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NA TRILHA DA COMPETITIVIDADE Mais do que resolver problemas pontuais, consultorias são valorizadas pela ação preventiva, capaz de transformar os negócios e torná-los mais produtivos e rentáveis Lúcia Helena de Camargo São Paulo [email protected] Mercado de consultorias Empreendedores buscam apoio para ganhar eficiência Em tempos de crise econô- mica, o mercado de consul- torias se volta à prevenção. Essa demanda já era comum entre os grandes clientes, mas agora entram no jogo os micro, pequenos e médios empreendedores, preocupa- dos em não sucumbir diante de elevação de custos, infla- ção e demais adversidades que minam os lucros. Para essas empresas, é preciso tomar alguns cuida- dos antes, durante e depois da contratação. Se o custo de uma consultoria pode inicial- mente representar um obstá- culo, é ainda mais importante verificar o plano de ação, o acompanhamento oferecido e estar disposto a implantar as mudanças propostas. “80% do sucesso da con- sultoria depende da discipli- na do empresário”, afirma o consultor Marcelo Scharra, da Inside Business Design. Um projeto dele sai em torno de R$ 9 mil por mês para uma in- tervenção integral, como está fazendo no Bufê Arroz de Fes- ta, com reformulação de to- das as práticas e processos. O cliente, Alexandre Cymes, só tem elogios. “Com certeza ele entrega mais do que cobra”, diz. “Meu único medo é ficar viciado na consultoria. Sei que o trabalho tem começo, meio e fim, então preciso ir me pre- parando para andar com mi- nhas próprias pernas.” Dentro do espírito de pre- venir para não remediar, Edna Queiróz, dona do bufê Natu- riche Eventos, contratou este ano uma consultoria porque quer crescer de maneira con- sistente. A empresa existe há 31 anos, e recentemente con- seguiu clientes de peso, como o Metrô de São Paulo e a Caixa Econômica Federal, que de- mandam dedicação. Ela pre- Projeto Modelo mais comum ainda é o de valor fixo para propor e acompanhar plano Fotos: Divulgação Biazini: “Sei vender pizza. Para o que não sei, chamo quem sabe” Edna: “Focada nos meus assuntos, rendo mais” Sílvia: “Sem consultor, ideia ficaria na gaveta” PLANO DE AÇÃO Remuneração começa a considerar taxa de sucesso SEGUNDA-FEIRA, 14 DE DEZEMBRO DE 2015 DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS 4 Scharra: divulgação ativa cisava fazer render seu tempo, além de administrar melhor custos como água, gás e ener- gia elétrica, cuja conta subiu de R$ 1.800 para R$ 4 mil. “A con- sultoria ajudou muito. Fiz tudo o que eles recomendaram. Ago- ra estou mais focada nos meus assuntos e rendo mais”, afirma. Entre outras medidas, o consultor Hélio Biazzi, da BTR Educação e Consultoria, reco- mendou que Edna contratasse um gerente operacional e um responsável pela logística, já que ela própria desempenhava todas as funções e acabava sem tempo para cuidar do atendi- mento e da cozinha, seu forte. Com três meses de trabalho, a consultoria custou R$ 25 mil. “Embora alguns ainda relutem em investir, o mercado está co- meçando a nos valorizar”, diz Biazzi. “Edna enxerga longe e nos chamou antes mesmo de ocorrer qualquer problema. Ve- mos aí uma tendência”, afirma. Biazzi estima em até 20% a alta no faturamento de uma empresa após a consultoria. Alguns casos podem até ex- trapolar as previsões. Marcelo Scharra garante que sua consul- toria conseguiu aumentar em 1.500% a lucratividade de uma alfaiataria apenas modificando processos. Quem chegou a bons resul- tados recomenda. É o caso de Helídio Biazini, dono da rede de franquias Didio Pizza. Ele abriu a primeira loja há 22 anos. Hoje tem três estabelecimentos pró- prios e outras 21 unidades são franqueadas. Foi justamente para se tornar um franqueador que ele decidiu contratar uma consultoria, há seis anos. “Ja- mais teria conseguido executar sozinho a formatação do negó- cio”, afirma. “Não iria esperar dar errado. Por isso pedi ajuda desde o início.” Biazini já contratou consul- tores em nutrição, finanças, serviços administrativos e ju- rídicos. “Eu sei vender pizzas. Para fazer aquilo que não sei eu chamo quem sabe”, conclui. Marcos Rizzo, da Rizzo Fran- chise, que prestou a consultoria à Didio, elogia a atitude. “Cen- trar esforços naquilo em que você é bom e delegar quando o outro pode ser melhor em determinada tarefa é a grande sabedoria do empresário”, diz. Sílvia Prado, dona da Ca- miseta Feita de Pet, fábrica de roupas que utilizam resina PET reciclada e algodão, contratou no início do ano a consultora independente Eloisa Santos por um período de três anos, também para transformar sua empresa em franquia. Pagará R$ 80 mil pelo serviço. “Chegou a hora de realizar o sonho que é ver a marca circulando via fran- quia no País todo. Sem a con- tratação da consultoria, esse projeto estaria engavetado”, diz Sílvia. Com oito funcionários, a empresa cresceu 26% no ano passado e estima faturar R$ 1 milhão em 2015. 20% É a alta no faturamento que pode ser obtida após uma consultoria, estima a BTR, que orienta o bufê Naturiche Lúcia H. Camargo e Gilmara Santos São Paulo [email protected] Muitas empresas chegam às consultorias a partir da di- vulgação boca a boca. “O que funciona é o relato satisfeito de alguém conhecido”, diz Márcio Oliveira, sócio da You- db Consultoria. As gigantes do setor fazem estudos e eventos. As meno- res dão palestras e escrevem livros. O consultor Marcelo Scharra faz prospecção ativa: telefona para empresas. Oli- veira, um dos autores de Mind The Gap: Por que o Relaciona- mento com os Clientes Vem An- tes do Marketing, aplica na con- sultoria as regras do livro. “O ‘gap’ que vemos é entre o que a empresa declara na missão e como é percebida pelo público. Tentamos praticar o que pro- fessamos.” O preço da receita: a partir de R$ 10 mil por 60 dias de serviço. Patrícia Teixeira, dona da Trixe Comunicação Estratégica, cuida de construção de imagem e reputação de marcas e cobra a partir de R$ 2 mil mensais por esse trabalho. O modelo mais comum de remuneração é o de pagamento pelo projeto, mas a taxa de su- cesso começa a ganhar espaço. “Quando a consultoria se envol- ve no negócio, permitindo uma remuneração variável frente a um resultado obtido, a taxa é comum”, diz o sócio-diretor da DM&P, Bruno Pfeilsticker. O modelo pode ser positivo para os dois lados. A consulto- ria pode receber mais em longo prazo e o cliente fica mais se- guro de que terá resultados. “A consultoria tem que conhecer previamente dados que garan- tam que as ações vão surtir efei- to”, diz o sócio-diretor da Saffi Consultoria em Belo Horizonte, Guilherme Boechat Gomide. Oferecemos nossos serviços em feiras, congressos, reuniões. Pode ser festa ou o que for. Se há uma aglutinação de pessoas, estamos lá” Divulgação

