59
Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JIQUIRIÇÁ, RECÔNCAVO SUL DA BAHIA NATANAILDO BARBOSA FERNANDES ILHÉUS, BAHIA. 2008

NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO JIQUIRIÇÁ,

RECÔNCAVO SUL DA BAHIA

NATANAILDO BARBOSA FERNANDES

ILHÉUS, BAHIA.

2008

Page 2: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

NATANAILDO BARBOSA FERNANDES

CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO JIQUIRIÇÁ,

RECÔNCAVO SUL DA BAHIA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação emDesenvolvimento e Meio Ambiente, sub-programa UniversidadeEstadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção doítulo de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. t

ILHÉUS, BAHIA.

2008

Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental de BaciaHidrográfica.

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação emDesenvolvimento e Meio Ambiente, sub-programa UniversidadeEstadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção dotítulo de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental no TrópicoÚmido.

Page 3: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

NATANAILDO BARBOSA FERNANDES

CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO JIQUIRIÇÁ,

RECÔNCAVO SUL DA BAHIA

COMISSÃO EXAMINADORA Ilhéus – BA, 23/10/2008.

_______________________________________________

Prof. Dr. Maurício Santana Moreau UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz

Orientador

_______________________________________________ Prof. Dr. Dan Érico Lobão

CEPLAC - CEPEC Examinador Externo

_______________________________________________ Prof. Dr.Neylor Alves Calasans Rego

UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz Examinador Interno

Page 4: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

À minha mãe, Isabel Barbosa Fernandes, pelo amor, carinho e apoio dedicados

até hoje a mim, por ser a principal responsável pelo meu sucesso no plano

de vida pessoal e profissional e por me apoiar nas etapas mais difícies e

desafiadoras da minha vida;

Ao meu pai, Pedro Fernandes de Lima pelos ensinamentos de respeito,

conduta, ética, hombridade e postura moral durante toda a minha vida;

A minha amada Lívia, pelo amor e carinho dedicados a mim,

as minhas filhas Natanna e Nayanna, aos meus irmãos e a toda a minha

família, pela confiança, apoio e incentivo em todos os momentos desta

trajetória;

OFEREÇO

E

DEDICO.

Page 5: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

AGRADECIMENTOS

Ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente da Universidade Estadual de Santa Cruz e a Escola Agrotécnica

Federal de Santa Inês – BA, pela oportunidade concedida a mim para a

realização desse curso.

Ao Professor Dr. Maurício Santana Moreau pela amizade, orientações

concedidas e apoio incondicional, durante todas as fases dessa dissertação.

Ao Professor Dr. Neylor Alves Calasans Rego, pelo apoio e dedicação

para a realização desse curso.

Aos colegas do curso; Eliana, Elenildo, Jadson, Lícia, Marco, Nilton e Tito,

pelo companheirismo, solidariedade e presteza ao longo dessa caminhada de

convivência.

A professora Drª. Ana Maria Moreau, pela amizade e apoio durante

todas as etapas do curso.

A todos os Professores do curso: Programa Regional de Pós-graduação

em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Estadual de Santa

Cruz, pela amizade e ensinamentos.

Aos colegas; Abdon, Adriana, Carine, Clovis, Emmanuel e Nelson pelas

orientações e contribuições no início desta jornada.

Page 6: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

v

Capacidade de uso das terras da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, Recôncavo Sul da Bahia

RESUMO

A bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, localizada na região centro leste do Estado da Bahia, ocupa uma área de quase 7 mil km2, com características ambientais bastante diversificadas ao longo de toda a bacia hidrográfica. Devido à forma de ocupação e utilização dos recursos naturais, a bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá vem sofrendo crescente degradação dos seus recursos naturais, principalmente, pela utilização de manejos agropecuários inadequados. Por isso, esse trabalho foi desenvolvido no intuito de contribuir para mitigar os problemas ambientais e aumentar o conhecimento dos aspectos ambientais e da capacidade do uso dos solos da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá. Como metodologia, utilizou-se técnicas de geoprocessamento para delimitar a bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá a partir do modelo digital de elevação; caracterizou-se o ambiente da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá nos seus aspectos geomorfológicos, pedológicos, de clima e vegetação; identificaram-se as Áreas de Preservação Permanente da bacia hidrográifca; caracterizaram-se os aspectos socioeconômicos e elaborou-se o mapa de capacidade de uso das terras para fins agrícolas, com base na interação dos fatores ambientais caracterizados. Como resultado foi obtido um novo mapa político da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá baseado nos divisores de águas. Também foi observado que 58,18% da bacia hidrográfica encontram-se sob o clima semi-árido (BS) e 38, 50% sob o clima tropical com estação seca, fatores que contribuem para a limitação do uso das terras na bacia hidrográfica. Além disso, predominam em 75,80% da área, as classes de solo dos Latossolos Amarelos e Vermelho-Amarelos Distróficos (baixa fertilidade) e o uso da terra com pastagens extensivas e agricultura, ocupando 79,52% da área da bacia hidrográfica. Por causa desta interação solo, clima, geomorfologia e uso da terra, foram identificadas seis classes de capacidade de uso das terras e dez unidades de capacidade de uso das terras. A principal classe de capacidade de uso encontrada foi a classe II, que são terras cultiváveis com problemas simples de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos, ocupando 71,36% da área da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, indicando o grande potencial agrícola da área estudada. Palavras-chave: Aptidão agrícola, Vale do Jiquiriçá, adequação ambiental.

Page 7: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

vi

Capacity to use the land for Jiquiriçá basin river, Bahia southern Recôncavo

ABSTRACT

The basin of the Jiquiriçá river, located in the east of central region in the state of Bahia, occupies an area of nearly 7 thousand km2, with environmental characteristics very different throughout the basin. Due of the way of occupation and use of natural resources, the basin of the Jiquiriçá river has been suffering increasing degradation of its natural resources, mainly by the use of inappropriated agricultural management. Therefore, this study was conducted in order to mitigate environmental problems and increase awareness of environmental and land-use capacity of the basin of the Jiquiriçá river. As methodology was used techniques of GIS to delimit the basin of the Jiquiriçá river from the digital elevation model; characterized the environment of the river basin Jiquiriçá in their geomorphological features, soil, climate and vegetation;-identified Areas where the Permanent Preservation of the basin hidro; of them were drafted and socioeconomic aspects is the statement of ability to use the land for agricultural purposes, based on the interaction of environmental factors characterized. The result has been obtained by a new political map of the Jiquiriçá river basin based on dividing the waters. We also observed that 58,18% of the watershed are under the semi-arid region (BS) and 38,50% under the tropical climate with dry season, factors that contribute to limiting the use of land in the basin. Moreover, dominant in 75.80% of the area, the soil classes of Oxisols Yellow-Red and Yellow dystrophic (low fertility) and the use of land with extensive pasture and agriculture, occupying 79.52% of the area of the basin. Because of this interaction soil, climate, geomorphology and use of land, identified six classes of capacity for land use and ten units of capacity in use of land. The main class of capacity in use was found to Class II, which are arable land with simple problems of conservation and / or maintenance of improvements, occupying 71.36% of the area of the basin of the Jiquiriçá river, indicating the great potential of agriculture area. Keywords: Fitness agriculture, Jiquiriçá Valley, suitability environmental.

Page 8: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA........ 12

Figura 2 – Resumo da variação do tipo e da intensidade máxima de

uitilição das terras sem risco de erosão acelerada em função das

classes de capacidade de uso das terras..............................................

19

Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de

capacidade de uso das terras................................................................

20

Figura 4 – Mapa político da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA

apresentando o novo limite da bacia hidrográifica determinado

através do ArcGIS/SWAT......................................................................

22

Figura 5 – Distribuição dos diferentes climas que ocorrem na bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA...........................................................

23

Figura 6 – Mapa geomorfológico da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

– BA.......................................................................................................

24

Figura 7 – Mapa de Classes de altitude da bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá – BA.........................................................................................

26

Figura 8 – Mapa de classes de declividade da bacia hidrográfica do

rio Jiquiriçá – BA....................................................................................

26

Figura 9 – Mapa pedológico da bacia hidrográfica do rio Jiquriçá – BA 27

Figura 10 – Classes de uso da terra na bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá – BA.........................................................................................

30

Figura 11 – Mapa das Áreas de Preservação Permanentes sobre as

classes de uso da terra da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.......

