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Brasília | 10 de abril de 2017 | número 53 Na luta pelos Direitos Sociais

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Brasília | 10 de abril de 2017 | número 53

Na luta pelosDireitos Sociais

EM DEFESA DA HONRA E DALIBERDADE NO PODER JUDICIÁRIO

SOLICITAÇÃO DE VETO AO PL 4.302-C/1998

NOTAS DAABRAT

DESAGRAVO À ADVOCACIA TRABALHISTA

Informativo Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas

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NOTA DA ABRAT

EM DEFESA DA HONRA E DALIBERDADE NO PODER JUDICIÁRIO

É expressamente proibido a qualquer membro da magistratura ma-nifestar “juízo depreciativo sobre des-pachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais” (art. 36, da LOMAN - Lei Or-gânica da Magistratura Nacional), cujo diploma legal impõe aos magistrados, como dever, a todos tratar com urbani-dade (art. 35). E “urbanidade” é civilidade, cortesia, polidez, sociabilidade, que é o mínimo que se pode esperar de um magistrado. O oposto é agir com cha-vasquice, estupidez, indecorosidade, brutalidade, desconsideração, barbaria ou selvajaria. O Brasil teve o desprazer de ler e ouvir um membro do Supremo Tri-bunal Federal, de público, em evento igualmente público, disparar mais uma das suas agressões e afirmar que o Tri-bunal Superior do Trabalho (TST) é um “laboratório do PT”. Além da ilegalida-de – porque agiu contra os comandos postos na Loman – Gilmar Mendes fez mais uma exibição de grosseria e, des-sa vez de forma mais explícita, adotou ativismo de pleno exercício de ativida-de político-partidária. E chega a usar de idênticas expressões utilizadas, cor-riqueiramente, por políticos e por par-tidos em relação aos quais sempre se mostrou alinhado. Michel Foucault (“A Ordem do Discurso”, Ed. Loyola, 2002, pág. 11) en-sina que “era através de suas palavras que se reconhecia a loucura do louco”. No caso, palavras líquidas, que trans-bordam o comportamento educado e respeitoso para, numa enxurrada ad-vinda de intoxicações éticas, agredir com violência desmedida a magistra-dos que honram o direito e dignificam a Justiça. Já seria condenável que aquele cidadão, em razão do cargo que ocupa, aliás, decorrente de evidente “aparelha-mento” (que agora estranhamente diz condenar), manifestasse, tão repetida-mente, suas preferências políticas. Porém, em decorrência de tais opções político-partidiárias, não tem

o direito de agredir, com brutalidade e violência, a outros magistrados, os quais, estes, sim, os do TST, dignificam a toga, honram o Judiciário, com enorme volume de trabalho, notável competên-cia, que julgam com ponderação, com moderação, conscientes de que estão lidando com o mais importante seg-mento do direito, porque toca na vida e na sobrevivência de todos os brasilei-ros. Os Ministros do TST buscam, diariamente, o equilíbrio que mantenha o Direito do Trabalho dentro do esqua-dro do projeto posto na Constituição Brasileira, na qual não consta apenas o prestigiamento à chamada “livre ini-ciativa”, mas, sobretudo, aos “valores sociais do trabalho”, conscientes de que a ordem econômica está fundada nes-sa “valorização do trabalho humano” na busca de uma “justiça social”, justiça essa certamente do total desconheci-mento daquele cidadão. Da mesma forma que o Judici-ário não é e nem pode ser um “labora-tório” de Partido político que defende trabalhadores, qualquer que seja ele, por certo, também não será e nem de-verá ser convertido em departamento de entidades patronais, que só ativam atitudes predatórias ao trabalho huma-no, como uma das formas de manter sob seu rígido controle os passos da demo-cracia. E nem será um organismo de tro-ca de subalternidades com o Executivo. A ciência jurídica e a imparcia-lidade devem estar no comando . O direito não se faz com sub-serviência aos poderosos, os quais já ditam e editam as normas. O direito se faz para atingimen-to do bem-estar, da solidariedade, da fraternidade. Ou seja, no dizer preciso de Boaventura de Sousa Santos (“Para uma Revolução Democrática da Justi-ça”, Ed. Cortez, 3ª edição, 2011, pág.15) é necessário que “se amplie a compre-ensão do direito como princípio e ins-trumento universal da transformação social”, em especial no Brasil, onde se alargam a opressão, a exclusão e a dis-

criminação, fontes permanentes de mi-lhões de desemprego e de desempre-gados, o que aumenta as lutas jurídicas e, no dizer de Boaventura, devolve “ao direito o seu caráter insurgente e eman-cipatório”. A negativa desse fenômeno, que está à vista de todos, é que se mos-tra, sim, uma autêntica atitude “labora-torial” de determinados Partidos polí-ticos e de alguns raros setores do País, que insistem no retrocesso, que apos-tam na violência, que se alimentam de repetidos golpes na democracia. O País precisa mesmo “apare-lhar” o Judiciário, Ministro Gilmar Men-des. Necessita um aparelhamento com seres humanos dignos, que tenham postura, conduta, comportamento; que saibam respeitar; que sejam hospedei-ros das reivindicações civilizatórias; que não tratem os demais com brutalidade, falta de educação e sem urbanidade. A ABRAT repudia as deselegan-tes e lamentáveis declarações do Minis-tro Gilmar Mendes. Repudia sua violên-cia e sua agressão. Ao contrário, a ABRAT manifes-ta solidariedade a todos os Ministros que compõem o Tribunal Superior do Trabalho – TST, os quais tiveram suas honras agredidas, suas imparcialidades atacadas. O TST pode ser um “laborató-rio”. Mas um laboratório estritamente jurídico, composto por pessoas dignas e honradas, que escolheram aplicar o direito sem obediência cega aos po-derosos, que optaram em julgar com liberdade. Respeito, dignidade e liberda-de parece não serem atributos fáceis e corriqueiros na atualidade. Mas com certeza integram os currículos de todos os Ministros que compõem o TST e que honram e dignificam o Poder Judiciário no Brasil. E não serão palavras embru-tecidas pelo ódio e pelo desequilíbrio que irão privar juízes de decidirem com liberdade.

Roberto Parahyba de Arruda PintoPresidente

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Informativo Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas

Diretoria da ABRAT - Biênio 2016/2018

Diretoria Executiva

Presidente – Roberto Parahyba Arruda Pinto (SP)Vice-Presidente Nacional - Alessandra Camarano Martins (DF)Secretário Geral – Araçari Baptista (RJ)Diretor Financeiro – Gustavo Villar Melo Guimarães (SC)Vice-Presidente da Região Sudeste – Alex Santana de NovaisVice-Presidente da Região Sul – Jesus Augusto de MattosVice-Presidente da Região Centro-Oeste – Karlla Patrícia SouzaVice-Presidente da Região Norte - Vitor Martins Noé (RO)Vice-Presidente da Região Nordeste – Roseline Rabelo de Jesus Morais – (SE)Vice-Presidente do Distrito Federal – Elise Ramos Correa

Diretoria Colegiada

Diretor de Imprensa, Divulgação e Revista – Ivan Isaac Ferreira Filho (BA)Diretor de Relação ABRAT / ALAL – Magnus Henrique de Medeiros FarkatDiretor ABRAT/JUTRA – Ronaldo Ferreira Tolentino (DF)Diretor Cultural – Rodrigo CâmaraDiretor de Assuntos Jurisprudenciais – Harley Ximenes (CE)Diretor de Assuntos Legislativos – André PassosDiretora de Assuntos Doutrinário – Luciana Serafim da Silva OliveiraDiretor de Assuntos Jurídicos – Maria Madalena Selvatici Baltazar Diretor Social – Sandro Valogueiro Alves ( PE)Diretor de Informática e Processo Judicial Eletrônico - PJE – Carlos Schirmer ( MG)Diretor de Especialização – Otávio Pinto e Silva ( SP)Diretor de Direitos Humanos – André Luiz Serrão Pinheiro ( PA)Diretor de Temas Estratégicos – Henry Clay Santos Andrade ( SE)Diretor de Eventos – Jefferson Lemos Calaça (PE)Diretor de Relações Institucionais – Nilton Correia (DF)Diretor de Relações entre ABRAT e JUTRA – Ronaldo Ferreira Tolentino (DF)Diretor de Convênio - Gil Luciano Domingues (RJ)Diretora da Revista Científica – Valena Jacob Chaves Mesquita( PA)Diretor de Jornal Virtual – Rafael Coimbra ( MS)Diretor de Relações entre Associações – Emerson Ferreira Mangabeira (BA)Diretora Direito Coletivo/Sindical – Ellen Mara Ferraz HazanComissão de Sociedade de Advogados – Diego Granzotto (MS) - Paulo Reis (RJ)Diretor Escola Nacional de Advocacia Trabalhista – Rodrigo Waughan Lemos (AM)Assessoria da Presidência - Moyses Fonseca Monteiro Alves (MG)Diretor da ABRAT Jovem – Guilherme Silva ( SP)Coordenador do Colégio de Presidente – Denis Rodrigues Einloft ( RS)Departamento de Direito Desportivo – Arlete Mesquita ( GO) - Manuel Márcio Bezerra Torres ( CE) Comissão de Prerrogativas da Advocacia Trabalhistas - Luciano André Costa Almeida ( AL), Luiz André de Barros Vasserstein – ( RJ)

Conselho Consultivo Técnico

Daniela Muradas (MG), Cláudio Santos (DF), Rita Cortez (RJ), Paulo Leal (RS), Juliana Cunha Cruz de Moura (PE), Carlos Alberto Tourinho Filho (BA), Cezar Britto (SE), Carlos Frederico Zimmermann Neto (SP) e Luis Carlos Moro (SP)

» Assessora de Imprensa Mellissa Mendes» Projeto Gráfico e Diagramação Renato Diniz - Cooperi

Este é seu canal de comunicação com a Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas.Envie sugestões, críticas e o que deseja no ABRAT EletrônicoEntre em contato pelo email: [email protected]: www.abrat.netFacebook: www.facebook.com/redeabratTwitter: #abratnet

NOTA DA ABRAT

Solicitação de veto ao PL 4.302-C/1998 A Associação Brasileira de Ad-vogados Trabalhistas (ABRAT), entidade que congrega 26 associações regionais e estaduais de profissionais dessa seara do direito, vem manifestar contrarieda-de à sanção do projeto aprovado, na data de ontem (22/03/2017), pela Câ-mara dos Deputados, o qual tenciona permitir a terceirização para todas as atividades empresariais. Manobra articulada pelo Presi-dente da Câmara dos Deputados com a convocação de sessão deliberativa para tratar do PL, revela claro abuso de poder e desvio de finalidade, pois o PL 4330/2004, hoje PLC 30, em trâmite no Senado, trata da mesma matéria e com interlocução com a Sociedade através de audiências públicas já realizadas por todo o país. De atropelo, exuma-se um projeto fossilizado, decrépito e vencido por duas décadas para, de afogadilho, valer-se de base parlamentar circuns-tancial e desinformada para, ferindo a razoabilidade, desrespeitando o Sena-do e a fração silenciada da sociedade, obter a aprovação de um Projeto cuja matéria consta também da Proposta de Reforma Trabalhista. O descaramento na análise em regime de urgência de um projeto de 1998, após declarações à imprensa de que a “Justiça do Trabalho não deveria existir”, é uma afronta à população e ao Estado Democrático de Direito. Além da tramitação em cará-ter abusivo, parcial e ilegal, o texto do PL aprovado é flagrantemente incons-titucional, pois desrespeita fundamen-tos que garantem o emprego decente como direito fundamental condição que está absolutamente descartada na terceirização de atividades. Fere, ainda, compromissos internacionais quase centenários assu-midos pela comunidade internacional, desde o Tratado de Versalhes e pelo Bra-sil em particular perante a OIT. Estudos que tratam do tema terceirização são demonstrativos do malefício ao trabalhador dessa espé-cie de subcontratação, com precariza-

ção das relações de trabalho, valendo chamar a atenção sobre dados divul-gados pela ANAMATRA (Associação Nacional dos Magistrados do Traba-lho), demonstrativos que: a) os funcio-nários terceirizados ganham 30% me-nos que os trabalhadores efetivos; b) trabalham cerca de três horas a mais e c) a cada 10 casos de acidente de tra-balho, 08 são de funcionários terceiri-zados. A precarização das relações de trabalho é patente, ferindo direitos so-ciais e a dignidade do trabalho como pessoa humana, situação que receberá pronta atuação dessa entidade. O sistema se mostra vanta-joso e lucrativo para as empresas, já que a tomadora contrata o prestador justamente para que não efetue os pagamentos dos encargos sociais e te-nham empregados exercendo as mes-mas atividades e com um salário mais baixo. Não raras vezes as prestado-ras deixam de recolher os encargos sociais e desaparecem do mercado, sem garantir pagamentos de verbas rescisórias aos trabalhadores. Além do mais, coisifica o tra-balhador reduzindo-o a um mero objeto de prestação de serviços sem identidade com o seu ambiente de trabalho, situação que também con-tribui para o aumento de casos de aci-dente de trabalho. A lógica da terceirização é perversa e se afina exclusivamente a uma perspectiva econômica que bus-ca invisibilizar o homem e a mulher trabalhadora, fragilizando a dignidade humana e a Justiça Social, com uma pitada de crueldade que é o enfraque-cimento da representatividade sindi-cal. A ABRAT, entidade constituída para a defesa dos Direitos Sociais, ma-nifesta contrariedade à votação do PL 4.302/1998 e conclama ao Presidente da República que vete integralmente o Projeto aprovado, impedindo retro-cessos sociais e a precarização das re-lações de trabalho, que se apresentam no texto do PL recém aprovado.

