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Naturale - Diagrarte€¦ · po profundo do Hubble é uma fotografia do universo passado, enquanto que imagens de galáxias mais próximas correspondem a momentos do universo mais

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3 O mundo das galáxias

6 Ritmos astronômicos na agricultura biodinâmica

8 O Caminho das Estrelas

10 Nanoeletrônica na Medicina: a saúde por um fio

12 Impressão 3D aplicada à Medicina e Odontologia

14 Hábito de chupar dedo ou chupeta. Como perder esta mania?

16 Efeito Estufa, Camada de Ozônio e Mudanças Climáticas: o que significam?

20 Aquecimento X Resfriamenteo

21 Umidade — o que fazer?

22 Descubra-se nos “Caminhos do Sul de Minas”

24 Baependi

Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora Ltda

CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG

Editora: Elaine Cristina Pereira (Mtb 15601/MG)

ColaboradoresArticulistas: Alvaro Antonio Alencar de Queiroz, Dra. Gracia Costa Lopes, Donovan Soares, Ivan Carlos Ferreira, José Eduardo Telles, Marcelo de Paula Corrêa, Paulo José Braz Rosas, Pedro Jovchelevich, Ricardo Leonel, Roger Rodrigues Torres, Sâmia Regina Gracia Calheiros e Vanessa Silveira Carvalho.

Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier

Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira

Capa: Cleusa Gonçalves (ilustração específica para a Naturale)

Vendas: Diagrarte Editora Ltda

Impressão: Resolução Gráfica Ltda

Tiragem: 2.500 exemplares impressos e 10.000 eletrônico

Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte.

Venha fazer parte da Naturale, anuncie, envie artigos e fotos.

Faça parte desta corrente pela informação e pelo bem.

Contate-nos: (35) 9982-1806 e-mail: [email protected]

Acesse a versão eletrônica: www.diagrarte.com.br

Impresso no Brasil com papel originado de florestas renováveis e fontes mistas.

expediente

Apoio para distribuição

Caro leitorNesta edição somos convidados a dar “um olhar para o

Universo”. O céu fascina a todos. Quem não ficou a admirá-lo por alguns momentos? Procurando identificar planetas, obser-vando o brilho das estrelas, os eclipses, a passagem de cometas e a espera de uma estrela cadente?

Fazemos parte de um mesmo Universo. Foi-se o tempo em que a humanidade acreditava que a Terra fosse o centro do universo, e que Sol girava em torno dela. Hoje, temos o co-nhecimento de que o nosso Sol é uma estrela entre outras 100 bilhões e que a Via Láctea é uma galáxia entre outras centenas de bilhões de galáxias. Isso amplia e muda nossa visão do Uni-verso e nossa relação com ele.

A observação do céu e estudos sobre as influências dos planetas e constelações no nosso planeta datam dos primór-dios da humanidade e algumas civilizações se destacaram nesta compreensão. Estas observações mostraram ritmos e in-fluências nos plantios, no comportamento das marés e do ser humano, haja vista os conhecimentos de Astronomia, Astrofí-sica e Astrologia.

O estudo do Universo amplia-se graças a pesquisas e a sofisticação de aparelhos que captam imagens distantes, que proporcionam aos cientistas a constatação de que o Universo está em constante expansão e é inimaginável sua dimensão.

Interessante que ao olharmos para o céu vemos uma imagem que não está em tempo real, o brilho destas estrelas percorreu anos-luz para chegar até nós e este percurso de espa-ço-tempo nos traz a imagem de um momento que já passou.

Compreender a grandeza do Universo ou simplesmente observar o céu procurando identificar as estrelas e constela-ções já nos transporta para uma visão maior do significado da vida e de nossa existência. A nossa casa é o planeta Terra e da mesma forma que cuidamos da nossa casa de alvenaria, deve-mos ter o mesmo cuidado com esta casa maior, que é o nosso planeta, sem esquecermos que ela está situada em uma galáxia que por sua vez está dentro de um sistema de galáxias inserida em sistemas mais amplos, que chamamos de Universo. Enfim, como nos reconhecemos como habitantes do Universo?

Deixamos com você leitor esta reflexão.Boa leitura a todos!Elaine Pereira

Naturale16a edição Agosto/Setembro - 2012

ISSN 2237-986X

Representação da Via Láctea e da posição do nosso Sol

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Homenagens à Revista

Naturale

“A Academia Itajubense de Letras tem a honra insigne de homenagear a Revista Naturale por promover a susten-tabilidade ambiental através de artigos que apoiam a conservação e a preserva-ção dos recursos da Natureza.”

Maria de Lourdes Maia Gonçalves,Presidente da Academia

Itajubense de Letras

“Os povos da antiguidade exalta-vam a Natureza nos rituais dedicados à Mãe Terra. Preocupavam-se com a Natu-reza como uma grande fonte de riqueza, porque era dela que extraiam a sua ali-mentação. Com o decorrer dos tempos as pessoas passaram a se preocupar com os bens materiais que a Natureza pode fornecer. Pensam apenas em se dar bem de qualquer maneira, esquecendo-se das consequências disso no futuro, e ainda, por descaso, acham que não acontecerá nada com elas e sua família, porque, quaisquer que sejam os resulta-dos, somente acontecerão num futuro longínquo, esquecendo-se de como seus descendentes sofrerão. Ao depararmos com a degradação da Natureza, vemos claramente que os rios e lagos estão secando, a biodiversidade está em de-sequilíbrio, os animais silvestres estão saindo do seu habitat porque o Homem está invadindo seus territórios. Assim, o Homem deixando de preservar a Na-tureza, cava a sua própria sepultura. A Natureza está morrendo e pede socorro. Falta sensibilidade ao Homem moderno, porque acha que pode usurpar, dominar, desrespeitar as regras da preservação ambiental. Há um provérbio indígena

No mês de julho, a Revista Naturale recebeu três homena-gens, a do CODEMA (Conselho Municipal de Conservação, Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente de Itajubá), noticiada na edição anterior, a da Academia Itajubense de Letras e a do Grupo Escoteiros de Itajubá. “É com muita gratidão e alegria que recebe-mos estas homenagens e nos colocamos à disposição, para que assuntos de interesse possam chegar cada vez mais a um maior número de leitores, de forma gratuita. Compartilhamos estas ho-menagens com nossos parceiros, apoiadores e colaboradores”, disse a editora da Naturale. A seguir transcrevemos as palavras de membros da Acadêmia Itajubense de Letras e do Grupo Escoteiro.

que prevê o que pode acontecer com o Homem levado pela sua insensatez, pela sua ganância, pela sua incompreensão: ‘Somente depois da última árvore derru-bada, depois do último animal extinto, e quando perceberem o último rio po-luído, sem peixe, o homem irá entender que dinheiro não se come’.

O Homem passou a destruir a Na-tureza, talvez por mera ignorância, sem ter a consciência de que a sua destruição poderá nos levar ao caos. Cabe àqueles que têm consciência e mais compreen-são do mal que assola o Planeta, divulgar, ensinar, orientar, e assim é a Revista Na-turale que busca trazer informações e orientação para a preservação ambien-tal, mostrando em suas matérias o que acontece de bom e ruim, de preservação e degradação da Natureza. São atitudes como estas que nos dão esperança para que a geração futura possa usufruir dos bens naturais que são dádivas celestiais. Parabéns Naturale, esse é o caminho do ensinamento com plena e total cons-ciência ecológica. O ciclo natural não pode ser interrompido para que Homem e Natureza vivam em plena harmonia. E, ao depararmos com as folhas que caem, quando as árvores adormecem e um simples galho brota e uma flor de-sabrocha, surgem os frutos que darão novas sementes para a continuidade da espécie, podemos dizer que a Natureza ainda busca seu ciclo de existência. E o Homem não pode e nem deve interrom- per esse ciclo, e é isso que a revista Natu-rale exalta com galhardia e sabedoria.”

Paulo Roberto Tavares PereiraVice-presidente da Academia

Itajubense de Letras

“Venho cumprimentar Elaine Cristi-na Pereira pelo excelente trabalho como editora da revista Naturale, hoje home-nageada por esta Casa.

Elaine, sempre simpática, empreen-dedora, amiga da Academia Itajubense de Letras, contribui, com sua revista de fina apresentação e precioso conteúdo, para a divulgação de informações valio-sas sobre o meio ambiente e sobre as incontáveis riquezas naturais do Brasil.”

Paulo Nogueira, Membro da Academia Itajubense de Letras

“A União dos Escoteiros do Brasil, Região de Minas Gerais — Distrito Sul de Minas — Grupo Escoteiro Itajubá 04 MG confere à Revista Naturale o Mérito pelos relevantes serviços prestados.”

A revista Naturale é uma publicação da Diagrarte Editora, de distribuição gratuita.

Todas as edições estão disponíveis na página www.diagrarte.com.br.

Faça você também parte desta corrente de informação pelo bem. Contate-nos pelo telefone

(35) 9982-1806 ou pelo e-mail: [email protected]

Paulo Roberto Tavares Pereira, vice-presidente da Academia Itajubense de Letras; Maria de Lourdes Maia Gonçalves, presidente; Elaine Pereira,

editora da revista Naturale, e Terezinha Ofélia Nascimento Rennó, ex-presidente da Academia Itajubense de Letras.