32

Figura 12 – População urbana e rural nos anos de 1970 a 2007 na

bacia hidrográfica do rio Jiquriçá – BA...................................................

34

Figura 13 – Ocupação das terras na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

Page 9: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

viii

– BA....................................................................................................... 35

Figura 14 – Efetivo do rebanho bovino no período de 1990 a 2005 na

bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA..................................................

36

Figura 15 – Outras atividades de pecuária no período de 1990 a 2005

na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.............................................

36

Figura 16 – Principais produtos da Lavoura Temporária nos anos de

1990 a 2005 da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA........................

37

Figura 17 – Principais produtos da Lavoura Permanente nos anos de

1990 a 2005 da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA........................

38

Figura 18 – Mapa de capacidade de uso das terras na bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA........................................................... 39

Page 10: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição das classes gerais de solo em percentual na

bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA..................................................

29

Tabela 2 – Distribuição das classes de uso das terras em percentual

na bacia hidrográfica do rio Jiquriçá – BA..............................................

30

Tabela 3 – Área de Preservação Premanente da bacia hidrográfica

do rio Jiquiriçá estabelecida pela legislação e as áreas efetivamente

preservadas............................................................................................

32

Tabela 4 – Classes e unidades de uso das terras e seu percentuais

na bacia hidrográfica do rio Jiquirçá – BA..............................................

40

Page 11: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

x

SUMÁRIO

Página

Resumo..................................................................................................... v

ABSTRACT ................................................................................................. vi

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1

1.1. Objetivos ............................................................................................... 3

1.1.1 Geral ................................................................................................... 3

1.1.2. Específicos ......................................................................................... 3

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 4

2.1. Bacias Hidrográficas ............................................................................. 4

2.2. Impactos causados devido a modificações no uso da terra .................. 7

2.3 Capacidade de uso das terras para fins agrícolas ................................. 8

3. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................... 11

3.1. Bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá ....................................................... 11

4. METODOLOGIA .................................................................................... 13

4.1. Procedimentos Metodológicos ........................................................... 13

4.1.1. Delimitação da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá ............................ 13

4.1.2. Caracterização ambiental da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá....... 14

Page 12: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

xi

4.1.3. Caracterização socioeconômica dos municípios da bacia hidrográfica

do rio Jiquiriçá ............................................................................................ 15

4.1.4. Capacidade de uso das terras para fins agrícolas ........................... 16

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 21

5.1. Delimitação da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá ............................... 21

5.2. Caracterização ambiental da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá.......... 22

5.3. Caracterização socioeconômica dos municípios da bacia hidrográfica do

rio Jiquiriçá................................................................................................. 33

5.4. Capacidade de uso das terras da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá .. 39

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 44

Page 13: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

1

1. INTRODUÇÃO

A bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, localizada na região centro leste do

Estado da Bahia, ocupa uma área de quase 7 mil km2, com características climáticas

diversificadas. Ao longo do percurso do rio, da sua nascente até o encontro com o

mar são encontradas vegetações de caatinga sucedida por florestas remanescentes

da Mata Atlântica (Baixo Jiquiriçá), ambas bastante descaracterizadas pela ação

antrópica (GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, 1995).

A região de clima semi-árido, encontrada nas porções norte e noroeste da

bacia hidrográfica (Alto Jiquiriçá), exceto nas áreas de planalto, apresenta

distribuição pluviométrica irregular, com a maioria dos cursos d’água intermitente e

de caráter torrencial. A faixa de transição, entre os climas subúmidos e semi-árido

(Médio Jiquiriçá), é caracterizada por duas estações bem definidas: uma chuvosa e

outra seca. A região de clima tropical quente e úmido (Estuário do Jiquiriçá), sem

estação seca, também está presente na bacia hidrográfica, sendo caracterizada pela

predominância de espécies arbórea, arbustiva e de manguezais (GOVERNO DO

ESTADO DA BAHIA, 1995).

A bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá tem como base econômica a

agropecuária, sendo que a participação do comércio e indústria na economia local

ainda é pouco expressiva. A agricultura tradicional, predominante na maior parte da

Page 14: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

2

bacia, está voltada para os cultivos de subsistência, sendo praticada de forma

itinerante, com mão de obra familiar. A agricultura moderna com utilização intensiva

e indiscriminada de fertilizantes químicos e defensivos agrícolas desenvolve-se no

trecho superior da bacia, principalmente com o cultivo de maracujá, tomate e café. A

pecuária extensiva é uma atividade desenvolvida em toda a região, embora,

concentra - se mais na parte noroeste da bacia (clima semi-árido), onde as

pastagens são normalmente utilizadas de forma extensiva, com baixa produtividade.

Devido à forma de ocupação e utilização dos recursos naturais, a bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá vem sofrendo crescente desgaste dos seus recursos

naturais, principalmente, pela utilização de manejos agropecuários inadequados.

Observam-se também assentamentos urbanos sem planejamento e a prática do

desmatamento predatório, seguido de queimadas constante ao longo da bacia

hidrográfica. Além disso, o rio Jiquiriçá e alguns afluentes recebem elevadas cargas

poluentes das cidades que o atravessam, sendo também depositário de resíduos

sólidos provenientes das atividades urbanas e rurais (matadouros e subprodutos de

lavouras, principalmente, café).

Percebe-se que a falta de planejamento de uso e gestão das terras, seja pelo

desconhecimento, ou seja, pela necessidade imediatista dos agricultores, têm

promovido diversos impactos negativos ao meio ambiente, como é o caso da bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá, resultando em degradação ambiental e redução da

qualidade de vida da população. A conservação e utilização sustentável dos

recursos naturais, e até mesmo a recuperação de áreas degradadas, requerem

amplo conhecimento das suas características ambientais e dos efeitos negativos

causados por determinadas atividades antrópicas. Nesse sentido, o diagnóstico dos

elementos ambientais é uma excelente ferramenta na determinação de problemas

Page 15: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

3

de uso dos recursos naturais, os quais podem auxiliar no planejamento e gestão de

um determinado ambiente.

Por isso, este trabalho foi desenvolvido no intuito de contribuir com o

conhecimento dos aspectos ambientais e da capacidade do uso dos solos da bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá, utilizando de técnicas de geoprocessamento e visando

alertar para os diversos aspectos de degradação ambiental, causados pela utilização

dos recursos naturais sem um planejamento prévio ou determinação da capacidade

de suporte dos mesmos.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

Determinar a capacidade de uso das terras na bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá.

1.1.2. Objetivos Específicos

1.1.2.1. Utilizar técnicas de geoprocessamento para identificar o limite da bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá;

1.1.2.2. Caracterizar o ambiente da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá em seus

aspectos de clima, geomorfologia, solo e uso da terra/vegetação;

1.1.2.3. Caracterizar os aspectos socioeconômicos dos municípios da bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá;

1.1.2.4. Identificar Áreas de Preservação Permanente na bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá.

Page 16: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Bacias Hidrográficas

A bacia hidrográfica pode ser definida como unidade física, caracterizada

como uma área de terra drenada por um determinado curso d’água e limitada,

perifericamente, pelo chamado divisor de águas. Segundo Teixeira (2003), a

microbacia, do ponto de vista hidrológico, pode ser considerada como a menor

unidade da paisagem capaz de integrar todos os componentes relacionados com a

qualidade e disponibilidade de água como: atmosfera, vegetação natural, plantas

cultivadas, solos, rochas subjacentes, corpos d’água e paisagem circundante.

Ambientalmente, pode-se dizer que a bacia hidrográfica é a unidade ecossistêmica e

morfológica que melhor reflete os impactos das interferências antrópicas, tais como

a ocupação das terras com as atividades agrícolas (CUNHA e GUERRA, 1997).

A bacia hidrográfica deve ser utilizada como unidade básica para o

planejamento conservacionista, entretanto os trabalhos de manejo e conservação do

solo vêm sendo em grande parte, ainda hoje, realizados de maneira isolada, em

nível de propriedade. O planejamento conservacionista, levando em conta as

características da bacia hidrográfica, visa a um controle integrado da erosão do solo

Page 17: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

5

em toda a área que converge para uma mesma seção de deságüe (CALIJURI et

al.,1998).

Em alguns programas, a escala de bacia hidrográfica vem sendo adotada

como preferencial para o planejamento conservacionista e para a efetiva execução

de programas de controle de erosão e conservação de recursos hídricos. Exemplos

desta consagração são os Programas de Bacias Hidrográficas (BERTOLINI et al.,

1993).

