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E S T U D O S O B R E O E M P R E E N D E D O R I S M O I N C L U S I V O E A M E D I D A M I CR O C R É D I T O N A R E G I Ã O A U T Ó N O M A D O S A Ç O R E S CRESAÇOR - Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL ESTUDO SOBRE O ‘EMPREENDEDORISMO INCLUSIVO’ E MICROCRÉDITO NA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES 2014

NA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES - cresacor.pt · CRESAÇOR – Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL constituída, em 1999, no âmbito do Projeto de Luta Contra a Pobreza

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Ficha Técnica

TítuloEstudo Sobre o ‘Empreendedorismo Inclusivo’ e a Medida Microcrédito na Região Autónoma dos Açores

AutoresCélia Pereira

Filipa Grelo

Inésia Pontes

Isabel Melo

Valter Reis

EdiçãoCRESAÇOR – Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL

Coordenação CientíficaProfessor José Manuel Henriques – AGECTA

Coordenação TécnicaCélia Pereira

RevisãoDiana DieguesCRESAÇOR – Criações Periféricas

Edição, design e produçãoTeresa Pereira da SilvaCRESAÇOR – Criações Periféricas

FinanciamentoPOAT/FSE

Ano2014

ISBN978-989-20-5350-9

Depósito Legal

Tiragem500 exemplares

Execução GráficaNova Gráfica

Agradecimentos

A realização deste Estudo contou com o apoio e colaboração de diversas entidades e personalidades, sem os quais não teria sido possível a sua concretização, assim cumpre-nos um especial agradecimento:

\ Ao Professor José Manuel Henriques (AGECTA) pelo seu apoio, orientação, disponibilidade, pelos saberes partilhados connosco, bem como o incentivo e esclarecimento de dúvidas ao longo da realização deste Estudo;

\ Aos Promotores Microcrédito, formandos do curso de empreendedorismo e instituições, pela sua colaboração e participação, pois sem estes não seria possível a realização deste trabalho;

\ Aos três organismos do Governo Regional dos Açores, envolvidos na Medida Microcrédito: DRAIC, ISSA e DREQP pela colaboração, autorização e cedência de dados indispensáveis para a execução do estudo;

\ Ao Dr. Paulo Ferreira e à D. Ivone Lagoa da DRAIC pelo fornecimento de dados estatísticos e esclarecimentos das nossas dúvidas;

\ À Dra. Paula Feliciano do POAT/FSE pelo acompanhamento técnico prestado ao longo destes dois anos de projeto;

\ À Direção da CRESAÇOR pela confiança e valorização do nosso trabalho; \ À nossa colega Helena Lagoa que infelizmente não pode presenciar a concretização deste Estudo, mas que esteve presente e contribuiu na fase preparatória dos trabalhos.

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Índice

Enquadramento

Parte I – O Programa de Apoio ao Microcrédito nos Açores

1. Contexto, Surgimento e Objetivos do MC

1.1. O MC nos Açores

1.2. Características do MC e alterações legislativas

1.3. Agência de Promoção e Apoio ao MC

2. Breve Caracterização das Candidaturas

2.1. Candidaturas por ilha e áreas de negócio

2.2. Caracterização demográfica do MC

2.3. Implementação territorial

3. Caracterização sócio-económico dos promotores MC alvo de análise

3.1. Localização geográfica dos projetos

3.2. Áreas de atividade e montantes de investimento

3.3. Características dos promotores

3.4. Situação anterior à candidatura MC

3.5. Perceção dos promotores em relação à elaboração do processo MC

3.6. Estratégia Empresarial

3.7. Postos de trabalho e rendimentos auferidos

3.8. Perspetivas futuras

3.9. Avaliação da Medida MC pelos promotores

3.10. Impacto da Medida MC nos Açores

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Índice dos Anexos

I Decreto Legislativo Regional n.º 25/2006/A

II Decreto Legislativo Regional n.º 11/2012/A

III Inquérito por questionário “Potencial Empreendedor”

IV Quadro estatístico do principal motivo

“preferência trabalhar por conta própria”

V Quadro estatístico do segundo motivo

“preferência trabalhar por conta própria”

VI Quadro estatístico do terceiro motivo

“preferência trabalhar por conta própria”

VII Quadro estatístico do principal motivo

“preferência trabalhar por conta de outrém”

VIII Quadro estatístico do segundo motivo

“preferência trabalhar por conta de outrém”

IX Quadro estatístico do terceiro motivo

“preferência trabalhar por conta de outrém”

X Tabelas cruzadas das variáveis familiares e/ou amigos com experiênciaenquanto empresários pela autoperceção dos próprios em relação às suas competências

XI Frequência do curso de formação em empreendedorismo

XII Listagem de apoios ao empreendedorismo inclusivo existentes na RAA

Parte II – Análise do perfil dos candidatos MC e formandos em Empreendedorismo

4. Enquadramento e definição da amostra

5. Caracterização dos inquiridos

5.1. Distribuição por sexo

5.2. Distribuição por classes de idades

5.3. Nacionalidade

5.4. Residência atual – distribuição por ilha

5.5. Habilitações literárias

5.6. Situação profissional atual

5.7. Preferência relativamente à atividade profissional

6. Capacitação para o empreendedorismo

6.1 Experiência e conhecimento

6.2 Conhecimento dos apoios ao empreendedorismo existentes na RAA

6.3 Vontade empreendedora

6.4 Microcrédito

Parte III – Potencialidades e Condicionantes Territoriais ao ‘Empreendedorismo Inclusivo’

7 Breve Caracterização das Instituições Inquiridas e dos apoios prestados

7.1 Perceção dos fatores de potenciação e limitação ao empreendedorismo

7.2 Características potenciadoras e limitadoras por ilha

8 Reconhecimento da Medida MC enquanto ferramenta para o ‘Empreendedorismo Inclusivo’

Parte IV – Conclusões e Recomendações

9 Conclusões

10 Sugestões de aperfeiçoamento futuro

11 Referências Bibliográficas

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Siglas

AQE: Agência para a Qualificação e Emprego

Agência MC: Agência do Microcrédito (operacionalizada pela CRESAÇOR)

CRESAÇOR: Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL

CE: Centro de Empreendedorismo

UAç: Universidade dos Açores

MC: Microcrédito

RAA: Região Autónoma dos Açores

GA: Governo dos Açores

DRAIC: Direção Regional de Apoio ao Investimento e à Competitividade

DREQP: Direção Regional do Emprego e Qualificação Profissional

ISSA: Instituto de Segurança Social dos Açores (antigo IAS: Instituto de Ação Social)

ANDC: Associação Nacional de Direito ao Crédito

IC: Instituição de Crédito

AM: Agente do Microcrédito

DRSSS: Direção Regional da Solidariedade e Segurança Social

ILE: Iniciativas Locais de Emprego

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Enquadramento Enquadramento

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Enquadramento

A CRESAÇOR – Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL constituída, em 1999, no âmbito do Projeto de Luta Contra a Pobreza (IDEIA), tem como território de intervenção

a Região Autónoma dos Açores e assume como missão a promoção do movimento de economia solidária nos Açores.

Representa a Rede de Economia Solidária da Região, norteando-se pelos princípios de uma economia solidária que se propõe responder aos desafios do século XXI como o desemprego, a pobreza e exclusão social, a multiculturalidade e a coesão territorial. Através da artic-ulação das atividades económicas, da coesão social, do respeito pelo meio ambiente, da valorização da diversidade cultural e de uma boa governança para uma gestão eficiente, assume o território como um todo, potenciando o desenvolvimento local.

A elaboração do presente estudo sobre o ‘Empreendedorismo Inclu-sivo’ e a Medida Microcrédito na Região Autónoma dos Açores constitui uma atividade extraordinária no âmbito do Plano de Atividades da Cresaçor para 2013/2014. Enquadra-se na atividade do Gabinete de Empreendedorismo e Microcrédito Bancário e tem como objetivo principal aprofundar o conhecimento sobre o alcance e limitações do ‘Empreendedorismo Inclusivo’ e da sua importância no processo de promoção da inclusão social.

A sua elaboração surgiu da necessidade de criar mecanismos de intervenção direcionados para o público-alvo e uma ferramenta de trabalho para a valência, existindo de igual modo a possibilidade do produto e resultados deste estudo serem também úteis para várias instituições, entidades e organizações envolvidas na temática.

Desde 2006 que a Cresaçor, através do Gabinete de Empreendedorismo Social e Microcrédito Bancário, constituído por uma equipa multidis-ciplinar e descentralizada, procura apoiar os promotores e promotoras de pequenos negócios nas candidaturas à Medida Microcrédito e em simultâneo fomentar o empreendedorismo, nas suas diversas dimensões, assegurando a animação da Medida e o apoio técnico dos projetos.

Os promotores e promotoras são essencialmente provenientes de

grupos populacionais desfavorecidos a nível socioeconómico, quer sejam, desempregados de longa duração, beneficiários de RSI, pes-soas com problemas de dependências, ex-reclusos, imigrantes, isto é, indivíduos com dificuldades de inserção social quer devido a um desses fatores estigmatizantes, quer ainda por terem reduzidos níveis de qualificações escolares e profissionais. É importante referir que o crescimento recente do desemprego alterou o perfil dos candidatos a esta medida, notando-se desde o início de 2012, a entrada de candida-turas de indivíduos com habilitações mais elevadas, nomeadamente daqueles que possuem um grau de ensino profissional e licenciatura.

Considerando que o ‘crescimento inclusivo’ é uma das dimensões de destaque dos vetores fundamentais de crescimento, pela Estraté-gia Europa 2020, em consonância com os objetivos económicos do Governo Português e do Governo Regional dos Açores, há que aval-iar em que medida estas ferramentas de ‘crescimento inclusivo’, como é caso da promoção do ‘empreendedorismo inclusivo’ e apoio à criação do próprio emprego, estão de facto a desenvolver o potencial dos cidadãos em situação de maior desfavorecimento para a criação do autoemprego.

A OCDE define empreendedores “como aquelas pessoas (empresári-os) que procuram gerar valor através da criação ou expansão de uma atividade económica, através da identificação e exploração de novos produtos, processos ou mercados.”1. A atividade empreendedora é definida, também por esta Organização, como “a ação empreendedora humana de prossecução da criação de valor, através da criação ou expansão da atividade económica, pela identificação e exploração de novos produtos, processos ou mercados.”2

Não obstante ambos os conceitos estarem associados a uma participação proactiva e dinâmica dos indivíduos nas atividades económicas, é a sua orientação para a autonomização, tanto a nível dos objetivos como dos destinatários, que encontramos a diferença entre

1 OECD/Eurostat (2006). Entrepreneurship Indicators Programme. Pág. 20. Em: http://www.oecd.org/

std/business-stats/theentrepreneurshipindicatorsprogrammeeipbackgroundinformation.htm

2 Idem, ibid.

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Enquadramento Enquadramento

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o empreendedorismo ‘convencional’ e o ‘Empreendedorismo Inclusivo’. A principal finalidade é a saída do empreendedor de uma situação de vulnerabilidade sócio-económica, através da criação do próprio emprego, o que não afasta a necessidade de viabilidade económica destas iniciativas, que deverão pelo menos, igualar a remuneração destes indivíduos ao salário mínimo em vigor.

As políticas para o ‘empreendedorismo inclusivo’ objetivam “apoiar pessoas que estão em situação de desfavorecimento ou sub-repre-sentadas no empreendedorismo a tornarem-se donos de um negócio ou a criarem o seu próprio emprego”3 logo, percebemos o potencial inclusivo que esta vertente do empreendedorismo também assume, especificando-se os seguintes destinatários “…jovens, idosos, mulheres, deficientes, ex-presidiários, minorias étnicas e desempregados…”4.

Ao contrário dos empreendedores convencionais, a proatividade, competências e dinâmicas pessoais canalizadas para a criação de um negócio não são suscetíveis de aparecer espontaneamente entre os grupos-alvo do ‘empreendedorismo inclusivo’ “A realização do po-tencial para o “empreendedorismo” formal entre os grupos-alvo pode requerer intensos esforços de animação”5, das atividades de animação podemos destacar “Por exemplo, ações de sensibilização, construção da confiança, formação, coaching, financiamento e apoio com premissas de todos poderem ter de ser aplicados cumulativamente.”6

Considerando o nicho em que as políticas para o ‘empreendedorismo inclusivo’ pretendem atuar, estes empreendedores deparam-se ainda com obstáculos maiores do que os empreendedores convencionais

3 OECD/European Union (2014). The Missing Entrepreneurs – Policies for inclusive entrepreneurship in Europe, OECD Publishing, Pág. 19.

4 OECD/European Union (2013). Policy Brief of Evaluations of Inclusive Entrepreneurship Programmes – Entrepreneurial Activities in Europe, Publications Office of European Union, pág. 3.

5 Henriques, José Manuel, et al. (2012). Survey on Business Start-Up infrastructure, Dinamia’CET. Lisboa, pág. 13.

6 OECD/European Union (2013). Policy Brief of Evaluations of Inclusive Entrepreneurship Programmes – Entrepreneurial Activities in Europe, Publications Office of European Union, pág. 4.

“…o ‘empreendedorismo inclusivo’ requer estratégias de negócio e de gestão adequadas, diferentes das necessidades sentidas pelas pequenas empresas de base tecnológica e capital intensivo.”7

Entre as medidas ativas de promoção do empreendedorismo o microcrédito tem vindo a destacar-se na União Europeia, bem como na Região Autónoma dos Açores, enquanto ferramenta de inclusão económica daqueles que se encontram em situação de maior vulnera-bilidade. Na Região este é maioritariamente caracterizado pelo apoio à criação do autoemprego e consequentemente como ferramenta de apoio à inclusão sócio-profissional.

Apesar de se assistir à importância crescente dada ao empreend-edorismo, Portugal encontra-se entre os dez estados membros que gastam menos que 10% do orçamento para incentivo ao mercado de trabalho no âmbito do apoio à criação do próprio emprego, não atingindo sequer os 5%.8

Assim, consideramos ‘empreendedorismo inclusivo’ a ação de criação do próprio emprego por indivíduos que se encontram em pobreza ou exclusão social. Pressupõe-se que esta ação não surge de forma espontânea, e não seria possível sem a existência de “animação” prévia, ou seja sem a existência de um conjunto de ferramentas e instrumentos adaptados às suas características e necessidades es-pecíficas (como é o exemplo da Medida Microcrédito).

Pretendemos com este Estudo a aferição, análise e avaliação dos seguintes dados:

• Retrato da expressão do ‘Empreendedorismo Inclusivo’ nas diferentes Ilhas do Arquipélago: comparar e identificar as motivações dos indivíduos; traçar o perfil e o percurso do ‘empreendedor inclusivo’ açoriano – fatores sócio-demográficos;

• Identificar os obstáculos e medidas para o empreendedorismo

7 Henriques, José Manuel, et al. (2012). Survey on Business Start-Up infrastructure, Dinamia’CET. Lisboa, pág.37.

8 Cf. OECD/European Union (2014). The Missing Entrepreneurs – Policies for inclusive entrepreneurship in Europe, OECD Publishing, pág. 24.

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inclusivo na Região: identificar os obstáculos dos indivíduos que pretendem implementar e melhorar um projeto de criação do próprio emprego; identificar as respostas existentes na RAA e compreender a sua adequabilidade às necessidades do empreendedor;

• Analisar a dimensão do empreendedorismo inclusivo na RAA: Comparar a despesa pública regional despendida entre os apo-ios sociais e públicos em risco de exclusão social e os apoios ao empreendedorismo – criação do próprio emprego; compreender a expressão da Medida Microcrédito, enquanto ferramenta de apoio à promoção da igualdade de oportunidades, criação de emprego, e redução das desigualdades sociais, ou seja o seu contributo para o desenvolvimento local.

Assim, e com o objetivo primordial de efetuar um estudo rigoroso e tão completo quanto possível, e atingir estes objetivos definiu-se a recolha de informação a cinco níveis:

1. Entrevistas semidiretivas a promotores do MC (promotores cujo processo já passou pelas fases de aprovação e implemen-tação), num total de 39 promotores nestas condições efetuou-se 18 entrevistas (conforme parte I deste estudo);

2. Inquéritos por questionário aos candidatos ao MC e for-mandos do curso de formação em empreendedorismo da RAA (formandos da Cresaçor de do Centro de Empreendedorismo da Universidade dos Açores), isto é, indivíduos que apesar de terem dado este primeiro passo (quer pela via da for-mação quer pelo MC) não avançaram imediatamente com a implementação da sua ideia de negócio. Dos 892 indivíduos sinalizados (359 candidatos ao MC e 533 formandos) para a aplicação deste questionário obteve-se resposta de 308, assim a análise recaiu sobre estes 308 indivíduos (conforme parte II deste documento);

3. Inquéritos por questionário às instituições da Região Autóno-ma dos Açores com o objetivo de analisar e avaliar o potencial

da população açoriana para o empreendedorismo; identifi-cação dos obstáculos e facilitadores para o empreendedorismo na região; bem como efetuar um diagnóstico das instituições e equipamentos existentes na RAA ao dispor dos empreende-dores. Este inquérito foi aplicado a 54 instituições, no entanto, e conforme Parte III deste estudo, a análise recairá sobre 46 instituições (tendo em conta que não conseguimos efetuar os restantes questionários por indisponibilidade das próprias organizações);

4. Contactos telefónicos recorrendo à metodologia do “Cliente Mistério” visando percecionar o real conhecimento da Medida Microcrédito por parte de diversas entidades com interesse na matéria. Estes contactos foram efetuados às entidades das ilhas onde não existem projetos Microcrédito implementados (Graciosa, São Jorge, Pico, Flores e Corvo). Num universo de 16 instituições apenas não conseguimos estabelecer contacto com duas;

5. Realização de 4 Focus Group, que decorreram nas ilhas de São Miguel, Santa Maria, Terceira e Faial (ilhas com projetos Microcrédito implementados), com o objetivo de recolher dados qualitativos que nos permitissem analisar a perceção do im-pacto da Medida MC na Região pelos diversos intervenientes (representantes da DRAIC, DREQP, ISSA, das Instituições de Crédito protocoladas com a Medida, das Câmaras Municipais e dos próprios microempresários), bem como recolher sugestões para ultrapassar os obstáculos colocados ao ‘empreendedo-rismo inclusivo’ e para melhoria do trabalho realizado pela Agência do Microcrédito.

A elaboração deste estudo permitirá a recolha e tratamento de informação, da real aplicação das medidas de promoção do ‘em-preendedorismo inclusivo’ na Região Açores, de modo a aferir se existe desfasamento entre as ações implementadas e o que os poten-ciais empreendedores necessitam para o sucesso dos seus projetos. Esperamos, de igual modo, obter uma medição do nível de acesso à

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Enquadramento Enquadramento

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informação sobre empreendedorismo nas diferentes ilhas que com-põem o arquipélago.

Este Estudo poderá ainda ser utilizado como um portefólio cuja aplicação prática se adequará tanto às equipas de apoio ao em-preendedorismo e microcrédito na região, como aos empreendedores e potenciais empreendedores. Pretende-se com este contributo melhorar as estratégias internas (Gabinete de Empreendedorismo Social e Mi-crocrédito Bancário – Cresaçor) e externas (entidades representativas no setor); criar uma ferramenta de apoio à inserção no mercado de trabalho pela via da criação do próprio emprego de públicos com maior vulnerabilidade à pobreza e exclusão social; identificar oportunidades de aperfeiçoamento das políticas no domínio do acesso ao emprego e fomento da criação do próprio emprego; analisar as áreas preferenciais de investimento dos empreendedores; delinear as características dos micronegócios de sucesso, com base em situações práticas e verificar se o montante despendido pelo Governo Regional, nas estratégias de apoio ao empreendedorismo e microcrédito da Região, está a produzir os resultados esperados em termos de produção de riqueza e mais valia para a sociedade, comparativamente ao montante que seria gasto em transferências sociais.

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Parte I

O Programa de Apoio ao Microcrédito nos Açores

1. Contexto, surgimento e objetivos do MC

O final da década de 70, do século XX, é marcado pela emergên-cia do debate sobre a pobreza e exclusão social, começando a desenhar-se uma postura mais ativa para a sua redução,

ou seja, a estabelecer-se uma prática de capacitação dos indivíduos em alternativa ao assistencialismo vigente até então.

É nesta década que Muhammad Yunus concebe e desenvolve a ideia de que a concessão de pequenos empréstimos a famílias muito pobres poderia ser utilizada como um instrumento de luta contra a pobreza. É então criado o Grameen Bank, em 1983, no Bangladesh e o conceito de microcrédito dissemina-se, começando a ser adaptado às mais dif-erentes realidades. Passados 5 anos, na Europa, mais especificamente em França, a ADIE (Association pour le Droit à l’Initiative Économique) torna-se a primeira entidade a disponibilizar este apoio àqueles que se encontravam numa situação de maior desfavorecimento social.9

Em finais dos anos 70, Portugal implementa o Programa ILE: Programa de apoio à criação de postos de trabalho por iniciativas de base local10, como resposta às recomendações da OCDE e da CEE, que incentivam os Estados Membros à adoção de medidas de estímulo às iniciativas locais enquanto via complementar para a criação de emprego.

Os apoios deste programa consistiam em ajuda financeira a fundo perdido e na concessão de empréstimos em condições particularmente atrativas face à situação de mercado11. Este programa traduziu-se portanto, numa inspiração da preocupação crescente de diversificação e aperfeiçoamento de medidas de política pública neste domínio atual-mente em vigor para apoio à criação de emprego e ao desenvolvimento económico, situando-se ao lado dos vários programas que procuram

9 Ahmed, Mohamed (2009). Microcrédito como instrumento de inclusão económica e social. Pág. 161.

10 Henriques, José Manuel, et al. (1991). O Programa ILE em Portugal, Instituto do Emprego e Formação Profissional. Lisboa, pág. 10.

11 Idem, ibid.

intervir no fomento de novas oportunidades de criação de empregos e de iniciativas empresariais.12

Os objetivos principais das ILE, não obstante estarem relacionados com as iniciativas empresariais, visavam a promoção da inclusão social de públicos e regiões específicos, observando-se a intenção de promover o desenvolvimento local, respeitando as suas características únicas “Este programa tem por objetivo dinamizar e apoiar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas e de atividades suscetíveis de contribuir para a criação e ou fixação de emprego e para a animação económica e social de comunidades locais.”13

Em 1997, o Tratado de Amesterdão consagra entre os objetivos da União Europeia a luta contra a pobreza e a exclusão social, tendo sido dado outro importante passo em 2001 com a entrada em vigor do Método Aberto de Coordenação à política social, ou seja, o combate à exclusão social de cada Estado membro passa a estar coordenado com as iniciati-vas da Comissão Europeia. Sendo que em 2003, a Comissão refere pela primeira vez como um dos objetivos da microfinança o empréstimo a grupos-alvo desfavorecidos14.

Em 2006, com o anúncio de um Plano de Ação para o Microcrédito, e posteriormente em 2007 com a sua comunicação “Iniciativa Europeia do Microcrédito em apoio ao Crescimento e ao Emprego”, a Comissão Europeia marca a entrada formal do Microcrédito na Agenda Institucio-nal Europeia.15

No âmbito da União Europeia o microcrédito ficou definido enquanto um instrumento que abrange a política social, de emprego e económica, identificando-se:

12 Henriques, José Manuel, Lopes, Raul Gonçalves e Batista, A. J. Mendes, O Programa ILE em Portugal, Instituto do Emprego e Formação Profissional, 1991, pág. 87.

13 Preâmbulo do Decreto-Lei nº 34/95, de 11 de fevereiro, que passa a inserir as ILE no Programa das Iniciativas Locais de Desenvolvimento.

14 Unterberg, Michael (2008). Microfinance as a European policy issue – policy images and venues. Atas da 5th Annual Conference European Microfinance Network, Nice, pág. 3

15 Idem, pág. 13

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• Pelos destinatários: micro-empreendedores e pessoas em situ-ação de exclusão social sem acesso ao crédito pelas vias normais;

• Pelos objetivos: criação ou expansão de atividades económicas, nomeadamente a nível do investimento inicial e fundo de maneio; e

• Pelo montante de empréstimo: valor máximo de 25.000,00 €.

Mas uma das suas mais importantes características, também alvo de recomendação por parte da Comissão Europeia, é a necessidade de acompanhamento técnico desses projetos “Formação, tutoria e acom-panhamento do novo empreendedor são essenciais para aumentar as hipóteses de sucesso da empresa”16 que se tornam indispensáveis tendo em conta o público-alvo.

Esta recomendação por parte da Comissão Europeia vai de encontro às recomendações da OCDE nos anos 70, que chamavam a atenção para a importância do fator animação no desenvolvimento de iniciativas locais de emprego. Podemos considerar as ILE como a primeira iniciativa em Portugal para promover a criação de autoemprego por aqueles que se encontravam em situação de desemprego, pobreza e exclusão social, pois só em 1998, com a criação da ANDC (Associação Nacional de Direito ao Crédito) o Microcrédito passa a estar representado em Portugal.

Não obstante a presença do Microcrédito em Portugal ser anterior às recomendações emanadas pela União Europeia, a verdade é que o acompanhamento dos projetos foi implementado desde logo como um dos vetores da sua metodologia, defendendo esta instituição que “A propósito de garantias, importa não esquecer que o acompanhamento – uma das características metodológicas do microcrédito – é também uma forma de garantia na medida em que diminui o risco.”17

16 Commission of the European Communities (2007). Communication from the Commission to the Council, the European Parliament, the European Economic and Social Committee and the Committee of the Regions – A European initiative for the development of micro-credit in support of growth and employment. COM. Bruxelas, Pág. 8

17 Ahmed, Mohamed (2009). Microcrédito como instrumento de inclusão económica e social, pág. 161.

1.1. O MC nos Açores

Nos Açores o MC surgiu no âmbito do projeto GESFUNDO IN-TERREG IIIB (2004-2006), através de protocolo estabelecido com o Instituto de Ação Social (atualmente ISSA – Instituto de Segurança Social dos Açores), a Agência Transregional Gestora do Financiamen-to Alternativo e a CRESAÇOR – Cooperativa Regional de Economia Solidária, enquanto entidade representante da Rede do Movimento de Economia Solidária e Desenvolvimento Comunitário.

A DRSSS, através do IAS, promoveu junto do Governo Regional dos Açores, a criação de um Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário dirigido à inclusão social de pessoas em situação de desfavorecimento social e económico18.