Chefe Michel Rosa e Elaine Pereira

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A astrofísica extragaláctica é a ciên-cia que estuda as galáxias distantes no universo, além de nossa própria Galáxia, a Via Láctea, onde reside nosso modesto Sol, uma estrela entre outras cem bilhões de estrelas.

Apenas no início do século XX come-çamos a identificar as nebulosas observadas como outros conglomerados de estrelas, bem além das dimensões de nossa Galáxia, estendendo o universo a dimensões lite-ralmente extragalácticas. Isso foi possível com a descoberta de técnicas de determi-nação de distâncias que permitiram, cada vez mais, o acesso ao universo distante, nos libertando do nosso conceito, até o século XIX, de um universo constituído de nosso sistema solar envolto por uma esfera celeste projetada sobre nós.

Edwin Hubble, astrônomo americano, que dá seu nome ao telescópio espacial, foi o primeiro a verificar o caráter extragalácti-co das nebulosas (que hoje sabemos serem galáxias externas), e também a determinar que a distância à galáxia Andrômeda era

bem maior que o tamanho de nossa própria Galáxia, aumentando a escala de tamanho do universo até então conhecida. Andrô-meda é a única galáxia de porte (tamanho e massa) parecida com a nossa Via Láctea no grupo local de galáxias constituído de poucas dezenas de outras galáxias meno-res que nos rodeiam. Andrômeda (Figura 1 — acima) se encontra a apenas dois milhões de anos-luz, enquanto hoje encontramos galáxias distantes a alguns bilhões de anos-luz da Terra. Estimamos que existam centenas de bilhões de outras galáxias no universo.

O telescópio espacial Hubble, lançado em 1990, tem dado grandes contribuições ao conhecimento astronômico em várias áreas, mas particularmente na nossa vi-são do universo distante. Um dos marcos importantes foi a imagem profunda do Hubble em meados da década de 1990, e posteriormente em 2004, a imagem ultra-profunda do Hubble (Figura 2). Esta imagem obtida, representa um momento onde a luz da maioria das galáxias que vemos foi

emitida quando o universo tinha aproxi-madamente metade de sua idade atual de 13,7 bilhões de anos. Como a luz tem uma velocidade finita (300.000 km/s), leva-se o tempo proporcional a distância do objeto emissor para que chegue até nós. Desta forma, ao olharmos para o universo vemos sucessivamente momentos mais anteriores quanto maior a distância. Portanto, o cam-po profundo do Hubble é uma fotografia do universo passado, enquanto que imagens de galáxias mais próximas correspondem a momentos do universo mais atual. Do uni-verso distante ao universo mais próximo temos um filme da evolução das galáxias no universo, e do próprio universo. Co-mo evoluem as galáxias e como evolui o universo como um todo é tema da Cosmo-logia Observacional Moderna.

Um dos pilares do nosso conheci-mento cosmológico atual vem também de Edwin Hubble com sua descoberta de um indicador de distâncias cosmológicas poderoso, a chamada Lei de Hubble. A Lei de Hubble diz que quanto maior a veloci-

Por José Eduardo Telles

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dade em que as galáxias se afastam, maior é a distância entre as galáxias. Já se conhecia do trabalho anterior de Vesto Slipher, no começo do século XX, que as nebulosas observadas estavam todas se afastando de nós, ou seja, tinham velocidades de recessão em relação a nós. Tudo se afasta, e as velocidades em que se afastam é proporcional às suas distâncias. O universo está se expandindo. Se retrocedermos esse filme, então, a Lei de Hubble tem uma conse- quência inevitável: o universo teve um início. Esta constatação le- vou ao modelo, atualmente aceito, sobre a origem do nosso uni- verso, apelidado de Big Bang. Esse apelido foi cravado involunta- riamente pelo famoso astrofísico Fred Hoyle, árduo opositor da ideia, como também o era Albert Einstein. Quando verificou que o universo realmente estaria se expandindo, Einstein lamentou ha-ver incluído em suas equações da relatividade geral uma constante cosmológica para que o universo fosse estático, como acreditava, afirmando que este havia sido seu maior erro. Mal sabia ele, que sua constante seria ressuscitada nos tempos modernos, com nova roupagem, e por outros motivos que discutirei brevemente abaixo.

A figura moderna sobre a origem do universo teve uma con-tribuição importante com a descoberta acidental da Radiação Cósmica de Fundo por Arno Penzias e Robert Wilson em 1965, que lhe conferiram o Prêmio Nobel em Física, em 1978. Essa radiação eletromagnética corresponde a um corpo negro com a tempera-

Figure 2. Campo Ultra-Profundo do Hubble (HUDF do inglês) é uma imagem observada pelo telescópio Hubble com a nova câmera avançada para buscas (ACS) com uma exposição de um milhão de segundos. A imagem revela as primeiras galáxias se formando no Universo distante e jovem.

tura de 2.7K, e já havia sido prevista em teoria anteriormente por George Gamov, Ralph Alpher e Robert Herman, em 1948. Em 2006, John Mather e George Smoot também foram aureolados pelo Prêmio Nobel, pela construção e lançamento do satélite da NASA Cosmic Background Explorer (COBE) e pelas suas contribuições para o esclarecimento da natureza e das anisotropias da radiação cósmica de fundo (Figura 3). Essas anisotropias correspondem a flutuações de densidade de matéria no universo primordial que deram origem às estruturas em larga escala que observamos no universo, desde seus primórdios até o universo próximo e presen-te. São as sementes das galáxias e aglomerados de galáxias que observamos. O estudo da evolução dessas estruturas desde que nasceram até chegarem ao estado atual permite acompanharmos a evolução do próprio universo, pois a distribuição, número e massa dessas estruturas, galáxias e aglomerados de galáxias, delineiam a estrutura do universo que dependem de suas propriedades inte-gradas, como sua geometria, conteúdo de matéria e energia. Aqui reside nossa ignorância atual.

Figura 3. Esta imagem de todo o céu do Universo recém-nascido feita pelo sa-télite Wilkinson (WMAP) mostra a radiação cósmica de fundo em microondas. A imagem revela as flutuações de temperatura (diferenças de cores) que cor-respondem às sementes de matéria que crescem para tornarem-se em galáxias. Essas flutuações são da ordem de 100.000 vezes menores que a temperatura integrada de 2,7K (1K = -273,15°C).

Sabemos o quanto não sabemos

Em 2011, novamente a astronomia foi reverenciada com o Prêmio Nobel de Física para os americanos Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt e Adam G. Riess por seus trabalhos sobre a expansão ace-lerada do universo através da observação de estrelas supernovas distantes. Esses são eventos estelares explosivos que permitem a determinação de distâncias cosmológicas. Até então, entendia-se que o universo expandia desaceleradamente por efeito de sua autogravidade. Todo o conteúdo do universo o impedia de man-ter sua velocidade de expansão. No entanto, os estudos recentes mostram que as supernovas aparecem mais distantes que pode-

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riam estar num universo em expansão desacelerada, indicando então que o universo, ao contrário, está acelerando! Isso implica na inevitável conclusão de que além de toda matéria do universo há uma contribuição adicional à expansão, de uma energia contrá-ria à gravitação fazendo que ele acelere. Essa energia tem origem desconhecida, mas é responsável por 70% de toda energia contida dentro do universo. Por não conhecermos sua origem, a denomi-namos de Energia Escura. Na teoria, essa energia se comporta de forma similar ao efeito da constante cosmológica que Einstein ha-via abandonado, daí minha menção à sua ressurreição, já que ela é agora necessária para descrever o universo com uma componente de energia escura.

O desconhecimento da origem da energia escura vem se jun-tar a outro incômodo do conhecimento cosmológico já existente a quase um século: um tipo de matéria que, também, não sabemos sua origem. Desta forma, essa componente do universo também foi apelidado como Matéria Escura. Essa matéria é somente de-tectada através de efeitos gravitacionais indiretos, como as altas velocidades das galáxias em aglomerados de galáxias, indicando que o aglomerado possui mais massa do que a das próprias galá-xias. No entanto, essa massa não emite luz de nenhuma espécie. Essa matéria escura de origem desconhecida é responsável por cerca de 26% de toda energia contida dentro do universo. Por outro lado, o tipo de matéria que conhecemos e que constituem as estrelas, as galáxias, gás, poeira, eu e você, chamada Matéria Bariônica, consiste o restante de apenas 4% (Figura 4).

Matter and Energy in the Universe: A Strange Recipe

Como surgem as galáxias

No contexto cosmológico da teoria do Big Bang, o universo evolui de forma hierárquica, ou seja, cresce das pequenas estruturas às estruturas maiores. Esse crescimento se dá a partir das flutua-ções de densidade de matérias primordiais que são observadas na radiação cósmica de fundo, que dão origem a halos de matéria es-cura, dentro dos quais se condensa a matéria que conhecemos de gás e poeira para formar as estrelas e galáxias. A evolução do uni-verso e crescimento das estruturas em larga escala são dominadas pela gravitação e pela expansão acelerada. Pequenos halos de ma-téria escura são os berçários das primeiras estrelas, que colapsam gravitacionalmente, e posteriormente se fundem sucessivamente, através de colisões, para formarem as maiores estruturas como galáxias e aglomerados de galáxias, que vemos no universo local

Figura 4. Matéria e Energia no Universo: uma receita estranha. Este gráfico mostra que a matéria que conhecemos (Bárions) constitui apenas 4% de toda densidade de energia do Universo. Outras componentes desconhecidas domi-nam o conteúdo de todo Universo, a energia escura e a matéria escura com aproximadamente 67% e 29%, respectivamente.

