendular 2000
Percentual >= 20% 1 6 15 49 53
< 60% 56 6 0 0 0Ocupação não-agrícola 2000
> 90% 0 10 42 70 65
% Município no Total PIB da
unidade 2003>= 5% 0 5 11 27 27
FONTE: IBGE
8 A classificação das diversas aglomerações como metropolitanas e sua posição na hierarquia dos espaçosurbanos encontra-se em Observatório (2004).
12
No grupo 1, representando grau muito baixo de integração na dinâmica da aglomeração,
encontram-se classificados municípios localizados, de modo geral, com as maiores distâncias físicas em
relação aos pólos. É importante salientar que dos 80 municípios classificados nesse grupo, 46 fazem parte
das porções institucionalizadas como áreas de expansão (SC), colares metropolitanos (MG) e região de
desenvolvimento integrado (GO), representando 58% do total de municípios do grupo.9
Esse grupo reúne municípios com características marcadamente rurais, em geral, nos quais
predominavam, em 2000, volume populacional e grau de urbanização muito baixos; somente seis
municípios tinham mais de 20 mil habitantes, sendo 70 mil habitantes o volume máximo. Em
aproximadamente 40% dos municípios havia predomínio da ocupação agrícola, com as atividades urbanas
correspondendo a menos de 50% da ocupação total. Em outros 30%, o trabalho não-agrícola não
ultrapassava o patamar de 60% do total.
O baixo dinamismo desses municípios é percebido ao se analisar suas taxas de crescimento
populacional. A maioria deles apresentava, no período 1991-2000, evasão de população, registrando quer
crescimento negativo (31%), quer crescimento abaixo do vegetativo (entre zero e 1,5% ao ano), indicando
saída de população (52%). Apenas dois municípios apresentavam incremento anual acima de 3%
(Cristalina, na RIDE de Brasília, e Caldazinha, na RM de Goiânia).
Outra característica do distanciamento que estes municípios possuem em relação ao fato
urbano do aglomerado é o pequeno volume de população que realiza movimento pendular. Em mais
da metade deles esse volume está abaixo de 200 pessoas, bem como em mais da metade a
proporção de pessoas nessa condição não ultrapassa 5%.
O grupo 2, com seus municípios também localizados a uma relativa distância do pólo,
apresenta características que o diferenciam do grupo anterior.
As características rurais nesses municípios já não são tão marcantes – somente um município
apresentava ocupação não-agrícola abaixo de 50%. Em mais da metade dos municípios as ocupações
em atividades urbanas predominavam, representando mais de 75% do total das ocupações. Em relação
à população, em apenas um terço dos municípios verificava-se um número abaixo de 10 mil habitantes.
Por outro lado, somente seis tinham população acima de 50 mil: Aquiraz e Maranguape, na RM de
Fortaleza; Ceará-Mirim, na RM de Natal; Formosa, na RIDE de Brasília; e Itaúna e Pará de Minas, na
RM de Belo Horizonte.
Nesse grupo, há ainda um volume significativo de municípios onde ocorria evasão de
população. Em um terço deles verifica-se um crescimento populacional abaixo do vegetativo, no
entanto, somente cinco municípios apresentaram redução efetiva do volume populacional entre 1991 e
2000, isto é, sua taxa de crescimento era negativa. Por outro lado, observa-se um número significativo
(21) de municípios que cresciam a taxas elevadas (acima de 3% a.a.); em oito deles esse crescimento
ocorria sobre base populacional superior a 20 mil habitantes.
Outra característica que diferencia os municípios desse grupo daqueles do grupo anterior e os faz
aproximar, ainda que em pequena escala, da dinâmica do aglomerado, é o volume de pessoas que
realizavam movimento pendular. Em mais de 40% (47) deles, esse volume ultrapassava mil pessoas; no
9
Vale lembrar que as áreas de expansão e os colares metropolitanos são denominações utilizadas nas legislações dos
estados citados, portanto se referem a municípios de unidades existentes nesses estados.
Primeira Versão n.5
13
entanto, somente em quatro municípios superava 3 mil pessoas. Em 45 deles, a proporção de pessoas que
se deslocava já ultrapassava 10%, porém, em apenas seis ultrapassava os 20%.
Cabe ressaltar que, no grupo 2, também é elevado o número de municípios (41) pertencentes
a áreas de expansão, colares metropolitanos ou região de desenvolvimento integrado.
Os municípios do grupo 3, classificados como de nível médio de integração, diferenciam-se das
duas categorias anteriores por apresentarem indicadores de concentração e de fluxos mais expressivos,
que os colocam numa posição intermediária na dinâmica da aglomeração, permitindo pressupor que
configuram áreas prováveis da expansão da mancha contínua de ocupação.
