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1 Revista de bordo | Governo do Rio Grande do Sul Ano 1 | número 2 | março 2014 O homem que inventou o gaúcho Paixão Côrtes

Na Janela - 2ª Edição

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Na Janela é uma revista de cidadania e prestação de serviços aos gaúchos. Nesta edição o pensamento do homem que serviu de modelo para a estatua do Laçador - escultura que recebe a todos s que chegam em Porto Alegre pela BR 116 - o tradicionalista Paixão Côrtes.

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Revista de bordo | Governo do Rio Grande do Sul

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O homem que inventou o gaúcho

Paixão Côrtes

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20 NA REGIÃO

história, natureza e lazer são as apostas para o turismo em Viamão, onde a seleção equatoriana de futebol fará sua preparação para a Copa 2014

30 NA TVE

Emissora pública de televisão comemora 40 anos em funcionamento

34 EM CARTAZ

Museu de Direitos humanos do Mercosul abre suas portas em Porto Alegre

36 BOM HUMOR E PROSA NA ESTRADA

Uma aquarela de Edgar Vasques e um conto de Carlos Carvalho

38 PARA VOCÊ

Serviços grátis para aproveitar o verão

SUMÁRIO

4 BOA LEITURA Na Janela é uma revista de cidadania e prestação de serviço

6 NA RODOVIÁRIA histórias dos gaú-chos que andam de ônibus pelo Estado CONVERSA DE BORDO

Paixão Côrtes

defende que o

tradicionalismo

deve se atualizar

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12 HISTÓRIA DA GENTE

Vanderlei de Almeida estudou entre uma solda e outra para entrar na faculdade de Economia

18 PAUSA NO OLHAR

Camila Domingues retrata a pescaria ao entardecer no Rio Uruguai

ACONTECE AQUI

Moradores resistem em ligar o esgoto doméstico na rede pública e dificultam ampliação dos percentuais de tratamento

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32 PARA CONHECER

Arquitetura e meio ambiente surpreendem em Canoas

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5 CURTAS Pequenos drops informativos de consumo rápido

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BOA LEITURA

Na Janela está na boca do povo! A revista foi muito bem recebida pelos passageiros de ônibus do Rio Grande do Sul, que mandaram cartas, e-mails e comentaram nas redes sociais as matérias. Esta é a nossa segunda edição e esperamos surpreender os leitores mais uma vez.Rea�irmamos neste número nossa vocação: na Janela é uma revista de cidadania e prestação de serviço aos gaúchos.Nas próximas páginas, apresentamos o pensamento do homem que serviu de modelo para a estátua do Laçador – escultura que recebe a todos os que chegam em Porto Alegre pela BR 116 – o tradicionalista Paixão Côrtes.Também contamos a trajetória de outro cidadão que serve de inspiração, mas que até hoje se mantinha anônimo. Trata-se de Vanderlei de Almeida, o metalúrgico que passou no concorrido vestibular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).Discutimos ainda a importância da colaboração dos gaúchos para que possamos alcançar índices de tratamento de esgoto que estejam de acordo com os valores recordes que serão investidos até 2017, já que apenas 15% dos moradores ligam suas casas à rede pública de saneamento.Em na Janela nº 2 mostramos também Cinco razões para conhecer Canoas, dicas de programação cultural, humor, literatura e curiosidades. E não deixe de visitar a última página da revista, onde listamos diversos serviços oferecidos ao cidadão de forma gratuita neste �inal de veraneio.Aproveite a sua viagem e coloque em dia sua leitura!Até a próxima parada.

Bem-vindo a bordo

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Nunca mais seremos os mesmos

CURTAS

O sucesso da cadeira de rodas

A equipe de esgrima em cadeira de rodas (foto) do Cen-tro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete) está ganhan-do destaque no cenário esportivo internacional. Além de ter quatro de seus 13 atletas na equipe nacional da moda-lidade, o time conquistou recentemente uma medalha de ouro e uma de bronze na Copa do Mundo de Malchow, na Alemanha. Vinculado à Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, o Cete abriga escolinhas de diversas modali-dades, muito solicitadas pela comunidade de Porto Alegre.

Um dos mais respeitados fotógrafos de todo o mundo, o bra-sileiro Sebastião Salgado aterrissa na Capital durante o mês de março a convite do FestFoto POA. Será uma oportunidade única para conhecer seu trabalho. Salgado fará uma palestra no dia 14 de março no Salão de Atos da UFRGS, com entrada gratuita e por ordem de chegada. E várias das fotografias que ele colheu ao longo dos oito anos do projeto Genesis – que retratam locais ain-da virgens ou com uma cultura autóctone preservada – estarão expostas na Usina do Gasômetro entre 13 de março e 12 de maio.

Participação Popular

A Copa do Mundo e as eleições deste ano vão mudar a programação da Par-ticipação Popular e Cidadã (PPC), cuja incumbência é decidir através de vota-ções presenciais e na internet, o desti-no de pelo menos R$ 165 milhões do orçamento do Governo do Estado.

• MarçoIV Seminário Internacional PPCAudiências Públicas Regionais• AbrilAssembleias Públicas Municipais• MaioFóruns Regionais de Delegados• Junho De 2 a 4 – Votação de Prioridades• Julho/agostoFórum Estadual da Participação Popular Cidadã• SetembroEntrega do Orçamento 2015 à Assem-bleia Legislativa

• Em tempo O trabalho de adaptação das cadeiras de rodas é delicado e recentemente uma delas foi encaminhada para o Presídio Central de Porto Alegre, onde os presos realizaram o serviço.

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Sobre seu trabalho, o fotógrafo declarou à Unicef certa vez:

“Eu espero que a pessoa que entra em uma exposição minha seja dife-rente daquela que sai de lá”.

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NA RODOVIÁRIA

Moradora de Muçum, a jovem mãe de 23 anos tem ido com frequência para Encantado. Uma vez por semana, ela pega o ônibus para consul-tar o advogado e acompanhar o processo de pensão alimentícia para os filhos. “É uma fase difícil, mas vai passar”, espera.

Darlise Lorenzon da Rosa, por justiça

Paulista de São José do Rio Preto, na rodoviária de Pelotas a estudante re-latou que viaja pelos me-nos duas vezes por ano até Jaguarão, onde estu-da Produção Cultural na Unipampa. São 12 horas entre avião e ônibus: “É uma longa distância, mas eu curto. É para estar ao lado dos meus pais”.

“Adorei a primeira edição da revista Na Jane-la. Como viajo diariamente de Pelotas para trabalhar em bagé, resolvi enviar a foto para participar desta coluna. Parabéns!”

A gaúcha e o mineiro aproveitaram o verão para namorar. Ela é professora e vai todos os meses a Capão da Canoa. Ele é policial civil, viaja de belo horizonte para encontrá-la e avisa: “Gosto muito daqui. Pretendo vir muitas vezes”.

Suelen Cruz e Carlos Henrique, encontro na beira-mar

Marjori Mendonça, fazendo escala

Cristiana Coelho Machado, entre Bagé e Pelotas

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Na Jane-. Como viajo diariamente de Pelotas para

trabalhar em bagé, resolvi enviar a foto para

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há cinco anos, a opção de viver em um sí-tio no município de Vespasiano Correia faz com que o trabalhador precise pegar con-dução diariamente até o frigorífico em En-

cantado. “É que não abro mão da tranquilidade do campo”,

revela.

Juarez Rodrigues, na labuta

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As férias em Capão da Canoa com a namorada tiveram que ser inter-rompidas para o coor-denador de Tecnologia da Informação. Francis estava indo para Ta-quari, cuidar da mãe, que reivindicava a sua presença durante uma enfermidade: “Embora os dias estejam lindos, a família está em pri-meiro lugar. E enquanto aguardo o ônibus apro-veito para colocar a lei-tura em dia”.

Francis Dorneles, cuidados com a mãe

namorando há quatro anos, o casal sexagenário mora em Encantado, em casas separadas. Itacir não se incomoda cada vez que a namorada pega o ônibus rumo a Muçum para visitar o filho, pelo contrário, a acompanha para uma carinhosa des-pedida. “Ela vai e eu fico. Assim é bom, a gente sen-te saudades”, explica.

Itacir Grizotti e Eva Gobbi, namoro maduro

VOCÊ NA RODOVIÁRIA – Para participar desta coluna, acesse o Facebook do Governo do Rio Grande do Sul (www.facebook.com/GovernodoRS) e envie sua foto por mensagem (inbox), com dados pessoais e detalhes da viagem. Sua imagem fará parte de um álbum e poderá ser publicada na próxima edição da revista na Janela.