(Figura 5). Neste modelo, quando olhamos para o universo distan-te, esperamos ver galáxias menores, e em processo de fusão. Essa previsão é confirmada através das observações modernas.

Quantitativamente, essas previsões provêm de modelos computacionais que a partir das sementes da evolução de estru-turas, e com prescrições da física da gravitação, produzem um modelo de evolução de estruturas em larga escala. Esses modelos são bastante complexos, pois praticamente, criam um universo no computador e fazem com que ele evolua dentro das regras da gravitação, e dos efeitos dos outros constituintes do universo, co-mo matéria bariônica (que conhecemos como gás e poeira), e os efeitos de troca de energia das estrelas durante suas vidas ou nas suas mortes. Mais recentemente, os efeitos energéticos de grandes buracos negros supermassivos que surgem em núcleos de galá-xias, também parecem ter grande importância para o crescimento e destino das estruturas neste universo em expansão.

Em resumo, o universo surgiu de um momento inicial, onde todo espaço e tempo foi criado há 13,7 bilhões de anos. Desde en-tão ele continua em expansão. Recentemente descobriu-se tratar de uma expansão acelerada devido à presença de uma componente misteriosa de energia que não conhecemos a origem ou nature-za, a energia escura. As galáxias, suas estrelas e aglomerados de galáxias surgem do crescimento de halos de matéria escura, que também não conhecemos sua origem ou natureza. O crescimento se dá do colapso gravitacional dos halos escuros, em competição com o crescimento do espaço devido à expansão do universo, e fusões de halos escuros pequenos formando estruturas cada vez maiores.

O destino deste universo em expansão acelerada e suas estruturas dependerá das propriedades destes componentes des-conhecidos que compoem o universo, a energia escura e a matéria escura. Desta forma, estudarmos as propriedades das galáxias em cada época do universo, e associarmos ao que observamos hoje no universo local, nos permite restringirmos os modelos cosmo-lógicos, tornando-os cada vez mais precisos, e consequentemente permitindo que nosso conhecimento avance. Essa é uma das prin-cipais razões para o estudo em Astronomia Extragaláctica.

José Eduardo Telles, Pesquisador Titular do Observatório Nacional – Rio de Janeiro. PhD em Astrofisica pela University of Cambridge (Inglaterra).

Figura 5. Representação artística dos momentos evolutivos do Universo, desde seu início o Big Bang até as galáxias observadas no Universo local e presente.

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Ritmos astronômicos na agricultura biodinâmica

Hoje em dia, a maior parte das pessoas vive nas cida-des, e poucas ainda conhecem alguma constelação no céu. A história das grandes civilizações do passado (egípcios, ba-bilônios, gregos, incas, astecas, etc.) mostra a importância dos ritmos astronômicos, não apenas na agricultura, mas em todas as atividades cotidianas.

A agricultura biodinâmica valoriza esse conhecimento popular e o amplia, incorporando os outros ritmos da lua e o movimento dos planetas, relacionados com as atividades agrícolas em geral. Segundo Steiner: “não há compre- ensão alguma da vida vegetal, a menos que se considere de al- guma forma que tudo que es- tá sobre a terra é em realida- de apenas um reflexo do que ocorre no cosmos”.

No movimento bio- dinâmico internacional, o calendário astronômico/ agrícola mais conhecido foi desenvolvido por Maria Thun, o qual é traduzido pa- ra várias línguas. Ela teve a ideia de semear rabanetes to- dos os dias e observou que, quando os colhia, eles não es- tavam iguais, apesar de se origi- narem das mesmas sementes e se- rem submetidos ao mesmo manejo do solo. Alguns tinham folhas mais desenvolvidas, outros floresciam mais rápido e alguns tinham belas raízes. A partir daí, durante alguns anos, repetiu esses plantios se-quenciais com outras plantas, até descobrir a influência do ciclo sideral da Lua.

Um dos princípios básicos desse calendário está rela-cionado à movimentação da Lua ao redor da Terra e por sua passagem através das diversas regiões do Zodíaco. O Zo-

díaco é o conjunto de constelações diante das quais a Lua e todos os planetas desenvolvem suas órbitas. Em cada um desses dias, as plantas recebem estímulos que atuam sobre o desenvolvimento de seus diferentes órgãos constituintes (raiz, caule, folhas, flores e frutos). Os nodos lunares, perigeu, eclipses, fases da lua e determinadas posições planetárias como conjunções e oposições também interferem no desen-volvimento vegetal.

Se você sabe reconhecer constelações no céu, pode pela observação saber, por exemplo, em qual

constelação a Lua está em determinado dia. Se a Lua está em Leão, então, ela

transmite certa informação às plan- tas, no estímulo à produção de

sementes e frutos. Já para sa- ber quando ocorre nodos, pe- rigeu, eclipse, oposições pla-

netárias, deve-se consultar um calendário astronômi-

co. Perigeu, por exemplo, é o momento em que a Lua

está mais perto da Terra. Is- to ocorre uma vez por mês, e este dia não é aconselhá-

vel para atividades agrícolas, então podemos nos dedicar a

atividades de administração, cons- trução ou para o descanso.

Quem tem contato com agricultores que realmente vivem da terra, sempre ouve relatos

que atravessam gerações sobre as relações da Luacom a época de plantio, poda, mas, principalmente, sobre as suas fases que permeiam o ritmo mais visível desse satélite. Em culturas ancestrais indígenas, ainda encontramos obser-vações mais apuradas do céu.

Vale lembrar que não adianta aplicar esse calendário em terras maltratadas, sem matéria orgânica, que utilizam adu-bos solúveis e agrotóxicos. Somente um solo vivo pode reagir

Por Pedro Jovchelevich

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aos impulsos do cosmos e transmiti-los às plantas. Essa vivificação do solo é o objetivo da agricultura biodinâmica. Biodinâmica é uma agricultura inerente à natureza, que im-pulsiona os ciclos vitais por meio de adubação verde, compostos e rotações de culturas, agrossilvicultura e estruturação da paisagem agrícola como um organismo. Baseia-se no conhecimento e na aplicação dos ritmos formativos pelo agricultor e de crescimento da na-

tureza, o que, na prática agrícola, ocorre pelo uso dos preparados biodinâmicos e pela observância dos ritmos astronômicos.

O calendário M. Thun é o calendário agrícola mais popular no movimento biodinâmico. Mas existem outras formas de uso dos ritmos astronômicos. Na litera-tura mundial, ainda há poucas pesquisas científicas nessa área, concentradas, principalmente, na Alemanha. Devemos sempre fri-sar que o calendário M. Thun se baseia na astronomia, não tendo relação alguma com indicações astrológicas.

Esse calendário não encerra o assunto da influência dos ritmos cósmicos na vida, mas mostra um fascinante caminho para novas descobertas no mundo dinâmico e vivo da agricultura em harmonia com a natureza, seja ela biodinâ-mica, orgânica ou natural.

Pedro Jovchelevich, Associação Biodinâmica

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O Caminho das EstrelasPor Chefe Donovan Soares

A orientação pelas constelações é um dos méto-dos naturais mais antigos de se deslocar, utilizado por todas as civilizações. O símbolo do Movimento Esco-teiro, A Flor de Lis, foi adotado pelo fundador Lorde Robert Stephenson Smith Baden-Powell, pois sempre aparecia representando o norte a ser seguido na ro-sa dos ventos em suas cartas. E esse era seu desejo, proporcionar uma direção, um norte aos jovens e ao escotismo, “O Bom Caminho que todo Escoteiro há de seguir”.

Hoje, dispomos de inúmeros dispositivos para au-xiliar-nos em nossas excursões. Porém, na falha eventual de tais aparelhos, devemos sempre contar com nosso conhecimento e experiência em observar os indícios naturais e usá-los a nosso favor, mantendo sempre a calma para que nossos sentidos e instintos primordiais estejam aguçados e despertos, traço comum a todos os animais e antepassados exploradores.

Na observação de nosso céu, destaca-se o Cruzei-ro do Sul, que é a constelação mais conhecida e de fácil reconhecimento do hemisfério sul. Sua posição central ocupa o mesmo lugar de destaque em nossa auriflama e também no brasão das armas nacionais, pois é a mais conhecida das 88 constelações.

Por sua grande importância, tal constelação foi escolhida para confeccionar o mais alto distintivo que o Lobinho (6,5 a 10 anos de idade) pode conquistar: a insígnia do “Cruzeiro do Sul”.

É um distintivo quadrado de tecido azul marinho, com quatro centímetros de lado, dentro do qual es-tá bordado um círculo amarelo com três centímetros e meio de diâmetro, debruado em amarelo, tendo ao centro o Cruzeiro do Sul, também bordado em amarelo; usado acima do bolso esquerdo da camisa, acima das estrelas de atividade. Este distintivo pode ser usado até o jovem conquistar o distintivo “Lis de Ouro”, ou, caso isto não aconteça, até sua saída do Ramo Escoteiro.

