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INFORMAÇÃO E DEFICIÊNCIA dezembro/janeiro/fevereiro N°10 - 2009 - ANO IIi p l u r a l i d a d e

N°10 - 2009 - ANO IIi INFORMAÇÃO E DEFICIÊNCIA … · 2009-05-18 · apresentamos o depoimento emocionado de uma leitora que encontrou na adoção de ... Antônio João Menescal

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NA LUTA 1

INFORMAÇÃO E DEFICIÊNCIA dezembro/janeiro/fevereiro

N°10 - 2009 - ANO IIi

p l ural idade

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2 NA LUTA

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“ pluralidade

Pluralidade é a palavra mais em voga neste verão. É com esse pensamento que o “Na Luta” preparou sua nova edição. Aos 40 graus e com muita disposição, seguimos o caminho traçado, de amplamente divulgar e repercutir as questões ligadas à deficiência.

Um ano novo se inicia, mas velhas questões prosseguem a pedir respostas. Quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Quem podemos ser, qual o propósito de sê-lo, de que forma caminharemos?

Nas próximas páginas, esboçamos idéias, cabendo a cada um interpretá-las. Variada e criativa deve ser a sugestão de pautas, assim como o pensamento de repórteres e editores. Unidos, fomos/estamos em busca desse ideal.

O bom-de-papo Marcelo Rubens Paiva, um dos mais respeitados escritores brasileiros, nos fala sobre Literatura, mas também sobre a realidade dos deficientes no Brasil.

Abrimos também espaço para a discussão da acessibilidade nos meios de comunicação, e apresentamos o depoimento emocionado de uma leitora que encontrou na adoção de uma criança com deficiência a benção da maternidade. Passeata em São Paulo e a 3ª Jornada de Inclusão da Pessoa com Deficiência dividem espaço com matérias esportivas, sem deixar de lado assuntos culturais, científicos e turísticos.

“Na Luta”, nesta edição, inova em seu formato. Queremos ouvir a opinião dos leitores sobre a nossa nova aparência. Estamos abertos a sugestões!

Ass: os editores.

NA LUTA - n° 10 – DEZEMBRO/JANEIRO/FEVEREIRO 2009Supervisão Editorial , Administrativo eComercial:Beatriz Pinto MonteiroCoordenação da Publicação:Beatriz Pinto MonteiroTel.: 21- 2204-3960e-mail: [email protected]

Projeto Gráfico e Editoração:Roberto Tostes Cel 21-9263-5854/8860--5854 [email protected]

Jornalista responsável: Felipe Martins: MTB 25694/RJ

Jornalistas:Rafael Michalawski

Eduardo Lemos

Consultores:Antônio João Menescal CondeJefferson MaiaLia Likier SteinbergStefânio VieiraTeresa Taquechel

Voluntária: Kátia MedeirosFotos: Matéria Meeting Internacional – CPB Matéria Arte e Superação em Minas – Netun Lima/SES-MG, Marcella Marques/SES-MG e equipe “Na Luta” Nota Café da manhã: Nena Gonçalez Demais matérias - equipe “Na Luta” e Arquivos pessoais Apoio: Mais Diferenças Educação e Inclusão Social

As matérias e conteúdos deste informativo podemser reproduzidos, desde que citada a fonte.As opiniões expressas são as transcrições literais dos depoimentos prestados, não representando, em sua totalidade, necessariamente a opinião e a linha editorial desta publicação.

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NA LUTA 3

Marcelo Rubens

Paiva

Na Luta - “Feliz Ano Velho salvou minha vida”. Essa frase está num comentário de um internauta numa entrevista sua disponível no Youtube. Você já deve ter ouvido tal desabafo de muitas pessoas desde que o livro foi lançado.

Eu já ouvi não só de cadeirantes ou deficientes, já ouvi de leitores que estão deprimidos e encontram no livro um parceiro, um conselheiro que o entende. Acaba criando uma intimidade com o livro que até foge do caráter de literatura, vira uma pai-xão. No Orkut a comunidade Feliz Ano Velho tem mais gente que a comunidade Marcelo Rubens Paiva. É um livro que é mais importante do que eu. Consegue atingir o coração das pessoas de um jeito que nem eu sei explicar como consegui.

Na Luta - E você, em que ou em quem se apoiou para superar as dificuldades que apareceram?

Nos próprios deficientes que conheci na clínica de reabi-litação. Quando cheguei lá, encontrei uma turma bastante animada, anárquica, irônica e com uma sexualidade bastan-te desenvolvida. Rolava uns casos entre pacientes e fisiotera-peutas. E eu sempre fui um cara com humor negro bastante afiado e tive muita identificação com esses caras. Conforme me reabilitava, fui conhecendo gente que era mais fodida do que eu, mas que tinha uma vontade de viver enorme. Quando escrevi o meu livro, quis mostrar esse outro lado, esse lado do deficiente divertido, que é irônico, que tira sarro de sua própria condição. O brasileiro tem esse sentimento de rir das próprias tragédias. É uma forma de defesa que a gente tem. São tantas as nossas tragédias que, então, a gente tem de rir para não chorar.

Na Luta – No livro, acompanhamos a sua trajetória para a recuperação. Como você vê a si mesmo e ao mundo depois de mais de 25 anos?

Primeiro recupero o movimento dos braços, depois o dos pulsos, depois começo a recuperar a caligrafia, aí começo a empurrar a cadeira de rodas, depois compro uma cadeira mais moderna, aí compro um carro e começo a dirigir, aí faço facul-dade, caso, separo, faço o mestrado, começo a trabalhar e ga-nho dinheiro, tanto dinheiro quanto um não cadeirante. Veio o reconhecimento profissional. No meu caso as coisas foram me-lhorando pouco a pouco. E o mundo também foi melhorando. Os ônibus de Nova Iorque adaptados. As calçadas da zona sul do Rio com a guia rebaixada, São Paulo já tem o metrô. Então você sai do zero até o oito e meio. O sonho de uma vida perfeita não existe. A gente precisa aprender a encarar os problemas. Eu confesso que apesar do meu problema eu sempre me achei me-lhor que muita gente que não tem nenhum tipo de problema.

Mais feliz, mais resolvido sexualmente. Eu tenho um trabalho, um prestígio que muita gente que anda não consegue.

Na Luta - E o que mudou no então jovem escritor de Feliz Ano Velho para chegar a A segunda vez que te conheci?

Muda um pouco a forma de ver a vida, a forma de ver as mulheres. Hoje eu entendo mais as mulheres, as relações hu-manas. Caiu a pretensão de fazer grandes obras literárias e agora renasce uma pretensão de comunicar, de fazer um livro que as pessoas curtam, que as pessoas dêem risadas e se emo-cionem e não querer fazer um livro pra falar de uma geração, de um momento político, fazer denúncias. Agora eu mais retra-to o cotidiano do homem dentro de quatro paredes.

Na Luta – A sua militância na luta pelos direitos dos deficien-tes físicos é destacada. Quais foram as grandes conquistas?

Eu sou da militância antiga. Eu entreguei para o Fernando Henrique o projeto de acessibilidade nos transportes públicos. A minha ONG lutou pela acessibilidade no metrô de São Paulo. Eu sou de uma geração que não tinha nada. Tudo isso que está acontecendo é graças a nós. A militância de hoje é mais ampla e abrangente. Há mais pessoas e coisas a serem reclamadas. Agora a minha militância tem de ser substituída pela de outras pessoas como o Marcelo Yuka e o Herbert Vianna. Eu já suei bastante a camisa, agora está na hora deles. Eu já fui o primeiro repórter cadeirante, o primeiro cadeirante a ter um talk show. Eu já quebrei muitas barreiras agora está na hora de outras pes-soas quebrarem. Mas se tiver uma passeata eu vou.

Na Luta – E o que ainda é preciso ser conquistado? O que te revolta?

O que me deixa mais revoltado é quando é muito fácil e não é feito. Você vai numa farmácia na Ataulfo de Paiva [rua do Leblon] num bairro com muitos cadeirantes e idosos e essa farmácia tem um degrau onde poderia ter uma rampa. Eu fico revoltado com a má vontade ou falta de planejamento ou falta de fiscalização. Se você imaginar que uma adaptação do Cristo Redentor, um monumento com quase cem anos conseguiram colocar um elevador e uma farmácia coloca um degrau e um restaurante novo coloca uma escadinha, isso me revolta. Outra coisa é quando você vai ao cinema e colocam o cadeirante na primeira fileira como se tivesse uma visão 3D, visão de abelha. E mais grave ainda é quando o cinema coloca o espaço e não tem lugar para o acompanhante, como se o cadeirante não tivesse amigo, não tivesse namorada, não tivesse família. Eu, muitas vezes, vou ao cinema com minha mulher e não tem como ela ficar ao meu lado. Esses retratos do preconceito são as coisas que mais me incomodam.

Às vésperas da noite de lançamento do seu novo livro A segunda vez que te conhe-ci o escritor Marcelo Rubens Paiva recebeu o “Na Luta” na sua residência carioca no Leblon para esta entrevista. Além do li-vro, o escritor roteirizou, juntamente com o apresentador Serginho Groisman, docu-mentário sobre a torcida do Corinthians.

Aqui, Marcelo fala sobre a importância de seu primeiro livro, Feliz Ano Velho, para muitas pessoas que buscaram e continuam a buscar apoio em sua leitura. Também conta sua percepção sobre a realidade dos deficientes no Brasil, o que melhorou, o que ainda precisa ser melhorado, e de sua luta pelos direitos dos deficientes.

