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Universidade Federal do Amazonas Faculdade de Direito Departamento de Direito Público Direito Tributário – FDU 006 Prof. Esp. Felipe Augusto Fonseca Vianna 2ª Avaliação de Direito Tributário 1) Relacione os termos referentes à obrigação, na primeira coluna, com a respectiva descrição, na segunda coluna. (1) Obrigação Acessória (2) Fato Gerador (3) Obrigação Principal (4) Sujeito ativo (5) Sujeito passivo (3) Dever de pagar o Imposto de Renda apurado sobre o lucro auferido pela empresa e Imposto sobre Produtos Industrializados incidente sobre a venda de produtos. (1) Dever de emissão de nota fiscal e entrega da declaração do Imposto de Renda. (2) Auferir renda mediante a venda de produtos. (5) Empresa obrigada ao pagamento do tributo. (4) Pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o cumprimento da obrigação tributária. 2) O estado do Amazonas instituiu por lei na qual consta obrigação acessória consistente na exigência de nota fiscal para circulação de mercadorias entre estabelecimentos de um mesmo contribuinte, ainda que tais mercadorias estejam abarcadas por isenção do ICMS. Posteriormente a esta instituição, a empresa Meliodas S/A transferiu algumas destas mercadorias isentas entre seus estabelecimentos localizados em diferentes cidades deste estado. A fim de realizar esta transferência de mercadorias, a empresa emitiu documentos diversos dos previstos na norma tributária. Como consequência, Elizabeth, Agente Fiscal de Rendas deste Estado, lavrou auto de infração contra a empresa Meliodas S/A, acusando-a de descumprimento de obrigações acessórias, pois não houve a devida emissão das notas fiscais previstas na legislação. Em face da situação hipotética apresentada e do ordenamento jurídico vigente, a Agente Fiscal de Rendas agiu corretamente? Justifique sua resposta. A Agente Fiscal de Rendas agiu corretamente, pois o ente federado pode instituir obrigação acessória a ser observada pelos contribuintes, ainda que inexistente hipótese de incidência tributária, mesmo nos casos em que a operação ou prestação seja isenta do imposto (art. 175, parágrafo único, do CTN). A seguinte jurisprudência do STJ trata de caso bastante similar, com grande claridade: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. OPERAÇÃO INTERESTADUAL DE DESLOCAMENTO DE BENS DO ATIVO PERMANENTE OU DE USO E CONSUMO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. HIGIDEZ DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA CONSISTENTE NA EXIGÊNCIA DE NOTA FISCAL DOS BENS. IRRELEVÂNCIA INEXISTÊNCIA, EM TESE, DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL

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Universidade Federal do AmazonasFaculdade de Direito

Departamento de Direito PúblicoDireito Tributário – FDU 006

Prof. Esp. Felipe Augusto Fonseca Vianna

2ª Avaliação de Direito Tributário

1) Relacione os termos referentes à obrigação, na primeira coluna, com a respectivadescrição, na segunda coluna. (1) Obrigação Acessória(2) Fato Gerador(3) Obrigação Principal(4) Sujeito ativo(5) Sujeito passivo

(3) Dever de pagar o Imposto de Renda apurado sobre o lucro auferido pela empresa eImposto sobre Produtos Industrializados incidente sobre a venda de produtos.(1) Dever de emissão de nota fiscal e entrega da declaração do Imposto de Renda.(2) Auferir renda mediante a venda de produtos.(5) Empresa obrigada ao pagamento do tributo.(4) Pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o cumprimento daobrigação tributária.

2) O estado do Amazonas instituiu por lei na qual consta obrigação acessória consistente naexigência de nota fiscal para circulação de mercadorias entre estabelecimentos de ummesmo contribuinte, ainda que tais mercadorias estejam abarcadas por isenção do ICMS.Posteriormente a esta instituição, a empresa Meliodas S/A transferiu algumas destasmercadorias isentas entre seus estabelecimentos localizados em diferentes cidades desteestado. A fim de realizar esta transferência de mercadorias, a empresa emitiu documentosdiversos dos previstos na norma tributária. Como consequência, Elizabeth, Agente Fiscal deRendas deste Estado, lavrou auto de infração contra a empresa Meliodas S/A, acusando-a dedescumprimento de obrigações acessórias, pois não houve a devida emissão das notas fiscaisprevistas na legislação.Em face da situação hipotética apresentada e do ordenamento jurídico vigente, a AgenteFiscal de Rendas agiu corretamente? Justifique sua resposta.

