125
NATHÉRCIA PERCEGONI “PERFIL HORMONAL E DE CITOCINAS DURANTE A GÊNESE DO SOBREPESO EM RATAS OVARIECTOMIZADAS” TESE SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2 0 0 6

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NATHÉRCIA PERCEGONI

“PERFIL HORMONAL E DE CITOCINAS DURANTE A GÊNESE DO

SOBREPESO EM RATAS OVARIECTOMIZADAS”

TESE SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE

DOUTOR EM CIÊNCIAS

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2 0 0 6

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i

Percegoni, Nathércia. Perfil Hormonal e de Citocinas Durante a Gênese do Sobrepeso em Ratas Ovariectomizadas / Nathércia Percegoni – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, 2006. xiv, 104f.: il. Dissertação (Doutorado em Ciências Biológicas – Fisiologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, 2006. Orientadora: Denise Pires de Carvalho 1. ovariectomia. 2. menopausa. 3. Sobrepeso. 4. obesidade. 5. citocinas. 6. Hormônios tireóideos. 7. Leptina. 8. Corticosterona – Teses. I. Percegoni, Nathércia. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. III. Título

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ii

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Fisiologia Endócrina do

Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de

Janeiro na vigência de auxílios concedidos pela Fundação Carlos Chagas Filho de

amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pelo Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico (CNPq).

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iii

Essa vitória eu dedico a você tio Gecel, esteja onde estiver, saiba que a saudade

é grande. O tempo com você foi curto, mas suficiente para nos deixar um legado

de alegria e alto astral! Um grande homem, uma grande mente e um coração

maior ainda. Sei que a gente ainda vai se encontrar...

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iv

AAAgggrrraaadddeeeccciiimmmeeennntttooosss

Em primeiro lugar à Masaco Oya Masuda, que me deu oportunidade de

ingressar no programa de doutorado, abrindo suas portas e tornando possível

minha vinda para o Rio de Janeiro. Serei sempre grata!

À Regina Goldemberg, por quem tenho grande admiração, que inicialmente

me orientou e me guiou para que eu pudesse trabalhar com a linha de pesquisa

que desejava. Obrigada pelo carinho e compreensão.

À minha orientadora Denise Pires de Carvalho, exemplo de determinação.

Pelo profissionalismo com que conduz os trabalhos e pelas oportunidades que me

proporcionou.

À Doris Rosenthal, exemplo de dedicação, que com seu jeito me incentiva a

superar cada vez mais os meus limites!

À Vivian Rumjanek, exemplo de profissionalismo, sensibilidade, carisma e

capacidade. Pela ajuda e pela parceria estabelecida. Você me faz lembrar uma

frase: “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás”

À Morgana Teixeira Lima Castelo Branco, pela ajuda tão valiosa, e pela

amizade e carinho a mim dispensados.

Às professoras Vânia Costa e Tamar Frankenfield, pela amizade e

inúmeros auxílios durante esta jornada.

A amiga Andréa Ferreira pelas orientações, pela amizade e sobretudo pelo

exemplo de retidão de caráter, senso de justiça e equilíbrio. Na vida sempre

devemos seguir um modelo, saiba que me espelho em você!!!

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v

Ao amigo Rodrigo Fortunato, pela amizade fiel, pelas ajudas com as

dosagens e pelo exemplo de sagacidade.

Aos amigos do laboratório de Fisiologia Endócrina: Flávia Nóbrega, Lívia de

Lima, Alba Cenélia, Michelle Marassi, Mônica Mulbauer, Valmara Pereira, Tiago

Pantaleão, Sabrina Coelho, Danielle Ignácio, Glória Ginabreda, Elaine. Obrigada

pela amizade sincera! É muito bom saber que em um ambiente de trabalho ainda

existem solidariedade e companheirismo entre as pessoas.

Ao Advaldo e à Norma, sempre tornando o nosso ambiente de trabalho

menos pesado e mais alegre. Obrigada pela ajuda nos experimentos!

Ao Wagner, pela amizade e pela capacidade de reconhecer nas pessoas o

que elas tem de melhor.

À Caroline Ferreti, pela oportunidade de orientá-la e pela grande ajuda nos

experimentos. Principalmente pela confiança que depositou em mim. Pela

amizade sincera e por me fazer acreditar em orientação, apesar dos pesares.

À Luciene Paschoal, amiga de longa data, pelo carinho e por todo o auxílio

e sinceridade sempre.

Ao Dr. Paulo Barragat e toda a sua família, por terem me acolhido em sua

casa e me apresentado ao Rio de Janeiro, e pela ajuda durante todo esse tempo

fora de casa. Minha gratidão será eterna.

A amiga Cristina Monteiro, agora professora da UFRJ, você me enche de

orgulho! Obrigada pela amizade, pela companhia nos finais de semana na UFRJ

para cuidar dos ratinhos. Você é uma amiga como poucas, daquelas que a gente

pode contar em todas as ocasiões. Que bom que você existe!

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vi

As amigas Danielle Lopes e Flávia Hosken pela alegria com que vocês

conduzem a vida! Pelas escapulidas sempre divertidas desse mundo tão sério!

Pelos conselhos e pelos passeios!

A minha cunhadinha Viviane Pessoa, pelos livros cheios de mensagens de

luz, que muitas vezes me deram forças e recarregaram minhas baterias frente às

adversidades. Obrigada pela amizade e carinho!

À minha família, pela força e compreensão das minhas ausências! E por

sempre acreditarem em mim, me dando confiança para seguir em frente!

Ao Antônio, que me ensinou que o amor não pode ser escolhido, medido ou

calculado. Ele vem de onde menos se espera e, sendo verdadeiro, nos ampara

sempre. Obrigada por estar sempre aqui. Te amo.

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vii

RRReeesssuuummmooo

PERCEGONI, Nathércia. PERFIL HORMONAL E DE CITOCINAS DURANTE A GÊNESE DO SOBREPESO EM RATAS OVARIECTOMIZADAS. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas – Fisiologia) – Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. O presente trabalho pretendeu verificar a gênese do sobrepeso em ratas ovariectomizadas e suas relações com consumo alimentar e/ou gasto energético orgânico. Para utilizou-se ratas Wistar fêmeas, de 200g de peso corporal mantidas em gaiolas individuais. O trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, as ratas foram divididas em: ovariectomizadas (OVX) e controle estressadas cirurgicamente (SHAM). Mensurou-se a cada dois dias o peso corporal e a ingestão hídrica e alimentar destes animais. O sacrifício foi realizado aos 44 dias após a castração. Na segunda etapa, as ratas com ciclo estral regular, foram divididas em: ovariectomizadas (OVX); ovariectomizadas com administração de estrogênio (0.7µg/100g p.c.) (OVX + EB) a partir do primeiro dia de castração, controle estressadas cirurgicamente (SHAM) e controle intactas (C). Mensurou-se diariamente o peso corporal e as ingestões alimentar e hídrica destes animais. O sacrifício foi feito após 3, 6, 9 e 13 dias de castração, quando se mensurou a porcentagem das gorduras retroperitoneal e periinguinal. Mediu-se T3, T4, TSH, leptina e corticosterona por RIE e IL-1β, IL-6, IL-10 e TNF-α por ELISA no soro destes animais. Nossos resultados mostraram um aumento de peso corporal significativo nos grupo OVX, a partir do 13° dia de castração, e redução do peso corporal no grupo OVX + EB, que foi significativa nos dias 6 e 9 após a ovariectomia. Em relação aos consumos hídrico e alimentar não foram observadas diferenças importantes entre os grupos. A gordura retroperitoneal encontra-se reduzida no grupo OVX + EB em relação ao grupo OVX a partir do 6° dia; entretanto esta diferença não é significativa. A gordura periinguinal está reduzida nos grupos OVX e OVX + EB, o que é significativo a partir do 3° dia após a ovariectomia. A leptina está reduzida no grupo OVX + EB no 6° dia, e a corticosterona não apresenta variação significativa entre os grupos, apesar dos grupos OVX e OVX + EB apresentarem comportamentos semelhantes para este hormônio ao longo do experimento; sendo que o grupo OVX + EB apresenta valores reduzidos em relação ao grupo OVX, em todos os momentos. O hormônio T3 não apresenta variação importante entre os grupos OVX e OVX + EB; T4 está significativamente elevado no grupo OVX no 13° dia, e TSH está significativamente elevado no grupo OVX + EB no dia 9. Em relação às citocinas inflamatórias, IL-1β está significativamente aumentada nos grupos OVX e OVX + EB durante todo o experimento. IL-6 difere no 3° dia entre os grupos, estando elevada no grupo OVX e IL-10 encontra-se elevada nos grupos OVX e OVX + EB a partir do 9° dia após a castração. TNF-α não apresenta modificações importantes entre os grupos. Concluímos que a ovariectomia eleva o peso

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corporal das ratas após o 13° dia de ovariectomia, e que este ganho de peso não está relacionado a hiperfagia. Relaciona-se às modificações no gasto energético, acompanhadas por uma modificação no perfil de citocinas inflamatórias no soro destes animais. A administração de estrogênio previne o ganho de peso nos primeiros dias após o procedimento cirúrgico. O aumento nas concentrações de IL-1 parece estar relacionado às modificações no peso corporal, e a elevação tardia nas concentrações de IL-10 sugere a existência de um mecanismo intrínseco de defesa contra as modificações sofridas no peso corporal total. Palavras Chave: ovariectomia, menopausa, obesidade, sobrepeso, citocinas, corticosteróides, hormônios tireóideos, leptina.

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ix

AAAbbbssstttrrraaacccttt

PERCEGONI, Nathércia. Hormones and cytokines profiles overweight genesis in ovariectomizated rats. Tese (Doctor in Biology Science - Fisiology), IBCCF°, UFRJ, Rio de Janeiro, 2006. This study intended to verify the genesis of increase in body weight in ovariectomy rats, and this relationship with food intake and metabolic rate. Female wistar rats weighting 200g here held in individual cages. The study was divided in two steps. At firt, they were divided in ovariectomizated (OVX) and sham operated (SHAM) groups. Body weight, food and water intake were measured every two days. The rats were killed 44 days after ovariectomy. Later, rats were divided in 4 groups: ovariectomizated (OVX), ovariectomizated with estrogen (OVX + EB), sham operated (SHAM) and control intact (C) groups. Body weight, food and water intake were measured every day. The rats were killed 3, 6, 9 and 13 days after ovariectomy. On the sacrifice day, retroperitoneal and periinguinal fats were weighted. Leptin, corticosterone, TSH, T3, T4, IL-1β, IL-6, IL-10, TNF-α serum concentrations were measured. The results show increased on body weight in OVX group, 13 days after ovariectomy. The OVX + EB group show decrease on body weight 6 and 9 days after ovariectomy. The water and food intake did not show differences betwen groups. The retroperitoneal fat decreased in OVX + EB group when compared with OVX group after day 6, but this difference was not significant. Periinguinal fat decreased in OVX and OVX + EB group after day 3. Leptin was decreased in OVX + EB group in the day 6; and corticosterone did not betwen groups. Serum T3 levels do not differ betwen OVX and OVX + EB groups; serum T4 increased in OVX groups, on the 13 day, and serum TSH levels increased in OVX + EB group, on the 9 day. About cytokines, IL-1β increased in OVX and OVX + EB groups in all times studied. Serum IL-6 were elevated in OVX group in day 3. IL-10 levels were elevated in OVX an OVX + EB after day 9. TNF-α did not alter in any group. We concluded that in rats, ovariectomy increase body weight after 13 days, and the increase in body weight is not associated with increase in food intake. The estrogen avoids body weight gain in the first days after ovariectomy. Increase in serum IL-1β may be related to body weight modifications and the increase in IL-10 levels appears to be an intrinsic mechanism against changes in body weight. key words: ovariectomy, menopause, obesity, overweight, cytokines

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x

LLLiiissstttaaa dddeee aaabbbrrreeevvviiiaaatttuuurrraaasss

ACTH: hormônio adenocorticotrófico

AGRP: proteína relacionada a agouti

AMPc: adenosina monofosfato cíclica

ASP: proteína estimuladora de acilação

ATP: adenosina trifosfato

BAT: tecido adiposo marrom

C: grupo controle intacto

CART: transcrito regulado por cocaína e anfetamina

CRH: hormônio liberador de corticotrofina

DIO II: desiodase tipo II

EB: benzoato de estradiol

ELISA: “Enzime linked Immuno Sorbent Assay”

eNOS: sintase de óxido nítrico endotelial

ERα: receptor de estrogênio alfa

GLUT4: transportador de glicose tipo 4

HPLC: cromatografia líquida de alta eficiência

HT: hormônio tireoideano 125I: iodo radioativo 125

IKKβ: 1 Kappa beta quinase

IL-1β: interleucina 1 beta

IL-2: interleucina 2

IL-6: interleucina 6

IL-10: interleucina 10

iNOS: sintase de óxido nítrico indutível

IRS-1: substrato do receptor de insulina 1

IRS-1pSer: substrato do receptor de insulina fosforilado nos seus resíduos de serina

JNK: janus quinase

MCP-1: proteína quimioatrativa de monócito

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xi

NF-Kappa B ou NFκB: fator nuclear kappa B

NO: óxido nítrico

NPY: neuropeptídeo Y

OVX: ovariectomia / ovariectomizado

OVX + EB: ovariectomizado com reposição estrogênica (benzoato de estradiol)

PAI-1: inibidor do ativador de plasminogênio

p.c.: peso corporal

POMC: proopiomelanocortina

RIE: radimunoensaio

RI: resto ingestão

rT3: T3 reverso

Ser: serina

SHAM: grupo controle falso-operado

SOCS-3: supressor de sinalização de citocinas 3

TAB: tecido adiposo branco

TBG: globulina ligadora de tiroxina

TMB: taxa metabólica basal

TNF-α: fator de necrose tumoral alfa

TRH: hormônio liberador de tireotrofina

TRα: receptor de hormônio tireoideano alfa

TRβ: receptor de hormônio tireoideano beta

TSH: hormônio tireotrófico

TTR: transtiretina

Tyr: tirosina

T3: triiodotironina

T4: tetraiodotironina

UCP1: proteína desacopladora mitocondrial 1

UCP2: proteína desacopladora mitocondrial 2

UCP3: proteína desacopladora mitocondrial 3

UCPs: proteína desacopladoras mitocondriais

VLDL: lipoproteína de muito baixa densidade

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xii

LLLiiissstttaaa dddeee fffiiiggguuurrraaasss

Figura 1 ............................................................................................................. 5

Figura 2 ............................................................................................................. 6

Figura 3 ............................................................................................................. 8

Figura 4 ............................................................................................................ 15

Figura 5 ............................................................................................................. 16

Figura 6 ............................................................................................................. 19

Figura 7 ............................................................................................................. 22

Figura 8 ............................................................................................................. 25

Figura 9 ............................................................................................................. 26

Figura 10 ........................................................................................................... 28

Figura 11 ........................................................................................................... 33

Figura 12 ........................................................................................................... 37

Figura 13 ........................................................................................................... 38

Figura 14 ........................................................................................................... 88

Gráfico 1 ............................................................................................................ 43

Gráfico 2 ............................................................................................................ 45

Gráfico 3 ............................................................................................................ 47

Gráfico 4 ........................................................................................................... 49

Gráfico 5 ............................................................................................................ 51

Gráfico 6 ............................................................................................................ 53

Gráfico 7 ............................................................................................................ 55

Gráfico 8 ............................................................................................................ 57

Gráfico 9 ............................................................................................................ 59

Gráfico 10 .......................................................................................................... 61

Gráfico 11 .......................................................................................................... 63

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xiii

Gráfico 12 .......................................................................................................... 65

Gráfico 13 .......................................................................................................... 67

Gráfico 14 .......................................................................................................... 69

Gráfico 15 ..........................................................................................................

71

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xiv

LLLiiissstttaaa dddeee TTTaaabbbeeelllaaasss

Tabela 1 ............................................................................................................. 44

Tabela 2 ............................................................................................................ 46

Tabela 3 ............................................................................................................ 48

Tabela 4 ........................................................................................................... 50

Tabela 5 ............................................................................................................ 52

Tabela 6 ............................................................................................................ 54

Tabela 7 ............................................................................................................ 56

Tabela 8 ............................................................................................................ 58

Tabela 9 ............................................................................................................ 60

Tabela 10 .......................................................................................................... 62

Tabela 11 .......................................................................................................... 64

Tabela 12 .......................................................................................................... 66

Tabela 13 .......................................................................................................... 68

Tabela 14 .......................................................................................................... 70

Tabela 15 .......................................................................................................... 72

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xv

SSSuuummmááárrriiiooo

FICHA CATALOGRÁFICA..............................................................................

APOIO.............................................................................................................

DEDICATÓRIA................................................................................................

AGRADECIMENTOS......................................................................................

RESUMO.........................................................................................................

ABSTRACT.....................................................................................................

LISTA DE ABREVIATURAS...........................................................................

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................

LISTA DE TABELAS.......................................................................................

INTRODUÇÃO ...............................................................................................

i

ii

iii

iv

vii

ix

x

xii

xiv

1

1. Estrogênio e regulação do peso corporal ................................................ 1

2. Adipocinas ............................................................................................... 4

2.1. Leptina- um hormônio produzido pelo tecido adiposo .................... 8

2.2. Fator de necrose tumoral (TNF-α) .................................................. 13

2.3. Interleucina 6 (IL-6) ......................................................................... 17

3. Outras citocinas possivelmente envolvidas na regulação do

metabolismo energético ..............................................................................

20

3.1. Interleucina 1 (IL-1) ......................................................................... 20

3.2. Interleucina 10 (IL-10) ..................................................................... 22

4. Hormônios tireóideos ............................................................................... 25

5. Glicocorticóides .......................................................................................

6. Justificativas ............................................................................................

29

33

OBJETIVOS ...................................................................................................

35

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xvi

1. Objetivo geral .......................................................................................... 35

2. Objetivos específicos ............................................................................... 35

MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................

36

1. Tratamento e sacrifício dos animais ........................................................ 36

2. Primeira fase de experimentos ................................................................ 36

3. Segunda fase de experimentos ............................................................... 37

4. Dosagens de citocinas ............................................................................ 39

5. Dosagens hormonais ............................................................................... 39

5.1. Radioimunoensaio de TSH ............................................................. 39

5.2. Radioimunoensaio de T3 e T4 .......................................................... 40

5.3. Radioimunoensaio de leptina .......................................................... 40

5.4 Radioimunoensaio de corticosterona ............................................... 41

6. Análise estatística .................................................................................... 41

RESULTADOS ...............................................................................................

43

1. Primeira etapa – detecção do momento no qual se inicia o ganho de

peso corporal após a ovariectomia ..............................................................

43

2. Segunda etapa ........................................................................................ 44

2.1. Peso corporal .................................................................................. 44

2.2. Gorduras ......................................................................................... 47

2.2.1. Gordura retroperitoneal ................................................................ 47

2.2.2. Gordura periinguinal ..................................................................... 49

3. Consumo alimentar ................................................................................. 51

4. Consumo hídrico ..................................................................................... 53

5. Verificação dos parâmetros séricos na ovariectomia e na reposição

hormonal – perfil hormonal ..........................................................................

55

5.1. Leptina ............................................................................................ 55

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xvii

5.2. Corticosterona ................................................................................. 57

5.3. Triiodotironina (T3) .......................................................................... 59

5.4. Tetraiodotironina (T4) ...................................................................... 61

5.5. TSH ................................................................................................. 62

6. Verificação dos parâmetros séricos na ovariectomia e na reposição

hormonal – Citocinas ...................................................................................

65

6.1. IL-1β ................................................................................................ 65

6.2. IL-6 .................................................................................................. 67

6.3. IL-10 ................................................................................................ 69

6.4. TNF-α .............................................................................................. 71

DISCUSSÃO ..................................................................................................

74

CONCLUSÕES ..............................................................................................

87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................

89

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1

IIInnntttrrroooddduuuçççãããooo

1. Estrogênio e regulação do peso corporal

Os principais hormônios ovarianos são os estrógenos, a progesterona e em

menor proporção, os andrógenos, a relaxina e a inibina, entre outros. Os

estrógenos normalmente encontrados na espécie humana são: estradiol, estrona e

estriol que são produzidos principalmente pelo ovário, mas também podem ser

produzidos por conversão periférica a partir de andrógenos em outros tecidos,

como, por exemplo, no tecido adiposo.

A concentração plasmática dos estrógenos é baixa na infância (menor que

10pg/ml), eleva-se gradativamente durante a puberdade, atingindo concentrações

cíclicas após a menarca. Após a menopausa, a concentração plasmática de

estrogênios decresce bastante devido à falência hormonal ovariana (menos de 10

pg/ml). Na idade adulta, o principal estrógeno circulante é o 17β-estradiol;

entretanto, no período pós-menopausa, a estrona passa a ser o principal

estrógeno plasmático resultante da conversão de androstenediona produzida

pelos ovários e adrenais. As pequenas concentrações de progesterona e 17-α-

OH-progesterona secretadas nesta fase da vida são de origem adrenal (Bulun e

Adashi, 2002).

Os hormônios ovarianos exercem seus efeitos em uma gama de tecidos e

sistemas, como: sistema reprodutor, sistema nervoso central, sistema

cardiovascular, hematopoético e outros (Bulun e Adashi, 2002).

Atualmente, vários trabalhos têm demonstrado um papel importante do

estradiol na regulação do peso corporal.

Na espécie humana a última menstruação ocorre normalmente entre os 45

e 55 anos de idade devido à falência ovariana, e se caracteriza pelo aparecimento

de uma série de sintomas e sinais relativos à privação hormonal (Bulun e Adashi,

2002).