A gente tem de rirpra não chorar

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Instituto Unibanco premia participantes do Concurso Célula-Tronco

Em agosto deste ano, o Instituto Unibanco lançou o Concurso Célula-Tronco nas escolas participantes dos Projetos Jovem de Futuro e Entre Jovens. A iniciativatevecomoobjetivo incentivarodebateeoaprendizadocientíficodacomunidadeescolarsobre as pesquisas com células-tronco e colaborar para a informação da população em geral sobre o tema. O Instituto Unibanco promoveu palestras em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Juiz de Fora eBeloHorizonte,edisponibilizouexemplaresdolivro“Célula-tronco,umarevoluçãocientífica”,produzidopelaEditora Bei, na biblioteca das escolas públicas que participam dos projetos apoiados. Para participar do concurso, os alunos do Ensino Médio deveriam escrever uma redação sobre o tema abordado no livro. Já os professores tinham de desenvolver uma aula sobre célula-tronco.

O Instituto recebeu mais de mil trabalhos! Confira os vencedores:

SP RJ POA

Rio de JaneiroProfessores:1 - José Antônio Casais CasaisCIEP 303 Ayrton Senna2 - Lorimar da Silva Barros de AraújoCIEP 433 Togo Renan Soares Kanela3 - Glória Maria Trindade PintoColégio Estadual Professor José Accioli

Alunos:1 - Jefferson Luiz Lacerda PuchinelliE.E. Irineu José Ferreira2 - Luzia Spedini da Silva FreireColégio Estadual Professor José Accioli3 - Rodrigo Fernando de Oliveira Bor-gesE.E.M. Dr. Hélio Pellegrino

Espírito SantoProfessores:1 - Rômulo Belei de AlmeidaEEEFM Ormanda Gonçalves - Vila Ve-lha2 - Ilza Gobbi Passos e Cristine CoserEEEFM Ary Parreiras - Cariacica3 - Edilson Trancoso FerreiraEEEFM Maracanã - Cariacica

Alunos:1 - Bruna Santana dos SantosEEEFM Hunney Everest Piovesan2 - Thailane Pavesi MunizEEEFM Assisolina Assis Andrade3 - Renata Ferreira de SouzaEEEFM Hunney Everest Piovesan

São PauloProfessores:1 - Nalva Tomaz de Lima Freire da Silva

Lourival Gomes Machado2 - Cecília Elisabete BatistaJoão XXIII3 - José Guilherme Andrade FilhoLourival Gomes Machado

Alunos:1 - Matus Assis da CostaJo]ao XXIII2 - Patrícia de Oliveira SantosGuiomar Rocha Rinaldi3 - Jâmison Faustino Gomes de Assun-çãoLourival Gomes Machado

Juiz de ForaProfessores:1 - Ormeu de Souza FilhoEE Clorindo Burnier2 - Heliane Miscali de OliveiraEE Professor José Freire3 - Suly Silva Moreira MirandaEE São Vicente de Paulo

Alunos:1 - Paulo Fernando Machado Jr.EE Professor José Freire2 - Rafael LopesEE Clorindo Burnier3 - Victor de Paula PinheiroEE Clorindo BurnierBelo HorizonteProfessores:1 - Carla Lucia Valadares Teodo-roEE Álvaro Laureano Pimentel2 - Mirna Cristian GontijoEE Francisco Firmo de Matos3 - Rosimary Lane do Carmo Dias

EE Juscelino Kubitschek de Oliveira

Alunos:1 - Elisandra Rodrigues de SousaEE Professor Morais2 - Alessandra Amorim do AmaralEE Presidente Dutra3 - Luiza Silva FerreiraEE Professor Morais

Rio Grande do SulProfessores:1 - Nânci Cristina D´Ávila de OliveiraCE Barbosa Rodrigues - Gravataí2 - Daniel Rosa AssunçãoCE Barbosa Rodrigues - Gravataí3 - Mariel Hidalgo GarciaCE Dom João Becker

Alunos:1 - Bruna Valandro MeneghettiColégio Estadual Dom João Becker2 - Lisiane CamargoColégio Estadual Dom João Becker3 - Larissa KollingEEEF Ministro Salgado Filho

Os primeiros lugares receberão um no-tebook. Segundo e terceiro, umamáquina digital.

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Eduardo Lemos e Rafael Michalawski

Teleton2008Os Paralamas do Sucesso participaram da 11 ª edi-ção do Teleton, organizada pelo SBT em prol das crianças com deficiências, atendidas pela AACD. A abertura do evento foi feita pelo anfitrião da casa, o apresentador Sílvio Santos, diretamente dos es-túdios do SBT na Anhanguera, em São Paulo, para todo o país.Após a abertura oficial, a transmissão foi direcio-nada ao Auditório Ibirapuera, localizado no parque de mesmo nome, na zona sul da capital paulista. A madrinha do Teleton, a apresentadora Hebe Ca-margo, comandou a festa.

O primeiro show da noite ficou por conta da parceria entre Simone e Zélia Duncan. Logo em seguida, foi a vez dos Paralamas. A banda estava completa e empolgada. A primeira música foi Uma Brasileira, com destaque para o arranjo com a versão gravada com o Calypso, no Estúdio Coca-Cola. Em seguida, Alagados incendiou a platéia que, de pé, dançou e balançou ao som paralâmico. O gran finale ficou por conta da linda versão de Nada por Mim. Apenas o teclado de João Fera e a guitarra do mestre Herbert Vianna. Para iluminar a noite, surge Paula Tooler, do Kid Abelha. E, para surpresa geral, no mesmo instante, o fundo do palco é aberto e, o show ganha ares cinemato-gráficos com a visão do parque do Ibirapuera todo iluminado.Durante as mais de 26 horas da maratona televisiva, passaram pelo estúdio do SBT diversos artistas engajados na causa da instituição. Além do anfitrião Silvio Santos, também marcaram presença Hebe Camargo, Paralamas do Sucesso, Paula Toller, Fresno, Victor & Leo, Martinho da Vila, Sérgio Reis, Daniela Mercury, Ronnie Von, Padre

Marcelo, Kelly Key, Elba Ramalho, Adriane Galisteu, Daniel e Frejat.A 11 ª edição do Teleton arrecadou mais de R$ 18 milhões que serão revertidos para a redução da fila de atendimento dos pacientes da AACD.

Uma Brasileirahttp://www.youtube.com/watch?v=qMhGTIv21lQ

Alagadoshttp://www.youtube.com/watch?v=R22JFqHBjZs

Nada Por Mim - Herbert e Paula Tollerhttp://www.youtube.com/watch?v=PLMCVH3Ngco

Fotoshttp://paralamas-forever.fotopic.net/c1610877.html

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NA LUTA 7

Teleton2008 Tele

ton

2008

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Marcus Scarpa, presidente do Instituto Muito Especial, ressal-tou a importân-cia da visibilida-de das pessoas com deficiência: “Um congresso como este é im-portante no sen-tido de conscien-

tizar e difundir as tecnologias para que não apenas as pessoas com deficiência, mas toda a sociedade tenha acesso. Assim, uma empresa poderá contratar uma pessoa com deficiência. Devemos trabalhar a inova-ção tecnológica, a troca de informações e a popula-rização dessas tecnologias. Qualquer evento nesta área é importante no sentido de chamar a atenção da mídia para que o tema seja debatido, discutido e difundido”.

Dentre os palestrantes, Cláudia Jacob, apresentado-ra do Jornal Visual da TV Brasil, destacou a evolução da tecnologia como forma de simplificar a vida do de-ficiente: “A tecnologia assistida, que muitos deficien-tes não conhecem, trará autonomia a todos eles. Este congresso foi uma grande oportunidade de informar sobre esses avanços”. Cláudia destacou a importân-cia de uma programação na televisão voltada às pes-soas com deficiência. “O mais importante é mostrar o que as pessoas com deficiência querem dizer. Não tratá-las como vítimas, mas como sujeitos capazes. A mídia é uma grande influenciadora na mudança des-ses conceitos”.

Também da TV Brasil, a diretora do Programa Es-pecial, Ângela Patrícia Reiniger, vê a relação direta entre inclusão social e acesso às inovações tecnológi-cas: É muito importante que as pessoas com deficiên-cia tenham acesso a tecnologia para que possam se beneficiar e desenvolver seu potencial. “As maiores dificuldade são impostas pela sociedade e com as tec-nologias assistivas todas as pessoas ficam em pé de igualdade”.

TecnologiaparaTodosAconteceu durante a primeira

semana de dezembro no Rio

Othon Palace em Copacaba-

na o I Congresso Muito Espe-

cial de Tecnologias Assistivas

e Inclusão Social das Pessoas

com Deficiência. O evento

foi uma parceria do Instituto

Muito Especial com o Minis-

tério da Ciência e Tecnologia.

Foram discutidas questões

importantes para a acessi-

bilidade e inclusão social;

apresentadas propostas que,

implementadas em larga es-

cala, podem trazer maior so-

ciabilidade ao deficiente.

