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O Continente Africano Índice 1 Etimologia 2 História o 2.1 Proto-história o 2.2 Pré-história 2.2.1 Norte de África o 2.3 Antiguidade o 2.4 História recente de África 2.4.1 Colonização europeia 2.4.2 Apartheid 2.4.3 Descolonização da África 3 Geografia o 3.1 Localização o 3.2 Relevo o 3.3 Clima o 3.4 Hidrografia o 3.5 Vegetação o 3.6 Regiões 3.6.1 África do Norte 3.6.1.1 Magreb 3.6.1.2 Saara 3.6.1.3 Vale do Nilo 3.6.2 África Ocidental 1

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O Continente Africano

Índice 1 Etimologia 2 História

o 2.1 Proto-históriao 2.2 Pré-história

2.2.1 Norte de Áfricao 2.3 Antiguidadeo 2.4 História recente de África

2.4.1 Colonização europeia 2.4.2 Apartheid 2.4.3 Descolonização da África

3 Geografia o 3.1 Localizaçãoo 3.2 Relevoo 3.3 Climao 3.4 Hidrografiao 3.5 Vegetaçãoo 3.6 Regiões

3.6.1 África do Norte 3.6.1.1 Magreb 3.6.1.2 Saara 3.6.1.3 Vale do Nilo

3.6.2 África Ocidental 3.6.3 África Centro-ocidental 3.6.4 África Centro-oriental 3.6.5 África Meridional

4 Demografia o 4.1 Estatísticaso 4.2 Densidade demográfica

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o 4.3 Etniaso 4.4 Religiõeso 4.5 Línguas

5 Política 6 Subdivisões

o 6.1 África Meridionalo 6.2 África Centralo 6.3 África Ocidentalo 6.4 África Setentrionalo 6.5 África Orientalo 6.6 Estados não reconhecidos ou em disputao 6.7 Dependênciaso 6.8 Outros territórioso 6.9 Outros agrupamentos de países africanos usados frequentemente

7 Economia o 7.1 Extrativismoo 7.2 Agropecuáriao 7.3 Indústria e transportes

8 Cultura o 8.1 Tribos e grupos étnicos

9 Problemas atuais o 9.1 Fomeo 9.2 Colonização europeia e guerras

10 Ver também 11 Referências

12 Ligações externas

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A África é o terceiro continente mais extenso (atrás da Ásia e das Américas) com cerca de 30 milhões de quilómetros quadrados, cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do planeta. É o segundo continente mais populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de 900 milhões de pessoas, representando cerca de um sétimo da população do mundo, e 53 países independentes; apesar de existirem colónias pertencentes a outros países fora desse continente, principalmente ilhas, por exemplo Madeira, pertencente a Portugal, Ilha de Ascensão pertencente ao Reino Unido entre outras.

Apresenta grande diversidade étnica, cultural e política. Nesse continente são visíveis as condições de pobreza, sendo o continente africano o mais pobre de todos; dos trinta países mais pobres do mundo (com mais problemas de subnutrição, analfabetismo, baixa expectativa de vida, etc.), pelo menos 21 são africanos.[1] Apesar disso existem alguns poucos países com um padrão de vida razoável (comparável no máximo ao Brasil ou Bulgária), assim não existe nenhum país realmente desenvolvido na África.[2] O subdesenvolvimento, os conflitos entre povos e as enormes desigualdades sociais internas, são o resultado das grandes modificações introduzidas pelos colonizadores europeus.

A África costuma ser regionalizada de duas formas, a primeira forma, que valoriza a localização dos países e os dividem em cinco grupos, que são a África setentrional ou do Norte, a África Ocidental, a África central, a África Oriental e a África meridional. A segunda regionalização desse continente, que vem sendo muito utilizada, usa critérios étnicos e culturais (religião e etnias predominantes em cada região), é dividida em dois grandes grupos, a África Branca ou setentrional formado pelos oito países da África do norte, mais a Mauritânia e o Saara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana formada pelos outros 44 países do continente.

Cinco dos países de África foram colónias portuguesas e usam o português como língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe; em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe são ainda falados crioulos de base portuguesa.

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EtimologiaAfri era o nome de vários povos que se fixaram perto de Cartago no Norte de África. O seu nome é geralmente relacionado com os fenícios como afar, que significa "poeira", embora uma teoria de 1981,[3] tenha afirmado que o nome também deriva de uma palavra de berbere, ifri, palavra que significa "caverna", em referência à gruta onde residiam.

No tempo dos romanos, Cartago passou a ser a capital da Província de África, que incluiu também a parte costeira da moderna Líbia. Os romanos utilizaram o sufixo "-ca" denotando "país ou território".[4] Mais tarde, o reino muçulmano de Ifriqiya, actualmente Tunísia, também preservou o nome.

Outras etimologias têm sido apontadas como originárias para a antiga denominação "África":

No século I, o historiador judeu Flavius Josephus (Ant. 1.15) afirmou ter sido nomeado para Epher, neto de Abraão, segundo o Génesis (25:4), cujos descendentes, segundo ele, tinha invadido a Líbia.

aprica, palavra latina que significa "ensolarados", mencionada por Isidoro de Sevilha (século VI), em Etymologiae XIV.5.2

aphrike, palavra grega que significa "sem frio". Esta foi proposta pelo historiador Leo Áfricanus (1488-1554), que sugeriu a palavra grega phrike (φρίκη, significando "frio e horror"), combinado com o prefixo privativo "-um", indicando assim um terreno livre de frio e de horror.

Massey, em 1881, afirmou que o nome deriva do egípcio af-rui-ka, que significa "para virar em direção a abertura do Ka." O Ka é o dobro energético de cada pessoa e de "abertura do Ka" remete para o útero ou berço. África seria, para os egípcios, "o berço."[5]

História

Ver artigo principal: História da África

A história da África é conhecida no Ocidente por escritos que datam da Antiguidade Clássica. No entanto, vários povos deixaram testemunhos ainda mais antigos das suas civilizações. Para além disso, os mais antigos fósseis de hominídeos, com cerca de cinco milhões de anos, foram encontrados na África, permitindo considerá-la o “berço da humanidade”.

O Egito foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos. Podem referir-se os estados de Kush e Meroé, ainda no nordeste de

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África, o primeiro estado do Zimbabwe e o reino do Congo que, aparentemente floresceram entre os séculos X e XV.

A estrutura moderna da África, em termos de divisão entre estados e línguas de trabalho, no entanto, resultou da partilha da África pelas potências coloniais europeias na Conferência de Berlim. Com excepção da Etiópia, que só foi dominada pela Itália durante um curto período, e da Libéria, que foi um estado criado pelos Estados Unidos da América durante o processo de abolição da escravatura, no século XIX, todos os restantes países de África apenas conheceram a sua independência na segunda metade do século XX.

Proto-história

De acordo com as descobertas mais recentes de fósseis de hominídeos, a África parece ter sido o "berço da humanidade", não só onde, pela primeira vez, apareceu a espécie Homo sapiens, mas também grande parte dos seus antepassados, os Australopithecus (que significa "macacos do sul"), os Pithecanthropus (que significa "macaco-homem") e, finalmente, o género Homo (ver Swartkrans, por exemplo).[6]

Pré-história

Norte de África

No deserto da Líbia encontraram-se gravações em rochas (ou "petroglifos") do período Neolítico, e megalitos, que atestam da existência duma cultura de caçadores-recolectores nas savanas secas desta região, durante a última glaciação. O actual deserto do Saara foi um dos primeiros locais onde se praticou a agricultura na África (cultura da cerâmica de linhas onduladas). Outros achados arqueológicos demonstram que, depois da desertificação do Saara, as populações do Norte de África passaram a concentrar-se no vale do rio Nilo: os "nomas", cuja cultura ainda não conhecia a escrita, e que, por volta de 6000 a.C., já tinha uma agricultura organizada.

