20
Sociedade & País Sociedade & País Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa SOCIALISTA ~ N”1050 3 FEVEREIRO 2000 100$ - 0,5 Quem disse ? O Orçamento do Estado de 2000 demonstra que Portugal irÆ continuar a ter um ritmo de crescimento económico superior à mØdia dos países da Uniªo Europeia (3,3 por cento), ao mesmo tempo em que se verificarÆ uma reduçªo do dØfice para 1,5 por cento e uma descida dos impostos dos contribuintes cumpridores das suas obrigaçıes fiscais. Assistir-se-Æ a um desagravamento significativo do IRC (menos dois por cento) e a uma descida real nos escalıes mais baixos do IRS. «Nªo se viu uma œnica personalidade cultural do Porto manifestar-se contra mim» Manuel Maria Carrilho Visªo, 27 de Janeiro Uniªo Europeia Adverte a `ustria Racismo e xenofobia nunca mais «Queremos dar um sinal muito claro à Europa e ao mundo que nªo toleramos valores como aqueles que, infelizmente, repetidas vezes tŒm vindo a ser assumidos pelo líder do chamado Partido da Liberdade austríaco.» Foi com estas palavras que o primeiro-ministro e presidente em exercício da Uniªo Europeia explicou a decisªo tomada segunda feira por 14 Estados-membros da Uniªo Europeia, que decidiram suspender todos os contactos políticos oficiais bilaterais com a `ustria, caso se confirme que o novo governo de Viena venha a integrar o partido de extrema- direita de Joerg Heider. AlØm destas medidas, a Uniªo Europeia resolveu nªo prestar apoio aos candidatos austríacos para cargos em organizaçıes internacionais. Os embaixadores austríacos nas capitais da Uniªo Europeia tambØm só serªo recebidos a nível tØcnico. De resto, a situaçªo política na `ustria motivou jÆ o cancelamento de uma deslocaçªo a Viena do secretÆrio de Estado dos Assuntos Europeus, Seixas da Costa, na qualidade de representante da presidŒncia em exercício da Uniªo. Como sublinhou António Guterres, a decisªo da Uniªo Europeia nªo constitui uma interferŒncia nos assuntos internos da `ustria. «O que dizemos Ø que nada poderÆ ficar na mesma. Nªo poderÆ haver um relacionamento normal com um Governo de que faça parte um partido que tem repetidas vezes, de forma sistemÆtica, negado os valores de tolerância e de democracia que para nós sªo valores essenciais». Numa referŒncia a uma das grandes ameaças da extrema-direita austríaca, o primeiro-ministro lembrou que «Portugal tem muitos portugueses em países da Uniªo Europeia que sªo emigrantes. Nós nªo queremos ver esses portugueses mal tratados por serem estrangeiros. É preciso emitir um sinal muito claro de que comportamentos de carÆcter racista ou xenófebo nªo sªo tolerados», acrescentou o chefe do Governo. Entretanto, o Presidente da Repœblica que tem agendada uma visita de Estado à `ustria, de 1 a 3 de Março, aguarda o evoluir da situaçªo política austríaca para ver se mantØm a deslocaçªo. Sócrates anuncia `gua e saneamento vªo ter 840 milhıes nos próximos seis anos Rendimento Mínimo Garantido - Balanço Beneficiadas 420 mil pessoas O ministro do Ambiente, JosØ Sócrates, anunciou no dia 31 que, atØ 2006, vªo ser investidos 840 milhıes de contos nos sectores do abastecimento de Ægua e tratamento de esgotos, para que Portugal atinja os padrıes europeus. Rendimento Mínimo Garantido (RMG) abrange actualmente cerca de 420 mil pessoas. As garantias sªo dadas pelo MinistØrio do Trabalho e da Solidariedade. Em Dezembro do ano passado, o nœmero de famílias beneficiÆrias do programa era de 144 984, o que representa um aumento de 31,31 por cento face a igual mŒs de 1998.

«Nªo se viu uma œnica do Porto manifestar-se SOCIALISTA · Sócrates, anunciou no dia 31 que, atØ 2006, ... OE 2000 Governo e PS advertem a oposiçªo para a necessidade de bom

Embed Size (px)

Citation preview

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA1

Sociedade & País Sociedade & País

Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected]

Director Fernando de Sousa

SOCIALISTA

~

Nº1050 3 FEVEREIRO 2000 100$ - 0,5

Quem disse ?

O Orçamento do Estado de 2000demonstra que Portugal irá continuara ter um ritmo de crescimento económicosuperior à média dos países da UniãoEuropeia (3,3 por cento), ao mesmo tempoem que se verificará uma redução dodéfice para 1,5 por cento e uma descidados impostos dos contribuintescumpridores das suas obrigações fiscais.Assistir-se-á a um desagravamentosignificativo do IRC (menos dois porcento) e a uma descida real nos escalõesmais baixos do IRS.

«Não se viu uma únicapersonalidade culturaldo Porto manifestar-secontra mim»

Manuel Maria CarrilhoVisão, 27 de Janeiro

União EuropeiaAdverte a Áustria

Racismoe xenofobianunca mais«Queremos dar um sinal muito claroà Europa e ao mundo que nãotoleramos valores como aqueles que,infelizmente, repetidas vezes têmvindo a ser assumidos pelo líder dochamado Partido da Liberdadeaustríaco.» Foi com estas palavras queo primeiro-ministro e presidente emexercício da União Europeia explicoua decisão tomada segunda feira por14 Estados-membros da UniãoEuropeia, que decidiram suspendertodos os contactos políticos oficiaisbilaterais com a Áustria, caso seconfirme que o novo governo de Vienavenha a integrar o partido de extrema-direita de Joerg Heider.Além destas medidas, a UniãoEuropeia resolveu não prestar apoioaos candidatos austríacos paracargos em organizaçõesinternacionais. Os embaixadoresaustríacos nas capitais da UniãoEuropeia também só serão recebidosa nível técnico. De resto, a situaçãopolítica na Áustria motivou já ocancelamento de uma deslocação aViena do secretário de Estado dosAssuntos Europeus, Seixas da Costa,na qualidade de representante dapresidência em exercício da União.Como sublinhou António Guterres, adecisão da União Europeia nãoconstitui uma interferência nosassuntos internos da Áustria. «O quedizemos é que nada poderá ficar namesma. Não poderá haver umrelacionamento normal com umGoverno de que faça parte um partidoque tem repetidas vezes, de formasistemática, negado os valores detolerância e de democracia que paranós são valores essenciais».Numa referência a uma das grandesameaças da extrema-direita austríaca,o primeiro-ministro lembrou que«Portugal tem muitos portugueses empaíses da União Europeia que sãoemigrantes. Nós não queremos veresses portugueses mal tratados porserem estrangeiros. É preciso emitirum sinal muito claro de quecomportamentos de carácter racistaou xenófebo não são tolerados»,acrescentou o chefe do Governo.Entretanto, o Presidente da Repúblicaque tem agendada uma visita deEstado à Áustria, de 1 a 3 de Março,aguarda o evoluir da situação políticaaustríaca para ver se mantém adeslocação.

Sócrates anunciaÁgua e saneamento vão ter

840 milhões nos próximos seis anos

Rendimento Mínimo Garantido - BalançoBeneficiadas 420 mil pessoas

O ministro do Ambiente, JoséSócrates, anunciou no dia 31que, até 2006, vão ser investidos840 milhões de contos nossectores do abastecimento deágua e tratamento de esgotos,para que Portugal atinja ospadrões europeus.

Rendimento Mínimo Garantido(RMG) abrange actualmente cercade 420 mil pessoas. As garantiassão dadas pelo Ministério doTrabalho e da Solidariedade.Em Dezembro do ano passado, onúmero de famílias beneficiárias doprograma era de 144 984, o querepresenta um aumento de 31,31por cento face a igual mês de 1998.

ACÇÃO SOCIALISTA 2 3 FEVEREIRO 2000

A SEMANA

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1982

SEMANAEDITORIAL A Direcção

Carrilho responde a autarca do PSD«Trabalhar com património e com betãonão é a mesma coisa»

O ministro da Cultura, Manuel MariaCarrilho, respondeu no dia 28 às críticasdo presidente da Câmara de Viseu sobreos atrasos que os trabalhos arqueológicosprovocam nas obras da cidade afirmandoque «quem quer salvar património trabalhacom temporalidades diferentes do betão».Depois de várias críticas feitas pelo autarcalaranja Fernando Ruas sobre os alegadosatrasos provocados pelas sondagensarqueológicas na construção de um parquede estacionamento subterrâneo, ManuelMaria Carrilho admitiu que «esta é umasituação que vai ser analisada pelo

Ministério da Cultura».As sondagens arqueológicas em obrassituadas em áreas específicas são impostaspor lei e, se estes trabalhos iniciaisdetectarem a presença de vestígios, comofoi o caso de Santa Cristina, a lei obrigaainda a um acompanhamento continuo.«Não nos podemos esquecer que aquestão levantada pelo presidente daCâmara de Viseu, ele próprio o admitiu, jáestá ultrapassada, mas é natural que sejamtomadas em consideração asnecessidades de tornar mais céleres estestipos de trabalho», adiantou o ministro.

Pacto para a modernização do parquehabitacional é globalmente positivo

O pacto para a modernização do parquehabitacional anunciado pelo ministro JorgeCoelho está a ser recebido com agradopelos autarcas.O camarada Vasco Franco, vereador daCâmara Municipal de Lisboa (CML) com opelouro da Habitação, Vasco Franco,considerou que o pacto, que envolve oGoverno, câmaras municipais eparticulares, é «globalmente positivo».Acrescentou que «dá passos muitoimportantes especialmente nas condiçõesde financiamento à reabilitação urbana nasintervenções públicas e privadas».O vereador adiantou que as medidasanunciadas por Jorge Coelho constituemtambém «mais um passo na resposta asituações de edifícios em risco de ruína»,muitos dos quais se encontrampraticamente desocupados.No entanto, como tem havido «falta dosinstrumentos legais» para actuar, «os

prédios acabam muitas vezes por cair commoradores lá dentro», acrescentou.O vereador da CML concluiu a sua reacção,salientando não ter visto desde já tratadauma questão relacionada com prédios emrisco de ruína, que se encontram devolutose cujos proprietários «não tomam a decisãode demolir e construir de novo».«Espero que este assunto de grandeimportância esteja a ser estudado noutrasede», sublinhou Vasco Franco.

Rendimento MínimoMinistério garante maior controlo

O Ministér io do Trabalho e daSolidariedade garantiu no dia 28 que estáa resolver os problemas apontados peloTribunal de Contas ao programa deRendimento Mínimo Garantido.Em comunicado, o ministério de FerroRodrigues afirma ter recebido o relatóriof inal «de auditor ia aos sistemas deatribuição e controlo do RendimentoMínimo Garantido» e refere que «o Tribunalde Contas detecta um conjunto deproblemas que, em boa parte, já estão aser respondidos na prática».Segundo o ministério, as principaiscríticas da instituição liderada por Alfredode Sousa prendem-se com «deficiênciasdo sistema de controlo interno,essencialmente, no que se refere àqualidade e à quantidade dos recursoshumanos» afectos ao programa e «àadequação da aplicação informática»

utilizada.O Ministér io do Trabalho e daSolidariedade considera, ainda, útil orelatório do Tribunal de Contas por avaliaro sistema do rendimento mínimo.

SECTOR PÚBLICO COMO MOTORDO CRESCIMENTO ECONÓMICO

«Mudar de Governo e de política � umaexigência da maioria dos portuguesesperante a inoperância e o fracasso dapolítica da AD.» Este era o principal títulode primeira página do «Acção Socialista»de 4 de Fevereiro de 1982, numa alusão auma afirmação proferida pelo camaradaMário Soares no grande comício do PSno Pavilhão dos Desportos, em quetambém usaram da palavra os camaradasJorge Sampaio, Manuel Alegre, BejaSantos e César Oliveira.O «Acção Socialista» dedicava trêspáginas a este grande comício ondemilhares de socialistas de punho erguidoe com as nossas bandeiras vermelhasaplaudiram com a força da razão e docoração os camaradas-oradores queexigiram uma nova política económica esocial centrada na defesa do sectorpúblico da economia, dos direitos dostrabalhadores e do aprofundamento dosdireitos sociais.Como nota dominante nos discursos doscamaradas a necessidade de umamudança de Governo face à

incapacidade da AD, afogada em lutasinternas, de resolver a grave criseeconómica do País. J. C. C. B.

4 de Fevereiro

Quem Disse?«Não é destruindo o sector público quese defende a democracia � é reformando-o, protegendo-o, tornando-o o motor deum crescimento económico voltado paraa satisfação das necessidades básicasda população»Manuel Alegre

OE/2000: Mais investimento socialO Orçamento de Estado para 2000 (OE/2000), apresentado pelo executivo de António Guterresna passada semana, tem vindo a gerar nos partidos da oposição, com assento parlamentar, ajá habitual e tradicional polémica sobre a sua qualidade, o aumento dos impostos e das receitas.O Orçamento de Estado tem, para esta oposição, a particularidade de constituir maisoportunidade de crítica destrutiva à actuação do Governo Socialista, sobretudo este ano emque a discussão do Orçamento coincide com a campanha eleitoral para o Congresso do PSD.Tempos difíceis se avizinham pois, os três candidatos à liderança do PSD lançaram-se numacompetição irresponsável sobre quem fala mais mal do Governo e deste orçamento, o quedemonstra a enorme intranquilidade que reina actualmente no PSD.O Partido Socialista nunca se mostrou indisponível para reavaliar algumas das medidaspropostas no Orçamento de Estado, antes pelo contrário. O espírito de abertura e de diálogo,sempre foram características dos executivos de António Guterres, mas isso nunca significoucedências que viessem desvirtuar a proposta de Orçamento apresentada pelo Governo eimpedir que Portugal cumpra o pacto de estabilidade.O mesmo se passa actualmente. António Guterres já referiu que se encontra disponível paraavaliar as propostas da oposição que tenham um carácter construtivo e que possam melhorarsubstancialmente a actual proposta de orçamento.Esta mesma disponibilidade já foi aliás demonstrada pelo Partido Socialista, esta semana, nofinal da reunião da Comissão Permanente, quando o vice-presidente da bancada do PS, JoséJunqueiro, abriu a porta a um possível acordo com o PP em matéria de convergência depensões, durante a discussão na generalidade, do OE/2000.Saliente-se que as políticas sociais têm sido e vão continuar a ser uma das prioridades doactual executivo, razão pela qual o presente orçamento volta a contemplar um forte investimentonas áreas sociais mais sensíveis como a Saúde, a Educação, a Segurança Social e a Justiça.Recorde-se que nos cinco anos de gestão socialista a despesa social cresceu de 45 por centodo total para os actuais 56 por cento.O OE/2000 contempla, mais uma vez, um crescimento económico superior à média dos paísesda União Europeia, o que vem ao encontro das promessas do executivo em recuperar oatraso que ainda nos separa dos países do centro da Europa no espaço de uma geração.Saliente-se, ainda, que paralelamente se continuará a verificar uma descida dos impostos doscontribuintes cumpridores das suas obrigações fiscais.Perante o quadro orçamental apresentado pelo ministro da Economia e das Finanças, nasemana passada na Assembleia da República, a não aprovação do Orçamento de Estado,quatro meses depois de os portugueses terem dado 44 por cento dos votos ao Partido Socialista,provocaria uma terrível situação de instabilidade interna num momento em que Portugal seencontra à frente da presidência da União Europeia.

