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NA MODA Dicas para você ficar mais chique gastando bem pouco NA MÚSICA Os sucessos nacionais que ultrapassaram as fronteiras NAS RUAS Os protestos, o Estado, e a violência NA MESA A origem das nossas comidas mais apetosas Edição 1 - Ano 1 - Nº 1 Fevereiro de 2014 N’AÇÃO A MOEDA NO COTIDIANO Como a economia do país interfere no seu dinheiro

N'AÇÃO

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A N'AÇÃO é uma revista para os brasileiros, de ambos os sexos, da classe C e a partir dos 25 anos. O título da publicação faz referência ao nosso público, a "nação" brasileira, que é reconhecida por ser batalhadora, e portanto está sempre "na ação".A revista se propõe a valorizar os pontos positivos de nosso país e de nossa população, e ao mesmo tempo esclarecer para nosso leitor assuntos do seu interesse, mas que são tratados por outros meios de forma complexa (como política e economia). Os principais temas tratados, além dos já citados, são música, comportamento, turismo, gastronomia, moda, bem-estar, esporte, empreendedorismo, artes plásticas, tv e cinema. Esses assuntos são abordados de forma simples e leve._________________________________________________________Publicação realizada por estudantes do 6º termo de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC/UNESP Bauru), para as disciplinas de Impresso e Planejamento Gráfico.

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Page 1: N'AÇÃO

NA MODADicas para você ficar mais chique gastando bem pouco

NA MÚSICAOs sucessos nacionais que ultrapassaram as fronteiras

NAS RUAS Os protestos, o Estado, e a violência

NA MESA A origem das nossas comidas mais apetitosas

Edição 1 - Ano 1 - Nº 1 Fevereiro de 2014N’AÇÃO

A MOEDA NO COTIDIANOComo a economia do país interfere no seu dinheiro

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Expediente

Publicação realizada por estudantes do 6º termo

de Jornalismo da Faculda-de de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC/UNESP Bauru), para as

disciplinas de Impresso e Planejamento Gráfico.

Reitor: Julio Cezar Durigan

Diretor da FAAC: Nilson Ghirardello

Coordenação do Curso: Francisco Rolfsen Belda

Chefe do Departamento de Comunicação Social: Juarez Tadeu de Paula Xavier

Orientação: Mauro Souza Ventura e Tássia Zanini

Diagramação: Augusto Ju-nior e Jéssika Elizandra

Reportagens: Augusto Ju-nior; Bianca Teixeira Mo-relli; Camila Nascimento David; Caroline Lima; Jés-sika Elizandra; Juliana Gar-cia; Maria Letícia Marques; Tayane Abib; e Wanessa Medeiros

Endereço: Av. Eng Luiz Ed-mundo Carrijo Coube, nº 14-01 - Vargem Limpa - Bauru - SP - CEP 17033-360Telefone: (14) 3103-6000 Ramal: 6066

O QUE TE FAZ BRASILEIRO?Do outro lado do oceano, somos vistos com base em es-

tereótipos (o termo vem do grego e quer dizer impressão sólida). Isso porque a visão que se tem do país é influen-ciada pelo ponto de vista dos povos que aqui chegam e deixam sua marca. Pré-conceitos que se solidificam e se enraízam na nossa própria identidade.

No entanto, desde o século passado, o brasileiro de-monstra uma vontade de romper com essa lógica. Exte-riorizamos nosso desejo de ser múltiplos. Multiculturais, multirraciais, multi-o-que-você-quiser. Afinal, somos esse mosaico composto pela mistura - mistura que deve ser ge-rada por nós mesmos, que fique bem claro.

Caminhando nos cacos dessa ruptura, criamos a N’AÇÃO uma revista feita por brasileiros e para brasileiros (e se os estrangeiros também quiserem ver, por que não?). Nossa proposta é apresentar um Brasil multifacetado e tudo o que ele encerra. Queremos abandonar os estereótipos e abraçar as impressões por nós criadas, sejam elas quais forem. E na ação, esperamos desse povo que não foge à luta, ainda mais rupturas e novas criações.

É tempo de mostrar o que te faz brasileiro.

Da redação

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CARTA À NAÇÃO

Os brasileiros que fazem a N’AÇÃO

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ÍNDICE6 Olhe nos muros

18 Viva o subúrbio!

Imagens: Capa Handyprovider; Editorial Arquivo Pessoal; Índice 1 Juxtapoz; 2 Alexandre Pires/Divulgação; 3 TV Globo/Divulgação; 4 Conexão Jornalismo; 5 O Buteco da Net; 6 Leila Renata Abib; 7 YouToba; 8 Chica Brasil/Divulgação; 9 Camila Nascimento David; 10 Downloads Wallpapers; 11 The Cook in Love; 12 Futebol Freecs

SOL DA LIBERDADE

10 Arte do BrasilComo a Semana de 1922 influenciou nossa arte

12 O adeus a Reginaldo RossiA morte do “Rei do Brega” e a importância desse gênero musical

15 Evolução do cinema nacionalHá mais investimentos e produções qualificadas no país

ORDEM E PROGRESSO

22 Que tal nos representarmos?Pessoas com boa vontade podem ser mais eficientes que políticos

24 Se Maomé não vai à montanha...Máquinas de livros no metrô vendem até 15 mil obras por mês

27 Entrevista com Alexandre VersignassiO autor do blog Crash comenta a situação da nossa economia

36 Você lembra?Os protestos e a memória do povo

38 Cenários da economia brasileiraColuna do economistaReinaldo Cafeo

ENTRE OUTRAS MIL

43 Roberto Vascon, de mendigo a milonárioHoje, toda mulher muito rica tem uma bolsa do brasileiro

50 Colorindo a economiaO crescimento da nossa indústria de cosméticos

TERRA ADORADA

53 Caribe brasileiroO céu, o sal e o sol de Maceió

56 Vai pra onde?Os destinos mais procurados em nossas terras

59 Gastronomia em ascensãoVariedade e sabores marcantes caracterizam culinária nacional

14 Exportando sucessos

28 Quem começou?

31 Economês

32 A moeda no cotidiano

40 Keep calm and nos conheça

44 Daqui para o mundo

46 Chique é pagar pouco

54 Imagina na Copa

60 Sabores brasileiros

62 Esporte, lazer e paixão

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Texto e Foto JÉSSIKA ELIZANDRA

NOS MUROS

OLHE

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Quer conhecer os problemas enfrentados por determinada cidade ou bairro? Ande por lá, olhando para cima, para baixo e para os lados, nos muros, nas tampas de bueiros, nas placas, nas pilastras dos viadutos e para outras super-fícies que compõem esses espaços. Assim você encontrará o nosso graffiti, importante expres-são artística e de combate da atualidade.

O grafiteiro Thiago Mundano conta que, durante os protestos do ano passado, quando alguém dizia que seu trabalho era vandalismo, sentia vontade de dizer “Cara, eu tô na luta há 10 anos, você que acordou agora”. Isso porque desde a década de 70 artistas de rua fazem pi-chações, graffitis, esculturas, colam adesivos e cartazes, objetivando chamar atenção para as desigualdades presentes na nossa sociedade e dar voz à aqueles que não a tem.

Frequentemente o graffiti dialoga com o seu entorno: “Se tô pintando em uma avenida que tem muito trânsito, uso isso. Se tô grafi-tando uma região que tem problema de mora-dia, falo da moradia”, resume Mundano.

A estética, geralmente agradável e refinada, beirando a forma das propagandas, é outra fer-

Espaços públicos abrigam o graffiti, mais do que expressão artística, uma arma no combate às desigualdades

ramenta fundamental dessa arte. O grafiteiro Ramirez Caio, mais conhecido como RMI, expli-ca que sempre preza pela beleza: “Tento fazer algo bonito, que as pessoas olhem e achem que embelezou o lugar. Eu acho que essa também é uma função social da arte, não é só promover eventos artísticos ou instigar as pessoas”.

Democratização da arteAntes da arte urbana, pinturas e esculturas

ficavam em museus e galerias, lugares onde nem sempre nos sentimos à vontade. Hoje elas estão no espaço público, podendo ser admira-das tanto pelo executivo quanto pelo morador de rua. Outra mudança é que, enquanto os ar-tistas tradicionais utilizavam materiais caros e, por isso, precisavam ou serem ricos ou terem patrocinadores (conhecidos como marchan-ds), os grafiteiros utilizam rolinhos e spray, bem mais em conta. Isso permite que pessoas de várias classes sociais produzam as obras.

Porém, a vida desse profissional não é fácil, e seu comprometimento chama atenção. Para se expressar, ele gasta dinheiro com tintas e se expõe a riscos, mesmo sabendo que a sua arte pode ser apagada no dia seguinte.

Projetos sociaisMuitos desses grafiteiros tornaram-se co-

nhecidos por promoverem projetos como o Co-lorindo o Jardim Edite, que aconteceu na zona

sul paulistana em novembro de 2013. A inicia-tiva objetivava chamar a atenção da mídia e de quem passa por ali para os problemas das 252 famílias, que antes moravam na Favela Jardim Edite e hoje habitam o conjunto habitacional de mesmo nome. Elas reclamam que menos de um ano após a entrega dos apartamentos, um dos prédios já apresenta uma rachadura de cima a baixo, os interfones não funcionam, o reboco está caindo, entre muitos outros transtornos. Além de fazerem graffitis mostrando as dificul-dades da população, os artistas ofereceram ofi-cinas dessa arte para as crianças, convidaram a comunidade à participar de um piquenique (para que os moradores se encontrassem, dis-cutissem os problemas e se mobilizassem em conjunto) e à assistir shows de bandas.

Já o Pimp My Carroça, idealizado por Thiago Mundano, “visa tirar os catadores [de lixo reci-clável] da invisibilidade, ‘pimpando’ suas car-roças e sua autoestima”. Na prática isso signi-fica reformar e colocar itens de segurança nas carroças, dar atendimento médico, massagem, corte de cabelo, uma refeição, e oferecer outros serviços ao catador e à sua família. O projeto só é possível graças ao apoio de algumas empre-sas e da contribuição espontânea de pessoas fí-sicas através do Catarse (site de financiamento coletivo). Desde 2012, quando nasceu, o Pimp My Carroça já passou por três cidades, arreca-dou quase R$ 109 mil e beneficiou mais de 200

catadores. Essa iniciativa e outros projetos de Mundano lhe renderam a indicação ao Prêmio Cidadão Sustentável 2013.

AceitaçãoA lei brasileira ainda não reconhece o graf-

fiti em sua essência (diálogo com o espaço pú-blico, contestação e transgressão) e só o apoia se seu objetivo for valorizar o patrimônio público ou privado e se tiver autorização do responsável pelo local. Caso contrário, a obra será denominada pichação, o grafiteiro pode-rá ficar preso de 3 meses a 1 ano e precisará pagar uma multa. Além disso, menores de 18 anos não podem comprar spray.

Em contrapartida, alguns países do exterior estão de braços abertos para o nosso graffi-ti. No ano passado, 11 dos nossos grafiteiros (entre eles Nunca, Onesto e Speto) foram con-vidados a colorirem as ruas de Frankfurt (Ale-manha) durante a famosa feira literária da ci-dade. Assim, muitos desses artistas vivem de suas obras, produzindo, expondo e vendendo em galerias. Entretanto, grafiteiros como OS-GEMEOS (dupla formada por Otávio e Gustavo Pandolfo) e Mundano afirmam que apesar de usarem a mesma estética que utilizam nas ruas para comporem as obras feitas para galerias, elas não são graffiti, pois o diálogo com o espa-ço público e a transgressão são fundamentais para a caracterização dessa arte.

Obras dos grafiteiros OZI, RMI e Mundano

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SOL DA LIBERDADE

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Semana de Arte Moderna: marco divisor entre passado e futuro. De Oswald de Andrade à Tarsila do Amaral, artistas se mobilizaram para dar cara à arte verde e amarela

ARTE DO BRASILTexto CAROLINE LIMA

Hoje o Brasil tem cor, tem cara e tem cheiro. Se antes nosso povo era conside-rado fruto da miscigenação, atualmente a mistura é muito maior. O slogan do governo vigente é Brasil, o país de todos. Isso faz com que o país bonito por natureza seja multi-cultural. As expressões artísticas recebem influência mundial e buscam referências múltiplas como o povo. Resultado, obras originais, coloridas e com a cara do país, como as do artista Romero Britto.

Para ter autenticidade foi necessário que nos dias 13 a 18 de fevereiro de 1922, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Mário de An-drade, Manuel Bandeira, Oswald de An-drade e Heitor Villa Lobos manisfestas-sem suas insatisfações com as produções artísticas brasileiras na Semana. A pala-vra chave desse era ruptura. O cenário era o Theatro Municipal de São Paulo e os atores desta peça: artistas brasileiros. O principal objetivo era criar identidade e romper com o padrão tradicional de arte fortemente impregnado na cultura brasi-leira e em suas produções artísticas.

A Semana de Arte Moderna originou o movimento modernista brasileiro e foi um marco para a transição. Durante os três dias da Semana, as apresentações eram vaiadas e aplaudidas ao mesmo tempo. O evento ficou longe de agradar a todos, mas também despertou a inovação e a compreensão do movimento moder-nista em alguns dos presentes.

Livre de tabus e preconceitos, a Sema-na de 22, defendia a “nacionalização” da arte e a atualização da cultura brasileira. Os artistas buscavam temas tipicamente nacionais com a criação de uma lingua-gem própria, espontânea e original. Má-rio de Andrade, um dos principais nomes do movimento, criou Macunaíma, que se enquadra em todas essas características. Obra original, com linguagem própria e tema puramente brasileiro.

Liberdade artísticaSegundo a professora do Departamen-

to de Artes da UNESP Bauru, Eliane Patrí-cia Grandini Serrano, a partir da Semana de 22, os artistas se sentiram motivados à renovação de linguagens, na busca de experimentação, na liberdade criadora e a ruptura dos padrões anteriormente vigentes. “Com a apresentação de novas idéias e conceitos artísticos o evento sim-boliza, até os dias de hoje, uma espécie de divisora de águas entre o passado e o futuro”, explica. A Semana foi a primeira manifestação coletiva pública da história do país. E originou movimentos subse-quentes que trouxeram a originalidade brasileira na arte.