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NOTA DA ABRAT

É deveras inacreditável o grau de irresponsabilidade, despre-paro e desdém ao Estado Democrá-tico de Direito revelado por certos parlamentares pátrios, que não se pejam em renegar, pública e des-caradamente, o compromisso de obediência à Constituição Federal prestado quando da solenidade de posse ao cargo público que ocu-pam. O mais recente e caricato epi-sódio desse triste jaez foi protago-nizado pelo deputado federal Vítor Lippi (PSDB/SP), em discurso feito na Câmara dos Deputados, em que disparou aleivosias contra os ad-vogados trabalhistas, vociferando que: “O Brasil tem de 30 a 40 vezes mais ações trabalhistas do que ou-tras economias do mesmo tamanho ou até maiores. E 90% desses pro-cessos são baseados em fraudes.” Estranhamente, o nobre De-putado nada disse acerca do eleva-do número de parlamentares fede-rais no Brasil: 513, agraciados com uma remuneração mensal superior às pagas pela maioria dos países do mundo, no montante de US$ 157,6 mil por ano. Exemplificativamente, valor superior aos dos seguintes países: Canadá (US$ 154 mil), Japão (US$ 149,7 mil), Noruega (U$S 138 mil), Alemanha (U$ 119,5 mil), Israel (US$ 114,8 mil), Reino Unido (US$ 105,4 mil), Suécia (US$ 99,3 mil), França (US$ 85,9 mil) e Espanha (US$ 43,9 mil). Também causa estranheza o silêncio do nobre Deputado acer-ca do sistemático desrespeito aos parcos direitos sociais trabalhistas, espécie do gênero dos direitos fun-damentais, assegurados na Consti-tuição para a garantia de uma vida minimamente digna, como um pa-tamar mínimo civilizatório. Desconhece, ainda, o depu-

tado federal Vítor Lippi o fenômeno denominado pelos processualistas contemporâneos de litigiosidade contida, em que os titulares dos direitos trabalhistas lesionados deixam, pura e simplesmente, de ingressar com ações. Portanto, o número de ações trabalhistas, que representam nada mais nada me-nos do que o exercício do direito constitucional da ação, é, na verda-de, inferior ao do que seria devido. De forma leviana, tacanha e preconceituosa, o deputado fe-deral Vítor Lippi pespega aos ad-vogados trabalhistas a mácula de desonestos e inescrupulosos, a de patrocinarem “ações fraudulen-tas”, fruto exclusivo da ignorância do parlamentar, ora repelida, com veemência, pela ABRAT. Os advo-gados trabalhistas, independente da parte que defendam, exercem patrocínio honesto, coerente com seu dever ético, compromissados com sua função social, em especial o dever/prazer de defender o esta-do democrático de direito. Uma questão complexa e revestida de tanta importante para a sociedade brasileira contemporâ-nea, relacionada à efetividade dos direitos fundamentais, não poderia ter sido tratada por um parlamen-tar de uma forma assim tão tosca. Devemos atacar a causa, qual seja: o baixo índice de cumprimento espontâneo do direito material trabalhista pelos destinatários de seus comandos normativos, e não a consequência: o elevado número de ações trabalhistas. Considere-se, ainda, que a “cultura do inadimple-mento” da legislação trabalhista, insuflada pelo nomeado Deputado, acirra a concorrência desleal com a parcela ainda significativa dos em-pregadores que cumprem rigorosa-

mente suas obrigações trabalhistas, legais e convencionais. A questão crucial, relaciona-da ao alto número de ações traba-lhistas que não pode deixar de ser enfrentada pela sociedade, reside na falta de efetividade ou concre-tude dos direitos sociais. Sua re-solução exige o fortalecimento (e não o desprestígio) da Justiça do Trabalho, que deve ser dotada da capacidade de prestar uma tute-la jurisdicional célere, qualificada, adequada e eficaz, a tal ponto que não deixe alternativa aos destinatá-rios das normas jurídicas senão a de cumprir a lei. Quanto mais eficaz for a jurisdição trabalhista, menos ela terá que ser acionada. De acordo com as certeiras palavras do Ministro do TST José Roberto Freire Pimenta: “Enquan-to o direito processual do trabalho e o Poder Judiciário trabalhista não forem capazes de tornar an-tieconômico o descumprimento rotineiro, massificado e reiterado das normas materiais trabalhistas, os Juízes do Trabalho de todos os graus de jurisdição continuarão sufocados e angustiados pela ava-lanche de processos individuais, repetitivos e inefetivos.” O ajuizamento de ação tra-balhista é a última opção do traba-lhador despedido sem nada rece-ber, assediado, doente, explorado em suas horas de vida, sem qual-quer contraprestação. Destaque-se, por fim, que o objeto da metade das ações trabalhistas diz respeito à percepção de verbas rescisórias que deixaram de ser pagas. O que torna ainda mais inadmissível, um rematado acinte, à acusação lança-da aos advogados trabalhistas pelo deputado Vítor Lippi.

DESAGRAVO À ADVOCACIA TRABALHISTA

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Atos contra a Reforma Trabalhista:

Nenhum Direito a Menos Durante o lançamento do Fórum Interinstitucional em De-fesa do Direito do Trabalho e da Previdência Social (FIDS), na qual a Associação Brasileira de Advo-gados Trabalhistas ( ABRAT) inte-gra e faz parte da coordenação foi lançado o ato contra as reformas da Previdência e Trabalhista com o lema: “ Nenhum Direito a Me-nos. O ato que ocorreu no au-ditório Nereu Ramos na Câmara Federal, em Brasília ( DF), contou com a presença de centenas de pessoas que puderam ouvir de-

bates e manifestações de um ex-pressivo número de deputados e senadores contrários às reformas da Previdência e Trabalhista. Entidades como ANAMA-TRA, ANPT, Centrais Sindicais, Confederações e Sindicatos, tam-bém tiveram momentos de mani-festação e puderam debater com os presentes sobre os efeitos e prejuízos das reformas. Os parlamentares pre-sentes foram unânimes em suas manifestações e pediram parti-cipação ativa da sociedade com mobilizações.

Representação

A comitiva da ABRAT foi integrada pelo presidente, Roberto Parahyba, a vice-presidente, Alessandra Camara-no, os diretores Ellen Hazan e Diego Granzotto.

Participação

Segundo o presidente da ABRAT, Ro-berto Parahyba, a Associação estará ao lado das entidades para partici-par de atos, eventos e mobilizações que se fizerem necessárias para bar-rar as propostas no parlamento.

FIDSO Fórum foi criado em 24 de janeiro deste ano e tem o objetivo de promover ampla discussão sobre as propostas em tramitação no Congresso Nacional que alteram as nor-mas trabalhistas.

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ABRAT participa de atos em favor da Justiça do Trabalho

Brasília

“Nosso intuito aqui e agora é lembrar a todos os cidadãos que uma Justiça do Trabalho forte e atuante é a única garantia de efetividade no cumprimento de direitos e deveres de empregados e empregadores numa sociedade democrática”, frisou o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (Distrito Fe-deral e Tocantins), desembargador Pedro Luís Vicentin Foltran, em pro-nunciamento durante o Ato Público em defesa e pela valorização da Jus-tiça do Trabalho no Brasil. A mobili-zação aconteceu no Foro Trabalhista de Brasília, para marcar o lançamen-to de uma campanha nacional pro-movida pelo Colégio de Presidentes e Corregedores dos TRTs. Após o discurso de Informativo Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas 3 representantes da magistratura, da advocacia, do Ministério Público e dos servidores, os participantes do ato se posicionaram com faixas

na via W3 Norte, em frente ao Foro, parando por cerca de cinco minutos o trânsito para chamar atenção dos motoristas e pedestres. A presidente do Colégio de Ouvidores da Justiça do Trabalho e desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (Mato Grosso), Eliney Velo-so, pontuou que a Justiça do Traba-lho vive um momento histórico. Em seu pronunciamento, a magistrada lembrou que a legislação trabalhista brasileira é de vanguarda e o Brasil possui ainda uma Constituição Fede-ral que garante direitos sociais que a maioria dos países não possuem. “O que vemos hoje é um retrocesso. Não podemos deixar isso acontecer. A Justiça do Trabalho existe para garantir cidadania e justiça social”, ressaltou. Já a presidente da Associa-ção dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 10ª Região (Amatra 10), juíza RosaritaCaron, começou seu discurso cumprimentando os traba-

lhadores, que são os destinatários dos serviços da Justiça do Trabalho. Ao criticar a proposta de reforma tra-balhista, a magistrada observou que a CLT não é uma legislação antiga e, no entanto, só existem 15 artigos que nunca foram modificados. “Nós (cidadãos) sempre vamos pagar a conta de quem nos tira tudo, inclusi-ve a dignidade”, pontuou. Em nome do Ministério Público do Trabalho da 10ª Região, o procurador regional do Trabalho Adélio Justino Lucas tam-bém atacou a reforma trabalhista e criticou a recente decisão do Supre-mo Tribunal Federal que retirou dos entes públicos a responsabilidade pelo pagamento de dívidas traba-lhistas de empresas terceirizadas. Para ele, a reforma visa o desmonte da Justiça do Trabalho. “Por isso, con-clamo a todos a nos manter unidos para reverter esse quadro crítico”, disse. Representando a Seccional do DF da OAB, o diretor da entidade, An-

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tônio Alves, também falou em união e reforçou que é preciso ainda resis-tência. “Essas reformas (trabalhista e da Previdência) tendem a nos levar para antes da Lei Áurea”, alertou o advogado. De acordo com ele, o ata-que à Justiça do Trabalho tem o in-tuito de fragilizar o emprego no Bra-sil”, completou. A vice-presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas, Alessandra Camarano Martins, lembrou que, coincidente-mente, a data do ato público em de-fesa da Justiça do Trabalho, também remete à 1964, quando os militares tomaram o poder e, mais recente-mente, ao afastamento da ex-presi-dente Dilma Rousseff. A advogada pediu mais mobilização e salientou que esse movimento precisa tomar as ruas e sair das redes sociais. “Pa-rabéns ao TRT10 pela organização deste ato público”, elogiou. O presi-dente da Associação dos Advogados Trabalhistas do DF, Carlúcio Campos Rodrigues Coelho, mencionou que desde a criação da CLT não se viu um cenário tão ameaçador para o Direi-to do Trabalho como o atual. “Não são os trabalhadores que devem pa-gar pelos desmandos do Executivo e do Legislativo. O bem desse país significa avançar e não retroceder”, reconheceu. Em seguida, o presiden-

te da Associação dos Servidores do TRT10 (ASDR), Almerindo Pinheiro de Souza, contou que é servidor há mais de 20 anos e que nesse tempo assistiu à precarização dos processos de trabalho. “A Justiça do Trabalho e o serviço público precisam ser de-fendidos”, admitiu. Além da Décima Região, o ato também aconteceu nos demais 23 Tribunais Regionais

do Trabalho do país, em seus respec-tivos estados. A campanha nacional tem como lema “Justiça, nosso tra-balho”, e será veiculada nas redes sociais, enfatizando a importância desse ramo do judiciário e dos de-mais órgãos que atuam na aplicação da legislação trabalhista.

(Com Assessoria de Imprensa TRT 10)

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Mato Grosso

Trabalhadores e empresários preci-sam se unir para não perder direitos. A reforma da previdência e o proje-to de terceirização, enviadas pelo Governo Federal para aprovação no Congresso Nacional, deverão enfra-quecer os direitos sociais e a Justiça do Trabalho. Esta é a avaliação da Associação dos Advogados Traba-lhistas de Mato Grosso (AATRAMAT) e Associação Brasileira dos Advoga-dos Trabalhistas (ABRAT), que parti-ciparam, do ato público Informativo Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas 5 nacional em Defesa da Justiça do Trabalho, realizada em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT), Mi-nistério Público do Trabalho (MPT) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT). De acordo com o advo-gado Valfran dos Anjos, associado da AATRAMAT, que representou a ABRAT, o Congresso Nacional está agindo de forma violenta diante dos direitos sociais. “A reforma da previ-dência e o projeto de terceirização são exemplos eloquentes da ten-tativa de enfraquecer a Justiça do Trabalho e eles têm pressa em fazer isso. Querem aprovar de qualquer jeito, passando por cima dos direitos sociais e a da Constituição. O desa-fio para que isso não aconteça é de todos. Por isso, a sociedade, os sin-dicatos, associações, movimentos sociais, instituições e o Ministério Público precisam se unificar para for-talecer esta luta”, avalia. Conforme o representante da AATRAMAT, advo-gado Hélio Machado, o ato, embora tardio, é representativo, pois chama atenção da sociedade para o movi-mento de precarização e tentativa de extinção da Justiça do Trabalho, orquestrado há alguns anos. “No ano

passado houve um corte radical de orçamento nos Tribunais do Traba-lho, que dificultou muito o trabalho dos advogados, dos juízes e da juris-dição em si”, diz. Para exemplificar, Machado relata que, no ano passa-do, Varas Itinerantes no interior do Estado foram desativadas, deixando comunidades sem acesso à justiça. “Para acionar a justiça, muitos mato--grossenses precisam andar até 300 km em estrada de terra. Isso, clara-mente, inviabilizava a busca pelos direitos. Por isso é preciso mostrar que a justiça é importante princi-palmente por ser a responsável por distribuir a igualdade na sociedade. Estamos aqui para apoiar a Justiça do Trabalho, da qual todos nós pre-cisamos”, conclui. A presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso, Desembargadora Be-atriz Theodoro, explicou que a Jus-tiça do Trabalho tem sim um lado: o da constituição e o da lei. “Em 2016, 55% das demandas foram relativas a verbas rescisórias, que são direi-tos básicos do trabalhador. No total,

45% das ações terminaram em con-ciliação. Ou seja, é na justiça que as partes encontram o equilíbrio, a pa-cificação. O caminho é árduo, mas estamos comprometidos em entre-gar o melhor serviço. A justiça é nos-so trabalho”, destaca. Participaram também do ato a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/MT), a Associação dos Magis-trados Trabalhistas (AMATRA/MT), o Grupo de Trabalho Interinstitucional de Mato Grosso (GETRIN23) e Sindi-cato dos Servidores do Poder Judi-ciário Federal (SINDIJUFE-MT). Cam-panha Nacional A iniciativa marca o lançamento da campanha nacional de valorização idealizada pelo Colé-gio de Presidentes e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor). O objetivo é mostrar que os direitos de empregadores e empregados só estarão plenamente garantidos com uma Justiça do Tra-balho forte e atuante.

(Assessoria de Imprensa TRT 23)

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Representantes da ABRAT e da As-sociação Sergipana de Advogados Trabalhistas (Assat) participaram em Sergipe do Ato Público para o lan-çamento da campanha em prol da valorização da Justiça do Trabalho, coordenado pelo TRT da 20ª Região. Com o lema “Justiça, nosso trabalho!”, magistrados, servidores, estagiários, terceirizados, empregados e em-pregadores de diversas instituições e autoridades de órgãos de repre-sentação estiveram presentes para manifestar-se em defesa da Justiça trabalhista. O movimento foi realiza-do simultaneamente pelos Tribunais Regionais do Trabalho do País. “A anuência e o apoio a este Ato Públi-co demonstra, sobretudo, a preocu-pação da sociedade sergipana com o futuro de vidas que transitam em torno da Justiça do Trabalho: traba-lhadores e trabalhadoras e, também, empregadores, que integram a gran-de estatística de jurisdicionados que

se socorrem da Justiça do Trabalho; servidores públicos e terceirizados que estão voltados à Justiça do Tra-balho; advogados e advogadas que militam na seara trabalhista; juízes e desembargadores que diuturna-mente apreciam demandas traba-lhistas”, disse o presidente do TRT20, Thenisson Santana Dória. O desem-

bargador presidente ainda realizou o lançamento da campanha “Justiça, nosso trabalho!”, uma iniciativa do Colégio de Presidentes e Corregedo-res dos Tribunais Regionais do Tra-balho (Coleprecor), que desponta do extremo sul ao norte do país.