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA3

POLÍTICA

OE 2000 Governo e PS advertem a oposição para a necessidade de bom senso

ORÇAMENTO DE CRESCIMENTO ECONÓMICOE COM MAIORES INVESTIMENTOS SOCIAIS

O Orçamento do Estado de 2000demonstra que Portugal irácontinuar a ter um ritmo decrescimento económico superiorà média dos países da UniãoEuropeia (3,3 por cento), ao mesmotempo em que se verificará umaredução do défice para 1,5 porcento e uma descida dos impostosdos contribuintes cumpridores dassuas obrigações fiscais. Assistir-se-á a um desagravamentosignificativo do IRC (menos doispor cento) e a uma descida realnos escalões mais baixos do IRS.Fruto da eficiência da máquinafiscal e do crescimento económico,será possível ao longo do correnteano aumentar de forma apreciávelas despesas de investimentos emáreas sociais sensíveis como aSaúde, a Segurança Social, aJustiça, a Educação e a Ciência.Perante este quadro orçamental,o primeiro-ministro já lançou umaséria advertência aos partidos daoposição: seria impensável e graveque o Orçamento do Estado de2000 não fosse aprovado, quer pelacarácter tardio da sua entrada emvigor quer porque geraria umaterrível instabilidade interna nummomento em que Portugal assumea presidência da União Europeia.O chefe do Governo, no entanto,sublinhou que, uma vez mais, ossocialistas estão dispostos adialogar e a introduzir propostasque aperfeiçoem o Orçamento. Nãoaceitarão, porém, que a propostaorçamental seja descaracterizada,impedindo que Portugal cumpra opacto de estabilidade.

ministro das Finanças e daEconomia apresentou sexta-feira passada o Orçamento doEstado de 2000, diploma em

relação ao qual António Guterres jásublinhou o seu carácter decisivo para ofuturo do país, sobretudo, porque serádiscutido em plena presidência portuguesada União Europeia e porque, por motivosdo calendário eleitoral, só agora serápossível discuti-lo na Assembleia daRepública. «Seria impensável e grave se oOrçamento de Estado não fosseviabilizado», advertiu, deixando tambémuma dura crítica ao sentido puramentedestrutivo do PSD, que sem apresentarqualquer proposta alternativa já avançoucom o voto contra.«Conseguimos travar a dinâmicainsustentável da despesa correnteprimária», afirmou Pina Moura naapresentação do Orçamento do Estado de

2000, acrescentando que sublinhava essefacto sem qualquer auto-satisfação. «Atravagem foi conseguida, embora não nadimensão que queríamos», disse o ministrodas Finanças. A despesa corrente semjuros vai crescer este ano 10,4 por cento,depois de um ano de 1999 em que seexpandiu 10,6 por cento, tendo o ministroconsiderado que tal «performance»orçamental é a que de imediato seconsegue na prossecução de um objectivode médio prazo. O objectivo é a criaçãode novos factores de consolidaçãoorçamental, depois de encerrado um cicloem que tal consolidação dependeu dabaixa da taxas de juros, de acréscimosignificativos das receita fiscal e da boaconjuntura económica. A este propósito, otitular da pasta das Finanças e daEconomia salientou ser fundamental«quando se fala de despesa ter emconsideração a sua composição, paraalém do seu crescimento. O Governo e oPS orgulham-se de ter feito em cinco anoscom que a despesa social crescesse deuma fatia de 45 por cento do total para 56por cento. No total da despesa social, porseu turno, a saúde � a nova prioridade doExecutivo � passa de uma parcela de 16,8para 17,4 por cento, apontou Pina Mouracomo um dos factores de expansão dosgastos do Estado.O Sistema Nacional de Saúde (SNS) vêacrescidas as suas dotações por via detransferência do Estado em 130 milhõesde contos, sublinhou o membro doGoverno. A Educação, referiu ainda comoexemplo de aumento de despesa, recebeuma dotação global de 1,350 milhões decontos para que se mantenha num valor

equivalente a 6,3 por cento do ProdutoInterno Bruto (PIB), percentagem atingidano ano passado. «Estes orçamentos têma marca irreversível do PS», declarou PinaMoura por fim, ao explicar a evolução dadespesa no Orçamento do Estado para2000.

Quem cumprepagará menos

Tal como revelou o ministro das Finançase da Economia, os terceiro e quartoescalões do IRS (rendimentos entre 1150e 6549 contos) vão ser actualizados à taxade 3,2 por cento. Pina Moura precisouassim o intervalo entre três e quatro porcento que já tinha anunciado anteriormentepara o imposto sobre rendimentos. Poroutro lado, com a apresentação daproposta orçamental, confirmou-se que oGoverno cumpriu este ano uma das suasprincipais promessas: os cidadãos commenores rendimentos serão beneficiadosno plano fiscal. Assim, a actualização domais baixo escalão do IRS será feita emquatro por cento (rendimentos até 728contos), ou seja, muito superior à taxa deinflação prevista, que é de dois por cento.Como já sublinhou em diversasintervenções públicas, o responsável doGoverno fr isou que os contribuintescumpridores serão beneficiados com umdesagravamento. Quem não cumpre, ficoujá o aviso que a máquina fiscal seráimplacável. Finalmente, o mais alto escalãodo IRS (rendimento colectável superior a6550 contos) será actualizado a uma taxade dois por cento, valor idêntico ao dainflação prevista para o corrente ano.

Por sua vez, o imposto forfetário, que vaiser aplicado às empresas com umafacturação até 30 mil contos, comoalternativa ao IRC, terá uma taxa de 1,5 porcento sobre a facturação do ano anterior.De acordo com o titular da pasta dasFinanças e da Economia, esta é uma dasmedidas essenciais de um conjunto quevisa prosseguir o combate à fraude eevasão fiscais.Além deste aspecto, a taxa do impostosobre o rendimento de pessoas colectivas(IRC) vai descer de 34 para 32 por cento,enquanto as empresas com umafacturação entre os 30 mil e os 100 milcontos beneficiarão de uma taxa reduzidade 25 por cento. Também com estaspropostas, o Governo cumpre aquilo quese encontrava previsto no programaeleitoral do PS apresentado nas últimaslegislativas aos portugueses.

Despesas sociaiscrescem

Como já foi referido, as despesas doEstado com funções sociais vão aumentar10,45 por cento no corrente ano,totalizando 3,55 milhões de contos. Estesvalores fazem com que o peso das funçõessociais do Estado cresça 1,3 pontospercentuais, passando de 54,7 por cento(em 1999) para os 56 por cento esperadospara este ano. O crescimento dasdespesas funcionais, classificadas emfunções sociais, é também superior em2,52 pontos percentuais aos 7,93 por centode aumento registado na despesa globaldo Estado. Na proposta de Orçamento doEstado para 2000, o Ministério dasFinanças e da Economia explica esteaumento com o reforço das contribuiçõesfinanceiras para a Caixa Geral deAposentações, Segurança Social,Rendimento Mínimo Garantido e Saúde. Asubfunção Segurança e Acções Sociaisregista um aumento de 15,2 por cento,crescendo 126,6 milhões de contos, paratotalizar 959,2 milhões de contos.Segundo o Governo, este acréscimoexplica-se pelo «aumento dacomparticipação financeira do Estado paraa Caixa Geral de Aposentações, datransferência para a Segurança Social,para o cumprimento do estabelecido narespectiva lei de bases e do forte impulsodado ao Rendimento Mínimo Garantido».A subfunção Saúde ganha 120,8 milhõesde contos este ano, totalizando 1,1 milmilhões de contos, o que representa umganho de 12,24 por cento face a 1999. Naperspectiva do gabinete de Pina Moura,esta evolução deve-se «esforço financeiroacrescido do Estado no financiamento dasdespesas das instituições hospitalares eagências regionais integradas no ServiçoNacional de Saúde e dos subsistemas de

O

ACÇÃO SOCIALISTA 4 3 FEVEREIRO 2000

POLÍTICA

saúde da Função Pública. As funçõesgerais de soberania aumentam 4,83 porcento, passando dos 917,8 milhões decontos de 1999 para os 962,2 milhões decontos programados para o presente ano.No fundo, são mais 44,4 milhões de contosdestinados a despesas de «cooperaçãoeconómica externa» e com a presidênciaportuguesa da União Europeia. As funçõeseconómicas crescem quatro por cento,totalizando 414,5 milhões de contos, contraos 398,2 milhões de contos do anopassado. A rubrica outras funções sobe5,08 por cento, passando de 1,35 milmilhões de contos no ano passado paraos 1,41 mil milhões de contos no ano 2000.

Descida consolidadado défice

O défice do Sector Público Administrativo(SPA) em relação ao Produto Interno Bruto(PIB) nas contas nacionais melhora esteano em 1,5 por cento (1,9 por cento em1999), sem qualquer contributo do abateao crescimento da despesa correnteprimária. Segundo a conta consolidadadas administrações públicas contida naproposta de Orçamento do Estado para2000, a despesa corrente sem jurosmantém face ao ano passado praticamentea mesma taxa de expansão.A receita corrente crescerá a 10,1 porcento, com os impostos, incluindocontribuições para a Segurança Social, acrescerem a 9,1 por cento. Uma taxa decrescimento praticamente idêntica à doano passado, que foi de 9,3 por cento. Osimpostos e as contribuições vão render aoTesouro 7.625,1 milhões de contos, contraos 6.988,2 milhões de contos de 1999. Asdespesas de capital aumentamsubstancialmente à taxa de mais 9,1 porcento, com a rubrica do investimento acrescer ainda mais, a 14,7 por cento, eperfazendo no conjunto dasadministrações públicas um valor de1.068,7 milhões de contos. Para efeitos decomparação das taxas de crescimento, aeconomia irá expandir-se 5,7 por cento emtermos nominais, taxa que corresponde aum crescimento real do PIB de 3,3 porcento estimado no cenáriomacroeconómico, mais 2,4 por centocorrespondentes ao deflator do PIB.Entretanto, o Governo vai criar três novasentidades reguladoras, uma para o gásnatural, outra para a concorrência e umaterceira para o sector f inanceiro.Anunciadas pelo ministro das Finanças eda Economia na passada sexta-feira, estastrês entidades inserem-se na criação denovos instrumentos com o objectivo dereforçar o papel regulador do Estado. Talcomo já existe para a electricidade, água,comunicações, ou mercados de capitais,as novas entidades deverão assumir opapel de reguladores de preços, serviçose contratos em matérias de gás natural,concorrência e financeira. Pina Moura nãoavançou ainda o modelo escolhido para aárea financeira, mas à semelhança do queacontece no sector da electricidade, queé regulado pela Direcção Geral da Energiae pela Entidade Reguladora do SectorEléctrico (ERSE), a nova entidade deverárepartir funções com o Banco de Portugal.Matérias como o aluguer de longa duração

e o sobreendividamento, que escapam àalçada do Banco de Portugal, poderão seralguns dos alvos de regulação da novainstituição para a área financeira.

15 milhõespara Timor-Leste

Na conferência de Imprensa deapresentação do Orçamento do Estadopara 2000, o ministro das Finanças e daEconomia garantiu que não haveráqualquer revisão em baixa dos valoresmínimos do imposto sobre os produtospetrolíferos (ISP) actualmente em vigor.Estes valores mínimos foram incluídos noOrçamento de Estado Rectificativo de1999. Pina Moura acrescentou que o«pacto» actualmente em vigor com aspetrolíferas permitirá que, até 15 de Março,não haverá alterações nos preços doscombustíveis, mas acrescentou que ofuturo dos preços do crude ao mercadopertence. «No entanto, há indícios de que,no princípio da Primavera, esses preçossejam mais favoráveis», adiantou omembro do Governo.O programa de apoio português a Timor-Leste tem uma dotação orçamental de 15milhões de contos, verba inscrita noorçamento da Agência Portuguesa de Apoioao Desenvolvimento (APAD). O orçamentoglobal da nova entidade dependente doMinistério dos Negócios Estrangeiros é de18,7 milhões de contos e representa umcrescimento de 434,3 por cento face aos3,7 milhões de contos orçamentados parao Fundo de Cooperação Económica (queantecedeu a APAD) em 1999.Apesar de dependente do ministériotutelado por Jaime Gama, que consolida asua despesa, a APAD vai transferir dinheiropara o Ministério da Defesa Nacional parapossíveis operações em Timor-Leste. «Osencargos com as missões humanitárias ede paz em Timor-Leste, pela sua naturezae pelo seu carácter imprevisível eexcepcional, serão suportados portransferência da APAD», não se reflectindono orçamento do Ministério da DefesaNacional. Por outro lado, se este dinheironão for suficiente para cumprir as missõeshumanitária de paz, estão garantidosreforços com recurso à dotação provisionaldo Ministério das Finanças.Segundo o Ministério das Finanças e daEconomia, em 1999, estas despesasatingiram 5,2 milhões de contos, dos quais1,5 milhões de contos se destinaram aTimor-Leste.De referir, ainda, que o Orçamento do Estadopara 2000 propõe um investimento próximodos 57 milhões de contos nodesenvolvimento científico e tecnológico dopaís, quase vinte por cento mais do que oanterior. A verba inscrita para o Ministério daCiência e da Tecnologia é de 56,8 milhõesde contos, mais de metade (52,1 por cento)proveniente de transferências da UniãoEuropeia. Em termos de repartição porobjectivos, destaca-se o valor percentualglobal para Programas de Investimento emCiência e Tecnologia e na Sociedade deInformação, 80,6 por cento, num total de 46milhões de contos. O Ministério da Ciência eda Tecnologia foi criado em 1995 e viu o seuorçamento crescer mais de cem por centonos últimos quatro anos.

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA5

GOVERNO

OE E OPÇÕES DO PLANO 2000

DESTAQUE � CM Administração

Conselho de Ministros, reunidoquinta-feira, dia 27, em Lisboa,aprovou as propostas de lei dasGrandes Opções do Plano e do

Orçamento de Estado para 2000.De acordo com a estratégia de médio prazodefinida no Programa de Governo para apresente legislatura, tendo emconsideração o enquadramentointernacional previsível e os desafios que secolocam ao processo de integraçãoeuropeia, bem como os condicionalismosespecíficos associados à economiaportuguesa, as Grandes Opções do Planopara 2000 consubstanciam medidas depolítica que adequadas à concretização dasseguintes opções de política económica esocial.Assim, pretende-se afirmar a identidadenacional no contexto europeu e mundial,promovendo uma política externa queassegure a participação activa noaprofundamento e alargamento da UniãoEuropeia, tendo nomeadamente emconsideração as responsabilidadesespeciais que cabem a Portugal ao assumirno primeiro semestre de 2000 a presidênciada UE.É ainda planificado um reforço acooperação para o desenvolvimento quevalorize o espaço das comunidadesportuguesas, executando uma política dedefesa adequada à salvaguarda dosinteresses nacionais num momento deviragem na cena internacional eprosseguindo uma política cultural quecontribua para a expansão da línguaportuguesas no mundo, no contexto dasociedade da informaçãoPrevê-se igualmente reforçar a cidadaniapara assegurar a qualidade da democracia,promovendo uma nova relação do Estadocom os cidadãos, uma Justiça mais eficaze célere, uma sociedade mais segura, um

país com maior igualdade deoportunidades, uma nova visão para aorganização territorial do Estado e umaconsolidação das autonomias regionais,uma política de cultura assente nos valoresda cidadania, uma política de defesa dosconsumidores e de modernização econcorrência das estruturascomunicacionais, com manutenção de umsector de serviço público coexistindo como sector privado.As Grandes opções do plano para 2000contemplam incluem ainda uma especialatenção à qualificação das as pessoas, àpromoção do emprego de qualidade,visando caminhar para a sociedade doconhecimento e da informação, encaradacomo uma aposta transversal para entrarcom êxito no século XXI.Aposta-se pois na continuidade do esforçono sector de educação, com novos meiose novas ambições; assegurando umaarticulação mais estreita entre educação,formação e valorização profissional parapromover um emprego de qualidade;implementando uma política de ciência etecnologia para o desenvolvimento do País,prosseguindo uma política de juventude,em que é determinante a aposta no tecidosocial juvenil e o investimento na educaçãonão formal e na qualificação dos jovens.A implementação de uma política dedesporto enquanto componenteimprescindível da formação física, culturale cívica da generalidade dos cidadãos e ummodo de projecção internacional do Paísconstitui igualmente uma meta para agestão do Estado no presente ano.Para além das opções referidas, o Executivosocialista apresenta também as seguintes:� Reforçar a coesão social avançando comuma nova geração de políticas sociais,afirmando a saúde como uma prioridadeda política de desenvolvimento social,

assegurando os direitos sociaisfundamentais com particular ênfase noapoio aos processos de inserção dosgrupos mais desfavorecidos e ameaçadospor processos de marginalização,procedendo à reforma da segurança socialenquanto contribuição indispensável paraa sustentabilidade dos sistemas sociais elançando uma nova política para atoxicodependência.� Criar condições para uma economiamoderna e competitiva, no contexto de umnovo regime económico decorrente dacriação do Euro e caracterizado porprofundas alterações nas condições deafirmação competitiva das empresas e deexercício da política económica peloGoverno, prosseguindo as indispensáveisreformas estruturais, adoptando um novoperfil de política económica adequado aoprocesso de globalização dos mercadose das tecnologias e à emergência da novaeconomia das tecnologias de informaçãoe comunicação, reforçando as condiçõesde competit ividade das empresas,designadamente através de umordenamento jurídico apropriado e decondições de financiamento favoráveis eprosseguindo o estabelecimento de umnovo contrato entre o Estado e o mercado,remetendo-se aquele sempre que possívelpara o seu papel de regulador e de garantede bom funcionamento e de equidade.� Potenciar o território português comofactor de bem-estar dos cidadãos e decompetitividade da economia, criando umanova geografia de oportunidades noespaço nacional através da concretizaçãode uma adequada política de qualidade doordenamento do território e do ambiente,de preservação dos recursos naturais, daconsolidação da rede urbana, dapromoção de forma profícua dodesenvolvimento rural e da agricultura, da

garantia de acesso à habitação a todos osPortugueses e da continuação damodernização das infra-estruturas detransportes rodo-ferroviários, marítimos eaéreos, de comunicações, detelecomunicações e energéticas.

Consolidação orçamental

O esforço de investimento programado para2000 no âmbito do Programa deInvestimentos e Despesas deDesenvolvimento da Administração Central,tendo presentes os condicionalismosdecorrentes do processo de consolidaçãoorçamental, a necessidade demodernização que o País continua a registarao nível das infra-estruturas sociais eeconómicas, a conclusão dos projectos queintegram o QCA II e o início da execuçãodos projectos que integrarão o QCA III, temcomo principais prioridades dotar o País deinfra-estruturas sociais e de solidariedadesocial acessíveis a todos os portuguesesque delas careçam; oferecer condições decompetitividade ao tecido empresarialdesignadamente através da construção demodernas infra-estruturas económicas e deapoios à modernização das empresas; eformar recursos humanos habilitados aintegrarem uma sociedade baseada noconhecimento e versáteis face às novastecnologias que permanentementeemergem.Em relação ao QCA II e III prosseguem-seos objectivos de garantir oacompanhamento da fase final da execuçãodo QCA II, tendo em conta as regras deencerramento dos programas; assegurar oarranque da execução dos programas doQCA III; e adoptar as medidas necessáriaspara assegurar o pleno aproveitamento dosfundos comunitários postos à disposiçãodo País.

