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5 ÍNDICE GNR Tóli César Machado ....................................... 7 Rui Reininho........................................................... 21 Jorge Romão ......................................................... 35 Nós valemos a pena ........................................ 49 Uma farda e um boné .................................. 55 Ena pá! Que luxo ............................................... 64 Não quero ir pró céu .................................... 73 Nem funk, nem rock: pop art . ............... 78 A violência de um beijo .............................. 84 K7 kleenex kitchenette ............................... 88 Escolher a sorte ................................................. 95 Um profano desejo a crescer ................. 101 Malícias sem censura .................................... 105 Partidas, regressos, conquistas a fazer ..................................................................... 110 Um filme policial .............................................. 117 Edição revista e aumentada........................ 123 In Vivo, Alameda e Coliseus ................... 128 Invertendo o passado, vivendo o futuro .................................................................. 133 Novas fronteiras ................................................ 142 Até ao sol ................................................................ 155 Consciência pop ............................................... 163 Serenidade e popularidade ..................... 168 Arrumar o passado ......................................... 174 Quando um barco tem pés para nadar ............................................................... 180 A salvação da pop ........................................... 185 Tanto mar tanto deserto ............................. 191 Já nem sei em quem votei ........................ 200 Efetivamente, devaneios ............................ 207 GNR + GNR ......................................................... 211 A sós, temporariamente .............................. 217 Ventos de amanhã ........................................... 218 Desligar tomadas .............................................. 224 O regresso. E a amizade . ............................ 228 Reis do Roque .................................................... 232 Rendez-Vous ......................................................... 238 1981-1987 1987-1993 1993-2006 2007-2016 ÍNDICE

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5ÍNDICE G N R

Tóli César Machado ....................................... 7Rui Reininho........................................................... 21Jorge Romão ......................................................... 35

Nós valemos a pena ........................................ 49Uma farda e um boné .................................. 55Ena pá! Que luxo ............................................... 64Não quero ir pró céu .................................... 73Nem funk, nem rock: pop art . ............... 78A violência de um beijo .............................. 84K7 kleenex kitchenette ............................... 88

Escolher a sorte ................................................. 95Um profano desejo a crescer ................. 101Malícias sem censura .................................... 105 Partidas, regressos, conquistas

a fazer ..................................................................... 110Um filme policial .............................................. 117 Edição revista e aumentada ........................ 123In Vivo, Alameda e Coliseus ................... 128 Invertendo o passado, vivendo

o futuro .................................................................. 133Novas fronteiras ................................................ 142Até ao sol ................................................................ 155

Consciência pop ............................................... 163Serenidade e popularidade ..................... 168Arrumar o passado ......................................... 174Quando um barco tem pés para nadar ............................................................... 180A salvação da pop ........................................... 185Tanto mar tanto deserto ............................. 191Já nem sei em quem votei ........................ 200

Efetivamente, devaneios ............................ 207GNR + GNR ......................................................... 211 A sós, temporariamente .............................. 217Ventos de amanhã ........................................... 218Desligar tomadas .............................................. 224 O regresso. E a amizade . ............................ 228 Reis do Roque .................................................... 232Rendez-Vous ......................................................... 238

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do “Se7e”: “Rock do Porto dá lição em Belém”. Ricardo Camacho, que viria a produzir “Sê Um GNR” e “Independança” (1982), escreve no “Música & Som”: “Quando o Grupo Novo Rock subiu ao palco (...) receei que não conseguisse reproduzir ao vivo os arranjos delicados de “Espelho Meu”, ou que não fosse capaz de manter, ao longo do espetá-culo, o nível de criação de que dera provas ao gravar aquele tema. Dez minutos de-pois, as minhas dúvidas tinham-se dissipado. Muito mais fortes do que em disco, os GNR viriam a rubricar uma das melhores atuações da tarde, unanimemente reconhe-cidos por uma crítica bastante dividida em relação aos outros grupos.” O artigo é publicado após o segundo concerto da banda em Lisboa, a 19 de maio, no Rock Rendez-Vous, onde Camacho os encontrou “mais apurados”. Escreve:

“O Grupo Novo Rock é isso. Agressividade e pesquisa. Um som em embrião, potencialidades ainda desconhecidas, em grande parte. Uma das bandas portuguesas das que mais há a esperar. Esperemos...”