A diretora do Programa Especial Ângela Patrícia Reiniger

Regina Célia, terapeuta ocupacional do Instituto Benjamin Constant

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José Rogério Arruda realiza projetos para a acessi-bilidade de deficientes no CEFET de Pernambuco. Para ele o evento “mostrou a valorização do tema da aplicabilidade da tecnologia; resgatando e valorizan-do os diversos segmentos da sociedade que buscam e pesquisam alternativas desde o conhecimento de ponta até as tecnologias mais simples que atendam o cidadão”. A supervisora e coordenadora do jornal Na Luta, Be-atriz Pinto Monteiro, ressaltou a gratuidade do jornal como forma de torná-lo acessível ao maior número de pessoas possível. Beatriz sentiu-se lisonjeada por participar do congresso como palestrante: “A compo-sição da mesa foi muito boa, incluindo, jornal, radio, internet e TV, O Na Luta se sentiu honrado por fazer parte do evento.”. Para Ritamaria Aguiar, diretora da Tec Legis, o Congresso foi importante para a troca de saberes. “Trouxe a reflexão e a exposição da mais simples a mais sofisticada tecnologia. Precisamos colocar em prática a Lei 5296, afinal, a lei sozinha não sai do papel. A acessibilidade é a alavanca da responsabili-dade e o eixo da cidadania”. Marco Antônio Queiroz, o MAQ, criador do site Benga-la Legal, uma ferramenta para webdesigners informa-rem-se sobre acessibilidade em sites para os cegos, falou sobre a dificuldade imposta aos deficientes visu-ais quando o excesso de criatividade acaba tornando impossível a leitura de textos, já que o programa Dox Vox reconhece apenas um texto quando este é posta-do dentro da configuração padrão da internet. Defen-deu que a criação de sites dentro do padrão universal não é limitador para os criadores tampouco diminui a qualidade das páginas que venham a ser criadas.MAQ também falou sobre audiodescrição. Quando um cego vai ao cinema e um tiro é dado numa cena

de filme, é impossível para ele saber de onde partiu a bala se não houver uma narração ou alguém do lado para contar. Como esta última alternativa é incon-veniente até mesmo para quem a faz, através de um narra-dor ouvido por fone disposto nas cadeiras dos cinemas, seria possível a este cego ter a noção geral do que se passa no telão sem atra-palhar ninguém. O público compareceu em peso, lotando o auditório do hotel. Dentre os presentes, Robson Goulart, pacien-te da ABBR e ex-conselheiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência do município de Mesquita [estado do Rio de Janeiro]: “É de suma importância que acon-teça não só esse primeiro encontro como vários, pois aqui discutimos políticas públicas para atingirmos nossos objetivos. Só nos organizando chegaremos aos avanços necessários”. Regina Célia, terapeuta ocupacional do Insti-tuto Benjamin Constant, ressaltou a importância da equiparação de direitos. “Em todo congresso, em toda palestra que pessoas na luta pela melhoria das con-dições das pessoas com deficiência estão presentes nós do Instituto estamos juntos. O ser humano é sem limites. Todos têm o mesmo direito à felicidade. Mui-tas vezes as famílias super protegem os deficientes. Temos de mostrar que são capazes, apenas precisam de oportunidades”.

Cláudia Jacob, apresentadora do Jornal Visual da TV Brasil Congresso Libra

A supervisora e coordenadora do

jornal Na Luta, Beatriz Pinto Monteiro

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Passeata pelos Direitos Hu-manos completou 5 anos de luta e conquistas

Objetivo foi chamar a atenção da so-ciedade para os direitos dos portadores de deficiências e buscar apoio contra a da portaria 661 que suspende a obriga-toriedade das emissoras de televisão a adaptarem sua programação para os deficientes auditivos

A Avenida Paulista foi palco de uma comemoração mais do que especial. No último dia 06 de dezembro, a avenida mais importante de São Paulo recebeu a quinta edição da Passeata pelos Direitos Humanos das Pessoas com Defici-ências. E, pelo segundo ano consecutivo, o Jornal Na Luta esteve presente e prestou todo seu apoio a esta importante iniciativa, que já faz parte do calendário da cidade.

Com o lema “PELOS DIREITOS HUMANOS”, a passeata tem o objetivo de despertar na consciência da sociedade, poderes públicos e privados, a necessidade de se respeitar e fazer valer o direito de todas as pessoas, independente de credo, raça, sexo, opção sexual, ideologia, condição social ou física. A organização é do Movimento Superação com apoio do movimento Mais Diferenças.

A concentração ocorreu na Praça Oswaldo Cruz, bem no início da Paulista. O público foi chegando aos poucos. Mui-tos utilizaram o Serviço Atende, disponibilizado pela prefei-tura da cidade. Este serviço consiste em vans que fornecem transporte gratuito aos portadores de deficiência física e pode ser utilizado para idas a consultas médicas, hospitais, centros de reabilitações, entre outros (veja abaixo mais de-talhes).

Por volta das 10:30 da manhã a passeata teve seu início. O trio elétrico comandou a caminhada que ocupou duas fai-xas da avenida em direção ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). A felicidade pela comemoração do quinto aniversá-rio era nítida nos rostos dos organizadores e voluntários.

Carla Mauch, coordena-dora geral da Mais Di-ferenças, ressaltou que “no início, esta avenida era inacessível, tanto que o primeiro lema era: estamos na rua pois não podemos estar na cal-çada”. Ela comemorou também a ratificação da Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência (na passeata de 2007 fo-ram colhidas assinatu-ras que foram enviadas ao Congresso Nacional). “Agora temos de pensar como essa constituição se transfor-mará em realidade. Precisamos avançar na realização des-se marco”, contou Mauch.

Questionada sobre as principais reivindicações dos por-tadores de deficiência, Carla foi direta ao afirmar que “a sociedade precisa aprender a conviver com a diversidade e acessibilidade. O transporte público e a educação precisam ser acessíveis, inclusivos e de qualidade”. A grande decep-ção ficou por conta da portaria 661 que revogou a lei nº 10.098, de 2000, que materializou o direito à remoção de

barreiras de comunicação para as pessoas com deficiên-cia sensorial, barreiras essas que, por força do Decretonº 5.296 (2004), dizem respeito à implantação do recurso de descrição e narração, em voz, de cenas e imagens na programação veiculada pelas emissoras de radiodifusão e suas retransmissoras (veja quadro com mais detalhes).

Durante a caminhada, diversos grupos marcaram pre-sença. Um deles, A Moda está em Baixa, cobrou maior in-clusão das pessoas com nanismo na sociedade. Carina Ca-suscelli, diretora do movimento, nos contou que “a maior luta nesses nove anos da organização é buscar o espaço necessário para que os portadores de nanismo possam

Rafael Michalawski

Caminhando emSampa

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desempenhar papéis normais nas diversas áreas da so-ciedade civil, e não apenas caracterizados como anões”. Ela cobrou ainda “a adaptação dos ônibus e orelhões que, segundo ela, não são destinados aos portadores de nanismo”. Por fim, um desabafo: “nesse tempo todo, o movimento viveu de doações voluntárias e do dinheiro dos próprios membros. O preconceito é tão forte que difi-cilmente conseguimos ajuda”.

No decorrer da passeata, a equipe do Na Luta registrou a presença de diversos veículos de comunicação, como a Rede Record, a TV Gazeta e a TV Brasil, além de um re-presentante do jornal Folha de São Paulo. Outro veículo importante que esteve presente foi a Rádio 9 de Julho, representada pelo radialista Edson Natale, responsável pela apresentação do programa Espaço Alternativo vol-tado para deficientes físicos (todo sábado às 21 horas, na Rádio 9 de Ju-lho – 1600Khz AM). Natale afirmou que “o deficiente conquistou muita coisa. Nada foi dado. Tudo foi conquistado. Mas, ainda precisamos cuidar principalmente dos deficientes mentais e dos surdos, que ainda são muito discriminados”.

Na chegada ao MASP, a festa ficou por conta dos shows das bandas Movimento SuperAção, Mutualista, GoodFellas e Os Opalas. O clima era de grande confraternização e da certeza de que mais uma etapa foi vencida. Billy, o presidente do Superação, ressaltou que “além da readequação da Avenida Paulista, ficou surpreso com a adesão das pessoas não-portado-ras de deficiências, lutando pela nossa causa”. Sobre o futuro, Billy nos adianta que “no próximo ano a passeata irá ocorrer em outra grande avenida de São Paulo, que ainda não seja completamente acessível”.

A passeata chegou ao seu final com a certeza de ter transmitido a sua mensagem de despertar na sociedade civil e nos políticos a consciência de que o deficiente precisa ser tratado com respeito e que ele tem o direito de ter acesso a educação, transporte, saúde e emprego, como qualquer ou-tro cidadão comum que paga seus impostos. O exemplo final de fé e luta vem de Rosimar Alves Gama, que tornou-se cadeirante após um acidente de carro. A sua vinda à passeata foi a primeira saída de casa após essa

mudança. “Amei estar aqui, é um exemplo de vida. Todos os deficientes deveriam partici-pai. Foi ótimo, Não tive grandes dificuldades nessa minha primeira experiência. Mesmo com as limitações, é possível estar aqui e ter uma vida normal”.