O

NOVA LEI PARA BREVECOMUNICAÇÃO SOCIAL Rádio

eremos rapidamente umanteprojecto de Lei da Rádio».A garantia foi dada terça-feira,dia 1, em Évora, pelo secretário

de Estado da Comunicação Social, Arons deCarvalho, que se mostrou convicto napossibilidade de, dentro de algumassemanas, apresentar um novo quadro legalpara a transmissão radiofónica naAssembleia da República.Arons de Carvalho falava aos jornalistas apósum encontro com representantes de jornaisregionais e rádios locais do distrito de Évora,em que ouviu críticas à intenção do Governoem reduzir o porte pago para a imprensaregional.

Quanto ao sistema de incentivos, matéria emque os representantes dos jornais regionaisdefenderam o porte pago a 100 por cento,Arons de Carvalho disse que se terá deaguardar mais dois meses.«Há muitas opiniões e muito válidas sobreproblemas complexos, que temos deresolver por consenso, tanto no que dizrespeito à nova Lei da Rádio, como ao novosistema de incentivos», referiu o governante.Ainda em relação à nova legislação referenteaos incentivos, acrescentou que aguarda odiálogo e o estudo que está a ser feito pelasassociações e as visitas que está a realizarem todos os distritos para «tomar consciênciada legislação que é necessário concretizar».

Arons de Carvalho garantiu que «acomparticipação do Estado, será dequalquer forma, elevada para que o custodesta mudança seja pequeno».«Vamos tentar que ela seja feita, não apenasnum ano, mas através de uma fase transitóriaque permita às empresas ganharem o seupróprio percurso», disse.Questões relacionadas com a distribuiçãoda publicidade, incluindo do Estado, apossibilidade das autarquias apoiarem asrádios locais, os incentivos à modernizaçãotecnológica e os custos dastelecomunicações, foram outras dasquestões levantadas pelos representantesdos jornais e rádios locais.

�T

ACÇÃO SOCIALISTA 6 3 FEVEREIRO 2000

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

AMBIENTEO ministro do Ambiente, José Sócrates,garantiu no dia 31, em Leiria, que osGabinetes Técnicos de Requalificação(GTR) prometidos para Souselas e Maceiravão «avançar com as obras em breve».

Segundo Sócrates, o «Ministério tem já oseu plano de intervenção e as acções noterreno vão começar em breve».Atrasos no início da instalação daquelesgabinetes dever-se-ão, segundo ogovernante, a questões processuais e nãoa falta de vontade política para requalificaraqueles locais, cujas cimenteiras sãoapontadas para a co-incineração deresíduos industriais perigosos.Segundo o director Regional do Ambientedo Centro, Peixinho Cristo, já estão feitosno papel muito dos projectos que vão serlevados a cabo, sobretudo aqueles quesão da responsabilidade do Ministério doAmbiente.«A única coisa que falta formalizar é aassinatura de protocolos entre o Ministériodo Ambiente e as autarquias para que osGTR possam ser contratados», explicaPeixinho Cristo.O investimento global ainda não estáestimado, mas durante a primeira fase deintervenção a verba a investir é de cercade 350 mil contos.

CULTURAO ministro da Cultura, Manuel MariaCarrilho, visitou no dia 29, na cidade deViseu, instituições e obras onde o Ministérioda Cultura está a investir, através de váriosinstitutos, 1,6 milhões de contos durante2000.

Carrilho iniciou o seu périplo pela Câmarade Viseu, onde assistiu à assinatura de umprotocolo com a autarquia que aumentaem 20 mil contos (de 120 para 140 mil) averba que o Centro Regional das Artes doEspectáculo(CRAE)/Teatro Viriato dispõepara a programação deste ano.Ainda autarquia de Viseu, o governante foicolocado a par dos trabalhos que oarquitecto Gonçalo Byrne está desenvolverpara a recuperação e requalificação daCava de Viriato.A Cava, de acordo com Gonçalo Byrne,remonta «pelo menos» à época dacolonização romana e é constituída poruma muralha com fosso na forma deoctógono, que ocupa uma área de doisquilómetros de perímetro e 600 metros dediâmetro, num total de três hectares emeio, próximo do centro histórico dacidade.O autor do projecto de requalificação desteespaço defende que se trata de «ummonumento quase único», mas de origemdesconhecida, «sabendo-se no entantoque foi alvo de uma ocupação romana,tendo servido para a defesa de uma legiãoromana».O Ministério da Cultura investiu nesteprojecto 30 mil contos.Outro ponto da visita de Carrilho foi oMuseu Grão Vasco, onde o arquitectoSouto Moura projectou a sua remodelaçãono valor de 1,360 milhões de contos, cujasobras vão ter início ainda este ano.Manuel Maria Carrilho esteve ainda nasobras da nova biblioteca de Viseu, onde oInstituto Português do Livro e dasBibliotecas financiou em 150 mil contos aconstrução de raiz, os equipamentos efundos documentais.

DEFESAO ministro da Defesa reconheceu, no dia31, em Lisboa, que o diploma com osincentivos ao serviço militar profissionaldeverá ser apresentado este mês.Castro Caldas, acompanhado pelo chefedo Estado-Maior das Forças Armadas,general Espírito Santo, falava no final deuma audiência com o Presidente daRepública para tratar de questões relativasa Timor-Leste.O diploma com os incentivos - monetários,sociais, profissionais, educativos -regulamenta a Lei do Serviço Militar queacaba com a tropa obrigatória até 2003.Relativamente ao orçamento da Defesa eForças Armadas para este ano, CastroCaldas disse não estar satisfeito com asverbas disponibil izadas, mas osconstrangimentos financeiros existem.Apesar de tudo, «com o mínimo» de meiosobtidos, as Forças Armadas podemcontinuar a cumprir as missões comdignidade e resultados positivos, observou.

EDUCAÇÃOO primeiro-ministro, António Guterres,assistiu, na manhã de segunda-feira, emPorto Alto, à apresentação do plano deinvestimentos na Educação, que inclui ageneralização de cacifos individuais atodos os alunos do ensino preparatório esecundário.

O Plano Escola Completa Para o Ano2000, que envolve um investimento de87,9 milhões de contos e foi elaboradosob o lema «Melhores escolas maisc idadania» , fo i apresentado pe loministro da tutela, Guilherme d�OliveiraMartins, durante a visita de Guterres ànova escola de Porto Alto, no concelhode Benavente.

O Plano Escola Completa decorre do factode «actualmente todas as escolasconstruídas pelo Governo terem já osdiversos equipamentos necessários,enquanto ant igamente muitosestabelecimentos de ensino t inhamapenas as salas de aula», recordou umafonte do Ministério da Educação.É neste contexto que também nos diasde hoje praticamente todas as escolas dosegundo e terceiro ciclos e do secundário(a responsabilidade do equipamento dasrestantes não pertence ao Executivo)estão dotadas de cacifos individuais paraos alunos, disse Edite Coelho, doMinistério da 5 de Outubro.A ideia é reduzir dentro do possível o pesoque os estudantes são forçados atransportar todos os dias nas mochilas,muitos deles utilizando diversos meios detransporte antes de chegarem á escola,acrescentou a fonte.Um milhão de contos foram já investidospelo Governo socialista nos últimos quatroanos neste projecto que, em breve, deverácontemplar toda a população escolar dosegundo ciclo em diante.

EQUIPAMENTOO primeiro-ministro, António Guterres, eo ministro do Equipamento Social, JorgeCoelho, efectuaram, no dia 1, a primeiratravessia da nova ponte sobre o Tejo,ligando os concelhos de Santarém eAlmeirim, cuja conclusão está previstapara o final do mês de Maio.A travessia realizou-se para assinalar o fimda primeira fase da construção da ponte,a qual terá uma extensão total de 570metros e um vão central de 246 metros evai integrar-se num lanço do ItinerárioComplementar 10.A visi ta assinalou a conclusão daoperação de betonagem da aduela defecho do tramo central da ponte, quemarca o f inal das obras da suaconstrução, e inclui a sua primeiratravessia.

FINANÇAS E ECONOMIAO Executivo socialista vai criar três novasentidades reguladoras, uma para o gásnatural, outra para a concorrência e umaterceira para o sector financeiro, O anúnciofoi feito, na sexta-feira, dia 28 de Janeiro,pelo ministro das Finanças e Economia,Pina Moura.O governante falava durante aapresentação do Orçamento de Estado(OE) para 2000, a propósito dos novosinstrumentos e objectivos do papelregulador do Estado.Tal como já existe para a electricidade(ERSE), água (IRAR), comunicações (ICP)ou mercado de capitais (CMVM), as novasentidades deverão assumir o papel dereguladores de preços, serviços econtratos em matérias de gás natural,concorrência e financeira.Pina Moura não avançou o modeloescolhido de regulação para a áreafinanceira, mas à semelhança do queacontece no sector da electricidade, queé regulado pela Direcção-Geral de Energia(DGE) e pela Entidade Reguladora doSector Eléctrico (ERSE), a nova entidadedeverá repartir funções, nomeadamentecom o Banco de Portugal.Matérias como o aluguer de longa-duração(ALD) e o sobreendividamento, queescapam à alçada do Banco de Portugal,poderão ser alguns dos alvos de regulaçãoda nova entidade para a área financeira.

JUSTIÇAO ministro da Justiça, António Costa, e odirector-geral dos Serviços Prisionaisinauguraram, sexta-feira passada, noestabelecimento prisional de Alcoentre, umpavilhão gimnodesportivo e novasinstalações para os serviços clínicos, queirão beneficiar um total de 660 reclusos.As verbas gastas na modernização eampliação dos serviços clínicos, bemcomo na remodelação dos pisos térreos,onde foram instaladas salas de aula eáreas de apoio, atingiram os 240 milcontos.

No local, António Costa falou sobre oPIDDAC (Plano de Investimento eDespesas de Desenvolvimento daAdministração Central) para as prisões em2000, que prevê, entre outras metas, aconclusão das obras do estabelecimentoprisional da Carregueira (antigoaquartelamento militar) e o início da

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA7

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 27 de Janeiro

construção de um estabelecimentoprisional feminino em Santa Cruz do Bispo,Matosinhos.Esta última localidade foi visitada naderradeira legislatura pelo Presidente daRepública, Jorge Sampaio, que se temmostrado atento às questões que dizemrespeito ao sistema prisional.O futuro estabelecimento prisional femininode Santa Cruz do Bispo terá uma lotaçãopara cerca de 500 reclusas.

NEGÓCIOS ESTRANGEIROSO ministro de Estado e dos NegóciosEstrangeiros, Jaime Gama, manifestou naquinta-feira, dia 27 de Janeiro, o interessedo Governo em «valorizar» a l ínguaportuguesa em Timor-Leste.

Em declarações aos jornalistas à entradade uma reunião com a ComissãoParlamentar de Acompanhamento daSituação em Timor-Leste, Gama disse quejá estão prontos programas de educação(nomeadamente prevendo o envio deprofessores) para valorizar a importânciado português no território timorense.Ressalvando que a decisão quanto àlíngua para o território cabe aos própriostimorenses, tal como a decisão sobre quala moeda a circular, o governante declarouque o Executivo português «gostaria» quea língua portuguesa mantivesse a suaimportância.«Mas não podemos forçar», apontou,sublinhando que esta atitude seria fazer oque os indonésios f izeram durantedécadas.Comentando ainda a decisão de escolhado dólar norte-americano como moedapara a fase de transição, em detrimentodo escudo, Jaime Gama reafirmou orespeito pela decisão.O ministro sublinhou que Portugal «feztudo» para que Timor tivesse direito àautodeterminação e independência e queessa liberdade significa o poder de optarpela moeda.

PRESIDÊNCIAO secretário de Estado adjunto daPresidência, Vitalino Canas, reafirmou, nodias 28, em Matosinhos, que o Governosocialista vai continuar a dar prioridade àprevenção na luta contra atoxicodependência.«O trabalho de prevenção é difícil porquenunca sabemos exactamente quantas

O Conselho de Ministros aprovou:

� As propostas de lei das Grandes Opções do Plano e do Orçamento de Estado para2000;� Um projecto de decreto-lei que cria a rede nacional de apoio aos militares e ex-militares portugueses portadores de perturbação psicológica crónica resultante daexposição a factores traumáticos de stress durante a vida militar;� Um decreto-lei que estabelece os Estatutos da Região Vitivinícola do Ribatejo;� Uma proposta de lei que altera o n.º 2 do artigo 61º da Lei n.º 174/99, de 21 deSetembro, que aprova a Lei do Serviço Militar;� Um diploma que altera o artigo 157º do decreto-lei n.º 380/99, de 22 de Setembro,que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial;� Um diploma que altera o decreto-lei n.º 308/93, de 2 de Setembro, que criou oInstituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde.

APOIO A VÍTIMASDO STRESS MILITAR

DESTAQUE � CM Solidariedade

O Executivo socialista vai uma redenacional de apoio aos militares e ex-militares portugueses portadores deperturbação psicológica crónica resultanteda exposição a factores traumáticos destress durante a vida militar, instituída pelaLei n.º 46/99, de 16 de Junho.A decisão foi tomada na passada quinta-feira, dia 27, em Lisboa, durante a reuniãode Conselho de Ministros.São objectivos da referida rede nacional

a informação, ident i f icação eencaminhamento dos casos e anecessária prestação de serviços deapoio médico, psicológico e social, emarticulação com o Serviço Nacional deSaúde (SNS).A rede de apoio é composta pelasinstituições e pelos serviços integrados noSNS e no Sistema de Saúde Militar e aindapelas organizações não governamentais,em articulação com os serviços públicos.

pessoas são efectivamente afastadas datoxicodependência por este t ipo deacções», acrescentou.Canas considerou que a luta «é umaquestão de convicção», frisando que oExecutivo «tem essa convicção».«Há uns anos atrás, os esforços dirigiam-se sobretudo para a contenção do tráfico,uma tendência que foi sendo substituídapela contenção da procura, através daprevenção, actuando antes e não depoisda toxicodependência existir», frisou.«Há muitos jovens em todo o País queforam arrastados para atoxicodependência e que não tiveram apossibilidade de escolher entre uma vidalivre de drogas e a dependência»,salientou, acrescentando que este tipo deprojectos dá aos jovens «a motivação paraescolher entre uma vida saudável e umavida má».«Há que alargar esta possibilidade deescolha aos jovens de todo o País»,afirmou.Vitalino Canas falava no final de uma visitaa um conjunto de instituições de caráctersocial e de apoio e recuperação detoxicodependentes e de prevenção datoxicodependência no Porto e emMatosinhos.O secretário esteve no Espaço Pessoa, deapoio às vítimas da prostituição, na Casade Vila Nova, um centro de apoio emotivação para toxicodependentesdinamizado pela Associação NorteVida eno Instituto de Ciências do ComportamentoDesviante.A deslocação terminou no Bairro daBiquinha, em Matosinhos, onde visitou oprojecto «Grupo Amizade», que funcionano âmbito do projecto Vida, com oobjectivo de prevenir e combater asdependências das drogas e do álcool nascrianças e jovens em idade escolar.

SAÚDEA ministra da Saúde, Manuela Arcanjo,anunciou no dia 31, no Porto, um reforçodo subsídio atribuído pelo Ministério aoCentro de Genética Preditiva e Preventiva(CGPP), que no total rondará os 35 milcontos.

A governante falava no final daapresentação dos objectivos da novaunidade de investigação, inauguradasegunda-feira, a funcionar no Instituto deBiologia Molecular e Celular daUniversidade do Porto.

Respondendo a um apelo de JorgeSequeiros, director do CGPP, ManuelaArcanjo manifestou-se satisfeita por poder«conceder o pedido solicitado»,particularmente por considerar que otrabalho ali desenvolvido é «um bomexemplo de sucesso».«Signif ica também - disse - que noMinistério da Saúde não há sempre e sófalta de dinheiro».O Centro de Genética Preditiva e Preventivadestina-se a prestar serviços assistenciaisà comunidade na área dos testes

preditivos e preventivos.O novo centro de genética faz tambémaconselhamento genético e prevenção dedoenças hereditárias, nomeadamente aparamiloidose, a doença de Machado-Joseph e de Huntington e de doençascomuns nos adultos como ahemocromatose.O objectivo é alargar a investigação adoenças comuns da vida adulta, que muitasvezes se revelam por disposição genéticaem cancro, doenças cardiovasculares epsiquiátricas.