Estes esforços resultaram no Decreto Legislativo Regional n.º 25/2006/A que veio aprovar o Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário como me-dida de apoio ao autoemprego e de combate à pobreza e exclusão social.19

A definição de MC que esteve na base do projeto GESFUNDO enquadra-se no conceito de Microfinança segundo a OCDE, isto é, como uma pequena quantidade de dinheiro colocada à disposição de um cliente por um banco ou outra instituição para o ajudar a sair da sua situação de pobreza ou exclusão social.20

O MC é, portanto, um instrumento que visa o acesso ao crédito por pessoas fragilizadas, mas que possuem um pequeno projeto de auto-emprego, quer porque não conseguem entrar novamente no mercado de trabalho dito normal (conta de outrem) quer por não possuírem os recursos financeiros tradicionais que lhes permitam aceder a este crédito pelas vias normais (ex.: não possuírem garantias bancárias).

18 Preâmbulo do Decreto Legislativo Regional n.º 25/2006/A, de 31 de julho, que cria o Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário nos Açores.

19 Consultar o Decreto Legislativo Decreto Legislativo Regional n.º 25/2006/A, de 31 de julho, constante no anexo I.

20 Preâmbulo do Decreto Legislativo Regional n.º 25/2006/A, de 31 de julho, que cria o Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário nos Açores.

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Note-se, portanto que o MC não prevê na sua génese a fase de an-imação, pressupondo a priori a existência de uma ideia de negócio viável.

Em traços gerais os destinatários do MC eram: desempregados, maiores de 18 anos, sem acesso ao crédito pelas vias normais, com a situação regularizada perante as finanças e a segurança social, sem incidentes bancários e com uma ideia de negócio.

O MC rege-se pelo princípio da confiança (ver fig. n.º 1) estabelecido entre o promotor e o AM (Agente do Microcrédito), sendo que o risco da operação é partilhado entre o Governo Regional e as IC (instituições de Crédito) protocoladas. O Governo Regional era responsável por 25% e a IC por 75%, sendo que as primeiras IC a assinarem protocolo com o Gov-erno Regional foram o BANIF, o BESA, o Millennium bcp e a CEMAH.

Figura n.º 1: Microcrédito: uma relação de confiança

Será importante salientar que o Regime de Apoio Bancário ao Micro-crédito nos Açores apresenta características distintas daquele que é praticado no continente português. Na Região Açores o Governo Re-gional tem um papel ativo assumindo-se não só como o impulsionador desta ferramenta de apoio à inclusão sócio-económica, mas também como avalista dos projetos apoiados e como entidade responsável pelo pagamento dos juros bancários sobre o montante de investimento. Tal não acontece em Portugal Continental, onde o Microcrédito é gerido e promovido por uma ONG (Associação Nacional de Direito ao Crédito) que estabeleceu protocolos com instituições bancárias de modo a que o valor dos juros sobre estes microempréstimos sejam mais baixos,

no entanto não se dispensa a apresentação de um avalista e são os próprios beneficiários os responsáveis pelo pagamento integral da dívida, incluindo os juros.21

1.2. Características do MC e alterações legislativas

O MC tinha como condições iniciais montantes de financiamento entre os 1.000,00 € (mínimo) e 15.000,00 € (máximo), sendo da re-sponsabilidade do Governo Regional o pagamento dos juros e no 1.º ano os promotores usufruem de carência de capital.

A figura abaixo sintetiza o modelo de funcionamento desta medida.

Figura n.º 2: Modelo de operacionalização do MC

21 http://www.microcredito.com.pt/como-obter-um-microcredito/microcredito-andc/o-que-e-um-microcredito-andc/1.

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Em 2012 o MC sofre a 1.ª alteração legislativa através do De-creto Legislativo Regional n.º 11/2012/A22, as principais alterações prenderam-se com os destinatários da medida, com o montante de financiamento e com a percentagem de garantia bancária partilha-da entre o Governo Regional e as IC – protocolos renegociados com as mesmas em abril de 2013.

Assim, a partir de 2012 os destinatários do MC são:

a) Os desempregados, à procura de primeiro ou de novo emprego, com idade igual ou superior a 18 anos, sem condições para o acesso ao crédito bancário pelas vias normais;

b) Trabalhadores, com idade igual ou superior a 18 anos, con-siderados em situação precária de emprego, nomeadamente trabalhadores independentes cujo rendimento médio mensal, auferido relativamente ao ano anterior ao da candidatura, seja inferior à retribuição mínima mensal garantida na região, sem condições para o acesso ao crédito bancário pelas vias normais, mediante parecer da direção regional com competência em matéria de trabalho;

c) Sociedades por quotas, sociedades unipessoais por quotas e empresários em nome individual que não tenham condições para o acesso ao crédito bancário pelas vias normais.

O montante máximo do MC transita para os 20.000,00 € e a ga-rantia bancária assumida pelo Governo Regional aumenta para 75%, ficando a cargo das IC apenas os restantes 25%.

De referir que esta última alteração teve como principal propósito aumentar a taxa de aprovação das IC e reconfirmar a confiança do Governo Regional nestes pequenos investimentos. Esta alteração foi efetuada diretamente com as IC que por fruto da grave crise económica que Portugal atravessava nesse período, estavam a dificultar muito o acesso ao crédito (geral, isto é, quer o acesso ao crédito pelas vias normais e gerais, quer o próprio acesso ao MC).

A par destas alterações os protocolos assinados com as IC foram também reformulados, passando o Montepio Geral a integrar a Me-dida MC.

22 Consultar a legislação constante no anexo II.

1.3. Agência de Promoção e Apoio ao MC

A CRESAÇOR, através do seu Gabinete de Apoio ao Empreende-dorismo e MC Bancário – Agência MC, é a instituição que acompanha os promotores MC (após aferição das condições de acesso através da realização da entrevista efetuada na DRAIC pela equipa de acompan-hamento técnico, constituída por um representante de cada Organismo do Governo Regional: DRAIC, ISSA e DREQP) na constituição do seu “Dossier de Confiança” que permitirá:

• Aferir as condições socioeconómicas de partida do beneficiário e respetivo agregado familiar;

• Desenvolver a ideia de negócio e a sua viabilidade;

• Determinar as competências psicosócioprofissionais necessárias ao negócio existentes no beneficiário;

• Elaborar o plano de negócio com estudo de mercado, instruído do respetivo estudo de viabilidade;

• Diagnosticar possíveis apoios económicos complementares; e 

• Instruir o dossier com a avaliação do técnico de acompanha-mento, conforme manual de procedimentos instituído.

A Agência MC acompanha posteriormente os promotores cujo processo é aprovado em CC na implementação do seu negócio (com especial enfoque na fase de investimento que é efetuada de forma faseada de modo a garantir que o investimento é realizado de acordo com o delineado no mapa de investimento) e durante todo o período de amortização da dívida MC. Este apoio também é efetuado ao nível da obtenção dos licenciamentos e de toda a envolvente burocrática e, portanto, mais difícil e morosa para os promotores, de modo a que os negócios MC cumpram com todas as normas legais em vigor.

De referir que a Agência MC acompanha também diversos indivíduos que nos chegam através da Medida MC, mas que por diversos mo-tivos deixam de ser promotores da mesma, no entanto são apoiados a outros níveis, como por exemplo, elaboração de candidaturas a outros sistemas de incentivo, encaminhamento para formações ou para procura ativa de emprego, etc.

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Da mesma forma promotores MC cujos processos já estão encer-rados por falência foram acompanhados e encaminhados para apoios de âmbito social e promotores já com processo encerrado (mas cujo processo decorreu normalmente e portanto considerado de sucesso) continuam a ser acompanhados ao nível de esclarecimentos e apoios aquando de alterações legislativas (alterações do sistema de faturação em 2012) e sensibilização para as normas legislativas emergentes (apoios às microempresas e legislações sectoriais como o HACCP entre outras).

2. Breve Caracterização das Candidaturas

Até dezembro de 2013 registaram-se um total de 463 candidaturas ao MC – ver quadro n.º 1.

No que concerne ao total das candidaturas apresentadas, nota-se uma maior percentagem de candidaturas apresentadas por homens, 58%, correspondendo a 267 candidatos. 196 candidaturas foram apresentadas por mulheres, correspondendo a 42%.

A grande maioria das candidaturas é efetuada a título individual 96% (443 candidaturas), apenas 4% (20 candidaturas) respeita a outras situações.

Das 463 candidaturas, apenas 16% (72 processos) concluíram o seu projeto (conclusão do “Dossier de Confiança”), tendo o mesmo sido submetido a Comissão de Crédito.

À data de 31/12/2013 encontravam-se 33 projetos na Agência de MC na fase de constituição de Dossier de Confiança (7%).

107 candidaturas (23%) não foram consideradas elegíveis, não passando portanto pela seleção efetuada na entrevista de triagem, por não reunirem as condições de acesso a esta medida de apoio23.

Dos candidatos que não reuniam as condições de acesso à medida os principais motivos prenderam-se com o não estar numa situação de desemprego (27 indivíduos), possuir incidentes bancários (17), ter acesso ao crédito pelas vias normais (17), ter dívidas ao Estado (13),

23 Cf. art.º 3.º do Decreto Legislativo Regional n.º 11/2012/A, de 26 de março, constante no anexo II.

entre outros motivos com menor expressão.52% (240 candidatos) desistiram da sua candidatura ao MC,

destas 65% foram por iniciativa dos próprios ou por demonstrarem desinteresse aquando da elaboração do Dossier de Confiança e 35% por outras razões.

Entre as razões de desistência salienta-se o chegar à conclusão da inviabilidade da sua ideia de negócio, 25 candidatos através do acom-panhamento da Agência chegaram a esta conclusão, tendo portanto desistido da sua candidatura. Outros 13 após perceberem que muito dificilmente obteriam um rendimento com a atividade candidatada optaram por trabalhar a ideia de negócio, reformulando-a.

22 indivíduos desistiram da sua candidatura por terem encontrado emprego por conta de outrem e 6 emigraram. Notamos novamente a estreita relação entre o ‘empreendedorismo inclusivo’ e o ‘empreend-edorismo por necessidade’, isto é, analisando os motivos que levaram ao elevado número de desistências observamos que muitas destas pessoas se candidataram por não conseguirem encontrar trabalho por conta de outrem e não pela vontade de ter o seu próprio negócio.

Candidaturas Frequência PercentagemDesistências 240 51,84

Não elegíveis 107 23,11

Aguarda parecer da DREQP 5 1,08

Em constituição de Dossier de Confiança

33 7,13

Suspenso 5 1,08

Aguarda entrevista 1 0,22

Candidaturas com DC submetidas a CC

72 15,55

Total 463 100,00

Quadro n.º 1: Candidaturas à Medida de Apoio ao Microcrédito24

24 FONTE: DRAIC – Direção Regional de Apoio ao Investimento e à Competitividade

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Relativamente às candidaturas submetidas a Comissão de Crédito 20 processos (27,8%), não foram aprovados por não terem viabili-dade económica ou pelos promotores não reunirem as competências socioprofissionais necessárias ao desenvolvimento do negócio a que se propuseram.

A viabilidade económica dos processos é verificada através da elaboração de um estudo de viabilidade económica e de um estudo de mercado. No estudo de viabilidade pressupõe-se como vencimento base do promotor o ordenado mínimo regional.

Relativamente às competências do candidato, em todos os processos, a Agência MC elabora um relatório sócio-profissional que compila as informações recolhidas junto do ISSA e de pessoas de referência que se tenham relacionado com o mesmo, como sejam, ex-patrões ou colegas de trabalho, presidente da junta de freguesia de residência, entre outras.

Das restantes 52 candidaturas aprovadas, em Comissão de Crédi-to, a maioria correspondem a processos que estão a decorrer e a ser acompanhados pela Agência do Microcrédito – 50%, correspondendo a 26 processos, conforme quadro n.º 4.

25% correspondem a 13 processos encerrados, sendo que destes, seis (11,54%) cumpriram na íntegra com o pagamento da dívida MC, sendo portanto considerados casos de sucesso.

Destes seis processos, quatro promotores anteciparam o pagamento da dívida MC (isto é, liquidaram o montante do total em dívida antes do contratualizado com a IC, conforme quadro n.º 2) e dois efetuaram o pagamento da dívida MC no prazo estabelecido inicialmente, isto é, cumpriram com o plano de reembolso contratualizado com a banca.

Área de actividadeInício

ActividadeMontante

Financiamento

Tempo de maturação da

empresa aquando da liquidação da

dívida

Florista 01/02/2008 7.000,00 € 5 anos

Informática – Serviços de assistência técnica e venda de hardware e software

20/10/2008 13.000,00 €2 anos e 4 meses (liq. Antecipada)

Informática – Design gráfico; serviços; serviços audiovisuais; assistência técnica de harware e software

17/11/2008 9.000,00 €2 anos e 3 meses (liq. Antecipada)

Vendedor ambulante de cachorros quentes

19/11/2007 5.600,00 € 5 anos

Animação Turística – atividades de saúde e bem-estar associadas a passeios turísticos

07/09/2009 5.000,00 €2 anos e 1 mês (liq. Antecipada)

Canalizador 01/02/2008 10.750,00 €1 ano e 4 meses (liq. Antecipada)

Quadro n.º 2: Candidaturas encerradas com sucesso

13,46% correspondem a sete processos encerrados por incumpri-mento dos promotores perante a banca – processos de insolvência em que o Governo Regional assumiu perante a IC a sua responsab-ilidade financeira perante o total ainda em dívida, sendo o restante renegociado entre a banca e cada promotor.

Através da análise do quadro n.º 3, constatamos que a maioria destes negócios entrou em insolvência no 2.º ano de exploração. Este facto é interessante já que se considera consolidado um negócio a partir do 3.º ano de vida da empresa, e que o arranque inicial destes pequenos negócios é sempre mais vulnerável.

Qualquer um destes projetos, desde a sua abertura, nunca con-seguiu angariar uma carteira de clientes suficiente para assegurar a sua sustentabilidade, portanto apesar das insolvências não terem sido imediatas, o certo, é que foram negócios que desde a sua abertura nunca conseguiram ser auto-suficientes.

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Área de actividadeInício

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Financiamento

Tempo de maturação da

empresa aquando da insolvência

Loja de Chás e Acessórios

25/03/2008 5.000,00 € 2 anos e 6 meses

Tabacaria e florista 15/10/2007 11.000,00 € 1 ano e 3 meses

Snack-Bar 22/01/2008 15.000,00 € 3 anos

Vendedor Ambulante em Roullote-bar

02/06/2009 13.426,00 € 1 ano

Instalação e manutenção de jardins aquáticos

02/01/2008 11.500,00 € 2 anos

Informática 02/06/2009 14.500,00 € 2 anos

Loja Vestuário 22/10/2007 13.500,00 € 6 meses

Quadro n.º 3: Candidaturas encerradas por insolvência

Os micronegócios com número de trabalhadores inferiores a 10, são os que atingem as maiores taxas de natalidade, mas também de mortalidade25. A propensão para a insolvência é ainda maior nos casos em que o promotor é o único elemento da empresa26. Um dos microempresários entrevistados aponta diretamente o motivo “A questão é simples… porque eu sou… eu sozinho, e sozinho não posso tomar conta de tudo, não faz sentido! E eu não tenho dinheiro para contratar ninguém.” Esta informação vem corroborar o quadro n.º 3, já que das 7 insolvências registadas 6 eram negócios constituídos apenas pelo promotor, que acaba por ter de desempenhar todas as tarefas inerentes ao funcionamento da sua atividade.

Relativamente ao acompanhamento por parte da Agência MC, realçamos o comentário de um dos entrevistados “Estamos a falar de um microempresário, é só uma pessoa individual, quanto mais apoio essa pessoa tiver a todos os níveis, melhor será para a pessoa e para

25 OECD/European Union (2014). The Missing Entrepreneurs – Policies for inclusive entrepreneurship in Europe, OECD Publishing, pág. 62

26 Idem, pág. 63

a sua sanidade mental, melhor será para a realidade familiar dessa pessoa porque vai haver menos stresses lá em casa, e até em relação à empresa, se a parte familiar que acho que é mais importante, em relação à empresa, à viabilidade da empresa é muito superior. Se ele conseguir (…) apoio na gestão, apoio económico, apoio jurídico, apoio até à promoção, quer dizer, ele tem uma equipa que ele nunca teria de outra forma, a não ser se pagasse bem! E consegue ter outra viab-ilidade, e consegue ter outra visão da sua empresa, porque consegue ter uma equipa”. Esta necessidade vai de encontro às dificuldades sentidas por aqueles que avançam para a criação do seu próprio emprego com uma base financeira, e por vezes também psicológica, extremamente frágil.

Não obstante a importância da existência de um Gabinete que estimule e apoie as iniciativas de ‘empreendedorismo inclusivo’, a ver-dade também é que este nunca se poderá substituir ao microempresário, ou seja, a escolha da ideia de negócio e as decisões estratégicas têm que ser tomadas pelo microempresário (real conhecedor do seu projeto e das suas competências), que poderá, no entanto, contar sempre com o acompanhamento especializado da Agência MC.

Cerca de 23% dos processos (correspondendo a 12 candidatos) apesar de terem sido aprovados em Comissão de Crédito o financiamento pelas Instituições de Crédito não se concretizou por recusa das mes-mas, originando a que os promotores não conseguissem prosseguir com a sua ideia de negócio.

Os motivos de recusa pelas IC prenderam-se principalmente com o histórico dos candidatos e com a exigência de garantias bancárias para o montante restante não “coberto” pelo Governo Regional (sendo que estes candidatos não conseguiram obter fiança nem as garantias bancárias exigidas pela banca).

Assim, denota-se que, ao contrário do desejável numa Medida desta natureza, a implicação da banca comercial afeta e restringe ainda o acesso ao financiamento. O espírito da Medida e um dos seus objetivos primordiais é desta forma desvirtuado pois o acesso ao crédito para todos não é uma realidade.

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Candidaturas Aprovadas em CC

Frequência Percentagem

Em análise pela IC 1 1,92

Projectos a decorrer 26 50,00

Encerradas – Final do processo 6 11,54

Não financiadas pela IC 12 23,08

Encerradas por incumprimento 7 13,46

Total 52 100,00

Quadro n.º 4: Candidaturas Aprovadas no âmbito da Medida de Apoio ao Microcrédito

Em termos de empréstimos concedidos através do MC, con-statamos que estes 39 processos implementados corresponderam a um total de 608.078,45 €.

2.1. Candidaturas por ilha e área de negócio

Quanto à distribuição por ilhas, conforme quadro n.º 5, con-stata-se que a maioria dos candidatos reside nas ilhas de São Miguel (57%) e Terceira (24%). Seguindo-se as ilhas de Santa Maria (7%) e Faial (6%), sendo as ilhas com menor expressão a Graciosa e as Flores.

Candidaturas por ilha Frequência PercentagemSanta Maria 31 6,7

São Miguel 263 56,8

Terceira 113 24,4

Graciosa 1 0,2

São Jorge 10 2,2

Pico 12 2,6

Faial 28 6,0

Flores 2 0,4

Corvo 3 0,6

Total 463 100,00

Quadro n.º 5: Candidaturas por ilha

Em relação à distribuição das candidaturas por áreas de negócios constatamos que a maioria das candidaturas foram na área dos serviços com 40% – ver quadro n.º 6.

Seguindo-se o comércio com 27% e a restauração com 21%.

Candidaturas por áreas de negócio

Frequência Percentagem

Atividades Primárias 22 4,8

Animação turística 16 3,5

Comércio 127 27,4

Hotelaria 3 0,6

Indústria 12 2,6

Restauração 99 21,4

Serviços 184 39,7

Total 463 100,00

Quadro n.º 6: Candidaturas por áreas de negócio

Numa análise mais pormenorizada aos tipos de negócio propostos, observamos que na área das atividades primárias se destacam as candidaturas à produção hortícola e a pesca (cada uma com 7 can-didaturas). Neste setor de atividade a Ilha de S. Miguel apresenta 68,2% das candidaturas (15 propostas), seguindo-se a Ilha Terceira com 27,2% (6 propostas).

A aposta de desenvolvimento de negócios na área da animação turística foi também sugerida maioritariamente pelos candidatos da Ilha de S. Miguel (12 candidaturas). Das ideias apresentadas salien-ta-se que a sua maioria se propunha a oferecer um leque diversificado de atividades aos seus clientes, sendo comum em quase todas a oferta de passeios pedestres e circuitos personalizados.

Na área do comércio 26% (33 candidaturas) das ideias de negócio apresentadas visavam a venda ambulante, sendo que a maioria dos candidatos pretendia dedicar-se à venda ambulante em roulotte-bar (23 indivíduos). Seguem-se os minimercados, frutarias e mercearias que contabilizam 17% das propostas apresentadas (21), dos quais 76,19% (16) a ser implementados na Ilha de S. Miguel. Com o mesmo número de

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candidaturas apresentadas (21 propostas) aparece o comércio dedicado ao vestuário, à venda de malas e bijuteria, assim como as sapatarias. Destacamos ainda as propostas recebidas para abertura de uma loja de flores, que representam 6,3% das candidaturas apresentadas na área do comércio (8 propostas), destacando-se a ilha de S. Miguel mais uma vez com 87,5% das propostas neste ramo (7 candidaturas).

Na área da indústria 67% das candidaturas são no ramo da pequena indústria alimentar principalmente a nível da panificação e pastelaria (5 propostas).

A restauração surge como a área preferencial dos candidatos a esta Medida de Apoio. A ilha de S. Miguel com 47,5% de candidaturas con-centra praticamente metade das propostas de negócio apresentadas nesta área, seguindo-se a ilha Terceira com 34,34% das candidaturas (34 projetos) e a ilha de Santa Maria com 12,12% das candidaturas (12 projetos). Uma análise mais pormenorizada indica-nos que 30,3% dos candidatos pretendiam abrir snack-bares (30 propostas), 24,2% pretendiam abrir um restaurante (24 propostas) e 23,2% um café (23 propostas).

Não podemos deixar de notar que a apresentação de candidaturas a esta área é constante, o que é curioso por ser uma área com normas legais bastante exigentes, e uma das que mais tem sentido a quebra do consumo. De salientar que do total de candidaturas apresentadas a maioria não apresentava qualquer inovação em relação ao tipo de produtos a comercializar, ambiente a oferecer ao cliente ou localização geográfica.

No que concerne às ideias de negócio apresentadas na área dos serviços, os cabeleireiros e esteticistas representam 16% das candida-turas (23 propostas), mas neste caso as Ilhas de S. Miguel e Terceira apresentam praticamente o mesmo número de candidaturas, 39,13% (9 projetos) e 34,78% (8 projetos), respetivamente. Os serviços na área da construção civil seguem-se, com 8% das candidaturas (14 propostas), e as oficinas de mecânica (entre as quais se incluem as de automóveis e as de embarcações), representam 7% das ideias de negócio apresentadas (13 candidaturas), em ambos os casos o maior número de candidaturas é apresentado em S. Miguel.

A prestação de serviços de jardinagem corresponde a 6% das can-didaturas na área dos serviços (11 projetos), mas neste caso, a ilha da Terceira apresenta mais candidaturas que a ilha de S. Miguel, com 45,45% (5 projetos) comparativamente a 27,27% (3 projetos). O que também acontece nas atividades de apoio domiciliário, distribuição ao domicílio, canalização e reparação de calçado.

A pouca criatividade da maioria das ideias de negócio faz com que o trabalho da Agência MC seja fundamental de modo a alertar os candidatos para as acrescidas dificuldades em determinados seto-res, tentando assim minimizar os riscos de avançarem com projetos economicamente vulneráveis. Nos Açores, tal como nos restantes países europeus, as pessoas em situação de maior desfavorecimento demonstram uma maior tendência a se instalarem em setores de mercado saturados27, desta forma é compreensível a elevada taxa de desistências e cancelamentos.

Tal facto não deverá ser considerado como negativo. Os desafios que se impõe no desenvolvimento de um negócio são sempre grandes, ainda mais no caso destas iniciativas, que são na sua maioria despo-letadas pela falta de alternativa dos promotores (‘Empreendedorismo por necessidade’), e não por uma cuidadosa análise das necessidades do mercado.

Não devemos esquecer que o propósito da Medida MC é a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, tentando ao máximo evitar que a pessoa fique numa situação ainda mais fragilizada, que poderá ter como fim o regresso à situação de desemprego com uma dívida acrescida para amortizar.

27 OECD/European Union (2013). Policy Brief of Evaluations of Inclusive Entrepreneurship Programmes – Entrepreneurial Activities in Europe, Publications Office of European Union, pág. 4.

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2.2. Caracterização demográfica do MC (candidatos aprovados face ao número de candidaturas)

Como já descrito anteriormente das 52 candidaturas aprovadas apenas 39 projetos foram implementados, até ao momento. Destes apenas 17,5% foram encerradas por incumprimento dos promotores – insolvência.

Assim, a taxa de sucesso atual dos promotores MC é de 82,5%. Sendo que destes seis processos já encerraram o processo com sucesso e vinte e sete estão a decorrer atualmente (e normalmente).

2.3. Implementação territorial (análise por ilha)

Relativamente à distribuição por ilha dos processos implemen-tados, constatamos que à semelhança do número de candidaturas apresentadas também nos negócios implementados ressalta a ilha de São Miguel com maior número de projetos, 23.

Santa Maria, Terceira e Faial seguem-se todas com 5 projetos aprovados. E a ilha de São Jorge com um processo aprovado.

As ilhas da Graciosa, Pico, Flores e Corvo não têm, até à data, nenhum processo MC implementado.

Figura n.º 3: Implementação processos MC por ilha

3. Caracterização socioeconómica dos promotores MC alvo de análise

Dos 39 processos aprovados até ao momento (37 implementados e 2 em fase de investimento) foram efetuadas 18 entrevistas semi-diretivas a promotores MC com o negócio já em desenvolvimento.

3.1. Localização geográfica dos projetos

Dos 18 promotores inquiridos a maioria desenvolve a sua atividade na ilha de São Miguel, 56% (6 no concelho de Ponta Delgada, 1 na Ri-beira Grande, 2 na Povoação e um pode operar em todos os concelhos da ilha – pesca).

Foram auscultados 4 promotores do concelho da Horta – ilha do Faial, 2 no concelho de Angra do Heroísmo – ilha Terceira e 2 no concelho de Vila do Porto – Santa Maria, conforme quadro n.º 7.

Ilha Frequência PercentagemSanta Maria 2 11,1

São Miguel 10 55,6

Terceira 2 11,1

Faial 4 22,2

Total 18 100,0

Quadro n.º 7: Distribuição por ilha dos promotores entrevistados

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3.2. Áreas de atividade e montantes de investimento

Dos 18 projetos analisados a maioria dizem respeito a negócios na área dos serviços – sete projetos (38,9%).