Esses programas, principalmente aqueles implantados na região Sul do

Brasil, vêm servindo de referência e de exemplo internacional de sucesso de

agricultura conservacionista (BUSSCHER et al., 1996). Em regiões úmidas,

principalmente se o enfoque está relacionado a projetos conservacionistas, a

delimitação da bacia hidrográfica engloba a área de drenagem dos primeiros canais

fluviais de fluxo permanente, geralmente coincidindo com os afluentes de um rio

principal em nível regional.

No entanto, o conceito de bacia de drenagem como um sistema

hidrogeomorfológico é mais amplo e define a bacia de drenagem como uma área da

superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma

saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial. Definida desta forma, a

bacia de drenagem comporta diferentes escalas, desde uma bacia do porte daquela

drenada pelo rio Amazonas, até bacias com poucos metros quadrados que drenam

para a cabeceira de um pequeno canal erosivo (COELHO NETTO, 1994). Assim, a

delimitação nos Programas Conservacionistas é uma convenção consagrada pelo

uso e não um conceito hidrogeomorfológico fechado.

Em trabalhos de pesquisa, observa-se maior flexibilidade nos critérios de

delimitação das bacias de drenagem, muito mais vinculados aos objetivos do

Page 18: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

6

trabalho do que as definições e conceitos pré-estabelecidos. Alguns exemplos que

podem ser citados são os trabalhos de Hamlett et al. (1992), que utilizaram Sistemas

de Informações Geográficas para definir áreas potencialmente poluidoras, devido a

atividade agrícola na Pensilvânia, E. U. A., considerando áreas de drenagem de

milhares de hectares; ou o de Moldan & Cerny (1994), que consideram que a bacia

hidrográfica, visando a estudos biogeoquimicos, não deve ultrapassar 500 hectares.

O importante é que, o conceito adotado para a delimitação da bacia de

drenagem deve garantir que a área escolhida seja integradora de todos os

processos envolvidos no objetivo da análise e que apresente certo grau de

homogeneidade, de forma que estratégias, ações e conclusões gerais possam ser

estabelecidas para toda a área delimitada. No caso de programas conservacionistas,

o principal objetivo é o controle da erosão, que consiste no processo mais

diretamente relacionado com a perda de potencial produtivo das terras agrícolas e

com a degradação dos recursos hídricos (LAO, 1990).

As ações governamentais relacionadas ao manejo e conservação dos solos e

recursos hídricos são elaboradas nesta escala. Segundo Bertolini et al (1993), em

São Paulo, “através do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, os

governos Estadual e Municipal e as associações de agricultores estão iniciando um

trabalho visando a adequar o aumento da produção de alimentos para atender ao

consumo interno e gerar excedentes para o mercado externo, melhorando o padrão

de vida do agricultor e, ao mesmo tempo, utilizando de modo racional e integrado os

recursos naturais do solo, da água, flora e fauna”.

Da mesma forma, em outros Estados, como o Paraná, há Programas de

Microbacias Hidrográficas com resultados muito positivos, principalmente na

adequação do uso e manejo das terras de maneira a proporcionar um padrão

Page 19: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

7

agrícola economicamente viável e ambientalmente sustentável (BERTOLINI et al,

1993). Ainda segundo o mesmo autor, a bacia hidrográfica é considerada como área

de influência a partir da resolução nº 001/86 do CONAMA (Conselho Nacional do

Meio Ambiente), de 1981, passando a ser considerada como a área a ser analisada

no estudo de impacto ambiental.

2.2. Impactos causados devido a modificações no uso da terra

As principais causas de ameaças à qualidade ambiental em uma bacia

hidrográfica estão relacionadas às atividades não sustentáveis, com fins de lucro

imediato, que não computam os custos ambientais e sociais repassando-os a

terceiros. São gerados, assim, problemas ambientais diversos e interconectados que

deverão resultar em sérios prejuízos econômicos e sociais para a bacia hidrográfica.

Deve ser ressaltada, entretanto, a necessidade de serem identificadas as causas

imediatas, aquelas provenientes de ações localizadas na própria bacia hidrográfica,

e as causas mais distantes, mas não menos influentes, que provêm de ações

externas à mesma, mas modificam a sua dinâmica interna.

Os impactos de maior ocorrência em bacias hidrográficas estão associados

aos problemas de erosão dos solos, sedimentação de canais navegáveis,

enchentes, perda da qualidade de água e aumento do risco de extinção de

elementos da fauna e da flora. Dentro deste contexto, o estabelecimento de medidas

de controle e gerenciamento dos recursos naturais, através de um modelo de gestão

integrado e eficiente para responder a essas questões ambientais, torna-se uma

tarefa de grande importância.

Page 20: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

8

Este modelo deve estar fundamentado em considerações relacionadas à

gestão de bens comuns, como a água e a biota, que, embora presentes em

propriedades particulares, a decisão sobre o uso, consumo e destruição dos

mesmos não pode ser tomada unilateralmente, por afetar outros usuários. Esta

gestão deve exprimir a preocupação em assegurar a renovação da base dos

recursos naturais, num horizonte a longo prazo, com base no desenvolvimento de

uma consciência ambiental de todos os atores sociais envolvidos que integram com

a bacia hidrográfica.

Os solos, a água e a biota da unidade de gerenciamento da bacia

hidrográfica, são bens comuns e patrimônio da união, e, neste sentido, qualquer

atividade potencialmente causadora de danos ambientais nos mesmos, deverá ser

passível de controle. A legislação nacional e os tratados internacionais em relação

ao uso da água, solo e da biodiversidade necessitam ser conhecidos,

regulamentados, aplicados e respeitados em todos os níveis de governo, por meio

de um sistema de gerenciamento ágil e dinâmico, na perspectiva de impedir

quaisquer tendências de deterioração desses recursos naturais.

2.3. Capacidade de uso das terras para fins agrícolas

O homem quando explora os recursos naturais, sempre introduz mudanças

nos mesmos, para utilizá-los conforme suas necessidades. Essas mudanças

interferem no curso natural do ambiente, gerando desequilíbrio em graus variáveis.

É de fundamental importância os esforços para o planejamento territorial que

se baseie em estudos rigorosos do meio físico e de sua dinâmica evolutiva

(SANABRIA et al., 1996). Estes estudos devem ocupar um lugar de destaque nos

Page 21: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

9

programas de planejamento integral de desenvolvimento a fim de reduzir ou evitar

perdas sócio-econômicas e fazer disto um processo sustentado ao longo do tempo.

Neste sentido, considera-se a determinação das variáveis do meio-físico

levantadas por especialistas de diversas áreas o primeiro e imprescindível passo

para qualquer ação de planejamento (CÂMARA, 1993; BERTOLANI et al., 1997;

MOREIRA, 1997; SILVA et al., 1997).

A aplicabilidade do planejamento do uso das terras abrange vários níveis,

desde o da propriedade agrícola até o nacional. Nos âmbitos mais gerais como o

nacional ou regional, o planejamento permite identificar alternativas de

desenvolvimento, em função das necessidades e condições sócio-econômicas, já

em áreas específicas como microbacias hidrográficas e propriedades agrícolas, ele

provê subsídios para adequar as terras às várias modalidades de utilização

agrosilvopastoris (WEILL, 1990; LEPSCH et al., 1991).

Uma pronta identificação e conhecimento das condições potenciais de

desencadeamento e desenvolvimento de uma ameaça natural permitem o

planejamento, a tomada de decisão e o dimensionamento adequado visando a

prevenção e mitigação das condições de risco. Os riscos são diretamente

relacionados à exposição da paisagem, juntamente com as intervenções antrópicas,

a fenômenos naturais que por sua magnitude têm capacidade de produzir

deterioração do ambiente e perdas totais ou parciais dos bens (MOREIRA, 1997).

A avaliação das terras é uma ferramenta que permite o planejamento da

utilização dos recursos naturais. Segundo FAO (1976), citada por Weill (1990) a

avaliação das terras é: “o processo de estimar o desempenho (aptidão) da terra,

quando usada para propósitos específicos, envolvendo a execução e interpretação

de levantamentos e estudos das formas de relevo, solos, vegetação, clima e outros

Page 22: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

10

aspectos da terra, de modo a identificar e proceder à comparação dos tipos de usos

da terra mais promissores, em termos da aplicabilidade aos objetivos da avaliação”.