VOCÊ NA RODOVIÁRIAfacebook.com/GovernodoRS) e envie sua foto por mensagem (inbox), com dados pessoais e detalhes da viagem. Sua imagem fará parte de um álbum e poderá ser publicada na próxima edição da revista na Janela.

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Eva Gobbi,

cantado. “É que não abro mão da tranquilidade do campo”,

revela.

Itacir Grizotti e

cantado. “É que não abro mão da tranquilidade do campo”,

revela.

Itacir Grizotti e

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CONVERSA DE BORDO

Texto Naira Hofmeister e fotos Claudio Fachel

Já imaginou desembarcar em Porto Alegre e não encontrar uma churrascaria para comer um assado? Ser proibido de matear em público e ter as portas da barbearia fechada na sua cara por-que o estabelecimento se nega a atender clientes de bombacha? não faz tanto tempo assim, essa era a realidade da capital do Rio Grande do Sul, que embalada pelas modas europeias e norte--americanas, dava as costas para a cultura que forjou nossa identidade.

Se hoje o tradicionalismo é celebrado pelos gaúchos, isso se deve a Paixão Côrtes e a outros sete alunos do Colégio Júlio de Castilhos, que em 1947 desfilaram pela Avenida João Pessoa pilchados e a cavalo, um protesto que tocou o coração dos habitantes e instituiu uma nova relação com a memória rural do Estado.

O movimento foi o responsável pela cria-ção do primeiro Centro de Tradições Gaúchas da história, o CTG 35, prática que hoje se disseminou em todo o mundo. “Éramos oito e hoje somos 8 milhões”, orgulha-se o tradi-cionalista, que recentemente ganhou uma estátua em sua homenagem na sua Santana do Livramento natal.

Paixão Côrtes

“Aparecer tomando chimarrão era um

pavor em 1947”

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Texto Naira Hofmeister e fotos Claudio Fachel

Já imaginou desembarcar em Porto Alegre e não encontrar uma churrascaria para comer um assado? Ser proibido de matear em público e ter as portas da barbearia fechada na sua cara por-que o estabelecimento se nega a atender clientes de bombacha? não faz tanto tempo assim, essa era a realidade da capital do Rio Grande do Sul, que embalada pelas modas europeias e norte--americanas, dava as costas para a cultura que forjou nossa identidade.

Se hoje o tradicionalismo é celebrado pelos gaúchos, isso se deve a Paixão Côrtes e a outros sete alunos do Colégio Júlio de Castilhos, que em 1947 desfilaram pela Avenida João Pessoa pilchados e a cavalo, um protesto que tocou o coração dos habitantes e instituiu uma nova relação com a memória rural do Estado.

O movimento foi o responsável pela cria-ção do primeiro Centro de Tradições Gaúchas da história, o CTG 35, prática que hoje se disseminou em todo o mundo. “Éramos oito e hoje somos 8 milhões”, orgulha-se o tradi-cionalista, que recentemente ganhou uma estátua em sua homenagem na sua Santana do Livramento natal.

PaixãoCôrtes

“Aparecer tomando chimarrão era um

pavor em 1947”

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O desejo de resgatar as tradições rurais despertou quando o senhor chegou a Porto Alegre?

Olha, eu sou do campo. nas-ci em Santana do Livramento, tenho vivência pastoril. Quan-do saí para estudar, em Uru-guaiana e Porto Alegre, me tornei urbano e em determi-nado momento me pergun-tei: mas afinal, o que é que eu sou? Por que não posso tomar chimarrão? Por que não pos-so vestir bota e bombacha? Minhas lembranças não têm valor nenhum?

Vocês eram recriminados por usarem bombachas?

não! não usávamos porque não podia. bah! Aparecer na janela tomando mate era um pavor! nem na porta de casa você chegava. Teve um compa-nheiro meu que foi cortar o ca-belo e o barbeiro não atendeu porque ele tava de alpargata, bombacha e faixa. As modas vinham da Europa, dos Esta-dos Unidos...

Hoje em dia não é muito diferente.

Mas hoje há uma consciên-cia nacional. O tradicionalis-mo não é regional, é nacional. Quem pensar em tradiciona-lismo regional é limitado e já está ultrapassado. Tem CTG em quase todos os Estados brasileiros, tem na Europa. Temos congresso tradicio-nalista nos Estados Unidos (risos)! Quer dizer, inverteu. bom, não inverteu, mas houve uma resposta.

E tudo começou com aque-le des�ile...

O atual movimento tradicio-nalista foi iniciado em 1947, quando um grupo de rapazes do Colégio Júlio de Castilhos tomou consciência de que algo tinha de ser feito para preser-var a identidade da terra, seus valores e suas manifestações espontâneas. O culto é essa consciência, é a necessidade de preservar valores. Por isso você bate no peito e diz: “eu sou gaúcho”, porque conhece suas origens. É diferente com pes-soas que não têm essas heran-ças. não podem bater no peito e dizer “sou gaúcho”. não, você é rio-grandense. nasceu no Rio Grande do Sul. Gaúcho é um es-tado de espírito, não é um nas-cer, é querer ser.

O des�ile na João Pessoa foi su�iciente para mudar as pessoas?

É que durante o desfile as pessoas paravam, tiravam o lenço do bolso e choravam. não houve palavra, houve alma. Entende? Foi só sensibi-lidade, isso foi importante. Eles olhavam e pensavam: “Meu pai e meu avô eram assim - e eu? O que é que eu sou?” Essa, me pa-rece, foi a razão da retomada.

Hoje esse sentimento se massi�icou.

Quando iniciamos, éramos oito. hoje somos 8 milhões de pessoas e quatro mil entidades. houve um despertar da popula-ção sobre a necessidade de pre-servar seus próprios valores e consolidá-los para que as novas

gerações possam encontrar uma razão de ser.

Esse culto à tradição mudou muito hoje em dia?

O movimento tradicio-nalista vai se modificando no transcorrer do tempo, não regride, se atualiza com o conhecimento da época. Com isso ele não fica preso ao passado, ele cultua o pas-sado e avança.

Muita gente associa o movimento tradicionalista ao conservadorismo...

Quem pensar assim não está cultuando as tradições, não pensa em tradicionalis-mo. Está parado no tempo. Já era. O tradicionalismo pro-gride, se atualiza. A moder-nidade da vida lhe obriga a tomar novas atitudes em ra-zão da tecnologia, do avanço.

“Hoje temos CTGs na Europa e congresso tradicionalista nos Estados Unidos”

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CONVERSA DE BORDO

A Semana Farroupilha se atualiza?

A Semana Farroupilha é um dos tantos momentos do culto às nossas tradições, mas eu es-tou falando de tradicionalismo como um todo e não como um fato. Quer dizer, tem gente que resolve ser tradicionalista na Se-mana Farroupilha e depois dei-xa de ser. É um despertar impor-tantíssimo de consciência, mas não pode ficar estagnado em uma data. É uma homenagem aos Farrapos. Terminou o dia 20 de setembro, eu tenho outras

homenagens. O natal, por exem-plo, como é que é? É com neve aqui? Com Papai noel? não, não é! Tem que ter presépio, cantigas dos ternos de reis. Essa é a tra-dição e o folclore do Rio Grande do Sul. É importante você saber o que é nosso e o que não é.

E tudo o que vemos hoje nas representações é �iel à realidade do passado?

Às vezes começa a haver invenções que não traduzem com fidelidade essas heran-ças. Por exemplo, no vestir das

roupas femininas. Verificamos que há uma presença muito marcante das roupas mascu-linas vestidas pelas mulheres.

E o registro da contribui-ção do negro e dos índios pra cultura gaúcha, foi feito?

Isso é importantíssimo! Es-tive em todas as comunidades negras do Estado, se chamam cainambolas. E não quilombo-las. Já começa por aí... Tenho fotografias, filme, todo o ma-terial, está tudo escrito e do-cumentado.

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Quando vocês começaram como era feita a pesquisa?

não tinha registro nenhum, você saía sem rumo, chegava em uma cidade, entrava num bolicho, tomava um trago, pu-xava conversa: “Eu tô vendo que sua roupa é diferente da minha”. E aí começava todo o processo. nos meus livros eu registrei cento e tantas danças que eu tive que aprender.

O senhor aprendeu todas?Claro, senão como é que eu

vou ensinar? Eu chegava para

uma pessoa idosa e pergun-tava o que ela sabia sobre um baile. Mas não ficávamos só narrando como era a dança, era preciso levantar e mos-trar. Aí o entrevistado ia corri-gindo: “não, é assim”. Por isso fundamos o CTG 35, em Porto Alegre. nele reconstituíamos a coreografia com o grupo de dançarinos. Mas há muitas, muitas danças que não foram nunca reconstituídas, que é o manancial de um livro inédi-to no qual estou trabalhando atualmente.