As manifestações da Semana eram compostas por espetáculos de orató-ria, declamação e música. O intuito era o mesmo. De forma irônica e sarcástica, afrontar os movimentos anteriores, como o Parnasianismo, Simbolismo e Natura-lismo. Manuel Bandeira, um dos maiores poetas brasileiros, apesar de não compa-recer ao evento, teve sua poesia Os Sapos vaiada, por ridicularizar a métrica parna-siana. Ao mesmo tempo, abriu as portas para a poesia livre, sem rimas.

Abaporu, referência modernista.

Feita por Tarsila do Amaral, em 1928,

é hoje a tela brasileira mais

valorizada no mundo

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ão

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No dia 20 de dezembro de 2013, aos 70 anos, Reginaldo Rossi, pediu a sua saideira ao Garçom. O rei do brega havia descoberto um câncer de pulmão. A doença, já em estado avançado, causou falência múltipla de órgãos e o cantor não resistiu. O Brasil lamenta a perda de um dos gênios da música brega.

Original do norte e nordeste o brega foi o gênero musical que arrebatou multidões nos anos 70. Letras melódicas, rimas fáceis e ar-ranjos musicais muito simples, ganhou fãs pela maneira como faz as pessoas se identifi-carem com as canções.

Com raiz nos anos 50, o brega foi classifica-do como “cafona” e contemplava cantores ex-tremamente românticos. Estes eram os canto-

O rei do brega perdeu a luta contra o câncer e sua morte traz a tona um dos ritmos mais aclamados do Brasil

O ADEUS A REGINALDO ROSSI

Texto CAMILA NASCIMENTO DAVID

res de bolero e samba-canção. Neste momento o cantor Orlando Silva era principal represen-tante da classe e ficou conhecido como “o can-tor das multidões”.

Médico de formação e conhecedor do gê-nero, Jaquison da Cruz, criador do Brega Blog, classifica Orlando Silva como o nome obrigató-rio para se falar de brega, seguido de Odair José e Reginaldo Rossi. “Orlando Silva, foi o primeiro grande vendedor de discos do Brasil. Odair José é o artista mais injustiçado do país, introduziu a crônica social na música popular. Ele tratava de drogas, prostitutas, pílula anticoncepcional e outros temas nas músicas, o que lhe rendeu vários puxões de orelha do governo militar. E por fim Reginaldo Rossi, que tirou uma gran-de parcela do preconceito que existia sobre a palavra brega”. O rótulo de brega foi dado pela crítica. Os artistas abraçaram a definição, mas Odair José, por exemplo, acredita que essa mar-ca seja “um conceito de olhar elitista”.

Sucessos nos programas de auditório as canções Garçom e Uma vida só (Pare de tomar a pílula) se tornaram referências do gênero brega e abriram portas da mídia para muitos outros cantores como Waldick Soriano, Sidney

Magal e Wando. Ao mesmo tempo serviu para consagrar cantores classificados pela crítica como românticos como Gilliard, Fábio Júnior, José Augusto e até Roberto Carlos, deixando evidente a ligação tênue que existe entre a mú-sica romântica e o brega.

Apesar de ter se depreciado após os anos 70, os resquícios do gênero podem ser identi-ficados em outros estilos musicais que fazem sucesso, principalmente no norte e no nordes-te. “Na Bahia, uma simples batida de um bole-ro acelerado no teclado virou um novo estilo, o ‘arrocha’ que com elementos percusivos da ‘bachata’ de Porto Rico, também faz muito su-cesso, inclusive dentro da música sertaneja”, afirma o estudioso do gênero brega Jaquison da Cruz. “Já na Paraíba o brega é cantado em bandas com 3 ou 4 vocalistas, bailarinos com uma estrutura parecida com bandas de forró.

Já na periferia do Recife/PE há uma mescla com o funk carioca, e ‘Mc’ lá é sinônimo de can-tor de brega. E no Pará, o caso comercialmente mais bem sucedido, o tecnobrega”, completa.

O tecnobrega é original do Pará e tem influ-ências do chamado brega pop. Lá a disputa de aparelhagens é o principal atrativo que con-quista o público jovem, diferente do brega tra-dicional que tem admiradores de mais idade. Os artistas que se consagraram no tecnobrega curiosamente também são bastante jovens e conseguiram alcançar o público de menos ida-de cultuando músicas que celebram a vida, tem ritmo dançante deixando de lado as raízes ro-mânticas, agregando figurinos extravagantes e muito coloridos. Como exemplo, podemos ci-tar Gaby Amarantos e a Banda Uó.

O sucesso destes novos artistas, só vem rea-firmar a relação de amor do público brasileiro com a música brega, mas apesar do destaque do tecnobrega ter reascendido as chamas do estilo, a evidência atual dos artistas bregas é muito irrisório fora das regiões norte e nor-deste do Brasil. Segundo Jaquison da Cruz “di-ficilmente voltará a fazer um sucesso estron-doso em algum centro diferente”.

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EXPORTANDO SUCESSOS

Texto AUGUSTO JUNIOR

De Carmem Miranda a Michel Teló. Conheça os estilos e cantoresque ultrapassaram as fronteirase conquistaram os estrangeiros

Se perguntarmos para qualquer brasileiro quais são as músicas internacionais que ele conhece, possivelmente ele dirá mais de uma. Se perguntarmos de cantores ou bandas dos Estados Unidos, nossa, vão fazer uma lista. Bem, mas e se perguntássemos sobre música brasileira lá na terra do Tio Sam? Será que os americanos falariam de pelo menos uma mú-sica, cantor, banda ou estilo?

Jorge Salhani, 19, estudante de jornalismo,

está há seis meses vivendo no estado da Ca-lifórnia, nos Estados Unidos, e nos conta que raramente escuta músicas brasileiras por lá. “Não ouço muitas aqui, mas já aconteceu de eu ouvir algumas pela rua, como Ai, se eu te pego e Eu quero tchu, eu quero tcha”, diz ele.

O hit do sertanejo Michel Teló, citado pelo estudante, é o mais atual e evidente exemplo de cantor brasileiro que ultrapassou as fron-teiras. Em 2012, foi o sexto single mais ven-dido em todo o mundo, com mais de sete mi-lhões de cópias, e ainda ganhou versões em vários outros idioma. Ai, se eu te pego ficou em primeiro lugar nas paradas de vários países Europeus - como na Alemanha, na Bélgica e na

Áustria -, além de países da América Latina e do Norte. “Quando eu pergunto para eles [os americanos] o que conhecem da nossa música, a resposta é quase sempre a música do Teló. Eles me falam que tocava muito aqui. Conheço alguns árabes e eles também conhecem e gos-tam da música”, relata Jorge.

O sertanejo pegou?Michel Teló não foi o único do estilo a fa-

zer sucesso lá fora. Gustavo Lima também ga-rantiu a permanência da música brasileira na parada de outros países, principalmente na América Latina e em países como Holanda e Bélgica, com o seu “tchê tchê rere” refrão co-lante da música Balada boa.

Esse gênero musical é muito famoso no interior do estado de São Paulo e em Minas Gerais. É tido por muitos como uma música “pobre” e que não é uma boa representante do som brasileiro no exterior. O fato é que o estilo faz parte da identidade musical de grande par-te dos brasileiros e conquistou os estrangei-ros. Segundo o jovem alemão Richard Löwel, 22, apreciador do sertanejo, é um tipo de mú-sica que não se encontra na Europa e por isso chama a atenção. “É diferente das canções da-qui. O sertanejo tem uma batida e instrumen-tos diferentes, além de ser feliz e contagiante.”, conta ele. Para o brasileiro Jorge Salhani, esse tipo de música ganhou outros países por cau-sa das letras simples e repetitivas. “É como a música pop americana que faz sucesso no Bra-sil. São músicas que tem um refrão ‘chiclete’ e são muito parecidas entre si”.

Apesar do grande sucesso, nossas músicas costumam ser passageiras em outros países. De acordo com o diretor musical Paulo Feda-to, em entrevista ao jornal Fala Brasil da TV Record, muitos artistas brasileiros estouram lá fora e depois são esquecidos. “Trata-se de

um sucesso descartável, ou seja, rápido e de momento”, explica.

Bem antes do “ai, se eu te pego”Foi na década de 30 que, pela primeira vez,

a música do Brasil chegou ao exterior, mais especificadamente nos Estados Unidos. A res-ponsável pelo feito foi a atriz e cantora luso-brasileira Carmen Miranda. Seu êxito por lá foi grande, ganhando até uma estrela na calçada da fama de Hollywood. Em uma reportagem da revista americana Forbes, em 2012, o re-pórter chegou a comparar o então atual suces-so de Michel Teló com o de Carmen Miranda.

Na década de 60, foi a vez da bossa nova aterrissar em solo estrangeiro. A canção Ga-rota de Ipanema é o principal exemplo desse momento e continua sendo a música brasilei-ra referencia no exterior. Ela também ganhou versões em outros idiomas. Em inglês já foi in-terpretada por Frank Sinatra, Cher, Madonna, entre outros. Posteriormente, nomes da MPB ganharam destaque em outros países, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Segundo o historiador de música brasilei-ra, André Egg, em entrevista ao Portal Edu-cacional, a bossa nova foi fundamental para a propagação da nossa música. “A bossa nova representou um momento privilegiado de in-ternacionalização da música brasileira. Alguns críticos, como Tinhorão, consideram que a bossa nova é mesmo muito internacionalizada — chegando a perder a referência nacional. As ideias de Tinhorão sobre o estilo, contudo, pa-recem totalmente superadas — a bossa nova tem elementos fortes e suficientes para ser identificada como nacional, ao mesmo tempo em que tem sofisticação e apelo universais. É um produto cultural altamente difundido e re-conhecido no mundo, especialmente a partir do trabalho de Tom Jobim”, explica. >>

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QUEM MAIS FAZ (OU FEZ) SUCESSO LÁ FORA?

Alexandre Pires O pagodeiro, ex-vocalista do Só Pra Contrariar, conquistou toda a América Latina no começo dos anos 2000. Seu suces-so pelo continente o levou a gravar álbuns em espanhol, além de já ter gravado músicas com importantes cantores como Alejandro Sanz e Gloria Stefan. Em 2010 foi o brasileiro com mais discos vendidos na América.

Carrapicho “Bate forte o tambor, eu quero tic tic tac”. Você se lembra? Foi com essa música que o grupo do Amazonas levou o nome do Brasil para fora nos anos 90. O Carrapicho ga-nhou destaque na Europa, principalmente na França. Além disso, o hit tem uma versão em russo. O grupo já vendeu mais de 15 milhões de discos pelo mundo.

Kaoma Em 1989, o grupo brasileiro de lam-bada estourou na Europa com o hit Chorando se foi. A música ganhou várias versões, sendo que a mais recente foi gravada pela cantora pop norte-americana Jennifer Lopez, intitula-da On the Floor.

Sepultura A banda, criada em 1984, já vendeu cerca de 20 milhões de discos mundialmente. É referência no cenário do metal e conhecida pelos cinco continentes. Suas músicas contam com instrumentos tipicamente brasileiros, in-clusive indígenas.

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O contexto atual mostra que há mais investimentos, produções qualificadas e cursos de graduação pelo país

O filme Se puder dirija é uma das super-produções da Globo Filmes. Apesar do eixo comercial, a novidade é o uso de tecnologia 3D em um filme brasileiro. De acordo com o jornalista e documentarista Denis Renó, “nessa fase em que as leis de incentivo a cul-tura estão cada vez mais intensificadas, o ci-nema nacional vive um ótimo momento”. As políticas de cultura cortadas pelo presidente Fernando Collor foram reimplantadas quan-do Fernando Henrique Cardoso foi eleito. Isso fez com que o panorama atual do cinema brasileiro fosse modificado.

Uma grande obra nacional é Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Segundo Renó, “o filme se destacou no meio cinematográfico por con-ter linguagem inovadora, uso de câmeras de mão e elenco de não-atores do grupo Nós do

Morro. Outro filme que marca o desempenho dos brasileiros na indústria cinematográfica é O jardineiro fiel, dirigido por Fernando Meirel-les, que filma a sociedade local interpretando seus papéis originais”.

O Brasil tem produções importantes como O ano em que meus pais saíram de férias, Meu nome não é Johnny, Carandiru e Tropa de Eli-te. Tem a participação em destaque de brasi-leiros em filmes como Diário de Motocicleta e Ensaio sobre a cegueira e animações como Era do Gelo, dirigido por Carlos Saldanha.

Nos últimos anos, a Globo Filmes despon-tou em quantidade e na qualidade de suas pro-duções, com referências nos filmes hollywoo-dianos. Renó diz que “isso pode ser visto como um retrocesso para o cinema nacional, já que as produções como Cidade de Deus e O jardine-ro fiel inovaram em seu formato e linguagem criando obras originais, sem referências na indústria cinematográfica norte-americana”.

EVOLUÇÃO DO CINEMA NACIONAL

Texto CAROLINE LIMACidade de Deus/Reprodução

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atuais, sempre dentro da realidade”, comenta Aparecida. Lurdes confessa que assiste a esse tipo de programa para acompanhar a irmã. Entretanto, os enredos que abordam temas cotidianos têm con-quistado cada vez mais sua atenção. Para Mauro Alencar, doutor em Te-ledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP e membro da Academia Internacional de Artes e Ciências da Televisão de Nova Iorque, as tramas das novelas sempre buscam retratar a ventu-ra humana em seus mais varia-dos aspectos.

Um pouco da históriaDesde 1951, no entanto, a forma

de narrar histórias pela teledra-maturgia se alterou significativa-mente. A primeira telenovela, ain-da não diária, exibida pela antiga TV Tupi foi protagonizada pe-los atores Walter Foster e Vida Alves. Sua vida me pertence trans-mitiu o primeiro beijo da televisão brasileira e deu início à primeira fase da teledra-maturgia do país, caracte-rizada pela utilização recorrente de técni-cas radio-fônicas, c o m o a pre-s e n ç a de um

VIVA OSUBÚRBIO!