Pode dizer-se que a história recente ou "moderna" da África, no sentido do seu registro escrito, começou quando povos de outros continentes começaram a registrar o seu conhecimento sobre os povos africanos – com excepção do Egito e provavelmente dos antigos reinos de Axum e Meroe, que tiveram fortes relações com o Egito.

Assim, aparentemente, a história da África oriental começa a ser conhecida a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi, descreveu uma importante atividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" ou negros africanos. No entanto, outras partes do continente já tinham tido início a islamização, que trouxe a estes povos a língua árabe e a sua escrita, a partir do século VII.

As línguas bantu só começaram a ter a sua escrita própria, quando os missionários europeus decidiram publicar a Bíblia e outros documentos religiosos naquelas línguas, ou seja, durante a colonização do continente, pelo menos, da sua parte subsaariana.

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As primeiras civilizações surgiram na África na Antigüidade:

História do Egipto História da Etiópia Fenícia Axum Meroe Grande Zimbabwe Paisagem Cultural de Mapungubwe África Subsaariana

História recente de África

Pode dizer-se que a história recente ou "moderna" de África, no sentido do seu registo escrito, começou quando povos de outros continentes começaram a registar o seu conhecimento sobre os povos africanos – com excepção do Egipto e dos antigos reinos de Axum e Meroe, que tiveram fortes relações com o Egipto e já tinham a sua escrita própria.

Assim, aparentemente, a história da África oriental começa a ser conhecida a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi, descreveu uma importante actividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" ou negros africanos. No entanto, noutras partes do continente já tinha tido início a islamização, que trouxe a estes povos a língua árabe e a sua escrita, a partir do século VII.

As línguas bantu só começaram a ter a sua escrita própria, quando os missionários europeus decidiram publicar a Bíblia e outros documentos religiosos naquelas línguas, ou seja, durante a colonização do continente, pelo menos, da sua parte subsaariana.

Colonização europeia

África Colonial em 1913. ██ Bélgica██ França██ Alemanha██ Grã-Bretanha██ Itália██ Portugal██ Espanha██ Estados independentes (Libéria e Etiópia)

Ver artigo principal: História da colonização de África

No período da expansão marítima europeia, no século XV, os portugueses tentavam contornar a costa africana para chegar nas Índias em busca de especiarias. Muitas áreas da costa africana foram conquistadas e o comércio europeu foi estendido para essas áreas.

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Na África existiam muitas tribos primitivas (segundo a visão etnocentrista europeia) que viviam em contato com a natureza e não tinham tecnologia avançada. Havia guerras entre tribos diferentes, a tribo derrotada na guerra se tornava escrava da tribo vencedora.

No período de Colonização da América, ocorria o tráfico negreiro, em que eram buscados negros da África para trabalhar como escravos nas colônias como mão de obra, principalmente nas plantações. Os escravos eram conseguidos pelos europeus por negociações com as tribos vencedoras, trocando os escravos por mercadorias de pouco valor na Europa, como tabaco e aguardente, e levados para América como peças (mercadorias valiosas).

Após a Revolução Industrial e a independência das colônias do continente americano, no século XVIII, as potências europeias começaram a dominar administrativamente várias áreas da África e da Ásia para expandir o comércio, buscar matérias-primas e mercado consumidor, e deslocar a mão de obra desempregada da Europa.

Na colonização, a África foi dividida de acordo com os interesses europeus, que culminou com a partilha do continente pelos estados europeus na Conferência de Berlim, em 1885. Tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas unidas. Após a Segunda Guerra Mundial, as colônias na África começaram a conquistar a independência, formando os atuais países africanos.

Apartheid

Ver artigo principal: Apartheid

Placa na praia em Durban que indica "área de banho para integrantes do grupo branco", em Inglês, em Africaner e Zulu (1989).

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A questão racial assumiu uma forma radical na África do Sul: embora os negros, mestiços e descendentes de indianos constituíssem 86% da população, eram os brancos que detinham todo o poder político, e somente eles gozavam de direitos civis.

A origem desse sistema, denominado apartheid, data de 1911, quando os africânderes (descendentes de agricultores holandeses e franceses que emigraram para a África do Sul) e os britânicos estabeleceram uma série de leis para consolidar seu domínio sobre os negros. Em 1948, a política de segregação racial foi oficializada, criando direitos e zonas residenciais para brancos, negros, asiáticos e mestiços.

Na década de 1950, foi fundado o Congresso Nacional Africano (CNA), partido político contrário ao apartheid na África do Sul. Em 1960, o CNA foi declarado ilegal e seu líder Nelson Mandela, condenado à prisão perpétua. De 1958 a 1976, a política do apartheid se fortaleceu com a criação dos bantustões, apesar dos protestos da maioria negra (vide Massacre de Soweto).

Diante de tal situação, cresceram o descontentamento e a revolta da maioria subjugada pelos brancos; os choques tornaram-se frequentes e violentos; e as manifestações de protesto eram decorrência natural desse quadro injusto. A comunidade internacional usou algumas formas de pressão contra o governo sul-africano, especialmente no âmbito diplomático e econômico, no sentido de fazê-lo abolir a instituição do apartheid.

Finalmente, em 1992, Frederik de Klerk aboliu as leis discriminatórias e libertou Mandela. Em 1994, tiveram lugar as primeiras eleições multirraciais na África do Sul, em que o CNA ganhou a maioria, embora dando o lugar de Vice-presidente a De Klerk; o CNA continuou a ganhar as eleições até 2009, continuando a governar.

Descolonização da África

Mapa de África com as várias datas de independênciaVer artigo principal: História da descolonização de África

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As duas grandes guerras que fustigaram a Europa durante a primeira metade do século XX deixaram aqueles países sem condições para manterem um domínio econômico e militar nas suas colônias. Estes problemas, associados a um movimento independentista que tomou uma forma mais organizada na Conferência de Bandung, levou as antigas potências coloniais a negociarem a independência das colônias, iniciando-se a descolonização.

Este processo foi geralmente antecedido por um conflito entre as "forças vivas" da colônia e a administração colonial, que pode tomar a forma duma guerra de libertação (como foi o caso de algumas colônias portuguesas e da Argélia). No entanto, houve casos em que a potência colonial, quer por pressões internas ou internacionais, quer por verificar que a manutenção de colônias lhe traz mais prejuízos que benefícios, decide por sua iniciativa conceder a independência às suas colônias, como aconteceu com várias das ex-colônias francesas e britânicas. Nestes casos, foi frequente o estabelecimento de acordos em que a potência colonial tem privilégios no comércio e noutros aspectos da economia e política.

Geografia

Ver artigo principal: Geografia da África

A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e liga-se à Ásia na sua extremidade nordeste pelo istmo de Suez. No entanto, a África ocupa uma única placa tectônica, ao contrário da Europa que partilha com a Ásia a Placa Euro-asiática.