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Esse é um período de grandes transformações no organismo feminino e as

principais alterações observadas relacionam-se ao aumento na taxa de

reabsorção óssea, redução de glicocorticóides plasmáticos totais,

desenvolvimento de obesidade andróide, modificação do perfil lipídico,

hipertensão arterial e ganho de peso corporal (Sakai e cols, 2000).

O ganho de peso corporal, causado pela redução dos níveis de estrogênio

após a menopausa aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e

hipertensão, podendo levar a um quadro conhecido atualmente como síndrome

metabólica. Ainda, aumenta a incidência e a severidade de infecções. Algumas

evidências sugerem que a terapia de reposição hormonal pode apresentar

benefício para redução de doenças osteo-articulares e cardiovasculares,

entretanto, outros efeitos adversos podem ocorrer, como aumento do risco de

câncer no endométrio e eventos trombo-embólicos (Stallone, 1994).

Animais ovariectomizados são um modelo experimental bastante aceito

para o estudo das modificações fisiológicas decorrentes da menopausa, pois

apresentam alterações metabólicas semelhantes àquelas encontradas em

mulheres após a falência ovariana. A ovariectomia corresponde à remoção

bilateral dos ovários, com conseqüente redução do estrogênio e progesterona

plasmáticos em fêmeas de várias espécies animais. Vários estudos demonstram

aumento de peso corporal progressivo em ratas ovariectomizadas, embora apenas

um estudo tenha avaliado o ganho de peso progressivo, com o tempo decorrido

após ovariectomia. Nesse estudo, as ratas ovariectomizadas obtiveram ganho de

peso corporal ponderal maior que as ratas controle, sendo, este aumento,

significativo a partir da 11° semana em ratas de 21 dias pesando 60 ± 5g ; e a

partir da 9° semana em ratas de 60 dias pesando 200 ± 15g. Para esses autores,

a privação dos hormônios ovarianos em ratas, seja em idade jovem ou mais

avançada, está relacionada com ganho de peso ponderal (Vasconcelos e cols,

2004). Observam-se nas primeiras semanas após a ovariectomia, elevação nos

níveis de algumas citocinas inflamatórias e redução dos níveis de leptina

circulantes; fatores que podem estar contribuindo para a gênese do ganho de

peso corporal. A administração de estrogênio é capaz de reverter o aumento nas

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concentrações destas citocinas inflamatórias, principalmente em ratas jovens

(Johnson e Sohrabji, 2005).

Sabe-se há muitas décadas que o estrogênio tem um papel regulador da

quantidade e distribuição de gordura corporal total. Esse papel foi confirmado em

estudos recentes feitos em camundongos “knockout” para o receptor de

estrogênio α (ER α), ou “knockout” para aromatase, a enzima responsável pela

biossíntese do estrogênio. Esses animais apresentam aumento significativo de

tecido adiposo e dislipidemia (Heine e cols, 2000; Jones e cols, 2000). Além

desses achados, ratas ovariectomizadas apresentam ganho de peso corporal

superior aquelas falso operadas e o tratamento com estrogênio promove um

menor ganho de peso em relação aos animais ovariectomizados não repostos

com estrogênio (Yoneda e cols, 1998; Thomas e cols, 1986; Pedersen e cols,

2001). Os estudos recentes sugerem que o receptor de estrogênio α (ERα) seja

aquele responsável por mediar o efeito deste hormônio sobre a regulação do peso

corporal (Roesch, 2006), mas os mecanismos pelo qual o estrogênio seria capaz

de modular o peso corporal ainda não foram completamente elucidados. Muitos

autores correlacionam o ganho de peso corporal em ratas ovariectomizadas, e em

mulheres na menopausa, ao aumento da ingestão alimentar (Jeusette e cols,

2004; Liang e cols, 2002; Ainslie e cols, 2001; Shimizu e cols, 1996). No entanto,

alguns trabalhos relatam que esse ganho de peso seria secundário a alterações

no gasto energético diário (Roesch, 2006).

Com relação aos efeitos do estrogênio sobre o gasto energético, acredita-

se que esse esteróide seja capaz de regular a expressão de proteínas

desacopladoras mitocondriais (UCPs) nos tecidos adiposos branco e marrom.

Ratas ovariectomizadas apresentam redução na expressão de UCP1 no tecido

adiposo marrom, entretanto, a expressão de UCP2 e UCP3 não se altera com a

diminuição do estrogênio. Contudo, observa-se redução na expressão de UCP2

no tecido adiposo branco em ratas ovariectomizadas. A redução na expressão das

UCPs nos diferentes tipos de tecidos poderia ser um dos fatores responsáveis por

causar decréscimo no gasto energético, e conseqüente aumento de peso corporal

em ratas ovariectomizadas (Pedersen e cols, 2001). Um outro efeito do estrogênio

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de similar relevância é o seu papel na modulação dos níveis plasmáticos de

citocinas, o que pode se correlacionar com o aumento de peso corporal (Johnson

& Sohrabji, 2005).

No tecido adiposo são produzidas várias substâncias, dentre as quais

leptina, resistina, adiponectina, e outros mediadores químicos (Nedvídková e cols,

2005). Algumas destas substâncias têm sido relacionadas ao desenvolvimento de

obesidade e resistência à insulina. Estudos recentes sugerem que a obesidade é

caracterizada por um acúmulo de macrófagos no tecido adiposo. Esta infiltração

de macrófagos parece contribuir substancialmente para a liberação de citocinas

inflamatórias no tecido adiposo e para o desenvolvimento da obesidade em

roedores e humanos. (Hauner, 2004). Entretanto, a maior parte dos estudos avalia

o perfil de citocinas plasmáticas após a instalação da obesidade, impedindo a

correta avaliação dos mecanismos relacionados à gênese do sobrepeso.

2. Adipocinas

Os mediadores químicos secretados no tecido adiposo são denominados

conjuntamente de adipocinas, tais como leptina, adiponectina, adipsina, inibidor do

ativador de plasminogênio (PAI-1), proteína estimuladora de acilação (ASP),

angiotensinogênio e fator de necrose tumoral (TNF-α), embora esta lista esteja

sendo constantemente ampliada com a descoberta de substâncias biologicamente

ativas provenientes do tecido adiposo branco (Figura 1) (Fonseca-Alanis e cols,

2006).

Algumas dessas substâncias são citocinas inflamatórias e resultam da

migração macrofágica para o tecido adiposo, quando este se encontra em

excesso; ou são hormônios capazes de regular o balanço energético do

organismo. Estas substâncias por estarem envolvidas no controle do balanço

energético, podem modular o peso corporal total. Tais substâncias, como TNF-α,

leptina e principalmente IL-6 (interleucina 6), têm seus efeitos biológicos

sistêmicos relacionados à lipólise ou a lipogênese de tecido adiposo branco. O

estímulo ou a inibição de sua secreção no tecido adiposo está diretamente

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relacionado ao desenvolvimento de sobrepeso e obesidade (Fonseca-Alanis e

cols, 2006).

Figura 1. Principais fatores protéicos e não protéicos produzidos pelo tecido

adiposo branco (TAB)

Animais ovariectomizados, e mulheres na menopausa, apresentam

variações importantes nas concentrações séricas de algumas dessas substâncias

produzidas no tecido adiposo, e, na maioria das vezes, estas variações

correlacionam-se ao incremento de peso corporal total observado após

ovariectomia ou durante a menopausa. As citocinas, como TNF-α e outras,

desempenham papéis importantes no controle dos estoques energéticos e da

ingestão calórica. Pouco se conhece a respeito do mecanismo de ação destas

citocinas no hipotálamo, mas aparentemente, de forma aguda, podem induzir a

expressão de peptídeos orexígenos, como NPY (neuropeptídeo Y) e CRH

(hormônio liberador de corticotrofina) e de forma crônica, diminuir os anorexígenos

como POMC (proopiomelanocortina) (Amaral e cols, 2006).

O consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas induz a expressão de

citocinas no tecido adiposo. A sinalização pró-inflamatória regional

(particularmente a ação de citocinas como TNF-α induzindo a expressão de IL-1β,

IL-6 e IL-10) promove aumento na expressão neuronal de SOCS-3 (supressor da

sinalização de citocinas tipo 3), a qual participa de mecanismos intracelulares de

LeptinaLeptina

CitocinasCitocinas Adiponectina

prostaglandinas

GlicocorticóidesGlicocorticóides

ResistinaNÚCLEOEstrógenos

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inibição de sinais anorexigênicos no hipotálamo. Contudo, as conseqüências

hipotalâmicas do consumo de dieta rica em lipídeos não se restringem à indução

de SOCS-3. Na verdade, o fenômeno pró-inflamatório ativa as vias de sinalização

inflamatórias da JNK (janus quinase) e NF-Kappa B (fator nuclear Kappa B) em

neurônios do núcleo arqueado e do hipotálamo lateral. Essa via de sinalização

leva à resistência à insulina no hipotálamo de animais alimentados com dieta

hiperlipídica. Esse mecanismo pode ser um dos responsáveis pela gênese da

obesidade, por induzir resistência hipotalâmica à ação da insulina e da leptina, que

têm efeito anorexígeno, concomitantemente ao aumento no consumo alimentar via

efeito orexígeno mediado pela expressão de SOCS (Velloso, 2006). (Figura 2)

Figura 2. Resumo das possíveis vias de sinalização propostas para a ação das

citocinas no hipotálamo.

O tecido adiposo sofre influência de vários fatores hormonais para o seu

desenvolvimento e funcionamento: alguns desses hormônios têm atividade

predominantemente catabólica (catecolaminas), outros têm atividade

predominantemente anabólica (insulina); outros ainda possuem papel permissivo à

Citocinas (inicialmente TNF-αααα)

↑↑↑↑ NPY e CRH↓↓↓↓ POMC

↓↓↓↓ anorexigênicos

↑↑↑↑ SOCS-3

↑↑↑↑ Vias de sinalização JNK e NF-Kappa B

resistência à insulinainsulina

Síndrome metabólicaSíndrome metabólica

Efeito orexígeno

Hipotálamo

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ação de outros hormônios (glicocorticóides) e alguns são importantes para o seu

desenvolvimento embriológico além de seus efeitos metabólicos (hormônios da

tireóide) (Fonseca-Alanis e cols, 2006).

O adipócito, de acordo com a sua localização, apresenta características

metabólicas diferentes, sendo a adiposidade intra-abdominal aquela que

apresenta maior impacto sobre a diminuição da sensibilidade à insulina.

Entretanto, o mecanismo fisiopatogênico pelo qual o acúmulo desta gordura

poderia induzir a obesidade ainda é desconhecido (Ribeiro Filho e cols, 2006).

Atualmente, a produção de citocinas inflamatórias tem sido relacionada à

resistência insulínica comumente associada à adiposidade intra-abdominal. A

capacidade do adipócito em produzir citocinas e quimiocinas tem sido estudada

como uma possível causa de obesidade. As citocinas infiltram o estroma do tecido

adiposo abdominal em ratos, contribuindo para a perpetuação e exacerbação do

processo inflamatório crônico. A expressão de marcadores inflamatórios é mais

acentuada na gordura visceral que na subcutânea, fator que parece interferir no

impacto metabólico da adiposidade intra-abdominal (Wellen e cols, 2003; Ribeiro

Filho e cols, 2006).

Os mecanismos pelos quais a obesidade leva à resistência insulínica ainda

não estão totalmente esclarecidos. Estudos recentes têm demonstrado um papel

decisivo das citocinas inflamatórias produzidas no tecido adiposo, na ligação entre

obesidade e diabetes tipo II. Sabe-se, até o momento, que as citocinas ativam a

via de sinalização da Janus quinase, que por sua vez inibe a cascata de

sinalização insulínica, via inativação do substrato para o receptor de insulina (IRS-

1). Em contrapartida, a produção de citocinas no tecido adiposo predispõe à maior

formação de tecido adiposo, completando o ciclo obesidade – citocinas – diabetes

(Tilg & Moschen, 2006) (Figura 3).

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Figura 3. Relação entre citocinas e obesidade associada à resistência à insulina.

JNK: Janus quinase; IRS-1: substrato do receptor de insulina 1; IKK: 1 Kappa β

quinase). Adaptado do site: http://www.hsph.harvard.edu/GSH-LAB/

2.1. Leptina – um hormônio produzido pelo tecido adiposo

A leptina é um produto do gene ob (Houseknecht e cols, 1988) em vários

tecidos, incluindo placenta, glândulas mamárias e endométrio, mas a sua

produção ocorre principalmente no tecido adiposo (Meli e cols, 2004). Esse

hormônio está diretamente envolvido na homeostase energética do organismo

em roedores e humanos (Isidori e cols, 2000). Seu principal efeito é

anorexígeno, pois atua nos neurônios de primeira ordem do núcleo arqueado do

hipotálamo, promovendo sensação de saciedade. Promove estimulação dos

neurônios anorexígenos produtores de POMC (proopiomelanocortina) / CART

(transcrito regulado pela cocaína e anfetamina) e inibição dos neurônios

orexígenos produtores de AGRP (proteína relacionada a agouti) / NPY

(neuropeptídeo Y), que por sua vez atuam nos neurônios de segunda ordem do

núcleo arqueado. Isso resulta em redução do consumo alimentar e aumento do

gasto energético simultaneamente (Otero e cols, 2005, Meli e cols, 2004).

A leptina circulante no plasma está relacionada, e é diretamente

proporcional, à quantidade de tecido adiposo do organismo. Sua liberação no

OBESIDADE

TNF-αααα, IL-6, IL-1

JNK

DiabetesIKK

IRS-1 pSer

Receptor de insulina

OBESIDADE

TNF-αααα, IL-6, IL-1

JNK

DiabetesIKK

IRS-1 pSer

Receptor de insulina

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sangue reflete o conteúdo de triglicerídeos estocados e o metabolismo

energético (Houseknecht e cols, 1988). Portanto, nos indivíduos obesos ela

existe em grande quantidade. No entanto, nestes indivíduos a leptina não exerce

seus efeitos anorexígenos de forma satisfatória. Postula-se nestes casos a

existência de um mecanismo de resistência à ação da leptina (Isidori e cols,

2000).

Há mais leptina circulante nas mulheres do que nos homens. Tal fato pode

ser devido a maior porcentagem de gordura encontrada nas mulheres,

fisiologicamente relacionada à reprodução (Shimizu e cols, 1997; Isidori e cols,

2000). Segundo Tomaseli (2001) as fêmeas, em todas as espécies, possuem

maior expressão do gene ob, o que explicaria as maiores concentrações de

leptina circulantes.

A secreção de leptina também é influenciada por muitos fatores metabólicos

e hormonais. Em humanos, glicocorticóides, insulina, hormônios tireóideos e

estradiol estimulam; enquanto testosterona e estimulação adrenérgica inibem

sua secreção (Isidori e cols, 2000; Kulcsár e cols, 2005). Em contrapartida, a

leptina é capaz de reduzir as secreções e as concentrações plasmáticas de

glicocorticóides e insulina, e de aumentar de catecolaminas. A insulina exerce

um efeito importante não só na regulação da secreção, como também na ação

da leptina, sendo um hormônio co-participativo nos efeitos estimulatórios da

leptina nos neurônios POMC / CART e inibitórios nos neurônios AGRP / NPY

(Otero e cols, 2005).

Na menopausa, época que coincide com idade mais avançada, também há

níveis de leptina alterados. Há, freqüentemente, aumento de peso corporal total

após ovariectomia em ratas e também durante a menopausa em mulheres

(Isidori e cols, 2000, Baranowska e cols, 2000; Martin e cols, 2001). Portanto,

pensa-se em aumento nas concentrações séricas de leptina nestas situações,

como resultado do aumento de gordura corporal total. Os estudos são

contraditórios nestes casos. Segundo Martin e cols (2001), após a ovariectomia

(OVX) há uma redução do gasto energético total que é simultânea ao aumento

de peso corporal. Acompanhando essas alterações, observa-se um aumento nas

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concentrações séricas de leptina o que, para o autor, reflete a maior

porcentagem de gordura corporal. De fato, no estudo de Meli e cols (2004) a

leptina sérica está elevada em ratas após 7 e 22 semanas de castração.

Contudo, esta elevação é mais pronunciada após 22 semanas de castração,

momento que coincide com um peso corporal total mais elevado. Quatro

semanas após a ovariectomia, o autor observou menor elevação de peso

corporal, que não foi acompanhada de elevações nos níveis de leptina

circulantes.

Em mulheres ovariectomizadas há um decréscimo significativo nas

concentrações de leptina plasmáticas 4 dias após a cirurgia, entretanto, o efeito

dos anestésicos e o consumo alimentar reduzido, comuns ao período pós-

operatório, não podem ser excluídos. A administração subcutânea de

progesterona em conjunto com estrogênio pode prevenir esta redução nos níveis

de leptina. Mulheres com ciclo menstrual normal, não apresentam modificações

no conteúdo de leptina plasmático. No período de menopausa fisiológica (sem a

remoção cirúrgica dos ovários), os valores de leptina encontram-se ligeiramente

elevados. Entretanto, os resultados de muitos estudos são contraditórios neste

sentido, provavelmente porque a maioria dos estudos não estabelece uma

correção em função da composição corporal destas mulheres (Shimizu e cols,

1997; Kulcsár e cols, 2005).

De acordo com Baranowska e cols (2000) há elevação nas concentrações

séricas de leptina em mulheres na menopausa com sobrepeso. Contudo, as

concentrações de leptina são maiores nas menopausadas obesas. Essa

variação pode estar mais relacionada com o aumento de peso do que com as

modificações hormonais da menopausa.

Sabendo-se que a leptina tem efeito anorexígeno, podendo modular

ingestão alimentar e gasto energético, como explicar a manutenção do peso

corporal mais elevado após a ovariectomia e a menopausa, com a elevação nos

níveis de leptina sérica? Postula-se a existência de um mecanismo de

resistência a leptina. (Chen e cols, 2001).

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De acordo com Ainslie e cols (2001), a obesidade observada em ratas

ovariectomizadas não está associada a hipoleptinemia ou a redução na

expressão do gene ob, mas correlaciona-se a uma insensibilidade central à

leptina. O autor verifica ainda, um aumento na produção de NPY, um orexígeno

produzido no hipotálamo, o que poderia estar contribuindo para o excesso de

acúmulo lipídico na ausência de estrogênio. Alguns trabalhos relatam redução

na expressão do receptor de leptina em animais ovariectomizados. Segundo

Kimura e cols (2002) há redução na expressão do receptor de forma curta de

leptina no cérebro, e do de forma longa no hipotálamo de ratas

ovariectomizadas. Existe uma regulação diferenciada para a expressão de

receptores de forma curta e de forma longa. O receptor de forma longa é mais

ativo e determina a ação da leptina sobre o controle da ingestão alimentar. Para

Bennett e cols (1998), a ovariectomia não tem efeito na expressão do receptor

de forma longa, mas promove aumento na expressão do receptor de forma curta.

Ratas ovariectomizadas por 7 ou 22 semanas têm diferença na expressão dos

receptores de forma longa para leptina. Observa-se redução na expressão de

receptores de leptina no hipotálamo, apenas após 22 semanas de ovariectomia,

que estaria associado à hiperleptinemia. No tecido adiposo, observa-se elevação

na expressão deste receptor após 7 semanas de ovariectomia, e diminuição

após 22 semanas (Meli e cols, 2004). Essas alterações desaparecem com a

suplementação de estrogênio (Meli e cols, 2004; Ainslie e cols, 2001; Kimura e

cols, 2002; Bennett e cols, 1998).

Todavia, não é somente por redução na expressão de seus receptores que

a leptina tem sua ação reduzida ou interrompida. Se o transporte de leptina para

o sistema nervoso central, tecido alvo da leptina, estiver interrompido, o

mecanismo de ação deste hormônio é igualmente prejudicado, mesmo que

esteja em altas concentrações no sangue. Segundo Abba e cols (2001),

camundongos ovariectomizados apresentam redução no transporte de leptina

para o cérebro após 5 semanas de ovariectomia.

Alguns estudos relatam redução e outros não relatam alteração nas

concentrações de leptina sérica em ratos e humanos após ovariectomia ou

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durante a menopausa, respectivamente. Sabe-se que, em humanos, o

estrogênio é um fator estimulante para a secreção de leptina (Tommaselli e cols,

2001). Na menopausa, ou após ovariectomia em ratas, a ausência de estrogênio

estaria possivelmente modulando negativamente as concentrações de leptina

séricas ou a expressão do gene ob. Verifica-se, em alguns casos, redução na

expressão do gene ob em tecido adiposo subcutâneo e retroperitoneal, e

elevação desta expressão em tecido adiposo mesentérico, após 8 semanas de

ovariectomia em ratas (Shimizu e cols, 1997; Bennet e cols, 1998; Yoneda e

cols, 1998).

No estudo de Chu e cols (1999), as concentrações séricas de leptina estão

reduzidas nas primeiras semanas após a ovariectomia em ratos. Logo após a

cirurgia, verifica-se uma redução progressiva nos níveis de leptina séricos até a

sétima semana após castração. Nesta semana, os níveis de leptina encontram-

se indetectáveis. Após este período, as concentrações séricas de leptina tendem

a aumentar, e por volta da décima terceira semana, verificam-se níveis bastante

elevados deste hormônio no soro dos animais ovariectomizados. A reposição

com estrogênio (25µg/Kg p.c.) via endovenosa elimina tais flutuações na

concentração de leptina sanguínea.

De acordo com Pelleymounter (1999) não há alteração nos níveis de leptina

antes do desenvolvimento da obesidade, e a administração de estrogênio (0,05

– 17µg/dia, durante 14 dias) não altera estes níveis. Haveria variações dos

níveis de leptina somente após o estabelecimento da obesidade.