Texto TAYANE ABIB

Nova classe média assume o papel de protagonista nas telenovelas e altera a lógica das narrativas brasileiras

É como um ritual. Após o jantar, as irmãs Aparecida e Lurdes Ludim, de 57 e 54 anos respectivamente, reúnem-se na sala de estar de sua casa, em São José do Rio Preto, inte-rior de São Paulo, para assistir à novela das 21 horas. De segunda-feira a sábado, o hábito se repete e só é substituído por imprevistos ou compromissos familiares. Quando isso ocorre, elas encontram uma maneira de rever o episó-dio do dia, por gravação ou busca em sites ou programas televisivos.

Em outubro de 2012, esse rito foi a reali-dade de mais de três milhões de pessoas, que ficaram em suas casas em uma sexta-feira para conferir o capítulo final da novela Ave-nida Brasil, de João Emanuel Carneiro. O epi-sódio atingiu 50,9 pontos de audiência, com pico de 53,8, sendo, por isso, considerada a maior audiência da Rede Globo no ano. De acordo com dados da emissora, o capítulo ul-trapassou a final da Copa Libertadores, dis-putada entre Corinthians e Boca Juniors, que marcou 48 pontos no Ibope.

“Ela parou o Brasil, falou de muitos assun-

tos diferentes e conquistou por mostrar temas

“É tudo culpa da Rita!”

Carminha, Avenida Brasil

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Neste período, Mauro Alencar também destaca a criação de novos conceitos para a telenove-la, sendo o principal deles o for-talecimento do valor social, que até hoje permeia as narrativas e confere um ar de realidade e co-tidiano aos enredos.

“É curioso notarmos que de

tempos em tempos há uma ne-cessidade quase atávica, um pacto entre público e obra de arte. No caso, a novela, de um profundo processo de identi-ficação social, de novas incor-porações psicossociais. Ao me-nos de Irmãos Coragem (Globo, 1970) para cá, isso já ocorreu diversas vezes”, pontua Alencar. Essa tentativa de acompanhar a evolução social e de dialogar com diversas camadas da socie-dade vem ganhando espaço des-de então e se intensificou no ano passado, com as novelas Avenida Brasil e Cheias de Charme.

A classe C nos enredos“O que difere essas tramas

das outras dentro do mesmo campo social é, particularmente, a questão eco-nômica. Nota-se nitidamente um grupo social economicamente ativo, com poder de compra e consequentemente com poder para imprimir sua estética. Vem do subúrbio o ponto central da trama. Mais do que isso: um subúrbio posi-tivo cujo objetivo é o de ser feliz e viver bem no lugar de origem”, explica o especialista.

A novela, aliás, é parte de um movimento

da Rede Globo de entender e se aproximar mais da classe média, segmento da sociedade

narrador para pontuar as tramas, do primeiro até o último capítulo.

As décadas seguintes experimentaram avanços tecnológicos e temáticos, com a cria-ção, em 1995, de um complexo de estúdios, ba-tizado de PROJAC, na TV Globo, em uma área de um milhão e trezentos mil m². A partir de então, a teledramaturgia também se inseriu no processo empresarial da indústria cinemato-gráfica e passou a concentrar em um só local o maior número de etapas de uma produção.

que agora abrange mais da metade da popu-lação brasileira e que mais cresceu na última década, absorvendo 35 milhões de pessoas que saíram das classes D e E. Para a psicóloga Maria Cristina Curi, retratar a classe C nos en-redos é uma estratégia para fidelizar o públi-co. A dona de casa Denise Vignoli, 58, acredita que esse novo modo de contar histórias re-presenta uma tentativa de igualdade: “é uma forma de mostrar que a classe C também pode nos proporcionar enredos bons, sempre mos-trando a realidade”.

Desde o princípio, as novelas da Rede Globo trabalham com a lógica dos núcleos. Em torno dos protagonistas erguem-se grupos de perso-nagens secundários, que ajudam a encorpar a trama. Como tradicionalmente as novelas de fa-tura realista do horário nobre se ocuparam dos dilemas da classe alta ou dos jogos de poder dos endinheirados, os núcleos mais comuns sempre foram os dramas e conquistas das elites.

Com Avenida Brasil e Cheias de Charme, que ocupavam respectivamente as faixas das 19 e das 21 horas, a situação se alterou. Enquanto Cheias de Charme, de Filipe Miguez e Izabel Oli-veira, foi protagonizada por empregadas do-mésticas e cantores de eletroforró e sertanejo universitário, Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro, teve 79% de seus personagens entre jogadores de futebol e cabeleireiras, com os pés firmemente plantados no cotidiano da classe C.

Para o futuro, Alencar acredita que essa lógica será mantida, mas vislumbra também um novo cenário, múltiplo e diversificado, a ser explorado pela telenovela. “O uso de redes sociais e de outros mecanismos da internet aproximam o gênero de seu público e promo-vem a integração entre as mais diferentes pla-teias. O limite entre o ficcional e o real toma novas proporções e a telenovela pode encon-trar nisto seu desafio para se manter atual e significativa aos 60 anos”, afirma.

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 2120 • N’AÇÃO • Fevereiro/2014

SOL DA LIBERDADE

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Pessoas com boa vontade muitas vezes são capazes de fazer um trabalho mais eficiente que o dos políticos

De todos os gritos incansavelmente repeti-dos nos protestos do ano passado, “Não! Não! Não me representa!”, era o que mais despertava a simpatia das massas. Isso porque há uma per-cepção geral que os políticos, depois de eleitos, lutam mais para se manterem no poder, do que pelos interesses dos cidadãos. Porém, há algu-mas pessoas que, ao perceberem essa situação, unem-se a outras e encontram formas de solu-cionarem as questões sociais que lhes afligem sem recorrerem aos sistemas tradicionais.

Pastores de ovelhas doentesUm exemplo é a Pastoral da Saúde de Cara-

picuíba (SP). Criada em 1987, por frequenta-dores da igreja católica, seu objetivo é auxiliar os carapicuibanos de baixa renda que tem pro-blemas de saúde, independente de sua religião, cor, orientação sexual ou ideologia política.

Em uma sala, cedida pela Companhia Me-tropolitana de Habitação de São Paulo (CO-HAB), a Pastoral recebe doações de remé-dios (que repassa aos enfermos, mediante a apresentação de receita) e de outros mate-riais hospitalares, como cadeiras de roda e de banho, camas hospitalares e muletas (que também empresta aos necessitados pelo tem-po que eles precisarem). Quando chamado, o grupo visita pacientes acamados, avalia suas necessidades e, se necessário, conversa com médicos da rede pública municipal para que eles atendam os doentes em domicílio. Como todos os agentes são voluntários, eles organi-zam bazares e vendem comida nas cantinas das igrejas para arrecadarem dinheiro para pagarem qualquer despesa imprevista: “Ago-ra mesmo precisamos trocar umas telhas da nossa sala, porque uns meninos subiram no

telhado atrás de pipa e quebraram elas”, ex-plica Elvis dos Santos Silveira, voluntária da Pastoral da Saúde há 27 anos.

Apesar do grupo fazer uso dos serviços pú-blicos para atingir seus fins, a prefeitura não lhe auxilia diretamente: “Pelo contrário, vira e mexe a Secretaria da Saúde liga pra gente pe-dindo ajuda ou coisa emprestada. Boa parte dos atendimentos que fazemos no dispensá-rio [local onde a Pastoral guarda os remédios e atende a população], são [feitos] à pessoas que trabalham nos próprios postos de saúde e vão lá retirar remédios para pacientes, remédios que os postos não tem”, afirma Elvis.

Alguns pássaros fazendo verãoPodemos citar também o Projeto Coruja,

que está revitalizando a praça e o parque lo-

calizados às margens do Rio das Corujas, nas paulistanas vilas Madalena e Beatriz.

A iniciativa partiu da arquiteta e moradora da região, Renata Minerbo Strengerowski, que queria que esses ambientes promovessem conexões entre as pessoas. Como não havia iluminação suficiente, banquinhos e outros recursos que tornassem essas áreas mais se-guras e agradáveis, elas serviam somente para passagem, e não para convivência. A arquiteta conversou com outros quatro ou cinco mora-dores, que se interessaram em ajudar. Através do Facebook, marcaram reuniões e chamaram mais vizinhos para darem pitacos.

Para promover as mudanças físicas pre-vistas e necessárias aos espaços, a iniciativa precisava de R$ 25 mil, mas como arrecadar

esse valor? Cada um fez o que podia: alguns buscaram o apoio de empresas; outros doa-ram através do site de financiamento coletivo Catarse; aqueles que entendiam de produção audiovisual fizeram vídeos que explicavam o projeto; mais alguns divulgaram esses vídeos pelas redes sociais etc.

Afinal, cada um contribuindo como podia, o valor foi arrecadado em sua totalidade e as mudanças estão fazendo efeito. Agora os vizi-nhos sentam-se nos bancos para papearem, promovem piqueniques mensais, e as crian-ças, que antes mal se conheciam, hoje brincam juntas. “A gente começou falando sobre inter-venções urbanas e a gente termina falando sobre pessoas. É um projeto que fala muito mais sobre conexões entre as pessoas do que sobre o espaço em si. O espaço, na verdade, ele é uma ferramenta pra gente se conectar com os nossos vizinhos”, afirma, em um vídeo de divulgação da iniciativa, Carolina Ferrés, de-signer moradora da região.

Políticos em extinçãoOs políticos e os partidos nasceram em

uma época onde era difícil organizar as de-mandas da sociedade. Elegia-se uma pessoa para conversar com os eleitores, ouvir as suas solicitações e trabalhar para atendê-las. Porém, com a internet, esse sistema torna-se cada vez menos necessário. Hoje conse-guimos nos conectar à pessoas com anseios semelhantes aos nossos e nos organizarmos para atendê-los. “Talvez muitos de nós não precisemos de ninguém para nos represen-tar, em muitos assuntos. Talvez haja um nú-mero crescente de pessoas dispostas a pro-curar um bom problema e simplesmente dedicar-se a resolvê-lo, sem ninguém entre si e o problema”, explica no blog Mundo Novo, o jornalista Denis Russo Burgierman, um dos envolvidos no Projeto Coruja.

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Texto JÉSSIKA ELIZANDRA

QUE TAL NOS REPRESENTARMOS?

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ORDEM E PROGRESSO

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Tudo começou no ano 2000, quando o médico Fábio Bueno Netto teve a ideia de oferecer ao grande público “obras significa-tivas e de qualidade, mas dentro das possi-bilidades financeiras de qualquer cidadão”.

Depois de trabalhar dois anos e meio na pesquisa e desenvolvimento, em 2003 a 24X7 (o nome faz referência ao fato do mecanismo estar apto a funcionar 24 ho-ras por dia, 7 dias por semana) instala-va a sua primeira máquina na estação de metrô São Joaquim, em São Paulo. No pri-meiro dia foram vendidos apenas 4 livros e nos meses seguintes esse número au-mentou. O título mais vendido na época era um dicionário de matemática. Porém, o negócio ainda não era lucrativo.

CriseA empresa demorou para engrenar,

mas não por falta de interesse dos passan-tes, que paravam em frente as máquinas e analisavam os títulos com curiosidade. “Brasileiro lê, gosta de ler, sabe escolher e é muito exigente, basta dar acesso”, ex-plica Netto no site da 24X7.

Uma das dificuldades que a empresa não percebeu na época, mas viria a des-cobrir depois, era o valor das obras. Des-de o início da 24X7, Netto produz alguns poucos livros e compra a grande maioria

Texto e Foto JÉSSIKA ELIZANDRA

Por mês, as máquinas de livros do metrô vendem entre 12 mil e 15 mil obras. Ali, Machado de Assis, Sun Tzu e Nietzsche são os mais vendidos e dividem espaço com títulos infantis e de temas variados, como os livros de oratória, manuais de informática e outros de utilidade prática

SE MAOMÉ

NÃO VAI À

MONTANHA...

de editoras, a um preço baixo e em gran-des quantidades. Assim, ele os revendia nas máquinas a um valor muito mais em conta que o das livrarias, e que ele pensa-va ser acessível, mas que não era.

Em 2011, o ex-médico se cansou de ter prejuízo e decidiu fechar a 24X7. Só havia um problema: o que faria com os livros que já tinha?

SuperaçãoAo oferecer os títulos no esquema “Pa-

gue quanto acha que vale”, Netto achava que só iria se livrar do estoque e de uma empresa a beira da falência, mas acabou tornando o seu negócio rentável. Apesar do slogan não ser totalmente verdadeiro, pois a máquina só aceitava notas, então a pessoa precisava pagar no mínimo R$ 2, o valor era acessível e os livros foram logo vendidos. Netto decidiu manter o negó-cio, convertendo todas as máquinas para esse sistema de pagamento.

Desde então, a empresa diversificou os produtos oferecidos, vendeu cerca de 4 milhões de livros, audiobooks e DVD’s, ocupou várias estações do metrô paulista e uma no carioca, e vem tendo sucesso na meta de formar novos leitores. “O primei-ro livro é comprado por impulso. A sele-ção de títulos facilita a próxima compra, caso o cidadão goste da primeira obra. Ele adquire então o terceiro e o quarto livros. E, de repente, quando menos per-cebe, já está inoculado e passa a entrar em livrarias de peito estufado e cabeça erguida. Parece dizer ‘eu sou, eu sei, eu quero, eu posso’ e ‘estou fazendo parte da dita elite’, que então ele percebe ser a que interpreta e muda os rumos de nosso país e do mundo”, explica Netto. O ex- >>

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 25

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médico acredita também que está ajudando a diminuir a porcentagem de 73% de analfabetos funcionais do país e, assim, ajudando-o a evo-luir: “Não entender e não se fazer entender é o principal fator de geração de conflitos de toda natureza, [como] baixa produtividade, baixa qualidade de vida, frustrações, má distribuição de renda, miséria, insalubridade e outras maze-las que acompanham nosso cotidiano”.

