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Imagem da capaCedida pelos Drs. Daniel Drummond, Carlos Clementino Peixoto, Leonardo Stambowsky, Andrea de Lima, Marcos Arêas Marques, Marília Duarte Brandão Panico.
03Maio / Junho - 2014
Índice
29
32
23
Reuniões CientíficasDrs. Fonseca, João Marcos Fonseca e; Feres,E.P.; Tristão, H.; Beer,F.; Milhomens, A.L.; Sugui, E.A.S.; Dallorto, I.A.C.; Dohrer, P.R.B.M.
Dissecção traumática daartéria femoral comum
Imagem Vascular
41
54
Drs. Daniel Drummond, Carlos Clementino Peixoto, Leonardo Stambowsky, Andrea de Lima, Marcos ArêasMarques, Marília Duarte Brandão Panico
Revascularização endovascular de artéria subclávia em paciente com arterite de Takayasu
Eventos
Palavra do Presidente
05
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira
20
15
09
Palavra do Secretário-Geral
06
Dr. Sergio S. Leal de Meirelles
“O bom jogador chuta com as duas pernas, mas o craque joga com a cabeça.”
Sangue novo na Sociedade
Pelo fim do descompasso
Antônio Luiz de Medina: o Cirurgião Vascular que dedicou a vida ao engrandecimento da Medicina no país
Editorial
07
Dr. Marcio Arruda Portilho
Cumprindo nossas obrigações
35
33
Defesa Profissional
Reuniões Científicas
Reuniões Científicas
Especial
Entrevista
Dr. Átila di Maio
Drs. Marcello Capela Moritz, Rosana Palma
Drs. Pedro Pimenta de Mello Spineti, Julio Cesar Peclat de Oliveira, Cesar Augusto da Silva Nascimento
Aline Ferreira
Márcia Asevedo
Passo a passo
Uso de laser no consultório
Trombo móvel ou vegetação em aorta torácica descendente?Um dilema determinanteda conduta
Rol de Procedimentos por Patologia Vascular: a SBACV–RJ na luta pela Defesa Profissional
A importância da mobilização em prol da Defesa Profissional da classe
38
49
Espaço Residente
Opinião
Memória Vascular
Luciana Julião
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira
Informangio
PresidenteJulio Cesar Peclat de Oliveira
Vice-PresidenteArno Buettner von Ristow
Secretário-GeralSergio S. Leal de Meirelles
SecretárioFelipe Francescutti Murad
Tesoureiro-GeralRuy Luiz Pinto Ribeiro
TesoureiroAdilson Toro Feitosa
Diretor CientíficoCarlos Clementino dos Santos Peixoto
Vice-Diretor CientíficoMarcos Arêas Marques
Diretor de EventosBreno Caiafa
Vice-Diretor de EventosLeonardo Aguiar Lucas
Diretor de Publicações CientíficasMarcio Arruda Portilho
Vice-Diretor de Publicações CientíficasPaulo Eduardo Ocke Reis
Diretor de Defesa ProfissionalÁtila Brunet di Maio Ferreira
Vice-Diretor de Defesa ProfissionalRita de Cássia Proviett Cury
Diretor de PatrimônioCristiane Ferreira de Araújo Gomes
Vice-Diretor de PatrimônioRaimundo Luiz Senra Barros
Presidente da gestão anteriorCarlos Eduardo Virgini
Revista de Angiologia e de Cirurgia Vascular
Maio/Junho 2014
Expediente
DIRETORIAS INSTITUCIONAIS Público: Carlos Eduardo Virgini Jurídico: Paulo Marcio CanongiaCientífica: Marília Duarte B. PanicoPublicações: Nostradamus Augusto CoelhoPlanejamento Estratégico: Francisco João Sahagoff D.V. GomesResidência Médica: Bruno MorissonEventos: Alberto Coimbra DuqueInformática: Leonardo Silveira de CastroVice de Informática: José Carlos M. JannuzziAssociações Médicas: Carlos Enaldo de Araújo PachecoCirurgia Endovascular: Marcus Humberto Tavares GressConvênios: Roberto FurmanAções Sociais: Jackson Silveira CaiafaAssessoria para assuntos Interinstitucionais: Ney Abrantes LucasDefesa Profissional: Marcio Leal de MeirellesAssessoria de Imprensa: Almar Assumpção Bastos
DEPARTAMENTOS DE GESTÃO Relacionamento SUS: Rubens Giambroni FilhoDiretor de Informática: Vivian Carin MarinoPós-Graduação: Felipe Borges Fagundes Apoio Jurídico: Taís Antunes Torres MourãoEducação Continuada: Ciro Denevitz de Castro HerdyCristina Ribeiro Riguetti PintoMarcelo Andrei LacativaMarco Antonio Alves Azizi
DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOSDoenças Arteriais:Adalberto Pereira de AraújoAlberto VescoviBernardo MassiéreBernardo Senra BarrosCarlo SassiCelestino Affonso OliveiraEdilson Ferreira FeresEmília Alves BentoJosé Ricardo Brizzi ChianiLuiz Henrique CoelhoNelson VieiraRogério Cerqueira Garcia de Freitas
Doenças Venosas: Angela Maria Eugenio Daniel Autran Burlier DrummondDiogo Di Batistta de Abreu e Souza Enildo Ferreira FeresGisele Cardoso SilvaLeonardo StambowskyStenio Karlos Alvim Fiorelli
Métodos Especiais: Laser: Marcello Capela MoritzRadiofrequência: Alexandre Cesar JahnEspuma: Guilherme Peralta PeçanhaDoenças Linfáticas: Antonio Carlos Dias Garcia MayallLilian Camara da Silva
Métodos Diagnósticos Não Invasivos: Adriana Rodrigues VasconcellosAlessandra Foi CamaraCarmen Lucia LascasasClóvis Bordini Racy FilhoLuiz Paulo de Brito LyraSergio Eduardo Correa Alves
Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular: Alexandre Molinaro CorrêaAna Cristina de Oliveira MarinhoBrunno Ribeiro VieiraFabio de Almeida LealFabio SassiFelipe Silva da CostaFelippe BeerGuilheme Nogueira d’UtraMarcelo Martins da Volta FerreiraMarcio Maia LimaRodrigo Soares CunhaRoberto Young JuniorVitória Edwiges Teixeira de BritoWarley Dias Siqueira Mendes
Feridas: Felipe Pinto da CostaFrancisco Gonçalves MartinsJosé Amorim de AndradeJulio Diniz AmorimMaria de Lourdes Seibel
Cirurgia Experimental e Pesquisa: Monica Rochedo MayallNivan de Carvalho
Microcirculação:Mario Bruno Lobo NevesPatricia DinizSolange Chalfun de Matos
Trauma Vascular: Bruno Miana Caiafa
Leonardo Cesar AlvimMarise Claudia Muniz de AlmeidaRenata Pereira JolloRodrigo Vaz de Melo
Fórum Científico: Ana Asniv HototianFúlvio Toshio de S. LimaHelen Cristina PessoniJoão Augusto BilleLuiz Batista Neto
SECCIONAIS Coordenação: Gina Mancini de AlmeidaNorte: Eduardo Trindade BarbosaNoroeste – 1: Eugenio Carlos de Almeida TinocoNoroeste – 2: Sebastião José Baptista MiguelSerrana – 1: Eduardo Loureiro de AraújoSerrana – 2: Celio Feres Monte Alto Junior Médio Paraíba – 1: Luiz Carlos Soares GonçalvesMédio Paraíba – 2: Marcio José de Magalhães PiresBaixada Litorânea: Antonio Feliciano NetoBaia de Ilha Grande: Sergio Almeida NunesMetropolitana 1 – Niterói: Edilson Ferreira FeresMetropolitana 2: Simone do Carmo LoureiroMetropolitana 3 - Nova Iguaçú: Joé Gonçalves SestelloMetropolitana 4 - São Gonçalo: José Nazareno de AzevedoMetropolitana 5 - Duque de Caxias: Fabio de Almeida Leal
Conselho Científico: Antonio Luiz de MedinaAntonio Rocha Vieira de MelloAlda Candido Torres BozzaCarlos José Monteiro de BritoHenrique MuradIvanésio MerloJosé Luis Camarinha do Nascimento SilvaLuis Felipe da SilvaManuel Julio José Cota JaneiroMarília Duarte Brandão PanicoPaulo Marcio CanongiaPaulo Roberto Mattos da SilveiraRossi Murilo da Silva Vasco Lauria da Fonseca Filho
Jornalistas ResponsáveisLuciana JuliãoAline Ferreira
Projeto Gráfico Julio Leiria
Diagramação Leonardo Rocha
Contato para anúncios: sra. Neide Miranda (21) 2533-7905 - (21) 7707-3090 - ID 124*67443 - [email protected]
Órgão de divulgação da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro
Praça Floriano, 55 - sl. 1201 - CentroRio de Janeiro - RJ - CEP: 20031-050Tel.: (21) 2533-7905 / Fax.: 2240-4880 www.sbacvrj.com.br
Textos para publicação na Revista de Angiologia e de Cirurgia Vascular devem ser enviados para o e-mail: [email protected]
Coordenação, Editorial e GráficaSelles & Henning Comunicação IntegradaAv. Mal. Floriano, 38 - sala 202 - 2º andar - CentroCEP: 20080-007 - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: (21) [email protected] - www.shcom.com.br
Palavra do Presidente
05
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira - Presidente da SBACV-RJ
Maio / Junho - 2014
Quando penso nisso, a primeira coisa que vem à minha mente é: “mas já”? Tenho a sensação de que a primeira metade deste ano passou depressa demais! Tantos eventos e feriados fizeram o semestre, de fato, parecer mais curto,
mas felizmente, não menos produtivo, pelo menos para nossa Sociedade. Tivemos um Encontro Regional memorável, com recorde de público e uma programação científica elogiada por muitos. Realizamos a primeira convenção de nossa Sociedade que, além de ser marcada pela aprovação em assembleia do Rol de Procedimentos por Patologia Vascular, contou com a excelente palestra do Bernardinho, Técnico da Seleção Brasileira de Vôlei Masculino.
Nossa luta pela Defesa Profissional progrediu e, além do apoio da Nacional e do CREMERJ, conseguimos avançar na negociação com três grandes operadoras de planos de saúde, que já se posicionaram no sentido de aprovar nossas proposições. Esperamos poder, em breve, trazer notícias positivas ainda mais concretas sobre isso.
Conseguimos, também, colocar no ar o novo portal da nossa Regional. Sob a coordenação de nosso Diretor de Informática, Dr. Leonardo Castro, foi desenvolvido pela Selles & Henning, que também presta assessoria de marketing à nossa Regional. Um portal mais dinâmico, com muitos serviços para nossos associados. Se você ainda não teve oportunidade de acessá-lo, faça isso e confira. Se tiver alguma sugestão de como torná-lo ainda mais dinâmico, é só usar os canais de comunicação que ele mesmo oferece.
Com alegria renovamos a nossa parceria com o laboratório Aché e recebemos 54 residentes como novos membros em nossa Regional.
Para o segundo semestre, seguimos nos preparativos do Encontro Regional de 2015. Estamos trabalhando muito para conseguirmos repetir o sucesso de 2014. Também continuamos com a programação de nossas Reuniões Científicas, em sede e fora também. Você poderá conferir, nesta edição de nossa revista, os locais e datas de nossas próximas reuniões.
Queremos também contar com a sua participação na preparação da Semana Vascular, que será realizada, como acontece tradicionalmente, em outubro. O tema já foi escolhido: Aneurisma de Aorta Abdominal Infrarrenal. Envie-nos suas ideias e agende encontros com o público em seu bairro ou cidade. Tais atividades são muito importantes para que mostremos para a população, e também para as autoridades, a importância de nossas especialidades.
Termino esta palavra com o pesar que certamente todos os colegas vasculares dividem comigo, o primeiro semestre deste ano privou-nos de um dos nossos expoentes, o nosso querido Dr. Antônio Luiz de Medina. Nesta revista, você também poderá conhecer um pouco mais sobre a trajetória deste ícone de nossa Especialidade.
Tenhamos uma excelente leitura!
Nossa luta pela
Defesa Profissional
progrediu e,
além do apoio
da Nacional e
do CREMERJ,
conseguimos
avançar na
negociação com
três grandes
operadoras de
planos de saúde...
Chegamos ao
segundo semestre de 2014
Palavra do Secretário-Geral
Dr. Sergio Silveira Leal de Meirelles - Secretário-Geral da SBACV-RJ
06 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
...não nos basta
fazer bem aquilo
que fazemos.
Precisamos pensar
– de preferência
antecipadamente –
sobre cada detalhe
do jogo que se
chama SBACV-RJ.
Prezados amigos, 2014 está sendo um ano extremamente veloz. Carnaval em mar-
ço, Semana Santa prolongada aqui no Rio de Janeiro, emendando com o feriado
de Tiradentes e com o de São Jorge, e, agora, Copa do Mundo. Depois disso, com
muita propriedade, será o momento de pensar e discutir as eleições majoritárias.
Apesar de tudo isso, nossa Sociedade não perde o ritmo e segue com seus projetos. Afi-
nal, os feriados passam, as contas chegam e as prioridades, como o nome já diz, devem ser
mantidas em foco. Por isso, em tempos de Copa do Mundo, escolhi abrir esta mensagem
com a frase atribuída a Júlio Camargo, treinador de times de futebol, com passagem por
times gaúchos e baianos: não nos basta fazer bem aquilo que fazemos. Precisamos pensar
– de preferência antecipadamente – sobre cada detalhe do jogo que se chama SBACV-RJ.
Assim, chegamos ao meio do ano com conquistas importantes, que envolveram dire-
ta ou indiretamente nossa Secretaria. Em nossa 549ª Reunião Científica, realizada no dia 31
de maio no Windsor Barra, tivemos a oportunidade de receber 54 novos membros, fruto da
parceria entre nossa Regional e o laboratório Aché, que patrocinou a inserção de todos os
Residentes do Estado do Rio de Janeiro em nosso quadro associativo. Na mesma ocasião, fo-
mos apresentados pelo nosso Diretor de Informática, Leonardo de Castro, ao novo portal da
SBACV-RJ, desenvolvido para oferecer mais serviços aos nossos associados e também para
estabelecer uma presença ainda mais efetiva de nossa Regional junto à sociedade. Aproveito
a oportunidade para solicitar aos associados que visitem o site e atualizem seus cadastros
para acesso à área restrita, já que a partir de agora teremos muitas informações relevantes
disponíveis exclusivamente para os membros da Sociedade no portal.