A Agente Fiscal de Rendas agiu corretamente, pois o ente federado pode instituirobrigação acessória a ser observada pelos contribuintes, ainda que inexistente hipótese deincidência tributária, mesmo nos casos em que a operação ou prestação seja isenta doimposto (art. 175, parágrafo único, do CTN). A seguinte jurisprudência do STJ trata de casobastante similar, com grande claridade:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DECONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. OPERAÇÃOINTERESTADUAL DE DESLOCAMENTO DE BENS DO ATIVOPERMANENTE OU DE USO E CONSUMO ENTRE ESTABELECIMENTOS DAMESMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. HIGIDEZ DA OBRIGAÇÃOACESSÓRIA CONSISTENTE NA EXIGÊNCIA DE NOTA FISCAL DOS BENS.IRRELEVÂNCIA INEXISTÊNCIA, EM TESE, DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL

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(NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS). FATOR VIABILIZADOR DA FISCALIZAÇÃOTRIBUTÁRIA. ARTIGOS 175, PARÁGRAFO ÚNICO, E 194, DO CTN.ACÓRDÃO FUNDADO EM LEI LOCAL. CONHECIMENTO PARCIAL DORECURSO ESPECIAL.

1. O ente federado legiferante pode instituir dever instrumental a ser observadopelas pessoas físicas ou jurídicas, a fim de viabilizar o exercício do poder-deverfiscalizador da Administração Tributária, ainda que o sujeito passivo da aludida“obrigação acessória” não seja contribuinte do tributo ou que inexistente, em tese,hipótese de incidência tributária, desde que observados os princípios da razoabilidadee da proporcionalidade ínsitos no ordenamento jurídico.

2. A relação jurídica tributária refere-se não só à obrigação tributária stricto sensu(obrigação tributária principal), como ao conjunto de deveres instrumentais(desprovidos do timbre da patrimonialidade), que a viabilizam.

3. Com efeito, é cediço que, em prol do interesse público da arrecadação e dafiscalização tributária, ao ente federado legiferante atribui-se o direito de instituirobrigações que tenham por objeto prestações, positivas ou negativas, que visemguarnecer o fisco do maior número de informações possíveis acerca do universo dasatividades desenvolvidas pelos administrados, o que se depreende da leitura do artigo113, do CTN, verbis: “Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto opagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com ocrédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto asprestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou dafiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se emobrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.”

4. Abalizada doutrina esclarece que: “Por sem dúvida que a prestação pecuniária aque alude o art. 3º, do Código, dá uma feição nitidamente patrimonial ao vínculotributário, pois o dinheiro – pecúnia – é a mais viva forma de manifestaçãoeconômica. Esse dado, que salta à evidência, nos autoriza a tratar o laço jurídico, quese instala entre sujeito pretensor e sujeito devedor, como uma autêntica e verdadeiraobrigação, levando-se em conta a ocorrência do fato típico, previsto no descritor danorma.

Mas é inaplicável àqueloutras relações, também de índole fiscal, cujo objeto é umfazer ou não-fazer, insusceptível de conversão para valores econômicos.

Ladeando a obrigação tributária, que realiza os anseios do Estado, enquantoentidade tributante, dispõe a ordem jurídica sobre comportamentos outros, positivosou negativos, consistentes num fazer ou não-fazer, que não se explicam em simesmos, preordenados que estão a facilitar o conhecimento, o controle e aarrecadação da importância devida como tributo.

Tais relações são conhecidas pela designação imprecisa de obrigações acessórias,nome impróprio, uma vez que não apresentam o elemento caracterizador dos laçosobrigacionais, inexistindo nelas prestação passível de transformação em termospecuniários. São liames concebidos para produzirem o aparecimento de deveresjurídicos, que os súditos do Estado hão de observar, no sentido de imprimir efeitospráticos à percepção dos tributos. É dever de todos prestar informações ao PoderPúblico, executando certos atos e tomando determinadas providências de interessegeral, para que a disciplina do relacionamento comunitário e a administração da

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ordem pública ganhem dimensões reais concretas. Nessa direção, o cumprimento deincontáveis deveres é exigido de todas as pessoas, no plano sanitário, urbanístico,agrário, de trânsito, etc., e, também, no que entende com a atividade tributante que oEstado exerce.

(...) ... no território das imposições tributárias, são estipulados inúmeros deveres,que possibilitam o controle, pelo Estado-Administração, sobre a observância documprimento das obrigações estatuídas com a decretação dos tributos. Esses deveressão, entre muitos, o de escriturar livros, prestar informações, expedir notas fiscais,fazer declarações, promover levantamentos físicos, econômicos ou financeiros,manter dados e documentos à disposição da autoridades administrativas, aceitar afiscalização periódica de suas atividades, tudo com o objeto de propiciar ao ente quetributa a verificação do adequado cumprimento da obrigação tributária.