Contudo, esta conquista depende da criança passar pelo quinto trecho do caminho da Jungle, “O Caminho das Estrelas”, antecedido pelos caminhos do integrar, do descobrir, do rastrear e do caçar. Nesta últi-ma parte do caminho, a criança busca novos horizontes, pois está deixando o mundo da fantasia e caminhando rumo ao mundo dos homens, onde deslumbrará novas aventuras. A conquista depende do cumprimento das tarefas correspondentes às cinco estrelas da constela-ção, além de saber se orientar pelo Cruzeiro do Sul ou Crux Australis.

Estrelas do Cruzeiro do Sul e atividades corres-pondentes:

� Alfa ou Estrela de Magalhães: Conquista de todas as competên-cias da segunda fase (atividade do trecho rastrear e caçar).

� Beta ou Mimosa: Participação em três acampamentos em local onde se estabeleçam barracas ou tendas, geralmente com proximi- dade à natureza, em que toda a infraestrutura é levada, ou em acantonamentos onde geralmente são utilizadas construções provi- sórias, especialmente adaptadas para esse fim, ou permanentes, pú- blicas ou privadas, devendo ser devidamente adquiridas ou requi- sitadas, e de duas boas ações co-letivas com sua Alcateia.

� Delta ou Pálida: Conquista de cinco especialidades de três ra-mos de conhecimentos diferentes (Ciência e Tecnologia, Cultura, Desportos, Serviços e Habilidades Escoteiras).

� Gama ou Rubídea: Ter a In-sígnia Mundial Escoteira do Meio Ambiente.

� Epsilon ou Intrometida: Ser recomendado pelos velhos lobos e pela roca do Conselho por ser um lobinho dedicado, frequente às atividades da Alcateia e cumpridor da lei e da promessa do lobinho.

Quando a criança perfaz o caminho das estrelas, está mais preparada para entender e acei-tar novas responsabilidades, com uma bagagem enorme de conhe-cimentos para colocar em prática na sua vida. Quando ela passa do ramo lobinho para o ramo esco- teiro, é um pouco triste, pois dei- xará saudades o amiguinho de brincadeiras e descobertas, porém é muito maior a satisfação, saber que fizemos parte de seu desen-volvimento, da formação de seus valores e ajudamos a construir seu caráter, que levará fortes ideais por toda sua vida.

Chefe Donovan Soares, Akelá e Chefe do Ramo Lobinho do Grupo Escoteiro Itajubá 04 MG.

www.escoteiroitajuba.org Tel: (35) 9950-2786 / 8447-8817

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Nanoeletrônica na medicina: a saúde por um fio

“Ensina-me a contar os meus dias e quando eu envelhecer saberei como viver” (Sl 90:12)

Por Dr. Alvaro Antonio Alencar de Queiroz

Figura 1. Ilustração de nanocristais fotônicos. Polímeros com estru-turas altamente ordenadas (A) são depositados em uma lâmina de vidro (B) constituindo um dispositivo biossensor que reconhece es-pécies moleculares no sangue e podem atuar ao mesmo tempo na liberação controlada de fármacos.

Figura 2. Nanofios de polímero condutor (A) e destaque do nanofio de polímero condutor hibridizado com componentes biológicos (B). Os nanofios hibridizados são sensíveis à concentração de glicose no sangue. A corrente elétrica produzida nos nanofios é diretamente proporcional à concentração de glicose no sangue (mM significa mi-limolar, uma unidade de concentração utilizada em química).

Atualmente, chegar à velhice é uma realidade populacional mes-mo nos países mais pobres, ainda que a melhora substancial dos parâmetros de saúde das populações observada através dos séculos esteja longe de se distribuir homogeneamente nos diferentes países e contextos socioeconômicos. Portanto, envelhecer não é mais privilé-gio de poucos. No critério da Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado idoso o habitante de país em desenvolvimento com 60 anos ou mais e o habitante de país desenvolvido com ou acima de 65 anos.

Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que, em 2050, a expectativa de vida nos países desenvolvidos será de 87,5 anos para os homens e 92,5 para as mulheres. Já nos países em de-senvolvimento, será de 82 anos para homens e 86 para mulheres. Este fenômeno ocorre devido à redução nas taxas de fecundidade e morta-lidade infantil, ampliação do saneamento básico e principalmente pelo uso de vacinas, antibióticos e o desenvolvimento de medicamentos e dispositivos médicos mais eficazes.

Com relação aos cuidados médicos, os idosos não têm necessaria-mente menor adesão a tratamento do que adultos mais jovens. Porém, as deficiências sensoriais (visão, por exemplo) e de capacidade cogniti-va contribuem, respectivamente, para dificuldade de leitura de bulas e esquecimento da prescrição, o que resulta em uso inadequado ou aban-dono do tratamento. Portanto, os idosos necessitam que dispositivos inteligentes ou autocontrolados de administração de fármacos sejam desenvolvidos. Tais dispositivos podem ser controlados por um com-putador ou sistema eletrônico pré-programável pelo médico de acordo com a resposta individual de cada paciente.

Avanços consideráveis foram obtidos na medicina quanto ao de-senvolvimento de sistemas de liberação de fármacos controlado por microcontroladores. Um dos avanços mais notáveis foi atingido na melhoria das propriedades terapêuticas de fármacos e medicamentos através de sua incorporação em sistemas de liberação controlada. Os sistemas de liberação de fármacos apresentam inúmeras vantagens, en-tre elas a capacidade de prolongar e controlar a liberação da substância ativa, proteger as moléculas contra degradação no meio fisiológico, vei-cular fármacos hidrofóbicos pela via parenteral, e conduzir à redução dos efeitos colaterais indesejáveis decorrentes das flutuações plasmáticas causadas pela administração de várias doses diárias do medicamento ou da ampla distribuição do fármaco no organismo.

A união entre a Engenharia, Química e a Medicina nos dá o pri-vilégio de testemunhar uma verdadeira revolução da ciência médica. Dispositivos químicos integrados com a eletrônica e fotônica mole-cular são as mais recentes novidades da medicina e são utilizados atualmente na liberação de medicamentos ou simplesmente monito-ram a concentração de metabólitos no sangue, a exemplo da glicose, colesterol, ureia ou enzimas cardíacas associadas ao infarto agudo do miocárdio.

Recentemente os pesquisadores do Centro de Estudos e Inovação em Materiais Biofuncionais Avançados (CEIMBA) da Universidade Fede-ral de Itajubá (UNIFEI) têm projetado sistemas químicos integrados com dispositivos eletrônicos para o reconhecimento molecular de espécies existentes no sangue humano (colesterol, glicose e ureia), transporte de fármacos e a sinalização de tumores (Figura 1).

As pesquisas estão concentradas na área de nano-eletrônica para a construção de dispositivos híbridos em nanoescala capazes de controlar a liberação de fármacos e biossensores implantáveis no corpo humano para a dosagem dos hemometabólitos colesterol, ureia e glicose no sangue. Define-se nanoeletrônica como a aplicação da nanotecnolo-gia a dispositivos eletrônicos. Tal área envolve dispositivos eletrônicos, optoeletrônicos, spintrônicos, eletrônica mole-cular, e as técnicas de nanofabricação dessas estruturas, sua integração em microsistemas e seu empacotamento.

Os esforços das pesquisas conduzidas no CEIMBA/UNI-FEI e coordenadas pelo prof. Alvaro A. A. de Queiroz na área de nanoeletrônica visam ao aperfeiçoamento de dispositivos já existentes e à criação de sistemas inovadores baseados em princípios físicos até então não explorados.

No caso dos biossensores de hemometabólitos, a pes-quisa realizada já desenvolveu nanofios híbridos orgânicos sensíveis à glicose, colesterol e ureia. O dispositivo desen-volvido é integrado à uma rede neural artificial (RNA) que traduz instantaneamente a resposta elétrica do dispositivo após o contato com o sangue do paciente em concentração dos hemometabólitos presentes no sangue (Figura 2).

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Figura 3. Ilustração de um wafer de silício que so-freu o processo de nano-maquinagem: através de um processo físico-químico adequado criam-se canais que podem atuar como reservatórios de fármacos.

Figura 4. Ilustração idealizada de um dispositivo híbrido para a li-beração controlada de fármacos: o silício micro/nanomaquinado produzido no CEIMBA/UNIFEI (A) é formado por canais que contém em seu interior micro/nanotubos (B) transportadores de fármacos. O sistema forma um dispositivo eletrônico (C) que após receber um sinal eletrônico libera através de micro/nanoagulhas (D) o fár-maco desejado diretamente na corrente sanguínea do paciente. Todo o sistema é controlado ele-tronicamente por uma RNA.

RNA são técnicas computacionais que apresentam um modelo matemático inspirado na estrutura neural do cérebro humano. Uma RNA pode ter centenas ou milhares de unidades de processa-mento; que ao receber um sinal (nesse caso elétrico) faz diretamente a classi-ficação em espécie e concentração de hemometabólitos. O dispositivo criado nos laboratórios é um sistema de cole-ta de dados clínicos “inteligente” com o intuito de adquirir informações do meta-bolismo do paciente em tempo real. Os pesquisadores da UNIFEI já depositaram no INPI (Instituto Nacional de Proprieda-de Industrial) a patente do dispositivo desenvolvido.