Na semana seguinte, dia 13 de dezembro, a passeata rompeu as fronteiras do Brasil e dirigiu-se à cidade de Santa Fé na Argenti-na. Para 2009, já estão confirmadas as edi-ções do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Rafael Michalawski e Beatriz Pinto Monteiro (Na Luta)

Mais na Internet:Movimento Superação - www.movimentosuperacao.org.br Mais Diferenças – www.maisdiferencas.org.br A moda está em Baixa – www.amodaestaembaixa.blogspot.com Serviço Atende – www.sptrans.com.br - Fone: 0800.0155234 (apenas

para a cidade de São Paulo)

Multimídia:Vídeo da Passeata percorrendo a

Av. Paulista – http://www.youtube.com/watch?v=J_HEQ-SmTpo

Vídeo do Encerramento no MASP com Discurso do Billy (Presidente do Movimento Superação) – http://www.youtube.com/watch?v=tGlUoAVp0Bk

Fotos –Rádio 9 de Julho em SP – 1600 Khz

(AM) – Programa Espaço Alternativo – Todo Sábado às 21horas

Billy

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12 NA LUTA

Grandes personalidades participaram de apresentações, pa-lestras e mostras. O evento, realizado no Palácio das Artes, foi promovido pelo Instituto São Francisco de Assis e contou com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde.Os Paralamas do Sucesso, o cantor Gilberto Gil, o ator Mar-cos Frota, o medalhista olímpico Lars Grael deram brilho ao evento que proporcionou a seu público informação, entrete-nimento e emoção. A apresentação dos Paralamas comoveu a platéia. O reencontro no palco de Herbert Viana e Gilber-to Gil foi empolgante. O baterista João Barone falou desse grande momento: “Foi muito bom. O Herbert se emocionou demais e tocar com o Gil novamente foi uma grande emo-ção”. Em conversa com a supervisora e coordenadora do Na Luta, Beatriz Pinto Monteiro, Gilberto Gil lembrou que, quan-

do ministro, era responsável pela política publica e projetos complementares. Sua atuação nessa área era maior, mas continua aberto ao assunto. Gilberto Gil falou com exclusi-vidade ao nosso jornal e explicitou sua felicidade em estar presente: “Estar aqui foi ótimo para atenuar as minhas dife-renças e minhas próprias deficiências. Estou sempre disposto a contribuir com a causa”.Artistas deficientes vindos de todas as regiões mineiras apre-sentaram-se durante a Jornada. De Juiz de Fora, a Pastoral dos Surdos da Arquidiocese de Fora; de Uberaba, Grupo Pura Arte; de Pouso Alegre, Grupo Catira; de Uberlândia, Projeto Dança sem Barreira; de Divinópolis, Grupo de Dança e Tea-tro Corpo Vivo; de Coronel Fabriciano, Grupo Agnus Day fo-ram alguns dos grupos de artistas selecionados.

Minas Gerais celebrou a vida. Durante os dias 19, 20 e 21 de dezembro cadeirantes e andantes, cegos e videntes, surdos e ouvintes juntaram-se na 3ª Jornada de Inclusão da Pessoa com Deficiência para respirar arte.

“O Herbert se emocionou demais e tocar com o Gil

novamente foi uma grande emoção”.

João Barone, baterista

dos Paralamas

Arte e Superação em Minas

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NA LUTA 13

“Estar em contato com deficientes

faz perceber melhor minhas

deficiência”.

Gilberto Gil

A preparação ficou sob a supervisão do ator Marcos Frota: “Realizamos um show para vencer o preconceito e demonstrar que as pessoas com deficiência devem participar ati-vamente da construção do nosso país e da nossa cidadania. E tenho certeza, que prepa-ramos um elenco de excelente nível técnico e artístico”. Grandes apresentações como a da Compa-nhia de Cegos Fernanda Bianchini e da Or-questra Filarmônica Bacchianas regidas pelo grande João Carlos Martins proporcionaram momentos de contemplação diante do belo desempenho de seus artistas. Dentre os palestrantes, Lars Grael medalhista olímpico, ex-Secretário Nacional de Esportes e o maestro João Carlos Martins contaram suas histórias de superação. Lars falou da importância do esporte e João da importân-cia da música como instrumentos de apoio

ao deficiente para sua sociabilização. Izabel Maior, da Coordenadoria Nacional para a In-tegração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde) também participou do ciclo de pales-tras. O cineasta Helvécio Rattón participou do debate após a exibição de seu filme Em Nome da Razão. Rodado no hospital psiquiátrico de Barbacena, o documentário propõe uma re-flexão sobre o papel social do manicômio.O show de encerramento dos Paralamas do Sucesso foi vibrante. O grupo recebeu no palco a cantora Fernanda Takai e o cantor e compositor Gilberto Gil. Herbert Viana foi ca-lorosamente recebido pela platéia e por seus convidados. “É sempre muito bom trabalhar com o Herbert”, disse Marcos Frota. A voz dos Paralamas emocionou-se com o carinho recebido. A apresentação foi uma síntese de todo o evento, um grande show de superação e luta pela vida.

Arte e Superação em Minas

Marcos Frota

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14 NA LUTA

Eu aproveitei o recesso da Justiça no final do ano e

fui romper o ano em Barcelona. Desde as Olimpí-

adas de 1992, eu tinha muita vontade de conhecer

esta cidade espanhola, capital da Catalunha. Para

receber os Jogos Olímpicos e os Paraolímpicos, Bar-

celona passou por uma grande reforma que, claro,

contemplou o acesso para as pessoas com defici-

ência.

A cidade praiana de mais de 1,6 milhão de habi-

tantes além de oferecer inúmeros lugares para se

passear ao ar livre, como lindos parques e ruas que

guardam um casario do século XVIII e XIX, ainda

é um verdadeiro museu a céu aberto. Por onde se

anda, se encontra a magnífica arquitetura de um

dos seus filhos mais ilustres, Antonio Gaudí.

Apesar do frio e da chuva dessa época do ano,

quando se anda pelas ruas de Barcelona, se verifi-

ca que a administração da cidade fez a sua parte.

Embora com ruas estreitas e prédios de no máximo quatro

ou cinco andares, se constata que o acesso para cadeira de

rodas é perfeito. Não há uma só calçada que não seja rebai-

xada com a inclinação correta. Além disso, há prédios de

mais de dois séculos, onde foram instalados elevadores. Os

museus estão todos acessíveis, assim como os ônibus de li-

nha e os de turismo. Qualquer turista pode e deve pegar um

ônibus de turismo que, por 25 euros por pessoa, te permite

andar durante dois dias, fazendo um tour pela cidade. O tu-

rista pode saltar no ponto turístico que desejar, permanecer

lá pelo tempo que quiser e voltar a pegar o mesmo ônibus,

seguindo para um outro ponto.

As avenidas da cidade são largas e bem sinalizadas e é ma-

ravilhoso passear por elas, como por exemplo, o Passeio da

Grácia, uma avenida linda, com lojas das mais famosas gri-

fes e com cafés e restaurantes muito simpáticos. No quesito

acessibilidade em restaurantes, Barcelona deixa um pouco

a desejar, pois a maior parte dos restaurantes não tem ba-

nheiros acessíveis a cadeirantes, o jeito é usar os banheiros

dos fast foods americanos que estão espalhados por toda a

cidade.

Cad

eir

an

te

Via

jan

teAno Novo emPois é meus amigos do NA LUTA, espero que vocês tenham se divertido bem nas festas de final de ano, e que em 2009, com muita saúde e paz, a gente possa continuar aproveitando tudo que a vida tem de bom.

Acesso livre e sem degraus

“Não há uma só cal-

çada que não seja re-

baixada com a inclina-

ção correta”

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NA LUTA 15

Barcelona é uma cidade para se circular, conhecer os maravilhosos prédios de Gaudí, como La Pedreira, Casa Batlló, por exemplo, e claro aproveitar para visitar a Fun-dação Joan Miró, que abriga algumas das mais impor-tantes obras desse artista catalão. Após a morte de Miró, no início dos anos 80, seus amigos reuniram suas obras mais importantes, e resolveram presentear a cidade com esse espaço, que leva o nome do artista. Além das obras de Miró, esse passeio vai lhe render belas fotos, pois o jardim da Fundação é lindo, e o local, o Bairro de Mon-tjuiq, ainda abriga o estádio olímpico onde aconteceram os jogos de 1992. Se você gosta de visitar museus, não perca a oportunida-de de ir ao Museu Picasso, que fica situado num prédio chamado Mansão Medieval. O lugar em si já vale a visita e você ainda vai poder ver as obras do início da carreira desse gênio das artes. Mesmo tratando-se de um prédio muito antigo, o acesso para o museu é feito sem proble-mas, com a instalação de elevadores e banheiros devida-mente adaptados.Os parques de Barcelona são, com certeza, um capítu-lo à parte. A cidade tem vários parques maravilhosos e com um acesso muito bom, onde você pode andar com

sua cadeira sem maiores problemas. A única exceção é o Parque Guell, criado por Gaudí. Repleto de construções de pedras, ele abriga a Casa Museu Gaudí, onde o artista viveu entre 1906 e 1926. Com bastante ajuda, é possível se andar por parte do Parque, mas o acesso para o Museu e para parte do Parque onde estão as esculturas de Gaudí é impossível de ser feito em cadeira de rodas. Realmente isso valeria ser reformado, pois o lugar é tão bonito e tão representativo da cultura catalã, que nos deixar de fora dessa não faz nenhum sentido.Tirando o fato que em Barcelona é permitido fumar den-tro de restaurantes fechados, e que o metrô ainda não está totalmente acessível, essa é uma viagem que vale a pena ser feita e acredito que se você fugir do inverno europeu, vai poder aproveitar ainda mais.Todas as vezes que viajo para fora do País, volto com uma tristeza enorme ao ver que qualquer lugar pode e deve ser acessível a todos, mas infelizmente, o Brasil, com tantos lugares lindíssimos, ainda deixa que milhares de pessoas com deficiência não aproveitem o turismo in-terno plenamente.