ACÇÃO SOCIALISTA 8 3 FEVEREIRO 2000

BARROSO USA A TAPPARA DISPUTAR LIDERANÇA NO PSD

DEPUTADO JOSÉ JUNQUEIRO Acusação

O deputado socialistaJosé Junqueiro acusouno dia 28 Durão Barrosode usar o «dossier» TAPpara fazer disputapolítica interna no PSD eafirmou que António

Guterres não precisa de ameaças parareceber os partidos políticos.O vice-presidente do Grupo Parlamentardo PS reagia assim ao anúncio feito nomesmo dia pelo presidente do PSD de queestá disposto a propor a constituição deuma comissão parlamentar de inquérito àsituação da TAP e respectivo negócio coma Swissair, caso o primeiro-ministro nãoaceite o seu pedido de audiência.Para o deputado socialista, que é tambémpresidente da Comissão Parlamentar doEquipamento Social, a atitude de DurãoBarroso nada mais significa que uma

«disputa política» no seio do próprio PSD,entre os três candidatos à liderança dopartido.

Quem fala pior do Governo

«Tudo não passa de uma disputa política,em que os três candidatos (MarquesMendes, Santana Lopes e Durão Barroso)competem para ver qual deles fala pior doGoverno», sublinhou.José Junqueiro garante que o negócio TAP/Swissair foi realizado com «totaltransparência», acrescentando que acompanhia suíça foi o parceiro escolhidopelo Governo devido ao facto de ter sidoesta a apresentar a proposta mais positivapara a empresa portuguesa.O deputado salientou ainda que «para falarcom António Guterres nunca foi precisofazer ameaças».

PARLAMENTO

PREPARAÇÃO RIGOROSAE ATEMPADA

DEPUTADA MARIA JOSÉ CAMPOS Censos 2001

A deputada socialista Maria José Camposgarantiu, no dia 27, que «a proposta dedecreto-lei. que acompanha o pedido deautorização legislativa solicitada peloGoverno, enquadra, correctamente, asoperações necessárias para a realizaçãodos �Censos 2001�», pelo que pediu àAssembleia da República a aprovação dapretensão governamental.Recorde-se que durante o ano de 2001 oEstado português realizará o XIVRecenseamento Geral da População e oIV Recenseamento Geral da Habitação.Segundo Maria José Campos, o diplomagovernamental define as variáveisprimárias a observar para ambos oscensos, identificando as várias entidadesa envolver, clarif icando asresponsabil idades e criando osdisposit ivos para assegurar ofinanciamento atempado das múltiplasacções e agentes envolvidos.Frisando a importância actual de «saber denovo quantos somos, como somos e comoestamos», a parlamentar do PS salientouas marcas das mudanças verificadasdesde o último recenseamento, realizadoem 1991, e frisou a importância dasmetodologias estatísticas deste género naconstrução de estratégias políticas.«Entendemos que a informação a obter nos�Censos 2001�, irá decerto possibilitardelinear, com uma maior precisão, maisadequadas medidas de política económica

e social e fornecer aos múltiplos agentesda sociedade civi l , indicadoresactualizados e mais apropriados para umamelhor tomada de decisões», afirmou.Os «Censos 2001» inserem-se na próximaronda mundial de recenseamentos,marcada para o final de 2000 e princípiode 2001, dando continuidade àperiodicidade decenal da realizaçãodestes escrutínios e observando asrecomendações da União Europeia.

MARY RODRIGUES

AGENDA PARLAMENTAR

Quinta-feira, dia 3A Assembleia da República reúne hoje, a partir das 15 horas, para a interpelação aoGoverno n.º 2/VIII do CDS/PP sobre «o estado da Justiça e política de segurançainterna».

Sexta-feira, dia 4Amanhã, às 10 horas, o Parlamento discutirá a proposta de lei governamental queestabelece o regime jurídico da publicação ou difusão de sondagens e inquéritos deopinião nos órgãos de Comunicação Social.Mais tarde será estudada uma outra proposta do Executivo, desta feita sobre aalteração do artigo 69º, n.º 2, da lei que regula a estrutura de funcionamento doCentro de Estudos Judiciais e introduz em regime excepcional de afectação osmagistradops judiciais jubilados.

� A apresentação na generalidade em sede de comissões de especialidades doOrçamento de Estados e das Grandes Opções do Plano para o corrente ano de 2000decorre a partir de hoje, prolongando-se até à próxima sexta-feira, dia 11.

� As votações em sede de Comissão de Economia., Finanças e Plano estão agendadaspara a terça-feira, dia 8, e a quarta-feira, dia 9.

PELA COERÊNCIA DO SISTEMA�

DEPUTADA MARGARIDA GARISO Gestão urbana

«A eventual criação de novas áreasmetropolitanas não deverá resultar dedecisões avulsas ou isoladas», defendeuconvictamente a deputada socialistaMargarida Gariso, durante a sessãoplenária do Parlamento, realizadarecentemente, a propósito da iniciativalaranja de criar a Área Metropolitana deLeiria.A parlamentar do PS recordou aincapacidade dos municípios e dasrespectivas associações na resolução decertos problemas comuns de âmbitosupramunicipal, facto que determinou agénese das áreas metropolitanas deLisboa e do Porto.«Todavia, parece consensual ainadequação, a ineficiência e ainoperacionalidade desse modelo degestão», declarou, sublinhando de seguidaa necessidade de identificar, de entre osdiversos modelos de organização urbana,um que não afecte o desenvolvimentoequilibrado do País.«Os modelos institucionais que vierem aser legalmente consagrados, não poderão

ignorar a divisão e a organização político-administrativa existente no País, pelo queserá essencial clarif icar a estruturarelacional destes modelos de gestão faceao estado e aos municípios, de modo aevitar conflitos entre os órgão e serviçosestatais, municipais e urbano-metroplitanos», retirou.Na opinião de Margarida Gariso, o PSD nãoacautelou esta desejável harmonia aoapresentar o projecto de lei que prevê acriação da Área Metropolitana de Leiria.«A consagração legal de novas áreasmetropolitanas deverá ser previamenteestabelecida pelo Programa Nacional daPolítica do Ordenamento do Território»,frisou, argumentando que a criação avulsadestes modelos de gestão «não concorrepara a coerência do sistema de gestãourbano nacional».Segundo a deputada do GP/PS, a bancadalaranja insiste em iniciativas «desajustada,desarticulada», onde não são sanados esim agravados os vícios e imperfeições dalei que criou as áreas metropolitanas deLisboa e do Porto. MARY RODRIGUES

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA9

PARLAMENTO

REGIME É SUFICIENTEMENTECLARO

DEPUTADO ROSA DO EGIPTO Viaturas oficiais

A bancada do PSD pediua apreciação parlamen-tar do decreto-lei queestabelece o regimejurídico aplicável àpermissão da conduçãode viaturas oficiais dos

organismos e serviços do Estado e dasautarquias locais por funcionários eagentes que não possuam a categoria demotoristas.Com isto, os deputados laranja pretendiamintroduzir alterações ao diploma, nosentido de obter alguma clareza e precisãonas suas disposições legais.Para Rosa do Egipto, deputado do PS, estainiciativa do PSD «evidencia o mérito damedida e reconhece a necessidade deagilizar e normalizar a utilização dasviaturas do estado sem que isso dificultea acção dos seus agentes».Subjacente ao referido decreto-leiencontra-se o objectivo de imprimir maiorceleridade à actuação dos serviçospúblicos e, ao mesmo tempo, contribuirpara a racionalização dos meios que lheestão afectos.«Neste contexto, trata-se de uma medidaque merece a total concordância do GrupoParlamentar do Partido Socialista», afirmou,categórico, Rosa do Egipto, acrescentando

que o regime em discussão «em nadacolide com os regimes vigentes relativosà responsabilidade civil do Estado poracidentes de viação, acidentes em serviçodos seus funcionários e deslocações emserviço dos mesmos».«Por outro lado, estabelece claramente oscontornos da util ização das viaturasoficiais, ao estipular que tal utilização nãoestá ao alcance de qualquer funcionário,mas tão só e apenas dos funcionários ouagentes afectos a determinado tipo defunções», explicou.O parlamentar do PS esclareceu ainda queo decreto-lei que o PSD queria ver alteradofaz depender a utilização dos veículosestatais de uma autorização fundamentadados serviços e organismos daAdministração Pública», o que lhe confere,na prática, «o estatuto de instrumentoadequado ao acréscimo dos meiosdisponíveis para fazer face àsnecessidades de funcionamento dosserviços».«Em suma, trata-se de um diploma quecontém boas e equilibradas soluçõesnormativas, não sendo entendimento doGP/PS que haja qualquer necessidade deexplicitar um texto legal que se afiguratotalmente claro e conforme aos objectivospreconizados», concluiu. MARY RODRIGUES

ASSEGURAR UM ORDENAMENTOEQUILIBRADO

DEPUTADO AGOSTINHO GONÇALVES Gestão territorial

O deputado do PS Agostinho Gonçalvessalientou no dia 28, no Parlamento, que odecreto-lei que estabelece o regimejurídico dos instrumentos de gestãoterritorial «é um importante instrumentojurídico para o desenvolvimento da políticanacional de ordenamento do território eurbanismo, integrando soluçõesnormativas que se afiguram justas eequilibradas, tendo em conta as finalidadesvisadas».Entre os aspectos mais relevantes doregime jurídico dos instrumentos de gestãoterritorial, o parlamentar do PS destacou,entre outros, a consagração «dosinstrumentos operacionais necessários àprogramação da execução dos planos» ea definição das «responsabilidades daadministração central e local e dosparticulares na implantação de um modelo

de ordenamento que assegure odesenvolvimento económico e social e aigualdade de oportunidades entre oscidadãos no acesso aos equipamentos eserviços públicos».Segundo sublinhou Agostinho Gonçalves,o decreto-lei em causa «constitui uminstrumento indispensável ao ordenamentodo território nacional, nomeadamentegarantindo a sustentabil idade esolidariedade intergeracional,assegurando a transmissão às geraçõesfuturas de um território e de espaçosedificados correctamente ordenados».O diploma, assegura ainda, de acordo como deputado do PS, «a utilização ponderadae parcimoniosa dos recursos naturais eculturais», bem como «tem o nível decisóriomais próximo dos cidadãos incentivandoa sua participação». J. C. C. B.

UM DESAFIO À MODERNIZAÇÃODAS ESTRUTURAS DESPORTIVAS

DEPUTADO RICARDO CASTANHEIRA Euro 2004

O deputado RicardoCastanheira afirmou nodia 27, na Assembleia daRepública, que «o Euro2004, a par do júbilocolectivo causado,constitui um desafio à

modernização das estruturas colectivasenvolvidas directamente no evento,porquanto implicará a remodelação de cincoestádios e a construção de outros cinco».«Coimbra, Lisboa, Porto, Braga, Guimarães,Aveiro, Leiria e faro ficarão, assim, dotadasde novas ou renovadas infra-estruturas queposteriormente servirão as respectivascomunidades, proporcionando as melhorescondições para a promoção do desporto»,disse, salientando, no entanto, que «os efeitosbenéficos da organização do Euro 2004 nãose circunscrevem às referidas cidades, vistoque toda a economia nacional seráimpulsionada».Segundo sublinhou o deputado do PS, «umdado é indubitável. O Euro 20004, emPortugal, deve-se à conjugação de esforçosorganizativos, ao nosso grau dedesenvolvimento nacional, à capacidadecolectiva de realização e ao entusiasmo doGoverno português em apadrinhar esteprojecto, reflectindo, enfim, um sentimentonacional».O camarada Ricardo Castanheira, que falavadurante a discussão de um projecto do PSDsobre a constituição de uma comissão paraanálise dos recursos públicos envolvidos naorganização do Euro 2004, não podia deixarde lembrar que a postura laranja éziguezagueante, conforme é poder ouoposição.

«Mudam-se os tempos, mudam-se asmaiorias. Transforma-se a forma como éexercido o poder e, sobretudo, o modo deencarar os desígnios nacionais», disse.Mas, frisou, «o PS não altera o seuentendimento quanto à necessidade detransparência e fiscalização efectiva daaplicação dos dinheiro públicos».

Paixão colectiva

Neste contexto, referiu que o PS entende quea Assembleia da República «deveacompanhar, com proximidade, aorganização de tão importante evento parao nosso país com vista, essencialmente, aser encontrado o consenso parlamentar queajude a promover e a potenciar, ainda mais,os seus benefícios».A concluir a sua intervenção, RicardoCastanheira expressou o seu desejo de quese faça do Euro 20004 «um verdadeiro hinoà tradição das nossas selecções e clubesinternacionais, um reconhecimento a umapaixão colectiva e o estímulo para uminvestimento em novas gerações».

J. C. CASTELO BRANCO

ACÇÃO SOCIALISTA 10 3 FEVEREIRO 2000

INTERNACIONAL

GUTERRES QUER EUROPACAMPEÃ DA COMPETITIVIDADE EM 2010

VAIRINHOS DEFENDEPESCA PORTUGUESA

ONU ESCUTA ACUSAÇÕESMUITO FORTES CONTRA SAVIMBI

PE Eurodeputados socialistas ANGOLA Tragédia

O eurodeputado social ista JoaquimVairinhos defendeu recentemente emEstrasburgo a pesca portuguesa, aointervir durante a discussão do relatórioCunha.Na sua intervenção na sessão plenária doPE, Joaquim Vairinhos defendeu que aComissão Europeia ao estabelecer o futuroprograma de orientação plurianual para asfrotas de pesca «deve atender ao esforçojá desenvolvido pelos Estados-membros,nomeadamente por Portugal».O camarada Joaquim Vairinhos sublinhouque durante os últimos três anos, emcomparação com os três anos anteriores,«houve muito mais ajuda pública àconstrução, ao mesmo tempo que sereduziu o número de embarcaçõesabatidas».

Casaca criticaperitos independentes

O eurodeputado socialista Paulo Casaca,por sua vez, numa intervenção emEstrasburgo, manifestou-se contra a ideiado grupo de peritos independentes dequerer proibir a filiação partidária doscomissários.Recorde-se que esta posição, algo exótica,dos peritos independentes foi reprovadapelo PE, que reafirmou a liberdade doscomissários adoptarem a filiação partidáriaque pretendessem.O camarada Paulo Casaca considerouainda a criação de um Comité Permanente

Independente de garantia dos princípioséticos, proposta pelos «sábios» parasubstituir a supervisão do PE sobre aComissão, «uma invasão inadmissível naesfera das competências do PE».Acrescentou que a posição dos peritos éreveladora da sua «ignorância» sobre estamatéria.

Situação preocupantena Áustria

Os eurodeputados socialistas portuguesesassinaram um apelo onde manifestam asua «preocupação» pela situação políticana Áustria.Este apelo surge na sequência da aberturade negociações entre os conservadores ea extrema-direita racista, xenófoba e anti-europeia, tendo em vista a formação deum governo. J. C. CASTELO BRANCO

O Conselho de Segurança da ONUescutou em Nova Iorque, acusações muitoduras contra o líder da UNITA, JonasSavimbi, feitas por antigos companheirosseus, entre eles um filho.Os testemunhos foram gravados em vídeopelo embaixador do Canadá na ONU,Robert Fowler - que preside ao Comité deSanções da ONU para Angola -, durante avisita que efectuou entre 8 e 16 de Janeiroa Angola, e apresentados no dia 18, na salado Conselho de Segurança, por ocasiãode um debate aberto sobre a situação emAngola.Fowler explicou que um dos objectivos dasua viagem era conversar com membrosda UNITA que tivessem desertado outivessem sido capturados.O diplomata regressou a Nova Iorque com15 horas de conversas gravadas(resumidas numa versão de 30 minutospara o Conselho de Segurança) com seispessoas: o general Jacinto Bandua,responsável da logística da UNITA entre1995 e 1998 e do gabinete de Savimbi; ocoronel Alcides Kangunga, querepresentou a UNITA em vários paísesafricanos; e o coronel Aristides Kangunga,responsável pela rede de comunicações.Os restantes são o tenente-coronel JoséAntónio Gil, responsável dos movimentosaéreos no Andulo (quartel-general daUNITA na província do Bié); um filho deSavimbi, Araújo Sakaito; e um oficial nãoidentificado, enviado ao estrangeiro paratreino militar.

De acordo com estes testemunhos,Savimbi ordenou o abate de qualquer aviãoao alcance da sua arti lharia e deuinstruções «precisas» para que fossementerrados os restos dos aparelhosderrubados e queimados os restos mortaisdos tripulantes, para que não subsistissemquaisquer provas.Quando informado dos ataques contradois aviões das Nações Unidas,manifestou-se satisfeito com o resultado -segundo a mesma fonte.

Diamantes para comprarmaterial de guerra

As declarações dos antigos elementos daUNITA sugerem que a organizaçãoatravessa problemas financeiros e queSavimbi utiliza os diamantes como moedapara comprar material de guerra ecombustíveis, transacções que realizamediante intermediários, que seencarregam igualmente do transporte.Um dos testemunhos salienta que JonasSavimbi jamais abandonará Angola,quedando-se no interior mesmo que issolhe custe a vida.Fowler disse na ocasião que apresentaráas suas recomendações em Marçopróximo, depois da apresentação dorelatório que vários grupos de peritos estãoa elaborar, que corroborarão asinformações com outras fontes e estudarãomedidas adicionais que possam seradoptadas.