Outro parâmetro que tem despertado a atenção nas últimas décadas é a

interação entre citocinas inflamatórias e leptina. Em infecções agudas, como na

sepse, situação nas quais ocorre processo inflamatório, também se observa

alteração nos níveis de leptina. Quando níveis séricos de citocinas como IL-1, IL-

10 e TNF-∝ estão elevados no soro, observa-se concentrações de leptina em

quantidades igualmente elevadas. Estas citocinas ainda aumentam a expressão

de RNAm para leptina (Hulver e cols, 2003). Em contrapartida, a leptina também

é capaz de elevar a produção de citocinas (Ryan e cols, 2004). A leptina e seus

receptores estão, estruturalmente e funcionalmente, relacionados com a família

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da citocina pró-inflamatória IL-6 (Tartaglia e cols, 1995). A forma longa do

receptor de leptina é expressa por tecidos e células do sistema imune, incluindo

medula óssea, baço, monócitos, macrófagos e linfócitos T (Fantuzzi e cols, 2000;

Gainsford e cols, 1996). Isso sugere um envolvimento da leptina, atuando

sozinha ou em sinergismo com as citocinas na patogênese de doenças

inflamatórias e auto-imunes (Bik e cols, 2001; Otero e cols, 2005). Essa inter-

relação é dependente da espécie estudada. Em primatas e roedores a resposta

fisiológica é semelhante; os fatores que elevam a liberação de leptina são os

mesmos em ambos; a única diferença é o tempo de liberação na corrente

sanguínea. Em roedores, a leptina é liberada mais rapidamente, logo nas

primeiras horas de estímulo, por administração de endotoxinas, por exemplo,

(Landman e cols, 2003; Finck e cols, 1998; Turnbull e cols, 1999). Não se sabe

ao certo o mecanismo de ação pelo qual citocinas atuam estimulando a

liberação de leptina pelo tecido adiposo.

Além do efeito das citocinas, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal pode sofrer

modulação por leptina. A leptina atua diminuindo a liberação de ACTH, (Kulcsár

e cols, 2005) e os glicocorticóides por sua vez, assim como as catecolaminas,

estimulam a secreção de leptina (Mastronaldi e cols, 2000).

Em resumo, a leptina pode estar relacionada ao ganho de peso corporal

observado em ratas ovariectomizadas; e sua elevação sérica, pode resultar na

produção de citocinas inflamatórias no processo de ganho de peso corporal.

Entretanto, não se sabe se o aumento na produção sérica destas citocinas eleva

a liberação de leptina pelo tecido adiposo, ou se é a leptina que estimula a maior

produção de citocinas. De qualquer forma, parece existir uma sinergia entre

estes fatores nos animais ovariectomizados, promovendo o incremento do peso

corporal ou a manutenção do peso elevado.

2.2. Fator de Necrose Tumoral-αααα (TNF-αααα)

O TNF-α é um citocina pró-inflamatória produzida por vários tipos celulares,

principalmente por macrófagos e linfócitos. Pode também ser produzida no tecido

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adiposo, entretanto em humanos esta produção é pequena (Hotamisligil e cols,

1993). Sua concentração plasmática está freqüentemente aumentada na

obesidade, assim como a quantidade de seus receptores solúveis (Hauner, 2004;

Merial e cols, 2000).

O TNF-α pode ter efeitos anorexígenos e orexígenos. Seus efeitos

anorexígenos são observados na caquexia que acompanha as doenças

infecciosas e o câncer. Seus efeitos orexígenos podem ser visualizados durante o

período de desenvolvimento da obesidade, quando se observa um aumento na

expressão desta citocina e de outras citocinas pró-inflamatórias (Hauner, 2004).

Esta citocina exerce papel fundamental na indução da resistência à insulina,

promovendo a fosforilação do IRS-1 (substrato do receptor de insulina) nos seus

resíduos de serina. Essa fosforilação não permite a interação do IRS-1 com a

subunidade β do receptor de insulina, o que promove inibição da sinalização

insulínica (Bastard e cols, 2006). (Figura 4). A expressão de TNF-α está

aumentada em indivíduos com resistência insulínica no tecido adiposo e no

músculo (Bahia e cols, 2006). Sendo a insulina um hormônio adipostático que

exerce efeito anorexígeno no hipotálamo, a redução do seu efeito afeta o balanço

energético, promovendo aumento da ingestão calórica (Amaral e cols, 2006).

Estudos demonstram que TNF-α pode elevar a expressão da forma

indutível da óxido nítrico sintase (iNOS) em vários tecidos e tipos celulares,

principalmente no músculo e no adipócito. Esta iNOS, por sua vez, parece estar

envolvida na regulação negativa de UCP-2 por TNF-α e na redução da captação

de glicose pelos tecidos adiposo e muscular. Este efeito ocorre via papel redutor

do óxido nítrico na expressão de UCP-2 e de GLUT4 (transportador de glicose tipo

4) (Merial e cols, 2000; Bahia e cols, 2006).

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15

Figura 4. Interação das vias inflamatórias com a via da insulina

Nos vasos, TNF-α reduz a biodisponibilidade de NO (óxido nítrico) e impede

a vasodilatação endotélio-dependente. Os possíveis mecanismos sugeridos

incluem a redução na meia vida do RNAm da NOS endotelial (eNOS) e aumento

na produção de superóxido pelo NADPH oxidase vascular. TNF-α também pode

contribuir para a apoptose da célula endotelial (Bahia e cols, 2006). Segundo

Merial-Kieny e cols (2003), a indução de iNOS em músculo e adipócito, e a

redução na NO em vasos por TNF-α, têm papel fundamental no estabelecimento

da síndrome metabólica, que se caracteriza pela ocorrência de obesidade,

Diabetes Mellitus tipo 2 e hipertensão. A obesidade central ou abdominal leva à

resistência à insulina e à disfunção endotelial; a resistência à insulina, por sua vez,

leva à disfunção endotelial (Carvalho e cols, 2006).

O TNF-α também pode exercer efeitos na fração ligada dos hormônios

tireóideos. A infusão intravenosa de TNF-α (8µg/dia) durante 7 dias, em ratos,

provoca redução no hormônio tireóideo T4 ligado no plasma, pois é capaz de

reduzir a proteína ligadora de tiroxina, responsável por carrear T4 no sangue, mas

não altera a concentração de T4 livre. Entretanto, essa citocina não altera a razão

entre T3/T4, nem a atividade da enzima desiodase tipo I, uma das enzimas

responsáveis pela conversão de T4 em T3. Como não altera os níveis de T4 livre e

membrana

plasmática

TNFTNF

MKKK

MKK

JNK Serina kinase

AP1NFκB

NFκB

IKKβSerina kinase

IκBα

p

p

NÚCLEO TNF-αααα, IL-6, IL-1

IκBα

p

p

p

extracelular

citosol

ppTyr Tyr

IRS

IRS

PDK

AKT/PKB

GLUT 4

p

p

PI3K

Ser

Insulina

membrana

plasmática

TNFTNF

MKKK

MKK

JNK Serina kinase

AP1NFκB

NFκB

IKKβSerina kinase

IκBα

p

p

NÚCLEO TNF-αααα, IL-6, IL-1

IκBα

p

p

p

extracelular

citosol

ppTyr Tyr

IRS

IRS

PDK

AKT/PKB

GLUT 4

p

p

PI3K

Ser

membrana

plasmática

TNFTNF

MKKK

MKK

JNK Serina kinase

AP1NFκB

NFκB

IKKβSerina kinase

IκBα

p

p

NÚCLEO TNF-αααα, IL-6, IL-1

IκBα

p

p

p

extracelular

citosol

ppTyr Tyr

IRS

IRS

PDK

AKT/PKB

GLUT 4

p

p

PI3K

Ser

Insulina

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tampouco a conversão deste hormônio em sua forma mais ativa, T3,

provavelmente o mecanismo pelo qual TNF-α promove redução em gasto

energético não seria através destes hormônios (Sweep e cols, 1992). (Figura 5).

Dietas hipercalóricas utilizadas na indução da obesidade promovem

elevação nos níveis de TNF-α e outras citocinas no plasma. Estudos recentes

sugerem que a redução dos níveis de TNF-α promove redução no consumo

alimentar, perda de peso e é capaz de reverter o quadro de resistência à insulina

no hipotálamo (Bastard e cols, 2006).

Figura 5. Resumo dos possíveis efeitos do TNF-α no desencadeamento da

síndrome metabólica.

Em relação à expressão e a produção de TNF-α no tecido adiposo de

indivíduos obesos, os estudos são controversos. Segundo Hotamisligil e cols

(1995), os obesos expressam 2,5 vezes mais RNAm para TNF-α no tecido

adiposo, do que indivíduos magros. No estudo de Mohamed e cols (1997), a

expressão de RNAm para TNF-α em humanos é similar em tecido adiposo visceral

e subcutâneo; e a obesidade não altera esta expressão. A produção de TNF-α em

TNFTNF--αααααααα

Fosforilação de IRS-1

Inibição da sinalizaçãoinsulínica

↑ iNOSTecidos adiposo

e muscular

↓ UCP-2

↑ NF-kappaB↓ [NO] nos vasos↓ eNOS RNAm

↑ Adesão de monócitos nos vasos e conversão

em macrófagos

Síndrome metabólicaSíndrome metabólica

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tecido subcutâneo de indivíduos magros e obesos é similar. De acordo com esse

autor, o estímulo para a produção de TNF-α seria provocado pela presença de

leptina ou de outras adipocinas no plasma, que poderiam induzir a secreção de

TNF-α por diferentes tipos celulares, como macrófagos (Bastard e cols, 2006).

Ratas fêmeas ovariectomizadas apresentam concentrações elevadas de

TNF-α séricas, em comparação aos animais ovariectomizados tratados com

estrogênio. Camundongos ovariectomizados também apresentam níveis elevados

desta citocina no plasma e a administração de estrogênio reverte este efeito

(Speyer e cols, 2005). Entretanto, esses estudos foram realizados quando os

animais já apresentavam sobrepeso, ou seja, as alterações de TNF-α sérico após

a ovariectomia podem ser secundárias à instalação da obesidade.

2.3. Interleucina-6 (IL-6)

A interleucina do tipo 6 (IL-6) é uma citocina pró-inflamatória que pode ser

produzida por vários tipos celulares, como fibroblastos, células endoteliais e

monócitos; podendo ser produzida em diferentes tecidos, entre eles o tecido

adiposo (Fried e cols, 1998; Bastard e cols, 2002). Dados recentes sugerem que,

enquanto TNF-α age de forma parácrina no adipócito, a IL-6 circula no plasma em

concentrações relativamente altas, sendo mais importante sistemicamente

(Carvalho e cols, 2006).

As concentrações de IL-6 circulantes estão diretamente relacionadas ao

peso corporal (Hauner, 2004). Na obesidade mórbida, os níveis plasmáticos desta

citocina estão elevados. Normalmente, 15-30% da IL-6 circulante presente no

organismo é proveniente do tecido adiposo, na ausência de inflamação aguda.

Esta secreção é maior no tecido adiposo visceral, em relação aos outros

compartimentos corporais de gordura; sendo a expressão de RNAm para IL-6

maior neste tecido. Contudo, no tecido adiposo, a maior proporção de IL-6 não é

produzida por adipócitos maduros, mas por células do estroma vascular, incluindo

pré-adipócitos, células endoteliais, monócitos e macrófagos (Bastard e cols, 2002;

Mohamed-Ali e cols, 1997; Fain e cols, 2004). Sabe-se que há maior quantidade

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de macrófagos e monócitos sendo recrutados para o tecido adiposo visceral em

comparação com o tecido adiposo subcutâneo, o que poderia explicar as maiores

concentrações de IL-6 no tecido adiposo visceral (Hauner, 2004).

A IL-6 é uma citocina multifuncional que age em várias células e tecidos.

Estudos recentes demonstraram que a IL-6 e seu receptor são expressos e

funcionais no tecido adiposo, podendo esta citocina exercer efeito

autócrino/parácrino neste tecido (Hauner, 2004).

Um dos principais efeitos da IL-6 é a indução da produção da proteína

hepática C reativa. Essa proteína é um dos maiores marcadores do risco de

complicações cardiovasculares. Há relação entre conteúdo de IL-6 em tecido

adiposo, IL-6 plasmática e proteína C reativa (Bastard e cols, 2002; Ridker e cols,

2003).

Atualmente, tem sido proposto, para a IL-6, um papel importante na ligação

entre obesidade, inflamação e doenças cardiovasculares. Sabe-se que o tecido

adiposo visceral, reserva adiposa ligada diretamente aos acidentes vasculares,

pode produzir maiores quantidades de IL-6 que o tecido adiposo subcutâneo.

Além disso, a produção de IL-6 pelo tecido adiposo pode afetar diretamente o

metabolismo lipídico por induzir a secreção de VLDL pelo fígado e a

hipertrigliceridemia (Bastard e cols, 2002; Yudkin e cols, 2000).

A IL-6 também pode estar envolvida na resistência insulínica e suas

complicações. Pacientes com diabetes melitus tipo II apresentam concentrações

plasmáticas elevadas de IL-6 (Bruan e cols, 2003).

O receptor de IL-6 pertence à classe I de receptores de citocinas, cuja ação

envolve a via JAK/STAT de sinalização intracelular. O mecanismo exato pelo qual

IL-6 atua na via de sinalização da insulina não está totalmente esclarecido;

provavelmente envolve a ativação da tirosina fosfatase, com conseqüente

diminuição da fosforilação do substrato para o receptor de insulina (IRS-1), e a

interação entre proteínas supressoras da sinalização de citocinas (SOCS) e o

receptor de insulina. Além disto, tanto IL-6 quanto TNF-α podem promover a

redução na expressão de RNAm para adiponectina, uma citocina, produzida pelo

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tecido adiposo, que aumenta a sensibilidade à insulina (Bruan e cols, 2003;

Mooney e cols, 2001; Carvalho e cols, 2006). (Figura 6)

Figura 6. Resumo dos possíveis mecanismos de inibição da sinalização insulínica

por IL-6.

A IL-6 é provavelmente uma citocina lipolítica. A infusão de IL-6,

diretamente no coração de indivíduos normais, promove aumento na liberação de

ácidos graxos livres e glicerol para o plasma, elevação nas concentrações de

cortisol plasmático e aumento da taxa metabólica basal em humanos (Van Hall e

cols, 2003). A administração de IL-6 subcutânea, em homens, promove a elevação

aguda nas secreções de prolactina, hormônio do crescimento e ACTH, e redução

na liberação de TSH (Tsigos e cols, 1997). Tais resultados sugerem uma função

lipolítica importante de IL-6; entretanto, em ambos os estudos, tal efeito somente é

observado quando altas doses de IL-6 são administradas.

Exercício físico intenso, infecções agudas e obesidade mórbida são

situações nas quais se observa elevação dessas citocina no plasma. Nos dois

primeiros casos observa-se redução de peso corporal, o que está de acordo com o

ILIL--66

↑ Tirosina fosfatase

↓ FosforilaçãoIRS-1

Inibição da sinalizaçãoinsulínica

AdiponectinaAdiponectina

↑ Sensibilidade à insulina

-ILIL--66

↑ Tirosina fosfatase

↓ FosforilaçãoIRS-1

Inibição da sinalizaçãoinsulínica

AdiponectinaAdiponectina

↑ Sensibilidade à insulina

-

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efeito lipolítico; entretanto, qual seria a possível correlação entre IL-6 e

obesidade? Provavelmente, o aumento nos níveis de IL-6, no indivíduo obeso,

seria um mecanismo de defesa orgânico, na tentativa de elevar a taxa metabólica

basal na obesidade. Contudo, este efeito não é eficaz na redução de peso

corporal. Postula-se uma possível resistência à ação lipolítica desta citocina no

obeso.

A ovariectomia é um procedimento capaz de modificar as concentrações

plasmáticas de IL-6, o que acompanha o ganho de peso corporal nos animais

ovariectomizados. Ratas fêmeas ovariectomizadas apresentam elevação nos

níveis de IL-6 plasmáticos e aumento na expressão de IL-6 em mielócitos (Zeng e

cols, 2005). A ovariectomia eleva significativamente a expressão gênica de IL-6

no tecido adiposo após 5 meses da ovariectomia, e a administração de estrogênio

reverte este efeito (Bruun e cols, 2003).

Estas observações sugerem uma tentativa de prevenção do ganho de peso

corporal nos animais ovariectomizados, via aumento na secreção de IL-6; e pode

justificar a ausência de ganho de peso nos animais ovariectomizados que

recebem reposição estrogênica. Entretanto, este mecanismo não é eficaz em

barrar o ganho de peso corporal, visto que os animais ovariectomizados ganham

peso progressivamente após a ovariectomia.

3. Outras citocinas possivelmente envolvidas na regulação do

metabolismo energético

3.1. Interleucina-1 (IL-1)

A IL-1, assim como TNF-α e IL-6, é uma citocina multi funcional produzida

principalmente por macrófagos ativados por antígenos. Esta citocina também pode

ser produzida por outros tipos celulares, como queratinócitos, fibroblastos e

células dos sistemas nervoso e endócrino, em resposta à inflamação, infecção e

injúria (Ait-Ali e cols, 2003).

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A IL-1 e o TNF-α têm um campo de atuação vasto e semelhante, podendo

exercer seus efeitos a nível local ou sistêmico. Ambos parecem estar envolvidos

na regulação da medula adrenal e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. A medula

adrenal de ratos exibe imunorreatividade para IL-1, e os níveis de IL-1 e de RNAm

para IL-1 estão aumentados nas células cromafins em resposta à injeção de

lipopolissacarídeos (Ait-Ali e cols, 2003). Essa citocina promove elevação no

conteúdo de ACTH plasmático, elevando conseqüentemente os níveis de

glicocorticóides, hormônios que estão relacionados à obesidade, quando elevados

cronicamente. Um efeito sinérgico foi descrito entre as citocinas IL-6, IL-1 e TNF-α

na progressão da aterosclerose. Essas citocinas são capazes de atuar em

conjunto promovendo maior dano vascular, na maioria das vezes associado à

obesidade e à resistência à insulina (Yudkin e cols, 2000).

A IL-1 também exerce efeito no metabolismo da glândula tireóide. A

administração de IL-1 (0,015µg/dia) durante 3 dias a camundongos promove

redução nos níveis séricos de T4, T3 e rT3, elevação na razão T3/T4 e na atividade

da enzima desiodase tipo I no fígado, e redução no efeito do TSH sobre a tireóide.

Paralelamente, essa administração é capaz de promover redução de até 65% no

consumo alimentar desses animais. Sabe-se que TNF-α tem efeito semelhante

(Sato e cols, 1989). A administração de IL-1 a ratos (15mcg/dia), durante 7 dias,

também promove redução nas concentrações séricas de T4, redução na

responsividade tireóidea ao estímulo de TSH e elevação no conteúdo de TSH

hipofisário (Sugawa e cols, 1990).

Os efeitos sobre a economia tireóidea promovidos por IL-1 e TNF-α

poderiam explicar, em parte, o papel dessas citocinas no metabolismo energético.

A redução nas concentrações dos hormônios tireóideos poderia promover

concomitante redução no gasto energético. (Figura 7)

Na síndrome metabólica, foram encontrados níveis mais elevados de IL-1

em mulheres do que em homens. (Corwin e cols, 2006).

A IL-1 está aumentada no tecido ósseo de animais ovariectomizados após 3

semanas de ovariectomia. Esta elevação coincide com a osteoporose que ocorre

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devido à ausência de estrogênio e a administração de estrogênio reverte este

aumento (Dinarello e cols, 1990).

Até o momento, não há estudos mostrando as concentrações plasmáticas

de IL-1 em animais ovariectomizados. Acredita-se que estas concentrações

estejam elevadas nestes animais, já que se encontram aumentadas em diversas

situações onde se verifica aumento na quantidade de tecido adiposo. Sendo IL-1

mais uma citocina relacionada ao ganho de peso corporal, é de se esperar que

sua secreção pelos macrófagos no tecido adiposo, esteja elevada, em

comparação aos animais não ovariectomizados.

Figura 7. Resumo dos possíveis efeitos da IL-1β no estabelecimento da síndrome

metabólica

.

3.2. Interleucina 10 (IL-10)

A interleucina 10 (IL-10) é a principal citocina antiinflamatória presente no

sistema imune, e desempenha um papel crucial na regulação imunológica. Essa

citocina atua desativando as respostas inflamatórias mediadas por macrófagos e

ILIL--11ββββββββ

↑ ACTH

↑ Glicocorticóides

+ IL-6 e TNF-α

aterosclerose

Tireóide

↓ T3 e T4

Síndrome MetabólicaSíndrome Metabólica

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linfócitos, inibindo a formação de citocinas pró-inflamatórias (Scarpelli e cols,

2006).

As citocinas inflamatórias podem causar resistência à insulina, como

descrito anteriormente, e as citocinas antiinflamatórias podem se opor a esses

efeitos, o que sugere a existência de um balanço entre as citocinas pró- e

antiinflamatórias relacionado ao desenvolvimento da diabetes tipo II (Scarpelli e

cols, 2006). Segundo Corwin e cols (2006), a síndrome metabólica está associada

a elevados níveis de proteína C reativa, IL-1β, leptina e níveis reduzidos de IL-10;

e esta condição associa-se a redução na sensibilidade à insulina.

Um estudo com crianças obesas, obesas hipertensas, e obesas diabéticas

encontrou níveis elevados das citocinas IL-6 e TNF-α nestes grupos. A citocina IL-

10 estava inalterada em todos os grupos (Glowinska e urban, 2003). Em

contrapartida, foram encontrados níveis reduzidos de IL-10 em pacientes com

diabetes tipo II. A redução nas concentrações sanguíneas dessa citocina

relacionou-se à redução concomitante na sensibilidade à insulina (Bluher e cols,

2005).