[email protected]

Barcelona

Ruas com sinalização e acesso

“A cidade tem vários

parques maravilhosos

e com um acesso mui-

to bom”

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16 NA LUTA

Reconhecendo o valor e o empenho da nossa publicaçãoem veicular informação e deficiência de qualidade, autorida-des e figuras de destaque vem dando seu apoio de diversasformas ao nosso trabalho.No dia 16 de dezembro, um destes “parceiros essenciais” para o nosso sucesso, o Deputado Federal Otávio Leite recebeu,no Hotel Othon Copacabana, lideranças e entidades ligadasao movimento de deficientes. O evento foi animado, nossasupervisora e coordenadora, Beatriz Pinto Monteiro, estevepresente e distribuiu exemplares do “Na Luta”. O deputadoelogiou em público o trabalho do informativo . (Na foto como “Na Luta” e Marlene Morgado do SóLazer).Agradecemos o apoio e também destacamos o trabalho e ointeresse do parlamentar, que vem se destacando ànossa causa e à Nossa Luta.

Deputado Otávio Leite“Na Luta”

Esta modalidade surgiu no Brasil no início dos anos 80 no Rio de Janeiro como um programa de reabi-litação e lazer, com o objetivo de proporcionar melhoria na qualidade de vida da pessoa com deficiência, inserção social e benefícios gerais à saúde, ambos oriundos de prática esportiva regular. Em 2006, realizou-se o Seminário “Remar é Pos-sível”, primeira conferência em âmbito nacional, que in-cluiu a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida SEPED, como agente multiplicador do Remo Paraolímpico, tomando por objetivo a popularização e divulgação de todas as informações sobre a modalida-de: adaptações e equipamentos assistivos, elegibilidades, tipos de barcos, treinamentos esportivos, características dos possíveis praticantes, potencialidades, regras e regu-lamentos do esporte. Durante este seminário o Comitê Paraolímpico Brasileiro assinou o documento que garantiu recursos financeiros para a preparação da equipe brasileira aos treinamentos e oportunizar a participação em eventos in-ternacionais, capacitação de profissionais classificadores e em Campeonatos Mundiais. Em Agosto de 2007, no Campeonato Mundial de Remo em Munique na Alemanha, qualificamos três bar-cos para os Jogos Paraolimpicos de Pequim, com um re-sultado inédito para o Brasil, que nunca havia atingido o primeiro lugar no podium no remo convencional, nossos atletas paraolímpicos consagraram-se campeões nos bar-cos single-skiff feminino (AW 1X) e o barco double-skiff (TA2X). Em Maio de 2008, novamente em Munique qua-lificamos o barco single-skiff masculino (AM1X) e desta forma o Brasil conquistou a quarta vaga para os Jogos Paraolímpicos, feito este, só atingido por países com tra-dição no remo olímpico como: Alemanha, Estados Unidos e Itália, além da China (organizador).

Os benefícios do remo paraolímpico puderam ser comprovados com as avaliações e testes que realizamos sob a orientação do Diretor Técnico da Confederação Bra-sileira de Remo, – Professor Júlio Noronha, durante o pe-ríodo preparatório para Pequim 2008, treinamentos estes que ocorreram de Novembro de 2007 a Setembro de 2008, realizados na Cidade de São Paulo. Durante este período observamos ganhos no âm-bito social como: superação de limites, autoconhecimen-to, melhora da auto-estima, trabalho em equipe e cuida-dos com higiene pessoal, além de mudanças em valores como: disciplina, motivação e ética. No âmbito cientifico colhemos dados que comprovaram, em alguns atletas, a redução de até 12% gordura corporal em menos de 10 meses de treinamentos e conseqüentemente ganhos de até 25% na valência da força e melhora na condição físi-ca, além de ganhos metabólicos na elevação dos índices de consumo de oxigênio (VO2 Max). O acompanhamento dos exames clínicos, reali-zados pelo Departamento Médico do Comitê Paraolímpi-co Brasileiro, foi comprovado um substancial aumento da resistência imunológica com a diminuição da incidência de escaras e de quadros de anemia entre outros.

.Resultados do Brasil em Pequim 2008:• Brasil 8º. Lugar no quadro de medalhas• Medalha de Bronze barco TA – Double-Skiff - SANTA-NA / LIMA• 6º. Lugar barco AW+ - Single-Skiff Feminino - SAN-TOS • 9º. Lugar barco AM+ - Single-Skiff Masculino – BOMFIM • 7º. Lugar barco LTA – 4 com timoneiro – PIRES/ NU-NES/ DUTRA/ MOURA

REM

O

paraolímpico

Eliana MutchnikClassificadora Técnica FISA Federação Internacional de Remo

Júlio NoronhaCoordenador e técnico da Seleção Brasileiranos Jogos Paraolímpicos de Pequim

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NA LUTA 17

Na Luta - Como foi o projeto de estímulo a prática da bo-cha no País?Paulo Sérgio – Começamos o trabalho em 2003. Não fo-mos as Olimpíadas de Atenas por não participarmos de uma competição na Nova Zelândia devido ao atraso no repasse do dinheiro. No ciclo para Pequim, nós começa-mos a ir a todas as competições internacionais. O resul-tado apareceu em Vancouver, Canadá com a medalha de prata do atleta Eliseu Santos na Copa do Mundo de 2007.Na Luta – O que é feito para o desenvolvimento do esporte nos estados?Paulo Sérgio – Não paramos desde 2003. Sempre há cam-peonatos regionais e brasileiros. Hoje são 200 atletas pra-ticando bocha, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Também há muita gente no Paraná, Roraima e Mato Grosso do Sul. Sempre incentivamos a prática. Em Natal, por exemplo, foi feito um workshop sobre o espor-te. São Paulo e Paraná são estados que oferecem maior infra-estrutura. E as medalhas olímpicas aumentaram a procura pelo esporte, inclusive com o último Brasileiro te-levisionado.Na Luta – Quem são os membros da comissão técnica da seleção brasileira?Paulo Sérgio – Os nossos técnicos são muito bons. O Dar-lan [Darlan França] é aquele cara super meticuloso. A Janaína [Janaína Pessato] é a mãezona e a Carol [Ana Carolina Lemos] é a esporrenta. Mas todos os três com o mesmo nível de conhecimento e competência, afinal, todo mundo bonzinho não dá certo.Na Luta – Que história curiosa você pode contar aos leito-res do Na Luta. Alguma passagem acontecida com algum atleta...Paulo Sérgio – Nós fomos a Mar del Plata em 2005 para a

Copa América. Quando os atletas chegam para uma dis-puta, precisam ser classificados [procedimento para ava-liar a possibilidade ou não de participação do atleta no campeonato mediante o grau de sua deficiência física]. O médico oficial informou que o Dirceu não poderia jogar, foi considerado inelegível. Ele então tomou a decisão de parar a fisioterapia para voltar a competir, ficou imenso e com a sua condição física piorada. Falei para o Dirceu: ‘co-meça a treinar que você vai’. Em 2007, ele foi considerado apto para o Mundial no Canadá.Na Luta - Quais são as perspectivas para a seleção brasi-leira?Paulo Sérgio – Nosso objetivo principal é classificar toda a equipe para as próximas Paraolimpíadas em Londres. Fazer um trabalho específico com os atletas das classes BC1, BC2 e BC3.Na Luta – Qual sua mensagem para o deficiente que dese-ja começar a praticar bocha?Paulo Sérgio – Vá a luta! Procure o clube de sua cidade e, qualquer dúvida, entre em contato com a ANDE.

Bocha cresce em todo o Brasil

Na Luta entrevista o diretor técnico da ANDES, Paulo Sérgio de Miranda

Responsável por três medalhas nas Paraolimpíadas de Pequim – o ouro de Dirceu Pinto o bronze de Eliseu Santos e mais um ouro com os dois jogando juntos – a bocha é um esporte que exige de seu praticante enorme técnica, habilidade e força mental. É dividida nas classes BC1. BC2, BC3 e BC4 [Dir-ceu e Eliseu são BC4]; quanto maior o número menor o grau de deficiência. O trabalho para o desenvolvimento do esporte no Brasil é coordenado por Paulo Sérgio de Miranda, diretor-técnico da ANDE. Associação Nacional de Desportos para Deficientes. Nesta entrevista ao Na Luta, Paulo Sérgio conta como tudo começou e quais os objetivos para o futuro da modalidade.

Dirceu e Eliseu

Deputado Otávio Leite“Na Luta”

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18 NA LUTA

Eu, Maria Beatriz Marques Borges Pereira da

Cunha, nunca tinha pensado em adoção,

mas há coisas que acontecem em nossas

vidas que nem sabemos como. Hoje

tenho uma filha adotiva de 13 anos

que é a melhor coisa que aconte-

ceu em minha vida. Quando ela

veio para mim tinha entre seis

e oito anos, não sabia ao certo

sua idade. Ela é portadora de de-

ficiência física e mental, sofre de

paralisia cerebral e é cadeirante.

