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DESTAQUES TOQUE DE SAÍDA Director Alfredo Lopes Chefe de Redacção Soledade Santos Externato Cooperativo da Benedita Rua do Externato Cooperativo Apartado 197 2476-901 Benedita [email protected] externatobenedita.net Em tempo de crise todos os olhares se voltam para a Econo- mia. Alguns esperam que a Ciên- cia Económica produza milagres sobre a realidade, enquanto ou- tros acusam os economistas e os especialistas em política eco- nómica de nada saberem e nada fazerem. É, aliás, muito interessante a postura das pessoas em re- lação à Economia. Por um lado todos damos os nossos palpi- tes: como no futebol, na Econo- mia há imensos treinadores de bancada. Por outro lado, é fácil ouvir que “disso não sei nada”, sendo o mesmo que dizer “não quero saber”, como se se tratas- se de uma coisa feia, algum pa- lavrão, ou, então, de uma forma de conhecimento elitista, quiçá esotérica, destinada apenas aos iniciados. A ironia está em que ambas as posturas são simultaneamente verdadeiras e falsas. Ao mesmo tempo, o cidadão comum sabe imensas coisas sobre Economia e dela não sabe nada. Sabe, por exemplo, como vai o seu salário, a que nível estão os preços da habitação ou do bilhete de cine- ma, se a fábrica aonde trabalhou trinta anos fechou por causa da concorrência chinesa, se os clientes que frequentavam o seu restaurante deixaram de apare- cer por ser maior o mês do que o seu rendimento. Podíamos en- contrar muitos outros exemplos do género. O que não percebe é como os movimentos da Bolsa de Valores (as OPA´s por exemplo) influenciam as suas compras do mês, como os acordos da OMC influenciam os lucros da em- presa em que trabalha, o modo como o investimento tecnológico feito na Alemanha se repercu- IT´S THE ECONOMY, STUPID!... III FESTTEATRO DO ECB O Centro Cultural Gonçalves Sapinho serviu, mais uma vez, de palco ao festival de teatro escolar organizado pelo Externato Cooperativo da Benedita. A terceira edição do Festteatro realizou- se nos dias 21, 22 e 23 de Abril, e envolveu muitos jovens que, como vem sendo hábito, ficaram alojados em casa de professores e alunos do Externato. A abrir o festival esteve o Núcleo de Teatro do Instituto Educativo do Juncal com a peça O Bosque Encantado, seguindo-se Alice no País dos Horrores, pela Oficina de Teatro da Escola Secundária da Batalha, ambas as peças destinadas a um público infantil, que encheu o auditório, estimando-se em cerca de 360 crianças da Pré-Primário, do Centro Paroquial e do 1.º Ciclo. Às 17 horas foi a vez de A Dama do Pé de Cabra, pela actriz profissional Antónia Terrinha do Teatro Chaby Pinheiro da Nazaré que actuou para uma grande plateia de alunos do 2.º e 3.º Ciclo. A encerrar a sexta-feira, o Grupo Gatapum da Escola Secundária de Évora apresentou os Contos de Gim e Valentim. No sábado, às 15h30, o Clube de Teatro da Escola Secundária de Peniche apresentou Portugal, por favor, seguindo-se a Escola Secundária Alberto Sampaio de Braga com a peça Frame 7. A noite acabou com Os Gambuzinos, do ECB, que levaram à cena Nós te adoramos. O domingo e último dia do festival foi preenchido com as peças O Diabo a Quatro e Vanessa vai à luta, ambas da Escola Secundária da Amadora, a que se seguiu um lanche / convívio entre os participantes. As peças levadas à cena nesta 3.ª edição do Festteatro revelaram grande qualidade, quer a nível dos textos, quer do trabalho dos actores, facto que se manifestou na satisfação do público em geral, e do Externato em particular, enquanto entidade organizadora do evento. A NOSSA EXPERIÊNCIA EM TAIZÉ No dia 25 de Fevereiro, pelas 16 horas, partíamos da Benedita. Es- távamos todos nervosos e ansio- sos, afinal a viagem demorava 22h e íamos estar dez dias sem os nos- sos pais, num sítio desconhecido. Página 7 SORRISO AMIGO: DE PROJECTO A ASSOCIAÇÃO Surgida há seis anos, a associação, inicialmente um projecto, teve como fundadores os alunos do 12º J, do ano lectivo de 2000-2001 Página 8 ENTREVISTA Conversa com o Presidente da Direcção do Instituto Nossa Senhora da Encarnação, António Serrazina Mendes. Página 11 NOITE ESTAPAFÚRDIA A noite em que as estrelas brilha- ram. Página 16 MATEMÁTICA “Ó Stôr, mas afinal a Matemática serve para quê?” Página 18 GRIPE DAS AVES Nova ameaça... com penas. Página 19 FRIDA KAHLO Notícia de uma exposição. Acima de tudo Frida Kahlo pintou-se. Como se só ela pudesse ser a me- dida de si mesma. Página 24 (Continua na página 17) Trimestral - Maio de 2006 Ano I - Número 2 - 1,00 €

N2 - FINAL

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Page 1: N2 - FINAL

DESTAQUES

TOQUE DE SAÍDA

DirectorAlfredo Lopes

Chefe de RedacçãoSoledade Santos

Externato Cooperativo da BeneditaRua do Externato CooperativoApartado 197 2476-901 [email protected]

externatobenedita.net

Em tempo de crise todos os

olhares se voltam para a Econo-

mia. Alguns esperam que a Ciên-

cia Económica produza milagres

sobre a realidade, enquanto ou-

tros acusam os economistas e

os especialistas em política eco-

nómica de nada saberem e nada

fazerem.

É, aliás, muito interessante

a postura das pessoas em re-

lação à Economia. Por um lado

todos damos os nossos palpi-

tes: como no futebol, na Econo-

mia há imensos treinadores de

bancada. Por outro lado, é fácil

ouvir que “disso não sei nada”,

sendo o mesmo que dizer “não

quero saber”, como se se tratas-

se de uma coisa feia, algum pa-

lavrão, ou, então, de uma forma

de conhecimento elitista, quiçá

esotérica, destinada apenas aos

iniciados.

A ironia está em que ambas as

posturas são simultaneamente

verdadeiras e falsas. Ao mesmo

tempo, o cidadão comum sabe

imensas coisas sobre Economia

e dela não sabe nada. Sabe, por

exemplo, como vai o seu salário,

a que nível estão os preços da

habitação ou do bilhete de cine-

ma, se a fábrica aonde trabalhou

trinta anos fechou por causa

da concorrência chinesa, se os

clientes que frequentavam o seu

restaurante deixaram de apare-

cer por ser maior o mês do que

o seu rendimento. Podíamos en-

contrar muitos outros exemplos

do género. O que não percebe é

como os movimentos da Bolsa de

Valores (as OPA´s por exemplo)

influenciam as suas compras do

mês, como os acordos da OMC

influenciam os lucros da em-

presa em que trabalha, o modo

como o investimento tecnológico

feito na Alemanha se repercu-

IT´S THE ECONOMY, STUPID!...

III FESTTEATRO DO ECB

O Centro Cultural Gonçalves Sapinho serviu,

mais uma vez, de palco ao festival de teatro

escolar organizado pelo Externato Cooperativo da

Benedita. A terceira edição do Festteatro realizou-

se nos dias 21, 22 e 23 de Abril, e envolveu muitos

jovens que, como vem sendo hábito, ficaram

alojados em casa de professores e alunos do

Externato.

A abrir o festival esteve o Núcleo de Teatro do

Instituto Educativo do Juncal com a peça O Bosque

Encantado, seguindo-se Alice no País dos Horrores,

pela Oficina de Teatro da Escola Secundária da

Batalha, ambas as peças destinadas a um público

infantil, que encheu o auditório, estimando-se em

cerca de 360 crianças da Pré-Primário, do Centro

Paroquial e do 1.º Ciclo. Às 17 horas foi a vez de

A Dama do Pé de Cabra, pela actriz profissional

Antónia Terrinha do Teatro Chaby Pinheiro da

Nazaré que actuou para uma grande plateia de

alunos do 2.º e 3.º Ciclo. A encerrar a sexta-feira,

o Grupo Gatapum da Escola Secundária de Évora

apresentou os Contos de Gim e Valentim.

No sábado, às 15h30, o Clube de Teatro da

Escola Secundária de Peniche apresentou Portugal,

por favor, seguindo-se a Escola Secundária Alberto

Sampaio de Braga com a peça Frame 7. A noite

acabou com Os Gambuzinos, do ECB, que levaram

à cena Nós te adoramos.

O domingo e último dia do festival foi preenchido

com as peças O Diabo a Quatro e Vanessa vai à

luta, ambas da Escola Secundária da Amadora,

a que se seguiu um lanche / convívio entre os

participantes.

As peças levadas à cena nesta 3.ª edição do

Festteatro revelaram grande qualidade, quer a

nível dos textos, quer do trabalho dos actores,

facto que se manifestou na satisfação do público

em geral, e do Externato em particular, enquanto

entidade organizadora do evento.

A NOSSA EXPERIÊNCIA EM TAIZÉNo dia 25 de Fevereiro, pelas 16

horas, partíamos da Benedita. Es-

távamos todos nervosos e ansio-

sos, afinal a viagem demorava 22h

e íamos estar dez dias sem os nos-

sos pais, num sítio desconhecido.

Página 7

SORRISO AMIGO:DE PROJECTO A ASSOCIAÇÃO

Surgida há seis anos,

a associação, inicialmente um

projecto, teve como fundadores os

alunos do 12º J, do ano lectivo de

2000-2001

Página 8

ENTREVISTAConversa com o Presidente da

Direcção do Instituto Nossa

Senhora da Encarnação,

António Serrazina Mendes.

Página 11

NOITE ESTAPAFÚRDIAA noite em que as estrelas brilha-

ram.

Página 16

MATEMÁTICA“Ó Stôr, mas afinal a Matemática

serve para quê?”

Página 18

GRIPE DAS AVESNova ameaça... com penas.

Página 19

FRIDA KAHLONotícia de uma exposição. Acima

de tudo Frida Kahlo pintou-se.

Como se só ela pudesse ser a me-

dida de si mesma.

Página 24

(Continua na página 17)

Trimestral - Maio de 2006

Ano I - Número 2 - 1,00 €

Page 2: N2 - FINAL

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

2

Director do Jornal: Alfredo Lopes

Redacção:

Deolinda Castelhano

Luísa Couto

Soledade Santos (Chefe de redacção)

Teresa Agostinho

Marketing e vendas:

Laura Boavida

Margarida Vinagre

Maria José Jorge

Composição gráfica:

Nuno Rosa

Paulo Valentim

Samuel Branco

Equipa de Reportagem:

Acácio Castelhano

Ana Duarte

Clara Peralta

Fátima Feliciano

Graça Silva

Isabel Paixão

José Carlos Saramago

José Cavadas

Margarida Vinagre

Maria de Lurdes Goulão

Maria José Guerra

Maria José Jorge

Miguel Fonseca

Sérgio Teixeira

Teresa Salgueiro

Impressão: Relgráfica, Lda

Tiragem: 500 exemplares

Preço avulso: 1,00 €

EDITORIALAproxima-se do final um ano escolar ca-

racterizado em todo o país por grandes al-

terações no quotidiano de alunos e profes-

sores, por um clima de afrontamento e de

incerteza, que nos faz olhar o próximo ano

lectivo com alguma apreensão.

No entanto, se o debate – nem sempre

pacífico, nem sempre razoável – acerca do

papel da escola não permitiu construir um

largo consenso, como teria sido desejável,

trouxe para o centro das preocupações pú-

blicas, ainda que tantas vezes de forma de-

magógica, a questão da escola, lugar por

excelência da construção do futuro. Mas…

que futuro? E como pode a escola, esma-

gada sob o peso das cada vez mais nume-

rosas e diversificadas funções que lhe são

cometidas, actuar eficazmente? «Por entre

lutos que será preciso fazer, alegrias bre-

ves que nascem dos olhares dos nossos

alunos, sofrimentos inúteis e forte desgaste

psicológico», como escreve Matias Alves

no Correio da Educação nº 229, regressa-

remos no próximo ano lectivo, respondendo

ao desafio, procurando respostas.

Talvez algumas destas respostas resi-

dam num equilíbrio, que tem vindo a per-

der-se, entre as funções cognitiva e edu-

cativa da escola. É certo que vai longe o

tempo em que o papel desta se esgotava

na instrução do aluno; mas não é menos

certo que, nos últimos anos, sobretudo em

consequência do acesso de todos à escola,

se tem vindo a subalternizar, com pesados

custos sociais, a importância do saber. E

é este equilíbrio que urge recuperar, assu-

mindo-se a escola como agente de educa-

ção, nomeadamente de educação para os

afectos, para a cidadania, para a respon-

sabilidade; mas revalorizando-se também

como espaço de aprendizagem, onde se

desenvolvem as competências cognitivas

dos alunos e se lhes transmitem conheci-

mentos indispensáveis – em colaboração,

naturalmente, com outros agentes, como a

televisão ou a internet, que a escola não

substitui, como não se vê substituída por

eles.

A escola pode ainda – e deve – ter um

papel decisivo na construção de algo que

tem sido injustamente vilipendiado: a cha-

mada cultura geral, esse acúmulo de infor-

mação que não serve para nada nem ocupa

espaço, como dizia o velho aforismo, mas

que é factor indissociável da nossa identi-

dade de seres humanos e de cidadãos.

Parece-nos que é nesta visão de uma

escola abrangente e exigente que projectos

como o de um jornal escolar ganham verda-

deiro sentido.

Soledade Santos

ÍNDICE

Escola vivaQuadro de Mérito 4

Top 10 - livros mais lidos na biblioteca 4

O 12º C em Tancos 5

Campeonato de Jogos Matemáticos 5

A comunidade de Taizé 6

ECB visto por aluna islandesa 6

A nossa experiência em Taizé 7

Sorriso Amigo - de Projecto a Associação 8

Entrevista ao Presidente do INSE 11

Noite Estapafúrdia 16

Notícias da Físico-química 16

Dia da Informática 22

Olhar CircundanteQuotas de mulheres nas listas eleitorais 10

Tolerância multicultural, diversidade ou

uniformização 10

Imigrantes de igual para igual 14

Corrupção - A solução é tapar o fosso? 15

Violência doméstica 15

A eutanásia e sua legalização 15

Ciência, Tecnologia e Ambiente...mas afinal a Matemática serve para quê? 18

Gripe das aves - nova ameaça com penas 19

Desenho técnico 20

Alexander Fleming e a penicilina 21

O que é um virús 21

Arte e CulturaAlunos de Artes visitam Porto e Amarante 12

Sugestão de Leitura 12

Versatilidade no Jazz 13

Retórica e democracia na actualidade 13

Teatro - uma experiência única 13

Frida Kahlo - notícia de uma exposição 24

Recriar o mundoPoemas 9

O Lugar da MemóriaNotícias antigas do ECB 3

Mente Sã em Corpo SãoCampeão Mundial do talento ou dos tal€nto$ 22

Desporto Escolar 23

Xadrez no ECB 23

ACONTECENDO

- A 9 de Maio, no CCGS, e celebrando o

Dia da Europa, colóquio subordinado ao

tema A Cidadania Europeia.

- De 11 a 14 de Maio, também no CCGS, a

4ª Feira do Livro, reunindo 33 editoras,

e integrando vários eventos culturais, en-

tre eles o lançamento nacional, pela Dom

Quixote, do livro A Mulher de Neruda, de

Hugo Santos. A Feira contou ainda com

a participação da Fundação Oriente, da

Delegação Económica e Comercial de

Macau, e do Agrupamento de Escolas da

Benedita.

- Nas mesmas datas, e associadas à Feira

do Livro, comunicações, colóquios e ex-

posições no âmbito da Oficina das Ciên-

cias e Geologia.

- De 15 a 19 de Maio, a Semana das Ar-

tes.

- Nos dias 14 e 15 de Setembro, no CCGS,

I Encontro de Ensino/Aprendizagem da

Língua Materna, destinado a todos os

professores de Português dos concelhos

de Alcobaça, Batalha, Caldas da Rainha,

Nazaré e Rio Maior, encontro organizado

pelo CEFAE, com o apoio dos professo-

res do 8º Grupo do ECB.

Page 3: N2 - FINAL

O LUGAR DA MEMÓRIA 3

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

Visita de estudo

Na passada sexta-feira, 75 alunos da

Escola Industrial e Comercial de Setúbal,

acompanhados de dois professores, vieram

até à nossa terra numa visita de estudo sobre

o desenvolvimento regional e comunitário.

Foram recebidos no Instituto Nª. Sª. da

Encarnação - Cooperativa de Ensino e

Cultura, S. C. R. L., pelo Director, Sr. Dr. José

Gonçalves Sapinho que depois de apresentar

os cumprimentos de boas-vindas, deu a

conhecer todo o desenvolvimento regional

verificado nesta última vintena de anos, numa

palestra que suscitou muito interesse e que foi

pretexto, no final, para um franco diálogo.

Os alunos, em seguida, visitaram não só

aquele estabelecimento de ensino, como

outros locais que atestam o desenvolvimento

regional, mormente unidades Industriais.

Actividades do INSE

O grupo de teatro dos finalistas, que

recentemente deu um espectáculo de teatro

no Salão Paroquial, concorreu a um concurso

nacional de teatro entre estabelecimentos

de ensino, pelo que ainda este mês prestará

provas, repetindo o espectáculo.

Desejamos-lhe o melhor êxito.

— Também no próximo dia 1 de Abril, o grupo

de finalistas promoverá a habitual excursão

de estudo, a qual prevê visitas a Vila Viçosa,

Évora, Grutas de Aracena, Sevilha, etc.

Além da receita adquirida com a realização

de espectáculos e baile de finalistas, cerca

de 35 contos, salientamos ainda a oferta de

3.000$00 do Sr. Tarcísio Trindade, Presidente

da Câmara Municipal.

NA DÉCADA DE 70...NOTÍCIAS DO ECB NO JORNAL ALCOA

22 DE MARÇO DE 1974

Concurso de teatro estudantil

Como já aqui noticiámos, o grupo de Teatro

dos finalistas do I. N. S. E. concorreu ao

concurso de teatro para estabelecimentos de

ensino.

Agora, vimos acrescentar, que o grupo

passou a fase seguinte, pelo que dentro de

breves dias irá a Lisboa disputar mais uma

eliminatória.

Bom êxito, é o que vos podemos desejar.

Visita de estudo

Nos dias 1, 2, 3 e 4, os finalistas do I. N. S.

E. promoveram a tradicional excursão de

fim de ano, a qual, ao contrário do que aqui

dissémos (não por erro de informação, mas

por exigências e dificuldades burocráticas)

não se efectuou até terras de Espanha,

mas somente pelo nosso País. A visita de

estudos às principais cidades e monumentos,

decorreu pelas Beiras, Minho e Litoral Norte.

Relação dos alunos do Externato da Benedita, que

no 1º período do ano lectivo 1971-72 tiveram «jus»

ao Quadro de Honra.

CICLO PREPARATÓRIO

1.º ano

Guilhermina Alves Caetano (12 val.)

João Luís Santos (12 v.)

Maria Dulce Mateus Guerra (12 v.)

Martinho do Carmo Soares (12 v.)

Maria Teresa Rebelo Machado (13)

2.’ ano

Fernando Costa Gerardo (12 val.)

Isidro Franco Belo (12 val.)

Luís Ferreira Gana dos Santos (12)

Luís Maria Gerardo (12 val.)

Tito Pereira da Silva (12 val.)

Jaime Pereira Bento (12 val.)