A secretária Rosimeire Fagundes, 40, é uma das consumidoras dos livros da 24X7. Ela já comprou vários títulos nas máquinas, mas o seu preferido foi 100 viagens que toda mulher precisa fazer, de Stephanie Elizondo Griest, pelo qual pagou R$ 2, mas que nas li-vrarias custa R$ 35,90. Ela afirma que de to-dos os títulos que adquiriu ali, só não gostou de um sobre métodos de fertilização femini-na: “Eu estou tentando engravidar, então o assunto me interessa, mas o livro era da dé-cada de 90, então as técnicas das quais ele fa-lava já estão ultrapassadas”.

Na tarde de domingo na qual eu encontrei a secretária, ela estava tentando usar uma máquina na estação de metrô Barra Funda, na volta de um espetáculo no circo ali per-to. Sua intenção era comprar um DVD para o sobrinho, que quer aprender a tocar violão, mas ela não estava conseguindo, porque fazia apenas uma semana que a máquina tinha pas-sado a aceitar moedas (o valor mínimo subiu para R$ 3), entretanto não havia instruções de como inseri-las. Eu a ajudei a colocá-las, mas enquanto a entrevistava, vi outras duas pessoas tendo o mesmo problema.

Apesar de Fagundes afirmar estar sa-tisfeita com os títulos oferecidos pelas máquinas e pelo valor cobrado, ela recla-mou que já colocou dinheiro na máqui-

na e o livro não caiu: “Liguei para o número de contato, mas ninguém atendia”. A atendente comercial dos Correios e estudante de Serviço Social, Josivania Correia, 35, outra cliente fiel da 24X7, se queixou do mesmo problema. Eu quis tirar a dúvida, então liguei na empresa, e qual não foi a minha surpresa ao ser atendida pelo próprio Netto (ele, diretamente, e não uma se-cretária ou telefonista que passou para ele). Ex-pliquei as reclamações que tinha ouvido e ele me garantiu que nesses casos é só a pessoa deixar recado na caixa postal do telefone ou enviar e-mail para a empresa que o di-nheiro é reembolsado.

Final felizA experiência permitiu que

a 24X7 passasse a desenvolver e fornecer máquinas automáti-cas de vendas feitas sob medida para clientes como Natura, Ep-son e Sandisk.

Ainda assim, a maior parte do lucro vem da ven-da de livros no metrô, e o objetivo de Netto em 2014 é vender 1,5 milhão de tí-tulos nesse ambiente. Ele acredita que o forneci-mento do “Vale-Cultura” para a população pode ajudá-lo a atingir essa meta.

Bapti

stão

O jornalista e autor do livro Crash – Uma breve história da economia, co-menta a relação entre Brasil e economia nos últimos anos

O que justifica o distancia-mento entre população e as-suntos econômicos?A culpa disso com certeza não é da população. Não é uma questão de escolha. Não exis-tem, para o cidadão médio, mecanismos de compreensão da economia. Ao instituir uma medida econômica, o governo sequer pensa em como comu-

nicar isso de forma satisfató-ria. O caso mais absurdo que o Brasil já viveu foi o plano Collor. E isso continua existin-do. A atual gestão econômica do governo não tem nenhum preparo em comunicar suas intenções. É uma tradição do Brasil, tanto entre os jorna-listas e, principalmente, entre as autoridades. A população está muito distante de saber como as engrenagens da eco-nomia funcionam.

Como foi a relação Brasil e Economia em 2013?2013 foi um dos piores anos em termos de gestão da po-

lítica econômica do país. No primeiro semestre o governo estava pagando um bônus de 2,5% nos títulos que paga-vam a inflação. Agora, esses títulos estão sendo vendidos pelo IPCA + 6,5%. Houve um aumento triplo nos juros. Isso representa uma crise de con-fiança de que o país possa manter seu nome limpo na praça. Mas o detalhe mais es-candaloso é que estão “secan-do” a Petrobras para tentar segurar um aspecto da infla-ção, ao mesmo tempo em que nunca se gastou tanto dinhei-ro público em inutilidades.

Uma crítica e um elogio para a economia brasileira.Estamos vivendo uma des-graça financeira. A gente está chegando numa inflação que seguramente vai bater o teto da média e os juros voltan-do para patamares recordes. 2013 é o ápice de um perío-do negro e problemático da economia do país. Aqui tudo é feito em curto prazo. Mas o governo sabe que é neces-sário investir em infraestru-tura para azeitar a produção e tem algumas boas iniciati-vas, como a privatização re-cente de uma estrada para escoar soja no Mato Grosso. O Brasil não estava pronto para abaixar os juros para aquecer o consumo. Agora estamos pagando a conta na forma de inflação.

Texto TAYANE ABIB

ALEXANDRE VERSIGNASSI

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 27

ENTREVISTA

Page 15: N'AÇÃO

QUEM COMEÇOU?Texto BIANCA TEIXEIRA MORELLI Foto WILIAN OLIVATO

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Texto WANESSA MEDEIROS

Juros, taxa selic, IPVA, IPTU. Parece familiar?

Eles fazem parte da nossa rotina e muitas vezes não

sabemos exatamente o que representam na economia.

Pensando nisso, nesta edição explicaremos como aqueles termos financeiros - que só os economistas entendem -

podem nos ajudar a entender os nossos hábitos

de consumo do dia a dia.

JUROSCusto do dinheiro no mercado. O Banco Central é o órgão regulador da política de juros. Quando a taxa de juros está alta é sinônimo de falta de dinheiro no mercado. Ao contrário, quando está baixa, é porque está sobrando dinheiro no mer-cado. A taxa de juros é um dos mais importantes indicadores de política monetária.

IPTU Imposto sobre propriedade territorial urbana.

IPVA Imposto sobre propriedade de automotores.

LINHA DE CRÉDITO Acordo sujeito a revisões periódicas, que um banco e um cliente fazem para tomar crédito de forma simples, dentro de um limite previamente estabelecido.

TAXA SELIC Reflete o custo do dinheiro para empréstimos bancários, com base na remuneração dos títu-los públicos. Também é conhecida como Taxa Média do Over que regula diariamente as opera-ções interbancárias.

SELIC Sistema computadorizado do Banco Central onde são registradas todas as operações de dé-bito e crédito feitas entre bancos e demais insti-tuições financeiras credenciadas. Pelo Selic, por-tanto, é possível calcular a média dos juros que o governo paga aos bancos que lhe emprestam dinheiro. Essa média, que é a Taxa Over-Selic, serve de referência para o cálculo de todas as outras taxas de juros do País. Por isso ela é tam-bém chamada de taxa de juro básico.

ECONOMÊS

Especialistas afirmam que as manifestações são respostas à violência praticada pelo Estado desde o início da democracia

É comum identificarmos a violência com agressões físicas e verbais e nos esquecermos das formas menos evidentes que podemos sofrê-la. Foi na busca por cessar essas agres-sões, que o Brasil parou em junho de 2013, com a presença massiva da população nas ruas, manifestando-se contra os serviços pú-blicos precários e a corrupção. Os protestos ocorridos no país foram marcados por muita controvérsia e pluralidade de opiniões, reivin-dicações e divergentes métodos de expressão e ação. Contudo, entre os especialistas, algu-mas análises são concordantes, por exemplo, a tendenciosa cobertura sobre o até então des-conhecido grupo dos Black Blocks.

Segundo Juarez Xavier, professor de jorna-lismo na UNESP Bauru, a imprensa ignorou o histórico das lutas do grupo e taxou seus inte-grantes, de forma inadequada, como vândalos. “O que a imprensa deveria fazer era cumprir seu papel e explicar quem são os Black Blocks, seus ideais e métodos”, explica.

A mídia subestimou a capacidade pensan-te de seus espectadores, com uma cobertura simplista e carregada de subjetividade, mas se deparou com uma população cansada de ser “capacho” do Estado e da mídia tradicional. Isso é claramente identificado ao comparar o início e o fim da cobertura. Quem atenta para essa mudança é o professor de História do Brasil na mesma universidade, Célio Losnak: “Inicialmente, jornais como a Folha de SP ou a própria Globo criticaram explicitamente as manifestações. Passado alguns dias, e visto a força popular, a dimensão alcançada pelo mo-vimento e a reação dos manifestantes contra a

mídia, modificou a forma de cobertura”.

Já Maxiliano Vicente, professor de Realida-de Sócio-Econômica e Política Brasileira Con-temporânea, também na UNESP Bauru, inicia sua análise sobre as manifestações, e princi-palmente sobre a presença de atos violentos, questionando quem teria começado com a vio-lência. “Qual é a maior violência: depredar um prédio público e símbolo do capitalismo ou as filas quilométricas do SUS, a falta de investi-mento em educação, transporte, inúmeros ca-sos de corrupção?”

Outra opinião comum entre os entrevista-dos é a certeza que os protestos aconteceriam, como resposta do povo à violência sofrida. Losnak baseia sua opinião comparando-nos aos outros países: “Acompanhamos protestos por toda Europa, Estados Unidos, devido à fal-ta de emprego, crise econômica, por que seria diferente no Brasil?”, indaga.

Por fim, um tópico que divide as opiniões é com relação à presença ou não de líderes do protesto e se isso agregou ou desfavoreceu o movimento. Juarez acredita ser inocência afir-mar que os protestos foram marcados pela falta de liderança, pelo contrário, com a plu-ralidade das reivindicações, líderes de dife-rentes grupos se solidarizaram e juntaram-se, construindo a mobilização vista nas ruas. Com outra visão, Losnak aponta a falta de um líder, ou ao menos um líder oficial que organizasse e esclarecesse as propostas dos movimentos, quando o governo dava abertura para conver-sação, não tinha uma pessoa que respondesse e apresentasse uma proposta concreta.

Provavelmente, o ano de 2013 foi o começo de um capítulo de uma nova história que está por vir. Seja na Copa, nas eleições ou em um domingo qualquer, o “Gigante” deve acordar novamente.

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 3130 • N’AÇÃO • Fevereiro/2014

ORDEM E PROGRESSO

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Consumidores sentem no bolso os efeitos da política econômica brasileira em 2013

Uma tarde no supermercado e os interes-ses e gostos do consumidor médio brasileiro se misturam. As histórias e motivações podem até ser diferentes, mas as necessidades coin-cidem quando eles saem às compras. Alguns preferem ir sozinhos, com uma lista de anota-ções na mão e a companhia exata e solitária de uma calculadora. Outros levam os parceiros para opinar no momento da escolha. Indepen-dentemente das particularidades, uma coisa é certa: entre um cálculo e uma conversa, os olhares sempre fixam a etiqueta que confere os preços aos produtos.

“Só vejo a marca no que já me acostumei e, mesmo assim, se está muito caro, eu logo fujo”, afirma Aparecida Magri, 58. Com o conheci-mento de compra que só quem vai ao merca-do todos os dias pode ter, a dona de casa faz questão de acompanhar as ofertas e levantar os preços antes de fazer as suas compras. “O salário continua sempre o mesmo, a gente tem que lutar com o que tem”, ressalta Alice Mussi, 78, moradora de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Como Aparecida, ela reserva uma parte do salário para gastar com alimentação, mas, nesse ano, precisou aumen-tar a quantia. “De um dia para o outro já dá para perceber a elevação dos preços, eu não consigo fazer uma compra hoje em dia com menos de cinquenta reais”.

Por isso, quando a dispensa de João Ricar-do Sgarbosa, 47, fica vazia, ele cota os valores dos produtos em mercados diferentes antes de investir. A filha do comerciante, Nathália, 22, conta que na última compra o pai deixou de levar produtos de limpeza, pois percebeu uma diferença de R$ 0,40 entre duas franquias concorrentes: “ele é a mulher da casa, já até

nos acostumamos com essa mania dele de só pensar no preço”. Seu João se defende: “não adianta apenas reclamar do aumento nos va-lores, nós também somos responsáveis pelo o que sobra do dinheiro”.

O ano problemáticoO que não dá para negar é que o brasileiro

sentiu os efeitos da economia no momento da compra dos produtos alimentícios em 2013. Segundo o economista José do Egito Frota Lo-pes Filho, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de produtos industrializados (ABAD), a economia do Bra-sil padece de um mal crônico: o baixo cres-cimento, resultante da baixa produtividade e do excesso de burocracia e de tributos do país. “O Brasil mostrou-se resistente aos efei-tos da crise de 2008, devido às características do nosso mercado financeiro e do incentivo ao consumo e o crédito. Foi uma decisão acer-tada. Contudo, o governo ficou devendo mu-danças importantes que permitiriam um de-senvolvimento sustentado da economia sobre bases mais sólidas”, explica.

Além disso, José do Egito alerta que essa decisão do governo de manter a economia aquecida através do consumo não é benéfica a longo prazo, por conta do aumento com os gastos públicos. Alexandre Versignassi, jorna-lista e autor do livro Crash - Uma breve história da economia, aponta como obstáculo ao cres-cimento da economia brasileira a atuação do governo projetada aos efeitos a curto prazo: “aqui não se pensa em infraestrutura, parece haver uma tradição de preguiça”.

As consequências da inflação sentida pelos consumidores, no entanto, não são recentes. Para Alexandre, esse processo de elevação dos preços que ocorre sempre que há pro-cura maior do que a capacidade de uma >>

Texto TAYANE ABIB Foto LEILA RENATA ABIB

A MOEDANO COTIDIANO

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 33

CAPA

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economia produzir determinado bem ou ser-viço se estende há, pelo menos, dez anos.

Como a inflação está além do aceitável, uma das soluções encontradas pelo governo federal foi elevar a taxa de juros. Entretanto, Alexandre não vê com bons olhos essa deci-são: “um governo só pode se dar ao luxo de segurar a inflação com juros se o crescimento estiver aceitável, mas ele está muito aquém, e os efeitos são as dívidas”.

O ano de 2013, portanto, foi o ápice de um período negro e problemático da economia do país. No primeiro semestre, por exemplo, o tomate foi apontado como o grande vilão do consumo. Em um ano, verificou-se uma eleva-ção de 149,69%, mais do que a inflação acu-mulada em 14 anos (145%).