(Com Assessoria de Imprensa TRT 20)

A ATRACE esteve presente no ato do TRT17, realizado em março, re-presentada por seu Presidente Már-cio Torres que usou da Tribuna para manifestar apoio e solidariedade à Justiça do Trabalho.

Sergipe

Ceará

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No último dia 31, a diretoria da Associação Baiana de Advogados Trabalhistas esteve presente em ato contra as reformas trabalhistas e previdenciária.

Rio Grande do Sul

Bahia

ABRAT e Agetra estiveram presentes no ato em defesa da Jus-tiça do Trabalho, que aconteceu no TRT4,representada pelo presidente do Colégio de Presidentes, Denis Einloft. Denis reafirmou a necessida-de de defesa da Justiça do Trabalho e

do Direito do Trabalho, além da valo-rização da advocacia trabalhista. A fala do presidente sinali-zou para a indispensável atenção às recentes decisões do STF que vêm cada vez mais enfraquecendo e des-caracterizando o Direito do Trabalho

coletivo, em claro ataque ao sindi-calismo. “Em tempos que se fala em negociação coletiva, o papel do STF deveria indicar a mais clara e ampla valorização das entidades coletivas, não sendo essa, infelizmente, a pos-tura daquela Corte”, ressaltou Einloft.

Ato

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Desembargadores, juízes, sindicalistas, servidores, advogados, associações e outras entidades da sociedade civil participaram do Ato Público em Defesa da Justiça do Tra-balho, em frente ao Prédio-Sede do

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), no último dia 31. Em outras cidades do país também foram realizadas manifesta-ções e o lançamento de uma campa-nha nacional idealizada pelo Colégio

de Presidentes e Corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho (Co-leprecor), intitulada “Justiça, nosso trabalho”.

(Com informações TRT1)

“O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região realizou Ato Público em Defesa dos Direi-tos Trabalhistas. O evento reuniu no auditório do TRT, em Teresina, um grande número de servido-res e magistrados, e contou com a participação de representantes de diversas instituições, enti-dades associativas, lideranças sindicais e políti-cas. A iniciativa foi revestida de caráter nacional, na medida em que os 24 TRTs realizaram audiên-cias e atos públicos, simultaneamente, em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal. O Ato Público contou com a participação de representantes de duas entidades associati-vas dos advogados piauienses: o secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI), Le-onardo Cerqueira e Carvalho, e o presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas do Esta-do do Piauí (Aaatepi), Eurípides Pereira.”

(Assessoria de Comunicação TRT22).

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A valorização e a defesa da Justiça do Trabalho foram o foco do Ato Público realizado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região AM/RR (TRT11) , na manhã desta sexta (31), na entrada do Fórum Tra-balhista de Manaus. Participaram da mobilização representantes da Associação dos Magistrados da Jus-

tiça do Trabalho da 11ª Região (Ama-tra11), da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB/AM), da Procuradoria da República no Amazonas, do Ministério Público do Trabalho da 11ª Região (MPT11), da Associação dos Magistrados do Amazonas (Amazon), da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas

(ABRAT), da Associação Amazonense de Advogados Trabalhistas (AAMAT), do Sindicato dos Servidores da Jus-tiça do Trabalho da 11ª Região (SI-TRA-AM/RR), além de magistrados e servidores da Justiça do Trabalho em Manaus.

(Assessoria de Comunicação TRT11)

Amazonas

Rondônia A Presidente da Aronatra, Aline Correia Silva, participou do ato público em Rondônia, representando a entidade.Na abertura do Ato, o presidente do TRT14, desembargador ShikouSadahiro, enfatizou que a justiça do trabalho é um grande instrumento de concretização da liberdade e das garantias constitucionais e não existe para dar lucros com incansável empenho dos magistra-dos e servidores na busca da qualidade do serviço públi-co. “Dia a dia esse é o nosso lema, aprimorar o nosso tra-balho com objetivo numa melhor prestação de serviço para a população, penso que é muito equivocada qual-quer manifestação em relação a extinção deste ramo do judiciário. Só poderemos ter um estado de direito verda-deiramente democrático, se nós tivermos uma institui-ção forte, há uma necessidade sim, do fortalecimento da justiça do trabalho”, finalizou o presidente do TRT14.

(Com informações assessoria decomunicação TRT14)

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Informativo Associação Brasileira de Advogados TrabalhistasPronunciamento do presidente do TRT 10

Desembargador Pedro Luís Vicentin Foltran

“Boa tarde a todos!

O prato principal do nos-so almoço hoje é justiça. Estamos famintos por ela. E lutamos diaria-mente para que ela também seja o alimento dos brasileiros. Porém...Há alguns setores da sociedade que a consideram apenas como suple-mento na dieta da democracia.

E, todos sabemos: fazer re-gime democrático nunca é fácil, exige da gente muito foco, discipli-na e cuidado. É um processo lento e custoso, de anos! Os resultados são motivos de comemoração. Dentre essas conquistas, estão os Direitos Trabalhistas, que são di-reitos sociais, garantias constitu-cionais. Zelamos por eles para não retrocedermos.

Explico: Tem quem diga que o Sé-culo XX foi o século do trabalho. Eu concordo! Mudanças estruturais aconteceram naquele período. E, não por acaso, foi exatamente nesse contexto histórico que a Justiça do Trabalho foi instalada no Brasil em 1941. Entretanto, 76 anos depois,

nós, magistrados, advogados, mem-bros do Ministério Público, servido-res que integram essa justiça espe-cializada estamos aqui mobilizados nacionalmente para defender a ins-tituição responsável pelo equilíbrio das relações entre trabalhadores e empregadores. Essa defesa institucional pode parecer óbvia, mas não é! Principalmente agora que vivemos uma profunda crise, que parece lançar sobre as instituições um véu de descrença. Fundamentalmen-te nesta que pode ser conhecida mais tarde com era da pós-verda-de, na qual meias verdades, boa-tos e mentiras parecem ter o mes-mo peso, por serem difundidas na mesma proporção.

Algumas dessas inverdades têm sido propagadas a pretexto de justificar a aprovação de uma Re-forma Trabalhista com consequên-cias nefastas para os trabalhadores, num Brasil que ainda enfrenta gra-ves problemas no combate ao tra-balho escravo e ao trabalho infantil; num país em que são registrados cerca de 610 mil acidentes de tra-balho por ano; num país em que a terceirização é sinônimo de precari-zação da relação de emprego.

Mesmo assim, dizem que somos uma justiça muito cara e, por isso, nos aplicam cortes de 90% em despesas de investimento e 30% em despesas de custeio, mesmo tendo arrecadado somente em 2015 qua-se três bilhões aos cofres públicos.

Afirmam também que so-mos uma justiça muito lenta e inoperante. No entanto, os núme-

ros constatam que somos a justi-ça que mais se concilia, em média 25% dos casos, podendo chegar até a 40% se considerarmos os processos de 1º grau. Nossa taxa de congestionamento, para ser ter uma ideia, só não é menor do que as da Justiça Militar estadual e Jus-tiça Eleitoral, que recebem muito menos demandas.

Além disso, ainda querem convencer a população de que te-mos muitos servidores. Somos 105 magistrados para atender uma de-manda de aproximadamente 75 mil processos, contando com uma força de trabalho de apenas 977 servido-res. Desde o ano passado que não podemos nomear e ainda por cima assistimos à redução constante do quadro de pessoal em razão de inú- meros pedidos de aposentadoria.

Nosso intuito aqui e ago-ra é lembrar a todos os cidadãos que uma Justiça do Trabalho for-te e atuante é a única garantia de efetividade no cumprimento de direitos e deveres de empregados e empregadores numa sociedade democrática.

Por esse motivo que essa mobilização também ocorrerá em vários outros Estados no dia de hoje. Com ela, lançamos uma cam-panha nacional de valorização: Jus-tiça, nosso Trabalho!

Por isso, convido a todos para entrarem nessa luta com a gente! Obrigado!”

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Informativo Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas

Brasília sedia Encontro de dirigentes deComissões de Direito Sindical da OAB

Representantes de mais de 20 Estados participaram na sede do Conselho Federal da OAB, do Encon-tro de Presidentes das Comissões de Direito Sindical. Além de represen-tantes de outras entidades, como o ministro do Tribunal Superior do Tra-balho (TST), Augusto Cesar, do pro-curador geral do Ministério Público do Trabalho ( MPT), Ronaldo Fleury, do ex-presidente da OAB, Cezar Brit-to. A principal pauta do encontro foi

o Projeto de Lei que trata da Reforma Trabalhista. A vice-presidente da ABRAT, Alessandra Camarano, levou aos pre-sentes a posição firme da entidade contrária à Reforma Trabalhista, que representa precarização das relações de trabalho e teve oportunidade de solicitar à Comissão manifestação também firme e contrária à proposta. “O Presidente da Comissão se comprometeu em levar ao Conse-

lho Federal a proposta”, revelou Ca-marano.

Parceria

Na ocasião, foi firmada par-ceria da ABRAT com a Comissão de Direito Sindical do CFOAB, com o propósito de estreitar laços e de ter a participação da ABRAT nos debates sobre os temas propostos.

A Mulher Advogada: Elas sabem o que falam Em torno de 800 inscritos participaram da Conferên-cia Distrital da Mulher Advogada, coordenado pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Distrito Federal ( OAB/DF). Com o tema “Elas sabem o que falam” foram realizados 18 painéis com 88 palestras.A vice-presidente da ABRAT, Alessandra Camarano, coordenou e presidiu o painel “De Eva a Myrthes, a (IN) Dignidade da Mu-lher no Mercado de Trabalho.” “Um painel plural, que refletiu a realidade das mulhe-res em suas jornadas, numa composição de mesa altamente qualificada com representantes de segmentos diversos, trouxe a realidade ainda parca em termos de igualdade de gênero”, ressaltou Alessandra. Participaram do painel com seus depoimentos, Monique Prada(Central Única das trabalhadoras e trabalhadores sexu-ais); Rosangela Piovezani (movimento das trabalhadoras no campo) Graça Costa (Secretaria de Relações do Trabalho da Cut Nacional); Kelly Amorim (Advogada e Professora); Carol Sena (Advogada Sindical) e Camila Gomes (Advogada representan-do a Renap e Conselheira da OAB/DF)

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Seminário Nacional sobre a Reforma Trabalhista

A Associação Brasileira de Advogados Trabalhis-tas (ABRAT) esteve representada em três painéis durante o Seminário Nacional Sobre a reforma Trabalhista, orga-nizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), em Brasília. O seminário contou com a presença de mais de 250 representantes sindicais de todo o país e o debate de especialistas sobre os impactos da proposta apresentada pelo governo Federal.

Palestras

O presidente da ABRAT, Roberto Parahyba de Ar-ruda Pinto, falou sobre A Prevalência do Negociado sobre o Legislado; os Diretores Claúdio Santos e João Pedro Fer-raz dos Passos dialogaram em mesa conjunta sobre Preca-rização, Retrocesso Social e Soluções para o enfrentamen-to da crise do desemprego.Ao final do Seminário houve debates com a participação do auditório e elaboração e aprovação da redação final da Carta de Resoluções.

(Com informações Assessoria de Comunicação CNTC)

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lica“Resoluções do Seminário Nacional contra a Reforma Traba-

lhista: nenhum direito a menos

Brasília, 30 de março de 2017

1. O Seminário Nacional sobre a Reforma Trabalhista realiza-se em um momento de grande crise política e econômica. O cenário nacional indica um potencial ris-co aos direitos dos trabalhadores e requer maior aten-ção contra a possibilidade da aprovação de Reformas que retiram diretamente direitos já conquistados pelos trabalhadores.

2. A CNTC permanece contrária aos ataques orquestra-dos pelo Governo atual para restringir os direitos tra-balhistas.

3. Considerando a importância e a urgência da discus-são para que direitos dos trabalhadores e do povo bra-sileiro sejam assegurados, o Sistema CNTC apresenta as principais resoluções extraídas dos debates realiza-dos no Seminário Nacional sobre a Reforma Trabalhis-ta, reafirmando que não aceitaremos as imposições do governo federal contra os direitos trabalhistas:

4. Suspender a tramitação do Projeto de Lei (PL) 6787/2016 que está sendo conduzida de forma açoda-da e sem respeitar o debate democrático, dando opor-tunidade de realização de discussões com a sociedade brasileira e em todas as unidades da Federação.

5. Não à prevalência do negociado sobre o legisla-do: Defendemos a valorização da negociação coletiva para ampliar direitos e fortalecer as entidades sindicais. Contudo a negociação coletiva proposta com a flexi-bilização do cumprimento das leis trabalhistas tem a intenção de rasgar o compromisso sindical de repre-sentar tanto das entidades laborais como as patronais.

Defendemos que flexibilizar não gera emprego e sim desemprego e subemprego.

6. Limitar a jornada no contrato de trabalho por tem-po parcial sem possibilidade de horas extras: Defen-demos a proibição de horas extras para o contrato de trabalho por tempo parcial e a manutenção da jornada de trabalho de 25 horas semanais.

7. Representação no local de trabalho: A redação proposta não garante a participação do sindicato na

eleição do representante. A CNTC entende que não é o momento apropriado para tratar desse tema, pois a representação no local de trabalho já pode ser exercida com base no art. 11 da Constituição Federal.

8. Defendemos que não é o momento para autorizar que o negociado se sobreponha ao legislado por es-tarmos atravessando um momento de estagnação econômica e por consequência do aumento das taxas de desemprego, e assim as negociações não ocorrerão com o equilíbrio de forças.

9. Intervalo intrajornada: Defendemos que o intervalo intrajornada não deve ser objeto de acordo ou conven-ção coletiva, por se tratar medida de saúde e seguran-ça do trabalho, garantida por norma de ordem pública.

10. Ultratividade definida em Lei: Sobre a ultrativida-de (ampliação da eficácia das normas coletivas após expirada a vigência), propomos fazer aprovar o con-teúdo da Súmula 277 do TST em Lei, além de garantir o cumprimento do art. 114, § 2º, da Constituição, que determina o respeito às “disposições mínimas legais de proteção do trabalho, bem como as convencionadas anteriormente”, ou seja, às cláusulas já acertadas me-diante acordos e convenções coletivas.