Entretanto, em indivíduos obesos, os dados são controversos. Alguns

autores referem elevação, enquanto outros referem redução na concentração

sanguínea de IL-10 na obesidade. No estudo de Oberbach (2006), os indivíduos

obesos apresentaram concentrações reduzidas de IL-10 no sangue e esta

concentração foi associada ao padrão de distribuição de gordura corporal total. Na

obesidade andróide houve maior redução nas concentrações de IL-10,

comparada à redução observada na obesidade ginóide. Um programa de perda de

peso de curta duração não foi eficaz para elevar as concentrações de IL-10

reduzidas no obeso. Ainda assim, esse programa foi eficaz em reduzir os níveis da

citocina IL-6 e da proteína C reativa, ambos elevados no sangue de obesos.

Segundo o autor, a atividade física também não é eficaz na elevação das

concentrações de IL-10 no sangue de indivíduos submetidos a um programa de

treinamento, durante 4 semanas, com o objetivo de perda de peso corporal.

De acordo com Esposito e cols (2003) os níveis circulantes de IL-10

diminuídos relacionam-se à síndrome metabólica, tanto em mulheres obesas

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quanto não obesas. Mulheres obesas sem síndrome metabólica apresentam

elevados níveis circulantes de IL-10. Modificações no estilo de vida com redução

de peso corporal e a prática de atividade física regular por um período de um ano

resultam em redução nas concentrações de IL-10 em mulheres obesas sem

síndrome metabólica. Segundo o autor, os níveis elevados desta citocina em

mulheres obesas podem representar uma tentativa de inibir constantemente a

produção das citocinas inflamatórias. Entretanto, este mecanismo por algum

motivo estaria falhando, pois se verifica a produção das citocinas inflamatórias em

grande quantidade nos obesos.

Não se conhecem os mecanismos pelos qual essa citocina atua. Sabe-se

até o momento que a IL-10 é capaz de inibir a ativação de NF-κB por TNF-α,

inibindo a atividade da IKK (IκB-kinase) em linhagens celulares monocíticas

humanas (Kim e cols, 2003). A IL-10 pode, ainda, prevenir a resistência à insulina

induzida por IL-6 em músculo esquelético e fígado “in vivo”. Com a administração

de IL-10 o “turnover” de glicose está aumentado no músculo e no restante do

corpo; a atividade de PI-3 kinase associada ao IRS-I está elevada no músculo; há

redução das concentrações de ácidos graxos livres intramusculares e, a taxa de

glicólise muscular está elevada, assim como o conteúdo de glicogênio muscular.

Todos esses efeitos são revertidos por administração de IL-6. Esse estudo sugere

que a administração de IL-10 poderia ser um potente recurso terapêutico para a

reversão da resistência à insulina (Kim e cols, 2003). (Figura 8)

Estudos recentes têm demonstrado um papel protetor de IL-10 tanto em

relação à instalação da lesão aterosclerótica quanto na sua progressão. Há

liberação de IL-10 no plasma durante a isquemia miocárdica, o que limita a

ativação de macrófagos no miocárdio (Espósito e cols, 2003). De acordo com

Manigrasso e cols (2005) a redução nos níveis sanguíneos de IL-10 é um fator

importante de progressão para a lesão ateromatosa.

Apesar de alguns estudos descreverem aumento das concentrações

séricas de IL-10 na menopausa (Kamada e cols, 2001) não há estudos avaliando

as concentrações sangüíneas de IL-10 em animais ovariectomizados

relacionando-as ao desenvolvimento do sobrepeso neste modelo.

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Figura 8. Possíveis efeitos de IL-10 na prevenção da resistência insulínica

4. Hormônios Tireóideos

A tireóide é a primeira glândula endócrina a surgir no embrião, sendo

responsável pela produção dos hormônios triiodotironina (T3) e tetraiodotironina

(T4), de grande importância fisiológica para o organismo (Koop, 2005)

Os hormônios da tireóide desempenham funções críticas na diferenciação

celular, no crescimento e no metabolismo energético, aumentando o consumo de

oxigênio e, portanto, a taxa metabólica basal (Yen, 2001).

A glândula localiza-se na região anterior e lateral da laringe e traquéia,

sendo composta por 2 lobos localizados um de cada lado da traquéia, unidos por

um istmo situado imediatamente abaixo da cartilagem cricóide. Normalmente, o

lobo direito é maior que o esquerdo (Larsen e cols., 1998). O peso da glândula

tireóide no homem adulto se situa em torno de 15 a 25g, e este peso é mantido

por um “turnover” celular discreto, havendo renovação celular aproximadamente 5

vezes durante a vida do indivíduo. O tecido tireoideano é composto de folículos de

estrutura esferoidal; as células que constituem os folículos são as células

foliculares tireoideanas ou tireócitos, células cubóides, responsáveis pela

ILIL--1010

↓ TNF-α ↓ IL-6

↑ “turnover” glicose ↓ Ác. graxos intramusculares↑Glicólise intramuscular↑ Glicogênio muscular

Prevenção da resistência à insulina

ILIL--1010

↓ TNF-α ↓ IL-6

↑ “turnover” glicose ↓ Ác. graxos intramusculares↑Glicólise intramuscular↑ Glicogênio muscular

Prevenção da resistência à insulina

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produção dos hormônios tireóideos, que se organizam formando uma camada

única de células que delimitam um espaço interno chamado lúmem folicular. O

lúmen folicular é preenchido por colóide, constituído principalmente de

tireoglobulina, que vai ser iodada, originando os hormônios tireóideos T3 e T4.

Cada folículo é circundado por tecido conjuntivo e por capilares, formando o

espaço interfolicular. A estrutura folicular é mantida pela presença de junções

intercelulares, que asseguram a manutenção do colóide dentro do folículo (Al-

Gahtany e cols, 2005)

A atividade da glândula tireóide é basicamente controlada pelo hormônio

tireotrófico (TSH), produzido pela adeno-hipófise. Os hormônios tireoideanos

exercem “feedback” negativo sobre a produção do TSH, de acordo com a

quantidade de T3 e T4 circulantes, mantendo desta forma o equilíbrio da atividade

secretória da tireóide. Os hormônios T3 e T4 podem exercer um efeito inibitório

sobre a secreção do hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que é um fator de

estimulação à produção de tireotrofina (TSH), produzido pelo hipotálamo (Yen,

2001) (Figura 9)

Figura 9. Regulação do eixo hipotálamo – hipófise - tireóide

TRHTRH

HipotálamoHipotálamo

HipófiseHipófise

T4T4

T3T3

++

++

TSHTSH

Tireóide

TRHTRH

HipotálamoHipotálamo

HipófiseHipófise

T4T4

T3T3

T4T4

T3T3

++

++

TSHTSHTSHTSH

Tireóide

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O T4 é o maior produto de secreção tireóideo, sendo o total sérico de T4 40

vezes maior que o de T3. Apenas 0,03% do T4 liberado estão livres no plasma,

sendo a grande maioria encontrada ligada a proteínas carreadoras, como a

globulina ligadora de tiroxina (TBG), albumina e transtiretina (TTR).

Aproximadamente 0,3% de T3 estão livres no plasma. São os hormônios da

tireóide na sua forma livre que podem se ligar às células alvo gerando a resposta

biológica (Yen, 2001).

Os hormônios da tireóide (HT) são reguladores importantes do metabolismo

energético, sendo importantes na regulação da taxa metabólica basal (TMB). Os

mecanismos envolvidos nessa regulação não estão totalmente explicados,

contudo evidências sugerem que os HT estimulam a TMB por aumentar o gasto

de ATP através da regulação da expressão de proteínas desacopladoras (UCPs)

na mitocôndria de tecido adiposo e músculo, dentre outros efeitos. A ação desses

hormônios é um determinante extremamente importante da manutenção da

homeostase energética, pois influenciam, entre outras coisas, o metabolismo de

carboidratos em músculo esquelético e tecido adiposo via regulação positiva da

transcrição de GLUT4 no músculo esquelético e tecido adiposo (Mentuccia e cols.,

2002). (Figura 10)

O hormônio da tireóide ativo, T3, exerce funções importantes na regulação

do consumo basal de oxigênio, nos estoques de gorduras, no consumo alimentar,

na lipogênese e na lipólise, desempenhando desta forma papel importante na

função do tecido adiposo branco e marrom e também no desenvolvimento (Yen,

2001).

Esses hormônios podem induzir o acúmulo intracelular de lipídeos e ainda

estimular a proliferação celular dos adipócitos. Adicionalmente, enzimas

lipogênicas, ATP citrato liase, enzima málica e ácido graxo sintase são induzidos

por T3 durante a diferenciação dos adipócitos (Yen, 2001).

Estudos recentes têm, também, demonstrado que os principais receptores

dos HT: TRα e TRβ, são diferencialmente expressos durante o desenvolvimento

do tecido adiposo marrom (BAT), o tecido mais importante para a termogênese

facultativa em roedores. A termogênese facultativa ocorre em resposta a

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temperaturas baixas, ao exercício físico ou à super alimentação e depende da

síntese de UCPs por estimulação adrenérgica e T3. Existem três isoformas

conhecidas de UCPs: UCP1, UCP2 e UCP3. A UCP3 é estimulada por T3 em

músculo esquelético. O estímulo à síntese de UCP resulta em aumento na

termogênese, promovendo produção de calor. Interessantemente, o BAT também

contém a enzima desiodase tipo II que converte T4 a T3, cuja atividade aumenta na

exposição ao frio. Em experimentos utilizando-se ratos com quantidades reduzidas

de BAT observou-se decréscimo na tolerância ao frio e obesidade, sugerindo uma

atuação crítica de BAT na termogênese e no controle de peso corporal.

Recentemente, animais knockout para UCP3 foram gerados e apresentaram peso,

assim como termogênese e resposta ao T3 normais, sugerindo que a UCP3 não é

o principal mediador para a termogênese induzida por T3 (Argyropoulos & Harper,

2002). A UCP1, parece ser a maior responsável pela termogênese sem tremor em

roedores, o maior componente da termogênese facultativa em humanos e em

pequenos mamíferos. A UCP1 foi descoberta na membrana mitocondrial interna

de BAT e camundongos que não expressam UCP1 são mais sensíveis ao frio

(Argyropoulos & Harper, 2002). (Figura 10).

Hormônios TireóideosHormônios Tireóideos

↑ UCPs↑Transcrição de GLUT4em músculo esquelético

e tecido adiposo

Regulação da TMB, consumo de O2, estoques de gorduras, consumo alimentar, lipólise e

Lipogênese

Homeostase energHomeostase energééticatica

Modulação de receptoresadrenérgicos

Hormônios TireóideosHormônios Tireóideos

↑ UCPs↑Transcrição de GLUT4em músculo esquelético

e tecido adiposo

Regulação da TMB, consumo de O2, estoques de gorduras, consumo alimentar, lipólise e

Lipogênese

Homeostase energHomeostase energééticatica

Modulação de receptoresadrenérgicos

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Figura 10. Resumo dos principais efeitos dos hormônios tireóideos no

metabolismo energético.

Vários estudos sugerem que a alteração no peso corporal produz

modificações no gasto energético a favor do retorno ao peso original. Por

exemplo, animais em restrição calórica apresentam menor consumo de oxigênio, o

que causaria resistência à perda de peso. Essas modificações podem estar

associadas a modificações nos níveis de HT circulantes (Leibel e cols., 1995).

Segundo Kokkoris & Pi-Suyer (2003), o hormônio tireóideo T3 encontra-se elevado

no plasma na obesidade.

Animais ovariectomizados apresentam modificações nas concentrações

séricas dos hormônios tireóideos. Observa-se freqüentemente redução nas

concentrações séricas de T3 em ratas ovariectomizadas (Thomas e cols, 1986;

Marassi e cols, 2006). De acordo com Thomas e cols (1986), concomitante à

redução de T3, observa-se redução nas concentrações de insulina nesses animais.

A reposição de estrogênio é capaz de elevar as concentrações tanto de T3 quanto

de insulina, entretanto não promove elevação nas concentrações séricas de T4. Já

a reposição de progesterona é eficiente em elevar as concentrações de T3 e T4,

tornando esses valores próximos aos valores encontrados nos animais controle.

De acordo com Jeusette e cols (2006), cadelas castradas, apresentam

flutuações nos hormônios tireóideos em função do tempo pós ovariectomia. Os

autores observaram redução nas concentrações séricas de T4 total, T3 total, T3

reverso (rT3) e TSH nos primeiros 6 meses após a ovariectomia. Após os 6

primeiros meses, observou-se elevação progressiva em todos esses valores, o

que se manteve até o final do experimento, que durou 13 meses. Esta redução

nos hormônios tireóideos nos primeiros meses após a ovariectomia pode estar

relacionada a redução no gasto energético, o que justificaria o ganho de peso

corporal total depois de decorrido um certo tempo da ovariectomia.

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5. Glicocorticóides

A corticosterona é o glicocorticóide produzido em ratos e o cortisol é o

principal corticosteróide produzido em humanos. Esse hormônio possui ações

antagônicas podendo atuar em todas as células do corpo. Possui ação permissiva

às ações de outros hormônios e esta é a sua atuação mais marcante (Stewart,

2005).

Em relação ao metabolismo energético, o glicocorticóide é capaz de

promover mobilização de proteínas musculares, estimular a neoglicogênese, e

estimular a lipólise, principalmente no jejum. Quando em excesso, e em algumas

condições ou tecidos, pode promover lipogênese. Observa-se esse último efeito

quando o cortisol permanece em longo prazo na corrente sanguínea. Na síndrome

de Cushing, quadro clínico no qual se observam concentrações elevadas de

cortisol, em humanos, o efeito lipogênico é bem demonstrado, pois estes

pacientes são obesos. Além da lipogênese aumentada, esses pacientes

apresentam mobilização de gordura corporal para a região do tronco, o que gera a

obesidade centrípeta. A redistribuição de gordura para os estoques

intraabdominais ocorre quando há elevação simultânea nas concentrações de

insulina plasmática. Os glicocorticóides promovem elevação nas concentrações de

insulina “in vivo”. De fato, a obesidade induzida por glicocorticóides associa-se a

hiperinsulinemia e à resistência à insulina (Freedman e cols, 1986).

Roedores geneticamente obesos (fa/fa, ob/ob, db/db e Ay/a) apresentam

níveis de glicocorticóides cronicamente elevados. O tratamento com corticosterona

promove elevação de NPY, um peptídeo orexígeno e aumento no consumo

alimentar com preferência por lipídeos. Em roedores normais a adrenalectomia

reduz o consumo alimentar diário, o tecido adiposo e o ganho de peso corporal.

Estes efeitos são revertidos pela administração de corticosterona a esses animais.

Os glicocorticóides aparentemente contribuem para o fenótipo de resistência à

leptina em camundongos, fenótipo freqüentemente observado em indivíduos

obesos. Eles possuem também um efeito inibitório sobre as ações da leptina, pois

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a leptina tem efeito aumentado quando administrada às ratos adrenalectomizados

(Marchington e cols, 1983; Lenzen & Bailey, 1984; La Fleur e cols, 2004).

No estresse agudo há o estímulo à secreção do hormônio liberador de

corticotrofina (CRH). Esse hormônio tem ação anorexígena, o que poderia explicar

em parte a redução do consumo alimentar e a caquexia, observados em infecções

agudas. De fato, infusão de CRH no cérebro de ratos reduz o consumo alimentar

destes animais e o CRH medeia os efeitos anoréticos do estresse (Koob &

Heinrichs, 1999).

Contudo, alguns estudos com humanos associam o estresse ao

desenvolvimento da obesidade. Dallman e cols (2004) verificaram, em seu estudo,

que a secreção aguda de cortisol está relacionada ao aumento na ingestão de

açúcar e gordura após o estímulo estressor. O autor considera que a ação rápida

dos glicocorticóides em elevar o consumo calórico pode ser exercida através de

seus efeitos na secreção de endocarabinóides nos neurônios. Michael e cols

(2005) demonstraram que o estresse pode promover ganho ou perda de peso

corporal, dependendo da dieta que é aplicada no momento do estresse e da carga

genética do animal. Em seu estudo, camundongos geneticamente obesos que

receberam dieta hiperlipídica ganharam peso significativamente, em relação aos

animais obesos que receberam dieta normolipídica. Esse ganho de peso iniciou-se

no 5° dia após o início do estresse. Entretanto, o efeito do estresse foi

suficientemente grande para promover posteriormente a redução do peso corporal

nesses camundongos. Em um estudo anterior, o mesmo autor verificou ganho de

peso corporal em animais submetidos ao estresse, com redução de termogênese

e elevação na quantidade de gordura visceral. Esse autor considera que

provavelmente, o estresse pode ter efeitos anabólicos ou catabólicos, dependendo

do tipo de estresse a que o animal é submetido e da sua carga genética. Períodos

pequenos de estresse, não freqüentes, provavelmente tem efeitos catabólicos

menores que períodos mais longos de estresse, pois neste último caso há

ativação do sistema CRH. Para esse autor o estresse promove ações anabólicas

especialmente na presença de genes que predispõem ao desenvolvimento da

obesidade.

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Há importante diferença entre os efeitos exercidos pelos glicocorticóides de

forma aguda e aqueles de forma crônica. A maioria dos estudos tem demonstrado

que o estresse agudo, ao contrário do estresse crônico, inibe o consumo

alimentar. Nas sociedades modernas a biodisponibilidade alimentar aumentada,

em conjunto com a presença constante de estressores crônicos, promove

aumento nos níveis de glicocorticóides, o que eleva os depósitos lipídicos

abdominais e os níveis de insulina plasmáticos, levando ao quadro de obesidade

(Dallman e cols, 2004). De fato, o excesso de glicocorticóides produz obesidade

central e diabetes. (Figura 11). Entretanto, na obesidade mórbida não há

evidências de uma elevação importante nos níveis de glicocorticóides (Adhabi e

cols, 2004). Existem evidências de que um polimorfismo na proteína ligadora de

corticosteróides, em roedores, poderia influenciar a gênese da obesidade nestes

animais e a modulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, promovendo aumento

na deposição de gordura nos estoques corporais. Entretanto, o mecanismo pelo

qual esse polimorfismo estaria gerando tal fenótipo, ainda não está esclarecido

(Barat e cols, 2005).

Estudos atuais têm sugerido que os efeitos anabólicos dos glicocorticóides

são mediados pelo sistema nervoso central. Pequenas doses de glicocorticóides

são mais eficazes quando administradas diretamente no cérebro de ratos do que

quando administradas perifericamente. A inativação seletiva de receptores de

glicocorticóides no sistema nervoso central afeta o acúmulo energético por reduzir

o consumo alimentar e o crescimento (Sainsbury e cols, 2001).

No estresse, o cortisol é capaz de inibir ou reduzir a síntese dos

mediadores de resposta inflamatória, promovendo neste caso um efeito

antiinflamatório. Promove redução da migração e da aderência de leucócitos ao

endotélio e reduz a resposta imune mediada por células, pois inibe a produção de

IL-1 por macrófagos e de IL-2 por células auxiliares. Ainda, se opõe à elevação da

temperatura normalmente induzida por infecções. Contudo, os efeitos desse

hormônio são antagônicos, pois ao mesmo tempo em que promove aumento de

resistência do organismo ao estresse, quando presente em níveis basais, pode

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promover redução na resposta imune quando presente em elevadas

concentrações no sangue (Stewart, 2005).

O cortisol está elevado no período de 7 – 12 meses antes e de 7 – 12

meses depois do início da menopausa. As mulheres que apresentam elevação

nos níveis de cortisol sanguíneo apresentam sintomas vasomotores mais severos.

Essa elevação nos níveis de cortisol varia de acordo com a idade na qual a mulher

entra na menopausa. O aumento nas concentrações de cortisol durante o estágio

de transição para menopausa, quando há irregularidades menstruais significativas,

pode ser concomitante à elevação na produção dos andrógenos adrenais neste

momento e o aumento na gordura intraabdominal freqüentemente observada na

menopausa (Woods e cols, 2006).

Figura 11. Resumo dos principais efeitos do estresse agudo e crônico na

regulação do peso corporal.

5. Justificativas

Há vários estudos na literatura avaliando as concentrações circulantes de

hormônios relacionados à regulação da ingestão alimentar e do gasto energético

GlicocorticóidesGlicocorticóides

↑ CRH (Efeito anorexígeno)Proteólise muscular↑ Neoglicogênese

↑ lipólise

Crônico(excesso de glicocorticóides)

↑↑↑↑↑↑↑↑ Gordura abdominalGordura abdominal

Resistência à insulinaResistência à insulinaResistência à leptinaResistência à leptina

↑↑NPYNPY

ObesidadeObesidade

Agudo

Estresse

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em roedores, em vários modelos de sobrepeso e obesidade. Dentre esses

hormônios estão os hormônios da tireóide, os glicocorticóides e a leptina. Os

receptores específicos e as vias intracelulares ativadas por esses hormônios

também têm sido muito avaliados. No entanto, poucos estudos analisam as

variações nesses parâmetros durante a gênese do sobrepeso.

Além das alterações hormonais, estudos mais recentes têm demonstrado

que, nos obesos, as células mononucleares circulantes têm a secreção de

citocinas aumentada, devido a modificações no conteúdo de gordura corporal,

mais especificamente visceral, estarem associadas à alteração nos níveis de

citocinas pró e pré-inflamatórias. Contudo, tais estudos também apresentam um

panorama do perfil destes mediadores inflamatórios quando a obesidade ou o

sobrepeso, já estão instalados.