Três promotores (16,7%) implementaram uma atividade na área do comércio, dois na agricultura e dois na restauração.

Foram ainda auscultados promotores que desenvolveram negócios nas áreas da pesca, construção civil e turismo.

Áreas de negócio Frequência PercentagemAgricultura 2 11,1

Pesca 1 5,6

Construção Civil 1 5,6

Comércio 3 16,7

Turismo 1 5,6

Restauração 2 11,1

Serviços 7 38,9

Outros 1 5,6

Total 18 100,00

Quadro n.º 8: Áreas de negócio dos processos em análise

Segundo dados da OCDE28 ao nível das áreas de negócio constata-se uma equidade entre homens e mulheres nas atividades relacionados com os serviços agricultura, floresta e pesca. No entanto, os homens destacam-se em atividades relacionadas com a produção e a construção. Relativamente aos serviços orientados para o consumo já existe uma predominância em serem desenvolvidos por mulheres.

28 Cf. OECD/European Union (2014). The Missing Entrepreneurs – Policies for inclusive entrepreneurship in Europe, OECD Publishing, pág. 42.

Tabela cruzada Sexo pela Área de Negócio

SexoTotal

Feminino Masculino

AgriculturaFrequência - 2 2

Percentagem - 11,1 11,1

PescaFrequência - 1 1

Percentagem - 5,5 5,5

Construção Civil

Frequência - 1 1

Percentagem - 5,5 5,5

ComércioFrequência 2 1 3

Percentagem 11,1 5,5 16,6

TurismoFrequência - 1 1

Percentagem - 5,5 5,5

RestauraçãoFrequência - 2 2

Percentagem - 11,1 11,1

ServiçosFrequência 2 5 7

Percentagem 11,1 27,8 38,9

OutrosFrequência - 1 1

Percentagem - 5,5 5,5

TotalFrequência 4 14 18

Percentagem 22,2 77,5 100,0

Quadro n.º 9: Tabela Cruzada do sexo pela área de negócios dos promotores MC

A análise do quadro n.º 9, apesar da pouca relevância estatística, corrobora que as mulheres em análise também desenvolvem negócios na área dos serviços e comércio.

O total de empréstimo aprovado e concedido através do MC a estes 18 negócios foi de 195.400,00 €.

Conforme quadro descritivo abaixo, os promotores além do MC, recorreram a outras fontes de financiamento como a candidatura ao subsídio de desemprego na totalidade (passível de conciliar com a do MC), capital próprio e empréstimos particulares (familiares ou amigos).

O total de investimento previsto aquando da realização dos DC foi de 207.000,00 €, no entanto, o realizado foi 197.700,00 € (diferença de 9.300,00 €).

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Fonte de Financiamento ValorEmpréstimo MC 195.400,00 €

Empréstimo Particulares 4.000,00 €

Capital Próprio 4.000,00 €

CPE 33.000,00 €

Total Investimento Previsto 207.000,00 €

Total Investimento Realizado 197.700,00 €

Quadro n.º 10: Fontes de financiamento

3.3. Características dos promotores

A maior parte dos inquiridos são do sexo masculino 14 (77,8%). Tendo sido auscultadas 4 mulheres.

Estes dados convergem com os dados nacionais, já que na sua maioria, os empreendedores portugueses ainda são homens. A pro-porção entre homens e mulheres é de aproximadamente 2/3 para 1/3, rácio que tem mantido alguma estabilidade nos anos mais recentes29.

A maioria possui entre 41 a 47 anos – 33,3%, seguindo-se a classe de idades dos 26 anos 32 anos – com 27,8% e dos 33 aos 40 anos – 22,2%.

Tabela cruzada Sexo pela Idade

SexoTotal

Feminino Masculino

26 aos 32 anosFrequência 1 4 5

Percentagem 5,6 22,2 27,8

33 aos 40 anosFrequência 1 3 4

Percentagem 5,6 16,7 22,2

41 aos 47 anosFrequência 2 4 6

Percentagem 11,1 22,2 33,3

48 aos 55 anosFrequência - 2 2

Percentagem - 11,1 11,1

56 anos e maisFrequência - 1 1

Percentagem - 5,6 5,6

TotalFrequência 4 14 18

Percentagem 22,2 77,8 100,0

Quadro n.º 11: Tabela de dupla entrada do sexo pela idade

29 IAPMEI (2008). Observatório de Criação de Empresas – Relatório 2007, pág. 3.

Todos os microempresários auscultados são de nacionalidade portu-guesa, havendo um com dupla nacionalidade (portuguesa e americana).

Em relação às habilitações literárias verifica-se, através do quadro n.º 12, que a maioria – cinco promotores (27,8%) possui o ensino secundário, seguindo-se com quatro (22,2%) o 2.º ciclo (6.º ano).

16,7%, correspondendo a 3 pessoas, têm apenas o 1.º ciclo (4.º ano). 11,1% correspondendo a 2 indivíduos têm o 3.º ciclo, a licenciatura e a pós-graduação.

Constata-se, portanto, que a Medida MC abarca indivíduos com habilitações literárias muito díspares e não só os que possuem baixas qualificações, como seria de esperar de uma Medida concebida para ir ao encontro das pessoas com maior desfavorecimento.

Habilitações Literárias Frequência Percentagem1.º Ciclo (4.ª ano) 3 16,7

2.º Ciclo (6.º ano) 4 22,2

3.º ciclo (9.º ano) 2 11,1

Ensino Secundário (12.º ano) 5 27,8

Licenciatura 2 11,1

Pós-graduação 2 11,1

Total 18 100,0

Quadro n.º 12: Habilitações Literárias

Através do quadro n.º 13, constatamos que a principal razão apon-tada pelos empreendedores para a escolha da atividade profissional foi o facto de já possuírem experiência profissional na mesma, 72,2%, correspondendo a treze promotores.

Razão que o levou a escolher esta actividade

Frequência Percentagem

Experiência Profissional 13 72,2

Formação na área 2 11,1

Gosto e motivação 2 11,1

Outro 1 5,6

Total 18 100,0

Quadro n.º 13: Indique a razão que o levou a escolher esta atividade

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Dos 18 promotores entrevistados 15 referem ter experiência profis-sional na área em que implementaram o negócio. 14 através de empregos anteriores e um através de negócio de família.

Assim, denota-se a grande importância que o fator experiência profissional tem na concretização de uma ideia de negócio, citando um dos entrevistados “Eu concordo que haja formação para quem não saiba, mas a experiência é mais importante“, principalmente quando associado ao sentimento de realização profissional e pessoal, pois con-forme afirmado por outro dos entrevistados “Não sei fazer outra coisa, fui criado foi nisso e gosto daquilo que faço”. Tal leva-nos a concluir da relevância em incluir o balanço de competências na fase de animação.

Relativamente à perceção das suas características pessoais e in-trínsecas que contribuíram para conseguirem conduzir este negócio avante a maioria indicou a motivação (7), seguindo-se (ambos com 2) a responsabilidade e a criatividade.

Em relação à formação técnica na área, três promotores referiram não possuir qualquer formação técnica. 10 referem que a formação técnica que possuem foi adquirida em contexto de experiência profis-sional, um através de estudos e formação frequentada e 6 através de ambas as vias (estudos e experiência profissional).

No que diz respeito a conhecimentos de gestão a esmagadora maioria não possuía qualquer conhecimento nesta área, 14 promotores, sendo que destes oito referem que foram adquirindo através da implemen-tação do negócio MC. Dois promotores referem possuir conhecimentos em gestão através da frequência de formação e estudos e dois através de experiências profissionais anteriores.

A maior parte dos promotores refere já ter sentido necessidades específicas de formação, 55,6%, enquanto que 44,4% referem nunca ter sentido esta necessidade.

Dos que indicaram ter sentido necessidades de formação três ref-erem necessidade de aprofundar os seus conhecimentos em gestão e contabilidade, dois em línguas estrangeiras e outros dois em aprender novas técnicas relacionadas com a atividade que desenvolvem. Há ainda promotores que indicaram necessidades formativas em marketing e publicidade, legislação e procedimentos na organização do trabalho.

Para oito entrevistados o termo empreendedorismo significa im-plementar uma ideia, quatro consideraram que designa a criação de uma empresa, três inovar, dois a criação de valor e riqueza, havendo um promotor que não conseguiu responder à questão.

3.4. Situação anterior à candidatura MC

Aquando da apresentação da sua candidatura a esta Medida gover-namental, 16 indivíduos (88,9%) estavam numa situação de desemprego (destes a maioria estava desempregado entre 6 meses a um ano – de-semprego de curta duração). Os outros 2 eram trabalhadores informais, que através do MC viram a sua situação formalizada, isto é, legalizaram a sua atividade, promovendo a sua inscrição nas finanças e obtendo os licenciamentos obrigatórios para o setor de negócio que já desenvolviam.

Quando questionados acerca da principal razão que os levou a apresentar o seu projeto ao MC quatro pessoas indicaram ter sido por acreditarem, que era uma boa oportunidade de negócio. Seguindo-se a vontade de trabalhar por conta própria e o facto de não conseguirem encontrar emprego de outra forma – ambos os fatores com três indivíduos.

Denote-se que dois inquiridos referiram ter-se tratado da única alternativa que encontraram para resolver a sua situação da altura e outros dois consideraram que era a única forma de arranjar emprego.

Assim, de uma análise do quadro n.º 14, constatamos que oito in-quiridos apontaram como fator determinante para apresentarem a sua candidatura ao MC razões relacionadas com a sua motivação (fatores internos). No entanto, sete indicaram fatores estritamente relacionados com a necessidade e por concluírem que não teriam mais nenhuma hipó-tese a não ser o MC (isto é, o mercado de trabalho, dito tradicional, de emprego por conta de outrém não lhes deu sinais de que seria possível o seu reingresso pelo que sentiram-se quase “obrigados” e iniciarem uma atividade por conta própria).

Refira-se, ainda, que um promotor referiu ter apresentado a sua candidatura por indicação de um técnico da Agência para a Qualifi-cação e Emprego (AQE). Podendo, portanto, concluir-se que caso não lhe tivessem apresentado esta possibilidade, por si só não o teria feito.

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Razão mais importante Frequência PercentagemVontade de trabalhar por conta própria

3 16,7

Única alternativa que encontrou para resolver a sua situação na altura

2 11,1

Considerou que esta era a única forma de arranjar emprego

2 11,1

Querer melhorar a sua condição de vida

1 5,6

Não conseguir encontrar emprego de outra forma

3 16,7

Acreditar ser uma boa oportunidade de negócio

4 22,2

Por indicação dos técnicos da AQE ou da Acção Social

1 5,6

Outro 1 5,6

NS/NR 1 5,6

Total 18 100,0

Quadro n.º 14: Razão mais importante que o levou a apresentar este projeto MC

No que diz respeito ao objetivo principal que cada um traçou para o seu negócio, a esmagadora maioria, 72,2% (13 promotores), indicou o querer garantir um rendimento e o sustento do agregado familiar, citando os comentários de dois microempresários “Foi eu ter uma enxada para os meus filhos trabalharem! Para dar força aos meus filhos!” e “O objetivo é tomar conta da família.”

Contabilizando também os três indivíduos que responderam obter um rendimento, vemos que 88,9% das respostas dadas pelos promotores estão estritamente relacionadas com o fator necessidade – necessidade de obterem um rendimento e sustento próprio e familiar.

Principal objectivo Frequência PercentagemGarantir o rendimento e o sustento do agregado familiar

13 72,2

Obter um rendimento 3 16,7

Outro 1 5,6

NS/NR 1 5,6

Total 18 100,0

Quadro n.º 15: Qual o objetivo principal que traçou para o seu negócio

Quando questionados da existência de alguém que os tenha incen-tivado a candidatar-se ao MC, a maioria, com 61,1%, referiu que sim.

Através do quadro n.º 16, verificamos que a maioria dos indivíduos referiu ter tomado conhecimento desta medida através da Agência para a Qualificação e Emprego, 38,9%. Seguindo-se o Gabinete do Empreendedor e a Assistente social da zona, ambos com 11,1%.

Como tomou conhecimento da medida MC

Frequência Percentagem

AQE 7 38,9

Cresaçor/Agência MC 1 5,6

Amigos e/ou familiares 1 5,6

Assistente social da zona 2 11,1

Gabinete do empreendedor 2 11,1

Outro 5 27,8

Total 18 100,0

Quadro n.º 16: Como tomou conhecimento desta medida

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3.5. Perceção dos promotores em relação à elaboração do proces-so MC

A maioria dos promotores considerou que a constituição do seu processo MC (constituição do Dossier de Confiança) foi um processo rápido, 44,4%, correspondendo a oito promotores.

Cinco indivíduos avaliaram ter sido um processo lento e outros cinco normal, conforme quadro n.º 17.

Concretização do seu projecto Frequência PercentagemFoi um processo rápido 8 44,4

Foi um processo lento 5 27,8

Foi um processo normal 5 27,8

Total 18 100,0

Quadro n.º 17: Relativamente à concretização do seu projeto considera

De referir que dois dos promotores que consideram ter sido um processo rápido apontaram como principal razão a disponibilidade total dos agentes. Em relação aos que o classificaram de lento a maioria das razões indicadas prenderam-se com a elevada burocra-cia (três promotores) e com a falta de conhecimentos técnicos do AM (um promotor).

Além disso, e apesar de um promotor ter classificado o seu processo de normal, simultaneamente avaliou-o como muito burocrático.

No que concerne à duração entre a 1.ª entrevista na DRAIC e o início de atividade a maior parte demorou entre 3 a 6 meses. Para dois pro-motores o processo ainda foi mais rápido ocorrendo entre 1 a 3 meses.

Três promotores indicaram ter demorado entre 7 meses a um ano e para um promotor foi superior a um ano.

No que diz respeito à perceção dos apoios recebidos desde o surg-imento da ideia de negócio até ao presente a maioria (12 elementos) refere ter tido apoio ao nível de aconselhamento e apoio técnico. Ape-nas onze referiram ter tido apoio financeiro, o que nos leva a concluir que o facto do MC ser uma dívida contraída pelo próprio, mas cujo pagamento dos juros é assegurado pelo Governo Regional não é con-siderado como apoio financeiro para sete promotores entrevistados.

Relativamente à sua opinião relativamente à duração e incidência dos apoios recebidos nove promotores (50%) avalia como rápido, pelo contrário quatro promotores consideraram-no muito moroso (ver quadro n.º 18).

Para dois promotores o apoio da Agência MC deveria ser de âm-bito mais abrangente. Houve ainda um promotor que considera que o prazo de amortização da dívida é muito extenso e outro que é um processo muito burocrático.

Comentários em relação à incidência e duração dos apoios

Frequência Percentagem

Muito moroso 4 22,2

Prazo de amortização da dívida muito extenso 1 5,6

Rápido 9 50,0

Apoio da AM deveria ser mais abrangente 2 11,1

Muito burocrático 1 5,6

NS/NR 1 5,6

Total 18 100,0

Quadro n.º 18: Comentários em relação à incidência e duração dos apoios recebidos

3.6. Estratégia Empresarial

A maior parte dos promotores MC, em análise, constituíram-se sob a forma jurídica de ENI – Empresários em Nome Individual, correspondendo a 16 promotores (90%). Apenas 2 promotores estão constituídos como sociedade unipessoal, sendo que destes apenas um iniciou a atividade nesta forma jurídica, tendo o outro se constituído inicialmente como ENI e com a evolução do negócio (aumento do volume de negócios) teve, por imposição legislativa, de alterar para sociedade.

No que concerne aos principais desafios que enfrentaram para con-solidar a sua empresa após a fase de arranque e de implementação, cinco promotores apontaram a angariação e fidelização de clientes (correspondendo a 27,8% conforme quadro n.º 19).

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Constata-se a necessidade de alguns dos promotores alvo de análise abarcarem mais que uma área de atividade, de modo, a obterem um rendimento suficiente. Temos o exemplo de uma empresária que ini-cialmente dedicava-se a três áreas (pequenas reparações de construção civil, limpezas e jardinagem) e que atualmente ainda alargou o seu âmbito de atuação a mais três atividades (venda de produtos naturais, vending automático e apoio à 3.ª idade).

Esta estratégia afigura-se muito importante como reforço do negócio, ou seja, trata-se de uma inovação “pacote integrado” aproveitando no mercado um nicho de complementaridade ao nível das oportunidades do apoio domiciliário.

Temos ainda o exemplo de um outro promotor ligado ao ramo au-diovisual que teve de expandir os serviços prestados diversificando as suas atividades, de modo a garantir o seu sustento “nunca imag-inei que fosse ser desta forma… neste momento uso mais a câmara para ensinar crianças a filmar, do que propriamente a filmar”.

Estes dois exemplos corroboram o estudo da OCDE30 que indica “o empreendedorismo paralelo envolve um empreendedor a operar em dois ou mais negócios ao mesmo tempo. As vantagens incluem a capacidade para o empreendedor de oferecer bens e serviços com-plementares, criando sinergias entre os dois empreendimentos, ou combinando negócios com diferentes estágios de desenvolvimento para ajudar a estabilizar o seu rendimento”.

A angariação de fornecedores, as dificuldades de tesouraria e a elevada carga fiscal foram apontados por dois promotores cada (11,1%).

De referir que seis indivíduos não responderam a esta questão.

Principais Desafios Frequência PercentagemAngariação/fidelização de clientes 5 27,8

Angariação/fidelização de fornecedores 2 11,1

Dificuldades de tesouraria 2 11,1

Elevada carga fiscal 2 11,1

Outros 1 5,6

NS/NR 6 33,3

Total 18 100,0

Quadro n.º 19: Quais os principais desafios que enfrentou para consolidar a sua empresa após a fase de arranque/implementação

30 Cf. OECD/European Union (2014). The Missing Entrepreneurs – Policies for inclusive entrepreneurship in Europe, OECD Publishing, pág. 20.

A maioria dos entrevistados não efetuou investimento além do previsto inicialmente aquando da constituição do Dossier de Confi-ança, 72,2%.

27,8% correspondendo a cinco promotores referem ter efetuado investimentos além dos previstos inicialmente, mais concretamente em equipamentos e formação.

Quando questionados se consideram que o seu produto ou serviço é inovador, a maioria dos promotores considera que sim, 61,1%. 27,8% considera que não.

Dos que consideram ser inovadores a maioria considera esta in-ovação no sentido em que têm um produto ou serviço único na região ou localidade onde estão implementados (5 promotores), dois promo-tores apontam possuir um produto inovador e dois apontam as suas próprias características pessoais como sendo este o fator de inovação.

Será interessante referir que a questão da ausência de inovação dos produtos ou serviços não é um problema exclusivo das iniciati-vas de ‘Empreendedorismo Inclusivo’, se compararmos estes dados com o Estudo GEM Açores, concluímos que mesmo nas iniciativas de empreendedorismo ‘regulares’ a criatividade das áreas de negócio é diminuta, uma vez que 42% dos novos empreendedores consideram existir alguns negócios com produtos ou serviço semelhantes aos seus, e 38,5% consideram existirem muitos negócios com produtos e serviços semelhantes.31

A maioria dos inquiridos considera que o seu nível de produção está abaixo da sua capacidade, 44,4%, enquanto que 38,9% consid-eram que não. De referir que 3 promotores não souberam responder a esta questão.

Os motivos apontados para o nível de produção estar abaixo da sua capacidade prendem-se principalmente com a conjuntura do país atual de desemprego elevado (apontado por quatro promotores), ex-istência de muita concorrência (dois), falta de meios, nomeadamente de acesso ao crédito (dois) e falta de capacidade de contratação de colaboradores (um).

31 Cf. Centro de Empreendedorismo da Universidade dos Açores, et al. (2010). GEM Açores 2010 – Estudo sobre o Empreendedorismo. Açores, pág. 29

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Em relação à pergunta se planeiam introduzir alguma inovação no seu negócio, a maioria com 44,4% respondeu que sim. Destes, e conforme quadro n.º 20, quatro promotores indicam que o campo alvo de alteração será em novos produtos ou serviços, 36,4%.

Seguindo-se com 27,3% promotores que pretendem alterar a sua imagem publicitária.

Em que campo Frequência PercentagemNovos produtos e/ou serviços 4 36,4

Imagem publicitária 3 27,3

Comercialização 1 9,1

Outro 3 27,3

Total 11 100,0

Quadro n.º 20: Em que campo planeia introduzir inovação no seu negócio

Em relação a fazerem promoção de vendas de algum tipo, catorze promotores (correspondendo a 77,8%) referem fazê-lo. Destes a maio-ria indica que a via que se tem mostrado mais eficaz é através da internet, 25%, seguindo-se a divulgação pessoal, 18,8%.

As vias da publicidade na imprensa local e as exposições foram apontadas por 12,5% dos promotores (em ambas as vias) – ver quadro n.º 21.

Qual a via mais eficaz Frequência PercentagemPublicidade na imprensa regional/local 2 12,5%

Divulgação pessoal 3 18,8%

Exposições 2 12,5%

Internet 4 25,0%

Outro 5 31,3%

Total 16 100,0

Quadro n.º 21: Qual a via de promoção de vendas que se tem mostrado mais eficaz

Em relação à existência de concorrência com outras empresas apenas um promotor refere que não tem concorrentes, de salientar que este último refere não ter concorrência por se dedicar à atividade piscatória, ou seja uma atividade sujeita ao regime de quotas por parte da União Europeia.

Conforme quadro n.º 22 constatamos que 83,3% indicam existir concorrência. Para 44,4% a concorrência que existe é forte e para os restantes 38,9% apesar de existir concorrência avaliam-na como sendo fraca.

Concorrência Frequência PercentagemNão existe 1 5,6

Existe, mas fraca 7 38,9

Existe forte 8 44,4

NS/NR 2 11,1

Total 18 100,0

Quadro n.º 22: Existe concorrência ao seu negócio

44,4% dos promotores avalia-se como estando em vantagem em relação aos seus concorrentes. Apontando como principais fatores para esta vantagem a diversidade dos serviços prestados (3 promotores) e a qualidade dos mesmos (3).

Quanto às principais razões para estarem em desvantagem refer-iram a concorrência possuir mais experiências que os próprios (4) e o promotor não ser local (3) e logo não se sentir totalmente integrado na comunidade onde implementou o seu negócio.

No que concerne à concorrência uma das soluções apontadas como suporte ao desenvolvimento sustentável destes micronegócios é precisamente a necessidade de tentarem evitá-la. O que poderá ser atingido através da identificação de pequenos nichos de negócio, da criação de produtos inteligentes, de inovação tecnológica apro-priada e de estratégias “inteligentes” de comercialização32.

32 Henriques, José Manuel, et al. (2012). Survey on Business Start-Up infrastructure, Dinamia’CET. Lisboa, pág. 4.

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O quadro n.º 23 resume as principais razões apontadas pelos pro-motores para os consumidores e clientes preferirem os seus produtos em detrimento dos seus concorrentes.

Constatamos como principal razão a qualidade, 33,3%, seguindo-se o preço e a simpatia, ambos com 16,7% das respostas.

De referir que a maior parte dos promotores indica praticar preços iguais aos seus concorrentes, 38,9%.

33,3%, correspondendo a sete indivíduos, praticam preços mais baixos e apenas um elemento pratica preços mais altos que os concorrentes.

Quando questionados sobre o motivo de não praticarem preços mais baixos, a maioria dos promotores refere que já cobra o mínimo possível, sendo impraticável para manter a atividade baixar ainda mais os preços.

Relativamente a não praticar preços mais elevados a maioria refere não fazê-lo com medo de perder clientes (9) e para fidelizar os clientes (6).

Assim, concluímos que não é pela via do preço mais baixo que se viabilizam pequenos negócios como são o caso destes projetos de microempreendedorismo.

Razão preferência Frequência PercentagemQualidade 6 33,3

Preço 3 16,7

Regularidade de abastecimento 1 5,6

Simpatia 3 16,7

Outro 2 11,1

NS/NR 3 16,7

Total 18 100,0

Quadro n.º 23: Principal razão para os clientes preferirem os seus produtos em detrimento da concorrência

Os clientes regulares representam menos de metade do total das vendas praticadas pelos microempresários, 38,9%. Apenas dois con-sideraram representar mais de metade o que nos leva a concluir a inexistência de uma clientela fixa e regular que dificulta, portanto, a estabilidade destes pequenos negócios.

Quando questionados acerca dos principais problemas e dificul-dades que se tem vindo a colocar na implementação e consolidação do seu negócio denota-se uma grande variedade de problemas apon-tados pelos inquiridos.

Desde a dificuldade de acesso a espaços (3 – 16,7%), a insuficiente capacidade produtiva (2 – 11,1%), o deficiente escoamento da produção (2 – 11,1%), à localização das instalações, à falta de informação estratégi-ca, às deficiências de apoio e acompanhamento técnico, às dificuldades de acesso ao crédito e às condições climatéricas adversas (no caso do pescador que devido ao mau tempo fica muitas vezes impedido de desenvolver a sua atividade piscatória).

Se as condições económicas atuais já são extremamente adversas e difíceis para os negócios tradicionais, estas dificuldades exponenci-am-se nestes micronegócios caracterizados por baixa produtividade, necessidades de capital e trabalho intensivo.

Atingir o salário mínimo nestas condições é um desafio. Para a obtenção deste objetivo as ideias de negócios têm que estar de acordo com as competências individuais do empreendedor e com estratégicas de mercado adequadas à sua situação33.

33 Henriques, José Manuel, et al. (2012). Survey on Business Start-Up infrastructure, Dinamia’CET. Lisboa, pág. 14.

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3.7. Postos de Trabalho e Rendimentos auferidos

Relativamente ao número de postos de trabalho criados pelos 18 promotores entrevistados, constatamos, através da leitura do quadro n.º 24 a criação de 26 postos de trabalho. Destes, 20 são a tempo inteiro e 6 a tempo parcial.

Constatamos ainda que 18 são referentes aos próprios promotores entrevistados e os restantes 8 foram contratações posteriores, ou seja, além da criação do seu próprio emprego, estes empresários criaram 8 novos postos de trabalho (quatro a tempo inteiro e quatro a tempo parcial).

Postos de trabalho Tempo Inteiro Tempo Parcial TotalPromotores 16 2 18

Trabalhadores 4 4 8

Total 20 6 26

Quadro n.º 24: N.º de Postos de trabalho criados

A maioria destes trabalhadores foi recrutada através de relações familiares e de parentesco com os próprios promotores, 27,8%. O que confirma a grande importância das relações informais.

De referir que o motivo principal para as contratações foi o aumento do volume de trabalho (indicado por 7 promotores), apenas um promo-tor referiu a falta de conhecimentos específicos como motivo para ter contratado trabalhadores.