Tudo começou quando fui ao

orfanato Lar Maria de Lourdes le-

var fraldas para crianças. Foi quan-

do Sâmara (este é o nome de minha

filha) olhou para mim e disse “mãe

me leva para casa com você”. Eu olhei

para ela, comecei a chorar e abrançando-a

disse: “minha filha”. Estava feita a nossa união.

Falei com ela que voltaria para buscá-la e assim

fiz. Fui conversar com a assistente social do abrigo e no dia

seguinte ao meu aniversario, nove de maio, passei a levá-la para casa aos

finais de semana. Como era de se esperar, ela não querendo voltar e eu não

querendo levá-la de volta; havia uma ligação muito forte entre nós.

Quando estava fazendo mais ou menos um mês e meio de convivência, fui fazer uma pequena

viagem e queria levá-la. Tive que pedir ao juizado de menores, ela não tinha nenhum documento. Lá fizeram uma

primeira certidão e fui viajar. Quando voltei, convenci o meu companheiro a adotá-la. Pedimos a guarda provisória

que saiu no dia 28 de junho. Eu pude tê-la em casa comigo sem precisar levá-la para o abrigo novamente.

Entramos com processo de adoção definitiva, que aconteceu no dia 18 de novembro do mesmo ano. Após estudos

dentários ósseos, foi registrada em nosso nome com sete anos de idade. Passei por todos os medos e anseios de não

conseguir, mas tudo deu certo. Foi e está sendo uma experiência maravilhosa, de muito amor e carinho.

Eu consegui muitos progressos para a vida dela. Sempre estamos aprendendo alguma coisa: ela comigo e eu com

ela. Sâmara veio para mim usando fraldas e, no mês de agosto, consegui fazer com que as largasse. Em setembro,

já pedia para ir ao banheiro e hoje nem pensa em não pedir. Ensinei a comer sozinha e agora come de garfo e faca.

Está uma linda mocinha.

Tudo conseguimos com amor, eu dou e ela retribui todo o amor e carinho que sentimos uma pela outra. Temos

algumas dificuldades que a cada dia são superadas. A nossa experiência é incrível, estou muito feliz com minha filha

e ela muito feliz com sua mãe. Uma criança portadora de necessidades especiais que faz a gente se sentir especial.

Tudo é maravilhoso, bom mesmo. Uma vida plena de amor e humanidade. Somos uma complemento da outra. Tem

sido uma grata experiência de vida

Ass. Maria Beatriz Marques Borges Pereira da CunhaNão sei mais o que falar, a emoção tomou conta de mim e não consigo escrever mais nada.

Mãe, me leva para casa com você

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cia“

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NA LUTA 19

Imagine que, no ápice do seu trabalho, a internet caia e sua conexão demore um dia todo para voltar. Imagine que, na parte final do seu filme predileto, o som desapareça misteriosamente e você fique impossibilitado de entender os diálogos finais. Ou ain-da que, na hora que seu time está avançando para o ataque, nos últimos minutos da final do campeonato, a imagem da TV fique escura e chiada, e você não tem idéia do que vai acontecer.

Situações como essas não são comuns para a maioria das pessoas, mas acontecem todos os dias com aque-les que têm alguma deficiência visual ou auditiva. Entretanto, a internet, a imagem e o som da TV não têm nenhum problema na residência deles. A dificuldade com que se deparam está nos meios de informação e comunicação, que não são acessíveis e não res-peitam a diversidade, tornando-se desconectados, mudos e sem ima-gem alguma para este grupo que integra os mais de 25 milhões de brasileiros com deficiência.

As informações, hoje disponíveis para pessoas sem qualquer defici-ência, devem também estar acessíveis para aquelas com deficiência. Dentro desta visão inclusiva, precisamos saber que todos têm o direito de se emocionar ao estar junto a uma obra de arte; de se divertir ou aprender assistindo a um programa de televisão; de conhecer e opinar sobre Cultura; de participar plenamente de ati-vidades, movimentos e debates culturais, passados e contempo-râneos; de acessar a internet, navegar pelas páginas, pesquisar e compreender o conteúdo.

Mas para que as pessoas com deficiência visual e os surdos possam ter acesso e compreender melhor o que é exibido na te-levisão brasileira é necessária a inclusão de audiodescrição e de legendas para surdos ou closed caption, na programação.

O recurso de audiodescrição, relativamente novo, surgiu no início dos anos 80, nos Estados Unidos e na Inglaterra, e tem o poder de romper as barreiras impostas pelos meios de comuni-cação, pelo teatro e pela televisão convencionais. O Reino Unido é hoje o que mais oferece apresentações teatrais com audiodes-crição, sendo o recurso recorrente em 40 teatros britânicos. Em segundo lugar aparece a França e, depois, os Estados Unidos. O Brasil parecia caminhar nessa direção, com uma política pública inclusiva que defendia os direitos das pessoas com deficiência, mas a Portaria 661, do Ministério das Comunicações, jogou o País novamente na fossa do preconceito e da indiferença.

Com a portaria, publicada em 14 de outubro de 2008, o Mi-nistério das Comunicações postergou a aplicação obrigatória de audiodescrição na televisão brasileira. Isso representa um passo atrás na luta pela acessibilidade e pela inclusão no País, pois já havia sido decretada a obrigatoriedade do recurso. Agora, o Mis-tério aguarda uma nova consulta pública, com prazo final de 30 de janeiro de 2009 (mas que pode ainda ser prorrogado), para decidir como seguir nessa questão.

Tal atitude suspeita de retrocesso parece comprovar a tese de

que o peso dos grandes conglomerados que dominam as emis-soras brasileiras fez diferença na questão, pois, alegam, que ha-veria custos de investimentos na aplicação da nova tecnologia e que ainda não há suficiente número de audiodescritores. Infeliz-mente, a sociedade pós-moderna ainda está olhando para o seu próprio umbigo, ignorando as diferenças e, mais que isso, a sadia convivência entre as pessoas, em que o direito à informação é

imprescindível.

LIBRASOutro recurso importante para que haja

uma acessibilidade ampla é a utilização da LIBRAS, a Língua Brasileira de

Sinais. Hoje, a comunidade sur-da ou com deficiência auditiva é um público numeroso e com demandas muito específicas, exigindo a presença de intérpre-

tes em eventos teatrais, pales-tras e mesmo em programas de televisão. Nas situações em que há intérpretes, as pessoas

com deficiência auditiva ou sur-das podem participar ativamente

da vida sociocultural, sem distinções.Além da LIBRAS, há o recurso da legenda

para surdos e o closed caption. Atualmente, estes recursos são usados somente em alguns poucos programas da TV brasileira. A tarefa consiste em expressar, pela escrita, aquilo que é falado, os sons da cena (porta batendo, risos, etc.) e de efeito (como a música), tendo a preocupação de manter o vínculo entre o texto e a imagem transmitida. Uma grande limitação é a pequena quan-tidade de caracteres que podem ser inseridos na tela, o que faz com que o texto seja necessariamente reduzido.

InternetA acessibilidade na rede mundial de computadores também

é primordial. Para que, de fato, usuários com deficiência estejam incluídos e tenham independência e autonomia no uso de com-putadores conectados, é preciso que esses equipamentos sejam acessíveis e que o uso de tecnologia assistiva, em alguns casos, faça a interface entre a pessoa e a máquina.

Entretanto, somente o uso destas tecnologias não garante que uma pessoa com deficiência possa navegar na internet. É necessário, também, que as páginas da web estejam acessíveis. O processo é anterior e precisa ser bem planejado, ou seja, no momento em que os sites estiverem sendo construídos, é reco-mendado que os responsáveis se preocupem com quais navega-dores, media players e plug-ins possam ser usados por pessoas com deficiência; ou mesmo se a foto estampada na tela está ou não descrita textualmente, ou se o filme tem audiodescrição.

Quando todos esses requisitos forem atendidos plenamente, as barreiras de comunicação e informação caminharão para uma derrubada completa.

Equipe MD

Acessibilidade nosmeiosdecomunicação

http://www.maisdiferencas.org.br/

Rua João Moura, 1453 - Pinheiros - São Paulo - SP - Brasil - Cep 05412.003 - Fone: 55+ (11)3881.4610

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20 NA LUTA

OS 20 ANOS DO CVI-RioLilia Pinto Martins

O CVI-Rio completou 20 anos de fundação. Como falar destes 20 anos de história, sem falar em sonhos, projetos, ideologia para amparar o projeto, muita devoção e empenho, tolerância à frustração, fracassos, êxitos, acertos e erros, recuos e avanços, planejamento, renovação e, além de tudo, trabalho, trabalho, trabalho?

Quando o CVI-Rio foi fundado no ano de 1988, estávamos vivendo no Rio uma época de esvaziamento do movimento que formou e mo-bilizou, por toda a década de 80, as principais lideranças que levantaram e encaminharam as principais demandas em relação à defesa dos direitos das pessoas com deficiência. O movi-mento adquiriu força e expandiu-se a partir do ano de 1981, com a promul-gação pela ONU do Ano Internacional das Pessoas Deficientes (AIPD). Teve seu ponto de culminân-cia, durante a Assembléia Constituinte, onde as li-deranças do movimento exerceram uma atuação fundamental para que a Constituição de 1988 contemplasse vários capí-tulos com os direitos das pessoas com deficiência. Após esta inscrição, com o reconhecimento de que este segmento social de-veria ascender à condição de pessoas com direitos humanos assegurados constitucionalmente, hou-ve avanços significativos, com a conscientização paulatina da sociedade para a necessidade de inclusão deste e de outros segmentos sociais, mar-cando a idéia da diversidade humana.