O peso da moeda no cotidianoA aposentada Alice Mussi tenta, através dos

noticiários, entender as razões para a alta dos preços, principalmente das verduras e dos le-gumes. “Escuto sobre inflação, juros e clima na televisão, mas nem sempre é fácil entender o ‘economês’”, comenta. Na visão do jornalista Alexandre, os mecanismos da economia não são de fácil entendimento, pois no Brasil, nem o go-verno e nem a imprensa, se esforçam para es-clarecer a lógica do consumo. “Essa dificuldade de acesso à informação reforça esse distancia-mento entre população e assuntos econômicos”.

O economista José do Egito explica que, além dos fatores inflação e juros, elementos como as más condições das estradas e rodo-vias e a falta de interligação com diferentes modais de transporte exercem forte influência na elevação dos preços, comprometendo 13% das receitas das empresas brasileiras.

Para o especialista, é urgente que o gover-

no brasileiro tome algumas providências para equilibrar a demanda e a oferta do país, atra-vés de estímulos ao investimento, redução e simplificação de tributos, adequações na le-gislação trabalhista e melhorias na infraestru-tura. “Tudo isso reflete o chamado ‘custo Bra-sil’, que nada mais é do que um conjunto de deficiências estruturais que minam a competi-tividade do país e o condenam a crescer muito abaixo do seu real potencial”, ressalta.

Por isso, a impressão que a população tem da política brasileira experimenta um gosto amargo de revolta. “O poder de compra e os preços só pioram, o que precisa mudar são os políticos e a economia”, opina Aparecida.

ProjeçõesPara o futuro, analistas econômicos ava-

liam que, mantidas as atuais condições, o consumo ainda tem condições de impulsio-nar a economia por algum tempo, mas não é razoável esperar que um setor produtivo fra-co mantenha o nível do emprego e da renda em prazo mais longo.

“Nossa economia continua fortemente ba-seada no consumo das famílias, e quando essa característica se alia ao baixo crescimento da indústria e à dependência de importações, a tendência é de aumento nas pressões inflacio-nárias”, alerta José do Egito.

Na opinião de Alexandre, o Brasil só vai vi-venciar uma economia equilibrada a partir de uma mudança estrutural: “é possível ter uma perspectiva otimista desde que se altere a tra-dição da preguiça e do curto prazo no país”.

Enquanto isso, o jeito é contar as moedas no momento do pagamento no caixa dos su-permercados. “É isso que a gente tem e é com isso que a gente batalha”, afirma Alice.

INFLAÇÃOO que é?

É O AUMENTO DA QUANTIDADE DE MOEDA NO MERCADOO governo federal geralmente “solta”

mais moeda no mercado quando quer es-timular a economia. Ou seja, quando quer que nós consumamos mais, e que haja mais dinheiro “rodando” no país. Com isso, ele espera que os diferentes setores lucrem (tenham “superávit”).

Porém, há um cuidado nesse processo que nem sempre é tomado. É necessário que o governo preveja quais setores serão afetados por essa medida, e analise se eles conseguem atender a demanda (se têm produtos em estoque ou se conseguem produzi-los; se têm condições de fornece-rem serviços a mais pessoas etc), senão o valor das mercadorias vai subir.

Se tiver muito de um produto no mercado e ninguém com dinheiro para comprar,

o preço vai cair.

Se tiver pouco de um produto no mercado, mas muita gente com dinheiro para comprar,

o preço vai subir.

O segundo é consequência da primeira. A inflação é esse estímulo à economia sem o planejamento conjunto entre

governo e setores beneficiados.

MAS A INFLAÇÃONÃO É O AUMENTO DOS PREÇOSISSO PORQUE NOSSA ECONOMIA ATENDE A

“LEI DA OFERTA E DA PROCURA”

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 3534 • N’AÇÃO • Fevereiro/2014

CAPA

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As reivindicações que tomaram as ruas em 2013 são legítimas e inquestionáveis, mas a memória do povo brasileiro continua sendo seu principal inimigo

Certamente o ano de 2013 ficará marcado na história. As ondas de reivindicações que mobili-zaram um país de dimensões continentais reper-cutiram em todo mundo. Inicialmente intituladas como exageradas ou sem foco, pode-se perceber que elas eram na verdade um desabafo e um “basta” aos problemas básicos de infraestrutura que o país sofre há anos.

Incentivada devido ao aumento da tarifa do transporte público nas principais capitais, os protestos também abordaram os absurdos da corrupção, e as dúbias Propostas de Emendas à Constituição, como por exemplo, a PEC 37 que previa a transição do poder de investiga-ção criminal exclusivamente para as polícias federais e civis, retirando esta responsabili-dade de alguns órgãos, tais como o Ministério Público, os ativistas acreditavam que a pro-posta beneficiava os criminosos.

A saúde, relacionado aos gastos bilionários com a Copa, foi outro alvo: “Quando seu filho ficar doente leve-o ao estádio”, ou quando se defendiam das acusações de depredação e con-trapunham com a vergonhosa rotina da saúde brasileira: “Vandalismo é a fila do SUS, não con-funda a reação do oprimido com a violência do opressor”. Por vezes de forma irônica, os carta-zes deixavam implícita a verdadeira frase que se tinha vontade de gritar: “Vai tomar no SUS” ou ainda “Definição de SUS: Seu Último Suspiro”. A falta de investimentos na educação e a polêmi-ca “Cura Gay” proposta pelo deputado e pastor Marco Feliciano também estavam em pauta.

Todas reivindicações eram nobres e não apresentavam hierarquia entre si. Obtivemos

algumas conquistas, isso é verdade. Entretan-to, de caráter muito ínfimo diante do nosso “Gigante” acordado sem educação, sem saúde, sem serviços públicos de qualidade, sem es-perança na política digna. Foram conquistas particulares, sem tocar no enraizado modelo de democracia em vigência no país.

Terminar este artigo lembrando que é você quem escolhe na urna, que é você quem inter-fere no destino do país ao votar consciente, é muito clichê! Você já sabe de tudo isso. Tenha certeza também que você é um dos milhões de eleitores culpados pela atual situação no Bra-sil, mesmo que o político eleito não tenha sido o seu escolhido, foi ele quem ganhou e é res-ponsabilidade sua vigiá-lo e cobrá-lo. Você é o patrão, não eles. Quando você pede uma me-lhoria em sua cidade, em sua rua, na escola do seu filho, você não está pedindo, implorando, você está mandando. Os governantes estão ali só para administrar as prioridades.

Sabemos também, que nós, meios de comu-nicação, somos igualmente culpados, aliena-mos o público que já não tem mais por si só a natureza crítica e pensadora. Visto esta como-didade, não lhe provocamos com a realidade crua e nua, e se o fizermos, em seguida abana-mos com folhas de bananeiras as alegrias do futebol ou o momento final da novela. Sem a provocação dos meios e tampouco os ensina-mentos de reflexão e de ser cidadão esperada nas escolas, foi preciso aguardar a saturação dos absurdos para agirmos.

Lembrem: os políticos são os menos culpa-dos de tudo isso, devemos orientá-los e cobrá-los, e se eles não cumprirem as ordens, os man-damos embora na eleição seguinte (se for justa causa, aplicamos o impeachment, por que não?). É direito nosso votar, cobrar, agir, reclamar, é também culpa nossa quando não fazemos. Texto BIANCA TEIXEIRA MORELLI Foto CAIO CASAGRANDE CARDOSO

VOCÊLEMBRA?

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OPINIÃO

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Os governos ao longo do tempo não cum-priram os pilares que dariam a sustentação ao crescimento econômico brasileiro. O pri-meiro pilar era do ajuste fiscal. O país passou a arrecadar mais, contudo, sem melhoria dos gastos; hoje há baixíssimas sobras para inves-timentos. O outro pilar foi à desindexação da economia, ou seja, desestabelecer os índices da inflação . Em parte isso foi realizado, prin-cipalmente no tocante a proibição de reajus-tes automáticos antes de um ano, mas mesmo assim há projeção da inflação passada para os índices futuros, mesmo sendo anuais. O tercei-ro pilar, isto é as reformas estruturais, ainda estamos engatinhando.

Ao não cumprir estes pilares os desequilí-brios internos foram sentidos. Toda vez que o consumo avança, gerando maior demanda por produtos e serviços, as respostas na oferta são tímidas. O reflexo é o aumento da inflação. Sem investir, o governo adia a ampliação da oferta e praticamente é obrigado a engessar o setor privado, induzindo a redução da deman-da, principalmente utilizando-se de juros ele-vados, dentre outras medidas. É o que deno-minamos de política monetária restritiva que leva a baixo crescimento econômico.

A atual equipe até que tentou mudar o mo-delo, priorizando o controle fiscal em vez da política monetária, contudo as crises econô-micas internacionais que levaram a renúncia fiscal, e ainda a incapacidade de o governo em

reduzir seus gastos em custeio, não permitiram tais avanços, ficando claro, depois das reduções iniciais dos juros básicos, voltando agora a ele-vá-los, que “jogaram a toalha”.

E é neste contexto que iniciaremos 2014. Seguiremos o modelo de cresce e encolhe o famoso voo da galinha (galinha não voa), em que lampejos de crescimento, podem gerar desequilíbrios, que serão combatidos com po-lítica monetária restritiva.

No tocante ao controle da inflação, salvo al-guma crise externa, os juros atuais serão capa-

zes de segurar o ímpeto dos consumidores.

Do ponto de vista do crescimento econômi-co, é possível projetar algo entre 3% e 3,5%. Primeiramente porque a base de compara-ção, ou seja, 2013, é precária, segundo porque será um ano de eleições e nenhum governan-te irá para um debate sem que a economia dê sinais de recuperação econômica.

Outro desafio em 2014 será conviver com a Copa do Mundo. O movimento econômico que gera riqueza já se deu até aqui. Teremos sim a ampliação do movimento em serviços

ligados diretamente ao evento, mas poderá ocorrer falta de foco das decisões mais im-portantes do setor privado.

Na combinação dos dois eventos, Copa e eleições, entendo que irão prevalecer as elei-ções e os números do governo atual terão que ser mais robustos, deixando claro o controle inflacionário com crescimento econômico. No vácuo desta combinação teremos controles mais próximos do câmbio e das demais variá-veis importantes que indicam o desempenho econômico brasileiro.

A partir das discussões em torno das elei-ções a expectativa é que haja aprofundamento na mudança do modelo econômico brasileiro, que como já colocado, se esgotou.

Uma agenda positiva que caminhe no senti-do de tornar o setor público mais produtivo, que efetivamente ataque os gargalos da economia, notadamente em infraestrutura, com política fis-cal séria, aliviando a política monetária, e ainda com ações firmes na direção de eliminar entra-ves que tiram a competitividade internacional- como a reforma do judiciário, administrativa pública, reforma trabalhista, entre outras, que elevam o chamado custo Brasil- pode oferecer um horizonte mais promissor ao país.

A realidade que se apresenta é esta: ações de curto prazo contornam os problemas eco-nômicos, mas não criam alicerces para o longo prazo. Continuaremos a crescer, mas sem sus-tentação, seremos sempre presas fáceis refe-rente às mudanças econômicas externas. Está na hora de avançarmos na direção certa.

CENÁRIOS DA ECONOMIA BRASILEIRA

Texto REINALDO CAFEO

A constatação é que o modelo econômico adotado pela atual equipe econômica do governo Dilma Rousseff esgotará. Por sinal é um modelo que se arrasta por quase 20 anos, ou seja, desde o lançamento do Real como moeda nacional que se deu em 1994

Enjo

yRio

Reinaldo Cafeo é economista, delegado do Conselho Regional de Economia (Bauru), presidente da Associação Comercial de Bau-ru, e autor desta coluna

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 3938 • N’AÇÃO • Fevereiro/2014

ANÁLISE

Ações de curto prazo contornam os problemas eco-nômicos, mas não criam alicer-ces para longo prazo. É neces-sário que o governo ofereça a sustentação necessária para o

crescimento econômico

Page 21: N'AÇÃO

KEEPCALM

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NOS CONHEÇA

Texto AUGUSTO JUNIOR

O nosso comportamento agrada, mas também incomoda os “gringos”. Saiba qual é a imagem que passamos e como a nossa identidade é construída

Um encontro marcado em frente de um de-terminado restaurante. A garota chegou um minuto atrasada do horário combinado. Preo-cupada ao ver que seu amigo ainda não tinha chegado, ela ligou para avisar que já estava lá. O amigo disse que estava chegando e então ela pensou: “ele está no caminho, logo vai estar aqui”. Entretanto, vinte minutos se passaram até que ele chegasse.

Algo estranho nessa história? Aparente-mente não. Um atraso de vinte minutos é to-lerável para a maioria de nós. Até porque, quando marcamos alguma coisa, geralmente já temos a consciência de que o encontro se dará alguns minutos depois do horário que re-almente tinha sido estabelecido.

Bem, provavelmente estaria tudo bem se os personagens do caso acima fossem dois brasi-leiros. Acontece que a garota que ficou lá espe-rando pelo amigo, brasileiro, é uma alemã em intercâmbio de estudos no Brasil.

Lorena Rombach, 21, é estudante de enge-nharia civil e está vivendo em Bauru. Ela con-ta que nesse dia já estava prestes a ir embora quando o amigo atrasado chegou. “Na Alema-nha, se eu disser que vou chegar às 11 horas, então eu vou chegar às 11 horas. Se alguém se atrasasse lá, sem comunicar antes, seria uma falta de respeito”. Ela observa que aqui até os professores se atrasam para começar as aulas, e diz que acha isso muito estranho.

Não precisamos ir muito longe para iden-tificarmos essas diferenças comportamentais. Sandra Mansilla, 21, estudante de arquitetu-ra, é uma argentina que também está em in-

tercâmbio em Bauru. Quando ela chegou aqui disse ter ficado um pouco surpresa com o nosso jeito de ser. “Mesmo sendo dois países tão próximos, os costumes são bastante dife-rentes, bem mais do que eu imaginava”, conta. Para ela, o maior impacto mesmo foi na facul-dade, ao ver alunos usando celular, computa-dor e até mesmo dormindo durante as aulas. “Acho que isso é uma completa falta de respei-to com o professor. É algo que lá, na Argentina, nós, alunos, não fazemos”.