Do seu ponto mais a norte, Ras ben Sakka, em Marrocos, à latitude 37°21′ N, até ao ponto mais a sul, o cabo das Agulhas na África do Sul, à latitude 34°51′15″ S, vai uma distância de aproximadamente 8 000 km. Do ponto mais ocidental de África, o Cabo Verde, no Senegal, à longitude 17°33′22″ W, até Ras Hafun na Somália, à longitude 51°27′52″ E, vai uma distância de cerca de 7 400 km.

Para além do mar Mediterrâneo, a norte, África é banhada pelo oceano Atlântico na sua costa ocidental e pelo oceano Índico do lado oriental. O comprimento da linha de costa é de 26 000 km.

Localização

Com uma área territorial de pouco mais de 30 milhões de quilômetros quadrados, o continente africano é o terceiro em extensão. Cortam a África, três dos grandes paralelos terrestres: Equador, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de Greenwich. Há cinco diferentes fusos horários. O continente tem o formato aproximado de um crânio humano visto de lado com o nariz - a península da Somália - apontado para leste.

Estendendo-se de 37 graus de latitude norte a 34 graus de latitude sul e de 18 graus de longitude oeste a 51 graus de longitude leste, o território africano distribui-se pelos quatro hemisférios do planeta Terra. Por outro lado, está compreendido em apenas duas zonas climáticas: a zona intertropical (equatorial e tropical norte e sul) e temperada do norte e do do sul.

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A África apresenta litoral pouco recortado e é banhada, a oeste, pelo oceano Atlântico; a leste, pelo oceano Índico; ao norte, pelo mar Mediterrâneo; e a nordeste, pelo mar Vermelho.

Dentre os acidentes geográficos litorâneos, merecem destaque o golfo da Guiné no Atlântico Sul; e o estreito de Gibraltar, entre o Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, junto da península Ibérica, na Europa. Há ainda no leste do continente, a península da Somália, chamada também de Chifre da África, e o golfo de Áden, formado por águas do oceano Índico e limitado pela península Arábica, que pertence à Ásia. Ao sul, encontra-se o cabo da Boa Esperança.

A África não possui muitas ilhas ao seu redor. No Atlântico, localizam-se algumas, formadas por picos submarinos, como as Ilhas Canárias e a Ilha da Madeira, bem como os arquipélagos de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde. No Oceano Índico encontram-se uma grande ilha — a de Madagáscar — e outras de extensão reduzida, entre as quais Comores, Maurício e Seychelles.

Relevo

O relevo africano, predominantemente planáltico, apresenta considerável altitude média - cerca de 750 metros. As regiões central e ocidental são ocupadas, em sua totalidade, por planaltos intensamente erodidos, constituídos de rochas muito antigas e limitados por grandes escarpamentos.

Os planaltos contornam depressões cortadas por rios, nas quais também se encontram lagos e grandes bacias hidrográficas, como as do Nilo, do Congo, do Chade, do Níger, do Zambeze, do Limpopo, do Cubango e do Orange.

Ao longo do litoral, situam-se as planícies costeiras, por vezes bastante vastas. Destacam-se, a oeste e nordeste do continente, quando se estendem para o interior. As planícies ocupam área menor do que a dos planaltos. Podemos citar as planícies do Níger e do Congo.

Na porção oriental da África encontra-se uma de suas características físicas mais marcantes: uma falha geológica estendendo-se de norte a sul, o Grande Vale do Rift, em que se sucedem montanhas, algumas de origem vulcânica e grandes depressões. É nessa região que se localizam os maiores lagos do continente, circundados por altas montanhas, de mencionar o Quilimanjaro (5895 metros), o monte Quénia (5199 metros) e o Ruwenzori (5109 metros).

Podemos destacar ainda dois grandes conjuntos de terras altas, um no norte, outro no sul do continente:

a Cadeia do Atlas, que ocupa a região setentrional do Marrocos, da Argélia e da Tunísia. É de formação recente a apresenta montanhas cujos picos chegam a atingir

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4000 metros de altura; nesta região, o subsolo apresenta significativas reservas de petróleo, gás natural, ferro, urânio e fosfato.

a Cadeia do Cabo, na África do Sul. É de formação antiga, culminando nos Montes Drakensberg, com mais de 3400 metros de altura.

Completando uma visão do relevo africano, é possível observar ainda a existência de antigos maciços montanhosos em diferentes pontos do continente: o da Etiópia, formado a partir de erupções vulcânicas, o de Fouta Djalon e o de Hoggar, além de vários outros.

O Planalto dos Grandes Lagos assinala o início de inclinação do relevo africano, do leste para o continente, que favorece a drenagem de bacias fluviais interiores, como as dos rios Congo, Zambeze e Orange.

Clima

A linha do Equador divide a África em duas partes distintas: o norte é bastante extenso no sentido leste-oeste; o sul, mais estreito, afunila-se onde as águas do Índico se encontram com as do Atlântico. Quase três quartos do continente estão situados na zona intertropical da Terra, apresentando, por isso, altas temperaturas com pequenas variações anuais.

Distinguem-se na África os climas equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo.

O clima equatorial, quente e úmido o ano todo, abrange parte da região centro-oeste do continente; o tropical quente com invernos secos domina quase inteiramente as terras africanas, do centro ao sul, inclusive a ilha de Madagascar; o clima desértico, por sua vez, compreende uma grande extensão da África, acompanhando os desertos do Saara e de Calaari.

O clima mediterrâneo manifesta-se em pequenos trechos do extremo norte e do extremo sul do continente, apresentando-se quente com invernos úmidos. No Magrebe, a agricultura é importante, cultivando-se vinhas, oliveiras, cítricos e tâmaras, enquanto que no sul, principalmente na península do Cabo, o vinho, introduzido pelos imigrantes franceses, no século XVII, é igualmente uma fonte de riqueza local.

A pluviosidade na África é bastante desigual, sendo a principal responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens africanas. As chuvas ocorrem com abundância na região equatorial, mas são insignificantes nas proximidades do Trópico de Câncer, onde se localiza o Deserto do Saara, e do Trópico de Capricórnio, região pela qual se estende o Calaari.

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Localizados no interior do território africano, os desertos ocupam grande parte do continente. Situam-se tanto ao norte (Dyif, Iguidi, da Líbia - nomes regionais do Saara) quanto ao sul (da Namíbia - denominação local do Deserto de Calaari).

Hidrografia

Tendo as regiões norte e sul praticamente tomadas por desertos, a África possui relativamente poucos rios. Alguns deles são muito extensos e volumosos, por estarem localizados em regiões tropicais e equatoriais; outros atravessam áreas desérticas, tornando a vida possível ao longo de suas margens.

A maior importância cabe ao rio Nilo, o segundo mais extenso do mundo (após o Solimões-Amazonas), cujo comprimento é superior a 6.500 quilômetros. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, percorre o nordeste africano e deságua no mar Mediterrâneo. Forma, com seus afluentes, uma bacia de quase três milhões de quilômetros quadrados, cinco vezes mais extensa que o estado de Minas Gerais. O vale do rio Nilo, abaixo da confluência entre o Nilo Branco e o Nilo Azul, apresenta um solo extremamente fértil, no qual se pratica intensamente a agricultura, onde as principais culturas são o algodão e o trigo. As grandes civilizações egípcia e de Meroé, na Antiguidade existiram, em parte, em função de seu ciclo anual de cheias.

Além do Nilo, outros rios importantes para a África são o Congo, o Níger e o Zambeze. Menos extensos, mas igualmente relevantes, são o Senegal, o Orange, o Limpopo e o Zaire.