Vários modelos vêm sendo usados para o estudo do aumento ou perda de

peso corporal em animais. Em roedores, assim como em seres humanos, a

deficiência de estrogênio causa aumento do peso corporal, por mecanismos ainda

pouco definidos. Nosso estudo procurou investigar o momento exato, após a

ovariectomia, no qual iniciam-se as modificações nos níveis plasmáticos de alguns

hormônios e citocinas, antes da instalação do sobrepeso e/ou obesidade. Desta

forma, pretendemos esboçar uma relação de causa-efeito entre esses fatores

séricos e o ganho de peso corporal.

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OOObbbjjjeeetttiiivvvooosss

1. Objetivo geral

- Avaliar o perfil hormonal e de citocinas durante a gênese do aumento de

peso corporal pós-ovariectomia em ratas.

2. Objetivos específicos

- Traçar o curso temporal de ganho de peso corporal em ratas, nos

primeiros dias após a ovariectomia, avaliando:

Ingestões alimentar e hídrica dos animais;

Variações séricas de TNF-α, IL-6, IL-10, IL-1β, leptina e corticosterona;

Conteúdo de gordura retroperitoneal e inguinal;

Função tireóidea através das variações séricas de T3, T4 e TSH.

- Correlacionar os parâmetros hormonais e de citocinas alterados antes da

instalação do sobrepeso com a etiologia do ganho de peso em ratas

ovariectomizadas

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MMMaaattteeerrriiiaaaiiisss eee mmmééétttooodddooosss

1. Tratamento e sacrifício dos animais

Utilizou-se ratas Wistar fêmeas, pesando em média 200g no início dos

experimentos, mantidos em gaiolas individuais, sob condições de temperatura (23

± 1°C) e ciclo claro/escuro (12h) controlados, ingerindo ração e água ad libitum

durante todo o experimento.

Mensurou-se o peso corporal, e as ingestões hídrica e alimentar

diariamente no mesmo horário. Cada animal teve acesso a 50 gramas de ração e

200ml de água por 24 horas. No mesmo horário em que a ração e a água foram

oferecidas, pesou-se o que restou de ração em cada gaiola, o que é conhecido

como Resto-Ingestão (RI); e aferiu-se o que restou de água utilizando-se para tal

medida uma proveta calibrada. Ao final do experimento foi realizado o cálculo da

ingestão diária média. Durante todo o experimento o peso corporal dos animais foi

aferido utilizando-se balança digital (Precision).

Antes de iniciarmos os experimentos, foi avaliada a citologia vaginal dos

animais durante 15 dias, com a finalidade de verificar o ciclo estral. Foram

utilizados os animais que apresentavam ciclo estral regular, de 4 a 5 dias.

2. Primeira fase de experimentos

Em um primeiro momento, foi realizado um experimento com duração de 45

dias, a contar da data da ovariectomia. Neste experimento, os animais foram

divididos em 2 grupos: controle “sham” operado (SHAM) (n=16) e

ovariectomizados (OVX) (n=16). Neste experimento, aferimos o peso corporal e

os consumos hídrico e alimentar a cada 2 dias.

Realizou-se a ovariectomia, através da retirada dos dois ovários

bilateralmente, no dia que se convencionou chamar de dia zero (0).

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O sacrifício foi realizado aos 48 dias após a ovariectomia, por decapitação

dos animais. (Figura 12)

Figura 12. Representação esquemática do 1° experimento

3. Segunda fase de experimentos

Definido o momento exato no qual se inicia o ganho de peso corporal

nestes animais após a ovariectomia, passamos à segunda fase de experimentos.

Realizou-se 4 experimentos, cada um com um n=2 por grupo amostral (tratamento

x tempo de sacrifício), totalizando n=8 ao final dos experimentos por grupo.

Nestes, os animais foram divididos em 4 grupos de tratamento: Controle intacto

(C); Controle falso-operado (SHAM); Ovariectomizados (OVX) e Ovariectomizados

com reposição de estrogênio (OVX + EB). Estes foram subdividido em 4 grupos,

em função do tempo de sacrifício (3, 6, 9 e 13 dias). O estrogênio foi administrado

pela via subcutânea, diariamente, na concentração de 0,7µg/100g de peso

corporal. A reposição se iniciou no dia seguinte a ovariectomia. Essa dose de

estrogênio é suficiente para manter os níveis séricos deste hormônio na faixa da

normalidade (Lima e cols., 2006).

Dia 0Dia 0

Ovariectomia

Dia 44Dia 44sacrifício

OVX (n=8)

SHAM (n=8)

Peso corporalIngestão alimentarConsumo hídrico

A cada dois dias

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O peso corporal e os consumos hídrico e alimentar foram aferidos

diariamente.

Os experimentos tiveram duração de 13 dias, a contar da data da

ovariectomia. De acordo com os dados obtidos na primeira fase de experimentos,

observou-se que o ganho de peso ocorre a partir do décimo terceiro dia após a

ovariectomia. Portanto, os primeiros 13 dias são importantes para a verificação

dos parâmetros séricos alterados, antes do estabelecimento do sobrepeso nos

animais. Os animais foram sacrificados em diferentes momentos: 3 (n=8), 6 (n=8),

9 (n=8) e 13 (n=8) dias após a ovariectomia (Figura 13). Nos momentos de

sacrifício (12:00 – 15:00h), foram retirados o sangue, sem anticoagulante, e as

gorduras retroperitoneal e periinguinal. Definimos como gordura periinguinal

aquela que se localiza em torno do útero; e gordura retroperitoneal a gordura

restante, localizada na região abdominal, após a retirada da gordura periinguinal.

O soro foi obtido por centrifugação do sangue (3000c/G 15 minutos 4ºC) em tubos

individualizados com a retirada do sobrenadante. As amostras de soro foram

aliquotadas e armazenadas a - 80ºC até o momento das análises. As gorduras

foram pesadas em balança analítica devidamente calibrada.

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Figura 13. Representação esquemática dos experimentos subseqüentes.

4. Dosagens de citocinas

As concentrações das citocinas séricas foram determinadas por ELISA,

empregando-se kits comerciais específicos para cada citocina (IL-1, IL-6, IL-10 e

TNF-α). Os Kits utilizados foram da marca Biosouce/Sellex/Europe S.A. que são

constituídos por reagentes prontos para o uso: tampão de amostra, solução de

lavagem, as diferentes citocinas recombinantes purificadas em concentrações

crescentes para a curva padrão, estreptavidina, diluente de estreptavidina, biotina

conjugada, cromógeno para revelar e solução de parada da reação. Para a

realização do ELISA utilizamos o protocolo fornecido pelo fabricante. A

sensibilidade de detecção do kit varia, sendo < 3pg/mL para IL-1β; <8 pg/mL para

IL-6; <5 pg/mL para IL-10 e < 4pg/ml para TNF-α. Em cada kit, o anticorpo

apresenta especificidade de 100% para a citocina analisada, já que não foi

encontrada reação cruzada em quaisquer dos kits. A variabilidade intra e inter

ensaio em todos os kits é pequena, sendo o coeficiente de variabilidade em todos

DDiiaa 1133 4°°°° sacrifício

OVX (n=8)

OVX + EB (n=8)

C (n=8)

SHAM (n=8)

DDiiaa 00 Ovariectomia

DDiiaa 33 1°°°° sacrifício

OVX (n=8)

OVX + EB (n=8)

C (n=8)

SHAM (n=8)

DDiiaa 66 2°°°° sacrifício

OVX (n=8)

OVX + EB (n=8)

C (n=8)

SHAM (n=8)

DDiiaa 99 3°°°° sacrifício

OVX (n=8)

OVX + EB (n=8)

C (n=8)

SHAM (n=8)

Peso corporal Ingestão alimentar Consumo hídrico

DDiiaa 11 Início da reposição hormonal no grupo

OVX + EB

(0.7µµµµg/100g p.c.)

diariamente

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40

os kits menor que 15%. A leitura dos dados foi realizada em um leitor de ELISA

com filtro para 450λ. Os resultados foram expressos em pg/mL para todas as

citocinas analisadas.

5. Dosagens hormonais

5.1. Radioimunoensaio de TSH

A determinação dos níveis séricos de TSH foi realizada através de

radioimunoensaio específico, utilizando-se TSH murino purificado para a

preparação da curva padrão (0,625 a 25 ng/mL) em soro zero (soro de rato sem

TSH), TSH murino purificado para ser iodado e anticorpos de coelho anti-TSH

murino (1° Ac) que foram fornecidos pelo “National Institute of Diabetes, Digestive

and Kidney Diseases” (NIDDK - Bethesda, USA).

A iodação da molécula do TSH com 125I foi realizada em nosso laboratório,

pelo método da cloramina T e a molécula marcada foi purificada em uma coluna

(Biogel – P60 fino da Bio-rad, EUA). O RIE foi realizado pelo método do 2°

anticorpo, com adição de 6% de polietilenoglicol (Ortiga, 1992).

A contagem da radioatividade dos RIE de TSH foi realizada em um

cintilador de fase sólida (1470 Wallac WizardTM automatic gamma counter).

5.2 – Radioimunoensaio de T3 e T4.

As concentrações séricas de T3 e T4 foram determinadas através de Kit

comercial para RIE de T3 (DLS – 3100 Active, TX, EUA) e T4 (DLS – 3200,

Active, TX EUA) totais, contendo anticorpos específicos aderidos à parede dos

tubos de polipropileno e contendo T3 e T4 ligados ao radiotraçador (125I). As curvas

padrão foram construídas com T3 e T4 diluídos em soro de rato livre de

iodotironinas (soro zero) nas concentrações de 25 a 1000 ng/dl e 1 a 50 µg/dl,

respectivamente. Todo o procedimento foi realizado seguindo-se as

recomendações do fornecedor.

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Para dosagem de T3, a sensibilidade do método é 4,3 ng/dL. Os

coeficientes de variação intra e interensaio são sempre inferiores a 10%.

Para dosagem de T4, a sensibilidade do método é 0,4µg/dL. O coeficiente

de variação intra-ensaio e interensaio são aproximadamente 5% e 7%

respectivamente.

A contagem da radioatividade dos RIEs de T3 e T4 foi realizada em um

cintilador de fase sólida (1470 Wallac WizardTM automatic gamma counter). Os

resultados foram expressos em ng/dL para o T3 e em µl/dL para o T4.

5.3. Radioimunoensaio de leptina

As dosagens de leptina sérica foram feitas por RIE específico, empregando-

se kit fornecido pela Linco Research, Inc. (Rat Leptin RIA Kit – RL-83K) que é

constituído por reagentes prontos para o uso: leptina murina purificada em

concentrações de 0.5, 1, 2, 5, 10, 20 e 50 ng/mL para a curva padrão, anticorpo

anti-leptina murina (1º anticorpo), leptina marcada com 125I , atividade específica

de 135 µCi/µg e anticorpo anti-IgG (2º anticorpo). Para a realização do RIE

utilizamos o protocolo fornecido pelo fabricante. O limite de sensibilidade para o

teste é 0,5ng/ml, quando se utiliza 100µl de amostra por tubo. A especificidade

para leptina é 100% e os coeficientes de variação intra e interensaio são sempre

inferiores a 10%.

A contagem da radioatividade dos RIE de leptina foi realizada em um

cintilador de fase sólida (1470 Wallac WizardTM automatic gamma counter). Os

resultados foram expressos em ng/mL.

5.4. Radioimunoensaio de corticosterona

As dosagens de corticosterona sérica foram feitas por RIE específico,

empregando-se kit fornecido pela MP Biomedicals, LLC. (Corticosterone 125RIA Kit

for rats and mice) que é constituído por reagentes prontos para o uso: diluente do

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42

esteróide, anticorpo anti-corticosterona, calibradores de corticosterona, solução

precipitante, corticosterona marcada com 125I, controles para corticosterona. Para

a realização do RIE utilizamos o protocolo fornecido pelo fabricante.

As concentrações de corticosterona em ratos e camundongos observadas

por RIA são similares àquelas observadas por cromatografia de alta eficiência

(HPLC). A dose mínima detectável pelo teste é de aproximadamente 7,7ng/ml. A

especificidade para corticosterona é 100%.

A contagem da radioatividade dos RIE de corticosterona foi realizada em

um cintilador de fase sólida (1470 Wallac WizardTM automatic gamma counter).

Os resultados foram expressos em ng/mL.

6. Análise estatística

Os experimentos foram realizados 4 vezes, sendo todos os dados

expressos como média ± erro padrão da média. Em cada grupo experimental

havia, no mínimo, 2 animais correspondentes a cada tratamento realizado. A

análise estatística empregada na comparação dos resultados apresentados foi

realizada com a utilização dos programas de análises estatísticas Graphpad Prism

(versão 4, Graphpad Software, Inc., San Diego, USA) e SUPERANOVA.

Empregou-se o “one-way” anova seguido do teste de múltipla comparação

Newman-Keuls para a análise univariada, e o “Two-way” anova para a análise

bivariada. Para o hormônio corticosterona, fez-se uma análise não paramétrica,

pois a secreção deste hormônio não obedece à curva Gaussiana. Utilizou-se para

tanto o teste Kruskal-Wallis, seguido do teste de múltipla comparação de Dunn.

Em todos os testes considerou-se significativo p<0,05.

Para a construção dos gráficos dos dados obtidos por RIA e ELISA utilizou-

se os valores de média e variância obtidos para o grupo experimental C (controle)

para delimitar os valores de normalidade de cada ensaio. Nas tabelas, os valores

obtidos para o grupo C foram mostrados e estes foram incluídos na comparação

estatística realizada com os demais grupos experimentais.

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43

RRReeesssuuullltttaaadddooosss

1. Primeira etapa – detecção do momento no qual se inicia o ganho de

peso corporal após a ovariectomia

Nesta primeira etapa, observa-se diferença significativa a partir do décimo

terceiro dia após a ovariectomia (Tabela 1 e Gráfico 1). Neste momento, o grupo

OVX apresenta ganho de peso superior ao grupo SHAM; e esta diferença é

significativa. A partir deste momento evidencia-se o estabelecimento do sobrepeso

neste grupo.

Gráfico 1. Ganho de peso corporal (média ± SEM) relativo ao peso corporal

inicial, em função do tempo de tratamento em dias.(▲= OVX ; ♦= SHAM).O dia

zero corresponde ao dia da ovariectomia (n = 16).

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48

0

0.96

1.06

1.16

1.26

1.36

1.46

tempo de tratamento (dias)

Gan

ho

de

pe

so

co

rpo

ral

rela

tivo

ao

peso

in

icia

l

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48

0

0.96

1.06

1.16

1.26

1.36

1.46

tempo de tratamento (dias)

Gan

ho

de

pe

so

co

rpo

ral

rela

tivo

ao

peso

in

icia

l

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44

Tabela 1. Ganho de peso em ratas controle falso operadas (SHAM) e

ovariectomizadas (OVX).

Os valores representam média ± erro padrão de ganho de peso corporal relativo

ao peso inicial dos grupos experimentais nos tempos iniciais de tratamento. A

tabela mostra as diferenças entre os grupos experimentais nos tempos de

tratamento (3, 5, 7, 9, 11 e 13 dias após a ovariectomia) (n = 16). Os valores

representados pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste estatístico

utilizado (p> 0,05).

2. Segunda Etapa

2.1. Peso corporal.

O gráfico 2 representa o ganho de peso corporal dos animais dos diferentes

grupos experimentais, em função do tempo. A análise bivariada foi realizada para

comparar as curvas dos grupos experimentais nos diversos tempos de tratamento.

As curvas dos grupos experimentais diferiram significativamente.

13

11

9

7

5

3

Tratamento

Dias

1,09 ± 0,007a

1,08 ± 0,008a

1,09 ± 0,08a

1,07 ± 0,003a

1,03 ± 0,006a

1,06 ± 0,01a

SHAM

1,14 ± 0,009b

1,07 ± 0,01a

1,09 ± 0,01a

1,08 ± 0,01a

1,05 ± 0,01a

1,04 ± 0,01a

OVX

13

11

9

7

5

3

Tratamento

Dias

1,09 ± 0,007a

1,08 ± 0,008a

1,09 ± 0,08a

1,07 ± 0,003a

1,03 ± 0,006a

1,06 ± 0,01a

SHAM

1,14 ± 0,009b

1,07 ± 0,01a

1,09 ± 0,01a

1,08 ± 0,01a

1,05 ± 0,01a

1,04 ± 0,01a

OVX

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45

O grupo OVX apresenta maior ganho de peso corporal total em relação aos

outros grupos, até final do experimento. Neste grupo, a curva de ganho de peso

difere significativamente das demais. Em contrapartida, o grupo OVX + EB

apresenta ganho de peso inferior aos demais durante todo o experimento. Esta

curva difere significativamente daquela relativa ao grupo OVX, mas não difere dos

grupos C e SHAM. Os grupos C e SHAM não apresentam diferença significativa

durante todo o experimento, apresentando ambos uma curva de ganho de peso

semelhante. Através deste gráfico pode-se confirmar que o ganho de peso dos

animais ovariectomizados é maior quando comparado ao ganho de peso dos

animais C, SHAM e OVX + EB.

Gráfico 2. Ganho de peso corporal relativo (média ± SEM) ao peso corporal inicial

em função do tempo de tratamento em dias (■ = C; ▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦=

SHAM). O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia. Iniciou-se o tratamento

com benzoato de estradiol (EB) na dose 0,7µg/100g p.c. no dia 1 (n=8).

Analisando-se separadamente cada tempo de tratamento, verifica-se de

acordo com a tabela 2, que no terceiro dia após a ovariectomia já se observa um

comportamento diferenciado entre os grupos com relação ao peso corporal. Os

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

0.96

0.99

1.02

1.05

1.08

1.11

1.14

1.17

1.20

Tempo de tratamento (dias)

Gan

ho

de

pe

so

rela

tivo

ao

peso

in

icia

l

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

0.96

0.99

1.02

1.05

1.08

1.11

1.14

1.17

1.20

Tempo de tratamento (dias)

Gan

ho

de

pe

so

rela

tivo

ao

peso

in

icia

l

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

0.96

0.99

1.02

1.05

1.08

1.11

1.14

1.17

1.20

Tempo de tratamento (dias)

Gan

ho

de

pe

so

rela

tivo

ao

peso

in

icia

l

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46

grupos OVX e OVX + EB não apresentam diferença significativa entre si.

Entretanto, ambos os grupos diferem significativamente dos grupos C e SHAM,

sendo que estes últimos também não diferem significativamente entre si. Observa-

se neste momento uma redução significativa de peso corporal nos grupos OVX e

OVX+EB.

Tabela 2. Ganho de peso corporal relativo em ratas controle (C), controle falso-

operadas (SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com

administração de estrogênio (OVX + EB)

Os valores representam média ± erro padrão de ganho de peso corporal relativo

ao peso inicial dos grupos experimentais nos tempos de tratamento. A tabela

mostra as diferenças entre os grupos experimentais em cada tempo de tratamento

(3, 6, 9 e 13 dias após a ovariectomia) (n = 8). Os valores representados pela

mesma letra, não diferem entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

No sexto dia após ovariectomia os grupos C e SHAM não diferem entre si

significativamente. Contudo, os grupos OVX e OVX + EB já demonstram neste

1,104 ± 0,029a1,177 ± 0,017b1,091 ± 0,02a1,081 ± 0,017a13

1,024 ± 0,014b1,112 ± 0,009a1,089 ± 0,012a1,083 ± 0,012a9

1,005 ± 0,008b1,056 ± 0,006a1,042 ± 0,011a1,062 ± 0,009a6

0,974 ± 0,005b0,983 ± 0,004b0,999 ± 0,004a1,018 ± 0,004a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

1,104 ± 0,029a1,177 ± 0,017b1,091 ± 0,02a1,081 ± 0,017a13

1,024 ± 0,014b1,112 ± 0,009a1,089 ± 0,012a1,083 ± 0,012a9

1,005 ± 0,008b1,056 ± 0,006a1,042 ± 0,011a1,062 ± 0,009a6

0,974 ± 0,005b0,983 ± 0,004b0,999 ± 0,004a1,018 ± 0,004a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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47

momento diferença significativa entre si. O grupo OVX + EB apresenta ganho de

peso corporal significativamente reduzido em relação aos demais.

No nono dia após a ovariectomia ainda se verifica um menor ganho de peso

pelo grupo OVX + EB em relação aos demais, e esta diferença é significativa.

Ainda neste momento, o grupo OVX não difere significativamente dos grupos C e

SHAM.

No final do experimento observa-se um ganho de peso semelhante entre os

grupos C, SHAM e OVX + EB. O grupo OVX + EB já não difere dos grupos

controle significativamente. O grupo OVX demonstra maior ganho de peso em

relação aos demais grupos, neste dia 13° após a ovariectomia, sendo esta

diferença significativa.

2.2. Gorduras

2.2.1. Gordura Retroperitoneal

Com a ovariectomia observa-se uma modificação na distribuição de gordura

corporal entre os grupos experimentais, como se pode observar pelo gráfico 3.

Gráfico 3. Gordura retroperitoneal (média ± SEM), em função do tempo de

tratamento em dias (■ = C; ▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦= SHAM). O dia zero

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

0.008

0.009

0.010

0.011

0.012

0.013

0.014

0.015

0.016

0.017

0.018

Tempo de tratamento (dias)

Go

rdu

ra r

etr

op

eri

ton

ea

l

g/1

00

g p

.c.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

0.008

0.009

0.010

0.011

0.012

0.013

0.014

0.015

0.016

0.017

0.018

Tempo de tratamento (dias)

Go

rdu

ra r

etr

op

eri

ton

ea

l

g/1

00

g p

.c.