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NA TRILHA DA COMPETITIVIDADE

Mais do que resolver problemas pontuais, consultorias são valorizadas pela ação preventiva, capaz de transformar os negócios e torná-los mais produtivos e rentáveis

Lúcia Helena de CamargoSão [email protected]

Mercado de consultorias

Empreendedores buscam apoio para ganhar eficiência

Em tempos de crise econô-mica, o mercado de consul-torias se volta à prevenção. Essa demanda já era comum entre os grandes clientes, mas agora entram no jogo os micro, pequenos e médios empreendedores, preocupa-dos em não sucumbir diante de elevação de custos, infla-ção e demais adversidades que minam os lucros.

Para essas empresas, é preciso tomar alguns cuida-dos antes, durante e depois da contratação. Se o custo de uma consultoria pode inicial-mente representar um obstá-culo, é ainda mais importante verificar o plano de ação, o acompanhamento oferecido e estar disposto a implantar as mudanças propostas.

“80% do sucesso da con-sultoria depende da discipli-na do empresário”, afirma o consultor Marcelo Scharra, da Inside Business Design. Um projeto dele sai em torno de R$ 9 mil por mês para uma in-tervenção integral, como está fazendo no Bufê Arroz de Fes-ta, com reformulação de to-das as práticas e processos. O cliente, Alexandre Cymes, só tem elogios. “Com certeza ele entrega mais do que cobra”, diz. “Meu único medo é ficar viciado na consultoria. Sei que o trabalho tem começo, meio e fim, então preciso ir me pre-parando para andar com mi-nhas próprias pernas.”

Dentro do espírito de pre-venir para não remediar, Edna Queiróz, dona do bufê Natu-riche Eventos, contratou este ano uma consultoria porque quer crescer de maneira con-sistente. A empresa existe há 31 anos, e recentemente con-seguiu clientes de peso, como o Metrô de São Paulo e a Caixa Econômica Federal, que de-mandam dedicação. Ela pre-

ProjetoModelo mais comum ainda é o de valor fixo para propor e acompanhar plano

Fotos: Divulgação

Biazini: “Sei vender pizza. Para o que não sei, chamo quem sabe” Edna: “Focada nos meus assuntos, rendo mais”

Sílvia: “Sem consultor, ideia ficaria na gaveta”

PLANO DE AÇÃO

Remuneração começa a considerar taxa de sucesso

SEGUNDA-FEIRA, 14 DE DEZEMBRO DE 2015 DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS4

Scharra: divulgação ativa

cisava fazer render seu tempo, além de administrar melhor custos como água, gás e ener-gia elétrica, cuja conta subiu de R$ 1.800 para R$ 4 mil. “A con-sultoria ajudou muito. Fiz tudo o que eles recomendaram. Ago-ra estou mais focada nos meus assuntos e rendo mais”, afirma.