O lenço está nos ombros, e não amarrado ao pescoço do Laçador porque, em um entrevero de armas brancas o gaúcho precisava se desvencilhar da peça, que era utilizada pelo inimigo como suport e para acert ar uma facada.

O laço da escultura tem 14 braças de comprimento,

um tamanho raro, mesmo para a época. É que data de tempos ainda mais remotos,

antes da domesticação dos rebanhos, quando era

necessário caçar à distância animais semi-selvagens.

O Laçador não está descalço. Usa um modelo

rústico de botas “a meio-pé” que deixa os dedos aparentes. O objeto foi

pouco utilizado no campo, mas caiu nas graças do

artista pela sua concepção simbólica da integração

entre homem e terra.

Uma das esculturas mais famosas do Rio Grande do Sul, o Laçador, de Antônio Caringi, teve como modelo Paixão Côrtes, que aos 26 anos, na década de 50, posou para o escultor com peças do vestuário gaúcho que ele guardava em sua casa.

O modelo do Laçador

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HISTÓRIA DA GENTE

Vanderlei de Almeida, 28 anos, metalúrgico e estudante da UFSM.Depoimento a Heloíse Santi

A conquista de novos rumos

A minha história se assemelha a de muitos

brasileiros que vieram de uma infância

pobre, sempre lutando para melhorar o

padrão de vida, para ter um futuro melhor.

Eu nasci em Santa Cruz do Sul. Com dois

meses de idade meus pais se separaram

e eu vim morar em Santa Maria. Era um

bebezinho e quem me criou até os sete

anos foi a minha vó.

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Eu sempre gostei muito de es-tudar. A escola que eu frequentei era daquelas que só tem uma sala de aula. Minha infância foi difícil, mas brinquei muito no campo, subi em árvores...

Com sete anos fui para um inter-nato, Cidade dos Meninos. Ali apren-di muita coisa, o cultivo da terra, marcenaria. Eu vivia sozinho, não tinha família para me dar apoio. Só ia para casa nos finais de semana. Quando saí, cinco anos mais tarde, era muito bom aluno, estudioso.

Começei a trabalhar, tinha aula de manhã e, de tarde, ia para a la-voura de uma senhora que foi uma mãe pra mim. Ela era formada em administração e por influência dela comecei a me interessar por cálcu-lo. Ganhei uma visão de mundo, a ler bons livros, ouvir música.

Vivia com minha mãe e meus irmãos e para nos alimentarmos tí-nhamos o básico.

Com 18 anos assinei pela primei-ra vez a carteira e comecei a minha carreira de metalúrgico, que segue até hoje. Mas eu sabia que podia mais, queria entrar na faculdade.

Com 21 anos fui pai. Foi uma gravidez inesperada, não tínhamos estabilidade financeira, então acho que foi um dos momentos mais di-fíceis que passei.

Meu filho Henrique tinha dificul-dade na fala e começamos a investi-gar, buscar os diagnósticos. Até hoje ainda não se sabe ao certo o que ele tem. Teve momentos em que dei uma desanimada, mas nunca perdi a vontade de estudar.

Em 2013 coloquei como meta passar no vestibular. Tive a ideia de frequentar a biblioteca da es-cola durante a noite, juntei alguns livros e apostilas e comecei minha rotina de estudos.

Foi quando eu descobri que exis-tia um cursinho pré-vestibular pú-blico, financiado pelo Estado (atra-vés do Programa do Oportunidades e Direitos – POD). Era a melhor oportunidade que eu poderia ter, perto de casa e gratuito.

Minha vida ficou limitada por um tempo ao trabalho e estudo, inclusi-ve nos finais de semana. A metalur-gia é desgastante, trabalho direto a 40°C de temperatura. Para piorar, tivemos falecimentos na família e meu filho foi rejeitado na escola.

Mas eu consegui! Entrei na Uni-versidade Federal de Santa Maria pelo sistema de cotas, mas a minha média me possibilitaria entrar tam-bém pelo sistema universal. no se-gundo semestre eu começo a cursar Ciências Econômicas!

O cursinho foi decisivo. A UFSM

é muito concorrida, se disputa vaga com alunos saídos de um ensino médio forte e muitos fazem cursi-nhos anuais e caros. Eu acredito que pelo menos 60% da minha conquis-ta é mérito do cursinho, o restante a minha força de vontade. nesse pon-to os professores também me aju-daram muito e nos incentivavam. Diziam que o que a gente realmente quisesse, conseguiríamos.

hoje estou com 28 anos e sei que o mercado de trabalho é com-petitivo, mas tenho força de von-tade e sei que posso conseguir. O futuro a gente não pode prever, será um longo período, mas vai melhorar 100% nossas vidas. A partir desse ano também quero fazer curso de informática, inglês e conseguir um emprego na minha área, economia.

“Os professores incentivaram muito. Diziam que o que realmente quiséssemos, conseguiríamos”

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ACONTECE AQUI

Por dentro dos canos

O investimento

para tratar o esgoto

alcançou níveis

inéditos no país desde

2007, mas ainda

há resistências dos

moradores em ligar

suas casas na rede

pública de coleta

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Até o ano de 2017 o Rio Grande do Sul vai receber R$ 4 bilhões para o tra-tamento de esgoto, recursos que serão executados pela Companhia Riogran-dense de Saneamento (Corsan). É o valor mais expressivo destinado à área desde os tempos do Plano nacional de Saneamento (Planasa), que vigorou en-tre os anos 60 e 80. “A diferença é que naquele período o objetivo era univer-salizar o tratamento de água. nada era para o esgoto”, observa o coordenador

Santa Maria e Canoas são duas entre várias cidades gaúchas que terão entre 60 %e 90% do esgoto doméstico tratado após a conclusão das obras da Corsan.

cia Velha e Santa Maria, por exemplo.As obras já estão acontecendo em

várias localidades, mas à medida que vão ficando prontas não conseguem chegar aos resultados esperados. É que apenas 15% dos moradores efe-tivam a ligação de sua casa assim que a nova rede de coleta é concluída. Uma empresa pode chegar a demorar até 10 anos para ligar 75% das resi-dências, um trabalho que poderia ser feito em seis meses.

do Programa Socioambiental da Cor-san, Paulo Renato Menezes.

O investimento é um esforço para ampliar o atual patamar de dejetos domésticos tratados, que hoje é de 15%. Quando tudo o que está sendo construído ficar pronto, o índice mé-dio no Rio Grande do Sul será de 40%. Entretanto, várias cidades gaúchas atendidas pela Corsan terão percen-tuais mais elevados, entre 60% e 90% – casos de Esteio, Passo Fundo, Estân-

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taminação de rios, riachos e arroios nas proximidades.

Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas publicado em 2007, intitulado Trata Brasil: saneamento e saúde, as principais vítimas da falta de tratamento de esgoto são as crian-ças entre 1 e 6 anos e as grávidas.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que a cada dólar apli-cado em tratamento de água e esgoto, são economizados cinco dólares em atendimento médico.

Impacto na água

não por acaso as regiões gaúchas que apresentam altos índices de poluição das águas são as que mais estão recebendo investimentos pú-blicos em saneamento. O Vale do Si-nos soma mais de R$ 1 bilhão para obras. Já para a bacia do rio Gravataí estão destinados R$ 600 milhões. E o litoral, onde banhistas e esgoto sem tratamento podem encontrar--se entre uma onda e outra, ganhou R$ 250 milhões.

São valores contidos nos Progra-mas de Aceleração do Crescimento (PAC) 1 e 2, do governo federal. nestas regiões, com o auxílio da população o percentual de esgoto tratado pode chegar a 75%.

É preciso ainda lembrar que são estes mesmos mananciais hídricos contaminados pelos dejetos sem tra-tamento que abastecem nossas casas de água potável. Isso significa que a empresa de saneamento local terá que gastar mais para entregar água limpa para os cidadãos. Ou seja, a negligên-cia terá também um impacto no bolso do consumidor.

Ainda falando de dinheiro, fazer a ligação do esgoto tem como conse-qüência imediata a valorização ime-diata do imóvel no mercado.