(...) ... Ele (Estado) pretende ver atos devidamente formalizados, para que possasaber da existência de liame obrigacional que brota com o acontecimento fáctico,previsto na hipótese da norma. Encarados como providências instrumentais ou comoa imposição de formalidades, tais deveres representam o meio de o Poder Públicocontrolar o fiel cumprimento da prestação tributária, finalidade essencial naplataforma da instituição do tributo.” (Paulo de Barros Carvalho, in “Curso de DireitoTributário”, 20ª ed., Ed. Saraiva, São Paulo, 2008, págs. 319/322)

5. Os deveres instrumentais, previstos na legislação tributária, ostentam caráterautônomo em relação à regra matriz de incidência do tributo, uma vez que vinculam,inclusive, as pessoas físicas ou jurídicas que gozem de imunidade ou outro benefíciofiscal, ex vi dos artigos 175, parágrafo único, e 194, parágrafo único, do CTN, verbis:“Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção;

II - a anistia.Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das

obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído,ou dela consequente.

(...) Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, emcaráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, acompetência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalizaçãoda sua aplicação.

Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturaisou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária oude isenção de caráter pessoal.”

6. Destarte, o ente federado competente para instituição de determinado tributopode estabelecer deveres instrumentais a serem cumpridos até mesmo por nãocontribuintes, desde que constituam instrumento relevante para o pleno exercício dopoder-dever fiscalizador da Administração Pública Tributária, assecuratório dointeresse público na arrecadação.

7. In casu: (i) releva-se incontroverso nos autos que o Estado da Paraíba, mediantenorma inserta no RICMS, instituiu o dever instrumental consistente na exigência denota fiscal para circulação de bens do ativo imobilizado e de material de uso econsumo entre estabelecimentos de uma mesma instituição financeira; e (ii) o FiscoEstadual lavrou autos de infração em face da instituição financeira, sob o fundamentode que os bens do ativo imobilizado e de uso e consumo (deslocados da matrizlocalizada em São Paulo para a filial localizada na Paraíba) encontravam-seacompanhados apenas de simples notas de remessa, elaboradas unilateralmente pelapessoa jurídica.

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8. Deveras, é certo que: (i) “o deslocamento de bens ou mercadorias entreestabelecimentos de uma mesma empresa, por si, não se subsume à hipótese deincidência do ICMS”, máxime em se tratando de remessa de bens de ativoimobilizado, “porquanto, para a ocorrência do fato imponível é imprescindível acirculação jurídica da mercadoria com a transferência da propriedade” (Precedenteda Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543-C, do CPC: REsp 1.125.133/SP,Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 25.08.2010, DJe 10.09.2010), ratio igualmenteaplicável ao deslocamento de bens de uso e consumo; e (ii) o artigo 122, do CTN,determina que “sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada àsprestações que constituam o seu objeto”.

9. Nada obstante, subsiste o dever instrumental imposto pelo Fisco Estadual com ointuito de “levar ao conhecimento da Administração (curadora do interesse público)informações que lhe permitam apurar o surgimento (no passado e no presente) defatos jurídicos tributários, a ocorrência de eventos que tenham o condão de suspendera exigibilidade do crédito tributário, além da extinção da obrigação tributária”(Maurício Zockun, in “Regime Jurídico da Obrigação Tributária Acessória”, Ed.Malheiros, São Paulo, 2005, pág. 134).

10. Isto porque, ainda que, em tese, o deslocamento de bens do ativo imobilizado ede material de uso e consumo entre estabelecimentos de uma mesma instituiçãofinanceira não configure hipótese de incidência do ICMS, compete ao Fisco Estadualaveriguar a veracidade da aludida operação, sobressaindo a razoabilidade eproporcionalidade da norma jurídica que tão-somente exige que os bens da pessoajurídica sejam acompanhados das respectivas notas fiscais.

11. Consequentemente, não merece reforma o acórdão regional, tendo em vista alegalidade da autuação do contribuinte por proceder à remessa de bens (da matrizlocalizada em São Paulo para a filial da Paraíba) desacompanhados do documentofiscal pertinente.

12. Outrossim, forçoso destacar a incognoscibilidade da insurgência especial sobenfoque que demande a análise da validade da legislação local (Súmula 280/STF).

13. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. Acórdãosubmetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.