José Madeira Saraiva (12 val.)

Maria Ascenção Penas Fialha (12)

Inácio Franco Belo (12 vai.)

Maria José Alves da Silva (12 vai.)

Salvador Quitério Fialho (12 vai.)

Joaquim Moreira Paulino (13 vai.)

José António Genovevo Caetano (13

Maria de Lurdes Mar. Vicente (12)

CURSO LICEAL

1.º ano

Helena Maria da Conc. Vicente (13)

2.º ano

Isabel Maria Lopes da S. Marq. (12)

Inácio Marques Serralheiro (13 v.)

5.º ano

Fernando do Couto Ferreira (12 v.)

Fernando Félix Castelhano (12 val.)

Maria Ascensão Bugalho Jorge (12)

CURSO DE FORMAÇÃO DE SERRALHEIROS

2.º ano

António José Morais Pereira (12 v.)

António Ventura Matias (12 val.)

José António Guerra Vitorino (12 v.)

José Caetano Madaleno (12 vai.)

Joaquim Meadas Marques (13 val.)

CURSO DE FORMAÇÃO

FEMININA

4.º ano

Beatriz Jorge Serralheiro (12 val.)

Maria Encarnação Jesus Lour. (12)

Maria do Rosário Max. Vicente (13)

CURSO GERAL DO COMÉRCIO

1.º ano

António Luís da Silva (12 vai.)

Maria da Graça Mar. Vicente (12)

Joaquim Mendes da Silva (13 val.)

José do Couto Jorge (13 val.)

Inácio Marques Raimundo (13 val.)

Rui Ferreira Fialho (13 vai.)

Maria Trindade da Conc. José (13)

TELESCOLA

Ana Paula Lopes Silva Marq. (12)

Libânea Madalena Santos (12)

Maria Filomena Fialho Panas (12)

Maria Isabel Costa ia Silva (12)

Maria Isabel Maximiano Vicent (12)

Amadeu Belo da Silva (12)

Mário Rui Agostinho Ferreira (12)

Rui de Almeida Quitério (12)

Maria Otília Leandro Luís (12)

Pedro Lula Morais (12)

Maria do Carmo Marq. Rebelo (13)

Maria Helena da Silva Couto (13)

Maria Piedade Belo Rufino (13)

Regina Maria da Conc. Serrenho (13)

António Manuel Max. Vicente (13)

Fernando Marques Fialho (13)

Filipe Luís do Coito Ferreira (13)

Rui Quitério Fragulha (13)

Silvino Manuel Nogueira Lopes (13)

Vitor Manuel da Silva (13)

Maria Adelina Violente Ferreira (15)

2.’ ano

Maria Celina Fialho Pimenta (12)

Maria Deolinda Lucindo Isidoro (12)

Maria da Encarnação S. Quitério (12)

Maria Lúcia Rebelo Fialho (12)

Maria Lurdes Rafael M. Santos (12)

José Fernando Coelho Guerra (12)

Lula Manuel Marques Isabel (12)

Maria Fernando Faust. da Silva (14)

Maria Leonor Fialho Gens (14)

5 DE ABRIL DE 1974

15 DE JANEIRO DE 1972

INSTITUTO NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃOCOOPERATIVA DE ENSINO E CULTURA, S.C.R.L.

VISADO PELA CENSURA

Page 4: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA4

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

7º Ano

Beatriz Mateus Tiago

Daniela Filipa Mendes Francisco

Adriana Couto Caetano

António Serrenho do Carmo

Sofia Ferreira Sebastião

Joana Teresa da Silva Bento

Ricardo Nazaré Serrazina

Rita Isabel Moreira Diniz

Joana Maria dos Santos Boita

Maria Santos Vicente

Isabel Ferreira Tomás

Nídia Quitério Ferreira

7º A

7º A

7ºC

7ºC

7ºC

7ºF

7ºF

7ºF

7ºH

7ºH

7ºI

7ºJ

8º Ano

José Carlos Barreiro Mateus

Miguel Machado Lopes

Laura Catarino Gonçalves

Mariana da Silva Rodrigues

Mónica Daniela Santos Fialho

Vanessa Marques Fialho

Filipa Isabel Mendes M. Serrazina

Rita Marquês Bernardes

Tatiana Marques Ladeira

David Alexandre Rodrig. Susano

Paulo Miguel Vicente Batista

Hugo Miguel Fonseca Rodrigues

Juliana Vieira Belo

Raquel Castelhano Dias

Beatriz Perista Serrazina

Catarina Fialho Perreira

Arlete Sofia Mendes Sineiro

8ºA

8ºA

8ºC

8ºC

8ºC

8ºC

8ºD

8ºD

8ºD

8ºE

8ºE

8ºF

8ºG

8ºG

8ºH

8ºI

8ºJ

9º Ano

Adriana Domingos Policarpo

João Miguel Ramalho Constantino

Marta Conceição Vicente Santos

Miguel Cardoso Vicente

Ricardo Radamanto Rodrigues

Carla Colaço Serralheiro

Francisca Maria Marquês Rebelo

Rita Marques Ferreira

Sofia Silva Lopes Cavadas

9ºA

9ºA

9ºA

9ºC

9ºC

9º E

9ºE

9ºE

9º E

10º Ano

Flávio Daniel Costa Monteiro

Inês Rodrigues Pereira

Marta Bispo Pimenta

Verónica dos Santos Silva

Ana Carolina Pimenta Pedroso

Catarina Alexandra M. Caetano

Élia Filipa Fialho do Carmo

João Gabriel da Cruz Fialho

João Pedro de Sousa P. O. Ribeiro

Luís Daniel Machado Crisóstomo

Sara Maria Pimenta Rebelo

Sara Marques Vicente

Solange Ramalho Pereira

Tiago Mateus Madaleno

Elsa Marques Belo

Joana Isabel Silva Lopes Cavadas

Marina Alexandra Fialho Vicente

André Quitério Ferreira Gerardo

Hélder Ricardo Santos Correia

Marina Alves do Rosário

Flávia Catarina Marques Grilo

Sílvia Filipe Ferreira Matias

Vera Lúcia Delgado da Silva

10º A

10º A

10º A

10º A

10º B

10º B

10º B

10º B

10º B

10º B

10º B

10º B

10º B

10º B

10º C

10º C

10º C

10º D

10º E

10º F

10º G

10º G

10º I

11º Ano

Luís Manuel Ferreira da Silva

Mariana Belo da Cruz

Mauro Guilherme Augusto Luís

Rita Alexandra Silva Cristiano

Ana Isabel Morgado dos Santos

Joana Cardoso Coelho

Luís António Santos Nazaré

Pedro Filipe Alexandre Rodrigues

Pedro Frazão Lopes Vieira Vaz

Vanessa Rocha Ribeiro Faustino

André dos Santos Belo

Ângela Susano Vicente

Carina Costa Borralho

Joana Marques Moreira

Margarida Isabel R. V. da Costa

Ana Isabel Lopes Mateus

Davide Delgado Nunes

Sabrina Maria Ribeiro do Couto

11º A

11º A

11º A

11º A

11º B

11º B

11º B

11º B

11º B

11º B

11º C

11º C

11º C

11º C

11º E

11º F

11º G

11º H

12º Ano

Adriana Lopes Ferreira

Carlos Manuel Silva Lúcio

Filipa Serrenho do Carmo

Inês Correia Pinto de Matos

Joana Filipa Costa Gonçalves

Rodrigo Daniel Feteira Santos

Tânia Costa Mentes

Vítor Hugo Fialho Lopes

David Gabriel Fialho Penas

Isadora Ribeiro Luís

Tiago Marques Félix Castelhano

Henrique Ramalho Machado

Marcelo Almeida Luís

Fábio Veríssimo Santos

Flávio Miguel Gens Ramos

Sandra Lourenço Amaro

Ana Angelina Marques Isabel

Joana Passarinho Santos

João Santos Filipe

Juliana Costa Rufino

Miguel Jorge Fragulha Belo

12º A

12º A

12º A

12º A

12º A

12º A

12º A

12º A

12º B

12ºB

12ºC

12ºD

12ºD

12ºG

12ºH

12ºH

12ºJ

12ºJ

12ºJ

12ºJ

12ºJ

RECORRENTE

Ana Maria Marques Ferreira

Cátia Ferreira Grosa

Joel Jonathan Lameiras Barreiro

Marcos José Ramos Paixão

Pedro Leonel Luís Fialho

Ricardo Filipe Costa Vicente

C.S.H.

C.S.H.

C.S.H.

C.S.H.

C.S.H.

C.T

Os livros mais requisitados na

Biblioteca durante o 2º Período

1º Felizmente Há Luar!

Luís de Sttau Monteiro

2º Os Maias

Eça de Queirós

3º Contos

Eça de Queirós

4º A Viela da Duquesa

Sveva Casati Modgnani

5º As Brumas de Avalon

Marion Zimmer Bradley

6º Porque é que os Homens Mentem

e as Mulheres Choram

Alan Pease

7º Um Momento Inesquecível

Nicholas Sparks

8º A Metamorfose

Franz Kafka

9º O Diário da Nossa Paixão

Nicholas Sparks

10º Sexta-Feira ou a Vida Selvagem

Michel Tournier

Nos dias 3, 4 e 5 de Maio, o ECB participou

no Fórum da Juventude, em Alcobaça, onde

manteve um stand durante os três dias do

evento, que abrilhantou com a participação dos

alunos de Artes e de Ciências, bem como com a

actuação dos Grupos de Hip Hop e de Ginástica

Acrobática.

O cartaz

do Fórum foi

desenhado pela

nossa aluna Sara

Agostinho, do 11º

Ano de Artes, tendo

sido escolhido

num concurso em

que participaram

as várias escolas

participantes.

FORUM DA JUVENTUDE

Integrados na Semana da Juventude,

organizada pela Câmara Municipal

de Alcobaça, decorreram, no Centro

Cultural Gonçalves Sapinho, nos dias 3,

4 e 5 de Maio, workshops de Expressão

Dramática, Produção Musical, Hip Hop,

Capoeira, Inteligência Emocional, Artes

Marciais e Multimédia, destinados à

participação dos alunos do ECB.

WORKSHOPS NO ECB

QUADRO DE MÉRITO

Page 5: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA 5

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

O 12ºC EM TANCOS Uma visita de estudo verdadeiramente radical

Finais de Janeiro. Ainda de noite, chegámos à escola, eram mais ou menos sete horas da manhã. Estava escuro, apenas a alegria nos rostos trémulos e embrulhados de frio: a minha turma partia para uma viagem de estudo de dois dias, sexta-feira e sábado. Mas o tempo ia passando, olhávamos o relógio, e o nosso autocarro não aparecia. Amanheceu, e as primeiras carreiras de transporte escolar chegavam com os alunos para as aulas. Espantados com tantas malas e maletas à porta da escola, olhavam para nós, e nós olhávamos para o relógio. Às oito e pouco surge enfi m o nosso transporte, atrasado. Lá nos instalámos e partimos no meio de muita música, brincadeira e expectativa, até que surgiu a placa que indicava Tancos e o quartel dos pára-quedistas: tínhamos chegado à terra prometida!

Descemos do autocarro e fomos recebidos pelo sargento Marinho, que nos deu algumas indicações e esclarecimentos sobre o que iria acontecer. Seguiu-se a visita ao museu dos pára-quedistas, a observação do treino especial

dos cães e das suas instalações. Depois do almoço, fomos às camaratas

equipar-nos para os desejados desportos radicais, que muito gostámos de praticar. Tivemos também oportunidade de conversar com o sargento Marinho acerca das suas missões em cenários de guerra e de pós-guerra, neste último caso participando na reconstrução dos locais atingidos, nomeadamente em Angola, em Timor e no Kosovo.

Terminadas as actividades radicais, dirigimo-nos à piscina, para relaxar. De seguida jantámos e fomos para o gimnodesportivo, onde tivemos aula de orientação e assistimos a treinos de box e karaté com um professor muito interessante.

Recolhemos enfi m, para descansar, e já dormíamos, quando soldados entraram de súbito na nossa camarata, aos tiros! Acordámos estonteadas, em pânico, parecia que estávamos em plena guerra! Mandaram-nos formar na rua, ao frio da noite janeirenta. Depois deram-nos um minuto para trocar de roupa e novamente formar, à frente do primeiro-sargento, que

nos deu indicações para corrermos e nos juntarmos aos rapazes que já estavam à nossa espera. Despassarados e eufóricos, começámos então uma alucinante corrida nocturna, intercalada com fl exões, até que chegámos a um charco muito frio. Parámos, estupefactos, mas mandaram-nos atravessar o charco, com umas fl exões pelo meio, como se fosse muito normal. Todos molhados à frente, mandaram-nos virar de costas. Ensopados e cheios de frio, saímos fi nalmente do charco, para correr mais um pouco, até que parámos para mais umas fl exões e

retomámos a corrida. Corremos, deitámo-nos na areia, fi zemos fl exões, rastejámos. Exaustos, deitámo-nos virados para as estrelas, que não estavam no céu, apenas nuvens, e a nossa cabeça, coberta de medo, não pensava, limitava-se pura e simplesmente a obedecer. Para acabar em bem esta tortura, ainda demos uma volta ao quartel, e tivemos enfi m ordem de ir para o descanso. Agora era necessário tomar pelo menos um duche, de preferência bem quente, e dormir!

Por volta das sete e meia da manhã levantámo-nos, tomámos o pequeno-almoço e, claro, não se falava de outra coisa senão da surpresa que nos tinham preparado naquela noite. Passámos então à prova de orientação, aplicando os conhecimentos que tínhamos adquirido na aula do dia anterior. E só depois de realizada a prova é que teve lugar a visita à sala onde se arejam os pára-quedas e se faz a sua dobragem para serem reutilizados.

A nossa visita de estudo estava a terminar, restava-nos arrumar as malas, almoçar e despedirmo-nos do sargento Marinho e do quartel. De regresso, ainda parámos num dos castelos mais bonitos de Portugal, o castelo de Almourol. E esta foi a última paragem da viagem de estudo mais radical da minha vida.

Marília Ezequiel, 12º C

Decorreu no dia 10 de Março de 2006, na Fábrica da Ciência Viva, em

Aveiro, o 2º CAMPEONATO NACIONAL DE JOGOS MATEMÁTICOS,

que contou com a participação de uma equipa do ECB constituída

por:

Os alunos, acompanhados pelos professores Maria José Ribeiro

e Acácio Castelhano, tiveram um comportamento exemplar e uma

prestação notável no campeonato, tendo-se sagrado Campeã Nacional

de Ouri, 3º Ciclo do Ensino Básico, a aluna Daniela Sousa, do 9º F, e

Vice-Campeão Nacional de Hex do Ensino Secundário o aluno Carlos

Louro, do 12º D.

Os prémios atribuídos foram, respectivamente, um computador e

uma máquina fotográfica digital. De referir que estiveram envolvidas

200 escolas e cerca de 1000 alunos.

Acácio Castelhano, professor

ALUNOS DO ECB NO CAMPEONATO NACIONAL DE JOGOS MATEMÁTICOS

CAMPEÃ NACIONAL E VICE-CAMPEÃO

JOGO CATEGORIA NOME Nº TURMA

OURI 3º Ciclo EB Daniela Sousa 6 9ºF

AMAZONAS 3º Ciclo EB Alexandre Ferreira 3 7ºI

AMAZONAS Secundário Verónica Amado 24 10ºA

HEX 3º Ciclo EB André Costa 1 9ºC

HEX Secundário Carlos Louro 6 12ºD

Page 6: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA6

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

O que é que eu sinto pela escola? Muita

gente me tem feito essa pergunta e eu nunca

sei o que responder. Sinto que tenho muita

sorte por estar aqui no ECB, a escola é boa,

a minha turma é fantástica e os professores

também são bons. Esta escola é muito diferente

daquela a que eu estava habituada no meu

país. É muito maior, tem aproximadamente

dez vezes mais alunos, e as pessoas falam

português e não islandês... Penso que, apesar

de ainda nem sempre perceber o que se

passa nas aulas, tenho aprendido imenso. A

escola tem um espírito muito aberto e o apoio

aos alunos e entre os alunos é constante.

Nem toda a gente seria capaz de acolher

tão afectuosamente um estrangeiro vindo

dum país algures a meio caminho do fim do

mundo, que não falava uma única palavra da

sua língua, e de, imediatamente, o ajudar e o

fazer sentir-se em casa.

Tenho ainda uma recordação viva do meu

primeiro dia aqui na escola. Eu não conhecia

ninguém e estava absolutamente aterrada,

a escola tão grande... tantas caras... tantos

olhos curiosos... tive vontade de fugir e

esconder-me. Mas agora que já me habituei

aos olhos curiosos e que os olhos curiosos já

se habituaram à minha presença, até gosto

disto e chega a ser uma sensação estranha

pensar na minha escola na Islândia, com

cem alunos e oito salas de aula. Quase nem

acredito que o tempo voou, e que uma boa

parte desse tempo foi passado aqui no ECB.

Esta escola deu-me um apreciável capital

de experiência de vida, no qual se incluem

alguns bons amigos e professores pacientes

e prontos a ajudar, que têm com a minha turma

uma relação afectiva bem visível. Às vezes

dizem ou fazem coisas que nos põem a rir e eu

aprecio esses momentos, embora nem sempre

entenda a piada. A escola também me deu

oportunidade de aprender esta língua difícil

que é o Português, pondo à minha disposição

aulas de apoio, que me têm ajudado bastante.

Tenho consciência do que esta escola tem

feito por mim e considero que, a avaliar pela

minha experiência, qualquer estrangeiro será

aqui bem recebido. Em nenhum momento

senti alguma espécie de discriminação ou

desagrado em relação a mim, nem mesmo no

início, quando todos sentíamos ainda alguma

timidez. Fiz muitos amigos e posso dizer que

alguns deles parecem ter feito sempre parte

da minha vida.

Muitos estudantes de programas de

intercâmbio queixam-se das escolas, da

dificuldade em fazer novos amigos, da falta de

apoio no que se refere à língua, e de outras

situações desagradáveis. Quanto a mim,

não tenho queixas, a não ser ter de apanhar

o autocarro das oito e depois estar noventa

minutos à espera da primeira aula... mas isso

também não é assim tão mau!

Sem dúvida, esta escola tem tido um

enorme papel na minha experiência e é difícil

acreditar que, em breve, deixarei todos os

que me receberam tão amigavelmente e me

têm ajudado nestes últimos sete meses. Tem

sido um lugar fantástico para viver e estudar.

Gostaria de formular um desejo a todos os

estudantes de programas de intercâmbio: que

nas vossas aventuras pelo mundo tenham

tanta sorte como eu estou a ter.

Eva Ösp, 12º J

(aluna islandesa a frequentar o 12º Ano ao

abrigo do Programa Intercultura)

O QUE SINTO PELA ESCOLA

ECB VISTO POR ALUNA ISLANDESA

Em Taizé, no Sul da Borgonha, França,

encontra-se a comunidade ecuménica

internacional fundada em 1940 pelo irmão

Roger. Actualmente, a comunidade

tem cerca de uma centena de

irmãos, católicos e de diversas

origens evangélicas, vindos de

mais de vinte e cinco países. Nesta

vivência em comum comprometem-

se para toda a vida na partilha dos

bens materiais e espirituais, no

celibato e numa grande simplicidade

de vida. Subsistem apenas do seu

trabalho, não aceitando donativos

nem presentes, e alguns dos irmãos

vivem em pequenas fraternidades,

no meio dos mais pobres.