Curiosamente, Ricardo Camacho é o primeiro a associar dois nomes que viriam a estar intimamente ligados: GNR e Rui Reininho. Referindo-se à diversidade de estilos que passam pela sala de ensaios partilhada pela banda com outros músicos, “algures para os lados da Boavista”. “Ali decorreram e ainda decor-rem inúmeras jam-sessions que agrupam músicos de correntes tão diversas como os próprios componentes do GNR até Rui Reininho, ex-companheiro de Jorge Lima Barreto na Anar Band.” Vítor Rua comenta o caso: “Para nós, é extremamente importante o contacto com músicos de outros estilos.” Reini-nho viria a integrar a banda nesse ano, ainda antes da edição de “Sê Um GNR”. A entrada está documentada num artigo de Rui Vasco no “Musicalís-simo”, a propósito do terceiro concerto no Rock Rendez-Vous, onde o autor dá a conhecer um novo vocalista, de “forte e profunda voz”, que, “em palco, é o rigor com que os GNR se apresentam ao vivo” – “a maquilhagem que vai dos cabelos ao vestuário utilizado, passando pelos objetos que utiliza”, que lhe permitem interpretar as canções “com muita mímica”. Rua acrescenta, em declarações ao jornalista: “(...) onde ele deu grande força à nossa mú-sica foi a parte vocal e as letras, que é ele que as compõe, para já não falar da cena visual, em que ajudou bastante.”

Rui Reininho escrevia para um semanário regional do Porto sobre espetá-culos e foi ver os GNR ao Pavilhão Académico. Falou com Alexandre

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– O livro não pode ter impacto quando não versa o verdadeiro artista. Ou então é muito bem escrito, e aí pode ser engra-çado mesmo que seja tudo inventado – diz Reininho.

Os GNR começam a sentir a mudança no que a crítica es-creve sobre eles. A popularidade gerou – e continuará a gerar – desconfiança entre os especialistas. A banda deixa paulatinamente de ser alvo das preferências pop da intelli-

gentsia. A 3 de março, com “Valsa dos Detectives” na calha para ser lançado no dia 15, Rui Reininho afirma ao jornal “O Primeiro de Janeiro”: “Julgo que há uma crise na imprensa, da dita especializada; eles deixaram de se inte-ressar por nós, passaram a empolar mais as digressões caseiras, outro tipo de artistas.” Vai mais longe:

“Às vezes há viragens da crítica que a gente não percebe. Dá-lhes para embirrar com uma onda musical e acham que têm de ser paternalistas. Em relação a nós, eles nunca puderam sê-lo. Parece-me que deixámos de ser um grupo do Bairro Alto, começámos a ser um grupo independente, começámos a não tomar copos com os jornalistas e isso afetou um pouco a relação músico-crítica.”

O vocalista mostra-se “cansado” com a vida social “es-téril” da capital (já tinha dito algo idêntico, há exata-mente um ano, sobre o Porto, afirmando que encontrava sempre os “mesmos vinte” quando saía à noite na ci-dade). “Acho que se perde muito tempo em copos, a discutir se é bom, se é mau, tem é de se fazer, fazer, fazer, conhecer.” Reininho ironiza com o facto de algum dos jornalistas que (não) escrevem sobre eles serem também músicos. O fenómeno não é estranho ao pró-prio, que depois das experiências no início da década voltou a escrever “duas ou três reportagens” na “Olá” (revista do jornal “Semanário” que nasceu com o cunho