11. Limitação do contrato temporário: Propomos que o Contrato de Trabalho Temporário tenha duração de até 60 (sessenta) dias sem possibilidade de prorroga-ção, eis que conforme proposto no PL 6787/16 trans-formará o contrato temporário em permanente com possibilidade de terceirização sem limites.

12. Direitos do trabalhador temporário: Devem ser garantidas ao trabalhador temporário as mesmas condições oferecidas ao empregado da tomadora de: I) alimentação quando oferecida em refeitórios ou o mesmo valor do auxílio refeição; II) direito de utilizar os serviços de transporte, atendimento médico ou am-bulatorial, e equipamentos de segurança individual; III) treinamento adequado, fornecido pela contratada; IV) medidas de proteção à saúde e de segurança no traba-lho e de instalações adequadas à prestação do serviço.

Brasília, 30 de março de 2017”

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lica Reforma Trabalhista em debate no país

Distrito Federal

ASeccional da OAB Do Dis-trito Federal, através das Comissões de Direito do Trabalho e Sindical e Associativo, realizou a primeira audi-ência pública para discutir a Reforma Trabalhista (PL 6787/16), especifica-mente as questões relacionadas com o negociado sobre o legislado. Com a mudança proposta, acordos fechados entre empregadores e empregados teriam peso legal e valeriam acima das leis. O primeiro dia contou com a presença do Ministério Público, da advocacia e do Poder Executivo. O Presidente da ABRAT, Ro-berto Parahyba de Arruda Pinto, par-ticipou da audiência Pública, com po-

sições firmes sobre o tema. Segundo Parahyba, exami-nadas as reformas trabalhistas sob o prisma estritamente jurídico, a par-tir da Constituição Federal, a luz da chamada “interpretação conforme a Constituição Federal”, que não é mero preceito hermeutico, mas, também, mecanismo de controle controle de constitucionalidade, que pressupõe a submissão das normas e institutos jurídicos não apenas aos limites for-mais, como também limites substan-ciais, estabelecidos pelos princípios constitucionais e direitos fundamen-tais, flagrantemente violados pelas malfadadas reformas trabalhistas. “Para se cogitar de “negocia-do sobre legislado” é imprescindível que se assegure antes a liberdade

sindical, que implica na proteção con-tra atos antissindicais, inexistente no Brasil. Como preleciona Oscar Ermi-da Uriarte, o sistema de proteção da atividade sindical em seu conjunto não é outra coisa senão a redução, a concreção da noção abstrata da liber-dade sindical ao meio concreto é real em que deve ser exercida. Portanto, somos carentes de liberdade sindical. E o discurso da valorização da nego-ciação coletiva vem sendo indevida-mente apropriado por setores que não querem efetivamente tal valori-zação, mas simplesmente fragilizar os parcos direitos sociais trabalhistas, espécie do gênero dos Direitos fun-damentais”, ressalta o presidente da ABRAT.

Minas Gerais

O presidente da ABRAT, Ro-berto Parahyba de Arruda Pinto parti-cipou na OAB/MG de audiência públi-ca sobre as reformas da previdência, trabalhista e sindical, defendidas pelo governo federal e que tramitam no congresso. O evento foi conduzido pelo presidente da OAB/MG, Antônio Fabrício Gonçalves, que sustentou a necessidade de debater amplamente com a sociedade as leis e os reflexos

que atingem diretamente a popula-ção. O ex-presidente da Associa-ção Brasileira de Advogados Traba-lhistas (ABRAT), Luiz Carlos Moro, fez uma retrospectiva das normas e as várias tentativas de aprovação de leis e reformas trabalhistas ao longo dos anos. “Temos um congresso que pa-dece por um notável desrespeito às leis trabalhistas. O direito do trabalho é passível de aprimoramento, mas não de desrespeito”, afirmou Moro. O conselheiro jurídico da

Confederação Brasileira dos Aposen-tados e Pensionistas (COBAP), Gui-lherme Portanova, foi enfático sobre a reforma da previdência: “reforma é para melhorar e não para ser um re-trocesso. Estamos diante da maior ex-tinção de direitos sociais adquiridos pela população ao longo dos anos de muita luta. Se essas reformas passa-rem, voltaremos à idade média”. Mesmo posicionamento foi defendido pela ABRAT. O presiden-te da instituiçãoafirmou que a asso-ciação é contrária a reforma como é

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Rio Grande do Sul

O vice-presidente Sul da As-sociação Brasileira de Advogados Tra-balhistas ( ABRAT) esteve presente a audiência pública realizada pela OAB do Rio Grande do Sul. Em pauta as al-terações propostas pelo projeto do governo federal na Reforma Trabalhis-ta. Aberto ao público, o evento reuniu advogados, sociedade civil, centrais sindicais e federações patronais, que estudaram as proposições do Projeto de Lei n° 6787/2016, que altera a CLT de 1943, para se posicionar sobre o tema. As deliberações serão reunidas em um documento que será encaminhado ao Conselho Federal da OAB. O vice-

-presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas – Região Sul (ABRAT/RS), Jesus Augusto de Mattos, declarou que os direitos trabalhistas precisam de mais proteção. “Nossa enti-dade está na luta pela defesa do direito do trabalho e da advocacia trabalhista. O que necessitamos é de mais proteção e atendimento, além do mais, a tercei-rização precariza a relação de trabalho, pois incorpora outros atravessadores”, destacou. Já o presidente da Associação Gaúcha dos Advogados Trabalhistas (AGETRA), Denis Einloft, afirmou que a Constituição brasileira garante os di-reitos fundamentais acima de tudo. “O Brasil já teve uma experiência de pou-

co regramento e a nossa Constituição assegura o Direito acima de tudo. Acre-dito que a reforma trabalhista merece uma reflexão. A negociação coletiva é um avanço, mas precisamos melhorar as condições de trabalho e não trans-formar o trabalhador numa intensa ca-deia de produção”, informou. O presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de Empre-sas no Rio Grande do Sul – SATERGS, Eduardo Raupp, debateu a necessida-de de fortalecer os sindicatos. “O movi-mento sindical dá legitimidade ao tra-balhador.

Com informações da Assessoria de Imprensa

OAB/RS).

apresentada. “São leis inconstitucio-nais que aniquilam os direitos traba-lhistas e fundamentais”, declarou Pa-rahyba. O presidente da Associação Mineira do Advogados Trabalhistas (AMAT), Marco Antônio Freitas, res-saltou que “é preciso que nós todos, população e frentes sindicais,nos ma-nifestemos nas ruas, para defender nossos direitos constitucionais”.

(Com informações Assessoria de Comunicação

OABMG)

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O TRABALHO, O OLHAR PELA ARTE... A TERCEIRIZAÇÃO

Benizete Ramos de Medeiros

O momento atual do Brasil é de retorno neoliberal, com políti-cas de retrocessos, ante a suprema-cia do capital. Ainda agora mesmo a Câmara dos Deputados aprova o ne-fasto projeto da terceirização oriun-do da era FHC, então arquivado. (PL 4.330/04, atual PL. 4.302/98) que ao contrário do noticiado como bom para o trabalhador, fomentador do pleno emprego e promotor da regu-larização da informalidade, estimula a precarização, adoecimentos, me-nos valia e a discriminação, além de outros.

1.O olhar pela arte.

Repensando a história da construção dos direitos sociais no Brasil, para entender o momento atual, opta-se por adotar o prisma dos artistas da época e estilos de arte diferentes. Nas artes visuais, Cândido Portinari, famoso pintor brasileiro destaca-se dentre outros do cotidiano nacional e pousava seu olhar para umas das realidades de sua época, qual seja, o trabalho hu-mano, o trabalhador, a lavoura. De seu acervo, duas das mais famosas obras nessa perspectiva do trabalho humano “O lavrador de café” de 1934 e “colhedores de café” de 1935, retratando o cotidiano da-queles viviam do trabalho, trazendo as cores da mistura das raças, do so-frimento, da terra e do ouro da épo-ca – o café. Na poesia, Vinicius de Mo-raes escreve “O Operário em Cons-trução” do ano de 1959, de onde se extraem o sentir do poeta sobre as relações entre capital e trabalho, os seguintes trechos:

De fato, como podia Um operário em construção Compreender por que um tijolo Valia mais do que um pão?

Tijolos ele empilhava Com pá, cimento e esquadria Quanto ao pão, ele o comia... Mas fosse comer tijolo! E assim o operário ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui Adiante um apartamento Além uma igreja, à frente Um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria Não fosse, eventualmente Um operário em construção. [...]Notou que sua marmita Era o prato do patrão Que sua cerveja preta Era o uísque do patrão Que seu macacão de zuarte Era o terno do patrão Que o casebre onde morava Era a mansão do patrão Que seus dois pés andarilhos Eram as rodas do patrão Que a dureza do seu dia Era a noite do patrão Que sua imensa fadiga Era amiga do patrão. E o operário disse: Não! E o operário fez-se forte Na sua resolução.

O poeta interpreta a diferen-ça de vida entre o capital e o trabalho. Sentia o povo e a sociedade de sua

época. Por certo que numa socieda-de capitalista as diferenças sempre existirão, mas a tendência das socie-dades modernas e democráticas é a redução das desigualdades.

2. Os princípios constitucionais A Constituição Brasileira (CRFB/88) tem como princípios fun-damentais da República a constru-ção de uma sociedade livre, justa e igualitária, a erradicação da pobreza e da marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais. Portanto, propostas de avanços, de dignificação e de igualdade. No entanto, referido projeto que pretende a terceirização am-pla e irrestrita, viola tais princípios constitucionais insculpidos nos arti-gos 1º, incs. III e IV; art. III . 3º, incs. I e II; 7º e 193 da CRFB/88 quanto à dig-nidade da pessoa humana, o valor social do Trabalho, de uma socieda-de mais justa, do desenvolvimento social, e outros que visem à melhoria da condição social e do primado do trabalho. Na terceirização nas relações de trabalho como está proposta há uma efetiva desestruturação do ar-cabouço protetivo direto, descons-truindo conquistas sólidas, com al-guns passos atrás irrecuperáveis. Há quebra da bilateralidade contratual e ruptura dos paradimentos do códi-go obreiro.

3.Breve análise da terceirização e a alteração

Segundo Maurício Delgado1 a expressão Terceirização, resulta de neologismo oriundo da palavra ter-ceiro, compreendido como interme-diário, interveniente. Ressalta ainda,

1DELGADO, Maurício Godinho. Cur-so de Direito do Trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2015. p. 436.

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É o fenômeno pelo qual se distingue a relação econômica de trabalho da relação justrabalhista que lhe seria correspondente. E, portanto, uma relação trilateral formada entre tra-balhador, intermediador de mão de obra, que é o empregador aparente, e o tomador de serviços, o qual é o real empregador, sendo tal relação caracterizada pela não coincidência do real empregador com o empre-gador aparente. É portanto, uma exceção a regra da bilateralidade do contrato de trabalho. No Brasil, à exceção da Le. 6.019/74; 7102/83 e da sumula 331 do C TST, terceirizar atividades fins da empresa é ilegal. No entanto, as-siste-se a diversas empresas, mesmo as públicas violando tais regras. E, talvez antes da gravidade do proje-to Aprovado na Câmara dos Depu-tados no dia 22 de março de 2017, já havia uma ameaça prenunciando um alargamento do entendimento da sumula, qual seja Encontra-se em fase julgamento no Supremo Tribu-nal Federal (STF), o RE 713.211/MG, interposto pela Celulose Nipo Brasi-leira S/A – Cenibra, indústria de ce-lulose em face da decisão condena-tória da Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho,2 a qual obriga a empresa a não tercei-rizar serviços próprios de sua ativi-dade fim. Este recurso extraordinário fará com que o Supremo Tribunal Fe-deral (STF) analise pela primeira vez se é constitucional o impedimento da terceirização da atividade-fim da empresa, fazendo um contraponto entre a Súmula 331 e o art.5º, II da Constituição Federal, para tanto o tema “Terceirização de serviços para a consecução da atividade-fim da empresa”, ganhou repercussão geral, sob o nº 725 . A precarização inicia-se com trabalhadores que exercem as

2 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABA-LHO. Dossiê “Terceirização de ativida-de-fim na iniciativa privada”, 2014, p.6.

mesmas funções dentro da empre-sa, com a mesma produtividade e perfeição técnica, ficam impossibi-litados de reivindicar equiparação salarial, já que o empregador não é o mesmo. Além disso, os terceiriza-dos estão fora da participação dos Lucros da empresa tomadora. Ameaça a desestruturação do sindicalismo no Brasil já que põe em risco a existência das categorias profissionais, pois o trabalhador es-tará subordinado às regras dos con-tratos firmados entre prestadora e tomadora de serviços, perdendo sua identidade, sendo visto apenas como “algo” que despende força laboral em prol da lucratividade, prometendo com isso, o esvaziamento dos sindica-tos com perda da representatividade e do poder de barganha. É irrefutável que as conse-quências para a classe trabalhado-ra são, em resumo: Desestrutura da Representação Sindical, acarretando estagnação nas conquistas traba-lhistas; disparidade entre os traba-lhadores terceirizados e emprega-dos diretos; sucessivas contratações do mesmo trabalhador, por diferentes empresas terceirizadas, na prestação de serviços à tomadora. Tais consequ-ências por sua vez repercutirão de for-ma avassaladora na economia do país. Logo, toda a sociedade per-de com esse retrocesso. As reações de grupos orga-nizados é grande, mas vem ecoando em ouvidos moucos, as lutas parecem inglórias, o retrocesso parece inexorá-vel, pois o capital é forte e voraz, os interesses se sobrepõem, como bem sentiu o poeta há 50 décadas.

[...]Disse, e fitou o operário Que olhava e que refletia Mas o que via o operário O patrão nunca veria. O operário via as casas E dentro das estruturas Via coisas, objetos Produtos, manufaturas. Via tudo o que fazia

O lucro do seu patrão E em cada coisa que via Misteriosamente havia A marca de sua mão. E o operário disse: Não! - Loucura! - gritou o patrão Não vês o que te dou eu? - Mentira! - disse o operário Não podes dar-me o que é meu. E um grande silêncio fez-se Dentro do seu coração Um silêncio de martírios Um silêncio de prisão. Um silêncio povoado De pedidos de perdão Um silêncio apavorado Com o medo em solidão. Um silêncio de torturas E gritos de maldição Um silêncio de fraturas A se arrastarem no chão. E o operário ouviu a voz De todos os seus irmãos Os seus irmãos que morreram Por outros que viverão. Uma esperança sincera Cresceu no seu coração E dentro da tarde mansa Agigantou-se a razão De um homem pobre e esquecido Razão porém que fizera Em operário construído O operário em construção. O olhar vago do Lavrador de Portinari e a alienação do Operário em Construção de Vinicius de Mora-es reaparecem, tentando reagir, mas têm suas vozes abafadas pela imple-mentação da terceirização e outros retrocessos que estão por vir. Mas, o que fazer?