Quanto aos sistemas de liberação controlada de fármacos, estão sendo desenvolvidas pesquisas que abrangem as nanotecnologias no silício. Os pes- quisadores estão atuando na nano-ma-quinagem no silício de modo a se criar dispositivos capazes de liberar fármacos diretamente na corrente sanguínea do paciente (Figura 3). A nano-maquinagem no silício consiste na utilização de técni- cas para criar padrões em “bolachas” (wa-fer) de silício de modo a se criar estruturas tridimensionais de ordem nanométrica, integrando-se no mesmo dispositivo a eletrônica, sensores e atuadores e, um reservatório de fármaco.

Exemplos de dispositivos de silício micro/nano-maquininados são as micro/nano-agulhas acopladas a microbombas dosadoras de fármacos. Tais sistemas são acoplados a sensores ou atuadores que ao receberem um sinal biológico liberam o fármaco direta-mente na corrente sanguínea (Figura 4). Tais dispositivos já são comumente utilizados na fabricação de dispositivos para a administração de insulina ou quimioterápicos diretamen-te na corrente sanguínea do paciente.

O prolongamento da vida é uma aspiração de qualquer sociedade. No entanto, só pode ser considerado como uma real conquista na medida em que se agregue quali-dade aos anos adicionais de vida. Assim, qualquer política destinada aos idosos deve levar em conta sua capacidade funcional, a necessidade de autonomia, de participação, de cuidado e de autossatisfação.

As políticas governamentais dos países desenvolvidos têm aberto campo para a possibilidade de atuação do idoso em vários contextos sociais, ao mesmo tempo tem incentivado nos meios acadêmicos e sociais um amplo debate sobre os novos significados para a vida na idade avançada. Nesses países, os projetos desenvolvidos fundamentalmente para a prevenção, o cuidado e a atenção integral à saúde envolve uma grande interface entre as universidades e os governos em suas várias escalas mu-nicipal, estadual e federal.

A verdade é que nosso país envelhece rápido demais e os recursos alcançados quanto ao desenvolvimento de sistemas que proporcionem a qualidade de vida dese-jada está muito aquém do que observamos nos países desenvolvidos; principalmente quando abordamos a população mais carente. Mas, como pesquisadores/professores é nosso papel não desistir e mostrar que cada dia vivido vale à pena. É uma oportunidade única de evolução. Sofremos ao longo de nossa curta existência inúmeras desilusões no decorrer de nossa vida. Mas, enxergamos nesse esforço hercúleo em desenvolver ciência e tecnologia, com os poucos recursos que nos oferecem, os mesmos gestos de amor que encontramos ao longo de nossa existência.

Dr. Alvaro Antonio Alencar de Queiroz, Coordenador Científico do Centro de Estudos e Inovação em Materiais Biofuncionais Avançados, UNIFEI.

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Impressão 3D aplicada

à Medicina e Odontologia

A impressão 3D aplicada à criação de protótipos que, na engenharia, são peças fabricadas a partir de especifica-ções ou projetos, com objetivo de testes e avaliações antes da produção em larga escala, passou também a ser uma ferra- menta para médicos, dentistas e pesqui-sadores na produção dos Biomodelos.

Os Biomodelos são protótipos bio-médicos obtidos a partir de imagens tomográficas, principalmente do tipo he- licoidal ou volumétrico, em 3D ou por exames de ressonância magnética. Após a obtenção das imagens e sua conversão em um modelo virtual tridimensional, a construção do Biomodelo é obtida por impressão 3D, construído em resina plástica de alta resistência com altíssima precisão dimensional.

Por Ricardo Leonel

A aplicação dos Biomodelos nas diversas áreas da medicina estende-se desde a produção da réplica de um feto com o objetivo de avaliar má formação, lesões externas, fendas e problemas nos membros ou coluna até a reprodução de qualquer parte do esqueleto englobando mandíbula, arcada dentária, ou mesmo todo o crânio.

Membros e órgãos podem ser im- pressos para objetivos diversos, ressal- tando a grande aplicação em planejamen-tos cirúrgicos, reconstruções, criação de próteses e implantodontia.

Profissionais da Saúde podem ter em suas mãos, réplicas perfeitas, em mate-rial de alta resistência, de qualquer parte do corpo de seus pacientes, permitindo a construção de próteses, simulação de enxertos, visualização da região afetada ou avaliação do melhor procedimento a ser adotado, antes mesmo da cirurgia acontecer. Com isso, o tempo do procedimento cirúrgico é reduzido de forma expressiva com potencial aumento da qualidade e resultado final.

Arcadas dentárias podem ser impressas em 3D, facilitando diagnósticos e estu-dos de soluções para ortodontia, implantes e reconstruções. Simulações e estudos de posicionamento de aparelhos ortodônticos, bem como de procedimentos para implantes, podem ser efetuados diretamente sobre a arcada impressa, sem a neces-sidade da presença do paciente, aumentando a eficiência e diminuindo o tempo de atendimento.

Dispositivos e acessórios podem ser desenvolvidos e impressos para aplicações específicas em procedimentos cirúrgicos de acordo com a anatomia do paciente.Ricardo Leonel, Especialista em Engenharia de Produtos e Gerente da Rima Projetos e Consultoria.

Crânio com fratura e coluna vertebral

Arcada dentáriaMandíbula Parte óssea do pé

Guia justa ósseo para cirurgia de implantes, obtido a partir de impressão 3D

FetoBiomodelos para aplicação na odontologia

Crânio impresso para estudo de reconstrução

Mão Cintura pélvia (bacia)

Impressão 3D aplicada

à Medicina e Odontologia

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Hábito de chupar dedo ou chupeta.

Como perder esta mania?

O hábito de sucção surge quando o bebê ainda está na barriga da mãe e se prorrogar por muito tempo pode ter várias causas e consequências severas.

Para o recém-nascido, a sucção oral instintiva promove a sua satisfação nutricional. No momento da sucção do dedo, lábios, língua e ou mucosa oral, a criança experimenta uma sensação de prazer que constrói as primeiras funções psicológicas e as relações interpessoais (mãe-filho), permitindo a exploração do entorno socioambiental.

Esta fase, pode se estender em mé-dia até os três anos de idade. A sucção faz parte do desenvolvimento normal da criança, atuando no fortalecimento da musculatura e no crescimento dentofa-cial. É a primeira atividade coordenada da infância.

Entretanto, a persistência dos há- bitos de sucção após essa fase, é con-siderada prejudicial ao desenvolvimento dos ossos da face e pode ser indicativa de problemas comportamentais. Com base na complexidade que envolve tan-to a instalação como o prolongamento dos hábitos de sucção não nutritiva, e tendo em vista a necessidade de adotar medidas preventivas para esses hábitos de sucção, faz-se necessário investigar a frequência com que esses eventos ocor-rem.

Muitas pesquisas comprovaram que os hábitos orais de sucção podem inter-ferir no padrão regular de crescimento

e desenvolvimento dos ossos da face e no equilíbrio das estruturas e funções do sistema estomatognático (conjunto de estruturas bucais que desenvolvem fun-ções comuns, tendo como característica constante a participação da mandíbula), trazendo alterações importantes na mor-fologia do palato duro. As consequências de hábitos orais deletérios no aparelho estomatognático dependem de variáveis como intensidade, duração, frequência, relação com o padrão de crescimento do indivíduo, idade (estágio de transição dentária) e relacionamento social.

Para se obter resultados eficientes na retirada de um hábito oral deletério, é necessário agir na causa do problema, ou seja, investigar junto ao paciente o que o leva a praticar tal hábito, evitando, assim, que ele apenas substitua um hábi-to por outro. A criança pode ser ajudada a eliminar o hábito de sucção, sem coa-ção e com reforço positivo. Este auxílio deve ser feito de forma eficaz e precoce, sendo necessária a compreensão e a co-laboração da criança.

Pela Dra. Gracia Costa Lopes

Atualmente, profissionais buscam técnicas que visem a remoção do hábito por vontade própria. O esclarecimento e a conscientização sobre as sequelas podem ser suficientes para a decisão de abandoná-lo, caso contrário pode ser necessário o uso de aparelho ortodônti-co. Porém, de modo geral, a aceitação da criança e a colaboração dos pais ou res-ponsáveis é fundamental para o sucesso do tratamento, prevenindo ou minimi-zando as possíveis consequências.

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Efeito Estufa, Camada de Ozônio e Mudanças Climáticas: o que significam?

Vanessa Silveira Barreto Carvalho, Sâmia Regina Garcia Calheiros, Marcelo de Paula Corrêa, Roger Rodrigues Torres

Temas relacionados às Ciências At-mosféricas como efeito estufa, mudanças climáticas e aquecimento global, cama-da de ozônio, dentre outros, têm obtido grande destaque na mídia e na sociedade como um todo. Mas o que realmente ca-da um destes termos significa? Porque só agora esses temas ganharam destaque? Existe realmente fundamento cientifico por trás disso?

Camada de Ozônio

Antes de falarmos sobre a cama-da de ozônio, é importante lembrarmos que o ozônio é um gás raro, isto é, as concentrações desse gás no planeta Ter-ra representam apenas 0,0000006% de todo o volume da atmosfera. Ou seja, a cada 10 milhões de litros de ar, apenas 6 litros são de ozônio, aproximadamente. Para termos uma ideia do que isso repre-senta, se pudéssemos concentrar todo o ozônio da atmosfera em um recipiente, de um metro por um metro de lado, a altura da camada de ozônio seria algo entre 2 a 5 milímetros. Portanto, quando falamos de ozônio, estamos falando de um gás cujas concentrações são muito pequenas. Porém, mesmo nessas quan-tidades, trata-se de um gás fundamental para que a vida no planeta exista na for-ma como a conhecemos.