Desde 1950, milhares de jovens

dirigem-se todos os anos a Taizé para

participar nos encontros de oração e

de reflexão que têm lugar semana

após semana. Os irmãos de Taizé

efectuam também visitas a outros

países e continentes: África, América do Sul e

do Norte, Ásia e Europa, animando pequenos

e grandes encontros, que fazem parte de uma

«peregrinação de confiança na terra».

Em Dezembro de 2004, o encontro do

continente Europeu realizou-se em Portugal.

Os jovens que vieram dos vários países ficaram

alojados em casas de famílias de Lisboa e

arredores. Nos cinco dias durante os quais

decorreu o encontro, o clima de anonimato

e de desconfiança da grande metrópole foi

ultrapassado por um ambiente de abertura e

hospitalidade.

Há já alguns anos que alunos do Externato

são acolhidos na comunidade de Taizé,

em França. A viagem é dinamizada pelos

professores de Educação Moral e Religiosa

Católica, e nela participam os alunos inscritos

na disciplina, professores, e até encarregados

de educação. De um domingo até ao domingo

seguinte, cada um é convidado a entrar no

ritmo da vida comunitária: reunir-se com

os irmãos três vezes por dia para a oração,

juntar-se com pessoas de outros países para

os encontros, as refeições, as discussões em

pequenos grupos e diversos trabalhos.

A intensidade das relações e das

amizades que se constroem em Taizé

é tão forte que no dia do regresso

custa-nos sempre deixar para trás

aquele ambiente, os novos amigos

e a cumplicidade que se constrói na

oração comunitária e nas tarefas em

grupo.

Em Taizé, a vivência do silêncio a

meditação interior e o voluntariado

levam-nos a descobrir que podemos

ser sinais de esperança neste mundo

em que a ansiedade e o cansaço

conduzem as pessoas a valorizar os

aspectos que nos tornam diferentes

e a descurar os que nos unem e nos

dão esperança.

Hoje, no mundo inteiro, o nome

de Taizé evoca paz, reconciliação,

comunhão e a espera de uma

Primavera da Igreja: «Quando a Igreja escuta,

cura e reconcilia, ela torna-se naquilo que é

no mais luminoso de si mesma: límpido reflexo

de um amor». (irmão Roger).

Vera Catarino, professora

A COMUNIDADE DE TAIZÉ

Islândia

Page 7: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA 7

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

No dia 25 de Fevereiro, pelas 16 horas,

partíamos da Benedita, mas antes fomos à

igreja, fazer uma breve oração. Estávamos

todos nervosos e ansiosos, afinal a viagem

demorava 22h e íamos estar dez dias sem

os nossos pais, num sítio desconhecido.

Ninguém o dizia, mas acho que muitos de nós

estávamos com medo de que Taizé fosse uma

desilusão.

As primeiras horas no autocarro foram

animadas, com a ajuda dos nossos colegas

que já tinham ido no ano anterior, o João

Prisciliano, o Telmo Coito, o Valter Bernardo

e o Alexandre Peralta. Para além da música

e de termos visto vários filmes, também

fizemos uma breve auto-apresentação, pois,

apesar de nos conhecermos quase todos, iam

também connosco seis alunos de Alcobaça.

Mas, passadas algumas horas, já se ouvia:

“Estou cansado! Nunca mais chegamos?”

Até que vem uma paragem e todos, incluindo

os que vinham a dormir, saíram para ir ver

nevar. Estávamos em Espanha, numa área de

serviço muito frequentada por portugueses,

daí que a televisão estivesse sintonizada

na TVI. Mas não ficámos muito tempo. Após

breve descanso, retomámos a viagem e quase

todos adormeceram.

Quando acordámos, de manhã, já tínhamos

passado os Pirinéus e estávamos em França.

Depois de 22 horas de viagem, pensámos

que estávamos quase a chegar, mas logo

nos tiraram essa ideia da cabeça, pois o

Valter informou-nos de que ainda faltavam

duas horas. Toda a gente desanimou e já só

pensávamos em dormir numa cama e tomar

um banho.

Mas quando chegámos a Cloney voltámos

a animar: já só faltavam 10 km. Finalmente

chegámos. Era um sítio maravilhoso,

sossegado, tão verde, tão bonito, que até

parecia um sonho! Depois de nos informarem

acerca das instalações, fomos para as

camaratas. Estas eram confortáveis e tinham

aquecimento, o que sabia muito bem, pois lá

fora estava frio.

E os dias foram passando, muito rápidos.

Antes de irmos para Taizé, parecia-nos que

a nossa estadia seria longa. Mas lá, os dias

passavam e nós nem dávamos por isso.

Todos os nossos problemas eram esquecidos

e não nos faziam falta coisas que aqui

parecem indispensáveis, como por exemplo

o telemóvel, a televisão, os computadores, a

Internet… Lá não sentíamos a falta deles.

As orações, que toda a gente achava

que iam ser um desperdício de tempo, eram

fantásticas, assim como os cânticos e os

momentos de silêncio que nos faziam reflectir

e nos ajudavam a tomar certas decisões.

Uma coisa muito importante em Taizé é

a união: o facto de ficarmos a conhecer as

pessoas de uma maneira diferente tornava-

nos mais unidos. À noite, normalmente,

fazíamos pequenas festas. As mais divertidas

eram as portuguesas, e isso deixava-nos

alegres, pois era muito bom estar ali a cantar

em português, com os estrangeiros a ouvirem-

nos e a divertirem-se com a nossa música.

Quando saíamos destas festas, muitas vezes,

estava a nevar e travávamos lutas de neve.

Conhecemos também gente de muitos sítios

diferentes, americanos, alemães… E também

criámos laços de amizade muito fortes com

portugueses, pois nesse encontro de Taizé

encontravam-se jovens de outras escolas de

Portugal.

Outra coisa que relembramos é a comida.

Esta não era nada de especial, mas com o

passar dos dias íamo-nos habituando.

Taizé tem sítios fantásticos, por exemplo

o lago do silêncio, onde não se devia fazer

barulho, pois era um lugar de reflexão, e a

cascata, que era a mais bonita que eu já tinha

visto.

O mais complicado dos 10 dias em Taizé

foi a despedida. Estávamos tão unidos e,

para além disso, tínhamos conhecido tantas

pessoas, que a única ideia que nos passava

pela cabeça era que nunca mais as veríamos.

Uma destas pessoas, muito corajosa e

simpática, é a Beatriz, voluntária em Taizé há

8 meses. Tínhamo-la conhecido à noite, num

dos nossos trabalhos de voluntariado.

A viagem para a Benedita foi rápida, mas

sempre que tínhamos paragens tentávamos

esperar pelos autocarros onde viajavam os

nossos novos amigos do Porto, Coimbra e

Lisboa. Até que chegámos à Benedita, onde

nos aguardavam, com cartazes a desejarem-

nos as boas-vindas, as alunas que tinham ido

no ano anterior a Taizé.

Hoje, para recordar Taizé, todas as

segundas-feiras temos orações na igreja da

Benedita, e um irmão português de Taizé já

nos veio visitar. Foi uma viagem espectacular

e por isso, em nome de todos os alunos que

foram agradeço aos nossos professores e à

nossa psicóloga, Dra. Margarida, por nos terem

proporcionado esta viagem inesquecível.

Taizé é um sítio único que todos nós

queremos voltar a visitar!

Tânia Alves, 10º E

A NOSSA EXPERIÊNCIA EM TAIZÉ

Decorreu entre os dias 8 e 12 de Maio

a Semana Missionária Paulista. O Padre

Rui Tereso esteve presente no Externato

Cooperativo da Benedita, apresentando esta

congregação evangelizadora, a qual assume

o exemplo de vida deixado por S. Paulo.

Estes missionários, através dos meios de

comunicação social, apresentam uma nova

forma de transmitir a palavra de Deus,

seguindo os passos do fundador, Padre Tiago

Alberione, utilizando todos os meios para dar

a conhecer Cristo ao mundo.

A temática, trabalhada nas aulas de

Educação Moral e Religiosa Católica, incluiu

uma exposição preparada pelos alunos desta

disciplina.

Vera Catarino, professora

SEMANA MISSIONÁRIA PAULISTA

Page 8: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA8

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

O Sorriso Amigo é uma Associação de

Solidariedade que se destina a ajudar as

pessoas mais carenciadas da zona da

Benedita, abrangendo, hoje em dia, também

as zonas de Turquel e do Vimeiro.

Surgida há seis anos, a associação,

inicialmente um projecto, teve como fundadores

os alunos do 12º J do ano lectivo de 2000-

2001. A principal motivação destes alunos foi,

como a sua Directora de Turma, a Dra. Ana

Paula Rocha, recorda, o desejo de realizar uma

Área-Escola «em que não se gastasse muito

papel e onde lhes fosse permitido intervir na

sociedade, ajudando os outros». Nasceu assim

o Sorriso Amigo. Sob orientação da Dra. Ana

Paula Rocha, os alunos ergueram um projecto

que tem sido continuado, todos os anos, por

diversas turmas, que se propõem colaborar,

levando por diante esta iniciativa solidária.

Apesar de

se deparar com

d i f i c u l d a d e s ,

a Associação

tem vindo a

d e s e n v o l v e r - s e

através das suas

campanhas, como

a venda de postais

e de canetas para

angariação de

fundos, e da recolha

de alimentos na

época de Natal,

permitindo assim

combater a

pobreza, muita

dela envergonhada

e escondida,

existente na

zona da Benedita.

Actualmente, a Associação ajuda 210 famílias

carenciadas, indicadas pelos coordenadores

de zona ou pelos priores, mantendo-se fiel

aos seus princípios fundadores. Presta auxílio

a nível económico, como no pagamento

de rendas de casa ou de livros escolares,

bem como a nível alimentar, com a habitual

distribuição de alimentos no Natal.

Nada disto teria sido possível sem a ajuda

de parceiros que se unem a esta Associação

para ajudar a erradicar ou diminuir o flagelo da

pobreza. São esses parceiros o Agrupamento de

Escolas da Benedita, o Grupo de Voluntariado

Juvenil e o Centro Paroquial Social.

É importante realçar que existe um padrão

pelo qual a Associação rege toda a sua

dinâmica: maioritariamente, ajuda famílias com

poucos rendimentos, de agregados medianos

ou de extensão significativa; e também, em

número substancial, pessoas idosas que,

vivendo sozinhas, têm poucos recursos e

representam os pontos mais frágeis desta

acção.

Tanto a comunidade escolar como a

comunidade extra-escolar podem e devem

ajudar, pois só com o apoio de todos se

conseguirá acabar com a pobreza.

Texto produzido pelos alunos do 12º J de

2005-2006, no âmbito do seu projecto de

Área-Escola

DE PROJECTO A ASSOCIAÇÃOSORRISO AMIGO

O Dia do Francês realizou-se a 23 de

Fevereiro, na cave do C.C.G.S. e, à

semelhança de anos anteriores, teve como

ponto alto o desfile de personalidades

alusivas à cultura francesa.

Esta actividade esteve aberta

à participação de todos os alunos que

frequentam a disciplina de Francês, quer

no Ensino Básico quer no Secundário,

contando com o empenho de cerca de 100

alunos distribuídos por 16 equipas. Visa,

essencialmente, proporcionar momentos

de descontracção e convívio entre alunos e

professores, promovendo simultaneamente,

e de uma forma lúdica, a divulgação de

aspectos da cultura francesa.

No decurso do desfile, que se

revelou bastante animado, o júri procedeu

à votação, exibindo cartões numerados de

1 a 10. Saíram vencedores «Os mecânicos

da Citroёn», pelos alunos do 7º J, seguidos

dos «21 Dálmatas», pelo 9º B e, em 3º

lugar, classificou-se o costureiro «Jean-Paul

Gaultier», interpretado por alunos do 7º A.

Estas três equipas receberam livros, como

prémios, e a cada participante coube ainda

uma pequena lembrança.

Foram também entregues os prémios

referentes ao concurso inter-turmas da

melhor carta de amor em Francês.

Paralelamente ao desfile, foi

apresentada uma mostra da gastronomia

francesa, com elaboração e venda de

crepes a cargo dos alunos do 7º A e da sua

professora de Francês.

DIA DO FRANCÊS

A 4 de Maio, decorreu na nossa escola o Dia da Informática, que integrou diversas actividades.

O Karaoke teve a participação de alunos de diferentes anos do ECB. As Aplicações Multimédia, realizadas pelos alunos do 12º e do 11º Ano de Informática, bem como os projectos de Área Escola do 12º do Curso Tecnológico de Informática, tiveram como público-alvo alunos de escolas do Agrupamento da Benedita. Estiveram presentes as EB1 da Azambujeira, Benedita, Cabecinha, Louções e Ninho de Águia, bem como as Pré-Primárias da Benedita e Cabecinha. Contámos também com a participação dos meninos mais pequeninos do Centro Paroquial da Benedita e da “Escolinha da Bel”.

Decorreu ainda um colóquio destinado aos alunos do 9º Ano, para divulgação dos novos Cursos Tecnológicos de Informática. Este colóquio teve como dinamizadores os professores Paulo Valentim e Domingos Martinho.

Lina Afonso, professora

DIA DA INFORMÁTICA

Alguns alunos que integravam o 12º J em 2000-2001 (com a directora de Turma)

Page 9: N2 - FINAL

RECRIAR O MUNDO 9

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

NEBULOSAS

Falei na construção de um foguetão de uma nave

espacial falei na energia combustível da antimatéria

nos limites do conhecimento e na extraordinária

viagem através das nebulosas

não tinha experiência suficiente para o projecto

(sempre fora muito agarrado às premissas mínimas do mundo terreno)

mas comecei a juntar parafusos encomendei várias placas

de amianto um amigo emprestou-me o computador de bordo

outro a plataforma de descolagem embora nenhum de nós

soubesse onde obter aquele combustível poderoso

e inconstante

encontrei-o hoje

no peso morto dos teus olhos

nesses olhos fartos de nada em concreto

mas incapazes de ver na poeira das estrelas

algo mais do que destroços

é preciso viajar

dir-te-ia se soubesses ouvir.

Paulo Tavares

Finalista de Línguas e Literaturas Modernas na Universidade Nova de Lisboa

blogue: http://www.atravessandooinverno.blogspot.com/

TRAZENDO NOS PÉS OS CÉUS

Trazendo nos pés os céus

A descida do eléctrico conduzia

aos céus de lisboa

por entre paredes estreitas tão concretas

como a atmosfera, e a noite

terminou num leito de silêncio

e poesia, vagarosamente.

Ao passarmos a pé pelos eléctricos

lado a lado o cheiro antigo

a óleo e metal dizia

a noite é bela

para qualquer direcção.

Levávamos um caminho descendente

empurrados pela força do universo,

atravessados pela linha do tempo,

de lado a lado convergindo

com a procura do próximo solstício,

o anoitecer perfeito

pelos meandros de palavras antigas

rumo ao destino de calçada

escolhido, lá em baixo, na avenida

os joelhos diante da linha tremendo

ou fremindo sobre a própria linha dianteira

do tempo, em expansão, íamos

tão calmamente e

por caminhos paralelos cruzando sem pressa

um sentido qualquer, na pele

em contacto com a noite cálida, em contacto

com os cabelos ao vento de vários tons,

e cabeças diferentes

O mesmo destino, a mesma ilusão

de sono que mergulha, sossegadamente,

na cama

há poesia em silêncio, pesando as pálpebras

(das sombras pupilares emergindo) de so-

nhos:

projectados nos céus de lisboa

sobre a descida da linha férrea

que levávamos nos pés

Luís Lucas, ex-aluno do ECB

O MAR

As ondas do mar

provocam erosões

nas arribas escarpadas

e em muitos corações.

Em mares e oceanos

passam belos navegadores

que têm pressa de voltar a terra

para junto dos seus amores.

De longe vejo o mar

com as suas cores suaves:

nele brincam crianças

e pousam as aves.

Ao passar pela praia

escuto sempre o mar

que no rebentar das ondas

parece estar a cantar.

Joana Couto, 10º F

Fugi.

Segui teus passos por entre a terra

Atravessei vales e oceanos

Para estar junto de ti.

Fugi.

Segui teus caminhos, enfrentei toda esta era

Lutando contra tudo e contra todos

Para estar junto de ti.

Fugi.

Segui teus rastos e acabei por descobrir

Que afinal não és ninguém,

Realmente só queria sair daqui mas não tinha coragem.

Vanessa Quitério, 12ºJ

O TEU MUNDO CHOVE NO MEU

Estou afogado

Na perfeição do passado.

Cobres de gélidas gotas

Cada conquista,

Cada alegria.

Olho para cima.

Ris-te de mim.

Por muito que suba

Não te chego.

Tenho frio.

O passado já não faz mais

Que gelar o novo Eu.

Oh velhas memórias...

Antigo eu distante.

Vieira Mcneal, 12º Ano

O SABOR DOS LÁBIOS

Em maio

comíamos nêsperas maduras

e observávamos o despontar

vermelho dos morangos

as nossas bocas

haveriam de se habituar ao fruto

recém-chegado

(ao processo natural de renovação)

mas jamais perderiam o travo doce

daquele que íamos esgotando.

Paulo Tavares

PARA QUÊ?

tentando

mergulhas no

mar do Nunca Serei,

ou conquistas não mais

que memórias inertes

como tu serás.

Para quê?

com uma mão cheia desse nada

sentes-te bem.

mas até o nada será pó.

corre com calma;

vive sem tempo;

salta mais baixo.

Vieira Mcneal, 12º Ano

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OLHAR CIRCUNDANTE10

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

Quando pretendemos enunciar

os direitos que são garantidos por

cada estado aos seus cidadãos,

falamos de direitos fundamen-

tais, em contraposição com os di-

reitos humanos que são os direi-

tos referentes a todos os homens,

porque são inerentes à condição

humana, válidos para todos os

povos e em todos os tempos, as-

sumindo assim a dimensão de

direitos naturais, e que na sua

essência são os direitos de digni-

dade e de igualdade.

Por sua vez, os direitos fun-

damentais podem ser encarados

numa perspectiva jurídico-consti-

tucional como direitos subjectivos,

ou como o conjunto dos pre-

ceitos normativos que definem

pelo lado positivo o estatuto

dos indivíduos nas sociedades

políticas. Este último sentido,

mais amplo, abrange não só os

direitos reconhecidos aos cida-

dãos, mas também as garantias

institucionais, ou seja, os prin-

cípios de organização social,

económica e política que visam

garantir o gozo efectivo desses

direitos e que, indo ainda mais

longe, incluem princípios e nor-

mas que constituem condições

objectivas de realização desses

direitos.

É com este sentido que deve

ser entendida a lei aprovada re-

centemente no Parlamento Portu-

guês e que introduz as quotas de

mulheres nos actos eleitorais. Ho-

mens e Mulheres, sendo genetica-

mente diferentes, são em termos

jurídico-constitucionais iguais.

- Todos os cidadãos têm a mes-

ma dignidade e são iguais perante

a lei.

- Ninguém pode ser privilegia-

do, beneficiado, prejudicado, pri-

vado de qualquer direito ou isento

de qualquer dever, em razão de

sexo.

- Todos os cidadãos têm o di-

reito de acesso, em condições de

igualdade e liberdade aos cargos

públicos.

É isto que determina a Consti-

tuição da República Portuguesa.

Mas a igualdade perante a lei

não é absoluta nem requer em

todos os casos ou situações tra-

tamento igual. A justiça realiza-se

tratando igual o que é igual e di-

ferente o que é diferente. Daí que

o direito à diferença entre homens

e mulheres, com fundamento na

diferença genética, seja legítimo

e justo e se verifique em vários

preceitos legislativos. Mas o direi-

to à diferença é injusto e ilegítimo

quando se transforma numa dife-

rença de direitos.