A Secretaria da SBACV-RJ também tem participado ativamente do trabalho que a Di-
retoria está conduzindo na Defesa Profissional. Com o Rol de Procedimentos por Pato-
logia Vascular aprovado — não apenas por nossos pares mas também pelo Cremerj — e
apresentado à Diretoria da Nacional, seguimos agora acompanhando o trabalho de nego-
ciação com as operadoras de planos de saúde.
Finalmente, gostaria de reiterar o convite já feito a todos os associados a participar
das Reuniões Científicas Fora de Sede. Além da tradicional programação científica, elas
representam uma excelente oportunidade de confraternização de nossas famílias com
a família SBACV-RJ. Temos duas agendadas para os próximos meses: Itaperuna, no final
de julho, e Penedo, em agosto. Em nosso novo portal, é possível conhecer a programa-
ção e também as atrações de cada local.
Nossa Secretaria segue à disposição de todos os associados.
“O bom jogador chuta com as duas pernas,
mas o craque jogacom a cabeça.”Júlio Camargo
07
Dr. Marcio Arruda Portilho - Diretor de Publicações Científicas da SBACV-RJ
Editorial
Maio / Junho - 2014
podemos conferir
nesta terceira
edição que sai
agora, sem atraso,
os excelentes
trabalhos
científicos
apresentados em
nossas reuniões
mensais
O tempo passa rápido demais, ou pelo menos é essa a sensação que tenho,
conforme comentado na edição passada. Os fatos se sucedem depressa e em
volume cada vez maior, suscitando emoções fortes, às vezes ambíguas, tais
como honra e felicidade, com a homenagem recebida pelo nosso ilustre sócio titular,
Acadêmico Dr. Arno von Ristow; ao lado de tristeza com o falecimento de outro nosso
sócio titular emérito, também ilustre, o Acadêmico Prof. Antônio Luiz de Medina. Preo-
cupação com a situação política do país; tensão e alegria (ou desgosto) com os jogos da
Copa; e por aí vamos...
O importante é que, independente desses muitos compromissos e feriados, temos
que tentar continuar cumprindo nossas obrigações, o que esta Diretoria tem consegui-
do, não com pouco esforço ou dedicação.
Assim, podemos conferir nesta terceira edição que sai agora, sem atraso, os
excelentes trabalhos científicos apresentados em nossas reuniões mensais, notí-
cias sobre o Rol de Procedimentos e sobre a evolução das ações de Defesa Profis-
sional, a entrevista com a Dra. Marcia Rosa de Araujo, a inclusão dos novos sócios,
entre outros assuntos.
Boa leitura!
Cumprindo nossas
obrigações
08 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Reuniões Científicas
09Maio / Junho - 2014
Autores: Pedro Pimenta de Mello Spineti1, Julio Cesar Peclat de Oliveira2, Cesar Augusto da Silva Nascimento3.1. Mestre em Cardiologia pela UFRJ, Médico rotina da UTI Cardiológica do Hospital Unimed-Rio, Médico do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.2. Membro Titular da SBACV, Chefe de equipe de Cirurgia Vascular do Hospital Unimed-Rio, Chefe de equipe de Cirurgia Vascular do Hospital Barra D’or.3. Coordenador do Laboratório de Ecocardiografia do Hospital Unimed-Rio.
Trombo móvel ou vegetaçãoem aorta torácica descendente?
Um dilema determinanteda conduta
INTRODUÇÃO
A presença de trombo móvel em aorta torácica é uma con-
dição rara e não existe consenso acerca do melhor tratamento
a ser empregado. Este artigo relata o caso de um paciente com
um trombo móvel em aorta torácica em que a tomada de deci-
são acerca da melhor conduta terapêutica foi complicada pela
possibilidade de infecção do trombo.
DEsEnVolVimEnto (Caso ClíniCo):
Para publicação do relato de caso a seguir, foi obtido consen-
timento do paciente.
R.C.M., masculino, 49 anos, empresário, natural e residente
do Rio de Janeiro, foi admitido em um hospital privado da cida-
de do Rio de Janeiro com queixa de dor em glúteo e dormência
em pé esquerdo após sessão de quimioterapia.
Ele referia diagnóstico de câncer de testículo tipo não semi-
noma em março de 2013, orquiectomia em abril de 2013 e início
de quimioterapia com bleomicina, etoposide e cisplatina em
junho de 2013. Os sintomas que motivaram a internação inicia-
ram-se após a segunda sessão de quimioterapia.
Referia como comorbidades: hipertensão arterial sistê-
mica, dislipidemia, esteatose hepática, obesidade grau II,
apneia do sono, asma e rinite. Negava tabagismo. Estava em
uso regular de: Valsartana + Hidroclorotiazida 160/12,5 mg.
Apresentava história familiar de doença cardiovascular im-
portante, seu pai e avô haviam falecido por infarto agudo do
A presença de trombo móvel
em aorta torácica é uma
condição rara e não existe
consenso acerca do melhor
tratamento a ser empregado.
10 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Reuniões Científicas
miocárdio e três irmãs apresentavam doença aterosclerótica
obstrutiva de carótidas.
Ao exame físico apresentava cianose móvel dos podo-
dáctilos à esquerda com dor e frialdade de antepé, com sen-
sibilidade e motricidade preservadas. Pulso pedioso impal-
pável, pulso tibial posterior amplo. Membro inferior direito
sem alterações.
Ecocolor Doppler arterial do membro inferior esquerdo
(MIE) revelou fluxo trifásico em artéria tibial anterior até o
terço médio da perna com irregularidades parietais até o ter-
ço distal onde há stop de fluxo com discreto fluxo invertido
mais distal. Artéria pediosa visualizada sem fluxo em seu in-
terior e fluxo trifásico em tibial posterior e fibular. Ecocolor
Doppler de aorta abdominal e ilíacas sem alterações, como
também o estudo de carótidas e vertebrais. Ecocardiograma
transtorácico normal. Laboratório revelou hemograma, bio-
química e coagulograma normais.
O paciente foi internado em apartamento e iniciado trata-
mento clínico para trombose distal de artéria tibial anterior e
pediosa com anticoagulação plena com enoxaparina, ácido ace-
tilsalicílico, cilostazol e alprostadil, além de aquecimento de MIE
com algodão ortopédico.
Houve controle da dor e melhora significativa da perfu-
são local, sendo programado o terceiro ciclo de quimioterapia
para o sétimo dia de internação. Quarenta e oito horas após a
quimioterapia, o paciente apresentou febre com bacteremia,
sendo colhidas hemoculturas. Hemograma revelou leucopenia
sem neutropenia.
Quatro dias após a infusão da quimioterapia, o pacien-
te apresentou piora súbita da dor em MIE com surgimento
de cianose fixa e piora da frialdade. Novo ecocolor Doppler
sem alterações evolutivas. O paciente foi transferido para
unidade de tratamento intensivo cardiológica, onde a eno-
xaparina foi substituída por heparina não fracionada em in-
fusão venosa contínua e foi iniciada antibioticoterapia com
cefepima associada à vancomicina devido a leucocitose com
desvio para esquerda.
As três amostras de hemoculturas colhidas previamen-
te revelaram o crescimento de Estafilococos aureus sensível a
oxacilina. O esquema antibiótico foi ajustado de acordo com o
antibiograma e foi solicitado ecocardiograma para pesquisa de
endocardite. O exame não identificou vegetações intracardí-
acas, porém, demonstrou a presença de trombo pedunculado
localizado na aorta descendente, medindo 2,2 x 0,8 cm em seus
maiores diâmetros (figura 1).
Optou-se pela estabilização clínica do paciente com anti-
bioticoterapia e manutenção da anticoagulação com heparina
Fig. 1: Ecocardiograma transesofágico evidenciando trombo pedunculado em aorta descendente (2 cm abaixo da artéria subclávia esquerda).
Fig. 2: Reconstrução de angiotomografia de aorta torácica revelando trombo em aorta descendente.
Foi complementada a investigação com angiotomografia de tó-
rax (figura 2), abdome e membros inferiores. A angiotomografia de
tórax confirmou presença de trombo, distal a cerca de 2 cm da emer-
gência da artéria subclávia esquerda. Já no abdome foi identificado
outro trombo junto à bifurcação das ilíacas e em membros inferiores
observou-se falha de enchimento em artéria tibial posterior distal in-
framaleolar, além de oclusão da artéria tibial anterior e fibular.
11
Fig. 4: Ultrassonografia epiaórtica para localização do trombo.
Fig. 6: Ecocardiograma transesofágico após fechamento da aorta evidenciando dissecção de placa.
Fig. 5: Trombo (peça cirúrgica).Fig. 3: Lesões isquêmicas em pé esquerdo.
venosa para abordagem em momento mais oportuno. O pa-
ciente evoluiu com melhora do padrão de febre e dos parâ-
metros inflamatórios, porém com piora da isquemia em MIE
com surgimento de áreas de necrose (figura 3). Foi realizada
arteriografia do MIE e trombólise “in situ” com RT-PA, da tibial
anterior e fibular com sucesso.
Duas semanas após o início da antibioticoterapia, o paciente
não apresentava mais febre, as hemoculturas estavam negati-
vas. Foi realizado novo ecocardiograma transesofágico, que re-
velou que a vegetação mantinha o mesmo tamanho e parecia
mais friável no novo exame.
Foi indicada trombectomia direta de aorta torácica. O pro-
cedimento foi realizado por toracotomia esquerda, e guiado
por ecocardiograma transesofágico e ultrassonografia epia-
órtica (figura 4). O trombo foi facilmente localizado e retirado
(figura 5). Revisão ecocardiográfica após a liberação do pinça-
mento aórtico revelou imagem de dissecção (prolapso de pla-
ca) da aorta (figura 6). Optou-se pelo implante de endoprótese
aórtica autoexpansiva (Valiant), que foi realizado sem intercor-
rências (figura 7).
Maio / Junho - 2014
Reuniões Científicas
Paciente evoluiu sem novas intercorrências no pós-opera-
tório, permanecendo internado até completar seis semanas de
antibioticoterapia com oxacilina. Histopatológico e cultura do
trombo foram negativos. O paciente retomou suas atividades
habituais, sem sequelas.
DISCUSSÃO:
A presença de trombo móvel em aorta torácica é uma
condição rara e frequentemente só é diagnosticada após
eventos embólicos como o do caso clí-
nico apresentado1,2. Ele pode ter sua
origem em patologias da parede da
aorta, como lesões ateroscleróticas,
aneurismas, desordens endoteliais e
estados de hipercoagulabilidade3.
No caso apresentado, o paciente
apresentava fatores de risco para do-
ença aterosclerótica, como: hiperten-
são arterial sistêmica, dislipidemia,
obesidade e história familiar. A revisão
das imagens da angiotomografia e do
ecocardiograma transesofágico após
a cirurgia sugere que o trombo estava
aderido sobre uma placa ulcerada na
aorta, que dissecou durante o proce-
dimento.
Além de fatores de risco para doen-
ça ateroesclerótica, o paciente estava
em tratamento de uma neoplasia com
Fig. 7: Ecocardiograma transesofágico após implante de endoprótese evidenciando prótese bem expandida.
quimioterapia, o que aumenta o risco de eventos embólicos
em até seis vezes quando comparado com a população em ge-
ral4. Vale ressaltar ainda que os sintomas iniciaram-se após o
segundo ciclo de quimioterapia que continha cisplatina, que é
droga associada a doenças tromboembólicas, como: infarto do
miocárdio, acidente vascular cerebral e embolia arterial perifé-
rica. A trombose de aorta, embora muito rara, pode ser encon-
trada na literatura4.
Não foi realizada pesquisa de trombofilia durante a interna-
ção, pois quando foi detectado o trombo em aorta o paciente já
se encontrava plenamente anticoagulado, o que poderia inter-
ferir nos resultados encontrados.
A incidência de trombo em aorta torácica como causa
de embolia periférica pode chegar a 9%5, devendo ser pes-
quisado quando outro sítio de embolização não tiver sido
identificado na avaliação inicial. Neste caso o trombo foi
identificado após a realização de ecocardiograma transeso-
fágico para pesquisa de endocardite infecciosa no 15º dia de
internação após o paciente ter desenvolvido quadro infec-
cioso com hemoculturas positivas. A identificação precoce
do trombo poderia ter permitido o seu tratamento antes da
complicação infecciosa.
12 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
13Maio / Junho - 2014
1. PAGNI, S.; TRIVEDI, J.; GANZEL, B. L. et al. Thoracic
Aortic Mobile Thrombus: Is There a Rolefor Early Surgical
Intervention?. Ann Thorac Surg 2011;91:1875– 81.
2. CHOUKROUN, E. M.; LABROUSSE, L. M.; MADONA, F. P.
et al. Mobile Thrombus of the Thoracic Aorta: Diagnosis and
Treatment in 9 Cases. Ann Vasc Surg.2002 Nov;16(6):714-22.
3. FUEGLISTALER, P.; WOLFF, T.; GUERKE, L. et al.
Endovascular stent graft for symptomatic mobile thrombus
of the thoracic aorta. J Vasc Surg. 2005;42(4):781–783.
4. FERNADES, D. D.; LOUZADA, M. L.; SOUZA, C. A. Acute aortic
thrombosis in patients receiving cisplatin-based chemotherapy
– Curr Oncology. 2011;18(2):e97-e100.
5. REBER, P. U.; PATEL, A. G.; STAUFFER, E. et al. Mural aortic
thrombi (an important cause of peripheral embolization). J
Vasc Surg. 1999; 30: 1084–1089.
6. HAUSMANN, D.; GULBA, D.; BARGHEER, K. et al. Successful
thrombolysis of an aortic arch thrombus in a patient after
mesenteric embolism. N Engl J Med.1992; 327: 500–501.
7. SCHNEIDERMANN, J.; FEINBERG, M. S.; SCHWAMMENTHAL,
E. Protruding aortic arch thrombus (treatment with minimally
invasive surgical approach). J Vasc Surg.2004; 40: 1083–1088.