A maioria dos trabalhadores contratados possui o 1.º e o 3º Ciclo (3 trabalhadores cada), conforme quadro n.º 25.

Habilitações Literárias dos trabalhadores

Tempo Completo Tempo Parcial Total

Ensino Superior - - -

Ensino Secundário 1 - 1

3º Ciclo (9º ano) 2 1 3

2º Ciclo (6º ano) 1 - 1

1º Ciclo (4º ano) - 3 3

Não sabe ler, nem escrever - - -

Total 4 4 8

Quadro n.º 25: Habilitações literárias dos trabalhadores contratados

De ressaltar ainda que nove promotores mencionam que tem vindo a beneficiar de ajuda a título não oneroso. Três através do apoio dos filhos, dois do cônjuge, dois de outros familiares e dois de amigos.

Os outros nove promotores entrevistados referem nunca ter tido ajuda voluntária e não onerosa.

No que diz respeito à percentagem do rendimento proveniente através do negócio implementado pelo MC no total do rendimento familiar, a maioria dos promotores não respondeu à questão – com 38,9%, conforme quadro abaixo.

Quatro promotores declararam que o rendimento proveniente através da atividade apoiada pelo MC representa 100% do total de rendimentos auferidos, visto constituir a única atividade desenvolvida pelo agregado familiar.

Para outros quatro o rendimento representa cerca de 25% do total de rendimentos auferidos pelo agregado familiar. Dois promotores referem representar metade e um 75%.

% MC no Rendimento Familiar

Frequência Percentagem

100% 4 22,2

75% 1 5,6

50% 2 11,1

25% 4 22,2

NS/NR 7 38,9

Total 18 100,0

Quadro n.º 26: Percentagem do rendimento do MC no total do rendimento familiar

Em relação à remuneração note-se que 14 promotores referem auferir vencimentos mensais inferiores a 600,00 €, conforme quadro n.º 27.

Apenas dois promotores informam obter rendimentos mensais supe-riores a 1.000,00 €. Um destes promotores tem uma oficina de mecânica e outro um gabinete técnico de arquitetura e desenho.

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Importa ainda salientar a instabilidade destas remunerações que variam por vezes ao longo do ano (tendo em conta a sazonalidade de alguns negócios) ou mesmo mês a mês. Esta realidade é geral já que muitos dos negócios geram apenas modestos rendimentos, sendo comuns, retornos abaixo dos 10.000,00 € anuais34.

Além deste aspeto constata-se que os homens, por norma, tem rendimentos superiores às mulheres35.

RemuneraçãoPromotores Empregados

Tempo Completo

Tempo Parcial

Tempo Completo

Tempo Parcial

Superiores a 1.000,00€ 2 - - -

800,00€ a 1.000,00€ - 1 - -

600,00€ a 800,00€ 1 - - -

400,00€ a 600,00€ 4 - 5 -

200,00€ a 400,00€ 3 - - 1

Inferior a 200,00€ 5 1 - 1

NS/NR 1 - - -

Total 16 2 5 2

Quadro n.º 27: Rendimentos auferidos pelos promotores e trabalhadores

3.8. Perspetivas Futuras

No que diz respeito à sua perceção em relação ao futuro a maioria considera que o número de postos de trabalho se manterá (72,2%).

Seis promotores declaram mesmo estar a planear efetuar novos investimentos. Destes, metade refere que os mesmos serão finan-ciados com recursos da própria empresa. Estes investimentos terão destinos variados como na melhoria das infraestruturas (4), aquisição de equipamentos (2), expansão de novos serviços e atividades (2) e aquisição de ativos biológicos (1).

34 Cf. OECD/European Union (2014). The Missing Entrepreneurs – Policies for inclusive entrepreneurship in Europe, OECD Publishing, pág. 67.

35 Cf. Idem, pág. 64.

Seis promotores referem estar mais otimistas em relação à situação atual do seu negócio do que há seis meses atrás.

Quatro (22,2%) referem estar menos otimistas e três não estão nem mais nem menos otimistas – quadro n.º 28.

Situação actual do seu negócio

Frequência Percentagem

Mais 6 33,3

Menos 4 22,2

Igual 3 16,7

NS/NR 5 27,8

Total 18 100,0

Quadro n.º 28: Estás mais ou menos otimista sobre a situação atual do seu negócio, do que estava há seis meses atrás

Relativamente à tendência do volume de encomendas no último ano 33,3% avalia ser uma tendência decrescente (seis promotores).

16,7%, correspondendo a três promotores, considera que tem vindo a subir. A mesma percentagem considera que o volume de encomendas tem vindo a estabilizar conforme quadro n.º 29.

Quanto ao montante de produção, três promotores consideram que subiu, outros três consideram que desceu e quatro que estabilizou.

Volume de Vendas Montante da Produção

Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Subir 3 16,7 3 16,7

Estabilizar 3 16,7 4 22,2

Descer 6 33,3 3 16,7

NS/NR 6 33,3 8 44,4

Total 18 100,0 18 100,0

Quadro n.º 29: Tendência do último ano relativamente ao volume de encomendas e de produção

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Não obstante o verificado no último ano a maioria dos promotores está otimista em relação ao próximo ano, considerando que os mesmos irão manter-se ou mesmo subir – ver quadro n.º 30.

Apenas um promotor pensa que ambos irão diminuir.

Volume de Vendas Montante da Produção

Frequência Percentagem Frequência Percentagem

Subir 4 22,2 3 16,7

Estabilizar 7 38,9 6 33,3

Descer 1 5,6 1 5,6

NS/NR 6 33,3 8 44,4

Total 18 100,0 18 100,0

Quadro n.º 30: Tendência esperada para o próximo ano relativamente ao volume de en-comendas e de produção

No que diz respeito ao destino dos lucros futuros da atividade, quatro promotores pensam em reinvestir no negócio, quatro referem que serão para o sustento do agregado familiar, havendo ainda um promotor que pretende amortizar a divida MC.

3.9. Avaliação da medida MC pelos Promotores

A maioria dos entrevistados, com 55,6% (10 promotores) afirma que não poderiam ter concretizado a sua ideia de negócio sem o MC, nas palavras de um dos promotores “…nos primeiros 6 meses (refer-indo-se à situação de desemprego), eu não tinha interesse nenhum, não sabia, não ia buscar isso! Ao fim de 6 meses quando apareceu a proposta do Microcrédito, para criar a minha própria empresa, foi aí que eu me despertei! Foi aí que eu fui buscar, quer dizer se isso dá para um lado e dá para o outro, eu vou experimentar, vou-me meter, se der para mim…”.

Sete (38,9%) referem que consideram que o poderiam ter feito mesmo sem este apoio e uma pessoa refere que não sabe se teria ou não sido possível avançar com a implementação do seu negócio sem o apoio do MC, não por terem acesso ao crédito (normal), uma vez que se encontravam numa situação de desemprego, mas por possuírem uma estrutura familiar capaz de os apoiar “… para não ir buscar ajuda ao meu pai que já me tinha ajudado durante 6 anos”.

No entanto, quando solicitados a explicar os motivos desta respos-ta treze promotores referem que não teriam acesso ao crédito pelas vias normais daí que não teriam implementado o negócio “Estava desempregado há mais de um ano e fui sempre tentando (referin-do-se à obtenção de financiamento), mas nunca me emprestaram o dinheiro só aqui no MC.”

Os restantes cinco promotores acreditam que teriam na mesma implementado o seu negócio mas com menores condições.

Onze microempresários indicaram que aquando da implemen-tação do seu negócio tinham conhecimento da existência de outros sistemas de investimento (além do MC). Os motivos para não terem enveredado por outro sistema de apoio sem ser o MC foram muito variados. Desde o acharem que o MC era o mais enquadrável face ao negócio a implementar, não possuírem capital próprio, não quererem ir para um regime obrigatório de contabilidade organizada ou ter de abrir uma sociedade, ou até por considerarem que o MC era o mais ideal no sentido “de dar um passo de cada vez” na vida do seu negócio.

Cinco promotores informaram que não tinham conhecimento de outros sistemas de apoio além do MC e dois não responderam à questão.

Apesar do financiamento ainda ser um obstáculo ao empreende-dorismo, tendo em conta o público-alvo destes programas, existem outras dimensões com maior prioridade e importância, tais como, a formação e o mentoring e coaching essenciais para promover as oportunidades de sucesso destas iniciativas empresariais36.

Entre as principais barreiras que estes públicos fragilizados ao nível socioeconómico, têm de ultrapassar para criar o seu próprio negócio, contabilizam-se as barreiras de mercado, as barreiras culturais, as barreiras de competências e as institucionais37.

36 Cf. Henriques, José Manuel, et al. (2012). Survey on Business Start-Up infrastructure, Dinamia’CET. Lisboa pág. 37 e Cf. Communication From The Commission to the Council, The European Parliament, the European Economic and Social Committee and the Committee of the Regions (2007) – A European Iniciative for the Development of Micro-credit in Support of Growth and Employment, pág. 8.

37 Cf. OECD/European Union (2013). Policy Brief of Evaluations of Inclusive Entrepreneurship Programmes – Entrepreneurial Activities in Europe, Publications Office of European Union, pág. 10.

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É de realçar a relação existente entre as barreiras de mercado e as barreiras culturais, no caso de 3 microempresários que tinham tido uma experiência prolongada de vida fora do Arquipélago, no-ta-se o desajuste das elevadas expectativas que tinham aquando da fase de candidatura, e posteriormente os constrangimentos na fase de desenvolvimento do negócio “Eu já fiz alguma coisa similar na América, mas era jardins de água com peixes e coisas assim. Eu pensei que ia ser fácil aqui, mas algumas pessoas não querem fazer negócio com pessoas que não conhecem…”.

Outro entrevistado aponta uma situação similar “… já me dis-seram, na cara “Nós preferimos dar o trabalho à pessoa da terra”.”

Este poderá ser considerado um entrave específico às iniciati-vas de ‘empreendedorismo inclusivo’ em meio rural, onde os laços familiares e de vizinhança ainda assumem um peso significativo na escolha dos consumidores. Saliente-se que este constrangimento não foi apontado por nenhum dos promotores da ilha de S. Miguel, que apresenta uma dinâmica empresarial diferente das restantes ilhas do arquipélago.

À necessidade de ajustamento e flexibilização dos programas de fi-nanciamento e de animação tanto ao público como aos tipos de negócios que poderão ser criados através destas iniciativas38, junta-se a neces-sidade destes terem em consideração as especificidades territoriais e comportamentos das comunidades, de modo a aumentar a probabili-dade de sucesso destes micronegócios.

Caso o MC não tivesse sido aprovado o volume de investimento efetuado pelos promotores teria sido de 155.500,00 €, ou seja, os promotores indicam que teriam realizado menos 42.200,00 € do que o total do investimento de facto efetuado.

Quanto ao balanço que faz em relação à abertura do seu negócio a maioria dos inquiridos, 66,7%, correspondendo a 12 promotores con-siderou um balanço positivo. De salientar a não resposta por parte de 2 auscultados.

38 Cf. OECD/European Union (2013). Policy Brief of Evaluations of Inclusive Entrepreneurship Programmes – Entrepreneurial Activities in Europe, Publications Office of European Union, pág. 13.

22,2% (4 elementos) avaliaram como negativo, estes são essen-cialmente os promotores que encerraram o seu negócio sem sucesso e que consideram ter ficado numa situação pior do que a que estavam antes da sua candidatura, nas palavras de um dos entrevistados “Porque atualmente encontro-me em pior situação do que aquela que estava”, talvez completada com o comentário de outro microem-presário “Em 2008 não devia dinheiro a ninguém, e agora devo!”, ou daqueles cujo negócio está a passar por graves dificuldades.

Em relação à questão: “se voltasse atrás, sabendo o que sabe hoje, avançava na mesma com esta ideia de negócio?” 44,4% dos entrevis-tados, isto é, oito promotores responderam que sim.

Sendo que cinco promotores justificam esta decisão porque gostam mesmo desta área de negócio e outros dois por gostarem de trabalhar por conta própria.

De salientar que dois promotores referem que avançariam na mes-ma mas noutra área de negócio diferente da atual – “…sim teria sido isso, ir tentando… explorar um pouco mais. Eu acho que na altura, mais uma vez levado pelo otimismo que se vivia na altura, avancei um pouco sem conhecer a ilha, sem conhecer o local…”

Sete promotores (38,9%) declararam que não teriam avançado com esta ideia de negócio e 16,7% (três promotores) não responderam à questão.

3.10. Impacto da medida MC nos Açores

Uma das questões fundamentais quando falamos da avaliação de políticas públicas são os recursos públicos envolvidos na sua concretização.

Assim, tentámos calcular o efeito líquido da Medida Microcrédito comparando os recursos públicos envolvidos no pagamento dos juros bancários aos beneficiários desta Medida (incluindo também o mon-tante despendido no caso dos projetos que entraram em insolvência), com os recursos públicos envolvidos no pagamento do Rendimento Social de Inserção.

Teremos, no entanto, de salientar o facto deste exercício não se mostrar totalmente completo, pois se por um lado conseguimos identifi-car os recursos públicos implicados de forma direta com os promotores Microcrédito, bem como o montante das contribuições destes últimos à segurança social, não conseguimos apurar corretamente as receitas auferidas pelo Estado em termos de IVA, IRS e IRC.

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Por outro lado, ficaram também excluídas desta análise as despesas públicas envolvidas com a implementação e gestão da Medida Micro-crédito, ou seja, o montante despendido pelo Governo Regional com o funcionamento e gastos com o pessoal. Mas tal análise, para ser cor-retamente realizada, implicaria a comparação entre essa despesa e a despesa com a implementação de outras medidas públicas de combate ao desemprego, à pobreza e à exclusão social, dados esses a que também não tivemos acesso.

Partindo da análise dos 37 projetos Microcrédito implementados, onde estão incluídos tanto os processos em que os promotores liquidaram a dívida antecipadamente, como os processos que entraram em insolvência, criámos 4 cenários de forma a que os resultados obtidos contribuam para a clarificação exploratória das receitas e despesas públicas envolvidas na implementação de uma medida desta natureza.

Será importante salientar que na análise dos recursos públicos en-volvidos no pagamento do Rendimento Social de Inserção, foi calculada a despesa do Estado com todo o agregado familiar, uma vez que a criação do próprio emprego não tem apenas implicação na vida do promotor, mas sim de toda a envolvente familiar, e que caso este não tivesse sido criado tal teria implicações na sua situação socioeconómica.

Cenário 1:

\ Encargo por parte do Governo Regional com o Rendimento Social de Inserção até à idade de Reforma do Indivíduo (65 anos).

\ Indivíduo não consegue arranjar trabalho por conta de outrem, nem procede à Criação do seu Próprio Emprego.

\ Foram Utilizados os valores de RSI em vigor.

Cenário 2:

\ Encargo financeiro por parte do Governo Regional com a Me-dida de Apoio ao Microcrédito Bancário. Estes valores foram comparados tendo em conta o pressuposto que o indivíduo não consegue arranjar trabalho por conta d’outrem, nem procede à Criação do seu Próprio Emprego, até à idade de Reforma (65 anos).

\ Utilizou-se o valor da Segurança Social atual para Empresários em Nome Indivídual (124,09 €).

Cenário 3:

\ Compara as despesas que o Governo teria de suportar com uma pessoa que não consegue arranjar trabalho por conta d’outrem, nem procede à Criação do seu Próprio Emprego, permanecendo assim dependente dos apoios sociais. Para o cálculo destas despesas teve-se em consideração o prazo de amortização do empréstimo.

Cenário 4:

\ Comparar a despesa por parte do Governo Regional, no que re-speita ao pagamento de juros e insolvências dos negócios, com a receita obtida por parte do Estado, caso o indivíduo tenha optado pela Candidatura ao Microcrédito Bancário.

\ Foi considerado o Prazo de Amortização do empréstimo.

\ Foi considerado o Salário Mínimo Regional atualizado (530,25€).

Resultados Obtidos

Caso os promotores recebessem o Rendimento Social de Inserção, até à idade da reforma, não tendo conseguido emprego por conta de outrem ou não tivessem criado o seu próprio emprego, o Governo Regional teria uma despesa total na ordem dos 2.989.649,16 €.

Recorrendo novamente ao universo das 37 pessoas e pressupondo a eventualidade da permanência no desemprego, mas neste caso sub-sidiadas através do Rendimento Social de Inserção, e considerando-se para efetivação deste cálculo o Prazo de Amortização do Empréstimo Microcrédito, como período temporal, o Estado suportaria encargos com estas famílias na ordem dos 752.702,40 €.

Considerando a possibilidade do promotor criar o seu próprio emprego através da Medida de Apoio ao Microcrédito Bancário, considerando-se como período temporal o Prazo de Amortização do empréstimo, o Estado teria um encargo de 78.357,79 €, com o paga-mento juros do empréstimo.

Findo ente prazo, e considerando a idade da reforma, apura-se o valor que reverte a favor da Segurança Social por parte dos 37 Em-presários em Nome Individual que se cifra nos 1.420.582,32 €.

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Nestes moldes conclui-se que o valor investido pelo Governo Regional no apoio à criação do auto-emprego, no âmbito desta Medida de apoio, embora seja a longo prazo, é compensatório, verificando-se deste modo o retorno do investimento nos projetos apoiados, além das receitas pro-venientes dos mesmos e que revertem a favor do Estado.

Para uma maior elucidação das conclusões acima descritas, apre-senta-se a seguinte tabela que contém os pressupostos utilizados neste estudo, e que permite avaliar o impacto da Medida Microcrédito.

Avaliação do Impacto da Medida MC

Indi

vídu

o nã

o é

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-sus

tent

ável

(Não

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de o

utré

m) Encargo do Estado até

à idade da reforma2.989.649,16 €

Encargo do Estado: Período temporal igual ao prazo de amortização do empréstimo MC

752.702,40 €

Indi

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rio

empr

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avés

da

Med

ida

MC

)

Peso do Encargo

na Receita

% da Receita relativamente

à Despesa

Receita do Estado até à idade da reforma do indivíduo (apenas Segurança Social)

1.420.582,32 € 5,52% 94,48%

Receita do Estado: Período temporal igual ao prazo de amortização do empréstimo MC

343.977,48 € 24,21% 75,79%

Encargo com o Estado com o Pagamento de Juros

78.357,79 €

Após análise do quadro acima descrito constata-se que não sendo o indivíduo auto-sustentável, o Governo Regional teria um encargo financeiro com pagamentos no âmbito do Rendimento Social de In-serção, que varia entre os 752.702,40 € e os 2.989.649,16 €.

Pressupondo que o indivíduo cria o seu próprio emprego, através da Medida Microcrédito, a receita do Estado proveniente dos Pag-amentos das Contribuições à Segurança Social pelos promotores, varia entre os 343.977,48 € e os 1.420.582,32 €. Estes montantes dependem do período temporal da atividade, o que traduz um ganho por parte do Governo Regional que varia entre os 75,79% e os 94,48%, respetivamente.

De salientar que foi utilizado o Rendimento Social de Inserção como valor de referência, uma vez que este é proveniente das verbas disponíveis pela Segurança Social, que suportam esta despesa junto dos agregados familiares. Neste seguimento, e de forma a manter a concordância e consistência entre os valores analisados, foram utilizados como receita do Estado, os Pagamentos das Contribuições à Segurança Social por parte dos contribuintes (amostra de 37 pro-motores MC), como termo comparativo para a avaliação do impacto da Medida Microcrédito, em termos económicos.

Face ao exposto concluí-se que o apoio prestado aos projetos submeti-dos à Medida de Apoio ao Microcrédito é compensatório e remunerado, pelo recebimento das Contribuições por parte dos promotores.

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IAnálise do perfil dos candidatos MC e formandos em Empreendedorismo Análise do perfil dos candidatos MC e formandos em Empreendedorismo

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Parte II

Análise do Perfil dos candidatos MC e Formandos em Empreendedorismo

4. Enquadramento e Definição da “amostra”

O ‘Empreendedorismo Inclusivo’ representa o potencial do empreendedor não tradicional para o estabelecimento de uma atividade por conta própria (autoemprego ou a criação

de um pequeno negócio/empresa) como resposta de combate à sua situação de desemprego39.

O ‘empreendedor inclusivo’ distingue-se dos dois tipos tradicionais de empreendedores (Baumol, 1993): o que implementa uma nova empresa independentemente de neste ato haver ou não inovação e o que transfor-ma as suas ideias (inovadoras) em entidades economicamente viáveis.

Neste estudo quando falamos em ‘empreendedorismo inclusivo’ estamos a definir os empreendedores que criam (ou tentam) um negócio não por este ser inovador ou resultar de uma análise de mercado, mas sim para colmatar um fator interno a eles próprios – a sua situação de desemprego que face à conjuntura atual também não seria resolvida pelas vias tradicionais (emprego por conta de outrem).

O que distingue o ‘empreendedor inclusivo’ é que senão fosse a sua situação de desemprego nunca sequer pensaria em ter um negócio por sua conta – empreendedorismo por necessidade.

Os 308 potenciais empreendedores inquiridos resultam da aplicação do inquérito por questionário (anexo n.º III) a todos os indivíduos que até à data apresentaram candidatura à Medida do Governo Regional – Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário nos Açores e a todos os formandos que frequentaram um curso de formação em Empreendedorismo (na Cresaçor ou no Centro de Empreendedorismo da Universidade dos Açores).

Ressalvamos portanto que estes inquiridos, independentemente de terem ou não experiência como empreendedores, já foram alvo da

39 Plaza, Gonçalo Duque (2010). O Microcrédito – uma ferramenta de empreendedorismo inclusivo. Tese de Mestrado em Economia Social e Solidária, ISCTE-IUL, 2010, pág. 15.

divulgação dos apoios ao empreendedorismo, mesmo que diminuta.De referir que, apesar dos nossos esforços, apenas obtivemos res-

posta destas 308 pessoas, no entanto a nossa estimativa inicial era aplicar este instrumento de recolha de informação a 892 indivíduos. Estes indivíduos aquando da frequência do curso ou candidatura ao MC estavam todos numa situação de desemprego.

Os constrangimentos sentidos nesta obtenção foram diversos: desde os contactos telefónicos já não existirem, às próprias pessoas não mostrarem disponibilidade nesta auscultação.

5. Caracterização dos inquiridos

5.1. Distribuição por Sexo

Através do quadro n.º 31 verificamos que a maioria dos inquiridos, são do sexo feminino (cerca de 52%). Aproximadamente 48% são do sexo masculino.

Sexo Frequência PercentagemFeminino 160 51,9

Masculino 148 48,1

Total 308 100,0

Quadro n.º 31: Distribuição por género

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IAnálise do perfil dos candidatos MC e formandos em Empreendedorismo Análise do perfil dos candidatos MC e formandos em Empreendedorismo

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5.2. Distribuição por Classe de Idades

Relativamente à idade constatamos, através do quadro n.º 32, que cerca de 44% têm entre 26 e 32 anos, estando portanto a maioria dos inquiridos numa faixa etária bastante jovem, fator este concordante com a estrutura etária da população açoriana.

Entre os 33 e os 40 anos tivemos aproximadamente 26% dos in-quiridos. Seguindo-se, com 15% a classe dos 18 aos 25 anos.

As classes de idades acima dos 41 anos contaram, apenas com 15% dos indivíduos o que nos leva a concluir que a maioria dos potenciais empreendedores em análise (isto é, indivíduos que já se candidataram ao MC ou frequentaram uma ação de formação em empreendedoris-mo, dando portanto um 1.º passo na “caminhada empreendedora”) têm menos de 40 anos.

Classe de Idades Frequência Percentagem[18 a 25] 46 14,9

[26 a 32] 136 44,2

[33 a 40] 79 25,6

[41 a 47] 24 7,8

[48 a 55] 20 6,5

[56 e mais] 3 1,0

Total 308 100,0

Quadro n.º 32: Distribuição por classe de idades

5.3. Nacionalidade

Através da análise do quadro n.º 33 verifica-se que a maioria dos formandos é de nacionalidade Portuguesa, 97,4%.

Quatro pessoas são de nacionalidade brasileira representando assim 1,3% dos indagados.

Nacionalidade Frequência PercentagemPortuguesa 300 97,4

Brasileira 4 1,3

Filipina 1 0,3

Argentina 1 0,3

Bangladeshiana 1 0,3

Moçambicana 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 33: Nacionalidade

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5.4. Residência Atual – Distribuição por ilha

Relativamente à residência atual dos auscultados verifica-se que a esmagadora maioria reside atualmente na ilha S. Miguel, aproxi-madamente 79% (cf. quadro n.º 34), seguindo-se a ilha Terceira com 8,1% e a ilha de Santa Maria com 3,9%.

Todas as restantes ilhas apresentam uma representação residual e em relação à ilha do Corvo, não tivemos nenhuma representação.

Esta distribuição vai de encontro à própria distribuição dos proces-sos MC – candidatos e aprovados o que significa a menor propensão ao empreendedorismo nas ilhas de menor dimensão.

Residência Frequência PercentagemSanta Maria 12 3,9

São Miguel 243 78,9

Terceira 25 8,1

Graciosa 1 0,3

São Jorge 3 0,9

Pico 6 1,8

Faial 4 1,3

Flores 1 0,3

Corvo - -

Residência Não Açoriana 13 4,2

Total 308 100,0

Quadro n.º 34: Distribuição por ilha

5.5. Habilitações literárias

Relativamente ao nível de habilitações dos indagados constatamos, através do quadro n.º 35, que a maioria possui a licenciatura (35,7%). Seguindo-se o ensino secundário com aproximadamente 35%.

Cerca de 10% possui o 3.º ciclo. Os níveis de ensino com menor ex-pressão foram o 2.º ciclo, 4,5% e o 1.º ciclo, 1,9%.

Constatou-se ainda a presença de indivíduos com escolaridade pós-licenciatura: 6,2% possuem uma pós-graduação; 6,5% mestrado e 0,3 (correspondendo a um indivíduo) doutoramento.

Estas habilitações são bastante positivas e traduzem a evolução positiva que Portugal tem registado nos últimos anos, já que, no período de 2001 e 2011 assistiu-se a uma aproximação de Portugal à média Euro-peia. No entanto, apesar desta positiva aproximação Portugal continua a apresentar taxas inferiores à média Europeia40.