Por enquanto, a Corsan aposta em medidas que estimulem as pessoas a fazer as ligações. Por isso, entre 1% e 3% do valor total de cada obra de saneamento básico no Rio Grande do Sul é dedicado a financiar o Programa Socioambiental. O projeto executa um conjunto de ações nas comunidade s que recebem tratamento de esgoto. Assistentes sociais, pedagogos, psi-cólogos, técnicos em meio ambiente e oficineiros diversos ensinam mora-dores a separar o lixo ou fazer sabão a partir de óleo de cozinha usado.

“Também é nossa função absor-ver a insatisfação com o transtorno que causa uma obra como a de es-goto, que abre valas nas calçadas ou nas ruas, muitas vezes dificultando a entrada e saída dos moradores de suas próprias casas”, completa o co-ordenador do Socioambiental, Paulo Renato Menezes.

As equipes sublinham a necessi-dade de efetivar a ligação à rede em construção. Moradores que fazem a sua parte recebem isenção do pa-gamento da conta durante até seis meses.

há ainda um mecanismo previsto no PAC 2 que garante que as obras de ligação individuais sejam também executadas pela Corsan nos casos de beneficiários do Bolsa Família.

Mas os próprios técnicos da Cor-san admitem que apenas incentivar a ligação talvez não seja suficiente. Por isso, em conjunto com o Minis-tério Público e a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos do Rio Grande do Sul (Agergs), a companhia está estudando colocar em prática medidas impositivas – multas, por exemplo – para quem se negar a integrar a rede pública de coleta.

Água da torneira pode ser afetada pela falta de esgoto tratado

Medidas impositivas

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PAUSA NO OLHAR

Pescaria na fronteira

O registro dos amigos pescando no Rio Uruguai feito pela fotógrafa CAMILA DOMINGUES é tão preciso que conseguimos imaginar o murmúrio das águas a cada passo dos pescadores, que em silêncio, esperam um peixe morder a isca.

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A Igreja Matriz da cidade, construída em 1746, é tombada pelo patrimônio histórico nacional

Agende sua visita

NA REGIÃO

Uma das primeiras cidades a ser povoada no Rio Grande do Sul, Viamão poucas vezes foi as-sociada ao turismo ao longo de sua história.

Mas desde que foi confirmada como Centro de Treinamentos da seleção do Equador, durante a Copa do Mundo, passou a des-pertar curiosidade nos viajantes gaúchos.

O passado importante do muni-cípio se revela na Igreja Matriz nos-sa Senhora da Conceição, tombada

Viamão surpreende turistas

LAZER

como patrimônio histórico e artís-tico brasileiro. É a segunda igreja mais antiga do Estado, cuja primei-ra missa foi celebrada em 1746.

Viamão também foi palco de algumas batalhas da Revolução Farroupilha. Resquícios dessas escaramuças são encontrados nas Trincheiras de Tarumã, local utili-zado pelos farrapos como refúgio para as tropas de bento Gonçalves no cerco a Porto Alegre. O monu-mento Cruz das Almas faz alusão às vítimas dos combates.

Quem está à procura de emo-ção não pode deixar de conhecer o Autódromo de Tarumã, local de famosas corridas, muitas vezes com automóveis antigos que já deixaram de ser fabricados.

O local de hospedagem da se-leção do Equador é uma atração em si. Localizado dentro de uma

reserva ecológica e com inúme-ras opções de lazer e aventura, o empreendimento pode ser visi-tado durante o dia, mas é neces-sário agendar com antecedência.

História e natureza são atrações do município que abrigará a seleção do Equador durante a Copa 2014

• Igreja Matriz (51) 3485.1515• Parque de Itapuã (51) [email protected]• Autódromo de Tarumã (51) [email protected]• Fundação Vera Chaves barcellos (51) [email protected]

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A grande joia verde de Viamão é o Parque Estadual de Itapuã, um santuário natural de 5,5 hec-tares cercado pela Lagoa dos Pa-tos e o Rio Guaíba onde habitam mais de 300 espécies de fauna e flora nativas.

Distante 57 quilômetros de Porto Alegre, é uma Unidade de Conservação de Proteção Inte-gral e 75% de sua área é vedada ao turismo. na parte onde a visi-tação é permitida, trilhas levam a diferentes pontos do parque onde se pode avistar animais na-tivos do Rio Grande do Sul, como o bugio-ruivo, ameaçado de ex-tinção. Mirantes naturais permi-tem uma vista privilegiada das

Itapuã, sombra e água fresca

oito praias (nem todas abertas) e da flora exuberante da região.

As águas doces, calmas e lím-pidas do Guaíba convidam a um banho na praia das Pombas, o único dos três balneários que está aberto aos turistas. Da areia é pos-sível avistar o Farol de Itapuã, que marca o local onde o lago que ba-nha Porto Alegre faz divisa com a Lagoa dos Patos.

O engenheiro eletricista Lu-ciano de Paula se surpreende sempre que visita o local. “Estar em contato com o ecossistema da região – esses morros, dunas, ilhas e praias de água doce e lim-pa – renova nossas energias para a semana que se segue”, acredita.

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No encontro das águas da Lagoa dos Patos com o Guaíba, Itapuã oferece trilhas e banhos na praia

A Fundação Vera Chaves Barcellos oferece uma programação cultural intensa. Exposições, seminários, debates e projetos editoriais acontecem dentro da colorida sede que guarda a memória da artista gaúcha.

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NA REGIÃO

DIVERSIFICAÇÃO

Considerada a principal região produtora de fumo no Estado, o Vale do Rio Pardo ganhou novas cores e sabores com a diversifica-ção de culturas nos últimos três anos. Como o ciclo produtivo do tabaco é curto, em média cinco meses, diversos agricultores fami-liares resolveram ampliar o uso da terra e introduziram o cultivo de hortaliças, legumes, frutas e até a criação de animais.

Um dos exemplos é o agricultor

Novo cenário nos campos de tabaco

Incentivo da Conab

Em 2011, a região foi contemplada com um convênio com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O contrato permite a compra de alimentos de agricultores familiares e distribui para famílias carentes participantes do programa Fome Zero.Além disso, alguns legumes como cenoura e beterraba são distribuídos para alunos da rede pública de ensino, com o intuito de enriquecer os nutrientes da merenda escolar, formando uma cadeia produtiva de qualidade.

Na principal região produtora de fumo do Rio Grande do Sul, o cultivo tradicional divide espaço com culturas alternativas

Paulo Eduardo bavaresco, de 48 anos, dono de uma pequena pro-priedade no município de Segre-do. nos 38 hectares, herdados do seu avô, a família produz além do fumo, soja, milho e cria vacas de leite. “Meus filhos foram estudar fora e, com mão de obra terceiri-zada, o tabaco fica caro”, justifica.

Curiosamente, foram os jovens que optaram por permanecer no campo os maiores incentivadores da diversificação das lavouras. Eles perceberam que era uma oportu-nidade de ampliar os ganhos das propriedades rurais. “As hortaliças dão renda durante todo o ano, com bom lucro mensal e anual”, expli-ca a técnica agrícola da Emater de Soledade, Celita Peterson, que tra-balha na orientação dos agriculto-res que decidem mudar o perfil de suas propriedades.

Além disso, diversificar a pro-dução reduz os riscos de frus-tração de safra, orienta o gestor executivo da Associação brasi-leira de Fumicultores, Jesus Ro-drigues. “Esses produtores con-seguem alcançar crescimento e desenvolvimento maiores se comparados aos que dependem de uma única cultura”, revela.

Para ampliar os resultados da iniciativa, os trabalhadores ru-rais se organizaram em coopera-tivas de diversas especialidades, fortalecendo os novos cultivos.

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Paulo Eduardo Bavaresco introduziu soja e milho na lavoura de fumo

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Cleudete Picolli: o colégio antigo já não dava conta do alto número de estudantes

EDUCAÇÃO

Uma espera de quase 10 anos chega ao fim neste início de ano letivo no bairro Desvio Rizzo, em Caxias do Sul. Estudantes que antes precisavam percorrer dois quilômetros até a escola de ensino médio mais próxima vão poder ter aula bem pertinho de casa em 2014.

não só as nove salas de aula estão prontas, como há laborató-rios, quadra de esportes, bibliote-ca e refeitório novos, que poderão atender até 900 estudantes. “A es-cola é um sonho da comunidade!

Lutamos uma década por ela e a expectativa é grande tanto de pais como de alunos”, destaca a sub--prefeita da região administrativa Desvio Rizzo, Gladis Frizzo.

As portas estarão abertas nos três turnos do dia e poderão re-ceber jovens e adultos do “Grande Rizzo”, que agrega 28 bairros e 60 mil habitantes.