FINANCIAL TIMES Entrevista

prestígio de António Guterresentre os outros líderes europeuscontinua a afirmar-se e os«media», entre os quais o

«Financial Times», prestam cada vez umamaior atenção ao seu pensamento sobre osgrandes desafios que a Europa enfrentaneste começo de um novo século marcadopela globalização e pela continuada ofensivados teólogos do mercado contra o modelosocial europeu, uma conquista civilizacionalde muitas décadas de luta dos trabalhadorese dos partidos que se reclamam dos valoresdo socialismo democrático.A ambição de António Guterres é fazer dapresidência portuguesa da UE umaplataforma para tornar a Europa na economiamais competitiva do mundo em 2010,destacou o «Financial Times» em artigo defundo publicado na sua edição de 12 deJaneiro.«O que desejamos é pôr a Europa a

trabalhar», diz o primeiro-ministro ao diáriobritânico, acrescentando que deseja que aEuropa seja, por volta de 2010, a economia

pode ser mais do que retórica política, poisGuterres ganhou a reputação de ser umapessoa com ideias originais entre os políticosdo centro-esquerda.Para a cimeira «Para uma Europa deinovação e conhecimentos, com maisemprego e coesão social», António Guterres,diz o diário britânico, ordenacuidadosamente os seus argumentos eexplica porque é agora a altura correcta paralevar a Europa para uma expansão maisrápida, com criação de empregos, aomesmo tempo que reforma - mas nãoabandona � sistemas de Bem-Estar socialdos Estados-membros.O jornal destaca o prestígio do primeiro-ministro português entre os outros lídereseuropeus e recorda que Tony Blair, o seuhomólogo britânico, sugeriu mesmo o seunome para presidente da ComissãoEuropeia, sugestão que Guterres rejeitou, dizo «Financial Times».

mais competitiva do mundo, baseada emconhecimento e inovação.Isto, prossegue o próprio «Financial Times»,

O

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA11

SOCIEDADE & PAÍS

PATRIMÓNIO MAIS BENEFICIADO

FISCALIZAÇÃO APREENDE 100 MIL CONTOSEM PIRATARIA

CULTURA Proposta de orçamento

património é o domínio deactuação do Ministério daCultura que vai receber, esteano, a maior fatia do seu

orçamento: cerca de 18,4 milhões decontos.O anúncio foi feito no dia 1, pelo ministroda Cultura, Manuel Maria Carrilho, durantea apresentação à Imprensa, no PalácioNacional da Ajuda, da proposta deorçamento para a sua tutela.O governante deverá expor a referidaproposta em pormenor na próximasegunda-feira, na Assembleia daRepública, perante a Comissão de Ciência,Educação e Cultura.Além de ser o domínio que irá receber maisrecursos em termos globais, é aquele quecresce mais relativamente a 1999, comuma variação de 22,7 por cento.Na sua globalidade, o orçamento ascendea 51,2 milhões de contos. Deste montante,49,9 milhões estão previstos no Orçamentode Estado para o Ministério da Cultura emais 1,3 milhões inscritos na dotaçãoprovisional do Ministério das Finanças paraa cultura, nomeadamente um milhão parao Porto 2001 AS, e 300 mil contos para oTeatro Camões.Os outros domínios registam aumentosrelativos a 1999 de 22,2 por cento para osarquivos, bibliotecas, livro e leitura (7,7milhões de contos), mais 21,6 por centopara os teatros nacionais, Companhia

Nacional de Bailado e Orquestra Nacionaldo Porto (6,2 milhões), mais 12,9 para asartes do espectáculo e visuais (7,9milhões), mais 11,5 por cento para ocinema, audiovisual e multimédia (5,8milhões) e mais 11,4 por cento paraactividades de apoio e socioculturais (3,9

milhões).Carrilho considerou que o orçamento daCultura para 2000 «é o melhor de sempre,o que representa maior crescimento eequilíbrio», explicando que os valorespropostos visam «permitir a concretizaçãodo programa do Governo para a área dacultura» e «consolidar a política culturallançada na legislatura anterior», que temcomo principais objectivos a defesa evalorização do património, o livro e a leitura,apoio à criação e internacionalização.Os dados fornecidos pelo Ministério sobreo novo orçamento apontam uma subidaglobal de 7,8 milhões de contosrelativamente a 1999 e um aumento de 20milhões de contos comparativamente a1995.Este crescimento, segundo assinalou otitular da pasta da Cultura, vai permitiratingir gradualmente «os parâmetroseuropeus e recuperar do atraso estruturalanterior».A entrada em vigor, este ano, do QuadroComunitário de Apoio III, no qual estáprevisto, pela primeira vez, um ProgramaOperacional para a Cultura, atribuirá aosector um volume de financiamentocomunitário de 52,5 milhões de contos.Com o apoio de fundos comunitários, e jápara 2000, os programas de investimentomais significativos a desenvolver são arecuperação de monumentosclassificados como o Mosteiro de Grijó, o

Convento de Santa Clara-a-Velha e oMosteiro de Tarouca.Está ainda prevista a recuperação dealdeias históricas, a valorização de sítiosarqueológicos como Miróbriga e SãoCucufate, o início da construção do Museudo Parque Arqueológico do Vale do Côa,a renovação da Rede Nacional de Museuse o desenvolvimento da Rede Nacional deSalas de Espectáculo.No quadro dos orçamentos para osserviços e fundos autónomos regista-seum aumento de 5,5 milhões de contosrelativamente ao ano anterior, num total de28,8 milhões de contos para 2000.Aqui se inclui, nomeadamente, o InstitutoPortuguês de Museus, que não tinhaautonomia financeira em 1999, recebendoeste ano 3,4 milhões de contos.Ao Instituto Português do PatrimónioArquitectónico (IPPAR) caberão 9,8milhões de contos (mais 14 por cento), àCompanhia Nacional de Bailado 0,8milhões de contos (mais 14,3 por cento),o Teatro Nacional de S. Carlos serábeneficiado com 2,5 milhões de contos(mais 31,6 por cento), a Orquestra Nacionaldo Porto recebe 0,7 milhões de contos(mais 40 por cento)O Teatro Nacional D. Maria II e aCinemateca Portuguesa - Museu doCinema mantêm os valores orçamentais de1999, 1,2 milhões de contos e 1,0,respectivamente.

CULTURA 1999

O ministério de Manuel MariaCarrilho prossegue a sua luta semtréguas à pirataria em defesa dosdireitos dos autor e dos artistas,intérpretes e produtores, bemcomo do Estado de Direitodemocrático que não pode pactuarcom este esbulho aos criadoresartísticos e culturais.

fiscalização intensificou em1999 o cerco aos piratasculturais e os números falampor si.

A Inspecção-Geral de Actividades Culturais(IGAC) apreendeu durante o ano de 1999cerca de 32.000 cassetes e CDs piratas,cujo valor ascende a perto de 100 milcontos.De acordo com aquele organismo tuteladopelo Ministério da Cultura, o ano de 1999revelou uma tendência para umcrescimento da pirataria audiovisual emPortugal, especialmente em CDs musicais

e CD-R com jogos virtuais, programasdigitais e multimédia.Ao longo do ano, a IGAC desenvolveu 1105acções inspectivas que tiveram porobjectivo fazer cumprir a legislação relativaaos direitos de autor e dos artistas,intérpretes e produtores, de forma acombater eficazmente a pirataria.Destas fiscalizações, 721 foram realizadas

nos sectores da edição, distribuição ecomercialização de produtos audiovisuais,de que resultou a apreensão de 31.985cassetes e CDs, a que corresponde umvalor estimado em 99.641 contos.Lisboa, Porto, Aveiro e Braga foram osdistritos onde se efectuou a maior parte dasapreensões, correspondendo a 78 porcento do total do País.Em termos do valor da pirataria eequipamentos apreendidos, o distrito deLisboa é o palco privilegiado da actuaçãodos piratas, mantendo-se à cabeça da lista,com 47 por cento, seguido do Porto, com26,8, e Castelo Branco, a registar 7 porcento.

Feira da Ladra é entrepostoda pirataria

Considerando a existência de um aumentosignificativo da pirataria em feiras emercados populares, a inspecção-geral, namaior parte das vezes com a colaboraçãoda Brigada Fiscal da GNR, aumentou

O

A

também neste sector a fiscalização.Assim, as acções em feiras passaram das23 efectuadas em 1998 para 60 em 1999,em que foram inspeccionadas cerca de 200bancas de comerciantes, contra as 77 doano anterior.À excepção da Feira da Ladra, em Lisboa,considerada «um verdadeiro entreposto dapirataria», a maior parte das apreensõesefectuou-se a norte de Coimbra, comespecial incidência nos distritos do litoral.No âmbito do combate à pirataria, ainspecção-geral realizou ainda 83 períciasa obras artísticas/literárias, na sua maioriaa solicitação dos tribunais, onde decorreramprocessos-crime por presunção deinfracção ao Código do Direito de Autor eDireitos Conexos, a que corresponderam4335 exemplares, compostos por cassetes,CD, livros e outros artigos.Os inspectores das actividades culturaisforam ainda convocados para 41 audiênciasde julgamentos na qualidade detestemunhas de acusação em processos-crime ou como peritos. J. C. C. B.

ACÇÃO SOCIALISTA 12 3 FEVEREIRO 2000

SOCIEDADE & PAÍS

IR PARA ALÉMDA DECLARAÇÃO PRINCÍPIOS

ÁGUA E SANEAMENTO VÃO TER 840 MILHÕESNOS PRÓXIMOS SEIS ANOS

BIO-SEGURANÇA Transgénicos

rotulagem, a inclusão doprincípio da precaução e a nãosubordinação do acordo aoutros compromissos interna-

cionais foram as pedras de toque dasnegociações do Protocolo de Bio-segurança cuja adopção só constituiu umacerteza no momento final.Durante os cinco dias de negociações emMontreal, dividiram-se as opiniões sobreo sucesso do encontro que pretendia criaras regras para o comércio internacional deorganismos geneticamente modificados(OGM) e mesmo na madrugada de do dia29, durante as sucessivas reuniões, erampoucas as certezas em relação ao seuêxito.Com este acordo, resultado de umautêntico «braço-de-ferro» entre a UniãoEuropeia, presidida por Portugal, e o grupoliderado pelos Estados Unidos, os paísesficam protegidos em relação aostransgénicos, cujas verdadeirasconsequências para a biodiversidade esaúde humana estão ainda por descobrir.Além da possibilidade de negarem aentrada de OGM (para alimentação, raçõesou processados, como as farinhas), ficouconsagrada a equidade entre este acordo

e outros internacionais, não sesubmetendo por isso a entidades como aOrganização Mundial de Saúde, tal qual ogrupo de Miami gostaria.Por outro lado, o grupo dos maioresprodutores e exportadores de transgénicos(Argentina, Austrália, Chile, Canadá eUruguai, liderados «na sombra» pelosnorte-americanos), conseguiram para si o

estabelecimento das regras de rotulagemde transgénicos dois anos após a entradaem vigor do protocolo, uma questão quebeneficia as empresas, concedendo-lhesmais tempo para procederem àsmudanças necessária para a identificaçãodos seus produtos.Questão que já vinha acertada da últimareunião, em Cartagena, foi a exclusão

AMBIENTE Sócrates anuncia

ministro do Ambiente, JoséSócrates, anunciou no dia 31que, até 2006, vão serinvestidos 840 milhões de

contos nos sectores do abastecimento deágua e tratamento de esgotos, para quePortugal atinja os padrões europeus.Associações multimunicipais - financiadaspor fundos europeus -, investidoresprivados e o Estado serão os financiadoresdaquele investimento que, segundo oministro, vai resolver «de uma vez por todas»os problemas relativos ao saneamentobásico e ao tratamento de águas residuais.Dentro de seis anos, José Sócratespretende que Portugal atinja a médiaeuropeia, com uma cobertura total de 95por cento no abastecimento de águacanalizada e de 90 por cento no que respeitaao tratamento das águas residuais.Durante a cerimónia de concessão daconstrução e gestão das infra-estruturasde saneamento dos municípios da Batalha,Leiria, Marinha Grande, Ourém e Porto deMós à empresa SIMLIS (SaneamentoIntegrado dos Municípios do Lis, SA), José

Sócrates afirmou que o seu Ministério temde ser visto, também, como «Ministério dosaneamento básico».Assim, este responsável governamentalpretende aprofundar a colaboração comos municípios e investidores privados, paracriar «soluções supramunicipaisintegradas que sirvam esgotos urbanos eindustriais, porque o País não tem dinheiropara fazer soluções para uns e paraoutros».No caso de Leiria, a este sistema foiassociado o tratamento dos efluentes dassuiniculturas da região.No conjunto dos cinco municípios quecompõem a AMAE (Associação deMunicípios da Alta Estremadura), existemcerca de 350 mil porcos que produzemresíduos equivalentes aos produzidos poruma população de mais de 1,1milhõesdepessoas.O ministro da Agricultura, CapoulasSantos, associou-se à criação do SIMLIS,estabelecendo um protocolo com asassociações de suinicultura locais, porforma a que os produtores nelas

deste acordo dos produtos farmacêuticos,do transporte dos transgénicos e daaplicação aos usos confinados(experiências).Na «maratona» de negociações, a UniãoEuropeia teve a seu lado o grupo dospaíses em vias de desenvolvimento, afinalo que poderia sair mais prejudicado emtermos mundiais tendo em conta a sua faltade legislação interna sobre esta questão e«fragilidade» no contexto internacional.Os cerca de 130 países representados noencontro foram «mediados» pelo ministrodo Ambiente colombiano, Juan Mayr, queconseguiu alcançar o objectivo doconsenso em torno de um documento que,aparentemente, agrada a todos, incluindoos ambientalistas, que não pararam depressionar os governos a adoptar um«protocolo seguro», mesmo que issosignificasse estar na rua com temperaturamuito próximas dos 40 graus negativos.Em Maio, o acordo será assinado na VConferência das partes à Convenção daBiodiversidade, esperando o mundo quenão seja necessária a sua ratificação paraque as regras sobre transgénicoscomecem, de facto, a ser postas emprática.

A

integrados depositem os afluentes dassuas explorações no sistema de recolha,após um pré-tratamento inicial.Capoulas Santos considerou «essencial eambicioso» este projecto e elogiou oempenho dos suinicultores na resoluçãodos problemas decorrentes da poluiçãoprovocada pela produção suinícola.Até 2003, o SIMLIS vai investir 10,5 milhõesde contos na construção de interceptores,emissários e estações de tratamento deáguas residuais.Paralelamente, o Ministério da Agriculturae as associações de suinicultores vãoinvestir cerca de sete milhões de contosem sistemas de pré-tratamento dosefluentes suinícolas.As câmaras municipais, financiadas porfundos comunitários, caberão osinvestimentos nos pequenos ramais até àrede de saneamento em alta, num total dedespesa superior a sete milhões decontos.José Sócrates afirmou estar confiante naexecução deste projecto e acredita que osresultados serão visíveis já em 2004.

O

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA13

SOCIEDADE & PAÍS

TRABALHO Empresas

SANÇÕES MAIS PESADAS PARA FALSOS RECIBOSVERDES E OUTRAS INFRACÇÕES

inspector-geral do Trabalho,Mota da Silva, escreveu umacarta a todas as empresasportuguesas, numa acção de

sensibilização para o cumprimento da lei,procurando assegurar que os novos ebastante mais elevados valores dassanções laborais são conhecidos.«Promover um ambiente favorável aocumprimento do Direito do Trabalho e àregulação social e económica» é, segundoo inspector-geral do Trabalho, um dosobjectivos desta acção de sensibilizaçãoe informação dirigida às 213 mil empresase entidades empregadoras querepresentam «todo o universo das relaçõesde trabalho de direito privado».Mota da Silva refere que a acção em causase insere numa estratégia visando que a«desresponsabilização não seja aceite pelaopinião pública» e o que odesconhecimento da lei não seja utilizadocomo justif icação para o seuincumprimento.Em relação às sanções pecuniárias, Motada Silva lembrou que «a melhor doutrinaeuropeia» as encara como «um incentivoà modernização das empresas»,lamentando que em Portugal elas sejamvistas apenas como uma penalização.Na defesa de tal doutrina, o inspector-geral

na carta enviada às empresas classifica onovo regime sancionatório como «umdesafio e uma oportunidade».

Respeito pelos direitosdos trabalhadores

«A melhoria da produtividade ecompetit ividade das empresas eorganizações passa pelo reconhecimentoe respeito pelos direitos dos trabalhadorese melhoria das condições de trabalho»,

assinala Mota da Silva na missiva.Adianta que «os novos modelos detrabalho flexível devem basear-se nodiálogo social e na inovação e desenvolver-se sem pôr em causa os direitos dostrabalhadores».«O recurso ao trabalho ilegal afecta, nãosó os direitos de quem trabalha, comotambém os direitos das empresascumpridoras e desvirtua a concorrêncialeal entre empresas», salienta ainda.Situações graves de violação das normasde segurança e saúde no trabalho, detrabalho clandestino ou infantil, de falsotrabalho autónomo, como sejam osrecibos verdes i legais e os falsosempresários em nome individual, desalários em atraso e de trabalhosuplementar i legal e de violação daduração do trabalho são «inaceitáveis, porimperativo legal e também social», lembraa missiva.