No que se refere aos lagos, a África possui alguns mais extensos e profundos, a maioria situada no leste do continente, como o Vitória, o Rodolfo e o Tanganica. Este último, com quase 1.500 metros de profundidade, evidencia com mais ênfase a grande falha geológica na qual se alojaram os lagos. O maior situado na região centro-oeste é o Chade.

Vegetação

Vegetação de savana na Tanzânia.

Nas áreas de clima equatorial as chuvas são abundantes o ano inteiro; graças à pluviosidade, a vegetação dominante é a floresta equatorial densa e emaranhada. Ao norte e ao sul dessa faixa, onde o verão é menos úmido e a região está sujeita às influências marítimas, aparecem as savanas, que constituem o tipo de vegetação mais abundante no continente. Circundam essa região zonas em que as temperaturas são mais amenas, a pluviosidade menor e as estações secas bem pronunciadas. Aí se encontram estepes, que, à medida que alcançam áreas mais secas, tornam-se progressivamente mais ralas, até se transformarem em regiões desérticas.

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Ao longo do litoral do mar Mediterrâneo e da África do Sul, sobressai a chamada vegetação mediterrânea, formada por arbustos e gramíneas. Nesta área concentra-se a maior parte da população branca do continente.

Como parte significativa de sua vegetação está preservada, a África conserva ainda numerosos espécimes de sua fauna: a floresta equatorial constitui abrigo, principalmente, para aves e macacos; as savanas e estepes reúnem antílopes, zebras, girafas, leões, leopardos, elefantes, avestruzes e animais de grande porte em geral.

Regiões

Os contrastes presentes na África manifestam-se em diversos níveis: suas paisagens são diversificadas; os povos que a habitam, pertencentes a várias etnias distintas, expressam-se em múltiplos idiomas ou dialectos e professam diferentes credos religiosos. Além disso, movimentos separatistas têm frequentemente alterado as feições políticas do continente, em que actualmente se contam 53 Estados autónomos e seis territórios não-independentes.

Por isso, agrupar os países da África em conjuntos homogéneos não constitui tarefa simples. Entretanto, por razões didácticas, vamos dividir o continente em cinco regiões principais: África do Norte, África Ocidental, África Centro-ocidental, África Centro-oriental e África Meridional.

África do Norte

A porção setentrional do continente é a mais extensa, comportando três subdivisões: os países do Maghreb, os países do Saara e o vale do Nilo.

Magreb

palavra maghreb, de origem árabe, significa "onde o Sol se põe", ou seja, o ocidente. Essa sub-região corresponde ao noroeste africano e engloba o Marrocos, a Argélia e a Tunísia.

Na paisagem, os traços físicos mais marcantes são a Cadeia do Atlas, junto ao Mar Mediterrâneo, e o grande Deserto do Saara em que se distinguem dois trechos: um dominado por dunas arenosas, conhecido por Erg, e outro bastante pedregoso, denominado Hamadas.

Magrebe, a parte ocidental do mundo árabe.

O clima da região é do tipo mediterrâneo na vertente norte do Atlas e do tipo desértico ao sul dessa cadeia. A população distribui-se de modo irregular: é densa nas áreas mais úmidas e, naturalmente, escassa nas áreas desérticas, onde predominam os árabes e os berberes, que geralmente professam o islamismo.

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Em virtude de condições naturais desfavoráveis, a agropecuária é pouco desenvolvida, embora empregue grande parte da população activa desses países. Destaca-se a agricultura mediterrânea, em que se cultivam vinhas, oliveiras, cítricos e tâmaras. Pratica-se a pecuária extensiva nas áreas semiáridas e a pecuária nómada no deserto.

Ricos em minérios, de que são grandes exportadores, os países do Maghreb conseguiram implantar vários centros industriais de destaque, como Argel, Túnis, Orã, Casablanca, Rabat, Fez e Marrakesh, que são algumas das maiores e mais belas cidades da África.

A Argélia é rica em petróleo e gás natural, sendo também membro da OPEP. Marrocos e Tunísia são grandes exportadoras de fosfatos, matéria-prima para a indústria de fertilizantes.

Saara

O vasto Deserto do Saara se estende por diversos países, mas é o traço físico que nos permite agrupar Mauritânia, Mali, Níger, Chade e Líbia na mesma sub-região. A aridez do solo e a predominância do clima desértico não favorecem as actividades económicas; os obstáculos para a implantação de indústrias são muitos, e a agricultura só é possível junto aos oásis e em curtos trechos do litoral.

Tais restrições do meio conduzem ao nomadismo grande parte da população, que, formada basicamente por negros e árabes, tem a pecuária como principal actividade económica. Entretanto, o subsolo apresenta significativas reservas de petróleo, gás natural, ferro e urânio.

A Líbia é o país mais importante desse grupo, tanto pela produção petrolífera quanto pela controvertida política externa, que tem chamado a atenção do mundo, em diversas ocasiões.

Inclui-se ainda nessa sub-região o território do Saara Ocidental, que até 1976 pertenceu à Espanha e ainda não conseguiu tornar-se uma nação independente, pois é disputado pelo Marrocos, pela Mauritânia e pela Argélia, que pretendem anexá-lo ao seu território. Isso porque, entre outras razões, essa é uma região muito rica em fosfato.

Vale do Nilo

Apesar de Egipto e Sudão também se encontrarem em meio ao Deserto do Saara, a presença do rio Nilo permite que os agrupemos em outra sub-região. Formado pelos rios Nilo Branco e Nilo Azul, o Nilo atravessa todo o território desses países, proporcionando melhores condições de vida para suas populações.

O vale por onde corre apresenta um solo extremamente fértil, no qual se pratica intensamente a agricultura. Em consequência desse fato, Egipto e Sudão contam com uma população numericamente superior à dos outros países em que o deserto se faz presente. O Cairo é, aliás, a mais populosa cidade africana e uma das maiores do mundo, com mais de 11 milhões de habitantes.

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Há predominância de brancos, principalmente árabes e berberes, mas é grande a presença de negros na parte meridional do Sudão.

Sustentáculo da economia local, a actividade agrícola responde por uma grande produção de algodão, à qual se seguem as colheitas de milho, trigo e arroz. O cultivo não ocorre apenas nas terras próximas às margens do Nilo, pois foram construídas várias barragens que possibilitam a irrigação de áreas desérticas relativamente distantes do leito.

Pouco significativa no Sudão, a indústria é no Egipto mais desenvolvida e diversificada, notadamente a siderúrgica, a eléctrica e a têxtil, bem como as de produtos químicos e alimentícios. Também em solo egípcio encontram-se reservas de petróleo e gás natural, além de ferro, fosfato e potássio.

Esse quadro, aliado à posição estratégica, confere ao Egipto o título de país mais importante da sub-região, cujas cidades principais são Cairo, Alexandria ambas egípcias e Cartum (no Sudão).

África Ocidental

Essa região situa-se entre o Deserto do Saara e o Golfo da Guiné e abrange 17 países independentes, alguns de reduzida área territorial.

Os terrenos são antigos e, por essa razão, bastante erodidos, verificando-se a presença de formações rochosas cristalinas. Devido à sua posição geográfica, a região apresenta clima equatorial, com áreas de savanas ao norte e densas florestas ao sul, onde os índices de pluviosidade são mais elevados.

Em virtude dessas características, a África Ocidental possui densidade demográfica maior que a da região do Saara. Concentra-se na Nigéria 60% de sua população, composta por negros do grupo sudanês.