A Lei que atribui às mulheres

um determinado número de luga-

res nos actos eleitorais é a ga-

rantia institucional, o princípio de

normatização social, que visa ga-

rantir às mulheres o gozo efectivo

do direito de igualdade entre Ho-

mens e Mulheres, sendo essa lei

o instrumento de materialização

do direito.

Mas será uma lei ilegítima e

ilegal, se se constituir para as

mulheres numa diferença de direi-

tos.

Luís Castelhano, professor

TURQUEL

NA PISTA DO SIGNIFI-CADO DA PALAVRA

T u r q u e l

pode ser a

c o r r u p ç ã o

de Turuquelo

ou Turuquel,

que signifi-

ca pequeno

monte. No

seu livro,

Memorias de Turquel, José Dio-

go Ribeiro descreve a povoação

como «alargando-se (…) pelo dor-

so de uma colina que na sua parte

meridional se eleva em forma de

um cabeço». Assim, as formas an-

tiquadas Turuquelo ou Turuuqel,

designando uma pequena eleva-

ção, poderiam ser diminutivos do

vocábulo céltico Turuco, com o

mesmo significado.

Turquel poderá ser também a

corrupção de Tutur ou Tururquela,

que significa rola, a ave que apa-

rece na mão do menino Jesus, ao

colo da Nossa Senhora da Con-

ceição, padroeira da terra.

Uma outra versão refere que

Turquel poderia derivar das duas

palavras finais da expressão «mia

siora turo quer» (minha senhora

tudo quer). Esta expressão era

atribuída à escrava de uma dama

abastada e muito exigente no ser-

viço que exigia da serva.

Ana Vicente, 12ºJ

Ser tolerante é, não só uma

virtude cívica, mas também um

dos valores fundamentais con-

signados na Declaração dos Di-

reitos do Homem. Não podemos

pôr em causa o direito à diferen-

ça, mas podemos questionar-

nos sobre as consequências da

abertura cultural, da coexistên-

cia de pessoas e tradições pro-

venientes de diferentes culturas

num mesmo espaço físico – o

multiculturalismo. Qual será en-

tão o seu impacto? O direito que

cada um tem à diferença levará

a uma atitude de respeito activo

pela diversidade? Ou pelo con-

trário conduz à globalização de

costumes e à perda de identida-

de cultural?

As novas tecnologias de in-

formação e comunicação le-

vam-nos cada vez mais a viver

na chamada “aldeia global”. O

contacto com outras culturas

vai além do espaço físico, pois

podemos nunca ter visitado um

certo país e termos conhecimen-

to e respeito pela sua cultura e

sofrer a sua influência. Pode-

mos até afirmar que não existe

qualquer região do planeta que

possa fechar-se aos ventos da

internacionalização.

Existem ainda grandes mo-

vimentos migratórios perma-

nentes, os quais modificam

profundamente o perfil étnico e

demográfico de várias nações.

Cidades como Londres, Paris e

Nova York são exemplos gritan-

tes de locais onde convivem dia-

riamente milhares de pessoas

que provêm dos mais diversos

cantos do mundo, pessoas que

se cruzam, genética e cultural-

mente. Estaremos a caminhar

para uma cultura única e global,

onde imperam os mesmos valo-

res? Há muito que se discute a

necessidade de uma ética glo-

balizada, para que se possam

fazer cumprir os direitos funda-

mentais do Homem. Mas isso,

não implicará o desaparecimen-

to das tradições locais ou dos

elementos diferenciadores das

identidades nacionais? Veja-se

o exemplo do papel reservado

à mulher no mundo muçulmano:

tradicionalmente, o sexo femini-

no não possui quaisquer direi-

tos, e isto vai contra aquilo que

nós, ocidentais, consideramos

legítimo. Não será benéfica uma

influência global que possa aca-

bar com este facto? A desculpa

de que se trata de tradições,

culturas ou estilos de vida dife-

rentes não invalida a necessi-

dade de uma mudança. Estaria

um país muçulmano a prescindir

da identidade própria se abris-

se à mulher o direito ao voto?

Se respeitasse a sua dignidade?

Não! Estaria a evoluir. Porque a

cultura não é algo estático, mas

algo a desenvolver, e o contac-

to entre diferentes culturas deve

servir como elemento cataliza-

dor desse desenvolvimento, ou

seja, é precisamente através do

choque de ideias que se gera a

luz necessária para encontrar o

caminho mais correcto.

O argumento daqueles que

defendem que podemos estar a

sofrer uma aculturação, sobre-

tudo americana, pela força que

este país tem em termos econó-

micos, pondo em risco a nossa

própria cultura, não é válido; a

prova reside na racionalidade

do homem, na capacidade crí-

tica inerente a todos, na nossa

condição de seres inacabados,

na capacidade de aproveitarmos

aquilo que cada cultura tem de

melhor, para que nos possamos

construir enquanto pessoas. E é

a partir desta atitude individual

que se podem construir socie-

dades mais justas, com valo-

res universais e, portanto, mais

evoluídas.

Margarida Costa, 11ºE

TOLERÂNCIA MULTICULTURAL, DIVERSIDADE OU UNIFORMIZAÇÃO?

O direito à diferença, a diferença de direitos

QUOTAS DE MULHERES NAS LISTAS ELEITORAIS

Page 11: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA 11

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DO INSTITUTO NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO

Entrevista ao

“…estou ligado a esta instituição desde o seu início, dado que fi z parte da primeira turma de alunos que frequentou o Ensino Nocturno.”

O actual Presidente da Direcção da

Cooperativa é o Sr. António Serrazina Mendes,

natural da Benedita. Foi um dos primeiros

alunos do Externato Cooperativo da Benedita,

e desde então manteve-se sempre ligado

à Instituição. Actualmente desempenha a

profissão de Técnico Oficial de Contas.

Há quanto tempo é membro dos

órgãos sociais da Cooperativa?

Trace-nos um pouco da sua

história enquanto membro.

Antes de responder propriamente

à vossa pergunta, quero referir que

estou ligado a esta instituição desde

o seu início, dado que fiz parte

da primeira turma de alunos que

frequentou o Ensino Nocturno. Mais

tarde, como funcionário, trabalhei

alguns anos na Secretaria, na área

da contabilidade.

Respondendo agora à pergunta,

devo dizer que faço parte dos órgãos

sociais da Cooperativa há já bastante

tempo, colaborando com os restantes

elementos, tendo sido o período mais

intenso aquele em que decorreu o

lançamento e construção do Centro

Cultural Gonçalves Sapinho.

Como se processa a eleição dos

órgãos sociais?

Os órgãos sociais são eleitos

em Assembleia Geral, devidamente

convocada para esse fim, sendo que

na lista dos órgãos da Direcção tem

de constar, pelo menos, 50% dos elementos

que faziam parte da lista anterior.

Quais as funções do presidente?

O presidente da Direcção tem a função de,

em colaboração com os restantes membros,

gerir toda a actividade administrativa da

Cooperativa. Para a execução da sua

actividade, tem uma grande colaboração da

Direcção Pedagógica do Externato, que é

sempre uma presença efectiva e um elo de

ligação entre a área pedagógica e a Direcção

da Cooperativa.

Como se sente neste novo cargo?

O cargo de Presidente da Direcção, que

exerço há cerca de um ano, tem, para mim, um

grande sentido de responsabilidade. Embora

conheça bem a realidade desta instituição,

estou consciente de que, no tempo actual, não

é fácil enfrentar a diversidade de desafios com

que nos deparamos, mas tudo tenho feito e

continuarei a fazer, para levar por diante esta

tarefa.

Quais os principais problemas com que

se tem debatido?

Ao longo deste primeiro ano, não houve

grandes problemas. Além do período de

tempo ser ainda bastante curto, houve sempre

um grande apoio dos restantes membros da

Direcção e de outros órgãos sociais, assim

como da Direcção Pedagógica do E.C.B.

Como vê o futuro da Cooperativa? Que

projectos gostaria de ver desenvolvidos?

Vejo o futuro da Cooperativa com alguma

apreensão porque, cada vez mais, há

concorrência de outras escolas, e a baixa de

natalidade, que se faz sentir no nosso país,

poderá levar a uma considerável redução do

número de alunos, o que certamente não será

bom para a instituição.

Quanto à segunda parte da pergunta,

permita-me que faça minhas as palavras do

Sr. Director Pedagógico, Dr. Alfredo Lopes,

quando, no Editorial do n.º 1 deste jornal,

refere “O projecto educativo do Externato

Cooperativo da Benedita aponta para uma

escola de projectos, muitos deles voltados

para a comunidade.” Estou receptivo a este

tipo de projectos e todos apoiarei dentro das

possibilidades da instituição,

mas o meu maior desejo é que,

para além de todos os projectos

extracurriculares que se vão

desenvolvendo, permaneça

sempre aquele ou aqueles que

conduzam, cada vez mais, a

uma boa qualidade do processo

ensino/aprendizagem, de modo

a que a nossa escola continue

a ser, e se possível a melhorar,

a referência que é na região.

Para tal, continuaremos a

apostar na formação dos nossos

professores.

Como poderá a escola estar

mais ligada ao meio?

Penso poder afirmar, sem

qualquer dúvida, que a nossa

escola esteve sempre aberta ao

meio em que está inserida, embora

consciente das limitações que nos

impedem de dar uma resposta

cabal a todas as solicitações.

Neste ponto, registo com grande

satisfação o lançamento, recente,

deste jornal que tem como grande

objectivo ser um elo de ligação

escola/meio. O nosso Centro

Cultural, que muito nos orgulha, é uma obra

que, desde o início, foi pensada tendo em

conta não só a Cooperativa, como também

todo o meio envolvente, dispondo, entre outros,

de um grande espaço onde são realizadas

diversas actividades de carácter sociocultural,

e uma boa biblioteca que se encontra aberta

ao público.

Como actividades ligadas ao meio, devo

referir o Sorriso Amigo, o Teatro, o Futsal,

o Xadrez, o Judo, a Feira do Livro e outras,

de que fazem parte elementos extra-escola.

Assim, é minha intenção, e de toda a restante

Direcção, manter e continuar a apoiar todas

estas actividades.

Agradecemos a atenção dispensada e

desejamos que neste mandato consiga

concretizar todos os objectivos e todos

os projectos que envolvam a comunidade

educativa.

Page 12: N2 - FINAL

ARTE E CULTURA12

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

Os alunos de Artes Visuais do ECB assis-

tiram ao despertar da Primavera no parque

e jardins da Fundação Serralves, no Porto,

contemplando ao mesmo tempo a arquitec-

tura da Casa Rosa, no seu estilo art deco,

da autoria de Jacques Gréber, e o edifício do

Museu de Arte Contemporânea, do arquitec-

to Siza Vieira.

Casa de Serralves

No edifício da Casa da Música, assinado

pelo arquitecto Rem Koolhaas, fizemos uma

visita guiada que nos possibilitou um contac-

to com todos os espaços e uma descrição

minuciosa das escolhas e opções do arqui-

tecto e da sua equipa de trabalho. Esta visita

foi complementada com a participação dos

alunos num workshop de composição musi-

cal e, mais tarde, assistiu-se a um concerto

pela Orquestra Nacional do Porto.

Casa da Música

A Primavera continuou a acompanhar-nos

no Museu Soares dos Reis, onde pudemos

apreciar obras do Romantismo, Naturalismo

e Modernismo Português, ao mesmo tempo

que apreciávamos, através das janelas, o

espectacular Jardim das Camélias.

Já na verdejante cidade de Amarante, ins-

talado no Convento Dominicano de S. Gon-

çalo, encontrámos o Museu Amadeo de Sou-

za-Cardoso. Os trabalhos de Souza-Cardoso

mostram-nos percursos que vão do Cubismo

à Abstracção, passando pelo Futurismo. Ao

observarmos estes desenhos e pinturas, to-

mámos consciência do grande poder criador

e da modernidade da obra deste artista.

Com esta visita, os alunos de Artes estão

agora mais ricos e despertos para valoriza-

rem a cultura e a arte portuguesa.

Museu Soares dos Reis

Jardim das Camélias

Museu de Arte Contemporânea

Os dois livros que aqui se sugerem, A

Pedagogia da Avestruz, de Gabriel Mithá Ri-

beiro, editado em 2003 e O “Eduquês” em

Discurso Directo – Uma crítica da Pedagogia

Romântica e Construtivista, de Nuno Crato,

editado em 2006, ambos pela editora Gradiva,

apresentam-nos um olhar cru mas fundamen-

tado sobre a escola actual e o nosso sistema

de ensino, estruturado em pedagogias desa-

justadas e irresponsáveis que têm revelado

resultados desastrosos na formação dos nos-

sos alunos.

O testemunho do professor Gabriel Mi-

thá Ribeiro retrata a escola, que conhece por

dentro, e a sua passividade perante os pro-

blemas que se lhe vão colocando. Também a

crítica de Nuno Crato à Pedagogia Românti-

ca e Construtivista complementa, de alguma

forma, a visão apresentada por Mithá Ribeiro,

fazendo um diagnóstico bastante detalhado

das doenças que enfermam a escola actual e

sugerindo caminhos alternativos que, de fac-

to, poderiam mudar a escola portuguesa, caso

alguém tivesse coragem de os trilhar.

Pode não se concordar integralmente com

o que estes autores defendem , no entanto, a

leitura destes dois livros poderá ser um ponto

de partida para uma reflexão séria de todos

sobre a escola que temos e aquela que gosta-

ríamos de ter.

Luísa Couto, professora

OS ALUNOS DE ARTES EM VISITA A PORTO E AMARANTE

Gosta de persona-

gens estranhas? Em

apuros? Desconcer-

tantes? Este é o livro

indicado. Numa das

histórias de Contos Va-

gabundos, (Editorial Ca-

minho, 2000), de Mário

de Carvalho, escritor

português que se tem

notabilizado na ficção

contemporânea com

obras tão marcantes

como Era Bom que Trocássemos umas Ideias

sobre o Assunto e Um Deus Passeando na Bri-

sa da Tarde, o narrador senta-se a escrever no

seu computador. De súbito, e vindas do nada,

surgem-lhe três personagens transviadas que

circulam nas imediações do teclado. Quem

são elas? Como emergiram do texto ainda não

escrito? O narrador não sabe, nem sabe como

reagir. O que acontecerá? O desenlace é insó-

lito. Leia e descubra.

Marina do Rosário, 10º F

SUGESTÕES DE LEITURA

A Pedagogia da Avestruz e O “Eduquês” em Discurso Directo

Contos Vagabundos de Mário de Carvalho

Mário de Carvalho nasceu em Lisboa, em 1944. Ad-

vogado e jornalista, publicou o seu primeiro livro,

Contos da Sétima Esfera, em 1981. Mantém, desde

então, um ritmo de publicação regular, e é conside-

rado um dos mais inovadores ficcionistas e drama-

turgos portugueses da actualidade. Entre as suas

obras, podem destacar-se:

- Casos do Beco das Sardinheiras (Contos), 1982

- A Paixão do Conde de Fróis (Romance), 1986

- Água em Pena de Pato (Teatro), 1991

- Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o

Assunto (Romance), 1995

- Se Perguntarem por Mim, Não Estou seguido de

Haja Harmonia (Teatro), 1999

- Fantasia para dois Coronéis e uma Piscina (Roman-

ce), 2003

- O Homem que Engoliu a Lua (Infanto-juvenil),

2003

BIBLIOGRAFIA - MÁRIO CARVALHO

Page 13: N2 - FINAL

ARTE E CULTURA 13

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

Estava a conversar com a minha

amiga Patrícia, quando ela disse que o

professor Saramago a tinha convidado

para participar na representação da úl-

tima peça de teatro d’Os Gambuzinos,

peça que ele próprio tinha escrito. Eu

sempre adorei tudo o que tenha a ver

com teatro, especialmente a represen-

tação! “Colei-me” à Patrícia e fiz-lhe

bastantes perguntas. Queria saber se

precisariam de mais alguém, mas ela

não me soube responder. Pedi-lhe en-

tão que perguntasse ao professor se

me deixava tomar parte na peça. En-

contrámo-nos nesse mesmo dia com

o professor Saramago e, para minha

grande alegria, ele disse que sim, que

precisava de mais alguns actores.

Logo no primeiro ensaio, adorei o

trabalho de representação. Foi como a

descoberta de uma vocação. Os Gam-

buzinos trabalharam muito para que

esta peça fosse o sucesso que foi, e

eu trabalhei como elemento do grupo e

também a sós, esforçando-me, e apren-

di muito naqueles meses de ensaio.

No dia 11 de Março, às 15.30, che-

gavam ao auditório do Centro Cultural

todos os membros do grupo, e o meu

coração começava a bater a mil à hora.

Tudo preparado! São 17 horas e vai co-

meçar – a peça Nós te Adoramos vai

estrear! Era como se tivesse um milhão

de borboletas no estômago. Mas, as-

sim que pisei o palco, uma grande cal-

ma se instalou em mim e tudo correu

muito bem.

Apesar de não ter sido a minha pri-

meira experiência de representação

para um público numeroso, posso dizer

que foi a mais marcante. E espero que

não seja a última, porque adorei e de-

sejo continuar a fazer teatro.

Daniela Santos, 10º F

Herbie Hancock

VERSATILIDADE NO JAZZ

Nascido no ano de 1940, Her-

bert Jeffrey Hancock é, com Chick

Corea e Keith Jarrett, um dos pia-

nistas mais influentes da era pós

Bill Evans.

Começou a estudar piano aos

sete anos de idade, e aos onze já

actuava como solista diante de uma

orquestra sinfónica. Em 1961 toca

com Donald Byrd e assina com a

Blue Note, lançando o seu primeiro álbum a solo em

1962. Em 1963 foi convidado por Miles Davis para in-

tegrar o famoso quinteto do qual participaram também

Ron Carter, Tony Williams e Wayne Shorter.

Em 1964, Miles Davis surgiu com uma formação

inteiramente nova: George Coleman, sax tenor; Her-

bie Hancock, ao piano; Ron Carter no contrabaixo; e

o brilhante adolescente Tony Williams na bateria. Em

1965, a chegada do talentoso saxofonista e composi-

tor Waine Shorter dá ainda mais consistência ao gru-

po. Ao lado de Shorter, Hancock, Carter e Williams,

Miles grava discos como ESP, Miles Smiles e Sorce-

rere Nefertiti; e são feitas gravações notáveis de es-

pectáculos ao vivo no Plugged Nickel Club de Chica-

go (gravações hoje restauradas, constituindo aquilo a

que Richard Cook e Brian Morton chamaram a “Pedra

de Roseta do jazz moderno”).

Hancock continuou com Miles até 1968. Durante

este período, desenvolveu igualmente uma carreira

a solo, compondo temas que fizeram sucesso, bem

como a banda sonora do filme Blow Up, de Michelan-

gelo Antonioni. Também foi passando cada vez mais

para o piano eléctrico e para os teclados electrónicos.

Diz-se que a especial propensão de Hancock para

usar a electrónica na música se deve ao facto de ter

estudado engenharia e de gostar de engenhocas e

botões.

Depois de sair do grupo de Miles, Herbie mergu-

lhou, no início dos anos 70, mais do que nunca no

funk e na música electrónica. Discos como Head Hun-

ters, de 1973, foram sucessos estrondosos. Quem

não se lembra do excelente programa de rádio Pão

com Manteiga, que abria sempre com um tema deste

álbum? No entanto, Herbie nunca abandonou inteira-

mente o jazz acústico. Prova disso é o grupo VSOP

que, no Festival de Newport de 1976, reuniu os in-

tegrantes do quinteto de Miles, tendo Freddie Hub-

bard ocupado o lugar de trompetista. Esta formação

continuou a reunir-se esporadicamente, até à morte

de Williams, em 1997. Em 1978, Hancock fez alguns

duos com Chick Corea, que resultaram no celebrado

disco Corea Hancock.