Inaceitáveis discriminaçõessexuais

Como inaceitáveis são ainda classificadasa discriminação em função do sexo, aviolação de legislação relativa à protecçãoda maternidade e paternidade e a falta dedeclaração e de pagamento das

contribuições devidas à segurança social.Mota da Silva assinala ainda que «àsgrandes empresas e organizações sãoexigidas particulares responsabilidadessociais», alertando para «a necessidade dese garantir que nas cadeias desubcontratação só participem empresas/organizações de qualidade e cumpridorasda Lei».Em anexo à carta segue o novo regimejurídico das contra-ordenações laborais,em vigor desde Dezembro de 1999, comexemplos comparativos entre o anterior eo actual regime.Na nota enviada à comunicação socialacerca da referida carta, o inspector-geralrefere também dois exemplos.Uma acção inspectiva recente na Aldeia daLuz (Alqueva) levou à instauração deprocessos cujas sanções mínimas sesituam na ordem dos 30 mil contos quandopela legislação anterior não ultrapassariamos mil contos.Uma média empresa com 10trabalhadores em situação de falso reciboverde ou de falso empresário individual porinfracção à legislação sobreobrigatoriedade do seguro de acidentes detrabalho estava sujeita a uma sançãomínima de 20 contos e pelo novo regimetal sanção passa a ser de 8300 contos.

BENEFICIADAS 420 MIL PESSOASRMG Balanço

Rendimento Mínimo Garantido(RMG) abrange actualmentecerca de 420 mil pessoas. Asgarantias são dadas pelo

Ministério do Trabalho e da Solidariedade.Em Dezembro do ano passado, o númerode famílias beneficiárias do programa erade 144 984, o que representa um aumentode 31,31 por cento face a igual mês de1998.Ainda no último mês do ano passado, 40422 agregados familiares, anterioresbeneficiários, t inham entretanto o«rendimento mínimo garantido cessado»,ou seja, tinham saído do sistema, o querepresenta um aumento de cerca de 113,8por cento face a 1998.Segundo o Ministério do Trabalho e daSolidariedade, as mais de 40 mil famíliasque deixaram de ser beneficiárias fizeram-no «por razões que maioritariamente seprendem com a alteração das condiçõesde grave carência económica em que seencontravam».O RMG foi criado em Julho de 1996,através de projectos-piloto. No final de1997, havia já 34 912 famílias abrangidaspelo sistema e 3 121 famílias que deixaram

de ser beneficiárias.No primeiro ano, os montantesprocessados para o programaascenderam a 9,7 milhões de contos,tendo passado para 39,5 milhões decontos no final de 1998.No ano passado, as verbas processadasascenderam a 56 milhões de contos, o querepresenta um aumento de 41,77 por centoface aos valores de 1998 e um crescimentode 49,3 por cento face aos 37,5 milhõesde contos orçamentados para 1999.Para este ano, os montantes agendadospara o programa elevam-se a 57,5 milhõesde contos, o que representa umcrescimento da ordem dos 2,67, ou seja,0,67 pontos percentuais acima da inflaçãoesperada.O ministro do Trabalho e da Solidariedade,Ferro Rodrigues, explicou segunda-feira,dia 31, em Lisboa, que «este valorrepresenta, pela primeira vez, umaestimativa que se aproximará da coberturaintegral da população que terá direito aesta prestação».«A previsão de despesa para 2000 traduz-se num apenas ligeiro acréscimo face aorealizado em 1999 e, desta forma, assume

que atingimos já, aproximadamente, acobertura desejada das famíl ias emcondições de acesso ao rendimentomínimo garantido», acrescentou.Nos 485 milhões de contos transferidos doOrçamento de Estado para o orçamentoda Segurança Social, em cumprimento darespectiva Lei de Bases, incluem-se «cincomilhões de contos para compensar adespesa efectuada em 1999 (com orendimento mínimo) e não contempladanesse ano».

Acordos de inserção em marcha

O Estado já assinou 44 365 contratos deinserção social e profissional abrangendo119 006 pessoas no âmbito do RendimentoMínimo Garantido.Esta informação, referente a dados atéOutubro de 1999, foi divulgada, terça-feira,pelo Instituto para o DesenvolvimentoSocial (IDS) no âmbito do seminárioeuropeu «Políticas e Instrumentos deCombate à Pobreza na União Europeia: AGarantia de Um Rendimento Mínimo».A principal área de inserção das pessoasintegradas nos acordos é a de Acção

Social, com 31 por cento das 119 006pessoas abrangidas a beneficiarem doscuidados dos sistemas existentes.A seguir aparece a área da Saúde, que seocupa com 24 por cento das pessoasenvolvidas nos acordos de inserção,seguindo-se o regresso ao sistema deEducação para 18 por cento e o Empregocom 13 por cento.A área de Habitação possibilita a inserçãode 10 por cento das pessoas, enquanto 4por cento dos beneficiários referidos sãointegrados em programas de FormaçãoProfissional.A autonomização dos beneficiários éapoiada pelas 323 Comissões Locais deAcompanhamento (CLA) existentes emPortugal, referindo o IDS que «cerca de seismil organizações, de participaçãoobrigatória e voluntária, têm vindo aassumir o desafio de dar corpo a umprocesso de autonomização das famíliase beneficiários».As CLA são compostas em 40 por centopor juntas de freguesia, em 19 por centopor Instituições Particulares deSolidariedade Social e em 12 por centopelas associações sindicais.

O

O

ACÇÃO SOCIALISTA 14 3 FEVEREIRO 2000

AUTARQUIAS

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

Cascais

Novo espaço desportivopara a Madorna

A autarquia de Cascais vai apoiar o CentroCultural Desportivo e Recreativo daMadorna na construção da sua sede social,através da entrega de um conjunto desubsídios no valor de 20 mil contos,permitindo deste modo o reforço daqualidade e o aumento do número deactividades desenvolvidas por este clube.

A construção deste novo espaço estáinserida num projecto de recuperação quea autarquia de Cascais está a desenvolverna zona da Madorna e que já implicou aconstrução de vários espaços verdes,arruamentos, passeios, parque infantil elocais para estacionamento de veículos.

Coimbra

Câmara cria memória fonográfica dacidade

Construir a memória sonora de Coimbra éum dos objectivos da Fonoteca, que deveráentrar em funcionamento em Abril na CasaMunicipal da Cultura, reunindo registosdiscográficos de vários géneros.

Música tradicional e erudita, jazz, pop-rock,bandas sonoras de filmes e programastelevisivos, canções infantis e as novaslinguagens musicais («Body music», músicaconcreta, minimal repetitiva e decomputador) são registos que os utentespoderão encontrar na fonoteca e levar paracasa a título de empréstimo, à semelhançado que se passa nas bibliotecas.No entanto, haverá também fonogramas

não musicais, como discursos,proclamações, comícios e poesia, disse odirector do departamento de Cultura daautarquia, Vasco Pereira da Costa.O responsável referiu que é intenção daCâmara Municipal constituir um fundo localque reuna todos os fonogramasrelacionados com Coimbra,nomeadamente sobre a música daresistência.José Afonso, António Portugal, AntónioBernardino, Adriano Correia de Oliveira, LuísGois, Paradela de Oliveira, Lucas Junot,Artur Paredes, Edmundo Bettencourt, PinhoBrojo, Rui Pato, José Mário Branco e Faustosão exemplos de interpretes da canção deprotesto que deverão integrar o acervo.«Pretendemos concatenar os fonogramassobre a música da resistência portuguesacom bibliografia e imagem para que, quemvier à Casa Municipal da Cultura e queirapor exemplo, dados sobre José Afonso, selimite apenas a escrever o nome e obtenhatodas as informações disponíveis sobreele», explicou.Com o objectivo de reunir o máximo defonogramas, os responsáveis do projectovão fazer um apelo aos munícipes para quecedam, a título de empréstimo, registosantigos, em disco ou fita magnética, quepossam ajudar a construir a memória damúsica de Coimbra.Além de possibilitar aos utentes ouvir osfonogramas na Casa Municipal da Culturaou requisitá-los, mediante o pagamento deuma simbólica contribuição, a Fonoteca temjá previstas actividades pedagógicas, deque é exemplo um programa de iniciaçãomusical, realizado em colaboração com oConservatório de Música de Coimbra.A Fonoteca � que ficará adstrita à Divisãode Biblioteca de Arquivo � desenvolverátambém actividades complementares,como conferências, debates e painéis sobreartistas e obras, por ocasião de grandesacontecimentos musicais da cidade, comoo Festival Internacional de Música e o Ciclode Quartas (Jazz).

Casa Municipal de Cultura

Vasco Pereira da Costa disse ainda que oprojecto, orçado em 14.500 contos, seinsere «na ideia de mediateca para a qualos serviços pretendem caminhar, ondetodos os suportes de informação sãotambém suportes de cultura».«Vamos sentindo as pulsações e os desejosdo público. Já tínhamos a Imagoteca(arquivo de imagens) e achámos que oserviço de audiovisuais requeria uma outradimensão», justificou.A Casa Municipal de Cultura de Coimbraabriu em 1993, estando inicialmenteprojectada para acolher apenas aBiblioteca, mas acabou por se transformarnum pólo dinamizador de práticas culturais.

Ferreira do Alentejo

Orçamento em euros

A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejocontinua na primeira linha da modernidade.

O município aprovou as Grandes Opçõesdo Plano e o Orçamento em euros e emconformidade com o POCAL.

De referir que a autarquia já introduziu onovo sistema POCAL que só se tornaráobrigatório para a generalidade dascâmaras em 2001Contudo, o município de Ferreira do Alentejodecidiu desde já adoptar o POCAL abrindocaminho para novas formas de gestãoautárquica mais modernas e maisadequadas a enfrentar os desafios do futuro.

Fundão

Reciclar é preservar a vida

A Câmara Municipal do Fundão vai lançara campanha ambiental «Reciclar épreservar a vida».O objectivo da iniciativa é sensibilizar osmunícipes para a recolha selectiva do lixo.A campanha, desenvolvida através dadistribuição de desdobráveis pelashabitações, indicando onde estão osecopontos, visa contribuir para a alteraçãodo comportamento dos cidadãos, deforma a terem atitudes mais amigas doambiente.

Santo Tirso

Protocolo para instalaçãode parques empresariais

O município de Santo Tirso acaba decelebrar com a Associação Empresarial dePortugal e a Associação Comercial eIndustrial de Santo Tirso um protocolorelativo à instalação e gestão de parquesempresariais no concelho.

Para a autarquia, este protocolo permiteatingir vários objectivos importantes, entreos quais, melhorar o ordenamento dotecido industrial no concelho, implantar eexpandir as áreas destinadas à fixação deindústrias no município e qualificar essesespaços dotando-os das condições e dasinfra-estruturas adequadas.

Sintra

Prevençãodas toxicodependências

A Biblioteca Municipal da Tapada dasMercês promoveu no dia 27 de Janeiro umencontro entre um elemento daorganização Alcoólicos Anónimos e alunosdas escolas secundárias Leal da Câmarae de Mem-Martins.

O objectivo desta reunião foi contribuir paraque se faça junto dos mais novos umaprevenção das toxicodependências (drogae álcool).

Vila Real de S. António

Autarquia apoia aquisiçãode viaturas para clubes

A Câmara Municipal de Vila Real de S.António acaba de entregar acomparticipação a seis clubes doconcelho que adquiriram viaturas para otransporte de atletas.

A comparticipação da autarquia visavalorizar o património dos clubes, aomesmo tempo que aumenta a suacapacidade de dinamização da práticadesportiva com o reforço das condiçõesde transporte dos atletas.

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA15

PS EM MOVIMENTO

Jorge Coelho reúne com federaçõesO coordenador da Comissão Permanente,Jorge Coelho, e os responsáveis regionaisEdite Estrela, Narciso Miranda, José Junqueiroe António Galamba, prosseguem o ciclo dereuniões que têm vindo a manter com asfederações distritais, com vista à preparaçãodas eleições autárquicas de 2001, de acordocom o seguinte calendário: 4 de Fevereiro, 20horas, Federação de Beja � Sul (Beja, Évora,Faro e Portalegre); dia 5 Lisboa, Setúbal, FROe Santarém.

Os autarcas do PS/Açores anunciaram a apresentação ao Governo Regional de umaproposta criando mecanismos de apoio financeiro, a curto prazo, para os investimentosa executar a partir deste ano.Numa conferência de Imprensa em Ponta Delgada, o presidente da Câmara Municipalde Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, sustentou que com essa proposta se pretendeatenuar o desfasamento existente entre os pagamentos comunitários e a sua recepçãopelas autarquias.«É preciso anular o efeito restritivo que os grandes prazos de reembolso dos pagamentoscomunitários provocam na capacidade de execução das câmaras, e por conseguinte,na situação financeira do tecido regional», disse o camarada Sérgio Ávila.Segundo os autarcas socialistas açorianos, «este é o grande desafio para que possaexistir uma boa execução do III Quadro Comunitário de Apoio e um desenvolvimentoregional no âmbito do poder local».Criticaram, por outro lado, a actual gestão da Associação de Municípios das ilhas,acusando o seu presidente de « não ter sido capaz de criar um clima de diálogo eencontrar as melhores soluções de cooperação entre autarquias e Governo».O cargo tem vindo a ser ocupado pelo presidente da Câmara de Ponta Delgada, ManuelArruda, também líder do PSD.

AÇORES Autarcas PS anunciaram proposta

ALANDROAL Socialistas elogiam Governo

As Secções Concelhias do PS de Alandroal, Borba, Estremoz e Vila Viçosa «congratulam-se com a decisão do Governo de incluir no III QCA uma intervenção específica para aZona dos Mármores, o que acontece pela primeira vez».No comunicado emitido no dia 1, as Secções Concelhias do PS de Alandroal, Borba,Estremoz e Vila Viçosa «congratulam-se igualmente com a continuação da aposta nodesenvolvimento do Alentejo por parte do Governo, traduzido no investimento global de8444 milhões de contos, estando o programa destinado às autarquias dotado de 371milhões de contos (sete vezes e meia superior ao anterior programa destinado àsautarquias pelo PSD no II QCA)».

ÉVORA PS critica autarcas

A Comissão Política Concelhia de Évora do PS acusou no dia 20 Carmelo Aires e AbílioFernandes, vereador e presidente da Câmara local, respectivamente, de prestarem um«péssimo serviço» à democracia e ao Poder Local.Em comunicado assinado pelo presidente da concelhia, camarada Domingos Cordeiro,o PS/Évora considera que, na conferência de Imprensa em que Carmelo Aires anuncioua sua demissão de militante do PSD, foram misturadas questões partidárias com questõesautárquicas.

Promiscuidade

«Em papel timbrado da Câmara Municipal de Évora e em nome desta, o respectivopresidente, eleito pela CDU, Abílio Fernandes, convocou uma conferência de Imprensano Salão Nobre dos Paços do Concelho», recordam os socialistas no comunicado.Os socialistas de Évora acrescentam que a reunião com a Comunicação Social serviupara que Carmelo Aires comunicasse que abandonava o PSD.O vereador eleito pelo PSD na Câmara de Évora, Carmelo Aires, tornou pública a decisãode abandonar o partido em que militava desde 1974, e de manter o cargo de vereador,passando a independente, o que, há que convir, do ponto de vista ético é uma atitude amerecer reprovação.A conferência de Imprensa serviu igualmente para Carmelo Aires (qual será a ideologiadeste autarca?) fazer o balanço de dois anos de mandato.Nas autárquicas de 1997, a CDU foi o partido mais votado e conquistou três lugares noexecutivo. O PS elegeu três vereadores e o PSD um.

O Secretariado Concelhio da JS de Ourém reunido no dia 29 de Janeiro deliberou, porunanimidade, «manifestar o seu total apoio à candidatura de António Gameiro para apresidência da Comissão Política Concelhia do PS/Ourém».Para os jovens socialistas, «o aparecimento de uma só lista, liderada pelo camaradaAntónio Gameiro, demonstra que o Partido está unido em redor do candidato e do principalobjectivo político do PS/Ourém, vencer as autárquicas de 2001».

Renovação na continuidade

A JS/Ourém refere ainda que «a candidatura do camarada António Gameiro é umarenovação na continuidade do trabalho realizado ao longo dos últimos anos por PauloFonseca».

OURÉM JS apoia Gameiro

Guterres e Lamegono Congresso da IUSY

O camarada António Guterres,secretário-geral do PS epresidente da InternacionalSocialista, acompanhado docamarada José Lamego,secretário Internacional do PS,esteve presente no Congressoda IUSY, em Hamburgo,Alemanha, que decorreu de 27a 30 de Janeiro.No dia 29, sábado, o presidenteda Internacional Socialista fezuma intervenção sobre o«Futuro do Socialismo».

Camarada Galamba no FunchalO camarada António Galamba, secretárionacional para a Organização e membro doSecretariado e Comissão Permanente do PS,deslocou-se no passado domingo, dia 30, aoFunchal, onde teve uma reunião de trabalhocom a Comissão Permanente do PS/Madeira.Numa altura em que o PS/Madeira é cada vezmais uma alternativa credível à gestão populistae autoritário de Alberto João Jardim, a visita docamarada António Galamba surge como umimpulso importante ao trabalho realizado pelossocialistas madeirenses em condiçõesparticularmente difíceis num arquipélago ondeo défice democrático é ainda uma realidade.