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“TV Guia”). A imprensa prefere ater-se às duas horas de música, com especial atenção dada ao recente “Rock In Rio Douro”, que encheram as medidas a todos os presentes. “Apoteose em Alva-lade”, titula o “Diário de Notícias” na primeira página. “O que é na-cional é bom. Há muito que o sabíamos, mas o primeiro megacon-certo de uma banda portuguesa em estádio vai ficar na história da música pop”, vaticina Anabela Martins da Cruz, frisando que o Grupo Novo Rock “passou finalmente as fronteiras do impossível: levar mais gente a Alvalade do que Elton John”. Os fãs “vibraram intensa-mente do princípio ao fim do concerto do grupo nortenho. Espetacu-lar”. “As franjas de pessoas (e canalha miúda) junto ao palco ondula-vam mais do que as pranchas dos surfistas na praia do Guincho. Só se viam braços no ar (o clássico fã springsteenista) e gente a saltar nas cadeiras e no lugar. Quase 40 mil pessoas com o Rh a correr forte nas veias.” Jorge Dias acres-centa, no “Público”: “Os muitos veteranos de ‘In Vivo’ estavam lá, mas também as gerações sub-16, que com o seu ar limpo e saudável mostraram uma jota renovada pelos tempos.” No “Correio da Manhã”, Manuela Silva Reis é mais colorida: “Miúdos, graúdos, betinhos, roqueiros e quejandos proporcionaram um ambiente de euforia que Michael Jackson, por exemplo, gostaria de ter tido”.

Em síntese, os GNR juntaram no estádio todo o tipo de pessoas, construindo uma atmosfera de tal maneira esfuziante que Isabel Silvestre, pouco habituada a ver tanta gente do outro lado do palco, se retraiu por um momento quando foi chamada a cantar “Pronúncia do Norte”.

Rui Reininho deu-lhe o braço, cantaram juntos e o público ofereceu à voz do Grupo de Cantares de Manhouce, que envergava trajes tradicionais, “a ovação mais sincera que conhece, palmas, muitas palmas”. Javier Andreu também subiu ao palco para cantar “Sangue Oculto” – por duas vezes: na primeira, ainda ficou para cantar um tema dos La Frontera, “El Limite”, acompanhado pelos GNR; na segunda, para fechar o concerto no derradeiro encore. “Dunas” e “Efectivamente” foram, como não podia deixar de ser, entoadas euforicamente pela multidão. “Falha Humana” levou-a ao delírio. Os ecrãs gigantes ajudavam quem estava mais atrás a ver melhor os desenvolvimentos no palco, onde se citou Bruce Springsteen, Tom Waits, Bee Gees, Franz Schubert (é um facto: aconteceu na abertura de “Vídeo Maria”). Ambulâncias transportavam para fora do estádio quem não aguentava a emoção, o mar de gente, a pressão junto às grades. Tudo a contribuir para um momento histórico gravado nas memórias dos

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espectadores e em letra de forma. “Este concerto dos GNR no estádio de Alvalade foi muito bom. Foi melhor do que muitos dos concertos estrangeiros que têm passado por lá nos últimos anos”, escreve António Pires no “Blitz”, observando contudo que nem sequer tinha sido o melhor espetáculo do grupo. Apesar de lamentar a água pas-sada debaixo da ponte (os GNR já não são o que foram nem fazem o que fizeram), o jornalista diz que lhe deu “gozo” ver “aquela gente toda a gritar e a cantar durante as canções, tanto ou tão pouco que os inevitáveis pedidos de encore não foram tão rui-dosos como de costume. Não era que os espíritos e os corpos não quisessem mais canções dos GNR, era que as gargantas já não conseguiam aguentar mais”. Épico – tanto quanto um concerto o pode ser. Os GNR, escreve Ana Filipa Baltazar no “Correio da Manhã”, “mostraram, mais uma vez, ser a mais carismática banda lusa”. Nesta noite, são a maior banda portuguesa.

– Depois, é meia-noite, e a gente transforma-se numa abóbora – brinca Reininho.

– Quando sobe muito, a seguir desce – sopesa Tóli. – Tivemos sempre os pés assen-tes no chão. Aquilo foi importante, e mexeu, mas…

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