Mas, porque o ozônio é tão impor- tante? Pois se trata do principal respon- sável pela absorção da radiação ultravio-

leta (R-UV) emitida pelo Sol. Em grandes quantidades, esse tipo de radiação pode ser fatal para quase todo ser vivo, sendo inclusive utilizada para esterilizar água e materiais cirúrgicos. Porém, a camada de ozônio absorve com grande eficiência a porção mais nociva da R-UV. Apenas uma pequena fração desse tipo de radiação atinge a superfície terrestre e, por esse motivo, o uso de protetores solares é re- comendado pelos médicos. Afinal, é es-se tipo de radiação a responsável pelo câncer de pele, queimaduras solares, dentre outras enfermidades da pele e dos olhos.

Uma vez conhecidas as principais características do ozônio, voltemos à ca-mada que leva seu nome. A camada de ozônio é o nome atribuído a uma região de alta concentração desse gás, localiza-da na estratosfera terrestre, isto é, entre 20 e 40 km de altitude. Entre 85 a 90% de todo o volume de ozônio presente na atmosfera terrestre está concentra-do nesta região. Os outros 10 a 15% se distribuem a partir da superfície, onde o ozônio pode apresentar concentrações razoavelmente elevadas, porém, inferio- res às presentes na camada de ozônio.

Esta camada manteve-se pratica-mente inalterada durante milhares de anos, uma vez que os ciclos de produção e de destruição desse gás mantiveram-se bem equilibrados. Porém, em experiên-cias realizadas nas regiões polares em

meados da década de 1980, cientistas observaram que a camada de ozônio sofria uma forte diminuição de seu con-teúdo no início da primavera, retornando aos níveis normais no início do verão. Pior ainda, dados de satélites mostravam que o ozônio sofria uma pequena diminuição em sua concentração em todo o planeta. Ou seja, uma situação que poderia expor os seres humanos a grandes quantidades de R-UV. A essa diminuição drástica e sa-zonal (sazonal diz respeito à variação das estações no decorrer do ano) do ozônio em regiões polares, deu-se o nome de buraco da camada de ozônio.

Diversas hipóteses foram formula-das para explicar o fenômeno, mas uma das teorias mostrava que um conjunto de gases artificiais, criados e amplamen-te utilizados pelo homem desde os anos 1960, era o principal responsável pelo problema. Esses gases, conhecidos co-mo CFCs (sigla para clorofluorcarbonos), quando atingem a atmosfera, se disso-ciam e liberam cloro (Cl) que destrói o ozônio com uma eficiência assustadora. A liberação do cloro pelo CFC depende de situações atmosféricas bem caracte-rísticas: a) temperaturas muito baixas; b) luz solar; e, c) tempo para que a reação ocorra. Ou seja, situações comuns nas regiões polares, principalmente na pri-mavera, pois apesar da presença de luz solar, as temperaturas da estratosfera ainda estão muito baixas.

Efeito Estufa, Camada de Ozônio e Mudanças Climáticas: o que significam?

Efeito Estufa, Camada de Ozônio e Mudanças Climáticas: o que significam?

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A situação era crítica, pois todos os refrigeradores, congeladores, apare-lhos de ar-condicionado, sprays e aerossóis, dentre outros, eram produzidos com esse tipo de gás. O “buraco”, antes restrito aos polos, estava se expan-dindo e poderia levar o planeta a uma situação de perigo. Com a comprovação desta teoria, em 1987 um tratado internacional foi assinado por quase todos os países da Organização das Nações Unidas (ONU) e entrou em vigor em 1989. Esse tratado, denominado Protocolo de Montreal, proibiu a fabricação de CFCs e propôs a substituição por outras tecnologias. Esse exemplo de coo-peração internacional possibilitou a regressão das emissões de CFCs em todo o planeta, a contenção da expansão da destruição do ozônio e, o mais im-portante, é que os estudos científicos mostram que os níveis de ozônio estão gradativamente voltando à situação original.

Efeito Estufa

A definição do termo efeito estufa está relacionada com o princípio de funcionamento de uma estufa, que seria uma estrutura desenvolvida para reter calor. O termo é utilizado desde o século XIX para descrever um fenômeno natural associado à propriedade de que alguns gases possuem de absorver radiação de onda longa, isto é, aquele tipo de radiação associada com a sen-sação de calor. Esses gases, denominados gases de efeito estufa (GEE), são o vapor d’água, o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o ozônio (O3) e os clorofluorcarbonos (CFCs). Essa absorção da radiação emitida pela superfície e pela própria atmosfera é fundamental para o aque-cimento do planeta. Sem o efeito estufa, a vida na Terra não seria possível, pois, sem este, a temperatura média na superfície seria de, aproximadamente, -18ºC. Portanto, esses gases são fundamentais para manter o planeta em con-dições de abrigar todos os seres vivos.

Contudo, nas últimas décadas, o efeito estufa passou a ter uma conota-ção negativa, sendo associado com as mudanças climáticas e o aquecimento global. Isso se deve ao fato de que, com a intensa e crescente emissão de GEE pelas atividades humanas, o efeito estufa tem-se intensificado, fazendo com que a temperatura do planeta aumente e algumas mudanças no clima da Terra ocorram. Desde a revolução industrial (1850) até os dias atuais, a concentra-ção dos GEE tem aumentado significativamente. Por exemplo, a concentração de CO2 aumentou em mais de 35%, enquanto que a de CH4 aumentou mais de 2,5 vezes.

Ahrens, C. D. Essentials of Meteorology, An Invitation to the Atmosphere. Belmont: Brooks/Cole, 2000. 464 p.

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nhador do prêmio Nobel de Química em 1995.

Com o objetivo de melhor entender e tentar projetar as mudanças climáticas para as próximas décadas, a Organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente criaram em 1988 o Painel Intergoverna-mental de Mudanças Climáticas (da sigla em inglês, IPCC). O IPCC constitui-se de um grupo de centenas de cientis-tas, de diferentes origens ao redor do mundo, que se reúnem periodicamente para discutir sobre as mudanças climá-ticas. Nessas reuniões são avaliados o conhecimento atual sobre o tema e são elaborados relatórios técnicos sobre possíveis impactos das mudanças climá-ticas no homem e na biodiversidade do planeta, tentando auxiliar os políticos e tomadores de decisão no delineamento de medidas adaptativas e sustentáveis para o desenvolvimento dos países.

Segundo as informações contidas no quarto e último relatório do IPCC, pu-blicado em 2007, os cientistas concluem que, muito provavelmente, as emissões de gases de efeito estufa antropogênicos afetaram o clima da Terra no século XX e continuarão a fazê-lo de modo cada vez mais acentuado neste século. A tempera-tura média global nos últimos cem anos aumentou em aproximadamente 0,7ºC, estando a maior parte deste incremen-to situado na última metade do século, acompanhando o enorme aumento de emissões antrópicas nesse período. Se-gundo as projeções climáticas para o final do século XXI, contidas neste rela-tório, o aumento da temperatura média poderá atingir entre 1 a 4ºC, acompa-nhado de um aumento de precipitação em torno de 2 a 6%. Além disso, estas projeções indicam também que boa parte dessas mudanças na temperatura e precipitação ao redor do planeta virá

na forma de eventos extremos mais fre-quentes, tais como ondas de calor, secas e chuvas intensas, que causam enormes prejuízos para a economia e população em geral.

O Brasil está entre as regiões do pla-neta que mais poderão ser afetadas pelas mudanças climáticas projetadas para o final deste século. Esta região é vulne-rável aos extremos climáticos atuais e poderá ser profundamente afetada nesta perspectiva de aquecimento global. Com uma economia fortemente baseada na exportação de produtos agrícolas, uma matriz energética dominada por ener-gias renováveis altamente susceptíveis às variações climáticas e com inúmeros problemas socioambientais associa-dos aos padrões de desenvolvimento e transformações do espaço, essa região sofre constantemente com eventos ex-tremos de temperatura e precipitação que causam enormes danos econômicos e inúmeras perdas humanas. Recorrentes chuvas e deslizamentos presenciados na região sudeste, sucessão de intensas secas e enchentes na região amazôni-ca e Nordeste, e recorrência anual de epidemias de dengue por todo o Brasil, revelam quão despreparado o país está para enfrentar os problemas decorrentes de uma possível mudança climática. Tal fato reforça a importância da discussão do tema na sociedade brasileira, de tal forma que mudanças de costume no uso dos recursos naturais do planeta e medidas adaptativas para redução de vulnerabilidade devam ser tomadas o mais rápido possível para que maiores prejuízos sejam evitados.Dra. Vanessa Silveira Barreto Carvalho, dou- tora em Ciências Atmosféricas pela USP; Dr. Marcelo de Paula Correa, doutor em Ciên-cias Atmosféricas pela USP; Dra. Sâmia Garcia Calheiros, doutora em Meteorologia pelo INPE; MSC. Roger Rodrigues Torres, mestre em Me- teorologia pelo INPE. Professores do Instituto de Recursos Naturais - Universidade Federal de Itajubá.