Durante os anos 80 e 90, o versátil Hancock conti-

nuou a alternar a fusão de influência funk com o jazz

acústico moderno, a fazer bandas sonoras para filmes

(como Round Midnight, de Bertrand Tavernier), aproxi-

mou-se da pop, do R&B e da música africana. Mesmo

em contextos tão diversos, Herbie sentia-se em casa,

e continuava a criar a sua multifacetada música.

Quem pretender ter uma ideia da versatilidade

de Herbie, ouça The Essential Herbie Hancock, um

álbum duplo que recorda 40 anos de música deste

grande pianista. O CD foi lançado em 21 Fevereiro

de 2006!

José Cavadas, professor

A Grécia foi o “berço” da democra-

cia. Aqui nasceu este sistema político,

e aqui entrou em decadência. Contu-

do, muitos séculos mais tarde, “res-

suscitou”, com novos contornos, e foi

ganhando cada vez mais força. O apa-

recimento sucessivo de novos

regimes democráticos e o

consequente respei-

to pelas diferenças

de opinião levou

também a uma

“ressurreição” da

retórica, parale-

lamente utiliza-

da na resolução

de problemas do

dia a dia.

Assim, tendo

em conta que em

regimes democráticos a todos compe-

te a resolução de questões quotidia-

nas, é necessário encontrar formas de

consenso que passam pelo uso da pa-

lavra, ou seja, da argumentação, daí

o facto de a retórica ser actualmente

vista como modelo de resolução de

questões prioritárias.

No entanto, para que a argumen-

tação possa resultar enquanto forma

democrática de resolver problemas,

há que ter em conta certos aspectos:

repudiar o dogmatismo e a aceitação

de verdades únicas, visto que sobre

o mesmo assunto pode haver várias

perspectivas; promover o exercício do

diálogo e a defesa fundamentada das

nossas opiniões; valorizar a racionali-

dade intersubjectiva, reconhecendo o

valor das soluções colectivamente en-

contradas, mas sem perder de vista a

individualidade de cada um; e

instigar à participação

de todos na resolu-

ção dos proble-

mas.

D e s t a

forma, res-

peitando os

aspectos an-

t e r i o r m e n t e

referidos, as

pessoas po-

dem procu-

rar soluções

através da discussão, assumindo-se

como seres empenhados, tolerantes,

responsáveis e críticos.

Na minha opinião, este é o me-

lhor sistema político entre os que exis-

tem actualmente, o que também se

comprova pelo facto de cada vez mais

nações o terem vindo a adoptar.

Mauro Luís, 11º A

O mehor sistema político

RETÓRICA E DEMOCRACIA NA ACTUALIDADE

TEATRO – UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA

Page 14: N2 - FINAL

OLHAR CIRCUNDANTE14

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

Hoje, mais do que nunca, os

imigrantes sofrem muitos precon-

ceitos, são tratados com despre-

zo e xenofobia, são acusados de

ocupar os lugares no mercado de

trabalho que deveriam pertencer

aos cidadãos do país de acolhi-

mento. Mas, mesmo que os imi-

grantes ocupem algumas vagas

no mercado de trabalho, estão

no seu direito de tentar mudar

de vida, de recomeçar uma nova

vida em outro país.

Não só deveriam ser tratados

com respeito igual ao que mere-

cem os outros cidadãos, como

deveria ser-lhes reconhecida a

coragem e a dignidade por não

temerem o recomeço, por en-

frentarem a solidão, a saudade,

o desprezo e o preconceito. Por

não recearem conhecer novas

culturas e integrar-se nelas.

Mas a emigração não é só

uma forma de procurar vida me-

lhor, uma maneira de fugir da mi-

séria ou da violência que se sofre

no seu país. Emigrar é também

uma maneira de crescermos psi-

cologicamente, de procurarmos

o desenvolvimento pessoal e de

ganhamos uma grande experiên-

cia de vida.

Posso dar um exemplo na pri-

meira pessoa: Quando tive de

sair do meu país, o Brasil, e vim

para Portugal, era uma menini-

nha mimada e rodeada de ami-

gos “protectores”, sem nenhuma

experiência de vida. Essa experi-

ência adquiri-a quando aprendi o

que era a solidão e a dor de não

ter um familiar ou uma amiga por

perto com quem contar; o que era

andar numa rua e olhar para to-

dos os lados e não ter ninguém a

quem dizer um simples “olá”; ter

de encarar “olhares tortos”, dis-

criminação e pessoas xenófobas;

ouvir “bocas estúpidas” por cau-

sa de atitudes de outras pessoas

provenientes do meu país, mas

com as quais eu não tinha qual-

quer ligação. E levantar a cabe-

ça, enfrentar tudo isto, criar co-

ragem, ter força de vontade para

refazer a minha vida. Não teria

melhor oportunidade do que esta

para aprender a viver.

Sei que muitas pessoas pen-

sam que cada um deve ficar no

país onde nasceu, porque é lá o

seu lugar, está acostumado com

o clima, as pessoas, a manei-

ra de viver. Mas se um cidadão

nunca sair do seu país, não terá

a grande oportunidade de conhe-

cer novas culturas, pessoas com

outro modo de olhar a vida, e,

assim sendo, não alargará o seu

leque cultural, não viverá novas

experiências nem terá a chance

de experimentar outro ritmo para

sua vida.

A emigração é muito mais que

uma maneira de fugir da miséria

ou da violência e tem que deixar

de ser vista com desprezo e xe-

nofobia, para ser encarada com

admiração e respeito.

Já é hora de tratarmos os imi-

grantes de igual para igual!

Caroline Medeiros, 11º I

Corrupção – s.f. acto ou efei-

to de corromper; estado do que

se vai corrompendo; putrefac-

ção; perversão; desmoralização;

adulteração; suborno, dedução

(do latim corruptiône-,“id”). Mais

semelhanças entre a definição e

o estado do nosso país não po-

deremos encontrar: Portugal está

deveras corrupto.

Sabemos nós que os gastos

do Estado são pagos pelos con-

tribuintes e que tais gastos têm

de ter impacto na qualidade de

vida de todos. Mas não é isto que

acontece. Portugal é o país da

União Europeia onde há mais de-

sigualdade entre ricos e pobres.

“Os ricos estão cada vez mais

ricos, enquanto os pobres estão

cada vez mais pobres”, afirmou

para a “Visão” João José Fernan-

des.

É de não esquecer que, em

Portugal, um em cada cinco por-

tugueses vive no limiar da pobre-

za, sendo esta não meramente

falta de dinheiro, mas também

falta de acesso aos bens e ser-

viços que conferem dignidade à

vida de cada cidadão, e que as

cem maiores riquezas portugue-

sas representam 17% do Produto

Interno Bruto, tendo os mais ricos,

também, o controlo de 45,9% do

rendimento nacional.

Assistindo alegremente a este

desfilar de acontecimentos, a

sociedade portuguesa parece

adormecida, mostrando-se in-

consciente de tais factos, sendo

apropriado o ditado: “Quem rou-

ba pão é ladrão, quem rouba um

milhão é bom cidadão”.

Estão ainda presentes na me-

mória casos como o da filha do

ex-Ministro dos Negócios Estran-

geiros, Dr. Martins da Cruz, que

foi favorecida no acesso à Facul-

dade de Medicina, em 2003; mais

recente ainda, é a exploração de

imigrantes ilegais; a tão conhe-

cida “fuga ao fisco” de Isaltino

Morais, presidente da câmara de

Oeiras, entre outros.

A sociedade portuguesa en-

contra-se na situação de um do-

ente conduzido à sala de opera-

ções para uma operação urgente,

quando é informado de que a

equipa operatória é composta

por médicos famosos pela sua

incompetência. Assim, Portugal

está num fosso e é preciso tirá-lo

de lá. Para muitos, a solução é

tapar o fosso.

Carina, 11ºC

Ana Sofia, 11ºC

Vera Lúcia, 11ºC

Um pesadelo para uns, um so-

nho para outros, o “Big Fuck” é

uma enorme estrutura habitacio-

nal inacabada situada a poucos

metros do Externato Cooperativo

da Benedita.

O “Big Fuck”, assim apelida-

do por um jovem de Turquel há

cerca de dez anos, altura em que

pioneiramente começou a ser

utilizado como espaço de lazer

pelos alunos do Externato, foi

também frequentado por toxico-

dependentes. Porém, o edifício

tem hoje uma vida diurna bastan-

te saudável, sendo utilizado pe-

los jovens “skater’s” da Benedi-

ta, que declaram ser o único sítio

onde podem praticar a modalida-

de. Infelizmente, a escassez de

espaços desportivos públicos é

generalizada a nível nacional.

Situado na garagem do edifí-

cio, o espaço conta já com várias

rampas e todo o tipo de acessó-

rios feitos pelos próprios jovens

que, com amor à modalidade,

mantêm o espaço limpo e con-

servado.

O edifício tem tanto de gran-

deza como de contraste. Acima

da limpa cave erguem-se oito

andares onde reina a imundície.

Lixo, águas paradas, animais

mortos, paredes pintadas, portas

caídas, janelas partidas, enfim,

todo o tipo de objectos ou situa-

ções típicas de abandono e van-

dalismo.

Cenário típico dos grandes

centros urbanos, o edifício de

nome um tanto ou quanto obsce-

no, continua a contrastar com a

paisagem beneditense, e conti-

nua e continuará a ser visto pela

maioria das pessoas como um

sítio obscuro e malfadado.

Salvador Palma, 11º E

É HORA DE TRATARMOS OS IMIGRANTES DE IGUAL PARA IGUAL

CORRUPÇÃO – A SOLUÇÃO É TAPAR O FOSSO? SONHO OU PESADELO?

Page 15: N2 - FINAL

OLHAR CIRCUNDANTE 15

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

Considero a vida um bem supremo, mas

quando esta é vivida com muita dor e sofrimen-

to, já não é um bem, é um fardo! Um pesadelo!

Por isso defendo que toda a gente deveria ter

o direito de pôr termo a esse sofrimento, se

necessário recorrendo à eutanásia.

Segundo os princípios éticos, o direito à

vida não é um direito absoluto. Pode ser con-

trariado por um outro, o direito à dignidade

humana. Chamam-se os princípios da bene-

ficência e da não maleficência, ou seja, rea-

lizar uma acção para fazer o bem, ou ainda,

não fazer o mal. Muita gente anda enganada

(e a enganar-se) quando diz que não temos o

direito de pôr termo à vida, que isso é crime.

Maior crime é a distanásia, o prolongar uma

vida de sofrimento e dor, só para que aquela

pessoa não morra, para que não se separe de

nós, para que não fiquemos sem ela...Isso é

egoísmo! É o nosso egoísmo.

Para além disso, ninguém deveria ter

o direito de impedir um doente grave de se

suicidar. Visto que uma pessoa com plenas

condições físicas e mentais tem a capacida-

de e o “direito” de se suicidar. Porque é que

um doente não há-de ter esse direito? Ape-

nas porque está acamado e não se consegue

movimentar? A isto chama-se discriminação.

Se, por vezes, as pessoas se atiram de pre-

cipícios por motivos muito mais insignifican-

tes, as que sofrem de doenças incuráveis que

as impedem de levar uma vida minimamente

“normal” e sem sofrimento, também deveriam

ter esse direito. Se a única forma de o faze-

rem é recorrer à eutanásia, então porque não?

Compreendo que tirar a vida a alguém não é

propriamente um acto que se faça de ânimo

leve, mas não será muito mais cruel ver uma

pessoa sofrer e sabermos que não existe nada

que possa atenuar aquele sofrimento? Basta

pensarmos no sofrimento diário de pessoas

deitadas numa cama durante anos e anos,

sem poderem controlar o corpo, sem pode-

rem sequer controlar as funções mais básicas

como a respiração. Há até mesmo casos em

que, por se ficar na mesma posição durante

tempo indeterminado, é necessário recorrer à

amputação de membros do corpo. Isto sim, é

trágico! Isto sim, é uma tortura que provoca

um sofrimento extremo!

É claro que não se aplicaria a eutanásia em

todas as circunstâncias. Na Holanda, o primei-

ro país, a permiti-la, foi criada uma lei para se

definirem as situações em que se poderia pra-

ticar a “morte assistida”. O paciente deve so-

frer de doença incurável ou estar sujeito a uma

dor ou situação insuportável, que não possam

ser revertidas; deve estar consciente de todas

as opções médicas existentes, e ouvir sempre

uma segunda opinião médica. Segundo a lei

holandesa, o pedido para morrer deve ser fei-

to de forma voluntária, persistente e indepen-

dente. Existe também a hipótese do paciente

deixar o pedido por escrito a um médico, antes

de entrar em coma. Se em Portugal a eutaná-

sia fosse legalizada e fossem estabelecidas

leis semelhantes a esta, a dignidade humana

seria preservada e a eutanásia aplicar-se-ia

apenas em casos muito específicos.

Em suma, não querendo, de forma alguma,

apoiar a prática do suicídio, defendo que a eu-

tanásia deve ser legalizada, para que “a morte

assistida” possa ser praticada de uma forma

correcta e com o mínimo de sofrimento para o

doente, para quem representa a “luz ao fim do

túnel”, pois é a única solução para o libertar

do sofrimento.

Daniela Luís Rebelo, 11ºA

A violência doméstica, fí-

sica ou psicológica, é, em

qualquer situação, um com-

portamento condenável e sem

justificação possível. Atitudes

violentas e intolerantes devem

ser reprovadas socialmente

e desencorajadas, cabendo

a todos nós denunciá-las e

apoiar as vítimas. Vivemos

num mundo onde a violência

é muitas vezes legitimada,

o que acaba por justificá-la.

Mas não se pode justificar o

que não tem justificação!

A violência doméstica é

exercida contra mulheres,

crianças e homens, embora

os grupos que mais a sofrem

sejam os dois primeiros, até

porque a sociedade continua

a ser dominada por uma men-

talidade machista, segundo a

qual os homens detêm o po-

der, quer em casa quer no tra-

balho. E também porque são

fisicamente mais fortes, a vio-

lência é mais frequentemen-

te exercida pelos homens.

Quando são vítimas de práti-

cas violentas, os homens so-

frem-na sobretudo em termos

psicológicos. Ora a violência

psicológica, embora não dei-

xe marcas visíveis, é tão cruel

como a física.

Porque se recorre à violên-

cia para resolver problemas,

quando poderiam ser resolvi-

dos através do diálogo? Por

“incapacidade” de ser tole-

rante e dialogante? Porque é

mais “fácil” usar a violência do

que ser racional? A violência

doméstica, como qualquer ou-

tro tipo de violência, é sempre

uma resposta incorrecta para

a resolução de problemas. É

o abuso de poder dos mais

fortes sobre os mais fracos,

sobre os dependentes (eco-

nómica e emocionalmente),

os que não podem ou não sa-

bem defender-se. Depois da

agressão vem a dor, o medo

e a vergonha, o que impede

muitas vítimas de denunciar

os agressores. É como um

círculo vicioso, quanto maior a

agressão, maior é a vergonha

de a denunciar, e quanto mais

elevado é o nível social, mais

essa vergonha aumenta.

Este problema afecta fa-

mílias de todos os estratos

sociais, não incidindo apenas

em grupos económica e cul-

turalmente desfavorecidos,

como erradamente por vezes

se pensa. As famílias onde

este problema se regista ficam

desfeitas, e as vítimas sofrem

longamente os efeitos, princi-

palmente a nível psicológico.

As crianças – vítimas direc-

tas ou indirectas – tendem a

crescer com desequilíbrios

emocionais, tornando-se, por

vezes, elas próprias, também

violentas.

Embora em Portugal estas

práticas sejam puníveis por

lei, nem sempre as vítimas

sentem que foi feita justiça,

nem sempre as vítimas se

sentem apoiadas. É importan-

te, por isso, que todos nos em-

penhemos para resolver este

problema. Enquanto existirem

vítimas de violência domésti-

ca ao nosso lado, é como se

também nós fôssemos víti-

mas. Temos de ser mais soli-

dários com os outros, até que

estes comportamentos não

sejam mais que a lembrança

triste de uma sociedade retró-

grada e doente.

Rita Castelhano, 12ºH

Violência Doméstica

NÃO SE PODE JUSTIFICAR O QUE NÃO TEM JUSTIFICAÇÃO

A EUTANÁSIA E SUA LEGALIZAÇÃO

LIBERDADE DE IMPRENSA

Os primeiros meses deste ano foram

marcados pela violência e por protestos em

consequência da publicação dos cartoons

de Maomé num jornal da Dinamarca.

Estes cartoons geraram polémica, con-

trovérsia e indignação, pois puseram em

causa a liberdade de imprensa e de expres-

são a que todos nós temos direito. Desen-

cadearam-se centenas de manifestações,

e algumas resultaram em vários feridos

e mesmo em algumas mortes. Em certos

países, cujos jornais publicaram as carica-

turas, os responsáveis foram despedidos

e os dirigentes apresentaram pedidos de

desculpas aos islâmicos, mas nada parecia

acalmar a situação.

A liberdade de expressão é um dos mais

importantes direitos do indivíduo e, embora

certas publicações possam ser ofensivas

para alguns, as pessoas devem recorrer

aos meios legais de que dispõem para pro-

testar. Toda a gente tem o direito de ficar

indignada e de manifestar a sua indigna-

ção, desde que não recorra à violência.

Deveriam os cartoons ter sido publica-

dos? Na minha opinião: Sim. Poderiam as

pessoas mostrar-se indignadas? Sim. É

preciso andar aos tiros por causa disso?

Não!

João Costa, 9ºE

Page 16: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA16

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

Durante 8 meses, professores e alunos

trabalharam fora do horário de aulas para

preparar este espectáculo. “É o único espec-

táculo que consegue envolver um elevado

número de alunos a participar, bem como

toda a comunidade escolar e da Benedita”,

explica Rita Pedrosa, professora de educa-

ção física, e acrescenta “é uma forma de

mostrar todo o trabalho que é realizado pelo

grupo de Educação Física ao longo do ano

lectivo, os alunos aderem com facilidade às

actividades propostas no início do ano. Des-

de o Desporto Escolar, ao Clube Estapafúr-

dio e às actividades do grupo”.

Para que os alunos possam preparar, du-

rante quase todo o ano lectivo, esta noite,

as famílias também têm de estar disponíveis.

São quase 130 alunos que participam. “As

famílias colaboraram durante o período dos

treinos, estes eram realizados fora do horá-

rio lectivo”, observa Rita Pedrosa. Mas esta

colaboração das famílias é quase inevitável

porque para os alunos “é um orgulho partici-

par. A festa é dos alunos. Há alunos que fa-

zem questão de participar em todas edições

desde que entraram no ECB, é um orgulho

para eles, é a festa deles”, conclui Ângela

Gens, também professora do grupo de Edu-

cação Física do ECB, que organiza a Noite

Estapafúrdia.

Pais e filhos da Benedita colaboram nes-

te sarau desportivo que tem uma dimensão

de espectáculo de luz e som muito grande.

É aqui que o Externato dá uma colaboração

que está para além dos seus professores,

alunos e famílias. “A escola colaborou na

área financeira. Foi preciso contratar empre-

sas de som e luz e comprar materiais. Tam-

bém disponibilizou alguns funcionários para

a montagem do material necessário para a

realização do espectáculo”, informa o grupo

de Educação Física.