8. ZHANG, W. W.; ABOU-ZAMZAM, A. M.; HASHISHO, M. et
al. Staged endovascular stent grafts for concurrent mobile/
ulcerated thrombi of thoracic and abdominal aorta causing
recurrent spontaneous distal embolization. J VascSurg
2008;47(1):193-6.
9. GOUEFFIC, Y.; CHAILLOU, P.; PILLET, C.; DUVEAU, D.;
PATRA, P. Surgical treatment of nonaneurysmal aortic arch
lesions in patients with systemic embolization. J VascSurg.
2002;36:1186–1193.
Não existe consenso acerca do melhor tratamento a ser em-
pregado no trombo móvel em aorta torácica. São encontrados
na literatura relatos de caso que adotaram apenas tratamento
conservador com terapia anticoagulante1,2 ou trombólise6; tra-
tamento percutâneo com aspiração de trombo5, trombectomia
por cateter-balão7 ou implante de endopróteses3,8; ou tratamen-
to cirúrgico com trombectomia, tromboendarterectomia ou
substituição protética da aorta1,3,9.
O caso em questão impôs um dilema adicional na escolha
do melhor tratamento para o trombo em aorta. A presença de
infecção sistêmica com três hemoculturas positivas para Esta-
filococos aureus não permitia descartar a possibilidade de co-
lonização e infecção do trombo. Qualquer intervenção neste
momento com necessidade de implante de prótese percutânea
ou por cirurgia poderia ter como complicação uma infecção de
prótese em aorta.
O tratamento clínico com terapia anticoagulante é apresen-
tado como primeira opção por diferentes autores1,2 diante da
morbidade e mortalidade da intervenção cirúrgica precoce, que
pode chegar a 29% e 2,6% respectivamente9. No entanto, trom-
bos maiores que 1 cm, como o do caso, são um preditor de má
resposta ao tratamento clínico2.
Apesar de não ter obtido sucesso, a opção pelo tratamento
clínico permitiu um melhor controle do quadro infeccioso do pa-
ciente, que foi operado em melhor estado geral, com culturas
negativas, o que certamente minimizou o risco de infecção da
prótese implantada devido à dissecção da aorta.
CONCLUSÃO:
A presença de trombo móvel em aorta torácica é doença rara
que não deve ser esquecida durante a investigação de embolia
arterial sistêmica. Seu tratamento deve ser individualizado, sen-
do necessários maiores estudos sobre o tema.
REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS:
“A presença de trombo móvel
em aorta torácica (...) não
deve ser esquecida durante
a investigação de embolia
arterial sistêmica.”
14 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
15Maio / Junho - 2014
Reuniões Científicas
Uso de laser
no consultório
INTRODUÇÃO
O LASER, acrônimo, em português, de Amplificação da
Luz por Emissão Estimulada de Energia, vem sendo utiliza-
do há anos em diversos campos da Medicina. O que caracte-
riza o laser é seu feixe de luz monocromático, coerente, isto
é, na mesma frequência e colimado ou na mesma direção.
Na Cirurgia Vascular, o uso de laser transdérmico para o tra-
tamento de telangectasias e veias reticulares teve seu início
em 1984, com o laser de Argônio, porém foi abandonado de-
vido ao grande número de complicações cutâneas. Outros
tipos de laser foram em seguida sendo usados, como o Dye
Laser, que foi o primeiro a usar o princípio da FOTOTERMÓ-
LISE SELETIVA, em que o objetivo é de elevar a temperatura
do sangue (hemoglobina), levando à coagulação do mesmo,
sem lesar a pele. Outros tipos de laser foram o de Alexandri-
ta de pulso longo, o Diodo (577-595 nm), KTP (532 nm), o de
Vapor de Cobre e Cobre-Bromidio e finalmente o Neodímio-
-YAG. Este último teve seus primeiros estudos e trabalhos
realizados na Universidade Johns Hopkins em 1999, por Ro-
bert Weiss e cols., que concluíram que este laser de pulso
longo 1064 nm “é um método valioso para o fechamento de
veias ectásicas das pernas, com improváveis lesões epidér-
micas devido ao fato deste comprimento de onda (1064 nm)
ter mínima interação com a melanina”, isto é, baixa absor-
ção pela melanina.
Trabalhos mostraram ao longo dos anos que, no trata-
mento das varizes reticulares, observa-se excelente resposta,
com clareamento dos vasos maior que 75% após uma sessão
(Omura e cols.). Ocorre um vaso espasmo significativo destas
veias, em que se associa-se uma compressão local com roletes
de algodão (de dentista), para haver um colabamento mais efi-
caz das paredes venosas tratadas. Já nas telangectasias, nem
sempre há um desaparecimento imediato após o tratamento,
observando-se segmentação do vaso, com trechos trombosa-
dos ou vasoconstritos. O Neodímio–YAG laser pode atingir va-
sos com até 5 mm de profundidade da pele e, segundo Weiss e
Weiss em 1999, tem mais tolerância pelas peles com fototipos
IV e V (moreno moderado a escuro). Vale salientar que a litera-
tura disponível para este assunto dificilmente é encontrada em
revistas e artigos de Cirurgia Vascular/Angiologia, mas, sim,
em periódicos de Dermatologia.
INDICAÇÕES:
1. Telangectasias em geral
2. Nevus Rubi
3. Hemangiomas
4. Veias reticulares
5. Névoas
6. Alergia à química do agente esclerosante
7. Pânico de agulha
Autores: Marcello Capela Moritz1, Rosana Palma2
1. Cirurgião Vascular com Título de Especialista pela SBACV. Responsável pelo Departamento de Laser da SBACV-RJ.2. Staff e preceptora do Serviço de Cirurgia Vascular e Endovascular do Hospital Municipal Souza Aguiar.
Pré e pós-30 dias.
16 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Nevus rubi e pós-imediato.
Veia reticular pré e pós-20 dias.
Pré e pós-30 dias.
Pré e pós-30 dias.
de agilizar o resultado final, isto é, usando o calor (fototermólise) do
laser associado à química/frio, consegue-se um somatório de rea-
ções que destruirão o vaso de maneira mais eficaz. Particularmente,
eu faço de maneira alternada sessões de laser e crio escleroterapia a
cada quinze dias, desde que o paciente deseje as duas técnicas.
Em quinze anos realizando o tratamento a laser transdérmico
no consultório, passei por diversas máquinas e pude experimentar o
dissabor de algumas complicações cutâneas, como pequenas quei-
maduras e escaras, além da frustração com os resultados. Atribuo
isto ao pouco conhecimento na época do método, do aparelho e seus
parâmetros, enfim, à curva de aprendizado, além de os aparelhos de
então serem pouco adequados para o tratamento dos vasos. Isto fez
com que, logo no início dos anos 2000, a técnica a laser tenha sido
negada, rejeitada pelos Cirurgiões Vasculares e Angiologistas.
Ao longo dos últimos quinze anos, com o aprimoramento
dos aparelhos de laser e o constante estudo e aprendizado, fui
da timidez à ousadia, alcançando bons e surpreendentes resul-
tados, que me permitiram seguir usando esta técnica e sempre
que possível difundindo-a entre nós, Especialistas.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O LASER:
CONTRAINDICAÇÕES:
Gravidez: por uma questão de bom senso, pois não há trabalhos
que mostrem danos ao feto.
Diabetes descompensado: com feridas nas pernas.
Doença arterial obstrutiva periférica descompensada: isquê-
micos com ou sem lesão.
Doenças de pele ativas: descamativas, infectadas.
Pele bronzeada: esta, para mim, a maior contraindicação, pois
certamente causará manchas hipocrômicas.
Fototipo V e VI: hoje em dia é questionável devido aos métodos de pro-
teção da pele, como os resfriadores e a ponteira resfriada do dispositivo.
O tratamento deve ser feito em sessões de periodicidade men-
sal, embora alguns autores façam quinzenalmente, de maneira iso-
lada ou combinada à escleroterapia química (crioesclero), no intuito
Reuniões Científicas
Laser e resfriador cutâneo.
a. Os vasos da perna encontram-se em diferentes profundida-
des, apresentando características de fluxo diversas e diferentes
calibres mais difíceis de tratar em relação aos de face.
b. Importante ouvir as expectativas e as fantasias do paciente
sobre o laser.
c. Explicar ao paciente o método de tratamento, a necessidade
de várias sessões.
d. Orientar quanto à dor local ou pequenas reações adversas,
como hiperemia cutânea e eventuais complicações.
e. Apesar de ser um tratamento caro, não significa que todos
os vasos sairão.
f. Consiste em mais uma opção de tratamento para a patolo-
gia venosa, não sendo substitutivo, e sim adjuvante do méto-
do tradicional.
g. Os resultados do tratamento a laser, segundo traba-
lhos comparativos com a técnica convencional (Marco
Munia, Nelson Wolosker e P. Puech-Leão), mostram “uma
pequena vantagem para o laser, porém não estatistica-
mente significativa”.
h. Muito importante RESFRIAR a pele antes e depois dos dispa-
ros, para proteção e analgesia.
i. Assim como a escleroterapia convencional, o laser não é infalí-
vel! Certamente haverá reclamações!!!! PREÇO X RESULTADO.
j. Convém fazer fotos, pré e pós-tratamento.
k. Há ótimos resultados para vasos com carboxihemoglobi-
na (azuis), névoas, veias reticulares, vasos de pés e mating
pós-esclerose.
l. Como toda técnica, há necessidade de treinamento, de conhe-
cer a máquina, saber usar seus PARÂMETROS específicos para
cada tipo de vaso, e isso requer tempo da timidez à ousadia
alcançar bons resultados.
m. Plenamente possível, hoje em dia, dispor da máquina em
consultório, se não comprando, alugando mensalmente, sozi-
nho ou com colega.
n. O fato de se dominar com maestria a técnica de esclero-
terapia não significa que temos de ignorar, de virar as costas
para o laser.
PARÂMETROS DO LASER Nd –YAG DE 1064 nm:
1. SPOT: mm
3 mm = telangectasias de face e mmii
5 mm = telangectasias em geral
7 mm = veias reticulares e dérmicas
2. FLUÊNCIA: J/cm2 = POTÊNCIA
- Vasos > (azuis/púrpura) < pressão energia
- Vasos < (cor de rosa) >pressão energia
3. PULSO: ms = TEMPO DE EXPOSIÇÃO
- Vasos < pulsos <
- Vasos > pulsos >
4. TAXA DE REPETIÇÃO: Hz
De zero Hz (disparo único) a 2 Hz
De modo geral, vasos pequenos são tratados com fluência
maior e tempo de exposição (pulso) menor. Já os vasos grandes
são tratados com fluência menor e pulso maior.
COMPLICAÇÕES DO LASER: DE CARáTER LOCAL
1) Manchas hipocrômicas
2) Escaras
3) Queimaduras
DICAS SOBRE O USO DO LASER TRANSDÉRMICO:
1. Selecionar bem seus pacientes.
2. Resfriar bem a pele antes e depois dos disparos: prote-
ção e analgesia.
3. Não repetir mais de três disparos seguidos sobre um mesmo
vaso lesão cutânea.
4. Usar cremes de corticoide após as sessões.
5. Saber usar os parâmetros do aparelho de acordo com o tipo
de vaso: dominar a técnica.
6. Lembrar sempre que serão necessárias várias sessões: é inte-
ressante fazer um termo de esclarecimento ao paciente.
17Maio / Junho - 2014
18 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
CONCLUSÕES:
1. Laser NÃO é milagre.
2. Laser NÃO é definitivo.
3. Assim como na escleroterapia química, o laser tem suas
limitações.
4. Seus resultados positivos estão relacionados ao domínio dos
parâmetros usados, à prática.
5. Veias reticulares, névoas e vasos azuis têm excelentes resultados.
6. Periodicidade mensal é louvável.
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7. Seu uso pode ser isolado ou COMBINADO à esclerotera-
pia química.
8. O método hoje em dia já é uma realidade, isto é, não há mais
porque negá-lo, existe uma demanda real e as empresas de alu-
guel/compra tornam possível o investimento.
9. Nós, Especialistas, somos os verdadeiros donos da patolo-
gia venosa e por isso cabe a nós o dever de tratá-la. Portanto,
nada mais “normal” e possível do que ter um aparelho de la-
ser no consultório!
REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS:
Reuniões Científicas
19Maio / Junho - 2014
20 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
da artéria femoral comumAutores: Fonseca, João Marcos Fonseca e3; Feres,E.P.1; Tristão, H.1; Beer,F.1; Milhomens, A.L.2; Sugui, E.A.S.3; Dallorto, I.A.C.3; Dohrer, P.R.B.M.3.1. Cirurgião Vascular, Hospital Municipal Miguel Couto.2. Angiologista, Hospital Municipal Miguel Couto.3. Médico Residente de Cirurgia Vascular, Hospital Municipal Miguel Couto.
Dissecção traumática
INTRODUÇÃO
O traumatismo de membros com lesão vascular asso-
ciada tem alta incidência. A artéria mais atingida, em aná-
lise de séries de casos, é a artéria femoral. Apresentamos
um caso de dissecção traumática por contusão de artéria
femoral comum.
DESENVOLVIMENTO
Relatamos um caso de uma paciente feminina, de 41
anos, sem comorbidades, vítima de trauma contuso em
região inguinal esquerda por guidom de bicicleta. Apresen-
tou-se ao serviço de emergência, havia 2 horas do ocorrido,
para avaliação protocolar do trauma, manifestando a ectos-
copia hematoma inguinal.
Ao exame, observamos paciente em bom estado geral, es-
tável hemodinamicamente, sem evidência de fraturas, com he-
matoma não pulsátil, não delimitado, em região inguinal e face
medial de coxa esquerda. O membro inferior esquerdo apresen-
tava-se com coloração normal, discreta redução de tempera-
tura, sem edema, indolor à palpação e pulsos impalpáveis; en-
quanto o direito com pulsos amplos, sem alterações.
A paciente foi submetida ao ecocolor Doppler (ECD), que
diagnosticou a disseccão de artéria femoral comum (AFC) por
“flap” de íntima, fluxo padrão amortecido de alta resistência em
AFC proximal, reabitação ao nível da bifurcação, com fluxo mo-
nofásico amortecido (figura 1).