Mas não são só de características negativas que é composta a imagem do brasileiro. Am-bas concordam que os brasileiros são felizes, amigáveis, e um povo bem aberto, inclusive com as pessoas que nem conhecem. Sandra diz que sempre foi muito bem tratada aqui e que “na Argentina, as pessoas são muito mais desconfiadas e fechadas”.

Tanto as particularidades negativas quanto os positivas compõem a identidade do bra-sileiro. O antropólogo e professor da UNESP Bauru, Cláudio Bertolli, explica que identida-de é o cimento real ou fictício que é utilizado para juntar os habitantes de uma determina-da nação. Segundo ele, a literatura contribui para o estabelecimento da identidade que os brasileiros tem. “Gilberto Freyre dizia que o brasileiro é definido por características inatas, como ser festivo, alegre, que tem amor ao pró-ximo, e que é, principalmente, sensual”.

Mais tarde, as obras de Jorge Amado, como Dona Flor e seus dois maridos e Gabriela, Cra-vo e Canela, retomaram essas características. Aos poucos, esses aspectos foram incorpora-das pelo governo e divulgados nas propagan-das do país no exterior. Por meio dessas e das publicidades de empresas particulares de tu-rismo, o brasileiro foi e ainda é retratado com pouca roupa, curtindo o carnaval, jogando futebol, sambando e sempre sorridentes. >>

Papeldeparedemais

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Page 22: N'AÇÃO

“Isso passou a pautar o que os estrangeiros pensam de nós”, afirma Bertolli.

O professor relata que em uma experiência que teve nos Estados Unidos, identificou que o brasileiro também é visto como uma pessoa não confiável, sem seriedade no que fala. Lore-na também pensa isso. Ela acha que “gostamos muito de falar”, falamos coisas que sabemos que não vamos cumprir, como, por exemplo, quando dizemos “mais tarde eu passo aí” ou “a gente se fala”. Para os brasileiros, é feio se contrapor ou dizer um “não” logo de cara. Essa forma de agir, tida como negativa por outras culturas, para nós se trata de um comporta-mento polido, não grosseiro.

Para entendermos isso tudo ainda melhor, precisamos compreender que para os estran-geiros falarem o que somos ou não somos, eles tomam como referencial suas próprias cultu-ras. “Quando eles dizem que o brasileiro não é sério, logo querem dizer que eles são sérios. Se dizem que somos abertos, é porque eles são fechados”, esclarece Bertolli.

Os “gringos” que vêm pra cá podem ou não se adaptar ao nosso jeito, da mesma forma que nós, brasileiros quando vamos ao exterior e nos deparamos com um outro modo de ser, precisamos nos encaixar. “Alguns deles che-gam aqui e pensam: ‘já que os brasileiros não são sérios, então eu também não preciso ser’. Mas isso se dá apenas durante o período que estão aqui. Ao voltar eles continuarão a agir de acordo com a forma de ser em seus respecti-vo país”, explica o antropólogo. É justamente isso que a alemã, Lorena, relata. “Eu tenho me ajustado aos brasileiros, mas eu não vou fazer o que faço aqui, na Alemanha”, conta.

Jeitinho brasileiro“Uma das coisas com a qual mais demorei

para me acostumar por aqui foi com o ‘jeiti-nho brasileiro’”, confessa Sandra. É, esse nosso “jeitinho” é mesmo muito famoso mundo afo-ra e levanta muitas discussões!

Cláudio Bertolli explica que o “jeitinho” está relacionado à malandragem, ou seja, saber li-dar com situações adversas, como a burocra-cia. “‘Dar um jeito’ ou ‘dar um jeitinho’ se cons-titui em uma ação ilegal, em quebrar barreiras, o que incorpora uma das facetas da nossa falta de seriedade”, diz. Além disso, de acordo com ele, para entender o “jeitinho”, temos que con-siderar que temos um Estado que não trata to-dos igualmente perante a lei e que o cidadão, sabendo disso, procura estratégias para burlar as dificuldades e conseguir alguma coisa.

Mas o “jeitinho brasileiro” não é só brasilei-ro. Ele pode existir em qualquer outro canto do mundo, mas nos demais lugares ele é re-primido, tido como algo negativo, enquanto aqui é algo positivo. Quem o pratica em nos-so país é visto como esperto e ligeiro. “Esse comportamento se dá em um país onde his-toricamente as leis nunca foram respeitadas, nem por parte do estado e nem por parte da sociedade”, conclui o antropólogo.

A argentina Sandra Mansilla, 22, estudante de Arquitetura.

De origem humilde, filho de lavadeira e pai alcoólatra. O mineiro Eli Roberto Vas-concelos Matos, o famoso Ro-berto Vascon, desde pequeno fazia o que podia para conse-guir alguns trocados. Mas so-nhava com algo grande para o futuro: “Eu via muito ‘gringo’ na rua e morria de vontade de falar a língua deles. Aí juntei dinheiro e comprei uma pas-sagem só de ida para Nova

Iorque”, relata ele à revista Época. Pelos quatro meses se-guintes, dormiu em um banco no Central Park e sobreviveu catando latinhas na rua.

“Eu tive um sonho”O começo da reviravolta

em sua vida começou em uma noite de inverno. Ainda vi-vendo como morador de rua, Roberto teve um sonho com pássaros que balançavam uma árvore da qual saíam bolsas. “Acordei sem entender nada, mas fiquei com aquilo na ca-beça. Catei muita latinha na-quele dia e consegui comprar alguns pedaços de couro, linha

e agulha. Nunca tinha costura-do, mas comecei a fazer bol-sas e coloquei na calçada para vender”, diz. Assim, criou-se a chave de seu sucesso.

Por sorte, coincidência ou destino, sua primeira cliente foi a editora de moda do jornal The New York Times, Nancy Harris. Admirada com o talen-to de Vascon, Nancy veiculou a história do brasileiro, que a partir dali ficou conhecido como “o mágico do couro”.

Roberto transformou-se no designer de bolsas de estre-las, como Beyoncé e Oprah Winfrey. Chegou a acumular sete lojas, noventa funcioná-rios e faturou milhões de dó-lares. Conheceu a vida de luxo e glamour e em seguida resol-veu mudar novamente.

DesapegoVascon vendeu tudo o que

tinha e passou cinco anos via-jando pelo mundo. Depois, retornou à Nova Iorque com os bolsos vazios. Recomeçou sua carreira e, após a crise de 2008, voltou ao Brasil.

Atualmente, vive em Belo Horizonte, onde tem uma fá-brica e uma loja de bolsas. To-dos os detalhes dessa história podem ser lidos na sua biogra-fia recém-lançada, Nas asas de um sonho: uma história que muda vida e motiva pessoas.

Conheça a história do brasileiro que saiu das ruas e hoje vende suas bolsas para as mulheres mais ricas do mundo

ROBERTO VASCON

DE MENDIGO A MILIONÁRIO

Divulgação

Texto JULIANA GARCIA

N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 4342 • N’AÇÃO • Fevereiro/2014

ENTRE OUTRAS MIL

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DAQUI PARA O MUNDOModelagem de biquinis brasileiros faz cada vez mais sucesso e tende a se expandir no mercado internacional

Texto MARIA LETÍCIA MARQUES

Vivemos em um país conhecido, prin-cipalmente, por seu clima tropical e suas praias, “abençoado por Deus e bonito por natureza”, como Jorge Bem Jor destaca em sua música. Mas nos últimos tempos não é só por suas praias que o país tem se desta-cado, a moda praia brasileira tem se mos-trado cada vez mais forte não só por aqui, mas em âmbito internacional.

Referência de modelagem e estamparia, o biquíni brasileiro tem a fama de ser o melhor do mundo e, quando é levemente adaptado ao gosto estrangeiro, entra facilmente no merca-do internacional. “As cores, as estampas, o ta-manho e o tecido dos biquínis brasileiros são fatores que criam um diferencial no mercado internacional em relação a peças de outros países. Os tecidos utilizados pelas confecções estrangeiras são finos, e as estampas são bem mais discretas”, destaca a consultora de moda e estilo Juliana Rizo.

Por ser menor que os europeus e ameri-canos, a modelagem do biquíni nacional se diferencia das demais, e, além de valorizar o corpo da mulher, ainda ajuda a dar aquela erguida no bumbum. Segundo Juliana, a ou-sadia do biquíni brasileiro é um grande dife-rencial. “A modelagem mais ousada e criati-va dos biquínis brasileiros em conjunto com a estamparia alegre e a etiqueta Brasil, que traz todo o glamour, estilo e confiança da mu-lher brasileira, são os ingredientes que fazem do nosso biquíni um item de desejo no mer-cado internacional”, comenta.

A estudante Gabriela Dutra de Freitas, 22, se considera uma apaixonada por biquínis. “Acho que pelo fato de o Brasil ser um país quente, com muitas praias, os biquínis aca-bam refletindo essas características. Eu amo, principalmente pela modelagem e pela diver-sidade, tem para todos os gostos, compro bi-quínis no mínimo uma vez por ano” diz.

A moda praia nacional é um nicho que vem crescendo notoriamente nos últimos anos, e por não apresentar concorrentes de peso

fora do Brasil, só tende a se expandir cada vez mais nacional e internacionalmente.

Apostas para a estaçãoSegundo Juliana Rizo, as grandes apostas

da estação são as peças que remetem ao re-trô. “Calcinhas maiores, principalmente o modelo hot pants que traz um charme retrô ao look, remetendo-o à moda praia dos anos 50. Além disso, esse tipo de calcinha modela o corpo, já que segura a barriguinha e marca a cintura”, destaca.

E esses modelos já estão começando a cair no gosto das brasileiras. O desfile da marca Salinas, no último Fashion Rio, mostrou vá-rias peças maiores como tendência para o verão 2013/2014, além das com modelagens mais tradicionais, como o biquíni “cortini-nha”, queridinho das brasileiras.

Outra aposta das marcas de moda praia para o verão são os maiôs e os bodies que, quando em produções mais elaboradas, como saias, shorts ou até mesmo calças, podem ser utilizado fora das praias.

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VERÃO 2013/2014

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CHIQUE É PAGAR POUCO!

Texto e Fotos CAMILA NASCIMENTO DAVID

Seguindo a realidade da mulher de classe média brasileira, que precisa trabalhar, cui-dar da casa, ir pra academia, e, ainda, arrumar tempo para o lazer, a mulher brasileira tende a gastar mais roupas. Ou seja, a correria do dia a dia faz com que elas estraguem suas roupas com mais facilidade. É uma junção de falta de tempo para lavar com cuidado, com processos de descuido das peças entre outros fatores que fazem com que as roupas não durem tanto tempo. Além disso, uma coisa é fato: mulheres enjoam muito rápido de suas roupas. Contra fatos, não há argumentos. O que queremos mesmo é estar sempre na moda.

Karina David, 25, é uma dessas mulheres. Formada em relações públicas, é gerente de comunicação de uma rede de restaurantes na cidade de Campinas, interior de São Paulo. Prestes a se casar, ela contém toda e qualquer sobra no orçamento. Mas ao mesmo tempo so-fre com a paixão de querer estar sempre com uma roupa diferente, então não tem como dei-xar suas comprinhas de lado. Mas são compri-nhas mesmo, pois são bem baratas. “O segredo é procurar”, nos conta.

O sonho de qualquer mulher é abrir o armário e todo dia ter uma roupa nova pra vestir. Como isso não é possível, N’AÇÃO ajuda você a montar looks divinos gastando muito pouco

Saiba separarApreciadora de looks que estão em alta,

Karina está sempre em busca do melhor pre-ço. Por isso, ela acaba não escolhendo marcas para as peças que vai usar nas altas tempo-radas (inverno e verão). Pois na maioria das vezes, são roupas que ela vai usar apenas em uma estação. “Prefiro investir mais dinhei-ro naquelas roupas que ficam a vida toda no guarda roupa e que vira e mexe a gente usa”.

A produtora de moda Larissa Sarmento diz que “as peças chaves são, por exemplo: casa-cos pesados, vestido preto, calças jeans, cami-sas de tecido fino e etc. Essas são peças que você vai usar por muito tempo e precisam ter alta qualidade para não gastar dinheiro a toa”. Por isso é importante deixar a euforia de lado na hora das compras. É preciso separar o que vale e o que não vale a pena.

Você também conseguePara inspirar você a conseguir montar looks

gastando pouco dinheiro (mas pouco mesmo), a N’AÇÃO uniu as figuras Karina David e a La-rissa Sarmento para te mostrar como essa má-gica é possível e simples.

“A Karina é uma prova viva de como pode-mos nos vestir bem sempre pagando pouco. A montagem foi pensada no verão porque é a estação do momento e no Brasil quase não faz frio”, relata a produtora de moda.

* Não tenha preguiça de procu-rar. Essa história de “não gosto de bater perna” é a arma para o assassinato do seu orçamen-to. Aquele vestido lindo da loja de grife com certeza já deve ter sido imitado por uma confecção

mais barata. Corra atrás!

* Prefira os centros comerciais po-pulares aos shoppings. Tudo o que é vendido no shopping é mais caro.

Lá tem ar condicionado, banheiro, e estacionamento (pago, mas tem) e

por isso o produto acaba encarecen-do. Os centros comerciais populares

sempre têm um preço melhor. No final, os centavos fazem a diferença.

* Use e abuse da internet. Existem sites que vendem roupas da moda por preços absurdamente baratos. A desvantagem é o tempo de espera e a insegurança na hora da entrega. Mas é só analisar bem o vendedor e testar os sites com produ-

tos bem baratos pra não ter prejuízo em caso de não entrega. Se o produto

chegar, é só comprar mais. >>

Vestido branco de crochêR$ 49, 90

Blusa bata shantungR$ 39, 90

Calça flare de sedaR$ 49, 90

ENSAIO DE MODA

Page 25: N'AÇÃO

* Procure os outlets, lojas de de-partamento e brechós. Estes são os seus melhores amigos. Gastar

umas horinhas peneirando nestes lugares sempre vai trazer produtos incríveis com precinho camarada. E se você não gosta de roupa usa-

da, lembre-se: lavou, tá novo.