Mudanças Climáticas

Desde a sua formação, cerca de 4,6 bilhões de anos atrás, a Terra sofreu inú-meras mudanças em seu clima, nas quais o homem não exerceu nenhuma inter-ferência. Essas mudanças, ditas como naturais, foram devidas principalmente a variações na estrutura e composição da Terra durante sua formação, deriva dos continentes, variações nos parâme-tros orbitais (por exemplo, na inclinação do seu eixo de rotação e/ou caracterís-ticas da órbita que a Terra faz ao redor do Sol) e erupções vulcânicas, devido ao lançamento de partículas que ficam sus-pensas no ar por até vários meses. Tais variações, cíclicas na maioria dos casos, implicaram em grandes mudanças na temperatura do planeta, e foram respon-sáveis, por exemplo, pelas Eras Glaciais ou Eras do Gelo. No entanto, exceto para as erupções vulcânicas, estas mudanças ocorreram a cada dezena de milhares de anos, ou seja, muito lentas para se-rem percebidas durante a vida dos seres humanos. Por essa razão, as mudanças climáticas que os cientistas vêm obser-vando nas últimas décadas são mais intensas do que aquelas observadas por algum fator natural conhecido.

Com o avanço dos estudos sobre o tema nos últimos anos, a grande maio-ria dos cientistas ao redor do mundo dá como certo o fato de que as atividades humanas são as principais responsáveis pelas mudanças climáticas observadas. Tais mudanças são conhecidas como mudanças climáticas antropogênicas. A influência dos seres humanos nas modi-ficações da composição da atmosfera e da superfície dos continentes (litosfera) durante os últimos séculos tornou-se tão marcante a ponto de constituir uma nova era geológica conhecida como “an-tropoceno”, termo criado pelo famoso químico da atmosfera Paul Crutzen, ga-

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Desde novembro de 2010, está em plena atividade o Instituto Helibras, es-trutura organizacional responsável por todo o Investimento Social Privado (ISP) da empresa. Este ano, o Instituto está se dedicando a um complexo projeto, que irá trazer para Itajubá uma mudança expressiva no âmbito da relação entre a população da cidade e o meio ambiente que a cerca.

Em parceria com a Prefeitura, a em-presa vai construir um parque ecológico com acesso gratuito. O futuro Parque Municipal de Itajubá foi projetado para atender aos exigentes requisitos ambien-tais e de sustentabilidade, promovendo o equilíbrio entre meio ambiente e socie-dade. Para tanto, conta com o projeto da EIF Arquitetura e Engenharia Ltda e com o gerenciamento da Hoss Construtora Ltda, ambas sediadas na capital paulista e conhecidas pela seriedade e competên-cia. Essas empresas também projetaram e construíram o novo hangar da Helibras, em Itajubá.

Futuro Parque Municipal

estimulará a preocupação com o

meio ambiente e a qualidade de vida

Empreendimento sustentável

A construção tem seu início previsto para 2013, em terreno localizado em frente ao Centro Administrativo Municipal Presidente Tancredo Neves. A área de mais de 200 mil metros quadrados será destinada a atividades esportivas e de lazer para a população da cidade e da região. Contempla, por exemplo, lagos que circundarão o córrego existente no local, que servirão como regulador da vazão das águas nas cheias. As coberturas dos prédios terão a capacidade de captar as águas pluviais, que serão conduzidas até um reservatório de reuso e reaproveitadas na limpeza geral, lavagem de pisos e irrigação externa.

As edificações terão amplas aberturas para entrada de luz natural e ventilação: interligados por pérgulas ou por terraços cobertos, permitirão a circulação contínua e a integração visual com a natureza. Placas termossolares aquecerão a água dos chu-veiros nos vestiários e na cozinha, e painéis e placas fotovoltaicas serão posicionados para minimizar o uso de energia elétrica em muitos pontos da iluminação externa.

O espaço contará com pistas para caminhadas e ciclovias. Para esta finalidade, foi aproveitada a topografia, com trechos em aclives e declives, perfeitos para intensi-ficar a atividade física dos visitantes. E também terá áreas de quiosques, playgrounds, viveiros de plantas e miniusinas de compostagem, entre outras inovações. “Além da estrutura física disponível, o espaço do parque também será aproveitado para a abor-dagem de questões ambientais e sociais, e o fomento do convívio e do bem estar das pessoas que o frequentarem”, afirma Lia Maciel, gerente de Responsabilidade Social da Helibras.

Este é um dos projetos que o Instituto Helibras está realizando, por meio de parcerias públicas e privadas, em benefício da comunidade na qual a Helibras mantém suas atividades.

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Naturaleagosto/setembro - 2012

Aquecimento X Resfriamento

No Congresso Nacional de Enge- nharia do CONFEA, realizado em Floria- nópolis-SC, em setembro de 2012, o me- teorologista brasileiro Molion partici- pou de um debate sobre as tendências do clima do Planeta Terra. Luiz Car- los Baldiero Molion é formado em Físi-ca pela USP, PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin-EUA, possui Pós-Doutorado na Inglaterra, é Membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim, Representante da América Latina na Comissão de Climatologia da Organi-zação Meteorologia Mundial e Professor do Departamento do Clima da Universi-dade Federal de Alagoas (UFAL). Durante sua apresentação, Molion manifestou-se contrário ao relatório do Painel Inter-governamental de Mudança Climática – IPCC das Nações Unidas, o qual prevê que a temperatura terrestre tende a au-mentar de 2 a 4ºC ao longo dos próximos 100 anos, causando o derretimento das geleiras polares, o que pode causar uma elevação do nível do mar, com risco de recrudescimento dos acidentes climáti-cos com furacões e inundações. O IPCC afirma que o aquecimento do planeta é causado pelo consumo exagerado de combustíveis fósseis pelo homem e, para salvar o clima da Terra, a humanidade te-

rá que diminuir de 50 a 80% as emissões de dióxido de carbono (CO2), até a me-tade deste século XXI. Com 40 anos de experiência em estudos do clima terres-tre, Molion afirma que o nosso planeta está iniciando uma fase de resfriamento e não de aquecimento. Segundo ele, es-tamos entrando numa nova era glacial e num processo de resfriamento, quando o sol vai iniciar uma fase de atividade mí-nima e o oceano vai esfriar.

O Sol, que é a fonte principal de energia para todo o sistema climático da Terra, emite radiações eletromagnéticas e um grande percentual dessa energia é absorvida pela superfície terrestre. Os registros da atividade solar indicam que o sol passa por atividades máxima e mínima. O clima da Terra depende de muitos fatores e não exclusivamente da emissão de CO2 antropogênico. O nosso clima é muito complexo e depende das oscilações de tudo que ocorre no plane-ta e no universo.

As conclusões dos meteorologis-tas do IPCC são baseadas em estudos utilizando modelos matemáticos que, possivelmente, não conseguem abranger todas as variações que ocorrem no clima terrestre. Molion afirma que a ação hu-mana é incapaz de causar uma alteração

climática. A emissão de CO2 e outros po-luentes causados pelo homem nada tem a ver com o aquecimento da Terra. Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vul-cões, vegetação, emitem um total de 200 bilhões de toneladas de CO2 por ano.

O homem emite 6 bilhões de ton/ano, que representa apenas 3%, e isso não muda absolutamente nada o clima global. A mídia coloca o CO2 como um poluente, porém, de acordo com Mo-lion, ele é muito útil para a fertilização das plantas. Quanto maior concentra-ção de CO2 na atmosfera, maior será a produtividade das plantas. É obvio que a atividade humana gera algum impacto sobre o ecossistema da Terra, principal-mente por ter o seu desenvolvimento econômico baseado na exploração dos recursos naturais. O enxofre, por exem-plo, contido no carvão mineral e no petróleo é altamente tóxico. No entanto, a conservação ambiental do planeta Ter-ra tem de ser feita independentemente do seu aquecimento ou resfriamento. Molion encerrou a sua participação no debate afirmando que o CO2 não pode ser considerado um poluente e sim um gás da vida. E de uma forma bem humo-rada, ele completou: “Eu amo o CO2”.

Aquecimento X Resfriamento

Por Paulo José Braz Rosas

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Umidade — o que fazer?

A umidade pode ter várias origens e é prejudicial não apenas para o local afe-tado, danificando paredes, pisos e tetos como também desenvolve as bactérias do bolor, prejudicial à saúde.

Saber identificar de onde ela vem é o primeiro passo para se tomar a providência correta. E quanto antes o reparo for feito, melhor.

É muito comum aparecer umidade na parte inferior das paredes, isso se dá pelo contato direto com a água ou com o solo úmido. As paredes absorvem a água ou a umidade de forma rápida, normalmente a umidade sobe mais rápido pelas paredes do que se evapora, especialmente se o cli-ma for úmido.

Então ao construir, cuide para que a fundação seja impermeabilizada. Passe Neutrol em toda a superfície das vigas da fundação, assim terá uma película isolante para que a umidade não suba para as pare-des. E utilize impermeabilizante na massa do contrapiso.

Caso a parede fique encostada em

um morro, em contato com a terra, pode utilizar na face externa reboco com im-permeabilizante e depois aplicar Neutrol e colocar ainda plástico preto em toda a extensão. Outra opção é utilizar a manta asfáltica, mas esta deve ser aplicada por mão de obra especializada, pois uma fa-lha na aplicação pode inutilizar todo o trabalho. Já nas paredes acima do solo é importante aplicar impermeabilizante no reboco externo, se não quizer fazê-lo em toda a parede, aplique pelo menos até 1,20 m de altura. Agora, se este tipo de umidade apareceu em uma parede pronta que não teve impermeabilização durante a construção, será preciso descascá-la, tapar eventuais buracos e refazer o revestimento com impermeabilizante.