Os super-prémios

Os funcionários foram um dos grupos de

profissionais do ECB que recebeu, pela pri-

meira vez, na V edição desta Noite, o Prémio

Estapafúrdio. Esta ideia de entregar um pré-

mio ao Super-Funcionário, ao Super-Profes-

sor e ao Aluno Super-Popular “foi diferente,

mexeu com a escola...”, diz Rita Pedrosa que

explica como surgiu: “Houve a necessidade

de criar um momento diferente…. Qualquer

coisa que inovasse… e depois chegamos à

ideia de criar os prémios. Discutimos as ca-

tegorias, até que chegamos a um consenso:

o super aluno, professor e funcionário. Hou-

ve ainda o prémio de mérito desportivo, me-

lhores atletas e prémio carreira”.

Para votar os prémios de Aluno Super-Po-

pular, Super-Professor e Super-Funcionário

todos os alunos do ensino diurno participa-

ram. A votação foi feita nas aulas de edu-

cação física. E os grandes vencedores da

Noite Estapafúrdia foram: Margarida Vina-

gre, Aluna Super-Popular, José Saramago,

Super-Professor e Rui Ferreira, Super-Fun-

cionário.

Já a escolha dos melhores atletas foi feita

com base nos resultados de condição física.

O André Lourenço e a Joana Policarpo foram

os dois distinguidos, pelo grupo de Educação

Física que assumiu toda a responsabilidade

na atribuição do Prémio Carreira e do Prémio

de Mérito Desportivo. “O de mérito desporti-

vo foi para o João Silva, ex-aluno do ECB…

porque foi descoberto pelos professores de

Educação Física… Depois da professora de

Educação Física Estela Santana ter verifica-

do que nas aulas, no teste de resistência,

ele tinha resultados muito bons… O profes-

sor Joel Machado soube que ia ser feita uma

detecção de talentos e levou-o. O resultado

é que ele hoje está entre os melhores da sua

categoria a nível nacional, no triatlo, e está

no centro de alto rendimento do Jamor, em

Lisboa”.

Mas não basta ser um excelente atleta. As

suas qualidades humanas também tiveram

bastante peso na decisão para a atribuição

do prémio. “O facto de ser um atleta com-

pleto a todos os níveis e um aluno exemplar,

levou-nos a pensar que o João era quem de-

veria ser homenageado”, conclui Rita Pedro-

sa.

Já o Prémio Carreira “foi atribuído aos

antigos professores de Educação Física por

toda a disponibilidade que eles tiveram, por

toda a colaboração enquanto trabalharam no

ECB... Como a maioria saiu no ano lectivo

passado, achamos que esta era altura opor-

tuna para os homenagear”.

Todos os premiados receberam uma es-

tatueta elaborada pela turma de Artes do 11º

ano sob orientação da professora Dalila Sou-

sa e um DVD dos quarenta anos do Externa-

to Cooperativo da Benedita, lançado nesta

noite.

Um espectáculo com ritmo

Os prémios salpicaram a noite com mo-

mentos altos, em que, todo o público se en-

volveu. 1500 pessoas esgotaram as banca-

das do pavilhão do ECB. Durante uma hora e

meia, o espectáculo foi crescendo até atingir

o ponto alto da noite: dez minutos de Hip-

Hop que fecharam com muito ritmo a V Noite

Estapafúrdia.

Quando o sino da Igreja tocou, os alu-

nos de Desporto Escolar de Multiactividades

Aventura tinham já as cordas esticadas para

saltar e descer em rapel das bancadas para

o recinto do pavilhão. Deram uma dimensão

de espectáculo a actividades desportivas

que normalmente são praticadas no exterior.

Para além do rapel fizeram slide e escalada,

mas desta vez indoor.

O apresentador da noite, Fábio da Silva,

trouxe, depois, para o palco da Noite Es-

tapafúrdia a Ginástica Artística no Solo, a

Ginástica Acrobática e a Ginástica Rítmica

com Cordas. Apesar de estar lesionada na

noite do espectáculo, a Solange seguiu em

frente e desenvolveu o esquema individual

de Ginástica Artística no solo que andou a

preparar desde o início do ano lectivo. No

início do ano lectivo a Ginástica Rítmica só

tinha 3 candidatas, mas depois o grupo foi

crescendo e na Noite Estapafúrdia encheu o

palco com exercícios e esquemas com cor-

das. Já na Ginástica Acrobática juntaram-se

duas turmas do 10ºano que tinham a Ginás-

tica Acobrática no seu programa curricular.

Para a Noite Estapafúrdia estudaram melhor

esta matéria da disciplina de Educação Físi-

ca. Os alunos dominaram as coreografias ao

ritmo das músicas escolhidas.

“Quisemos ter tudo devidamente prepara-

do dois dias antes, de forma a que pudés-

semos realizar dois ensaios gerais antes do

espectáculo, para que tivéssemos a garantia

de que nada ia falhar”, refere Rita Pedrosa.

Para que nada falhasse, as preocupações

foram muitas: “foram todas as que poderiam

existir, desde as coreografias, à parte multi-

média, às músicas seleccionadas ao som, ao

estudo das luzes, das falas do apresentador,

do programa do espectáculo, ao papel higié-

nico nas casas de banho…”, diz com alguma

graça, mas ao mesmo tempo com o saber de

quem passou pela experiência da organiza-

ção deste espectáculo.

Dos grupos do Desporto Escolar do ECB,

foram ainda iluminados pelas luzes da ribalta

A NOITE EM QUE AS ESTRELAS BRILHAMEram 9 e meia da noite. O sino da Igreja tocou. Deu-se início ao espectáculo. Foi a V edição de uma noite esperada

por todos. No dia 1 de Abril, o Externato Cooperativo da Benedita (ECB) lançou mais uma Noite Estapafúrdia.

Page 17: N2 - FINAL

ESCOLA VIVA 17

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

da Noite Estapafúrdia, os alunos que praticam

actividades tão diferentes como o Xadrez, o

Voleibol ou o Râguebi. O Judo do Clube ECB

mostrou que este desporto não tem idade. Os

praticantes vão desde os meninos que ainda

não andam na escola, passando pelos estu-

dantes do ECB e pelos adultos.

Quase no final da noite, no Trampolim o Ru-

ben fez justiça à sua participação em todas as

edições da Noite Estapafúrdia. Executou uma

sequência de saltos, com mortais pelo meio,

que parecem muito fáceis para quem vê, mas

que exigem a disciplina dos treinos e a dedica-

ção de quem gosta deste desporto. O Trampo-

lim deu o salto para o final da noite que fechou

com Hip-Hop. “O Hip-Hop entrou este ano para

o externato como actividade do Clube Esta-

pafúrdio, houve grande adesão dos alunos, e

as professoras responsáveis puderam contar

com a preciosa colaboração do Fábio da Silva,

do 12º ano, para a realização da coreografia e

para os treinos”, observa Rita Pedrosa.

O Fábio da Silva que também apresentou o

espectáculo, tem 18 anos, e, nos seus 18 anos

trabalhou com os colegas do ECB: “Por vezes,

tornava-se um bocadinho difícil. Havia sempre

alguma brincadeira. Por vezes, ia para lá para

trabalhar um bocadinho mais a sério e eles

iam para lá brincar. Depois fazia ver qual era

o objectivo e eles compreendiam”, confessa o

aluno do ECB que desde os 10 anos se lembra

de por ”o pessoal todo a dançar”.

No ECB, “o grupo já existia, eu apareci lá,

tinha a ideia do que queria e dividi o grupo:

rapazes para um lado, raparigas do 11º ano

para o outro, raparigas do 10º e 9º ano para

outro. Apresentei as músicas e ensaiámos. As

coreografias foram inspiradas nos videoclips.

Depois fiz toda a junção”, explica Fábio da Sil-

va. Apresentar esta coreografia na Noite Esta-

pafúrdia foi um sonho que concretizou.

Para os professores do grupo de Educação

Física “é muito gratificante ver que a popula-

ção continua a aderir e a gostar e que a Noite

Estapafúrdia mobiliza bastante os alunos. Para

quem organiza e participa já é um orgulho…”.

Patrícia Pedrosa, jornalista da RTP

(continuação)

A NOITE EM QUE AS ESTRELAS BRILHAM

te em Portugal de forma diferente do que

se for realizado no Japão. O que o cidadão

não compreende é a relação entre as actu-

ações da distante alta finança e os factos

que afectam o seu dia-a-dia. Ousaria dizer

que a maior parte das vezes nem compreen-

de que age contra si próprio, em benefício

de quem estudou o suficiente para saber de

antemão como vamos reagir em determina-

da situação. Nós não sabemos o que vamos

fazer amanhã, mas os especialistas sabem

e sabem como levar-nos a fazer o que eles

querem – estudaram Economia? Não só.

Também estudaram Psicologia, Sociologia e

muita, muita Matemática.

De facto, o que as pessoas sentem são

os reflexos das movimentações mundiais do

capital – distantes, abstractas, inatingíveis.

Parece ficção científica quando se perce-

be que um operário em Portugal perdeu o

seu emprego porque alguém, sem precisar

de saber que Portugal existe, sentado ao

sol, no seu iate, carregou num botão do seu

portátil e transferiu milhões de dólares de

Frankfurt para Hong-Kong, por exemplo. É o

sentimento que os anglo-saxónicos expres-

sam através da máxima “It´s the Economy,

stupid!...” e que usam, aliás, também nou-

tros campos para explicar o que é aparente-

mente inexplicável.

Vejamos, então, resumidamente, o que

faz a Economia.

A Economia é uma ciência social. Não é,

nem poderá ser uma ciência exacta porque

estuda os comportamentos das pessoas, e

elas são livres. Diria melhor, a Economia

não deverá ser nunca uma ciência exacta

porque tal significaria que as pessoas já não

seriam livres. Entre a certeza e a liberda-

de prefiro a liberdade – são gostos! Outra

discussão, aliás muito interessante, é a dos

limites da liberdade e da racionalidade, tam-

bém esta muito querida dos economistas, fi-

lósofos e políticos.

A Economia, como todas as ciências, par-

te da realidade com a finalidade de a com-

preender e, compreendendo, prever o que

se vai passar, construir cenários e, a partir

deles, intervir com o objectivo de melhorar

as perspectivas, evitando ou provocando

certas acções (este último é o objectivo das

políticas económicas e é neste aspecto que

as escolhas dos partidos políticos se tornam

decisivas e muitas vezes antagónicas).

Claro que esse conhecimento científico

tem aplicações e consequências práticas;

só que elas são tendenciais e não obrigató-

rias; os resultados reais dependem sempre

da maneira como nós os percepcionamos,

e, dessa percepção, depende a nossa reac-

ção. É o caso típico da inflação – se pensa-

mos que a inflação vai aumentar, actuamos

para nos defendermos das suas conse-

quências (aumentamos o preço dos nossos

produtos, compramos já, antes que o preço

suba, exigimos aumentos de ordenado, por

exemplo) e, num paradoxo só aparente, es-

tamos a contribuir para que ela suba ainda

mais. Claro que este é apenas um exemplo

da importância da informação, do conheci-

mento, da interdependência social e, até, da

propaganda.

O mesmo fenómeno se passa com qual-

quer tipo de conhecimento ou de ciência. A

percepção do cidadão comum sobre as do-

enças, os terramotos ou a poluição é sempre

um misto de “refluxo científico” (divulgação,

informação, integração) e de senso comum

(o tal conhecimento tradicional transmitido

pelas gerações anteriores e enraizado nos

nossos modelos mentais).

Então qual é o problema especial da Eco-

nomia? O problema é que ela está nos nos-

sos bolsos, nas férias que podemos fazer,

no nosso estilo de vida, na universidade que

podemos frequentar. A Economia infiltra-se

em todos os interstícios da nossa vida, e,

se olharmos com atenção, talvez possamos

concluir que afinal somos nós que alimenta-

mos o papão.

Maria da Conceição Raimundo, professora

Como forma de dinamizar as Ciências

e de sensibilizar os professores para a

necessidade de incentivar a actividade

experimental, este grupo disciplinar

promoveu no dia 8 de Março uma palestra

destinada a docentes e subordinada ao

tema: O Quê, o Como e o Porquê da Ciência

– perspectiva POER – Prevê, Observa,

Explica e Reflecte, apresentada pela mestre

Isabel Pedroso, da Escola Secundária de

Rio Tinto.

No dia 10 de Março de 2006 teve lugar no

Externato Cooperativo da Benedita o dia da

Físico-Química.

O evento consistiu num Laboratório

Aberto, pelo que as actividades

desenvolvidas se encontravam abertas não

só a todos os alunos da escola, mas também

aos alunos do 1º ciclo do Agrupamento de

Escolas da Benedita.

Entre as experiências realizadas,

contaram-se a habitual simulação do vulcão,

a identificação de impressões digitais e a

destilação de uma bebida alcoólica.

Os laboratórios estiveram abertos das

09:00 às 17:35, e permaneceram quase

sempre cheios de alunos curiosos e ávidos

de experiências.

Decorreram no dia 22 de Abril, no Monte

da Caparica, as Olimpíadas Química

Júnior, nas quais participaram doze alunos

do ECB, do 8º e 9º Anos.

No dia 13 de Maio, decorreu a fase

regional das Olimpíadas de Física, em

Coimbra, com a participação de três alunos

do 9º Ano e um do 11º Ano.

NOTÍCIAS DA FÍSICO-QUÍMICA

(continuação pág. 1)

IT´S THE ECONOMY, STUPID!...

Page 18: N2 - FINAL

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE18

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

Esta pergunta, por vezes, leva os profes-

sores de Matemática ao desespero porque

não há nada que não contenha Matemática,

mas na maioria das vezes a sua utilização

não é visível, e só uma leitura mais profunda

das situações torna evidente a natureza im-

prescindível da Matemática. Como afirmou

Galileu: “O Livro da Natureza está escrito

em caracteres Matemáticos”.

Com este artigo, pretendemos mostrar

uma das utilizações pouco conhecidas de

um dos ramos mais emergentes da Matemá-

tica: Estatística e Probabilidades. Em 1984,

a revista Science levou a cabo um inquérito

entre destacados cientistas americanos, pro-

curando saber quais eram, na sua opinião, as

grandes descobertas e invenções científicas

do século XX. A Estatística e Probabilidades

figura nas cinco primeiras posições.

Quantas vezes nós olhamos para o jor-

nal e lemos, por exemplo, que em Portugal

há 6 milhões de adeptos do Benfica. É fácil

chegar a este resultado através da inferên-

cia estatística, ou seja, pega-se numa amos-

tra representativa da sociedade portuguesa,

pergunta-se qual a preferência clubística e

a seguir aplicam-se os resultados à popu-

lação total do país. Nada de novo, dirá o

leitor. Mas agora imagine que pretendemos

saber a percentagem de homens que sofrem

de disfunção eréctil, ou o número de abor-

tos realizados em Portugal, ou o número de

gays existentes na sociedade portuguesa.

Qualquer uma destas questões “delicadas”

tem de ter uma abordagem diferente. Imagi-

ne o leitor que vai na rua e lhe surge alguém

identificado como sendo do Instituto Nacio-

nal de Estatística e lhe pergunta “O senhor

é gay?”. Ora, mesmo que eventualmente o

fosse, o leitor responderia “Eu? Claro que

não.” É necessário então, por um lado ga-

rantir a confidencialidade dos resultados,

(mas quem confia?) e garantir que, mesmo

falhando a confidencialidade, é impossível

saber a resposta do inquirido. Em alguns

países, entre os quais Portugal, é usado um

método altamente engenhoso que garante

ao inquirido que, mesmo respondendo fora

do anonimato, ninguém conseguirá saber

qual a sua resposta. É esse método que pas-

samos a explicar.

Suponhamos que queríamos saber quan-

tos alunos do Externato Cooperativo da Be-

nedita já experimentaram droga. É entregue

a cada aluno um questionário e um baralho

de cartas usual. No inquérito consta:

Retire uma carta ao acaso do baralho, ve-

rifique a sua cor e volte a colocá-la no bara-

lho. Retire uma segunda carta do baralho e

verifique a sua cor.

Se na primeira extracção sair carta preta,

responda à questão A, se sair carta verme-

lha, responda à questão B.

A. Já alguma vez experimentou droga?

B. Na segunda extracção saiu carta ver-

melha?

Sim # Não '

Imagine que pegamos num questionário

cuja resposta é sim. É impossível sabermos

se o aluno está a responder à questão A ou

à questão B, portanto, depois de lhe ser ex-

plicado o método, o aluno tem a garantia de

que ninguém saberá a sua resposta. Mas

como saberemos então quantos alunos do

ECB já experimentaram droga? Aqui é que

entra a Matemática com as Probabilidades.

Vamos exemplificar, uma vez que são cál-

culos ao alcance de qualquer aluno do 12º

ano.

Suponha que os 1427 alunos do ECB res-

pondiam ao inquérito e eram contados 425

inquéritos assinalados com Sim. Ora eviden-

temente, a probabilidade de obter Sim será

então:

Mas se observarmos a árvore de probabi-

lidades seguinte

em que p é a probabilidade de um aluno

do ECB escolhido ao acaso já ter experimen-

tado droga, a probabilidade p pretendida é

ou seja, 13,2%dos alunos do ECB já te-

riam experimentado droga.

Uma vez que estes dados foram totalmen-

te inventados, não sabemos efectivamente

quantos alunos do ECB já experimentaram

droga, mas sabemos com toda a certeza que

o melhor é não o fazerem.

Acácio Castelhano, professor

P(Sim) = 425 = 0,316

1427

P(Sim) = 1 p + 1 x + 1 = 1 p + 0,25 2 2 2 2

0,316 ~ P(Sim) = 1 p + 0,25 ↔ p ~ 0,132

~ 2

~

Ó STÔR, MAS AFINALA MATEMÁTICA SERVE PARA QUÊ?

EXAMES 2006Estão quase a iniciar-se os exames.

A partir de agora, os alunos devem es-

tar mais atentos do que nunca aos avi-

sos que surgirem afixados nos locais

habitualmente utilizados para esse

fim.

Chama-se a atenção para o facto

de os prazos anunciados não poderem

ser alterados e de o seu incumprimento

poder resultar em consequências gra-

vosas para o sucesso escolar. Estão

à disposição dos alunos pastas para

consulta da Legislação em vigor sobre

exames, e as matrizes dos Exames de

Equivalência à Frequência estão afixa-

das, de acordo com a lei, a partir do

dia 15 de Maio. O Calendário de Exa-

mes está também afixado.

Este ano, teremos exames do 9º

ano de escolaridade, obrigatórios em

Língua Portuguesa e Matemática, com

um peso de 30% na Avaliação; Exames

Nacionais do 12º ano; Exames Nacio-

nais do 11º Ano dos cursos novos, e

Exames de Equivalência à Frequência

para os alunos que reprovem na fre-

quência das disciplinas e queiram uma

oportunidade para ainda transitar de

ano, ou pretendam melhorar as classi-

ficações obtidas na frequência.

Note-se que a inscrição e realiza-

ção de qualquer destas provas é es-

tritamente regulada por lei e os alunos

devem informar-se das condições rela-

tivas ao seu curso e situação escolar

específica. A título de exemplo, lem-

bra-se que, na Língua Estrangeira dos

cursos novos, a oral é sempre obriga-

tória, enquanto nos cursos antigos a

oral só era obrigatória se o aluno obti-

vesse uma classificação de, pelo me-

nos, sete valores na prova escrita.

Este ano, pela primeira vez, os alu-

nos do 11º ano dos cursos gerais vão

também realizar Exames Nacionais:

será o exame da disciplina específica

terminal no 11º ano dos Cursos Cientí-

fico-Humanísticos. Este exame é obri-

gatório e vale 30% da classificação.