Todos os países são economicamente subdesenvolvidos, constituindo a agricultura sua actividade predominante. A lavoura de subsistência alterna-se com o cultivo de produtos tropicais destinado à exportação - café, cacau, amendoim, banana e borracha.

A industrialização local, em expansão, depende em grande parte do capital estrangeiro. Os países mais desenvolvidos no sector são: Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.

África Centro-ocidental

Essa região agrupa quatro países: República Centro-Africana, Congo, República Democrática do Congo e Angola. Situa-se na porção equatorial do continente, limitada pelo Atlântico a oeste e por altas escarpas montanhosas e grandes falhamentos a leste, verificando-se, no restante do território, a alternância de planaltos e planícies cortados por rios caudalosos.

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O clima é quente e húmido nos países mais ao norte, verificando-se aí a presença de florestas equatoriais. Mais ao sul da região predominam o clima tropical e a formação vegetal das savanas.

Trata-se de uma região de baixa densidade demográfica, cuja população compõe-se basicamente de negros, pertencentes em sua maioria ao grupo banto. As principais concentrações humanas ocorrem no Zaire e em Angola.

A agricultura assemelha-se à da África Ocidental. A exploração mineral é muito importante para o Zaire e Angola, onde se encontram jazidas de cobre, cobalto, manganês e ferro. O extrativismo vegetal, notadamente de madeira, reforça a economia da região.

Como em quase todo o continente, as indústrias são escassas, mas as descobertas de lençóis petrolíferos na faixa litorânea e o grande potencial hidroeléctrico desses países oferecem-lhes perspectivas de progresso.

África Centro-oriental

Compreendida entre a Bacia do Congo e as águas do Mar Vermelho e do Oceano Índico, esta região agrupa dez países: Eritreia, Etiópia, Djibuti, Somália, Quénia, Tanzânia, Uganda, Ruanda, Burundi e Seychelles. Sua paisagem é bastante diversificada, verificando-se, em meio a poucas planícies e planaltos elevados, a presença de maciços montanhosos, grandes falhamentos, muitos vulcões e lagos. Predomina o clima tropical, com temperaturas atenuadas pela altitude. A vegetação também oferece um quadro variado: florestas equatoriais, savanas, estepes e formações típicas de áreas desérticas.

Tampouco sua composição étnica revela-se homogénea: na Península da Somália, conhecida como Chifre da África por causa do formato peculiar, a população predominante é de negros do grupo banto, ao passo que em outras áreas encontra-se expressivo número de camitas, árabes, indianos e europeus. O contingente que habita a zona rural é mais numeroso do que o urbano; dentre as cidades, destacam-se Nairóbi, Mogadíscio e Adis-Abeba.

A economia regional baseia-se na agricultura, que, organizada principalmente segundo o sistema de plantation, dedica-se aos produtos de exportação, como o café e o algodão. Os escassos recursos minerais consistem em pequenas jazidas de ouro, platina, cobre, estanho e tungstênio. Também nessa região a industrialização não atingiu um satisfatório grau de desenvolvimento.

A África Centro-oriental é uma das regiões mais pobres e conflituadas do continente e tem vivido crises de seca e fome (Somália e Etiópia) e sangrentos conflitos étnicos, como entre hutus e tutsis em Ruanda e Burundi.

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África Meridional

Esta região, atravessada pelo Trópico de Capricórnio, é composta de doze Estados independentes. Em seu relevo predominam planaltos circundados pelas baixas altitudes da faixa litorânea. Em correspondência com o clima, que varia do tropical úmido ao desértico (na região do Calaari), passando pelo mediterrâneo, encontra-se uma vegetação também diversificada, em que se verifica a presença de savanas, estepes e até mesmo florestas (junto à costa do Oceano Índico).

As reservas minerais constituem seu principal sustentáculo económico. Destaca-se a mineração na África do Sul (ouro, diamantes, cromo e manganês) e na Zâmbia (cobre e cobalto). Como actividade geradoras de renda pode-se citar ainda a agricultura, representada por produtos de clima mediterrâneo (vinhas, oliveiras e frutas) e de clima tropical (cana-de-açúcar, café, fumo e algodão), além da criação extensiva de gado bovino.

Na África do Sul, o país mais industrializado do continente, as indústrias concentram-se nas regiões metropolitanas de Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durban. Este país teve a segregação racial oficializada pelo apartheid. Através desse regime, 15,5% da população, formada por brancos, dominava o país até 1994. As desigualdades sociais entre brancos e não-brancos são muito grandes.

A Namíbia - país independente desde 1990 - esteve subordinada à África do Sul por 70 anos. Originalmente colonizada por alemães, passou para o controle sul-africano após a Primeira Guerra Mundial. O primeiro governante eleito da Namíbia independente foi Sam Nujoma, líder do movimento guerrilheiro por 30 anos.

Demografia

Ver artigo principal: Demografia da ÁfricaCidades mais populosas da África ver • editar

Posição

Cidade País População

Posição

Cidade País População

Lagos

1 Lagos Nigéria

9 968 455

11 Adis-Abeba

 Etiópia

3 315 108

2 Kinshasa Rep. Dem.

8 900 721

12 Casablanca

 Marrocos

3 299 179

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do Congo

Kinshasa

Cairo

3 Cairo  Egito

8 105 071

13 Nairóbi  Quênia

3 246 384

4 Ibadan Nigéria

5 175 223

14 Dar es Salaam

Tanzânia

3 212 040

5 Alexandria

 Egito

4 388 219

15 Luanda Angola

2 644 318

6 Abidjã Costa do Marfim

4 123 208

16 Dacar Senegal

2 583 028

7 Joanesburgo

África do Sul

3 859 816

17 Omdurman

Sudão

2 568 590

8 Cidade do Cabo

África do Sul

3 648 807

18 Acra Gana

2 449 922

9 Durban África do Sul

3 512 243

19 Cartum Sudão

2 431 323

10 Giza  Egito

3 438 401

20 Benin City

Nigéria

2 406 697

Estatísticas

A população da África é de mais de 800 milhões de habitantes, distribuídos em 53 países e representando cerca de um sétimo da população do mundo. Abaixo alguns índices relativos à população do continente (ano a que se referem):

Área total em km²

População

Densidade

(habitantes/km

²)

População urbana

População rural

Taxa de

cresciment

o urbano

(1995

Analfabetism

o

Natalidade (% hab)

Mortalida

de (%

hab)

PIB Total

PIB per capita

Religiões

principais

Média de idade da população

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-2000)

30.272.922

783.700.000 (2000)

25,88 (2000)

289.964.000 (37%)

493.731.000 (63%)

4,3% 40,3% (2000)

37% (1998)

13% (1998)

US$ 517,104,000.00 (1998)

US$ 693.00 (1998)

Muçulmanos (310,5 milhões - 39,6%) e Católicos romanos (117,2 milhões - 14,9%)

18,3 anos (1998)

Densidade demográfica

Apesar de ser o terceiro continente em extensão territorial, a África é relativamente pouco povoada. Abriga pouco mais de meio bilhão de habitantes - população menor que a de países como a China e a Índia -, cifra que lhe confere uma densidade demográfica semelhante à brasileira: 20 habitantes por quilómetro quadrado. Esses dados são estimados, pois os obstáculos oferecidos pelo meio natural e o subdesenvolvimento que caracteriza o continente tornam impossível recensear todos os habitantes do território africano, muitos dos quais vivem em tribos inteiramente isoladas do mundo moderno.