Entre outras medidas, o consultor Hélio Biazzi, da BTR Educação e Consultoria, reco-mendou que Edna contratasse um gerente operacional e um responsável pela logística, já que ela própria desempenhava todas as funções e acabava sem tempo para cuidar do atendi-mento e da cozinha, seu forte. Com três meses de trabalho, a consultoria custou R$ 25 mil. “Embora alguns ainda relutem em investir, o mercado está co-meçando a nos valorizar”, diz Biazzi. “Edna enxerga longe e nos chamou antes mesmo de ocorrer qualquer problema. Ve-mos aí uma tendência”, afirma.

Biazzi estima em até 20% a

alta no faturamento de uma empresa após a consultoria. Alguns casos podem até ex-trapolar as previsões. Marcelo Scharra garante que sua consul-toria conseguiu aumentar em 1.500% a lucratividade de uma alfaiataria apenas modificando processos.

Quem chegou a bons resul-tados recomenda. É o caso de Helídio Biazini, dono da rede de franquias Didio Pizza. Ele abriu a primeira loja há 22 anos. Hoje tem três estabelecimentos pró-prios e outras 21 unidades são franqueadas. Foi justamente para se tornar um franqueador que ele decidiu contratar uma consultoria, há seis anos. “Ja-mais teria conseguido executar sozinho a formatação do negó-cio”, afirma. “Não iria esperar dar errado. Por isso pedi ajuda desde o início.”

Biazini já contratou consul-tores em nutrição, finanças, serviços administrativos e ju-rídicos. “Eu sei vender pizzas.

Para fazer aquilo que não sei eu chamo quem sabe”, conclui.

Marcos Rizzo, da Rizzo Fran-chise, que prestou a consultoria à Didio, elogia a atitude. “Cen-trar esforços naquilo em que você é bom e delegar quando o outro pode ser melhor em determinada tarefa é a grande sabedoria do empresário”, diz.

Sílvia Prado, dona da Ca-miseta Feita de Pet, fábrica de roupas que utilizam resina PET reciclada e algodão, contratou no início do ano a consultora independente Eloisa Santos por um período de três anos, também para transformar sua empresa em franquia. Pagará R$ 80 mil pelo serviço. “Chegou a hora de realizar o sonho que é ver a marca circulando via fran-quia no País todo. Sem a con-tratação da consultoria, esse projeto estaria engavetado”, diz Sílvia. Com oito funcionários, a empresa cresceu 26% no ano passado e estima faturar R$ 1 milhão em 2015.

20%É a alta no faturamento que pode ser obtida após uma consultoria, estima a BTR, que orienta o bufê Naturiche

Lúcia H. Camargo e Gilmara SantosSão [email protected]

Muitas empresas chegam às consultorias a partir da di-vulgação boca a boca. “O que funciona é o relato satisfeito de alguém conhecido”, diz Márcio Oliveira, sócio da You-db Consultoria.

As gigantes do setor fazem estudos e eventos. As meno-res dão palestras e escrevem livros. O consultor Marcelo Scharra faz prospecção ativa: telefona para empresas. Oli-veira, um dos autores de Mind

The Gap: Por que o Relaciona-mento com os Clientes Vem An-tes do Marketing, aplica na con-sultoria as regras do livro. “O ‘gap’ que vemos é entre o que a empresa declara na missão e como é percebida pelo público. Tentamos praticar o que pro-fessamos.” O preço da receita: a partir de R$ 10 mil por 60 dias de serviço.

Patrícia Teixeira, dona da Trixe Comunicação Estratégica, cuida de construção de imagem e reputação de marcas e cobra a partir de R$ 2 mil mensais por esse trabalho.

O modelo mais comum de remuneração é o de pagamento

pelo projeto, mas a taxa de su-cesso começa a ganhar espaço. “Quando a consultoria se envol-ve no negócio, permitindo uma remuneração variável frente a um resultado obtido, a taxa é comum”, diz o sócio-diretor da DM&P, Bruno Pfeilsticker.

O modelo pode ser positivo para os dois lados. A consulto-ria pode receber mais em longo prazo e o cliente fica mais se-guro de que terá resultados. “A consultoria tem que conhecer previamente dados que garan-tam que as ações vão surtir efei-to”, diz o sócio-diretor da Saffi Consultoria em Belo Horizonte, Guilherme Boechat Gomide.

Oferecemos nossos serviços em feiras, congressos, reuniões. Pode ser festa ou o que for. Se há uma aglutinação de pessoas, estamos lá”

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