Utiliza-se o termo terra por ser um conceito mais amplo do que solo, terra

compreende todas as condições do ambiente físico, do qual o solo é apenas uma

parte (YOUNG, 1976 citado por WEILL, 1990)

No Brasil, de acordo com Weill (1990) e Marques (2000), os sistemas de

avaliação de terras, de utilização mais generalizada são: O sistema de capacidade

de uso adaptado da USDA, publicado em 4ª aproximação por Lespsch et al. (1991),

o sistema de aptidão agrícola FAO/Brasileiro, revisado e publicado recentemente por

Ramalho Filho e Beek (1995) e o sistema de capacidade de uso dos recursos

naturais renováveis, publicado pelo projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1983).

Com base nessas metodologias autores tem publicado trabalhos buscando a

auxiliar a tomada de decisão e conservar os recursos naturais respeitado sua

capacidade de uso.

Como suporte à utilização dessas abordagens, as técnicas de sensoriamento

remoto integrado à tecnologia de sistemas de informações geográficas, são

ferramentas de grande utilidade para a realização de pesquisas aplicadas ao estudo

de capacidade de uso das terras (SAIZ & FILHO, 1996). Os sistemas de informações

geográficas constituem uma das mais modernas e promissoras tendências de

armazenamento e manipulação de informações temáticas sobre recursos naturais

terrestres, em complemento e até em substituição aos mapas impressos em papel,

de difícil manipulação (FORMAGGIO et al., 1992). Através do SIG, obtém-se a

sistematização de diferentes fontes de dados, em planos de informação (PI), como:

solos, geologia, topografia, uso/cobertura e outros (GIASSON et al., 1997; LIMA et

al., 1992).

Page 23: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

11

3. ÁREA DE ESTUDO

3.1. Bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

O rio Jiquiriçá faz parte da bacia hidrográfica do Recôncavo Sul, localizada na

região Centro-Leste do Estado da Bahia. Delimitada pelas coordenadas geográficas

12 30’ e 14 15’ de latitude sul e 38 o 45’ e 40 o 25’ de longitude oeste, é integrada por

um conjunto de rios independentes, que drenam diretamente para o Oceano

Atlântico, onde se destacam os rios Jaguaripe, da Dona, Jiquiriçá, Una, das Almas,

Cachoeira Grande, Acarai e Orobó.

o o

A bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá é a maior sub-bacia do Recôncavo Sul,

ocupando uma área de 6.900 km , equivalente a 39,6% da área total desta bacia

hidrográfica. Está localizada aproximadamente entre as coordenadas geográficas

12 30’ e 13 35’ de Latitude Sul, e 38 55’ e 40 25’ de Longitude Oeste, e apresenta

uma extensão total de cerca de 150 km das nascentes dos rios até a sua foz no

Oceano Atlântico, onde tem a sua desembocadura ao norte da cidade de Valença.

2

o o o o

Trata-se de uma bacia intensamente antropizada, abrangendo terras de 19

municípios, total ou parcialmente inseridos na bacia hidrográfica, com uma

população total de 331.433 habitantes dados de 1991, o que representa uma

Page 24: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

12

densidade demográfica da ordem de 28,94 hab/km , bastante superior a média do

Estado, que é da ordem de 21 hab/km .

2

2

Fonte: SEI, 2003 Figura 1 – Localização da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

Page 25: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

13

4. METODOLOGIA

Conforme Ferrari (1982) pode-se classificar esta pesquisa baseando-se

principalmente em dois critérios: na forma de utilização dos resultados, classificando-

a como aplicada e quanto ao nível de interpretação classificando-a como explicativa.

O principal método que será utilizado é o da observação tanto direta como indireta.

A seguir serão descritas as características gerais da área de estudo e

também os procedimentos metodológicos para que o objetivo geral e os específicos

sejam alcançados.

4.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1.1. Delimitação da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

Para identificação dos limites da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, foi utilizada

uma imagem Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), disponível no site Global

Land Cover Facility (GLCF), com informações espaciais das diferentes altitudes da

área da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá. A imagem possui pixel de 30 m de

resolução, o que possibilitou criar mapas na escala original de 1:100.000. A imagem

SRTM é o que muitos autores denominam de modelo digital de elevação – MDE. A

Page 26: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

14

imagem foi trabalhada no ambiente digital através do software`s Soil Water

Asssesssment Tool – SWAT, que funciona como um módulo do ArcGIS 9.2.

No processo de delimitação da bacia hidrografica, adcionou-se inicialmente

no banco de dados do SWAT o modelo digital de elevação obtido com a imagem

SRTM. Depois, seguiram-se os procedimentos conforme o guia de uso desenvolvido

por Di Luzio et al. (2002), para delimitação da bacia hidrográfica do rio Jequiriçá,

tomando como base os divisores de águas identificados pelo programa a partir do

modelo digital de elevação, dos principais cursos d`água da bacia hidrográfica e do

pondo de descarga definido para delimitação da bacia hidrográfica.

4.1.2. Caracterização ambiental da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

Na caracterização da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá foram utilizadas

informações a partir da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da

Bahia – SEI de 2003, a respeito dos diferentes aspectos da bacia hidrográfica do rio

Jiquiriça: geomorfologia, clima e solos. As informações de classes de altitude e

modelo digital de elevação foram elaboradas utilizando a imagem Shuttle Radar

Topography Mission (SRTM), disponível no site Global Land Cover Facility (GLCF).

O mapa de uso da terra/vegetação foi obtido a partir de dados do ano de

2007, do Ministério do Meio Ambientes através da página WEB. Os dados obtidos

foram analisados através do uso de técnicas de geoprocessamento e apresentados

na forma de mapas cujo limite é a bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá.

Foram também mapeadas as Áreas de Preservação Permanentes, utilizando

as restrições contidas no Código Florestal a partir dos mapas de declividade,

Page 27: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

15

vegetação/uso da terra, principais nascentes e hidrografia. Os parâmetros restritivos

utilizados a partir do Código Florestal foram:

• 30 metros para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura,

• 50 metros ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de água naturais ou

artificiais,

• em um raio de 50 metros ao redor de nascentes,

• nas encostas com declividade superior a 45 graus;

• e as formações vegetais naturais protegidas por lei.

4.1.3. Caracterização socioeconômica dos municípios da bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá

A caracterização da população e atividades agrícolas dos municípios da bacia

do rio Jiquiriçá foi realizada com base nas informações disponibilizadas pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no período de 1970 a 2007.

Selecionou-se 17 municípios cuja sede estivesse dentro da bacia hidrográfica ou

mais de 50% da área do município estivesse dentro da bacia hidrográfica. Com

esses critérios os 17 municípios selecionados foram: Amargosa, Brejões,

Cravolândia, Elísio Medrado, Irajuba, Itaquara, Itiruçu, Jaguaquara, Jiquiriçá, Lage,

Milagres, Mutuípe, Nova Itarana, Planaltino, Santa Inês, São Miguel da Matas e

Ubaíra. Os dados foram coletados e depois organizados em forma de tabelas e

gráficos.

Page 28: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

16

4.1.4. Capacidade de uso das terras para fins agrícolas

Foi utilizada a versão nacional do sistema de capacidade de uso da USDA,

intitulada “Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação das

terras no sistema de capacidade de uso”, 4ª aproximação, 2ª impressão revisada, de

1991 (LEPSCH, 1991).

Antes da classificação das terras no sistema de capacidade de uso,

recomenda-se no próprio manual um levantamento do meio físico, necessário a

qualquer metodologia de avaliação de terras para fins agrícola.

Esse sistema é uma classificação técnica-interpretativa, onde os indivíduos a

serem classificado, são agrupados em função de determinadas características de

interesse prático e específico. Esclarecendo melhor, agrupa-se terras em função da

mesma susceptibilidade a erosão, por necessidade de calagem, capacidade de uso

ou aptidão agrícola. O sistema USDA organiza-se em:

• Grupos – constituem a categoria mais elevada do sistema, representam a maior

ou menor intensidade de uso das terras, são designados em ordem decrescente

pelas letras A, B, C;

• Classes – agrupam as terras que possuem o mesmo grau de limitação e/ou

risco de degradação do solo. São designados por algarismos romanos de I a

VIII, cuja seqüência representa a diminuição da intensidade de uso das terras

(Figura 2)

• Subclasses – é a qualificação dada a classe de capacidade de uso em função

da natureza de sua limitação (Figura 3). A natureza da limitação é representada

por letras minúsculas que segue o algarismo romano da classe.