Nesse grupo, nenhum município exibia taxa negativa de crescimento populacional, e somente
em oito deles havia indicativo de evasão populacional, ou seja, crescimento abaixo do vegetativo. Na
maioria dos municípios (55%), verificava-se crescimento superior a 3% a.a.
O contingente populacional também é indicativo, nesse grupo, de um dinamismo diferenciado.
Apenas sete municípios possuíam população abaixo de 10 mil habitantes, e 35% do total de
municípios ultrapassavam 50 mil habitantes, com 11 deles superando os 100 mil habitantes. Nesse
grupo, a ocupação em atividades urbanas predominava em todos os municípios, embora em apenas
42 superasse 90% do total de ocupados, o que indica a presença ainda importante de atividades
agrícolas nos demais municípios.
O volume de pessoas que realizavam deslocamentos pendulares assume um patamar
superior a mil pessoas em mais de 80% dos municípios, porém em apenas quatro deles era maior que
10 mil pessoas, chegando ao máximo de 19,8 mil. Em mais da metade dos municípios, a proporção de
pessoas que se deslocavam estava entre 10% e 20%.
O grupo 4 reúne 83 municípios classificados como de nível alto de integração na dinâmica da
aglomeração; apenas cinco fazem parte de área de expansão, todos pertencentes a unidades localizadas
no Estado de Santa Catarina. Alguns dentre estes cinco casos refletem incongruência na delimitação do
que a legislação denomina núcleo metropolitano, que desconsidera municípios que efetivamente o
compõem. Outros, mais distantes dos núcleos, representam centros expressivos da rede urbana estadual.
Indicam, também, um fenômeno complexo de relações entre os centros do leste do Estado de Santa
Catarina, refletindo configuração de aglomerações descontínuas ou espelhando relações em rede.
Apesar de apresentarem interações mais fortes no espaço da aglomeração, muitos dos
municípios classificados no nível alto de integração não configuram áreas em contigüidade de
ocupação com o pólo. Caracterizam-se por exibir elevado volume populacional, com dois terços
registrando população acima de 50 mil habitantes. Nesse grupo, seis municípios ultrapassavam os 200
mil habitantes no ano 2000.
Chama a atenção, dada essa base populacional, o fato de mais da metade dos municípios
apresentarem taxas de crescimento populacional acima de 3% a.a., sendo que em 22 esse
crescimento ultrapassava os 5% a.a. Na quase totalidade dos municípios, as atividades urbanas
representavam mais de 90% do total da ocupação.
Outra expressão da maior integração desses municípios na dinâmica efetivamente urbana do
aglomerado é o volume de pessoas que realizavam deslocamentos pendulares. Enquanto no grupo 3 o
14
total de deslocamentos não ultrapassava 311 mil pessoas, no grupo 4 o volume total dos deslo-
camentos atingia quase um milhão de pessoas. Nesse grupo, em quase metade dos municípios os
deslocamentos envolviam mais de 10 mil pessoas, chegando ao máximo de 49 mil. Ainda, em quase
dois terços dos municípios a proporção de população que se deslocava era superior a 20%.
No grupo 5, foram classificados 52 municípios como de nível muito alto de integração na
dinâmica da aglomeração. Eles se caracterizam por apresentarem, em sua maioria, áreas de
ocupação contíguas aos pólos, expressão da intensa relação entre eles.
As bases populacionais são bem mais elevadas, com 80% dos municípios registrando
população acima de 100 mil pessoas, sendo que nove ultrapassam 500 mil, e um (Guarulhos, na RM
de São Paulo) possui mais de um milhão de habitantes. Embora a maioria desses municípios exibisse
taxas elevadas de crescimento populacional (acima de 3% a.a.), já se observa, em alguns, a
desaceleração desse ritmo, fato que pode estar relacionado à existência de uma base populacional
bastante elevada e a processos de seletividade no mercado imobiliário, entre outros fatores. São
Caetano do Sul, na RM de São Paulo, e Nilópolis, na RM do Rio de Janeiro, constituem exemplos
dessa dinâmica, inclusive com variação populacional negativa entre 1991 e 2000.
Em todos os municípios, as atividades urbanas representam mais de 90% do total da
ocupação. O deslocamento para fora do município de residência envolve volumes elevados da
população – superior a 50 mil pessoas em 42% dos municípios. Nesse grupo, o volume total de
deslocamentos envolve 2,6 milhões de pessoas, o que representa 54% do total do movimento
pendular observado no total das unidades estudadas. Também é elevada a proporção de pessoas que
se deslocavam nesse grupo, sendo maior que 30% em quase metade dos municípios.