O Desvio Rizzo, localizado na região oeste de Caxias do Sul, tinha até este ano somente uma escola de ensino médio, que de acordo com a chefe da 4ª Coordenadoria Regional de Educação, Cleudete Picolli, não supria a necessidade

local. “O Desvio Rizzo é afasta-do do centro da cidade e está em constante expansão industrial e populacional”, explica.

Além disso, a dificuldade com o transporte dos alunos levava mui-tos estudantes a desistirem de se deslocar até a outra escola.

O conhecimento próximo de casa

Comunidade sugere nomes

A nova estrutura da rede pública escolar ainda não tinha um nome ofi cial quando a reportagem de Na Janela esteve no local. Mas a comunidade está se organizando para escolher democraticamente o título que levará essa obra tão querida: os vizinhos farão uma eleição entre todos os nomes sugeridos.

Centenas de alunos do bairro Desvio Rizzo, na zona oeste de Caxias do Sul, começam o ano letivo na nova escola da comunidade AL

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NA REGIÃO

INVESTIMENTO

Os números significativos de atendimentos que atualmente exibe o hospital de Tramandaí, no Litoral norte, eram impensáveis no início de 2011. Se há dois anos a instituição estava quase fechan-do as portas, hoje elas estão aber-tas 24 horas por dia, há o dobro de leitos na UTI, e o atendimento é realizado exclusivamente através do Sisitema Único de Saúde (SUS).

Na época da crise financeira da Universidade Luterana do brasil (Ulbra), a antiga mantenedora da casa de saúde, o hospital Traman-

A saúde renasce em Tramandaí

Cuidados especiais para gestantes

Os últimos anos foram marcados pela abertura de serviços que tor-naram o hospital referência no Li-toral Norte, como o Ambulatório de Gestação de Alto Risco (Agar). Des-de 2012 o setor atende 96% das gestantes com este perfi l de cuida-dos especiais. Antes elas precisa-vam se deslocar para Porto Alegre para receber atenção médica.

Hospital da cidade multiplica oferta de leitos e vira referência no Sistema Único de Saúde depois de quase fechar as portas durante uma crise fi nanceira da antiga mantenedora

A reestruturação garante mais de cem partos a cada mês

daí parecia que ia fechar as portas.Mas um acordo entre a Secre-

taria Estadual da Saúde e a prefei-tura municipal de Sapucaia do Sul permitiu transferir a gestão para a Fundação hospitalar Getúlio Var-gas, que tem sede no município.

A medida assegurou a manuten-ção do emprego dos trabalhadores

e o funcionamento do hospital, além de ter inaugurado uma fase de investimentos do Estado.

Poucos meses antes de com-pletar o segundo aniversário sob nova gestão, os repasses para o hospital de Tramandaí alcança-ram a marca de R$ 64 milhões anuais. Com o recurso foi possível multiplicar o atendimento na ins-tituição.

A emergência passou a funcio-nar com as portas abertas duran-te as 24 horas do dia, situação que permite, em época de veraneio, realizar 150 atendimentos por mês apenas nesta modalidade.

As consultas também foram ampliadas e hoje a média é de 80 encontros entre médicos e pacientes a cada 30 dias. O nú-mero de leitos da UTI passou de 10 para 20.

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TRADIÇÃO

Os italianos desembarcaram na região do Chapadão, no Vale do Jaguari, em 1888. na baga-gem trouxeram, além da vonta-de de construir uma nova vida, um conhecimento que ainda hoje move parte da economia da

Produção vinícola além da Serra

Homenagem à cidade

As uvas que Reollon co-lhe são processadas pela cooperativa e se trans-formam em vinho, cujas garrafas levam como marca o nome da cidade – Jaguari – e são distribu-ídas no Estado e em boa parte do país.

região: o cultivo de videiras e a elaboração do vinho.

A tradição segue viva na octo-genária Cooperativa Agrária São José, que reúne 58 produtores de uva do município de Jaguari e co-mercializa 500 mil litros de vinho e suco a cada ano. Dagmar Reollon é associado e herdou o gosto pela cultura vitivinícola dos avós. há 25 anos cultiva videiras. “Durante esse tempo, a produção teve altas e baixas. Mas não desisti dos par-reirais”, revela.

Depois de muitos anos traba-lhando de forma independente a cooperativa ganhou um novo alia-do. O Fundo de Desenvolvimento

Descendentes de italianos no Vale do Jaguari dão continuidade à cultura dos antepassados com o auxílio técnico da Emater

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Reollon herdou o gosto pela vitivinicultura dos avós e de familiares do além-mar

da Vitivinicultura (Fundovitis), gerido pela Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegó-cio (Seapa) cujo objetivo é a capa-citação das famílias no cultivo e no manejo da videira.

Durante dois anos técnicos da Emater visitarão as proprieda-des para orientar os agricultores familiares sobre nutrição correta de plantas, manejo do solo e de videiras, poda, controle de pra-gas, doenças, ponto de colheita, qualidade da uva para consumo e industrialização. A assistência téc-nica abrange não apenas os sócios da cooperativa, mas também pro-dutores independentes.

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NA REGIÃO

IGUALDADE

Frederico Westphalen, no norte do Estado, é uma cidade dividida pela bR-386 e que apresenta reali-dades sociais e econômicas distin-tas em ambos os lados da rodovia. Para tentar equilibrar essas dife-renças, um projeto promovendo o desenvolvimento esportivo, cul-tural e social das duas margens do asfalto foi posto em prática com a chegada da Central Única das Fave-las (Cufa) ao município há 5 anos.

Inspirada em modelos se-melhantes de diversas cidades brasileiras, a Cufa/FW promove campeonatos esportivos, oficinas culturais e cursos profissionali-zantes. Os jovens beneficiados podem escolher entre jogar fute-bol, desenvolver técnicas de skate ou artes marciais, aprender notas musicais no violino, cantar rap, fazer customização de roupas ou

simplesmente pular em uma cama elástica. Orientações de psicope-dagogas, psicólogas e assistentes sociais também são oferecidas à comunidade.

Aos 16 anos, Argemiro Sagaz Ju-nior exibe com orgulho as meda-lhas de campeão gaúcho, brasilei-ro e panamericano de taekwondo. Ele foi aluno da primeira turma de oficinandos e nunca mais deixou o projeto: hoje é monitor das aulas. “Esse projeto mudou a minha vida! Meu sonho é seguir ensinando o que aprendi aqui, vou ser profes-sor de Educação Física”, revela.

Municípios vizinhos como Cai-çara, Cristal do Sul, Irai, Alpestre e Faxinalzinho também recebem atividades. Ao todo, 600 crianças e adolescentes participam semanal-mente do projeto. Em 2014 serão 120 eventos e 42 oficinas.

Esporte e cultura se democratizam

Ponte entre o público e o privado

A ponte imaginária que conecta os dois lados do asfalto de Frederico Westphalen une também iniciati-va pública e privada. As atividades promovidas pela Cufa-FW são patrocinadas pela Arbaza Alimentos e por editais pú-blicos do Governo do Estado.

Atividades promovidas pela Central Única das Favelas de Frederico Westphalen atraem 600 jovens da região por semana em busca de diversão

Ao longo do ano estão programados 120 eventos e 42 ofi cinas esportivas e sociais

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CULTURA

Uma investigação arqueológi-ca no pátio do Museu Getúlio Var-gas, na cidade de São borja, des-cobriu estruturas originais do casarão que serviu de residência para o ex-presidente, sua esposa e filhos e que hoje preserva a me-

mória do caudilho.U m a p a r t e

do piso de ti-jolos típico da época de construção do prédio e um pequeno canal para escoa-mento fazem parte dos achados.

As estruturas serão preserva-das através da abertura de uma janela no piso, que será coberta com vidro. Assim, os visitantes terão a oportunidade de visuali-zar esse vestígio histórico.

O museu está sendo restaurado desde o final de 2013. O telhado do antigo casarão já exibe aparência renovada, e agora uma nova etapa

das obras deve come-çar no forro.

O projeto in-clui não ape-nas a revitali-zação da casa

tombada onde morou o ex-pre-

sidente até 1923, enquanto era deputado

estadual do Rio Grande do Sul.Prevê também a construção de

um novo prédio de reserva técnica para abrigar o acervo histórico e sediar pesquisas. A obra foi inter-rompida depois da descoberta do piso original e tubulações para que o Instituto do Patrimônio histórico e Artístico Nacional (IPHAN) fizesse uma avaliação, mas será retomada assim que o parecer for emitido.

Sob os passos de Getúlio Vargas

Maior que o Palácio do Catete

O acervo do museu inclui mais de mil livros, uma escrivani-nha e uma urna confeccionada a pedido de Vargas para ser a representação da União Nacio-nal, através da junção de uma porção de terra de cada um dos estados brasileiros.