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48

corresponde ao dia da ovariectomia. Iniciou-se o tratamento com benzoato de

estradiol (EB) na dose 0,7µg/100g p.c. no dia 1 (n=8).

Observa-se aumento progressivo na gordura retroperitoneal no grupo OVX

em relação aos demais. No grupo OVX + EB a gordura tende a diminuir em função

do tempo, o que se observa a partir do sexto dia pós-ovariectomia. Neste dia a

divergência entre OVX e OVX + EB se acentua Os grupos SHAM e C, apesar das

variações iniciais apresentam valores semelhantes no final do experimento.

Contudo as curvas para os diferentes grupos não diferem significativamente. Tal

fato pode ser devido a grande variabilidade observada entre os dados.

Analisando-se cada tempo de tratamento separadamente, ainda assim não são

verificadas diferenças significativas entre os grupos, em qualquer tempo de

tratamento realizado, como se pode observar de acordo com a tabela 3.

Tabela 3. Variação relativa de gordura retroperitoneal em ratas controle (C),

controle falso-operadas (SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas

com administração de estrogênio (OVX + EB)

0,012± 0,001a0,015 ± 0,001a0,013 ± 0,0008a0,013 ± 0,0007a13

0,010 ± 0,0006a0,014 ± 0,001a0,014 ± 0,002a0,013 ± 0,0008a9

0,012± 0,001a0,012 ± 0,001a0,013 ± 0,001a0,014 ± 0,01a6

0,011 ± 0,001a0,013 ± 0,001a0,012 ± 0,002a0,014 ± 0,001a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

0,012± 0,001a0,015 ± 0,001a0,013 ± 0,0008a0,013 ± 0,0007a13

0,010 ± 0,0006a0,014 ± 0,001a0,014 ± 0,002a0,013 ± 0,0008a9

0,012± 0,001a0,012 ± 0,001a0,013 ± 0,001a0,014 ± 0,01a6

0,011 ± 0,001a0,013 ± 0,001a0,012 ± 0,002a0,014 ± 0,001a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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49

Os valores representam média ± erro padrão da média de gordura retroperitoneal

relativa à gordura inicial (g/100g p.c.) dos grupos experimentais nos tempos de

tratamento. A tabela mostra as diferenças entre os grupos experimentais em cada

tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias após a ovariectomia) (n = 8). Os valores

representados pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste estatístico

utilizado (p> 0,05).

2.2.2. Gordura periinguinal

Observando-se o gráfico 4, verifica-se uma nítida diferença entre as curvas

de porcentagem de gordura periinguinal entre os grupos. As curvas dos grupos

OVX e OVX + EB diferem daquelas para os grupos C e SHAM significativamente

durante todo o experimento. Evidencia-se uma redução na porcentagem de

gordura nos primeiros.

Gráfico 4. Gordura periinguinal (média ± SEM) em função do tempo de tratamento

em dias. O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (■ = C; ▲= OVX ; ▼=

OVX + EB; ♦= SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na

dose 0,7µg/100g p.c.no dia 1 (n=8).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.00

0.01

0.02

0.03

Tempo de tratamento (dias)

Go

rdu

ra p

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ing

uin

al

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.00

0.01

0.02

0.03

Tempo de tratamento (dias)

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00

gp

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.00

0.01

0.02

0.03

Tempo de tratamento (dias)

Go

rdu

ra p

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.00

0.01

0.02

0.03

Tempo de tratamento (dias)

Go

rdu

ra p

eri

ing

uin

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g/1

00

gp

.c.

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50

Analisando-se os grupos em cada tempo de tratamento separadamente,

observam-se diferenças importantes entre os grupos experimentais, como pode

ser verificado através da tabela 4. As diferenças são significativas a partir do sexto

dia após a ovariectomia. Os grupos OVX e OVX + EB não diferem, mas ambos

diferem significativamente dos grupos controle C e SHAM, e estes não diferem

entre si. No décimo terceiro dia após a ovariectomia, os grupos OVX e OVX + EB

mantém uma quantidade de gordura periinguinal menor em relação aos grupos C

e SHAM. Os dois últimos diferem significativamente dos dois primeiros, e ainda

diferem entre si, apresentando o grupo SHAM redução na quantidade de gordura

em relação ao grupo C.

Tabela 4. Variação relativa de gordura periinguinal em ratas controle (C), controle

falso-operadas (SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com

administração de estrogênio (OVX + EB)

Os valores representam média ± erro padrão da média de gordura periinguinal

relativa à gordura inicial (g/100g p.c.) dos grupos experimentais nos tempos de

tratamento. A tabela mostra as diferenças entre os grupos experimentais em cada

0,012± 0,02c0,014 ± 0,0008c0,019 ± 0,001b0,025 ± 0,002a13

0,009 ± 0,0009b0,012 ± 0,001b0,021 ± 0,002a0,023 ± 0,002a9

0,014± 0,001b0,014 ± 0,002b0,022 ± 0,002a0,026 ± 0,001a6

0,015 ± 0,003a0,017 ± 0,0008a0,021 ± 0,002aO,023 ± 0,003a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

0,012± 0,02c0,014 ± 0,0008c0,019 ± 0,001b0,025 ± 0,002a13

0,009 ± 0,0009b0,012 ± 0,001b0,021 ± 0,002a0,023 ± 0,002a9

0,014± 0,001b0,014 ± 0,002b0,022 ± 0,002a0,026 ± 0,001a6

0,015 ± 0,003a0,017 ± 0,0008a0,021 ± 0,002aO,023 ± 0,003a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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51

tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias após a ovariectomia) (n = 8). Os valores

representados pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste estatístico

utilizado (p> 0,05).

3. Consumo alimentar

De uma maneira geral, o consumo alimentar é um parâmetro que não

demonstra diferença entre os grupos durante o experimento, como pode ser

observado no gráfico 5. As curvas temporais relativas aos grupos experimentais

não diferem significativamente.

Gráfico 5. Consumo alimentar (média ± SEM) relativo ao consumo alimentar

inicial em função do tempo de tratamento em dias. O dia zero corresponde ao dia

da ovariectomia (■ = C; ▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦= SHAM). Iniciou-se o

tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose 0,7µg/100g p.c. no dia 1

(n=8).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Tempo de tratamento (dias)

Co

ns

um

o a

lim

en

tar

rela

tivo

ao

co

nsu

mo

in

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l

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Tempo de tratamento (dias)

Co

ns

um

o a

lim

en

tar

rela

tivo

ao

co

nsu

mo

in

icia

l

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52

Tabela 5. Consumo alimentar em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB)

Os valores representam média ± erro padrão da variação média de consumo

alimentar dos grupos experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as

diferenças entre os grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e

13 dias após a ovariectomia) (n = 8). Os valores representados pela mesma letra,

não diferem entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

1,222± 0,054a1,074 ± 0,175a1,087 ± 0,197a1,246 ± 0,181a13

1,121 ± 0,036a1,145 ± 0,081a1,070 ± 0,070a1,117 ± 0,096a9

1,008± 0,641a1,104 ± 0,067a1,043 ± 0,067a1,128 ± 0,059a6

0,875 ± 0,611b0,964 ± 0,551ab1,011 ± 0,043ab1,115 ± 0,046a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

1,222± 0,054a1,074 ± 0,175a1,087 ± 0,197a1,246 ± 0,181a13

1,121 ± 0,036a1,145 ± 0,081a1,070 ± 0,070a1,117 ± 0,096a9

1,008± 0,641a1,104 ± 0,067a1,043 ± 0,067a1,128 ± 0,059a6

0,875 ± 0,611b0,964 ± 0,551ab1,011 ± 0,043ab1,115 ± 0,046a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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53

4. Consumo hídrico

O consumo hídrico não apresenta variações importantes entre os diferentes

grupos experimentais durante todo o experimento, o que pode ser observado pela

análise do gráfico 6 e da tabela 6. Este parâmetro não sofre alteração com a

intervenção cirúrgica, no terceiro dia e apresenta comportamento semelhante

entre os grupos no 6°, 9° e 13° dia após a ovariectomia.

Gráfico 6. Consumo hídrico (média ± SEM) relativo ao consumo hídrico inicial (ml)

em função do tempo de tratamento em dias. O dia zero corresponde ao dia da

ovariectomia (■ = C; ▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦= SHAM). Iniciou-se o tratamento

com benzoato de estradiol (EB) na dose 0,7µg/100g p.c. no dia 1 (n=8).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Tempo de tratamento (dias)

Co

ns

um

o h

ídri

co

rela

tivo

ao

co

nsu

mo

in

icia

l

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Tempo de tratamento (dias)

Co

ns

um

o h

ídri

co

rela

tivo

ao

co

nsu

mo

in

icia

l

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54

Tabela 6. Consumo hídrico em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB)

Os valores representam média ± erro padrão da média de consumo hídrico

relativo ao consumo inicial (ml) dos grupos experimentais nos tempos de

tratamento. A tabela mostra as diferenças entre os grupos experimentais em cada

tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias após a ovariectomia) (n = 8). Os valores

representados pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste estatístico

utilizado (p> 0,05).

1,244± 0,174a1,189 ± 0,133a1,037 ± 0,091a0,932 ± 0,061a13

0,978± 0,064a1,131 ± 0,096a1,125 ± 0,084a0,980 ± 0,084a9

1,053± 0,076a1,094 ± 0,050a1,103 ± 0,057a1,099 ± 0,057a6

1,117± 0,079a1,119± 0,565a1,152 ± 0,060a1,103 ± 0,061a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

1,244± 0,174a1,189 ± 0,133a1,037 ± 0,091a0,932 ± 0,061a13

0,978± 0,064a1,131 ± 0,096a1,125 ± 0,084a0,980 ± 0,084a9

1,053± 0,076a1,094 ± 0,050a1,103 ± 0,057a1,099 ± 0,057a6

1,117± 0,079a1,119± 0,565a1,152 ± 0,060a1,103 ± 0,061a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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55

5. Verificação dos parâmetros séricos na ovariectomia e na reposição

hormonal – perfil hormonal

5.1. Leptina

A leptina apresenta grande variabilidade entre os grupos, como pode ser

visto através da análise do gráfico 7. A curva do grupo OVX + EB difere

significativamente da curva do grupo OVX, apresentando concentrações séricas

de leptina mais baixas que este grupo durante todo o experimento. O grupo OVX

além de diferir do grupo OVX + EB significativamente, também difere do grupo

SHAM. Observa-se durante todo o experimento valores mais elevados de leptina

no primeiro. Contudo, apenas o grupo OVX + EB situa-se fora da região

pontilhada delimitada no gráfico pelos valores obtidos através do grupo C para

faixa de normalidade.

Gráfico 7. Leptina sérica (média ± SEM) em função do tempo de tratamento em

dias.O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦=

SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0

8.5

9.0

Tempo de tratamento (dias)

Lep

tin

a (

ng

/ml)

95% das médiaspopulacionais

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

7.5

8.0

8.5

9.0

Tempo de tratamento (dias)

Lep

tin

a (

ng

/ml)

95% das médiaspopulacionais

0

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56

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites do intervalo = 5,7 – 7,26) (n=6).

Pela análise da tabela 7, pode-se observar no sexto dia após a

ovariectomia, uma redução nas concentrações séricas de leptina nos grupos

SHAM, OVX e OVX + EB. Contudo, neste dia, apenas o grupo OVX + EB difere

significativamente do grupo C. No dia 9, o grupo OVX apresenta valores mais

elevados para leptina em relação aos outros, mas apenas os grupos OVX e SHAM

diferem significativamente.

Tabela 7. Leptina sérica (ng/ml) em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB).

Os valores representam média ± erro padrão da média de leptina (ng/ml) dos

grupos experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças

entre os grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias

5,913 ± 0,377a7,405 ± 0,561ac4,753 ± 0,453ab6, 167 ± 0, 703a13

4,606 ± 0,379a7,238 ± 0,709a6,302 ± 0,819a5,905 ± 0,651a9

4,880 ± 0,149b6,028 ± 0,460ab5,646 ± 1,075ab7,662 ± 0,509a6

5,502 ± 0,190a7,070 ± 0,566a6,418 ± 0,581a6,088 ± 0,971a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

5,913 ± 0,377a7,405 ± 0,561ac4,753 ± 0,453ab6, 167 ± 0, 703a13

4,606 ± 0,379a7,238 ± 0,709a6,302 ± 0,819a5,905 ± 0,651a9

4,880 ± 0,149b6,028 ± 0,460ab5,646 ± 1,075ab7,662 ± 0,509a6

5,502 ± 0,190a7,070 ± 0,566a6,418 ± 0,581a6,088 ± 0,971a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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57

após a ovariectomia) (n = 6). Os valores representados pela mesma letra, não

diferem entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

5.2. Corticosterona

A corticosterona sérica é outro parâmetro de grande variabilidade entre os

grupos. Quando se compara as curvas dos grupos verifica-se diferença

significativa apenas entre os grupos OVX + EB e os grupos SHAM e OVX. Estes

dois últimos não diferem significativamente entre si. O grupo OVX + EB situa-se

abaixo da faixa de normalidade estabelecida pelos valores de C durante todo o

experimento, retornando à faixa de normalidade apenas no décimo terceiro dia

após a ovariectomia (Gráfico 8).

Gráfico 8. Corticosterona sérica (média ± SEM) em função do tempo de

tratamento em dias. O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ;

▼= OVX + EB; ♦= SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol

(EB) na dose 0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas

corresponde a 95% das medidas populacionais, obtido através dos valores de

variância encontrados para o grupo C (limites do intervalo = 267,56 – 459,3) (n=6).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

100

200

300

400

500

600

700

Tempo de tratamento (dias)

Co

rtic

os

tero

na

(n

g/m

l)

95% das médias populacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

100

200

300

400

500

600

700

Tempo de tratamento (dias)

Co

rtic

os

tero

na

(n

g/m

l)

95% das médias populacionais

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58

Comparando-se cada tempo de tratamento separadamente, os grupos OVX

e OVX + EB já diferem no sexto dia após a ovariectomia. Neste momento, o grupo

OVX + EB já apresenta valores reduzidos. No nono dia, este mesmo grupo agora

difere significativamente de SHAM, contudo apresenta valores mais baixos que

todos os demais; e no décimo terceiro dia após a ovariectomia o que se observa é

que os grupos não diferem significativamente entre si pelo teste estatístico

utilizado.

Tabela 8. Corticosterona sérica (ng/ml) em ratas controle (C), controle falso-

operadas (SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com

administração de estrogênio (OVX + EB).

Os valores representam média ± erro padrão da média de corticosterona (ng/ml)

dos grupos experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as

diferenças entre os grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e

13 dias após a ovariectomia) (n = 6). Os valores representados pela mesma letra,

não diferem entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

290,4 ± 26,7a466,8 ± 54,4a265,5 ± 125,0a425,8 ± 46,5a13

61,74 ± 17,5c339,7 ± 101,1abc370,2 ± 83,9b300,6 ± 83,1abc9

156,2 ± 113,9c597,4 ± 67,6b520,0 ± 43,4abc265,1 ± 88,9abc6

146,7 ± 60,8a441,7 ± 21,3a526,7 ± 93,7a502,4 ±81,2a3

OVX + EBOVXSHAMIntacta

Tratamento

Dias

290,4 ± 26,7a466,8 ± 54,4a265,5 ± 125,0a425,8 ± 46,5a13

61,74 ± 17,5c339,7 ± 101,1abc370,2 ± 83,9b300,6 ± 83,1abc9

156,2 ± 113,9c597,4 ± 67,6b520,0 ± 43,4abc265,1 ± 88,9abc6

146,7 ± 60,8a441,7 ± 21,3a526,7 ± 93,7a502,4 ±81,2a3

OVX + EBOVXSHAMIntacta

Tratamento

Dias

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59

5.3. Triiodotironina (T3)

Observando as curvas de concentração de T3 dos grupos em função do

tempo (Gráfico 9), verificam-se comportamentos diversificados entre os grupos. A

curva de T3 dos grupos OVX + EB e OVX diferem significativamente da curva do

grupo SHAM. Neste último, as concentrações de T3 iniciam-se elevadas e tendem

a reduzir em função do tempo, portanto as diferenças observadas se devem

principalmente aos primeiros dias após a ovariectomia. De fato, a curva do grupo

SHAM situa-se fora da região tracejada para valores normais, nos primeiros dias

após a ovariectomia.

Gráfico 9. T3 (média ± SEM) sérico em função do tempo de tratamento em dias.O

dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦=

SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites deste intervalo =45,65 – 62,57) (n=6).

Observando-se os valores deste hormônio em cada tempo de tratamento

separadamente, verificou-se nos dias 3 e 6 uma elevação nas concentrações de

T3 no grupo SHAM, sendo tais valores diferentes significativamente apenas no

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Tempo de tratamento (dias)

T3

(ng

/dL

)

95% das médias populacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Tempo de tratamento (dias)

T3

(ng

/dL

)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Tempo de tratamento (dias)

T3

(ng

/dL

)

95% das médias populacionais

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60

sexto dia em relação aos demais grupos. Os valores deste hormônio para o grupo

OVX + EB encontram-se reduzidos em relação aos demais, contudo esta

diferença não é significativa, provavelmente devido à variabilidade dos dados

neste grupo.

No final do experimento, os valores de T3 não são significativamente

diferentes entre os grupos.

Tabela 9. T3 sérica (ng/dL) em ratas controle (C), controle falso-operadas (SHAM),

ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de estrogênio

(OVX + EB).

Os valores representam média ± erro de T3 (ng/dL) dos grupos experimentais nos

tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças entre os grupos

experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias após a

ovariectomia) (n = 6). Os valores representados pela mesma letra, não diferem

entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

41,71 ± 2,9a57,45 ± 7,5a45,36 ± 9,2a48,49 ± 9,2a13

43,10 ± 5,1a56,67 ± 8,1a65,37 ± 6,3a46,66 ± 8,0a9

34,28 ± 10,3a61,27 ± 7,3a92,88 ± 10,5b53,46 ± 5,4a6

60,47 ± 7,6a43,47 ± 12,5a72,41 ± 11,1a62,42 ± 4,0a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

41,71 ± 2,9a57,45 ± 7,5a45,36 ± 9,2a48,49 ± 9,2a13

43,10 ± 5,1a56,67 ± 8,1a65,37 ± 6,3a46,66 ± 8,0a9

34,28 ± 10,3a61,27 ± 7,3a92,88 ± 10,5b53,46 ± 5,4a6

60,47 ± 7,6a43,47 ± 12,5a72,41 ± 11,1a62,42 ± 4,0a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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61

5.4. Tetraiodotironina (T4)

Pelo observação do gráfico 10 e da tabela 10 podem-se observar

diferenças importantes entre os grupos experimentais em relação ao hormônio T4.

A curva temporal do grupo OVX + EB difere significativamente das demais,

apresentando este grupo valores mais reduzidos de T4. a partir do nono dia de

ovariectomia. Os grupos OVX + EB e SHAM encontram-se fora do espaço

tracejado para valores de normalidade, estando ambos abaixo destes valores. O

grupo OVX está fora dos valores normais apenas no décimo terceiro dia após a

ovariectomia, momento no qual este grupo apresenta uma elevação importante

nos seus valores de T4; e esta diferença é significativa em comparação aos outros

grupos. Neste momento, o grupo OVX + EB também difere significativamente dos

demais, apresentando valores reduzidos de T4.

Gráfico 10. T4 sérico (média ± SEM) em função do tempo de tratamento em

dias.O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦=

SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites deste intervalo = 8,24 – 10,24) (n=6).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

1.5

3.0

4.5

6.0

7.5

9.0

10.5

12.0

13.5

Tempo de tratamento (dias)

T4

(µµ µµ

g/d

L)

95% das médias populacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

1.5

3.0

4.5

6.0

7.5

9.0

10.5

12.0

13.5

Tempo de tratamento (dias)

T4

(µµ µµ

g/d

L)

95% das médias populacionais

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62

Tabela 10. T4 sérica (µg/dL) em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB).

Os valores representam média ± erro padrão da média de T4 (µg/dL) dos grupos

experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças entre os

grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias após a

ovariectomia) (n = 6). Os valores representados pela mesma letra, não diferem

entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

5.5. TSH

Para o hormônio TSH, a curva do grupo OVX difere significativamente das

curvas dos demais, sendo a única curva a se manter dentro dos limites de

normalidade durante todo o experimento (Gráfico 11).

4,39 ± 0,73c13,03 ± 0,67b6,92 ± 0,68a8,87 ± 0,85a13

6,64 ± 0,86a7,40 ± 0,70a7,58 ± 0,99a8,28 ± 0,47a9

6,25 ± 0,71a6,65 ± 0,91a7,71 ± 1,01a8,46 ± 0,85a6

6,15 ± 1,04bc3,92 ± 0,63c7,73 ± 1,06b10,82 ± 1,04a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

4,39 ± 0,73c13,03 ± 0,67b6,92 ± 0,68a8,87 ± 0,85a13

6,64 ± 0,86a7,40 ± 0,70a7,58 ± 0,99a8,28 ± 0,47a9

6,25 ± 0,71a6,65 ± 0,91a7,71 ± 1,01a8,46 ± 0,85a6

6,15 ± 1,04bc3,92 ± 0,63c7,73 ± 1,06b10,82 ± 1,04a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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63

Gráfico 11. TSH sérico (média ± SEM) em função do tempo de tratamento em

dias. O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB;

♦= SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites deste intervalo = 0.96 – 1.6) (n=6).