Habilitações literárias Frequência Percentagem1.º Ciclo (4.ª ano) 6 1,9

2.º Ciclo (6.º ano) 14 4,5

3.º ciclo (9.º ano) 30 9,7

Ensino Secundário (12.º ano) 108 35,1

Licenciatura 110 35,7

Pós-graduação 19 6,2

Mestrado 20 6,5

Doutoramento 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 35: Distribuição por habilitações literárias

Através da tabela de dupla entrada (quadro n.º 36) do género dos indivíduos pelas suas habilitações literárias constatamos que a maior parte das mulheres possui a licenciatura (cerca de 24%). Em relação aos homens a maioria possui o 12.º ano (aproximadamente 18%).

40 Cf. Conselho Nacional de Educação (2012). Estado da Educação 2012 – Autonomia e Descentralização, Editorial do Ministério da Educação e Ciência, Págs. 36 e 37.

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Concluí-se portanto um maior nível de escolarização por parte do sexo feminino em relação ao masculino, o que vai também de encon-tro às estatísticas a nível do país, já que no mesmo período (de 2001 a 2011) a percentagem de mulheres que atingiu pelo menos o nível secundário não só foi sempre mais elevada do que a dos homens, como também evoluiu a um ritmo superior41

Tabela cruzada Sexo pelas Habilitações Literárias

SexoTotal

Feminino Masculino

1.º Ciclo (4.ª ano)Frequência 1 5 6

Percentagem 0,3 1,6 1,9

2.º Ciclo (6.º ano)Frequência 8 6 14

Percentagem 2,6 1,9 4,5

3.º ciclo (9.º ano)Frequência 9 21 30

Percentagem 2,9 6,8 9,7

Ensino Secundário (12.º ano)Frequência 54 54 108

Percentagem 17,5 17,5 35,1

LicenciaturaFrequência 73 37 110

Percentagem 23,7 12,0 35,7

Pós-graduaçãoFrequência 6 13 19

Percentagem 1,9 4,2 6,2

MestradoFrequência 9 11 20

Percentagem 2,9 3,6 6,5

DoutoramentoFrequência - 1 1

Percentagem - 0,3 0,3

TotalFrequência 160 148 308

Percentagem 51,9 48,1 100,0

Quadro n.º 36: Tabela cruzada do género pelas habilitações literárias

41 Cf. Conselho Nacional de Educação (2012). Estado da Educação 2012 – Autonomia e Descentralização, Editorial do Ministério da Educação e Ciência, Págs. 36

5.6. Situação profissional atual

No que diz respeito à situação em relação ao emprego constata-mos, através do quadro n.º 37, que a maioria, 49,7% dos auscultados estão numa situação de desemprego, destes a maior parte, 31,2% é desempregado de longa duração (isto é, há mais de um ano), 15,6 são desempregados de curta duração (há menos de um ano) e 2,9% desempregados à procura do seu primeiro emprego.

Aproximadamente 41% dos inquiridos estão empregados. Corre-spondendo a maioria destes a empregados por conta de outrem (26%) e 14,6% a empresários por conta própria.

Registe-se ainda a existência de 16 indivíduos (5,2%) que estão inte-grados em estágios profissionais ou programas governamentais e 2,3% que estão numa situação atual de estudantes.

Situação Profissional Frequência PercentagemDesempregado à procura de 1.º Emprego 9 2,9

Desempregado á procura de novo emprego (NDLD)

48 15,6

Desempregado à procura de novo emprego (DLD)

96 31,2

Empregado por conta própria 45 14,6

Empregado por conta de outrém 80 26,0

Estagiário ou Programa ocupacional 16 5,2

Estudante 7 2,3

Reformado 1 0,3

NS/NR 6 1,9

Total 308 100,0

Quadro n.º 37: Situação Profissional Atual

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5.7. Preferência relativamente à atividade profissional

Quando questionados acerca da sua preferência relativamente à atividade profissional a maior parte dos interrogados afirma que numa situação em que pudessem optar prefeririam ser trabalhares por conta própria, 59,1%, conforme quadro abaixo.

Em relação aos motivos para esta preferência (cf. quadros em anexo n.ºs IV, V e VI) prendem-se em 1.º lugar com a autorrealização (24,4%), independência pessoal (8,4%) e com gerir o seu próprio tempo (6,8%).

39,3% referem que preferiam trabalhar por conta de outros. Sendo que aqui os principais motivos apontados são o salário fixo e o rendi-mento certo (22,4%), a falta de recursos para iniciar um negócio próprio (3,2%) e a estabilidade no emprego (2,9%) – ver quadros em anexo n.ºs VII, VIII e IX.

Se pudesse optar preferia trabalhar como:

Frequência Percentagem

Trabalhador por conta própria 182 59,1

Trabalhador por conta d’outrém 121 39,3

Ambas 4 1,3

NS/NR 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 38: Preferência relativamente à atividade profissional

Em relação à forma como preferiam trabalhar por conta própria, isto é, se o preferiam fazer sozinhos ou em sociedade, a esmagado-ra maioria, 40,3% (ver quadro n.º 39) refere que preferia efetuá-lo individualmente, enquanto que 23,4% refere que pretende fazê-lo em sociedade, presumindo-se que pretendem assim partilhar o risco associado à abertura de um negócio com uma ou mais pessoas.

Se a sua opção foi trabalhar por conta própria pretende fazê-lo?

Frequência Percentagem

Individualmente 124 40,3

Em sociedade 72 23,4

NS/NR 112 36,4

Total 308 100,0

Quadro n.º 39: Preferência relativamente a trabalhar por conta própria

Relativamente às áreas de negócio que consideram mais interessantes para desenvolver um negócio nos Açores, foram apontadas diversas áreas, na tabela seguinte é possível analisar por áreas gerais de atividade, quais as que tiveram maior escolha.

O turismo surge em destaque – com 19,5% das pessoas a consider-arem a área de maior interesse atualmente para investir nos Açores. De referir que a maior parte dos inquiridos apenas indicou a área geral, não especificando o tipo de atividade. Dos que indicaram o turismo como área preferencial para investir nos Açores, dois apontaram que seria no turismo de habitação, dois no turismo rural, um em agroturismo e outro especificou que seria num hostel.

O comércio e serviços reuniu 14,6%, incluindo-se aqui as áreas que podemos classificar como mais tradicionais (restaurantes, cafés, prestação de serviços na área da beleza, etc.).

Com percentagens muito próximas surge-nos a área social 5,5% (indicada por 17 indivíduos) e a da educação com 5,2% (indicada por 16 indivíduos). Na área da educação estão ideias de negócio relacionadas principalmente como o apoio a crianças (creches e ATLs), idosos (apoio a idosos) e pessoas com necessidades especiais.

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Área de negócio Frequência PercentagemAgricultura 27 8,8

Alimentar 6 1,9

Ambiente 5 1,6

Área social (crianças, idosos, deficientes, etc.) 17 5,5

Artesanato 2 0,6

Comércio e serviços 45 14,6

Design 4 1,3

Educação 16 5,2

Informática 8 2,6

Padaria/doçaria 5 1,6

Pecuária 2 0,6

Transportes 2 0,6

Tecnologias e Telecomunicações 3 0,9

Turismo 60 19,5

Saúde 3 0,9

Outras 16 5,2

NS/NR 87 28,2

Total 308 100,0

Quadro n.º 40: Qual a área que considera mais interessante para iniciar um negócio nos Açores

6. Capacitação para o empreendedorismo

O grupo de questões seguintes foi efetuado com o objetivo de analisar o grau de competências empreendedoras que os inquiridos consideram possuir.

6.1. Experiência e conhecimento

Em relação ao quadro n.º 401 constatamos que a maior parte dos auscultados refere não ter experiência anterior como empresário, 76,3%.

Cerca de 23% referem possuir experiência anterior como empresários.

Possui experiência anterior como empresário?

Frequência Percentagem

Sim 72 23,4

Não 235 76,3

NS/NR 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 41: Experiência como empresário

Apesar da maioria não possuir esta experiência, quando questionados se consideram ter o conhecimento e a experiência para iniciar um novo negócio a superioridade dos inquiridos refere ter estas competências, 62% conforme quadro abaixo.

Apenas 23% considera não deter o conhecimento nem a experiência necessários à abertura de um negócio.

Considera ter o conhecimento e a experiência necessárias para

iniciar um novo negócio?Frequência Percentagem

Sim 191 62,0

Não 71 23,1

NS/NR 46 14,9

Total 308 100,0

Quadro n.º 42: Conhecimento e experiência necessárias para iniciar um novo negócio

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Relativamente à questão se tem familiares ou amigos que desen-volvem ou já desenvolveram uma atividade enquanto trabalhadores por conta própria, 75,3% dos indivíduos afirma que sim – ver quadro n.º 43.

24,4% dos auscultados refere não ter ninguém no seu seio familiar ou círculo de amigos com esta característica.

Tem familiares e/ou amigos que desenvolvem ou desenvolveram uma actividade enquanto

trabalhador por conta própria?Frequência Percentagem

Sim 232 75,3

Não 75 24,4

NS/NR 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 43: Tem familiares e/ou amigos que desenvolvem ou desenvolveram uma ati-vidade por conta própria

Com o intuito de analisar se o facto de terem familiares e ou amigos com experiências enquanto trabalhadores por conta própria influen-cia de alguma forma a autoperceção dos próprios em relação às suas competências efetuou-se as tabelas cruzadas em anexo (anexo n.º X).

Através da análise das mesmas constatamos que o facto de terem familiares ou amigos que desenvolvam ou tenham desenvolvido uma atividade enquanto trabalhadores por conta própria não apresenta relação com o facto de considerarem ter ou não experiência como em-presário (19,6%) – conclusão confirmada pelo teste do Qui-quadrado. No entanto, por observação das tabelas, esta variável já apresenta alguma relação com o facto de considerarem ter o conhecimento e a experiência necessárias para iniciar um novo negócio, 49% das respostas. Contudo esta relação não é estatisticamente significativa – conclusão da aplicação do teste do Qui-quadrado.

6.2. Conhecimento dos apoios ao empreendedorismo existente na RAA

Na tentativa de analisar a perceção da amostra em relação aos apoios ao empreendedorismo ao seu dispor, bem como qual a perceção que têm sobre a criação de uma empresa nos Açores, efetuou-se um conjunto de perguntas (de concordância ou não) que passamos agora a analisar.

Relativamente à análise do quadro n.º 44 constatamos que a esmagadora maioria dos inquiridos concorda que existe nos Açores uma ou mais entidades que apoiam a criação de empresas, 91,2%, destes 38,3% referem concordar totalmente com esta frase e 52,9% referem concordar parcialmente.

Cerca de 8% discordam, sendo que destes 7,1% discordam parcial-mente e 1,3% discordam totalmente.

Existem uma ou mais entidades que apoiam a criação de empresas

Frequência Percentagem

Discordo totalmente 4 75,3

Discordo parcialmente 22 24,4

Concordo parcialmente 163 52,9

Concordo totalmente 118 38,3

NS/NR 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 44: Existem uma ou mais entidades que apoiam a criação de empresas

No que diz respeito à existência de apoio ao empreendedorismo por parte do Governo Regional, conforme quadro n.º 45, constatamos novamente a maioria das pessoas afirmarem que concordam com a frase, 94,8%. Destas 38% concordam totalmente e 56,8% concordam parcialmente.

Apenas 4,8% não concordam que exista apoios do Governo ao Empreendedorismo.

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Este facto leva-nos a concluir que estes potenciais empreendedores, apesar de não terem avançado ou concluído (ainda) o seu projeto ou negócio estão informados acerca das diversas medidas governamentais de apoio ao empreendedorismo. Facto este que resulta, com certeza, dos esclarecimentos obtidos aquando da candidatura dos mesmos ao MC ou da sensibilização existente nos cursos de empreendedorismo para os sistemas de incentivos existentes na RAA – “animação”.

Existem apoios ao empreendedorismo por parte do Governo Regional

Frequência Percentagem

Discordo totalmente 1 0,3

Discordo parcialmente 14 4,5

Concordo parcialmente 175 56,8

Concordo totalmente 117 38,0

NS/NR 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 45: Existem apoios ao empreendedorismo por parte do Governo Regional

Relativamente à existência nos Açores de oportunidades para criar empresas e negócios, constatamos através do quadro abaixo, que novamente a maior parte dos indivíduos concorda com esta frase, 90,2%, destes 33,4% concordam totalmente e 56,8% parcialmente. 9,4% discordam da mesma, sendo que destes 0,6% discordam totalmente (2 indivíduos) e 8,8 parcialmente.

Existem nos Açores oportunidades de criar empresas e negócios

Frequência Percentagem

Discordo totalmente 2 0,6

Discordo parcialmente 27 8,8

Concordo parcialmente 175 56,8

Concordo totalmente 103 33,4

NS/NR 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 46: Existem nos Açores oportunidades de criar empresas e negócios

Em relação à existência de apoios técnicos e financeiros disponíveis aos empreendedores (ver quadros n.ºs 47 e 48) 73,5% dos ausculta-dos referem conhecer alguns dos apoios técnicos disponíveis e 89,9% referem conhecer alguns dos apoios financeiros existentes de apoio.

É, portanto, um facto curioso, analisar que apesar de com percent-agens bastante próximas, os apoios financeiros existentes são mais conhecidos pelos indagados do que os apoios técnicos disponíveis.

Extrapolar este facto à população em geral poderá concluir-se que é feita uma aposta na divulgação, por parte das entidades governa-mentais, superior aos sistemas financeiros e de incentivos existentes do que ao apoio técnico das instituições e/ou entidades que trabalham diretamente com os potenciais empreendedores.

Conhece alguns apoios técnicos disponíveis aos empreendedores?

Frequência Percentagem

Sim 227 73,5

Não 69 22,3

NS/NR 13 4,2

Total 308 100,0

Quadro n.º 47: Conhece alguns apoios técnicos disponíveis aos empreendedores

Conhece alguns apoios financeiros disponíveis aos empreendedores?

Frequência Percentagem

Sim 277 89,9

Não 27 8,8

NS/NR 4 1,2

Total 308 100,0

Quadro n.º 48: Conhece alguns apoios financeiros disponíveis aos empreendedores

Quando lhes foi solicitado para referirem algumas das entidades que os poderiam apoiar no processo de criação de uma empresa a maioria, 30,2% dos inquiridos indicou a Cresaçor, seguindo-se com a mesma percentagem a DRAIC e o CE da UAç, com 6,8% (ver quadro n.º 49).

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Não obstante, considerarmos um facto positivo o reconhecimento demonstrado à Cresaçor enquanto entidade que presta este apoio, principalmente através do Gabinete de Apoio ao Empreendedorismo e Microcrédito Bancário, julgamos não poder extrapolar este facto à sociedade em geral dado os pressupostos aquando da definição da nossa amostra (indivíduos que, pelo menos a maioria, à partida já tiveram um contacto com a Cresaçor através do gabinete já referenciado ou através da formação).

Entidades que apoiam no processo de criação de um negócio

Frequência Percentagem

AQE 11 3,6

Câmara do Comércio 3 1,0

CE Uaç 21 6,8

Cresaçor 93 30,2

DRAIC 15 4,9

Gabinete do Empreendedor 21 6,8

Outros organismos governamentais 21 6,8

Outros 21 6,8

NS/NR 102 33,1

Total 308 100,0

Quadro n.º 49: Entidades que apoiam no processo de criação de uma empresa/negócio

Através da análise do quadro n.º 50 constatamos que grande parte dos inquiridos conhece alguém que iniciou um negócio nos últimos anos, 61,7%. 38% dos indivíduos responderam que não conhecem pessoalmente ninguém com esta característica.

Este facto naturalmente está relacionado com o aumento da na-talidade das empresas nos Açores e no país, já que a dinâmica dos últimos trimestres revela um aumento do número de constituições por cada dissolução.

Em Portugal nasceram 2,3 novas empresas por cada empresa dissolvida, sendo este o número mais elevado dos últimos 5 anos, em média por cada empresa que fecha são constituídas 642.

42 Cf. Barómetro Informa D & B (Março 2014), pág. 12.

Da análise do número de constituições por cada dissolução natural ocorrida por distrito nos últimos 12 meses (março de 2013 a fevereiro de 2014) constata-se que o concelho de Ponta Delgada obteve o maior rácio constituição/dissolução naturais, 4,343.

Constata-se ainda que os novos postos de trabalho estão a ser criados mais pelas novas iniciativas empresariais do que pelas em-presas existentes, tal como acontece em outros países. Entre 2007 a 2011 as pequenas empresas constituem 98% do tecido empresarial e foram responsáveis por 61% do novo emprego criado44.

As pequenas empresas criaram 61% do novo emprego e as empre-sas jovens criaram 46% do novo emprego, mas as pequenas empresas quando são jovens criam 34% do novo emprego e entre os 6 e os 20 anos de idade ainda criam 20% do emprego. Além disso, 6,5% do tecido, representam sozinhas cerca de 18% do emprego criado em cada ano45.

De realçar ainda que, segundo o mesmo estudo “Onde nasce o novo emprego em Portugal?” 93% destas empresas são constituídas unica-mente por pessoas singulares.

Conhece pessoalmente alguém que tenha iniciado um negócio nos últimos anos?

Frequência Percentagem

Sim 190 61,7

Não 117 38,0

NS/NR 1 0,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 50: Conhece pessoalmente alguém que tenha iniciado um negócio nos últimos anos

43 Cf. Barómetro Informa D & B (Março 2014), pág. 42.

44 Cf. Menezes, Teresa Cardoso de, (2013). Onde Nasce o Novo Emprego em Portugal.

45 Cf. Idem..

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6.3. Vontade Empreendedora

Dos 308 inquiridos 191 (62%) referem o desejo de abrir o seu próprio negócio, destes 114 (59,7%) referem ter uma ideia de negócio definida.

No entanto, quando questionados acerca de onde resultou a ideia de negócio que têm obtivemos 174 das respostas (56,5%), ou seja, apesar de apenas 114 referirem possuírem uma ideia de negócio definida uma percentagem maior indica de onde resultou a ideia o que nos leva a concluir que cerca de 60 indivíduos tem uma ideia de negócio apesar de pouco desenvolvida.

23% dos indivíduos referem que a sua ideia de negócio resultou de uma atividade profissional desenvolvida, seguindo-se, com 22,4%, através de um gosto pessoal e 20,7% resultantes de uma oportunidade que identificam no mercado.

As ideias resultantes de formação profissional foram indicadas por aproximadamente 15% dos auscultados.

Apenas 7,5% das pessoas refere como causa o ser uma atividade desenvolvida por familiares ou amigos e 4% de um hobbie ou passa-tempo, conforme quadro n.º 51.

No caso de possuir uma ideia de negócios esta resultou de:

Frequência Percentagem

Actividade profissional desenvolvida 40 23,0

Oportunidade de mercado 36 20,7

Passatempo/hobbie 7 4,0

Gosto Pessoal 39 22,4

Formação profissional 26 14,9

Investimento compatível com os meus recursos 4 2,3

Actividade ser desenvolvida por familiares/amigos 13 7,5

Outro 9 5,2

Total 174 100,0

Quadro n.º 51: No caso de possuir uma ideia de negócios esta resultou de

De ressalvar a importância, aqui novamente constatada, da experiên-cia profissional na escolha de uma ideia de negócio e posteriormente implementação do mesmo. Estes dados convergem com o analisado no ponto 3.6. (quadro n.º 18) em que a razão maioritária dos promotores para escolherem a atividade que implementaram também se deveu à sua experiência profissional anterior enquanto trabalhadores por conta de outrem.

Este facto explica-se principalmente por ser a área de atividade em que se sentem mais à vontade e que “dominam”, todavia poderá dificultar a viabilidade destes negócios por diversos fatores (falta de inovação, existência de concorrentes fortes e diretos, fraca capacidade produtiva, entre outros).

A maior parte dos inquiridos refere que pensa recorrer (ou já recor-reu) a apoios do governo para financiar o seu negócio (numa fase inicial), 38,4% (ver quadro n.º 52).

30,2% indica que pensa recorrer a capital próprio/poupanças, 11,6% recorrerá ou já recorreu a empréstimos bancários e 8,7% a apoio de familiares.

A que fontes de financiamento iniciais pensa recorrer/recorreu para financiar

o seu negócio:Frequência Percentagem

Capital próprio/poupanças 52 30,2

Familiares 15 8,7

Amigos 3 1,7

Empréstimo Bancário 20 11,6

Apoios do Governo 66 38,4

Outro 16 9,3

Total 172 100,0

Quadro n.º 52: A que fontes de financiamento iniciais pensa recorrer/recorre para finan-ciar o seu negócio

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Através da análise do quadro n.º 53, constatamos que a maioria do investimento inicial das empresas foi (ou será) inferior aos 5.000,00 €, 44,4%, o que nos leva a concluir que, tendo em conta o reduzido inves-timento inicial, trata-se da abertura de pequenos negócios – criação do autoemprego.

27% mencionam um investimento inicial na ordem dos 5.000,00 € a 15.000,00 €, 12,7% dos 15.000,00 € a 30.000,00 € e 9,5% (correspondendo a 6 pessoas) indicam um investimento inicial superior a 60.000,00 €.

Caso já tenha criado o seu negócio/empresa qual o valor do

investimento inicial?Frequência Percentagem

Até 5.000,00€ 28 44,4

[5.000,00€ a 15.000,00€[ 17 27,0

[15.000,00€ a 30.000,00€[ 8 12,7

[30.000,00€ a 45.000,00€[ 1 1,6

[45.000,00€ a 60.000,00€[ 3 4,8

Mais de 60.000,00€ 6 9,5

Total 63 100,0

Quadro n.º 53: Caso já tenha criado o seu negócio/empresa qual o valor do investimento inicial

Quando questionados se consideram que a localização de um negócio é importante para o sucesso do mesmo a maioria dos indivíduos refere que sim com 81,3% das respostas.

Apenas 16,1% consideram que este não é um fator importante para o sucesso do seu negócio, tendo em conta a área de atividade do mesmo (conforme o quadro seguinte).

Tendo em conta a sua área de actividade considera que a localização de um negócio é um factor

importante para o sucesso do mesmo?Frequência Percentagem

Sim 91 81,3

Não 18 16,1

NS/NR 3 2,7

Total 112 100,0

Quadro n.º 54: Considera que a localização de um negócio é um fator importante para o seu sucesso

Da análise do quadro seguinte concluímos que aproximadamente 90% dos indivíduos sentem que tem o apoio dos seus familiares para a criação do seu próprio negócio.

Cerca de 10% referem que não se sentem apoiados pela família o que pode vir a constituir um entrave futuro na implementação da ideia que possuem atualmente.

Sente o apoio da família na criação do seu negócio? Frequência Percentagem

Sim 104 89,7

Não 12 10,3

Total 116 100,0

Quadro n.º 55: Apoio Familiar

A partir do quadro n.º 56, alusivo às principais dificuldades sentidas para criar uma empresa, nota-se que a dificuldade mais apontada pren-de-se com o financiamento necessário à implementação da mesma, 42,9%.

36,5% apontam a burocracia exagerada. Todas as restantes dificuldades apresentam percentagens inferiores a 10% e prendem-se com fatores intrínsecos ao indivíduo, como sejam, a falta de experiência enquanto empresário (9,6%), a falta de informação (6,4%), a falta de conhecimentos de gestão (3,8) e a falta de apoio familiar (0,6%).

Estes dados são curiosos tendo em conta o contexto do empreendedo-rismo em Portugal – cultura avessa ao risco e ao empreendedorismo e portanto contraria o aferido neste ponto já que as pessoas não sentem como principais dificuldades as suas próprias características e competências mas sim os fatores externos a elas mesmas e portanto não contornáveis (à partida pelos próprios) como é o facto da burocracia exagerada.

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Quais as maiores dificuldades que sente para criar a sua empresa? Frequência Percentagem

Dificuldades em obter o financiamento necessário 67 42,9

Falta de informação 10 6,4

Burocracia exagerada 57 36,5

Falta de conhecimentos de gestão 6 3,8

Falta de experiência enquanto empresário 15 9,6

Falta de apoio familiar 1 0,6

Total 156 100,0

Quadro n.º 56: Dificuldades sentidas na abertura de uma empresa

Relativamente aos riscos mais temidos caso abrissem uma empresa hoje, o mais apontado é a incerteza dos rendimentos, 35,1%, seguindo-se o medo de não ser bem sucedido com 27,5% e o medo de ir à falência, 16,2% (confirmar com o quadro n.º 57).

Estes dados confirmam as conclusões dos investigadores que de-fendem que o baixo nível de empreendedorismo dos portugueses pode ser explicado por vários fatores, entre eles a predominância de uma cultura avessa ao risco e que é transmitida entre gerações.46

Se pensasse abrir uma empresa hoje, quais os riscos que mais temeria? Frequência Percentagem

Incerteza de rendimentos 121 35,1

Medo de não ser bem sucedido 95 27,5

Medo de ir à falência 56 16,2

Insegurança no emprego 9 2,6

Medo de perder os bens pessoais 12 3,5

Ficar sem tempo para mais nada 16 4,6

Outro 36 10,4

Total 345 100,0

Quadro n.º 57: Riscos mais temidos na abertura de uma empresa

46 Centro de Empreendedorismo da Universidade dos Açores, et al. (2010). GEM Açores 2010 – Estudo sobre o Empreendedorismo. Açores, pág. XIV

No que concerne aos fatores que consideram mais determinantes para o sucesso de um negócio nos Açores os mais apontados foram o gestor que está à frente da empresa, 32,1%, o setor de atividade em que está inserido, 20,5% e o contexto económico, 14,9% conforme quadro n.º 58.

Quais os factores que considera mais determinantes para o sucesso de um

negócio nos Açores? (1.º) Frequência Percentagem

O gestor que está na frente da empresa 99 32,1

O sector em que está inserido 63 20,5

O contexto económico (crise económica) 46 14,9

O acesso ao financiamento 29 9,4

A personalidade do líder da empresa 16 5,2

O contexto político (políticas económicas) 5 1,6

Os contactos pessoais 29 9,4

Outro 14 4,5

NS/NR 7 2,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 58: Fatores determinantes para o sucesso de um negócio

O quadro n.º 59 resume as considerações feitas pelos inquiridos a um conjunto de frases, tendo-lhes sido solicitado que as considerassem como verdadeiras ou falas.

Relativamente à primeira frase “É difícil criar um negócio devido às dificuldades de financiamento” a maioria das pessoas inquiridas considerou a frase verdadeira com 89,3% das respostas. Ou seja, apesar do elevado conhecimento acerca das medidas de apoio e dos incentivos ao empreendedorismo existentes na RAA (conforme vimos na análise anterior no ponto 6.2.) as dificuldades de financiamento são sentidas ainda por um número elevado de indivíduos, sendo a mesma considerada como um entrave (conforme também já visto neste capítulo na análise do quadro n.º 56 – “Quais as maiores dificuldades que sente para criar a sua empresa).