Restauração no museu que guarda o acervo do ex-presidente em São Borja encontrou o piso original do pátio da casa onde o político viveu com a família

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Tubulações originais e parte do pátio registram o modo de vida da época

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Áudios e linguagem de sinais permitirão que portadores de defi ciência visual e auditiva travem contato com a memória do sítio histórico

O rico universo artístico, arquitetônico e histórico que

permeia as ruínas de São Miguel das Missões, decla-radas Patrimônio Mundial pela Unesco, poderão ser

vivenciados também por pessoas com deficiên-

cia visual e auditiva.Uma iniciativa da

Associação Amigos das Missões em parceria com

o Governo do Estado está implan-tando um sistema de audioguias exclusivo para o local. As versões

infantil e adulto são narradas em diversos idiomas, inclusive o gua-rani, falado pelos indígenas que ajudaram a construir as reduções jesuíticas no século XVIII. have-rá também uma versão do guia narrado na Língua brasileira de Sinais (Libras).

“Esses sistemas são a garan-tia de que crianças, estudantes, adultos e pessoas com deficiên-cia auditiva e visual tenham aces-so facilitado ao conhecimento, à compreensão e ao envolvimento do significado deste patrimônio e de sua impressionante ener-gia e força mística”, comemora o presidente da associação, Carlos Augusto Silveira Alves.

Os textos produzidos tiveram a supervisão do historiador e escri-tor gaúcho Tabajara Ruas, criador de obras como netto Perde a Sua Alma, que foi levado ao cinema também sob sua batuta. O sistema

deverá entrar plenamente em ope-ração em abril de 2014.

A Igreja de São Miguel Arcan-jo, erguida em 1745, foi o centro de uma comunidade construída em pedra por religiosos jesuítas e indígenas guaranis, nos séculos XVII e XVIII.

NA REGIÃO

PATRIMÔNIO

Turismo acessível nas Missões

No local também é pos-sível ver cem esculturas indígenas no Museu das Missões, com o estilo único do Barroco Mis-sioneiro: as peças têm adornos abundantes e exuberância como o Bar-roco clássico. Mas trazem a infl uência do modo de vida dos nativos e, por isso, várias esculturas de santos possuem expres-sões indígenas ou estão com os pés descalços.

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A igreja São Miguel Arcanjo é o centro do sítio declarado patrimônio da humanidade

O rico universo artístico, arquitetônico e histórico que

permeia as ruínas de São Miguel das Missões, decla-radas Patrimônio Mundial pela Unesco, poderão ser

vivenciados também por pessoas com deficiên-

cia visual e auditiva.

Associação Amigos

O rico universo artístico, arquitetônico e histórico que

permeia as ruínas de São Miguel das Missões, decla-radas Patrimônio Mundial pela Unesco, poderão ser

vivenciados também por pessoas com deficiên-

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MEMÓRIA

A fisionomia de Pelotas vem pouco a pouco se modificando a partir da restauração de dezenas de edifícios históricos que vem sendo levada a cabo nos últimos 12 anos. O mais recente exemplar da arqui-tetura antiga da cidade entregue para a população foi o renovado Mercado Público, no final de 2013.

A impecável fachada em tons

amarelos se une assim a diversas outras construções recuperadas no entorno da Praça Coronel Pe-dro Osório, que dão testemunho dos 201 anos da cidade e do res-plendor econômico e social vivido na localidade durante o período das charqueadas. “Pelotas está fi-cando mais bonita”, comemora a arquiteta da Secretaria Municipal de Cultura, Paulina Von Laer.

Entre os imóveis concluídos, es-tão as antigas residências do char-queador Vianna (atual sede da Se-cretaria da Cultura) e do barão de São Luis, futura sede do Museu da Cidade – ambas do século XIX.

A própria praça recebeu restau-ração do calçamento e agora passa por uma reformulação da arbori-zação para recuperar seu aspecto original. no centro da área verde

reina a também restaurada Fonte das nereidas, importada da Fran-ça em 1872 para fornecer água potável em barris à população que crescia na cidade.

O famoso Theatro Sete de Abril ainda não está concluído, mas quando reabrir suas portas volta-rá a ostentar o título de mais antiga casa de espetáculos do brasil, com quase 180 anos de existência.

História resplandece em Pelotas

A riqueza das charqueadas

O restauro de dezenas de casas em Pelotas devolve à cidade os ares que possuía nos tempos das charqueadas, fazendas que seguiam o método da salgação da carne criado em 1779 pelo português José Pinto Martins.O ciclo do charque durava de novembro a abril e gerava mui-ta riqueza para os proprietários, que no período de ócio da ati-vidade, se dedicaram a erguer sobrados de grande valor artís-tico, muitos deles projetados por arquitetos e engenheiros vindos da Europa.

Mais de uma dezena de edifícios antigos foram recuperados nos últimos anos, alterando o perfil da cidade e atraindo turistas para a região

O Mercado Público (acima) e a Fonte das Nereidas (direita) foram restaurados

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não é uma trajetória para ser menosprezada: chegando aos 40 anos, a TVE tem em seu currículo iniciativas pioneiras entre as televisões brasileiras. Foi a primeira emissora do país a possuir uma unidade móvel para transmissões ao vivo fora dos estúdios. E se lançou antes que todas as outras na aventura da digitalização, em 1998.

Apesar de ter sido um mo-delo, ao completar seu 40º aniversário a TVE corre para recuperar o tempo perdido. “não havia investimento. As gestões anteriores fizeram uma contenção de gastos que representou o desmonte da te-levisão. não havia sequer ma-nutenção dos equipamentos”, critica o presidente da Funda-ção Cultural Piratini, entidade que administra TVE e FM Cul-tura, Pedro Osório.

Quando Osório assumiu a casa, em 2011, das 40 re-transmissoras que a televisão possuía, três funcionavam in-tegralmente e duas apenas par-cialmente. “As outras estavam abandonadas”, revela.

Três anos depois, 36 estão operando e já está sendo prepa-

rada uma licitação para a substi-tuição completa das retransmis-soras por equipamentos digitais de alta definição. A migração começa oficialmente no mesmo mês em que a TVE completa 40 anos, março, quando o sinal cen-tral já será emitido com a nova tecnologia.

Foi necessário multiplicar em mais de 20 vezes o investimen-to que vinha sendo feito para recuperar a emissora (veja no

quadro). “Comunicação é uma atividade cara, inegavelmente. Mas é função de Estado não de um governo”, defende Osório.

A autorização para a reali-zação de um concurso público trará novo gás para a emissora. “hoje estamos no pelotão de frente das televisões públicas, entre as quatro melhores do brasil, ao lado de TV Cultura (SP), e das televisões educativas de bahia e Minas”, comemora.

TVE, a quarentona quer aparecer

NA TVE

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Investimentos Fundação Cultural Piratini* Entre 2003 e 2010 R$ 515 milEntre 2011 e 2013 R$ 12,7 milhões*Excluindo custeio e folha de pagamento

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ESPAÇO DO LEITOR

Atual sede foi ocupada por trabalhadoresEntre os 257 funcionários da TVE, alguns estão na emissora desde a inauguração, em 1974. Estes participaram de momentos históricos, como a mudança para o edifício atual, no Morro Santa Teresa, em 1981.

Um incêndio no então estúdio, na Faculdade de Comunicação da PUCRS, fez com que os funcionários empreendessem uma verdadeira “fuga”, nas palavras do supervisor de operações Marcos Grade, 37 anos de casa. “Este prédio aqui no morro estava abandonado. Ocupa-mos na marra”, lembra.

As saídas para coberturas ex-ternas exigiam boa vontade. “O cinegrafista agarrava a câmera e sustentava a iluminação. O repór-ter levava fitas e baterias”, conta o editor de pós-produção, Edson Mello.

Essa necessidade de improvi-sar agregou qualidade aos pro-fissionais, que ganharam em ex-periência e jogo de cintura. “Aqui temos que saber fazer de tudo, por isso a TVE é um celeiro de pro-fissionais de jornalismo e da área técnica”, acredita Mello.

Aos 40 anos a TVE co-meça a enviar produções para outros canais públi-cos brasileiros pela pri-meira vez.

A TV brasil passa a exi-bir, a partir de maio, 26 episódios do programa in-fantil Pandorga, que estão em fase de finalização. O programa nação, que trata de questões étnico-raciais, também será reproduzido em rede nacional.