Page 29: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

17

Convencionalmente, as limitações de uso são representadas por quatro letras

de designam as seguintes limitações:

- e: limitações pela erosão presente e/ou risco de erosão;

- s: limitações relativas ao solo;

- a: limitações por excesso de água;

- c: limitações climáticas.

Exemplos: IIe, IIs, VIIIa,s, Vs e outros.

• Unidades de capacidade de uso – as unidades de capacidade de uso

identificam as limitações representadas por letras nas subclasses. Essa

identificação é promovida colocando-se algarismos arábicos à direita do símbolo

da subclasse, separados por um hífen (Figura 3).

Exemplos: IIIs-1(limitação por problemas de profundidade), IIIs-2 (limitação

devido a testura arenosa em todo perfil), IIIe-3 (limitação por mudança textural

abrupta).

Page 30: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

18

O esquema de organização dos Grupos e Classes apresenta-se da seguinte

forma:

Classe I:

Terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de conservação (cor convencional: verde-claro);

Classe II: Terras cultiváveis com problemas simples de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos (cor convencional: vermelho);

Classe III: Terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos (cor convencional: vermelho);

Classe IV: Terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou em extensão limitada, com sérios problemas de conservação (cor convencional: azul).

Gru

po A

Classe V: Terras adaptadas em geral para pastagens e, em alguns casos, para reflorestamento, sem necessidade de práticas especiais de conservação, são cultiváveis apenas em casos muito especiais (cor convencional: verde-escuro);

Classe VI: Terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com problemas simples de conservação. São cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protetoras do solo (cor convencional: alaranjado);

Classe VII: Terras adaptadas em geral somente para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservação (cor convencional: marron).

Gru

po B

Classe VIII: Terras impróprias para cultura, pastagem ou

reflorestamento, podendo servir apenas como abrigo e proteção da fauna e flora silvestre, como ambiente para recreação, ou para fins de armazenamento de água (cor convencional: roxo). G

rupo

C

Page 31: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

19

Fonte: LEPSCH, 1991.

Figura 2 – Resumo da variação do tipo e da intensidade máxima de utilização das

terras sem risco de erosão acelerada em função das classes de capacidade de uso

das terras.

Page 32: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

20

GRUPOS CLASSES SUBCLASSES UNIDADES DE USO

I

II

III

A

VI

V

VI

B VII

C VIII

Fonte: LEPSCH, 1991.

Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de capacidade de

uso das terras.

1. declividade acentuada 2. declive longo 3. mudança textural abrupta 4. erosão laminar 5. erosão em sulcos 6. erosão em voçoroca 7. erosão eólica 8. depósitos de erosão 9. permeabilidade baixa 10. horizonte A arenoso

1. lençol freático elevado 2. risco de inundação 3. subsidência em solos orgânicos

1. seca prolongada 2. geada 3. ventos frios 4. granizo 5. neve

e (exceto V)

s

a

c

1. pouca profundidade 2. textura arenosa em todo perfil3. pedregosidade 4. argilas expansivas 5. baixa saturação por bases 6. toxidade de alumínio 7. baixa capacidade de troca 8. ácidos sulfatados ou sulfetos 9. alta saturação com sódio 10. excesso de sais solúveis 11. excesso de carbonatos

Page 33: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

21

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Delimitação da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

A delimitação da bacia hidrográfica do rio Jiquiriça, elaborado no módulo

SWAT do ArcGIS 9.2 pode ser observado na Figura 4, juntamente com a distribuição

das sedes municipais, das rodovias e da hidrografia.

Nesta nova delimitação da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, a área calculada

foi de 706.477,32 ha ou 7.064 km2 com um perímetro de 911,56 km. A área difere de

informações oficiais que é de 6.900 km2, entretanto, como parâmetro de comparação

o mapa oficial não inclui a nascente do rio Jiquiriçá no limite da bacia hidrográfica,

que fica na sede municipal de Maracás (observar Figura 1), enquanto que nesta

nova delimitação e conferindo a precisão dos dados em campo utilizando um GPS

com um erro de 10 a 20 metros a nascente do rio Jiquiriça foi incluída no limite da

bacia hidrográfica (Figura 4).

A partir do novo limite, utilizando as técnicas de geoprocessamento foram

elaborados todos os mapas temáticos e identificadas as áreas municipais incluídas

na bacia hidrográfica.

Page 34: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

22

Figura 4 – Mapa político da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA, apresentando o

novo limite da bacia hidrográfica determinado através do ArcGIS/SWAT.

5.2. Caracterização ambiental da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

A partir dos dados de temperatura e pluviosidade, e com base na

classificação de Koppen foram encontrados a ocorrência três diferentes climas na

bacia hidrográfica do rio Jiquiriça: o Af - equatorial (>2.000 mm de chuva); o Aw -

tropical com estação seca (800 – 2.000 mm de chuva) e o BS - semi-árido (300 –

800 mm de chuva). Os diferentes climas foram espacializados na forma de mapa

temático como é mostrado na Figura 5.

Page 35: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

23

Figura 5 – Distribuição dos diferentes climas que ocorrem na bacia hidrográfica do

rio Jiquiriça – BA.

A maior parte da bacia hidrográfica do rio Jiquiriça, 58,18%, encontra-se sob o

clima semi-árido (BS). Os outros dois climas o equatorial e o tropical com estação

seca ocupam respectivamente 3,32% e 38,50% da área da bacia.

Segundo Dent (1980), em seus estudos sobre as limitações da produção

agrícola em várias regiões do mundo, 27% das limitações da produção na América

do Sul estão relacionados ao déficit o excesso hídrico. Desta forma, percebe-se que

o fator clima tem grande influência na limitação da produção na bacia hidrográfica do

rio Jiquiriça, tanto por conta do clima semi-árido, como também do tropical com

estação seca definida que juntos estão presentes em 96,68% da bacia hidrográfica.

Page 36: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

24

A bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá possui as seguintes unidades

morfoestruturais: Região de Acumulação, Bacia Sedimentar Recôncavo – Tucano,

Planalto Pré-Litorâneo, Planalto Sul Baiano, Depressões Periféricas e

Interplanálticas e Chapada Diamantina (Figura 6), descritos a seguir:

Fonte: Base de dados da SEI, 2003

Figura 6 – Mapa geomorfológico da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá-BA.

Região de Acumulação – são regiões litorâneas que recebem aporte de

material proveniente do continente e também da deposição de sedimentos marinhos.

Bacia Sedimentar Recôncavo – Tucano – era uma área deprecional e depois

foi preenchida por sedimentos formando a bacia sedimentar, cujo relevo varia de 100

a 500 m de altitude no caso da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá;

Page 37: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

25

Planalto Pré-Litorâneo – localiza-se entre os tabuleiros costeiros e a encosta

do Planalto Sul-Baiano, com altitude que variam de 40 a 400 m a depender da

unidade geomorfológica que se enquadram;

Planalto Sul – Baiano – ocorre na parte central da bacia hidrográfica. Possui

superfície ondulada com altitudes médias variando entre 800 e 900m.

Depressões Periféricas e Interplanálticas – as depressões periféricas são

formadas nas regiões de contato entre estruturas sedimentares e cristalina. As

depressões interplanálticas são áreas mais baixas em relação aos planaltos que as

circundam, formando uma área de acúmulo de sedimentos.

Chapada Diamantina - Conjunto de relevos estruturais caracterizado por

morros, cristas e escarpas rochosas situadas entre 600 e 1.082 m de altitude.

Foram também elaborados os mapas de classes de altitude e de declividade

da área de estudo (Figuras 7 e 8).

As classes de altitude variam desde o nível médio dos mares até uma altitude

de 1.082 m no município de Maracás onde está a nascente do rio Jiquiriçá (Figura

7).

No mapa de declividade são mostradas as diferentes classes de relevo que

se encontra na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, desde o relevo plano até o

escarpado (Figura 8). Observa-se também que as maiores declividades encontram-

se no centro da bacia hidrográfica, corroborando com as informações das unidades

morfoestruturais, nas quais se percebe que há um desnível entre o Planalto Pré-

Litorâneo (40 a 400 m de altitude) e o Planalto Sul-Baiano (800 a 900 metros de

altitude). É nesta mesma região que aparece a isolinha separando o clima tropical

com estação seca do clima semi-árido (Figura 5), levando a conclusão que nesta

região há ocorrência de uma barreira orográfica.

Page 38: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

26

Figura 7 – Mapa de classes de altitude da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá - BA.