A paciente foi direcionada ao centro cirúrgico para trata-
mento. A lesão encontrada (figura 2) consistia em contusão
arterial de aproximadamente 3 cm de extensão, sem trombose
do segmento arterial, com destruição circunferencial da parede
arterial, sem perfuração da mesma. A opção terapêutica foi a in-
terposição de prótese de Dacron (figura 3).
Reuniões Científicas
Figura 1. Ecocolor Doppler (ECD): dissecção de artéria femoral comum por “flap” de íntima, fluxo padrão amortecido de alta resistência em aFC proximal, reabitação ao nível da bifurcação, com fluxo monofásico amortecido. a orientação cefálica na realização do ECD é por convenção para esquerda.
Figura 2. Contusão arterial de aproximadamente 3 cm de extensão, sem trombose do segmento arterial.
21Maio / Junho - 2014
Na literatura, considera-se o enxerto de veia, em espe-
cial a safena interna contralateral, material autógeno, como
a melhor opção terapêutica quando viável, em virtude da
melhor perviedade e menor incidência de infecção, sobre-
tudo nos traumas abertos, nos quais os enxertos sintéticos
são a última opção para salvamento de membro. Deve-se
considerar, no entanto, o calibre da artéria receptora, o me-
canismo de trauma e a disponibilidade de veia para enxer-
to. Neste caso, o grande calibre da artéria femoral comum,
o segmento de interposição de aproximadamente 3 cm e a
indisponibilidade de veia determinaram a escolha de inter-
posição da prótese de Dacron.
Nesses casos, de artérias de grande calibre, as próteses
dão excelente resultado, enquanto que para artérias de me-
nor calibre, distais, o resultado é decepcionante. Técnicas
de venoplastia são citadas na literatura; contudo, em al-
guns casos, a veia pode sofrer intensa hiperplasia intimal,
sobretudo nas áreas das anastomosas e de reparo na veia,
concorrendo com estenose, e consequente oclusão do en-
xerto. Após a cirurgia, a paciente evoluiu com pulsos distais
amplos e obteve alta em 48 horas.
No seguimento pós-operatório, realizamos o ecocolor Dop-
pler, que demonstra perviedade do segmento interposto e fluxo
restabelecido em toda árvore arterial. Clinicamente, a paciente
Figura 3. Interposição de prótese de Dacron.
Figuras 4 e 5. Ecocolor Doppler no pós-operatório demonstrando perviedade do segmento interposto e fluxo trifásico em artéria femoral comum esquerda. 4) modo B; 5) Power Doppler.
CONCLUSÃO
O avanço do conhecimento e das técnicas de reparo vascu-
lar melhorou os resultados das taxas de amputação nos trau-
encontra-se apta para atividades cotidianas, assintomática, em
antiagregação simples. A mesma segue em acompanhamento
ambulatorial (figuras 4 e 5).
2222 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Reuniões Científicas
1. BRITO, Carlos Jose; SILVA, Rossi Murilo da (coed.) et. al.
Cirurgia Vascular: cirurgia endovascular, anfibologia. 3ed. Rio
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matismos de membros. Deve-se redobrar a atenção ao exame
físico e aos achados discretos que este pode revelar durante a
avaliação vascular no trauma. O uso de exames complemen-
tares, especialmente o ECD na emergência, é de grande valia,
em virtude da rápida execução, não invasão ao paciente e alta
acurácia diagnóstica, dependente, todavia, do examinador. A
técnica de reconstrução vascular deve ser individualizada crite-
riosamente, sobretudo quando opta-se por enxerto sintético.
REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS:
23Maio / Junho - 2014
em paciente comarterite de TakayasuAutores: Daniel Drummond1, Carlos Clementino Peixoto2, Leonardo Stambowsky1, Andrea de Lima3, Marcos Arêas Marques4, Marília Duarte Brandão Panico5, Carmen Lúcia Lascasas Porto6, Flávia Malini7.1. Médico Cirurgião Vascular STMI.2. Médico Cirurgião Vascular STMI e Diretor Científico da SBACV-RJ.3. Médica Anestesiologista STMI.4. Médico do Serviço da Unidade Docente Assistencial do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro do Conselho Científico da SBACV.5. Professora adjunta de Angiologia da Uerj.6. Chefe do Serviço de Angiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto.7. Doutoranda em Epidemiologia e Saúde Coletiva no Instituto de Medicina Social da UERJ.
Revascularização endovascular de artéria subclávia
Imagem Vascular
RESUMO
Este artigo tem como objetivo relatar um caso de tratamen-
to de oclusão de artéria subclávia em paciente portadora de ar-
terite de Takayasu e discutir opções de tratamento cirúrgico me-
nos invasivas e fatores influenciadores para o sucesso técnico.
PALAVRAS-CHAVE
Arterite de Takayasu, procedimento cirúrgico, procedimento
endovascular.
INTRODUÇÃO
A arterite de Takayasu (AT) é uma vasculite granulomatosa
de origem desconhecida, embora descrita há mais de cem anos1.
Acomete mais frequentemente mulheres jovens e seu diagnós-
tico é quase sempre feito na fase tardia da doença, quando já há
lesão vascular sintomática presente2.
O controle clínico da doença é feito com imunossupresso-
res e/ou corticoides na fase ativa de doença, associado à men-
suração laboratorial de marcadores de atividade inflamatória,
como o VHS e o PCRt3.
O tratamento cirúrgico se limita à menor parcela dos pacien-
tes5, quando apresentam lesões estenóticas ou oclusivas com
repercussões hemodinâmicas importantes ou dilatações aneu-
rismáticas com alto risco de ruptura ou dissecção5.
Claudicação de membros superiores pode estar presente em
até 33% dos pacientes no momento do diagnóstico e em 57,5%
ao longo de sua vida6.
O acometimento panmural característico da AT, com possível
evolução progressiva à fibrose, confere peculiaridades no planeja-
mento cirúrgico quando comparada à doença obstrutiva arteros-
clerótica periférica, tanto por via aberta quanto por via percutânea.
Este artigo visa a mostrar uma abordagem inédita na re-
vascularização de membro superior em paciente sintomática
portadora de AT.
RELATO DE CASO
Trata-se de uma paciente de 33 anos, do sexo feminino, afro-
descendente, que recebeu o diagnóstico de AT há quatro anos,
após apresentar quadro de hipertensão arterial sistêmica, au-
sência de pulsos em membros superiores e história de dois abor-
tamentos espontâneos.
Após investigação por angiotomografia computadorizada,
foi observada estenose de artéria renal direita, oclusões de arté-
ria carótida comum direita e de artérias subclávias.
A paciente foi submetida à angioplastia de artéria renal di-
reita há três anos, com melhora de níveis pressóricos e neste
mesmo período passou a apresentar claudicação progressiva e
incapacitante de membro superior direito.
2424 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Imagem Vascular
Figura 1: angiotomografia computadorizada demonstrando oclusão de carótida comum direita e artéria subclávia direita.
Figura 2: arteriografia pré-operatória.
Figura 3: Cateterização de artéria subclávia via acesso braquial com KmP 5F e bainha Raabe® 6F via acesso femoral.
Figura 4: imagem de ultrassom intravascular evidencia dupla luz em artéria subclávia, fio-guia em segmento dissecado.
Primeira abordagem cirúrgica da artéria subclávia direita
Após dois anos do diagnóstico, a lesão foi abordada através
de punções femoral e braquial direitas com implante de bainhas
5F11 cm e Raabe®(Cook) 6F 90 cm, respectivamente. Tentada a
recanalização do eixo subclávio-axilar com cateteres Vertebral e
KMP 5F, microcateter Frontrunner® (Cordis Inc), Frontrunner®
XP CTO com auxílio do dispositivo de ultrassonografia intra-
vascular (IVUS) Eagle eye gold, que permitiu a identificação de
segmento com lesão fibrótica, a qual impedia a recanalização
percutânea do vaso pelas vias convencionais. O controle, no en-
tanto, evidenciava dupla luz do vaso ao IVUS com melhora de
velocidade de deságue.
Após o procedimento, a paciente manteve o VHS constan-
temente abaixo de 20 mm após duas horas, apresentou melho-
ra de seus sintomas e duplex scan (DS) com fluxo trifásico em
artéria subclávia direita. Entretanto, após o terceiro mês, a pa-
ciente voltou a apresentar os mesmos sintomas. Foi solicitado
um novo DS, que demonstrou espessamento parietal excêntrico
médio-distal em subclávia direita, com estenose maior que 60%
e fluxo distal bifásico.
Segunda abordagem cirúrgica da artéria subclávia direita
Oito meses após o primeiro procedimento, a paciente foi
novamente submetida a procedimento por acesso percutâneo
25Maio / Junho - 2014
Figura 5: angiografia pré-operatória.
Figura 7: Angioplastia com balão.
Figura 8: angiografia evidencia área dissecada e irregular em eixo subclávio axilar, alteração também corroborada ao IVUS.
Figura 9: Angioplastia com stent.Figura 6: Recanalização e realização de manobra de varal.
femoral e braquial direitos com implante de bainhas 6F 11 e 90
cm respectivamente, fio-guia Terumo® 0035x260 mm para ten-
tativa de recanalização e auxílio do IVUS.
A visualização de segmento com menor área de doença
pelo IVUS foi de grande valia para a recanalização consegui-
da pelo dispositivo de reentrada Outback LTD®. A progressão
de cateteres pela área ocluída só se deu por manobra de varal
(through-and-through) após captura de fio-guia no arco aórtico
por cateter laço.
Foi realizada angioplastia com balão 5x80 mm e posteriormen-
te com balão farmacológico Admiral Impact® 6x120 mm. O resulta-
do angiográfico determinou o implante de stent Maris plus® 7x100
mm na área recanalizada. O controle final demonstrou excelente
perviedade e velocidade na contrastação do membro.
26 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Imagem Vascular
A paciente evoluiu com melhora clínica importante da clau-
dicação de membro e apresentou equiparação de pressões ar-
teriais em membro superior direito e membros inferiores. O DS
realizado um mês após demonstrou fluxos laminares, trifásicos
em eixo subclávio-axilar.
Angiotomografia computadorizada realizada cinco meses
após demonstrou perviedade de área angioplastada, sem evi-
dências de obstruções com significância hemodinâmica.
Figuras 10, 11, 12: angiotomografia computadorizada de controle 5 meses após último procedimento cirúrgico.
DISCUSSÃO
O tratamento cirúrgico aberto da AT é estabelecido
como técnica padrão para o tratamento de lesões oclusivas,
sendo preconizado em estudos com longo acompanhamen-
to2,3. Apresenta, no entanto, maiores taxas de morbidade7
em relação à técnica percutânea, mortalidade operatória de
4%8 e taxas de reestenose ou oclusão entre 20% e 30%9. Em
estudos histopatológicos, a doença subclínica pode estar
presente em até 44% das margens cirúrgicas10, levando ao
surgimento de aneurismas paranastomóticos em 8,5% dos
casos, segundo Miata11.
A correção cirúrgica pela técnica endovascular pode
ser uma opção interessante e viável nos pacientes porta-
dores de AT, predominantemente adultos jovens e com
alta incidência de reoperações, por ser uma terapia com
menor morbidade e que se encontra em constante evo-
lução3,10. O tratamento de lesões por angioplastia com
balão somente ou com uso de stent apresenta bons a ex-
celentes resultados na melhora clínica dos pacientes com
AT4,12,13, com taxas variadas de reestenose na literatura.
O uso de stents revestidos14 ou farmacológicos15 parece
reduzir a incidência de restenoses quando comparado ao
uso de stents convencionais.
O uso do IVUS é ferramenta importante na avaliação de
áreas com menor presença de doença para auxílio da reca-
nalização. O uso de dispositivo de reentrada, Outback®, é
apresentado de forma inédita no tratamento intervencio-
nista da AT e se mostrou fundamental para o sucesso técni-
co do procedimento.
Vale ressaltar que as intervenções devem sempre ser progra-
madas quando não há atividade de doença10,12,16. Estudos mais
recentes sugerem que a atividade inflamatória da doença, mais
do que a técnica cirúrgica empregada, é fator determinante para
o surgimento de complicações, podendo elevar em até sete ve-
zes o número destas17.
Há a necessidade de estudos com acompanhamento
mais longo para a avaliação de endopróteses e stents no
tratamento de lesões oclusivas, assim como uso de balões
farmacológicos2,19.
CONCLUSÃO
A AT é uma doença de difícil controle clínico, apresentando
parcela expressiva de pacientes com necessidade de reinterven-
27
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REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS:
ções cirúrgicas. Assim como em outros campos da Especialida-
de, a técnica endovascular vem avançando na busca de menor
morbidade aos procedimentos aliada a melhores taxas de per-
viedade. O uso de novos materiais como o IVUS e dispositivos
de reentrada podem abrir novas perspectivas no tratamento das
lesões fibróticas características desta doença.
Maio / Junho - 2014
29Maio / Junho - 2014
Especial
Aline Ferreira
Rol de Procedimentos por Patologia Vascular:
a SBACV–RJ na luta pela Defesa Profissional
Visando maior valorização da
Angiologia e Cirurgia Vas-
cular, melhores honorários
e condições de trabalho, a SBACV-
-RJ mais uma vez se posiciona na luta
pela Defesa Profissional dos seus sócios e representatividade da classe,
criando o Rol de Procedimentos por Patologia Vascular. Fruto de um
consenso, aprovado por unanimidade em Assembleia Geral, durante a I
Convenção da SBACV-RJ, realizada no dia 5 de abril, o Rol é um passo
fundamental na profissionalização das relações dos Especialistas com as
operadoras de planos de saúde.
Baseado na Classificação Hierarquizada de Procedimentos Médicos
(CBHPM), o Rol reúne uma listagem de técnicas pertinentes ao trata-
mento de doenças vasculares. Desde a sua criação, vários passos já foram
dados e, atualmente, a Diretoria da Regional realiza negociação com as
operadoras de planos de saúde, buscando o diálogo para o melhor cum-
primento do Rol.
Nesta entrevista à Revista da SBACV-RJ, o Presidente da Regional,
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira, coloca os sócios a par das realizações da
Diretoria para implantação do Rol e aproveita para convidar os colegas a
trabalhar em prol da sua efetivação. “Todas as conquistas que, ao longo da
história de nossas Especialidades, foram alcançadas são fruto do trabalho
coletivo, e sua manutenção também depende do empenho de todos”, afir-
ma o Presidente da SBACV-RJ.