Neste momento, representando a culmi-nância, com o posterior esvaziamento do movi-mento, surge a idéia da representação do movi-mento de vida independente no Brasil, por meio da criação do CVI-Rio. Esta idéia motivou um pequeno grupo de pessoas, representadas por Rosângela Berman Bieler, Sheila Bastos Salga-do e Lilia Pinto Martins, a desenvolver o projeto, para sua posterior realização, com a fundação do CVI-Rio, no dia 14 de dezembro de 1988. A esta altura, o projeto já havia mobilizado um número significativo de pessoas, que participou da Assembléia de formação da organização.

Os primeiros tempos, no espaço contíguo ao escritório de uma das fundadoras, constituíram-se no investimento a parcerias, principalmente com o ROTARY CLUB do Brasil, para as despe-sas com a regulamentação da organização e a manutenção da infra-estrutura básica. Logo após, a transferência para o andar inferior de um imóvel na Tijuca, com os primeiros grupos de suporte entre pares acontecendo. Formou-se uma pequena equipe de trabalho, na área administrativa. A premiação da Fundação ASHOKA para o projeto de desenvolvimento do CVI-Rio, direcionada a Rosângela Berman Bie-ler, foi o incentivo maior para a formação de uma equipe técnica básica.

Em 1991, por meio da parceria com o De-partamento de Artes e Design da PUC-Rio, na pessoa do Prof. José Luis Mendes Ripper, o CVI-Rio obteve a cessão de espaço para fixação de sua sede, nas dependências da Universidade. Esta foi a circunstância básica que permitiu a ampliação do CVI-Rio, estendendo os serviços para sua diversas áreas de atuação. Foi tam-bém o tempo de investir nos primeiros eventos, até mesmo de cunho internacional, que projeta-ram o CVI-Rio como importante veículo de for-mação e divulgação de uma nova maneira de compreender a deficiência.

Ao longo dos primeiros anos, parcerias fundamentais vieram agregar-se ao desenvol-

vimento do CVI-Rio, como a Fundação VITAE – Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social; a ICCO - Organização Intereclesiástica de Coope-ração e Desenvolvimento e a CORDE - Coorde-nadoria Nacional para Integração da PPD.

Em 1994, os primeiros contratos de presta-ção de serviços com a CEDAE e o TRT-RJ, segui-dos pelo contrato com a PETROBRAS, em 1998, para a formação e implementação do SAC-PE-TROBRAS, mantido até o momento presente.

Nesta retrospectiva, não há espaço su-ficiente para reproduzir todo o histórico do CVI-Rio, nestes 20 anos de existência. Por este motivo, penso que o fundamental é frisar a importância de sua posição inovadora, tan-to na criação de serviços fora dos padrões já existentes na área, como também no aspec-to de defender conceitos novos, transferindo a deficiência para a área de desenvolvimento humano e social.

O CVI-Rio, sustentado pelos princípios bási-cos de fortalecimento e promoção da inclusão social das pessoas com deficiência, desenvolve suas ações baseadas na idéia de que a pessoa, antes de sua deficiência, deve ser realçada, para retirá-la de uma visão depreciativa e resgatar seu poder, projetando-a para uma vida ativa, participativa e cidadã.

Neste sentido, “vida independente” significa

creditar à pessoa com deficiência seu poder de ser responsável por suas ações, fazer-se repre-sentar por conta própria, tomar decisões, fazer escolhas e assumir seus desejos.

Independente do grau ou severidade da deficiência, a autonomia das pessoas com de-ficiência avalia-se mais por sua condição de responder por suas ações e gerir a própria vida, do que por sua capacidade de mobilizar-se, ou realizar atividades por conta própria.

Além do mais, a deficiência, mais do que como uma “incapacidade”, deve ser compre-endida como uma “desvantagem” a partir da relação que a pessoa estabelece com o meio em que vive, deslocando a incapacidade depo-

sitada na pessoa, para as condições sócio-ambientais, quando estas tornam-se res-tritivas, em função das barreiras físicas, humanas ou sociais que colocam.

Estes princípios básicos que regem o movimento de vida independente, na rea-lidade são precursores de uma compreensão atual ultra avançada e que estão presentes na Classificação Inter-nacional sobre Fun-cionalidades (CIF), deslocando a defi-ciência da área da saúde, para a área de desenvolvimento so-cial; e na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-cia, ratificada este ano

pelo Brasil, na qual 192 países participaram de sua discussão e elaboração, com ampla repre-sentação das pessoas com deficiência.

O CVI-Rio, trazendo para o Brasil, a repre-sentação do movimento de vida independente, atualmente formado por outros 20 CVIs distri-buídos em vários estados brasileiros, e liderado pelo Conselho Nacional dos Centros de Vida Independente (CVI-Brasil), considera ter dado uma grande contribuição para este avanço, na medida em que defendeu posições inovado-ras e princípios básicos que deram uma nova compreensão para as pessoas com deficiência, pessoas com uma singularidade e identidade própria, e capazes de direcionar-se para a cons-trução de projetos de vida apontando para o crescimento pessoal e a formação de relações transformadoras.

Nós, de sua equipe, trabalhando incansa-velmente em torno desta ideologia, sentimo-nos recompensados por esta trajetória, agregando experiências, aglutinando pessoas, estabelecen-do parcerias e expandindo conceitos e serviços que levam em conta o poder das pessoas com deficiência quando retiradas de uma zona de invisibilidade.

Que este sonho prossiga em defesa de con-quistas mais amplas e que contemplem este Todo, traduzido pela diversidade humana.

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NA LUTA 21

NOTASNovidade no Rio !! Dê-nos uma oportunidade.Viva uma experiên-cia única, lúdica e interativa.

O grupo Anjos da Visão é uma equipe forma-da por deficientes visuais, com o objetivo de atuar como garçons ou garçonetes,guia e mo-nitores de qualquer área sensorial. Já realiza-mos um café da manha no dia13/12/07 numa Usina da Petrobras no bairro de Seropédica, sob a direção do Dr. Gutman,em 12/04/08 no Shopping Barra Square cito a Casa de Festa Locomotiva, em 24/05/08 Recreio Shopping com apoio do Lions Clube, em 24/09/08 As-sociação Atlética da Tijuca e em 09/11/08 Bar do seu Tomé.Estamos prontos e treinados para realizar eventos como café-da-manhã, almoço, lan-che e outros.Para contratar nossos serviços entre em con-tato pelo tel.: 25756139 ou 83430606Falar com Manoel idealizador e coordenador do projeto, que realiza também trabalho de guia –monitor no Jardim sensorial.Contamos com seu apoio e colaboração.Desde já agradeço a atenção dispensada..

Lei torna acessibilidade nos ônibus obrigatória

Entrou em vigor, oito anos após a sua aprova-ção, a Lei 10.098 que obriga a fabricação de todo transporte coletivo rodoviário com aces-sibilidade para pessoas com deficiência. A lei foi regulamentada em 2004 e passou a valer a partir de novembro deste ano. O Na Luta estará atento para que a medida não fique apenas no papel.

CLASSILUTA

Julia QuaresmaPsicólogaMestranda em Teoria Psicanalítica na UFRJ

CRP 05/35184

Tel: 9951-0160 / 2558-2473

e-mail:[email protected]

ANUNCIE AQUI TAMBÉM SEU SERVIÇO OU PRODUTO: Contato: Tel.: 21- 2204-3960 - Beatriz - e-mail: naluta.informativo@

gmail.com

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O Meeting Paraolímpico Internacio-nal, realizado em dezembro, ratificou o excelente desempenho do esporte paraolímpico brasileiro no ano de 2008, consagrado com o nono lugar nas Pa-raolimpíadas de Pequim. A competição foi realizada nos dias 13 e 14 de dezem-bro de 2998, no complexo esportivo do Maracanã e contou com a presença de grandes estrelas do esporte. Disputa-ram o Meeting 56 atletas brasileiros e 39 estrangeiros de países como Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Cuba, Angola, Espanha e China. O Brasil ficou em primeiro lugar no quadro geral de medalhas com 14 ouros, 15 pratas e 9 bronzes.

O sábado, primeiro dia de competi-ções, foi dedicado à natação. As provas foram realizadas no Parque Aquáti-co Júlio Delamare com a presença do destaque brasileiro em Pequim Daniel Dias. Nos 100 metros peito, pela pri-meira vez Daniel superou o recordis-ta mundial, o espanhol Ricardo Ten. Numa prova emocionante, o brasileiro venceu com uma diferença de apenas 27 centésimos de segundo, registrando 01:42:27.“Eu estou muito feliz, eu nunca tinha vencido o Ricardo nessa prova. No Parapan eu venci, mas ele não estava. Nós não nadamos muito forte hoje, mas o ouro tem sempre um gostinho especial, afirmou.”

André Brasil também brilhou, conquistando duas medalhas de ouro. Na prova dos 400m livre, classe S10, o atleta venceu o britânico Robert Welbourn (prata) e o canadense Benoit Huot (bronze). Nos 100m, André superou o espanhol David Leveq (prata) e o canadense Benoit Huot, (bronze).“O Meeting nos ajuda a retomar o ritmo de treinos. A cada ano está ficando me-lhor e com atletas de altíssimo nível. Eu estou feliz de competir e brigar por medalhas, concluiu.