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Também foi considerada como verdadeira, por cerca de 80%, a difi-culdade em criar uma empresa devido à burocracia associada a todo o processo, o que reforça também o analisado no quadro n.º 56, já que a burocracia exagerada foi a 3.º dificuldade mais apontada pelos inquiri-dos (36,5%).

Relativamente à frase “é difícil obter informação relativas à criação de empresas e de apoios” esta foi considerada como falsa pela maioria dos entrevistados com aproximadamente 66% das respostas.

Em relação à 4.ª frase foi considerada verdadeira pela irrefutável maioria, 98,1%, constatando-se assim que quase todos os inquiridos já tem bem presente a importância de efetuar um plano de negócios e estudo de mercado antes de abrir um negócio, de modo a aferir a viab-ilidade do mesmo e assim diminuir o risco associado à abertura de um novo negócio.

Em relação ao clima atual não ser propício à criação de empresas foi considerado verdadeiro por 57,8% e falso por 40,6%. Trata-se portanto da frase que gerou menor consenso entre os auscultados, o que poderá estar relacionado com o contexto atual de grave e prolongada crise económica, em que uns consideram ser um clima avesso a investimentos, mas outros consideram ser também um período de novas oportunidades.

Relativamente às afirmações considera-as

verdadeiras ou falsasVerdadeira Falsa NS/NR Total

É difícil criar um negócio devido às dificuldades de financiamento 89,3 10,4 0,3 100,0

É difícil criar uma empresa devido à burocracia associada a todo o processo

80,2 18,5 1,3 100,0

É difícil obter informações relativas à criação de empresas e de apoios 33,1 65,9 1,0 100,0

Antes de se iniciar um negócio deve sempre elaborar-se um plano de negócios e estudo de mercado que nos possibilite estruturar e analisar a viabilidade do negócio

98,1 1,0 1,0 100,0

O clima económico actual não é propício à criação de empresas 57,8 40,6 1,6 100,0

Quadro n.º 59: Relativamente às afirmações considere-as como verdadeiras ou falsas

6.4. Microcrédito

Em relação à Medida específica do Governo Regional – Micro-crédito bancário, é conhecida por 92,2% dos questionados, conforme quadro n.º 60.

Apenas 5,5% referem não conhecer esta medida de apoio e 2,2% não responderam à questão.

Conhece a medida do Governo Regional de Apoio ao Microcrédito nos Açores Frequência Percentagem

Sim 284 92,2

Não 17 5,5

NS/NR 7 2,2

Total 308 100,0

Quadro n.º 60: Conhece a medida do governo regional de Apoio ao Microcrédito nos Açores

Dos que conhecem a Medida 38% já se candidataram ou pensam candidatar-se no futuro.

Conforme o quadro abaixo 41,9% não se candidatou nem tencio-na fazê-lo.

Em caso afirmativo já se candidatou ou pensa candidatar-se

Frequência Percentagem

Sim 117 38,0

Não 129 41,9

NS/NR 62 21,1

Total 308 100,0

Quadro n.º 61: Em caso afirmativo já se candidatou ou pensa candidatar-se

Relativamente à forma como tiveram conhecimento da existência desta Medida de apoio – MC, através da análise do quadro n.º 62, veri-ficamos que os meios de comunicação social com 27,7% foi a forma mais apontada pelos inquiridos, seguindo-se através de familiares e amigos (a chamada publicidade “boca-a-boca”) com 15,2%.

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A Agência para a Qualificação e Emprego representou 10,6% das respostas, surgindo assim como a 3.ª forma mais indicada. De referir que a AQE tem um papel fulcral no encaminhamento dos cidadãos desempregados, efetuando diversas ações de sensibilização onde en-tre outros assuntos procede à divulgação do CPE-Premium e do MC, como via para a inserção laboral destes indivíduos (apresentando-lhes assim alternativas ao tradicional emprego por conta de outrém).

Como teve conhecimento desta medida? Frequência Percentagem

Através dos órgãos da comunicação social 86 27,7

Através da Agência para a Qualificação e Emprego 33 10,6

Através dos Serviços de Acção Social 8 2,6

Através de familiares/amigos 47 15,2

Através de um promotor Microcrédito 25 8,1

Através de pesquisa própria 11 3,5

Através do Gabinete do Empreendedor 27 8,7

Assisti a um seminário onde foi divulgado o MC 10 3,2

Outro 63 20,3

Total 310 100,0

Quadro n.º 62: Como teve conhecimento desta medida

Quando questionamos esta questão aos promotores MC (ver quadro n.º 16) o meio mais apontado foi a AQE, pelo que podemos concluir que apesar de não ser o único meio de divulgação da medida MC é, provavel-mente o mais eficaz.

Relativamente ao contributo que o MC tem dado na Região, a maior parte dos indivíduos que responderam consideram-no como positivo, 55,8%.

Apenas 7,5% considera que não é um contributo positivo, conforme quadro n.º 66.

Considera que o MC tem dado um contributo positivo ao empreendedorismo nos Açores Frequência Percentagem

Sim 172 55,8

Não 23 7,5

NS/NR 113 36,6

Total 308 100,0

Quadro n.º 63: Contributo da medida MC

Dos inquiridos, 255 indivíduos (82,8%), já frequentaram um curso de formação em Empreendedorismo (conforme anexo n.º XI).

Destes 55,2% frequentou-o no Centro de Empreendedorismo da Universidade dos Açores e 25,3% na CRESAÇOR – ver quadro n.º 64.

Se sim, em que instituição? Frequência Percentagem

Centro de Empreendedorismo na Uaç 170 55,2

Cresaçor 78 25,3

Norma Açores 1 0,3

Outra 4 1,3

NS/NR 55 17,9

Total 308 100,0

Quadro n.º 64: Instituição onde frequentou o curso de formação em Empreendedorismo

Da análise do quadro n.º 65, constatamos que 87% dos indivíduos consideram que este curso é importante para os futuros empresários.

Apenas 2,9%, correspondendo a 9 indivíduos consideram-no sem importância.

Considera que a frequência deste curso é importante para os futuros empresários?

Frequência Percentagem

Sim 268 87,0

Não 9 2,9

NS/NR 31 10,1

Total 308 100,0

Quadro n.º 65: Importância do curso frequentado

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IAnálise do perfil dos candidatos MC e formandos em Empreendedorismo

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Apesar da maior parte já ter frequentado um curso de formação em empreendedorismo, o interesse em frequentar, no futuro, novamente formações nesta área é bastante elevado, como se pode constatar no quadro n.º 66, já que 65,3% afirma que estaria interessado em frequentar uma nova formação em empreendedorismo no futuro.

Apenas 32,5% indica não ter este interesse.

Estaria interessado em frequentar formação em empreendedorismo? Frequência Percentagem

Sim 201 65,3

Não 100 32,5

NS/NR 7 2,3

Total 308 100,0

Quadro n.º 66: Interesse em frequentar formações em empreendedorismo

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IIPotencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo Potencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo

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Parte III

Potencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo

Com o objetivo de analisar as condições territoriais para o desen-volvimento de iniciativas de ‘Empreendedorismo Inclusivo’ e avaliar o funcionamento da Medida Microcrédito numa ver-

tente institucional, recorremos a 3 metodologias diferentes de recolha e análise de informação – aplicação de questionários por inquéritos às entidades regionais com interesse na matéria, realização de contactos “Cliente Mistério” a uma parte das entidades previamente questionadas e concretização de 4 sessões de trabalho – Focus Group.

Mantendo-nos fiéis ao nosso propósito em efetuar uma análise difer-enciada por ilha, deparamo-nos com os mesmos constrangimentos que na análise anterior sobre o perfil dos candidatos ao MC e formandos em empreendedorismo – o facto da Ilha de São Miguel concentrar mais de metade da população do arquipélago, o que consequentemente originou a que para além da maioria dos indivíduos inquiridos no ponto II deste estudo habitarem nesta ilha, também aqui foi consultado um maior número de entidades.

Assim, durante a leitura e interpretação dos dados teremos sempre que ter em consideração que a Ilha de São Miguel apresenta diferenças fundamentais em relação às restantes, tendo um mercado muito mais dinâmico e um maior acesso à informação.

No entanto, para analisar as condições existentes para as iniciativas de ‘Empreendedorismo Inclusivo’ é fundamental ter em consideração as características das unidades territoriais, uma vez que a condicionante localização se encontra, quer relacionada com o risco de pobreza quer com a potenciação das iniciativas empreendedoras.

Entre as formas como as características locais podem influenciar a pobreza, podemos destacar as normas sociais e o ambiente cultural, bem como as características demográficas da população47 como os principais obstáculos ao surgimento das novas iniciativas empresariais, na maioria das ilhas do Arquipélago.

47 Cf. Pereira, Elvira Sofia Leite de Freitas (2010). Contextos territoriais diferentes fazem a diferença no risco de pobreza em Portugal? Em: Revista Sociedade e Trabalho, n.º 41, MTSS, pág. 114.

A Comissão Europeia identificou, em 2008, quatro círculos viciosos da pobreza em áreas rurais48. Será interessante perceber a ligação entre o círculo vicioso do isolamento e o círculo vicioso do mercado de trabalho, e a sua influência no surgimento das iniciativas de ‘empreendedorismo inclusivo’.

Por um lado as carências a nível das infraestruturas, notadas nas ilhas de menor dimensão, afetam o desenvolvimento económico, e por consequência levam a que as pessoas saiam à procura de novas oportuni-dades o que se traduz numa maior quebra demográfica desses territórios, aumentando assim o isolamento destes territórios.49

Da mesma forma que as poucas oportunidades do mercado de trabalho conduzem à emigração da população deixando esses territórios ainda mais carentes de quadros qualificados, limitando consequentemente o investimento empresarial.50

Se o risco de pobreza dos residentes das áreas pouco povoadas corre-sponde ao dobro do risco de pobreza dos cidadãos que residem em áreas densamente povoadas e que a localização é tida em conta como fator potenciador ou limitativo desta realidade51, teremos que ter em consid-eração que as iniciativas de ‘empreendedorismo inclusivo’ são ainda menos passíveis de surgir quanto menor for a dimensão do território e mais isolado este se encontrar. A própria União Europeia reconhece as Regiões insulares como aquelas que apresentam uma maior necessidade de intervenção tendo em vista a coesão económica, social e territorial.52

48 Cf. Pereira, Elvira Sofia Leite de Freitas (2010). Contextos territoriais diferentes fazem a diferença no risco de pobreza em Portugal? Em: Revista Sociedade e Trabalho, n.º 41, MTSS, pág. 114.

49 Idem, pág. 115.

50 Cf. Idem, ibid.

51 Cf. Idem, pág. 113.

52 Henriques, José Manuel (2010). Inovação Social e Coesão Territorial: Contributos EQUAL. Em: Separata do Relatório de Execução Final do Programa EQUAL, Gabinete de Gestão EQUAL (ed.), pág. 28

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IIPotencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo Potencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo

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7. Breve caracterização das instituições inquiridas e dos apoios prestados

Foram aplicados 46 inquéritos por questionário, que representam as 9 ilhas do arquipélago conforme quadro abaixo.

Ilha Frequência PercentagemSanta Maria 4 8,7

São Miguel 13 28,3

Terceira 6 13,0

Graciosa 2 4,3

São Jorge 5 10,9

Pico 7 15,2

Faial 3 6,5

Flores 4 8,7

Corvo 2 4,3

Total 46 100,0

Quadro n.º 67: Distribuição das Instituições inquiridas por ilha

A maioria das instituições questionadas foram organizações não governamentais sem fins lucrativos (IPSS, associações, fundações e co-operativas) e Câmaras Municipais, ambas com 30,4%, conforme quadro n.º 68.

Seguindo-se os organismos governamentais, aqui representados pelos Gabinetes de Empresa existentes em todas as ilhas da Região (exceto Corvo) e pelas câmaras de comércio, ambos com 17,4%.

Tipologia da Instituição Frequência PercentagemONG não lucrativas 14 30,4

Câmara Municipal 14 30,4

Câmara de Comércio 8 17,4

Organismo Governamental 8 17,4

Outra 2 4,3

Total 46 100,0

Quadro n.º 68: Distribuição das Instituições inquiridas por tipologia da organização

78,3% afirma estar a notar uma procura crescente por parte dos cidadãos pelos apoios à criação de empresas, representando os desem-pregados 43,8% desse público, seguindo-se os jovens, com 37,5% e as mulheres com 12,5%.

Característica principal da população que recorrer a este serviço

Frequência Percentagem

Desempregados 21 43,8

Mulheres 6 12,5

Jovens 18 37,5

Outra 3 6,3

Total 48 100,0

Quadro n.º 69: Característica principal das pessoas que recorrem a estes serviços

No que diz respeito aos principais apoios prestados pela instituição a maioria prende-se com esclarecimentos e encaminhamento dos in-divíduos, com 26,4% das respostas.

25,6% refere apoiar ao nível da informação, sensibilização e divulgação e 15,5% prestam apoio técnico às pessoas que acompanham.

De facto prestar apoio e esclarecimentos aos utentes é fulcral enquanto condição de base para o desenvolvimento de iniciativas empresariais, no entanto não devemos esquecer a importância do diagnóstico, pois não interessa apenas perceber o enquadramento legal da área de negócio apresentada, mas também conhecer a sua situação sócio-económica e perfil, de modo a encaminhar o empreendedor para a resposta mais adequada às suas necessidades.

O Governo Regional tem procurado estimular a criação e desenvolvi-mento de novas iniciativas empresarias através da criação de diversos apoios, alguns dos quais poderão ser complementares às iniciativas dos promotores da Medida Microcrédito.

A seleção dos apoios que se adequam à situação socioeconómica destes indivíduos, foi feita segundo dois pressupostos: apoios que não dependem do acesso ao crédito por parte dos promotores; e apoios cujo montante de investimento apresenta um valor bastante reduzido, de-stacamos programas como o CPE-PREMIUM, Integra Start Up, Loja +, Programa de Apoio à Restauração e Hotelaria para a Aquisição de Produtos Regionais e SIDART.

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IIPotencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo Potencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo

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O anexo XII sintetiza o levantamento efetuado de todos os apoios, em vigor à data de conclusão deste Estudo, e indica a forma como estes poderão beneficiar os ‘empreendedores inclusivos’.

Apoios prestados pela instituição Frequência PercentagemFormação em empreendedorismo 8 6,2

Informação/sensibilização/divulgação 33 25,6

Esclarecimentos e encaminhamento 34 26,4

Elaboração do plano de negócios 6 4,7

Elaboração do estudo de viabilidade económico-financeiro

2 1,6

Elaboração do estudo de mercado 3 2,3

Elaboração de candidaturas aos sistemas de incentivo regionais

5 3,9

Ninhos de empresas 6 4,7

Apoio legal na constituição/implementação da empresa

8 6,2

Apoio técnico 20 15,5

Apoio financeiro 3 2,3

Outro 1 0,8

Total 129 100,0

Quadro n.º 70: Apoios prestados pela instituição

De ressaltar que a maior parte das instituições que referiram prestar apoio técnico são as Câmara de Comércio, conforme quadro n.º 71. No entanto, este apoio não deverá ser considerado, enquanto apoio às iniciativas de ‘Empreendedorismo Inclusivo’, uma vez que apenas é disponibilizado aos seus associados, excluindo assim aqueles que ainda não criaram o seu próprio emprego e que por um ou outro motivo não se associaram a esta entidade.

Tipologia da OrganizaçãoApoio Técnico

TotalSim Não

Associação ou Fundação 5,7 22,9 28,6

Câmara Municipal 11,4 8,6 20,0

Câmara de Comércio 20,0 2,9 22,9

Cooperativa de Solidariedade Social 2,9 - 2,9

Organismo Governamental 14,3 8,6 22,9

Outra 2,9 - 2,9

Total 57,1 42,9 100,0

Quadro n.º 71: Tabela cruzada do apoio técnico prestado pela tipologia da organização

De referir que ao nível do apoio legal na constituição da empresa, elaboração do plano de negócios, do estudo de mercado e do estudo de viabilidade económico-financeiro apresentaram percentagem muito pequenas. Incluem-se nestas a CRESAÇOR através do apoio prestado pelo seu Gabinete de Empreendedorismo e Microcrédito Bancário, que para além do acompanhamento e formalização de candidatura à Medida MC, apoia também gratuitamente os desempregados que pretendem apresentar candidatura ao programa CPE-PREMIUM.

Da mesma forma o apoio financeiro também só é referido por 2,3% das instituições inquiridas, (conforme quadro n.º 72) sendo que estas representam duas organizações governamentais e uma associação ou fundação (conforme quadro n.º 76).

Tipologia da OrganizaçãoApoio Financeiro

TotalSim Não

Associação ou Fundação 2,9 26,5 29,4

Câmara Municipal - 20,6 20,6

Câmara de Comércio - 20,6 20,6

Cooperativa de Solidariedade Social - 2,9 2,9

Organismo Governamental 5,9 17,6 23,5

Outra - 2,9 2,9

Total 8,8 91,2 100,0

Quadro n.º 72: Tabela cruzada do apoio financeiro prestado pela tipologia da organização

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No que diz respeito aos 3 ninhos de empresas existentes, e conforme quadro n.º 73, a nível da sua distribuição territorial, dois localizam-se na ilha de São Miguel, estando um sob a alçada da Câmara Municipal de Ponta Delgada e outro da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada. O terceiro localiza-se na ilha do Faial, estando sobre o domínio da Associação de Desenvolvimento Local – Adeliaçor.

Tipologia da OrganizaçãoNinhos de Empresas

TotalSim Não

Associação ou Fundação 2,8 25,0 29,4

IPSS - 2,8 2,8

Câmara Municipal - 27,8 27,8

Câmara de Comércio 5,6 13,9 19,4

Cooperativa de Solidariedade Social - 2,8 2,8

Organismo Governamental - 16,7 16,7

Outra - 2,8 2,8

Total 8,3 91,7 100,0

Quadro n.º 73: Entidades com Ninhos de Empresas

7.1. Perceção dos fatores de potenciação e limitação ao empreendedorismo

Em relação ao fator que mais contribui para que os indivíduos se tornem empreendedores, a maior parte das instituições inquiridas considera ser o fator necessidade, 41,3%, conforme quadro n.º 74.

Seguindo-se a falta de emprego por conta de outrem (fortemente interligado ao anterior já que constituiu uma forma de necessidade) com 34,8% e finalmente a motivação de cada um com 21,7%.

Factores que levam as pessoas a se tornarem empreendedoras

Frequência Percentagem

Motivação 10 21,7

Necessidade 19 41,3

Falta de Emprego por conta d’outrém 16 34,8

Outro 1 2,2

Total 46 100,0

Quadro n.º 74: Fatores que levam as pessoas a se tornarem empreendedoras

Através da tabela cruzada seguinte constatamos que a maioria das instituições que apontaram o fator motivação como principal motivo para as pessoas se tornarem empreendedoras tem sede na ilha do Pico (3 instituições).

Em relação ao fator necessidade a maior parte das organizações que o indicaram são de São Miguel, seguindo-se entidades das ilhas Terceira e Santa Maria.

A falta de emprego por conta de outrém foi referenciada por organi-zações de todas as ilhas, tendo tido maior incidência na de São Miguel.

Mais uma vez apercebemo-nos da forte ligação entre as atividades de ‘empreendedorismo inclusivo’ e o ‘empreendedorismo por necessidade’.

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IIPotencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo Potencialidades e Condicionantes Territoriais ao Empreendedorismo Inclusivo

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Factores que levam as pessoas a se tornarem empreendedoras

Ilha Motivação NecessidadeFalta de Emprego por

conta de outrémOutro Total

Santa Maria

Frequência - 3 1 - 4

Percentagem - 6,5 2,2 - 8,7

São Miguel

Frequência 3 6 3 1 13

Percentagem 6,5 13,0 6,5 2,2 28,3

TerceiraFrequência - 4 2 - 6

Percentagem - 8,7 4,3 - 13,0

GraciosaFrequência - 1 1 - 2

Percentagem - 2,2 2,2 - 4,3

São Jorge

Frequência 1 2 2 - 5

Percentagem 2,2 4,3 4,3 - 10,9

PicoFrequência 3 2 2 - 7

Percentagem 6,5 4,3 4,3 - 15,2

FaialFrequência 1 - 2 - 3

Percentagem 2,2 - 4,3 - 6,5

FloresFrequência 1 1 2 - 4

Percentagem 2,2 2,2 4,3 - 8,7

CorvoFrequência 1 - 1 - 2

Percentagem 2,2 - 2,2 - 4,3

TotalFrequência 10 19 16 1 46

Percentagem 21,7 41,3 34,8 2,2 100,0

Quadro n.º 75: Tabela cruzada dos motivos que levam as pessoas a se tornarem empreen-dedoras pela ilha

Relativamente aos principais receios apontados pelos indivíduos, que cada instituição acompanha na abertura de um negócio, os mais apontados, conforme quadro n.º 76, foram o medo do fracasso: 34,8%, a insegurança face ao futuro: 26,1% e o receio em piorar a sua situ-ação atual (17,4%).

Principal receio das pessoas que acompanham em avançar com a abertura de um negócio

Frequência Percentagem

Medo do fracasso 16 34,8

Receio de piorar a sua situação actual 8 17,4

Insegurança face ao futuro 12 26,1

Insegurança em relação às suas capacidades 1 2,2

Falta de formação em gestão de um negócio 7 15,2

Outro 1 2,2

NS/NR 1 2,2

Total 46 100,0

Quadro n.º 76: Principal receio das pessoas que acompanham e avançar com a abertura de um negócio

Estes dados convergem com as conclusões da aplicação do inquérito aos candidatos ao MC e formandos em empreendedorismo em que o medo de não ser bem sucedido ou de ir à falência foi apontado por 43,7% dos inquiridos como principal receio das pessoas avançarem com a criação de empresas.

Mais uma vez o fator psicológico da aversão ao risco a condicionar fortemente as atitudes empreendedoras.

7.2. Características potenciadoras e limitadoras por ilha

Pedimos às instituições que qualificassem, numa escala de elevado a nenhum, um conjunto de afirmações, de acordo com grau em que consideram que esses fatores constituem um entrave ao empreend-edorismo no seu território de intervenção.

Dos fatores indicados o que foi apontado como maior entrave ao empreendedorismo foi a atual conjuntura de grave crise económi-co-financeira, com 65,2% das entidades a considerarem-no como um entrave “Muito elevado”. Estes dados estão em consonância com os obstáculos apontados pelos promotores microcrédito na fase de consolidação da sua empresa e para o nível atual de produção estar abaixo das suas capacidades, conforme analisado anteriormente no ponto 3.6. deste estudo.

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A elevada carga burocrática (45,7%), a dimensão populacional (37%) e o elevado peso administrativo e legislativo (39,1%) também foram considerados como entraves com muita representação estatística.

Não considerado como um entrave ao empreendedorismo foi a afirmação “falta de programas específicos de apoio ao empreende-dorismo”, o que nos leva a concluir que à semelhança dos potenciais ‘empreendedores inclusivos’ questionados também as instituições estão familiarizadas com os inúmeros sistemas de incentivos existentes nos Açores e ao dispor de qualquer cidadão. Mais uma vez, na análise destes dados devemos ter em consideração que a maioria das respos-tas provem da ilha de São Miguel, onde o acesso à informação, quer seja através de gabinetes de apoio, formação ou seminários, é maior.

Frase

Escala

Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum

Dimensão populacional (reduzida e dispersa)

37,0 37,0 13,0 8,7 2,2

Falta de programas específicos de apoio ao empreendedorismo

2,2 15,2 19,6 26,1 32,6

Dificuldades de acesso a mecanismos de suporte financeiro

28,3 39,1 21,7 8,7 2,2

Inexistência de uma educação para o empreendedorismo

28,3 21,7 32,6 10,9 4,3

Número reduzido de empresas 13,0 15,2 21,7 26,1 21,7

Conjuntura actual de grave crise económico-financeira

65,2 23,9 4,3 - 4,3

Elevada carga burocrática 45,7 34,8 17,4 - -

Elevado peso administrativo e legislativo

39,1 37,0 19,6 2,2 -

Cultura avessa ao risco 26,1 39,1 26,1 4,3 2,2

Quadro n.º 77: Grau de entraves ao empreendedorismo

Vejamos agora o conjunto de tabelas de dupla entrada abaixo, que cruza as afirmações com as diferentes ilhas do arquipélago dos Açores.

Através do quadro n.º 78 verifica-se que a maioria das institu-ições que considera que a dimensão populacional é um entrave ao empreendedorismo está sediada em São Miguel, 11,1%, seguindo-se a ilha de Santa Maria com 6,7%.

Entrave ao Empreendedorismo

Dimensão Populacional (Reduzida e Dispersa)

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 6,7 2,2 - - - 8,9

São Miguel 11,1 6,7 6,7 2,2 2,2 28,9

Terceira - 4,4 6,7 - - 11,1

Graciosa 4,4 - - - - 4,4

São Jorge 4,4 4,4 - 2,2 - 11,1

Pico 4,4 6,7 - 4,4 - 15,6

Faial 2,2 4,4 - - - 6,7

Flores 4,4 4,4 - - - 8,9

Corvo - 4,4 - - - 4,4

Total 37,8 37,8 13,3 8,9 2,2 100,0

Quadro n.º 78: Tabela cruzada da dimensão populacional por ilha

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Relativamente à falta de programas específicos de apoio ao em-preendedorismo, destacamos a existência de 2,3% de instituições das Flores consideram que a falta de programas de apoio ao empreend-edorismo é um entrave muito elevado (apesar de também a maioria das instituições desta ilha e das restantes não o considerarem).

Entrave ao Empreendedorismo

Falta de programas específicos de apoio ao empreendedorismo

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria - - 2,3 4,5 - 6,8

São Miguel - 6,8 4,5 9,1 9,1 29,5

Terceira - 4,5 - 4,5 2,3 11,4

Graciosa - 2,3 - 2,3 - 4,5

São Jorge - 2,3 2,3 2,3 4,5 11,4

Pico - - 4,5 4,5 6,8 15,9

Faial - - 2,3 - 4,5 6,8

Flores 2,3 - 2,3 - 4,5 9,1

Corvo - - 2,3 - 2,3 4,5

Total 2,3 15,9 20,5 27,3 34,1 100,0

Quadro n.º 79: Tabela cruzada da falta de programas específicos de apoio ao empreen-dedorismo por ilha

A maioria das instituições (39,1%) considera que as dificuldades de acesso a mecanismos de suporte financeiro ainda são um entrave a ter em conta – médio, conforme quadro n.º 80.