Dr. Julio Cesar Peclat de OliveiraPresidente da SBACV-RJ
Queremos condições
dignas de atendimento
aos nossos pacientes,
e a conquista desse
novo patamar
passa por relações
éticas, pautadas na
transparência.
Foto
: Ace
rvo
SBA
CV-R
J
30 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Como surgiu a ideia e qual foi a grande motivação da
SBACV-RJ para criar o Rol de Procedimentos por Patolo-
gia Vascular?
Há algum tempo, em conversas informais, os Vascula-
res do Rio de Janeiro já se queixam das dificuldades que
encontram no relacionamento com as operadoras de pla-
nos de saúde. Essas dificuldades são de toda ordem: ho-
norários defasados, burocracia para obter autorização de
exames fundamentais para o diagnóstico e acompanha-
mento da evolução de pacientes, glosas sem justificativa.
Pela importância do assunto, ele naturalmente foi trazido
para nossas pautas de discussão, tanto em reuniões aber-
tas a todos os sócios como também em reuniões de Dire-
toria. Por isso, podemos afirmar que a maior motivação foi
buscar um caminho de valorização dos profissionais e dos
procedimentos vasculares.
O que representa, para o serviço médico prestado pelos An-
giologistas e Cirurgiões Vasculares do Rio de Janeiro, a cria-
ção do Rol de Procedimentos por Patologia Vascular? Qual a
sua importância para a classe?
A criação do Rol é um passo fundamental diante da necessi-
dade de se profissionalizar nossas relações com as operadoras
de planos de saúde. Queremos condições dignas de atendimen-
to aos nossos pacientes, e a conquista desse novo patamar pas-
sa por relações éticas, pautadas na transparência. Temos certe-
za de que essa transparência representará ganhos importantes
para nós e também para as operadoras de planos de saúde, que
são responsáveis pelo pagamento de grande parte dos procedi-
mentos que realizamos.
Quais foram os pontos levados em consideração pela Socie-
dade na composição dos procedimentos e valores estabeleci-
dos pelo Rol de Procedimentos por Patologia Vascular?
A vertente adotada para a elaboração do Rol de Procedi-
mentos por Patologia Vascular foi simples e objetiva: quais são
as patologias que atendemos e que procedimentos estão envol-
vidos, de acordo com as Diretrizes Científicas elaboradas pela
Nacional em conjunto com a AMB, na atenção ao paciente.
Em que fase está o Rol de Procedimentos por Patologia Vas-
cular, ele já está finalizado? Quais são os próximos passos?
A principal reivindicação dos Vasculares do Rio de Ja-
neiro é a valorização do nosso trabalho, que se desmembra
não apenas na revisão dos honorários como também nas
condições de trabalho que encontramos junto às operado-
ras de planos de saúde, aspecto no qual destaco a liberda-
de de escolha sobre as técnicas e procedimentos. Diante
disso, o primeiro passo que demos foi a contratação de
uma empresa de assessoria com mais de 10 anos de expe-
riência na área, além de uma assessoria jurídica com esse
perfil. O segundo passo foi a criação e aprovação em As-
sembleia, por unanimidade, do Rol de Procedimentos por
Patologia Vascular (RPPV). Trata-se de um agrupamento
de códigos da tabela CBHPM por patologia, que aumenta
a valoração de nossas cirurgias, tanto arteriais quanto ve-
nosas. O terceiro passo foi levar ao Conselho Regional de
Medicina (Cremerj) este movimento e solicitar seu apoio,
que foi obtido prontamente, em reunião realizada com seu
Presidente, Dr. Sidnei Ferreira, no dia 14 de abril. O quarto
passo foi apresentar e discutir o RPPV com nosso Presi-
dente, Dr. Pedro Pablo Komlós, e colegas Presidentes de
Regionais. Agora, começamos a agendar reuniões com as
operadoras de planos de saúde.
Como se dará a implantação do Rol de Procedimentos
por Patologia Vascular? E como garantir que ele será de
fato cumprido?
A partir de agora, com muita tranquilidade e seguros de
que estamos no caminho certo, nos reuniremos separadamen-
te com cada operadora de planos de saúde para as negocia-
ções. Para garantir que o que for acordado seja cumprido, con-
tamos com nossa assessoria jurídica e com a colaboração de
cada associado, que deve nos manter informados sobre qual-
quer problema para que nossa Diretoria de Defesa Profissional
possa entrar em ação.
Quais as mudanças que a criação do Rol irá propiciar para as
Especialidades?
Esperamos que, muito em breve, obtenhamos ganhos
quanto à valorização da Especialidade e aumento dos honorá-
rios médicos. Mas gostaria de lembrar aos colegas que todas as
conquistas que, ao longo da história de nossas Especialidades,
foram alcançadas e também as futuras são fruto do trabalho
coletivo, e que sua manutenção também depende do empe-
nho de todos.
EspecialEspecial
32 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Defesa Profissional
Átila Brunet Di Maio Ferreira - Diretor de Defesa Profissional
Caros sócios,
Seguimos em nossa missão de defender a classe.
Isso se torna a cada dia mais difícil nesse país de
valores invertidos, mas não desistimos. Os últimos meses
têm sido de intensa presença junto ao Cremerj. Seja com
nosso Conselheiro, o representante da Câmara Técnica ou
com a Defesa Profissional nas (incontáveis) reuniões da
Comssu (Comissão de Saúde Suplementar), que se reúne
com representantes das operadoras em busca de nossas
bandeiras.
A pauta desse período consiste nos seguintes pontos:
1) Reajuste de 10% nas consultas, sendo a mínima de R$ 80,00;
2) Equiparação de valores de enfermaria x apto.;
3) Unificação das tabelas;
4) Pagamentos de honorários no prazo máximo de 30 dias;
5) Emissão de demonstrativos em papel e não apenas on-line (a
pedido de uma grande quantidade de colegas);
6) Honorários iguais para pessoa física e para pessoa jurídica
com característica de pessoa física;
7) Contratualização.
Além dos Diretores, faz-se presente o assessor jurídico
para Defesa Profissional, o qual nos tem sido extremamente
útil nas argumentações e conhecimento da lei. Há também
um melhor trabalho de divulgação da Especialidade, com
participações nas mídias tradicionais e nas redes mais
modernas.
Reforço a todos os sócios que passarem por uma
situação considerada injusta, que fira os princípios éticos
do bom exercício da Medicina e de nossa Especialidade,
que entrem em contato conosco por escrito. Assim,
poderemos intervir, apoiar, encaminhar para o Conselho
e buscar a solução mais justa para os casos. Vale
mencionar que recentemente estive na Assembleia de
Convênios deliberando, entre outros assuntos, sobre a
obrigatoriedade da TISS eletrônica, outra queixa frequente
dos colegas.
Passo a passo
‘‘Reforço a todos os sócios que
passarem por uma situação
considerada injusta, que fira
os princípios éticos do bom
exercício da Medicina e de
nossa Especialidade, que
entrem em contato conosco
por escrito.’’
Encerro minha palavra reforçando o pedido para que
participem. Seja em movimentos grandes da classe ou
enviando seus anseios individuais, assim estes podem ser
avaliados para ter reivindicação pela Sociedade e não pelo
colega sozinho que, muitas vezes, se constrange ou é acuado
pelo sistema.
Abraços a todos!
33Maio / Junho - 2014
Opinião
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira, Presidente da SBACV-RJ.
Pelo fim
do descompasso
O que muita gente já sabe é que existe uma enorme
disparidade entre os valores pagos pelas operadoras
de saúde e a complexidade dos procedimentos
vasculares, que envolve não apenas o tempo de dedicação
necessário para cada procedimento — entre o pré, o per e o pós-
cirúrgicos —, como também a constante atualização. Afinal,
a velocidade com que novos estudos trazem descobertas e
técnicas para tratamento das mais diversas patologias não
encontra precedentes.
A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
do Estado do Rio (SBACV-RJ)
acaba de iniciar uma luta em prol
de melhores honorários médicos.
Uma cirurgia vascular envolve
não apenas o ato cirúrgico, mas
também uma avaliação criteriosa
das condições do paciente. Além
disso, inclui a escolha precisa da
melhor técnica. Sem o uso do
verdadeiro arsenal de exames e
materiais específicos, unicamente
por critérios econômicos,
colocaríamos em risco a saúde do paciente.
Ninguém deseja condicionar a técnica cirúrgica a um cálculo
da operadora de plano de saúde. Pior ainda é ser encaminhado
para um cirurgião que não é o de sua escolha ou confiança, porque
este mantém acordo com a operadora, por conta de custos.
Como considerar justa uma negociação entre médicos
e operadoras? De um lado, um profissional sem formação
específica para discutir custos burocráticos, e com o receio de
ser descredenciado caso ‘desagrade’ à operadora. Do outro,
especialistas em custos, responsáveis por liberar ou não a
realização de um procedimento.
Por outro lado, não somos inocentes: sabemos que saúde
tem custos altos e que infelizmente acontecem abusos.
Compreendemos que, por falta de clareza, ou até mesmo por
se sentirem lesados nas negociações, alguns médicos não se
preocupam com a questão. Com isso, escolhem procedimentos
de custo mais alto, em detrimento da alternativa com menor
impacto financeiro e resultado satisfatório.
A SBACV-RJ, a exemplo de algumas poucas sociedades,
trouxe para si a responsabilidade de estabelecer o diálogo e
construir um relacionamento de transparência e confiança
com as empresas, que hoje são
responsáveis pelos pagamentos
dos serviços médicos prestados
a quase 40% da população
do Rio. Desenvolvemos o
Rol de Procedimentos por
Patologia Vascular. Trata-se do
agrupamento de códigos da
tabela recomendada por órgãos
como o Conselho Federal de
Medicina e a Associação Médica
Brasileira. O novo sistema
tornará mais ágil e transparente as negociações com as
operadoras. Para cada procedimento cirúrgico não haverá mais
a necessidade de negociação de cada etapa do tratamento. Isso
agilizará o processo e reduzirá o estresse das buscas isoladas por
autorizações para a conclusão do atendimento.
O rol foi discutido e aprovado por unanimidade em
assembleia da SBACV-RJ e recebeu apoio da diretoria do
Conselho Regional de Medicina do Rio. Agora estamos em
negociação com as operadoras para que o paciente receba o
melhor tratamento possível, com custos justos.
Fonte: Jornal O Dia, 25/06/2014.
“A SBACV-RJ, a exemplo
de algumas poucas
sociedades, trouxe para
si a responsabilidade de
estabelecer o diálogo...”
35Maio / Junho - 2014
Entrevista
Márcia Asevedo
A importância da mobilização
em prol da DefesaProfissional da classe
Q ual é o papel de cada entidade na construção de uma nova
realidade que envolva a valorização dos serviços prestados
dentro de uma Especialidade? É entendido que a organi-
zação de grupos afins gera mais visibilidade e força às causas defendi-
das, mas a função que cada um desempenha nestas conquistas deve
ser percebida individualmente. No caso da classe médica, cada profis-
sional deve perceber o quanto é valiosa sua participação na luta para
alcançar condições dignas de trabalho. A SBACV-RJ faz parte do gru-
po das entidades que têm consciência da força do conjunto e busca, a
cada ação, a valorização do trabalho de seus Especialistas.
O Rol de Procedimentos por Patologia Vascular representa
uma iniciativa importante no empenho pela valorização da clas-
se e deve ser entendido como parte de uma grande luta, que en-
volve ainda outras frentes de batalha e a participação de outras
entidades que pleiteiam as causas médicas. Em entrevista para
a Revista da SBACV-RJ, a Dra. Márcia Rosa de Araújo, Conse-
lheira do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de
Janeiro, fala um pouco de sua percepção do trabalho de Defesa
Profissional realizado pela Regional do Rio e o papel do Cremerj
na luta junto às Sociedades de Especialidades Médicas.
Dra. Márcia Rosa de Araújo Coordenadora da Comissão de Saúde Suplementar (Comssu) e Conselheira do Cremerj; Cirurgiã Plástica e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC)
O importante é a Sociedade
estar à frente das
negociações específicas
da própria Vascular.
Ass
esso
ria
do C
rem
erj
36 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Entrevista
a sBaCV-RJ tomou a iniciativa de organizar o Rol de Procedi-
mentos por Patologia Vascular. Em sua opinião, a criação do
Rol pode gerar reconhecimento do serviço médico prestado
pelos Angiologistas e Cirurgiões Vasculares?
Pode ter reconhecimento, mas eu acho que alguns planos po-
dem não se sensibilizar com isso. Por uma questão de custo,
como eles dizem. Então, o importante é a Sociedade estar à
frente das negociações específicas da própria Vascular. Mas
eu acho que a iniciativa das Sociedades é importante para que
os procedimentos específicos da área possam ser valorizados
e otimizados, de acordo com cada característica. Esse tipo de
trabalho deve ser conduzido pela própria Sociedade por causa
da correção de valores que, muitas vezes, estão congelados
por algum tempo. Pelo que eu vi do Rol da Cirurgia Vascular,
acho interessante. Mas a participação dos convênios é muito
importante para que se possa ter um acordo e não uma dispu-
ta acirrada. Tem que haver uma conversa muito tranquila para
que as coisas não fiquem no papel somente, para que possam,
efetivamente, ser adotadas pelas operadoras. Considero que
foi uma iniciativa positiva.
A criação do Rol pode fortalecer a luta pelos honorários médicos?
Eu acredito que sim, porque, na realidade, são questões espe-
cíficas da Especialidade. Eu não tenho informação, porque eu
não sou da AMB, se foram modificados procedimentos ou se
foram agregados. Qualquer iniciativa de uma Sociedade para
congraçar os seus sócios em torno da Defesa Profissional, eu
acho que são válidas.
De que forma a SBACV-RJ e as demais Sociedades de Espe-
cialidades podem contar com o Cremerj nessa luta pela valo-
rização médica?
O Conselho tem participado de lutas específicas de Sociedades,
por meio do Comssu, anualmente e em períodos críticos de mo-
bilização. Existe uma parceria de décadas. Temos participado
aqui no Rio de Janeiro de todas as negociações com operadoras,
que são feitas anualmente enquanto não existir uma lei que ga-
ranta o reajuste anual dos honorários, um contrato definido dos
médicos com as operadoras. Há uma lei tramitando, e nós esta-
mos aguardando a sanção da Presidente Dilma, que garante o
reajuste anual de honorários. Houve pressão da ANS para impe-
dir a lei, mas nós conseguimos reverter a iniciativa da Agência.