* Não acumule. O ditado “quanto mais melhor” não é aplicável quando o assunto é roupa. Muitas vezes você sai comprando porque tá barato e aca-ba acumulando um monte de coisa que não sai de

dentro do armário. Se você não usa, dê embora, doe, venda e faça uma grana, qualquer coisa, mas

não encha seu guarda roupa de inutilizáveis.

* Ressuscite peças de qualidade. Se você tem as chamadas “peças chave” paradas no guarda roupa por motivos de mancha, sujeira, furos, pequenos defeitos, ressus-cite-as. Mande arrumar, mande

lavar, mande pra costureira. Roupa parada no armário

não ajuda. Só ocupa espaço.

* Prefira sempre o básico. As peças básicas como calças jeans,

camisetas, casacos leves e pe-sados, vestidos de festa podem

exigir um gasto maior, pois eles sempre serão muito bem

aproveitados. É só caprichar nos acessórios (bem baratinhos) que

a peça parece outra e nova.

* Promoção não é o fim do mundo. Não é porque o produto tá barato que você precisa dele. Pense duas vezes antes de comprar. Você pode acabar compran-do uma peça muito parecida com uma

que já tem, ou que você nem gostou tanto, só por causa do preço.

* Por fim, mas não menos importante, saiba aproveitar as trocas de coleção.

Quando as lojas encerram as estações, ge-ralmente fazem grandes liquidações com as peças da estação passada. Aproveite!

Você pode não usar agora, mas, logo logo a estação tá de volta e você poderá usar.

Camisa lisa de chiffonR$ 49, 90

Saia bandage estampa de azulejoR$ 49, 90

Blusa regata de chiffonR$ 15

Saia reta de couro sintéticoR$ 29,90

Camiseta básica de malhaR$ 24,90

Calça flare jeansR$ 89,90

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ENSAIO DE MODA

Page 26: N'AÇÃO

COLORINDO A ECONOMIATexto BIANCA TEIXEIRA MORELLI

Os cuidados com a beleza crescem no país e no mundo, impulsionam a indústria de cosméticos e incentivam as produções ecologicamente corretas

A preocupação com a aparência não é novidade do mundo moderno, muito pelo contrário. Segundo a filósofa Hudith Butler, a primeira prova arqueológica da utilização de cosméticos foi encontrada no Egito Anti-go, próximo do ano 4.000 a.C. Os primeiros produtos usados para preservar a beleza eram os óleos, essências de rosas e jasmim e tinturas para o cabelo. Outras sociedades também tinham seus truques de beleza, por exemplo, a alta sociedade romana tomava banho de leite para melhorar o aspecto da pele e, na Idade Média, usava-se o açafrão para colorir os lábios como o batom e a fuli-gem negra para escurecer os cílios.

Impulsionando a economiaSegundo a Associação Brasileira da Indús-

tria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cos-méticos (ABIHPEC), somos o terceiro maior mercado consumidor do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e o Japão, e também o sétimo produtor mundial de cos-méticos, atrás de Estados Unidos, Japão, Ale-manha, França, Inglaterra e Itália.

O segmento brasileiro de Cosméticos, Hi-giene Pessoal e Fragrâncias tem

se destacado dentro e fora do nosso país, caracterizado pelo seu inten-

so melhoramento e por oferecer ao públi-

co uma inovação contínua e prática para o uso dos produtos no dia a dia. O setor tem se apresentado bem mais potente que o res-tante da indústria brasileira, pois cresce em média 10% ao ano, contra 3% do PIB Total (Produto Interno Bruto) e apenas 2,2% da In-dústria em Geral. Não é a toa que tem recebi-do cuidados e incentivos dos órgãos compe-tentes para continuar a crescer e expandir-se no mercado nacional e internacional.

O crescimento do mercado consumidor alcançou grandes e pequenos empresários, como confirma Alexandre Grando, microem-presário de cosméticos: “Nós aumentamos bastante o nosso faturamento, durante o ano renovamos todos os nossos produtos, trouxe-mos vários lançamentos e, com isso, aumen-tamos a quantidade de clientes”. Alexandre ainda afirma que só trabalha com produtos nacionais, que a marca atende praticamente todos os serviços realizados nos salões.

Consumidores exigentesMesmo acompanhando a alta tecnologia

utilizada por suas concorrentes internacio-nais, foi na receita milenar de utilizar produ-tos 100% naturais que permitiu e garante o crescimento contínuo e destaque no comércio mundial. As empresas brasileiras encontraram na produção sustentável a fórmula do sucesso.

Os consumidores se modificaram nos últi-mos anos, estão mais exigentes, principalmente os novos consumidores da classe C, que acima do status de exclusividade, estão preocupados

com qualidade, ética e impacto ambiental. E as empresas serão cada vez mais cobradas e te-rão de se preparar para demonstrar, de forma transparente, seus processos produtivos.

Esta preocupação ambiental é comprovada por estudo lançado recentemente pela União para o Biocomércio Ético (UEBT), que avalia o conhecimento sobre a biodiversidade ao re-dor do mundo, 84% dos consumidores afir-maram que deixariam de comprar produtos da indústria de beleza se soubessem que elas não adotam boas práticas ambientais e éticas. O Brasil aparece também em destaque na pes-quisa sobre conhecimento da biodiversidade, como sendo o país onde os consumidores de-têm o maior conhecimento sobre o conceito de biodiversidade (96%), seguido pela França (95%) e China (94%).

Valorize o que é nossoContudo, mesmo com os avanços nacionais

na produção dos cosméticos, a balança co-mercial do setor apresenta frequente déficit, ou seja, ainda importamos mais do que ven-demos. Muitos produtos nacionais perdem a competição com os internacionais devido à falta de atenção e valorização do que é brasi-leiro. A esteticista Rafaela Antunes explica a diferença de produtos internacionais e nacio-nais: “Os produtos importados são elabora-dos de acordo com os tipos de pele e o clima, aqui no Brasil também é feito assim, mas a diferença é que uma pele oleosa no Brasil exi-ge produtos com texturas mais seca, e a mes-ma pele oleosa em um clima mais seco, >>

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N’AÇÃO • Fevereiro/2014 • 51

ENTRE OUTRAS MIL

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CARIBE BRASILEIROTexto e Fotos WANESSA MEDEIROS

Onde a lagoa encontra o mar, uma imensidão, ora azul ora esverdeada. Quilômetros repletos de corais e piscinas naturais de águas translúcidas. Esse é o cenário paradisíaco que podemos encontrar no estado de Alagoas, no nordeste brasileiro, com 3 milhões de habitantes, distribuídos em 102 municípios, incluindo sua capital, Maceió

Se você está procurando um lugar para des-cansar e ficar em meio às belezas naturais, esse é o destino certo. Com um mar incrivelmente multicolor e de águas mornas, as praias alago-anas não deixam a desejar no quesito beleza .

São muitos os passeios e lugares a serem visitados. Além da irreverente capital Maceió, você pode se encantar com a beleza de Mara-gogi que, com sua imensa barreira de corais formam piscinas naturais no meio do oceano, e Pajuçara onde se pode fazer um passeio de jangada. Além disso, você pode conhecer um dos cartões postais do estado: a famosa Praia do Gunga, emoldurada com uma areia bran-quinha e milhares de coqueiros que faz desse cenário uma das praias mais bonitas do Brasil.

Mas se você quer um pouco mais de aven-tura, busque fazer o passeio de lancha até a praia de Carro Quebrado e um passeio de buggy pelas famosas falésias coloridas.

Provavelmente você não conseguirá co-nhecer toda beleza que esse lugar tem a ofe-recer, mas a única coisa que todos que pas-sam pelas terras alagoanas é a saudade do céu, do sol e do mar de Maceió.

por exemplo, exige produtos de textura mais seca, porém, hidratantes”.

Além de prestar atenção quanto ao produ-to correto para o tipo de pele e cabelo, é in-teressante darmos atenção aos produtos na-cionais, geralmente mais baratos e de mesma ou maior qualidade. A esteticista Marcela To-ledo conta já ter utilizado produtos nacionais e internacionais e relata a preferência pelos

brasileiros: “O produto nacional para mas-sagem, por exemplo, deslizava muito bem, o importado era muito espesso e dificultava o movimento. Minhas clientes insistem que o produto para celulite dá mais resultado, mas eu não vejo nenhuma grande diferença entre eles, o nacional não deixa em nada a desejar, e para nós, esteticistas que precisamos de um cosmético bom, fácil de trabalhar e que tenha um custo baixo”.

Faça em casaContudo, é possível ter cuidados estéticos sem gastar muito. As dicas caseiras não sofrem com inflação, nem alteração do dólar, nem nada do gênero. As es-teticistas, Rafaela Antunes e Marcela Toledo, nos ensinam algumas receitas.

Esfoliação com açúcar cristal Misture uma colher de açúcar cristal com o sabonete líquido que você usa para lavar o rosto. Passe a mistura na pele em movimentos circulares. O açúcar cristal tem ácido glicólico, que ajuda a clarear a pele. A esfoliação pode ser feita uma vez por semana, mas é preciso cuida-do com o sol pois, devido ao ácido, pode manchar a pele. Se tiver receio, substitua o açúcar por fubá. De preferên-cia, faça a esfoliação na hora do banho, que é quando os poros estão mais abertos, por causa do calor do chuveiro.

Esfoliação com borra de café e tomate Passe no rosto a borra seca de café e deixe por 20 mi-

nutos, depois lave com água fria (não pode ser quente, pois obstrui os poros). Em seguida, pegue metade de

um tomate e, com uma colher pequena, retire a se-mente. Faça uma “papinha” com ela, passe no rosto e deixe agir por 20 minutos. Lave o rosto novamente.

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52 • N’AÇÃO • Fevereiro/2014

CRÔNICA DE VIAGEM

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IMAGINA NA COPATexto JULIANA GARCIA e WANESSA MEDEIROS

O evento, que será sediado no país em junho, impulsiona o boom nas viagens com destinos brasileiros

Em ano de Copa do Mundo no Brasil, um dos maiores eventos mundiais relaciona-dos ao esporte, fica uma certeza: os preços de passagens, hospedagens e ingressos vão pesar no bolso dos brasileiros. Já houve um aumento na inflação e uma movimentação na economia do turismo. Além, é claro, de des-pertar a euforia dos brasileiros em relação a um possível crescimento econômico.

Preços abusivosMas, quem está pensando em viajar entre

maio e julho, deve se programar bem antes. Os preços dos pacotes para destinos como Natal, Manaus, Salvador, Porto Alegre - cida-des sede da Copa - irão duplicar, ou triplicar. “A previsão é que o preço dos pacotes (passa-gem aérea + hotel + translado) suba para R$ 7 mil até R$ 8 mil por pessoa, sendo que esses valores, em outras épocas, seriam na faixa de

R$ 2 mil por pessoa. Isso porque há uma supervalorização dos lugares

sede da Copa”, relata Daniela Le-nhar, agente de viagens da TAM.

A l é m do au-m e n -to nos

valores das diá-

rias em hotéis, transporte e comércio local, o que tem chamado atenção daqueles que pre-tendem viajar são os valores das passagens, que aumentaram bastante para a época do meio do ano. Por exemplo, um trecho para Sal-vador pelo qual antes se pagava de R$ 300 a R$ 400, agora está na faixa de R$ 1 mil; o aéreo para Cuiabá no mês de março está R$ 300, já no mês de junho a mesma passagem sai por R$ 850. Portanto, para quem quer ir viajar na época da Copa o ideal é usar outro meio de transporte: “O pacote terrestre (hospedagem + traslado) é bem mais em conta do que um que inclua as passagens aéreas. O que mais vai compensar na época é ir de carro para os jo-gos”, adianta Rudah Tozati, profissional de Co-municação e Marketing na Agaxtur Turismo.

E para o exterior?

Agora, se o des-tino for internacional, algu-

mas viagens podem estar mais em conta do que viagens nacionais nos meses de junho e julho, mas claro, tudo depende da relação entre a moeda local e a moeda do país para onde se pretende ir. Quanto maior for a cotação da moeda local, maior será a taxa cambial e maior será o custo da viagem internacional. Por isso, é es-sencial que se avalie a situação cambial antes de fazer qualquer viagem para fora do país.

A alta nos preços das viagens e das passa-

gens aéreas não têm influência direta da valori-zação do dólar ou de outra moeda, mas sim do ambiente econômico interno e principalmente no comportamento da inflação e no preço dos combustíveis. “Mas, como o governo não está reajustando estes preços de acordo com os pre-ços do petróleo no exterior, e com a maior en-trada de dólar, devido a esses eventos, acredito que a taxa cambial não irá sofrer grandes alte-rações. A taxa cambial, leia-se Real x Dólar, ten-de a ficar estabilizada em decorrência da maior entrada de moeda no país. Caso tenha algum movimento brusco, o governo terá que tomar medidas que equilibrem o mercado de moeda”, prevê o coordenador de índices de preços de ações da BM&FBOVESPA, Waldirnei Alves.

Falta de infraestruturaE não é só a alta nas viagens inter-

nacionais que se tornou um complica-dor para aqueles brasileiros que preten-dem viajar para outras cidades ,ou até mesmo para fora do país.

A infraestrutura também levanta a dúvida de muitos brasileiros sobre ao sucesso da Copa do Mundo; até mesmo para aqueles que traba-lham com o turismo: “Nós estamos em janei-ro, nem época de férias total, e os aeroportos já estão lotados, com problemas de atraso nos voos. Então, imagina na Copa, com todo mundo vindo para cá. O Brasil não tem estrutura para receber um evento desse porte”, opina Rogers Tech, agente de viagens da Tech Tur.

Viajar é preciso?Portanto, a dica que damos a você que pre-

tende viajar neste ano é que evite os meses de junho e julho, já que os preços - desde a pas-sagem de avião às diárias em hotéis - estarão abusivos. Ou guarde um pouco mais de dinhei-ro para viajar ano que vem.

Já você que pretende viajar para fora, não se esqueça de verificar a cotação da mo-eda local e analise bem todos os detalhes

antes de fechar negócio.