E eis que E o operário disse: Não! E o operário fez-se forte Na sua resolução

Mas, como outrora é atrope-lado mesmo assim pelas mudanças impostas que não te ouvem.

Benizete Ramos de Medeiros, é advo-gada Trabalhista. Presidente da JUTRA

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As reformas contra os Direitos Sociais e nosso passado autoritário recente

Rodrigo Lentz

A memória brasileira, frágil no cotidiano, nos reserva dois encon-tros reveladores de nossa realidade do tempo presente: neste mês de abril, completamos 53 anos da depo-sição de João Goulart (1964) e 1 ano de Dilma Rousseff (2016). Embora tenham significativas diferenças, não é apenas o voto direto que lhes con-feriam legitimidade democrática que marcam as semelhanças. Ambos os governos que sucederam os depos-tos carregavam missões comuns: reti-rar direitos dos trabalhadores e enfra-quecer sua organização política. Por isso, para dimensionar a magnitude constitucional e política das reformas da previdência, trabalhista (incluin-do a terceirização total) e a PEC que congela investimentos sociais por 20 anos, é preciso compreender essas duas rupturas democráticas. É enten-der o meio para evitar o fim. Primeiro, que há um concer-to de poderes. Em 1964, conforme apontou Silva Filho, o parlamento de representantes eleitos diretamente declarou vaga a presidência da Re-pública e, por 361 votos favoráveis, 72 abstenções, 37 ausências e 5 vo-tos contrários, elegeu indiretamente Castello Branco como novo presi-dente (na prática, Câmara e Senado elegeram indiretamente Michel Te-

mer). Esse ato recebeu o endosso jurídico do Poder Judiciário à época: o Presidente do STF, Moutinho da Costa, assegurou a todos que a de-posição de João Goulart estava de acordo com a Constituição1. Há uma diferença contun-dente no cordão autoritário que in-siste em unir 1964 a 2016: não veio por tanques nem coturnos e foi acompanhado de amplo direito de defesa e do contraditório. Mas nem tanto. É regra básica do direito consti-tucional, especial-mente nos direitos e garantias funda-mentais, a exigência de uma conduta tí-pica penal para de-nunciar alguém. Do contrário, a garantia constitucional do de-vido processo legal é violada. Só que no Brasil de 1964 a 2016, o autoritarismo civil sempre se abrigou na legalidade. A lei, a constituição, a or-dem são máquinas colheitadeiras de legitimação da dominação social. É difícil para a eli-te política, a elite econômica, a elite social conviver com o voto popular e os direitos sociais que tendem a ge-rar. Em certas quadras, como agora, é preciso “flexibilizar a constituição”, segundo Moutinho da Costa (STF, 1964), ou de fazer “uma pausa demo-crática para um freio de arrumação”, como disse Ayres Britto, ex-Ministro do STF 2. Em outras palavras: reduzir

1 SILVA FILHO, José Carlos Moreira da. O jogo dos sete erros: 1964-2016. Empório do di-reito. 1 de maio de 2016. Disponível em: http://emporiododireito.com.br/o-jogo-dos-sete-erros/

2 Durante sua participação na “Brazil Confer-ence”, organizada pela universidade Havard,

ou acabar com direitos trabalhistas e aumentar a margem de lucro do em-presariado. Aliás, foi isso que levou o brasilianista Anthony Pereira, diretor do Instituto Brasil da Kings College (UK), a concluir pelo alto grau de cooperação – pra não dizer cumpli-cidade – do Poder Judiciário brasi-leiro com nossa tradição autoritária renovada em 1964. Isso, inclusive, reduziu o custo político das graves e massivas violências inerentes às di-

taduras3. E nunca as eleições foram aban-donadas. Apenas eram adaptadas. D e m é t r i o Magnoli, uma opi-nião liberal crescen-te e crente na lega-lidade da deposição de 2016, escreveu - muito bem, por si-nal – que neste mo-mento se derrama no tapete democrá-tico a lama da tra-dição conciliadora das elites políticas brasileiras. O grande sintoma teria sido o acordo político

que absolveu Dilma pessoalmente, apenas cassando-a. Depois da ci-são, a conciliação. Contudo, ventilo outra hipótese. Se, na verdade, seja justamente esse consenso entre eli-tes é que tenha sido quebrado. É a poliarquia de Robert Dahl, com seus mínimos procedimentais, demo-craticamente insuficientes, que foi esfacelada. Se a legalidade, enten-dida como respaldo do judiciário, é

em 23 de abril de 2016. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=GMju_BT-soIo>

3 PEREIRA, Anthony W. . Ditadura e re-pressão: o autoritarismo e o estado de direito no Brasil, no Chile e na Argentina. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

“Há uma diferença con-tundente no

cordão autori-tário que insiste em unir 1964 a

2016...”

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instrumento de golpes de estado, te-mos uma importante cisão em mar-cha: a competição eleitoral como meio legítimo de disputa de poder político (que inclui aceitar seu resul-tado), o abandono do direito penal como perseguição política, o Estado de Direito, isto é, o pacto político concretizado em 1985-1989, entre as elites políticas, foi quebrado. O único acordo da abertura que per-manece intacto é a imunidade penal dos crimes cometidos por militares e empresários. Estamos diante de um tem-po em que as regras não escritas são colocadas à prova. Aqui, na minha análise, é onde reside o grande fator de instabilidade política do regime daqui para frente e o grande perigo para a classe trabalhadora. É o fim da estratégia conciliatória? Ninguém sabe onde vamos parar. Rodrigo Sá Motta, historiador e professor visitante da Universidade de Paris III, é cirúrgico ao demostrar semelhanças com 1964: Primeiro, foi a surpresa. Quem esperava, há três anos, que um presidente diretamen-te eleito seria derrubado? Segundo, uma crise política que reforçou a po-laridade social provocada, em gran-de medida, por fatores estruturais (cultura política). Terceiro, havia um governo de centro-esquerda acuado pelas maiores instituições de mídia, com apoio minoritário no Congresso e crise econômica. Quarto, mobiliza-ção de grupos de direita e protestos de rua contra o governo. Quinto, o governo é alvo de argumentos an-ticomunistas e anticorrupção. Sex-to, a maioria da classe média, com sentimento de abandono político, e setores superiores, ofendidos pela perda de privilégios, em polvorosa, querendo a queda a todo custo, sem apego a regras institucionais. Séti-mo, setores populares pouco em-polgados em defender o governo. Oitavo, um crescimento da opinião liberal incomodada com uma políti-ca desenvolvimentista; Nona, a ocu-pante do Executivo era herdeira de um líder carismático sem o brilho de seu mestre. E décima: Fiesp abriu o

caixa para financiar a deposição4. Neste último ponto é onde chegamos nos fins dessas “pausas democráticas”: tratam-se de um “freio de arrumação” do capitalismo contra os direitos e organização dos trabalhadores. René Dreifuss, um cientista político uruguaio, havia captado esse ponto nevrálgico: ação política, poder e golpe de classe 5. A mesma FIESP de 2016 atou decisiva-mente em 1964 na conquista do Es-tado para frear o avanço dos traba-lhadores, seu poder político e seu rol de direitos. É, decididamente, os ob-jetivos da reforma da previdência, da reforma trabalhista, da terceirização

total, do congelamento de investi-mento sociais. É evidente que há diferen-ças. A tradição de uso instrumental da anticorrupção é seguida do anti-petismo, algo distinto, mas derivati-vo da tradição anticomunista brasi-leira. Esta, por sua vez, manteve-se na retaguarda, presente, pois não vivermos mais a bipolaridade da guerra fria. Contudo, a influência in-ternacional dos EUA – marcada no “combate” a corrupção – se mostrou latente desde a interceptação até

4 SÁ MOTTA, Rodrigo Patto. O Brasil à beira de um abismo, de novo. Associação Nacional de História. Disponível em: http://site.anpuh.org/index.php/2015-01-20-00-01-55/noticias2/di-versas/item/3391-o-brasil-a-beira-do-abismo-de-novo-rodrigo-patto-sa-motta.

5 DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado: ação política, poder e golpe de classe. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1981.

no treinamento dos atores legais da Lava-Jato. E a internet quebrou o monopólio da informação da grande mídia, sem superar seu po-der hegemônico. Carlos Barbé, cientista polí-tico italiano, foi claro em chancelar uma definição de golpe de Estado como a derrubada de um governo por órgãos do Estado que, pelo me-nos, contam com a cumplicidade armada (lembrem-se do áudio de Jucá: os milicos estão conosco). É seguido por mobilização política e de um reforço no aparato burocrá-tico e policial do Estado (lembre-se de Alexandre de Morais: precisamos de mais armas e menos pesquisas)6. Somando-se a quebra do Estado de Direito e do pacto político de elites da competição eleitoral, tecnica-mente, é ingênuo não reconhecer que vivemos os efeitos de um golpe de estado. Então caminhamos – ou colocamos o pé direito – para uma ditadura? Ninguém sabe ao certo. Porém, uma coisa é certa: vivemos tempos de intensa mobilização po-lítica, de uma “desconstituinte”, com apontou o Procurador Regional do Trabalho Cristiano Paixão, provocada pela quebra das regras não escritas e, talvez, isso inaugure um momento constituinte7. A resposta? Serão os trabalhadores e as trabalhadoras as organizadas que darão para nossas vidas e para a história de nosso país.

* Advogado, Professor universitário, Mestre em cultura política (PPGPOL/UFRGS) e doutoran-

do em democracia e sociedade (IPOL/UNB)

6 BARBÉ, Carlos. Verbete Golpe de Estado. In: Dicionário de política I Norberto Bob-bio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1 ed., 1998.

7 Paixão, Cristiano. Democracia e Constitu-ição: um golpe desconstituinte? Jota, 12 de maio de 2016. Disponível: < https://jota.info/artigos/democracia-e-constituicao-um-golpe-desconsti-tuinte-12052016>

“Estamos diante de um tempo em que as re-

gras não escritas são colocadas à

prova...”

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Relações do Trabalho é tema da caravana,

Realizada em Porto Velho (RO) a 1ª Caravana Trabalhista RO/AC, uma iniciativa da Associação Rondoniense da Advocacia Traba-lhista ( Aronatra) em parceria com a OAB/RO – ESA/RO e EJUD – Escola Judicial do TRT/14. Em debate as relações de trabalho. A proposta do projeto é abran-ger municípios de Rondônia e Acre.

Primeira edição

“A caravana iniciou em Por-to velho, capital de Rondônia, com muito sucesso, obviamente não po-deria ser diferente, tendo em vista os temas abordados, bem como os palestrantes que conduziram com brilhantismo os trabalhos, sendo eles: “Reforma Trabalhista”, pela vice--presidente da Abrat, Alessandra Camarano; “Reforma Previdenciária”, pelos conselheiros federais da OAB/RO, Elton Assis e Breno de Paula e “Responsabilidade Civil Objetiva nas Ações Acidentárias Trabalhistas”, pelo juiz do Trabalho Luiz José Alves dos Santos Junior, explicou Aline Sil-va Côrrea.

Projeto

O projeto visa levar aos ad-vogados, magistrados, estudantes de direito e demais profissionais da área, informações e palestras sobre as reformas trabalhistas e previden-ciárias, e, ainda, demais relações de trabalho, como aspectos do Novo Código de Processo Civil aplicado à Justiça do Trabalho, cálculos traba-lhistas, entre outros assuntos relacio-nados ao Direito do Trabalho.

Apoio

Para o presidente da OAB/RO, Andrey Cavalcante, é com mui-ta alegria que a OAB Rondônia, em parceria com o TRT14 e Aronatra, re-

aliza esse evento em favor do nosso Estado de Direito, das liberdades in-dividuais e sociais, e de toda a socie-dade, presente e futura. É uma forma de disponibilizar diversos benefícios às sociedades de advogados e ma-gistrados, de forma que proporcio-ne aos profissionais a interação com especialistas na área para que tirem suas dúvidas, e, assim, possam exer-cer com excelência suas funções. “Em momentos nebulosos em que as investidas contra a so-ciedade e os direitos se proliferam, é fundamental dialogar sobre ques-tões que afetam a todos, por isso, percorrer o Estado, bem como, nos-so Estado vizinho, Acre, é fundamen-tal para levar conhecimento a toda população que clama por justiça e equilíbrio”, ressaltou Aline.