Os alunos dos Cursos Tecnológicos só

fazem Exames Nacionais se quiserem

candidatar-se ao Ensino Superior. To-

dos os alunos que frequentam os cur-

sos novos devem informar-se sobre as

alterações nas disciplinas de ingresso,

em vigor a partir do ano próximo ano

lectivo.

Lembra-se que a informação correc-

ta é imprescindível para que a época

dos exames decorra sem percalços.

A escola deseja a todos os alunos o

maior sucesso nesta fase decisiva do

ano lectivo.

O secretariado de exames

Page 19: N2 - FINAL

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 19

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

DESENHO TÉCNICO

«Não percebeste, queres que te faça um de-

senho?» Esta frase banal e que é frequentemen-

te usada quando alguém não percebe algo que lhe

queremos transmitir, tem muito que se lhe diga. Por

vezes, um desenho diz muito mais que quaisquer

palavras. Basta um conjunto de traços, sejam eles

rectos ou curvos, paralelos ou perpendiculares,

para se transmitir uma ideia, um sentimento.

No entanto, a técnica, quando junta com o de-

senho, faz com que tudo se torne mais simples e

claro, facilitando a leitura do mesmo. Assim, o de-

senho técnico vem da ideia de representar com ri-

gor e precisão os objectos. Com o material adequa-

do e seguindo um conjunto de normas e princípios

bem definidos, consegue-se, de forma espantosa,

a representação quase real de um objecto, espaço,

etc.

O facto de a figura se assemelhar à realidade faz

com que o desenho seja a única linguagem univer-

sal. Para qualquer parte do mundo que viajemos e

em que não conheçamos a língua, basta-nos dese-

nhar aquilo que desejamos para que qualquer pes-

soa perceba.

Como tudo seria diferente se não houvesse

o desenho técnico...

Filipa Isabel Serrazina, 8º D

No seu contexto mais geral, o Desenho

Técnico engloba um conjunto de metodo-

logias e procedimentos necessários ao

desenvolvimento e comunicação de pro-

jectos, conceitos e ideias e, no seu con-

texto mais restrito, refere-se à especifica-

ção técnica de produtos e sistemas.

Não é de estranhar que, com o desen-

volvimento das tecnologias informáticas

e dos sistemas de informação a que se

assistiu nas duas últimas décadas, os

processos e métodos de representação

gráfica, utilizados pelo Desenho Técnico

no contexto industrial, tenham também

visto uma profunda mudança. Passou-se

rapidamente da régua T e esquadro às

máquinas de desenhar, aos programas

comerciais de desenho 2D assistido por

computador e mais recentemente a uma

tendência para a utilização generalizada

de sistemas de modelação geométrica

3D.

Nestas circunstâncias, na organização

do ensino e na elaboração de textos de

apoio na área de Desenho Técnico põem-

se particulares desafios na forma de con-

ciliar, por um lado, o desenvolvimento de

capacidades de expressão e representa-

ção gráfica e a sua utilização em activida-

des criativas e, por outro lado, a aquisição

de conhecimentos de natureza tecnológi-

ca na área do Desenho Técnico.

No primeiro caso procura-se o desen-

volvimento do pensamento criativo e de

capacidades de visualização espacial, de

transmitir ideias, formas e conceitos atra-

vés de gráficos muitas vezes executados

à mão livre. Esta capacidade constitui uma

qualificação de reconhecida importância

no exercício da actividade profissional do

engenheiro.

No segundo caso, trata-se do uso das

técnicas emergentes de representação

geométrica associadas aos temas mais

clássicos da descrição técnica de produtos

e sistemas e suportadas num corpo esta-

bilizado de normalização técnica interna-

cionalmente aceite. A produção de dese-

nhos de detalhe e de fabrico, incluindo as

práticas clássicas de projecções, cortes,

dimensionamento e anotações diversas,

é ainda uma actividade incontornável na

produção de documentação técnica de

produtos e do seu fabrico e constituem,

em muitos casos, o suporte legal e comer-

cial nas relações com fornecedores.

Como tal, na disciplina de Educação

Tecnológica, os alunos têm como base o

princípio de ideias, associadas ao dese-

nho livre, solto e emergente de ideias pré

estabelecidas, ou não. Têm como objec-

tivo final por vezes a “obra”, mas resul-

tando esta do desenho técnico. O texto a

seguir apresentado é bastante elucidativo

das referências e noções que os alunos

absorveram num percurso escolar acerca

do mesmo tema.

Vista superior – Premium em alvenaria

Vista lateral – Premium em alvenaria

Legenda

ACERCA DO DESENHO TÉCNICO

Luís Crisóstomo, aluno do 10º B,

do curso Científico Humanístico,

foi apurado para a fase final das

XI Olimpíadas do Ambiente que

decorreram de 12 a 14 de Maio

na Escola Profissional Agrícola

em Santo Tirso.

XI OLIMPÍADAS DO AMBIENTE

2º LUGAR PARA TURMA DO ECB

CONCURSO

A Turma E do 7º Ano ficou em segundo

lugar no concurso “ Mascote para os

Serviços Municipalizados de Protecção

Civil”, organizado pela Câmara Municipal

de Alcobaça.

O projecto de mascote foi feito pela

Margarida Pereira, sob orientação da

professora de Educação Visual, Dalila

Sousa. O prémio para a turma consiste

uma visita a Lisboa, ao Centro Nacional

de Operações de Socorro, no dia 12 de

Maio.

O Dia da Árvore comemora-se

todos os anos a 21 de Março, visando

essencialmente alertar para as questões

do ambiente e para a preservação dos

espaços verdes.

A área de Formação Cívica/Crescer

para a Vida associou-se a esta iniciativa,

plantando algumas árvores, elaborando

cartazes que foram afixados na Escola,

bem como marcadores de leitura

distribuídos à comunidade escolar,

como forma de sensibilização para a

importância das questões ambientais e

da promoção da qualidade de vida.

DIA DA ÁRVORE

Page 20: N2 - FINAL

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE20

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

Todos os anos, dezenas de milhões de pes-

soas apanham gripe, mas partem do princípio

de que com os cuidados adequados ficarão

curadas. Porém, do sudeste asiático, chegam

notícias de uma gripe que mata: um vírus res-

ponsável pela morte de milhões de galinhas

conseguiu passar das aves para os humanos,

sendo ainda um mistério a forma como o con-

seguiu fazer.

Por três vezes, durante o século XX, um

novo vírus da gripe alastrou pelo planeta, pro-

vocando um número invulgar de mortes, pois

as pessoas não tinham a necessária imunida-

de: a gripe espanhola (1918-19) terá tido ori-

gem em aves, quase toda a população da Ter-

ra esteve em contacto com a doença, metade

da população contraíu-a, e 50 a 100 milhões

morreram em consequência dela; em 1957,

surgiu uma pandemia no Sul da China, quando

os vírus da gripe das aves e da gripe humana

trocaram genes, provavelmente depois de in-

fectarem um porco; em 1968, por um processo

semelhante, em Hong Kong, vírus humanos

e das aves voltam a misturar-se.

Passaram 40 anos, e o receio de nova

pandemia é bem real.

A gripe é um incómodo que temos de

suportar todos os anos. O vírus espalha-se

facilmente. Só nos EUA, 30 a 60 milhões

de cidadãos contraem a doença todos os

anos, registando-se cerca de 36 mil mortes,

sobretudo entre os idosos. A mutação do ví-

rus é tão veloz que ninguém chega a ficar

completamente imune, pelo que é preciso

fabricar uma vacina nova todos os anos.

Isto é o que se passa com a gripe co-

mum. Mas a doença que surge agora do

Sudeste Asiático não é uma gripe comum.

As galinhas foram as suas vítimas principais.

Mais de cem milhões de animais foram mor-

tos pelo vírus, ou no decurso de medidas de

controlo. Não é incomum a gripe afectar as

galinhas, pois os vírus das aves existem em

número muito superior aos vírus humanos.

Porém, este é provavelmente o mais virulento

e patogénico até hoje conhecido.

Até agora, este vírus (denominado H5N1)

não mostra facilidade em transmitir-se das

aves para os humanos, muito menos de uma

pessoa para outra. Consegue dar o primei-

ro passo da transmissão, mas depois não se

dissemina facilmente entre humanos, caso

contrário estaríamos a braços com um enor-

me problema. Talvez o H5N1 nunca consiga

“aprender o truque” para passar rapidamente

de pessoa para pessoa, como acontece com

as gripes mais ligeiras.

Por norma, os vírus da gripe capazes de

infectar as aves não atacam os humanos. Até

há pouco tempo, os cientistas pensavam que

os vírus das aves adquiriam essa capacidade

bastando apenas um processo viral equiva-

lente às relações sexuais. Como os vírus da

gripe são portadores de informação genética

em oito segmentos separados de RNA (ácido

ribonucleico), os vários subtipos conseguem

trocar genes desde que entrem em contacto.

O resultado é uma descendência com novas

aptidões.

Para que os vírus das gripes aviárias e hu-

manas consigam misturar as respectivas in-

formações genéticas, precisam de infectar o

mesmo animal. Muitos cientistas consideram

que o porco é um provável veículo condutor,

pois as células dos suínos possuem moléculas

de superfície que permitem a entrada de vírus

dos dois tipos. É concebível que um porco,

numa mesma exploração agropecuária, possa

contrair a gripe humana de um agricultor e um

vírus de aves dos patos, por exemplo. Os dois

vírus podiam então “recombinar-se”, criando

um híbrido que, na pior hipótese, passaria a

poder infectar células humanas, sendo ainda

portador dos genes do vírus das aves que o

tornariam radicalmente novo para o sistema

imunitário das pessoas que o contraíssem.

O processo descrito serve de explicação às

duas menores pandemias de gripe do século

XX - as de 1957 e 1968. Alguns cientistas crê-

em que algo de diferente se passou em 1918.

Consideram provável que o vírus não tivesse

tido origem num vírus humano que já circulara

previamente. Todos os seus genes o definem

como um vírus animal, puro e simples que, de

algum modo, conseguiu atravessar a barreira

e transmitir-se aos humanos.

Na actualidade, o vírus H5N1 está a com-

portar-se da mesma maneira. Até agora, os

passos dados para atravessar a barreira da

espécie são experimentais, razão pela qual

só causou dezenas (e não milhões) de mor-

tos. No entanto, tal como em 1918, os médi-

cos que comprovaram de perto os seus efeitos

mostram-se abalados. Em 1997, o H5N1 pas-

sou pela primeira vez para os humanos. No

princípio desse ano, um surto do vírus matou

galinhas na zona rural de Hong Kong. Toda-

via, ninguém imaginava que os vírus das aves

pudessem constituir ameaça directa para as

pessoas. Mas este quebrou as regras. Ano

após ano, o vírus foi trocando genes com ou-

tros vírus da gripe das aves, gerando novas

variantes do H5N1.

Por outro lado, ninguém sabe ao certo a

forma exacta como uma pessoa contrai a in-

fecção. Pensa-se que a maioria dos casos diz

respeito a pessoas que, de alguma maneira,

estiveram em contacto com aves de criação

doentes ou mortas.

SERÁ QUE O VÍRUS VAI COMEÇAR A

ALASTRAR COMO A GRIPE HUMANA CO-

MUM?

O vírus poderá adquirir essa capacidade

sozinho, realizando uma mutação, ou trocan-

do genes com um vírus da gripe humana. Isso

poderá acontecer numa pessoa infectada

que também contraia gripe comum, ou en-

tão no porco, o clássico vaso de mistura

dos vírus da gripe. Mesmo assim, ninguém

sabe se a troca gerará um vírus mortífero

ou uma variante inofensiva.

Alguns investigadores esperam conse-

guir descobri-lo com antecedência, criando

artificialmente novos vírus. Em laborató-

rios isolados biologicamente, os cientistas

estão a misturar genes do vírus H5N1 e de

vírus da gripe humana. Em seguida, irão

pôr à prova os híbridos resultantes, com o

objectivo de verificar se alguns deles her-

daram, ao mesmo tempo, a virulência do

vírus das aves e a capacidade de dissemi-

nação do vírus humano. Na prática, estão

a tentar criar uma estirpe pandémica da

gripe em laboratório.

Há vários casos suspeitos de transmissão

homem-homem. No entanto, tudo o que o ví-

rus conseguiu, por enquanto, parece ter sido

dar um único passo além da vítima inicial. Até

agora, a transmissão sistemática (como a dis-

seminação da gripe comum, por reacção em

cadeia) ainda não faz, felizmente, parte do

seu repertório.

Texto adaptado de:

Tim Appenzelle, Prever a Próxima Gripe Letal,

National Geographic, nº 55, Outubro 2005

NOVA AMEAÇA… COM PENAS

Imagem de microscópio electrónico do vírus da gripe

Imagem de microscópio electrónico do vírus da gripe

Page 21: N2 - FINAL

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 21

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

Bacteriologista escocês (1881-1955)

nascido em Lochfield e falecido em Lon-

dres. Partilhou o Prémio Nobel da Fisiologia

e da Medicina, em 1945, com o patologista

australiano Howard Florey e com o bioquí-

mico britânico Ernst Chain. Pelo facto de ter

descoberto a penicilina, abriu caminho para

a cura de várias doenças infecciosas, atra-

vés da utilização de antibióticos.

A penicilina é um antibiótico produzido

por um fungo denominado Penicillium cry-

sogenum que pertence à classe dos Asco-

micetes, e forma a maior parte dos bolores

azuis e verdes encontrados frequentemente

nos citrinos, queijos e outros alimentos.

A penicilina marcou o início da era da

produção dos antibióticos. No entanto, o

seu uso numa base de rotina teve de es-

perar até 1944-1945 devido à necessidade

de desenvolver métodos de isolamento, de

purificação e de uma produção em larga es-

cala para o crescimento do Penicillium. Foi

a Segunda Guerra Mundial e a grande ne-

cessidade de antibióticos que levou enge-

nheiros, biólogos e farmacêuticos a realizar

um extenso programa de pesquisa, sendo

um dos programas da mais alta prioridade

em tempo de guerra.

SABIA QUE?

Há três tipos de gripe: A, B e C. Os vírus do tipo C desencadeiam doenças respiratórias ligei-ras e, por vezes, não provocam qualquer sinto-ma. Os vírus tipo A e B, por outro lado, podem causar epidemias em seres humanos. Enquanto os vírus do tipo B são normalmente exclusivos dos seres humanos, os vírus do tipo A podem também ser encontrados em aves, porcos, cava-los, focas, baleias e outros animais

Os vírus de tipo A (o H5N1, por exemplo), re-cebem o nome de duas proteínas que contêm à superfície. O H indica a presença da hemaglu-tinina, que ajuda o vírus a entrar numa célula. O N representa a neuraminidase, que o ajuda a libertar-se. Estas proteínas também actuam como antigénios – se o corpo as reconhecer, o seu sistema imunitário pode desenvolver uma defesa.

Todos os vírus do tipo A atacam as células humanas da mesma forma. Quando o vírus entra no corpo, a hemaglutinina engloba o vírus na su-perfície da célula. Depois, a superfície da célula fecha-se em torno do vírus, que “mergulha” na célula até estar completamente fundido. Como a membrana da célula se enrola para envolver o vírus, cria um pequeno compartimento. Uma alteração do pH neste compartimento muda a es-trutura da hemaglutinina e permite a passagem da substância viral para o líquido interior da cé-lula, ou citoplasma.

Uma vez aí, o vírus tem o caminho livre. O material genético do vírus, que está dividido em oito segmentos diferentes, é copiado para o nú-cleo da célula hospedeira. Depois de serem co-piados, os segmentos regressam ao citoplasma e com a ajuda da neuraminidase, podem voltar a reunir-se, abandonar a célula e atacar novas células.

O QUE É UM VÍRUS?

Embora a célula seja a unidade funda-

mental da vida, há certos “organismos”, os

vírus, que não são células. Não possuem ci-

toplasma, nem organelos, nem membranas

plasmáticas como as células. Um vírus não

é mais que um cristal de matéria orgânica

inanimada. Contudo, uma vez introduzido

numa célula hospedeira, a função biológica

do vírus desperta. O vírus “adquire vida”,

manifestando duas características vitais:

reprodução e hereditariedade. Os vírus al-

ternam entre estados paradoxais – forma

inanimada e forma viva.

Em geral, os vírus são obrigatoriamente

parasitas intracelulares; são incapazes de

metabolismo independente; são mais pe-

quenos que bactérias; possuem um único

tipo de ácido nucleico (ADN ou ARN). Al-

guns vírus podem cristalizar e inactivar a

sua infecciosidade. São inertes no exterior

dos organismos vivos. Existe uma grande

variedade de vírus que infectam plantas,

animais e bactérias.

ALEXANDER FLEMING E A PENICILINA

Solução do problema proposto no número

anterior

“COMO FOI DETERMINADO O RAIO DA TERRA”

P = 800Km X 50 = 40 000Km

Considerando P = 2 ∏ R;

R = P / (2 ∏ )

R = 40 000Km / (2 X 3,14)

R = 6 369,4Km

Raio da Terra

6 369,4Km

Diâmetro da Terra

6 369,4Km X 2 = 12 738,8Km

ENIGMAS

1. Um vagabundo que não tinha

possibilidades de comprar tabaco

coleccionava pontas de cigarro. Como

em tempos tinha sido rico, recusava-se

a fumar as pontas. Juntava-as, e de sete

pontas conseguia fazer um cigarro. Num

dia de sorte conseguiu encontrar 49.

Quantos cigarros completos conseguiu

o homem fumar nesse dia?

2. Um nenúfar transforma-se em dois

nenúfares ao fim de 24 horas. Colocámos

um nenúfar num lago e, 30 dias depois,

o lago estava coberto de nenúfares. Se

tivéssemos posto 4 nenúfares, quantos

dias demorava o lago a ficar cheio?

3. Partindo do seguinte enunciado,

escolha a ou as conclusões certas:

O ROUBO

Se o porteiro era cúmplice, ou a porta do

apartamento estava aberta, ou o ladrão

entrou pela cave. Se o roubo foi à meia-

noite, o porteiro era cúmplice. Pode

provar-se que a porta do apartamento

não estava aberta e que o ladrão não

entrou pela cave.

Conclusões:

a) O porteiro não era cúmplice.

b) O porteiro era cúmplice.

c) O roubo foi à meia-noite.

d) O roubo não foi à meia-noite.

e) Não se pode saber se o roubo foi à

meia-noite.

4. Com seis fósforos construa quatro

triângulos equiláteros sem partir os

fósforos.

5. Os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e

9 deverão ser inscritos nos círculos

brancos, de tal forma

que as somas dos

números de cada lado

do triângulo resultem no

mesmo valor.

Page 22: N2 - FINAL

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE22

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

Para muitos, em Portugal, durante a

maior parte do ano, desporto é sinónimo de

futebol, abrangendo, nalguns momentos,

também outras modalidades como voleibol,

basquetebol, atletismo. Por esse motivo,

decidi escrever uma crónica sobre um tipo

de desporto mais esquecido, ou, se preferi-

rem, mais alternativo: o automobilismo.

O automobilismo é uma categoria do

desporto caracterizada pelas elevadas velo-

cidades atingidas em máquinas que tentam

“desesperadamente” ser as mais rápidas,

proporcionando um magnífico espectáculo

e, por vezes, extraordinários acidentes que

em alguns casos têm fins trágicos, imorta-

lizando pilotos, dos quais Henri Toivo-

nen, Gilles Vileneuve e Airton Senna

são exemplos, pois a história deste

desporto não é só feita de momentos de

glória. Essas máquinas são tripuladas

por pilotos que, como qualquer outro

profissional, necessitam de um grande

talento, mas também de muito sangue-

frio, visto que neste desporto um piloto

tem realmente a capacidade de fazer a

diferença entre uma vitória, um segun-

do lugar, ou o fim de uma corrida fora

de estrada.