Quando são analisados separadamente os grupos em cada tempo de

tratamento (Tabela 11), observam-se diferenças importantes. No dia nove após a

ovariectomia observa-se um aumento nas concentrações de TSH no grupo OVX +

EB em relação aos outros grupos, e esta diferença é significativa. Em relação aos

grupos C, SHAM e OVX não há diferença significativa entre eles. No décimo

terceiro dia verifica-se uma redução nas concentrações de TSH nos grupos

SHAM, OVX e OVX + EB em relação ao grupo C. Este último difere de todos os

outros grupos significativamente.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

0.9

1.1

1.3

1.5

1.7

1.9

2.1

TS

H (

ng

/dL

)95% das médias

populacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

0.9

1.1

1.3

1.5

1.7

1.9

2.1

TS

H (

ng

/dL

)95% das médias

populacionais

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64

Tabela 11. TSH sérica (ng/dL) em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB).

Os valores representam média ± erro padrão da média de TSH (ng/dL) dos grupos

experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças entre os

grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias após a

ovariectomia) (n = 6). Os valores representados pela mesma letra, não diferem

entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

1,10 ± 0, 07b1,09 ± 0,06b0,94 ± 0,09b1,50 ± 0,11a13

1,68 ± 0,15b1,12 ± 0,08a0,83 ± 0,10a1,14 ± 0,09a9

1,13 ± 0,12a1,24 ± 0,14a1,16 ± 0,21a1,53 ± 0,53a6

1,34± 0,13a1,20 ± 0,15a1,32 ± 0,12a1,08 ± 0,12a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

1,10 ± 0, 07b1,09 ± 0,06b0,94 ± 0,09b1,50 ± 0,11a13

1,68 ± 0,15b1,12 ± 0,08a0,83 ± 0,10a1,14 ± 0,09a9

1,13 ± 0,12a1,24 ± 0,14a1,16 ± 0,21a1,53 ± 0,53a6

1,34± 0,13a1,20 ± 0,15a1,32 ± 0,12a1,08 ± 0,12a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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65

6.. Verificação dos parâmetros séricos na ovariectomia e na reposição

hormonal - Citocinas

6.1. IL-1ββββ

Através do gráfico 12, pode-se observar uma nítida e importante diferença

entre os grupos em relação a interleucina 1. Os grupos OVX e OVX + EB, apesar

de apresentarem uma curva semelhante, suas curvas diferem entre si

significativamente. Os valores observados para o grupo OVX + EB são superiores

àqueles observados para o grupo OVX, durante todo o experimento. Ainda, a

curva de ambos os grupos difere da curva do grupo SHAM.

Gráfico 12. IL-1β sérica (média ± SEM) em função do tempo de tratamento em

dias.O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦=

SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites deste intervalo = 7,86 – 14,32) (n=6).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

Tempo de tratamento (dias)

IL-1

(p

g/m

l)

95% das médias populacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

Tempo de tratamento (dias)

IL-1

(p

g/m

l)

95% das médias populacionais

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66

No terceiro dia após a ovariectomia já se observa uma diferença

significativa entre os grupos ovariectomizados e o grupo SHAM (Tabela 12). Neste

momento, os valores para o grupo C não puderam ser quantificados, pois se

encontram abaixo do limite de detecção do teste utilizado.

Tabela 12. IL-1β sérica (pg/ml) em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB).

Os valores representam média ± erro padrão da média de IL-1β (pg/ml) dos

grupos experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças

entre os grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias

após a ovariectomia) (n = 6). Os valores representados pela mesma letra, não

diferem entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05). ND: valores não

detectáveis pelo método utilizado.

44,79 ± 3,89c35,61 ± 1,62b18,76 ± 1,95a13,25 ± 3,36a13

46,29 ± 3,11b40,03 ± 2,27b12,19 ± 3,67a9,39 ± 2,02a9

46,86 ± 2,93b39,94 ± 2,55b9,28 ± 1,61a11,77 ± 3,06a6

38,22 ± 2,48b34,95 ± 4,70b8,78 ± 2,27aND3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

44,79 ± 3,89c35,61 ± 1,62b18,76 ± 1,95a13,25 ± 3,36a13

46,29 ± 3,11b40,03 ± 2,27b12,19 ± 3,67a9,39 ± 2,02a9

46,86 ± 2,93b39,94 ± 2,55b9,28 ± 1,61a11,77 ± 3,06a6

38,22 ± 2,48b34,95 ± 4,70b8,78 ± 2,27aND3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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67

No sexto e nono dias após a ovariectomia, o comportamento dos grupos

ovariectomizados, com ou sem reposição de estrogênio é diferente daquele

observado para os grupos SHAM e C. Os valores de IL-1β nos grupos

ovariectomizados encontram-se elevados.

No décimo terceiro dia após a ovariectomia, nota-se o efeito da reposição

estrogênica na elevação dos níveis de IL-1β sérica. O grupo OVX + EB difere

significativamente do grupo OVX neste momento, e ambos diferem dos grupos

controle.

6.2. IL-6

Em relação a interleucina 6, não são observadas diferenças significativas

entre as curvas temporais dos diferentes grupos (Gráfico 13)

Gráfico 13. IL-6 sérica (média ± SEM) em função do tempo de tratamento em

dias. O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB;

♦= SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites deste intervalo = 10,82 – 13,8) (n=6).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

5

10

15

20

25

30

Tempo de tratamento (dias)

IL-6

pg

/ml

95% das médias populacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0

5

10

15

20

25

30

Tempo de tratamento (dias)

IL-6

pg

/ml

95% das médias populacionais

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68

Contudo, quando se analisa separadamente cada tempo de tratamento,

observa-se uma elevação nos valores desta citocina nos grupos OVX e SHAM no

terceiro dia. O grupo OVX difere significativamente dos demais, com exceção do

grupo SHAM. Nos dias subseqüentes, não são observadas diferenças

significativas entre os grupos e no final do experimento todos os grupos

encontram-se dentro da faixa de normalidade (Tabela 13)

Tabela 13. IL-6 sérica (pg/ml) em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB).

Os valores representam média ± erro padrão da média de IL-6 (pg/ml) dos grupos

experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças entre os

grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias após a

ovariectomia) (n= 6). Os valores representados pela mesma letra, não diferem

entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05). ND: valores não detectáveis pelo

método utilizado.

ND12,16 ± 2,31a13,34 ± 1,92a11,27 ± 1,14a13

16,08 ± 1,66a16,66 ± 2,15a13,04 ± 1,06a13,68 ± 2,41a9

16,56 ± 1,74a13,42 ± 1,83a14,45 ± 6,10a12,35 ± 0,81a6

12,06 ± 0,67a17,37 ± 1,19b16,19 ± 3,84ab10,88 ± 0,54a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

ND12,16 ± 2,31a13,34 ± 1,92a11,27 ± 1,14a13

16,08 ± 1,66a16,66 ± 2,15a13,04 ± 1,06a13,68 ± 2,41a9

16,56 ± 1,74a13,42 ± 1,83a14,45 ± 6,10a12,35 ± 0,81a6

12,06 ± 0,67a17,37 ± 1,19b16,19 ± 3,84ab10,88 ± 0,54a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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69

6.3. IL-10

Observando-se a curva de IL-10 em função do tempo (Gráfico 14), pode-se

verificar o comportamento semelhante entre os grupos ovariectomizados com ou

sem reposição de estrogênio. A curva do grupo SHAM difere das demais. As

diferenças ainda são significativas em todos os dias analisados (Tabela 14). Pela

análise das curvas, pode-se observar que os grupos ovariectomizados

apresentam valores elevados desta interleucina em relação ao grupo SHAM, o

que se torna significativo a partir do nono dia após a ovariectomia.

Gráfico 14. IL-10 sérica (média ± SEM) em função do tempo de tratamento em

dias. O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB;

♦= SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites deste intervalo =10,42 – 16,22) (n=6).

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

20.0

22.5

25.0

Tempo de tratamento (dias)

IL-1

0

(pg

/ml) 95% das médiaspopulacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

20.0

22.5

25.0

Tempo de tratamento (dias)

IL-1

0

(pg

/ml) 95% das médiaspopulacionais

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70

Tabela 14. IL-10 sérica (pg/ml) em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB).

Os valores representam média ± erro padrão da média de IL-10 (pg/ml) dos

grupos experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças

entre os grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias

após a ovariectomia) (n = 6). Os valores representados pela mesma letra, não

diferem entre si pelo teste estatístico utilizado (p> 0,05).

Nos dias 3 e 6 após a ovariectomia, as diferenças entre os grupos ainda

não são significativas. Contudo, pode-se observar que os valores de IL-10 para os

grupos OVX e OVX + EB já se apresentam ligeiramente elevados em relação aos

grupos controle. O grupo OVX + EB apresenta valores ainda mais elevados

quando comparado ao grupo OVX, apesar destas diferenças não serem

significativas até este momento.

17,11 ± 1,33bc15,84 ±1,54bc9,41 ± 1, 50a11,75 ± 0,77ab13

17,02 ± 0,97b16,76 ± 1,97b10,18 ± 1,71a11,18 ± 1,07a9

17,26 ± 1,47a12,17 ± 1,82a10,30 ± 1,15a14,13 ± 3,73a6

12,44 ±1,00a11,63 ± 1,59a9,18 ± 0,34a10,58 ± 0,99a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

17,11 ± 1,33bc15,84 ±1,54bc9,41 ± 1, 50a11,75 ± 0,77ab13

17,02 ± 0,97b16,76 ± 1,97b10,18 ± 1,71a11,18 ± 1,07a9

17,26 ± 1,47a12,17 ± 1,82a10,30 ± 1,15a14,13 ± 3,73a6

12,44 ±1,00a11,63 ± 1,59a9,18 ± 0,34a10,58 ± 0,99a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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71

No nono dia após a ovariectomia, os grupos OVX e OVX + EB diferem

significativamente dos grupos C e SHAM, e estes não diferem entre si. Os valores

de IL-10 dos grupos ovariectomizados são mais elevados quando comparado aos

valores dos grupos controle.

No décimo terceiro dia após a ovariectomia, os grupos OVX e OVX + EB

continuam não diferindo entre si, entretanto, o grupo C também não difere

significativamente deles. Apenas o grupo SHAM difere significativamente dos

grupos OVX e OVX + EB neste momento. Os grupos C e SHAM também não

diferem entre si.

6.4. TNF-αααα

Pela observação do gráfico 15, pode-se observar que a curva de TNF-α em

função do tempo difere pouco em relação a ovariectomia. Há grande variabilidade

de dados dentro do mesmo grupo, o que dificulta a análise das diferenças entre os

grupos experimentais.

Gráfico 15. TNF-α sérica (média ± SEM) em função do tempo de tratamento em

dias.O dia zero corresponde ao dia da ovariectomia (▲= OVX ; ▼= OVX + EB; ♦=

SHAM). Iniciou-se o tratamento com benzoato de estradiol (EB) na dose

0,7µg/100g p.c. no dia 1. O espaço entre as linhas pontilhadas corresponde a 95%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

10

20

30

40

50

Tempo de tratamento (dias)

TN

F-

αα αα(p

g/m

l)

95% das médiaspopulacionais

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0

10

20

30

40

50

Tempo de tratamento (dias)

TN

F-

αα αα(p

g/m

l)

95% das médiaspopulacionais

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72

das medidas populacionais, obtido através dos valores de variância encontrados

para o grupo C (limites deste intervalo = 7,54 – 18,3) (n=6).

Observando-se a tabela 14, verifica-se que não há diferença significativa

entre os grupos experimentais em qualquer momento do experimento. No décimo

terceiro dia, não foi possível mensurar os valores de TNF-α para todos os animais

do grupo C, pois a maioria deles se encontra abaixo do limite de detecção do teste

utilizado.

Tabela 15. TNF-α sérica (pg/ml) em ratas controle (C), controle falso-operadas

(SHAM), ovariectomizadas (OVX) e ovariectomizadas com administração de

estrogênio (OVX + EB).

.

Os valores representam média ± erro padrão da média de TNF-α (pg/ml) dos

grupos experimentais nos tempos de tratamento. A tabela mostra as diferenças

entre os grupos experimentais em cada tempo de tratamento (3, 6, 9 e 13 dias

após a ovariectomia) (n= 6.). Os valores representados pela mesma letra, não

19,51 ± 6,54a26,77 ± 10,72a24,10 ± 14,67aND13

15,12 ± 11,06a10,92 ± 2,55a12,50 ± 3,33a15,55 ± 6,11a9

17,31 ± 6,48a24,48 ± 11,81a11,74 ± 7,67a6,19 ± 1,24a6

22,48 ± 6,58a25,02 ± 10,28a7,67 ± 3,09a16,66 ± 3,69a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

19,51 ± 6,54a26,77 ± 10,72a24,10 ± 14,67aND13

15,12 ± 11,06a10,92 ± 2,55a12,50 ± 3,33a15,55 ± 6,11a9

17,31 ± 6,48a24,48 ± 11,81a11,74 ± 7,67a6,19 ± 1,24a6

22,48 ± 6,58a25,02 ± 10,28a7,67 ± 3,09a16,66 ± 3,69a3

OVX + EBOVXSHAMControle

Tratamento

Dias

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73

diferem entre si pelo teste estatístico utilizado (p>0,05). ND: valores não

detectáveis pelo método utilizado.

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74

DDDiiissscccuuussssssãããooo

A relação entre estrogênio e peso corporal vem sendo discutida em muitos

estudos na última década. Na maioria das vezes observa-se ganho de peso

corporal significativo nos animais ovariectomizados (Vasconcellos e cols, 2004;

Roesch, 2006). No entanto, o momento exato e a relação causa-consequência

deste ganho de peso não estão bem definidos. Os resultados são na maioria das

vezes conflitantes, devido à variedade e a complexidade dos métodos de

avaliação adotados.

Vários fatores influenciam o ganho de peso corporal total, como

hereditariedade, idade, consumo alimentar, sedentarismo e outros (Wadden,

1993). Neste trabalho pretendeu-se eliminar tais intercorrências, mantendo-se os

animais em gaiolas individuais, aferindo-se os consumos hídrico e alimentar dos

mesmos diariamente, e utilizando-se animais da mesma idade, peso inicial

semelhante e que apresentassem ciclo estral regular. Foi criado um grupo

experimental que sofreu estresse cirúrgico, a fim de simular o estresse a que os

animais que sofrem ovariectomia são submetidos (SHAM), eliminando desta forma

a possibilidade da interferência do estresse nos parâmetros avaliados.

Observou-se ganho de peso significativo no grupo OVX, o que coincide com

os dados da literatura. Também se verificou a prevenção do ganho de peso pela

administração de estrogênio em doses fisiológicas aos animais ovariectomizados

(OVX + EB) nos primeiros dias após a ovariectomia, quando comparados aos

animais OVX.

Contrariando dados recentemente publicados (Vasconcellos e cols, 2004),

verificamos que o ganho de peso nos animais OVX inicia-se precocemente, logo

após o procedimento de ovariectomia, sendo significativo em torno do 13° dia; e

continua pelo menos até o quadragésimo oitavo dia após a ovariectomia, como se

pode observar pelos resultados da primeira fase dos experimentos. De acordo

com Vasconcellos e cols (2004), o ganho de peso corporal só é

significativo a partir da 9° semana após a ovariectomia e prossegue por muitas

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75

semanas após a retirada dos ovários. As divergências entre os resultados podem

ser explicadas, em parte, pela metodologia empregada. No estudo citado, também

foram utilizadas ratas Wistar, contudo estas ratas apresentavam peso de 200g ±

15 g no início do experimento; enquanto em nosso estudo as ratas apresentavam

peso de 150g ± 20g no início do experimento. Tal fato talvez justifique as

diferenças nos achados em relação ao início do ganho de peso após a

ovariectomia. No entanto, ambos os estudos concordam no que diz respeito ao

ganho de peso significativo nos animais ovariectomizados.

De acordo com os resultados obtidos para peso corporal na primeira fase

dos experimentos, traçou-se o desenho experimental da segunda fase dos

experimentos; com o objetivo de verificar as possíveis alterações que estariam

envolvidas na gênese do ganho de peso corporal nos animais OVX. Nesta fase,

observou-se que, em um primeiro momento, provavelmente devido à intervenção

cirúrgica, os animais OVX, OVX + EB e SHAM perdem peso (3° dia), entretanto

isto é significativo apenas para os animais OVX e OVX + EB em relação aos

animais C. Esta perda de peso é temporária e é revertida rapidamente. O grupo

OVX + EB inicia o ganho de peso tardiamente em comparação ao grupo OVX,

mantendo-se menor em relação aos demais até o 9° dia após a ovariectomia. No

13° dia o peso corporal dos animais OVX + EB iguala-se ao peso corporal dos

animais SHAM e C, entretanto, permanece reduzido em relação ao grupo OVX.

Isto sugere um papel do estrogênio na prevenção de ganho de peso corporal

inicialmente. De fato, segundo Roesch (2006) os animais ovariectomizados que

recebem reposição estrogênica iniciam o ganho de peso mais tardiamente. Em

seu trabalho, o autor obteve uma diferença significativa entre o ganho de peso dos

animais ovariectomizados e ovariectomizados que recebem reposição hormonal.

Os últimos sofrem um acréscimo significativamente menor no peso corporal

quando comparados aos ovariectomizados sem reposição hormonal.

Neste trabalho não foi possível avaliar a prevenção do ganho de peso pela

administração de estrogênio exógena a longo prazo, pois os animais foram

monitorados apenas no período inicial após a ovariectomia.

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No final do décimo terceiro dia observou-se um ganho de peso

significativamente maior no grupo OVX em relação aos demais, o que corrobora

os achados da primeira fase dos experimentos.

O ganho de peso corporal foi acompanhado de algumas alterações nos

estoques de gordura corporal. Devido à variabilidade nos dados não se observou

diferença significativa entre os grupos em relação à gordura retroperitoneal.

Entretanto, verificou-se um comportamento bastante diferenciado neste

compartimento de gordura entre os grupos OVX e OVX + EB. Enquanto o primeiro

sofreu elevação, o segundo sofreu redução nos seus valores. Este fato se tornou

mais proeminente a partir do nono dia após a ovariectomia. Mas foi no

compartimento periinguinal que os grupos demonstraram maior diferença. Ambos

sofreram redução significativa nestes valores em relação aos grupos SHAM e C a

partir do 6°dia, o que se manteve até o final do experimento. A gordura corporal

sofre alterações com a ovariectomia, e é provável que exista um aumento nos

estoques de gordura subcutânea em ratos (Heine e cols, 2000). Neste trabalho,

não foi possível determinar uma possível migração desses estoques, pois para tal

seria necessário quantificar a gordura corporal na carcaça do animal. De acordo

com Lafontan & Berlan (2003) as principais co-morbidades associadas à

obesidade relacionam-se ao acréscimo de gordura nos compartimentos

subcutâneo e visceral em humanos. Isto pode explicar a ocorrência de

dislipidemias e o aumento do risco de doenças cardiovasculares freqüentemente

observados em mulheres na menopausa (Gaspard & Brule, 2003; Lovejoy, 2003).

Em relação ao consumo alimentar, no presente estudo, não foram

observadas diferenças significativas entre os grupos. A maioria dos estudos

publicados justifica o ganho de peso corporal nos animais ovariectomizados pelo

aumento no consumo alimentar nestes animais (Hrupka e cols 2002; Shimizu e

cols, 1996; Ainslie e cols, 2001). De fato, o estrogênio exerce um papel anorético

(Liang e cols, 2002). Contudo, alguns estudos não observaram acréscimo no

consumo alimentar dos animais ovariectomizados em relação aos grupos controle

e àqueles repostos com estrogênio (Katz e cols, 2000; Dubnov e cols, 2003) o que

corrobora nossos achados. Tais resultados conflitantes podem ser devidos à

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metodologia utilizada nos diferentes trabalhos. A maioria não afere o consumo

alimentar diariamente, o que pode mascarar os resultados. Ainda, a redução no

consumo alimentar observada nos animais ovariectomizados repostos com

estrogênio, é verificada quando o animal recebe estrogênio na dose

suprafisiológica (Ainslie e cols, 2001). Desta forma, concluímos que o ganho de

peso que acontece nos primeiros dias após ovariectomia não se deve a hiperfagia,

mas provavelmente ocorra devido à redução no gasto energético, promovendo

maior acúmulo de tecido adiposo. Entretanto, os mecanismos responsáveis por

essas alterações ainda são desconhecidos.

O consumo hídrico também não se alterou entre os grupos. Nesse trabalho

não foi possível se verificar a retenção hídrica dos animais OVX, pois os animais

não foram alocados em gaiolas metabólicas. Entretanto, com os dados obtidos até

o momento pode-se observar que o consumo hídrico não está aumentado nos

animais OVX. Contrariando este estudo, Fernandez e cols (2001), demonstraram

que ratas fêmeas castradas ingerem mais água que ratas fêmeas intactas.

Segundo Krause e cols (1996) a reposição com estrogênio na dose de 10 µg/0.1

ml de óleo, reduz o consumo de água em ratas ovariectomizadas. O autor

considera um possível efeito do estrogênio como redutor do consumo hídrico. Tais

diferenças podem ser devidas à dose de estrogênio administrada nos diferentes

estudos. No presente estudo, administrou-se estrogênio na dose de 0,7µg/100g

p.c., que é a dose considerada fisiológica para estes animais (Lima e cols, 2006).

No estudo de Krause e cols (1996) a dose administrada foi maior, o que talvez

possa explicar um efeito mais pronunciado deste hormônio.

No presente trabalho, as concentrações de leptina plasmáticas mantiveram-

se inalteradas nos animais OVX, mesmo após o início do ganho de peso corporal.