(REsp 1116792/PB, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em24/11/2010, DJe 14/12/2010)

3) A pessoa jurídica Comitê Hunter Ltda., dedicada ao varejo de produtos esportivos, écomposta por dois sócios, um dos quais assumiu a administração da empresa conformeprevisto em seu estatuto. Em razão de dificuldades financeiras, essa empresa deixou derecolher o ICMS devido, visando a obter recursos para o pagamento de seus empregados efornecedores. Não obstante a inadimplência, a empresa continuou a declarar o valormensalmente devido. Após certo tempo, a empresa se mostrou economicamente inviável, eo administrador optou por encerrar suas atividades e fechar todas as lojas, leiloando em umsite de internet todo o saldo de estoques.A decisão deste administrador foi correta? Justifique sua resposta.

A decisão do administrador foi incorreta, pois ao simplesmente fechar as portas daslojas, sem o procedimento regular de encerramento da empresa e a comunicação e baixajunto aos órgãos competentes, inclusive os de administração tributária, ficou caracterizada adissolução irregular, o que poderá justificar o futuro redirecionamento de execuções fiscais àpessoa física dos sócios (Súmula 435 do STJ).

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4) A pessoa jurídica Fullmetal Alchemist Ltda. deixou de realizar o pagamento do Impostosobre Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU do imóvel de sua propriedade, ondeestá localizada a sua sede e que também é seu domicílio fiscal. O município ajuíza execuçãofiscal e o oficial de justiça não encontra a pessoa jurídica Fullmetal Alchemist funcionando nolocal.Por tal motivo, a Fazenda Municipal requer a inclusão dos sócios na execução fiscal, o quefoi deferido pelo Juiz: Edward Elric, sócio majoritário, que não exerce a gerência, e AlphonseElric, sócio minoritário, que exerce a gerência.Qual a responsabilidade tributária dos sócios em questão? Justifique sua resposta.

O fato do Oficial de Justiça não encontrar a empresa funcionando no local de suasede e domicílio fiscal indica a sua dissolução irregular, a autorizar o redirecionamento daexecução fiscal para a pessoa física dos sócios, como afirmado na questão acima (Súmula 435do STJ). Segundo o art. 135, III, do CTN, a responsabilidade, nesses casos, é do sócio queexerce a gerência. Assim, deveria a execução deveria ter sido redirecionada apenas contraAlphonse Elric.

5) A lei de um município brasileiro estabeleceu que o lançamento do ISSQN seria feito porhomologação, sendo que a atividade de lançamento desse imposto deveria ser desenvolvidanos documentos fiscais criados por esta legislação para esse fim específico.A empresa Umbrella Corporation S/A, prestadora de serviços localizada nesse município,promoveu o lançamento do ISSQN incidente sobre uma prestação de serviços realizada,mas, por puro engano, acabou lançando o tributo a menor, por erro na aplicação da alíquotacorrespondente: em vez de constituir o crédito tributário no valor correto de R$ 10.000,00,ele o constituiu no valor de R$ 8.000,00. Esses R$ 8.000,00 foram integralmente recolhidosaos cofres municipais.Passados três anos da ocorrência do fato gerador, a autoridade fiscal encarregada dafiscalização desse estabelecimento não homologou essa atividade desenvolvida pelocontribuinte, pois identificou a existência da referida falta de pagamento parcial do impostodevido, ocasionada pelo erro na aplicação da alíquota.Com base nas normas do Código Tributário Nacional relacionadas a essa matéria, econsiderando que a legislação municipal comina, para tais casos, penalidade no percentualde 10% do valor do imposto, a autoridade fiscalizadora deverá promover lançamento deofício de qual valor? Justifique sua resposta.

Como houve pagamento parcial, deveria a autoridade fiscalizadora promover olançamento do imposto devido, no valor de R$ 2.000,00, e da penalidade pecuniária, novalor de R$ 200,00 (art. 149, V, c/c 150, §§1º, 2º e 3º, do CTN).

6) A empresa Armstrong Construções Ltda., no período de maio de 2006, recolheu ICMS navenda de tijolos pela alíquota de 12 %, por entender que seus produtos faziam jus a benefíciofiscal destinado a produtos básicos de construção civil. No entanto, a Fazenda PúblicaEstadual, no dia 30/11/2011, lavrou auto de lançamento contra a empresa, exigindo adiferença entre a alíquota de 17% e a que efetivamente foi paga (12%). Para a FazendaPública os tijolos vendidos não faziam jus ao aludido benefício fiscal de redução de alíquota.A empresa, na data de 12/01/2012, ajuizou ação anulatória sustentando a ocorrência dedecadência.Ocorreu, de fato, a decadência, no presente caso? Justifique sua resposta.