Junto ao Galpão nativo, Radar e Estação Cultura,

Pandorga é um dos mais antigos programas da emissora. Foi idealizado nos anos 80 pela profes-sora e atriz Maria Inês Falcão, que encarna a per-sonagem nina, e até hoje é o único do gênero produ-zido no Rio Grande do Sul. “Surgiu da necessidade de a criança ter um espaço onde não se incentivasse o consumo, não se tratas-se de violência nem se ba-nalizasse a sexualidade”, observa ela.

DICA: Para comemorar os 40 anos da TVE e os 25 da FM Cultura, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) fará um concerto gratuito no auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. A apresentação, na noite de 9 de março, terá transmissão ao vivo pela televisão para todo o Rio Grande do Sul.

Emissora está exportando programas

Entre os 257 funcionários, alguns participaram dos primeiros passos da TV

Edição nº 1Recebi em mãos na rodovi-ária de Marques de Souza o primeiro exemplar desta publicação. E posso resumir numa só palavra a minha opinião: EXCELENTE, pois traz cultura, conhecimento, diversão, informação numa publicação ao alcance de todos, de distribuição gra-

tuita, coisa rara hoje em dia. Parabéns pela iniciativa.Alicio de Assunção

Acredite se quiser: agora nos ônibus intermunicipais do Estado temos leitura para os passageiros. Pa-rabéns ao Governo do Rio Grande do Sul pela iniciati-va! #maisleitura #maisin-

formação #LuisFernando-Verissimo #NaJanelaRubi Milech

Luis Fernando VeríssimoExcelente entrevista! É reve-lador saber que um escritor pode começar um livro com apenas uma frase na cabeça! Na simplicidade de uma en-trevista “naturalista” saíram

boas informações como a frase “minha musa inspira-dora é o prazo de entrega”: uá, uá, uá!Euthalia Xavier

Muito legal a entrevista com Luis Fernando Verissimo! Adorei. O grande José Antô-nio Silva é sempre brilhante.Angelina Quintana

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Revista de bordo | Governo do Rio Grande do Sul

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O texto, o traço e outras paixões

Luis Fernando Verissimo

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PARA CONHECER

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Para quem está acostumado a olhar

a cidade apenas do ponto de vista

da estrada que a corta, Canoas pode

surpreender com recantos naturais e

bonita arquitetura.

3 – No Rio dos Sinos, a Praia do Paquetá, embora não balneável, é programa perfeito para os apreciadores da natureza.

4 – A antiga estação de trem, tombada pelo patri-mônio do município, abriga o Museu da Cidade e o Arquivo Histórico.

5 – No Parque Getúlio Vargas está instalado o Mini-zoo, onde espécies como a ema chamam a atenção dos visitantes.

1 – Centenária e com estilo neoclássico, a Casa das Artes Villa Mimosa possui café, biblioteca e espaços para expo-sições e ofi cinas.

2 – Sede do 5º Comando Aéreo Regional e de uma Base Aérea da FAB, Canoas também é conhecida como a “terra do avião”.

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CanoasAlém da BR-116

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EM CARTAZ

Um pouco por ser o centro geográfico do Mer-cosul, outro por suas raí-zes culturais espanholas e portuguesas e certamente muito pelo que aportou no combate aos crimes cometidos pelas ditaduras militares, Porto Alegre foi escolhida para sediar o Museu dos Direitos huma-nos do Mercosul (MDhM).

A instituição vai ocu-par o primeiro andar do Memorial do Rio Grande do Sul, no centro de Porto Alegre.

E vai entrar para a histó-ria. “Essa será a experiên-cia pioneira no mundo de um equipamento cultural transnacional”, anuncia o

diretor do MDhM, Márcio Tavares dos Santos.

A primeira mostra abre suas portas durante a vigí-lia que recordará os 50 anos do Golpe Militar, entre 31 de março e 1º de abril, data em que o exército derrubou o governo de João Goulart e deu início a mais de duas décadas de autoritarismo.

A exposição terá con-

tribuições de artistas do Cone Sul, onde estão al-guns dos países que mais sofreram com ditaduras e cujos governos instaura-ram a mais famosa cone-xão repressiva da época, a Operação Condor.

Apesar de ter sido o mote para a mostra inau-gural, o Museu dos Direitos humanos do Mercosul não restringirá sua pauta aos regimes militares. Tampou-co será um mero depositá-rio de registros, embora vá incorporar em seu acervo documentos do Arquivo histórico do Rio Grande do Sul referentes ao tema.

Suas mostras serão uma mescla entre arte e

memória informativa e a intenção é abrir o espaço para o debate contempo-râneo sobre os direitos humanos. As exposição vão retratar histórias de mulheres, negros, indí-genas e da comunidade LGbT que, a partir da de-mocratização da região, encontraram um novo ambiente para lutar por seus direitos.

“O desafio é mostrar que tudo está interliga-do: o que hoje não con-seguimos resolver tem a ver com o nosso passado. E a própria ditadura teve raízes muito mais pro-fundas na história”, ob-serva Santos.

Museu dos Direitos Humanos do Mercosul abre suas portas em abril

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Mostra inaugural inicia na vigília

que lembra os 50 anos do Golpe

Militar e marcará o início das

atividades da primeira instituição

de cultura transnacional no mundo

Memorial do Rio Grande do Sul será a sede

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Ana Norogrando: obras 1968-2013Uma leitura original da obra da artista voltada à escultura. Entrada franca.• Até 23 de março

1º Concerto O�icialComposições de Aaron Copland, Joan Tower, Carlos Chávez, Igor Stravinsky e Jean Françaix com ênfase em sopros e percussão.• 17 de março, 20h30minTeatro Dante barone, Assembleia Legislativa

2º Concerto O�icialSerenata para cordas, de Antonín Dvorák e Quatro Estações Portenhas, de Astor Piazzolla. Entrada franca.• 18 de março, 20h30minIgreja nossa Senhora das Dores

3º Concerto O�icialSinfonias Mozart e Tchaikovsky• 25 de março, 20h30minTheatro São Pedro

Ospa no InteriorAbertura da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, O Garatuja, de Alberto

nepomuceno e sinfonia n° 5 de beethoven.• Santa Cruz do Sul30 de março, 20h30min• Camaquã31 de março, 20h30min

OSPA - Porto Alegre(51) 3222-7387http://www.ospa.org.br

OSQUESTRA SINFÔNICA DE PORTO ALEGRE

ExposiçõesDesenho na NoiteObras realizadas a partir da observação do escuro, das sombras e do que ocorre na casa à noite. Entrada franca.

• Até 9 de marçoGaleria Augusto Meyer

Em Minha Fome Mando EuA artista propõe novos sentidos para a percepção a partir de fragmentos do cotidiano. Entrada franca.

• Até 9 de março Fotogaleria Virgílio Calegari

Fading AwayFotografias feitas de dentro de um automóvel em movimento retratam paisagens fugidias e fora de foco. Entrada franca.

• Até 9 de marçoEspaço Maurício Rosenblatt

Fotos de Rodrigo BragagliaImagens de cavalos resgatados pela Ong Chicote nunca Mais.

Entrada franca.• Até 11 de marçobiblioteca Lucília Minssenwww.portoveraoalegre.com.br

TeatroHistórias de Pensar (infantil)Peça baseada no livro escrito por Rogério hoch, onde homens, crianças e animaizinhos desfilam em aventuras recheadas de mensagens ecológicas, com interatividade e humor.

• De 8 a 30 de março (sábados e domingos), às 16hSala Lili Inventa o Mundo, 5º andar CCMQ

CCMQ - Porto Alegrehttp://www.ccmq.com.br/Segundas: 14h às 21h; terças a sextas: 9h às 21h; sábados e domingos: 12h às 21hInformações e visitas guiadas: [email protected] (51) 3221-7147

CASA DE CULTURA MÁRIO QUINTANA

MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL

A Bela Morte: Confrontos com a natureza-morta no século XXInatureza-morta em pinturas, esculturas, desenhos, gra-vuras, instalações, objetos e outras modalidades artísticas. Entrada franca.• Até 16 de março

Margs - Porto Alegrewww.margs.rs.gov.brTerças a domingos, das 10h às 19h (51) [email protected]

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BOM HUMOR

Ao longo de toda a nossa vida, ingerimos alimentos que equiva-lem ao peso de seis elefantes.

O camelo assado é maior prato do mundo, servido nos casamentos dos árabes que vivem no deserto. São muitos os recheios, um dentro do outro: os ovos cozidos vão dentro de um peixe, que serve de recheio a um frango assado, que por sua vez é coberto por um carneiro inteiro. Tudo isso é servido dentro de um camelo, que vai à mesa.