ACÇÃO SOCIALISTA 16 3 FEVEREIRO 2000

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

ENERGIA: UM SECTOR ESTRATÉGICO

EDP Iglésias Costal

lgumas reflexões: o planeta vivecom recrudescimento degrandes problemas de tipologiaeconómica, social, ambiental,

sendo de salientar as grandes distorçõesentre regiões no âmbito social e ao nível dasobrevivência humana e também ao nívelda sobrevivência das espécies animal evegetal. A irreversibilidade das matérias-primas, da qualidade da camada grosa edas águas, são preocupações a ter emconta. É também neste contexto que ireiabordar a EDP, empresa de grandesrecursos e de enorme importância, para acomunidade no seu desenvolvimento.Abordar os problemas energéticos de umamaneira simplista e não abrangente nãoserve os propósitos de ninguém e muitomenos de um país. A EDP não pode servista, em minha opinião, num contextoapenas económico.Portugal é um país de recursoslimitadíssimos em matérias-primas, peloque a dispersão de esforços tornará maispesada a factura da sobrevivência.Hoje 2+2 não são 4, mas sim 5. Temos quefavorecer as sinergias, só assimconseguiremos ultrapassar o fosso dodesenvolvimento relativamente à UniãoEuropeia. Favorecer energias implica que,com inteligência, escolhamos os meios aodispor para resolvermos o atrofiamento noque concerne à área produtiva em que seencontra o nosso país. Não é por privativare só por isso que se vai modificar todo oprocesso de produção. Portugal, antes do25 de Abril, era o país com menos estruturaspúblicas da Europa ocidental e da OCDEao lado do Japão e Portugal era o maisatrasado da Europa. Depois da revoluçãode Abril foram nacionalizadas muitasempresas e não foi por isso que deixámosde ser os mais atrasados da Europa doQuinze. Curiosamente, países como osnórdicos que têm um sector estatal dedimensões razoáveis são os primeiros emdesenvolvimento económico, emdistribuição da riqueza, não só emprestações sociais como remuneratórias.Afinal o que está mal não é o sistema emmoda, mas sim a incompetência que segeneralizou, bem como os métodos degestão e dos recursos humanos incorrectos.Os portugueses têm vindo a sentir essamesa incompetência ao longo dos anos.O despesismo, a desmotivação induzida nomundo do trabalho, a desmoralização dosmeios imateriais, são factores a considerarna apatia generalizada dos recursos. Onosso maior potencial está precisamente namulher e no homem, mas em Portugaldesperdiça-se esse mesmo potencial.É interligando o país, a empresa e o socialque se proposita a reestruturação do sectorda EDP. Só assim se poderá conceber o quemelhor serve Portugal.A EDP formou-se a partir de muitasempresas e autarquias. Houve umaconcentração de energias que conseguiuelectrificar este país.Quem ligar o quadro sinóptico de Portugal,

relativamente à electricidade distribuída, vêa diferença entre 1976 e 1999. Foram 23anos de trabalho do sector público que serealizou em situações por vezes muitodifíceis, mas que a EDP e os seustrabalhadores se podem orgulhar de terconseguido uma das infra-estruturas quese pode considerar estratégica para odesenvolvimento de Portugal. Foi semdúvida o trabalho de todos os funcionáriosdesta empresa que garantiu e garante oabastecimento de electricidade em pontosdo território que poucos ousariam imaginarque viesse acontecer. Cerca de 97 por centodo território nacional está mal electrificado.Em outros sectores, como o saneamentobásico, os país tem atrasos, portanto oesforço público não concentrado e privadonão conseguiram resolver problemas daqualidade de vida das populações.Os portugueses querem viver melhor e porisso é necessário reformular mentalidades,no que concerne ao saber e como fazernum novo quadro internacional globalizante.Está na altura de sermos os protagonistasdo desenvolvimento acelerado esustentado, está na altura de identificarmose corrigir as atitudes para maisconvenientemente ajustarmos as políticasdo desenvolvimento ao país, também estána altura de deixarmos interesses pessoaispara passarmos a ter objectivos colectivosnão colectivistas.Temos que garantir aos portugueses maise melhores valores de solidariedadeefectiva, é com este vínculo que se deverãoperspectivar as reestruturas no sector econsequentemente na EDP. Não podemosesquecer que a EDP ajudou por intermédiodos seus colaboradores a desenvolver asregiões mais esquecidas no plano cultural,socioprofissional, económico e ambiental.Hoje a EDP encontra-se no plano europeunas primeiras empresas em dimensões eno plano mundial em 249º lugares nas 1000maiores empresas do planeta.A Europa caminha para o mercado abertoe potencial em factores humanos e decapital. Este mercado, de 370 milhões depotenciais consumidores, é aberto e comelevada concorrência, mas há sectores quedificilmente entrarão em concorrência só por

si. Como o da electricidade. A concorrênciapoderá aparecer com energias alternativas,como por exemplo o gás natural.Um consumidor que tenha as duasalternativas possivelmente consumiráaquela que for acessível em custos. Aí aEDP irá ter concorrência. Para competir teráque haver meios de gestão eficientes quegarantirão elevados níveis de venda apreços ajustados à realidade do mercado.A partir daqui pode-se desenhar outro tipode atitudes e comportamentos na gestãoda EDP. A análise do valor é uma ferramentade gestão a ter em conta em todos ospatamares de gestão.A estrutura do consumo de energia emPortugal é das mais dependentes da Europados Quinze, com 80 por cento para opetróleo, 15 por cento para o carvão, donde98 por cento da energia consumida éimportada, juntando a isto um dos preçosmais elevados da União Europeia em preço/kw, tanto em uso doméstico como industrial.Neste momento o esforço de contenção eesmagamento do preço começa a verificar-se para níveis que nos aproximarão damédia da UE, traduzindo-se na indústria embenefícios competitivos.Sem dúvida tem que haver correcções àtipologia de estruturas de consensos,contando com a entrada do gás natural, emPortugal, e com todas as possíveisalternativas conhecidas que se deverãodesenvolver.Considerando os vários contextos serárazoável opinar que o grupo EDP tempotencialidades para o objectivo cometido,o que implica uma reestruturação dagestão, meios técnicos e planeamentoestratégico dinâmico efectivo, de forma quea população servida pela empresa paguea energia eléctrica e preços ajustados aopoder de compra, com garantia dequalidade de serviço oferecido e compreocupações ambientais.Não podemos esquecer que Portugal é opaís da Europa dos Quinze que consomepor habitante e por cliente menosquantidade de energia e de electricidade;por isso torna-se necessário reflectir com odevido tempo, qual a melhor forma (custos,meios e benefícios) a propor aos

portugueses, o sector eléctrico maisconveniente.Gostaria de salientar a importância dosrecursos humanos na EDP e também nopaís como estratégia para o seudesenvolvimento.Sem dúvida, de uma forma global, a gestãodessa riqueza nacional, é ,mal gerida.Portugal tem cerca de 9 milhões dehabitantes com formação escolar quase aonível da instrução primária, dos quais, cercade 1/3 são analfabetos, os restantes 1milhão tem formação que vai até àuniversidade, nos quais também háanalfabetismo do tipo funcional. Nestecontexto, é necessário reformular todapolítica de gestão deste tipo de recursosnão se pode admitir que hajadiscriminações no acesso à formação tantooficial como profissional.Não é também admissível que hajaprofissionais que gastaram ao erário públicomuitos milhares de contos em escolassuperiores e que sejam compelidos muitasvezes a exercerem funções que nada têma ver com as suas habilitações académicas,o que de facto é negativo, além dasprateleiras para os que incomodam nasvárias vertentes e em todos os níveisprofissionais. Devemos ter presente esteproblemática porque ela é decisiva para odesenvolvimento de Portugal. Também, énecessário dar oportunidades a todos ostrabalhadores de chegarem a lugarescimeiros dentro da estrutura empresarial,independentemente da uma formaçãoacadémica. Na Alemanha país de grandedesenvolvimento económico mais demetade dos decisores económicos nãopassou pelo ensino superior. Temos quechamar a revolução das mentalidades.Em Portugal pouco se tem feito no campoda investigação, o que nos coloca numasituação de atraso relativamente à Europaprejudicando o nosso valor acrescentadosustentado. Não se pode aceitar que tantafalta de técnicos se desperdicem e sesubaproveitem inteligências para ainvestigação e em outras áreas produtivasde bens e serviços.A problemática dos recursos humanos põeem causa todo o desenvolvimento de umpaís, nos planos de produção da riquezabem como do discernimento e na formaçãoda opinião pública. È necessário massacrítica em toda a população para geraropinião nacional.Entendo que o sector energético deve serdebatido de uma forma participativa comogerador de qualidade de vida dosportugueses. Será necessária a adesão,para a implementação de medidasadequadas à reestruturação do sector e emparticular à electricidade.A abordagem e a análise desta tipologia dequestões, técnico-económicas deverá seracompanhada pela vertente sociológica eepistemológica, como forma abrangente desolução, num mundo global, em mutaçãoconstante.E-mail [email protected]

A

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA17

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

JULGUEM-NO POR FAVOR!PINOCHET Eduardo Barroso

o fazer «zapping» pelos cercade 40 canais que, actualmente,me proporciona a TvCabo,acabei por ver pela 40ª ou 50ª

vez o f inal do f i lme «Missing» (oDesaparecido), de Costa Gravas,passado no Chi le na épocaimediatamente a seguir ao golpe militar,desencadeado por Pinochet e os seuslacaios. A história verídica relata o dramade um pai americano (Jack Lemon),abastado comerciante e apoiante doPartido Republicano, que vai à procura doseu filho jornalista, simpatizante do regimede Salvador Allende, que desapareceralogo após o golpe. A odisseia desse pai,que não podia acreditar que o seu filhopudesse ter sido assassinado, é o retratovivo do que foi o desrespeito pelos direitoshumanos no Chi le de Pinochet. Nodecorrer do filme fica-se a perceber aprofunda cumplicidade das autoridadesamericanas com os golpistas, o papel quea CIA desempenhou no apoio àsatrocidades que se seguiram. Os auto-int i tulados maiores baluartes dademocracia e grandes defensores dosdireitos humanos, em todo o mundo, nãohesitaram por interesses económicos egeostratégicos apoiar o derrube de umgoverno que, aprecie-se ou não, tinhachegado ao poder pela força dos votos.O jovem jornalista americano que foiapenas uma das milhares de vítimas darepressão brutal que se instalou nasociedade chilena, serviu de protesto paraum dos mais violentos libelos contra o quePinochet representou nesses anosnegros. Jack Lemon estava longe de serum apoiante ou sequer simpatizante dosideais que levaram Salvador Allende aopoder.O que o levou ao Chile foi apenas o desejoe a esperança de encontrar o seu filhodesaparecido e de o trazer de volta paracasa. Independentemente de não partilharseguramente as ideias do filho, ele nãopodia compreender como é que o seupróprio governo tinha podido ser cúmplicedas atrocidades que entretanto foitestemunhando na procura desesperadado seu ente querido.Tal como esse pai americano típico, foiperdendo aos poucos a esperança de oencontrar com vida, à medida que iapercebendo a dimensão da tragédia dedezenas de milhares de outros pais efamiliares que viviam os mesmos dramas.Famíl ias chi lenas inteiras foramperseguidas e dizimadas apenas porterem cometido o crime de acreditar nosvalores que Salvador Al lendepersonif icava. O próprio presidentechileno acabou por preferir morrer lutandopelos seus ideais, na defesa do paláciopresidencial que legit imamente edemocraticamente ocupava.Houve com certeza muitos responsáveispelos desaparecimentos e assassinatosque se seguiram ao golpe. Mas aqueleque mais o personificava e que em última

não é que o poder ver julgado o maiorassassino da era moderna chilena.Está velho, doente e cansado? Não meinteressa. Está vivo e lúcido e merece,para alívio daqueles que defenderam ovalor da vida humana e dos seus direitos,um julgamento exemplar. A televisãoportuguesa devia passar urgentementeeste filme admirável de Costa Gravas, quepor acaso revi há dois dias. E devia, aseguir ao mesmo, promover um amplodebate sobre todas as atrocidades queentão se cometeram. Era a melhormaneira do o julgarmos.In «DNA»

análise foi o maior responsável foi ogeneral Pinochet que actualmente seencontra em regime de prisão domiciliáriaalgures em Londres. É agora um velho de83 anos, doente e cansado, que poriniciativa de um juiz espanhol, aguarda adecisão de ser ou não extraditado paraEspanha a fim de ser julgado por partedos seus crimes. Tudo leva a crer que aforça dos seus aliados de então, e a máconsciência de muitos conservadoresbritânicos, em particular a sua grandealiada Margaret Thatcher, consigam evitara sua extradição para Espanha.Para grande alívio do governo espanhol e

dos seus grandes interesses económicosnaquele país da América do Sul. Assim,como para alívio daqueles que no Kosovo,no Kuwait e em muitas outras partes domundo, não hesitaram em fazer a guerrapara defender e salvaguardar os direitoshumanos.Para os milhares de chilenos que foramvítimas impotentes da barbárie de Pinochete que ainda não viram reparadas as suasperdas, este exemplo de hipocrisiamundial não pode deixar de ser mais umaderrota incompreensível e desumana.Compreendendo o seu desespero e o seudesejo de justiça. Uma justiça que mais

A

ACÇÃO SOCIALISTA 18 3 FEVEREIRO 2000

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

INEFICIÊNCIA E PARTIDARIZAÇÃOEM VEZ DE COMPETIÇÃO

O ESPLENDOR DO PSD

SAÚDE João Nóbrega

s problemas que mais tempoocupam os órgãos de gestãodos hospitais são os dopessoal.

A agenda decisória afoga-se neste tipo deproblemas pois não se preocupa com aprocura que é certa e ainda menos com aqualidade da oferta. Ninguém, até aomomento, se preocupou efectivamente comum sistema em que não existe competição.Por muito que custe ouvir isto é contudoverdade que é muito mais barato, nos termosactuais, não tratar um doente que o tratá-lo.Ninguém assume, consequentemente, quetratar tardiamente desde o cancro até à gripe,é efectivamente muitíssimo mais caro. Alémdisso, não sendo o doente o centro dosistema, servem-se outros interessesclientelares ou mesmo pessoais.Sem se centrar o sistema ao utente, tomam-se as mais variadas decisões, sem se mediras implicações com a humanização dosistema. Veja-se, por exemplo, quantasportas estão fechadas com argumentos desegurança, obrigando os doentes a longose confusos trajectos nos corredoreshospitalares. Quantos responsáveishospitalares já pensaram na dificuldade deencontrar um serviço, apesar das setas ousinais de cores que até orientam paraserviços que, às vezes, já mudaram de

localização? Pode ser uma gota de água, nãoduvido, mas que a gota enche o copo aprimeira ou a última?Importa, no modelo actual, impor regras,muitas vezes ininteligíveis, ao utente queapenas quer ter acesso ao local deatendimento. Mas no sistema, se houverclínica privada, comparem as regras edescobrirão que para esta tudo é mais fácil.A competição existe mas neste caso entreduas formas de clínica privada, aquela em

que se utilizam os recursos hospitalares e aoutra sem os recursos do SNS.Há que haver competição mas entre o queo SNS oferece e o que é oferecido porempresas privadas. Competir com o recursoaos meios do SNS não me parece nem justonem saudável para a nossa economia.Mas no SNS temos baixa produtividade equalidade, bem como secundarização doutente por excessiva centralização que otorna vulnerável a uma partidarização

POLÍTICA Edite Estrela

que se está a passar com omaior partido da oposição traz-me à memória o excelente livrode António Lobo Antunes «O

Esplendor de Portugal».Na literatura, como na política e na vida, épossível encontrar famílias em completadesagregação, onde cada membro,carregando culpas e fantasmas,acumulando raivas e ódios, desenvolvendovaidades e obsessões, vai contribuindopara o desentendimento geral que a todosconduzirá de desencontro em desencontroaté à deriva total.Na ficção como na realidade, asdesavenças não surgem do nada e derepente e nem são idênticas as motivaçõesde cada um. Regra geral, emergem edesenvolvem-se em momentosparticularmente crít icos, de grandesdificuldades, em contextos que o povo, nasua sabedoria, costuma resumir à máxima:«casa onde não há pão todos ralham eninguém tem razão.» A metáfora do pão asignif icar necessidade vital para asobrevivência do todo ou das partes. Ora,para o PSD o que mais faz falta é o poder,

tanto como o pão para o faminto que já foirico. O desejo de aceder ao poder é a forçaque move as diferentes facções do«pêpêdê» e do «pêessedê». Para oconquistar, os sociais-democratas estãodispostos a dar o dito por não dito, ir areboque de quem lhes acene com oparaíso perdido, mesmo que sejamobrigados a engolir sapos e lagartos. E selhes provarem que só se aliando ao «diabo»e mudando novamente de líder terãoalguma hipótese de aumentar o poder quedetêm, acredito que não hesitarão perantetais minudências.Mas enquanto não encontram a fórmulasalvífica, todos «ralham» e não se sabe sealguém tem razão. Como diz um amigomeu, ninguém se entende e ninguém osentende. E justifica: «Se Capucho já seatreve a discordar de Barroso e a apoiarMarques Mendes que, por seu turno, écriticado por Pacheco e por SantanaLopes, internos inimigos, é porque odesnorte é grande.»Diariamente aparecem potenciaiscandidatos à l iderança do partido edesaparecem possíveis candidatos à