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O TRABALHO, O OLHAR PELA ARTE... A TERCEIRIZAÇÃO

Monique Prada

Na segunda metade dos anos 1990, os Estados Unidos vi-viam sua última grande fase de esplendor. Embalados pelo fim da ameaça soviética e pelo advento das inovações que mudaram nos-sa forma de comunicação, eram o único país do mundo a se bene-ficiar da globalização financeira, que comandavam. As bolhas na bolsa de valores irrigavam a classe média com recursos e crédito, dan-do um aspecto de relativa demo-cratização da riqueza - embora a exclusão e a desigualdade caracte-rísticas dessa etapa do capitalismo já se fizessem presentes, ainda que não se visse seus efeitos do modo feio como se mostrou apenas após a crise de 2008. No entanto, uma sensação persistente contrastava com esse ciclo ascendente: mesmo com o

pleno emprego, os trabalhadores norte-americanos sentiam medo. Um medo tão forte que os impedia de reivindicar melhores condições de trabalho e melhores salários. As pesquisas da época mostravam que esse medo vinha da extrema flexibilização das condições de trabalho, o que podia levar a qual-quer um deles direto de uma situa-ção razoável para a extrema preca-rização e desemprego a qualquer momento. E esse medo paralisava os trabalhadores. O excedente tra-zido pela revolução tecnológica não melhorava as condições de vida da população no dia a dia, sendo canalizado para os detento-res do capital. A desigualdade se acentuava e a renda não era maior do que a renda obtida na década de 1970, embora os trabalhadores fossem muito mais produtivos com as novas tecnologias à disposição, operando com maestria o milagre da multiplicação de tarefas. Essa é uma das origens de uma situação que, ao se deteriorar ainda mais nos anos 2000, resultou na ascen-são de Trump agora em 2017. Conto isso para falar do papel da precarização e dos seus efeitos mais amplos no capitalis-mo contemporâneo. É necessário criar incertezas, difundir o medo, para que o trabalhador seja dócil e não reivindique nada, para que ele aceite o que lhe é oferecido sem resistência, para que ele se subme-ta. E é exato nesse contexto que os sucessivos ataques ocorridos no Brasil de hoje - sejam os ataques

à Constituição de 1988, sejam os ataques à CLT - precisam ser en-tendidos. Mais do que ganhos cir-cunstanciais com a possibilidade de externalizar o risco da atividade econômica aos chamados “parcei-ros”, a precarização do trabalho e a difusão de um “medo social” pa-ralisante são as consequências de fundo desses ataques à forma de inserção no mundo trabalho que são tradicionais no país, uma vez que difundidas em maior ou me-nor grau a cerca de 70 anos. Assisti com uma amiga há algumas semanas o último filme de Ken Loach, Eu, Daniel Blake. O cli-ma e a reação das pessoas ao final da película foram, para mim, sur-preendentes. Era como se algo ali nos unisse em nossa desesperan-ça. As poucas pessoas na pequena sala olhavam umas para as outras, desoladas. Balançavam as cabeças, se solidarizavam e sofriam. O filme provoca imenso desconforto, pois retrata com exatidão aquilo que estamos vivendo mundialmente: o acirramento das políticas de auste-ridade empurrando cada vez mais e mais pessoas para a fome e misé-ria. As maravilhas do Estado neoli-beral – que te adoece, te tortura, assiste tua decadência, teu deses-pero, declínio, morte - e ainda vai ao teu enterro.O filme conta as desventuras de Daniel, viúvo de meia idade que, impossibilitado de retornar ao trabalho por recomendação médi-ca, tem o seu benefício cortado e precisa recorrer insistentemente à

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burocracia estatal para tentar reto-má-lo. Num mundo cada vez mais conectado, Daniel é totalmente leigo em tecnologias – como tan-tas pessoas à nossa volta o são. (Um parêntese: lembrei que esta-va devendo um comentário sobre o filme, aliás, ao pegar um táxi no Rio. Seu João, apesar da ausência de GPS, conseguiu me trazer ao destino solicitado, um lugar bem confuso de chegar. Ao contrário do que se espera, seu João não esta-va interessado em me dar um gol-pe: apenas, me confessa, não sabe mesmo é usar ‘essas tecnologias’. E eu acredito: me mostra seu telefo-ne sem acesso a nada mais do que SMS e telefonemas. Imaginei ime-diatamente seu João na mesma situação de Daniel, depois de ter trabalhado e pago seus impostos uma vida inteira e sem conseguir o apoio do Estado na hora em que mais precisa.) O fato é que as coisas as-sim são: os atendentes, treinados para fazer com que você desista do benefício, desista daquilo a que sempre julgou ter direito. Você, afinal de contas, pagou por uma vida inteira para ter esses direitos. O Estado neoliberal se fazendo surdo aos apelos do contribuinte. Um problema coletivo tornado in-dividual pela força da necessidade – ou de nossos condicionamentos? Não seria, eu sempre me pergun-to, o caso de uma revolta coletiva, já que somos tantos? É uma ideia recorrente, que tiro da cabeça ao lembrar, por exemplo, o modo como os servidores públicos esta-duais vem sendo tratados no Rio de Janeiro e mais recentemente no Rio Grande do Sul, com executivo e legislativo surdos aos apelos do

povo, respondendo com bombas que custam caro e repressão poli-cial forte – isso enquanto mantém altos e pagos pontualmente em dia os salários e benefícios dos go-vernantes, mostrando com clareza que o problema não é exatamente financeiro. Por um rápido instante, o

público chega a se animar com a cena em que Daniel, tendo mais uma vez as suas solicitações não atendidas, sai da repartição e pi-cha as paredes, denunciando o descaso com o qual vem sendo tratado. Recebe apoio popular mo-mentâneo, é preso, e o assunto su-focado. O filme não tem final feliz. O Governo é surdo, o Governo se-gue surdo, seu aparato de repres-são silenciosamente invizibiliza os protestos. Blake é um cidadão de bem, um cara sério que se revol-ta com o vizinho ao perceber que este não limpa as fezes que seu cachorro deixa em seu quintal, um cara que repreende o amigo

ao se dar conta de que ele se en-volvia com contrabando. Nos é apresentado, acima de tudo, como um homem de bem vitimado por uma fatalidade. Em alguma dessas suas peregrinações, conhece Kate, mãe solteira de duas crianças, para quem também o Estado virou as costas. Kate, após inúmeras ten-tativas de conseguir trabalhos em que conseguisse se encaixar, por conta de sua condição de mãe solo e a dificuldade sobre o horário de escola dos filhos, chega ao deses-pero e, levada pela sua condição de extrema pobreza, acaba sendo pega roubando em um mercado. Levada aos seguranças, na saída recebe um convite que não deixa dúvidas: o segurança lhe pede um minutinho, diz que pode ajudar a mulheres lindas como ela, e lhe en-trega um cartão. Kate guarda este cartão e em determinado momen-to, cede e agenda uma entrevista. Em seguida, começa a se prostituir. Daniel, o nosso bom ho-mem, deseja resgatá-la do traba-lho que lhe parece imensamente repugnante (e possivelmente para algumas pessoas até o seja), mas Kate é clara: ela agora já tem 300 euros e poderá comprar comida e roupas para os filhos, garantindo--lhes uma vida com um mínimo de decência. A partir daí, Blake – que, percebam, jamais rompeu rela-ções com o vizinho contrabandis-ta – rompe com Kate, situação que perdura até que ela o convença a deixá-la ajudar com o advogado para resolver a questão do benefí-cio. Paremos por aqui, pois a in-tenção não é a de dar spoiler, mas eu gostaria de discutir justamente esta questão, que já provoquei al-

“Um problema coletivo tornado individual pela força da necessi-

dade – ou de nossos condi-

cionamentos?...”

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gumas vezes em debates: num pe-ríodo em que as políticas de aus-teridade empurram cada vez mais pessoas a trabalhos precários, o trabalho sexual sendo apenas um deles, me pergunto se seguiremos empurrando as mulheres que ve-nham a recorrer à prostituição nes-ses tempos de fome e desemprego massivo para a clandestinidade, e reforçando o estigma sobre elas. Infelizmente o cenário não é animador. Nós, trabalhadoras se-xuais, num período em que os te-mores se acirram e a necessidade financeira se torna para todas as pessoas a cada dia mais real e pal-pável, o futuro assustadoramente incerto, temos sofrido cada vez mais ataques, por parte mesmo de setores da sociedade tidos como mais progressistas. André Singer em sua coluna na Folha de São Pau-lo intitulada “Queima de empregos destrói vidas”, de 28 de janeiro de 2017, nos traz dados referentes ao desemprego e ao mercado de trabalho, citando o aumento da procura por trabalho informal na área de trabalho doméstico e re-conhece que, em tempos de reces-são, muitas pessoas terão na pros-tituição ou criminalidade a única saída. Alguns blogs, repercutindo o artigo, se animam e, de modo sensacionalista, trazem manchetes do tipo “Temer finalmente cria em-pregos: o de prostituta e travesti”. A prostituição, compulsó-ria para um imenso percentual de travestis e pessoas trans que não conseguem colocação no mercado formal de trabalho, é atividade re-conhecida pelo Ministério do Tra-balho desde o começo do século XXI. A atividade de profissional do sexo foi incluída na CBO, depois

de muita luta da rede Brasileira de Prostitutas, ainda no primeiro go-verno Lula, sob o número 5198/05. No entanto, pouco após o golpe, o deputado Flavinho, do PSB de São Paulo, apresentou um projeto so-licitando urgência na exclusão da atividade da CBO, em consonância com o pl 377/11, de autoria do de-

putado João Campos (PRB-GO). Que a bancada conserva-dora ataque de modo tão enfático a um grupo historicamente estig-matizado de mulheres, mantidas à margem através dos séculos, não é algo que me surpreenda. No entanto, perceber que setores tidos como progressistas apoiam este retrocesso representado pelo pl 377\11 e a proposta de exclu-são da atividade da CBO. Num momento em que todas estamos juntas lutando contra a precariza-ção da vida de todas as pessoas trabalhadoras, contra a terceiri-zação e os ataques à CLT, é triste perceber esse ataque aos nossos poucos direitos. O pavor trazido pela possibilidade de terceirização

de todas as funções nos traz a um ponto trágico, porém interessante: chegou o dia em que todos os tra-balhadores amanheceram com os mesmos direitos trabalhistas que as prostitutas.Mais do que nunca, precisamos nos posicionar e evitar este alinha-mento informal de nossas posições com as posições da bancada BBB. Parece que ainda não temos ple-na consciência disso mas o futuro breve nos cobrará. Empurrar mais e mais categorias historicamente perseguidas e marginalizadas para a clandestinidade, me desculpem, não é papel da esquerda. O Estado de Bem Estar in-glês deixou Daniel Blake e Kate perdidos em sua obsolescência programada pelos neoliberais pós Thatcher. O resultado por lá foi o surgimento de Nigel Farage, e o avanço da extrema direita xe-nófoba. O mesmo ocorre hoje na França, assolada pelo medo dos atentados terroristas. Trump e seu autoritarismo tosco foi a dura lição que os americanos esquecidos do rust belt resolveram aplicar nas eli-tes de Nova York. Ao empurrar as trabalha-doras sexuais e outros grupos em situação de exclusão social e precariedade ainda mais para a margem, não compreender suas demandas ou mesmo sugerir in-tervenção policial e políticas higie-nistas para resolver o momento de desastre econômico e social, nós, aplastados pelo golpe em um país de tradição autoritária como é o Brasil, estaremos abrindo caminho para quê?

Escritora, trabalhadora sexual, co-editora

do projeto MundoInvisivel.org e presidenta

da CUTS -Central Única de Trabalhadoras e

Trabalhadores Sexuais

“Um problema coletivo tornado individual pela força da necessi-

dade – ou de nossos

condicionamen-tos?...”

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Agatra empossa diretoria

Em solenidade no Fórum Trabalhista do Tri-bunal Regional do Trabalho da 18ª Região, foi empossada a nova diretoria da Asso-ciação Goiânia de Advogados Trabalhistas (Agatra), tendo como presidente a advoga-da Maria Madalena Melo Martins Carvelo. A cerimônia foi presidida pela ex-presidente Arlete Mesquita e com a presença da vice--presidente da Entidade da Região Centro Oeste, Karlla Patrícia de Souza.

SC: Empossada nova diretoria da ACAT

O advogado Ricardo Corrêa Júnior assumiu na quarta (5) à noite a presidência da Associação Catari-nense dos Advogados Trabalhistas (ACAT). Seu vice será o advogado Ra-mon Carmes, presidente da comis-são de Direito do Trabalho da OAB/SC. A posse foi na sede da Seccional, durante solenidade prestigiada pela diretora da OAB/SC, Cláudia Prudên-cio, que representou o presidente

Paulo Brincas no evento. “Assumir a presidência da Acat num momento como esse é para os fortes”, disse Corrêa Júnior, lembrando da agenda do País em torno das reformas trabalhista, pre-videnciária e política. “Somos um Brasil que necessita de associações profissionais como a nossa, de muita unidade, capacidade e força”. Além de Corrêa e Carmes,

foram empossados os advoga-dos Fabrício Mendes dos Santos (Tesoureiro), Roberta Schneider Westphal (Secretaria) e Francielli Rossi de Oliveira (Secretária Adjun-ta). Cesar Luiz Pasold Júnior, Dio-go Guedert, Eduardo Carlin Kilian, Saionara Raquel Silveira Morimoto e Milena Ketzer Caliendo dos Reis serão conselheiros da entidade.

(Assessoria de Comunicação da OAB/SC)

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Encontro dos advogados, juízes e membros do MPT no Distrito Federal

A reforma trabalhista e ou-tros assuntos que permeiam o di-reito do trabalho foram temas do 1º Encontro de Advogados, Juízes e Membros do Ministério Público do Trabalho, realizado no dia 10 de março de 2017, em Brasília, pela As-sociação de Advogados Trabalhistas do DF ( AATDF). O Diretor de Relações Insti-tucionais da ABRAT, Nilton Correia,

debateu, juntamente com o Presi-dente do TRT10, Pedro Foltran, com o Procurador Geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, sobre a reforma Trabalhista e apresentou o posicio-namento contrário da ABRAT em relação ao tema. O diálogo foi me-diado pelo Presidente da OAB/DF, Juliano Costa Couto. Outras mesas trataram de temas relevantes do mundo do tra-

balho, como “Flexibilização do Direi-to do Trabalho e o Modelo Sindical”; “Direito Fundamental ao Descanso”; “Negociado Sobre o Legislado” e “Terceirização”. O Presidente da AATDF, Car-lúcio Coelho encerrou o evento com a discussão sobre propostas legisla-tivas para um judiciário trabalhista melhor.

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Os muitos nós na garganta do trabalha(dor)

*Caroline Sena

“[...]Na primeira noite eles se aproximame roubam uma flor do nosso jardimE não dizemos nada.Na segunda noite, já não se escon-dem;pisam as flores,matam o nosso cão,e não dizemos nada.Até que um dia,O mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,rouba-nos a luz, e,conhecendo nosso medo,arranca-nos a voz da garganta.E já não podemos dizer nada.[...]”Eduardo Alves da Costa

A história da humanidade está intimamente ligada ao concei-to de trabalho e, segundo a Bíblia, Adão, o primeiro homem a povoar o planeta Terra, foi quem primeiro o vivenciou. Da leitura do livro de Gênesis consta o decreto Divino de que, da terra, ele retiraria o sustento necessário para todos os dias de sua vida. Mas nem mesmo Adão poderia imaginar quão sorrateiros eram os planos para o direito do trabalho no século XXI.