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A ação anulatória deve ser julgada procedente, uma vez que, em se tratando detributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial tem como termo inicialo momento do fato gerador, nos termos do art. 150, §4º, do CTN.

7) O Sr. Aldebaran de Touro, em abril de 2010, foi notificado de um Auto de Infraçãolavrado pelo Estado do Amazonas, exigindo um débito de ITCMD no importe de R$ 35.000,supostamente devido em razão de uma doação realizada em outubro de 2007. Ocontribuinte apresentou tempestivamente impugnação administrativa, alegando que o autode infração não continha a descrição do fato constitutivo da suposta infração fiscal, comoexigia a legislação que disciplinava o processo administrativo fiscal, razão pela qual o débitotributário deveria ser desconstituído. Tal recurso foi acatado em setembro de 2013, paraanular o crédito tributário, eis que a Fiscalização não teria observado os requisitos devalidade do auto de infração exigidos na mencionada legislação estadual.Diante do caso hipotético, o Estado do Amazonas poderia lavrar novo auto de infração?Justifique sua resposta.

O Estado do Amazonas poderá lavrar outro auto de infração, visto que não ocorreu adecadência, porquanto o lançamento de ofício anterior foi anulado por vício formal,reiniciando-se a contagem do prazo decadencial (art. 173, II, do CTN).

8) A lei municipal que instituiu o IPTU no Município de Atena fixou o dia 1º de janeiro decada exercício como data de ocorrência do fato gerador desse imposto, que é lançado deofício, por expressa previsão legal. O Poder Executivo Municipal promove, anualmente, olançamento de ofício desse imposto, logo no início do mês de fevereiro. No exercício de2012, porém, excepcionalmente, esse lançamento acabou não sendo efetuado na ocasiãoprogramada.Considerando os fatos acima e as normas do Código Tributário Nacional acerca da extinçãodo crédito tributário, qual seria o início do decadencial para se efetuar o lançamento deofício desse imposto?

O início do prazo decadencial para se efetuar o lançamento de ofício desse impostoteve início a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamentopoderia ter sido efetuado, segundo a regra do art. 173, I, do CTN.

9) Em meados de setembro de 2009, após intimação a respeito de decisão final em processoadministrativo, foi definitivamente constituído crédito tributário em face da pessoa jurídicaNanatsu no Taizai S/A. Isso se deu em razão do lançamento fiscal ter sido mantidointegralmente, após período de discussões na esfera administrativa. O sujeito ativo tributáriodecidiu, então, inscrever seu crédito em dívida ativa em agosto de 2014, extrair a respectivacertidão no início de setembro de 2014 e ajuizar execução fiscal para exigir o montanteinadimplido, o que ocorreu em 10 de dezembro de 2014.Considerando os fatos relatados, pode-se dizer que ocorreu prescrição e/ou decadência nopresente caso? Justifique sua resposta.

O prazo máximo de que dispunha a fazenda pública para ajuizar a execução fiscal erade cinco anos, contados da constituição definitiva do crédito tributário (art. 174 do CTN),estando já extinto o crédito pela prescrição quando do ajuizamento em dezembro de 2014.

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10) Integra Hellsing é proprietária de imóvel residencial situado na comarca da capital doestado. A Prefeitura Municipal afirma ser ela devedora do Imposto Predial e TerritorialUrbano – IPTU, referente aos exercícios de 1997 a 2003, ajuizando ação de execução fiscalem agosto de 2007. O magistrado competente julga a ação extinta, sem mandar citar oexecutado, afirmando estar ela prescrita, sendo a sentença proferida em agosto de 2009.Tendo em vista a prescrição quinquenal, prevista no art. 174 do Código Tributário Nacional,pode-se falar em prescrição no presente caso?

A referida ação estaria parcialmente prescrita, em virtude de aplicar-se o disposto noart. 174 do CTN apenas aos exercícios anteriores ao de 2003, permitindo o prosseguimentoda ação executiva no que toca a esse último exercício.

“Todos os direitos da humanidade foram conquistados na luta: todas as regras importantes do direito devem ter sido, na suaorigem, arrancadas àquelas que a elas se opunham, e todo o direito, direito de um povo ou direito de um particular, faz-se

presumir que se esteja decidido a mantê-lo com firmeza. […] O Direito não é uma pura teoria, mas uma força viva [...] aJustiça sustenta numa das mãos a balança e que pesa o Direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada

sem a balança é a força brutal; a balança sem a espada é a impotência do Direito”Rudolf von Ihering

Boa sorte!