Como resultado sintético desse enquadramento dos municípios, verifica-se que, de modo geral,
as 15 unidades que foram classificadas como metropolitanas apresentam sua delimitação territorial em
maior conformidade com o fenômeno urbano, pois 67% do total de 294 municípios que compõem essas
unidades foram classificados como parte da porção mais integrada da aglomeração. Entretanto, cinco
unidades apresentam percentual de municípios integrados abaixo dessa média, quais sejam: RMs de
Florianópolis (27%), Goiânia (40%) e Belo Horizonte (50%), em função de terem sido incorporados, no
conjunto das unidades, a área de expansão, o colar e a região de desenvolvimento, respectivamente. Do
mesmo modo, têm-se a RM de Curitiba (54%) e a RIDE de Brasília (35%), ambas marcadas por uma
inserção generosa de municípios que se distanciam, de fato, de uma dinâmica de aglomeração.
As 16 aglomerações não-metropolitanas são as que apresentam menor conformidade entre a
unidade institucionalizada e o núcleo mais dinâmico, pois apenas 47% dos 170 municípios que
compõem essas unidades fazem parte do mesmo. Em metade dessas aglomerações, o percentual de
municípios mais integrados à dinâmica da aglomeração fica abaixo de 50%: Vale do Aço, Maringá,
Maceió, Londrina, Tubarão, Vale do Itajaí, João Pessoa e Norte/Nordeste Catarinense.
Vale ressaltar, por fim, que, tanto nas unidades metropolitanas como nas demais aglomerações, a
não-conformidade está associada, principalmente, ao conjunto de municípios incluídos em áreas de
expansão, colares metropolitanos ou regiões de desenvolvimento integrado. Mesmo assim, sua inclusão
na presente análise foi importante por permitir verificar que do total dos 109 municípios incluídos nessas
áreas, 22 apresentam tendência a incluir-se efetivamente na aglomeração, estes classificados com grau
médio ou alto de integração, vinculando-se ao fenômeno da urbanização em áreas metropolitanas.
Primeira Versão n.5
15
6 NÍVEL DE INTEGRAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DAS RMS PARANAENSES
A análise do nível de integração do município à dinâmica da aglomeração revela que, de modo
geral, algumas unidades incorporam nos seus limites institucionais exatamente o conjunto de municípios
que demonstra indicativos da coesão metropolitana e níveis mais intensos de integração na aglomeração,
particularmente as RMs já consolidadas, criadas nos anos 1970. Outras unidades são compostas por dois
conjuntos de municípios: os mais fortemente integrados, situados, em geral, ao redor do pólo
metropolitano, e aqueles com níveis mais fracos de integração a essa dinâmica, trazendo para a unidade
institucionalizada municípios praticamente à margem dos processos peculiares do fenômeno urbano do
aglomerado.10
As três unidades institucionalizadas no Paraná apresentam uma heterogeneidade muito nítida
entre os municípios integrantes, estando em grande parte classificados nos níveis baixo e muito baixo de
integração à dinâmica da aglomeração (quadro 3). Isso evidencia que, embora o estatuto legal os agregue
numa unidade comum, denominada “região metropolitana”, poucos fazem parte da dinâmica da
aglomeração configurada de fato, para a qual se justificam mecanismos de ação articulada para a gestão
de funções públicas de interesse comum. Os demais municípios compõem a região polarizada por essa
aglomeração.
QUADRO 3 - MUNICÍPIOS SEGUNDO NÍVEL DE INTEGRAÇÃO À DINÂMICA DA AGLOMERAÇÃO
RM PÓLOMUITO
ALTOALTO MÉDIO BAIXO
MUITO
BAIXOTOTAL
RM Curitiba 1 5 2 6 2 10 26
RM Londrina 1 1 0 1 3 2 8
RM Maringá 1 0 2 0 8 1 12
FONTE: Observatório das Metrópoles, 2004
Considerando que os níveis entre médio e muito alto são os que efetivamente podem ser
considerados integrados à dinâmica da aglomeração, no caso da RM de Curitiba o aglomerado
metropolitano configura-se por 14 entre os 26 municípios que compõem a unidade formal (mapa 6).
Dentre esses 14, além do pólo, apenas sete combinam taxas de crescimento populacional elevada,
alta densidade populacional, fluxos e proporções de deslocamentos pendulares elevados, as menores
proporções de ocupação em atividades agrícolas e as maiores participações na renda regional, além
da localização de atividade estratégica do ponto de vista metropolitano, como o caso da presença de
10 Além da imprecisão na aplicação de conceitos e do assincronismo entre os limites estabelecidos nas leis e oespaço configurado efetivamente pelas aglomerações, há um movimento contínuo de inserção de municípios nasunidades já criadas, muitas vezes derivado mais da diversificação de interesses políticos que das transformaçõesinerentes à própria dinâmica regional, assim como das sucessivas emancipações, fazendo com que os perímetrosregionais estejam em constante mutação.