Essa pequena ocupação demográfica encontra explicações nos seguintes factores:

grande parte do continente é ocupada por áreas desfavoráveis a concentrações humanas: desertos, florestas densas e emaranhadas e formações vegetais típicas de solos pobres;

os índices de mortalidade são muito altos; embora tenham diminuído nos últimos 50 anos, ainda se mantêm superiores aos de outros continentes;

a África é um continente que recebeu correntes migratórias; ao contrário, perdeu inúmeros habitantes na época do tráfico de escravos.

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A população africana caracteriza-se também pela distribuição irregular. O vale do Nilo, por exemplo, possui densidade demográfica de 500 habitantes por quilómetro quadrado, enquanto os desertos e as florestas são praticamente despovoados. Outros pontos de alta densidade são o Golfo da Guiné, as áreas férteis em torno do Lago Vitória e alguns trechos no extremo norte e no extremo sul do continente. As regiões das savanas, de maneira geral, são áreas de densidades demográficas médias.

Poucos países africanos apresentam população urbana numericamente superior à rural; entre os que se enquadram nesse caso estão Argélia, Líbia e Tunísia.

A quase totalidade dos países africanos exibe características típicas do subdesenvolvimento: elevadas taxas de natalidade e de mortalidade, bem expectativa de vida muito baixa. Resulta desses factores a preponderância de jovens na população, que, além de apresentarem menor produtividade, requisitam grandes investimentos em educação e nível de emprego.

Etnias

A maior parte da população africana é constituída por diferentes povos negros, teoria que implica manifestações de preconceito racial em outros continentes como América e Europa, por exemplo, mas há expressiva quantidade de brancos, que vivem principalmente na porção setentrional do continente, ao norte do Deserto do Saara - por isso mesmo denominada África Branca. São principalmente árabes, egípcios e bérberes, entre os quais se incluem os etíopes e os tuaregues; aparecem ainda, embora em menor quantidade, judeus e descendentes de europeus. Estes últimos estão presentes também, na África do Sul e são em sua maioria originários das Ilhas Britânicas e dos Países Baixos.

Ao sul do Saara temos a chamada África Negra, povoada por grande variedade de grupos negróides que se diferenciam entre si principalmente pelo aspecto físico, mas também por diferenças culturais, como as religiões que professam e a grande diversidade de línguas que falam. Os grupos mais importantes são:

sudaneses: em sua maior parte habitam as savanas que se estendem do Atlântico ao vale superior do rio Nilo. Vivem basicamente da agricultura; antes da chegada dos europeus, haviam alcançado um alto estágio de civilização. Eram em sua maioria sudaneses os negros que vieram para o Brasil como escravos;

bantos: são numericamente superiores aos demais grupos. Habitam a metade sul do continente e têm como actividades principais a criação de gado e a caça. Constituíram o segundo maior contingente de africanos trazidos para o Brasil;

nilóticos : são encontrados na região do Alto Nilo e caracterizam-se pela estatura elevada;

pigmeus: de pequena estatura, vivem principalmente na selva do Congo e em seus arredores, onde baseiam sua subsistência na caça e na colecta de raízes;

bosquímanos e hotentotes: habitam a região do Deserto de Calaari, sendo actualmente pouco numerosos; distinguem-se como grandes caçadores de antílopes e avestruzes.

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Além dos negros e dos brancos, encontramos na África os malgaxes, povo de origem malaia que habitou a ilha de Madagáscar, os indianos trazidos pelos colonizadores ingleses para a África Oriental, além de um pequeno número de imigrantes chineses.

Religiões

Em correspondência com os diferentes ramos étnico-culturais, encontram-se na África três religiões principais: o islamismo, que se manifesta sobretudo na África Branca, mas é também professado por numerosos povos negros; o cristianismo, religião levada por missionários e professada em pontos esparsos do continente; e o animismo, seguido em toda a África Negra. Esta última corrente religiosa, na verdade, abrange grande número de seitas politeístas, que possuem em comum a crença na força e na influência dos elementos da natureza sobre o destino dos homens.

Línguas

Da mesma forma que as religiões, existem inúmeras línguas no continente: várias línguas de origem africana e os idiomas introduzidos pelos colonizadores, utilizados até hoje. Os principais são: árabe, inglês, francês, português, espanhol e africâner, língua oriunda do neerlandês, falada pelos descendentes de neerlandeses, alemães e franceses da África do Sul e da Namíbia.

Política

Ver artigo principal: Política da África

Apesar de se registarem actualmente na África muitos conflitos de carácter político, como o da Costa do Marfim e o do Sudão, e muitas situações irregulares, como a de Angola, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos. As únicas excepções neste momento são a Somália, que não tem sequer um estado organizado e o Saara Ocidental, ocupado por Marrocos.

No entanto, é frequente que as eleições sejam consideradas como sujas por fraude, tanto internamente, como pela comunidade internacional. Por outro lado, ainda subsistem situações em que o presidente ou o partido governamental se encontram no poder há dezenas de anos, como são os casos da Líbia e do Zimbabwe.

Em geral, os governos Africanos são repúblicas presidencialistas, com excepção de três monarquias existentes no continente: Lesoto, Marrocos e Suazilândia. Cabo Verde adoptou o regime parlamentarista.

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Subdivisões

Ver artigo principal: Subdivisões da África

Abaixo indicam-se as principais regiões da África e os países que as compõem.

Divisão política da África (em francês).

Subdivisões da África para fins estatísticos usada pela ONU. ██ Norte de África (físico-geograficamente, a Península de Sinai, no Egipto, pertence ao Médio Oriente, região da Ásia).██ África Ocidental██ África Central██ África Oriental██ África Meridional ou África Austral

África Meridional

África do Sul Angola Botsuana Comores Lesoto Madagáscar Malawi Maurícia  Moçambique Namíbia Suazilândia  Zâmbia  Zimbábue

África Central

Chade República do Congo República Centro-Africana

República Democrática do Congo

África Ocidental

Benim Burkina Faso Cabo Verde Camarões Costa do Marfim Gabão Gâmbia Gana Guiné Guiné-Bissau Guiné Equatorial Libéria Mali Mauritânia Níger Nigéria  São Tomé e

Príncipe Senegal Serra Leoa

Togo

África Setentrional

 Argélia  Egito [8]

Líbia  Marrocos Sudão  Tunísia

[editar] África Oriental

Burundi Djibouti Eritreia  Etiópia  Quênia Ruanda Seychelles Somália Tanzânia

Uganda

Estados não reconhecidos ou em disputa

Saara Ocidental (República Democrática Árabe Saariana)

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Somalilândia

Dependências

 França o Maiote

 Noruega o Ilha Bouvet (normalmente considerada ilha da Antárctida)

 Reino Unido o Santa Helenao Ascensãoo Ilha de Tristão da Cunhao Ilha Gough

Outros territórios

Territórios ultramarinos ou insulares de países (ou territórios dependentes) de outros continentes, que fazem parte integrante desses mesmos países (ou territórios dependentes), não constituindo portanto dependências:

 Espanha o Ilha de Alborãoo Penedo de Alhucemas o Ilhas Canárias o Ceutao Ilhas Chafarinaso Melilha o Ilha de Perejilo Penedo de Vélez de la Gomera

 França o Reunião

 Itália Itália o Pantelária[carece de fontes?]

o Ilhas Pelágias[carece de fontes?]