Figura 8 – Mapa de classes de declividade da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá - BA.

Page 39: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

27

Foram identificadas seis classes gerais de solos na bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá: Latossolos, Argissolos, Planossolos, Cambissolos, Espodossolos e

Neossolos (Figura 9).

Fonte: Base de dados da SEI, 2003

Figura 9 – Mapa pedológico da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

De acordo com Bahia (2001), os Latossolos são solos que possuem horizonte

diagnóstico do tipo B latossólico com boas condições de drenagem, possui um

estádio avançado de intemperização, são profundos e apresentam pouca

diferenciação entre seus horizontes, ocorre geralmente em relevos planos ou

levemente ondulados.

Page 40: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

28

Os Argissolos possuem horizontes diagnósticos subsuperficial do tipo B

textural, apresenta um acúmulo maior de argila no horizonte B e tem uma transição

entre o horizonte A e B menos friável. São solos de profundidade variável que

ocorrem em relevos ondulados a fortemente ondulados.

Os Cambissolos são solos que apresentam grande variação no tocante a

profundidades, ocorrendo desde rasos a profundos, apresentam um horizonte B

diagnóstico com menos de 50 cm denominado B incipiente (Bi) apresentam cores

diversas e muitas vezes são pedregosos, cascalhentos e mesmo rochosos.

Os Espodossolos são solos bastante característicos, em razão de sua

formação. Apresentam diferenciação significativa entre os horizontes, e, na maioria

das vezes, têm um horizonte espódico de cores escurecidas ou

avermelhadas/amareladas, precedido de um horizonte claro eluvial E de onde houve

migração de partículas orgânicas e/ou de material argiloso. Ocorrem em relevo

plano.

Neossolos são solos constituídos por material mineral ou material orgânico

pouco espesso (menos de 30 cm de espessura), sem apresentar qualquer tipo de

horizonte B diagnóstico. No caso da bacia hidrográfica do rio Jiquiriça identificou-se

a presença do Neossolo Quartizarêncio que possui textura areia e o Neossolo

Litólico Eutrófico que são solos rasos com mais de 50% de bases, ou seja, solos

férteis do ponto de vista químico.

Os Planossolos compreendem solos minerais, imperfeitamente ou

maldrenados, com horizonte superficial ou subsuperficial eluvial (perde material para

as camadas mais profundas), de textura mais leve (mais arenosos) que contrasta

abruptamente com o horizonte B, de forma que a diferença de textura do horizonte A

para o B impede o bom desenvolvimento das raízes e da infiltração da água.

Page 41: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

29

Quantitativamente, os Latossolos ocupam 75,8% da área da bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá (Tabela 1), que associado ao clima semi-árido

predominante, restringem a utilização das terras na maior parte das áreas da bacia

hidrográfica, necessitando a aplicação de tecnologias de produção para obtenção de

melhores produtividades. Os Argissolos ocupam 16,93 % da área da bacia

hidrográfica sendo comum a ocorrência deste em relevo ondulado e fortemente

ondulado (Figura 8 e 9).

Tabela 1 – Distribuição das classes gerais de solo em percentual na bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

Classe de Solo Percentual

Latossolo 75,80

Argissolo 16,93

Cambissolo 1,94

Espodossolo 0,67

Planossolo 2,86

Neossolo 1,80

Total 100,00

Com relação ao uso da terra, foram identificadas as seguintes classes de uso

da terra: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional

Semidecidual, Agricultura, Pecuária (pastagem), Área de Influência Urbana, Corpos

D’dágua e Área coberta por Nuvens (Figura 10 e Tabela 2).

Page 42: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

30

Fonte: Base de dados do MMA, 2007

Figura 10 – Classes de uso da terra na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá–BA.

Tabela 2 - Distribuição das classes de uso das terras em percentual na bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

Classe de Uso da Terra Percentual

Floresta Ombrófila Densa 3,47 Floresta Estacional Decidual 5,05 Floresta Semidecidual 0,21 Savana- Estépica 8,51 Agricultura 3,09 Pecuária (pastagem) 79,52 Área de Influência Urbana 0,09 Corpos D’dágua 0,01 Área coberta por Nuvens 0,05

Total 100,00

Page 43: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

31

A classe de uso predominante na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá é a

Pecuária (pastagem). Percebe-se também que existe ainda uma grande extensão da

formação Savana – Estépica, comumente denominada caatinga, principalmente ao

norte da bacia hidrográfica (Figura 10). Enquanto que as formações Floresta

Ombrófila Densa, Floresta Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual

encontram-se muito fragmentadas em toda a extensão da bacia hidrográfica.

Na determinação das Áreas de Proteção Permanentes garantida por lei,

foram encontrados 128.559 ha que deveriam ser Áreas de Preservação

Permanentes (Figura 11).

Na Tabela 3 é demonstrada a quantidade em hectares de Áreas de

Preservação Permanente que deveria ser preservada, entretanto, efetivamente não

estão. Observa-se que 87,07% ou 5.771,85 das Áreas de Preservação Permanente

do tipo mata ciliar que deveriam ser preservada e não estão. Da mesma forma, há

um déficit nas áreas com declividade maior que 450 e nas áreas das nascentes dos

principais rios.

Por outro lado toda área de remanescentes florestais que existe está sendo

preservada, porque, quando foi feita a restrição do Código Florestal para a

classificação desta imagem do ano de 2007, a fragmentação da vegetação original

já existia, por isso, os números para remanescente florestal estabelecidos por lei e

efetivamente preservados são os mesmos.

Page 44: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

32

Fonte: Base de dados do MMA,2007

Figura 11 – Mapa das Áreas de Preservação Permanentes sobre as classes de usos

da terra da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

Tabela 3 – Área de Preservação Permanente da bacia hidrográfica do rio Jiquiriça

estabelecida pela legislação e as áreas efetivamente preservadas.

Área de Preservação Permanente Área estabelecida

por lei para preservação (ha)

Área efetivamente

preservada (ha)

Remanescentes Florestais 121.774,43 121.774,43 Matas Ciliares 6.629,07 857,22 Declividade > 450 134,35 33,64 Nascentes (princ. rios) 21,15 2,35

Total 128.559,00 122.667,64

Page 45: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

33

Entretanto se fossem consideradas as reservas legais que deveriam existir

nas propriedades em um percentual de 20% estabelecidos por lei, pode-se estimar a

área da reserva legal para toda bacia que deveria ser de 141.295.46 ha, enquanto

que existe efetivamente uma cobertura vegetal natural de 128.559 ha, ou seja,

nessa rápida estimativa foi encontrada uma área de 12.736,46 ha que deveria ser

reserva legal e que já não existe mais.

5.3. Caracterização socioeconômica da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

Para um conhecimento da dinâmica populacional e das principais atividades

agropecuária desenvolvidas na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, realizou-se uma

caracterização socioeconômica da área estudada, respeitando os critérios

estabelecidos na metodologia, para coleta de dados por município das informações

apresentadas.

No que diz respeito a dinâmica populacional, na Figura 12 observa-se a

distribuição da população urbana e rural de 1970 a 2007 da bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá. Do ano de 1970 ao ano de 2007 a população residente na bacia

hidrográfica aumentou 35,39 %, entretanto a condição da situação do domícilio da

população mudou, enquanto que em 1970 a situação do domícilio era em sua

maioria rural no ano de 2007 a situação da população passou a ser urbana.

Comparando esses dados com os dados de uso da terra onde a classe

predominante foi a Pecuária (pastagem) ocupando 79,52% da área, pode-se afirmar

que este é um dos fatores que tem contribuído para alteração da situação dos

domicílios (de rural para urbano), devido a baixa absorção de mão-de-obra da

pecuária extensiva.

Page 46: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

34

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

1970 1980 1991 1996 2000 2007

Ano

Núm

ero

de H

abita

ntes

UrbanaRuralTotal

Fonte: IBGE, 2008

Figura 12 – População urbana e rural nos anos de 1970 a 2007 na bacia hidrográfica

do rio Jiquiriçá – BA.

Corroborando também com os dados de uso da terra/vegetação determinados

anteriormente, a Figura 13 mostra a utilização das terras em 1996 e 2006, conforme

dados do IBGE para os municípios que segundo os critérios estabelecidos na

metodologia fazem parte da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá. A maior parte das

terras estava sendo utilizada com Pastagens, seguido pela classe de Matas,

Lavouras Temporárias e Lavouras Permanentes.