Agora só falta a sanção da Presidente.
A Conselheira do Cremerj se refere ao Projeto de Lei 6.964/10,
que visa a garantir reajustes anuais aos médicos que prestam
serviços às operadoras de planos de saúde. O mesmo torna
obrigatória a existência de contratos escritos entre as opera-
doras de planos de saúde e os profissionais de saúde (pessoa
física) ou os estabelecimentos de saúde (pessoa jurídica). Pre-
vê a periodicidade anual para reajuste dos valores dos serviços
prestados por esses profissionais.
Fonte: Site da FENAM.
“não haverá avanços na nossa carreira sem a mobilização dos
médicos. Temos que apontar os verdadeiros rumos da Saú-
de Pública.” a Dra. deu essa declaração em agosto de 2012,
quando era Presidente do Cremerj. Como a Dra. vê hoje a mo-
bilização dos médicos nos avanços da carreira com relação à
Saúde Pública?
Em uma sociedade capitalista, onde há predominância do lu-
cro, por proteção de uma política de Saúde ou uma política
de Educação, tem que haver pressão. Não só das Sociedades,
mas também das categorias que estão envolvidas nessa po-
lítica. É preciso ter um plano de carreira de Estado, principal-
mente para o médico de saúde da família e sua equipe, para
fixá-los em locais de difícil provimento – no interior, nas áreas
periféricas e de difícil acesso – para ele ter a perspectiva de
um trabalho seguro, sem ficar na dependência de um prefeito
que de repente pare de pagar ou demita este profissional. O
médico, muitas vezes, pode ter se locomovido para um local
mais distante com sua família e ficará desamparado. Então,
para isso a gente precisa ter mobilização, para disputar junto
aos projetos de governo tanto da situação quanto da opo-
sição, mostrar que os médicos têm projetos que podem ser
realizados para ter uma proposta estruturante do SUS. Não
adianta ter hoje o programa “Mais Médicos”, que vai durar
três anos, se não houver a programação de uma estruturação
para o futuro. Nós, médicos, temos propostas, mas sabemos
que precisamos nos mobilizar, e pressionar, para que essas
propostas sejam ouvidas. Na realidade, acredito que essa
questão de carreira de Estado já está sendo aceita por alguns
Deputados e partidos políticos. Acredito que se nós tivermos
mobilização, uma pressão, a gente consegue, pelo menos
nessa situação, ver uma fixação desses médicos de programa
de saúde da família, e suas equipes, em locais de difícil provi-
são, porque ajuda nessa estruturação do SUS.
38 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Luciana Julião
Sangue novo
na Sociedade
No último dia 31 de maio, a Sociedade Brasileira de
Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro
ganhou, de uma só vez, 54 novos sócios que, antes
mesmo de se tornarem Especialistas, passam a integrar a
Sociedade, fortalecendo-a ainda mais. Os novos membros
são Residentes que receberam seus certificados de Sócios
Aspirantes graças a uma parceria entre a SBACV-RJ e a Aché,
que juntos bancaram os custos das anuidades.
“Durante o momento de formação profissional,
participar da Sociedade é entrar pela porta da frente da
Especialidade. Você cria um vínculo, um elo, que você leva
para o resto da vida, então quanto mais cedo, melhor”,
avalia o Presidente da Regional, Dr. Julio Cesar Peclat de
Oliveira. Para a Diretoria da SBACV-RJ, foi gratificante
constatar o interesse dos novos profissionais em relação
ao projeto: 100% dos Residentes do Rio de Janeiro
demonstraram vontade de participar da Sociedade. “E
essa é a nossa obrigação: despertar esse interesse na nova
geração da Cirurgia Vascular para que a Especialidade
cresça e alavanque cada vez mais o interesse de outros
colegas, de outras Especialidades, do poder público”,
afirma Dr. Peclat.
Os certificados foram entregues durante a 549ª Reunião
Científica da Regional, realizada no Hotel Windsor Barra. “O
objetivo da Sociedade é investir nos sócios, estimular os novos
Residentes que estão entrando, estimular também os colegas
mais antigos na Regional, e fazer essa mescla”, afirma o
Presidente da Regional, apontando como o próprio programa
da reunião sintetizava essa integração entre gerações: “Hoje
vamos ouvir o Dr. Paulo Roberto Mattos da Silveira, que tem
muita experiência na área, o Dr. Hermógenes Petean Filho e,
de uma geração mais nova, o Dr. Marcello Capela Moritz, e
todos têm muito a nos ensinar”.
Espaço Residente
O Dr. Paulo Roberto abriu o evento, com uma aula de atualização
e reciclagem sobre Aspectos Semiológicos das Doenças Vasculares, e
seguiu sua apresentação com uma discussão interativa com a plateia
sobre Casos Clínicos Venosos. Na sequência, Dr. Petean apresentou
o tema Acessos Vasculares para Hemodiálise: Opções Terapêuticas
Atuais. Depois de um coffee break, foi a vez do Dr. Moritz fazer sua
apresentação sobre O Uso do Laser no Consultório. O evento se
encerrou com um almoço de confraternização entre os sócios.
39Maio / Junho - 2014
Valorização dos novos profissionais
A preocupação em agregar as novas gerações de Angiologistas
e Cirurgiões Vasculares não é uma novidade na SBACV-RJ. A
primeira parceria com a Aché para trazer os Residentes para a
Sociedade foi firmada no primeiro ano da gestão do Dr. Carlos
Eduardo Virgini. Este ano, sob o comando do Dr. Peclat, o projeto
foi retomado. A Aché pagou os 50% das anuidades destinados à
Nacional, e a Regional abriu mão de seus 50%.
“A gente sabe que nessa fase da carreira a questão financeira
pesa, e a parceria com a Aché permite que isso deixe de ser um
problema para o Residente”, avalia o Secretário-Geral da Regional,
Dr. Sergio S. Leal de Meirelles, que enumera as vantagens dos
sócios: congraçamento, acesso a publicações científicas, descontos
em inscrições de congressos, auxílio jurídico, Defesa Profissional,
entre outros. “A Sociedade está ocupando espaços e o Especialista
que não participa dela perde uma grande chance de contar com um
apoio gigantesco de sócios, que como ele, lidam com os mesmos
problemas, têm a mesma luta”, conclui Dr. Sergio.
Enquanto assistiam às apresentações, antes da entrega dos
certificados, os novos sócios pareciam felizes de passar a integrar
essa “grande família Vascular”. Para o R2 do HCPM, Thiago Marques
Coelho, participar da Sociedade, uma instituição com tanta tradição,
é importante desde o início da carreira. “Na Sociedade, você tem o
reconhecimento dos colegas, e participar junto com eles é sempre
bom, porque a gente acaba trocando informações sobre as inovações
que vêm acontecendo na nossa área, que são muitas”.
Para o Gerente de Produtos da Aché, Ricardo Ebel, essa
parceria representa bem a cultura da empresa de proximidade
com a classe médica para além das ações comerciais. “A gente
percebe que a Socidade dos Vasculares tem uma postura
diferente: um contato muito maior entre a Diretoria e os sócios,
uma relação com os laboratórios que não é apenas comercial,
mas um desejo de construir juntos uma realidade nova. Por
tudo isso, é um motivo de orgulho para a Aché poder propiciar a
entrada desses novos sócios na entidade”, afirma ele.
Além da gratuidade no ingresso na Sociedade, a atual
Diretoria tem feito outras ações para valorizar os Residentes.
“Esse grupo novo participou gratuitamente do Encontro
Carioca, e foi um sucesso, tanto que o evento teve recorde de
público”, lembra o Presidente da Regional. Também partiu
dessa Diretoria a proposta, aceita na última Assembleia da
Nacional, de redução das anuidades dos Residentes, não só de
Angiologia e Cirurgia Vascular, mas também de Cirurgia Geral
e Clínica Médica. A partir de 2015, esses novos sócios pagarão
apenas 25% da anuidade, que é de um salário mínimo.
Sábado produtivo
Ao ser realizada num sábado, a 549ª Reunião Científica da
Regional cumpriu ainda outra função: prestigiar os Angiologistas
e Cirurgiões Vasculares do interior do estado. “Além das reuniões
regulares, às quintas-feiras, vamos realizar uma reunião por
semestre aos sábados, para que os colegas do interior possam
vir”, destaca Dr. Peclat. A valorização dos Especialistas de
fora da capital era parte da plataforma de campanha da atual
Diretoria, que este ano ainda realizará mais uma reunião fora de
sede. Além das tradicionais reuniões de Itaperuna, no primeiro
semestre, e de Penedo, no segundo, a SBACV-RJ fará mais uma
reunião fora de sede, em Niterói, também no segundo semestre.
Os esforços da Sociedade para aprimorar as reuniões científicas
têm sido grandes, mas o crescimento do evento depende do
comprometimento individual dos sócios. “Veja que programa
interessante, e o esmero na organização, com coffee break,
almoço, hotel reservado, estacionamento pago. Mas o número de
participantes ainda é baixo para uma população de mais de 600
sócios”, avalia Dr. Sergio Meirelles. O Secretário-Geral da Regional
admite que não é possível comparecer a todas as reuniões, mas
convida os sócios a se organizarem para que possam participar de
ao menos algumas reuniões ao longo do ano.
Com uma participação maior, a tendência é de que o evento
fique cada vez melhor. Fica aqui, então, o convite da Diretoria. A
próxima Reunião Científica da Regional será fora de sede, no dia
26 de julho, em Itaperuna.
Ace
rvo
SBA
CV-R
J
Novos sócios Residentes que passam a integrar a Sociedade.
41
Listagem dos novos SóciosAspirantes
Raymond Jabra Jacoub Fevereiro
Marcelo N. Serafin Abril
Marcus Antonio Vieira Siqueira Abril
Ricardo Francisco de Castro Abril
Alessandra Brasil Fanzeres Martins Junho
Alessandra Colalares da Motta Junho
Aline Maria Yamaguti R. Paes da Silva Junho
Ana Paula Alves Goes Brand Junho
Andres Humberto Mego Bayona Junho
Barbara Beatriz Couto Ruivo Junho
Bernardo Dalago Ristow Junho
Bernardo Santos de Souza Junho
Carla de França Gonçalves Junho
Carla Lopes Pessoa de Miranda Ceglias Junho
Carlos Roberto Simonetti Filho Junho
Celina Andrea Freitas do Rosário Junho
Daniel Giani Marcos Dias Junho
Davi Douglas Heckemann Junho
Diego Mundin Junho
Erik de Alvarenga Salem Sugu Junho
Fabio Fortes Bonafé Junho
Felippe Luis Guimarães Fonseca Junho
Fernanda Bessa Juliano Gaicher Junho
Fernanda Penza Cunha Adami de Sá Junho
Fernando Martins de Souza Junho
Fernando Tebet Ramos Barreto Junho
Gabriela Babo Torres dos Santos Junho
Guilherme de Souza Campos Junho
Gustavo Fraiha Pegado Junho
Hélder Vilela de Oliveira e Silva Junho
Ítalo Almeida Campo Dallorto Junho
João Marcos Fonseca e Fonseca Junho
José Augusto de Pires de Freitas Junho
Joyce dos Reis Ribeiro Teixeira Junho
Juliana Rodrigues da Silva Freitas Junho
Lidiane Luiz Damásio da Silva Junho
Livia Ramos Silva Carvalho Junho
Luana Gouveia Rio Rocha do Carmo Junho
Lucas Rocha da Costa Filho Junho
Manoel Aguiar Fenelon Junior Junho
Remidos
Ney Abrantes Lucas Fevereiro
Efetivos
Moacir Aurélio da Cunha Amorim de Souza Fevereiro
Bruno Miana Caiafa Abril
Ronaldo Miguel Carvalho Abril
Thiago Azevedo Rocha Abril
Títulares
Marcus Humberto Tavares Gress Fevereiro
Felipe Francescutti Murad Maio
Gina Mancini de Almeida Maio
João Roberto Chaves de Almeida Maio
Leonardo Silveira de Castro Maio
Maria de Lourdes Seibel Maio
Pedro Nicolau Pedro Maio
Plenos
Esmeralda Alinson Aparcana Canales Abril
Gustavo Petorossi Solano Abril
Marcello Louzada Quintella Freire Junho
Marcos Paulo Britto de Oliveira Junho
Mariana Chrispim Junho
Marina Menezes Lopes Junho
Nastassja S. Mendes e Souza Junho
Nathan Aquino de Liz Junho
Nivea Teresa de Toledo Lins Junho
Paulo de Tarso Araújo Martins Junho
Paulo Ronaldo Bohrer Monteiro Junho
Pedro Pasetto Junho
Pietro Sandri Junho
Rivaldo José Melo Tavares Junho
Rodrigues de Rezende Teixeira Maciel Junho
Sergio Antonio de Sousa S. Correa Junho
Thiago de Souza Cabral Junho
Thiago Marques Coelho Junho
Vanessa Franco Ferreira Coutinho Junho
Vinicius Nicoláo Capacia Junho
A SBACV-RJ parabeniza os seus novos Sócios. Sejam bem-vindos.
42 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Informangio
Márcia Asevedo
Arno von Ristow
recebe comenda honrosa
Foi com a postura de um homem comprometido com o
bem-estar do outro, que dedicou uma carreira de mais
de 40 anos ao serviço da Medicina, que o Dr. Arno von
Ristow foi reconhecido publicamente no último dia 26 de maio,
no plenário Barbosa Lima Sobrinho, na Assembleia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro, ao receber a Medalha Tiradentes.
A condecoração é considerada uma das mais importantes do
Estado do Rio de Janeiro.
No auditório, a família, alunos, amigos e companheiros
de profissão prestigiaram a entrega da comenda pelas mãos
do Deputado Estadual Gerson Berger, que foi quem indicou o
Especialista para receber a Medalha. Segundo o Deputado, a
merecida homenagem foi pela contribuição do Cirurgião em prol
da Medicina no Brasil e no mundo. Como principal motivação
para indicação da Medalha Tiradentes, o Deputado explica: “Ele
é um grande homem e trabalhou muito em sua Especialidade
pelo bem do ser humano. Dr. Arno é um homem que prega o
amor aos outros como a si próprio”.