De referir que a maioria das que o consideram são da ilha de S. Miguel. Estes dados, novamente, convergem com a opinião dos po-tenciais empreendedores analisados já que a maior parte considerou como principal dificuldade para criar a sua empresa as dificuldades em obter o financiamento necessário (cf. quadro n.º 56).

Entrave ao Empreendedorismo

Dificuldades de acesso a mecanismos de suporte financeiro

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 4,3 - - 4,3 - 8,7%

São Miguel 4,3 17,4 2,2 2,2 2,2 28,3%

Terceira 8,7 2,2 - 2,2 - 13,0%

Graciosa 2,2 2,2 - - - 4,3%

São Jorge 4,3 2,2 4,3 - - 10,9%

Pico 2,2 4,3 8,7 - - 15,2%

Faial - 4,3 2,2 - - 6,5%

Flores 2,2 4,3 2,2 - - 8,7%

Corvo - 2,2 2,2 - - 4,3%

Total 28,3 39,1 21,7 8,7 2,2 100,0%

Quadro n.º 80: Tabela cruzada da dificuldade de acesso a mecanismos de suporte finan-ceiro por ilha

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No que diz respeito à inexistência de uma educação para o empreend-edorismo a maioria das instituições consideram ser um entrave pequeno.

As que consideram-na como um entrave elevado são principalmente das ilhas de São Miguel e Terceira, conforme quadro n.º 81.

Entrave ao Empreendedorismo

Inexistência de uma educação para o empreendedorismo

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 4,4 4,4 - - - 8,9

São Miguel 13,3 2,2 6,7 4,4 2,2 28,9

Terceira 6,7 2,2 2,2 - - 11,1

Graciosa - 4,4 - - - 4,4

São Jorge - - 4,4 6,7 - 11,1

Pico 2,2 6,7 4,4 - 2,2 15,6

Faial 2,2 - 4,4 - - 6,7

Flores - 2,2 6,7 - - 8,9

Corvo - - 4,4 - - 4,4

Total 28,9 22,2 33,3 11,1 4,4 100,0

Quadro n.º 81: Tabela cruzada da inexistência de uma educação para o empreendedoris-mo por ilha

Através do quadro n.º 82 verificamos que o número reduzido de em-presas não obteve uma opinião consensual nas organizações inquiridas.

De referir que todas as organizações de Santa Maria consideram este facto como um entrave muito elevado ou elevado (ambos com 4,4%).

Pelo contrário as entidades do Corvo não consideram o número reduzido de empresas como sendo um entrave ao empreendedorismo.

Entrave ao Empreendedorismo

Número reduzido de empresas

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 4,4 4,4 - - - 8,9

São Miguel 2,2 6,7 11,1 2,2 6,7 28,9

Terceira 2,2 2,2 - 4,4 2,2 11,1

Graciosa 2,2 - 2,2 - - 4,4

São Jorge - - 2,2 6,7 2,2 11,1

Pico - 2,2 2,2 6,7 4,4 15,6

Faial 2,2 - - 2,2 2,2 6,7

Flores - - 4,4 2,2 2,2 8,9

Corvo - - - 2,2 2,2 4,4

Total 13,3 15,6 22,2 26,7 22,2 100,0

Quadro n.º 82: Tabela cruzada do número reduzido de empresas por ilha

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Relativamente à conjuntura atual de grave crise económico-finan-ceira a esmagadora maioria das organizações consideraram ser um entrave elevado, sendo que destas a maioria reside em S. Miguel, conforme quadro n.º 83.

Entrave ao Empreendedorismo

Conjuntura actual de grave crise económico-financeira

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 8,9 - - - - 8,9

São Miguel 13,3 11,1 - - 4,4 28,9

Terceira 8,9 2,2 - - - 11,1

Graciosa 4,4 - - - - 4,4

São Jorge 8,9 - 2,2 - - 11,1

Pico 8,9 4,4 2,2 - - 15,6

Faial 4,4 2,2 - - - 6,7

Flores 6,7 2,2 - - - 8,9

Corvo 2,2 2,2 - - - 4,4

Total 66,7 24,4 4,4 - 4,4 100,0

Quadro n.º 83: Tabela cruzada da conjuntura atual de grave crise económico-financeira pela ilha

A elevada carga burocrática foi novamente classificada como um entrave bastante elevado, principalmente pelas instituições de São Miguel, com 17,8%, seguindo-se as da ilha do Pico com cerca de 6,7%, conforme quadro n.º 84.

Entrave ao Empreendedorismo

Elevada carga burocrática

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 4,4 4,4 - - - 8,9

São Miguel 17,8 6,7 4,4 - - 28,9

Terceira 2,2 4,4 4,4 - - 11,1

Graciosa 2,2 - 2,2 - - 4,4

São Jorge 4,4 4,4 2,2 - - 11,1

Pico 6,7 6,7 2,2 - - 15,6

Faial 2,2 4,4 - - - 6,7

Flores 4,4 2,2 2,2 - - 8,9

Corvo 2,2 2,2 - - - 4,4

Total 46,7 35,6 17,8 - - 100,0

Quadro n.º 84: Tabela cruzada da elevada carga burocrática pela ilha

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No que diz respeito ao elevado peso administrativo e legislativo, constata-se através da análise do quadro n.º 85, que obteve-se uma distribuição semelhante ao quadro anterior em que a maioria das instituições considera ser um entrave elevado e destas a maioria são novamente de S. Miguel com 13,3%, seguindo-se São Jorge com 6,7%.

Entrave ao Empreendedorismo

Elevado peso administrativo e legislativo

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 4,4 4,4 - - - 8,9

São Miguel 13,3 15,6 - - - 28,9

Terceira 2,2 6,7 - 2,2 - 11,1

Graciosa - 4,4 - - - 4,4

São Jorge 6,7 2,2 2,2 - - 11,1

Pico 4,4 4,4 6,7 - - 15,6

Faial 2,2 - 4,4 - - 6,7

Flores 4,4 - 4,4 - - 8,9

Corvo 2,2 - 2,2 - - 4,4

Total 40,0 37,8 20,0 2,2 - 100,0

Quadro n.º 85: Tabela cruzada do elevado peso administrativo e legislativo pela ilha

Por sua vez a cultura avessa ao risco foi considerada por 40% das instituições inquiridas como um entrave médio, com percentagens superiores nas ilhas de S. Miguel (15,6%) e Pico (6,7%).

Entrave ao Empreendedorismo

Cultura avessa ao risco

Ilha Elevado Médio Pequeno Reduzido Nenhum Total

Santa Maria 2,2 4,4 2,2 - - 8,9

São Miguel 15,6 13,3 - - - 28,9

Terceira 6,7 2,2 - - 2,2 11,1

Graciosa - 4,4 - - - 4,4

São Jorge - - 8,9 2,2 - 11,1

Pico - 6,7 6,7 2,2 - 15,6

Faial 2,2 2,2 2,2 - - 6,7

Flores - 4,4 4,4 - - 8,9

Corvo - 2,2 2,2 - - 4,4

Total 26,7 40,0 26,7 4,4 2,2 100,0

Quadro n.º 86: Tabela cruzada da cultura avessa ao risco pela ilha

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8. Reconhecimento da Medida Microcrédito enquanto ferramenta para o ‘Empreendedorismo Inclusivo’

No subcapítulo anterior debruçamo-nos sobre aquilo que as enti-dades consideram como fatores potenciadores ou limitativos à criação do próprio emprego no seu território de intervenção. Analisaremos de seguida, e partindo de uma base territorial, como a Medida Micro-crédito é percecionada por estas instituições enquanto resposta para o desenvolvimento de iniciativas empresariais por parte de pessoas que se encontram numa situação socioeconómica mais fragilizada, pois não nos deveremos esquecer que as questões ligadas à competitividade, emprego e inclusão social não são independentes do contexto local em que se manifestam, e que a sua resolução poderá depender do ajuste das respostas às necessidades específicas sentidas por cada unidade.53

Uma das questões que originou este Estudo foi perceber o motivo da atual dispersão geográfica tanto das candidaturas, como dos projetos microcrédito implementados.

Mais de metade da população da Região Açores54 vive na Ilha de S. Miguel, pelo que não surpreende que esta concentre a maioria das candidaturas apresentadas e dos negócios implementados no âmbito do Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário.

Por outro lado, assistimos a uma discrepância entre o número de habitantes de algumas das Ilhas, e o número de candidaturas que aí foram apresentadas. Por exemplo, entre a ilha de Santa Maria que com 555255 habitantes contabilizava, até dezembro de 2013, 31 candidaturas e 5 projetos implementados, e a ilha do Pico que com 14148 habitantes56 contabilizava, no período homólogo, 12 candidaturas e nenhum projeto

53 Cf. Henriques, José Manuel (2010). Inovação Social e Coesão Territorial: Contributos EQUAL. Em: Separata do Relatório de Execução Final do Programa EQUAL, Gabinete de Gestão EQUAL (ed.), pág. 30.

54 De acordo com os Censos 2011 o número total de habitantes da Região Açores é 246 772 e o número total de habitantes da Ilha de S. Miguel é de 137 856, Censos 2011 Resultados Definitivos da Região Autónoma dos Açores, Serviço Regional de Estatística dos Açores.

55 Serviço Regional de Estatística dos Açores (2012). Principais Resultados Definitivos dos Censos 2011 – Açores.

56 Idem, ibid.

implementado, ou mesmo com a ilha do Faial que com 14994 habitantes57 contabilizava 28 candidaturas e 5 projetos implementados.

Recorrendo à metodologia do Cliente Mistério (que objetiva aferir a qualidade do serviço prestado), foram efetuados contactos telefónicos com algumas entidades da Região, selecionadas com base nas ilhas que apresentavam um menor número de candidaturas à Medida Mi-crocrédito e que já haviam respondido ao questionário Institucional. O objetivo desta aplicação foi aferir até que ponto a Medida Microcrédito é do conhecimento dos colaboradores destas entidades, e é indicada como um apoio a quem se encontra numa situação de desemprego e pretende criar o seu próprio negócio.

Das 16 entidades que pretendíamos contactar, apenas não conse-guimos estabelecer ligação com duas, e apenas uma delas referiu o Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário. Confirmámos assim que a Medida Microcrédito não tem o mesmo grau de divulgação em todas as ilhas do arquipélago, não sendo referida como uma opção à criação do autoemprego.

Aceitando a definição de ‘empreendedorismo inclusivo’ da OCDE, que o encara como uma ação que não seria passível de se concretizar sem animação prévia e relembrando que “A capacidade de iniciativa de organização de base territorial torna-se imprescindível à mobili-zação do potencial endógeno ao conjunto das comunidades locais tendo em vista o esforço coletivo de mobilização integral de recursos para a eficiência económica e para a inclusão social.”58, concluímos que os territórios mais afastados do principal centro de informação são os que mais carecem de iniciativas de animação que despoletem o potencial das iniciativas de ‘empreendedorismo inclusivo’.

Nas ilhas em que existem projetos de microcrédito aprovados (ex-cetuando na ilha de São Jorge que só contabiliza um projeto), foram realizados Focus Group, que visavam recolher informação complemen-tar e aprofundar a análise quantitativa dos inquéritos aplicados na fase inicial do Estudo. As sessões de trabalho de grupo decorreram nas Ilhas de São Miguel, Santa Maria, Terceira e Faial.

57 Serviço Regional de Estatística dos Açores (2012). Principais Resultados Definitivos dos Censos 2011 – Açores.

58 Henriques, José Manuel (2010). Inovação Social e Coesão Territorial: Contributos EQUAL. Em: Separata do Relatório de Execução Final do Programa EQUAL, Gabinete de Gestão EQUAL (ed.), pág. 27.

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O motivo para a realização de uma sessão de trabalho de grupo em cada ilha foi o facto de sabermos que o arquipélago, enquanto unidade territorial, apresenta diferenças de desenvolvimento, logo os obstáculos com que se deparam os ‘empreendedores inclusivos’ podem variar consoante a ilha em que o candidato pretende desenvolver o seu próprio negócio.

Para cada Focus Group foram convidados representantes de cada entidade com interesse na matéria. Assim, contou-se com a presença de representantes da DRAIC, ISSA e DREQP (enquanto entidades impulsionadoras e responsáveis pela Medida MC), representantes das entidades bancárias que assinaram o protocolo MC com o Gov-erno Regional e que financiam estas iniciativas, representantes das autarquias locais (pela extrema importância que as Câmaras têm a nível dos licenciamentos e autorizações para desenvolvimento das atividades económicas, bem como por serem um dos principais interessados no Desenvolvimento Local) e com os próprios microem-presários apoiados por esta Medida.

Foram colocadas 4 questões que visavam: perceber até que ponto a Me-dida Microcrédito tem funcionado como promotora do ‘empreendedorismo inclusivo’ na Região Açores; debater os obstáculos ao empreendedorismo identificados na aplicação dos inquéritos por questionário, bem como a recolha de sugestões para a sua resolução; e avaliar a intervenção da Agência Microcrédito, procurando também recolher sugestões para a melhoria contínua do trabalho desenvolvido por este gabinete.

Relativamente à Medida MC como ferramenta de promoção do ‘Empreendedorismo Inclusivo’, esta juntamente com o programa CPE-PREMIUM, foi reconhecida como uma das únicas ferramentas de apoio ao ‘Empreendedorismo Inclusivo’ na Região, salientando-se que o CPE-PREMIUM é mais limitativo nos seus destinatários (apenas se po-dem candidatar aqueles que estão a auferir subsídio de desemprego), mas louvando o facto de ambos os apoios se poderem complementar.

Uma das razões apontadas para o elevado número de desistências e cancelamentos foi a pouca inovação das ideias de negócio apresen-tadas, não obstante terem sido reconhecidas oportunidades para a criação de negócios em todas as ilhas.

O facto do financiamento destas pequenas iniciativas empresariais estar dependente da banca, foi considerado como uma das condicio-nantes para a Medida não atingir todo o seu potencial.

Por outro lado, o targeting da Medida MC não está a ser atingi-do na sua totalidade. A Medida, criada com o intuito de apoiar as pessoas em situação de pobreza e exclusão social, funcionando como uma das ferramentas de transição dos beneficiários de apoios sociais para o mundo laboral, acaba por não atingir os mais desprotegidos, ou seja aqueles que acumulam diversas carências, como a baixa escolaridade, a destruturação familiar, a ausência de experiência profissional, entre outras.

Foram identificados como principal grupo-alvo aqueles indivíduos, que já tendo experiência de trabalho, se encontram em situação de de-semprego por força das alterações do mercado de trabalho (crescente desemprego e falta de alternativa no trabalho por conta de outrem).

A nível dos obstáculos ao empreendedorismo identificados no âmbito deste Estudo, foram comumente debatidos em cada grupo:

• A dificuldade de acesso a espaços, devido ao elevado valor cob-rado pelos arrendamentos, ou seja, foi opinião comum que uma boa localização e um baixo valor de renda são essenciais para a sobrevivência das iniciativas de empreendedorismo. A realidade é que negócios com elevados custos fixos podem asfixiar os pequenos negócios;

• Necessidade de aperfeiçoamento do trabalho em rede e parceria das entidades envolvidas na matéria, aprofundando-se o contacto entre os diversos intervenientes de modo a efetuar um correto di-agnóstico das situações e aumentar assim as condições de sucesso das iniciativas de ‘empreendedorismo inclusivo’;

• O acesso ao financiamento, que não obstante os esforços efetu-ados, continua a ser uma das principais condicionantes.

De facto, se confrontarmos o número de candidaturas aprovadas em Comissão de Crédito, com aquelas que foram posteriormente recusadas pelas instituições de crédito, observamos que dos 52 projetos aprova-dos pela Comissão de Crédito, 23% (12 projetos) tiveram uma resposta negativa, o que corresponde a ¼ das iniciativas, que obtendo o aval do Governo Regional, não avançaram por falta de financiamento (ver ponto 2, capítulo I).

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A própria alteração, em abril de 2012, dos protocolos entre as insti-tuições de crédito parceiras da Medida e o Governo Regional, passando este a assumir-se como avalista de 75% do capital de financiamento dos projetos, veio atenuar a situação, mas não resolveu por completo a questão. A banca continua, em alguns processos, a exigir garantias para os restantes 25% e se por um lado se pode alegar que a banca tem cada vez mais que se proteger dos maus investimentos e que o promotor ao apresentar um avalista demonstra que tem mais uma pessoa que acredita na sua ideia de negócio, não nos deveremos esquecer das car-acterísticas destes empreendedores, que se encontram numa situação económica muito fragilizada, que muitas vezes não os atingiu apenas a eles, mas também aos seus familiares e restante rede de contactos, para além da desconfiança crescente por parte das pessoas em assumirem compromissos bancários no nome de terceiros.

Em dois dos Focus Group realizados (Terceira e Faial) o acesso à informação foi uma dos principais obstáculos identificados, notando-se que a rede de parcerias necessita de melhorias e que os próprios técnicos que prestam atendimento direto aos cidadãos necessitam de estar mais bem informados sobre as respostas existentes na Região.

Das sugestões apresentadas para a resolução dos obstáculos, destacamos:• A potencialidade, identificada pelos grupos, para uma maior intervenção por parte das AQE, pois enquanto entidades que centralizam os dados das pessoas em situação de desemprego, poderiam desenvolver um balanço de competências personaliza-do que permitisse uma maior capacitação dos indivíduos para o empreendedorismo, ou seja, que potenciasse a sua experiência profissional e a canalizasse para a criação do próprio emprego, sendo esta sugestão partilhada pelos grupos de Santa Maria, Terceira e Faial;• A partilha de espaços e criação de ninhos de empresas, que não atuem apenas como centros administrativos, foi a solução mais referida para a resolução dos problemas de acesso ao espaço;

• A criação de um gabinete que centralizasse todos os apoios dis-poníveis aos empreendedores, com uma lógica de funcionamento tipo RIAC (Loja de Cidadão), de modo a agilizar procedimentos e tempos de resposta;

• Um envolvimento prévio da banca, ainda durante a fase de constituição dos projetos microcrédito, de modo a que fossem conhecendo o candidato, o que agilizaria o tempo de resposta e daria mais segurança na aprovação dos projetos.

A avaliação do trabalho desenvolvido pela Agência MC foi positiva. Considerando a área de intervenção, os grupos reconheceram as espe-cificidades da metodologia de acompanhamento destes projetos, que tem de combinar uma “relação de confiança” com o acompanhamento técnico, especializado e personalizado.

Ou seja, no domínio de ação do ‘empreendedorismo inclusivo’ as re-spostas estão muito dependentes das características pessoais de cada candidato, o que implica uma abordagem centrada no cliente, isto é, um atendimento personalizado.

O sucesso de medidas de intervenção social integradas, como é o caso da ferramenta Microcrédito, que acaba por atuar em áreas da política social como o (combate à pobreza e à exclusão social), da política de emprego e da política económica59, pressupõe que os técnicos detenham um conjunto de competências genéricas, para o qual não basta apenas possuir formação superior – “Pressupõe categorias não convencionais na interpretação do sentido da ação e pressupõe a mobilização de com-petências técnicas, específicas e genéricas, que não são asseguradas de forma corrente pelos sistemas de educação e formação.”60

A necessidade de um agente local que estabeleça pontes entre as diversas entidades intervenientes para aumentar as probabilidades de concretização das iniciativas de ‘empreendedorismo inclusivo’, demon-stra-se essencial e comprovada por estas suas situações, pois se por um lado a informação está mais concentrada na Ilha de São Miguel, na Ilha de Santa Maria o agente local foi prontamente identificado, concluindo-se assim que nas ilhas da Terceira e do Faial não existe nenhuma entidade ou individualidade que represente este papel.

59 Cf. Unterberg, Michael (2008). Microfinance as a European policy issue – policy images and venues. Atas da 5th Annual Conference European Microfinance Network, Nice, pág. 8.

60 Henriques, José Manuel (2010). Inovação Social e Coesão Territorial: Contributos EQUAL. Em: Separata do Relatório de Execução Final do Programa EQUAL, Gabinete de Gestão EQUAL (ed.), pág. 36.

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Parte IV

Conclusões e Recomendações

9. Conclusões

Neste capítulo serão destacadas as principais conclusões que obtivemos com a realização deste Estudo, e que servirão de base para a elaboração de recomendações e sugestões

de melhoria futura:

\ Uma das conclusões chave prende-se com a fraca divulgação da Medida MC, notória principalmente nas ilhas de menor di-mensão, e comprovada através do desconhecimento demonstrado pelos técnicos afetos às entidades representativas da Medida. O facto destes não estarem devidamente esclarecidos, no que concerne aos procedimentos e metodologias que regem esta Medida, dificulta o posterior encaminhamento de potenciais candidatos e esclarecimentos das dúvidas expostas pelos mesmos. Estes dados convergem com o apurado através da implementação da metodologia “cliente mistério”, em que das catorze entidades contactadas apenas uma delas mencionou ter conhecimentos sobre o Regime de Apoio ao Microcrédito Bancário como uma opção à criação do autoemprego, comprovando-se que esta medida de apoio não tem o mesmo grau de divulgação em todas as ilhas do arquipélago.

\ Relativamente ao target da Medida assiste-se a uma desfocal-ização positiva que acompanha as recentes mudanças sociais. Numa Medida inicialmente construída para grupos populacionais desfavorecidos tem-se vindo a verificar a entrada de candidatos com habilitações literárias mais elevadas, nomeadamente daqueles que possuem o grau de ensino profissional e licenciatura.

\ Concluiu-se que a experiência e competências no setor de atividade escolhido pelo candidato, à Medida de Apoio ao Micro-crédito Bancário, são determinantes para a escolha do negócio a desenvolver, bem como fatores cruciais para o seu sucesso. Os próprios promotores elegem a experiência profissional como a

principal razão de escolha da atividade a desenvolver. Assim, denota-se que a maioria dos promotores MC são indivíduos que já tiveram experiências profissionais por conta de outrem, não se tratando portanto de jovens ou indivíduos à procura do 1.º emprego, dados que convergem também com o analisado na parte II deste estudo em que 23% dos candidatos e formandos em empreendedorismo referiram que a sua ideia de negócio resul-tou de uma atividade profissional desenvolvida anteriormente.Com base na experiência de trabalho da equipa do Gabinete de Empreendedorismo e Microcrédito Bancário da CRESAÇOR po-demos evidenciar que, não obstante a importância da experiência profissional, é ainda necessário um conjunto de outras carac-terísticas sem as quais será impossível conduzir estas pequenas iniciativas com sucesso, pois o microempresário (na maioria das vezes único trabalhador) tem de assumir uma panóplia muito diferenciada de funções, ele é o vendedor, o produtor, o gestor de stocks, o responsável pelas encomendas, o administrativo e ainda o estratega, tendo de conseguir adaptar-se às alterações dos comportamentos dos consumidores com um fundo de maneio muito reduzido.A iniciativa, a criatividade na otimização de recursos, a organi-zação, a perspicácia, a capacidade e pré-disposição para enfrentar longas horas de trabalho e a perseverança são características indispensáveis a qualquer microempresário e que deverão ser tidas em conta na construção do balanço de competências.

\ Ao nível do desenvolvimento das suas microempresas con-stataram-se, por parte destes promotores, preocupações na implementação de estratégias para reforçar os seus negócios. A inovação e a qualidade dos seus produtos e serviços sobressaem como os principais factores de diferenciação da concorrência e consequentemente como a forma de praticarem preços mais elevados e de assim fazerem face à baixa produtividade sempre associada às iniciativas de ‘Empreendedorismo Inclusivo’. O alargamento da área de negócio, aproveitando nichos de comple-mentaridade no mercado, destaca-se também como estratégia

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para a obtenção de rendimentos suficientes que permitam quer fazer face aos encargos com a sua atividade, quer obterem uma remuneração pelo seu trabalho.Quando necessitaram de contratar colaboradores para os apoiar, a maioria foi recrutada através das suas relações familiares e de parentesco o que confirma a grande importância das relações informais nestes pequenos negócios.

\ No que respeita ao financiamento destas pequenas iniciativas empresariais, uma das principais conclusões é que apesar de todos os esforços de melhoria da Medida MC, nomeadamente o aumento da garantia bancária do Governo Regional (de 25% para 75%), a Medida continua refém da banca. Isto é, a banca continua a ter a soberania final de financiamento dos projetos, mesmo que estes já tenham sido aprovados em Comissão de Crédito.Esta conclusão foi notória no ponto II deste Estudo em que 12 projetos não foram aprovados pela Instituição de Crédito e reit-erada nos Focus Group em que, apesar da garantia bancária ser comparticipada pelo GR, continuam a exigir aval sobre os restan-tes 25% e admitem que só aprovam estes projetos por serem no âmbito do MC.A exigência por parte da banca de garantias bancárias sobre os restantes 25% desvirtua o espírito desta Medida, que tem na sua génese o direito de acesso ao crédito para todos, e pode assim excluir candidatos que não têm possibilidades de recorrer a familiares ou amigos como avalistas.

\ No que diz respeito à reflexão de cada promotor, relativamente ao impacto que a Medida Microcrédito teve nas suas vidas, a maioria avalia como positivo (12 promotores). Dos que indicar-am arrependimento (principalmente os processos insolventes) justificam-no por terem ficado numa situação pior do que a que estavam antes da abertura do seu negócio.Não obstante estes dados é de salientar que a maioria dos en-trevistados refere que sem o apoio do MC não teriam tido forma

de concretizar a sua ideia de negócio. A Medida Microcrédito afigura-se, portanto, como único instrumento de apoio para muitos indivíduos em situação de desemprego, conclusão esta que foi reafirmada nos Focus Group.

\ Com o objetivo de verificar se o montante despendido pelo Governo Regional está a ter os retornos desejados efetuou-se um conjunto de cenários de forma a comparar o montante de apoio despendido com os apoios sociais vs o despendido com a Medi-da MC, tendo-se concluído que, apesar de forma preparatória, o investimento realizado pelo GR no apoio aos projetos MC é compensatório e remunerado pelo recebimento das contribuições por parte dos promotores.De ressaltar que além das contribuições pagas por estes pro-motores (segurança social, IVA e IRS), são indivíduos que deixaram de ser um “peso” para o estado (deixaram de receber RSI, subsídio de desemprego ou outros apoios do estado) e que para além de terem criado o seu próprio posto de trabalho são já responsáveis pela criação de mais 8 postos de trabalho (4 a tempo inteiro e 4 a tempo parcial).