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VAI PRA ONDE?* Fortaleza: atraente, recep-tiva e com uma grande infra-estrutura, a cidade sabe como receber bem seus turistas.

* Natal: destino perfeito para quem ama o mar. O sol e os dias de céu claro reinam so-bre as belas praias em todas as épocas do ano.

* Rio de Janeiro: o Cristo Re-dentor e o Pão de Açúcar são só algumas atrações da Cidade Maravilhosa. O Rio também é conhecido por suas belas paisa-gens, botequins e praias.

* Florianópolis: a capital de Santa Catarina se destaca por apresentar praias paradisía-cas, entre elas a de Canasviei-ras, Brava, Joaquina, Mole, etc.

* Foz do Iguaçu: o local conta com as Cataratas do Iguaçu, estampadas em diversos car-tões-postais. São 275 quedas d’água caindo de uma altura de 83 metros.

* São Paulo: a maior cida-de da América Latina atrai por sua variedade cultural e gastronômica. São inúmeros marcos históricos, museus, restaurantes, shoppings, ba-res, galerias, etc. >>

SÃO PAULO

MACEIÓ

SCNATAL

RIO DE JANEIRO

Texto JULIANA GARCIA

Conheça os destinos mais procurados para turismo no país

Os brasileiros que preten-dem viajar, em sua maioria, pensam em sol, praia e calor. De acordo com Rudah Tozati, profissional de Comunicação e Marketing na Agaxtur Turis-mo, os destinos mais procura-dos são as praias, em especial as da região nordeste, com suas opções de hotéis e re-sorts para todos os públicos. Os cruzeiros também são bas-tante procurados nessa época do ano, conhecida como alta temporada (de dezembro a março e de junho a agosto).

Confira na lista abaixo os lo-cais turísticos mais visitados pe-los brasileiros durante as férias:

* Porto Seguro: com opções que garantem agito dia e noi-te, a cidade tem belas praias, recifes de corais, piscinas natu-rais para mergulho e diversos quiosques.

* Maceió: a cidade, capital de Alagoas, encanta os visitan-tes com 40 km de praias in-críveis, coqueiros, mangues e um mar belíssimo.

São Paulo

Rio de Janeiro

Porto Seguro

Foz do Iguaçu

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Variedade e sabores marcantes são os principais atributos da culinária nacional

Quanto custa?Segundo Rudah, os valores são definidos de

duas formas: pacotes com aéreo (passagem + hospedagem) ou pacotes terrestres (hospeda-gem + traslado). Geralmente, os clientes que optam por pacotes terrestres possuem planos de milhagem com as companhias aéreas e, consequentemente, conseguem um valor bem mais em conta do que um pacote que inclua as passagens de avião. Outro fator determinante no preço é a quantidade de noites e a catego-ria do hotel escolhido. O valor médio para um pacote com aéreo é a partir de R$ 1.5 mil por pessoa. Já os terrestres custam a partir de R$ 800. Porém, ele ressalta que as médias de pre-

Dicas básicas para planejar suas próximas férias* Trace o perfil de sua viagem: defina quantos dias de folga você tem, quais lugares deseja conhecer e qual o estilo de passeio te agrada mais.

* Compre as passagens: cheque vários locais antes de fechar, pois os preços variam bastante. Os sites intermediários, como o Decolar.com e o Submarino Viagens, são mui-to úteis nesse momento.

* Escolha sua hospedagem e faça a reserva: consulte os sites intermediários e co-nhecidos que possam dar uma referência do local. Para quem vai viajar sozinho e quer economizar mais, o albergue pode ser uma opção interessante.

* Prepare o bolso: economize com antecedência, prefira o cartão de crédito ou débito e ande com pequenas quantias de dinheiro em notas.

* Informe-se sobre o transporte: táxi, metrô, ônibus ou trem. Veja qual é a melhor opção para ir do aeroporto ao local onde ficará hospedado e a melhor forma de se lo-comover pela cidade escolhida.

* Elabore o seu roteiro: não é necessário planejar cada segundo da viagem, mas é bom ter uma ideia dos lugares e atrações que deseja conferir.

Feito isso, relaxe e aproveite as férias!

ço informadas variam de acordo com o local escolhido, a disponibilidade e o período do ano (alta ou baixa temporada).

Como se organizar?Para Tozati, a dica básica é o planejamento,

ou seja, buscar informações sobre o destino e adquirir o pacote com antecedência. Além disso, ele aconselha: contratar empresas ex-perientes no ramo para evitar aborrecimentos e pagar mais caro, identificar a bagagem e es-colher o destino de acordo com o estilo de via-gem que deseja realizar (mais agitado ou mais tranquilo, para família ou para casal, aventura ou esporte, praia ou cidade, etc).

Texto MARIA LETÍCIA MARQUES

Não é só o povo que de-monstra nossa diversidade cultural, a culinária também.Marcada por diferentes sabo-res, temperos, e ingredientes, sua versatilidade tem interes-sado chefs de renome mun-dial, como Alex Atala e Rober-ta Sudbrack. Eles focaram em sabores tipicamente brasilei-ros para a elaboração de suas receitas. Em seus restaurantes resgatam sabores da comida brasileira e exploram ingre-dientes ainda pouco utilizados.

Para Edson de Paula Bor-ja, 49, cozinheiro desde os 14 anos, a diversidade é um dos atrativos principais. “Vários chefs tem focado em ingre-dientes típicos pela varieda-de que eles oferecem. Cada região do Brasil tem algum ingrediente ou receita dife-rente , aí é só exercitar a cria-tividade”, destaca.

Já o coordenador do curso de gastronomia da Univer-sidade do Sagrado Coração (USC), Paulo Renato de Pau-la Frederico, acredita que a culinária brasileira é novida-de e por isso está na rota da gastronomia mundial. “Du-

rante anos houve uma grande apreciação das gastronomias dos países do velho mundo. Atualmente, há um movi-mento de apreciação e valo-rização das cozinhas do novo mundo, e dos países conside-rados em desenvolvimento. Nesse sentido, o Brasil en-trou na rota da gastronomia mundial, inicialmente por Alex Atala, que teve a opor-tunidade de demonstrar seu talento por meio de insumos tipicamente brasileiros. Isso é muito bom, pois está ha-vendo uma redescoberta e valorização pelo povo brasi-leiro de sua própria cultura”, explica Paulo Renato.

Mesmo com a popularida-de dos fast foods, a culinária brasileira não perde seu públi-co fiel. “Creio que os fast foods são uma fórmula muito inte-ressante tanto para empreen-dedores como para os consu-midores, mas deve haver uma adaptação às realidades atuais e principalmente à qualidade na produção dos alimentos”, ressalta Paulo Renato.

Além de ganhar cada vez mais espaço, a gastronomia brasileira e seus ingredien-tes únicos são mais uma for-ma de valorizar nossa cul-tura e também acabam por reafirmar e redescobrir as inúmeras maravilhas que o Brasil tem a oferecer.

GASTRONOMIAEM ASCENSÃO

Armazém das Especiarias

O chef Alex Atala é o gran-de precursor em utilizar

insumos tipicamente brasi-leiros em suas receitas

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SABORES BRASILEIROS

Texto JULIANA GARCIA

A nossa culinária é rica, saborosa e admirada pelos “gringos” que passam por aqui. Você sabia que o brigadeiro tem esse nome em homenagem a um militar? Ou que a caipirinha surgiu como um remédio para a gripe espanhola? A seguir você confere a história desses e outros quitutes deliciosos do nosso país

BrigadeiroA mistura de leite condensado, achocolatado em pó, manteiga e granulado está presente em praticamente todas as festas de aniversário. A origem do nome brigadeiro, também conhecido como negrinho no Rio Grande do Sul, seria uma homenagem ao militar Eduardo Gomes. Ele tinha a patente de brigadeiro na ae-ronáutica e se candidatou à presidência da República entre os anos de 1946 e 1950. O doce, que na época se chamava “doce de brigadeiro”, teria sido criado durante a primeira campanha presidencial, com o objetivo de arrecadar fundos. Outra versão semelhante diz que mulheres do Rio de Janeiro, engajadas na candidatura de Gomes, vendiam os negrinhos para ajudar na verba da campanha.

Pão de QueijoO pão de queijo é o cartão de visitas da culinária mineira, en-tretanto, é conhecido e consumido em todos os outros estados brasileiros. Surgiu no Brasil no século XIX, porém só tornou-se efetivamente popular a partir da década de 60. Estudos afir-mam que a receita apareceu nas fazendas de Minas, na época em que as cozinheiras preparavam as refeições para servir seus senhores, pois havia uma grande oferta de leite, ovos e queijos, em função da expansão pecuária. Como a farinha que chegava até os locais era de baixa qualidade, as cozinheiras passaram a substituí-la por polvilho nas receitas dos pães. Assim, estava criada a base do pão de queijo, moldado em pequenas bolinhas e depois assado. Atualmente, com o desenvolvimento e expan-são do mercado de produtos congelados, o consumo do alimen-to expandiu-se também para o exterior.

Romeu e JulietaO doce de goiabada e queijo, típico do sul de Minas Gerais, é conhecido no Brasil inteiro como Romeu e Julieta, pois formam uma bela dupla, assim como o famoso casal de namorados da história de Shakespeare. A goiabada, composta por goiaba, água e açúcar, surgiu na época que o país era colônia de Portugal. Ela foi criada para substituir a marmelada e para proporcionar um melhor aproveitamento dos frutos, aumentando assim a sua du-rabilidade. O queijo começou a ser produzido quando as colô-nias portuguesas se instalaram em terras brasileiras. No lugar do leite de ovelha, ingrediente do queijo tradicional português, usaram o leite de vaca, dando origem ao queijo minas. Não se sabe exatamente quando a mistura entre goiabada e queijo teve início, mas é provável que tenha surgido durante os cafés da tar-de do período, onde a mesa farta possibilitou combiná-los.

CaipirinhaHá muitas histórias em torno do surgimento do drinque que é um símbolo nacional. A mais conhecida é que a caipirinha surgiu por volta de 1918, no interior do estado de São Paulo. A bebida como conhecemos hoje teria sido criada a partir de uma receita popular feita com limão, alho e mel, indicada para os doentes da gripe espanhola – e que atualmente ainda é usada para espantar pequenos resfriados. Na época, a cachaça (originada na Capita-nia de São Vicente) era utilizada no remédio caseiro para acele-rar o efeito terapêutico. Um dia, alguém resolveu tirar o alho e o mel e acrescentar umas colheres de açúcar para reduzir a acidez do limão. O gelo veio em seguida, para espantar o calor. Depois disso, a invenção caiu no gosto popular e nunca mais saiu.

Ingredientes- 1 lata de leite condensado (395g)- ½ xícara de chá de queijo parmesão ralado (50g)- 3 gemas- 1 colher (sopa) de margarina- 150g de goiabada cortada em cubos- Margarina para untar- Açúcar de confeiteiro peneirado a gosto

Brigadeiro Romeu e Julieta

Modo de preparoEm uma panela, em fogo baixo, coloque os quatro primeiros ingredientes. Mexa até des-grudar do fundo da panela. Despeje em um prato untado com margarina e espere esfriar. Com as mãos untadas, pegue pequenas por-ções de massa, coloque um cubo de goiaba-da no centro e modele bolinhas. Passe pelo açúcar de confeiteiro, arrume em embalagens próprias para brigadeiro e sirva em seguida.

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ESPORTE, LAZER E PAIXÃOTexto CAROLINE LIMA

Vôlei, tênis de mesa, natação, futsal, capoeira, skate e surfe são os esportes mais praticados pelos brasileiros. No topo do ranking está o futebol, a modalidade mais popular do mundo

Bola, traves e um grupo de pessoas. Simples e coletivo. Assim é a paixão nacional. Segundo Júlio Wilson dos Santos, chefe do Departamen-to de Educação Física da UNESP Bauru e Coor-denador do Projeto Futebol Escola, “o futebol é popular no Brasil por ser um esporte acessí-vel, onde facilmente se aprendem as regras e os equipamentos para o jogo podem ser adap-tados sem grandes dificuldade’’. O lugar para jogar depende da criatividade dos praticantes, pode ser desde quadras e campos até terrenos e praias. Isso contribui para que o esporte seja

inserido em todas as classes sociais.

O futebol tem caráter cultural no Brasil. “Para quem joga por lazer ele não exige muito e traz uma

série de benefícios. O principal é a melhoria nas relações sociais”, afirma

Júlio. Por se tratar de uma mo-dalidade coletiva, é pre-

ciso ter contato com outras pessoas para

sua prática. Além disso, uma partida de futebol

resulta em um gasto calórico elevado,

chegando até 1.300 calorias.

Por isso, nos

últimos anos aumentou o estímulo a prática do esporte, a fim de reduzir a obesidade.

De acordo com Júlio, ’’por promover a so-ciabilização, a atividade física é o carro-chefe de projetos em empresas e escolas, onde se organizam times para promover integração através do esporte”. O esporte tem vantagens como as relações sociais que resultam de uma partida que exige coletividade. Mas também há desvantagens para quem não pratica exer-cícios físicos com freqüência, como lesões e outros imprevistos que podem acontecer em modalidades coletivas.

Altamente popular em nível mundial, no início do século XIX o futebol era voltado para pessoas de classe social elevada. Após a prática ser difundida em escolas inglesas, houve sua popularização massiva. Agora o futebol é esporte de todos. Mulheres e ho-mens. Crianças e adultos. Profissionais e amantes da popular “pelada” do fim de se-mana. Contabilizando, já são mais de 30 mi-lhões de praticantes no país.

Com a aproximação da Copa do Mundo sediada no Brasil, a modalidade ganha mais abrangência na vida de cada um que se de-para com anúncios e mercadorias, em um comércio influenciado pelo futebol. A popu-laridade do esporte faz dele um produto que vende. Mesmo com o teor comercial dos even-tos esportivos, há também bons resultados oriundos de Copa do Mundo, como o grande estímulo para a prática de um es-porte simples, democrático e com grandes benefícios para saúde.

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arai

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