Também estiveram presentes autoridades como o Dr. Julio
Cesar Peclat de Oliveira, Presidente da SBACV-RJ, Dr. Pietro
Novellino, Presidente da Academia Nacional de Medicina, e
o professor Dr. Ruy Garcia Marques, Presidente da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O
Presidente da SBACV-RJ representou a Sociedade e comemorou
a homenagem: “A Sociedade fica muito honrada por ter um
membro nosso, e membro também da Academia Nacional
de Medicina, recebendo a maior honraria do Estado, que é a
Medalha Tiradentes”. O Dr. Julio falou ainda da importância,
para a Sociedade, da homenagem a um Cirurgião Vascular do
porte do Dr. Arno, que representa a Especialidade. “Esperamos
que com isso, de fato, a Saúde Pública do nosso Estado seja, de
alguma forma, também lembrada e beneficiada através desse
pequeno gesto de carinho e gratidão do Deputado Gerson
Berger para com o Dr. Arno”, completa.
Sobre a sensação de receber uma homenagem tão
importante, o Dr. Arno von Ristow analisa: “O sentimento é
de uma profunda emoção. Essa é uma comenda que é dada
em reconhecimento de serviços prestados ao Estado do Rio de
Janeiro, especificamente à cidade do Rio de Janeiro, onde eu
desenvolvi toda a minha atividade profissional. Inclusive, é uma
alegria muito grande saber que tenha sido por unanimidade
entre os Deputados, o que para mim foi surpresa. Este é o
reconhecimento de nossa Especialidade perante o poder público
estadual, o que é muito importante”.
Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira e sua esposa, Dra. Paula; Dr. Arno von Ristow e sua esposa, Ana Augusta.
Dr. Arno von Ristow recebendo comenda honrosa das mãos do Deputado Estadual Gerson Bergher e da sua esposa, Vereadora Teresa Bergher.
Foto
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43Maio / Junho - 2014
A concessão da Medalha Tiradentes é destinada a premiar
personalidades que tenham prestado relevantes serviços à
causa pública. Foi instituída por ocasião das comemorações do
bicentenário da Inconfidência Mineira, em 21 de abril de 1989,
representando um marco histórico do Poder Legislativo do
Estado do Rio de Janeiro. É importante ressaltar que o primeiro
Cirurgião Vascular a receber a Medalha Tiradentes foi o Dr.
Antônio Luiz de Medina.
É uma imensa honra para a Sociedade Brasileira de
Angiologia e de Cirurgia Vascular estar presente nesta
merecida homenagem a um de nossos membros mais
ilustres e renomados, tanto no cenário nacional quanto
internacionalmente. O Dr. Arno, em seus 40 anos de atividade
como Cirurgião Vascular, se tornou uma referência para
gerações de Cirurgiões em início de carreira e inspirou estes a
conhecerem mais profundamente a Especialidade, a Cirurgia
Vascular, que certamente é uma das mais difíceis e ao mesmo
tempo uma das mais gratificantes de toda a Cirurgia.
Lidamos com pacientes de todas as faixas etárias, com
doenças crônicas, como, por exemplo, a aterosclerose, mais
comum nos pacientes acima dos 50 anos, e lidamos também
com o trauma, epidemia que mata e mutila até hoje inúmeros
jovens de nossa sociedade. Foi em meu quinto ano de faculdade,
assistindo o Dr. Arno operar um aneurisma de aorta abdominal,
que decidi fazer Cirurgia Vascular para o resto de minha vida.
Imaginem os Senhores o que representa para mim tê-lo como
nosso Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de
Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro.
Discurso do Dr. Julio Cesar Peclat na cerimônia de entrega da Medalha Tiradentes ao Dr. Arno von Ristow
Entre tantos trabalhos realizados pelo Dr. Arno e sua equipe
na Cirurgia Vascular nestes últimos 40 anos, podemos destacar
inúmeras publicações científicas, além de sua inestimável
contribuição ao tratamento da doença cerebrovascular, na cirurgia
para salvamento de membros e no tratamento do aneurisma de
aorta abdominal e torácico. Contabilizando um número inimaginável
de aproximadamente 20 mil cirurgias. Estamos falando de vidas
salvas quando muitas vezes só existia uma chance.
Em sua brilhante carreira também dentro da SBACV, podemos
destacar, entre vários cargos, a sua participação durante mais de dez
anos na banca do concurso de Especialista em Cirurgia Endovascular,
Diretor Científico da SBACV-RJ e atualmente a Vice-Presidência da
SBACV-RJ. Para finalizar, em todas as oportunidades que eu tive
até o momento, enquanto presidente da SBACV-RJ, eu homenageei
o meu amigo e mestre, Dr. Arno. Pode parecer exagerado, mas
segundo o poeta Jean de la Bruyere, “não há no mundo exagero
mais belo que a gratidão”. Em nome da SBACV-RJ, agradecemos
esta Casa, na pessoa do Deputado Gerson Bergher, pela inestimável
homenagem. E agradecemos ao Dr. Arno por todo o seu trabalho e
lhe desejamos uma vida longa e produtiva.
Da esquerda para a direita: o pai e a esposa do homenageado, Dr. Arno von Ristow, Deputado Estadual Gerson Bergher, Vereadora Teresa Bergher, D’r. Pietro Novellino e Dr. Julio Cesar Peclat de Oliveira.
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soal
O Congresso Internacional de Cirurgia Endovascular,
CICE, já se consolidou como o evento líder no
segmento endovascular no Brasil e América Latina,
sendo reconhecido por seu importante papel na divulgação e
consolidação do conhecimento teórico e prático da Especialidade.
Mas esse ano o evento foi além das expectativas e, em sua
11ª edição, que ocorreu entre os dias 23 e 26 de abril, em São
Paulo, realizou um feito histórico: reunir pela primeira vez, numa
mesma sessão, os três maiores e mais importantes inventores de
materiais usados em Cirurgia Endovascular do mundo: os Drs.
Nikolay Leontyevich Volodos, Juan C. Parodi e Thomas J. Fogarty.
O programa do evento já anunciava: “inédito – sensacional
– imperdível”. E tamanho entusiasmo não era sem razão. Os
Especialistas, além de agendas sempre corridas, têm algumas
discordâncias que sempre impediram o encontro. Mas no CICE
2014 eles estiveram juntos, numa sessão realizada no dia 23 de
abril, cujo tema era “A história da revolução endovascular: os
pioneiros e o poder de suas invenções”.
O primeiro a fazer sua apresentação foi o Especialista russo Dr.
Nikolay Leontyevich Volodos, que falou sobre o desenvolvimento
das endopróteses na extinta União Soviética na década de 80. Na
Informangio
Luciana Julião
Encontro inédito
sequência, foi a vez do argentino Dr. Juan C. Parodi, que tratou do
tema “A concepção e o desenvolvimento do EVAR: como isso mudou
tudo na Cirurgia Vascular?”. O último a falar foi o Dr. Thomas J. Fogarty,
com sua palestra “165 patentes e o seu impacto sobre o curso da
Cirurgia Endovascular”. Ao fim de cada apresentação, o palestrante era
homenageado pelos seus relevantes serviços prestados à Especialidade.
O nome do Dr. Parodi está diretamente ligado às endopróteses
na correção de aneurismas de aorta abdominal, das quais ele
se diz o inventor. Ocorre que o Dr. Volodos clama para si esse
pioneirismo, afirmando ter lançado a endoprótese 10 anos antes.
O feito, apesar de publicado, não teria sido divulgado no mundo
ocidental por conta de problemas com a “Cortina de Ferro”. Os
dois, portanto, disputam a “paternidade” das endopróteses.
“Acredito que os dois tenham razão, o Dr. Volodos tenha feito
os primeiros materiais, mas nós não ficamos sabendo, porque
não tivemos acesso a essas informações. Eu particularmente
vim a ter notícia de endoprótese para aneurisma da aorta a
partir dos trabalhos do Dr. Parodi em 1993”, analisa o Diretor de
Publicações Científica da SBACV-RJ, Dr. Marcio Arruda Portilho,
recordando o congresso da Society for Vascular Surgery, em
Washington, em 1993, onde o Dr. Parodi apresentou o 10º caso
44 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
auditório do sheraton são Paulo, durante a realização do CiCE 2014.
Ass
esso
ria
SBA
CV
45Maio / Junho - 2014
feito, mostrando ao mundo a nova técnica.
Sem menos importância, o Dr. Thomas J. Fogarty é o
responsável pela idealização, entre suas muitas invenções, do
cateter que leva o seu nome e que representou uma revolução
na Especialidade. Mesmo antes de a cirurgia ser chamada
de endovascular, o cateter de Fogarty foi talvez o primeiro
instrumental usado dentro de uma artéria, através de uma
punção ou uma disecção a distância, e é utilíssimo até hoje.
O CICE 2014, portanto, entra para a história da Especialidade
ao promover o encontro inédito entre essas três mentes
brilhantes, responsáveis, em grande parte, pela “revolução
endovascular” do nosso tempo. Os Drs. Juan Parodi, Thomas Fogarty, Armando Lobato (Presidente do CiCE), nikolay Volodos e Pedro Pablo Komlós (Presidente da sBaCV).
Ass
esso
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SBA
CV
Diretoria do SINMEDRJ e representantes das Sociedades Médicas
Arquivo pessoal
Aline Ferreira
SBACV-RJ participa de Reunião
no Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro
No dia 16 de junho, a SBACV-RJ, representada pelo Dr.
João Augusto Bille, participou, juntamente com outras
Sociedades Médicas, de uma reunião promovida
pela Diretoria do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro
(SINMEDRJ). Na ocasião, os presentes discutiram assuntos
pertinentes à classe, como os adicionais de insalubridade,
periculosidade e aposentadoria especial para os médicos que
trabalham com irradiação.
Durante a reunião, foi decidido que o Departamento Jurídico
do Sindicato irá se responsabilizar por elaborar um conjunto de
normas baseadas nos pontos tratados no dia. Estas normas serão
então enviadas às Sociedades Médicas para que possam analisar
e dar suas opiniões. Ao fim deste processo, será marcado um
novo encontro para que todos possam, juntos, fechar o Projeto
que será enviado para o Governo Federal.
Para o Dr. João Augusto, a reunião foi fundamental para dar
o primeiro passo, mas é preciso que os membros das Sociedades
participem e apoiem. “A reunião foi produtiva e a expectativa
é que consigamos alcançar as nossas metas. Aproveito para
reforçar aqui o pedido a todos os sócios de que participem dessas
reuniões. Assim será possível levar esse movimento ainda mais
forte para brigarmos judicialmente perante o Governo Federal”.
46 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Informangio
A Regional realizou, no dia 12 de abril, com o grupo
Baldacci, a segunda edição do Churrascopa Capilarema
e SBACV-RJ. O Evento, que teve uma média de 50
participantes – entre membros da Diretoria, sócios, familiares
e a equipe da Baldacci –, aconteceu de 9h30 as 15h00, no Rio
Sport Center, na Barra da Tijuca.
Segundo o Diretor de Eventos da Regional, Dr. Breno Caiafa, a
Churrascopa tem dois objetivos centrais: integrar os sócios por meio
da promoção do relacionamento interpessoal dos mesmos com
a Direção Executiva da Regional e incentivar a prática desportiva,
motivando um estilo de vida mais saudável que previna doenças.
“Queremos ver os sócios saudáveis, felizes e unidos! A SBACV-RJ
se preocupa não somente com o exercício profissional, mas com a
formação de indivíduos solidários e cooperativos, preparados para
uma sociedade mais harmoniosa. E a atividade esportiva e eventos
como esse são importantes para alcançar isso”, ressaltou.
Na ocasião, os membros da Sociedade puderam desfrutar
de duas horas de futebol, na partida SBACV-RJ x Baldacci. O
resultado foi uma vitória do time da Sociedade no campo e na
gestão participativa que a atual gestão propõe. Após o jogo, foi
servido um churrasco, com direito à música ao vivo e sorteio, no
final do dia, de camisas da Seleção Brasileira de futebol.
De acordo com o Dr. Breno Caiafa, a Regional está
negociando com o laboratório Baldacci para que ocorra, ainda
Times SBACV-RJ x Baldacci.
Foto
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J
II Churrascopa Capilarema
e SBACV-RJ
47Maio / Junho - 2014
Errata
Reunião da Diretoriada SBACV-RJ
este ano, uma nova edição do Churrascopa em comemoração
ao final do primeiro ano de gestão do Dr. Julio Cesar Peclat de
Oliveira. O Diretor de Eventos adiantou que a ideia é que o
evento faça parte do calendário anual da SBACV-RJ.
Na matéria Especial “XXVIII Encontro de Angiologia e de Cirurgia
Vascular do Rio de Janeiro: sucesso recorde”, publicada na edição
passada (nº II, Março/Abril 2014), o médico que aparece na foto da
página 36 ao lado do Dr. Marcos Arêas Marques é o Dr. Francisco João
de Deus Sahagoff Gomes, e não o Dr. Armando Lobato. Na mesma
matéria, na página 46, na terceira foto, o mesmo equívoco se repete.
Solicitando desculpas, reparamos aqui a legenda das fotos.
Drs. Carlos Clementino dos Santos Peixoto, Sergio S. Leal de Meirelles eArno von Ristow; a Superintendente da SBACV-RJ Neide Miranda e os Drs. Marcio Arruda Portilho, Marcos Arêas Marques e Dr. Francisco João de Deus sahagoff Gomes.
Drs. Francisco João de Deus sahagoff Gomes, andrej schmidt, Julio Cesar Peclat de Oliveira e Sergio S. Leal de Meirelles.
Participantes do Churrascopa foram brindados até com showde música ao vivo.
Evento promoveu relacionamento e prática desportiva saudável.
Menbros da Diretoria SBACV-RJ.
Foto
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No Dia 07 de julho, os membros da Diretoria da SBCV-
RJ se reuniram a fim de definir, entre outros pontos,
os últimos ajustes do 41ª Congresso Brasileiro de
Angiologia e Cirurgia Vascular que acontece em outubro de
2015. Na ocasião, os presentes decidiram, por unanimidade, que
o evento será realizado no Pier Mauá.