Destaca-se também que em dez anos de ocupação, 1996 a 2006, a área das

Lavouras Permanente não se alterou. Por outro lado as áreas de Lavoura

Temporária e Pastagem diminuíram no mesmo período que ouve a mudança da

situação geral dos domicílios de rural para urbana (Figura 13 e 12). Neste mesmo

período a classe de ocupação das terras Matas aumentou, provavelmente devido as

Page 47: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

35

áreas de pastagens que foram abandonadas, formando capoeiras e depois Matas

(Figura 13).

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

Lavouraspermanentes

Lavourastemporárias

Pastagens Matas

Áre

a em

ha

19962006

Fonte: IBGE, 2008

Figura 13 – Ocupação das terras na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

Na atividade pecuária, a criação de gado através de manejo extensivo

destaca-se em relação as outras criações. Entretanto, na Figura 14 os dados

apresentados mostram que a atividade pecuária diminuiu no período de 1990 a

2005. Este fato deve-se a baixa capacidade de suporte das pastagens por conta de

solos pobres e do clima semi-árido e tropical com estação seca que predominam na

área, associado a um manejo inadequado, tem contribuído para essa diminuição da

produção de cabeças de gado.

Outras atividades de pecuária desenvolvidas na bacia hidrográfica do rio

Jiquiriça são as criações de suínos, ouvinos, caprinos e aves (Figura 15a e 15b).

Todas elas têm aumentado nos dois últimos anos analisados, 2000 e 2005, devido

ao aumento da demanda por parte da população.

Page 48: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

36

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

Bovino Bubalino Eqüino Asinino Muar

Núm

ero

de c

abeç

as1990199520002005

Fonte: IBGE, 2008

Figura 14 – Efetivo do rebanho bovino no período de 1990 a 2005 na bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

Suino Ovino Caprino

1990199520002005

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

500000

Galinhas Galos, Frangas, Frangos e Pintos

mero

de c

ab

eças

1990199520002005

a b

Fonte: IBGE, 2008

Figura 15 – Outras atividades de pecuária no período de 1990 a 2005 na bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA (a e b).

Page 49: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

37

A principal atividade da Lavoura Temporária na bacia hidrografia do rio

Jiquiriçá é o cultivo da mandioca (cultura de subsistência) que tem variado sua

produção ao longo do tempo analisado, devido principalmente a oscilação do preço

dos seus subprodutos como, por exemplo, a farinha. Outras culturas que se

destacam são as seguintes: abacaxi, cana-de-açucar e tomate, esta última

principalmente no município de Jaquaquara, que é um grande produtor de hortaliças.

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

Abacaxi (Mil frutos) Cana-de-açúcar(Tonelada)

Tomate (Tonelada) Mandioca(Tonelada)

Ano

Prod

ução 1990

199520002005

Fonte: IBGE, 2008

Figura 16 – Principais produtos da Lavoura Temporária nos anos de 1990 a 2005 da

bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

Ainda no leque de produtos da Lavoura Temporária se destacam: o

amendoim, batata-doce, algodão, cebola, fumo e melancia. Mostrando que alguns

municípios da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá têm sua produção bastante

diversificada.

Page 50: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

38

A diversificação também se dá quando se observa a produção das áreas

ocupada com Lavoura Permanente (Figura 17). Nos anos de 2000 e 2005 o cultivo

do maracujá foi destaque na área da bacia hidrográfica (Figura 17). Além dessas

apresentadas na Figura 17, uma grande quantidade de outras culturas está presente

na área da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá em uma escala menor, como por

exemplo: limão, uva, urucum, sisal, guaraná, borracha, manga e outros.

0

50000

100000

150000

200000

250000

Bana

na(T

onel

ada)

Cac

au (e

mam

êndo

a)(T

onel

ada)

Caf

é(b

enef

icia

do)

(Ton

elad

a)

Lara

nja

(Ton

elad

a)

Coc

o-da

-baí

a(M

il fru

tos)

Mar

acuj

á(T

onel

ada)

Den

dê (c

oco)

(Ton

elad

a)

Ano

Prod

ução 1990

199520002005

Fonte: IBGE, 2008

Figura 17 – Principais produtos da Lavoura Permanente nos anos de 1990 a 2005

da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá – BA.

Apesar da diversidade de produtos agrícolas produzidos na bacia hidrográfica

do rio Jiquiriçá, estes se concentram em áreas maiores, nas porções Norte e Sul da

bacia hidrográfica conforme o mapa de uso da terra/vegetação apresentado na

Figura 10.

Page 51: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

39

5.4. Capacidade de uso das terras da bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá

O mapa de capacidade de uso das terras para fins agrícolas foi elaborado a

partir da interação das condicionantes ambientais da bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá. De acordo com a aplicação metodologia de LEPSCH (1991), foram

encontradas seis classes de uso das terras e dez unidades de uso (Figura 18 e

Tabela 4).

Figura 18 – Mapa de capacidade de uso das terras na bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá – BA.

Page 52: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

40

Tabela 4 – Classes e unidades de uso das terras e seu percentuais na bacia

hidrográfica do rio Jiquirçá – BA.

Classes de Uso Unidades de Uso Percentual

I Is-5 1,04

IIc-1 33,68

IIe-1 30,33 II

IIs-4 7,35

IV IVs-2 5,65

V Vs-2 0,53

VIIe-3 1,51

VIIs-1 1,55 VII

VIIs-2 0,37

VIII VIII 17,99

Total 100,00

Na Tabela 4, observa-se que 71,36% das áreas na bacia hidrográfica do rio

Jiquiriçá pertencem a Classe II de uso das terras que são terras cultiváveis com

problemas simples de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos. Isso

demonstra do grande potencial que a bacia hidrográfica tem para cultivos.

Comparando visualmente os mapas de capacidade de uso e uso das terras, pode-se

concluir que a maior parte das terras que tem potencial para cultivos estão sendo

utilizadas para pastagens extensivas (Figuras 18 e 10).

Uma grande área da unidade IIs-4 que é de cultivos com problemas simples

de conservação cuja limitação é a ocorrência de erosão laminar, ao norte da bacia,

estão justamente sobre os Argissolos Vermelho-Amarelos Eutróficos (solos de boa

Page 53: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

41

fertilidade). Também nessa área encontra-se o uso da terra com cultivos agrícolas.

Nesta área o uso da terra está compatível com a capacidade de uso das mesmas.

De acordo com o sistema utilizado para classificação das terras segundo sua

capacidade de uso, apenas 3,96% da bacia tem capacidade de uso compatível para

pastagens. Entretanto, grande parte das terras é utilizada com pastagem, fazendo

com que essas áreas sejam enquadradas como subutilizadas segundo a

classificação de Lespsch et al. (1991).

As áreas destinadas a preservação da fauna e flora, Classe VIII, representa

17,99% da área da bacia hidrográfica, essas áreas são principalmente os

remanescentes das Florestas e Savana-Estépica identificadas no mapa de uso da

terra (Figura 10).

Page 54: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

42

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá possui 7.064 km2 e uma diversidade

grande de ambientes da sua foz até a nascente em Maracás. Importante bacia

hidrográfica do Recôncavo Sul possui uma população estimada de 260.000

habitantes em 2007 (dados do IBGE).

Na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá há um predomínio do clima semi-árido,

58,18% da área, que devido a falta de aplicação de tecnologias, como por exemplo,

a irrigação, tem limitado uma maior produção agrícola. Associado ao clima semi-

árido, 75,80% da bacia hidrográfica possui solos pertencentes à classe dos

Latossolos, que têm boas características físicas: profundidade e permeabilidade,

entretanto, são pobres quimicamente.

Quanto a vegetação e ao uso da terra, observa-se que 79,52%, pertencem a

classe de vegetação/uso da terra identificada como Pecuária (pastagem). A pecuária

praticada na bacia hidrográfica é de manejo extensivo no sistema de queima anual

das pastagens, diminuindo a cada ano a capacidade de suporte animal das mesmas

e consequentemente a produtividade. Isto está refletido na diminuição do número de

cabeças de gado entre 1990 a 2005.

Outras atividades agrícolas na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá que se

destacam com uso de tecnologias são: na região Norte a produção de Café e

Page 55: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

43

Mandioca e na região Sul lavouras temporárias, principalmente hortaliças e também

a Mandioca.