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10. Sugestões de aperfeiçoamento futuro

Após a realização do Estudo ’Empreendedorismo Inclusivo’ e a Me-dida Microcrédito na Região Autónoma dos Açores, que permitiu a aferição, análise e avaliação do potencial da população açoriana para o empreendedorismo, bem como a avaliação da dimensão do ‘Em-preendedorismo Inclusivo’, tornou-se possível retirar as conclusões explanadas no ponto anterior e com base nestas apresentamos as se-guintes sugestões para melhorar as estratégias e os procedimentos do Gabinete de Empreendedorismo Social e Microcrédito Bancário – Cre-saçor, e entidades parceiras da Medida:

\ Operacionalização da Medida MC em 4 dimensões: animação; balanço de competências; plano de negócios e financiamento:

- Dimensão 1 – Animação: Pressupõe a criação de condições territoriais de base para o desenvolvimento das iniciativas de ‘Empreendedorismo Inclusivo’, cujo desafio se apresente maior nas comunidades mais dependentes da agricultura tradicional e do setor público61, como é o caso da RAA.Nesta fase deverá ser trabalhada a mudança de atitudes dos potenciais beneficiários da Medida MC, o que só será possível se o ‘ecossistema’ das comunidades estiver preparado para o desenvolvimento de ações de promoção do ‘Empreendedorismo Inclusivo’. A preparação e formação de agentes locais de desen-volvimento (capacitação) torna-se imprescindível de modo a que estes desempenhem um papel decisivo na facilitação da mudança de postura dos públicos fragilizados, cortando com as definições regulares de empreendedorismo e valorizando um conjunto de atitudes e competências genéricas como o trabalho em equipa, a tomada de decisões, a análise cuidada dos riscos e a importância da inovação, de modo a preparar os potenciais empreendedores para a integração no circuito económico. Fala-se aqui de potenciar as capacidades individuais das pessoas mais fragilizadas, ao mesmo tempo que se capacita a comunidade relacionando as questões sociais ao desenvolvimento económico62;

61 CF. http://wikipreneurship.eu/index.php/Culture_and_conditions

62 CF. http://wikipreneurship.eu/index.php/Culture_and_conditions

- Dimensão 2 – Construção da Ideia de Negócio com base no Bal-anço de Competências: O balanço de competências afigura-se como um instrumento de particular relevância já que repre-senta o conjunto de competências dos candidatos (assente na sua experiência profissional anterior e no seu “saber-fazer”). A importância desta dimensão está relacionada com a definição da ideia de negócio, ou seja, o negócio a ser criado pelo potencial empreendedor tem de congregar as competências que este já possuía, com uma ideia de negócio que tenha espaço no mercado onde vai ser desenvolvida. O mentoring deverá ser realizado tendo em consideração dois fatores fundamentais, por um lado a experiência e background do mentor e do empreendedor, e por outro lado as competências interpessoais do mentor e a relação de confiança criada entre este e o empreendedor63;

- Dimensão 3 – Plano de Negócios: Esta dimensão já se encontra integrada na Medida Microcrédito vigente na Região, o que não implica que não possa ser alvo de melhorias. As melhorias na atuação da Medida MC nesta fase, passariam acima de tudo por uma adaptação do método de financiamento (a dependência da aprovação bancária continua a ser um grande obstáculo, uma vez que os projetos de ‘Empreendedorismo Inclusivo’ não se enquadram nos métodos de análise de risco utilizados pela banca tradicional), que deverá ter em conta as necessidades es-pecíficas destes negócios, e o facto de que são criados com capital reduzido, e que a sua sustentabilidade poderá posteriormente depender de um novo acesso a capital, de modo a responderem às necessidades de mercado.

- Dimensão 4 – Financiamento: Não obstante esta dimensão também já estar prevista na Medida Microcrédito, deverão ser melhoradas as estratégias de consolidação e crescimento destas iniciativas empresariais. O desafio não passa apenas por financiar a criação de novos negócios, passa também por melhorar as condições de sus-tentabilidade daqueles que já existem, sendo para tal indispensável a transmissão de novas dinâmicas aos microempresários, de modo a que paulatinamente possam ir posicionando-se na economia

3 CF. http://wikipreneurship.eu/index.php/Start_up_support

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global64. A adaptação da estratégia empresarial delineada e a procura de nichos de mercado, que não estejam saturados, terão de ser uma constante na vida destas iniciativas empresariais.

\ Ampliar as medidas de protecção social, nomeadamente o Programa “Berço de Emprego”, às empresárias em nome indi-vidual. Este Programa que visa a substituição temporária de trabalhadoras em situação de licença de maternidade assumiria uma maior importância nestes casos. Consideramos, assim, que alargando os beneficiários deste programa às promotoras do Microcrédito, além dos benefícios para o próprio negócio (que assim não regista nenhuma interrupção) também poderá representar um aumento da natalidade;

\ Efetuar ações de capacitação aos colaboradores das IC proto-coladas com o MC, com o intuito de diminuir o desconhecimento existente acerca do espírito desta Medida. Divulgar os seus objetivos, procedimentos, métodos de trabalho e de organização, de forma a que esta Medida seja operacionalizada dentro dos termos legais e com maior agilidade, bem como potenciar o aumento da taxa de aprovação;

\ Efetuar ações de esclarecimento aos técnicos da DREQP, que prestam atendimento e se encontram mais próximos do públi-co-alvo (pessoas desempregadas com a pretensão de criarem o seu próprio emprego) da Medida Microcrédito, de forma a que o encaminhamento destas pessoas seja efetuado eficientemente e o mais cedo possível (diagnóstico do utente aquando da sua inscrição na AQE);

\ Diligenciar a criação de parcerias com as autarquias locais de forma a agilizar os processos no que respeita à sua legalização de acordo com o setor de atividade de cada um deles – licencia-mentos; A par desta medida afigura-se como necessário reforçar a consolidação da capacidade de trabalho entre sectores – gov-ernança multinível – já que a Medida MC envolve diferentes

4 CF. http://wikipreneurship.eu/index.php/Consolidation_and_growth

sectores do Governo Regional que devem trabalhar em parceria com o poder local de modo a beneficiar e agilizar a concretização destes pequenos negócios;

\ Criar mecanismos que possibilitem a partilha de espaços e nin-hos de empresas (polivalentes e não apenas direccionados para os serviços “administrativos”), de modo a serem ultrapassados os obstáculos com que se deparam os promotores na identificação de espaços. Para a execução desta iniciativa torna-se necessário a intervenção das entidades públicas como agentes facilitadores da mesma;

\ Criar um mecanismo que possibilite a experimentação das ideias de negócio inovadoras, no sentido de possibilitar ao pro-motor testar o seu produto ou serviço numa fase inicial, para posteriormente, e com base nos resultados preparatórios obtidos, avançar então para a concretização do projeto;

\ Criar um observatório para análise e avaliação das iniciativas de ‘Empreendedorismo Inclusivo’, em constante actualização, que permita a troca de experiências entre os empreendedores e elenque as boas práticas desenvolvidas.

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Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas

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11. Referências Bibliográficas

LivrosHenriques, José Manuel, Lopes, Raul Gonçalves e Baptista, A. J. Mendes (1991). O Programa ILE em Portugal, Instituto do Emprego e Formação Profissional. Lisboa.

Henriques, José Manuel e Maciel, Catarina. (2012). Survey on Business Start-Up infrastructure, Dinamia’CET. Lisboa.

PublicaçõesCentro de Empreendedorismo da Universidade dos Açores, Spiventures e Gov-erno dos Açores (2010). GEM Açores 2010 – Estudo sobre o Empreendedorismo. Açores.

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Decreto Legislativo Regional n.º 11/2012/A, de 26 de março. Jornal Oficial nº 49 – I Série. Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

Decreto Legislativo Regional n.º 34/2012/A, de 25 de julho. Jornal Oficial nº 119 – I Série. Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

Decreto Regulamentar Regional n.º 1/2013/A, de 27 de fevereiro. Jornal Oficial nº 21 – I Série. Governo Regional dos Açores.

Portaria nº 33/2013, de 14 de Junho. Jornal Oficial nº 63 – I Série. Vice-Presidên-cia do Governo, Emprego e Competitividade Empresarial.

Portaria nº 63/2013, de 5 de agosto. Jornal Oficial nº 90 – I Série. Vice-Presidência do Governo, Emprego e Competitividade Empresarial.

Resolução do Conselho do Governo nº 15/2013, de 19 de fevereiro. Jornal Oficial nº 15 – I Série. Presidência do Governo.

Resolução do Conselho de Governo nº 18/2013, de 19 de fevereiro. Jornal Oficial nº 15 – I Série. Presidência do Governo.

Resolução do Conselho de Governo nº 100/2013, de 8 de outubro. Jornal Oficial nº 112 – I Série. Presidência do Governo.

Resolução do Conselho do Governo nº 118/2013, de 18 de dezembro. Jornal Oficial nº 145 – I Série. Presidência do Governo.

Resolução do Conselho de Governo nº 78/2014, de 29 de abril. Jornal Oficial nº 51 – I Série. Presidência do Governo.

ArtigosHenriques, José Manuel (2010). Inovação Social e Coesão Territorial: Contributos EQUAL. Em: Separata do Relatório de Execução Final do Programa EQUAL, Ga-binete de Gestão EQUAL (ed.).

Pereira, Elvira Sofia Leite de Freitas (2010). Contextos territoriais diferentes fazem a diferença no risco de pobreza em Portugal? Em: Revista Sociedade e Tra-balho, n.º 41, MTSS.

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Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas

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TesesMaciel, Catarina Silva e, (2010). Empreendedorismo Inclusivo: O desafio da con-solidação e crescimento das micro-iniciativas empresariais “inclusivas”. Tese de Mestrado em Desenvolvimento, Diversidade Locais e Desafios Mundiais: Análise e Gestão, ISCTE-IUL. Lisboa.

Plaza, Gonçalo Duque (2010). O Microcrédito – uma ferramenta de empreendedo-rismo inclusivo. Tese de Mestrado em Economia Social e Solidária, ISCTE-IUL, 2010.

Documentos on-lineAhmed, Mohamed (2009). Microcrédito como instrumento de inclusão económica e social. Acedido a 06/05/2014, em: https://infoeuropa.eurocid.pt/files/data-base/000043001-000044000/000043152.pdf

Barómetro Informa D & B (Março 2014). Acedido a 28/04/2014, em: https://www.informadb.pt/biblioteca/barometros.html

COPIE (2008). Business support services: too disjointed and inappropriate for disadvantaged groups? Policy Brief 1 Culture and conditions. Acedido a 03/11/2014, em: http://wikipreneurship.eu/index.php/Culture_and_conditions

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COPIE (2008). Business support services: too disjointed and inappro-priate for disadvantaged groups? Policy Brief 3 Appropriate business finance. Acedido a 03/11/2014, em: http://wikipreneurship.eu/index.php/Appropriate_Business_Finance

COPIE (2008). Business support services: too disjointed and inappropriate for disadvantaged groups? Policy Brief 4 Consolidation and growth. Acedido a 03/11/2014, em: http://wikipreneurship.eu/index.php/Consolidation_and_growth

IAPMEI (2008). Observatório de Criação de Empresas – Relatório 2007. Acedido a 07/04/2014, em: http://www.iapmei.pt/resources/download/oce_2007.pdf

Menezes, Teresa Cardoso de, (2013). Onde Nasce o Novo Emprego em Portugal. Acedido a 18/03/2014, em: http://www.informadb.pt/biblioteca/ficheiros/23_Onde_nasce_o_novo_emprego.pdf

OECD/Eurostat (2006). Entrepreneurship Indicators Programme. Acedido a 03/09/2014, em: http://www.oecd.org/std/business-stats/theentrepreneurshipindicatorspro-

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Serviço Regional de Estatística dos Açores (2012). Principais Resultados Definiti-vos dos Censos 2011 – Açores. Acedido a 16/09/2014, em: http://estatistica.azores.gov.pt/Conteudos/Relatorios/lista_relatorios.aspx?idc=29&idsc=2849&lang_id=1

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Anexos Anexos

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Anexos

I. Decreto Legislativo Regional n.º 25/2006/A

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Anexos Anexos

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II. Decreto Legislativo Regional n.º 11/2012/A

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Anexos Anexos

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Anexos Anexos

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Anexos Anexos

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III. Inquérito por Questionário Potencial Empreendedor

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Anexos Anexos

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Anexos Anexos

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Anexos Anexos

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Anexos Anexos

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Anexos Anexos

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V. Quadro estatístico do segundo motivo “preferência trabalhar por conta própria”

Principais Motivos opção trabalhador por conta própria (2.º)

Frequência Percentagem

Auto-realização 20 6,5

Independência pessoal 46 14,9

Gerir o próprio tempo 27 8,8

Satisfação e as recompensas pessoais 17 5,5

Possibilidade de conduzir o próprio destino 21 6,8

Falta de atractividade no mercado de trabalho 3 1,0

Melhores perspectivas ao nível do rendimento 3 1,0

Detecção duma oportunidade de negócio 6 1,9

Desilusão relativamente à forma de trabalho por conta de outrém

4 1,3

Gosto pelo risco e pela competição 7 2,3

Falta de oportunidades no mercado de trabalho 17 5,5

Evitar incertezas relativas ao mercado de trabalho 4 1,3

Facto de amigos/familiares trabalharem por conta própria

1 0,3

Clima económico favorável 2 0,6

Outro 5 1,6

NS/NR 125 40,6

Total 308 100,0

IV. Quadro estatístico do principal motivo “preferência trabalhar por conta própria”

Principais Motivos opção trabalhador por conta própria (1.º)

Frequência Percentagem

Auto-realização 75 24,4

Independência pessoal 26 8,4

Gerir o próprio tempo 21 6,8

Satisfação e as recompensas pessoais 10 3,2

Possibilidade de conduzir o próprio destino 9 2,9

Falta de atractividade no mercado de trabalho 3 1,0

Melhores perspectivas ao nível do rendimento 3 1,0

Detecção duma oportunidade de negócio 7 2,3

Desilusão relativamente à forma de trabalho por conta de outrém

3 1,0

Gosto pelo risco e pela competição 3 1,0

Falta de oportunidades no mercado de trabalho 17 5,5

Facto de amigos/familiares trabalharem por conta própria

1 0,3

Outro 6 1,9

NS/NR 124 40,3

Total 308 100,0

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Anexos Anexos

156 157

VII. Quadro estatístico do principal motivo “preferência trabalhar por conta de outrém”

Principais Motivos opção trabalhador por conta de outrém (1.º)

Frequência Percentagem

Salário Fixo e o rendimento certo 69 22,4

Falta de recursos para iniciar negócio 10 3,2

Estabilidade no emprego 9 2,9

Segurança social, seguros e outras regalias 5 1,6

Medo do insucesso 5 1,6

Falta de conhecimentos/contactos 1 0,3

Não ter qualquer ideia de negócio 3 1,0

Desinteresse em ser trabalhador por conta própria

3 1,0

Totalmente avesso ao risco e à incerteza 6 1,9

Falta de tempo 1 0,3

Outro 9 2,9

NS/NR 187 60,7

Total 308 100,0

VI. Quadro estatístico do terceiro motivo “preferência trabalhar por conta própria”

Principais Motivos opção trabalhador por conta própria (3.º)

Frequência Percentagem

Auto-realização 15 4,9

Independência pessoal 23 7,5

Gerir o próprio tempo 18 5,8

Satisfação e as recompensas pessoais 20 6,5

Possibilidade de conduzir o próprio destino 29 9,4

Falta de atractividade no mercado de trabalho 4 1,3

Melhores perspectivas ao nível do rendimento 9 2,9

Detecção duma oportunidade de negócio 13 4,2

Desilusão relativamente à forma de trabalho por conta de outrém

11 3,6

Gosto pelo risco e pela competição 10 3,2

Falta de oportunidades no mercado de trabalho 19 6,2

Evitar incertezas relativas ao mercado de trabalho 2 0,6

Facto de amigos/familiares trabalharem por conta própria

2 0,6

Clima económico favorável 2 0,6

Outro 5 1,6

NS/NR 126 40,9

Total 308 100,0

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Anexos Anexos

158 159

IX. Quadro estatístico do terceiro motivo “preferência trabalhar por conta de outrém”

Principais Motivos opção trabalhador por conta de outrém (3.º)

Frequência Percentagem

Salário Fixo e o rendimento certo 8 2,6

Falta de recursos para iniciar negócio 10 3,2

Estabilidade no emprego 24 7,8

Segurança social, seguros e outras regalias 20 6,5

Falta de conhecimentos de gestão 1 0,3

Medo do insucesso 16 5,2

Incapacidade de inverter a situação caso corra mal 3 1,0

Falta de conhecimentos/contactos 2 0,6

Não ter qualquer ideia de negócio 7 2,3

Desinteresse em ser trabalhador por conta própria 9 2,9

Totalmente avesso ao risco e à incerteza 4 1,3

Falta de tempo 2 0,6

Outro 14 4,5

NS/NR 188 61,0

Total 308 100,0

VIII Quadro estatístico do segundo motivo “preferência trabalhar por conta d’outrém”

Principais Motivos opção trabalhador por conta de outrém (2.º)

Frequência Percentagem

Salário Fixo e o rendimento certo 30 9,7

Falta de recursos para iniciar negócio 16 5,2

Estabilidade no emprego 40 13,0

Segurança social, seguros e outras regalias 5 1,6

Falta de conhecimentos de gestão 2 0,6

Medo do insucesso 5 1,6

Incapacidade de inverter a situação caso corra mal 3 1,0

Falta de conhecimentos/contactos 1 0,3

Não ter qualquer ideia de negócio 2 0,6

Desinteresse em ser trabalhador por conta própria 6 1,9

Totalmente avesso ao risco e à incerteza 5 1,6

Falta de capacidade para gerir o próprio negócio 1 0,3

Falta de tempo 1 0,3

Outro 3 1,0

NS/NR 188 61,0

Total 308 100,0

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Anexos Anexos

160 161

XI. Frequência de um curso de formação em empreendedorismo

Já frequentou algum curso de formação em empreendedorismo

Frequência Percentagem

Sim 255 82,8

Não 53 17,2

Total 308 100,0

XII. Listagem de apoios ao empreededorismo inclusivo existentes na RAA

Tipo de apoio Criação de Emprego

Programa CPE-PREMIUM

Entidade responsável DREQP e ISSA

Legislação aplicávelResolução do Conselho do Governo nº 15/2013, de 19 de fevereiro

DestinatáriosDesempregados que estejam a beneficiar do subsídio de desemprego

Objetivos

Apoio à criação do próprio emprego por indivíduos que se encontrem em situação de desemprego, através do recebi-mento do montante global das prestações de subsídio de desemprego a que ainda tem direito, beneficiando ainda de um prémio não reembolsável no valor de € 3.000,00 e podendo optar por beneficiar também de um prémio reem-bolsável de € 2.000,00 (a amortizar em 36 meses). Ambos os prémios poderão ter uma majoração de 50% caso o candidato contrate desempregados inscritos nas Agências para a Qualificação e Emprego.

Considerações ao empreendedorismo inclusivo

Os cidadãos em situação de desemprego poderão acu-mular o apoio CPE-PREMIUM com a Medida Microcrédito, caso o montante deste não seja suficiente para fazer face ao investimento necessário. Preferencialmente ambas as candidaturas deverão ser feitas em simultâneo.

X. Tabelas Cruzadas das variáveis familiares e/ou amigos com ex-periência anterior enquanto empresários pela autoperceção dos próprios em relação às suas competências

Tem familiares e/ou amigos que desenvolvem ou desenvolveram uma actividade enquanto trabalhador por conta própria?

Possui experiência anterior como empresário?

Sim Não Total

SimPercentagem 60 12 72

Frequência 19,6 3,9 23,5

NãoPercentagem 171 63 234

Frequência 55,9 20,6 76,5

TotalPercentagem 231 75 306

Frequência 75,5 24,5 100,0

Tem familiares e/ou amigos que desenvolvem ou desenvolveram uma actividade enquanto trabalhador por conta própria?

Considera ter o conhecimento e a experiência necessárias para iniciar um novo negócio?

Sim Não Total

SimPercentagem 150 40 190

Frequência 49,0 13,1 62,1

NãoPercentagem 49 22 71

Frequência 16,0 7,2 23,2

NS/NRPercentagem 32 13 44

Frequência 10,5 4,2 14,7

TotalPercentagem 231 75 306

Frequência 75,5 24,5 100,0

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Anexos Anexos

162 163

Tipo de apoio Arrendamento

Programa LOJA +

Entidade responsável SDEA

Legislação aplicávelResolução do Conselho do Governo nº 118/2013, de 18 de dezembro de 2013

Destinatários Empresas privadas

Objetivos

Promover a requalificação e revitalização do comércio dos centros urbanos, tendo em vista a ocupação de espaços devolutos (desocupados há mais de 3 meses), mediante um apoio ao arrendamento do estabelecimento comercial. Os negócios a serem apoiados deverão ter um caráter inovador, respeitando os conceitos indicados na legislação do programa. O apoio ao arrendamento tem a duração de 12 meses e reveste a forma de subsídio não reembolsável, (correspondendo a 50% para as ilha de São Miguel e Terceira, 55% para as ilhas do Faial e Pico e 60% para as restantes ilhas do Arquipélago), do valor do arrendamento, até ao montante mensal de €14,00 por m2, com o limite de €700,00, sendo também considerada a área útil do estabelecimento comercial.

Considerações ao empreendedorismo inclusivo

Considerando que as dificuldades de acesso ao espaço são um obstáculo para a grande maioria dos promotores, o apoio ao arrendamento Loja + demonstra-se bastante pertinente, atenuando os elevados custos ao arrendamento e promovendo uma proximidade dos negócios às zonas de maior afluência de possíveis clientes. Este apoio poderá complementar a Medida Microcrédito e CPE-PREMIUM, uma vez que as despesas com os custos fixos também não são consideradas elegíveis. Salientando-se a necessidade de uma análise cuidadosa, uma vez que o apoio é tem-porário e posteriormente o negócio terá que libertar fundos suficientes para fazer face ao valor total da renda.

Tipo de apoio Contratação

Programa INTEGRA START-UP

Entidade responsável DREQP

Legislação aplicável

Resolução do Conselho de Governo nº 18/2013, de 19 de fevereiro;Resolução do Conselho de Governo nº 100/2013, de 8 de outubro;Resolução do Conselho de Governo nº 78/2014, de 29 de abril

DestinatáriosEmpresas privadas (a criar ou criadas nos últimos 5 anos, sem quadro de pessoal)

Objetivos

Promoção da criação de novos postos de trabalho através da atribuição de um apoio financeiro, durante 12 meses, às empresas que celebrarem contrato de trabalho com desempregados inscritos na AQE. O contrato deverá ser a tempo inteiro e ter a duração mínima de 1 ano. No caso de desempregados inscritos há menos de 1 ano o apoio é de € 350,00 por mês, no caso de desempregados inscritos há mais de 1 ano o apoio é de € 450,00. Ambos os valores são majorados em 20% caso a pessoa a contratar tenha mais que 50 anos.

Considerações ao empreendedorismo inclusivo

A indisponibilidade económica é um dos fatores que impede a maioria dos ‘empreendedores inclusivos’ de contratarem mão-de-obra para as suas empresas, o que muitas vezes limita as suas oportunidades de cresci-mento e expansão. Este programa vem assim colmatar este obstáculo possibilitando aos microempreendedores constituírem quadro de pessoal e que os lucros iniciais da atividade seja utilizado noutras áreas de desenvolvimento da empresa, tais como investimento em publicidade, aqui-sição de produtos mais atrativos e identificação de novos nichos de mercado.

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Anexos Anexos

164 165

Tipo de apoio Investimento ao artesanato

ProgramaSIDART – Sistema de Incentivos ao Desenvolvimento do Artesanato

Entidade responsável CRAA

Legislação aplicável

Decreto Legislativo Regional n.º 34/2012/A, de 25 de julhoDecreto Regulamentar Regional n.º 1/2013/A, de 27 de fevereiro

Destinatários Artesãos e Unidades Produtivas Artesanais

Objetivos

Promover o desenvolvimento sustentável da atividade artesanal no âmbito da economia regional, através de um conjunto de medidas que visam o reforço da qualidade da produção e da competitividade das empresas artesanais dos Açores. O apoio reveste a forma de subsídio não re-embolsável e comparticipa 50% das despesas elegíveis,na ilha de São Miguel e 60% para as restantes, no âmbito da frequência de ações de formação; de projetos de dinam-ização do setor artesanal, tais como participações em feiras ou exposições; projetos de investimento nas unidades produtivas artesanais; e de projetos de qualificação e inovação do produto artesanal. Os montantes máximos a comparticipar dependem do tipo de atividade, e o montante mínimo ficou fixado nos € 200,00 independentemente da tipologia do projeto.

Considerações ao empreendedorismo inclusivo

Não sendo acumulável com a Medida Microcrédito e o CPE-PREMIUM na fase de criação do negócio, este apoio poderá ser aproveitado pelos ‘empreendedores inclusivos’ da área do artesanato numa fase de desenvolvimento ou expansão do seu negócio, ou seja, numa fase em que as vendas dos seus produtos já permitam ter um fundo de maneio extra para avançar com as despesas elegíveis e aguardar o seu reembolso. Salienta-se a sua importância a nível da remodelação dos espaços e de inovação do pro-duto artesanal, uma vez que permite o desenvolvimento da ideia de negócio inicial e da adaptação às novas necessi-dades dos clientes.

Tipo de apoio Financiamento à Aquisição de stock

Programa PROGRAMA DE APOIO à RESTAURAÇÃO e HOTELARIA para a AQUISIÇÃO de PRODUTOS REGIONAIS

Entidade responsável SDEA

Legislação aplicávelPortaria nº 33/2013, de 14 de JunhoPortaria nº 63/2013, de 5 de agosto

Destinatários Empresas privadas

Objetivos

Promoção da competitividade e inovação no setor da restauração e hotelaria açoriana, através da utilização predominante de produtos regionais, comparticipando a sua aquisição em 10%, que ascende a 40% no caso de produtos regionais com certificação “Indicação Geográ-fica Protegida IGP”, “Denominação de Origem Protegida – DOP”, “Denominação de Origem Controlada – DOC” ou “Artesanato dos Açores”. O apoio financeiro não pode exceder anualmente o montante de €5.000,00 por estabe-lecimento, até ao montante máximo anual de €15.000,00 por empresa.

Considerações ao empreendedorismo inclusivo

Embora a Medida Microcrédito e CPE-PREMIUM prevejam a aquisição do stock inicial, posteriormente os promotores que se dediquem às áreas da restauração ou do aloja-mento turístico poderão beneficiar deste apoio, que tem a dupla benesse de reduzir os custos com fornecedores e promover o consumo local.

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Gerir, Conhecer e Intervir

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2014