As umidades na laje ou na parte supe-rior das paredes podem ser decorrentes de telhas quebradas ou mal posicionadas, en-tupimento da calha ou algum vazamento na tubulação. Comece verificando o telhado. Atualmente tem-se utilizado com frequên-cia as mantas de cobertura, importantes

não só para evitar a penetração d’água da chuva, mas também como isolamente térmico. Bem, identificada a causa, retire todo o tipo de musgos ou bolor, lavando a região com água sanitária, até remover por completo. Quando a superfície estiver bem seca, isso pode levar alguns dias, aplique o impermeabilizante, mas se o reboco estiver solto, será necessário descascar a região e refazer o reboco com impermeabilizante.

Para saber se o vazamento vem de al-gum cano, uma dica é verificar o registro de entrada d’água anotando seu valor à noi-te, interrompendo por este período ou por algumas horas o consumo. Ao amanhecer, antes de iniciar o consumo d’água, verifi-que se os valores continuam os mesmos ou se teve alteração.

É sempre bom contar com um pro-fissional especializado para ajudar no diagnóstico e indicação da melhor solução a ser aplicada em cada caso. Mas lembre-se, quanto antes solucionar o problema, melhor para a saúde da sua casa e de sua família.

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Descubra-se nos “Caminhos do Sul de Minas”

www.caminhosdosuldeminas.com.br

Av. Cel. Carneiro Júnior, 192 1º andar

Itajubá/MG (35) 3621-1859

Em meio à paisagem da Serra da Mantiqueira, no Estado de Minas Ge- rais, abrem-se os caminhos que des-vendam uma das regiões mais belas do Brasil. Eis o Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas, lugar de montanhas íngremes, riquezas culturais e gente hospitaleira, que transforma sonhos em vivências inesquecíveis e enrique-cedoras.

A região é conhecida pela sofis- ticação do artesanato, desenvolvimen- to de tecnologia, qualidade das insti-tuições de ensino e autenticidade da culinária típica, ofertando aos visitan-tes, ávidos por “subir montanhas para garimpar estrelas”, grande variedade de atrativos em Turismo de Aventura, Rural, Cultural e de Negócios, nos 11 municípios que integram o CT Cami-nhos do Sul de Minas.

Conceição das Pedras está localiza-da nos contrafortes da Mantiqueira, na Serra da Pedra Branca. Tem como produtos típicos o queijo e a cachaça. Possui exuberantes cachoeiras e seus mirantes possibilitam uma bela visão da região.

Cristina, a “Cidade Imperatriz”, retra-ta histórias e lendas do século XIX nas fazendas e casas-sede originais. O ar-tesanato e os cafés especiais também fazem de Cristina uma cidade com a cara do interior de Minas Gerais!

Delfim Moreira, “Encanto da Man-tiqueira”, é uma das cidades mais frias do Estado. Tem rica truticultura, produção de orgânicos e olericultura promissora. O município se envaidece com a Kraemerbierhaus, única cerveja-ria Sul Mineira.

Itajubá é conhecida por seu parque industrial, sua forte vocação na área

educacional, suas belas paisagens, riquezas culturais e naturais. O Turis- mo Religioso é representado pelo San- tuário de Nossa Senhora da Agonia, único no Brasil e segundo no mundo.

Marmelópolis é marcada pelas co- res do Brasil: verde e amarelo. Locali- zada ao pé da Mantiqueira, oferece tranquilidade para quem quer paz e sossego, e adrenalina para quem gosta de se aventurar nas trilhas ecológicas, escaladas e cachoeiras.

Pedralva é uma cidade interiorana de arquitetura histórica, natureza exube-rante e de gente simples e acolhedora. Rodeada de montanhas, situa-se entre duas formações rochosas ideais para a prática de esportes de aventura: o Pe-drão e a Pedra Branca.

Piranguçu é a cidade da grande pedra vermelha, de cavalgadas, ca- choeiras e trilhas, uma terra de bele-zas naturais que atrai contempladores e preservadores do meio ambiente e praticantes de voo livre, bikers, escala-dores e motociclistas off-road.

Piranguinho, “Capital do Pé de Mole-que” e terra da boa cachaça mineira, reúne as belezas das montanhas e o sabor de seu precioso doce, Patrimônio

Imaterial de Minas Gerais. Anualmente, em junho, promove a “Festa do Maior Pé de Moleque do Mundo”.

Santa Rita do Sapucaí, “O Vale da Eletrônica”, possui condições favo-ráveis para o desenvolvimento do Turismo de Negócios, Científico-Tec- nológico, Religioso, Cultural, de Aven-tura, Ecoturismo e Turismo Rural, unindo tradição e inovação.

São José do Alegre é conhecida pela singularidade de sua história e pelo en-canto de suas belezas naturais. É uma terra acolhedora que recebe a todos de braços abertos.

Wenceslau Braz reserva encantos e histórias, como o cemitério dos escravos, ruínas e fontes de águas bor-bulhantes. Instalada entre os vales da Mantiqueira, a cidade integra a rota de romeiros que seguem para Aparecida do Norte (SP).

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Circuito das Águas de Minas Gerais

Baependi

Por Ivan Carlos Ferreira

“Abençoada por Deus e bonita por natureza”

As primeiras referências sobre Baependi datam do século XVII. Segundo certos au-tores, a bandeira de André Leão, partiu de São Paulo em 1601, seguiu o curso do Paraíba e galgando a Serra da Mantiqueira, rumou para onde hoje se instalam os municípios de Pouso Alto e Baependi. A partir desta data, Baependi começa a aparecer nos relatos dos sertanistas. Quanto ao povoamento, uma antiga tradição diz que, em 1692, Antonio da Veiga, seu filho João da Veiga e Manuel Garcia partiram de Taubaté rumo ao sertão para a captura de silvícolas. Empolgados por informações da existência de ouro além da Serra da Mantiqueira, penetraram pelo Rio Verde e deram a um tributário deste, o nome Baependi. Depois, atraídos pela notícia da descoberta de ouro, outros colonizadores começaram uma pequena povoação, a que denominaram Baependi. Sabe-se que entre os primeiros povoadores estão Tomé Rodrigues Nogueira do Ó, natural de Funchal, Ilha da Madeira, e sua esposa Maria Leme do Prado. Tomé construiu uma casa no local denominado “Enge-nho” e ergueu uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Montserrat e, é por isso considerado o fundador da cidade. Em 1814 o arraial foi elevado à categoria de vila, com denominação de Santa Maria de Baependy, uma das 13 primeiras vilas de Minas Gerais.

Em 2 de maio de 1856, foi elevada à categoria de cidade. Atualmente com população de 18.292 habitantes e área de 754 Km2, tem temperatura média de 20 a 35°C no verão e 5°C no inverno, o clima é tropical de altitude, o relevo é de montanhas e a vegetação circundante é de araucárias nativas, onde ainda se encontra o papagaio do peito-roxo, animal em extinção. O município abrange quase metade da área do Parque Estadual do Papagaio. São várias as opções de passeios, dos mais acessíveis aos reservados a expe-rientes aventureiros. As trilhas levam a cachoeiras e a imponentes montanhas. O belo cenário atrai turistas adeptos dos esportes radicais como: trekking, mountain-bike, canyo-ning, rapel, montanhismo, alpinismo, cavalgadas. Dentre as inúmeras cachoeiras podemos citar: Caixão Branco, Inferninho, Itaúna, Honorato Ferreira, Funil, Caldeirão, Liberdade, Índio, Canudo. Para os amantes das caminhadas, há inúmeras opções como a Serra da Careta, Serra do Canjica, Pico do Garrafão e Toca dos Urubus.

O artesanato de bambu, palha de milho, cipó, fibra de bananeira, árvore de café, é destaque na economia local. São confeccionadas cerca de 100 mil peças por mês. A pro-dução é distribuída em todo Brasil e exportada para países da América e Europa.

Baependi é rica em atrativos religiosos. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Mont-serrat, localizada na Praça Monsenhor Marcos, com construção do século XVIII, possui características do barroco, rococó e neoclássico, tombada pelo Iphan (Instituto do Patri-mônio Histórico e Artístico Nacional). Merece destaque as cerimônias da Semana Santa e a preservação do patrimônio histórico, que inclui igrejas e casarões.

No turismo religioso, o Santuário da Conceição, local onde se encontram os restos mortais de Francisca Paula de Jesus Isabel, carinhosamente conhecida por Nhá Chica. Ela nasceu em São João Del Rey em 1810, mudando-se para Baependi em 1818. Criada por parentes, sempre meiga e virtuosa, levou a vida solitária, recusou-se a casar, dedicou-se à fé e à caridade. Sua fé a fez construir uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, iniciada em 1867 e concluída em 1898, três anos após a sua morte. A fama de suas virtudes cresceu, tornando-a conhecida pelo povo que depositou confiança e passou a consultá-la sobre suas revelações clarividentes. Em junho de 2012, sua Santidade o Papa Bento XVI assinou o decreto de sua beatificação.

Cachoeira do Caldeirão

Matriz de Nossa Senhora do Montserrat

Santuário da Conceição

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