Actualmente vivemos numa socieda-

de capitalista que tende a substituir a

qualidade de tudo o que o ser humano

produz pelo lucro e, como tal. o auto-

mobilismo não foge à regra, sendo um

dos desportos mais degradados por este

fenómeno. O capitalismo reflecte-se em as-

pectos que vão desde a escolha dos países

em que se realizam as importantes provas

mundiais, seleccionadas em conformidade

com a potencialidade de exploração do mer-

cado pelas marcas das viaturas presentes

nas provas, (sendo esta a principal razão,

na minha opinião, que levou o mítico Rally

de Portugal a ser excluído do Mundial, em-

bora oficialmente seja afirmada falta de se-

gurança), até à escolha dos pilotos que irão

representar as equipas, visto que um piloto

com um forte patrocínio, que aumentará o

orçamento da equipa, é uma tentação quase

irresistível nos dias que correm. Para mim,

este é o maior problema, porque actualmen-

te as equipas preferem apostar nos pilotos

com grandes apoios, em vez de apostar nos

talentosos que poderiam realmente acres-

centar espectáculo às pistas ou estradas.

Assim, deixámos de ter os melhores pilo-

tos a conduzir, para termos os que possuem

os melhores apoios, e isto acontece em to-

das as modalidades do automobilismo, des-

de a Fórmula 1, passando pelo Todo-o-Ter-

reno até ao Rally, não faltando exemplos do

que afirmo, nomeadamente no que respeita

aos pilotos portugueses, visto que apesar de

haver alguns com muito talento, vivem num

país economicamente pouco desenvolvido,

o que lhes fecha muitas oportunidades.

Em 2003 Carlos Sousa sagra-se vencedor

da Taça do Mundo de Todo-o-Terreno, con-

duzindo para uma equipa privada. Depois

deste sucesso foi-lhe oferecido, pela equipa

oficial da Mitsubishi, um contrato que o pilo-

to aceitou. Contudo, quando chegou a hora

de escolher os pilotos para representarem

a equipa no Dakar, o piloto português foi

preterido em favor de um piloto que já tinha

vencido um Dakar em motas, e que deseja-

va agora competir em carros numa equipa

oficial. Esse piloto, Nani Roma, “comprou”

o lugar na equipa através do patrocínio da

companhia de combustíveis Repsol.

Já na Fórmula 1, temos o exemplo feliz do

“nosso” Tiago Monteiro que só com o apoio

do Estado Português conseguiu assegurar

um lugar na Midland F1 Racing, pois esta

equipa desejava os serviços do piloto portu-

guês, mas também necessitava de um piloto

que injectasse dinheiro na equipa para

aumentar o orçamento anual da mes-

ma. E mesmo depois de uma época em

que o piloto português foi considerado o

melhor estreante, e na qual demonstrou

uma regularidade invulgar, teve de vol-

tar a pagar pelo lugar na equipa.

Exemplo idêntico, mas com fim e em

modalidade diferentes, aconteceu com

o campeão mundial de rally na catego-

ria grupo N de 1995, Rui Madeira, que

em 1998 viu negada a possibilidade de

conduzir para a equipa oficial da Toyota

por falta de apoios, visto que nesta al-

tura as verbas do Estado estavam todas

a ser canalizadas para a Expo 98, e as

companhias, em Portugal, têm uma vi-

são pouco abrangente do mercado.

Exemplos como estes acontecem em to-

das as épocas, em todas as modalidades

do automobilismo e com pilotos de todas as

nacionalidades porque, para muitos pilotos

talentosos, quando se fecha uma porta fal-

tam verbas para abrir uma janela.

Nestas condições, quando um piloto se

sagra campeão mundial, será que é verda-

deiramente o melhor? Ou é apenas o melhor

entre os que tem os melhores apoios?

João Santos Filipe, 12º J

CAMPEÃO MUNDIAL DO TALENTO OU DOS TAL€NTO$ ?

1. OS BALDES

Uma resposta:

Encher o balde de 11 litros e despejar o que couber no de

6 litros. Ficarão 5 litros no de 11. Despejar o de 6 litros

e deitar o conteúdo do de 11 no de 6. Encher novamente

o de 11 litros e deitar o que couber no de 6 litros. Ficam

10 litros de água no de 11 litros. Despejar o de 6 litros

e deitar neste o conteúdo do de 11, que ficará com 4 li-

tros. Despejar o de 6 litros e deitar neste os 4 litros que

estavam no de 11. Voltar a encher o de 11 e vazar no de

6, ficando com 9 litros no de 11. Despejar o de 6 litros e

deitar o conteúdo do de 11 litros até encher o de 6, fican-

do 3 litros no de 11, que se volta a deitar no de 6 litros

depois de o despejar. Finalmente, encher o de 11 litros e,

com este, encher o de 6 litros que já tinha 3 litros, ficando

portanto 8 litros no balde de 11 litros.

2. 10 SACOS

Resposta:

Começa-se por numerar os sacos de 1 a 10. De seguida,

retira-se uma moeda do saco número um, duas moedas

do saco número dois, e assim sucessivamente, até retirar

dez moedas do saco número dez. No total temos 55 mo-

edas. Ao colocar as moedas na balança, se estas fossem

todas verdadeiras, deveríamos ter um peso de 550 gra-

mas. Basta agora verificar quantos gramas faltam para

os 550. Se faltar 1 grama, existe uma moeda falsa na

balança, logo, o saco com as moedas falsas é o saco

número um. Se por exemplo faltarem 7 gramas, existem

na balança 7 moedas falsas, logo, o saco com as moedas

falsas é o saco número sete, e assim sucessivamente.

3. NO MURO DE BERLIM

Resposta:

O absurdo da história consiste no simples facto de Niet-

zsche ter morrido muito antes de o muro de Berlim ainda

ter sido construído.

4. AS IDADES.

Resposta:

Comecemos por construir todos os ternos cujo produto dá

36 e indicar a sua soma:

(36,1,1) Soma igual a 38 (18,2,1) Soma igual a 21

(9,2,2) Soma igual a 13 (9,4,1) Soma igual a 14

(3,2,6) Soma igual a 11 (6,6,1) Soma igual a 13

(4,3,3) Soma igual a 10 (12,3,1) Soma igual a 16

Como os amigos trocavam correspondência, o Arnesto

tem necessariamente que saber o número da porta do

Bicente, logo, se o número da porta fosse 38, 21, 14, 11,

10 ou 16 (não se repetem), esse o número bastaria para

o Arnesto saber as idades. Mas como o Bicente diz que o

número da porta não é suficiente, o número da porta terá

de ser 13. Como na opção (6,6,1) não há o elemento mais

velho, a resposta terá de ser (9,2,2).

5. A CORDA

Resposta:

A distância entre os postes terá de ser zero, ou seja, os

postes terão de estar juntos.

RESPOSTAS AOS ENIGMAS DO PRIMEIRO NÚMERO

Carlos Sousa

Page 23: N2 - FINAL

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 23

ANO I - Nº 2 TOQUE DE SAÍDA

R e a l i z o u - s e ,

nos dias 5, 12 e 26

Março, na sede da

Academia Xadrez

da Benedita, com

o apoio da Fecosil

Lda, a Fase Preli-

minar do Campe-

onato Distrital Ab-

soluto. Os jogos tinham o ritmo de 90 minutos

com acréscimo de 30 segundos por lance, por

jogador e por partida, em sistema suíço de 6

sessões. A arbitragem foi de Júlio Flores e a

direcção da prova de Mamede Diogo.

Esta fase, na qual se inscreveram 36 joga-

dores, dos quais 28 terminaram o torneio, ti-

nha o objectivo de apurar seis jogadores para

disputarem uma fase final no Sistema de To-

dos contra Todos. Juntar-se-á, para disputar

esta fase final, o Campeão Distrital da época

transacta, António Mamede Diogo (Casa do

Povo do Bombarral) e o jogador com melhor

Elo FIDE da lista de Janeiro 2006, neste caso

Carlos Quaresma (Sport Operário Marinhen-

se). Na eventualidade de qualquer impedi-

mento, serão substituídos pelos jogadores

classificados imediatamente a seguir.

Fizeram bloco FIDE os seguintes jogado-

res: José Bray (Sport Operário Marinhense)

– 1952; Dimitri Scoropad (Academia Xadrez

Benedita) – 1907; Rafael Correia (Xeque Mate

S. Martinho Porto) – 1905; Mariana Silva (Aca-

demia Xadrez da Benedita) – 1769.

Mais informações

www.axleiria.pt ou http://axbenedita.no.sapo.pt

Disputaram-se em Portimão, en-

tre 2 e 7 Abril 2006, os Campeonatos

Nacionais Jovens, com a presença de

350 jogadores, distribuídos por vários

escalões: Sub8, Sub10, Sub12, Sub14,

Sub16 e Sub18. Sistema suíço de 7

sessões em ritmo de 90 minutos por

jogador e por partida. Só nos escalões

Sub8 e Sub16 o distrito de Leiria não

teve um jogador no pódio.

OS JOGADORES DO PÓDIO

Sub10

Vasco Elvas (Sport Operário Mari-

nhense), Vice-Campeão Nacional

Sub12

Daniel Bray (Sport Operário Marinhen-

se), Vice-Campeão Nacional

Sub14

Mariana Silva (Academia Xadrez da

Benedita), Vice-Campeã Nacional Fe-

minina.

Sub18

Pedro Rodrigues (Academia Xadrez

da Benedita) – 3º classificado

JOGADORES DO DISTRITO DE LEI-

RIA

Sub8

Francisco Cavadas (Academia Xadrez

da Benedita) – 13º classificado entre

27 participantes.

Sub10

Vasco Elvas (Sport Operário Mari-

nhense) – 2º classificado, entre 83

inscritos

Sub12

Participaram 77 jogadores:

Daniel Bray (Sport Operário Marinhen-

se) – 2º classificado;

João Martins (Atlético Clube Sismaria)

– 18º classificado;

Mariana Borges (Xeque Mate S Marti-

nho Porto) – 35ª classificada;

Rui Lopes (Grupo Juvenil Frei António

Brandão – Benedita) – 42º classifica-

do;

Rodolfo Silva (Xeque Mate S Martinho

do Porto) – 54º classificado;

Mariana Lucas (Associação Pais de

Évora de Alcobaça) – 64º classifica-

do.

Sub14

Participaram 74 jogadores:

Mariana Silva (Academia Xadrez Be-

nedita) – 9ª classificada;

José Manuel Rocha Pereira (Xeque

Mate S Martinho Porto) – 16º classi-

ficado;

Rafael Correia (Xeque Mate S Marti-

nho Porto) – 21º classificado;

Mário Carvalho (Sport Operário Mari-

nhense) – 32º classificado;

João Silva (Xeque Mate S Martinho

Porto) – 56º classificado;

Lídia Ferreira (Academia Xadrez Be-

nedita) – 63º classificada.

Sub16

Participaram 58 jogadores:

Tiago Ferreira ( Academia Xadrez Be-

nedita) – 16º lugar;

Ricardo Rodrigues (Núcleo Xadrez Ex-

ternato Cooperativo da Benedita), 50º

classificado;

Raquel Inácio ( Academia Xadrez Be-

nedita) – 53º classificado.

Sub18

Participaram 36 jogadores:

Pedro Filipe Rodrigues (Academia Xa-

drez Benedita) – 3º lugar; não perdeu

nenhum encontro;

David Rashidi (Atlético Clube Sisma-

ria, Leiria), 10º lugar.

Distrito de Leiria brilhou

XADREZ - CAMPEONATOS NACIONAIS JOVENS

Jorge Bastos - Academia Xadrez Da Benedita - 1º Lugar

FASE PRELIMINAR DO CAMPEONATO DISTRITAL ABSOLUTO DE LEIRIA

DESPORTO ESCOLAR

Realizou-se no dia 26 de Abril de 2006 a fase local

do Compal Air 3X3 (basquetebol). A competição teve

lugar na Escola EB 2,3 de Santa Catarina, e as equipas

apuradas na nossa escola tiverem uma prestação aci-

ma do esperado, uma vez que todas elas passaram às

finais, ficando apuradas, para a fase regional a disputar

em Alcobaça, cinco equipas nos diversos escalões:

O Grupo/Equipa de voleibol no escalão de Infantis

Masculinos esteve presente em mais uma concentra-

ção, na Escola Secundária Josefa de Óbidos, no dia

16 de Março de 2006. E, mais uma vez, o ECB esteve

bem representado, levando quatro duplas e conseguin-

do estar presente em quatro finais, das quais ganhou

três. Nada mau para uma escola que, há cinco anos,

simplesmente não tinha o voleibol representado ao ní-

vel do Desporto Escolar.

EM VELOCIDADE

As turmas do 10º e do 11º Anos do Curso Tecnológi-

co de Desporto estão a organizar a “Mega Marcha” e o

“Mega Sprint”, a realizar, respectivamente, nos dias 8

e 16 de Junho do corrente ano. A “Mega Marcha” tem

por objectivo promover a actividade física e o convívio,

sendo dirigida a todas as pessoas que estiverem inte-

ressadas em participar. Por sua vez o “ Mega Sprint”

dirige-se apenas a alunos do 7º e do 8º Ano e, para

além do convívio sempre presente nestas actividades,

procura também recolher os melhores tempos, introdu-

zindo desta forma o factor competição e tornando esta

actividade mais atractiva para quem a realiza e para

quem assiste.

Escalão Nomes Ano/Turma

Juvenis

Masculinos

Filipe Vicente

Tiago Madaleno

João Fialho

Tiago Rocha

8º B

Juniores

Masculinos

José Luís

Diogo Rafael

Bruno

11º I

Iniciadas

Femininas

Catarina Pereira

Mariana Madaleno

Daniela Passarinho

Daniela Franco

10º B

Juvenis

femininas

Sandra Guerra

Sara Vicente

Cátia Feliciano

Catarina Caetano

10º B

Juniores

Femininas

Cristina Mendinhas

Cristiana Lopes

Filipa

Andreia

12º D

12º C

Page 24: N2 - FINAL

ANO I - Nº 2TOQUE DE SAÍDA

24

“Pensaram que eu era Surrealista, mas

nunca fui.

Nunca pintei sonhos, só pintei a minha

própria realidade.”

Esta foi a resposta que Frida Kahlo deu

ao poeta André Breton quando este, em

1938, a considerou uma pintora surrealista.

Porque Frida Kahlo pintou a própria vida.

Nascida em 1907, em Coyohacán, Méxi-

co, cedo conviveu com a doença e o sofri-

mento. A poliomielite que a atacou aos seis

anos e que lhe provocou a atrofia do pé es-

querdo e o encurtamento e estreitamento

da perna direita, e sobretudo o acidente de

autocarro que sofreu em 1925 e que a obri-

garia a usar corpetes ortopédicos até ao fim

da vida, marcá-la-iam para sempre. Desde

então e até à morte, em 1954, aos 47 anos,

Frida Kahlo deixou-nos um vasto conjunto

de obras impregnadas da sua visão do Mé-

xico, da cultura Tehuana e da sua própria

vida: os longos meses imobilizada na cama,

as sucessivas operações cirúrgicas à colu-

na, a amputação da perna direita, a paixão

por Diego Rivera, as gravidezes mal suce-

didas.

Quando se pensa na obra de Frida Kahlo,

imediatamente é o seu rosto que nos vem

à mente: o perfil bem definido, as sobran-

celhas marcadas e unidas por um só traço

(como uma andorinha que levanta voo), a

boca sensual, o buço e o olhar profunda-

mente triste. Porque, acima de tudo, Frida

Kahlo pintou-se. Como se só ela pudesse

ser a medida de si mesma. O assombro da

obra da artista, profusamente policromá-

tica e autobiográfica, não deixa ninguém

indiferente. Exibindo as suas dores físicas

e emocionais, a pintura de Kahlo, demasia-

do “forte” ou “berrante” para uns, chegando

mesmo a raiar a violência, demasiado naïf

ou onírica para outros, não é fácil de ins-

crever numa qualquer corrente artística do

século XX. As cores utilizadas são as cores

do próprio México e as da alma atribulada

de Kahlo. A sua identificação com o México

era tão forte que escolheu para data de nas-

cimento o ano de 1910, data da Revolução

Zapatista.

Entre 24 de Fevereiro e 21 de Maio, o

Centro Cultural de Belém, em Lisboa, apre-

sentou a primeira exposição desta pintora

em Portugal, com obras provenientes do

Museu Dolores Olmedo, no México, e cuja

colecção é considerada a maior e mais im-

portante que existe sobre Frida Kahlo.

Intitulada Vida e Obra 1907.1954, a Ex-

posição encontra-se organizada em quatro

núcleos que acompanham todo o percurso

biográfico e artístico de Kahlo: Infância/Ju-

ventude; Paixão por Diego Rivera; Casa

Azul; Diário/Morte.

Além de 26 obras da pintora, a Exposição

apresenta ainda uma colecção de fotogra-

fias e de objectos pessoais, como um con-

junto de trajes de Tehuana (vestuário que

Frida habitualmente adoptava, numa atitude

que pretendia marcar o ressurgimento das

manifestações culturais pré-colombianas)

e um espaço intitulado Altares dos Mortos,

retirado da tradição de colocar oferendas

aos mortos (roupas, armas, jóias, alimen-

tos, água, incenso) e cuja origem remonta

ao período pré-colombiano; a oferenda que

se apresenta inclui peças de arte popular

mexicana reunidas por Dolores Olmedo.

A Exposição termina com a mostra de

páginas do Diário que Frida Kahlo mante-

ve entre 1944 e 1954. Este não se constitui

apenas como um registo do seu dia a dia,

antes se enche de reflexões, poemas, car-

tas para Diego e amigos, um caderno de de-

senhos e esboços, o relato das suas origens

e um registo de seu estado de saúde.

Entre as 26 obras expostas, destaca-

se O autocarro (1929), uma das suas pri-

meiras realizações, e que nos apresenta o

sentido de humor negro com que a pintora

retratou o que o destino lhe reservou. Sem

nunca ter tido a coragem de representar o

acidente numa pintura, nesta obra de Frida

podemos observar as pessoas que viajavam

neste tipo de transportes: uma mulher indí-

gena descalça, um operário, um burguês e

uma jovem que poderia ser a própria artista.

Um rapaz olha pela janela uma paisagem

na qual se destaca uma loja chamada La

risa (O riso), pormenor significativo do que

seria o momento imediatamente anterior ao

acidente.

A Coluna Partida (1944) foi pintada pou-

co depois de Frida ter sido submetida a uma

intervenção cirúrgica à coluna vertebral,

substituída no quadro por uma coluna jónica

totalmente fracturada e cujo capitel susten-

ta o resto da artista. Os pregos que cravam

o seu corpo simbolizam a dor constante:

os maiores, na coluna, marcam os danos

físicos que o acidente de 1925 provocou,

enquanto os que se encontram no seio es-

querdo, sobre o coração, se reportam à dor

emocional e à sua solidão.

Um dos seus últimos trabalhos, O Círcu-

lo, trabalhado em formato redondo e onde

se observa apenas o tronco de um corpo

feminino, sem cabeça nem braços ou per-

nas, mostra o grau de destruição a que o

seu corpo tinha chegado.

“Espero que a saída seja feliz e espero

nunca mais voltar.” É a última frase do seu

Diário.

Teresa Agostinho, professora

FRIDA KAHLO – NOTÍCIA DE UMA EXPOSIÇÃO