48 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
49Maio / Junho - 2014
Memória Vascular
Antônio Luiz de Medina:o Cirurgião Vascular quededicou a vida ao engrandecimento
da Medicina no país
“Sabemos que a vida só pode
ser compreendida olhando-
se para trás, mas só pode
ser vivida olhando-se
para frente.” Dr. Antônio Luiz de Medina
50
Na manhã do dia 02 de junho, a SBACV-RJ perdeu um de seus mais queridos membros e um
dos Cirurgiões Vasculares mais renomados do país, o Professor Dr. Antônio Luiz de Medina,
emérito e primeiro membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular a
assumir a Presidência da Academia Nacional de Medicina.
Baiano, nascido em 14 de outubro de 1928, Dr. Medina veio cedo para o Rio de Janeiro. Em 1946,
foi aprovado em 27º lugar no vestibular da Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil
(atual UFRJ), onde se formou em 1952.
Entre os anos 1949 e 1952, foi estagiário da 13ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, sob a
orientação do grande mestre Dr. Darcy Monteiro, tendo no último ano conhecido o Dr. Paulo Samuel
Santos – pioneiro da Cirurgia Vascular no Rio de Janeiro –, que o introduziu na Especialidade, na época
ainda incipiente.
Em 1953, o Rio de Janeiro ainda era a capital da República, e Dr. Medina foi nomeado médico da
Prefeitura do então Distrito Federal, trabalhando no antigo Hospital de Pronto Socorro, hoje Souza
Aguiar. Na Santa Casa, no HPS e no Hospital São Francisco de Assis, auxiliou e aperfeiçou-se com Pau-
lo Samuel e outros pioneiros, sempre sob o olhar atento de médicos dedicados à Angiologia, como
Sydney Arruda, Georges Charles de Lemos Cordeiro e Orlando Brum.
Em 1959, foi nomeado responsável pelo Departamento de Doenças Vasculares Periféricas da 3ª
Clínica Cirúrgica do Hospital Pedro Ernesto - atual Hospital de Clínicas da Uerj — onde estreitou seus
laços com pioneiros como Algy de Medeiros, Amélio Pinto Ribeiro e Paulo Roberto Mattos da Silveira.
É dessa época seu conhecimento com Michael E. DeBakey, de quem se tornaria admirador e amigo,
assim como com Luiz Edgar Puech-Leão e Helênio Coutinho.
Foi também Chefe do Serviço de Angiologia do mesmo hospital (1961-67); Chefe do Serviço
de Cirurgia Vascular do Hospital do Iaserj (1967-92); Assessor Especial de Saúde da Prefeitura do
Rio de Janeiro (1991-92) e Secretário de Estado de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (1995-96).
Dr. Medina era ainda Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões; “Fellow” do Colégio
Americano de Cirurgiões; Membro Titular da Academia Nacional de Medicina desde 1988, onde
foi Presidente da Secção de Cirurgia (no biênio 1993-1995); e Presidente da própria instituição
entre os anos de 2005 e 2007.
Foi casado com Carmem Medina, teve seis filhos, três netos e duas bisnetas. Além do exercício
da Medicina, lecionar era uma das grandes realizações da sua vida. O Dr. Antônio Luiz de Medina era
Titular do curso de Pós-Graduação em Cirurgia Vascular e Endovascular da PUC-RJ desde 1979. Como
professor, formou 43 residentes e 98 Pós-Graduados em Cirurgia Vascular, distribuídos por todo o
Brasil e vários outros países.
Como acadêmico, recebeu as seguintes condecorações: as medalhas José Bonifácio da UERJ; Ti-
radentes, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro; do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de
Janeiro; de Mérito D. João VI da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro; da Ordem do Mérito René
Fontaine em Cirurgia Vascular; Paulo Samuel Santos – Cirurgia Vascular; Clementino Fraga, do Go-
verno do Estado do Rio de Janeiro; a Espátula do Núcleo Central do Colégio Brasileiro de Cirurgiões;
a insígnia da Inconfidência do Governo do Estado de Minas Gerais; o Diploma de Honra ao Mérito do
Colégio Brasileiro de Cirurgiões; e a Medalha da Academia Portuguesa de Medicina.
Durante sua vida profissional, o Dr. Antônio Luiz de Medina fez no exterior seis cursos de Pós-
-Graduação em Cirurgia Vascular, organizou 16 cursos de Atualização e Pós-Graduação, ministrou 185
aulas em cursos e simpósios, participou de 47 congressos como membro, participou como Moderador
Relator ou Professor convidado em 121 congressos apresentou 90 trabalhos em congressos, publicou
32 trabalhos em revistas nacionais e estrangeiras e foi o primeiro Cirurgião Vascular a se imortalizar
na Academia Nacional de Medicina.
A este que foi, sem dúvida, um exemplo de dedicação à Medicina, seus pares deixam as seguin-
tes mensagens:
Memória Vascular
51Maio / Junho - 2014
“Medina, médico, amigo e conselheiro pessoal. Como sempre lhe dizia, era um dos poucos conhe-
cidos do Oiapoque ao Chuí como Vascular. Tinha uma grande sensibilidade clínica, por isso eu lhe dizia
que era um Clínico-Cirurgião, porque como poucos tratava o doente, não só a lesão. Fará muita falta nas
nossas caminhadas na praia no Leblon.”
Dr. E. Rosalvo da Costa
“Dr. Medina foi uma pessoa que se dedicou muito à profissão, foi Chefe de vários Serviços, fez uma
carreira pública. Mas tudo isso é secundário diante do maior legado que ele deixou: a grande quantidade
de pessoas que trabalharam e puderam aprender com ele. Foram mais de 150 pessoas, das quais ele
participou da formação como Cirurgiões Vasculares. São muitos médicos, do Rio de Janeiro e do Brasil
inteiro, que formam uma grande escola de sucessores; muitos já são líderes em seus Serviços e fazem
seus sucessores, o que torna ainda maior o legado que o Medina deixou para a posteridade. Mas, mais
do que seus conhecimentos médicos, ele passou a todos sua humanidade, seu exemplo de conduta, de
ética, mostrando como lidar com os colegas e com os pacientes. Ele era um homem muito cordato, um
grande mediador, mas sem deixar de ser firme e direto. Como médico, era também um profissional sem-
pre a favor da inovação, autorizando que fizéssemos novos procedimentos, desde que fossem favorecer
os pacientes. Dr. Medina foi um grande exemplo para toda a Especialidade.”
Dr. Arno von Ristow
“Não tive o privilégio de conviver mais intimamente com Antônio Luiz de Medina, pois não trabalhei em
seus serviços, ou fui seu aluno, mas sempre gostei dele. Primeiro, por ligação familiar – ele era muito amigo
de Sydney Arruda, meu primo, um dos primeiros Angiologistas do Brasil. Arruda chefiou o Serviço de An-
giologia do Hospital Escola São Francisco de Assis, da então Faculdade Nacional de Medicina onde Medina
trabalhou com Paulo Samuel, deixou muitas amizades e longa trajetória de bons serviços prestados. Era
tradição do Serviço do Professor Arruda, a realização anual de Cursos de Atualização, dos quais pelo menos
durante quatro anos, eu participei da organização. O Prof. Medina, sempre convidado, prontamente
aceitava e comparecia, transmitindo com competência e elegância sua importante experiência na chefia do
Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital do Iaserj. Serviço este inclusive, onde em determinada ocasião, por
razões torpes e meramente políticas, Medina quase foi exonerado da chefia. Decisão do Diretor, interven-
tor do Hospital, prontamente revertida, pois todos os Chefes dos outros Serviços colocaram seus cargos à
disposição, em repúdio à tal idiossincrasia. Em várias ocasiões fui ao seu consultório buscar ensinamentos
sendo sempre bem recebido e orientado. Era uma casa na Rua Dona Mariana (hoje anexada à Clínica Pi-
tanguy), onde junto com Helênio Coutinho, seu associado, comandava uma das maiores e bem-sucedidas
clínicas privadas da Especialidade. Foi o Prof. Medina que me recebeu como Titular do Colégio Brasileiro de
Cirurgiões, foto que exibo com orgulho até hoje em meu consultório. Também participou e ajudou muito a
SBACV -RJ quando Secretário de Estado de Saúde do RJ, viabilizou a vinda do Dr. Edwin Beven, Cirurgião
Vascular Chefe da Cleveland Clinic ao Brasil, para abrilhantar nosso Encontro, ainda no Hotel, hoje Hospi-
tal Copa D’Or. Por essas e muitas outras razões, me considero seu amigo e admirador e me qualifico para
escrever essas linhas de enaltecimento à sua memória. Descanse em paz, querido Professor!”
Dr. Marcio Arruda Portilho
“Irremediavelmente empobrecida a Medicina brasileira. Dr. Medina protagonizou a história médica desse
país e, particularmente, da Cirurgia Vascular. Deixa um inestimável legado representado pelo incontável número
de discípulos que beberam em sua fonte de sabedoria, proficiência e afabilidade. Mais uma vez a SBACV celestial
está em festa com a chegada de um dos seus mais importantes membros. Certamente, está agora também
reunido à sua querida Carminha. Que Deus o acolha em Sua infinita bondade e que permita que ele vele por nós.”
Dr. José Luís Camarinha do Nascimento Silva,
em nome da Diretoria da SBACV-RJ em e-mail enviado aos sócios
Memória Vascular
52 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro
Em 2011, o Dr. Antônio Luiz de Medina concedeu uma entrevista para o vídeo de come-
moração dos 25 anos do Encontro Carioca. Alguns trechos da entrevista, que a Revista
da SBACV-RJ reproduz aqui, mostram a sua vitalidade e seu grande amor pela vida, pela
Especialidade e pela Sociedade:
“A gente vive o presente, a gente pensa sempre no futuro, mas não pode esquecer o passado. O
passado, a memória, o resgate da memória é que fazem a pujança e a força da Sociedade.”
“Deus realmente me privilegiou muito. Eu pude assistir à criação da Sociedade Brasileira de An-
giologia em 1952. Não pude assinar a ata de criação da Sociedade, porque eu ainda era estudante, ia
me formar em dezembro. Mas acompanhei a Sociedade esse tempo todo, vi a participação de todos, o
carinho, a vontade de fazer uma grande Especialidade, e com ela eu fui fazendo também o meu apri-
moramento, indo aos congressos...”
“Eu acho que a fundação da Sociedade criou um mundo novo dentro da área de Clínica Médica e de
Cirurgia. E eu tive a oportunidade de acompanhar toda essa evolução até agora, quando a Cirurgia Vas-
cular, que atingiu o padrão ouro, foi diminuindo sua atuação em função do grande avanço da Cirurgia
Endovascular, que hoje naturalmente domina a Especialidade.”
“Eu sou professor Titular da PUC, de Cirurgia Vascular e Endovascular desde 1978, e eu completo esse
ano 100 alunos de lá, junto com os 43 Residentes que eu fiz no Hospital do Iaserj. Eu tenho uma massa
humana de Especialistas espalhados pelo Brasil. E todos eles são sócios da Sociedade: eu sempre os incen-
tivei a participar da Sociedade, a lutar por ela, a viver a Sociedade... Porque essa troca de opinião e esse
intercâmbio não é só cultural e científico, é também de carinho e de amizade entre aqueles participantes.”
“É um prazer para mim eu ir a um Congresso e encontrar aqueles alunos que eu não via há muito tempo.
Muitas vezes, eu faço o Almoço com o Professor, onde a gente renova as esperanças, se revê, e eles dizem “o
Sr. está ótimo”. O fato de estar ótimo é sinal de que estou vivo e estou presente. É isso muito gratificante!”
54 Revista da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Rio de Janeiro54
550ª Reunião Científica Fora de sedeData: 26/07Local: ItaperunaContato: www.sbacvrj.com.br
551ª Reunião Científica mensalData: 31/07Local: Colégio Brasileiro de CirurgiõesContato: www.sbacvrj.com.br
552ª Reunião Científica Fora de sedeData: 16/08Local: PenedoContato: www.sbacvrj.com.br
553ª Reunião Científica mensalData: 28/08Local: Hotel Windsor AtlânticaContato: www.sbacvrj.com.br
Exame de suficiência para obtenção do Título de Especialista em Angiologia, Cirurgia Vascular e Angiorradiologia e Cirurgia EndovascularData: 06/09 e 07/09 Local: Maksoud Plaza Pavilhão, Alameda Campinas, 150, São Paulo, SPContato: (11) 5084-6493www.sbacv.com.br
NACIONAIS
XV Jornada de Angiologiae Cirurgia Vascular Data: 22/08 a 23/08Local: São José do Rio Preto, SPContato: cenacon.com.br/eventos/2014/angiologia/
EventosVI Congresso Brasileirode Ecografia Vascular Data: 27/08 a 30/08Local: Natal, RNContato: cbev2014.com.br/
XIII Congresso Brasileirode Flebologia e LinfologiaData: 11/09 a 13/09Local: Ribeirão Preto, SPContato: www.flebolinfo.com.br
III Jornada Baiana de Angiologiae Cirurgia VascularData: 19/09 e 20/09Local: Salvador, BAContato: (71) 2107-9666www.abmeventos.org.br
X Encontro Norte Nordeste de Angiologia e de Cirurgia VascularData: 16/10 a 18/10 Local: Hotel Tambaú – João Pessoa, PB Contato: www.sbacvpb.com.br
41º Congresso Brasileiro deAngiologia e de Cirurgia VascularData: Outubro de 2015Contato: www.sbacvrj.com.brLocal: Pier Mauá
INTERNACIONAIS
XXVI World Congress of the International Union of AngiologyData: 10/08 a 14/08Local: Sydney, AUSContato: iua2014.org/
II Encontro do Capítulo Brasileiro do SVS e IX Controvérsias em Cirurgia Vascular e Endovascular Data: 14/08 a 17/08 Local: Grande Hotel Campos do Jordão, Hotel Escola Senac, SPContato: (11) 3831-6382 - www.sbacv.com.br
XII Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do CONESULData: 02/10 a 04/10Local: Serrano Resort – Gramado, RSContato: www.conesulsbacvrs.com.br/
XIII Panamerican Congress on Vascular and Endovascular SurgeryData: 28/10 a 01/11Local: Windsor Barra Hotel, Barra da Tijuca, RJContato: www.panamericancongress.com.br
2014 Veith SymposiumData: 18/11 a 22/11 Local: Nova York, EUAContato: www.veithsymposium.org/index.php
55Janeiro/Fevereiro - 2014