16
aeroporto internacional. Desses sete municípios, foram classificados com nível muito alto de
integração os municípios: Almirante Tamandaré, Colombo, Fazenda Rio Grande, Pinhais, São José
dos Pinhais; e com nível alto, apenas Araucária e Piraquara.
Quanto aos demais, com nível médio de integração, alguns podem ser apontados como
tipicamente cidades-dormitórios (Campo Magro, Itaperuçu); outros já apontam evidências de
incorporação a essa dinâmica em curto prazo (Campina Grande do Sul, Campo Largo e Quatro
Barras); e Mandirituba, juntamente com os municípios de níveis baixo e muito baixo, ainda apresentam
fortes características rurais.
As RMs de Londrina e Maringá configuram aglomerações com pequeno número de
municípios integrados à dinâmica urbana do aglomerado, como demonstra a presença de apenas dois
municípios classificados entre os níveis médio e muito alto, em ambas. Salienta-se que, na
identificação das RMs efetivamente metropolitanas, no conjunto brasileiro, essas regiões classificaram-
se entre aquelas de natureza não-metropolitana, sendo pertinente distinguir o fato urbano, que as
remete à categoria de “aglomerações urbanas”, do procedimento institucional que, contrariamente aos
fatos, as formaliza como “regiões metropolitanas”.
Na RM de Londrina, apenas Cambé classifica-se como de nível muito alto, seguido de Ibiporã,
de nível médio (mapa 7). Dos oito municípios que conformam a região oficial, cinco demonstram níveis
baixo e muito baixo de integração à dinâmica da aglomeração. Entretanto, municípios que não
integram os limites oficiais da RM estabelecem intensas relações com a dinâmica da aglomeração,
como se evidencia com Arapongas e Apucarana, por exemplo.
Na RM de Maringá, Sarandi e Paiçandu classificam-se como de nível alto de integração; oito
dos nove municípios restantes, dentre os oficialmente incluídos na região, conferem nível baixo; e um
(Munhoz de Melo), muito baixo (mapa 8).
As principais características dos municípios menos integrados remetem a indicadores de
baixa densidade demográfica, reduzido crescimento populacional e pequenos fluxos de trocas para
trabalho e ou estudo em município diferente do de residência, assim como proporções mais elevadas
de ocupação em atividades rurais.
Dois comportamentos reforçam a distinta natureza entre as três RMs do Paraná: a dimensão
do aglomerado propriamente dito e a elevada proporção de municípios com nível muito baixo de
integração, no caso da RM de Curitiba, salientando a extrema contradição existente nos espaços
metropolitanos. No interior, uma dinâmica agropecuária oferece melhores condições de sustentação a
um universo amplo de municípios, muitos dos quais situados nos entornos das aglomerações urbanas.
Ao redor da metrópole, a presença de uma dinâmica industrial e terciária mais concentradora assume
um perfil seletivo, excluindo municípios incapazes de responder às exigências de sua operação. Os
extremos se fazem presentes nessas espacialidades, nas quais se contrapõem indicadores de
relevância e de carência.
Primeira Versão n.5
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REFERÊNCIAS
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CAMPOS NETO, C. A. da S. Portos brasileiros: área de influência, ranking, porte e os principaisprodutos movimentados. Brasília: IPEA, 2006. (Texto para discussão, 1164).
CASTELLO BRANCO, M. L. G. Espaços urbanos: uma proposta para o Brasil. Rio de Janeiro:IBGE, 2003.
IGNACIO, Sérgio A. Tipologia dos municípios paranaenses, segundo indicadoressocioeconômicos e sociodemográficos: uma análise estatística. Curitiba, 2002. Tese (Professortitular) - PUC-PR.
IPEA. Configuração atual e tendências da rede urbana do Brasil. Brasília: IPEA, 2002. (Sériecaracterização e tendências da rede urbana do Brasil, 1). Convênio IPEA, IBGE, UNICAMP/IE/NESUR.
MOURA, R. et al. A realidade das áreas metropolitanas e seus desafios na federação brasileira:diagnóstico socioeconômico e da estrutura de gestão. Trabalho apresentado no Seminário InternacionalDesafio da Gestão das Regiões Metropolitanas em Países Federados, Brasília, 2004, promovido peloMinistério das Cidades, Câmara dos Deputados e Fórum das Federações. Disponível em:<http://www.observatoriodasmetropoles.ufrj.br/download/rms_brasil.pdf>. Acesso em: maio 2007.
OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES. Identificação dos espaços metropolitanos e construção detipologias. Rio de Janeiro, 2004. Projeto Análise das Regiões Metropolitanas do Brasil. Relatório deatividade 1. Trabalho realizado por Observatório das Metrópoles, FASE e IPARDES. Disponível em:<http://www.observatoriodasmetropoles.ufrj.br/produtos/produto_mc_1.pdf. Acesso em: maio 2007>.
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ANEXO 1 - MAPAS
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