É que o adágio bíblico de se-meadura e de colheita tem se cum-prido ao reverso do que foi ardua-mente plantado nos últimos anos, em prol do trabalhador. No seio deste solo, no co-meço do século XX, a classe operária começou a se insurgir, para não mor-rer de tanto trabalhar, ou em um aci-dente de trabalho, ou simplesmente para não morrer de fome. Nesta épo-ca do chamado liberalismo absoluto, direitos e leis traba-lhistas não estavam na pauta. Não é por ou-tra razão que o velho liberalismo, recons-truído na segunda metade do século XX, evitava buscar inspi-ração nos mais notá-veis clássicos liberais de fins do século XVIII e início do século XIX, como Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823), uma vez que estes ainda firmaram suas reflexões em torno do valor-trabalho1. Foram ne-cessários vários anos de greves, manifes-tações, exílio e morte para Consolidar as Leis do Trabalho, em 1943. O Brasil, sob o comando de Getúlio Vargas, vivia o fim da Repú-blica Velha. E desde aquele tempo, os patrões se recusavam a dar crédi-to à luta operária e se utilizavam dos canais de comunicação para desmis-tificá-la. Sobreveio o árduo período de 21 anos de ditadura (1964-1985) e com ela militares e patrões impu-seram, outra vez, o silêncio, calando

1 DELGADO, Maurício Godinho. Capitalismo, trabalho e emprego: entre o paradigma da destruição e os caminhos de reconstrução. São Paulo. Editora LTr. 3ª tiragem. 2008. página 31.

as reivindicações da classe operária, quer oriundas do campo, quer da ci-dade. Com o enfraquecimento da ditadura, o espírito de luta tomou fôlego e ressurgiu; partidos políticos foram legalizados, em meio a outros que livremente nasceram, e, pela pri-meira vez, se criou uma Central Sin-dical única no país. O Brasil passou a ser falado no mundo por suas greves e suas assembleias-monstro2.

E a década de 80, tão impulsio-nada pela militância, também foi palco de uma transição peri-gosa para o mundo do trabalho, funda-da no neoliberalis-mo, que tinha fome de retirada de direi-tos e sede de privati-zações. O primado do trabalho e do emprego, uma das principais conquis-tas do mundo oci-dental capitalista, passou a ser alvo de um projeto de des-construção, ampa-rado na criação de condições cada vez mais favoráveis aos

investimentos privados e cada vez menos comprometidos com o traba-lhador. Todos os esforços orbitavam para a gestão da moeda. E nessa quadra do tempo, a natureza estrutural do desemprego, associada às inovações tecnológicas, passou a reger um novo capitalismo, em que não apenas a relação empre-gatícia, mas a própria realidade do trabalho foram colocadas em xeque. A primazia da iniciativa privada se

2 GIANNOTTI, Vito. Lutas operárias no Brasil. Livro-agenda Lutadores e Lutadoras na História do Brasil. NPC. 2016.

“Foram necessários

vários anos de greves, mani-

festações, exílio e morte para Consolidar as Leis do Trabal-ho, em 1943...”

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impôs sobre a dignidade da pessoa humana e os direitos sociais dos tra-balhadores. Não parece redundante di-zer que, em pleno século XXI, se está a reviver as lutas e as pautas do sé-culo passado. A mãe, outrora gentil, agora é responsável por implemen-tar uma série de pacotes de mal-dades, capaz de causar inveja aos maiores roteiristas de filme de terror. Dormia a nossa pátria mãe tão distra-ída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações3. O projeto de terceirização, a reforma trabalhista e a reforma da previdência são o retrato do maior desmonte pretendido por um Esta-do que se intitula Democrático de Direito. Democracia para o capital. Direito para o empresariado. E dor para o trabalha(dor). A dignidade da pessoa hu-mana e os valores sociais do tra-balho, fundamentos da República Federativa do Brasil, foram covarde-mente ignorados, como se não cons-tassem do texto constitucional. Os “fatores reais de poder” conseguiram transformá-los em simples folha de papel. Não se pode dizer que Ferdi-nand Lassalle não advertiu. A sequência de golpes ao primado do trabalho não pretendeu ser suave. E, a recente aprovação da terceirização, de forma ampla e irres-trita, constitui uma afronta, não ape-nas à Justiça do Trabalho, mas à pró-pria democracia, quer pela ausência de diálogo com os setores envolvi-

3 Trecho da música Vai Passar de Chico Buarque.

dos, quer pela ausência de transpa-rência do parlamento brasileiro. A terceirização, permitida também nas atividades-fim de uma empresa, legitima a precarização do mundo do trabalho e esfacela as perspectivas das gerações vindou-ras, cujas inserções no mercado po-derão se dar da forma mais indigna possível. Em outras palavras, a contra-

tação poderá se dar sem a garantia de férias, décimo-terceiro, licença--maternidade, abono salarial e ou-tros direitos trabalhistas. A amplia-ção do trabalho temporário, de três para nove meses agrava ainda mais

esse cenário. E por ironia do destino, nove meses é o tempo natural de uma gestação. Do ventre da tercei-rização ampla e irrestrita qualquer coisa pode ser gerada, menos digni-dade. Em um piscar de olhos, por 231 votos a favor, 188 votos con-trários e 8 abstenções, passou a ser possível para a brava gente brasilei-ra retroceder no tempo e revisitar o modo oligárquico-patrimonial do capitalismo, ancorado na exploração da força de trabalho e na barbárie sa-larial. O projeto agrava o quadro em que hoje se encontram aproximada-mente 12 milhões de trabalhadores terceirizados, contra 35 milhões de contratados diretamente, números que podem ser invertidos4. No ápice da coisificação da pessoa humana, num só golpe, tra-balhador e Justiça do Trabalho foram feridos de morte. Mas a recém apro-vada terceirização, por si só, não foi capaz de saciar o capital, que conta com o reforço da proposta de re-forma trabalhista. Esta, por sua vez, introduz os pilares de uma futura re-forma sindical. Muitos são, portanto, os nós na garganta verde e amarela. E mui-tos são os argumentos falaciosos de um governo que transfere para

4 Terceirização: Anamatra lamenta aprovação de projeto de lei que libera a prática em todas as atividades da empresa. Disponível em:<http://www.anamatra.org.br/imprensa/noticias/25081-terceirizacao-anamatra-lamen-ta-aprovacao-de-projeto-de-lei-que-libera-a-pratica-em-todas-as-atividades-da-empresa> Acesso em 28 de março de 2017.

“O primado do trabalho e do emprego, uma das principais conquistas do

mundo ociden-tal capitalista, passou a ser

alvo de um pro-jeto de descon-

strução...”

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o trabalha(dor) a sua própria culpa pela adoção de medidas inoportu-nas e insuficientes a conter a crise econômica, social, política e moral por ele vivida. Os principais eixos que repu-tam “imperiosa” a reforma trabalhista tentam induzir a erro o trabalhador e avançam sob a premissa de que: a) haverá a consolidação de direitos e não a sua retirada; b) a reforma ge-rará empregos e crescimento econô-mico; c) gerará segurança jurídica; d) diminuirá o número de processos trabalhistas; e) modernizará a legis-lação ultrapassada. Tais argumentos podem ser facilmente refutados, sobretudo quando ressai, de forma clarividente, que a reforma, além de flexibilizar os direitos, por meio dos contratos por tempo parcial e contratos temporá-rios, permite o aumento da jornada e redução de salários, bem como a re-tirada de outros tantos direitos, por meio da negociação coletiva, que passará a se sobrepor à legislação trabalhista. Melhor sorte não encontra o argumento que apresenta a refor-ma trabalhista como medida neces-sária ao crescimento econômico e aumento do número de empregos. Isto porque ignora o fato de que períodos pujantes de crescimento econômico e social em nosso país se deram sob a égide da mesma legisla-ção que agora se rejeita. Ignora, ainda, os resultados de países como Espanha e México, que, ao flexibilizarem a proteção do trabalhador, não obtiveram geração de emprego, tampouco redução da taxa de desemprego 5. Outros argumentos, covar-des e desprovidos de veracidade, apontam o excesso de judicializa-ção na Justiça do Trabalho, mesmo

5 Estudos do World Employment and Social Outlook 2015, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apresentados pelo Pro-curador do Trabalho, Ângelo Fabiano Farias da Costa, em audiência pública realizada na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Distrito Federal, em 27 de março de 2017.

sabedores de que o direito do tra-balho e sua justiça especializada fo-ram frutos de uma árdua conquista, que buscou conferir o necessário equilíbrio entre empregador e tra-balhador, mormente pelo fato de que aproximadamente 46,5% das ações ajuizadas na Justiça do Traba-lho buscam, apenas, o pagamento correto das verbas rescisórias. Bas-taria verificar os dados do Conselho Nacional de Justiça para saber que a Justiça do Trabalho está bem abaixo das Justiças Comuns e Federal em número de processos6:

Não é a legislação trabalhista, por-tanto, algoz da retração econômica. A crise vivida passa por outros fa-tores, que envolvem a ausência de uma reforma política, esta sim mãe de todas as reformas, e possível freio da cultura da corrupção tão inter-nalizada no parlamento brasileiro. Passa, ainda, pela ausência de uma reforma tributária. São estas as refor-mas necessárias à retomada da con-fiança internacional.

6 Dados extraídos do sítio do Conselho Na-cional de Justiça.

Ademais, dos 510 artigos que integram o Direito Individual do Trabalho, apenas 75 permane-cem com a redação original, ou seja, 14,7% do total da Consolidação das Leis do Trabalho, o que coloca uma pá de cal no argumento da necessi-dade de modernização da legislação trabalhista. Não se pode deixar de anotar, enfim, que o processo histórico teste-munha que o direito posto no mun-do do trabalho está em permanente mudança, evoluindo ou regredindo a depender da forma com que o direito rebelado se faz norma; reacionário se fundado no ter ou revolucionário se focado no ser. Daí porque uma legis-lação inacabada, salvo quando um dia revogada a exploração da pessoa humana7. Desatar os nós da garganta do trabalha(dor), neste tempo em que o primado do capital se agigan-ta, requererá, mais do que nunca, a unidade da luta e da resistência. O trabalho, como fator de dignidade da pessoa humana, jamais poderá impingir dor e sofrimento. Tampou-co poderá levar a culpa pelas maze-las que não causou. Verás que um filho teu não foge à luta, mais do que trecho do hino nacional, deverá servir de nor-te para que nenhum direito se per-ca, mesmo se for preciso recomeçar a batalha dos séculos XIX e XX, em pleno século XXI. Trabalhadores e trabalhado-ras, uni-vos!

*Advogada sindical, Secretária-Ge-ral Adjunta da Comissão de Direito Sindical e

Associativo da OAB-DF , Pós-graduanda em Direito Sindical pelo IESB

7 BRITTO, Cezar. A contratação do advogado sindical: breve estudo. Belo Horizonte. RTM. 2014. pág. 50.

“Aprovação da terceirização, de forma ampla e

irrestrita, consti-tui uma afronta,

não apenas à Justiça do Tra-balho, mas à

própria democ-racia...”

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Reforma anunciada... escrita e documentada... e daí?!

*Daisson Portanova

No processo de descons-tituição de um governo legítimo, a Fundação Ulisses Guimarães já empunhava documento intitulado “Ponte Para o Futuro”, e nele ficava clara a pretensão de redução de di-reitos e, especificamente, os temas: reformas da Previdência Social e do Direito do Trabalho. A sociedade embevecida sob o manto verde amarelo, elevan-do o lema ordem e progresso, pare-ceu embriagada sem notar o porvir.Estava posto... aqueles que se legi-timaram através do impeachment haviam deixado claro em seu docu-mento: a reforma viria sem dó nem piedade. Lá fora anunciada a dificulda-de de alterar a Constituição nos temas de relevância social, por isso mesmo, os direitos sociais nela enraizados, de-veriam ser afastados para, em legisla-ções mais ágeis, serem adequados à realidade. Doce ilusão. O Governo que se legitima, ao apresentar toda a refor-ma via Proposta de Emenda à Cons-tituição, mostra-se convicto de que o momento com igual hegemonia de forças, como os de agora, sedimentan-do nos blocos do novo centrão, soma-dos ao dito baixo clero e forças parti-dárias como PMDB e PSDB, tão cedo não se repetirá.

Exatamente por isso, pen-sando em sua maioria formada após o impeachment, resolveu estabele-cer uma reforma no coração dos di-reitos sociais e na Lei das Leis, a qual exige 3/5 dos legisladores de ambas as casas, para a devida alteração nor-mativa constitucional, assim, ama-nhã, não será fácil alterar o legado restritivo. O primeiro enclave a ser adotado, este sim necessitando do status constitucional, diz respeito à idade mínima de 65 anos de idade para qualquer aposentadoria. Sim, se este paradigma houver por bem aprovado, ao que parece quaisquer outros aspectos da reforma já são se-cundários, por isso a constante afir-mação de ser inegociável (se fosse na era Collor seria imexível), ou quando de FHC a derrocada do plano Real, já estaria realizada a primeira medida.O terror se institui, novamente sob alegada falência da Previdência So-cial, falaciosa e desconstituída por vários operadores sociais, culpando--se o trabalhador rural e malhando--se, como Judas, mais uma vez, os servidores. Esquecem, ardilosamen-te, as Desvinculações de Receitas re-lativas à Seguridade Social, número próximo de 65 bilhões de reais por ano, omitem-se desonerações de receitas em outros tantos 65 bilhões nos últimos dois anos e, por fim, es-tabelecem verdadeira caça às bruxas quando afirmam revisar benefícios por incapacidade sob alegadas e permanentes fraudes, inclusive cul-pando o Poder Judiciário quanto a tais concessões. É certo, o momento consti-tuído no Congresso Nacional, com tal hegemonia e interesses conver-gentes, tão cedo não haverá. As for-ças e segmentos que tanto bateram panela no horário global, não se con-venceram ser a Previdência Social o mal de tudo, nem mesmo os mais cé-ticos, conservadores e reacionários. As pessoas comuns, traba-lhadores de renda média, outros da

classe emergente, micros e peque-nos empresários que vivem, como os empregados e autônomos, de seus esforços do trabalho já percebem, eles serão o mote desta reforma. Sim, pois são eles em sua maturida-de profissional - entre 30 e 40 anos - os destinatários daqueles 65 anos de idade para acessar a aposentadoria futura... se alcançada !! A eles será indicado como salvação, outro caminho, mais se-guro, ou seja, a proteção privada e complementar. Este discurso já foi visto na década de 70 e 80 do passado Sé-culo XX, quando do desmonte da saúde, abrindo-se lauto caminho para o sistema complementar; não foi diferente, na mesma época, com a previdência, o estímulo ao vínculo dos contratos de previdência priva-da tinham como referência a tábua de salvação. Hoje, litigam no Poder Judiciário para afastar a TR como correção, que nos últimos 10 anos reduziram os valores de pensões pri-vadas em mais da metade do quan-tum devido. Aliás, o mesmo documento não lido por quem fazia bradar pa-nelas Le Creuset, quer a desvincula-ção dos benefícios ao salário míni-mo... agora, poucas, mas conscientes vozes, rogam diante da tal perversi-dade anunciada... Estava lá, mas nin-guém leu. Mais que nunca temos de di-zer “não” a esta reforma, seja por não haver, ao menos na eleição da cha-pa Dilma-Temer, qualquer menção a mudanças na Previdência e retirada de direitos Trabalhistas, seja por ine-xistir outorga da população para tal afazer. É claro que reformas são ne-cessárias, mas deverão ser feitas às claras, com ampla discussão e, mais que nunca, diante de uma Presidên-cia e Congresso Nacional autoriza-dos para tanto.