O grande resultado do dia foi obtido pela baiana Verônica Al-meida, que competiu pela primeira vez em Paraolimpíadas na China e lá conquistou a primeira medalha feminina do país na natação. Verônica sofre da síndrome de Ehlers-Danlos, doença degenerativa rara que compromete as articulações. Na prova dos 50 metros borboleta, classe S7 do Meeting, ela enfrentou uma das melhores nadadoras do mundo, a americana Erin Po-povich. Em Pequim, a americana conquistou a prata e a brasi-leira o bronze. Popovich deixou os últimos Jogos Olímpicos com quatro ouros e duas pratas. Já no Júlio Delamare, Verônica dei-xou Popovich para trás e conquistou a medalha de ouro, com a americana levando a prata.

Atletismo brasileiro domina segundo dia de competições O domingo foi do atletismo. As provas foram realizadas no

Estádio Célio de Barros. Joaquim Cruz, medalhista de ouro nas

Olimpíadas de Los Angeles, hoje é técnico da delegação paraolím-pica norte-americana e acompa-nhou o desempenho de Jim Bob Bizzell, da classe T44 e medalhis-ta de ouro em Pequim nos 200 metros rasos. Repetindo o feito da natação, o atletismo brasilei-ro não decepcionou e terminou em primeiro lugar no quadro de medalhas.

Depois de uma contusão que o afastou dos Jogos Olímpicos, Antônio Delfino retornou em grande estilo às pistas, conquis-tando duas medalhas de ouro. A primeira veio na prova dos 100m, classe T46. Delfino chegou à frente dos brasileiros Yohansson Ferreira e Ricardo Pereira, com o tempo de 11”25.

A grande e surpreendente vi-tória veio na principal prova do dia, o Super Challenge. Na prova, atletas de diferentes classes com-petem para que seja conhecido o melhor nos 200 metros rasos. Jim Bob Bizzell foi o sexto e últi-

mo colocado. Delfino enalteceu o preparo técnico e físico para a competição após o período de recuperação. “Eu não abaixei a cabeça e continuei lutando. Foram muitas semanas de treino para chegar em boas condições e brigar por medalhas no Mee-ting. Eu estou muito satisfeito com o resultado”, afirmou.

No feminino, a volta por cima. Derrotada em Pequim pela chinesa Wu Chun Miao na prova dos 100 metros rasos, a re-cordista mundial Terezinha Guilhermina reencontrou sua ad-versária para uma nova disputa. E na revanche, a brasileira foi vitoriosa. Venceu com o tempo de 12”76. Wu Chun Miao foi desclassificada. Seu atleta-guia cruzou a linha de chegada à sua frente.

Pela regra, o atleta-guia deve cruzar a linha de chegada ao lado do atleta com deficiência visual. O Brasil dominou o pódio, Jerusa Santos conquistou a medalha de prata e Ana Tércia, o bronze. Terezinha, que já havia ganhado o ouro em Pequim nos 200 metros, comemorou muito a vitória no Meeting:“Hoje eu estou aliviada. A prova dos 100m estava engasgada na gar-ganta. É uma felicidade muito grande vencer aqui no Rio de Janeiro”.

O presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, Vital Seve-rino Neto, destacou a importância de competições como o Me-eting para que os esportistas brasileiros adquiram experiência competindo com estrangeiros. “É muito bom para os nossos atletas competirem com adversários de nível internacional, isso dá maturidade e oportunidade para os brasileiros manterem as suas performances”.

Meeting Internacional fechou ano de ouro

do esporte Paraolímpico BrasileiroTerezinha e Chocolate

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NA LUTA 23

Ainda me lembro bem do período em que a deficiência bateu à minha porta e se instaurou em minha estrutura psicológica. Já fazia um tempo que minha lesão havia ocorrido e eu, como a maioria, ainda resistia à idéia de não poder voltar a caminhar. Foi um início bastante conturbado pelas carências e demandas de informação so-bre como dali em diante poderia ser minha vida. Eu até me resignava, isto para não tu-multuar mais do que já estava confuso no meu núcleo familiar. Dizia para todos que aceitava, mas na verdade era bem difícil de assimilar. Meus pais se endividavam ante quaisquer medicamentos ou aparelhos que ouviam dizer que seria bom para meu res-tabelecimento e as coisas eram bem com-plicadas, pois sei que todos sofriam, isto en-tre familiares e amigos, como assim o é na maioria absoluta dos casos.

Mas como na vida tudo passa, os temporais decorrentes das nossas mazelas também se vão, podendo transformar-se em meras brisas, onde podemos, com as devidas adaptações, sejam elas de reestru-tura físico-emocional ou nos aparatos de uso diário, nos redescobrirmos indivíduos ativos, em plena condição de buscar o nos-so quinhão no simples prazer de viver a vida. Pode parecer jargão comum: mas seja do jeito que for, seja do jeito que der! A única solução é viver. Tocar a vida de maneira diferente e produtiva, dando asas aos nossos desejos e gerindo os próprios cami-nhos. Estas são formas de desconstruirmos uma imagem que nos foi imputada antes mesmo de nos tornarmos pessoas com deficiência, num processo de cunho histórico e de longa data, que simplesmen-te rotulava deficiência e sofrimento permanente no mesmo pacote,

onde o caminho mais simples era – em algumas situações ainda é – a exclusão social, ou pior ainda, a auto-exclusão. Eu mesmo quase caí nessa armadilha, me impossibilitando inerte perante os conceitos sociais equivocados sobre pessoas, diversidade e principalmente pos-sibilidades.

Sendo assim, podemos ver que essas condições podem se apresentar às nossas vidas de várias maneiras, só cabe a nós nos permitirmos e fi-carmos bem atentos aos acontecimentos. Não é pos-sível que nem unzinho seja aquele desencadeador, do tipo de sedução pró-ativa da volta à vida.

O próprio ‘Na Luta’, é um desses vetores, trazendo em suas páginas a cada edição uma gama de informações que podem vir a ser o atrativo que faltava. E tendo este tipo de bagagem em mãos, seja ela editada em jornais ou revistas, pela televisão ou internet, ou simplesmente contadas pelos outros, a gente vai tirando as nossas próprias possibilidades.

Recordo-me ainda da minha fase inicial, mas após a que contei no começo do texto, ou seja, na adaptação comigo mesmo em que tudo, sim-plesmente tudo o que via e lia sobre deficiência eu logo arquivava em gravações ou em pastas de re-cortes. Era muita sede de conhecimento. Comporta-mento que agora observo em muitas pessoas que vivem essa fase inicial. Hoje tenho a real convicção

que não teria mais armários em casa para guardar tanta coisa...! E outra: essas informações, na maioria defasam rapidamente com o tempo, pois vivemos dias de transformação constante. Contudo, não devemos deixar de ficar antenados com as coisas. Tem uma dica que é certa demais, parece até filosofia: as oportunidades normalmente não se repetem. Então faça uma escolha, pegue a sua e venha parti-cipar também.

CR

ÔN

ICA

Jefferson [email protected] Quem Quer Saber das Coisas

e Até Vir a Participar

Aconteceu, em outubro, no Rio de Janeiro. A X Jornada de Terapia Ocupacional do Hospital de Força Aérea do Galeão. Patrícia Helena Goulart é chefe da seção de terapia ocupacional do Hospital e foi uma das organizadoras do evento. Destacou a importância do papel da terapia para a inclusão social: “A Jornada contribuiu para ressaltar a possibilidade de inclusão social das pessoas com deficiência, com destaque para alguns aspectos importantes no tratamento e reabilitação. Tivemos depoimentos de pessoas que vivenciam esta realidade e hoje estão

completamente adaptadas ao ambiente de trabalho, escola, lazer e esporte”.

A supervisora e coordenadora do Na Luta, Beatriz Pinto Monteiro, foi uma das palestrantes: “Acho muito bom que os terapeutas recebam atualização. Foi um simpósio excelente”. Patrícia Helena Goulart também destacou a importância do evento para quem dedica seu trabalho aos deficientes: “Para os profissionais de saúde presentes no evento, foi uma oportunidade de aprimorar os conhecimentos e

de intercâmbio com profissionais de diversas Instituições de saúde do Estado, Município e das Forças Armadas”.

Simpósio apontou importância da terapia ocupacional para deficientes

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Membros da Comunidade “Na Luta” no Orkut continuam participando e opinando!

Membros da Comunidade “Na Luta” no Orkut participam de enquete!Fizemos uma nova enquête com a seguinte pergunta: “Quais matérias

vc mais gostou do 9º nº. do “Na Luta”?”:

Vejam o resultado disputado e com muitos membros participando!!

Concurso sobre pesquisas com células-tronco agita - 10% dos votos

Batendo bola com Alberto Bial e Nossa Homenagem especial às crianças – 8% dos votos

Emoção de pai pra filhos, Caminhando e cantando, Pequim deixa muitas saudades

e Pratique exercícios físicos – 7% dos votos

Todas as matérias obtiveram votos, confira, nosso endereçoé: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=31216821Faremos uma nova enquête sobre as matérias desse oitavonúmero, junte-se a nós e participe!

“Na Luta” também em sua versão integral no site oficial dabanda Paralamas do Sucesso, divulgue:http://www2.uol.com.br/paralamas/na_luta/index.htm.

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