Presidência da República. Sucedem-se ascríticas e recriminações de parte a parte eos mais mediáticos interessados emqualquer coisa desdobram-se emdeclarações.Santana Lopes deixa implícito queMarques Mendes não tem perfil paraaspirar à liderança do partido, tal como eleconfessa não ter para ministro daAgricultura. Mendes recomenda-lhe querespeite as pessoas se quer ser levado asério. Perante o «triste espectáculo» quedão ao país, Luís Menezes pede-lhes que«ganhem juízo» e que «se organizem». Nãosei se foi para corresponder ao apelo deorganização vindo do Norte, que Vieira deCarvalho vem confirmar que sim senhorsempre é candidato a candidato. E logo oagora deputado com mandato suspensona Figueira mandou entregar à direcçãodo partido as 3000 assinaturas queobrigam o congresso extraordinário adiscutir os estatutos. E se os congressistasaprovarem as «directas», então sim, eleserá candidato à liderança.Durão Barroso parece um líder acossado.Nunca teve chama nem rasgo, mas agora

aparece macilento e atordoado, sem ideiase sem rumo. E o pior, na actual conjuntura,é que não tem estratégia nem candidatopara as eleições presidenciais. E podia tertudo isso. Aliás, tinha a obrigação de terambas as coisas. Foi um erro depalmatória não ter agarrado desde o inícioa disponibilidade de Pinto Balsemão. Teriasido o seu seguro de vida política. Agora,parece que é tarde. Os erros políticospagam-se caro e Barroso tem cometidomuitos e pago alguns. Como é do géneroorgulhoso mas hesitante, começa por falargrosso para depois ceder em toda a linha.Não queria convocar um congressoextraordinário e é obrigado a fazê-lo. Nãoquer ouvir falar de candidatos àspresidenciais e não se fala de outra coisa.E se não for capaz de tirar um candidatocredível da cartola, não lhe resta outrasaída senão candidatar-se ele próprio. É avida!O certo é que com esta telenovela, ossociais-democratas têm tempo de antenaassegurado durante os seis meses dapresidência portuguesa.In «Expresso»

O

inaceitável.Precisamos de soluções inovadoras eflexíveis, com clara separação entreprestador e financiador, com competiçãosaudável entre o público e o privado, em queo doente tenha voz activa e que em vez daburocracia seja o dinheiro a seguir osdoentes.O SNS tem um conjunto de propostas nestesentido. A Tutela, em boa hora o propôs àdiscussão, melhoremo-lo. Saibamos estarcom as boas propostas separando desdejá o trigo do joio.Sem aplicação de gestão pela qualidade totale mudança na gestão nunca mais se saideste círculo demoníaco, em que os baixossalários justificam todas as tropelias com asaúde de cada um de nós, pagadores deimpostos.Sem instrumentos para melhoria continuadae sustentada da qualidade, nunca vamosconseguir que a partilha, a participação e atransparência possam ser valores queajudem a edificar um SNS e pior aindaconduzem a prazo mais ou menos curto àsua destruição.Saibamos ser solidários.Tenhamos lucidez de lutar pela igualdade deoportunidades de todos e não apenas dosmais cultos, mais informados, mais ricos oucom melhores amigos.

O

3 FEVEREIRO 2000 ACÇÃO SOCIALISTA19

CULTURA & DESPORTO

QUE SE PASSA Mary Rodrigues SUGESTÃO

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

Golfe em Albufeira

Piedade Vieira expõe as suas esculturasem madeira, na Galeria de Arte PintorSamora Barros, a partir de amanhã e atéao dia 20.A mostra poderá ser visitada diariamente,entre as 10 e 30 e as 17 horas, encerrandoaos domingos e feriados.O colóquio «José Saramago: Percursos deEscrita», a proferir por Ana Paula Arnaut,realiza-se no dia 5, pelas 15 horas, noAuditório Municipal.O primeiro torneio de golfe amador doVilamoura Marinotel disputa-se, a partir desábado e até ao dia 12, em vários camposdo Algarve, na modalidade de Stableford.Com a designação de «1st Amateur GolfStars Week 2000», o torneio vai ser jogadoem 18 buracos nos campos de golfe deVila Sol, Pinhal, Old Course (todos emVilamoura) e Salgados, no concelho deAlbufeira.

Concerto em Amarante

Numa organização da autarquia local,decorre no próximo sábado, dia 5, às 21 e30, na Igreja do Mosteiro de São Gonçalo,um concerto a cargo da Orquestra doNorte, com direcção do maestro HenriqueBátiz, e tendo como solista a violinistaLeticia Munoz.O programa deste espectáculo incluicomposições de Mozart, Saint-Saens eMendelssohn.

Teatro em Braga

A partir de hoje e até ao dia 12 o EspaçoAlternativo acolhe a peça «AconteceuAmanhã», de Dario Fo (Prémio Nobel daLiteratura em 1997) e Franca Rame,interpretado pela actriz Júlia Correia.«Aconteceu Amanhã» tem tradução deRegina Guimarães, encenação de Rogériode Carvalho, direcção plástica de MouraPinheiro e banda sonora original deFrederico Serrano.

Artes Plásticas em Coimbra

«O Cinema e o Valor da Fraternidade» é onome do ciclo organizado e exibido pelaCasa Municipal da Cultura que hoje, às 15e 30, convida a (re)ver um grande sucessode Ridley Scott: «Thelma e Louise».O agrupamento Ensaio Vocal canta ChicoBuarque, hoje, no Café Concerto, pelas 22horasAté sábado terá oportunidade de apreciara exposição da artista plástica CéliaMachado, intitulada «A Solidão comoSecreta Soberania», patente na Factum �Galeria de Arte.

Cinema em Faro

A partir de amanhã e até ao dia 10, oCinema Santo António exibe o filme «O

Coleccionador de Ossos», uma estreianacional.O épico de Luc Besson, com Milla Jovoviche Dustin Hoffman, «Joana D�Arc», é asugestão apresentada para o mesmoperíodo pelo Cinema Golden City.A comemoração dos 75 anos da primeiraviagem aérea entre Lisboa e Macau passapor uma exposição patente no Museu doAr � Conservatório Regional do Algarve,aberta ao público até ao domingo, dia 13.

Milénio em Guimarães

A autarquia guimaranense promove, apartir deste sábado e até ao dia 4 de Março,o Festival de Inverno, uma iniciativa inseridano âmbito do Festival do Milénio,organizado para dar a conhecer iniciativasinéditas ligadas a áreas tão diversificadascomo a música, o teatro, as artes plásticas,a etnografia, o desporto, o cinema e aleitura, assim como potenciar as edições2000 dos eventos já habituais na cidade.

Ópera em Lisboa

O reconhecido pianista Sequeira Costainterpreta, amanhã, pelas 19 horas, noGrande Auditório da Fundação CalousteGulbenkian, obras de Bach, Beethoven,Chopin, Ravel e Strauss.A ópera «Lucia Di Lammermmor», deGaetano Donizetti, estreia no palco doTeatro Nacional de São Carlos no próximosábado, dia 5, quando passam dezoitoanos desde a sua última representação emLisboa.A obra de Donizetti sobe à cena numaprodução original da Ópera de Zurique,estando a direcção musical a cargo dePaolo Arrivabeni, com encenação docanadiano Robert Carsen.Em palco, a cantar os amores e desamoresde Lucia e Edgardo, vão estar Sumi Ju e oportuguês José Brios e, para contrariar oromance do par enamorado, José Fardilhaencarnará Enrico, o irmão materialista deLucia.«O Erro Humano» é o nome da peça que oTeatro da Comuna leva ao palco, até ao

dia 13, na Sala das Novas TendênciasCénicas.O espectáculo, encenado por JoséCarretas, pode ser visto de quinta asábado, às 21 e 30 e domingo pelas 17horas.A Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Corodo São Carlos completam o elenco emcartaz desta «Lucia Di Lammermmor», quedata de 1835.

«Abecedário» no Porto,

O Auditório Nacional Carlos Albertoapresenta, de 5 a 13 de Fevereiro, aprodução «Abecedário», do grupo As boasraparigas vão para o céu, as más para todoo lado.O espectáculo, com encenação deRogério de Carvalho, é composto portextos de Heiner Muller, que a companhiaencenadora considera um dos «maisaclamados, influentes e controversos»escritores de teatro europeu.A comemorar 102 anos de existência, oAuditório Nacional Carlos Alberto (ANCA),tem patente desde o dia 20 de Janeiro ainstalação/performance «O Lado Belo daVida», do grupo de artistas plásticos 110W.A instalação está aberta gratuitamente aopúblico todos os dias até ao dia 13.

Teatro virtual em Sintra

O sistema de visão mágica � Teatro Virtual«Os Portugueses no Japão do Século XVI»,situado no interior do Parque da Liberdade,na Volta do Duche, encontra-se já abertoao público.Recorde-se que este equipamento esteveem exibição no Pavilhão do Japão, durantea Expo�98, e permite que o público visioneos primórdios do intercâmbio cultural entreos dois povos.Durante o Inverno, o espectáculo poderáser apreciado diariamente entre as 10horas e as 12 e 30, ou das 14 às 16 horas,encerrando às segundas e terças-feiras. Asvisitas carecem de pré-marcaçãotelefónica (21-9106434).

Palavras que nos ficam da usura dos dias

POESIA SONORA7 de Fevereiro

Américo Rodrigues – poesia e vozGregg Moore – tuba e trombone

ROBYN ROWLAND(declamada pelo próprio)

9 de Fevereiro

Café Teatro - Coimbra, 22 horas

NEFERTITIA ópera «Nefertit i» chegou àmetrópole alfacinha na passadasexta-feira, dia 28 de Janeiro,inaugurando a nova temporadada companhia do TeatroNacional D. Maria II.No entanto, os pr imeirosespectáculos da temporada sãofruto de uma co-produção como Inatel, sendo apresentados noTeatro da Tr indade, onde amega-produção permaneceráaté 19.A ópera-teatro «Nefertiti», daautoria de José Júlio Lopes eLuís Carmelo, é um projectomultimédia interactivo que contaa história da infidelidade de umamulher poderosa que não cedeua razões políticas e sociais parase manter fiel à nova paixão.Conhecida como um símbolo dabeleza feminina, Nefertiti, mulherdo faraó egípcio Ahkenaton,viveu um dos reinados maisimportantes da histór ia doEgipto, a partir do qual se podetraçar a génese das religiõesmonoteístas modernas,sobretudo pela f igura deMoisés.Para os apreciadores do grandee completo espectáculo queconstitui uma ópera, mas quetambém se apaixonam porrecriações de épocas históricasricas em legados e fantasias,«Nefertiti» é, simplesmente, umconvite demasiado tentadorpara resistir.Não perca!

A vida

Povo sem outro nome à flor do seudestino;

Povo substantivo masculino,Seara humana à mesma intensa luz;Povo vasco, andaluz,Galego, asturiano,Catalão, português:O caminho é saibroso e franciscanoDo berço à sepultura;Mas a grande aventuraNão é rasgar os pésE chegar morto ao fim;É, nunca, por nenhuma razão,Descrer do chãoDuro e ruim!

Miguel TorgaIn «Poemas Ibéricos»

ACÇÃO SOCIALISTA 20 3 FEVEREIRO 2000

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaÓrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé Raimundo

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Imprinter, Rua Sacadura Cabral 26,Dafundo1495 Lisboa Distribuição Vasp, Sociedade deTransportes e Distribuições, Lda., Complexo CREL,Bela Vista, Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

6ª FILA Manuel dos Santos

Nome

Morada

Localidade

Código Postal

ContinenteRegiões AutónomasMacauEuropaResto do Mundo

1.650$2.400$4.600$5.500$8.500$

3.250$4.600$9.100$

10.800$16.600$

6 MESES 26 NÚMEROS 12 MESES 52 NÚMEROSASSINATURAS

O valor das assinaturas de apoio é livremente fixado pelosassinantes a partir dos valores indicados

Nome

Morada

Localidade

Código Postal

ContinenteRegiões AutónomasMacauEuropaResto do Mundo

500$700$

1.300$1.500$2.300$

800$1.200$2.400$2.900$4.400$

6 MESES 2 NÚMEROS 12 MESES 4 NÚMEROSASSINATURAS

O valor das assinaturas de apoio é livremente fixado pelosassinantes a partir dos valores indicados.

Por favor remetereste cupão para:Portugal SocialistaAvenida das Descobertas 17Restelo1400 Lisboa

Quero ser assinante do PortugalSocialista na modalidade que indico.Envio junto o valor da assinatura.

Cheque Vale de correio

6 meses 12 meses

Valor $

Por favor remetereste cupão para:Acção SocialistaAvenida das Descobertas 17Restelo1400 Lisboa

Quero ser assinante do AcçãoSocialista na modalidade que indico.Envio junto o valor da assinatura.

Cheque Vale de correio

6 meses 12 meses

Valor $

SOC IAL ISTA

«Santana Lopes seria umacalamidade como líder e éinverosímil como primeiro-ministro»José António SaraivaExpresso, 29 de Janeiro

«Em nome do sacrossantomercado emergem monopólios eoligopólios que destroem a livreconcorrência»Alfredo BarrosoExpresso, 29 de Janeiro

«Se a cultura estiver condicionadaao mercado, isso representaráuma limitação enorme. O Estadodeve, como consequência, ter umpapel intervencionista firme,embora prudente»Manuel Maria CarrilhoVisão, 27 de Janeiro

«O mundo continua a girar, aeconomia global faz o seupercurso de colisão com osecossistemas terrestres, gerandocatástrofes ambientais, conferindosentido à falta de sentido da nossa�vidinha� consumista»Carlos CarrancaJornal de Coimbra, 27 de Janeiro

«Ninguém escreve como eu»António Lobo AntunesRevista «Pública», 30 de Janeiro

«Escrever protege-me do sofrimento»Idem, ibidem

«Tomara eu ter talento para serpoeta»Idem, ibidem

A EUROPA ACORDOU?construção progressiva evoluntarista da Europa tem sidouma realidade inquestionável.Assente em três pilares, a

integração europeia vai-se fazendosatisfatoriamente indiferente à desigualdimensão desses três níveis e àsdificuldades maiores ou menores que secolocam a cada um.É assim que o pilar económico e monetáriojá pôde conduzir-nos a um nível deintegração razoável bem expresso no factode a Europa ter (mesmo quando o cidadãocomum ainda não o percepciona) a suamoeda única � o euro.É assim também na área da justiça e dosassuntos internos, onde os progressosrecentes têm sido significativos, em boaparte por impulso do Comissário AntónioVitorino, estando mesmo no limiar daobtenção de um consenso sobre aformulação de uma Carta de DireitosFundamentais vinculativa para o espaço daUnião.É assim, na área da política externa e desegurança comum onde, finalmente, seobteve consenso sobre a nomeação dorespectivo responsável e paulatinamente,se vai deixando cair, tabu após tabu, os

obstáculos que ainda existem, e são fortes,à harmonização e integração de umapolítica de defesa comum e à definição deuma voz única representativa dosinteresses políticos da Europa.Quis, contudo, a história que a PresidênciaPortuguesa, para lá dos complexosobjectivos que se fixou a si própria e queseguramente a transformarão numa notávelrealização a favor da Europa, se vissecontemplada com mais um problemaessencial à própria natureza constitutiva daUnião.Refiro-me naturalmente à eventualidade de,no seu seio, vir a verificar-se, a curto prazo,a existência de um governo, o austríaco,assente numa coligação com umacomponente xenófoba, racista e anti-europeia.O teste que este desafio constitui éfacilmente compreensível. O Conselhopodia calar-se, valorizando o tacticismo e ainércia, eventualmente escudado noprincípio indiscutível da garantia da nãointerferência nos assuntos internos de cadamembro.O Conselho podia reagir enunciando umconjunto de preocupações, mas sobretudodefinindo um conjunto de medidas e

comportamentos que, sem pôr em causaaquele princípio, constituísse um alerta,uma pedagogia e uma orientação.O Presidente do Conselho Europeu, AntónioGuterres, não hesitou; desdobrou-se emcontactos e iniciativas e obteve uma posiçãocomum a 14, que independentemente dosseus resultados, a curto prazo, marcaráindelevelmente o futuro da Europa.Que assim é prova-o o facto de a COSAC(Conferência das Comissões de AssuntosEuropeus dos Parlamentos Nacionais e doParlamento Europeu) através da «troyka»reunida no passado dia 31 em Lisboa, soba Presidência do signatário, ter reflectidoesta mesma preocupação.Nesta reunião estiveram presentesrepresentantes de partidos socialistas econservadores e isso não pôs em causa aunanimidade da decisão, tal foi a força daconvicção manifestada.Foi acordado que a situação políticaaustríaca é preocupante porque existe apossibilidade de um partido xenófobo e deextrema-direita não democrática participarnuma coligação governamental.Quer dizer: A Europa acordou!E felizmente acordou na PresidênciaPortuguesa.

A