 Portugal o Madeira

 Terras Austrais e Antárticas Francesas (dependência antárctica de França) o Bassas da Índiao Ilha Europao Ilhas Gloriosaso Ilha de João da Novao Ilha Tromelin

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Outros agrupamentos de países africanos usadas frequentemente

África subsaariana Corno de África (no Brasil, Chifre da África) Guiné Magrebe (ou Magreb) Noroeste da África

Economia

Ver artigo principal: Economia da ÁfricaVer página anexa: Lista de países africanos por PIB nominal

A África é o continente mais pobre do mundo, onde estão quase dois terços dos portadores do vírus HIV do planeta, a continuidade dos conflitos armados, o avanço de epidemias e o agravamento da miséria põem em causa o seu desenvolvimento. Algumas nações alcançaram relativa estabilidade política, como é o caso da África do Sul, que possui sozinho um quinto do PIB de toda a África.

Distinguindo-se pelas elevadas taxas de natalidade e de mortalidade e pela baixa expectativa de vida e abrigando uma população jovem, a África caracteriza-se pelo subdesenvolvimento. Aparecendo ao mesmo tempo como causa e consequência desse panorama, os sectores económicos em que os países africanos apresentam algum destaque constituem herança do seu passado colonial: o extrativismo e a agricultura - sectores em que são baixos os investimentos e o custo da mão-de-obra - cuja produção é destinada a abastecer o mercado externo.

A incipiente industrialização do continente, por sua vez, está restrita a alguns pontos do território. Iniciou-se tardiamente, após o processo de descolonização, motivo pelo qual as indústrias africanas levam grande desvantagem em relação ao sector industrial altamente desenvolvido de países do Primeiro Mundo, ou mesmo de países subdesenvolvidos, mas industrializados, como o Brasil.

Extractivismo

A África detém grandes reservas minerais, destacando-se o ouro e os diamantes da África do Sul, do Zaire e de Gana, que respondem pela maior parte da produção mundial. É igualmente rica em fontes energéticas como petróleo e gás natural, explorados principalmente na Nigéria, no Gabão, na Líbia, na Argélia e no Egipto. O subsolo africano fornece também em abundância os seguintes minerais: antimónio (África do Sul), fosfatos (Marrocos, grande produtor mundial), manganês (Gabão e África do Sul), cobre (Zâmbia e Zaire), urânio (África do Sul e Gabão).

Apesar da diversidade de minerais encontrada em seu subsolo, a África revela-se um continente pobre, o que é explicado pelo fato de a exploração das riquezas minerais estar a

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cargo de companhias europeias ou norte-americanas. Estas, ao se instalarem, implantam na região uma infra-estrutura - equipamentos, técnicas e meios de transporte - visando exclusivamente à extracção e exportação das riquezas em estado bruto para os países industrializados, de modo que a maior parte dos lucros provenientes desse sector acaba se encaminhando para fora do continente.

A caça, a pesca e a colecta de produtos naturais ainda constituem importantes fontes de renda para a grande parcela da população africana. No extrativismo animal, figuram em primeiro plano o comércio de couro e de peles em Burkina Fasso, Botsuana e Djibuti, e o de marfim na África do Sul, Congo, Moçambique e Gabão. O extrativismo vegetal fornece como principais produtos: madeiras, resinas e especiarias, nos países cobertos parcialmente pela floresta equatorial; óleo de palmeira, no Benin e na Costa do Marfim; tâmaras, nos países desérticos.

Agropecuária

A agricultura do continente africano apresenta-se sob duas formas: a de subsistência e a comercial. A primeira é rudimentar, itinerante e extensiva - planta-se em grandes extensões de terra, que são cultivadas anos seguidos, até ocorrer o esgotamento do solo. Em seguida, busca-se outra área, em que se repete o mesmo processo. Trata-se de um sistema pouco produtivo, cujas colheitas abastecem, em geral, apenas os próprios agricultores. Como principais produtos de cultivo citam-se inhame, mandioca, milho, sorgo, batata e arroz.

A forma comercial de agricultura está representada pela plantation, sistema introduzido pelos europeus no, período colonial; baseia-se na monocultura de géneros tropicais em grandes extensões de terra, com produção voltada para o mercado externo. Muitas vezes as propriedades encontram-se sob o comando de grandes empresas agroindustriais, que encaminham os artigos agrícolas para o processamento industrial. Enquadram-se nesse caso o algodão e a borracha, bem como o cacau, o café e o amendoim.

Devido às condições naturais pouco propícias à criação de gado bovino, a África tem na pecuária uma actividade económica de limitado alcance, em geral praticada de forma nómada ou extensiva. O maior destaque é para a criação de carneiros na África do Sul e na Etiópia, além de pequenos rebanhos conduzidos por nómadas nas regiões de estepes. Nos países situados ao norte do Saara, criam-se camelos e dromedários, animais de grande porte utilizados como meio de transporte. Nessa região, os rebanhos caprino e ovino também são significativos.

Indústria e transportes

Todos os países do continente, excepto a África do Sul, fazem parte do Terceiro Mundo e, como não poderia deixar de ser, exibem os mesmos problemas que caracterizam os integrantes desse bloco, agravados ainda pelo fato de que em boa parte da África a descolonização ocorreu recentemente.

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Assim, toda a sua estrutura económica é extremamente frágil e dependente, fato que se torna mais evidente no sector industrial: a escassez de capitais, a falta de mão-de-obra técnica especializada e a insuficiência dos meios de transporte, aliados ao baixo poder aquisitivo da população, compõem um quadro nada propício ao desenvolvimento. Mesmo a grande variedade de matérias-primas, sobretudo minerais, que poderia ser utilizada para promover a indústria africana, é destinada basicamente ao mercado externo.

Actuando nesse panorama, as modestas indústrias africanas dedicam-se, em geral, ao beneficiamento de matérias-primas, como madeiras, óleos comestíveis, açúcar e algodão, ou ao beneficiamento de minérios para exportação.

Atraídas pelo baixo preço da mão-de-obra, da energia eléctrica e das matérias-primas, muitas indústrias de origem europeia e norte-americana instalaram-se no continente, onde produzem a custo reduzidos artigos cuja exportação lhes possibilita altas margens de lucro.

As indústrias têxteis e alimentares, voltadas para o mercado interno, encontram-se em todos os países do continente, enquanto na África do Sul, no Egipto e na República Democrática do Congo estão instaladas as principais indústrias de base (siderúrgicas, metalúrgicas, usinas hidroeléctricas etc.). Essa circunstância justifica o fato de a África do Sul e o Egipto serem os países mais industrializados do continente.

O sistema de transportes, bastante precário, constitui um entrave ao desenvolvimento industrial. Implantado pelos colonizadores, tinha como principal finalidade possibilitar o escoamento de matérias-primas e géneros agrícolas para os portos marítimos, de onde os produtos seguiam para as metrópoles. Por isso, hoje a África ressente-se da falta de uma rede rodoviária e ferroviária que interligue eficazmente suas regiões.

Cultura

Ver artigo principal: Cultura da África

A cultura da África reflecte a sua antiga história e é tão diversificada como foi o seu ambiente natural ao longo dos milénios. A África é o território terrestre habitado há mais tempo, e supõe-se que foi neste continente que a espécie humana surgiu; os mais antigos fósseis de hominídeos encontrados na África (Tanzânia e Quénia) têm cerca de cinco milhões de anos. O Egipto foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estado se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos (por exemplo, Axum, o Grande Zimbabwe). Para além disso, a África foi, desde a antiguidade, procurada por povos doutros continentes, que buscavam as suas riquezas.