Observou-se uma redução nos valores de leptina nos animais que receberam

reposição de estrogênio (OVX + EB), o que foi significativo no sexto dia após a

ovariectomia. Contudo, estes valores prontamente retornam aos valores normais

em torno do décimo terceiro dia após a ovariectomia. Isso sugere que o estrogênio

é possivelmente capaz de prevenir a elevação nas concentrações de leptina logo

após a ovariectomia, mas este efeito não se mantém em longo prazo. Em

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contrapartida, a maioria dos estudos ressalta que o estrogênio é um fator

estimulante para a secreção de leptina em humanos e em animais (Tommaselli e

cols, 2001; Isidori e cols, 2000; Shimizu e cols, 1997). Tais diferenças nos

resultados se devem provavelmente ao momento no qual se dosou este hormônio.

Nestes estudos, as concentrações de leptina foram medidas após semanas da

ovariectomia, e a reposição de estrogênio se iniciou depois de alguns dias de

ovariectomia. Em nosso estudo, as concentrações de leptina foram medidas em

vários momentos do experimento e a reposição hormonal foi iniciada logo no

primeiro dia após a ovariectomia, o que nos permite uma visão mais detalhada das

possíveis variações nas concentrações de leptina em função do tempo da

ovariectomia e da ação do estrogênio exógeno. No estudo de Pelleymounter

(1999), não foram verificadas alterações nas concentrações de leptina nos animais

que receberam reposição hormonal. No presente trabalho, apesar das alterações

obtidas em curto prazo, o que se verifica é a manutenção nos níveis deste

hormônio dentro da faixa de normalidade até o final do experimento. Ainda, a

redução temporária nas concentrações de leptina nos animais OVX + EB não

resultou em modulação do consumo alimentar destes animais. Tal fato demonstra

que a leptina não exerce papel fundamental na gênese e no estabelecimento do

sobrepeso em animais ovariectomizados. Este hormônio não está relacionado à

causa, mas provavelmente é uma conseqüência da instalação do sobrepeso,

estando aumentado após a instalação do sobrepeso e/ou obesidade.

A leptina também tem sido relacionada ao ganho de peso em animais

ovariectomizados em muitos estudos. Meli e cols (2004) relataram em seu estudo

uma elevação significativa nos níveis de leptina sanguíneos nos animais OVX. Em

contrapartida, Tomaselli e cols (2001), relataram redução significativa nestes

níveis. Pelleymounter (1999) foi além, definindo que a leptina estaria aumentada

apenas após a instalação do sobrepeso, o que acontece alguns dias após a OVX.

Para este autor, antes da instalação do sobrepeso os níveis de leptina

permanecem inalterados nestes animais. Alguns autores consideram a existência

de uma resistência à ação deste hormônio o fator mais importante para o

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estabelecimento do sobrepeso e/ou obesidade após a ovariectomia (Chen e cols,

2001).

Em relação ao hormônio corticosterona, dado interessante é o papel do

estrogênio na redução das concentrações sorológicas deste hormônio nos animais

OVX + EB. Neste trabalho tal efeito foi evidenciado apenas nos primeiros dias

após a ovariectomia. No décimo terceiro dia, os valores de corticosterona já se

encontravam dentro da faixa de normalidade para este grupo. Se observarmos o

acréscimo nas concentrações deste hormônio no grupo SHAM e OVX logo no

sexto dia de ovariectomia, é possível inferir o efeito do estresse cirúrgico nestes

grupos e o efeito protetor ao estresse mediado pelo estrogênio. A redução nas

concentrações de corticosterona nos animais OVX + EB coincide com a elevação

nos níveis das citocinas IL-1β no décimo terceiro dia, e de IL-6 no terceiro dia

nestes animais. De fato, o estresse agudo via produção aumentada de

corticosterona, está relacionado à inibição na síntese de citocinas inflamatórias, o

que talvez possa explicar o efeito anorexígeno do estresse agudo (Stewart, 2005).

Este fato talvez possa explicar o retardo no ganho de peso nos animais OVX + EB

em comparação aos animais OVX.

Nossos resultados indicam a presença de uma interação imunoendócrina

importante nos animais ovariectomizados. Foram observadas alterações

significativas nas concentrações de algumas citocinas plasmáticas após os

primeiros dias de ovariectomia. No presente trabalho, as citocinas IL-1β e IL-10

apresentaram alterações significativas em seus níveis sanguíneos nos animais

ovariectomizados (OVX) e naqueles ovariectomizados com reposição de

estrogênio (OVX + EB), apresentando-se ambas elevadas nestes dois grupos.

A IL-1 permaneceu elevada desde o início (3° dia) até o final do

experimento (13° dia) nos grupos que sofreram ovariectomia. A diferença entre os

animais ovariectomizados (OVX e OVX + EB) foi significativa em relação aos

grupos controle (I e SHAM) em todos os momentos. De acordo com Hauner

(2004), a obesidade freqüentemente vem acompanhada de um recrutamento de

macrófagos para o tecido adiposo. Estes macrófagos estariam produzindo

citocinas inflamatórias naquele tecido, o que por sua vez, estaria exacerbando o

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processo de ganho de peso corporal, contribuindo sobremaneira com os

processos lipogênicos. Diversas citocinas têm sido envolvidas neste processo,

entre elas IL-1, IL-6 e TNF-α. Estas citocinas são pró-inflamatórias e níveis

elevados em suas concentrações plasmáticas têm sido correlacionados à gênese

e ao estabelecimento da obesidade. Trabalhos recentes demonstraram uma

ligação entre a produção destas citocinas e a resistência à insulina (Bastard e

cols, 2006).

A elevação nas concentrações das citocinas inflamatórias IL-1β, IL-6 e TNF-

α (Speyer e cols, 2005; Zeng e cols, 2005; Dinarello e cols, 1990) e a redução nas

concentrações da citocina IL-10 em animais ovariectomizados têm sido descrita na

literatura. Esta última está relacionada à prevenção da resistência à insulina em

camundongos tratados com IL-6 (Kim e cols, 2004). Contudo, todos os estudos

observaram variações nas concentrações destas citocinas algumas semanas após

a ovariectomia, quase sempre após a instalação do sobrepeso e/ou obesidade

nestes animais. Neste trabalho, procurou-se investigar possíveis modificações nas

concentrações de citocinas em ratas ovariectomizadas, logo após o procedimento

cirúrgico, antes do estabelecimento do sobrepeso.

Nosso estudo demonstrou elevação nas concentrações de IL-1β e IL-10

independentemente do estabelecimento do sobrepeso, já que estão elevadas nos

animais OVX e OVX + EB, animais que ganharam e perderam peso

respectivamente, durante o experimento. Tal fato pode sugerir o envolvimento

destas citocinas na modulação do peso corporal, não necessariamente apenas no

sobrepeso.

Observou-se ainda que o estrogênio tem um papel importante na

modulação da citocina IL-1β. Nos animais OVX + EB verificou-se valores elevados

desta citocina durante todo o experimento, e isso se tornou significativamente

diferente dos animais OVX no décimo terceiro dia. Neste dia, aquele grupo (OVX +

EB) apresentou valores elevados de IL-1β em relação a todos os grupos, inclusive

ao OVX. Este achado, talvez justifique a ineficiência da reposição hormonal em

doses consideradas fisiológicas, em manter o peso corporal reduzido até o 13°

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dia. De fato, o estrogênio exógeno não é capaz de manter inalterados os valores

de alguns parâmetros que eram constantes antes do procedimento cirúrgico.

Comportamento semelhante foi observado para IL-10. Esta é uma citocina

antiinflamatória, responsável por combater os efeitos deletérios provocados pelas

citocinas inflamatórias (Hauner, 2004). Segundo Kim e cols (2003) esta citocina é

capaz de reverter e/ou inibir a resistência à insulina provocada por outras

citocinas, como IL-1, IL-6 e TNF-α. Por este motivo, esperava-se obter valores

reduzidos desta citocina nos animais OVX e OVX + EB; situações onde há

freqüentemente aumento nas concentrações das citocinas inflamatórias. No

entanto, obteve-se valores elevados desta citocina nos animais ovariectomizados.

Contudo, esta elevação não ocorreu logo nos primeiros dias de experimento,

tendo sido uma elevação tardia, podendo ser observada a partir do nono dia após

a ovariectomia. Neste momento os grupos OVX e OVX + EB diferiram

significativamente dos grupos C e SHAM. Tais resultados sugerem um mecanismo

de defesa orgânico em relação às alterações provocadas pela privação de

estrogênio endógeno. A produção elevada de IL-10 nos animais ovariectomizados

pode ser uma tentativa de promover o retorno dos parâmetros modificados pela

ovariectomia aos valores normais, anteriores ao procedimento; incluindo o peso

corporal. Contudo, a elevação nas concentrações de IL-10 não é eficaz para

manter o peso corporal estável, pois se observa elevação progressiva neste

parâmetro até o final do experimento nos animais OVX e OVX + EB.

Em relação a citocina IL-6 não foram verificadas diferenças importantes

entre os grupos OVX e OVX + EB, e os grupos I e SHAM, até o final do

experimento. De acordo com Hauner (2006), as concentrações de IL-6 circulantes

estão diretamente relacionadas ao peso corporal, estando elevadas na obesidade

e no sobrepeso. A ovariectomia em ratos eleva significativamente a expressão

gênica de IL-6 no tecido adiposo e sua concentração no plasma. A administração

de estrogênio reverte estes efeitos (Bruun e cols, 2003; Zeng e cols, 2005). Tal

efeito foi verificado neste trabalho apenas em um primeiro momento. No terceiro

dia após a ovariectomia o grupo OVX e SHAM apresentou valores elevados desta

citocina em relação aos demais. Contudo, o grupo OVX + EB apresentou valores

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elevados para esta citocina no dia 6 após a ovariectomia, que retornou aos valores

normais no 13° dia. Neste caso, o estrogênio, em doses consideradas fisiológicas,

não foi eficaz em conter a elevação nas concentrações desta citocina no sexto dia

após ovariectomia. Desta forma, conclui-se que a citocina IL-6 não está

relacionada diretamente à gênese do ganho de peso corporal nos animais

ovariectomizados, mas pode estar envolvida mais tardiamente, na manutenção do

peso corporal mais elevado.

TNF-α foi uma citocina que também não apresentou diferenças

significativas entre os grupos no presente trabalho. Tal fato pode ser devido à

grande variabilidade entre os grupos analisados, o que dificulta a interpretação

estatística dos resultados. Contudo, pode ser observada uma discreta elevação

nos valores desta citocina nos grupos OVX e OVX + EB, grupos que sofreram a

retirada dos ovários, nos primeiros dias após a ovariectomia (terceiro dia).

Segundo Speyer e cols (2005), a privação de estrogênio é um estímulo à

produção de TNF-α, citocina relacionada ao ganho de peso corporal; e a

reposição hormonal é capaz de reverter este quadro. De fato, os animais que

receberam estrogênio (OVX + EB) obtiveram redução nas concentrações de TNF-

α inicialmente aumentadas logo a partir do sexto dia de ovariectomia. Entretanto,

no 13° dia estes valores estavam elevados novamente. Tal fato pode sugerir um

efeito do estrogênio na prevenção da elevação deste parâmetro apenas em curto

prazo, nos dias 6 e 9 após a ovariectomia.

As modificações no peso corporal associam-se diretamente à função

tireoideana. Vários trabalhos da literatura demonstram o papel termogênico dos

hormônios tireóideos na modulação do peso corporal nas mais diferentes

situações.

No presente trabalho, não foi observado modificações significativas nas

concentrações do hormônio T3 nos animais OVX e OVX + EB, apesar de ter sido

observada uma redução nas concentrações de T3 nos animais OVX + EB, não

significativa, no sexto dia após a ovariectomia. A ovariectomia freqüentemente é

seguida de uma redução nas concentrações de T3 e T4 livre em ratos (Thomas e

cols, 1986; Jeusete e cols, 2006).

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No entanto, em relação ao hormônio T4, diferenças importantes foram

constatadas. Observou-se redução nos valores deste hormônio no grupo OVX +

EB durante todo o experimento, apesar desta diferença não ter sido significativa

em todos os momentos do experimento. Os animais OVX apresentaram valores

significativamente reduzidos deste hormônio em relação aos animais SHAM e C

logo no terceiro dia após a ovariectomia, e estes valores foram progressivamente

aumentando, até tornarem-se significativamente elevados em relação aos demais

no décimo terceiro dia após a ovariectomia, o que coincidiu com o acréscimo no

peso corporal total. Pode-se dizer que os animais OVX apresentaram redução nas

concentrações dos hormônios tireóideos logo após a ovariectomia (3° dia), o que

se reverteu com o decorrer do tempo. Tais resultados foram observados no estudo

de Jeusette e cols (2006). Em seu estudo, este autor observou redução nas

concentrações de T4 em animais castrados logo após a ovariectomia; valores que

se elevaram depois de um tempo da intervenção cirúrgica. Entretanto, o autor

somente observou aumento nas concentrações de T4, após seis meses da

ovariectomia, diferentemente dos dados encontrados neste estudo; os quais

apontam uma elevação nas concentrações de T4 após 13 dias de ovariectomia.

Este fato pode ser explicado pela diferença entre as espécies animais estudadas.

Jeusette e cols (2006) utilizaram cadelas castradas, enquanto neste trabalho

foram utilizadas ratas fêmeas ovariectomizadas.

Tais resultados sugerem um mecanismo de defesa tardio do organismo nos

animais OVX; como tentativa de conter o acréscimo de peso corporal observado

após o décimo terceiro dia de ovariectomia.

Entretanto, a elevação dos níveis de T4 no décimo terceiro dia após a

ovariectomia não foi acompanhada de uma redução no peso corporal pelos

animais ovariectomizados. O hormônio T3 é o mais ativo. T4 deve ser convertido

em T3 para exercer suas funções. A maior via para a produção de T3 é a via da

5’desiodação, do anel externo de T4, por iodotironina-desiodases (Yen, 2001).

Nossos resultados sugerem um mecanismo ineficiente na conversão de T4 a T3,

pelas desiodases presentes nos diferentes tecidos periféricos. Contudo, é

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necessário se fazer um estudo cinético da atividade destas enzimas nos primeiros

dias após a ovariectomia para se confirmar tal hipótese.

De fato, outro trabalho do grupo, mostrou redução nas concentrações de T3

em animais ovariectomizados, após 21 dias de ovariectomia, acompanhada da

redução na atividade da enzima desiodase tipo I. A reposição com estrogênio nas

doses de 0,7µg/100g p.c. e 14µg/100g p.c é capaz de reverter à redução nas

concentrações de T3 e restaurar a atividade da enzima (Marassi e cols, 2006).

Entretanto, em trabalhos do grupo, não foram observadas elevações nas

concentrações de T4 nestes animais (Marrassi e cols, 2006; Lima e cols, 2006).

Em função dos achados até o momento, pode-se supor que há um acréscimo nas

concentrações de T4 inicialmente após a ovariectomia, o que se torna significativo

no 13° dia, como observamos neste estudo. Contudo, esta elevação se reverte ao

longo do tempo. Este acréscimo pode estar refletindo o papel da ausência de

estrogênio na modulação positiva da função tireóidea, logo após a ovariectomia.

Resumindo, neste estudo, o que se verificou foi uma elevação nos níveis de

T4 acompanhada de inalteração nos níveis de T3, que é o hormônio tireóideo mais

ativo, no final do experimento. Neste caso, ou a tireóide estaria produzindo

maiores quantidades de T4, ou este estaria sendo convertido na sua forma mais

ativa, T3 em menor proporção, o que causaria seu menor clearance e maior

concentração plasmática. Sem o aumento nas concentrações de T3 não há

elevação no gasto metabólico, fator que possivelmente interromperia o ganho de

peso corporal progressivo nestes animais.

Tais modificações observadas para T3 e T4 foram eficientes em modular os

valores de TSH em alguns momentos do experimento. Dado interessante é o

papel do estresse na modulação imediata do eixo hipófise-tireóide. Observou-se

elevação nos níveis do hormônio T3 nos animais estressados cirurgicamente no

terceiro dia após a ovariectomia (SHAM), com posterior redução nas

concentrações de TSH (no nono dia), evidenciando o “feedback” negativo dos

hormônios tireóideos na secreção do hormônio hipofisário TSH. O estrogênio

endógeno parece ser importante nesta modulação de T3, já que nos animais OVX

e OVX + EB, nos quais foram retirados os ovários e conseqüentemente, o

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suprimento endógeno de estrogênio, não se observou este efeito do estresse na

modulação positiva de T3.

Há uma forte correlação entre estresse e modulação do eixo tireóideo via

modulação da atividade da desiodase do tipo II (DIO 2). Essa enzima é modulada

por estímulos estressores, como estimulação adrenérgica, via geração de AMPc

intracelular em tecido adiposo marrom. A ação desta enzima promove um maior

aporte de T3 (Mentuccia e cols, 2002). Contudo, tais alterações não resultaram na

modulação de peso corporal neste grupo, o que leva a crer que não são os

hormônios tireóideos os principais responsáveis pela gênese do ganho de peso

corporal em animais ovariectomizados.

Recentemente tem sido demonstrada uma interação entre hormônios

tireóideos, estrogênio e produção de citocinas inflamatórias por monócitos

circulantes. Animais hipertireoideos por administração de L-tiroxina, apresentam

elevação na produção das citocinas IL-1β, IL-6 e TNF-α. A ovariectomia nestes

animais não altera as concentrações elevadas destas citocinas. Em contrapartida,

animais ovariectomizados também demonstram elevação nas concentrações

plasmática destas citocinas, e a administração de L-tiroxina, tornando estes

animais hipertireoideos, mantém a produção elevada destas citocinas (Simsek e

cols, 2003). Segundo o autor, o hipertireoidismo é mais eficaz em elevar a

produção de citocinas inflamatórias, especialmente IL-1β, em relação a

ovariectomia. Tal achado sugere que em situações onde há elevação nas

concentrações de T4, ocorrerá maior liberação de citocinas inflamatórias. De fato,

no presente estudo, a elevação significativa nas concentrações de T4 ocorreu nos

animais OVX, os mesmos que apresentaram maior secreção de IL-1β e IL-10

durante todo o experimento. O mesmo não se observou para os animais OVX +

EB, onde a elevação na secreção destas citocinas não foi acompanhada de

elevação nas concentrações plasmáticas de T4. Este achado demonstra um papel

do estrogênio na regulação da secreção de T4, independente da liberação de

citocinas inflamatórias.

É interessante notar que a maioria dos parâmetros alterados nos animais

OVX e OVX + EB iniciam esta modificação a partir do nono dia de ovariectomia. É

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a partir deste momento, que a gordura retroperitoneal demonstra comportamento

oposto entre eles; o hormônio T4 começa a sofrer uma elevação no grupo OVX; o

hormônio TSH passa a ser significativamente diferente entre os grupos,

apresentando valores elevados neste momento para o grupo OVX + EB; e a

citocina IL-10 está elevada nos grupos OVX e OVX + EB. Provavelmente este é o

momento crucial para o desequilíbrio energético nos animais ovariectomizados.

Os resultados obtidos até o momento, sugerem uma possível relação entre

a produção de citocinas inflamatórias, especialmente IL-1β e IL-10, estrogênio e a

alteração no peso corporal nos animais ovariectomizados. O desequilíbrio

energético estabelecido, talvez esteja induzindo a elevação tardia nos níveis da

citocina antiinflamatória IL-10, como mecanismo de defesa do organismo. Contudo

o que se observa é que não há o estabelecimento da homeostase energética nos

animais OVX; nestes o ganho de peso prossegue atingindo o peso corporal

valores significativamente elevados até o final do experimento. Nos animais OVX +

EB o estrogênio parece manter o peso corporal similar aos grupos controle no 13°

dia após a ovariectomia, mesmo com as alterações observadas em seus níveis de

IL-1β e IL-10 sorológicos. Conclui-se que estas citocinas, na presença de

estrogênio, não são eficazes em promover ganho de peso.

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CCCooonnncccllluuusssõõõeeesss

A ovariectomia resulta em ganho de peso corporal significativo a partir do

décimo terceiro dia após o procedimento cirúrgico, e, a reposição estrogênica na

dosagem de 0,7µg/100g p.c., previne este ganho de peso corporal durante os

primeiros dias após a ovariectomia. Este ganho de peso corporal nos animais OVX

não se deve ao acréscimo no consumo alimentar no período analisado.

A leptina e o TNF-α não parecem estar relacionados à gênese do ganho de

peso corporal nos animais OVX. Esses fatores provavelmente estão relacionados

à manutenção do sobrepeso e/ou obesidade após estas condições já estarem

instaladas, ou são apenas conseqüência do acúmulo de gordura corporal.

Há elevação nas concentrações da citocina IL-1β nos animais logo a partir

do 3° dia após a ovariectomia, e, a administração de estrogênio não reverte esse

aumento.

Provavelmente, há tentativa do organismo em contrabalancear a produção

da citocina inflamatória IL-1β, pelo aumento progressivo da produção da citocina

antiinflamatória IL-10, o que ocorre mesmo nos animais repostos com estrogênio,

os quais não desenvolvem sobrepeso.

O estrogênio é capaz de reduzir as concentrações de corticosterona e

leptina plasmáticos, o que sugere uma via de regulação do peso corporal por este

hormônio.

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88

Figura 14. Esquema proposto para as principais alterações ocorridas

imediatamente após a ovariectomia em ratas.

OVXOVX

↑ IL-6 ↑ IL-1β

↑ IL-10

↑ Peso corporalsem hiperfagia

OVX + EB

↓ Corticosterona↓ Leptina

?

↓ Peso corporal inicialmente

?

?

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