Quando se realizou a interação das condicionantes ambientais da bacia

hidrográfica do rio Jiquiriçá gerando o mapa de capacidade de uso das terras da

bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, percebe-se o potencial da mesma. Encontrou-se

que 71,36% das áreas na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá pertencem a Classe II de

uso das terras que são terras cultiváveis com problemas simples de conservação

e/ou de manutenção de melhoramentos, ou seja, pode ser cultivado com culturas

temporárias, entretanto a limitação de déficit hídrico e da pobreza química do solo

requer investimentos tecnológicos para produção.

Page 56: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTOLANI, F. C.; ROSSI, M.; PRADO, H. do. Utilização de um sistema de informação geográfica, no levantamento pedológico semidetalhado do município de Vera Cruz. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 26., Rio de Janeiro, 20 a 26 de julho de 1997, Anais . . . , Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1997. (CDROOM) BERTOLINI, D.; LOMBARDI NETO, F.; DRUGOWICH, M.I. Programa estadual de microbacias hidrográficas. Campinas: CATI 1993. 16p. BRASIL - Ministério das Minas e Energia. Projeto RADAMBRASIL. Folha SF23/24 Rio de Janeiro/Vitória. Rio de Janeiro, 1983. 775p. BUSSCHER, W.J.; REEVES, D.W.; KOCHHANN, R.A.; BAUER, P.J.; MULLINS, G.L.; CLAPHAM, W.M.; KEMPER, W.D.;GALERANI,P.R. Conservation farming in southern Brazil: using cover crops to decrease erosion and increase infiltration. Journal of Soil and Water Conservation, v.51, n.3, p.188-192, 1996. CALIJURI, M. L.; MEIRA, A. D.; PRUSKI, F. F. Geoprocessamento aplicado aos recursos hídricos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 1998, Poços de Caldas. Anais... Poços de Caldas: [s.n.], 1998. CÂMARA, G. . Anatomia de Sistemas de informações geográficas: visão atual e perspectivas de evolução. In: ASSAD, E.D. & SANO, E.E., coords. Sistema de Informações Geográficas: Aplicações na Agricultura. Planaltina: EMBRAPA-CPAC. 1993. 274p COELHO NETTO, A.L. Hidrologia de encostas na interface com a Geomorfologia. capítulo 3. In: Guerra, A.J.T. & Cunha, S.B. (org.) Geomorfologia: uma atualização de e bases conceitos. Ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1994. p. 93-148. CUNHA, S.B. e GUERRA, A.J. Degradação ambiental. In: CUNHA, S.B. & GUERRA, A.J. Geomorfologia e Meio Ambiente. rio de janeiro, Bertrand do Brasil, 1997. p. 337-374.

Page 57: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

45

DENT, F.J. Major production systems and soil related constraints in southeast Asia. In: INTERNATIONAL RICE RESEARCH INSTITUTE (Los Baños, Filipinas). Priorities for alleviating food production in the tropics. Los Baños, 1980. p.79-106. DI LUZIO, M.; SRINIVASASAN, R.; ARNOLD, J.G.; NEITSCH, S.L. Arc view Interface For SWAT 2000: User`s Guide: Version 2002. Temple: Blackland Research Center, Texas Agricultural Experiment Station, 2002.345p FERRARI, A. T. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: McGrawHill do Brasil, 1982. 318p. FORMAGGIO, A R.; ALVES D. S. ; EPIPHANIO J. C. N. . Sistemas de informações geográficas na obtenção de mapas de aptidão agrícola e de taxa de adequação de uso das terras. R. bras. Ci. Solo. Campinas – São Paulo, 16(2):249-256, 1992. GIASSON E. ; JONGVAN LIER Q. de; SCHNEIDER P. . Avaliação do efeito de diferentes ajustes na digitalização de mapas. R. bras. Ci. Solo, Campinas – São Paulo, 21(2):321-324, 1997. GOVERNO ESTADO DA BAHIA, Secretaria de Recursos Hídricos e Superintendência de Recursos Hídricos. Plano Diretor de Recursos Hídricos – Bacia do Recôncavo Sul, vol. 1 à 8, 1995. HAMLETT, J. M., MILLER, D. A., DAY, R. L., PETERSEN, G. W., BAUMER, G. M., AND RUSSO, J. ‘‘Statewide GIS-based ranking of watersheds JOURNAL OF HYDROLOGIC ENGINEERING/NOVEMBER/DECEMBER 2001 / 523 for agricultural pollution prevention.’’ J. Soil and Water Conservation, 47, 300–404, 1992. LAO, R. Soil Erosion in the Tropics: Principles and Management. McGraw Hill, Inc., New York, 1990. LEPSCH, I.F.; BELLINAZZI JR., R.; BERTOLINI, D.; ESPÍNDOLA, C.R. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no sistema de capacidade de uso. 4ª aproximação, 2ª imp. rev. Campinas, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1991. 175p. LIMA, E. R. V.; KUX H. J. H.; SAUSEN T. M. . Sistema de informações geográficas e técnicas de sensoriamento na elaboração de mapas de riscos de erosão no sertão da Paraíba. R. bras. Ci. Solo, Campinas – São Paulo, 16 (2):257-263, 1992. MARQUES, A. F. S. e M. Geoambientes, solos, avaliação e uso atual das terras na bacia do Rio Alcobaça, MG e BA. Viçosa UFV, 2000. 167p. (Tese Doutorado) MOLDAN, B. AND CERNY, J. Biogeochemistry of small catchments - a tool for environmental research. Scientific Committee on Problems of the Environment (SCOPE), Vol. SCOPE 51, Wiley,1994. MOREIRA, M. L. O. A geologia no diagnóstico ambiental de São Gabriel do Oeste - MS. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 26., Rio de Janeiro, 20 a 26 de

Page 58: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

46

julho de 1997, Anais . . . , Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1997. (CDROOM) RAMALHO FILHO, A.; BEEK K. J. Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras. 3ª edição. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura e Abastecimento e da Reforma Agrária – MAARA, Empresa de Pesquisa Agropecuária – EMPRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos – CNPS, 1995. 65p. SAIZ C. del C.; VALÉRIO FILHO M. . Técnicas de geoprocessamento aplicadas ao levantamento e integração de dados do meio físico como subsídio ao planejamento conservacionista. In: Congresso Latino Americano de Ciência do Solo, 13., Águas de Lindóia – São Paulo, 04 a 08 de agosto de 1996, Anais . . . , ESALQ – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” USP, Departamento de Ciência do Solo, Piracicaba – SP – Brasil, 1996 (CD-ROM). SANABRIA, J. A.; ARGUELLO, G. L.; MANZUR, A. . Aplicacion del metodo de susceptibilidad a la erosion de van zuidan y cancelado en la cuenca baja del arroyo San Agustin Cordoba, Argentina. In: Congresso Latino Americano de Ciência do Solo, 13., Águas de Lindóia – São Paulo, 04 a 08 de agosto de 1996, Anais . . . , ESALQ – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” USP, Departamento de Ciência do Solo, Piracicaba – SP – Brasil, 1996. (CD-ROOM) SILVA, A. B. da; BRITES, R. S.; SOUZA A. R. de. Caracterização do meio físico da microbacia Quatro Bocas em Argelim - PE e sua quantificação usando um sistema de informações geográficas. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 26., Rio de Janeiro, 20 a 26 de julho de 1997, Anais . . . , Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1997. (CDROOM) TEIXEIRA Wilson et al Decifrando a Terra São Paulo ed. Oficina de Textos, 2000. 2º Reimpressão, 2003. 568 p. WEILL, M. de A. M. Metodologias de avaliação de terras para fins agrícolas. R. bras. Geogr., Rio de Janeiro, 52 (4) 127-160, out./dez., 1990.

Page 59: NATANAILDO BARBOSA FERNANDES - Universidade Estadual de ... · Palavras-chave: Aptidão agrícola ... Figura 3 – Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de ... Classes

F363 Fernandes, Natanaildo Barbosa. Capacidade de uso das terras na bacia hidrográfica do rio Jiquiriçá, Recôncavo Sul da Bahia / Natanaildo Barbosa Fernandes. – Ilhéus, Ba : UESC/PRODEMA, 2008. xi, 46f. : il. Orientador: Maurício Santana Moreau. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Bibliografia: f. 44-46.

1. Solo – Uso – Jiquiriçá, Rio, Bacia (BA). 2. Solos – Aptidão agrícola. 3. Bacia hidrográfica – Jiquiriçá, Rio (BA). 4. Levantamento do solo – Jiquiriçá, Rio, Bacia (BA). I. Título. CDD 631.47