O continente africano cobre uma área de cerca de 30 milhões de quilómetros quadrados, um quinto da área terrestre da Terra, e possui mais de 50 países. Suas características geográficas são diversas e variam de tropical húmido ou floresta tropical, com chuvas de 250 a 380 centímetros a desertos. O monte Kilimanjaro (5895 metros de altitude) permanece coberto de neve durante todo o ano enquanto o Saara é o maior e mais quente

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deserto da Terra. A África possui uma vegetação diversa, variando de savana, arbustos de deserto e uma variedade de vegetação crescente nas montanhas bem como nas florestas tropicais e tropófilas.

Como a natureza, os actuais 800 milhões de habitantes da África evoluíram um ambiente cultural cheio de contrastes e que possui várias dimensões. As pessoas através do continente possuem diferenças marcantes sob qualquer comparação: falam um vasto número de diferentes línguas, praticam diferentes religiões, vivem em uma variedade de tipos de habitações e se envolvem em um amplo leque de actividades económicas.

Tribos e grupos étnicos

A África é o lar de inumeráveis tribos, grupos étnicos e sociais, algumas representam populações muito grandes consistindo de milhões de pessoas, outras são grupos menores de poucos milhares. Alguns países possuem mais de 20 diferentes grupos étnicos. Todas estas tribos e grupos possuem culturas que são diferentes, mas representam o mosaico da diversidade cultural africana.

Estas tribos e grupos étnico/social incluem os Afar, Éwés, Amhara, Árabes, Ashantis, Bacongos, Bambaras, Bembas, Berberes, Bobo, Bubis, Bosquímanos, Chewas, Dogons, Fangs, Fons, Fulas, Hútus, Ibos, Iorubás, Kykuyus, Masais, Mandingos, Pigmeus, Samburus, Senufos, Tuaregues, Tútsis, Wolofes e Zulus.

Problemas atuais

Fome

Crianças somalis esperando pela ajuda americana da Operação Good Relief em 1992

Várias regiões de África são assoladas com frequência por crises de falta de alimentos, principalmente nas zonas rurais. Destacam-se as zonas subáridas do Sahel, desde a Mauritânia até ao Corno de África, e as que se encontram à volta do Deserto do Kalahari. Nestas áreas sucedem-se anos de seca, por vezes alternando com inundações que também destroem culturas, para além de obrigarem as populações a deslocar-se das suas zonas habituais.

Para além do factor climático, que alguns cientistas afirmam estar a agravar-se com o aquecimento global, existem ainda causas culturais, que se podem associar à colonização do continente pelas potências europeias no final do século XIX. Por um lado, a urbanização

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associada ao abandono das zonas rurais, onde não se promoveu o desenvolvimento económico e social, diminuiu a capacidade de produção agrícola, que era fundamentalmente de subsistência; por outro lado, os governos coloniais introduziram no campo a obrigatoriedade das culturas de produtos para exportação, que contribuíram, não só para a diminuição das áreas e da capacidade de cultivo de produtos alimentares, mas também para o empobrecimento dos solos.

Durante os últimos 30 anos do século XX, a seguir à descolonização da África, poucos governos souberam reverter a economia extractivista, que era sua a principal fonte de rendimento, além de incentivada pelos países ocidentais e pelo bloco socialista durante a guerra fria, que necessitavam desses produtos para o seu desenvolvimento. A fraca capacidade de investimento em infra-estruturas, apenas parcialmente sanada nos primeiros anos do século XXI pela mudança de políticas das instituições financeiras internacionais, eternizou a falta de condições em termos de saúde e educação, mantendo assim as populações sem capacidade para produzir o suficiente para alimentar todo o país.

Por outro lado, com a agricultura extensiva, matas são derrubadas e em seus limites o deserto avança. A necessidade de produzir para exportação impede que se pratique o sistema de descanso da terra, que se esgota rapidamente e nem mesmo o uso de fertilizantes consegue recuperar. A pecuária extensiva e o nomadismo, tradicionalmente praticadas no continente, também causam danos às paisagens africanas, pois os rebanhos acabam com as já reduzidas pastagens, sendo atingidos pela fome, da mesma forma que a população.

Finalmente, os conflitos armados que assolam o continente são outro factor de empobrecimento, resultando em milhões de deslocados e refugiados sem capacidade produtiva; nas regiões em guerra, são as agências internacionais e as organizações não-governamentais que tentam assegurar as condições mínimas de saúde e alimentação, ao invés de se fazer um verdadeiro esforço para sanar as causas dos conflitos que, muitas vezes, estão associados à injustiça na propriedade dos recursos naturais e na distribuição da riqueza proveniente da sua exploração.

Colonização europeia e guerras

A actual divisão política da África somente se configurou nas décadas de 60 e 70. Durante séculos, o continente foi explorado pelas potências europeias - Reino Unido, França, Portugal, Espanha, Bélgica, Itália e Alemanha -, que o dividiram em zonas de influência adequadas aos seus interesses. Ao conseguirem a independência, os países africanos tiveram de se moldar às fronteiras definidas pelos colonizadores. Estas, por um lado, separavam de modo artificial grupos humanos pertencentes às mesmas tribos, falantes dos mesmos dialectos e praticantes dos mesmos costumes e submetia-os, por outro lado, à influência de valores europeus.

Em muitos desses novos países, após a independência, houve inevitáveis revoltas separatistas e golpes de Estado que terminaram por instaurar ditaduras. Seguindo directrizes capitalistas ou socialistas, os governos assim constituídos distinguiam-se sempre pela perseguição política, que chegava a culminar em torturas e massacres dos opositores.

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Em grande parte dos casos, a independência política não foi total, pois geralmente os novos países mantiveram laços económicos com as ex-metrópoles e, durante a Guerra Fria, alguns ligaram-se às grandes potências (Estados Unidos e extinta União Soviética) em busca de assistência militar e económica.

De tudo isso resulta a existência de muitos focos de conflito no continente. Em alguns casos trata-se de lutas de carácter político: grupos que pretendem conquistar o poder se confrontam com os que detêm o domínio da região. Em outros, o motivo principal é o separatismo, originado pela artificialidade das fronteiras coloniais herdadas.

Ver também

O Wikimedia Commons possui multimedia sobre África Culinária da África Lista de países da África Lista de países da África por Índice de Desenvolvimento Humano União Africana

Referências1. ↑ Geografia Crítica - Geografia do Mundo Subdesenvolvido, 7ª Série, pág.1652. ↑ Geografia Crítica - Geografia do Mundo Subdesenvolvido, 7ª Série, pág. 1783. ↑ Names of countries, Decret & Fantar, 19814. ↑ Consultos.com etymology.5. ↑ 'Nile Genesis: the opus of Gerald Massey'6. ↑ Foley, Jim (2004) "Hominid species" no site The TalkOrigins Archive (em inglês)

acessado a 30 de julho de 20097. ↑ Subdivisões dos continentes para fins estatísticos usada pela ONU acessado a 20 de junho

de 20098. ↑ Parte do território do Egito (Península do Sinai), encontra-se na Ásia.

Ligações externas ODP - África (em inglês) Os Pigmeus Áfricanos (em inglês) Cultura e música dos primeiros habitantes da

África Departamento da África - Itamaraty (em português) Sítio do Departamento da

África do Ministério das Relações Exteriores do Brasil Traditional Áfrican Drumming Festivals (em inglês)

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