Se todos os cachorros quentes consumidos pelos norte-ameri-canos durante um ano fossem postos em fila, formariam uma ponte duas vezes maior que a distância da Terra até a Lua.

Um terço de todos os sorve-tes vendidos no mundo são de baunilha.

Em muitas culturas, a presen-ça de 13 pessoas à mesa é con-siderada funesta. Os franceses sempre convidavam um comen-sal extra para ocupar o 14º lugar.

Já no hotel Savoy, em Londres, um gato de madeira chamado Kaspar ocupa um lugar a mesa quando o grupo é de treze pesso-as desde 1926.

Em 1987, a empresa aérea American Airlines economizou o equivalente a R$ 130 mil eliminando uma azeitona de cada salada servida na primei-ra classe.

Uma gota de óleo torna 25 litros de água imprópria para o consumo.

Curiosidades: alimentação

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Por Cleber Rabelo da Roza, professor da UERGS

Uma gota de óleo torna 25

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PROSA NA ESTRADA

Foi quando se apercebeu de que vivia

nas trevas não sabia desde quando.

Com a descoberta, a compreensão

exata e desagradável da ausência.

No desejo intenso de se tornar pre-

sente, tratou de utilizar-se: lançou

um membro, arremeteu outro, em

marradas sucessivas. À força de

vibrar, tentou romper os muros que

o rodeavam, mas a desconexão e a

noite impediam-lhe o movimento.

A sólida construção a tudo resistia.

Exausto, abandonou-se ao tépido

torpor que o massageava. E adorme-

ceu por séculos e séculos.

Foi arrancado do sono pela convulsão

noturna. As paredes in�ladas tremiam

em espasmos contínuos; um mar negro

e viscoso elevou-se do abismo; ondas

fermentaram ao seu redor, engoliram-

-no e trouxeram-no de novo quando já

se julgava perdido; corpos estranhos

grudaram-se ao seu, aumentando a

noção dos limites. Debateu-se.

Fugindo às barreiras que o aprisio-

navam e que agora ruíam, rastejou,

escapando, lenta e exaustivamente,

dos tentáculos e escamas que insis-

tiam em retê-lo na escuridão. Lutou

e perdeu a consciência.

Acordou com a luz doendo nos olhos.

O corpo pesava numa super�ície fria

e drapeada. Demorou a acostumar-se

com a luz. Mas a alegria de se sentir

presente, de ocupar o lugar que sem-

pre lhe estivera reservado, deu-lhe

forças e obstinou-o a educar-se.

Luz primeiro, conforme o constatado.

Depois, manchas indecisas, �lutu-

antes, que aos poucos se �ixavam e

tomavam formas onde ele se re�letia

e se via futuro. E sons que batiam

dolorosamente nos tímpanos,

tentando acomodar-se, e que eram

rechaçados, estrangeiros. Paciente-

mente, aprendeu a selecioná-los, a

catalogá-los, a entender o signi�ica-

do de cada um.

E, quando distinguiu claramente as

formas, quando percebeu o sentido

dos sons, foi tomado por uma grande

saudade do lugar antigo. Um pânico

maior abateu-se. Gritou.

Logo acorreram mãos que tenta-

ram acalmá-lo e contra as quais

se rebelou. Através das mãos que

dele se apossavam, que dispunham

dele, evidenciando a propriedade,

compreendeu o real sentido de um

mundo grosseiro e pesado que ame-

açava esmagá-lo. Gritou mais.

Preocupados os pais, o médico os

afastou do berçário, dizendo tratar-

-se de uma simples cólica intestinal.

Inútil qualquer esforço, bebeu,

resignado, o chá de erva-doce que o

forçaram a engolir. E gostou.

De corpo presenteCarlos Carvalho (Porto Alegre, 1939-1985)

Do livro Poesia e prosa - Car-los Carvalho (IEL/Movimento/Edipucrs, 1994). Este conto foi publicado no projeto Prosa na Estrada, iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadu-al do Livro (IEL), que conta com o apoio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Associação Gaúcha de Escritores (Ages), Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag), Celulose Rio-grandense e Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal (RTI).

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PARA VOCÊ

Quer dicas de onde fazer turismo no Rio Grande do Sul?Os Centros de Atenção ao Turistas estão situados em 31 locais que recebem grande fluxo de visitantes. nesta época do ano, outros 18 espaços de funcionamento temporário se agregam à lista. nestes locais é possível conhecer detalhes de rotas, hospedagem e gastronomia em cada região do Estado. A lista dos contatos está em www.veraonumaboa.rs.gov.br

Quer acessar internet grátis durante as férias?O Verão numa boa oferece conexão gratuita através de rede wi-fi e telecentros em 22 pontos das praias de água doce e salgada no Rio Grande do Sul. Para saber onde estão localizados acesse www.veraonumaboa.rs.gov.br

Quer aproveitar as férias para atualizar documentação?As casas de Governo localizadas no litoral do Rio Grande do Sul possuem serviços como emissão de

CPF e confecção de carteira de identidade e de trabalho, certidões e atestados.Praia do Cassino – Rio Grande (Avenida Rio Grande, s/nº)Funcionamento de terça à domingo, das 8h às 14hLitoral Norte – Capão da Canoa (na beira da praia, próximo ao banrisul, no Centro)Funcionamento de terça à domingo, das 13h às 19h

Quer dar uma paradinha para um mate na freeway?A Casa de Governo da freeway funciona como um ponto de apoio para os motoristas, com banheiro e serviços de água fria e quente. Também há no local um totem de autoatendimento do Detran e um terminal para consultar serviços online do Tudo Fácil.bR-290, km 70 - Posto da Polícia Rodoviária FederalFuncionamento de terça à sábado, das 13h às 19h

Uma publicação da Diretoria de Jornalismo da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Edição executiva: Naira Hofmeister

Edição de arte: Cristina Pozzobon

Edição de fotografi a: Camila Domingues

Reportagem: Aline Haberlê, Anamaria Bessil, Daiane Roldão, Heloíse Santi, Nilton Shüler, Naira Hofmeister, Rachel Duarte

Foto capa: Claudio Fachel

Estagiária: Letícia Bonato

Colaboraram nesta edição: André Martins, Cristina Lac, Daniel Rosa Lopes, Márcia Martins

Impressão: Leograf

www.estado.rs.gov.br

Quer saber informações sobre a sua viagem com a RTI?

• Auto Viação Erechim – (54) 3522-2677 / [email protected]

• Auto Viação Venâncio Aires – 0800-888-0809 / 0800 8800 144 (deficientes auditivos)

• Citral – 0800-979-1441• Caxiense – (54) 3211-8300 / (54) 3211-8321• Expresso Azul – (51) 3710-1011/

[email protected]• Expresso Embaixador – (53) 3278-7000• Expresso Palmares – (51) 3342-4295 /

[email protected]• Expresso São Marcos – (54) 3291-1305 /

[email protected]• Ouro e Prata – 0800-051-6216 / [email protected]• Ozelame Transporte e Turismo – (54) 3218-000 /

www.ozelame.com.br• Planalto – 0800-604-1832• Reunidas –0800-49-6161 / 0800-645-3032 (deficientes

auditivos) /[email protected]• Santa Luiza Garibaldi – (54) 3462-2000 /

[email protected]• Sul Serra – (55) 3522-1361• Cometur Transportes – (53) 3221-0392 /

[email protected]• Transportes Laux Turismo – (51) 3519-4093 /

(54) 3519-4093• Viação Sartori – (51) 3748-4333• São João Transportes – (51) 3722-4363 /

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Você pode mandar a sua mensagem para [email protected], escrever uma carta para o endereço Rua Riachuelo, 1218/3º andar,

Porto Alegre – CEP 90010-271 – ou ainda utilizar as redes sociais para se manifestar – sempre utilizando a hashtag #NaJanela.

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SOPRE O BAFÔMETRO

PARA TER MUITOS

ANOS DE VIDABALADA SEGURA 3 ANOS

A Balada Segura está fazendo aniversário. Em apenas três anos, já atinge 20 grandes municípios, ou seja, mais de 4 milhões

de gaúchos ou 38% da população do Estado. Até o final do ano, serão mais de 40 municípios participando.

É muita gente deixando de dirigir depois de beber: 45% menos motoristas alcoolizados em relação ao início das ações.

Balada Segura é isso: fiscalização, educação, Comitês Municipais para participação das comunidades, união. Venha você também

participar desse grande esforço para a construção de um trânsito mais seguro.

Porto Alegre • Canoas • Alegrete • Ijuí • Esteio • Guaíba Erechim • Passo Fundo • Rio Grande • Uruguaiana • Pelotas

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