*Advogado especialista emdireito previdenciário.

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Especial JUTRA | Encontro em Cabo Frio

A Associação Luso-Brasileira de Juristas do Trabalho (Jutra) pro-moveu nos dias 06 e 07 de abril de 2017, em Cabo Frio (RJ) o XIII Jutra.

Parceria

O XIII com o tema central “Trabalho, Castigo e escravidão: pas-sado ou futuro?” contou com apoio da ABRAT, OAB/RJ, ACAT, AFAT, UVA , dentre outros, discutiu temáticas relacionadas às mudanças sociais e no mundo do trabalho. Estruturado em conferências; painéis; grupos de trabalho com, 27 artigos distribuí-dos nos três grupos; lançamentos de livros, dentre eles, a obra coletiva da Jutra, sob o mesmo título.

Abertura

A mesa de abertura, na ma-nhã do dia 06, foi composta pela presidente da direção geral da JU-TRA, Benizete Ramos de Medeiros; o presidente da delegação portugue-sa, Alvaro Matos; a vice-presidente da ABRAT, Alessandra Camarano; presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz; o procurador chefe do MPT, 1ª região, Fabio Vilella; o ministro do TST (aposentado), Luciano Castilho; coordenador do curso de Direito

UVA, campus Cabo Frio, professor Camilo Plaisant; o presidente da As-sociação Latino américana de Juízes do Trabalho, Hugo Melo Filho; o pre-sidente da Comissão de Direito do Trabalho do IAB, Daniel Apolônio e o vice presidente da Associação Latino Americana de Abogados Laboralis-tas- ALAL, Jesus Augusto de Mattos.

Participação

Foram palestrantes do XIII Jutra: Alexandre Agra Belmonte - Mi-nistro do Tribunal Superior do Traba-lho (DF); professora e pesquisadora Petilda Vazque (BA); Jane Bergman - Advogada Previdenciarista e Presi-dente do IBDP (RS); Jorge Luiz Souto Maior - Juiz do Trabalho, Professor da

USP (SP); Luis Camargo de Melo - Pro-curador do Trabalho; ex-procurador chefe; professor (DF); Sayonara Grillo - Desembargadora e Professora da UERJ (RJ); Rita Cortez - Advogada, Vice-Presidente da IAB e Presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB (RJ); Valena Jacob – diretora da ABRAT; advogada e Professora (PA); Rodrigo Carelli – procurador do Tra-balho (RJ) e os juristas portugueses: José Augusto Ferreira da Silva, An-tónio Garcia Pereira, Amaro Jorge, José Augusto Ferreira da Silva Paula Forjaz de Sampaio, Gouveia Coelho e Álvaro Matos.

Confraternização

O evento foi muito pres-tigiado pela comunidade jurídica nacional e portuguesa que se con-graçaram no coquetel de abertura com noite de autógrafos e jantar de encerramento.

Carta Desse XIII JUTRA, re-sultou um documento denominado Cara de Cabo Frio, cujo teor é um apelo e um alerta à toda sociedade brasileira quanto ao momento de crise que assola o país.

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São Paulo

O presidente da ABRAT, Roberto Parahyba parti-cipou de Debate sobre Reforma Trabalhista em São Paulo. A mesa de discussão teve ainda as pre-senças da ministra do Tribunal Superior do Traba-lho ( TST), Delaíde Arantes; do ex-presidente do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto e o presi-dente da CTB, Adilson Araújo.

CONGRESSO

A ABRAT também se fez presente no Congresso Nacional dos Procuradores e no debate sobre Reforma Trabalhista na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo ( USP). Participaram também do painel a professora de Direito da Universidade de Lisboa, Maria do Rosário; o juiz do Trabalho, Jorge Souto Maior e o diretor da ABRAT, Otávio Pinto e Silva.

Rio Grande do Sul

O diretor financeiro da ABRAT, Gustavo Villar Guima-rães participou do 2º Congresso Estadual de Relações Sindicais e do Trabalho trouxe o tema “Mentira na Justiça do Trabalho – Litigância de Má-Fé”. No painel Gustavo ressaltou que entende a litigância de má-fé como cultural no Brasil, porém existem alternativas de

punição para àqueles que agem de má-fé. O presidente da Associação Gaúcha dos Advogados Trabalhistas (AGETRA) Denis Einloft também integrou o painel. O Encontrou foi promovido pelo Sistema Fe-comércio-RS.

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Bahia

Tocantins

A Associação Baiana de Advogados Tra-balhistas ( Abat) realizou em Salvador o Encontro Cultural Trabalhista ( Encult), com o tema Incidente de Uniformização de Jurisprudência.O evento reuniu advogados, sindica-tos, magistrados e procuradores e teve como palestrantes a advogada e profes-sora Juliana Facó; a procuradora do MPT, Rosângela Lacerda e a desembargadora Débora Machado.

Os dirigentes da Associação Tocanti-nense de Advogados Trabalhistas se reuniram com o presidente da ABRAT, Roberto Parahyba de Arruda Pinto, com a vice-presidente Alessandra Ca-marano e com o diretor de Relações Institucionais, Nilton Correia.Durante o encontro foram apresenta-das as dificuldades no Estado para a atuação dos advogados e advogadas trabalhistas da Região.A comitiva ainda se reuniu com o pre-sidente do TRT10, Pedro Luis Vicentin Foltran. Segundo Parahyba a reunião foi pro-fícua havendo compromisso do Presi-dente do Tribunal de abrir processo administrativo para buscar a solução das demandas apresentadas.

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GIRO PELAS ASSOCIAÇÕES

Brasília

Rondônia

O atual presidente da Associação de Advoga-dos Trabalhistas do Distrito Federal (AATDF), Carlúcio Campo Coelho foi reconduzido ao cargo após eleição na Entidade. A vice-presidente da Associação para a nova gestão é a vice-presidente da ABRAT no DF, Elise Ra-mos Correia. A vice-presidente e os diretores da ABRAT, Alessandra Camarano, Nilton Correia e Cláudio San-tos, também fazem parte da nova composição.O Representante junto à ABRAT é Antonio Alves Filho, tendo como suplente Denise Rodrigues Pinheiro.

A Associação Rondoniense da Advocacia Trabalhista (Aronatra) em homenagem às mulheres promoveu o Café Ju-rídico da ARONATRA. Foi abordado o tema Dano Moral e Seus Desdobramentos na Justiça do Trabalho. O debate foi media-do pela presidente da Associação, Aline Silva, tendo como debatedores a juíza do Trabalho, Isabel Carla de Mello Moura Piacentini e a advogada Trabalhista, Flaviana Moreira Garcia.

Pernambuco

Os advogados Max Maciel e Marcondes Sávio, foram eleitos respectivamente presi-dente e vice-presidente, da Associação de Advogados Trabalhistas de Pernambuco (AATP).

Rio de Janeiro

Niterói

Em comemoração aos 49 anos da Associa-ção Fluminense de Advogados Trabalhistas ( AFAT), a atual diretoria sob a presidência do advogado Marcelo Cruz entregou aos asso-ciados a nova sala da Associação revitaliza-da. A secretária geral da ABRAT, Araçari Bap-tista representou a Entidade.

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Otavio Pinto e Silva Parabéns presidente pelo discurso em defesa do associativis-mo, conclamando ANAMATRA e ANPT a atuarem em conjunto com a ABRAT na defesa do direito do trabalho e da Justi-ça do Trabalho

Carol Sena Obrigada pela presença e por enriquecer o nosso debate, presi-dente Roberto Parahyba! Das Gerais ao planalto central a luta continua! Para-béns!!!

Moysés Monteiro adicionou 6 novas fo-tos — com Bruno Carvalho e outras 9 pessoas em Ordem dos Advogados do Brasil.27 de março às 11:01 • Belo Horizonte •

“Por nenhum Direito a menos!”Essa foi a tônica da manifestação da OAB/MG, em com-bate à essa absurda proposta de reforma na Presidência.Parabéns a todos os Diretores da OAB/MG, na pessoa de seu combativo Presidente Antonio Fabrício Gonçalves, por pugnar por uma Sociedade cada vez melhor e mais igualitária.Gratos pela presença do Presidente da ABRAT, Roberto Parahyba, e o nosso grande líder Trabalhista, Luís Carlos Moro.

Cesar Augusto de Mello Excelente even-to com as presenças do Dr. Roberto Pa-rahyba, Presidente da ABRAT e Dr. Leo-cir CostaAUDIÊNCIA PÚBLICA

OAB/MG27/03/2017Das 09:00 às 18:00 horas

Estive presente na OAB/MG e presenciamos debate de auto nível técnico.O presidente da Seccionsl da OAB em Minas Gerais, Dr. Antonio Fabrício Gonçalves, coordenou com a habili-dade e sensibilidade que lhe é peculiar as duas mesas, Reforma Trabalhista e Sindical e Reforma Previdenciária.O legislativo se fez representar por 3 deputados federais, Adelmo Leão, Subtenente Gonzaga e Patrus Ananias.Advogados especialistas e técnicos se fizeram presentes para prestar esclarecimentos aos participantes, ao longo de todo o dia.Estavam presentes o presidente da ABRAT, o advoga-do paulista Roberto Parahyba e o advogado Luís Carlos Moro, nosso grande homenageado no último Congresso em Gramado, dentre...As palavras da professora Daniela Muradas, do Dr. Mar-celo Barroso, dentre muitos outros que se sucederam na Tribuna vão ecoar na sociedade e transformar, na ideia de Platão, o discurso em ação, pois Rosa de Luxemburgo nos ensina que “se não nos movemos não sentimos as correntes que nos prendem”.Acredito que foram atingidas (e superadas) todas as ex-pectativas.Nosso presidente da AMAT, Marco Antonio, vários inte-grantes da diretoria da nossa AMAT, como a advogada Cassia Marize Hatem, os advogados Schirmer, Cândido e Daniel e o coordenador da Comissão de Direito Sindical, na OAB Federal, Dr. Bruno Reis, fizeram defesa dos direi-tos dos trabalhadores.Agora, vamos aguardar o relatório final, que está a car-go da Dra. Ellen Hazan, que, com certeza, endossará posição contrária à supressão dos direitos trabalhistas e sociais, propondo a rejeição das duas propostas, bem como defendendo que o não seja sancionado pelo presi-dente Temer o projeto de terceirização que foi aprovado na Câmara na semana passada.Agora, to@s presentes ao Ato convocado pelas Centrais e Entidades Sindicais no dia 31/03/2017!

ABRAT PELO MUNDO

Cuba

O presidente da ABRAT, Roberto Pa-rahyba e os diretores Ellen Hazan e Daniela Muradas participaram do IX Encuentro Internacional de Abogados Laboralistas Y Del Movimiento Sindical, em Havana ( Cuba).

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na Midianota da associação brasileira de advogados trabalhistas - ABAT Bahiawww.abat.org.br/blog/nota-da-associacao-brasileira-de-advogados-trabalhistas/1. 10 de mar de 2017 - (Deputado Federal Rodrigo Maia em 08/03/2017 – Fonte G1.com) ... dosadvogados e advogadas trabalhis-tas brasileiros, indispensáveis à ...Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas - ABRAT - JusBrasilhttps://www.jusbrasil.com.br/.../associacao-brasileira-de-advogados-trabalhistas-abrat1. Definições, Notícias, Artigos, Legislação, Jurisprudência e muito mais sobre Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas - ABRAT. ABRAT.ConJur - Roberto Pinto: Ações trabalhistas se devem à violação de ...www.conjur.com.br/2017-mar-26/roberto-pinto-acoes-trabalhistas-violacao-direitos26 de mar de 2017 - 26 de março de 2017, 11h07 ... com veemência, pela Associação Brasileira dosAdvogados Trabalhistas (Abrat). Os advogados trabalhistas, independentemente da parte que defendam, exercem patrocínio honesto, coerente ...Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas lança campanha ...https://www.trabalhista.wiki.br/associacao-brasileira-de-advogados-trabalhistas-lanca-c...1. Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas lança campanha para o Dia Internacional da Mulher – 8 de março, saia e lute! 03/03/2017. No dia 24 de ...Henri Clay: “O FIM DA JUSTIÇA DO TRABALHO É GOLPE MORTAL ...oabsergipe.org.br/.../2017/.../henri-clay-o-fim-da-justica-trabalho-e-golpe-mortal-aos-...1. 4 dias atrás - Os advogados trabalhistas de Sergipe demonstraram união em defesa ... daAssociação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (ABRAT), da ...Ataques à Constituição e ao Estado de Direito no Brasil são temas de ...portalctb.org.br/.../brasil/31686-o-seminario-democracia-e-direitos-dos-trabalhadores-...1. 2 de mar de 2017 - A entidade Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania (ADJC) e ... Além delas, participam da organiza-ção a Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas ... do Governo Temer nos dias 17 e 18 de março de 2017.27/03/2017 -Presidente da Amatra 19 fala sobre Ato ... - TRT 19 Regiãowww.trt19.jus.br/siteTRT19/portal/portalNoticias.jsp?codigoArt=117291. O presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 19ª ... da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhis-tas (Abrat), da Delegacia ...o fim da justiça do trabalho é golpe mortal aos direitos trabalhistaswww.faxaju.com.br/index.php/2017/04/01/55376/1. 3 dias atrás - Os advogados trabalhistas de Sergipe demonstraram união em defesa ... daAssociação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (ABRAT), da .Associações e entidades discutem no TRT audiência sobre a reforma ...www.jornaldealagoas.com.br/.../2017/.../associaces-e-entidades-discutem-no-trt-audie...1. 09/03/2017 11h56 ... A reunião e a audiência trataram da questão da reforma trabalhista enviada pelo governo Temer ao ... Viei-ra; e o diretor de prerrogativas da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat), Luciano Almeida.Punição pode ser alternativa aos que agem de má-fé nas relações ...fecomercio-rs.org.br/2017/.../punicao-pode-ser-alternativa-aos-que-agem-de-ma-fe-n...1. 27 de março de 2017 ... financeiro da ABRAT – Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas, Gustavo Guimarães; ... “Que tipo de sociedade a gente quer?